Nacionais TRAICAO (GAMA Livro 1) - Paloma White

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TRAIÇÃO

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
White, Paloma
Traição / Paloma White. -- São Paulo : All Print Editora, 2016. -- (Série Gama I) 1. Ficção brasileira I.
Título. II. Série.
16-06046 CDD-869.3
Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura brasileira 869.3

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Paloma White

TRAIÇÃO

Série GAMA - I

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TRAIÇÃO – SÉRIE GAMA - I Copyright © 2016 by Paloma White O


conteúdo desta obra é de responsabilidade da autora, proprietária do Direito
Autoral.
Proibida a venda e reprodução parcial ou total sem autorização.

Projeto gráfico, editoração e impressão:

www.allprinteditora.com.br [email protected] (11) 2478-3413

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Prólogo
Ângela

Amanhecia quando pousamos. Nova Iorque, a cidade que todos dizem


nunca dormir, naquele momento estava adormecida e completamente alheia
aos meus problemas. Era a cidade dos meus sonhos, que sempre quis
conhecer, mas naquele instante eu não tinha nenhum motivo para correr
visitando todos os lugares maravilhosos que sempre via em livros e revistas.
Tínhamos saído do calor infernal de Deli e fomos jogados no frio ártico
daquela cidade. Tirei da mochila o casaco, um gorro e um cachecol, além de
um par de meias, e me empacotei com tudo. Passei pela alfândega, onde não
tinha nada a declarar além de uma mochila quase vazia. Estava me sentindo
meio grogue pela falta de sono; procurei um banco e me sentei com a
esperança de os tremores do meu corpo cederem, mas estava difícil, então me
levantei e continuei.
Do lado de fora o vento gelado me atingiu como uma violenta bofetada,
me acordando para minha triste realidade. Tínhamos chegado até ali, e ainda
não era a hora de parar para descansar, tínhamos que continuar.
Parei um táxi e entrei. O interior estava um pouco mais quente. Tirei
uma barrinha de cereal da minha mochila e comecei a mastigar.
Enquanto o táxi percorria as ruas barulhentas e movimentadas, eu
mastigava sem vontade aquela coisa que mais parecia palha amassada. O
motorista praguejava com o trânsito, levando-me a um hotel qualquer sem
muitas estrelas. Pensei em meu passado, parecia que fazia séculos que tudo
tinha acontecido; mas não, estava logo ali, tão perto que me dava medo de
olhar para trás. Ainda assim dei uma última olhada, só para entender como eu
tinha sido empurrada para aquela situação.

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Capítulo 1

Ângela

Treze anos antes.


A missa era longa, não terminava nunca, e eu não estava me sentindo
bem. Era a missa de corpo presente dos meus pais. Meu irmão, Matheus,
estava sentado ao meu lado, vestido todo de pre​to. Olhei para ele. Parecia-se
com meu pai; era bonito, muito bo​nito. Também era inteligente, sempre sabia
tudo, não havia coisa que eu perguntasse a ele que não soubesse responder. E
era alto, muito, muito alto, eu sempre tinha que olhar para cima para
conversar com ele, assim como sempre fazia com meu pai. Matheus estava
com 21 anos, e eu com 8. Meu pai sempre me chamava de “minha princesa”
e chamava mamãe de “minha rainha”. Olhei para minhas roupas, que não
combinavam com o lugar: estava usando jeans. Math tinha me dito que não
importava o jeito que eu me vestisse e que tudo bem se eu não usasse vestido.
Eu não tinha nenhum, já que nunca gostei. Coloquei um par de All Stars e
uma camiseta com uma foto de gato, presente de minha mãe.
Fiquei olhando meu tênis sem saber o que fazer, enquanto o padre
falava e as pessoas cochichavam. Fazia um esforço para permanecer forte,
não queria que Math ficasse preocupado comigo, mas as lágrimas ganhavam.
Ele sentiu, me abraçou e beijou minha cabeça. Fechei meus olhos e as
lágrimas escorreram sem controle; fiz um esforço para segurar. Senti alguém
tocando meu braço e abri meus olhos: tinha dois pirulitos na minha frente,
uva e morango. Segui a mão enorme, depois o braço, até chegar ao rosto da
pessoa, e o que vi não era uma pessoa, mas um anjo. Olhei para cima, para os
vitrais da igreja, tentando saber se alguns dos anjos pintados haviam
escapado, mas não, eles estavam todos lá. Voltei o olhar para o anjo em
minha frente. Cabelos dourados, encaracolados nas pontas, caindo nos
ombros, olhos azuis que

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quase não se dava para ver a cor, de tão grossas as pestanas que os cobriam,
mas sabia que eram como o mar que eu adorava, faziam-me lembrar o anel de
casamento de mamãe. Ela gostava de azul, mar azul, céu azul, e o papai tinha
dado a ela o anel perfeito, safira. Ele abriu a boca e me perguntou baixinho: –
Uva ou morango?
Sorriu e naquele momento tive certeza de que era um anjo. Ele
continuou sorrindo e seu sorriso era lindo, dentes brancos como pérolas
perfeitas. Fiquei paralisada, ele era o anjo mais lindo que já vira na minha
vida. Olhei para Math, querendo saber se ele também podia vê-lo, e ele me
indicou que estava tudo bem. Então peguei o pirulito de morango e Math
agradeceu. Eu apenas olhava.
– Sabia que seu preferido seria o de morango, Moranguinho – ele disse
baixinho, enquanto me dava uma piscadela, sorrindo e iluminando tudo
ao redor.
Ele abriu o de uva, colocou na boca e voltou a prestar atenção na missa;
meu irmão abriu o meu e me devolveu, colocando a embalagem no bolso e
também voltando a atenção à missa.
Depois do enterro voltamos para casa, pela primeira vez sem mãe e sem
pai. Não queria acreditar que tudo havia acabado, que nossa família de quatro
se reduzira a dois da noite para o dia. Meu pai era tudo para mim, me levava
à escola, ao cinema, ao teatro, tudo. Era divertido. Ele sempre arranjava
tempo para mim e para mamãe e nunca voltava de uma viagem sem um
presente para nós, sua rainha e sua princesa, como ele sempre dizia; às vezes
era simplesmente uma caixa de bombons, que dividíamos, mas era a melhor
coisa do mundo. Ver filmes na cama deles comendo pipoca era meu melhor
passatempo. Não sabia como seria minha vida sem eles. Eu estaria sem
ninguém, já que Math iria-me mandar para um colégio interno. Ficaria
realmente só. E eu estava sem coragem para começar a arrumar minhas
coisas.
Fiquei sentada em um canto enquanto as pessoas perambulavam pela
casa. Alguns parentes distantes que eu nunca tinha visto e amigos estavam ali
para uma última despedida. Eu continuava sentada, ouvindo os cochichos
intermináveis, os pés se arrastando devagar para não fazerem barulho. O
cheiro das velas e

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das muitas flores se misturavam e estavam me deixando enjoada. Alguns


amigos da escola compareceram, e professores também, mas eu não consegui
falar muito com ninguém, e agora todos eles já haviam ido. Algumas pessoas
ainda continuavam andando pela casa; eram os vizinhos que tinham vindo
para ajudar. Não olhava para ninguém, mas sabia que estavam me olhando
com pena. Não sei quanto tempo fiquei naquele canto até Math me chamar
para arrumar as malas.
– Vamos lá, Ângela, sei que é difícil, mas quanto mais adiarmos mais
difícil vai ficar. Você vai gostar da nova escola, de fazer novas amizades.
Como não disse nada, ele continuou: – Vai dar tudo certo. Eu vou subir
e te esperar, quando estiver pronta você sobe, não precisa ter pressa.
Ele me deu um beijo e subiu a escada em direção ao meu quarto.
Enquanto ele subia, eu o segui com o olhar até desaparecer no topo da
escada. Queria subir, mas não tinha coragem, estava dura, congelada no
lugar. Esforçava-me, mas não conseguia me mexer. Sabia que Math estava
tentando tudo para continuar da melhor forma possível e devia estar sofrendo
também; teria que vender nossa casa para pagar as contas, a escola, tudo, não
sabia como ele iria conseguir ajeitar nossas vidas. Eu tinha que aceitar o que
quer que ele decidisse, era a única ajuda que podia dar.
Estava olhando meu All Star, tentando me mexer sem sucesso, quando
um sapato preto brilhante entrou no meu campo de visão. Fui subindo meu
olhar por umas pernas intermináveis, continuei subindo, e lá estava meu anjo
novamente, enorme, os fios dourados dos cabelos brilhando como os raios de
sol da tarde, fazendo uma auréola ao redor da cabeça dele, que sorria para
mim. Dissimulei e dei uma olhada atrás dele, tinha certeza de que ele tinha
um par de asas escondido.
– Ei, Moranguinho, tudo bem? Quer mais um pirulito? Morango para
você, uva para mim.
Eu peguei o pirulito que ele me entregava. Os dedos dele tocaram os
meus e aqueceram instantaneamente meu corpo; já não estava mais
congelada, o medo se fora.

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– Posso me sentar aqui do seu lado? – ele perguntou. Não


respondi, e ele se sentou mesmo assim.
– Eu sei que você deve estar com muito medo, mas vai dar tudo certo.
Math vai fazer dar certo, você vai ver. Confie nele – ele disse, e acreditei.
Não era que eu não confiasse em Math, mas eu estava com muito medo
de tudo: nova cidade, nova escola, novas pessoas...
Quando por fim consegui falar, disse: – Nunca fiquei sozinha, sempre
mamãe, papai ou Math estavam comigo... Estou com medo, mas não
quero que Math saiba e fique preocupado.
Ele se ajoelhou em minha frente, segurou meu queixo com delicadeza,
os dedos longos, suaves e firmes. Seu perfume invadiu meu espaço e me
acalmou de um jeito que não conseguia entender, me dando vontade de
abraçá-lo.
– Math não vai deixá-la só, ele visitará você sempre, não precisa ficar
preocupada – disse sorrindo.
– E se eu tiver algum problema? Minha mãe sempre resolvia tudo.
– Se você tiver algum problema, e sei que terá, porque todos nós temos,
ligue para ele. Ligue para ele dez vezes por dia se precisar, sei que isso só o
deixará mais tranquilo. Você nunca o incomodará, ao contrário, isso o
deixará feliz.
Dito isso, ele pegou meu pirulito, desembrulhou e me devolveu.
– Agora vamos, me dê um abraço e suba essas escadas, ele está te
esperando.
Ele me abraçou e o seu cheiro me envolveu. Não queria soltar; ele
percebeu e continuou me abraçando. Toquei sua nuca, os cabelos de anjo, que
eram macios, suaves. Ele levou a cabeça para trás sorrindo, depois me deu
um beijo na bochecha e me soltou, deixando todo o seu cheiro em mim.
Eu subi em direção ao meu quarto, onde sabia que Math estava. Quando
olhei para trás, meu anjo se fora.

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Capítulo 2

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Gabriel

Oito anos depois.


Estava preparando minha papelada para sair quando Math entrou em
minha sala apressado, parecendo desesperado. Estávamos trabalhando juntos
há oito anos, montamos nossa empresa com muito sacrifício e então, depois
de tanto tempo e esforço, podíamos dizer que conseguimos. Continuávamos
trabalhando muito ainda, mas o dinheiro entrava mais rápido do que
podíamos contar e já fazia tempo que havíamos passado dos milhões em
nossas contas.
– Ei, cara, terminou por hoje? – perguntou. – Preciso de um favor seu –
foi logo emendando.
– Fala! Se eu puder ajudar, pode contar comigo.
– Você está sabendo que Ângela está vindo estudar aqui, não?
Sim, a irmãzinha dele, que eu havia conhecido criança, mas que ele
sempre mantinha longe de todos. Eu fui o único que a viu criança, August e
Antônio não a conheciam, pois ele nunca a havia trazido de volta a Boston
depois da morte dos pais, era ele que a visitava sempre.
Olhei para ele, que continuou:
– Bom, eu não quis esperar e me compliquei todo, meu jato está na
manutenção, Antônio e August estão visitando obras com o da empresa,
então pedi a ela que viesse em um voo convencional e que eu a esperaria no
aeroporto. Até aí sem problema... Só que uma hora atrás, Silas me pediu para
ser liberado porque a filha dele não está bem, e agora estamos com problemas
nas obras de Vegas e os engenheiros estão chegando para uma reunião de
emergência... Enfim, não posso ir.

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– Ela não sabe pegar um táxi e chegar aqui? Quantos anos ela tem?
Olhei para ele, será que a irmã dele era tão idiota que não sabia como
pegar um táxi? Talvez fosse por isso que ele a mantinha escondida,
claramente devia ter algum problema. Devia ter 16 ou 17 anos.
– Ela tem 16 anos e queria vir de táxi sozinha até aqui, fui eu que não
quis.
– Quer que eu vá buscá-la?
Sabia que não podia negar um pedido tão simples dele, mas eu estava
saindo para uma reuniãozinha agradável e não estava com a menor vontade
de buscar uma adolescente idiota, que com 16 anos não podia se virar
sozinha.
– Se não estiver ocupado – ele disse.
– Só tenho uma reuniãozinha mais tarde, mas elas me esperam, sempre
esperam – disse rindo. – A que horas ela chega?
– Dentro de meia hora – respondeu-me olhando o relógio. Vi o alívio
no rosto dele e fiquei preocupado com o que ia encontrar. Por que ele
estava com tanto medo de deixá-la andar sozinha? Naquela idade as
garotas já andavam pelos barzinhos sozinhas de madrugada e tinham
encontros casuais com alguns imbecis que gostavam de menores de
idade. Ela realmente devia ter algum problema, mas fiquei calado para
não constranger meu amigo.
– E você tem alguma foto dela? Porque a única vez em que a vi ela era
uma criança.
– Espere, vou encontrar uma recente no meu celular e mando para você
– disse ele enquanto movia com o dedo várias fotos, procurando. – Achei
uma legal! Ela tem mania de fotos, tenho milhões. Acho que esta foi uma das
últimas que tiramos, estou enviando para você.
No mesmo instante meu celular vibrou. Abri e olhei a foto que ele
acabara de mandar... Puta que pariu! Ela era linda! Devia ser o rosto mais
lindo que já tinha visto. Com o rosto grudado ao dele, fazia uma selfie
sorrindo. Fiquei olhando como um idiota, ela era simplesmente linda. Disse
sem pensar: – Cara, sua irmã é linda!

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Quase levei um soco dele.


– Gabriel, é da minha irmã que você está falando, uma adolescente, e
não de uma de suas vadias. Pode deixar, vou dar um jeito de buscá-la – ele
disse furioso.
– Ei, me desculpe! Ela é realmente linda, mas com todo respeito. E você
devia estar orgulhoso! Deixe comigo, vou trazê-la como se ela fosse minha
irmã, tudo bem?
Falei tudo de uma só vez, não queria problemas com ele. E a garota
devia ter algum problema, devia ser uma linda idiota, para ele precisar mantê-
la afastada de tudo e de todos.
– Certo, me desculpe, Gabriel... É que estou nervoso. Ela é uma criança,
mais inocente que muitas meninas da idade dela. Depois da morte de nossos
pais, ela teve muitos problemas para se adaptar à nova vida. E somos só nós
dois... Eu surto só de pensar que alguma coisa possa acontecer com ela –
desabafou.
– Vá para sua reunião tranquilo, que já estou indo buscá-la – disse
apressado saindo do escritório.
Coitado! Deve ter sido difícil sair da faculdade, tentar seguir adiante
com nosso projeto de fundar a empresa e ainda ter a responsabilidade de uma
criança com problemas, como ele mesmo havia dito. Agora eu admirava
ainda mais meu amigo. Ele nunca havia comentado nada, sempre estava de
bom humor; mas, pensando bem, ele tinha comprado um jatinho quando a
empresa ainda estava se formando só para visitar a irmã. E às vezes ele
desaparecia quando recebia chamados da escola e, na volta, mesmo
parecendo abatido, sorria dizendo que tudo estava bem.
Eu havia me comprometido a buscá-la sem saber o que esperar. Será
que ela realmente tinha terminado a escola ou tinha sido expulsa? A escola
que ele pagava era um internato caro, exclusivo, feito para patricinhas ricas e
mimadas, mas que todos diziam ser excelente em termos de estudo. Talvez
ela tivesse se envolvido com drogas e ele a estivesse trazendo de volta para
ficar de olho nela.
Peguei meu Jaguar, que geralmente ficava na garagem da empresa. Não
quis ir com meu motorista, pois estava a fim de dirigir, porém me arrependi,
o trânsito estava horrível por causa de um acidente e eu estava atrasado.
Merda! Quando eu chegasse,
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a garotinha debiloide estaria tendo um chilique. Àquela hora eu poderia estar


na minha festinha, com meu pau na boca não importava de quem.
Ao chegar, procurei um lugar para estacionar e, quando achei,
estacionei e saí apressado. Math tinha dito a ela para me esperar perto da área
de desembarque, então era para lá que eu estava me dirigindo. Caminhava
olhando e repassando mentalmente a foto dela, adolescentes geralmente são
rebeldes e, se ela tinha algum problema, devia ser pior, não havia garantia de
que ela ficasse onde ele havia mandado, devia estar perambulando pelo
aeroporto, já que estava atrasado e o voo dela já tinha chegado. Merda!
Cheguei à área de desembarque e olhei ao meu redor, preocupado,
procurando pela idiota. Quando a vi não acreditei, por vários motivos. Se a
foto tinha me impressionado, pessoalmente ela era muito, muito mais linda.
Vi seu rosto de perfil; ela não era morena, não tinha a cor de Math, mas a cor
do mel. Estava sentada no chão, encostada em uma mala, com o cabelo
caindo sobre um ombro, cobrindo quase todo um lado do corpo. Estava
ouvindo música, pela forma como mexia os pés. Uma blusinha branca
simples contrastando com o dourado da pele, as calças jeans rasgadas nos
joelhos, All Star, tudo nela era naturalmente simples. Ao seu lado, uma
garrafinha de água. Água, não coca-cola! Adolescentes adoram refrigerantes,
mas ela bebia água. Do outro lado uma mochila gasta, onde ela apoiava o
cotovelo enquanto lia. Fiquei olhando impressionado. Toda a bagunça do
aeroporto, crianças chorando, pessoas passando por ela, falando alto,
empurrado carrinhos carregados com malas, discutindo, nada parecia penetrar
aquele estado de paz em que ela estava.
Fui chegando perto, enquanto ela continuava lendo, até que meus
sapatos tocaram os tênis gastos dela. Aproveitei para admirá-la uma vez mais.
Muitas mulheres matariam ou morreriam para ter aquela pele. Em um
impulso vindo não sei de onde, peguei meu celular para tirar uma foto, queria
registrar o momento. Decidi filmá-la enquanto ela ia levantando a cabeça
devagar, passando pelas minhas pernas e subindo até alcançar meu olhar.
Quando seu olhar pegou meu rosto, seus olhos se arregalaram e me laçaram,
prendendo-me; eram negros, os mais negros e lindos que já

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tinha visto. Não me lembrava deles. Eram como piche derretido brilhando,
fazendo meu olhar ficar grudado neles, sem conseguir desviar. Ela começou a
piscar; piscou várias vezes. Quando achei que ela não podia ficar mais linda,
ela riu, com vontade, deixando-me sem jeito. Não acreditei que estava
ficando intimidado diante de uma adolescente.
Ficando em pé, ela ajeitou a roupa, tirou os fones intra-auriculares,
fechou o livro e guardou-o na mochila, sempre rindo enquanto eu continuava
sem entender o motivo da crise de riso. Quando conseguiu se acalmar,
disparou de uma vez: – Espero que você me desculpe, deve pensar que sou
louca, mas é que eu sempre pensei que você fosse um anjo – explicou rindo
novamente com gosto, absolutamente maravilhosa.
– Nunca fui nem nunca serei um anjo... Já me chamaram de muitos
nomes, mas de anjo é a primeira vez. Isso é novo, vou ter que tomar nota. A
propósito eu sou Gabriel, sócio e amigo de seu irmão – disse apresentando-
me e cumprimentando-a ao mesmo tempo.
– Oi! Me desculpe mais uma vez. Sou Ângela e... Bem, eu não estava
tão errada, pelo menos nome de anjo você tem – disse voltando a sorrir,
deixando-me encantado.
Deus! Eu olhava para ela completamente idiotizado, enquanto ela
continuava falando e rindo, sem perceber o efeito que estava causando em
mim. Entendi por que Math a mantinha escondida; ela não tinha nenhum
problema, ela causava problemas.
– No enterro de meus pais, era você, não?
Minha língua estava grudada e não consegui responder. Sabia do que
ela estava falando; mas ela, pensando que não, explicou: – O anjo dos
pirulitos, você lembra?
– Sim, era eu. Mas, como já disse, não era nem sou um anjo – respondi,
aliviado que meu cérebro tivesse podido se comunicar com minha
língua. Não sabia o que estava acontecendo comigo, estava agindo
como um adolescente idiota, que não sabe conversar com uma garota.
Nunca fui assim. Desde que eu soube para que meu pau servia, peguei
todas as garotas que quis, sem dificuldade. Enquanto os outros garotos
se masturbavam, eu transava.

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– Bem, pensar em você como um anjo me ajudou a chegar até aqui.


Naquele dia pensei que fosse minha mãe que tivesse enviado você e, durante
os primeiros anos no colégio, sempre me lembrava do que você tinha dito,
que Math sempre estaria lá para me ajudar, que eu poderia ligar para ele todas
as vezes que eu quisesse. Saber que poderia ligar me ajudava a não ligar. Não
sei se dá para entender... – ela disse muito séria, sem sorrir, para que eu
pudesse entender que a brincadeira tinha acabado e que o que ela tinha me
dito era a pura verdade.
Não sei o que senti naquele instante. Saber que a tinha ajudado a
superar a perda me fez sentir muito bem, foi como um calor suave tomando
conta do meu corpo. Mas quem realmente parecia um anjo era ela.
Tratei de tirar o sorriso de idiota da minha cara e disse: – Vou avisar
Math que você já está comigo.
– Deixa que eu aviso.
– Tudo bem, vamos indo então. Essa é sua única mala? – perguntei
vendo uma mala pequena, simples. Não podia acreditar que uma adolescente
se mudasse só com uma mochila e uma mala. Math tinha muito dinheiro, e
ela era sua única responsabilidade. Será que ele era pão-duro com ela? Não
podia acreditar.
– Sim, eu doei quase tudo, só trouxe o que era realmente necessário
trazer. E eu disse a Math que poderia pegar um táxi e ir direto para o
alojamento da faculdade, sem precisar incomodar ninguém – disse
encolhendo os ombros, como que se desculpando mais uma vez.
– Ele não deixaria você andar sozinha em uma cidade desconhecida. – E
agora que a via, também não deixaria. Podia entendê-lo.
– De toda forma, agradeço – ela falou enquanto se agachava para pegar
a alça da mala, fazendo com que uma chuva de cabelos caísse sem controle
ao lado do corpo, liberando um perfume suave.
Meu coração pulou de um jeito estranho, meu corpo inteiro respondeu
formigando e fiquei olhando o formato perfeito dos seios pequenos embaixo
da blusinha, a cintura fina, o jeans justo

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marcando uma bunda perfeita. “Maldito filho da puta! Ela é uma criança!
Onde você está com a cabeça?”, disse a mim mesmo.
– Vamos? – disse ela ao me ver parado sem reação.
– Ah, sim, vamos indo...
Tratei de pegar a mala das mãos dela, nossos dedos se tocando por um
segundo, e uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo, fazendo os
batimentos do meu coração dispararem de maneira assustadora. Deus, o que
estava acontecendo comigo?
– Ei, pode deixar, eu posso levar minha mala – ela disse rindo, sem
notar nada do que estava acontecendo, completamente inocente.
– Sei que pode, mas sou um cavalheiro.
Tento sorrir, e ela me devolveu o sorriso.
– O carro não está longe – disse ao sair do prédio.
A tarde já estava indo embora, e o aeroporto era um verdadeiro caos
gerado pelo entra e sai de pessoas, cada uma com seus próprios pensamentos
e problemas. Ângela caminhava ao meu lado, sem perceber o rastro de
destruição que ia causando nos homens, e em algumas mulheres também;
velhos, jovens, executivos, todos giravam a cabeça para um segundo olhar
quando ela passava, fazendo-me olhar feio para todos eles, quase rosnando
como um cachorro bravo. Eu estava enlouquecendo.
O vento soprou e de novo consegui sentir o perfume dela, não sabia se
era alguma colônia ou o xampu, mas era delicioso.
– Chegamos – disse abrindo a porta para ela.
– Obrigada – agradeceu sorrindo.
Nunca havia recebido tantos sorrisos e agradecimentos em um só dia.
Dei uma olhada rápida no meu celular antes de ligar o motor: Gato,
estamos aqui e vamos começar sem você.
Era uma mensagem da garota com quem eu tinha marcado uma festinha
junto com um amigo... Merda! Ainda não conseguia lembrar o nome dela. E
já não estava com o mesmo entusiasmo.
Tudo bem, vocês podem ir entrando em calor, já estou chegando.
Respondi e guardei meu celular.

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– Math deve estar preocupado, estamos demorando muito – disse a ela


enquanto manobrava o carro fora do estacionamento.
– Sim – disse ela pensativa e vi que abraçava a mochila, mas já não
sorria como antes.
– O que aconteceu para você ficar triste? – perguntei.
– É que é a primeira vez que volto aqui depois de tudo. Muitas
lembranças, entende?
– É, sei – disse sem saber mais o que dizer.
Então eu me lembrei dos meus pirulitos favoritos no porta luvas do
carro. Inclinei-me, abri, peguei um de morango e entreguei a ela.
– Para você, Moranguinho – disse tentando alegrá-la. Ela
abriu um sorriso glorioso.
Mas eu não estava preparado para o que viria a seguir. Fiquei olhando
de lado enquanto dirigia devagar, saindo do aeroporto. Ela pegou o
pirulito e tirou a embalagem, deixando livre a forma arredondada e rosa
do sabor morango. Colocou a língua para fora e lambeu devagar,
sentindo o sabor. Meu pulso foi a mil e comecei a suar. Ela voltou a
chupar, mas sem colocar tudo na boca. Meu coração estava batendo
descontrolado. Ela então tirou o pirulito da boca, passou a língua nos
lábios para pegar o açúcar e logo colocou todo ele na boca, chupando.
Puta que pariu! Gemo. Minha ereção foi para o céu, enquanto o carro
quase saía da estrada. Merda, merda, merda! Quase gozei como um
adolescente vendo pornografia! Praguejando, parei no acostamento para me
acalmar, antes de nos matar.
– O que aconteceu? – ela perguntou assustada.
– Nada, só me distraí com problemas da empresa – disse de forma
grosseira e desci do carro, batendo a porta com uma força desmedida.
Apoiei ambas as mãos no carro e baixei a cabeça, tentando me acalmar,
inspirando e expirando várias vezes para relaxar. Jesus! Aquele não era eu,
não sou assim! Meu pau estava latejando de dor, minhas bolas também. Vi
como ela me olhou quando desci do carro, olhos enormes e assustados.
Pensei em todos os problemas do escritório, tentando voltar ao normal, e
nada dava resultado. Tive vontade de me tocar para me aliviar. Estava louco!

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Então pensei em Math e na hora um frio percorreu meu corpo; meu pau
tranquilizou.
Um filho da puta pedófilo, era isso que eu era! Math tinha razão, eu não
prestava mesmo. Teria que ver um psicólogo, talvez um psiquiatra. Isso seria
prioridade na segunda.
Estava tudo errado, eu nunca gostei de morenas; minhas mulheres
perfeitas sempre foram loiras magras e altas, e nunca fiquei com meninas,
nem na minha época da faculdade. Eu estava com 29, e ela estava com 16! Eu
devia estar perdendo o juízo. Math me mataria. Não, eu mesmo me mataria
antes disso.
Depois de um tempo, sentindo-me mais tranquilo, voltei para o carro.
– Está tudo bem? – ela me perguntou, parecendo ainda assustada, sem
entender como passei de gentil a grosseiro, mal-educado, em segundos.
– Sim – respondi seco, e de novo com grosseria, mesmo sem querer. –
Coloque o cinto.
Ela se encolheu no banco e olhou para fora. Não olhei mais para ela e
voltei toda minha concentração ao caminho. Como não voltou a abrir a boca,
fiquei com remorso e tentado a pedir desculpas. Como pude tratar mal uma
criatura tão doce? Não consegui abrir a boca e me desculpar, mesmo me
sentindo péssimo. Paramos em um sinal e aproveitei para enviar uma
mensagem a Math, avisando que estávamos chegando. Queria me livrar dela
o quanto antes possível, pois ideias estranhas estavam povoando minha
mente.
Alguns minutos depois estacionei em frente à empresa e ele já estava
nos esperando na calçada.
– Obrigada, foi muito gentil da sua parte fazer esse favor a mim e a
Math – disse ela educada.
A sua voz suave e doce me deixou pior. Seus sorrisos para mim se
foram. Saiu pela porta, aberta por ele, e se pendurou no pescoço do irmão
enquanto o enchia de beijos.
– Que saudade! Eu pensei que o tempo tivesse parado, não passava
nunca! Faz uma semana! Nossa!
– Também estava morrendo de saudade, irmãzinha.

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Fiquei olhando a cena à minha frente, vendo os dois abraçados,


sentindo um ciúme e uma inveja que não sabia de onde vinham. Pegava a
mala dela do bagageiro quando o ouvi dizer: – Hoje você fica comigo, e
amanhã vamos conhecer o lugar onde você vai ficar.
– Ah, que bom! Podemos sair para comer, estou morrendo de fome.
Quero passear por Boston e ver os lugares novos.
– Você terá muito tempo para isso, mas podemos sair e comer uma
pizza se você quiser. – Ele continuava com os braços sobre os ombros dela
enquanto falava.
– Aquele lugar de peixes ainda existe? Aquele a que íamos sempre com
papai e mamãe... Se ainda existe, eu gostaria de ir lá.
– Existe sim e iremos lá num outro dia. Hoje uma saída para pizza
bastará.
Ela fez bico e ele riu, abraçando-a ainda mais apertado. E eu continuava
olhando os dois, como o perfeito idiota que sou.
– Obrigado, Gabriel. Eu me encarrego agora.
– Obrigada mais uma vez – ela disse sem olhar para mim e fiquei me
sentindo mal por ter sido tão estúpido.
– Não foi nada. E, Math, você sabe que sempre pode contar comigo.
Agora estou indo, vejo você na segunda.
Despedi-me e entrei no carro, onde o cheiro dela ainda estava
impregnado. Não era um cheiro artificial, era suave e profundo. Aspirei
várias vezes, tentando retê-lo em minha memória, porque sabia que não iria
sentir aquele cheiro em nenhum outro lugar.
Segui sem muita vontade para o apartamento onde a festinha já havia
começado. Parei no estacionamento e fiquei no carro refletindo sobre o que
estava acontecendo comigo. Não queria pensar que estava sentindo desejo
por ela; não estava certo desejar uma menina. Deixando o carro na garagem,
entrei no elevador. Enquanto subia, a boca de Ângela com o pirulito voltou,
fazendo meu pau subir com força total. Dei uma olhada disfarçada para a
câmera enquanto me ajeitava nas calças. Mas que porra era aquela de ficar
tendo uma ereção a cada meia hora? Se continuasse naquele ritmo ia acabar
tendo um priapismo.

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Entrei no apartamento duro como aço e vi Mônica (lembrei o nome


dela) dando um trato em David, enquanto era massageada por outra garota,
que eu desconhecia.
– Demorou, gato – disse ela toda dengosa.
Era o tipo de garota de que eu gosto: loira, sofisticada, linda, uma
mulher perfeita. Era disso que eu estava precisando, não de uma criança.
Enquanto caminhava, ia me desfazendo do terno e dos sapatos. Quando
cheguei perto, ela já estava com a mão no meu cinto e abria o zíper com
rapidez e experiência. Puxou tudo para baixo, calça, bóxer, tudo. Meu pau
pulou livre para fora, um alívio.
– Nossa, gato! Você estava mesmo a fim de mim. Sentiu saudade? Olha
só para você! – disse ela me colocando na boca e chupando com vontade.
Mal sabia ela que o meu pau estava todo animado por outra, mas teria que se
contentar com ela.
Peguei-a pelos cabelos para manter a cabeça firme, enquanto fodia com
vontade sua boca. Ela gemia segurando minha base. Olhei para David, que
estava entrando com tudo por trás na garota, que gemia igual a uma gata no
cio. Fechei meus olhos e a imagem de Ângela com o maldito pirulito me
perseguia. Senti que se não segurasse iria gozar, e não queria assim. Saí da
boca dela e coloquei um preservativo que estava na mesinha, virando-a para
que ficasse de frente para o sofá. Fiquei ao lado de David, que seguia
entrando e saindo da garota. Mônica estava tão molhada que mesmo sendo
grosso me escorreguei com facilidade dentro dela. Comecei a penetrá-la e ela
virou e pegou a boca da garota ao lado, dando um verdadeiro show de
lambidas e chupadas. A garota com David chegou ao orgasmo gemendo e se
contorcendo; Mônica seguiu o exemplo dela, gritando enquanto gozava.
David e eu gozamos logo a seguir.
Saí de dentro dela, fui até o banheiro, livrei-me do preservativo, joguei
água no rosto e voltei para a sala, onde as duas seguiam se lambendo, como
se não tivessem tido o suficiente. David enfiava dedos e língua em todos os
buracos disponíveis. Fiquei olhando a baixaria se desenrolando em minha
frente; se fosse outro dia, eu também estaria no meio daquilo tudo, mas
naquele dia não conseguia. Fiquei pensando em uma boca proibida, que
estava

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me perseguindo e me deixando louco, tirando de mim uma coisa que eu


achava impossível perder, meu autocontrole. David estava colocando a língua
onde eu havia acabado de tirar meu pau. Achei nojento, sexo oral não é
minha praia. Quando se trata da minha língua, tem alguns lugares em que
prefiro não colocá-la. No sexo, gosto que me chupem e me masturbem; mas
eu não gosto de colocar a minha boca em nenhum corpo, por mais lindo que
seja. E ali na minha frente já não sabia quem chupava quem e quem tinha a
boca mais suja. Eu gosto do sexo mais calado, meninas que falam demais me
fazem perder o tesão.
Peguei uma garrafa de uísque e coloquei uma dose em um copo.
Enquanto assistia ao espetáculo, a maldita boca de Ângela continuava na
minha cabeça. Fiquei preocupado, nunca havia sido difícil esquecer uma
garota, não sabia por que não estava conseguindo. Tomei minha bebida
enquanto me arrumava para ir embora. Porque aquele dia já havia dado para
mim.

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Capítulo 3

Ângela

Três anos antes.


Entrei no restaurante onde tinha marcado de jantar com Math. Ele
sempre pedia mesas no fundo, o mais escondidas possível, e naquele
restaurante já tínhamos a nossa, com um biombo em frente, dificilmente
alguém que entrasse nos veria. Gostávamos desse restaurante porque ele
servia peixes, além das bistecas que Math adorava.
– E como está Antônio? – perguntei. Antônio tinha sido sequestrado.
– Ele está melhor, mas não quer conversar sobre o que aconteceu nesses
dois meses. Já o aconselhamos a buscar ajuda, mas ele ri e diz que no caso
dele ninguém pode ajudar.
– Ele ainda está no hospital? – Eu sabia que ele tinha sido encontrado
inconsciente ao lado de uma estrada, muito machucado. Ficara desaparecido
quase dois meses e, quando voltou, mesmo se lembrando de tudo, não quis
falar sobre o assunto.
– Não, saiu na semana passada. Está muito bem fisicamente;
psicologicamente é que está nos preocupando. Mesmo ele sendo em cara
forte, não acredito que dar um pulo no inferno seja fácil para qualquer um.
– Imagino...
Fiquei pensando em Antônio. Assim como ele, eu também estava
fugindo dos meus próprios demônios. A diferença é que ele conhecia os dele,
e eu desconhecia os meus, só sabia que estavam sempre esperando um
descuido meu para atacar. Não podia baixar a guarda, nunca.
– Foi por isso que quis conversar com você, vou designar uma equipe
para sua segurança. Mesmo que ninguém saiba que você é minha irmã, não
quero arriscar.

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– Tudo bem, eu só não quero que eles fiquem no meu pé o tempo todo,
você sabe que gosto de metrô, ônibus, bicicleta, caminhar no parque, na
baía... Não quero ter que ficar refém de motorista e carro como você.
– Entendo, e não é minha intenção tirar isso de você. Se você aparecer
de motorista e segurança vai acabar chamando mais atenção, não é o que eu
quero. Ninguém vai perceber eles por perto, nem você. Aliás, você sempre
teve e nunca soube, só estou ampliando a equipe.
– Não acredito! Desde quando você me vigia? – Fiquei desesperada.
Será que ele sabia das noites que eu tinha dormido fora com meu namorado?
– Desde que você veio estudar aqui. E, antes que você me pergunte,
sim, eu soube, mas não quero falar sobre isso – ele respondeu incomodado.
Eu queria desaparecer de tanta vergonha do meu irmão. Como fiquei
calada, ele continuou: – Outra coisa, Ângela... Eu estou abrindo o jogo
completamente. Você já sabe dos seguranças, e agora te aviso que também
vou colocar rastreador no seu celular: cada vez que você sair do apartamento,
ele vai enviar um sinal para sua equipe. Se você estiver saindo com eles, não
haverá problemas, mas eles sempre saberão onde você está, entendeu?
– Não acredito, Matheus!
Quis levantar a voz e protestar, mas naquele momento um anjo enorme
abriu as asas perto da nossa mesa: Gabriel! Deus, como ele era lindo! Eu
nunca me cansava de admirar. Agora que eu sabia que ele era humano, era
mais lindo ainda. Toda vez que eu o via, sentia meu coração acelerar, minha
boca secava. E ele estava incrível naquela noite. Eu já o tinha visto de
smoking, de terno normal, agora estava com um jeans preto que marcava as
longas e fortes pernas, a camisa azul rivalizava com a cor dos olhos e estava
aberta apenas o suficiente para dar água na boca, com alguns pelinhos
dourados à mostra. Mas eu era praticamente invisível para ele. Depois do
encontro do aeroporto, nunca mais tive a oportunidade de trocar mais que um
bom-dia ou boa-noite com ele nas poucas vezes em que nos cruzamos.

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Eu sabia que tipo de mulher atraía Gabriel Leblanc. Elas eram


loiríssimas, magérrimas, altas e de olhos claros, como a que estava pendurada
no braço dele naquele instante. E eu estava no outro extremo: baixa, morena,
olhos negros e bunda grande. Não, eu realmente não fazia parte do grupo de
preferência dele.
– Boa noite, Math. Boa noite, Ângela.
– Boa noite, Gabriel. – Olhei para a loira para cumprimentá-la, já que
ele não a tinha apresentado, mas um frio e uma náusea percorreram todo meu
corpo, minhas pernas fraquejaram, tive que sentar de novo e apenas acenar
um oi.
– Boa noite, Gabriel – ouvi Math dizendo.
Tirei o canudo do meu copo de suco e engoli quase tudo de uma vez.
Fixei meu olhar na toalha da mesa. Eu não sabia por quê, mas estava
tremendo. Não tive coragem de olhar para eles novamente.
Depois de um momento, dirigiram-se para a única mesa que ficava no
mesmo espaço íntimo e reservado; Eles também queriam privacidade. Graças
a Deus a loira se sentou de lado e eu não tive que ficar olhando para ela toda
vez que levantava minha vista, porque a cabeça dela estava virada na direção
dele, que ficou de frente para mim. Mesmo a alguns metros de distância, a
atração que sentia por ele me puxava. Levantei o olhar e meus olhos
encontraram os dele, fixos em mim. Não consegui desviar, eu estava presa
naquele mar de safiras azuis. Um calor começou a tomar conta do meu corpo,
passei a língua por meus lábios secos. Um pensamento louco passou pela
minha cabeça, um desejo de sair do meu lugar, atravessar os metros que nos
separavam, sentar-me no colo dele, esfregar-me e passar minha língua por
ele. Engoli em seco e pisquei tentando tirar os pensamentos absurdos que
tomavam conta da minha mente. Como se ele pudesse ver o que eu estava
pensando, depois de um momento me soltou e olhou de volta para a loira,
como se nunca me tivesse prendido a ele só com o olhar. Peguei a taça de
vinho do Math e antes de ele notar eu já tinha virado tudo.
– Ei, o que deu em você? Isso é vinho, não água.
– Desculpe, me enganei. Mas quero um pouco mais, está muito bom.

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– Saboreie, não engula, certo? – disse-me Math, servindo e me


entregando uma taça de vinho.
Terminei o jantar com Math e não voltei a olhar para Gabriel. Às vezes
ouvia risinhos vindos da mesa deles. Eu estava devorando uma torta de
morango quando eles passaram para se despedir; a loira olhou para minha
torta como se fosse uma coisa obscena, e eu senti o mesmo calafrio de antes.
Ela me fazia mal, muito mal. Talvez porque ela tivesse o que eu nunca teria,
Gabriel.
Acordei com Math e Stella no meu quarto, os dois me olhando com
cara de alívio.
– Pesadelo? – perguntei olhando para Math, já que Stella não sabia de
nada.
– Sim! – ele só confirmou. Estava sério e um pouco triste.
– Pensei que tivesse superado essa etapa. Desde que voltei, nunca mais
tive. Quanto tempo fiquei fora?
– Quase dois dias. Já estava ficando preocupado, foi longo.
– Desculpe, Stella, você deve ter levado um baita susto.
– Sim, mas ela fez o correto, me ligou assim que você apagou.
– Não se preocupe, Ângela, só trate de se recuperar. Math já me contou
tudo, mas eu gostaria de ter sabido antes, para saber como ajudar, só isso.
Fiquei muito assustada.
– Desculpe. Você ainda vai querer dividir o quarto comigo? Não vai
sair correndo?
– Jamais! Agora, mais do que nunca, não posso imaginar você
dormindo sozinha.
– Ninguém ficou sabendo? – perguntei, sabendo como eram as fofocas
da faculdade.
– Não, fique tranquila. Eu disse que você assistiu a um filme de terror e
teve pesadelo. E a desculpa por não ir hoje à aula foi indisposição feminina,
pronto.
– Deus, Stella, você é realmente um amor. Fico devendo.
– Vou cobrar – ela disse rindo.
– E como você entrou aqui? Sem ser acusado em todos os sites de estar
assediando jovens estudantes?

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– Quando Stella me chamou, era de madrugada, e ela me ensinou o


caminho pelo qual vocês fogem.
– Eu não fujo, e Stella também não.
– Será? – disse ele rindo.
– E como você vai sair agora?
– A esta hora não tem quase ninguém, mas vou esperar um pouco, não
quero te deixar ainda.
– Eu também vou ficar. Fui à aula ontem; mas, como não sabia se Math
podia ficar com você hoje, então faltei.
– Obrigada aos dois, mas agora estou morrendo de fome. O que tem
para comer?
– Posso pedir o que você quiser, só vai demorar um pouco.
– Comida chinesa. Pode pedir qualquer coisa que não seja carne, pode
ser frango, peixe ou vegetariano, ou um pouco de tudo. Vou tomar um banho
enquanto isso.
Tomei banho enquanto Math fazia o pedido. A água quente tinha me
deixado sonolenta de novo, mesmo depois de ter apagado por quase dois dias,
como eles contaram. Estava só de calcinha, colocando um pijama. Nunca tive
vergonha do meu irmão, que estava deitado na minha cama com as longas
pernas cruzadas nos tornozelos. Parecia cansado, agora que eu reparava. O
cabelo sempre bagunçado estava mais bagunçado do que nunca, a barba por
fazer denunciava que tinha se esquecido dele para se preocupar comigo.
Tratei de não fazer barulho, mas o celular tocou e ele atendeu sem abrir os
olhos.
– Rufinelli – ele disse com voz de sono. Fiquei com pena dele. – Ah...
Oi, Gabriel! Não, está tudo bem agora, ela já está bem. Vou jantar aqui e te
ligo quando chegar em casa.
– Você contou ao Gabriel o que aconteceu comigo? – perguntei. Não
queria que ele pensasse que eu era maluca, eu já tinha muita coisa contra.
– Não, só avisei que não ia trabalhar ontem porque você estava um
pouco doente. Como não apareci hoje de novo, eles ligaram querendo saber
se você estava melhor. O Gabriel ligou mais vezes, talvez porque ele te
conhece desde criança.
– Não conte a ele, não conte a ninguém, por favor.

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– Fique tranquila, não vou contar. Não te exporia dessa forma. Mas
acho que vamos ter que procurar outro tipo de ajuda, talvez regressão ou
hipnose, como recomendou o psicólogo.
– Combinamos que não faríamos isso, lembra? Eles sempre se
contradizem, o último disse que não era recomendável, que não lembrar era
uma forma que minha mente tinha encontrado para me proteger do trauma e
que forçar a lembrança poderia ser mais traumático.
– Eu sei. Quando você estava na escola eu pensei que fosse o trauma da
morte de papai e mamãe, mas agora eu acho que o seu trauma está
relacionado com aquela maldita escola. Se arrependimento matasse... Seus
pesadelos começaram quando você foi para lá, e todos os psicólogos
concordaram que tinha sido o trauma da morte que levava você a ter
pesadelos e que desapareceriam com o tempo. Você sofreu nos três primeiros
anos e depois seus pesadelos foram ficando cada vez mais leves e
desapareceram, segundo me contou a diretora. Eu acreditei. Quando você
voltou, fiquei com medo de que eles voltassem, mas eles tinham sumido, até
hoje.
– Eu também pensei que estava livre deles, não sei por que eles
voltaram, e com tanta força, eu nunca fiquei fora tanto tempo. Se não me
engano, o pior foi de um dia, e os últimos foram de algumas horas.
– É isso que está me preocupando desde ontem. Já vi alguns analistas,
você não precisa fazer a hipnose, mas seria bom conversar com eles.
– Vou pensar, me dê uns dias.
– Não demore, Ângela, quero saber o que aconteceu. Ou o que está
acontecendo. Se alguém fez mal a você naquela escola, eu juro que a fecho.
– Eu também quero saber, só que tenho medo.
– É esse medo que te bloqueia. Hoje de manhã, quando você continuava
apagada, tive medo de que não acordasse nunca. É por isso que eu preciso
saber.
– Eu sempre vou voltar, não tenha medo.
– Você não sabe como você fica, Ângela. Stella entrou em pânico, ela
te sacudiu, gritou com você e nada, ainda bem que ela chamou a mim, e não
a emergência.

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– Tá bom, eu vou ver esse analista que você achou.


– É uma analista, uma mulher. Foi Judith quem a recomendou, disse
que ela é excelente.
– Math! Você disse que não me exporia e foi logo pedir ajuda para a
namorada de August? Logo, logo todos vão ficar sabendo.
– Não. Judith é médica, eu pedi um conselho a ela como médica, e ela
leva a ética muito a sério, lógico que ela jamais vai contar. Nem August vai
ficar sabendo. E eu pedi ajuda a ela porque ela é do meio, conhece os
melhores, não quero arriscar com qualquer um.
– Não sei não, daqui a pouco todos vão me olhar como se eu fosse
pirada.
– Ninguém vai te olhar como se você fosse pirada, porque você não é.
– A janta já chegou, vamos comer? Você paga enquanto eu arrumo a
mesa.
Sentei-me na banqueta e comecei a devorar tudo, deixando Math e
Stella preocupados. Eu sempre fui de comer bem, ficar dois dias sem comida
só piorava minha situação.
– Vá devagar, não queremos que tenha uma indigestão.
Já passava da meia-noite quando ele foi embora e eu deitei, estava
cansada.

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Capítulo 4

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Gabriel

Deixei o restaurante com os olhos de Ângela cravados na minha mente.


Aqueles olhos tinham o poder de me prender; no momento em que ela olhou
para mim, não consegui desviar. Eu tentei, mas não consegui. Ver sua língua
saindo da boca e molhando os lábios me fez temer não conseguir me
controlar. Minha vontade era eu mesmo molhar aqueles lábios com a minha
língua. Minha língua, que eu nunca quis em boca nenhuma, Ângela me fazia
querer passá-la até nos lugares mais proibidos. Do nada tive vontade de saber
que gosto teria a boceta dela, que gosto teria o gozo dela na minha boca.
Sufoquei um gemido e forcei meu pau a se acalmar. Fazia três anos que eu
mantinha meus instintos por Ângela controlados, não ia ceder. Ela era
proibida para mim, e eu já tinha mulheres o suficiente, não precisava de
problemas. Ângela era um farol gigantesco avisando para eu me afastar, e era
isso que eu ia continuar fazendo. Com muito esforço consegui desviar meu
olhar antes de fazer uma besteira, mesmo não conseguindo prestar atenção na
metade do que Loreta me dizia, mas ela não notava, falava o tempo todo de
moda e desfiles, e eu só assentia.
Saímos cedo do restaurante. Loreta tinha jantado só salada para manter
a forma e não quis sobremesa, disse com todas as palavras que meu pau era a
melhor sobremesa. Não pude evitar passar pela mesa deles com a desculpa de
me despedir. Ângela devorava com prazer uma porção enorme de torta de
morango. Virei rápido minha cabeça. Morangos, Ângela e eu não combinava-
mos, dei um tchau rápido e saí.
Na saída, vários fotógrafos. Que merda! No dia seguinte eu estaria de
novo nos sites de fofocas. Loreta estaria feliz com seu nome associado ao
meu. Ela era linda para ser exibida nas festas, uma boa companhia quando eu
não queria jantar sozinho e uma boa transa. E além de tudo não ficava
pegando no meu pé.

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– Quem era a garota com Math?


– Não sei, não a conheço – menti.
– Mas você a cumprimentou pelo nome, como não a conhece? Como
era mesmo o nome dela? Eu me esqueci.
– Fomos apresentados uma vez, já faz algum tempo, mas só isso.
– Pensei que Rufinelli soubesse escolher melhor as mulheres... Você viu
que mal vestida?
– Não achei que ela estivesse mal vestida. Simples sim, mal vestida não.
– Não acredito que você pense assim. E você reparou na torta? A porção
era imensa.
– Sim, reparei que ela adora morangos e que você estava com inveja
dela comendo aquela torta.
– Não me ofenda. Eu com inveja daquela garota? Ela é gorda.
– Ela não é gorda, tem curvas perfeitas.
– Você só pode estar de brincadeira! Onde você viu curvas? Nem seios
ela tem. Que outras curvas perfeitas você conseguiu ver com ela sentada?
– Ela entrou um pouco antes de nós e eu pude vê-la de costas enquanto
descíamos do carro, vi curvas perfeitas.
– O que está acontecendo com você? Vai babar por aquela garota
horrorosa agora? Ela nem faz seu tipo, você não gosta de morenas! – Loreta
começava a levantar a voz, perdendo o controle. Levantei a divisória para que
Josias e Rafael não tivessem que ouvir as besteiras dela.
– Só fiz um comentário, não precisa me levar a sério.
– Você vai ver amanhã. Com aquela quantidade de fotógrafos na porta
do restaurante, vão cair em cima dele, vão dizer que perdeu o bom gosto.
Quis rir. Duvidava que uma foto de Ângela aparecesse em qualquer site
de fofoca. Talvez aparecesse uma de Math entrando ou saindo do restaurante
sozinho, mas Ângela nunca apareceria.
– Vou dormir em casa – eu disse a Josias, quando eles me deixaram na
porta do prédio.

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Entrei no apartamento e ouvi música, Antônio estava lá. Na sala havia


vários copos. Quantas pessoas será que estavam na festinha deles?
– Tem uma festinha acontecendo no quarto, quer participar?
– Você ficou louco! Quer que eu participe de uma orgia?
– Não é uma orgia, não somos muitos. Vou dar uma olhada. Não
acreditei que Loreta estivesse se fingindo de ofendida, eu conhecia o
histórico dela. Entrei no nosso quarto de festa e Antônio estava com
David e outras três garotas que eu não conhecia.
– Oi, lindo! Acho que você está com muita roupa. – Uma das garotas
chegou perto e tentou abrir meu cinto.
– Já volto, gatinha. Vou buscar alguém para participar.
Voltei para a sala onde Loreta estava sentada emburrada.
– Vamos lá brincar com eles.
– Gabriel, o que você pensa que eu sou? Não vou participar disso.
– Tudo bem, pode pedir um táxi e ir. Ali dentro tem uma garota louca
para tirar minha roupa.
– Por que não os deixamos e ficamos no seu quarto?
– Porque é o meu quarto e ninguém entra ali além de mim.
– Não vou participar dessa orgia de vocês.
– Tudo bem, eu vou voltar lá, a garota já deve estar sentindo minha
falta. – Dei a volta para sair e ela me seguiu.
– Tudo bem, eu vou, mas só por que você está me pedindo.
– Quero que você me escute, Loreta. Eu convidei, mas você não é
obrigada a participar. E eu não gosto de mentiras. Sei muito bem que você já
participou de várias festinhas deste tipo, até filminhos já fez, então não
banque a inocente comigo. – O fingimento dela me tirava do sério.
– Já fiz, não faço mais – ela disse fazendo biquinho.
Mas eu sabia que a última vez tinha sido há algumas semanas, com os
agentes e o dono de uma marca famosa. Ele rapidamente fez desaparecer as
fotos, mas eu, como outros, fiquei sabendo.
– Tudo bem, pode ir. Se não quer participar, tudo bem, mas não me
venha com fingimento, não se faça de inocente. Não para

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mim, Loreta. – Dei a volta e saí da sala, deixando-a com a boca aberta, e
entrei de novo no quarto.
– Demorou, pensei que tivesse desistido – a garota me disse tirando o
pau de David da boca e vindo até mim.
– Ei, volte aqui e termine seu trabalho – praguejou David. Ela
voltou e deu uma boa chupada nele.
– Já volto – ela disse.
David tomou seu próprio pau e continuou massageando enquanto
esperava que a garota me ajudasse a tirar minha roupa. Quando fiquei livre,
ela me tomou na boca, me chupando e massageando David ao mesmo tempo.
Antônio estava com duas e nós tínhamos que dividir uma, mas tudo
bem. A garota com Antônio começou a gritar, ele a estava fodendo com um
enorme pau de silicone e estava fodendo a outra com seu próprio pau. Ele deu
conta das duas ao mesmo tempo e as duas gozaram. Empurrou-se algumas
vezes mais e depois saiu duro, sem gozar.
Loreta entrou nesse instante. Antônio me olhou interrogando e eu disse,
por sinal, que dependia dela. Ele chegou perto e Loreta se agachou, tomando
Antônio em sua boca e gemendo. Ele puxou o vestido dela pela cabeça,
deixando-a nua, não estava usando nada por baixo.
David começou a urrar com a massagem da garota, que me deixou para
dar atenção a ele, dando chupadas vigorosas, até conseguir que ele gozasse na
boca dela. Ela se voltou para mim, querendo voltar a me chupar, mas eu não
queria colocar meu pau onde ainda devia ter restos do esperma de David.
Coloquei um preservativo e peguei Loreta pela bunda, enquanto ela
chupava Antônio. Trabalhei-a por trás e, mesmo eu sendo longo e grosso,
Loreta me aceitou bem. Depois de várias estocadas, chamei Ângela em minha
mente para que ela me ajudasse a gozar. Andava fazendo muito isso
ultimamente. Retirei-me dela. Antônio colocou um preservativo e tomou meu
lugar.
Fui até o banheiro jogar o preservativo e na volta vi que Antônio
continuava entrando em Loreta com vontade. Ela agora estava chupando a
boceta de uma das garotas; chupava, mordia, gemia, levando a garota ao
orgasmo. David tomou o lugar da garota e

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Loreta começou a trabalha-lo com a boca e com as mãos. Juntei minhas


coisas e fui para casa, Loreta nem percebeu quando saí.
Saí de uma reunião em que tinha fechado um supercontrato para a
construção de um resort. Eu tinha trabalhado com esse contrato durante
meses para que rendesse alguns milhões para a empresa. O projeto de Math
deveria ser mais um de seus projetos premiados, todos brigavam pelos
projetos dele, só sua assinatura já rendia milhões à empresa. Era um dia para
festejar. Sabia que ele, August e Antônio estavam esperando que eu fechasse
o contrato, havia várias outras empresas que queriam ter essa construção na
conta delas, mas nenhuma tinha Matheus Rufinelli assinando o projeto.
Estava entrando na recepção da sala dele quando fui interceptado por Lúcia.
– O Sr. Rufinelli não virá hoje, Sr. Leblanc. Ele ligou cedo avisando
que a irmã está doente e por isso não virá ao escritório.
Fiquei sem reação. Ângela doente a ponto de Math não vir ao
escritório? Ela parecia bem na noite anterior.
– Ele disse o que ela tem?
– Não senhor. Só disse que ficaria com ela e que eu tinha que limpar
sua agenda hoje.
– Ok. Obrigado, Lúcia.
Não sabia como ligar para ele, nunca antes tinha perguntado por
Ângela. Antônio entrou no meu escritório.
– Cara, Loreta é muito boa. Depois que você saiu, continuamos por um
bom tempo. E o melhor é que ela não goza rápido, sabe se controlar, então dá
para brincar bastante.
– Você já sabe que Ângela está doente e que Math não virá ao
escritório? – A última coisa que me interessava no momento era saber como
Loreta gozava.
– Não! O que ela tem?
– Não sei, Lúcia acaba de me informar. Vou ligar para August, talvez
ele saiba de alguma coisa.
Dois minutos depois, August entrou na sala.
– O que aconteceu com Ângela?

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– Não sei, estava indo ao escritório dele para comemorar a assinatura do


nosso contrato quando Lúcia me disse que ele havia cancelado a agenda para
ficar com Ângela, que está doente. Ontem mesmo eu os vi e ela parecia bem.
– Vou ligar para ele – disse August preocupado.
Depois de alguns minutos conversando, desligou.
– Não é nada grave, ele disse que é só uma gripe. Mas, como Stella não
ia poder ficar com ela, ele decidiu ficar.
Math estava mentindo, tinha certeza, mas fiquei calado. Ela estava bem,
e uma gripe não ataca tão rápido.
Depois de me cumprimentarem por fechar o contrato, August e Antônio
saíram da minha sala e decidimos deixar a comemoração para outro dia.
Quando a porta se fechou, decidi ligar para Math. Se August havia ligado,
então eu também podia. Ele atendeu no segundo toque.
– Oi, cara! E aí? Fiquei sabendo da Ângela... O que aconteceu com ela?
– Não é nada grave, só uma gripe um pouco mais forte, mas já está
medicada.
Ouvia a explicação dele e, quanto mais ele falava, mais eu desconfiava
de que estava mentindo. Centenas de possibilidades me passavam pela
cabeça, não entendia o que ele estava escondendo, mas sabia que estava
escondendo algo e fiquei tentado a perguntar se podia fazer uma visita, mas
pareceria estranho, então fiquei calado.
– Bom, eu fico feliz que não seja nada grave. Avise se precisar de
alguma coisa.
– Tudo bem, eu aviso, mas ela já está bem. Obrigado, Gabriel.
Desliguei e fiquei pensando no que teria acontecido com Ângela.
Qualquer coisa, menos gripe.
Cheguei cedo no dia seguinte, esperando que ele nos contasse o que
realmente havia acontecido com Ângela, mas depois das nove Lúcia me
informou que ele novamente não viria. Comecei a me desesperar e liguei
novamente para ele.
– Lúcia informou que você não virá hoje novamente... Ângela piorou?

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– Ela está bem, mas vou ficar. – Senti a tensão na voz dele, estava
mentindo, alguma coisa grave estava acontecendo com ela.
O dia passou entre reuniões e estudos de novos contratos, e tratei de
resolver tudo com eficiência, mas minha mente estava em outro lugar. Math
não veio ao escritório e também não voltou a ligar. Ninguém tinha notícias
dele e eu não podia ficar perguntando à Lúcia por ele ou por Ângela. À noite,
em casa, não suportei a tensão e liguei. Ele me atendeu com a voz sonolenta,
mas já não notei a mesma tensão na voz.
– E aí, Ângela melhorou? Como ela está? – Eu não conseguia me
controlar quando se tratava dela. Esperava que ele, sonolento, não notasse
meu desespero.
– Ah... Oi, Gabriel! Não, está bem agora, ela já está bem. Vou jantar
aqui e te ligo quando chegar em casa.
Fiquei esperando a ligação de Math, mas ele jamais ligou. Dormi mal e
logo cedo já estava no escritório, andando de um lado para o outro como se
fosse um animal enjaulado. Lúcia me avisou assim que ele entrou no
escritório. Não consegui dar um tempo para dissimular e entrei logo depois
dele. A única desculpa que eu tinha era a assinatura do contrato do resort.
– Oi! E aí, pronto para festejar?
– Oi, Gabriel. Desculpe, mas festejar o quê?
– Fechamos o contrato para a construção do resort no Caribe nos nossos
termos, eles aceitaram tudo.
– Ah, sim, podemos festejar, mas hoje não posso, já tenho outro
compromisso. Na verdade só passei para pegar uns papéis e não volto mais
hoje.
– Ângela continua doente?
– Não, ela está bem, só vou levá-la para um controle médico, depois
talvez almocemos. Mas não quero deixá-la sozinha ainda. Que tal deixarmos
para a semana que vem?
– Por mim tudo bem.
Fiquei observando-o: ele estava vestido de forma impecável, barba e
cabelo alinhados, nada fora do lugar; mas eu o conhecia, debaixo dessa
fingida tranquilidade, ele estava tenso. Juntou alguns papéis e saímos.

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– Converso com você depois, Gabriel. Ângela está me esperando no


carro, não quero demorar.
– Não, estou saindo também, vou descer com você. Descemos e ele
parou perto do carro, que estava com o mo tor ligado.
– Será que posso dar um alô? Ela está aí? – A armadura de proteção de
Math sobre ela subiu e ele me olhou desconfiado.
– Só quero cumprimentá-la, mas tudo bem se você não quiser. Apenas
diga a ela que desejo melhoras.
Ele abriu a porta e uma Ângela parecendo um animalzinho acuado me
olhou desconfiada. Estava encolhida no assento, sentada em cima das pernas.
Jeans, blusinha, os olhos negros enormes que sempre me prendiam: linda.
Todo o interior do carro tinha o cheiro dela, o mesmo que ela deixara no meu
carro na volta do aeroporto e que eu nunca mais tinha voltado a sentir.
Inspirei várias vezes, senti falta desse cheiro.
– Oi, Ângela. Soubemos que você esteve doente, só queria dizer que eu
e os rapazes desejamos melhoras.
– Oi, Gabriel. Obrigada por se preocupar, mas já estou bem, foi só uma
indigestão.
Indigestão? Agora tinha certeza da mentira. O que será que estava
acontecendo com ela? Parecia tão indefesa que me dava vontade de colocá-la
no meu colo e protegê-la, não deixando nada de ruim chegar perto, mas ela já
tinha Math para isso.
– Bem, era só isso. Fico feliz que esteja bem. Tchau!
Tirei minha cabeça de dentro do carro antes de ceder à vontade de puxá-
la nos meus braços.
– Que bom que ela está melhor! Qualquer coisa que precisar estamos
aqui. Agora tenho que ir, a gente se vê.
Ele entrou e se sentou ao lado dela. Vi quando ela deitou no colo dele e
ele colocou a mão na sua cabeça, fazendo carinho. Bati a porta de leve e saí
de perto.
Depois que saíram, fiquei de pé no meio do estacionamento sem saber
aonde ir ou o que fazer. Estava completamente perdido. Depois de alguns
minutos, desisti de tentar me entender e voltei ao escritório.

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Capítulo 5

Ângela

Oito meses antes.


– Ângelaaaa! Posso usar seu vestido azuuul?
O berro que ouvi quando estava no chuveiro e quase me deixou surda
era da minha amiga, irmã e confidente, Stella. Ela foi minha colega de quarto
durante todo o tempo da faculdade e, quando ganhei o apartamento como
presente de formatura, não tive como não arrastá-la comigo.
Não ficava no mesmo prédio onde Math tinha o dele. O meu ficava no
vigésimo quinto andar, a sala ampla, com o sol pleno da manhã. A vista que
tinha da baía era de tirar o fôlego, ele sabia que eu era louca pelo mar e soube
escolher o apartamento perfeito. As janelas da sala iam do chão até o teto. A
varanda ainda estava vazia, mas eu pretendia colocar sofás; não era uma vista
para quem tivesse medo de altura. Eu amei. Ainda estava todo bagunçado e
só havíamos trazido nossas malas e alguns eletrodomésticos. Stella e eu
estávamos loucas para começar a decorá-lo.
– Pooode – respondi berrando igual ela.
Estava em êxtase. Fiz 21 anos faz dois meses, e hoje Math organizou
um encontro numa boate da moda. Convidei alguns ex-colegas da faculdade,
entre eles meu ex-namorado, Marcelo; o amor não havia dado certo, mas a
amizade continuou. Math convidara os meninos GAMA, os queridinhos de
Boston. Não os conhecia bem, o único que conhecia um pouco melhor era
Gabriel, do resto só sabia o que as garotas da faculdade comentavam nas
horas livres. Math sempre me manteve afastada deles e da empresa.
August Roiz era engenheiro elétrico, tranquilo e, segundo as fofocas,
tinha uma namorada de longa data. Namorada que os paparazzi viviam
loucos para fotografar em algum momento

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íntimo, mas eles nunca conseguiram, apenas mãos dadas ou um beijo no rosto
e nada mais. Eu o comparava a Josh Dallas, o mesmo olhar azul suave e a
cara de menino bonzinho.
Antônio Sanders era engenheiro civil e comentavam nos corredores da
faculdade que ele já tinha dormido com as duas metades das mulheres de
Boston. Mesmo assim, tinha uma legião de admiradoras, loucas para serem
mais uma em sua longa lista. Ia aos eventos sempre com mulheres diferentes.
Mulheres para ele eram iguais a vestidos de festa, nunca repetia. Pensava nele
como Josh Holloway: cabelos castanhos, olhos verdes bonitos, e só de olhar
para ele você sabia estar encrencada.
Matheus Rufinelli, meu irmão, era arquiteto e já ganhara vários
prêmios, as garotas da faculdade morriam por ele. Sempre andava com
mulheres lindas, mas nunca me apresentou nenhuma. Fazia o estilo Antonio
Banderas, alto, moreno, olhos negros e um sorriso que fazia todas as garotas
da universidade suspirarem.
Por último o meu preferido, o meu anjo, Gabriel Leblanc, o advogado
do grupo, que, na minha opinião, era o mais lindo de todos. Depois de meu
irmão, claro. Era conhecido como o frio Gabriel Leblanc. Enfrentar Gabriel
nos tribunais era a certeza de perder. As meninas sabiam tudo dele, assim
como eu. E, para minha tristeza, como os outros, ele vivia de mulher em
mulher. Enquanto Antônio e Math já tinham sido flagrados aos beijos com
várias mulheres, ele não, por isso era considerado frio. Sorria, conversava,
mas nada de beijos e abraços para ele. Porém nos últimos anos uma notícia
chamava a atenção das meninas que acompanhavam o grupo pelos sites de
fofocas: ele tinha levado a mesma mulher a vários eventos diferentes e
tinham sido vistos em restaurantes. Loreta era o nome dela, e era uma modelo
loira, belíssima. Eu havia cruzado com ela uma única vez em um restaurante
e ela não me causara boa impressão, simplesmente me dava arrepios.
Eu não conseguia comparar Gabriel com ninguém, só com um anjo, de
tão lindo que ele era. Era alto, tinha quase um metro e noventa; em poucas
fotos se podia ver bem os olhos dele, mas eu sabia que eram de um azul
intenso, como safiras; tinha os cabelos encaracolados e os mantinha na altura
dos ombros, sinal de pura rebeldia, como um menino mimado e malcriado
desafiando o mundo.

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Uma vez eu tinha visto uma foto dele de férias na praia e quase surtei:
ele estava saindo do mar, com a água escorrendo pelo corpo, as pernas longas
e musculosas cobertas de uma penugem dourada, estava penteando os
cabelos com os dedos, dava para ver todos os músculos definidos, o tórax
forte, com três pares de gomos rijos, e tudo descia terminando em forma de
V. Pelos encaracolados na medida certa brilhavam com as gotículas de água
e desciam para se esconder dentro do calção, que se equilibrava
perigosamente nos quadris finos, dando vontade de puxar o cordão para ver o
que estava escondido.
Eu era apaixonada por ele desde que tinha 8 anos e achava que ele fosse
um anjo. Esperava vê-lo naquela noite. Sabia que Math o convidara, mas não
sabia se iria, afinal ele nem me conhecia direito. Se fosse, iria por Math.
– Pronta? – gritou de novo Stella do quarto dela.
– Sim, só preciso de um pouco de ajuda com a maquiagem. – Nunca fui
boa nessas coisas, o pouco que sabia era devido a muita ajuda de Stella, que
conseguia se maquiar de olhos fechados.
– Nossa, você está um arraso! Essa cor deixa sua pele fabulosa! Por fim
decidiu mostrar um pouco desse corpo maravilhoso e usar o vestido que eu te
ajudei a comprar? Se eu tivesse um corpo como o seu, só usaria
microvestidos colados no corpo.
– Você tem um corpo lindo, Stella, é alta e magra. Já eu sou baixa e
minha bunda, por mais que eu emagreça, não diminui.
– Sim, e eu sou igual a uma vara, seca por todos os lados, olha só!
– Tá, eu estou olhando e você está linda! Agora me diz como faço para
não quebrar a perna com estes saltos?
– Fácil, fácil! Esqueça a altura deles e pronto.
Olhei para Stella, ela era linda. Cabelos e olhos castanhos e um sorriso
de parar o trânsito, conseguia tudo só sorrindo. O tubinho azul que estava
usando faria dela a rainha do baile, e eu, mesmo com saltos altíssimos, não a
alcançava. Mas Stella não era só linda por fora, ela era linda por dentro
também, era minha irmã de alma.
Não me sentia muito à vontade dentro dessa coisa chamada vestido. Era
mais o tipo moleca. Mesmo que Math enchesse meu

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closet com vestidos de marcas famosas, preferia meus jeans, camisetas e


meus inseparáveis All Stars. Aquele pedacinho de pano que estava usando,
que Stella dizia ser um Valentino, até tinha ficado legal; era de um tom
marfim lindo, com um decote nas costas. O vestidinho acabava no meio da
minha coxa e, com aquela sandália estilo monte Everest, sentia-me um
pouquinho mais alta e um pouco mais bonita.
No fundo, estava me arrumando toda esperando que ele reparasse em
mim, olhasse para mim. Tinha visto Gabriel umas três ou quatro vezes
durante a época da faculdade, mas sempre rápido, enquanto almoçava ou
jantava com Math. A única vez em que ele realmente falara comigo tinha sido
quando fiquei doente e ele me perguntou como eu estava, nada mais. Em
todas as outras vezes ele estava acompanhado de alguma bela mulher e nem
tinha reparado que eu estava ao lado. Esperava que ele fosse e que não
estivesse acompanhado. Sabia que ele não iria reparar em mim, mas pelo
menos eu poderia olhar para ele sem me sentir uma maltrapilha.
Cheguei a ter alguns relacionamentos que não deram em nada. Minha
primeira vez foi com 18 anos; decepção total. Eu não estava preparada e ele
estava com pressa. Senti tanta dor que não quis mais ser tocada pelo resto da
noite, enquanto ele pedia desculpa. Meu projeto de namoro acabou naquela
noite, depois disso cada um para o seu lado.
Não tentara mais nada com ninguém, até que no ano anterior conheci
Marcelo e decidi tentar novamente. Ele foi terno, carinhoso, nada de pressão,
mas mesmo assim não consegui o tão esperado orgasmo. E aí eu me
preocupei: será que eu era frígida?
Nossa segunda experiência deu em nada de novo, depois dessa
decidimos continuar só como amigos. Eu ainda conversava com ele sobre
tudo, ríamos, fazíamos passeios juntos, eu criticava as garotas dele e ele
criticava alguns caras que chegavam perto de mim. Sempre conversei com ele
e com Stella sobre tudo, mas nunca sobre Gabriel, ninguém sabia dessa
minha paixonite platônica por ele. Tinha vergonha de dizer que o seguia
pelos sites de fofoca, que sonhava com ele. Stella diria que eu estava louca,
mesmo ela fazendo o mesmo com meu irmão.

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Estava dando uma última olhada no espelho quando meu celular tocou.
Era Math.
– Oi! Já estamos prontas.
– Oi, querida. Estou atrasado, mas estou mandando Josh pegar vocês,
ele já deve estar chegando, tudo bem?
– Claro, nos vemos lá então. Não demore!
– Não, vou demorar meia hora talvez.
– Ok, vejo você lá.
Quando desliguei, meu celular apitou avisando mensagem.
Josh já tinha chegado.
Respondi que estávamos descendo enquanto gritava: – Stella, vamos!
Ela chegou correndo pelo corredor.
– E Math? – perguntou olhando em volta.
– Ele não vem, vamos com Josh.
Ela fez beicinho sem esconder a decepção e a paixonite que sentia pelo
meu irmão.
– Não chora, você vai vê-lo daqui a pouco. – Começamos a rir e saímos
abraçadas.
Collin estava na calçada esperando por nós para abrir a porta, enquanto
isso Stella recebia todo tipo de olhar, que só não eram mais atrevidos porque
o olhar de Collin era intimidante.
Chegamos e a festa já estava a toda. Logo fui cercada por amigos e ex-
colegas com abraços, beijinhos e lembrancinhas. Como a boate fora alugada
só para a festa, conhecia todos que estavam ali.
Quando os abraços e beijos diminuíram, não vi mais Stella por perto,
mas consegui ver Marcelo chegando. Ele também era lindo. Jeans, camisa
aberta e terno – perfeito. Eu não conseguia entender o que não havia dado
certo entre nós. Como sempre, ele chegou me abraçando e estalando um beijo
em meus lábios, mas sem nenhuma malícia. Foi logo dizendo: – Jesus,
Ângela! Como você está linda! Fica difícil respirar do seu lado. Mas fica
tranquila, que eu vou vigiar todos os lobos da noite, eles não vão chegar perto
de você hoje.
– Exagerado. Nada de espantar os lobos, eu adoro lobos!

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Eu ainda estava rindo quando senti me pegarem por trás, pela cintura.
Não sei como, mas meu corpo inteiro reconheceu Gabriel mesmo sem nunca
ter sido tocada por ele.
– Também quero cumprimentar a aniversariante.
A voz rouca e o hálito dele na minha nuca fizeram meu corpo inteiro se
arrepiar. O cheiro dele... Deus, eu ainda me lembrava daquele cheiro de
quando eu tinha voltado com ele do aeroporto! O cheiro me perseguira por
meses.
Senti cada centímetro do corpo dele colado nas minhas costas. O meu
mundo parou naquele momento. Ele me girou de frente para ele e se inclinou,
senti a respiração morna. Menta, pinho, lavanda, não conseguia definir, sentia
o cheiro de Gabriel, só dele.
– E eu? Não ganho um beijo como seu amigo?
Sem esperar por minha resposta, ele tomou minha boca. Senti a língua
dele lambendo meus lábios de forma nada inocente, fazendo meu corpo
inteiro entrar em erupção. Um calor fez com que quisesse me apertar a ele.
Comecei a abrir minha boca, sentindo uma vontade incontrolável de provar
aquela boca também. Meu coração disparou, fazendo meu sangue correr por
partes do meu corpo que eu não sabia que existia, mas ele interrompeu o
beijo tão rápido como começou.
– Vejo você por aí – disse-me sumindo na multidão.
Fico pensando se não sonhei. Não, pela cara de Marcelo não foi sonho.
Tentei fazer meu cérebro pegar no tranco, olhei em volta para ver se via
Math, Antônio ou August, mas parecia que eles ainda não tinham chegado.
Continuei olhando para ver se alguém notara, mas a iluminação era fraca e
ninguém parecia ter reparado.
Foi muito rápido, não entendia o que havia acontecido, Gabriel nunca
tinha me notado antes. A única vez em que conversara um pouco mais
comigo foi quando me buscou no aeroporto, e me tratou tão mal que levou
um bom tempo para eu me sentir à vontade perto dele de novo.
Marcelo colocou as mãos nos meus ombros, fazendo-me olhar para ele.
– Que. Merda. Foi. Essa?
Não consegui responder, eu ainda estava em choque.

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– Ângela! – ele me sacudiu.


– Nada, foi só um cumprimento como o seu – consegui responder num
fio de voz.
– Nunca, nunca esse cumprimento pode ser comparado com o meu!
Vocês dois quase eletrocutaram todos ao redor, inclusive a mim – disse ele se
apontando com o dedo.
– Vamos tomar uma bebida – disse tentando me safar. Eu precisava
tomar alguma coisa forte e me sentar, estava tremendo. Eu tinha me vestido
para ele, mas não esperava tudo aquilo.
– Tudo bem, mas não pense que está me enganando, certo?
– Certo, vamos indo. Tem um camarote na área vip reservado para nós,
Stella já deve estar lá.
Precisava urgente de uma bebida. A verdade é que Gabriel já se fora,
mas o corpo e o cheiro dele continuavam grudados em mim.
– Stella já sumiu na pista – disse enquanto me guiava entre a multidão.
Quando chegamos ao camarote, pedi um shot de tequila. Marcelo me
lançou um olhar atravessado que fingi não notar.
Um pequeno tumulto na porta chamou minha atenção e me virei para
ver que Math e Antônio estavam entrando. Ver um dos meninos da GAMA
já é difícil, mas os dois deuses de uma vez só leva as meninas e alguns
meninos à loucura. Com sorrisos e beijinhos, eles abriram caminho até
chegar até nós. Além de Marcelo e Stella, ninguém sabe que Math é meu
irmão, então naquele momento havia muitos olhares de interrogação
dirigidos ao nosso camarote.
– Desculpe o atraso – ele disse me abraçando e se virou para
cumprimentar Marcelo.
– E aí, tudo bem? Cuidou bem da minha irmãzinha?
– Tentei – respondeu Marcelo me fazendo engasgar com meu shot.
Quase jogo o copo nele.
Ele, como sempre, estava lindo – blazer e jeans pretos e uma camisa
justa bordô, aberta e sem gravata. O estrago seria grande. Olhando ao meu
redor, percebi que todos eram lindos.
– Gabriel não chegou ainda? Ele disse que viria – perguntou Math.

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Fingi não ouvir e Marcelo me desafiou a responder. Fui salva por


Antônio.
– Vou dar uma volta, talvez eu o encontre – disse saindo do camarote.
– É melhor eu ligar, porque não acredito que Antônio vá voltar tão
cedo.
– Vou dar um giro – disse Marcelo e saiu.
Math olhou os três shots de tequila que eu já tinha virado.
– Água – pediu ele a uma funcionária, que ficou só olhando com cara
idiotizada. – Água, por favor – ele repetiu e ela voltou à Terra e saiu para
buscar.
Quando ela saiu, entrou Stella toda agitada.
– A festa está uma loucura, vamos lá aproveitar.
– Vamos, só vou tomar um pouco de água e já vamos.
A mulher retornou com um carrinho cheio de bebidas e petiscos. Math
abriu uma garrafinha de água e me entregou. Levantei a garrafa e comecei a
tomar quando Gabriel entrava com August. Eles levantaram as mãos para
cumprimentar o pessoal e foram para a varanda para ver a pista de dança
embaixo, então ficaram entretidos em uma conversa.
Fiquei olhando aqueles cabelos dourados nos ombros e tive vontade de
passar a mão e acariciar para sentir a suavidade. Vi a boca dele se mexer
enquanto conversava e minha boca ficou seca, com vontade de passar a
língua e sentir o gosto dele de novo. Ele não olhou para mim. Fiquei
pensando se tudo não havia sido fruto de minha fértil imaginação; sabia que
não porque ainda podia sentir o cheiro dele em mim.
Naquele momento August virou a cabeça e me olhou, parecia que lia
meus pensamentos, porque levantou as sobrancelhas como signo de
interrogação e depois olhou para Gabriel, como se tivesse entendido tudo. Eu
tinha que sair dali.
– Vamos dançar – disse puxando Stella pelo braço.
– Vamos.
– Vou com vocês – disse Math se levantando.
Gabriel e August nos olharam, mas continuaram com a conversa.
Caímos na pista e dançamos por horas. Dancei com meus

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amigos da faculdade, com Math, Stella, Marcelo, até cansar. Continuei


recebendo cumprimentos. Eu realmente estava muito feliz! Aquele beijo do
Gabriel deu um up de milhões na minha noite. Se ele tivesse me olhado, teria
ido a mil, mas um beijo dele, mesmo que tenha sido tão rápido, valeu tudo.
Depois de horas dançando, senti minha garganta seca.
– Vou ao camarote buscar uma bebida – avisei Math e ele fez menção
de me acompanhar, mas Stella o reteve.
Saí da pista abrindo passo entre a multidão. No meio do tumulto, senti
que alguém me pegava pela cintura e me levava para um corredor com pouca
iluminação. Não lutei porque meu corpo sabia quem era.
– Ângela! – sussurrou enquanto me colocava contra a parede. A voz
rouca e o calor da boca dele na minha nuca fizeram meu corpo começar
tremer. Esforcei-me para não gemer, mas não consegui. Ele me virou de
frente e, com a boca a apenas alguns centímetros da minha, perguntou: –
Posso?
Antes que eu pudesse responder, já estava sentindo os lábios dele sobre
os meus e os seus dentes nos meus lábios, mordendo, chupando, fazendo
aumentar o tremor do meu corpo. Fiquei molhada, quente, minhas mãos
foram para os quadris dele e eu o puxei, querendo sentir mais daquele corpo.
Não sei onde foi parar minha vergonha. Ele me apertava mais ainda contra a
parede, a língua dele no meu pescoço, me lambendo devagar. Logo voltou à
minha boca.
– Abra a boca para mim, Ângela, deixe-me entrar.
A voz dele me fez gemer sem controle. Abri minha boca e senti sua
língua entrando, lambendo. Minha língua encontrou a dele, o sabor era
delicioso. Ele me mordia e me chupava enquanto repetia meu nome, sua
língua entrando e saindo da minha boca, fazendo todo meu corpo explodir de
luxúria. Aperteime mais contra ele, sentindo toda sua ereção, que ele
esfregava contra mim.
– Gabriel – gemi de forma descontrolada.
Jesus! Como precisava dele. Nunca havia me sentido tão excitada. Mas
ele era Gabriel, não era um colega da faculdade, só podia estar sonhando.

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Ele encostou a cabeça na minha testa enquanto tentava respirar, assim


como eu, mas parecia não haver ar suficiente para os dois.
– Volte para o camarote, Ângela, e fique com Math – disse quando
conseguiu respirar.
Olhei para ele sem entender.
– Vamos conversar em algum lugar mais tranquilo, outro dia.
Continuava com a testa colada na minha e os braços apoiados na
parede, minhas mãos continuavam segurando-o pelos quadris. Tomou
uma longa inspiração, se endireitou, pegou o celular do bolso e pediu
meu número, anotando-o.
– Ligo para você mais tarde. Agora vá, por favor.
Girei para sair, mas ele me puxou de volta, colocando-me de cara contra
a parede e grudando todo seu corpo no meu, de novo. Inclinei-me contra ele,
puxando sua cabeça contra meu pescoço. Gememos os dois. Senti as mãos
dele na minha perna, subindo, quase chegando ao meu sexo, que àquela altura
estava molhado, palpitando, pedindo atenção. Levei minhas mãos para trás.
Quando consegui tocá-lo, senti toda a sua longitude, duro como aço. Ele
gemeu alto, apertando-me ainda mais contra a parede. Esfreguei-me contra
ele. Sua mão me acariciou sobre a renda da calcinha e ouvi um gemido que
mais parecia um rosnado. Ele me soltou de forma brusca.
– Vá agora, Ângela... Por favor, vá agora.
Saí quase correndo pelos corredores, mas não fui ao camarote. Procurei
pelos banheiros e, quando encontrei, tinha uma pequena fila. Encostei-me
contra a parede azulejada e fria e respirei, tentando me acalmar. A fila seguia
lenta, dando-me tempo de pelo menos conseguir respirar melhor. Dei uma
olhada no meu celular e havia uma mensagem de um número estranho.
Entrei no banheiro, liguei a torneira e deixei a água fria escorrer pelos
meus pulsos. Gostaria era de ter um balde de gelo.
Gabriel devia pensar que eu era louca. Eu não estava conseguindo me
entender. Como havia tido coragem de colocar a mão no pênis dele? E como
ele estava duro! Deus! Onde eu estava com a cabeça?

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Levei um bom tempo até me sentir segura para voltar. Ao ajeitar meus
cabelos, vejo a marca de uma mordida no meu ombro. Em que momento ele
me mordeu que eu não senti? Deixei os cabelos soltos para esconder a marca.
Esperava que ele já tivesse ido embora, porque não sabia como olhar
para ele de novo.
Entrei no camarote agradecendo a luz fraca, porque parecia estar escrito
na minha cara o que aconteceu. Peguei uma garrafinha de água e, enquanto
tomava, olhei ao meu redor.
Antônio estava sentado com uma loira no colo e a chupava como se
fosse uma laranja suculenta. Marcelo acenou para mim, estava conversando
com uma menina que eu conhecia da faculdade. Stella estava olhando Math
com cara de estúpida enquanto ele falava alguma coisa. Olhei para a varanda
e Gabriel estava conversando com August; pela cara dos dois, não era uma
conversa amigável. Sentei no colo de Math.
– Onde você esteve?
– Fui ao banheiro e a fila estava longa. Acho que para mim já deu por
hoje, nunca dancei tanto antes. – O que eu queria mesmo era fugir antes de
ter que olhar na cara do Gabriel novamente.
Nós nos levantamos para sair e ouvi a voz de Gabriel, dizendo: – Já vou
indo, tenho uma reunião amanhã cedo e preciso dar uma olhada em uma
papelada antes. Vocês também já estão indo?
– Sim, Ângela está cansada e amanhã vamos passar o dia procurando
coisas para o apartamento. Ela vai aceitar meus conselhos de arquiteto, mas
no final a decisão será só dela – ele disse enquanto beijava minha cabeça.
– Já que eu estou indo, se você quiser, posso levá-la.
Fico tensa. Não posso confiar em mim, sozinha, em um carro fechado
com Gabriel. O que ele estava planejando? Talvez ele pensasse que eu era
daquelas que ficam hoje com um e amanhã com outro, assim como ele. Eu
sou antiquada, não sou moderna, não sei ser como eles.
– Obrigado, Gabriel, mas já estou indo também, tenho uma reunião
marcada para as nove, depois vou levar Ângela para

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almoçar, vamos sair para fazer as compras... Vai ser uma tarde puxada e
cansativa.
– Vou aproveitar e pegar uma carona com você, Gabriel. Dispensei meu
motorista e estou a pé – disse August entrando na conversa.
– Sem problema – disse Gabriel, mas pela cara dele eu sabia que tinha
alguma coisa acontecendo.
Acenei para Marcelo e Stella, que decidiram ficar, e fui me despedindo
enquanto saía.
Josh já estava nos esperando com a porta aberta. Sorri para ele e me
despedi de August e de Gabriel, sem conseguir olhar para a cara dele,
agradecendo por terem vindo. Subi no carro enquanto Math se despedia.
– Gostou da festa? – perguntou, sentando ao meu lado.
– Gostei muito, obrigada! Mas agora tudo que eu quero é minha cama –
disse me deitando no colo dele. Senti meu celular vibrar, mas não olho
porque sei quem é.
Chegamos e Math desceu comigo para esperar o elevador – Obrigada
mais uma vez, irmãozinho. Você é o melhor irmão que alguém poderia
ter.
– Só porque você é uma irmã maravilhosa, e não há nada que eu não
faria por você. Amo você, não se esqueça. Minha reunião é às nove, acho que
termino antes das onze e meia. Quer que eu mande Josh te buscar às onze
horas?
– Não, você sabe que eu gosto de caminhar, e amanhã parece que o dia
vai ser lindo, prefiro ir a pé.
– Certo, mas vou mandar Michael ou Robert te acompanhar, e isso você
sabe que eu não negocio – disse ele carrancudo.
– Tudo bem, irmão chato, pode mandar. Você sabe que não tenho
problema com eles.
– Cinco minutos atrás eu era o melhor irmão do mundo e agora já sou o
irmão chato? – Dei risada da cara de ofendido dele.
O elevador chegou e dei um beijo na sua bochecha.
– Obrigada mais uma vez, melhor irmão chato do mundo – disse
quando as portas estavam se fechando.

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Capítulo 6

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Gabriel

Apenas entrei no carro e já peguei meu celular e mandei uma mensagem


para Ângela. Sabia que não iria me responder, porque estava com o irmão,
mas não importava.
Quero ouvir sua voz, me ligue.
Levantei a vista e vi o olhar contrariado de August.
– Seu filho da puta maldito, o que você tem na cabeça?
– Pode descer do meu carro se vai começar com sermão, não tenho
mais idade para isso e não vou te dar carona enquanto você diz merda no
meu ouvido.
– Escute aqui, seu conquistador barato, e se fosse Math que tivesse
visto você beijando ela?
Fico pensando qual dos beijos ele viu.
– Foi só um beijo de parabéns, nada de mais – arrisquei.
– Na boca? Maldito mentiroso, você não presta! E não vai me dizer que
não ficou duro igual a um martelo porque eu vi. Talvez ela não tenha notado,
mas aposto que o amigo dela sim.
– E por que você não está dando a ele o mesmo sermão? Eu dei a ela o
mesmo tratamento que ele, só que ele não tem ninguém gritando no ouvido
dele igual a uma maldita velha.
– Não estou falando com ele porque eles já tiveram um relacionamento,
podem se beijar e se lamber do jeito que quiserem! Eles são da mesma idade
e, principalmente, ele não é sócio e amigo do irmão dela, que, se ficar
sabendo que você colocou as mãos nela, vai te matar. Será que deu para você
entender agora?
– Escuta aqui, ela é maior de idade e foi só um beijo rápido, isso foi
tudo.
– E quando os dois sumiram, onde estavam?
– Eu na pista, ela eu não sei – menti me lembrando de Ângela prensada
entre mim e a parede, minha vontade naquele momento era de entrar nela e
gozar com tudo.

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– E agora, para quem você está mandando mensagem?


– É sério? Vai me vigiar agora igual a uma tia ciumenta? Eu nem sei o
número dela! Estou falando com uma amiga, quero terminar bem minha
noite. Será que posso, ou está difícil?
– Tudo bem, tudo bem, acho que peguei meio pesado, mas fiquei
preocupado. Conhecendo você, pensei que não tivesse resistido. E uma
guerra estaria armada se você a tivesse tocado, você sabe como Math é com
ela. Mas, se você diz que não aconteceu nada, acredito.
Ufa! Respiro aliviado.
– Você vai ao escritório amanhã?
– Não, tenho algumas obras para fiscalizar com Antônio. E na segunda
só vou ao escritório pela manhã, à tarde viajaremos de novo e só voltaremos
na sexta para a inauguração do hospital infantil.
– Ok, vejo você na segunda – disse enquanto ele descia. Gosto de
dirigir, mas são nesses momentos que agradeço por ter motorista, pois
podia fechar meus olhos e voltar àquele momento em que tinha meu
pau grudado na bunda dela, minha mão subindo, eu queria colocar meu
dedo lá e massageá-la. Sabia que ela estava molhada pela forma como
gemia e se esfregava em mim. Eu já estava ficando louco. Quando senti
a mão dela, tive que me afastar, porque quase gozei naquela hora.
Cinco anos tentando esquecer aquela maldita boca com o pirulito...
Math ajudava bastante sempre mantendo-a afastada, mas naquela noite
bastou um segundo e tudo mudou. Ver aquele idiota colocando a boca com
tanta facilidade no que era meu objeto de desejo... Eu tinha que provar aquela
boca, eu precisava desesperadamente. Eu precisava.
Meu celular tocou e um pirulito de morango apareceu na tela. Atendi
rindo como um idiota.
– Moranguinho? – Ninguém respondeu. – Ângela?
– Gabriel?
Merda! Meu pau deu um pulo, ouvindo meu nome na boca dela. Como
eu já tinha percebido, tudo que vinha dela me afetava. Na hora fechei a
divisória para ter mais privacidade e tentei ajeitar minha ereção, que estava
apertada, mas acabei abrindo o zíper e

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me liberando. Alívio! Passei o dedo na ponta rosada, que estava molhada.


– Você queria falar comigo?
– Não, queria ouvir você.
Ela ficou em silêncio, como se estivesse pensando no que dizer.
– Como você pode me ouvir, se não conversar comigo? Como um
adolescente idiota, minha mão continuava trabalhando meu pau, só que
com mais intensidade.
– Estou chegando em casa e o sinal vai se perder no elevador, mas já te
ligo de volta – disse rápido quando senti o carro parando, pois não queria que
Duncan abrisse a porta e me pegasse numa situação no mínimo ridícula.
Desliguei e me ajeitei rápido. Desci do carro antes que ele abrisse a porta.
– Amanhã às nove – disse a David.
Duncan me seguia de perto. Entrei em casa e fui direto para meu
quarto, enquanto ele dava uma geral no apartamento, como sempre faz.
Depois, sabia que iria para a ala onde eles moravam e de onde podia
monitorar todo o apartamento, menos o meu quarto.
Depois do sequestro do Antônio, três anos antes, havíamos ficado todos
meio paranoicos, e eu, que nunca gostei de ninguém me seguindo, montei
uma equipe de dois motoristas e três guarda-costas. Ângela também ganhou
seguranças. No começo ela não soube, e foi assim que Math soube quando
ela, com 18 anos, passou um fim de semana com o namorado em um hotel.
Ele quase ficou louco, mas o rapaz era namorado dela na época e, com muita
conversa, Antônio e August o convenceram a não matá-lo.
Já o meu instinto assassino demorou mais a passar.
Aquele foi literalmente um fim de semana no inferno, tive que me
controlar para não ir lá e dar uma surra no carinha metido a conquistador,
mesmo sabendo que era a vida dela e que eu não tinha nada a ver com aquilo.
Aquilo doía de uma forma que eu não entendia. Depois disso não quis saber
de mais nada sobre a vida dela. Só que as informações sempre surgem,
mesmo quando você não quer saber, e Marcelo fez ressurgir o assassino em
mim.

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Entrei no meu quarto, joguei o celular na cama e fui direto ao banheiro.


Queria falar com ela de novo, mas antes precisava tirar o cheiro de fumaça e
suor da boate do meu corpo. Liguei a ducha e, enquanto esperava a água
esquentar, me desfiz das minhas roupas. Meu pau pulou feliz para fora da
minha bóxer, continuava duro igual a uma pedra. Que merda!
A água estava como eu gosto. Coloquei um pouco de gel nas mãos e
espalhei sobre meu corpo. Meu pau estava armado, batendo no meu umbigo,
cumprido, grosso, duro e orgulhoso; as mulheres o adoravam. Fiquei
pensando: será que Ângela vai gostar? Como será que ela é na cama? Ela
gosta de suave ou forte? E tapas? Quase fiquei louco com a imagem que me
veio à cabeça, montando ela por trás e dando tapas naquela bunda gostosa.
Jesus! De onde esses pensamentos absurdos estavam vindo? Eu nunca gostei
desse tipo de sexo.
Enquanto me lavava, continuava pensando nela. Ela devia ser submissa,
gostar de sexo suave, tranquilo. Ou talvez não. Pela forma como gemeu e se
agarrou em mim, talvez exista uma gata selvagem debaixo de toda aquela
doçura e suavidade. Enquanto minha mente divagava sobre Ângela, minha
mão escorregava pelo meu pau, e eu continuava tentando descobrir os gostos
dela. Sexo oral ela já devia ter feito, não acreditava que o namorado pudesse
ter deixado passar aquela boca. Mas anal, não. Pelo que sabia das
experiências dela, foram poucas, então não acreditava que já tivesse feito. Só
de pensar em entrar naquele cuzinho virgem ficava mais duro do que jamais
pensei ser possível.
Olhei meu pau na sua extensão total. Era um filho da puta de sorte,
Deus havia sido generoso com minha anatomia. Saí da ducha, me sequei,
escovei meus dentes e fui para cama. Nu, peguei o celular e mandei uma
mensagem: Esta acordada?
Esperei. Não sabia se ela iria responder. Seria novidade uma garota não
responder a uma mensagem minha.
Sim, saí do banho agora e já ia me deitar.
Ela respondeu depois de quase dez minutos, eu já estava quase ligando.
Não pensei que estivesse tão desesperado por uma resposta dela.

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Te ligo.
– Ângela?
– Gabriel?
– Será que podemos nos encontrar amanhã para almoçar e conversar,
talvez? – perguntei esperando uma resposta positiva.
– Olha, Gabriel, eu queria conversar sobre o que aconteceu hoje... Agi
mal naquela boate. Espero que entenda e esqueça, por favor.
Não acreditava no que estava ouvindo, não queria deixar o nosso curto
encontro assim. Depois de sentir o gosto da boca dela, queria mais, muito
mais, mesmo sabendo que ela estava com a razão e que o melhor seria
esquecer o que tinha acontecido.
– Será só um almoço, não diga não.
– Amanhã vou almoçar com Math, e à tarde vamos fazer compras para
o meu apartamento – ela respondeu depois de um tempo, como se estivesse
procurando por uma desculpa educada.
– Domingo então? – perguntei pressionando.
– Não vai dar, domingo vamos sair cedo para velejar e vamos voltar
tarde.
Vi que ela não iria ceder. Realmente o que acontecera na boate havia
sido um deslize que ela estava determinada a esquecer; mas eu não, nunca
havia estado tão a fim de uma mulher. Eu já tinha esperado por ela cinco
anos, fui direto ao ponto.
– Ângela, eu quero que você esqueça o almoço, esqueça tudo. O que eu
quero é mais daquele beijo de novo, não vejo a hora de repetir – disse o que
realmente queria, não me importando se ela estava pensando esquecer, eu não
estava e deixei isso bem claro.
Ouvi um gemido enquanto ela me respondia. Percebi que eu também a
tinha afetado, só que ela estava fazendo um esforço para superar o que
aconteceu.
– Gabriel, eu não sei o que deu em mim. Como já te expliquei,
geralmente não saio agarrando homens em corredores escuros. Eu tinha
bebido um pouco e não quero que você tenha uma ideia errada sobre mim,
mas eu também gostei, e muito, ainda estou sentindo o gosto da sua boca e o
seu corpo colado no meu.
Merda, merda, merda! Minha mão estava no meu pau, subindo e
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descendo por conta própria, procurando alívio.

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– Ligo para você na segunda – disse antes que ela percebesse o que eu
estava fazendo e sem dar chance à ela de me rejeitar. – Durma bem! – Minha
voz ficou rouca. Estava quase gozando na minha mão, e não lembrava a
última vez que isso acontecera, e se já acontecera.
Desliguei e corri para o banheiro. Espalmei uma mão no azulejo
enquanto a outra trabalhava meu pau com fúria. Levantei minha cabeça,
fechei os olhos, vi a boca de Ângela me chupando. Senti um puxão na minha
espinha, o calor se concentrou por segundos em minhas bolas antes de jatos
de espermas explodirem do meu corpo com força. Puta que pariu! Essa foi
rápida. Encostei a cabeça no azulejo enquanto os espasmos do meu orgasmo
diminuíam.
Que droga! Como uma mulher podia me dominar dessa maneira, me
fazendo agir como um idiota? Merda! E desde quando eu imploro por
garotas?
Depois de uma ducha rápida, saí do banheiro e fui até a cozinha tomar
alguns litros de água. A vantagem de morar sozinho é que você pode andar
pelado pela casa sem ninguém para te encher.
No dia seguinte, sábado, segui minha rotina de sempre: corrida no
circuito do parque, depois natação e, às nove da manhã, David me deixava no
escritório.
Quando cheguei, vi que o carro de Math já estava na vaga. Peguei o
elevador privativo para os nossos escritórios, onde ninguém entrava sem ser
convidado, ou autorizado. As salas de conferência, a área de comunicação, de
planejamento, todos os executivos e funcionários, os demais escritórios,
ficavam nos andares inferiores. Entrei na recepção e Jennifer já estava na
mesa dela.
– Bom dia, Jennifer.
– Bom dia, Sr. Leblanc.
Entrei na recepção do meu escritório e Cíntia, minha assistente pessoal,
me recebeu com um sorriso de parar o trânsito. Ela era linda, mas não era por
isso que a tinha comigo, ela era muito eficiente. O problema é que ela sempre
parecia esperar alguma coisa a mais de mim, que eu não estava disposto a
dar. Eu podia

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ter transado com a metade das mulheres da cidade, mas nunca havia transado
com funcionárias. Bem, se transei, nunca fiquei sabendo.
– Bom dia, Sr. Leblanc. A sala de reunião já está preparada e a equipe
já está reunida. Quando o senhor quiser, podemos descer – ela me informava
enquanto me seguia.
Coloquei meu laptop e minha pasta na mesa, liguei os monitores e logo
apareceram vários canais, de várias partes do mundo, além de toda a empresa
e imagens das obras em andamento; mas naquele momento não estava
interessado em nenhuma notícia do mundo, nem nas obras, no momento,
estava interessado na entrada, queria ver Ângela quando ela chegasse.
Apertei um botão e as cortinas se abriram. Math havia decorado meu
escritório, assim como todos os outros. Toda a parede externa era de vidro e
as janelas se abriam para o mar, o ar do mar sempre estava presente na minha
sala. Um bar, sofás para recepcionar os poucos amigos que me visitavam,
uma mesa que eu usava para lanches e almoços quando não tinha tempo de
sair, além da minha mesa. Mesmo assim o escritório era amplo e espaçoso;
como naquele andar só havia nossos quatro escritórios, espaço não faltou, no
escritório de Antônio, ele pediu para instalar um quarto. Tudo ali tinha um
tom madeira, sem chegar a ser pesado ou muito escuro, eu gostava do meu
espaço.
– Vamos fazer a reunião aqui, peça para a equipe subir.
– Aqui? – disse ela sem entender.
– Sim, chame a equipe porque tenho pouco tempo.
– Sim senhor, avisarei a equipe agora – disse ela já entrando em modo
profissional e saindo da sala.
Voltei minha atenção para o monitor da entrada e da recepção do
escritório de Math, mas ainda era cedo, ela disse que iria almoçar com ele.
Talvez ela não viesse ao escritório e eles se encontrassem em algum
restaurante.
Ouvi uma batida na porta e Cíntia entrou acompanhada de vários
executivos, todos eles funcionários do grupo GAMA, mas que nunca
estiveram ali, pois todas as reuniões sempre foram nos andares inferiores.
Cíntia preparou a minha mesa para a reunião e pediu algumas cadeiras,
enquanto outro funcionário entrou

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empurrando um carrinho com bebidas e petiscos. Era por isso que eu


ignorava a paixonite que ela tinha por mim, ela era a eficiência em pessoa.
Começamos a estudar os contratos, ver pontos que os outros advogados
da equipe me pediram para rever, concentrei-me na reunião sem deixar de
prestar atenção no monitor do meu interesse. Mais de duas horas depois,
estávamos acertando os pontos de um último contrato quando vi Ângela
entrando. Olhei o relógio: onze e meia, então ela devia ir até a sala de Math.
Era a hora de terminar minha reunião.
– Muito bem, acho que por hoje basta. Vou dar mais uma olhada neste
contrato e na segunda eu aviso vocês.
Olho o monitor. Ela estava esperando o elevador geral. Não tinha jeito,
ela tinha cartão para usar o elevador privativo, mas usava o geral como todos
os funcionários. Eu a vi chegar à recepção dos escritórios e conversar com
Jennifer, então despedi-me dos executivos e os acompanhei até a porta. Cíntia
me olhou com cara de quem não estava entendendo nada, mas eu sabia o que
estava fazendo. Passei por ela e cheguei à recepção geral.
– Ângela! Que surpresa! – Todas as secretárias do andar sabiam quem
era ela, mas também sabiam que essa informação não devia sair dali, ou
seriam despedidas por justa causa.
– Oi, Gabriel. Tudo bem? – ela respondeu e desviou o olhar. Sabia que
estava pensando no que aconteceu na boate.
– Está esperando Math? – perguntei mesmo sabendo a resposta.
– Ah, sim, vim me encontrar com ele, mas ele está em reunião, vou
esperar aqui então.
– Não quer esperar na minha sala?
– Não se preocupe, posso esperar aqui, não quero atrapalhar.
– Você não vai atrapalhar, já terminei minha reunião – disse abrindo a
porta que dava para a recepção da minha sala.
Coloquei minhas mãos nas costas dela. Enquanto a conduzia, ela ficou
tensa, mas não estava disposto a ceder e a guiei para minha sala.
– Quando Math sair, avise que Ângela está em minha sala – disse à
Jennifer.

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– Sim senhor.
Levei Ângela para minha sala e fechei a porta sem trancar, iria ter que
controlar quem chegasse pelos monitores. Peguei-a pela mão e a levei até
minha mesa. Eu a fiz sentar, abri suas pernas e me coloquei no meio sem dar
tempo para ela pensar ou me rejeitar. Tomei sua boca, com vontade de sentir
de novo aquele sabor. Ela ficou rígida pela surpresa.
– Vamos, Ângela, abra a boca! Quero seu gosto de novo – disse
respirando sobre a boca dela.
Ela estava dura, como se não acreditasse no que eu estava fazendo, mas
não sou de desistir e passei minha língua devagar sobre o lábio inferior dela,
antes de pegá-lo entre meus dentes. Ela reagiu gemendo e abrindo a boca,
pegando minha língua e chupando com o mesmo desespero que eu. Eu havia
chegado aonde queria. Puxei-a de encontro a mim para que sentisse como eu
estava. Ela levantou as pernas, prendendo-me pela bunda. Parecia tão
submissa e tímida em um momento e, no instante seguinte, transformava-se
em uma tigresa, me aranhando, mordendo como se quisesse me devorar,
deixando-me completamente fora de mim. Uma deliciosa surpresa. Levei
minha mão entre as pernas dela e a massageei sobre o jeans, sabia que ela
devia estar molhada me esperando. Ela gemeu alto e se agarrou em mim,
enquanto continuava com minha massagem. Jesus amado! Ela estava quase
gozando, e eu perdendo completamente a noção! Levei minha mão e abri
meu cinto e meu zíper, mas não consegui ir adiante, vi Math conversando
com Jennifer pelo monitor e empurrei-a rápido.
– Math está vindo, entre no banheiro – disse indicando onde ficava. Ela
entrou.
Desliguei os monitores para que ele não desconfiasse, ajeitei meu
cabelo, fechei meu zíper. Apenas consegui fechar meu cinto e sentei-me. Ele
entrou justo quando pegava um documento e fingia interesse.
– E Ângela? – foi perguntando com cara de poucos amigos.
– Está usando o banheiro – respondi colocando a cara mais inocente
que conseguia, enquanto por dentro meu coração estava

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disparado, meu pau estava doendo e apenas conseguia controlar minha


respiração.
– Como foi a reunião? O cliente gostou do projeto? – perguntei
ajeitando alguns documentos e percebi que ele estava olhando para os
monitores desligados.
– Bem – respondeu parecendo se acalmar. – Estamos finalizando o
projeto.
Ângela saiu do banheiro e não conseguia dissimular, olhava para mim e
para ele como se esperasse uma bomba cair na sua cabeça. Olhei para os
lábios dela, que estavam inchando com a mordida. Merda! Lindos, cheios, e
eu queria mordê-los de novo.
– O que você pretende fazer agora que terminou a faculdade, Ângela? –
perguntei com voz tranquila, tentando de alguma forma acalmá-la antes que
ele desconfiasse.
– Ainda não sei, eu enviei meu currículo para algumas revistas, jornais e
produtoras para estagiar e agora estou esperando resposta.
– Math, por que você não conversa com Martin? Nosso grupo de
comunicação abarca várias áreas e ele sempre está procurando gente jovem –
falei como se fosse nada, enquanto arrumava os papéis à minha frente.
– Já conversei com ela, mas ela diz que seria tratada de maneira
diferente e não quer isso.
Olhei para Ângela e disse sério: – Por que você não envia seu currículo
para o RH e vê no que dá? Se Martin se interessar e chamá-la para uma
entrevista, se você passar, vai ser por você, e não por Math. Se você
não quiser, ninguém dirá a Martin que Math é seu irmão. Isso será fácil,
porque eles não conhecem você, e o sobrenome Rufinelli você pode
dizer que é coincidência. Se você entrar sozinha, sem a ajuda de Math,
ninguém vai desconfiar. Então, o que me diz?
– Não sei, tenho alguns projetos que gostaria de tentar.
– Você é inteligente, já provou isso muitas vezes, sei que muitas
empresas vão querer você trabalhando para eles, então por que não ficar aqui
e tentar trabalhar em algo nosso?
– Nossa! Colocando as coisas desse jeito acho que posso enviar meu
currículo e tentar. Se eu conseguir estagiar aqui, gostaria

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de permanecer em segredo até ser contratada por Martin sem a interferência


de nenhum de vocês. Se depois de um ano eu conseguir ser contratada, então
ninguém poderá dizer que sou uma burra, que fui privilegiada por ser irmã do
sócio. Se for nessas condições, aceito tentar.
– Bom, isso é com você. Vocês já sabem minha opinião, e não creio
que Antônio ou August discordem – disse fechando e guardando meu laptop,
dando a entender que tinha sido só um comentário, mas por dentro estava
desesperado, torcendo para ela enviar o currículo e trabalhar conosco. Seria
capaz de matar Martin se ele recusasse o currículo dela; mas, como
prometido, não iria interferir, sabia que ela iria conseguir.
Olhei para eles como se já tivesse esquecido o comentário sobre o
trabalho de Ângela. Ser advogado tem essas vantagens, você aprende a fazer
cara de pôquer desde o primeiro ano, senão você não consegue ir adiante na
profissão. E eu já tinha anos de prática.
– E qual é a programação de vocês para hoje?
– Tenho reserva para duas pessoas no Zaragoza, Ângela adora frutos do
mar e eles são especialistas. Posso pedir para Lúcia ligar e reservar mais um
lugar se você quiser almoçar conosco.
– Ei, não quero incomodar o almoço de vocês. – Olhei para Ângela e
ela parecia desconfortável.
– Para mim não é incomodo, Gabriel. De onde você tirou essa ideia?
– Não sei, pensei que talvez Ângela quisesse almoçar só com você.
– Não, você é como um irmão para mim e é sempre bem-vindo, não
acho que Ângela se incomode. Vamos lá, que está ficando tarde e eu não vou
deixar você almoçar sozinho.
Quando Math disse que eu era como um irmão para ele, senti um gosto
amargo na boca, sabia que estava traindo a confiança de um dos meus
melhores amigos. Era a primeira vez que eu era convidado para almoçar com
eles dois, sabia que era um passo na confiança, ele sempre havia nos mantido
longe dela. Mas eu realmente não sabia como parar aquele desejo sem freio
que estava sentindo por ela.

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– Vamos indo então – disse enquanto pegava minha mochila com meu
laptop.
Fomos até a recepção, tirei meu blazer e o entreguei a Cíntia para
guardar no closet do escritório. Ela me entregou uma jaqueta de couro e meu
capacete. Como já estava de jeans, ficava bem.
– Lúcia já confirmou as reservas – disse Cíntia enquanto eu terminava
de vestir a jaqueta.
Peguei minha mochila com meu laptop, minha pasta e meu capacete.
– Vamos?
Paramos em frente ao elevador e Math passou o cartão para liberar a
porta. Enquanto descíamos, Ângela disse algo sobre enviar o currículo na
segunda e ele concordou. Olhei os movimentos dos lábios e como ela passava
a língua sobre eles enquanto conversava. Queria sentir o gosto deles
novamente. Peguei meu celular e enviei a ela uma mensagem: Quero mais
dessa boca.
Ouvi quando o celular tocou e ela o pegou distraída. Abriu e leu. Sua
cor mudou de dourado para cobre, linda.
– Que foi? – perguntou Math.
– Nada, apenas Stella fazendo brincadeira – ela gaguejou nervosa
enquanto eu fingia ler mensagens no meu celular sem prestar atenção a eles.
August realmente estava com razão, eu estava perdendo completamente
a noção. Eles conversavam e eu fiquei imaginando-a na minha moto,
segurando minha cintura enquanto eu dirigia. Minha moto significava
liberdade para mim. Assim como eles adoravam velejar, eu gostava de andar
sozinho nas minhas tardes de sábados e domingos, era meu passatempo
preferido, e agora gostaria de passear com ela.
Chegamos ao estacionamento e entreguei minha mochila e pasta a
Duncan. Eles já sabiam, apesar de não aceitarem, que a partir daquele
momento eu já não estava para mais ninguém.
– Vejo vocês no restaurante – disse colocando o capacete e subindo na
minha ninja. Liguei o motor e olhei para Ângela, a minha boca falava
sozinha: – Já andou de moto? – Ela negou com a cabeça. – Gostaria de ir
comigo?

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– Gabriel! – A voz de Math saiu como um rosnado.


– Ok, foi só um convite. Vejo vocês lá – disse prendendo o capacete e
saindo do estacionamento.
Que merda! Onde eu estava com a cabeça para fazer o convite?
Cheguei ao restaurante antes deles. A mesa reservada por Math ficava
em uma esquina bem discreta. Pedi uma dose de uísque; não gostava de
bebida alcoólica durante o dia, principalmente quando dirigia, mas naquele
momento estava precisando. Quando os dois chegaram, como era uma mesa
para quatro, ele ficou na minha frente e Ângela, ao meu lado, entre nós dois.
O garçom chegou para anotar o pedido das bebidas e Math levantou uma
sobrancelha, indicando meu copo.
– Só uma dose – expliquei.
– Quero um suco de abacaxi com menta – disse Ângela.
– Água para mim – pediu Math.
– Para mim também – disse terminando minha bebida.
O garçom deixou os cardápios e se retirou para buscar as bebidas.
– Você gosta de frutos do mar? – perguntei tentando deixá-la mais
tranquila. Ela parecia querer ser educada, mas sem saber como agir.
– Se deixar, Ângela só se alimenta de peixe – disse Math.
– Eu como carne vermelha também, só que prefiro carne branca – disse
tentando se explicar.
– Eu já prefiro carne vermelha, mas como peixe também. Não conhecia
esse restaurante.
– Você tem que provar a sopa de frutos do mar! O espaguete com
molho de mexilhões é muito bom também – disse ela tímida, mas com o
entusiasmo de uma criança, se soltando um pouco.
– Já me decidi, você escolhe o meu prato – eu disse.
– Eu sei do que eu gosto, seria muita responsabilidade escolher seu
prato, não conheço você, não conheço seus gostos.
– Eu vou comer o que você pedir, e sei que vou gostar. – Ela desviou o
olhar.
– O que você vai pedir, Math? – perguntou olhando para ele.

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– Hum... Vou pedir ostras grelhadas como entrada e risoto de salmão.


– O que você vai pedir para mim, Ângela? – insisti.
– Eu não sei. Pensei em pedir, para mim, linguado empanado com
alcaparras e, como entrada, salada de camarão. Para você, posso pedir
espaguete com molho de mexilhões. A lagosta na grelha é ótima também. E
como entrada eu posso pedir a sopa de frutos do mar. Ou prefere uma salada?
Se não gostar, pode pedir outro prato – disse ela pensativa, enquanto o
mindinho passeava entre os dentes e o lábio inferior.
Fiquei pensando naquele dedinho na minha boca ou deslizando pela
cabeça do meu pau.
– Gabriel?
– Ah, sim! Desculpe, estava distraído. O que você disse?
– Perguntei se você prefere uma salada como entrada ou a sopa. Você
pode pedir outros pratos se preferir.
– Aceito o que você pedir – disse.
– Já sei, vou pedir a sopa e espaguete para você, salada e linguado para
mim, assim podemos dividir e você prova um pouco de tudo. O que você
acha? – ela me perguntou e senti que já estava mais relaxada com a minha
presença, até conseguia sorrir.
– Por mim tudo bem – disse olhando meu celular, fingindo ler uma
mensagem e não dando tanta importância, porque sabia que Math estava
prestando atenção a tudo que estava acontecendo.
Fizemos os pedidos e, enquanto esperávamos, Ângela tomou o suco e
falou sobre o estilo de decoração que estava querendo no novo apartamento.
Ele discordava de alguns pontos e ela me pedia ajuda.
Queria dizer que ela podia fazer o que quisesse, mas o que digo é: – Ele
é um arquiteto premiado, você não acha bom tê-lo como conselheiro?
– Sim, mas é meu apartamento e eu quero deixar do meu jeito. Ele tinha
dito que a palavra final sempre seria minha – ela disse fazendo biquinho para
ele.
– Tudo bem, eu me rendo – ele disse olhando para mim e rindo. – Ela
sempre consegue o que quer, não consigo dizer não para ela.

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Quando a comida chegou, estávamos todos rindo. Ela já estava


relaxada, conversando comigo e com ele com naturalidade.
– O que você achou? Gostou? Deixe-me experimentar.
Eu afirmei e ela pegou minha colher, provando minha sopa.
– Sim, está uma delícia como sempre. Que bom que gostou.
Continuamos comendo e ela pegou duas ostras do prato de Math,
colocando uma na minha frente e ficando com outra: – Prove as ostras.
– Ei, essas são minhas!
– Não seja esfomeado! Você tinha cinco, só peguei duas. Gostou,
Gabriel?
Dou risada do jeito dela. A relação deles era mesmo muito boa. Agora
que ela estava relaxada, podia vê-la. Ele tinha razão, ela era adorável,
inocente, uma menina travessa em um corpo de mulher. Lembrei-me de
quando fui buscá-la no aeroporto, cinco anos atrás. Tinha pensado que
encontraria uma adolescente chata, com problemas mentais ou de
comportamento, e ela me surpreendera. Tinha esquecido como ela era
engraçada e voluntariosa. Ria o tempo todo, uma risada gostosa que aquecia
o lugar. Realmente ele não tinha a mínima chance perto dela. Nem eu.
Quando o segundo prato foi colocado em nossa frente, ela pegou o
garfo e espetou um mexilhão com um pouco de espaguete do meu prato.
– Está uma delícia, não está? Prove um pouco do meu peixe – disse
enquanto colocava o peixe na minha boca. Abri a boca e ela colocou-o
sobre minha língua.
Ela passou a língua umedecendo os lábios, com o olhar fixo em mim.
Poderia jurar que ela teve o mesmo pensamento que eu. Em vez daquele
peixe, gostaria daquela língua entrando na minha boca. Meu coração acelera.
Desviei rápido o olhar para ver se Math havia percebido alguma coisa, mas
ele estava concentrado na comida dele. Nunca um almoço foi tão erótico.
Terminamos o almoço entre risos e piadas de Ângela. Geralmente
almoçava em meia hora, mas naquele dia o almoço havia durado quase duas
horas e nem tinha notado.
– Bom, obrigado por me convidarem para o almoço. Vou voltar mais
vezes aqui, gostei muito. Obrigado pelas dicas, Ângela.

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– O que você acha de o levarmos a um restaurante japonês da próxima


vez, Math?
– Não abuse, Ângela. Não acho que Gabriel irá gostar de peixe cru.
– Math! Não seja preconceituoso e trate de não assustá-lo, você sabe
que não é só peixe cru que se come lá.
– É só marcar, que estarei lá para provar – disse subindo na minha moto
estacionada. – Vejo você na segunda, Math. E, Ângela, obrigado mais uma
vez. – Coloquei o capacete para evitar dizer alguma besteira. Quase me
confundia com minha moto, já que estava todo de preto e ela era preta com
prata fosco, igual ao capacete.
Acenei para eles, saindo e acelerando, adorando o ronco. A tarde era
minha.
Passo a tarde passeando pela baía e, sem perceber, vou me
encaminhando para a costa, que tanto atraía Ângela. A costa rochosa, o mar
azul... Decido parar, ela iria adorar aquela paisagem. Estava ficando tarde e
decido voltar.
Cheguei em casa no final da tarde, morrendo de fome. O almoço estava
delicioso, mas já fazia tempo. Abri a geladeira e só tinha frutas e alguns frios.
Decidi-me por uma salada de frutas e mais tarde veria outra coisa.
Tomei uma ducha rápida, coloquei uma calça de moletom folgada e fui
para o escritório trabalhar um pouco. Peguei meu laptop, liguei minha parede
de monitores e sentei-me em uma cadeira perto da janela.
Fiquei estudando vários contratos e acabei esquecendo o mundo fora do
escritório, até que bateram na minha porta. Olhei para fora e estava
completamente escuro. Dei uma olhada nos monitores e vi que Josias estava
parado do lado de fora.
– Entre.
– Desculpe incomodar, senhor, mas sua irmã acaba de me ligar. Está
tentando entrar em contato com o senhor e não está conseguindo. Acho que o
seu celular está desligado.
Levantei-me, espreguiçando-me. Olhei ao meu redor e não vi sinal do
celular. Saí do escritório, entrei no quarto, procurei e achei o maldito dentro
do bolso da minha jaqueta. Por isso

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consegui trabalhar tanto. Fui olhando as mensagens enquanto voltava ao


escritório. Passei pela cozinha e Josias estava pondo a máquina de café para
funcionar, fazendo-me lembrar que não comi nada.
– Vou querer quando estiver pronto – falei e continuei andando pelo
corredor, passando as ligações e mensagens perdidas: Math, uma chamada;
Antônio, duas chamadas e uma mensagem; minha irmã, cinco chamadas;
duas mensagens de Loreta; chamadas e várias mensagens de algumas amigas.
Fiquei olhando meu celular decepcionado, talvez eu estivesse
procurando alguma ligação ou mensagem dela. Era a primeira vez que eu
queria que uma garota me ligasse. Decido tirar Ângela da cabeça. Como já
disse August, Ângela estava proibida para mim. Com tantas garotas, era
melhor não procurar encrenca.
Ligo para minha irmã, já sabendo do que se trata e que a conversa seria
difícil. No dia seguinte faria seis anos da morte da minha sobrinha e, mesmo
depois de tanto tempo, ainda não havíamos superado. Tinha prometido à
Alexandra que passaríamos o domingo juntos.
Voltei para o quarto, deitei na cama olhando para o teto e liguei para
ela. Conversamos por quase uma hora. Desliguei e, ainda suspirando, liguei
para Math.
Quando Ângela estava no internato no outro lado do país, os primeiros
anos foram difíceis para ela. Uma vez ele ficou uma semana com ela e todos
pensamos que tinha acontecido alguma coisa. Ele voltou abatido e, depois
disso, decidiu comprar o jatinho. Às vezes ele viajava de madrugada e
voltava um ou dois dias depois. Com o tempo ela foi melhorando, as viagens
eram só para visitas e Math conseguiu relaxar. Ele tinha comprado o jatinho
para não depender do jato da empresa ou de voos convencionais. Agora, com
ela morando por perto, estava quase sempre parado e à nossa disposição, se
ele não precisasse usar.
Continuei olhando para o teto enquanto esperava ele confirmar com o
piloto e me retornar a ligação. Quando o telefone tocou atendi no automático,
sem olhar.
– Leblanc.

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– Oi, querido! O que você está fazendo? – perguntou Loreta, fazendo


me arrepender de não ter olhado antes.
– Nada.
– Não quer um pouco de diversão?
– Não, tenho que viajar amanhã cedo e não estou a fim.
– Ei, não seja chato! Desde quando isso é impedimento para você?
Fiquei pensando. Na verdade eram quase dez da noite, não tinha nada
ali para comer e eu estava morrendo de fome.
– Tudo bem, me dê uma hora e eu te ligo para confirmar o lugar. –
Desliguei.
Chamei Josias e pedi que ele visse se minha mesa estava livre no
Búfalos e que fizesse uma reserva para duas pessoas.
Tomei uma ducha rápida e saí do banheiro. Enquanto me vestia pensei
no que estaria fazendo Ângela. Mesmo tendo tomado a decisão de parar de
brincar e de me afastar dela, sua imagem continuava ocupando meus
pensamentos.
Quando colocava um par de roupas em uma mochila e pegava um terno
ao acaso, Math enviou uma mensagem dizendo que marcara meu voo para as
cinco. Rafael entrou e repetiu o mesmo.
– Ok – disse entregando a ele minha mochila e o cabide com o terno.
Chamei Josias e dei a ele a mochila com o laptop.
– Consegui sua mesa, senhor.
– Certo.
Enviei uma mensagem para Loreta dizendo para me encontrar no
Búfalos em meia hora e recebi sua resposta: Espero você lá, querido.
Detestava esse adjetivo e já havia dito a ela mil vezes que não me
chamasse assim, mas ela não entendia. Dei mais uma olhada geral no quarto
para ver se não estava esquecendo nada: carteira, celular, tinha tudo que
precisava.
Como sempre, a noite de Boston estava agitada, com os barzinhos, pubs
e restaurantes todos cheios de executivos e estudantes querendo boa comida e
sexo, e havia para todos os gostos.

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O garçom me acompanhou, minha mesa ficava em um canto quase


escondido. Loreta chegou usando um vestido azul, como os olhos dela, que
parecia uma segunda pele de tão justo. Atraiu todos os olhares. Realmente ela
era uma mulher espetacular.
Pedi bisteca e batatas para mim, Loreta escolheu filé grelhado com
aspargos. Optei por um vinho californiano para acompanhar. Enquanto
comíamos, Loreta me falou sobre os vários desfiles e fotos que tinha
programado, falou de flores e mensagens que recebia todos os dias. Não sei
se estava querendo me deixar com ciúme, mas não estava funcionando.
– Fico feliz que você tenha muitos admiradores, você é muito bonita.
– E você fica chateado? Com o assédio?
– Não, claro que não, você merece ser admirada.
Era quase meia-noite quando saímos do restaurante. Josias esperava
com a porta aberta e Rafael já estava com o motor ligado. Estava logo atrás
de Loreta, esperando ela subir, quando ela girou, colocou as mãos em forma
de concha no meu rosto, colocou a boca na minha e beijou-me. Congelei. Ela
sabia que eu não gostava de beijo na boca, e muito menos de intimidade em
público. Senti sua língua lambendo meus lábios e, no mesmo instante, um
frio percorreu todo o meu corpo. Retirei minha boca da dela e, sorrindo para
não chamar mais ainda a atenção, disse no ouvido dela: – Se você fizer isso
de novo, vai ter que ir a pé para casa. Agora entre no carro.
Ela abriu a boca para reclamar. Levantei as sobrancelhas desafiando-a a
me desfiar. Ela girou e entrou, subi logo atrás e Josias fechou a porta atrás de
mim.
– Para o apartamento. – Ele já sabia qual era. Subi a divisória. – Agora
você pode me explicar o que pretendia me beijando?
– Nossa! Não pensei que você fosse se incomodar tanto. Estamos juntos
há quase quatro anos, e estávamos tão bem durante o jantar que me deu
vontade de te dar um beijo.
– Vamos deixar as coisas claras, Loreta. Nós não estamos juntos, nós
saímos às vezes, isso não é estar junto. Você sabe

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que não gosto de beijar, nem de ser beijado, e muito menos em público.
– Se você acha que aquilo foi beijo, você realmente não sabe o que é
beijar. Mas, tudo bem, eu não farei mais.
– Assim espero.
Ela tinha razão, aquele beijo dela não tinha sido nada. Não é que eu não
gostasse de beijar e ser beijado, eu tinha descoberto que gostava de
beijar no dia anterior, aquilo com Ângela é que tinha sido beijo.
Comecei a endurecer só de me lembrar do nosso beijo no escritório
naquele dia pela manhã. Queria mais.
Chegamos ao apartamento. Josias deixou meu laptop no meu quarto.
– Sairemos às quatro. Não vou mais precisar de vocês por hoje.
Eles se despediram e foram para o terceiro quarto, que era onde ficavam
quando passavam a noite ali. O quarto do meio era destinado a festinhas,
tinha preservativos e brinquedos. Antônio gostava de BDSM, então ele tinha
velas, chicotes e um monte de apetrechos que eu nunca me interessei em
saber para que serviam. O primeiro quarto era o meu e ninguém entrava ou
dormia ali, só eu. Havia tudo que eu pudesse precisar ali, mas só ficava se
estivesse cansado para voltar para minha cobertura, onde eu realmente
morava. Carol era encarregada de manter tudo arrumado.
Fui até a geladeira, tirei uma garrafa de vinho, abri e peguei duas taças.
Chamei Loreta para o quarto do meio, servi as duas taças, tomei uma e dei a
outra a ela. Não estava muito a fim de sexo. Com minha taça na mão, fui até
a varanda e fiquei olhando para o prédio de Ângela, que podia ver dali.
Fiquei imaginando se já estaria dormindo, o que ela usava para dormir ou se
dormia nua, como eu. Fechei meus olhos, imaginando e endurecendo. Loreta
veio por trás e se esfregou em mim, levou a mão e abriu meu cinto. Tratei de
tirar Ângela da minha cabeça. Ela começou a massagear a ponta do meu pau.
Voltamos para o quarto, acabei meu vinho, tirei o restante da minha
roupa, ficando só de bóxer. Subi na cama e me encostei na cabeceira. Ela
subiu ficando no meio das minhas pernas. Com um olhar safado, ela tirou o
vestido, não estava usando nada por

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baixo. O corpo dela era lindo, nenhuma gota de gordura, seios fartos de
silicone, boca vermelha generosa, que era perfeita para chupar um pau.
– Gostou? Eu passei a noite inteira esperando você colocar a mão
embaixo do meu vestido – ela disse fazendo biquinho.
– Gostei muito, mas vou gostar mais se você me chupar.
– Pensei que não fosse pedir nunca.
Olhei quando ela me colocava todo na boca de uma vez, chupando com
vontade. Penso que Ângela não faria assim, ela seria delicada com ele,
passaria a língua primeiro, para sentir meu sabor, e depois me trabalharia
devagar, até me deixar completamente louco e sem controle.
– Está gostando?
Não respondi. Saí da boca dela, peguei um plugue, gel e preservativo,
jogando tudo na cama.
– Espero que esteja preparada, porque quero comer você por trás hoje.
Como resposta, ela deu um gemido, aprovando.
Deixo-a de quatro e coloco o preservativo. Mesmo sendo grosso,
escorrego-me com facilidade dentro dela, que geme e leva a mão, tocando-se
enquanto eu a monto. Sem sair de dentro dela, peguei o plugue e o lambuzei
com gel. Passei gel nela também, que àquela altura estava tremendo e se
empurrado contra mim, para continuar bombeando. Empurro o plugue e ela
goza com um gemido alto o suficiente para acordar todos no apartamento.
Merda, muito cedo! Não sei por que as mulheres tendem a fazer tanto barulho
durante o sexo.
– Shhh, fique quieta, ainda não terminamos.
– Humm, não consigo. – Veio a resposta chorosa.
Voltei minha atenção para ela, segurando-a pelos quadris. Recomeço a
bombardeá-la, giro o plugue, puxo para fora e volto a empurrar,
bombardeando-a pelos dois lados. Ela já não estava gemendo, estava
literalmente gritando todas as baixarias possíveis. Que merda! Ia acordar todo
mundo assim. Saí dela, joguei mais gel sobre a camisinha e retirei o plugue,
tomando o lugar dele até o fundo.

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– Filho da puta! – berrou ela com o ataque, mas logo estava pedindo
mais e se empurrando contra meu pau.
Continuei com meu vaivém cada vez mais rápido, buscando meu prazer,
mas não estava conseguindo. Ela gozou de novo. Fechei os olhos
desesperado, querendo gozar. Estava difícil.
Recorro à Ângela e ela vem à minha cabeça. A imagem da bunda de
Ângela, eu entrando no cuzinho dela, me faz querer me empurrar com mais
vontade e gozo com tudo. Meu corpo inteiro vibrou com a intensidade.
Empurrei-me dentro de Loreta com força, esperando os espasmos do meu
orgasmo terminar. Se eu conseguia gozar assim só pensando nela, não
conseguia imaginar como seria na realidade. Talvez, se eu estivesse com ela
uma vez, essa obsessão diminuísse. Sim, porque já estava ficando obsessivo.
– Foi bom – disse saindo, retirando o preservativo e dando um beijo no
ombro dela.
– Foi fantástico, foi o melhor sexo que já tivemos. E não me diga que
foi só bom para você, porque eu senti como você gozou. Vem aqui – disse ela
tentando me abraçar.
– Loreta, você sabe que não funciona assim comigo.
– Fica um pouquinho – ele choramingou e fez biquinho.
– Vou tomar banho e tentar dormir um pouco. Vou viajar daqui a
pouco. Tome um pouco mais de vinho. Se quiser, pode dormir aqui, ou posso
pedir um táxi.
– Só se for com você.
Olhei para ela. Quando ela iria entender?
– Não! Vou para casa. E eu mesma chamo o táxi – disse entrando no
banheiro emburrada.
Fui para o meu quarto, tomei uma chuveirada e quando saí Loreta já
estava na sala, esperando o táxi. Parecia que o mau humor se fora, ela sabia
que só tinha a perder querendo impor suas vontades.
– Foi uma noite deliciosa, estamos cada vez mais entrosados. Quando
terei você de novo?
– Eu te ligo – disse indo atender o interfone, que avisava que o táxi
chegara.
Acompanhei-a até a porta e dei um beijo de despedida no rosto dela.

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Fui para cama e, antes de dormir, olhei meu celular mais uma vez,
procurando alguma coisa de Ângela. Nada. Ela realmente não queria levar
nada adiante. O que acontecera na boate foi, como ela mesma disse, efeito
tequila. Mas no escritório não tinha tequila e ela correspondeu. Ela gostou e
se excitou tanto quanto eu. Se Math não tivesse aparecido, não sei onde
teríamos terminado. Não era lugar nem hora. Talvez se tivéssemos um pouco
mais de tempo juntos, se eu a levasse até ali. Merda! Melhor dormir e
esquecer. Ângela significava problema, e dos grandes.

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Capítulo 7

Ângela

– Ei, tem uma foto tua aqui! – gritou Stella assim que entrei em casa. –
Eles ainda não sabem quem você é – disse ela rindo.
– Sim, Math sempre consegue evitar os paparazzi, não saiu nada da
festa.
Viro o laptop de Stella para ver a foto. Nossa! O fotógrafo devia estar
usando uma lente muito potente para conseguir, estávamos muito longe da
costa e não tinha nenhum barco por perto. Fiquei imaginando onde estaria o
maldito. Eu estava usando um short branco e só a parte de cima do biquíni,
um boné cor-de-rosa, que cobria boa parte e fazia sombra sobre meu rosto.
Tinha várias fotos, mas nenhuma mostrava meu rosto com clareza. Na foto
em destaque, estava sentada no colo de Math, com a cabeça na curva do
pescoço dele, estávamos lembrando como mamãe gostava do mar e como ela
iria adorar velejar. Nunca fomos pobres, mas um veleiro seria um luxo
inimaginável para nossa família naquela época. A vela principal do veleiro
era azul, com o desenho de uma coroa e o nome dela, foi nossa homenagem a
ela, rainha Laura, como papai sempre a chamava. Eu fiquei triste e ele estava
me dando carinho, mas os fofoqueiros queriam saber quem era a morena, a
namorada de Matheus Rufinelli.
– Viu? É por isso que não devemos entrar nesses sites de fofoca, agora
eu sou a nova namorada do meu irmão, imagina?
– Sim, mas vocês não estão se comendo em público como estes dois.
– Quem? Antônio? Porque sabemos que August tem namorada e nunca
faria isso.
– Está se esquecendo do advogado gato – disse ela, e fiquei gelada na
hora. – Olha só, parece que Afrodite pegou o deus Apolo. Que mulher linda!
Eles formam um belo casal, só que parece que estavam sem tempo de chegar
até a cama. É a primeira vez

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que pegam Gabriel aos beijos com alguém. Parece que a coisa está ficando
séria, já faz tempo que eles estão juntos e agora estão se beijando, isso nunca
tinha acontecido antes.
Olho a foto, realmente ela era belíssima: loira, alta, com um corpo de
dar inveja a qualquer modelo. Toda vez que eu olhava para ela sentia
arrepios. Passo a mão pelos meus cabelos negros como piche, sentindo-me
mal. Como pude pensar que ele se interessaria por mim? Ele devia estar
brincando. Continuei olhando a foto. Eles estavam se beijando e parecia que
ele estava dizendo alguma safadeza no ouvido dela e rindo, depois eles
entraram no carro. A fofoca dizia que havia sido sábado à noite, na saída de
um restaurante. Fiquei pensando: sábado pela manhã ele estava me agarrando
no escritório dele, e à noite ele estava se agarrando com ela. Aquele não era
meu mundo, onde eu estava com a cabeça?
– Estou cansada, vou dormir. Sonhe com os anjos enquanto eu sonho
com seu irmão – Stella disse rindo.
Fiquei olhando a foto com uma ponta de tristeza. Realmente eles
formavam um casal perfeito.
Peguei meu celular, mas não tinha nada dele. Nem sei por que esperava
alguma coisa. Idiota. Li a mensagem de Math perguntando se havia enviado
meu currículo. Respondi-lhe que mandei no sábado à noite. Aproveito e ligo
para ele a fim de tentar tirar Gabriel da minha cabeça.
– Oi, você viu? Estamos no site de fofoca, sou sua nova namorada.
– Esse pessoal é louco! Deixa para lá, o que você vai fazer amanhã?
– Não sei, vou ver algumas coisas da faculdade pela manhã e à tarde
vou andar um pouco, fazer umas comprinhas de coisas que ainda quero para
o apartamento.
Nunca disse a ele sobre o livro que escrevi e que meu mentor me
incentivou a publicar. No dia seguinte tinha uma entrevista com o editor e
talvez assinasse o contrato. Mas, se eu conseguisse estagiar na GAMA, teria
que deixar o livro, pelo menos por um ano, que era o tempo do estágio.
Despeço-me do meu irmão e vou dormir. Fico rolando na cama,
pensando em Gabriel. Fico com raiva de mim. Como fui

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idiota! Ele é Gabriel! Deus! Onde eu estava com a cabeça? Era normal para
ele ter várias mulheres ao mesmo tempo. Tratei de esquecer, melhor dormir.
No dia seguinte levantei cedo, acostumada com o horário da faculdade.
Tomei um copo de suco enquanto colocava a máquina de café para funcionar.
Coloquei também pão na torradeira. Tudo funcionando, fui tomar banho.
Naquele dia deixaria de lado meus jeans. Meu closet estava cheio de
roupas finas, que quase não usava, algumas escolhidas por Math, outras por
mim junto com Stella, que tem um gosto incrível, só que eu não tinha
oportunidade de usá-las. Porém essa reunião com o editor pedia algo mais
sofisticado que um jeans rasgado. Era uma boa ocasião para me mostrar
como uma jovem elegante. Dou risada, pois nunca conseguiria ser fina e
elegante.
Escolhi uma calça preta de alfaiataria, uma blusa preta com estampa
vermelho-sangue e sapato com saltos altos. O sapato era preto, mas o salto
vermelho, e eu adorava esse sapato. Escolhi uma bolsa vermelha e um cinto
preto. Olhei a roupa em cima da cama. Talvez eu conseguisse o milagre de
ficar elegante com tudo aquilo.
Olhei no relógio e eram sete e meia, minha reunião era só às nove. Ligo
para Josh, para ele me buscar às oito e meia. Confirmo tudo, pego meu laptop
e vou para a cozinha tomar meu café.
Abro o computador e a masoquista que existe em mim vai direto para o
site de fofocas. Existem mais algumas fotos minhas com Math
desembarcando no porto e subindo no carro, mas com o boné não é possível
me reconhecer. Adianto a página e vejo Gabriel descendo do carro em frente
a um edifício. Noite de amor para os pombinhos é a notícia. Loreta Guntter,
como dizem chamar a modelo que conquistou Gabriel Leblanc, estava sendo
cotada como a futura Sra. Gabriel Leblanc. De novo me sinto enjoada
olhando a foto, ela sempre teve esse efeito em mim. Sentindo uma pontada de
alguma coisa que não sabia o que era, fechei a página.
Abro meu e-mail e tem uma mensagem da editora me pedindo para
confirmar a reunião; respondo confirmando. Tem um outro do grupo GAMA,
perguntando se eu posso passar para uma entrevista sobre o estágio às dez da
manhã. Fico eufórica, mas

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sabia que não teria tempo. Respondo agradecendo e dizendo que o horário
era impossível para mim, pergunto se poderia ser um pouco mais tarde.
Enviei a mensagem, acabei meu café e corri para o quarto, já eram
quase oito horas. Coloquei uma maquiagem suave, como Stella me ensinou,
só destacando a boca com um batom cereja, e amarrei meu cabelo fazendo
um rabo de cavalo. Vestime e olhei no espelho. Stella entrou nesse momento.
– Solte o cabelo – foi logo dizendo. – Eu sei que amarrado ele dá a você
um ar de executiva de sucesso, mas não é você. Você é leve, e esse cabelo
amarrado deixa você durona, não gosto! Pronto, falei – ela disse despejando
tudo de uma vez. – Agora me diga por que tanta elegância? Aonde você está
indo?
– É que me chamaram para uma entrevista de estágio na área de
comunicação do grupo GAMA e eu quero causar boa impressão. Ninguém lá
tem noção de que eu sou irmã de Math, e quero que continue assim até eu
realmente ser contratada pelo diretor da área, Martin Monagham. Depois
disso não me importarei se alguém souber. – Não contei a ela sobre a reunião
na editora. Se eu chegar a lançar o livro e se for um sucesso, eu conto; se for
um fiasco, fico calada.
– Perfeito, vai e arrasa – ela falou dando um retoque na minha
maquiagem e ajeitando meu cabelo.
Peguei minha bolsa e meu laptop e saí lançando um beijinho para ela.
Josh já estava me esperando.
A reunião com o editor não demorou, meu professor também
participou. Olhei para o contrato que a editora tinha preparado e as
expectativas eram muito altas. Olhei para meu professor e ele sorriu.
– A editora não tem dúvida de que seu livro será um best–seller.
Eles ficam chateados quando digo que vou esperar um ano para tentar
lançar meu livro. No final deixei o contrato pronto, mas sem assinar.
Saí da reunião uma hora depois. Entrei no carro e pedi a Josh para me
deixar na empresa. Abri meu laptop para ver se tinha algum e-mail e
encontrei uma mensagem me pedindo para

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confirmar uma entrevista para as onze horas. Olhei o relógio e eram dez e
quinze. Já estávamos chegando, então confirmei. Eles me responderam que o
Sr. Monagham estaria à minha espera.
Josh me deixou na garagem e usei meu cartão para liberar o elevador
privativo. Segui direto para os escritórios do grupo, queria contar a Math a
novidade antes da entrevista.
Jennifer me disse que ele estava em reunião, então sentei para esperar,
mas ela disse que podia entrar. Sorri para ela, segui para a recepção,
cumprimentei Lúcia e entrei na sala de Math.
Entrei sorrindo, entretanto parei de supetão. Estavam todos lá, os
quatro. Fiquei sem jeito.
Gabriel estava encostado no escritório de Math, com os calcanhares
cruzados de forma displicente, a calça marcando os músculos fortes das
longas pernas, que terminavam com o terno desabotoado. Ele estava rindo
com alguma coisa que via no celular. Acho minha voz: – Desculpe, Math,
não sabia que você estava ocupado – disse acenando um cumprimento para
eles e querendo fugir dali, mas sem conseguir desviar meu olhar de Gabriel.
– Merda, Ângela! Você está simplesmente maravilhosa. O que
aconteceu com os jeans rasgados e os tênis – disse Antônio enquanto se
levantava e me abraçava.
Não sei de que cor eu fiquei, nunca tive qualquer tipo de intimidade
com nenhum deles. Nesse instante Gabriel pareceu notar minha presença e
fechou a cara, fazendo desaparecer o sorriso de antes.
– Antônio, lembre-se de que Ângela é minha irmã, tenha respeito!
– Sim! – disse Gabriel.
– Com todo respeito – Antônio disse rindo.
– Como vai, Ângela? – cumprimentou August de onde estava sentado.
– Ela. É. Minha. Irmã! – disse Math olhando de cara feia para cada um
deles.
– E só por isso não podemos dizer que ela é linda.
– Dizer pode, olhar talvez, tocar nunca! – Math foi falando enquanto
tirava o braço do Antônio da minha cintura.

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– Não fiz nada – resmungou Antônio voltando a se sentar como uma


criança malcriada.
– Não se faça de inocente, Antônio! Todos aqui conhecemos você –
explodiu Gabriel, desencostando e apontando o dedo para Antônio. Pegando
a todos de surpresa, saiu passando por mim e batendo a porta antes que
alguém pudesse reagir.
– O que está acontecendo aqui? – perguntou Math enquanto eu
continuava parada, dura e gelada.
– Esquece, ele deve estar com algum problema, depois converso com
ele – disse August acalmando os ânimos.
– Desculpe mais uma vez, eu não queria causar nenhum problema, só
queria te contar que me chamaram para uma entrevista agora às onze horas.
Já vou indo.
– Sério? Sabia que você ia conseguir. Que tal comemorar com um
almoço?
– É só uma entrevista, ainda não consegui o estágio.
– Mas vai conseguir.
– Ângela vai estagiar aqui na empresa? – August perguntou.
– Sim, ela está fazendo tudo sozinha, não quer ajuda de ninguém,
porque não quer receber privilégio ou ser tratada de maneira diferente. Como
ninguém sabe que ela é minha irmã, não haverá problema.
– Legal! Conhecendo Martin, sei que ele não vai deixar você escapar,
Ângela – comentou Antônio.
– O estágio é de um ano e, se eu conseguir ser contratada por ele, sem
recomendação de nenhum de vocês, então ninguém poderá me apontar e
dizer que consegui só porque sou a irmã do sócio. Isso realmente significa
muito para mim.
– Puxa, Ângela! Você não é só linda por fora, tem caráter. Gostei disso
– aplaudiu August.
– Vamos ficar torcendo por você, mas sem interferir, porque sabemos
que você vai conseguir – apoiou Antônio.
– Bem, quem incentivou você a mandar o currículo foi embora e não
ficou sabendo da novidade.
– Foi o Gabriel quem te incentivou a mandar o currículo? – August
perguntou.
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Math confirmou e ele sorriu de forma enigmática.


– Bem, vamos indo. – Eles se levantaram e saíram.
– Vou ter que descer para ver alguns projetos, você pode esperar aqui.
Se precisar de alguma coisa, peça à Lúcia.
Eles saíram e eu fiquei passeando pela sala, dei uma olhada nas revistas
em cima da mesinha de centro perto do sofá. Era realmente o escritório de
um arquiteto, fino, elegante, a cor predominante era o preto, muita coisa de
arquitetura na estante, que estava repleta de livros e troféus. Na parede havia
quadros de projetos premiados. Olhei para uma parede repleta de monitores,
igual à que tinha visto na sala de Gabriel, e vi Math no elevador, várias salas
com gente trabalhando, obras em andamento, eles vigiavam tudo por aqueles
monitores. Procurei por Gabriel, mas não o vi em parte alguma.
Meu celular toca e eu atendo distraída.
– Por que você deixou Antônio te abraçar?
– Ei, você está louco? Quem deu a você o direito de falar comigo
assim? Ele estava só me cumprimentando! Quem você pensa que é para falar
comigo desse jeito?
– Não! Para te cumprimentar, ele não precisava te agarrar.
– Não! A partir do momento em que eu decido que alguém pode me
abraçar ou me agarrar, esse alguém pode, e não vai ser você que vai decidir o
contrário – disse desligando o telefone e tremendo de raiva.
Que ódio, que ódio, que ódio! Quem ele pensava que era? Andava com
todas as mulheres que chegavam perto dele e queria ser meu dono! Idiota, era
isso que ele era.
Ouvi o barulho de uma porta sendo aberta e fechada com força atrás de
mim. Girei e vi Gabriel vindo para cima de mim com o rosto vermelho de
raiva.
– Primeiro! Não volte a desligar o telefone na minha cara. Segundo, eu
conheço Antônio e sei que ele é um filho da puta que já comeu metade das
mulheres desta cidade e a outra metade também, e está cotando você como a
próxima. E, terceiro, não é porque ainda não estive dentro de você que
significa que você não é minha. Só você ainda não percebeu: Você. Vai. Ser.
Minha! Você já é minha, só minha – disse ele chegando cada vez mais perto
e

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apontando o dedo em minha direção. Pegou minha cabeça pela nuca e colou
sua boca na minha com um beijo furioso, a língua invadindo e marcando
minha boca, chupando, mordendo, não tinha como fugir, estava presa contra
o escritório e o corpo dele.
– Entendeu agora que não podemos mais lutar contra isso?
– disse ele enquanto respirava contra minha boca e esfregava sua ereção
contra meu corpo.
– Me solte ou eu vou gritar, seu idiota.
– Sim, sei que vai gritar. Quando eu estiver enterrado até as bolas
dentro de você, vai gritar me pedindo por mais. Vou te deixar tão louca que
você vai esquecer seu nome e só vai se lembrar do meu, Gabriel! É esse o
nome que vai gritar, entendeu?
Ele disse tudo isso com a boca colada na minha, respirando o mesmo ar
que eu. Mordeu meus lábios e me chupou. Comecei a gemer. A boca dele era
uma delícia, sua língua atrevida entrava na minha boca e segurava a minha,
meu corpo inteiro pedia algo a que meu cérebro dizia não. Gememos os dois.
– Você entende agora que está além de nossas forças? Que cada vez vai
ficar mais forte? A qualquer momento vamos acabar fazendo uma loucura,
vamos acabar perdendo o controle. E, Ângela, ninguém mais toca nesse
corpo, entendeu? Ele é meu, só meu. Pensa que eu estou gostando de me
sentir descontrolado cada vez que te vejo? Não! Estou odiando. Mas cansei
de resistir, vou dar um jeito de resolver o problema antes que possamos
enlouquecer.
– Me solta, Gabriel!
Ele levantou os braços em forma de Cristo, olhou-me levantando as
sobrancelhas e abaixou lentamente a cabeça. Eu segui o olhar dele, notando
que não era só ele que estava se esfregando em mim. Eu estava segurando-o
com os dedos pelo cós da calça, era eu quem o estava prendendo, e não ele.
Soltei os dedos e o empurrei com força. Ele se afastou e girou para sair,
dando-me as costas. Caminhando lentamente, colocou a mão na maçaneta e,
antes de sair, lançou-me um último olhar, sorrindo.
Deslizei-me devagar da mesa e, com as pernas trêmulas, me dirigi ao
banheiro. Sentei-me no vaso e lá fiquei tremendo, tentando respirar. Poderia
dizer que era de raiva, mas sabia que

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não era, transaria com ele naquele momento, ali no chão, se ele entrasse ali.
Esse era o problema, o desejo que estava sentindo estava cada vez mais forte,
e se, como ele disse, se sentia igual e sem controle, iríamos fazer uma
besteira a qualquer momento, tinha certeza disso.
Como eu podia sentir alguma coisa por uma pessoa que sentia o mesmo
por todas as mulheres? Com tantos homens, eu tinha que me sentir atraída
justamente por ele? Ele dizia que sentia atração por mim, mas sábado estava
com a loira, e hoje podia ser que estivesse com ela de novo, ou com qualquer
outra. Sentiame mal por não ter dado um bom tapa na cara dele, e sentia
vergonha de mim mesma por aceitar os seus avanços. Sentiame uma idiota.
Depois de me recriminar por um longo tempo e sentindo-me melhor, saí
do banheiro e fui para minha entrevista.
A área de comunicação ficava um andar abaixo, então cheguei em um
minuto. Fui recebida por uma moça simpática, que perguntou meu nome e
me conduziu à sala de Martin, um afro-americano de quase dois metros, com
dentes tão brancos que pareciam estrelas. O sorriso dele logo me deixou à
vontade.
– Rufinelli! – exclamou ele. – É parente do nosso garotão lá de cima,
por acaso? – perguntou. – Claro que não! Se fosse, eu seria informado, e
Rufinelli não é um sobrenome incomum.
Ele mesmo foi respondendo, antes de me dar chance de negar ou
confirmar.
– Sabe por que chamei você tão rápido, Ângela? Primeiro, seu currículo
é excelente e eu não queria perder você para outra empresa. Além disso,
estou precisando de alguém para ficar no lugar de uma de nossas
funcionárias, que vai ser mãe. Se você se sair bem, poderá ser contratada de
forma definitiva. O que você acha? Quer tentar?
– Gostaria muito.
– Muito bem, vamos dar uma volta para você ter uma ideia do nosso
trabalho. Aproveito e apresento você a alguma pessoas.
Saímos da sala dele e entramos em um salão enorme, com vários
gabinetes e miniescritórios, com muita gente ocupada e

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concentrada. Fomos andando enquanto ele ia me explicando o que estavam


fazendo.
– Dentro de oito meses, estaremos entregando um hospital na Índia.
Amanda e a equipe dela estão encarregadas da inauguração. É um hospital
feito totalmente com dinheiro de doações, não estamos ganhando nada nessa
obra, por isso é tão importante – explicou e Amanda acenou para mim. –
Temos várias outras inaugurações, mas geralmente deixamos por conta de
alguma equipe local, apenas de algumas nos encarregamos pessoalmente.
“Aquela é Isabel, ela está vendo os últimos detalhes da inauguração do
cassino de Vegas. Nosso garoto Matheus ganhou um prêmio com esse
projeto, haverá muita gente famosa querendo conhecer mais um projeto
premiado dele.”
Chegamos a um cubículo onde estava uma grávida sentada em frente a
vários monitores.
– Esta é nossa Rosa, ela está encarregada de receber e direcionar muitas
informações sobre tudo a respeito dos nossos meninos lá de cima e está
dando apoio a Amanda e Isabel.
A mulher girou a cadeira sorriu para mim. Consegui observar os
monitores que estavam em frente a ela e vi a mesma foto que vira com Stella.
Em outro monitor estava Gabriel com a loira Loreta. Eu gelo.
– August é muito tranquilo – ouvi Rosa dizer. – Ele cuida muito da sua
vida pessoal, tem uma namorada e, quando sai, sai com ela.
“Antônio tem muitas amigas e sempre tem fotos dele aos beijos e
abraços com lindas mulheres, então não é incomum.
“Matheus também preserva muito a privacidade. Sabemos que tem uma
irmã, mas não a conhecemos, por isso esta foto que apareceu neste final de
semana chamou a atenção, pelo carinho entre os dois. Perguntamos e a
resposta foi que ela é uma amiga.
É a resposta mais frequente.
“Gabriel já é um pouco diferente, sempre tem fotos dele com mulheres
bonitas e diferentes, mas nunca uma foto como esta, que apareceu este fim de
semana, nunca ele foi pego com tal intimidade. A resposta dele para esta foto
foi ‘sem comentários’. Os sites de fofocas já estão especulando se o lindo
multimilionário

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advogado do grupo GAMA por fim foi fisgado. Ela já foi vista com ele em
várias oportunidades, mas nós vamos manter nossa postura de ‘sem
comentários’.”
Nos despedimos de Rosa e voltamos à sala de Martin. Discutimos
horários, salário, tudo sobre o serviço e, no final, ele me perguntou: – Então,
o que me diz? Gostaria de fazer parte da nossa equipe?
– Sim, gostaria muito.
– E quando você acha que poderia começar?
– Eu estou livre no momento, então a partir de amanhã já posso
começar.
– Excelente, vou enviar seus dados ao RH e amanhã, antes de vir aqui,
você passa lá para assinar tudo e pegar seu crachá, tudo bem? Informe-se
com Patrícia na saída, ela vai te explicar tudo.
Ele se levantou, dando por terminada a reunião, e nos despedimos. Saí
da entrevista feliz.
Enquanto esperava o elevador chegar, peguei meu celular para mandar
uma mensagem a Math. Nesse instante, recebo uma de Gabriel.
Como foi a entrevista?
Como ele sabia da entrevista? E como sabia que já tinha terminado?
Ignorei-o e escrevi a Math, dizendo que a entrevista já havia terminado
e que tinha sido um sucesso.
Por que você não me responde?
Ignorei-o novamente. Recebi a resposta de Math: Me
espere no carro, já estou descendo.
Guardei meu celular na bolsa, apertei o botão da garagem e desci. Senti
meu celular vibrar, mas não pensei responder ou atender, essa história com
Gabriel já tinha ido muito longe, não estava a fim de ser usada como
brinquedo temporário de nenhum homem mimado.
Cheguei à garagem e Josh estava me esperando. Ao entrar no carro,
Math indica o restaurante. Meu celular começou a tocar,

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olhei e vi que era Gabriel. Não queria atender, mas se não atendesse Math
iria ficar desconfiado, então atendi fingindo.
– Oi, Stella. Tudo bem?
– Por que você não respondeu as minhas mensagens?
– Olha, Stella, estou saindo para almoçar com Math, não me ligue mais
porque não pretendo fazer o que você está querendo, certo? – falei tranquila,
mas minha vontade era mandar ele para aquele lugar.
– Ângela, eu preciso te ver.
Claro, agora ele precisava me ver, ontem precisava ver a loira e amanhã
vou ser passado, porque ele vai precisar ver outra.
– Olha, Stella, vai ser impossível, não vou poder. Nem hoje, nem outro
dia. Tenho que desligar agora. Tchau.
Desliguei e encontrei o olhar de Math me interrogando. Tive que
mentir.
– Stella quer ajuda com um trabalho e não vou poder. Satisfeito com
minha resposta, ele perguntou sobre meu tra balho. Disse que
começaria no dia seguinte e expliquei a ele tudo que havia conversado
com Martin sobre o trabalho que iria fazer.
Depois do almoço, Josh me deixou em casa. Quando entrei, encontrei
um bilhete de Stella me avisando que iria chegar tarde. Fui ao meu quarto e
separei minha roupa para o dia seguinte. Tirei meu laptop da mochila, abri e
fiquei vendo páginas de livros. Fechei e dormi um pouco.
Já eram quase seis horas quando acordei e fui até a cozinha preparar um
lanche. Olhei a geladeira e resolvi ficar só com um copo de suco. Tomei um
banho demorado, saí e me enchi de creme, pois detesto ter a pele seca. Estava
procurando um pijama quando meu celular vibrou com uma mensagem.
Em quinze minutos estarei aí, me libere a entrada para a garagem e me
espere perto do elevador.
Pensei em ignorar, mas sabia que ia ser pior, então liguei.
– Olha, Gabriel, o que você quer comigo não vai dar certo, não pretendo
ser mais uma na sua longa coleção. Como já te disse, passei uma ideia errada.
Me deixe em paz.
– Se você não descer, eu vou subir. E já estou chegando.

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– Você não entendeu, Gabriel? Eu não pretendo descer.


– E você não entendeu que, se você não descer, eu vou subir? Não estou
preocupado com escândalo, não sou homem de desistir, muito menos por um
escândalo.
– Tudo bem, eu desço. – Perdi a batalha.
Entrei no closet e peguei um vestido longo de algodão azul com
vermelho e uma sandália sem salto. Olhei no espelho e ajeitei meu cabelo.
Meu celular tocou de novo.
– Já cheguei. Se não descer, eu subo.
– Já estou descendo, não faça eu me arrepender e chamar a polícia.
Passo um batom cor de boca e me olho novamente. Estava mais ou
menos. Desço.
Cheguei à garagem e não vi o carro de Gabriel, mas havia um carro
completamente escuro, em que não dava para ver nada, estacionado em frente
ao elevador. A porta se abriu e vi Gabriel ao volante me chamando, então
subo.
– Me desculpe, mas foi a única forma que encontrei de despistar todo
mundo – disse ele se inclinando e pegando minha boca, que se abria de forma
automática, capturando a língua dele. Uma mão dele foi para minha nuca e a
outra, para minha perna, começou a subir meu vestido. – Esperei a tarde toda
por isso, não me negue sua boca, não se negue a mim, Ângela. Estou ficando
louco.
Coloquei minha mão por baixo da camiseta que ele estava usando até
encontrar os suaves pelos do abdômen e chegar aos mamilos, pequenos e
duros. Não aguentei, saí da boca dele e fui para aqueles pontinhos duros. Ele
alcançou minha calcinha e passou a mão por cima, me acariciando, tirando de
mim um gemido, quando o som de uma buzina me fez dar um pulo.
– Jesus Cristo! Temos que sair daqui – disse ele com a voz rouca,
colocando o carro em marcha.
– Ande estamos indo? – pergunto.
– Para o meu apartamento.
– Gabriel, pare! Eu não penso em ir com você para o seu apartamento.

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– É o único lugar seguro onde poderemos conversar com tranquilidade.


– Você pensa que eu sou idiota? Não me insulte, Gabriel.
– Desculpe, não foi minha intenção.
Ele dirigiu um bom tempo sem rumo aparente, pensativo, só tocando
minha mão, até chegar ao estacionamento de um restaurante e estacionar. Um
manobrista apareceu e ele desceu o vidro, dizendo que ainda não íamos
descer. O manobrista foi embora.
– Ângela, nós não podemos continuar assim – ele disse acariciando meu
rosto com o polegar. – Juro que tentei resistir, mas não estou conseguindo,
preciso demais de você. E creio que você sente o mesmo, não?
– Gabriel, aquele dia na festa, eu tinha bebido um pouco, estou muito
envergonhada, gostaria que as coisas ficassem como estão. Esqueça e me leve
de volta, você e eu não temos nada em comum. – A atração e o desejo que
sentia por ele iam além da razão, mas não podia ceder, seria loucura ter algo
com ele.
– Você acha? E o que aconteceu no meu escritório? No escritório de
Math? E agora há pouco? Não tinha nenhuma bebida envolvida, somos nós
dois, Ângela. Não negue o que está sentindo, não é justo. Nem com você,
nem comigo. Esqueça quem eu sou, só sinta.
Ele tirou a mão do meu rosto e desceu para minha coxa, desceu sua
boca na minha, a mão dele subiu lentamente, deixando um rastro de fogo por
onde passava, fazendo-me querer mais. Alcançou minha calcinha e a puxou
de lado, tocando-me. Não consegui segurar o gemido. Ele empurrou o
assento para trás e me puxou sobre ele, a língua brincando dentro da minha
boca. Senti um dedo dele no meu clitóris, massageando, enquanto outro
entrava em mim.
– Deus, como você está molhada! Eu deixei você assim? Você ficou
assim por mim, Ângela? Você quer mais, não quer? Você me quer dentro de
você e ainda diz que não temos nada em comum. Estamos os dois
enlouquecendo aqui. Me diga, Ângela, diga: “Gabriel, quero você dentro de
mim.” Diga.
– Gabriel! – digo com um gemido, e um calor desconhecido toma conta
do meu ventre, fazendo-me tremer.

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Um grito saiu do fundo de minha garganta e meu corpo entrou em


convulsão.
– Sim... Assim, querida, goze para mim, me deixe saber como você
goza – disse ele puxando meu vestido para baixo e descobrindo meu seio, que
pegou com a boca, chupando meu mamilo.
O dedo continuava entrando e saindo. Aperteime sobre ele e isso só
intensificou mais a sensação, deixando-me louca. Des-morono sobre o peito
dele, completamente esgotada. Ele tirou o dedo e chupou com gosto.
– Sabia que você seria deliciosa. Amanhã vou estar dentro de você,
amanhã vamos gozar juntos. Você ouviu, Ângela? E amanhã você não vai me
dizer não.
Não disse nada, porque naquele momento não tinha força para dizer
coisa alguma. Ele me ajudou a voltar ao meu assento, ajeitou com carinho
meu vestido e arrumou meu cabelo. Suspirou.
– Perdemos de novo o controle, Ângela, isso não é normal, pelo menos
não para mim, eu não saio por aí atacando mulheres em carros. E eu não paro
de pensar em você. Sei que quer estar comigo, só não quer aceitar. Aceite.
Me aceite, Ângela.
Fiquei calada, não queria dar a ele mais um motivo.
– Não seja tímida comigo, sei que você quer tanto quanto eu. Talvez
esteja preocupada por Math, mas isso não significa que você não deseja.
Então eu pergunto: você quer estar comigo tanto quanto eu, Ângela?
– Sim, muito Gabriel. – Desisti de lutar, não tinha mais força para
continuar lutando, e me entreguei.
Inclinei-me e peguei a boca dele com a minha, beijando-o com gosto. A
língua dele invadiu minha boca e pude sentir todo o sabor dele. Ele mordeu
meu lábio inferior, gostava de me morder, e eu adorava, a boca e os dentes
dele em mim me faziam tremer. Acariciei a ereção dele sobre a calça, ele
gemeu e colocou a mão dele sobre a minha, interrompendo o carinho.
– Melhor parar agora, enquanto tenho algum controle. Saímos do
estacionamento e voltamos para casa.
– Amanhã Math viaja, ele vai controlar Vegas e outras obras, só volta
no final de semana. Vou buscar você para passar a noite comigo.

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– Eu não sei como vou fazer com Stella e os seguranças.


– Amanhã resolveremos isso. Não se preocupe, vou dar um jeito.
Ele desacelerou para entrar na garagem do prédio e eu vi Michael
encostado no carro em frete à entrada.
– Não entre! Continue! Continue – digo segurando o braço dele.
– Que foi? – perguntou sem entender, mas acelerando.
– É que sempre que saio do apartamento meu celular manda um sinal
para os seguranças. Como sempre saio com eles, nunca me preocupei. Agora
eles devem estar preocupados. Se já não avisaram Math, logo vão ativar o
rastreador. Não podemos sair amanhã sem avisar a eles ou Math.
– Não se preocupe, vou resolver isso amanhã. Agora temos que
encontrar uma desculpa para você ter saído. A algumas quadras daqui tem
uma sorveteria ao lado de uma farmácia. Levo você lá, você compra um
analgésico e um pote de sorvete e volta de táxi. Eles não vão perguntar.
Chegamos. Desci e comprei rápido o sorvete e o analgésico. Gabriel
não desceu, não quis arriscar ser fotografado comigo, porque teríamos
problemas. Com a sacola na mão, parei um táxi que encostou ao lado do
carro de Gabriel. Pedi a ele para baixar mais o vidro, coloquei minha cabeça
dentro, beijei os seus lábios com um beijo terno. Os lábios dele eram macios
e suaves. Peguei o lábio inferior entre meus dentes e dei uma mordidinha,
como ele sempre fazia comigo.
– Ângela, não faça isso – gemeu ele.
Eu ri da minha travessura, entrei no táxi e fui embora.

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Capítulo 8

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Gabriel

Segui o táxi de Ângela até vê-la entrar em segurança. Vejo quando


Michael fala ao telefone, entra no carro e parte.
Cristo! Sempre senti atração por Ângela, mas depois daquele beijo na
boate, havia ficado completamente desestabilizado. Nunca quis tanto ficar
com uma mulher, estava ficando obsecado. Aquele beijo havia sido o começo
do meu inferno. O que eu tinha acabado de fazer foi completamente insano.
Ângela estava tendo um poder sobre mim que eu nunca pensei que mulher
alguma teria.
Dormi mal naquela noite, virando-me na cama, dando voltas até
amanhecer. Saí da cama e fui para minha corrida de uma hora, que acabou
transformando em quase duas. Fiz os dois circuitos, rio e parque, mais
natação. E ainda assim cheguei cedo ao escritório.
Ângela começaria o estágio, então liguei todos os monitores para vê-la.
Cíntia entrou e me encontrou trabalhando, olhou-me desconfiada. Eu já
estava com tudo adiantado para a reunião.
– Bom dia, Sr. Leblanc. Onde preparo a reunião? – perguntou-me
confusa, devido à última vez.
– Na sala de sempre, Cíntia. E veja para mim um restaurante japonês
que faça entrega, quero hoje às sete no apartamento de centro. E também um
café da manhã completo, com muita fruta, para ser entregue também no
apartamento amanhã às sete da manhã, para duas pessoas. Obrigado – disse
sorrindo, pois me sentia feliz.
No monitor, vi Ângela chegando, linda. Percebi Cíntia olhando o
mesmo monitor, mas como várias mulheres estão entrando ao mesmo tempo
me safo. Tinha que tomar mais cuidado, ela já estava desconfiada.
Ela saiu e eu continuei olhando o monitor.

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–Estão à sua espera, senhor. – Ouvi Cíntia me avisando pelo interfone.


Decidi enviar uma mensagem à Ângela antes da reunião: Bom dia,
querida. Dormiu bem?
Querida? De onde veio isso? Estava completamente louco.
Bom dia. Sim, só um pouco de estresse com meu primeiro dia.
Não resisti e liguei para ela.
– Gabriel – ela me atendeu baixinho.
– Quero ficar com você a noite toda hoje, leve roupas para vir comigo
ao trabalho amanhã.
– Não podemos chegar juntos e você sabe disso.
– Leve suas roupas, fique comigo e depois vemos como resolvemos, por
favor. – Não acreditava que estava implorando para uma mulher passar a
noite comigo. A que ponto eu havia chegado.
– Tudo bem, eu vou conversar com Stella. Mas Math me preocupa, não
gosto de enganá-lo.
Sinto-me mal ouvindo o que ela diz sobre enganá-lo. Eu também não
gostava daquilo.
– Você acha errado o que está acontecendo?
– Não, não acho errado o que está acontecendo, só a forma como está
acontecendo.
– Você não quer mais me ver? Não quer se encontrar comigo hoje? –
Meu coração batia acelerado enquanto esperava a resposta, que pareceu vir
depois de uma eternidade.
– Não! Eu ainda quero te ver, só não gosto do sentimento de culpa por
enganá-lo.
– Você tem razão, vamos nos encontrar hoje e conversar sobre como
podemos resolver isso. Estou indo para uma reunião agora, te ligo quando
sair dela.
– Você não pode me ligar, estou no trabalho.
– Te ligo quando sair da reunião. – Não acreditava que ela havia me
dito para não ligar.
Desci para minha reunião. Queria terminar rápido todo o trabalho antes
de me concentrar em como sair com ela sem levar todo o pessoal da
segurança. E também havia Math. Não queríamos enganá-lo, mas não
podíamos contar ainda, ia ser difícil.
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Estava estudando um contrato e Cíntia estava anotando as correções que


deveriam ser feitas. De repente, ouço Cíntia me chamando: – Sr. Leblanc?
Os outros também estavam todos focados em mim, que sorria como um
idiota.
– Onde ficamos? Sobre este contrato do shopping em Nova York, eu
tenho que resolver alguns detalhes com Math, antes de aprovar.
Quando acabamos, já era quase meio-dia. Cíntia me perguntou se eu
queria que ela pedisse meu almoço.
– Não, obrigado, Cíntia, vou sair para almoçar.
Voltei para minha sala e a primeira coisa que fiz foi olhar para o
monitor. Vi Ângela trabalhando em um pequeno cubículo e decidi enviar
uma mensagem.
Como está indo em seu primeiro dia?
Vejo quando ela pega o celular e começa a digitar.
Estou tendo muito trabalho, aprendendo muito também. Estou
entusiasmada!
Fico feliz, você já almoçou?
Ainda não.
Quer almoçar comigo? Tem uma pequena cantina italiana aqui perto,
onde servem uma excelente pasta caseira.
Você sabe que não podemos, mas acho que é o mesmo lugar em que
Amanda disse para irmos, só estou esperando por elas.
Sei disso, mas mesmo assim gostaria muito de almoçar com você. Nos
vemos logo mais à noite?
Se tudo der certo, sim.
Saí do escritório e fui direto a uma revendedora de celulares. Comprei o
mesmo modelo e cor que Ângela tinha e também duas capas idênticas.
Sentiame péssimo pelo que estava planejando fazer, mas não conseguia
encontrar outra forma de nos encontrarmos. Sabia que era errado, mas e o que
eu estava sentindo? Será que era errado? Se nem eu sabia o que era...
Nunca tinha feito tanto esforço para ficar com uma mulher. Geralmente
elas chegavam perto de mim ou ligavam pedindo

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encontros, o meu único trabalho era escolher, dizer sim ou não. Nunca havia
ligado para nenhuma garota antes. Eu nunca tive namoradas. Loreta achava
que tínhamos uma relação porque já tinha saído com ela várias vezes, mas era
ela que sempre ligava.
Entrei na cantina e procurei por Ângela, que estava sentada almoçando
com mais duas garotas, que eu conhecia só de ver pelos monitores. Elas me
olharam e os de Ângela me prenderam, quentes, mas logo se desviaram e elas
continuaram comendo. Segui andando, procurando uma mesa onde eu
pudesse ficar de frente para ela. Quando me sentei, vi Loreta entrando com
outra garota, tão linda quanto ela, e se dirigindo à minha mesa. Mas que
merda!
– Gabriel! Que prazer te encontrar! Coitadinho, almoçando sozinho!
Gabriel, esta é Sabrina – disse ela apresentando a amiga.
Levantei-me e cumprimentei as duas, mas meu olhar procurava a mesa
em frente. Vi as três me olhando, mas os olhos de Ângela já não estavam
com o mesmo brilho de antes. Senti uma pontada estranha no peito.
– Podemos te fazer companhia? – Ouvi Loreta perguntando.
– Claro, será um prazer – respondi de forma educada. Depois de
adulto, nunca tive que dar explicações de meus atos a ninguém, mas
me peguei digitando uma mensagem à Ângela.
Não foi planejado.
Vi quando ela pegou o celular, leu e voltou a colocá-lo sobre a mesa,
sem responder. Tive vontade de me levantar e ir até ela para perguntar se
estava tudo bem. Como não podia fazer isso, me limitei a escrever.
Me diga que não está chateada e que ainda vamos nos ver esta noite.
Não sabia o que faria se ela respondesse não.
Ela novamente leu e começou a responder. Fiz meu pedido sem saber o
que estava pedindo, esperando a resposta chegar. Meu celular emitiu o sinal e
li a resposta.
Está tudo bem e ainda vamos nos ver esta noite.
A mensagem veio seguida de uma carinha sorrindo.

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Cristo! Não pensei que estivesse segurando a respiração até aquele


momento. Procurei uma carinha de beijo e enviei para ela. Adolescente, era
nisso que eu estava me transformando, enviando bilhetinhos para a colega de
classe e rezando para não ser pego pelo professor. Olhei esperando que ela
visse minha resposta, e o sorriso que iluminou seu rosto foi lindo. Ela
levantou o rosto e nos olhamos rindo. Loreta percebeu e girou a cabeça para
ver, mas Ângela havia desviado o olhar e conversava com as amigas. Guardei
meu celular. Loreta me olhava intrigada, mas fingi inocência.
Elas se levantaram para sair e Ângela não voltou a me olhar, mas nos
dois sabíamos o que estava acontecendo, e isso me fez sorrir feliz. Não
lembrava se alguma vez já tinha me sentido assim.
Cheguei ao escritório e chamei Cíntia, queria sair cedo. Quando
acabamos, ela saiu e eu liguei para a locadora de carros. Havia entregado a
Mercedes pela manhã e agora precisava de outro no mesmo estilo. Pedi uma
BMW com os vidros mais escuros possíveis e disse que eu iria buscar. Liguei
para Rafael e dispensei-o juntamente com Josias. Eles ficaram sem entender,
no dia anterior eu havia dispensado David e Duncan.
– Mas senhor! – exclamou Rafael, dois dias seguidos sem segurança e
sem motorista era novidade.
– Estão dispensados até amanhã às oito na minha cobertura.
– Sim senhor – responderam. Sabia que não estavam gostando, mas não
podiam fazer nada.
Olhei o monitor e vi Ângela trabalhando. Envio uma mensagem.
Oi, querida. Sete e meia passo para te pegar. Por favor, libere a
entrada para meu carro: BMW com vidros polarizados. E, Ângela, não leve
seu celular.
A resposta que chega:
Estarei te esperando.
Liguei para a segurança do apartamento do centro e passei os dados do
carro que havia alugado para liberarem minha entrada. Não queria ficar
esperando na rua.
– Senhor, seu jantar será entregue às sete no apartamento do centro –
informou-me Cíntia pelo interfone.

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– Ah! Obrigado. Não vou precisar mais de você por hoje, pode ir.
Não consegui terminar antes das cinco, como era minha intenção, mas
às cinco e meia saí da empresa e um segurança parou um táxi para mim.
Às seis e meia entrei no apartamento e dei uma olhada geral. Carol,
eficiente como sempre, devia ter percebido que minha visita era mais que
especial, pois colocou um arranjo de flores para ela. Isso me fez tomar a nota
mental de também enviar flores. O quarto estava perfeito, como sempre, tudo
arrumado, com cheiro de limpeza. Coloquei uma garrafa de champanhe e
outra de vinho no gelo.
Entrei no meu quarto. Não pensava em levar Ângela ao quarto das
festas. Lençóis, edredons e, no banheiro, várias toalhas dobradas e
arrumadas. Pedi a Carol para comprar géis, sais e sabonetes, tudo com aroma
de mel, pois a pele da Ângela me fazia lembrar mel. Carol foi perfeita.
Achava que ela ia gostar.
Entrei no banheiro, ainda tinha tempo para um bom banho. Olhei para a
banheira; talvez a gente pudesse aproveitá-la. Sexo dentro da água quente
com Ângela se escorregando em mim. Sim, tínhamos que aproveitar a
banheira. Saí do banheiro e coloquei uma toalha na cintura enquanto secava
meus cabelos. Toquei meu rosto, que estava áspero. Geralmente fazia a barba
pela manhã, mas decidi fazer agora, não queria irritar a pele dela.
Entrei no closet e peguei um jeans e uma camiseta. Olhei para as roupas
que estavam ali, eram poucas, só para emergências. Se pensava em passar
mais tempo ali, teria que levar mais. Outra opção seria levá-la para minha
cobertura em Beacon Hill, mas o apartamento onde estava ficava a passos do
escritório e do apartamento dela, e na cobertura havia um monte de
funcionários. Melhor buscar a roupa.
Segui até o quarto de festas. Como nunca tinha levado mulheres para
meu quarto, tinha me esquecido que não tinha nada lá. Peguei alguns
preservativos, abri algumas gavetas onde tinha plugues anais de diversos
tamanhos e vibradores de vários modelos. Deixo tudo. Eu mesmo iria
comprar brinquedos especiais para nós dois quando estivéssemos mais
íntimos. Peguei um tubinho

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de gel anal fechado; se ela fosse virgem anal, como pensava que era, meu
dedo já seria mais do que suficiente. Só esse pensamento já me fez endurecer.
Uma noite inteira com Ângela, depois dos nossos encontros explosivos,
não sabia se sobreviveríamos.
Coloquei os preservativos no bolso, saí do quarto e o tranquei; não
queria que ela entrasse ali por engano.
O interfone tocou me informando que o jantar havia chegado. Recebi-o
e coloquei os pratos frios na geladeira e os quentes no forno. Olhei uma
garrafa de saquê que havia chegado junto e coloquei-a no gelo também.
Voltei ao quarto, estava em cima da hora. Vesti uma camiseta, peguei
um tênis e já estava saindo quando lembrei que tinha mais uma coisa a fazer.
Abri rápido meu laptop e rastreei os celulares de meus seguranças e
motoristas, não queria nenhum deles por perto. Uma olhada rápida e vi que
estavam todos na cobertura. Por fim saí para buscar Ângela.
Quando estava a uma quadra, enviei uma mensagem a ela avisando que
estava chegando.
Estou descendo.
A resposta foi rápida.
Estacionei em frente ao elevador e quando as portas se abriram meu
coração, que até aquele momento estava acelerado, quase parou. Ela estava
com um vestido amarelo suave, longo e simples. Ia até os tornozelos, com
uma abertura que subia até as coxas, abrindo quando ela caminhava. Jesus!
Ela não podia fazer isso. Eu acho que marcaria um encontro ali todos os dias
só para vê-la saindo do elevador. Como havia muitas câmeras, inclinei-me e
abri a porta para ela, sem descer.
– Oi – disse ela tímida ao entrar.
Não consegui responder. Peguei a boca dela com a minha, e minha mão
foi para a pele exposta da coxa. Nunca gostei de beijos, mas minha boca
parecia que havia sido feita para a dela, era uma necessidade, precisava da
boca dela o tempo todo. E com ela acho que não era diferente, porque ela
abria a boca e sua língua procurava a minha, a mão na minha nuca, me
segurando enquanto a minha continuava subindo pela coxa dela. A atração ia
além

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dos limites, nos esquecíamos de tudo, procurando-nos com desejo. Até nos
buzinarem de novo. Deus!
– Vamos? Temos que sair daqui ou vamos ter problemas. Deixei-a a
contragosto e, enquanto ela afivelava o cinto, saí do estacionamento. A
ansiedade estava me matando, por isso preferia o apartamento do
centro, em minutos chegamos. Estacionei na vaga especial que
reservara para mim e peguei a mochila que ela levara.
Ao entrarmos no elevador, encostei-me na parede e a apoiei contra meu
peito, assim as câmeras não pegariam o rosto dela. Dei-lhe um beijo só para
sentir de novo o gosto, mas logo a mochila estava jogada no chão e eu a
estava pressionando contra a parede. Travei suas pernas no meu quadril e
esqueci onde estávamos, esqueci as câmeras, esqueci tudo. Gememos os dois.
Ângela chupava minha língua, mordia meus lábios, enquanto minha língua
passeava feliz pela boca dela. Aperteime ainda mais, esfregando minha
ereção contra ela.
Ouvi o apito e as portas do elevador se abrindo, soltei-a e me agachei
para pegar a mochila, pensando que já havíamos chegado. Então dou de cara
com um casal que nos olha com cara de espanto. Minha primeira reação foi
proteger Ângela e me coloquei em frente a ela. Eles não subiram e as portas
começaram a se fechar. Vi que a mulher esboçava um pequeno sorriso.
Abracei Ângela, que estava assustada. Ainda bem que tinha sido um casal
que naquele momento devia estar procurando um quarto, caso contrário
poderia ter sido um desastre. Puxei-a de novo contra mim, mas agora sem
beijos, minhas mãos acariciavam as costas dela. Chegamos e no corredor não
consegui mais, beijei-a de novo. Entramos, empurrei a porta com as costas
sem desgrudar minha boca da dela e, por fim, estávamos sozinhos.
Levei-a até o sofá e me sentei com ela no colo. Estávamos respirando o
mesmo ar, nossas línguas não se separavam, sentia todo o sabor dela, já
estava viciado. Havia pensado em jantar primeiro e depois levá-la ao quarto,
mas no momento a última coisa em que podia pensar era em comer. E achava
que ela tinha a mesma opinião.

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Segurei-a pelos quadris, minhas mãos eram grandes em contraste com o


corpo pequeno dela. Tudo nela era delicado, comecei a esfregá-la sobre meu
pau, fazendo com que ela massageasse minha ereção. Nossos gemidos
aumentaram. A mão dela foi em direção ao meu cinto, destravando-o e logo
desabotoando minhas calças. Eu desci meu zíper, Ângela parou e me olhou
nos olhos. Sabia no que ela estava pensando e não podia acreditar que
estivesse para acontecer. Sempre sonhara com isso.
– Você quer fazer isso, Ângela?
– Não tenho muita experiência, tentei uma vez e não gostei, mas agora
quero, e muito.
– Me prove então – disse começando a tremer.
Ela deslizou com suavidade para o tapete, seus dedos procurando o cós
da minha calça para puxá-la. Ajudei-a levantando meus quadris. Minha
ereção foi liberada e saltou para fora orgulhosa. Por fim ela desviou seu olhar
do meu, mas eu continuei olhando. Ela me segurava sem conseguir fechar a
mão pequena na minha circunferência. Eu estava tão duro que já estava
doendo, com o pré-sêmen deslizando pela ponta latejante. Ângela colocou o
dedo na gotinha que estava na ponta e deslizou por toda a extensão até a base,
me olhando, me conhecendo e me fazendo travar os dentes. Lambeu seus
lábios, inclinou a cabeça e passou a língua pela gota que estava escorrendo.
Um tremor sacudiu todo o meu corpo, não consegui desviar o olhar. A cabeça
arroxeada do meu pau latejava e desaparecia dentro da boca dela, que
chupava com gosto. Com meu corpo sendo tomado por um segundo tremor,
senti que não ia aguentar muito.
– Pare, Ângela – disse segurando-a.
– Eu provei você e gostei, quero mais de você, Gabriel – ela disse me
enterrando até a garganta em sua boca.
– Filha da puta! Isso, não se faz – urrei explodindo em um orgasmo
violento.
Meus quadris adquiriram vida própria e se empurravam contra a
garganta de Ângela, minhas mãos a seguravam pelos cabelos. Senti as
contrações das minhas bolas, jorrando jatos e mais jatos do meu gozo,
enchendo a boca dela, me deixando alucinado. Queria parar, tinha medo de
que ela não conseguisse me ter,

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mas não podia. Quando tomei controle do meu corpo novamente, olhei para
Ângela e vi meu gozo escorrendo de sua boca, a língua dela saindo para
lamber, e um novo jato alcançou em cheio o seu rosto. Merda! Não era para
ser assim.
Tirei minha camiseta e tentei limpar seu rosto, só para ver como ela
passava o dedo e colocava na boca. Voltei a ficar duro na hora.
Eu a coloquei de volta sentada sobre mim e desci as alças do vestido.
Ela não estava usando sutiã e seus seios eram como imaginei, pequenos e
perfeitos, os mamilos eram acobreados, duros, lindos! Peguei-os com minha
boca, lambendo, chupando, enquanto apertava o outro, estavam duros,
intumescidos, deliciosos. Levantei seu vestido até a cintura e ela gemeu,
deslizando em cima do meu pau, me molhando com sua excitação,
procurando alivio. Mordi devagar e apertei o outro, depois chupei para
aliviar. Ângela me surpreendeu com um grito, seu corpo sendo jogado para
trás. Se eu não a estivesse segurando, teria caído. Ela se apertou em mim e
senti meu pau sendo banhado com seu gozo quente.
Merda, não sabia que ela tinha os seios tão sensíveis. Deliciosa
surpresa. Passei minha mão pela coxa dela até encontrar a calcinha, olhei para
ela, mas ela estava com os olhos fechados, absorvendo o prazer do orgasmo
recente. Desci devagar a calcinha minúscula, querendo saborear a visão.
Segurei ambas as coxas, abrindo-as para mim. Fiquei com água na boca, o
líquido do desejo dela estava escorrendo pelo seu sexo, o clitóris estava
brilhando vermelho como um rubi. Sem me segurar, fiz algo que nunca
pensei fazer na minha vida, desci minha boca, lambi seu sexo de baixo até em
cima, fazendo com que Ângela prendesse minha cabeça com força com as
coxas e meu nome saísse como um lamento de sua garganta. Deus! É muito
bom! Chupei e mordi com delicadeza aquele rubi, fazendo-a se contorcer e se
empurrar contra mim. Coloquei minha língua dentro dela, retirei e voltei a
colocar de novo. Ela gozou de novo e seu prazer jorrou na minha boca.
Suguei o gozo dela, tomando tudo. Ela seguiu segurando minha cabeça contra
seu sexo, se contorcendo e gemendo, chamando por mim.

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– Calma, querida, eu vou dar mais de mim a você. – Deus, ela ia me


enlouquecer.
Terminei de tirar minhas calças, peguei um preservativo e o vesti em
mim.
– Gabriel! Eu preciso de você – Ângela gemeu e se contorceu me
chamando. Ela tinha acabado de gozar, assim como eu, mas não tinha sido o
suficiente, estávamos querendo mais.
Posicionei-me entre suas pernas, tremendo como nunca tremi antes;
nem na primeira vez em que fiz sexo, havia tremido assim. Ângela me olhou
esperando e percebi que seus lábios estavam trêmulos, parecia que éramos
dois adolescentes tendo sexo pela primeira vez. Segurei seu olhar no meu e
me escorreguei dentro dela. Ela fechou os olhos e mordeu o lábio. Era tão
apertada que chegava a doer e eu não conseguia ir até o fim. O gemido dela
me preocupou, havia esquecido que era muito longo e grosso.
– Sinto muito. Machuquei você? Doeu?
– Um pouco, mas não pare – respondeu-me com um gemido, travando
as pernas nos meus quadris.
– Não, querida, não vou mais parar.
Só esperei um pouco para ela se adaptar a mim, depois comecei a
bombeá-la com um vaivém forte e rápido. Não conseguia ser suave como ela
merecia. Ela era apertada, quase não conseguia deslizar, as mãos suaves e
pequenas dela me procuravam e me puxavam sobre seu corpo. Passei meus
braços embaixo dos seus ombros e travei seu corpo contra o meu. Por fim
consegui ir até o fim, nossas bocas voltaram a se encontrar, minha língua
entrava e saía da boca dela, ela me chupava e gemia. Estávamos quentes e
suados, cheirando a sexo, nossos gemidos cada vez mais altos, estávamos
além da racionalidade, o instinto animal vinha à tona em mim, um calor
interno ia tomando conta do meu corpo. Procurei a curva do seu pescoço e a
prendi no lugar com os dentes, mordendo-a e marcando-a como minha. Ouvi
seu gemido e a boceta dela apertou meu pau. Com o primeiro espasmo do
orgasmo chegando, me levantei e olhei para ela, que estava com os olhos
fechados. Queria vê-la gozando.

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– Goze para mim, Ângela! Deixe-me ver como eu faço você gozar. Me
mostre, querida. – O aperto no meu pau era tão forte que me segurava dentro
dela.
– Gabrieeeel... Assim, assim... Deus! – Ouvi como um lamento.
– Merda! – Era o urro de prazer que saía da minha garganta e que eu
não sabia que era capaz de emitir.
Os gemidos de Ângela gozando me fizeram gozar também, o espasmo
foi tão forte que fez com que minha coluna quase se dobrasse ao meio, os
jatos do meu gozo explodiam com força do meu corpo. Cristo, acho que
gozei pela primeira vez na vida. Nossos corpos foram sacudidos por
convulsões que pareciam não terem fim, não conseguíamos ar suficiente para
respirar. Pouco a pouco meu cérebro voltava a tomar o controle novamente.
Tentei sair de Ângela e retirar o preservativo, mas suas pernas estavam
travadas em minha bunda. Deslizei-me ao lado dela. O rosto brilhando, a
respiração superficial e a massagem suave sobre meu pau me indicavam que
os resquícios do orgasmo ainda faziam efeito sobre seu corpo. Trouxe-a de
encontro ao meu corpo e a beijei com um carinho que eu não sabia ser capaz
de sentir.
– Você está bem? Fui muito violento com você? – perguntei e seus
olhos cansados me encararam abrindo um sorriso.
– Foi meu primeiro orgasmo, sempre pensei que eu fosse frígida. Foi
incrível, Gabriel! Não fazia ideia que era tudo isso e vou querer sempre sentir
isso, só vou descansar um pouquinho – disse ela enquanto se aconchegava no
meu peito, sonolenta.
Deus, algo muito bom eu fiz para merecer tudo isso. Não podia
acreditar que ela nunca tivesse gozado antes. Era seu homem, dono do seu
primeiro orgasmo de verdade, porque o de ontem não contava. Isso eu sabia
que ela nunca iria esquecer, mas não acreditava que eu poderia esquecer o
que me aconteceu nesta noite também, o que aquela garotinha inexperiente
havia feito a um homem maduro, que pensava que sexo já não tinha mais
nada de novo para ele. Grande erro. Beijei sua cabeça, trazendo-a ainda mais
contra mim, e apaguei também.
Acordei e olhei ao redor, havíamos dormido no sofá. Senti a respiração
morna e suave de Ângela sobre meu peito. Com muito

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cuidado para não acordá-la, saí de dentro dela. Estava completamente ereto
novamente. Amarrei a ponta da porcaria do preservativo e fui ao banheiro.
Se fosse outra, teria mandado embora com um táxi e eu teria dormindo
tranquilo em minha cama, mas hoje as coisas aconteceram de uma forma
diferente para mim. Quando voltei tive a visão do paraíso, ela estava de
costas, toda nua, os cabelos esparramados sobre suas costas, uma das pernas
levemente flexionadas, dando uma visão do seu sexo aberto e molhado. Não
resisti e deitei sobre ela, sentindo cada centímetro de suas costas. Beijo sua
nuca e senti meu perfume nela. Fiquei de joelhos, passei minhas mãos sobre
suas costas, sentindo toda sua maciez. Ela começou a sair do sono, gemendo
baixinho com meus carinhos. Inclinei-me e, com minha língua, fui descendo
pela coluna até chegar ao bumbum, lambendo e dando umas mordidinhas. Ela
rebolou e se empurrou contra mim.
– Gabriel! – gemeu ela se empurrando contra meu pau colado duro
contra a bunda dela.
– Shhh, fique quietinha – disse e dei um tapinha no seu bumbum
durinho, que estava esfregando em mim. Teve efeito inesperado, porque o
que consegui foi arrancar um gemido ainda mais alto dela.
– Você gostou? Gosta de sexo duro, Ângela? Quer mais? – Dei outro
tapa com mais força, deixando a marca da minha mão. Ela ficou de joelhos,
dando a bunda para mim. Sei o que ela deseja e dou outro, no outro lado do
bumbum, deixando os dois igualmente rosados com a marca das minhas
mãos neles.
Nunca fui de bater em mulheres, mas ter o bumbum de Ângela se
empinando contra mim, pedindo por minha mão, me tirava a razão. Procurei
seu sexo com meus dedos, ela estava literalmente se derramando molhada e
quente. Friccionei sua entrada e apertei entre o polegar e o indicador o rubi
que eu tinha encontrado antes.
– Assim, mais... – ela me pedia, gemendo descontrolada. Sentei-me
sobre meus tornozelos, trazendo-a comigo, fodendo-a com o dedo do
meio enquanto meu polegar trabalhava seu rubi. Os gemidos dela
aumentaram.

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– Quero você de novo dentro de mim, Gabriel. Entra em mim e me faça


gozar de novo, forte.
– Ângela! – empurrei e a deixei de quatro novamente, as minhas coxas
a seguravam por dentro, assim ela ia estar mais apertada ainda. Vesti um
preservativo, a marca da minha mão estava como um selo nela. Apertei as
bochechas da bunda dela com força, ela gemeu. Sim, ela gostava disso.
Toquei sua entrada, que estava ainda mais molhada, e a cabeça de Ângela
levantou, fazendo da coluna um U. E um gemido longo saiu de sua garganta.
– Por favor, Gabriel! Entre em mim, estou quase gozando, entre com
força agora, por favor – suplicava-me.
– Cristo! – Entrei com tudo, como ela pediu. Arfamos os dois.
Conseguia ouvir meu coração batendo com tanta força que tinha medo
que ele saísse pelos meus ouvidos. Parei esperando que ela se adaptasse
à minha grossura e me ajeitei, porque estava muito apertada, mas logo
comecei a entrar com força, como descobri que ela gostava. Ângela
rebolou e se empurrou contra mim enquanto eu a segurava pela cintura.
– Assim... Assim, continue... Não pare – ela gritava, me indicando que
estava quase gozando. Estava cada vez mais apertada, e meu pau cada vez
mais grosso. Dei mais um tapa com força e ela gozou, gritando meu nome.
Gozei com ela, sem me importar se acordava ou não todos os vizinhos. Eu
nunca havia gritado durante o sexo e não gostava de garotas barulhentas, mas
agora não conseguia segurar. E gostava ainda mais ao ouvir meu nome saindo
aos gritos da boca dela. Aperteime contra ela, esperando meu corpo relaxar.
Ângela desabou sobre o sofá. Tirei o preservativo, amarrei-o e deixei no
chão. Deitei sobre as costas dela. Estávamos suados, cansados, acabados,
felizes. Girei nossos corpos, deixando-a sobre mim, a língua dela passeava
sobre meu pescoço, lambendo meu suor, chegou à minha orelha e mordeu
devagar.
– Adoro seu cheiro, e seu gosto, Gabriel!
Como era bom ouvir aquilo, a língua dela passando pela minha pele, a
voz, o cheiro, tudo. Fiz o mesmo com ela.
– O seu cheiro e sabor me tiram o juízo também – disse.

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Ela riu. Peguei seu riso na minha boca. O gosto salgado do meu suor
estava na boca dela, nos beijamos, saboreando um o gosto do outro. Não
queria parar.
– Queria usar o banheiro, onde fica?
Merda! Desde que chegamos ficamos na sala, não havia oferecido nada
para ela beber, ou comer, nem ao quarto eu a levei. Era um belo de um
imbecil.
– Vamos, eu te mostro. Desculpe, você deve estar com fome. Eu tinha
um jantar preparado, champanhe e vinho... Esqueci, sinto muito.
– Sabe que esqueci também? – disse rindo. Rimos os dois. Indiquei a
ela o banheiro, enfiei-me no jeans que estava jo gado na sala e fui até a
cozinha ver o que dava para aproveitar do jantar. Nada.
Ângela entrou na cozinha usando minha camiseta que estava jogada ao
lado do sofá e que ficava no meio de suas coxas. Eu a levantei e a sentei
sobre a bancada da cozinha. Olhei para ela sentada ali, pequena, delicada,
uma menina, uma mulher, minha mulher. Tão linda, tão tranquila agora, que
não parecia a mesma de alguns minutos atrás, gemendo, gritando, pedindo
mais de mim, me enlouquecendo. Não queria que terminasse naquele dia
como com as outras, quero mais dela, muito mais. Não estava preparado para
deixá-la ir. Ainda não. Abri as pernas dela e me coloquei entre elas.
– Olhe o que temos: suco de maçã e framboesa, pãezinhos, patês,
queijo, geleia, presunto e alguns brioches. O que você quer comer?
– Estou morrendo de fome! Vou comer um pouco de tudo. Servi o suco
de framboesa e entreguei a ela, que pediu para pôr bastante gelo.
Enquanto ela tomava, fui colocando queijo e presunto nos pãezinhos e
geleia nos brioches. Provei e dei a ela, que comeu com gosto. Fiquei em
pé entre as pernas dela e fui dando em sua boca os minissanduíches e
depois os brioches. Comemos tudo, não sobrou nada. De sobremesa,
mais beijos.
– Tenho que ir, já está muito tarde, Gabriel. Mas gostaria de tomar um
banho antes, estou toda melada de suor.

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Levei-a de novo ao banheiro e indiquei os produtos que comprei para


ela. Dei duas toalhas, ela entrou e ligou o chuveiro. Saí, voltei para a sala e
tratei de ajeitar um pouco da nossa bagunça. Fui juntando nossas coisas
rindo: quando eu poderia pensar que juntaria as roupas de uma mulher
jogadas no chão? Juntei as minhas e as dela, levei tudo para o quarto e
estendi o vestido e a calcinha com carinho sobre a cama. Ouvi a água caindo
no banheiro.
Tentei me conter, íamos acabar nos matando naquele ritmo, não podia
ter tanto sexo em uma noite, mas parecia que nunca era suficiente, apenas me
recuperava e já a estava querendo de novo. Sem me conter, abri a porta. A
espuma branca sobre a pele dourada de Ângela parecia renda, ela estava de
costas, a bunda redonda e firme me chamando. Tirei devagar meu jeans e
entrei na ducha. Sem dar tempo dela girar, eu a empurrei e a prendi contra a
parede. Levei minha mão entre suas pernas, abrindo-a com meus dedos,
beijei a curva do seu pescoço. Minha vontade era de morder, mas não podia
deixar mais marcas nela do que já fizera. Um gemido me faz levar um dedo
dentro dela, friccionando-a, sua bunda veio de encontro a meu pau, me
chamando.
– Gabriel!
– Shhh, espere só um pouco – disse enquanto com um dedo bombeava a
boceta dela e com outro massageava seu rubizinho, que àquela altura estava
pulsando. Quando senti pressão sobre meu dedo, girei-a rápido, colocando-a
de costas contra a parede e fazendo-a me abraçar com as pernas. Entrei com
força e parei.
– Não, não pare. Por favor, não pare...
– Isso, implore, implore pelo meu pau. Quero ouvir você implorando
por mim – disse começando um suave entra e sai, mas ela não permitiu, me
puxando com forca com as pernas.
– Me dê mais, Gabriel! Mais forte... Se empurre com tudo, Gabriel...
Duro, forte, com força, me toque o fundo.
Jesus, ela ia me matar assim. Empurrei-me com força, batendo o corpo
dela contra a parede. Não queria machucá-la, mas ela estava pedindo isso. A
boceta dela mordeu meu pau com força, ela gritou meu nome, e as contrações
do seu orgasmo tomaram conta do seu corpo, o calor de sua boceta lambiam
e, literalmente,
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sugavam o meu pau. Cristo! Minhas bolas se contraíram com um orgasmo


alucinante tomando forma. Senti que ia explodir.
Merda, merda, merda! Saí dela gozando em seus seios, ventre, fazendo
a maior bagunça, com minhas contrações e gritos se unindo aos dela.
Acabamos desmoronando os dois embaixo da água, onde ficamos. Quando
consegui pensar de novo, dei um beijo nela e a ajudei a se levantar. Ficamos
abraçados, agarrados embaixo da água.
Depois de um bom tempo, terminamos o banho. Saí, peguei uma toalha
e ajudei Ângela a se secar. Peguei uma toalha para mim e outra para o cabelo
dela. Dei a ela um secador, ela se enrolou na toalha e começou a secar os
cabelos. Enrolei uma toalha nos quadris e esperei.
Olhei para ela e pensei que nunca tivera que pedir tantas desculpas a
uma mulher antes. Convidei-a para jantar e a deixei passar fome, deixei uma
marca de mordida horrível no ombro dela, entrei nela sem preservativo, sem
sua permissão. O que estava acontecendo comigo?
– Ouça, Ângela, nós precisamos conversar sobre o que aconteceu agora
há pouco no banheiro.
Ela me olhou e pareceu não entender do que eu estava falando. Então
continuei.
– Eu quero que você saiba que eu me cuido muito, e nunca antes transei
sem preservativo. Estou limpo, e sei que tipo de garota você é, sei que está
limpa também; mas, se você quiser, posso providenciar todos os exames para
a semana que vem.
– Sabe, não quero parecer desconfiada, sei que você deve se cuidar, mas
sabemos que tipo de vida você leva... Então sim, eu gostaria de estar segura e
ver os resultados.
Eu me senti sujo naquele instante. Pena que era a verdade. Mesmo que
eu me cuidasse, eu estava sempre com mulheres diferentes, fazia sexo em
grupo. Não podia reclamar, ela tinha razão.
– Tudo bem, eu terei os exames. E não se preocupe por uma possível
gravidez, saí antes de gozar, não sabia se você estava com algum tipo de
controle e não quis arriscar. Sei que não é cem por cento seguro, mas diminui
bastante a chance de uma gravidez indesejada.

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– Não, não faço nenhum tipo de controle, não tenho uma vida sexual
ativa. Só estive com duas pessoas até hoje e, nas vezes em que tive relações,
foram com preservativo. Não vi necessidade de controle.
– Ângela, você gostaria que continuássemos nos encontrando?
– Não sei, Gabriel.
Como? Fiquei sem entender, pensei que ela tivesse gostado tanto
quanto eu.
– Como você não sabe, Ângela?
– Gabriel, eu gostei muito de estar com você. Vamos dizer que era um
sonho de adolescente estar contigo, uma paixonite boba de criança, mas
vamos falar a verdade: não pretendo ser uma das suas tantas mulheres, não
gosto desse estilo de vida, não faço parte desse mundo de sexo casual, de
uma noite sem nomes, sem lembranças. Prefiro sair agora a ser dispensada
quando deixar de ser novidade para você, o que sabemos que acontecerá, se
não esta semana, talvez na próxima. Não quero me iludir sonhando que algo
especial está acontecendo. É isso.
– Mas você é especial, Ângela! – Entrei em desespero, porque sabia que
o que ela estava dizendo sobre minha vida era verdade, mas não se aplicava a
ela, com ela tudo estava acontecendo de forma diferente. Mesmo que ela não
soubesse, tudo estava sendo novo.
– Uma de minhas obrigações no trabalho será dar respostas sobre a vida
de vocês quando aparecem fotos nos diversos sites. Se eu estiver com você
no sábado e ver que você esteve com outra no domingo, isso me machucará,
mesmo sabendo que no seu mundo isso é normal. Me desculpe, Gabriel,
prefiro conhecer alguém simples, alguém que goste de mim e se importe
comigo, e não que queira só sexo, mesmo que seja como o que tivemos há
pouco. Quando decidi me encontrar com você hoje, eu já sabia como seria,
então não se preocupe, eu vim preparada, já sabia que seria só hoje.
– O que faz você pensar que eu não gosto de você ou não me importo
contigo, e que seria só hoje?

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– Eu não sei, você sempre está com várias mulheres, nunca se apega a
ninguém. Não quero ser mais uma entre as tantas. E não se preocupe, o que
tivemos até aqui foi muito bom. Eu queria muito saber como seria uma vez
com você, mas eu não me iludo, sei que você é homem que não gosta de
repetir mulheres.
Tudo era novidade para mim. Era a primeira vez que conversava assim
com uma mulher, e era difícil tentar fazê-la entender a diferença entre ela e as
outras.
– E se eu te disser que não vou ter outras enquanto você estiver
comigo? Que só estarei com você? Você tentaria ter algo comigo, Ângela?
Porque eu quero tentar, quero ver até aonde iremos. Não sei o que estou
sentindo, neste momento não quero ficar com mais ninguém, só com você. E
se você quiser ficar comigo, podemos tentar. O que me diz, quer tentar?
– Tenho que pensar, Gabriel. Muitas garotas diriam que eu estou louca
dispensando você, mas eu me conheço, meu sonho é ter uma família como
tive na infância, não vou conseguir isso com você.
– Como eu disse, não sei o que estou sentindo, Ângela, mas não sou
mais um moleque, é claro que um dia eu pretendo ter uma família também,
não pretendo morrer sozinho. Me diga que vai tentar, não desista de mim
logo na primeira vez, diga que podemos tentar.
– Tudo bem. Mas, se não der certo para você, eu quero ser a primeira a
saber. Não quero mentiras, Gabriel, quero que seja leal comigo. Se quer
tentar, vamos tentar, só nós dois, sem outras mulheres. Se você sentir que não
vai dar para continuar, me avise antes, não quero saber por algum site sobre
outra mulher, me conte e terminamos, mas não me traia. Talvez seja algo
muito difícil para você, mas, se aceitar isso, eu acho que podemos tentar.
– Aceito. E vou logo dizendo que eu quero repetir a experiência do
banheiro, mas quero ir até o fim. Você tem que ver uma ginecologista para
ter um controle, certo?
– Certo, vou marcar uma consulta.
Inclinei-me, peguei a boca dela e a levei para cama comigo.
Ela estava entregue depois de vários orgasmos, assim como eu.
– Tenho que ir para casa, Gabriel.

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– Eu disse a você para trazer roupas, eu pedi nosso café para amanhã,
quero passar a noite contigo. Ainda não estou satisfeito, quero mais.
– Eu não trouxe roupas, só o básico e pessoal. Eu preciso voltar.
– Tudo bem, eu já vou te levar. – Continuei dando beijos nos ombros
dela e fazendo carinho nos seus cabelos. Ela acabou adormecendo.
– Gabriel! – Esse foi o gemido de Ângela depois de acordar comigo
enterrado dentro dela de novo.
Eu não conseguia parar, e cada vez parecia ser a melhor. O lençol
estava molhado, o quarto cheirava a sexo, o estoque de preservativos estava
acabando, tinha sido a melhor noite da minha vida, tinha valido a pena
esperar. Ela estava gemendo e me procurando também, minhas costas
estavam destruídas com as unhas dela, e eu podia ver marcas dos meus
dentes em todo o seu corpo, principalmente nos seios e no pescoço. Ainda
bem que tinha amanhecido, umas horas mais e estaríamos mortos. Deixei-me
cair em cima dela depois de gozar. O sol entrava no quarto, já era tarde e não
tínhamos força para nos mexer.
– Meu segundo dia e vou chegar tarde, não posso acreditar!
– Ângela estava surtando depois de ir para o banheiro comigo e repetir a dose
de sexo. Ainda bem que o café forte tinha dado energia a ela, porque
tínhamos abusado.
Puxei-a contra mim tentando acalmá-la.
– Não vai não. Você já tomou banho, já tomou café, eu te levo até tua
casa, é só o tempo de trocar de roupa e pronto.
Meu celular tocou e olhei sem vontade. David estava procurando por
mim, eu tinha combinado com eles às oito em minha casa, já havia passado
da hora. Decidi mudar de roupa rápido e ir direto ao escritório. Entrei no
closet e mudei meus jeans e camiseta por um terno e gravata. Saí ajeitando a
gravata, Ângela já estava me esperando.
– Espere um pouco – disse me lembrando de mais um esquecimento
meu. Fui até o quarto e peguei o celular que havia

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comprado para ela. – Olhe, comprei para você, é o mesmo modelo que você
tem. Comprei duas capas iguais também, assim ninguém desconfiará que
você tem dois iguais. É para quando deixar o outro. Eu instalei nele
rastreador também, você não ficará desprotegida quando tiver que deixar o
outro. Meus números já estão gravados, este é só para nós dois. Gostou?
– Muito! Obrigada. Deixe-me ajudar. – As mãos dela foram até minha
gravata. – Pronto, perfeita. Agora podemos ir. Você está lindo! – ela me disse
dando um beijo suave.
Eu, lindo? Ângela realmente não tinha noção da beleza dela. Não a
beijei porque se o fizesse não sairíamos mais, e ela devia estar dolorida
depois de tanto sexo.
– Vamos indo, Ângela, enquanto minhas ideias estão adormecidas.
Saímos e eu a levei para casa. Estacionei em frente ao elevador e fiquei
olhando enquanto ela desaparecia. Que noite!

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Capítulo 9

Ângela

Entrei em casa correndo, estava atrasada, muito atrasada. Não sabia


como iria me manter acordada durante o dia e achava que ainda estava
cheirando a Gabriel. Ele estava por todo meu corpo. Sentia as mãos, a boca e
os dentes dele em mim. Stella me interceptou.
– Não tenho tempo agora, peça um táxi para mim, por favor, e
conversamos quando eu voltar.
– Não precisa chamar táxi, Josh já está te esperando.
– Como me esperando? Ele sabe que não posso ir com ele. Fui falando
enquanto me vestia: calça social, camisa, blazer, coloquei um sapato de
salto alto para dar uma ajuda na estatura, ajeitei meu cabelo num
coque, passei um brilho, rímel, estava pronta. Despedi-me de Stella e
corri para o elevador. Tinha feito tudo em tempo recorde, tínhamos
meia hora para chegar.
– Oi, Josh. Por que você veio?
– Ordens do Sr. Rufinelli. Eu vou te deixar na esquina, e Robert vai te
seguir a distância.
– Tudo bem – aceitei sem tempo para discutir. – Como o trânsito está?
Será que vamos demorar muito?
– Não, nós vamos chegar com tempo de sobra.
Ele realmente tinha razão, quinze minutos depois já estava no meu
pequeno espaço. Comecei a arrumar minha mesa e Isabel entrou.
– Oi, Ângela. Vamos ter uma reunião no andar de baixo. Como vai ser
demorada, vamos almoçar por lá mesmo. Leve a pasta de Vegas que Rosa te
deixou. – Ela parou o que me dizia e pegou no meu queixo, me examinado. –
Ângela, você está brilhando. O seu rosto todo diz: “eu estou muito feliz”. O
que você andou fazendo ontem à noite? Teve uma boa noite?

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Como eu sou morena, não fico vermelha, fico cor de cobre, e naquele
momento estava acobreada da cabeça aos pés.
– Minha noite foi boa, obrigada – respondi querendo escapar.
– Não! Você não me engana. Sua noite não foi boa, sua noite foi
fantástica. Agora te digo uma coisa, baixe um pouco desse brilho, porque
senão vai ofuscar a todos, e todos vão querer saber o que está acontecendo
por aqui – ela disse me dando uma piscadela.
– Obrigada, Isabel, vou preparar os papéis para a reunião – disse sem
ter coragem de olhar para ela de novo, deveria estar mais cobre do que
nunca.
Quando ela saiu, fui até o banheiro dar uma olhada no meu rosto.
Realmente meus olhos estavam mais negros e brilhantes do que nunca,
pareciam espelhos. Abri a camisa e vi as marcas da boca de Gabriel, os
dentes dele perfeitamente marcados, como tatuagem. Eu o queria de novo, e
como queria.
Voltei para minha mesa evitando olhar para os lados, parecia que estava
escrito no meu rosto: “passei uma noite fantástica com Gabriel Leblanc”.
Liguei os monitores e comecei a separar os papéis para a reunião. Uma
foto de Math e Antônio, que apareciam jantando, como sempre
acompanhados de lindas mulheres. Como não havia nenhum comentário
importante, ficava assim mesmo. Vários e-mails de obras em andamento que
tinha que separar para a imprensa, principalmente as que eram obras
beneficentes. Estava quase terminando quando ouço uma mensagem
chegando. Olhei e, intrigada, vi que não havia nada. Então tocou meu outro
celular, que eu já não lembrava que tinha. Já sabia de quem se tratava.
Atendi.
– Estou com saudade. Como você está? Eu te deixei muito dolorida?
– Para dizer a verdade, estou sentindo você em lugares que eu não sabia
que existia, mas isso só me faz querer tudo de novo.
– Eu também, e quero estar contigo hoje de novo, ontem não foi
suficiente. Não me diga não – disse ele direto e de uma só vez.
– Hoje? – disse sem acreditar que ele queria estar comigo de novo.

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– Sim, hoje, preciso de você. Você não quer repetir a noite de ontem?
– Sim, gostaria muito, mas não sei se consigo, ontem foi intenso. E é
muito arriscado também.
– Não importa, sinto suas mãos sobre meu corpo, sua boca em mim...
Eu preciso de você, não estou conseguindo trabalhar. Tem um restaurante
onde os almoços são servidos em cabines, é bastante discreto, te passo o
endereço e nos encontramos lá.
– Não vai dar, a reunião vai demorar e não vamos sair para o almoço.
– Posso te pegar às sete? Podemos jantar em casa e eu levo você de
volta depois.
– Tudo bem, mas agora preciso ir, tenho que preparar tudo para a
reunião. Eu te vejo à noite.
– Até a noite, vou tratar de não morrer até lá – ele disse com a voz
rouca.
Desliguei e fiquei um bom tempo olhando meu celular, não conseguia
acreditar que ele quisesse estar comigo de novo e ainda dissesse que não
parava de pensar em mim. Seria possível?
Tentei fazer meu trabalho, mas era quase impossível, minha felicidade
era tanta que me fazia ficar sorrindo como boba. Ainda estava rindo igual
tonta quando meu celular vibrou com uma nova mensagem. Li e quase deixo
o aparelho cair.
Preciso estar dentro de você agora, Ângela.
Gabriel! Isso não se faz, estou trabalhando e não consigo me
concentrar assim.
Esqueça o trabalho por um momento, Ângela, eu estou duro como
pedra precisando de você.
Fiquei molhada, parecia que meu coração tinha mudado de lugar e batia
no meu clitóris, que estava doendo. O celular tocou.
– Me diga que você não está molhada esperando por mim? Que não
está imaginando eu me deslizando dentro de você como ontem à noite? Sei
que você quer tanto quanto eu, que você está molhada assim como eu estou
duro, que você quer me chupar com sua boceta.

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Cobri o bocal do celular e disse baixinho: – Neste momento eu daria


tudo para ter você aqui, se empurrando dentro mim e me mordendo
como fez ontem, mas vão me despedir se eu continuar assim.
– Merda, Ângela, hoje à noite vou te morder e me empurrar com tudo
em você, vou te fazer desmaiar quando gozar. Não sei se vou conseguir me
aguentar até à noite. Vou ligar para Martin e pedir que você me traga alguns
documentos. Venha aqui, Ângela, me acalme, não estou suportando.
– Você só pode ter ficado louco, eu não vou subir até sua sala para isso.
– Eu sei que estou errado, mas a culpa é sua se estou assim, agindo sem
pensar. Tudo bem, pego você às sete.
Desliguei e voltei novamente ao banheiro, a reunião estava por começar
e eu não podia me apresentar naquele estado. Lavei meu rosto com água fria,
retoquei o batom. Quando me senti mais calma e dona de mim novamente,
saí, passei pela minha mesa, peguei minha pasta e fui para a reunião. Ainda
sentia meu clitóris inchado, latejando, mas não podia fazer nada senão
ignorá-lo. Se Gabriel continuasse assim, eu teria que andar com calcinhas na
bolsa, porque ter a calcinha molhada e gelada é um horror.
Na reunião tomei nota de tudo, era a única forma de manter minha
mente ocupada e eu sabia que, se não anotasse tudo, não me lembraria de
nada do que foi dito. Ficou decidido que eu e mais três estagiários
viajaríamos com o grupo, além de Isabel, Martin e, claro, os meninos
GAMA.
Já passava das três quando a reunião terminou e, graças a Deus, eu
estava mais calma. De volta à minha mesa, tratei de ler tudo que havia
anotado e dei uma olhada nos monitores para ver se tinha algum fogo para
apagar. Estava tudo tranquilo. Voltei minha atenção para a lista de
convidados. Não sei quanto tempo fiquei concentrada até alguém bater no
meu ombro.
– Pensa em dormir hoje aqui? Já passou das cinco e meia. Olhei ao meu
redor, a maioria já havia se retirado. Saí do escritório e Robert me
indicou que continuasse caminhando. Josh já estava me esperando.
Subi no carro.
– Para casa, senhorita?

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– Sim, por favor, Josh.


Entrei apressada em casa. Entre tomar banho e me arrumar tinha pouco
tempo, mas mesmo assim enchi a banheira e joguei sais de baunilha, queria
ficar perfumada para ele. Entrei e deixei os sais e azeites fazerem efeito sobre
a minha pele. Quando saí, coloquei mais cremes e escolhi um vestido coral
até os joelhos, já imaginando as mãos enormes de Gabriel sobre minha coxa.
Estava colocando um brilho quando Stella entrou em casa.
– Onde você pensa que vai? Tínhamos combinado de conversar,
lembra?
– Sim, lembro que prometi te contar, mas vou fazer um resumo rápido,
porque ele está chegando. Olha, estou me encontrando com alguém, estamos
nos conhecendo ainda, mas você sabe como é Math, me vigia o tempo todo.
Até meu celular tem rastreador, e ele e todos ficam sabendo tudo o que faço,
não quero que se seja de domínio público com quem eu durmo, você
entende?
Ela sorriu sinalizando que entendia.
– Mas ele é uma pessoa legal? Você não está fazendo nenhuma loucura,
não é?
– Não, Stella, eu não estou fazendo nenhuma loucura, só quero fazer
coisas normais, que qualquer garota na minha idade faria, sem ter todo
mundo pegando no meu pé o tempo inteiro. Eu quero estar com ele, nós dois
queremos estar juntos. Você pode me ajudar? Vou deixar aqui o celular com
o rastreador. Se Math ligar, você atende e diz que estou dormindo com dor de
cabeça ou algo assim, certo?
– Mas será que é seguro você deixar o celular? Você o conhece bem?
– Totalmente seguro, quanto a isso fique tranquila.
– Está bem, se tudo que você quer é ser feliz, se ele ligar eu dou uma
desculpa qualquer. Você volta hoje?
– Sim, meia-noite mais ou menos, mas se eu não voltar não fique
preocupada, vou estar bem. Ele já chegou, tenho que ir – disse a ela enquanto
lia a mensagem de Gabriel, que dizia já estar na garagem.
Desci e ele me esperava com a porta aberta.

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– Oi – ele disse, mas não pude responder com a língua dele dentro da
minha boca.
Fiquei molhada na hora, e a mão dele, como eu imaginei, subiu pelas
minhas coxas, tirando a calcinha de lado. O longo dedo dele entrou em mim
me fazendo gemer.
– Merda, Ângela! Eu sonhei com isso o dia todo, nem consigo caminhar
de tão duro que estou. E como você está molhada!
– Sim! – disse me abrindo, para dar mais acesso à mão dele. Levei
minha mão e tentei abrir seu cinto, ele me ajudou com a mão livre.
Agachei-me e o peguei com minha boca, ele estava realmente duro,
mas era como se fosse aço envolto em seda. O gosto me deixou louca.
Passei a língua na gotícula na ponta, ele começou a gemer e a se
empurrar em minha boca, senti suas mãos pegando meus ombros e me
puxando para cima.
– Meu Deus, o que estamos fazendo? – ele disse com um gemido rouco.
Olhei ao meu redor. Estávamos parados com o carro funcionando em
frente à porta do elevador. E se alguém saísse? Ou se saiu? Tudo bem que o
vidro era escuro, mas realmente era loucura. Ele acelerou e saiu. Ajeitei-me
no banco e puxei o cinto, a mão dele procurou a minha e apertou com
suavidade. Olhei e vi que estava sério.
– Me desculpe, Gabriel, não deveria ter feito o que fiz – disse e ele
continuou sério e quieto. Fiquei preocupada que ele estivesse chateado
comigo. Ao chegar a um sinal, ele parou e me olhou.
– Ângela, não me peça desculpas pelo que você faz comigo, eu não
consigo estar longe de você e, quando estamos perto, sempre acontece algo
assim, nós dois perdemos a cabeça.
O sinal abriu e ele colocou o carro em marcha novamente.
– Não foi culpa sua, nem minha, mas a qualquer momento vamos ter
problema se continuarmos agindo assim, disso eu tenho certeza.
Olhou-me rindo e relaxei, pensei que ele estivesse zangado comigo.
Entramos no apartamento e ele foi dizendo: – Hoje jantaremos. Pedi o mesmo
de ontem, que não chegamos a comer, e eu não vou colocar um dedo em você
até terminar

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o jantar. – Ele me entregou uma taça de vinho. – Comida japonesa, sei que
você gosta e vou aprender a gostar com você.
Tomei um pouco do vinho gelado, uma delícia!
– Não sabia seu gosto, então pedi um pouco de tudo.
Ele continuou falando enquanto ia tirando os pratos da geladeira e
depois do forno: tempurás, sushis, sashimis, tudo lindo e colorido. Deu fome,
me fazendo lembrar que só estava com o sanduíche do almoço. Ajudei-o a
levar tudo a uma mesa baixa na sala, preparei as almofadas e nos sentamos
para comer.
– Vou viajar para a inauguração de Vegas, vamos ajudar Isabel na
organização e depois na recepção.
– Viajaremos juntos então!
– Não, pelo que fomos informados, nós viajaremos no jato da empresa,
e vocês irão no de Math. Além disso, eu estou indo como funcionária da
empresa, e não como irmã de um dos sócios, nós iremos na quarta e vocês, na
sexta.
– Por que você não conta quem você é e pronto? Assim resolveríamos
um monte de problemas.
– Porque me tratariam de maneira diferente, já conversamos sobre isso.
É muito importante para mim, entenda.
– Não é que eu não entenda seu ponto, mas se não fosse por isso
teríamos mais tempo juntos e poderíamos viajar juntos, por exemplo.
– Sim, mas ainda existiria Math, e eu me sentaria ao lado dele e não do
seu.
Ele fez bico, fazendo-me rir.
– Eu também tenho uma inauguração este fim de semana, é aqui
mesmo, daria tudo para levar você comigo.
Olhei para ele. Eu daria tudo para ir com ele também, entrar com ele em
uma festa. Eu já o tinha visto de smoking em fotos, mas ao vivo devia ser
incrível. Com quem será que ele iria? Ele sempre ia acompanhado a essas
festas. Fico triste.
– E antes que você pense besteira, se não posso te levar comigo eu irei
sozinho. Agora vamos jantar antes que aconteça o mesmo de ontem. Me
ajuda? Temos um saquê, que veio junto, podemos continuar com o vinho ou
provar o saquê.
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– Sério? Não vai levar ninguém com você?


– Já esqueceu o que te falei ontem? Eu não vou ficar com ninguém
enquanto você estiver comigo, mesmo que ninguém saiba que estamos
juntos. Temos uma relação, você é minha e eu sou seu, ninguém mais entra
no nosso mundo. Acredite em mim, Ângela, confie em mim quando digo que
estou cem por cento contigo.
– Certo, acredito e confio. Bem, voltando ao saquê, eu não tenho muita
resistência alcoólica, por isso Math sempre se preocupa comigo. Aquela noite
no clube, quando nos agarramos no escuro, eu já tinha bebido uns cinco shots
de tequila. Acho que, se estivesse sóbria, eu teria te dado uma bofetada.
– E isso não estaria acontecendo... Obrigado, tequila! Vamos continuar
com o vinho então. Você gostou?
– Adoro tudo que tem aqui! Como soube o que pedir?
– Agradeça a Cíntia. Eu sabia que você gostava, mas não sabia o que
pedir, foi ela que fez o pedido.
– Agradeça a ela por mim, está lindo. – Não resisti e peguei o rosto dele
com minhas mãos em conchas para beijá-lo.
– Para ganhar um beijo desses faço isso todos os dias – disse querendo
prolongar o beijo.
– Acho que não vamos precisar dos pratinhos, podemos comer juntos.
Eu vou escolhendo e dando para você experimentar. Se você gostar, eu te dou
mais; se não gostar, não dou, tudo bem? Vamos começar pelo tempurá de
camarão, tenho certeza de que você vai gostar.
Peguei com os hashis um camarão crocante e macio, uma delícia, e dei
a metade na boca dele. Ele mastigou e engoliu, fazendo subir e descer o
pomo de adão do pescoço. Passei a língua nos meus lábios, imaginando
aquele pomo na minha boca. Levantei a vista e percebi que ele me olhava
igual.
– Vamos continuar, Ângela – ouvi-o dizendo com a voz rouca. Peguei
um sushi de salmão, comi e dei outro a ele. Fiz o mes mo com o
sashimi, sempre olhando para ver a reação que ele colocava em cada
bocado, mas ele parecia gostar. Seguimos até não restar mais nada.
– e então, gostou?

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– Realmente muito bom, adorei. Espere um pouco, comprei algo


especialmente para você, que eu mesmo escolhi.
Ele se levantou, foi em direção à cozinha e voltou trazendo uma torta de
morango com chantili, pratos e talheres. Como uma criança feliz por ter feito
algo bom, colocou a torta na minha frente, sorrindo. Emocionou-me,
conhecer esse outro lado dele estava me desestabilizando.
– Torta de morango, minha preferida. Como adivinhou? – disse sem
dissimular a emoção que sentia pelo simples fato de ele fazer coisas para me
agradar. Tudo ali fora preparado pensando em mim, ele não tinha pensado
um segundo nele, tudo era só para mim.
– Foi fácil, sempre soube que você adora morangos. Vamos comer na
varanda – ele disse sorrindo e abrindo as cortinas e a porta da varanda.
Saímos para o ar da noite. A varanda era ampla e tinha um jogo de sofá
e mesinha, muito aconchegante. O cheiro do mar estava presente. Ele sentou
no sofá e me puxou para sentar no colo dele. Sentei com os joelhos de ambos
os lados da coxa dele, senti a firmeza dos músculos.
– Isso não vai funcionar – disse ele me puxando até meu sexo ficar
colado no dele, só separados pela minha calcinha e o jeans dele.
Olhei em volta, estava meio escuro, estávamos iluminados pela luz
fraca que vinha da sala, e os outros apartamentos estavam longe. Peguei o
pratinho com a torta e lambuzei um morango no chantili, comi a metade e dei
a ele a outra metade. Ele comeu e, com um gemido, puxou-me pelos quadris,
esfregando-se em mim. Tentei continuar, coloquei um pouco do bolo na
colher, comi e dei a ele outro pedaço. Ele comeu, mas as mãos estavam
puxando meu vestido, expondo meus mamilos duros em frente ao rosto dele.
Pegou outro morango, molhou no chantili e passou nos meus seios.
– Assim está melhor – ele disse chupando a ponta e fazendo a mesma
travessura com o outro.
Eu estava toda lambuzada, gemendo e me esfregando contra ele.

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– Vou te limpar agora – disse e começou a me lamber devagar. Meu


mamilo duro por fim entrou na boca quente de Gabriel, contrastando
com o frio do chantili, deixando-me arrepiada. Senti a língua e logo os
dentes, ele me mordeu com força e depois me acalmou, chupando e
lambendo com carinho. Não me contive e me esfreguei com mais força
contra ele. Ele separou minha calcinha de lado e colocou um dedo
dentro de mim. Aperteime a ele pedindo mais. Um segundo se juntou
ao primeiro e a velocidade aumentou. Arqueei meu corpo e apertei com
força meu sexo contra ele, suas mãos me puxaram, fazendo-me
massagear a ereção. Estava gemendo, me segurando, mas quando ele
me mordeu de novo não consegui me segurar e gozei.
Gabriel tirou meu vestido, deixando-me só de calcinha. Desafivelou o
cinto, mas depois mudou de ideia, me pegou no colo e me levou para a cama.
O barulho do zíper sendo aberto, as roupas sendo tiradas, me fizeram gemer
de expectativa. Ainda estava de calcinha. Senti os dedos dele deslizando por
minhas coxas até chegar ao meu clitóris, que ele acariciava devagar sobre a
calcinha. Estava tão molhada que chegava a estar encharcada. Tentei pegar a
mão dele para apressá-lo.
– Não! – Recebi um tapa suave, apertei minhas pernas com força,
prendendo a mão dele, procurando alívio.
– Gabriel, por favor, não me faça esperar mais.
– Fique quieta, ainda é cedo, quero desfrutar do seu corpo, ontem não
tive tempo. Agora abra as pernas e solte minha mão.
Abri minhas pernas devagar e a mão dele desapareceu dentro da minha
calcinha, tocando meu pontinho, me deixando louca.
– Sinta como está durinho, Ângela. Aposto que está latejando,
esperando que eu o acalme. Sinta como está quente, molhado, escorregadio.
Quer que eu te masturbe, querida? Quer a minha mão em você te
masturbando com força? Responda, Ângela.
– Ssim... Ahh...
– Quer mais? – ele me perguntou apertando meu clitóris, brincando
comigo.
Não consegui responder, já estava além do meu limite. Parecia que ele
tinha percebido, pois parou e começou a tirar minha calcinha. Pela demora,
sabia que estava me olhando. Eu não
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tinha um pelinho sequer, graças à depilação à base de mel que faço sempre.
– Não me faça esperar mais, Gabriel, entre em mim – gemi
descontrolada, sem me reconhecer. Havia perdido toda a vergonha, nunca
havia me imaginado implorando por sexo a um homem, menos ainda a
Gabriel.
Estava a ponto de gozar de novo quando escutei o barulho do
preservativo sendo rasgado e os lábios de minha boceta sendo abertos. Ele
ficou de joelhos, colocando um travesseiro sob minha bunda. Parou e se
enterrou em mim até o fim. Mordi meu lábio, segurando meu orgasmo, era
isso que eu queria. Gabriel começou suas investidas em mim com força,
quase violento. Deitou-se sobre mim, fazendo meu corpo pequeno
desaparecer embaixo do corpo enorme dele, sua boca começou a sugar meu
seio. Nossos gemidos eram cada vez mais altos, as entradas e saídas dele
massageando meu canal. Eu não sabia que era tudo aquilo, eu queria mais,
mais rápido, mais grosso, mais duro, longo. Escutei Gabriel gritando para eu
gozar, o calor tomando conta de mim e de todo meu corpo, antes de se
concentrar e explodir no meu sexo. Tentei respirar, senti as contrações do
meu canal massageando o pau de Gabriel e ele amaldiçoava, enlouquecido.
Sabia que ele também fora além do limite.
Acordei sozinha na cama e fiquei desorientada, mas ouvi barulho na
cozinha e aproveitei para ir ao banheiro. Quando voltei, tinha uma jarra de
suco, outra de água e um copo com gelo.
– Esse corpo lindo me pertence, é meu, não pense em escondê-lo de
mim. Ainda não o conheço muito bem, mas pretendo continuar conhecendo.
Agora mesmo, por exemplo.
Ele puxou minha toalha, deixando-me nua, igual a ele, que já estava nu.
Nem em meus sonhos mais loucos eu tive a visão de Gabriel nu, e agora,
olhando para ele, fiquei extasiada. Ele não tinha só o rosto lindo, o corpo era
perfeito, puro músculo. Dei minhas costas a ele e caminhei em direção às
jarras. Servi-me enquanto ele colava seu corpo no meu e beijava a curva do
meu pescoço.
– Vem aqui – disse me pegando pela mão.
Ele abriu as cortinas e a porta, saímos para a varanda de novo. Ele
olhou ao redor, mas estava tudo silencioso e escuro, só

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com a pouca claridade da noite. Chegamos até a proteção de vidro da


varanda, com ele ainda colado atrás de mim. Deixei meu copo em uma
mesinha, girei e peguei os mamilos de Gabriel na minha boca, fazendo-o
gemer. Passei a língua devagar, chupei, lambi e dei mordidinhas, como ele
fazia comigo, depois fui descendo cada vez mais, sentindo os gomos firmes
do abdômen dele. Cheguei até o quadril fino, um V com poucos pelos
dourados tentava esconder o umbigo, onde coloquei minha língua e brinquei
dentro dele. Os gemidos estavam cada vês mais altos, minha mão encontrava
as bolas dele, que estavam pesadas, macias. Passe o polegar, massageando a
ponta de seda arroxeada como uma uva. Coloco a ponta na minha língua, o
sabor era delicioso, e já conhecia bem. Chupei querendo mais. Levei-o até
minha garganta, saí e passei a língua da base até a ponta. Repeti novamente
enquanto minha mão o massageava, as bolas e a base dele. Coloquei-o em
minha boca de novo, sentindo toda a delícia que era Gabriel. Os quadris dele
começaram a se movimentar com vontade, entrando e saindo da minha
garganta. Pela forma como gemia, sabia que estava fora de controle.
– Ângela, se prepare que vou gozar na sua boca agora! – Foi o aviso que
ele me deu segundos antes de explodir em minha boca. Eu queria isso.
Chupei e suguei com vontade. Ele gritou, tremendo, urrando e xingando
todas as baixarias possíveis, enquanto derramava em minha garganta aquele
sabor que se fez vício em mim.
Gabriel prendeu minha cabeça entre ele e o vidro da varanda, se
enterrando todo em mim. Ele era muito longo e grosso, me acalmo e respiro
pelo nariz para acomodá-lo totalmente em minha boca e garganta. Minhas
mãos sentiam as contrações de suas bolas, que continuavam se despejando
em mim.
Ele me pegou, me deitou no sofá e abriu minhas pernas. Passou o dedo
em mim e soltou um assovio. Enterrou a cabeça entre minhas pernas, me
penetrando com a língua. Parecia que tinha ficado possuída, pois me levantei
empurrando-o com força. Ele caiu de costas e, sem dar tempo para que
reagisse, montei nele, enterrando-o em mim, aproveitando que ainda não
estava totalmente flácido. Ele voltou à vida com rapidez.
– Ahhh... – minha garganta gemeu aliviada.

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– Por Deus, o que está fazendo? Ângela, eu estou sem preservativo.


– Não consigo parar, Gabriel, não consigo. Preciso de você, me faça
gozar – gemi enquanto montava e rebolava em cima dele, enlouquecida.
– Eu te deixei assim? Querendo gozar, querida? Então goze, monte meu
pau até o fim, só para você. Goze e chupe meu pau com sua boceta, sugue ele
com ela, como só você sabe fazer. Quero sentir você me sugando de novo
agora... Goze, querida, goze.
Aumentei o ritmo, cavalgando com força, mas não conseguia.
– Me ajude, Gabriel, não consigo.
– Deixe comigo. – Ele me girou deitando-me de costas, levantou uma
de minhas pernas sobre o ombro dele e começou a se enterrar em mim com
força, me segurando pela coxa. O calor da fricção aumentou e se concentrou
em meu sexo. Meu coração mudou de lugar e batia no meu clitóris, fazendo-
me gritar de tanto prazer. Continuei gritando e me agarrando a Gabriel, sentia
minha boceta apertando o pau dele com tanta força que chegava a doer, mas o
grito que cortou a noite foi dele, saindo de mim e se masturbando com força,
me dando um banho de esperma quente. Luzes se acendendo me trouxeram
rápido à realidade.
– Temos que sair daqui – disse ele me pegando no colo e nos
lambuzando.
Entrou no banheiro e me sentou em uma cadeira, ligou as torneiras da
banheira e saiu rápido, fechando a porta, a cortina, apagando as luzes do
quarto e voltando ao banheiro. Jogou sais e gel na água, entrou no banheiro e
ligou a ducha, mas não entrou embaixo dela, ao contrário, colocou o
antebraço sobre o azulejo e apoiou nele a cabeça, tentando se acalmar e
controlar a respiração.
– Sinto muito, Gabriel – disse depois de um tempo, mas ele não
respondeu. Vi que fechou o punho e permaneceu calado.
Pensei que talvez estivesse pensando que havia feito de propósito para
engravidar de um milionário. Tentei novamente.
– Gabriel, eu realmente sinto muito, não sei o que deu em mim, não
quero que fique zangado.
– Me dê só um segundo, Ângela, só um segundo.
Depois de um tempo ele girou a cabeça e me encarou.

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– Ouça, Ângela, eu sou um homem maduro, já estive com mais


mulheres de que posso me orgulhar ou me lembrar, já pratiquei todo tipo de
sexo. Tirando as práticas bizarras, creio que já experimentei de tudo. E você é
apenas uma menina querendo aprender sobre os segredos do sexo. Eu tinha
certeza que te ensinaria tudo, mas o que está acontecendo é que eu não sei de
nada, Ângela, você está me ensinado.
– Como eu posso te ensinar, se você acaba de me dizer que eu sou
inexperiente. E eu sei que é verdade.
– Olhe para você, Ângela. – Ele chegou perto de mim e apontou as
mordidas dele nos meus seios, as do dia anterior estavam um pouco azuladas,
e as daquele dia, vermelhas, mas eu já tinha visto as costas dele, e elas não
estavam em bom estado, também estavam destruídas com meus aranhões. –
Eu não posso acreditar que eu fiz isso, seu corpo está cheio de marcas. Eu
nunca gostei de sexo violento. Se alguém me dissesse que eu faria o que
acabei de fazer ali na varanda, eu diria que estava louco. Você está toda
mordida e azulada, e eu não estou em melhores condições. E eu cada vez
quero mais, gosto mais, e isso é novo para mim. Sexo se tornou novidade
para mim. E você, está gostando?
– Sim, gosto de como estamos juntos, gosto do jeito como você me
toca, me morde, até mesmo o tapa de ontem me deixou louca.
Ele chegou perto de onde eu estava sentada.
– Eu quero continuar assim, Ângela. Você tem ideia de como me deixa?
Eu perco completamente a racionalidade, quero você assim também, quero
aprender com você, saber do que eu realmente gosto ou não, saber do que
você gosta, estou louco e estou adorando.
Gabriel dizendo que queria aprender sobre sexo comigo, achava que
estava sonhando.
– Vamos nos limpar um pouco e entrar na água antes que esfrie.
Depois de uma ducha rápida, entramos na banheira. Ele se sentou,
ajeitando-me no colo dele e ligando a hidro. Levei minha boca até os lábios
firmes e suaves dele; ele jogou gel nas mãos e

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logo passou pelo meu corpo com massagens suaves. Peguei um de sândalo e
fiz o mesmo com ele.
– Você conseguiu marcar a consulta com a ginecologista?
– Sim, marquei para amanhã depois do trabalho. Agora há pouco eu
pensei que você estivesse zangado comigo porque você estava sem
preservativo, por isso pedi desculpas.
– Você tem noção de que estava me pedindo desculpas por me fazer ter
um dos melhores orgasmos da minha vida? E que todos os vizinhos estão
morrendo de inveja de nós dois agora? Eu não quero você controlada quando
estiver comigo, quero você como hoje, sem controle, me implorando,
gemendo e depois gozando com meu nome na sua boca. Adorei te ver assim,
e saber que sou o responsável por isso já me deixa duro, então nada de se
segurar comigo. Deixa que do controle cuido eu – ele foi dizendo tudo isso
enquanto repartia beijos e carinhos pelo meu corpo.
A água já estava fria quando saímos. Ele pegou uma toalha e me secou,
devagar, pensativo.
– Em que você está pensando?
– Quando te conheci, você era apenas uma criança triste com a morte
dos pais. Depois, quando fui te pegar no aeroporto, gostei de você, mas você
continuava sendo uma criança, a irmãzinha de Math, e eu me senti muito mal
com o que eu estava sentindo. Toda vez que eu te via, tentava não pensar,
mesmo com você já sendo adulta. Eu sei que já não é mais errado, mas, se
Math ficar sabendo, não vai gostar, ele considera você uma menina ainda, e
eu também, você é uma criança inocente. Ele é meu amigo, além de sócio, e
pela primeira vez não sei como resolver sem alguém se machucar.
– Sim, eu sei que ele não vai gostar, mas vou tratar de dar um jeito.
– Sim, vamos dar um jeito. Mudando de assunto, o que você vai fazer
no feriado?
– Math estava dizendo que vai convidar alguns amigos e vamos ver os
fogos no veleiro. Ainda não está bem decidido, tenho que perguntar a ele de
novo.
– E você não vai me convidar?
– Gostaria, mas não sei como dizer sem que ele desconfie.

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– Deixe que eu farei ele me convidar.


– Mas você sempre passa o feriado na casa da sua irmã.
– Esse eu quero passar com você, se você quiser.
– Mas você sabe que não vamos poder ficar juntos.
– Vamos dar um jeito, você vai ver. Ele volta amanhã, vou conversar
com ele sobre o feriado. Vai ser muito mais difícil a gente se encontrar, mas
eu não quero deixar de te ver.
– Eu também não, mas hoje já é tarde, tenho que voltar. Amanhã
trabalho e já é quase uma – disse procurando minhas roupas. Eu estava
enrolada em uma toalha e Gabriel estava com uma toalha presa nos quadris.
– Fique e passe a noite comigo de novo. Quero acordar com você, fazer
sexo de manhã, tomar café com você, voltar a te possuir sob a ducha, quero
tudo... Fique.
– Eu não posso, hoje já foi muito arriscado. Eu adoraria dormir nos seus
braços, mas tenho que ir.
– Tudo bem, eu vou pôr uma roupa e te levo. De má vontade, mas te
levo. Vou comprar algumas coisas para você, assim quando decidir passar a
noite aqui não vai precisar se preocupar com nada para trabalhar no outro dia.
Ele se virou e tirou a toalha, dando-me uma vista espetacular do seu
traseiro durinho, firme. Queria chegar perto e pôr minhas mãos, boca, língua,
tudo.
Ele me falou sem se virar:
– Gostou da parte de trás, querida? A frente é ainda melhor, e será
todinha sua se decidir ficar – ele continuou caminhando e eu não consegui
desviar meu olhar.
– Ei, isso não é justo, tenho que ir! – Fui até ele e apertei seu bumbum.
Ele me beijou.
– Fique, Ângela. Fique comigo.
– Não posso, Gabriel, você sabe que não. Você sabe onde está minha
roupa?
– Tudo bem, entendo! Acho que seu vestido ficou lá fora, vou me vestir
e já pego.
Ele colocou uma bóxer branca que se ajustava nos músculos fortes das
pernas, pegou um jeans e vestiu, subindo o zíper sem

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abotoar o último botão, deixando o V perfeito do abdômen desaparecer lá


dentro. Eu estava encostada no batente da porta sem conseguir me mexer,
assistindo ao espetáculo.
– Não me olhe assim, porque tiro tudo de novo e não te levo para casa.
Estou fazendo um esforço, trate de ajudar.
Estava vendo Gabriel se vestir na minha frente. Se contasse, ninguém
acreditaria. Ele saiu do closet caminhando como um tigre, sabia o que estava
fazendo. Passou por mim dando um beijo rápido, foi para a varanda e voltou
com meu vestido. Encontrei minha calcinha na cama.
Peguei as roupas e fui ao banheiro. Vestime, mas não coloquei a
calcinha, não tinha como. Dobrei-a e coloquei na minha bolsa. Ajeitei meu
cabelo, que ainda estava úmido.
Saímos do apartamento quando já passava de uma e meia. Ele dirigia
quieto, pensativo, ficava com minha mão presa na dele, de vez em quando
levava até seus lábios e beijava os nós dos meus dedos, ou os levava até seu
rosto, se acariciando. Vi como ele estava querendo o carinho, então me desfiz
das mãos dele e levei a minha, fazendo carinho no rosto e na nuca. Ele
empurrou a cabeça para trás, procurando por mais. Brinquei com seus
cabelos, fazendo-o gemer baixinho, continuei enrolando meus dedos nos
cachos dos cabelos dele, adorando ter meus dedos ali. Paramos em um
semáforo, ele se inclinou e pegou meus lábios com o dele.
Chegamos e ele estacionou em frente ao elevador. Juntei minhas duas
mãos atrás da cabeça dele e continuei fazendo carinho e brincando com os
cabelos encaracolados dele enquanto nos beijávamos com carinho.
– Suas mãos foram feitas para isso, elas ficam perfeitas brincando aí.
Sempre me faça esse carinho, esse lugar é seu e de ninguém mais.
Ficamos nos beijando. Eu sem querer descer, ele me segurando sem
querer me deixar ir. Fiz um esforço e com um último beijo me afastei,
soltando os cabelos dele. Ele segurou minhas mãos. Por fim abri a porta e
desci.
Entrei no elevador e fiquei olhando para ele até as portas se fecharem.

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Capítulo 10

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Gabriel

Tinha sexo, só sexo casual, depois ia para minha casa dormir nu e elas
iam para a casa delas, que eu nunca havia me interessado em saber onde
ficava. Mas agora não conseguia imaginar Ângela pegando um táxi sozinha
no meio da noite.
Sexo grupal era normal para mim. Se Math ou Antônio entrasse durante
o sexo, eu não tinha problema para compartilhar, Loreta já tinha estado
comigo e com Antônio. Agora gelo pensando em outro homem colocando as
mãos em Ângela, quis matar Antônio quando o vi abraçando-a. E havia
Marcelo, saber que ele esteve dentro dela me fazia passar mal. Passar a noite
com alguma garota nunca me passou pela cabeça, e aconteceu naturalmente,
quando percebi estava acordando ao lado dela e adorando, se é que posso
chamar nossa intensa noite de sexo de dormir. A curva do pescoço de Ângela
era o travesseiro perfeito para mim; e o cheiro dela, o meu calmante. Dormi
como criança com ela nos meus braços.
Com todos esses pensamentos, cheguei em casa e fui direto para a
cama. O cheiro dela ainda estava no meu corpo, me excitava e me acalmava,
era uma loucura. Abracei o travesseiro e, pensando nela, dormi rápido.
Às seis da manhã eu já estava na minha corrida matinal, fazendo o
circuito do rio. Correr perto do rio renovava as energias. Fiz minha corrida,
depois minha natação, e nada de cansaço, estava energizado. Na volta, uma
ducha rápida e estava de saída. Deixei as chaves da Mercedes alugada na
recepção e liguei para a locadora passar e retirar. Passei no laboratório, retirei
material para o exame e, pouco depois das oito horas, estava no escritório,
com meu trabalho já adiantado.
Cíntia chegou, pedi a ela um lanche e, com os monitores ligados, vi
Ângela chegando. Logo depois Math entrou também.

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Pode ser que vieram juntos e se separaram na entrada. Cíntia entrou trazendo
o meu lanche e o deixou na mesa no canto. Toquei o monitor com os dedos,
tentando senti-la. Meu interfone tocou e Jennifer me avisou que Antônio me
esperava às dez para uma reunião.
– Tudo bem, eu estarei lá.
Ainda não sabia como ia olhar na cara de Math. Naquele momento, era
como se o tivesse traído, mas foi mais forte que eu, sentime sentado em um
carro sem freio, sem direção, e não pude fazer nada para evitar. Se antes eu
pensava em Ângela de vez em quando, agora não conseguia tirá-la da minha
cabeça, do meu corpo e principalmente da minha boca, sentia o gosto dela o
tempo todo.
Chamei Cíntia e me concentrei no trabalho, até que ela me avisou da
reunião. Dirigi-me ao escritório de Antônio. August já estava lá quando
entrei e Math entrou logo atrás de mim, dando-me uma palmada nas costas
como cumprimento. Fico tenso.
– O que está acontecendo, Gabriel. Você parece nervoso, algum
problema?
– Não, nenhum problema, só os normais.
– Tem certeza? – A pergunta veio de August.
Não tinha certeza, mas ele parecia saber o que estava acontecendo.
Talvez porque ele fosse o único que sabia do beijo. Tratei de relaxar, mas
quando encontrei o olhar de August senti que ele sabia.
– Para mim um problema grave seria um preservativo estourado, o resto
seria probleminha – disse Antônio rindo.
– Esse seria um problema grave – disse Math e os dois riram. Olhei
para August e ele estava sério olhando para mim. Dis farcei e olhei
para os monitores. Encontrei Ângela conversando com outra garota e,
sem perceber, peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem, mas
desisti e tratei de prestar atenção na reunião. Estavam falando sobre
algumas obras, atrasos, eu tinha que revisar alguns contratos para ver
se ia gerar multa.
Enquanto a reunião continuou, continuei desviando meu olhar para os
monitores. Então a vi saindo com outras garotas, rindo no elevador e
desaparecendo na saída. Queria ir atrás dela, levantei-me sem saber direito o
que fazer.
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– O que está acontecendo com você? – Math perguntou. – Está tenso,


distraído e agora parece um animal enjaulado.
– Vocês não pretendem almoçar hoje? Estou morrendo de fome. – A
verdade é que eu não tinha a mínima vontade de comer, mas precisava sair.
– Sim, vamos comer. Podemos continuar a reunião durante o almoço,
também estou com fome. – Antônio pegou o interfone e pediu a Jennifer para
reservar um lugar onde se comessem boas bistecas.
– Isso mesmo, nada de comida francesa, só como assim quando estou
com Ângela.
Merda! Math não estava ajudando.
Saímos da sala de Antônio. Na recepção Jennifer nos deu o endereço,
era um restaurante de comida argentina.
– Conheço esse lugar, se come muito bem lá. Churrasco é a
especialidade deles, vocês vão gostar. Fica aqui perto, podemos ir
caminhado. Aproveitamos e fazemos um pouco de exercício.
Saímos na rua e o sol nos deu com tudo, Julho é quente em Boston.
Comecei a caminhar, olhei ao meu redor e vi nossos quatro seguranças
caminhando como se estivessem alheios a nós, mas sabia que a atenção deles
estava cem por cento conosco. Coloquei meus óculos enquanto Antônio e
Math caminhavam na frente. August diminui os passos e caminhou ao meu
lado.
– Você vai confiar em mim e me contar o que está acontecendo? Ou o
que aconteceu?
Não falei nada e continuei caminhando. Ele pegou meu braço e me
reteve.
– Gabriel, somos amigos desde a época da faculdade, e eu sei que tem
alguma coisa séria acontecendo. Confie em mim. Tem alguma coisa a ver
com Ângela?
Coloquei as mãos nos ombros dele, realmente precisava confiar em
alguém, e a pessoa mais confiável era August. Talvez ele pudesse me
entender e me dar algum conselho para enfrentar Math quando chegasse a
hora.
– Vocês dois vão ficar namorando aí atrás? – gritou Antônio. Eles já
estavam a uns bons passos de distância.

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– Não estou preparado para dizer nada ainda, August. Sei que você é
um amigo leal, vou te procurar quando precisar desabafar com alguém, tudo
bem?
– Certo, não vou mais te pressionar, mas lembre-se de que estou aqui se
precisar de um amigo. E agora trate de se controlar, porque já estão notando –
ele me disse e me deu um abraço.
Depois disso me senti melhor, sabendo que poderia contar com ele.
– Vocês dois, procurem um quarto. August, vou contar para Judith.
– Esse Antônio parece criança, melhor irmos ou ele vai berrar aqui na
rua que somos gays e que temos um caso.
Nós nos separamos e apertamos o passo. Já quase na frente do
restaurante, dei um soco nas costas de Antônio, que riu.
O lugar estava lotado e o cheiro era bom. Nossa mesa foi preparada em
um canto discreto, como gostamos e como Jennifer sabia. Sentamos e o
garçom logo chegou para pegar o pedido das bebidas. Pedimos água e uma
garrafa de vinho para dividir, pois tínhamos que voltar ao trabalho.
– Olha que linda aquela garota – estava dizendo Antônio – do jeito que
eu gosto – ele disse olhando para uma ruiva linda, de parar o trânsito.
Boston é uma cidade cheia de mulheres lindas, estudantes lindíssimas
circulam por todos os lugares, fica difícil você não reparar. Para mim era
assim, mas agora não as via tão lindas, Ângela ganhava longe de todas elas.
– Ela parece muito nova, e está acompanhada – Math falou parecendo
não gostar da ideia.
– Ela parece ter mais de 18, então não é ilegal. Me dê cinco minutos e
eu posso fazer ela se esquecer dele e ficar comigo rapidinho.
– Não sabia que você tinha queda por ruivas.
– Gosto de todas, mas estou tendo queda por uma morena alucinante
ultimamente – ele respondeu pensativo, fazendo todos os meus sinais de
alerta se ascenderem, e os de Math também, pela forma como reagiu.

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– Espero que essa morena não seja Ângela, Antônio. Porque, se for,
teremos sérios problemas.
– Você vai proibir Ângela de ter namorados, Math? – desafiou Antônio.
– Eu nunca proibi Ângela de ter namorados, não se faça de
desentendido.
– Só perguntei. E eu não estava me referindo à Ângela, fique tranquilo –
Antônio respondeu.
Não sei por quê, mas senti que ele estava mentindo.
– É por isso que não quero Ângela perto de vocês, se algum dia vocês
colocassem as mãos nela, o primeiro lugar a que a levariam seria para aquele
apartamento nojento – ele disse como se estivesse só pensando, mas a
resposta dele me acertou direto, como um soco no estômago.
August interferiu para tranquilizar os ânimos: – Antônio, se você não
reparou, ela está olhando para o Gabriel, não para você.
– Nunca tive problemas com ménage, e Gabriel também não.
– Não estou a fim, Antônio. Fique com ela se tiver chance, mas não
conte comigo.
– Tem alguma merda acontecendo com você. Desde quando você
desiste de uma boa boceta? Vai contar ou vamos ter que descobrir.
– Mas que merda, Antônio, vá se divertir com ela, se conseguir, e me
deixe em paz. – Não queria ninguém fuçando minha vida, muito menos ele.
– Ok, ok, fique calmo, não toco mais no assunto. Não vamos brigar por
isso agora – disse levantando as mãos e pedindo paz.
Não tinha reparado, mas muitas cabeças estavam viradas em nossa
direção, depois da minha explosão. Que merda! Tentei me acalmar.
– Só faltam três semanas para Vegas – disse August direcionando a
conversa para um terreno mais calmo. – Estou tentando conseguir que Judith
vá comigo, mas o tempo dela é curto. E vocês, já têm companhia?

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– Vou ver quando chegar a hora, mas para a festa do hospital já tenho –
disse Antônio.
– Você vai com quem, Gabriel?
– Irei sozinho aos dois eventos, aqui e em Vegas, e espero não ser
atacado por vocês por isso. – Eles ficaram calados, porque já sabiam que não
estava com humor para perguntas.
– O que eu quero saber é onde vocês vão passar o feriado.
– Eu vou passar onde sempre passo, vamos ver os fogos no veleiro.
Estou pensando em convidar alguns clientes e amigos. Se vocês quiserem,
podem se juntar, mas não tem muito lugar para dormir. Tenho duas suítes e
dois quartos: Ângela e Stella vão ocupar uma suíte, os clientes irão embarcar
antes da queima de fogos, se vocês quiserem podem passar a noite. Você
pode levar Judith, August; mas vocês dois, se levarem alguma amiga, não
poderão passar a noite.
– Como August pode passar a noite com Judith e nós não? – reclamou
Antônio.
– Porque eu a conheço e sei que é uma garota decente, não vai passar a
noite toda gritando e gemendo.
– Vou conversar com Judith e te confirmo.
– Vou ver, não pretendo passar o feriado sozinho. E August está com
problemas se não consegue fazer Judith gemer e gritar – disse Antônio.
– Se você repetir isso vai ganhar um soco.
– O que está acontecendo com todos hoje? Eu só estou brincando.
– Eu vou sozinho, minha irmã vai viajar e eu não tenho aonde ir, vou
passar a noite se não se importar – disse antes que August cumprisse a
ameaça.
– Claro que não. Se August decidir ficar com Judith, eles podem ocupar
a outra suíte, e nós ficamos nos quartos.
O almoço chegou e começamos a comer. Os bilhetinhos começaram a
chegar também. No final do almoço eu tinha três, e reparei que só August e
eu não olhávamos os números ou quem havia nos mandado. Ele me olhou me
desafiando a desmentir que não havia uma pessoa em minha vida. Lancei a
ele um sorriso.

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Antônio digitou alguma coisa no celular e logo depois uma morena


espetacular chegou à nossa mesa. Ele se levantou e puxou uma cadeira para
ela. Conversaram entre cochichos e dois minutos depois a língua de Antônio
estava fazendo inspeção na boca dela. Mais cochichos e risinhos e Antônio
nos disse que ela tinha amigas e que podíamos fazer uma festinha logo à
noite.
– Vou jantar com Ângela porque nesse fim de semana eu não vou poder
estar com ela, mas talvez eu passe mais tarde – disse Math.
– Não vou poder, já tenho um compromisso – respondi. Peguei meu
celular para mandar uma mensagem para Ânge la e vi que tinha uma
dela. Como geralmente sou eu que mando e ela responde, meu coração
acelerou antes de abrir.
Morrendo de saudade!
Veio acompanhada de uma carinha triste.
Eu também. Gostaria de estar com você agora!
Coloquei também uma carinha triste para ela saber que me sentia igual a
ela. Coloquei o celular em cima da mesa e esperei. Todos conversavam, mas
eu não prestava atenção.
A mensagem não chegou, mas meu telefone tocou. Assustando-me, o
morango apareceu na tela.
– Oi, querida! – Não falei alto. Não sei por quê, mas todos os olhares
estavam em min.
– Oi, não queria atrapalhar, mas queria muito te ouvir. – A voz dela
mudava meu dia.
– Você não me atrapalha nunca, fico feliz que tenha ligado, estou
adorando te ouvir. – Na mesa ninguém parece respirar sequer. – Espere um
segundo – disse a ela.
– Já vou indo, alguém pague a minha conta. – Levantei-me deixando
todos surpresos.
– Como está seu dia, muito trabalho? – perguntei saindo do restaurante
e de novo sendo pego em cheio pelo sol.
– Trabalhando muito e adorando. Vou à minha consulta e mais tarde
vou sair para jantar com Math.
– Eu já fui ao laboratório esta manhã. Estávamos almoçando, agora
estou voltando. – Caminhava distraído enquanto conversava com ela.
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– Math está com você?


– Agora não, estou voltando sozinho, eles ficaram conversando. Tenho
uma surpresa para você. Não quer descer e se encontrar comigo na garagem?
Aí eu posso te contar enquanto te beijo. – Ela riu.
– Daria tudo por isso, mas não vou poder. Tenho que desligar, me conte
qual é a surpresa.
– Vamos passar o feriado juntos no veleiro.
– Não acredito! Como você conseguiu?
– Math convidou a todos, August e Antônio ainda não confirmaram,
mas eu já, e vamos ficar juntos.
– Estou muito feliz, Gabriel, mas agora tenho que preparar uns
documentos para uma reunião. Um beijo! Só liguei mesmo porque queria
muito te ouvir. Um beijo.
– Outro, querida. Depois da consulta me ligue, sim?– Entrei no
escritório rindo. Chamo Ângela o tempo inteiro de querida, mais uma
novidade. Eu nunca havia chamado ninguém assim, mas ela era mesmo
minha querida, minha mulher, minha garota, e estava bagunçando toda a
minha vida.
Entrei na minha sala e Cíntia veio logo atrás de mim. Pedi a ela os
contratos com problemas e comecei a estudálos. Estava distraído,
concentrado, quando os três entraram em minha sala.
– Você vai nos contar o que foi aquilo no restaurante? O que está
acontecendo, Gabriel? Você estava tenso, nervoso, distraído, aí você atende o
telefone, sorri como um idiota e nos abandona sem explicação! – Math
despejou tudo de uma vez.
– É que me ligaram, tinha trabalho a fazer e é isso que estou fazendo
agora. Aliás, pretendo continuar se me derem licença.
– Jesus, é mais grave do que imaginei! Alguém pegou você, Gabriel.
Quem é a garota? – Antônio exagerou.
– Não há nenhuma garota, são problemas de família. Minha irmã estava
com problemas com o marido e foi ela que me ligou para dizer que estava
tudo resolvido. Estou pensando ir vê-la este fim de semana para dar um
pouco de apoio. – Não gosto de mentiras, e muito menos de colocar
Alessandra no meio, mas foi a única maneira que encontrei para defender
Ângela. Esperava que desse certo.
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– Desculpe, cara, não sabia – disse Math me fazendo sentir pior. – Se


quiser usar o jatinho, é só ligar para o piloto.
– Tudo bem, mas eu ainda vou resolver. Aviso você se precisar –
respondi sem olhar para August, porque sabia que ele não havia engolido a
mentira.
– Tudo bem, vamos trabalhar, já é tarde – Antônio saiu e os outros o
seguiram.
Esqueci tudo e mergulhei no trabalho. Com os monitores desligados,
podia me concentrar. Cíntia já saíra fazia um bom tempo quando Antônio
entrou.
– Ainda por aqui? Todo mundo já foi, somos os últimos. Eu estava
tentando achar uma solução para alguns problemas que estamos tendo, mas já
me cansei, vou tentar resolver amanhã. Vamos sair e beber alguma coisa para
relaxar.
Eram quase oito horas. Olhei para as janelas e estava tudo escuro.
– Realmente está tarde, perdi a hora. Aonde você está querendo ir?
– A esta hora deve estar tudo lotado, mas tem um pub aqui perto que eu
gosto muito, vamos tentar a sorte lá. Vamos comigo, Jack já esta me
esperando.
– Certo, só vou pegar minhas coisas. – Peguei meu laptop e o celular,
que estava em cima da mesa, e olhei para ver se estava me esquecendo de
alguma coisa. Nada, tudo certo. – Vamos?
Chegamos e, como prevíamos, o lugar estava lotado. Havia desde
estudantes com jeans e camisetas a executivos com seus ternos sob medida,
tinha também muitas garotas, todos procurando diversão. Caminhamos para o
fundo até encontrar um lugar na barra, a barwoman pegou nossos pedidos e
nos serviu. Antônio girou a cadeira para ver melhor o movimento. Pouco
tempo depois, ele já estava com uma loira encaixada entre as pernas dele,
essa era uma rotina comum entre nós, e dali sairíamos para o apartamento,
onde nos divertiríamos.
Peguei meu celular e procurei na internet a última foto de Ângela com
Math, não dava para ver bem o rosto. Ela estava sentada aconchegada no colo
dele, gostaria que fosse eu. Arrependia-me de ter apagado a foto e o filme que
fiz dela no aeroporto, mas na época estava me fazendo mal.

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– Está esperando alguma ligação?


– Não, só dando uma olhada nas notícias.
– O que realmente está acontecendo, Gabriel? Você não é assim.
Vamos sair daqui. Se você quiser, ela chama a amiga dela e vamos juntos.
– Não, estou cansado, vou terminar minha bebida e voltar para casa.
Meu celular tocou e era uma mensagem de Ângela.
Estou chegando em casa agora. Fui me consultar, saí para jantar com
Math e fomos ver um filme. Me ligue quando puder.
Respondi:
Eu saí com Antônio, mas já estou voltando para casa. Queria muito te
ver. Te ligo quando chegar.
Ela não respondeu, mas chegou um vídeo. Meu coração acelerou ao
pensar que tipo de vídeo ela havia me mandado. Abri e o rosto sorridente
dela apareceu.
Você disse que queria me ver, então mandei minha foto.
Adorei! Te ligo daqui a pouco.
Era isso que eu precisava, vou ter que ter mais fotos dela. Avisei a
David que estava saindo.
Entrei no carro sorrindo, passei os dedos pelo rosto dela e fechei os
olhos tentando me entender. Por que coisas tão simples vindas dela me
faziam tão bem? Por que queria tanto sentir as mãos dela no meu corpo o
tempo todo? Antes isso não me fazia falta.
– Chegamos, Sr. Leblanc – avisou-me Josias abrindo a porta. Procurei
meu laptop e lembrei que havia deixado no carro de Antônio. Mandei
uma mensagem a ele avisando que o levasse ao escritório no dia
seguinte.
Caminhei ao lado de Josias, ainda olhando a foto de Ângela. Ele digitou
a senha e liberou o elevador. Entrei na minha casa, parecia fria agora, em
comparação com o apartamento. Math havia se referido ao apartamento como
um lugar nojento para levar Ângela, e ele tinha razão, mas seria difícil trazê-
la com Louise, Josias e Rafael morando aqui. Nunca pensei que isso seria
problema, pois nunca quis ninguém em minha cama, mas agora era

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o que eu mais queria. E se eu a trouxesse, seria muito mais difícil manter


segredo.
Entrei no quarto, joguei o celular na cama e entrei no banheiro para uma
ducha rápida. Saí, enrolei uma toalha no quadril e peguei outra para secar os
cabelos. Passei a mão por eles, estavam compridos, mas não pensava cortá-
los. Gostava das mãos de Ângela brincando com eles, e ela gostava deles
assim.
Deitei-me e o meu telefone tocou. Atendi ao primeiro toque. Estava
secando meus cabelos e atendi sem olhar, pensando que era Ângela. Merda.
– Oi, querido. Amanhã é aquela inauguração do hospital, lembra? Você
tinha dito que me levaria e não me ligou para confirmar, você não vai mais?
– Vou, mas decidi ir sozinho – disse sem querer prolongar a conversa.
– Como assim? Eu já comprei vestido, sapatos, joias, tudo! Como você
me faz isso?
– Não se preocupe, Loreta, mande a conta amanhã e vou dizer à Cíntia
para te reembolsar.
– Eu não quero que você me reembolse, Gabriel, quero que me leve à
festa, como tinha me prometido.
Recebi um aviso de outra chamada, e era de Ângela.
– Olhe, Loreta, essa é a única solução. Agora tenho que desligar, eu
tenho outra chamada e é importante. Tchau.
Desliguei e atendi Ângela.
– Oi, querida.
– Oi, gostou da foto?
– Gostei muito, quero várias. Você já está deitada?
– Já, já é tarde e estou cansada. Alguém não me deixou dormir esta
semana – disse rindo.
– Se eu te pedisse uma especial, você me enviaria? – Não acreditava
que estava pedindo aquilo.
– Não! Já imagino o que você quer e é muito perigoso, alguém pode
ver.
– Ninguém mexe no meu celular.
– E se você perder?

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– Como você dorme? De camisola, pijama, nua? Não precisa ser uma
foto nua, só um pouco mais íntima.
– Esquece, Gabriel, não vou mandar fotos íntimas minhas para você.
Agora vou dormir, já é tarde. Um beijo.
– Tchau, Ângela!
Desliguei o telefone e tratei de ir dormir. Não havíamos falado sobre a
consulta. Outro dia conversaria com ela para saber o que fora resolvido.
Fiquei dando voltas na cama sem conseguir dormir. Aquelas duas noites com
ela me deixaram mal acostumado. Meu celular avisou a chegada de
mensagem. Resolvi ver quem era, podia ser minha irmã, ou Ângela.
Eu me esqueci de te responder como eu durmo, eu durmo assim.
Abri a foto dela sem saber o que esperar.
Filha da puta! Ela realmente queria me deixar louco.
Ela tinha me mandado uma foto dela de lado, as pernas douradas, a
calcinha era um minishort de renda que fazia desenho na pele, o ventre plano
e firme, que eu já conhecia bem, o seio nu com o mamilo cor de cobre me
pedindo para chupá-lo. O sorriso dela mostrava que ela sabia o que estava
fazendo. Eu não acreditava que ela tinha feito aquilo.
A foto era linda, não era vulgar, era sensual como ela. Aumentei e
passei o dedo pelo mamilo esperando ouvir os seus gemidos. Coloquei o
celular perto do meu rosto e fiquei olhando o sorriso dela até pegar no sono.

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Capítulo 11

Ângela

Como de costume cheguei cedo. Todos eram gentis ali e eu estava


adorando meu trabalho. Arrumava minha mesa quando Isabel entrou.
– E então, Ângela, o que está achando do trabalho?
– Estou adorando! Tem coisas que ainda não entendo muito bem, mas
sempre recebo ajuda.
– Que bom. Hoje vamos ter que almoçar de novo aqui. Podemos
almoçar no refeitório, tem muita coisa boa lá, ou você pode pedir de outro
lugar e comer lá também, depende de você. É só para não perder tempo.
Talvez este seja o último sábado que teremos livre, é sempre assim antes de
uma inauguração importante, mas depois tudo fica calmo novamente.
– Hoje tem a inauguração do hospital. Quem vai estar lá?
– Martin vai estar só para coordenar uma equipe terceirizada que
contratamos, será uma recepção simples, com alguns discursos, além do
jantar. Vegas e Deli são as maiores e mais importantes neste ano.
– Bom, então nos encontraremos no refeitório mais tarde, eu vou comer
o que eles tiverem lá.
– Certo, você vai gostar.
Ela saiu e eu fiquei lendo e redirecionando todos os e-mails. Não tinha
nada interessante nas fofocas. Repassei toda a parte de que vou ficar
encarregada em Vegas e vi a lista de convidados; como iria estar na recepção,
tinha que conhecer todos os convidados, e não eram poucos: políticos,
empresários, gente do mundo do cinema e da televisão, não sabia se
conseguiria.
Na hora do almoço Isabel aproveitou para passar mais indicações sobre
Vegas. Ao voltar, trabalhamos juntas na sala dela e só saí de lá na hora de ir
embora. Estava pegando minha bolsa quando meu celular tocou, era Marcelo.

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– Ângela, e aí? O que você vai fazer hoje à noite?


– Nada, vou ficar em casa, tenho que estudar algumas coisas do
trabalho.
– Stella e eu vamos nos encontrar com alguns amigos para dançar, e
você está no grupo.
– Não vai dar, Marcelo, estou cansada – disse pensando que Gabriel
não iria gostar, já que ele mesmo estava indo sozinho à festa naquela noite.
– Estou indo para sua casa com Stella, te vejo lá.
Ele desligou e fiquei tentada a ligar e falar com Gabriel. Estava a fim de
sair só para me divertir um pouco. Eram cinco horas, ele já devia ter saído,
assim como Martin. Desci e, como sempre, Josh estava me esperando.
– Para casa, senhorita?
– Sim, por favor.
Entrei em casa e Marcelo já estava lá.
– Uau, Ângela! Desde quando você se veste assim? – Marcelo me
abraçou e me beijou no rosto.
– Agora ela só se veste assim, elegante, refinada, nada de jeans,
camisetas ou tênis. – Stella entrou na sala com duas cervejas nas mãos e
entregou uma a ele.
– Você está linda, Ângela, mas isso você já sabe. E esse apartamento de
vocês está demais. Que vista!
– Obrigada, Marcelo, por mim e pelo apartamento também. Está todo
bagunçado ainda, você tem que vir quando estiver todo mobiliado.
Nosso apartamento ainda estava sem móveis, só tinha os
eletrodomésticos necessários e um colchão no chão que estávamos usando
como sofá. A entrega dos móveis que escolhemos com Math tinha ficado
para a próxima semana e tanto eu como Stella estávamos morrendo com a
expectativa de ter todo ele decorado.
– Vamos, Ângela, vamos sair para comemorar seu estágio e o trabalho
de Stella. Não seja chata.
– Tá, tudo bem. Eu vou tomar banho e depois decido. Que horas vocês
estão pensando sair?

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– Lá pelas dez, onze... Amanhã é sábado, podemos ficar bêbados e


voltar de madrugada que não haverá problema.
– Ok, eu vou tomar banho e depois vejo se vou ou não com vocês.
Saí da sala e ele ficou conversando com Stella. Entrei no meu quarto e
liguei para Gabriel. Ainda não estava acostumada a ligar para ele. Ele havia
me dado o telefone, o número dele e sempre me ligava, mas eu ainda ficava
constrangida. Ele atendeu no segundo toque.
– Ângela, querida, já está em casa?
– Sim, já cheguei. Marcelo está aqui com Stella e eles me chamaram
para sair. Gostaria de ir, mas não disse nada ainda a eles. Você não se
importaria, não é?
O silêncio na linha me dizia que ele não tinha gostado da ideia.
– Olhe, nós só iríamos a um barzinho tomar e comer alguma coisa, e
mais tarde eles estão pensando em ir a algum clube para dançar. Como não
vamos trabalhar amanhã, acho que não tem problema.
– Ângela, eu não quero proibir você de nada, mas por que justo
Marcelo?
– Ele é meu amigo. Math confia nele. E eu, ele e Stella estamos
acostumados a sair juntos, desde a época da faculdade.
– Não quero te dizer não, Ângela, mas eu não vou ficar tranquilo
sabendo que você está com ele.
Queria sair com eles, mas não queria chatear Gabriel, então decidi não
ir.
– Que horas você acha que vai terminar a recepção?
– Geralmente essas recepções terminam por volta da meia-noite. Você
quer sair comigo depois? Quer que eu te leve para dançar?
– Não, só perguntei. Eles estão pensando em sair às dez e só pensam em
voltar de madrugada, me ligue quando você sair da festa, sim?
– Sim, e vou tratar de te ligar durante a festa também. Me passe o
número do seu apartamento, pode ser que eu te faça uma visita, já que Stella
vai estar fora. Não fique chateada comigo,

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Ângela, é que ainda não estou acostumado a ver outros homens perto de
você, só isso.
– Não, não estou chateada. Me ligue mais tarde e me conte da festa.
– Vou te ligar. Vou desligar agora, tenho que me preparar. Um beijo.
– Tchau, Gabriel. – Desliguei e enviei a ele o número do meu
apartamento.
Tomei um banho bem demorado, vesti um pijama e voltei para a sala.
Stella e Marcelo estavam jogados no sofá vendo uma comédia no laptop,
rindo como bobos, e se empanturrando de pipoca.
– Não acredito que você colocou pijama! Não seja chata, Ângela.
Vamos sair e dançar até cair.
– Não, eu estou cansada. Saiam vocês, eu vou ficar aqui quietinha.
– Deixa ela – disse Stella tirando o filme da pausa.
Deitei-me ao lado de Marcelo, já que era ele que estava com o laptop, e
fiquei vendo o filme e comendo pipoca com eles.
Marcelo me acordou quando o filme terminou.
– Vá se arrumar, Ângela, e vamos sair.
– Não! Já me decidi, não vou a lugar nenhum hoje, só para minha cama,
então não me encha mais. Que horas são agora?
– Nove e meia, Stella já está se arrumando. Eu posso usar seu banheiro
para um banho rápido?
– Claro, vamos lá que eu te mostro.
Deixei-o no meu quarto e fui até o quarto de Stella. Deixei o laptop em
cima da cama e peguei o vestido que ela tinha deixado separado, vermelho
colante, devia ficar lindo nela, como todos sempre ficam. Saiu do banheiro
enrolada em uma toalha e com vários estojos de maquiagem, além do
espelho. Como não há móveis ainda no quarto, ela se sentou em um tapete no
chão e, com mãos ágeis, começou a se maquiar.
– Será que já saiu alguma coisa da recepção? – ela me perguntou
enquanto passava sombra nos olhos.

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– Não sei, não olhei. Mas é cedo, não acredito que haja nada ainda.
– Já são nove e meia, já deve haver alguma fofoca.
– Não estou interessada em fofoca alguma, Stella.
– Nossa, como você está azeda, não quer nada. Me dê aqui, vou dar uma
olhada, quero ver com quem Math foi.
Ela abriu os sites de fofoca e depois de um momento reclamou: – Não
sei onde eles acham tantas mulheres lindas. Não acredito!
– Math sempre teve bom gosto – comentei.
– Bom gosto todos eles têm. Olhe só Judith, como está linda! Claro, eles
estão só de mãos dadas como sempre, os fotógrafos devem estar loucos por
uma foto de beijo deles.
– Judith é muito linda mesmo, eu já a vi algumas vezes com ele. Quem
está com Math, é alguma famosa ou não? – perguntei deitada na cama dela
sem olhar para o laptop. Não queria ver Gabriel, que devia estar lindo, isso só
amargaria mais ainda minha noite.
– Não, eu não a conheço, mas a que está com Gabriel sim, é a mesma de
sempre – ela disse sem prestar muita atenção, enquanto passava sombra nos
olhos.
Fiquei deitada sem nenhuma vontade de me levantar. Não acreditava no
que estava ouvindo. Ele tinha me prometido que eu não veria nada nos sites
sem antes ele me contar. Não conhecia esse lado mentiroso dele.
– Me dê aqui, vou ver se conheço a que está com Math. Peguei o laptop
e fingi ver a foto de Math enquanto via Ga briel de braços dados com a
tal Loreta entrando na festa. Como sempre, ela estava deslumbrante, e
ele também.
– Acho que vou com vocês. Será que tenho tempo de me arrumar?
Stella pulou em cima de mim e me abraçou.
– Que bom! Eu estava indo chateada sem você. Vá, vá se arrumar, e eu
te ajudo com a maquiagem!

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Saí do quarto. Estava indo com eles só para não ficar em casa me
remoendo de raiva. Ele me pedira para não sair, e eu estava fazendo o que ele
tinha me pedido, mas ele não fez o que me prometeu. Claro, ele tinha a
desculpa de que eu não podia sair com ele. Iria dançar e não estava nem aí
para ele. Se ele podia, eu também podia.
Corri para meu quarto e encontrei Marcelo só de bóxer, se enfiando em
um jeans. Dei um beijo nele e fui para meu closet.
– Vou com vocês – disse procurando um vestido. Ele
parou atrás de mim e me abraçou feliz.
– Que bom, vamos arrasar. Será que posso dormir hoje aqui? Assim não
preciso me preocupar e posso voltar com vocês.
– Claro. Se você não se importar de dormir naquele colchão na sala, por
mim tudo bem.
– Na verdade eu estava pensando em dormir na sua cama com você –
ele disse rindo.
– Não abusa, seu safado. – Ele me deu um tapa na bunda e saiu rindo.
Como já tinha tomado banho, só peguei o vestido e o sapato e fui para o
quarto de Stella para ela me ajudar com a maquiagem. No corredor ouvi meu
celular tocando e voltei para o quarto. Encontro-o entre os travesseiros.
Gabriel estava me ligando. Cortei a chamada e joguei o aparelho dentro de
uma gaveta do meu closet. Do meu outro celular, enviei uma mensagem para
Math avisando que Marcelo iria dormir no apartamento.
Stella já estava pronta quando eu entrei no seu quarto e, em questão de
minutos, as mãos dela fizeram milagre no meu rosto. Ela estava terminando
quando meu celular tocou. Abri e dei uma olhada, não pensava em atender se
fosse Gabriel, mas era Math.
– Oi, irmãzinha. Que história é essa do Marcelo dormir aí?
– Oi, Math. Como está a festa?
– A festa está boa, mas você não me respondeu.
– É que estamos saindo e, como amanhã não trabalhamos, vamos voltar
tarde. Ele me perguntou se podia passar a noite aqui e eu disse que sim. Você
vai ficar chateado?

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– Não, por mim tudo bem, eu até fico mais tranquilo com ele
acompanhando vocês. Você sabe que eu gosto dele, ele é um cara legal.
– Obrigada, você pode mandar alguém nos buscar? E ficar conosco?
– Josh ou Rafael estará aí daqui a pouco.
Terminamos de nos arrumar e Rafael já estava nos esperando. Saímos
direto para o nosso barzinho do tempo da faculdade. Como sou fraca para
álcool, Marcelo me deixou beber no máximo uns drinquezinhos coloridos.
Saímos do barzinho e fomos para a boate onde estavam nos esperando outros
amigos.
Sexta-feira à noite, verão, não tinha como o lugar não estar lotado.
Stella me apresentou Michael, um colega de trabalho dela. Sofia, uma ex-
colega da faculdade, agarrou Marcelo, e todos caímos na pista. Marcelo nos
mantinha com bebidas e água. Quase duas da manhã, fomos ao banheiro,
Sofia, Stella e eu. Aproveitei para dar uma olhada no meu celular: dezenas de
chamadas de Gabriel, e mensagens também. Li a primeira: Você não está
pensando em levar Marcelo para o seu apartamento. Você não faria isso,
Ângela.
Apaguei todas as outras mensagens sem ler.
Voltamos para a pista e continuamos até as quatro, quando senti que já
não podia me manter em pé. Mesmo com os drinques leves e muita água,
estava completamente zonza.
– Acho que já deu para mim por hoje – disse no ouvido de Marcelo.
– Vamos ficar mais um pouquinho – ele pediu.
– Se você quiser ficar, pode ficar, mas eu estou muito cansada e enjoada
também. Você não quer ficar mais com ele, Stella?
– Não! Eu estou cansada também, vou com você.
– Certo, vamos todos. – Ele passou um braço na minha cintura e o outro
na de Stella.

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Saímos e fomos para casa, estava morta de cansaço. Ainda bem que não
ia trabalhar. Não ia trabalhar e também não pretendia sair.
Rafael nos deixou na entrada. Marcelo me segurou firme ao lado dele,
com a mão em minha cintura. Enquanto Rafael entrava no carro, percebi o
carro de Gabriel estacionado do outro lado da rua.
– Vamos entrar, não consigo ficar mais nem um minuto em pé – disse
querendo sair da rua.
– Eu também não me aguento em pé – falou uma Stella grogue de
bebida e de sono.
Quando estávamos entrando, ouvi a porta de um carro sendo batida e vi
Gabriel de smoking parado ao lado do carro. Não perdi meu tempo olhando.
– Olhe, travesseiros e lençóis para você. Aquela última porta do
corredor é o banheiro, que você pode usar. Agora eu vou dormir e você não
me acorde nem que o mundo acabe, ouviu?
Terminei de falar e olhei para ele. Marcelo já estava dormindo. Stella
também já tinha desaparecido no quarto dela. Fui para o meu, mas não podia
dormir sem uma ducha.
Meu celular começou a tocar, olhei e vi que era Gabriel. Desliguei. Não
pretendia ficar ouvindo mais mentiras dele. Tomei meu banho e agradeci a
Deus, pois estava tão cansada que poderia dormir de pé.
– Ângela, você já acordou? – A voz de Stella me tirou de um sono
profundo.
– Agora sim, por que você me acordou? Ainda estou morrendo de sono.
– Reclame com seu irmão, ele me acordou primeiro – ela disse e me
passou o telefone.
Eu atendi sem vontade.
– Oi, o que aconteceu? Eu estava dormindo.
– Eu fiquei preocupado, liguei várias vezes e o seu telefone dava
desligado.
– Eu desliguei justamente porque queria dormir.

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– Desculpe, mas você já deve ter dormido o suficiente, já é mais de


meio-dia. Vamos sair, velejar, aproveitar o dia.
– Hoje não, amanhã talvez.
– Eu estava contando contigo nas velas, mas tudo bem, vejo você
amanhã.
– Certo, aproveite sua tarde.
Desliguei e desmaiei na cama de novo. Stella deitou do meu lado e
voltamos a dormir.
Quando acordamos, já passava das três da tarde. Marcelo, Stella e eu,
todos dormindo na mesma cama, não sabia em que momento Marcelo havia
se mudado da sala para meu quarto.
– Vamos levantar e comer alguma coisa, eu estou com muita fome – ele
reclamou.
– Eu também – disse Stella.
Eu não precisava dizer nada, todos sabiam que eu vivia com fome.
– Por que não tomamos um banho e vamos até aquela confeitaria que
fica aqui perto? Lá tem de tudo.
Depois do banho, me vesti como gosto: tênis, jeans e uma blusinha de
alcinha, estava muito quente. Stella vestia um shortinho e uma blusinha
também. Marcelo estava um gato com bermuda e camiseta, eu sabia que ele
tinha uma legião de admiradoras. Ele trabalhava em uma agência de
publicidade e era parecido comigo: gostava de se vestir bem, mas só quando
pedia o protocolo, caso contrário se vestia daquela forma: camiseta, bermuda
e tênis.
Saímos do apartamento com Marcelo no meio, de braços dados comigo
e com Stella. Estava ouvindo que Marcelo queria repetir a noitada, mas
percebi o carro de Gabriel estacionado no mesmo lugar da noite anterior.
Como não o vi, fiquei intrigada. Será que Loreta ou alguma outra morava por
perto? Como havia me decidido não me preocupar mais com ele, voltei a
prestar atenção no que Marcelo estava dizendo: – Eu vou sair do trabalho às
cinco e já vou estar com minha mochila. O que vocês acham de nos
encontrarmos às cinco e meia, seis, naquele café em frente ao porto?

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– Não, aquele lugar é a parada dos fotógrafos. Eu pensei em dizer a


Math para subir só depois de ele deixar o porto. Na quinta-feira, ele vai ter
alguns convidados, mas na quarta não, então podemos ir de lancha até o
veleiro um pouco mais tarde.
– Por mim tudo bem, se Math estiver a bordo eu vou até nadando –
Stella disse caindo na gargalhada.
A confeitaria estava, como sempre, lotada e tivemos que esperar para
conseguir uma mesa, mas valeu a pena. Depois de comer e beber vários
sucos, cafés, sanduíches e bolos, nós ficamos uns cinco quilos mais gordos,
mas mil vezes mais felizes. Eu estava precisando daquilo, reviver nossos dias
de estudantes.
Quando saímos de lá já passava das sete. Marcelo estava com a mochila
dele, então não voltou para o apartamento. Combinamos de nos encontrar na
quarta–feira às três no meu apartamento para sair para o feriado.
Voltei de braços dados com Stella. Em frente ao meu prédio vi que o
carro de Gabriel continuava estacionado. Não era problema meu, mas mesmo
assim fiquei preocupada. E se tivesse acontecido alguma coisa?
– Por que você não sobe, Stella? Eu vou ver uma coisa e já subo.
Ela se foi e eu me dirigi ao carro dele. Cheguei perto e notei que o
motor estava ligado. Fiz concha com minhas mãos para poder ver dentro,
mesmo com medo de ser intrometida.
Gabriel estava deitado no banco traseiro, não sabia se estava dormindo
ou se tinha passado mal. Como ele estava sozinho, bati devagar no vidro. Vi
quando ele abriu os olhos e se levantou, forçando a vista para ver quem tinha
batido no vidro. Depois deu um meio sorriso e abriu a porta.
– Oi, Ângela.
– Gabriel, o que você está fazendo aqui? Algum problema?
– perguntei vendo que ele continuava de smoking e estava com a barba de um
dia. Os olhos avermelhados indicavam uma noite mal dormida. Ele ainda não
tinha ido para casa desde ontem, parecia ter dormido ali. Olhei ao redor e não
vi nenhum dos seguranças dele.
– Entre, Ângela, antes que algum maldito fotografe você.

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– Você passou a noite aqui? Onde está Duncan?


Entrei no carro. Ele realmente estava ali desde o dia anterior. Estava
todo bagunçado, e mais lindo do que nunca. – Você já comeu alguma coisa
hoje?
– Não quero saber deles, não quero saber de comida, e o problema é
você, Ângela.
– Eu? Eu não fiz nada.
– Eu também não, só que você não acredita em mim, você não confia
em mim.
– Não tem mais importância, Gabriel. Realmente não importa. Não tem
como alguma coisa entre nós dois dar certo, já conversamos sobre isso.
– Marcelo passou a noite com você? Ângela, me diga que você não
passou a noite com ele.
– Com que direito você me faz esse tipo de pergunta, Gabriel?
– Com o direito que combinamos na quarta–feira, lembra? Que
seríamos só nós dois.
– Sim, e depois de um dia já éramos três. Tenho que entrar agora, e eu
não tenho por que dar explicações da minha vida a você.
– Espere, Ângela.
– Gabriel, o que tínhamos na quarta-feira, se é que tínhamos algo,
mudou. Não temos nada, não somos nada.
– Já para mim nada mudou. Eu não levei Loreta ontem à festa. Eu tinha
dito que a levaria antes de você, e depois me esqueci de avisar que ela não
iria mais comigo. Um dia antes ela me ligou perguntando, eu disse que iria
sozinho, ela ficou furiosa e ontem apareceu na entrada toda arrumada. Seria
um escândalo se eu a dispensasse naquele momento. Foi isso que aconteceu.
Saí de lá quando ouvi Math falando com você e dizendo que não haveria
problema de Marcelo dormir aqui.
– Vá para casa, Gabriel. Você precisa dormir e comer alguma coisa.
Volte para o seu mundo e me deixe em paz no meu.
– Vocês voltaram?
– Como?
– Você e Marcelo estão juntos de novo?

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Pensei em dar uma resposta malcriada, mas não podia, ele parecia
realmente desesperado por uma resposta sincera, por mais que não
merecesse.
– Não, Gabriel, nós não voltamos. Marcelo é meu amigo. Ele dormiu na
sala e, de manhã, ele e Stella vieram dormir na minha cama, mas dormir com
ele é como dormir com Math. Entendeu? Ele é meu amigo, como um irmão
mais velho, está contente? Agora vá para sua casa. Eu estou demorando e
Stella deve estar preocupada.
– Só vou se você prometer me atender quando eu ligar. Pensei em dizer
não, mas olhar para ele me amoleceu. Aque le não era o Gabriel das
revistas, frio, ele parecia um garoto perdido, pedindo ajuda. Tive
vontade de abraçá-lo e dizer que tudo ia ficar bem.
– Sim. Se você ligar, eu vou te atender. Agora vá.
Saímos os dois do assento traseiro. Eu fiquei na calçada enquanto ele
voltava a subir e tomar a direção.
– Tchau, Ângela. Vou te ligar assim que eu chegar.
– Certo, Gabriel.
Ele se foi e eu fiquei olhando as luzes desaparecendo no meio do
tráfego. Já estava completamente escuro.

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Capítulo 12

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Gabriel

Cheguei em casa e recebi olhares dissimulados e assustados.


Eles nunca tinham me visto naquele estado.
– Desculpe perguntar, senhor, mas está tudo bem? Sabíamos onde
estava, mas não queríamos incomodar, então só mantivemos o rastreador
alerta. Estávamos preocupados.
É claro que eles sabiam onde eu estava, era para isso que eram pagos,
ainda bem que eram discretos. Mesmo assim não gostava.
– Não quero que me vigiem quando não peço.
– Sim senhor – respondeu Duncan, mas eu sabia que continuariam me
vigiando.
Fui para meu quarto, estava acabado, com raiva de mim e,
principalmente, de Ângela, por não confiar em mim, por me deixar naquele
estado. August tinha razão, Boston estava cheia de mulheres lindas, podia ter
a que eu quisesse, não precisava dela se negando a mim o tempo todo, e eu
correndo atrás. Ela estava brincando comigo.
Tomei uma ducha demorada e fui ver o que tinha para comer. Ficara
sem comer o dia todo. Carne assada, salada, lasanha congelada... Fiz um
sanduíche, abri uma garrafa de vinho e levei tudo para o escritório. Abri meu
laptop e dei uma olhada no rastreador de Ângela. Ela estava no apartamento.
Eu tinha dito a ela que ligaria, mas não pretendia ligar. Ia fazer o que ela
havia me pedido, ia deixá-la em paz. Depois do que eu fiz hoje... Fui longe
demais.
Passei um fim de semana de merda. Depois de decidir não ligar mais
para Ângela, não sabia o que fazer, e toda vez que meu celular tocava eu
esperava que fosse ela querendo saber como eu estava, mas ela nunca ligou.

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Na segunda a vi entrar na empresa, como sempre linda, repartindo


sorrisos para todos, desde o segurança da entrada até pessoas desconhecidas
que cruzavam com ela. Todos os homens viravam as cabeças para olhar
novamente para ela, que passava e nunca percebia o que causava, sempre
amável, tranquila, sorridente.
Na quarta eu já não sabia o que fazer. Antônio foi até minha sala para
saber sobre o feriado.
– Você vai passar o feriado com Math no veleiro dele?
– Vou, estou pensando em ir amanhã bem cedo, para aproveitar o dia.
– Eles vão hoje, mas ele me disse que os convidados só irão amanhã à
tarde.
– E quem vai hoje com ele?
– Ângela, a amiga dela e aquele tal de Marcelo.
– Ele o convidou também?
– Sim, pelo que eu sei. Ele sempre sai para velejar com eles, e Math
gosta muito dele, diz que é um cara legal.
A volta que meu estômago deu me fez querer vomitar.
– E você, vai hoje? Ou amanhã?
– Estava pensando em ir amanhã, já que estamos proibidos de levar
amigas, mas acho que vou hoje, uma noite sozinho não vai me deixar doente.
E ainda tem Ângela.
– O que tem ela? – eu disse me segurando para não pular no pescoço de
Antônio.
– Não vai me dizer que não reparou nela? Sei que você gosta de loiras,
mas é impossível não reparar nela, parece uma deusa dourada por onde passa.
Ela está deixando os homens da área de comunicação loucos, e das outras
áreas também. Alguns advogado chegam e ficam dando volta até ela chegar,
aí tomam o elevador com ela como se fosse coincidência, eu vejo sempre no
meu monitor. Ainda bem que ela é simpática, senão ia ganhar a inimizade de
todas as mulheres. Mas todos gostam dela.
Eu sempre via Ângela entrar, mas nunca reparava nos homens, eu só
tinha olhos para ela.

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– Como você ficou sabendo disso? – Não acreditava no que ele estava
me dizendo. Não só ele estava interessado nela como todos os homens da
empresa também. Ela que ficasse com todos eles.
Enquanto pensava, Antônio ligou para Math.
– Que horas você está pensando sair hoje? Estou na sala de Gabriel.
– Ele está vindo com August para combinar melhor – falou se dirigindo
a mim.
Pouco depois, Math entrou com August.
– E então? A que hora saímos? – perguntou Antônio assim que eles
entraram na sala.
– Eu vou direto daqui para o porto, estou com três marinheiros. Vamos
sair e esperar Ângela longe da baía, eles vão alcançar o veleiro de lancha
mais tarde. Bom, isso foi o que combinamos ontem. August e Judith irão hoje
comigo. E vocês, vão passar a noite? Ou estão pensando em ir só amanhã
com os outros convidados?
Eu sabia que tinha que dizer que só iria no dia seguinte, mas estava com
tanta saudade dela! E não queria pensar em Antônio e Marcelo com ela, ainda
mais depois que o ouvi chamando-a de deusa dourada. Ela era uma deusa
dourada, mas era minha.
– Eu vou com você, vou sair um pouco mais cedo para buscar uma
mochila em casa e depois te encontro no porto, tudo bem?
– Eu também vou fazer o mesmo e nos encontramos todos no porto.
– Vai ser um feriado espetacular. Nós podemos dividir os quartos da
seguinte forma: eu fico com Marcelo, Gabriel com Antônio, August fica com
Judith, e Ângela com Stella.
– E você, August, trate de transar quietinho, porque Math. diz que
somos barulhentos e não podemos levar nossas amigas, que é um barco de
família.
– Trate de respeitar minha namorada, Antônio.
Ainda bem que ele ficaria com Marcelo, assim ele vigiaria Marcelo e
eu, Antônio.
– Vocês vão sair para almoçar?

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– Não tenho nada urgente para resolver, eu vou para casa agora, e
depois vou direto para o porto me encontrar com vocês.
– A verdade é que eu tinha um monte de coisas para fazer, mas a minha
decisão idiota de me afastar de Ângela estava me matando, e não estava
conseguindo trabalhar direito.
Eles saíram da sala e eu fiquei olhando os monitores. Se eu fosse para
casa, só a veria à noite, no barco, então decidi ficar. Pedi à Cíntia um lanche
e tentei trabalhar.
Às cinco em ponto eu já estava no veleiro. Ninguém tinha chegado
ainda, mas minha ansiedade não me deixara esperar. Pouco depois August,
Judith, Antônio e Math chegaram, e saímos do porto. Fiquei vendo a agitação
dos marinheiros. Eles soltaram as velas enquanto Math manobrava; quando
saímos do porto, eles abriram a vela principal, enorme, de azul intenso, com
uma coroa no centro e o nome Laura gravado logo abaixo. Não entendi o
significado.
Depois de aberta a vela, o barco parecia querer levantar voo, pela forma
como deslizava sobre as águas. Era isso que Ângela amava, o vento, o mar,
esse era o mundo dela, um lugar onde nunca estive.
Paramos fora da baía e os ajudantes prepararam uma mesa com bebidas
e petiscos. Judith e August, que estavam no quarto, subiram. Ela era muito
linda, August realmente tinha muita sorte de tê-la: educada, fina, inteligente.
– Quando Ângela chega, Matheus? – ela perguntou.
– Eles já estão chegando.
– Por fim eu vou conhecê-la melhor. August sempre fala muito bem
dela.
– Sim, Ângela é fantástica – concordou Antônio.
– Eu só a vi algumas vezes. Na rua quando você nos apresentou,
lembra, Matheus? Ela tinha acabado de voltar do internato. E depois acho
que foi durante um jantar.
– Sim, eu me lembro, mas me chame de Math, Judith. Eu não estou
acostumado com Matheus.
Ouvimos um barulho de motor se aproximando. A lancha encostou ao
lado do veleiro e os ajudantes correram para ajudar os recém-chegados. Nós
nos aproximamos da varanda. Marcelo

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ajudou Stella, que recebeu ajuda de um dos rapazes. Em seguida ele pegou a
mão de Ângela para ajudá-la, mas ela subiu as escadas como uma moleca,
rindo. Quando chegou ao topo, se jogou nos braços do rapaz que tinha
ajudado Stella, abraçando-o e beijando-o no rosto e tirando um sorriso
encabulado do rosto dele.
– Mattia! Você aqui? Quanto tempo.
– Boa tarde, Srta. Rufinelli. Fico feliz de vê-la novamente.
– Oi, August. Judith, que bom que você veio também.
Eu não conseguia continuar olhando enquanto ela distribuía sorrisos e
beijinhos de um jeito só dela, talvez as ascendências latina e italiana tivessem
deixado sua marca nela: expansiva, alegre. Depois que começou a trabalhar
na empresa, nos víamos com mais frequência, e ela tinha se acostumado com
todos. Chegou perto de Antônio, abraçou-o e deu um beijo no rosto dele,
como se fizesse isso todos os dias, deixando Antônio mudo de um jeito que
eu nunca tinha visto antes. Quando chegou a minha vez, ela não conseguiu
manter o riso e ficou sem jeito. Deu-me um beijo rápido no rosto.
– Oi, Gabriel. Tudo bem?
– Oi, Ângela. Como vai? – disse limpando minha garganta. Eu era
realmente um idiota por ter pensado por um mo mento que poderia
mantê-la longe da minha vida. Só de sentir o perfume dela tudo voltou,
e com mais força do que nunca.
– Só vou descer um pouco e já volto, Math – ela falou dando um beijo
rápido nele e desaparecendo escada abaixo. Fiquei olhando, tentado a descer
também. Marcelo desceu e Stella se sentou ao lado de Math. Onde eu estava
com a cabeça quando pensei que poderia esquecê-la, como se fosse qualquer
garota? Impossível, não conseguia. Ela não confiava em mim e eu não sabia o
que fazer. Só de pensar em Marcelo no quarto com ela estava ficando louco.
Eu não podia ficar ali. Desci.
Sabia que, de novo, estava cedendo aos meus instintos, mas
simplesmente não consegui. Os quatro dias em que havia ficado longe foram
os piores. Ângela virou minha organizada vida de ponta-cabeça em uma
semana. Nas escadas ouvi a risada de Ângela. Abri a porta, depois pensaria
em uma desculpa. Não acreditei no que via.

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Ângela estava com um biquíni minúsculo deitada na cama do quarto


dela, e Marcelo só de bóxer, encostado na porta do banheiro. Os dois estavam
rindo de alguma piada, não sei, mas meu sangue ferveu.
– Ângela, o que significa isso?
– Gabriel! O que você está fazendo aqui? – Ela deu um pulo da cama,
assustada.
– Procurando você. E o que vocês dois estão fazendo?
– Nada. Não estamos fazendo nada, Gabriel, só estávamos
conversando.
– Deus! Ângela, coloque alguma roupa, você está praticamente nua. E
você? Por que não coloca uma roupa? Está praticamente nu também.
– Ela não está nua, está de biquíni.
– Cale a boca e vista-se – gritei indo para cima dele.
– Calma, Gabriel – Ângela disse e se levantou, ficando entre nós dois e
colocando as mãos no meu peito. O toque dela me acalmou.
– Vista-se, Ângela, por favor.
Ela me olhou, virou-se nos dando as costas e se inclinou, procurando
alguma roupa na mochila e nos dando um espetáculo. Marcelo fixou os olhos
na bunda dela.
– Deus, Ângela! – Tirei a mochila das mãos dela e procurei algo que ela
pudesse vestir.
Marcelo nos olhava sem entender nada, ou talvez entendendo tudo, não
me importava.
Encontrei um vestido de algodão, tirei-o da mochila e o vesti nela
diante do olhar incrédulo de Marcelo. Olhei para ele, que continuava de
bóxer e estava com uma bermuda na mão.
– Vista-se – berrei descontrolado.
– Ângela, o que está acontecendo? – ele perguntou enquanto se enfiava
na bermuda.
– Nada que te interesse – respondi. Não acreditava no que eu acabara de
fazer.
– Será que você pode nos dar licença um instante, Marcelo?
– Ouvi Ângela dizer.

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Ele saiu.
– O que deu em você, Gabriel? O que Marcelo vai pensar?
– É você, Ângela! É você, sempre você! E eu estou pouco me
importando com o que ele vai pensar, melhor que pense. Falo com você mais
tarde.
Levantei-me da cama. Ideias proibidas estavam surgindo em minha
mente, eu já estava descontrolado. Um pouco mais e eu não sabia aonde
iríamos parar. Dei um beijo rápido na boca dela e saí quase correndo. Subi as
escadas, tive vontade de me jogar no mar. Fui para o outro extremo do
veleiro, longe de todos, precisava ficar sozinho, me acalmar. Tentei, juro que
tentei. Desisti. Ângela já estava marcada na minha pele e não tinha mais
como tirá-la. Encontrei uma espreguiçadeira e lá fiquei deitado, até Antônio
aparecer.
– Estávamos procurando você. O que aconteceu? Você desapareceu.
– Desci para procurar um remédio para uma dor de cabeça, depois subi
e me deitei aqui para esperar passar. Não me dei conta do tempo – respondi a
primeira desculpa que me veio à cabeça.
– Mas e aí? Já passou? Podemos chamar Judith.
– Não vou chamar Judith por uma simples dor de cabeça que já está
passando.
– Vamos lá tomar alguma coisa.
Levantei-me e, de má vontade, o acompanhei.
– Onde você o encontrou, Antônio? – Math perguntou desconfiado.
– Estava dormindo lá do outro lado. Disse que estava com dor de
cabeça, tomou um remédio e desmaiou – explicou Antônio.
Olhei em volta e vi que Ângela ainda não voltara com Marcelo, mas
agora Stella também tinha desaparecido, me deixando mais tranquilo.
– Mas você já está melhor, Gabriel? Já passou a dor? – Judith perguntou
solícita.
– Sim, já estou melhor. – Peguei uma taça de vinho branco gelado e
procurei um lugar para sentar de onde eu pudesse ver a porta.

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Depois de quase uma hora eles saíram. Ainda bem que já estava mais
calmo. O vinho fizera efeito e até conseguia sorrir das piadas idiotas de
Antônio. Marcelo tentou me fuzilar com o olhar e eu o enfrentei até ele
desviar.
– Será que ainda dá para dar um mergulho? – Stella perguntou.
– Claro, aqui é tranquilo.
– Você também vai, Ângela? – questionou Marcelo.
– Não sei – ela respondeu a ele, mas olhava para mim. Marcelo também
me olhava, mas agora ele sabia até onde podia ir, já havia entendido que ela
era minha.
Ela continuava com o mesmo vestido, Stella estava com um biquíni e
uma canga, e Marcelo com um calção.
– Eu vou, se Math diz que não tem problema – Stella tirou a canga,
exibindo um corpo perfeito.
– Eu também vou dar um mergulho, só vou por um calção – Antônio
disse se levantando, de olho em Stella.
– Por que não vamos todos? – propôs Judith. – Vou pôr meu biquíni.
– Vou descer com você e pôr um calção também – disse August se
levantando para acompanhá-la.
– Vamos, Gabriel – disse Math. – Vamos dar um mergulho, está muito
quente.
– Já vou, só vou terminar meu vinho.
Stella e Marcelo já estavam na água e, um minuto depois, fiquei sozinho
com Ângela. Não tão sozinho, porque os ajudantes estavam por perto.
– Vou descer e pôr um calção também. Você vai entrar na água?
– Se você me prometer não surtar de novo, eu vou. Afinal, o que foi
aquilo no quarto? Marcelo ainda está zonzo com a sua fúria.
– Eu sei. Você tem outro biquíni? Porque, se você colocar aquele de
novo, eu prefiro ir para o meu quarto e não te ver.
– Gabriel, você disse que me ligaria quando chegasse em casa naquele
sábado e nunca mais me ligou, me deu a entender

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que estava tudo acabado, e agora há pouco entrou no quarto furioso daquele
jeito, que até me deu medo. Diz que somos só nós dois, mas você sai com
outras. Você está me deixando louca, não entendo mais nada.
– Vamos conversar depois, agora não dá. Você tem outro biquíni?
– Sim, eu tenho. Vou me trocar. Mas depois você vai ter que me
explicar esses seus ataques. – Ela saiu na minha frente e, quando descemos,
cruzamos com Math, Antônio, August e Judith, que estavam subindo.
– Então decidiram entrar? – perguntou Antônio.
– Sim, só vou pôr um calção e subo.
Entrei no quarto e fiquei prestando atenção enquanto me vestia. Quando
não ouvi mais nenhum barulho, saí do meu quarto e entrei no quarto de
Ângela. Ela estava amarrando uma canga e eu tirei para ver o biquíni: era um
shortinho, muito melhor. Puxei-a de encontro a mim. Ela podia dizer que não
queria saber nada de mim, que não confiava em mim e que eu não servia para
ela, mas o corpo dela afirmava tudo o que ela negava e o que eu mesmo não
queria aceitar. Ela colou o corpo dela no meu, nossas bocas se uniram de
novo, com mais fome e vontade que nunca.
– Fui um idiota, Ângela, pensei que pudesse ficar longe de você. Deus,
que saudade! – continuei beijando-a até me sentir no limite. – Vamos sair
daqui agora, ou não respondo por mim. Fique um pouco mais, eu vou sair
primeiro.
Saí do quarto dela com o coração disparado. Se eu ficasse um segundo a
mais, não conseguiria. Com uma ereção de doer, tive que mergulhar longe do
grupo e me acalmar primeiro. Pouco depois Ângela se juntou a nós. Estava
com o shortinho, e não com o microbiquíni. Marcelo nos controlava o tempo
todo, eu não podia chegar perto dela. Nem Math me vigiava tanto. Ficamos
na água até quase meia-noite.
Quando entrei no meu quarto, já sabia que não conseguiria dormir com
Ângela tão perto. Às sete da manhã eu já estava fora da cama ouvindo uma
série de maldições de Antônio por eu me levantar tão cedo.

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Estava subindo as escadas quando ouvi o riso de Ângela junto com um


riso masculino. Com quem será que ela estava conversando tão cedo?
Cheguei ao topo da escada e ela estava de costas colocando pãezinhos em
uma cesta. Quem ria com ela era o mesmo rapaz que ela tinha chamado de
Mattia no dia anterior. Cheguei devagar, coloquei minha mão no ventre dela
e a puxei para mim até ter todo o corpo dela colado ao meu. Dei um beijo no
seu ombro e passei minha língua devagar, subindo pelo pescoço até alcançar
a orelha, onde mordi devagar e depois beijei. Senti todo o corpo dela tremer.
Olhei para o tal Mattia. Ele já tinha entendido.
– Bom dia, querida! Dormiu bem? Bom dia, Mattia.
– Bom dia, Sr. Leblanc. Eu vou levar esta bandeja lá para cima, Srta.
Rufinelli – disse o ajudante saindo disparado escada acima.
– Você ficou louco, Gabriel? Ontem foi Marcelo, agora Mattia! Do
jeito que você me beijou agora, eu não tenho desculpa para ele.
– Não quero que dê desculpas a ele, ele já entendeu. Minha mão tinha
descido. Abri o botão e o zíper do short e continuei até sentir a
umidade dela. Assim como eu ficava duro rápido perto dela, ela ficava
molhada com a mesma velocidade. Girei-a e a prensei contra o balcão.
O sabor fresco de menta, junto com o gosto dela, era o melhor café da
manhã. Peguei a mão dela e a fiz acariciar minha ereção. Em poucos
segundos estávamos gemendo os dois, mas não era o suficiente. Desci
meu calção e senti a mão quente dela em mim, os dedos deslizaram
sobre a cabeça, me esforcei para não gritar. A massagem se
intensificou e eu estava pronto para gozar nas mãos dela.
– Vamos parar por aqui, Ângela. – Retirei-me com cuidado das mãos
dela e notei que ela tremia. – Desça, Ângela, antes que esse rapaz volte e nos
encontre neste estado. Eu vou nadar e vejo você no café.
Saí da cabine, passei por Mattia, que arrumava a mesa, e mergulhei.
Podia ter morrido afogado, meu cérebro não estava no comando e meu corpo
inteiro estava tremendo. A água gelada me trouxe um pouco de lucidez.
Afastei-me do veleiro com braçadas lentas até meu cérebro voltar a funcionar
e elas se tornarem

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vigorosas, como já era minha rotina de todas as manhãs. Voltei e me


distanciei novamente na direção contrária. Não sei quantas vezes repeti até
ouvir August me chamar.
– Vai passar o dia todo aí?
– Não, já vou sair. A água estava muito boa e perdi a hora.
– Sei, venha, só estamos te esperando. Te trouxe uma toalha. Saí da
água e me sequei enquanto August esperava. Cami nhamos até onde
Mattia tinha preparado a mesa, debaixo de um toldo. Estavam todos
sentados conversando. Olhei para Ângela e fui até ela.
– Bom dia, Ângela, teve uma boa noite? – Cumprimentei-a com um
beijo no rosto e, antes que alguém falasse alguma coisa, repeti o mesmo gesto
inocente com Stella e Judith. Levantei a mão para o resto. Ninguém falou
nada.
Durante o café, tratei de não olhar mais para ela. Eles iam se jogar na
água, mas como eu tinha acabado de sair não estava com vontade.
Ângela desceu e logo depois reapareceu com um bloqueador solar, e eu
não tive culpa do que ela disse: – Gabriel, você está vermelho e, se não fizer
algo agora, hoje à noite vai estar ardendo.
– Ela tem razão. Eu tenho um protetor especial para peles claras como a
dele, vou buscar. – Judith desceu e voltou com um frasco. – Esse é melhor,
Ângela, ele tem um calmante. Eu tenho porque August tem a pele sensível
também. Nós, que somos morenas, não sentimos tanto.
Inocentemente Judith entregou o frasco nas mãos de Ângela. E Ângela,
como sempre, não pensava, ela agia.
– Deite aqui, Gabriel. Vou pôr nas suas costas, não quero você doente à
noite.
Como um bom menino, deitei-me de bruços na espreguiçadeira. Todos
olhavam para nós dois.
– Deixa que eu passo o protetor nele, Ângela. – Era a voz de Antônio,
não sabia se era sério ou brincadeira, mas tive vontade de matá-lo.
– Eu já coloquei o creme nas minhas mãos – Ângela disse um segundo
antes de deslizar as mãos nas minhas costas.

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Ainda bem que eu estava de costas, fiquei duro na hora e me segurei


para não gemer. Agora eu queria que Antônio passasse o protetor em mim.
– Você quer que eu passe em você, Antônio? – Stella estava
perguntando.
– Sim, por favor, Stella.
Alguns minutos depois ninguém mais estava prestando atenção em nós.
Ângela se sentou e eu coloquei a toalha na minha frente para esconder o meu
entusiasmo e passei o protetor pelas costas dela. Olhei para os lados para ver
se alguém estava prestando atenção, mas Antônio, Marcelo, August e Judith
já estavam na água, e Stella estava passando o protetor em Math como se
fosse uma massagem erótica. Ele estava gostando, pela forma como tinha os
olhos fechados. Aproveitei e beijei a nuca de Ângela. O perigo de Math abrir
os olhos e ver o que estávamos fazendo aumentava o prazer.
– Vá Ângela, eu vou ficar e descansar um pouco, mais tarde me junto a
vocês.
Ela se levantou e tirou a canga. Continuava com o shortinho, e eu
esperava que tivesse queimado aquele outro maldito biquíni.
Acordei com pingos de água caindo sobre minhas costas.
– Vai ficar se queimando aí até que horas? – Era August.
– É que não dormi quase nada e exagerei na natação hoje de manhã.
– Posso saber o que você aprontou para que Marcelo te olhe querendo
te matar? E aquele ajudante, que ontem nos serviu tão bem, agora olha para
Ângela como se ela fosse a própria esposa do diabo.
– Que exagero, mas é melhor mesmo ele não olhar muito para ela, Math
não gostaria.
– Ele não tem nada a ver com isso. E cuidado você.
– Não enche meu saco. Cadê todo mundo?
– Desceram agora para tomar uma ducha, trocar de roupa e preparar
alguma coisa para o almoço.
– Que horas são agora?

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– Quase onze horas, mas Math quer velejar mais mar adentro e voltar só
na hora de receber os convidados. Vou tomar um banho também. Já subo de
volta.
Ângela tinha razão de amar o mar, era relaxante. Continuei ali deitado,
curtindo minha preguiça.
– Estamos saindo.
Era a voz de Ângela falando para um dos ajudantes. Tudo se
transformou, sentei-me para ver. Ela parecia uma pirata moderna, com um
shortinho branco, tênis e camiseta, só faltava a espada. Ela e dois ajudantes,
sem falarem nada, sabiam exatamente o que fazer. Enquanto um desamarrava
ou amarrava, Ângela girava manivelas, correndo e se livrando das cordas no
chão.
– Vamos velejar. – Ao comando de Ângela, o tal Mattia foi ao encontro
dela e começaram a girar manivelas, enquanto outro rapaz se juntou nas
amarras. A vela azul que eu tinha visto ontem e que estava recolhida se
juntou às duas menores, que já tinham sido abertas, imponentes, fazendo o
barco tomar impulso como uma flecha.
Ângela e os dois marinheiros riram e bateram as mãos como sinal de
trabalho bem feito. Ela olhou para nós, ainda rindo. Estávamos todos de boca
aberta, encantados, não era só eu. Foi Judith quem puxou os aplausos.
– Ângela, você foi fantástica!
– Eu gosto de velejar tanto quanto Math – ela disse sem jeito.
– Sim, eu sabia que você gostava e pensei que você só ficasse deitada
tomando sol, mas você não só ajudou, como comandou todos eles. Foi
incrível. August tem razão quando diz que você é única. – Judith disse com
entusiasmo, deixando Ângela cada vez mais tímida, e eu cada vez mais
orgulhoso.
– Ângela é incrível mesmo, em todos os sentidos – eu disse como o
idiota que sou, sorrindo para ela e atraindo todos os olhares. Merda!
Ângela realmente não sabia receber elogios. A cor cobre que tomou
conta dela a deixou ainda mais linda. E, mesmo que ninguém soubesse, essa
garota que tinha deixado a todos de boca aberta era minha. Depois dos quatro
dias de estupidez da minha parte, era para sempre. Não importava o que
pudesse acontecer,

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eu não iria tentar tirar ela da minha vida novamente, e nem a deixaria sair.
Depois de quase uma hora velejando, paramos. Ângela Stella e Judith
prepararam saladas e colocaram os assados no forno para esquentar. Nós
levamos tudo para cima e arrumamos a mesa. Quando tudo ficou pronto, nos
sentamos para comer. Ângela tinha conseguido incluir no cardápio um peixe
assado, e Judith, que também não era amante de carne vermelha, adorou. As
duas passaram o almoço falando das vantagens da carne branca.
Entre brincadeiras, a tarde passou rápido e só voltamos à baía a tempo
de esperar os convidados, que chegaram de lancha fazendo um grande
estardalhaço.
– Math, que lindo o seu veleiro! Por que nunca nos convidou antes? –
Quem estava falando era Julieta, uma arquiteta que já tinha colaborado em
alguns projetos de Math. Mas ela não tinha sido convidada, tinha vindo
acompanhando Júlio, outro arquiteto amigo dele.
No grupo estavam mais dois casais que eu sabia serem amigos da época
da faculdade, mais três empresários que eram clientes nossos, dois deles
desacompanhados, e o CEO de uma empresa de comunicação. Estávamos
negociando com ele a construção do futuro local próprio da empresa. Ele era
novo ainda, mas tinha brigado em todos os pontos do nosso contrato. Estava
desacompanhado. Cumprimentei todos eles, conhecia a todos.
Outra lancha se aproximou e uma equipe subiu a bordo, era a equipe do
bufê; mais outra equipe subiu, era o pessoal que ia animar a noite. Enquanto
uma equipe distribuía champanhe e canapés, a outra em tempo recorde
colocou música no ar. Math tinha pensado em tudo.
Judith saiu de dentro do barco junto com Stella. As duas estavam
lindas, não tinha como negar. August a apresentou como a namorada dele e a
prendeu junto a ele, colocando assim um freio nas segundas intenções dos
solteiros. Stella e Marcelo foram apresentados como amigos.
Estávamos conversando e rindo quando Ângela apareceu e todos
olharam para ela, era a mais linda da noite. Ela não precisava de artifícios
para chamar a atenção. Em um vestido branco de

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algodão de uma alça e sandálias, os cabelos negros soltos, ela era a visão de
uma deusa grega. Ficou parada perto da porta, sem jeito por ver tanta gente.
– E essa, quem é? – ouvi Julieta perguntando ao acompanhante dela.
– Não sei, mas ela é linda!
– Nem tanto – foi a resposta azeda dela.
Math foi até onde ela estava e a abraçou. Dando um beijo na testa dela,
trouxe-a para o grupo e começou a apresentá-la como uma amiga muito
especial, deixando todos loucos. Ela não era a namorada; mas, como ele deu
ênfase no especial, então ela não estava livre. Se ele estava apresentando-a
desse jeito, era porque não confiava em nenhum dos que estavam ali, e
ninguém iria querer se meter no caminho dele. Melhor assim.
Tudo estava caprichado: boa comida, boa bebida, boa música, gente
animada, todos estávamos nos divertindo, mas enquanto August praticamente
amarrou Judith ao lado dele, Ângela desfilava conversando e rindo. Eu via o
maldito CEO segui-la por todos os lados de forma dissimulada. Mas quando
nossos olhos se cruzavam, sorríamos cúmplices, ou eu dava um jeito de
passar perto dela e fazer algum carinho disfarçado. Quando começaram os
fogos, eu já não me aguentava mais. As luzes tinham sido apagadas para ver
melhor. Vi onde ela estava e passei perto dela tempo o suficiente para ela me
ouvir.
– Te espero perto do seu camarote.
Ninguém ia descer durante a queima de fogos, a não ser que tivessem a
mesma ideia que eu. Stella e Judith estavam descartadas, a única que podia
querer levar alguém para baixo seria Julieta, e eu esperava que não.
Cinco minutos depois ela desceu correndo, abriu a porta e entramos.
Abracei-a por trás e a coloquei contra a porta.
– Gabriel! Não podemos, aqui não.
– Aqui sim, Ângela. Se eu não me enterrar dentro de você agora, eu
enlouqueço. Quero terminar o que começamos na boate aquela noite. E do
jeito que estamos não vamos demorar, vai ser

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rápido, ninguém vai perceber que desaparecemos, está escuro lá em cima.


Ela se empurrou contra mim, como tinha feito na boate. Não tinha
muito tempo, eu já estava preparado e esperava que ela também. Levantei o
vestido e puxei, arrebentei o fiodental que ela estava usando. Coloquei meu
dedo e a senti praticamente se derramando. Passei minha língua pelo ombro
nu, beijei o pescoço dela e mordi a orelha. Minha vontade era mordê-la no
pescoço, mas não podia. Eu estava desesperado. Não tirei minha bermuda, só
abri meu zíper, me liberei, vesti o preservativo e investi nela até o fundo.
Ângela gemeu alto, quase gritando, e eu urrei de prazer junto. Não parei para
me adaptar, segui direto com minhas investidas. Fazia tempo, muito tempo
sem ela, e ela estava igual.
– Gabriel, mais, me dê mais, por favor. – Essa era minha menina.
– Sim, se empurre contra mim e vai me ter inteiro dentro de você.
Ângela sempre me deixava louco quando pedia mais de mim. Entrei e
saí dela rápido e com força, ela contra a porta e eu atrás, como na boate. Os
gemidos dela se transformaram em gritos, mas não me importei, porque lá
fora todos gritavam também. Seu corpo começou a vibrar, ela estava pronta
para gozar, levei minha mão e massageei o clitóris dela.
– Venha comigo, Ângela, goze comigo, Ela gritou e explodiu, me
levando junto. Enterrei-me dentro dela até tocar o fundo, senti meu pau
ser apertado, sugado, massageado por ela. Eu não podia mais ficar sem
isso, só ela conseguia me dar.
Esperei um pouco para me recuperar. Estávamos encostados os dois na
porta. Quando minhas forças começaram a voltar, saí dela, segurei-a no meu
colo e a levei para a cama. Ela ainda estava se contorcendo com o fim do
orgasmo percorrendo o corpo dela.
– Vou subir agora, você pode ficar o tempo que quiser. Se eles me
virem, não vão desconfiar.
Dei um beijo rápido nela, saí fechando a porta e passei pelo meu quarto
para jogar o preservativo amarrado no banheiro. Quando subi, olhei em volta
e todos pareciam distraídos com os

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fogos, as luzes continuavam apagadas. Olhei meu relógio, não tínhamos


demorado nem dez minutos. Vi onde estava Math e fiquei por perto, até ele
me ver, então saí e procurei uma bebida. Não me importei com o que era,
virei tudo de uma vez. Deixei o copo em uma mesa e me joguei em uma
espreguiçadeira, a adrenalina estava deixando meu corpo e eu estava ficando
trêmulo. Deus, o que eu tinha feito era uma loucura. Eu não entendia porque
meu corpo reagia com tanta fúria com ela, só com ela, porque eu não tinha
isso com outra. Ângela ainda não tinha subido, talvez estivesse como eu, ou
pior.
– Por que tão sozinho? Não está se divertindo?
Olhei e vi Julieta puxando outra espreguiçadeira para se deitar ao meu
lado. Ângela não confiava em mim, eu tinha que conquistar a confiança dela
ou iríamos ter sérios problemas. Mas era tão difícil, tudo acontecia, como
agora, por exemplo.
– Estou com um pouco de dor de cabeça, por isso queria ficar sozinho. –
Não queria que Ângela nos visse juntos.
– Posso te fazer companhia.
– Não, Julieta, eu realmente quero ficar só, obrigado. – Que inferno!
Graças a Deus ela entendeu o recado e desapareceu da minha frente. Eu
respirei aliviado. Vi quando Ângela saiu, mas continuei no meu lugar até as
luzes se acenderem novamente. A festa continuou. Ângela dançava com
Marcelo, mas não dei importância, sabia que ela estava comigo.
Depois da meia-noite o veleiro ancorou no porto e desembarcamos,
começamos a nos despedir de todos. A festa tinha sido um sucesso. Passei
por Ângela, toquei seus dedos com os meus e dei um beijo no rosto dela me
despedindo. Ela apertou os meus e sorriu. Ninguém percebeu esse nosso
contato mais íntimo.
Duncan já estava me esperando, assim como Josh esperava por Ângela.
Ela me dirigiu um último sorriso enquanto desaparecia dentro do carro. Sim,
estávamos juntos novamente.

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Capítulo 13

Ângela

Meu trabalho na empresa rendia seus frutos. Eu aprendia cada dia mais,
sempre tinha coisas acontecendo. Não fazia ideia de que a empresa fosse tão
grande, as inaugurações aconteciam quase toda semana, mas, como Amanda
e Isabel tinham informado, as inaugurações pequenas ficavam a cargo de
empresas terceirizadas, e às vezes só um deles participava. Eu tinha que ver
sempre o andamento de obras e passar as informações mais importantes, que
a imprensa sempre estava pedindo.
Gabriel tinha se comportado. Conseguíamos almoçar em um restaurante
pequeno que ele tinha encontrado. Não ficava perto e tínhamos que ir de
carro, mas valia a pena; o restaurante servia boa comida e podíamos ficar
juntos. Sempre chegávamos e saíamos separados.
Eu estava respondendo alguns e-mails quando meu celular soou com a
chegada de uma nova mensagem, era o celular que eu compartia com
Gabriel. Desde o dia anterior, Gabriel me ligava a cada meia hora. Hoje
poderíamos estar juntos sem proteção e ele estava ficando louco, e me
deixando louca também.
– Você já almoçou?
– Não, mas acho que vou pedir um sanduíche e comer por aqui mesmo.
– Ele me perguntava se já tinha almoçado, mas sabia que o que ele queria
dizer era outra coisa.
– Diga a Amanda que precisa sair mais cedo. Vamos, Ângela, estou
morrendo de vontade de gozar dentro de você, não posso trabalhar assim. Já
faz um mês que esperamos.
– Eu também, Gabriel. Mas se esperamos um mês podemos esperar
algumas horas. – Tinha que tentar acalmá-lo, antes que ele perdesse o
controle.
– Você não tem pena de mim. Não entendo. Como não pode pedir para

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sair um pouco mais cedo? Só hoje.

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– Calma, Gabriel, só algumas horas, tudo bem? Para que você não diga
que eu não me sinto igual, vou pedir para sair uma hora antes. Está bem
assim para você?
– Ângela, não me faça implorar mais por você. Eu vivo implorando.
– Gabriel, eu não quero que você implore. Eu estou igual, só não quero
pensar porque eu sei que não vou trabalhar se começar a pensar em você se
escorregando livre dentro de mim, como no banheiro e na varanda, e
chegando até o fim. – Parei de falar e balancei a cabeça quando senti que meu
clitóris começava a latejar.
– Deus, Ângela, não fale mais.
Ele desligou e pouco depois recebi uma mensagem me passando os
detalhes do seu novo carro e onde eu deveria me encontrar com ele na saída
do trabalho. Tratei de adiantar todo o meu serviço e às quatro pedi à Amanda
para sair. Na rua disse a Josh que ia até a livraria que ficava na esquina e que
não precisava me seguir. Ele me olhou desconfiado, mas como a livraria
ficava perto não disse nada. Quando virei a esquina vi o carro novo de
Gabriel com a porta aberta e entrei. Pela primeira vez ela não me beijou, só
acelerou e saiu rápido.
– Ângela! – ele disse me beijando e me levando direto ao quarto.
Quando eu percebi, ele já estava nu, enorme, duro, com os olhos
brilhando de fome. Minha roupa não foi tirada, foi arrancada de mim. Ele não
falava, só gemia e rosnava.
– Não reclame agora, Ângela, você me deixou assim. Estou no meu
limite.
Uma almofada foi colocada debaixo da minha bunda e minhas duas
pernas foram levantadas sobre os ombros dele. Senti seu dedo em mim para
sentir se estava preparada, um gemido e depois ele se enterrou em mim com
um urro, que deve ter saído direto da alma dele e feito todo o prédio tremer.
– Por que você me fez esperar tanto, Ângela? Sente como estou agora?
– Sim, eu te sinto, Gabriel.
Senti Gabriel se escorregando dentro de mim com força, mais
desesperado do que nunca. Ele segurou minhas coxas, se

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empurrou em mim e gozou. Senti todo o seu corpo rígido enquanto ele urrava
e se apertava cada vez mais a mim. Eu estava no meu limite, mas ele gozou e
parou, me deixando alucinada. Tratei de fazê-lo continuar, mas ele estava
completamente imóvel, respirando rápido e se recuperando.
– Gabriel, não me deixe assim, preciso de você, por favor. Ele me
olhava sério. Sabia que queria me castigar por tê-lo feito esperar. Eu
não conseguia me controlar, queria puxá-lo com minhas pernas, mas
ele estava me controlando agora, entrando e saindo no tempo dele.
Estava me deixando louca, queria mais.
– Implore, Ângela. Sei como você quer, sei como você gosta, mas vou
te fazer esperar, como você fez comigo hoje. Quero você desesperada por
mim, como eu fiquei hoje. Me implore, Ângela, como tive que implorar por
você.
– Se você quer que eu implore, eu imploro, Gabriel, por favor, mais,
mais, mais.
– Isso, querida, grite por mim.
Ele acelerou os movimentos e depois me dobrou ao meio, tocando o
fundo. Meu corpo assumiu o controle. Vibrando com a chegada de um
orgasmo, segurei Gabriel, cravando minhas unhas nele. Ele estava enterrado
em mim. Quando meu orgasmo explodiu, eu senti Gabriel gozando dentro de
mim, me deixando quente. O corpo dele vibrou junto com o meu e ele não
estava gemendo, estava gritando. Nós dois estávamos gritando. Gabriel não
deu tempo para eu me recuperar, não podia acreditar que ele continuava
completamente ereto. Ele me girou e se enterrou novamente em mim por trás.
Pensei que eu não poderia, mas logo estava enlouquecida novamente.
– Assim, empina essa bunda gostosa para mim.
Estava ficando melada, com o orgasmo dele escorrendo em mim, pelas
minhas pernas, enquanto ele me cavalgava. Era tudo tão intenso. Era a
primeira vez que tinha Gabriel realmente dentro de mim, e ele sabia, parecia
que queria me encher dele. Quando ele se enterrou em mim, eu me empurrei
contra ele e nosso corpos se chocaram com força. Ele gemeu alto.
– Me aperte, Gabriel, quero sua mão. – Senti os dedos dele cravados na
minha bunda e minha boceta apertou o seu pau com

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força. O prazer se intensificou, meu corpo tremia junto com o dele. – Mais! –
Ele me deu um tapa e eu me perdi. Gabriel me segurou, senti minha cabeça
sendo levada com força para trás e bati no queixo dele. Queria fechar minhas
pernas, mas era impossível. O prazer tomou conta do meu corpo e terminou
no meu sexo com tanta força que, se não fosse por ele, eu teria caído da
cama. Continuei sentindo cada explosão de esperma quente que ele deixava
dentro de mim. Minha garganta secou com meus gritos, até eu não ter mais
forças nem para gritar, nem para me mexer. Desabei completamente
esgotada, com Gabriel em cima de mim.
– Você está bem?
Fiz que sim com a cabeça, não conseguia responder.
– Descanse – ele disse e apaguei.
Acordei com Gabriel dentro de mim, estávamos de conchinha e ele
tinha os dedos brincando no meu clitóris. O desejo me invadiu. Estávamos
suados, melados, e o cheiro de sexo tomava conta do quarto. Completamente
acordada, levei minha mão até a bunda dele e o puxei contra mim, isso o
incentivou a continuar. Mais uma vez fomos além, gozamos com a mesma
fúria de sempre.
As cortinas estavam abertas e começava a entrar claridade no quarto
quando acordei com a boca de Gabriel no meu seio, dois dedos dentro de
mim.
– Gabriel – gemi. Eu não podia acreditar que estava querendo-o de
novo, havia passado a noite inteira com ele enterrado em mim e ainda queria
mais.
– Você também me quer de novo, Ângela? Não pode mais ficar sem
meu pau, assim como eu não estou conseguindo ficar sem sua boceta.
– Sim, quero você de novo, Gabriel... Eu quero mais de você.
– Sim, querida, é assim que eu gosto, você precisando de mim o tempo
todo.
– Quero que você entre em mim agora. – Ele riu, se ajoelhou na cama e
me puxou. Levantou uma perna minha sobre o ombro, olhou para baixo e
brincou com a cabeça do pau dele em minha entrada. – Agora, Gabriel.
Preciso de você agora.

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– Como você está molhada! Toda lambuzada do meu gozo. Você está
linda comigo em você, hoje eu vou ficar contigo o dia todo – ele dizia
enquanto passeava com a cabeça do seu pau por toda minha extensão. Às
vezes me torturava com batidinhas do pau dele no meu clitóris, me fazendo
gemer e pedir por ele.
– Não estou suportando mais, Gabriel. Por favor... – Quando terminei
de falar, ele deslizou dentro de mim, me fazendo gritar.
– Isso, querida, grite. Grite meu nome. – Com minha perna em seu
ombro ele ia até o fundo. – Está gostando, querida? Está bom para você
assim ou quer mais forte?
– Mais, Gabriel, mais forte – eu disse gemendo.
– Merda, Ângela! – Senti quando os dedos dele cravaram em minha
coxa e os golpes aumentaram. – Vamos juntos, Ângela, goze comigo.
Quando eu pensava que já tinha alcançado o ápice do prazer, ele me
dava mais. Senti como se estivesse caindo, eu precisava me segurar nele. Ele
segurou minhas mãos e me levou junto, eu sentia como todo o corpo dele
vibrava com o prazer.
Quando pude abrir meus olhos, o sol estava alto. Eu tinha que me
levantar, mas não tinha força.
– Vamos levantar, Gabriel, já é tarde – eu disse tentando me desamarrar
das pernas dele.
– Esqueça, Ângela, não vamos sair desta cama hoje.
– Gabriel! Eu preciso trabalhar. Você é o patrão, mas eu sou
funcionária em período de teste ainda, lembra? Não quero ser mandada
embora. – Quanto mais eu tentava me soltar, mais os braços dele se
fechavam em mim, me prendendo.
– Quero mais, Ângela, uma noite não foi o suficiente. Fique.
– Ele parecia um garotinho implorando por um presente que eu não podia
dar. Não tinha como. As mãos dele começaram a passear pelo meu corpo,
fazendo-me arrepiar. Iríamos morrer se continuássemos assim.
– Gabriel, eu quero ficar tanto quanto você quer que eu fique, mas você
sabe que não posso. Não me faça sentir mal. Já são quase oito horas e eu
ainda estou na cama com você. Não dormimos nada, e eu não sei se depois
de levantar vou conseguir caminhar, estou tremendo.

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– Certo, mas só se você prometer que vamos repetir essa noite, tudo de
novo, e que vamos passar o fim de semana juntos.
– Eu prometo, mas agora preciso ir. Você disse que tinha roupas para
mim aqui, que eu não precisava ir me trocar em casa. Posso ver?
– Claro.
Ele se levantou e eu tentei segui-lo, mas minhas pernas tremeram sem
responder. Olhei a cama, os lençóis estavam molhados, todo o resto estava
jogado pelo chão. Minhas pernas, assim como todo o meu corpo, estavam
meladas de suor e prazer.
– Gabriel! Será que você pode me ajudar? Minhas pernas estão
tremendo.
– Eu te deixei assim? É pouco. Quero te deixar sem poder caminhar. –
Ele riu e voltou para me ajudar.
Tive que ser levada no colo para o banheiro. Gabriel praticamente me
deu banho e me vestiu. Eu estava dopada de tanto sexo. Uma xícara enorme
de café foi posta em minha frente, depois pães, ovos, bacon. Comi tudo e
comecei a sentir minha energia voltar e meu cérebro reagir novamente.
– Como você está? Acho que abusei – ele disse, mas o sorrisinho
satisfeito denunciava que ele estava feliz com sua proeza.
– Você gozou tantas vezes dentro de mim que acho que vou ter você
escorrendo pelas minhas pernas hoje.
– Prometo me comportar e ficar quietinho dentro de você – ele disse me
beijando.
Estava com uma xícara de café na mão, lendo alguma coisa no laptop, o
terno cinza combinando com a gravata cinza e azul. Ele estava perfeito.
Puxei-o pela nuca, tocando os cachos suaves que ainda tinham um resto de
umidade do banho, e dei um beijo na boca mais perfeita do mundo.
– Pare, Ângela! Hoje eu estou no meu limite de controle, a qualquer
momento desisto do trabalho, fecho a porta e jogo a chave fora.
– Adorei este conjunto. Você escolheu? – Ele tinha me vestido com um
terninho azul-claro e uma camisa sem mangas de seda cinza, sapatos e bolsa.
Tinha ficado perfeito. Eu tinha reparado

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que o closet estava cheio de roupas femininas, além dos ternos dele.
– Foi. Que bom que gostou, agora não tem mais desculpa para voltar
para casa.
– Não posso morar aqui. Agora temos que ir. Como você vai fazer para
me deixar no trabalho?
– Meu carro é novo, ninguém conhece, vou te deixar no mesmo lugar
em que peguei você ontem.
Ele parou o carro e olhamos em volta para ver se tinha alguém
conhecido por perto. Depois de um beijo rápido, desci e caminhei sem olhar
para trás. Minhas pernas estavam trêmulas. Gabriel estava dentro de mim.

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Capítulo 14

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Gabriel

Ver Ângela descendo e indo embora sem olhar para trás deixou um
vazio em mim. Tinha sido a melhor noite da minha vida. Se não fosse porque
eu estava preocupado com ela, não teria saído de dentro dela.
Estacionei o carro na nova vaga, olhei e não vi os outros carros,
segundo o programado eles só voltariam no inicio da semana seguinte.
– Bom dia, Cíntia, mude minha reunião para a tarde e avise ao chefe da
segurança que preciso ver algumas gravações.
– Bom dia, Sr. Leblanc.
Entrei no meu escritório e liguei os monitores, Ângela já estava
trabalhando. Fiquei tentado a mandar alguma mensagem, mas desisti.
Desliguei e tratei de me concentrar. Ela precisava trabalhar, e eu também.
– Senhor, reprogramei sua reunião para as duas da tarde. E o chefe da
segurança deseja saber se o senhor quer que ele separe alguma gravação em
especial.
– Sim, diga a ele que quero as gravações da entrada de todos os
funcionários e dos elevadores também, de dois meses. Quero com urgência.
– Sim, Sr. Leblanc.
Não tinha começado a ler o segundo contrato quando Cíntia me avisou
pelo interfone que o chefe da segurança estava com meu pedido.
– Bom dia, Sr. Leblanc. O senhor quer estudar as gravações sozinho ou
quer que eu procure por alguém específico.
– Bom dia, Sr. Kane – disse olhando o crachá que ele estava usando. –
Deixe que eu vou dar uma olhada e, se precisar, te cha-mo novamente.

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Ele saiu e eu comecei a assistir ao vídeo. Queria ver o que Antônio vira.
Eu devia ter feito isso antes. Depois de quase duas horas de gravação, tenho
quatro funcionários. Marquei-os e chamei Kane de volta. Pedi a ele que me
preparasse um relatório dos quatro e ele saiu. Malditos!
Quase ao meio-dia, desci para almoçar. Na recepção decidi ligar para
Ângela, talvez eu conseguisse que ela almoçasse comigo.
– Está com tempo para almoçar comigo? – disse quando ela atendeu.
– Não vai dar, estou tentando adiantar meu trabalho para poder faltar
amanhã, lembra?
– Não vamos demorar, será um almoço rápido. E alguns beijos.
– Não, Gabriel, eu vou almoçar um sanduíche na minha cabine para
adiantar o trabalho. Te vejo às sete.
– Certo, vou te esperar às sete então.
Desliguei, peguei meu celular, abri a porta e Duncan apareceu. Eu o
dispensei. Estava caindo uma chuvinha fina, fiquei parado olhando. Se
Ângela estivesse aqui, sairia correndo na chuva. Eu estava tão concentrado
que não vi Loreta chegando. Ela só podia estar me vigiando, não havia outra
explicação. Fiz uma anotação mental de dizer a Duncan que investigasse.
– Não acredito que você vai sair na chuva quando tem carro com
motorista!
– É bom andar na chuva de vez em quando, e nem é uma chuva forte, é
só uma chuvinha boba. Respirar um pouco de ar fresco, que não seja de ar-
condicionado, faz bem.
– Onde vamos almoçar? – Loreta perguntou passando a mão no meu
braço, me acariciando. Senti um calor na nuca e girei a tempo de ver Ângela
com os olhos arregalados, olhando para Loreta, depois despareceu dentro do
prédio. Ela nos vira.
– Não vou mais sair, vou comer no meu escritório. – Precisava alcançar
Ângela. De novo Loreta em cima de mim, como ia dizer que ela apareceu do
nada?
– Vou conhecer seu escritório então. Você vai me convidar para
almoçar com você no seu escritório?

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– Não vai dar, Loreta, só vou comer um sanduíche. Lembrei que estou
atrasado para uma reunião. Vejo você outro dia. – Desfiz-me do braço dela e
entrei no prédio novamente, mas Ângela já tinha desaparecido.
Entrei no meu escritório e liguei os monitores. Ela não estava em parte
alguma. Telefonei e ela não atendeu. Enviei uma mensagem, ela não
respondeu. Quando comecei a me desesperar, ela me ligou. Respondi no
primeiro toque.
– Ângela, onde você está?
– Voltei. Eu ia sair, mas não vou mais.
– Onde você está, Ângela?
– Estou no banheiro, passei mal e tive que voltar.
– Como passou mal? Você estava bem.
– Passei mal quando te vi com aquela mulher, ela estava acariciando
você.
– Deus, Ângela! Não sei o que dizer, mas parece que ela me vigia. Eu
não fazia ideia de que ela estava ali.
– Não posso continuar falando agora, Gabriel. Ligo para você mais
tarde.
– Ainda vai se encontrar comigo mais tarde?
– Se eu não piorar, sim.
Ela desligou e eu esperei, fiquei controlando. Então saiu, foi em direção
ao refeitório, pegou uma garrafinha de água e voltou. Quando vi que havia se
sentado, liguei de novo.
– Já está melhor? – Estava desesperado.
– Sim, estou bem. Não foi nada, só um mal-estar passageiro.
– Avise Amanda que não se sente bem, vá para casa. Vou te buscar e
posso cuidar de você lá no apartamento.
– Eu estou bem, Gabriel. Vamos nos encontrar mais tarde como
tínhamos combinado.
– Fico preocupado, mas está bem, eu pego você às sete. Se não se sentir
bem, me ligue.
– Se não me sentir bem, vou te ligar sim. Nós nos vemos mais tarde.
Passei a tarde toda controlando Ângela. Liguei para Carol preparar um
jantar leve, salmão grelhado com purê e aspargos, e

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uma salada de frutas. Quando a vi saindo, saí também. Não pude esperar até
às sete, às seis e meia já estava na garagem.
– Já cheguei.
– Estou descendo.
– Ângela! Como você está? Eu fiquei desesperado quando vi você
desaparecendo por aquela porta. – Peguei o rosto dela entre minhas mãos,
queria ter certeza de que estava bem.
– Eu estou bem. Vamos sair daqui, estou morrendo de fome.
– Vamos. Se você está com fome, quer dizer que está melhor. Dirigi
com a mão dela na minha. Tinha a impressão de que, se soltasse,
alguma coisa ruim aconteceria. Em cada parada de semáforo, tratei de
dar um beijo nela, não queria que ela desconfiasse de mim de novo. A
falta de confiança de Ângela em mim era o nosso maior problema.
Cheguei e a levei para a cozinha. Esperava que comesse, já que tinha
visto que ela não almoçara.
– Pedi a Carol para preparar alguma coisa leve para você: purê de couve
flor com salmão grelhado e aspargos. O que você acha? Se não quiser,
podemos pedir outra coisa.
– Não! Está maravilhoso. Vamos comer antes que eu desmaie, estou
com muita fome.
– Quer vinho? Uma taça para relaxar. – Servi o vinho enquanto ela
colocava a comida na bancada e arrumava os talheres. Durante o jantar, não
consegui tirar minhas mãos dela.
– Nossa, que comida maravilhosa! Esse purê fez me lembrar de minha
mãe. Eu não consigo me lembrar de muitas coisas, mas da comida dela eu me
lembro. Gostaria de ter aprendido mais.
– Mas você sabe cozinhar – eu disse a ela enquanto colocava as frutas
da salada na boca dela.
– Sei o suficiente para não passar fome – ela disse pensativa.
– Gostaria de ter tido mais tempo com ela.
– Eu sei como é. – Puxei-a para mim e a abracei. Eu só tinha visto
Ângela triste e chorando na infância, nunca mais. Ela era sempre alegre, vê-
la triste me deixava mal.

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– Me beije, Gabriel, não quero lembrar. Me faça esquecer. – Ela abriu


as pernas e me levou de encontro a ela, prendendo-me com os tornozelos. Eu
coloquei ambas as mãos em sua bunda e a levantei da bancada.
Ângela não soltava minha boca e se esfregava em mim.
– Preciso de você hoje mais do que nunca, Gabriel. Chegamos ao
quarto e a coloquei na cama. Tentei tirar a roupa, mas ela não deixou,
puxou minha camiseta pela cabeça e pegou meu mamilo entre os
dentes, como eu gostava de fazer com ela. Meu corpo inteiro ferveu.
Deixei-a no comando, porque sabia onde iria parar, na boca dela, e
pensar nisso sempre me deixava duro. As mãos dela foram para o cinto
e depois ela desceu tudo junto. Antes de a calça alcançar os joelhos, eu
já estava na boca dela.
– Calma, querida, temos a noite toda. – Se ela continuasse, eu ia acabar
gozando.
– Estou calma, só quero você.
Ela me empurrou sobre a cama e não me deu tempo de tirar a roupa
dela, ela mesma puxou o vestido sobre a cabeça e tirou a calcinha. Eu queria
mais tempo, mas ela estava com pressa, então me entreguei, deixei que ela se
aproveitasse de mim até se acalmar e me entregar de volta o comando.
– Deus, como você está grosso, Gabriel – ela disse me enterrando
dentro dela e gemendo.
Segurei a bunda dela e me empurrei para cima, tentando ajudá-la a se
enterrar mais em mim. Quando vi que ela estava alcançando o limite, eu
tomei o comando e a deixei de quatro, entrando nela por trás. Ter sexo com
Ângela sem preservativo era uma loucura, ela estava molhada e esquentava
todo o meu pau, eu tinha que me segurar para não gozar na segunda
investida. E ter Ângela se empurrando não era fácil. Eu a segurei e me
enterrei até o fim. Gozamos os dois e me deitei atrás dela sem sair. Ela estava
mais calma e, depois da nossa maratona na noite anterior, dormiu em
segundos, e eu também.
Acordei com Ângela se debatendo suada. Estava tendo um pesadelo e
chutava tudo, com a respiração superficial como se estivesse se afogando.

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– Acorde, querida, é só um sonho ruim. – Tentei acordá-la, mas não


conseguia. Puxei-a para meus braços e tentei sacudi-la, mas quanto mais eu
tentava mais ela se desesperava e não acordava.
Em um determinado momento ela abriu os olhos e me olhou com terror.
– Ratos. – Foi a única coisa que ela disse antes de desmaiar. Fiz de
tudo para ela acordar, não sabia mais o que fazer. Ligar para o 911
seria um escândalo, para Math eu estaria morto. Talvez se eu ligasse
para August e pedisse ajuda a Judith... O tempo estava passando e eu
estava ficando sem opção. Stella! Stella era amiga dela. Merda, eu não
tinha o número.
Peguei Ângela no colo de novo. Ela respirava como se estivesse
dormindo, isso me tranquilizava, mas ela não acordava por mais que eu a
sacudisse. Tomei uma decisão. Procurei no meu celular o número do
apartamento dela, que ela tinha me enviado, se eu pudesse ligar para Stella
seria mais fácil, mas Ângela só estava com o telefone que usava comigo.
Tentei mais uma vez acordá-la, sem sucesso.
Entrei no closet, procurei pelas lingeries novas e uma camiseta minha.
Fui até o banheiro, molhei e coloquei gel em uma toalha pequena, vesti
minhas roupas que Ângela tinha jogado no chão. Eu estava literalmente
tremendo. Limpei Ângela com carinho, não queria que ela acordasse com
cheiro de sexo em frente à Stella. Eu a conhecia bem, ela não gostaria de
dividir nossa intimidade, mesmo que Stella fosse sua melhor amiga. Vesti-a
com a calcinha nova, coloquei a camiseta e um pijama meu. Em cima
coloquei um roupão. Eram as roupas mais confortáveis que eu tinha para ela.
Peguei sua bolsa e as minhas coisas. Ainda não era meia-noite, Stella ia levar
um susto.
Peguei Ângela no colo com carinho. Minha vontade era de correr com
ela para o hospital, meu único consolo era que ela parecia estar só dormindo.
No carro ajeitei o cinto e dirigi com cuidado. Cheguei ao apartamento dela e
toquei a campainha, não sabia se Stella estava com alguém. Era a primeira
vez que eu ia lá, só esperava que ela não surtasse e começasse a gritar.
Toquei de novo e aconcheguei Ângela nos meus braços.

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– Já vou – ouvi Stella respondendo. Senti que ela estava me olhando


pelo olho mágico e logo a porta foi aberta.
– Ângela não está bem – eu disse assim que ela abriu a porta.
– Você?
– Agora não, Stella, me ajude, me diga onde fica o quarto dela. Rápido,
Stella, você não entendeu? Ela não está bem.
Eu não entendia como Stella podia continuar tranquila enquanto eu
estava prestes a ter um infarto. Segui-a pelo corredor e coloquei Ângela com
carinho na cama. Olhei para Stella, que se sentou tranquilamente do outro
lado da cama. Estava para pular no pescoço dela quando ela falou: –
Pesadelo? – Olhei para ela sem entender. – Ela tem pesadelos desde a morte
dos pais. E, quando eles acontecem, ela entra em uma espécie de coma e não
é possível acordá-la. Vários psicólogos e psiquiatras já disseram que é uma
forma de o cérebro se defender. Não sei bem, ela não gosta de falar muito
sobre isso.
– E acontece sempre? – perguntei me deitando ao lado dela. Os
tremores tinham aumentado e eu não conseguia mais ficar em pé.
– Desde quando vocês estão juntos? – Stella me perguntou sem
responder minha pergunta.
– Stella, me responda, por favor. Sobre a nossa relação você pergunta
depois a ela.
– Não, não acontece sempre. A primeira vez que aconteceu depois que
ela voltou foi há dois ou três anos, não lembro bem. Eu me assustei muito e
Math também, ele pensava que eles tinham terminado. E o tempo também o
assustou, demorou muito para ela voltar.
– Como assim voltar? – À medida que ela me explicava, mais eu me
assustava.
– Depois dos pesadelos ela entra em uma espécie de coma, geralmente
de algumas horas ou um dia, mas daquela vez demorou quase dois dias e ele
pensou que ela poderia não voltar.
– Então foi aquela vez em que ele disse que ela estava com gripe, e ela
disse que era indigestão. Mas você está brincando, por que ele não consultou
especialistas?

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– Ele já fez de tudo. O último especialista consultado recomendou


terapia de regressão e Ângela não aceitou. E você o conhece, nunca irá forçá-
la.
– E quantas vezes os pesadelos já aconteceram depois que ela voltou?
– Três, talvez quatro, mas só a primeira foi longa. Os médicos
coincidem que alguma coisa acontece que dispara os pesadelos, mas ninguém
sabe explicar. Bem, você pode ir, eu cuido dela, ela só vai continuar
dormindo. Talvez ela acorde daqui a pouco ou amanhã de manhã.
– Não irei para casa até ela acordar. – Deitei-me e a aconcheguei em
meu peito. Ela continuava dormindo.
– Se ela não acordar, tenho que avisar no trabalho que ela esta doente.
– Vamos resolver isso amanhã. – Levantei-me, tirei o roupão dela e a
ajeitei debaixo do edredom. – Vou ficar com ela. Boa noite, Stella. – Fui até a
porta indicando a Stella para sair. Ela me olhou e saiu do quarto.
Voltei à cama e me deitei ao lado de Ângela, mas quase não dormi,
passei a noite inteira olhando-a e cuidando dela.
– Bom dia, Gabriel! – cumprimentou-me Stella entrando na cozinha.
Era cedo, mas eu já tinha preparado café e estava tomando.
– Bom dia, Stella. A que horas você sai para trabalhar?
– Às oito, eu tenho que estar na agência às nove.
– Tenho tempo de ir em casa, tomar um banho e voltar. Vou rapidinho,
não saia até eu voltar – falei enquanto pegava a chave do carro.
– Eu posso ficar com ela, Gabriel. Eu posso ligar e avisar que vou
faltar, não tem problema.
– Não! Eu já volto.
Na rua decidi pegar um táxi, não queria chegar com o carro novo.
Ninguém sabia dele e eu queria que continuasse assim. Deixei o táxi
esperando e entrei, passando por todos. Duncan me olhou desaprovando, mas
não liguei.

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Tomei um banho, preparei uma mochila com algumas roupas e voltei.


Na rua troquei o táxi pelo carro o mais rápido que pude. Quando cheguei,
Ângela continuava inconsciente, ou dormindo como uma bela adormecida, eu
não sabia e isso me desesperava.
– Você tem certeza de que ela está bem, Stella? – Queria ouvir de novo
que estava tudo bem.
– Sim, ela vai continuar dormindo, o pesadelo não vai voltar, mas me
ligue se acontecer alguma coisa, vou deixar meu número.
Stella se foi, eu voltei a me deitar ao lado dela e dormi com seu corpo
junto ao meu. A única coisa que me tranquilizava era sua respiração
tranquila.
Ouvi quando Stella abriu devagar a porta e a fechou de volta. Eu
continuava com Ângela apertada contra meu corpo e só me levantei para
fazer um lanche e ir ao banheiro. Ângela continuava dormindo.
– Se amanhã ela não acordar, eu vou levá-la ao hospital – eu disse a
Stella enquanto tomava um suco que ela tinha me oferecido.
– Você não vai fazer isso, ela morreria.
– Falarei com Math pela manhã, se ela não acordar. – Não podia
imaginar a conversa que teria que ter com ele.
– Não se preocupe, Gabriel, ela vai acordar. Sempre acorda.
– Vou esperar até amanhã. Você mandou o e-mail avisando Amanda?
– Sim, mandei. Fique tranquilo, vai dar tudo certo – ela disse, e eu não
entendia a tranquilidade dela.
Despedi-me de Stella e fui para a cama. Deitei-me e deslizei o corpo de
Ângela até ficar colado ao meu. Acordei com ela se debatendo, tentando se
soltar do meu abraço. Aterrorizei-me pensando que era outro pesadelo, mas
ela falou e tudo mudou.
– Me solta, Gabriel, quero ir ao banheiro.
Eu a soltei rápido. Ela se levantou e não entendeu as roupas que estava
usando, geralmente ela acordava nua do meu lado. Mesmo assim ela correu
para o banheiro. Levantei-me e vesti um jeans antes que Stella aparecesse.
Sentei-me na cama e esperei que voltasse.

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Ela entrou no quarto e me olhou desconfiada. Eu estava dormindo com


ela no quarto dela.
– Tive um pesadelo?
Levantei-me, fui até ela e a abracei. Ela não tinha ideia do alívio que eu
estava sentido.
– Me solte, Gabriel! Você está me sufocando. – Afrouxei o meu abraço.
– Você está bem? Como se sente? Como está?
– Eu estou bem, Gabriel. Calma.
– Ângela, nunca mais me assuste assim de novo. – Eu a abracei de
novo, com medo de estar sonhando. Estava tremendo novamente.
– Ei, acordou? Você quase o matou de susto, assim como fez comigo,
lembra? E quando você pretendia me contar que era com Gabriel que você
estava saindo?
Ângela abriu a boca para responder, mas eu não deixei, peguei a boca
dela e a beijei com desespero, depois do susto. Ela se prendeu a mim,
abraçando-me com as pernas.
– Me desculpe, não pretendia te assustar – Ei, calma, vocês dois! Eu
estou aqui.
– O que tem para comer? Eu estou morrendo de fome.
– Posso prepara um sanduíche de atum – ofereceu Stella.
– Queria comer um hambúrguer.
– Vou buscar para você agora mesmo. Sei onde fazem ótimos
hambúrgueres, mas eles não entregam. Já volto. – Peguei a chave do carro e
saí. Estava feliz porque Ângela estava de volta.
Devo ter demorado uma hora. Hambúrguer de peru para Ângela, com
bacon reforçado, e de carne para Stella e para mim. Comprei sorvete também,
de morango, creme e chocolate. Entrei e encontrei Stella na cozinha.
– E Ângela?
– Está dormindo.
Meu coração disparou.
– O que aconteceu? Ela estava bem quando saí.
– Calma, ela está bem, mas ela fica sempre assim depois que volta,
dorme bastante. Vou lá acordá-la.

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– Não! Deixa que eu vou – avisei deixando as sacolas na mesa.


Entrei no quarto e ela estava dormindo em posição fetal. Cheguei perto
e acariciei seu rosto, com medo dela não acordar, mas ela abriu os olhos e
sorriu. Senti alívio. Ela tinha tomado banho e o cheiro na pele dela estava
delicioso.
– Já voltou? Acho que dormi enquanto te esperava. Estou faminta. – Ela
me fez rir, minha garota estava realmente de volta e bem.
– Vamos, trouxe tudo que você gosta.
Eu a peguei no colo. Depois do susto não conseguia me separar. Ela
voltou a me abraçar com as pernas e me beijou.
– Obrigada! Stella me contou que você me trouxe para cá quando não
acordei.
– Não sabia o que fazer, você me assustou.
Entramos na cozinha agarrados. Stella tinha servido os hambúrgueres
em pratos e já tinha guardado os sorvetes.
Estávamos jantando às duas da manhã e rindo. Stella já não nos olhava
como se fôssemos unicórnios, e eu podia beijar Ângela sem me sentir
culpado. Estávamos terminando o sorvete e Ângela estava com a cabeça
apoiada no meu peito, quase dormindo. Peguei-a no colo e a levei de volta
para a cama. Ela já estava dormindo quando a deixei e voltei para ajudar
Stella a arrumar a cozinha.
– Deixa que eu faço isso, vá ficar com ela.
Agradeci e voltei ao quarto, onde ela dormia tranquila. Tomei uma
ducha rápida. Queria me deitar nu ao lada dela, mas ela estava se recuperando
e eu não pretendia abusar dela. Coloquei uma bóxer e me deitei, colocando
minha cabeça no meu lugar favorito. Dormi imediatamente.
Passei todo o domingo com ela. Stella preparou salada e eu saí para
comprar peixe, carne assada e uma torta para Ângela. Ela dormiu toda a tarde
de novo.
Preparei minha mochila para voltar para casa e Ângela me acompanhou
até a porta. Ela me beijou e eu quase entrei de volta, mas me forcei a sair. Ela
já estava bem, porém precisava descansar, e se eu ficasse, não
descansaríamos. Ficamos nos olhando enquanto as portas do elevador se
fechavam e o sorriso lindo dela desaparecia.

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Capítulo 15

Ângela

Três meses de trabalho passaram como um raio, e tinha aproveitado


com Gabriel todos os momentos possíveis. Fugíamos para o nosso
restaurante todas as vezes que podíamos, tínhamos almoçado lá várias vezes
e jantado algumas, continuávamos chegando e saindo separados. Depois de
Stella saber que era com Gabriel que eu me encontrava, tudo ficou mais fácil,
ele podia aparecer e ficar comigo, e ela já tinha se acostumado com ele
dentro de casa. Estava me sentindo cada vez mais envolvida com ele.
Nossa viagem para Vegas foi todo um acontecimento. Chegamos
quarta-feira bem cedo ao hotel para trabalhar com Isabel nos últimos
detalhes, entrevistas, fotos para publicidade, além da recepção. Tudo deveria
estar perfeito. Nessa mesma noite Isabel e Martin participaram de uma sessão
de entrevistas. Na quinta à noite a mesma coisa, a imprensa queria saber
sobre as personalidades convidadas.
Enviei uma mensagem para Gabriel, estava com saudade dele. Só podia
conversar com ele assim, e não era fácil.
Na sexta pela manhã eles chegaram, trazendo alguns convidados com
eles. Sabia que Math estava trazendo uma amiga, mas Gabriel viria só, assim
como August. Já Antônio jamais viria desacompanhado. Eles se instalaram
nas suítes de cobertura. Eu estava em um quarto com Amanda e Célia, outros
dois estagiários dividiam outro quarto, Isabel e Martin estava em quartos
separados.
Stella me ajudou a escolher o vestido para minha primeira grande
inauguração, era lindo, eu adorei, e ela amou. Era um Valentino salmão com
listras pretas transversais. Havia custado uma fortuna, mas a conta foi para o
cartão de Math e ele ficou feliz em pagar. As costas eram cruzadas por fitas
finas, todas bordadas

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com cristais. Era longo e tinha uma fenda lateral, que se abria até minha coxa.
Sandálias altíssimas acompanhavam o vestuário.
Fomos liberados depois do almoço para nos preparar para a noite,
porque às sete e meia tínhamos que estar na entrada. Subi para o meu quarto
para um cochilo antes de descer ao salão para maquiagem e cabelo. Olhei
meu celular, tinha uma mensagem de Math me desejando sorte e uma de
Gabriel me perguntado onde eu estava e me dizendo que ele estava em um
almoço com políticos, queria que eu fosse ao quarto dele mais tarde.
Respondi que seria impossível porque toda minha tarde já estava programada
e que às sete e meia eu tinha de estar na recepção. Como não tive resposta,
me entreguei ao meu cochilo.
Às três da tarde eu enviei uma mensagem para Gabriel. Se ele estivesse
no quarto, eu daria um pulo lá antes de ir ao salão, mas ele não respondeu,
talvez estivesse ainda na reunião. Desci com Amanda e Célia, e às seis e meia
já estávamos de volta. Vestime com cuidado, Célia me ajudou a amarrar as
fitas das costas, coloquei as sandálias e me olhei no espelho. Amanda e Célia
estavam me olhando.
– Nossa, Ângela, você está lindíssima! – Elas também estavam
belíssimas.
– Obrigada, garotas, mas vocês também estão.
– Vamos, meninas, temos cinco minutos para estar lá embaixo! – Isabel
entrou nos apressando.
– Já estamos descendo, Isabel! – respondemos as três juntas. Dei uma
última olhada no meu celular, mas não tinha ne nhuma mensagem.
Decidi deixá-lo, já que não poderia atender. Descemos e nos
organizamos na entrada. Martin iria fazer a recepção; Isabel e Amanda
verificariam a lista; Célia, Rodrigo, Fabrício e eu acompanharíamos os
convidados até as suas respectivas mesas.
Os convidados começaram a chegar e eu já tinha acompanhado vários,
quando Célia disse no meu ouvido que eles estavam na entrada. O primeiro
que vi foi Antônio, com uma morena espetacular, ele me olhou e me deu uma
piscadela. Logo atrás dele estava Math, com uma loira linda também. August
estava sozinho, mas eu só estava esperando ver Gabriel. Não estava
preparada

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para vê-lo acompanhado por uma loira de capa de revista. Nossos olhos se
encontraram por segundos, antes de ele desviar e prestar atenção a alguma
coisa que ela estava dizendo. Ambos riram. Meu rosto deve ter mudado
muito, porque August girou para ver o que eu estava olhando. Quando ele
voltou a me olhar, dei a ele meu melhor sorriso, mesmo que por dentro eu
estivesse tremendo. Era a minha vez de acompanhar, então eu disse: – Eu os
acompanharei até a mesa, senhores.
Caminhei em frente a eles, indiquei os lugares, desejei-lhes uma boa
noite e tentei não olhar para Gabriel, mas não consegui. Ele já estava sentado,
entretido em uma conversa de pé de ouvido com a loira linda. Dei um sorriso
a todos e voltei ao meu lugar na entrada, ali era realmente meu lugar, e eu
estava ali para trabalhar para eles. Engoli todas as bolas de água que queriam
sair pelos meus olhos.
Fabrício estava saindo acompanhando um casal e tratei de sorrir. Eles
formavam um lindo casal, ambos altos, ela toda de vermelho justo, que
marcavam as curvas. Eu o reconheci como Lucas Belloto, ele era o CEO das
indústrias Belloto, e a mulher reconheci como irmã dele. Ele parou e me
olhou.
– Você vai ter que me desculpar, Fabrício, mas prefiro ser
acompanhado por ela – ele disse.
Olhei para Amanda, não sabia como agir. Ela balançou a cabeça e me
indicou para acompanhá-los. Ele já estava me dando o braço. Fabrício me
disse a mesa que correspondia a eles e, por desgraça, era ao lado do grupo.
– Claro, Sr. Belloto, queira me acompanhar, por favor.
– Sempre – ele respondeu piscando para mim. – E para você, só Lucas.
– Não se zangue com ele, ele é sempre assim.
– Homens – eu digo e rimos juntas.
– O que é isso?! Formando um complô contra mim tão rápido?
Mulheres!
Rimos todos, e ainda estávamos rindo quando chegamos à mesa deles.
Lucas disse provocando: – Quero que me invejem rapazes, pois esta noite as
duas mulheres mais belas desta festa são minhas.

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Olhei devagar para o grupo depois do anúncio. Math me olhava


sorrindo, August e Antônio sorriam também, mas a cara de Gabriel era
imperdível, estava a um segundo de pular sobre a mesa e atacar Lucas.
Eu indiquei os lugares e tratei de fugir antes que um assassinato
ocorresse, mas fui retida por Lucas, que pegou minhas mãos, levou aos lábios
e depois disse no meu ouvido: – Vou te procurar mais tarde, bela. Dei a ele
um sorriso e fugi.
Não sou uma pessoa rancorosa ou vingativa, mas foi bom fazer Gabriel
sentir o gosto do próprio veneno. De volta ao meu posto, eu me sentia
muito melhor, a bola de água da minha garganta tinha ido embora, e eu
continuei com meu trabalho até finalizar a lista. Não tive oportunidade
de passar perto da mesa de Gabriel de novo. Quando terminamos,
ocupamos uma mesa reservada e o pessoal da segurança se encarregou
da entrada.
O jantar foi seguido de discursos, aplausos, mais discursos. Da mesa
onde estávamos eu não podia ver a mesa de Gabriel. Passava da meia-noite
quando terminaram os discursos e a pista de dança foi invadida por casais.
Isabel estava me contando alguma coisa no momento em que vi as
costas que eu reconheceria em qualquer lugar, Gabriel estava dançando uma
música lenta com a loira linda. Decidi que era o suficiente para mim.
– Vou subir, estou cansada – avisei as meninas.
– Agora que a melhor parte começou. Eu não saio daqui enquanto não
pescar um gato – disse Célia.
– Realmente estou cansada, o dia foi puxado. Vejo vocês amanhã. Boa
noite, meninas, divirtam-se.
Caminhava entre as pessoas quando uma mão segurou meu braço.
– Lucas!
– Estive procurando por você!
– Desculpe, mas eu já estava indo embora. A noite foi longa e eu estou
cansada.
– Mas você poderia dançar comigo, pelo menos duas músicas? Depois
deixo você ir, prometo.

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Estava para dizer não, mas vi a loira linda fazendo carinho na nuca de
Gabriel e ele beijando seu pescoço. Eu desisti de sofrer por quem não merece,
aquela era a vida dele, era eu que não pertencia àquele mundo, onde todo
mundo era de todo mundo e ninguém era de ninguém. Não podia me sentir
ofendida, eu sabia desde o início como ele era. Seria muita pretensão minha
tentar mudá-lo.
Dei a Lucas um sorriso e respondi: – Por que não?
– Isso mesmo, linda, por que não?
Ele me pegou pela cintura, girando-me e me fazendo perder o
equilíbrio, mas não me deixou cair, apertou-me contra o corpo dele, com
mãos fortes e quentes contra minha pele nua.
– Sim, linda, vamos ensinar a essa gente com se dança. Rodopiamos
pela pista rindo. Ele era um ótimo dançarino e as duas prometidas
músicas se transformam em várias. Não contei.
– Você está melhor agora? – ele me perguntou durante um bolero.
Olhei para ele sem entender.
– É que quando cheguei esta noite vi uma linda mulher a um segundo de
desmoronar. Você estava tão triste! E eu quis alegrar um pouco sua noite.
Espero ter conseguido.
– Sim, você tornou minha noite divertida. Mas agora tenho realmente
que ir.
– Eu te acompanho.
– Não é necessário.
– Sei que não é necessário, mas eu sou um cavalheiro. E talvez eu ganhe
seu número como presente.
Pensei que naquele momento Gabriel já devia estar entre as pernas da
loira linda, então tomei o braço que ele me ofereceu e nos dirigimos aos
elevadores. Nunca chorei, não penso começar agora. Deixei ele me
acompanhar até a porta do meu quarto.
– Obrigada por me acompanhar, você foi muito gentil.
– E o presente que você me prometeu?
– Ah, sim, meu número – dito e ele anota no celular.

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– Tenho o seu, te enviei o meu, não jogue fora.


– Não vou jogar fora. Boa noite, Lucas. E obrigada por alegrar minha
noite. – Dei um beijo no rosto dele.
– Posso alegrar um pouco mais – ele disse piscando para mim.
– Cavalheiro, lembra?
– Sim, lembro, é que às vezes fica difícil. Mas tudo bem... Boa noite,
descanse. – Ele me deu um beijo no rosto e foi embora.
Fechei a porta e me encostei nela. A imagem das mãos de Gabriel
acariciando outra mulher me faz dar um tapa na cabeça para tirar tais
pensamentos.
Tirei meu vestido, as sandálias, peguei o babydoll que eu tinha
comprado para usar com ele naquela noite, todo de renda branca. Gabriel
adorava renda branca no meu corpo. A camisolinha era curtinha e só estava
segura por um lacinho vermelho na altura dos seios; a calcinha era um fio
dental minúsculo, com um triângulo rendado branco na frente e uma fitinha
com lacinho vermelho atrás. Pensei que ele iria adorar, e agora só de raiva ia
usar.
Tomei uma ducha rápida e coloquei o conjuntinho idiota e escandaloso.
Fiquei me olhando no espelho, realmente aquela coisa era escandalosa, não
sabia onde eu estava com a cabeça quando comprei essa porcaria.
Eu me deitei, peguei o celular que tinha deixado na mesinha e dei uma
olhada nas mensagens. Stella queria saber o que tinha acontecido, por que
Gabriel estava acompanhado. Respondi dizendo que não queria falar sobre o
assunto. Ela já me conhecia, sabia que eu não falaria mais nada. Math
também queria saber como fora tudo, respondi dizendo que tudo tinha corrido
bem e que já estava deitada.
Boa noite, irmãzinha. Descanse, nos vemos em casa. Beijo! Essa
foi a mensagem que recebi de volta.
Tinha várias chamadas e mensagens de Gabriel. Fechei meu celular sem
ler nem responder nenhuma. Peguei o outro celular, que uso só com ele;
várias chamadas e mensagens também. A última fora há cinco minutos.
Ângela me responda, ou eu vou até aí.

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Olhei a mensagem. Será que ele já tinha terminado o trabalho com a


loira linda? Decidi responder.
Você não pode vir, nós dois sabemos disso. E a sua amiga? O que ela
diz disso? Ou você está querendo que eu participe de um ménage?
Ele não respondeu, mas meu celular tocou e vi o rosto sorridente dele na
tela. Minha vontade era colocar o celular no chão e quebrá-lo com o sapato,
mas não fiz isso. Respirei e atendi para poder dizer a ele um monte de
verdades.
– Gabriel.
– Ângela! Eu preciso conversar contigo, estou perto do seu quarto,
venha até aqui.
– À merda que eu vou até aí! Depois do que você fez comigo esta noite
não penso em falar contigo. Não gosto de pessoas mentirosas.
– Se você não vier por conta própria, eu irei buscá-la.
– Se vier, vou fazer um escândalo que não irá gostar. Não tenho nada
para conversar contigo, não temos nada. Como você deixou bem claro esta
noite, eu sou apenas sua funcionária. Boa noite, Sr. Leblanc. – Desliguei.
Ah, basta! Quem ele pensava que era? Furiosa, levantei-me e fui até o
banheiro, joguei um pouco de água fria no rosto. Vi-me no espelho e tive
vontade de rasgar todo o maldito babydoll, estava fervendo de raiva,
sentindo-me uma completa estúpida por tê-lo comprado.
Ouvi baterem na porta e pensei que Gabriel poderia ter realmente vindo,
mas não acreditava nisso. Procurei um roupão para colocar em cima e não
achei. Podia ser Amanda ou Célia que tivesse perdido o cartão. Fui até a
porta.
– Sim?
– Tenho uma encomenda do Sr. Lucas para a Srta. Ângela Rufinelli.
Lucas me mandara alguma coisa? Foi o pensamento que me veio à
cabeça. Abri só um pouco a porta e coloquei minha cabeça no pequeno
espaço.
Deus amado! O que vi foi Gabriel, lindo, completamente adorável, e
furioso também, com ambas as mãos apoiadas no batente da porta, o cabelo
todo bagunçado, os olhos como duas

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safiras me fuzilando com intensidade, os lábios geralmente cheios


desapareciam em uma linha fina, transformando o rosto em uma máscara
tensa. Desci meus olhos, a gravata estava solta em volta do pescoço, a camisa
aberta deixando ver o peitoral musculoso descendo em gomos firmes, o V
que eu amo, desenhado por tufos dourados, desaparecendo dentro da calça
preta do smoking, equilibrada nos quadris. Minha vontade era de mergulhar e
ver onde terminava aquele V. A duras penas, consegui desviar o olhar.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei abrindo totalmente a porta
e enfrentando-o com minhas mãos na cintura. – Fora daqui.
Ouvi Gabriel gritar, colocar algumas notas nas mãos de um garoto com
uniforme, que estava me olhando com olhos esbugalhados, e empurrá-lo
longe da porta. Então percebi que estava usando a porcaria do babydoll
escandaloso. Que merda!
– Jesus amado, Ângela! Como você abre a porta vestida desse jeito? –
disse ele tirando a camisa e jogando sobre meus ombros.
Jesus amado, como ele ousava expor aquele tórax musculoso assim na
minha frente?
– Venha comigo.
– Não vou a lugar algum com você e vou gritar se tentar me forçar a te
seguir. E você, Sr. Leblanc, tem muito mais a perder que eu.
– Olhe, Ângela, aí é que você se engana, eu não tenho nada a perder, só
a ganhar, se todos ficarem sabendo quem você é. E, se Math ficar sabendo o
que temos, será muito melhor. E não vai demorar para alguém aparecer com
um celular neste corredor e tirar fotos nossas nestes trajes. Então fecha a
porta e vamos agora.
Como não me mexi, ele colocou a mão dentro do quarto e pegou o
cartão. Puxou-me para fora e bateu a porta.
– E eu te avisei que viria te buscar – ele disse enquanto me levava pelo
corredor.
Um pouco mais à frente empurrou uma porta que já estava aberta e
fechou-a com meu corpo, apertando-se contra mim e me beijando com
desespero.
– O que pensa que está fazendo? Quer me deixar louco? Se é isso, já
conseguiu.

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Ele me prendeu com uma mão contra a parede e com a outra jogou a
camisa no chão. Olhou-me e despenteou ainda mais os cabelos, nervoso.
– Você se vestiu assim para o Lucas?
– Seu idiota, está me comparando com alguma das suas vadias? – Eu
acho que Gabriel nunca tinha levado um tapa antes, mas não surtiu nenhum
efeito.
– Me diga, Ângela? Para quem você se vestiu assim?
As mãos dele foram até o laçinho, puxando e desamarrando-o, expondo
meus seios. Ele abaixou a cabeça e passou a língua no meu mamilo, fazendo-
me gemer.
– Você estava esperando por Lucas? Queria que ele te visse assim?
Ele desamarrou o laçinho do lado da minha tanguinha, os dedos
procuraram minha entrada, que àquela altura estava mais que molhada, e os
dedos dele deslizaram dentro de mim, fazendo-me empurrar-me contra eles
com mais gemidos.
– Jesus, como você está molhada! Foi por ele que você se molhou
assim?
Escutei o zíper se abrindo e um segundo depois ele estava dentro de
mim. Minhas pernas se prenderam nos quadris dele e fui estocada com força
contra a porta. Acho que os golpes e meus gemidos foram ouvidos em todo o
hotel.
– Era isso que você queria com ele? É ele que você quer dentro de
você? Fale, Ângela! Você queria me deixar louco dançando com ele do meu
lado? Se você queria me ver descontrolado, você conseguiu.
As estocadas ficaram cada vez mais fortes e rápidas, a boca dele
procurou a minha, senti a mordida e logo meu orgasmo explodiu.
– Isso, goze comigo e com mais ninguém. Você não vai gozar com
mais ninguém, só comigo, entendeu? Ninguém mais vai tocar seu corpo. Ele
é meu, só meu. Você é minha, só minha. E eu não quero as mãos de Lucas
em você.
Queria mandá-lo para o inferno por me considerar dele, mas não
consegui com o prazer vibrando por todo meu corpo. Ele me

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carregou para a cama, ficou de joelhos, me prendeu pelas minhas coxas e


continuou a me penetrar.
– Ninguém mais vai tocar seu corpo, e você não vai tocar o corpo de
ninguém mais, só o meu, você é minha. Entendeu, Ângela? – Ele continuava
me dizendo enquanto me penetrava com fúria enlouquecida. – Responda, não
vou parar enquanto não me responder. Responda, Ângela.
Não pretendia responder merda nenhuma. O que ele pensava? Ele podia
andar com todas as mulheres, e eu tinha que ficar amarrada a ele? Machista.
– Esqueça o Lucas, ele não vai tocar o que é meu. Ouviu, Ângela?
Ninguém, só eu.
Ele não parava, entrando e saindo de mim com força, senti que estava
pronta para gozar de novo. Os dedos dele estava afundados em minhas coxas,
deixando marcas.
– Diga que entendeu, Ângela, que você é minha, só minha. Sentia
Gabriel tocando meu útero, tal era a fúria com que ele me penetrava.
– Já te disse que não vou parar enquanto você não disser a quem você
pertence. E então, Ângela, de quem você é?
Queria gritar que de ninguém, mas o que digo é: – Sou sua, Gabriel, só
sua.
Com uma contração violenta do corpo, ele gozou, se liberando e me
levando junto de uma forma tão intensa como nunca antes senti. O calor dele
me invadiu, meu corpo inteiro vibrou com os pulsos do meu clitóris, e os
gritos e maldições de Gabriel encheram todo o quarto. Sabia que não era só
ele que estava gritando, éramos nós dois. Tudo era intenso, estávamos
literalmente colados, minhas pernas presas aos quadris dele, a cabeça dele
enterrada na curva do meu pescoço.
Ficamos assim, amarrados um ao outro, só nos sentindo. Não queria
afrouxar minhas pernas e ele parecia não ter a intenção de sair de dentro de
mim. Assim continuamos por um bom tempo.
– Ângela?
Ele tomou meu rosto com suas mãos em forma de concha e me beijou
com toda delicadeza. Senti o gosto de sangue na minha boca e vi que o
mordera.

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– Você tem um corte no lábio, acho que te mordi.


– Um dia, vamos acabar nos matando, já disse isso – ele falou tocando
os lábios e sorrindo. – Vê? O que temos é único, não é fácil de conseguir.
Com toda a experiência que tenho, nunca consegui ter isso, é muito forte,
Ângela. Não desista disso, não desista de nós, não desista de mim.
– Não desisti de nós, você desistiu. Mentiu para mim, apareceu
acompanhado de outra mulher na minha frente, me tratou como se eu não
fosse nada. Como pensa que eu me senti?
– Espere, ainda não expliquei.
– E ainda tive que ver você dançando, beijando o pescoço dela, e ela
acariciando seus cabelos. Não, Gabriel, eu não tinha desistido, mas esta noite
você me deixou bem claro que não há nada entre nós.
Ele me puxou, fazendo-me ficar sentada e encaixada nele. Abracei-me a
ele. Depois da noite horrorosa, era uma sensação deliciosa.
– Ouça, quando vou ter sua confiança? Quando você vai confiar em
mim? Ângela, me escute, por favor. Aquela mulher era irmã de um cliente
que teve um problema de última hora. Ele ligou para Math e perguntou se ele
poderia acompanhá-la. Como ele já tinha acompanhante, empurrou para mim
e não pude dizer não. Isso aconteceu uma hora antes. Te liguei, mas você não
atendeu, então não pude te avisar. E eu não podia olhar para você, não ia
conseguir.
“E eu não estava beijando o pescoço dela, eu a estava avisando para não
fazer o que estava fazendo ali, que aquele era um lugar especial e que
pertencia a uma pessoa mais especial ainda. Mas isso não é tudo. Quando ela
me tocava, eu não me sentia bem. Meu corpo só se sente bem com seu toque,
Ângela, suas mãos, são elas que meu corpo busca, e o mesmo acontece com
minhas mãos, elas não querem outro corpo, só o seu. Entendeu agora,
Ângela?
“Quase morri quando vi você com Lucas. Ele dançando com você, as
mãos dele nas suas costas, não quero nem pensar que ele teve as mãos em
você. Deus, a imagem das mãos dele sobre seu

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corpo me deixou doente! Você é minha e não vai deixar ninguém mais te
tocar, ouviu?”
– Sim, Gabriel, eu sou sua, também não quero ser tocada por outro, e
não quero tocar outro corpo que não seja o seu. Mas também não quero
imaginar você acariciando ou sendo acariciado por outra, por isso quero
saber: e você? É meu, Gabriel?
– Sim, eu sou seu, pode ter certeza – disse movendo-se devagar. – Faça
o que quiser comigo, Ângela, sou seu. Me faça esquecer o idiota do Lucas
contigo.
– Mas ele nem sequer me tocou.
– E nem vai tocar. Ninguém mais vai te tocar. Vem comigo, Ângela, me
cavalgue, me mostre que ainda sou capaz de fazer você perder o controle
comigo.
Ele deitou de costas, me deixando sobre ele. As mãos grandes pegaram
meus quadris, acelerando meus movimentos. Senti os dedos dele no meu
clitóris, me fazendo gemer e procurar mais dele. Não conseguia, precisava da
força dele, e ele sabia. Ele riu.
– Me peça, Ângela. Gosto quando você pede mais de mim. Me fale o
que você quer.
– Quero mais, Gabriel, mais forte. Não consigo, quero você mais forte.
– Quer mais, querida? Eu te conheço e sei como te fazer gozar – falou
deitando-me e ficando por cima.
As investidas dele se aceleraram com força, senti as mordidas no meu
pescoço. Jesus! Eu amava aquilo.
– Isso está bom? – ele levantou uma perna minha sobre os ombros, do
jeito que ambos gostávamos, fazendo-me senti-lo todo enterrado em mim.
– Pode gozar agora, me mostre.
E foi como se meu corpo tivesse permissão, pois tomou o controle,
junto com o prazer de Gabriel.
– Isso é o que eu chamo de gozar – disse ele desmoronando ao meu
lado.
Eu estava completamente mole, relaxada, pronta para me entregar ao
sono agarrada a ele, mas sabia que não podia. Se dormíssemos, só iríamos
acordar depois de o sol nascer, e haveria problemas.

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– Não quero, mas tenho que ir, Gabriel.


– Eu sei, sinto o mesmo.
– Mas agora preciso tomar um banho antes de ir, estou cheirando a sexo
selvagem.
Ele saiu devagar de dentro de mim e gememos os dois. Queria ficar
mais, ter os braços dele em volta de mim enquanto dormia, era tudo que eu
queria. Não queria pensar no dia em que tudo terminaria, não podia me
apegar a ele. Pensava o tempo todo se conseguiria tocar ou ser tocada por
outras mãos. Como ficaria quando ele decidisse me trocar por outra, como
sempre faz? Melhor não pensar.
– Queria que você ficasse, mas sei que tem que ir. Venha, vamos tomar
um banho.
No chuveiro a ducha foi um pouco mais longa. Entre beijos e carinhos,
conseguimos sair sem ir além. Depois de nos secarmos, me dei conta que não
tinha roupa. Gabriel me vestiu com o roupão que estava na suíte e amarrou
firme na frente. Depois se vestiu.
– Eu vou ficar com isso – disse ele indicando o babydoll. – Deveria ser
proibida a venda dessa coisinha. Sei que você comprou para me agradar e
ficou uma loucura. Prova disso é que todo o meu juízo se foi. Você tem
alguma roupa com gola para usar amanhã? Porque de novo te deixei toda
marcada.
– Já te conheço, trouxe uma roupa assim prevendo nossos encontros
descontrolados, relaxe.
Ele abriu a porta sorrindo, olhou o corredor, pegou minha mão e
saímos. Paramos em frente a minha porta.
– Entre rápido antes que alguém te veja.
Olhei para o chão e vi a gravata dele. Peguei. Agora tinha certeza de
que as meninas ainda não tinham voltado.
– Esta vai ser minha lembrança desta noite. – Olhei de novo para ele, a
camisa aberta, calças sem cinto. Coloquei meu dedo no pomo de adão dele e
fui descendo até encontrar o cós da calça, então puxei-o para mim.
– Você só pode estar brincando!

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Nós nos beijamos no vão da porta aberta como se não nos víssemos há
anos, a língua dele brincando com a minha. Eu o queria de novo e sentia que
ele também.
– Entre e feche a porta ou não respondo por mim – disse na minha boca.
Coloquei a mão no seu peito e senti seu coração batendo forte. Ele me
empurrou com carinho para dentro e fechou a porta.

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Capítulo 16

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Gabriel

Usei toda minha força de vontade para colocar Ângela dentro do quarto,
e ainda assim fiquei um bom tempo com a testa encostada na porta. Olhei
para mim mesmo: descalço, com a camisa faltando botões, calça sem cinto,
todo despenteado e bagunçado. Se Antônio ou Math me vissem agora, não
me reconheceriam.
Mesmo assim, senti o sangue correndo em minhas veias. Estava feliz
como uma criança que recebeu o presente esperado no Natal.
Caminhei pelo carpete macio do corredor. Olhei para cima. Maldito,
August! Tinha mais câmeras ali do que na Casa Branca. Dirigi-me ao
elevador rindo de mim mesmo, sentia-me feliz, completamente energizado.
Eram quase três da manhã quando bati na porta do escritório da
segurança e fui direto ao ponto.
– Olá, rapazes. Eu vim buscar a gravação que fizeram de mim esta
madrugada. E, antes que me digam que não sabem de nada, aviso que sou
advogado e, se essa gravação se tornar pública, eu vou processar todos aqui.
E eu não costumo perder causas. Então podem me dar a gravação?
Um deles se levantou, pegou e me entregou.
– Também quero as cópias. E estou falando sério quando digo que
processo todos vocês se qualquer imagem minha referente a essa madrugada
vier a público.
Eles se levantaram, pegaram os celulares e começaram a apagar.
– Muito obrigado. E lembrem-se: não aconteceu nada aqui essa
madrugada. – Dei uma boa gorjeta a todos eles e saí da sala.
De volta ao quarto, vesti um moletom e desci ao ginásio. Zero sono.
Entre corrida e musculação, malhei até às cinco. Voltei

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para o quarto, tomei uma ducha e me deitei. Fiquei olhando para o teto, sem
sono algum. Então liguei para minha irmã.
– Alô, Gabriel? Aconteceu alguma coisa?
– Oi, Alê! Não aconteceu nada grave, só fiquei com vontade de
conversar com você. Você estava dormindo?
– Sábado, cinco da manhã? Claro que estava, Gabriel, o que você acha?
– Ah! Desculpe, Alê, ligo outro dia.
– Não, senhor, agora que me ligou quero saber o que está acontecendo.
Depois da morte dos nossos pais, minha irmã e eu nos apoiamos em
tudo. E quando Lucila, a filha dela, morreu de leucemia, nos tornamos ainda
mais unidos. Ela era só dois anos mais velha do que eu, mas se sentia no
direito de me dar todo tipo de bronca com a desculpa de irmã mais velha. Eu
geralmente contava tudo a ela.
– Acho que estou gostando de alguém – falei sem preâmbulos.
– Estou completamente acordada, me conte tudo.
– É uma garota que eu conheço há muito tempo, mas só agora tivemos
algo. E eu acho que enlouqueci quando esta noite eu a vi dançando com
outro, praticamente a sequestrei, a levei até meu quarto e transei com ela até
quase morrer.
– Você a forçou?
– Não! Jamais faria isso. Mas, pensando bem, acho que se ela se
negasse faria igual. Fiquei completamente descontrolado.
– Você está amando essa garota, Gabriel? Quem é ela? É conhecida?
– Não, ela não é famosa, se é isso que você quer saber. É funcionária da
empresa, mas não posso dizer quem é.
– Será que ela não é uma oportunista, Gabriel? Se ela estava dançando
com outro, ela estava te traindo. Não estou gostando.
– Não, ela não estava me traindo. Ninguém sabe que estamos juntos, ela
não quer, não quer ser tratada de forma diferente se alguém souber. Além
disso, ela estava trabalhando na inauguração de uma obra da empresa, e eu
tive que acompanhar outra garota durante a festa. Claro que ela não gostou e,
quando um

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convidado a chamou para dançar, ela foi. Tive vontade de matar o cara.
– Vocês homens são todos uns idiotas. Se você está com ela, mesmo
que ninguém saiba, como você acha que ela se sentiu vendo você com outra?
– Eu sei, foi por isso que fui atrás dela, sabia que estava chateada. Ela
não queria falar comigo. Pensei que pudesse estar se interessando pelo outro
cara e perdi o juízo, arrastei-a quase nua até o meu quarto.
– Você perdeu mesmo o juízo! Se o hotel tem câmeras, vocês já estão
em todos os sites.
– Já resolvi esse problema. O hotel foi projetado pelo nosso grupo e eu
sei como August é vidrado em câmeras, mas eu sei que não posso continuar
me descontrolando assim ou teremos problemas.
– O que ela faz na empresa?
– Ela é estagiária, ainda não foi contratada, por isso não quer que
ninguém saiba. Quando for, não haverá mais problema.
– Estagiária, Gabriel? Quantos anos ela tem?
– Acabou de fazer 21, mas isso não determina nada, ela é muito mais
centrada do que muitas mulheres mais velhas que já conheci, fique tranquila.
– Tudo bem, mas me diz: até que ponto está gostando dela?
– Não sei até que ponto, eu só sei que me sinto bem com ela. E o sexo?
Deus! Acho que nunca tive um orgasmo antes dela! É realmente alucinante,
quando estamos juntos somos literalmente irracionais.
– Gabriel! Não preciso saber de detalhes da sua vida sexual.
– Sei que não precisa, mas só posso contar para você.
– Tudo bem, me conte então.
– Não vou te contar detalhes. Quero dizer que me sinto vivo, feliz. Por
exemplo, eu a levei de volta ao quarto, depois fui malhar, agora estou
conversando contigo, ela me enche de energia. Não me lembro de ter sentido
algo assim um dia.
– Fico feliz por você, nunca gostei dessa história de uma mulher por
noite, sexo casual e orgias sem fim. Se ela é uma boa

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garota, melhor ainda. Agora me escute, Gabriel, se você estiver sentindo


alguma coisa por ela, por menor que seja, não faça besteira, tente fazer dar
certo.
– Não vou fazer nenhuma besteira, neste momento pretendo ficar com
ela por muito tempo.
– E quando vamos ter o prazer de conhecer essa menina?
– Talvez eu a leve aí um dia desses. Talvez. Tenho que conversar com
ela.
– Tudo bem, e eu vou fazer meu papel de irmã chata e saber se ela
merece você.
– Você vai amá-la, tenho certeza. Bom, agora meu sono chegou, vou
ver se durmo um pouco antes da viagem.
– E o meu foi embora, mas fiquei feliz de conversar com você,
irmãozinho, me ligue sempre. E não demore em trazê-la aqui.
– Prometo. Dê um beijo em Thomy por mim. Tchau, irmãzinha.
Desliguei. Estava pronto para dormir.
A semana passou rápido. Tinha prometido levar Ângela para passar um
fim de semana em um hotel que escolhi à beira-mar. Por fim havíamos
conseguido um fim de semana só nosso, longe de todos e ao ar livre, como
ela adora. Era mais uma pousada que um hotel. A temperatura despencou e
estava fazendo muito frio, mas Ângela ainda queria ir de moto, como
tínhamos planejado, não queria ir de carro. Comprei roupas especiais para
ela.
Já havia várias coisas dela no apartamento. Ao lado dos meus ternos,
estavam vestidos, roupas para o escritório, suas calcinhas estavam ao lado das
minhas bóxers, eu estava quase me mudando para lá. Esse apartamento ficava
perto do apartamento dela, e não tinha ninguém por perto. Só não podia levá-
la ali quando os rapazes se reuniam. Mas, como eles viviam viajando,
estávamos sempre por ali. Como estava passando mais tempo lá, o closet
estava ficando pequeno. Era o meu apartamento, e eu o havia deixado como
estava quando me mudei para Beacon Hill.
Meio-dia era hora de buscar Ângela. Como já estávamos acostumados,
estacionei o carro em frente ao elevador e depois de minutos ela apareceu. De
volta ao meu prédio, nos beijamos

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enquanto o elevador subia. Já não estávamos desesperados como nos


primeiros dias, agora conseguíamos chegar até a cama. Entramos e a levei
direto ao quarto, onde estavam as coisas que comprei. Ela se vestiu.
– Coloque o gorro, o cachecol e deixe o cabelo dentro da jaqueta,
iremos passear pela costa e a maresia pode deixá-los úmidos, você não irá
gostar.
Ela terminou de se arrumar enquanto eu guardava as roupas, minhas e
dela, dentro da mochila, e mais algumas coisinhas especiais que havia
comprado especialmente para a ocasião.
– Estou com fome, vamos almoçar por aqui ou no caminho?
– Achei um lugar que você vai adorar. Vamos almoçar lá, não fica
longe – disse rindo.
Ângela vivia com fome e mesmo assim mantinha curvas lindas, era
bom porque comíamos e no divertíamos, a maioria das mulheres com que eu
saía nunca comia.
– Vamos indo então, estou entusiasmada com minha primeira viagem
de moto.
O gorro que eu tinha comprado para ela cobria todo o rosto, deixando só
os olhos e nariz de fora. Coloquei o meu, que era simples, normal. O meu
capacete era preto e comprei prata para ela, para combinar com minha moto
que era dessas cores.
– Nossa, como você ficou linda, minha motoqueira! Vamos indo ou não
saímos, se eu continuar a te olhar. – O macacão de couro preto marcava cada
curva do corpo perfeito dela, simplesmente linda.
Como sempre ela não decepcionava. Chegou perto de mim colando seu
corpo ao meu e, liberando a boca do gorro, disse no meu ouvido: – Vamos,
porque não vejo a hora de experimentar o que você está levando nessa
mochila.
– Merda, Ângela, não brinque assim.
Saímos do apartamento.
Ângela tinha deixado o celular no escritório e dito a Math que passaria
o fim de semana no apartamento e que ligasse para Stella se precisasse falar
com ela. Stella diria que estava tudo bem, mas que ela não estava no
apartamento no momento. Stella era a

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única que sabia de nós dois, mas era por precaução, ele só ligaria se alguma
coisa acontecesse.
Tomamos a estrada. Ângela levava a mochila e se segurava à minha
cintura. Era a primeira vez que eu tinha alguém na garupa, estava adorando.
De vez em quando, eu acariciava a mão dela por cima das luvas e ela se
aconchegava ainda mais contra meu corpo. Era a melhor viagem que eu havia
feito.
Paramos para almoçar em um lugar turístico, mas como estava fora de
temporada não tinha muita gente. Entreguei o cardápio para Ângela. Ela
olhou com entusiasmo, levantou-se e se sentou no meu colo, me beijando.
– Obrigado, Gabriel. Sei que frutos do mar e peixes não são seus
preferidos, mas você fez isso por mim, este restaurante tem todos os pratos
que amo. Eu posso pedir?
– Claro que sim, querida, foi por isso que te trouxe aqui, sabia que ia
adorar este lugar.
– Mas aqui não servem carne vermelha.
– Vou comer o que você escolher, me faz lembrar a primeira vez que
almoçamos juntos, adorei tudo que você pediu.
– Nossa, quero pedir tudo! Vou pedir salada de polvo, creme de
mariscos, sei que você vai amar, e lagosta grelhada com legumes. É muito, eu
sei, mas vamos dividir. O que você acha?
– Se você gostar, eu com certeza também vou.
O almoço se tornou uma tortura erótica, literalmente. Ângela comia e
colocava em minha boca pequenas porções, sempre perguntando se eu estava
gostando. Comi como um bom garoto e os beijos dela reforçaram o sabor da
comida.
De novo na estrada, paramos em um acostamento de onde se via o mar.
Coloquei Ângela sentada à minha frente, tirei o capacete dela e deixei a
touca. O vento era gelado, mas a paisagem valia a pena. Puxei para baixo a
touca e beijei a boca quente dela.
– Quero uma foto, espere um pouco.
Rimos os dois e o momento foi eternizado, era uma foto parecida com a
primeira que eu tinha visto dela com Math, quando ela tinha 16 anos. Ela me
beijou no rosto, eu sorri e ela fez outra foto.

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Ficamos um bom tempo admirando a paisagem e nos dando carinho.


Ângela adorava esses lugares: mar, ar puro, natureza, tinha tudo a ver com
ela. Puxei-a até ela ficar encaixada em mim, com as pernas travadas em meu
quadril, e comecei uma verdadeira sinfonia de beijos, cada vez mais quentes.
Ela se esqueceu da paisagem e se concentrou mim, nossas línguas brigavam
para saber quem iria saborear mais quem. Sem perceber, enquanto nos
beijávamos ela já estava praticamente deitada sobre o tanque e estávamos nos
esfregando, tentando obter prazer sobre nossas roupas grossas. Quando não
aguentamos mais, decidimos voltar à estrada. Eu já estava a ponto de me
liberar e atacá-la ali mesmo. Olhei em volta e não tinha ninguém à vista –
Vamos sair daqui antes que aconteça alguma coisa.
O trajeto de uma hora se transformou em quase quatro. Várias paradas,
várias fotos e muitos beijos depois, paramos no estacionamento do hotel.
Peguei a mochila das costas de Ângela e desafivelei o capacete.
– Deixe a touca, quero te mostrar uma coisa.
Chegamos a uma encosta com outra vista de tirar o fôlego. Ela se jogou
contra meu pescoço, puxou o gorro para baixo e me beijou.
– Gabriel, como você achou esses lugares? São todos lindos! Eu já
passeei no veleiro por muitos lugares, mas nunca vimos paisagens tão lindas!
– Fico feliz em ser eu a te mostrar.
Beijei seus lábios com suavidade, mas logo a sua língua invadiu e
pegou a minha boca, mordiscando. Tirou meu gorro para bagunçar meus
cabelos e prender minha boca contra a dela, com o corpo colado ao meu. O
beijo foi ficando cada vez mais intenso. Ereção e calça de couro apertada não
combinavam, eu já estava dolorido.
– Vamos entrar, está muito frio aqui fora.
– Ou muito quente. – Ela me presenteou com um sorrisinho maroto que
me deixou louco.
Voltamos a nos beijar, estava cada vez mais excitado e ela estava igual,
e com muito esforço tirei minha língua da boca dela.

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– Vamos entrar, ou você já sabe. – Repus meu gorro e ajeitei o dela, e


ainda assim só os olhos já eram uma tentação.
Fiz o check-in como Sr. e Sra. Gabriel Leblanc. Ela ficou do meu lado
segurando nossos gorros e capacetes, enquanto eu segurava a mochila. Como
pedi, nosso quarto tinha vista para o mar, bombons, champanhe, a lareira já
estava acesa, deixando o quarto aconchegante. Ajudei-a a tirar a roupa de
couro.
– Você pediu algo para comer? Ou vamos descer mais tarde?
– Vai depender do que acontecer daqui para frente.
– Eu queria tomar uma ducha quente, você se importa?
– Pode ir, mas eu não vou porque, se eu entrar com você, não vai dar
certo.
Enquanto ela tomava a ducha, peguei um edredom e uma toalha grande
do quarto e coloquei em cima do tapete, em frente à lareira. Deixei o gel, o
azeite perfumado e o plugue por perto. No quarto deixei várias lingeries que
comprei, queria ver qual ela iria escolher para aquela noite. Estava servindo
as taças de champanhe quando ela entrou vestida com um roupão felpudo.
– Tome, vamos brindar por nossa minilua de mel.
– Já estou amando essa nossa escapada. Você pediu bombons, posso
pedir ganache, morangos e chantili?
– Claro, peça o que quiser. Vou tomar um banho enquanto isso.
Saí do banheiro e a vi sentada, lambuzava os morangos na ganache,
depois no chantili e comia devagar. Fiquei encostado no batente, admirando
enquanto ela não me via, mas o sexto sentido dela falou mais alto.
– Ei, você está me vigiando? Vem provar o morango, está delicioso. E
esta já é minha segunda taça de champanhe.
– Me dê essa taça, eu quero você relaxada, não bêbada. Tomei um gole
do champanhe e ela colocou um morango com ganache e chantili na
minha boca.
– Nossa, está muito bom mesmo! Mas eu quero ver o que tem embaixo
desse roupão de urso.
– Estou usando um dos presentes que você deixou para mim em cima da
cama.

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– Deixe-me ver.
Puxei devagar o cinto do roupão e o seio pequeno com um mamilo
acobreado apareceu. Aquela era uma cor única para mim. Olhei para baixo e
vi o microfiodental rendado verde-água.
Ficou como imaginei, lindo!
– Fique de pé e tire o roupão, quero ver tudo.
Ela se levantou e deixou o roupão cair sobre o edredom, ficando como
uma deusa em minha frente. Fiquei de joelhos e com minha boca fui subindo,
beijando, e não me detive, continuei subindo, beijando o ventre firme e
plano, passei a língua e cheguei aos mamilos, que estavam duros. peguei um
entre meus dedos e o outro com a boca, dei pequenas mordidas nele. Ângela
ficava louca com meus dentes nela, e eu virava um animal com ela, queria
mordê-la e lambê-la o tempo todo. Apertei com força e depois lambi com
carinho, todo seu corpo já estava tremendo.
– Venha, deite-se aqui.
Eu a coloquei deitada de bruços e levantei seu bumbum até ele tocar
minha ereção. Quando Ângela me sentiu, se empurrou contra mim gemendo,
me chamando, buscando.
– Você já me quer, querida?
Coloquei minha mão dentro da calcinha e ela se apertou ainda mais
contra mim.
– Vou te acalmar um pouco, mas você sabe que hoje vai ser especial,
vai ter que esperar um pouco mais.
Tirei o fiodental, derramei em minha mão o azeite com perfume de
baunilha e comecei uma lenta massagem em todo seu corpo, minhas mãos
deslizavam pelo corpo dela enquanto ela se contorcia. Trouxe o corpo dela de
encontro ao meu, encontrei e massageei o pequeno rubi até sentir que estava
prestes a explodir.
– Quero você também, quero você em mim, em minha boca, quero tudo.
– Deus, Ângela, não fale assim! Fique quietinha.
Peguei o lubrificante, que já tinha deixado perto, despejei uma boa
quantidade em meu dedo e o coloquei na entrada rosada, fechada e apertada.
Todo o corpo dela ficou tenso.
– Calma, você vai gostar, não vou te machucar. Relaxe, sim?

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Inclinei-me, beijei e acariciei as costas e o bumbum dela.


Senti o corpo relaxando de novo.
– Isso, querida, relaxe e me deixe cuidar de tudo, fazer você gozar como
nunca.
Voltei a acariciar a boceta molhada e escorregadia, coloquei mais
lubrificante e fui introduzindo meu dedo devagar, enquanto ela gemia
baixinho. Entrei e saí várias vezes até sentir que ela já estava preparada para
mais. Troquei meu dedo pelo plugue já lubrificado e o deixei no lugar.
Ângela gemia e se contorcia. Com um movimento rápido, deslizei meu pau
totalmente dentro dela. Agora que não precisava usar preservativo, a sensação
era incrível, quente, escorregadia, apertada.
– Gabrieeeel!
Foi com um gemido que ela me recebeu, as costas se arquearam, parei e
esperei ela se acalmar e se adaptar a mim. Como sempre, ela era muito
apertada. Sabia que o controle já a tinha abandonado, e eu gostava disso.
– Não pare, por favor, não pare, Gabriel.
Não consegui me negar a ela e comecei a penetrá-la enquanto ela se
empurrava contra mim. Fiz como ela gostava, rápido e forte, o orgasmo
começou a tomar conta dela, e eu sentia os espasmos apertando meu pau.
Tive que me segurar, parar e sair dela.
– Não faça isso, não me deixe assim, não aguento.
– Hoje vai ter que esperar querida, eu quero você no limite. O corpo
inteiro dela tremia e se contorcia, enquanto ela gemia com o orgasmo
interrompido.
Virei-a de frente para mim e comecei a torturá-la de novo com beijos,
desde a curva do pescoço, e fui descendo de forma lenta, saboreando cada
pedacinho daquele pequeno corpo delicioso. Os mamilos naquele instante
estavam completamente empinados e duros, eu os peguei com meus dentes.
Ângela se contorcia sem controle.
– Fique quietinha, querida, ou vou parar. Pense no que virá depois.
– Não consigo, Gabriel, está doendo. Me ajude, por favor.
– Já estou indo, fique quietinha agora.

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Continuei descendo minha boca, cheguei ao ventre dela, beijei com a


boca aberta, deixando um rastro úmido e quente enquanto fui descendo.
Ângela pegou minha cabeça e empurrou para o meio das pernas abertas.
Agora ela estava como eu queria, sem controle, precisando desesperadamente
de alívio. Levantei a cabeça e vi o rubizinho, que estava brilhando com os
fluidos do desejo de Ângela, coloquei nele minha língua e senti o coração de
Ângela pulsando ali. Sabia que bastaria um toque para ela explodir, não ia
arriscar. Deixei-a de quatro novamente, empinei a bunda dela expondo o sexo
molhado e o plugue. Uma Ângela totalmente descontrolada levou a mão entre
as pernas, procurando alívio por conta própria. Puxei as mãos dela, não
permitindo.
– Não queira estragar nossa brincadeira, Ângela!
– Me dê o que preciso então! Deus, Gabriel! Não me faça isso! – Ela
estava furiosa comigo, querendo gozar.
– Vou dar a você isso agora, se prepare para gozar, Ângela. Sabia que
Ângela não gostava de sadismo, mas ela gostava de sexo bruto.
Posicionei meu pau com a entrada dela, desferi um tapa com força e,
ao mesmo tempo, me enterrei com tudo dentro dela. Sabia o que viria.
Ângela começou a gritar, gritou meu nome alto, e todo o corpo dela se
convulsionou com espasmos violentos. Segurei-a firme, e ela segurou
meu pau com força, me sugando, me torturando, eu estava pronto para
gozar. Travei meus dentes e esperei os espasmos, gritos e xingamentos
dela diminuírem. Geralmente, a mente e boca suja era minha, mas
agora a boca suja de Ângela não se comparava a minha. Não conhecia
esse lado dela.
Ela estava totalmente entregue depois do orgasmo. Retirei o plugue e
me preparei com bastante lubrificante, nervoso e duro como nunca antes
estive. Alinhei a cabeça do meu pau na entrada, que já não estava tão
fechada, me empurrei devagar e ela gemeu, mas eu a tinha preparado bem,
ela estava muito relaxada.
– Relaxe, querida, irei devagar, relaxe. Só prazer, confie em mim.
Ela relaxou completamente e entregou o controle a mim. Empurrei-me
devagar, estava ainda muito apertada, e o suor escorria do meu rosto, nunca
foi tão difícil. Tinha vontade de fazer como sempre fazia, me deslizar de uma
vez só, até o fundo, mas
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era Ângela que estava ali, e minha menina era inocente e sem experiência,
não era como as outras. Só relaxei quando a cabeça desapareceu dentro do
cuzinho apertado dela.
– Esta doendo, querida?
– Não.
– Já entrei, agora só vou me deslizar e você vai ver como é bom.
Fui deslizando devagar dentro dela, cada vez saía um pouco e entrava
um pouco mais, era um trabalho lento e delicado, que exigia todo o meu
controle, até olhar para baixo e me ver totalmente enterrado nela. Minha
garota já não era uma virgem anal, e eu era o responsável. Comecei entrando
e saindo lentamente, segurando firme as bochechas do bumbum, acelerei os
movimentos e os gemidos dela aumentaram, indicando-me que estava no
caminho certo.
– Está gostando?
– Sim, muito!
Era a deixa que eu precisava. Procurei a entrada dela, que estava mais
que molhada, deslizei um dedo e ela gemeu alto, aproveitei e coloquei dois.
Comecei fodê-la com vontade, meu pau entrava e saía enquanto meus dedos
faziam o mesmo trabalho. Ângela começou a gritar enquanto se empurrava,
estávamos indo direto a um orgasmo arrebatador, eu me segurava para não
gozar, bombeando com vontade, ela rebolava me pedindo mais, me empurrei
com mais força, no limite da violência, as convulsões de nossos corpos
começaram ao mesmo tempo, os gemidos se transformaram em gritos por
parte de Ângela, e eu me ouvia urrando como um louco. Minhas bolas se
contraíram, explodindo, meu pau era apertado, sugado e torturado, meu
orgasmo continuou de forma interminável.
Acordei com a respiração morna de Ângela em meu peito, os braços
dela sobre ele, suas pernas entre as minhas e as minhas entre as dela,
estávamos amarrados com nossos próprios corpos. Aperteime ainda mais a
seu corpo e voltei a dormir.
– Gabriel, onde tem um cobertor? Estou sentindo frio. – O fogo estava
apagado e nós dois estávamos gelados.

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– Vou encher a banheira e depois do banho vamos para a cama.


Cobri Ângela com o outro extremo do edredom e fui encher a banheira.
– Vem comigo, querida.
Eu a peguei no colo e a levei até a banheira. Entramos na água quente e
ela gemeu baixinho.
– Está com dor? Machuquei você esta noite?
– Não, você não me machucou, estou um pouco dolorida, só isso, mas
estou bem.
Depois do banho, eu a ajudei a se secar e a deitei, cobrindo-a com o
edredom macio. Deitei-me ao seu lado, os dois nus, puxei o corpo dela até
sentir todo ele colado ao meu, aconcheguei meu queixo na curva do pescoço
macio dela e dormi.
As mãos de Ângela passeando sobre meu peito, brincando com meu
mamilo, os dedos se enroscando nos pelos do meu peito, tiraram de mim um
sorriso. Estava duro e podia apostar que ela estava molhada. Mantive meus
olhos fechados e a deixei continuar brincando. A boca tomou o lugar das
mãos e a língua quente me fez gemer, me entregando.
– Você está acordado! Faz tempo?
– Não importa, só continue.
Os lábios macios desceram, dando pequenos beijos no meu abdômen, a
língua lambendo meu umbigo, as mãos massageando meu pau, o polegar
deslizando sobre a minha glande molhada. Minhas mãos se agarraram ao
edredom, estava tentando não urrar com tanto prazer. A língua dela lambeu, e
logo sua boca me engoliu, me chupando. Tenho certeza de que é o sonho de
todo homem ser acordado assim.
– Isso, continue. – Segurei a cabeça dela e me empurrei em movimentos
de vaivém. Senti meu orgasmo chegando, eu a virei rápido e entrei nela:
gemidos, unhas, dentes e de novo um orgasmo além da razão. Como vivi
tanto tempo sem isso?
– Bom dia! – cumprimentou-me Ângela com um sorriso.
– Bom dia! Quero acordar todos os dias assim.
– Também gostaria de acordar sempre assim.

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– Estou faminto, e você?


– Eu também. Você quer tomar café aqui?
– Por quê? Você não quer?
– Eu queria sair, explorar, nunca temos oportunidade de estar fora, é
sempre no apartamento, queria aproveitar. Está frio, mas o dia está lindo.
Você não quer?
– Você tem razão, mas vamos tomar café aqui. Já pulamos o jantar e
não sabemos onde vamos encontrar um lugar para comer. Por que você não
toma banho enquanto eu faço o pedido?
– Tudo bem! – E com um beijo rápido ela se levantou e foi nua para o
banheiro, rebolando, dando-me uma visão dos deuses.
– Pare de olhar – disse rindo, sem olhar para trás.
– Não estou olhando, estou admirando.
Ela riu e entrou no banheiro. Um pouco depois ouvi a ducha
funcionando. Peguei o telefone e fiz o pedido do café, frutas, um pouco de
tudo. Ela saiu e eu entrei no banho, não podemos entrar juntos ou não saímos,
já sabemos disso.
Quando eu saí, ela já estava comendo frutas com cereais.
– Desculpe, mas quando vi tudo isso eu não pude resistir, não esperei.
– Eu também não esperaria, parece tudo muito bom.
Já conhecia bem Ângela. Ela adorava chocolate, mas a manhã dela
começava com suco de frutas e café (não café com leite, ela não gostava de
leite), pães salgados de todos os tipos, nada de bolo ou tortas pela manhã para
ela, ovos, queijos, bacon sim, presunto nunca; fiquei feliz, conhecia minha
menina. Ângela gostou e comeu tudo, nós dois comemos, estávamos
realmente famintos.
Terminamos de nos vestir, pegamos nossas coisas e descemos. Não
eram nem sete horas quando saímos, o espanto de todos era evidente por
estarmos deixando o hotel tão cedo.
Passamos o dia conhecendo lugares. Ela tinha razão, depois de tanto
tempo no apartamento, aproveitar o dia ao ar livre juntos era a glória. Ela se
sentia completamente à vontade na garupa e eu amava os braços dela me
apertando. Encontramos um restaurante italiano, estava lotado, mas
conseguimos uma mesa em um canto discreto. Depois do almoço saímos no
vento gelado. Coloquei rápido o gorro e travei o capacete dela.
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Várias paradas, fotos, risos, mais uma parada para lanche, mais paradas
para admirar paisagens, mais fotos, e já tinha anoitecido quando parei em
frente ao elevador na garagem do apartamento dela. Sem descer da moto,
destravei o capacete e o prendi na moto.
– Já estou com saudade do nosso fim de semana, foi perfeito. Adorei
andar de moto.
– Só andar de moto? Não teve nada mais que você tenha adorado?
– Você foi perfeito, eu estava muito nervosa e com medo, não pensei
que fosse gostar tanto. Quero repetir.
– Eu também quero, e vamos ter que fabricar mais tempo para nós esta
semana. E eu gostaria de outro fim de semana assim. Agora entre, te ligo
mais tarde.
Beijei-a rápido para não cair na tentação, aquele era um lugar muito
perigoso. Ela entrou e desapareceu, e eu acelerei e fui para casa.

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Capítulo 17

Ângela

Ver Gabriel indo embora me deixou com uma sensação de vazio que
não tinha sentido antes. Não sei se foi o passeio, passar quase dois dias
juntos...
Entrei no apartamento vazio, Stella não tinha voltado ainda. Fui para o
meu quarto e me deitei em posição fetal, queria me aconchegar a ele. Enviei
uma mensagem: Já estou com muita saudade, gostaria que estivesse aqui
comigo agora.
Meia hora depois ele respondeu.
Eu também, não sei se vou conseguir passar esta semana sem você,
tenho vontade de ir aí e ficar com você.
É que foi realmente um lindo final de semana, vou lembrar sempre
desse dia. E eu quero dormir com você, Gabriel.
Tem certeza, Ângela? É tudo o que mais quero, se você disser sim, eu
vou aí ficar com você.
Nem tudo que queremos podemos, eu quero muito, mas não posso.
Vamos esperar. Boa noite.
Tem razão. Durma bem, querida.
Resolvi tomar um banho, talvez assim o sono viesse. Mesmo assim,
depois de fazer de tudo, era madrugada quando o sono finalmente chegou.
Semana começando, cheguei cedo e liguei meu computador. Resgatei
meu celular da gaveta e liguei para Math. Enquanto chamava, tirei uma pasta
da gaveta, tinha que começar a estudá-la e me preparar para o próximo
projeto, Nova Deli.
– Oi, irmãzinha, como foi seu fim de semana?
Ia responder quando meu computador abriu e me deixou gelada: uma
imagem minha com Gabriel cobriu toda a tela, era o

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beijo depois do almoço, quando paramos na estrada para admirar a paisagem.


Uma sequência de fotos nossas e um vídeo que mostrava Gabriel tirando
nossos capacetes e me colocando sentada em frente a ele, nossos sexos
separados só pelas calças de couro, ele liberando minha boca e me beijando, e
como ele pouco a pouco me deitava sobre o tanque. Era quase um filme
pornográfico, dava para perceber a intensidade do beijo e como nos
esfregáva-mos um no outro. Em uma das fotos dava para ver nossas línguas.
– Ângela, você está aí?
– Sim, desculpe, está tudo bem, só tenho que resolver um probleminha
aqui. Te ligo com tempo mais tarde.
Desliguei e voltei novamente minha atenção para as fotos, eram
dezenas. O idiota, ou a idiota, havia nos seguido até o hotel. Havia mais um
vídeo, feito perto da entrada do hotel, que nos mostrava descendo da moto, eu
tirando o gorro dele e brincando com os cachos da sua nuca, nossos corpos
grudados, dava para sentir que estávamos excitados, Gabriel cobrindo minha
boca novamente e falando no meu ouvido. Depois nos mostrava entrando no
hotel.
Meu telefone tocou, era Stella.
– Ângela! Como isso foi acontecer?
– Não sei, Stella, mas não vimos ninguém. Estou tremendo. Se alguém
me reconhecer aqui... Meu Deus!
– É, o primeiro vídeo está bem quente, mas fica tranquila, você teve
sorte de não tirar o gorro, ninguém vai te reconhecer. Eu sei que é você
porque eu sei de vocês, se não fosse por isso eu não te reconheceria, fica
calma.
Ela desligou e eu fiquei sentada, olhando hipnotizada o vídeo.
A nota dizia: “Sr. e Sra. Gabriel Leblanc. Lua de mel antecipada de
Leblanc. Quem será a motoqueira misteriosa que foi registrada no hotel como
Sra. Gabriel Leblanc?”
– Essa é uma verdadeira bomba! – A voz de Isabel nas minhas costas
me tira do meu transe. – Dá um close no rosto dela. E que beijo é esse,
gente!? O único beijo que tínhamos dele era aquele aguado com Loreta, mas
este... Ele está quase engolindo ela, Deus! Eles estão praticamente transando
em cima dessa moto.

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Quem foi que disse que Leblanc era frio? Mais quente que isso tem que ser
dentro do quarto. Será que Leblanc casou escondido?
– Não acredito – falei tentando não deixar minha voz tremer.
– Você já ligou lá pra cima pra saber qual vai ser a declaração oficial?
– Ainda não, vou ligar agora.
Peguei o telefone e Isabel ficou esperando curiosa.
– Cíntia? Aqui é da área de comunicação, queremos saber a declaração
do Sr. Leblanc sobre as fotos e o vídeo que estão na internet.
– Vou perguntar a ele e ligo de volta.
Cíntia me respondeu um minuto depois.
– A resposta é nada a declarar – falei para Isabel, que estava com o
olhar intrigado na foto.
– Claro, ele não pode dizer que é apenas uma amiga e jamais vai
assumir uma namorada. Esse é o nosso garoto. Mas eu tenho a impressão de
que conheço essa garota... Pena que o rosto está quase todo coberto.
O telefone tocou e assumi a resposta automática: nada a declarar. E
assim continuou toda a manhã. Não consegui ligar de volta para Math.
Gabriel não me ligou, não me enviou nenhuma mensagem e, toda vez que
alguém falava comigo, eu dava um pulo na cadeira. A sensação de vazio
voltou com força total.
Meu celular tocou e eu atendi sem vontade e sem olhar.
– Alô, linda, ficou com saudade de mim?
Levei um choque ao reconhecer a voz de Lucas. Ele não podia ter
escolhido um dia pior para me ligar, mas tratei de ser educada.
– Oi, Lucas. Como vai?
– Bem, tenho negócios para resolver na sua cidade dentro de umas
semanas e pensei se você poderia jantar comigo?
– Acho que vai ser difícil, estamos com muito trabalho. Estamos saindo
tarde, o que me deixa sem vontade de sair.
– Que tal um almoço, então?
– Não sei, talvez em uma próxima visita, Lucas. Como eu te disse, nós
estamos com muito trabalho.

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– Tudo bem, eu não vou insistir agora, mas vou voltar a te ligar quando
estiver na cidade.
– Certo, mas agora tenho que voltar a trabalhar ou vou ter problema.
– Certo, volto a te ligar quando estiver na cidade. Um beijo!
– Tchau, Lucas.
Fiquei um bom tempo olhando para o telefone. Queria ligar para
Gabriel, mas ele sempre me ligava e, se não havia ligado ainda, era porque
estava ocupado, ou não queria falar comigo.
Cheguei em casa completamente esgotada e me joguei na cama.
Durante todo o dia não tive notícias de Gabriel, então meu celular tocou: –
Estou na garagem, você pode descer?
Eu desci correndo, entrei no carro e me joguei nos braços dele.
– Fiquei com muito medo com o que aconteceu. Se alguém me
reconhecesse... Você não me ligou, sumiu, não sabia o que pensar.
– Não podia, se eu ligasse ia querer fazer isso, e não podia, tive que
esperar até agora. Fui muito descuidado, mas não vão descobrir nada, só
vamos ter que tomar mais cuidado. Estou sendo perseguido. Se não fosse por
este carro, acho que não poderia sair hoje. Mesmo assim vamos ter que
redobrar os cuidados por um bom tempo. Eu já estou acostumado, mas e
você?
– Eu estou bem agora, não se preocupe. Podemos nos ver no meu
apartamento, já que você está sendo perseguido e o seu é muito visado.
– Gosto de ficar aqui com você, mas você nunca se solta totalmente
quando estamos aqui, fica se segurando o tempo todo.
– É que fico com medo de Stella nos ouvir.
– Por isso vamos dar um jeito de nos encontrarmos lá no meu
apartamento. Math vai viajar de novo na sexta e só vai voltar no domingo,
podemos ficar junto todo o fim de semana: filmes, pipocas e comida gostosa,
só nós dois, sem sair. Um fim de semana só nosso de novo, o que você acha?
Mas se você quiser, posso ficar agora.

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Depois disso, fiquei mais tranquila, os abraços e beijos dele sempre me


acalmavam.
– Não, hoje não. Stella está para chegar e já sei que vai me encher. Você
vir até aqui já me tranquilizou.
– Ângela, confie mais em mim. Estou contigo, eu sinto o mesmo que
você. Não duvide, sim?
Olhei para ele. Será que ele realmente sentia o mesmo que eu?
– Suba agora, aqui é perigoso. Vamos nos falar durante a semana e, se
tudo der certo, nos vemos na sexta-feira.
Com mais um beijo, saio do carro e ele vai embora.
Não conseguimos nos ver durante a semana. Ninguém descobriu que
era eu a garota da foto. Stella olhava a foto dizendo como a touca tinha nos
salvado.
Na quinta-feira já estava cansada de responder as perguntas dos
curiosos, não conseguia adiantar meu trabalho com o telefone tocando a todo
momento, e Gabriel estava sendo seguido o tempo inteiro, deixando louca a
equipe de segurança dele. Quando cheguei em casa, Stella estava me
esperando.
– Oi, sumida! Moramos juntas e quase não te vejo. Que tal pipoca e
filminho para colocar a fofoca em dia?
– Só você, Stella! Parece ótimo. Vou tomar um banho enquanto você
prepara a pipoca.
Conversar com Stella e ver filmes bobos sem prestar atenção me fez rir
e tirou um pouco do estresse da semana.
– E aí? Já descobriram quem é a motoqueira misteriosa?
– Estava demorando! Se eu ouvir uma vez mais essa pergunta, juro que
enlouqueço. Você, pelo menos, me poupe, Stella.
– Nossa, desculpe, não sabia que a coisa estava nesse estado. Mas tinha
que ser, não é? O todo-poderoso e frio Leblanc flagrado pegando fogo com
uma garota. Agora todos sabem que de frio ele não tem nada. No meu
trabalho não se fala de outra coisa, as garotas estão enlouquecidas, todas
sonhando com aquela enfiada de língua que aparece na foto. Até eu me
esquento vendo o vídeo. E olha que eu sou mais Math que Gabriel.
– Podemos mudar de assunto? Me fale do novo namorado. Quando vou
conhecê-lo?
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– Vamos marcar alguma coisa aqui nós quatro, o que você acha?
– Não sei, vou ver com o Gabriel e combinamos. Continuamos a
conversar e falar besteira até de madrugada.
Realmente ela é a irmã que não tive.
Na sexta-feira, Math viajou com Antônio, mas não conseguimos nos
encontrar, pois Gabriel teve compromissos à noite com empresários.
Aproveitei para dormir cedo, já que quase não tinha dormido na quinta.
No sábado ele estava furioso com todos o seguindo por todos os lados,
mas me disse que acharia um jeito de estarmos juntos à noite.
Com os preparativos para a inauguração na Índia, estávamos
trabalhando dobrado. Martin avisou aos novatos, como eu, que não ia ser
sempre assim, que geralmente não trabalharíamos aos sábados e que, depois
da Índia, tudo deveria voltar ao normal. Eu iria trabalhar com Amanda nesse
projeto. A equipe para viajar já havia sido escolhida, Martin não iria desta
vez e Amanda estaria encarregada. Ela já nos disse que tínhamos que estudar
a cultura local, para não cometer nenhuma gafe, e usar roupas típicas locais
como respeito à cultura indiana. Com tudo adiantado, ainda tínhamos quatro
meses para nos preparar. Já passava das quinze horas quando deixei o prédio
da GAMA.
Cheguei em casa, deixei meu celular e desci, Gabriel já estava me
esperando na garagem. Entrei no carro novo, que só usava comigo, ele me
beijou rápido e saímos. Passamos devagar em frente ao prédio dele,
procurando pelos paparazzi.
– Eles desistiram? – perguntei e ele ri.
– Não, eles não desistem. Tive que fazer um verdadeiro malabarismo
para ficar livre deles.
– E como foi isso?
– Enviei meu motorista. Rafael me levou ao apartamento com Duncan,
Josias e as namoradas deles já estavam esperando. Demos uma hora de
tempo e eles saíram. Rafael e Duncan, como todos já sabem, foram na frente,
e no banco de trás Josias foi disfarçado com a namorada dele. Todos os
seguiram e eu fiquei livre para te buscar. Eu vim com nosso carro. Não sei
por quanto tempo vou

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poder mantê-lo em segredo, mas ninguém desconfiou e temos nosso caminho


livre enfim – ele contou rindo como uma criança.
– Você fez tudo isso?
– Faria mais para poder estar contigo. Eles vão ficar por lá, rodeados de
paparazzi enquanto nós ficamos aqui. Você está com fome?
– Não, fizemos um lanche durante a reunião. E já te conto que fui
escolhida para viajar para a Índia com a equipe. Martin disse que eu fiz um
bom trabalho em Vegas, por isso me escolheram de novo. Estou muito feliz.
– Estou feliz por você, porque eu sei que está fazendo o que gosta, e
isso é o mais importante. Quando vocês viajam?
– Duas semanas antes da inauguração. Espero ter um tempinho para
conhecer a Índia. É um pais exótico que sempre tive vontade de conhecer.
Ele estacionou o carro e descemos. No elevador, encostou-se contra a
parede me beijou. Passei meus braços pela sua cintura e me aconcheguei em
seu peito.
– O que está acontecendo? Você não parece bem.
– Nada, só muito trabalho, e esta não foi uma semana fácil. Estou um
pouco cansada. Me abrace e estará tudo bem.
– Isso não é difícil.
Entramos, fui direto para o quarto e me deitei. Ele veio logo atrás e se
deitou ao meu lado. Virei-me e fiquei de frente.
– Vamos só dormir, está bem? Foi uma semana pesada, que tirou todas
as minhas energias. Mas agora estamos juntos e só quero ficar assim com
você. Não dormi bem esta semana, mas com você aqui posso relaxar.
Realmente relaxei com as mãos dele me fazendo carinho. Acabamos
dormindo. Fazia tempo que não dormia tanto tempo seguido e, quando
acordei, estava totalmente escuro. Os braços de Gabriel se fechavam sobre
meu corpo como cadeado, as longas pernas dele me prendiam, tentei me
soltar, mas só consegui que ele me apertasse mais.
– Gabriel, me solte, preciso ir ao banheiro.
Ele se mexeu, acordando.

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– Está querendo fugir de mim.


– Não! Só quero ir ao banheiro, acho que dormimos demais. Que horas
são agora?
– Vá, mas volte logo, não quero ficar sozinho. E ainda é cedo – ele
resmungou sonolento.
Usei o banheiro e vi os vários produtos que Gabriel comprara para mim.
Escovei meus dentes e decidi tomar uma ducha antes de voltar para a cama.
Meus produtos com aroma de mel estavam ao lado dos produtos dele com
aroma de sândalo e pinho. O aroma de mel tomou todo o banheiro. Peguei
uma das toalhas enormes e macias e, quando terminava de me secar, ele
entrou.
– Fiquei com saudade, você estava demorando – disse enquanto me
beijava. – Vou tomar uma ducha rápida também, já saio.
Ele entrou no chuveiro e eu fui até a cozinha procurar alguma coisa
para tomar. Abri a geladeira e peguei um suco de framboesa. Vi pão,
presunto e queijo, mas não tinha vontade de comer nada, só tomei o suco e
voltei para o quarto.
Gabriel estava saindo do banheiro com uma toalha presa nos quadris,
nada de gordura no corpo perfeito. Fiquei olhando para ele até perceber que
ele estava rindo.
– Está me admirando, Ângela?
– Sim, estava me perguntando o que um homem lindo, sexy e maduro
vê em uma garota como eu?
– Vejo tudo o que você não vê: linda, sensual, inocente, inteligente,
você me deixa louco. Agora coloque esse conjunto que comprei, quero ver
você nele.
Tirei a toalha e coloquei o conjunto de renda, uma calcinha short e um
sutiã meia–taça que ficaram perfeitos. Estava prendendo o sutiã quando o
telefone dele tocou. Ele atendeu e mandou a pessoa esperar. Colocou uma
bóxer branca que estava sobre a cama, me ajudou a fechar o sutiã, pegou o
celular de novo e se deitou.
– Só um segundo, já falo com você. – Ele me mandou girar e me olhou
dos pés à cabeça. – Você está linda! Ficou maravilhoso em você. Lindo!
Vem aqui.

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Pediu-me para deitar em cima dele e voltou a atender o celular.


– Desculpa, Alê. É que eu estava vendo uma coisa aqui.
As mãos dele passeavam pelas minhas costas lentamente enquanto ele
falava e comecei a passear meus dedos pelo tórax dele também. Não prestava
atenção à conversa, sabia que ele estava falando com a irmã. Tentei sair de
cima dele, mas ele não deixou. Fiz um sinal de que ia ser rápido e ele me
soltou. Peguei meu celular e voltei ao meu lugar, meu corpo totalmente
deitado sobre o dele. Eu estava de calcinha e sutiã, e ele estava de boxer.
Achei que não teria problema uma foto.
– Olhe e sorria. – Ele pediu desculpa mais uma vez para a irmã, deixou
o telefone de lado, olhou para a câmera e riu. Rimos os dois, eternizando o
momento.
Fiz mais algumas enquanto ele falava, escolhi a que ficou melhor e
mandei para ele.
Deixei o telefone de lado e me aconcheguei no tórax forte dele, suas
mãos continuavam com movimentos de subir e descer pelas minhas costas.
Minhas mãos desceram, senti as coxas dele sob as gemas dos meus dedos,
senti os pelos se eriçavam à medida que ia subindo. Fiquei sentada enquanto
ele falava, fui descobrindo cada centímetro do seu corpo. As mãos que
estavam em minhas costas foram para meu bumbum, incitando-me a me
mexer, ele começou a endurecer. Ouvi quando ele disse que falaria com ela
depois.
Ele me fez ficar por baixo, começou a acariciar meu corpo. Passei as
minhas mãos pelas costas fortes dele, cheguei até a curva do bumbum duro,
alcancei as coxas rijas e passei meus dedos por elas. Ele se levantou e tirou
minha roupa, devagar, depois se desfez da dele. Seus dedos brincando com
minha coxa, meu seio, me levavam à glória. Olhei para o rosto lindo sorrindo
para mim.
Ele ficou de joelhos, sentou-se sobre os tornozelos, me abrindo. Com
delicadeza, deslizou devagar dentro de mim. Minhas mãos procuraram os
braços dele e ele as segurou, se movimentando devagar, entrando e saindo.
Ele me conhecia tão bem, sabia que naquele dia estava precisando mais de
carinho do que de uma sessão de sexo selvagem. Eu não sabia o que eu
estava

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sentindo. Olhando para ele, alguma coisa estava acontecendo dentro de mim,
me fazendo querer chorar. E eu nunca choro, não sei chorar.
Libertei minhas mãos, queria explorar o corpo dele. Comecei pelas
coxas poderosas, firmes, sentindo cada centímetro, os pelinhos como veludo
suave. Subi pelas costas amplas, perfeitas, costas que tantas vezes destruí
com minhas unhas. Voltei minha atenção ao tórax, um escudo de aço
desenhado com pelos dourados e com duas moedas rosadas, toco as
pontinhas, duras como diamantes. O corpo inteiro dele estremeceu, como se
tivesse tocado as cordas de uma harpa. Desci e encontrei o V, que me deixava
louca. Voltei a olhar para ele novamente, ele continuava com os movimentos
lentos de entra e sai, como uma carícia. Nossos olhares se encontraram, levei
meus dedos ao rosto firme e senti a lixa da barba nascendo, arranhando meus
dedos. Toquei os lábios que já cobriram tantas vezes os meus. Continuamos
nos olhando. Levei meus dedos ao nosso lugar preferido, e de novo o corpo
dele vibrou. Enrolei meus dedos nos cachos suaves. Uma linha de suor
desceu pela sua testa e pescoço e eu sabia que estava no limite, mas estava
me dando tempo, me esperando.
– Olhe para mim, Gabriel. Quero ver como eu faço você gozar. Goze
para mim, me mostre.
– Ângela! Deus, o que você fez?! – As mãos dele seguraram firmes
minhas coxas e ele gozou olhando para mim, o queixo firme, os lábios cheios
sendo mordidos enquanto ele tentava manter contato visual comigo.
Não consegui segurar e lágrimas desconhecidas escorreram pelo meu
rosto. Agora sabia o que era a sensação de vazio, a angústia que eu vinha
sentindo durante toda a semana. Sabia que não devia, mas me apaixonei por
Gabriel, estava amando Gabriel e minha boca falava o que eu tentava
segurar.
– Amo você, Gabriel. Deus, como eu te amo, Gabriel!
Ele me olhou com olhos arregalados, enormes como pratos, pela
primeira vez vi seus olhos completamente abertos, duas safiras que
atravessavam minha alma. Eu me entreguei e mergulhei naquele olhar, deixei
meu orgasmo me levar, ouvi meus gemidos se transformando em soluços,
tudo ficando cada vez mais

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distante. Ouvi a voz de Math chamando Gabriel, a porta sendo aberta, mas
nada me importava, havia me fechado para o mundo de fora e me entregava
completamente ao mundo de Gabriel. Naquele instante éramos só nós dois.
Deixei-me levar até não ouvir ou sentir mais nada.
Respire, respire, respire! Enviei ordens ao meu cérebro, voltava
devagar, com as convulsões do meu orgasmo ainda estremecendo meu corpo.
Gabriel também estava respirando com dificuldade no meu pescoço, o suor
escorrendo por nossos corpos.
– Ângela? Ângela, olhe para mim, querida. – A voz de Gabriel parecia
vir de muito longe. Abri meus olhos devagar e vi que ele me olhava
preocupado, passava os dedos por onde escorreram minhas lágrimas e ainda
estava molhado. – Você está bem?
– Eu estou bem, mas acho que estou louca, pensei ter ouvido a voz de
Math. E depois alguém entrando aqui. – Senti o corpo dele ficar tenso.
– Não, você não está louca, ele realmente está aqui. Ele e Antônio estão
na sala. Vou ver e já volto, fique aqui.
– O quê? Como foi que ele entrou? O que aconteceu? Como eles
entraram? – Puxei o edredom até o pescoço, esperando meu irmão entrar a
qualquer momento pela porta.
– Calma, vou te explicar. E não se preocupe, ele não te viu, eu te cobri
antes de ele abrir a porta. – Gabriel se enfiou no jeans que estava jogado no
chão.
– Como ele soube que eu estou aqui?
– Não! Ele não sabe que você está aqui. Me dê um minuto, Ângela. Vou
falar com eles e já volto. Aí te explico.
– Ei, Gabriel, o que você está escondendo no quarto? Por que você não
a traz aqui e nos apresenta? Podemos fazer uma festinha todos juntos. – A
voz era de Antônio, vinda do corredor. Depois ele bateu na porta. – E aí,
Gabriel, vai sair ou não?
– Já vou, Antônio, espere só um pouco.
– Gabriel, como eles têm a chave do seu apartamento e entram no seu
quarto? Me diga, Gabriel!

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Fiz a pergunta mesmo sabendo a resposta. Ele passou as mãos pelos


cabelos já bagunçados, várias vezes, nervoso, encostou a testa no batente da
porta.
– Me dê um minuto, Ângela, já volto. – Ele saiu fechando a porta.
Tentei ouvir, mas a sala ficava longe. Ouvi vozes femininas além das de
Gabriel, Math e Antônio. Deixei a porta, fui ao closet e procurei alguma
roupa que fosse realmente minha, pois até aquela com que eu viera ele tinha
comprado. Dei uma olhada nas minhas roupas ao lado das dele. Não queria
acreditar na verdade que estava na minha frente.
– O que está fazendo, Ângela? Vamos conversar – ele disse entrando no
quarto.
– Não temos nada para conversar, Gabriel. – Achei uma calça jeans
velha, uma camiseta e um tênis, peguei tudo enquanto Gabriel caminhava de
um lado para o outro.
– Ângela, me deixe te explicar, você vai entender.
– Não preciso que você me explique, já entendi.
Nesse instante ouvi o grupo passar pelo corredor em direção ao outro
quarto e distingui a voz de duas garotas conversando. Alguém bateu na porta
e uma voz de mulher chamou por Gabriel. Fiquei gelada.
– Gabriel, querido, por que não nos apresenta sua amiga? Ela é a garota
da moto? Se essa vadia é tão especial, por que você não a levou para sua
casa? Por que a trouxe aqui?
O estrondo da mão de Gabriel batendo na porta me fez saltar.
– Cala essa maldita boca, Loreta.
Olhei para Gabriel esperando que ele negasse o que eu tinha acabado de
ouvir, mas o olhar dele confirmou. Sentime estúpida. Até a garota que bateu
na porta sabia que ele não morava ali. Em todo aquele tempo ele nunca havia
me levado para a casa dele, que eu não era importante o suficiente para
conhecer, bastava me levar ao lugar dos encontros deles.
Procurei por algum casaco, mas os que estavam ali não eram meus,
foram comprados por ele, e eu não ia me vestir mais como

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uma vadia comprada por ele. Achei uma jaqueta jeans minha e a peguei.
– Por favor, Gabriel, deixe-me passar.
– Me ouça, Ângela.
– Não, já está tudo explicado.
Desviei-me dele e entrei no banheiro. Com a água quente sobre meu
corpo, tentei tirar o cheiro dele. O cheiro que sempre amei naquele momento
me dava nojo, não conseguia me sentir limpa. A garota do corredor tinha me
chamado de vadia, e era assim que eu me sentia, era assim que ele me via.
Aquele era o lugar aonde eles levavam mulheres, ela pelo menos sabia que
era o lugar de farras deles. Saí do banho, passei pelo quarto. Ele estava
sentado na borda da cama com as mãos segurando a cabeça. Entrei no closet
e ele me seguiu.
– Vamos conversar, Ângela, por favor.
– Não tenho nada para conversar com você.
Comecei a vestir as roupas que tinha separado e olhei de novo. Tudo o
que tinha ali fora comprado por ele, roupas de trabalho para os dias em que
eu ficava lá e ia direto para o escritório, assessórios, bolsas, roupas formais,
informais e lingerie, muitas lingeries, algumas joias. Ele realmente estava me
comprando. Vestime rápido sem me importar com mais nada.
– O que você está fazendo? Me ouça por um momento e vai entender. –
Ele tentava me segurar.
– Só vou falar mais uma vez, Gabriel. Você não precisa se explicar ou
me fazer entender coisa alguma, porque eu te conheço, lembra? Eu disse que
não queria fazer parte desse seu mundo, e não vou. Como também não vou
pedir para que você faça parte do meu. Esqueça o que eu disse antes, eu não
estava em mim quando disse que te amava, esqueça.
– Não diga isso! Foi a melhor coisa que já ouvi na minha vida. Não
retire o que disse, Ângela. Sei que estou errado, mas se acalme e converse
comigo.
– Nós dois sabíamos que essa história tinha um prazo de validade curto.
A idiota fui eu que esqueci esse detalhe. Mas acabou, simples assim.

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– Não, não repita isso. Você está nervosa, eu entendo, mas nada
acabou.
Não disse nada, não tinha mais nada a dizer. Continuei me vestindo.
– Tudo bem, conversaremos quando você estiver mais calma. Vou
tomar um banho rápido e te levo.
Ele entrou no banheiro e eu peguei minha bolsa, não havia mais nada
meu ali. Saí do quarto. No corredor ouvi música e risos vindos do quarto ao
lado. Saí do lugar me sentindo ridícula.
Esperei o elevador, passei pela portaria e o segurança me olhou sem
entender, já que eu nunca havia passado por ali antes. Ele olhou para minhas
roupas, que não combinavam com o frio que estava fazendo lá fora.
– A senhorita quer que eu chame um táxi? Está muito frio lá fora para
sair assim – disse com simpatia.
– Aceito sim, obrigada.
Ele pegou o telefone no instante em que a porta do elevador se abriu e
Gabriel apareceu com os cabelos molhados, segurando em uma das mãos
uma toalha e na outra, o tênis e a jaqueta.
– Espere, Ângela – ele gritou enquanto tentava colocar os tênis.
– Pode deixar, não precisa chamar o táxi, obrigada. – Tentei abrir a
porta, mas estava travada. – Pode abrir a porta, por favor?
– Ângela, não faça isso! Sei que errei, mas podemos conversar, não me
deixe assim.
O segurança olhava para ele, talvez não estivesse acreditando no que
via. Olhei para Gabriel, talvez ele estivesse preocupado que eu contasse o
que tinha acontecido a Math, mas eu não faria isso, seria muita humilhação.
Olhei para o segurança, sabia que ele não ia abrir sem autorização.
– Deixe-me sair, Gabriel, não piore as coisas. Já me decidi, não vou
voltar atrás.
– Vou te levar, então. Está tarde, é perigoso sair assim. E está fazendo
muito frio.
– A única coisa que eu quero de você é que autorize esse senhor a abrir
a porta para eu poder sair.

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Ele olhou para o segurança e a porta foi destravada.


– Obrigada!
Saí levando o pouquinho de orgulho que ainda me restava.
Nunca havia me sentido tão humilhada.
Na rua, fiquei desorientada, não sabia para onde ir, sempre saí pela
garagem e com Gabriel dirigindo. O vento gelado queimava meu rosto.
Quando consegui me orientar, caminhei apressada, apertando a jaqueta jeans
fina contra meu corpo. Achava que estava a umas cinco ou oito quadras de
casa. Caminhei evitando as poucas pessoas que estava na rua àquela hora.
Quando cheguei à portaria do meu prédio, estava gelada, tremendo, mas
o tremor não era só por frio, era por ter descoberto que ele nunca fora
diferente das minhas colegas do internato, todas louras, lindas e más. Fui
humilhada todo o tempo que passei lá, a única aluna negra, como elas me
chamavam. Eu manchava o grupo perfeito, nem as professoras gostavam de
mim. Gabriel só me mostrou que tudo continuava igual, fui um brinquedo
para ele como fui para todas naquela escola. A verdade dói, dói muito, me faz
tremer. Uma vadia qualquer, era isso que eu era para ele, mas ser chamada e
ser tratada como vadia não fazia de mim uma. Respirei fundo, já havia
passado por coisas piores.
Gabriel foi um erro, mas se sobrevivi àquela escola maldita, poderia
sobreviver a ele.

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Capítulo 18

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Gabriel

Acompanhei Ângela de longe até ela entrar em segurança no prédio


dela. Não conseguia sentir nada, em um momento ela estava dizendo que me
amava e no seguinte tudo estava acabado. Decidi mandar uma mensagem
para Stella.
Oi, Stella, você está em casa?
Sim, estava dormindo. O que aconteceu? Me ligue.
– Ângela está chateada comigo e acabou de entrar. Dê uma olhada para
ver se ela está bem – disse assim que ela atendeu.
– O que você fez agora, Gabriel? – ela não parecia feliz.
– Pergunte a ela, ela vai te contar se quiser.
– Você deve ter aprontado feio, porque todas as vezes ela te perdoou.
Até em Vegas ela te perdoou; não deveria, mas perdoou.
– Eu errei, vou tratar de consertar.
– Não acredito que possa. Ela nunca confiou em ninguém, nunca deixou
ninguém se aproximar realmente dela. Você foi um dos poucos, além de
Marcelo e de mim, e se você falhou dificilmente ela confiará em você de
novo.
– Ela terminou comigo.
– Ela te adora. Se ela decidiu terminar, foi porque você passou dos
limites.
Fiquei calado. Ângela tinha dito que me amava, e ela tinha dito que
Ângela me adorava. Eu tinha ficado mudo. Tudo tinha entrado e saído com a
mesma velocidade, me senti amado e abandonado ao mesmo tempo.
– Cuide dela por mim e me avise qualquer coisa.
– Vou cuidar dela por ela, porque ela é minha amiga e eu realmente
gosto dela e nunca a magoaria, não porque você está me pedindo. Eu sabia
que você a magoaria, eu disse isso a ela. Você é um idiota, Gabriel.

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Ela tinha me chamado de idiota e batido o telefone na minha cara.


Ninguém nunca tinha feito isso antes. Mas eu não conseguia me sentir
ofendido, era assim mesmo que eu me sentia, um idiota.
Continuei andando para casa, caminhei devagar. Sabia que a culpa era
minha. Quatro meses juntos e eu não tinha dito a verdade a ela. Se tivesse
dito antes, sei que ela teria entendido.
Entrei no apartamento. Antônio estava no bar pegando copos de bebidas
e me olhou como se estivesse vendo um fantasma.
– Desculpe, Gabriel, realmente não pensamos que estaríamos
atrapalhando. Math viu suas coisas na sala e foi te chamar, pensou que
estivesse sozinho, já que nunca uma garota tinha entrado naquele quarto.
– Ela me deixou.
– Deus! Agora estou realmente me sentindo mal. Não sabia que você
estava tendo algo sério com alguém, quando isso aconteceu?
– Só aconteceu, e estava muito bom. Bom demais para acreditar, nunca
tinha me sentido tão bem. Mas agora já não sei de nada... Vou pegar minhas
coisas e vou para casa.
– Mas se vocês estavam bem, não pode terminar assim. Ela pode estar
chateada com o que aconteceu, mas vai passar.
– Talvez, eu não sei. Na verdade não sei de mais nada. Neste momento
não consigo pensar. Vou dar a ela um tempo para se acalmar e depois vou
tentar de novo. Ela ficou ofendida por estar aqui e ser chamada de vadia. Eu
não devia ter trazido ela aqui, errei feio e agora vou ter que consertar.
– Espero que dê certo. Quando poderei conhecer a garota que virou sua
cabeça?
– Vejo você amanhã. – Não pretendia responder.
Entrei no quarto, peguei as roupas de Ângela que ficaram jogadas no
chão e encontrei entre os lençóis o conjunto de renda. Isso me fez lembrar da
foto que ela tinha me enviado e eu ainda não vira. Encontrei meu celular
embaixo do travesseiro, abri e achei que aquela era a foto mais linda que já
tivera dela.
Estávamos rindo para a foto, o corpo dourado de Ângela sobre o meu, a
renda desenhando a pele dela, minhas mãos descansando em suas costas, a
perna levantada, dobrada no joelho... Mas

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eram os olhos que me puxavam, o brilho quente, dizendo com eles o que ela
diria mais tarde, que me amava. Senti como se pudesse tocar o que ela estava
sentindo naquele momento. A dor no peito era tão grande que achei que
estava tendo um infarto. Com um esforço, guardei a foto em uma pasta
especial com código, coloquei meu celular no bolso e terminei de juntar as
roupas sujas, colocando-as para lavar. Peguei um casaco e um cachecol, meu
laptop, as chaves do carro e saí. Antônio já desaparecera. Desci para a
garagem, entrei no carro e fui para casa.
Não consegui dormir. A dor no meu peito tinha aumentado durante a
noite, fazendo-me sentir sufocado. Às oito eu já estava no escritório. Dei uma
olhada na minha agenda e tive vontade de cancelar tudo. Às nove já não
conseguia desviar meus olhos do monitor. Vi Math conversando com Cíntia
e logo depois ele entrou. Olhei mais uma vez para o monitor. Ângela ainda
não tinha chegado, estava atrasada. Não resisti e enviei uma mensagem.
Oi, querida, você está bem? Podemos conversar mais tarde?
Math fechou a porta e sentou em uma poltrona na minha frente.
– Quero me desculpar por ontem à noite. Antônio me contou o que
aconteceu.
– Não se preocupe, vou resolver.
– Já conseguiu falar com ela?
– Não, ainda não. Ela está muito chateada, tenho que dar um tempo.
– Mande flores, garotas adoram flores.
– É mais complicado que isso, não dá para resolver com flores.
– Uma joia, uma joia bem cara, uma pulseira ou um colar de diamantes.
Duvido que ela não te perdoe.
– Mandar uma joia só complicaria minha situação. Essa garota não se
vende, não posso comprá-la com uma joia. Ela só tinha me pedido para ser
leal e honesto com ela, e falhei.
– Puxa, eu não sabia que ainda existia esse tipo de menina. Só conheço
as que estão interessadas em dinheiro, muito dinheiro.
– Como vê, a joia rara é ela.

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– Se ela é tudo isso, você ganhou na loteria. Lute por ela, e nós te
apoiaremos.
Olhei de novo o monitor, ela ainda não tinha chegado. Pela primeira
vez, estava atrasada. Meu telefone também continuava mudo.
– Se você precisar de ajuda...
– Não, só eu posso dar um jeito na besteira que fiz. Mas agradeço.
Faltando pouco para as dez a vi entrando, linda de tirar o fôlego. Pensei
como poderia fazer para falar com ela. Fiquei aliviado, por um momento
pensei que talvez tivesse desistido do trabalho na empresa, mas não, ela ainda
estava aqui, nem tudo estava perdido. Ainda poderei tê-la de volta.
– Sr. Leblanc? – A voz de Jennifer me trouxe de volta à realidade.
– Sim?
– Acaba de chegar uma encomenda para o senhor e deve ser entregue
em mãos. O senhor me autoriza a receber?
– Mande esperar um pouco, eu mesmo vou receber.
– Vamos almoçar juntos? Ou você tem muita coisa para resolver? –
Math me perguntou, eu tinha esquecido dele na minha frente.
– Ainda não sei, aviso vocês mais tarde.
– Certo, até mais tarde.
– Mande trazer a encomenda, Jennifer.
– Sim senhor!
Um rapaz uniformizado, carregando uma caixa grande, entrou e a
colocou em frente a mim. Assinei, dei uma gorjeta e ele se foi. Cíntia saiu
logo atrás, fechando a porta. Fiz tudo isso de maneira robotizada, mas depois
de ver o nome do remetente, Stella, eu sabia que era de Ângela.
Sentei-me no sofá e fiquei olhando, sem coragem de abrir. O interfone
tocou, era Cíntia avisando que minha próxima reunião seria em dez minutos.
Retirei a etiqueta com o nome de Stella e a guardei na gaveta. Dei mais uma
olhada no monitor.

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Ângela e um grupo de pessoas estavam em frente ao elevador, imagino


que se dirigindo ao andar de reuniões também. Peguei meu laptop e saí
correndo do escritório, passando por Cíntia e Jennifer, que me olharam
assustadas. Passei o cartão e liberei o elevador. Entrei com meu coração
disparado, saí no corredor e olhei ao meu redor. Nunca tinha visto tantos
funcionários juntos; advogados, arquitetos, jornalistas, engenheiros, tínhamos
de tudo, a equipe que formava o grupo GAMA era bem diversificada. Uma
sinfonia de cochichos, todos estavam me olhando, pois geralmente quando eu
desço todos já estão nas salas. Quando a porta do elevador dos funcionários
se abriu, Martin saiu com uma ruiva alta e linda ao lado dele. Não conseguia
ver Ângela, que devia estar atrás do corpo enorme de Martin.
– Bom dia, Sr. Leblanc! – ele me cumprimentou e apresentou a ruiva ao
lado dele como Amanda, segunda no comando da área de comunicação da
GAMA. Ela me cumprimentou se derretendo em sorrisos.
Por fim meus olhos acharam Ângela com o grupo atrás de Martin.
– Esses devem ser os novos estagiários. Você não vai me apresentar o
grupo?
O queixo de Martim caiu literalmente, nunca havia me preocupado em
conhecer os estagiários. Só que antes disso a porta do elevador se abriu e uma
Cíntia desesperada apareceu se desculpando.
– Desculpe, Sr. Leblanc. Já está tudo preparado, é só o senhor me
acompanhar.
– Pode ir, Cíntia, vou conhecer um pouco melhor nossos novos
funcionários.
Àquela altura o corredor estava congestionado, todos me olhando como
se eu tivesse dez cabeças. Várias reuniões estavam marcadas, mas ninguém
parecia interessado em seguir para suas respectivas salas, a única reunião
interessante estava acontecendo ali. Cíntia, sempre tão eficiente, também
estava parada com a boca aberta, esperando para ver o que aconteceria a
seguir.
– O que está acontecendo aqui? – A voz de Antônio às minhas costas
me fez girar e encarar um Antônio perplexo. Que merda!

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– Nada, não está acontecendo nada. Eu parei para cumprimentar Martin


e conhecer nossos novos estagiários.
– Você o quê?
Não acreditava no que estava acontecendo. Só faltava Math aparecer e a
festa estaria completa.
– Que merda está acontecendo?
Bem, não faltava mais. Ele e August estavam parados olhando a todos,
intrigados. A porta do elevador se abriu e apareceram os seguranças. A
bagunça aumentou, muitos dos funcionários nunca tinham nos visto, estavam
curiosos para saber o que estava acontecendo.
– Que merda! – disse eu. – Eu parei um instante e tudo se transformou
neste tumulto. O que vocês estão fazendo aqui?
– É que vi toda esta confusão no monitor e não entendi o que estava
acontecendo. Bem, se nada está acontecendo, senhores, por que não voltam
ao trabalho?
Sob a voz de comando dele, em um minuto o corredor ficou livre.
– Bom, Martin, outro dia converso com seu pessoal. Que todos tenham
um bom dia. – Desisti de tentar qualquer coisa.
Maldizendo todo o bando de curiosos, fui para minha reunião.
Durante a reunião August me avisou que iam me esperar para o almoço.
Pensei em dizer não, mas sabia que seria pior.
Voltei do almoço com minha cabeça explodindo, sentime sentado no
banco dos réus, com Antônio e Math me bombardeando perguntas e August
só me acusando com o olhar.
Da minha mesa, via a caixa de Ângela me encarando.
– Cíntia, peça a alguém para levar esta encomenda até meu carro. Já
estou saindo e não volto mais hoje.
Entrei em casa com Josias logo atrás, segurando a caixa.
– Leve-a para o meu quarto – disse entrando na cozinha, onde encontro
Louise preparado o jantar.
– Vai jantar hoje, Sr. Leblanc? Eu estou preparando cordeiro assado
com hortelã e alecrim, como o senhor gosta.

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– Ainda não sei, Louise, talvez eu coma mais tarde. Agora quero que
você me faça algo: vá até meu apartamento do centro e traga do meu quarto
tudo que encontrar de mulher. No banheiro também tem vários produtos,
traga e guarde tudo no meu closet ao lado das minhas coisas. – O olhar de
Louise era impagável.
Peguei uma faca e voltei para o quarto. Cortei as fitas e abri a caixa, o
cheiro dela invadiu o quarto como se ela estivesse ali. Aspirei várias vezes,
tentando retê-lo em minha memória. A primeira coisa que vi foi o celular,
que estava em cima do conjunto de couro preto. Fui retirando as peças da
caixa, ela tinha devolvido absolutamente tudo, até um All Star que havia
comprado porque achei que era a cara dela, jeans, camisas, casacos, várias
lingeries, bolsas, joias, tudo.
Vi uma pequena caixa de veludo azul. Eu sabia qual joia era aquela.
Tinha dado a ela uma gargantilha de ouro branco com um G incrustado com
pequenos citrinos amarelos, que combinavam com a pele dela. Era uma joia
simples, mas eu sabia que ela iria gostar, e estava certo, tanto que alguns dias
depois ela me presenteou com um cordão de platina com um anjo. Ela tinha
me dito na ocasião que ela não poderia usar meu presente, com medo de que
perguntassem de quem era a inicial G, mas o anjo eu poderia usar. Tinha dois
significados, o primeiro era que a palavra anjo começava com a letra A, de
Ângela, e o segundo era que eu seria sempre o anjo dela, e só nós dois
saberíamos. Eu tinha pedido a ela que colocasse no meu pescoço e nunca
mais tinha tirado. Naquele momento eu estava tocando o anjo.
Fui até o closet e comecei a guardar tudo, os jeans ao lado dos meus, as
camisas ao lado das minhas, separei uma gaveta para as roupas íntimas dela.
Estava quase terminando quando Louise voltou trazendo duas malas com as
coisas de Ângela e ficou sem entender nada. Eu nunca arrumava minhas
roupas, e agora estava arrumando as roupas de uma mulher com carinho ao
lado das minhas. Fui retirando tudo da mala, colocando em cima da cômoda
do closet e indicando a Louise onde colocar. Ela pegou as calcinhas e me
olhou. Coitada, não estava entendendo nada. Dei risada e indiquei onde
guardar. Peguei um conjunto azul que ficava especialmente lindo nela, toquei
a renda delicada com um suspiro e o entreguei para guardar.

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Ali era o lugar dela, ia levá-la para casa como deveria ter feito no início,
ela nunca pertencera àquele apartamento nojento, como tinha dito Math. Não
sabia como podia ter sido tão idiota. Quanto tempo será que conseguiria ficar
longe dela?
A semana passou e eu não consegui falar com ela. Tentei várias vezes
me encontrar com ela sem sucesso. Fiz de tudo, cheguei a ir até o
apartamento, mas minha entrada já tinha sido bloqueada. Enviei várias
mensagens a Stella, mas ela nunca me respondeu ou falou comigo. Mandei
mensagens pedindo para ela descer, cheguei a ameaçar que ia subir, mas nada
adiantou, porque ela nem tinha lido as minhas mensagens. Na sexta-feira fui
até uma floricultura e comprei uma orquídea, rara como ela. Dei o nome dela,
o endereço para a entrega e escrevi no cartão: “Me perdoe, volte para mim.”
Desisti de ligar, enviar mensagem, e ela não responder. Talvez assim ela me
ligasse.
Voltei ao escritório e fiquei de olho nos monitores esperando a entrega
ser feita. Na minha cabeça ela recebia, sorria quando lia o cartão, pegava o
telefone e me ligava dizendo que estava perdoado e que íamos ficar juntos.
Vi quando o rapaz da entrega entrou na empresa e pediu informações.
Depois se dirigiu à mesa de Ângela. Acho que eu deveria ter tomado um
calmante. Vi-a receber as flores, depois assinar e dar uma gorjeta ao rapaz,
que foi embora.
Ângela abriu o cartão e leu, passou os dedos devagar sobre minha letra.
Senti como se nesse momento ela estivesse passando sobre minha própria
pele. Ficou um bom tempo acariciando o cartão, olhou as flores e cheirou.
Depois de um bom tempo, pegou o vaso e foi até a mesa da ruiva que eu
tinha conhecido perto dos elevadores e que já não lembrava mais o nome,
colocou o vaso sobre a mesa, deu a volta e saiu. A ruiva se levantou, foi atrás
dela e a segurou. As duas discutiram e pouco depois ela estava de volta. Eu a
seguia pelos monitores como se estivesse vendo um filme de terror.
De volta à mesa, ela pegou novamente o cartão e o levou até o nariz.
Sabia que estava procurando meu cheiro, assim como eu procurava o dela nas
roupas que estavam em casa. Queria ir até ela, cheirá-la, beijá-la, sentir de
novo o gosto dela, queria levá-la para casa, queria sentir os dedos dela
brincando no meu corpo,

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deixar que ela me amasse, queria ouvi-la dizendo que me amava, como da
última vez que deixou o cheiro dela na minha cama. Estava pensando em
tudo isso quando ela beijou o cartão, rasgou-o em pedacinhos e jogou no lixo.
Nesse instante tive certeza, ela não voltaria.
Durante um mês tentei falar com Ângela de todas as formas possíveis.
Como já tinha virado meu costume, eu chegava cedo todos os dias só para vê-
la entrando. E naquele dia ela simplesmente me tirou o fôlego. Estava com
um vestido preto justo até os joelhos, com uma bota preta, boina e bolsa
vermelha, coberta com um casaco vermelho. Ela era deslumbrante e não tinha
noção do impacto que causava nos homens. No pequeno escritório ela
começou a fazer um strip-tease, tirou o casaco, as luvas, o cachecol e a boina,
ajeitou tudo em um cabide, depois agitou os cabelos. Ela não tinha ideia de
que eu ficava todos os dias seguindo cada movimento dela. Começou a
trabalhar, e eu também.
Minha rotina era passear meus olhos pelos monitores enquanto
trabalhava, detendo-me sempre em Ângela, mas agora meus olhos se
detiveram na portaria da empresa, Lucas estava conversando com o
segurança e tive certeza de quem ele queria ver. Pedi à Cíntia para ligar para
a portaria e ver quem de nós ele estava procurando.
– Ele está aqui para almoçar com a Srta. Rufinelli, senhor.
– Obrigado, Cíntia.
Eu não acreditava. Ela não podia sair com ele. Isso queria dizer que ela
realmente estava decidida a me tirar da vida dela, que queria seguir adiante.
Aquilo não podia estar acontecendo. O que o idiota estava pensando? Vir de
Vegas até aqui para almoçar com Ângela.
Ele entrou no andar em que Ângela trabalhava e ficou esperando na
recepção. Pouco depois ela saiu, ele a recebeu com um beijo na testa e eles
saíram. Eu olhei minha mesa, peguei minha carteira e meu celular e saí
apressado, queria ver aonde eles estavam indo.
Saí na rua, olhei ao redor e Duncan chegou e perguntou se eu queria o
carro. Disse que não. Quando vi os dois caminhando um pouco mais à frente,
comecei a caminhar a uma distância

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prudente, até eles entrarem na cantina italiana. Ângela devia ter sugerido, já
que ele era descendente de italianos. Entrei e vi os dois sentados em um
canto.
– Lucas! Que surpresa ver você aqui! Está um pouco longe de Vegas.
– Como vai, Leblanc? Sim, estou um pouco longe, resolvendo algumas
coisas.
– Será que você está querendo levar a nossa mais bela funcionária? –
disse isso olhando para Ângela, mas ela estava sentada fingindo olhar o
cardápio.
– Eu a levaria a qualquer lugar, ela só teria que dizer sim, não é,
querida?
Querida? Quem aquele idiota pensava que era para chamá-la de
querida? Travei meus punhos e vi vermelho.
– Não estou indo a nenhum lugar com você, Lucas, só viemos almoçar.
E não me chame de querida, não gosto desse adjetivo.
A voz de Ângela me trouxe de volta à realidade. Ela disse que não gosta
do adjetivo querida olhando diretamente para mim.
– Bem, que tenham um bom almoço. Foi bom te ver, Lucas, passe mais
tarde no meu escritório para podermos conversar melhor, não quero atrasar o
almoço de vocês.
Saí de perto deles antes de cometer uma loucura e procurei uma mesa
para ficar de frente para Ângela. Sentei-me olhando para ela, mas ela não
levantava a vista para mim.
– Oi, querido, nos encontramos de novo.
Aquilo não podia estar acontecendo. O que Loreta estava fazendo aqui?
Esqueci de dizer a Duncan que vigiasse Loreta, porque tinha certeza de que
ela estava me seguindo, não sabia com que propósito. Queria dizer a ela para
desaparecer da minha frente, mas isso só chamaria a atenção de todos os
clientes ali. Assim que me levantei para ela sentar-se, Loreta colocou sua mão
sobre a minha e se aproximou para me dizer algo. Levantei a vista e vi
Ângela e Lucas se levantando para deixar o restaurante, e eu estava preso ali
com Loreta, vendo como Lucas colocava as mãos nas costas de Ângela para
guiá-la através das mesas. Eles saíram e eu fiquei.

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Não sei o que comi, odiei cada segundo. Queria mandar Loreta para o
inferno enquanto ela falava besteiras no meu ouvido. Apenas acabei de
comer, disse a Loreta que tinha muito trabalho para resolver e voltei ao
escritório esperando ver Ângela, mas ela ainda não tinha voltado.
Caminhei de um lado para o outro. Ela estava atrasada. Não queria
imaginar onde ela estava ou o que poderiam estar fazendo. Conhecia bem
tipos como ele, não desistiam enquanto não conseguiam o que queriam. Não
é que eu não confiasse nela, mas ela estava fragilizada e Lucas ia querer se
aproveitar. Não sabia até onde Ângela poderia resistir. Olhei de novo os
monitores e a vi tirando o casaco, quase uma hora atrasada.
– Diga a Srta. Rufinelli para vir até minha sala.
Martin ficou mudo. Primeiro, eu nunca tinha ligado para ele, quem fazia
esse tipo de ligação era Cíntia; depois, eu nunca pedi para um funcionário ir
até minha sala, muito menos um estagiário. Mas precisava vê-la, se ele
tivesse tocado nela eu saberia, e ia matálo.
– Ela tem uma reunião marcada, mas vou mandar cancelar. Precisa que
ela leve algum documento?
– Não! Só peça para vir, agora.
– Ela já está indo, senhor.
Sabia que estava perdendo a razão. Math, Antônio e August, todos
estavam na empresa, e qualquer um deles poderia vê-la entrando em minha
sala, mas já não me importava, nada mais importava, encostei-me na mesa e
esperei, tenso. Quando Cíntia bateu, mandei entrar.
– A Srta. Rufinelli está aqui para vê-lo, senhor.
– Mande-a entrar.
Ângela entrou e não se moveu de perto da porta. Olhei para ela e vi que
continuava sendo minha. Fosse o que fosse que estivessem fazendo no
horário do almoço, com certeza não foi sexo. Fui até a porta, fechei e
tranquei.
– Mandou me chamar, Sr. Leblanc?
O perfume dela invadiu minhas narinas e eu não resisti, perdi o pouco
de controle que ainda restava em mim. Prendi o pequeno corpo dela entre o
meu e a parede e peguei a boca dela com

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a minha. Ela tentou me empurrar. Tentei pegar a língua dela com a minha,
mas ela resistia.
– Não faça isso com a gente, Ângela. Já fui castigado o suficiente, não
estou suportando mais.
Minhas mãos acariciavam os seios dela sobre o tecido, dava para sentir
a maciez do seio e a rigidez do mamilo. Levei minha mão à coxa dela, fui
subindo e levando junto o vestido macio. Levantei a perna dela e a travei
atrás do meu quadril, fazendo com que ela sentisse toda minha ereção e meu
desespero contra seu sexo. Quando ela gemeu, eu soube que tinha vencido.
– Quanto tempo, querida! Por favor, esqueça esse idiota do Lucas, não
posso pensar em você com ele.
Prendi a outra perna dela e a levei até minha mesa, queria o gosto dela
na minha boca, queria o sabor do sexo delicioso dela de novo, mas o vestido
não permitia, então o puxei sobre a cabeça dela, tirei o minúsculo biquíni e a
deitei nua sobre minha mesa, só vestida com as botas. Estava linda. O contato
da mesa fria com o corpo quente dela a fez tremer. Abri suas pernas, abri seu
sexo com delicadeza e deslizei meus dedos. Ela estava molhada, quente,
macia, me esperando. A cor arroxeada por fora, rosada por dentro, com o
clitóris de um vermelho intenso, uva e morango, meus sabores prediletos.
Desci minha boca e lambi lentamente, minha língua saboreando aquele mel
que deslizava dela. O sabor era divino, chupei com vontade, o gosto dela
invadindo minha boca, fazendo-me sentir em casa. Minhas mãos brincavam
com seus mamilos, fazendo-a se contorcer e gemer. Fui até sua boca e a fiz
provar seu próprio gosto em minha boca, ela pegou minha língua com a
mesma voracidade de sempre, me chupando e mordendo. Ela era minha
novamente, estávamos juntos de novo. Desci minha mão e brinquei com o
pequeno rubi, fazendo o líquido jorrar dela. Deslizei todo meu dedo dentro e
por fim pude ouvir o que tanto queria.
– Gabriel! – A voz dela me chamando quase me fez gozar.
– Sim, querida, estou aqui, e vou cuidar de você. Sentiu minha falta
tanto quanto eu senti a sua? Você me quer agora? Vou me dar para você.

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Abri meu cinto e baixei o zíper, me liberando, também estava molhado


de tanto esperar, e me deslizei dentro dela com um assovio de alívio, os dois
gememos ao mesmo tempo. Eu não podia estar fazendo isso, não na minha
mesa, no meu escritório, com todos na empresa, todas as cortinas abertas, era
uma loucura total, mas não me importei com nada. Comecei a investir e ela
travou as pernas no meu quadril como se fosse um cadeado, me puxando,
aumentando a força, os movimentos rápidos e fortes faziam o corpo dela
deslizar sobre a mesa com a força das minhas estocadas. Inclinei-me e passei
minha mão sobre seu ombro, mantendo-a firme no lugar, com isso pude
entrar todo dentro dela. Podia sentir a ponta do meu pau tocando a entrada do
útero dela, fazendo disparar raios de eletricidade por todo meu corpo. Eu
tentava abafar nossos gemidos, que já estavam se transformando em gritos.
Tínhamos perdido o controle.
Quando senti o clímax chegando, coloquei minha mão sobre a boca dela
e travei meus dentes, porque se não o fizesse gritaria, como já tinha feito
outras vezes com ela. Mesmo assim acho que não foi suficiente, porque eu
mesmo me ouvia gritando. O prazer foi intenso e violento como sempre,
mordidas e sugadas da boceta dela no meu pau me deixando louco. Olhei
para Ângela, que se segurava nas bordas da mesa, deixando marcas brancas
nos nós dos dedos, a cabeça tombada para trás com os olhos fechados e a
boca coberta com minha mão numa tentativa de abafar o grito, e seu corpo
sendo sacudido por espasmos descontrolados.
Não sei quanto tempo passou antes de ter novamente o controle do meu
corpo. Levantei-me devagar e tentei trazer Ângela contra meu peito, mas
todo seu corpo ficou tenso. Tentei abraçá-la, mas ela me empurrou devagar,
fazendo-me sair de dentro dela. Levantei meu zíper. Ela deslizou da mesa, se
agachou e juntou o vestido e o biquíni que estavam jogados no chão, sem
nunca me olhar.
– Isso era tudo que queria de mim, Sr. Leblanc?
– Ângela! Pelo amor de Deus, não fale assim. Não comigo. Ela
cobriu o corpo com o vestido e se dirigiu ao banheiro.
– Merda!

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Onde eu estava com a cabeça para fazer isso? Eu a tinha chamado aqui
para conversar, me desculpar, implorar para ela voltar, e novamente a tinha
tratado mal. Loreta a tinha chamado de vadia, e ela sentia que eu a tinha
tratado como uma, e hoje, em vez de provar o contrário, eu tinha feito
exatamente isso, a tinha tratado muito mal. Mas que merda total!
Abotoei minha camisa e estava ajeitando o nó da gravata quando a porta
do banheiro se abriu. Ela saiu já vestida e com os cabelos impecáveis, mas o
rosto delatava o que tinha acontecido, estava corado e brilhante, os lábios
inchados e vermelhos dos meus beijos e mordidas, iguais aos meus.
Com a cabeça erguida, ela caminhou em direção à porta. Eu a segui e a
segurei pelo braço.
Pela primeira vez desde que entrou, ela me olhou direto nos olhos: –
Nunca mais volte a tocar em mim, Gabriel. Posso ter sido ingênua
acreditando em você uma vez, mas isso acabou. Posso te dizer uma coisa que
não sou e nunca vou ser: sua vadia, nem sua nem de ninguém. Estou aqui
para trabalhar decentemente, e não para servir você como sua prostituta
particular. Se tentar fazer isso novamente, eu levo você aos tribunais e te
processo por abuso e te destruo, Sr. Leblanc. Não se esqueça disso.
Não pensei que os olhos negros, quentes e cheios de vida de Ângela,
que eu já tinha comparado a piche derretido, pudessem ser tão gelados e
vazios. Continuou a caminhar em direção à porta e parou. Não se virou, não
disse nada, nem voltou a me olhar. Apertei o botão e destravei a porta, ela
saiu e fechou. No monitor vi quando passou pela mesa de Cíntia e depois
pela de Jennifer, parando em frente aos elevadores. Ambas olharam quando
ela passou. Tinham ouvido o que tinha acontecido na sala, mas nada
poderiam dizer. Segui-a saindo do elevador e se dirigindo à mesa da ruiva.
Conversou com ela por um instante depois se dirigiu novamente à sua mesa,
vestiu o casaco, as luvas, o cachecol e a boina, pegou a bolsa e saiu da
empresa. Entrei em pânico, Ângela tinha ido embora.

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Comecei a tremer. Ela estava indo embora. Tive um acesso de fúria


contra mim mesmo por ter destruído tudo. Eu ia enlouquecer. Peguei a
primeira coisa ao alcance das minhas mãos e atirei contra a parede, quase
acertando August, que estava entrando naquele instante.

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Capítulo 19

Ângela

Deixei a sala de Gabriel e passei pela recepção. Cíntia me olhou e


desviei meu olhar, estava roxa de tanta vergonha e humilhação. Passei por
Jennifer, que me deu um sorrisinho dissimulado. Baixei ainda mais minha
cabeça e fui direto à mesa de Amanda pedir dispensa. Na minha mesa juntei
minhas coisas. Não conseguia parar de tremer e sair no ar gelado da manhã
não ajudou muito. Comecei a caminhar sem rumo, Robert me alcançou.
– Srta. Ângela, estamos com o carro aqui. Aonde a senhorita quer ir?
– Ah! Me desculpe, Robert, mas eu quero caminhar um pouco sozinha.
– Ele me olhou e entendeu que eu estava precisando de privacidade.
– Vamos ficar por perto para quando precisar.
– Tudo bem! – eu disse e voltei a caminhar, precisava decidir o que
fazer.
Eu adorava meu trabalho, mas depois do que tinha acontecido não
imaginava como seriam as fofocas no dia seguinte. O que diria Math? Eu
imaginava a vergonha que ele iria passar. Caminhei sem rumo até não
aguentar mais e me sentei em um banco em frente ao rio. Poucas pessoas
caminhavam, o frio era intenso. Um homem se sentou a meu lado.
– Procurando companhia? – Eu não tinha força, para responder. Olhei
para ele, estava sorrindo. Levantei a vista e vi Robert, ele tinha entendido.
Levantei-me para continuar e o homem fez menção de me seguir, então
Robert se materializou ao meu lado. Continuei andando enquanto ele se
entendia com minha companhia indesejada.
Continuei andando sem rumo. Quando parei novamente, vi que estava
em uma das ruas que davam entrada para o bairro elegante de Beacon Hill.
Era ali que morava Gabriel, como Stella

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tinha me dito, era ali que ele traria a garota especial, que poderia se tornar a
futura esposa, mas não seria eu. Enquanto isso ele continuaria levando vadias
ao apartamento. Eu não tinha conseguido preencher as expectativas dele, eu
não era essa garota.
– A senhorita está bem? Quer que chamemos o Sr. Rufinelli?
– Era a voz de Rafael, tinha me esquecido deles.
– Não, não precisa, só me leve para casa. E amanhã não precisa me
buscar, eu não vou trabalhar.
– Tudo bem, senhorita.
Entrei no apartamento vazio. Stella estava no trabalho, onde eu deveria
estar também naquele horário. Enchi a banheira e tirei minhas roupas,
coloquei tudo para lavar. Afundei-me na água quente, deixando somente meu
rosto fora, não queria pensar em tudo que estava acontecendo. Quando
Martin disse que Gabriel queria conversar comigo, eu imaginei um monte de
coisas, ele me pedindo perdão, dizendo que me amava e que eu era a mulher
da vida dele, tudo isso passou pela minha cabeça. Como se eu já não
soubesse que tipo de pessoa ele era.
Só para chegar lá e ver que ele queria o mesmo que sempre me
acontecia no colégio, me chamavam para as festas como se fossem minhas
amigas só para me humilharem. Com Gabriel era sexo, só sexo, para ele
sempre foi só isso, fui eu que cometi o erro de me apaixonar, agora ele se
aproveitaria disso. Talvez ele tenha rido de mim junto com aquela garota. Vê-
los juntos rindo hoje no almoço não foi fácil, se não fosse por Lucas eu teria
desmoronado. No mundo dele eu não passava de um brinquedo. Ele tinha
prometido ser só meu só para conseguir com mais facilidade tudo o que
queria, como transar sem proteção. E as fotos. Jesus! Tinha me esquecido das
malditas fotos. Como fui tão ingênua a ponto de enviar fotos íntimas minhas
para ele? Para quem será que ele tinha mostrado? Se essas fotos chegassem
aos olhos de Math, onde eu ia enfiar minha cara?
A água já estava gelada quando saí, e tive que tomar uma ducha para
aquecer meu corpo novamente. Em cima da cama meu telefone piscava,
avisando chamada perdida, olhei e vi que Math tinha me ligado. Joguei a
toalha no chão e me enfiei embaixo do edredom, nua. Enviei uma mensagem
dizendo que estaria

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em casa me recuperando de um início de resfriado, desliguei o celular, puxei


o edredom até meu pescoço e senti o início de uma depressão tomando conta
de mim. O meu anjo tinha se transformado em algo do mal, bem na minha
frente.
Acordei com Stella batendo com força na minha porta. Deslizei da cama
sem vontade, olhei pela janela e estava escuro, tinha perdido toda a tarde.
Enrolei-me no edredom, abri a porta e uma Stella descabelada entrou.
– Ei, tudo bem? Faz tempo que estou batendo, pensei que estivesse
ainda no trabalho, aí achei sua porta trancada, bati e você não me respondeu.
Me assustei!
– Está tudo bem! Voltei mais cedo porque acho que peguei um
resfriado, mas estou me sentindo melhor. – Senti os braços de Stella me
abraçando.
– Sei. E esse resfriado se chama Gabriel, não é mesmo? Por que você
não me conta o que aconteceu, Ângela? Por que você ainda defende esse
idiota?
– Porque a culpa não foi dele, foi minha. A idiota fui eu, não ele. Não
quero mais ouvir o nome de Gabriel, acabou e pronto.
– Tudo bem, eu não vou falar mais. James está aí, você queria conhecê-
lo.
– Ainda quero, mas não hoje. Devo estar com uma cara horrível.
– Vamos sair para jantar e depois dançar, talvez ele durma aqui. Tudo
bem para você?
– Claro, se ele não for um serial killer... – Gabriel sempre dormia no
apartamento, mas era a primeira vez que ela estava trazendo alguém para
casa, daí a preocupação. – E não irei trabalhar amanhã, volto só na segunda,
então não se assuste se eu não me levantar amanhã.
– Mas você está bem? Posso ficar se você não estiver.
– Estou bem. Como disse vou estar ótima na segunda. Um chazinho e
descanso vão me deixar novinha em folha. – Forcei um sorriso para deixá-la
tranquila, não queria continuar a conversa.
Depois que ela saiu voltei para cama. Não vi quando ela voltou ou saiu
no dia seguinte. Levantei e fui até a cozinha tomar água e encontrei um
bilhete na porta da geladeira, dizendo que

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ela só voltaria na segunda. Tomei minha água, voltei para a cama e me enfiei
de novo debaixo do edredom sem força para nada. Estava um pouco zonza,
talvez por falta de alimento, mas minha vontade de existir tinha me
abandonado.
À tarde Math apareceu e me tirou da cama, forçando-me a tomar um
chá.
– Stella te ligou?
– Sim, ela me ligou, e ela tinha razão. O que está acontecendo? Eu
nunca te vi assim, Ângela, essa não é você. Tentei te ligar, mas seu celular ou
está desligado, ou sem bateria.
– Não precisava vir, é só um resfriado, já estou melhor. – Tomei meu
chá devagar enquanto ele tomava uma cerveja.
– Vou fingir que acredito. Trouxe uns filmes novos, escolha um.
– Pode colocar qualquer um, não sei se vou conseguir acompanhar.
Ele pegou a xícara vazia da minha mão, colocou-a sobre a mesa de
centro e me puxou para o colo dele.
– Está difícil aceitar a mentira. Tanto eu, como você sabemos que não
há nenhum resfriado. Vai me contar o que está acontecendo? Você comeu
alguma coisa além deste chá hoje?
Baixei minha cabeça, não queria mentir de novo.
– O que aconteceu ontem?
Fiquei calada novamente.
– Olhe para mim, Ângela. Me conte o que está acontecendo. Rafael me
disse que você não saiu bem de lá, eu quase liguei para Martin para saber o
que tinha acontecido.
– Nada, não há nada acontecendo. Eu estava indisposta e hoje dormi o
dia todo, perdi a hora.
Ele não engoliu completamente minha mentira, mas não insistiu. Foi
até a cozinha e colocou um prato de sopa de frango no micro-ondas, voltou e
coloco-o na minha frente.
– Se foi só isso, então coma um pouco agora.
Comi devagar, forçando bocado a bocado. Não podia contar o que tinha
acontecido entre mim e Gabriel, ele não o perdoaria

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e colocaria em risco a empresa. Eu tinha que ficar calada. Gabriel tinha


planejado tudo muito bem, ele sabia que eu nunca falaria.
– Você ainda confia em mim, Ângela?
– Claro que confio.
– Você me contaria se alguma coisa grave estivesse acontecendo?
Qualquer coisa, por pior que fosse?
Fiquei muda novamente.
– Olhe para mim, Ângela.
Não conseguia, simplesmente não conseguia encontrar o olhar de Math.
Ele pegou meu queixo e o acariciou com o polegar.
– Não vou forçar mais, mas quero que quando estiver preparada me
conte qualquer coisa, e não importa o que seja: namorados, drogas, gravidez,
o que for, pode me contar. Nunca vou ficar o suficiente zangado com você, te
amo demais para isso.
Ele me apertou contra o peito dele e me aconcheguei ainda mais.
– Vou te contar. Não agora, nem hoje. Mas quando eu estiver preparada
e não souber resolver, pedirei ajuda a você.
– Certo, só quero que você lembre que eu estou aqui.
– Sei disso, por isso amo tanto você.
Ele colocou o filme, mas não vi nada.
Sabia que se não evitasse Gabriel, acabaria me transformando no que eu
mais temia, seria mais uma das vadias da vida dele. Depois do que tinha
acontecido no escritório, ele sabia que bastaria chegar perto e ele me teria de
qualquer jeito. Ele se aproveitaria disso, sem se importar.
Acordei no sábado com Math beijando minha cabeça.
– Vamos levantar dessa cama, comer alguma coisa e sair.
– Vou tomar um banho. – Sabia que seria inútil discutir.
Fiz minha mochila com algumas roupas e fomos ao apartamento dele.
Depois que ele também tomou banho, saímos e fomos para o mar. Mesmo
não sendo época para velejar, ele sabia que eu sempre melhorava perto da
água, e tinha razão, pude esquecer um pouco de tudo e me divertir.
Passamos a noite no veleiro e só voltamos para casa na tarde de
domingo. Minha depressão tinha ido embora e estava decidida

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a continuar no trabalho. Ele não conseguiria me afastar do trabalho que eu


estava amando, eu ia voltar. Essa era eu. Estava com 21 anos e já não
lembrava quantas vezes tinha sido derrubada, mas eu sempre conseguia me
levantar e continuar. E agora não seria diferente.

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Capítulo 20

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Gabriel

– Ei, tome mais cuidado!


– Que merda você quer agora, August? Já disse a todos vocês para me
deixarem em paz.
– Gabriel, se você não se abrir com alguém, vai enlouquecer. Se é que
já não aconteceu.
– Certo. Você tem razão. É Ângela, sempre foi Ângela. Está feliz por
ter acertado? – eu disse desabando no sofá.
– O que você fez, Gabriel? E por que você está neste estado?
– Fiz tudo errado, August. Math tinha razão quando disse que
estávamos acostumados com vadias e não saberíamos tratar uma garota como
ela. Pois foi o que eu fiz, e ela se foi.
– Gabriel, com tantas garotas querendo vocês, por que Ângela?
– Não sei, August, só posso te dizer que não pude evitar. Contei a
August tudo. Desde o início até o que tinha aconte cido há poucos
minutos.
– Bem, agora você já sabe.
– O que não entendo, Gabriel, é que, se ela era tão importante, por que
você a levou para aquele maldito apartamento? E, principalmente, por que
escondeu dela onde você morava?
– No começo era mais perto do apartamento dela, e depois eu já estava
praticamente morando lá. Não sei, acho que vou para casa, não estou com
cabeça para trabalhar.
– Ainda bem que encontro vocês – Math disse entrando no meu
escritório e eu, que já estava me levantando, optei por permanecer sentado.
– O que aconteceu? – ouvi August perguntando.
– Aconteceu alguma com Ângela. Rafael acabou de me ligar, ele disse
que ela não quis entrar no carro e parece que está

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chorando. Os dois estão preocupados. Eu sei que ela não é de chorar e, se


está neste estado, alguma coisa grave aconteceu.
Fico ouvindo a conversa e me sentindo cada vez pior.
– Acho que vou ligar para Martin, tenho que saber o que aconteceu.
Fiquei petrificado. Se ele ligasse para Martin, ele iria dizer que eu a
tinha chamado e que, se alguma coisa tinha acontecido, era comigo, não com
eles.
– Por que você não conversa com ela primeiro, talvez seja só problema
dela e nada a ver com a empresa. Você pode deixá-la constrangida se for
assim. E também vai interferir, Martin vai saber que você é irmão dela.
Espere e veja primeiro com ela.
A voz tranquila de August acalmou Math, e a mim também.
– Você tem razão, vou ligar mais tarde para Stella. Vou voltar para o
trabalho, falo com vocês mais tarde.
– Eu vou cancelar tudo e vou para casa. Você me avisa se souber de
alguma novidade? Porque eu sei que não vai adiantar eu ligar, ela não vai
atender ou responder minhas mensagens.
– Me escute bem, Gabriel. Você tem toda Boston cheia de mulheres
lindas querendo brincar com você. Eu só vou ficar do seu lado se o que você
estiver sentindo por ela for sério, senão eu vou ser o primeiro a ficar contra.
– É sério, August! Você me conhece, eu nunca fiquei assim por
nenhuma mulher. E saber que ela está sofrendo por todas as idiotices que fiz
está me deixando doente.
– Bem, se é assim, vou te ajudar sempre que puder, mas não faça com
que eu me arrependa.
– Você não vai se arrepender, eu juro. Tenho que ir agora, estou me
sentindo sufocado aqui.
Saí do escritório e no meio do caminho decidi ir para o apartamento,
minha casa não tinha nenhuma lembrança dela, e lá no apartamento estavam
todas. David me deixou na entrada e dispensei todos eles.
Entrei e olhei em volta. Só tinha cheiro de limpeza. Entrei no quarto e
abri as cortinas da varanda, eu tinha uma vista da baía que Ângela gostava de
admirar quando estava ali, e havia o

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sofá onde ela me montou, foi aí que conheci o lado selvagem dela e
enlouqueci. Tudo continuava no mesmo lugar. Eu voltei para a sala,
precisava urgente de alguma coisa forte. Coloquei umas tantas doses de
tequila e virei tudo de uma vez. Achei a garrafa de saquê, que ainda estava
fechada, nunca tinha tomado, despejei no copo e tomei também. Meu corpo
foi sacudido por um tremor. Deixei, peguei a garrafa de conhaque e fui para o
quarto. Entrei no closet, tinha esperança de que Louise tivesse esquecido
alguma coisa dela. Era um inferno ter funcionários tão eficientes, não tinha
nada, absolutamente nada dela, era como se ela nunca tivesse estado aqui.
Acordei completamente grogue com Antônio me sacudindo.
– Ei, você está bem? Você tomou toda essa garrafa sozinho? Tá
querendo morrer?
– Muitas perguntas, Antônio, e não estou em condições de registrar
nenhuma. O que você quer?
– Estamos na sala, não sabia que você estava aqui, só entrei porque a
porta estava aberta. Mas o que aconteceu? Você não é de beber.
– Já te disse, não me faça perguntas. E não estou a fim de festas.
– Loreta está aí, você quer que eu a chame?
– Oi, querido! Nossa você parece acabado. – A voz de Loreta estava
ferindo meus ouvidos.
– Antônio, chame alguém para vir me buscar, estou indo para casa.
– Deixe, Antônio, que eu vou cuidar dele e depois chamo.
– Loreta disse se sentando na cama, onde eu estava desabado. E Antônio saiu.
Acordei quando o sol estava entrando no quarto. Eu estava nu,
dormindo abraçado com Loreta, nua também. Não podia acreditar. Saí de
perto dela, ainda estava meio zonzo. Vestime tratando de não acordá-la, não
estava a fim de conversar. Eu tinha dormido com ela na mesma cama de
Ângela, agora eu realmente sentia nojo de mim. Liguei para David e, menos
de meia hora depois, estava em casa.

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Tomei um banho demorado, tentando tirar o cheiro de Loreta do meu


corpo e ainda não acreditando no que eu tinha feito. Vestime sem vontade de
ir ao escritório, mas eu precisava vê-la.
Era cedo. Liguei os monitores e esperei. Cíntia entrou e pela cara dela
eu tive certeza de que ela tinha ouvido tudo o que tinha acontecido na minha
sala. Ela sabia sobre Ângela.
– Cíntia, chame Jennifer, quero conversar com ela.
– Sim senhor.
Um minuto depois Jennifer entrou com cara de desconfiada. Ela
também sabia. Eu devia ter resolvido isso ontem, hoje talvez já fosse tarde
demais e o estrago já estivesse feito.
– Fique, Cíntia – eu disse quando Cíntia estava virando as costas para
sair do escritório e vi quando as duas trocaram um olhar de apreensão.
– Gostaria de saber se vocês gostam de trabalhar aqui?
Elas me olharam aliviadas e assentiram.
– Gostaria de saber também até onde vocês ouviram o que aconteceu
nesta sala ontem. – Pela forma como arregalaram os olhos e abriram a boca,
eu sabia que muito.
– Não ouvimos nada, senhor – as duas disseram ao mesmo tempo.
– E eu espero que não tenham ouvido nada mesmo, porque o que
aconteceu nesta sala só interessa a mim e a Srta. Rufinelli, e a mais ninguém.
Se eu souber que alguém comentou algo sobre ela, ou a olhou de maneira
diferente, vai estar na rua na mesma hora junto com vocês duas.
– Sim Senhor.
Dispensei as duas e voltei a olhar a os monitores. Ângela ainda não
tinha chegado. Não sabia se ela voltaria a trabalhar, não sabia até onde a
minha irresponsabilidade de ontem poderia afetá-la. Liguei para August e
perguntei se ele tinha notícias de Ângela. Se August ligasse, Math não ia
desconfiar porque ele tinha noiva.
– Ela não virá hoje – ouvi August me dizendo alguns minutos depois. –
Stella ligou para ele e disse que ela passou toda

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a tarde na cama com a desculpa de que está com gripe. Ele vai passar lá
depois do almoço.
– Ela deve estar sofrendo, e tudo por minha culpa.
– O que eu não entendo é, se ela gosta de você e você gosta dela, por
que não podem ficar juntos?
– Ângela sempre foi insegura. Meu passado com muitas mulheres
sempre a fez duvidar que eu quisesse realmente me relacionar com ela. E ela
é muito insegura em relação a ela também, não se acha bonita, sempre dizia
que não tinha nada a oferecer a mim, que já tive de tudo.
– Nunca imaginei que Ângela não se achasse bonita. Aqui na empresa
eu já ouvi vários executivos comentando sobre ela.
– O quê? Eu já separei a ficha de alguns folgados que ficavam
esperando por ela no elevador, estou a um respiro de colocá-los na rua, e
você vem com essa agora.
– Fique tranquilo, só ouvi elogios sobre a linda estagiária de
comunicação. E foram só os que tiveram a sorte de cruzar com ela. Mas ela
nunca dedicou a nenhum deles um segundo olhar, você pode ter certeza.
– Eu sei, foi difícil convencê-la a ficar comigo, e depois eu prometi que
não teria nada com ninguém enquanto ela ficasse comigo, mas sempre
acontecia alguma coisa. Eu tentava me defender, explicar, mesmo assim ela
parecia viver na dúvida. Ontem, por exemplo, eu fui almoçar e Loreta
apareceu do nada, se enroscando em mim. Logo depois ela saiu com Lucas.
Eu sei que ela deve ter pensado que tinha marcado um encontro com ela, mas
não foi assim.
– Bom, se eu souber de alguma coisa te ligo.
Desliguei e me desliguei também. Chamei Cíntia com tudo que tivesse
para ser posto em dia, era o único jeito de esquecer, com muito trabalho.
Esquecer com bebida nunca mais. Cíntia entrou com várias pastas e não me
olhou nos olhos. Melhor assim. Começamos a trabalhar.
– O senhor quer que eu peça algo para almoçar ou vai sair?
– Não, não vou sair, peça algo da cafeteria aqui mesmo. – Eu olhei o
relógio, quase uma hora, ela devia estar morrendo de

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fome. – Pode sair para almoçar também, Cíntia, só peça que me entreguem.
Ela anotou meu pedido e saiu da sala. Eu, por costume, liguei os
monitores. A pequena sala de Ângela continuava vazia. Não voltei a
trabalhar com Cíntia. Depois do almoço fui conversar com Math.
Passei por Jennifer, Lúcia e entrei na sala, ele estava se preparado para
sair. Não sabia como perguntar, porque era muito desconfiado com tudo que
se referia à Ângela. Decidi não perguntar e esperar ele falar alguma coisa.
Deu certo.
– Já está de saída?
– Sim, Stella me ligou dizendo que Ângela não levantou essa manhã e
que ela vai passar o fim de semana na casa dos pais do namorado dela. Ela
está preocupada por deixá-la sozinha, mas eu vou levá-la para velejar, é a
única coisa que eu conheço que deixa Ângela feliz.
– Mas não está fazendo muito frio para velejar?
– Isso nunca foi problema para ela. Vou tentar descobrir o que está
acontecendo, se ela está com algum problema. Ela sempre me contou tudo.
– Me avise se eu puder ajudar de alguma forma – eu disse enquanto
caminhava com ele até o elevador.
Voltei para minha sala e me preparei para ir embora também. Desci e na
garagem Duncan estava me esperando com o carro ligado.
– Para onde, senhor.
– Para casa.
Não pretendia voltar àquele maldito apartamento. Não tinha nenhuma
lembrança de Ângela lá, e agora tinha coisas que eu não queria lembrar.
Passei um fim de semana no inferno. Liguei várias vezes para August,
mas ele não tinha notícias deles. Na segunda madruguei no escritório, liguei
tudo e tranquei minha porta. Se Ângela não aparecesse, eu ia enlouquecer. Às
oito, uma hora antes do horário normal, eu a vi entrando. Fiquei em choque.
Não era a mesma

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Ângela, sempre sorridente, alegre, que cumprimentava a todos com um


sorriso. Ela estava apagada, segurava a bolsa em frente ao corpo e não
levantava a cabeça. No elevador, mesmo sozinha, ela olhava para o chão.
Parecia triste, e eu era o culpado. Eu tinha conseguido o que nem a morte dos
pais tinha, eu a tinha quebrado.

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Capítulo 21

Ângela

Na segunda-feira cheguei cedo, não queria cruzar com Jennifer ou


Cíntia, e também queria adiantar meu trabalho atrasado. Entrei na empresa
sem olhar para ninguém, tinha medo de encontrar olhares me acusando de
estar dormindo com Gabriel. Entrei em meu pequeno cubículo. Não tinha
ninguém ainda. Comecei a trabalhar.
– Já está melhor? – A voz de Amanda me fez dar um pulo da cadeira.
– Sim, estou bem, obrigada – respondi sem levantar a vista.
– Que bom, porque temos muito trabalho. Hoje vamos almoçar aqui, e
na reunião você pode ver o que está atrasado da sua parte, tudo bem?
– Sim, já estou adiantando aqui tudo que posso.
– Assim que eu gosto. Bom, não vou te atrapalhar mais, nos vemos no
refeitório ao meio-dia.
Ela saiu e eu continuei, já sem muita vontade. Enfrentar a todos na hora
do almoço ia ser difícil.
Ao meio-dia deixei todo meu trabalho adiantado e desci ao refeitório. A
maioria já estava lá. Peguei um sanduíche e um suco, me dirigi à mesa,
cumprimentei e me sentei perto de Célia e Fabrício. Célia me perguntou
como eu estava, respondi que bem e ela sorriu. Amanda começou dizendo
para que todos me dessem uma ajuda com o trabalho atrasado. Começamos a
comer e a conversar sobre o que tínhamos que fazer, fui relaxando à medida
que o tempo foi passando e, no final do almoço, eu já me sentia melhor.
Ninguém tinha sequer insinuado o que tinha acontecido naquele dia.
No dia seguinte cheguei cedo de novo, ainda me sentia apreensiva, com
medo das fofocas, mas com o tempo me dei conta que tudo estava tranquilo.
No final de semana já conseguia sorrir.

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Jennifer e Cíntia realmente não eram de fofocas, porque eu sabia que elas
tinham ouvido o que tinha acontecido no escritório de Gabriel.
Lembrei que minha menstruação deveria ter descido naquele dia, uma
semana depois de ter estado com Gabriel. Depois da história do apartamento,
eu tinha desistido das injeções, mas como a bula dizia que eu ficaria irregular
por um tempo, não fiquei muito preocupada.
Tentei esquecer minha história com ele, não valia a pena. Eu tinha dito
a Stella que tinha acabado e ela se desfazia em busca de programas para me
alegrar, mesmo que eu dissesse que estava tudo bem. Saímos e fomos jantar,
com Josh sempre em nossa cola.
– E aí, como você está com James? E quando vou conhecê-lo?
– Nós estamos muito bem, quero que você o conheça. O que acha de
sairmos para dançar? Ele pode te apresentar alguns amigos dele.
– Não, Stella, por favor. Eu não quero conhecer ninguém, só quero ficar
no meu canto. Adoro essas saidinhas com você porque é você, só por isso,
mas não estou a fim de conhecer ninguém no momento.
– Puxa, esse idiota te machucou mesmo, nunca te vi assim. Não sei
como ele pôde te magoar, Ângela, você é a pessoa mais doce que eu conheço.
Eu tenho vontade de matar o imbecil.
– Não importa, Stella. Só quero esquecer. E para isso não preciso de
ninguém. Vamos mudar de assunto. Como está seu trabalho na revista?
Stella disparou a contar todas as novidades. Como eu, ela também
amava o que fazia. Eu fiquei ouvindo-a falar até o final do jantar. Chegamos
em casa tarde, era noite de sexta e Stella não iria trabalhar no dia seguinte,
mas eu sim, então fui direto para a cama.
Entre reuniões para entrega de convites aos empresários, coletiva com a
imprensa, almoços intermináveis, a semana passou, e só voltei a me
preocupar na semana seguinte, quando me levantei enjoada. Olhei o
calendário, era a terceira semana de atraso. Eu nunca tinha sido muito
regular, não estava tão preocupada, mesmo assim tentei falar com minha
ginecologista, mas não consegui.

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Ainda tinha esperança de ser o efeito das injeções, que tinham me deixado
ainda mais irregular, e que tudo se normalizaria.
– Você está linda! – A voz de Stella me fez sorrir. – Algum encontro?
– Não! Vou acompanhar Martin na entrega de mais um convite. Como
são dois casais, ele me pediu para acompanhá-lo.
– Esse seu emprego é demais! Almoços, jantares com ricos e famosos,
viagens, nossa!
– Também amo meu trabalho! Bem, vou indo. Martin já está me
esperando.
Martin tinha feito a reserva em um restaurante especializado em carne
argentina. Fiz meu pedido de um filé grelhado bem passado. Martin
conversava com os homens enquanto eu confraternizava com as esposas,
eram alegres e educadas, nada das socialites chatas e arrogantes.
O prato foi posto em minha frente, cortei uma pequena porção e um
suco rosa apareceu. O cheiro de sangue me invadiu. Apenas tive tempo de me
desculpar e correr para o banheiro, vomitando minha alma ali.
Quando saí, Selena e Mônica, as duas esposas, estavam me esperando
com olhares preocupados.
– Nossa! Você está muito pálida, sente-se aqui.
Fiquei agradecida porque me sentia realmente fraca e sentia que poderia
cair a qualquer momento. Uma toalha fresca tocou minha testa e pouco a
pouco minhas forças voltaram.
– Me desculpem, mas já me sinto melhor. Me sinto horrível por estragar
o jantar de vocês.
– Não se preocupe com o jantar, você realmente passou mal com aquele
prato. Desculpe perguntar, mas você está grávida?
– Não! Não estou. Acontece que não estou acostumada com carne
vermelha e aquele líquido rosado no meu prato me lembrou sangue.
Realmente me fez mal, mas já passou, podemos voltar.
Voltamos à mesa e me desculpei. Todos foram muitos gentis. Eu tinha
perdido a fome do salgado, mas minha fome de doce estava ótima, o brownie
com sorvete foi perfeito. No final do jantar, todos estávamos rindo do meu
mal momento.

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Cheguei cedo ao escritório. Liguei para minha ginecologista e contei a


ela o que tinha acontecido comigo, que eu tinha suspendido as injeções e que
depois disso tinha tido uma vez relação, uma semana antes de a minha
menstruação descer. Como não estava no período fértil, era impossível estar
grávida, expliquei e ela riu.
– Olhe, a única maneira de não engravidar é não tendo relações.
Comprimidos falham, injeções falham, e até preservativos estouram. Como
vê, não é impossível que esteja grávida. Vou passar você para minha
assistente, marque um horário.
Eu marquei para a segunda seguinte, mas depois do que ela tinha me
dito já não estava tão tranquila.
Trabalhei com Amanda toda a manhã, almoçamos no refeitório para não
atrasar o cronograma e, de volta à minha mesa, tive que responder novamente
perguntas dos jornalistas querendo saber da relação de Antônio e Gabriel com
suas respectivas acompanhantes da noite anterior. Eles tinham estado em um
jantar beneficente. Antônio tinha sido visto aos beijos com a morena no fim
do jantar, e Gabriel foi visto só entrando. Dei as mesmas respostas vazias de
sempre.
Dois dias depois já não suportava mais esperar. Todas as manhãs eu me
levantava enjoada e conseguia sentir todos os cheiros da cidade, parecia que
meu sentido do olfato estava funcionando a mil por cento. Decidi por minha
conta fazer um teste de farmácia, mesmo que no fundo eu ainda acreditasse
que estava irregular por culpa da injeção. Meu cérebro não conseguia
registrar ou aceitar a palavra gravidez.
Joguei minhas coisas na cama e li e reli várias vezes as indicações até
ter certeza de como fazer. No banheiro fiz tudo como indicado e fiquei
esperando, não podia estar grávida de Gabriel, não de Gabriel. Com tantos
homens no mundo, ele não! Se eu estivesse grávida de Marcelo, estaria feliz,
sabia o amor que ele tinha por mim. Fui até o quarto de Stella enquanto
esperava, ela estava se arrumando para sair. Conversei com ela e a
acompanhei até a porta. Voltei ao banheiro e peguei a haste com o resultado.
Fiquei olhando enquanto me escorregava para o chão, até minha bunda
encontrar o piso frio. Positivo.

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Li novamente as instruções, principalmente onde dizia que o resultado


poderia lançar um falso negativo, mas nunca um falso positivo. Eu iria ser
mãe de um filho de Gabriel. Sim, porque nem por um segundo eu pensaria
em abortar. Saí do banheiro. Já tinha uma consulta marcada na segunda e no
momento não tinha nada a ser feito.
Passei o final de semana pensando em Gabriel, Math, em mim e no
bebê. Ele não poderia me acusar de engravidar de propósito, porque ele tinha
me empurrado para essa situação quando praticamente me violentou na sala
dele. Essa criança tinha sido gerada lá, disso eu tinha certeza.
Olhei para a doutora enquanto ela estudava o resultado do exame de
sangue que eu tinha feito. Ela me olhou e sorriu.
– Parabéns, mamãe!
Tentei sorrir de volta, mas não consegui. Eu estava feliz por ser mãe,
mas ao mesmo tempo triste, pois meu filho não iria ter pai, não era o melhor
jeito de começar uma vida.
– Vamos começar seu pré-natal imediatamente. Esta é uma ordem de
todos os exames que eu quero que você faça, estas são vitaminas e esta é uma
gota para os enjoos. Aqui você tem uma dieta balanceada, tem que cuidar da
alimentação, nada rígido, mas uma boa alimentação só irá fazer bem.
Segundo meus cálculos você está com quatro semanas. Eu verei você
novamente em um mês e faremos o primeiro ultrassom.
Ela continuou falando, mas eu já não registrava mais nada. Saí do
consultório e Josh estava me esperando na calçada. O consultório da
ginecologista ficava em um edifício só com consultórios e eu tinha dito a ele
que tinha consulta com um dermatologista, eles não precisavam saber quem
eu estava vendo ali.
Comprei todos os medicamentos e comecei a me cuidar. À noite
conversava com meu bebê. Gostaria que tudo tivesse sido diferente, sempre
sonhei com uma família como a da minha infância. Tinha que ser forte, agora
mais do que nunca.
Estava tentando achar um jeito de contar a Math da minha gravidez,
mas antes eu teria que conversar com Gabriel, por respeito, ainda que ele não
merecesse. Mas a coragem estava longe,

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tinha medo das acusações e ofensas que viriam, e vadia oportunista deveria
ser a menor de todas. Eu pegava meu celular várias vezes por dia tentando
marcar um encontro, mas o riso da loira, ou os dois almoçando e
cochichando, quando eu estava com Lucas, vinham à minha mente eu
desistia. E assim o tempo ia passando.
O ultrassom tinha sido marcado para o fim da tarde e eu estava ansiosa.
Terminei todo o serviço e saí da empresa. Como de costume, Josh estava me
esperando a uma quadra. Entrei no carro e disse que tinha uma consulta com
o dermatologista, ele já sabia o endereço.
Estava deitada com meu ventre exposto enquanto a doutora passeava o
aparelho de um lado a outro, parava e logo continuava. Eu olhava fixamente
os movimentos em um monitor à minha frente, mas não conseguia entender
nada, só ouvia um barulho estranho. No fim ela parou e me olhou, voltou a
deslizar o aparelho de forma vagarosa, deixando-me nervosa.
– Algum problema, doutora?
– Olhe, mamãe, eu não chamaria de problema, mas terei que dar a você
um duplo parabéns, porque são dois, são gêmeos.
Apaguei.
– Srta. Rufinelli? Srta. Rufinelli? A Srta. está bem? – A voz que
chamava meu nome parecia vir de muito longe, concentrei-me nela até
perceber onde estava e quem me chamava.
– Eu estou bem, obrigada – consegui responder.
– Quem está acompanhando você? – ela me perguntou preocupada.
– Eu estou sozinha, não estou com ninguém.
– Não posso deixar você sair assim, temos que chamar alguém para
buscá-la.
– Não precisa, tenho um motorista me esperando para me levar para
casa.
– Que bom, assim fico mais tranquila. Da próxima vez terá que trazer
alguém com você. Na nossa consulta anterior você tinha me dito que seu
namorado não sabia de nada, já contou a ele?
– Ainda não, estou criando coragem para contar.

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– Conte! Assim talvez ele a acompanhe no pré-natal. É sempre bom ter


o papai acompanhando, se ele estiver de acordo. Marquei sua próxima
consulta para daqui a um mês. Já que todos os resultados estão perfeitos, fico
tranquila. Agora que sabemos que são dois, devemos redobrar os cuidados.
Qualquer coisa anormal, não hesite em me ligar. Tudo bem para você?
– Sim, sem problema. Vou viajar, mas já estarei de volta nesta data.
– Aqui estão outros exames que eu quero que você faça e me traga na
próxima consulta, não vamos brincar com esses dois. Cuide-se e nos vemos
em breve.
Ela me acompanhou até a porta. Acenei um breve adeus e saí. Nossa
viagem estava marcada para o final da semana seguinte e iríamos ficar duas
semanas na Índia para organizar tudo. Faria os exames antes da viagem e
estaria de volta na época certa para a consulta, seria o tempo justo.
No carro olhei o negativo do ultrassom. O círculo vermelho marcava a
posição dos bebês e eu o acariciei. Oito semanas ou dois meses, o tempo
estava passando rápido. Logo, logo, não poderia mais esconder, tinha que
contar e enfrentar as consequências. Não precisava dele para criar meu filho.
Já tinha me decidido: informaria Gabriel e diria que ele que não se
preocupasse com nada, ele não precisava responder como o responsável. Eu
diria a Math que eu tinha ficado grávida em um encontro casual e que não
conhecia o pai. Seria decepcionante para ele, mas eu poderia viver com isso.
Falaria com eles no dia seguinte.
Cheguei cedo e minha primeira providência foi subir até o escritório
deles. Usei meu cartão para liberar o elevador. Entrei na recepção e
cumprimentei Jennifer. Na recepção de Gabriel, olhei Cíntia da mesma forma
que tinha olhado para Jennifer, de cabeça erguida. Cumprimentei Cíntia e
perguntei se Gabriel poderia me receber. Ela me disse que tinha havido um
problema e que todos tinham viajado naquela manhã sem data para voltar,
que só estariam de volta quando tudo fosse resolvido. Tinha que esperar.
Passei uma semana horrível. Com o aumento dos meus enjoos matinais
e corridas ao banheiro todas as manhãs, tive que

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ligar para a doutora para aumentar a dose do remédio. Ela disse que era
normal e que a tendência era diminuir a partir da décima segunda semana.
Ainda bem que o aumento da dose ajudou. Com a viagem marcada, eu tinha
que ficar bem.
Não tentei voltar a falar com Gabriel. Falaria com ele em Deli, seria
mais tranquilo.

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Capítulo 22

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Gabriel

Esse tempo longe de Ângela estava minando minhas energias. O


motivo de eu continuar indo trabalhar era poder vê-la todos os dias. Saber
que ela estava perto e bem me mantinha lúcido enquanto eu pensava em um
jeito de trazê-la de volta.
Estava sentado no sofá estudando um dos últimos contratos antes do
cliente assinar quando Antônio entrou apressado em minha sala.
– Temos que viajar.
– Como assim temos que viajar?
– A torre de Montreal está com problema na estrutura, foi o e-mail que
chegou essa manhã. Já avisei Math e August, mas você não me atendeu.
– Não vi sua chamada. Cíntia já chegou?
– Não, é cedo ainda. Só você está com essa mania de madrugar no
escritório. Eu vim pegar uns documentos, vamos sair às dez.
– Certo, vou preparar minhas coisas.
Não pensava em sair antes de ver Ângela chegar. Mandei uma
mensagem a David para buscar uma mala em casa e liguei para Louise,
dizendo o que colocar na mala. Fui até minha mesa e comecei preparar minha
pasta.
Ângela chegou. Já fazia mais de dois meses desde a minha atrapalhada
do escritório e ela parecia mais linda a cada dia. Parecia melhor, já não
baixava a cabeça ao entrar e voltava a sorrir, mas eu conseguia ver que ela já
não era a mesma menina. Minha vontade todos os dias era pegá-la no meu
colo e dizer que ninguém mais iria fazê-la sofrer, muito menos eu.
Cíntia chegou e eu pedi a ela tudo o que tínhamos referente à torre. Dei
mais uma olhada em Ângela, que estava tirando o

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casaco. Eu sabia de memória a rotina dela. Peguei a pasta que Cíntia me


entregou, desliguei os monitores e saí do escritório.
Os problemas de Montreal eram mais graves do que nós pensávamos, e
eu tive que concentrar todas as minhas energias para livrar a empresa de
todos os processos e multas que eles já estavam determinados a jogar em
cima da GAMA. Demoramos mais de duas semanas para resolver tudo e,
quando voltamos, Ângela já estava em Deli. Eu já não estava aguentando
tanto tempo.
– E aí, já sabe como vai fazer? – Era a voz de August entrando em
minha sala.
– Já, já tenho tudo planejado. Lá não teremos esse batalhão de
seguranças e fotógrafos, e eu vou poder conversar com ela com tranquilidade.
Só tenho que despistar Math, mas eu não estou preocupado. Se ele souber vai
ser melhor, já estou cansado de esconder o que sinto, principalmente dele.
– Se precisar de ajuda, você sabe, é só pedir. Eu sinto que o que você
sente por ela é verdadeiro, só por isso estou disposto a fazer de tudo para
ajudar. Eu vejo que ela não está bem também. Os dois são cabeças-duras,
poderiam estar juntos agora.
– Eu sei, mas não vai demorar. Já esperei demais. Quase três meses,
sem contar a história do apartamento. Vou fazer de tudo, até me ajoelhar se
for preciso.
– Faça isso. E tire uma foto para mostrar para seus filhos o que você foi
capaz de fazer pela mãe deles – ele disse rindo, mas o que eu senti foi forte.
Filhos com Ângela. Meu coração deu um pulo. Eu não tinha pensado
em filhos com ela, mas seria lindo. Virei-me e olhei para a baía, não queria
que ele percebesse como aquelas palavras tinham me tocado.
– Bem, vou indo. Tenho muito que resolver antes da viagem. Isabel
disse que reagendou todos os nossos compromissos, mas não vamos ter um
minuto de folga se quisermos cumprir todos eles.
– Nem sei por que eu tenho que participar dessas entrevistas se o que
eles sempre perguntam é sobre o projeto, construção, essas coisas.

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– Já sei que você está querendo escapar, mas eles sempre querem saber
de onde vem o dinheiro, como neste caso que é uma obra beneficente. E isso
é contigo.
Ele saiu e eu chamei Cíntia para que me informasse de todas as
novidades e preparasse tudo sobre Deli que eu iria precisar.
– Aqui está a pasta de Deli, senhor. E no dia que o senhor viajou, logo
depois que saiu a Srta. Rufinelli esteve aqui para vê-lo.
Cíntia disse essas palavras de forma tranquila, como se estivesse me
informando do tempo, enquanto eu me segurava para não cair. Limpei minha
garganta e perguntei: – Ela disse o que queria?
– Não senhor. Ela só perguntou se o senhor poderia recebê-la. Como eu
disse que tinha viajado, ela agradeceu e se foi.
Minha vontade era de pegar Cíntia pelo pescoço e jogá-la pela janela,
mas ela não tinha culpa, como ela poderia saber que eu teria deixado tudo e
voltado correndo ao escritório para falar com ela?
– Certo. Obrigado, Cíntia.
Ela saiu e eu deslizei em minha cadeira. Uma luz se acendia, trazendo
de volta a esperança. Agora eu tinha um motivo para procurá-la em Deli.
Liguei para August, precisava compartilhar minha felicidade ou explodiria.
– Ângela veio me procurar – eu disse assim que ele atendeu.
– Como? Ela não está em Deli?
– Não, seu idiota, ela veio me procurar justo no dia em que viajamos.
Maldita viagem! Se eu soubesse que ela viria, não teria viajado.
– Mas por que ela não te ligou se queria falar contigo?
– Não quero saber, a única coisa que me importa é que ela está
querendo falar comigo, e agora vou fazer de tudo para que essa conversa se
torne realidade.
– Nossa, até que enfim. Espero que se acertem, já não aguento ver sua
cara de merda todos os dias.
– Não enche, August. Para que horas o nosso voo está marcado? Quero
sair daqui agora.

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– Para as vinte horas, se não me engano. Aguente firme. Para quem já


aguentou quase três meses, o que é uma semana?
– Eu sei. Mas, se antes eu estava desesperado para vê-la novamente,
imagina agora! Estou indo para casa, vejo você no aeroporto.
– Certo, e trate de se acalmar.
Cheguei em casa e pedi à Louise que preparasse minha mala para uma
semana no verão. Não confiava em mim para fazê-la, iria deixar a metade das
minhas roupas. Tentei relaxar enquanto esperava, li e reli tudo sobre Deli
para me manter ocupado, mas meu coração batia como no dia do nosso
primeiro encontro.
O voo para Deli foi outro tormento, e eu estava literalmente enjaulado.
Se não fosse por August eu teria saltado do avião. Só tínhamos um casal de
convidados e Antônio fez o papel de anfitrião. No hotel eu praticamente corri.
– Ei, o que deu em você? Por que a pressa? – Era Antônio perguntando.
– Estou cansado, meio zonzo, quero descansar antes do nosso primeiro
compromisso.
– Você tem razão, eu também estou meio grogue, mas nossa primeira
reunião é dentro de uma hora, não vai dar tempo de nada.
– Mesmo assim.
Fiz o check-in e subi. No quarto minha primeira providência foi ligar
para a recepção e ver onde era o quarto de Ângela e se ela estava no hotel.
Fiquei sabendo a localização do quarto, mas ninguém da GAMA estava no
hotel. Como não podia fazer mais nada, resolvi me preparar para a reunião.
Como estávamos com quatro dias de atraso, Amanda teve que ajustar
nossos horários e não tinha deixado nenhum tempo, todos os nossos tempos
foram ocupados com almoços e jantares com empresários. As vezes em que
eu conseguia cruzar com Ângela, ela estava cercada de gente. Eu geralmente
voltava tarde, e ela saía cedo.
No terceiro dia decidi não ir ao jantar do dia seguinte. Eu ficaria e
buscaria Ângela para conversar. Eles geralmente chegavam cedo ao hotel, e
só uma vez Amanda nos acompanhou em um

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jantar. Com isso decidido, liguei para a recepção e pedi um jantar no quarto
para o dia seguinte, passei todas as especificações nos mínimos detalhes.
August me ajudaria a escapar do último jantar.
Com muito esforço olhei para o relógio às seis da manhã e saí cama.
Era quinta-feira e estávamos com o cronograma totalmente atrasado. Amanda
estava fazendo o possível para não cancelar os compromissos e encontros
com empresários, políticos, imprensa, almoços e jantares. E ainda tínhamos a
grande festa de inauguração no dia seguinte. Depois de quatro dias estávamos
mortos. Desci até o ginásio do hotel para uma corrida e August já estava na
esteira.
– E aí? Vai tentar falar com ela hoje?
– É a única certeza que eu tenho, hoje trago Ângela de volta para mim.
No dia em que Ângela me deixou no escritório e eu quase matei August
com uma calculadora, contei a ele tudo e ele não me decepcionou, tinha me
apoiado em tudo. Sempre que tinha alguma informação de Ângela, ele me
contava, pois sabia que eu vivia dependente da vida dela.
– Você já planejou tudo? Tem tudo sob controle?
– Claro, não vou participar do jantar desta noite, já pedi para servirem
um jantar especial no meu quarto. Penso buscá-la para conversar às oito,
mais ou menos. Talvez ela resista. Vou usar a desculpa de que Cíntia disse
que ela queria falar comigo.
– Espero que dê certo. Math e Antônio já estão pensando que você está
enlouquecendo.
– Vai dar! Tem que dar!
August foi meu suporte nestes meses. Depois de contar a ele tirei um
peso dos ombros. Era bom ter sempre alguém para desabafar, e ele me
apoiou quando disse que não estava brincando com ela, que era sério o que
eu estava sentindo.
Depois da academia tomei uma ducha rápida e desci para o café. Math e
Antônio já estavam lá. Entrei no salão e August entrou logo atrás. Minha
cabeça girou como um imã e localizei Ângela sentada de costas, a algumas
mesas da nossa.
– Andando. – Senti o empurrão de August e continuei a caminhar.

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– E aí, preparados para a entrevista de logo mais?


– Não será nada sério. Amanda já preparou tudo – respondi enquanto
me sentava.
Nesse instante o grupo de Ângela se preparou para sair, eles tinham que
passar por nossa mesa. Sentei para não cair, minhas pernas começaram a
fraquejar.
– Melhor você se acalmar. Já aguentou três meses, pode segurar por
algumas horas mais. – Senti uma pressão na minha coxa e vi a mão de
August me segurando no lugar, para eu não sair correndo até ela.
Ela passou por nossa mesa deu um sorriso tímido como cumprimento.
Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos e, se não fosse por
August, eu realmente teria corrido para ela.
– Ela está linda! Deus como ela está linda!
– Sim, ela está realmente linda. Ela sempre foi.
– Você não entende, ela está diferente. Não sei, mais madura talvez,
mas acho que a palavra exata seria radiante. Está com um brilho especial, não
sei se vou aguentar.
– Como a Ângela está linda! Não me lembro quando foi a última vez
em que a vi, mas ela já não está com aquele ar de menininha, se transformou
em uma linda mulher.
Ouvi o que Antônio estava dizendo e a pressão na minha perna
aumentou.
– Eu já falei que quero vocês longe dela, ela não está acostumada a
homens com vocês, e vocês não estão acostumados a garotas como ela.
Quantas vezes vou ter que repetir, iriam tratár686du6vhhvvhvljvhla como
uma de suas vadias.
– Mas se eu dissesse que realmente quero sair com ela, namorar, ter
algo sério com ela? Eu a trataria como a princesa que ela é, falando sério,
você permitiria? Se ela aceitasse, claro.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Antônio interessado em
Ângela e pedindo permissão. Ele estava fazendo o que eu não tinha feito. Se
Math dissesse sim e Ângela aceitasse namorar com ele, estaria tudo perdido,
porque eu sabia que no momento em que Antônio colocasse as mãos nela ele
não a deixaria ir.

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– Não vou repetir. Se um de vocês magoá-la, eu vou esquecer que são


meus amigos. Com licença.
Ele se levantou e saiu furioso da mesa.
– Math está louco. Só por respeito eu perguntei a ele, mas vou esperar.
Quando voltar para Boston vou conversar com ela. Se ela disser sim, ele não
poderá interferir, ela já não é uma criança.
– E eu juro que, se você tocar nela, eu vou te matar. – Não aguentei e
explodi, joguei meu guardanapo e saí da mesa sem tomar café para não piorar
as coisas.
– Volte aqui Gabriel e me explique que merda está acontecendo. – Saí
do salão com olhares curiosos em mim, enquanto Antônio me gritava. Merda,
era isso que faltava, sair notícia nos jornais de que estávamos brigando.
Entrei no meu quarto e fui direto ao banheiro. Liguei a ducha fria e
fiquei debaixo com roupa e tudo, tentando me acalmar. Só saí quando não
aguentava mais o frio. Desci e cheguei tarde, a entrevista já tinha começado,
o meu lugar estava reservado ao lado de August, com Antônio no outro
extremo. Não olhei para ninguém, sentei-me e me concentrei em responder às
perguntas.
O almoço não foi diferente. A reunião da tarde com alguns políticos e
empresários foi interminável. Voltei ao hotel quase na hora que eu tinha
planejado meu encontro com Ângela. O telefone do quarto estava tocando.
– Leblanc!
– Sr. Leblanc, podemos subir o jantar ou quer que esperemos?
– Não! Podem subir agora e preparar tudo. Eu vou estar no banho, vou
deixar a porta encostada, tudo bem?
– Sim senhor, eu vou mandar subir então.
Tirei um moletom, uma camiseta e uma bóxer do armário. Joguei tudo
em cima da cama e entrei no banheiro. Estava rezando para Ângela estar no
quarto, ela era uma pessoa discreta, dificilmente sairia à noite. E eu estava
contando com isso para trazê-la ao meu quarto.
A água quente diminuiu minha ansiedade e me fez relaxar um pouco.
Coloquei minha cabeça debaixo da água para tirar o xampu quando senti uma
mão nas minhas costas. Primeiro pensei

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que fosse Ângela, mas um frio fez meu corpo se afastar, ele não reconhecia
aquele toque. Virei-me e vi o inferno: Loreta nua, no banheiro comigo.
– Mais que merda! O que você está fazendo aqui em Deli? E dentro do
meu banheiro?! Como você entrou no meu quarto?
– Uma pergunta por vez querido! Estou aqui em Deli a convite de um
amigo para a festa de inauguração. Vim aqui no seu quarto para falar contigo,
e estou dentro do seu banheiro porque ouvi o chuveiro e não resisti,
imaginando você nu e molhado debaixo da água. A porta estava aberta, não
precisei bater.
Empurrei Loreta, saí do banho, enrolei uma toalha na cintura e joguei
outra para ela.
– Vista-se, você não pode entrar no quarto das pessoas só porque a porta
está aberta!
– O que está acontecendo com você? Por que toda essa grosseria
comigo? Você nunca me tratou assim.
– Isso foi antes de descobrir que você estava me seguindo.
– Você está louco, eu nunca te segui. Mas isso não importa. Como eu
disse, estou aqui acompanhando um amigo e aproveitei para conversar com
você. Eu já tentei várias vezes em Boston, mas você não responde, não
devolve minhas ligações. Sua AP interdita todas as minhas chamadas.
– Não tenho nada para conversar com você. Deixei isso bem claro
quando não respondi suas ligações. Vista-se e saia daqui.
Eu comecei a sair do banheiro, mas ela pegou meu braço e me puxou de
volta.
– Não, querido! Você não vai sair daqui até conversar comigo!
– Mas que merda! Volte para Boston e marque uma hora com Cíntia,
vou conversar com você, lá. Tenho um compromisso agora e não quero me
atrasar.
– Querido, é sério, você vai conversar comigo aqui e agora.
– Pare de me chamar de querido e tire as mãos de mim.
Ela secou um pouco os cabelos e se enrolou na toalha. Era melhor ouvir
o que ela tinha a dizer. Se eu me negasse, ia demorar ainda mais, e ela não
parecia disposta a ir embora.

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– Fale de uma vez então, não tenho muito tempo.


– Pois bem, querido, eu só queria te contar que você vai ser papai.
– O quê? – Sentei-me na borda da banheira, porque senti que estava
caindo. – Que merda é essa que você está falando?
– Nunca pensei que você pudesse chamar seu filho de merda.
– Como isso é possível? – Não podia acreditar no que estava ouvindo.
– Será que eu tenho que te falar como se faz filhos agora?
– Eu não estou brincando. Quando aconteceu? Como?
– Estou de três meses, Gabriel. E você me pergunta quando? Será que
vou precisar lembrar você da noite que passamos juntos no seu apartamento?
Dormimos na sua cama, Gabriel. Você não quis usar preservativo, disse que
era melhor sem. Passamos toda a noite juntos, você foi embora na manhã
seguinte.
Fiquei gelado, me lembrava daquela noite maldita. Foi no dia que
Ângela me deixou no escritório. Fui para o apartamento tentando me lembrar
dela e aquele era o único lugar que eu tinha dividido com ela. Tinha
procurado o cheiro dela na cama, mas já não existia, comecei a beber, e bebi
muito. Antônio tinha chegado com Loreta e uma amiga. Na manhã seguinte
acordei abraçado com ela dormindo em minha cama, a cama que eu só tinha
dividido com Ângela. Saí de lá sentindo nojo de Loreta e de mim mesmo, fui
para casa e nunca mais voltei ao apartamento, nunca mais quis saber de
Loreta. Não tinha respondido as ligações nem mensagens dela e tinha dito à
Cíntia para não me passar suas chamadas. E agora a bomba explodia ali em
Deli.
– Tudo bem, você está grávida. Você sempre soube que eu não queria
filhos, não quero crianças em minha vida.
– Você não queria, mas agora vai ter. Ou o que pensa fazer?
– Se a criança for minha, vou me responsabilizar, não se preocupe, mas
será só isso.
– Puxa, nós estávamos tão bem. O que aconteceu? Foi aquela
motoqueira ou foi a vadia que estava com você naquela noite? Ou será que
era a mesma garota? Quem é ela querido?
– A garota do quarto era apenas uma vadia com uma boa transa, mas
sem importância, como você mesma disse naquela

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noite. Se ela significasse alguma coisa eu a teria levado para minha casa,
minha cama. – Terminei de falar e ouvi um barulho de pratos caindo. Olhei
para a porta, que estava semiaberta, e vi Ângela, que se segurava no carrinho
do jantar para não cair e me olhava com horror e nojo.
– Quem é essa, querido? – Loreta falou primeiro, já que eu tinha ficado
mudo.
Ela se recuperou rápido e foi em direção à porta. Corri e a alcancei
antes que saísse. Coloquei minha mão, impedindo-a de abri a porta.
– Deixe me sair, por favor!
– Ângela, espere, precisamos conversar. Não é verdade o que você
acabou de ouvir.
– Você não me respondeu. Quem é essa, querido?
Senti os braços de Loreta como uma cobra se enrolando em minha
cintura, me abraçando por trás. Eu fiquei sem reação e parecia que o mesmo
tinha acontecido com Ângela, que estava petrificada no lugar.
– Eu conheço você de algum lugar, ratinha? – Loreta disse e Ângela
parecia aterrorizada.
– Preciso sair daqui, Gabriel. Abra a porta, por favor – repetiu Ângela e
pude perceber que estava tremendo.
– Ângela, vá para seu quarto. Eu já vou lá conversar com você.
– Diga-me só uma coisa, Gabriel. Esse filho que ela está esperando é
mesmo seu, ou eu ouvi errado? – Ângela tremia visivelmente. Tentei tocá-la,
mas ela se retraiu. Não consegui olhar para ela e responder. Eu não sabia,
mas existia sim a possibilidade de ser meu filho. A boca cruel de Loreta
entrou em ação novamente.
– Sim, querida, vamos ser papais. Se você tinha alguma esperança, pode
ir desistindo.
– Quer calar essa maldita boca!?
– Abra a porta, Gabriel.
– Vou abrir. – Apeguei-me ao que Cíntia tinha me dito como uma tábua
de salvação. – Cíntia me disse que você foi me procurar, queria falar comigo.
Ângela, me dê alguns minutos e vou falar com você.

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– Não precisa mais, já não tem mais importância – ela me respondeu


sem nenhum sentimento na voz.
– Ângela, eu posso te explicar o que está acontecendo. Vá para seu
quarto e me espere, vamos conversar e tudo será resolvido.
– Você vai explicar a ela como fizemos o bebê, querido? Será que ela
ainda não sabe? – Loreta estava destruindo as poucas chances que restavam
de Ângela querer me ouvir.
– Loreta, volte para o banheiro ou não respondo por mim. – Tirei os
braços dela, que estavam enroscados em minha cintura, e voltei minha
atenção à Ângela.
– Como disse a sua amiga, eu não preciso que você me explique como
se faz filhos, Gabriel. Agora abra a porta, eu preciso sair.
Quis impedir, mas percebi que ela estava pálida, os lábios tremiam, ela
olhava para Loreta aterrorizada. Tirei a minha mão e ela pôde abrir a porta.
Saiu como se estivesse fugindo do inferno. Senti um aperto no coração como
se fosse a última vez em que a estivesse vendo. Ela desapareceu no corredor.
Fechei a porta e deixei minha testa apoiada nela, tentando arranjar
forças para terminar minha conversa com Loreta. Filho! Deus, eu não
merecia isso, um filho com Loreta! Minha vida tinha acabado.

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