Aula 2 Joo Luiz Brunel - 231106 - 074702

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 63

DO SINTOMA À SÍNDROME

Modelo sugerido por Jasper, Scheider e Weitbrecht em duas perspectivas: Transfundos da vivências
psicopatológicas, como palco, contexto de onde emergem os sintomas. O outro seriam os Sintomas
específicos ou Emergentes, vivências pontuais que ocorrem sobre determinado transfundo, como
figura e fundo.

1. Transfundos estáveis: pouco mutáveis, como a personalidade e a inteligência. Pacientes


passivos, dependentes, vivenciam os sintomas de modo passivo, já os explosivos,
hipersensíveis, muito reativos, tendem a responder aos sintomas de forma viva e ampla. A
inteligência determina os contornos a profundidade e a riqueza dos sintomas. Pacientes
inteligentes produzem delírios ricos e complexos, interpretam suas vivências. Nos com
inteligência reduzida, os quadros são indiscriminados, com pouco detalhe, superficiais e pueris.
(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

2. Transfundos mutáveis e momentâneos: determinam a qualidade e o sentido de conjunto das


vivências psicopatológicas. O nível de consciência estabelece a clareza e precisão dos sintoma, sob
um estado de turvação, uma alucinação auditiva ou visual são experimentadas em uma atmosfera
mais onírica e confusa. O humor e os estados afetivos momentâneos dão colorido às vivências
afetivas.

Sintomas emergentes são as vivências mais destacadas individualizáveis (não fazem parte
do transfundo) como uma alucinação (sensopercepção), um sentimento (afetividade) um delírio
(juízo) uma paramnésia (memória), alteração do pensamento e da linguagem.
(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

Componentes do surgimento, constituição e manifestação dos sintomas e dos transtornos


mentais.

História de vida, eventos vitais, projeto existencial. Fatores predisponentes se articulam ao


longo da vida como um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais para a decorrência ou
não dos transtornos mentais.
Fatores genéticos, gestacionais e perinatais precedem o início da vida de relações de um
sujeito e determinam, carregam sua vulnerabilidade constitucional (hereditariedade, constituição)
para distintos transtornos. Os fatores predisponentes são os que ocorrem no início da vida (0 a 6
anos, e no período escolar). Associados à vulnerabilidade constitucional, sensibilizam o indivíduo
para as diversas situações que a vida lhe colocará. Os fatores predisponentes tornam a pessoa mais
ou menos vulnerável aos fatores precipitantes que são eventos que ocorrem em proximidade
temporal ao surgimento de um transtorno.
(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

Os fatores predisponentes podem incluir eventos ocorridos nos primeiros anos de vida, como a
perda (morte) de um dos pais, abuso sexual, violência ou negligência física ou psíquica. Os fatores
precipitantes, por sua vez, são em geral eventos estressante e/ou traumáticos, como separações
conjugais, morte de pessoas próximas, desemprego, promoção no trabalho, casamento, perda ou
ganho financeiro, traição do parceiro(a), brigas (amigos, familiares).

Os fatores precipitantes, associados à vulnerabilidade constitucional e fatores predisponentes,


ocorrem em um sujeito com uma história de vida específica (lebensent-chichte). Tal história é
absolutamente única, ocorre só uma vez, em um contexto socioeconômico, político e cultural dado,
em determinado período histórico. A história de vida de um sujeito relaciona-se ao projeto de vida
(lebensent-werf), como descrito por Janzarik (1996), com toda a densidade existencial e a
complexidade que as noções de sujeito, projeto existencial implicam.
(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

Evolução temporal dos transtornos mentais.


De acordo com a escola jasperiana os cursos crônicos dos transtornos mentais podem ser
de dois tipos: processo e desenvolvimento.
Processo: refere-se a uma transformação lenta e insidiosa da personalidade, de natureza
endógena. O processo (neurológico) rompe a continuidade do sentido normal do desenvolvimento
biográfico de uma pessoa. O exemplo seria um esquizofrenia de evolução insidiosa, que lenta e
radicalmente transforma a personalidade do sujeito acometido.
Desenvolvimento: refere-se à evolução psicologicamente compreensível de uma
personalidade, pode ser normal, configurando os distintos traços de caráter, ou anormal,
aparecendo nos transtornos (personalidade) ou as neuroses. Há uma conexão de sentidos, uma
trajetória (desenv. paranoide, histriônico, hipocondríaco).

(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

Os fenômenos agudos ou subagudos classificam-se em crises ou ataques, episódios, reações


vivenciais, fases e surtos.
A crise ou ataque caracteriza-se por surgimento e termino abruptos, podendo durar
segundos ou minutos, mas raramente horas. Ex: crises epiléticas, crises ou ataques de pânico, crises
histéricas, crises de agitação psicomotora.
O episódio tem a duração de dias ou semanas. Pode-se usar de forma inespecífica,
quando não há condições de precisar a natureza do fenômeno mórbido. Ex: Episódio depressivo,
episódio hipomaníaco.
A reação vivencial anormal caracteriza-se por fenômenos psicologicamente
compreensíveis, desencadeados por eventos vitais significativos para os indivíduos que os
experimentam. Caracteriza-se por intensidade marcante e duração prolongada dos sintomas. Mais
comum em personalidades vulneráveis, predispostas a reagir de forma anormal aos eventos da vida
(perda de pessoas, emprego, status, sintomas depressivos ou ansiosos). Pode durar semanas,
meses, ou até anos. (DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

A fase refere-se particularmente aos períodos de depressão ou mania dos transtornos afetivos.
Após, o individuo retorna a condição anterior. Incompreensível psicologicamente, caráter
endógeno. Pode durar semanas ou meses, menos frequente anos.
O surto é uma ocorrência aguda, repentina, eu faz eclodir uma doença de base endógena,
não compreensível psicologicamente, produz sequelas irreversíveis, danos a personalidade ou
esfera cognitiva e /ou afetiva. Ex: surto de esclerose múltipla produz sequelas sensitivo motoras.
Surto psicótico (esquizofrenia) repercute nas relações e afeto (modula menos).
Após vários aos da doença, com vários surtos se sucedendo ou insidioso, lento o paciente
encontra-se no estado residual da doença com sinais e sintomas como sequelas, predomina
sintomas negativos.
A personalidade pré-mórbida e os sinais pré-mórbidos são aqueles elementos
identificados em períodos da vida no paciente claramente anteriores ao surgimento da doença
propriamente dita, em geral na infância. Já pertencendo ao início do transtorno, fala-se em sinais e
sintomas prodrômicos, que representam de fato a fase precoce, inicial do adoecimento.
(DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

Com relação ao curso dos episódios, pode-se situar:

1. Remissão: Retorno ao estado normal após o episódio agudo. Fala-se em remissão espontânea,
quando não houve intervenção terapêutica.
2. Recuperação: É o retorno e manutenção do estado normal (estabilização), com um tempo
suficiente sem recaída (depende do quadro diagnóstico, pode ser um ano).
3. Recaída ou recidiva: Retorno dos sintomas após melhora parcial do quadro clínico ou curto
período assintomático (não tendo passado um ano do episódio agudo).
4. Recorrência: É o surgimento de um novo episódio, após o indivíduo estar assintomático por um
período (pelo menos, cerca de um ano).

Contextualização do sintoma em relação a sua origem neurobiológica ou sociocultural: os


sintomas psicopatológicos em relação aos mecanismos cerebrais, biológicos ou psicológicos e
socioculturais. (DALGALARRONDO, 2019)
DO SINTOMA À SÍNDROME

SINDROMES E ENTIDADES NOSOLÓGICAS

Síndromes: Agrupamento relativamente constantes e estáveis de sinais e sintomas (depressiva,


dimensional, paranoide).

Entidades Nosológicas: (Transtornos específicos – esquizofrenia, doença de alzheimer) Fenômenos


mórbidos onde se pode identificar ou presumir com certa consistência certos fatores causais
(etiologia) curso / relativamente homogêneo, estados terminais, típicos mecanismos psicológicos e
psicopatológicos característicos, antecedentes genético-familiares específicos e resposta a
tratamento mais ou menos previsíveis.
O conhecimento das entidades nosológicas vai além do interesse acadêmico (teórico), viabiliza
procedimentos terapêuticos mais eficazes (valor pragmático).

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
O comportamento alimentar – fenômeno humano complexo e de importância central nas
sociedades humanas e na experiência subjetiva das pessoa. Reúne algumas dimensões básicas:
Dimensão fisiológico-nutritiva: relaciona-se à aspectos metabólicos, endócrinos, neuroquímicos e
neuronais que regulam os mecanismos de fome e saciedade, a demanda e a satisfação das
necessidades nutricionais.
Dimensão afetiva e relacional: a fome e alimentação vinculam-se ao prazer. O prazer alimentar oral,
segundo a psicanálise, seria basicamente libidinal. No desenvolvimento da criança, a zona bucal e a
amamentação, são mediadores da primeira relação interpessoal fundamental: a relação mãe-bebê.
Alimentar o filho, para a mãe é mais que uma tarefa fisiológica: tem sentido afetivo especial,
exprime sentimentos e participa da construção de um vínculo humano fundamental.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Dimensão social e cultural: as sociedade e culturas estabelecem regras, tabus e rituais em relação
aos alimentos e aos comportamentos alimentares. Como preferência por se alimentar com grupos
em que haja afeição. Jantares comemorativos (formatura, aniversário, noivado e até funerais).

A conduta alimentar é motivada pelas sensações de sede e saciedade. Controladas e monitoradas


por diversas áreas do organismo: hipotálamo (centro da saciedade) e várias estruturas límbicas e
corticais, mediadas por substâncias como insulina, leptina e grelina.

Aspectos sociais e culturais se refletem nos padrões de beleza (feminina).


Os transtornos do comportamento alimentar estão se tornando comuns e reconhecidos como
problema da saúde pública.
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Anorexia nervosa
Caracteriza-se pela perda de peso autoinduzida, seja pela abstenção de alimentos que
engordam ou por provocar vômitos/purgação autoinduzidos, excesso de atividades físicas, uso de
anorexígenos ou diuréticos. Há uma busca implacável de magreza e o medo intenso e mórbido de
parecer ou ficar gordo(a). Quando a perda de peso é excessiva ocorrem alterações
endócrinas/amenorreia, hipercortisolemia, elevação do hormônio do crescimento, secreção
anormal da insulina, metabólicas e eletrolíticas, por consequência do grave estado nutricional. O
peso corporal é mantido a 15% abaixo do esperado.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Do ponto de vista psicopatológico ocorre uma Distorção da Imagem Corporal, mesmo
estando magra a pessoa se percebe gorda. Mais comum em adolescentes e mulheres jovens (90%)
pode iniciar com dietas, mais comum em sociedades industriais, como ideal de beleza (magra).
Resolução de conflitos da área sexual, por meio do controle da imagem corporal. Mortalidade em
torno de 5% pelas complicações cardiovasculares, eletrolíticas, metabólicas e endócrinas.
Reconhecem dois subtipos: o restritivo, podendo se associar a sintomas obsessivos compulsivos. E o
tipo compulsão alimentar purgativo que além de evitar ingerir alimentos calóricos mantém
comportamentos ativos de perda de calorias por vômitos autoinduzidos, excesso de exercício e uso de
laxantes, diuréticos, enemas.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Bulimia nervosa
Caracteriza-se por preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível de comida, com
repetidos episódios de hiperfagia. Apresenta também preocupações excessivas com o controle de
peso, com medidas extremas como vômitos, purgação, enemas e diuréticos a fim de mitigar os
efeitos do aumento de peso decorrentes da ingestão de alimentos. O comportamento purgativo
pode produzir alterações hidroeletrolíticas (hipocalcemia, hiponatremia, hipocloremia). A perda de
ácido gástrico por meio de vômitos pode ocasionar alcalose metabólica. O vômito recorrente, perda
de esmalte dentário, ocorre em 90% em mulheres adolescentes ou início da vida adulta. Os
indivíduos costumam ocultar os sintomas por vergonha.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Bulimia nervosa
Como trata-se de um comportamento socialmente condenável, os pacientes costumam negar os
sintomas quando questionados por profissionais da saúde.
Quatro níveis de gravidade (DSM 5):
1 – leve – 1 a 3 episódio de bulimia e comportamentos compensatórios inapropriados (vômitos
autoinduzidos, uso de laxantes, diuréticos, entre outros) por semana.
2 – Moderada – 4 a sete episódios semanais.
3 – Grave – 8 a 13 episódios por semana.
4 - Extrema – mais de 14 episódios semanais
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Transtorno de compulsão alimentar
Episódios frequentes e recorrentes de comer compulsivo (binge eating), pelo menos uma vez por
semana por vários meses. Tem a sensação subjetiva de perda do controle de comer, não consegue
parar. Sofre com sentimentos de culpa e repulsa por seu comportamento. Não há comportamento
purgativos como na B.N.
Síndromes relacionadas ao comportamento
alimentar
Outros transtornos do comportamento alimentar
Obesidade
Trata-se de uma condição complexa, que envolve fatores genéticos, desenvolvimento psicológico,
família e cultura. Mais comum sociedades industrializadas e urbanas, em culturas em que a atividade física não
é predominante. Associada a baixos níveis socioeconômicos e ao sexo feminino. Aumento significativo
(pandemia) em países tanto desenvolvidos quanto subdesenvolvidos.
Tem importância por associar-se a morbidade com diabete melito tipo 2, hipertensão arterial,
apneia do sono, aumentando de triglicerídeos e colesterol, hiperandrogenismo, irregularidades menstruais e
infertilidade nas mulheres, diminuição dos níveis de testosterona nos homens, problemas ortopédicos e
dermatológicos. Também é causa da mortalidade por obstrução cardiovascular, respiratórias e endócrinas.
Risco aumentado de tumores de mama, útero, ovário, próstata, intestino grosso e vias biliares. Piora na
qualidade de vida:
Um dos aspectos centrais da obesidade é a disfunção dos mecanismos de saciedade (comer de
forma contínua).
Do ponto de vista emocional o obeso foi visto como imaturo, sensível a frustração, que recorre a
comida como forma de compensação de afeto, com sexualidade reprimida, para se proteger da depressão.
(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

Uma substância psicoativa é qualquer substância química que quando ingerida, modifica
uma ou várias funções do S.N.C, produzindo efeitos químicos e comportamentais. Ex: álcool,
cafeína, cannabis (maconha), tabaco, psicoestimulantes como a cocaína (pó ou crack), e
anfetamínicos, opióides, alucinógenos, inalantes, sedativos, hipnóticos, ansiolíticos. Em geral,
produzem uma sensação de prazer excitado. No cérebro, correspondem a áreas de recompensa,
como núcleus alcubens, área tegumentar ventral e a amigdala, o principal neurotransmissor
envolvido é a dopamina.
As teorias que buscam interpretar e compreender a adicção reportam-se a mecanismos
neurobiológicos, comportamento aprendido, mecanismo de memória, psicodinâmicas,
psicossociais, sociológicas, antropológicas.

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

A intoxicação é definida como síndrome reversível específica, com alterações mentais ou


comportamentais, prejuízo da consciência, alterações cognitivas, beligerância, agressividade, humor
instável, decorrente do uso recente de uma determinada substância.
O abuso é quando há uso continuo, recorrente de uma substância. Este uso é lesivo e mal-
adptativo (levando a prejuízos e sofrimentos clinicamente significativos). Os prejuízos afetam a
vida familiar, trabalho, escola. Pode colocar em risco a integridade física do sujeito ou terceiros ao
dirigir, operar máquinas, atividade sexual desprotegida.
O uso nocivo é mais restrito que o de abuso, refere-se a um padrão que causa dano a saúde
física como esofagite, hepatite alcoólica, bronquite por tabagismo, depressão pelo uso pesado do
álcool.
Fissura: corresponde ao desejo intenso de usar uma substância.
Binge: episódios de uso intenso e compulsivo.
Tolerância: diminuição do efeito da substância após o uso repetitivo. O organismo passa a
necessitar de mais quantidades para obtenção do efeito inicial. As substâncias que produzem
tolerância tendem a gerar mais dependência física. O LSD produz rápida tolerância com pouca
dependência física. (DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

A síndrome de abstinência trata-se dos sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após
cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha sendo consumida de forma pesada e
continua. De acordo com a substância decorrem os sinais e sintomas. Em geral trata-se de
sintomas ansiosos, inquietação, náuseas, tremores, sudorese. Nos casos graves pode ocorrer
convulsões, coma e morte.
A dependência é definida como um padrão mal adaptativo do uso de substâncias onde há
repercussões psicológicas, físicas e sociais decorrentes da interação do individuo com determinada
substância.
Envolve aspectos como tolerância, sintomas da abstinência, uso continuo ou muito
frequente de quantidades significativas.
Há um grande envolvimento do sujeito com a substância, gasta tempo, interesses que
implicam a obtenção ou consumo enquanto descuida de questões pessoais, ocupacionais e sociais.

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

A dependência física é um estado de adaptação do corpo manifestado por distúrbios


físicos quando o uso da substância é interrompido. Um dos indicativos da dependência física é a
ocorrência da tolerância e da síndrome de abstinência.
Dependência comportamental ou psíquica (HABITUAÇÃO)
Constitui uma compulsão ao uso, visando o prazer ou evitar o desconforto. Na falta da substância o
individuo apresenta ansiedade, raiva, insônia, agitação.
Segundo o autor, a distinção entre dependência física e comportamental vem sendo
criticada por ser artificial.

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

INICIO E DESENVOLVIMENTO DO ABUSO e DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS


Não há uma razão única mas para adolescentes envolve fatores como curiosidade, excitação por
fazer algo ilegal, secreto, convivência e pressão de pares ou companheiros já usuários, aceitação
no grupo, fazer parte de uma subcultura, expressar hostilidade em relação aos pais e professores,
para reduzir a sensações desagradáveis (tensões ansiedade, tristeza e solidão).
Com o uso continuo, aumenta a tolerância, em função disso a dose e a frequência vão
aumentando até chegar num plateau. Com a dependência, principalmente das ilegais, as
preocupações e atividades se voltam para a aquisição da substância e o consumo. Diminui o
repertorio de outros interesses e com os cuidados pessoais.
Diminui a autoestima, perda de vínculos sociais e importantes, envolvimento em atividades
criminosas, sentimentos de vazio e solidão. Desnutrição, descuida da higiene, vida sexual
promíscua, risco para DST’s.
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

PSICOSES TÓXICAS
São quadros que decorrem da ação da substância sobre o cérebro, duram horas ou dias, remitem
a medida que cessa o efeito da substância. Incluem rebaixamento do nível de consciência,
confusão mental, ilusões e alucinações visuais (com menos frequência as auditivas), medo,
perplexidade. As substâncias que mais frequentemente produzem estes quadros são os
alucinógenos (LSD, psilocibina), as anfetaminas. Maconha e cocaína em altas doses,
eventualmente podem provocar psicoses tóxicas.

PSICOSES INDUZIDAS
Duram dias ou semanas ocorrem após período de uso intenso. Podem se manifestar como quadros
de esquizofrenia, mania, depressão, entre outros. Em geral causados pelo uso da cocaína (pó
inalado ou injetado), crack (fumado), anfetamínicos, alucinógenos, raramente maconha.
Importante separar, no diagnostico diferencial, os quadros psicopatológicos induzidos dos
funcionais. Mas o uso pode predispor o aparecimento dos quadros funcionais.
(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

ALCOOLISMO OU SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL


O uso, abuso e dependência do álcool ganhou proporções epidêmicas nos últimos séculos. O uso
continuo produz tolerância e dependência física. Causa repercussões orgânicas sobre aspectos
psicológicos, funcionamento familiar e profissional.
A síndrome da dependência de álcool (SDA - é definida como um estado psíquico e físico resultante
da ingestão repetitiva do álcool, incluindo a compulsão para ingerir as bebidas alcóolicas, de modo
continuo ou periódico, havendo perda do controle com o fenômeno da tolerância.

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

CARACTERÍSTICAS DA S.D.A.
1. Empobrecimento do repertorio.
2. Relevância da bebida.
3. Aumento da tolerância.
4. Sintomas repetitivos da abstinência.
5. Esquiva ou busca de alivio para os sintomas de abstinência.
6. Compulsão por beber.
7. Reinstalação mais rápida da tolerância após a abstinência.
8. Negação.

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

ALCOOLISMO OU SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL


Para o diagnóstico observa-se 3 dimensões:
1. Física: gastrite, esofagite, hepatite, pancreatite, cirrose.
2. Psicológica: irritabilidade, ansiedade, agressividade, depressão.
3. Social: família, trabalho, acidentes, questões legais.

DELÍRIO TREMENS
É uma forma grave de abstinência do álcool.
Sintomas: rebaixamento do nível de consciência, confusão mental, desorientação têmporo-
espacial; manifestações autonômicas como tremores, febres sudorese; alucinações visuais e táteis.
Podem ocorrer ainda alucinose alcóolica (vozes que falam ao paciente, na terceira pessoa e o
humilham ou desprezam) e delírio de ciúmes dos alcoolistas ( crença de que o parceiro (a) o trai).

(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

MACONHA:TRANSTORNO POR USO E T. INDUZIDO


Pessoas com transtorno por uso de cannabis podem usar a substância o dia inteiro, ao longo de
um período de meses ou anos, passando muitas horas do dia sob sua influência. Surgem
problemas relacionados a família, à escola, ao trabalho, como ausências repetidas e negligência. A
interrupção abrupta do uso diário frequentemente resulta em síndrome de abstinência
(ansiedade, irritação, raiva agressividade, humor deprimido, insônia, redução do apetite).
Pesquisas nas últimas décadas, indicam associação entre o uso de cannabis na adolescência e risco
de desenvolver transtorno psicótico, em particular a esquizofrenia. Verificar a atribuição de
causalidade: como relação temporal, gradiente biológico, plausibilidade neurobiológica, evidência
experimental, consistência e coerência (ver revisão em Radhakrishnan et al., 2014).
A fumaça do cigarro de maconha contém altos níveis de compostos carcinogênicos, o que produz
risco semelhante ao do tabaco, no sentido de causarem doenças pulmonares e câncer associados a
tal uso.
(DALGALARRONDO, 2019)
Transtornos devidos ou relacionados a substâncias e
comportamentos aditivos

CACAÍNA CRACK: t. POR USO E t. INDUZIDO


Os efeito imediatos mais frequentes da cocaína (pó ou crack)são: “sensação subjetiva de bem-
estar ou euforia”, de estar “mais ativo, mais alerta, autoconfiante ou forte”, com “mais energia” e
pensamento acelerado. Fisicamente, pode haver taquicardia, aumento da frequência respiratória,
sudorese, dilatação das pupilas, tremores leves de mãos e pés, tiques e contrações musculares de
língua e mandíbula.
A cocaína pode produzir um transtorno psicótico induzido pela ação da droga que é
sintomaticamente parecido com um surto esquizofrênico ou um episódio de mania psicótica.
A cocaína representa um risco importante para a saúde física, sobretudo em jovens. Sua ação no
coração está relacionada a risco aumentado de infarto do miocárdio, arritmias, dor torácica,
acidentes vasculares cerebrais e morte súbita em jovens usuários.
A dependência de crack das mais intensas; ela leva os indivíduos dependentes a praticarem
comportamentos extremos para obter dinheiro e poder comprar ou obter mais pedras, como
tráfico, mendicância, prostituição, furto ou assalto com violência.
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

Há grande variabilidade individual em relação ao padrão e à necessidade de sono.


Algumas pessoas sentem-se descansadas e ativas durante o dia dormindo 5 horas por noite; outras
necessitam de 10 a 12 horas de sono para se sentirem bem durante o dia. Com frequência,
problemas com o sono são acompanhados de depressão, ansiedade e alterações cognitivas, o que
revela comorbidades frequentes que agravam os transtornos. Os transtornos do sono, pela sua
frequência e impacto, representam um importante desafio à saúde pública.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

O diagnóstico dos transtornos do sono é realizado por meio de anamnese detalhada referente aos
comportamentos relacionados ao sono e à sonolência, sempre que possível com o paciente e
pessoa que convive com ele e observa com frequência seu tipo e padrão de sono e vigília.
Deve-se também, sempre que possível, utilizar o laboratório de sono, no qual são feitas as
polissonografias com avaliações global, fisiológica e comportamental do sono, por meio de
exames como eletrencefalograma, eletrocardiograma, eletroculograma, avaliação do fluxo aéreo
oral e nasal, gases sanguíneos (saturação de oxigênio, concentração de dióxido de carbono),
monitoração de movimentos corporais (como eletromiograma tibial), entre outros.

(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

TRANSTORNO DE HIPERSONOLÊNCIA (DSM-5)


No transtorno de hipersonolência, o sujeito relata sonolência excessiva apesar de dormir
pelo menos 7 horas por dia. Durante o dia, há períodos recorrentes de sono ou de cair no sono ou
de sentir que o sono não é reparador, mesmo depois de haver dormido bem. Há queixas de não se
sentir totalmente acordado depois de um despertar abrupto.
Ao despertar do sono da noite (ou depois de um cochilo), o indivíduo pode apresentar
declínio da habilidade motora, lapsos de memória, desorientação no tempo e no espaço e
sensação de atordoamento.
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (DSM-5)


Essa síndrome se caracteriza pela necessidade de mover as pernas, em geral acompanhada pela
sensação de desconforto nelas ou “dentro” delas (mais raramente, pode acometer os braços e
todo o corpo). Podem ocorrer sensações parestésicas (formigamentos, sensação de peso ou de
pinicar, etc.) nas pernas, entre o tornozelo e o joelho. Esse desconforto se intensifica com o
repouso e melhora com o movimento.
Deve ocorrer por pelo menos três vezes por semana e persistir por pelo menos três meses (DSM-
5).
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS À RESPIRAÇÃO (APNEIAS DO SONO)


A apneia do sono caracteriza-se pela ocorrência de muitas pausas respiratórias curtas, de 10 a 50
segundos, durante o sono. Nos episódios de apneia, o indivíduo pode roncar, a saturação
sanguínea de oxigênio cai, e, com frequência, ocorre breve despertar.
O DSM-5 subdivide os transtornos do sono relacionados à respiração (TSRR) em apneia e
hipopneia obstrutivas do sono, apneia central do sono e hipoventilação relacionada ao sono.
Apneia e hipopneia obstrutivas do sono
Trata-se de um tipo de apneia/hipopneia (pausa respiratória) causado pela obstrução das vias
aéreas superiores (VAS), ocorrendo periodicamente o colabamento das VAS. Tal distúrbio associa-
se, com frequência, a sobrepeso ou obesidade, pescoço curto e/ou alterações estruturais da
cavidade orofaríngea (como palato rebaixado). Há, com frequência, o relato de roncos altos,
interrompidos periodicamente por pausas respiratórias.
A apneia obstrutiva frequentemente é acompanhada de sonolência diurna mais ou menos
intensa, fadiga e sensação de sono não reparador.
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS À RESPIRAÇÃO (APNEIAS DO SONO)


Apneia central do sono
caracteriza-se por episódios repetidos de apneia (pausas respiratórias breves) e hipopneia
enquanto o paciente dorme, causados pela variabilidade no esforço respiratório (involuntário). É,
assim, um transtorno do controle (involuntário) ventilatório, em eventos que ocorrem em padrão
periódico ou intermitente. O paciente apresenta despertares frequentes durante a noite, às vezes
associados com sensação de sufocamento. As principais queixas são de sono não reparador,
sonolência, insônia e cansaço pela manhã. O sobrepeso não é tão frequente, e o ronco, quando
observado, não é de forte intensidade.
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

TRANSTORNOS DO SONO-VIGÍLIA DO RITMO CIRCADIANO


Padrão persistente ou recorrente de perturbação do sono, regulação fisiológica do ritmo sono-vigília
em um dia de 24 horas.
Tipo fase do sono atrasada se manifesta por histórias de atraso no horário principal do sono (em
geral, mais que 2 horas) em relação aos horários desejados de dormir e despertar, o que acaba
resultando em sintomas de insônia e sonolência excessiva durante o dia. O curso é persistente,
com duração superior a três meses
Tipo fase do sono avançada se caracteriza pelos horários de adormecer e despertar estarem várias
horas avançadas em relação aos horários desejados ou convencionais. São os indivíduos chamados
“tipos matutinos”, com horários de dormir de 2 a 4 horas mais cedo que o habitual em seu grupo.
( maior prevalência em adolescentes)
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

NARCOLEPSIA (DSM-5)
Caracteriza-se por ataques ou períodos recorrentes de necessidade irresistível de dormir, cair no
sono ou cochilar em um mesmo dia. Os ataques do transtorno devem ocorrer por pelo menos três
vezes por semana, durante pelo menos três meses (DSM-5).

Além da sonolência diurna, a narcolepsia manifesta-se clinicamente por ataques de cataplexia, que
é uma crise breve (de segundos a minutos) de perda bilateral de tônus muscular, com manutenção
da consciência, geralmente desencadeados por risos ou brincadeiras. O indivíduo cai
repentinamente ao chão. Crianças podem ter uma forma parcial da cataplexia, com hipotonia sem
queda, abertura da mandíbula e projeção da língua.
Síndromes relacionadas ao sono

PARASSONIAS
O sonilóquio (falar dormindo) é a produção de sons, palavras ou mesmo frases durante a noite,
sem a tomada momentânea de consciência do indivíduo que as produz e sem a lembrança, no dia
seguinte, de ter falado ou do conteúdo daquilo que foi dito.

A paralisia do sono consiste em um despertar (ou adormecer) incompleto. O indivíduo, ao


despertar (ou ao adormecer), apresenta fraqueza muscular importante e é incapaz de realizar
atividade motora voluntária. Por alguns segundos, sente-se muito angustiado por não poder
mover um só dedo, apesar de já estar consciente; logo, então, desperta. Podem ocorrer
alucinações hipnagógicas (alucinações geralmente visuais, ao adormecer) ou hipnopompicas (o
mesmo, ao despertar).
Síndromes relacionadas ao sono

PARASSONIAS
O sonambulismo é um transtorno de despertar do sono não REM caracterizado por levantar-se da
cama durante o sono com olhar fixo e rosto vazio. O indivíduo não responde aos esforços de
comunicação feitos pelos outros e pode executar comportamentos complexos durante o
episódio, geralmente iniciados na fase 3 ou 4 do sono não REM (sono profundo, de ondas lentas).

O terror noturno caracteriza-se por despertar de uma fase de sono profundo (sono de ondas
lentas, geralmente na fase 4) com um grito lancinante, de pânico, acompanhado de
manifestações de medo intenso e sintomas autonômicos (taquicardia, respiração rápida,
sudorese e midríase). A crise costuma durar de 5 a 20 minutos. Não se trata de um pesadelo (que
é um tipo de sonho, ocorrendo mais frequentemente na fase REM).
Tanto para o sonambulismo como para o terror noturno, no dia seguinte, o indivíduo não
se lembra de nada ou quase nada do que ocorreu, havendo, portanto, amnésia em relação ao
episódio. (DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

PARASSONIAS
O bruxismo também pode ser considerado um transtorno do despertar parcial, a partir de um
período de sono profundo (fase 3 ou 4). Dormindo, o indivíduo range vigorosamente os dentes,
devido à atividade rítmica do músculo masseter. As consequências são desgaste dos dentes, dor
local, cefaleias, disfunção da articulação temporomandibular e sono de má qualidade.

A enurese noturna também ocorre durante o sono profundo, geralmente em crianças com mais de
4 anos de idade.
Tanto tendência hereditária (há muita recorrência familiar do transtorno) como conflitos
emocionais (insegurança, hostilidade, medo, separação ou doença dos pais ou avós) estão
associados à enurese na infância. A condição tende a desaparecer com o passar dos anos; porém,
um número considerável de crianças enuréticas sente muita vergonha, culpa ou ansiedade por
apresentar tal transtorno.
(DALGALARRONDO, 2019)
Síndromes relacionadas ao sono

PARASSONIAS
Os pesadelos são sonhos ansiosos, com conteúdos ameaçadores e terroríficos, que ocorrem, na
maior parte das vezes, durante o sono REM, no terço final da noite. O indivíduo pode acordar
durante o episódio e, muitas vezes, lembrar-se com clareza de seu conteúdo no dia seguinte. Os
pesadelos podem estar associados a conflitos emocionais inconscientes ou conscientes, períodos
de ansiedade e tensão, preocupações e temores antigos ou atuais.

Deve-se buscar diferenciar claramente os pesadelos (sono REM, último terço da noite) do terror
noturno (sono profundo, primeiro terço da noite). Quando há recorrência dos pesadelos,
extremamente disfóricos, com sensação de ameaça à sobrevivência ou à integridade física, e a
experiência causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em
outras áreas da vida do indivíduo, o DSM-5 propõe denominar transtorno do pesadelo.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

A SEXUALIDADE HUMANA
Trata-se de um desejo fundamental do ser humano que ocupa um lugar central na existência.
Comporta três dimensões: biológica, psicológica e cultural.
A biológica reúnem neuronais, hormonais e anatomofisiológicos genitais. Os aspectos neuronais se
revelam pela ativação de áreas e circuitos de estruturas subcorticais e do córtex cerebral
relacionados com o desejo, a resposta e o comportamento sexuais. São ativados, na resposta
sexual, por exemplo, circuito relacionados à área septal, ao hipotálamo, ao hipocampo e à
amígdala, assim como ao córtex do cíngulo.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

A SEXUALIDADE HUMANA
Os principais hormônios sexuais são o estrógeno (relacionado aos caracteres sexuais femininos
secundários) e a progesterona (precursora na síntese de estrógeno e testosterona; prepara a
mucosa do útero para receber o óvulo, inibe contrações uterinas e prepara as mamas para a
produção de leite).
A testosterona é um hormônio com muitas e complexas implicações comportamentais. Ela está
relacionada aos caracteres sexuais masculinos secundários e à resposta sexual em homens e em
mulheres. Tem sido estudado e debatido seu possível papel na competição, tanto em homens
como em mulheres. Os hormônios vasopressina e oxitocina estão relacionados à experiência de
ligação afetiva, também implicada na resposta sexual.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

A dimensão psicológica diz respeito aos desejos eróticos subjetivos e a vida afetiva implicada na
questão sexual.
A dimensão sociocultural refere-se ao conjunto de valores culturais, práticas , repertórios e
proibições que cada sociedade produz no campo da sexualidade. Com sentido mais subjetivo e
humano da experiência sexual.
As três dimensões estão implicadas nos processos e nas respostas tanto normais como nas
disfuncionais.
O impulso sexual, no plano biológico, visa a procriação e manutenção da espécie. As dimensões
psicológicas e culturais dizem respeito ao desejo erótico que visa a busca íntima de prazer, sendo
mais plástico e variável. No geral, a vida sexual é intimamente relacionada a vida afetiva do sujeito,
sua personalidade e aos símbolos culturais que geram e conformam as fantasias e as práticas
sexuais.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

A SEXUALIDADE HUMANA
Nas últimas décadas, nas sociedades ocidentais urbanizadas e industrializadas, têm sido
questionadas por vários grupos sociais (como feministas, militantes lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais e transgêneros [LGBT], entre outros) a rigidez e a estereotipia das
demarcações entre o feminino e o masculino. Tais demarcações estão relacionadas a formas de
discriminação e valoração pejorativa e injusta em relação às mulheres e às pessoas LGBT .

(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

DIFERENÇAS ENTRE HOMENS E MULHERES


Nos últimos anos, tem sido salientado por pesquisas neurobiológicas que os hormônios não apenas
influenciam comportamentos diferenciais entre os gêneros, mas o sentido inverso também é
verdadeiro. Fatores sociais e modos de socialização no gênero masculino, por exemplo, aumentam
os níveis e as ações da testosterona, o que indica que não só a neurobiologia influencia
comportamentos sociais, mas que também estes agem sobre a neurobiologia.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

FASES DO CICLO SEXUAL


Ao se estudar a sexualidade, costuma-se destacar quatro fases distintas: do desejo, da excitação, do
orgasmo e da resolução.
A fase do desejo é a mais complexa do ponto de vista psicológico, e mesmo do biológico.
Depende mais das fantasias eróticas, das representações sociais, e dos aspectos culturais
relacionados. O componente biológico é influenciado por fatores hormonais e neuronais. Pode
haver sensações físicas relacionadas à atração que uma pessoa ou imagem desperta.
A fase da excitação é a etapa inicial da relação sexual propriamente dita. Com
modificações corporais preparatórias do intercurso sexual (homem e mulher).
A fase do orgasmo é o pico do prazer que está relacionada com a liberação das tensões
sexuais.
A fase de resolução é a etapa de retorno as condições normais do organismo, com a
frequência cardíaca, respiratória, pressão arterial e condições dos genitais ao estado anterior ao
ato.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


As disfunções sexuais são síndromes que incluem as várias formas pelas quais indivíduos adultos
apresentam dificuldades na experiência pessoal de atividade sexual não coercitiva. Na CID-11,
para se considerar uma síndrome como disfunção sexual, os seguintes fatores devem estar
presentes:
1 – a ocorrência frequente do transtorno ou disfunção, podendo estar ausente em algumas
situações;
2 – o transtorno deve estar presente por pelo menos alguns meses;
3 – o transtorno deve estar associado a sofrimento ou disfunção clinicamente significativos.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


Transtorno do desejo e da resposta sexual
O desejo sexual inibido caracteriza-se pela inibição de qualquer desejo, fantasias ou
interesse por temas e atividades de ordem sexual. Importante na avaliação levar em conta os
padrões culturais, faixa etária e situação de vida da pessoa. Torna-se relevante quando causa
sofrimento ao indivíduo ou parceiro(a). Pode ser determinado por conceitos internos, depressão,
culpa, hostilidade na relação (do casal). Importante verificar disfunções fisiológicas (hormonais,
metabólicas), uso de medicamentos.

(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


Excitação do orgasmo feminino
A ausência de excitação sexual na mulher manifesta-se pela incapacidade ou dificuldade
de obter uma resposta de intumescência e lubrificação da vagina associadas ás carícias e desejos
sexuais. A ausência de orgasmo feminino ocorre quando após a fase de excitação normal
relacionada aos fatores acima estão conflitos psicológicos (ansiedade, baixa estima, frustrações
crônicas, medos, culpas, irritabilidade, depressão). As questões interpessoais envolvem a relação
íntima do casal. Em muitos casos, segundo Holmes (2019) o homem não acompanha o ritmo e dá
suporte a parceira para que ela alcance o orgasmo. Fatores orgânicos como dor pélvica,
corrimentos, pruridos. Uso de medicamentos como sedativos e antidepressivos (serotonérgicos)
podem inibir a sensação e o orgasmo.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


Ejaculação precoce
Ocorre quando o homem não controla o processo e se dá de forma rápida. De base psicológica e
psicodinâmica com alta expectativa e ansiedade relacionadas ao ato/relação sexual. Em jovens
pode estar relacionada a situação/condições da iniciação sexual, em outros a dinâmica do casal.
Com o amadurecimento sexual o individuo pode “aprender” a adiar a ejaculação. Condições
médicas como prostatites, epididimites, uretrites podem ser investigadas.

Ejaculação retardada atraso acentuado, sem que o individuo desejá-lo. O uso de antidepressivo
serotonérgicos e a perda de nervos sensoriais periféricos de condução rápida, assim como cirurgia
de bexiga e a redução na secreção de hormônios esteroides sexuais, fenômenos geralmente
associados à idade acima dos 50 anos, são fatores mais comuns nessa condição.

(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


Disfunção erétil
Consiste na falha parcial ou total do homem em alcançar e manter a ereção até o final do ato
sexual. De modo geral, a disfunção erétil persistente resulta de uma interação complexa de fatores
psicológicos, psiquiátricos, neurológicos, vasculares, endócrinos e mecânicos. É comum a
ocorrência transitória de episódios ou períodos de dificuldades ou incapacidade erétil em uma
grande porcentagem dos homens. Quando muito ansioso, com muitas expectativas em relação ao
ato sexual. Quando há hostilidade inconsciente em relação à parceira, sentimentos de culpa,
inferioridade. Depressão abuso de álcool, hipertensão, diabetes, patologia vascular, insuficiência
renal, insuficiência cardíaca, apneia do sono e, mais raramente, baixos níveis de testosterona.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNOS OU DISFUNÇÕES SEXUAIS


Dispareunia – desconforto ou dor na mulher, podem interferir na condição erétil do homem.
Aspectos orgânicos como hipertensão, diabete, patologia vascular, insuficiência renal, insuficiência
cardíaca, apneia do sono, eventuais baixos níveis de testosterona.
Para a mulher a dispareunia e a disfunção da excitação e orgasmo se associam a condições
crônicas como: problemas ginecológicos (vulvovestibulite, atrofia vulvovaginal, dor abdominal
crônica, sintomas do trato geniturinário baixo). Podem também estar envolvidas questões de
ordem psicológicas e transtornos mentais.
(DALGALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

PARAFILIAS
Exibicionismo – caracteriza-se pela compulsão ou prazer em mostrar o corpo nu, com ênfase nos
genitais a uma pessoa estranha, que geralmente está desprevenida e sente essa exposição como
uma violência. Mais comum em homens.

Voyeurismo – é a compulsão em observar uma pessoa, normalmente uma mulher, se despindo ou


tendo relações sexuais. O individuo, em geral homem, busca repetidamente as situações propícias
ao exibicionismo ou ao voyeurismo.

Transtorno do sadismo - o prazer e a excitação sexual encontram-se ligados ao ato de produzir, na


realidade ou na fantasia, dor, humilhação no parceiro(a) ou abusar dele(a) e subjugá-lo(a). Já no
transtorno do masoquismo ao contrário, a experiência é inversa, havendo prazer e excitação sexual
ao ser subjugado, humilhado, torturado ou ameaçado pelo parceiro.
(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

PARAFILIAS
Pedofilia – uma das mais frequentes e perturbadoras parafilias.
Caracteriza-se pela preferência em realizar, ativa ou na fantasia, práticas sexuais com crianças.
Pode ser homossexual, heterossexual, ou bissexual. Podendo ser o agressor e a vítima membros
da mesma família. A pedofilia pode incluir apenas jogos sexuais com a criança (observar ou
despir a criança ou despir-se frente a ela, masturbação ou relação completa com penetração
(vaginal, anal). O DSM 5 salienta que o indivíduo com o transtorno deva ter 16 anos ou ser 5
anos mais velho que a criança (s) envolvidas.

(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

PARAFILIAS
Fetichismo – caracteriza-se pela obtenção de prazer e excitação pelo uso particular de roupas,
adornos ou objetos. Em geral, exige e utiliza na masturbação ou no ato sexual, objetos
relacionados ao corpo, como sapatos, meias langerie, luvas. Masturbando-se ao contato com
tais objetos. (sofrimento, prejuízos sociais, profissionais ou outras áreas)

Zoofilia – um ou mais animais são utilizados para a atividade sexual, que pode incluir a
masturbação, contato oral genital ou coito completo.

Transtorno frotterista a excitação intensa e recorrente que resulta de tocar ou esfrega-se em


pessoas que não consentiram em tais atos.

(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL


São definidos como uma variedade de condições físicas, de patologias resultantes de anomalias
cromossômicas e do desenvolvimento sexual (p.ex. síndrome de insensibilidade aos andrógenos,
hiperplasia adrenal congênita) que resultam em características sexuais (anatômicas) mistas,
infertilidade e, mais raramente, genitália ambígua.

HIPERSEXUALIDADE
É a condição em que há impulso e comportamentos sexuais excessivos, que geram sofrimento
importante, tanto em homens como em mulheres. Pode implicar preocupações intensas e
repetitivas com fantasias sexuais, necessidade constante e intensa de sexo e comportamentos
sexuais excessivos que produzem sofrimento e prejuízo psicossocial ao indivíduo.

(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

VARIABILIDADE DA SEXUALIDADE HUMANA


O termo “sexo” é mais utilizado no sentido biológico, como a dimensão estritamente biológica que
caracteriza os animais sexuados (inclusive os humanos na sua dimensão biológica).

O termo “gênero” é utilizado para caracterizar os aspectos comportamentais, psicológicos,


sociológicos, culturais e políticos diferenciais entre o gênero feminino e masculino ou mesmo a
ausência ou negação desses dois gêneros.

Papel ou expressão de gênero é o modo como a pessoa se comporta, expressando socialmente seu
gênero. Por identidade de gênero entende-se o senso íntimo, pessoal, de perceber-se, sentir-se e
desejar ser e viver como uma pessoa do gênero feminino ou masculino. Deve-se chamar tenção
para o fato de a incongruência de gênero/disforia de gênero (CID 11 e DSM 5) ser condição
relacionada à identidade de gênero (incluindo, geralmente, também o papel de gênero), e a
homossexualidade se referir à orientação do desejo sexual.
(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

VARIABILIDADE DA SEXUALIDADE HUMANA


Não se conhecem os fatores que estão na origem causal da incongruência de gênero. Fatores
biológicos, assim como fatores psicológicos e socioculturais, têm sido investigados. Há evidências
para fatores genéticos, pois estudos com gêmeos revelam concordância significativamente maior
entre gêmeos monozigóticos quando comparados a dizigóticos.
Em uma revisão ampla de artigos internacionais publicados entre 2005 e 2015 sobre
comportamento suicida na população transgênero, identificou-se que: na Índia, 50% tentaram o
suicídio pelo menos uma vez antes dos 20 anos de idade; nos Estados Unidos, 41% tentaram pelo
menos uma vez na vida o suicídio; na Austrália, 50%; na Inglaterra, 48%. As tentativas de suicídio e
o suicídio completo foram associados aos seguintes fatores: rejeição e ausência de suporte pela
família e sociedade, abuso sexual na infância, abandono escolar precoce, casamentos forçados,
exploração sexual e financeira por parceiros e polícia e falta de medidas legais de proteção
(Virupaksha et al., 2016).
(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

HOMOSSEXUALIDADE E BISSEXUALIDADE
A homossexualidade refere-se à condição na qual o interesse e o desejo erótico orientam-se em
direção a pessoas do mesmo gênero. Em geral, mas não sempre, é um padrão duradouro de
estruturação do desejo sexual. A bissexualidade, por sua vez, se refere a pessoas que sentem
interesse e desejos eróticos por pessoas dos dois gêneros, seja simultânea ou alternadamente, em
suas vidas.
Tendem a sofrer mais com transtornos mentais em função de discriminação, violência na escola,
trabalho, ambientes públicos, igreja, família.
(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

HOMOFOBIA E TRANSFOBIA
Homofobia é o conjunto de discursos e ideologias, comportamentos, atitudes e ações sistemáticas
de ódio, rejeição e/ou desprezo contra pessoas homossexuais pelo simples fato de serem
homossexuais ou bissexuais.
Transfobia é o mesmo para a população transgênero, muitas vezes de forma mais intensa. São
formas de preconceito e discriminação hediondas e inaceitáveis e que devem ser claramente
combatidas.

Em 68 países, apurou-se (ONG Transgender Europe) que, entre 01 de janeiro de 2008 e 30 de


setembro de 2016, foram assassinadas 2.264 pessoas transgênero (destas, cerca de 900 foram no
Brasil). Em 2006, no Brasil, estima-se que foram mortas em torno de 340 pessoas LGBT, e, em 2015,
318. Estima-se que o Brasil seja o país onde há mais assassinatos em números absolutos de
pessoas transgênero (ONG TransgenderEurope); a maioria dos homicídios relatados constitui
“crimes de ódio” (as pessoas são mortas pelo simples fato de serem LGBT) (Mott L., rupo Gay da
Bahia-GGB).
(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

OUTROS PROBLEMAS RELACIONADOS À SEXUALIDADE


Misoginia (ódio e repulsa às mulheres e a tudo que seja ligado ao feminino) e seu aspecto mais
extremo, feminicídio, o crime de ódio no qual o assassinato de mulheres ocorre por questões de
gênero, ou seja, a mulher é assassinada simplesmente por ser mulher. Esse crime, com maior
frequência, é perpetrado por parceiros ou ex-parceiros no âmbito doméstico (o homicídio ocorre
geralmente após anos de violência doméstica, estupro, agressões e ofensas). Trata-se de crime
motivado por desprezo, ódio ou sensação de perda do controle e de propriedade sobre a mulher.

(DALALARRONDO, 2019)
Sexualidade e psicopatologia

OUTROS PROBLEMAS RELACIONADOS À SEXUALIDADE


O abuso sexual e o estupro são fenômenos trágicos e dolorosos que integram a vida diária da
maioria das sociedades atuais (OMS, 2005). Por parte do agressor é uma forma de descarregar a
tensão, a agressividade ou o sadismo sobre uma vítima que não pode lhe oferecer resistência.
A maioria das vítimas são mulheres adolescentes ou jovens, e o agressor, as vezes homens
conhecidos das vítimas, podendo ser (pais, padrastos, tios, irmãos mais velhos). Durante o
estupro, a vítima geralmente sente grande medo e pânico, podendo experimentar “estado de
choque”.
Após, a vítima pode se sentir muito envergonhada, deprimida, humilhada, com raiva e
medo. Os estudos e a experiência clínica indicam forte relação entre abuso sexual na infância e
transtorno da conduta na adolescência, transtorno da personalidade (borderline, ou histriônica
em especial), depressão, transtornos alimentares e abuso de substâncias na vida adulta.
Vídeoaula 2

Temas trabalhados
Tópico 6: Do sintoma à síndrome.
Tópico 7: Síndromes relacionadas ao comportamento alimentar.
Tópico. 8: Transtorno devido ou relacionados a substâncias e comportamentos aditivos.
Tópico. 9: Síndromes relacionadas ao sono.
Tópico. 10: Sexualidade e psicopatologia.

Você também pode gostar