Apostila Enfermagem
Apostila Enfermagem
Apostila Enfermagem
7908403532131
FSCMP-PA
FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
Técnico de Enfermagem
EDITAL Nº 01/SEPLAD-FSCMP, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2022
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Língua Portuguesa
1. Leitura, compreensão e interpretação de texto(s) original(is) ou adaptado(s), de natureza diversa: descritivo, narrativo e
dissertativo, e de diferentes gêneros, como por exemplo: poema, crônica, notícia, reportagem, editorial, artigo de opinião,
texto ficcional, texto argumentativo, informativo, normativo, charge, tirinha, cartun, propaganda, ensaio e outros. Identificar
a ideia central de um texto; Identificar informações no texto; Estabelecer relações entre ideia principal e ideias secundárias;
Relacionar uma informação do texto com outras informações oferecidas no próprio texto ou em outro texto; Relacionar
uma informação do texto com outras informações pressupostas pelo contexto; Analisar a pertinência de uma informação do
texto em função da estratégia argumentativa do autor; Depreender de uma afirmação explícita outra afirmação implícita;
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão, considerando: o contexto e/ou universo temático e/ou estrutura morfológica
da palavra (radical, afixos e flexões);Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais com informações
de ilustrações ou fatos e/ou gráficos ou tabelas e/ou esquemas; Relacionar informações constantes de texto com conheci-
mentos prévios, identificando situações de ambiguidade ou de ironia, opiniões, valores implícitos e pressuposições. Conhe-
cimentos linguísticos gerais e específicos relativos à leitura e interpretação de texto, recursos sintáticos e semânticos, do
efeito de sentido de palavras, expressões e ilustrações.............................................................................................................. 7
2. Interpretação de recursos coesivos na construção do texto........................................................................................................ 16
3. Conteúdos gramaticais e conhecimento gramatical de acordo com o padrão culto da língua:FONÉTICA: acento tônico, sílaba,
sílaba tônica, ortoépia e prosódia................................................................................................................................................ 17
4. Ortografia: divisão silábica, acentuação gráfica, correção ortográfica........................................................................................ 18
5. Morfologia: estrutura dos vocábulos; elementos mórficos; processos de formação de palavras; derivação, composição e
outros processos; classes de palavras; classificação, flexões nominais e verbais, emprego........................................................ 19
6. Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................... 30
7. Crase............................................................................................................................................................................................ 30
8. Colocação de pronomes: próclise, mesóclise, ênclise................................................................................................................. 31
9. Semântica: antônimos, sinônimos, homônimos e parônimos..................................................................................................... 31
10. Pontuação: emprego dos sinais de pontuação............................................................................................................................ 31
Noções de Informática
1. Sistema operacional e ambiente, Windows 8 .......................................................................................................................... 109
2. Windows 10............................................................................................................................................................................. 111
3. Edição de textos, planilhas e apresentações utilizando LibreOffice (Calc, Write e Impress), no ambiente Windows ................. 113
4. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e
procedimentos de Intranet ..................................................................................................................................................... 117
5. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas .............................................. 123
6. Conceitos Básico de Computação em Nuvem (Cloud Computing): Definição e tipos de nuvens (privada, pública e híbrida)..... 126
Conhecimentos Específicos
Técnico de Enfermagem
1. Exercício e ética profissional: Código de ética dos profissionais de enfermagem........................................................................ 243
2. Regulamentação do exercício profissional.................................................................................................................................... 248
3. Biossegurança............................................................................................................................................................................... 250
4. Educação em saúde...................................................................................................................................................................... 254
5. Relações humanas........................................................................................................................................................................ 264
6. Higiene e profilaxia....................................................................................................................................................................... 269
7. Anatomia e fisiologia humanas..................................................................................................................................................... 276
8. Microbiologia e parasitologia....................................................................................................................................................... 309
9. Atendimento de emergência e primeiros socorros....................................................................................................................... 320
10. Técnicas básicas de enfermagem: Sinais vitais, Mensuração de altura e peso, Assepsia e controle de infecção. Sondagens
gástrica e vesical. Oxigenioterapia. Curativo................................................................................................................................. 368
11. Biossegurança. ............................................................................................................................................................................. 397
12. Administração de medicamentos (noções de farmacologia, cálculo para dosagem de drogas e soluções, vias de administração
e cuidados na aplicação, venoclise).............................................................................................................................................. 398
13. Prevenção de úlceras de pressão.................................................................................................................................................. 407
14. Coleta de material para exames laboratoriais.............................................................................................................................. 407
15. Enfermagem médico-cirúrgica: Cuidados de enfermagem ao paciente com distúrbios endócrinos, cardiovasculares, pulmo-
nares, auto-imunes e reumatológicos, digestivos, neurológicos e do sistema hematopoiético................................................... 419
ÍNDICE
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LÍNGUA PORTUGUESA
Procura expor ideias, sem a necessidade a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
de defender algum ponto de vista. Para tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
isso, usa-se comparações, informações, vista defendidos.
TEXTO EXPOSITIVO As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo- uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
argumentativo. veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
de modo que sua finalidade é descrever,
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur-
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
em verbos de ligação. sos de linguagem.
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
Oferece instruções, com o objetivo de voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
são os verbos no modo imperativo. escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
Gêneros textuais
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
Alguns exemplos de gêneros textuais:
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
• Artigo
enunciador está propondo.
• Bilhete
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Bula
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
• Carta
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
• Conto
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
• Crônica
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• E-mail
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
• Lista
mento de premissas e conclusões.
• Manual
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Notícia
A é igual a B.
• Poema
A é igual a C.
• Propaganda
Então: C é igual a A.
• Receita culinária
• Resenha
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Seminário
que C é igual a A.
Outro exemplo:
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
Todo ruminante é um mamífero.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
A vaca é um ruminante.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
Logo, a vaca é um mamífero.
dade e à função social de cada texto analisado.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
ARGUMENTAÇÃO
também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
propõe.
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
outro fundado há dois ou três anos.
8
LÍNGUA PORTUGUESA
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten- as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
der bem como eles funcionam. confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó- carentes de qualquer base científica.
rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas Argumento de Existência
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi- aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar-
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, do que dois voando”.
essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre-
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori- tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante
zado numa dada cultura. a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci-
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
Tipos de Argumento afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
mento. Exemplo: vios, etc., ganhava credibilidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
por bem determinar o internamento do governador pelo período de que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al- ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi- a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
tal por três dias. gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação comportamento.
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
texto tem sempre uma orientação argumentativa. da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto mica e até o choro.
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó- Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-
outras, etc. Veja: vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca- dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
vam abraços afetuosos.” “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de-
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
injustiça, corrupção). seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
o argumento. ver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por mente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ria contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
ta.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
o assunto, etc). válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
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LÍNGUA PORTUGUESA
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Claro que não!
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos Exemplos de sofismas:
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Dedução
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Todo professor tem um diploma (geral, universal)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Fulano tem um diploma (particular)
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
da verdade:
- evidência; Indução
- divisão ou análise; O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu-
- ordem ou dedução; lar) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
- enumeração. Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão – conclusão falsa)
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê- pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con- tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con- infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não ados nos sentimentos não ditados pela razão.
caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de ra- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
ciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o particular, tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
do método dedutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das con- outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
sequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partin- ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
do-se de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) pesquisa.
Fulano é homem (premissa menor = particular) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Logo, Fulano é mortal (conclusão) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O calor dilata o ferro (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o bronze (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o cobre (particular) o relógio estaria reconstruído.
O ferro, o bronze, o cobre são metais Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- relacionadas:
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de sofisma no seguinte diálogo: de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? lha dos elementos que farão parte do texto.
- Lógico, concordo.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
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LÍNGUA PORTUGUESA
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- ma espécie. Exemplo:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as Elemento especie diferença
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se a ser definido específica
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís- - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, ou instalação”;
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos
sabiá, torradeira. os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais dida;d
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração diferenças).
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
(Garcia, 1973, p. 302304.) paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- vra e seus significados.
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
de vista sobre ele. mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- mentação coerente e adequada.
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
- o termo a ser definido; expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
- o gênero ou espécie; elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- a diferença específica. cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma- za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
ção: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- parece absurdo).
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de cretos, estatísticos ou documentais.
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
virtude de, em vista de, por motivo de. realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
ção. Na explicitação por definição, empregam-se expressões como: julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
assim, desse ponto de vista. -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de gumentação:
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de dadeira;
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... dade da afirmação;
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
que, melhor que, pior que. em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraar-
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- gumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- gera o controle demográfico”.
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
caráter confirmatório que comprobatório. elaboração de um Plano de Redação.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse tecnológica
caso, incluem-se - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
mortal, aspira à imortalidade); ta, justificar, criando um argumento básico;
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
dos e axiomas); construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
(rever tipos de argumentação);
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias Todos os textos transmitem explicitamente certas informações,
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ- explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos qua-
ência); tro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o implícito. Não diz também com explicitude que há oposição entre
argumento básico; Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implíci-
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
to. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que
mento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro,
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa
menos a seguinte: habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes
ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que
Introdução rejeitaria se os percebesse.
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia; Os significados implícitos costumam ser classificados em duas
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. categorias: os pressupostos e os subentendidos.
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logica-
Desenvolvimento mente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas na
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- superfície da frase. Exemplo:
vimento tecnológico; “André tornou-se um antitabagista convicto.”
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”,
desenvolvidos; decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se
sado; apontar semelhanças e diferenças; um vegetal.
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
banos; “Eu ainda não conheço a Europa.”
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar A informação explícita é que o enunciador não tem conheci-
mais a sociedade. mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta
a possibilidade de ele um dia conhecê-la.
Conclusão As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep-
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ- tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém,
ências maléficas; devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por-
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo
apresentados.
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
ção: é um dos possíveis. tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
Texto: receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses cra- um elemento inesperado.
ques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois
um longo caminho a trilhar (...).” eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor-
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
Esse texto diz explicitamente que: em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques; confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pen-
- Neto não tem o mesmo nível desses craques; samento montado pelo enunciador.
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon-
O texto deixa implícito que:
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
ques citados; que segue:
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialida- “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvi-
de esportiva; do o problema da seca no Nordeste.”
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
peito ao tempo disponível para evoluir. O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
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LÍNGUA PORTUGUESA
um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer- Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo importam com a coletividade.
se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restriti-
va. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se refere à
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que
levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjun-
vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e to. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com segundo o pressuposto que quiser comunicar.
pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser em- grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita
baraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde
situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse
emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta: “Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria
“Como vai você no seu novo emprego?” ser fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subentendi-
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri- do. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível
gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que decorre
manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo necessariamente do sentido de algum elemento linguístico coloca-
estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego do na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implici-
diferente do anterior. tamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabi-
lidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido
Marcadores de Pressupostos literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depre-
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo endeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se o dono
Julinha foi minha primeira filha. da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas,
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a
nasceram depois de Julinha. intensidade do frio.
Destruíram a outra igreja do povoado. O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se
da usada como referência. comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário re-
cémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte:
- Certos verbos “Competência e mérito continuam não valendo nada como cri-
Renato continua doente. tério de promoção nesta empresa...”
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
mento anterior ao presente. Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?”
Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi- Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subentendi-
desque não existia em português. do, poderia responder:
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
- Certos advérbios
A produção automobilística brasileira está totalmente nas estrutura e organização do texto e dos parágrafos
mãos das multinacionais. São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús- to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
tria automobilística nacional. cada uma de forma isolada a seguir:
- Você conferiu o resultado da loteria?
- Hoje não. Introdução
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limi- É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
tado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da
loteria. Desenvolvimento
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
- Orações adjetivas desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
os cruzamentos, etc. lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
com a coletividade. tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
São três principais erros que podem ser cometidos na elaboração do desenvolvimento:
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, dificultando a linha de compreensão do leitor.
Conclusão
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desenvolvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamentos
levantados pelo autor.
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
Parágrafo
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve conter
introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira sintética de acordo com os objetivos do autor.
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibilidade
na discussão.
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupostos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:
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LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão diferentes, precisamos de entender o que é fonema e letra.
de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a co- Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala.
erência. Veja quais são os principais princípios para um texto coe- Atenção: estamos falando de menores unidades de som, não de sí-
rente: labas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-.
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contradi- Porém, o primeiro som é pê (P) e o segundo som é a (A).
tórias em diferentes partes do texto. Letra: as letras são as menores unidades gráfica de uma pa-
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundan- lavra.
te, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o
si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumenta- primeiro som; e P é a primeira letra.
ção. Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos en-
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tender melhor o que é e como se compõe uma sílaba.
tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações no- Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emi-
vas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à pro- tido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal.
gressão de ideias. A sílabas são classificadas de dois modos:
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomen- Classificação quanto ao número de sílabas:
dáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimen- As palavras podem ser:
to de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao – Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi,
longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do luz, é...)
leitor; e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessan- – Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí,
tes e pouco previsíveis. bota, água...)
– Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde,
CONTEÚDOS GRAMATICAIS E CONHECIMENTO GRA- circuito, boneca...)
MATICAL DE ACORDO COM O PADRÃO CULTO DA – Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento,
LÍNGUA:FONÉTICA: ACENTO TÔNICO, SÍLABA, SÍLABA jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...)
TÔNICA, ORTOÉPIA E PROSÓDIA
Classificação quanto à tonicidade
As palavras podem ser:
Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinônimos. – Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
Mas, embora as duas pertençam a uma mesma área de estudo, elas -já, ra-paz, u-ru-bu...)
são diferentes. – Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)
Fonética – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Segundo o dicionário Houaiss, fonética “é o estudo dos sons da (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
fala de uma língua”. O que isso significa? A fonética é um ramo da
Linguística que se dedica a analisar os sons de modo físico-articula- Lembre-se que:
dor. Ou seja, ela se preocupa com o movimento dos lábios, a vibra- Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia fo-
ção das cordas vocais, a articulação e outros movimentos físicos, nética.
mas não tem interesse em saber do conteúdo daquilo que é falado. Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia
A fonética utiliza o Alfabeto Fonético Internacional para representar fonética.
cada som. Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pronun-
Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca, ciada com mais força.
lábios...) que cada som faz, desconsiderando o significado desses
sons. Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos
entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras.
Fonologia
A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas Divisão silábica
ela se preocupa em analisar a organização e a classificação dos A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja,
sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para separar
da fonologia, também, cuidar de aspectos relativos à divisão silábi- uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste pro-
ca, à acentuação de palavras, à ortografia e à pronúncia. cesso:
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pala- Uso do “S”, “SS”, “Ç”
vra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da, co- • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...) diversão)
• Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-lo- • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
-go, pa-trão...) • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
Deve-se separar:
• Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas Os diferentes porquês
(sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...)
• Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce- Usado para fazer perguntas. Pode ser
-ção...) POR QUE
substituído por “por qual motivo”
• Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-lia,
rit-mo...) Usado em respostas e explicações. Pode
PORQUE
ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece
ORTOGRAFIA: DIVISÃO SILÁBICA, ACENTUAÇÃO GRÁ- como a última palavra da frase, antes da
FICA, CORREÇÃO ORTOGRÁFICA POR QUÊ
pontuação final (interrogação, exclamação,
ponto final)
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes É um substantivo, portanto costuma vir
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- ou pronome
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
também faz aumentar o vocabulário do leitor. Parônimos e homônimos
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar núncia semelhantes, porém com significados distintos.
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
atento! go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
Alfabeto grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co- “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Or-
consoantes (restante das letras). tografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utili-
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram zados no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída,
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Uso do “X” Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a in-
X no lugar do CH: tensidade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer- escrita semelhante.
gar) A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A
• Depois de ditongos (ex: caixa) palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex:
Uso do “S” ou “Z” café)
Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- • PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa.
servadas: (Ex: automóvel)
• Depois de ditongos (ex: coisa) • PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” intensa. (Ex: lâmpada)
(ex: casa > casinha) As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são de-
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou nominadas sílabas átonas.
origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
populoso)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Regras fundamentais
Regras especiais
REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não saída, faísca, baú, país
de “S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus têm, obtêm, contêm,
compostos vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção
Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...
Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.
Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).
Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar
Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:
Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê
Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Curiosidades Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
uso de alguns prefixos (supercedo). • Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) presente, futuro do pretérito.
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem perfeito, futuro.
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
Pronomes
rito.
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes,
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no pretérito mais-que-perfeito, futuro.
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
nossos...) pio) ou advérbio (gerúndio).
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Tipos de verbos
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) Desse modo, os verbos se dividem em:
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) vender, abrir...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
Colocação pronominal (falir, banir, colorir, adequar...)
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas;
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons-
átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no
pentear-se...)
gerúndio antecedidos por “em”.
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
Nada me faria mais feliz. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
Vozes verbais
• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação,
Orgulhar-me-ei de meus alunos. podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- • Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
ções, nem após ponto-e-vírgula. • Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo
do lago)
Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a
(passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja
possuem subdivisões. equivalente ao verbo “ser”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)
Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar
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LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor
Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- Formação de Palavras
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
• Causa: Morreu de câncer. cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. palavra. Ex: flor; pedra
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Lugar: O vírus veio de Portugal. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Companhia: Ela saiu com a amiga. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Posse: O carro de Maria é novo. azeite
• Meio: Viajou de trem. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Combinações e contrações Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- palavras:
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração). Derivação
• Combinação: ao, aos, aonde A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
Conjunção lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- do (des + governar + ado)
mento de redigir um texto. • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
conjunções subordinativas. • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
Conjunções coordenativas para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- próprio – sobrenomes).
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em Composição
cinco grupos: A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
• Aditivas: e, nem, bem como. se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
• Adversativas: mas, porém, contudo. • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Conclusivas: logo, portanto, assim. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Explicativas: que, porque, porquanto. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
Conjunções subordinativas tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. -flor / passatempo.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Abreviação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
substantivas, definidas pelas palavras que e se.
• Causais: porque, que, como. Hibridismo
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Condicionais: e, caso, desde que. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Comparativas: como, tal como, assim como.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. Combinação
• Finais: a fim de que, para que. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
• Temporais: quando, enquanto, agora. recer + adolescente).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Intensificação Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga- sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto- da oração:
colizar (em vez de protocolar). Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Neologismo Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma- Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa- transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha) um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
uma qualidade sua)
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
As crianças brincaram no salão de festas.
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
Mariana é inteligente.
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.
Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- Termos integrantes da oração
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque. Os complementos verbais são classificados em objetos diretos
(não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
SINTAXE: TEORIA GERAL DA FRASE E SUA ANÁLISE: O cão precisa de carinho.
FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, FUNÇÕES SINTÁTICAS
Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos
A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta- ou advérbios.
belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia- A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
dos e suas unidades: frase, oração e período. Carlos tem inveja de Eduardo.
Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.
que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo. Os agentes da passiva são os termos que tem a função de pra-
Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal). ticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver- passiva. Costumam estar acompanhados pelas preposições “por”
bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo e “de”.
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
opcional. Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia- O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.
do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
(período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina- Termos acessórios da oração
lizados com a pontuação adequada. Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à
oração, funcionando como complementação da informação. Desse
Análise sintática modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío- o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto
do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre: adverbial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adno-
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado minal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
(caracteriza o sujeito, especificando-o).
nominais, agentes da passiva)
Os irmãos brigam muito.
• Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
biais, apostos)
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.
Termos essenciais da oração
Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. Tipos de Orações
O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente
predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo, sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que
onde o verbo está presente. existem na língua portuguesa: oração coordenada e oração subor-
dinada.
O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado, Orações coordenadas
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con- São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra,
centra no verbo impessoal): ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um pe-
Lúcio dormiu cedo. ríodo composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções
Aluga-se casa para réveillon. (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
Choveu bastante em janeiro.
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LÍNGUA PORTUGUESA
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:
Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.
SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. socialista, está sendo atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
precisam rever seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo. se preocupou com a fome no país.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou locuções
Assisti ao documentário denun-
REDUZIDAS conjuntivas.
ciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou infinitivo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.
Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.
Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.
Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.
Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.
Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.
Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.
Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.
Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.
Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.
Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.
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LÍNGUA PORTUGUESA
A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.
Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:
PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.
CRASE
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
xando de lado a capacidade de imaginar. pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
à esquerda. As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).
se:
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Polissemia e monossemia
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
mos uma reunião frente a frente. mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
atender daqui a pouco. um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. Denotação e conotação
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
fica a 50 metros da esquina. um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. da cadeira.
/ Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei Hiperonímia e hiponímia
minha avó até à feira. Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): ficado entre as palavras.
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
Ana da faculdade. tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos Limão é hipônimo de fruta.
à escola / Amanhã iremos ao colégio.
Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
COLOCAÇÃO DE PRONOMES: PRÓCLISE, MESÓCLISE, que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
ÊNCLISE farto / gatinhar – engatinhar.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.
Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.
No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
QUESTÕES ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
1. (FMPA – MG) (B) II e III
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- (C) III, apenas
te aplicada: (D) II, apenas
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. (E) I e II
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. 3. (UNIFOR CE – 2006)
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
(E) A cessão de terras compete ao Estado. sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
2. (UEPB – 2010) rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
maiores nomes da educação mundial na atualidade. suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
Carlos Alberto Torres indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que de.
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
[…]
p.68)
Rosa Maria Torres
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
o contexto, é
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
(A) ceticismo.
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
(B) desdém.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
(C) apatia.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
(D) desinteresse.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
(E) negligência.
indesejadas.
[…]
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema para os carros e os pedestres.
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- mônimos e parônimos.
mo, em relação à “diversidade”. (A) I e III.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- (B) II e III.
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura (C) II apenas.
no paradigma argumentativo do enunciado. (D) Todas incorretas.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
dade e identidade”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
5. (UFMS – 2009) 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de pressa esqueci o Quincas Borba”.
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (A) objeto direto
30/09/08. Em seguida, responda. (B) sujeito
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (C) agente da passiva
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (D) adjunto adverbial
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (E) aposto
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto. 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (A) Sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (B) Objeto direto
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (C) Predicativo do sujeito
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (D) Adjunto adverbial
mática na cabeça. (E) Adjunto adnominal
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa manhã de segunda-feira”.
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (A) Predicativo
la, lá vinham as palavras mágicas. (B) Complemento nominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (C) Objeto indireto
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (D) Adjunto adverbial
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (E) Adjunto adnominal
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de 10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen-
terror. te”. O termo destacado funciona como:
– E ele faz o quê? (A) Objeto indireto
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (B) Objeto direto
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia (C) Adjunto adnominal
usar trema nem se lembrava da regrinha. (D) Vocativo
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no (E) Sujeito
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. 11. (UFRJ) Esparadrapo
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
rão ao menos para determinar minha idade. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
– Esse aí é do tempo do trema.” cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
Assinale a alternativa correta. bulo*”.
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substitu-
ída por “nós”. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça texto. Sua função resume-se em:
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no coisa.
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
te.
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: (C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero to.
na salada – o meu jeito de querer bem.” (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
de: dos.
(A) objeto indireto e aposto
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
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LÍNGUA PORTUGUESA
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
É preciso que ela se encante por mim! “(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. queria correr nas lajes do pátio (...)”
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal hora (...)”
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
netas, borracha (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto: (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(B) Desejo que ela volte. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. ____________________.”
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam.
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
tem. mente a frase acima. Assinale-a.
(A) desfilando pelas passarelas internacionais.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (B) desista da ação contra aquele salafrário.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
um “se” que é . ________. (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora (E) tentamos aquele emprego novamente.
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito
(C) relativa, pronome reflexivo 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora lacunas do texto a seguir:
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- arte.”
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e (C) bastante - por - meias - ao - a - à
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena (D) meias - para - muito - pelo - em - por
dos dois, a mãe ficava furiosa.) (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis com a gramática:
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá- II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
riam rompidas mais uma vez. IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente,
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem (A) em I e II
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas (B) apenas em IV
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- (C) apenas em III
te. (D) em II, III e IV
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.) (E) apenas em II
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo Hoje, só ___ ervas daninhas.
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (A) fazem, havia, existe
oitenta ainda está ativo e presente. (B) fazem, havia, existe
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- (C) fazem, haviam, existem
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” (D) faz, havia, existem
(E) faz, havia, existe
LUFT, 2014, p.104-105
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LÍNGUA PORTUGUESA
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
dância verbal, de acordo com a norma culta: tas nos itens a seguir:
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. migos de hipócritas;
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. desprezo por tudo;
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma A frase reescrita está com a regência correta em:
culta é: (A) I apenas
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (B) II apenas
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (C) III apenas
líderes pefelistas. (D) I e III apenas
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (E) I, II e III
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
íses passou despercebida. 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
social. (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição. 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
as lacunas correspondentes.
erroneamente, exceto em:
A arma ___ se feriu desapareceu.
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
Estas são as pessoas ___ lhe falei.
(B) É um privilégio estar aqui hoje.
Aqui está a foto ___ me referi. (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. (D) A criança estava com desinteria.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. (E) O bebedoro da escola estava estragado.
(A) que, de que, à que, cujo, que. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. classificação.
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. “____________ o céu é azul?”
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa: sito pelo caminho.”
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(B) Informei-lhe a nota obtida. ao nosso encontro.”
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
sinais de trânsito. diais. ____________?”
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(E) Muita gordura não implica saúde. (B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem (D) Porquê – porque – por quê – Por que
ser seguidos pela mesma preposição: (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(A) ávido / bom / inconsequente
(B) indigno / odioso / perito 29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô-
(C) leal / limpo / oneroso nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que
(D) orgulhoso / rico / sedento se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma
(E) oposto / pálido / sábio frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio-
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada.
Assinale-a.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente.
(B) O infrator foi preso em flagrante.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura.
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão.
36
LÍNGUA PORTUGUESA
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão 36. (IFAL - 2011)
grafadas corretamente.
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras nião, 12.10.2010)
de acentuação da língua padrão. O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- do na alternativa:
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- frimento da infância mais pobre.”
seguia se recompôr e viver tranquilo. (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
Remígio resolveu pedí-la em casamento. sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, sofrimento da infância mais pobre.”
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. (C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
tuadas devido à mesma regra: sofrimento da infância mais pobre.”
(A) saí – dói (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(B) relógio – própria importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(C) só – sóis sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
(D) dá – custará sofrimento, da infância mais pobre.”
(E) até – pé (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. sofrimento da infância mais pobre.”
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni-
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- 37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se tuação:
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em se atrasaram.
L. (B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. atrasaram, porém.
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – (C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
eu. (D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. (E) N.D.A
34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras, 38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à
assinale a afirmação verdadeira. pontuação.
(A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente, (A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirma-
como “também” e “porém”. ram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas
(B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela articulações.”.
mesma razão. (B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por
(C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela parte dos pacientes são baixas.
mesma razão que a palavra “país”. (C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diag-
(D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí- nosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
rem monossílabos tônicos fechados. (D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção
(E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por- do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o do-
que todas as paroxítonas são acentuadas. ente confie em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local
35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala- da inflamação é bastante intensa!
vra é acentuada graficamente:
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(C) saudade, onix, grau, orquídea
(D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus
37
LÍNGUA PORTUGUESA
39. (ENEM – 2018)
Física com a boca
Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.
Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.
38
LÍNGUA PORTUGUESA
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
(A) Tatuar o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
(B) Quando ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
(C) Doutor um contador na rede social.
(D) Ainda Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(E) Além dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
ras? a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
(A) rosa, deve, navegador; ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(B) barcos, grande, colado;
(C) luta, após, triste; (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
(D) ringue, tão, pinga;
(E) que, ser, tão. Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- usuários longe da rede social.”
se de uma língua: o fonético e o gramatical. A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
Verifique a que nível se referem as características do português (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). ticamente.
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
formas com gerúndio, como estou fazendo. possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em raria o sentido do texto.
palavras como académico e antónimo, (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
como em contacto e facto. informação nova.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
de ir até lá. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
qual são introduzidas de forma mais generalizada
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de
cima para baixo, é: 47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(A) 2 – 1 – 1 – 2. dem a um adjetivo, exceto em:
(B) 2 – 1 – 2 – 1. (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(D) 1 – 1 – 2 – 2. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(E) 1 – 2 – 2 – 1. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
sem fim.
44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
guintes palavras:
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(B) descompõem, desempregados, desejava só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(C) estendendo, escritório, espírito respectivamente:
(D) quietação, sabonete, nadador (A) adjetivo, adjetivo
(E) religião, irmão, solidão (B) advérbio, advérbio
(C) advérbio, adjetivo
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras (D) numeral, adjetivo
não é formada por prefixação: (E) numeral, advérbio
(A) readquirir, predestinado, propor
(B) irregular, amoral, demover 49. (ITA-SP)
(C) remeter, conter, antegozar Beber é mal, mas é muito bom.
(D) irrestrito, antípoda, prever
(E) dever, deter, antever (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (A) adjetivo
Uma organização não governamental holandesa está propondo (B) substantivo
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias (C) pronome
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (D) advérbio
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (E) preposição
39
LÍNGUA PORTUGUESA
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
36 E
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem 37 A
pela ordem, a: 38 A
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome
39 B
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 40 A
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 41 D
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
42 D
GABARITO 43 B
44 D
45 E
1 C
46 D
2 B
47 B
3 D
48 B
4 C
49 B
5 C
50 E
6 A
7 D
8 C ANOTAÇÕES
9 B
10 E ______________________________________________________
11 C ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________
13 E
______________________________________________________
14 B
15 A ______________________________________________________
16 C ______________________________________________________
17 A
______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 D
20 C ______________________________________________________
21 E ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 A
24 D ______________________________________________________
25 E ______________________________________________________
26 A
______________________________________________________
27 B
______________________________________________________
28 C
29 B ______________________________________________________
30 A ______________________________________________________
31 E
______________________________________________________
32 B
33 E ______________________________________________________
34 B ______________________________________________________
35 B
______________________________________________________
40
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
41
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
42
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela- resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica que vedado o tratamento para outras finalidades.” (NR)
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, “Art. 27. ....................................................................................
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício ................
dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação.” (NR)
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do “Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-
de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como na tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
contratação e exclusão de beneficiários.” (NR) para garantir o cumprimento desta Lei.” (NR)
“Art. 18. .................................................................................... “Art. 41. ....................................................................................
................... ................
.................................................................................................... ....................................................................................................
...................... ....................
V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou § 4º (VETADO).” (NR)
produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula- “Art. 52. ....................................................................................
mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer- .................
cial e industrial; ....................................................................................................
.................................................................................................... ....................
...................... X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a
§ 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses,
agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti- prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de
lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo- tratamento pelo controlador;(Promulgação partes vetadas)
queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da-
nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos- dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de
sível ou implique esforço desproporcional. 6 (seis) meses, prorrogável por igual período;(Promulgação partes
.................................................................................................... vetadas)
..............” (NR) XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades relacio-
“Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de nadas a tratamento de dados.(Promulgação partes vetadas)
decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa- ....................................................................................................
tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as .....................
decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de § 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san-
consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade. ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11
.................................................................................................... de setembro de 1990, e em legislação específica.
...................... § 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste
§ 3º (VETADO).” (NR) artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem
“Art. 23. .................................................................................... prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
.................. na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de
.................................................................................................... novembro de 2011. (Promulgação partes vetadas)
..................... ....................................................................................................
III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera- .....................
ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta § 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD,
Lei; e inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa
IV - (VETADO). de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de
.................................................................................................... julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995.
............” (NR) § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste
“Art. 26. .................................................................................... artigo serão aplicadas: (Promulgação partes vetadas)
................ I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san-
§ 1º ........................................................................................... ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo
................. para o mesmo caso concreto; e (Promulgação partes vetadas)
.................................................................................................... II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e
..................... entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos.
IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res- (Promulgação partes vetadas)
paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou
43
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados “Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança
de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con- da ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder
ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o Executivo federal.”
controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata “Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções
este artigo.” (NR) de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no-
“Art. 55-A. (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) meados ou designados pelo Diretor-Presidente.”
“Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.” “Art. 55-J. Compete à ANPD:
“Art. 55-C. A ANPD é composta de: I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da le-
I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; gislação;
II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial,
vacidade; observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações
III - Corregedoria; quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os
IV - Ouvidoria; fundamentos do art. 2º desta Lei;
V - (Revogado pela Medida Provisória nº 1.124, de 2022) III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de
VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces- Dados Pessoais e da Privacidade;
sárias à aplicação do disposto nesta Lei.” IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de da-
“Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 dos realizado em descumprimento à legislação, mediante processo
(cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o di-
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- reito de recurso;
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação;
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de VI - promover na população o conhecimento das normas e das
nível 5. políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre de segurança;
brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa- VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
os quais serão nomeados. VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4 que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados
(quatro) anos. pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificidades
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor das atividades e o porte dos responsáveis;
nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote-
de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação. ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de ou transnacional;
membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será comple- X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra-
tado pelo sucessor.” tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e
“Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão industrial;
seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú-
em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis- blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in-
trativo disciplinar. forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa-
Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis- XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativi-
são especial constituída por servidores públicos federais estáveis. dades;
§ 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas- XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de
tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac-
comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul- to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento
gamento.” representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção
“Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o de dados pessoais previstos nesta Lei;
exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em maté-
maio de 2013. rias de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e
Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo planejamento;
caracteriza ato de improbidade administrativa.” XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de
“Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es- gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha-
trutura regimental da ANPD. mento de suas receitas e despesas;
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen- XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm-
tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a
da Presidência da República para o exercício de suas atividades. devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo,
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de
ANPD.” tratamento, incluído o poder público;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen- Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão central
acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e dire-
de 1942; trizes para a sua implementação.”
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifica- “Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD:
dos e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microem- I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os
presas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empre- créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re-
sariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem passes que lhe forem conferidos;
startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei; II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu- lhe forem destinados;
ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten- III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e
dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro imóveis de sua propriedade;
de 2003 (Estatuto do Idoso); IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, das receitas previstas neste artigo;
sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos V - (VETADO);
omissos; VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou contra-
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- tos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públicos
nais das quais tiver conhecimento; ou privados, nacionais ou internacionais;
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- dos e informações, inclusive para fins de licitação pública.”
ção pública federal; “Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes,
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- titulares e suplentes, dos seguintes órgãos:
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal;
XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por II - 1 (um) do Senado Federal;
meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento III - 1 (um) da Câmara dos Deputados;
de dados pessoais em desconformidade com esta Lei. IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça;
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público;
de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil;
limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela-
de mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios cionada a proteção de dados pessoais;
e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fe- VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de ino-
deral e nesta Lei. vação;
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das ca-
ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná- tegorias econômicas do setor produtivo;
lises de impacto regulatório. X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e
regulação de setores específicos da atividade econômica e gover- XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral.
namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes § 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente
esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas da República, permitida a delegação.
atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio- § 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e
namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu-
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei. lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública.
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in- § 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X e
clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades da XI do caput deste artigo e seus suplentes:
administração pública responsáveis pela regulação de setores espe- I - serão indicados na forma de regulamento;
cíficos da atividade econômica e governamental, a fim de facilitar as II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no
competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD. Brasil;
§ 5º No exercício das competências de que trata o caput deste III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon-
artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do dução.
segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei. § 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados
§ 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço pú-
do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e blico relevante, não remunerada.”
as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas “Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da-
de forma padronizada.” dos Pessoais e da Privacidade:
“Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe- I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela-
te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências Privacidade e para a atuação da ANPD;
correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das 4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- princípios da administração pública (art. 11).
vacidade;
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992
IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas
sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes- atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37
soais e da privacidade à população.” da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada
“Art. 65. Esta Lei entra em vigor: pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na-
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação, cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
quanto aos demais artigos.” (NR)
Art. 3º Ficam revogados os §§ 1º e 2º do art. 7º da Lei nº 13.709, CAPÍTULO I
de 14 de agosto de 2018. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade
Brasília, 8 de julho de 2019; 198o da Independência e 131o da administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no
República. exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 14.230, de 2021)
LEI FEDERAL N. 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
de 2021)
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA § 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con-
A improbidade administrativa é a falta de probidade do servi- dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados
dor no exercício de suas funções ou de governantes no desempe- tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
nho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de improbidade 2021)
administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda § 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
do Erário (patrimônio da administração), na forma e gradação pre- bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. de 2021)
Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa no § 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe-
texto constitucional houve um reflexo da preocupação com a ética tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
na Administração Pública, para evitar a corrupção de servidores. afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, §4º, (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional pela Lei Fe- § 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta
deral Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as sanções apli- Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona-
cáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza-
pública direta, indireta ou fundacional.” ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju-
qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração. diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
Agente público, para os efeitos desta lei, é todo aquele que exer- União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído
ce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, pela Lei nº 14.230, de 2021)
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de § 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida-
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Con- de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
tudo, a lei também poderá ser aplicada, àquele que, mesmo não subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú-
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou in- pela Lei nº 14.230, de 2021)
direta. § 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
Os atos que constituem improbidade administrativa podem ser estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica-
divididos em quatro espécies: dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou
1. Ato de improbidade administrativa que importa enriqueci- custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
mento ilícito (art. 9º) receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à
2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erá- repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In-
rio (art. 10) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
3) Ato de improbidade administrativa decorrente de concessão
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-
A)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí-
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en- culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
tidades mencionadas no art. 1° desta lei; de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio-
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público,
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
art. 1° desta lei. XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa-
SEÇÃO II da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM nº 11.107, de 2005)
PREJUÍZO AO ERÁRIO XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi-
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe- XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo-
tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração
referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias,
Lei nº 14.230, de 2021) sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli-
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos
patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação pela administração pública a entidade privada mediante celebração
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri- mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo (Vigência)
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida-
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula-
à espécie; mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper- (Vigência)
sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren- XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca-
das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
por preço inferior ao de mercado; irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem pela Lei nº 13.204, de 2015)
ou serviço por preço superior ao de mercado; XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
VI - realizar operação financeira sem observância das normas XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu-
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
nea; Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser- 14.230, de 2021)
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es- § 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais
pécie; ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra- sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído
tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo- pela Lei nº 14.230, de 2021)
nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô-
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza- mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro-
das em lei ou regulamento; vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, 14.230, de 2021)
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
gular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
queça ilicitamente;
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o poder público na época do cometimento da infração, podendo § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti-
o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em go será atualizada anualmente e na data em que o agente público
caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside- outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a
rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do
na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada
reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021) § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo CAPÍTULO V
a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI-
14.230, de 2021) CIAL
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-
improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das tinada a apurar a prática de ato de improbidade.
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica, § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
de 2021) sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute- conhecimento.
lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em
prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es-
quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen-
Lei nº 14.230, de 2021) tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri- determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação
do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen-
os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-
Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de
o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im-
14.230, de 2021) probidade.
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho
deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus- de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, acompanhar o procedimento administrativo.
observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial, Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser
conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis-
de 2021) ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo-
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique-
executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória. cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen- § 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere
são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter- o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da
valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº
sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a
CAPÍTULO IV que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e
DA DECLARAÇÃO DE BENS o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man-
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio- internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven- § 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o
tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser- no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re-
viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili-
2021) dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda-
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu
em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar-
declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste-
na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí- riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de § 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por Lei nº 14.230, de 2021)
caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen-
a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte-
instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi-
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de- bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230,
monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu- de 2021)
rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de II - será instruída com documentos ou justificação que con-
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro- tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
2021) apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei
no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi-
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in- sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da
disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da
§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil),
exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in- bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem
cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen-
multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº
lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve- § 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará
ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo- autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem
ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do
e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro-
desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub- cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas
do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí-
práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre- do pela Lei nº 14.230, de 2021)
tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode-
§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes-
até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei
poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente. nº 13.964, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor,
§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van- I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo,
tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei. observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a
Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código § 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de-
de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi-
nº 14.230, de 2021) dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu-
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen-
necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre- to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita-
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
de 2021) 2021)
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
2021) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns-
2021) tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil,
§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis- desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In-
tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
§ 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte- obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº
ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In- 14.230, de 2021)
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar-
§ 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju- tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de
rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135, 2021)
136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis- 2021)
tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se- II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór-
rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções
a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da
demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im- ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº III - de homologação judicial, independentemente de o acordo
7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº § 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere
14.230, de 2021) o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu-
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de
os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da
implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa: § 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido,
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo
caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser
2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso
Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi- condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do § 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re-
Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de
de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou § 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con-
de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in-
de 2021) tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito
legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis- da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em
trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu-
venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento. Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí- artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou-
do pela Lei nº 14.230, de 2021) tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
Lei nº 14.230, de 2021) perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con-
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve- § 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa
rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
pela Lei nº 14.230, de 2021) procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar-
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.
ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu- § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida; contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230, do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento
de 2021) do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre-
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí-
nº 14.230, de 2021) do pela Lei nº 14.230, de 2021)
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela § 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão
Lei nº 14.230, de 2021) ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên- Lei nº 14.230, de 2021)
cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela § 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua-
Lei nº 14.230, de 2021) renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi-
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis-
2021) trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san- imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da
Lei nº 14.230, de 2021) sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con-
quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o
responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior
indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe-
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje- nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230,
tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº de 2021)
14.230, de 2021) II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito,
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor- e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre-
rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual- ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO VI
Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva, DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
da denúncia o sabe inocente.
53
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imagem que houver provocado. § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis-
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
denatória. dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído
afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
(noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median- ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído
te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de-
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter-
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei
conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena-
da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con- tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei
duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) nº 14.230, de 2021)
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con- nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma
duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa- Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór-
tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen- § 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do
tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021) § 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei-
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve- tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato
rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis- mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer
tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati- deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto 2021)
no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen- § 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público,
to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe-
policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre-
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no
será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela
escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações Lei nº 14.230, de 2021)
e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita-
2021) ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei
CAPÍTULO VII nº 14.230, de 2021)
DA PRESCRIÇÃO Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela
prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato Lei nº 14.230, de 2021)
ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exer- § 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as
cida de ofício ou mediante provocação e poderá ser delegada, ve- demais intimações processuais, até que a pessoa jurídica interessa-
dada a subdelegação. da se manifeste nos autos.
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará § 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e in-
comissão, composta por dois ou mais servidores estáveis. timada de todos os atos processuais, independentemente de pro-
§ 1º Em entidades da administração pública federal cujos qua- curação ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do
dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, su-
comissão a que se refere o caput será composta por dois ou mais cursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
empregados permanentes, preferencialmente com, no mínimo, Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a perti-
três anos de tempo de serviço na entidade. nência de produzir as provas eventualmente requeridas pela pes-
§ 2º A comissão a que se refere o caput exercerá suas ativida- soa jurídica processada, podendo indeferir de forma motivada os
des com imparcialidade e observará a legislação, os regulamentos e pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes,
as orientações técnicas vigentes. desnecessárias, protelatórias ou intempestivas.
§ 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que necessário § 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação,
à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse da adminis- a comissão poderá:
tração pública, garantido à pessoa jurídica processada o direito à I - intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez
ampla defesa e ao contraditório. dias, sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não
§ 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou
PAR não excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, me- II - lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as no-
diante solicitação justificada do presidente da comissão à autorida- vas provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de indi-
de instauradora, que decidirá de maneira fundamentada. ciação inicial, devendo ser observado o disposto no caput do art. 6º.
Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as cir- § 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa-
cunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pessoa jurídica pro- ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de
cessada para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e programa de integridade, a comissão processante deverá examiná-
especificar eventuais provas que pretenda produzir. -lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a dosime-
§ 1º A intimação prevista no caput: tria das sanções a serem aplicadas.
I - facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio
apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comis- de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu-
são de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da rado amplo acesso aos autos.
multa, previstos no art. 23; e Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repar-
II - solicitará a apresentação de informações e documentos, tição pública, sendo autorizada a obtenção de cópias, preferencial-
nos termos estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que mente em meio digital, mediante requerimento.
permitam a análise do programa de integridade da pessoa jurídica. Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas
§ 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo: funções, poderá praticar os atos necessários à elucidação dos fatos
I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa sob apuração, compreendidos todos os meios probatórios admiti-
jurídica, com a descrição das circunstâncias relevantes; dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º.
II - o apontamento das provas que sustentam o entendimento Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a co-
da comissão pela ocorrência do ato lesivo imputado; e missão elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da even-
III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa tual responsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual su-
jurídica processada. gerirá, de forma motivada:
§ 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será I - as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da
feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi- dosimetria, ou o arquivamento do processo;
cial e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública respon- II - o encaminhamento do relatório final à autoridade compe-
sável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para apre- tente para instrução de processo administrativo específico para
sentação de defesa escrita será contado a partir da última data de reparação de danos, quando houver indícios de que do ato lesivo
publicação do edital. tenha resultado dano ao erário;
§ 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua de- III - o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da
fesa escrita no prazo estabelecido no caput, contra ela correrão os União, para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº
demais prazos, independentemente de notificação ou intimação, 12.846, de 2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto,
podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à repe- da aplicação das sanções previstas naquele artigo, como retribuição
tição de qualquer ato processual já praticado. complementar às do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos;
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou IV - o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos
eletrônico que assegure a certeza de ciência da pessoa jurídica pro- termos do disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e
cessada. V - as condições necessárias para a concessão da reabilitação,
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica- quando cabível.
ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo- Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de
-se o dia do vencimento, observado o disposto no Capítulo XVI da encerramento dos seus trabalhos, que formalizará sua desconsti-
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. tuição, e encaminhará o PAR à autoridade instauradora, que deter-
minará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final
para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput, a au- V - apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de
toridade instauradora determinará à corregedoria da entidade ou à um órgão ou entidade da administração pública federal.
unidade competente que analise a regularidade e o mérito do PAR. § 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública
Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será obrigados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os
encaminhado à autoridade competente para julgamento, o qual documentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os
será precedido de manifestação jurídica, elaborada pelo órgão de autos originais dos processos que eventualmente estejam em cur-
assistência jurídica competente. so.
Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar,
da comissão, esta deverá ser fundamentada com base nas provas apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos a administração pú-
produzidas no PAR. blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen-
Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul- tal previsto neste Capítulo.
gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e no Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração
sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública responsável pelo pública federal direta e indireta deverão comunicar à Controlado-
julgamento do PAR. ria-Geral da União os indícios da ocorrência de atos lesivos a ad-
Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido ministração pública estrangeira, identificados no exercício de suas
de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, con- atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis
tado da data de publicação da decisão. e necessários à apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo
§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no do envio de documentação complementar, na hipótese de novas
PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri- provas ou informações relevantes, sob pena de responsabilização.
-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para interposi-
ção do pedido de reconsideração. CAPÍTULO III
§ 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS
decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu- ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
blicar nova decisão.
§ 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con- SEÇÃO I
cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para o cumpri- DISPOSIÇÕES GERAIS
mento das sanções que lhe foram impostas, contado da data de
publicação da nova decisão. Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes san-
Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei ções administrativas, nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº
nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou a outras normas de licitações 12.846, de 2013:
e contratos da administração pública que também sejam tipifica- I - multa; e
dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio-
e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito nadora.
procedimental previsto neste Capítulo. Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infra-
§ 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au- ções administrativas à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas
toridades distintas competentes para o julgamento, o processo será de licitações e contratos da administração pública e tenha ocorrido
encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também
que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul- estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a
gamento pelo Ministro de Estado competente. restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar con-
§ 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade res- tratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR.
ponsável no órgão ou na entidade pela gestão de licitações e con-
tratos deve comunicar à autoridade a que se refere o caput do art. SEÇÃO II
3º eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º DA MULTA
da Lei nº 12.846, de 2013.
Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei
Poder Executivo federal, competência: nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o faturamento bruto
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e da pessoa jurídica no último exercício anterior ao da instauração do
II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame PAR, excluídos os tributos.
de sua regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive § 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata
promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível. o caput poderão ser apurados, entre outras formas, por meio de:
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qual- I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do
quer tempo, a competência prevista no caput, se presentes quais- disposto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 -
quer das seguintes circunstâncias: Código Tributário Nacional;
I - caracterização de omissão da autoridade originariamente II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa
competente; jurídica acusada, no Brasil ou no exterior;
II - inexistência de condições objetivas para sua realização no III - estimativa, levando em consideração quaisquer informa-
órgão ou na entidade de origem; ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios,
III - complexidade, repercussão e relevância da matéria; tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con-
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o tratos, entre outras; e
órgão ou com a entidade atingida; ou
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
IV - identificação do montante total de recursos recebidos pela Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22
pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instaura- serão subtraídos os valores correspondentes aos seguintes percen-
ção do PAR, excluídos os tributos incidentes sobre vendas. tuais da base de cálculo:
§ 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto se- I - até meio por cento no caso de não consumação da infração;
rão avaliados em conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo II - até um por cento no caso de:
PAR, devendo-se considerar, para o cálculo da multa, a consolidação a) comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica
dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas pertencentes da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos resultantes do
de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham pra- ato lesivo; ou
ticado os ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou b) inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida
concorrido para a sua prática. e de danos resultantes do ato lesivo;
Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha III - até um e meio por cento para o grau de colaboração da
tido faturamento no último exercício anterior ao da instauração do pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato lesivo, in-
PAR, deve-se considerar como base de cálculo da multa o valor do dependentemente do acordo de leniência;
último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica, excluídos IV - até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pes-
os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado soa jurídica da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e
até o último dia do exercício anterior ao da instauração do PAR. V - até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o valor da mul- jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os
ta será estipulado observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis parâmetros estabelecidos no Capítulo V.
mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais) e o limite Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentu-
mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua estimação. ais máximos, quando observadas as seguintes condições:
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores I - na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do caput, quan-
correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo: do ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos;
I - até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos; II - na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admis-
II - até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do são ocorrer antes da instauração do PAR; e
corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica; III - na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano
III - até quatro por cento no caso de interrupção no forneci- de integridade for anterior à prática do ato lesivo.
mento de serviço público, na execução de obra contratada ou na Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos
entrega de bens ou serviços essenciais à prestação de serviços pú- art. 22 e art. 23 deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató-
blicos ou no caso de descumprimento de requisitos regulatórios; rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre
IV - um por cento para a situação econômica do infrator que que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
apresente índices de solvência geral e de liquidez geral superiores Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como
a um e lucro líquido no último exercício anterior ao da instauração limite:
do PAR; I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando
V - três por cento no caso de reincidência, assim definida a for possível sua estimativa, e:
ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada a) um décimo por cento da base de cálculo; ou
como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos b) R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e
de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração II - máximo, o menor valor entre:
anterior; e a) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que
VI - no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros for maior entre os dois valores;
instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou b) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício
com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos incidentes
considerados os seguintes percentuais: sobre vendas; ou
a) um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- c) R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese
talizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor da
b) dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos vantagem auferida.
totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos § 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resul-
mil reais); tante do cálculo desse parâmetro seja inferior ao resultado calcula-
c) três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to- do para o limite mínimo.
talizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); § 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art.
d) quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos 23 ou quando o resultado das operações de soma e subtração for
totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de igual ou menor que zero, o valor da multa corresponderá ao limite
reais); ou mínimo estabelecido no caput.
e) cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corres-
totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta ponde ao equivalente monetário do produto do ilícito, assim enten-
milhões de reais). dido como os ganhos ou os proveitos obtidos ou pretendidos pela
Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo cons- pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato
tante do inciso V do caput será contado a partir da data de celebra- lesivo.
ção até cinco anos após a declaração de seu cumprimento. § 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser
estimado mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes me-
todologias:
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - pelo valor total da receita auferida em contrato administrati- § 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa te-
vo e seus aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica nha sido recolhida ou não tendo ocorrido a comprovação de seu pa-
comprove serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na gamento integral, o órgão ou a entidade que a aplicou encaminhará
hipótese de atos lesivos praticados para fins de obtenção e execu- o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das autarquias
ção dos respectivos contratos; e fundações públicas federais.
II - pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive § 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida
os de natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à Ativa, o valor será cobrado independentemente de prévia inscrição.
pessoa jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela § 4º A multa aplicada pela Controladoria-Geral da União em
pessoa jurídica infratora; ou acordos de leniência ou nas hipóteses previstas nos art.17 e art. 18
III - pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica será destinada à União e recolhida à conta única do Tesouro Nacio-
decorrente de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público nal.
que não ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica § 5º Os acordos de leniência poderão pactuar prazo distinto do
infratora. previsto no caput para recolhimento da multa aplicada ou de qual-
§ 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas pro- quer outra obrigação financeira imputada à pessoa jurídica.
metidas ou pagas a agente público ou a terceiros a ele relacionados
não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo de que trata o § SEÇÃO V
1º. DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
Art. 27. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa apli-
cável será reduzida conforme a fração nele pactuada, observado o Art. 30. As medidas judiciais, no Brasil ou no exterior, como a
limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013. cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da
§ 1º O valor da multa prevista no caput poderá ser inferior ao publicação extraordinária, a persecução das sanções previstas no
limite mínimo previsto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013. caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013 , a reparação integral dos
§ 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumpri- danos e prejuízos, além de eventual atuação judicial para a finali-
mento do acordo de leniência por falta imputável à pessoa jurídica dade de instrução ou garantia do processo judicial ou preservação
colaboradora, o valor integral encontrado antes da redução de que do acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão de representação
trata o caput será cobrado na forma do disposto na Seção IV, des- judicial ou equivalente dos órgãos ou das entidades lesadas.
contando-se as frações da multa eventualmente já pagas. Art. 31. No âmbito da administração pública federal direta, in-
clusive nas hipóteses de que tratam os art. 17 e art. 18, a atuação
SEÇÃO III judicial será exercida pela Procuradoria-Geral da União, observadas
DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO as atribuições da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para ins-
ADMINISTRATIVA SANCIONADORA crição e cobrança de créditos da União inscritos em Dívida Ativa.
Parágrafo único. No âmbito das autarquias e das fundações
Art. 28. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela públicas federais, a atuação judicial será exercida pela Procurado-
prática de atos lesivos contra a administração pública, nos termos ria-Geral Federal, inclusive no que se refere à cobrança da multa
da Lei nº 12.846, de 2013, publicará a decisão administrativa san- administrativa aplicada no PAR, respeitadas as competências da
cionadora na forma de extrato de sentença, cumulativamente: Procuradoria-Geral do Banco Central.
I - em meio de comunicação de grande circulação, física ou ele-
trônica, na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídi- CAPÍTULO IV
ca ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional; DO ACORDO DE LENIÊNCIA
II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local
de exercício da atividade, em localidade que permita a visibilidade Art. 32. O acordo de leniência é ato administrativo negocial
pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e decorrente do exercício do poder sancionador do Estado, que visa
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de trinta dias e à responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos
em destaque na página principal do referido sítio. contra a administração pública nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. A publicação a que se refere o caput será feita Parágrafo único. O acordo de leniência buscará, nos termos
a expensas da pessoa jurídica sancionada. da lei:
I - o incremento da capacidade investigativa da administração
SEÇÃO IV pública;
DA COBRANÇA DA MULTA APLICADA II - a potencialização da capacidade estatal de recuperação de
ativos; e
Art. 29. A multa aplicada será integralmente recolhida pela III - o fomento da cultura de integridade no setor privado.
pessoa jurídica sancionada no prazo de trinta dias, observado o dis- Art. 33. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas
posto no art. 15. jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei
§ 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apre- nº 12.846, de 2013, e dos ilícitos administrativos previstos na Lei nº
sentará ao órgão ou à entidade que aplicou a sanção documento 14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e contratos, com
que ateste o pagamento integral do valor da multa imposta. vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que
colaborem efetivamente com as investigações e o PAR, devendo re-
sultar dessa colaboração:
I - a identificação dos demais envolvidos nos ilícitos, quando
couber; e
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - a obtenção célere de informações e documentos que com- Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deve-
provem a infração sob apuração. rá ser feita de forma escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica
Art. 34. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar proponente declarará expressamente que foi orientada a respeito
acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal e nos de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não atendi-
casos de atos lesivos contra a administração pública estrangeira. mento às determinações e às solicitações durante a etapa de nego-
Art. 35. Ato conjunto do Ministro de Estado da Controladoria- ciação importará a desistência da proposta.
-Geral da União e do Advogado-Geral da União: § 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes
I - disciplinará a participação de membros da Advocacia-Geral da pessoa jurídica, na forma de seu estatuto ou contrato social, ou
da União nos processos de negociação e de acompanhamento do por meio de procurador com poderes específicos para tal ato, ob-
cumprimento dos acordos de leniência; e servado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013.
II - disporá sobre a celebração de acordos de leniência pelo Mi- § 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a
nistro de Estado da Controladoria-Geral da União conjuntamente ser elaborado no PAR.
com o Advogado-Geral da União. § 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o
Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União acesso ao seu conteúdo será restrito no âmbito da Controladoria-
nos acordos de leniência, consideradas as condições neles estabe- -Geral da União.
lecidas e observados os termos da Lei Complementar nº 73, de 10 § 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existên-
de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, cia da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja prévia anuên-
poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas cia da Controladoria-Geral da União.
no art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013. § 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instru-
Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delega- ída em processo administrativo específico, que conterá o registro
ção para negociar, celebrar e monitorar o cumprimento de acordos dos atos praticados na negociação.
de leniência relativos a atos lesivos contra outros Poderes e entes Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será
federativos. submetida à análise de juízo de admissibilidade, para verificação da
Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le- existência dos elementos mínimos que justifiquem o início da ne-
niência deverá: gociação.
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a § 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de enten-
apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re- dimentos com a pessoa jurídica proponente, definindo os parâme-
levante; tros da negociação do acordo de leniência.
II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo § 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a
a partir da data da propositura do acordo; qualquer momento, a pedido da pessoa jurídica proponente ou a
III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos lesivos; critério da administração pública federal.
IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e § 3º A assinatura do memorando de entendimentos:
o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem- I - interrompe a prescrição; e
pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento; II - suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado,
V - fornecer informações, documentos e elementos que com- em qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias.
provem o ato ilícito; Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR ins-
VI - reparar integralmente a parcela incontroversa do dano cau- taurado em face de pessoa jurídica que esteja negociando a cele-
sado; e bração de acordo de leniência poderá ser suspenso.
VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo:
caso, os valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevi- I - da continuidade de medidas investigativas necessárias para
do ou ao enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da o esclarecimento dos fatos; e
infração, nos termos e nos montantes definidos na negociação. II - da adoção de medidas processuais cautelares e assecurató-
§ 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput se- rias indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir
rão avaliados em face da boa-fé da pessoa jurídica proponente em a instrução processual.
reportar à administração a descrição e a comprovação da integrali- Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos
dade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde o de processos administrativos em curso em outros órgãos ou enti-
momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento. dades da administração pública federal relacionados com os fatos
§ 2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI objeto do acordo em negociação.
do caput corresponde aos valores dos danos admitidos pela pessoa Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni-
jurídica ou àqueles decorrentes de decisão definitiva no âmbito do ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta-
devido processo administrativo ou judicial. do da data da assinatura do memorando de entendimentos.
§ 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decor- Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser pror-
ra, simultaneamente, dano ao ente lesado e acréscimo patrimonial rogado, caso presentes circunstâncias que o exijam.
indevido à pessoa jurídica responsável pela prática do ato, e haja Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a
identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão: sua rejeição não importará em reconhecimento da prática do ato
I - computados uma única vez para fins de quantificação do va- lesivo.
lor a ser adimplido a partir do acordo de leniência; e § 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da
II - classificados como ressarcimento de danos para fins contá- proposta do acordo de leniência, ressalvado o disposto no § 4º do
beis, orçamentários e de sua destinação para o ente lesado. art. 38.
60
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o pra-
federal não poderá utilizar os documentos recebidos durante o pro- zo prescricional da pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos
cesso de negociação de acordo de leniência. objeto do acordo, nos termos do disposto no § 9º do art. 16 da Lei
§ 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos re- nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento
lacionados com a proposta de acordo de leniência, quando decorrer dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos
de indícios ou provas autônomas que sejam obtidos ou levados ao termos do disposto no art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015.
conhecimento da autoridade por qualquer outro meio. Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão con-
Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para as- cedidos em favor da pessoa jurídica signatária, nos termos previa-
segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo mente firmados no acordo, um ou mais dos seguintes efeitos:
e conterá as cláusulas e obrigações que, diante das circunstâncias I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra-
do caso concreto, reputem-se necessárias. tiva sancionadora;
Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi- II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub-
ções, cláusulas que versem sobre: venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos
I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú-
incisos II a VII do caput do art. 37; blico;
II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri- III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis-
mento do acordo; posto no art. 27; ou
III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs-
do acordo, nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784 tas no art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil; licitações e contratos.
IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa § 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução
de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo de ações judiciais que tenham por objeto os fatos que componham
V, bem como o prazo e as condições de monitoramento; o escopo do acordo.
V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se § 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
refere o inciso VI do caput do art. 37; e soas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de fato
VI - a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjunto,
inciso VI do caput do art. 37 para compensação com outros valo- respeitadas as condições nele estabelecidas.
res porventura apurados em outros processos sancionatórios ou de Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, imple-
prestação de contas, quando relativos aos mesmos fatos que com- mentação e aperfeiçoamento do programa de integridade de que
põem o escopo do acordo. trata o inciso IV do caput do art. 45 será realizado, direta ou indire-
Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul- tamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser dispen-
gar os processos administrativos que apurem infrações administra- sado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de
tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013, na Lei nº 14.133, de 2021, remediação adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público.
e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham § 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado,
sido noticiados por meio do acordo de leniência. dentre outras formas, pela análise de relatórios, documentos e in-
Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável formações fornecidos pela pessoa jurídica, obtidos de forma inde-
de que trata o § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em pendente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas
consideração os seguintes critérios: e de conformidade com as políticas e visitas técnicas.
I - a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos § 2º As informações relativas às etapas do processo de monito-
lesivos; ramento serão publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico
II - a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
III - o compromisso de assumir condições relevantes para o interesse das investigações.
cumprimento do acordo. Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica
Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto colaboradora, a autoridade competente declarará:
de ato normativo a ser editado pelo Ministro de Estado da Contro- I - o cumprimento das obrigações nele constantes;
ladoria-Geral da União. II - a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art.
Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercial- 6º e no inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem
mente sensíveis da pessoa jurídica será mantido restrito durante a como das demais sanções aplicáveis ao caso;
negociação e após a celebração do acordo de leniência. III - o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do
§ 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; e
pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público, IV - o atendimento dos compromissos assumidos de que tra-
ressalvado o disposto no § 4º do art. 38. tam os incisos II a VII do caput do art. 37 deste Decreto.
§ 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela au-
da celebração de acordos de leniência poderão ser compartilhados toridade competente, decorrente do seu injustificado descumpri-
com outras autoridades, mediante compromisso de sua não utiliza- mento:
ção para sancionar a própria pessoa jurídica em relação aos mes- I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará
mos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado
própria pessoa jurídica. da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa que
julgar rescindido o acordo;
61
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu-
serão executados: ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao
a) o valor integral da multa, descontando-se as frações eventu- programa, bem como pela destinação de recursos adequados;
almente já pagas; e II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi-
b) os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi-
indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo, des- nistradores, independentemente do cargo ou da função exercida;
contando-se as frações eventualmente já pagas; e III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri-
III - serão aplicadas as demais sanções e as consequências pre- dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornece-
vistas nos termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável. dores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados;
Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o
será registrado pela Controladoria-Geral da União, pelo prazo de programa de integridade;
três anos, no Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP. V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavalia-
Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão ção periódica, para a realização de adaptações necessárias ao pro-
deferir pedido de alteração ou de substituição de obrigações pac- grama de integridade e a alocação eficiente de recursos;
tuadas no acordo de leniência, desde que presentes os seguintes VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e preci-
requisitos: sa as transações da pessoa jurídica;
I - manutenção dos resultados e requisitos originais que funda- VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e a
mentaram o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16 confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
da Lei nº 12.846, de 2013; jurídica;
II - maior vantagem para a administração, de maneira que se- VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos
jam alcançadas melhores consequências para o interesse público no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos admi-
do que a declaração de descumprimento e a rescisão do acordo; nistrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que
III - imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de intermediada por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição
modificação ou à impossibilidade de cumprimento das condições a fiscalizações ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e
originalmente pactuadas; certidões;
IV - boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna
impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do ven- responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fisca-
cimento do prazo para seu adimplemento; e lização de seu cumprimento;
V - higidez das garantias apresentadas no acordo. X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente
Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput con- divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao tra-
siderará o grau de adimplência da pessoa jurídica com as demais tamento das denúncias e à proteção de denunciantes de boa-fé;
condições pactuadas, inclusive as de adoção ou de aperfeiçoamen- XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de
to do programa de integridade. integridade;
Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir-
em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação
União, respeitados os sigilos legais e o interesse das investigações. dos danos gerados;
XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para:
CAPÍTULO V a) contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais
DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediá-
rios, despachantes, consultores, representantes comerciais e asso-
Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in- ciados;
tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto b) contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas ex-
de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria postas politicamente, bem como de seus familiares, estreitos cola-
e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de boradores e pessoas jurídicas de que participem; e
códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo c) realização e supervisão de patrocínios e doações;
de: XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e
I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou
atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas
estrangeira; e envolvidas; e
II - fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente XV - monitoramento contínuo do programa de integridade
organizacional. visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no
Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutu- combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº
rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e os 12.846, de 2013.
riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua § 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão
vez, deve garantir o constante aprimoramento e a adaptação do re- considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por
ferido programa, visando garantir sua efetividade. meio de aspectos como:
Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado, II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de
quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte;
parâmetros:
62
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
III - a estrutura de governança corporativa e a complexidade de Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS outras san-
unidades internas, tais como departamentos, diretorias ou setores, ções que impliquem restrição ao direito de participar em licitações
ou da estruturação de grupo econômico; ou de celebrar contratos com a administração pública, ainda que
IV - a utilização de agentes intermediários, como consultores não sejam de natureza administrativa.
ou representantes comerciais; Art. 59. O CNEP conterá informações referentes:
V - o setor do mercado em que atua; I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de
VI - os países em que atua, direta ou indiretamente; 2013; e
VII - o grau de interação com o setor público e a importância II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com
de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações, fundamento na Lei nº 12.846, de 2013.
licenças e permissões governamentais em suas operações; e Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniên-
VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in- cia celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013, serão
tegram o grupo econômico. registradas em relação específica no CNEP, após a celebração do
§ 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao acordo, exceto se sua divulgação causar prejuízos às investigações
ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia- ou ao processo administrativo.
ção de que trata o caput. Art. 60. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros
a serem estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, dados e
CAPÍTULO VI informações referentes a:
DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E I - nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada;
SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS II - número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacio-
PUNIDAS nal da Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de
Pessoas Físicas - CPF;
Art. 58. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen- III - tipo de sanção;
sas - CEIS conterá informações referentes às sanções administrati- IV - fundamentação legal da sanção;
vas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição V - número do processo no qual foi fundamentada a sanção;
ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com a VI - data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo
administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais: da sanção ou data de aplicação da sanção;
I - suspensão temporária de participação em licitação e impedi- VII - data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção,
mento de contratar com a administração pública, conforme dispos- quando couber;
to no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho VIII - nome do órgão ou da entidade sancionadora;
de 1993; IX - valor da multa, quando couber; e
II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a X - escopo de abrangência da sanção, quando couber.
administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do Art. 61. Os registros no CEIS e no CNEP deverão ser realizados
art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156 imediatamente após o transcurso do prazo para apresentação do
da Lei nº 14.133, de 2021; pedido de reconsideração ou recurso cabível ou da publicação de
III - impedimento de licitar e contratar com a União, os Estados, sua decisão final, quando lhe for atribuído efeito suspensivo pela
o Distrito Federal ou os Municípios, conforme disposto no art. 7º da autoridade competente.
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462, Art. 62. A exclusão dos dados e das informações constantes do
de 4 de agosto de 2011, e no inciso III do caput do art. 156 da Lei nº CEIS ou do CNEP se dará:
14.133, de 2021; I - com o fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da san-
IV - suspensão temporária de participação em licitação e im- ção ou depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no
pedimento de contratar com a administração pública, conforme ato sancionador; ou
disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de II - mediante requerimento da pessoa jurídica interessada,
novembro de 2011; após cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis:
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a a) publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica san-
administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do cionada;
art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011; b) cumprimento integral do acordo de leniência;
VI - declaração de inidoneidade para participar de licitação com c) reparação do dano causado;
a administração pública federal, conforme disposto no art. 46 da Lei d) quitação da multa aplicada; e
nº 8.443, de 16 de julho de 1992; e) cumprimento da pena de publicação extraordinária da deci-
VII - proibição de contratar com o Poder Público, conforme dis- são administrativa sancionadora.
posto no art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; Art. 63. O fornecimento dos dados e das informações de que
VIII - proibição de contratar e participar de licitações com o Po- trata este Capítulo pelos órgãos e pelas entidades dos Poderes Exe-
der Público, conforme disposto no art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de cutivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das esferas de governo
fevereiro de 1998; e será disciplinado pela Controladoria-Geral da União.
IX - declaração de inidoneidade, conforme disposto no inciso V Parágrafo único. O registro e a exclusão dos registros no CEIS
do caput do art. 78-A combinado com o art. 78-I da Lei nº 10.233, e no CNEP são de competência e responsabilidade do órgão ou da
de 5 de junho de 2001. entidade sancionadora.
63
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS LEI FEDERAL N. 12.846/2013 E SUAS ALTERAÇÕES
Art. 64. As informações referentes ao PAR instaurado no âm- LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013
bito dos órgãos e das entidades do Poder Executivo federal serão
registradas no sistema de gerenciamento eletrônico de processos Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pes-
administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
da União, conforme ato do Ministro de Estado da Controladoria- nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
-Geral da União.
Art. 65. Os órgãos e as entidades da administração pública, no A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
exercício de suas competências regulatórias, disporão sobre os efei- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
tos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito das atividades reguladas,
inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de leniência. CAPÍTULO I
Art. 66. O processamento do PAR ou a negociação de acordo DISPOSIÇÕES GERAIS
de leniência não interfere no seguimento regular dos processos ad-
ministrativos específicos para apuração da ocorrência de danos e Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad-
prejuízos à administração pública federal resultantes de ato lesivo ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
cometido por pessoa jurídica, com ou sem a participação de agente administração pública, nacional ou estrangeira.
público. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Ge- empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in-
ral da União editar orientações, normas e procedimentos comple- dependentemente da forma de organização ou modelo societário
mentares para a execução deste Decreto, notadamente no que diz adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida-
respeito a: des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial
I - fixação da metodologia para a apuração do faturamento bru- ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
to e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a direito, ainda que temporariamente.
que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
II - forma e regras para o cumprimento da publicação extraordi- mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
nária da decisão administrativa sancionadora; vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
III - avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a for- ou não.
ma de avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
de pequeno porte; e ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
em face de pessoas jurídicas e entes privados. ilícito.
Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advoca- § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
cia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União: te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas no
I - estabelecerão canais de comunicação institucional: caput .
a) para o encaminhamento de informações referentes à prática § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran- bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
geira ou derivadas de acordos de colaboração premiada e acordos Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó-
de leniência; e tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou
b) para a cooperação jurídica internacional e recuperação de cisão societária.
ativos; e § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade
II - poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, ar- da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re-
ticular medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans-
conexos. ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamen- Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
te aos processos em curso, resguardados os atos praticados antes incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
de sua vigência. fraude, devidamente comprovados.
Art. 70. Fica revogado o Decreto nº 8.420, de 18 de março de § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
2015. âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen-
Art. 71. Este Decreto entra em vigor em 18 de julho de 2022. te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin-
do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e
Brasília, 11 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da reparação integral do dano causado.
República.
64
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO II I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao
OU ESTRANGEIRA da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio- sua estimação; e
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º § 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada
, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con-
contra princípios da administração pública ou contra os compromis- creto e com a gravidade e natureza das infrações.
sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: § 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece-
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou
indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada; pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de § 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui,
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano
nesta Lei; causado.
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física § 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível
ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica,
identidade dos beneficiários dos atos praticados; a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses-
IV - no tocante a licitações e contratos: senta milhões de reais).
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual- § 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor-
quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li- rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi-
citatório público; ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá-
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em
de procedimento licitatório público; publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta-
oferecimento de vantagem de qualquer tipo; belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para § 6º (VETADO).
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san-
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, ções:
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a I - a gravidade da infração;
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou III - a consumação ou não da infração;
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
contratos celebrados com a administração pública; V - o efeito negativo produzido pela infração;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, VI - a situação econômica do infrator;
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in-
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do frações;
sistema financeiro nacional. VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e
e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran- a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da
geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas pessoa jurídica;
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o
de país estrangeiro. órgão ou entidade pública lesados; e
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração X - (VETADO).
pública estrangeira as organizações públicas internacionais. Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos
Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça em regulamento do Poder Executivo federal.
cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou
em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como CAPÍTULO IV
em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter-
nacionais. Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati-
vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
CAPÍTULO III autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu-
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo-
cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju- § 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro-
rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
Lei as seguintes sanções: jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual-
pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata- quer grau.
ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de Pena: reclusão de três a cinco anos.
2011. Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de de-
Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após zoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
a data de sua publicação. Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º Pena: reclusão de três a cinco anos.
da República. Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
LEI FEDERAL N. 7.716, DE 05 DE JANEIRO DE 1989, E SUAS Pena: reclusão de um a três anos.
ALTERAÇÕES Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
ao público.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabe-
lecimento com as mesmas finalidades.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- Pena: reclusão de um a três anos.
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes Pena: reclusão de um a três anos.
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer ou-
Art. 2º (Vetado). tro meio de transporte concedido.
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente ha- Pena: reclusão de um a três anos.
bilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
como das concessionárias de serviços públicos. qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, mento ou convivência familiar e social.
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de dois a quatro anos.
(Vigência) Art. 15. (Vetado).
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
Pena: reclusão de dois a cinco anos. função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcio-
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- namento do estabelecimento particular por prazo não superior a
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de três meses.
descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº Art. 17. (Vetado).
12.288, de 2010) (Vigência) Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre- são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sen-
gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In- tença.
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) Art. 19. (Vetado).
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar ou- Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
tra forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
2010) (Vigência) dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação dada pela
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído Lei nº 9.459, de 15/05/97)
pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra- suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação
cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên- nº 9.459, de 15/05/97)
cias. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qual-
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. quer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
nº 9.459, de 15/05/97)
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autode-
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in- claram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
nº 9.459, de 15/05/97) que adotam autodefinição análoga;
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adota-
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de dos pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucio-
15/05/97) nais;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais ado-
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação tados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) (Vigência) desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de opor-
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in- tunidades.
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº Art. 2° É dever do Estado e da sociedade garantir a igualda-
12.288, de 2010) (Vigência) de de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro,
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à par-
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen- ticipação na comunidade, especialmente nas atividades políticas,
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas e
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Re- ambientais defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) culturais.
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado Art. 3° Além das normas constitucionais relativas aos princí-
pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) pios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais e aos
direitos sociais, econômicos e culturais, ambientais e políticos, o
LEI ESTADUAL N. 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021, E Estatuto da Equidade Racial adota como diretriz político-jurídica a
SUAS ALTERAÇÕES inclusão das vítimas de desigualdade racial, a valorização da igual-
dade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
Art. 4° A participação da população negra, em condição de
LEI ORDINÁRIA Nº 9.341, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2021 igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e
cultural, ambiental do país será promovida, prioritariamente, por
Institui o Estatuto da Equidade Racial no Estado do Pará, ado- meio de:
ta os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010, e I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econô-
altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de 2007. mico e social;
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ, estatui e II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afir-
eu sanciono a seguinte Lei: mativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o
TÍTULO I adequado enfrentamento e a superação das desigualdades decor-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES rentes do preconceito e da discriminação racial;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o com-
Art. 1° Esta Lei institui o Estatuto da Equidade Racial no Esta- bate à discriminação racial e às desigualdades étnicas em todas as
do do Pará, adota os preceitos da Lei Federal n° 12.288, de 20 de suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
julho de 2010, e altera a Lei Estadual n° 6.941, de 17 de janeiro de V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e insti-
2007, com a finalidade de garantir à população negra a efetiva- tucionais que impedem a representação da diversidade racial nas
ção da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos raciais esferas pública e privada;
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas
demais formas de intolerância étnico-racial. da sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de opor-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: tunidades e ao combate às desigualdades raciais, inclusive me-
I - discriminação racial: toda distinção, exclusão, restrição ou diante a implementação de incentivos e critérios de condiciona-
preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem na- mento e prioridade no acesso aos recursos públicos;
cional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o re- VII - implementação de programas de ação afirmativa des-
conhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de tinados ao enfrentamento das desigualdades raciais no tocante
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públi-
pública ou privada; cos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferen- Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-
ciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas -se-ão em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e
esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência desigualdades sócio-raciais e de gênero e demais práticas discri-
ou origem nacional ou étnica; minatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o pro-
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no cesso de formação social do Estado do Pará e do País.
âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulhe- Art. 5° Para a consecução dos objetivos desta Lei, poderá ser
res negras e os demais segmentos sociais; instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial
(SEPIR), conforme estabelecido no Título III.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
TÍTULO II CAPÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO
LAZER
CAPÍTULO I
DO DIREITO À SAÚDE SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 6° O direito à saúde da população negra será garantido
pelo Poder Público mediante políticas e programas universais, so- Art. 9° A população negra tem direito a participar de ativi-
ciais e econômicas e específicas destinadas à redução do risco de dades educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequadas
doenças e de outros agravos. a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o pa-
§ 1° O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saú- trimônio cultural de sua comunidade, do Estado e da sociedade
de (SUS) para promoção, proteção e recuperação da saúde da brasileira.
população negra, sem prejuízo das atribuições das entidades pú- Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9°, sem pre-
blicas federais, será de responsabilidade dos órgãos e instituições juízo de participação em iniciativas do governo federal, o governo
estaduais e municipais, da administração direta e indireta. estadual e as prefeituras municipais adotarão as seguintes provi-
§ 2° O Poder Público garantirá que o segmento da população dências:
negra vinculado aos seguros privados de saúde seja tratado sem I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da
discriminação. população negra ao ensino gratuito e às atividades esportivas e
Art. 7° O conjunto de ações de saúde voltadas à população de lazer;
negra constitui a Política Estadual de Saúde Integral da População II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço
Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo especifica- para promoção social e cultural da população negra;
das: III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas
I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças escolas, para que a solidariedade aos membros da população ne-
dos movimentos sociais em defesa da saúde da população negra gra faça parte da cultura de toda a sociedade;
nas instâncias de participação e controle social do SUS; IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimen-
II - produção de conhecimento científico e tecnológico em to da juventude negra paraense.
saúde da população negra;
III - desenvolvimento de processos de informação, comunica- SEÇÃO II
ção e educação para contribuir com a redução das vulnerabilida- DA EDUCAÇÃO
des da população negra;
IV - fortalecimento do programa voltado para saúde da popu- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
lação negra e quilombolas com ampliação e aprimoramento do ensino médio, públicos e privados, é obrigatório o estudo da his-
atendimento a pacientes com Anemia Falciforme e fortalecimento tória geral da África e da história da população negra no Estado do
do SUS; Pará e no Brasil, observado o disposto na Lei Federal n° 9.394, de
V - fortalecimento das ações de saúde mental a população 20 de dezembro de 1996.
negra vítima do racismo e da discriminação racial. § 1° Os conteúdos referentes à história da população negra no
Art. 8° Constituem objetivos da Política Estadual de Saúde In- Estado do Pará e no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
tegral da População Negra: currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o de-
I - a promoção da saúde integral da população negra, priori- senvolvimento social, econômico, político e cultural e ambiental
zando a redução das desigualdades raciais e o combate à discrimi- do País.
nação nas instituições e serviços do SUS; § 2° O órgão competente do Poder Executivo fomentará a
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do formação inicial e continuada de professores e a elaboração de
SUS no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos da- material didático específico para o cumprimento do disposto no
dos desagregados por cor, etnia e gênero; caput deste artigo.
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racis- § 3° Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos
mo e saúde da população negra; responsáveis pela educação incentivarão a participação de inte-
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos lectuais e representantes do movimento negro para debater com
processos de formação e educação permanente dos trabalhado- os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.
res da saúde; Art. 12. Os órgãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-
V - a inclusão da temática saúde da população negra nos pro- -graduação poderão criar incentivos a pesquisas e a programas
cessos de formação política das lideranças de movimentos sociais de estudo voltados para temas referentes às relações étnicas, aos
para o exercício da participação e controle social no SUS. quilombos e às questões pertinentes à população negra.
Parágrafo único. Os membros das comunidades de remanes- Parágrafo único. Em cumprimento ao disposto no caput os
centes de quilombos serão beneficiários de incentivos específicos órgãos estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação em
para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias nas condi- cooperação ou associação aos congêneres federais poderão par-
ções ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar ticipar do desenvolvimento de pesquisas e programas de estudos
e nutricional e na atenção integral à saúde. nacionais.
Art. 13. O Poder Executivo Estadual, por meio dos órgãos
competentes, incentivará as instituições de ensino superior públi-
cas e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor a:
70
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar gru- Art. 21. O Poder Público garantirá o registro e a proteção da
pos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos programas de capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da popu- imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos ter-
lação negra; mos do art. 216 da Constituição Federal.
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de forma- Parágrafo único. O Poder Público buscará garantir, por meio
ção de professores temas que incluam valores concernentes à plu- dos atos normativos necessários, a preservação dos elementos
ralidade racial e cultural da sociedade brasileira; formadores tradicionais da capoeira nas suas relações internacio-
III - formação continuada para professores que já estejam atu- nais.
ando na rede de ensino estadual, a fim de que possam trabalhar
com a Lei Federal n° 10.639/2003; SEÇÃO IV
IV - desenvolver programas de extensão universitária desti- DO ESPORTE E LAZER
nados a aproximar jovens negros de tecnologias avançadas, as-
segurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os Art. 22. O Poder Público Estadual fomentará o pleno acesso
beneficiários; da população negra às práticas desportivas, consolidando o es-
V - estabelecer programas de cooperação técnica, nos esta- porte e o lazer como direitos sociais, sem prejuízo das iniciativas
belecimentos de ensino públicos, privados e comunitários, com as do ente federal.
escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio § 1° A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as
e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios modalidades em que a capoeira se manifesta, seja como esporte,
de equidade, de tolerância e de respeito às diferenças étnicas. luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território
Art. 14. O Poder Público estimulará e apoiará ações socioe- nacional.
ducacionais realizadas por entidades do movimento negro que § 2° É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas
desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e for-
cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre malmente reconhecidos.
outros mecanismos. Art. 23. O Poder Público Estadual garantirá políticas de ação
Art. 15. O Poder Público adotará programas de ação afirma- afirmativa com bolsas para atletas negros paraolímpicos e bolsa
tiva, reservando em escolas técnicas estaduais e instituições de atleta para jovens negros em diversas modalidades.
ensino superior por ele mantidas no mínimo 40% (quarenta por
cento) das vagas a candidatos negros que se submetam a proces- CAPÍTULO III
so seletivo pelo critério cor, preta ou parda. DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E
Art. 16. VETADO. AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
Parágrafo único. VETADO.
Art. 17. O Poder Executivo Estadual, por meio dos seus órgãos Art. 24. É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
competentes, acompanhará e avaliará os programas de que trata sendo assegurado o livre exercício dos cultos de religiões de ma-
esta Seção. triz africana e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias.
SEÇÃO III Art. 25. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao
DA CULTURA livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana compreen-
de:
Art. 18. Sem prejuízo das atribuições do ente federal, o Poder I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas
Público Estadual garantirá o reconhecimento das sociedades ne- à religiosidade e a fundação e manutenção, por iniciativa privada,
gras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da popula- de lugares reservados para tais fins e a suas liturgias;
ção negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com
histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição preceitos das respectivas religiões;
Federal e Constituição do Estado do Pará, arts. 277/ VII -1° e 286 III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de ins-
- § 1°, -b. tituições beneficentes ligadas às respectivas convicções religiosas;
Art. 19. É assegurado aos remanescentes das comunidades IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de ar-
dos quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes, tigos e materiais religiosos adequados aos costumes e às práticas
tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado. fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as condutas ve-
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios dadas por legislação específica;
detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao
tombados nos termos do § 5° do art. 216 da Constituição Federal, exercício e à difusão das religiões de matriz africana;
receberá especial atenção do Poder Público Estadual, sem prejuí- VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais
zo das atribuições das instituições federais. e jurídicas de natureza privada para a manutenção das atividades
Art. 20. O Poder Público incentivará a celebração das perso- religiosas e sociais das respectivas religiões;
nalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para
samba, samba de cacete, carimbó, marambiré, boi bumbá, siriá, divulgação das respectivas religiões; VIII - a comunicação ao Mi-
lundu, e de outras manifestações culturais de matriz africana, nistério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e
bem como sua comemoração nas instituições de ensino públicas práticas de racismo e intolerância religiosa nos meios de comuni-
e privadas. cação e em quaisquer outros locais.
71
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 26. É garantida a assistência religiosa aos praticantes de Art. 34. Para fins de política agrícola, os remanescentes das
religiões de matrizes africanas internados em hospitais ou em ou- comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes
tras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submeti- tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas es-
dos à pena privativa de liberdade. peciais de financiamento público, destinados à realização de suas
Art. 27. O Poder Público Estadual adotará as medidas neces- atividades produtivas e de infraestrutura.
sárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes Art. 35. Os remanescentes das comunidades dos quilombos
africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente se beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras
com o objetivo de: leis para a promoção da equidade racial.
I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a
difusão de proposições, imagens ou abordagens que exponham SEÇÃO II
pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na DA MORADIA
religiosidade de matrizes africanas;
II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e Art. 36. O Poder Público Estadual garantirá a implementação
outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, manan- de políticas públicas para assegurar o direito à moradia adequada
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de matri- da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
zes africanas; subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim
III - assegurar a participação proporcional de representantes de reintegrá-las à dinâmica urbana e promover melhorias no am-
das religiões de matrizes africanas, ao lado da representação das biente e na qualidade de vida, sem prejuízo das atribuições de
demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras ins- entes federais e das políticas que desenvolvam de idêntica fina-
tâncias de deliberação vinculadas ao Poder Público; lidade.
IV - assegurar que as políticas públicas voltadas para a popu- Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efei-
lação negra, sejam estendidas aos povos e comunidades tradicio- tos desta Lei, inclui não apenas o provimento habitacional, mas
nais de matriz africana (POTMAS), considerando que são territó- também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos
rios de negritude. comunitários associados à função habitacional, bem como a Assis-
tência Técnica e Jurídica para a construção, a reforma ou a regula-
CAPÍTULO IV rização fundiária da habitação em área urbana.
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA Art. 37. Os programas, projetos e outras ações no Estado do
Pará devem estar articuladas e realizadas no âmbito do Sistema
SEÇÃO I Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela
DO ACESSO À TERRA Lei n° 11.124, de 16 de junho de 2005, devendo considerar as pe-
culiaridades sociais, econômicas e culturais da população negra.
Art. 28. O Poder Público Estadual elaborará e implementará Parágrafo único. O Estado do Pará e os Municípios estimu-
políticas públicas capazes de promover o acesso da população ne- larão e facilitarão a participação de organizações e movimentos
gra à terra e às atividades produtivas no campo, sem prejuízo das representativos da população negra na composição dos conselhos
atribuições do ente federal. constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habita-
Art. 29. Para incentivar o desenvolvimento das atividades pro- ção de Interesse Social (FNHIS). Art. 38. Os agentes financeiros,
dutivas da população negra no campo, o Poder Público Estadual públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o acesso
promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao finan- da população negra aos financiamentos habitacionais.
ciamento agrícola, sem prejuízo do ente federal. Art. 39. A implementação de políticas voltadas para a inclusão
Art. 30. Serão assegurados à população negra a Assistência da população negra no mercado de trabalho será de responsabi-
Técnica Rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o lidade do Poder Público, sem prejuízo das atribuições da União
fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercializa- Federal, observando-se:
ção da produção, sem prejuízo das responsabilidades e ações dos I - o instituído neste Estatuto;
entes federais. II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
Art. 31. O Poder Público Estadual promoverá a educação e a venção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as Discriminação Racial, de 1965;
comunidades negras rurais, sem prejuízo das atribuições do ente III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Con-
federal. venção n° 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho
Art. 32. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão;
que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo
definitiva, devendo o Estado do Pará emitir-lhes os títulos respec- Brasil perante a comunidade internacional.
tivos quando couber ou em acordo com a União Federal e seus Art. 40. O Poder Público Estadual promoverá ações que as-
órgãos fundiários, observado o art. 322 da Constituição Estadual. segurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho
Parágrafo único. VETADO. para a população negra, inclusive mediante a implementação de
Art. 33. O Poder Executivo Estadual, em colaboração com o medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do
ente federal ou por iniciativa própria, elaborará e desenvolverá setor público e de economia mista, além do incentivo de adoção
políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sus- de medidas similares nas empresas e organizações privadas.
tentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, res- § 1° A igualdade de oportunidades será lograda mediante a
peitando as tradições de proteção ambiental das comunidades. adoção de políticas e programas de formação profissional, de em-
prego e de geração de renda voltados para a população negra.
72
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2° As ações visando a promover a igualdade de oportuni- Art. 47. Os órgãos e entidades da administração pública di-
dades na esfera da administração pública far-se-ão por meio de reta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as so-
normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação es- ciedades de economia mista do Estado do Pará, deverão incluir
pecífica e em seus regulamentos. cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de rea-
§ 3° O Poder Público Estadual estimulará, por meio de incen- lização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter
tivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. publicitário.
§ 4° As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o § 1° Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão,
princípio da paridade de gênero entre os beneficiários. nas especificações para contratação de serviços de consultoria,
§ 5° Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena pro- conceituação, produção e realização de filmes, programas ou pe-
dução, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mu- ças publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportuni-
lheres negras. dades de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou
§ 6° O Poder Executivo, por meio de seus órgãos competen- serviço contratado.
tes, promoverá campanhas de sensibilização contra a marginaliza- § 2° Entende-se por prática de iguais oportunidades de em-
ção da mulher negra no trabalho artístico e cultural, respeitando prego o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a fi-
sua identidade de gênero. nalidade de garantir a diversidade racial, de sexo e de idade na
§ 7° O Poder Público promoverá ações com o objetivo de equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.
elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da § 3° A autoridade contratante poderá, se considerar neces-
economia que contem com alto índice de ocupação por trabalha- sário para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego,
dores negros de baixa escolarização. requerer auditoria por órgão do Poder Público Estadual.
§ 8° VETADO. § 4° A exigência disposta no caput não se aplica às produções
§ 9° O Poder Público incentivará parcerias com cursos técni- publicitárias quando abordarem especificidades de grupos étni-
cos do Sistema S para pessoas negras de baixa renda (até dois sa- cos determinados.
lários mínimos) e do mercado informal. Art. 48. Deverá ser assegurado nos territórios quilombolas
§ 10. VETADO. o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s),
§ 11. O Estado, por meio de seus órgãos competentes, deverá principalmente da informática e da internet no Estado do Pará,
conceder Selo de Equidade Racial, que deverá ser criado por lei proporcionando à população quilombola paraense melhores
específica, para empresas que possuam políticas de ação afirma- oportunidades no mercado de trabalho e a apropriação do conhe-
tiva para pessoas negras nos seus processos de recrutamento e cimento para o benefício da comunidade.
seleção.
Art. 41. O Poder Executivo Estadual formulará políticas, pro- TÍTULO III
gramas e projetos voltados para a inclusão da população negra no DO SISTEMA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
mercado de trabalho e orientará a destinação de recursos para RACIAL (SIEPIR)
seu financiamento.
Art. 42. As ações de emprego e renda, promovidas por meio CAPÍTULO I
de financiamento para constituição e ampliação de pequenas e DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
médias empresas e de programas de geração de renda, contem-
plarão o estímulo à promoção de empresários negros. Art. 49. É instituído o Sistema Estadual de Promoção da Igual-
Parágrafo único. O Poder Público estimulará as atividades vol- dade Racial (SIEPIR) como forma de organização e de articulação
tadas ao turismo com o enfoque na valorização da cultura racial voltadas à implementação do conjunto de políticas e serviços des-
com enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a tinados a superar as desigualdades étnicas existentes no Estado
cultura, os usos e os costumes da população negra. do Pará.
Art. 43. VETADO. § 1° O Estado do Pará poderá aderir ao Sistema Nacional de
Promoção de Igualdade Racial e mediante adesão os Municípios
CAPÍTULO VI poderão participar do Sistema Estadual.
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO § 2° O Poder Público Estadual incentivará a sociedade e a ini-
ciativa privada a participar do SIEPIR.
Art. 44. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação
valorizará a herança cultural e a participação da população negra CAPÍTULO II
na história do Pará. DOS OBJETIVOS
Art. 45. Na produção de filmes e programas destinados à vei-
culação pelas emissoras de televisão e em salas cinematográficas, Art. 50. São objetivos do SIEPIR:
deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de empre- I - promover a igualdade racial e o combate às desigualda-
go para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e des sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de
qualquer discriminação de natureza política, ideológica, racial ou ações afirmativas;
artística. II - formular políticas destinadas a combater os fatores de
Art. 46. Aplica-se à produção de peças publicitárias destina- marginalização e a promover a integração social da população
das à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas cinema- negra;
tográficas o disposto no art. 43. III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pe-
los governos estaduais, distrital e municipais;
73
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promo- Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres
ção da igualdade racial; negras, respeitando sua identidade de gênero, em situação de
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados violência, garantida a assistência física, psíquica, social e jurídica
para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das bem como assegurará que sejam atendidas, de forma especifica,
metas a serem estabelecidas. nas demais questões jurídicas, considerando a situação de vulne-
rabilidade.
CAPÍTULO III Art. 55. O Estado adotará medidas especiais para coibir a vio-
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA lência policial incidente sobre a população negra, com medidas
específicas para combater o extermínio da juventude negra.
Art. 51. O Poder Executivo, por meio de seus órgãos compe- Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressociali-
tentes, elaborará plano estadual de promoção da igualdade racial zação e proteção da juventude negra em conflito com a lei e ex-
contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação posta a experiências de exclusão social.
da Política Estadual de Promoção da Igualdade Racial (PEPIR). Art. 56. O Estado adotará medidas para coibir atos de dis-
§ 1° A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e criminação e preconceito praticados por servidores públicos em
acompanhamento da PEPIR, bem como a organização, articulação detrimento da população negra, observado, no que couber, o dis-
e coordenação do SIEPIR, serão efetivados pelo órgão responsável posto na Lei n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
pela política de promoção da igualdade racial em âmbito estadual. Art. 57. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de
§ 2° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos lesão aos interesses da população negra decorrentes de situações
competentes, instituirá fórum intergovernamental de promoção de desigualdade racial, recorrer-se-á, entre outros instrumentos,
da igualdade racial, com o objetivo de implementar estratégias à ação civil pública, disciplinada na Lei Federal n° 7.347, de 24 de
que visem à incorporação da política nacional de promoção da julho de 1985.
igualdade racial nas ações governamentais de Estados e Municí- Art. 58. Deverá ser assegurado, pelos órgãos competentes
pios. do Poder Executivo, nos cursos de capacitação de servidores do
§ 3° As diretrizes das políticas nacional e regional de promo- Sistema de Segurança Pública, disciplinas curriculares específicas
ção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão colegiado que de enfrentamento ao racismo e outras práticas discriminatórias, e
assegure a participação da sociedade civil. sobre o direito de igualdade racial, previstos no art. 3°, inciso IV
Art. 52. Os Poderes Executivos Estadual e Municipal, no âmbi- da Constituição Federal e Decreto n° 65.810, de 8 de dezembro
to das respectivas esferas de competência, poderão instituir con- de 1969.
selhos de promoção da equidade racial, de caráter permanente, Parágrafo único. Considera-se cursos de capacitação, todo e
deliberativo e consultivo, compostos por igual número de repre- qualquer curso realizado de formação ou de qualificação profis-
sentantes de órgãos e entidades públicas e de organizações da sional dos servidores que trata o caput deste artigo.
sociedade civil representativas da população negra. Art. 59. Os relatórios do Conselho Estadual de Segurança Pú-
§ 1° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos blica sobre violência e homicídios, deverão conter o recorte racial
competentes, captará os recursos que lhe foram destinados em contra a população negra.
decorrência de programas e atividades previstos na Lei Federal Art. 60. Deverá constar em qualquer concurso público, de
aos Estados e Municípios que tenham criado conselhos de promo- qualquer dos Poderes do Estado do Pará, conteúdos sobre a legis-
ção da equidade étnico-racial. lação antirracista e de promoção da igualdade racial, em especial
§ 2° Será assegurado no Conselho de que trata o caput a fun- o Estatuto da Igualdade Racial Federal, Lei Federal n° 7.716/89 e
ção de elaboração, implementação, monitoramento e avaliação Estadual quando houver.
de Programas e ações de equidade raciais na área de educação,
saúde, esportes e lazer sob responsabilidade dos Movimentos Ne- CAPÍTULO V
gro do Pará para garantir a transversalidade com verba assegura- DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
da no orçamento anual do Estado do Pará. IGUALDADE RACIAL
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas Art. 66. O parágrafo único do art. 1° da Lei n° 6.941, de 17 de
administradas por pessoas autodeclaradas negras; janeiro de 2007, passa a viger com a seguinte redação:
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência “Art.1° .........................................................................
das pessoas negras na educação fundamental, média, técnica e Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se popu-
superior; lação negra o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e
VI - apoio a programas e projetos do Governo Estadual e Mu- pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Ins-
nicipal e de entidades da sociedade civil voltados para a promo- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam
ção da igualdade de oportunidades para a população negra; autodefinição análoga e sejam socialmente reconhecidas como
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e tal.”
das tradições africanas e brasileiras. Art. 67. Ficam mantidos os efeitos das Leis n°s 6.457, de 30 de
§ 1° O Poder Executivo Estadual deverá adotar medidas que abril de 2002, 6.938, de 28 de agosto de 2006, e 6.941, de 17 de
garantam, em cada exercício, a transparência na alocação e na janeiro de 2007, não havendo oposição à presente Lei.
execução dos recursos necessários ao financiamento das ações Art. 68. Os direitos e garantias expressos neste Estatuto não
previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ele
dos recursos orçamentários destinados aos programas de promo- adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fe-
ção da igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, derativa do Brasil seja parte (Art. 5°, LXXVIII, § 2° da Constituição
emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, Federal/88) (preâmbulo).
desenvolvimento regional, cultura, esporte e lazer. Art. 69. VETADO.
§ 2° Durante os 10 (dez) primeiros anos, a contar do exercício Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
subsequente à publicação deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe-
cutivo Estadual que desenvolvem políticas e programas nas áreas PALÁCIO DO GOVERNO, 11 de novembro de 2021.
referidas no § 1° deste artigo, discriminarão em seus orçamentos
anuais a participação nos programas de ação afirmativa referidos LEI ESTADUAL N. º 5.810/1994 E ALTERAÇÕES (REGIME
no inciso VII do art. 4° desta Lei. JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA
§ 3° O Poder Executivo Estadual poderá adotar as medidas ADMINISTRAÇÃO DIRETA, DAS AUTARQUIAS E DAS FUN-
necessárias para a adequada implementação do disposto neste DAÇÕES PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ.
artigo, podendo estabelecer patamares de participação crescente
dos programas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se
refere o § 2° deste artigo. LEI N° 5.810, DE 24 DE JANEIRO DE 1994* (RJU)
§ 4° O Poder Executivo Estadual, por meio de seus órgãos Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos
competentes, acompanhará e avaliará a programação das ações Civis da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Pú-
referidas neste artigo nas propostas orçamentárias do Estado. blicas do Estado do Pará.
Art. 62. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, *Republicada no DOE Nº 3.103, de 08/02/2008, conforme a
poderão ser consignados nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Lei Complementar Nº 033, de 4/11/97, com as alterações introdu-
Social para financiamento das ações de que trata o art. 55: zidas pelas Leis Nº 5.942, de 15/1/96; 5.995, de 2/9/96; 6.161, de
I - transferências voluntárias da União Federal; 25/11/98; e pelas Leis Complementares Nº 044, de 23/1/2003; e
II - doações voluntárias de particulares; 051, de 25/1/2006; e pelas Leis Nº 6.891, de 13/7/2006; 7.071, de
III - doações de empresas privadas e organizações não gover- 24-12-2007; e 7.084, de 14-1-2008.
namentais, nacionais ou internacionais; *Incluída as alterações feitas pela Lei nº 7.267, de 05/05/2009.
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacio- *Incluída as alterações feitas pela Lei nº 7.391, de 07/04/2010.
nais; *Republicada no DOE Nº 31.660, de 06/05/2010, conforme a
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, Lei Complementar Nº 033, de 4/11/97, com as alterações introdu-
tratados e acordos internacionais; zidas pelas Leis Nº 5.942, de 15/1/96; 5.995, de 2/9/96; 6.161, de
VI - VETADO. 25/11/98; e pelas Leis Complementares Nº 044, de 23/1/2003; e
051, de 25/1/2006; e pelas Leis Nº 6.891, de 13/7/2006; 7.071, de
TÍTULO IV 24-12-2007; e 7.084, de 14-1-2008, 7. 267, de 5-6-09 e
DISPOSIÇÕES FINAIS 7.391, de 7-4-10.
*Alterada pela Lei nº 8.745 de 14 de agosto de 2018, publicada
Art. 63. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras no DOE nº 33.681 de 17 de agosto de 2018.
em prol da população negra que tenham sido ou venham a ser *Alterada pela Lei nº 8.975, de 13 de janeiro de 2020, publica-
adotadas no âmbito da União Federal ou dos Municípios. da no DOE nº 34.089, de 14 de janeiro de 2020.
Art. 64. O Poder Executivo Estadual criará instrumentos para *Alterada pela Lei nº 9.230, de 24 de março de 2021, publicada
aferir a eficácia social das medidas previstas nesta Lei e efetuará no DOE nº 34.534, de 26 de março de 2021.
seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de A Assembleia Legislativa do Estado do Pará estatui e eu sancio-
relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computado- no a seguinte lei:
res.
Art. 65. VETADO.
Parágrafo único. VETADO.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1º Será publicada lista geral de classificação contendo todos II- No Poder Legislativo, no Poder Judiciário, no Ministério Pú-
os candidatos aprovados e, paralela e concomitantemente, lista blico e nos Tribunais de Contas, conforme dispuser a legislação es-
própria para os candidatos que concorreram às vagas reservadas pecífica de cada Poder ou órgão.
aos deficientes. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). Art. 20. O ato de posse será transcrito em livro especial, assina-
§ 2º Os candidatos com deficiência aprovados e incluídos na do pela autoridade competente e pelo servidor empossado.
lista reservada aos deficientes serão chamados e convocados alter- Parágrafo único. Em casos especiais, a critério da autoridade
nadamente a cada convocação de um dos candidatos chamados da competente, a posse poderá ser tomada por procuração específica.
lista geral até preenchimento do percentual reservado às pessoas Art. 21. A autoridade que der posse verificará, sob pena de
com deficiência no edital do concurso. (Incluído pela Lei nº 7.071, responsabilidade, se foram observados os requisitos legais para a
de 2007). investidura no cargo ou função.
§ 3º Equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre Art. 22. A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contados
as atribuições do cargo e a deficiência do candidato durante o está- da publicação do ato de provimento no Diário Oficial do Estado.
gio probatório. (Incluído pela Lei nº 7.071, de 2007). § 1° O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais
Art. 15. A administração proporcionará aos portadores de de- 30(trinta) dias, a requerimento do interessado.
ficiência, condições para a participação em concurso de provas ou § 1º O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais quin-
de provas e títulos. ze dias, em existindo necessidade comprovada para o preenchi-
Parágrafo único. Às pessoas portadoras de deficiência é assegu- mento dos requisitos para posse, conforme juízo da Administração.
rado o direito de inscrever-se em concurso público para provimento (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de § 2° O prazo do servidor em férias, licença, ou afastado por
que são portadoras, às quais serão reservadas até 20% (vinte por qualquer outro motivo legal, será contado do término do impedi-
cento), das vagas oferecidas no concurso. mento.
§ 3° Se a posse não se concretizar dentro do prazo, o ato de
SEÇÃO III provimento será tornado sem efeito.
DA POSSE § 4° No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
bens e valores que constituam seu patrimônio, e declaração quanto
Art. 16. Posse é o ato de investidura em cargo público ou fun- ao exercício, ou não, de outro cargo, emprego ou função pública.
ção gratificada. Parágrafo único. Não haverá posse nos casos de (Regulamentado pelo Decreto nº 2.094, de 2010).
promoção e reintegração. Art. 22-A. Ao interessado é permitida a renúncia da posse, no
Art. 17. São requisitos cumulativos para a posse em cargo pú- prazo legal, sendo-lhe garantida a última colocação dentre os clas-
blico: sificados no correspondente concurso público. (Incluído pela Lei nº
I - ser brasileiro, nos termos da Constituição; II - ter completado 7.071, de 2007).
18 (dezoito) anos;
III- estar em pleno exercício dos direitos políticos; SEÇÃO IV
IV- ser julgado apto em inspeção de saúde realizada em órgão DO EXERCÍCIO
médico oficial do Estado do Pará; V - possuir a escolaridade exigida
para o exercício do cargo; Art. 23. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições e res-
VI - não exercer outro cargo ou emprego caracterizante de acu- ponsabilidade do cargo.
mulação proibida Art. 24. Compete ao titular do órgão para onde for nomeado o
VI- declarar expressamente o exercício ou não de cargo, em- servidor, dar-lhe o exercício. Art. 25. O exercício do cargo terá início
prego ou função pública nos órgãos e entidades da Administração dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados:
Pública Estadual, Federal ou Municipal, para fins de verificação do Art. 25. O exercício do cargo terá início dentro do prazo de
acúmulo de cargos. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). quinze dias, contados: (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
VII- a quitação com as obrigações eleitorais e militares; I- da data da posse, no caso de nomeação;
VIII- não haver sofrido sanção impeditiva do exercício de cargo II- da data da publicação oficial do ato, nos demais casos.
público. § 1°Os prazos poderão ser prorrogados, a requerimento do in-
Art. 18. A compatibilidade das pessoas portadoras de defici- teressado, por 30 (trinta) dias.
ência, de que trata o art. 15, parágrafo único, será declarada por § 1º Os prazos poderão ser prorrogados por mais quinze dias,
junta especial, constituída por médicos especializados na área da em existindo necessidade comprovada para o preenchimento dos
deficiência diagnosticada. requisitos para posse, conforme juízo da Administração. (Redação
Parágrafo único. Caso o candidato seja considerado inapto para dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
o exercício do cargo, perde o direito à nomeação. (Incluído pela Lei § 2° Será exonerado o servidor empossado que não entrar em
nº 7.071, de 2007). exercício nos prazos previstos neste artigo.
Art. 19. São competentes para dar posse: Art. 26. O servidor poderá ausentar-se do Estado, para estu-
I- No Poder Executivo: do, ou missão de qualquer natureza, com ou sem vencimento, me-
a)o Governador, aos nomeados para cargos de Direção ou As- diante prévia autorização ou designação do titular do órgão em que
sessoramento que lhe sejam diretamente subordinados; servir.
b)os Secretários de Estado e dirigentes de Autarquias e Funda- Art. 27. O servidor autorizado a afastar-se para estudo em área
ções, ou a quem seja delegada competência, aos nomeados para os do interesse do serviço público, fora do Estado do Pará, com ônus
respectivos órgãos, inclusive, colegiados; para os cofres do Estado, deverá, sequentemente, prestar serviço,
por igual período, ao Estado.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 28. O afastamento do servidor para participação em con- o que dispuser a lei ou regulamento do sistema de carreira, sem
gressos e outros eventos culturais, esportivos, técnicos e científicos prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
será estabelecido em regulamento. incisos I a V deste artigo.
Art. 29. O servidor preso em flagrante, pronunciado por crime § 2° O servidor não aprovado no estágio probatório será exone-
comum, denunciado por crime administrativo, ou condenado por rado, observado o devido processo legal.
crime inafiançável, será afastado do exercício do cargo, até senten- § 3º O disposto no “caput” deste artigo não se aplica aos ser-
ça final transitada em julgado. vidores que já tenham entrado em exercício na data de publicação
§ 1°Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços desta Lei, que se sujeitam ao regime anterior. (Incluído pela Lei nº
do vencimento ou remuneração, tendo direito à diferença, se ab- 7.071, de 2007).
solvido. Art. 33. O término do estágio probatório importa no reconheci-
§ 1º Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços mento da estabilidade de ofício.
da remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão do efeti- Art. 34. O servidor estável aprovado em outro concurso público
vo exercício do cargo, tendo direito à diferença, se absolvido. (Reda- fica sujeito a estágio probatório no novo cargo.
ção dada pela Lei nº 7.071, de 2007). Parágrafo único. Ficará dispensado do estágio probatório o ser-
§ 2° Em caso de condenação criminal, transitada em julgado, vidor que tiver exercido o mesmo cargo público em que já tenha
não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até sido avaliado. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007).
o cumprimento total da pena, com direito a um terço do vencimen-
to ou remuneração. CAPÍTULO III
§ 2º Em caso de condenação criminal, transitada em julgado, DA PROMOÇÃO
não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
o cumprimento total da pena, com direito a um terço do venci- Art. 35. A promoção é a progressão funcional do servidor está-
mento ou remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão vel a uma posição que lhe assegure maior vencimento base, dentro
do efetivo exercício do cargo. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de da mesma categoria funcional, obedecidos os critérios de antigui-
2007). dade e merecimento, alternadamente.
Art. 30. Ao servidor da administração direta, das Autarquias Art. 36. A promoção por antiguidade dar-se-á pela progressão
e das Fundações Públicas ou dos Poderes Legislativo e Judiciário, à referência imediatamente superior, observado o interstício de 2
do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, diplomado para o (dois) anos de efetivo exercício.
exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, aplica- Art. 37. A promoção por merecimento dar-se-á pela progressão
-se o disposto no Título III, Capítulo V, Seção VII, desta lei. à referência imediatamente superior, mediante a avaliação do de-
Art. 31. O servidor no exercício de cargo de provimento efetivo, sempenho a cada interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercício.
mediante a sua concordância poderá ser colocado à disposição de Parágrafo único. No critério de merecimento será obedecido o
qualquer órgão da administração direta ou indireta, da União, do que dispuser a lei do sistema de carreira, considerando-se, em es-
Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, com ou sem ônus para pecial, na avaliação do desempenho, os cursos de capacitação pro-
o Estado do Pará, desde que observada a reciprocidade. (Vide De- fissional realizados, e assegurada, no processo, a plena participação
creto nº 795, de 2020). (Vide Instruções Normativas nº 02, de 1997 das entidades de classe dos servidores.
e nº 001, de 2003). Art. 38. O servidor que não estiver no exercício do cargo, res-
salvadas as hipóteses consideradas como de efetivo exercício, não
SEÇÃO V concorrerá à promoção.
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO § 1° Não poderá ser promovido o servidor que se encontre
(REGULAMENTADO PELO DECRETO Nº 1.945, DE 2005). cumprindo o estágio probatório.
§ 2° O servidor, em exercício de mandato eletivo, somente terá
Art. 32. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo direito à promoção por antigüidade na forma da Constituição, obe-
de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por perí- decidas as exigências legais e regulamentares.
odo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e Art. 39. No âmbito de cada Poder ou órgão, o setor competen-
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, te de pessoal processará as promoções que serão efetivadas por
observados os seguintes fatores: Art. 32. Ao entrar em exercício, o atos específicos no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de
servidor nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito abertura da vaga.
a estágio probatório por período de três anos, durante os quais a Parágrafo único. O critério adotado para promoção deverá
sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desem- constar obrigatoriamente do ato que a determinar.
penho do cargo, observados os seguintes fatores: (Redação dada
pela Lei nº 7.071, de 2007). CAPÍTULO IV
I– assiduidade; DA REINTEGRAÇÃO
II– disciplina;
III- capacidade de iniciativa; IV – produtividade; Art. 40. Reintegração é o reingresso do servidor na adminis-
V – responsabilidade; tração pública, em decorrência de decisão administrativa definitiva
§ 1° Quatro meses antes do findo período do estágio proba- ou sentença judicial transitada em julgado, com ressarcimento de
tório, será submetida à homologação da autoridade competente prejuízos resultantes do afastamento.
a avaliação do desempenho do servidor, realizada de acordo com § 1° A reintegração será feita no cargo anteriormente ocupado
e, se este houver sido transformado, no cargo resultante.
78
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2° Encontrando-se regularmente provido o cargo, o seu ocu- § 1° A redistribuição será sempre ex-officio, ouvidos os respec-
pante será deslocado para cargo equivalente, ou, se ocupava outro tivos órgãos ou entidades interessados na movimentação. (Incluído
cargo, a este será reconduzido, sem direito à indenização. pela Lei nº 5.492, de 1996).
§ 3° Se o cargo houver sido extinto, a reintegração dar-se-á em § 2° A redistribuição dar-se-á exclusivamente para o ajusta-
cargo equivalente, respeitada a habilitação profissional, ou, não mento do quadro de pessoal às necessidades dos serviços, inclusive
sendo possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no cargo nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entida-
que exercia. de. (Incluído pela Lei nº 5.492, de 1996).
Art. 41. O ato de reintegração será expedido no prazo máximo § 3° Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servidores
de 30 (trinta) dias do pedido, reportando-se sempre à decisão ad- estáveis que não puderam ser redistribuídos, na forma deste artigo,
ministrativa definitiva ou à sentença judicial, transitada em julgado. serão colocados em disponibilidade até seu aproveitamento. (Inclu-
Art. 42. O servidor reintegrado será submetido à inspeção de ído pela Lei nº 5.492, de 1996).
saúde na instituição pública competente e aposentado, quando in-
capaz. CAPÍTULO VI
DA REVERSÃO
CAPÍTULO V
DA TRANSFERÊNCIA E DA REMOÇÃO CAPÍTULO V Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta-
DA TRANSFERÊNCIA, DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO do por invalidez, quando, por junta médica oficial, forem declarados
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 5.942, DE 1996). insubsistentes os motivos da aposentadoria.
Art. 51. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposenta-
Art. 43. Transferência é a movimentação do servidor ocupante do: (Redação dada pela Lei nº 8.975, de 2020).
de cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomi- I- por incapacidade permanente, quando, por junta médica ofi-
nação e provimento, de outro órgão, mas no mesmo Poder. cial, foram declarados insubsistentes os motivos da aposentadoria;
Art. 44. Caberá a transferência: ou (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
I- a pedido do servidor; II- voluntariamente, a pedido, desde que haja interesse da Ad-
II- por permuta, a requerimento de ambos os servidores inte- ministração devidamente fundamentado e a aposentadoria tenha
ressados. ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação. (Incluído pela Lei
Art. 45. A transferência será processada atendendo a conveni- nº 8.975, de 2020).
ência do servidor desde que no órgão pretendido exista cargo vago, § 1° A reversão, ex-officio ou a pedido, dar-se-á no mesmo car-
de igual denominação. go ou no cargo resultante de sua transformação. (Incluído pela Lei
Art. 46. O servidor transferido somente poderá renovar o pe- nº 8.975, de 2020).
dido, após decorridos 2 (dois) anos de efetivo exercício no cargo. § 2° A reversão, a pedido, dependerá da existência de cargo
Art. 47. Não será concedida a transferência: vago. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
I - para cargos que tenham candidatos aprovados em concurso, § 3° Não poderá reverter o aposentado que já tiver alcançado o
com prazo de validade não esgotado; II - para órgãos da administra- limite da idade para aposentadoria compulsória. (Incluído pela Lei
ção indireta ou fundacional cujo regime jurídico não seja o estatu- nº 8.975, de 2020).
tário; III - do servidor em estágio probatório. Art. 52. Será tornada sem efeito a reversão ex-officio, e cassada
Art. 48. A transferência dos membros da Magistratura, Ministé- a aposentadoria do servidor que não tomar posse e entrar no exer-
rio Público, Magistério e da Polícia Civil, será definida no âmbito de cício do cargo.
cada Poder, por regime próprio.
Art. 49. A remoção é a movimentação do servidor ocupante de CAPÍTULO VII
cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomina- DO APROVEITAMENTO
ção e forma de provimento, no mesmo Poder e no mesmo órgão
em que é lotado. Art. 53. O aproveitamento é o reingresso, no serviço público,
Parágrafo único. A remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor do servidor em disponibilidade, em cargo de natureza e padrão de
estável, poderá ser feita: (Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996). vencimento correspondente ao que ocupava.
I- de uma para outra unidade administrativa da mesma Secre- Art. 54. O aproveitamento será obrigatório quando:
taria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legisla- I- restabelecido o cargo de cuja extinção decorreu a disponibi-
tivo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas. lidade; II - deva ser provido cargo anteriormente declarado desne-
(Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996). cessário.
II- de um para outro setor, na mesma unidade administrativa. Art. 55. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
(Incluído pela Lei nº 5.942, de 1996). Art. 50 - A Remoção, a pedido a disponibilidade de servidor que, aproveitado, não tomar posse e
ou ex-officio, do servidor estável poderá ser feita: não entrar em exercício dentro do prazo legal.
I- de uma para outra unidade administrativa da mesma Secre-
taria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legisla- CAPÍTULO VIII
tivo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas. DA READAPTAÇÃO
II- de um para outro setor, na mesma unidade administrativa.
Art. 50. A redistribuição é o deslocamento do servidor, com o Art. 56. Readaptação é a forma de provimento, em cargo mais
respectivo cargo ou função, para o quadro de outro órgão ou enti- compatível, pelo servidor que tenha sofrido limitação, em sua ca-
dade do mesmo Poder, sempre no interesse da Administração. (Re- pacidade física ou mental, verificada em inspeção médica oficial.
dação dada pela Lei nº 5.942, de 1996).
79
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1° A readaptação ex-officio ou a pedido, será efetivada em Art. 64. A frequência será apurada diariamente:
cargo vago, de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida. I- pelo ponto de entrada e saída;
§ 2° A readaptação não acarretará diminuição ou aumento da II- pela forma determinada quanto aos servidores cujas ativida-
remuneração. des sejam permanentemente exercidas externamente, ou que, por
§ 3° Ressalvada a incapacidade definitiva para o serviço públi- sua natureza, não possam ser mensuradas por unidade de tempo.
co, quando será aposentado, é direito do servidor renovar pedido Art. 65. Na antecipação ou prorrogação da duração da jornada
de readaptação. de trabalho, será também remunerado o trabalho suplementar, na
forma prevista neste Estatuto.
CAPÍTULO IX Art. 66. O servidor ocupante de cargo comissionado, indepen-
DA RECONDUÇÃO dentemente de jornada de trabalho, atenderá às convocações de-
correntes da necessidade do serviço de interesse da Administração.
Art. 57. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
anteriormente ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio CAPÍTULO II
probatório relativo a outro cargo; DA ESTABILIDADE
II- reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o Art. 67. O servidor habilitado em concurso público e empossa-
servidor será aproveitado em outro, observado o que dispõe a pre- do em cargo de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no servi-
sente lei nos casos de disponibilidade e aproveitamento. ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
Art. 68. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
CAPÍTULO X sentença judicial transitada em julgado, ou de processo administra-
DA VACÂNCIA tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
Art. 69. É vedada a exoneração, a suspensão ou a demissão de
Art. 58. A vacância do cargo decorrerá de: servidor sindicalizado, a partir do registro da candidatura a cargo de
I– exoneração; direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
II– demissão; até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave,
III– promoção; devidamente apurada em processo administrativo.
IV– aposentadoria; V – readaptação; VI – falecimento; VII –
transferência; VIII – destituição. CAPÍTULO III
Parágrafo único. A vaga ocorrerá na data: DO TEMPO DE SERVIÇO
I- do falecimento;
II- da publicação do decreto que exonerar, demitir, promover, Art. 70. Considera-se como tempo de serviço público o exclu-
aposentar, readaptar, transferir, destituir e da posse em outro cargo sivamente prestado à União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
inacumulável. Autarquias e Fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público.
Art. 59. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser- § 1° Constitui tempo de serviço público, para todos os efeitos
vidor ou de ofício. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: legais, salvo para estabilidade, o anteriormente prestado pelo ser-
I- quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; vidor, qualquer que tenha sido a forma de admissão ou de paga-
II- quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exer- mento.
cício no prazo legal. Art. 60. A exoneração de cargo em comissão § 2° Para efeito de aposentadoria e disponibilidade é assegu-
dar-se-á: rada, ainda, a contagem do tempo de contribuição financeira dos
I - a juízo da autoridade competente; II - a pedido do próprio sistemas previdenciários, segundo os critérios estabelecidos em lei.
servidor. Art. 71. A apuração do tempo de serviço será feita em dias.
Art. 61. A vacância de função gratificada dar-se-á por dispensa, § 1° O número de dias será convertido em anos, considerados
a pedido ou de ofício, ou por destituição. sempre como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias.
Art. 62. Na vacância do cargo de titular de Autarquia ou Funda- § 2° Para efeito de aposentadoria, feita a conversão, os dias
ção Pública, poderá o mesmo ser provido com a nomeação tempo- restantes, até 182, não serão computados, arredondando-se para
rária, ressalvado no ato de provimento o disposto no art. 92, XX da um ano quando excederem a esse número.
Constituição do Estado. Art. 72. Considera-se como de efetivo exercício, para todos os
fins, o afastamento decorrente de: I – férias;
TÍTULO III II- casamento, até 8 (oito) dias;
DOS DIREITOS E VANTAGENS CAPÍTULO I III- falecimento do cônjuge, companheira ou companheiro, fi-
DA DURAÇÃO DO TRABALHO lhos e irmãos, até 8 (oito) dias;
III- falecimento do cônjuge, companheira ou companheiro, pai,
Art. 63. A duração da jornada diária de trabalho será de 6(seis) mãe, filhos e irmãos, até 8 (oito) dias; (Redação dada pela Lei nº
horas ininterruptas, salvo as jornadas especiais estabelecidas em 5.995, de 1996).
lei. IV- serviços obrigatórios por lei;
§ 1° Nas atividades de atendimento público que exijam jornada V- desempenho de cargo ou emprego em órgão da adminis-
superior, serão adotados turnos de revezamento. tração direta ou indireta de Municípios, Estados, Distrito Federal e
§ 2° A duração normal da jornada, em caso de comprovada ne- União, quando colocado regularmente à disposição;
cessidade, poderá ser antecipada ou prorrogada pela administra- VI- missão oficial de qualquer natureza, ainda que sem venci-
ção. mento, durante o tempo da autorização ou designação;
80
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VII- estudo, em área do interesse do serviço público, durante o § 4º A indenização será calculada com base na remuneração
período da autorização; VIII - processo administrativo, se declarado do mês em que ocorrer a exoneração. (Incluído pela Lei nº 7.391,
inocente; de 2010).
IX- desempenho de mandato eletivo, exceto para promoção
por merecimento; CAPÍTULO V
X- participação em congressos ou outros eventos culturais, es- DAS LICENÇAS
portivos, técnicos, científicos ou sindicais, durante o período auto-
rizado. SEÇÃO I
XI– licença-prêmio; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
XII- licença- maternidade com a duração de 120 (cento e vinte)
dias; Art. 77. O servidor terá direito à licença:
XII- licença maternidade com a duração de cento e oitenta dias; I- para tratamento de saúde;
(Redação dada pela Lei nº 7.627, de 2009). II- por motivo de doença em pessoa da família; III – materni-
XIII– licença-paternidade; dade;
XIV- licença para tratamento de saúde; IV– paternidade;
XV- licença por motivo de doença em pessoa da família; XVI V- para o serviço militar e outras obrigações previstas em lei;
- faltas abonadas, no máximo de 3 (três) ao mês; XVII - doação de VI - para tratar de interesse particular;
sangue, 1 (um) dia; VII- para atividade política ou classista, na forma da lei;
XVIII - desempenho de mandato classista. VIII- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
§ 1° Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às IX - a título de prêmio por assiduidade.
Forças Armadas em operações de guerra. § 1° As licenças previstas nos incisos I e II dependerão de inspe-
§ 2° As férias e a licença-prêmio serão contadas em dobro para ção médica, realizada pelo órgão competente.
efeito de aposentadoria a partir da expressa renúncia do servidor. § 2° Ao servidor ocupante de cargo em comissão não serão
Art. 73. É vedada a contagem acumulada de tempo de servi- concedidas as licenças previstas nos incisos VI, VII e VIII.
ço simultaneamente prestado em mais de um cargo, emprego ou § 3° A licença - da mesma espécie - concedida dentro 60 (ses-
função. senta) dias, do término da anterior, será considerada como prorro-
Parágrafo único. Em regime de acumulação legal, o Estado não gação.
contará o tempo de serviço do outro cargo ou emprego, para o re- § 4° Expirada a licença, o servidor assumirá o cargo no primeiro
conhecimento de vantagem pecuniária. dia útil subseqüente.
§ 5° O servidor não poderá permanecer em licença da mesma
CAPÍTULO IV espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) meses, salvo os
DAS FÉRIAS casos previstos nos incisos V, VII e VIII.
Art. 78. A licença poderá ser prorrogada de ofício ou mediante
Art. 74. O servidor, após cada 12 (doze) meses de exercício ad- solicitação.
quire direito a férias anuais, de 30 (trinta) dias consecutivos. § 1° O pedido de prorrogação deverá ser apresentado pelo me-
§ 1° É vedado levar, à conta das férias, qualquer falta ao serviço. nos 8 (oito) dias antes de findo o prazo.
§ 2° As férias somente são interrompidas por motivo de calami- § 2° O disposto neste artigo não se aplica às licenças previstas
dade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar no art. 77, incisos III, IV, VI e IX. Art. 79. É vedado o exercício de
ou eleitoral, ou por motivo de superior interesse público; podendo atividade remunerada durante o período das licenças previstas nos
ser acumuladas, pelo prazo máximo de dois anos consecutivos. incisos I e II do art. 77.
§ 3° O disposto neste artigo se estende aos Secretários de Esta- Art. 80.O servidor notificado que se recusar a submeter-se à
do. (Incluído pela Lei nº 6.161, de 1998). inspeção médica, quando julgada necessária, terá sua licença can-
Art. 75. As férias serão de: celada automaticamente.
I- 30 (trinta) dias consecutivos, anualmente;
II- 20 (vinte) dias consecutivos, semestralmente, para os ser- SEÇÃO II
vidores que operem, direta e permanentemente, com Raios X ou DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
substâncias radioativas.
Art. 76. Durante as férias, o servidor terá direito a todas as van- Art. 81. A licença para tratamento de saúde será concedida a
tagens do exercício do cargo. pedido ou de ofício, com base em inspeção médica, realizada pelo
§ 1° As férias serão remuneradas com um terço a mais do que órgão competente, sem prejuízo da remuneração.
a remuneração normal, pagas antecipadamente, independente de Parágrafo único. Sempre que necessário, a inspeção médica
solicitação. será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hos-
§ 2° VETADO pitalar onde se encontrar internado.
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, Art. 82. A licença superior a 60 (sessenta) dias só poderá ser
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di- concedida mediante inspeção realizada por junta médica oficial.
reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de § 1° Em casos excepcionais, a prova da doença poderá ser fei-
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela ta por atestado médico particular se, a juízo da administração, for
Lei nº 7.391, de 2010). inconveniente ou impossível a ida da junta médica à localidade de
residência do servidor.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2° Nos casos referidos no § anterior, o atestado só produzirá Art. 90. À servidora que adotar ou obtiver a guarda judicial de
efeito depois de homologado pelo serviço médico oficial do Estado. criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
§ 3° Verificando-se, a qualquer tempo, ter ocorrido má-fé na de licença remunerada.
expedição do atestado ou do laudo, a administração promoverá a Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
punição dos responsáveis. ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
Art. 83. Findo o prazo da licença, o servidor será submetido será de 30 (trinta) dias.
à nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela Art. 91. Ao servidor será concedida licença-paternidade de 10
prorrogação da licença ou pela aposentadoria. (dez) dias consecutivos, mediante a apresentação do registro civil,
Art. 84. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão retroagindo esta à data do nascimento.
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
produzidas por acidente em serviço e doença profissional. SEÇÃO V
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR E OUTRAS OBRIGATÓ-
SEÇÃO III RIAS POR LEI
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ-
LIA Art. 92. O servidor será licenciado, quando:
a)convocado para o serviço militar na forma e condições esta-
Art. 85. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo belecidas em lei;
de doença do cônjuge, companheiro ou companheira, padrasto ou b)requisitado pela Justiça Eleitoral;
madrasta; ascendente, descendente, enteado, menor sob guarda, c)sorteado para o trabalho do Júri;
tutela ou adoção, e colateral consanguíneo ou afim até o segundo d)em outras hipóteses previstas em legislação federal especí-
grau civil, mediante comprovação médica. fica;
Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela, guarda e adoção, de- Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
verá o servidor instruir o pedido com documento legal comproba- 30 (trinta) dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do
tório de tal condição. cargo.
Art. 86. A licença para tratamento de saúde em pessoa da fa-
mília será concedida: SEÇÃO VI
I- com remuneração integral, no primeiro mês; DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES
II- com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando exceder de 1
(um) até 6 (seis) meses; Art. 93. A critério da administração, poderá ser concedida ao
III- com 1/3 (um terço) da remuneração quando exceder a 6 servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo
(seis) meses até 12 (doze) meses; IV - sem remuneração, a partir do prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, sem remuneração.
12°. (décimo segundo) e até o 24°. (vigésimo quarto) mês. § 1° A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a
Parágrafo único. O órgão oficial poderá opinar pela concessão pedido do servidor ou no interesse do serviço.
da licença pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias, renováveis por § 2° Não se concederá nova licença antes de decorrido 2 (dois)
períodos iguais e sucessivos, até o limite de 2 (dois) anos. anos do término da anterior.
Art. 87. Nos mesmos parâmetros do artigo anterior será conce-
dida licença para o pai, a mãe, ou responsável legal de excepcional SEÇÃO VII
em tratamento. DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA OU CLASSISTA
SEÇÃO IV Art. 94. O servidor terá direito à licença para atividade política,
DAS LICENÇAS MATERNIDADE E PATERNIDADE obedecido o disposto na legislação federal específica.
Parágrafo único. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por 120 cam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato federal
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. ou estadual ficará afastado do cargo ou função;
Art. 88. Será concedida licença à servidora gestante, por cento II- investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo ou
e oitenta dias consecutivos, sem prejuízo de remuneração. (Reda- função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
ção dada pela Lei nº 7.267, de 2009). III- investido no mandato de Vereador:
§ 1° A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de a)havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
§ 2° No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a b)não havendo compatibilidade de horários, será afastado do
partir do parto. cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
§ 3° No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servidora Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. sempenho de mandato em confederação, federação, associação de
§ 4º O benefício previsto no caput deste artigo alcançará a ser- classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria,
vidora que já se encontre no gozo da referida licença. (Incluído pela com a remuneração do cargo efetivo.
Lei nº 7.267, de 2009). Art. 95. É assegurado ao servidor o direito à licença para de-
Art. 89. Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis) sempenho de mandato em confederação, federação, sindicato re-
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de traba- presentativo da categoria, associação de classe de âmbito local e/
lho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em 2 (dois) ou nacional, sem prejuízo de remuneração do cargo efetivo. (Reda-
períodos de meia hora. ção dada pela Lei nº 6.981, de 2006).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II- compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos de idade, com pro- § 2° Quando mais de um cargo ou função tenha sido exerci-
ventos proporcionais ao tempo de serviço; (Revogado pela Lei nº do, serão atribuídos os proventos de maior padrão desde que lhe
8.975, de 2020). corresponda o exercício mínimo de 2(dois) anos consecutivos; ou
III– voluntariamente: (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). padrão imediatamente inferior, se menor o lapso de tempo desses
a)aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 exercícios. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
(trinta), se mulher, com proventos integrais; (Revogado pela Lei nº § 3° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
8.975, de 2020). previstas no artigo anterior, bem como os adicionais pelo exercício
b)aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções do ma- de cargo de direção ou assessoramento, ressalvado o direito de op-
gistério, se professor, e aos 25 (vinte e cinco) anos, se professora, ção. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
com proventos integrais; (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). Art. 115. Os proventos da aposentadoria serão revistos, na
c)aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a re-
cinco) anos, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; muneração dos servidores em atividade, sendo, também, estendi-
(Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). dos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
d)aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decor-
(sessenta), se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de rentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em
serviço. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). que se deu a aposentadoria, independente de requerimento. (Re-
§ 1° No caso do exercício de atividades consideradas penosas, vogado pela Lei nº 8.975, de 2020).
insalubres ou perigosas, o disposto no inciso III, a e c obedecerá
ao que dispuser lei complementar federal. (Revogado pela Lei nº CAPÍTULO VIII
8.975, de 2020). DOS DIREITOS E VANTAGENS FINANCEIRAS SEÇÃO I
§ 2° A aposentadoria em cargos ou empregos temporários ob- DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
servará o disposto na lei federal. (Revogado pela Lei nº 8.975, de
2020). Art. 116. O vencimento é a retribuição pecuniária mensal devi-
Art. 111. A aposentadoria compulsória será automática e o ser- da ao servidor, correspondente ao padrão fixado em lei.
vidor afastar-se-á do serviço ativo no dia imediato àquele em que Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de venci-
atingir a idade-limite, e o ato que a declarar terá vigência a partir mento, importância inferior ao salário mínimo.
da data em que o servidor tiver completado 70 (setenta) anos de Art. 117. A revisão geral dos vencimentos dos servidores civis
idade. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). será feita, pelo menos, nos meses de abril e outubro, com vigência
Art. 112. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir desses meses.
a partir da data da publicação do respectivo ato. (Revogado pela Lei Parágrafo único. Abonos e antecipação, à conta da revisão, fi-
nº 8.975, de 2020). cam condicionados ao limite de despesas, definido na Lei de Dire-
§ 1° A aposentadoria por invalidez será precedida de licença trizes Orçamentárias.
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e Art. 118. Remuneração é o vencimento acrescido das demais
quatro) meses. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). vantagens de caráter permanente, atribuídas ao servidor pelo exer-
§ 2° Expirado o período de licença e não estando em condições cício do cargo público.
de reassumir o cargo, ou de ser readaptado, o servidor será aposen- Parágrafo único. As indenizações, auxílios e demais vantagens,
tado. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). ou gratificações de caráter eventual não integram a remuneração.
§ 3° O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Art. 119. Proventos são rendimentos atribuídos ao servidor em
ça para tratamento de saúde e a publicação do ato da aposentado- razão da aposentadoria ou disponibilidade.
ria será considerado como de prorrogação da licença. (Revogado Art. 120. O vencimento, a remuneração e os proventos não se-
pela Lei nº 8.975, de 2020). rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
§ 4° Nos casos de aposentadoria voluntária ao servidor que a prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
requerer, fica assegurado o direito de não comparecer ao trabalho a Art. 121. A remuneração do servidor não excederá, no âmbito
partir do 91°. (nonagésimo primeiro) dia subseqüente ao do proto- do respectivo Poder, os valores percebidos como remuneração, em
colo do requerimento da aposentadoria, sem prejuízo da percepção espécie, a qualquer título, pelos Deputados Estaduais, Secretários
de sua remuneração, caso não seja antes cientificado do indeferi- de Estado e Desembargadores.
mento. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). § 1° Entre o maior e o menor vencimento, a relação de valores
Art. 113. VETADO será de um para vinte.
Art. 114. Será aposentado, com os proventos correspondentes § 2° No Ministério Público, o limite máximo é o valor percebido
à remuneração do cargo em comissão ou da função gratificada, o como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelos Procura-
servidor que o tenha exercido por 5 (cinco) anos consecutivos. (Re- dores de Justiça.
vogado pela Lei nº 8.975, de 2020). § 3° Os acréscimos pecuniários, percebidos pelo servidor pú-
§ 1° As vantagens definidas neste artigo são extensivas ao servi- blico, não serão computados nem acumulados, para fins de con-
dor que, à época da aposentadoria, contar ou perfizer 10 (dez) anos cessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
consecutivos ou não, em cargos de comissão ou função gratificada, fundamento.
mesmo que, ao aposentar-se, se ache fora do exercício do cargo ou Art. 122. É assegurada isonomia de vencimentos para cargos
da função gratificada. (Revogado pela Lei nº 8.975, de 2020). de atribuições iguais ou assemelhados, aos servidores do Poder
Executivo, ou entre os servidores do Poder Executivo, Legislativo e
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as rela- Parágrafo único. Excetuados os casos expressamente previstos
tivas à natureza ou local de trabalho. (Revogado pela Lei nº 7.071, neste artigo, o servidor não poderá perceber, a qualquer título ou
de 2007). forma de pagamento, nenhuma outra vantagem financeira.
Parágrafo Único. Os vencimentos dos cargos do Poder Legisla-
tivo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos do Poder SEÇÃO III
Executivo. (Revogado pela Lei nº 7.071, de 2007). DOS ADICIONAIS
Art. 123. O 13° (décimo terceiro) salário será pago com base na
remuneração ou proventos integrais do mês de dezembro. Art. 128. Ao servidor serão concedidos adicionais:
§ 1° O 13° (décimo terceiro) salário corresponderá a um doze I - pelo exercício do trabalho em condições penosas, insalubres
avos por mês de serviço, e a fração igual ou superior a 15 (quinze) ou perigosas; II - pelo exercício de cargo em comissão ou função
dias será considerada como mês integral. gratificada;
§ 2° Na exoneração e na demissão, o 13° (décimo terceiro) sa- III - por tempo de serviço.
lário será pago no mês dessas ocorrências. Art. 129. O adicional pelo exercício de atividades penosas, in-
Art. 124. O servidor perderá: salubres ou perigosas será devido na forma prevista em lei federal.
I- no caso de ausência e impontualidade: (Regulamentado pelo Decreto nº 2.485, de 1994).
a)o vencimento ou remuneração do dia, quando não compare- Parágrafo único. Os adicionais de insalubridade, periculosida-
cer ao serviço; de, ou pelo exercício em condições penosas são inacumuláveis e o
b)VETADO seu pagamento cessará com a eliminação das causas geradoras, não
II- metade da remuneração na hipótese de suspensão discipli- se incorporando ao vencimento, sob nenhum fundamento.
nar convertida em multa; III - o vencimento, a remuneração, ou par- Art. 130. Ao servidor será devido o adicional pelo exercício de
te deles, nos demais casos previstos nesta lei. cargo em comissão ou função gratificada. (Revogado pela Lei Com-
Parágrafo único. As faltas ao serviço, em razão de causa rele- plementar nº 44, de 2003).
vante, poderão ser abonadas pelo titular do órgão, quando reque- § 1º O adicional corresponderá a 10% (dez por cento) da grati-
rido abono no dia útil subseqüente, obedecido o disposto no art. ficação pelo exercício do cargo ou função, em cada ano de efetivo
72, inciso XVI. exercício, até o limite de 100% (cem por cento). (Revogado pela Lei
Art. 125. As reposições devidas e as indenizações por prejuízos Complementar nº 44, de 2003).
que o servidor causar, poderão ser descontadas em parcelas men- § 2° O adicional será automático, a partir da exoneração do car-
sais monetariamente corrigidas, não excedentes à décima parte da go comissionado ou da dispensa da função gratificada. (Revogado
remuneração ou provento. pela Lei Complementar nº 44, de 2003).
Parágrafo único. A faculdade de reposição ou indenização par- § 3° VETADO
celadas não se estende ao servidor exonerado, demitido ou licen- § 4° Não fará jus ao adicional o servidor enquanto no exercício
ciado sem vencimento. de cargo em comissão ou função gratificada, salvo direito de opção,
Art. 126. As consignações em folha, para efeito de desconto, sendo inacumulável com a vantagem prevista no art. 114. (Revoga-
não poderão, em somatória com os decorrentes de disposição em do pela Lei Complementar nº 44, de 2003).
lei, exceder a 1\3 (um terço) do vencimento ou da remuneração. Art. 131. O adicional por tempo de serviço será devido por triê-
Art. 126. As consignações em folha de pagamento, para efeito nios de efetivo exercício, até o máximo de 12 (doze).
de desconto, não poderão, as facultativas, exceder a 1/3 (um ter- § 1° Os adicionais serão calculados sobre a remuneração do
ço) do vencimento ou da remuneração. (Redação dada pela Lei nº cargo, nas seguintes proporções: I - aos três anos, 5%;
7.084, de 2008). (Regulamentado pelo Decreto nº 2.071, de 2006). II - aos seis anos, 5% - 10%; III - aos nove anos, 5% - 15%; IV - aos
Parágrafo único. A consignação em folha, servirá, unicamente, doze anos, 5% - 20%; V - aos quinze anos, 5% - 25%;
como garantia de: I - débito à Fazenda Pública; VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; VII - aos vinte e um anos, 5%
II- contribuições para as associações ou sindicatos representan- - 35%;
tes das categorias de servidores públicos estaduais; VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; IX - aos vinte e sete
III- dívidas para cônjuge, ascendente ou descendente, em cum- anos, 5% - 45%;
primento de decisão judicial; IV - contribuições para aquisição de X- aos trinta anos, 5% - 50%;
casa própria, negociada através de órgão oficial; XI- aos trinta e três anos, 5% - 55%;
V- empréstimos contraídos junto ao órgão previdenciário do XII- após trinta e quatro anos, 5% - 60%.
Estado do Pará; § 2° O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que
VI- autorização do servidor a favor de terceiros, a critério da ad- completar o triênio, independente de solicitação.
ministração, com a reposição de custos definida em regulamento.
SEÇÃO IV
SEÇÃO II DAS GRATIFICAÇÕES
DAS VANTAGENS
Art. 132. Ao servidor serão concedidas gratificações:
Art. 127. Além do vencimento, o servidor poderá perceber as I - pela prestação de serviço extraordinário; II - a título de re-
seguintes vantagens: I – adicionais; presentação;
II– gratificações; III- pela participação em órgão colegiado;
III– diárias; IV- pela elaboração de trabalho técnico, científico ou de utili-
IV- ajuda de custo; V – salário-família; VI – indenizações; dade para o serviço público; V - pelo regime especial de trabalho;
VII - outras vantagens e concessões previstas em lei.
85
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VI - pela participação em comissão, ou grupo especial de traba- b)pela dedicação exclusiva, a gratificação variará entre 50%
lho; VII - pela escolaridade; (cinquenta por cento) e 100% (cem por cento) do vencimento atri-
VIII - pela docência, em atividade de treinamento; IX - pela pro- buído ao cargo.
dutividade; § 2° A concessão da gratificação por regime especial de tra-
X- pela interiorização; balho, de que trata este artigo, dependerá, em cada caso, de ato
XI- pelo exercício de atividade na área de educação especial; expresso das autoridades referidas no art. 19 da presente lei.
XII - Pelo exercício da função. Art. 138. As gratificações por prestação de serviço extraordi-
Parágrafo único. Os casos considerados como de efetivo exer- nário e por regime especial de trabalho excluem-se mutuamente.
cício pelo art. 72, excetuados os incisos V, IX e XVI não implicam a § 1° Ao servidor sujeito ao regime de dedicação exclusiva é ve-
perda das gratificações previstas neste artigo, salvo a do inciso I. dado o exercício de outro cargo ou emprego.
Art. 133. O serviço extraordinário será pago com acréscimo de § 2° A gratificação, em regime de tempo integral, não se coadu-
50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. na com a mesma vantagem percebida em outro cargo, de qualquer
(Vide Decreto nº 005, de 1995). esfera administrativa, exercido cumulativamente no serviço públi-
§ 1° Somente será permitido serviço extraordinário para aten- co.
der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má- Art. 139. A gratificação pela participação em comissão ou gru-
ximo de 2 (duas) horas por jornada. po especial de trabalho e pela elaboração ou execução de trabalho
§ 2° Será considerado serviço extraordinário aquele que exce- técnico ou científico, em decorrência de formal designação ou auto-
der, por antecipação ou prorrogação, à jornada normal diária de rização, será arbitrada previamente, não podendo exceder ao ven-
trabalho. cimento ou remuneração do servidor. (Vide Lei nº 4.573, de 1995 e
§ 3° A prestação de serviço extraordinário não poderá exceder Decretos nº 442, de 1995 e nº 390, de 2003).
ao limite de 60 (sessenta) horas mensais, salvo para os servidores § 1° O percentual da gratificação será fixado, considerando-se a
integrantes de categorias funcionais com horário diferenciados em duração da atividade e o vencimento ou remuneração do servidor,
legislação própria. sendo idêntico para todos os membros quando se tratar de comis-
Art. 134. O serviço noturno, prestado em horário compreendi- são ou grupo de trabalho.
do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5(cinco) horas do dia § 2° O pagamento da gratificação cessará na data da conclusão
seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cen- do trabalho, e esta não será incorporada à remuneração, sob ne-
to) computando-se cada hora como 52 (cinquenta e dois) minutos nhuma hipótese.
e 30 (trinta segundos). § 3° Não havendo concluído o trabalho no prazo fixado ou pror-
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o rogado, o servidor fica obrigado a ressarcir mensalmente, no mes-
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a gratificação pre- mo percentual recebido, o valor da gratificação de que trata este
vista no artigo anterior. artigo.
Art. 135. A gratificação de representação será atribuída aos ser- § 4° Esta gratificação não substitui nem impede o reconheci-
vidores ocupantes de cargos comissionados de Direção e Assesso- mento do direito autoral, quando a atribuição não for inerente ao
ramento Superior. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 2018). Parágrafo cargo.
único. A gratificação de representação incidirá sobre o padrão do Art. 140. A gratificação de escolaridade, calculada sobre o ven-
cargo, nos seguintes percentuais: (Revogado pela Lei nº 8.745, de cimento, será devida nas seguintes proporções:
2018). I – VETADO II – VETADO
a)GEP-DAS.6 - 100% (cem por cento); (Revogado pela Lei nº III - na quantia correspondente a 80% (oitenta por cento), ao
8.745, de 2018). titular de cargo para cujo exercício a lei exija habilitação correspon-
b)GEP-DAS.5 - 95% (noventa e cinco por cento); (Revogado pela dente à conclusão do grau universitário.
Lei nº 8.745, de 2018). c) GEP-DAS.4 - 90% (noventa por cento); (Re- Art. 141. A gratificação pela docência, em atividade de treina-
vogado pela Lei nº 8.745, de 2018). mento, será atribuída ao servidor, no regime hora-aula, desde que
d) GEP-DAS.3 - 85% (oitenta e cinco por cento); (Revogado pela esta atividade não seja inerente ao exercício do cargo e seja desem-
Lei nº 8.745, de 2018). e) GEP-DAS.2 - 80% (oitenta por cento); (Re- penhada fora da jornada normal de trabalho.
vogado pela Lei nº 8.745, de 2018). Art. 142. A gratificação de produtividade destina-se a estimu-
f) GEP-DAS.1 - 80% (oitenta por cento). (Revogado pela Lei nº lar as atividades dos servidores ocupantes de cargos nas áreas de
8.745, de 2018). tributação, arrecadação e fiscalização fazendária, extensiva aos ser-
Art. 136. A gratificação pela participação em órgão colegiado vidores de apoio técnico operacional e administrativo da Secretaria
será fixada através de regulamento. Art. 137. A gratificação por re- de Estado da Fazenda, observados os critérios, prazos e percentuais
gime especial de trabalho é a retribuição pecuniária mensal des- previstos em regulamento. (Regulamentado pelo Decreto nº 2.595,
tinada aos ocupantes dos cargos que, por sua natureza, exijam a de 1994).
prestação do serviço em tempo integral ou de dedicação exclusiva. Art. 143. A gratificação de interiorização é devida aos servido-
§ 1° As gratificações devidas aos funcionários convocados para res que, tendo domicílio na região metropolitana de Belém, sejam
prestarem serviço em regime de tempo integral ou de dedicação lotados, transferidos, ou removidos para outros Municípios, en-
exclusiva obedecerão escala variável, fixada em regulamento, res- quanto perdurar essa lotação ou movimentação. (Vide Lei nº 5.657,
peitados os seguintes limites percentuais: de 1991).
a)pelo tempo integral, a gratificação variará entre 20% (vinte
por cento) e 70% (setenta por cento) do vencimento atribuído ao
cargo; (Regulamentado pelos Decretos nº 2.538, de 1994, nº 1.048,
de 1996 e nº 4.000, de 2000)
86
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. A gratificação de interiorização será calculada I - o servidor não se apresentar na nova sede no prazo de 30
sobre o valor do vencimento, não podendo exceder-lhe e será pro- (trinta) dias; II - o servidor solicitar exoneração;
porcional ao grau de dificuldade de acesso ao Município, observa- III - a designação for tornada sem efeito.
dos os percentuais fixados em regulamento. (Vide Lei nº 5.657, de
1991). SEÇÃO VII
Art. 144. A gratificação de função será devida por encargo de DO SALÁRIO-FAMÍLIA
chefia e outros que a lei determinar.
Art. 154. O salário-família é devido ao servidor ativo ou inativo,
SEÇÃO V por dependente econômico. (Revogado pela Lei Complementar nº
DAS DIÁRIAS 051, de 2006).
§1º Considera-se dependente econômico, para efeito de per-
Art. 145. Ao servidor que, em missão oficial ou de estudos, cepção de salário-família: (Revogado pela Lei Complementar nº
afastar-se temporariamente da sede em que seja lotado, serão con- 044, de 2003).
cedidas, além do transporte, diárias a título de indenização das des- I- o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados a
pesas de alimentação, hospedagem e locomoção urbana. tutelados até 21 (vinte e um) anos de idade ou se estudante, até 24
§ 1° A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de- (vinte e quatro) anos, e, se inválido, de qualquer idade; (Revogado
vida pela metade, quando o deslocamento não exigir pernoite fora pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
da sede. II- o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante guarda ou
§ 2° As diárias serão pagas antecipadamente e isentam o ser- adoção, na forma da lei, viver na companhia e a expensas do servi-
vidor da posterior prestação de contas. Art. 146. No arbitramento dor ou inativo; (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
das diárias será considerado o local para o qual foi deslocado o fun- III- a mãe e o pai sem economia própria. (Revogado pela Lei
cionário. Complementar nº 044, de 2003).
Art. 147. Não caberá a concessão de diárias, quando o desloca- § 2° REVOGADO
mento do servidor constituir exigência permanente do cargo. § 3° REVOGADO
Art. 148. O servidor que não se afastar da sede, por qualquer Art. 155 Quando o pai e a mãe tiverem a condição de servidor
motivo, fica obrigado a restituir integralmente o valor das diárias público e viverem em comum, o salário-família será concedido a um
e custos de transporte recebidos, no prazo de 05 (cinco) dias. Pa- deles. (Revogado pela Lei Complementar nº 051, de 2006).
rágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede, no prazo § 1° Se não viverem em comum, o salário-família será percebi-
menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diá- do pelo que mantiver os dependentes sob sua guarda, ou a ambos,
rias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput deste artigo. de acordo com a distribuição dos dependentes. (Revogado pela Lei
Art. 149. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor Complementar nº 051, de 2006).
que realizar despesas com a utilização de meio de locomoção, con- § 2° Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e, na
forme se dispuser em regulamento. falta destes, o representante legal. (Revogado pela Lei Complemen-
tar nº 051, de 2006).
SEÇÃO VI Art. 156. O salário-família é devido, a partir do início do exercí-
DAS AJUDAS DE CUSTO cio do cargo e comprovação da dependência.
Art. 157. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
Art. 150. A ajuda de custo será concedida ao servidor que, no não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
interesse do serviço público, passar a ter exercício em nova sede Art. 158. Será suspenso definitivamente o pagamento do salá-
com mudança de domicílio. rio-família quando: I - cessada a dependência;
§ 1° A ajuda de custo destina-se a compensar o servidor pelas II - verificada a inexatidão dos documentos apresentados; III -
despesas realizadas com seu transporte e de sua família, compreen- um dos cônjuges já perceba esse direito.
dendo passagem, bagagem e bens pessoais. Art. 159. O salário-família será pago no valor correspondente a
§ 2° Não será concedida ajuda de custo ao servidor que: 10% (dez por cento) do salário mínimo por dependente do servidor.
a)afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude do exercício ou (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
término de mandato eletivo; § 1° Sendo inválido o dependente, o salário-família será pago
b)for colocado à disposição de outro Poder, ou esfera de Go- em dobro. (Revogado pela Lei Complementar nº 044, de 2003).
verno; § 2° Falecendo o servidor, o salário-família será pago ao côn-
c)for removido ou transferido, a pedido. juge, ou representante legal dos dependentes. (Revogado pela Lei
§ 3° À família do servidor que falecer na nova sede, serão as- Complementar nº 044, de 2003).
segurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, § 3° O salário-família não será objeto de tributo ou desconto
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. de qualquer natureza. (Revogado pela Lei Complementar nº 044,
Art. 151. Caberá, também, ajuda de custo ao servidor desig- de 2003).
nado para serviço ou estudo no exterior, a qual será arbitrada pela
autoridade que efetuar a designação. CAPÍTULO IX
Art. 152. A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração OUTRAS VANTAGENS E CONCESSÕES
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
exceder à importância correspondente a 3 (três) meses. (Regula- Art. 160. Além das demais vantagens previstas nesta lei, será
mentado pelo Decreto nº 411, de 1995). concedido: I - Ao servidor:
Art. 153. As ajudas de custo serão restituídas, quando:
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
a)participação no Programa de Formação do Patrimônio do § 6° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II somen-
Servidor Público; te pode ser pago uma vez, ainda que o servidor falecido estivesse
b)vale-transporte, nos termos da Legislação Federal; em acumulação regular de cargos na atividade. (Incluído pela Lei nº
c)auxílio-natalidade, correspondente a um salário mínimo, 8.975, de 2020).
após a apresentação da certidão de nascimento para a inscrição do § 7° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti-
dependente; go poderá ser pago em razão do falecimento de servidor exclusiva-
d)auxílio-doença, correspondente a um mês de remuneração, mente comissionado. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
após cada período consecutivo de 6 (seis) meses de licença para § 8° São consideradas despesas com funeral, para os fins da
tratamento de saúde; alínea “b” do inciso II deste artigo: (Incluído pela Lei nº 8.975, de
e)custeio do tratamento de saúde, quando laudo de junta mé- 2020).
dica oficial atestar tratar-se de lesão produzida por acidente em ser- I- os gastos essenciais para a realização de velório, enterro e
viço ou doença profissional; cremação; e (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
f)quando estudante, e mediante comprovação, regime de com- II- os gastos com traslado do corpo, excluídos o interestadual e
pensação para realização de provas e abono de faltas para exame o internacional. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
vestibular; Art. 161. Garantido o direito de opção, é vedada a percepção
g)transporte ou indenização correspondente, quando licencia- cumulativa de duas ou mais pensões, ressalvadas a diretriz constitu-
do para tratamento de saúde, estando impossibilitado de locomo- cional da acumulação remunerada de cargos públicos.
ver-se, na forma do regulamento;
h)seguro contra acidente de trabalho, para os que exerçam ati- CAPÍTULO X
vidades com risco de vida. II - Ao cônjuge, companheiro ou depen- DAS ACUMULAÇÕES REMUNERADAS
dentes:
a)custeio das despesas de translado do corpo, quando o ser- Art. 162. É vedada a acumulação remunerada de cargos pú-
vidor, no desempenho de suas atribuições, falecer fora da sede do blicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, nos se-
exercício; guintes casos:
b)auxílio-funeral, correspondente a 2 (dois) meses de remu- a)a de 2 (dois) cargos de professor;
neração ou provento, aos dependentes ou, na ausência destes, a b)a de 1 (um) cargo de professor com outro técnico ou científi-
quem realizar as despesas do sepultamento; co, de nível médio ou superior;
b)auxílio-funeral, correspondente ao total das despesas com o c)a de 2 (dois) cargos privativos de médico.
funeral do servidor falecido, limitado ao maior valor dos benefícios Parágrafo único. A proibição de acumular estende-se a em-
pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela pregos e funções e abrange autarquias, fundações mantidas pelo
Lei nº 8.975, de 2020). Poder Público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
c)pensão especial, no valor integral do vencimento ou remu- da União, Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Muni-
neração, quando o servidor falecer em decorrência de acidente em cípios, não se aplicando, porém, ao aposentado, quando investido
serviço ou moléstia profissional; em cargo comissionado.
d)vantagens pecuniárias que o servidor deixou de perceber em Art. 163. A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
decorrência de seu falecimento. cionada à comprovação da compatibilidade de horários.
§ 1° Consideram-se dependentes, para os fins do inciso II, Parágrafo único. O servidor não poderá exercer mais de um car-
alínea “b”, deste artigo, os beneficiários de que cuida o art. 6º da go em comissão.
Lei Complementar nº 039, de 2002. (Incluído pela Lei nº 8.975, de Art. 164. A acumulação será havida de boa-fé, até final con-
2020). clusão de processo administrativo. (Revogado pela Lei nº 9.230, de
§ 2° O pagamento do benefício de que trata a alínea “b” do inci- 2021).
so II deste artigo depende da efetiva comprovação da realização das Art. 165. VETADO
despesas pelo beneficiário. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
§ 3° O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti- TÍTULO IV
go poderá ser pago a terceiro que comprovadamente tenha realiza- DA SEGURIDADE SOCIAL CAPÍTULO I
do as despesas com o funeral, na ausência de cônjuge, companhei- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ro ou dependentes. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
§ 4° Caso as despesas com o funeral sejam comprovadas por Art. 166. A seguridade social compreende um conjunto de
mais de uma pessoa, o benefício de que trata a alínea “b” do inciso ações do Estado destinadas a assegurar os direitos à saúde, à pre-
II deste artigo poderá ser rateado na proporção dos gastos, median- vidência e à assistência social do servidor e de seus dependentes.
te requerimento dos interessados, sempre observado o limite do Parágrafo único. Na seguridade social prevalecem os seguintes
maior valor dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência objetivos: I - universalidade da cobertura do atendimento;
Social. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020). II- uniformidade dos benefícios;
§ 5° No caso de impossibilidade do rateio proporcional do be- III- irredutibilidade do valor dos benefícios;
nefício de que trata o parágrafo anterior, em razão de prévio paga- IV- caráter democrático da gestão administrativa, com partici-
mento integral a um primeiro requerente, o requerente remanes- pação paritária do servidor estável e do aposentado eleitos para o
cente fará jus apenas a eventual saldo do que restar para atingir colegiado do órgão previdenciário do Estado do Pará.
limite dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência So-
cial. (Incluído pela Lei nº 8.975, de 2020).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 167. O Município que não dispuser de sistema previdenci- III- amparo às crianças, em creche;
ário próprio poderá aderir, mediante convênio, ao órgão de seguri- IV- a cultura, o esporte, a recreação e o lazer.
dade do Estado do Pará para garantir aos seus servidores a seguri-
dade, na forma da lei. TÍTULO V
Art. 168. A seguridade social será financiada através das se- DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL
guintes contribuições: I - contribuição incidente sobre a folha de
vencimento e remunerações; Art. 175. É garantido ao servidor público civil do Estado do Pará
II- dos servidores de qualquer quadro funcional; o direito à livre associação, como também, entre outros, os seguin-
III- de outras fontes estabelecidas em lei destinadas a garantir a tes direitos, dela decorrentes:
manutenção ou expansão da seguridade social. a)de ser representado pelos sindicatos, na forma da legislação
Parágrafo único. As receitas destinadas à seguridade social processual civil;
constarão do orçamento do Estado do Pará. b)de inamovibilidade dos dirigentes dos sindicatos até 1 (um)
Art. 169. As metas e prioridades caracterizadoras dos progra- ano após o final do mandato;
mas, projetos e atividades estabelecidas no orçamento, manterão c)de descontar em folha, mediante autorização do servidor,
absoluta fidelidade à finalidade e ao objetivo do órgão de Previdên- sem ônus para a entidade sindical a que for filiado, o valor das men-
cia e Assistência dos Servidores do Estado do Pará. salidades e contribuições definidas em Assembleia Geral da catego-
ria. Art. 176. É assegurada a participação permanente do servidor
CAPÍTULO II nos colegiados dos órgãos do Estado do Pará em que seus interes-
DA SAÚDE ses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.
Art. 170. A assistência à saúde será prestada pelo órgão estadu-
al competente e, de forma complementar, por instituições públicas TÍTULO VI
e privadas. DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABILIDADES
Art. 171. Nas situações de urgência e emergência o setor de
Recursos Humanos comunicará formalmente ao órgão de segurida- CAPÍTULO I
de social, no primeiro dia útil seguinte, o atendimento médico do DOS DEVERES
servidor ou de seus dependentes.
§ 1° A assistência à saúde fora do domicílio do servidor depen- Art. 177. São deveres do servidor:
de da manifestação favorável do órgão de seguridade social do Es- I - assiduidade e pontualidade; II – urbanidade;
tado do Pará. III– discrição;
§ 2° O atendimento de urgência e emergência fora do domicílio IV- obediência às ordens superiores, exceto quando manifesta-
do servidor obedecerá ao que dispuser o regulamento. mente ilegais; V - exercício pessoal das atribuições;
VI - observância aos princípios éticos, morais, às leis e regula-
CAPÍTULO III mentos; VII - atualização de seus dados pessoais e de seus depen-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL dentes;
VIII - representação contra as ordens manifestamente ilegais e
Art. 172. Os planos de Previdência Social atenderão, nos ter- contra irregularidades; IX - atender com presteza:
mos da legislação pertinente: a)às requisições para a defesa do Estado;
I- à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluin- b)às informações, documentos e providências solicitadas por
do os resultantes de acidentes de trabalho, velhice e reclusão; autoridades judiciárias ou administrativas;
II- à pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao côn- c)à expedição de certidões para a defesa de direitos, para a ar-
juge e dependente. güição de ilegalidade ou abuso de autoridade.
§ 1° A contribuição previdenciária incidirá sobre a remuneração Art. 178. É vedado ao servidor:
total do servidor, exceto salário- família, com a consequente reper-
cussão em benefícios. CAPÍTULO II
§ 2° É assegurado o reajustamento de benefícios para preser- DAS PROIBIÇÕES
var-lhes, em caráter permanente, o valor real da época da conces-
são. I- acumular inconstitucionalmente cargos ou empregos na ad-
§ 3° O 13° (décimo terceiro) salário dos aposentados e pensio- ministração pública;
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de II- revelar fato de que tem ciência em razão do cargo, e que
cada ano. deve permanecer em sigilo, ou facilitar sua revelação;
III- pleitear como intermediário ou procurador junto ao serviço
CAPÍTULO IV público, exceto quando se tratar de interesse do cônjuge ou depen-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL dente;
IV- deixar de comparecer ao serviço, sem causa justificada, por
Art. 173. A assistência social será prestada ao servidor e depen- 30 (trinta) dias consecutivos; V - valer-se do exercício do cargo para
dentes. Art. 174. A assistência social tem por objetivo: auferir proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade
I - proteção ao servidor, sobretudo nos trabalhos penosos, in- da função;
salubres e perigosos; II - proteção à família, à maternidade e à in- VI- cometer encargo legítimo de servidor público à pessoa es-
fância; tranha à repartição, fora dos casos previstos em lei;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XII- acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- II- instrução sumária, que compreende a juntada de provas ob-
cas; jetivas da infração, em poder da Administração Pública, indiciação,
XIII- lograr proveito pessoal ou de outrem, valendo-se do cargo, citação, defesa e relatório conclusivo da comissão processante; e
em detrimento da dignidade da função pública; (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
XIV- participação em gerência ou administração de empresa III- julgamento pela autoridade competente para aplicar a pena
privada, de sociedade civil, ou exercício do comércio, exceto na de demissão. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; § 4° A indicação da autoria e da materialidade referidas no in-
XV- atuação, como procurador ou intermediário, junto a repar- ciso I do § 3o deste artigo dar-se-á, respectivamente, pela identifi-
tições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciá- cação do nome e da matrícula do servidor acusado e pela descrição
rios ou assistenciais a parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou dos cargos, empregos ou funções públicos em acúmulo ilegal, dos
companheiro; órgãos ou entidades de vinculação, em quaisquer esferas de Poder
XVI- recebimento de propina, comissão, presente ou vantagem ou Governo, das datas de ingresso, horários de trabalho e do cor-
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; respondente regime jurídico em cada vínculo. (Incluído pela Lei nº
XVII- aceitação de comissão, emprego ou pensão de Estado es- 9.230, de 2021).
trangeiro; XVIII - prática de usura sob qualquer de suas formas; § 5° A comissão processante lavrará, em até 3 (três) dias con-
XIX- procedimento desidioso; tados da publicação do ato que a constituir, termo de indiciação do
XX- utilização de pessoal ou recursos materiais de repartição servidor em situação de acúmulo ilegal, considerando as informa-
em serviços ou atividades particulares. ções exigidas no § 4o deste artigo, após o que deverá promover a ci-
§ 1° O servidor indiciado em processo administrativo não po- tação pessoal do servidor indiciado para, no prazo de 5 (cinco) dias,
derá ser exonerado, salvo se comprovada a sua inocência ao final apresentar defesa escrita e os documentos que julgar necessários,
do processo. assegurada vista dos autos junto à comissão processante, na forma
§ 2° O abandono de cargo só se configura pela ausência inten- dos arts. 219 e 220 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
cional do servidor ao serviço, por mais de 30 (trinta) dias consecuti- § 6° Apresentada a defesa escrita, a comissão processante ela-
vos e injustificados. (Revogado pela Lei nº 9.230, de 2021). borará relatório conclusivo, no prazo de 5 (cinco) dias, com resumo
Art. 191. Verificada, em processo disciplinar, a acumulação das principais peças dos autos, deliberando sobre a ilicitude da acu-
proibida e provada a boa-fé, o servidor optará por um dos cargos. mulação apurada e concluindo sobre a inocência ou responsabili-
§ 1° Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há dade do servidor indiciado, inclusive sua boa ou má-fé, indicando
mais tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente. os dispositivos legais infringidos e a penalidade proposta. (Incluído
§ 2° Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos, pela Lei nº 9.230, de 2021).
função ou emprego exercido em outro órgão ou entidade, a demis- § 7° Elaborado o relatório conclusivo, a comissão processan-
são lhe será comunicada. te encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora, para
Art. 191. Verificada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do § 3°
de cargos, empregos ou funções públicos, a autoridade a que se deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
refere o art. 199 desta Lei notificará pessoalmente o servidor, por § 8° No prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento dos
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção por um autos do PADS, a autoridade julgadora proferirá sua decisão, apli-
dos cargos, empregos ou funções em acúmulo ilegal, no prazo im- cando-se, quando for o caso, o disposto no § 3° do art. 223 desta
prorrogável de 10 (dez) dias, contados da data do recebimento da Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
notificação. (Redação dada pela Lei nº 9.230, de 2021). § 9° A opção feita pelo servidor indiciado até o último dia do
§ 1° Utilizando-se do direito de opção por um dos cargos, em- prazo para defesa poderá afastar a má- fé na acumulação ilegal, hi-
pregos ou funções públicos acumulados indevidamente, a escolha pótese na qual a manifestação será automaticamente convertida
do servidor deverá ser comprovada, independentemente de nova em pedido de exoneração do cargo indicado pelo optante, se es-
notificação, no prazo subsequente de 15 (quinze) dias, prorrogável tadual, ou, de outra forma, observar-se-á o disposto no § 1° deste
por igual período e uma única vez, a critério da Administração Públi- artigo. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
ca e mediante pedido motivado do interessado. (Redação dada pela § 10. Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
Lei nº 9.230, de 2021). aplicar-se-á ao servidor indiciado a pena de demissão, destituição
§ 2° Na hipótese de o servidor não comprovar a opção a que se de cargo comissionado ou cassação de aposentadoria ou disponi-
referem o caput e o § 1° deste artigo, deverá a autoridade compe- bilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicos em
tente instaurar Processo Administrativo regime de acumulação, hipótese na qual deverão ser comunicados
Disciplinar Simplificado (PADS), sob o rito sumário, para apura- os órgãos ou entidades de vinculação. (Incluído pela Lei nº 9.230,
ção e regularização da acumulação ilegal. (Redação dada pela Lei nº de 2021).
9.230, de 2021). § 11. O prazo para conclusão do PADS não excederá 30 (trinta)
§ 3° O PADS, de rito sumário, desenvolver-se-á nas seguintes dias, contado da data de publicação do ato que constituir a comis-
fases: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). são processante, admitida a prorrogação por até 15 (quinze) dias,
I- instauração, com a publicação do ato que constituir a comis- quando as circunstâncias assim o exigirem e mediante decisão fun-
são processante, composta por 2 (dois) servidores estáveis, o qual damentada. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
deve indicar a materialidade e autoria da transgressão objeto de § 12. O procedimento sumário ou simplificado deve seguir as
apuração; (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). disposições deste artigo, observando- se, no que couber, as disposi-
ções dos Capítulos V a IX do Título VI desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 191-A. Na apuração de abandono de cargo ou de inassi- II- aceitou ilegalmente representação, comissão, emprego ou
duidade habitual será adotado o procedimento sumário a que se pensão de Estado estrangeiro; III - praticou a usura em qualquer de
referem os §§ 3° a 12 do art. 191 desta Lei, observando-se especial- suas formas;
mente o seguinte: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). IV - não assumiu no prazo legal o exercício do cargo em que foi
I- a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº aproveitado.
9.230, de 2021). Art. 197. As penalidades disciplinares serão aplicadas, observa-
a)na hipótese de abandono de cargo, pela juntada de prova do- da a vinculação do servidor ao respectivo Poder, órgão ou entidade:
cumental precisa do período de ausência injustificada do servidor I- pela autoridade competente para nomear em qualquer caso,
ao serviço, quando superior a 30 (trinta) dias consecutivos; e (Inclu- e privativamente, nos casos de demissão, destituição e cassação de
ído pela Lei nº 9.230, de 2021). aposentadoria ou disponibilidade;
b)no caso de inassiduidade habitual, pela juntada de prova do- II- pelos Secretários de Estado e dirigentes de órgão a estes
cumental precisa dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, equiparados, nos casos de suspensão superiores a 30 (trinta) dias;
por período igual ou superior a 60 (sessenta) dias intercalados, no III- pelo chefe da repartição e outras autoridades, na forma dos
prazo de 12 (doze) meses. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de repreensão
II- após a apresentação de defesa escrita, a comissão proces- ou de suspensão até 30 (trinta) dias.
sante elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou respon- Art. 198. A ação disciplinar prescreverá:
sabilidade do servidor indiciado, resumindo as principais peças dos I- em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
autos, deliberando sobre a ausência de justificativa para as faltas são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição;
ao serviço indicadas nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo, II- em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
se ocorreram de modo intencional ou mediante dolo eventual, bem III- em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à repreensão.
como indicando os dispositivos legais infringidos e a penalidade § 1° O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
proposta; e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). fato se tornou conhecido.
III- após a elaboração do relatório conclusivo, a comissão pro- § 2° Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
cessante encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora, infrações disciplinares capituladas também como crime.
para providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do § § 3° A abertura de sindicância ou a instauração de processo
3° do art. 191 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por
Parágrafo único. Na configuração do dolo eventual a que se re- autoridade competente.
fere o inciso II deste artigo, deve a comissão processante comprovar
que o servidor faltoso, embora sem intenção expressa de abando- CAPÍTULO V
nar o cargo, assumiu o risco de produzir esse resultado. (Incluído DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
pela Lei nº 9.230, de 2021). (REGULAMENTADO PELA LEI Nº 8.972, DE 2020).
Art. 192. A destituição de cargo em comissão ou de função gra-
tificada será aplicada nos casos de infração, sujeita à penalidade de Art. 199. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
demissão. serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
a exoneração efetuada, nos termos do artigo 60, será convertida em gurada ao acusado ampla defesa.
destituição de cargo em comissão ou de função gratificada. Art. 200. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
Art. 193. A demissão ou destituição de cargo em comissão ou apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
de função gratificada, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
190, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erá- ticidade.
rio, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden-
Art. 194. A pena de demissão será aplicada com a nota “a bem te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada,
do serviço público”, sempre que o ato fundamentar-se no art. 190, por falta de objeto.
incisos I, IV, VII, X e XI. Art. 201. Da sindicância poderá resultar:
Parágrafo único. O servidor demitido ou destituído do cargo em I- arquivamento do processo;
comissão ou da função gratificada, na hipótese prevista neste arti- II- aplicação de penalidade de repreensão ou suspensão de até
go, não poderá retornar ao serviço estadual. 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar.
Art. 195. A demissão ou a destituição de cargo em comissão ou IV - a celebração de Termo de Ajustamento Disciplinar (TAD),
de função gratificada, nas hipóteses do art. 190, incisos XIII e XV, nos casos sujeitos à repreensão. (Incluído pela Lei nº 9.230, de
incompatibiliza o servidor para nova investidura em cargo público 2021).
estadual, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex-
Art. 196. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do cederá a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período,
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- a critério da autoridade superior.
missão. Art. 201-A. Fica instituído o Termo de Ajustamento Disciplinar
§ 1° A cassação da aposentadoria ou da disponibilidade será (TAD), no âmbito da Administração Pública Estadual, como instru-
precedida do competente processo administrativo. mento substitutivo da penalidade de repreensão, nos termos do
§ 2° Aplica-se, ainda, a pena de cassação de aposentadoria ou art. 188 e demais disposições da Lei Estadual no 5.810, de 1994.
de disponibilidade se ficar provado que o inativo: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
I- aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1° No TAD, o servidor interessado assume a responsabilidade IV- a descrição das obrigações assumidas; (Incluído pela Lei nº
pela irregularidade a que deu causa, comprometendo-se a ajustar 9.230, de 2021).
sua conduta e a observar os deveres e proibições previstos na legis- V- o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; (In-
lação vigente. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). cluído pela Lei nº 9.230, de 2021). VI - a forma de fiscalização das
§ 2° O TAD poderá ser proposto pelo servidor ou de ofício pela obrigações pactuadas; e (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). VII -
autoridade instauradora da sindicância ou pela comissão proces- os efeitos, em caso de descumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.230,
sante de sindicância, desde a fase inicial da sindicância e antes do de 2021).
relatório final da comissão, quando se tratar de infração disciplinar § 1° O prazo de cumprimento do TAD não excederá 180 (cen-
leve. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). to e oitenta) dias, devendo ser fixado de modo compatível com os
§ 3° A celebração do TAD dependerá sempre da aceitação for- compromissos assumidos pelo agente público. (Incluído pela Lei nº
mal do servidor, implicando sua recusa ou silêncio no prossegui- 9.230, de 2021).
mento da apuração. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 2° No caso de descumprimento do TAD, cuja comunicação
§ 4° No caso de propositura do TAD pelo servidor, a decisão competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão ou en-
quanto à celebração do TAD caberá à autoridade instauradora da tidade, a autoridade competente adotará imediatamente as provi-
sindicância. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). dências necessárias à instauração ou continuidade do respectivo
§ 5° Em qualquer caso, a homologação do TAD caberá à autori- procedimento disciplinar, sem prejuízo da apuração relativa à ino-
dade instauradora da sindicância, no prazo de 10 (dez) dias, conta- bservância das obrigações descumpridas, voltando a fluir a prescri-
dos do recebimento dos respectivos autos, não constituindo direito ção incidente. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
subjetivo do interessado. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). § 3° Decorrido o prazo previsto no TAD e não ocorrendo qual-
§ 6° A homologação do TAD impõe o sobrestamento da sindi- quer comunicação de descumprimento dos seus termos, a unidade
cância e suspende o fluxo da prescrição da ação disciplinar, até seu de gestão de pessoas do Poder, órgão ou entidade, enquanto res-
integral cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). ponsável por sua fiscalização, comunicará o cumprimento ao res-
§ 7° Competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão pectivo titular, para declaração da extinção de punibilidade e arqui-
ou entidade o acompanhamento e a fiscalização do cumprimento vamento dos autos. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
das obrigações estabelecidas no TAD. (Incluído pela Lei nº 9.230, Art. 202. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor, ensejar a
de 2021). imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
§ 8° A celebração do TAD não constitui direito subjetivo do in- de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
teressado, somente podendo ocorrer em conformidade com os ter- destituição, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
mos previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
§ 9° A Secretaria de Estado de Planejamento e Administração CAPÍTULO VI
poderá editar atos normativos visando estabelecer procedimentos DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
relativos à celebração do TAD. (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021).
Art. 201-B. O TAD não poderá ser celebrado nas seguintes hipó- Art. 203. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
teses: (Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
I- em caso de prejuízo ao Erário ou grave dano ao serviço; (In- radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
cluído pela Lei nº 9.230, de 2021). to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
II- indício de crime ou improbidade administrativa; (Incluído prejuízo da remuneração.
pela Lei nº 9.230, de 2021). Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
III- existência de outra sindicância ou processo administrativo igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
disciplinar em curso para apurar infração punível com repreensão concluído o processo.
ou outra penalidade mais grave; (Incluído pela Lei nº 9.230, de
2021). CAPÍTULO VII
IV- quando a celebração do TAD importar em solução capaz DO PROCESSO DISCIPLINAR
de violar a equidade da disciplina aplicada aos demais agentes pú-
blicos, a critério da Administração Pública; e (Incluído pela Lei nº Art. 204. O processo disciplinar é o instrumento destinado a
9.230, de 2021). apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
V- no caso de servidor que esteja em estágio probatório ou cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
que, nos últimos 2 (dois) anos, tenha se utilizado do instrumento do cargo em que se encontre investido.
estabelecido neste artigo ou possua registro válido de penalidade Art. 205. O processo disciplinar será conduzido por comissão
disciplinar em seus assentamentos funcionais. (Incluído pela Lei nº composta de 3 (três) servidores estáveis, designados pela autorida-
9.230, de 2021). de competente, que indicará, dentre eles, o seu presidente.
Art. 201-C. O TAD deverá conter: (Incluído pela Lei nº 9.230, § 1° A Comissão terá como secretário, servidor designado pelo
de 2021). seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
I- identificação completa das partes, advogado, se houver, bros.
testemunhas, data e respectivas assinaturas; (Incluído pela Lei nº § 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
9.230, de 2021). inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
II- os fundamentos de fato e de direito para sua celebração; güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
(Incluído pela Lei nº 9.230, de 2021). III - especificação da infração Art. 206. A Comissão exercerá suas atividades com indepen-
imputada ao agente público, referindo a capitulação legal; (Incluído dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
pela Lei nº 9.230, de 2021). ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único - As reuniões e as audiências das comissões § 1° No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido
terão caráter reservado. Art. 207. O processo disciplinar se desen- separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações so-
volve nas seguintes fases: bre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.
I- instauração, com a publicação do ato que constituir a comis- § 2° O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
são; bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado inter-
II- inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa ferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-
e relatório; III – julgamento. -las, por intermédio do presidente da comissão.
Art. 208. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não Art. 216. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra- submetido, a exame por junta médica oficial, da qual participe, pelo
zo, quando as circunstâncias o exigirem. menos, um médico psiquiatra.
§ 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte- Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processa-
gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon- do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe-
to, até a entrega do relatório final. dição do laudo pericial.
§ 2° As reuniões da comissão serão registradas em atas que Art. 217. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi-
deverão detalhar as deliberações adotadas. cação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e
das respectivas provas.
CAPÍTULO VIII § 1° O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi-
DO INQUÉRITO dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
Art. 209. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do § 2° Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza- e de 20 (vinte) dias.
ção dos meios e recursos admitidos em direito. § 3° O prazo de defesa poderá ser prorrogado em dobro, para
Art. 210. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli- diligências reputadas indispensáveis.
nar, como peça informativa da instrução. § 4° No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con- da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in- assinatura de 2 (duas) testemunhas.
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar. Art. 218. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
Art. 211. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada comunicar à comissão o local onde poderá ser encontrado.
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, Art. 219. Achando-se o indiciado em local incerto e não sabido,
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a será citado por Edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos jornal de grande circulação na localidade do último domicílio co-
fatos. nhecido, para apresentar defesa.
Art. 212. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e será de 15 (quinze) dias, a partir da última publicação do Edital.
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 220. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
quesitos, quando se tratar de prova pericial. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
§ 1° O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- § 1° A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum e devolverá o prazo para a defesa.
interesse para o esclarecimento dos fatos. § 2° Para defender o indiciado revel, a autoridades instaurado-
§ 2° Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- ra do processo designará um servidor como defensor dativo, ocu-
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. pante de cargo de nível igual ou superior ao do indiciado.
Art. 213. As testemunhas serão intimadas a depor mediante Art. 221. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
mandato expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- minucioso, em que resumirá as peças principais dos autos e men-
da via, com o ciente do intimado, ser anexada aos autos. cionará as provas nas quais se baseou para formar a sua convicção.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe- § 1° O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
dição do mandato será imediatamente comunicada ao chefe da re- à responsabilidade do servidor.
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para § 2° Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
a inquirição. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
Art. 214. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 222. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
§ 1° As testemunhas serão inquiridas separadamente. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 2° Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir- julgamento.
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 215. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
mentos previstos nos arts. 213 e 214.
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criados, as mesmas obrigações e vantagens atribuídas aos demais bem viver. A moral garante uma identidade entre pessoas que po-
servidores considerados estáveis por força do artigo 19 do Ato das dem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de
Disposições Transitórias da Constituição Federal. Moral entre elas.
Art. 245. VETADO A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal.
Parágrafo único. VETADO O objetivo da ética é buscar justificativas para o cumprimento das
Art. 246. Aos servidores em atividade na área de educação es- regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabe-
pecial fica atribuída a gratificação de cinqüenta por cento (50%) do lece regras. A reflexão sobre os atos humanos é que caracterizam
vencimento. o ser humano ético.
Art. 247. É assegurada ao servidor a contagem da soma do tem- Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo.
po de serviço prestado à União, Estados, Distrito Federal, Territórios Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como
e Municípios, desde que ininterrupta e sucessivamente, para efeito correto.
de aferição da estabilidade nas condições previstas no art. 19 do A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários prin-
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Fe- cípios básicos e transversais que são:
deral. 1. O da Integridade – Devemos agir com base em princípios e
Art. 248. VETADO valores e não em função do que é mais fácil ou do que nos trás mais
Art. 249. Esta lei entra em vigor na data da sua promulgação. benefícios
Art. 250. VETADO 2. O da Confiança/Credibilidade – Devemos agir com coerência
Palácio do Governo do Estado do Pará, em 24 de janeiro de e consistência, quer na ação, quer na comunicação.
1994. 3. O da Responsabilidade – Devemos assumir a responsabilida-
JADER FONTENELLE BARBALHO de pelos nossos atos, o que implica, cumprir com todos os nossos
Governador do Estado deveres profissionais.
GILENO MÜLLER CHAVES 4. O de Justiça – As nossas decisões devem ser suportadas,
Secretário de Estado de Administração transparentes e objetivas, tratando da mesma forma, aquilo que é
WILSON MODESTO FIGUEIREDO igual ou semelhante.
Secretário de Estado de Justiça 5. O da Lealdade – Devemos agir com o mesmo espírito de le-
ROBERTO DA COSTA FERREIRA aldade profissional e de transparência, que esperamos dos outros.
Secretário de Estado da Fazenda 6. O da Competência – Devemos apenas aceitar as funções
PAULO SÉRGIO FONTES DO NASCIMENTO para as quais tenhamos os conhecimentos e a experiência que o
Secretário de Estado de Viação e Obras Públicas exercício dessas funções requer.
ERNANI GUILHERME FERNANDES DA MOTTA 7. O da Independência – Devemos assegurar, no exercício de
Secretário de Estado de Saúde Pública funções de interesse público, que as nossas opiniões, não são in-
ROMERO XIMENES PONTE fluenciadas, por fatores alheios a esse interesse público.
Secretário de Estado de Educação
PAULO MAYO KOURY DE FIGUEIREDO Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos dia-
Secretário de Estado da Agricultura riamente:
ALCIDES DA SILVA ALCÂNTARA 1. Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, exis-
Secretário de Estado de Segurança Pública tem escolhas, que embora, não estando especificamente referidas,
MARIA EUGÊNIA MARCOS RIO na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.
Secretária de Estado de Planejamento e Coordenação Geral 2. Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humani-
GUILHERME MAURÍCIO MARCOS DE LA PENHA dade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar o seu compor-
Secretário de Estado de Cultura tamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis.
LUIZ PANIAGO DE SOUZA
Secretário de Estado de Indústria Comércio e Mineração Nas organizações, é a ética no gerenciamento das informa-
ROBERTO RIBEIRO CORRÊA ções que vem causando grandes preocupações, devido às conse-
Secretário de Estado de Trabalho e Promoção Social quências que esse descuido pode gerar nas operações internas e
ANTÔNIO CÉSAR PINHO BRASIL externas. Pelo Código de Ética do Administrador capítulo I, art. 1°,
Secretário de Estado de Transportes inc. II, um dos deveres é: “manter sigilo sobre tudo o que souber
NELSON DE FIGUEIREDO RIBEIRO em função de sua atividade profissional”, ou seja, a manutenção
Secretário deTrabalho e Promoção Social em segredo de toda e qualquer informação que tenha valor para
a organização é responsabilidade do profissional que teve acesso
ÉTICA E MORAL à essa informação, podendo esse profissional que ferir esse sigilo
responder até mesmo criminalmente.
São duas ciências de conhecimento que se diferenciam, no en- Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convic-
tanto, tem muitas interligações entre elas. ções.
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previ-
são sobre os atos humanos. A moral estabelece regras que devem
ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por
ÉTICA, PRINCÍPIOS, VALORES E A LEI exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar
valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposi-
Princípios, Valores e Virtudes ção e a dominação pela força.
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência
universais que definem as regras pela qual uma sociedade civiliza- seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que
da deve se orientar. atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio
Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis, de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas
pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Enten- grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espí-
de-se que a adoção desses princípios está em consonância com o rito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte
pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da consti- do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para
tuição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou destituí-los do poder.
estatutos de condomínio. Valores e virtudes baseados em princípios universais são ine-
O princípios se aplicam em todas as esferas, pessoa, profissio- gociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não
nal e social, eis alguns exemplos: amor, felicidade, liberdade, paz e tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza
plenitude são exemplos de princípios considerados universais. não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recorda-
Como cidadãos – pessoas e profissionais -, esses princípios fa- ções, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um
zem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutan- sentido especial e particular a esses conceitos.
do para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo, O importante é que você não perca de vista esses conceitos
por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e
princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso
se perdem no meio do caminho. de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada,
De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute
comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente.
não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios uni-
versais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conse- ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA. CON-
quências. DUTA ÉTICA
Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou
mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portan-
to, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o ÉTICA E DEMOCRACIA
ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à
entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são ética, principalmente no cenário político que se revela a cada dia,
diferentes. porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avan-
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, çado.
acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale neces- Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caó-
sariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode tico. Entre eles os principais são os golpes de estados – Golpe de
ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade 1930 e Golpe de 1964.
da pessoa que os adota. Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e
Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino
aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores com- de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universi-
pletamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, dades. Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão sus-
luxo e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias pensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão.
somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e auto-
ditados pela sociedade. ritárias, nossos valores morais e sociais foram se perdendo, levando
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do es- a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que
pírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do o Estado queria impor ao povo.
bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a inte- Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nos-
lectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e so país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder:
crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais
passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. investigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em atuação em prol da moralidade e do interesse público, o que tem
nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de
alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do cometê-los.
que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio Essa nova fase se deve principalmente à democracia implanta-
onde somos criados e condicionados através de exemplos e com- da como regime político com a Constituição de 1988.
portamentos semelhantes. Etimologicamente, o termo democracia vem do grego de-
mokratía, em que demo significa povo e kratía, poder. Logo, a defi-
nição de democracia é “poder do povo”.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
A democracia confere ao povo o poder de influenciar na ad- — sendo que se trata de um conjunto de valores inflexíveis. Entre
ministração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina outros exemplos que podem prejudicar os valores morais e éticos
quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se dentro da empresa.
nesse contexto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus
dirigentes, quanto dos escolhidos, que deverão prestar contas de Quais são as vantagens em estimular a ética profissional?
seus atos no poder. Quando o RH da empresa, a gestão e os colaboradores olham
A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regula- os seus propósitos na mesma direção, a ética profissional agrega
mentando e exigindo dos governantes o comportamento adequa- uma série de benefícios na rotina produtiva. Entre os principais,
do à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e confe- destacamos os seguintes
rindo ao povo as noções e os valores necessários para o exercício –mais facilidade na construção e manutenção dos relaciona-
de seus deveres e cobrança dos seus direitos. mentos interpessoais;
E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela – mais motivação interna para o desenvolvimento — individual
sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos pelos e coletivo;
ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao –aprimoramento da comunicação interna e externa da empre-
interesse público. sa, na qual todos os valores são facilmente expressos, absorvidos e
transmitidos;
EXERCÍCIO DA CIDADANIA – contínuo exercício do autoconhecimento;
Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus – respeito coletivo;
direitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucio- – valorização dos pilares institucionais da empresa, contribuin-
nalmente nos princípios fundamentais. do com a retenção e a atração de novos talentos.
Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a exer-
cer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa que Vale perceber que são benefícios que se colhem tanto em uma
deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está no po- escala individual quanto coletiva, e para o colaborador e a empresa
der, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de escolha também.
dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos seus direitos. Pois então, vamos avaliar quais atitudes o nosso manual da éti-
Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da ca profissional estão reunidas, logo abaixo, para você se inspirar em
cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este replicá-las no seu dia a dia?
seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du-
pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres Quais posturas podem promover a ética profissional?
perante a sociedade. Quer aumentar o seu autoconhecimento e influenciar as pes-
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais soas a terem mais ética profissional? Essas são as atitudes que mais
quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa- contribuem com a promoção de um ambiente justo e moral:
bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo,
a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige- Honestidade
-se que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercí- Tenha a sinceridade inserida no seu vocabulário diário. Por
cio desse direito gera, como o pagamento do IPTU. meio dela, você exprime os seus pensamentos com clareza e impar-
Exercer a cidadania por consequência é também ser probo, cialidade, sem visar o prejuízo aos outros.
agir com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus
deveres enquanto cidadão inserido no convívio social. Autoconhecimento
Ao assumir um compromisso que você não vai dar conta, você
não está agindo de maneira ética.
ÉTICA PROFISSIONAL
Afinal de contas, sua possível falta de entrega vai se revelar uma
falha grave na relação com quem você assumiu a responsabilidade.
Antes de abordarmos o tema, diretamente, vamos à concepção Portanto, o autoconhecimento é, sim, uma forma de manter a
de ética, cuja palavra tem origem no significado grego de caráter — ética profissional em dia.
éthos, e que significa a propriedade do caráter.
Nesse contexto, a propriedade e o caráter estão associados aos Humildade
padrões convencionais da sociedade, mas também intrínsecos no Arrogância não combina com ética profissional. Por sua vez,
cuidado em não prejudicar o próximo. pessoas humildes agregam mais, no ambiente de trabalho, não de-
Portanto, sua percepção pode variar com a de outra pessoa, bocham dos outros e sabem ouvir e transmitir críticas e sugestões
dentro de determinados valores pessoais, mas a ética tem uma raiz sem ofender os outros.
mais abrangente, que acomoda a todas as visões.
Educação
E a ética profissional? Respeito, acima de tudo. Entenda e compreenda as diferenças
Aplicando a ideia acima ao ambiente corporativo, temos a ética entre as pessoas — e em todos os níveis, dos morais aos pessoais e
profissional como uma pauta de tudo aquilo (pensamentos, com- de acordo com as escolhas de vida de cada um.
portamentos e atitudes) que podem ferir o bom convívio. Isso significa que você também não perde a calma, age com
Acontece que são situações que acabam mais banalizadas do razão antes de se prender a alguma emoção para tomar decisões e
que muita gente imagina. Em busca de alcançar seus objetivos que a sua opinião é bem-vinda e respeitada.
profissionais, por exemplo, as pessoas tendem a flexionar a ética
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1 Fonte: www.febracis.com.br/www.blog.unyleya.edu.br
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Modelo de Ética
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda
ação da organização afetará as pessoas com as quais têm contato.
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resul-
tados planejados e a ambição da empresa.
Ética2 Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas parti-
A palavra Ética (do grego ethos/etheia) pode ser traduzida por cipam das decisões da organização.
“modo de ser”, ou “caráter”. Os romanos traduziram-na para o latim
mos – plural mores – com o significado de “costume”, vocábulo do Lembre-se: que a ética organizacional não se limita a cada um
qual se origina a palavra Moral. desses modelos individualmente, mas sim na sua junção.
Estes conceitos referem-se a um tipo de comportamento que
não é natural, mas adquirido por hábito. Ética como estratégia de Mercado
Assim temos que Ética e Moral referem-se a uma realidade A globalização e os novos padrões de mercado, tem levado as
humana, construída histórica e socialmente, fundamentadas nas empresas a se auto avaliar constantemente. Com isso várias organi-
relações coletivas dos seres humanos, nas sociedades onde nascem zações passarão a adotar valores éticos rigorosos para manter uma
e vivem, e definem o melhor modo de viver e conviver. boa imagem de mercado, como é o caso da Natura, O Boticário, e
A ética possui caráter crítico e reflexivo e nos leva a uma refle- de alguns bancos como Banco Real, Unibanco/Itaú e Bradesco.
xão crítica sobre a moral. Estas empresas têm associado valores éticos à sua marca, para
A ética pode ser definida como um conjunto de modelos mo- a obtenção de um diferencial em seus produtos e serviços, afim de
rais que guiam o comportamento no meio dos negócios e na socie- alcançar melhores resultados, garantir sua permanência no merca-
dade, construindo o próprio caráter em prol do bem-estar de todos. do e atrair/ preservar clientes que também buscam pelos mesmos
Ou como o estudo do comportamento dos indivíduos, julgan- ideais.
do-os adequado ou não, perante a sociedade ou a organização. A estratégia da empresa então se traduz em reproduzir ao con-
Em razão disso devemos considerar a existência de dois tipos sumidor as ações empregadas por seus gestores e profissionais, no
de ética, ao qual veremos a seguir. qual é feita por meio de campanhas de marketing, com o intuito de
promover a imagem institucional da empresa.
Ética Empresarial
A ética empresarial é fundamentada no relacionamento, entre Lembre-se: A ética empresarial deve que ser entendida como
funcionários, clientes, fornecedores entre outros, atentando-se aos um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua
valores humanísticos de cada um. reputação e, consequentemente, seus bons resultados.
Para uma empresa tornar-se ética é preciso ter persuasão so-
bre seus colaboradores e possuir competências para transformar Ética Social
suas ações em fatos concretos e objetivos, evitando e diminuindo As empresas podem ser entendidas, em um contexto global,
os obstáculos, dando mais atenção aos valores que defende, não como unidades fundamentais as necessidades humanas, porém im-
deixando-se influenciar por fatores externos. pactos: ambientais, sociais, diretos e indiretos, tornam-se cada vez
Algumas empresas até possuem um código de ética que deve mais, um desafio a ser enfrentado pelas organizações na atualidade.
ser seguido rigorosamente pelos funcionários, no qual muitas em- Até pouco tempo atrás, empresários se preocupavam apenas
presas obtêm a confiança e o respeito deles, além de assumir um com assuntos e atividades que lhes traziam lucros ou com o pró-
compromisso com parceiros e clientes e em muitos casos, em virtu- prio bem estar da empresa, hoje já se pode observar uma grande
de do grande comprometimento da equipe, adquirem o tão sonha- mudança nesse perfil organizacional, em razão destes, estarem as-
do certificado de reconhecimento. sumindo um novo modelo ético com virtudes sérias a respeito das
Uma empresa com uma política ética, só tem a ganhar, isso consequências relacionadas as questões ambientais e sociais viven-
porque ao agir corretamente e respeitar o próximo, ganham tam- ciadas pela população e pelo planeta.
bém confiança, credibilidade, clientes, funcionários mais motiva- A partir desta realidade não é mais possível se limitar a uma
dos e envolvidos com os projetos da empresa, e enfim o lucro tão visão estreita, quanto aos interesses particulares da empresa, ao
esperado. ponto que estas se veem obrigadas a desenvolver critérios éticos
Aplicada pelo gestor, a ética pode ser percebida por meio da específicos fazendo jus à sua realidade, isto é, considerando não
abertura para criatividade, delegação de tarefas, fornecimento de somente fatores econômicos, mas também os fatores políticos, as
informações necessárias, observação e fornecimento de feedback, exigências legais e os impactos socioambientais, entre outros as-
estabelecimento de canais de comunicação, entre outros. pectos associados às suas atividades.
A ética se destina em realizar o bem comum, ou seja não preju- Neste sentido várias empresas já estão de adequando a este
dicar ninguém e não permitir que ninguém o prejudique. novo modelo, agregando valores éticos a seus produtos e serviços e
Nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com for- obtendo resultados positivos por meio de marcas mais valorizadas.
necedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que Pois os consumidores preferem pagar um pouco mais pelo produto
alguém saia prejudicado, em razão disso foi adotado um modelo de em troca do valor agregado.
ética baseado na responsabilidade, convicção e virtude. Com isso vale ressaltar que a ética sobre uma perceptiva social,
também contribui para o desenvolvimento econômico e ao mesmo
2 COELHO. Daniela. Ética e Responsabilidade Social. INSTITUTO ETHOS de tempo colabora com a preservação ambiental, melhora da qualida-
empresa e Responsabilidade Social. Responsabilidade social para Micro e de de vida dos colaboradores, familiares da empresa e da comuni-
pequenas empresas. São Paulo: 2003. dade local.
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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
De certa forma a ética, também pode ser entendida como um Neste sentido o Instituto Ethos4, propõem sete diretrizes para a
maior compromisso das empresas em proporcionar maior clareza implantação da Responsabilidade Social nas organizações, vejamos:
quanto ao gerenciamento dos recursos, processos, produção e re- 1. Adote valores e trabalhe com transparência - O passo inicial
síduos. para se tornar uma empresa socialmente responsável é avaliar os
Destacando por fim, que ser uma empresa socialmente ética seus valores éticos e transmiti-los aos seus públicos através de um
também significa ser uma empresa que se preocupa com os proble- documento formal. Além disso, a empresa tem que praticar o que
mas sociais da população, como por exemplo se preocupar com as ela se propõe e agir da forma mais transparente possível.
condições de miséria da sociedade e tomar atitudes para que essas 2. Valorize empregados e colaboradores - É prioritário que,
pessoas retomem seu convívio social com dignidade. minimamente, a empresa cumpra as leis trabalhistas, pois empre-
sas que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si
Lembre-se: A ética social é praticada pela empresa de forma mesmas. Importante também que a organização encoraje novas
interna, recrutando e formando profissionais e executivos que com- ideias (criar um incentivo a isso), além de incorporar a diversidade
partilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o pluralismo, como um valor essencial, incentivar e recompensar o desenvolvi-
relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos, mento de talentos e assegurar saúde, bem-estar e segurança aos
adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, culti- funcionários.
vando a liberdade de expressão e a lisura nas relações comerciais. 3. Faça sempre mais pelo meio ambiente - Procurar reduzir as
agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições
Responsabilidade Social nas Empresas3 ambientais. As empresas, de um modo ou de outro, dependem de
Várias definições podem ser atribuídas a responsabilidade so- insumos do meio ambiente para realizar suas atividades, então, mi-
cial, no enteando a mais comum é conceituada como o conjunto nimamente devem reduzir o desperdício de tais insumos (energia,
das atitudes dos cidadãos e organizações públicas ligadas a ética matérias-primas em geral e água).
e direcionadas para o desenvolvimento sustentável da sociedade, 4. Envolver Parceiros e Fornecedores - Estabelecer um diálogo
preservando o meio ambiente para futuras gerações e impulsionan- com seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cum-
do a diminuição das desigualdades sociais. prindo os contratos estabelecidos, contribuindo para o seu desen-
As empresas sentem o dever de se tornarem responsáveis, uma volvimento e incentivando os fornecedores para que também assu-
vez que questionadas sobre o futuro da sociedade e da economia, mam compromissos de responsabilidade social. É importante que
percebem os efeitos causados pelas suas atividades e reconhecem as empresas divulguem seus valores pela cadeia de fornecedores,
a necessidade de reparar seu comportamento. Com isso se veem a empresas parceiros e serviços terceirizados. Pode-se adotar como
frente de um desafio, o de modificar sua identidade para uma que critério de seleção de parceiros a exigência de valores semelhantes.
agregue responsabilidade social à áreas financeira, logística, comer- 5. Proteger Clientes e Consumidores - É importante promover
cial e operacional. o uso do produto com segurança e responsabilidade; Oferecer in-
Dessa forma, uma empresa com responsabilidade social, além formações específicas, corretas e justas; Proibir o uso de técnicas
de participar de forma mais direta das ações comunitárias nos lo- comerciais antiéticas. Deve-se oferece qualidade não apenas du-
cais onde estão inseridas e reduzirem os danos ambientais resultan- rante o processo de venda, mas em todo a sua rotina de trabalho.
tes de suas atividades, tornam-se parceiras e corresponsáveis pelo 6. Promover sua Comunidade - A relação que uma empresa
desenvolvimento social. tem com sua comunidade de entorno é um dos principais exemplos
Sendo assim Silva, considera que: Responsabilidade social em- dos seus valores. Respeito aos costumes e à cultura local, contribui-
presarial é o comprometimento permanente dos empresários de ção em projetos educacionais, em ONGs ou organizações comuni-
adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimen- tárias, destinação de verbas a instituições socais e a divulgação de
to econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida princípios que aproximam o empreendimento das pessoas ao redor
de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da e são algumas das ações que demonstram o valor da comunidade
sociedade como um todo. para a empresa.
Toda empresa responsavelmente social possui deveres mo- 7. Comprometer-se com o Bem Comum - O relacionamento
rais junto à sociedade. Tais deveres podem ser do tipo reparador ético com o poder público, assim como o cumprimento das leis,
ou preventivo. Reparador, quando a empresa recupera o meio am- faz parte da gestão de uma empresa socialmente responsável. Ser
biente após prejudicá-lo com suas atividades e preventivo, quando ético, nesse caso, significa: Cumprir as obrigações de recolhimento
a empresa se esforça para não causar danos à ele. de impostos e tributos; Alinhar os interesses da empresa com os da
sociedade; Comprometer-se formalmente com o combate à corrup-
As Sete Diretrizes da Responsabilidade Social ção; Contribuir para projetos e ações governamentais voltadas para
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito, o aperfeiçoamento de políticas públicas na área sócia, etc.
pois deve-se compreender que ela é um valor pessoal e institucio-
nal que se reflete nas atitudes das empresas, dos empresários e de Sendo assim, as ações movidas pela ética são de longo prazo,
todos os seus funcionários. Para muitas empresas exercer responsa- intensamente participativas e transparentes em todos os níveis da
bilidade social é simplesmente fazer doações e desempenhar ações empresa. Tais iniciativas diferem significativamente daquelas que
de filantropia. Tais empresas apenas praticam ações de responsabi- originam decisões oportunistas, que visam exclusivamente enrique-
lidade social e, em muitos anos, de forma esporádica e casual. cer a imagem da empresa, com resultados de lucro a curto prazo e
decisões centralizadas.
3 HONÓRIO, Camila Cristina S.; FERREIRA, Maristela Perpétu; SANTOS, Rose- 4 MOYA, Ana Lucia de Melo. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
cleia Perpétua Gomes dos. Ética e Responsabilidade Social, 2017. empresarial. São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
102
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ainda II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
afirma que a responsabilidade social empresarial está além do que ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o
a empresa deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
com a comunidade ou os benefícios para o público interno são ele- o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
mentos fundamentais e estratégias para a prática da Responsabili- o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°,
dade Social Empresarial. da Constituição Federal.
Mas não é só isso. Incorporar critérios de Responsabilidade Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum-
Social na gestão estratégica do negócio é traduzir as políticas de in- prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou
clusão social e de promoção da qualidade ambiental, entre outras, seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade.
em metas que possam ser computadas na sua avaliação de desem- Os princípios constitucionais devem ser observados para que
penho é o grande desafio. a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses
É a nova forma de gestão empresarial, onde existe um princípios são:
compromisso da empresa em relação à sociedade em geral. E, para – Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente os
uma empresa ter sucesso, para conquistar e ampliar mercado, para meandros da lei.
ter competitividade, a prática da responsabilidade social e a presta- – Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda-
ção de contas de seu desempenho são indispensáveis. de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o
A Responsabilidade Social está sendo vista, como um compro- que a lei prevê.
misso da empresa com relação à sociedade e a humanidade em ge- – Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome-
ral, compreendendo que o papel atual das empresas vai muito além ter os bons costumes da sociedade.
da obtenção de lucro. – Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público,
Sendo assim Responsabilidade Social é entendida como o com- salvo os casos previstos em lei.
promisso que uma empresa tem com o desenvolvimento, bem-es- – Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos
tar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra-
famílias e comunidade em geral. A base da responsabilidade social balho.
corporativa está na concepção de que a entidade responde a crité-
rios éticos de comportamento. A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS-
TRATIVA ÉTICA
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra-
ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz e
moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges-
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37
exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não da Carta Magna.
é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse Para isso a Administração Pública vem implementando políti-
público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revisão
Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres- de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.
ponde um cargo ou emprego”. Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser-
além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba
que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú- uma postura governamental com tomada de decisões políticas res-
blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o
impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores funcionalismo público.
acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi- Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar-
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública,
para uma imagem negativa do órgão e do serviço. que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol-
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua autoras:
relação com o público. – Os processos seletivos para o ingresso na função pública de-
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no exer- vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não
cício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua vida. só o ingresso como carreira no âmbito da função pública;
O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida priva- – A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-
da, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados constitu- nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi-
cionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida equili- tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-
brada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamento com -se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado
os colegas e com os usuários do serviço. em benefícios de “outros”;
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- – A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e
vão muito além da legalidade. uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser
103
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia- Tal objetivo somente será possível através de uma profunda
no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no-
existência da Administração Pública; ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância,
– A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função
o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali- pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.
dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper-
sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente
trabalho administrativo; na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para
– Constitui um importante valor deontológico potencializar o que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes
orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins com o interesse social.
do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins- Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú-
titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética
central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com- para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de
portamentos éticos; um comportamento condizente com a moralidade administrativa é
– A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí- mais eficaz e facilitada.
vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa
devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à 8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua
do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado respon-
os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam de pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma gestão
na práxis do servidor público; sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social.
– O comportamento ético deve levar o funcionário público à Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública
busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs-
sua tarefa; tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
– A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual- de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú-
dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in- blica comprometida com a ética e a eficiência.
teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones
que se trabalha; Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-
não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun- trações.
cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
ofício; realizar as seguintes tarefas, entre outras:
– O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito – Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor- a legitimidade social;
ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer- – Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos – Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).” conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acerta-
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dis- damente em relação à meta eleita;
posição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma – Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
fiscalização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos se está imerso;
governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração – Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas pessoas.” (tradução livre).
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor-
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses
ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
instrumentos fiscalizatórios.
Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res-
ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções, Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos
cobrando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no para-
atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão digma do atendimento e do relacionamento que tem como foco
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. principal o usuário.
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne-
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada São eles:
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. - “atender com presteza ao público em geral, prestando as in-
formações requeridas” e
104
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- “tratar com urbanidade as pessoas”. da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fun-
damentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito,
Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas
vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado
demonstram as situações descritas a seguir. ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, pode-
• Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem mos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais
não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos
prazo. e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lem-
• Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário brando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.
aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter- Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali-
pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público
do bom senso: e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”,
• Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en- deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a
trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes,
externos pode ajudar a resolver algumas questões. não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e
• Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua expresso, “todos são iguais perante a lei”.
tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção
em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do
sobre a importância desse dever. interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar aci-
habilidades incluem: ma de seus interesses.
- atualização constante; Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
- soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças; igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
- decisões criativas, diferenciadas e rápidas; cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
- flexibilidade para mudar hábitos de trabalho; públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
- liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis- denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
sionais; padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci-
- habilidade para lidar com os usuários internos e externos. dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
costumes em uma sociedade.
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fér-
Sanz Mulas: til para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades pú-
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário blicas está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre
realizar as seguintes tarefas, entre outras: devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabi-
a legitimidade social; lização adequada dos atos antiéticos.
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- Pode Público.
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acer- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de-
tadamente em relação à meta eleita; vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma
se está imerso; lei”, isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utili-
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às zada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evo-
pessoas.” lução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando
passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor- padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa.
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual Porém Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”? Pois para
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao lon-
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não go da vida e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão contestados posteriormente com a formação de ideias de cada um,
seja ético, acima de tudo . porém a maioria das pessoas não sabe se são ou não cidadãos.
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão
105
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem 4. Sobre a ética, democracia e exercício da cidadania, analise as
princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e desman- afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
dos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar por ( ) Exercício da cidadania é o gozo de direitos e desempenho de
este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio próprio. deveres pelo cidadão.
( ) A democracia constitui forma de governo pautada pelo res-
peito à singularidade, pela defesa da transparência e pela garantia
QUESTÕES da perpetuação do exercício do poder.
( ) O exercício da cidadania deve pautar-se por contornos éti-
1. Considerando as noções de ética e de moral, bem como os cos, de modo que o exercício da cidadania deve materializar-se na
princípios e valores que conduzem nossa sociedade, julgue os itens escolha da melhor conduta, tendo em vista o bem comum, resul-
seguintes. tando em uma ação moral como expressão do bem.
I- Um indivíduo em situação de miséria que encontrar, caída na ( ) Democracia é o regime político em que a soberania é exer-
rua, uma carteira e decidir utilizar o cartão de crédito nela guardado cida pelo povo.
para adquirir medicamentos ao seu filho terá agido de acordo com
as normas éticas, mas não com os princípios morais. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
II- Os valores morais variam ao longo do tempo. cima para baixo.
III- O campo da filosofia dedicado a estudar os valores e prin- (A) V, V, F, V
cípios que orientam a conduta dos seres humanos em sociedade é (B) V, V, V, F
denominado ética. (C) F, F, V, F
(D) V, F, V, V
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I e II estão certos. 5. Com relação à ética, à democracia e ao exercício da cidada-
(B) Apenas os itens I e III estão certos. nia, assinale a alternativa correta.
(C) Apenas os itens II e III estão certos. (A) O exercício da cidadania, como uso de direitos e desempe-
(D) Todos os itens estão certos. nho de deveres, deve pautar-se por contornos éticos.
(B) O exercício da cidadania tem em vista o bem individual, sem
2. Acerca da ética, princípios e valores no serviço público, assi- observar a conduta coletiva.
nale a alternativa correta. (C) A cidadania é exercida no campo individual.
“Note-se que a quase totalidade das sociedades ocidentais (D) As atribuições cívico-políticas do cidadão independem da
tem a dignidade humana como princípio ético, muito embora seus forma de governo adotada pelo Estado.
códigos morais (suas práticas habituais) sejam tão diferentes, por (E) A democracia, a transparência e a divergência de ideias não
que diferentes são os valores por elas eleitos, embora todos eles podem estar associadas.
tenham a dignidade humana como alicerce” (MULLER, 2018)
(A) Os valores possuem uma perspectiva ética, orientando o ser 6. Acerca da ética e função pública, assinale a alternativa in-
humano a direcionar suas ações para o bem correta.
(B)Os princípios são objetos da escolha moral; ou seja, a quali- (A) É dever do servidor atender com presteza ao público em
dade de algo preferível ou estimável geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as pro-
(C) A probidade administrativa é escolha moral que deve ser tegidas por sigilo
feita por todo servidor público (B) É dever do servidor exercer com zelo e dedicação as atribui-
(D) A moralidade administrativa faz parte dos valores morais ções do cargo
que regem o comportamento dos servidores públicos, condu- (C) É dever do servidor participar de gerência ou administração
zindo seu comportamento profissional para o bem comum de sociedade privada, personificada ou não personificada
(D) É dever do servidor cumprir as ordens superiores, exceto
3. Acerca de ética, princípios e valores no serviço público, ana- quando manifestamente ilegais
lise as afirmativas abaixo.
I. O princípio é um fundamento ético. I 7. Acerca da ética e função pública, assinale a alternativa in-
I. O valor é uma escolha moral. correta.
III. Os princípios são por nós assimilados ao longo de nossa (A) É dever do servidor público exercer com zelo e dedicação as
vida, seja por nossas vivências, seja pelos ensinamentos que rece- atribuições do cargo
bemos. São objetos de escolha moral, a qual torna algo preferível (B) É dever do servidor levar as irregularidades de que tiver
ou estimável. ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
Assinale a alternativa correta. conhecimento de outra autoridade competente para apuração
(A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas (C) O descumprimento dos deveres funcionais do servidor, des-
(B) Apenas a afirmativa III está correta critos no art. 116 da Lei 8.112/1990, ensejará a aplicação da
(C) As afirmativas I, II e III estão corretas pena de advertência (art. 129), sendo que a reincidência impli-
(D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas cará na pena de suspensão (art. 130)
(D) É direito do servidor promover manifestação de apreço ou
desapreço no recinto da repartição
106
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
8. Quanto à ética no Setor Público, assinale a alternativa cor- 12. (MPE/SC - Motorista - FEPESE) Assinale a alternativa correta
reta. em relação à ética no serviço público.
(A) É desnecessário estabelecer um padrão de comportamento (A) Em razão do interesse público indireto, os atos administrati-
a ser observado pelos servidores, uma vez que o agir ético deve vos não precisam ser publicados.
se basear nas decisões e nos conceitos individuais dos servido- (B) O conceito de moralidade da Administração Pública é res-
res públicos. trito aos procedimentos internos praticados pelos servidores.
(B) A promoção da ética no serviço público prescinde da atua- (C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando ne-
ção permanente de Conselhos ou Comissões de Ética. cessário aos interesses da Administração Pública.
(C) A ética, por tratar-se de elemento subjetivo, torna desne- (D) O desempenho da função pública não demanda profissio-
cessário fornecer aos servidores públicos diretrizes que afir- nalismo, uma vez que tal princípio é inerente à iniciativa priva-
mem o que deve e o que não deve ser feito. da que busca lucros e resultados.
(D) A gestão de ética no serviço público deve abordar o exercí- (E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como
cio das seguintes funções: normalização; educação; monitora- elemento indissociável dos atos praticados pela administração
mento; e aplicação de sistemas de consequências em caso de pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.
atividades antiéticas.
(E) Todo servidor deve ter estabelecido o conceito do que é 13. FURG - 2022 - FURG - Assistente em Administração - Edital
ético ou antiético, motivo que leva a instituição de códigos de nº 04- Leia as afirmações a respeito da Lei Geral de Proteção de Da-
ética de servidores públicos a ser desnecessária. dos Pessoais (Lei n° 13.709, de 14 de agosto de 2018, alterada pela
Lei n° 13.853, de 8 de julho de 2019).
9. Sobre a ética no setor público, assinale a alternativa correta. I - No Capítulo I, segundo o Art. 4º, a Lei nº 13.709, de 14 de
(A) Princípio da diligência se refere a agir com zelo e escrúpulo agosto de 2018, alterada pela Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019,
em todas funções não se aplica ao tratamento de dados pessoais realizado para fins
(B) O princípio da conduta ilibada é o de agir da melhor manei- exclusivamente acadêmicos, desde que respeitadas algumas hipó-
ra esperada em sua profissão e fora dela, com técnica, justiça teses, por exemplo: mediante o fornecimento de consentimento
e discrição pelo titular; para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória
(C) O princípio da correção profissional diz respeito a não acu- pelo controlador; pela administração pública, para o tratamento e
mular funções incompatíveis uso compartilhado de dados necessários à execução de políticas
(D) O princípio da lealdade e da verdade orienta a guardar se- públicas previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em con-
gredo sobre as informações que acessa no exercício da profis- tratos.
são II - O Capítulo Ill da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018,
alterada pela Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019, trata dos direitos
10. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Inspetor de Alunos - EXA- do titular do dado, sendo alguns deles o direito de obter do contro-
TUS/PR) Vivemos em sociedade onde temos regras e normas a lador confirmação da existência de tratamento de dados pessoais;
cumprir dentre nossos direitos estabelecidos. No dia a dia saímos o direito de correção de dados incompletos, inexatos ou desatuali-
de casa para resolver diversas coisas, frequentamos espaços pú- zados: o direto a anonimização, bloqueio ou eliminação de dados
blicos e particulares, em que temos que nos comportar de acordo desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com
com cada ambiente. Isso é viver em Sociedade. Para isso cumpri- o disposto nesta Lei.
mos com a ética e a cidadania. Portanto podemos relacionar ética III - Segundo o Art. 5º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
e cidadania a: 2018, alterada pela Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019, opera-
(A) ética e cidadania estão relacionados com as atitudes dos dor é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a
indivíduos e a forma como estes interagem uns com os outros quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados
na sociedade, cumprindo com seus direitos e deveres. pessoais. O controlador é a pessoa natural ou jurídica, de direito
(B) ética e cidadania são os cargos que ocupamos em um de- público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais. E o
terminado emprego. encarregado é a pessoa indicada pelo controlador e operador para
(C) ética e cidadania estão relacionadas à classe social que cada atuar como canal de comunicação entre o operador, os titulares dos
indivíduo ocupa na sociedade. dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
(D) ética e cidadania corresponde a qualidade de vida que cada VI - Segundo o Artigo 55 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
indivíduo deve ter. 2018, alterada pela Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019, as infor-
mações pessoais relativas a intimidade, vida privada, honra e ima-
11. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Educador - Exatus/PR) O gem detidas pelos órgãos e entidades terão acesso restrito a agen-
que é ética? tes públicos legalmente autorizados e a pessoa a que se referirem,
(A) Ética compreende o ramo da história dedicado aos assuntos independentemente de classificação de sigilo, pelo prazo máximo
dos nossos ancestrais. de cem anos a contar da data de sua produção, e poderão ter sua
(B) Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos as- divulgação ou acesso por terceiros autorizados por previsão legal
suntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa ou consentimento do titular.
aquilo que pertence ao caráter
(C) Ética é o nome dado a pessoa que entra para a política. Podemos afirmar que
(D) ética significa o trabalho e a posição que o indivíduo ocupa (A) Somente os itens II e VI estão corretos
na sociedade. (B) Somente os itens I e II estão corretos.
(C) Somente o item III está incorreto.
107
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
(D) Todos os itens estão corretos. (D) Os atos de improbidade violam a probidade na organização
(E) Todos os itens estão incorretos. do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo
14. IBADE - 2022 - IPREV - Analista Técnico Administrativo II- A e Judiciário, bem como da Administração Direta e Indireta, no
Lei nº 12.846/2013 dispõe sobre a responsabilização objetiva ad- âmbito da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Fe-
ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra deral.
a administração pública, nacional ou estrangeira. Acerca da lei, é (E) O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário
correto afirmar que: ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos à obrigação
(A) a responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabi- de repará-lo, independentemente do valor da herança ou do
lidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de patrimônio transferido.
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
ilícito. GABARITO
(B) na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídi-
cas consideradas responsáveis pelos atos lesivos multa, no va-
lor de 0,1% (um décimo por cento) a 10% (dez por cento) do fa-
1 C
turamento bruto do último exercício anterior ao da instauração
do processo administrativo. 2 C
(C) a competência para a instauração e o julgamento do proces- 3 A
so administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa
jurídica não poderá ser delegada, nem a subdelegação. 4 D
(D) no processo administrativo para apuração de responsabili- 5 A
dade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias
6 C
para defesa, contados a partir da intimação.
(E) o processo administrativo para apuração da responsabilida- 7 D
de de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada 8 D
pela autoridade instauradora e composta por 4 (quatro) ou
mais servidores estáveis. 9 A
10 A
15. CONSULPLAN - 2022 - MPE-PA - Analista Jurídico- Em rela-
ção ao exercício do cargo público, nos termos da Lei nº 5.810/1994, 11 B
que institui o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos do Es- 12 E
tado do Pará, assinale a afirmativa correta.
13 B
(A) O servidor empossado, que não entrar em exercício no pra-
zo previsto na Lei, será demitido do cargo público. 14 D
(B) O servidor preso em flagrante ou pronunciado por crime 15 C
comum somente será afastado do exercício do cargo após a
sentença final transitada em julgado. 16 D
(C) O exercício do cargo terá início dentro do prazo de quinze
dias, contados da data da posse, no caso de nomeação, e nos
demais casos, da data da publicação oficial do ato.
(D) O servidor poderá ausentar-se do Estado, para estudo ou
missão de qualquer natureza, com ou sem vencimento, me-
diante prévia autorização do Governador do Estado.
108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de transferência Interação com o conjunto de aplicativos
A área de transferência é muito importante e funciona em se- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tendermos melhor as funções categorizadas.
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Facilidades
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-
Manipulação de arquivos e pastas turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e parte desejada e colar em outro lugar.
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- Música e Vídeo
tas, criar atalhos etc. Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.
Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
Programas e aplicativos
Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.
110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.
WINDOWS 10
WINDOWS 10
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.
Inicialização e finalização
112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-
dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:
LIBREOFFICE OU BROFFICE
Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:
113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tipo de letra
Tamanho da letra
Itálico
Sublinhado
Taxado
Sobrescrito
Subescrito
Tipo de letra
Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada
na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa Tamanho da letra
necessidade e estilo que ser aplicado no documento.
Aumenta / diminui
tamanho
Itálico
114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Planilha de vendas Formatação células
— Planilha de custos
— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
=MÉDIA(B2;B6)
LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.
Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um
digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha. tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:
Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de-
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de-
senvolvimento do trabalho.
115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es- Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no
crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
até mesmo excluí-las. criar os próximos.
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
quadrados delimitados para adequá-los melhor.
Salvar
116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegação e navegadores da Internet
• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.
• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.
• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.
Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.
Internet Explorer 11
• Identificar o ambiente
O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.
118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.
À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.
2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;
4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.
Mozila Firefox
119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
5 Barra de Endereços
• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- pronto.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa- Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
das por concorrentes. voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Vejamos: Para removê-lo, basta clicar em excluir.
• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.
120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Histórico • Sincronização
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, rão disponíveis na sua conta Google.
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Por exemplo:
dia a dia se preferir. – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.
• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes- ções implementadas.
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.
121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos:
• Guias
4 Barra de Endereço.
5 Adicionar Favoritos
6 Ajustes Gerais
8 Lista de Leitura
122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os
quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identi-
fica o tipo de dado que ele representa.
• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em Extensões de arquivos
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.
1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-ma-
nipulacao-de-arquivos-e-pastas
123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.
É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.
Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.
124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.
Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.
Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.
2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/
125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-
CONCEITOS BÁSICO DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
(CLOUD COMPUTING): DEFINIÇÃO E TIPOS DE acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
NUVENS (PRIVADA, PÚBLICA E HÍBRIDA) cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.
Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone. No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.
Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.
3 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-compu- 4 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
tacao-em-nuvens-.htm -servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/
126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera-
cionais.
127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(D) “Windows”+E ( ) - O Windows Explorer é um gerenciador de informações,
(E) Ctrl+L arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da
Microsoft.
3. (UFAC - TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - ( ) - São bibliotecas padrão do Windows: Programas, Documen-
UFAC/2018) Qual o navegador padrão do Microsoft Windows 8? tos, Imagens, Músicas, Vídeos.
(A) Google Chrome
(B) Microsoft Edge A sequência CORRETA das afirmações é:
(C) Mozilla Firefox (A) F, V, V, F, F.
(D) Windows Media Player (B) V, F, V, V, F.
(E) Internet Explorer (C) V, F, F, V, V.
(D) F, V, F, F, V.
4. (PREFEITURA DE SENTINELA DO SUL/RS - FISCAL - OBJETI- (E) V, V, F, V, F.
VA/2020) Considerando-se o Internet Explorer 11, marcar C para as
afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa 7. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJETI-
que apresenta a sequência CORRETA: VA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, analisar
( ) No Windows 10, é necessário instalar o aplicativo do Inter- os itens abaixo:
net Explorer. I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela.
( ) É possível fixar o aplicativo do Internet Explorer na barra de II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por
tarefas do Windows 10. ano.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários.
(A) C - C. IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall
(B) C - E. e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
(C) E - E. e ransomware.
(D) E – C
Estão CORRETOS:
5. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SOCIAL (A) Somente os itens I, II e III.
- COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comumente um (B) Somente os itens I, III e IV.
conjunto de atividades como copiar, recortar e colar arquivos uti- (C) Somente os itens II, III e IV
lizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um conjunto de (D) Todos os itens.
ações de usuários, como realizar cliques com o mouse e utilizar-se
de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o fim de realizar 8. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFERMA-
o trabalho desejado. Assim, para mover um arquivo entre partições GEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema opera-
diferentes do sistema operacional Windows 10, é possível adotar o cional Microsoft Windows 10, possui a função de:
seguinte conjunto de ações: (A) Selecionar tudo.
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- (B) Imprimir.
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (C) Renomear uma pasta.
tino e escolher a ação de colar. (D) Finalizar o programa.
(B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse, (E) Colocar em negrito.
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de
destino. Por fim soltar o botão do mouse. 9. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -
(C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet:
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
tino. Por fim soltar o botão do mouse. (B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
(D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do mou- (C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados.
se e mover o arquivo para a partição de destino. (D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito.
(E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man-
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- 10. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-
tino e escolher a ação de mover. NISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide Web
(WWW) são frequentemente usados como sinônimos na linguagem
6. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO corrente, e não são porque
AMBIENTAL - COTEC/2020) Sobre organização e gerenciamento de (A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági-
informações, arquivos, pastas e programas, analise as seguintes nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. acesso a um computador.
( ) - Arquivos ocultos são arquivos que normalmente são re- (B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co-
lacionados ao sistema. Eles ficam ocultos, pois alterações podem nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço
danificar o Sistema Operacional. especial de acesso ao Google.
( ) - Existem vários tipos de arquivos, como arquivos de textos, (C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
arquivos de som, imagem, planilhas, sendo que o arquivo .rtf só é enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun-
aberto com o WordPad. cionam dentro da internet.
( ) - Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows, é possível usar (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
criptografia para proteger todos os arquivos que estejam armazena- tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
dos na unidade em que o Windows esteja instalado. (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
especial ao Google.
128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
11. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE SERVI- (B) * ^
ÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na internet, ana- (C) * :
lisar a sentença abaixo: (D) ^ :
Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente re- (E) * /
alizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam com
o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não garante que 16. (CS-UFG - TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - CS-
os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A sentença está: -UFG/2018) Durante a elaboração de uma apresentação utilizando
(A) Totalmente correta. o LibreOffice Impress no Linux Ubuntu, um usuário quer definir al-
(B) Correta somente em sua 1ª parte. guns elementos de um slide, como, por exemplo, cores e fontes, de
(C) Correta somente em sua 2ª parte. uma forma que fiquem padronizados e sejam mostrados em todos
(D) Totalmente incorreta. os slides. Qual recurso pode ser usado neste caso?
(A) Formatação.
12. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER - (B) Slide root.
IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas (C) Classificador de slides.
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções (D) Slide mestre.
dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador 17. (IF/TO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - IF/TO/2019)
Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome. Quais são as extensões-padrão dos arquivos gerados pelo LibreOffi-
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens ce Writer e LibreOffice Calc, ambos na versão 5.2, respectivamente?
do navegador Firefox. (A) .odt e .ods
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan- (B) .odt e .odg
do uma página é fechada incorretamente. (C) .ods e .odp
(D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na (D) .odb e .otp
intranet. (E) .ods e .otp
(E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
quando estão em uma rede da internet. 18. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR-
SOS/2018) São considerados modelos de implantação de compu-
13. (UFPEL - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - UFPEL- tação em nuvem:
-CES/2019) Analise as afirmações: I- Nuvem privada (private clouds): compreende uma infraes-
I) O Calc do LibreOffice funciona no Linux mas não no Windows. trutura de nuvem operada publicamente por uma organização. Os
II) O LibreOffice tem Editor de Texto e Planilha Eletrônica, mas serviços são oferecidos para serem utilizados internamente pela
não tem Banco de Dados. própria organização, não estando disponíveis publicamente para
III) A planilha eletrônica do LibreOffice é o Writer. uso geral.
IV) Arquivos gerados no Calc do LibreOffice no ambiente Linux II- Nuvem comunidade (community cloud): fornece uma in-
podem ser abertos pelo Microsoft Excel no ambiente Windows. fraestrutura compartilhada por uma comunidade de organizações
com interesses em comum.
Está(ão) correta(s), III- Nuvem pública (public cloud): a nuvem é disponibilizada
(A) III e IV, apenas. publicamente através do modelo pay-per-use. Tipicamente, são
(B) I e II, apenas. oferecidas por companhias que possuem grandes capacidades de
(C) II e IV, apenas. armazenamento e processamento.
(D) IV, apenas. IV- Nuvem híbrida (hybrid cloud): a infraestrutura é uma com-
(E) I, apenas. posição de duas ou mais nuvens (privada, comunidade ou pública)
que continuam a ser entidades públicas, porém, conectadas através
14. (BANCO DA AMAZÔNIA - TÉCNICO BANCÁRIO - CESGRAN- de tecnologia proprietária ou padronizada.
RIO/2018) A imagem abaixo foi extraída da barra de ferramentas
do LibreOffice: Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I.
(B) Apenas na opção II.
(C)Apenas nas opções II e III.
(D) Nas opções I, II e III.
129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
do usuário. Nesse cenário, o usuário do serviço não tem a noção da
localização exata do recurso, mas deve ser capaz de definir a locali-
ANOTAÇÕES
zação em um nível mais alto (país, estado, região).
______________________________________________________
Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I. ______________________________________________________
(B) Apenas na opção II.
(C) Apenas nas opções II e III. ______________________________________________________
(D) Nas opções I, II e III.
______________________________________________________
20. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CORDEIROS/PB - TÉCNICO
______________________________________________________
EM ENFERMAGEM - CPCON/2019) Sobre a computação em nuvem,
assinale a alternativa que apresenta FALSA informação. ______________________________________________________
(A) Reduz os custos do usuário na aquisição de hardware e sof-
tware. ______________________________________________________
(B) Fornece diversos serviços de computação, dentre os quais,
banco de dados, servidores e softwares. ______________________________________________________
(C) O IaaS (infraestrutura como serviço) é uma categoria de ser-
viços de computação em nuvem, responsável pela distribuição ______________________________________________________
de aplicativos de software pela Internet sob demanda e, nor-
______________________________________________________
malmente, baseado em assinaturas.
(D) O PaaS (plataforma como serviço) refere-se aos serviços de ______________________________________________________
computação em nuvem que fornecem um ambiente sob de-
manda para desenvolvimento, teste, fornecimento e gerencia- ______________________________________________________
mento de aplicativos de software.
(E) Permite acesso remoto às informações. ______________________________________________________
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 D ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
5 E ______________________________________________________
6 B ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 B
10 C ______________________________________________________
11 C _____________________________________________________
12 A
_____________________________________________________
13 D
14 E ______________________________________________________
15 A ______________________________________________________
16 D
______________________________________________________
17 A
______________________________________________________
18 C
19 D ______________________________________________________
20 C ______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
130
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
131
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum- § 1º As instituições privadas poderão participar de forma com-
primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer- plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
cício.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên-
§ 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios
União, e cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
estabelecer, além de outros consectários e vantagens, incentivos, § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas
auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos
desses profissionais.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, casos previstos em lei.
de 2022) § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili-
§ 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins
agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às ende- de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces-
mias serão consignados no orçamento geral da União com dotação samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado
própria e exclusiva.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de todo tipo de comercialização.
2022) Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
§ 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos atribuições, nos termos da lei:
agentes de combate às endemias não será inferior a 2 (dois) salá- I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
rios mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
e ao Distrito Federal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in-
de 2022) sumos;
§ 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de com- II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
bate às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às bem como as de saúde do trabalhador;
funções desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
seus vencimentos, adicional de insalubridade.(Incluído pela Emen- IV - participar da formulação da política e da execução das
da Constitucional nº 120, de 2022) ações de saneamento básico;
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Esta- V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para pagamento do ven- científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda
cimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários Constitucional nº 85, de 2015)
de saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
de inclusão no cálculo para fins do limite de despesa com pessoal. de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) humano;
§ 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfer- porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
magem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de tóxicos e radioativos;
direito público e de direito privado.(Incluído pela Emenda Constitu- VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
cional nº 124, de 2022) dido o do trabalho.
§ 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
até o final do exercício financeiro em que for publicada a lei de que
LEI FEDERAL Nº 8142/90 E SUAS ALTERAÇÕES
trata o § 12 deste artigo, adequarão a remuneração dos cargos ou
dos respectivos planos de carreiras, quando houver, de modo a
atender aos pisos estabelecidos para cada categoria profissional. LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
§ 14. Compete à União, nos termos da lei, prestar assistência Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis-
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
nicípios e às entidades filantrópicas, bem como aos prestadores de namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta providências.
por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, para o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste artigo.
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de 2022)
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
§ 15. Os recursos federais destinados aos pagamentos da assis-
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
tência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios e às entidades filantrópicas, bem como aos presta- verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
dores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% guintes instâncias colegiadas:
(sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde, I - a Conferência de Saúde; e
para o cumprimento dos pisos salariais de que trata o § 12 deste II - o Conselho de Saúde.
artigo serão consignados no orçamento geral da União com dotação § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
própria e exclusiva.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 127, de com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
2022) tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
132
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
formulação de estratégias e no controle da execução da política de trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô- Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. lei.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg- 102° da República.
mentos. FERNANDO COLLOR
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
LEI FEDERAL Nº 8080/90 E SUAS ALTERAÇÕES
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
alocados como: LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; correspondentes e dá outras providências.
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
da Saúde; cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde. e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
serão repassados de forma regular e automática para os Municí- direito Público ou privado.
pios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos
no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. TÍTULO I
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo exercício.
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
aos Estados. ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar empresas e da sociedade.
com: Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco-
I - Fundo de Saúde; nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan-
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
III - plano de saúde; o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
mento; pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- social.
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
133
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
134
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
135
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- -lhes assegurada justa indenização;
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen-
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co- tes e Derivados;
nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos
(Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;
entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote-
à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função ção e recuperação da saúde;
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do
2011). exercício profissional e outras entidades representativas da socie-
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes-
geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar quisa, ações e serviços de saúde;
no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza-
são reconhecidos como entidades que representam os entes mu- ção inerentes ao poder de polícia sanitária;
nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-
saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na tratégicos e de atendimento emergencial.
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
de 2011). SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS)
compete:
SEÇÃO I I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS II - participar na formulação e na implementação das políticas:
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios b) de saneamento básico; e
exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições: c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação III - definir e coordenar os sistemas:
e de fiscalização das ações e serviços de saúde; a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;
II - administração dos recursos orçamentários e financeiros b) de rede de laboratórios de saúde pública;
destinados, em cada ano, à saúde; c) de vigilância epidemiológica; e
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde d) vigilância sanitária;
da população e das condições ambientais; IV - participar da definição de normas e mecanismos de con-
IV - organização e coordenação do sistema de informação de trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele
saúde; decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- V - participar da definição de normas, critérios e padrões para
drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as- o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar
sistência à saúde; a política de saúde do trabalhador;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; epidemiológica;
VII - participação de formulação da política e da execução das
ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de
ção do meio ambiente; portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple-
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
IX - participação na formulação e na execução da política de VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de consumo e uso humano;
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
XII - realização de operações externas de natureza financeira de X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
136
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência e dos ambientes de trabalho;
à saúde; VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
cias de interesse para a saúde; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência esta-
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua dual e regional;
atuação institucional; X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga-
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis- nização administrativa;
tência à saúde; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con-
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas trole e avaliação das ações e serviços de saúde;
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva- XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple-
mente, de abrangência estadual e municipal; mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio- e substâncias de consumo humano;
nal de Sangue, Componentes e Derivados; XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de de portos, aeroportos e fronteiras;
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis- Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com-
trito Federal; pete:
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede- II - participar do planejamento, programação e organização
ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemioló- (SUS), em articulação com sua direção estadual;
gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe-
de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da rentes às condições e aos ambientes de trabalho;
direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre- IV - executar serviços:
sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo a) de vigilância epidemiológica;
único pela Lei nº 14.141, de 2021) b) vigilância sanitária;
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên- c) de alimentação e nutrição;
cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica- d) de saneamento básico; e
do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do e) de saúde do trabalhador;
regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro- equipamentos para a saúde;
duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri- VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente
mônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos
nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro-
Lei nº 14.141, de 2021) lá-las;
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
compete: VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân-
e das ações de saúde; cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra-
Sistema Único de Saúde (SUS); tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu- saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
tar supletivamente ações e serviços de saúde; XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva-
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e dos de saúde;
serviços: XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi-
a) de vigilância epidemiológica; cos de saúde no seu âmbito de atuação.
b) de vigilância sanitária; Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
c) de alimentação e nutrição; e das aos Estados e aos Municípios.
d) de saúde do trabalhador;
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
VI - participar da formulação da política e da execução de ações
de saneamento básico;
137
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
138
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
2013) mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
CAPÍTULO VIII base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011) nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pac-
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA tuada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE” de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a
a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera-
12.401, de 2011) pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí-
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes do pela Lei nº 12.401, de 2011)
terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra- § 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento,
com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi- Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela
pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no Lei nº 12.401, de 2011)
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado. § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec-
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota- nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí-
das as seguintes definições: do pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti-
coletoras e equipamentos médicos; vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis-
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar,
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) § 3º As metodologias empregadas na avaliação econômica a
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de- que se refere o inciso II do § 2º deste artigo serão dispostas em
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas regulamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos
diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que indicadores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em com-
tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia binação com outros critérios. (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro- Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re-
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro- to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido,
dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde § 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no que
de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e as seguin-
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu- tes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
2011) das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa-
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art.
gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do
2011) parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci-
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei
nº 12.401, de 2011)
139
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
pela Lei nº 14.312, de 2022) de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº 2015)
14.312, de 2022) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nº 13.097, de 2015)
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, Lei nº 13.097, de 2015)
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani- III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol- sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro 13.097, de 2015)
na Anvisa.” IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí- pela Lei nº 13.097, de 2015)
do pela Lei nº 14.312, de 2022)
I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis- CAPÍTULO II
tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022) serviços ofertados pela iniciativa privada.
II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad- Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais, privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e das, a respeito, as normas de direito público.
suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.312, de picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
2022) Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Conselho Nacional de Saúde.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
TÍTULO III pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
CAPÍTULO I lidade de execução dos serviços contratados.
DO FUNCIONAMENTO § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri- de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, contrato.
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na § 3° (Vetado).
promoção, proteção e recuperação da saúde. § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida-
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú- função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
condições para seu funcionamento.
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
2015)
140
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
141
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- médico-hospitalares.
cional, em especial o número de eleitores registrados. Art. 40. (Vetado)
§ 3º (Vetado). Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
§ 4º (Vetado). Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
§ 5º (Vetado). direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- humanos e para transferência de tecnologia.
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas Art. 42. (Vetado).
na gestão dos recursos transferidos. Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
CAPÍTULO III dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO das.
Art. 44. (Vetado).
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
da União. jam vinculados.
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
tária. bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- esse fim, for firmado.
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
função das características epidemiológicas e da organização dos mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
serviços em cada jurisdição administrativa. em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
lucrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
Art. 39. (Vetado). epidemiológicas e de prestação de serviços.
§ 1º (Vetado). Art. 48. (Vetado).
§ 2º (Vetado). Art. 49. (Vetado).
§ 3º (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 4º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. Art. 51. (Vetado).
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, Art. 53. (Vetado).
mediante simples termo de recebimento. Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
§ 7º (Vetado). vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro- livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
142
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 2. FINALIDADE
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade pri-
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições mordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do po-
em contrário. der público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Ar-
tigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a consequente
NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO
redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e
DE SAÚDE - NOB-SUS/1996
da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.
Esse exercício, viabilizado com a imprescindível cooperação
PORTARIA Nº 2.203, DE 5 DE NOVEMBRO DE 1996. técnica e financeira dos poderes públicos estadual e federal, com-
preende, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de
O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e prestação de serviços de saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da
considerando que está expirado o prazo para apresentação de con- mesma forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que
tribuições ao aperfeiçoamento da Norma Operacional Básica – NOB atenda, com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência
1/96 do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual foi definido pela Por- à saúde e às exigências sanitárias ambientais (Artigo 30, inciso V).
taria nº 1.742, de 30 de agosto de 1996, e prorrogado por recomen- Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder pú-
dação da Plenária da 10ª Conferência Nacional de Saúde, resolve: blico municipal. Assim, esse poder se responsabiliza como também
Art. 1º Aprovar, nos termos do texto anexo a esta Portaria, a pode ser responsabilizado, ainda que não isoladamente. Os pode-
NOB 1/96, a qual redefine o modelo de gestão do Sistema Único de res públicos estadual e federal são sempre corresponsáveis, na res-
Saúde, constituindo, por conseguinte, instrumento imprescindível à pectiva competência ou na ausência da função municipal (inciso II
viabilização da atenção integral à saúde da população e ao discipli- do Artigo 23, da Constituição Federal). Essa responsabilidade, no
namento das relações entre as três esferas de gestão do Sistema. entanto, não exclui o papel da família, da comunidade e dos pró-
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. prios indivíduos, na promoção, proteção e recuperação da saúde.
Isso implica aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país
ANEXO e a própria organização do Sistema, visto que o município passa a
1. INTRODUÇÃO ser, de fato, o responsável imediato pelo atendimento das necessi-
Os ideais históricos de civilidade, no âmbito da saúde, conso- dades e demandas de saúde do seu povo e das exigências de inter-
lidados na Constituição de 1988, concretizam-se, na vivência coti- venções saneadoras em seu território.
diana do povo brasileiro, por intermédio de um crescente entendi- Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão do SUS, esta NOB apon-
mento e incorporação de seus princípios ideológicos e doutrinários, ta para uma reordenação do modelo de atenção à saúde, na medi-
como, também, pelo exercício de seus princípios organizacionais. da em que redefine:
Esses ideais foram transformados, na Carta Magna, em direito a) os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no to-
à saúde, o que significa que cada um e todos os brasileiros devem cante à direção única;
construir e usufruir de políticas públicas − econômicas e sociais − b) os instrumentos gerenciais para que municípios e estados
que reduzam riscos e agravos à saúde. Esse direito significa, igual- superem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam
mente, o acesso universal (para todos) e equânime (com justa igual- seus respectivos papéis de gestores do SUS;
dade) a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da c) os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo pro-
saúde (atendimento integral). gressiva e continuamente a remuneração por produção de serviços
A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com
institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de base em programações ascendentes, pactuadas e integradas;
viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sentido, d) a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS,
no âmbito jurídico institucional, as chamadas Leis Orgânicas da Saú- superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento
de (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as Normas de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de
Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993. programações com critérios epidemiológicos e desempenho com
Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de qualidade;
Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, que e) os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegian-
agrega todos os serviços estatais − das esferas federal, estadual e do os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições
municipal − e os serviços privados (desde que contratados ou con- para uma efetiva participação e controle social.
veniados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade,
pela concretização dos princípios constitucionais. 3. CAMPOS DA ATENÇÃO À SAÚDE
As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da ava- A atenção à saúde, que encerra todo o conjunto de ações
liação do estágio de implantação e desempenho do SUS, se voltam, levadas a efeito pelo SUS, em todos os níveis de governo, para
mais direta e imediatamente, para a definição de estratégias e mo- o atendimento das demandas pessoais e das exigências ambien-
vimentos táticos, que orientam a operacionalidade deste Sistema. tais, compreende três grandes campos, a saber:
a) o da assistência, em que as atividades são dirigidas às
pessoas, individual ou coletivamente, e que é prestada no âmbi-
to ambulatorial e hospitalar, bem como em outros espaços, espe-
cialmente no domiciliar;
143
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
b) o das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo, controle, avaliação e auditoria. São, portanto, gestores do SUS os
incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de Secretários Municipais e Estaduais de Saúde e o Ministro da Saúde,
vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a opera- que representam, respectivamente, os governos municipais, esta-
ção de sistemas de saneamento ambiental (mediante o pacto de duais e federal.
interesses, as normalizações, as fiscalizações e outros); e A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibili-
c) o das políticas externas ao setor saúde, que interferem tam uma grande responsabilização dos municípios, no que se refere
nos determinantes sociais do processo saúde-doença das coleti- à saúde de todos os residentes em seu território. No entanto, pos-
vidades, de que são partes importantes questões relativas às po- sibilitam, também, um elevado risco de atomização desordenada
líticas macroeconômicas, ao emprego, à habitação, à educação, dessas partes do SUS, permitindo que um sistema municipal se de-
ao lazer e à disponibilidade e qualidade dos alimentos. senvolva em detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a uni-
Convém ressaltar que as ações de política setorial em saú- cidade do SUS. Há que se integrar, harmonizar e modernizar, com
de, bem como as administrativas − planejamento, comando e eqüidade, os sistemas municipais.
controle − são inerentes e integrantes do contexto daquelas en- A realidade objetiva do poder público, nos municípios brasi-
volvidas na assistência e nas intervenções ambientais. Ações de leiros, é muito diferenciada, caracterizando diferentes modelos de
comunicação e de educação também compõem, obrigatória e organização, de diversificação de atividades, de disponibilidade de
permanentemente, a atenção à saúde. recursos e de capacitação gerencial, o que, necessariamente, confi-
Nos três campos referidos, enquadra-se, então, todo o es- gura modelos distintos de gestão.
pectro de ações compreendidas nos chamados níveis de atenção O caráter diferenciado do modelo de gestão é transitório, vez
à saúde, representados pela promoção, pela proteção e pela re- que todo e qualquer município pode ter uma gestão plenamente
cuperação, nos quais deve ser sempre priorizado o caráter pre- desenvolvida, levando em conta que o poder constituído, neste ní-
ventivo. vel, tem uma capacidade de gestão intrinsecamente igual e os seus
É importante assinalar que existem, da mesma forma, con- segmentos populacionais dispõem dos mesmos direitos.
juntos de ações que configuram campos clássicos de atividades A operacionalização das condições de gestão, propostas por
na área da saúde pública, constituídos por uma agregação simul- esta NOB, considera e valoriza os vários estágios já alcançados pelos
tânea de ações próprias do campo da assistência e de algumas estados e pelos municípios, na construção de uma gestão plena.
próprias do campo das intervenções ambientais, de que são par- Já a redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal,
tes importantes as atividades de vigilância epidemiológica e de consoante a finalidade desta Norma Operacional, é, portanto, fun-
vigilância sanitária. damental para que possam exercer as suas competências especí-
ficas de gestão e prestar a devida cooperação técnica e financeira
4. SISTEMA DE SAÚDE MUNICIPAL aos municípios.
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no O poder público estadual tem, então, como uma de suas res-
âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de esta- ponsabilidades nucleares, mediar a relação entre os sistemas muni-
belecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada, cipais; o federal de mediar entre os sistemas estaduais. Entretanto,
e disciplinados segundo subsistemas, um para cada município - o quando ou enquanto um município não assumir a gestão do sis-
SUS-Municipal - voltado ao atendimento integral de sua própria po- tema municipal, é o Estado que responde, provisoriamente, pela
pulação e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abran- gestão de um conjunto de serviços capaz de dar atenção integral
gências estadual e nacional. àquela população que necessita de um sistema que lhe é próprio.
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS- As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos inte-
-Municipal, não precisam ser, obrigatoriamente, de propriedade da gradores e harmonizadores são os fóruns de negociação, integrados
prefeitura, nem precisam ter sede no território do município. Suas pelos gestores municipal, estadual e federal − a Comissão Interges-
ações, desenvolvidas pelas unidades estatais (próprias, estaduais tores Tripartite (CIT) − e pelos gestores estadual e municipal − a Co-
ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com priori- missão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas instâncias e
dade para as entidades filantrópicas), têm que estar organizadas dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade
e coordenadas, de modo que o gestor municipal possa garantir à e de equidade.
população o acesso aos serviços e a disponibilidade das ações e dos Nas CIB e CIT são apreciadas as composições dos sistemas mu-
meios para o atendimento integral. nicipais de saúde, bem assim pactuadas as programações entre ges-
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos tores e integradas entre as esferas de governo. Da mesma forma,
estabelecimentos prestadores de serviços ser estatal ou privada, a são pactuados os tetos financeiros possíveis − dentro das disponibi-
gestão de todo o sistema municipal é, necessariamente, da compe- lidades orçamentárias conjunturais − oriundos dos recursos das três
tência do poder público e exclusiva desta esfera de governo, respei- esferas de governo, capazes de viabilizar a atenção às necessida-
tadas as atribuições do respectivo Conselho e de outras diferentes des assistenciais e às exigências ambientais. O pacto e a integração
instâncias de poder. Assim, nesta NOB gerência é conceituada como das programações constituem, fundamentalmente, a consequência
sendo a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambu- prática da relação entre os gestores do SUS.
latório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como A composição dos sistemas municipais e a ratificação dessas
prestador de serviços ao Sistema. Por sua vez, gestão é a atividade programações, nos Conselhos de Saúde respectivos, permitem a
e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal, es- construção de redes regionais que, certamente, ampliam o aces-
tadual ou nacional), mediante o exercício de funções de coorde- so, com qualidade e menor custo. Essa dinâmica contribui para que
nação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, seja evitado um processo acumulativo injusto, por parte de alguns
144
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
municípios (quer por maior disponibilidade tecnológica, quer por Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar
mais recursos financeiros ou de informação), com a conseqüente a sua própria capacidade resolutiva, pode requerer, ao gestor es-
espoliação crescente de outros. tadual, que a parte de recursos alocados no município vizinho seja
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização realocada para o seu município.
dos sistemas municipais, realizadas com a devida eqüidade (admi- Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e perma-
tido o princípio da discriminação positiva, no sentido da busca da nente ao processo de negociação da programação integrada, em
justiça, quando do exercício do papel redistributivo), competem, particular quanto à referência intermunicipal.
portanto, por especial, ao poder público estadual. Ao federal, in-
cumbe promovê-las entre as Unidades da Federação. 6. PAPEL DO GESTOR ESTADUAL
O desempenho de todos esses papéis é condição para a conso- São identificados quatro papéis básicos para o estado, os
lidação da direção única do SUS, em cada esfera de governo, para a quais não são, necessariamente, exclusivos e sequenciais. A ex-
efetivação e a permanente revisão do processo de descentralização plicitação a seguir apresentada tem por finalidade permitir o
e para a organização de redes regionais de serviços hierarquizados. entendimento da função estratégica perseguida para a gestão
neste nível de Governo.
5. RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS MUNICIPAIS O primeiro desses papéis é exercer a gestão do SUS, no âm-
Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes bito estadual.
de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou órgãos de O segundo papel é promover as condições e incentivar o
saúde de um município atenderem usuários encaminhados por ou- poder municipal para que assuma a gestão da atenção a saúde
tro. Em vista disso, quando o serviço requerido para o atendimento de seus munícipes, sempre na perspectiva da atenção integral.
da população estiver localizado em outro município, as negociações O terceiro é assumir, em caráter transitório (o que não sig-
para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores nifica caráter complementar ou concorrente), a gestão da aten-
municipais. ção à saúde daquelas populações pertencentes a municípios que
Essa relação, mediada pelo estado, tem como instrumento ainda não tomaram para si esta responsabilidade.
de garantia a programação pactuada e integrada na CIB regional As necessidades reais não atendidas são sempre a força mo-
ou estadual e submetida ao Conselho de Saúde correspondente. A triz para exercer esse papel, no entanto, é necessário um esforço
discussão de eventuais impasses, relativos à sua operacionalização, do gestor estadual para superar tendências históricas de com-
deve ser realizada também no âmbito dessa Comissão, cabendo, ao plementar a responsabilidade do município ou concorrer com
gestor estadual, a decisão sobre problemas surgidos na execução esta função, o que exige o pleno exercício do segundo papel.
das políticas aprovadas. No caso de recurso, este deve ser apresen- Finalmente, o quarto, o mais importante e permanente pa-
tado ao Conselho Estadual de Saúde (CES). pel do estado é ser o promotor da harmonização, da integração
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência e da modernização dos sistemas municipais, compondo, assim,
(comando) dos estabelecimentos ou órgãos de saúde de um muni- o SUSEstadual.
cípio é da pessoa jurídica que opera o serviço, sejam estes estatais O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração
(federal, estadual ou municipal) ou privados. Assim, a relação desse de sistemas de apoio logístico e de atuação estratégica que en-
gerente deve ocorrer somente com o gestor do município onde o volvem responsabilidades nas três esferas de governo e são su-
seu estabelecimento está sediado, seja para atender a população mariamente caracterizados como de:
local, seja para atender a referenciada de outros municípios. a) informação informatizada;
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, b) financiamento;
pela avaliação e pela auditoria dos prestadores de serviços de saú- c) programação, acompanhamento, controle e avaliação;
de (estatais ou privados) situados em seu município. No entanto, d) apropriação de custos e avaliação econômica;
quando um gestor municipal julgar necessário uma avaliação espe- e) desenvolvimento de recursos humanos;
cífica ou auditagem de uma entidade que lhe presta serviços, locali- f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
zada em outro município, recorre ao gestor estadual. g) comunicação social e educação em saúde.
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um es- O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual,
tabelecimento pela prestação de serviços requeridos na localidade depende do pleno funcionamento do CES e da CIB, nos quais se
ou encaminhados de outro município é sempre feito pelo poder pú- viabilizam a negociação e o pacto com os diversos atores envol-
blico do município sede do estabelecimento. vidos. Depende, igualmente, da ratificação das programações e
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de decisões relativas aos tópicos a seguir especificados:
atenção à saúde prestadas entre municípios são alocados, pre- a) plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as
viamente, pelo gestor que demanda esses serviços, ao município prioridades e as respectivas metas de ações e serviços resultan-
sede do prestador. Este município incorpora os recursos ao seu tes, sobretudo, da integração das programações dos sistemas
teto financeiro. A orçamentação é feita com base na programação municipais;
pactuada e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é b) estruturação e operacionalização do componente esta-
mediada pelo estado e aprovada na CIB regional e estadual e no dual do Sistema Nacional de Auditoria;
respectivo Conselho de Saúde. c) estruturação e operacionalização dos sistemas de proces-
samento de dados, de informação epidemiológica, de produção
de serviços e de insumos críticos;
145
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
d) estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilân- Depende, além disso, do redimensionamento da direção na-
cia epidemiológica, de vigilância sanitária e de vigilância alimen- cional do Sistema, tanto em termos da estrutura, quanto de agilida-
tar e nutricional; de e de integração, como no que se refere às estratégias, aos meca-
e) estruturação e operacionalização dos sistemas de recur- nismos e aos instrumentos de articulação com os demais níveis de
sos humanos e de ciência e tecnologia; gestão, destacando-se:
f) elaboração do componente estadual de programações de a) a elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as es-
abrangência nacional, relativas a agravos que constituam riscos tratégias, as prioridades nacionais e as metas da programação inte-
de disseminação para além do seu limite territorial; grada nacional, resultante, sobretudo, das programações estaduais
g) elaboração do componente estadual da rede de laborató- e dos demais órgãos governamentais, que atuam na prestação de
rios de saúde pública; serviços, no setor saúde;
h) estruturação e operacionalização do componente esta- b) a viabilização de processo permanente de articulação das
dual de assistência farmacêutica; políticas externas ao setor, em especial com os órgãos que detém,
i) responsabilidade estadual no tocante à prestação de ser- no seu conjunto de atribuições, a responsabilidade por ações ati-
viços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, ao tratamento nentes aos determinantes sociais do processo saúde-doença das
fora do domicílio e à disponibilidade de medicamentos e insu- coletividades;
mos especiais, sem prejuízo das competências dos sistemas mu- c) o aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em di-
nicipais; ferentes instrumentos legais, que regulamentam, atualmente, as
j) definição e operação das políticas de sangue e hemode- transferências automáticas de recursos financeiros, bem como as
rivados; e modalidades de prestação de contas;
k) manutenção de quadros técnicos permanentes e compa- d) a definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios
tíveis com o exercício do papel de gestor estadual; do SUS, frente aos órgãos governamentais de controle interno e ex-
l) implementação de mecanismos visando a integração das terno e aos Conselhos de Saúde, com ênfase na diferenciação entre
políticas e das ações de relevância para a saúde da população, as transferências automáticas a estados e municípios com função
de que são exemplos aquelas relativas a saneamento, recursos gestora;
hídricos, habitação e meio ambiente. e) a criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alo-
cação de recursos federais e estaduais para investimento, fundados
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL em prioridades definidas pelas programações e pelas estratégias
No que respeita ao gestor federal, são identificados quatro das políticas de reorientação do Sistema;
papéis básicos, quais sejam: f) a transformação nos mecanismos de financiamento fede-
a) exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional; ral das ações, com o respectivo desenvolvimento de novas formas
b) promover as condições e incentivar o gestor estadu- de informatização, compatíveis à natureza dos grupos de ações,
al com vistas ao desenvolvimento dos sistemas municipais, de especialmente as básicas, de serviços complementares e de pro-
modo a conformar o SUS-Estadual; cedimentos de alta e média complexidade, estimulando o uso dos
c) fomentar a harmonização, a integração e a modernização mesmos pelos gestores estaduais e municipais;
dos sistemas estaduais compondo, assim, o SUS-Nacional; e g) o desenvolvimento de sistemáticas de transferência de re-
d) exercer as funções de normalização e de coordenação no cursos vinculada ao fornecimento regular, oportuno e suficiente de
que se refere à gestão nacional do SUS. informações específicas, e que agreguem o conjunto de ações e ser-
Da mesma forma que no âmbito estadual, o exercício dos viços de atenção à saúde, relativo a grupos prioritários de eventos
papéis do gestor federal requer a configuração de sistemas de vitais ou nosológicos;
apoio logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sis- h) a adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de
temas estaduais e propiciam, ao SUS, maior eficiência com qua- valores do SUS, bem assim a flexibilização do seu uso diferenciado
lidade, quais sejam: pelos gestores estaduais e municipais, segundo prioridades locais e
a) informação informatizada; ou regionais;
b) financiamento; i) o incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exer-
c) programação, acompanhamento, controle e avaliação; cício das funções de controle, avaliação e auditoria, mediante o de-
d) apropriação de custos e avaliação econômica; senvolvimento e a implementação de instrumentos operacionais,
e) desenvolvimento de recursos humanos; para o uso das esferas gestoras e para a construção efetiva do Siste-
f) desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e ma Nacional de Auditoria;
g) comunicação social e educação em saúde. j) o desenvolvimento de atividades de educação e de comuni-
cação social;
O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da k) o incremento da capacidade reguladora da direção nacional
viabilização de negociações com os diversos atores envolvidos e da do SUS, em relação aos sistemas complementares de prestação de
ratificação das programações e decisões, o que ocorre mediante o serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, de tratamento
pleno funcionamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da fora do domicílio, bem assim de disponibilidade de medicamentos
CIT. e insumos especiais;
146
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
l) a reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância a estes para aprovação. As demais resoluções devem ser encami-
epidemiológica, de vigilância sanitária, de vigilância alimentar e nu- nhadas, no prazo máximo de 15 dias decorridos de sua publica-
tricional, bem como o redimensionamento das atividades relativas ção, para conhecimento, avaliação e eventual recurso da parte
à saúde do trabalhador e às de execução da vigilância sanitária de que se julgar prejudicada, inclusive no que se refere à habilitação
portos, aeroportos e fronteiras; dos estados e municípios às condições de gestão desta Norma.
m) a reorientação e a implementação dos diversos sistemas de
informações epidemiológicas, bem assim de produção de serviços 9. BASES PARA UM NOVO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE
e de insumos críticos; A composição harmônica, integrada e modernizada do SUS
n) a reorientação e a implementação do sistema de redes de visa, fundamentalmente, atingir a dois propósitos essenciais à con-
laboratórios de referência para o controle da qualidade, para a vigi- cretização dos ideais constitucionais e, portanto, do direito à saúde,
lância sanitária e para a vigilância epidemiológica; que são:
o) a reorientação e a implementação da política nacional de a) a consolidação de vínculos entre diferentes segmentos so-
assistência farmacêutica; ciais e o SUS; e
p) o apoio e a cooperação a estados e municípios para a imple- b) a criação de condições elementares e fundamentais para a
mentação de ações voltadas ao controle de agravos, que constitu- eficiência e a eficácia gerenciais, com qualidade.
am risco de disseminação nacional; O primeiro propósito é possível porque, com a nova formulação
q) a promoção da atenção à saúde das populações indígenas, dos sistemas municipais, tanto os segmentos sociais, minimamente
realizando, para tanto, as articulações necessárias, intra e interse- agregados entre si com sentimento comunitário − os munícipes −,
torial; quanto a instância de poder político-administrativo, historicamente
r) a elaboração de programação nacional, pactuada com os es- reconhecida e legitimada − o poder municipal − apropriam-se de
tados, relativa à execução de ações específicas voltadas ao controle um conjunto de serviços bem definido, capaz de desenvolver uma
de vetores responsáveis pela transmissão de doenças, que consti- programação de atividades publicamente pactuada. Com isso, fica
tuem risco de disseminação regional ou nacional, e que exijam a bem caracterizado o gestor responsável; as atividades são gerencia-
eventual intervenção do poder federal; das por pessoas perfeitamente identificáveis; e os resultados mais
s) a identificação dos serviços estaduais e municipais de refe- facilmente usufruídos pela população.
rência nacional, com vistas ao estabelecimento dos padrões técni- O conjunto desses elementos propicia uma nova condição de
cos da assistência à saúde; participação com vínculo, mais criativa e realizadora para as pesso-
t) a estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvi- as, e que acontece não-somente nas instâncias colegiadas formais
mento científico e tecnológico no campo da saúde, mediante inter- − conferências e conselhos − mas em outros espaços constituídos
locução crítica das inovações científicas e tecnológicas, por meio da por atividades sistemáticas e permanentes, inclusive dentro dos
articulação intra e intersetorial; próprios serviços de atendimento.
u) a participação na formulação da política e na execução das Cada sistema municipal deve materializar, de forma efetiva, a
ações de saneamento básico. vinculação aqui explicitada. Um dos meios, certamente, é a institui-
ção do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração nacional, de modo
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO a identificar o cidadão com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
A direção do Sistema Único de Saúde (SUS), em cada esfera nacional. Essa numeração possibilita uma melhor referência inter-
de governo, é composta pelo órgão setorial do poder executivo municipal e garante o atendimento de urgência por qualquer servi-
e pelo respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº ço de saúde, estatal ou privado, em todo o País. A regulamentação
8.080/90 e Nº 8.142/1990. desse mecanismo de vinculação será objeto de discussão e apro-
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes vação pelas instâncias colegiadas competentes, com conseqüente
níveis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegia- formalização por ato do MS.
dos de negociação: a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a O segundo propósito é factível, na medida em que estão per-
Comissão Intergestores Bipartite (CIB). feitamente identificados os elementos críticos essenciais a uma
A CIT é composta, paritariamente, por representação do gestão eficiente e a uma produção eficaz, a saber:
Ministério da Saúde (MS), do Conselho Nacional de Secretários a) a clientela que, direta e imediatamente, usufrui dos servi-
Estaduais de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secre- ços;
tários Municipais de Saúde (CONASEMS). b) o conjunto organizado dos estabelecimentos produtores
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada desses serviços; e
por representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do c) a programação pactuada, com a correspondente orçamen-
Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) tação participativa.
ou órgão equivalente. Um dos representantes dos municípios é Os elementos, acima apresentados, contribuem para um
o Secretário de Saúde da Capital. A Bipartite pode operar com gerenciamento que conduz à obtenção de resultados efetivos, a
subcomissões regionais. despeito da indisponibilidade de estímulos de um mercado consu-
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB midor espontâneo. Conta, no entanto, com estímulos agregados,
são formalizadas em ato próprio do gestor respectivo. Aquelas decorrentes de um processo de gerenciamento participativo e, so-
referentes a matérias de competência dos Conselhos de Saúde, bretudo, da concreta possibilidade de comparação com realidades
definidas por força da Lei Orgânica, desta NOB ou de resolução muito próximas, representadas pelos resultados obtidos nos siste-
específica dos respectivos Conselhos são submetidas previamente mas vizinhos.
147
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
A ameaça da ocorrência de gastos exagerados, em decorrência O novo modelo de atenção deve perseguir a construção da
de um processo de incorporação tecnológica acrítico e desregulado, ética do coletivo que incorpora e transcende a ética do individual.
é um risco que pode ser minimizado pela radicalização na reorgani- Dessa forma é incentivada a associação dos enfoques clínico e epi-
zação do SUS: um Sistema regido pelo interesse público e balizado, demiológico. Isso exige, seguramente, de um lado, a transformação
por um lado, pela exigência da universalização e integralidade com na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde (resta-
equidade e, por outro, pela própria limitação de recursos, que deve belecendo o vínculo entre quem presta o serviço e quem o recebe)
ser programaticamente respeitada. e, de outro, a intervenção ambiental, para que sejam modificados
Esses dois balizamentos são objeto da programação elaborada fatores determinantes da situação de saúde.
no âmbito municipal, e sujeita à ratificação que, negociada e pactu- Nessa nova relação, a pessoa é estimulada a ser agente da sua
ada nas instâncias estadual e federal, adquire a devida racionalida- própria saúde e da saúde da comunidade que integra. Na interven-
de na alocação de recursos em face às necessidades. ção ambiental, o SUS assume algumas ações específicas e busca a
Assim, tendo como referência os propósitos anteriormente articulação necessária com outros setores, visando a criação das
explicitados, a presente Norma Operacional Básica constitui um im- condições indispensáveis à promoção, à proteção e à recuperação
portante mecanismo indutor da conformação de um novo modelo da saúde.
de atenção à saúde, na medida em que disciplina o processo de or-
ganização da gestão desta atenção, com ênfase na consolidação da 10.FINANCIAMENTO DAS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
direção única em cada esfera de governo e na construção da rede
regionalizada e hierarquizada de serviços. 10.1.Responsabilidades
Essencialmente, o novo modelo de atenção deve resultar na O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas
ampliação do enfoque do modelo atual, alcançando-se, assim, a de governo e cada uma deve assegurar o aporte regular de recur-
efetiva integralidade das ações. Essa ampliação é representada pela sos, ao respectivo fundo de saúde.
incorporação, ao modelo clínico dominante (centrado na doença), Conforme determina o Artigo 194 da Constituição Federal, a
do modelo epidemiológico, o qual requer o estabelecimento de vín- Saúde integra a Seguridade Social, juntamente com a Previdência e
culos e processos mais abrangentes. a Assistência Social. No inciso VI do parágrafo único desse mesmo
O modelo vigente, que concentra sua atenção no caso clíni- Artigo, está determinado que a Seguridade Social será organizada
co, na relação individualizada entre o profissional e o paciente, pelo poder público, observada a “diversidade da base de financia-
na intervenção terapêutica armada (cirúrgica ou medicamentosa) mento”.
específica, deve ser associado, enriquecido, transformado em um Já o Artigo 195 determina que a Seguridade Social será finan-
modelo de atenção centrado na qualidade de vida das pessoas e do ciada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
seu meio ambiente, bem como na relação da equipe de saúde com Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de Contribuições
a comunidade, especialmente, com os seus núcleos sociais primá- Sociais.
rios – as famílias. Essa prática, inclusive, favorece e impulsiona as 10.2. Fontes
mudanças globais, intersetoriais. As principais fontes específicas da Seguridade Social incidem
O enfoque epidemiológico atende ao compromisso da inte- sobre a Folha de Salários (Fonte 154), o Faturamento (Fonte 153 -
gralidade da atenção, ao incorporar, como objeto das ações, a pes- COFINS) e o Lucro (Fonte 151 - Lucro Líquido).
soa, o meio ambiente e os comportamentos interpessoais. Nessa Até 1992, todas essas fontes integravam o orçamento do Mi-
circunstância, o método para conhecimento da realidade complexa nistério da Saúde e ainda havia aporte significativo de fontes fiscais
e para a realização da intervenção necessária fundamenta-se mais (Fonte 100 - Recursos Ordinários, provenientes principalmente da
na síntese do que nas análises, agregando, mais do que isolando, receita de impostos e taxas). A partir de 1993, deixou de ser re-
diferentes fatores e variáveis. passada ao MS a parcela da Contribuição sobre a Folha de Salários
Os conhecimentos − resultantes de identificações e compre- (Fonte 154, arrecadada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social
ensões − que se faziam cada vez mais particularizados e isolados - INSS).
(com grande sofisticação e detalhamento analítico) devem possibi- Atualmente, as fontes que asseguram o maior aporte de re-
litar, igualmente, um grande esforço de visibilidade e entendimento cursos ao MS são a Contribuição sobre o Faturamento (Fonte 153
integrador e globalizante, com o aprimoramento dos processos de - COFINS) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (Fonte 151), sendo
síntese, sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos. que os aportes provenientes de Fontes Fiscais são destinados pra-
Além da ampliação do objeto e da mudança no método, o mo- ticamente à cobertura de despesas com Pessoal e Encargos Sociais.
delo adota novas tecnologias, em que os processos de educação Dentro da previsibilidade de Contribuições Sociais na esfera
e de comunicação social constituem parte essencial em qualquer federal, no âmbito da Seguridade Social, uma fonte específica para
nível ou ação, na medida em que permitem a compreensão globa- financiamento do SUS -a Contribuição Provisória sobre Movimen-
lizadora a ser perseguida, e fundamentam a negociação necessária tações Financeiras - está criada, ainda que em caráter provisório.
à mudança e à associação de interesses conscientes. É importante, A solução definitiva depende de uma reforma tributária que reveja
nesse âmbito, a valorização da informação informatizada. esta e todas as demais bases tributárias e financeiras do Governo,
Além da ampliação do objeto, da mudança do método e da da Seguridade e, portanto, da Saúde.
tecnologia predominantes, enfoque central deve ser dado à ques- Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos oriundos
tão da ética. O modelo vigente – assentado na lógica da clínica – ba- do respectivo Tesouro, o financiamento do SUS conta com recursos
seia-se, principalmente, na ética do médico, na qual a pessoa (o seu transferidos pela União aos Estados e pela União e Estados aos Mu-
objeto) constitui o foco nuclear da atenção. nicípios. Esses recursos devem ser previstos no orçamento e iden-
148
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
tificados nos fundos de saúde estadual e municipal como receita 11. PROGRAMAÇÃO, CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA
operacional proveniente da esfera federal e ou estadual e utilizados
na execução de ações previstas nos respectivos planos de saúde e 11.1. Programação Pactuada e Integrada - PPI
na PPI. 11.1.1. A PPI envolve as atividades de assistência ambulatorial
10.3.Transferências Intergovernamentais e Contrapartidas e hospitalar, de vigilância sanitária e de epidemiologia e controle de
As transferências, regulares ou eventuais, da União para es- doenças, constituindo um instrumento essencial de reorganização
tados, municípios e Distrito Federal estão condicionadas à contra- do modelo de atenção e da gestão do SUS, de alocação dos recur-
partida destes níveis de governo, em conformidade com as normas sos e de explicitação do pacto estabelecido entre as três esferas
legais vigentes (Lei de Diretrizes Orçamentárias e outras). de governo. Essa Programação traduz as responsabilidades de cada
O reembolso das despesas, realizadas em função de atendi- município com a garantia de acesso da população aos serviços de
mentos prestados por unidades públicas a beneficiários de planos saúde, quer pela oferta existente no próprio município, quer pelo
privados de saúde, constitui fonte adicional de recursos. Por isso, e encaminhamento a outros municípios, sempre por intermédio de
consoante à legislação federal específica, estados e municípios de- relações entre gestores municipais, mediadas pelo gestor estadual.
vem viabilizar estrutura e mecanismos operacionais para a arreca- 11.1.2. O processo de elaboração da Programação Pactuada
dação desses recursos e a sua destinação exclusiva aos respectivos entre gestores e Integrada entre esferas de governo deve respei-
fundos de saúde. tar a autonomia de cada gestor: o município elabora sua própria
Os recursos de investimento são alocados pelo MS, mediante programação, aprovando-a no CMS; o estado harmoniza e compa-
a apresentação pela SES da programação de prioridades de inves- tibiliza as programações municipais, incorporando as ações sob sua
timentos, devidamente negociada na CIB e aprovada pelo CES, até responsabilidade direta, mediante negociação na CIB, cujo resulta-
o valor estabelecido no orçamento do Ministério, e executados de do é deliberado pelo CES.
acordo com a legislação pertinente. 11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar num processo ascen-
10.4.Tetos financeiros dos Recursos Federais dente, de base municipal, configurando, também, as responsabili-
Os recursos de custeio da esfera federal, destinados às ações e dades do estado na busca crescente da eqüidade, da qualidade da
serviços de saúde, configuram o Teto Financeiro Global (TFG), cujo atenção e na conformação da rede regionalizada e hierarquizada
valor, para cada estado e cada município, é definido com base na de serviços.
PPI. O teto financeiro do estado contém os tetos de todos os muni- 11.1.4. A Programação observa os princípios da integralidade
cípios, habilitados ou não a qualquer uma das condições de gestão. das ações de saúde e da direção única em cada nível de governo,
O Teto Financeiro Global do Estado (TFGE) é constituído, para traduzindo todo o conjunto de atividades relacionadas a uma po-
efeito desta NOB, pela soma dos Tetos Financeiros da Assistência pulação específica e desenvolvidas num território determinado, in-
(TFA), da Vigilância Sanitária (TFVS) e da Epidemiologia e Controle dependente da vinculação institucional do órgão responsável pela
de Doenças (TFECD). execução destas atividades. Os órgãos federais, estaduais e munici-
O TFGE, definido com base na PPI, é submetido pela SES ao pais, bem como os prestadores conveniados e contratados têm suas
MS, após negociação na CIB e aprovação pelo CES. O valor final do ações expressas na programação do município em que estão locali-
teto e suas revisões são fixados com base nas negociações realiza- zados, na medida em que estão subordinados ao gestor municipal.
das no âmbito da CIT − observadas as reais disponibilidades finan- 11.1.5. A União define normas, critérios, instrumentos e pra-
ceiras do MS − e formalizado em ato do Ministério. zos, aprova a programação de ações sob seu controle − inscritas na
O Teto Financeiro Global do Município (TFGM), também defi- programação pelo estado e seus municípios − incorpora as ações
nido consoante à programação integrada, é submetido pela SMS à sob sua responsabilidade direta e aloca os recursos disponíveis, se-
SES, após aprovação pelo CMS. O valor final desse Teto e suas revi- gundo os valores apurados na programação e negociados na CIT,
sões são fixados com base nas negociações realizadas no âmbito da cujo resultado é deliberado pelo CNS.
CIB − observados os limites do TFGE − e formalizado em ato próprio 11.1.6.A elaboração da programação observa critérios e parâ-
do Secretário Estadual de Saúde.. metros definidos pelas Comissões Intergestores e aprovados pelos
Todos os valores referentes a pisos, tetos, frações, índices, bem respectivos Conselhos. No tocante aos recursos de origem federal,
como suas revisões, são definidos com base na PPI, negociados nas os critérios, prazos e fluxos de elaboração da programação integra-
Comissões Intergestores (CIB e CIT), formalizados em atos dos ges- da e de suas reprogramações periódicas ou extraordinárias são fixa-
tores estadual e federal e aprovados previamente nos respectivos dos em ato normativo do MS e traduzem as negociações efetuadas
Conselhos (CES e CNS). na CIT e as deliberações do CNS.
As obrigações que vierem a ser assumidas pelo Ministério da 11.2. Controle, Avaliação e Auditoria
Saúde, decorrentes da implantação desta NOB e que gerem aumen- 11.2.1. O cadastro de unidades prestadoras de serviços de saú-
to de despesa, serão previamente discutidas com o Ministério do de (UPS), completo e atualizado, é requisito básico para programar
Planejamento e Orçamento e o Ministério da Fazenda. a contratação de serviços assistenciais e para realizar o controle da
regularidade dos faturamentos. Compete ao órgão gestor do SUS
responsável pelo relacionamento com cada UPS, seja própria, con-
tratada ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos
dados cadastrais, no banco de dados nacional.
11.2.2. Os bancos de dados nacionais, cujas normas são defi-
nidas pelos órgãos do MS, constituem instrumentos essenciais ao
exercício das funções de controle, avaliação e auditoria. Por conse-
149
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
guinte, os gestores municipais e estaduais do SUS devem garantir a 12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB)
alimentação permanente e regular desses bancos, de acordo com a O PAB consiste em um montante de recursos financeiros desti-
relação de dados, informações e cronogramas previamente estabe- nado ao custeio de procedimentos e ações de assistência básica, de
lecidos pelo MS e pelo CNS. responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela
11.2.3. As ações de auditoria analítica e operacional consti- multiplicação de um valor per capita nacional pela população de
tuem responsabilidades das três esferas gestoras do SUS, o que exi- cada município (fornecida pelo IBGE), e transferido regular e auto-
ge a estruturação do respectivo órgão de controle, avaliação e audi- maticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios
toria,incluindo a definição dos recursos e da metodologia adequada e, transitoriamente, ao fundo estadual, conforme condições estipu-
de trabalho. É função desse órgão definir, também, instrumentos ladas nesta NOB. As transferências do PAB aos estados correspon-
para a realização das atividades, consolidar as informações neces- dem, exclusivamente, ao valor para cobertura da população resi-
sárias, analisar os resultados obtidos em decorrência de suas ações, dente em municípios ainda não habilitados na forma desta Norma
propor medidas corretivas e interagir com outras áreas da adminis- Operacional.
tração, visando o pleno exercício, pelo gestor, de suas atribuições, O elenco de procedimentos custeados pelo PAB, assim como
de acordo com a legislação que regulamenta o Sistema Nacional de o valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − são
Auditoria no âmbito do SUS. propostos pela CIT e votados no CNS. Nessas definições deve ser
11.2.4. As ações de controle devem priorizar os procedimen- observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos municí-
tos técnicos e administrativos prévios à realização de serviços e à pios, objetivando o progressivo incremento desses serviços, até que
ordenação dos respectivos pagamentos, com ênfase na garantia da a atenção integral à saúde esteja plenamente organizada, em todo
autorização de internações e procedimentos ambulatoriais − tendo o País. O valor per capita nacional único é reajustado com a mesma
como critério fundamental a necessidade dos usuários − e o rigoro- periodicidade, tendo por base, no mínimo, o incremento médio da
so monitoramento da regularidade e da fidedignidade dos registros tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais
de produção e faturamento de serviços. do SUS (SIA/SUS).
11.2.5. O exercício da função gestora no SUS, em todos os ní- A transferência total do PAB será suspensa no caso da não-ali-
veis de governo, exige a articulação permanente das ações de pro- mentação, pela SMS junto à SES, dos bancos de dados de interesse
gramação, controle, avaliação e auditoria; a integração operacional nacional, por mais de dois meses consecutivos.
das unidades organizacionais, que desempenham estas atividades, 12.1.2. Incentivo aos Programas de Saúde da Família (PSF) e de
no âmbito de cada órgão gestor do Sistema; e a apropriação dos Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
seus resultados e a identificação de prioridades, no processo de de- Fica estabelecido um acréscimo percentual ao montante do
cisão política da alocação dos recursos. PAB, de acordo com os critérios a seguir relacionados, sempre que
11.2.6. O processo de reorientação do modelo de atenção e estiverem atuando integradamente à rede municipal, equipes de
de consolidação do SUS requer o aperfeiçoamento e a dissemina- saúde da família, agentes comunitários de saúde, ou estratégias si-
ção dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e do milares de garantia da integralidade da assistência, avaliadas pelo
impacto das ações do Sistema sobre as condições de saúde da po- órgão do MS (SAS/MS) com base em normas da direção nacional
pulação, priorizando o enfoque epidemiológico e propiciando a per- do SUS.
manente seleção de prioridade de intervenção e a reprogramação a) Programa de Saúde da Família (PSF):
contínua da alocação de recursos. O acompanhamento da execução • acréscimo de 3% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
das ações programadas é feito permanentemente pelos gestores e pulação coberta, até atingir 60% da população total do município;
periodicamente pelos respectivos Conselhos de Saúde, com base • acréscimo de 5% para cada 5% da população coberta entre
em informações sistematizadas, que devem possibilitar a avaliação 60% e 90% da população total do município; e
qualitativa e quantitativa destas ações. A avaliação do cumprimento • acréscimo de 7% para cada 5% da população coberta entre
das ações programadas em cada nível de governo deve ser feita em 90% e 100% da população total do município.
Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de elaboração será apresen- Esses acréscimos têm, como limite, 80% do valor do PAB origi-
tado pelo MS e apreciado pela CIT e pelo CNS. nal do município.
b) Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS):
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA • acréscimo de 1% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
HOSPITALAR E AMBULATORIAL pulação coberta até atingir 60% da população total do município;
• acréscimo de 2% para cada 5% da população coberta entre
Os recursos de custeio da esfera federal destinados à assis- 60% e 90% da população total do município; e
tência hospitalar e ambulatorial, conforme mencionado anterior- • acréscimo de 3% para cada 5% da população coberta entre
mente, configuram o TFA, e os seus valores podem ser executados 90% e 100% da população total do município.
segundo duas modalidades: Transferência Regular e Automática Esses acréscimos têm, como limite, 30% do valor do PAB origi-
(Fundo a Fundo) e Remuneração por Serviços Produzidos. nal do município.
12.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo c) Os percentuais não são cumulativos quando a população co-
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- berta pelo PSF e pelo PACS ou por estratégias similares for a mesma.
cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente Os percentuais acima referidos são revistos quando do incre-
de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de mento do valor per capita nacional único, utilizado para o cálculo
gestão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem correspon- do PAB e do elenco de procedimentos relacionados a este Piso. Essa
der a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
150
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
revisão é proposta na CIT e votada no CNS. Por ocasião da incorpo- Esses valores estão incluídos no TFA do estado e do município
ração desses acréscimos, o teto financeiro da assistência do estado e são executados mediante ordenação de pagamento por parte do
é renegociado na CIT e apreciado pelo CNS. gestor. Para municípios e estados que recebem transferências de
A ausência de informações que comprovem a produção mensal tetos da assistência (TFAM e TFAE, respectivamente), conforme as
das equipes, durante dois meses consecutivos ou quatro alternados condições de gestão estabelecidas nesta NOB, os valores relativos à
em um ano, acarreta a suspensão da transferência deste acréscimo. remuneração por serviços produzidos estão incluídos nos tetos da
12.1.3. Fração Assistencial Especializada (FAE) assistência, definidos na CIB.
É um montante que corresponde a procedimentos ambulato- A modalidade de pagamento direto, pelo gestor federal, a
riais de média complexidade, medicamentos e insumos excepcio- prestadores de serviços ocorre apenas nas situações em que não
nais, órteses e próteses ambulatoriais e Tratamento Fora do Domi- fazem parte das transferências regulares e automáticas fundo a fun-
cílio (TFD), sob gestão do estado. do, conforme itens a seguir especificados.
O órgão competente do MS formaliza, por portaria, esse elen- 12.2.1. Remuneração de Internações Hospitalares
co a partir de negociação na CIT e que deve ser objeto da programa- Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio
ção integrada quanto a sua oferta global no estado. do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), englo-
A CIB explicita os quantitativos e respectivos valores desses bando o conjunto de procedimentos realizados em regime de in-
procedimentos, que integram os tetos financeiros da assistência ternação, com base na Autorização de Internação Hospitalar (AIH),
dos municípios em gestão plena do sistema de saúde e os que per- documento este de autorização e fatura de serviços.
manecem sob gestão estadual. Neste último, o valor programado 12.2.2. Remuneração de Procedimentos Ambulatoriais de Alto
da FAE é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacio- Custo/ Complexidade
nal ao Fundo Estadual de Saúde, conforme as condições de gestão Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio
das SES definidas nesta NOB. Não integram o elenco de procedi- do SIA/SUS, com base na Autorização de Procedimentos de Alto
mentos cobertos pela FAE aqueles relativos ao PAB e os definidos Custo (APAC), documento este que identifica cada paciente e as-
como de alto custo/complexidade por portaria do órgão competen- segura a prévia autorização e o registro adequado dos serviços que
te do Ministério (SAS/MS). lhe foram prestados. Compreende procedimentos ambulatoriais in-
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência do Município (TFAM) tegrantes do SIA/SUS definidos na CIT e formalizados por portaria
É um montante que corresponde ao financiamento do conjun- do órgão competente do Ministério (SAS/MS).
to das ações assistenciais assumidas pela SMS. O TFAM é transferi- 12.2.3. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
do, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Muni- O MS é responsável pela remuneração direta, por serviços pro-
cipal de Saúde, de acordo com as condições de gestão estabelecidas duzidos, dos procedimentos relacionados ao PAB e à FAE, enquanto
por esta NOB e destina-se ao custeio dos serviços localizados no houver municípios que não estejam na condição de gestão semiple-
território do município (exceção feita àqueles eventualmente exclu- na da NOB 01/93 ou nas condições de gestão municipal definidas
ídos da gestão municipal por negociação na CIB). nesta NOB naqueles estados em condição de gestão convencional.
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência do Estado (TFAE) 12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices de Valorização
É um montante que corresponde ao financiamento do con- O Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pes-
junto das ações assistenciais sob a responsabilidade da SES. O TFAE quisa em Saúde (FIDEPS) e o Índice de Valorização Hospitalar de
corresponde ao TFA fixado na CIT e formalizado em portaria do ór- Emergência (IVH-E), bem como outros fatores e ou índices que
gão competente do Ministério (SAS/MS). incidam sobre a remuneração por produção de serviços, eventu-
Esses valores são transferidos, regular e automaticamente, do almente estabelecidos, estão condicionados aos critérios definidos
Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde, de acordo com as con- em nível federal e à avaliação da CIB em cada Estado. Esses fatores
dições de gestão estabelecidas por esta NOB, deduzidos os valores e índices integram o teto financeiro da assistência do município e
comprometidos com as transferências regulares e automáticas ao do respectivo estado.
conjunto de municípios do estado (PAB e TFAM).
12.1.6. Índice de Valorização de Resultados (IVR) 13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até
2% do teto financeiro da assistência do estado, transferidos, regular Os recursos da esfera federal destinados à vigilância sanitária
e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saú- configuram o Teto Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS) e os seus
de, como incentivo à obtenção de resultados de impacto positivo valores podem ser executados segundo duas modalidades: Trans-
sobre as condições de saúde da população, segundo critérios defi- ferência Regular e Automática Fundo a Fundo e Remuneração de
nidos pela CIT e fixados em portaria do órgão competente do Minis- Serviços Produzidos.
tério (SAS/MS). Os recursos do IVR podem ser transferidos pela SES 13.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
às SMS, conforme definição da CIB. Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na-
12.2. Remuneração por Serviços Produzidos cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente
Consiste no pagamento direto aos prestadores estatais ou pri- de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de
vados contratados e conveniados, contra apresentação de faturas, gestão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem correspon-
referente a serviços realizados conforme programação e mediante der a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
prévia autorização do gestor, segundo valores fixados em tabelas 13.1.1. Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS)
editadas pelo órgão competente do Ministério (SAS/MS).
151
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Consiste em um montante de recursos financeiros destinado O elenco de procedimentos a serem custeados com o TFECD
ao custeio de procedimentos e ações básicas da vigilância sanitá- é definido em negociação na CIT, aprovado pelo CNS e formalizado
ria, de responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido em ato próprio do órgão específico do MS (Fundação Nacional de
pela multiplicação de um valor per capita nacional pela população Saúde -FNS/MS). As informações referentes ao desenvolvimento
de cada município (fornecida pelo IBGE), transferido, regular e auto- dessas ações integram sistemas próprios de informação definidos
maticamente, ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios pelo Ministério da Saúde.
e, transitoriamente, dos estados, conforme condições estipuladas O valor desse Teto para cada estado é definido em negociação
nesta NOB. O PBVS somente será transferido a estados para cober- na CIT, com base na PPI, a partir das informações fornecidas pelo
tura da população residente em municípios ainda não habilitados Comitê Interinstitucional de Epidemiologia e formalizado em ato
na forma desta Norma Operacional. próprio do órgão específico do MS (FNS/MS).
O elenco de procedimentos custeados pelo PBVS, assim como Esse Comitê, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde, arti-
o valor per capita nacional único − base de cálculo deste Piso − , culando os órgãos de epidemiologia da SES, do MS no estado e de
são definidos em negociação na CIT e formalizados por portaria do outras entidades que atuam no campo da epidemiologia e controle
órgão competente do Ministério (Secretaria de Vigilância Sanitária de doenças, é uma instância permanente de estudos, pesquisas,
- SVS/MS), previamente aprovados no CNS. Nessa definição deve análises de informações e de integração de instituições afins.
ser observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos muni- Os valores do TFECD podem ser executados por ordenação do
cípios, objetivando o progressivo incremento das ações básicas de órgão específico do MS, conforme as modalidades apresentadas a
vigilância sanitária em todo o País. Esses procedimentos integram seguir.
o Sistema de Informação de Vigilância Sanitária do SUS (SIVS/SUS). 14.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
13.1.2. Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitá- Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo
ria (IVISA) Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais, independen-
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a temente de convênio ou instrumento congênere, segundo as con-
até 2% do teto financeiro da vigilância sanitária do estado, a serem dições de gestão estabelecidas nesta NOB e na PPI, aprovada na CIT
transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao e no CNS.
Fundo Estadual de Saúde, como incentivo à obtenção de resultados 14.2. Remuneração por Serviços Produzidos
de impacto significativo sobre as condições de vida da população, Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pelas ações de
segundo critérios definidos na CIT, e fixados em portaria do órgão epidemiologia e controle de doenças, conforme tabela de procedi-
competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovados no mentos discutida na CIT e aprovada no CNS, editada pelo MS, ob-
CNS. Os recursos do IVISA podem ser transferidos pela SES às SMS, servadas as condições de gestão estabelecidas nesta NOB, contra
conforme definição da CIB. apresentação de demonstrativo de atividades realizadas, encami-
13.2. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos nhado pela SES ou SMS ao MS.
13.2.1. Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sa- 14.3. Transferência por Convênio
nitária (PDAVS) Consiste na transferência de recursos oriundos do órgão espe-
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pela prestação de cífico do MS (FNS/MS), por intermédio do Fundo Nacional de Saú-
serviços relacionados às ações de competência exclusiva da SVS/ de, mediante programação e critérios discutidos na CIT e aprovados
MS, contra a apresentação de demonstrativo de atividades realiza- pelo CNS, para:
das pela SES ao Ministério. Após negociação e aprovação na CIT e a) estímulo às atividades de epidemiologia e controle de do-
prévia aprovação no CNS, e observadas as condições estabelecidas enças;
nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de procedimentos do PDAVS b) custeio de operações especiais em epidemiologia e controle
e o valor de sua remuneração. de doenças;
13.2.2. Ações de Média e Alta Complexidade em Vigilância Sa- c) financiamento de projetos de cooperação técnico-científica
nitária na área de epidemiologia e controle de doenças, quando encami-
Consiste no pagamento direto às SES e às SMS, pela execução nhados pela CIB.
de ações de média e alta complexidade de competência estadual
e municipal contra a apresentação de demonstrativo de atividades 15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO MUNICÍPIO
realizadas ao MS. Essas ações e o valor de sua remuneração são As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
definidos em negociação na CIT e formalizados em portaria do ór- as responsabilidades do gestor municipal, os requisitos relativos às
gão competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovadas modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
no CNS. sempenho.
A habilitação dos municípios às diferentes condições de gestão
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
DE DOENÇAS gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
Os recursos da esfera federal destinados às ações de epide- responsabilidade.
miologia e controle de doenças não contidas no elenco de proce- A partir desta NOB, os municípios podem habilitar-se em duas
dimentos do SIA/SUS e SIH/SUS configuram o Teto Financeiro de condições:
Epidemiologia e Controle de Doenças (TFECD). a) GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA; e
b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
152
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Os municípios que não aderirem ao processo de habilitação e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio
permanecem, para efeito desta Norma Operacional, na condição de realizado no ano anterior, correspondente à contrapartida de re-
prestadores de serviços ao Sistema, cabendo ao estado a gestão do cursos financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a
SUS naquele território municipal, enquanto for mantida a situação legislação em vigor.
de não-habilitado. f) Formalizar junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri-
15.1. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada.
g) Dispor de médico formalmente designado como responsá-
15.1.1. Responsabilidades vel pela autorização prévia, controle e auditoria dos procedimentos
a) Elaboração de programação municipal dos serviços básicos, e serviços realizados.
inclusive domiciliares e comunitários, e da proposta de referência h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
ambulatorial especializada e hospitalar para seus munícipes, com de vigilância sanitária.
incorporação negociada à programação estadual. i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias. de vigilância epidemiológica.
c) Gerência de unidades ambulatoriais do estado ou da União, j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma-
salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de responsabilidades. nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio-
d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais, nais e dos serviços realizados.
conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra- 15.1.3. Prerrogativas
mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação de a) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon-
clientela e à sistematização da oferta dos serviços. dentes ao Piso da Atenção Básica (PAB).
e) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co- b) Transferência, regular e automática, dos recursos corres-
bertos pelo PAB e acompanhamento, no caso de referência interna pondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS).
ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus c) Transferência, regular e automática, dos recursos correspon-
munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor com dentes às ações de epidemiologia e de controle de doenças.
a SES e as demais SMS. d) Subordinação, à gestão municipal, de todas as unidades
f) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado- básicas de saúde, estatais ou privadas (lucrativas e filantrópicas),
res dos serviços contidos no PAB. estabelecidas no território municipal.
g) Operação do SIA/SUS quanto a serviços cobertos pelo PAB,
conforme normas do MS, e alimentação, junto à SES, dos bancos de 15.2. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL
dados de interesse nacional.
h) Autorização, desde que não haja definição em contrário da 15.2.1. Responsabilidades
CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos ambulato- a) Elaboração de toda a programação municipal, contendo,
riais especializados, realizados no município, que continuam sendo inclusive, a referência ambulatorial especializada e hospitalar, com
pagos por produção de serviços. incorporação negociada à programação estadual.
i) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten- b) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitala-
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. res, inclusive as de referência.
j) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so- c) Gerência de unidades ambulatoriais e hospitalares do es-
bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o seu meio tado e da União, salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de
ambiente. responsabilidades.
k) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, incluídas d) Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
no PBVS. conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
l) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle de mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação da
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas exter- clientela e sistematização da oferta dos serviços.
nas, como acidentes, violências e outras, incluídas no TFECD. e) Garantia da prestação de serviços em seu território, inclusi-
m) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo ve os serviços de referência aos não-residentes, no caso de referên-
CMS. cia interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados
15.1.2. Requisitos aos seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-
a) Comprovar o funcionamento do CMS. -gestor com a SES e as demais SMS.
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde. f) Normalização e operação de centrais de controle de procedi-
c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde e comprometer-se mentos ambulatoriais e hospitalares relativos à assistência aos seus
a participar da elaboração e da implementação da PPI do estado, munícipes e à referência intermunicipal.
bem assim da alocação de recursos expressa na programação. g) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições res de serviços ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo TFGM.
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas h) Administração da oferta de procedimentos ambulatoriais de
quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos alto custo e procedimentos hospitalares de alta complexidade con-
serviços sob sua gestão. forme a PPI e segundo normas federais e estaduais.
153
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
i) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e a) Transferência, regular e automática, dos recursos referentes
alimentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacio- ao Teto Financeiro da Assistência (TFA).
nal. b) Normalização complementar relativa ao pagamento de pres-
j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten- tadores de serviços assistenciais em seu território, inclusive quanto
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. a alteração de valores de procedimentos, tendo a tabela nacional
k) Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema como referência mínima, desde que aprovada pelo CMS e pela CIB.
sobre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio c) Transferência regular e automática fundo a fundo dos recur-
ambiente. sos correspondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS).
l) Execução das ações básicas, de média e alta complexidade d) Remuneração por serviços de vigilância sanitária de média
em vigilância sanitária, bem como, opcionalmente, as ações do e alta complexidade e, remuneração pela execução do Programa
PDAVS. Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), quando
m) Execução de ações de epidemiologia, de controle de do- assumido pelo município.
enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas, e) Subordinação, à gestão municipal, do conjunto de todas as
como acidentes, violências e outras incluídas no TFECD. unidades ambulatoriais especializadas e hospitalares, estatais ou
15.2.2. Requisitos privadas (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas no território mu-
a) Comprovar o funcionamento do CMS. nicipal.
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde. f) Transferência de recursos referentes às ações de epidemio-
c) Participar da elaboração e da implementação da PPI do es- logia e controle de doenças, conforme definição da CIT.
tado, bem assim da alocação de recursos expressa na programação.
d) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições 16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO ESTADO
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas
quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
serviços sob sua gestão, bem como avaliar o impacto das ações do as responsabilidades do gestor estadual, os requisitos relativos às
Sistema sobre a saúde dos seus munícipes. modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
e) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio sempenho.
no ano anterior correspondente à contrapartida de recursos finan- A habilitação dos estados às diferentes condições de gestão
ceiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legislação significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
em vigor. gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
f) Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após responsabilidade.
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- A partir desta NOB, os estados poderão habilitar-se em duas
mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão condições de gestão:
pleiteada. a) GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL; e
g) Dispor de médico formalmente designado pelo gestor como b) GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
responsável pela autorização prévia, controle e auditoria dos proce-
dimentos e serviços realizados. Os estados que não aderirem ao processo de habilitação, per-
h) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo manecem na condição de gestão convencional, desempenhando as
CMS, que deve conter as metas estabelecidas, a integração e articu- funções anteriormente assumidas ao longo do processo de implan-
lação do município na rede estadual e respectivas responsabilida- tação do SUS, não fazendo jus às novas prerrogativas introduzidas
des na programação integrada do estado, incluindo detalhamento por esta NOB, exceto ao PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
da programação de ações e serviços que compõem o sistema muni- Essa condição corresponde ao exercício de funções mínimas de ges-
cipal, bem como os indicadores mediante dos quais será efetuado tão do Sistema, que foram progressivamente incorporadas pelas
o acompanhamento. SES, não estando sujeita a procedimento específico de habilitação
i) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi- nesta NOB.
lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de 16.1. Responsabilidades comuns às duas condições de gestão
vigilância sanitária. estadual
j) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigilân- a) Elaboração da PPI do estado, contendo a referência inter-
cia epidemiológica e de controle de zoonoses. municipal e coordenação da negociação na CIB para alocação dos
k) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita- recursos, conforme expresso na programação.
ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS. b) Elaboração e execução do Plano Estadual de Prioridades de
l) Assegurar a oferta, em seu território, de todo o elenco de Investimentos, negociado na CIB e aprovado pelo CES.
procedimentos cobertos pelo PAB e, adicionalmente, de serviços de c) Gerência de unidades estatais da hemorrede e de laborató-
apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básicas. rios de referência para controle de qualidade, para vigilância sanitá-
m) Comprovar a estruturação do componente municipal do ria e para a vigilância epidemiológica.
Sistema Nacional de Auditoria (SNA). d) Formulação e execução da política de sangue e hemotera-
n) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos hu- pia.
manos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profis- e) Organização de sistemas de referência, bem como a norma-
sionais e dos serviços realizados. lização e operação de câmara de compensação de AIH, procedimen-
15.2.3. Prerrogativas tos especializados e de alto custo e ou alta complexidade.
154
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
f) Formulação e execução da política estadual de assistência h) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
farmacêutica, em articulação com o MS. materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerroga-
g) Normalização complementar de mecanismos e instrumen- tivas, quanto a contratação, pagamento, controle e auditoria dos
tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto das ações
ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do do Sistema sobre as condições de saúde da população do estado.
domicílio e dos medicamentos e insumos especiais. i) Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no
h) Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten- ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos financei-
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. ros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a legislação em
i) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí- vigor.
pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização, j) Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente
a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a aprovado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requi-
realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de sitos gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada.
vigilância sanitária, bem assim o pleno exercício das funções gesto- k) Comprovar a criação do Comitê Interinstitucional de Epide-
ras de planejamento, controle, avaliação e auditoria. miologia, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde.
j) Implementação de políticas de integração das ações de sa- l) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sani-
neamento às de saúde. tária no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de
k) Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e desenvolvimento de ações de vigilância sanitária.
de controle de doenças e execução complementar conforme previs- m) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância epide-
to na Lei nº 8.080/90. miológica no estado.
l) Execução de operações complexas voltadas ao controle de
doenças que possam se beneficiar da economia de escala. 16.3. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL
m) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
ção complementar conforme previsto na Lei nº 8.080/90. 16.3.1. Responsabilidades Específicas
n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária referente a) Contratação, controle, auditoria e pagamento do conjunto
aos municípios não habilitados nesta NOB. dos serviços, sob gestão estadual, contidos na FAE;
o) Execução das ações de média e alta complexidade de vigi- b) Contratação, controle, auditoria e pagamento dos presta-
lância sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na dores de serviços incluídos no PAB dos municípios não habilitados;
condição de gestão plena de sistema municipal. c) Ordenação do pagamento dos demais serviços hospitalares
p) Execução do PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS. e ambulatoriais, sob gestão estadual;
q) Apoio logístico e estratégico às atividades à atenção à saúde d) Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta-
das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci- ção dos bancos de dados de interesse nacional.
dos pela CIT. 16.3.2. Requisitos Específicos
16.2. Requisitos comuns às duas condições de gestão estadual a) Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato-
a) Comprovar o funcionamento do CES. rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal
b) Comprovar o funcionamento da CIB. e os critérios para a sua elaboração.
c) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde. b) Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas
d) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES, condições de gestão estabelecidas nesta NOB, independente do
que deve conter: seu contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados,
- as metas pactuadas; desde que, nestes, residam 60% da população.
- a programação integrada das ações ambulatoriais, hospita- c) Dispor de 30% do valor do TFA comprometido com transfe-
lares e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças rências regulares e automáticas aos municípios.
– incluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de controle 16.3.3. Prerrogativas
de vetores e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e de- a) Transferência regular e automática dos recursos correspon-
senvolvimento tecnológico, de educação e de comunicação em saú- dentes à Fração Assistencial Especializada (FAE) e ao Piso Assisten-
de, bem como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de cial Básico (PAB) relativos aos municípios nãohabilitados.
causas externas; b) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigi-
- as estratégias de descentralização das ações de saúde para lância Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados
municípios; nesta NOB.
- as estratégias de reorganização do modelo de atenção; e c) Transferência regular e automática do Índice de Valorização
- os critérios utilizados e os indicadores por meio dos quais é do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
efetuado o acompanhamento das ações. d) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
e) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo sanitária.
ao ano anterior à solicitação do pleito. e) Transferência de recursos referentes às ações de epidemio-
f) Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar logia e controle de doenças.
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva
condição de gestão.
g) Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA.
155
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
16.4. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL 17.2.1.para que os municípios habilitados atualmente nas con-
dições de gestão incipiente e parcial possam assumir a condição
16.4.1. Responsabilidades Específicas plena da atenção básica definida nesta NOB, devem apresentar à
a) Contratação, controle, auditoria e pagamento aos pres- CIB os seguintes documentos, que completam os requisitos para
tadores do conjunto dos serviços sob gestão estadual, conforme habilitação:
definição da CIB. 17.2.1.1. ofício do gestor municipal pleiteando a alteração na
b) Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do condição de gestão;
MS, e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional. 17.2.1.2. ata do CMS aprovando o pleito de mudança de ha-
16.4.2. Requisitos Específicos bilitação;
a) Comprovar a implementação da programação integrada 17.2.1.3. ata das três últimas reuniões do CMS; 17.2.1.4. extra-
das ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo to de movimentação bancária do Fundo Municipal de Saúde relati-
a referência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração. vo ao trimestre anterior à apresentação do pleito;
b) Comprovar a operacionalização de mecanismos de con- 17.2.1.5. comprovação, pelo gestor municipal, de condições
trole da prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares, tais técnicas para processar o SIA/SUS;
como: centrais de controle de leitos e internações, de procedi- 17.2.1.6. declaração do gestor municipal comprometendo-se a
mentos ambulatoriais e hospitalares de alto/custo e ou comple- alimentar, junto à SES, o banco de dados nacional do SIA/SUS;
xidade e de marcação de consultas especializadas. 17.2.1.7. proposta aprazada de estruturação do serviço de
c) Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições controle e avaliação municipal;
de gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu contin- 17.2.1.8. comprovação da garantia de oferta do conjunto de
gente populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, procedimentos coberto pelo PAB; e
residam 80% da população. 17.2.1.9. ata de aprovação do relatório de gestão no CMS;
d) Dispor de 50% do valor do TFA do estado comprometido 17.2.2. para que os municípios habilitados atualmente na con-
com transferências regulares e automáticas aos municípios. dição de gestão semiplena possam assumir a condição de gestão
16.4.3. Prerrogativas plena do sistema municipal definida nesta NOB, devem comprovar
a) Transferência regular e automática dos recursos corres- à CIB:
pondentes ao valor do Teto Financeiro da Assistência (TFA), de- 17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão pelo CMS, me-
duzidas as transferências fundo a fundo realizadas a municípios diante apresentação da ata correspondente;
habilitados. 17.2.2.2. a existência de serviços que executem os procedi-
b) Transferência regular e automática dos recursos corres- mentos cobertos pelo PAB no seu território, e de serviços de apoio
pondentes ao Índice de Valorização de Resultados (IVR). diagnóstico em patologia clínica e radiologia básica simples, ofereci-
c) Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigi- dos no próprio município ou contratados de outro gestor municipal;
lância Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados 17.2.2.3.a estruturação do componente municipal do SNA; e
nesta NOB. 17.2.2.4.a integração e articulação do município na rede esta-
d) Transferência regular e automática do Índice de valoriza- dual e respectivas responsabilidades na PPI. Caso o município não
ção do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA). atenda a esse requisito, pode ser enquadrado na condição de ges-
e) Remuneração por serviços produzidos na área da vigilân- tão plena da atenção básica até que disponha de tais condições,
cia sanitária. submetendo-se, neste caso, aos mesmos procedimentos referidos
f) Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada no item 17.2.1;
pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços as- 17.2.3. os estados habilitados atualmente nas condições de
sistenciais sob sua contratação, inclusive alteração de valores de gestão parcial e semiplena devem apresentar a comprovação dos
procedimentos, tendo a tabela nacional como referência mínima. requisitos adicionais relativos à nova condição pleiteada na presen-
g) Transferência de recursos referentes às ações de epide- te NOB.
miologia e de controle de doenças. 17.3. A habilitação de municípios à condição de gestão plena
da atenção básica é decidida na CIB dos estados habilitados às con-
17. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS dições de gestão avançada e plena do sistema estadual, cabendo
17. 1. As responsabilidades que caracterizam cada uma das recurso ao CES. A SES respectiva deve informar ao MS a habilitação
condições de gestão definidas nesta NOB constituem um elenco procedida, para fins de formalização por portaria, observando as
mínimo e não impedem a incorporação de outras pactuadas na CIB disponibilidades financeiras para a efetivação das transferências re-
e aprovadas pelo CES, em especial aquelas já assumidas em decor- gulares e automáticas pertinentes. No que se refere à gestão plena
rência da NOB-SUS Nº 01/93. do sistema municipal, a habilitação dos municípios é decidida na
17.2. No processo de habilitação às condições de gestão es- CIT, com base em relatório da CIB e formalizada em ato da SAS/
tabelecidas nesta NOB, são considerados os requisitos já cumpri- MS. No caso dos estados categorizados na condição de gestão con-
dos para habilitação nos termos da NOB-SUS Nº 01/93, cabendo vencional, a habilitação dos municípios a qualquer das condições
ao município ou ao estado pleiteante a comprovação exclusiva do de gestão será decidida na CIT, com base no processo de avaliação
cumprimento dos requisitos introduzidos ou alterados pela presen- elaborado e encaminhado pela CIB, e formalizada em ato do MS.
te Norma Operacional, observando os seguintes procedimentos: 17.4. A habilitação de estados a qualquer das condições de
gestão é decidida na CIT e formalizada em ato do MS, cabendo re-
curso ao CNS.
156
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
17.5. Os instrumentos para a comprovação do cumprimento 17.16. Também em relação aos procedimentos cobertos pela
dos requisitos para habilitação ao conjunto das condições de gestão FAE, o MS continua efetuando o pagamento por produção de ser-
de estados e municípios, previsto nesta NOB, estão sistematizados viços diretamente a prestadores, somente no caso daqueles mu-
no ANEXO I. nicípios habilitados em gestão plena da atenção básica e os não
17.6. Os municípios e estados habilitados na forma da NOB- habilitados, na forma desta NOB, situados em estados em gestão
-SUS Nº 01/93 permanecem nas respectivas condições de gestão convencional.
até sua habilitação em uma das condições estabelecidas por esta 17.17. As regulamentações complementares necessárias à
NOB, ou até a data limite a ser fixada pela CIT. operacionalização desta NOB são objeto de discussão e negociação
17.7. A partir da data da publicação desta NOB, não serão pro- na CIT, observadas as diretrizes estabelecidas pelo CNS, com poste-
cedidas novas habilitações ou alterações de condição de gestão na rior formalização, mediante portaria do MS.
forma da NOB-SUS Nº 01/93. Ficam excetuados os casos já aprova-
dos nas CIB, que devem ser protocolados na CIT, no prazo máximo SIGLAS UTILIZADAS
de 30 dias. • AIH - Autorização de Internação Hospitalar
17.8. A partir da publicação desta NOB, ficam extintos o Fator • CES - Conselho Estadual de Saúde
de Apoio ao Estado, o Fator de Apoio ao Município e as transferên- • CIB - Comissão Intergestores Bipartite
cias dos saldos de teto financeiro relativos às condições de gestão • CIT - Comissão Intergestores Tripartite
municipal e estadual parciais, previstos, respectivamente, nos itens • CMS - Conselho Municipal de Saúde
3.1.4; 3.2; 4.1.2 e 4.2.1 da NOBSUS Nº 01/93. • CNS - Conselho Nacional de Saúde
17.9. A permanência do município na condição de gestão a • COFINS - Contribuição Social para o Financiamento da Segu-
que for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita a processo ridade Social
permanente de acompanhamento e avaliação, realizado pela SES • CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de
e submetido à apreciação da CIB, tendo por base critérios estabe- Saúde
lecidos pela CIB e pela CIT, aprovados pelos respectivos Conselhos • CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saú-
de Saúde. de
17.10. De maneira idêntica, a permanência do estado na condi- • FAE - Fração Assistencial Especializada
ção de gestão a que for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita • FIDEPS - Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e
a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado da Pesquisa
pelo MS e submetido à apreciação da CIT, tendo por base critérios • FNS - Fundação Nacional de Saúde
estabelecidos por esta Comissão e aprovados pelo CNS. • INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social
17.11. O gestor do município habilitado na condição de Gestão • IVH-E - Índice de Valorização Hospitalar de Emergência
Plena da Atenção Básica que ainda não dispõe de serviços suficien- • IVISA - Índice de Valorização do Impacto em Vigilânica Sani-
tes para garantir, à sua população, a totalidade de procedimentos tária
cobertos pelo PAB, pode negociar, diretamente, com outro gestor • IVR - Índice de Valorização de Resultados
municipal, a compra dos serviços não disponíveis, até que essa ofer- • MS - Ministério da Saúde
ta seja garantida no próprio município. • NOB - Norma Operacional Básica
17.12. Para implantação do PAB, ficam as CIB autorizadas a • PAB - Piso Assistencial Básico.
estabelecer fatores diferenciados de ajuste até um valor máximo • PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde
fixado pela CIT e formalizado por portaria do Ministério (SAS/MS). • PBVS - Piso Básico de Vigilância Sanitária
Esses fatores são destinados aos municípios habilitados, que apre- • PDAVS - Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância
sentam gastos per capita em ações de atenção básica superiores Sanitária
ao valor per capita nacional único (base de cálculo do PAB), em de- • PPI - Programação Pactuada e Integrada
corrência de avanços na organização do sistema. O valor adicional • PSF - Programa de Saúde da Família
atribuído a cada município é formalizado em ato próprio da SES. • SAS - Secretaria de Assistência à Saúde
17.13. O valor per capita nacional único, base de cálculo do • SES - Secretaria Estadual de Saúde
PAB, é aplicado a todos os municípios, habilitados ou não nos ter- • SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
mos desta NOB. Aos municípios não habilitados, o valor do PAB é • SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS
limitado ao montante do valor per capita nacional multiplicado pela • SMS - Secretaria Municipal de Saúde
população e pago por produção de serviço. • SNA - Sistema Nacional de Auditoria
17.14. Num primeiro momento, em face da inadequação dos • SUS - Sistema Único de Saúde
sistemas de informação de abrangência nacional para aferição de • SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária
resultados, o IVR é atribuído aos estados a título de valorização de • TFA - Teto Financeiro da Assistência
desempenho na gestão do Sistema, conforme critérios estabeleci- • TFAE - Teto Financeiro da Assistência do Estado
dos pela CIT e formalizados por portaria do Ministério (SAS/MS). • TFAM - Teto Financeiro da Assistência do Município
17.15. O MS continua efetuando pagamento por produção • TFECD - Teto Financeiro da Epidemiologia e Controle de Do-
de serviços (relativos aos procedimentos cobertos pelo PAB) dire- enças
tamente aos prestadores, somente no caso daqueles municípios • TFG - Teto Financeiro Global
nãohabilitados na forma desta NOB, situados em estados em gestão • TFGE - Teto Financeiro Global do Estado
convencional. • TFGM - Teto Financeiro Global do Município
157
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
158
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Assim, para o aprofundamento do processo de descentraliza- A - O acesso aos cidadãos, o mais próximo possível de sua
ção, deve-se ampliar a ênfase na regionalização e no aumento da residência, a um conjunto de ações e serviços vinculados às se-
eqüidade, buscando a organização de sistemas de saúde funcionais guintes responsabilidades mínimas:
com todos os níveis de atenção, não necessariamente confinados - assistência pré-natal, parto e puerpério;
aos territórios municipais e, portanto, sob responsabilidade coor- - acompanhamento do crescimento e desenvolvimento in-
denadora da SES. Além da lógica político-administrativa de delimi- fantil;
tação dos sistemas de saúde, que assegura a indivisibilidade dos - cobertura universal do esquema preconizado pelo Progra-
territórios municipais e estadual no planejamento da rede e a au- ma Nacional de Imunizações, para todas as faixas etárias;
tonomia dos entes governamentais na gestão, é fundamental con- - ações de promoção da saúde e prevenção de doenças;
siderar, para a definição do papel da SES e de cada SMS no sistema - tratamento das intercorrências mais comuns na infância;
funcional, as noções de territorialidade na identificação de priori- - atendimento de afecções agudas de maior incidência;
dades de intervenção e de organização de redes de assistência re- - acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de
gionalizadas e resolutivas, além das capacidades técnico-operacio- alta prevalência;
nais necessárias ao exercício das funções de alocação de recursos, - tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas urgên-
programação físico-financeira, regulação do acesso, contratação de cias ambulatoriais;
prestadores de serviço, controle e avaliação. - tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais fre-
O conjunto de estratégias apresentadas nesta Norma Opera- qüentes;
cional da Assistência à Saúde articula-se em torno do pressuposto - controle das doenças bucais mais comuns;
de que, no atual momento da implantação do SUS, a ampliação das - suprimento / dispensação dos medicamentos da Farmácia
responsabilidades dos municípios na garantia de acesso aos servi- Básica.
ços de atenção básica, a regionalização e a organização funcional do
sistema são elementos centrais para o avanço do processo. B – O acesso de todos os cidadãos aos serviços necessários à
Neste sentido, esta NOAS-SUS atualiza a regulamentação da resolução de seus problemas de saúde, em qualquer nível de aten-
assistência, considerando os avanços já obtidos e enfocando os de- ção, diretamente ou mediante o estabelecimento de compromissos
safios a serem superados no processo permanente de consolidação entre gestores para o atendimento de referências intermunicipais.
e aprimoramento do Sistema Único de Saúde. 4 - Definir os seguintes conceitos-chaves para a organização da
assistência no âmbito estadual, que deverão ser observados no Pla-
CAPÍTULO I no Diretor de Regionalização:
REGIONALIZAÇÃO A – Região de saúde – base territorial de planejamento da
atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a divisão
1 - Estabelecer o processo de regionalização como estratégia administrativa do estado, a ser definida pela Secretaria de Estado
de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior da Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de regio-
eqüidade. nalização da saúde em cada estado, considerando as características
1.1 - O processo de regionalização deverá contemplar uma demográficas, sócio-econômicas, geográficas, sanitárias, epidemio-
lógica de planejamento integrado, compreendendo as noções de lógicas, oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras.
territorialidade na identificação de prioridades de intervenção e Dependendo do modelo de regionalização adotado, um estado
de conformação de sistemas funcionais de saúde, não necessa- pode se dividir em regiões e/ou microrregiões de saúde. Por sua
riamente restritos à abrangência municipal, mas respeitando seus vez, a menor base territorial de planejamento regionalizado, seja
limites como unidade indivisível, de forma a garantir o acesso dos uma região ou uma microrregião de saúde, pode compreender um
cidadãos a todas as ações e serviços necessários para a resolução ou mais módulos assistenciais.
de seus problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis. B - Módulo assistencial – módulo territorial com resolubilidade
correspondente ao primeiro nível de referência, definida no Item
I . 1 – DA ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE REGIONA- 7 - Capítulo I desta Norma, constituído por um ou mais municípios,
LIZAÇÃO com área de abrangência mínima a ser estabelecida para cada Uni-
2 - Instituir o Plano Diretor de Regionalização como instru- dade da Federação, em regulamentação específica, e com as se-
mento de ordenamento do processo de regionalização da assis- guintes características:
tência em cada estado e no Distrito Federal, baseado nos obje- - conjunto de municípios, entre os quais há um município-sede,
tivos de definição de prioridades de intervenção coerentes com habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal/GPSM com capa-
as necessidades de saúde da população e garantia de acesso dos cidade de ofertar a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 -
cidadãos a todos os níveis de atenção. Capítulo I desta Norma, com suficiência, para sua população e para
2.1 - Cabe às Secretarias de Estado da Saúde e do Distri- a população de outros municípios a ele adscritos; ou município em
to Federal a elaboração do Plano Diretor de Regionalização, em Gestão Plena do Sistema Municipal, com capacidade de ofertar com
consonância com o Plano Estadual de Saúde, sua submissão à suficiência a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite - CIB e do Conse- I para sua própria população, quando não necessitar desempenhar
lho Estadual de Saúde – CES e o encaminhamento ao Ministério o papel de referência para outros municípios.
da Saúde. C - Município-sede do módulo assistencial – município exis-
3 - No que diz respeito à assistência, o Plano Diretor de Re- tente em um módulo assistencial que apresente a capacidade de
gionalização deverá ser elaborado na perspectiva de garantir: ofertar a totalidade dos serviços de que trata o Item 7 - Capítulo I,
159
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
correspondente ao primeiro nível de referência intermunicipal, com 6.3 - O conjunto de procedimentos assistenciais que compõem
suficiência, para sua população e para a população de outros muni- as ações de Atenção Básica Ampliada é compreendido por aqueles
cípios a ele adscritos. atualmente cobertos pelo Piso de Atenção Básica – PAB, acrescidos
D - Município-pólo – município que, de acordo com a definição dos procedimentos relacionados no ANEXO 2 desta Norma.
da estratégia de regionalização de cada estado, apresente papel de 6.4 - Para o financiamento do elenco de procedimentos da
referência para outros municípios, em qualquer nível de atenção. Atenção Básica Ampliada, será instituído o PAB-Ampliado, e seu va-
E - Unidade territorial de qualificação na assistência à saúde lor definido, no prazo de 60 (sessenta) dias, em Portaria Conjunta
– representa a base territorial mínima a ser submetida à aprova- da Secretaria Executiva/SE e da Secretaria de Políticas de Saúde/
ção do Ministério da Saúde e Comissão Intergestores Tripartite para SPS, sendo que os municípios que hoje já recebem o PAB fixo em
qualificação na assistência à saúde, que deve ser a menor base ter- valor superior ao PAB-Ampliado não terão acréscimo no valor per
ritorial de planejamento regionalizado de cada Unidade da Federa- capita.
ção acima do módulo assistencial, seja uma microrregião de saúde 6.5 - Os municípios já habilitados nas condições de gestão da
ou uma região de saúde (nas UF em que o modelo de regionalização NOB 01/96 estarão aptos a receber o PAB-Ampliado, após avaliação
adotado não admitir microrregiões de saúde). das Secretarias de Estado da Saúde, aprovação da CIB, e homologa-
5 - Determinar que o Plano Diretor de Regionalização conte- ção da CIT, em relação aos seguintes aspectos:
nha, no que diz respeito à assistência, no mínimo: a) Plano Municipal de Saúde vinculado à programação físico-
A - a descrição da organização do território estadual em regi- -financeira;
ões/microrregiões de saúde e módulos assistenciais, com a identi- b) alimentação regular dos bancos de dados nacionais do SUS;
ficação dos muncípios-sede e municípios-pólo e dos demais muni- c) desempenho dos indicadores de avaliação da atenção básica
cípios abrangidos; no ano anterior;
B - a identificação das prioridades de intervenção em cada re- d) estabelecimento do pacto de melhoria dos indicadores de
gião/microrregião; atenção básica no ano subsequente; e
C - o Plano Diretor de Investimentos para atender as priorida- e) capacidade de assumir as responsabilidades mínimas defini-
des identificadas e conformar um sistema resolutivo e funcional de das no Subitem 6.1 deste Item.
atenção à saúde; 6.6 - A Secretaria de Políticas de Saúde/SPS é a estrutura do Mi-
D - a inserção e o papel de todos os municípios nas regiões/ nistério da Saúde responsável pela regulamentação de critérios, flu-
microrregiões de saúde, com identificação dos municípios sede, de xos e instrumentos do processo referido no Subitem 6.5, e deverá,
sua área de abrangência e dos fluxos de referência; no prazo de 30 (trinta) dias, apresentá-los à Comissão Intergestores
E - os mecanismos de relacionamento intermunicipal com orga- Tripartite para deliberação.
nização de fluxos de referência e contra referência e implantação de
estratégias de regulação visando à garantia do acesso da população I. 3 – DA QUALIFICAÇÃO DAS MICRORREGIÕES NA ASSISTÊNCIA
aos serviços; À SAÚDE
F - a proposta de estruturação de redes de referência especiali- 7 - Definir um conjunto mínimo de procedimentos de média
zada em áreas específicas; complexidade como primeiro nível de referência intermunicipal,
G - a identificação das necessidades e a proposta de fluxo de com acesso garantido a toda a população no âmbito microrregional,
referência para outros estados, no caso de serviços não disponíveis ofertados em um ou mais módulos assistenciais.
no território estadual. 7.1 - Esse conjunto mínimo de serviços de média complexida-
5.1 – A Secretaria de Assistência à Saúde/SAS publicará, no pra- de compreende as atividades ambulatoriais, de apoio diagnóstico
zo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação desta Norma, a regu- e terapêutico e de internação hospitalar, detalhadas no ANEXO 3
lamentação específica sobre o Plano Diretor de Regionalização, no desta Norma.
que diz respeito à organização da assistência. 8 - O financiamento federal do conjunto de serviços de que tra-
ta o Item 7 - Capítulo I desta Norma adotará a seguinte lógica:
I.2 – DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATEN- 8.1 - o financiamento das ações ambulatoriais será feito com
ÇÃO BÁSICA base em um valor per capita nacional, a ser definido em portaria
6 - Instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada –GPABA. conjunta da Secretaria Executiva/SE e Secretaria de Assistência à
6.1 - Definir como áreas de atuação estratégicas mínimas para Saúde/SAS, a ser submetida à Comissão Intergestores Tripartite, no
habilitação na condição de Gestão Plena da Atenção Básica Am- prazo de 60 (sessenta) dias após a publicação desta Norma.
pliada: o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o 8.2 - o financiamento das internações hospitalares será feito
controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus, de acordo com o processo de Programação Pactuada e Integrada,
a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal, conforme conduzido pelo gestor estadual, respeitado o Teto Financeiro da As-
detalhamento apresentado no ANEXO 1 desta Norma. sistência/TFA de cada Unidade da Federação.
6.2 - As ações de que trata o ANEXO 1 desta Norma devem ser 8.3 - ao longo do processo de qualificação das microrregiões,
assumidas por todos os municípios brasileiros, de acordo com o seu o Ministério da Saúde deverá adicionar recursos ao Teto Financeiro
perfil epidemiológico, como um componente essencial e mínimo dos Estados para cobrir a diferença entre os gastos atuais com esses
para o cumprimento das metas do Pacto da Atenção Básica, insti- procedimentos e o montante correspondente ao per capita nacio-
tuído pela Portaria GM/MS nº 3.925, de 13 de novembro de 1998. nal multiplicado pela população.
160
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
8.4 - nas microrregiões não qualificadas, o financiamento dos estará condicionada ao cumprimento de Termo de Compromisso
procedimentos constantes do ANEXO 3 desta Norma continuará para a Garantia de Acesso, conforme normatizado nos Itens 30 e
sendo feito de acordo com a lógica de pagamento por produção. 31 – Capítulo II desta Norma.
9 - O repasse dos recursos de que trata o Subitem 8.1 - Item 11.1 - Caso exista na microrregião qualificada um município ha-
8 - Capítulo I desta Norma, para a cobertura da população de uma bilitado em Gestão Plena da Atenção Básica que disponha em seu
dada microrregião estará condicionado à aprovação pela CIT da território de laboratório de patologia clínica ou serviço de radiolo-
qualificação da referida microrregião na assistência à saúde. gia ou ultra-sonografia gineco-obstétrica, em quantidade suficiente
9.1 - Nas Unidades da Federação cujo modelo de regionaliza- e com qualidade adequada para o atendimento de sua própria po-
ção não compreenda microrregiões de saúde, a unidade territorial pulação, mas que não tenha o conjunto de serviços requeridos para
de qualificação na assistência à saúde será a menor base territorial ser habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal, esse municí-
de planejamento regionalizado acima do módulo assistencial, ou pio poderá celebrar um acordo com o município-sede do módulo
seja, a região de saúde, desde que essa atenda a todos os critérios assistencial para, provisoriamente, atender sua própria população
requeridos para o reconhecimento da consistência do Plano Diretor no referido serviço.
de Regionalização e às mesmas condições exigidas para a qualifica-
ção das microrregiões descritas nesta Norma e na regulamentação I. 4 - DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MÉDIA COMPLEXI-
complementar. DADE
9.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde é a estrutura do MS 12 - A Atenção de Média Complexidade – MC – compreende
responsável pela análise técnica das propostas de qualificação das um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares que
microrregiões na assistência à saúde, a serem submetidas à apro- visam atender os principais problemas de saúde da população, cuja
vação da CIT, de acordo com as regras estabelecidas nesta Norma. prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especiali-
9.3 - O processo de qualificação das microrregiões na assistên- zados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e
cia à saúde será detalhado em regulamentação complementar da terapêutico, que não justifique a sua oferta em todos os municípios
Secretaria de Assistência à Saúde, a ser submetida à Comissão In- do país.
tergestores Tripartite, no prazo de 30 (trinta) dias após a publicação 13 - Excetuando as ações mínimas da média complexidade
desta Norma. de que trata o Item 7 - Capítulo I desta Norma desta Norma, que
10 - A qualificação de cada microrregião, no âmbito da assistên- devem ser garantidas no âmbito microrregional, as demais ações
cia à saúde, estará condicionada a: assistenciais de média complexidade, tanto ambulatoriais como
A - apresentação pelo gestor estadual do Plano Diretor de Re- hospitalares, podem ser garantidas no âmbito microrregional, re-
gionalização do estado, aprovado na CIB e CES incluindo o desenho gional ou mesmo estadual, de acordo com o tipo de serviço, a dis-
de todas as microrregiões; ponibilidade tecnológica, as características do estado e a definição
B - apresentação, para cada microrregião a ser qualificada, no Plano Diretor de Regionalização do estado.
de: (i) municípios que compõem a microrregião; (ii) definição dos 13.1 - O gestor estadual deve adotar critérios para a organiza-
módulos assistenciais existentes, com explicitação de sua área de ção regionalizada das ações de média complexidade que conside-
abrangência e do município-sede de cada módulo; (iii) vinculação rem: necessidade de qualificação e especialização dos profissionais
de toda a população de cada município da microrregião a um único para o desenvolvimento das ações, correspondência entre a prática
município-sede de módulo assistencial, de forma que cada municí- clínica e capacidade resolutiva diagnóstica e terapêutica, complexi-
pio integre somente um módulo assistencial e os módulos assisten- dade e custo dos equipamentos, abrangência recomendável para
ciais existentes cubram toda a população do estado. cada tipo de serviço, métodos e técnicas requeridos para a realiza-
C - habilitação do(s) município(s)-sede de módulo assistencial ção das ações.
em Gestão Plena do Sistema Municipal e de todos os demais mu- 13.2 - A Secretaria de Assistência à Saúde elaborará, em 30
nicípios da microrregião na condição de Gestão Plena da Atenção (trinta) dias, instrumentos de subsídio à organização e programação
Básica Ampliada. da média complexidade, compreendendo grupos de programação
D - comprovação da Programação Pactuada e Integrada im- e critérios de classificação das ações desse nível de atenção, cuja
plantada, sob a coordenação do gestor estadual, com definição de regulamentação específica será submetida à aprovação da CIT.
limites financeiros para todos os municípios do estado, com separa- 14 - O processo de Programação Pactuada e Integrada/PPI, co-
ção das parcelas financeiras correspondentes à própria população e ordenado pelo gestor estadual, cujas diretrizes são apresentadas
à população referenciada; nos Itens 24 a 27 – Capítulo II desta Norma representa o principal
E - apresentação do Termo de Compromisso para Garantia de instrumento para garantia de acesso da população aos serviços de
Acesso firmado entre cada município-sede e o estado, em relação média complexidade não disponíveis em seu município de residên-
ao atendimento da população referenciada por outros municípios cia, devendo orientar a alocação de recursos e definição de limites
a ele adscritos. financeiros para todos os municípios do estado, independente de
11- Após a qualificação de uma microrregião, o montante de sua condição de gestão.
recursos correspondente aos procedimentos listados no ANEXO 3 14.1 - A programação das ações ambulatoriais de média com-
desta Norma destinados à cobertura de sua população, e o mon- plexidade deve compreender: identificação das necessidades de
tante de recursos referentes à cobertura da população residente saúde de sua população, definição de prioridades, aplicação de pa-
nos municípios a ele adscritos, passam a ser transferidos fundo a râmetros físicos e financeiros definidos pelas Secretarias Estaduais
fundo ao município sede de cada módulo assistencial, sendo que
a parcela relativa à população residente nos municípios adscritos
161
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
de Saúde para os diferentes grupos de ações assistenciais - respei- 16.1 - A garantia de acesso aos procedimentos de alta comple-
tados os limites financeiros estaduais - e estabelecimento de fluxos xidade é de responsabilidade solidária entre o Ministério da Saúde
de referências entre municípios. e as Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal.
14.2 - A alocação de recursos referentes a cada grupo de pro- 17 - O gestor estadual é responsável pela gestão da política de
gramação de ações ambulatoriais de média complexidade para a alta complexidade/custo no âmbito do estado, mantendo vincula-
população própria de um dado município terá como limite financei- ção com a política nacional, sendo consideradas intransferíveis as
ro o valor per capita estadual definido para cada grupo, multiplica- funções de definição de prioridades assistenciais e programação da
do pela população do município. alta complexidade, incluindo:
14.3 - A programação de internações hospitalares deve com- A - a definição da alocação de recursos orçamentários do Teto
preender: a utilização de critérios objetivos que considerem a esti- Financeiro da Assistência/ TFA do estado para cada área de alta
mativa de internações necessárias para a população, a distribuição complexidade;
e complexidade dos hospitais, o valor médio das Autorizações de B - a definição de prioridades de investimentos para garantir
Internação Hospitalar/AIH, bem como os fluxos de referência entre o acesso da população a serviços de boa qualidade, o que pode,
municípios para internações hospitalares. dependendo das características do estado, requerer desconcentra-
14.4 - A alocação de recursos correspondentes às referências ção ou concentração para a otimização da oferta de serviços, tendo
intermunicipais, ambulatoriais e hospitalares, decorre do processo em vista a melhor utilização dos recursos disponíveis, a garantia de
de programação integrada entre gestores e do estabelecimento de economia de escala e melhor qualidade;
Termo de Compromisso de Garantia de Acesso, tratado no Item 30 C - a delimitação da área de abrangência dos serviços de alta
– Capítulo II desta Norma implicando a separação da parcela corres- complexidade;
pondente às referências no limite financeiro do município. D - a coordenação do processo de garantia de acesso para a
15 - Diferentemente do exigido para a organização das refe- população de referência entre municípios;
rências intermunicipais no módulo assistencial, abordada na seção E – a definição de limites financeiros para a alta complexida-
I.3 – Capítulo I desta Norma, no caso das demais ações de média de, com explicitação da parcela correspondente ao atendimento da
complexidade, quando os serviços estiverem dispersos por vários população do município onde está localizado o serviço e da parcela
municípios, admite-se que um mesmo município encaminhe refe- correspondente a referências de outros municípios;
rências para mais de um pólo de média complexidade, dependendo F - a condução dos remanejamentos necessários na progra-
da disponibilidade de oferta, condições de acesso e fluxos estabe- mação da alta complexidade, inclusive com mudanças nos limites
lecidos na PPI. municipais;
15.1 - O gestor estadual, ao coordenar um processo de plane- G - os processos de vistoria para inclusão de novos serviços no
jamento global no estado, deve adotar critérios para evitar a super- que lhe couber, em conformidade com as normas de cadastramen-
posição e proliferação indiscriminada e desordenada de serviços, to do MS;
levando sempre em consideração as condições de acessibilidade, H - a implementação de mecanismos de regulação da assistên-
qualidade e racionalidade na organização de serviços. cia em alta complexidade (centrais de regulação, implementação de
15.2 - Deve-se buscar estabelecer as referências para a média protocolos clínicos, entre outros), podendo delegar aos municípios
complexidade em um fluxo contínuo, dos municípios de menor a operação desses mecanismos;
complexidade para os de maior complexidade, computando, no I - o controle e a avaliação do sistema, quanto à sua resolubili-
município de referência, as parcelas físicas e financeiras correspon- dade e acessibilidade;
dentes ao atendimento da população dos municípios de origem, J - a otimização da oferta de serviços, tendo em vista a otimi-
conforme acordado no processo de Programação Pactuada e Inte- zação dos recursos disponíveis, a garantia de economia de escala e
grada entre os gestores. melhor qualidade.
18 - Os municípios que tiverem em seu território serviços de
I. 5- DA POLÍTICA DE ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE/CUSTO alta complexidade/custo, quando habilitados em Gestão Plena do
NO SUS Sistema Municipal, deverão desempenhar as funções referentes à
16 - A responsabilidade do Ministério da Saúde sobre a polí- organização dos serviços de alta complexidade em seu território,
tica de alta complexidade/custo se traduz na definição de normas visando assegurar o comando único sobre os prestadores, desta-
nacionais, no controle do cadastro nacional de prestadores de ser- cando-se:
viços, na vistoria de serviços quando lhe couber, de acordo com as A - a programação das metas físicas e financeiras dos presta-
normas de cadastramento estabelecidas pelo próprio Ministério da dores de serviços, garantindo a possibilidade de acesso para a sua
Saúde, na definição de incorporação dos procedimentos a serem população e para a população referenciada conforme o acordado
ofertados à população pelo SUS, na definição do elenco de proce- na PPI e no Termo de Garantia de Acesso assinado com o estado;
dimentos de alta complexidade, no estabelecimento de estratégias B - realização de vistorias no que lhe couber, de acordo com as
que possibilitem o acesso mais equânime diminuindo as diferenças normas do Ministério da Saúde;
regionais na alocação dos serviços, na definição de mecanismos de C - condução do processo de contratação;
garantia de acesso para as referências interestaduais, na busca de D - autorização para realização dos procedimentos e a efetiva-
mecanismos voltados à melhoria da qualidade dos serviços presta- ção dos pagamentos (créditos bancários);
dos, no financiamento das ações. E - definição de fluxos e rotinas intramunicipais compatíveis
com as estaduais;
F - controle, a avaliação e a auditoria de serviços.
162
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
18.1 – Nos municípios habilitados em Gestão Plena da Aten- 24.2 - As unidades da federação poderão dispor de instrumen-
ção Básica/GPAB ou Gestão Plena da Atenção Básica-Ampliada/ tos próprios de programação adequados às suas especificidades e
GPBA que tenham serviços de alta complexidade em seu território, de informações detalhadas acerca da PPI, respeitados os princípios
as funções de gestão e relacionamento com os prestadores de alta gerais e os requisitos da versão consolidada a ser enviada ao Minis-
complexidade, são de responsabilidade do gestor estadual, poden- tério da Saúde.
do este delegar tais funções aos gestores municipais. 24.3 - A Secretaria de Assistência à Saúde, por intermédio do
19 - Os procedimentos ambulatoriais e hospitalares que com- Departamento de Descentralização da Gestão da Assistência, deve-
põem a atenção de alta complexidade/custo foram definidos por rá apresentar à Comissão Intergestores Tripartite, no prazo de 30
meio da Portaria SAS nº 96, de 27 de março de 2000, publicada no (trinta) dias, documento de proposição das diretrizes e princípios
Diário Oficial de 01 de junho de 2000. orientadores, metodologia e parâmetros referenciais de cobertura
20 - O financiamento da alta complexidade se dará de duas for- e outros instrumentos específicos de apoio à programação da assis-
mas: tência ambulatorial e hospitalar.
A - parte das ações de alta complexidade será financiada com 25 - Cabe à SES a coordenação da programação pactuada e
recursos do Teto Financeiro da Assistência das unidades da federa- integrada no âmbito do estado, por meio do estabelecimento de
ção; processos e métodos que assegurem:
B - parte das ações de alta complexidade será financiada com A - que as diretrizes, objetivos e prioridades da política esta-
recursos oriundos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa- dual de saúde e os parâmetros de programação, em sintonia com
ção – FAEC, ou de outro mecanismo que venha a substituí-lo com a a Agenda de Compromissos e Metas Nacionais, sejam discutidos
mesma finalidade e que será gerenciado pelo Ministério da Saúde, com os gestores municipais, aprovados pelos Conselhos Estaduais e
de acordo com a regulamentação específica, a ser estabelecida, no implementados em fóruns regionais e/ou microrregionais de nego-
prazo de 60 (sessenta) dias, em ato conjunto da SE e SAS. ciação entre gestores;
21 - O Ministério da Saúde/MS definirá os valores de recursos B - a alocação de recursos centrada em uma lógica de atendi-
destinados ao custeio da assistência de alta complexidade para cada mento às reais necessidades da população e jamais orientada pelas
estado e estes, de acordo com a PPI e dentro do limite financeiro necessidades dos prestadores de serviços;
estadual, deverão prever a parcela dos recursos a serem gastos em C - a operacionalização do Plano Diretor de Regionalização e
cada município para cada área de alta complexidade, destacando de estratégias de regulação do sistema, mediante a adequação dos
a parcela a ser utilizada com a população do próprio município e a critérios e instrumentos de pactuação e alocação dos recursos as-
parcela a ser gasta com a população de referência. sistenciais e a adoção de mecanismos que visem regular a oferta e
22 - A assistência de alta complexidade será programada no a demanda de serviços, organizar os fluxos e garantir o acesso às
âmbito regional/estadual, e em alguns casos macrorregional, tendo referências;
em vista as características especiais desse grupo – alta densidade D - a explicitação do modelo de gestão com a definição das res-
tecnológica e alto custo, economia de escala, escassez de profissio- ponsabilidades sobre as diversas unidades assistenciais de forma
nais especializados e concentração de oferta em poucos municípios. coerente com as condições de habilitação e qualificação.
22.1 - A programação deve prever, quando necessário, a refe- 26 - A Programação Pactuada e Integrada, aprovada pela Co-
rência de pacientes para outros estados, assim como reconhecer o missão Intergestores Bipartite, deverá nortear a alocação de recur-
fluxo programado de pacientes de outros estados, sendo que esta sos federais da assistência entre municípios pelo gestor estadual,
programação será consolidada pela SAS/MS. resultando na definição de limites financeiros claros para todos os
23 - A programação da Atenção de Alta Complexidade deverá municípios do estado, independente da sua condição de habilita-
ser precedida de estudos da distribuição regional de serviços e da ção.
proposição pela Secretaria de Estado da Saúde/SES de um limite 26.1 - Define-se limite financeiro da assistência por município
financeiro claro para seu custeio, sendo que Plano Diretor de Regio- como o limite máximo de recursos federais que poderá ser gasto
nalização apontará as áreas de abrangência dos municípios-pólo e com o conjunto de serviços existentes em cada território municipal,
dos serviços de referência na Atenção de Alta Complexidade. sendo composto por duas parcelas separadas: recursos destinados
ao atendimento da população própria e recursos destinados ao
CAPÍTULO II atendimento da população referenciada de acordo com as negocia-
FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE GESTÃO NO SUS ções expressas na PPI.
26.2 - Os limites financeiros da assistência por município de-
II. 1 - DO PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO DA ASSISTÊNCIA vem ser definidos globalmente em cada estado a partir da aplicação
24 - Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do processo de critérios e parâmetros de programação ambulatorial e hospita-
de programação da assistência à saúde em âmbito nacional. lar, respeitado o limite financeiro estadual, bem como da definição
24.1 - As unidades da federação deverão encaminhar ao Minis- de referências intermunicipais na PPI. Dessa forma, o limite finan-
tério da Saúde uma versão consolidada da Programação Pactuada e ceiro por município deve ser gerado pela programação para o aten-
Integrada/PPI, cujo conteúdo será apresentado em regulamentação dimento da própria população, deduzida da necessidade de enca-
específica. minhamento para outros municípios e acrescida da programação
para atendimento de referências recebidas de outros municípios.
26.3 - Os municípios habilitados ou que vierem se habilitar na
condição de Gestão Plena do Sistema Municipal devem receber di-
retamente, em seu Fundo Municipal de Saúde, o montante total
163
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
de recursos federais correspondente ao limite financeiro programa- 30.2 – A padronização dos instrumentos que correspondem
do para aquele município, compreendendo a parcela destinada ao aos anexos integrantes do Termo de Compromisso de Garantia de
atendimento da população própria e, condicionada ao cumprimen- Acesso será disponibilizadas aos gestores pela SAS/SAS, no prazo de
to do Termo de Compromisso para Garantia de Acesso celebrado 30 (trinta) dias, após a publicação desta Norma
com o gestor estadual, a parcela destinada ao atendimento da po- 31 - A SES poderá alterar a parcela de recursos correspondente
pulação referenciada, conforme detalhado no Item 30 – Capítulo II às referências intermunicipais no limite financeiro do município em
e no ANEXO 4 desta Norma. GPSM, nas seguintes situações, detalhadas no Termo de Compro-
26.4 - Os limites financeiros da assistência por município estão misso para Garantia de Acesso:
sujeitos a reprogramação em função da revisão periódica da PPI, A - periodicamente (período não superior a 12 meses), em fun-
coordenada pelo gestor estadual. Particularmente, a parcela corres- ção da revisão global da PPI, conduzida pela SES e aprovada pela
pondente às referências intermunicipais, poderá ser alterada pelo CIB;
gestor estadual, trimestralmente, em decorrência de ajustes no Ter- B - trimestralmente, em decorrência do acompanhamento da
mo de Compromisso e pontualmente, em uma série de situações execução do Termo e do fluxo de atendimento das referências, de
específicas, detalhadas nos Itens 31 e 32 – Capítulo II e no ANEXO forma a promover os ajustes necessários, a serem informados à CIB
4 desta Norma. em sua reunião subsequente;
27 - A SES deverá obrigatoriamente encaminhar ao Ministério C - pontualmente, por meio de alteração direta pela SES (res-
da Saúde, em prazo a ser estabelecido pela SAS/MS, os seguintes peitados os prazos de comunicação aos gestores estabelecidos no
produtos do processo de programação da assistência: Termo de Compromisso, conforme detalhado no ANEXO 4 desta
A - Publicação no Diário Oficial do Estado do limite financeiro Norma), a ser informada à CIB em sua reunião subsequente, nos se-
global da assistência por municípios do estado, independente de guintes casos: abertura de novo serviço em município que anterior-
sua condição de gestão, composto por uma parcela destinada ao mente encaminhava sua população para outro; redirecionamento
atendimento da população do próprio município e uma parcela cor- do fluxo de referência da população de um município pólo para
respondente às referências intermunicipais; outro, solicitado pelo gestor municipal; problemas no atendimento
B - Definição de periodicidade e métodos de revisão dos limi- da população referenciada ou descumprimento pelo município em
tes financeiros municipais aprovados, que pode se dar em função GPSM dos acordos estabelecidos no Termo de Compromisso para
de: incorporação de novos recursos ao limite financeiro estadual, Garantia de Acesso.
mudanças na capacidade instalada de municípios, remanejamento 32 - Quaisquer alterações nos limites financeiros dos municí-
de referências entre municípios; imposição pelo município-pólo de pios em Gestão Plena do Sistema Municipal, decorrentes de ajuste
barreiras ao acesso da população encaminhada por outros municí- ou revisão da programação e do Termo de Compromisso para Ga-
pios, que colidam com as referências intermunicipais negociadas, rantia do Acesso serão comunicadas pelas SES a SAS/MS, para que
entre outros motivos. esta altere os valores a serem transferidos ao Fundo Municipal de
Saúde correspondente.
II. 2 - DAS RESPONSABILIDADES DE CADA NÍVEL DE GOVERNO 33 - Para habilitar-se ou permanecer habilitado na condição
NA GARANTIA DE ACESSO DA POPULAÇÃO REFERENCIADA de GPSM, o município deverá participar do processo de programa-
28 - O Ministério da Saúde assume, de forma solidária com as ção e assumir, quando necessário, o atendimento à população de
Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito Federal, a responsabi- referência, conforme acordado na PPI e consolidado por meio da
lidade pelo atendimento a pacientes referenciados entre estados. assinatura do referido Termo de Compromisso para a Garantia do
29 - A garantia de acesso da população aos serviços não dispo- Acesso.
níveis em seu município de residência é de responsabilidade do ges-
tor estadual, de forma solidária com os municípios de referência, II.3 - DO PROCESSO DE CONTROLE, AVALIAÇÃO E REGULAÇÃO
observados os limites financeiros, devendo o mesmo organizar o DA ASSISTÊNCIA
sistema de referência utilizando mecanismos e instrumentos neces- 34 - As funções de controle e avaliação devem ser coerentes
sários, compatíveis com a condição de gestão do município onde os com os processos de planejamento, programação e alocação de re-
serviços estiverem localizados. cursos em saúde tendo em vista sua importância para a revisão de
30 - Nos casos em que os serviços de referência estiverem loca- prioridades e diretrizes, contribuindo para o alcance de melhores
lizados em municípios habilitados em GPSM, os mesmos devem se resultados em termos de impacto na saúde da população.
comprometer com o atendimento da população referenciada subs- 35 - O fortalecimento das funções de controle e avaliação dos
crevendo com o estado um Termo de Compromisso para Garantia gestores do SUS deve se dar principalmente, nas seguintes dimen-
de Acesso, cuja forma é apresentada no ANEXO 4 desta Norma . sões:
30.1 - O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso tem A - avaliação da organização do sistema e do modelo de gestão;
como base o processo de programação e contém as metas físicas B - relação com os prestadores de serviços;
e orçamentárias das ações definidas na PPI a serem ofertadas nos C - qualidade da assistência e satisfação dos usuários;
municípios pólo, os compromissos assumidos pela SES e SMS, os D - resultados e impacto sobre a saúde da população.
mecanismos de garantia de acesso, processo de acompanhamento 36 - Todos os níveis de governo devem avaliar o funcionamento
e revisão do Termo e sanções previstas. do sistema de saúde, no que diz respeito ao desempenho nos pro-
cessos de gestão, formas de organização e modelo de atenção, ten-
164
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
do como eixo orientador a promoção da equidade no acesso e na 40.1 – A regulação da assistência deverá ser efetivada por meio
alocação dos recursos, e como instrumento básico para o acompa- da implantação de complexos reguladores que congreguem unida-
nhamento e avaliação dos sistemas de saúde o Relatório de Gestão; des de trabalho responsáveis pela regulação das urgências, consul-
37 - O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, a tas, leitos e outros que se fizerem necessários.
ser exercido pelo gestor do SUS responsável de acordo com a con- 41 - A regulação da assistência, voltada para a disponibilização
dição de habilitação e modelo de gestão adotado, compreende o da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão,
conhecimento global dos estabelecimentos de saúde localizados de forma equânime, ordenada, oportuna e qualificada, pressupõe:
em seu território, o cadastramento de serviços, a condução de pro- A - a realização prévia de um processo de avaliação das neces-
cessos de compra e contratualização de serviços de acordo com as sidades de saúde e de planejamento/programação, que considere
necessidades identificadas e regras legais, o acompanhamento do aspectos epidemiológicos, os recursos assistenciais disponíveis e
faturamento, quantidade e qualidade dos serviços prestados, entre condições de acesso às unidades de referência;
outras atribuições. B – a definição da estratégia de regionalização que explicite a
37.1 - O cadastro completo e fidedigno de unidades prestado- responsabilização e papel dos vários municípios, bem como a inser-
ras de serviços de saúde é um requisito básico para programação ção das diversas unidades assistenciais na rede;
de serviços assistenciais, competindo ao gestor do SUS responsável C – a delegação de autoridade sanitária ao médico regulador,
pelo relacionamento com cada unidade, seja própria, contratada ou para que exerça a responsabilidade sobre a regulação da assistên-
conveniada, a garantia da atualização permanente dos dados cadas- cia, instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais;
trais e de alimentação dos bancos de dados nacionais do SUS. D – a definição das interfaces da estratégia da regulação da as-
37.2 - O interesse público e a identificação de necessidades sistência com o processo de planejamento, programação e outros
assistenciais devem pautar o processo de compra de serviços na instrumentos de controle e avaliação.
rede privada, que deve seguir a legislação, as normas administrati-
vas específicas e os fluxos de aprovação definidos na Comissão In- II . 4 - DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB GESTÃO DE OUTRO NÍVEL
tergestores Bipartite, quando a disponibilidade da rede pública for DE GOVERNO:
insuficiente para o atendimento da população. 42 - Definir que unidades hospitalares públicas sob gerência de
37.3 - Os contratos de prestação de serviços devem represen- um nível de governo e gestão de outro, habilitado em gestão plena
tar instrumentos efetivos de responsabilização dos prestadores do sistema, preferencialmente deixem de ser remunerados por pro-
com os objetivos, atividades e metas estabelecidas pelos gestores dução de serviços e passem a receber recursos correspondentes à
de acordo com as necessidades de saúde identificadas. realização de metas estabelecidas de comum acordo.
37.4 - Os procedimentos técnico-administrativos prévios à re- 43 - Aprovar, na forma do Anexo 5 desta Norma, modelo con-
alização de serviços e à ordenação dos respectivos pagamentos, tendo cláusulas mínimas do Termo de Compromisso a ser firmado
especialmente a autorização de internações e de procedimentos entre as partes envolvidas, com o objetivo de regular a contratua-
ambulatoriais de alta complexidade e/ou alto custo, devem ser or- lização dos serviços oferecidos e a forma de pagamento das unida-
ganizados de forma a facilitar o acesso dos usuários e permitir o des hospitalares.
monitoramento adequado da produção e faturamento de serviços. 44 - Os recursos financeiros para cobrir o citado Termo de Com-
37.5 - Outros mecanismos de controle e avaliação devem ser promisso devem ser subtraídos das parcelas correspondentes à po-
adotados pelo gestor público, como o acompanhamento dos orça- pulação própria e à população referenciada do teto financeiro do
mentos públicos em saúde, a análise da coerência entre a progra- (município/estado), e repassado diretamente ao ente público ge-
mação, a produção e o faturamento apresentados e a implementa- rente da unidade, em conta específica para esta finalidade aberta
ção de críticas possibilitadas pelos sistemas informatizados quanto em seu fundo de saúde.
à consistência e confiabilidade das informações disponibilizadas
pelos prestadores. CAPÍTULO III
38 - A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores deve CRITÉRIOS DE HABILITAÇÃO E
envolver tanto a implementação de indicadores objetivos baseados DESABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS
em critérios técnicos, como a adoção de instrumentos de avaliação
da satisfação dos usuários do sistema, que considerem a acessibili- III . 1 - CONDIÇÕES DE HABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS
dade, a integralidade da atenção, a resolubilidade e qualidade dos A presente Norma atualiza as condições de gestão estabele-
serviços prestados. cidas na NOB SUS 01/96, explicitando as responsabilidades, os re-
39 - A avaliação dos resultados da atenção e do impacto na saú- quisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas dos
de deve envolver o acompanhamento dos resultados alcançados gestores municipais e estaduais.
em função dos objetivos, indicadores e metas apontados no plano 45 - A habilitação dos municípios e estados às diferentes condi-
de saúde, voltados para a melhoria do nível de saúde da população. ções de gestão significa a declaração dos compromissos assumidos
40 - Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento com por parte do gestor perante os outros gestores e perante a popula-
cada unidade, conforme sua condição de habilitação e qualificação, ção sob sua responsabilidade.
cabe programar e regular a oferta de serviços e seu acesso de acor- III .1.1 - Do processo de habilitação dos municípios:
do com as necessidades identificadas. 46 - A partir da publicação desta Norma, e considerando o pra-
zo previsto no seu Item 59 – Capítulo IV, os municípios poderão ha-
bilitar-se em duas condições:
165
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA; e GESTÃO n) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, de acordo
PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL. com a legislação em vigor e a normatização da Agência Nacional de
46.1 - Todos os municípios que vierem a ser habilitados em Vigilância Sanitária / ANVISA;
Gestão Plena do Sistema Municipal, de acordo com as normas do o) Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle
Item 48 – Capítulo II desta Norma, estarão também habilitados em de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas ex-
Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. ternas, como acidentes, violências e outras, de acordo com norma-
46.2 - Cabe à Secretaria Estadual de Saúde a gestão do SUS nos tização vigente;
municípios não habilitados, enquanto for mantida a situação de não p) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo
habilitação. Conselho Municipal de Saúde/CMS.
47 - Os municípios, para se habilitarem à Gestão Plena da Aten-
ção Básica Ampliada, deverão assumir as responsabilidades, cum- Requisitos
prir os requisitos e gozar das prerrogativas definidas a seguir: a) Comprovar o funcionamento do CMS;
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde;
Responsabilidades c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde do período em curso,
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser submetido à aprovado pelo respectivo Conselho Municipal de Saúde, contendo
aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que deve contemplar a a programação física e financeira dos recursos assistenciais destina-
Agenda de Compromissos Municipal, harmonizada com as agendas dos ao município;
nacional e estadual, a integração e articulação do município na rede d) Comprovar a disponibilidade de serviços, com qualidade
estadual e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo e quantidade suficientes, em seu território, para executar todo o
detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o elenco de procedimentos constantes Subitem 6.3 – Item 6 – Capí-
sistema municipal, bem como o Quadro de Metas, mediante o qual tulo I desta Norma;
será efetuado o acompanhamento dos Relatórios de Gestão; e) Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições
b) Gerência de unidades ambulatoriais próprias; materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas
c) Gerência de unidades ambulatoriais transferidas pelo estado quanto à contratação, ao pagamento, ao controle, avaliação e à au-
ou pela União: ditoria dos serviços sob sua gestão;
d) Organização da rede de atenção básica, incluída a gestão de f) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de Infor-
prestadores privados, caso haja neste nível de atenção; mações sobre Orçamentos Públicos em Saúde/SIOPS, a dotação
e) Cumprimento das responsabilidades definidas no Subitem orçamentária do ano e o dispêndio realizado no ano anterior, cor-
6.1 – Item 6 – Capítulo I desta Norma ; respondente à contrapartida de recursos financeiros próprios do
f) Disponibilização, em qualidade e quantidade suficiente para Tesouro Municipal, de acordo com a Emenda Constitucional 29, de
a sua população, de serviços capazes de oferecer atendimento con- 14 de setembro de 2000;
forme descrito no Subitem 6.3 – Item 6 – Capítulo I desta Norma; g) Dispor de médico(s) formalmente designado(s) pelo gestor
g) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos usuários como responsável(is) pela autorização prévia (quando for o caso),
do SUS, segundo a estratégia de implantação do Cartão Nacional controle, avaliação e auditoria dos procedimentos e serviços reali-
de Saúde, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da zados, em número adequado para assumir essas responsabilidades;
oferta dos serviços; h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
h) Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co- de vigilância sanitária, conforme normatização da ANVISA;
bertos pelo PAB ampliado e acompanhamento, no caso de referên- i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações
cia interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados de vigilância epidemiológica;
aos seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela SES; j) Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma-
i) Realização do cadastro, contratação, controle, avaliação, nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio-
auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços contidos no nais e dos serviços realizados;
PABA, localizados em seu território e vinculados ao SUS; k) Submeter-se à avaliação pela SES em relação à capacidade
j) Operação do SIA/SUS e o SIAB, quando aplicável, conforme de oferecer todo o Elenco de Procedimentos Básicos Ampliado -
normas do Ministério da Saúde, e alimentação junto à Secretaria EPBA e ao estabelecimento do Pacto de AB para o ano 2001 e sub-
Estadual de Saúde, dos bancos de dados nacionais; sequentes;
k) Autorização, desde que não haja definição contrária por par- l) Formalizar, junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após
te da CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos am- aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri-
bulatoriais especializados, realizados no município, que continuam mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada.
sendo pagos por produção de serviços;
l) Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten- Prerrogativas
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS; a) Transferência regular e automática dos recursos referentes
m) Realização de avaliação permanente do impacto das ações ao Piso de Atenção Básica Ampliado - PABA, correspondente ao fi-
do Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre nanciamento do Elenco de Procedimentos Básicos e do incentivo de
o seu meio ambiente, incluindo o cumprimento do pacto de indica- vigilância sanitária;
dores da atenção básica; b) Gestão municipal de todas as unidades básicas de saúde,
públicas ou privadas (lucrativas e filantrópicas), localizadas no ter-
ritório municipal;
166
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
167
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Responsabilidades Requisitos
a) Elaboração do Plano Estadual de Saúde, e do Plano Diretor a) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES,
de Regionalização conforme previsto no Item 2 – Capítulo I desta contendo minimamente:
Norma; - Quadro de Metas, compatível com a Agenda de Compromis-
b) Coordenação da PPI do estado, contendo a referência in- sos, por meio do qual a execução do Plano será acompanhada anu-
termunicipal e pactos de negociação na CIB para alocação dos re- almente nos relatórios de gestão;
cursos, conforme expresso no item que descreve a PPI, nos termos - programação integrada das ações ambulatoriais, hospitalares
desta Norma; e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças – in-
c) Gestão e gerência de unidades estatais de hemonúcleos/he- cluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de controle de
mocentros e de laboratórios de referência para controle de qualida- vetores e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e desen-
de, vigilância sanitária e vigilância epidemiológica; volvimento tecnológico, de educação e de comunicação em saúde,
d) Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia, bem como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de cau-
de acordo com a política nacional; sas externas;
e) Coordenação do sistema de referências intermunicipais, or- - estratégias de descentralização das ações de saúde para mu-
ganizando o acesso da população, bem como a normalização e ope- nicípios;
ração de câmara de compensação para internações, procedimentos - estratégias de reorganização do modelo de atenção;
especializados e de alto custo e ou alta complexidade, viabilizando - Plano Diretor de Regionalização, explicitando: módulos assis-
com os municípios-pólo os Termos de Compromisso para a Garantia tenciais, microrregiões e regiões, com a identificação dos núcleos
de Acesso; dos módulos assistenciais e dos pólos microrregionais e regionais
f) Gestão dos sistemas municipais nos municípios não habili- de média complexidade; os prazos para qualificação das microrregi-
tados; ões; o plano diretor de investimento para a formação e expansão de
g) Formulação e execução da política estadual de assistência módulos assistenciais; proposição de estratégias de monitoramen-
farmacêutica, de acordo com a política nacional; to e garantia de referências intermunicipais e critérios de revisão
periódica dos tetos financeiros dos municípios;
168
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
169
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
III . 2 - DA DESABILITAÇÃO 57.1 - São motivos de suspensão imediata pelo MS dos repas-
III.2.1 - Da desabilitação dos municípios ses financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo,
53 - Cabe à Comissão Intergestores Bipartite Estadual a desabi- para os estados:
litação dos municípios, que deverá ser homologada pela Comissão a) não pagamento dos prestadores de serviços sob sua gestão,
Intergestores Tripartite. públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresentação da
III.2.1.1 - Da condição de Gestão Plena da Atenção Básica Am- fatura pelo prestador;
pliada b) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos com-
54 - Os municípios habilitados em gestão plena da atenção bá- ponentes nacional do SNA, homologada pela CIT, apontando irre-
sica ampliada serão desabilitados quando: gularidades graves.
A - descumprirem as responsabilidades assumidas na habilita-
ção do município; CAPÍTULO IV
B - apresentarem situação irregular na alimentação dos Bancos DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
de Dados Nacionais por mais de 04 (quatro) meses consecutivos;
58 - Os municípios habilitados segundo a NOB-SUS 01/96 na
C - a cobertura vacinal for menor do que 70% do preconizado
Gestão Plena da Atenção Básica, após avaliados conforme o descri-
pelo PNI para as vacinas: BCG, contra a poliomielite, contra o sa-
to no Subitem 6.5 – Item 6 – Capítulo I desta Norma, estarão habili-
rampo e DPT;
tados na Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada.
D - apresentarem produção de serviços insuficiente, segundo 59 - Os municípios terão os seguintes prazos, a partir da publi-
parâmetros definidos pelo MS e aprovados pela CIT, de alguns pro- cação desta Norma, para se habilitarem de acordo com o estabele-
cedimentos básicos estratégicos; cido pela NOB-SUS 01/96:
E - não firmarem o Pacto de Indicadores da Atenção Básica; - 30 (trinta) dias após a publicação desta Norma para dar en-
F - apresentarem irregularidades que comprometam a gestão trada no processo de habilitação junto à Comissão Intergestores
municipal, identificadas pelo componente estadual e/ou nacional Bipartite;
do SNA. - 60 (sessenta) dias para homologação da habilitação pela Co-
55 - São motivos de suspensão imediata, pelo Ministério da missão Intergestores Tripartite.
Saúde, dos repasses financeiros transferidos mensalmente, Fundo 60 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
a Fundo, para os municípios: Atenção Básica e os que se habilitarem conforme previsto no Item
A - Não pagamento aos prestadores de serviços sob sua gestão, 59, deste Capítulo, deverão se adequar às condições estabelecidas
públicos ou privados, até 60 (sessenta) dias após a apresentação da para a habilitação em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada.
fatura pelo prestador; 61 - Os municípios atualmente habilitados em Gestão Plena
B - Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 do Sistema Municipal e os que se habilitarem conforme previsto
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; no Item 59, deste Capítulo, deverão se adequar, no prazo de 180
C - Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos com- (cento e oitenta) dias, às condições estabelecidas para a habilitação
ponentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defe- em Gestão Plena do Sistema Municipal definidas nesta Norma, sob
sa do município envolvido. pena de desabilitação na modalidade.
III.2.1.2 - Da condição de Gestão Plena do Sistema Municipal: 61.1 – Estes municípios poderão se manter habilitados na Ges-
56 - Os municípios habilitados na gestão Plena do Sistema Mu- tão Plena da Atenção Básica ou Atenção Básica Ampliada, de acordo
nicipal serão desabilitados quando: com a avaliação descrita nos Subitens 6.5 e 6.6 – Item 6 Capítulo I
A - não cumprirem as responsabilidades definidas para a gestão desta Norma.
Plena do Sistema Municipal; ou 62 - Os estados, cujos processos de habilitação já se encontram
B - se enquadrarem na situação de desabilitação prevista no tramitando no Ministério da Saúde, terão 60 (sessenta) dias a partir
da data de publicação desta Norma, para resolver as pendências,
Item 54 - Capítulo III desta Norma; ou
de forma a poder se habilitar de acordo com as regras da NOB-SUS
C - não cumprirem Termo de Compromisso para Garantia do
01/96.
Acesso.
63 - As responsabilidades, fluxos e prazos para melhor opera-
56.1 - São motivos de suspensão imediata, pelo MS, dos repas-
cionalização dos processos de habilitação e desabilitação serão de-
ses financeiros a serem transferidos, mensalmente, fundo a fundo, finidas em portaria da SAS/MS, dentro de 30 (trinta) dias, a partir da
para os municípios: data de publicação desta Norma.
a) Não pagamento dos prestadores de serviços sob sua ges- 64 – Os estados deverão elaborar, 120 (cento e vinte) dias após
tão, públicos ou privados, em período até 60 (sessenta) dias após a a publicação da regulamentação dos planos de regionalização e da
apresentação da fatura pelo prestador. PPI prevista nesta Norma os respectivos planos diretores de regio-
b) Falta de alimentação dos bancos de dados nacionais por 02 nalização e PPI.
(dois) meses consecutivos ou 03 (três) meses alternados; 64.1 - Os municípios localizados em estados que não cumpri-
c) Indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos com- rem o prazo de que trata este item poderão, enquanto persistir esta
ponentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o prazo de defe- situação, habilitar-se de acordo com as regras de habilitação previs-
sa do município envolvido. tas na NOB-SUS 01/96.
III .2.2 - Da desabilitação dos estados 65 – No que concerne à regulamentação da assistência à saúde,
57 - Os Estados que não cumprirem as responsabilidades de- o disposto nesta NOAS-SUS atualiza as definições constantes da Por-
finidas para a forma de gestão à qual encontrarem-se habilitados taria GM/MS N° 2.203, de 05 de novembro de 1996, no que couber.
serão desabilitados pela CIT.
170
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
TÍTULO II
LEI FEDERAL Nº. 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
DO ADOLESCENTE) E SUAS ALTERAÇÕES
CAPÍTULO I
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou- Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
tras providências. e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na- permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: em condições dignas de existência.
Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e
TÍTULO I às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às ges-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbi-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao to do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
adolescente. § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre § 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan-
doze e dezoito anos de idade. tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabeleci-
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep- mento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção
cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
anos de idade. § 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu-
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o
ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re-
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi-
social, em condições de liberdade e de dignidade.
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, § 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni- se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
dade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em § 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe- nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu- lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida- de 2016)
de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. § 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de-
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria-
cunstâncias; ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re- da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
levância pública; § 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du-
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-
públicas; -se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
cionadas com a proteção à infância e à juventude. § 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem
quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In-
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas
do adolescente como pessoas em desenvolvimento. sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi-
171
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen- c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída
te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
Lei nº 13.257, de 2016) d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154,
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana de 2021) Vigência
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in- f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam 2021) Vigência
para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
pela Lei nº 13.798, de 2019) 2021) Vigência
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigên-
com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria- cia
mente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi-
2019) gência
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive 2021) Vigência
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde de- Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
senvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154,
ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro- de 2021) Vigência
moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº
complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
13.257, de 2016) V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de- 14.154, de 2021) Vigência
verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de § 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste do
leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras-
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de doenças com maior prevalência no País, com protocolo de trata-
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; mento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im- de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju- § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser
ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos
competente; no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério
de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como imediato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
prestar orientação aos pais; acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces- eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela
neonato; Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol-
permanência junto à mãe. tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Siste-
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres- ma Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência) § 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi-
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nas- dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais
cido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da pela Lei nº 13.257, de 2016)
regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com imple- § 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque-
mentação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea-
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
2021) Vigência
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio-
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In- à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali- 2017)
zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de-
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à vítima. expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência so-
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência cial para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509,
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli- de 2017)
cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências § 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela
CAPÍTULO III Lei nº 13.509, de 2017)
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA § 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não
existir outro representante da família extensa apto a receber a guar-
SEÇÃO I da, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção
DISPOSIÇÕES GERAIS do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda
provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu- desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. (In-
cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi- cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente § 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
nº 13.257, de 2016) manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro- Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509,
grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re- de 2017)
avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge-
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten-
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta- ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária
da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em progra- § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze)
ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju- de 2017)
diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen- em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- criança após o nascimento, a criança será mantida com os genito-
vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas res, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen-
§ 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió- 13.509, de 2017)
dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen- § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças
to institucional, pela entidade responsável, independentemente de acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta)
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº
§ 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a 13.509, de 2017)
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluí- Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi-
do pela Lei nº 13.509, de 2017) mento institucional ou familiar poderão participar de programa de
§ 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en- nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
nº 13.509, de 2017) cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
174
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e § 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas de
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio-
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio-
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009)
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de § 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal cadas-
sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts.
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles- § 3 o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi-
centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis- mento em família acolhedora como política pública, os quais de-
sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas,
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes- capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado-
soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu- ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. § 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri-
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe- tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento
rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover- em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a
namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me-
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, median- SUBSEÇÃO III
te termo nos autos. DA TUTELA
SUBSEÇÃO II Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
DA GUARDA de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de- decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder familiar e
tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei implica necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída
nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu-
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu- mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in-
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal- gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan-
ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação
de representação para a prática de atos determinados. dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ- os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
denciários. deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vonta-
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrá- de, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
rio, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que
serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessa- SUBSEÇÃO IV
do ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) DA ADOÇÃO
Vigência
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun-
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma do o disposto nesta Lei.
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manuten-
ção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na
forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
176
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
12.010, de 2009) Vigência será também necessário o seu consentimento.
§ 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do ado- Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com
tando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades
Lei nº 13.509, de 2017) do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos § 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado-
à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado- tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
tantes. tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o Vigência
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispen-
matrimoniais. sa da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, nº 12.010, de 2009) Vigência
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
concubino do adotante e os respectivos parentes. pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun-
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des- damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509,
cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colate- de 2017)
rais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou do-
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde- miciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo,
pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorro-
de 2009) Vigência gável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fun-
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado- damentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº
tando. 13.509, de 2017)
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova- ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no
da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da ado-
2009) Vigência ção à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equi-
velho do que o adotando. pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe-
panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que
sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con- apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do defe-
vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên- rimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território na-
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
de 2009) Vigência em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi-
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti- Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº 12.010, de fornecerá certidão.
2009) Vigência § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine- bem como o nome de seus ascendentes.
quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro- § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis-
cedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº tro original do adotado.
12.010, de 2009) Vigência § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta- no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda-
gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
curatelado. 2009) Vigência
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
representante legal do adotando. a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-
tuídos do pátrio poder poder familiar . (Expressão substituída pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado- § 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residen-
tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos tes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
§§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
de 2009) Vigência 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga- § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de ado-
do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do ção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (In-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a ele § 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu arma- (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
zenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar
conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
12.010, de 2009) Vigência sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referi-
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em dos no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu-
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni-
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual pe- cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre-
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bioló- tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
gica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri-
medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
(dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser Lei nº 13.509, de 2017)
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
poder familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In-
foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi- 12.010, de 2009) Vigência
zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs- II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles-
tas no art. 29. cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi- III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal
pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu- de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade
nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluí-
§ 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação re- do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ferida no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e ado- § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
lescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re-
de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluí-
avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimen- § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte-
to e pela execução da política municipal de garantia do direito à ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de
§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na- grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº pretendente possui residência habitual em país-parte da Conven-
12.010, de 2009) Vigência ção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crian-
178
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promul- VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e so-
gada pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar licitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela
nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente bra- VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
sileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen-
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio-
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a com- nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei
provação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habi- nº 12.010, de 2009) Vigência
litados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In-
consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvi- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mento, e que se encontra preparado para a medida, mediante pa- § 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad-
recer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam
nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº
2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência § 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o cre-
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou denciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados
adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com
Vigência posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publica-
§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Au- ção nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
toridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção inter- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o Somente será admissível o credenciamento de organis-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento pre- I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à 12.010, de 2009) Vigência
adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção inter- II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
nacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está si- cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
tuada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí-
Vigência da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re- e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes- IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi-
soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e den-
Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde
IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne- estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Fe-
cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter- deral Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de
acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex-
12.010, de 2009) Vigência periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autorida-
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e de Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu- órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
ção, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, Vigência
de 2009) Vigência
179
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen- § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In- renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 14. É vedado o contato direto de representantes de organis-
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató- gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra- suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que jul-
sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório gar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (Inclu-
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In- Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan- estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetua-
12.010, de 2009) Vigência dos via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujei-
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste tos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
gência ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
gência reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respecti- pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
vo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país
a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Bra-
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, Vigência
bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria- Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
mente, as características da criança ou adolescente adotado, como país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori-
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di- dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita-
reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de Federal e determinará as providências necessárias à expedição do
2009) Vigência Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010,
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual- de 2009) Vigência
quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Pú-
e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- blico, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
gência se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden- ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re-
2009) Vigência querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re- ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade
presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe-
cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído
de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
180
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
CAPÍTULO IV Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-
LAZER logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado-
lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
-se-lhes: acesso às fontes de cultura.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es-
cola; timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
II - direito de ser respeitado por seus educadores; gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer e a juventude.
às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estu- CAPÍTULO V
dantis; DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên- TRABALHO
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019) anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência Federal)
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro- Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
postas educacionais. por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremia- Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me- fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de- educação em vigor.
pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: tes princípios:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regu-
que a ele não tiveram acesso na idade própria; lar;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen-
ensino médio; te;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de III - horário especial para o exercício das atividades.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura-
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero da bolsa de aprendizagem.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições trabalho protegido.
do adolescente trabalhador; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra- miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali- governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
mentação e assistência à saúde. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público cinco horas do dia seguinte;
subjetivo. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú- III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida- desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
de competente. IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüên-
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en- cia à escola.
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsável, pela freqüência à escola.
181
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu- VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula-
cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não- ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados
-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescen- nas famílias em situação de violência, com participação de profis-
te que dele participe condições de capacitação para o exercício de sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de
atividade regular remunerada. promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adoles-
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em cente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes- VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. outras informações relevantes às consequências e à frequência das
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho formas de violência contra a criança e o adolescente para a sistema-
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho tização de dados nacionalmente unificados e a avaliação periódica
não desfigura o caráter educativo. dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela Lei nº 14.344,
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro- de 2022) Vigência
teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana,
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e as
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído pela
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
TÍTULO III IX - a promoção e a realização de campanhas educativas dire-
DA PREVENÇÃO cionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão desta
Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das crian-
CAPÍTULO I ças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia existentes;
DISPOSIÇÕES GERAIS (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes, de
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou termos e de outros instrumentos de promoção de parceria entre ór-
violação dos direitos da criança e do adolescente. gãos governamentais ou entre estes e entidades não governamen-
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- tais, com o objetivo de implementar programas de erradicação da
pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas violência, de tratamento cruel ou degradante e de formas violentas
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo de educação, correção ou disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não 2022) Vigência
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a escolas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes
divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa- aos órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel identifiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam
ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma- violência e agressões no âmbito familiar ou institucional; (Incluído
nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Minis- XII - a promoção de programas educacionais que disseminem
tério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana,
os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as en- bem como de programas de fortalecimento da parentalidade po-
tidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e sitiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança e
nº 13.010, de 2014) o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e à res-
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do posta à violência doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº 14.344,
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias de 2022) Vigência
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en- Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com defi-
frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o ciência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; áreas da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) o art. 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros,
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a ga- com pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho
rantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- Tutelar suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança e o
-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação so- Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunica-
bre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de
degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
2014)
182
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e servi- de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação
ços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol- do público.
vimento.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- SEÇÃO II
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
Lei. I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
CAPÍTULO II III - produtos cujos componentes possam causar dependência
DA PREVENÇÃO ESPECIAL física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
SEÇÃO I seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVERSÕES E físico em caso de utilização indevida;
ESPETÁCULOS V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula- Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
em que sua apresentação se mostre inadequada.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos SEÇÃO III
públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es-
petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação. Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes-
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom-
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização
etária. judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po- § 1º A autorização não será exigida quando:
derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi- a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou
ção quando acompanhadas dos pais ou responsável. do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unida-
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, de da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Re-
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas dação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com-
apresentação ou exibição. provado documentalmente o parentesco;
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa- ou responsável.
ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de- § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res-
sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. ponsável, conceder autorização válida por dois anos.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a dispensável, se a criança ou adolescente:
que se destinam. I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa-
ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa- mente pelo outro através de documento com firma reconhecida.
das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma crian-
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que ça ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi- companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
das com embalagem opaca.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan-
to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni-
ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
família.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 3 o Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
2009) Vigência de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Execu-
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da tivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qua-
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- lificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em
gência programas de acolhimento institucional e destinados à colocação
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional familiar de crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder
ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra- Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei
ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá-
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco-
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi- lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do
tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de § 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimen-
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; to familiar ou institucional somente poderão receber recursos pú-
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí- blicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e
pios desta Lei; finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) esteja irregularmente constituída; § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo diri-
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. gente de entidade que desenvolva programas de acolhimento fa-
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe- miliar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da
rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, ca- acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
bendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles- educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
cente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
12.010, de 2009) Vigência de 2016)
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi- Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi-
mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí- mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência,
pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte- ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte
gração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de res-
cia ponsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - integração em família substituta, quando esgotados os Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciá-
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação ria, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Con-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência selho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu
V - não desmembramento de grupos de irmãos; encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en- ou a família substituta, observado o disposto no § 2 o do art. 101
tidades de crianças e adolescentes abrigados; desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - participação na vida da comunidade local; Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna-
VIII - preparação gradativa para o desligamento; ção têm as seguintes obrigações, entre outras:
IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu- I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
cativo. lescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
restrição na decisão de internação;
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi- devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído
nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se-
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro- guintes medidas:
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles- I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de responsabilidade;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen- III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta oficial de ensino fundamental;
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles-
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
2009) Vigência co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos 12.010, de 2009) Vigência
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
de 2009) Vigência dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, 12.010, de 2009) Vigência
direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
12.010, de 2009) Vigência medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com- sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co- colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
nhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex- § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis- proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên-
pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au-
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministé-
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o rio Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma- judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami-
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhados às instituições que executam programas de acolhimento
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote- institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de
ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me- Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga-
didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração 2009) Vigência
em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com- 2009) Vigência
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
gência -los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescen- IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
te, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado-
direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da me- lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento
dida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi-
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de
ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá-
187
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo- § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con-
cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis-
§ 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período
dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por zando de absoluta prioridade.
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
2009) Vigência previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispen-
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne- sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res- § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requeri-
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca- e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, 2016)
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das TÍTULO III
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu-
nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui- CAPÍTULO I
ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído DISPOSIÇÕES GERAIS
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do crime ou contravenção penal.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui- anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro a idade do adolescente à data do fato.
regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde-
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e insti- rão as medidas previstas no art. 101.
tucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza-
das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
188
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
SEÇÃO I SEÇÃO V
DISPOSIÇÕES GERAIS DA LIBERDADE ASSISTIDA
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi-
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
I - advertência; e orientar o adolescente.
II - obrigação de reparar o dano; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa-
III - prestação de serviços à comunidade; nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro-
IV - liberdade assistida; grama de atendimento.
V - inserção em regime de semi-liberdade;
189
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada anteriormente imposta.
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste arti-
Público e o defensor. go não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre nº 12.594, de 2012) (Vide)
outros: § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven-
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne- do outra medida adequada.
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex-
oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com-
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; pleição física e gravidade da infração.
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
e de sua inserção no mercado de trabalho; provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
IV - apresentar relatório do caso. Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
tre outros, os seguintes:
SEÇÃO VI I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE tério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so-
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente licitada;
de autorização judicial. V - ser tratado com respeito e dignidade;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
comunidade. VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
no que couber, as disposições relativas à internação. IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
soal;
SEÇÃO VII X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
DA INTERNAÇÃO salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri- de que assim o deseje;
tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
judicial em contrário. seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua tura depositados em poder da entidade;
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
máximo a cada seis meses. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
excederá a três anos. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado- te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberda- sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado-
de ou de liberdade assistida. lescente.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men-
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con-
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. tenção e segurança.
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
do:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça
ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
190
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
CAPÍTULO V TÍTULO V
DA REMISSÃO DO CONSELHO TUTELAR
191
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe- XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério Público
tência; para requerer a concessão de medidas cautelares direta ou indire-
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- tamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante ou denun-
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente ciante de informações de crimes que envolvam violência domésti-
autor de ato infracional; ca e familiar contra a criança e o adolescente. (Incluído pela Lei nº
VII - expedir notificações; 14.344, de 2022) Vigência
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse-
ou adolescente quando necessário; lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar,
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro- comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos informações sobre os motivos de tal entendimento e as providên-
direitos da criança e do adolescente; cias tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da fa-
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola- mília. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
Federal ; revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de interesse.
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família CAPÍTULO III
natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência DA COMPETÊNCIA
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis-
sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído constante do art. 147.
pela Lei nº 13.046, de 2014) CAPÍTULO IV
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade no
atendimento da criança e do adolescente vítima de violência do- Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
méstica e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído pela Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon-
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela
de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento cruel Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
ou degradante ou a formas violentas de educação, correção ou dis- § 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
ciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a prover orien- ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4
tação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos encaminha- (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub-
mentos necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência sequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696,
XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer de 2012)
o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de con- § 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
vivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de Lei nº 12.696, de 2012)
2022) Vigência § 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute-
XVI - representar à autoridade judicial para requerer a conces- lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao
são de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
a revisão daquelas já concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
2022) Vigência CAPÍTULO V
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a propo- DOS IMPEDIMENTOS
situra de ação cautelar de antecipação de produção de prova nas
causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente; Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir-
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua compe- mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
tência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou omissão, madrasta e enteado.
praticada em local público ou privado, que constitua violência do- Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na
méstica e familiar contra a criança e o adolescente; (Incluído pela forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre-
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de
violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
192
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
193
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder
b) certames de beleza. a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici-
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá- ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
ria levará em conta, dentre outros fatores: necessárias, ouvido o Ministério Público.
a) os princípios desta Lei; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
b) as peculiaridades locais; fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
c) a existência de instalações adequadas; origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
d) o tipo de freqüência habitual ao local; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou fre- Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
qüência de crianças e adolescentes;
f) a natureza do espetáculo. SEÇÃO II
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve- DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER PODER
rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de FAMILIAR
caráter geral. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
194
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios § 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso- técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encon- (dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
trar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pes- § 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a auto-
soa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que ridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 2017)
(Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4 o Quando o procedimento de destituição de poder familiar
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in- for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de no-
certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez) meação de curador especial em favor da criança ou adolescente.
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo- (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, po- inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
derá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em fa-
incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir mília substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
da intimação do despacho de nomeação. Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspen-
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberda- são do poder familiar será averbada à margem do registro de nas-
de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação cimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010,
pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela de 2009) Vigência
Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará SEÇÃO III
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu- DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA
mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das par-
tes ou do Ministério Público. Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimen-
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído to para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que
o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional couber, o disposto na seção anterior.
ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque- SEÇÃO IV
rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
de 2017)
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca-
partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu- ção em família substituta:
nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão I - qualificação completa do requerente e de seu eventual côn-
ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da juge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no art. 24 II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi-
§ 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) cando se tem ou não parente vivo;
§ 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou pais, se conhecidos;
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan-
compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº do, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
12.010, de 2009) Vigência V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendi-
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem iden- mentos relativos à criança ou ao adolescente.
tificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
não comparecimento perante a Justiça quando devidamente cita- também os requisitos específicos.
dos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
§ 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a auto- suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente
ridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for-
pela Lei nº 12.962, de 2014) mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará prios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru- § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
ção e julgamento. dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devi- Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
damente assistidas por advogado ou por defensor público, para a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este res-
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº SEÇÃO V
13.509, de 2017) DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A
§ 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será pre- ADOLESCENTE
cedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe in-
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
§ 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos deten- cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
tores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações. (Reda- tente.
ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para
§ 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional
se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste arti- praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da re-
go. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) partição especializada, que, após as providências necessárias e con-
§ 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da forme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exer- Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me-
cer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial,
prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de-
pela Lei nº 13.509, de 2017) verá:
§ 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após o I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- lescente;
gência II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
§ 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprova-
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser- ção da materialidade e autoria da infração.
viço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circuns-
de garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei tanciada.
nº 13.509, de 2017) Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial,
das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresenta-
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, ção ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sen-
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no do impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
caso de adoção, sobre o estágio de convivência. gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o ado-
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou lescente permanecer sob internação para garantia de sua seguran-
do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ça pessoal ou manutenção da ordem pública.
ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim
ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á de ocorrência.
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, deci- § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade
dindo a autoridade judiciária em igual prazo. policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento,
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no
ou a suspensão do pátrio poder poder familiar constituir pressupos- prazo de vinte e quatro horas.
to lógico da medida principal de colocação em família substituta, § 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendi-
será observado o procedimento contraditório previsto nas Seções mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de
II e III deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apre-
2009) Vigência sentação em dependência separada da destinada a maiores, não
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará-
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o grafo anterior.
disposto no art. 35. Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis- encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Públi-
posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. co cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientifica-
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto- dos do teor da representação, e notificados a comparecer à audiên-
ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público cia, acompanhados de advogado.
relatório das investigações e demais documentos. § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autori-
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato in- dade judiciária dará curador especial ao adolescente.
fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar- § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici-
timento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o so-
sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou brestamento do feito, até a efetiva apresentação.
mental, sob pena de responsabilidade. § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi- apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
tim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do ado- § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de-
lescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente trans-
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. ferido para a localidade mais próxima.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o represen- § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
tante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo
polícias civil e militar. ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsa-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ante- bilidade.
rior, o representante do Ministério Público poderá: Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá-
I - promover o arquivamento dos autos; vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, poden-
II - conceder a remissão; do solicitar opinião de profissional qualificado.
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medi- § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
da sócio-educativa. ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
remissão pelo representante do Ministério Público, mediante ter- internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autorida-
mo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão de judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado
conclusos à autoridade judiciária para homologação. constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade em continuação, podendo determinar a realização de diligências e
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medi- estudo do caso.
da. § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos au- de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defe-
tos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamen- sa prévia e rol de testemunhas.
tado, e este oferecerá representação, designará outro membro do § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as dili-
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada gências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada
a homologar. a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor,
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, pror-
Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe- rogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instaura- seguida proferirá decisão.
ção de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não com-
se afigurar a mais adequada. parecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autori-
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o dade judiciária designará nova data, determinando sua condução
breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quan- coercitiva.
do necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do
mente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária. processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento,
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da antes da sentença.
autoria e materialidade. Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida,
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do desde que reconheça na sentença:
procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, I - estar provada a inexistência do fato;
será de quarenta e cinco dias. II - não haver prova da existência do fato;
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária III - não constituir o fato ato infracional;
designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o
desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob- ato infracional.
servado o disposto no art. 108 e parágrafo. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adoles-
cente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter- Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos
nação ou regime de semi-liberdade será feita: autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
I - ao adolescente e ao seu defensor; de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
responsável, sem prejuízo do defensor. Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua iden-
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unica- tidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e ma-
mente na pessoa do defensor. terialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
SEÇÃO V-A Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.441, DE 2017) servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces-
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A INVESTI- sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
GAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE CRIAN- Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
ÇA E DE ADOLESCENTE” incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento si-
giloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessá-
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com rias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A 13.441, de 2017)
, 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Se-
218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela Lei
(Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº nº 13.441, de 2017)
13.441, de 2017) Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
I – será precedida de autorização judicial devidamente circuns- praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
tanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441,
Lei nº 13.441, de 2017) de 2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegu-
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de rando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pesso- a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído
as; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) pela Lei nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem pre- SEÇÃO VI
juízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720 DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE
(setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessida- ATENDIMENTO
de, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017) Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requi- entidade governamental e não-governamental terá início median-
sitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do término te portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, re-
Lei nº 13.441, de 2017) sumo dos fatos.
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní- afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- fundamentada.
zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
de 2017) dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e ende- indicar as provas a produzir.
reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamen-
de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. to, intimando as partes.
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
pela Lei nº 13.441, de 2017) autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia-
medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
2017) marcando prazo para a substituição.
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Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra- de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com- III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo
petente: ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título,
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
apreensão sem observância das formalidades legais. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apre- Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
pessoa por ele indicada: de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de siste-
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : ma de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
em benefício de adolescente privado de liberdade: 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In-
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Públi- cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
co no exercício de função prevista nesta Lei: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste
de colocação em lar substituto: artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei
terceiro, mediante paga ou recompensa: nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
efetiva a paga ou recompensa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. § 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres- § 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi-
pondente à violência. nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829,
criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa-
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete III – representante legal e funcionários responsáveis de prove-
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado-
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori-
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)
204
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalva-
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de do o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440,
2008) de 2017)
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera- o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído
outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
de 2008) § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In-
pela Lei nº 11.829, de 2008) cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex- Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual- (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual- nº 12.015, de 2009)
quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
pela Lei nº 11.829, de 2008) Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumenta-
pela Lei nº 11.829, de 2008) das de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati- (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o CAPÍTULO II
fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual- DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
mente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres- Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por esta-
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer belecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-es-
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais cola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (In- maus-tratos contra criança ou adolescente:
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- o dobro em caso de reincidência.
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
ou explosivo: atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda o dobro em caso de reincidência.
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com- da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento
ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crian-
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) ça ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, o dobro em caso de reincidência.
de 2015) § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmen-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- te, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracio-
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi- nal, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos
do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, di-
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utili- reta ou indiretamente.
zação indevida: § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autori-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- dade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou
nidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda declarada inconstitucional pela ADIN 869).
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
205
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-
rentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela ou -se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Con- revista ou publicação.
selho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em-
Vigência presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no
o dobro em caso de reincidência. espetáculo:
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Re- mento do estabelecimento por até quinze dias.
dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta- Vigência
belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
de 2009). reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento ins-
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: titucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta-
o dobro em caso de reincidência. belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú- encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co-
blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho
de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica- Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
ção: reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro-
o dobro em caso de reincidência. grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con-
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer repre- vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
sentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
se recomendem: Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe- Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer-
em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei
(Expressão declarada inconstitucional pela ADI 2.404). nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas- Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publi-
sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou cação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a cria-
adolescentes admitidos ao espetáculo: ção ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendi-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci- mento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove-
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí-
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro- pios estabelecidos nesta Lei.
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos
pelo órgão competente: dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta-
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte-
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
mento do estabelecimento por até quinze dias. limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des- I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
ta Lei: pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
206
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei
pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto nº 12.594, de 2012) (Vide)
no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efei- III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº
to) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi-
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais gor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, observa-
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comu- das instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
nitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi- o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a pes-
tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por soa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-ca-
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. lendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Eco- concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado
nomia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594,
doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela de 2012) (Vide)
Lei nº 8.242, de 12.10.1991) Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a for- ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
de 26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o inciso I do pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela
caput : (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do pe-
em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei ríodo a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº
nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa operacional na Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem
apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de de 2012) (Vide)
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla- Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das con-
ração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Con-
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído selho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594,
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
§ 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende-
a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do reço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa-
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, dor; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide)
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído
de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
207
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be-
nº 12.594, de 2012) (Vide) neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário
§ 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por
a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
em relação anexa ao comprovante, informando também se houve V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluí- projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (In-
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documenta-
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na-
ção hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594,
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
de 2012) (Vide)
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes-
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca,
soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos
nº 12.594, de 2012) (Vide) no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara- Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-
ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca- G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro-
do; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será con- Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
siderado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do
leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico conten-
nº 12.594, de 2012) (Vide) do a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indi-
260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cin- cação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
co) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das con- pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as
estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594, instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
de 2012) (Vide) K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian-
gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados
nº 12.594, de 2012) (Vide) perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a enti-
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do dade.
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
(Vide)
criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) seus respectivos níveis.
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre- Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as
vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi-
conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº ciária.
12.594, de 2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles- (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla- 1) Art. 121 ............................................................
mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço,
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
de 2012) (Vide) arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi- vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
2012) (Vide) é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
menor de catorze anos.
208
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
209
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo CAPÍTULO III
de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e DOS ALIMENTOS
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido
na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 11. Os alimentos serão prestados à pessoa idosa na forma
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos di- da lei civil. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
reitos da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo a pessoa
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven- idosa optar entre os prestadores. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. de 2022)
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele-
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste- nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737,
munhado ou de que tenha conhecimento. de 2008)
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem
Municipais da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janei- condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao poder
ro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos da pessoa idosa, público esse provimento, no âmbito da assistência social. (Redação
definidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
TÍTULO II CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO À SAÚDE
210
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá IV – Conselho Estadual da Pessoa Idosa; (Redação dada pela Lei
o contato necessário com a pessoa idosa em sua residência; ou (Re- nº 14.423, de 2022)
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) V – Conselho Nacional da Pessoa Idosa. (Redação dada pela Lei
II - quando de interesse da própria pessoa idosa, esta se fará nº 14.423, de 2022)
representar por procurador legalmente constituído. (Redação dada § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a
pela Lei nº 14.423, de 2022) pessoa idosa qualquer ação ou omissão praticada em local público
§ 6º É assegurado à pessoa idosa enferma o atendimento do- ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psi-
miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social cológico. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
(INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre-
saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS, para expe- vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
dição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
sociais e de isenção tributária. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
de 2022) CAPÍTULO V
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 (oiten- DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
ta) anos terão preferência especial sobre as demais pessoas idosas,
exceto em caso de emergência. (Redação dada pela Lei nº 14.423, Art. 20. A pessoa idosa tem direito a educação, cultura, espor-
de 2022) te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem
Art. 16. À pessoa idosa internada ou em observação é assegu- sua peculiar condição de idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
rado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde propor- de 2022)
cionar as condições adequadas para a sua permanência em tem- Art. 21. O poder público criará oportunidades de acesso da
po integral, segundo o critério médico. (Redação dada pela Lei nº pessoa idosa à educação, adequando currículos, metodologias e
14.423, de 2022) material didático aos programas educacionais a ela destinados. (Re-
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento da § 1º Os cursos especiais para pessoas idosas incluirão conteúdo
pessoa idosa ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tecnológicos, para sua integração à vida moderna. (Redação dada
Art. 17. À pessoa idosa que esteja no domínio de suas facul- pela Lei nº 14.423, de 2022)
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de § 2º As pessoas idosas participarão das comemorações de ca-
saúde que lhe for reputado mais favorável. (Redação dada pela Lei ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivên-
nº 14.423, de 2022) cias às demais gerações, no sentido da preservação da memória e
Parágrafo único. Não estando a pessoa idosa em condições de da identidade culturais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
proceder à opção, esta será feita: (Redação dada pela Lei nº 14.423, Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
de 2022) formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
I – pelo curador, quando a pessoa idosa for interditada; (Reda- cimento, ao respeito e à valorização da pessoa idosa, de forma a
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
II – pelos familiares, quando a pessoa idosa não tiver curador (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ou este não puder ser contactado em tempo hábil; (Redação dada Art. 23. A participação das pessoas idosas em atividades cultu-
pela Lei nº 14.423, de 2022) rais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo me-
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não nos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísti-
houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; cos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami- aos respectivos locais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horá-
Público. rios especiais voltados às pessoas idosas, com finalidade informati-
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios va, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
mínimos para o atendimento às necessidades da pessoa idosa, pro- envelhecimento. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
movendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes-
como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda. soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência prati- atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535,
cada contra pessoas idosas serão objeto de notificação compulsória de 2017)
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer-
bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quais- sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de
quer dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados à
2022) pessoa idosa, que facilitem a leitura, considerada a natural redução
I – autoridade policial; da capacidade visual. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal da Pessoa Idosa; (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022)
211
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 26. A pessoa idosa tem direito ao exercício de atividade Art. 33. A assistência social às pessoas idosas será prestada,
profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psí- de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos
quicas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), na Política Nacional da
Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou Pessoa Idosa, no SUS e nas demais normas pertinentes (Redação
emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a Art. 34. Às pessoas idosas, a partir de 65 (sessenta e cinco)
natureza do cargo o exigir. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de
2022) tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con- (um) salário mínimo, nos termos da Loas. (Vide Decreto nº 6.214,
curso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais de 2007) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
elevada. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: da família nos termos do caput não será computado para os fins do
I – profissionalização especializada para as pessoas idosas, cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regula- Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar,
res e remuneradas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes-
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com soa idosa abrigada.
antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos § 1º No caso de entidade filantrópica, ou casa-lar, é facultada
projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento so- a cobrança de participação da pessoa idosa no custeio da entidade.
bre os direitos sociais e de cidadania; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – estímulo às empresas privadas para admissão de pessoas § 2º O Conselho Municipal da Pessoa Idosa ou o Conselho Mu-
idosas ao trabalho. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nicipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação
prevista no § 1º deste artigo, que não poderá exceder a 70% (seten-
CAPÍTULO VII ta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistên-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL cia social percebido pela pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas em situação de ris-
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. co social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção econômica, para os efeitos legais. (Vigência) (Redação dada pela Lei
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, nº 14.423, de 2022)
pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu
último reajustamento, com base em percentual definido em regula- CAPÍTULO IX
mento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de DA HABITAÇÃO
24 de julho de 1991.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada Art. 37. A pessoa idosa tem direito a moradia digna, no seio
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa da família natural ou substituta, ou desacompanhada de seus fami-
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente liares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be- privada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
nefício. § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no permanência será prestada quando verificada inexistência de gru-
caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no po familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros
9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de- próprios ou da família.
-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, § 2º Toda instituição dedicada ao atendimento à pessoa idosa
o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe- interdição, além de atender toda a legislação pertinente. (Redação
tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos § 3º As instituições que abrigarem pessoas idosas são obriga-
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe- das a manter padrões de habitação compatíveis com as necessida-
ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês des delas, bem como provê-las com alimentação regular e higiene
do efetivo pagamento. indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base penas da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
dos aposentados e pensionistas.
212
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
213
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res- III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação
ponsáveis por pessoas idosas abandonados em hospitais e institui- suficiente;
ções de longa permanência; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de
2022) habitabilidade;
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi- V – oferecer atendimento personalizado;
tos das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami-
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação liares;
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento da pessoa VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) visitas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
CAPÍTULO II da pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
de lazer;
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla- acordo com suas crenças;
nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
Nacional da Pessoa Idosa, conforme a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor-
de 1994. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) rência de pessoa idosa com doenças infectocontagiosas; (Redação
Parágrafo único. As entidades governamentais e não governa- dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mentais de assistência à pessoa idosa ficam sujeitas à inscrição de XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi-
seus programas perante o órgão competente da Vigilância Sanitária site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles
e o Conselho Municipal da Pessoa Idosa e, em sua falta, perante o que não os tiverem, na forma da lei;
Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que
regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: (Re- receberem das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) de 2022)
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha- XV – manter arquivo de anotações no qual constem data e cir-
bitabilidade, higiene, salubridade e segurança; cunstâncias do atendimento, nome da pessoa idosa, responsável,
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho com- parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como
patíveis com os princípios desta Lei; o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais da-
III – estar regularmente constituída; dos que possibilitem sua identificação e a individualização do aten-
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. dimento; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu- XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princí- cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
pios: familiares;
I – preservação dos vínculos familiares; XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; ção específica.
III – manutenção da pessoa idosa na mesma instituição, salvo Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos pres-
em caso de força maior; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tadoras de serviço às pessoas idosas terão direito à assistência judi-
IV – participação da pessoa idosa nas atividades comunitárias, ciária gratuita. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de caráter interno e externo; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022) CAPÍTULO III
V – observância dos direitos e garantias das pessoas idosas; DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
VI – preservação da identidade da pessoa idosa e oferecimento Art. 52. As entidades governamentais e não governamentais
de ambiente de respeito e dignidade. (Redação dada pela Lei nº de atendimento à pessoa idosa serão fiscalizadas pelos Conselhos
14.423, de 2022) da Pessoa Idosa, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten- previstos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
dimento à pessoa idosa responderá civil e criminalmente pelos atos Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
que praticar em detrimento da pessoa idosa, sem prejuízo das san- a seguinte redação:
ções administrativas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com a pes- da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias
soa idosa, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da político-administrativas.” (NR)
entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos
preços, se for o caso; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares as mento.
pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
214
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a
determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa- prioridade no atendimento à pessoa idosa: (Redação dada pela Lei
bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin- nº 14.423, de 2022)
tes penalidades, observado o devido processo legal: Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00
I – as entidades governamentais: (mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano
a) advertência; sofrido pela pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
b) afastamento provisório de seus dirigentes; 2022)
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; CAPÍTULO V
II – as entidades não-governamentais: DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS
a) advertência; DE PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA
b) multa; (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 14.423, DE 2022)
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão
e) proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do inte- atualizados anualmente, na forma da lei.
resse público. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade ad-
§ 1º Havendo danos às pessoas idosas abrigadas ou qualquer ministrativa por infração às normas de proteção à pessoa idosa terá
tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento pro- início com requisição do Ministério Público ou auto de infração ela-
visório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do borado por servidor efetivo e assinado, se possível, por 2 (duas) tes-
programa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) temunhas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públi- § 1o No procedimento iniciado com o auto de infração pode-
cas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finali- rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
dade dos recursos. circunstâncias da infração.
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento § 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, in- tro) horas, por motivo justificado.
clusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução da Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
entidade, com a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
do interesse público, sem prejuízo das providências a serem toma- I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
das pela Vigilância Sanitária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de lavrado na presença do infrator;
2022) II – por via postal, com aviso de recebimento.
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a na- Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde da pessoa ido-
tureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro- sa, a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento
vierem para a pessoa idosa, as circunstâncias agravantes ou ate- as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das provi-
nuantes e os antecedentes da entidade. (Redação dada pela Lei nº dências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas
14.423, de 2022) demais instituições legitimadas para a fiscalização. (Redação dada
pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO IV Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem preju-
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter- ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo
minações do art. 50 desta Lei: Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 fiscalização.
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden-
do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas CAPÍTULO VI
as exigências legais. DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDA-
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de DE DE ATENDIMENTO
longa permanência, as pessoas idosas abrigadas serão transferidas
para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad-
enquanto durar a interdição. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis nos
2022) 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de entidade governamental e não governamental de atendimento à
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pes- pessoa idosa terá início mediante petição fundamentada de pessoa
soa idosa de que tiver conhecimento: (Redação dada pela Lei nº interessada ou iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela
14.423, de 2022) Lei nº 14.423, de 2022)
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
215
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, § 4º Para o atendimento prioritário, será garantido à pessoa
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento idosa o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a desti-
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar nação a pessoas idosas em local visível e caracteres legíveis. (Reda-
adequadas, para evitar lesão aos direitos da pessoa idosa, mediante ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
decisão fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) § 5º Dentre os processos de pessoas idosas, dar-se-á priorida-
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de de especial aos das maiores de 80 (oitenta) anos. (Redação dada
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen- pela Lei nº 14.423, de 2022)
tos e indicar as provas a produzir.
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida- CAPÍTULO II
de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e DO MINISTÉRIO PÚBLICO
julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou-
tras provas. Art. 72. (VETADO)
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin- serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
do a autoridade judiciária em igual prazo. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi- ção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indis-
ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas- poníveis e individuais homogêneos da pessoa idosa; (Redação dada
tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder pela Lei nº 14.423, de 2022)
à substituição. II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de inter-
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade dição total ou parcial, de designação de curador especial, em cir-
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades cunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem em que se discutam os direitos das pessoas idosas em condições de
julgamento do mérito. risco; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da III – atuar como substituto processual da pessoa idosa em si-
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. tuação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
TÍTULO V IV – promover a revogação de instrumento procuratório da
DO ACESSO À JUSTIÇA pessoa idosa, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
necessário ou o interesse público justificar; (Redação dada pela Lei
CAPÍTULO I nº 14.423, de 2022)
DISPOSIÇÕES GERAIS V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen-
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí- tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no-
tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. ou Militar;
Art. 70. O poder público poderá criar varas especializadas e b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
exclusivas da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
2022) reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos tigatórias;
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em c) requisitar informações e documentos particulares de insti-
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou tuições privadas;
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou
artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori- infrações às normas de proteção à pessoa idosa; (Redação dada
dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará pela Lei nº 14.423, de 2022)
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
em local visível nos autos do processo. assegurados à pessoa idosa, promovendo as medidas judiciais e
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, extrajudiciais cabíveis; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públi- irregularidades porventura verificadas;
cos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para
relação aos Serviços de Assistência Judiciária. o desempenho de suas atribuições;
216
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
das pessoas idosas previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
14.423, de 2022) interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
teses, segundo dispuser a lei. Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem ou- de que cuida esta Lei.
tras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Mi- § 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
nistério Público. ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de assumir a titularidade ativa.
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento à Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di- caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. mandado de segurança.
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
será feita pessoalmente. gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- prático equivalente ao adimplemento.
rimento de qualquer interessado. § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
CAPÍTULO III conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETI- ma do art. 273 do Código de Processo Civil.
VOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS § 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
nistério Público deverão ser fundamentadas. para o cumprimento do preceito.
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- § 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa, da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: (Reda- se houver configurado.
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
I – acesso às ações e serviços de saúde; Fundo da Pessoa Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento
ou com limitação incapacitante; (Redação dada pela Lei nº 14.423, à pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de 2022) Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença in- após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
fectocontagiosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) daquele.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in- para evitar dano irreparável à parte.
dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
protegidos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
no foro do domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá competência administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado
Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. da sentença condenatória favorável à pessoa idosa sem que o autor
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facul-
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, tada igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou
coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se assumindo o polo ativo, em caso de inércia desse órgão. (Redação
legitimados, concorrentemente: dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I – o Ministério Público; Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian-
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; outras despesas.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério
Público.
217
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me-
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele- § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
mentos de convicção. encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no § 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por
exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos superendividamento da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
que possam configurar crime de ação pública contra a pessoa idosa 14.423, de 2022)
ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encami- Art. 97. Deixar de prestar assistência à pessoa idosa, quando
nhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providên- possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo,
cias cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
querer às autoridades competentes as certidões e informações que (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presidên-
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis-
cia, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo públi-
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
co ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
a morte.
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di- Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em hospitais, casas de saú-
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro- de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover
positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
arquivamento, fazendo-o fundamentadamente. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psí-
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Públi- quica, da pessoa idosa, submetendo-a a condições desumanas ou
co ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. degradantes ou privando-a de alimentos e cuidados indispensáveis,
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho excessivo ou
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Co- inadequado: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitima- Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
das poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
juntados ou anexados às peças de informação. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena- § 2o Se resulta a morte:
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses
para o ajuizamento da ação. a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
TÍTULO VI motivo de idade;
DOS CRIMES II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
CAPÍTULO I prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
DISPOSIÇÕES GERAIS IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo-
esta Lei;
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri-
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro-
Ministério Público.
cedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
do Código de Processo Penal. (Vide ADIN 3.096-5 - STF) tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
parte ou interveniente a pessoa idosa: (Redação dada pela Lei nº
CAPÍTULO II 14.423, de 2022)
DOS CRIMES EM ESPÉCIE Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplica-
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código ção diversa da de sua finalidade: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Penal. de 2022)
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di- Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência da pessoa
reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne- idosa, como abrigada, por recusa desta em outorgar procuração
cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: à entidade de atendimento: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 2022)
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
219
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
“Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direi-
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan- tos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:
tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi- I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das
mento prioritário, nos termos desta Lei.” (NR) políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun- autista;
do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional da Pes- II - a participação da comunidade na formulação de políticas
soa Idosa seja criado, os recursos necessários, em cada exercício públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro au-
financeiro, para aplicação em programas e ações relativos à pessoa tista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) avaliação;
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relati- III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com
vos à população idosa do País. transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce,
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio- o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nu-
nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de trientes;
Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, IV - (VETADO);
de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espec-
estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País. tro autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da deficiência e as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004. VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação
pública relativa ao transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais es-
LEI FEDERAL Nº. 12.764/2012 (POLÍTICA NACIONAL pecializados no atendimento à pessoa com transtorno do espectro
DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM autista, bem como a pais e responsáveis;
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA) E SUAS
VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para es-
ALTERAÇÕES
tudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as
características do problema relativo ao transtorno do espectro au-
LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012. tista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito públi-
com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei co ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro au-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- tista:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvi-
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Di- mento da personalidade, a segurança e o lazer;
reitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
diretrizes para sua consecução. III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com trans- integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
torno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica ca- a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
racterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: b) o atendimento multiprofissional;
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comu- c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
nicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada d) os medicamentos;
de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter IV - o acesso:
relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; a) à educação e ao ensino profissionalizante;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, inte- b) à moradia, inclusive à residência protegida;
resses e atividades, manifestados por comportamentos motores c) ao mercado de trabalho;
ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais inco- d) à previdência social e à assistência social.
muns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pes-
ritualizados; interesses restritos e fixos. soa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considera- de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º , terá direito a
da pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. acompanhante especializado.
§ 3º Os estabelecimentos públicos e privados referidos na Lei Art. 3º-A. É criada a Carteira de Identificação da Pessoa com
nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, poderão valer-se da fita que- Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com vistas a garantir aten-
bra-cabeça, símbolo mundial da conscientização do transtorno do ção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no
espectro autista, para identificar a prioridade devida às pessoas acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de
com transtorno do espectro autista. (Incluído pela Lei nº 13.977, saúde, educação e assistência social (Incluído pela Lei nº 13.977,
de 2020) de 2020)
220
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 1º A Ciptea será expedida pelos órgãos responsáveis pela exe- Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade competente, que re-
cução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com cusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou
Transtorno do Espectro Autista dos Estados, do Distrito Federal e qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3
dos Municípios, mediante requerimento, acompanhado de relató- (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.
rio médico, com indicação do código da Classificação Estatística In- § 1º Em caso de reincidência, apurada por processo administra-
ternacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), e tivo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, haverá a perda
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: (Incluído pela do cargo.
Lei nº 13.977, de 2020) § 2º (VETADO).
I - nome completo, filiação, local e data de nascimento, núme- Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ro da carteira de identidade civil, número de inscrição no Cadastro Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191º da Independência e
de Pessoas Físicas (CPF), tipo sanguíneo, endereço residencial com- 124º da República.
pleto e número de telefone do identificado; (Incluído pela Lei nº
13.977, de 2020)
LEI FEDERAL Nº. 13.146/2015 (ESTATUTO DA PESSOA
II - fotografia no formato 3 (três) centímetros (cm) x 4 (quatro)
COM DEFICIÊNCIA) E SUAS ALTERAÇÕES.
centímetros (cm) e assinatura ou impressão digital do identificado;
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
III - nome completo, documento de identificação, endereço re- LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.
sidencial, telefone e e-mail do responsável legal ou do cuidador;
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
IV - identificação da unidade da Federação e do órgão expe- (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
didor e assinatura do dirigente responsável. (Incluído pela Lei nº A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
13.977, de 2020) cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 2º Nos casos em que a pessoa com transtorno do espectro
autista seja imigrante detentor de visto temporário ou de autori- LIVRO I
zação de residência, residente fronteiriço ou solicitante de refúgio, PARTE GERAL
deverá ser apresentada a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE),
a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou o Documento TÍTULO I
Provisório de Registro Nacional Migratório (DPRNM), com validade DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
em todo o território nacional. (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) anos, devendo ser man- CAPÍTULO I
tidos atualizados os dados cadastrais do identificado, e deverá ser DISPOSIÇÕES GERAIS
revalidada com o mesmo número, de modo a permitir a contagem
das pessoas com transtorno do espectro autista em todo o territó- Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
rio nacional. (Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a as-
§ 4º Até que seja implementado o disposto no caput deste ar- segurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
tigo, os órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional de direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autis- visando à sua inclusão social e cidadania.
ta deverão trabalhar em conjunto com os respectivos responsáveis Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os
pela emissão de documentos de identificação, para que sejam in- Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
cluídas as necessárias informações sobre o transtorno do espectro ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo
autista no Registro Geral (RG) ou, se estrangeiro, na Carteira de Re- nº 186, de 9 de julho de 2008 , em conformidade com o procedi-
gistro Nacional Migratório (CRNM) ou na Cédula de Identidade de mento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República Fe-
Estrangeiro (CIE), válidos em todo o território nacional. (Incluído derativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
pela Lei nº 13.977, de 2020) desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949,
Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não será de 25 de agosto de 2009 , data de início de sua vigência no plano
submetida a tratamento desumano ou degradante, não será priva- interno.
da de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discrimina- Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
ção por motivo da deficiência. impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médi- ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
ca em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4º obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. de condições com as demais pessoas.
Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não será § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsi-
impedida de participar de planos privados de assistência à saúde cossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e
em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dis- considerará: (Vigência) (Vide Decreto nº 11.063, de 2022)
põe o art. 14 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998. I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
Art. 6º (VETADO). II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
221
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
IV - a restrição de participação. que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os di-
deficiência. (Vide Lei nº 13.846, de 2019) (Vide Lei nº 14.126, de reitos e liberdades fundamentais;
2021) VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa-
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para uti- neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé-
lização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equi- trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abaste-
pamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comuni- cimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam
cação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros as indicações do planejamento urbanístico;
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou priva- VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias
dos de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen-
com deficiência ou com mobilidade reduzida; tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica-
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro- ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses
gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces- elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares,
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
de tecnologia assistiva; de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa- outros de natureza análoga;
mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por
e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou
atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili- temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida-
dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges-
de vida e inclusão social; tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor- X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Aco-
tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem lhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas
como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida- em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas,
de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das
acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos
entre outros, classificadas em: com deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragi-
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; lizados ou rompidos;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos XI - moradia para a vida independente da pessoa com defici-
e privados; ência: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e am-
de transportes; pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família,
entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas ativida-
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tec- des diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
nologia da informação; com profissões legalmente estabelecidas;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que im- XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce ativida-
peçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defici- des de alimentação, higiene e locomoção do estudante com defi-
ência em igualdade de condições e oportunidades com as demais ciência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer
pessoas; necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em insti-
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o aces- tuições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimen-
so da pessoa com deficiência às tecnologias; tos identificados com profissões legalmente estabelecidas;
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de-
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- pessoal.
lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo-
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, CAPÍTULO II
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in-
cluindo as tecnologias da informação e das comunicações; Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma es-
necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional pécie de discriminação.
e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que
tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o
222
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades funda- IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais
mentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adapta- acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segu-
ções razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas. rança no embarque e no desembarque;
§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de V - acesso a informações e disponibilização de recursos de co-
benefícios decorrentes de ação afirmativa. municação acessíveis;
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, cruel- VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e admi-
dade, opressão e tratamento desumano ou degradante. nistrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e di-
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput ligências.
deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, § 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acom-
o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência. panhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal,
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
soa, inclusive para: § 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a priori-
I - casar-se e constituir união estável; dade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de aten-
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; dimento médico.
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de
ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planeja- TÍTULO II
mento familiar; DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória; CAPÍTULO I
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comu- DO DIREITO À VIDA
nitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pes-
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com soa com deficiência ao longo de toda a vida.
as demais pessoas. Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado
Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente de calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada
qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua pro-
com deficiência. teção e segurança.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a
tribunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem as viola- se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a
ções previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público institucionalização forçada.
para as providências cabíveis. Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa
referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à materni- com deficiência é indispensável para a realização de tratamento,
dade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, procedimento, hospitalização e pesquisa científica.
ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao § 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de cura-
transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao tela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau possível,
lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecno- para a obtenção de consentimento.
lógicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência
e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da em situação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em cará-
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro- ter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto
tocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e
bem-estar pessoal, social e econômico. desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável
com participantes não tutelados ou curatelados.
SEÇÃO ÚNICA Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de
morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior inte-
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendi- resse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
mento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; CAPÍTULO II
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendi- DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
mento ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tec- Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito
nológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições da pessoa com deficiência.
com as demais pessoas; Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação
tem por objetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos,
habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
223
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquis- § 3º Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com
ta da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilita-
social em igualdade de condições e oportunidades com as demais ção, deve ser garantida capacitação inicial e continuada.
pessoas. § 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à pes-
Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia-se soa com deficiência devem assegurar:
em avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e po- I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe
tencialidades de cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes: multidisciplinar;
I - diagnóstico e intervenção precoces; II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre que neces-
II - adoção de medidas para compensar perda ou limitação fun- sários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manuten-
cional, buscando o desenvolvimento de aptidões; ção da melhor condição de saúde e qualidade de vida;
III - atuação permanente, integrada e articulada de políticas III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambu-
públicas que possibilitem a plena participação social da pessoa com latorial e internação;
deficiência; IV - campanhas de vacinação;
IV - oferta de rede de serviços articulados, com atuação inter- V - atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e
setorial, nos diferentes níveis de complexidade, para atender às ne- atendentes pessoais;
cessidades específicas da pessoa com deficiência; VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orien-
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com tação sexual da pessoa com deficiência;
deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertili-
Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas zação assistida;
do Sistema Único de Saúde (SUS). VIII - informação adequada e acessível à pessoa com deficiência
Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilita- e a seus familiares sobre sua condição de saúde;
ção para a pessoa com deficiência, são garantidos: IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desen-
I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para volvimento de deficiências e agravos adicionais;
atender às características de cada pessoa com deficiência; X - promoção de estratégias de capacitação permanente das
II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços; equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no aten-
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e dimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus
equipamentos adequados e apoio técnico profissional, de acordo atendentes pessoais;
com as especificidades de cada pessoa com deficiência; XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção,
IV - capacitação continuada de todos os profissionais que parti- medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme as nor-
cipem dos programas e serviços. mas vigentes do Ministério da Saúde.
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover ações § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às institui-
articuladas para garantir à pessoa com deficiência e sua família a ções privadas que participem de forma complementar do SUS ou
aquisição de informações, orientações e formas de acesso às polí- que recebam recursos públicos para sua manutenção.
ticas públicas disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à pre-
participação social. venção de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de:
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste artigo I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com
podem fornecer informações e orientações nas áreas de saúde, de garantia de parto humanizado e seguro;
educação, de cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de previ- II - promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis,
dência social, de assistência social, de habitação, de trabalho, de vigilância alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral
empreendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção, proteção dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da
e defesa de direitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa criança;
com deficiência exercer sua cidadania. III - aprimoramento e expansão dos programas de imunização
e de triagem neonatal;
CAPÍTULO III IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
DO DIREITO À SAÚDE Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de saúde
são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, todos
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da
SUS, garantido acesso universal e igualitário. pessoa com deficiência no local de residência, será prestado atendi-
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência na mento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento,
elaboração das políticas de saúde a ela destinadas. garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e téc- e de seu acompanhante.
nicas, que regulamentarão a atuação dos profissionais de saúde e Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação
contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificida- é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal, de-
des da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade vendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições
e autonomia. adequadas para sua permanência em tempo integral.
224
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
§ 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em con-
ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao dições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua
profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por autonomia;
escrito. IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira lín-
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste ar- gua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda
tigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;
cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambien-
pessoal. tes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos es-
Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação contra a tudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a
pessoa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores participação e a aprendizagem em instituições de ensino;
diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos méto-
sua condição. dos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamen-
Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos tos e de recursos de tecnologia assistiva;
serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano
prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia assistiva de atendimento educacional especializado, de organização de re-
e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art. cursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilida-
3º desta Lei. de pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quan- VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas fa-
to privados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência, mílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar;
em conformidade com a legislação em vigor, mediante a remoção IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvi-
de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação mento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissio-
de interior e de comunicação que atendam às especificidades das nais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e
pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental. os interesses do estudante com deficiência;
Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas
praticada contra a pessoa com deficiência serão objeto de notifi- de formação inicial e continuada de professores e oferta de forma-
cação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à ção continuada para o atendimento educacional especializado;
autoridade policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos XI - formação e disponibilização de professores para o atendi-
Direitos da Pessoa com Deficiência. mento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violên- Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio;
cia contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, pra- XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de
ticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades
sofrimento físico ou psicológico. funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e partici-
pação;
CAPÍTULO IV XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e
DO DIREITO À EDUCAÇÃO tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as de-
mais pessoas;
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiên- XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível
cia, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas
e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máxi- relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de
mo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, conhecimento;
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, inte- XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de con-
resses e necessidades de aprendizagem. dições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade sistema escolar;
escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, educação e demais integrantes da comunidade escolar às edifica-
negligência e discriminação. ções, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as moda-
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, lidades, etapas e níveis de ensino;
implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalida- XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas
des, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; públicas.
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a ga- § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade
rantir condições de acesso, permanência, participação e aprendiza- de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III,
gem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumpri-
educacional especializado, assim como os demais serviços e adap- mento dessas determinações.
tações razoáveis, para atender às características dos estudantes
225
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedo- Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com defi-
rismo e ao trabalho autônomo, incluídos o cooperativismo e o asso- ciência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas
ciativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência as seguintes diretrizes:
e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias. I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com
maior dificuldade de inserção no campo de trabalho;
SEÇÃO II II - provisão de suportes individualizados que atendam a neces-
DA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E REABILITAÇÃO PROFISSIO- sidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponi-
NAL bilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e
de apoio no ambiente de trabalho;
Art. 36. O poder público deve implementar serviços e progra- III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com
mas completos de habilitação profissional e de reabilitação profis- deficiência apoiada;
sional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores,
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de
sua vocação e seu interesse. barreiras, inclusive atitudinais;
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios V - realização de avaliações periódicas;
previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou de VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
reabilitação que possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua VII - possibilidade de participação de organizações da socieda-
capacidade e habilidade profissional ou adquirir novas capacidades de civil.
e habilidades de trabalho. Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao processo des- seletivo público ou privado para cargo, função ou emprego está
tinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conheci- obrigada à observância do disposto nesta Lei e em outras normas
mentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de de acessibilidade vigentes.
ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profis-
sional para ingresso no campo de trabalho. CAPÍTULO VII
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação pro- DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
fissional e de educação profissional devem ser dotados de recursos
necessários para atender a toda pessoa com deficiência, indepen- Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os benefícios
dentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa no âmbito da política pública de assistência social à pessoa com de-
ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspecti- ficiência e sua família têm como objetivo a garantia da segurança
vas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir. de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desen-
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação pro- volvimento da autonomia e da convivência familiar e comunitária,
fissional e de educação profissional deverão ser oferecidos em am- para a promoção do acesso a direitos e da plena participação social.
bientes acessíveis e inclusivos. § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos termos
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação profissional de- do caput deste artigo, deve envolver conjunto articulado de serviços
vem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, espe- do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial,
cialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os ofertados pelo Suas, para a garantia de seguranças fundamentais
níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou no enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de risco, por
diretamente com o empregador. fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com
meio de prévia formalização do contrato de emprego da pessoa deficiência em situação de dependência deverão contar com cui-
com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re- dadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua
concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado o meios para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua
disposto em regulamento. família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional aten- Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
derão à pessoa com deficiência.
CAPÍTULO VIII
SEÇÃO III DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos
no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunida- da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 .
des com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de aces-
sibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a
adaptação razoável no ambiente de trabalho.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é vinculada III - a aprovação de financiamento de projeto com utilização
à pessoa com deficiência que possui comprometimento de mobili- de recursos públicos, por meio de renúncia ou de incentivo fiscal,
dade e é válida em todo o território nacional. contrato, convênio ou instrumento congênere; e
Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre, aquaviário IV - a concessão de aval da União para obtenção de empréstimo
e aéreo, as instalações, as estações, os portos e os terminais em e de financiamento internacionais por entes públicos ou privados.
operação no País devem ser acessíveis, de forma a garantir o seu Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que tratem
uso por todas as pessoas. do meio físico, de transporte, de informação e comunicação, inclu-
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste arti- sive de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de
go devem dispor de sistema de comunicação acessível que disponi- outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de
bilize informações sobre todos os pontos do itinerário. uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência prioridade e se- na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo
gurança nos procedimentos de embarque e de desembarque nos como referência as normas de acessibilidade.
veículos de transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas. § 1º O desenho universal será sempre tomado como regra de
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos caráter geral.
veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros depen- § 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho uni-
dem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público versal não possa ser empreendido, deve ser adotada adaptação ra-
responsável pela prestação do serviço. zoável.
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de turismo, § 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de conteú-
na renovação de suas frotas, são obrigadas ao cumprimento do dis- dos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curri-
posto nos arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência) culares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior
Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de veículos e na formação das carreiras de Estado.
acessíveis e a sua utilização como táxis e vans , de forma a garantir § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa a serem
o seu uso por todas as pessoas. desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pes-
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez quisa e de agências de fomento deverão incluir temas voltados para
por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência. o desenho universal.
(Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigência) § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas deverão
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores considerar a adoção do desenho universal.
adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência. Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas
com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a que se refere de uso coletivo deverão ser executadas de modo a serem acessíveis.
o caput deste artigo. § 1º As entidades de fiscalização profissional das atividades de
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabi-
(um) veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a cada lidade técnica de projetos, devem exigir a responsabilidade profis-
conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota. (Vide Decreto nº sional declarada de atendimento às regras de acessibilidade previs-
9.762, de 2019) (Vigência) tas em legislação e em normas técnicas pertinentes.
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão de certi-
câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos ficado de projeto executivo arquitetônico, urbanístico e de instala-
manuais de freio e de embreagem. ções e equipamentos temporários ou permanentes e para o licen-
ciamento ou a emissão de certificado de conclusão de obra ou de
TÍTULO III serviço, deve ser atestado o atendimento às regras de acessibilida-
DA ACESSIBILIDADE de.
§ 3º O poder público, após certificar a acessibilidade de edifi-
CAPÍTULO I cação ou de serviço, determinará a colocação, em espaços ou em
DISPOSIÇÕES GERAIS locais de ampla visibilidade, do símbolo internacional de acesso, na
forma prevista em legislação e em normas técnicas correlatas.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com de- Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso coletivo já
ficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente existentes devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência
e exercer seus direitos de cidadania e de participação social. em todas as suas dependências e serviços, tendo como referência
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei as normas de acessibilidade vigentes.
e de outras normas relativas à acessibilidade, sempre que houver Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso privado
interação com a matéria nela regulada: multifamiliar devem atender aos preceitos de acessibilidade, na for-
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de ma regulamentar. (Regulamento)
comunicação e informação, a fabricação de veículos de transporte § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis pelo proje-
coletivo, a prestação do respectivo serviço e a execução de qual- to e pela construção das edificações a que se refere o caput deste
quer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva; artigo devem assegurar percentual mínimo de suas unidades inter-
II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão, autori- namente acessíveis, na forma regulamentar.
zação ou habilitação de qualquer natureza;
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§ 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para a aquisição Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que trata o
de unidades internamente acessíveis a que se refere o § 1º deste art. 63 desta Lei deve ser observada para obtenção do financiamen-
artigo. to de que trata o inciso III do art. 54 desta Lei.
Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços públi- Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de telecomunica-
cos, o poder público e as empresas concessionárias responsáveis ções deverão garantir pleno acesso à pessoa com deficiência, con-
pela execução das obras e dos serviços devem garantir, de forma forme regulamentação específica.
segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e acessibilidade das Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de apare-
pessoas, durante e após sua execução. lhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de acessibi- outras tecnologias assistivas, possuam possibilidade de indicação e
lidade previstas em legislação e em normas técnicas, observado o de ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis.
disposto na Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , nº 10.257, Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem
de 10 de julho de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 : permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros:
I - os planos diretores municipais, os planos diretores de trans- I - subtitulação por meio de legenda oculta;
porte e trânsito, os planos de mobilidade urbana e os planos de II - janela com intérprete da Libras;
preservação de sítios históricos elaborados ou atualizados a partir III - audiodescrição.
da publicação desta Lei; Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de incentivo
II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis de uso e à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização
ocupação do solo e as leis do sistema viário; de livros em formatos acessíveis, inclusive em publicações da admi-
III - os estudos prévios de impacto de vizinhança; nistração pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções; e a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à
V - a legislação referente à prevenção contra incêndio e pânico. informação e à comunicação.
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de funcionamento § 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o abas-
para qualquer atividade são condicionadas à observação e à certifi- tecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os
cação das regras de acessibilidade. níveis e modalidades de educação e de bibliotecas públicas, o po-
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação equiva- der público deverá adotar cláusulas de impedimento à participação
lente e sua renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormen- de editoras que não ofertem sua produção também em formatos
te às exigências de acessibilidade, é condicionada à observação e à acessíveis.
certificação das regras de acessibilidade. § 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais
Art. 61. A formulação, a implementação e a manutenção das que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores
ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas: de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los,
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e reserva permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação de caracteres, di-
de recursos para implementação das ações; e ferentes contrastes e impressão em Braille.
II - planejamento contínuo e articulado entre os setores envol- § 3º O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a
vidos. produção de artigos científicos em formato acessível, inclusive em
Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, mediante solici- Libras.
tação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e cobran- Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibilidade de
ças de tributos em formato acessível. informações corretas e claras sobre os diferentes produtos e servi-
ços ofertados, por quaisquer meios de comunicação empregados,
CAPÍTULO II inclusive em ambiente virtual, contendo a especificação correta de
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO quantidade, qualidade, características, composição e preço, bem
como sobre os eventuais riscos à saúde e à segurança do consumi-
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet dor com deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se, no que
mantidos por empresas com sede ou representação comercial no couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 .
País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiên- § 1º Os canais de comercialização virtual e os anúncios publi-
cia, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as citários veiculados na imprensa escrita, na internet, no rádio, na
melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas interna- televisão e nos demais veículos de comunicação abertos ou por
cionalmente. assinatura devem disponibilizar, conforme a compatibilidade do
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade em des- meio, os recursos de acessibilidade de que trata o art. 67 desta Lei,
taque. a expensas do fornecedor do produto ou do serviço, sem prejuízo
§ 2º Telecentros comunitários que receberem recursos públi- da observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11
cos federais para seu custeio ou sua instalação e lan houses devem de setembro de 1990 .
possuir equipamentos e instalações acessíveis. § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante solicita-
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º des- ção, exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro tipo
te artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus de material de divulgação em formato acessível.
computadores com recursos de acessibilidade para pessoa com de- Art. 70. As instituições promotoras de congressos, seminários,
ficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, oficinas e demais eventos de natureza científico-cultural devem
quando o resultado percentual for inferior a 1 (um). oferecer à pessoa com deficiência, no mínimo, os recursos de tec-
nologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e os demais II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a de-
eventos de natureza científico-cultural promovidos ou financiados sempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de go-
pelo poder público devem garantir as condições de acessibilidade e verno, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas,
os recursos de tecnologia assistiva. quando apropriado;
Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os projetos a III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda
serem desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento eleitoral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de
e de órgãos e entidades integrantes da administração pública que televisão possuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67
atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar temas voltados à desta Lei;
tecnologia assistiva. IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tan-
Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em parceria to, sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a
com organizações da sociedade civil, promover a capacitação de pessoa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua
tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profis- escolha.
sionais habilitados em Braille, audiodescrição, estenotipia e legen- § 2º O poder público promoverá a participação da pessoa com
dagem. deficiência, inclusive quando institucionalizada, na condução das
questões públicas, sem discriminação e em igualdade de oportuni-
CAPÍTULO III dades, observado o seguinte:
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA I - participação em organizações não governamentais relacio-
nadas à vida pública e à política do País e em atividades e adminis-
Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a produ- tração de partidos políticos;
tos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços II - formação de organizações para representar a pessoa com
de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade deficiência em todos os níveis;
pessoal e qualidade de vida. III - participação da pessoa com deficiência em organizações
Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de me- que a representem.
didas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro) anos, com a
finalidade de: (Regulamento) TÍTULO IV
I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive com oferta DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
de linhas de crédito subsidiadas, específicas para aquisição de tec-
nologia assistiva; Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvimento
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de importação científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, vol-
de tecnologia assistiva, especialmente as questões atinentes a pro- tados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com
cedimentos alfandegários e sanitários; deficiência e sua inclusão social.
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à produção na- § 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a geração de
cional de tecnologia assistiva, inclusive por meio de concessão de conhecimentos e técnicas que visem à prevenção e ao tratamento
linhas de crédito subsidiado e de parcerias com institutos de pes- de deficiências e ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e so-
quisa oficiais; cial.
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produtiva e de § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social devem
importação de tecnologia assistiva; ser fomentadas mediante a criação de cursos de pós-graduação, a
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos recursos formação de recursos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
de tecnologia assistiva no rol de produtos distribuídos no âmbito do de áreas do conhecimento.
SUS e por outros órgãos governamentais. § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de institui-
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste artigo, os ções públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias as-
procedimentos constantes do plano específico de medidas deverão sistiva e social que sejam voltadas para melhoria da funcionalidade
ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos. e da participação social da pessoa com deficiência.
§ 4º As medidas previstas neste artigo devem ser reavaliadas
CAPÍTULO IV periodicamente pelo poder público, com vistas ao seu aperfeiçoa-
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA mento.
Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimen-
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência to, a inovação e a difusão de tecnologias voltadas para ampliar o
todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igual- acesso da pessoa com deficiência às tecnologias da informação e
dade de condições com as demais pessoas. comunicação e às tecnologias sociais.
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o direito de vo- Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
tar e de ser votada, inclusive por meio das seguintes ações: I - o emprego de tecnologias da informação e comunicação
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, os mate- como instrumento de superação de limitações funcionais e de bar-
riais e os equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis reiras à comunicação, à informação, à educação e ao entretenimen-
a todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a to da pessoa com deficiência;
instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com defici- II - a adoção de soluções e a difusão de normas que visem a am-
ência; pliar a acessibilidade da pessoa com deficiência à computação e aos
sítios da internet, em especial aos serviços de governo eletrônico.
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio ele- Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com de-
trônico ou documento de pessoa com deficiência destinados ao re- ficiência perante os órgãos públicos quando seu deslocamento, em
cebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à razão de sua limitação funcional e de condições de acessibilidade,
realização de operações financeiras, com o fim de obter vantagem imponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipótese na qual se-
indevida para si ou para outrem: rão observados os seguintes procedimentos:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. I - quando for de interesse do poder público, o agente promo-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o verá o contato necessário com a pessoa com deficiência em sua re-
crime é cometido por tutor ou curador. sidência;
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela apre-
TÍTULO III sentará solicitação de atendimento domiciliar ou fará representar-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS -se por procurador constituído para essa finalidade.
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência aten-
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com dimento domiciliar pela perícia médica e social do Instituto Nacio-
Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a fi- nal do Seguro Social (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo
nalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informa- serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o
ções georreferenciadas que permitam a identificação e a caracte- SUS e pelas entidades da rede socioassistencial integrantes do Suas,
rização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das quando seu deslocamento, em razão de sua limitação funcional e
barreiras que impedem a realização de seus direitos. de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder Executi- e indevido.
vo federal e constituído por base de dados, instrumentos, procedi- Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de
mentos e sistemas eletrônicos. 1965 (Código Eleitoral) , passa a vigorar com a seguinte redação:
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão serão obti- “Art. 135. .................................................................
dos pela integração dos sistemas de informação e da base de dados ........................................................................................
de todas as políticas públicas relacionadas aos direitos da pessoa § 6º -A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada elei-
com deficiência, bem como por informações coletadas, inclusive ção, expedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá-los na es-
em censos nacionais e nas demais pesquisas realizadas no País, de colha dos locais de votação, de maneira a garantir acessibilidade
acordo com os parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre os para o eleitor com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusi-
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. ve em seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão acesso.
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização de dados, é fa- ....................................................................................” (NR)
cultada a celebração de convênios, acordos, termos de parceria ou Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
contratos com instituições públicas e privadas, observados os requi- pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa a vigorar
sitos e procedimentos previstos em legislação específica. com as seguintes alterações:
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as li- “Art. 428. ..................................................................
berdades fundamentais da pessoa com deficiência e os princípios ...........................................................................................
éticos que regem a utilização de informações, devem ser observa- § 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprova-
das as salvaguardas estabelecidas em lei. ção da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar,
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão ser utili- sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a pro-
zados para as seguintes finalidades: fissionalização.
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas ...........................................................................................
públicas para a pessoa com deficiência e para identificar as barrei- § 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou
ras que impedem a realização de seus direitos; mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação
II - realização de estudos e pesquisas. na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem
§ 6º As informações a que se refere este artigo devem ser dis- desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação
seminadas em formatos acessíveis. técnico-profissional metódica.” (NR)
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pelos órgãos “Art. 433. ..................................................................
de controle interno e externo, deve ser observado o cumprimen- ...........................................................................................
to da legislação relativa à pessoa com deficiência e das normas de I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo
acessibilidade vigentes. para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pes- acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao
soa com deficiência moderada ou grave que: desempenho de suas atividades;
I - receba o benefício de prestação continuada previsto no art. ..................................................................................” (NR)
20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que passe a exer- Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 , passa a vigo-
cer atividade remunerada que a enquadre como segurado obriga- rar com as seguintes alterações:
tório do RGPS; “Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interes-
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de ses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indis-
prestação continuada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de poníveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Mi-
dezembro de 1993 , e que exerça atividade remunerada que a en- nistério Público, pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados,
quadre como segurado obrigatório do RGPS. pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por “Art. 16. ......................................................................
empresa pública e por fundação ou sociedade de economia mista I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos in- emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
teresses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência. ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou defi-
.................................................................................” (NR) ciência grave;
“Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 ............................................................................................
(cinco) anos e multa: III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectu-
cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de al ou mental ou deficiência grave;
ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de .................................................................................” (NR)
sua deficiência; “Art. 77. .....................................................................
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém ............................................................................................
a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência; § 2º ..............................................................................
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa ............................................................................................
em razão de sua deficiência; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de am-
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de pres- bos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um)
tar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com de- anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual
ficiência; ou mental ou deficiência grave;
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem ...................................................................................
judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; § 4º (VETADO).
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis ...................................................................................” (NR)
à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requi- “Art. 93. (VETADO):
sitados. I - (VETADO);
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência II - (VETADO);
menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço). III - (VETADO);
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos para IV - (VETADO);
indeferimento de inscrição, de aprovação e de cumprimento de V - (VETADO).
estágio probatório em concursos públicos não exclui a responsa- § 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário
bilidade patrimonial pessoal do administrador público pelos danos reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo de-
causados. terminado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o in- contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após
gresso de pessoa com deficiência em planos privados de assistência a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário
à saúde, inclusive com cobrança de valores diferenciados. reabilitado da Previdência Social.
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência e § 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer
emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR) a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas
Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 , passa sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas
a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII: com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência So-
“Art. 20. ...................................................................... cial, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entida-
.............................................................................................. des representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados.
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, § 3º Para a reserva de cargos será considerada somente a con-
necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibili- tratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com
dade e de inclusão social. deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
..................................................................................” (NR) aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código § 4º (VETADO).” (NR)
de Defesa do Consumidor) , passa a vigorar com as seguintes alte- “Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios operacio-
rações: nalizados pelo INSS, não será exigida apresentação de termo de
“Art. 6º ....................................................................... curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, observados
............................................................................................ os procedimentos a serem estabelecidos em regulamento.”
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991
deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado , passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º :
o disposto em regulamento.” (NR) “Art. 2º .........................................................................
“Art. 43. ...................................................................... .............................................................................................
............................................................................................ § 3º Os incentivos criados por esta Lei somente serão conce-
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo didos a projetos culturais que forem disponibilizados, sempre que
devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a tecnicamente possível, também em formato acessível à pessoa com
pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor.” (NR) deficiência, observado o disposto em regulamento.” (NR)
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , passa a vigorar Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 , passa
com as seguintes alterações: a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:
234
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
“Art. 11. ..................................................................... outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança
............................................................................................ e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilida- Federal. ” (NR)
de previstos na legislação.” (NR) “Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta Lei e nos dis-
Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , passa a vigo- positivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito
rar com as seguintes alterações: de etnia, raça, cor ou deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei
“Art. 3º ..................................................................... são passíveis das seguintes cominações:
.......................................................................................... ..................................................................................” (NR)
§ 2º ........................................................................... “Art. 4º ........................................................................
.......................................................................................... I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o período
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas,
cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais;
deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam ....................................................................................” (NR)
às regras de acessibilidade previstas na legislação. Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995
........................................................................................... , passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º :
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida mar- “Art. 35. ......................................................................
gem de preferência para: .............................................................................................
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que aten- § 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único
dam a normas técnicas brasileiras; e do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa com
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que deficiência, ou o contribuinte que tenha dependente nessa condi-
comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para ção, tem preferência na restituição referida no inciso III do art. 4º e
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e na alínea “c” do inciso II do art. 8º .” (NR)
que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código
...................................................................................” (NR) de Trânsito Brasileiro) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2º e no “Art. 2º ...........................................................
inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão cumprir, durante todo Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas
o período de execução do contrato, a reserva de cargos prevista em vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias inter-
lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência nas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades au-
Social, bem como as regras de acessibilidade previstas na legislação. tônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumprimen- privados de uso coletivo.” (NR)
to dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de “Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de que
trabalho.” trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com
Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , as respectivas placas indicativas de destinação e com placas infor-
passa a vigorar com as seguintes alterações: mando os dados sobre a infração por estacionamento indevido.”
“Art. 20. ...................................................................... “Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é assegura-
............................................................................................. da acessibilidade de comunicação, mediante emprego de tecnolo-
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação conti- gias assistivas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do processo
nuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impe- de habilitação.
dimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou § 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teóricas
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode dos cursos que precedem os exames previstos no art. 147 desta Lei
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade deve ser acessível, por meio de subtitulação com legenda oculta
de condições com as demais pessoas. associada à tradução simultânea em Libras.
............................................................................................ § 2º É assegurado também ao candidato com deficiência audi-
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e tiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de intérprete da
de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da Libras, para acompanhamento em aulas práticas e teóricas.”
renda familiar per capita a que se refere o § 3º deste artigo. “Art. 154. (VETADO).”
............................................................................................. “Art. 181. ...................................................................
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste ..........................................................................................
artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da con- XVII - .........................................................................
dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnera- Infração - grave;
bilidade, conforme regulamento.” (NR) .................................................................................” (NR)
Art. 106. (VETADO). Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº 9.615, de 24 de
Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995 , passa a vigorar março de 1998 , passam a vigorar com a seguinte redação:
com as seguintes alterações: “Art. 56. ....................................................................
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminató- ...........................................................................................
ria e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de
sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil,
situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre
235
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da arrecada- V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de-
ção bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais e simila- ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente
res cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo- pessoal;
-se esse valor do montante destinado aos prêmios; VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
............................................................................................. obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa-
§ 1º Do total de recursos financeiros resultantes do percentual neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé-
de que trata o inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois inteiros trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abaste-
e noventa e seis centésimos por cento) serão destinados ao Comitê cimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam
Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro as indicações do planejamento urbanístico;
centésimos por cento) ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), de- VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias
vendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto de normas e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen-
aplicáveis à celebração de convênios pela União. tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica-
..................................................................................” (NR) ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses
Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares,
, passa a vigorar com a seguinte redação: terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
“Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer
ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pes- outros de natureza análoga;
soas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritá- VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa-
rio, nos termos desta Lei.” (NR) mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas
Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , passa a e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à
vigorar com as seguintes alterações: atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili-
“Art. 2º ....................................................................... dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para uti- de vida e inclusão social;
lização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equi- IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran-
pamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comuni- ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
cação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina-
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou priva- lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo-
dos de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral,
com deficiência ou com mobilidade reduzida; os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos,
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor- meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in-
tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem cluindo as tecnologias da informação e das comunicações;
como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida- X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro-
de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces-
acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos
entre outros, classificadas em: de tecnologia assistiva.” (NR)
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços “Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; parques e dos demais espaços de uso público deverão ser conce-
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos bidos e executados de forma a torná-los acessíveis para todas as
e privados; pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com mobilidade
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios reduzida.
de transportes; Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer urbanização e parte da via pública, normalmente segregado e em
entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou nível diferente, destina-se somente à circulação de pedestres e,
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de vegeta-
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tec- ção.” (NR)
nologia da informação; “Art. 9º ........................................................................
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados em
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos servi-
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua ços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar equipados com
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi- mecanismo que emita sinal sonoro suave para orientação do pe-
ções com as demais pessoas; destre.” (NR)
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por “Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área
qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou de circulação comum para pedestre que ofereça risco de acidente
temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida- à pessoa com deficiência deverá ser indicada mediante sinalização
de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges- tátil de alerta no piso, de acordo com as normas técnicas pertinen-
tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; tes.”
236
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
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LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406, de 10 de janei- (C) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e
ro de 2002 (Código Civil); o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CO-
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de NASEMS) têm representação no Conselho Nacional de Saúde.
2002 (Código Civil); (D) A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e nas
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro Conferências é majoritária em relação ao conjunto dos demais
de 2002 (Código Civil); segmentos.
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, de 10 de (E) As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
janeiro de 2002 (Código Civil); sua organização e normas de funcionamento em regime único,
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de homologado pelo Poder executivo.
2002 (Código Civil).
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em vigor em 3. Prefeitura de Bauru - SP - 2021 - Prefeitura de Bauru - SP -
até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei. Técnico de Farmácia - Edital nº 08- A Lei nº 8142, de 28 de dezembro
Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir discrimina- de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
dos, a partir da entrada em vigor desta Lei, para o cumprimento dos Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
seguintes dispositivos: namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras pro-
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta e oito) meses; vidências. Em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) meses; (Redação Poder Legislativo, haverá instâncias colegiadas, a saber: a Conferên-
dada pela Lei nº 14.159, de 2021) cia de Saúde e o Conselho de Saúde. Avalie as afirmações seguintes:
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; I - Reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vá-
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. rios segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a vigência da diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis corres-
Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 . pondentes, convocada pelo Poder Executivo.
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e II - Tem caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado
oitenta) dias de sua publicação oficial . composto por representantes do governo, prestadores de serviço,
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estraté-
gias e no controle da execução da política de saúde na instância
QUESTÕES correspondente.
III - Terão sua organização e normas de funcionamento defi-
1. CONSULPAM - 2022 - Prefeitura de Irauçuba - CE - Agente nidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Comunitário de Saúde- Sobre a Lei n.º 8.142, de 28 de dezembro de
1990, analise os itens a seguir: As informações referentes às Conferências de Saúde estão con-
I- O Conselho de Saúde tem caráter permanente e deliberativo. tidas em:
II- A Conferência de Saúde se reúne a cada dois anos, com re- (A) I apenas.
presentantes do governo e profissionais de saúde. (B) II e III apenas.
III- O Conselho de Saúde é composto por representantes do go- (C) III apenas.
verno, prestadores de serviço e profissionais de saúde, sem a parti- (D) I e III apenas.
cipação de nenhum membro da comunidade.
IV- O Conselho Nacional de Secretários de Saúde, e o Conselho 4. Prefeitura de Faxinal - PR 2016- No que tange à Norma Ope-
Nacional de Secretários Municipais de Saúde, não têm participação racional Básica do Sistema Único de Saúde NOB – SUS de 1996, as-
no Conselho Nacional de Saúde. sinale a assertiva INCORRETA:
(A) A Norma Operacional Básica em questão tem por finalidade
Analisados os itens, é CORRETO afirmar que: primordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte
(A) Apenas o item I está correto. do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de
gestor da atenção à saúde dos seus munícipes, com a conse-
(B) Apenas o item II está correto.
quente redefinição das responsabilidades dos Estados, do Dis-
(C) Apenas o item III está correto.
trito Federal e da União, avançando na consolidação dos prin-
(D) Apenas o item IV está correto.
cípios do SUS.
(B) A Norma Operacional Básica em questão redefine os ins-
2. FAURGS - 2022 - SES-RS - Técnico de Enfermagem - Edital trumentos gerenciais para que municípios e estados superem
nº 15- Assinale a alternativa correta em relação à participação da o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme respectivos papéis de gestores do SUS.
previsto na Lei Federal nº 8.142/1990.
(A) O Conselho de Saúde se reúne a cada quatro anos com a
representação dos vários segmentos sociais para avaliar a si-
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da
política de saúde nos níveis correspondentes.
(B) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e delibera-
tivo, é órgão colegiado composto por representantes do gover-
no, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários.
239
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
(C) A Norma Operacional Básica em questão não menciona a (C) A Atenção de Média Complexidade compreende um con-
necessidade de intervenções ambientais, uma vez que isso in- junto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares que vi-
vadiria a competência da ANVISA e do IBAMA. sam atender os principais problemas de saúde da população,
(D) A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, cuja prática clínica demande a disponibilidade de profissionais
no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de especializados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio
estabelecimentos, organizada em rede regionalizada e hierar- diagnóstico e terapêutico, que não justifique a sua oferta em
quizada, e disciplinada segundo subsistemas, um para cada todos os municípios do país.
município. (D) A garantia de acesso aos procedimentos de alta complexi-
(E) Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis dife- dade é de responsabilidade exclusiva do Ministério da Saúde.
rentes de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou
órgãos de saúde de um município atenderem usuários encami- 7. AMEOSC - 2022 - Prefeitura de Itapiranga - SC - Professor de
nhados por outro. Em vista disso, quando o serviço requerido Educação Física- A luz da Lei nº 8.069/90 - Estatuto da Criança e do
para o atendimento da população estiver localizado em outro Adolescente, assinale a alternativa CORRETA:
município, as negociações para tanto devem ser efetivadas ex- (A) Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconheci-
clusivamente entre os gestores municipais. dos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
5. FGV - 2015 - TCE-SE - Enfermeiro- A partir da Constituição documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
Federal de 1988 várias iniciativas institucionais, legais e comunitá- (B) Entende-se por família natural a comunidade formada pelos
rias foram criando as condições de viabilização do direito à saúde, pais ou qualquer deles, exceto seus descendentes.
dentre as quais estão as Normas Operacionais Básicas (NOB). (C) Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que não
A principal finalidade da Norma Operacional Básica do Sistema se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade
Único de Saúde, a NOB-SUS/96, foi: do casal.
(A) estabelecer o processo de regionalização como estratégia (D) Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se
de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
equidade; casal, formada por parentes próximos com os quais a criança
(B) promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder ou adolescente convive e não mantém vínculos de afinidade e
público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da afetividade.
atenção à saúde dos seus munícipes;
(C) instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como ins- 8. FEPESE - 2022 - Prefeitura de Balneário Camboriú - SC - Pro-
trumento de ordenamento do processo de regionalização da fessor de Educação Infantil - Edital nº 005- Identifique abaixo as afir-
assistência em cada estado e no Distrito Federal; mativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) de acordo com o Estatuto da
(D) identificar as necessidades e a proposta de fluxo de referên- Criança e do Adolescente.
cia para outros estados, no caso de serviços não disponíveis no ( ) O poder público, através do órgão competente, regulará as
território estadual; diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza de-
(E) instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB- les, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em
A), como uma das condições de gestão dos sistemas municipais que sua apresentação se mostre inadequada.
de saúde. ( ) Os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos de-
verão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
6. IESES - 2019 - Prefeitura de Palhoça - SC - Médico - Psiquia- exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a
tra- Em relação à Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS faixa etária especificada no certificado de classificação.
– SUS 2001 (Portaria MS/GM nº 95 de 26 de janeiro de 2001), assi- ( ) Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e es-
nale a alternativa INCORRETA: petáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária.
(A) A assistência de alta complexidade será programada no ( ) As crianças maiores de oito anos poderão ingressar e per-
âmbito regional/estadual, e em alguns casos macrorregional, manecer nos locais de apresentação ou exibição desacompanhadas
tendo em vista as características especiais desse grupo – alta dos pais ou responsável.
densidade tecnológica e alto custo, economia de escala, escas- ( ) As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no ho-
sez de profissionais especializados e concentração de oferta
rário recomendado para o público infantojuvenil, programas com
em poucos municípios.
finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
(B) A garantia de acesso da população aos serviços não dispo-
níveis em seu município de residência é de responsabilidade
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima
do gestor estadual, de forma solidária com os municípios de
referência, observados os limites financeiros. para baixo.
(A) V • V • V • V • V
(B) V • V • V • F • V
(C) V • F • F • V • F
(D) F • V • V • F • F
(E) F • F • F • V • V
240
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
9. UNIOESTE - 2022 - Prefeitura de Guaratuba - PR - Pedagogo (C) assegura que a pessoa com deficiência tenha direito a pro-
Social - Edital nº 001- Segundo a Lei n.º 10.741/2003, é um aspecto moções horizontais, considerado o cargo para o qual foi con-
do direito à liberdade da pessoa idosa tratada, mas não o direito a planos de carreira e promoções
(A) a capacidade, na presença de um familiar, de ir, vir e estar verticais, cuja criação se insere na discricionariedade do em-
nos logradouros públicos e espaços comunitários. pregador.
(B) o atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios. (D) obriga as pessoas jurídicas de direito público a garantirem
(C) o cadastramento da população idosa. ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos, não se aplicando
(D) a participação na vida familiar e comunitária. essa regra às pessoas jurídicas de direito privado, que se sujei-
(E) o atendimento domiciliar. tam ao regime da livre iniciativa.
(E) veda restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qual-
10. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Carmo do Paranaíba - quer discriminação em razão de sua condição, ressalvadas as
MG - Técnico de Enfermagem- Em conformidade com a Lei nº etapas prévias de recrutamento e seleção, que se destinam a
10.741/2003 - Estatuto da Pessoa Idosa, no tocante ao direito à apurar a plena aptidão do candidato ao cargo.
vida, assinalar a alternativa que preenche as lacunas abaixo COR-
RETAMENTE: 12. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Carmo do Paranaíba - MG
É obrigação __________ garantir à pessoa idosa a proteção à - Assistente Social- Segundo a Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pes-
vida e à saúde, mediante _____________ que permitam um enve- soa com Deficiência, incumbe ao poder público assegurar, criar,
lhecimento saudável e em condições de dignidade. desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar, entre
(A) da sociedade | políticas etárias outros, o sistema educacional inclusivo:
(B) da assistência social | concessões de benefícios (A) Em todos os níveis e modalidades.
(C) da família | ajudas do Estado (B) Apenas durante a Educação Básica.
(D) do Estado | efetivação de políticas sociais públicas (C) Apenas no Ensino Fundamental e Médio.
(D) Apenas no Ensino Superior.
11. VUNESP - 2022 - Prefeitura de Sorocaba - SP - Assistente
Social I- No ano de 2015, é instituído no Brasil o Estatuto da Pessoa 13. PS Concursos - 2021 - Prefeitura de Ermo - SC - Enfermeiro-
com Deficiência (Lei nº 13.146), destinado a assegurar e a promo- Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° da Lei Federal
ver, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liber- nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, os Municípios, os Estados e
dades fundamentais, visando à sua inclusão social e cidadania. A o Distrito Federal deverão contar com: I. Fundo Privado de Saúde;
educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados II. Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o
um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; III. Plano de saúde; IV.
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvi- Relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4°
mento possível de seus talentos e habilidades, segundo suas carac- do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. Assinale a
terísticas, interesses e necessidades de aprendizagem. De acordo alternativa CORRETA:
com a referida Lei (artigo 27, parágrafo único) é dever do Estado, da (A) Somente os itens II, III, IV estão corretos.
família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação (B) Somente os itens I, II estão corretos.
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda (C) Somente os itens I, II, III estão corretos.
forma de violência, negligência e (D) Somente os itens II, IV estão corretos.
(A) insegurança. (E) Todos os itens estão corretos.
(B) discriminação.
(C) suspeição. 14. AMEOSC - 2021 - Prefeitura de Guaraciaba - SC - Psicólo-
(D) contravenção. go- O “Decreto nº 7.508 de 2011, que regulamenta a Lei 8.080/90,
(E) desproteção. estabelece um novo arranjo para a _________________, definin-
do que os serviços prestados permanecerão organizados em níveis
11. FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Área crescentes de complexidade, em unidades geográficas específicas e
Administrativa - Contabilidade- No tocante ao direito ao trabalho da para clientelas definidas. Trata-se assim de um(a) ______________
pessoa com deficiência, a Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa previsto no dispositivo legal.
com Deficiência) Referente as diretrizes do SUS, assinale a alternativa que com-
(A) garante aos trabalhadores com deficiência acessibilidade pleta a sequência citada acima:
em curso de formação, não sendo exigível quando se tratar de (A) integralidade da assistência, princípio
curso de capacitação. (B) integralidade, classificação
(B) estabelece que a pessoa com deficiência tem direito, em (C) descentralização, objetivo
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condi- (D) descentralização, princípio
ções justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remunera-
ção por trabalho de igual valor.
241
LEGISLAÇÃO BÁSICA DA SAÚDE
______________________________________________________
1 A
______________________________________________________
2 C
3 D ______________________________________________________
4 C ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
6 D
______________________________________________________
7 A
8 B ______________________________________________________
9 D ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 B
______________________________________________________
12 A
13 A ______________________________________________________
14 D ______________________________________________________
15 E
_____________________________________________________
_____________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico de Enfermagem
243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo
remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi- público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional
bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos. ou que atinja a profissão.
Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for-
aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que inclui os ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi-
direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segurança go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões
pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser tratada sem distinção de clas- e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos
se social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, defi- Regionais de Enfermagem.
ciência, doença, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis,
convicção política, raça ou condição social. às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Fede- como participar de sua elaboração.
ral de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma-
pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, apro- gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em
va e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de que trabalha.
Enfermagem à sua fiel observância e cumprimento. Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que
tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan-
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer-
cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu- cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas
rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade. as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia-
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni-
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da equipe cuidado à pessoa, família e coletividade.
de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com ên- Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
fase nas políticas de saúde que garantam a universalidade de acesso, âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente rela-
integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia cionada ao exercício profissional da Enfermagem.
das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentra- Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão
lização político-administrativa dos serviços de saúde. que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili-
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento dade profissional.
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e
executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis- extensão, respeitando a legislação vigente.
tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui-
sa, extensão e produção técnico-científica.
CAPÍTULO I Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais
DOS DIREITOS e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos,
palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança téc- divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
nica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi- Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos habilidades e competências técnico-científicas e legais.
legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mí-
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos dias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais.
e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis- competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
sionais de enfermagem. segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig- Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação
nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física
por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração, e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
observados os parâmetros e limites da legislação vigente. assistência de Enfermagem.
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e
transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob- CAPÍTULO II
servando os preceitos éticos e legais da profissão. DOS DEVERES
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza-
ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional, Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida-
atendidos os requisitos legais. de, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, ho-
Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti- nestidade e lealdade.
co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten- Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
tação à prática profissional. no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, famí- ideológica.
lia e coletividade, necessárias ao exercício profissional.
244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes-
Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co- soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte.
fen/Conselhos Regionais de Enfermagem. Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que
Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades
Enfermagem no desempenho de atividades em organizações da ca- profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate-
tegoria. goria.
Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de En- Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos
fermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositi- de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados
vos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor-
a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade. me a complexidade do paciente.
Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En- Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos de-
fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo, correntes de imperícia, negligência ou imprudência.
função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé-
cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional. dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro-
Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi- fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.
cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con- § 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a execu-
selhos Regionais de Enfermagem. tar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de
Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres-
profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso critor ou outro profissional, registrando no prontuário.
a documentos e a área física institucional. § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento
Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên-
com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional. cia e regulação, conforme Resolução vigente.
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse- Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen-
lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan-
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, coletividade.
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma- Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qua-
gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício lidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, mor-
profissional. rer e luto.
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme- Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter-
ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe
ou rubrica do profissional. multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei-
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei-
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. tear vantagens pessoais, quando convocado.
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de En- Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimen-
fermagem, em consonância com sua competência legal. to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci-
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e são judicial.
fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja
do paciente. capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re-
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito presentante ou responsável legal.
dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên- Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida-
cia de Enfermagem. des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi-
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência,
riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce- desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re- Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a res-
presentante legal. ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s)
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação individualmente.
de qualquer natureza. Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis-
ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclare- lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito
cida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci-
legais. mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de amea-
no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de- ça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multipro-
seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de fissional, quando necessário à prestação da assistência.
expressar, livre e autonomamente, suas vontades.
245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis-
deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi-
suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional. cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para
responsabilização criminal, independentemente de autorização, de impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer
casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pes- tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da
soas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento. pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional.
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabili- Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para pra-
zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra ticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em
mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori- ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a
zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis- exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais.
sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável. Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa-
Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem
quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras
comunicação e publicidade. áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional.
Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe-
técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro- nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no
fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação. exercício profissional.
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético- Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a
-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa- interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação
mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão. vigente.
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi- Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o pro-
mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente fissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua
aprovados nas instâncias deliberativas. participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên-
Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolven- cia.
do seres humanos. Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar
Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no a morte da pessoa.
processo de pesquisa, em todas as etapas. Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên-
Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul- cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde
gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro que possua competência técnica-científica necessária.
para si e para outrem. Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de ur-
Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não
relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí- ofereça risco a integridade física do profissional.
duos de serviços de saúde. Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à
saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen-
CAPÍTULO III tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte.
DAS PROIBIÇÕES Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação,
ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de os graus de formação do profissional.
Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci-
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência dos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
profissional, à pessoa, à família e à coletividade. Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer na-
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou ju- tureza que comprometam a segurança da pessoa.
rídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou-
exercício profissional de Enfermagem. tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de expressamente autorizados na legislação vigente.
qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole- Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis-
tividade, quando no exercício da profissão. sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le-
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi- humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer-
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza,
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi-
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e
nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na le- constrangedoras.
gislação. Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, que não possa comprovar.
família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri-
garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de mônio das organizações da categoria.
qualquer natureza para si ou para outrem.
246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de CAPÍTULO IV
conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional. DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e
inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares,
prévia autorização, em qualquer meio de comunicação. bem como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por
Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inve- este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispo-
rídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, famí- sitivos legais.
lia ou coletividade. Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis-
Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser-
executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer-
outro profissional. magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/
Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a Conselhos Regionais de Enfermagem.
terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra-
assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá-
paciente, representante legal ou responsável legal, por determina- tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício.
ção judicial. Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da
Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s),
sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re- e do(s) resultado(s).
gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem. Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e con-
Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a ou- duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente,
tro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emer- aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem.
gência. Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/
Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o
outros membros da equipe de saúde. art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:
Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma- I – Advertência verbal;
gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá- II – Multa;
veis pelo paciente. III – Censura;
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos IV – Suspensão do Exercício Profissional;
da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado. V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres- § 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator,
tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo,
estagiários sob sua supervisão e/ou orientação. na presença de duas testemunhas.
Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, § 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01
público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional
do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro- à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.
veito próprio ou de outrem. § 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas
Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui- publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En-
sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e fermagem e em jornais de grande circulação.
coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de § 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissio-
riscos ou danos previsíveis aos envolvidos. nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e seguran- divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re-
ça da pessoa, família e coletividade. gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como aos órgãos empregadores.
usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente estabelecidos. § 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza- publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem
ção prévia. e em jornais de grande circulação.
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico- § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron-
-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha tuário do infrator.
participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu- terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias
blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, mul-
ou concessão dos demais partícipes. ta, censura e suspensão do exercício profissional, são da responsa-
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer cons- bilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas
tar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica. no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação
do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho
Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
primeiro, da Lei n° 5.905/73.
247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem CAPÍTULO V
no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
Presidentes dos Conselhos de Enfermagem. Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente pode-
Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposi- rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais
ção consideram-se: de um artigo.
I – A gravidade da infração; Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração; infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31,
III – O dano causado e o resultado; 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52,
IV – Os antecedentes do infrator. 53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79,
Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra- 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100,
ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de 101 e 102.
cada caso. Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a inte- que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39,
gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,
debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca- 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85,
tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
financeiros. Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações
§ 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51,
debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75,
ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan- 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95,
ceiros. 97, 99, 100, 101 e 102.
§ 3º São consideradas infrações graves as que provoquem pe- Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é apli-
rigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun- cável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos:
ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71,
danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros. 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92,
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem 93, 94 e 95.
a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função, Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional
dano moral irremediável na pessoa. é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti-
Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes: gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.
I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as conse-
REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
quências do seu ato;
II – Ter bons antecedentes profissionais;
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL: LEI Nº 7498, DE 1986
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave amea-
ça;
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
A Lei do Exercício profissional salienta as especificidades quan-
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
to as classes na área da enfermagem, o que cada um pode e deve
fatos.
fazer ou participar dentro de uma equipe.
Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
Costuma ser cobrado em concursos ações privativas dos profis-
I – Ser reincidente;
sionais e ações cotidianas onde eles são inseridos na equipe.
II – Causar danos irreparáveis;
O Decreto 94.406/1987 regulamenta a Lei 7.498/1986 (Lei do
III – Cometer infração dolosamente;
Exercício Profissional)
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida-
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e
de ou a vantagem de outra infração;
dá outras providências.
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
O presidente da República.
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional;
seguinte Lei:
VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o território
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru-
nacional, observadas as disposições desta Lei.
ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente
condução do processo ético.
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas
no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
ocorre o exercício.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo
Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma-
gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.
248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 3º – O planejamento e a programação das instituições e Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma-
serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfer- gem, cabendo-lhe:
magem. I – privativamente:
Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura bá-
assistência de Enfermagem. sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e
Art. 5º – (vetado) de unidade de enfermagem;
§ 1º (vetado) b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas
§ 2º (vetado) atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses
Art. 6º – São enfermeiros: serviços;
I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia-
de ensino, nos termos da lei; ção dos serviços da assistência de enfermagem;
II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfer- d) (VETADO);
meira obstétrica, conferidos nos termos da lei; e) (VETADO);
III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular f) (VETADO);
do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, g) (VETADO);
ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou de enfermagem;
revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira i) consulta de enfermagem;
Obstétrica ou de Obstetriz; j) prescrição da assistência de enfermagem;
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti- l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris-
verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea “”d”” do co de vida;
Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961. m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica
Art. 7º – São técnicos de Enfermagem: e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to-
I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfer- mar decisões imediatas;
magem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo ór- II – como integrante da equipe de saúde:
gão competente; a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro-
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido gramação de saúde;
por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos
de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de assistenciais de saúde;
Técnico de Enfermagem. c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas
Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem: de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido d) participação em projetos de construção ou reforma de uni-
por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão dades de internação;
competente; e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de doenças transmissíveis em geral;
junho de 1956; f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso causados à clientela durante a assistência de enfermagem;
III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961; h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de i) execução do parto sem distocia;
Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza- j) educação visando à melhoria de saúde da população.
ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos desta lei incumbe, ainda:
termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De- a) assistência à parturiente e ao parto normal;
creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 b) identificação das distocias obstétricas e tomada de provi-
de outubro de 1959; dências até a chegada do médico;
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes-
termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967; tesia local, quando necessária.
VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível
curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certifi- Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
cado de Auxiliar de Enfermagem. assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
Art. 9º – São Parteiras: § 1º Participar da programação da assistência de Enfermagem;
I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº § 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri-
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do
3.640, de 10 de outubro de 1959; Art. 11 desta Lei;
II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equiva- § 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer-
lente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do magem em grau auxiliar;
país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado § 4º Participar da equipe de saúde.
no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certi-
ficado de Parteira.
Art. 10 – (vetado)
249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de promoção e manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evo-
Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de lução cada vez mais rápida do conhecimento científico e tecno-
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe- lógico propicia condições favoráveis que possibilitam ações que
cialmente: colocam o Brasil em patamares preconizados pela Organização
§ 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança em saúde.
§ 2º Executar ações de tratamento simples; No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a
§ 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente; partir da década de 80 quando o Brasil tomou parte do Programa
§ 4º Participar da equipe de saúde. de Treinamento Internacional em Biossegurança ministrado pela
Art. 14 – (vetado) OMS que teve como objetivo estabelecer pontos focais na Amé-
Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei, rica Latina para o desenvolvimento do tema1 .
quando exercidas em instituições de saúde, públicas e privadas, e A partir daí, deu-se início a uma série de cursos, debates e
em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob implantação de medidas para acompanhar os avanços tecnológi-
orientação e supervisão de Enfermeiro. cos em biossegurança. Em 1985, a FIOCRUZ promoveu o primei-
Art. 16 – (vetado) ro curso de biossegurança no setor de saúde e passou a imple-
Art. 17 – (vetado) mentar medidas de segurança como parte do processo de Boas
Art. 18 – (vetado) Práticas em Laboratórios, que desencadeou uma série de cursos
Parágrafo único. (vetado) sobre o tema.
Art. 19 – (vetado) No mesmo ano, o Ministério da Saúde deu início ao Projeto
Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública dire- de Capacitação Científica e Tecnológica para Doenças Emergen-
ta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos tes e Reemergentes visando capacitar as instituições de saúde
Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na con- em biossegurança. Foi também em 1995 que houve a publicação
tratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos da primeira Lei de Biossegurança, a Lei no 8.974, de 5 de janeiro
desta Lei. de 1995, posteriormente revogada pela Lei no 11.105, de 24 de
Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo pro- março de 2005. A discussão da biossegurança trouxe resultados
moverão as medidas necessárias à harmonização das situações já e avanços ao tema.
existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos ad- Promover debates sobre biossegurança em saúde nos dias
quiridos quanto a vencimentos e salários. atuais não apenas contribui para a solidificação das ações e o
Art. 21 – (vetado) exercício das competências na área de biossegurança, mas, prin-
Art. 22 – (vetado) cipalmente, reforça o propósito de qualidade de vida e saúde do
Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de En- Sistema Único de Saúde, bem como qualifica as demandas e con-
fermagem, em virtude de carência de recursos humanos de nível tribui para o fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde.
médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei, Os princípios de biossegurança estão relacionados à con-
será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer tenção e à análise de risco, particularmente em relação às prá-
atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no ticas microbiológicas, equipamentos de segurança, instalações,
Art. 15 desta Lei. ambiente, exposição das pessoas aos microrganismos e agentes
Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, que obe- químicos manipulados e armazenados nos laboratórios.
decerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de Enferma- Apesar de serem frequentes, há falta de evidências claras
gem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez) sobre o modo de transmissão/contaminação em muitos casos de
anos, a contar da promulgação desta Lei. infecções associadas a laboratórios (IAL), o que justifica a reco-
Art. 24 – (vetado) mendação para que as pessoas que trabalham em locais de risco
Parágrafo único – (vetado) estejam alertas sobre os riscos e tenham conhecimento sobre as
Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de normas de biossegurança3 .
120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação. A legislação brasileira, de acordo com as Normas Regula-
Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. mentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em con- classifica as atividades laborais sujeitas a riscos em:
trário. 1) insalubres, quando determinados agentes químicos são
manuseados acima dos limites de tolerância ou quando o traba-
lhador estiver exposto a riscos físicos (ruídos, vibrações, umida-
BIOSSEGURANÇA
de, temperaturas extremas, radiações ionizantes ou não ionizan-
tes) ou biológicos (microrganismos);
A biossegurança
2) perigosas, quando o trabalhador estiver exposto, sob de-
Compreende um conjunto de ações destinadas a prevenir,
terminadas condições de proximidade e de atividade, a materiais
controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que
explosivos, inflamáveis ou radioativos.
possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saú-
de humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança
Equipamentos de segurança
caracteriza-se como estratégica e essencial para a pesquisa e o
A utilização de equipamentos de segurança reduz significati-
desenvolvimento sustentável sendo de fundamental importân-
vamente o risco de acidentes em laboratórios. A determinação de
cia para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de novas
quais equipamentos de segurança devem ser utilizados em cada
tecnologias à saúde.
laboratório deve ser baseada em análises dos riscos referentes
às atividades desenvolvidas no local, relacionadas aos agentes
biológicos, químicos e físicos. A contenção pode ser classificada
250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
como primária, que visa garantir a proteção do ambiente inter- Há vários tipos de luvas para uso em laboratório, cada um
no do laboratório e secundária, que está relacionada à proteção destinado a atividades laboratoriais específicas
do ambiente externo e resulta da combinação de infraestrutura • Luvas de látex (borracha natural): são denominadas como
laboratorial e de práticas operacionais5. Os equipamentos e ma- luvas de procedimento e se destinam aos trabalhos com material
teriais destinados a proteger o trabalhador e o ambiente labora- biológico e em procedimentos de diagnóstico que não requeiram
torial são classificados como equipamento de proteção individual o uso de luvas estéreis;
(EPI - óculos, luvas, calçados, jaleco) e equipamento de proteção • Luvas de cloreto de vinila (PVC): utilizadas para manusear
coletiva (EPC- câmaras de exaustão, cabines de segurança bioló- alguns produtos químicos.
gica, chuveiros de emergência, lava-olhos e extintores de incên- • Luvas de fibra de vidro com polietileno reversível: usadas
dio). para proteção contra materiais cortantes;
• Luvas de fio de kevlar tricotado: protegem em trabalhos
Equipamentos de proteção individual em temperaturas de até 250ºC;
De acordo com a Norma Regulamentadora 6 do MTE, “consi- • Luvas confeccionada com nylon cordura (criogenia): usadas
dera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositi- para trabalhos com gelo seco, freezer -80º C e nitrogênio líquido
vo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, des- • Luvas de borracha: para serviços gerais de limpeza, proces-
tinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e sos de limpeza de instrumentos e descontaminação.
a saúde no trabalho”.
O equipamento de proteção individual, de fabricação na- Equipamentos de proteção coletiva
cional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado, Os EPC têm como função proteger o ambiente e a saúde dos
com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo trabalhadores e devem ser instalados em locais de fácil acesso e
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no bem sinalizados.
trabalho do MTE6 . Alguns são de uso rotineiro, como as cabines de segurança
A consulta sobre o número do certificado de aprovação, o biológica e as capelas de exaustão química, e outros são de uso
tipo de EPI, o fabricante e o tipo de proteção pode ser realizada emergencial, como os extintores de incêndio, chuveiro de emer-
no endereço eletrônico do TEM. gência e lava-olhos
É imprescindível o conhecimento acerca do manuseio dos
EPI, pois eles são as barreiras primárias que protegem a integri- Risco Químico
dade física e a saúde do profissional . O pessoal de laboratórios está exposto não somente aos mi-
As principais funções dos EPI são a redução da exposição do crorganismos patogênicos como, também, aos produtos quími-
operador aos agentes infecciosos, a redução de riscos e danos ao cos perigosos. É fundamental que os efeitos tóxicos de produtos
corpo provocados por agentes físicos ou mecânicos, a redução da químicos manipulados sejam conhecidos, assim como suas vias
exposição a produtos químicos tóxicos e a redução da contami- de exposição e os riscos que possam estar associados à sua mani-
nação de ambientes. pulação e armazenagem .
Os EPI utilizados em laboratórios são constituídos principal- O risco está associado à exposição a agentes ou substâncias
mente por: químicas na forma líquida, gasosa ou como partículas e poeiras
Calçados de segurança: São destinados à proteção dos pés minerais e vegetais, presentes nos ambientes ou processos de
contra a exposição a riscos biológicos, físicos e químicos. O uso trabalho, que possam penetrar no organismo pela via respira-
de tamancos, sandálias e chinelos em laboratórios é proibido. tória ou que possam ser absorvidos pelo organismo através da
Luvas: previnem a contaminação das mãos do trabalhador pele ou por ingestão, como solventes, medicamentos, produtos
durante a manipulação de material químicos utilizados para limpeza e desinfecção, corantes, dentre
Protetor biológico, produtos químicos e temperaturas extre- outros.
mas. No Brasil, a rotulagem de produtos químicos deve seguir a
Protetores auditivos: usados para prevenir a perda auditiva norma ABNT NBR 14725-1, que estabelece critérios para inclusão
decorrente de ruídos. das informações de segurança no rótulo de produtos químicos
Protetores faciais: oferecem proteção para a face do opera- perigosos, de acordo com a classificação estabelecida no Sistema
dor contra partículas sólidas,líquidos, vapores e radiações (raios Globalmente Harmonizado de Informação de Segurança de Pro-
infravermelho e ultravioleta); dutos Químicos (GHS).
Protetores oculares: proteção dos olhos contra impactos, Para evitar ou minimizar os riscos de acidentes com reagen-
respingos e aerossóis; tes químicos é necessário adotar, além das normas básicas de
Protetores respiratórios: são utilizados para proteger o apa- segurança para laboratório, as precauções específicas descritas
relho respiratório. Existem vários tipos de respiradores, que de- a seguir
vem ser selecionados conforme o risco inerente à atividade a ser Não permitir o armazenamento de produtos não identifica-
desenvolvida. Os respiradores com filtros mecânicos destinam-se dos, sem data de validade ou com a validade vencida;
à proteção contra partículas suspensas no ar, enquanto os respi- • Os produtos inflamáveis e explosivos devem ser armazena-
radores com filtros químicos protegem contra gases e vapores dos distantes de produtos oxidantes;
orgânicos. • Não permitir o armazenamento de ácidos ou álcalis con-
Vestimenta tipo jaleco: utilizados em ambientes laborato- centrados nos armários com partes metálicas, pois eles podem
riais onde ocorre o manejo de animais e a manipulação de mi- causar corrosão de metais;
crorganismos patogênicos e de produtos químicos. • Não estocar líquidos inflamáveis em armários fechados,
É proibido utilizar qualquer EPI em ambientes fora do labora- para evitar risco de explosão;
tório, principalmente os jalecos. • Não estocar produtos químicos voláteis em locais com inci-
dência de luz solar direta;
251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Antes de manusear um produto químico é necessário co- A informação sobre a classe de risco de um microrganismo
nhecer suas propriedades e o grau de risco a que se está exposto; é fundamental para a determinação do nível de biossegurança
• Ler o rótulo no recipiente ou na embalagem é a primeira que dever ser adotado para sua manipulação3 . A classificação de
providência a ser tomada, observando a classificação quanto ao risco de agentes biológicos está disponível no Manual de Classi-
tipo de risco que o reagente oferece; ficação de Risco dos Agentes Biológicos do Ministério da Saúde
• Nunca deixar frascos contendo solventes orgânicos próxi- 17, descrita a seguir:
mos à chama, por exemplo álcool, acetona, éter, dentre outros; Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletivida-
• Evitar contato de qualquer substância com a pele; ser cui- de): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem
dadoso ao manusear substâncias corrosivas, como ácidos e ba- doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lacto-
ses; bacillus sp.
• Manter seu local de trabalho limpo e não colocar materiais Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco
nas extremidades da bancada; para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam
• Não descartar nas pias materiais sólidos ou líquidos que infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propaga-
possam contaminar o meio ambiente; ção na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limi-
• Usar o sistema de gerenciamento de resíduos químicos; tado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas
• O manuseio e o transporte de vidrarias e de outros mate- eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni.
riais devem ser realizados de forma segura; o transporte deve ser Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para
firme, evitando-se quedas e derramamentos; a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capaci-
• Frascos de vidros com produtos químicos têm de ser trans- dade de transmissão por via respiratória e que causam patologias
portados em recipientes de plástico ou de borracha que os pro- humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais exis-
tejam de vazamento e, quando quebrados, contenham o derra- tem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção.
mamento; Representam risco se disseminados na comunidade e no meio
• O manuseio de produtos químicos voláteis, metais, ácidos ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo:
e bases fortes e outros tem de ser realizado em capela de segu- Bacillus anthracis.
rança química; Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade):
• Frascos contendo produtos corrosivos, ácidos ou bases de- inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibili-
vem ser armazenados em prateleiras baixas, próximas ao chão, dade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até
e de fácil acesso. As substâncias inflamáveis precisam ser ma- o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica
nipuladas com extremo cuidado, evitando-se a proximidade de eficaz contra infecções ocasionadas por eles. Causam doenças
equipamentos e fontes geradoras de calor. Durante o manuseio humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de
de produtos químicos, é obrigatório o uso de equipamentos de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe
proteção individual, como óculos de proteção, máscara facial, lu- inclui principalmente os vírus.
vas, jalecos e outros11 . Exemplo: Vírus Ebola. Classe de risco especial (alto risco de
causar doença animal grave e de disseminação no meio ambien-
Risco Biológico te): inclui agentes biológicos de doença animal não existentes no
Está associado ao manuseio ou contato com materiais bio- país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de
lógicos e/ou animais infectados com agentes biológicos que pos- importância para o homem, podem gerar graves perdas econô-
suam a capacidade de produzir efeitos nocivos sobre os seres micas e/ou na produção de alimentos.
humanos, animais e meio ambiente. As vias de transmissão mais
frequentes em laboratório são: A não classificação de agentes biológicos nas classes de risco
1) contato direto com a pele ou mucosas; 2, 3 e 4 não implica em sua inclusão automática na classe de risco
2) inoculação parenteral por agulha acoplada a seringas, por 1. Para isso, deverá ser conduzida uma avaliação de risco basea-
outros materiais perfurocortantes ou por mordedura/hematofa- da nas propriedades conhecidas e/ou potenciais desses agentes
gia de animais ou artrópodes; e de outros representantes do mesmo gênero ou família17
3) ingestão de agentes infecciosos presentes em suspensões
(pipetagem com a boca) ou por meio de contato com a mão/luva Fonte: http://www.fmva.unesp.br/Home/pesquisa/comissaodebiosse-
contaminada; gurancaemlaboratorioseambulatorios/manual-biosseguranca-fmva-
4) inalação de aerossóis contendo o agente infeccioso. Quan- -definitivo-corrigido-em-agosto-de-2017.pdf
do há manipulação de animais, a possibilidade de veiculação de
agentes etiológicos de zoonoses deve ser considerada com rigor, A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele-
pela possibilidade de transmissão via saliva, urina, fezes ou mor- cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo
dedura . Os agentes biológicos são classificados, de acordo com e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los,
o risco que eles apresentam, em classes de risco que variam de bem como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da
1 a 4. lavanderia e armazenar esses artigos para futura distribuição. No
quadro atual, a CME não atende às normas necessárias para um
A definição da classe de risco utiliza como critérios a capaci- funcionamento eficaz.
dade do agente biológico de infectar e causar doença no homem Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos
e em animais, a forma de transmissão e a virulência do agente e dos serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos,
a disponibilidade de medidas preventivas e de tratamento para pessoal e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se
a enfermidade . transformará numa Central de Materiais de esterilização da Mi-
crorregião atendendo a um total de 173 leitos, prestando apoio
técnico ao centro cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-inten-
252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sivo e ao atendimento de ência deste estabelecimento de saúde, • Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas
além dos serviços solicitados pelo SAMU-192, que na proposta, e procedimentos do CME, que deve estar disponível para a con-
terá uma base descentralizada. sulta dos colaboradores.
A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um • Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contri-
novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um buam para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, par-
bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a am- ticipando de tais projetos e colaborando com seu andamento.
pliação do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, • Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e
foram pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram rea- científicas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e
lizadas visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da com o uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que en-
CME de outros hospitais. globem artigos processados pelo CME.
• Participar de comissões institucionais que interfiram na di-
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR nâmica de trabalho do CME.
Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de
saúde são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por PROCESSOS DESENVOLVIDOS
muitas vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível
doenças infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, – orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e deter-
50% de todas as mortes são derivadas das infecções.” É impor- gente neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies.
tante ressaltar: Se um artigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os
• A padronização de normas e rotinas técnicas e na valida- processos de desinfecção e de esterilização. As limpezas automa-
ção dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial tizadas, realizadas através das “lavadoras termodesifectadoras”
no controle de infecção. que utilizam jatos de água quente e fria, realizando enxágüe e
• É de extrema importância a atuação dos órgãos de fisca- drenagem automatizada, a maioria, com o auxilio dos detergen-
lizações para o controle e avaliação das normas e processos de tes enzimáticos, possui a vantagem de garantir um padrão de
trabalho. limpeza e enxágüe dos artigos processados em série, diminuem
• A capacitação profissional. a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais de origem
De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as biológica, que podem ser decorrentes dos acidentes com mate-
condições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infec- riais perfuro- cortantes. As lavadoras ultra-sônicas, que remo-
ção de serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferen- vem as sujidades das superfícies dos artigos pelo processo de ca-
tes ambientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. vitação, são outro tipo de lavadora para complementar a limpeza
Nesse sentido, eles podem ser classificados: dos artigos com lumens.
• Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos au- Descontaminação: É o processo de eliminação total ou par-
mentados de transmissão de infecção, onde se realizam proce- cial da carga microbiana de artigos e superfícies.
dimentos de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e
pacientes imunodeprimidos destruição de microorganismos, patogênicos ou não em sua for-
ma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e objetos ina-
A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos nimados, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos,
materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des- chamados de desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir
contaminação de material Æ separação e lavagem de material esses agentes em um intervalo de tempo operacional de 10 a
preparo de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distri- 30 min3 . Alguns princípios químicos ativos desinfetantes têm
buição, a barreira física que delimita a área suja e contaminada ação esporicida, porém o tempo de contato preconizado para a
da área limpa minimizando a entrada de microorganismos exter- desinfecção não garante a eliminação de todo o s esporos. São
nos. usados os seguintes princípios ativos permitidos como desinfe-
tantes pelo Ministério da Saúde: aldeídos, compostos fenólicos,
RECURSOS HUMANOS ácido paracético.
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento
uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo es-
assistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem téril após o reprocessamento, garante a integridade do material
que atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve Esterilização:
ser composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxi- É o processo de destruição de todos os microorganismos, a
liares de enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes
estão descritas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas fun- microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quan-
ções estão descritas abaixo: do a probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o
contaminavam é menor do que 1:1.000.000.
Enfermeiro Supervisor Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização
• Atua na coordenação do setor; disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são
• Prever os materiais necessários para prover as unidades o calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a
consumidoras; forma líquida, gasosa e plasma
• Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo
quanto de produtividade;
• Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com an-
tecedência de 04 a 6 meses
253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Processos físicos:
Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado EDUCAÇÃO EM SAÚDE
em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da
forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra Política Nacional de Educação Permanente (PNEPS)
confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu- A Educação Permanente em Saúde (EPS) se configura como
ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara uma proposta de aprendizagem no trabalho, onde o aprender e
apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações. A EPS se
de testes biológicos, a presença de formas esporuladas. baseia na aprendizagem significativa e na possibilidade de transfor-
Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre mar as práticas profissionais. Caracteriza-se, portanto, como uma
os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgi- intensa vertente educacional com potencialidades ligadas a meca-
co, no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC re- nismos e temas que possibilitam gerar reflexão sobre o processo de
comenda abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas
trabalho, autogestão, mudança institucional e transformação das
Recomendadas- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de
práticas em serviço, por meio da proposta do aprender a apren-
Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Mate-
rial e Esterilização. 4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado der, de trabalhar em equipe, de construir cotidianos e eles mesmos
sob pressão: Este processo está relacionado com o mecanismo constituírem-se como objeto de aprendizagem individual, coletiva
de calor latente e o contato direto com o vapor, promovendo a e institucional.
coagulação das proteínas. Realizando uma troca de calor entre Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde instituiu, no ano
o meio e o objeto a ser esterilizado. Existe uma constante busca de 2004, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
por modelos de autoclaves que permitam a máxima remoção do (PNEPS) como estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para a
ar, com câmaras de auto-vácuo, totalmente automatizadas. En- formação e o desenvolvimento dos seus profissionais e trabalhado-
tretanto, esses equipamentos sofisticados necessitam de profis- res, buscando articular a integração entre ensino, serviço e comu-
sionais qualificados, pois estes são, e continuarão sendo, o fator nidade, além de assumir a regionalização da gestão do SUS, como
de maior importância na segurança do processo de esterilização. base para o desenvolvimento de iniciativas qualificadas ao enfren-
Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida tamento das necessidades e dificuldades do sistema.
no equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, A PNEPS tem como finalidade transformar as práticas do traba-
o ar é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo lho, com base em reflexões críticas, propondo o encontro entre o
uma dispersão e penetração uniforme e mais rápida do vapor
mundo da formação e o mundo do trabalho, através da interseção
em todos os pacotes que contém a respectiva carga. Após a es-
entre o aprender e o ensinar na realidade dos serviços.
terilização, a bomba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade
interna da carga, tornando a secagem mais rápida e completando
o ciclo. Os materiais submetidos à esterilização a vapor são libe- Trabalhando educação em saúde na comunidade
rados após checklist feito pelo auxiliar de enfermagem da área.
Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes quí- Como trabalhar educação em saúde na comunidade.
micos cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como
930/92 do Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
outros, desde que atendam a legislação especifica. população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode
O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que
de etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas.
em baixa temperatura Validação dos processos de esterilização Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar.
de artigos: Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe-
A validação é o procedimento documentado para a obten- rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção
ção de registro e interpretação de resultados desejados para o ou a sua construção.
estabelecimento de um processo, que deve consistentemente
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na
fornecer produtos, cumprindo especificações predeterminadas.
qualidade da atenção prestada em saúde.
A validação da esterilização precisa confirmar que a letalidade do
ciclo seja suficiente para garantir uma probabilidade de sobrevi- Educar é um processo de construção permanente.
da microbiana não superior a 10º. As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po-
dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de
Controles do processo de esterilização: saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O
Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma fa- trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos.
lha em potencial no processo de esterilização por meio da mu- A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe.
dança de sua coloração. Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos.
Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às
ciclo de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo
fria e vazia. e de espaço, assim como as características e as necessidades do
Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples
consideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização e precisa.
monitorada por indicadores biológicos utilizam monitores e pa- “Atividades educativas são momentos de encontro e nesses
râmetros críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de encontros não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há
exposição e, cuja leitura é realizada em incubadora com método
homens que, em comunhão, buscam saber mais.” Paulo Freire.
de fluorescência, obtendo resultado para liberação dos testes em
três horas, trazendo maior segurança na liberação dos materiais. É importante considerar o conhecimento e experiência dos partici-
Os produtos são liberados quando os indicadores revelarem re- pantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir
sultados negativos. um processo decisório autônomo e centrado em seus interesses.
254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui- Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus-
dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam- car desenvolver, estão:
bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o - Ter boa capacidade de comunicação;
pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde. - Usar linguagem acessível, simples e precisa;
- Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
Recomendações gerais para atividades educativas - Acolher o saber e o sentir de todos;
Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o - Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores
seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião que não sejam os seus próprios;
definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomodação - Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser debati-
e a presença de todos. É importante garantir as condições de aces- do;
sibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na comu- - Ter conhecimentos técnicos;
nidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso - Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber
de deficiente visual ou auditivo. Não se esquecer de providenciar responder a alguma pergunta.
o material que será utilizado durante a atividade e, se necessário,
convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci-
específico de interesse da comunidade. dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do
No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen- acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento
tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das dos serviços disponíveis.
suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co- Sempre que possível envolver os participantes do grupo no
nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce- planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso
ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em
sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes. que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucesso do
Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra- trabalho.
balho de todos os membros da equipe.
Nas atividades em grupo, é possível que:
Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-se: - As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex-
- Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar periências e informações;
a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com - As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente,
letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te-
mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo; mas que geralmente são comuns a todos;
- Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par- - O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando
ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial; cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res-
- Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição peito entre os participantes;
das necessidades e expectativas de todos. - As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re-
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio.
A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
às necessidades do momento; Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde
- Estimular a participação de todos;
- Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo, Objetivos
bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão - Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada;
sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções - Relacionar os conceitos de comunicação e participação à prá-
culturais, religiosas ou pessoais; tica educativa;
- Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado, - Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação edu-
que contribuirão para uma melhor qualidade de vida; cativa;
- Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo - Decidir qual é a educação que pretendemos praticar.
grupo;
- Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturali- Repensando a Prática
dade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con- Existem várias maneiras de entender e fazer educação. Muitas
fiança e a satisfação das pessoas; vezes, na prática, a educação tem sido considerada apenas como
- Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual- divulgação, transmissão de conhecimentos e informações, de for-
mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo ma fragmentada e, muitas vezes, distante da realidade de vida da
todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles que só compa- população ou indivíduo.
recem às reuniões para discutir seus problemas pessoais; “É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é um
- Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recursos processo de condicionamento para que as pessoas aceitem, sem
audiovisuais, bonecos, balões etc.; perguntar, as orientações que lhes são passadas. A simples infor-
- Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis- mação ou divulgação ou transmissão de conhecimento, de como ter
cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen- saúde ou evitar uma doença, por si só, não vai contribuir para que
to de dúvidas. uma população seja mais sadia e nem é fator que possa contribuir
para mudanças desejáveis para melhoria da qualidade de vida da
população”.
255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
“As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde mente tecnológicos, mas também conhecimento das estruturas e
ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saú- processos econômicos e políticos da sociedade na qual se insere a
de participam. A discussão, a reflexão crítica, a partir de um dado sua prática social. “Portanto, boa vontade só não basta.”
conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e consequências,
permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca Comunicação
do que determina a existência de uma doença e como resolver os O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada vez mais
problemas para modificar aquela realidade”. capacitados, principalmente, do ponto de vista tecnológico, exigin-
do atributos e conhecimentos dos trabalhadores para responder às
Os Problemas e Desafios demandas impostas pelas mudanças sociais e econômicas. Nesse
Muitos daqueles que trabalham na área da Educação encon- contexto as interações pessoais acabam por assumir uma condição
tram dificuldades no seu dia-a-dia, como: inferior. Estamos vivendo num mundo de poucas palavras, onde a
- Recomendação de práticas diferentes por instituições diferen- imagem predomina, em uma cultura onde a razão se sobrepõe à
tes e relacionadas a uma mesma ação que se espera da população. emoção. A cada dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação
- Recomendação de práticas com barreiras socioeconômicas ou do ser.
culturais que dificultam e/ou restringem a sua execução. Englobado por essas reformulações econômicas, sociais e polí-
- Despreocupação com o universo conceitual da população, ticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes macroestruturais
achando que tudo depende da transmissão do conhecimento téc- de busca da produtividade, tecnologia e qualidade dos serviços,
nico. exigindo novos atributos de qualificação dos profissionais de saú-
de. É a partir dessa premissa, e diante da nossa realidade enquan-
Cabe a nós propiciar condições para que o processo educativo to atores do cenário do cuidado físico e mental, que reforçamos a
aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o que entendemos importância de que seja discutido, entre os diversos profissionais
por educação. de saúde ligados diretamente à assistência ao cliente, e aqui desta-
Uma maneira de perceber se uma atividade educativa está de camos o enfermeiro, o cuidado emocional, resultando na busca do
acordo com uma proposta de educação transformadora é descobrir bem estar e qualidade de vida do cliente.
qual a sua utilidade. Analisando as atividades de Educação em Saú- Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimentos e
de desenvolvidas nos serviços de saúde, na escola, na comunidade. processo instrucional para encontrar uma maneira de ação que tor-
ne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois, como agente de
“A partir de Algumas das características do processo de edu- mudança, o enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de
cação, partimos da admissão de que existe dois saberes: o saber hoje é diferente do de anos passados. Os novos horizontes da enfer-
técnico e o saber popular, distintos, mas não essencialmente opos- magem exigem do profissional responsabilidade de elaboração de
tos, e que a educação, como processo social, exigirá o confronto e a um cuidado holístico, devendo estar motivado para acompanhar os
superação desses dois saberes”. conhecimentos e para aplicá-los.
“Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber popular Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas por
que chega a ser considerável. Embora a este saber falte uma siste- enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido à interna-
matização coletiva, nem por isso é destituído de validez e importân- ção hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de milhares de enfer-
cia. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado meiros, a experiência da internação hospitalar cria situações únicas
como mera superstição. Ele é o ponto de partida e sua transforma- de estresse não só para os clientes, mas também para suas famílias.
ção, mediante o apoio do saber técnico-científico, pode constituir- Vários pesquisadores têm documentado a repercussão dos níveis
-se num processo educativo sobre o qual se assentará uma organi- de estresse, ansiedade e angústia na evolução e prognóstico de um
zação eficaz da população, para a defesa dos seus interesses.” cliente, bem como no âmbito familiar. Na perspectiva do cliente que
“O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, não necessita de internação hospitalar esse processo é permeado pelo
pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes dois sabe- medo do desconhecido, como a utilização de recursos tecnológicos,
res não poderá ser a transmissão unidirecional, vertical, autoritária, muitas vezes invasivos, linguagem técnica e rebuscada, pela apreen-
mas deverá ser uma relação de diálogo, relação horizontal, bidire- são de estar em um ambiente estranho, e ainda pela preocupação
cional, democrática. Diálogo entendido não como um simples falar com sua integridade física, em decorrência do processo patológico,
sobre a realidade, mas como um transformar-se conjunto dos dois motivo de sua internação hospitalar.
saberes, na medida em que a própria transformação da realidade Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional que per-
é buscada.” manece mais tempo ao lado do cliente, este deve ser o facilitador
“O conteúdo educativo deste processo de encontro e confron- na promoção do bem-estar bio-psico-sócio-espiritual e emocional
to não será, portanto, predeterminado pelo pólo técnico. O con- do cliente, conduzindo-o às melhores formas de enfrentamento do
fronto dar-se-á num processo de produção em que o conteúdo é processo de hospitalização. Consideramos relevante realizar uma
o próprio saber popular que se transforma com a ajuda do saber reflexão sobre as interfaces do cuidado emocional ao cliente hos-
técnico, enquanto instrumento do próprio processo.” pitalizado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da
“A ação educativa não implica somente na transformação do assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de comuni-
saber, mas também na transformação dos sujeitos do processo, cação.
tanto dos técnicos quanto da população. O saber de transformação
só pode produzir-se quando ambos os pólos da relação dialógica A comunicação e o cuidado emocional
também se transformam no processo.” O termo comunicar provém do latim communicare que signifi-
Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo como ca colocar em comum. A partir da etimologia da palavra entende-
o que se esboça acima supõe, também, por parte dos técnicos que mos que comunicação é o intercâmbio compreensivo de significa-
dele participam competência técnica, no mais amplo sentido da pa- ção por meio de símbolos, havendo reciprocidade na interpretação
lavra, o que significa conhecimento não apenas dos aspectos mera- da mensagem verbal ou não verbal. Freire afirma que “o mundo
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
social e humano, não existiria como tal, se não fosse um mundo de o cuidar se inicia de duas formas: como um modo de sobreviver e
comunicabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimento como uma expansão de interesse e carinho. Assim, o primeiro faz-
humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a caracterís- -se notar em todas as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre
tica primordial deste mundo cultural e histórico”. exclusivamente entre os humanos, considerando sua capacidade de
Partimos da premissa de que a comunicação é um dos mais im- usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar com os
portantes aspectos do cuidado de enfermagem que vislumbra uma outros.
melhor assistência ao cliente e à sua família que estão vivenciando Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equipe de
ansiedade e estresse decorrentes do processo de hospitalização, es- enfermagem pode estabelecer estratégias de cuidados para atingir
pecialmente em caso de longos períodos de internação ou quando seus objetivos. Contudo, ratificamos uma vez mais que a comunica-
se trata de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é ção é o elemento chave para a construção de qualquer estratégia
algo essencial para se estabelecer uma relação entre profissional, que almeje o cuidado emocional. Alguns autores têm identifica-
cliente e família. Algumas teorias afirmam que o processo comuni- do que problemas de comunicação ou comunicação insatisfatória
cativo é a forma de estabelecer uma relação de ajuda ao indivíduo entre enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados a
e à família. clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade do enfer-
Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o processo meiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a doença, falta de
de comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência tempo, falta de treinamento de como interagir com estes clientes,
humanística e personalizada de acordo com suas necessidades. Por- e ansiedade sobre as consequências negativas para os clientes têm
tanto, o processo de interação com o cliente se caracteriza não só repercutido no estabelecimento de uma melhor interação enfer-
por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados meiro-cliente.
do enfermeiro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceita- Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa submeter-se
ção e empatia entre ambos. a treinamentos relacionados à habilidade de comunicação.
O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré-teste, conce-
esse que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz deram treinamento sobre habilidades comunicativas aos enfermei-
de uma abordagem integrada, não poderíamos excluir o cuidado ros e realizaram um pós-teste. Ao final do estudo os autores identi-
emocional aos nossos clientes, quando vislumbramos uma assis- ficaram que a habilidade de comunicação do enfermeiro melhorou
tência de qualidade. Ao cuidarmos de alguém, utilizamos todos os de forma significativa após o treinamento. Wilkinson et al e Kruijver
nossos sentidos para desenvolvermos uma visão global do processo et al encontraram que após um treinamento dessa natureza as en-
observando sistematicamente o ambiente e os clientes com o intui- fermeiras melhoraram a avaliação dos problemas do cliente e do
to de promover a melhor e mais segura assistência. No entanto, ao conteúdo emocional revelados pelo mesmo.
nos depararmos com as rotinas e procedimentos técnicos deixamos Além de uma educação continuada relacionada à comunicação
de perceber importantes necessidades dos clientes (sentimentos, sugerimos a visita diária de enfermagem como um importante ar-
anseios, dúvidas) e prestar um cuidado mais abrangente e persona- tifício para identificar o nível de necessidade de segurança, amor,
lizado que inclua o cuidado emocional. autoestima, espiritualidade e biofisiológico do cliente. É a partir da
Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatura objeti- visita de enfermagem que o enfermeiro estabelece um processo de
vando compreender a definição de cuidado emocional e como en- comunicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de dú-
fermeiros e clientes podem interagir para produzir relacionamentos vidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos procedimen-
de suporte emocional. As autoras relatam a ausência de uma defi- tos a serem realizados, normas e rotinas da instituição ou unidade
nição clara do que venha a ser o cuidado emocional existindo va- de internação e estrutura física hospitalar, desempenhando um im-
riações na literatura quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se portante papel na redução dos quadros de tensão e ansiedade que
como “cuidado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cui- repercutem no quadro clínico do cliente.
dado psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as Do contrário uma inviabilização do processo comunicativo na
autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode ter vários relação profissional-cliente, pode desencadear situações de estres-
significados quando visto sob o prisma de diferente marcos teórico se. Santos refere que os diálogos ocorridos junto à cama do cliente,
e contextos sociais, e, portanto a ausência de uma definição e sig- repletos de termos técnicos, geralmente inacessíveis, são interpre-
nificados próprios repercute na prática assistencial do enfermeiro. tados pelo cliente conforme seu conhecimento, e o impacto emo-
Contudo, para a condução de nossa reflexão assumimos que cional da postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra-
o cuidado emocional é a habilidade de perceber o imperceptível, var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, atitudes
exigindo alto nível de sensibilidade para as manifestações verbais e como estas devem ser evitadas durante toda a internação, na ten-
não verbais do cliente que possam indicar ao enfermeiro suas ne- tativa de minimizar seu impacto na qualidade assistencial do cliente
cessidades individuais. no momento em que este se encontra mais fragilizado.
Portanto, consideramos que a promoção de um cuidado holís- Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de saúde é
tico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espiritual e emo- vital conhecer não só a visão do cliente, mas também da família de
cional perpassa por um processo comunicativo eficaz entre enfer- forma a estarmos sensíveis para oferecer um cuidado que atenda
meiro-cliente. Todavia entendemos que o processo de comunicação às expectativas do cliente e da família diminuindo a repercussão do
se constrói de diferentes formas, e que para haver comunicação a estresse e ansiedade no processo de hospitalização.
expressão verbal (através do uso das palavras) ou não verbal (a pos- Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um compro-
tura, as expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de misso e obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. A
um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo de sig- evidência teórica, prática e investigacional do significado que a fa-
nificação comum ao outro. mília dá para o bem-estar e a saúde de seus membros bem como
Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de sinais a influência sobre a doença, obriga os enfermeiros a considerar o
entre os sujeitos, inviabilizando o processo comunicativo e conse- cuidado centrado na família como parte integrante da prática de
quentemente comprometendo o cuidado. Waldow deixa claro que enfermagem”.
257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A promoção do cuidado emocional tem alcançado resultados Planejamento
positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et al realizaram um Fazer planos é uma atividade conhecida do homem desde que
estudo correlacionando os sintomas de estresse e as intervenções ele se descobriu com capacidade de pensar antes de agir. Mas foi
de cuidado do emocional. Os autores encontraram uma relação com o desenvolvimento comercial e industrial, ocorrido com o ca-
estatisticamente significante entre os sintomas e as intervenções pitalismo, que surgiu a preocupação de planejar as ações antes que
revelando que os clientes que morreram mais precocemente foram elas ocorressem. Hoje, em todos os setores da atividade humana, fa-
aqueles que receberam menos intervenções de cuidado emocional. la-se muito em planejamento, com maior ênfase na área governamen-
A partir dessas evidências ratificamos a importância do cuidado tal. Atualmente ele é uma necessidade em todas as áreas de atuação.
emocional para a recuperação e sobrevida do cliente hospitalizado, Quanto maior a complexidade dos problemas, maior é a necessidade
todavia, não devemos nos esquecer em momento algum o cuida- de planejar as ações para garantir melhores resultados.
do técnico-científico. Na realidade, essas diferentes dimensões do Planejar, definindo de forma simples e comum, é não improvi-
cuidado devem caminhar juntas, se complementando harmonica- sar. É compatibilizar um conjunto diversificado de ações, de manei-
mente. ra que sua operacionalização possibilite o alcance de um objetivo
Para prestarmos o cuidado emocional é necessário sermos comum. É o processo de decidir o que fazer. É a escolha organizada
bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, tocando e confor- dos melhores meios e maneiras de se alcançar os objetivos propos-
tando os nossos clientes, e recuperando sua autoestima. tos. Planejar é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fazer
Quanto aos efeitos comportamentais do tocar, olhar e do ouvir, e acompanhar a sua execução, reformular as decisões tomadas, redire-
estes apresentam contribuição essencial à segurança, proteção e cionar a sua execução, se necessário, e avaliar os resultados ao seu tér-
autoestima de uma pessoa. Segundo Montagu, o tocar desenvolve mino. Acompanhar a execução das ações é importante para verificar se
ostensivas vantagens em termos de saúde física e mental. Tocar al- os objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não.
guém com a intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só O processo de planejamento contempla pelo menos três mo-
já é terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável e faz mentos em permanente interação: preparação, acompanhamento
parte do cuidado emocional. e revisão crítica dos resultados, buscando-se sempre caminhos que
Consideramos que o cuidado emocional ao cliente hospitaliza- facilitem a realização do que foi previsto. Se em todos os setores da
do se faz de suma importância para a melhoria da qualidade de atividade humana o planejamento se reveste da maior importância
vida, não só do cliente, mas de sua família. Enfatizamos a impor- para prever melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em
tância da visita de enfermagem com uma abordagem sistematizada Saúde não pode fugir a esta premissa.
visando um atendimento holístico como uma oportunidade de pro-
mover o cuidado emocional. Essa sistematização do cuidado deve A Educação para a participação e o Planejamento Participa-
estar registrada, de forma a proporcionar uma comunicação efetiva tivo
entre os membros da equipe de saúde e a avaliação da eficácia do Existem várias formas de fazer planejamento. “Quando apenas
cuidado prestado ao cliente, contribuindo para um melhor nível as- as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é
sistencial. um planejamento centralizado. Ele é mais rápido e permite o con-
Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um ser com- trole pelo gestor de saúde, e atende às necessidades de natureza
plexo que possui necessidades no âmbito bio-psico-sócio-espiritual epidemiológica, mas, frequentemente não reflete as necessidades
e emocional o qual se encontra fragilizado pela doença. Porém, essa mais sentidas da população, e nem sempre permite a participação
pessoa ainda mantém a sua individualidade, e na maioria das vezes social no controle e fiscalização das ações.”
é capaz de decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E Outra forma é a do planejamento participativo, onde a popu-
os enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa in- lação, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e en-
dividualidade e as necessidades de cada um, facilitando assim seu contra as soluções para as suas reais necessidades. Esta forma de
processo de recuperação, diminuindo o tempo da internação e con- planejar aproxima-se mais da proposta da educação para a partici-
sequentemente os índices de infecção hospitalar. pação nas ações de saúde.
Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja mais um Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa
passo para a realização de muitas outras, além de estudos mais de- perspectiva mudança, pressupõe que a população compartilhe de
talhados que contemplem o cuidado emocional em enfermagem forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e
aos diferentes tipos de clientes, contribuindo assim para a melhoria avaliação. A população deverá participar “tomando parte” nas de-
da qualidade da assistência de enfermagem. cisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreen-
dendo as ações de caráter técnicas realizadas ou indicadas.
A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação Neste processo, as respostas aos problemas não são prepara-
das e decididas pelos técnicos, mas são buscadas, a partir da análise
Objetivos e reflexão, entre técnicos e população sobre a realidade concreta,
- Discutir e analisar o conceito de planejamento, com ênfase no seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde.
planejamento participativo. Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e
- Identificar a relação existente entre o processo educativo, a democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade,
participação e o planejamento participativo. mas também dos próprios técnicos e da população.
- Identificar as principais etapas do planejamento.
- Identificar as fases do diagnóstico para a operacionalização
das ações educativas.
- Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada profissional
no desempenho de sua função educativa.
258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Etapas do Planejamento Os dados chamados “primários” são aqueles que necessitam
O planejamento, sendo um processo ordenado, pressupõe cer- ser coletados, no momento do diagnóstico, junto ao grupo ou po-
tos passos, momentos ou etapas básicas, estabelecidos em uma pulação. Podem ser recolhidos por meio de diferentes instrumentos
ordem lógica. Para o planejamento do componente educativo das e/ou técnicas (questionário, formulário, ficha de observação, entre-
ações de saúde, regra geral, seguem-se as seguintes etapas: vista, observação participante, dramatização e outros). A sua ade-
- Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a discussão, quação deverá ser constantemente avaliada, permitindo que os da-
a análise e interpretação dos dados, e o estabelecimento de prio- dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade concreta.
ridades. É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primários e se-
- Plano de Ação, incluindo a determinação de objetivos, popu- cundários para o conhecimento mais global da problemática da saú-
lação-alvo, metodologia, recursos e cronograma de atividades. de/doença de uma determinada população-alvo. Existem formas
- Execução, implicando na operacionalização do plano de ação. diferentes de se colher dados para o diagnóstico de uma situação.
- Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos propos-
tos foram ou não alcançados. Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vários fatores
influenciam a definição da forma de coletar dados, assim como os
Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilida- instrumentos e técnicas a serem utilizados. Esta definição também
de, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua influi na análise e interpretação de dados ou fatos, nas relações de
execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve iniciar-se na etapa causa-e-efeito, assim como nas propostas de intervenção.
de diagnóstico e acompanhar todas as fases do planejamento. A
avaliação realizada após a execução, além de identificar os resulta- Entre outros, temos:
dos alcançados, também fornece subsídios para a reprogramação - a postura e visão daqueles que são os responsáveis pelo de-
das ações, bem como indica a necessidade de novas ações de diag- sencadeamento das ações de diagnóstico de uma dada situação
nóstico. problema;
- o tipo de dados a serem coletados;
O que entendemos por diagnóstico - a situação-problema ser ou não emergencial;
É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais possível - a postura e visão da população a ser envolvida;
da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão e a sistema- - o compromisso com a participação real.
tização dos problemas e necessidades de saúde de uma população,
bem como o conhecimento de suas características socioeconômi- Esses fatores direcionam para um diagnóstico descritivo/analítico
cas e culturais. Deve permitir também o conhecimento das causas e/ou participativo. Quando definimos qual será nossa prática a partir
(variáveis) e consequências de seus agravos de saúde, e como estes de um modelo de pensamento uni casual, além de podermos incorrer
influenciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos e no equívoco de colocar em execução um plano de ação baseado em
de organização dos serviços de saúde e da sociedade. prioridades e objetivos que dificilmente terão como produto final a
Ao pensar em uma ação educativa problematizadora, partici- resolução do problema, ainda corremos o risco de dirigir recursos, pro-
pativa e dialógica, com o propósito de intervenção para mudanças, fissionais e ações para áreas que extrapolam o nosso poder de decisão.
pressupõe-se o desencadeamento de ações para o diagnóstico da Essa forma de diagnóstico pode também levar o profissional de
situação. saúde a uma falsa percepção de suas possibilidades de ação. Pode
“Como agir sobre uma realidade, para transformá-la, sem co- também, ingenuamente, achar que somente com ações educativas
nhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação participativa, irá resolver os problemas relacionados à saúde coletiva.
portanto, se inicia e se fundamenta na investigação da realidade Uma nova forma de interpretação e análise dos dados: “Nes-
feita pelos sujeitos dessa realidade. É, pois, uma atividade coletiva, te modelo, o pressuposto é de um conjunto de variáveis, que se
feita não pelos técnicos sobre a população, mas pelos técnicos e a relacionam e determinam entre si, produzindo um efeito. Há variá-
população sobre a realidade compartilhada.” veis que têm um peso maior na produção do efeito, assim como há
O diagnóstico é o momento da identificação dos problemas, outras que atuam mais ou menos diretamente sobre ele.” Procura
suas causas e consequências, e principais características. É o mo- saber “o quê influi em quê”, e descobre que as prioridades para
mento em que também se buscam explicações para os problemas a solução do problema envolvem ações educativas, de reorganiza-
identificados. ção do Posto de Saúde, de treinamento dos profissionais de saúde,
além da dificuldade econômica da família, das condições de traba-
Fases do Diagnóstico lho, da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo ou forma
Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a leitura da de análise e interpretação dos dados coletados define: Múltiplas
realidade concreta, a sua compreensão, a identificação dos proble- causas - de diferentes naturezas, mas com pesos iguais, e um efeito
mas e necessidades de saúde de determinados grupos e/ou popula- - ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação “Multicausal”.
ção. Deve também obter dados para o conhecimento de suas carac- A partir dessa análise e interpretação, a equipe e demais envol-
terísticas socioeconômicas, culturais e epidemiológicas, entre outras. vidos podem estabelecer prioridades, no seu nível de resolutivida-
Direta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as principais causas de, para atenuar o problema da família e de outras com problemas
dos agravos de saúde e sua inter-relação com os fatores relacionados à semelhantes e, assim, contribuir para uma melhoria nas condições
organização de serviços de saúde e outros, mostrando, também, como de saúde. Neste caso, o grupo responsável pela intervenção conse-
todos os envolvidos agem e reagem frente aos problemas identifica- gue identificar o ponto-chave do problema, encontrar estratégias
dos. As fontes de dados podem ser boletins epidemiológicos, relató- de ação que viabilizam intervenções sucessivas e complementares,
rios, planilhas, fichas, prontuários, artigos científicos, livros de atas, e ao mesmo tempo em que permite um trabalho interinstitucional,
outros à disposição. Neste caso, podemos utilizá-los selecionando os com a participação dos profissionais de saúde, usuários e grupos
dados que sejam úteis para o diagnóstico pretendido. A este tipo de interessados. Neste caso, pode haver confronto, conflito, pessimis-
dados damos o nome de “secundários”. mo, otimismo, consenso, mas não imobilismo.
259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As ações educativas previstas são partes do processo de Ação Educação
- Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de interpretação Segundo Freire (2013) a educação não deve ser uma mera
define: múltiplas causas - de diferentes naturezas e com diferentes transmissão de conhecimento, mas criar uma possibilidade do edu-
pesos, e vários efeitos - interdependentes. cando construir o seu próprio conhecimento baseado no conheci-
mento que ele traz de seu dia-a-dia.
Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do diagnós-
tico. Neste momento, equipe de saúde, grupos e população inte- Comunicação
ressada definem, entre os problemas identificados, aqueles que Para Ferreira (2008), a comunicação é o processo de emissão,
são passíveis de intervenção, no nível da organização de serviços, transmissão e recepção de mensagens por meio de métodos e/ou
de socialização do conhecimento científico atual, da participação sistemas convencionados; a mensagem recebida por esses meios;
da população, em nível individual e/ou coletivo, que contribuirão a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar,
para a melhoria da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o com vista ao bom entendimento entre pessoas.
próximo passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ati- A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização
vidades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos, popu- das Nações Unidas assegura que “a informação é unanimemente
lação-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros necessários, reconhecida como direito universal inviolável e inalienável do ho-
estratégias de execução e critérios de avaliação. mem moderno correspondente a uma profunda necessidade de
sua natureza racional”, ou seja, este direito deve ser respeitado es-
O acesso à informação em saúde pecialmente pelos governos. Neste sentido, Torquato (2010, p. 128)
É fundamental para reduzir iniquidades e promover transfor- defende que a comunicação deve ser vista pelos governos como
mações sociais necessárias para a qualidade de vida e o bem-estar fundamental na construção da cidadania.
mais democrático das populações. O conceito ampliado de “saúde”,
tão discutido nos debates que deram origem ao Sistema Único de Então como é entendida a comunicação?
Saúde (SUS), está intimamente relacionado à ideia de cidadania. E A comunicação deve ser entendida como um dever da admi-
uma das bases essenciais ao exercício pleno da cidadania e do direi- nistração pública e um direito dos usuários e consumidores dos ser-
to à saúde é o direito à comunicação e à informação. viços. Sonegar tal dever e negar esse direito é um grave erro das
Uma reportagem da Revista Radis, de fevereiro de 2006, dizia: entidades públicas. Os comunicadores precisam internalizar esse
“Se comunicação é troca de informações e sentidos, o estabele- conceito, na crença de que a base da cidadania se assenta também
cimento de vínculos entre sujeitos diversos, comunicar em saúde no direito à informação (TORQUATO, 2010, p. 128).
não é apenas montar e oferecer bancos de dados. Também não é É importante compreender que a educação em saúde consti-
somente veicular peças publicitárias ou apelar à mídia para que di- tui um conjunto de saberes e práticas orientados para a prevenção
vulgue o que há de bom no sistema (...).” Relacionar comunicação, de doenças e promoção da saúde (COSTA; LÓPEZ, 1996). Portanto,
informação e saúde no Brasil passa, por exemplo,pelo debate sobre trata-se de um recurso por meio do qual o conhecimento cientifi-
o papel que a mídia tem ocupado na observação do SUS, havendo camente produzido no campo da saúde, intermediado pelos pro-
uma crítica por parte de profissionais de saúde quanto à recorrência fissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, uma vez
de matérias voltadas para destacar as falhas do SUS, em detrimento que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença
da dimensão e importância do sistema como um todo para o país. oferece subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de
O campo da Comunicação, Informação e Saúde aponta para saúde (ALVES, 2005).
uma interface entre essas três dimensões, não se reduzindo a uma Segundo Fonseca (2011), a educação sanitária é uma pratica
visão instrumental, ou seja, da comunicação e informação como um educativa que induz um determinado público a adquirir hábitos
conjunto de ferramentas de transmissão de conteúdos a serviço da que promovam a saúde e evite a doença e tem de ser um processo
saúde, mas também como processos sociais de produção de senti- contínuo, permanente e construído na medida em que o indivíduo
dos, em espaços de lutas e negociações. A comunicação e a infor- aprofunda seu conhecimento. O foco da educação sanitária deve
mação devem ser pensadas visando aperfeiçoar o sistema público estar voltado para profissionais e população em relações de inte-
de saúde e assegurar a participação dos cidadãos na construção das ração, comunicação, cooperação e responsabilidade conjunta em
políticas públicas da área. Para isso, é fundamental pensá-las com solucionar problemas.
base nos princípios e diretrizes do SUS (Araújo; Cardoso, 2007). Ainda segundo o autor, a comunicação e a educação podem ga-
Os termos Informação, Educação e Comunicação em Saúde se nhar expressão concreta nas ações de mobilização dos profissionais
articulam e permeiam as políticas de saúde. Inicialmente, precisa- de saúde, da comunidade e dos movimentos sociais, para que esses
mos conhecer cada uma dessas áreas para em seguida entender- atores reconstruam suas práticas.
mos como elas se aplicam no SUS.
Políticas de Informação, Educação e Comunicação no SUS
Informação As políticas de informação, educação e comunicação em saúde
Ferreira (2008) define informação como “fatos conhecidos ou começaram a ganhar importância durante as Conferências Nacio-
dados comunicados acerca de alguém ou algo; tudo aquilo que, por nais de Saúde. Na 8ª Conferência Nacional de Saúde já foi indicado
ter alguma característica distinta, pode ser ou é apreendido, assimi- que essas áreas devem estar em sintonia com as necessidades do
lado ou armazenado pela percepção e pela mente humanas”. Sistema Único de Saúde. Ferreira e Saraiva (2008, p. 33) destacam
Considerando que a Constituição Federal estabeleceu em seu que:
art. 5º - Inciso XIV que, “é assegurado a todos o acesso à informação
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício pro-
fissional”; é direito da população receber informações e é responsa-
bilidade do Estado e do Governo estabelecer um fluxo informativo e
comunicativo com seus cidadãos BRASIL, 1988).
260
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Importante! 02 - Respeito à diversidade e características regionais, culturais,
Assim como o SUS é um sistema em permanente mudança e étnicas, tecnológicas (possibilidades de acesso), buscando a univer-
constante pactuação entre os diversos setores que o compõem, o salidade, pluralidade de expressão e a imparcialidade da comuni-
debate e as ações para a melhoria da qualidade da comunicação cação.
e da informação em saúde e sobre o próprio SUS no país também 03 - Divulgação permanente de informações sobre as ações
devem seguir essa dinâmica de mudança e pactuação (FERREIRA; de promoção, sobre os serviços de prevenção e assistência do SUS,
SARAIVA, 2008, p. 33). assim como das informações epidemiológicas de interesse para a
população.
Na 11ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2001) começou 04 - Democratizar as informações científicas e epidemiológicas,
a ser discutida a Política de Informação, Educação e Comunicação garantindo ampla divulgação dos conhecimentos, programas e pro-
(IEC): as políticas de IEC devem compreender o fortalecimento da jetos da comunidade científica para a saúde individual e coletiva,
cidadania e do controle social visando a melhoria da qualidade e estimulando a discussão crítica e pública da ciência, tecnologia e
humanização dos serviços e ações de saúde; devem contribuir para saúde.
o acesso das populações socialmente discriminadas aos insumos 05 - Garantia de acesso às informações e espaços de discussão
e serviços de diferentes níveis de complexidade; devem garantir a nos serviços e ações de saúde.
apropriação por parte dos usuários e população de todas as infor- 06 - Utilização de todos os meios de comunicação: a grande im-
mações necessárias para a caracterização da situação demográfica, prensa, Internet, as rádios AM e FM, rádios comunitárias, televisão
e sócio-econômica; estar voltada para a promoção da saúde, que aberta, TVs comunitárias, boletins, jornais de bairro, veículos pró-
abrange a prevenção de doenças, a educação para a saúde, a prote- prios dos governos, das entidades, movimentos sociais e de todos
ção da vida, a assistência curativa e a reabilitação, sob responsabili- os segmentos envolvidos com o controle social.
dade das três esferas de governo, utilizando pedagogia crítica, que 07- Considerar as necessidades dos portadores de deficiências,
leve o usuário a ter conhecimento também de seus direitos; dar desenvolvendo estratégias de comunicação específicas.
visibilidade à oferta de serviços e ações de saúde do SUS; motivar 08 - Os planos e ações de comunicação devem ser aprovados
os cidadãos a exercer os seus direitos e cobrar as responsabilidades nas instâncias do SUS, com objetivos, orçamentos e formas de ava-
dos gestores públicos e dos prestadores de serviços de saúde. liação claramente definidos.
Os usuários devem ser bem informados, devem participar de 09 - Garantir permanente comunicação entre os conselhos e
forma ativa de seus cuidados de saúde. Segundo Müller (2009) os conselheiros das esferas municipal, estadual e nacional, o que inclui
profissionais de saúde não podem ser colocados como os principais infraestrutura (espaço físico e equipamentos), pessoal e veículos
responsáveis pela má qualidade desta comunicação, pois muitas próprios de comunicação.
vezes os usuários estão numa situação de desespero, ansiosos por 10 - Divulgar com antecedência as datas de reunião dos Con-
informações ou exposição de suas dúvidas e expectativas. Além dis- selhos, esclarecer as suas atribuições e estimular a participação da
so, eles podem compreender de forma imprópria as informações população.
fornecidas pelos profissionais, daí a importância de se utilizar uma 11 - Divulgar amplamente as deliberações dos Conselhos, das
linguagem clara e acessível para o usuário. conferências, fóruns e plenárias.
Ao discorrerem sobre a Política de Informação, Educação e Co- 12 - Informar a população sobre o papel do Ministério Público,
municação (IEC), Vasconcellos, Moraes e Cavalcante (2005) defen- PROCON e dos órgãos e conselhos fiscalizadores das profissões.
dem que: 13 - Todas as unidades de saúde, inclusive as contratadas, de-
O acesso à informação amplia a capacidade de argumentação vem afixar placas com o logotipo do SUS, em lugar visível e acessí-
dos atores sociais nos processos de pactuação e, participar da defi- vel, informando sobre os serviços prestados, as normas e horários
nição sobre qual informação a sociedade quer é ampliar ainda mais de trabalho dos profissionais, nome do gestor responsável e formas
as possibilidades de intervir sobre a realidade. de contato.
[...] qualquer modelo de comunicação é uma simplificação da 14 - Desenvolver estratégias de comunicação, integrando pro-
realidade, mas esse deixa de fora, ou dá muito pouca importância a fissionais, serviços e usuários, visando a melhoria da qualidade e o
aspectos que são fundamentais em qualquer prática comunicativa: compartilhamento de informações; implementar caixas de coleta
os contextos, as situações concretas em que a comunicação aconte- de sugestões, críticas e opiniões que devem ser analisadas e res-
ce, as pessoas reais que dela participam, com suas histórias de vida, pondidas pelo gestor e pelo conselho.
ideias, interesses, preocupações, disposições, indisposições.
Já Cardoso (2006, p. 50), quando trata da comunicação e saúde Informação, Educação e Comunicação em Saúde: Um Breve
e os desafios que trazem para fortalecer o SUS, afirma que: Histórico
A Informação, a Educação e a Comunicação, enquanto campos
Cardoso (2006, p. 47-49) descreve as principais propostas so- separados de ação em saúde têm, cada qual, sua história peculiar.
bre comunicação em saúde da 8ª à 12ª Conferência Nacional de De acordo com Ilara Hammerli, com relação aos sistemas de in-
Saúde, sempre em estreita relação com o tema controle social, com formação em saúde no país, verificam-se diferentes enfoques e, por
destaque para a comunicação nos conselhos de saúde e nos servi- conseguinte, diferentes interesses, a serem instrumentalizados em
ços, ações e equipes de saúde: momentos específicos. A estruturação dos sistemas traduz o modo
01 - Democratização da comunicação com a sociedade, que ga- como o Estado apreende a realidade, a registra e a traduz, na busca
ranta maior visibilidade ao direito à saúde, aos princípios do SUS, às de respostas a determinados interesses e práticas institucionais.
políticas e aos orçamentos da saúde, visando ampliar a participação A informação no contexto da saúde tem estado associada à or-
e o controle social. ganização de sistemas de dados com o objetivo de apoiar a toma-
da de decisões, para intervenção em uma dada realidade. Assim, o
papel da informação em saúde tem sido entendido como subsídio
261
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a essa intervenção; no entanto ela deve contribuir para o entendi- A Coordenação de Educação em Saúde - COESA, na ocasião,
mento de que a “realidade de saúde que traduz, deve influenciar elaborou um documento - Plano Estratégico de Educação para a
decisões e modificar percepções”. Saúde - com as diretrizes gerais de uma concepção de educação em
Até 1987, .no âmbito do MS, os setores que trabalhavam com saúde, baseada nas práticas educativas do setor, e que apontava os
informação em saúde eram o Serviço de Planejamento de Informa- seguintes entraves:
ções, da Secretaria Geral , e o Serviço de Estudos Epidemiológicos, - verticalidade das ações;
da Divisão Nacional de Epidemiologia da Secretaria Nacional de - descontinuidade dos programas;
Ações Básicas de Saúde - SNABS7 . - predominância do enfoque biologista e mecanicista;
Em agosto de 1987, através de Portaria 413 de 21 de agosto - desarticulação dos saberes (técnico e popular);
de 1987 (D.O. 24.08.87) o MS aprova novo Regimento Interno da - redução da ação educativa à veiculação de campanhas pu-
Secretaria Geral que cria o Centro de Informações de Saúde (CIS), blicitárias e massificação de informações sem criar mecanismos de
como unidade autônoma (art. 2º - 9). No art. 34, define entre outras retorno;
competências do CIS, a de propor a formulação da Política de Infor- - projetos e programas de saúde organizados à margem da po-
mações e Informática do setor saúde. Na Portaria nº 415 de 24 de pulação e sem a sua participação;
agosto de 1987 (D.O. 25.08.87) de aprovação do Regimento Interno - ausência de uma unidade conceitual, configurando “equívo-
da Secretaria Nacional de Ações Básicas, o Serviço de cos em torno dos conceitos de informação, promoção, comunica-
Desenvolvimento de Sistemas de Informação fica sob a respon- ção, divulgação, os quais são geralmente assimilados como educa-
sabilidade da Divisão Nacional de Estudos Epidemiológicos. ção”
Após a reforma administrativa no setor saúde realizada em
1990, que transferiu do Ministério da Previdência e Assistência So- Este diagnóstico forneceu subsídios para uma proposta peda-
cial - MPAS para o Ministério da Saúde a tutoria das questões re- gógica de Educação para Participação em Saúde, tendo como ins-
lativas à assistência médica, hospitalar e ambulatorial, e extinguiu trumento metodológico a Didática de Apropriação do Conhecimen-
a FSESP e a SUCAM, criando como entidade sucessora a Fundação to10 que concebe a educação como processo, privilegia a relação
Nacional de Saúde - FNS, houve um redimensionamento da área de dialógica entre os saberes popular e científico, fundamenta-se na
informação em saúde. ação-reflexão-ação, possibilita a participação e a organização das
Foram instituídos, como consequência, o Departamento de In- comunidades, e oportuniza o compromisso dos indivíduos com o
formática do SUS - DATASUS, com a missão de informatizar o SUS, desenvolvimento.
coletar e disseminar informações visando apoiar a gestão da saúde A operacionalização deste modelo pedagógico, iniciada pela
no país; e o Centro Nacional de Epidemiologia - CENEPI, com o obje- COESA nos anos de 1991 e 1992, por meio da realização de oficinas
tivo de coletar e disseminar dados sobre mortalidade infantil, nasci- de trabalho para a formação de multiplicadores na DACO, teve o
dos vivos, notificações e agravos de doenças. O DATASUS e o CENEPI objetivo de compor um núcleo difusor da concepção da Educação
fazem parte da FNS/MS, que congrega bancos de dados também para a Participação em Saúde.
ligados às Divisões de Saneamento e de Planejamento desta mesma
entidade. Com a extinção da COESA, em 1992, verificou-se uma nova rup-
As ações de documentação foram conduzidas pelo Centro de tura nas ações de educação em saúde no MS, que passou a não
Documentação do MS (Cf. Portaria nº 48 já citada) que incluía Bi- mais dispor, na sua estrutura administrativo-organizacional, de um
blioteca e Serviço de Intercâmbio Científico até a publicação da Por- espaço para a continuidade deste trabalho e, sobretudo, de técni-
taria de nº 413 de 21 de agosto de 1987, já citada, quando, o Centro cos e recursos específicos para estas atividades. As dificuldades que
de Documentação - CD passou a conter as Divisões de Biblioteca se seguiram resultaram da ausência de um setor de referência e
- DIBIB; de Intercâmbio Científico - DINCI e de Editoração Técnica e contra-referência técnico-científico, bem como de uma politica na-
Científica - DEDIC. cional na área, que garantisse suporte às demandas do SUS. Apesar
Quanto à educação em saúde, conforme consta nos documen- disto, alguns setores e autarquias vinculadas ao MS continuaram
tos disponíveis no Ministério, verifica-se que suas ações eram de- desenvolvendo ações de educação em saúde, a exemplo da Funda-
senvolvidas em nível nacional pela Divisão Nacional de Educação ção Nacional de Saúde, que dispõe de um setor próprio, a Coorde-
em – DNES e nos estados pelas Secretarias Estaduais de Saúde Em nação de Comunicação, Educação e Documentação - COMED.
1989, ás Diretrizes de Ação Educativa em Saúde foram elaboradas No que se refere à comunicação, registra-se uma associação
com o objetivo de assegurar uma concepção metodológica de ação da educação sanitária com as técnicas de propaganda, que era uti-
participativa em conformidade com os princípios do SUS. lizada como instrumento de apoio às ações de combate aos vetores
Contudo, como resultado da reforma administrativa, ocorrida de endemias, na “técnica rotineira de ação, ao contrário do crité-
no MS em 1990, a DNES foi extinta, o que ocasionou uma ruptura rio puramente fiscal e policial até então utilizado”.11 Tal registro
das ações empreendidas nos estados, provocando uma desestru- remonta desde a época de criação do Departamento Nacional de
turação da área. A Coordenação de Educação em Saúde - COESA, Saúde Pública, em 1920, embrião da estrutura que viria a constituir
vinculada à SAS, então Secretaria Nacional de Assistência à Saú- o Ministério da Saúde, em 1953.
de - SNAS, passou a ser o órgão de referência para as questões de Os documentos disponíveis sobre atividades de comunicação
educação em saúde no MS. Como estratégia para resgate das expe- social no MS referem-se ao início da década de 80. Naquela épo-
riências existentes e avaliação das iniciativas na área, foi realizado o ca, a Coordenação de Comunicação Social era uma unidade gestora
Seminário Internacional de Educação para a Saúde, em Brasília-DF, sem verbas próprias, ligada diretamente ao Ministro da Saúde. Face
que reuniu consultores do Brasil, Colômbia, Argentina, México e Es- aos índices alarmantes de poliomielite, o setor foi incumbido de
tados Unidos. fazer a mobilização nacional para vacinação maciça da população,
atividade que veio a tomar-se prática comum nos anos que se se-
guiram, em função dos resultados positivos. Esta decisão de realizar
grandes campanhas, como forma de mobilização popular, provocou
262
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
uma reação por parte daqueles que defendiam as ações de rotina, sionais, exigindo deles uma articulação profunda na busca da com-
cujo objetivo era fazer com que as pessoas utilizassem sistematica- preensão global da realidade. É necessário superar os significados
mente o serviço de saúde. Para eles, ações pontuais deseducariam ultrapassados de comunicação como mero instrumento, de educa-
a população, pois representavam uma contraposição às ações de ção como transferência de conhecimentos ou imposição de valores,
rotina. de informação como divulgação de dados e, até mesmo o de parti-
Ao lado das atividades de assessoria de imprensa e da elabo- cipação, como mobilização utilitária da comunidade.
ração e produção (texto, imagem, vídeo e som) destas campanhas, Ao articular esses três conceitos na sua prática, contudo, a ati-
a Coordenação de Comunicação Social desenvolvia ações conjuntas vidade IEC não pretende se apropriar dos três campos. Na verdade,
com setores do MS: a extinta Superintendência de Campanhas de o campo predominante de IEC é a educação, uma educação que
Saúde Pública - SUCAM, a Secretaria Nacional de Ações Básicas de não acontece separadamente dos processos de informação e de
Saúde - SNABS, e a também extinta Fundação de Serviços de Saúde comunicação. Assim como a atividade de Documentação, que se
Pública - FSESP. situa prioritariamente no campo da informação, não pode dispen-
Em 1985, após a reforma administrativa feita no MS, a Coorde- sar os processos educativos e de comunicação para se efetivar de
nação de Comunicação Social passou a ser vinculada à Secretaria acordo com as exigências do modelo atual. Assim como a atividade
Geral, que hoje equivale hierarquicamente à Secretaria-Executiva. de Assessoria de Imprensa, claramente situada no campo da Comu-
Algum tempo depois, o setor passou a ser denominado Assessoria nicação, para ser efetiva e coerente com os princípios do SUS, não
de Comunicação Social - ASCOM, vinculada ao Gabinete do Minis- pode deixar de incorporar na prática o processo de informação e
tro, a quem o IEC foi integrado administrativamente, a partir de ja- de educação.
neiro de 1995. Nesta mesma época, iniciou-se uma reestruturação O livre acesso aos serviços de saúde e à informação como direi-
da Assessoria que, ao lado dos já existentes núcleos de Jornalismo e to de cidadania, conquistas asseguradas pela Constituição de 1988,
Publicidade, incorporou o núcleo de Editoração como resultado de por si só não são capazes de garantir a legitimação do modelo de
uma reorganização dos setores gráficos do Ministério. atenção proposto no SUS. Para que se consolide, este processo de
Hoje, a ASCOM através de um processo de articulação de se- busca por um modelo de atenção à saúde para a qualidade de vida
tores afins do MS elegeu como diretrizes o planejamento com- necessita de interfaces com os diversos setores da sociedade.
partilhado, a regionalização das ações e a integração das áreas de Sob a perspectiva de IEC, é essa a realidade em tomo da qual
comunicação e educação, na perspectiva de elaborar uma política se articulam a informação, a educação e a comunicação , assim en-
nacional. Com a criação do Conselho Editorial do MS, o setor vem tendidos:
também concentrando esforços para a adoção de uma política edi- a) Informação - para falarmos sobre informação em saúde, de-
torial e a normatização de procedimentos nesta área, através da vemos nos reportar ao conceito genérico do termo, que se refere
participação de técnicos dos diversos setores do Ministério, incluin- ao “conteúdo de tudo aquilo que trocamos com o mundo exterior,
do os da administração indireta. e que faz com que nos ajustemos a ele de forma perceptível”14 ,
constituindo-se, pois, em um insumo ao processo da comunicação
IEC: Uma Visão Integrada humana. A esta noção, acrescentaram-se outras, a partir dos anos
As ações de IEC e o conhecimento sobre elas, construído até 50, em consequência do surgimento da teoria da informação e dos
hoje, representam muito pouco diante da demanda do SUS. Isto interesses e objetivos inerentes ao desenvolvimento da chamada
porque, para fazer frente às tendências conservadoras que blo- “sociedade da informação”.
queiam a participação popular no SUS, é necessário ir mais além, Desta forma, verificou-se uma utilização ampla e imprecisa do
tocar nas resistências culturais e desencadear mudanças nas pró- termo, gerando um esvaziamento de seu significado. Embora haja
prias relações sociais. Não só nas relações hierárquicas para des- um consenso acerca de sua importância, observa-se uma correla-
centralização do poder dentro do sistema, como nas relações do ção entre informação e dados estatísticos, que sequer permite re-
SUS com a sociedade, nas relações dos usuários com o SUS, que se lacioná-la a tomada de decisão. Isto porque a teoria da informação,
pautam até hoje pelo padrão tradicional da passividade paciente/ da qual derivaram os diversos modelos de comunicação, está cen-
médico, e nas relações dos indivíduos consigo mesmos, com seu trada no canal por onde a informação é transmitida e não no seu
corpo e com o ambiente que os cerca. conteúdo.
Por esse motivo, a relação entre os níveis nacional e estaduais A informação, na forma que queremos enfatizar, é parte consti-
do IEC caracteriza-se pelo respeito às especificidades locais de cada tuinte de todo o processo de modificação de uma situação em saú-
estado e pela troca de conhecimento entre os profissionais das res- de que, segundo Mota, inclui decisão, intervenção, avaliação e difu-
pectivas equipes. Essa postura, ao mesmo tempo que estimula os são, permitindo entender o “processo saúde-doença, interagir com
técnicos à busca constante de aperfeiçoamento, permite que dife- as forças sociais participantes, possibilitar a análise dos resultados
rentes iniciativas sejam apropriadas por todo o grupo e se multipli- e tomar-se essencial ao processo de difusão desses resultados.”15
quem em vários pontos do Nordeste como, por exemplo, as feiras Na ótica de IEC, esta necessidade de ampliação do conceito de
de saúde e o teatro popular. Uma das marcas do IEC é a procura por informação aplica-se igualmente ao de comunicação e de educa-
uma linguagem que incorpore os símbolos e valores culturais regio- ção, como veremos a seguir.
nais, permitindo uma identificação que passe pelo afetivo e pelo
racional, resultando na participação consciente e no entendimento b) Comunicação - o significado básico do termo comunicação
da saúde como direito. é “tornar comum, partilhar”. Além de um processo natural, comu-
Em sua prática, o IEC vem articulando os conceitos de informa- nicação é também uma arte, uma tecnologia, um sistema e uma
ção, educação e comunicação que, separados, já não respondem ciência social. Enquanto ciência social, que utiliza teorias e pesqui-
à necessidade do modelo atual. A mesma mudança de paradigma sas de outras ciências, sua evolução registrou diversas mudanças
que, no SUS, rompe com a segmentação entre as especialidades de orientação em decorrência dos interesses e necessidades das
médicas em direção a uma concepção de integralidade, rompe, respectivas épocas históricas.
também, com a segmentação das disciplinas e dos campos profis-
263
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O papel da comunicação na transformação social começou a Nesta concepção, educação em saúde é um processo trans-
ser analisado a partir dos anos 70. O objetivo era associar “o estudo formador que ocorre fundamentalmente, com a troca de saberes/
da comunicação em seu contexto de realidade com o processo de conhecimentos, com a açãoreflexão-ação, e tem como base a con-
ação comunitária para a libertação”.16 ceituação, pilar da DACO.
Paulo Freire, ao abordar tal relação, destacou a necessidade de
uma pedagogia da comunicação, capaz de fomentar o diálogo, cuja
mensagem seria o conteúdo programático da educação para a par- RELAÇÕES HUMANAS
ticipação. Para ele, “este modelo de educação pressupõe tentativa
constante de mudança de atitude como consequência da substitui- As relações humanas no trabalho ocorrem de maneira ininter-
ção de antigos e culturológicos hábitos de passividade, por novos rupta, a partir da interação entre duas ou mais pessoas. Essa habi-
hábitos de participação”.17 lidade é essencial para obter um clima organizacional produtivo e
Desta forma, para que a participação popular seja uma reali- harmonioso porque gera empatia, colaboração e o alinhamento de
dade na ordem social, é necessário que suas propostas observem a objetivos.
relação sistêmica entre informação, educação e comunicação. Ga- As relações humanas no trabalho são essenciais para o esta-
rante-se, assim, não só a cogestão dos recursos destinados à saúde, belecimento de um clima organizacional produtivo e harmonioso.
mas sobretudo, a percepção de cada indivíduo como sujeito, na ma- Mas que isso não seja o único motivo para a promoção e a con-
nutenção de seu bem-estar físico, e como cidadão, na defesa de seu tínua manutenção das boas relações humanas no trabalho: afinal, o
direito à qualidade de vida. seu desequilíbrio pode gerar uma série de problemas.
c) Educação - na história da educação em saúde, no Brasil, sem- Entre os principais podemos citar a desmotivação, o estresse e
pre houve esta preocupação com a participação popular ainda que o acúmulo de conflitos internos — sintomas característicos de uma
atrelada, por vezes, às ações de mobilização comunitária. Embora empresa desagregadora e com baixo índice de desenvolvimento.
sendo uma etapa fundamental, a mobilização comunitária, nos ter- Como andam as relações humanas no trabalho em sua empre-
mos em que era praticada, constituía-se num fim em si mesmo e se sa? Que tal conferir, conosco, o impacto positivo em trabalhá-la e
limitava a ações pontuais como sendo capazes de explicar e resolver promover um clima verdadeiramente produtivo? É só seguir com
problemas, diluindo ou reduzindo as discussões sobre o contexto,
esta leitura, então!
restringindo o envolvimento da população e desconhecendo o po-
tencial e seu conhecimento como fontes para se galgar níveis mais
O que são as relações humanas no trabalho?
elevados de participação popular. Assim concebida, esta prática não
Basicamente, uma relação humana é aquela em que ocorre a
oportunizava a compreensão da situação de saúde local e desqua-
lificava a atuação de todos na resolução dos problemas e agravos interação entre duas ou mais pessoas. Quando eficiente, essa habi-
existentes. lidade é trabalhada de maneira ininterrupta. Ocorre, por exemplo,
Na perspectiva desta proposta, o conceito de participação quando:
popular e a reflexão sobre o seu significado fazem-se necessários - um líder delega atividades para a sua equipe;
para que se possa transpor os limites do instrumental, centrado na - uma reunião é convocada;
mobilização comunitária. É necessário superar esta noção simplista - um feedback é fornecido;
e buscar entender a participação como parte fundamental de um - ideias são sugeridas;
processo mais amplo, capaz de permitir a atuação do indivíduo na - divergência estabelecem a riqueza de um debate.
recuperação histórica e na construção do conhecimento. Ou seja: a todo momento as relações humanas no trabalho in-
Atualmente, o que se pretende é entender a participação po- terpelam o caminho dos colaboradores.
pular dentro de uma proposta pedagógica, na qual ela é “ “um pro-
cesso educativo, pois desenvolve e fortalece a consciência da cida- Qual é a importância das relações humanas no trabalho?
dania da população para que assuma efetivamente o seu papel de Anteriormente, destacamos que a falta de sintonia no convívio
sujeito da transformação da cidade. entre os colaboradores pode, lenta e gradualmente, evoluir para
Para isso é essencial que a população, organizada ou não, com- um estado crônico de estresse, desmotivação, desagregação e im-
preenda minimamente o funcionamento da administração, a elabo- produtividade.
ração do orçamento (esse mistério insondável!) e as leis que regem
a administração pública e limitam a ação transformadora” Por sua vez, exemplos de boas relações humanas no trabalho
são, de fato, soluções para minimizar as situações acima. Veja só
Para tanto, é necessário formar indivíduos criativos, inovado- alguns deles que contribuem para um bom clima organizacional:
res, polivalentes, com capacidade de trabalhar em equipe, resolver - respeito aos colegas e superiores;
problemas e aprender permanentemente, a partir de alguns prin- - fofocas são erradicadas do dia a dia;
cípios como: - paciência para saber ouvir;
• a construção e apropriação do conhecimento; - colaboração com os colegas;
• o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, que
- ideias e sugestões sem atacar os companheiros de trabalho;
permita a compreensão e a explicação da realidade;
- respeito e acolhimento de uma cultura de respeito às dife-
• a condução a uma aprendizagem permanente, na qual se
renças.
aprende a fazer, aprende-se a ser e aprende-se a aprender;
• a produção de um conhecimento divergente, que possibilite
a identificação de várias soluções para o enfrentamento de proble-
mas;
• a preparação para a criatividade e a inovação;
• o reconhecimento do indivíduo como um talento e sujeito de
sua própria história.
264
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Isso significa que a importância das relações humanas no tra- E, aí, os problemas podem se acumular, com o aumento de
balho está intimamente associada à construção de um ambiente conflitos internos, estresse em níveis desproporcionais e uma in-
positivo, de condições favoráveis para o exercício da profissão. satisfação que pode levar ao aumento do índice de rotatividade na
E não pense que o conceito é recente: em 1930, um estudo foi empresa.
conduzido na fábrica de Hawthorne Works (Illinois, EUA) e apontou
que pequenas mudanças, na rotina, já afetam a produtividade das Como promover as relações humanas no trabalho?
equipes. A seguir, nós vamos destacar alguns pontos-chave que o setor
de RH pode se inspirar para valorizar — continuamente — as rela-
Além disso, descobriu-se que as relações humanas têm eleva- ções humanas no trabalho. São eles:
do impacto nessa oscilação de produção. Não à toa, essa é toda a - monte um plano de carreira que envolva a todos os profis-
base estrutural da Gestão de Recursos Humanos. sionais;
- consolide um sistema de avaliação com o feedback 360°, per-
Quais riscos impedem o desenvolvimento das relações huma- mitindo a transparência e a autonomia para que todos tenham voz
nas? ativa na empresa;
As consequências das más relações humanas no trabalho já - treine e capacite as equipes a desenvolverem a inteligência
foram identificadas, até aqui. O que muitos profissionais de RH de- emocional — individual e coletivamente;
vem estar pensando, então, é: “e o que motiva esse tipo de proble- - monte uma comunicação eficaz na empresa;
ma na empresa?” - coíba ações que possam ferir o orgulho dos colaboradores;
- promova campanhas de conscientização e respeito à diversi-
Abaixo, algumas das questões associadas a esse problema se- dade no ambiente de trabalho;
rão observadas, como: - estabeleça eventos internos que facilitem e fortaleçam a inte-
ração e integração das equipes. Isso fomenta, qualitativamente, as
Falta de empatia relações humanas no trabalho;
Muitos confundem lógica e razão com a ausência de empatia - oriente a liderança a estimular a competitividade, para gerar
— um engano tremendo! engajamento, mas sempre sob a sua supervisão para evitar os ex-
Afinal de contas, é por meio da empatia que as pessoas criam cessos.
elos, afinidade e a compreensão que facilite as relações humanas
no trabalho. Convém adiantar: todas essas ações devem ser planejadas e
Por exemplo: funcionários empáticos avaliam todo o proces- executadas pelo setor de RH — sempre em conjunto com as lide-
so de trabalho e entendem como a sua etapa do fluxo impacta os ranças da empresa.
profissionais responsáveis pela sequência do processo. Eles não se Pois, assim, há como realizar um monitoramento próximo e
limitam, exclusivamente, ao que gira em torno de suas rotinas. efetivo a respeito dos resultados de cada ação promovida. Com
Ao contrário de um profissional que, para ascender na carreira, base em métricas previamente estipuladas, os profissionais conse-
focam só no seu sucesso e permanece indiferente às consequências guem avaliar o efeito que cada campanha surtiu, podendo intensi-
que suas ações causam aos outros. ficar ou diversificar as ações seguintes.
No fim das contas, promover as relações humanas no trabalho
Desrespeito é uma necessidade. Suas ações e consequências contribuem direta-
Outro aspecto que influencia negativamente nas relações hu- mente com o desenvolvimento de uma empresa.
manas no trabalho, o desrespeito impede que exista harmonia en- Na mesma proporção que a falta de um cuidado, nesse sen-
tre as equipes. tido, estabelece um clima desagregador à rotina, com resultados
bastante problemáticos. (https://www.xerpa.com.br/blog/rela-
Perceba, inclusive, que isso pode acontecer em qualquer cargo coes-humanas-no-trabalho/)
hierárquico e a qualquer momento. Daí a importância em construir
um local de trabalho cuja qualidade de vida e o bem-estar coletivo O Relacionamento interpessoal é um conceito da área da so-
sejam enaltecidos. ciologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais
pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto
Arbitrariedade onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar,
Pessoas que se abstêm da imparcialidade geram transtornos de trabalho ou de comunidade.
diversos, no ambiente corporativo. Por exemplo: gestores que au-
xiliam aqueles com quem eles têm afinidade. O relacionamento interpessoal é fundamental em qualquer or-
Como consequência disso, o resto da equipe se sente despro- ganização, pois são as pessoas que movem os negócios, estão por
tegida e desvalorizada, iniciando um processo de desmotivação e trás dos números, lucros e todo bom resultado, daí a importância
uma falta de compromisso coletiva e crônica. de se investir nas relações humanas. No contexto das organizações,
o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um rela-
Muita competitividade cionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente
Até como um complemento ao tópico da empatia, podemos dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da pro-
apontar a competitividade como um elemento debilitante das boas dutividade.
relações humanas no trabalho. Em uma empresa é muito importante desenvolver cursos e
Afinal, em nome de um reconhecimento maior, muitos podem atividades que estimulem as relações interpessoais a fim de melho-
optar por abandonar a gentileza, o respeito e a generosidade no rar a produtividade através da eficácia. Pessoas focadas produzem
dia a dia. mais, se cansam menos e causam menos acidentes. Por isso, o con-
265
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ceito de relacionamento interpessoal vem sendo aplicado em di- tilhamento, participação, solidariedade, consenso, decisão em
nâmicas de grupo para auxiliar a integração entre os participantes, equipes:essas estão sendo as palavras de ordem nas organizações (
para resolver conflitos e proporcionar o autoconhecimento. CHIAVENATO, 2002, p.71-72 ).
Estimulando as Relações Interpessoais todos saem ganhando, Como se viu até então, as pessoas são produtos do meio em
a empresa em forma de produtividade e os colaboradores em for- que vivem, têm emoções, sentimentos e agem de acordo com o
ma de autoconhecimento, o que agrega valores em sua carreira e conjunto que as cercam seja no espaço físico ou social.
em sua relação com a família e a sociedade.
Trabalhar as relações interpessoais dentro das empresas é tão As Relações Humanas nas Organizações
importante quanto à qualificação e capacitação individual, pois Os indivíduos dentro da organização participam de grupos so-
quanto melhores forem as relações, maiores serão a colaboração, a ciais e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar
produtividade e a qualidade. o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações
Humanas passou a estudar essa interação social. As relações huma-
Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho são nas são as ações e atitudes desenvolvidas e através dos contatos
diferenciados por dois motivos: um é que não escolhemos novos entre pessoas e grupos.
colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, independente- Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada
mente do grau de afinidade que temos com as pessoas no ambiente que influi no comportamento e atitudes das outras com quem man-
corporativo, precisamos relacionar bem com elas para realizar algo tém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas ou-
junto. A cordialidade desinteressada que oferecemos por iniciativa tras. Cada pessoa procura ajustar-se às demais pessoas e grupos,
própria, sem esperar nada em troca, é um facilitador do bom relacio- pretendendo ser compreendida, aceita e participa, com o objetivo
namento no ambiente de trabalho. Afinal, os relacionamentos são a de entender os seus interesses e aspirações.
melhor escola para o nosso desenvolvimento pessoal. A compreensão da natureza dessas relações humanas permite
Chiavenato (2002), nos leva a compreender que a qualidade melhores resultados dos subordinados e uma atmosfera onde cada
de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante ca- pessoa é encorajada a expressar-se livre e de maneira sadia.
pacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois Com o avanço da tecnologia, o trabalho também passa a ser
pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e mais individual, cada funcionário em seu setor, isso faz com que
confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade as pessoas fiquem distantes uma das outras, aumentando o nível
e produtividade dentro das organizações também deve haver re- de stress, pois não conseguem mais se relacionarem, não há mais
lacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações, tempo para o diálogo.
ninguém consegue ser autossuficiente e saber se relacionar tam- A comunicação hoje é tudo, saber se comunicar é fundamental
bém é um aprendizado. e para o sucesso de uma organização isso é essencial. Chiavenato
As convivências ajudam na reflexão e interiorização das pes- (2010, p.47) diz: “A informação não é tocada, palpável nem medi-
soas, e também apresentam uma rejeição à sociedade egoísta em da, mas é um produto valioso no mundo atual porque proporciona
que vivemos. poder”.
De qualquer forma, não podemos deixar de entender que uma Diante do exposto vê-se que o mundo gira em torno da comu-
organização sem pessoas não teria sentido. Uma fábrica sem pes- nicação e da informação e para que uma organização tenha sucesso
soas pára; um computador sem uma pessoa é inútil. “Em sua es- é necessário que a comunicação seja clara, direta e transparente
sência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é assim como as relações interpessoais.
processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às
pessoas (LUCENA, 1990, p.52)”. Conforme diz Chiavenato (1989, p.3):
Nesse sentido, Chiavenato (1989) fala que a integração entre As organizações são unidades sociais (e, portanto, constituídas
indivíduos na organização é importante porque se torna viável um de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar deter-
clima de cooperação, fazendo com que atinjam determinados ob- minados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações
jetivos juntos. comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o
Para Chiavenato (2000, p.47), antigamente, a área de recursos lazer, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações,
humanos se caracterizava por definir políticas para tratar as pes- porque tudo o que fazemos é feito dentro das organizações.
soas de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos Os ambientes de trabalho são, pois, organizações, e nelas so-
Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e bressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação
idênticas. humana.
Hoje, há diferenças individuais e também, há diversidade nas Romão (2002) registra:
organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das pes- Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde
soas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário
como funcionário profissional, e antes de qualquer coisa que é um
A diversidade está em alta. As pessoas estão deixando de se- ser humano com capacidades que reunem à produção da empresa,
rem meros recursos produtivos para ser o capital humano da orga- formarão uma equipe e harmoniosa em que o maior beneficiado
nização. O trabalho está deixando de ser individualizado, solitário será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacio-
e isolado para se transformar em uma atividade grupal, solidária e namentos com os outros e, principalmente, o cliente que sentirá
conjunta. isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a
Hoje, em vez de dividir, separar e isolar tornou-se importan- fidelização que tanto se busca.
te juntar e integrar para obter efeito de melhor e maior resultado O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente,
e multiplicador. As pessoas trabalham melhor e mais satisfeitas e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal
quando o fazem juntas. Equipes, trabalho em conjunto, compar- também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de
resultados.
266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Percebe-se que a parte humana da empresa precisa estar sem- Diante disso, com o aumento da necessidade das empresas de
pre em processo de educação, não a educação escolar, mas uma gerarem resultados positivos, tem se enfatizado a importância das
educação que tenha como objetivo melhorias no comportamento relações interpessoais com vistas a melhorar o desempenho funcio-
das pessoas, nas relações do dia a dia, pois somos seres de ralações, nal e consequentemente contribuir para a realização dos objetivos
não nos bastamos, precisamos sempre um do outro. Precisamos organizacionais.
nos relacionar e se comunicar, somos seres inacabados em proces- O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às vezes
so de educação constante, estamos em busca contínua de mudar não encontra proteção no ambiente organizacional, gerando os mais
nossa realidade. diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organizações.
Algumas dicas que podem ajudar a manter boas relações inter-
pessoais no ambiente organizacional: Entendendo o Relacionamento Interpessoal: Relações Huma-
Procure investir em sua equipe e na manutenção de relaciona- nas
mentos saudáveis. Relacionamento interpessoal é atualmente o grande diferen-
Evite gerar competição uns com os outros e estimule a colabo- cial competitivo das mais variadas organizações, ele por sua vez,
ração entre colegas e equipes. está intimamente ligado à necessidade de se ter recursos huma-
Investir no desenvolvimento de habilidades e aprimoramento nos, mais importantes inclusive que os financeiros e tecnológicos,
de competências da equipe. ou seja, tem a ver com trabalho em equipe, confiança, amizade,
Quando surgirem os conflitos e as diferenças, aja com cautela cooperação, capacidade de julgamento e sabedoria das pessoas.
e não tome partido de ninguém. Chiavenato nos diz que antigamente, a área de recursos hu-
Promova a conversa e evite brigas e discussões. manos se caracterizava por definir políticas para tratar as pessoas
Algumas Normas de Convivência: de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos Hu-
Fale com as pessoas, seja comunicativo, não há nada melhor manos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e
que chegar para uma pessoa e conversar alegremente, discutir idênticas. Hoje, as diferenças individuais estão em alta: A área de
ideias e falar sobre várias coisas. Recursos Humanos está enfatizando as diferenças individuais e a
Sorria para as pessoas, é sempre bom encontrar uma pessoa diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a
alegre, sorridente, ela te deixa mais à vontade. diferença das pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e
Chame as pessoas pelo nome, nunca coloque apelido de mau inovação.
gosto nas pessoas, afinal você não gostaria que fizessem o mesmo As mais recentes abordagens administrativas enfatizam que
com você. são as pessoas que fazem a diferença nas organizações. Em outras
Seja amigo e prestativo, pois ninguém quer um amigo impres- palavras, em um mundo onde a informação é rapidamente dispo-
tável perto de si, e para que você tenha amigos e pessoas prestati- nibilizada e compartilhada pelas organizações, sobressaem aquelas
vas, cultive isso também, seja amigo e prestativo. que são capazes de transformá-la rapidamente em oportunidades,
Seja cordial, faça as coisas com boa vontade, ninguém gosta de em termos de novos produtos e serviços, antes que outras o façam.
pessoas que tudo que faz, é com raiva. E isto pode ser conseguido não com a tecnologia simplesmente,
Tenha mais interesse com o que as pessoas falam com você, mas com as pessoas que sabem utilizá-la adequadamente. São as
seja sincero e franco, mas é claro, com toda educação sem deixar as pessoas (e não apenas a tecnologia) que fazem a diferença. A tec-
outras pessoas desajeitadas e desconfortáveis ao seu lado. nologia pode ser adquirida por qualquer organização com facilida-
A dificuldade de relacionamento entre as pessoas é um dos de, nas repartições, setores e estabelecimentos. Bons funcionários
principais problemas vivenciados no mundo moderno, quer seja exige um investimento muito mais longo em termos de capacitação
entre amigos, entre pessoas da família ou entre colegas de tra- quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, em termos de
balho. De modo geral essas desavenças surgem na interação diá- confiança e comprometimento pessoal.
ria entre duas ou mais pessoas, ocasionadas por divergências de Os sujeitos e os diferentes cenários são universos vivos ou sis-
ideias, por diferenças de personalidade, objetivos ou metas ou por temas inacabados em permanente interação e transformação e
variedade de percepções e modos de analisar uma mesma infor- que, para compreendê-la, não se pode desprezar essa complexi-
mação ou fato. dade.
Atualmente, muito tem se falado da importância das relações Entende-se que, no âmbito dos conhecimentos que envolvem
interpessoais dentro das organizações, de se humanizar o ambiente os seres humanos e suas relações com os outros e com o mundo
de trabalho, mas afinal o que é essa tal humanização? (âmbito das Ciências Humanas e Sociais), torna-se necessário con-
Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa, siderar motivações, desejos, crenças, ideias, ideologias, intenções.
enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade Em razão disso, compreende-se que a realidade é uma construção
que lhe é interna. A prática da humanização deve ser observada social e que os sujeitos também não estão prontos e acabados, mas
continuamente. se transformam. Também se compreende a realidade como sendo
O comportamento ético deve ser o princípio da vida da orga- dinâmica e em constante transformação. Nesse processo de trans-
nização, uma vez que se é ético é preocupar-se com a felicidade formação da realidade, observam-se posições opostas, interesses
pessoal e coletiva. contrários e a instalação de soluções provisórias, porém marcadas
Numa sociedade em que os valores morais estão deixando de por contradições que, sendo evidenciadas, produzem a necessida-
existir por ações que destroem a ética e a moralidade, existe uma de de novas transformações.
necessidade oculta de se buscar humanizar as pessoas e conse- É preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo,
quentemente as organizações. reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais
do que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros,
desenvolver a percepção de depender reciprocamente, administrar
conflitos, a participação de projetos comuns, a ter prazer no espaço
comum (CESAR; BIACHINI; PIASSA, 2008).
267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Trabalhar as relações humanas em grupo envolve as diferen- A chave estrutural para que isso ocorra é oferecer o respeito
ças, opiniões, conceitos, atitudes, crenças, valores, preconceitos, que todo o ser humano merece reunir uma boa dose de paciência e
diante de sua profissão, enfocando aspectos de Motivação, Autoes- principalmente gostar de pessoas e de gente.
tima, Percepção, Comunicação, Colaboração, Feedback, Liderança Portanto, precisamos entender que relacionamento interpes-
e Grupos, para um melhor conhecimento de si próprio e melhorar soal é um dos quesitos de êxito e sucesso em nossas vidas. E que
relações com o outro. este relacionamento deve ser o melhor possível.
Muitas pessoas já perderam a noção do que é um convívio sau- Outro aspecto importante para um bom relacionamento inter-
dável e simplesmente se concentram em chegar à frente a qualquer pessoal depende de uma boa comunicação entre emissores e re-
custo. Como consequências naturais surgem diversos conflitos que ceptores. Qualquer informação que se pretenda transmitir de uma
podem comprometer o bom relacionamento dentro das institui- pessoa para outra, de uma pessoa para um grupo, de um professor
ções. para alunos, de um palestrante para ouvintes deve ser bem comu-
Quando realmente queremos, as coisas acontecem. O primei- nicada e bem compreendida. Quem dá informação é o principal
ro passo para a mudança é a aceitação das nossas deficiências, da responsável por uma boa comunicação.
aceitação de nós mesmos. Para isso, temos que mudar nossa atitu- Saber entender e conduzir de forma amigável nossas diferen-
de! Pergunte-se: Eu preciso mudar essa relação? Eu quero mudar ças é uma habilidade essencial na forma de nos comunicar. Isto é
essa relação? Eu posso fazer algo para transformar essa situação? o que as pessoas fazem naturalmente quando compartilham uma
Eu vou fazer isso? Se a resposta for positiva para as quatro pergun- visão comum, desejam aprofundar suas amizades ou estabelecer
tas, estamos preparados para mudar e reverter o quadro. Sem a um bom relacionamento.
nossa mudança de atitude, não há mudança nos relacionamentos. Provavelmente ficaríamos positivamente surpresos se efetiva-
É muito fácil querermos mudar o outro, quando na verdade, temos mente soubéssemos conviver com as diferenças e como é possível
que começar por nós mesmos. conseguir resultados gratificantes procurando entender melhor a
Enfim, a forma como lidamos com o conflito é o que faz toda a nós mesmos e os outros.
diferença. Todo conflito apresenta uma oportunidade de enxergar- Enfim, podemos buscar similaridades e minimizar nossas dife-
mos o ponto de vista do outro e percebermos se faríamos o mes- renças como seres humanos de várias maneiras. É natural que pro-
mo, caso estivéssemos no lugar dele. Se agirmos assim, os conflitos curemos amenizar nossas diferenças com as pessoas de que gos-
começam a ter um lado extremamente positivo, pois podem ser tamos com aquelas que simpatizamos à primeira vista, ou mesmo
ótimas oportunidades para mudança de percepção, inovação na compartilhamos nossos objetivos de vida.
empresa, cooperação entre as pessoas e, principalmente, estímulo Da mesma forma, também é natural que criemos barreiras
para que aconteça maior sinceridade nas relações interpessoais. com pessoas que consideramos difíceis ou até mesmo, de forma
Cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar inexplicável, não simpatizemos. No entanto, quando não consegui-
a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há mos minimizar nossas diferenças com essas pessoas, está formada
pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que a base para o conflito.
se interessam em aprender constantemente, outras não, enfim as
pessoas têm objetivos diferenciados e nesta situação muitas vezes Relações Humanas da Teoria à Prática
priorizam o que melhor lhes convém e às vezes em conflito com a Não é possível generalizar pessoas. Somos todos diferentes em
própria empresa. Portanto: cada uma de nossas relações. Porém, o mais importante é aceitar-
O autoconhecimento e o conhecimento do outro são compo- mo-nos do jeito que somos tratando de destacar as qualidades que
nentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no traba- temos e modificar o que deve ser mudado. E isso se refere tanto ao
lho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades aspecto físico quanto ao aspecto psicológico. Não se pode nunca
mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, difi- esquecer, que o ser humano é que faz as coisas acontecerem. Por
culdade em priorizar, dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 1997, que não tentar conhecê-lo melhor a cada dia?
p.38). Para evoluirmos, é importante entender definitivamente a im-
Sem respeito pelo nosso semelhante, um bom relacionamento portância de estabelecer um bom relacionamento interpessoal. De
interpessoal não será possível. Por sermos seres humanos diferen- que forma? Em primeiro lugar, “respeito ao ser humano é funda-
tes uns dos outros, costumamos ver as pessoas e as situações que mental”. Além disso, dedicarmos um bom tempo à leitura, aos estu-
vivemos de forma como fazem sentido para nós, de acordo com dos sobre o ser humano e a conhecer pessoas. Estas ações irão nos
nossos vícios e o hábito que temos de ver as pessoas e o mundo, ajudar a desenvolver a cada dia a habilidade de saber se relacionar
e não somente e necessariamente da forma como a realidade se bem. É fato que, sabendo viver, comunicando-se e relacionando-
apresenta. -se bem, será possível conseguir obter resultados com e através de
Alguém poderá explicar seu próprio comportamento ou de pessoas. Atitude positiva e maturidade caminham sempre juntas.
outra pessoa sem os conceitos de amor e de ódio? Geralmente de- É importante lembrar que: os profissionais desvalorizados ten-
senvolvemos nossa própria série de conceitos para interpretar o dem a perder o foco, se desmotivam facilmente, diminui sua produ-
comportamento dos outros. Precisamos saber que uma pessoa só tividade, o que acaba prejudicando e muito o bom andamento da
muda quando ela mesma consegue perceber ou for convencida de empresa. Cada pessoa é única, com suas características e persona-
que a forma como faz ou atua, de fato, não é a mais adequada. Ou lidades próprias. Por isso, devemos conhecer nossos funcionários e
seja, a própria pessoa precisa reconhecer a necessidade de mudar. saber qual é o perfil comportamental de cada um, assim será mais
Em primeiro lugar, além do respeito, é necessário ter no míni- fácil identificar a melhor maneira de lidar individualmente ou em
mo um conhecimento razoável sobre pessoas, e conseguir adquirir grupo com cada um.
experiências que nos façam entender que as relações interpessoais Outra dica importante para manter relacionamentos inter-
devem ser boas pelo menos para que possamos nos comunicar pessoais de forma positiva para organização é investir no desen-
bem e fazer as coisas acontecer. volvimento de habilidades e aprimoramento de competências da
equipe.
268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os conflitos podem acontecer em qualquer circunstância, prin- Quando estamos reunidos em um ambiente onde há pessoas
cipalmente no ambiente profissional, por isso, é importante que diferentes é normal que encontremos hábitos diferentes do nosso,
chefes e gestores fiquem sempre atentos aos comportamentos do sendo assim, temos que aprender a lidar e ceder aos hábitos dos
time. outros e demonstrar o nosso também.
O problema se instala quando essas situações não são resolvi-
Quando surgirem conflitos e as diferenças, devemos agir com das ou não são percebidas pelos envolvidos, ficando “mascarados”,
cautela e não tomar partido de ninguém. E devemos lembrar que invisíveis e internalizados nos colaboradores que acabam demons-
todos são peças chave no sucesso do negócio. Sendo assim, promo- trando suas emoções somente quando se sentem ameaçados, in-
veremos a conversa e evitamos brigas e discussões. Enfim, pode- justiçados ou até mesmo temerosos de perder posições ou funções
mos perceber, por meio desses argumentos, que o relacionamento que ocupam.
interpessoal é de fundamental importância e ainda contribui signi- Tanto as pessoas quanto as empresas sofrem as consequências
ficativamente para o sucesso de qualquer empresa. das relações interpessoais negativas que geram desmotivação da
equipe, queda do rendimento e da produtividade.
A Importância na Qualidade do Ambiente de Trabalho As trocas constantes de informações e o diálogo são essenciais
Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que quando se busca a preservação dos relacionamentos e o trabalho
em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é impor- em equipe, o que acaba sendo essencial e indispensável para o bom
tante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto depende de andamento das atividades organizacionais. Nesse sentido, o rela-
cada um. Devemos refletir sobre qual o nosso papel e a importância cionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, abrir-se para o novo,
na qualidade do ambiente em que trabalhamos. buscar ser aceito e ser entendido e entender o outro.
Além de constituir responsabilidade da empresa, qualidade de No ambiente de trabalho, onde passamos cerca de um terço de
vida é uma conquista pessoal. O autoconhecimento e a descober- nossa vida é fundamental que saibamos viver e conviver com as pessoas
ta do papel de cada um nas organizações, da postura facilitadora, e respeitá-las em suas individualidades, caso contrário, somente o fato
empreendedora, passiva ou ativa, transformadora ou conformista de pensar em ir para o trabalho passa a ser insuportável esta ideia.
é responsabilidade de todos (BOM SUCESSO, 1997, p.47). Para que o clima organizacional seja harmonioso e as pessoas
É importante que a comunicação seja clara, e é necessário que tenham um bom relacionamento interpessoal, é necessário que
se tenham boas relações. É fundamental ter um bom relaciona- cada um deixe de agir de forma individualizada e egoísta, promo-
mento entre as pessoas, pois isso contribui não somente para uma vendo relações amigáveis, construtivas e duradouras. (https://psi-
boa convivência no dia a dia, mas também para um bom clima, e cologado.com.br/atuacao/psicologia-organizacional/a-importan-
influencia diretamente de forma positiva no resultado da organi- cia-da-relacao-interpessoal-no-ambiente-de-trabalho)
zação.
As organizações são compostas por pessoas, devemos conside-
HIGIENE E PROFILAXIA
rar que, para um bom andamento do trabalho e uma boa produção,
é necessário que as pessoas estejam bem colocadas na organiza-
Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à
ção, com oportunidades de crescimento e, principalmente, com
infecção hospitalar.
felicidade.
Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo
Fatores ambientais colaboram para a qualidade de trabalho,
quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são
pois quanto maior for à preocupação com o fator humano nas or-
mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido diag-
ganizações, mais elevado será o resultado. Enfim, se houver investi-
nosticada na admissão do paciente, por motivos vários, como pro-
mento no desenvolvimento humano de todas as pessoas da empre-
longado período de incubação ou ainda por dificuldade diagnostica.
sa, as relações interpessoais saudáveis resultarão em um ambiente
O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no
favorável onde todos possam deixar fluir suas potencialidades. Os
controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com
valores, aos poucos, mudam, e o empregado está sentindo o gosto
os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospitalar.
de participar, de arriscar, de ganhar mais e de sobreviver a tantas
Colaboram também com destaque, na redução de infecções hos-
mudanças.
pitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Dietética,
De acordo com Bom Sucesso (1997), “No cenário idealizado de
Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. O apoio
pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto
da Administração Superior do Hospital e a colaboração dos demais
e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão dominados pelo
servidores, em toda a escala hierárquica, desde o Administrador
sofrimento emocional. Outros necessitados, conseguindo o alimen-
até o Servente, fazem-se indispensáveis.
to diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes,
Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pessoal
esperançosos.”
hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de preven-
No mercado de trabalho hoje em dia, se não tivermos um bom
ção e controle de infecções vai depender da planta física, equipa-
relacionamento com as pessoas, acabamos ficando sem emprego,
mentos, instalações e da capacidade do pessoal.
pois hoje em dia, precisamos nos comunicar, ter contato com as
pessoas. Mas muitos seres humanos são prejudicados por si mes-
Incidência de Infecções
mo, por falta de compreensão ao outro, falta de paciência, e o prin-
Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção
cipal, que é não saber lidar com as diferenças.
de medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas defi-
No nosso dia a dia, convivemos e falamos com várias pessoas
ciências encontradas na planta física de nossos hospitais, tais como
de todo lugar, outra classe social ou raça diferente da nossa, enfim,
a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de pacientes
vemos e convivemos com pessoas de todos os tipos, mas não é só
externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Lactário,
porque ela é diferente, que não podemos ter um bom relaciona-
Unidade de Queimados, etc. O número deficiente de elevadores
mento, ainda mais, se esta pessoa está todos os dias do nosso lado
obriga a permissão do transporte promíscuo de pacientes, de car-
no trabalho.
269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ros térmicos de alimentação, de roupa limpa e suja, de visitantes e Pessoal
de pessoal hospitalar. Dependências físicas com áreas deficientes Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infec-
dificultam a execução de técnicas médicas e de enfermagem, assim ção no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal
como as grandes enfermarias onde a superlotação concorre para o hospitalar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos
aumento de infecções cruzadas. A falta de quartos individuais, com hospitais, embora ainda não tenham estabelecido a frequência e
sanitários próprios em cada unidade de internação, não facilita a os tipos de exames clínicos, laboratoriais, imunizações, segundo
montagem de isolamento para pacientes portadores de doenças uma escala de prioridade e de acordo com as atividades exercidas
infecto-contagiosas e para os suspeitos. A simples, enfatizada e in- pelo pessoal, nos mais diferentes setores do hospital. Assim, para
dispensável lavagem constante das mãos do pessoal hospitalar, na o pessoal que trabalha em áreas críticas como Berçário, Lactário,
prevenção de infecções, afigura-se, às vezes, de difícil adoção pelo Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Unidade de Tratamento Inten-
número reduzido de lavatórios e pelo seu tipo inadequado. A locali- sivo, Unidade de Recuperação Pós-Anestésica, Pediatria, Lavanda-
zação inconveniente de certos setores que devem ser próximos entre ria, Serviço de Nutrição e Dietética e Radiologia, os exames devem
si, como o Centro Obstétrico e Berçário à Unidade de Internação Obs- ser mais minuciosos e os prazos menores.
tétrica, as Salas de Operações à Unidade de Recuperação Pós-Anesté- Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do
sica e esta à Unidade de Tratamento Intensivo, como as construções exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tífica,
de material de má qualidade, permitindo a infiltração de água e a falta para a admissão de pessoal hospitalar.
de incineradores de lixo, são critérios muitas vezes não observados pe- Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a frequência
los responsáveis pelas construções de nossos hospitais. dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu
Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção, pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes de
seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela alte- infecção identificadas e as possibilidades dos recursos materiais e
ração de suas resistências naturais: longa permanência no hospital, humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa à prote-
grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação precoce, o ção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do trabalho dos
emprego mais frequente de transfusões de sangue, o emprego de portadores de infecções, aparentes ou não. O controle sanitário de
medicamentos que afetam a resposta imunológica, tratamentos re- todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está por receber de
laxantes musculares e hipotérmicos. nossos hospitais a atenção que merece. Apenas 18,75% dos hospi-
tais se mostram interessados em manter uma vigilância epidemio-
Qual é o índice de infecção de nossos hospitais? lógica de seu pessoal, o que é de se lamentar.
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte dos Pacientes, familiares e visitantes
médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de notifica- A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos pacien-
ção, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na admissão tes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária destes. A su-
e durante a permanência dos pacientes no hospital. No nosso caso pressão do simples aperto de mãos entre pacientes, familiares e visi-
93,75 dos hospitais não informaram seu índice de infecção. tantes, o sentar na cama dos pacientes, o trânsito por outras áreas do
O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital hospital, as visitas entre os pacientes e a redução do número e a proibi-
deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de ção de visitas de crianças menores de 12 anos e de pessoas convalescen-
saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, já tes, são algumas das recomendações que, por certo, concorrerão para
que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório diário a prevenção de infecções no ambiente hospitalar. Os pacientes devem
do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabilidade do ser também orientados quanto às medidas de higiene e proteção que
médico ou da enfermeira do paciente. O registro das infecções hos- devem tomar, em relação ao contágio da doença de que é portador.
pitalares é importantíssimo para o estudo das fontes de infecção.
Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável por Atos cirúrgicos
todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento aos pa- É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-operató-
cientes internados; o que não se compreende é que os casos de ria a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora seja
infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo negados por temor um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções em cirur-
que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem o hospital. Tais ati- gias. Há necessidades de se investigar em qual tempo operatório a
tudes impedem que se executem medidas de isolamento, de limpeza infecção se originou, isto é, no trans-operatório, por falhas no Cen-
concorrente e desinfecção terminal, de modo a evitar a propagação tro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por falhas nas medidas de
de infecção, mesmo dispondo de instalações adequadas, material diagnóstico, de tratamento médico e nos cuidados de enfermagem
necessário e de pessoal capacitado para o combate à infecção. executados nas unidades de internação.
As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários fa-
Uso inadequado de antibióticos tores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental cirúrgico,
Na literatura consultada encontra-se como uma das causas de roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau funcionamento
aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de antibió- dos aparelhos de esterilização; a manipulação incorreta do material
ticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes antimicro- estéril; a antissepsia deficiente das mãos e antebraços da equipe
bianos entre os germes sensíveis. cirúrgica; o desconhecimento ou a displicência na conduta e na in-
dumentária preconizada a toda a equipe envolvida no ato cirúrgico;
Manipulação diagnostica dependências do Centro Cirúrgico fora dos padrões recomendáveis
A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnos- e a não observância de outras normas que impeçam a contamina-
ticas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por ção dos pacientes e do ambiente.
punção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sino- A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de outros
vial), etc quando deixa de atender os princípios de esterilização, materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais interesse
pode oferecer risco de contaminação e posterior infecção. por parte do pessoal de enfermagem que, com a colaboração do
270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, deve fazer- No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados
-se representar para o estabelecimento dos métodos de controle diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o seu
bacteriológico e sua frequência. preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar possíveis
Não é demasiado insistir na necessidade de um maior interesse contaminações. A água de beber deve ser fervida e examinada uma
científico na avaliação bacteriológica frequente dos veículos e fômi- vez por semana, assim como a água dos umidificadores de oxigênio
tes no meio hospitalar. e a das incubadoras.
Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira sobre as
Tratamento condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de
Constituem poderosas armas no combate às infecções decor- Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro e cons-
rentes de falhas nas unidades de internação e demais áreas do hos- tatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgico e 191 na
pital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no hospital, Sala de Parto. No que se relaciona com os germes isolados em cada
para adoção de medidas preventivas para execução de técnicas de dependência, a situação foi desfavorável ao Berçário onde foram
combate à infecção hospitalar. identificadas 26 amostras de Estafilococos patogênicos (coagulase
Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da ad- positiva), enquanto no Centro Cirúrgico foram encontradas 8 e na
missão e da interpretação dos resultados dos exames complemen- Sala de Parto 4.
tares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, o pessoal Dentre os setores do hospital sobressai-se o Berçário em face
de enfermagem pode constatar pacientes infectados, a fim de se da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua suscetibi-
tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, aliadas à hi- lidade.
gienização completa dos pacientes na admissão, durante sua hos- É insistentemente destacada na literatura a importância da
pitalização e principalmente antes de serem levados à cirurgia e a lavagem frequente das mãos com antissépticos adequados e a
limpeza de sua unidade, se constituem em importantes medidas na necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas e
redução de infecções decorrentes dos pacientes, nas unidades de procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas condições
internação. ambientais, humanas e materiais.
O isolamento do paciente infectado embora não deva ser ne- Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por
gligenciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao isola- atividades importantes na redução de infecções pela remoção do
mento de pacientes em unidades de internação comuns, são medi- pó e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem ser
das que se resumem na transferência do paciente para um quarto coordenadas por pessoas com suficiente preparo básico. Não se es-
individual e na colocação do avental sobre a roupa daqueles que taria exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço de Limpeza
vão entrar em contato com o paciente. possuísse instrução equivalente ao 1.º grau completo; conhecimen-
A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de téc- tos científicos relacionados à higiene, à limpeza e à desinfecção;
nicas de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contínua, interesse em progredir na sua área de trabalho e habilidade para
formal e informal. treinar e supervisionar o seu pessoal. As exigências para o cargo de
Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas de Coordenador do Serviço de Lavandaria devem ser também maio-
atualização no que concerne à prevenção, combate e controle de res, pela importância de suas atividades na segurança e bem-estar
infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, prin- dos pacientes.
cipalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes e os
seus fomites. O Serviço de Enfermagem se preocupa em 33,33% Comissão de Infecção
com a atualização dos conhecimentos de seu pessoal no desempe- Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comissão de
nho de suas atribuições, porém, necessita dar continuidade e real- Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para o controle
ce aos conteúdos programáticos relacionados com a prevenção de de infecções que, além de outras responsabilidade tão bem enume-
infecções e atenção de enfermagem aos pacientes infectados. radas por C. G. Melo, é o órgão responsável pela indicação dos di-
A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo con- versos produtos químicos utilizados no hospital. Muitos de nossos
tágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das mãos hospitais (68,75%) deixam a critério do Serviço de Enfermagem a
antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no decurso de indicação dos antissépticos e desinfetantes e, para esta responsabi-
diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente com emulsão lidade complexa, deve preparar-se para estar em condições de es-
detergente bacteriostática e enxutas com ar quente ou com toalhas tabelecer os critérios técnicos para a escolha dos mesmos, realizar
de papel se constitui em método eficiente para evitar a propagação ou colaborar nos testes bacteriológicos e na avaliação dos produtos
de germes. As bactérias transientes das mãos são facilmente elimi- químicos que indica para os diversos fins no hospital.
nadas com o uso de antissépticos adequados o que não acontece Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de ger-
com o uso do sabão comum que exige uma lavagem de 5 a 10 mi- micidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de Fiscali-
nutos para eliminar os microorganismos presentes. zação de Medicina e Farmácia, o estudo da composição química e
Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da sua adequação às finalidades do produto e a comprovação bacte-
FMUSP para comprovar a contaminação das mãos e a presença de riológica da atividade germicida.
germes patogênicos antes e após a arrumação de camas de pacien- O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e antis-
tes ambulantes e acamados; além de germes saprófitas constatou a sépticos baseado em resultados de sua própria experiência, tendo
presença de Estafilococo Dourado mesmo na arrumação de camas em vista os germes responsáveis pelas infecções no hospital onde
de pacientes ambulantes, onde a contaminação foi menor do que trabalha.
na cama de pacientes acamados. A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomenda-
Por desempenhar um papel importante na disseminação de da, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades de in-
doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de unida- vestigação, prevenção e controle de infecções.
des de internação sejam testadas uma vez por mês e as mãos dos
responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez por semana.
271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se- - se façam representar na Comissão de Infecção designando
gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um re- uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da execu-
presentante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, para ção de sua parte no programa de controle de infecções no hospital;
atuar como um dos membros executivos das normas baixadas pela - procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos e
Comissão. desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar pela
Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital.
exige a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hospi-
talar Processamento de artigos médico-hospitalares
A utilização correta e mais econômica dos processos de limpe-
Recomendações za, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela clas-
Considerando a importância que tem a redução de infecções sificação dos materiais, segundo o riscopotencial de infecção para
nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mortali- o paciente.
dade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pa- Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses mate-
cientes nos hospitais que resulta numa maior utilização de leitos riais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equipamentos,
hospitalares, recomenda-se que os: etc., são classificados em:
I - Administradores de Hospital: Artigos não críticos: Artigos que entram em contato apenas
- Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser submeti-
humanas para a montagem de isolamento de pacientes infectados dos a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecânica com
e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas e de água e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. estetoscópio,
controle de infecções; termômetro, esfigmomanômetro,etc.
- se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e re- • Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com a
formas de hospitais a fim de que a planta física não venha a dificul- pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser subme-
tar a adoção das medidas de redução de infecções; tidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de anestesia gaso-
- tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe da sa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumentos de fibra óptica, etc.
saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospitalares • Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa,
e não hospitalares; atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem como
- mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pessoal todos os que estejam diretamente conectados com este sistema.
hospitalar; Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental cirúrgico, ca-
- ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle de teteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agulhas, etc.
infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação dos
agentes etiológicos; Limpeza:
- incentivem a realização de cursos de atualização de conheci- É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria orgânica
mentos no que concerne a prevenção e controle de infecções para presente nos artigos e superfícies.
todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos com os Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo a re-
pacientes; moção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga microbia-
- estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição e na. A limpeza deve sempre preceder os processos de desinfecção
Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Trata- ou esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre inativação na
mento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes à pre- presença de matéria orgânica.
venção e controle de infecções;
- estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos res- Métodos de limpeza:
ponsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de modo a se . Limpeza Manual: Executada através de fricção, com escovas e
ter pessoal mais qualificado para o desempenho de atividades que uso de detergente e água.
muito concorrem para a redução de infecções; . Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por meio
- criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa com de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e termode-
atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções hospita- sinfectadoras).
lares;
- permitam a compra de antissépticos e desinfectantes utiliza- Secagem:
dos para os diversos fins no hospital quando justificada por critérios Parte importante do processamento de artigos hospitalares.
técnicos. Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois
elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteriana.
II - Serviços de Enfermagem:
- Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacterio- Estocagem:
lógicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar asses- Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em áreas
sorados por técnicos no assunto; próximas a pias, água ou tubo de drenagem.
- supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esterilização de
material e do ambiente, no tratamento e no processo de atenção Descontaminação:
de enfermagem ao paciente infectado; É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de arti-
- desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos con- gos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após a des-
teúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pacientes in- contaminação, deve-se seguir o processamento adequado.
fectados e à prevenção de infecções;
272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desinfecção: - Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Danifi-
É processo de destruição dos microrganismos em forma vege- ca o cimento das lentes dos equipamentos;
tativa, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos. - Não necessita de enxagüe;
- Agente físico:radiação ultra-violeta - Não necessita usar EPI.
- Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de lavagem
automáticas que associam calor, ação mecânica e detergência Fenol sintético:
- Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensíveis), - Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para des-
álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos e super- contaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios e ar-
fícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies) tigos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e artigos é
de 10 minutos.
Níveis de Desinfecção:
. Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem não Recomendações:
todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos e os - Contra-indicado para artigos que entram em contato com o
vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio, equipa- trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e borrachas
mento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio. - Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, es-
. Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas não ponja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição;
esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex: Cloro, ál- - Enxagüe copioso com água potável;
coois, fenólicos - Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo,
. Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa mais máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção.
não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias e vírus.
Ex: Quaternário de Amônia Hipoclorito de sódio:
- Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -,
Métodos de Desinfecção conforme a concentração e tempo de exposição.
Recomendações:
Desinfecção por meio físico líquido: - Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. De-
Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível ou vem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volatização
descontaminação de artigos termo resistentes. Tempo de exposi- do cloro.
ção 30 minutos - Assegurar-se da qualidade do produto;
Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção de alto - Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1%
nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de artigos críticos an- (10.000 ppm) por 10 minutos;
tes de sofrerem o processo de esterilização. Podem ser associadas ao - Desinfecção de artigos:
uso de detergentes enzimáticos ou desinfetantes. Ex. artigos de inalote- - Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60
rapia, acessórios de respiradores, material de entubação, etc. minutos
- Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10 mi-
Desinfecção por meio químico líquido nutos
- Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10 mi-
Glutaraldeído: nutos
Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%, - Necessita enxague no caso de desinfecção de alto nível.
por20 a30 minutos; Quando não for possível o enxague com água estéril, deve-se utili-
Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 horas; zar água corrente e rinsagem com álcool a 70% após secagem;
Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.); • Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e
Recomendações: máscara.
- Ativar o produto e verificar o prazo de validade;
- Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotossen- Esterilização
sível; É o processo de destruição de todas as formas de vida micro-
-Manter em recipientes tampados; biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e ví-
- Necessita de enxague copioso; rus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou químicos.
- necessita do uso de EPI -luva de borracha de cano longo, más-
cara de carvão e óculos de proteção. Testes de Validação
Todo processo de esterilização precisa ser validado, empregan-
Álcoois: do-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monitorização
Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos, al- regular durante as operações de rotina. Estes testes são realizados
guns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a 70%. para certificar o desempenho ideal do ciclo de esterilização, e para
Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações, agu ardan- determinar se as condições pré-estabelecidas foram atingidas den-
do a secagem espontânea. tro da câmara, e nos pontos mais críticos da carga.
Recomendações:
- Assegurar-se da qualidade do produto;
- Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar ambien-
te, repetir três vezes até completar o tempo de ação;
- Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies en-
tre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.;
273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Indicadores Químicos: Monitorização:
Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no pro- . Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
cesso de esterilização. . Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.
• Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que
passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passaram. Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, duran-
Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas com lis- te a manipulação de material biológico ou transferência de massa
tras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a gás. bacteriana, através da alça bacteriológica.
• Internos: são colocados dentro dos pacotes que são po-
sicionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor Agentes Químicos- gasosos:
é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade.
indicadores biológicos: Aldeídos: glutaraldeído;
• Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm - Produto de alto teor desinfetante;
uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e a - Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a
presença do vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a óxido 18hs);
de etileno. - Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para evi-
tar a diluição do produto;
Indicadores Biológicos: - Preencher o interior das tubulações com seringa;
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade dentro - Colocar data de ativação do produto;- Respeitar o prazo de
dos pacotes-teste. validade;
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria
Métodos de Esterilização orgânica;
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo);
Agentes Físicos:
Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam sensíveis Monitorização:
ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança (autoclave). . Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solução.
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor;
- Acomodação dos artigos em cestos aramados;- Usar só 80% Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º
da capacidade; 31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabe-
lecendo regras de instalação e manuseio com segurança devido à
- Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com fil-
toxicidade do gás.
me, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de algodão;
Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação es-
- Validade de acordo com a embalagem e acondicionamento;
pecífica. Todos os artigos;
- Manipular o artigo após o resfriamento.
- Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e
instalações próprias devido a alta toxicicidade);
Tipos: - Somente embalagens de grau cirúrgico;
. Gravitacional: O ar é removido por gravidade; - Observar rigorosamente os tempos de areação;
- Processo lento e favorece a permanência de ar residual; - Validade de 02 anos;
- Pouco utilizada.
. Pré- Vácuo: Monitorização:
- O ar é removido pela bomba de vácuo; . Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido como
- O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsatil, Bacillus Atrophaeus
o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis de .Fitas Indicadoras.
vácuo em um só pulso.
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad.
Monitorização: O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elé-
. ControleBiológico: Bacillus Stearotermophillus; trons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bacterici-
. Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo; da, tuberculicida, esporicida, fungicida e viruscida.
. Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4 O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ven-
. Integrador Químico: classe 5 e 6 tilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento (au-
tomonitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre
Segundo recomendação da AORN (2002) automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório impres-
so sobre as causas e as ações a serem tomadas.
Tipo de Temperatura Tempo de Vantagens:
Equipamemto Exposição -Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a
Gravitacional 132 a135°C 10 a25 min água e o oxigênio;
121 a123°C 15 a30 min -Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de
Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min aeração;
-Simples de instalar e operar;
-Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos;
Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas
-Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximada-
que sejam sensíveis à umidade (estufa).
mente 50º C;
- Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais; - Possui indicadores químicos próprios.
- Validade: 07 dias.
274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desvantagens:
-Alto custo inicial;
-Necessita de embalagem específica, livre de celulose;
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exemplo, musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fibras vegetais
– por exemplo, algodão e papéis.
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação entre o diâmetro e o comprimento);
-Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita artigos metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima de0,3
cm. Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessitam de adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para itens metálicos
é de50 cm, e para itens plásticos de130 cm.
- É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver contado
com a pele lavar copiosamente.
O QUE É?
A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela adquirida em função dos procedimentos necessários à monitorização e
ao tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
O diagnóstico das IRAS é feito com base em critérios definidos por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como o Centro de
Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.
Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior risco de
desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacientes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tratamento ou com
doenças imunossupressoras, com lesões extensas de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes, obesas e fumantes.
O monitoramento das IRAS permite que os processos assistenciais sejam aprimorados e que o risco dessas infecções possa ser reduzido.
Nesse sentido, a higienização das mãos é um procedimento essencial. O nosso processo é baseado nas recomendações da OMS, que
considera a necessidade de higienização das mãos, por todos os profissionais de saúde, em cinco momentos diferentes, incluindo antes e
depois de qualquer contato com o paciente, conforme mostra a figura abaixo.
Entre as infecções sistematicamente monitoradas pela instituição estão as de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter venoso
central (CVC) e as que acontecem após cirurgias.
275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso A história da Anatomia Humana
central (CVC) Acredita-se que as primeiras dissecações em seres humanos
tenham acontecido no século II a.C. por intermédio de Herófilo e
O que é? Erasístrato em Alexandria. Posteriormente, a área ficou pratica-
A infecção de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter mente estagnada, principalmente em decorrência da pressão da
venoso central (CVC) ocorre quando bactérias ou fungos entram Igreja, que não aceitava esse tipo de pesquisa.
no sangue por meio do cateter e se manifesta normalmente com Os estudos na área retornaram com maior força durante o
febre e calafrios. período do Renascimento, destacando-se as obras de Leonardo da
Procedimentos padronizados baseados em conhecimentos Vinci e Andreas Vesalius.
científicos, treinamento dos profissionais e uso de produtos de boa Leonardo da Vinci destacou-se na anatomia por seus espetacu-
qualidade são estratégias que nós utilizamos no processo de pre- lares desenhos a respeito do corpo humano, os quais preparou por
venção dessa infecção. cerca de 15 anos. Para a realização de desenhos, esse importante
artista fez vários estudos, participando, inclusive, de dissecações.
O que medimos? O primeiro livro de atlas de anatomia, o “De Humani Corporis
No indicador, consideramos o número de episódios de infec- Fabrica”, foi produzido em 1543 por Vesalius, atualmente conside-
ções associadas ao uso de cateter venoso central em pacientes in- rado o pai da anatomia moderna. Seu livro quebrou falsos concei-
ternados em unidades críticas. tos e contribuiu para um aprofundamento maior na área, marcan-
do, assim, a fase de estudos modernos sobre a anatomia.
Infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas
Divisões da Anatomia
O que é? Essa área foi e é, sem dúvidas, extremamente importante para
Esse tipo de infecção ocorre após a cirurgia, na parte do cor- a compreensão do funcionamento do corpo humano. Atualmente,
po onde foi realizado o procedimento. Estudos estimam de um a podemos dividi-la em várias partes, mas duas merecem destaque:
dois casos de infecção a cada 100 cirurgias realizadas. Os sintomas Anatomia Sistêmica: Essa parte da anatomia estuda os siste-
mais comuns envolvem vermelhidão e dor ao redor da área ope- mas do corpo humano, tais como o sistema digestório e o circulató-
rada, drenagem de líquido turvo no local e febre. A maioria dessas rio. Ela não se preocupa com o todo, realizando uma descrição mais
infecções pode ser tratada com antibióticos, selecionados pelo mé- aprofundada das partes que compõem um sistema.
dico de acordo com o agente causador da infecção. Eventualmente, Anatomia Regional ou Topográfica: Essa parte da anatomia es-
outra cirurgia pode ser necessária para o tratamento da infecção. tuda o corpo humano por regiões, e não por sistemas. Esse estudo
facilita a orientação correta ao analisar um corpo.
Procedimentos padronizados e baseados em boas práticas in-
ternacionais, treinamento e atualização dos profissionais e uso de Principais sistemas estudados em Anatomia Humana
produtos de boa qualidade são estratégias que nós utilizamos para Normalmente, ao estudar anatomia humana no Ensino Fun-
prevenção dessas infecções. damental e Médio, o foco maior é dado à anatomia sistêmica. Os
sistemas estudados normalmente são o tegumentar, esquelético,
O que medimos? muscular, nervoso, cardiovascular, respiratório, digestório, uriná-
No indicador, consideramos o número de episódios de infec- rio, endócrino e reprodutor.
ção no local cirúrgico após cirurgias limpas, conforme mostra o grá- Veja um pouco mais sobre eles a seguir.
fico abaixo. A meta estabelecida de 0,89% é baseada em dados de
série histórica institucional e os dados deste indicador referem-se Corpo Humano e seus sistemas
ao 3º trimestre de 2018, visto que as infecções de sítio cirúrgico O corpo humano é composto por vários sistemas que coope-
podem ocorrer até 90 dias após o procedimento cirúrgico. ram entre si, a fim de manter a saúde, proteger contra doenças e
permitir a reprodução da espécie.
Fonte: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguranca/ Para termos uma ideia, vamos considerar como dois sistemas
Paginas/prevencao-controle-infeccao.aspx do corpo cooperam entre si: o sistema tegumentar e esquelético.
O sistema tegumentar é formado pela pele, pelos e unhas, sendo o
responsável pela proteção de todos os sistemas do corpo, incluindo
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS
o sistema ósseo, por meio da barreira entre o ambiente externo e
os tecidos e os órgãos internos. Por sua vez, o sistema esquelético
CORPO HUMANO - ÓRGÃOS E SISTEMAS.
fornece sustentação para o sistema tegumentar.
A - PARTE GERAL
A CÉLULA - CÉLULA PROCARIOTA E CÉLULA EUCARIOTA.
A anatomia humana é o campo da Biologia responsável por es-
REPRODUÇÃO CELULAR, MITOSE E MEIOSE
tudar a forma e a estrutura do organismo humano, bem como as
Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob a
suas partes. O nome anatomia origina-se do grego ana, que signifi-
lente de um microscópio e, a partir de suas observações, nascia a
ca parte, e tomnei, que significa cortar, ou seja, é a parte da Biolo-
biologia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido como ci-
gia que se preocupa com o isolamento de estruturas e seu estudo.
tologia, tem como objeto de estudo as células, abrangendo a sua
A anatomia utiliza principalmente a técnica conhecida como
estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcionamento (meca-
dissecação, que se baseia na realização de cortes que permitem
nismos internos da célula). A citologia se torna importante por,
uma melhor visualização das estruturas do organismo. Essa práti-
em conjunto com outras ferramentas ou não, buscar entender o
ca é muito realizada atualmente nos cursos da área da saúde, tais
mecanismo de diversas doenças, auxiliar na classificação dos seres
como medicina, odontologia e fisioterapia.
e, também, por ser precursora ou conhecimento necessário de di-
276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
versas áreas da atualidade, como a biotecnologia. Por essa razão, A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado, por
diversos conteúdos da biologia celular estão intimamente relacio- essa razão surgiram estruturas que conferem maior resistência às
nados com os da biologia molecular, histologia, entre outras. células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A parede celular é
uma camada permeável e semi-rígida, o que confere maior esta-
bilidade quanto a forma da célula. Sua composição é variada de
acordo com o tipo da célula e sua função é relacionada à proteção
mecânica. Nesse sentido, as paredes celulares estão presentes em
diversos organismos, como bactérias, plantas, fungos e protozoá-
rios.
A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em algumas
bactérias, em geral patogênicas, externamente à parede celular.
Sua função também é a defesa, mas, diferentemente da parede ce-
lular, essa confere proteção contra a desidratação e, também, se
trata de uma estrutura análoga a um sistema imune. Sob o aspecto
morfológico, sua espessura e composição química são variáveis de
acordo com a espécie, se tratando de um polímero orgânico. Já o
glicocálix se trata de uma camada formada por glicídios associados,
Esquema de uma célula animal e suas organelas. Ilustração: mas- externamente, à membrana plasmática. Embora não confira rigi-
ter24 / Shutterstock.com [adaptado] dez à célula, o glicocálix também tem uma função de resistência.
Fora isso, ele confere capacidade de reconhecimento celular, bar-
As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer rar agentes do meio externo e reter moléculas de importância para
que, com a exceção dos vírus, todos os organismos vivos são com- célula, como nutrientes.
postos por elas. Nesse sentido, podemos classificar os seres vivos Com relação à parte interna da membrana celular, existe uma
pela sua constituição celular ou complexidade estrutural, existindo enorme diversidade de estruturas com as mais diferentes funções.
os unicelulares e os pluricelulares. Os organismos unicelulares são Para facilitar a compreensão, pode-se dividir em citoplasma e ma-
todos aqueles que são compostos por uma única célula, enquanto terial genético, esse que, nos procariotas, está solto no citoplasma.
os pluricelulares, aqueles formados por mais de uma. Com relação O material genético é composto de ácidos nucléicos (DNA e RNA) e
a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis ape- sua função é comandar a atividade celular. Por ele ser transmitido
nas ao microscópio, como bactérias e protozoários, e células gigan- de célula progenitora para a progênie, é a estrutura responsável
tes visíveis a olho nu, como fibras musculares e algumas algas. pela transmissão das informações hereditárias. Já o citoplasma cor-
Assim como acontece com o tamanho, as células se apresen- responde a todo o restante, composto pela matriz citoplasmática
tam em diversas formas: retangulares, esféricas, estreladas, entre ou citosol, depósitos citoplasmáticos e organelas.
outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função celular O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas outras
exercida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas e longas, o moléculas importantes para a célula. Por ser aquoso, ele é respon-
que é adequado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diversos sável por ser o meio em que ocorrem algumas reações e a locomo-
tamanhos e formas celulares, basicamente, existem apenas duas ção dentro da célula. Quanto aos depósitos, esses são as concentra-
classes de células: as procariontes, nas quais o material genético ções de diversas substâncias soltas no citosol. A importância dessas
não é separado do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem estruturas tem relação com a reserva de nutrientes ou pigmentos.
delimitado por um envoltório nuclear denominado carioteca. Em Por fim, as organelas não possuem conceituação bem definida,
resumo, pode-se dizer que a diferença entre as classes reside na mas, grosso modo, são todas as estruturas internas com funções
complexidade das células. definidas, como ribossomos, mitocôndrias, complexo de Golgi, retí-
As células procariontes têm poucas membranas, em geral, ape- culos endoplasmáticos, entre outros. Suas funções variam desde a
nas a que delimita o organismo, denominada de membrana plas- síntese protéica até a respiração celular.
mática. Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são chama- Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se co-
dos de procariotas e o grupo representativo dessa classe é o das munica com outras disciplinas para concatenar os conhecimentos
bactérias. Já as células eucariontes são mais complexas e ricas em a fim de utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na terapia
membranas, existindo duas regiões bem individualizadas, o núcleo gênica ou engenharia genética, por exemplo.
e o citoplasma. Assim, os portadores dessa classe de células são
denominados eucariotas, existindo diversos representantes desse Organização Celular
grupo, como animais e plantas, por exemplo.
A constituição de cada célula varia bastante de acordo com Organização celular dos seres vivos
qual sua classe, tipo e função. Isso ficará mais claro a seguir. Para As células são as unidades básicas da vida; pequenas máquinas
fins didáticos, separemos a célula em três partes: membrana plas- que facilitam e sustentam cada processo dentro de um organismo
mática, estruturas externas à membrana e estruturas internas à vivo. As células musculares se contraem para manter um batimen-
membrana. A membrana plasmática ou celular é o envoltório que to cardíaco e nos permitem mover-se, os neurônios formam redes
separa o meio interno e o meio externo das células. Ela está pre- que dão origem a memórias e permitem processos de pensamento.
sente em todos os tipos celulares e é formada por fosfolipídios e As células epiteliais providenciam para formar barreiras superficiais
proteínas. Essa membrana possui uma característica de extrema entre os tecidos e as muitas cavidades em todo o corpo.
importância para a manutenção da vida, a permeabilidade seletiva.
Isso quer dizer que tudo o que entra ou sai das células depende
diretamente da membrana celular.
277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Não só os diferentes tipos de células facilitam funções únicas, mas suas composições moleculares, genéticas e estruturais também
podem diferir. Por esse motivo, diferentes tipos de células geralmente possuem variações no fenótipo, como o tamanho e a forma das
células. Na imagem abaixo você pode ver diferentes tipos celulares dos seres humanos.
A função de uma célula é alcançada através do ponto culminante de centenas de processos menores, muitos dos quais são depen-
dentes uns dos outros e compartilham proteínas ou componentes moleculares. Apesar das variações fenotípicas e funcionais que existem
entre os tipos de células, é verdade que existe um alto nível de similaridade ao explorar os processos subcelulares, os componentes en-
volvidos e, principalmente, a organização desses componentes.
Com a maioria dos processos subcelulares sob controle regulatório preciso de outros processos subcelulares, e com componentes
geralmente compartilhados entre diferentes caminhos moleculares e cascatas protéicas, a organização celular é de grande importância.
Isso é verdade para cada tipo de célula, com compartimentação de processos subcelulares, e localização de proteínas, recrutamento e
entrega, garantindo que sejam constantemente repetidos de forma eficiente e com resultados precisos.
A nível básico, as células eucarióticas podem ser descritas como contendo três regiões sub-celulares distintas; nomeadamente a
membrana , o citosol e o núcleo . Contudo, a compartimentação celular é ainda mais complicada pela abundância de organelas específicas.
Apesar de ter apenas vários nanômetros de largura, as membranas celulares são altamente enriquecidas em receptores de sinali-
zação, proteínas transmembranares, bombas e canais e, dependendo da maquiagem, podem recrutar e reter um conjunto de proteínas
importantes no campo da mecanobiologia. Em muitos casos, esses proteínas interagem com o citoesqueleto , que reside na proximidade
da membrana. O citosol, por outro lado, abriga organelas celulares, incluindo o complexo golgiense, o retículo endoplasmático (RE), ribos-
somos e numerosas vesículas e vacúolos. Podem existir proteínas solúveis nesta região. Enquanto isso, o núcleo abriga o material genético
e todos os componentes relacionados à sua expressão e regulação. Embora os processos do núcleo não estejam tão bem estabelecidos
em termos de seu papel na mecanobiologia , os achados recentes indicam várias conexões importantes, muitas vezes com as vias de sina-
lização de mecanotransdução que culminam em alterações na expressão gênica.
Cada uma dessas regiões sub-celulares deve funcionar de forma coerente para a sobrevivência e o funcionamento eficiente da célula.
A organização adequada de organelas, proteínas e outras moléculas em cada região permite que os componentes de proteínas individuais
funcionem de forma concertada, gerando efetivamente processos subcelulares individuais que culminam em uma função celular global.
Compartimentalização em células
As células não são uma mistura amorfa de proteínas, lipídios e outras moléculas. Em vez disso, todas as células são constituídas por
compartimentos bem definidos, cada um especializado em uma função particular. Em muitos casos, os processos subcelulares podem
ser descritos com base na ocorrência na membrana plasmática , no citosol ou dentro de organelas ligadas à membrana, como o núcleo, o
aparelho de Golgiense ou mesmo os componentes vesiculares do sistema de tráfico de membrana , como os lisossomos e os endossomas.
278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A compartimentação aumenta a eficiência de muitos proces- teína é mantido durante toda a vida da célula, porém isso também
sos subcelulares concentrando os componentes necessários em um pode ser alterado quando determinados estímulos induzem a pro-
espaço confinado dentro da célula. Quando uma condição especí- dução de proteínas específicas, ou quando mecanismos regulató-
fica é necessária para facilitar um determinado processo subcelu- rios reduzem a produção de outros.
lar, isso pode ser localmente contido de modo a não interromper Por exemplo, a síntese de proteínas é regulada para cima du-
a função de outros compartimentos subcelulares. Por exemplo, os rante a fase G1 do ciclo celular, imediatamente antes da fase S. Isto
lisossomos requerem um pH mais baixo para facilitar a degradação é para garantir que a célula tenha uma concentração suficiente da
do material internalizado. As bombas de protões ligadas à membra- maquinaria protéica necessária para realizar a replicação do DNA e
na presentes no lipossoma mantém esta condição. Da mesma for- a divisão celular.
ma, uma grande área de superfície da membrana é requerida pelas Nos procariontes, onde não há compartimentos separados,
mitocôndrias para gerar eficientemente ATP a partir de gradientes tanto a transcrição quanto a tradução ocorrem simultaneamente.
de elétrons em sua bicamada lipídica. Isto é conseguido através da Os lipídios, que são sintetizados no retículo endoplasmático (RE) ou
composição estrutural deste organelo particular. no complexo golgiensei, são transportados para outras organelas
Importante, organelas individuais podem ser transportadas sob a forma de vesículas que se fundem com a organela aceitado-
por toda a célula e isso localiza essencialmente todo o processo ra. Algumas células também podem usar proteínas transportadoras
subcelular para regiões onde são necessárias. Isso foi observado para transportar lipídios de um local para outro. A síntese lipídica
em neurônios, que possuem processos axonais extremamente lon- também é dinâmica, e pode ser regulada até a proliferação celular
gos e requerem mitocôndrias para gerar ATP em vários locais ao ou durante processos que envolvem a extensão da membrana plas-
longo do axônio. Seria ineficiente confiar na difusão passiva do ATP mática , quando novas membranas são necessárias.
ao longo do axônio.
A compartimentação também pode ter importantes implica- Localização de Proteínas
ções fisiológicas. Por exemplo, as células epiteliais polarizadas , que Para que os processos celulares sejam realizados dentro de
possuem membranas apicais e basolaterais distintas, podem, por compartimentos definidos ou regiões celulares, devem existir me-
exemplo, produzir uma superfície secretora para várias glândulas. canismos para garantir que os componentes proteicos necessários
Da mesma forma, as células neuronais desenvolvem redes efeti- estejam presentes nos locais e a uma concentração adequada. A
vas devido à produção de dendritos e processos axonais a partir acumulação de uma proteína em um determinado local é conheci-
de extremidades opostas do corpo celular. Além disso, no caso de da como localização de proteínas.
células estaminais embrionárias, a polarização celular pode resultar O recrutamento de proteínas é essencialmente uma forma de
em destinos distintos das células filhas. reconhecimento de proteínas, possibilitado pela presença de se-
Com cada organela facilitando sua própria função, eles podem quências específicas de aminoácidos dentro da estrutura protéica.
ser considerados compartimentos subcelulares por direito próprio. Por exemplo, muitas proteínas ligadas à membrana possuem pép-
No entanto, sem um fornecimento regular de componentes para tidos de sinal que são reconhecidos pelos receptores de sinal que
o compartimento, os processos e mecanismos que produzem sua os orientam para o site alvo. O sinal de localização nuclear é um
função geral serão impedidos. desses exemplos. As proteínas que são destinadas ao retículo en-
Com muitas proteínas e componentes moleculares que parti- doplasmático também possuem um péptido sinal.
cipam em múltiplos processos subcelulares e, portanto, exigidos Em outros casos, as proteínas podem transportar um remendo
em vários compartimentos subcelulares, o transporte efetivo da de sinal. Isso geralmente consiste em cerca de 30 aminoácidos que
proteína e dos componentes moleculares, seja por difusão passiva não estão presentes em uma sequência linear, mas estão em proxi-
ou recrutamento direcionado, é essencial para a função geral da midade espacial próxima no espaço tridimensional.
célula. Curiosamente, a organização de uma célula e suas várias re-
Em seres eucariontes, a síntese de DNA, RNA, proteínas e lipí- giões desempenham um papel na direção do recrutamento de
dios é realizada de forma espaciotemporal. Cada molécula é produ- proteínas para um determinado site. Por exemplo, nas células epi-
zida dentro de organelas ou compartimentos especializados com teliais, que são polarizadas, a composição proteica na membrana
mecanismos regulatórios rígidos existentes para controlar o tempo apical é muito diferente daquela na membrana basolateral. Isto
ea taxa de síntese. Esses mecanismos regulatórios são complicados é conseguido através do reconhecimento de sequências de sinais
e podem envolver loops de feedback, estímulos externos e uma distintas que visam proteínas para cada uma dessas regiões. Por
multiplicidade de caminhos de sinalização. exemplo, as proteínas da membrana apical são muitas vezes anco-
DNA e RNA são ambos produzidos dentro do núcleo. O DNA é radas ao GPI , enquanto que as proteínas basolaterais possuem se-
inteiramente replicado durante a fase s do ciclo celular. Uma cópia quências de assinaturas baseadas em aminoácidos diLeu (N, N-Di-
é então passada para cada uma das células filhas. Durante outras metil Leucina) ou tirosina com base em aminoácidos.
fases do ciclo celular, uma quantidade mínima de DNA é sintetiza-
da, principalmente para o reparo do material genético. Entrega Direta de Componentes
Embora uma taxa basal de síntese de RNA mantenha a síntese A localização das proteínas pode resultar do reconhecimento
de mRNA ao longo da vida da célula, o mRNA para genes específicos de proteínas ou complexos solúveis de difusão passiva; No entanto,
só pode ser expresso ou pode ser regulado ou regulado por baixo, isso pode não garantir uma concentração suficiente de componen-
após a detecção de certos sinais mecânicos ou químicos. Como re- tes para manter um determinado processo. Isso pode impedir a sua
sultado, diferentes células têm diferentes perfis de mRNA, e isso conclusão, particularmente quando realizada em regiões com um
geralmente é observado através do uso de tecnologias que exibem volume citoplasmático limitado, como a ponta de um filopodia , ou
os perfis genéticos das células. quando os componentes são rapidamente transferidos.
Depois de ser processado e modificado no núcleo, o mRNA Uma maneira mais eficiente de manter a concentração de
transcrito é entregue ao citosol para tradução ou síntese proteica. componentes protéicos é por meio de sua entrega dirigida através
Semelhante à síntese de RNA, um nível básico de síntese de pro- da rede do citoesqueleto.
279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O citoesqueleto, composto por filamentos de actina e microtú- Reprodução Celular
bulos , abrange toda a célula e conecta a membrana plasmática ao A maioria das células humanas são frequentemente reproduzi-
núcleo e outras organelas. Esses filamentos realizam muitos propó- do e substituídos durante a vida de um indivíduo.
sitos, desde o suporte estrutural até a célula, para gerar as forças No entanto, o processo varia com o tipo de célula Somática ou
necessárias para a translocação celular. Eles também podem servir células do corpo, tais como aqueles que constituem a pele, cabelo,
como “trilhas” nas quais as proteínas motoras podem transladar e músculo, são duplicados por mitose.
enquanto transportam carga de um local para outro; análogo a um O células sexuais, os espermatozóides e óvulos, são produzi-
trem de carga que transporta carga ao longo de uma rede de trilhos dos por meiose em tecidos especiais dos testículos e ovários das
ferroviários. fêmeas Uma vez que a grande maioria das nossas células são somá-
A entrega de componentes é principalmente facilitada por mo- tica, a mitose é a forma mais comum de replicação celular.
tores moleculares com ATP / GTP, como miosina V ou miosina X ,
Cinesina ou Dineína . Essas proteínas ou homólogos deles foram Mitose e meiose
observados em uma grande quantidade de tipos celulares, incluin- As principais diferenças entre a mitose e a meiose estão no
do leveduras, célula vegetal e célula animal. Os motores molecula- número de células-filhas formadas e no número de cromossomos
res dineína e cinesina caminham sobre os microtúbulos enquanto a que elas apresentam.
miosina caminha nos filamentos de actina. Imperativamente, esses
motores caminham de maneira unidirecional, embora não necessa-
riamente na mesma direção uns dos outros.
O transporte baseado em microtúbulos foi estudado principal-
mente em células neuronais. Os exons podem ter vários mícrons
de comprimento (às vezes até mesmo medidores de comprimen-
to), por isso é necessário transportar proteínas, lipídios, vesículas
sinápticas, mitocôndrias e outros componentes ao longo do axônio.
Todos os microtúbulos nos axônios são unidirecionais, com extre-
midades “menos” que apontam para o corpo da célula e ‘mais’ que
apontam para a sinapse. Os motores Kinesin se movem ao longo
dessas trilhas para transportar a carga do corpo da célula para o
axônio. A interrupção do transporte de carga mediada por cinesina
está correlacionada com várias doenças neuro-musculares, como
a atrofia muscular espinhal e a atrofia muscular espinhal e bulbar .
Dynein , por outro lado, desempenha um papel importante no trá-
fico de carga em dendritos. A mitose e a meiose são processos de divisão celular.
Caminhos de comunicação A diferença entre mitose e meiose está no fato de que, apesar
Com diferentes processos sendo realizados em compartimen- de serem processos de divisão celular, elas geram um número dife-
tos subcelulares separados, organizados em diferentes regiões da rente de células-filhas, as quais também possuem uma quantidade
célula, a comunicação intracelular é primordial. Essa comunicação, distinta de cromossomos.
que é descrita em maior detalhe sob ” sinalização celular “, permite Na mitose, as células-filhas apresentam a mesma quantidade
às células manter a concentração de proteínas específicas e dentro de material genético que a célula-mãe, diferentemente da meiose.
das regiões corretas, dependendo dos requisitos de um determina- Na mitose, vemos ainda a formação de duas células-filhas; já na
do processo ou estado celular. Isso, em última instância, garante meiose, quatro. Além de todas essas diferenças, a mitose e a meio-
que os compartimentos individuais funcionem de forma eficiente e se diferenciam-se também no que diz respeito às etapas do pro-
permite que um processo subcelular conduza outro. Isso, em última cesso de divisão e à função que elas desempenham no organismo.
instância, permite que uma célula facilite suas funções primárias de
forma eficiente e coerente. Tabela comparativa entre mitose e meiose
As vias de sinalização podem conter um sinal que se origina Veja a seguir um quadro comparativo com as principais dife-
de fora de uma célula ou de vários compartimentos e geralmente renças entre a meiose e mitose:
envolve a translocação de íons, solutos, proteínas e mensageiros
secundários.
Todas as células possuem receptores de superfície e outras
proteínas para facilitar a detecção de sinais do ambiente extrace-
lular.
Esses sinais podem ser na forma de íons, moléculas pequenas,
péptidos, tensão de cisalhamento, forças mecânicas, calor, etc.
Uma vez que o sinal é detectado pelo receptor de superfície, ele é
transmitido ao citoplasma geralmente por meio de mudança con-
formacional no receptor ou mudança no seu estado de fosforilação
no lado citosólico. Isso, por sua vez, desencadeia uma cascata de
sinalização a jusante, que muitas vezes culmina no núcleo. O sinal
geralmente resulta em mudança no perfil de expressão gênica das
células, auxiliando-as a responder ao estímulo.
280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mitose Meiose
A mitose é um processo de divisão celular que forma duas cé- A meiose é um processo de divisão celular que gera quatro cé-
lulas-filhas, cada uma com o mesmo número de cromossomos que lulas-filhas, cada uma com metade do número de cromossomos da
a célula-mãe. Esse processo está relacionado, em plantas e animais, célula-mãe. Esse processo de divisão é responsável pela formação
com o desenvolvimento dos organismos, cicatrização e crescimen- de gametas. É fundamental que os gametas possuam metade do
to. número de cromossomos da espécie, pois, dessa forma, no mo-
As etapas da mitose são prófase, prometáfase, metáfase, aná- mento da fecundação, haverá o restabelecimento do número de
fase e telófase. Ao fim da telófase, observa-se a ocorrência da ci- cromossomos da espécie.
tocinese, ou seja, a divisão do citoplasma da célula, gerando duas A meiose caracteriza-se por dois processos de divisão celular:
células-filhas. Vale destacar que essas etapas variam de um autor a meiose I e meiose II. Na meiose I, temos a prófase I, metáfase I,
para outro. A prometáfase, por exemplo, não é descrita por todos anáfase I, telófase I. Já na meiose II, temos a prófase II, metáfase II,
os autores. anáfase II e telófase II.
→ Fases da meiose
281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Metáfase I: os pares de cromossomos homólogos estão dis- Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a
postos na placa metafásica. Nessa etapa, as duas cromátides de um mais externa, a epiderme é formada por tecido epitelial, a camada
homólogo estão ligadas aos microtúbulos de um polo, e as cromá- subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um teci-
tides do outro homólogo estão presas aos microtúbulos do outro do subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também
polo. uma cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de ane-
• Anáfase I: cromossomos homólogos separam-se e movem-se xos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.
em direção aos polos opostos.
• Telófase I: os cromossomos estão separados em dois grupos
em cada polo. Ao final dessa fase, a citocinese ocorre, e o citoplas-
ma da célula é dividido, formando duas células-filhas.
MEIOSE II
Funções do Tegumento
• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;
• Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mudan-
ças bruscas de temperatura;
Observe atentamente as etapas da meiose II. • Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema
excretor também;
• Prófase II: é a primeira etapa da segunda divisão da meiose e • Atua na relação do corpo com o meio externo através dos
inicia-se nas duas células-filhas formadas na meiose I. Nessa etapa, sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema nervoso;
as fibras do fuso são formadas e inicia-se a movimentação dos cro- • Armazena água e gordura nas suas células.
mossomos para a placa metafásica.
• Metáfase II: os cromossomos estão posicionados na placa Anatomia da Pele
metafásica.
• Anáfase II: as cromátides irmãs separam-se e movem-se em Epiderme
direção aos polos.
• Telófase II: o núcleo forma-se novamente com a reorganiza-
ção do envoltório nuclear. Os cromossomos começam a se descon-
densar. A citocinese ocorre, e a célula divide-se em duas. Como as
duas células-filhas formadas na meiose I entram em meiose II, no
final do processo, temos quatro células-filhas.
Sistema Tegumentar
- Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
- Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio
externo e interno do organismo e manutenção da temperatura do
corpo.
282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apre- los de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos
sentam diferentes formatos e funções. Elas são originadas na ca- de Merkel, Terminais do Folículo Piloso e Terminações Nervosas
mada basal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas Livres. Veja a figura a seguir:
à medida que sobem. Quando chegam na camada mais superficial
(camada córnea) as células estão mortas (e sem núcleo) e são com-
postas em grande parte por queratina. Entre a camada basal (mais
interna) e a córnea (mais externa), há a camada granulosa, onde as
células estão repletas de grânulos de queratina e a espinhosa, na
qual as células possuem prolongamentos que as mantêm juntas,
dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são
eliminadas periodicamente, tal como em répteis que trocam a pele,
ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos ma-
míferos assim como nos humanos.
Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao
microscópio. A parte superior (mais escura) é a epiderme e a parte
mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato
com as reentrâncias epidérmicas.
Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo.
As glândulas sebáceas são bolsas que secretam o sebo (substância
oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas
sudoríparas têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido
corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto,
entre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.
Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram
encapsuladas formando corpúsculos, outras estão soltas como as
que se enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função senso-
rial, sendo capazes de receber estímulos mecânicos, de pressão, de
temperatura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpúscu-
283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As principais funções do sistema esquelético são: Quais são as principais partes do esqueleto?
• Sustentar o organismo; O sistema esquelético possui duas partes que podem ser con-
• Proteger os órgãos vitais; sideradas principais: o esqueleto apendicular e o esqueleto axial.
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que O esqueleto apendicular é formado:
são fundamentais para o funcionamento das células e devem es- Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também co-
tar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no nhecida como cintura superior. É formada pelas escápulas e clavículas;
sangue, os sais de cálcio são levados para os ossos para suprir a sua • Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem
ausência; na sua constituição o sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix.
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética; O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas,
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida ou seja, uma ligação existente entre dois ou mais ossos. Outras es-
como tutano. Essa medula é constituída, em sua maioria, por cé- truturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas,
lulas adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva; possuem os ligamentos, que são os responsáveis por tornar os os-
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia, sos conectados a uma articulação.
o esterno, as costelas e as cabeças dos ossos do braço e da coxa, Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida
existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, cha- intrauterina. Quando nasce, a criança já apresenta um esqueleto
mado de medula óssea vermelha, onde são produzidas as células bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda
do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. possuem regiões cartilaginosas que permitem o crescimento.
Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam
e deixam de crescer.
284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Características do sistema nervoso
O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável
por controlar todas as funções, atividades, movimentos, memórias
e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema
nervoso e atua para controlar a maioria das funções do organismo.
Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema
nervoso. Os neurônios se comunicam por meio de sinapses e pro-
pagam impulsos nervosos.
285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SISTEMA RESPIRATÓRIO - Parede Torácica e Pulmões. Me- Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para ob-
diastino termos energia para realizarmos nossas funções vitais e atividades
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe, cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um
laringe, traqueia e brônquios pulmonares. sistema faz toda a diferença: estamos falando do sistema digestivo,
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxi- ou sistema digestório, como é chamado atualmente.
gênio e retirada de gás carbônico). O sistema digestivo é responsável por conduzir processos quí-
micos e mecânicos que retiram os nutrientes dos alimentos para
O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é
fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também atua para retirar o bastante complexa, formada por diversos órgãos importantes para
gás carbônico do organismo. a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os ali-
Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões, mentos que ingerimos.
que desempenham papel estratégico no processo de respiração.
Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca, Características do sistema digestivo
faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus
órgãos anexos.
Características do sistema respiratório As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, fa-
O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório ringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glân-
começa pelas narinas. As cavidades nasais recebem o ar e filtram as dulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os
são as responsáveis pela percepção dos odores. alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação é um processo de
Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela
faringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia, brônquios, bron- faringe até chegar ao esôfago.
quíolos e pulmões. O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsá-
Outro elemento fundamental no processo de respiração é o vel pela digestão das proteínas. Depois de processado, o alimento
diafragma, um músculo que fica localizado logo abaixo do pulmão se transforma em quimo e vai para o intestino delgado.
e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração. O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional
passa pelo intestino grosso e segue até a eliminação dos resíduos
A importância dos pulmões digestivos por meio do bolo fecal.
Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são reves-
tidos por uma membrana dupla, que recebe o nome de pleura. Os
seres humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino,
região onde está o coração e outros órgãos e estruturas do orga-
nismo.
Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de
gases do organismo com o meio externo por meio da respiração.
Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproxima-
do de 700 gramas. O ar que passa pelos pulmões é renovado a todo
momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões
para que possam ter uma respiração adequada e para prevenir
doenças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos,
os médicos recomendam que os pacientes evitem ou deixem o vício
do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos; e evitem
se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante pas-
sivo. Além disso, é recomendado respirar profundamente, praticar
exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e
fazer a limpeza regular do nariz para prevenir alergias.
286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sistema Urinário Sistema Reprodutor
- Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra - Formado por:
e dois ureteres). - Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos,
- Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre canais deferentes, vesículas seminais, próstata, uretra e pênis.
a produção da urina, armazenamento e sua eliminação, pelo apa- - Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ová-
relho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que rios, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.
foram filtradas (retiradas do sangue) pelos rins. - Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo
dos seres humanos.
O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo
livre de toxinas. Isso é possível porque é composto por um conjunto Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor hu-
de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substân- mano é constituído por um conjunto de órgãos que formam tanto
cias nocivas ou desnecessárias ao nosso corpo. o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.
Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
dois grupos, os secretores (responsáveis por produzir a urina) e os Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra
excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os é o canal responsável por eliminar a urina e também transportar
rins, que produzem a urina, os ureteres, que transportam a urina o sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à
dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina. ereção quando estimulado.
As substancias mais comumente encontradas na urina são: áci- Testículos - são as glândulas que produzem os gametas masculinos
do úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato. Quando o corpo so- (espermatozoides) e sintetizam a testosterona (hormônio sexual).
fre alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e pro-
isso é tão comum que médicos peçam um exame de urina antes de teger os testículos de agentes externos.
diagnosticar o paciente. Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os
Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de pro- espermatozoides e os reserva até a maturidade.
duzir a urina eles são responsáveis pela regulação da composição Canal deferente - responsável por transportar os espermato-
iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio zoides do epidídimo até o complexo de glândulas anexas.
da pressão arterial, o ph sanguíneo e a liberação de hormônios. Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas
Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais, bulbo uretrais. São responsáveis pela produção da secreção que
que ficam localizadas entre os rins e o diafragma. Cada glândula é forma o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio
envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produ- de sobrevivência aos espermatozoides, por exemplo, neutralizando
ção dos hormônios essenciais ao organismo. o pH levemente ácido da uretra.
O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 ór-
Excreção da Urina gãos:
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por
proteger o interior da vagina.
Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.
Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor.
A cavidade vaginal recebe o pênis durante o ato sexual e a uretra
elimina a urina.
Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se
desenvolver durante os 9 meses de gestação.
Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transpor-
te dos óvulos do ovário até o útero.
Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o
ciclo menstrual, também produz os hormônios sexuais: estrógeno
e progesterona.
B - PARTE ESPECIAL
287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Et-
móide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base
do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do frontal, pela lâmina
crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfe-
nóide.
A fossa média, também chamada de andar médio da base do
crânio, é formada anteriormente pelas asas menores do esfenói-
de, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e late-
ralmente pelas escamas do temporal, osso parietal e asa maior do
esfenóide.
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é consti-
tuída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide, pelo occipital e parte
petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e
também abriga o maior forame do crânio, o forame magno.
Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde
(ímpares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Concha nasal inferior, La-
crimal e Nasal (pares).
288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
OSSOS DO CRÂNIO
- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da
calota craniana e o assoalho do andar superior da base do crânio.
Posição anatômica:
Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior. Anteriormente: borda supra-orbitária
Inferiormente: espinha nasal
290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Parietal - Occipital
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal
da calota craniana. É aplanado, quadrangular e apresenta uma su- do crânio. Tem uma forma trapezóide e conformação de uma taça.
perfície externa convexa e uma interna côncava. Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com
Posição anatômica: o canal vertebral.
Anteriormente: borda frontal Posição anatômica:
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno
- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do
crânio. Assemelha-se a um morcego de asas abertas.
Parietal direito – vista lateral Parietal Posição anatômica:
direito, face interna – vista medial Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior
291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide
292
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Superiormente: porção escamosa
293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar superior da base do crânio.
Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade nasal e constitui parte do septo nasal.
Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali
Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;
- E cervical do plexo parotídeo.
MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
COURO CABELUDO Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções fron-
tal e nasal para a margem ântero-medial e a margem ântero-infe-
Galea aponeurótica rior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoa-
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte lho da cavidade orbitária.
superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral in-
com os músculos occipitais, especificamente na protuberância oc- terna e externa da cavidade orbitária é o zigoma, ou a porção facial
cipital externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço. do osso zigomático.
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a
união com o músculo frontal. Parede medial
A parede medial interna continua posteriormente e superior-
mente da maxila, subindo até o osso frontal, e consiste primeira-
mente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso
etmoide.
Parede posterior
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da
cavidade orbitária. Uma pequena projeção da placa vertical do osso
palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a
maxila, o osso etmoide e o osso esfenoide.
Articulações da órbita
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se
espera isso como conhecimento comum de estudantes de medi-
cina em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são
Imagem: Niel Asher Healthcare mencionadas nos livros de anatomia serão listadas aqui. Como
mencionado anteriormente, a ordem será o sentido horário utili-
Órbita e olhos zando a órbita direita como referência.
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída • A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na
por várias estruturas cranianas e cerca o tecido mole que compõe o margem superior e anterior da borda da órbita.
olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para • A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente
o globo ocular e suas estruturas adjacentes, bem como proteger ao forame infraorbital, e possui uma orientação diagonal. Ela liga a
uma grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão. maxila à porção facial do osso zigomático.
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a • Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais
órbita, bem como as articulações entre eles. Em segundo lugar, superior do zigoma ao osso frontal na margem superior lateral da
iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos abertura orbitária anterior.
ossos, incluindo os que se devem às suas articulações, dando espe-
cial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos Marcos anatômicos e fissuras
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema. Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitá- externas e seis internas, com a abertura do olho não sendo incluída
ria na verdade é mais como um canal piramidal, com uma grande devido ao seu tamanho.
abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma
parte do olho que é diretamente utilizada na visão emerge, e mais Aberturas externas
duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a Os três marcos externos são forames (buracos):
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias • o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel
estruturas anatômicas passem de dentro para fora. orbitário no osso frontal;
• o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel
Ossos e articulações orbitário na maxila;
• e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao
Parede anterior forame infraorbital, na porção facial do osso zigomático.
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à es-
querda do leitor), os ossos que contribuem para a margem ante- Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e
rior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso inferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e vasos, respectivamen-
frontal, que fornece a borda anterior e superior da órbita e a maior te.
parte do teto da cavidade orbitária.
295
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aberturas internas
As seis aberturas internas estão situadas nas paredes poste-
rior e medial da órbita. As aberturas posteriores são limitadas pelas
asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fis-
sura orbital inferior é uma exceção, e possui somente a asa maior
do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são
marcos que atualmente estão sendo revisados.
O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é Músculos infra-hióideos
considerado o mais superior dos três. Ele contém:
• o nervo óptico;
• e a artéria oftálmica.
296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cavidade nasal e cavidade oral
297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção do palato duro e mole e, inferiormente, dos lábios à linha das papilas
circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo pequenas variações histológicas de acordo com a topografia. A mucosa oral
apresenta cinco tipos histológicos diferentes:
- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio é delgado com uma camada bem fina queratinizada, o córion bem
vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter poucas glândulas sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibular, véu, pilares, assoalho, região ventral da língua e mucosa jugal).
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro): epitélio pouco queratinizado com um córion provido de glândulas salivares
acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacente.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva que suporta os dentes e papilas interdentárias), epitélio não queratini-
zado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento alveolar dentário, que une o cimento que recobre a raiz dentária ao osso
alveolar.
- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face inferior da língua); mucosa do dorso lingual contém as papilas gustatórias,
o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano muscular.
Laringe e Faringe
A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respiratório quanto do sistema digestório. É um canal muscular membranoso,
que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao esôfago.
Anatomia da Faringe
A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da garganta, à frente de vér-
tebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofaringe, nasofaringe e laringofaringe.
Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas médias, pela tuba auditiva
de cada lado.
Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através de uma região denominada
istmo das fauces.
298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório) e mais abaixo com a
abertura do esôfago (no sistema digestório).
Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos sistemas respiratório e
digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram, devido a mecanismos que bloqueiam a entrada
de cada um nas vias erradas.
Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, durante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de comunicação com a
laringe. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte superior da faringe evitando também a entrada do alimento.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a faringe depois de ser mastigado e engolido. O bolo alimentar formado per-
corre toda a faringe através de contrações voluntárias e é levado em seguida para o esôfago.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das cóanas e passa pela laringe, até atingir a traqueia.
Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também responsável pela fala (fonação). Permite a passagem do ar entre a faringe e a
traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas.
É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamentos que atuam em conjunto na fonação. O consumo excessivo de subs-
tâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz pode levar à inflamação da laringe, cujo principal sintoma é a rouquidão.
299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está rela-
cionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda nos
homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz.
As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre si por ligamentos e articulações, desse modo as cartilagens podem
deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados pelos músculos da laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:
• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e oblíquo, eles aproximam as cordas vocais, ou seja, fazem com que ela fe-
che. São também chamados de constritores da glote (esse é o nome da abertura entre as pregas) e atuam principalmente na fonação.
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afastam as cordas vocais, abrindo-a. Também são conhecidos como dilata-
dores da glote e participam da respiração.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que fazem a distensão das cordas vocais, sendo atuantes na fonação.
Funções da Laringe
A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o principal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe
o ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, portanto transporta ar e alimentos) e evita que alimentos passem para a
traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a deglutição.
Fonação
300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A emissão de sons é uma característica de diversos animais que 2. Músculos
possuem respiração pulmonar. No ser humano, a fala é produzida O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais represen-
através da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar en- tantes são:
contra as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo pulsos - Peitorais maior e menor.
sonoros. - Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercos-
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e tal interno, externo e íntimo).
nas cavidades nasal e oral, pois sem isso, esse som não seria perce- - Subcostais.
bido. Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos mús- - Levantadores das costelas.
culos permitem que diferentes sons sejam produzidos. - Serrátil anterior.
- Transverso do tórax.
Laringite - Diafragma.
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada
por vírus, bactérias, fungos ou por agentes químicos e físicos. Pode 3. Órgãos
se apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, ge- - Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que ten-
ralmente caracterizada por um período mais longo de rouquidão, de a regredir na adolescência.
além dos outros sintomas. - Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Loca-
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou lizados nas cavidades pleurais.
fungos. A causa mais comum da laringite crônica é o consumo ex-
cessivo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada
irritantes (poluição, substâncias alergênicas). pleura visceral, que passa de cada pulmão na sua raiz (i.e. onde pe-
Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respi- netram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as
rar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira na garganta e febre. O faces mais internas da parede torácica, onde ela é chamada pleura
tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos parietal.
para controlar os sintomas. Desta maneira são formados dois sacos membranáceos cha-
mados cavidades pleurais; uma de cada lado do tórax, entre os pul-
TÓRAX - CAVIDADES PLEURAIS. PULMÕES. TRAQUÉIA. mões e as paredes torácicas.
BRÔNQUIOS. CORAÇÃO. VASOS SANGÜÍNEOS. O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três
lobos (o lobo superior direito, o lobo médio direito e o lobo inferior
MEDIASTINO ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢ direito).
O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a
e diversas outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o dia- língula, o lobo homólogo do lobo médio direito, e o lobo inferior
fragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga esquerdo.
órgãos vitais. Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura vis-
ceral, enquanto a pleura parietal recobre a parede de cada hemitó-
Limites anatômicos rax, o diafragma e o mediastino.
Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave
tórax as seguintes estruturas: do pulmão à medida que se expande dentro do tórax, produzindo
- Superiormente: primeira costela e osso esterno. um espaço em potencial.
- Inferiormente: músculo diafragma. O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja
por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de alvéolos criando
O que compõe: um pneumotórax.
É essencial conhecer detalhadamente os principais componen- Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são sepa-
tes do tórax, para então, reconhecer sua importância e as doenças rados, um pneumotórax envolverá apenas o hemitórax direito ou
associadas. esquerdo.
301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Epitélio da traqueia e brônquios 5. Mediastino
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades
Árvore Brônquica pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo a mais importante, o
O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore coração.
traqueobronquial) consiste de todas as vias aéreas a partir da tra- O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e
queia. direita, na linha média do plano sagital no tórax. Estende-se ante-
O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas. riormente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém
À medida que as vias aéreas se dividem e penetram mais profunda- todas as estruturas do tórax, exceto os pulmões e também é conhe-
mente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas. cido com espaço interpleural Pode ser dividido para fins descritivos
A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do
seu aspecto parecido com uma quilha de barco) em brônquios prin- pericárdio, chamada de mediastino superior; e a porção inferior,
cipais direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares, abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdi-
que formam os brônquios segmentares.
vide-se em outras três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o
As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de
mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas as
divisão assimétrico ou dicotômico, até formarem os bronquíolos
estruturas, o mediastino médio; e a porção posterior ao pericárdio,
terminais, que se caracterizam por serem as menores vias aéreas
o mediastino posterior.
sem alvéolos.
O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por
um brônquio segmentar, constitui a unidade anatomofuncional do
pulmão.
302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural. Contém o coração envolvido por sua serosa, a aorta ascendente, a
metade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à ela, a bifurcação da traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmonar
e os seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda, os nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.
O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado anteriormente pelo pe-
ricárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura
pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago,
ducto torácico e alguns linfonodos.
Mediastino
303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.
Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.
- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (principalmente líquido) entre
as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também para o alívio dos sin-
tomas.
305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ABDOME - CAVIDADE ABDOMINAL. ESTÔMAGO E INTESTINOS. FÍGADO. PÂNCREAS. BAÇO. RINS. ADRENAL E RETROPERI-
TÔNIO. VÍSCERAS PÉLVICAS. PERÍNE
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica, da qual é separada pelo
diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de peritônio, que desempenha um papel na imunidade,
órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a ca-
vidade abdominal foi dividida em nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta
divisão ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.
306
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estômago As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado es- glândulas endócrinas situadas na cavidade abdominal, acima de
querdo do abdome que é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo, ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquanto
corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transpor- a esquerda assemelha-se a uma meia-lua (na foto, as partes em
ta comida da boca e passa através do diafragma e no estômago, amarelo).
e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm.
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres hu- Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes:
manos após a boca, e serve para movimentar a comida dentro de córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de
si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas. colesterol) e medula (parte central).
Fígado Função
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado supe- As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente im-
rior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois lóbulos separados portantes para o bom funcionamento do organismo, a saber:
por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nos-
sos corpos, pois mantém níveis normais de glicose no sangue, pro- 1. Córtex
duz bile e desintoxica o sangue. O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem
hormônios diferentes:
Vesícula biliar • Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada entre o sódio e o potássio;
a ela. Ele armazena e concentra a bile que é enviada para o duode- • Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroi-
no quando necessário para digestão e absorção de gordura. de envolvido na resposta ao estresse e que regula o metabolismo
da glicose e da gordura, entre outras funções;
Baço • Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem testosterona.
a participação na produção de glóbulos brancos, o armazenamento
de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e subs- 2. Medula
tâncias nocivas. Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina
e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o sistema nervoso au-
Pâncreas tônomo, que controla importantes funções do corpo humano como
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes frequência cardíaca, respiração, digestão, entre outras.
enzimas digestivas, assim como insulina e glucagon, que são cru-
ciais para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos. Peritônio e Retroperitônio
O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essen-
Intestino delgado cialmente por tecido conjuntivo, que reveste o interior das pare-
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intesti- des da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte
no grosso e é composto de três partes: o duodeno, o jejuno e o íleo. dos órgãos que contém. Deste modo, considera-se que, embora a
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a membrana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou fo-
digestão e a maior absorção de nutrientes lhas - o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal
é a folha que cobre totalmente por dentro as paredes anteriores e
Intestino grosso laterais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado
O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digeri- um limite por trás do denominado espaço retroperitoneal, onde fi-
do é enviado. É em forma de U e é composto de ceco, cólon, reto, cam situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes va-
canal anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação sos como a artéria aorta e a veia cava inferior. O peritônio visceral
de fezes, todos ocorrem aqui. é a folha que cobre completamente a superfície externa da maior
parte das vísceras contidas no abdómen, exceto as que estão situa-
Rins das no já referido espaço retroperitoneal. Entre as duas camadas
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen. do peritônio fica acomodado um espaço denominado espaço ou
Eles desempenham papéis essenciais no corpo, como a desintoxi- cavidade peritoneal. Na realidade, trata-se de um espaço virtual,
cação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio uma vez que apenas contém uma fina película de um líquido lubri-
da água e do ácido no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos, ficante composto por água, algumas células e substâncias minerais,
chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além cuja função primordial é permitir a deslocação das folhas sem que
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins se produzam fricções entre ambas e, indiretamente, entre os ór-
produzem hormônios importantes, como a noradrenalina e o ADH. gãos abdominais e a parede abdominal. Este líquido peritoneal é
constantemente segregado para o interior do espaço peritoneal e
Adrenal paralelamente reabsorvido na mesma proporção, de tal modo que,
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em em condições normais, não tem mais do que 200 ml dentro do es-
duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à paço peritoneal.
presença de colesterol) e medula (parte central).
307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vísceras pélvicas e períneo Bexiga
Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia lo-
que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e esten- caliza-se inteiramente na cavidade pélvica, porém quando tugida
de-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o expande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um te-
ânus. traedro ou de uma pirâmide tombada. Possui um ápice dirigido
O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeu- anteriormente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero
roses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo -laterais. O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o
atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante. ligamento umbilical mediano (resquício fetal) continua a partir daí,
ascendendo até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepcio-
Vísceras pélvicas na os dois ureteres em seus dois lados superiores e possui a uretra
Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário inferiormente que drena a urina, apresenta ainda o chamado trí-
e do sistema reprodutor. gono, formado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde
apresenta uma mucosa lisa diferente de todo o resto rugoso da be-
xiga. As superfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levan-
- Sistema Gastrointestinal
tadores do anus e o s músculos obturadores internos adjacentes,
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a
a superfície superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está
parte final do colo sigmoide também s e encontra na pelve.
vazia e um abaulamento quando a mesma está cheia.
Reto Colo Vesical
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vér- O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte
tebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza imediatamente an- mais inferior da bexiga e também a mais fixa. Está ancorado por
terior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte
posterior da cavidade. pélvica da uretra a cada osso púbico:
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo pubor- - Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, jun-
retal (componente do levantador do anus) formando a flexura pe- tamente com a membrana perineal profunda, os músculos levan-
rineal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior tadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
conforme entra no assoalho pélvico. - Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apre- se misturam com a cápsula fibrosa da próstata, ou seja, cercam a
senta três curvaturas laterais: as curvaturas superior e inferior di- próstata junto à uretra.
rigidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda.
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e
não apresenta tênias, apêndices omentais e saculações (haustra- a uretra se localiza na margem superior da sínfise púbica. Com a
ções). idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade
pélvica.
Canal Anal
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho Uretra
pélvico e termina com o anus depois de atravessar o períneo. De- Começa no colo vesical e termina na abertura externa no perí-
pois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres neo, difere entra mulheres e homens.
interno (intrínseco – músculo liso) e externo do anus ( extrínseco MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao
– M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal. passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar no períneo, onde
Apresenta características que indicam a posição da membrana atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda antes
de se abrir no vestíbulo localizado entre os pequenos lábios da ge-
anococcígea no feto (fecha o canal anal para não haver defecação).
nitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa
anterior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais
que apresenta algum as pregas, chamadas colunas anais, que se
(paralelas a ela), as glândulas de Skene, que associam-se na porção
unem inferiormente formando as válvulas anais.
inferior da uretra.
HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no
Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada colo vesical e passa pela próstata, atravessa a região perineal pro-
seio anal. As válvulas anais formam a linha pectínea que é a locali- funda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do
zação da antiga membrana anococcígea. pênis. Faz a primeira curva para frente ao sair da membrana peri-
- A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal neal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo
que termina na linha anocutanea ou linha branca onde o revesti- quando o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva de-
mento mucoso se torna pele verdadeira com pelos. saparece). Nos homens a uretra divide-se em:
Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical
- Sistema Urinário até a próstata, onde apresenta o esfíncter interno da uretra, que
Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga
parte proximal da uretra. durante a ejaculação.
Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 - 4
Ureteres cm de comprimento. A luz da uretra é marcada por uma prega na
Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da
artéria ilíaca comum e então continuam ao longo da parede e do crista é o seio uretral, onde os ductos prostáticos desembocam. Na
assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga. parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo se-
minal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado
utrículo prostático (acredita-se ser análogo ao útero feminino). A
308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se Os vírus são organismos microscópicos que não possuem célu-
os ductos ejaculatórios do sistema reprodutor masculino. Os tratos las. Por isso, são considerados parasitas intracelulares.
urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática
da uretra. Os vírus só conseguem realizar suas atividades vitais dentro de
Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata, outra célula viva.
atravessa a membrana perineal profunda. Alguns vírus são patogênicos e causam doenças ao homem.
Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é Alguns exemplos são: gripe, sarampo, febre amarela, meningite,
envolvida pelo esfíncter externo da uretra. caxumba, hepatite, aids e varíola.
Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo es-
ponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base do pênis e forma Bactérias
um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis
onde forma a fossa navicular. As duas glândulas bulbouretrais loca-
lizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra
esponjosa na base do pênis.
Fonte:
www.todabiologia.com/www.portaleducacao.com.br/www.anato-
miaonline.com/www.oncoguia.org.br/www.portaleducacao.com.br/
www.todamateria.com.br/www.kenhub.com//www.anatomiaonline.
com/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.pt.wikipedia.org/
www.passeidireto.com/www.anatomia-papel-e-caneta.com/www.
planetabiologia.com/ www.drauziovarella.uol.com.br
MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
Microbiologia
A microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os microrga- As bactérias são seres unicelulares e procariontes. Elas fazem
nismos. parte do Reino Monera.
Os microrganismos são seres vivos de tamanho pequeno, cujas
dimensões não permitem que sejam observados a olho nu pelo ho- As bactérias podem ser encontradas em diversos ambientes e
mem. Assim, eles só podem ser visualizados ao microscópio. são capazes de suportar condições ambientais inóspitas à maioria
A palavra microbiologia, deriva da combinação das palavras dos seres vivos.
gregas mikros, “pequeno”, bios e logos “estudo da vida”. Dessa
forma, o estudo da microbiologia abrange a identificação, forma,
Mesmo sendo imperceptível, as bactérias desenvolvem impor-
modo de vida, fisiologia e metabolismo dos microrganismos, além
tantes funções no ambiente. Elas atuam nos ciclos biogeoquímicos
das suas relações com o meio ambiente e outras espécies.
e na produção de alimentos e medicamentos.
De modo geral, os microrganismos contribuem na fertilização
do solo, reciclagem de substâncias e participam de ciclos biogeo-
químicos. Ainda podem ser usados na fabricação de produtos como Algumas bactérias podem ser patogênicas e causam doenças
iogurte, vinhos, queijos, vinagres e pães. como a cólera, difteria, febre tifoide, lepra, meningite, tuberculose.
Existem ainda os microrganismos patogênicos que causam do-
enças em seres humanos, animais e plantas. Protozoários
Grupos de microrganismos
Os principais grupos de microrganismos são: vírus, bactérias,
protozoários, algas e fungos.
Vírus
309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os protozoários apresentam variadas formas corporais e ocu- Os parasitos podem ser classificados de acordo com a parte do
pam ambientes úmidos ou o interior de outros organismos. corpo do hospedeiro que atacam:
Alguns são parasitas, causadores de doenças. Entre as doen- - Ectoparasitos: parasitam a parte exterior do corpo do hospe-
ças causadas por protozoários estão: amebíase, giardíase, malária deiro. Ex: pulgas, piolhos;
e doença de chagas. - Endoparasitos: parasitam a parte interior do corpo do hospe-
deiro. Ex: lombrigas e solitárias; - Hemoparasitos: parasitos que vi-
Fungos vem na corrente sanguínea do hospedeiro. Ex. Trypanosoma cruzi.
Os fungos são seres macroscópicos ou microscópicos, unicelu-
lares ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Eles fazem parte Os hospedeiros podem ser classificados como:
do Reino Fungi. - Hospedeiros definitivos: são aqueles que abrigam a forma
adulta do parasito;
Os fungos possuem diversos tipos de habitat visto que são en- - Hospedeiros intermediários: são aqueles que abrigam a for-
contrados no solo, na água, nos vegetais, nos animais, no homem e ma larval do parasito;
nos detritos em geral. - Hospedeiros paratênicos: também chamados de hospedeiros
de transporte, são aqueles que apenas transportam o parasito, não
Diante do grande número de espécies, cerca de 1,5 milhão, os havendo desenvolvimento do mesmo.
fungos são utilizados para diferentes fins, como na produção de
medicamentos e até mesmo na produção de queijos. Os parasitos precisam recolher nutrientes para sua alimenta-
ção e agem sob diversas formas em seus hospedeiros:
O cogumelo é um tipo de fungo que é muito apreciado na culi- - Ação espoliativa: absorvem sangue e nutrientes dos seus hos-
nária, sendo fonte de proteínas. pedeiros;
- Ação enzimática: produzem enzimas que dissolvem partes do
Alguns fungos podem ser patogênicos. Entre as doenças rela- corpo dos seus hospedeiros;
cionadas com fungos estão: micoses, sapinho, candidíase e histo- - Ação irritativa: causam irritação no local parasitado;
plasmose. - Ação mecânica: podem interferir no fluxo alimentar e na ab-
sorção dos alimentos;
Áreas de estudo da microbiologia - Ação tóxica: produzem substancias que podem ser toxicas
A microbiologia abrange uma área de estudo ampla, podendo para o hospedeiro;
ser fonte de diferentes pesquisas. - Ação traumática: produzem lesões nos tecidos dos hospedei-
ros;
Os campos de atuação que a microbiologia pode atuar são: - Anóxia: podem consumir oxigênio presente nas hemoglobi-
• Microbiologia médica: tem como foco de estudo os micror- nas e causar anemias.
ganismos patogênicos. Sua atuação está diretamente ligada ao con-
trole e prevenção de doenças, estando assim relacionada à imuno- A presença de parasitos e consequentemente de doenças pa-
logia. rasitárias, está intimamente relacionada com o meio ambiente.
• Microbiologia farmacêutica: tem como objetivo o estudo dos
microrganismos que podem contribuir com a produção de medica- A falta de higiene e saneamento básico aumenta gradativa-
mentos, especialmente antibióticos. mente a presença de parasitos e de pessoas doentes. Muitas pa-
• Microbiologia ambiental: tem como foco de estudo as bac- rasitoses, como Enterobius vermicularis, podem ser controladas
térias e fungos que atuam na decomposição de matéria orgânica apenas com ações de higiene coletivas e individuais.
e dos elementos químicos da natureza. Está relacionada aos ciclos
biogeoquímicos. Para evitar as parasitoses, basta inserir no cotidiano algumas
• Microbiologia de alimentos: tem como objetivo estudar os medidas básicas como:
microrganismos envolvidos na indústria alimentícia, especialmente - Ingerir água filtrada ou fervida;
no controle da produção e industrialização dos alimentos. - lavar bem frutas e verduras antes de ingeri-las;
• Microbiologia microbiana: tem como foco os processos que - evitar andar descalço;
envolvem manipulação genética e molecular dos microrganismos. - combater/afastar moscas do ambiente;
- lavar as mãos antes de comer;
Parasitologia - promover saneamento básico nas comunidades.
A parasitologia é a ciência que estuda os parasitos, seus hospe-
deiros e as relações entre eles. Para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que
Os parasitos são organismos que vivem em associação com haja elementos básicos expostos e adaptados às condições do
outros (hospedeiros), retirando destes, os meios para sua sobrevi- meio.
vência, processo conhecido como parasitismo. Dentre os parasitos
temos representantes dos protozoários (ex: Giardia lamblia), ne- Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções
matódeos (ex: Ascaris lumbricoides), trematódeos (ex: Schistosoma parasitárias são o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio am-
mansoni), cestódeos (ex: Taenia solium), acantocéfalos (ex: Macra- biente. No entanto, em muitos casos, temos a presença de vetores,
cantorhynchus ingens) e artrópodes (ex: Culex quinquefasciatus). isto é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hos-
pedeiro parasitado a outro, até então sadio, ou seja, não infectado,
como podemos citar nos casos da febre amarela, da leishmaniose
e outras doenças.
310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
São elementos básicos da cadeia de transmissão: Protozoário
Hospedeiro: Em uma cadeia de transmissão, o hospedeiro
pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao parasito ou • MALÁRIA
ao vetor transmissor. Na relação parasito-hospedeiro, esse pode Segundo Araguaia a malária é causada por protozoários do gê-
comportar-se como um portador que não apresenta sintomas ou nero Plasmodium, como o Plasmodium vivax, Plasmodium falcipa-
como um indivíduo que apresente sintomas, sendo que os dois são rum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale: os dois primeiros
capazes de transmitir a doença. O hospedeiro pode ser chamado de ocorrem em nosso país e são mais freqüentes na região amazônica.
intermediário quando os parasitas nele existentes se reproduzem
No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o
de forma assexuada, ou ainda podem ser considerados como defi-
fígado, dando início a um ciclo que dura, aproximadamente, seis
nitivo, quando os parasitas alojados nele se reproduzem de modo
sexuado. dias para P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para
a P. malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as
Agente infeccioso: É um ser vivo capaz de reconhecer seu hos- células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários
pedeiro, penetrar, desenvolver-se, multiplicar-se neste ser vivo e, é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguí-
mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros. nea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando
Meio ambiente: É o espaço constituído pelos fatores físicos, anemia no indivíduo.(Araguaia. M.)
químicos e biológicos, cujo intermédio são influenciados o parasito A malária pode ser transmitida acidentalmente por transfusão
e o hospedeiro. de sangue (sangue contaminado com plasmódio), pelo comparti-
lhamento de seringas (em usuários de drogas ilícitas) ou por aci-
Tipos de doenças: Destacam-se as doenças transmissíveis, são dente com agulhas e/ou lancetas contaminadas. Há, ainda, a possi-
causadas somente por seres vivos, chamados de agentes infeccio- bilidade de transmissão neonatal. (Brasil-2005)
sos ou parasitos. E as doenças não transmissíveis, que podem ter Sintomas da malária incluem febre, calafrio, dor nas articu-
várias causas, tais como deficiências metabólicas, acidentes, trau- lações, vômito, anemia, hemoglobinúria e convulsões. O sintoma
matismos ou ainda ser de origem genética. clássico da malária é ocorrência cíclica de frio súbito seguido por
tremores de calafrio e então febre e sudorese que duram de 4 a 6
Vírus: Os vírus são considerados partículas ou fragmentos ce-
lulares capazes de se cristalizar até alcançar o novo hospedeiro. horas, ocorrendo a cada 2 dias nas infecções pelos protozoários P.
Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de mi- vivax e P. ovale, e a cada 3 dias pelo P. malariae. Infecção de malária
croscópios eletrônicos. São formados apenas pelo material gené- pelo protozoário P. falciparum pode ocasionar febre recorrente a
tico, que pode ser o DNA ou RNA, e uma membrana proteica. Não cada 36-48 horas ou febre menos pronunciada e quase contínua.
dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se reproduzir Por razões ainda pouco compreendidas, crianças com malária fre-
fora de uma célula. Podem causar doenças no homem, animais e qüentemente exibem postura anormal, a qual pode estar relacio-
plantas. nada a dano cerebral. Malária pode causar problemas cognitivos,
principalmente em crianças.
Bactérias: São micro-organismos muito pequenos, porém No Brasil, a grande extensão geográfica da área endêmica e
maiores que os vírus, mas visíveis somente ao microscópio. Apre- as condições climáticas favorecem o desenvolvimento dos trans-
sentam formas variadas e pertencem ao reino Monera, sendo con- missores e agentes causais da malária pelas espécies de P. vivax, P.
siderados como seres unicelulares, ou seja, procariontes. falciparum e P. malariae (este último com menor freqüência). Espe-
cialmente na Amazônia Legal, a transmissão é instável e geralmen-
Embora não tenha sido o primeiro a tentar classificar os seres te focal, alcançando picos principalmente após o período chuvoso
vivos, Linnaeus é considerado o “pai” da taxonomia moderna. Seus
do ano. (Brasil-2005)
estudos são considerados os pilares da taxonomia botânica e zoo-
As principais formas de prevenção são o uso de inseticidas, que
lógica, pois foi o primeiro estudioso a utilizar o sistema binomial de
classificação. matam os insetos adultos, a eliminação dos criadouros de mosqui-
tos mediante aterros, drenagens, limpeza e desobstrução das mar-
Haeckel em 1866 incluiu o reino Protista, para classificar “ani- gens de rios e canais e a substituição da irrigação com canais a céu
mais” e “vegetais” unicelulares. Haeckel apresentou um esquema aberto por sistemas que utilizem tubos fechados, já que os mosqui-
que representaria a árvore da vida, classificando os seres vivos em tos se criam em coleções de água como represas, lagos, lagoas, rios,
três reinos. valas, alagadiços temporários, etc. Como proteção individual reco-
Whittaker em 1969 propôs um novo sistema de classificação, menda-se o uso de repelentes, telas nas janelas, mosquiteiro ao re-
em que os seres vivos seriam agrupados em cinco reinos, sendo dor da cama e que se evite viajar para áreas onde há alta incidência
separados principalmente pelas características morfológicas e fisio- da doença. Não existe vacina disponível para malária. Atualmente,
lógicas, tais como: uma vacina para a doença vem sendo testada em Moçambique e os
Monera: Procariotos; testes iniciais vêm mostrando bons resultados.
Protista: Eucariotos unicelulares, protozoários sem parede ce-
lular e algas com parede celular; Bactéria
Fungi: Eucariotos aclorofilados;
Plantae: Vegetais;
• INFECÇÃO URINÁRIA
Animalia: Animais.
Doenças Infecciosas podem ser evitadas através do conheci- A maior percentagem das infecções urinárias é provocada pela
mento. Conheça abaixo algumas doenças transmitidas por bacté- bactéria Escherichia coli, proveniente das fezes. São raros os ca-
rias, vírus, fungos ou protozoários. sos em que a bactéria entra no aparelho urinário através do san-
gue. Só em doentes com septicemia, diabéticos ou com o sistema
imunitário deprimido.A infecção urinária é uma doença provocada
essencialmente por bactérias no aparelho urinário. As bactérias pe-
netram pelo meato urinário em sentido ascendente e podem insta-
311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
lar-se na uretra (uretrite), bexiga (cistite), próstata (prostatite) ou virais que causam manchas na pele como a rubéola é de viroses
no rim (pielonefrite). São mais freqüentes nas mulheres devido a exantemáticas (que causam exantema que é a expressão médica
apresentarem a uretra mais curta, o que permite as bactérias atin- para designar as manchas da pele).
girem a bexiga com maior facilidade. A transmissão se dá através da inalação de gotículas de secre-
Segundo Lima, as pessoas podem se infectarem quando bacté- ção nasal de pessoas contaminadas que contém o vírus ou via san-
rias se multiplicam ao redor da uretra (colonização) para, logo após, guínea, no caso do feto, a partir da mãe grávida. Os períodos mais
ascenderem através desta, penetrando na bexiga. Elas podem se “contaminantes” ocorrem desde 10 dias antes do “rash” até 15 dias
manter na bexiga ou continuar na subida até o rim. A colonização após o seu surgimento. Crianças nascidas com rubéola, por contá-
de bactérias no trato urinário pode ser facilitada por diversos fato- gio da mãe grávida (rubéola congênita) podem permanecer fonte
res como, por exemplo: obstrução urinária: próstata aumentada, de contágio por muitos meses.
estenose de uretra; doenças neurológicas: mielomeningocele, trau- Após o contágio leva-se em média 18 dias até ter o primeiro
matismo de coluna; corpo estranho: sonda vesical, cálculo urinário. sintoma (período de incubação). A apresentação inicial é em geral
Lima ainda comenta que, geralmente os sintomas estão relaciona- indistinguível de uma gripe comum e dura de 7 a 10 dias com febre,
dos ao órgão (bexiga, rim) afetado. Quando a bexiga (cistite) ou a dores nos músculos e articulações, prostração, dores de cabeça e
próstata (prostatite) estão envolvidas é comum: disúria; polaciúria; corrimento nasal transparente até o surgimento das ínguas (linfo-
hematúria; febre (na prostatite); micção imperiosa (urgência). nodomegalias) e posteriormente o “rash” (manchas na pele), que
duram 3 dias e desaparecem sem deixar sequelas, estes dois últi-
Quando o rim está envolvido, além dos sintomas acima, pode- mos achados com início na face e no pescoço e disseminação pelo
rão ocorrer: náuseas, vômitos, mau estado geral; febre; calafrios; tronco até a periferia.
dor lombar. Na infecção urinária, a urina poderá se tornar fétida, O diagnóstico clínico (pelo conjunto dos sintomas e achados
opaca ou escura. As infecções urinárias são tratadas com facilidade ao exame físico feito pelo médico) somente é confiável em vigên-
a partir do uso de antibióticos de eficácia comprovada. A duração cia de epidemia, uma vez que os sintomas são comuns a muitas
do tratamento depende do diagnóstico e da gravidade da infecção. viroses, inclusive a gripe comum, e as manchas de pele também
Crianças e principalmente mulheres grávidas devem receber cui- são achados de um significativo número de viroses (mononucleose,
dado médico especial. O antibiótico correto depende da avaliação sarampo, dengue, etc). E é justamente esta a forma mais freqüente
médica, portanto não é recomendada automedicação que pode de diagnóstico. Naqueles casos em que há necessidade de precisão
acabar atrasando o tratamento correto e ainda resultar em bacté- no diagnóstico (excluir doenças mais graves que determinarão in-
rias resistentes. tervenções e/ou tratamentos) dispõe-se de exames de detecção de
Os principais cuidados de prevenção a serem tomados são: anticorpos (substâncias que o nosso corpo produz contra o vírus da
cuidados com a higiene pessoal; evitar transportar as bactérias da rubéola) no sangue que são bem mais específicos e sensíveis. Não
região anal para a uretra, para isso, as meninas devem ser orien- há tratamento específico antiviral. Poucos pacientes demandam
tadas desde cedo a fazer a higiene da frente para trás sempre que tratamentos sintomáticos, em geral analgésicos comuns controlam
usarem o banheiro; lavar as mãos antes e após de utilizar o ba- as dores articulares e musculares ou febre.
nheiro; no banho as mulheres e meninas devem lavar-se sempre na Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é
direção da frente para trás; durante o período menstrual os absor- muito importante, a qual é recomendada de rotina aos 15 meses
ventes devem ser trocados várias vezes, pois o sangue menstrual é de idade (vacina MMR) e para todos os adultos que ainda não ti-
um meio de proliferação de bactérias; ingerir bastante água, pelo veram contato com a doença (vacinação de bloqueio). Gestantes
menos de 2 litros por dia; não reter a urina por longos períodos, o não podem ser vacinadas e as mulheres vacinadas devem evitar
ideal é urinar a cada duas ou três horas; para mulheres que sofrem a gestação até o mês seguinte à vacinação. Isolamento: todas as
de infecção do trato urinário após atividade sexual, recomenda-se crianças e adultos devem ficar afastados de outras pessoas durante
ingerir água antes e depois da relação, para que, após o ato, esva- o período da doença. As gestantes devem fazer controle por exa-
ziem a bexiga o quanto antes . Com este procedimento simples, as mes de sangue quando necessário. Para as pessoas hospitalizadas é
bactérias que podem ter entrado na uretra são expelidas. feito isolamento até a cura da doença.
Vírus Fungo
• RUBÉOLA • CANDIDÍASE
Doença infecciosa causada por vírus (classificado como um to- Causada pelo fungo Candida albicans, a candidíase, especial-
gavirus do gênero Rubivirus), que acomete crianças e adultos, em- mente a candidíase vaginal, é uma das causas mais freqüentes de
bora esteja entre as que os médicos comumente denominam como infecção nos genitais. Além do prurido e do ardor, ela também
próprias da infância. provoca dispareunia, ou dor durante o coito, e a eliminação do
Trata-se de doença comumente benigna que cursa com febre, corrimento vaginal em grumos. As lesões podem estender-se pelo
“rash” (manchas tipo “urticária” na pele) que dura aproximada- períneo, região perianal e inguinal. No homem, apresenta-se com
mente 3 dias e aumento de gânglios linfáticos (linfonodomegalias hiperemia da glande e prepúcio e, eventualmente, por um leve
para os médicos e ínguas para os leigos) embora possa apresen- edema e pequenas lesões puntiformes, avermelhadas e prurigino-
tar-se de forma “subclínica” (quando o paciente praticamente não sas. Não é uma doença de transmissão exclusivamente sexual. As
sente nada). mulheres grávidas são bastante propensas a esse tipo de infecção,
Pode tornar-se potencialmente grave quando acomete mulhe- bem como as mulheres na fase antes do período menstrual. Pacien-
res grávidas, pois pode causar mal-formações no feto, sobretudo tes com deficiência do sistema imunológico, como os portadores de
quando contamina gestantes no primeiro trimestre. Raramente AIDS, são bastante sensíveis a essas infecções por não conseguirem
pode ser causa de inflamação em articulações (artrite) em adultos. combater esses germes naturalmente.
Outra designação que os médicos comumente usam para doenças
312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É considerado um dos mais irritantes corrimentos, se apre- Não há registro de casos de clamídia congênita (transmissão
sentando bastante espesso, como uma nata de leite (tipo coalho), vertical, da mulher grávida para o feto). Entretanto, mães infecta-
geralmente acompanhado de coceira ou irritação intensa. Essa in- das podem contaminar seus filhos no momento do parto, que po-
fecção é sexualmente transmissível, podendo ser observada even- dem contrair conjuntivite (oftalmia neonatal) ou mesmo pneumo-
tualmente no parceiro sexual, o qual manifesta pequenas manchas nia. A clamídia também pode causar partos prematuros.
vermelhas no seu órgão reprodutor. Em geral, os agentes etiológi- Além do que já foi citado, a infecção pode causar também, nas
cos das DST (doenças sexualmente transmissíveis) têm o trato ge- mulheres, dor no baixo ventre, sangramento após a relação sexual,
nital humano como único reservatório e mal sobrevivem fora do câimbra, tontura, vômito, e febre. Nos homens, pode haver infla-
corpo humano. mação das estruturas próximas à uretra, como epidídimos, testícu-
A Candidíase irá afetar os indivíduos de formas diferentes – uns los e próstata.
podem ter distúrbios gastro-intestinais, outros podem ter proble- Na ausência de tratamento, indivíduos do sexo masculino po-
mas respiratórios e outros ainda, manifestações dermatológicas. dem ter suas uretras estreitadas. Já os do sexo feminino, gravidez
Um problema comum a muitas pessoas, porém, é que muitos pa- nas trompas, parto prematuro e até esterilidade. Ambos correm o
cientes que sofrem de Candidíase não possuem ácido estomacal risco de sofrerem de infertilidade e passam a ter maior probabilida-
suficiente para impedir que a Candida volte a aparecer assim que de de serem infectados pelo vírus da AIDS.
eles voltam para sua dieta normal. O diagnóstico consiste na coleta de material por esfregaço na
É importante citar que a cândida albicans compõe a flora vagi- uretra ou colo do útero, para que sejam feitos exames de imunoflu-
nal, só manifestando-se em forma de doença quando ocorre algum orescência direta, a fim de identificar o agente infeccioso.
desequilíbrio de ordem imunológica, falta de higiene ou até mesmo Por se tratar de uma doença sexualmente transmissível, o uso
por via sexual. Em geral a transmissão da candidíase ocorrerá se de camisinha (mesmo em sexo anal ou oral) e higiene pós-coito são
a parceira estiver predisposta a isto, ou seja, se estiver imunolo- medidas necessárias quanto à prevenção.
gicamente predisposta e os seus mecanismos de defesa falharem O tratamento consiste no uso de antibióticos e deve envolver
por alguma razão. É uma doença muito comum nas mulheres e em tanto o paciente quanto seu (s) parceiro (s). A abstinência sexual é
geral é uma doença primária, isto é, surge em decorrência de algum indicada.
desequilíbrio da flora vaginal normal da própria paciente. Pelo fato de haver grandes chances de reinfecção, recomenda-
O sistema imunológico é responsável por manter sob controle -se que novos exames sejam feitos entre três e quatro meses após
o crescimento da Candida albicans. Entretanto, se por alguma razão o término do tratamento.
o sistema se tornar deprimido, ou também diante do uso prolon-
gado de antibióticos, pílulas anticoncepcionais, esteroides como a Bactéria, vírus ou fungos
prednisona, o sistema imunológico já não pode mais controlar o
crescimento desse fungo. Com o crescimento descontrolado, ele • MENINGITE
pode causar uma série de problemas. A meningite é uma inflamação das meninges, incluindo a pia-
O diagnóstico é feito através do exame ginecológico, além de -máter e a membrana-aracnoide, e do líquido cefalorraquidiano
exames de laboratório e do exame citológico da flora vaginal, onde (LCR). Apesar de a causa mais comum ser infecciosa (através de
o material é colhido e analisado microscopicamente. bactérias, vírus ou mesmo fungos), alguns agentes químicos e mes-
Como formas de prevenção, aconselha-se usar sabonete neu- mo células tumorais poderão provocar meningite.
tro, em banhos diários, preferencialmente mais de um banho por As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais im-
dia no verão. Usar roupa íntima de algodão, evitando produtos sin- portantes na meningite. Diversas espécies bacterianas têm capa-
téticos, inclusive meia calça, para que a pele possa respirar e a umi- cidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais
dade ser diminuída. No contato sexual, usar preservativo. Ainda, importantes são: Estreptococos beta-hemolíticos do grupo B, Hae-
aconselha-se fazer a higiene genital com muito cuidado, evitando o mophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Neisseria menin-
uso de duchas vaginais. gitidis, Listeria mocytogenes, entre outros.
Experimentos indicam que a septicemia (circulação de bacté-
Bactéria rias no sangue) é o principal mecanismo de infecção das meninges.
O meningococo, os estreptococos e outros agentes podem atraves-
• CLAMÍDIA sar a barreira hemato-encefálica quando estão viáveis na circulação
A clamídia é uma doença infecto-contagiosa que pode atingir sanguínea. As bactérias também podem entrar diretamente pelo
homens e mulheres sexualmente ativos, sendo nas mulheres pode trato respiratório (estreptococos do grupo b) ou por fraturas cra-
se manifestar de forma assintomática. nianas (S. aureus)
O agente transmissor é a bactéria Chlamydia trachomatis. Ela A princípio os sintomas resultam da infecção e a seguir do au-
atinge a uretra e outros órgãos genitais conferindo ardor, dor ao mento na pressão intracraniana causam febre alta, vômitos, cefa-
urinar, aumento do número de micções e, em alguns casos, cor- leia, irritabilidade, confusão, delírio e convulsões, rigidez da nuca,
rimento translúcido, principalmente ao amanhecer. Este pode se ombro ou das costas, aparecimento de petéquias (geralmente nas
apresentar abundante e com pus, em alguns casos mais raros. pernas), podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou pur-
Esta é uma DST (doenças sexualmente transmissível), transmi- púricas.
tida em relações sem o uso de preservativos com parceiro porta- A meningite pode causar inúmeras complicações e sequelas
dor. O período de incubação é de aproximadamente quinze dias neurológicas, como epilepsia, infartos cerebrais e retardo mental
entre a relação sexual e o aparecimento dos sintomas. Durante este em crianças. Por esse motivo o tratamento precisa ser rápido. Fora
período, o portador já pode ser capaz de transmitir a doença. do sistema nervoso a meningite também pode causar complica-
ções. A doença inflamatória pode levar ao choque séptico e distúr-
313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bios da coagulação. As bactérias podem também se difundir para só podem ser executadas mediante a existência de uma estrutura
outros locais, causando endocardite e pio artrite. Além disso, há física, e para tanto, a área de vigilância de zoonoses pode articular
registros de perda de parte da audição. parcerias e meios para a realização dessas atividades.
Para diagnosticar a meningite é primordial exame de sangue
e coleta de LCR, sendo este de maior importância, trata-se de uma Objetivos Específicos das Unidades de Vigilância de Zoonoses
punção lombar onde será retirado o líquido cefalorraquidiano para a) Realizar ações, atividades e estratégias de vigilância, de for-
detectar qual o tipo de meningite (viral ou bacteriana) se for o caso. ma contínua e sistemática, de populações de animais potencial-
O LCR do paciente com meningite bacteriana tende a estar mais mente ou sabidamente de relevância para a saúde pública.
turvo, possivelmente purulento, e com taxa de glicose diminuída b) Realizar ações, atividades e estratégias de prevenção, de
e contagem celular aumentada. Com a coloração de Gram as bac- forma sistemática, de zoonoses e de acidentes causados por ani-
térias podem ser visualizadas no líquido, e geralmente isso é sufi- mais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública.
ciente para o diagnóstico. Algumas vezes é necessário realizar uma c) Realizar ações, atividades e estratégias de controle, quando
cultura do material para se encontrar as bactérias. pertinente e necessário, de animais peçonhentos, venenosos, veto-
Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser específico res, hospedeiros, reservatórios, amplificadores, portadores, suspei-
para o agente etiológico envolvido. No caso de meningites virais tos ou suscetíveis às zoonoses, quando estes forem de relevância
não há tratamento específico, mas essas tendem a ser infecções para a saúde pública.
menos graves e auto-limitadas. Para as infecções bacterianas o tra-
tamento deve ser o mais rápido possível, pois a doença pode levar Animais Sinantrópicos
a morte ou a sequelas neurológicas graves. Na impossibilidade de Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver
se conhecer o agente etiológico, o tratamento empírico deve ser junto ao homem, a despeito da vontade deste.
feito com uma cefalosporina de terceira geração mais vancomicina. Diferem dos animais domésticos, os quais o homem cria e cui-
Para bactérias conhecidas, o tratamento mais usado é o seguinte: da com as finalidades de companhia (cães, gatos, pássaros, entre
Penicilina G, Cefalosporina, Vancomicina, Ampicilina, Ceftriaxona outros), produção de alimentos ou transporte (galinha, boi, cavalo,
Cloranfenicol. porcos, entre outros).
314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vetores e doenças: Fatos principais - Pulgas
- Doenças transmitidas por vetores são responsáveis por mais Peste (transmitida por pulgas de ratos para os seres humanos)
de 17% de todas as doenças infecciosas, causando mais de um mi- Rickettsioses
lhão de mortes anualmente.
- Mais de 2,5 bilhão de pessoas em mais de 100 países estão - Moscas pretas
em risco de contrair dengue. Oncocercose (cegueira dos rios)
- A malária causa mais de 600 mil mortes por ano em todo o - Caracóis aquáticos
mundo, a maioria delas em crianças menores de cinco anos. Esquistossomose (bilharziose)
- Outras doenças como a doença de Chagas, leishmaniose e
esquistossomose afeta centenas de milhões de pessoas no mundo. Doenças transmitidas por vetores
- Muitas dessas doenças são evitáveis através de medidas de As doenças transmitidas por vetores são causadas por pató-
proteção informadas. genos e parasitas em populações humanas. Todos os anos há mais
de um bilhão de casos e mais de um milhão de mortes por doenças
Principais vetores e doenças que transmitem transmitidas por vetores mundialmente, como malária, dengue, es-
Os vetores são organismos que podem transmitir doenças in- quistossomose, tripanossomíase africana, leishmaniose, doença de
fecciosas entre os seres humanos ou de animais para humanos. Chagas, febre amarela, encefalite japonesa e oncocercose.
Muitos destes vetores são insetos hematófagos, que ingerem mi- As doenças transmitidas por vetores são responsáveis por mais
cro-organismos produtores de doença durante uma refeição de de 17% de todas as doenças infecciosas.
sangue de um hospedeiro infectado (humano ou animal) e, poste- A distribuição destas doenças é determinada por um complexo
riormente, o injeta em um novo hospedeiro durante a sua subse- dinâmico de fatores ambientais e sociais.
quente refeição de sangue. A globalização das viagens e do comércio, a urbanização não
Os mosquitos são os vetores de doença mais conhecidos. Ou- planejada e os desafios ambientais como as alterações climáticas
tros vetores incluem carrapatos, moscas, flebotomíneos, pulgas, estão tendo um impacto significativo sobre a transmissão das do-
triatomíneos e alguns caracóis aquáticos de água doce. enças nos últimos anos. Algumas doenças, como a dengue, chikun-
gunya e o Vírus do Nilo Ocidental estão surgindo nos países onde
Mosquitos eram desconhecidos.
Mudanças nas práticas agrícolas devido à variação de tempe-
- Aedes ratura e precipitação podem afetar a transmissão de doenças por
Chikungunya vetores. Dados climáticos podem ser usados para monitorar e pre-
Dengue ver a distribuição e tendências de longo prazo da malária e outras
Febre do Vale do Rift doenças sensíveis ao clima.
Febre amarela Um elemento crucial em doenças transmitidas por vetores é
Zika a mudança comportamental. A OMS trabalha com parceiros para
fornecer educação e melhorar a sensibilização para que as pessoas
- Anopheles saibam como se proteger e proteger suas comunidades de mosqui-
Malária tos, carrapatos, insetos, moscas e outros vetores.
Para muitas doenças tais como a doença de Chagas, malária,
- Culex esquistossomose e leishmaniose, a OMS iniciou programas de con-
Encefalite japonesa trole usando medicamentos doados ou subsidiados.
Filaríase linfática O acesso à água e ao saneamento é um fator muito importante
Febre do Nilo Ocidental no controle e eliminação da doença. A OMS trabalha em conjunto
com diferentes setores de governo para controlar essas doenças
- Flebotomíneos
Leishmaniose A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocor-
Febre de Flebotomíneo rência de doenças em populações humanas e os fatores determi-
nantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda
- Carrapatos a doença em nível individual, a epidemiologia aborda o processo
Febre hemorrágica da Crimeia Congo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de peque-
Doença de Lyme nos grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por
Febre recorrente (borreliose) muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde,
Febre escaronodular deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição
Encefalite transmitida por carrapatos de saúde.
Tularêmia
Usos da Epidemiologia
- Triatomíneos Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia
Doença de Chagas (tripanossomíase americana) restringia-se ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis.
Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento
- Moscas Tsé-Tsé relacionado à saúde (ou doença) da população.
Doença do sono (tripanossomíase africana)
315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que
saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de a favoreçam. Dependendo da existência de fatores de risco ou de
doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a
de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, in- determinadas doenças do que outros. Exemplo: crianças que con-
cluindo custos de assistência. vivem com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendi- por IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fu-
mento da saúde da população - partindo do conhecimento dos fa- mantes (Macedo, 2000). Na fase patológica pré-clínica, a doença
tores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios não é evidente, mas já há alterações patológicas, como acontece
para a prevenção das doenças. no movimento ciliar da árvore brônquica reduzido pelo fumo e con-
tribuindo, posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase
Saúde e Doença clínica corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda no
Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/ exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde os primeiros sinais da
ausência, é uma forma simplista para algo bem mais complexo. O bronquite crônica como aumento de tosse e expectoração até o
que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evo- quadro de cor pulmonale crônico, na fase final da doença.
lutivo entre saúde e doença que, dependendo de cada paciente, Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi
poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites curada, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja, aquele paciente
entre um e outro são precisos. que iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de
1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de DPOC, evoluiu para a insuficiência respiratória devido à hipoxemia
10% dos pacientes portadores de trombose venosa profunda aca- e passará a apresentar severa limitação funcional fase de incapaci-
bam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo dade residual.
pulmonar, e que 10% desses vão ao óbito (Moser, 1990). Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história
2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação. natural da doença, poder-se-á modificar o curso da mesma; isso
Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na comunidade, com envolve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as
quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma sema- terciárias, para combater a fase da incapacidade residual.
na, inicia com febre, tosse produtiva com expectoração purulenta,
dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia de tórax. Prevenção
Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e tratamento com As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou
beta-lactâmicos, o paciente repete a radiografia e não se observa manutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravi-
sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já que a defi- dez seria uma importante medida de ação primária, já que mães
nição de pneumonia implica recuperação do parênquima pulmo- fumantes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas
nar). vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento in-
3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: trauterino e baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinan-
a chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é reconhecida pelos lin- tes mais importantes de mortalidade infantil (Horta, 1997). Após a
fócitos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e instalação do período clínico ou patológico das doenças, as ações
provocam uma reação específica com formação de granuloma; as- secundárias visam a fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão
sim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima para o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tra-
pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção tamento com RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100%
tuberculosa adquire uma forma subclínica sem que o doente se- de cura da doença e impede sequelas importantes como fibrose
quer percebe sintomas de doença. pulmonar, ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto de primeira linha e a transmissão da doença para o resto da popula-
prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática que geralmente tem ção. A prevenção através das ações terciárias procura minimizar os
um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência respi- danos já ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usu-
ratória e hipoxemia severa. As maiores séries da literatura (Turner- almente é um resíduo da tuberculose e pode provocar hemoptises
-Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimento severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001).
dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns
pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12 meses (Stack, 1972). Causalidade em Epidemiologia
Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução pro- A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje
gressiva e óbito em longo prazo, dependendo fundamentalmente seu papel definido na gênese das doenças, em substituição à teoria
da continuidade ou não do vício do tabagismo. da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria
5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerba- das doenças advém de uma combinação de fatores que interagem
ções. Exemplo: a asma brônquica é um dos exemplos clássicos, com entre si e acabam desempenhando importante papel na determi-
períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, sabe-se nação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chama-
que, apesar dessa evolução, a função pulmonar de alguns pacientes das causas contribuintes citaremos o câncer de pulmão. Nem todo
asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade (Pizzichini, fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras
2001). causas contribuindo para o aparecimento dessa doença. Estudos
Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da inter- mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com
ferência médica, pode ser subdividida em quatro fases: câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a
a) Fase inicial ou de susceptibilidade. doença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há
b) Fase patológica pré-clínica. uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão.
c) Fase clínica. Ativação dos oncogenes dominantes e inativação de oncogenes su-
d) Fase de incapacidade residual.
316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas no Nem sempre é fácil estabelecer a seqüência cronológica, nos estu-
DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de dos realizados quando o período de latência é longo entre a expo-
determinantes genéticos nesta doença (Srivastava, 1995). sição e a doença.
A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos
distintos, sendo que alguns desses fatores causais estão mais pró- Critérios de causalidade de Hill
ximos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. - Força da associação
Por exemplo, fatores biológicos, hereditários e socioeconômicos - Consistência
podem ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a - Especificidade
distância que, através de sua atuação em outros fatores, podem - Sequência cronológica
contribuir para o aparecimento da doença. Por outro lado, alguns - Efeito dose–resposta
fatores chamados determinantes intermediários podem sofrer tan- - Plausibilidade biológica
to a influência dos determinantes distais como estar agindo em - Coerência
fatores próximos à doença, como seria o caso dos fatores gesta- - Evidências experimentais
cionais, ambientais, alérgicos e nutricionais na determinação da - Analogia
asma; os fatores que estão próximos à doença os determinantes
proximais, por sua vez, também podem sofrer a influência daque- Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo au-
les fatores que estão em nível hierárquico superior (determinantes mentou significativamente durante a primeira metade do século,
distais e intermediários) ou agirem diretamente na determinação mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do
da doença. No exemplo da asma, o determinante proximal pode ser número de mortes por câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo,
um evento infeccioso prévio. o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o
Determinação de causalidade na asma brônquica aumento da mortalidade ocorreu após várias décadas.
Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente
Critérios de causalidade de Hill no sexo masculino, só que com um intervalo de tempo de 40 anos:
- Força da associação o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952,
- Consistência quatro em 1972, atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto,
- Especificidade são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade de
- Sequência cronológica 0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões
- Efeito dose–resposta de mortes, por ano, quando esses homens atingirem idades mais
- Plausibilidade biológica avançadas (Liu, 1998).
- Coerência Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um au-
- Evidências experimentais mento do efeito? Sendo positiva essa relação, há mais um indício
- Analogia do fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill
(Doll, 1994) sobre a mortalidade por câncer de pulmão e fumo, nos
Somente os estudos experimentais estabelecem definitiva- médicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-1991).
mente a causalidade, porém a maioria das associações encontra- As primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito dose-
das nos estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra -resposta do fumo na mortalidade por câncer de pulmão; os resul-
os nove critérios para estabelecer causalidade segundo trabalho tados finais desse acompanhamento revelavam que fumantes de 1
clássico de Sir Austin Bradford Hill. a 14 cigarros/dia, de 15 a 24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a medi- dia morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 ve-
da de efeito, maior a plausibilidade de que a relação seja causal. Por zes mais do que os não-fumantes, respectivamente.
exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes mostrou Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros
que a força da associação entre o fumo do adolescente e a presen- conhecimentos? É preciso alguma coerência entre o conhecimento
ça do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vezes; ou existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e
seja, adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes câncer de pulmão é um dos exemplos da plausibilidade biológica.
maior risco para serem fumantes do que aqueles sem amigos fu- Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na urina
mantes (Malcon, 2000). de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
Consistência da associação. A associação também é observa- A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fuman-
da em estudos realizados em outras populações ou utilizando di- tes e o número de cigarros fumados e anos de exposição do fuman-
ferentes metodologias? É possível que, simplesmente por chance, te é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hirayama,
tenha sido encontrada determinada associação? Se as associações 1981).
encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores
não deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendên-
senão a totalidade dos estudos sobre câncer de pulmão, detectou cias temporais, padrões geográficos, distribuição por sexo, estudos
o fumo como um dos principais fatores associados a esta doença. em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição
Especificidade. A exposição está especificamente associada a um resultam em mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se
tipo de doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode ser que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem ser promo-
questionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos tores, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afasta-
nódulos fibrosos no pulmão (silicose). mento do paciente asmático desses alergênios é capaz de alterar a
Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede hiperresponsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença
o efeito? A exposição ao fator de risco antecede o aparecimento ou a precipitação da crise.
da doença e é compatível com o respectivo período de incubação?
317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra - Escolha da constante (denominador).
doença ou exposição. Exemplo: é bem reconhecido o fato de que a - Intervalo de tempo.
imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte - Estabilidade dos coeficientes.
associação entre AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imunida- - População em risco.
de está diminuída.
Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para
determinada associação. A pergunta-chave nessa questão da cau- evitar que o resultado seja expresso por um número decimal de
salidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade difícil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplica-
ou apenas associação? O critério de temporalidade, sem dúvida, é ção da fração por uma constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A
indispensável para a causalidade; se a causa não precede o efeito, a decisão sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois
associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para depende da grandeza dos números decimais; entretanto, para mui-
a inferência da causalidade, mas não necessariamente determinam tos dos indicadores, essa constante já está uniformizada. Por exem-
a causalidade da associação. plo: para os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a
constante de 1.000 nascidos vivos.
Indicadores de Saúde
Para que a saúde seja quantificada e para permitir compara- Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se re-
ções na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes de- ferem os coeficientes estudados. Nas estatísticas vitais, esse tempo
vem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacio- é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verifica-
nal. ção contínua dos fatores que determinam a ocorrência e a distri-
É interessante observar que, apesar desses indicadores serem buição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um
chamados “Indicadores de Saúde”, muitos deles medem doenças, período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo.
mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às ve-
zes, medir doença do que medir saúde, como já foi mencionado Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coeficien-
anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em ter- te para tempos curtos ou para populações reduzidas, os coeficien-
mos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se tes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gutierrez,
incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os da- no capítulo da epidemiologia da tuberculose, exemplifica de que
dos mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar,
monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente conforme o tamanho da população. Para contornar esse problema,
em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão é possível aumentar o período de observação (por exemplo, ao in-
restritas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que vés de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três
a estrutura populacional é estável e, assim, usar valores absolutos. anos), aumentar o tamanho da amostra (observar uma população
Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre dife- maior) ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes.
rentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a
serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando População em risco: refere-se ao denominador da fração para
os dados em forma de taxas ou coeficientes. o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil saber o número exato
desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no lu-
Indicadores de saúde gar de números exatos.
- Mortalidade/sobrevivência
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional Morbidade
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sen-
- Aspectos demográficos do um dos mais citados coeficientes ao longo desse livro. Muitas
- Condições socioeconômicas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade,
- Saúde ambiental como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar
- Serviços de saúde o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as limitações que contri-
ocorrência das doenças em uma determinada população e perí- buem para essa dificuldade.
odo. Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o
número de casos está relacionado ao tamanho da população que Medidas da morbidade
lhes deu origem. O numerador refere-se ao número de casos de- Para que se possa acompanhar a morbidade na população e
tectados que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fa- traçar paralelos entre a morbidade de um local em relação a outros,
tores de risco etc.), e o denominador refere-se a toda população é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas
capaz de sofrer aquele evento - é a chamada população em risco. de morbidade mais utilizadas são as que se seguem:
O denominador, portanto, reflete o número de casos acrescido do - Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número to-
número de pessoas que poderiam tornar-se casos naquele período tal de casos, episódios ou eventos existentes em um determinado
de tempo. Às vezes, dependendo do evento estudado, é preciso ex- ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a rela-
cluir algumas pessoas do denominador. Por exemplo, ao calcular-se ção entre o número de casos existentes de uma determinada do-
o coeficiente de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres ença e o número de pessoas na população, em um determinado
devem ser excluídas do denominador, pois não estão expostas ao período. Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante,
risco de adquirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização pois, assim, torna-se um número inteiro fácil de interpretar (essa
desses coeficientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos: constante pode ser 100, 1.000 ou 10.000). O termo prevalência re-
fere-se à prevalência pontual ou instantânea. Isso quer dizer que,
318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
naquele particular ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da Mortalidade
coleta, por exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, O número de óbitos (assim como o número de nascimentos)
por exemplo. Na interpretação da medida da prevalência, deve ser é uma importante fonte para avaliar as condições de saúde da po-
lembrado que a mesma depende do número de pessoas que desen- pulação.
volveram a doença no passado e continuam doentes no presente.
Assim, como já foi descrito no início do capítulo, o denominador é Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são
a população em risco. os mais tradicionais indicadores de saúde.
Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos Principais coeficientes de mortalidade:
da zona urbana de Pelotas, em 1991, detectaram-se 135 casos de - Coeficiente de mortalidade geral
bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica, - Coeficiente de mortalidade infantil
seguindo a equação abaixo, foi de (Menezes, 1994): - Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
- Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
Medida da incidência: a incidência mede o número de casos - Coeficiente de mortalidade perinatal
novos de uma doença, episódios ou eventos na população dentro - Coeficiente de mortalidade materna
de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos - Coeficiente de mortalidade específico por doença
melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuin-
do, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do nú-
de pessoas da população que passou de um estado de não-doente mero total de óbitos por todas as causas em um ano pelo número
para doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o número da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no RS,
de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, houve 63.961 óbitos e a população estimada era de 9.762.110; por-
em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao tanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de 6,55
risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação (Estatísticas de Saúde).
por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o
coeficiente de prevalência. A incidência é útil para medir a frequên- Coeficiente de mortalidade específico por doenças respirató-
cia de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo, rias. É possível obterem-se os coeficientes específicos por determi-
a pneumonia, ou doença de duração longa. A incidência pode ser nada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas,
cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência. por doenças infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose,
dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os coeficientes
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer im-
não há entrada de novos casos naquele determinando período. Por portantes dados sobre a saúde de um país, e, ao mesmo, tempo
exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, al- fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente
guns desenvolveram câncer de pulmão em um período de tempo de mortalidade por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 ha-
especificado. bitantes.
No denominador do cálculo da incidência cumulativa, estão
incluídos aqueles que, no início do período, não tinham a doença. O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de
crianças menores de um ano e é um dos mais importantes indica-
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo dores de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreen-
dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto durante um ano. Inci- de os óbitos fetais (a partir de 28 semanas de gestação) mais os ne-
dência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 habitan- onatais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro
tes em 1 ano. importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado,
A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expres- nos últimos anos, é o coeficiente de mortalidade materna, que diz
sa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc. (o numerador está respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde).
incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prog-
nósticos em nível individual, pois indica a probabilidade de desen- Letalidade
volver uma doença dentro de um determinado período. A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portado-
res de uma determinada doença, em um certo período de tempo,
Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma dividida pela população de doentes. É importante lembrar que, na
medida de velocidade (ou densidade). Seu denominador é expresso letalidade, o denominador é o número de doentes.
em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida
que as pessoas, inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que Padronização dos coeficientes
não acontece com a incidência cumulativa). Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de
uma doença varia com o sexo e o grupo etário, a comparação das
Relação entre incidência e prevalência taxas brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a distri-
A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma buição por sexo e idade das mesmas for bastante próxima. Sen-
(quanto maior for a ocorrência de casos novos, maior será o núme- do essa uma situação absolutamente excepcional, o pesquisador
ro de casos existentes), como também da duração da doença. A frequentemente vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou
mudança da prevalência pode ser afetada tanto pela velocidade da ajustamento), a fim de eliminar os efeitos da estrutura etária ou do
incidência como pela modificação da duração da doença. Esta, por sexo sobre as taxas a serem analisadas.
sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência. Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo,
A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fór- os índices de mortalidade da França e do México. Caso a análise
mula (Vaughan, 1992): limite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 ha-
Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença bitantes/ano, respectivamente, pode parecer que há uma grande
319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entre- Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo
tanto, ao considerar-se a grande diferença na distribuição etária de referência, o que permite estabelecer comparações. Estes, por
dos mesmos, com o predomínio no México de grupos com menor sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada - Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia
a padronização por idade, o contraste entre os dois países desapa- clínica).
rece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano, - Observacionais.
respectivamente.
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada
somente para fins de comparação. Há duas maneiras de realizar-se exposição está fora do controle do pesquisador (por exemplo, ex-
a padronização. posição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
- Estudo transversal.
Método direto: este método exige uma população padrão que - Estudo de coorte.
poderá ser a soma de duas populações a serem comparadas (A e - Estudo de caso-controle.
B) ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribui- - Estudo ecológico.
ção da população padrão conforme a idade pelos coeficientes de
mortalidade (por exemplo) de cada uma das populações a serem A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus
estudadas (A e B). principais pontos.
Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os co- Estudo Transversal (Cross-Sectional)
eficientes específicos por idade da população que se quer estudar É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determi-
não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Em- nado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-se, parti-
pregando-se uma segunda população (padrão) - semelhante à po- cularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa.
pulação que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhecidos, Envolve um grupo de pessoas expostas e não expostas a determi-
multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo nados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão o
número de óbitos de cada categoria de idade, chegando, assim, ao desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo
número de mortes que seria esperado na população que está sen- transversal é que a prevalência da doença deverá ser maior en-
do estudada. O número total de mortes esperado dessa população tre os expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que
é confrontado com o número de mortes efetivamente ocorridas aquele fator de risco causa a doença.
nessa população, resultando no que se convencionou chamar de As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo,
razão padronizada de mortalidade (RPM). a identificação de casos e a detecção de grupos de risco. Entretanto
Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade
A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais reversa – exposição e desfecho são coletados simultaneamente e
ou menos mortes do que o esperado, respectivamente. Resumin- frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro. Nesse
do, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente dispo- tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão so-
níveis; entretanto são medidas difíceis de interpretar e de serem bre-representados e doenças com duração curta estão sub-repre-
comparadas com outras populações, pois dependem das variações sentadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem
na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas li- é que se a prevalência da doença a ser avaliada for muito baixa, o
mitações, entretanto são fictícias e sua magnitude depende da po- número de pessoas a ser estudado precisará ser grande.
pulação selecionada. O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra,
ou seja, é a natureza com todos os seres vivos e não vivos que nela
Tipologia dos Estudos Epidemiológicos habitam e interagem.
Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vi-
para colher informações adicionais não-disponíveis a partir dos vos e não-vivos que estão relacionados com a vida na Terra. É tudo
sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os
estudos descritivos são aqueles em que o observador descreve as animais, os seres humanos, dentre outros.
características de uma determinada amostra, não sendo de grande
utilidade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um tra-
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA E PRIMEIROS SOCOR-
tamento, porque não há um grupo-controle para permitir inferên-
ROS
cias causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos
em que as características de um grupo de pacientes são descritas.
Enfermagem em emergência e cuidados intensivos:
Entretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos
e de baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um
a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e
outro tipo de estudo epidemiológico. Sua grande limitação é o fato
emergência:
de não haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados
A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser
serem comparados com os de uma outra população. É possível que
resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter imedia-
alguns desses achados aconteçam simplesmente por chance e, por-
tista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser
tanto, também aconteceriam no grupo-controle.
planejada para que este paciente não corra risco de morte.
320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos, 2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV)
tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem
os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo: atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tan-
• Unidades de atendimento pré-hospitalar; to dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência
• Unidades de saúde 24 horas; devem estar aptos.
• Pronto socorro; O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência
• Unidades de terapia intensiva; de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz
• Unidades de dor torácica; sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma
• Unidade de terapia intensiva neo natal sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminen-
• E até mesmo em unidades de internação. te de morte sem realização de manobras invasivas e o SAV requer
procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³.
Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa-
rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a 3. Atendimento à Vítima de Trauma
capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores cau-
prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento sas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das
ao paciente. regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e
Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando neoplasias4.
ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma
correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda- nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de
des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hospi-
situação. talar ao Trauma.
Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada
e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên- 4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Aci-
cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas. dente Vascular Encefálico (AVE)
A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco As doenças cardiovasculares representam uma das maiores
de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das princi-
suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as- pais manifestações clínicas da doença arterial coronária5.
sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim, O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas
a qualidade e a importância da nossa profissão. de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas
Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen- brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito na
volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en- população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10%
fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas das internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta a quarta
no dia a dia de trabalho é fundamental. taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e
Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exem- Caribe6.
plo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospi- Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avaliação
tais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE ou
(SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendi- AVC e prevenção de complicações.
mento de demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas
em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas e 5. Assistência às Emergências Obstétricas
traumatológicas. As principais causas de morte materna no Brasil são por he-
O importante é que, independente da complexidade ou da morragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identi-
classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo ficar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as he-
Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber. morragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante
dos serviços de urgência e emergência e até mesmo os que não são
1. Acolhimento e Classificação de Risco referência em atendimento gestacional.
O acolhimento do paciente e família na prática das ações de
atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para 1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral;
uma atenção humanizada e resolutiva. Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas
A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países, terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida.
inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di- Consiste em:
versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar - Preparação
em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta - Triagem
imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do - Avaliação primária
paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de - Reanimação
catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfermeiro - Avaliação secundária
deve estar além de acolher o paciente e família, estar habilitado a - Monitorização e reavaliação contínua
atendê-los utilizando os protocolos de classificação de risco. - Tratamento definitivo
321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Triagem
É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe um método de cores para definir:
-VERMELHO
- LARANJA
- AMARELO
- VERDE
- AZUL
No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/profissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento e pessoal.
Avaliação Primária
Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições físicas /emocionais/ neurológicas.
Verifica-se:
- Obstrução das vias aéreas
- Insuficiência Respiratória
- Alterações Hemodinâmicas
- Déficit Neurológico
Significados:
A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
B- Respiração e ventilação
C- Circulação
D- Incapacidade neurológica
E- Exposição e controle da temperatura
Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando você
conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário deve fazer da seguinte maneira:
1- Elevação do queixo
2- Elevação da mandíbula
3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)
Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça a devida imobilização.
Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:
322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Atuação:
1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14,
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colocado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬óssea (a
considerar também no adulto).
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso acima e outro abaixo do diafragma.
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se necessariamente no grau de choque, não estando provada qualquer
diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volume a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma relação
de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e perdas/colóides a administrar, respectivamente.
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia. Por
norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adulto politraumatizado não são suficientes para originar um edema pulmonar,
mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga numa situação
de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressivamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando parâmetros vitais de forma seriada.
Avaliar:
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz
- Função motora (estímulo à dor)
Atuação:
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com protocolo específico.
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobilizadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo.
Letra E:
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna vertebral.
Utilizar técnicas de rolamento.
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica.
323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Manter: 2) suporte de vida em situações de queimaduras;
1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização. O queimado necessita boa assistência de enfermagem para
2- Analgesia de acordo com as necessidades. que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe
paciente. médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a
serem prestados aos queimados.
Avaliação secundária Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pes- pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíquico,
soais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com rea- devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a ocasião
valiação e exames radiológicos pertinentes. da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto aos
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em cuidados a serem seguidos.
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra-
tura da coluna vertebral. Assistência Imediata
A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro-
Tipos de trauma porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúr-
O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis- gica, tendo sempre presente a importância do problema do contro-
mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de le da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o
energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se
trauma. A única diferença é a perfuração da pele. fazem necessários na sala:
Alguns exemplos:
. Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE:
. Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax - Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado.
. Trauma Facial - Aspirador de secreção.
. Trauma Torácico (pneumotórax) - Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente.
- Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo).
Trauma contuso (fechado) - Suporte de soro.
O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia - Caixa com material de pequena cirurgia.
em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis- - Caixa com material de traqueostomia.
tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamen- - Caixa com material de dissecção de veia.
to e compressão. - Material para intubação endotraqueal.
- Aparelho ressuscitador “Air-viva”.
O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de - Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça
velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando dente de rato e pinça de Kocher).
sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que
na aceleração brusca. MATERIAL DE CONSUMO
A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura - Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm.
ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente- - Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais.
mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária. - Ataduras de rayon e morim.
- Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina.
Trauma penetrante (aberto) - Algodão hidrófilo.
O trauma penetrante tem como característica a transferência - Ataduras de crepe.
de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão - Luvas.
de energia provocando laceração da pele.
Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as Pacotes de campos cirúrgicos e aventais.
lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, de- - Fita adesiva e esparadrapo.
ve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As - Máscara e gorro.
lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo, - Medicamentos de emergência.
arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil - Antissépticos.
de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que so- - Seringas de vários tamanhos.
freram um deslocamento temporário. - Agulhas e catéteres de vários calibres.
- Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais.
VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR - Frascos de soro fisiológico.
• Via aérea com imobilização cervical
• Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM
• Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado)
• Avaliação seriada da GCS Na Sala de Cirurgia
• Equipamentos necessários na ambulância. Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a
finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa.
Tratamento Definitivo Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para
Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima, colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man-
será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfusão
e controle de todos os sinais vitais. de sangue ou outros líquidos.
324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos - Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada
esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados. a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico.
Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans- - Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e
cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações. soro fisiológico.
Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local - Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não
de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades.
queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para - Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico.
mantê-las expostas (método de exposição). - Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em-
bebida em água bicarbonatada a 2%.
Unidade de Internação - Lábios: passar vaselina para remoção de crostas.
- Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de
proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá- - PESCOÇO:
rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen-
a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen- ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres-
to é o de exposição. são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate- o médico executará a escarotomia.
terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o
volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada - MEMBROS SUPERIORES:
hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finali-
da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito, dade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de
sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as- enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial
pecto, a freqüência e o volume. e em ligeira elevação.
Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontuá-
rio do paciente (Anexo I). - TRONCO:
- Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração, Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a
devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente- expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de
mente se o caso exigir. Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita
Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin-
manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada, cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim,
sempre que possível. que será trocado todas as vezes que se fizer necessário.
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser
controlada através do cateter venoso. - PERÍNEO:
- Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti-
exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja- lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab-
mento e da quantidade dos líquidos em perfusão. dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e
O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos
dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo a seguinte fórmula de solução oleosa:
uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da -Cloroxilenol 0.1%.
F.M.U.S.P. (Anexo II). -Essência de alfazema 1%.
- Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa- -Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml.
ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena
quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra- - MEMBROS INFERIORES:
dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação
forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos, das pernas, e prevenir o pé eqüino.
caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen-
parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e
consistentes até chegar à dieta geral. atuação da enfermagem.
- Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza-
água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer
cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar que seja a localização das lesões.
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser
feita semanalmente, como medida de higiene. Cuidado Relacionado ao Ambiente
Cuidados Especiais Dependentes da Localização da Queima- - UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO:
dura Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão,
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante
CABEÇA: (hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên-
- Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo. cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda
- Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró- 1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal do
ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas, e
do edema. outros.
325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- PISO: As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde
O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assis-
facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma- tência emergencial. Essas unidades visam a:
deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce- 1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica
der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira que procura a sala de emergência; e
no chão. 2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organiza-
da na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de
- JANELAS: cuidados, eficiência e contenção de custos.
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae-
ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de in- As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou
setos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e solução adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
desinfetante. leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional
padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algo-
- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS: ritmos sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fe- equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a
chados. equipe de médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com
o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.
Medidas Gerais para o Controle de Infecção:
- Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes es- Diagnóstico
pecíficos.
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médi- Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial
cos, enfermeiros e outros). A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visi- manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um diag-
tantes). nóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre
- Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com potencial
visitantes. de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do
- Supervisão e controle do uso da técnica asséptica. médico emergencista para definir sobre a liberação ou admissão do
paciente ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-
primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se cárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor
trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e mi- torácica nas salas de emergência, e por possuir uma significativa
norar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre
presentes em todos os momentos. O primeiro consegue-se com feita no sentido de confirmar ou afastar este diagnóstico.
a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo, Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia
trabalhando sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes
na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele admitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnós-
necessitará para a sua futura reintegração à sociedade. E o último, tico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica
dando-lhe ânimo, carinho e apoio tem sido identificada como o dado com maior poder preditivo de
doença coronariana aguda.
3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi- O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é
nais; expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro-
Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias
local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os exce- carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
lentes resultados observados nestas unidades, em especial através aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular
do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas causado-
da parada cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a in- ras de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo
ternar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia mio- exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da peri-
cárdica aguda. O resultado desta atitude mais liberal foi que mais da cardite, da embolia pulmonar, etc.
metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não ti-
nham, na verdade, síndrome coronariana aguda. Consequentemen-
te, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser
ocupados também por pacientes de baixa probabilidade de doença
e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda
desses leitos, com consequente saturação das unidades coronaria-
nas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na dependência
das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.
A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação opres-
siva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço
ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minutos (geralmente
entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do miocárdio. O paciente
pode também apresentar uma queixa atípica como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. Pacientes idosos e mu-
lheres frequentemente manifestam dispnéia como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não ter dor ou mesmo não
valorizá-la o suficiente.
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles que
sofreram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente inician-
do-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de regurgitação
aórtica. Pode haver um significativo gradiente de amplitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços.
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais co-
mumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos casos.
Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, taquipnéia e cianose.
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é localizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande pneu-
motórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). Ao exame
físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado.
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou no hemitó-
rax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia miocárdica, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e melhora na posição sentada
e inclinada para frente. No exame físico podemos encontrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado patognomônico).
327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do
frequentemente encontrada no consultório médico e, também, na segmento ST
sala de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geral- O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce papel
mente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo
descrita como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnós- seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplici-
tico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos dade de interpretação.
um clique meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos
mitral e/ou tricúspide. pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência.
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas caracte- A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de
rísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença de um cerca de 5%..
sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG indi- Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG
ca a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade de de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60%
síndrome coronariana aguda. quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75% diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. No infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único
exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sistólico ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada
ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma transto- para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST
rácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular esquerda, e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se
com ou sem alterações de ST-T. realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h
As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronariana pós-chegada ao hospital.
crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apresen- A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va-
tar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), mas ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM
que às vezes é definido como uma sensação opressiva, localizada está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg-
na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar para mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo
o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação ali- é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo do
mentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso de miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o diag-
antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais de nóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes têm
cálcio ou repouso. uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do miocárdio
A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epigás- ou morte cardíaca ao final de 1 ano).
trica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser refe- Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM
rida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geralmente ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien-
ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de antiácidos. tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car-
Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na região epi- díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda
gástrica. sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível
A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser
emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na identificados pelo ECG.
síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83% Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da
dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab- natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten-
dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um
esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do
se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra- miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização
diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural à contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados
esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto em como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia
27% dos casos. de repouso.
Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar
relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG de
diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral- admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima especifici-
mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada dade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de síndrome
ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade = 99,5%).
produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos-
músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor. trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia
A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%.
por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge- Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos-
ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs-
se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé- trução coronariana subtotal em relação à obstrução total.
sicas. O monitor de ST também tem-se mostrado como método de
grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com angi-
na instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiologia
a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e al-
tamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não-fa-
tal ou isquemia recorrente.
328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim é recomendado: ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a
1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser 3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu-
prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi- são coronariana) 17,63-66.
dência B e D); Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obtida
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de
pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem
qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini- este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com
cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor- média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo
rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a ne-
de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); cessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar ou
3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín- afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade da
drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos encon-
complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico trados principalmente quando a metodologia é a da atividade da
da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar- CK-MB e não da massa.
cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar-
diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple-
Evidência B e D); xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido
4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com
ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor torá- pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da
cica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra- CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas
desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro
de Recomendação I , Nível de Evidência B); para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a tro-
5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST ponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas
que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor não-isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como
do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente a miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as
ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão coronaria- troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como
na (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal.
A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro-
Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas
miocárdica técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm
Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan- sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica.
te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de
coronariana aguda. IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade
Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu- pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto
lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de
necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários 85 a 99%.
pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana. Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica
A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen-
significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK- sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta e
-MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me- progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global varia
nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os resul-
sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a tados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem da não
chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es- classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de níveis
pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-posi- de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que afe-
tivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convulsões, tam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilidade
cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam o seu das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor preditivo
uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido 3-4h negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não per-
após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico de IAM mitindo que se afaste o diagnóstico na admissão.
(valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resultado ne- Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido
gativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diagnóstico identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e
de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente em pa- tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra-
ciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân-
negativo ³ 95%). cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in-
tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes.
Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras
uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes na
e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car- admissão hospitalar, além do que resultados negativos não excluem
díaco e esquelético e tecido nervoso). a ocorrência de eventos imediatos.
A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na
chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós-
tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei-
329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim sendo, esta diretriz recomenda: o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa-
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes-
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro- mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência ou miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para
à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas pró- diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste)
ximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evidência B e mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%).
D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de doença podem Além da sua importância na exclusão de doença coronariana,
ter o seu período de investigação dos marcadores séricos reduzido a 3h o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico
(Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B); dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto
2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquí- risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor
micos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica Torácica. A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou
nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); inconclusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo
3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne- que estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com
crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos maior risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e
dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo: um de readmissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do
marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após teste para eventos também é elevadíssimo (³ 98%).
o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da CK-MB)
e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e especifici- Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de
dade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da CK-MB ou das hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles
troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente
4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à
que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve realização de outros exames para confirmar a positividade, encare-
ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo) cendo o processo diagnóstico.
(Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);
5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu-
ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a chega-
momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível da à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferramenta
de Evidência D); importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e ECG não-
6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose -diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100% e espe-
miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do cificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de repouso
paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacientes com
tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní- baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³ 98%).
vel de Evidência B e D); Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece
7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per-
segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio- fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de
cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses
(p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco- 45,91.
mendação I, Nível de Evidência B). A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re-
pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de
O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm
emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o preconizado a realização do exame para pacientes com média ou
teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen-
Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi- te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata
car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares
na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e 94,95.
isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob
estresse - e também prognóstica. Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na
Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé- avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se
todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM
para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados
baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre-
inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar- ditivo negativo varia de 85 a 95%.
diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à Quando se busca também o diagnóstico de angina instável
admissão e durante o período de observação. (além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi-
Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%,
teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses
a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar informa-
comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame ções diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela
é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli- história e ECG.
nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai-
xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado
330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com A ecocardiografia pode contribuir com importantes informa-
dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor ções na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma
torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função
diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec- ventricular direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmo-
tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de nar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir visualizar o trom-
80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos, bo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua
a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar- sensibilidade nesta situação é de 80% para pacientes com trombo
dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor localizado em tronco da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito,
preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo segurança com especificidade de 100% 105. É considerado o método de es-
ao médico emergencista em dispensar a realização de outros testes colha para a avaliação inicial dos pacientes hemodinamicamente
e liberar imediatamente o paciente para casa. instáveis.
A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método
Deste modo, recomenda-se: não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da proba-
1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de bilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmentos
etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade de
nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isque- doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacientes
mia miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica devem
ser realizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa associação
miocárdica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal prati-
Evidência B e D); camente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face de seu
2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos falso-
seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres- -negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária proba-
se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes bilidade necessita da realização de outro método de imagem para
com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro- definição do diagnóstico.
nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado
3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida-
poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não
inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto- apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete
ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I, somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares).
Nível de Evidência B e D); Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul-
4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão-
realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade -ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes
de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar IAM, cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O
sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados para exame permite uma adequada visualização das artérias pulmonares
casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bioquí- e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e é
micos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível de custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não conse-
Evidência B). guem definir a suspeita clínica.
O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem Desta forma, recomendações para a realização de métodos de
não-coronariana imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são:
Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dis- 1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien-
secção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem tes com suspeita clínica de embolia pulmonar.
não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da 2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos
baixíssima incidência em pacientes com dor torácica na sala de os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da
emergência. função do ventrículo direito e para a possível visualização do trom-
3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de bo.
apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acu- 3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à
rácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu-
forma de apresentação) e da complexidade de realização da arte- tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na
riografia pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classifi- dependência da sua disponibilidade na instituição.
cará os graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidên- 4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente na-
cia para a realização destes métodos. queles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma tran-
As alterações radiológicas mais frequentemente encontradas sesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnós-
na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da he- tica, principalmente naqueles cuja possibilidade de trombo central
micúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco é elevada.
e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar seg- 5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética
mentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma trian- são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo
gular com a base voltada para a pleura (sinal de Hampton) são os limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos subseg-
achados mais específicos da embolia pulmonar mas, infelizmente, mentares.
são pouco sensíveis. 6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para
pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos
não-invasivos foram inconclusivos.
331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente
exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula- como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica,
ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in- com especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos
diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem
do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica maior sensibilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com
mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase agu-
diretriz da SBC sobre este tema. da da dissecção, sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis- Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de
secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angio-
precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata- tomografia computadorizada helicoidal ou da angiorressonância
mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I,
um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta Nível de Evidência C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o
deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I,
na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas Nível de Evidência C e D).
e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s).
O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre- Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos
qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemá-
casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste ticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão
exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo clínica e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis
negativo de 88%). aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especifici-
A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro dade diagnóstica na avaliação de pacientes que se apresentam na
para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos
o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a têm sido validados prospectivamente, mostrando uma redução nas
ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado,
a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doença trabalhos indicam que programas computadorizados validados
vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico, clas- retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectiva-
sificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz aór- mente, à alta sensibilidade e especificidade dos médicos 122.
tica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissecção Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos
comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos ramos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli-
aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente defini-
a existência de extravasamento sanguíneo para pericárdio, pleura, dos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização
mediastino e estruturas peri-aórticas. da qualidade e da relação custo-benefício.
A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti- Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos pre-
co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili- conizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e
dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados que podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às carac-
falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para terísticas assistenciais de cada instituição.
estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente a O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cin-
presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo cinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de
esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade baixa a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor
de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste
negativo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de na realização de cintilografia miocárdica imediata de repouso com
visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal da SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente
aorta ascendente e na porção anterior do arco aórtico. e haja condição de se administrar o fármaco radionúcleo imediata-
A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibi- mente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de
lidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, locali- medicina nuclear for negativo para isquemia miocárdica, o pacien-
zação e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem te é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos
como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das marcadores de necrose miocárdica. Se o resultado for positivo, o
artérias coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame
em pacientes com intolerância ao contraste iodado. cintilográfico não puder ser realizado, o paciente é investigado na
A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detec- Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plas-
ção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e máticos de CK-MB e de troponina I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª
especificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização
de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao eletrocardiográfica contínua da tendência do segmento ST. Teste
tempo prolongado para aquisição de imagens. ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI
são realizados naqueles sem evidência de necrose ou isquemia mio-
cárdica persistente (fig. 2).
332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica. Se a
avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com resulta-
do positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompanhamento
em 72h (fig. 3).
333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer-
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).
334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de síndro-
me coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e prova-
velmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo no ECG,
procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor preditivo ne-
gativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%, respectivamente).
A associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de síndrome coronariana
aguda e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima probabilidade de IAM
(75%) os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome coronariana aguda
de 60% e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h.
O teste ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de
repouso.
335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi-
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba-
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.
Tratamento
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com-
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.
Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguintes,
realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.
336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já Recanalização coronária e controle do processo aterotrombó-
não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) tico
e sedação utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada sugestiva
podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Re- de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesnível do
comendação I, Nível de Evidência C e D). segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo esquer-
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanis- do) são candidatos à terapia de recanalização coronariana visto que
mo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85% têm oclusão
de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma de uma artéria coronária.
redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco-
poucos e pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início
alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano)
A e D). maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, poden- preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de
do ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até o mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala-
máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray na- res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da
sal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia- fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is- A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais eleva-
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades- da taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me- bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his- dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
tória de asma brônquica. não requerendo uso concomitante de heparina.
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei-
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan- çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
çar uma frequência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o procedi-
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im- mento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca, a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex-
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con-
siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil- ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra- (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên-
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser- Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu-
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona- devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis-
riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta- que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
B e D). os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ (tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis-
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re-
comendação IIa e Nível de Evidência A e D).
Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância
gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as-
pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA
imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com-
provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e
tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos
randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida Tratamento inicial da embolia pulmonar
de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia. Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi-
Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve
a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con- ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos-
tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata-
percutânea 168. dos.
Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se
substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento es-
com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in- sencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulante
tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de no-
a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele- vos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como a
cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativadas
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida
encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina
da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose ini-
não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão
cial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de
contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso
12/12h.
combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I,
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo
peso molecular). Nível de Evidência C e D)
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí-
vel benefício do uso das heparinas na SCA. A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo-
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de- maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa- quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
controle do PTTa. A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari-
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
o controle. Evidência C).
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabilidade
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as drogas
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo, promoven-
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC do uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estreptoquinase
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de uma infusão
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose de 100 U EV
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên-
A e D para uso na SCA. cia C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qualquer ou-
tra situação clínica, apresenta uma série de contra-indicações que
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi- devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente instáveis,
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efei- um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâmica e venti-
tos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-II- latória, porém com disfunção do ventrículo direito ao ecocardiogra-
Ia em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto,
ma, pode também se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau de
isquemia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização
Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
miocárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalida-
de 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma
Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta
atitude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco,
ou seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te-
variáveis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível
A). Já o abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações ca-
atitude invasiva imediata planejada, independentemente do risco tastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato
inicialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta de sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, me-
invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo toprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando
ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). a redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labeta-
Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre lol que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível
analisados diante de seu alto custo. de Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de
Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con- betabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O con-
comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina. trole da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também
O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min auxilia na redução da pressão arterial e estabilização da dissecção.
EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O Os pacientes deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica,
abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se- do débito urinário e da pressão arterial, e encaminhados à unida-
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/ de de terapia intensiva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado
min) por 12 a 24h. e possível. Aqueles com instabilidade hemodinâmica deverão ser
colocados em suporte ventilatório e submetidos a monitorização
338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
invasiva da pressão arterial e das pressões do coração direito para EDEMA AGUDO DE PULMÃO
melhor controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco, O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo anor-
além das variáveis de oxigenação tissular. mal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em am-
O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissecções bos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na maioria
agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico (tipo dos casos, em consequência do aumento da pressão microvascular
A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão de proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o que leva
um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar (BRUN-
de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico. NER &SUDDARTH, 2009).
(Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien-
tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente PRINCIPAIS SINTOMAS
(tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul-
passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e
espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen-
4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão; tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente
O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz,
forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor- retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas
mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre- tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com
senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres- sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es-
de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con- querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico,
sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética,
pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es-
responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua-
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN- se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
TINO, 2007). progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo-
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi- ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu- Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien-
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for- à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esfor-
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe ço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer da respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz.
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira-
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi-
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal- ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com-
mente as de frequência muito elevada. patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in- sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal
suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012).
cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode
ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte- ACHADOS DIAGNÓSTICOS
rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco, Através da ausculta pulmonar revela-se presença de estertores
arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração, nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pulmões,
entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a sendo estes causados pela movimentação de ar através do líqui-
infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema do alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicardia, e
agudo de pulmão. queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada a ga-
A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo sometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER &SU-
que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que a DDARTH, 2009).
pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para po-
sitiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e dos TRATAMENTO
alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como cau- Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia
sas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença valvu- para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a furo-
lar mitral com consequente aumento na pressão capilar pulmonar e semida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides (sen-
inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também a lesão da do o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na redução
membrana dos capilares pulmonares, causada por infecções como do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio pelo
pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas como os gases miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normalmente é
cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodilatador
de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006). venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece rápida
339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas como a Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação (SALLUM Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca-
E PARANHOS, 2013). lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e
Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP Alterações agudas no fundo do olho;
busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa,
o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni- Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha;
tratos, diuréticos e oxigênio. Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri-
nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina;
CUIDADOS DE ENFERMAGEM Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência
Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem médica é necessária uma história e um exame físico direcionados,
incluem organização e provimento de recursos materiais e huma- porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par-
nos, mas também descrevem outros cuidados como: ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais
para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história
deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos
Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou
pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata-
90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo
ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de
retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar;
pressão arterial.
Posicionar em Fowler alto. O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais
Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio- de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de papi-
nando um fluxo de 10 L/min; la, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procurar a
Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão men-
permeáveis; tal ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais,
particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve bus-
5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva; car a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a
Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de congestão
elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su- pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação da aorta
perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso ca-
comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas rotídeo.
e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen- É importante avaliar a presença de deterioração da função re-
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele- e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
vação que esta ocorreu. a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres- urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa- exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo.
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado.
Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor-
rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva. emergência hipertensiva:
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara- • Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins-
talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adre-
avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via
nomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em
oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o
alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação
controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas;
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri-
• Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento insta-
férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi- lado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins);
velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em CTI’s
envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise é
5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge- acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais
néticos e imunológicos também podem ter papel importante. como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, aci-
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão dente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissecção
renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte;
pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de
hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma-
sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento gem no tratamento das crises hipertensivas são:
das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu- • Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo;
lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça • Puncionar veia periférica;
– como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas • Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário);
de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência • Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de
hipertensiva. infusão;
Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi- • Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores,
cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas, obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu-
como o TNFa, que perpetuam o processo. ção desejada da pressão arterial.
340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados 6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár-
nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é dio;
um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as
atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro- principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e
vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em
nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o 2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em
qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação 2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos
catalisadora por enzima hepática. de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais
Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú-
forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi- de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra
dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe-
efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato são leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em
notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que 20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En-
esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes
uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do nitro- coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio
prussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a infusão (IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa-
da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro
resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e ve- é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência,
nosa central e um aumento moderado na frequência cardíaca. cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio-
Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o
da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi- enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei-
mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos
e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do procedimentos que serão prestados.
glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten-
sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi- Importância dos atendimentos de emergência
mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periférica A emergência é uma propriedade que uma dada situação as-
em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora no sume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assis-
desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do volu- tência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela
me urinário e excreção de sódio. necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espa-
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila- ço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo
sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín- deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que neces-
cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas sidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emer-
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. genciais apresenta a importância dos procedimentos teóricos que
aprendemos como enfermeiros que o socorro nos momentos após
.Os principais cuidados de enfermagem na administração desta um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais
medicação são: importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ pessoas feridas.
ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra-
fisiológica ou glicose 5%); tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali-
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé-
em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão correta dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção
do medicamento; hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra- complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte
fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30 tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas
minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob- situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências.
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras As emergências são as principais portas de entrada desses pacien-
horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in- tes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência
tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto- demandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo
mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito- considerável de internação, acarretando um custo elevado.
rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en-
o pulso, pressão arterial e oximetria; fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri- participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais
gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o
os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado
gotejamentos, conforme a orientação médica. e livre de quaisquer danos.
O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto
designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à
interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná-
rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente,
por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias.
341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado a realização de suas ações sistemática na sequência que devem ser
de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é um profis-
vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se sional essencial na assistência e recuperação da saúde da vítima de
com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das IAM (BRANDÃO, 2003).
artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen- O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem
te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí- importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi-
neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis-
da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para
necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as-
como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom
obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENATO, conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encaixa-
2010). -se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de
O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía- saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que
co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi- são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um
conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias. 7. suporte de vida em situações de acidente vascular encefá-
Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas- lico;
tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a
processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car- primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015).
díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com sé- São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras,
rias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010). diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en-
Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit
sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe- motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et
res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia al., 2015).
protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas,
após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir- diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente
cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA, Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis-
2006). túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em
O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do
têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co- encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al.,
ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e 2015; OLIVEIRA et al., 2016).
também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável por
sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES- 847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cinco anos,
TIO, 2002). por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% (3.969) em
Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 corres¬pon-
Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM: deu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região Nordeste e
• Dor intensa e prolongada no peito; 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobreviventes, cerca
• Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra- de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios para desenvol-
ços; vimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ, 2015).
• Dor prolongada na “boca do estômago”; O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
• Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento; AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012,
• Respiração curta mesmo no estado de repouso; instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como
• Sentir tonteira; objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio-
• Náusea, vômito e intensa sudorese; nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela doen-
• Ataques de dor no peito que não são causados por exercício ça, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde na-
físico. cionais (BRASIL, 2013).
A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de aten-
Contudo, há de ser levado em consideração que existem em dimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma equipe
muitos indivíduos um componente genético importante na susce- multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como respon-
tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose, sável direto na assistência prestada, permitindo o reconhecimento
embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus- precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma conduta
cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO, 2015).
e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
genético é definido como herança genética ou características não (2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio-
modificáveis. nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um
A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví- conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con-
tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve
importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no
de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en- ambiente clínico.
fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de Os resultados encontrados por Oostema e outros autores
intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, es- (2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser-
tabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados para varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes
342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi-
nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava- ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento
liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia-
a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom- das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identifi-
bolítica. cação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de pa-
Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser cientes com AVE (BRETHOUR, 2012).
avaliado com base em protocolos que definem as principais ma- Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o
nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução
melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de
do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013). 78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na
Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza- realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém
ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH) os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%.
permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei-
corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações clíni-
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres ve- cas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das vezes,
no¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, transporte são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária desses
imediato com elevada prioridade médica e comunicação precoce à pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento precoce e es-
instituição que receberá o paciente. colha da terapêutica adequada são fatores positivos para o prog-
As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam nóstico do paciente.
que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro- Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei-
porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE,
(BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad- 48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em
ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua- seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem
dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão 875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram
cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da
no risco de morte do paciente. doença.
As princiais dificuldades para implementação de protocolos Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limi-
são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento tações físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que
deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência podem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro
e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado
(FRANGIONE-EDFORT, 2014). para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as-
Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar
atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi- uma comunicação tera-pêutica efetiva.
ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet- Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im-
man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as- portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro
sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No
a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares. estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica-
ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%).
Atuação do enfermeiro no manejo do AVE Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado
Durante o período de permanência em internação hospitalar, para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo
o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe de prestar assistência adequada e de qualidade.
multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro, 8) suporte de vida em situações de estados de choque;
du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta-
do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden-
tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen-
tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar e
registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE dos
Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este ins-
trumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmico
Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar
eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica.
343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tipos de choque Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida
- Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo. como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, asso-
- Cardiogênico – falha primária da função cardíaca. ciada à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes
- Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular. autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam
- Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração. palavras diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva
(2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inespe-
O paciente em estado de choque exige atenção total da equi- rada das funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita
pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume
intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de sistólico insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da inter-
resposta exerce influência direta na recuperação do paciente. rupção súbita da atividade mecânica ventricular .
O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer- Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos
magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro
ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir e a outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das
rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo. funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea pos-
Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da sibilite o restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior
perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacien-
orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar em tes gravemente enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem
falência. estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou
Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda- prestes a desenvolver uma.
mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos
execução do plano de cuidados. (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm de-
monstrado que quanto menor o tempo entre a parada cardiorres-
A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi- piratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima
mentos: (GOMES et al., 2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).
- Controlar a glicemia capilar
- Verificar o monitor multiparamêtrico Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com
- Coletar exames laboratoriais eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das
- Realizar oxigenoterapia manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de
- Verificar a dor e realizar o controle compressões torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEI-
- Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho- DA, 2017).
que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório) Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o mé-
- Realizar acesso venoso calibroso todo de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à ten-
tativas de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação
No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma universal (o que independe da causa base da PCR), com atualiza-
diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio- ções protocolares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjun-
líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento to de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
concentram-se em três etapas: artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais,
- Restaurar o volume intravascular até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER
- Redistribuir o volume de líquidos corporais E BARBIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação
- Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equi- cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas
pe médica tão logo for possível. diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada
cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o cora-
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem ção e o pulmão voltem a funcionar de acordo com seu padrão de
consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras
índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfer- destinadas a garantir a oxigenação para todos os órgãos e tecidos,
meiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, principalmente ao coração e cérebro.
monitora o paciente e o protege de eventuais complicações. O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente,
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e ini-
humanizada, que considera a questão emocional como parte inte- cia as manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012).
grante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecen-
enfermagem não se resume à saúde física. do circulação e ventilação até a chegada da assistência médica, para
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar
de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a apro- adequadamente a assistência necessária.
ximação com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propi- A enfermagem tem papel extremamente importante no aten-
ciando controle e monitorização constantes. dimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização,
o equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe,
9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória; bem como a correta distribuição das funções por parte destes pro-
Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de ativi- fissionais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe
dades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na
ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente in- maioria das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde
consciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbie- que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de
ri (2015), a parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória PCR, devendo, portanto estar preparado para concentrar esforços
(PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca, e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e con-
que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência de sequentemente, na sua identificação precoce, no seu atendimento
responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante. e nos cuidados pós-reanimação.
344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a dimi-
nuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.
Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des-
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Conduta:
346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica
Diluição:
Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos
Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal
Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.
348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h
Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.
Conduta:
• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm diminui a
meia vida da COHb em cerca de 13 vezes.
349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
toras de veneno ou substância tóxica e um aparelho especializado Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por ani-
utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no mundo existem mal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator re-
cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que no Brasil os ani- lacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
mais peçonhentos mais comuns são escorpiões, aranhas, abelhas, a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No
arraias, serpentes e vespas. O atendimento médico pré-hospitalar atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos
foi criado devido ao aumento exacerbado de enfermidades relacio- dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida,
nados a situações de urgência e emergência, com o objetivo de uma identificação do tipo de acidente e principalmente a administração
intervenção precoce precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes
A atenção primária às urgências e emergências era considera- por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in-
da um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi-
componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar
1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con-
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação sequentemente, menores índice de notificações de classificação de
e educação continuada, humanização da atenção e organização em gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimen- avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in-
tos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos. fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento.
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar.
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce- O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa-
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino- uma unidade hospitalar.
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser-
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen- viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter- acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi- constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo-
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi-
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con- da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
tato mais precoce com esse paciente. Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer-
magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe
Atendimento Pré Hospitalar sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e
O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido.
descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser-
prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre- viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas
valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica- como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em
ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên- conhecimento, capacitação técnica e humanização.
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a
Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau-
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem
neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem,
contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje,
aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado
a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. No de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer-
atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a manu- gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado
tenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os cuidados do APH.
gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a reposição hi-
droeletrolítica, monitorização e observação da função neurológica No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar
imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia não é usual, (APH)?
mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou laquético com O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti-
presença de necrose extensa, podendo por optar por penicilina G ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha-
ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação cardiorrespi- bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de
ratória e identificação de fatores de risco, reconhecendo precoce- difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros,
mente a gravidade e agir de forma rápida para garantir a sobrevida. além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe
requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço
350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encami- serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no
nhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número
eles ambulância, helicóptero ou lancha. de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o me-
lhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado.
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta
área? Existe um protocolo nacional de atendimento?
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re-
estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham presentantes da American Heart Association (AHA), da European
uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre- Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca-
sento algumas atribuições da minha vivência. nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela
atendimento Pré-Hospitalar Móvel; falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa-
- Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992,
técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe- durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na
cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua por
imediatas; meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, para
- Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei- diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life support
namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimentos no
emergências; APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas Amé-
- Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio- ricas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. No
nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele- Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse sobre
cendo e controlando indicadores. ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois,
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atu- John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscita-
ação do profissional de enfermagem? ção e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em segui-
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele da, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parceria
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co- com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re- acesso no site da AHA - www.heart.org .
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com ra-
fting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para tos prestados?
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre- ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
a cada dez mil torcedores. de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.
Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que
Como acontece o chamado do APH? documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans-
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente.
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localização No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar
do atendimento a ser prestado. No momento do contato com a cen- dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por
tral segue-se um questionário de perguntas necessárias para enviar duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha.
o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico poderá ini-
ciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao serviço indica- Como deve ser composta uma unidade de APH?
do estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a chegar ao O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as
para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no local, por modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o
exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo de trânsi- que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo
to). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima determinando à A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate
central qual o recurso necessário, se hospital primário ou terciário, (Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de
de acordo com a condição e necessidade da mesma. Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F).
“A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que
atual realidade e as necessidades para o bom andamento” atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma-
teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas
Como é dividido o atendimento? e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na
Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano- eficácia e no sucesso do atendimento.
bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais
até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente
com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis-
tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom
prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar à
população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. Qual
351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par- O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao
tiu para esta especialização? atendimento de emergência?
A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten-
meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de- dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez
les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hospi- mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina,
talar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica e no que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além
meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou o so- de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam
corro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a equipe a comunicação.
estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar. Coinciden-
temente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extremamente satis- Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré-
feita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por esta situação. -hospitalar e intra-hospitalar?
Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui em busca do Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de
meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi que eu que- ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lota-
ria mais do que esperar, eu queria chegar na pior situação em que ção dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender toda
um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP voltado para a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da jornada
parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmente, o concurso e melhores condições de trabalho no serviço público são fatores
do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço que podem, e muito, contribuir para um atendimento público de
há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM Emergências maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.
Médicas há 13 anos.
“percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in-
na pior situação em que um indivíduo possa estar” tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH?
Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de-
Como está a especialização em Emergência atualmente no senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além,
Brasil? Você considera esta uma área promissora? é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual.
As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de- As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32,
senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de e em situações específicas, como salvamento na água, devemos
especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e contar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia,
criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário
Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente. contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen-
Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e sor etc.
há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de e higienização do veículo. Como se dá este processo?
fiscalizações atuantes neste mercado. Esse processo geralmente tem início no hospital de destino
do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo-
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV
Enfermagem devem ter em seus currículos? (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e co- próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en-
nhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic life fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life su- A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
pport) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são desenvol- também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
vidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria em grandes Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, em São Paulo,
por exemplo, e em universidades como Anhembi Morumbi e outras Limpeza e desinfecção da Ambulância
instituições que se vincularam a AHA, pois é ela quem controla a
qualidade dos cursos. O Funcor, por exemplo, que é credenciado na Limpeza
AHA, oferece esses cursos. a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao
paciente;
Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço? b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san-
Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví- gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des-
tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane- cartando o mesmo no lixo hospitalar;
jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so- c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem
corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais ser desprezados em recipiente adequado;
inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca-
em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen- mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de
to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do contato, com papel toalha;
paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes, e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini-
disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente. ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da
frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à
porta traseira.
352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desinfecção SEÇÃO III
a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies DEFINIÇÕES
não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas,
ou utilizar outro produto disponível para a completa desinfecção; Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes
b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des- definições:
contaminação mais ampla; I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido
c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou
infectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc) Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que
realizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância, exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.
materiais e equipamentos utilizados. II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para de-
senvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja
Quais competências devem ter os profissionais que estão co- pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material
meçando a atuar em APH?
biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre-
Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so-
sença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes
cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de
infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epi-
equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios.
demiológica.
O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH,
em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa
não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva.
como utilizar criatividade para inovar e se atualizar. IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de
acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio
c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten- de 1998.
siva. V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro-
cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador,
RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito
DOU 25.02.2010 institucional ou fora dele.
VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese-
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca-
Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá- com a intervenção.
ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re- VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas
gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi-
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54 lidade de ocorrência.
do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna-
nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar
de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de
de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de
Diretor-Presidente, determino sua publicação: urgência/emergência e de ensino/pesquisa.
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona- IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen-
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolu- são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão
ção. da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli-
CAPÍTULO I
gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete
o grau de disfunção orgânica de um paciente.
SEÇÃO I
OBJETIVO XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente
habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as-
Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente.
mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi-
visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais litado, com atuação em regime de plantões.
e meio ambiente. XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre-
dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais
SEÇÃO II classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de
ABRANGÊNCIA alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum
agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci-
Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos
Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro-
civis ou militares. bianos disponíveis.
Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica:
especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes- outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para
te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi-
se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes
que necessitam de cuidados especializados.
353
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi- XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des-
crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18
aos antimicrobianos. anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins-
XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como tituição.
base a ser seguida. XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm):
XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri-
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto- cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os
regulação, necessitando de assistência contínua. ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e
fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envol- CAPÍTULO II
vam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERA-
de janeiro de 1999. PIA INTENSIVA
XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como
produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”. SEÇÃO I
XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al- ORGANIZAÇÃO
teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada
a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em
saúde individual e coletiva. um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária mu-
XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com- nicipal ou estadual.
provação que determinado produto ou serviço submetido ao con- Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância
trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente. sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de
XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi-
dano e a gravidade de tal dano. cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso-
XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para lução e outras normas sanitárias vigentes.
a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen- Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está
te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa-
da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci-
com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando- mentos de Saúde (CNES).
-lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga-
os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de rantir:
fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá-
rotinas são peculiares a cada local. rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em
XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados conformidade com as disposições desta RDC;
de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi-
quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual
necessários para o cuidado. e coletiva.
XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis- Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos
meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de realizados na unidade, as quais devem ser:
dados colhidos dos pacientes. I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis-
XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a
meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos
Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São exemplos coordenadores de enfermagem e de fisioterapia;
de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos, III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora-
marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatiza- ção de novas tecnologias;
dos, e outros de natureza similar. IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade.
XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina- Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro- nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no
fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e mínimo, os seguintes itens:
tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio-
XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des- nal e ambiental;
tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indivi-
anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas dual (EPI) e de proteção coletiva (EPC);
normas da instituição. III – procedimentos em caso de acidentes;
XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des- IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica.
tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença
ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre
outras.
XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des-
tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28
dias.
354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO II Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio-
INFRAESTRUTURA FÍSICA terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em
tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI,
Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/ durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI.
Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados
Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu- contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de
tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
monitorização. de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no-
Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e vembro de 2005.
Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas. Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de
§ 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de educação continuada, contemplando, no mínimo:
apoio podem ser compartilhados entre si. I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade;
§ 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi- II – incorporação de novas tecnologias;
ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvol-
vidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais.
SEÇÃO III IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên-
RECURSOS HUMANOS cia à saúde.
§ 1º As atividades de educação continuada devem estar regis-
Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro- tradas, com data, carga horária e lista de participantes.
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig- § 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber
nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI. capacitação para atuar na unidade.
Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc-
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma- SEÇÃO IV
gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS
assim como seus respectivos substitutos.
§ 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en- Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza-
fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, con- dos, os seguintes serviços à beira do leito:
forme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e asso- I – assistência nutricional;
ciações reconhecidas por estes para este fim. (Redação dada pela II – terapia nutricional (enteral e parenteral);
Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro de 2017) III – assistência farmacêutica;
§ 2º (Revogado pela Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro IV – assistência fonoaudiológica;
de 2017) V – assistência psicológica;
§ 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde- VI – assistência odontológica;
nação em, no máximo, 02 (duas) UTI. VII – assistência social;
Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de- VIII – assistência clínica vascular;
signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pe-
deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo diátrica
com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen- X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá-
te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os se- trica nas UTI Pediátricas e Neonatais;
guintes profissionais: XI – assistência clínica neurológica;
I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos XII – assistência clínica ortopédica;
ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia- XIII – assistência clínica urológica;
lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação XIV – assistência clínica gastroenterológica;
em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise;
título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neona- XVI – assistência clínica hematológica;
tologia para atuação em UTI Neonatal; XVII – assistência hemoterápica;
II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 XVIII – assistência oftalmológica;
(dez) leitos ou fração, em cada turno. XIX – assistência de otorrinolaringológica;
XX – assistência clínica de infectologia;
III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10 XXI – assistência clínica ginecológica;
(dez) leitos ou fração, em cada turno; (Redação dada pela Resolu- XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur-
ção - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012) gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica;
IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei- XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e
tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen- hemogasometria;
do um total de 18 horas diárias de atuação; XXIV – serviço de radiografia móvel;
V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 XXV – serviço de ultrassonografia portátil;
(dois) leitos em cada turno; (Redação dada pela Resolução - RDC nº XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa;
26, de 11 de maio de 2012) XXVII – serviço de fibrobroncoscopia;
VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória
da unidade; de morte encefálica.
VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida-
de, em cada turno.
355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI
própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul-
terapêuticos: gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas
I – centro cirúrgico; institucionais vigentes.
II – serviço radiológico convencional; Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas
III – serviço de ecodopplercardiografia. dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo-
Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag- sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302,
nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em de 13 de outubro de 2005.
outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado:
I- cirurgia cardiovascular, SEÇÃO VI
II – cirurgia vascular; TRANSPORTE DE PACIENTES
III – cirurgia neurológica;
IV – cirurgia ortopédica; Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acom-
V – cirurgia urológica; panhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfer-
VI – cirurgia buco-maxilo-facial; meiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de
VII – radiologia intervencionista; urgência e emergência.
VIII – ressonância magnética; Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização
IX – tomografia computadorizada; de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do
X – anatomia patológica; prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais
XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. do setor de destino.
Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra-
SEÇÃO V ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS
PROCESSOS DE TRABALHO n. 2048, de 05 de novembro de 2002.
Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da
Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên- UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans-
cia integral e interdisciplinar. ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente;
Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui- Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no
dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de mínimo:
enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós-
turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos ticos de base;
de classe profissional e normas institucionais. II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo
Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló- realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções,
gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência
e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali-
demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu- zação de diálise e exames diagnósticos;
tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional. III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transferên-
Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais cia, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especi-
deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente, ficando aprazamento de horários e cuidados administrados antes
de forma legível e contendo o número de registro no respectivo da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio
conselho de classe profissional. ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas.
Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que
atuam na UTI, os seguintes itens: SEÇÃO VII
I – preservação da identidade e da privacidade do paciente, as- GERENCIAMENTO DE RISCOS E NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS
segurando um ambiente de respeito e dignidade; ADVERSOS
II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes,
quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes
assistência a ser prestada desde a admissão até a alta; às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub-
III – ações de humanização da atenção à saúde; metidos ao controle e fiscalização sanitária.
IV – promoção de ambiência acolhedora; Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e
V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente, minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a:
quando pertinente. I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou
Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma- reabilitação do paciente;
tizada pela instituição, com base na legislação vigente. II – medicamentos e insumos farmacêuticos;
Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos III – produtos para saúde, incluindo equipamentos;
procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri- IV – uso de sangue e hemocomponentes;
dos para execução dos mesmos. V – saneantes;
Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in- VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa-
formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes- nitária utilizados na unidade.
mo será submetido. Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe
da UTI deve:
I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção
ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade;
356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar SEÇÃO IX
eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo AVALIAÇÃO
órgão sanitário competente.
Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia-
no ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho-
ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me-
institucionais. didas de controle ou redução dos mesmos.
§ 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós-
SEÇÃO VIII tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura
ASSISTÊNCIA À SAÚDE científica especializada.
§ 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta-
Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con- lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de
trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini- acordo com o Índice de gravidade utilizado.
das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital. § 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na
Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec- Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA
ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção §4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis-
e controle de IRAS. ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou
Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa quando solicitado.
das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga- Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por
nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados de
clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos. Enfermagem recomendado por literatura científica especializada.
Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância §1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as
epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis- necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de
mos multirresistentes na unidade. pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti-
Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in- lizado.
fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul- §2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal-
tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de mente, em local de fácil acesso.
prevenção e controle das IRAS.
Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser SEÇÃO X
baseadas na avaliação dos indicadores da unidade. RECURSOS MATERIAIS
Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução
padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta- Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor-
to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumpri- do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento
mento das mesmas. de sua demanda.
Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan- Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou
tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec- importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo
ções, baseadas nas recomendações da CCIH. com a legislação vigente.
Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti- Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas
microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci- referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem
plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em
de Microbiologia. língua portuguesa.
Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi- Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi-
pamentos e instalações necessários para as práticas de higienização pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for-
de mãos de profissionais de saúde e visitantes. mal entre o hospital e a empresa contratante.
§ 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis- Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim-
ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e pos e prontos para uso.
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen- Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre-
sador com sabonete líquido e papel toalha. tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor-
§ 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de- do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço
vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e de engenharia clínica da instituição.
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH. Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do ca-
Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer- lendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções
magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de realizadas.
higienização das mãos pelos profissionais e visitantes.
357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO III XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
INTENSIVA ADULTO com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
(dez) leitos;
SEÇÃO I XXII – materiais para punção pericárdica;
RECURSOS MATERIAIS XXIII – monitor de débito cardíaco;
XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI cada 10 (dez) leitos;
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para
e biotipo do paciente. atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os ou fração;
seguintes equipamentos e materiais: XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria:
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e ro- 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
dízios; XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí-
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
III – estetoscópio; XXIX – materiais para curativos;
IV – conjunto para nebulização; XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em sistema
V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro- fechado;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;
01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos: XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à
VI – fita métrica; assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração.
VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte
contínua de: para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1
a) freqüência respiratória; (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
b) oximetria de pulso; XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
c) freqüência cardíaca; plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva;
d) cardioscopia; cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte,
e) temperatura; com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
f) pressão arterial não-invasiva. XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com
Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de: bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
I – materiais para punção lombar; XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
III – oftalmoscópio; mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
IV – otoscópio; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
V – negatoscópio; XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi-
VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de tir visualização em todos os leitos.
Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
fechado; registro de temperatura.
VIII – aspirador a vácuo portátil; Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/ listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
cânula endotraqueal (“cuffômetro”); sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
X – ventilômetro portátil; Anvisa.
XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci-
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa- tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos, nulas de Guedel e fio guia estéril.
XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul- devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali- pela unidade e baseados em evidências científicas.
zar a modalidade de ventilação não invasiva; §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado; etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
XVI – materiais para traqueostomia; traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
XVII – foco cirúrgico portátil; §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
XVIII – materiais para acesso venoso profundo; medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
XIX – materiais para flebotomia; prontos para uso.
XX – materiais para monitorização de pressão venosa central;
358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO IV XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES XIX – materiais para traqueostomia;
DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS XX – foco cirúrgico portátil;
XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
SEÇÃO I rização venosa central de inserção periférica (PICC);
RECURSOS MATERIAIS XXII – material para flebotomia;
XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pe- XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pressão
diátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
biotipo do paciente. com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os (dez) leitos;
seguintes equipamentos e materiais: XXV – materiais para punção pericárdica;
I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
rodízios; XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com tos ou fração;
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
III – estetoscópio; na unidade;
IV – conjunto para nebulização; XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro- 01 (um) equipamento para a unidade;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específico
01 (um) para cada 03 (três) leitos; para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração;
VI – fita métrica; XXXI – materiais para curativos;
VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des-
tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito; XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização ma fechado;
contínua de: XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com suporte
a) freqüência respiratória; para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para
b) oximetria de pulso; cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
c) freqüência cardíaca; XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
d) cardioscopia; plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva;
e) temperatura; cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte,
f) pressão arterial não-invasiva. com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de: XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com
I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin- bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
co) leitos; XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
II – estadiômetro; cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
III – balança eletrônica portátil; mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
IV – oftalmoscópio; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
V – otoscópio; XXXVIII – relógio e calendário de parede;
VI – materiais para punção lombar; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
VIII – negatoscópio; registro de temperatura.
IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia; Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os lis-
X – máscara facial que permite diferentes concentrações de tados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua
Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa.
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
fechado; incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci-
XII – aspirador a vácuo portátil; tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”); nulas de Guedel e fio guia estéril.
XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- pela unidade e baseados em evidências científicas.
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mi- etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
croprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
ventilação não invasiva; §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; prontos para uso.
359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO II XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
UTI PEDIÁTRICA MISTA para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa-
Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos.
a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:
aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar
UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em de ventilação não invasiva;
Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
CAPÍTULO V XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA XVIII – material para traqueostomia;
INTENSIVA NEONATAIS XIX – foco cirúrgico portátil;
XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
SEÇÃO I rização venosa central de inserção periférica (PICC);
RECURSOS MATERIAIS XXI – material para flebotomia;
XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Neo- XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão
natal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e bio- arterial invasiva;
tipo do paciente. XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo
Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os transfusão;
seguintes equipamentos e materiais: XXV – materiais para punção pericárdica;
I – incubadora com parede dupla; XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; tos ou fração;
III – estetoscópio; XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
IV – conjunto para nebulização; na unidade;
V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi-
e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera- co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração,
cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos; sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos;
VI – fita métrica; XXX – materiais para curativos;
VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
contínua de: ma fechado;
a) freqüência respiratória; XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa-
b) oximetria de pulso; mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de
c) freqüência cardíaca; oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
d) cardioscopia; XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
e) temperatura; plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para
f) pressão arterial não-invasiva. transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de: XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com
I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos; bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien-
leitos; tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento
III – estadiômetro; às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração.
IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) XXXVI – cilindro transportável de oxigênio;
leitos; XXXVII – relógio e calendário de parede;
V – oftalmoscópio; XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá-
VI – otoscópio; vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração;
VII – material para punção lombar; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado; uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade,
IX – negatoscópio; com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos
X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa- de 24 horas.
mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um) Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
para cada 5 (cinco) leitos; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
fechado; ANVISA.
XII – aspirador a vácuo portátil; Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos
XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci-
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
nulas de Guedel e fio guia estéril.
360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin-
devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos;
pela unidade e baseados em evidências científicas. do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs-
§2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e
deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia
§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa deve desvendar o problema do metabolismo das células.
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva,
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi-
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte-
prontos para uso. rístico. (LIPSCHUTZ 1933).
Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe-
CAPÍTULO VI riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS relaciona com a morte e o cadáver.
Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó-
Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca-
têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decristal
de sua publicação para promover as adequações necessárias do por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota
serviço para cumprimento da mesma. vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se
§1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Re- agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados
cursos Humanos, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo-
Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados os bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta
incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (Redação dada que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo voltem
pela Resolução - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012) os Infusórios á atividade anterior.
§ 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele- Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi-
cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num
atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní- transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação
cio de seu funcionamento. do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos,
Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re- essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito
solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência
20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad- do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez
ministrativa e penal cabíveis. um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos
Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primeiro
ção. caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há
remédio.
d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase
terminal. De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro
Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na- exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo-
tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe-
dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela raturas.
manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por-
morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão, quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatura
sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram que
da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa- o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão baixa
ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces- temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo quarenta ve-
so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte zes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabaixa, pois o
e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo, metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não obstante,
diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida. essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta trasladar o
Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do corpo, para
antes entendermos claramente sobre o que seja a vida. constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxigênio cres-
O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com- ce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos para uma
plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela, câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero para ser
perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se examinado depois á temperatura do corpo, então já não se resta-
as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os belece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu
hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de grau
que na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas, acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável;
os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de
vez se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos
da célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos
desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por
substâncias que se transformam em substância celular no pequeno Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII.
laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé-
361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la. A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen-
Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais
respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per-
os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir
uma resposta unânime”. períodos de total descrença.
Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de mais
acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus se
de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati- torna presente em sua vida, faz promessas de mudança se for cura-
vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças do.
agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), segui- A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua
da de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma- de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen-
terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma to, relaciona-se pouco com outras pessoas.
experiência impregnada de significações cientificas, mas também A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente
de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO- percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006) dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológico, no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
mas um processo construído socialmente, que não se distingue das A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa-
outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte ção e tenta dar um sentido para sua vida.
está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém
ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e institui- podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi-
ções de saúde. BRETAS (2006) víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual-
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais, quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos
por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores,
surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati-
causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos. tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para
É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen- país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto,
tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida, permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen-
a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi-
evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansieda- palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos
de. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compromisso e espacio-temporais.
com a vida, lidar com a morte pode torna-se um acontecimento difí- Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros,
cil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por parte dos enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex-
profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à necessidade periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um
de melhor compreender este fenómeno com que os enfermeiros certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza por-
se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo de investiga- que não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o
ção relacionado com as atitudes do enfermeiro perante a morte e bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a
circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão acerca do morte; desespero porque se sente impotente para fazer algo que o
tema e consequentemente a uma melhor prática profissional. conserve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectiva-
Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem mente com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram
no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais quan- severamente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte
to pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um pouco está eminente.
mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causadas pelo
impacto da notícia. “O enfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do
Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, rea- doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente,
lizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os senti- concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo
mentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele esclarece da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de
que passamos por vários estágios quando nos deparamos com a afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfermei-
morte, sendo que a negação é o primeiro estágio. ro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer con-
A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporária, tacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma que
onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não está “afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o enfermei-
acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro compor- ro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a morte e
tamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse acon- que lhe causem mal-estar”. Rees (1983),
tecendo. Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços
“Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en- de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e
trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave
e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me- e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que
lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991). estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons-
Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente- cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa.
mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são:
362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte surgem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos. Entre
os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias, insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os mais citados são:
pensamentos involuntários dedicados ao doente, sentimentos de impotência, choro e sensação de abatimento, sentimento de choque e
de incredibilidade perante a perda, dificuldades de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorrentes destas atitudes, regis-
tam-se: absentismo, desejo de mudança de serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes reveladoras da situação e de insegurança.
Para que o fenômeno da Morte seja encarado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la como inevitável. Assim deve ter como
atitudes, como: comunicar a situação terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de aceitação do doente, ter respeito pela
diferença, cada doente têm o seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os familiares podem ajudar ou perturbar, com-
partilhar, deixar a pessoa expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e a angustia, auxiliar corretamente o doente
a assumir a morte como experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um comportamento idêntico, linguagem, em relação
à informação dada ao doente para não existir contradições, promover a vivência da fase final de vida no domicilio sempre que possível.
O apoio da família também é muito importante Apoio da família, já que a família sempre está presente. A definição de família tem
evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradigmas, no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere-se a dois ou
mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio emocional, físico e econômico. Os membros da família são auto-definidos.”
(Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a unidade primária dos cuidados de saúde.
Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doente em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio
para que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição da dor
e angústia. O familiar do paciente crítico ao ter consciência da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo que está na
UTI, expressa o vazio existencial através de sentimentos como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia e falta de sentido
para viver.
Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do paciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade em
três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).
Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja possível
abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua peculiaridade. Também consideramos ser de fundamental que na interdisci-
plinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de psicoterapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de proporcionar um
espaço de reflexão e expressão dos sentimentos, angústias, medos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emocional e o estresse viven-
ciado pelos familiares, pacientes e outros profissionais nesse momento da internação. Aprendemos que, o momento de hospitalização
significa uma crise para a família, o que causa uma ruptura daquilo que é esperado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto o paciente
que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção, não serão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com seu limite,
com sua fragilidade, com sua impotência, mas também é um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não podemos negar
que aprendemos muito sobre a vida, doença e morte com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos leito ao encontro de pessoas
diferentes, o que acaba por exigir criatividade em nossa prática diária. Cada casa é um casa e vem revestido de particularidades e, é este
o nosso lugar, nosso espaço e nossa função na equipe que requer um exercício de criatividade contínua e, especialmente, de escuta. Em
cada leito com cada doente, com as diferentes doenças e com as diversas famílias, podemos dizer que crescemos.
A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova postura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendizado
mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções e, consequentemente nossas representações. (VALENTE 2008)
363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário de
situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que a triagem
e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos disponíveis. O
princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e iniciadas
as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.
Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci-
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita a
implementação das medidas de preservação da vida.
364
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em even- MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
tos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessida- 1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
des específicas que a instituição de saúde e equipes de trabalho melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. 2 - Humanizar o atendimento;
Por exemplo, o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das ví- 3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.
timas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação
para tal e respaldo da instituição, dar assistência no luto as famílias OBJETIVOS
com a identificação dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as •Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
atividades de cuidado em hospitais de campanha (provisórios) ou gência/emergência;
mesmo coordenar a distribuição dos recursos materiais e humanos • Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
entre as equipes de atendimento. demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempe- • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
nhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento • Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
de possíveis conflitos internos, como o uso dos recursos disponí- da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
veis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes viços de urgência/emergência
particulares dos acidentados e familiares; e de cunho religioso, re-
lacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas, EQUIPE
principalmente nos casos de óbito. Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissio- estagiários.
nais de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem
acontecer em eventos que envolvam um grande número de turis- PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
tas, sendo do próprio país ou estrangeiros. É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros de- médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
vem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for pos- tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do
sível. enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami-
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su- tocolo e classifica o usuário.
perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos
pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para 1 - Apresentação usual da doença;
o atendimento” (BRASIL, 2002). 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na 3 - Situação – queixa principal;
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação etc.);
de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins- 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons-
truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo e dimento)
cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incorporar • Queixa principal
critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a comple- • Início – evolução – tempo de doença
xidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento dos • Estado físico do paciente
usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, di- • Escala de dor e de Glasgow
minuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. A • Classificação de gravidade
Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor orga- • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
nizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e huma-
nizado.
365
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con-
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência do
médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte ence-
fálica, assunto amplamente debatido e acordado com as entidades
médicas.
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser feita
por médicos com capacitação específica, observando o protocolo
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados
critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em
todo o território nacional.
366
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estatísticas
As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole-
tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.
Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.
367
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120
observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natu- compressões por minuto
ralmente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Após as 30 compressões observe se a pessoa está respondendo
Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificul- ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se não
te que a vítima mantenha-se na superfície. volte às compressões;
Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa-
Como ocorre o afogamento? gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me-
Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe lhor resultado;
que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia uma Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência
luta para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, ins- ou até à chegada do socorro.
tantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da respi- Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma parada
ração depende da capacidade física de cada indivíduo. cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos cau-
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma sados ao organismo.
aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias res- Estudos recentes comprovam que a realização de massagem
piratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa con- cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo
tração pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar
afogamento do tipo seco. e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-boca,
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo e salvado muitas vidas.
o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de movi-
mentos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água chegue Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afetada
aos pulmões, levando à perda da substância que promove a abertu- com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local. Se
ra dos alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilidade dos ca- puder mergulhar a queimadura na água, melhor.
pilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão
enche-se completamente de água, o indivíduo perde a consciência,
TÉCNICAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM: SINAIS VITAIS,
sofre parada respiratória e morre.
MENSURAÇÃO DE ALTURA E PESO, ASSEPSIA E CON-
TROLE DE INFECÇÃO. SONDAGENS GÁSTRICA E VESI-
Primeiros socorros em caso de afogamento CAL. OXIGENIOTERAPIA. CURATIVO
Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao
tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua ten-
Fundamentos de Enfermagem
dência é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando salvá-la,
A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos
podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, portanto, é fun-
científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a
damental jogar algo para que ela se segure, como boias e pneus.
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou
planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente,
uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em
vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo-
pessoas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a
nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o
respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem
método adotado, sendo basicamente composta por levantamento
cardíaca. Quando acordada, é importante manter a vítima deitada
de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem,
de lado e aquecida.
plano assistencial e avaliação.
Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades
O que fazer em caso de choque elétrico?
de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser
melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res-
prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção
são vitais para socorrer e salvar a vítima.
de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en-
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com
volver-se no processo.
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima
entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como
importantes informações para a elaboração de um plano assistencial
objetos de borracha ou madeira.
e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a equipe.
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique
A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é
se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum
o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra-
som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a
tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju-
vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória.
da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en-
doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações
quanto espera pela ambulância:
consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de
enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário,
Reanimação cardíaca
tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con-
Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima;
sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit-
privacidade.
madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o
peso do próprio corpo para fazer a compressão;
368
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o das esferas federal, estadual e municipal e os serviços privados, cre-
paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações, denciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar, 80% dos es-
até várias vezes ao dia. tabelecimentos que prestam serviços ao SUS são privados e recebem
Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da atenção ambulato-
as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas, rial, onde 75% da assistência provém de hospitais públicos.
como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas. Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o
Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se
coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente, constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades
formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente,
são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur-
elaboração do plano assistencial de enfermagem. sos são originários de contribuições e doações particulares para a
O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien- prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados
te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos-
enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde, pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren-
sempre que necessário. te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da
Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos diretoria não recebem remuneração.
cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo- Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessi-
dificar ou não o plano inicialmente proposto. ta durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à
O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in- sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos
fecção serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço
O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex-
local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos tensa divisão técnica de trabalho.
fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era prover Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi-
cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregrinos. pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que
Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta- uma das características do processo de produção hospitalar é a in-
belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi-
regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-inter- dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis-
nação, no caso de ambulatório ou outros serviços. tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido
Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala- de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes
res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como biológicos nocivos ao mesmo.
a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in-
habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados
eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes
região com grande população de jovens haja carência de leitos de físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e
maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em outra, elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica-
onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a ne- mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados
cessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica. por microrganismos.
De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis,
classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a
especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres- diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor-
tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, materni- tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten-
dade, ortopedia, entre outras. tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de
Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter-
o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de
como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte, difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva-
de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e
especial, acima de 500 leitos. drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri-
Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os buem para a ocorrência de infecção.
serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida- Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma
des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna-
integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98,
acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim constituí- do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re-
do disponibiliza atendimento integral à população, mediante ações de presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos-
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa-
As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Programa Saú- ciente, os artigos hospitalares e o ambiente.
de da Família) devem funcionar como porta de entrada para o sistema, Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe
reservando-se o atendimento hospitalar para os casos mais complexos deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e
- que, de fato, necessitam de tratamento em regime de internação. controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os
De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou
resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada.
acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terciário.
O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços públicos
369
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Atendendo o paciente no hospital É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a
O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces- pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha-
sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui-
ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que
legal instaurado. lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e
A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à
hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto sua vida e estado de saúde.
significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tempo- O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá
rária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a maioria de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica
das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro, isolamento ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há
social, perda de privacidade e individualidade, sensação de inseguran- uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação,
ça, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa nova situação é em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de
marcada por dificuldades pois, aos fatores acima, soma-se a necessidade leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem-
de seguir regras e normas institucionais quase sempre bastante rígidas -se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, a
e inflexíveis, de entrosar-se com a equipe de saúde, de submeter-se a qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente,
inúmeros procedimentos e de mudar de hábitos. medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen-
O movimento de humanização do atendimento em saúde pro- to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se-
cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan- jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a
do formas de tornar menos agressiva a condição do doente institu- prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado
cionalizado. Embora lenta e gradual, a própria conscientização do de material perfurocortante.
paciente a respeito de seus direitos tem contribuído para tal inten- O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos-
to. Fortes aponta a responsabilidade institucional como um aspecto pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo-
importante, ao afirmar que existe um componente de responsabili- tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos
dade dos administradores de saúde na implementação de políticas tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos
e ações administrativas que resguardem os direitos dos pacientes. de necessidade de transferência para outra instituição de saúde;
Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a
o profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quan-
do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes e eficazes na to aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada
medida em que também passam a ser princípios norteadores da pela equipe.
organização de saúde. Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi-
Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso,
estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis- atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos,
sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura momento em que a participação da equipe multiprofissional é im-
tradicionalmente utilizada no meio hospitalar. portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas.
O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce- Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpe-
re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên- za da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamento,
cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza ter-
para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o minal): teto, paredes, piso e banheiro.
termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe- As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e
lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per-
seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de-
têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das
o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será man- instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en-
tida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma que a cargo dos profissionais de enfermagem.
maioria se reporta ao receptor do cuidado. O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa-
Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar,
de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces- técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde
sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral,
fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equi- em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer-
pe é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais,
realizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a des- orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital.
pertar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe au- Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para
xiliá-lo a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição.
presente e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria, Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo
acompanhando-o em visita às dependências da unidade, orientan- ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor-
do-o sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É tam- tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa-
bém importante solicitar aos familiares que providenciem objetos ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto
de uso pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e va- com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma-
lores nos casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, en-
estado indique a necessidade de tal procedimento. viar os relatórios médico e de enfermagem.
370
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sistema de informação em saúde Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes
Um sistema de informação representa a forma planejada de re- informações:
ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número - Observação do estado geral do paciente, indicando manifesta-
cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter- ções emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, eufo-
net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso ria, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações
e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade cutâ-
dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes. neo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações,
No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor- padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas,
mações através de um sistema informatizado é muito útil porque drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad- - A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para
missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de-
processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo:
outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo- alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem-
ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a
tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi- instalação de cateter de oxigênio;
diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes - A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição, ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma- gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros
nência, etc. também devem ser registrados, como a instalação de solução ve-
As informações do paciente, geradas durante seu período de nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca-
internação, constituirão o documento denominado prontuário, minhamentos e realização de exames externos, bem como outras
o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº ocorrências atípicas na rotina do paciente;
1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados - A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen-
dos cuidados profissionais prestados ao paciente. tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de
O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres-
registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó- tadas ao paciente e familiares;
rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico, - As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes- equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o
tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen- paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua
ter suas informações adequadamente registradas, como também visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro
acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza
necessário. um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor-
Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações
de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui- devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a
ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização, interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se
há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente
vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a so-
informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri- ciedade.
vacidade e sigilo dos dados pessoais.
A seguir, destacamos algumas significativas recomendações
Sistema de informação em enfermagem para maior precisão ao registro das informações:
Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no - os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le-
prontuário do paciente, de todas as observações e assistência pres- gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe-
tada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a
importância do registro reside no fato de que a equipe de enferma- vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre
gem é a única que permanece continuamente e sem interrupções um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen-
ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocor- te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li-
rências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que o registro nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase,
das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura;
cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão, - verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina
a equipe possa acompanhar a evolução do paciente. que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen-
chendo ou completando o cabeçalho, se necessário;
- indicar o horário de cada anotação realizada;
- ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;
- como não se deve confiar na memória para registrar as infor-
mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de
detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho,
371
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado, Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte
observação de intercorrências, recebimento de informação ou to- do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem-
mada de conduta, identificando a hora exata do evento; po de vida junto a Deus ou com o seu destino.
- quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa- Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da
ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e, família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de
portanto, indicativa do referente; inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais.
- jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um en- Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e
gano ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem ra- a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o
surar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas acompanhamento de um membro da família ou um amigo
de que alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em
casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem
informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de
uma única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças
correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administra- humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado,
da uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo.. estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos-
Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um teriormente a prescrição de patologias.
traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada; A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habi-
- distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação; lidades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para
assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter- o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização
ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem
de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente.
ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações
criança .... ou Segundo a nutricionista ....; disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con-
- atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando junto variado de clientes portadores de diversas patologias.
houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos
paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII; as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico.
- organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a
que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico
em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham especializado.
sido anteriormente omitidas; O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag-
- utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu- nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre- baseiam no exame clínico bem realizado.
senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....; Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o
- evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob- foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses
servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne- fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões
nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha
prestada; domínio de diversas informações.
- realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as
horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente fi- mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer-
cou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada; magem e auxiliar de enfermagem.
- registrar todas as medidas de segurança adotadas para prote- Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve-
ger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de compli- sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira-
cações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora; ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada
- assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de
Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do infecções.
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem).
Sistematização da Assistência em Enfermagem
Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan- Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en-
tes e preparo do corpo pós morte tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a
O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre- aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen- Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru-
te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro-
o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos cesso de Enfermagem.
pacientes. As etapas do ato de morrer são: Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in-
Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom-
vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar o panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci-
diagnóstico. sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí- informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró- devidamente registrados no Prontuário do Paciente.
pria família etc.
372
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM 3. Planejamento de Enfermagem
1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma-
conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método,
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa- pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar
ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde.
científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe É aqui que se determinam os resultados esperados e quais
multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi- ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co-
víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos
em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi- de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que,
te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições
do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade. checadas e o registro das ações que foram executadas.
Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a
Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui- 4. Implementação
ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra- A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da
zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição. Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe rea-
Essas ferramentas digitais permitem: lizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane-
–ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma
atualizada, com conteúdo legível; administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe-
–criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in- cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais
consistências; vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa-
–estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos ciente (PEP).
terapêuticos;
–realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges- 5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
tão e assistenciais. Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no
Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática
Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
funciona a metodologia. determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira
As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste- terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas
matização da Assistência de Enfermagem: etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor-
mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma- tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.
gem
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer-
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de magem)
enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro,
e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe- no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência
los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas. prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma-
Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de
Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên- enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter-
cia de Enfermagem (SAE). rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até as ocorrências clínicas.
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa-
pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa- ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos
ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP, fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa
com formulários específicos que direcionam o questionamento da acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en-
enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa- fermagem contempla as seguintes informações:
dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim, Observação do estado geral do paciente, indicando manifes-
é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão,
cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade. euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte-
rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade
2. Diagnóstico de Enfermagem cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen- Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão
diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe- curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri-
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi-
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora- nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia
ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu-
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário. ção de cateter de oxigênio;
373
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que Fatores Patológicos:
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa- Febre - doenças agudas (aceleram)
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso Choque - colapso (diminuem)
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re- Regularidade:
gistrar esse fato e o motivo da negação. Rítmico - bate com regularidade
Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, Arrítmico - bate sem regularidade
como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor-
de material para exames, encaminhamentos e realização de exames mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou
externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa- sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico.
ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- Tipos de Pulso:
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de Bradisfigmico – lento
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- Taquisfígmico – acelerado
tadas ao paciente e familiares; Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos
As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o Volume: cheio ou filiforme.
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so-
Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso
geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por é denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria
ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem
margem a interpretações errôneas. Tensão ou compressibilidade das artérias
Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar Macio – fraco
que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis- Duro – forte
sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.
Terminologia:
Sinais Vitais - Nomocardia: frequência normal
- Bradicardia: frequência abaixo do normal
Pulso - Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico
São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e respi- - Taquicardia: frequência acima do normal
ração permanecem mais ou menos constantes. São chamados “Si- - Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico
nais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade. De-
vido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem exata Material para verificação do pulso:
na sua verificação e anotação. - Relógio com ponteiro de segundos.
374
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Nunca verificar o pulso com as mãos frias; Respiração
- Em caso de dúvida, repetir a contagem; Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos
- Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo-
de sentir o batimento do pulso. no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede
do controle da respiração automática, porém recebe influencias
Temperatura do córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle
A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela voluntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro,
atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo- variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató-
vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo rias.
com temperatura mais ou menos constante, independente das va-
riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda Valores Normais
de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de Recém nascido: 30 a 40 por minuto
perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé- Adulto: 14 a 20 por minuto
rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti-
mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor. Terminologia
Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos - bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal;
provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir- - taquipneia: frequência respiratória acima do normal;
culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta- - dispneia: dificuldade respiratória;
da e perdida na superfície corpórea. - ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
- apneia: parada respiratória;
Alterações Fisiológicas da Temperatura - respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra-
Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi-
respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia.
corporal: - respiração estertorosa: respiração ruidosa.
- sono e repouso
- idade Pressão Arterial
- exercícios físicos A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas
- emoções paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a
- fator hormonal verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou
- em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios. diastólica.
- desnutrição A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car-
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo- díaco; e a diastólica, a menor.
car alterações transitórias da temperatura
- agasalhos A Pressão Arterial depende de:
- fator alimentar - Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado
do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto.
Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem- - Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali-
peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea.
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta. - Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos
figurados do sangue.
Terminologia: A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza- ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
-se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores;
Valores Normais
Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi- Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca, parâmetros:
calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza, - pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg
taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões. - pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg
Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser Terminologia
colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes - hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada;
vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta - hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal
leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a
verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar. Locais para verificação da Pressão Arterial
- nos membros superiores, através da artéria braquial;
Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente - nos membros inferiores, através da artéria poplítea.
- oral: 3 minutos
- axilar: 03 a 05 minutos
- retal: 3 minutos
375
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mensuração da Altura e do Peso Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento
A altura e o peso normalmente são verificados quando existe do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda
solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na progressiva das fontes energéticas.
maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci-
peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia. mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor-
Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de nando-se progressivamente arroxeadas.
peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica. Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (putrefa-
ção). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas bacté-
Terminologia rias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, odor
Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar- muito forte e mudanças de coloração.
mazenamento de gordura; Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e
- caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição. musculatura, ficando somente ossos.
Observações Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes:
- pesar, de preferência sempre no mesmo horário; A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente
- pesar com mínimo de roupa; em estado de coma.
- pesar, se possível, antes do desjejum.
O processo de enfermagem proposto por Horta (1979), é o
Sinais Iminentes de Falecimentos: conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando
- Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir- principalmente a assistência ao cliente. Eleva a competência técni-
regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese ca da equipe e padroniza o atendimento, proporcionando melhoria
abundante; das condições de avaliação do serviço e identificação de problemas,
- Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração permitindo assim os estabelecimentos de prioridade para interven-
torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se- ção direta do enfermeiro no cuidado. O processo de enfermagem
creção; pode ser denominado como SAE (Sistematização da Assistência de
- Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e Enfermagem) e deve ser composto por Histórico de Enfermagem,
do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração, Exame Físico, Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem. Assim, a
incontinência fecal e constipação. Evolução de Enfermagem, é efetuada exclusivamente por enfermei-
- Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo- ros. O relatório de enfermagem, que são observações, podem ser
vimentos; realizados por técnicos de enfermagem. Em unidades críticas como
- Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária; uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a evolução de enfermagem
- Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare- deve ser realizada a cada turno do plantão, contudo em unidades
cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer. semi-críticas, como uma Clínica Médica e Cirúrgica, o número exi-
- Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri- gido de evolução em vinte e quatro horas é de apenas uma, já os
ma, que significa perda do tônus muscular. relatórios, devem ser redigidos á cada plantão.
376
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Métodos de Avaliação Física: A Prescrição de Enfermagem deve ter as seguintes característi-
- Inspeção: Exame visual do paciente para detectar sinais fí- cas: data, hora de sua elaboração e assinatura do enfermeiro. Deve
sicos significativos. Reconhecer as características físicas normais, ser escrita com uso de verbos que indiquem uma ação e no infiniti-
para então passar a distinguir aquilo que foge da normalidade. Ilu- vo; deve definir quem , o que , onde, quando e com que freqüência
minação adequada e exposição total da parte do corpo para exame ocorrerão as atividades propostas; deve ser individualizada e dire-
são fatores essenciais para uma boa inspeção. Cada área deve ser cionada aos diagnósticos de enfermagem específicos do cliente,
inspecionada quanto ao tamanho, aparência, coloração, simetria, tornando o cuidado eficiente e eficaz. A seqüência das prescrições
posição, e anormalidade. Se possível cada área inspecionada deve deve obedecer à seguinte ordem: a primeira é elaborada logo após
ser comparada com a mesma área do lado oposto do corpo. o histórico, e as demais sempre após cada evolução diária, tendo
- Palpação: Avaliação adicional das partes do corpo realizada assim validade de 24 horas. Para a primeira prescrição, portanto,
pelo sentido do tato. O profissional utiliza diferentes partes da mão toma-se como base o histórico de enfermagem, e as demais de-
para detectar características como textura, temperatura e percep- verão seguir o plano da evolução diária, fundamentado em novos
ção de movimentos. O examinador coloca sua mão sobre a área a diagnósticos e análise. Entretanto, será acrescentada nova prescri-
ser examinada e aprofunda cerca de 1 cm. Qualquer área sensível ção sempre que a situação do cliente requerer. Existem vários tipos
localizada deverá ser examinada posteriormente mais detalhada- de prescrição de enfermagem. As mais comuns são as manuscritas,
mente. O profissional avalia posição, consistência e turgor através documentadas em formulários específicos dirigidos a cada cliente
de suave compressão com as pontas dos dedos na região do exa- e individualmente. Um outro tipo é a prescrição padronizada , ela-
me. Após aplicação da palpação suave, intensifica-se a pressão para borada em princípios científicos, direcionada às características da
examinar as condições dos órgãos do abdômen, sendo que deve ser clientela específica, reforçando a qualidade do planejamento e im-
pressionado a região aproximadamente 2,5 cm. A palpação profun- plementação do cuidado. É deixado espaço em branco destinado à
da pode ser executada com uma das mãos ou com ambas. elaboração de prescrições mais específicas ao cliente. A implemen-
- Percussão: Técnica utilizada para detectar a localização, tama- tação das ações de enfermagem deve ser guiada pelas prescrições
nho e densidade de uma estrutura subjacente. O examinador de- que por sua vez são planejadas a partir dos diagnósticos de enfer-
verá golpear a superfície do corpo com um dos dedos, produzindo magem, sendo que a cada diagnóstico corresponde uma prescrição
uma vibração e um som. Essa vibração é transmitida através dos de enfermagem.
tecidos do corpo e a natureza do som vai depender da densidade
do tecido subjacente. Um som anormal sugere a presença de massa Necessidade de Proteção e Segurança
ou substância, tais como líquido dentro de um órgão ou cavidade do
corpo. A percussão pode ser feita de forma direta (envolve um pro- Lavagem Simples Das Mãos
cesso de golpeamento da superfície do corpo diretamente com os a) Conceito: é o procedimento mais importante na prevenção e
dedos) e indireta (coloca-se o dedo médio da mão não dominante no controle das infecções hospitalares, devendo este procedimento
sobre a superfície do corpo examinado sendo a base da articulação ser rotina para toda a equipe multiprofissional, sendo o objetivo
distal deste dedo golpeada pelo dedo médio da mão dominante do desta técnica reduzir a transmissão cruzada de microorganismos
examinador). A percussão produz 5 tipos de som: Timpânico: Se- patogênicos entre doentes e profissionais.
melhante a um tambor - gases intestinais; Ressonância: Som surdo
- pulmão normal; Hiper-ressonância: Semelhante a um estrondo – b) Quando lavar as mãos:
pulmão enfisematoso; Surdo: Semelhante a uma pancada surda – - ao chegar à unidade de trabalho;
fígado; Grave: Som uniforme – músculos. - sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas;- antes e
- Ausculta: Processo de ouvir os sons gerados nos vários órgãos após contactar com os doentes;
do corpo. As 4 características de um som são a freqüência ou altura, - antes de manipular material esterilizado.
intensidade ou sonoridade, qualidade e duração. - após contatos contaminantes (exposição a fluidos orgânicos);
- após contactar com materiais e equipamentos que rodeiam o
Diagnóstico e prescrição de enfermagem doente;- antes e após realizar técnicas sépticas (médica - contami-
O Diagnóstico de Enfermagem está baseado na Teoria da Ne- nada) e assépticas (cirúrgica – não contaminada);
cessidades Humanas Básicas, preconizadas por Wanda Horta (1979) - antes e após utilizar luvas de procedimento;
e pela Classificação Diagnóstica da NANDA (North American Nur- - após manusear roupas sujas e resíduos hospitalares;
sing Diagnosis Association). A fase de diagnóstico está presente em - depois da utilização das instalações sanitárias.
todas as propostas de processo de enfermagem. Porém, freqüen- - após assoar o nariz.
temente, termina por receber outras denominações tais como:
problemas do cliente, lista de necessidades afetadas. Este fato gera c)Técnica:
inúmeras interpretações acerca do que se constitui um diagnóstico - devem ser retirados todos os objetos de adorno, incluindo
de enfermagem e contribui para aumentar as lacunas de conhe- pulseiras. Para a realização da técnica, deve-se utilizar sabão liquido
cimento sobre as ações de enfermagem, provoca interpretações com pH neutro;
dúbias no processo de comunicação inter-profissional, caracteri- - abrir a torneira com a mão não dominante;
zando a falta de sistematização do conhecimento na enfermagem - molhar as mãos;
e abalando a autonomia e a responsabilidade profissional. Aparece - aplicar uma quantidade suficiente de sabão cobrindo com es-
em três contextos: raciocínio diagnóstico, sistemas de classificação puma toda a superfície das mãos;
e processo de enfermagem. O raciocínio diagnóstico envolve três - esfregar com movimentos circulatórios: palmas, dorso, inter-
tipos de atividades: coleta de informações, interpretação e denomi- digitais, articulações, polegar, unhas e punhos
nação ou rotulação. - enxaguar as mãos em água corrente e secar com papel toalha
- se a torneira for de encerramento manual, utilizar o papel toa-
lha para fechá-la.
377
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mecânica Corporal Posicionamento do Paciente:
a) Conceito: Esforço coordenado dos sistemas músculoes- a) Conceito: É o alinhamento corporal de um paciente. Pacien-
quelético e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura e tes que apresentam alterações dos sistemas nervoso, esquelético
alinhamento corporal, durante a inclinação, movimentação, levan- ou muscular, assim como, maior fraqueza e fadiga, freqüentemen-
tamento de carga e execução das atividades diárias. Facilita o movi- te necessitam da assistência do profissional de enfermagem para
mento para que uma pessoa possa executar atividades físicas sem atingir o alinhamento corporal adequado enquanto deitados ou
usar desnecessariamente sua energia muscular. sentados.
b) Posição de Fowler: A cabeceira do leitoé elevada a um ângu-
b) Como assistir o paciente utilizando-se os princípios da Me- lo de 45º a 60º e os joelhos do paciente devem estar ligeiramente
cânica Corporal: elevados, sem apresentar pressão que possa limitar a circulação das
Alinhamento: Condições das articulações, tendões, ligamentos pernas.
e músculos em várias partes do corpo. O alinhamento correto reduz c) Posição de Supinação (dorsal): A cabeceira do leito deve es-
a distensão das articulações, tendões, ligamentos e músculos. tar na posição horizontal. Nesta posição, a relação entre as partes
Equilíbrio do corpo: Realçado pela postura. Quanto melhor a do corpo é essencialmente a mesma que em uma correta posição
postura, melhor é o equilíbrio. Aumentar a base de suporte , afas- de alinhamento em pé, exceto pelo corpo estar no plano horizontal.
tando-se os pés a uma certa distância. Quando agachar dobrar os d) Posição de Pronação (decúbito ventral): O paciente estará
joelhos e flexionar os quadris, mantendo a coluna ereta. posicionado de bruços.
e) Posição Lateral (Direito ou Esquerdo): O paciente está dei-
Movimento Corporal Coordenado: O profissional usa uma va- tado sobre o lado, com maior parte do peso do corpo apoiada nos
riedade de grupos musculares para cada atividade de enfermagem. quadris e ombro. As curvaturas estruturais da coluna devem ser
A forças físicas de peso e atrito podem refletir no movimento cor- mantidas. A cabeça deve ser apoiada em uma linha mediana do
poral, e quando corretamente usadas, aumentam a eficiência do tronco e a rotação da coluna deve ser evitada.
trabalho do profissional. Caso contrário, pode prejudicá-lo na tarefa e) Posição de Sims: Nesta posição o peso do paciente é coloca-
de erguer, transferir e posicionar o paciente. O atrito é uma força do no ílio anterior, úmero e clavícula.
que ocorre no sentido oposto ao movimento. Quanto maior for a f) Posição de Trendelemburgue: posição adotada onde as pernas e
área da superfície do objeto, maior é o atrito. Quando o profissional a bacia ficam em um nível mais elevado que o tórax e a cabeça.
transfere, posiciona ou vira o paciente no leito, o atrito deve ser Em todas as posições que o paciente se encontrar, o profissio-
vencido. Um paciente passivo ou imobilizado produz maior atrito nal deve avaliar e corrigir quaisquer pontos potenciais de problemas
na movimentação. que se apresentem como hiperextensão do pescoço, hiperextensão
da coluna lombar, flexão plantar, assim como, pontos de pressão
Como utilizar adequadamente o movimento corporal coorde- em proeminências ósseas como queixo, cotovelos, quadris, região
nado: sacra , joelhos e calcâneos.
- Se o paciente não for capaz de auxiliar na sua movimentação
no leito, seus braços devem ser colocados sobre o peito, diminuin- Mudança de Posição e Transporte do paciente debilitado
do a área de superfície do paciente; a) Conceito: A posição correta do paciente é crucial para a ma-
- Quando possível o profissional deve usar a força e mobilidade nutenção do alinhamento corporal adequado. Qualquer paciente
do paciente ao levantar, transferir ou movê-lo no leito. Isto pode cuja mobilidade esteja reduzida, corre o risco de desenvolvimen-
ser feito explicando o procedimento e dizendo ao paciente quando to de contraturas, anormalidades posturais e locais de pressão. O
se mover; profissional tem a responsabilidade de diminuir este risco, incenti-
- O atrito pode ser reduzido se levantar o paciente em vez de vando, auxiliando ou mudando o posicionamento do paciente pelo
empurrá-lo. Levantar facilita e diminui a pressão entre o paciente e menos à cada 3 horas.
o leito ou cadeira. O uso de um lençol para puxar o paciente diminui
o atrito porque ele é facilmente movido ao longo da superfície do b) Técnica de Movimentação do paciente dependente no leito
leito. (realizada no mínimo por 2 profissionais):
- Mover um objeto sobre uma superfície plana exige menos es- - Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili-
forço do que movê-lo sobre uma inclinada; dade e tolerância às atividades;
- Trabalhar com materiais que se encontram sobre uma super- - Realizar a lavagem simples das mãos;
fície em um bom nível para o trabalho exige menos esforço que - Explicar ao paciente o que será feito;
levantá-los acima desta superfície; - Propiciar privacidade ao paciente;
- Variações das atividades e posições auxiliam a manter o tono - Utilizar os princípios de mecânica corporal;
muscular e a fadiga; - Retirar travesseiros e coxins utilizados previamente;
- Períodos de atividade e relaxamento ajudam a evitar a fadiga; - Posicionar o leito em posição horizontal;
- Planejar a atividade a ser realizada, pode ajudar a evitar a - Baixar grades do leito
fadiga; -Alinhar o paciente na posição de escolha, utilizando-se os prin-
- O ideal é que todos os profissionais que estejam posicionando cípios de mecânica corporal;
o paciente tenham pesos similares. Se os centros de gravidade dos - Manter paciente centralizado no leito;
profissionais estiverem no mesmo plano, estes podem levantar o - Colocar travesseiro sob a cabeça na região dorsal costal supe-
paciente como uma unidade equilibrada. rior (na altura da escápula);
- Colocar coxins e travesseiros sob proeminências ósseas;
- Certificar-se de que o paciente está confortável;
- Manter a unidade em ordem;
- Realizar a lavagem simples das mãos
378
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Cadeira - Reunir os materiais e equipamentos necessários: Cânula nasal
(Técnica realizada no mínimo por 2 profissionais): ou cateter nasal ou máscara facial; tubo de oxigênio; umidificador;
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili- água estéril; fonte de oxigênio com fluxímetro; luvas de procedi-
dade e tolerância às atividades; mento.
- Realizar a lavagem simples das mãos; - Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
- Explicar ao paciente o que será feito; - Realizar a lavagem simples das mãos;
- Propiciar privacidade ao paciente; - Calçar luvas de procedimento;
- Utilizar princípios de mecânica corporal; - Conectar a cânula nasal (medir no paciente o posicionamento
- Manter cadeira de rodas próxima do leito, com freios travados da cânula : lóbulo da orelha a ponta do nariz) ou cateter nasal ou
e apoios para os pés removidos; máscara facial, ao tubo de oxigênio e a uma fonte de oxigênio umi-
- Travar os freios da cama; dificada, calibrada na taxa de fluxo desejada;
- Ajudar o paciente a sentar-se no leito; - Introduzir as extremidades do cateter nasal ás narinas do pa-
- Aguardar recuperação de queda de pressão arterial; ciente ou posicionar a cânula nasal ou máscara facial;
- Auxiliar o paciente a ficar em pé, segurando o paciente firme- - Ajustar a fita elástica na fronte até que o cateter nasal ou más-
mente pelos braços e mantendo as mãos do paciente apoiada nos cara facial esteja perfeitamente adaptado e confortável ou fixar a
ombros do profissional; cânula nasal à face ou região frontal do paciente;
- Sentar o paciente na cadeira de rodas; - Manter o tubo de oxigênio com folga suficiente e prendê-lo às
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável; roupas do paciente;
- Manter a unidade em ordem; - Manter o recipiente do umidificador com água no nível deli-
- Realizar a lavagem simples das mãos mitado;
- Manter o fluxo de oxigênio conforme prescrição médica;
d) Técnica de Transferência do Paciente do Leito para a Maca - Observar narinas e superfície superior das orelhas à cada 6
(Técnica realizada por 3 profissionais): horas (verificar se há laceração de pele);
- Avaliar o paciente quanto ao nível de força muscular, mobili- - Certificar-se de que o paciente está confortável;
dade e tolerância às atividades; - Manter a unidade em ordem;
- Realizar a lavagem simples das mãos; - Retirar luvas de procedimento;
- Explicar ao paciente o que será feito; - Realizar a lavagem simples das mãos;
- Propiciar privacidade ao paciente; - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente.
- Utilizar princípios de mecânica corporal;
- Posiciona-se ao lado do leito do paciente, cada um respon- Necessidades Nutricionais
sabilizando-se por uma determinada parte do corpo, sendo o mais
alto pela cabeça e ombros, o mediano pelos quadris e coxas e o Alimentação por via enteral
mais baixo pelos tornozelos e pés; a)Conceito: É a alimentação por sonda a pacientes que são in-
- Girar o paciente em direção ao tórax dos levantadores; capazes de pôr o alimento na boca, mastigar ou engolir, mas que
- Contar até três em sincronia e elevar o paciente junto ao tórax são capazes de digeri-lo e absorvê-lo. As sondas de alimentação
dos levantadores; podem ser colocadas no esôfago, estômago ou região alta do intes-
- Colocar o paciente suavemente sobre o centro da maca; tino delgado. A sonda pode ser inserida através do nariz, da boca
- Certificar-se de que o paciente está seguro e confortável (le- ou cirurgicamente implantada. A alimentação via sonda pode ser
vantar grades, colocar faixas de segurança) ; administrada em bolo ou por gotejamento lento constante, que flui
- Manter a unidade em ordem; pelo efeito da gravidade, controlada por uma bomba de infusão. A
- Realizar a lavagem simples das mãos alimentação lenta e constante aumenta absorção e reduz a diarréia.
A sondagem nasoenteral está indicada em pacientes clínicos graves,
Necessidades de Oxigenação entubados e sedados;
Administração de Oxigênio por Cateter Nasal (tipo óculos), Câ-
nula Nasal ou Máscara Facial: Inserção de Sonda Nasogátrica
a) Conceito: É a administração de oxigênio à razão de 3 a 5 li- - Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja
tros por minuto por cateter nasal, cânula nasal ou máscara facial. O contendo: Sonda nasogástrica com numeração apropriada; copo
cateter nasal é um dispositivo simples introduzido nas narinas do com água; estetoscópio, seringa de 20 ml; cuba rim; esparadrapo
paciente. A cânula nasal pode ser introduzida pelo nariz até a naso- ou microporen; lubrificante hidrossolúvel; luvas de procedimento;
faringe, sendo necessário a alternância à cada 8 horas no mínimo. A pacote com folhas de gase;.saco de lixo;
máscara facial é um dispositivo que se adapta perfeitamente sobre - Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;
o nariz e boca, sendo mantida em posição com auxílio de um fita. - Colocar o paciente em posição apropriada (Fowler)
Máscara facial simples é usada na oxigenioterapia a curto prazo. - Realizar a lavagem simples das mãos;
Máscara facial de plástico com reservatório e máscara de Venturi, - Calçar luvas de procedimento;
são capazes de fornecer concentrações de oxigênio mais elevadas - Medir a sonda no paciente: a partir do terceiro furo medir a
sonda na distância da ponta do nariz até o lóbulo da orelha; medir a
b) Técnica: distância do lóbulo da orelha até o apêndice xifóide e demarcar esta
- Avaliar o paciente e verificar se existem sinais e sintomas su- medida com fita (aproximadamente 45 a 55 cm);
gestivos de hipóxia ou presença de secreções nas vias aéreas; - Lubrificar a sonda com lubrificante hidrossolúvel;
- Aspirar paciente, se necessário; - Orientar o paciente pedindo para que engula a sonda quando
solicitado;
379
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Fletir o pescoço do paciente quando o mesmo não puder aju- - Paciente feminino: Antissepsia na seguinte seqüência : púbis;
dar no procedimento; vulva: grandes lábios, pequenos lábios e por último meato uretral;
- Introduzir a sonda até a demarcação estabelecida; - Retirar luvas de procedimento;
- Testar a sonda para verificação do posicionamento: Aspirar - Sobre o pacote estéril que está aberto : abrir sonda de folley,
conteúdo gástrico; administrar 20 ml de ar e auscultar o epigástrio bolsa coletora sistema fechado e seringa de 10 ml; colocar xylocaína
buscando o som de entrada de ar; colocar a extremidade da sonda geléia sobre folhas de gaze;
aberta num copo com água, se a água não borbulhar a sonda está - Calçar luvas estéril;
posicionada adequadamente; - Colocar campo fenestrado sobre a genitália do paciente, man-
- Fixar e identificar a sonda; tendo em evidência a exposição da uretra;
- Manter a sonda fechada; excetuando-se em casos de drena- - Introduzir na seringa descartável 10 ml de ar e testar o balo-
gem gástrica; nete da sonda de folley;
- Certificar-se de que o paciente está confortável; - Conectar sonda de folley a bolsa coletora de urina;
- Manter a unidade em ordem; - Lubrificar a sonda de folley com xylocaína geléia;
- Retirar luvas de procedimento; - Segurar a sonda com a mão dominante, colocando a bolsa
- Realizar a lavagem simples das mãos; coletora sobre as pernas do paciente;
- Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente. - Com a mão não dominante, nos homens segurar o pênis per-
pendicular ao abdomen e nas mulheres abrir a genitália, eviden-
Necessidade de Eliminação Urinária ciando a uretra;
- Introduzir toda a sonda no meato uretral;
Cateterismo Vesical de Demora - Preencher o balonete com 10 ml de água destilada;
a) Conceito: É a inserção de um cateter na bexiga através da - Tracionar a sonda;
uretra, indicado para aliviar desconforto por distensão vesical - Fixar a sonda na coxa do paciente;
quando ocorre obstrução na saída do fluxo de urina por dilatação - Retirar luvas estéreis;
da próstata, ou por coágulos de sangue; nas retenções urinárias - Calçar luvas de procedimento;
grave por episódios recorrentes de infecção do aparelho urinário; - Organizar a unidade;
nos casos em que há incapacidade de esvaziar a bexiga espontanea- - Identificar a bolsa coletora com data e hora da inserção da
mente; para monitorar débito urinário nos quadros clínicos graves; sonda e assinatura;
cirurgias do trato urinário ou de suas partes; cirurgias que exijam - Manter a sonda aberta para drenagem;
anestesias em doses maiores; controlar incontinência urinária e nos - Certificar-se de que o paciente está confortável e a unidade
pacientes acometidos por doença terminal. em ordem;
- Realizar a lavagem simples das mãos;
b) Técnica - Realizar checagem e anotações no prontuário do paciente
- Reunir os materiais e equipamentos necessários: Bandeja
contendo: Pacote estéril para cateterização vesical contendo: cuba A Enfermagem, reconhecida por seu respectivo conselho pro-
redonda; cuba rim; pinça para antissepsia, folhas de gaze, torundas fissional, é uma profissão que possui um corpo de conhecimentos
ou bolas de algodão; campo fenestrado; almotolia contendo povi- próprios, voltados para o atendimento do ser humano nas áreas de
dine tópico; 2 seringas descartáveis de 10 ml; 1 agulha 40X12; 1 promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com-
ampola de água destilada 10 ml; sonda de follley com numeração posta pelo enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem.
apropriada; coletor de urina sistema fechado; esparadrapo ou mi- A Enfermagem realiza seu trabalho em um contexto mais am-
croporen; xylocaína geléia; luvas de procedimento; 1 par de luvas plo e coletivo de saúde, em parceria com outras categorias pro-
estéril com numeração apropriada; pacote com folhas de gase; saco fissionais representadas por áreas como Medicina, Serviço Social,
de lixo; material para higiene íntima, se necessário. Fisioterapia, Odontologia, Farmácia, Nutrição, etc. O atendimento
- Promover ambiente reservado ao paciente; integral à saúde pressupõe uma ação conjunta dessas diferentes ca-
- Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; tegorias, pois, apesar do saber específico de cada uma, existe uma
- Colocar o paciente em posição anatômica (nas mulheres po- relação de interdependência e complementaridade.
sição ginecológica); Nos últimos anos, a crença na qualidade de vida tem influen-
- Realizar a lavagem simples das mãos; ciado, por um lado, o comportamento das pessoas, levando a um
- Calçar luvas de procedimento; maior envolvimento e responsabilidade em suas decisões ou esco-
- Montar 1 seringa descartável com 10 ml de água destilada lhas; e por outro, gerado reflexões em esferas organizadas da socie-
- Abrir pacote estéril para cateterização vesical; dade - como no setor saúde, cuja tônica da promoção da saúde tem
- Retirar do pacote pinça de antissepsia e cuba redonda; direcionado mudanças no modelo assistencial vigente no país. No
- Colocar torundas ou bolas de algodão e povidine tópico na campo do trabalho, essas repercussões evidenciam-se através das
cuba redonda; constantes buscas de iniciativas públicas e privadas no sentido de
- Realizar a antissepsia da genitália respeitando os princípios de melhor atender às expectativas da população, criando ou transfor-
assepsia (do mais distante para o mais próximo, de cima para bai- mando os serviços existentes.
xo), utilizando para cada área os quatro lados da torunda ou bolas No tocante à enfermagem, novas frentes de atuação são cria-
de algodão; das à medida que essas transformações vão ocorrendo, como sua
- Paciente masculino: Antissepsia na seguinte seqüência: púbis; inserção no Programa Saúde da Família (PSF), do Ministério da Saú-
corpo do pênis; retração do prepúcio; limpeza da glande , por últi- de; em programas e serviços de atendimento domiciliar, em pro-
mo meato uretral; cesso de expansão cada vez maior em nosso meio; e em programas
de atenção a idosos e outros grupos específicos.Quanto às ações
e tarefas afins efetivamente desenvolvidas nos serviços de saúde
380
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pelas categorias de Enfermagem no país, estudos realizados pela fissional, convém evitar contato direto com as secreções, mediante
ABEn e pelo INAMPS as agrupam em cinco classes, com as seguintes o uso de luvas de procedimento. Após a higiene bucal, colocar o pa-
características: ciente numa posição adequada e confortável, e manter o ambiente
- Ações de natureza propedêutica e terapêutica complementa- em ordem.
res ao ato médico e de outros profissionais, as ações propedêuticas Anotar, no prontuário, o procedimento, reações e anormalida-
complementares referem-se às que apóiam o diagnóstico e o acom- des observadas.
panhamento do agravo à saúde, incluindo procedimentos como a O paciente que faz uso de prótese dentária (dentadura) tam-
observação do estado do paciente, mensuração de altura e peso, bém necessita de cuidados de higiene para manter a integridade
coleta de amostras para exames laboratoriais e controle de sinais da mucosa oral e conservar a prótese limpa. De acordo com seu
vitais e de líquidos. As ações terapêuticas complementares assegu- grau de dependência, a enfermagem deve auxiliá-lo nesses cuida-
ram o tratamento prescrito, como, por exemplo, a administração de dos. A higiene compreende a escovação da prótese e limpeza das
medicamentos e dietas enterais, aplicação de calor e frio, instalação gengivas, bochechas, língua e lábios - com a mesma freqüência in-
de cateter de oxigênio e sonda vesical ou nasogástrica; dicada para as pessoas que possuem dentes naturais. Por sua vez,
- Ações de natureza terapêutica ou propedêutica de enferma- pacientes inconscientes não devem permanecer com prótese den-
gem, são aquelas cujo foco centra-se na organização da totalidade tária. Nesses casos, o profissional deve acondicioná-la, identificá-la,
da atenção de enfermagem prestada à clientela. Por exemplo, ações realizando anotação de enfermagem do seu destino e guardá-la em
de conforto e segurança, atividades educativas e de orientação; local seguro ou entregá-la ao acompanhante, para evitar a possibili-
- Ações de natureza complementar de controle de risco, são dade de ocorrer danos ou extravio. A mesma orientação é recomen-
aquelas desenvolvidas em conjunto com outros profissionais de dada para os pacientes encaminhados para cirurgias. Ao manipular
saúde, objetivando reduzir riscos de agravos ou complicações de a dentadura, a equipe de enfermagem deve sempre utilizar as luvas
saúde. Incluem as atividades relacionadas à vigilância epidemioló- de procedimento.
gica e as de controle da infecção hospitalar e de doenças crônico-
-degenerativas; Realizando o banho
- Ações de natureza administrativa, nessa categoria incluem-se Os hábitos relacionados ao banho, como frequência, horário e
as ações de planejamento, gestão, controle, supervisão e avaliação temperatura da água, variam de pessoa para pessoa. Sua finalidade
da assistência de enfermagem; precípua, no entanto, é a higiene e limpeza da pele, momento em
- Ações de natureza pedagógica, relacionam-se à formação e que são removidas células mortas, sujidades e microrganismos ade-
às atividades de desenvolvimento para a equipe de enfermagem. ridos à pele. Os movimentos e a fricção exercidos durante o banho
estimulam as terminações nervosas periféricas e a circulação san-
CUIDADOS COM O PACIENTE guínea. Após um banho morno, é comum a pessoa sentir-se confor-
Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as ne- tável e relaxada.
cessidades de: conforto, segurança e bem-estar, higiene e seguran- A higiene corporal pode ser realizada sob aspersão (chuveiro),
ça ambiental imersão (banheira) ou ablução (com jarro banho de leito). O au-
tocuidado deve ser sempre incentivado Assim, deve-se avaliar se
Higienizando a boca o paciente tem condições de se lavar sozinho. Caso seja possível,
A higiene oral freqüente reduz a colonização local, sendo im- todo o material necessário à higiene oral e banho deve ser colocado
portante para prevenir e controlar infecções, diminuir a incidência na mesa-de-cabeceira ou carrinho móvel do lado da cama, da for-
de cáries dentárias, manter a integridade da mucosa bucal, evitar ma que for mais funcional para o paciente. A enfermagem deve dar
ou reduzir a halitose, além de proporcionar conforto ao paciente. apoio, auxiliando e orientando no que for necessário.
Em nosso meio, a maioria das pessoas está habituada a escovar os Para os pacientes acamados, o banho é dado no leito, pelo
dentes - pela manhã, após as refeições e antes de deitar - e quando pessoal de enfermagem. Convém ressaltar que a grande maioria
isso não é feito geralmente experimenta a sensação de desconfor- deles considera essa situação bastante constrangedora, pois a in-
to. n Higienizando a boca Material necessário: bandeja escova de capacidade de realizar os próprios cuidados desperta sentimentos
dentes ou espátula com gazes creme dental, solução dentifrícia ou de impotência e vergonha, sobretudo porque a intimidade é inva-
solução bicarbonatada copo com água (e canudo, se necessário) dida. A compreensão de tal fato pelo profissional de enfermagem,
cuba-rim toalha de rosto lubrificante para os lábios, se necessário demonstrada ao prover os cuidados de higiene, ajuda a minimizar
luvas de procedimento. o problema e atitudes como colocar biombos e mantê-lo coberto
Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a própria higiene. durante o banho, expondo apenas o segmento do corpo que está
Se isto for possível, colocar o material ao seu alcance e auxiliá-lo sendo lavado, são inegavelmente mais valiosas do que muitas pala-
no que for necessário. Caso contrário, com o material e o ambiente vras proferidas.
devidamente preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar Quando do banho, expor somente um segmento do corpo de
a cabeceira da cama se não houver contra-indicação e proteger o cada vez, lavando-o com luva de banho ensaboada, enxaguando-o
tórax do mesmo com a toalha, para que não se molhe durante o - tendo o cuidado de remover todo o sabão - e secando-o com a
procedimento toalha de banho. Esse processo deve ser repetido para cada seg-
Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a mento do corpo.
higiene bucal, compete ao profissional de enfermagem lavar-lhe os A secagem deve ser criteriosa, principalmente nas pregas cutâ-
dentes, gengivas, bochechas, língua e lábios com o auxílio de uma neas, espaços interdigitais e genitais, base dos seios e do abdome
espátula envolvida em gaze umedecida em solução dentifrícia ou em obesos - evitando a umidade da pele, que propicia proliferação
solução bicarbonatada a qual deve ser trocada sempre que neces- de microrganismos e pode provocar assaduras. Procurando estimu-
sário. Após prévia verificação, se necessário, aplicar um lubrificante lar a circulação, os movimentos de fricção da pele devem preferen-
para prevenir rachaduras e lesões que facilitam a penetração de cialmente ser direcionados no sentido do retorno venoso.
microrganismos e dificultam a alimentação. Para a proteção do pro-
381
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na higiene íntima do sexo feminino, a limpeza deve ser realiza- Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem
da no sentido ântero-posterior; no masculino, o prepúcio deve ser ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuida-
tracionado, favorecendo a limpeza do meato urinário para a base da dos necessários de acordo com o grau de dependência existente.
glande, removendo sujidades (pêlos, esmegma, urina, suor) e ini- Por exemplo, visando manter o conforto do paciente e incentivá-lo
bindo a proliferação de microrganismos. A seguir, recobrir a glande a comer, oferecer-lhe o alimento na boca, na ordem de sua prefe-
com o prepúcio. Durante todo o banho o profissional de enferma- rência, em porções pequenas e dadas uma de cada vez. Ao término
gem deve observar as condições da pele, mucosas, cabelos e unhas da refeição, servir-lhe água e anotar a aceitação da dieta no pron-
do paciente, cuidando para mantê-lo saudável. Ao término do ba- tuário.
nho, abaixar a cabeceira da cama e deixar o paciente na posição em Durante o processo, proteger o tórax do paciente com toalha
que se sinta mais confortável, desde que não haja contra-indicação. ou guardanapo, limpando-lhe a boca sempre que necessário, são
Avaliar as possibilidades de colocá-lo sentado na poltrona. Provi- formas de manter a limpeza. Ao final, realizar a higiene oral. Visan-
denciar o registro das condições do paciente e de suas reações. do evitar que o paciente se desidrate, a enfermagem deve observar
o atendimento de sua necessidade de hidratação. Desde que não
Lavando os cabelos e o couro cabeludo haja impedimento para que receba líquidos por via oral, cabe ao
A lavagem dos cabelos e do couro cabeludo visa proporcio- Serviço de Nutrição e Dietética fornecer água potável em recipiente
nar higiene, conforto e estimular a circulação do couro cabeludo. apresentável e de fácil limpeza, com tampa, passível de higienização
Quando o paciente não puder ser conduzido até o chuveiro, esta e reposição diária, para evitar exposição desnecessária e possível
tarefa deve ser realizada no leito. O procedimento a seguir descrito contaminação. Nem sempre os pacientes atendem adequadamen-
é apenas uma sugestão, considerando-se que há várias formas de te à necessidade de hidratação, por falta de hábito de ingerir sufi-
realizá-lo. Material necessário: dois jarros com água morna sabão ciente quantidade de água fato que, em situações de doença, pode
neutro ou xampu duas bolas de algodão pente toalha grande de levá-lo facilmente à desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico.
banho (duas, caso necessário) balde bacia luvas de procedimento Considerando tal fato, é importante que a enfermagem o oriente e
impermeável / saco plástico incentive a tomar água, ou lhe ofereça auxílio se apresentar dificul-
dades para fazê-lo sozinho. A posição sentada é a mais conveniente,
Cuidados com a alimentação e hidratação porém, se isto não for possível, devese estar atento para evitar aspi-
Como sabemos, a alimentação é essencial para nossa saúde e ração acidental de líquido.
bem-estar. O estado nutricional interfere diretamente nos diversos
processos orgânicos como, por exemplo, no crescimento e desen- Nutrição enteral
volvimento, nos mecanismos de defesa imunológica e resposta às Desde que a função do trato gastrintestinal esteja preservada,
infecções, na cicatrização de feridas e na evolução das doenças. a nutrição enteral (NE) é indicada nos casos em que o paciente está
A subnutrição consequente de alimentação insuficiente, dese- impossibilitado de alimentar-se espontaneamente através de re-
quilibrada ou resultante de distúrbios associados à sua assimilação feições normais. A nutrição enteral consiste na administração de
- vem cada vez mais atraindo a atenção de profissionais de saúde nutrientes por meio de sondas nasogástrica (introduzida pelo nariz,
que cuidam de pacientes ambulatoriais ou internados em hospitais, com posicionamento no estômago) ou transpilórica (introduzida
certos de que apenas a terapêutica medicamentosa não é suficien- pelo nariz, com posicionamento no duodeno ou jejuno), ou através
te para se obter uma resposta orgânica satisfatória. O profissional de gastrostomia ou jejunostomia. A instalação da sonda tem como
de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar as pessoas objetivos retirar os fluidos e gases do trato gastrintestinal (des-
de quem cuida, tanto no nível domiciliar como no hospitalar, pre- compressão), administrar medicamentos e alimentos (gastróclise)
parando o ambiente e auxiliando-as durante as refeições. É impor- diretamente no trato gastrintestinal, obter amostra de conteúdo
tante verificar se os pacientes estão aceitando a dieta e identificar gástrico para estudos laboratoriais e prevenir ou aliviar náuseas e
precocemente problemas como a bandeja de refeição posta fora vômitos
do alcance do mesmo e sua posterior retirada sem que ele tenha
tido a possibilidade de tocá-la de fato que se observa com certa Inserindo a sonda nasogástrica
frequência.
Os motivos desse tipo de ocorrência são creditados ao insufi- Material necessário:
ciente número de pessoal de enfermagem e ou ao envolvimento - sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí-
dos profissionais com atividades consideradas mais urgentes. Além na a 2% sem vasoconstritor)
de causas estruturais como a falta de recursos humanos e mate- -gazes
riais, evidenciam-se valores culturais fortemente arraigados no - seringa de 20 ml
comportamento do profissional, como a supervalorização da tecno- -toalha
logia e dos procedimentos mais especializados, o que, na prática, se -recipiente com água
traduz em dar atenção, por exemplo, ao preparo de uma bomba de -estetoscópio
infusão ou material para um curativo, ao invés de auxiliar o paciente -luvas de procedimento
a alimentar-se. - tiras de fita adesiva (esparadrapo, micropore, etc.)
Coincidentemente, os horários das refeições se aproximam do -sonda de calibre adequado lubrificante hidrossolúvel (xilocaí-
início e término do plantão, momentos em que há grande preocu- na a 2% sem vasoconstritor) gazes
pação da equipe em dar continuidade ao turno anterior ou encerrar
o turno de plantão, aspecto que representa motivo adicional para Ao auxiliar o paciente a alimentar-se, evite atitude de impa-
o abandono do paciente. No entanto, os profissionais não devem ciência ou pressa o que pode vir a constrangê-lo. Não interrompa
eximir-se de tal responsabilidade, que muitas vezes compromete os a refeição com condutas terapêuticas, pois isso poderá desestimu-
resultados do próprio tratamento. lá-lo a comer.
382
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para conhecimento: Para maior exatidão do resultado na verificação da altura,
Gastrostomia - abertura cirúrgica do estômago, para introdu- orientar o paciente a manter a posição ereta, de costas para a has-
ção de uma sonda com a finalidade de alimentar, hidratar e drenar te, e os pés unidos e centralizados no piso da balança. Posicionar
secreções estomacais. a barra sobre a superfície superior da cabeça, sem deixar folga, e
Jejunostomia - abertura cirúrgica do jejuno, proporcionando travá-la para posterior leitura e anotação.
comunicação com o meio externo, com o objetivo de alimentar ou
drenar secreções. seringa de 20 ml toalha recipiente com água este- Controlando a temperatura corporal
toscópio luvas de procedimento tiras de fita adesiva (esparadrapo, Vários processos físicos e químicos, sob o controle do hipotála-
micropore, etc.) mo, promovem a produção ou perda de calor, mantendo nosso or-
ganismo com temperatura mais ou menos constante, independente
Fixação da sonda nasogástrica das variações do meio externo.
Deve ser segura, sem compressão, para evitar irritação e le- A temperatura corporal está intimamente relacionada à ativi-
são cutânea. O volume e aspecto do conteúdo drenado pela sonda dade metabólica, ou seja, a um processo de liberação de energia
aberta deve ser anotado, pois permite avaliar a retirada ou manu- através das reações químicas ocorridas nas células. Diversos fatores
tenção da mesma e detecta anormalidades. de ordem psicofisiológica poderão influenciar no aumento ou dimi-
Sempre que possível, orientar o paciente a manter-se predo- nuição da temperatura, dentro dos limites e padrões considerados
minantemente em decúbito elevado, para evitar a ocorrência de normais ou fisiológicos.
refluxo gastroesofágico durante o período que permanecer com a Desta forma, podemos citar o sono e repouso, emoções, des-
sonda. nutrição e outros como elementos que influenciam na diminuição
da temperatura; e os exercícios (pelo trabalho muscular), emoções
(estresse e ansiedade) e o uso de agasalhos (provocam menor dis-
sipação do calor), por exemplo, no seu aumento. Há ainda outros
fatores que promovem alterações transitórias da temperatura cor-
poral, tais como fator hormonal (durante o ciclo menstrual), banhos
muito quentes ou frios e fator alimentar (ingestão de alimentos e
bebidas muito quentes ou frias).
A alteração patológica da temperatura corporal mais freqüen-
te caracteriza-se por sua elevação e está presente na maioria dos
processos infecciosos e/ou inflamatórios. É muito difícil delimitar
a temperatura corporal normal porque, além das variações indivi-
duais e condições ambientais, em um mesmo indivíduo a tempera-
tura não se distribui uniformemente nas diversas regiões e super-
fícies do corpo.
Assim, podemos considerar como variações normais de tempe-
ratura29 : n temperatura axilar: 35,8ºC - 37,0ºC; n temperatura oral:
36,3ºC - 37,4ºC; n temperatura retal: 37ºC - 38ºC.
O controle da temperatura corporal é realizado mediante a uti-
lização do termômetro - o mais utilizado é o de mercúrio, mas cada
vez mais torna-se freqüente o uso de termômetros eletrônicos em
nosso meio de trabalho.
A temperatura corporal pode ser verificada pelos seguintes
métodos: oral - o termômetro de uso oral deve ser individual e pos-
Medindo a altura e o peso no adulto suir bulbo alongado e achatado, o qual deve estar posicionado sob a
Material necessário: balança papel para forrar a plataforma da língua e mantido firme com os lábios fechados, por 3 minutos. Esse
balança A balança a ser utilizada deve ser previamente aferida (ni- método é contra-indicado em crianças, idosos, doentes graves, in-
velada, tarada) para a obtenção de valores mais exatos e destravada conscientes, com distúrbios mentais, portadores de lesões orofarín-
somente quando o paciente encontra-se sobre ela. O piso da balan- geas e, transitoriamente, após o ato de fumar e ingestão de alimen-
ça deve estar sempre limpo e protegido com papel-toalha, evitando tos quentes ou frios; retal - o termômetro retal é de uso individual
que os pés fiquem diretamente colocados sobre ele. Para prevenir e possui bulbo arredondado e proeminente. Deve ser lubrificado e
a ocorrência de quedas, fornecer auxílio ao paciente durante todo colocado no paciente em decúbito lateral, inserido cerca de 3,5cm,
o procedimento. em indivíduo adulto, permanecendo por 3 minutos.
O paciente deve ser pesado com o mínimo de roupa e sempre A verificação da temperatura retal considerada a mais fidedig-
com peças aproximadas em peso. Para obter um resultado correto, na - é contra-indicada em pacientes submetidos a intervenções ci-
deve ser orientado a retirar o calçado e manter os braços livres. rúrgicas do reto e períneo, e/ou que apresentem processos inflama-
Após terse posicionado adequadamente, o profissional deve deslo- tórios locais; axilar - é a verificação mais freqüente no nosso meio,
car os pesos de quilo e grama até que haja o nivelamento horizontal embora seja a menos precisa. O termômetro deve permanecer por,
da régua graduada; a seguir, travar e fazer a leitura e a anotação de no máximo, 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos).
enfermagem. As principais alterações da temperatura são: hipotermia - tem-
Em pacientes internados, com controle diário, o peso deve ser peratura abaixo do valor normal; hipertermia - temperatura acima
verificado em jejum, sempre no mesmo horário, para avaliação das do valor normal; febrícula - temperatura entre 37,2o C e 37,8o C. 29
alterações. Atkinson, 1989. 7 8 Fundamentos de Enfermagem .
383
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Verificando a temperatura corporal O pulso apresenta as seguintes alterações: bradicardia: fre-
Material necessário: bandeja termômetro clínico bolas de algo- qüência cardíaca abaixo da normal; taquicardia: frequência cardía-
dão seco álcool a 70% bloco de papel caneta . ca acima da normal; taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico; bradis-
Para garantir a precisão do dado, recomenda-se deixar o ter- figmia: pulso fino e bradicárdico; filiforme: pulso fino.
mômetro na axila do paciente por 3 a 4 minutos; em seguida, pro-
ceder à leitura rápida e confirmar o resultado recolocando o termô- Controlando a pressão arterial
metro e reavaliando a informação até a obtenção de duas leituras Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pes-
consecutivas idênticas30. Coluna de mercúrio Bulbo Corpo . soa é o nível de sua pressão arterial, cujo controle é realizado atra-
O ponto de localização do mercúrio indica a temperatura vés de aparelhos próprios. A pressão arterial resulta da tensão que
As orientações seguintes referem-se ao controle de tempera- o sangue exerce sobre as paredes das artérias e depende:
tura axilar, considerando-se sua maior utilização. Entretanto, faz-se a) do débito cardíaco relacionado à capacidade de o coração
necessário avaliar esta possibilidade observando-se os aspectos impulsionar sangue para as artérias e do volume de sangue circu-
que podem interferir na verificação, como estado clínico e psicoló- lante;
gico do paciente, existência de lesões, agitação, etc. b) da resistência vascular periférica, determinada pelo lúmen
O bulbo do termômetro deve ser colocado sob a axila seca e o (calibre), elasticidade dos vasos e viscosidade sanguínea, traduzin-
profissional deve solicitar ao paciente que posicione o braço sobre do uma força oposta ao fluxo sanguíneo;
o peito, com a mão em direção ao ombro oposto. Manter o termô- c) da viscosidade do sangue, que significa, em outros termos,
metro pelo tempo indicado, lembrando que duas leituras consecu- sua consistência resultante das proteínas e células sanguíneas.
tivas com o mesmo valor reflete um resultado bastante fidedigno.
Para a leitura da temperatura, segurar o termômetro ao nível O controle compreende a verificação da pressão máxima ou
dos olhos, o que facilita a visualização. Após o uso, a desinfecção do sistólica e da pressão mínima ou diastólica, registrada em forma de
termômetro deve ser realizada no sentido do corpo para o bulbo, fração ou usando-se a letra x entre a máxima e a mínima. Por exem-
obedecendo o princípio do mais limpo para o mais sujo, mediante plo, pressão sistólica de 120mmHg e diastólica de 70mmHg devem
lavagem com água e sabão ou limpeza com álcool a 70% - processo ser assim registradas: 120/70mmHg ou 120x70mmHg.
que diminui os microrganismos e a possibilidade de infecção cru- Para um resultado preciso, é ideal que, antes da verificação,
zada.] o indivíduo esteja em repouso por 10 minutos ou isento de fatores
estimulantes (frio, tensão, uso de álcool, fumo). Hipertensão arte-
Controlando o pulso rial é o termo usado para indicar pressão arterial acima da normal;
Também consideradas como importante parâmetro dos sinais e hipotensão arterial para indicar pressão arterial abaixo da normal.
vitais, as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de Quando a pressão arterial se encontra normal, dizemos que
pulso, podem trazer informações significativas sobre estado do pa- está normotensa. A pressão sanguínea geralmente é mais baixa du-
ciente. rante o sono e ao despertar. A ingestão de alimentos, exercícios, dor
Esta manobra, denominada controle de pulso, é possível por- e emoções mmHg - milímetro de mercúrio,como medo, ansiedade,
que o sangue impulsionado do ventrículo esquerdo para a aorta raiva e estresse aumentam a pressão arterial.
provoca oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial, Habitualmente, a verificação é feita nos braços, sobre a artéria
que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a braquial. A pressão arterial varia ao longo do ciclo vital, aumentan-
artéria contra uma estrutura dura. Além da frequência, é impor- do conforme a idade. Crianças de 4 anos podem ter pressão em
tante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao passar pela torno de 85/ 60mmHg; aos 10 anos, 100/65mmHg34.
artéria. Nos adultos, são considerados normais os parâmetros com
Há fatores que podem provocar alterações passageiras na pressão sistólica variando de 90 a 140mmHg e pressão diastólica
freqüência cardíaca, como as emoções, os exercícios físicos e a ali- de 60 a 90mmHg.
mentação. Ressalte-se, ainda, que ao longo do ciclo vital seus va-
lores vão se modificando, sendo maiores em crianças e menores Verificando a pressão arterial
nos adultos. A frequência do pulso no recém-nascido é, em média, Material necessário: estetoscópio esfigmomanômetro algodão
de 120 batimentos por minuto (bpm), podendo chegar aos limites seco álcool a 70% caneta e papel
de 70 a 170 bpm31. Aos 4 anos, a média aproxima-se de 100 bpm,
variando entre 80 e 120 bpm, assim se mantendo até os 6 anos; a Transporte do Paciente
partir dessa idade e até 31com. os 12 anos a média fica em torno de Grande parte das agressões à coluna vertebral em trabalhado-
90 bpm, com variação de 70 a 110 bpm. Aos 18 anos, atinge 75 bpm res da saúde estão relacionadas a condições ergonômicas inade-
nas mulheres e 70 bpm nos homens32. quadas de mobiliários, posto de trabalho e equipamentos utilizados
A partir da adolescência observamos nítida diferenciação entre nas atividades cotidianas, sendo as dores nas costas causadas por
o crescimento físico de mulheres e homens, o que influencia a fre- traumas crônicos repetitivos, que envolvem muitos outros fatores,
quência do pulso: na fase adulta, de 65 a 80 bpm nas mulheres e de além da manipulação de pacientes. Dessa forma, as recomenda-
60 a 70 bpm, nos homens. ções sobre um aspecto relevante do problema das algias vertebrais,
Habitualmente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria que é a prevenção, têm caminhado em direção a uma abordagem
radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as ar- ergonômica.
térias mais calibrosas - como a carótida e a femoral. Outras artérias, A literatura tem sugerido a administração de cursos sobre mo-
como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal do pé vimentação e transporte de pacientes como uma das estratégias
também possibilitam a verificação do pulso. O pulso normal - de- mais importantes para reduzir a incidência de problemas na coluna
nominado normocardia - é regular, ou seja, o período entre os ba- vertebral entre os trabalhadores da saúde a utilização de equipa-
timentos se mantém constante, com volume perceptível à pressão mentos especiais e auxílios mecânicos também tem sido indicada
moderada dos dedos. para prevenir as dores nas costas9,26. Atualmente sabe-se que para
384
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
resolver tais problemas é necessário um amplo estudo do ambien- Devem-se, também, utilizar equipamentos auxiliares e adap-
te, dos equipamentos e dos indivíduos, baseando-se num enfoque tar as condições do ambiente a cada paciente em particular. Neste
ergonômico. Assim, as habilidades em movimentação de pacientes caso, pode ser necessário:
devem ser complementadas com o estabelecimento de práticas se- • Colocar barras de apoio em banheiros
guras de trabalho dentro de uma estrutura ergonômica, usando- • Elevar a altura do vaso sanitário ( compensadores de altura
-se, sempre que possível, materiais e equipamentos auxiliares. O para vasos convencionais )
presente trabalho tem por objetivo discutir e descrever as técnicas • Utilizar cadeira de rodas própria para banho ou higiene
de movimentação e transferência de pacientes dentro de uma es-
trutura ergonômica e com a utilização de materiais auxiliares que Preparo da equipe
precisam urgentemente ser implementados na realidade brasileira. Existem algumas orientações, especificamente relacionadas
com os princípios básicos de mecânica corporal, que devem ser
MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTES utilizadas pelo pessoal de enfermagem durante a manipulação de
Os procedimentos que envolvem a movimentação e o trans- pacientes6,10,11,12,16
porte de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos • Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão
para os trabalhadores da saúde. Estudiosos da questão defendem • Trabalhar com segurança e com calma
que o ensino desses procedimentos deve ser complementado com • Manter as costas eretas
uma avaliação do local de trabalho e com alternativas para torná- • Usar o peso corporal como um contrapeso ao do paciente
-los menos prejudiciais. Um cuidadoso planejamento, antes de se • Flexionar os joelhos em vez de curvar a coluna
iniciarem esses procedimentos, é essencial e imprescindível. Den- • Abaixar a cabeceira da cama ao mover um paciente para cima
tro deste contexto, desenvolveram-se orientações básicas e proce- • Utilizar movimentos sincrônicos
dimentos que tiveram um suporte teórico na literatura internacio- • Trabalhar o mais próximo possível do corpo do cliente, que
nal16,17,22,23. deverá ser erguido ou movido
Considerando-se tais aspectos, dividiu-se esta fase em cinco • Usar uniforme que permita liberdade de movimentos e sapa-
partes: tos apropriados
• Realizar a manipulação de pacientes com a ajuda de, pelo
Avaliação das condições e preparo do cliente menos, duas pessoas
Inicialmente, deve-se fazer uma avaliação das condições físicas
da pessoa que será movimentada, de sua capacidade de colabo- Movimentação de clientes no leito
rar, bem como a observação da presença de soros, sondas e outros Lembrar que o paciente deve ser estimulado a movimentar-se
equipamentos instalados. Também é importante, para um planeja- de uma forma independente, sempre que não existir contraindica-
mento cuidadoso do procedimento, uma explicação, ao paciente, ções nesse sentido. Outro ponto que não pode ser esquecido é pro-
do modo como se pretende movê-lo, como pode cooperar, para curar ter à disposição camas e colchões apropriados, dependendo
onde será encaminhado e qual o motivo da locomoção. Vale a pena das condições e necessidades do cliente. O ideal são camas com
salientar que o cliente deve ser orientado a ajudar, sempre que for altura regulável, que possam ser ajustadas, dependendo do proce-
possível, que não deve ser mudado rapidamente de posição e tem dimento que será realizado7,16.
que estar usando chinelos ou sapatos com sola antiderrapante. Ou- Durante a movimentação, deve-se, sempre que possível, uti-
tro ponto muito importante é que a movimentação e o transporte lizar elementos auxiliares, tais como: barra tipo trapézio no leito,
de obesos precisam ser minuciosamente avaliados e planejados, plástico antiderrapante para os pés, plástico facilitador de movi-
usando-se, sempre que possível, auxílios mecânicos. mentos, entre outros.
Neste tópico serão apresentados separadamente os principais
Preparo do ambiente e dos equipamentos motivos que levam os trabalhadores de saúde a movimentar os
Considerando-se que determinados aspectos ergonômicos do clientes no leito:
posto de trabalho podem prejudicar atividades ocupacionais, tais
como os procedimentos relacionados com movimentação e trans-
porte 5,8,16,19 abordam-se, nessa parte, os principais cuidados
que necessitam ser observados: Verificar se o espaço físico é ade-
quado para não restringir os movimentos
• Examinar o local e remover os obstáculos
• Observar a disposição do mobiliário
• Obter condições seguras com relação ao piso
• Colocar o suporte de soro ao lado da cama, quando neces-
sário
• Elevar ou abaixar a altura da cama, para ficar no mesmo nível
da maca
• Travar as rodas da cama, maca e cadeira de rodas ou solicitar
auxílio adicional
• Adaptar a altura da cama ao trabalhador e ao tipo de proce-
dimento que será realizado
385
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Colocar ou retirar comadres Colocar o cliente em decúbito lateral
Quando o paciente pode auxiliar, deve-se utilizar o trapézio, no Quando o paciente não é obeso, podem-se seguir as seguintes
leito, e solicitar que eleve o quadril, evitando-se assim, a necessida- fases (Figura 3):
de de erguê-lo (Figura 1):
386
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Movimentar o cliente, em posição supina, para a cabeceira • Deixar a cama em posição horizontal
da cama • Colocar um travesseiro na cabeceira da cama
Se o paciente tem condições físicas, ele pode mover-se sozi- • Colocar um lençol ou plástico deslizante sob o corpo do pa-
nho, com a ajuda de um trapézio. O cliente flexiona os joelhos e dá ciente
um impulso, tendo como apoio um plástico antiderrapante sob seus • Permanecer duas pessoas, uma de cada lado do leito, e
pés (Figura 5b) ou uma pessoa segurando -os (Figura 5a). Pode-se olhando em direção dos pés da cama
também colocar um plástico deslizante sob as costas e a cabeça do • Segurar firmemente no lençol ou plástico e, num movimento
paciente (Figura 5c). ritmado, movimentar o paciente
387
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ele pode, também, receber a ajuda de uma pessoa, que segu- Sentar o paciente no leito
ra seus pés, estando suas pernas flexionadas. Neste caso, o cliente O cliente deve ser encorajado a sentar-se sozinho, ficando de
apóia uma mão de cada lado do corpo e ele próprio dá um impulso, lado e levantando-se com a ajuda dos braços. Podem-se, também,
ao endireitar as pernas (Figura 10). utilizar materiais simples, como uma corda com nós ou uma escada
de cordas que, fixadas nos pés da cama, permitem que o cliente
sente sem ajuda (Figura 12).
388
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se o paciente não consegue auxiliar, uma outra alternativa é Uma outra alternativa é levantar o paciente, apoiando no co-
realizar o procedimento com duas pessoas, da seguinte maneira tovelo, como descrito anteriormente, estando o cliente sobre um
(Figura 14): plástico deslizante. Depois, mover os seus membros inferiores para
fora do leito (Figura 16).
389
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar o cliente a deambular • Posicionar a cadeira próxima à cama. Elas devem ter a mesma
É importante fazer uma avaliação cuidadosa para verificar se altura
o cliente tem condições de deambular. A pessoa deve permanecer • Travar a cadeira e o leito, remover o braço da cadeira e elevar
bem próxima do paciente, do lado em que ele apresenta alguma o apoio dos pés
deficiência, colocando um braço em volta da cintura e o outro • Posicionar a tábua apoiada seguramente entre a cama e a
apoiando a mão. O ideal, nestes casos, é utilizar um cinto especial, cadeira
colocado na cintura do paciente (Figura 18).
Um outro modo é usar o cinto de transferência, seguindo-se os
passos(Figuras 20a, 20b, 20c e 20d):
390
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Organizações e autores internacionais têm procurado desper-
tar a atenção sobre a importância das orientações, com um enfoque
ergonômico, sobre os procedimentos de movimentação e trans-
ferência. A implementação de treinamentos e reciclagem é parte
obrigatória de programas de prevenção de lesões musculoesque-
léticas entre trabalhadores da saúde. Esses procedimentos devem
ser aprendidos e praticados de uma forma planejada e sistemática.
Dentro deste contexto, procurou-se colaborar apresentando-se
orientações básicas sobre a mobilização e a transferência de clien-
tes dentro de uma abordagem ergonômica.
Fonte: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/510/body/
v34n2a06.htm
391
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fases da ventilação mecânica Observação do sincronismo entre o paciente e a máquina;
Orientação de exercícios;
Preenchimento dos formulários de controle;
Apoio emocional ao paciente;
Controle de infecção.
392
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pós-operatório de transplantes Cirurgias cardíacas e grandes cirurgias em geral
O período das primeiras 24h do pós-operatório do transplante Oferecer assistência multidisciplinar integral e segura ao pa-
renal está associado à instabilidade hemodinâmica e à necessidade ciente adulto em pós-operatório de cirurgia cardíaca na unidade de
de reposição parenteral de grande quantidade de líquidos. A evolu- terapia intensiva.
ção com poucas intercorrências nesse período inicial está associada As cirurgias cardíacas contempladas para este protocolo são:
à melhor sobrevida a longo prazo. Revascularização do miocárdio;
Os cuidados no pós-operatório são similares aos realizados com Cirurgias valvares;
pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos de médio porte, Cirurgias para tratamento de doenças da aorta;
com ênfase na monitorização do balanço hidroeletrolítico, cuidados Transplante cardíaco;
para prevenção de infecção, controle da dor, manutenção e estí- Correção de cardiopatias congênitas.
mulo da função pulmonar, deambulação precoce, restauração das
funções gastrointestinais e restauração da função renal. A admissão do paciente no pós-operatório imediato deve ser
realizada como prioridade absoluta. O tempo de permanência apro-
Cuidados de enfermagem
ximado destes pacientes é de 72 horas.
Ter conhecimento de como foi o procedimento cirúrgico, enfo-
Potenciais complicações: sangramento, arritmias, tampona-
cando a ocorrência de complicações, dificuldades, medicamentos
mento cardíaco, AVC, hipovolemia, IAM, fenômenos tromboembó-
utilizados durante a cirurgia, tempo cirúrgico, alterações na recupe-
ração pós-anestésica; licos, infecções hospitalares.
Evolução esperada nos primeiros dias após o procedimento, en-
focando o funcionamento do rim transplantado; Diagnósticos de Enfermagem mais frequentes:
Avaliação da função do enxerto, por meio da avaliação da eli- Risco para Infecção;
minação urinária, bem como da evolução dos exames clínicos de Risco Integridade da Pele Prejudicada;
função renal (ureia, creatinina, sódio e potássio); Déficit para o Autocuidado;
Administração e avaliação da terapia imunossupressora do pa- Desobstrução Ineficaz de VAS;
ciente; Dor;
Detecção precoce das complicações relacionadas ao procedi- Risco de Integridade Tissular Prejudicada;
mento cirúrgico; Débito Cardíaco diminuído;
A monitorização das complicações pós transplante renal, na Comunicação verbal prejudicada;
UTI, é prioridade; Mobilidade no leito prejudicada;
Preparar e testar os equipamentos necessários para receber o Perfusão Tissular renal ineficaz;
paciente submetido ao transplante renal, na UTI; Risco de desequilíbrio do volume de líquidos;
Ter conhecimento de como foi o procedimento cirúrgico, en- Risco de glicemia instável.
focando a ocorrência de complicações, dificuldades técnicas, me-
dicamentos utilizados durante a cirurgia, reposição volêmica com Ações prioritárias na admissão do paciente pela equipe de en-
hemoterápicos, tempo cirúrgico, alterações na recuperação pós- fermagem
-anestésica. Na recepção do paciente será necessária a presença de médico
Avaliar o paciente ao recebê-lo na UTI; intensivista, de enfermeiro, de fisioterapeuta e de técnico de enfer-
Avaliação da função cardiopulmonar: frequência cardíaca, pres- magem.
são arterial, frequência respiratória e saturação de O², de acordo A equipe cirúrgica deve informar a Equipe da UTI:
com padrões de normalidade; A cirurgia efetuada;
Avaliação do estado de hidratação do paciente: condição clíni- Os achados operatórios;
ca e verificação da PVC, reposição de líquidos conforme prescrição
As manobras cirúrgicas;
médica;
As eventuais complicações cirúrgicas e anestésicas (transopera-
Realizar balanço hídrico rigoroso;
tório e pós-operatório).
Avaliar função renal: controle de diurese a cada hora, objetivan-
do-se um padrão ≥ 30 ml/h;
Observar manutenção do cateter urinário pérvio; Cuidados do Enfermeiro
Avaliação dos resultados dos exames clínico-laboratoriais, infor- Conectar sistemas de monitorização invasiva – PAM/PVC/Swan
mando a equipe médica a ocorrência de alterações relevantes; Ganz.
Manejo e controle da dor; Preparar e instalar a protamina de acordo com a prescrição mé-
No paciente consciente, realizar a avaliação da dor utilizando-se dica, infusão de 30 a 60 minutos;
escala numérica ou analógica (5º sinal vital); Conferir administração de soluções endovenosas:
Cuidados com acessos vasculares, drenos e sondas; evitando-se Gotejamento de drogas e soros;
trações e umidade; Programação correta das bombas de infusão;
Avaliar presença de hemorragia, hematomas na ferida cirúrgica; Uso das vias do cateter venoso central;
Estimular a deambulação o mais precocemente possível, visan- Coletar gasometria e exames laboratoriais após 20 min de VM;
do prevenção de complicações vasculares e pulmonares, bem como Dar início à documentação do processo de enfermagem (Siste-
a ocorrência de úlceras por pressão; matização da Assistência de Enfermagem - SAE).
Estimular e supervisionar a realização de exercícios respirató-
rios. Em alguns serviços, são realizados pelo fisioterapeuta; Cuidados do Técnico de Enfermagem
Instituir cuidados para a prevenção de infecção: realização de Conectar o monitor – ECG ao paciente;
curativos com técnica asséptica, restrição de visitas, entre outros; Instalar e programar as bombas de infusão;
Realizar controle rigoroso da glicemia capilar. Conectar os drenos ao sistema de aspiração;
Desprezar volume do dreno pericárdico;
393
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Verificar débito do dreno mediastinal, identificando o nível do propulsora onde a finalidade é manter a perfusão dos tecidos com
selo d’água; sangue oxigenado enquanto se aguarda a recuperação do órgão
Desprezar a diurese vinda do CC; previamente acometido como o coração e o pulmão ou ambos.
Anotar em folha de controles; Destaca-se, nesse processo, que o sangue pouco oxigenado,
Valores de monitorização; rico em gás carbônico, é drenado do sistema venoso e conduzido
Débito urinário; por uma bomba centrífuga por meio de uma membrana artificial
Débito de drenos; de oxigenação.
Recebimento de drogas e/ou infusões; A ECMO é um procedimento de alto custo e complexidade, ne-
Proporcionar medidas de conforto no leito; cessitando de infraestrutura laboratorial e tecnológica adequada,
Realizar ECG. além de recursos materiais específicos. Observa-se que essa tec-
nologia tem sido bastante utilizada nos últimos anos e apresenta
Manobra de PRONA cada vez mais resultados favoráveis, principalmente relacionados
A posição prona é uma manobra para combater a hipoxemia, ao transplante cardíaco.
sintoma bastante comum em paciente com diminuição da compla- O uso dessa terapia pode acarretar riscos e complicações como
cência pulmonar e alteração da ventilação/perfusão. Existe uma o sangramento e o risco de infecção pela exposição e pela inserção
melhora significativa na oxigenação do paciente, favorecendo o das cânulas. Recomenda-se que pacientes de alta complexidade de-
desmame, além disso, pode ser realizada sem comprometer a se- vam receber cuidados específicos planejados por enfermeiros que
gurança do paciente2. detenham habilidades especializadas.
Esta intervenção, quando aplicada a pacientes em uso de mem- A equipe de Enfermagem presta uma assistência de grande rele-
brana extracorpórea (ECMO), tem mostrado benefícios na sobrevi- vância pela necessidade de avaliação constante do paciente devido
da. O enfermeiro deverá saber os critérios de aplicação desta posi- à particularidade da assistência ininterrupta da ECMO. Considera-
ção, bem como seus benefícios. -se a aplicação da sistematização do cuidado na Enfermagem como
Quando indicada, proporciona alteração da insuflação pulmo- um método que possibilita a organização da assistência de maneira
nar regional, redistribuição da ventilação e redistribuição da per- eficiente à demanda de implementação do cuidado aos pacientes.
fusão. Para prestar cuidados específicos, é necessário ter uma equipe
As contraindicações são: instabilidade hemodinâmica refratária de Enfermagem altamente especializada e capacitada para a sua
com uso de drogas vasoativas; trauma de tórax e abdômen; monito- implementação. Deve-se enfatizar que a educação e a preparação
rização intracraniana; hemodiálise; lesão medular; cirurgia de face para além do seu grau básico de Enfermagem são obrigatórias a fim
recente e circulação extracorpórea. de proporcionar um ótimo nível de cuidados a esse paciente.
Acredita-se que, usando ventilação ultra protetora com baixas Salientam-se, nesse contexto, a importância da utilização da as-
pressões de platô durante a terapia VV-ECMO, se possibilitaria a sistência circulatória mecânica no atendimento ao paciente crítico e
formação de áreas mal ventiladas em regiões pulmonares depen- sua crescente difusão tecnológica em hospitais de alta complexida-
dentes e, consequentemente, poderia influenciar a alteração da de no Brasil, que exigem, dos profissionais de Enfermagem, condu-
relação ventilação/perfusão. tas baseadas em evidências científicas sobre a ECMO.
A posição possibilita recrutar as regiões dorsais dos pulmões
podendo, assim, exercer efeitos benéficos durante a terapia com Cuidados gerais diários de Enfermagem
VV-ECMO. Tornam-se necessários alguns cuidados para posicionar Os cuidados gerais de Enfermagem são uma intervenção que
o paciente em prona, pois, em pacientes em uso de ECMO, esta tem como finalidade melhorar a higiene e o conforto do paciente,
intervenção pode aumentar o risco de decanulação acidental. evitando infecções iatrogênicas. Evidenciou-se, em estudos, que há
Evidenciou-se, em um estudo, que, quando aplicada pela equi- uma desestabilidade, principalmente do parâmetro respiratório,
pe de Enfermagem, existe a necessidade de seis cuidadores para durante a execução dos cuidados de Enfermagem em pacientes em
mudar o paciente. Um enfermeiro deve ficar responsável especifi- uso de ECMO.
camente pela tubulação e ECMO durante a mudança. Faz-se necessária a cooperação entre médicos e enfermeiros na
Nota-se, portanto, que é necessário o treinamento de toda a avaliação de pacientes que utilizam esse dispositivo para analisar
equipe com a finalidade de se adequar a técnica e manter a segu- o nível de tolerância de cuidados de Enfermagem. O protocolo de
rança do paciente. cuidados diários em Enfermagem é composto de cuidados como o
banho no leito e a elevação com maca scoop stretcher (maca que
Membrana de oxigenação extracorpórea permite a elevação do paciente de modo a minimizar a mobilização
A oxigenação por membrana extracorpórea – Extracorporeal de pacientes restritos no leito), permitindo a realização da higieni-
membrane oxygenation (ECMO), é um suporte mecânico invasivo zação íntima e remoção da sujidade, mudança do posicionamento
de assistência circulatória mecânica (ACM) planejado para fornecer do tubo endotraqueal e troca de curativos sempre que necessário.
suporte cardiopulmonar parcial ou total para pacientes com falên- É importante avaliar sangramentos e monitorar a integridade
cia cardíaca e pulmonar. do acesso vascular. Dentre as principais complicações do banho no
Configura-se em uma tecnologia com instalação rápida, aplicá- leito, o paciente pode apresentar taquicardia, diminuição da satura-
vel à maioria dos pacientes e que rapidamente reverte a falência ção de oxigênio, hipertensão arterial e redução da saturação venosa
circulatória e/ou a anoxia. Esse sistema consiste em um circuito central.
fechado de circulação extracorpórea composto por um conjunto Observou-se que, devido à gravidade clínica, o paciente pode
de tubos, uma membrana de oxigenação artificial e uma bomba ter uma instabilidade hemodinâmica, sendo o banho no leito o
2Santos DBC, Cardoso LCC, Cássia TDA, Prata MS, Santos ES. Cuidados
grande responsável por causar taquicardias nos pacientes, hiper-
a pacientes em uso de Oxigenação por Membrana Extracorpórea. tensão e redução do fluxo sanguíneo da ECMO.
Rev. Enfermagem. UFPE on line. 2019;13:e242035 DOI: https://doi.
org/10.5205/1981-8963.2019.242035.
394
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O protocolo inicial sofreu alteração na utilização da maca scoop 7. Gastrintestinal
stretcher por mobilizar uma leve lateralização do paciente. O estado Exame do abdome; ingesta oral ou por cateter enteral; débito
de sedação deve ser rigorosamente avaliado antes e após os cuida- do cateter nasogástrico; diarreia ou obstipação; resultados de exa-
dos gerais de Enfermagem. mes.
Um plano de sedação inadequado pode aumentar o consumo
de oxigênio, reduzindo a saturação de oxigênio arterial. Em pacien- 8. Metabólico e renal
tes em ventilação espontânea, a mobilização no banho do leito Diurese (kg/hora e total em 24 horas); balanço hídrico; diálise;
pode desestabilizar o estado ventilatório do paciente. creatinina, eletrólitos, estado ácido-base, função hepática).
Destaca-se a importância do gerenciamento da sedação, que
deve ser realizado por meio de instrumentos como a Escala de Se- 9. Endócrino
dação de Ramsay (RSS). Hiperglicemias? Administração de insulina; necessita de do-
sagem de hormônios tireoidianos ou cortisol? Diabetes insipidus?
Avaliação física do paciente crítico SIADH?
Pacientes com prolongado tempo de internação não estão livres
de novas complicações clínicas com declínio fisiológico e podem 10. Infecção
necessitar de cuidados intensivos. O atendimento a este paciente Curva térmica, leucograma; culturas; uso de antibióticos (quan-
pode adquirir complexidades particulares devido à variedade de tos, quais, quanto tempo).
diagnósticos, complicações, iatrogenias e intervenções terapêuticas
especiais acumuladas3. 11. Hematológico
Informações de tão variada natureza podem dificultar, em um Hematócrito, coagulograma; medicamentos que alteram a cra-
primeiro contato com o paciente recém admitido, a elaboração de se sanguínea.
diagnósticos etiológicos mais precisos por parte da equipe assisten-
cial, tornando muitas vezes suficiente em um primeiro momento a 12. Nutricional
declaração de um diagnóstico sindrômico ou situacional que permi- Enteral ou parenteral; ingesta calórica; ingesta proteica, lipídica
ta nortear as condutas daí em diante. e de carboidratos; balanço nitrogenado, albumina, pré-albumina.
Sequencialmente, esta categorização inicial servirá como base
tanto para refinamento das hipóteses ou para confrontamento com 13. Psicossocial
outras possibilidades diagnósticas surgidas que melhor se enquadre Depressão, delirium? Os familiares estão inteirados da situa-
no quadro empiricamente percebido. ção? Há como viabilizar acompanhamento psicológico e/ou de te-
A avaliação diária e sistemática do paciente criticamente enfer- rapia ocupacional?
mo é um instrumento fundamental para a prática clínica do enfer-
meiro intensivista. 14. Tubos, drenos, cateteres e medicamentos
Posicionamento de tubos, drenos e cateteres; posição, fixação,
A) Avaliação subjetiva e objetiva data e presença de sinais de infecção na inserção de cateteres ve-
nosos e arteriais; checar ritmo de gotejamento das drogas e funcio-
1. Identificação namento das bombas de infusão.
Data de internação hospitalar. Data de internação em UTI.
B) Lista de problemas relevantes
2. Lista de problemas
História mórbida pregressa (dados relevantes), hábitos e costu- C) Análise sistemática, buscando estabelecer conexões entre
mes, diagnóstico de entrada, problemas ocorridos desde o início da os problemas encontrados a partir de justificativas fisiopatológi-
internação. cas
3. Eventos significantes ocorridos nas últimas 24 horas D) Propor condutas diagnósticas e/ou terapêuticas com base
na análise
4. Neurológico
Nível de consciência; pupilas; escala de coma de Glasgow; défi- Tendo em vista as inúmeras atividades realizadas em UTI e a ne-
cit motor; PIC, PPC, SjO²; sedação (escalas de Ramsay/Coock), doses cessidade de seu controle diário, foi desenvolvido um checklist para
de sedativos; resultados de exames. que ações importantes não sejam esquecidas em nosso cotidiano,
utilizando-se o recurso mnemônico que origina a frase “SUSPEITA
5. Cardiovascular PARA O BEM”, com base na ideia do professor Vincent de dar um
Ritmo, frequência cardíaca e bulhas cardíacas; PAM; uso de dro- “abraço apertado” (fast hug) pelo menos uma vez ao dia nos pa-
gas vasoativas e suas doses; PVC, Swan-Ganz; oxigenação tissular cientes da UTI:
(pH, BE, lactato, CO² gap, Ca-vO²/CO²gap, SvO², DO², VO²).
Sedação: verificar se o paciente está recebendo sedativos em
6. Respiratório dose adequada e se já é possível retirá-los. Analisar o ciclo sono-vi-
Sinais e sintomas; parâmetros ventilatórios; última gasometria gília. Instituir escalas e metas de sedação, bem como interrupção
arterial; radiografia de tórax (pneumotórax, atelectasia, infiltrado diária da sedação.
novo); pressão do cuff e localização da cânula traqueal. Ulcera: checar se os pacientes estão recebendo profilaxia para
3https://enfermeiros-intensivistas.webnode.pt/_files/200000135-bca- gastropatia erosiva aguda.
cabd2af/CLIQUE%20AQUI%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Diaria%20 Suspensão (elevação) da cabeceira: verificar se os pacientes em
em%20%20UTI.pdf ventilação mecânica encontram-se com a cabeceira acima de 30º.
395
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Períneo: examinar a região do períneo observando lesões de b) Cateter Nasal - Visa administrar concentrações baixas a mo-
pele e região genital. Avaliar a possibilidade de se retirar a sonda deradas de O2. É de fácil aplicação, mas nem sempre é bem tolera-
vesical ou trocar por dispositivo não-invasivo. da, principalmente por crianças.
Escara: verificar se existe prevenção para úlceras de pressão,
como mudança de decúbito e colchão piramidal. Se presentes, con- Vantagens:
firmar se estão sendo tratadas. - Método econômico e que utiliza dispositivos simples;
Infecção de cateter: avaliar sinais flogísticos na inserção do ca- - Facilidade de aplicação.
teter venoso central e verificar a necessidade de mantê-lo.
TVP: checar se o paciente está em uso de profilaxia para TVP, Desvantagens:
seja farmacológica ou mecânica. - Nem sempre é bem tolerado em função do desconforto pro-
Alimentação: atentar se o paciente está recebendo dieta. Se duzido;
prescrita, observar a tolerância (vômitos, estase, diarreia) e se o - A respiração bucal diminui a fração inspirada de O2;
aporte calórico é adequado (25 a 30 kcal/kg). Avaliar a possibilida- - Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
de de iniciar dieta em pacientes com dieta zero e de substituição ou - Facilidade no deslocamento do cateter;
associação de dieta enteral nos pacientes com nutrição parenteral - Não permite nebulização;
total. - Necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.
Pressão de vias aéreas: certificar-se de que a pressão de platô
esteja < 30 cmH²O. c) Máscara de Venturi - Constitui o método mais seguro e exato
Analgesia: determinar se o paciente recebe analgesia contínua para liberar a concentração necessária de oxigênio, sem considerar
ou intermitente em quantidade necessária ao alívio de sua dor. a profundidade ou frequência da respiração.
Retirar do leito: analisar a possibilidade de remover o paciente
do leito para poltrona ou deambular. d) Máscara de Aerosol, Tendas Faciais - São utilizadas com dis-
Antibiótico: verificar se os antibióticos utilizados são adequados positivo de aerosol, que podem ser ajustadas para concentrações
e analisar a possibilidade de sua suspensão, seja pelo controle da que variam de 27% a 100%.
infecção ou pela falta de indicação.
Oftalmoproteção: nos pacientes sedados ou com rebaixamento Cânula nasal (óculos)
do nível de consciência, verificar se existe proteção ocular contra Material:
úlceras de córnea. • Cânula nasal dupla estéril;
Balonete: checar a pressão do balonete do tubo endotraqueal • Umidificador de bolhas estéril;
ou da traqueostomia com a finalidade de evitar lesão das vias aére- • Extensão de borracha;
as. Recomendam-se valores < 25-30 mmHg. • Fluxômetro calibrado por rede de oxigênio;
Extubação: analisar a possibilidade de extubação ou desmame • 50 ml de AD esterilizada.
da ventilação e de realização de traqueostomia. Recomenda-se a Procedimento:
utilização de protocolos de desmame diariamente. 1. Instalar o fluxômetro e testá-lo;
Metabólico: avaliar e corrigir distúrbios metabólicos. Avaliar a 2. Colocar água no copo do umidificador, fechá-lo e conectá-lo
necessidade de controle glicêmico. ao fluxômetro;
3. Conectar a extensão ao umidificador;
OXIGENOTERAPIA 4. Identificar o umidificador com etiqueta (data, horário e vo-
Consiste na administração de oxigênio numa concentração de lume de água);
pressão superior a encontrada na atmosfera ambiental, para corri- 5. Instalar a cânula nasal do paciente e ajustá-la, sem tracionar
gir e atenuar deficiência de oxigênio ou hipóxia. as narinas;
6. Conectar a cânula à extensão, abrir e regular o fluxômetro
Métodos de Administração de Oxigênio: (conforme prescrição).
a) Cânula nasal - é empregado quando o paciente requer uma
concentração média ou baixa de O2. É relativamente simples e per- Observações:
mite que o paciente converse e alimente-se, sem interrupção de • Trocar a cânula nasal diariamente;
O2. • Trocar o umidificador e extensão plástica a cada 48 horas.
Vantagens:
- Conforto maior que no uso do cateter; Nebulização
- Economia, não necessita ser removida; Material:
- Convivência - pode comer, falar, sem obstáculos; • Fluxômetro;
- Facilidade de manter em posição. • Máscara simples, ou “Venturi”, de formato adequado este-
rilizada;
2- Desvantagens: • Frasco nebulizador;
- Não pode ser usada por pacientes com problemas nos con- • Extensão plástica corrugada (traquéia);
dutos nasais; • 250 ml de água destilada esterilizada;
- Concentração de O2 inspirada desconhecida; • Etiqueta e folha de anotações de enfermagem.
- De pouca aceitação por crianças pequenas;
- Não permite nebulização Procedimento:
1. Instalar o fluxômetro e testá-lo;
2. Colocar a água no copo do nebulizador, fechar e conectar ao
fluxômetro;
396
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3. Conectar a máscara ao tubo corrugado, e este ao nebuliza- Descrição da Técnica:
dor; Higienizar as mãos;
4. Colocar a máscara no rosto do paciente e ajustá-la, evitando Reunir o material;
compressões; Apresentar-se ao paciente;
5. Regular o fluxo de oxigênio, de acordo com a prescrição; Realizar a meta 1 de segurança internacional do paciente;
6. Identificar o nebulizador com adesivo (data, hora e volume). Orientar sobre o procedimento;
Posicionar o paciente confortavelmente;
Observações: Instalar o fluxômetro na fonte de oxigênio ou ar comprimido;
• Trocar a água do nebulizador de 6/6hs, desprezando toda a Abrir a embalagem do inalador e reservá-la;
água do copo e colocando nova etiqueta; Higienizar as mãos;
• Trocar o conjunto a cada 48 horas. Preparar a inalação checando: nome da medicação, dose, via,
horário e a frequência;
Inalação Colocar o soro fisiológico e/ou as medicações prescritas, no
Material: copo do inalador, fechar e conecta-lo à extensão do fluxômetro;
• Fluxômetro; Conectar a máscara ao copo do inalador;
• Micronebulizador, com máscara e extensão; Regular o fluxo/pressão conforme a prescrição médica.
• 10 ml de SF ou água destilada esterilizada; Aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, envol-
• Medicamento; vendo o nariz e a boca;
• Etiqueta; Manter o inalador até o término desta solução (se o paciente
• Gaze esterilizada; tiver condições clínicas, deve segurar o inalador, caso contrário, pre-
• Folha de anotações. cisará de auxílio);
Orientar o paciente a tossir para expelir as secreções utilizando
Procedimento: o papel toalha sempre que necessário;
1. Instalar o fluxômetro na rede de oxigênio ou ar comprimido, Ao término, fechar o fluxômetro e retirar o inalador, encami-
e testá-lo; nhando para a CME (evitar contaminação do equipamento ou in-
2. Abrir a embalagem do micronebulizador e reservá-lo; fecções);
3. Colocar o SF ou AD no copinho, acrescentar o medicamento, Higienizar as mãos;
fechar e conectar ao fluxômetro; Atentar-se aos sinais e sintomas de reação adversa (farmaco-
4. Conectar a máscara ao micronebulizador; vigilância);
5. Regular o fluxo de gás (produzir névoa 5L/min); Registrar o procedimento no prontuário do paciente;
6. Aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, entre Checar a prescrição médica.
o nariz e a boca, solicitando que respire com os lábios entreabertos;
7. Manter o micronebulizador junto ao rosto do paciente, por Atenção!
5 minutos, ou até terminar a solução (quando possível orientá-lo a A inalação com oxigênio deve ser realizada com solicitação do
fazê-lo sozinho); médico na prescrição ou em pacientes que já estejam em oxigenio-
8. Identificar com etiqueta (data, horário de instalação); terapia.
9. Fechar o fluxômetro e retirar o micronebulizador;
10. Secar com gaze, recolocá-lo na embalagem e mantê-lo na Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfer-
cabeceira do paciente. magem/oxigenoterapia/30500
INALOTERAPIA. BIOSSEGURANÇA.
A inalação é um procedimento realizado para favorecer o pro-
cesso de fluidificação de secreções respiratórias, aliviar edema na
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
mucosa nasal, reduzir o broncoespasmo ou levar medicamentos ao em tópicos anteriores
organismo pelas vias aéreas no momento de expiração do paciente.
Agente:
Enfermeiro
Técnico de enfermagem
Auxiliar de enfermagem
Material:
Pontos de utilização com válvulas de fechamento
Fluxômetro
Bandeja de inox ou carrinho de medicação
Prescrição médica com medicação ou solução e a pressão de
operação
Inalador completo (máscara, copo e extensão)
Papel toalha
397
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Medicamentos
Uma as principais funções da equipe de Enfermagem no cuidado aos pacientes é a administração de medicamentos. Exige dos profis-
sionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, estes fatores garantem a segurança do paciente. Constitui-se de várias etapas e
envolve vários profissionais,o risco de ocorrência de erros é elevado.
Fármaco
Substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica. Sinônimo de princípio ativo.
Nove Certezas
1. usuário certo;
2. dose certa;
3. medicamento certo;
4. hora certa;
5. via certa;
6. anotação certa;
7. orientação ao paciente;
8. compatibilidade medicamentosa;
9. o direito do paciente em recusar a medicação.
398
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Absorção de Medicamentos
“refere-se a velocidade com que uma droga deixa o seu local de administração e a extensão com que isso ocorre.” • “ biodisponibili-
dade: a extensão com que uma droga atinge seu local de ação”.
Farmacocinética – Distribuição
O medicamento será distribuído pelo sistema circulatório, chegando aos tecidos e células para que ocorra ação. • O fármaco circula
ligado a proteínas plasmáticas
• Mas antes ele será matabolizado
Farmacocinética – Metabolização
• É a biotransformação que ocorre no fígado principalmente
• É uma reação química catalizada por enzimas que transformam o fármaco em ATIVO, ou INATIVO
399
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• A fração ativa, circulará livre ou ligada as proteínas plasmáticas até o receptor para fazer seu efeito.
Vias de Administração
Farmacodinâmica
Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação.
• Só a droga livre se liga ao receptor para fazer efeito
• Absorção
• Distribuição
• Metabolização
• Excreção Interferem na quantidade livre para se ligar aos receptores.
400
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Só neste momento é que começa a fazer efeito farmacológico
A análise dos erros, ocorridos nos Estados Unidos pela FDA (MedWatch Program) e USP-ISMP (Medication Errors Reporting Errors),
mostra que as causas dos erros são multifatoriais. Dentre as principais causas estão:
• falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• falta de informação sobre os pacientes;
• violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• erros de transcrição;
• falhas na interação com outros serviços;
• falhas na conferência das doses;
• problemas relacionados à bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
• inadequado monitoramento do paciente;
• erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.
Prejuízos e Danos Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao cliente devido a fatores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reações indesejadas
• Interações farmacológicas
Interação Medicamentosa
401
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Interação medicamentosa do tipo medicamento-exame labo- Hemocomponentes, Hemoderivados e soluções
ratorial Para entendimento sobre a hemoterapia é necessário com-
Durante o tratamento com amoxicilina, o exame de urina pode preender a diferença entre Hemocomponentes e Hemoderivados;
encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na neste caso, o Ministério da Saúde (2008, p. 15) esclarece:
urina. Sempre que for coletar algum tipo de exame laboratorial, ve- Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos.
rifique se o pacientes não estiver utilizando o medicamento. Os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir
do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, con-
Prejuízos e danos gelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos
Prejuízos e Danos Estudo feito em instituições hospitalares obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma
americanas demonstrou que erros potencialmente perigosos acon- por processos físico-químicos são denominados hemoderivados.
tecem mais de 40 vezes/dia em hospital e que um paciente está Dessa forma, é possível concluir que tanto os hemocomponen-
sujeito, em média, a dois erros/dia. Mais de 770.000 pacientes hos- tes como os hemoderivados são os produtos possíveis resultantes
pitalizados sofrem algum tipo de dano ou morte a cada ano por um
do sangue. Existem duas formas possíveis de obtenção de hemo-
evento medicamentoso adverso.
componentes, a mais comum é por meio da coleta de sangue total,
e a outra mais específica é pela aférese (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Controle na Administração Medicamento
2008).
Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança,
conhecimentos ou acesso às informações necessárias.
Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- A aférese pode ser compreendida como:
rência de erros no processo de administração de medicamentos. [...] procedimento caracterizado pela retirada do sangue do
Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem durante doador, seguida da separação de seus componentes por um equi-
o preparo e administração de medicamentos (formação com conhe- pamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja re-
cimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). tirar na máquina e devolução dos outros componentes ao doador
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 15).
Controle na Administração Medicamento O sangue total: a centrifugação é um dos procedimentos que
• Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, facilita a separação do sangue total, o que permite a formação de
conhecimentos ou acesso às informações necessárias. camadas. Após sofrer o processo de centrifugação o sangue total
• Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- fica separado em basicamente três camadas, denominadas, plas-
rência de erros no processo de administração de medicamentos. ma, buffy-coat e hemácias.
• Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem duran- Contudo, como é possível que não ocorra a coagulação do san-
te o preparo e administração de medicamentos (formação com co- gue? Como já foi descrito anteriormente, a conservação dos produ-
nhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). tos sanguíneos é realizada por meio de soluções anticoagulantes-
-preservadoras e soluções aditivas, conforme descreve o Ministério
Diluição de Medicamentos da Saúde (2008, p. 17):
• As informações sobre diluição de medicamentos no dia a dia Soluções anticoagulantes-preservadoras e soluções aditivas
não estão disponíveis de forma simples e prática, é necessário pro- são utilizadas para a conservação dos produtos sanguíneos, pois im-
tocolo de diluição de medicamentos pedem a coagulação e mantêm a viabilidade das células do sangue
• Exemplo (1): durante o armazenamento. A depender da composição das solu-
• Nome: Keflin ções anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para a pre-
• Apresentação: 1gr + água destilada 4ml servação do sangue total e concentrados de hemácias pode variar.
• Reconstituição: Próprio diluente (AD)
• Diluentes/Volumes: Água Destilada 10ml
A cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue total.
• Tempo mínimo de infusão: 1 minuto
Cada coleta poderá ser desdobrada em:
• Forma de administração: Seringa
• 1 unidade de Concentrado de Hemácias;
• 1 unidade de Concentrado de Plaquetas;
Observações:
• A ação de administrar medicamentos é uma tarefa complexa • 1 unidade de Plasma;
que envolve conhecimento de diversas áreas e a sua prática deve • 1 unidade crioprecipitada.
ser cercada de cuidados e de obediência aos princípios gerais.
• É importante que a enfermagem desenvolva pesquisas de Assim, são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro
competência de sua atuação e atualize-se com pesquisas relacio- pacientes. O sangue fresco total é considerado o sangue coletado
nadas a medicamentos, desenvolvidas por outros profissionais, es- há no máximo quatro horas. Para a coleta de sangue podem ser
tando atenta, também, aos medicamentos novos e às formas de usadas bolsas adequadas contendo anticoagulantes adicionados ou
apresentação das drogas com diferentes métodos de introdução no conservastes para hemácias.
organismo que, continuamente, são lançadas no mercado. Quando o volume é pequeno, o sangue pode também ser co-
• A falta de conhecimentos e de atualização na temática “ad- lhido em seringas heparinizadas. O sangue total armazenado pode
ministração de medicamentos” tem possibilitado a ocorrência de ser usado para fornir hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de
erros no processo da administração levando às IATROGENIAS. coagulação estáveis como o fibrinogênio.
• Educação permanente: educação e supervisão contínua, rea- O sangue fresco total pode ser separado em papa de hemácias
lizada pelo enfermeiro em seus diversos ambientes de trabalho + e plasma por centrifugação ou sedimentação. Depois de separado,
pesquisa são práticas altamente fecundas. a papa de hemácias precisa ser posta a uma temperatura que varia
• Elaboração de “protocolos” sobre medicamentos pode auxi- entre 1 e 6°C, o mais rápido possível. É necessário que se utilize so-
liar significativamente a assistência de enfermagem livre de riscos. lução salina 0,9% para ressuspender as hemácias, não sendo acon-
selhado outro tipo de solução (REICHMANN; DEARO, 2001).
402
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se o sangue total não for processado ligeiramente e o plasma Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente
for congelado depois de seis horas da colheita, ele é denominado para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb
plasma congelado. O plasma congelado mantém concentrações atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a
ajustadas somente dos fatores de coagulação dependentes de vita- transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3%
mina K (II, VII, IX, X) e também de imunoglobulinas (Ig). e a Hb em 1 g/dl. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido
O plasma fresco congelado pode também ser processado em não deve exceder 10 a 15ml/kg/hora.
crioprecipitado e crioplasma pobre. O crioprecipitado é o precipi- O modo de administração é de suma importância e neste a
tado adquirido depois do descongelamento parcial (a temperaturas enfermagem envolve-se diretamente, por isso é necessário ter co-
entre 1 e 6°C) do plasma fresco congelado e tem alta concentração nhecimento. A este respeito o Ministério da Saúde (2008, p. 32)
do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibri- esclarece:
nogênio. O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 min
Este componente precisa ser sustentado a -18°C, apresentando a 120 minutos (min) em pacientes adultos. Em pacientes pediá-
assim validade de um ano após a colheita. Depois da preparação tricos, não exceder a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora.
do crioprecipitado, o produto remanescente é denominado de crio- A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser
plasma pobre. Este componente possui albumina e imunoglobuli- feita através de nova dosagem de HB ou HT 1-2 horas (hs) após a
nas e pode ser armazenado por até um ano a -18°C. transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes
O plasma rico em plaquetas também pode ser obtido por cen- ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30min após o
trifugação diferenciada do plasma fresco. Este precisa ser guardado término da transfusão e possui resultados comparáveis.
a uma temperatura que varie entre 20 e 24°C e em movimentação Concentrado de plaquetas: as plaquetas são decorrentes dos
constante durante até cinco dias. megacariócitos, que se localizam na medula óssea. Elas operam na
Concentrado de Hemáceas: é adquirido pela centrifugação do fase primária da coagulação e são conseguidas pela centrifugação
sangue total. Segundo o Ministério da Saúde (2008), a sobrevida do plasma. Precisam ser estocadas à temperatura de 22º C, em agi-
varia de acordo com a solução preservativa: de 35 a 42 dias. O ar- tação contínua.
mazenamento deve ser de 2ºC a 6º C. A indicação para a utilização de concentrado de plaquetas (CP)
Seu volume varia entre 220 e 280 ml. Então, uma bolsa de san- depende igualmente ao CH de avaliação e protocolos médicos, en-
gue total (ST) é submetida à centrifugação, remoção da maior parte tretanto é possível ressaltar:
do plasma e como consequência obtém-se 220 a 280 ml de concen- Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associa-
trado de hemácias (CH). das às plaquetopenias desencadeadas por falência medular, rara-
A indicação para que seja realizada a transfusão de concen- mente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição
trado de hemácias, deve ser criteriosa e individual, de acordo com periférica ou alterações congênitas de função plaquetária (MINIS-
o fator determinante: estado hemodinâmico do paciente, anemia TÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 32).
aguda, classificação de Baskett. A dose indicada é estabelecida por meio do critério de uma
Sobre a indicação de concentrado de hemácias o Ministério da unidade de CP para cada 7 a 10 Kg de peso do paciente. Todavia, o
Saúde (2008, p. 29) alerta: médico poderá avaliar também a contagem plaquetária do paciente
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser reali- para, posteriormente, realizar a prescrição de dosagem. O tempo
zada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de de infusão a ser seguido para administração de CP é:
oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximada-
todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situa- mente 30min em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo
ções de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compen- a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. A avaliação da res-
satórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição posta terapêutica a transfusão de CP deve ser feita através de nova
da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a resposta
nível de hipóxia tecidual. clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais,
Em algumas ocasiões a transfusão não é indicada, como no a avaliação laboratorial 10min após o término da transfusão pode
caso de anemia por perda sanguínea crônica, anemia por insuficiên- facilitar a avaliação da resposta e possui resultados comparáveis
cia renal crônica, anemia hemolítica constitucional, Doença Falci- (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 37).
forme, Talassemias, etc. Plasma fresco congelado: é obtido depois do fracionamento do san-
Não se deve valorizar somente os valores de Ht e Hb, pois em gue total, congelar até oito horas depois da coleta. Deve ser guardado a
casos de anemia hemolítica autoimune, em geral, não é encontrado uma temperatura de, no mínimo, -20º C, tendo validade de doze meses.
sangue compatível e todo sangue que for transfundido é hemolisa- O plasma fresco congelado (PFC) possui albumina, globulina,
do, indicado imunossupressão imediata. Transfusão sanguínea, nes- fibrinogênia e fatores de coagulação sanguínea. Uma vez que é des-
ses casos, somente com grande risco de vida. Solicitando sempre congelado precisa ser usado em até quatro horas.
acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta. A indicação de utilização do Plasma Fresco Congelado é, como
Portanto, a indicação do CH segue critérios médicos, já que é nos casos anteriores, dependente da avaliação médica, cabe res-
este profissional que realiza a prescrição e indicação da transfusão, saltar o que é preconizado pelo Ministério da Saúde (2008, p. 38):
por este motivo este item não será abordado amplamente, pois As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restri-
existem protocolos médicos que especificam quais são as situações tas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da
nas quais é indicada a terapia com CH e as contraindicações. coagulação. O componente deve ser usado, portanto, no tratamen-
Outra questão importante é a dose a ser infundida no pacien- to de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente na-
te, que também é realizada pela avaliação médica. Quanto a isto, o queles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando
Ministério da Saúde (2008, p. 32) descreve: não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de
fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral.
403
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A dose volume a ser transfundida em um paciente vai depen- A transfusão após o descongelamento deve ser imediata, mas
der do peso e das condições hemodinâmicas do paciente, esta ava- poderá também ficar estocado por até seis horas em temperatura
liação será feita pelo médico. É importante ressaltar que o uso de ambiente e entre 20º e 24º C ou por até quatro horas quando o
10-20 ml de PFC por Kg aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores sistema for aberto.
de coagulação do paciente. Uma das formas para se calcular a dosagem a ser administrada
de crioprecipitado é 1.0 a 1.5 bolsas de Criopreciptado para cada 10
Os cuidados antes da administração do PFC devem ser seguidos Kg de peso do paciente, sendo a intenção de se atingir níveis de fi-
rigorosamente para impedir intercorrências, são eles: brinogênio de 100mg/dl com reavaliação a cada três ou quatro dias.
• Antes da transfusão deve ser completamente descongelado,
para isto pode-se utilizar o banho-maria a 37ºC ou equipamento Princípios da administração de medicamentos e Cálculo de
específico; Medicacão
• Após ser descongelado deve ser utilizado o mais rápido pos- A administração de medicamentos é uma das atividades que
sível, no máximo seis horas após o congelamento em temperatura o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita frequência, re-
ambiente ou 24 horas após refrigeração; querendo muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica
• Depois de ser descongelado não pode mais ser congelado; para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve
• É importante observar atentamente o aspecto das bolsas an- uma sequência de ações que visam a obtenção de melhores resul-
tes de iniciar a transfusão, pois vazamentos e alterações de cor são tados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição
alertas para não administração. na qual é realizado o atendimento.
Assim, é importante compreender que o uso de medicamen-
Também é importante seguir a seguinte orientação: tos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas
Na transfusão de plasma, todos os cuidados relacionados à decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais de provocar
transfusão de hemocomponentes devem ser seguidos criteriosa- danos ao paciente, sendo imprescindível que o profissional esteja
mente. A conferência da identidade do paciente e rótulo da bolsa preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais de-
antes do início da infusão e uso de equipo com filtro de 170 a 220 correntes dos erros que possa vir a incorrer.
nm são medidas obrigatórias. O tempo máximo de infusão deve ser Geralmente, os medicamentos de uma unidade de saúde são
de 1 hora (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 45). armazenados em uma área específica, dispostos em armários ou
Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido por meio prateleiras de fácil acesso e organizados e protegidos contra poeira,
do procedimento de congelamento rápido, descongelamento e umidade, insetos, raios solares e outros agentes que possam alterar
centrifugação do plasma. É rico em fator VIII: c (atividade pró-coa- seu estado ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser ar-
gulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator mazenados e conservados em refrigerador.
XIII e Fibronectina. Os recipientes contendo a medicação devem possuir tampa e
rótulo, identificados com nome (em letra legível) e dosagem do fár-
Conforme o Ministério da Saúde (2008, p. 45), as indicações maco.
para a utilização do crioprecipitado são: A embalagem com dose unitária, isto é, separada e rotulada
[...] tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida em doses individuais, cada vez mais vem sendo adotada em gran-
(<100mg/dl), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hi- des centros hospitalares como meio de promover melhor controle
pofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento e racionalização dos medicamentos.
trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular dis- Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclarecidos quan-
seminada (CID). Somente 50% do total dos 200mg de fibrinogênio to à utilização dos medicamentos receitados pelo médico, e orienta-
administrados/bolsa no paciente com complicações devido à trans- dos em relação ao seu armazenamento e cuidados - principalmente
fusão maciça são recuperados por meio intravascular. se houver crianças em casa, visando evitar acidentes domésticos.
Os entorpecentes devem ser controlados a cada turno de trabalho e
E também nos seguintes casos: sua utilização feita mediante prescrição médica e receita contendo
a) Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiên- nome do paciente, quantidade e dose, além da data, nome e assina-
cia isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se tura do médico responsável. Ao notar a falta de um entorpecente,
dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial. notifique tal fato imediatamente à chefia.
b) Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascu- A administração de medicamentos segue normas e rotinas que
lar disseminada-CID e graves hipofibrinogenemias. uniformizam o trabalho em todas as unidades de internação, facili-
c) Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por deficiên- tando sua organização e controle. Para preparar os medicamentos,
cia deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator XIII faz-se necessário verificar qual o método utilizado para se aviar a
industrial. prescrição - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, folha
d) Repor Fator de von Willebrand em pacientes que não têm impressa em computador.
indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando Visando administrar medicamentos de maneira segura, a en-
não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de fermagem tradicionalmente utiliza a regra de administrar o medi-
concentrados de Fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand. camento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora
certa.
O crioprecipitado antes de ser infundido deve ser descongela- Durante a fase de preparo, o profissional de enfermagem deve
do em uma temperatura de 30ºC a 35ºC no prazo máximo de quinze ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que
minutos, podendo ser feito por meio de banho-maria. o paciente receba corretamente a medicação. Isto justifica porquê
o medicamento deve ser administrado por quem o preparou, não
sendo recomendável a administração de medicamentos preparados
por outra pessoa.
404
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As orientações a seguir compreendem medidas de organizati- Administrando medicamentos tópicos por via cutânea, ocular,
vas e de assepsia que visam auxiliar o profissional nesta fase do tra- nasal,
balho: lavar sempre as mãos antes do preparo e administração de -otológica e vaginal
medicamentos, e logo após; preparar o medicamento em ambiente
com boa iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair Material necessário:
a atenção com atividades paralelas e interrupções que podem au- - bandeja
mentar a chance de cometer erros; - espátula, conta-gotas, aplicador
Ler e conferir o rótulo do medicamento três vezes: ao pegar - gaze
o frasco, ampola ou envelope de medicamento; antes de colocar - luvas de procedimento
o medicamento no recipiente próprio para administração e ao re- -medicamento
colocar o recipiente na prateleira ou descartar a ampola/frasco ou
outra embalagem. Administrando medicamentos por via parenteral
Um profissional competente não se deixa levar por comporta- A via parenteral é usualmente utilizada quando se deseja uma
mentos automatizados, pois tem a consciência de que todo cuidado ação mais imediata da droga, quando não há possibilidade de admi-
é pouco quando se trata de preparar e administrar medicamentos; nistrá-la por via oral ou quando há interferência na assimilação da
Realizar o preparo somente quando tiver a certeza do medica- droga pelo trato gastrintestinal.
mento prescrito, dosagem e via de administração; as medicações A enfermagem utiliza comumente as seguintes formas de ad-
devem ser administradas sob prescrição médica, mas em casos de ministração parenteral: intradérmica, subcutânea, intramuscular e
emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a situa- endovenosa.
ção estiver sob controle, todas as medicações usadas devem ser
prescritas pelo médico e checadas pelo profissional de enfermagem Material necessário:
que fez as aplicações; - Bandeja ou cuba-rim
Identificar o medicamento preparado com o nome do pacien- -Seringa
te, número do leito, nome da medicação, via de administração e - Agulha
horário; observar o aspecto e características da medicação, antes - Algodão
de prepará-la; deixar o local de preparo de medicação em ordem - Álcool a 70%
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; utilizar -garrote (aplicação endovenosa)
bandeja ou carrinho de medicação devidamente limpos e desinfe- - Medicamento (ampola, frasco-ampola)
tados com álcool a 70%; quando da preparação de medicamentos
para mais de um paciente, é conveniente organizar a bandeja dis- A administração de medicamento por via parenteral exige pré-
pondo-os na seqüência de administração. vio preparo com técnica asséptica e as orientações a seguir enun-
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à fase de ad- ciadas visam garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de
ministração: manter a bandeja ou o carrinho de medicação sempre contaminação.
à vista durante a administração, nunca deixando-os, sozinhos, junto Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de validade,
ao paciente; antes de administrar o medicamento, esclarecer o pa- o aspecto da solução ou pó e a integridade do frasco.
ciente sobre os medicamentos que irá receber, de maneira clara e Certificar-se de que todo o medicamento está contido no corpo
compreensível, bem como conferir cuidadosamente a identidade da ampola, pois muitas vezes o estreitamento do gargalo faz com
do mesmo, para certificar-se de que está administrando o medica- que parte do medicamento fique retida. Observar a integridade dos
mento à pessoa certa, verificando a pulseira de identificação e/ou invólucros que protegem a seringa e a agulha; colocar a agulha na
pedindo-lhe para dizer seu nome, sem induzi-lo a isso; permanecer seringa com cuidado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a
junto ao paciente até que o mesmo tome o medicamento. parte interna do corpo da seringa e sua ponta.
Deixar os medicamentos para que tome mais tarde ou permitir Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool
que dê medicação a outro são práticas indevidas e absolutamente a 70%, destacando o gargalo no caso de frasco-ampola, levantar a
condenáveis; efetuar o registro do que foi fornecido ao paciente, tampa metálica e desinfetar a borracha.
após administrá-los. Proteger os dedos com algodão embebido em álcool a 70% na
hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa metálica do frasco-
Administrando medicamentos por via oral e sublingual: ampola.
Material necessário: Para aspirar o medicamento da ampola ou frasco ampola, segu-
-bandeja rá-lo com dois dedos de uma das mãos, mantendo a outra mão livre
- copinhos descartáveis para realizar, com a seringa, a aspiração da solução.
- fita adesiva para identificação No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, introduzi-lo den-
- material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. tro do frasco e deixar que a força de pressão interna desloque o ar
- água, leite, suco ou chá trar o medicamento. para o interior da seringa.
Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e
Administrando medicamentos por via retal aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose múltipla, inje-
Material necessário: tar um volume de ar equivalente à solução e, em seguida, aspirá-lo.
bandeja O procedimento de introduzir o ar da seringa para o interior
luvas de procedimento do frasco visa aumentar a pressão interna do mesmo, retirando fa-
forro de proteção cilmente o medicamento, haja vista que os líquidos movem-se da
gazes uma área de maior pressão para a de menor pressão. Portanto, ao
medicamento sólido ou líquido aspirar o medicamento, manter o frasco invertido
comadre (opcional)
405
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Após a remoção do medicamento, retirar o ar com a agulha cutânea, devido à maior vascularização do tecido muscular. O volu-
e a seringa voltadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o me a ser administrado deve ser compatível com a massa muscular,
êmbolo, para remover a solução contida na agulha, visando evitar que varia de acordo com a idade, localização e estado nutricional.
seu respingo quando da remoção do ar Considerando-se um adulto com peso normal, o volume mais
A agulha deve ser protegida com o protetor e o êmbolo da se- adequado de medicamento em aplicação no deltóide é de aproxi-
ringa com o próprio invólucro. madamente 2ml; no glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora exis-
Identificar o material com fita adesiva, na qual deve constar o tam autores que admitam volumes maiores. De qualquer maneira,
nome do paciente, número de leito/quarto, medicamento, dose e quantidades maiores que 3ml devem ser sempre bem avaliadas
via de administração. pois podem não ter uma adequada absorção3
As precauções para administrar medicamentos pela via paren- Para aplicação em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são
teral são importantes para evitar danos muitas vezes irreversíveis 25x7, 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes, a
ao paciente. Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál- agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, visando evitar
cool a 70%. a ocorrência de lesões teciduais.
É importante realizar um rodízio dos locais de aplicação, o que Orientar o paciente para que adote uma posição confortável,
evita lesões nos tecidos do paciente, decorrentes de repetidas apli- relaxando o músculo, processo que facilita a introdução do líquido,
cações. evita extravasamento e minimiza a dor.
Observar a angulação de administração de acordo com a via e Evite a administração de medicamentos em áreas inflamadas,
comprimento da agulha, que deve ser adequada à via, ao tipo de hipotróficas, com nódulos, paresias, plegias e outros, pois podem
medicamento, à idade do paciente e à sua estrutura física. dificultar a absorção do medicamento. Num movimento único e
Após a introdução da agulha no tecido e antes de pressionar o com impulso moderado, mantendo o músculo com firmeza, intro-
êmbolo da seringa para administrar o medicamento pelas vias sub- duzir a agulha num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja
cutânea e intramuscular, deve-se aspirar para ter a certeza de que retorno de sangue administrar a solução.
não houve punção de vaso sanguíneo. Após a introdução do medicamento, retirar a agulha - também
Caso haja retorno de sangue, retirar a punção, preparar nova- num único movimento - e comprimir o local com algodão molhado
mente a medicação, se necessário, e repetir o procedimento. Des- com álcool a 70%.
prezar a seringa, com a agulha junta, em recipiente próprio para Os locais utilizados para a administração de medicamentos são
materiais perfurocortantes. as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventroglútea e antero-lateral
Via intradérmica da coxa. A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar-se pró-
É a administração de medicamentos na derme, indicada para xima ao nervo ciático, o que contra-indica esse tipo de aplicação
a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em testes diagnósticos e em crianças.
de sensibilidade A posição recomendada é o decúbito ventral, com os pés vol-
Para testes de hipersensibilidade, o local mais utilizado é a tados para dentro, facilitando o relaxamento dos músculos glúteos;
região escapular e a face interna do antebraço; para aplicação de caso não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. O
BCG, a região deltóide do braço direito. Esticar a pele para inserir a local indicado é o quadrante superior externo, cerca de 5cm abaixo
agulha, o que facilita a introdução do bisel, que deve estar voltado do ápice da crista ilíaca.
para cima; visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo Outra maneira de identificar o local de aplicação é traçando
de 15º com a agulha, posicionando-a quase paralela à superfície da uma linha imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan-
mesma. ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da linha
Não se faz necessário realizar aspiração, devido à ausência de também é segura.
vaso sanguíneo na epiderme. O volume a ser administrado não Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda-se que o
deve ultrapassar a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansi- paciente esteja em posição sentada ou deitada
bilidade, sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5. Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo durante
Quando a aplicação é correta, identifica-se a formação de pápula, a introdução da agulha ) . O músculo vasto lateral encontra-se na
caracterizada por pequena elevação da pele no local onde o medi- região antero-lateral da coxa. Indica-se a aplicação intramuscular no
camento foi introduzido. terço médio do músculo, em bebês, crianças e adultos
A região ventroglútea, por ser uma área desprovida de gran-
Via subcutânea des vasos e nervos, é indicada para qualquer idade, principalmente
É a administração de medicamentos no tecido subcutâneo, para crianças. Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo
cuja absorção é mais lenta do que a da via intramuscular. Doses indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a palma da
pequenas são recomendadas, variando entre 0,5ml a 1ml. Também mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em seguida desliza-se o
conhecida como hipodérmica, é indicada principalmente para vaci- adjacente (médio) para formar um V. A injeção no centro do V al-
nas (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex. cança os músculos glúteos essos, necrose e lesões de nervo.
heparina) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e con-
tínua. Seus locais de aplicação são a face externa do braço, região Via endovenosa
glútea, face anterior e externa da coxa, região periumbilical, região A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma ação rápida
escapular, região inframamária e flanco direito ou esquerdo. do medicamento ou quando outras vias não são propícias. Sua ad-
ministração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que
Via intramuscular a medicação entra diretamente na corrente sangüínea, podendo
A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos ocasionar sérias complicações ao paciente caso as recomendações
irritantes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe me- preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por
nor número de terminações nervosas no tecido muscular profundo. essa via devem ser cristalinas, não-oleosas e sem flocos em suspen-
A absorção ocorre mais rapidamente que no caso da aplicação sub- são. Para a administração de pequenas quantidades de medicamen-
406
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tos são satisfatórias as veias periféricas da prega (dobra) do cotove- - As pessoas que não estão se alimentando bem precisam rece-
lo, do antebraço e do dorso das mãos. A medicação endovenosa ber uma complementação alimentar para que não fique com defici-
pode ser tam bém aplicada através de cateteres intravenosos de ências que podem levar a pele a ficar mais frágil. Consulte um pro-
curta/longa permanência e flebotomia. O medicamento pode ainda fissional sobre o uso de suplementos como sustacal, sustagem etc.
ser aplicado nas veias superficiais de grande calibre: região cubital, - A mudança de posição ou decúbito deve ser feita pelo menos
dorso da mão e antebraço. Material necessário: bandeja bolas de a cada duas horas se não houver contra-indicações relacionadas às
algodão álcool a 70% fita adesiva hipoalergênica garrote escalpe(s) condições gerais do paciente. Um horário por escrito deve ser feito
adequado(s) ao calibre da veia do paciente) seringa e agulha. para evitar esquecimentos.
- Travesseiros ou almofadas de espuma devem ser usadas para
Venóclise manter as proeminências ósseas (como os joelhos) longe de con-
Venóclise é a administração endovenosa de regular quantidade tato direto um com o outro. Os calcanhares devem ser mantidos
de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundido levantados da cama usando um travesseiro debaixo da panturrilha
num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmen- ou barriga da perna.
te para repor perdas de líquidos do organismo e administrar medi- - Quando a pessoa ficar na posição lateral deve-se evitar a po-
camentos. sição diretamente sobre o trocanter do fêmur.
As soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a - A cabeceira da cama não deve ficar muito tempo na posição
fisiológica a 0,9%. Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve elevada para não aumentar a pressão nas nádegas, o que leva ao
ser esclarecido sobre o período previsto de administração, corre- desenvolvimento da úlcera de pressão.
lacionando-o com a importância do tratamento e da necessidade - Se a pessoa ficar sentada em cadeira de rodas ou poltrona use
de troca a cada 72 horas. O profissional deve evitar frases do tipo uma almofada de ar, água ou gel mas nunca use aquelas almofadas
não dói nada, pois este é um procedimento dolorido que muitas ve- que tem um orifício no meio ( roda d´água) pois elas favorecem o
zes requer mais de uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se aumento da pressão e a presença da ferida.
enganado e coloque em cheque a competência técnica de quem - Use aparelhos como o trapézio, ou o forro da cama para movi-
realiza o procedimento. mentar (ao invés de puxar ou arrastar) a pessoa que não consegue
Material necessário: o mesmo utilizado na aplicação endoveno- ajudar durante a transferência ou nas mudanças de posição.
sa, acrescentando-se frasco com o líquido a ser infundido, suporte, - Use um colchão especial que reduz a pressão como colchão
medicamentos, equipo, garrote, cateter periférico como escalpe, de ar ou colchão d’água. O colchão caixa de ovo aumenta o conforto
gelco ou similar, agulha, seringa, adesivo (esparadrapo, micropore mas não reduz a pressão. Para a pessoa que já tem a úlcera o ade-
ou similar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja, acessórios quado é o colchão de Ar ou água.
como torneirinha e bomba de infusão, quando necessária. - Evite que a pessoa fique sentada ininterruptamente em qual-
quer cadeira ou cadeira de rodas. Os indivíduos que são capazes,
devem ser ensinados a levantar o seu peso a cada quinze minutos,
PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
aqueles que não conseguem devem ser levantados por outra pes-
soa ou levados de volta para a cama.
Prevenção de úlceras de pressão
- Diariamente deve-se examinar a pele da pessoa que pode ter
Pessoas que não conseguem se movimentar e ficam acamadas
escaras para observar. Se apresentar início de problema não deixar
ou sentadas por muito tempo na mesma posição podem apresentar
a pessoa sentar ou deitar encima da região afetada e procurar des-
feridas conhecidas por escaras ou úlcera de pressão. Estas feridas
cobrir a causa do problema para que não agrave.
podem ocorrer em qualquer parte do corpo onde tenha saliência
- Para tratamento da úlcera é preciso uma avaliação do profis-
óssea mas são mais comuns nas nádegas, calcanhares e nas regiões
sional do estágio da ferida porém em todos os casos lave somente
laterais da coxa. Se a pessoa não tem controle da urina e fezes e
com soro fisiológico ou água, não use sabão, sabonete, álcool, mer-
tem dificuldades para ter uma boa alimentação o problema pode se
tiolate, mercúrio cromo , iodo (povidine). Não deixe a pessoa dei-
agravar no entanto certas medidas podem ser usadas para diminuir
tada ou sentada encima da ferida, veja se as medidas de prevenção
o problema:
citadas acima estão sendo colocadas em prática.
- A pele deverá ser limpa no momento que se sujar. Evite água
quente e use um sabão suave para não causar irritação ou resseca-
mento da pele. A pele seca deve ser tratada com cremes hidratan- COLETA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS
tes de uso comum.
- Evite massagens nas regiões de proeminências ósseas se ob- COLETA DE MATERIAL PARA EXAMES LABORATORIAIS
servar avermelhamento, manchas roxas ou bolhas pois isto indica o Amostras Biológicas: São consideradas amostras biológicas de
início da escara e a massagem vai causar mais danos. material humano para exames laboratoriais: sangue urina, fezes,
- Se a pessoa não tem controle da urina use fraldas descartáveis suor, lágrima, linfa (lóbulo do pavilhão auricular, muco nasal e lesão
ou absorventes e troque a roupa assim que possível. O uso de po- cutânea), escarro, esperma, secreção vaginal, raspado de lesão epi-
madas como hipoglós também ajuda a formar uma barreira contra dérmico (esfregaço) mucoso oral, raspado de orofaringe, secreção
a umidade. de mucosa nasal (esfregaço), conjuntiva tarsal superior (esfregaço),
- O uso de um posicionamento adequado e uso de técnicas secreção mamilar (esfregaço), secreção uretral (esfregaço), swab
corretas para transferência da cama para cadeira e mudança de de- anal, raspados de bubão inguinal e anal/perianal, coleta por esca-
cúbito podem diminuir as feridas causadas por fricção. A pessoa rificação de lesão seca/swab em lesão úmida e de pelos e de qual-
precisa ser erguida ao ser movimentada e nunca arrastada contra quer outro material humano necessário para exame diagnóstico.
o colchão. Atualmente a maioria dos procedimentos de coleta são realizados
nas próprias Unidades Assistenciais de Saúde da Rede Pública Mu-
nicipal.
407
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Laboratórios de Análises: São estabelecimentos destinados à coleta para esta finalidade, com dimensão mínima de 3,6 metros
coleta e ao processamento de material humano visando a reali- quadrados, ter pia para lavagem das mãos, mesa, bancada, etc.
zação de exames e testes laboratoriais, que podem funcionar em para apoiar o material para coleta e o material coletado. O ambien-
sedes próprias independentes ou, ainda, no interior ou anexadas a te deve ter janelas, ser arejado, com local para deitar ou sentar o
estabelecimentos assistenciais de saúde, cujos ambientes e áreas usuário, as superfícies devem ser laváveis. De acordo com a RDC
específicas obrigatoriamente devem constituir conjuntos individu- 50/2002 ANVISA/MS, as dimensões físicas e capacidade instalada
alizados do ponto de vista físico e funcional. são as seguintes:
- Box de coleta = 1,5 metros. Caso haja apenas um ambiente de
Procedimentos Técnicos Especiais: coleta, este deve ser do tipo sala, com 3,6 metros quadrados.
- A execução de procedimentos de coleta de material humano - Um dos boxes deve ser destinado à maca e com dimensões
que exijam a prévia administração, por via oral, de quaisquer subs- para tal.
tâncias ou medicamentos, deverá ser supervisionada, “in loco”, por - Os estabelecimentos que contarem com 02 (dois) Boxes de
profissionais de nível superior pertencentes aos quadros de recur- Coleta, obrigatoriamente, possuirão no mínimo, 01 (um) lavatório
sos humanos dos estabelecimentos. localizado o mais próximo possível dos ambientes de coleta.
- Os procedimentos de que trata o item anterior, que sejam de - Área para registro dos usuários.
longa duração e que exijam monitoramento durante os processos - Sanitários para usuários.
de execução, deverão ser supervisionados, “in loco”, por profissio- - Número necessário de braçadeiras para realização de coletas
nais médicos pertencentes aos quadros de recursos humanos dos = 1 para 15 coletas/hora.
estabelecimentos. - Para revestir as paredes e pisos do box de coleta e técnica
- O Setor de Coleta deverá ter acesso aos equipamentos de em geral, deve-se utilizar material de fácil lavagem, manutenção e
emergência visando propiciar o atendimento de eventuais inter- sem frestas.
corrências clínicas. - Insumos para coleta deverão estar disponibilizados em quan-
- O emprego de técnicas de sondagem é permitido, mediante tidade suficiente e de forma organizada.
indicação médica, e somente para casos em que seja realmente ne-
cessária, a adoção de tal conduta para viabilizar a coleta de amos- Biossegurança: Entende-se como incorporação do princípio
tras de material dos usuários. da biossegurança, a adoção de um conjunto de medidas voltadas
para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes
Coleta nas Unidades de Saúde: Os procedimentos de coleta dos às atividades de prestação de serviços, produção, ensino, pesquisa
exames laboratoriais nos ambulatórios são executados por profis- e desenvolvimento tecnológico, que possam comprometer a saúde
sionais médicos, assim como por profissionais de saúde componen- do homem, o meio ambiente e, ainda, a qualidade dos trabalhos
tes de equipes multiprofissionais, com finalidades de investigação desenvolvidos.
clínica e epidemiológica, de diagnose ou apoio diagnóstico, de ava- Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Equipamento
liação pré-operatória, terapêutica e de acompanhamento clínico. de Proteção Coletiva – EPC, destinam-se a proteger os profissio-
Recursos Humanos: O Setor de Coleta obrigatoriamente con- nais durante o exercício das suas atividades, minimizando o risco
tará com pelo menos 01 (um) dos seguintes profissionais de nível de contato com sangue e fluidos corpóreos.
universitário: médico, enfermeiro, farmacêutico, biomédico ou bió- São EPI: óculos, gorros, máscaras, luvas, aventais impermeá-
logo que tenha capacitação para execução das atividades de coleta. veis e sapatos fechados e, são EPC: caixas para material perfurocor-
Os profissionais de nível universitário do Posto de Coleta deverão tante, placas ilustrativas, fitas antiderrapante, etc... .
estar presentes, diariamente, no interior de suas dependências du- Os técnicos dos postos de coleta devem usar avental, luvas e
rante o período de funcionamento da coleta destes estabelecimen- outros EPI que devem ser removidos e quando passiveis de esteri-
tos. Os procedimentos de coleta de material humano poderão ser lização, guardados em local apropriado antes de deixar a área de
executados pelos seguintes profissionais legalmente habilitados: trabalho.
- De nível universitário: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, Deve-se usar luvas de procedimentos, adequadas ao trabalho
biomédicos, biólogos e químicos que no curso de graduação, e/ou em todas as atividades que possam resultar em contato acidental
em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes con- direto com sangue e materiais biológicos. Depois de usadas as luvas
feriram capacitação para execução das atividades de coleta. devem ser descartadas.
- De nível técnico: técnicos de enfermagem, assim como técni-
cos de laboratório, técnicos em patologia clínica e demais profissio- Atenção:
nal legalmente habilitados que concluíram curso em nível de ensino - Observar a integridade do material; quando alterada solicitar
médio que no curso de graduação, e /ou em caráter extracurricular substituição.
frequentaram disciplinas que lhes conferiram capacitação para exe- - Manter cabelos presos e unhas curtas.
cução das atividades de coleta. - Não usar adornos (pulseiras, anel, relógio, etc...).
- De nível intermediário: auxiliares de enfermagem, assim - Observar a obrigatoriedade da lavagem das mãos.
como profissionais legalmente habilitados que concluíram curso
em nível de ensino de fundamental que no curso de graduação, e Quando houver um acidente com material biológico envolven-
/ou em caráter extracurricular, frequentaram disciplinas que lhes do face, olhos e mucosas deve-se lavar imediatamente todas as
conferiram capacitação para a execução das atividades de coleta. partes atingidas com água corrente.
Espaço Físico
Sala para coleta de material biológico: De uma forma geral, os
estabelecimentos que são dotados de um único ambiente de co-
leta deverão contar com sala específica e exclusiva no horário de
408
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fases que envolvem a realização dos exames: Dieta: Alguns exames requerem a uma dieta especial antes da
Unidades de saúde: Fase pré - analítica do exame na unidade coleta de amostra (ex: pesquisa de sangue oculto), caso contrário
de saúde: os hábitos alimentares devem ser mantidos para que os resultados
- Requisição do exame possam refletir o estado do paciente no dia-a-dia.
- Orientação e preparo para a coleta Atividades Físicas: Não se deve praticar exercícios antes dos
- Coleta exames, exceto quando prescrito. Eles alteram os resultados de
- Identificação (Solicitar que o usuário realize a conferência dos muitas provas laboratoriais, principalmente provas enzimáticas e
seus dados): nome, idade, sexo). bioquímicas. Por isso, recomenda-se repouso e o paciente deve fi-
- Preparação da amostra car 15 minutos descansando antes da coleta.
- Acondicionamento Medicamentos: A Associação Americana de Química Clínica,
- Transporte além de alguns outros pesquisadores brasileiros, mantém publi-
cações completas em relação às interferências de medicamentos
sobre os exames. Por outro lado, alguns pacientes, não podem sus-
Laboratório:
pender as medicações devido a patologias específicas.
Fase pré-analítica do exame no laboratório:
- Recepção
O médico deverá orientar sobre a possibilidade, ou não, de sus-
- Triagem
pensão temporária do medicamento. O usuário NUNCA poderá in-
- Preparação da Amostra terromper voluntariamente o uso de medicamentos. Informar sem-
pre na solicitação do exame ao laboratório todos os medicamentos
Fase analítica do exame no laboratório: que o usuário fez uso nos 10 dias que antecederam a coleta.
- Análise da Amostra Fumo: Orientar o usuário a não fumar no dia da coleta. O ta-
bagismo crônico altera vários exames como: leucócitos no sangue,
Fase pós - analítica do exame no laboratório: lipoproteínas, atividades de várias enzimas, hormônios, vitaminas,
- Conferência marcadores tumorais e metais pesados.
- Emissão e Remessa de Laudo
Bebida Alcoólica: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas
Unidades de Saúde: durante pelo menos 3 (três) dias antes dos exames. O álcool, entre
outras alterações, afeta os teores de enzimas hepáticas, testes de
Fase pós - analítica do exame na unidade de saúde: coagulação, lipídios e outros.
- Recepção dos Resultados
- Conferência Data da menstruação ou tempo de gestação: Devem ser infor-
- Arquivamento dos Laudos mados na solicitação de exames ao laboratório, pois, dependen-
do da fase do ciclo menstrual ou da gestação ocorrem variações
Orientações ao usuário quanto ao preparo e realização do exa- fisiológicas que alteram a concentração de várias substâncias no
me: É importante esclarecer com instruções simples e definidas, as organismo, como os hormônios e algumas proteínas séricas. Para a
recomendações gerais para o preparo dos usuários para a coleta de coleta de urina o ideal é realizá-la fora do período menstrual, mas
exames laboratoriais, a fim de evitar o mascaramento de resulta- se for urgente, a urina poderá ser colhida, adotando-se dois cuida-
dos laboratoriais. dos: assepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal para o
sangue menstrual não se misturar à urina.
Importante informar e fornecer:
- Dias e horário de coleta da unidade Relações Sexuais: Para alguns exames como, por exemplo, es-
permograma e PSA, há necessidade de determinados dias de absti-
- Preparos necessários quanto à necessidade ou não de: jejum,
nência sexual. Para outros exames, até mesmo urina, recomenda-
dieta, abstinência sexual, atividade física, medicamentos.
-se 24 horas de abstinência sexual.
- Em casos de material colhido no domicilio a unidade deverá
fornecer os frascos com identificação do material a ser colhido
Ansiedade e Stress: O paciente deverá relaxar antes da realiza-
- Certificar-se de que o usuário entendeu a orientação e anexá- ção do exame. O stress afeta não só a secreção de hormônio adre-
-la ao pedido de exame. nal como de outros componentes do nosso organismo. A ansiedade
conduz à distúrbios no equilíbrio ácido-básico, aumenta o lactato
Fatores que podem influenciar nos resultados: sérico e os ácidos gordurosos plasmáticos livres, entre outras subs-
tâncias.
Jejum
- Para a maioria dos exames um determinado tempo de jejum é Observações Importantes:
necessário e pode variar de acordo com o exame solicitado deven- - Quando possível as amostras devem ser coletadas entre 7 e 9
do - consultar o quadro: “Exames de sangue solicitados nas unida- horas da manhã, pois a concentração plasmática de várias substân-
des de saúde sms”. cias tendem a flutuar no decorrer do dia. Por esta razão, os valores
- Vale lembrar também, que o jejum prolongado (mais que 12 de intervalos de referência, são normalmente obtidos entre estes
horas para o adulto), pode levar à alterações nos exames, além de horários. O ritmo biológico também pode ser influenciado pelo rit-
ser prejudicial à saúde. Água pode ser tomada com moderação. O mo individual, no que diz respeito à alimentação, exercícios e horas
excesso interfere nos exames de urina. de sono.
- No monitoramento dos medicamentos considerar o pico an-
tes a administração do medicamento e o estágio da fase constante
depois da próxima dose.
- Sempre anotar da coleta no pedido o exato momento.
409
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A coleta da amostra feita no momento errado é pior do que a Acondicionamento do material nas caixas de transporte:
não coleta. - A unidade deverá manter, no mínimo 2 jogos de caixas para
Rotina do setor de coleta de exames laboratoriais: É importan- transporte para facilitar a higienização e trocas.
te a padronização de uma rotina para a coleta dos exames labo- - Um jogo de caixa de transporte = 1 cx para transportar sangue
ratoriais, devendo todos os profissionais envolvidos no processo e 1 cx para transportar fezes/urina/escarro.
estar cientes da rotina estabelecida. Basicamente os funcionários - Colocar os tubos nas grades seguindo a ordem de coleta e
da coleta devem estar orientados para: organizar as requisições também seguindo o mesmo critério, para
- Atender os usuários com cortesia. facilitar a conferência.
- Manter o box de atendimento dos pacientes sempre em or- - Verificar se os frascos de urina, fezes e escarro estão com a
dem. tampa de rosca bem fechada.
- Manter todos os materiais necessários para o atendimento de - Colocar o sangue em caixas de transporte separadas, dos po-
forma organizada. tes de urina/fezes/escarro.
- Trajar-se convenientemente (sem adornos pendurados e usar - Certificar-se de que o material não tombará durante o trans-
sapato), atendendo às normas de biossegurança. porte (colocar calço ou fixar com fita adesiva).
- Usar luvas e avental durante todo o processo de coleta. - Todas as solicitações de exames devem ser devidamente
Requisição de exame: Existem impressos próprios (anexá-los) acondicionadas em envelope plástico com a identificação da unida-
que são definidos conforme o tipo de exame solicitado. O impresso de e fixadas na parte externa da caixa.
deverá estar totalmente preenchido com letra legível: - Realizar os procedimentos acima sempre paramentados.
- Nome da unidade solicitante;
- Nome do usuário; Acondicionamento e transporte de material biológico
- Nº prontuário; Objetivo: Garantir o acondicionamento, conservação e trans-
- Idade: muitos valores de referência variam conforme a idade; porte do material até a recepção pelo laboratório executor dos
- Sexo: muitos valores de referência variam conforme o sexo; exames. As amostras de sangue deverão ser acondicionadas em
- Indicação clínica; recipientes rígidos, constituídos de materiais apropriados para tal
- Medicamentos em uso; finalidade, dotados de dispositivos pouco flexíveis e impermeáveis
- Data da última menstruação (DUM), quando for o caso; para fechamento sob pressão. O acondicionamento do material co-
- Assinatura e carimbo do solicitante; letado deverá ser tecnicamente apropriado, segundo a natureza de
- Nome do responsável pela coleta; cada material a ser transportado, de forma a impedir a exposição
dos profissionais da saúde, assim como dos profissionais da frota
A informação é fundamental para garantir a qualidade do re- que transportam o material.
sultado laboratorial. Devem ser utilizadas para fins de análise de - Estantes e grades são recipientes de suporte utilizados para
consistência do resultado laboratorial, e portanto, necessitam ser acondicionar tubos e frascos coletores contendo amostras bioló-
repassadas aos responsáveis pelas fases analítica e pós-analítica. gicas; deverão ser rígidas e resistentes, não quebráveis, que per-
mitam a fixação em posição vertical, com a extremidade de fecha-
Procedimento de coleta: mento (tampa) voltada para cima e que impeçam o tombamento
- Conferir o nome do usuário com a requisição do exame. do material.
- Indagar sobre o preparo seguido pelo usuário (jejum, dieta e - Tubete ou Caixa são recipientes utilizados para acondicio-
medicação). namento de lâminas dotadas internamente de dispositivo de se-
- Separar o material para a coleta conforme solicitação, quanto paração (ranhura) e externamente de dispositivo de fechamento
ao tipo de tubo e volume necessário. (tampa ou fecho).
- Os insumos para coleta deverão estar disponibilizados de for- - Caixas Térmicas são recipientes de segurança para transpor-
ma organizada, em cada Box, no momento da coleta. te, destinados à acomodação das estantes e grades com tubos,
- Preencher as etiquetas de identificação do material com frascos e tubetes contendo as amostras biológicas.
nome, nº do registro, no Com os tubos todos identificados, proce-
der à coleta propriamente dita (os tubos com aditivos tipo gel ou Estas caixas térmicas devem obrigatoriamente ser rígidas, re-
anticoagulantes, devem ser homogeneizados por inversão de 5 a sistentes e impermeáveis, revestidas internamente com material
8 vezes). lisos, duráveis, impermeáveis, laváveis e resistentes às soluções de-
- Profissional responsável pela coleta deve assinar o pedido e sinfetantes devendo, ainda ser, dotadas externamente de disposi-
colocar a data da coleta. tivos de fechamento externo. Como medida de segurança na parte
externa das Caixas Térmicas para transporte, deverá ser fixado o
Conferência das amostras colhidas: Reservar os 15 minutos fi- símbolo de material infectante e inscrito, com destaque, o título de
nais do período da coleta para verificar se as amostras estão bem identificação: Material Infectante. Na parte externa da Caixa Térmi-
tampadas e estão corretamente identificadas. Conferir os pedidos ca, também deverá ser inscrito o desenho de seta indicativa vertical
com os frascos. Realizar este procedimento sempre paramentado. apontada para cima, de maneira a caracterizar a disposição vertical,
Preencher a folha de controle (ou planilha de encaminhamen- com as extremidades de fechamento voltadas para cima.
to) em duas vias: Relacionar na planilha os nomes de todos os usuá- Nas inscrições do símbolo de material infectante, do título de
rios atendidos, o nº do registro e os exames solicitados. Não esque- identificação e da frase de alerta, deverão ser empregadas tecno-
cer de preencher a data da coleta e o nome da unidade. Uma via é logias ou recursos que possibilitem a higienização da parte externa
encaminhada ao laboratório acompanhando o material, os pedidos destes recipientes e garantam a legibilidade permanente das ins-
e a outra via fica na unidade para controle do retorno dos resulta- crições. É vedado, em qualquer hipótese, transportar amostras de
dos e relatório estatístico. material humano, bem como recipientes contendo resíduos infec-
tantes, no compartimento dianteiro dos veículos automotores.
410
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- É importantes a perfeita sintonia entre remetente, transpor- Exames Laboratoriais
tadora e laboratório de destino, a fim de garantir o transporte se-
guro do material e chegada do mesmo em tempo hábil e em boas Coleta de Sangue em crianças maiores e adultos
condições. Posicionamento do braço: O braço do paciente deve ser posi-
- Quaisquer acidentes durante o transporte devem ser comu- cionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as
nicados ao remetente, a fim de que providências possam ser toma- veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possí-
das, com o objetivo de propiciar medidas de segurança aos dife- vel. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada
rentes contactuantes. Nunca afixar qualquer guia ou formulário ao para cima.
material biológico Garroteamento: O garrote é utilizado durante a coleta de san-
- Também não poderão ser transportados dentro da caixa tér- gue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminen-
mica, devendo ser colocados em sacos, pastas ou envelopes e fixa- tes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao
dos na parte superior externa da caixa. local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção),
- Os funcionários da unidade que conferem e acondicionam os sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal,
materiais, devem verificar se os frascos coletores, tubos, demais basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso
recipientes, estão firmemente fechados. deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no bra-
ço do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar
Laudos Técnicos: Os resultados dos exames e testes realizados, o garrote logo após a venipunção, pois o garroteamento prolon-
obrigatoriamente, serão emitidos em impressos próprios para Lau- gado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio).
dos Técnicos que deverão conter os seguintes registros: Seleção da região de punção: A regra básica para uma punção
- Identificação clara, precisa e completa dos usuários e estabe- bem sucedida é examinar cuidadosamente o braço do paciente. As
lecimentos responsáveis pelas análises clínico-laboratoriais; características individuais de cada um poderão ser reconhecidas
- Data da coleta ou do recebimento das amostras, data da através de exame visual e/ou apalpação das veias. Deve-se sempre
emissão dos Laudos Técnicos e o nome dos profissionais que os que for realizar uma venipunção, escolher as veias do braço para
assinam e seus respectivos números de inscrições nos Conselhos a mão, pois neste sentido encontram-se as veias de maior calibre
Regionais de Exercício Profissional do Estado de São Paulo; e em locais menos sensíveis a dor. As veias são tubos nos quais
- Nomes do material biológico analisado, do exame realizado e o sangue circula, da periferia para o centro do sistema circulató-
do método utilizado; rio, que é o coração. As veias podem ser classificadas em: veias de
- Valores de referência normais e respectivas unidades. grande, médio e pequeno calibre, e vênulas. De 1 acordo com a sua
localização, as veias podem ser superficiais ou profundas. As veias
Intervalo/valores de referência: Define 95% dos valores limites superficiais são subcutâneas e com frequência visível por transpa-
obtidos de uma população definida. rência da pele, sendo mais calibrosas nos membros. Devido à sua
- Valores dos resultados dos exames ou testes laboratoriais e situação subcutânea permitir visualização ou sensação táctil, são
respectivas unidades. nessas veias que se fazem normalmente à coleta de sangue.
- Deverão ser devidamente assinados pelos seus Responsáveis As veias mais usuais para a coleta de sangue são: Veia Cefálica
Técnicos e/ou por profissionais legalmente habilitados, de nível su- / Veia mediana cubital / Veia mediana cefálica / Veia longitudinal
perior, pertencente aos quadros de recursos humanos destes esta- (ou antebraquial) / Veia mediana basílica / Veia do dorso da mão /
belecimentos. Veia marginal da mão / Veia basílica
- Deverão ser entregues diretamente aos usuários ou seus re-
presentantes legais, se for o caso, e, ainda, indiretamente, através Escolher uma região de punção envolve algumas considera-
dos profissionais de estabelecimentos de saúde, no caso de Postos ções:
de Coleta. Podem ainda ser entregues: utilizando-se equipamento - Selecionar uma veia que é facilmente palpável;
de fax-modem e meios de comunicação on line, quando autorizada - Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastecto-
por escrito pelos próprios usuários e/ou requerida pelos médicos mia;
ou cirurgiões-dentistas solicitantes. No entanto, isto não eximirá os - Não selecionar um local no braço onde o paciente foi subme-
Responsáveis Técnicos pelos estabelecimentos de garantir a guarda tido a uma infusão intravenosa;
dos Laudos Técnicos originais. - Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;
- Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos deve- - Não selecionar um local com múltiplas punções.
rão garantir a privacidade dos cidadãos, através da implantação de
medidas eficazes que confiram caráter confidencial a quaisquer re- Tente isto, se tiver dificuldade em localizar uma veia:
sultados de exames e testes laboratoriais. - Recomenda-se utilizar uma bolsa de água quente por mais ou
menos cinco minutos sobre o local da punção e em seguida garro-
Os Responsáveis Técnicos pelos Laboratórios Clínicos Autôno- tear;
mos e Unidades de Laboratórios Clínicos que executem exames e - Nos casos mais complicados, colocar o paciente deitado com
testes microbiológicos e sorológicos informarão os resultados de o braço acomodado ao lado do corpo e garrotear com o esfigmo-
exames e testes laboratoriais sugestivos de doenças de notificação manômetro (em P.A. média) por um minuto.
compulsória e de agravos à saúde, em conformidade com as orien- - Nunca aplicar tapinhas no local a ser puncionado, principal-
tações específicas das autoridades sanitárias responsáveis pelo Sis- mente em idosos, pois se forem portadores de ateroma poderá
tema de Vigilância. haver deslocamentos das placas acarretando sérias consequências.
411
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnica para coleta de sangue a vácuo: Antes de iniciar uma ve- - Com uma mecha de algodão exercer pressão sobre o local da
nipunção, certificar-se de que o material abaixo será de fácil acesso: punção, sem dobrar o braço, até parar de sangrar;
- Tubos necessários à coleta; - Uma vez estancado o sangramento aplicar uma bandagem;
- Etiqueta para identificação do paciente; - A agulha deve ser descartada em recipiente próprio para ma-
- Luvas; teriais infecto contaminantes;
- Swabs ou mecha de algodão embebida em álcool etílico a
70%; Coleta de Sangue Infantil
- Gaze seca e estéril; Sala de espera: A sala de espera é um local próprio para que o
- Agulhas múltiplas; paciente repouse, mantendo sua fisiologia estável, enquanto aguar-
- Adaptador para coleta a vácuo; da ser chamado para o procedimento de coleta. Por essa razão, é
- Garrote; conveniente que a criança tenha um ambiente próprio de espera,
- Bandagem, esparadrapo; ou seja, sala de espera infantil. Um ambiente agradável com algum
- Descartador de agulhas. tipo de entretenimento (televisão, revistas, brinquedos) pode ser
providenciado, quando possível, de forma que a criança desvie a
Após o material estar preparado, iniciar a venipunção: atenção da situação que a levou até lá.
- Verificar quais os exames a serem realizados;
- Lavar e secar as mãos; Coleta em criança: A coleta de sangue em criança e neonato é
- Calçar luvas; frequentemente problemática e difícil, para o coletador, acompa-
- Fazer antissepsia do local da punção; Primeiro, do centro do nhante e criança. No momento em que a criança é convocada para
local de perfuração para fora, em sentido espiral; e após, de baixo o procedimento de coleta, deve-se orientar o acompanhante das
para cima, forçando uma vascularização local; situações que podem ocorrer:
- Nunca toque o local da punção após antissepsia, exceto com - A criança pode se debater e ter que ser contida;
luvas estéreis. - A maioria das crianças choram muito;
- Conectá-la ao adaptador. Estar certo de que a agulha esteja - Em casos de crianças rebeldes e/ou de veias difíceis, há pro-
firme para assegurar que não Solte durante o uso Remover a capa babilidade de se ter que fazer mais de uma punção;
superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima; - Probabilidade do retorno para uma segunda coleta por neces-
- Colocar o garrote; sidade técnica ou diagnóstica.
- O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da
mão e seguro firmemente entre o indicador e o polegar; A criança deve ser preparada psicologicamente para a coleta,
- No ato da punção, com o indicador ou polegar de uma das cabendo ao coletador conseguir a confiança da criança. Isto pode
mãos esticar a pele do paciente firmando a veia escolhida e com ser obtido observando o comportamento da criança na sala de es-
o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia com pera, verificando se ela traz algum brinquedo ou livro de estórias, e
precisão e rapidez (movimento único); qual o nível de relacionamento com o acompanhante. Caso a crian-
- O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de co- ça traga algum brinquedo, este deve ser mantido com ela sempre
leta de 15º em relação ao braço do paciente; que possível, mas sem que haja comprometimento da coleta. Sem-
- Segurando firmemente o sistema agulha adaptador com pre que possível evitar que a criança assista a punção.
uma das mãos, com a outra pegar o tubo de coleta a ser utilizado
e conectá-lo ao adaptador.Sempre que possível, a mão que estiver O posicionamento de coleta para crianças maiores do que um
puncionando deverá controlar o sistema, pois durante a coleta, a ano dependerá muito do nível de entendimento que elas possam
mudança de mão poderá provocar alteração indevida na posição ter. Como regra básica sugere-se:
da agulha; - Neonatos e bebês devem ser colocados deitados em maca
- Com o tubo de coleta dentro do adaptador, pressione-o com própria, solicitando a ajuda de outro profissional para garantir
o polegar, até que a tampa tenha sido penetrada. Sempre manter que a coleta aconteça sem dificuldades. Não é aconselhável que
o tubo pressionado pelo polegar assegurando um ótimo preenchi- o acompanhante participe da coleta, pois o mesmo esta envolvido
mento; psicologicamente com a criança. O auxiliar deve posicionar-se na
- Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote cabeceira da maca no mesmo lado que o coletador, ficando um de
deve ser retirado. Porém, se a veia for muito fina o garrote poderá frente para o outro. Com uma das mãos conter o braço da criança
ser mantido; segurando-a próximo ao pulso e com a outra próximo ao garrote,
- Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, re- apoiando o antebraço no peito ou ombro da criança. O coletador
mova-o do adaptador trocando-o pelo seguinte; de frente para o auxiliar faz a venipunção seguindo os mesmos pas-
- Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um sos utilizados para a punção em adulto;
dos exames solicitados, sempre seguindo a sequência correta de - Crianças maiores, de forma geral, colaboram para que possa
coleta; fazer uma venipunção sentada. Existem duas maneiras confortá-
- À medida que forem preenchidos os tubos, homogeneizá-los veis de se posicionar uma criança.
gentilmente por inversão (4 a 6 vezes); Nota: Agitar vigorosamente
pode causar espuma ou hemólise; Não homogeneizar ou homoge- Uma delas é colocar a criança de lado, no colo do acompa-
neizar insuficientemente os tubos de Sorologia pode resultar em nhante, ficando de lado para o coletador. Um dos braços da crian-
uma demora na coagulação; Nos tubos com anticoagulante, homo- ça ficará abraçando o acompanhante e o outro posicionado para
geneização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ o coletador. Dessa forma, o acompanhante desviará a atenção da
ou microcoágulos. criança para si segurando o rosto da mesma com uma das mãos. O
- Tão logo termine a coleta do último tubo retirar à agulha; auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das
mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra
412
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a devendo ultrapassar 2.4 mm., caso contrário, haverá a possibilida-
venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção de de causar sérias lesões no osso calcâneo e falange. Isto pode
em adulto; ser evitado usando lancetas de aproximadamente 2 - 2.25 mm. de
A outra, é colocar a criança no colo do acompanhante, de fren- profundidade, com disparo semiautomático com dispositivo de se-
te para ele com as pernas abertas e entrelaçadas a seu corpo, na gurança;
altura da cintura. O acompanhante estará abraçado a criança e de Utilização do Método Microcoleta: A coleta de sangue em be-
costas ou de lado para o coletador. O braço da criança ficará es- bês e neonatos é frequentemente problemática e difícil, necessi-
tendido na direção do coletador sob o braço do acompanhante. O tando um profissional experiente e capacitado. O sistema de mi-
auxiliar ficará posicionado ao lado do coletador onde com uma das crocoleta facilita muito o trabalho, contribuindo para que a coleta
mãos segurará o braço da criança próximo ao garrote e com a outra possa ser mais fácil, segura e eficiente. Dessa forma é possível co-
mão próximo ao pulso. O coletador de frente para a criança faz a letar sangue capilar e venoso. Desde que o método tradicional para
venipunção seguindo os mesmos passos utilizados para a punção a coleta de sangue a vácuo não seja possível em neonatos e bebês
em adulto deve-se recorrer ao sistema de microcoleta. A microcoleta pode ser
realizada de várias formas:
Cuidados Básicos com o Paciente após a Coleta - amostra capilar com microtubos e funil;
- Pacientes idosos ou em uso de anticoagulantes, devem man- - amostra capilar com microtubos e tubo capilar;
ter pressão sobre o local de punção por cerca de 3 minutos ou até - amostra venosa com escalpe (butterfly);
parar o sangramento. - amostra venosa com cânula-Luer.
- Orientar para não carregar peso imediatamente após a co-
leta. A Técnica para microcoleta de sangue capilar: Antes de iniciar
- Observar se não está usando relógio, pulseira ou mesmo ves- uma microcoleta, certificar-se de que o material abaixo será de fácil
timenta que possa estar garroteando o braço puncionado. acesso:
- Orientar para não massagear o local da punção enquanto - Microtubos necessários à coleta;
pressiona o local. - Etiquetas para identificação do paciente;
- A compressão do local de punção é de responsabilidade do - Luvas;
coletor. Se não puder executá-lo, deverá estar atento à maneira do - Swabs de algodão embebida em álcool etílico a 70%;
paciente fazê-lo. - Gaze seca e estéril;
- Lancetas;
Dificuldades na Coleta: Algumas dificuldades podem surgir pela - Bandagem, esparadrapo;
inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo a mais frequente - Descartador de material perfurocortante.
a falta de fluxo sanguíneo para dentro do tubo. Possíveis causas:
- A punção foi muito profunda e transfixou a veia. Solução: re- Antes de iniciar a punção:
trair a agulha. - Acoplar o microtubo ao tubo carregador ou de transporte.
- A agulha se localizou ao lado da veia, sem atingir a luz do vaso. - Manter o microtubo conectado ao tubo carregador numa es-
Solução: apalpar a veia, localizar sua trajetória e corrigir o posicio- tante de sustentação.
namento da agulha, aprofundando-a. - Introduzir o funil ou tubo capilar através da tampa de borra-
- Aderência do bisel na parede interna da veia. Solução: des- cha.
conectar o tubo, girar suavemente o adaptador, liberando o bisel
e reiniciar a coleta. Após o material estar preparado, iniciar a punção:
- Colabamento da veia. Solução: diminuir a pressão do garrote. - Verificar quais os exames a serem realizados;
- Aquecer a falange distal ou o calcanhar a ser puncionado
Outras situações podem ser criadas no momento da coleta, di- usando uma bolsa de água-quente ou friccionando o local da pun-
ficultando-a: ção para estimular a vascularização;
- Agulha de calibre incompatível com a veia. - Lavar e secar as mãos;
- Estase venosa devido a garroteamento prolongado. - Calçar luvas;
- Bisel voltado para baixo. - Fazer antissepsia do local com algodão embebido em álcool
Microcoleta de sangue capilar e venoso para neonatos e bebês etílico a 70%;
- Secar o local da punção com uma gaze estéril;
A microcoleta é um processo de escolha para obtenção de san- - Selecionar a lanceta;
gue venoso ou periférico, especialmente em pacientes pediátricos, - Segurar firmemente o neonato ou bebê, para evitar movi-
quando o volume a ser coletado é menor que o obtido através de mentos imprevistos.
tubos a vácuo convencionais. O sangue obtido de punção capilar é
composto por uma mistura de sangue de arteríola e vênulas além Punção digital: Posicionar o dedo e introduzir a lanceta de for-
de fluidos intercelular e intersticial. O sangue capilar pode ser assim ma perpendicular na face lateral interna da falange.
obtido: punção digital - através de perfuração com lanceta na face
palmar interna da falange distal do dedo médio.
Punção de calcanhar - através de perfuração com lanceta na
face lateral plantar do calcanhar. Há uma relação linear entre o vo-
lume de sangue coletado e a profundidade da perfuração no local
da punção. Portanto, a lanceta, deverá ser selecionada de acordo
com o local a ser puncionado e a quantidade de sangue necessá-
ria. Em neonatos e bebês, a profundidade da incisão é crítica, não
413
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Punção no calcanhar: Posicionar o calcanhar entre o polegar e Cuidados para realizar a coleta de Urina: Jejum: não é necessá-
o indicador e introduzir a lanceta de forma perpendicular na face rio. Retenção Urinária: pode ser a primeira da manhã ou o tempo
lateral interna ou externa do calcanhar, evitando a região central. mínimo de 2 horas de retenção. Evite a ingestão excessiva de líqui-
A punção deve ser feita perpendicularmente à superfície da pele e dos. Para crianças muito pequenas: usar coletor infantil fornecido
não de outra forma, pois poderá causar inflamações. pelo laboratório coleta realizada de acordo com o laboratório.
- Desprezar a primeira gota, por conter maior quantidade de
fluidos celulares do que sangue. Colher a amostra a partir da se- Tipos de exames de Urina: Exame de Urina tipo I de material
gunda gota. Nem sempre os neonatos sangram imediatamente; se enviado (o procedimento básico de urina deverá ser realizado no
a gota de sangue não fluir livremente, efetuar uma massagem leve laboratório de acordo com a solicitação médica). Realizar o proce-
para se obter uma gota bem redonda (esta massagem no local da dimento básico de coleta em sua própria residência. Encaminhar
punção não deve ser firme e nem causar pressão, pois pode ocorrer ao laboratório até 2 horas após a coleta. Exame de Urina tipo I com
contaminação). assepsia- Cultura de Urina. O procedimento básico de coleta de Uri-
- As gotas de sangue são captadas pelo funil ou tubo-capilar; na deverá ser realizado no laboratório, de acordo com a solicitação
- Quando o microtubo estiver com o seu volume completo, tro- médica.
que-o pelo subsequente, na sequência correta de coleta. Atenção:
ao coletar amostras com capilar, o tubo de EDTA sempre deve ser Crianças muito pequenas: A coleta pode ser realizada no labo-
o primeiro e em seguida o de sorologia (Esta sequência é oposta ao ratório, onde haverá troca de coletores e assepsia a cada 30 minu-
da coleta tradicional para sangue venoso, mas minimiza o efeito de tos, realizada pela Equipe. Ou pode trazer a Urina colhida em casa,
influência da coagulação nos resultados de análise). em coletores fornecidos pelos laboratórios. Mas deve-se fazer uma
- Após a coleta do último microtubo, o funil ou tubo-capilar higiene intima rigorosa na criança, antes de colocar o coletor.
deve ser removido e descartado. Agora o microtubo pode ser gen-
tilmente homogeneizado. Nota: Agitar vigorosamente pode causar Como coletar Fezes: Procedimento básico.
espuma e hemólise. Nos microtubos com anticoagulante, homoge- - Utilizar o kit fornecido pelo laboratório com instruções espe-
neização inadequada pode resultar em agregação plaquetária e/ou cíficas.
microcoágulos. - Colher fezes em recipiente limpo de boca larga, tomando
- Após a coleta, pressionar o local da punção com gaze seca cuidado de não contaminar as fezes com a urina ou água do vaso
estéril até parar o sangramento. sanitário.
- Descartar todo o material utilizado na coleta nos descartado-
res apropriados. Usando uma pazinha, colher uma porção de fezes do tamanho
de uma noz e colocar no frasco coletor. Se for observado presença
Técnica para microcoleta de sangue venoso: Os locais de pun- de muco ou sangue, colher também esta porção “feia” das fezes,
ção em bebês e neonatos, geralmente são as veias na cabeça, dorso sendo muito importante para análise. Tampar bem o frasco e iden-
das mãos e dos pés, e do braço. A área escolhida para ser punciona- tificar com seu nome completo e encaminhar ao laboratório.
da deve ser mantida imobilizada onde a visualização da veia pode
ser melhorada aplicando um garroteamento por poucos segundos Tipos de exames de Fezes
e/ou aquecendo ou friccionando a área. Exame parasitológico simples: Pode ser colhida em qualquer
- Antes de iniciar a punção: acoplar o microtubo ao tubo car- horário do dia. Enviar ao laboratório em até 2 horas após a coleta,
regador ou de transporte. Introduzir o funil através da tampa de se em temperatura ambiente, caso não seja possível, conservá-la
borracha. em geladeira no máximo 14 horas até a entrega ao laboratório.
- Puncionar a veia utilizando um butterfly ou cânula luer. Exame parasitológico com conservante: Paciente irá receber
- Deixar que o sangue goteje para dentro do microtubo até um kit contendo 3 frascos coletores (2 com líquido conservante e 1
completar o volume. sem conservante). Seguir o procedimento básico de coleta de fezes
- Remova a cânula ou butterfly, retire o funil e descarte todo o porém a coleta deverá ser realizada em dias alternados, pelo menos
material utilizado na coleta no descartador apropriado. 1 dia de intervalo entre as coletas. Coletar uma amostra em cada
- Inverter os microtubos de 4-6 vezes, para uma homogeneiza- frasco, fechar e agitar para dissolver as fezes no líquido. Conservar
ção perfeita. em geladeira a medida em que forem sendo coletadas. A última
amostra deve ser colocada no frasco sem conservante. Tampar
Como coletar Urina ( amostra ocasional): Procedimento Básico. bem, identificar com nome completo e encaminhar ao laboratório.
Utilizar o kit fornecido pelo laboratório gratuitamente com instru- Encaminhar ao laboratório em até 2 horas após a última coleta, se
ções específicas.- Fazer uma higiene íntima rigorosa em sua casa, em temperatura ambiente, ou no máximo 14 horas se refrigerada.
usando sabonete e água; enxaguar bem com água abundante e Exame parasitológico seriado: Você vai receber 3 frascos cole-
secar bem com uma toalha limpa.- Coletar a primeira urina da ma- tores sem conservante. Seguir o procedimento básico de coleta de
nhã ou 2 horas após a última micção.- Desprezar o primeiro jato da fezes. Colher as fezes em dias alternados. A cada coleta encaminhar
urina no vaso sanitário, coletar no copo descartável o jato do meio, a amostra ao laboratório em até 2 horas em temperatura ambiente
mais ou menos ( até a metade do copo) desprezando o restante da ou no máximo 14 horas se refrigerada.
micção no vaso sanitário.- Imediatamente, passar a urina do copo Cultura de Fezes: Seguir o procedimento básico de coleta de
para o tubo, até preencher totalmente, fechar e muito bem e iden- fezes. Após a coleta, encaminhar ao laboratório em até 3 horas,
tificar com seu nome completo e ou etiquetar com etiqueta própria se em temperatura ambiente ou em até 6 horas se refrigerada.
do laboratório. Caso esteja usando antibióticos, esperar 7 dias após o término do
medicamento para colher as fezes. Caso seja necessário o uso de
laxantes, são permitidos apenas os à base de sulfato de magnésio.
Consulte seu médico.
414
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Crianças muito pequenas: Não utilizar as fezes da fralda quando Ressonância Nuclear Magnética: É considerada com um dos
estiverem diarreicas ou líquidas, solicitar coletores infantis forneci- maiores avanços da medicina em matéria de diagnóstico por ima-
dos. No caso de fezes consistentes, encaminhar condicionalmente gem neste século. Seus princípios são bastante complexos e envol-
para o responsável do setor analisar se a quantidade é suficiente. vem conhecimentos nas mais diversas áreas das ciências exatas. A
Encaminhar ao laboratório em até 3 horas se em temperatura am- grande vantagem da RNM está segurança, já que não usa radia-
biente ou em até 6 horas se refrigerada. ção ionizante. Os prótons dos tecidos são submetidos a um campo
magnético e tendem a alinharem-se contra ou a favor desse campo.
Coleta para pesquisa de sangue oculto: Fazer dieta prévia de 3 O Contraste da imagem em RNM é baseado nas diferenças de sinal
dias e no dia da coleta do material; Dieta deve ser com exclusão de: entre distintas áreas ou estruturas que comporão a imagem.
Carne (vermelha e branca); Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor, A RNM tem a capacidade de mostrar características dos dife-
brócolis e beterraba);Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha, rentes tecidos do corpo com um contraste superior a Tomografia
grão-de-bico e milho); Azeitona, amendoim, nozes, avelã e casta- Computadorizada (TC) na resolução de tecidos ou partes moles.
nha; Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (Aspiri- Apesar de grande aplicabilidade a RNM tem algumas desvantagens.
na, anti-inflamatórios, corticoides...). Se utilizar, informar ao Labo- Por utilizar campos magnéticos de altíssima magnitude, é poten-
ratório no momento da entrega do material; Evitar sangramento cialmente perigosa para aqueles pacientes que possuem implantes
gengival (com escova de dente, palito...). metálicos em seus organismos, sejam marcapassos, pinos ósseos
Se ocorrer, informar ao Laboratório no momento da entrega de sustentação, clips vasculares e etc. Esses pacientes devem ser
do material. Manter refrigerado por no máximo 14 horas. minuciosamente interrogados e advertidos dos riscos de aproxima-
rem-se de um magnético e apenas alguns casos, com muita obser-
Os exames complementares fornecem informações necessá- vação, podem ser permitidos. Outra desvantagem está na pouca
rias para a realização do diagnóstico de uma determinada alteração definição de imagem que a RNM tem de tecidos ósseos normais, se
ou doença. Vale ressaltar que a realização ou solicitação de um exa- comparada à TC, pois esses emitem pouco sinal.
me complementar devem ser direcionar levando-se em considera-
ção os dados obtidos através da anamnese e exame físico, sabendo Exames Laboratoriais
exatamente o que pretende-se obter e conhecendo corretamente Exames Hematológicos: A maioria das doenças hematológicas
o valor e limitações do exame solicitado. determina o aparecimento de significativas manifestações bucais.
Muitas vezes estas são as primeiras manifestações clínicas da doen-
Exames de Imagem ça fazendo com que, em muitas ocasiões, o dentista seja o primeiro
Radiografia: É de uso comum em todas as especialidades e de profissional a suspeitar ou mesmo diagnosticar graves doenças sis-
uso frequente em odontologia. Para avaliação de lesões bucais é têmicas de natureza hematológica.
principalmente utilizada quando afetam tecido ósseo, principal- Na anamnese, o dentista deve interrogar sobre a ocorrência
mente maxila e mandíbula. Em determinadas situações, a radiogra- de hemorragias, analisando fatores importantes como: local, dura-
fia será conclusiva, como na detecção de corpos estranhos, dentes ção e a gravidade da perda de sangue, causa aparente de hemor-
retidos, anedotas parciais, fraturas radiculares e anomalias de po- ragia, aparecimento de hematoma e os antecedentes familiares de
sição. hemorragia. Ao suspeitar de condição hemorrágica, o profissional
Sialografia: É o exame radiográfico das glândulas salivares deverá solicitar os exames adequados. Caso os exames revelem
maiores após a injeção de substância como meio de contraste, re- alterações de normalidade, o paciente deve ser encaminhado ao
velando detalhadamente o seu sistema excretor. É usada no estudo hematologista para que o tratamento seja efetuado.
anatômico e funcional das glândulas parótidas e submandibulares A nível odontológico, a verificação do tempo de coagulação
com suspeita de anomalias como síndrome de Sjögren, sialoadeni- (TC), tempo de sangramento (TS) e realização do teste de fragilida-
tes crônicas e tumores. de capilar (FC), são exames simples, realizáveis no próprio consultó-
rio, de fácil interpretação e suficientes para verificar a presença de
Ultrassonografia: A ultrassonografia (US) ou ecografia é um alterações significativas na hemostasia.
método exclusivamente anatômico, propiciando a realização da O hemograma é uma bateria de exames complementares.
“macroscópica patológica” in vivo através de vibrações de alta Consiste na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, dosagem
frequência 7-10MHz que se refletem nas interfaces de tecidos de de hemoglobina, determinação do valor globular médio, contagem
diferentes densidades. Nas intensidades utilizadas para fins diag- específica de leucócitos e, eventualmente, na contagem de plaque-
nósticos não produz alterações nos tecidos que atravessa. A ultras- tas. O hemograma está indicado nos processos infecciosos agudos,
sonografia é utilizada principalmente nas patologias das glândulas nos infecciosos supurativos ou não, nos alérgicos específicos, nas
tireoide e paratireoide, glândulas salivares e massas cervicais. moléstias leucopênicas e nas moléstias próprias do aparelho he-
matopoiético. A interferência na série vermelha é pequena nestes
Tomografia Computadorizada: A tomografia computadorizada processos. Entretanto, o hemograma fornece informações precisas
(TC) foi descoberta em 1972 na Inglaterra por Godfrey Hounsfield nos estados anêmicos, evidenciando o número, forma, tamanho e
e James Ambrose. O aparelho de TC consiste basicamente de um coloração das hemácias, proporcionando melhor identificação das
tubo de raios X que emite raios em intervalos, enquanto roda 180o anemias.
em torno da cabeça do paciente. A grande vantagem da TC sobre os
outros métodos radiográficos é que num mesmo estudo avalia as Exame de Urina: A urina é o resultado da filtração de plasma
estruturas ósseas e os componentes de partes moles, usando dose pelo glomérulo e dos processos de reabsorção e excreção exerci-
de irradiação menor para o paciente do que uma planigrafia linear dos pelos túbulos renais. O exame de urina é outro componente
ou multidirecional. laboratorial valioso na rotina do complexo pré-operatório. É um
dos demonstradores das numerosas manifestações de doenças sis-
415
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
têmicas. Os elementos de maior importância no exame de urina Vantagens
e que devem ser analisados são: densidade, volume, cor, aspecto, - método simples e praticado sem anestesia;
pH, glicosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile. - rápida execução;
- não leva paciente ao estado de ansiedade provocado, às ve-
Outros Exames zes pela biópsia;
O dentista pode ainda solicitar outros tipos de exames labora- - barato.
toriais como: reação do Machado-Guerreiro, na doença de Chagas; Limitações
reação de Montenegro, que é uma prova intradérmica, para diag- - evidencia apenas lesões superficiais;
nóstico de Leishmaniose brasiliense; reação de Sabin e Feldman, - o diagnóstico geralmente não é fundamentado num resulta-
na toxoplasmose; reação de Mantoux, na tuberculose; reação de do positivo para malignidade, pois neste caso a biópsia será indis-
Mitsuda na hanseníase (lepra). pensável para confirmação definitiva;
Além dos anteriormente mencionados, podem ter aplicação - em caso de malignidade sempre indica a necessidade de uma
na clínica odontológica a taxa de glicemia e exames sorológicos biópsia, e em caso de resultado negativo pode permanecer a dú-
para lues. São bem conhecidos os problemas que podem aparecer vida.
no tratamento odontológico de um paciente diabético. O dentista
deve estar sempre atento, a fim de detectar sinais e sintomas que Indicações
possam sugerir a presença de tal afecção. A dificuldade de cicatriza- - infecções fúngicas (candidose, paracoccidioidomicose);
ção, hálito cetônico, xerostomia, história de poliúria e sede exces- - doenças autoimunes (pênfigo);
siva são dados que indicam a requisição da determinação da taxa - infecções virais (herpes primária, herpes recorrente).
de glicemia. Se esta apresentar alta dosagem, estará confirmada a
hipótese clínica de diabetes e o paciente deve ser encaminhado ao Contraindicações
médico para tratamento. A presença de úlceras e placas na mucosa - lesões profundas cobertas por mucosa normal;
bucal, o clínico deve pensar na possibilidade de etiologia luética e - lesões com necrose superficial;
requisitar, quando julgar necessário, os exames complementares - lesões ceratóticas.
específicos que irão ou não confirmar tal suspeita.
Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial que consiste Procedimento
basicamente na análise de células que descamam fisiologicamente O exame fundamenta-se na raspagem das células superficiais
da superfície. Não é um método recente e sua utilização é ante- de uma determinada lesão, confecção do esfregaço sobre a lâmina
rior à metade do século XIX. Deve-se a Papanicolau & Traut, em de vidro, fixação, coloração e exame microscópico. O resultado da
1943, com a apresentação e valorização dos achados citológicos em citologia esfoliativa é fornecido de acordo com o código de classifi-
colpocitologia, a aceitação universal do método no diagnóstico do cação de esfregaço apresentado por Papanicolau & Traut e modifi-
câncer da genitália feminina. Em 1951, Muller e col. utilizaram a cado por Folson e col.
citologia na mucosa bucal. Folson e col., em 1972, justificaram bem classe 0 - material inadequado ou insuficiente para exame.
a razão do método útil e válido: classe I - células normais.
-sob condições normais, existe uma forte aderência entre as classe II - células atípicas, mas sem evidências de malignidade.
camadas mais profundas do epitélio, o que dificulta a sua remoção. classe III - células sugestivas, mas não conclusivas de maligni-
- nas lesões malignas e em alguns processos benignos, essa dade.
aderência ou coesão celular é bastante frágil, o que permite facil- classe IV - células fortemente sugestivas de malignidade.
mente sua remoção. classe V - células indicando malignidade.
- nos processos malignos, as células apresentam alterações ca-
racterísticas especiais que as diferenciam das células normais, tais Sempre que o resultado estiver enquadrado nas classes III, IV e
como: núcleos irregulares e grandes, bordas nucleares irregulares V se faz necessária a biópsia para confirmar resultado. Atualmente
e proeminentes, hipercromatismo celular, perda da relação núcleo- os patologistas preferem descrever a alteração, isto é, presença ou
citoplasma, nucléolos proeminentes e múltiplos, discrepância de ausência de células malignas.
maturação em conjunto de células, mitoses anormais e pleomor- A citologia esfoliativa da mucosa bucal não teve um desenvol-
fismo celular. vimento acentuado, talvez em decorrência do número de resulta-
- cerca de 90% dos tumores malignos de boca são de origem dos falsos negativos que podem ocorrer, principalmente pela de-
epitelial, o que vem favorecer o uso de citologia esfoliativa. ficiência, na coleta do material e de citopatologistas experientes.
Considera-se que a citologia esfoliativa não é um método que
A fidelidade da citologia esfoliativa na detecção do câncer bu- propicie o diagnóstico definitivo de uma lesão mas, é de grande va-
cal foi demonstrada em diversos trabalhos. Entre eles, ressalta o lia para orientação diagnóstica, o que equivale a afirmar que deve
resultado de um estudo citológico e histopatológico realizado com ser feita, mas nunca em detrimento da análise histopatológica.
118.194 indivíduos no programa “Oral Exfoliative Cytology Vetera-
nis Administration Cooperative Study, Washington, D.C.” publica- Biópsia: É um procedimento cirúrgico simples, rápido e seguro,
dos por Sandler em 1963. Em 592 lesões encontradas na amostra, em que parte da lesão ou toda a lesão de tecido mole ou ósseo
os resultados citológicos e histopatológicos foram semelhantes em é removida, para estudo de suas características microscópicas. A
577 casos, o que conferiu à citologia uma fidelidade de 97%. biópsia permite fazer uma correlação entre os achados clínicos e
Valor de citologia esfoliativa no diagnóstico de lesões benignas histopatológicos determinando, na grande maioria dos casos, o
de boca, é revelado por sua aplicação na confirmação de diagnósti- diagnóstico definitivo.
co de outras entidades como pênfigos, herpes, paracoccidioidomi-
cose, candidose, lesões císticas por aspiração do conteúdo líquido e
esfregaço do material obtido.
416
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Indicações Complicações das biópsias. Variam de acordo com localização,
- toda lesão cuja história e características clínicas não permi- tamanho e relação destas com órgãos vizinhos. As complicações
tam elaboração do diagnóstico e que não apresente evidência de mais frequentes são: hemorragias, infecções e má cicatrização.
cura dentro de um período não superior a duas semanas; Principais causas de erros e falhas das biópsias:
- em tecidos retirados cirurgicamente, quando ainda não se - falta de representatividade do material colhido;
tem um diagnóstico prévio; - manipulação inadequada da peça;
- lesões intraósseas que não possam ser positivamente identi- - fixação inadequada;
ficadas através de exames de imagem. - introdução de anestésico sobre a lesão;
- uso de substâncias antissépticas corantes;
Contraindicações - informações deficientes;
- tumores encapsulados (para não provocar difusão para teci- - troca de material pelo clínico ou pelo laboratório
dos vizinhos). Ex: Adenoma pleomórfico em glândula parótida;
- em lesões angiomatosas (Ex. hemangioma), a indicação de Biópsia Aspirativa com Agulha Fina: É um método utilizado
biópsia deve ser criteriosa e quando realizada deve seguir normas para análise citológica de material obtido através da aspiração por
de segurança evitando complicações, principalmente hemorragia. agulha fina. Exige preparação para a realização do procedimento e
A realização de biópsia em lesões pigmentadas da mucosa oral principalmente para a interpretação do material colhido. A coleta
não necessita de margem de segurança. Atualmente sabe-se que do material é realizada a nível ambulatorial dispensando a inter-
uma lesão pigmentada que foi biopsiada e diagnosticada como me- nação do paciente, com o mínimo de desconforto e sem a neces-
lanoma não tem seu prognóstico alterado por ter sido biopsiada sidade de anestesia em lesões superficiais. Em lesões profundas
previamente à cirurgia. pode ser realizada anestesia somente na área onde a agulha será
Não biopsiar áreas de necrose porque não há detalhes celula- introduzida. A principal indicação é para diferenciar tumores be-
res. nignos de malignos. No entanto, em várias situações o diagnóstico
final pode ser estabelecido. De acordo com estudos estatísticos, a
Tipos de biópsia punção é concordante com o diagnóstico final em 85 a 100% das
Biópsia incisional: apenas parte da lesão é removida. É indicada histologias, sendo utilizada em alguns casos como único recurso
em caso de lesões extensas ou de localização de difícil acesso. diagnóstico para planejamento do tratamento.
Biópsia excisional: toda a lesão é removida. É indicada em le- A punção pode ser utilizada em praticamente todas as regiões
sões pequenas e de fácil acesso. do corpo. Entretanto, tem maior indicação em locais de difícil aces-
so, onde a biópsia convencional provocaria maior dificuldade para
A amostra deve ser enviada ao laboratório para exame histo- realização. A tireoide e a mama são os dois principais órgãos que
patológico sempre acompanhada de um relatório onde são discri- mais são investigados pela técnica da punção aspirativa, pois fre-
minados os seguintes dados: data da biópsia, nome, idade e sexo quentemente apresentam tumorações com aumento de volume.
do paciente, nome do operador, local da biópsia, descrição breve Na região de cabeça e pescoço, além da tireoide, é utilizada princi-
dos aspectos clínicos da lesão e hipóteses diagnósticas. Em caso de palmente em massas cervicais e glândulas salivares maiores..
biópsia óssea enviar radiografia. Em algumas situações, lesões pequenas não palpáveis, são ob-
servadas apenas através de exames de imagem como ultrassono-
Sequência de biópsia grafia, mamografia e tomografia computadorizada.
- infiltração da solução anestésica na periferia da lesão ou usar- Nestes casos, a biópsia aspirativa dirigida por ultrassom ou to-
-se de anestesia regional. mografia é muito importante. Nos órgãos internos como pulmão,
- incisão do tecido a ser biopsiado (bisturi ou punch); fígado e próstata, a punção também pode ser guiada por exames
- preensão da peça com pinça “dente de rato”; de imagem, principalmente a ultrassonografia e tomografia com-
- corte ou remoção da peça com tesoura ou mesmo bisturi; putadorizada.
- colocação do tecido removido em vidro com formol 10%; Para a realização do exame utiliza-se o cito-aspirador, que é
- sutura da região quando necessário; um aparelho onde acopla- se uma seringa de l 0 ml com uma agulha
- relatório do espécime e envio ao laboratório de 2,0 cm, calibre 24. Após a fixação do nódulo a agulha é introduzi-
da e movimentada rapidamente com pressão negativa. O material
Biópsia incisional com uso de punch: O punch é um instrumen- aspirado é colocado em laminas de vidro que posteriormente serão
to cilíndrico oco, de extremidade afiada, biselada, com vários diâ- examinadas. O exame praticamente não provoca nenhum dano te-
metros, sendo os mais utilizados de 4,5 e 6 mm. A outra extremi- cidual importante e as complicações são raras, limitando-se a pe-
dade é o cabo que irá auxiliar a pressão e a rotação do instrumento quenos hematomas e discreta dor local que cessa em geral em al-
sobre o tecido a ser biopsiado. A peça em forma cilíndrica é libera- gumas horas. Nos casos de biópsia de lesões profundas em órgãos
da seccionando-se com um tesoura e tracionando-a com auxílio de como fígado, pâncreas, pulmões, onde se utiliza agulha mais longa
uma pinça “dente de rato”. Os espécimes são de muita boa qualida- e mais calibrosa, torna-se necessária observação médica e repouso.
de, não macerados, facilitando o trabalho do patologista.
Exame de Congelação
Biópsia incisional com uso de saca-bocados: Os saca-bocados É realizado durante o ato cirúrgico quando houver a necessida-
são pinças com parte ativa em ângulo e com a ponta em forma de de de se definir a natureza da lesão (benigna ou maligna) ou para
concha que ao ser fechada corta o fragmento de tecido. Por ma- avaliar se as margens de ressecção cirúrgica estão livres ou com-
cerarem demasiadamente os tecidos, esses instrumentos são em- prometidas pela neoplasia. É realizado através do congelamento do
pregados com muita raridade. São utilizados em lesões de difícil fragmento a ser analisado, que é cortado e corado em uma lâmina
acesso, especialmente na borda lateral posterior da língua e na de vidro que será estudada pelo patologista para obter as informa-
orofaringe.
417
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ções necessárias. Este é um procedimento preliminar com indica- Manutenção das vias aéreas
ções precisas uma vez que apresenta restrições devido a limitações Uma ventilação adequada assegurará a circulação para o cé-
próprias do método. rebro.
• O paciente deverá ser colocado de lado para evitar bronco-
Exames Complementares – Objetivos aspiração;
- Comentar o emprego dos exames complementares no diag- • Aspiração da secreção orofaríngea e traqueobrônquica, sem-
nóstico de lesões. pre que necessário;
- Discutir o emprego de exames de imagens radiográficas, • Em caso de insuficiência respiratória administrar oxigênio
sialográficas, tomografias computadorizadas, ressonância nuclear umidificado;
magnética e ultrassonografia, utilizados no diagnóstico de lesões • Controle rigoroso de sinais vitais;
buco-maxilo-faciais. • Manter cabeceira no ângulo de 30º.
- Discutir o emprego de exames hematológicos e de urina no
diagnóstico de lesões de interesse odontológico. Nível de consciência
- Discutir o emprego de outros exames laboratoriais solicitados • Verificar o nível de consciência (se está consciente, incons-
pelo C.D. no diagnóstico de lesões bucais. ciente, confuso, desorientado);
- Conceituar citologia esfoliativa. • Verificar se há abertura ocular espontânea, a um comando de
- Descrever as vantagens e limitações da C.E. voz ou estímulo doloroso;
- Citar as indicações de C.E. • Avaliar pupilas quanto ao tamanho, igualdade e reatividade;
- Comentar as contraindicações da C.E. • Observar movimentos dos olhos;
- Descrever a técnica empregada para obtenção da amostra • Manter os olhos umedecidos com soro fisiológico ou água
tecidual na C.E. boricada para evitar lesão de córnea;
- Demonstrar conhecimento do código de classificação de es- • Observar reflexos de deglutição, pois quando ineficaz ou au-
fregaço de C.E. sente, apresenta sialorréia;
- Conceituar biópsias. • Realizar estímulo doloroso (pressão suave, mas firme), na re-
- Classificar biópsias. gião esternal ou no mamilo, quando o paciente não estiver obede-
- Explicar as indicações e contraindicações da biópsia. cendo aos comandos;
- Descrever os tipos de biópsias empregados no diagnóstico de • Verificar se apresenta decorticação ou descerebração.
lesões bucais.
- Descrever a sequência da biópsia para a obtenção de amostra Cuidados de enfermagem a paciente inconsciente
tecidual. • Administrar líquidos por sonda nasogástrica, após dieta e nos
- Demonstrar conhecimentos no emprego das biópsias incisio- intervalos;
nais dos tipos punch e saca-bocados. • Se o paciente estiver com soluções endovenosas, controlar
- Demonstrar conhecimentos no emprego de biópsias do tipo rigorosamente o gotejamento e observar o local da punção;
excisional. • Realizar controle hidroeletrolítico;
- Descrever as principais causas de erros e falhas de biópsias. • Realizar higiene oral rigorosamente para evitar a formação
- Conceituar biópsia aspirativa por agulha fina. de crostas e inflamação;
- Descrever as indicações da biópsia aspirativa por agulha fina. • Lubrificar os lábios com vaselina;
- Conceituar exame de congelação. • Realizar massagem com hidratante para ativar circulação;
- Descrever as indicações do exame de congelação. • Aplicar solução de escara em proeminências ósseas e outras
regiões do corpo do paciente;
Eliminações • Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas, para evitar
A inconsciência é uma situação em que há uma supressão das formação de escara;
funções cerebrais, variando do estupor ao coma. No estupor o pa- • Colocar bolsa de conforto nas regiões de compressão;
ciente mostra sinais de inquietação quando estimulado por algo de- • Apoiar os pés com travesseiros, para evitar hiperextensão;
sagradável. Ele pode reagir ou fazer movimentos faciais ou proferir • Quando apresentar diurese no leito ou evacuação, trocá-lo
sons ininteligíveis. imediatamente;
O coma é um estado de inconsciência no qual o paciente não • Administrar medicação conforme prescrição médica;
percebe a si mesmo e nem ao seu ambiente. O mutismo acinético • Realizar relatório de enfermagem.
é um estado em que não há resposta ao meio, não há movimentos,
mas os olhos permanecem abertos algumas vezes. No estado ve- Cuidados de enfermagem a paciente agonizante
getativo, o paciente está acordado, mas sem função mental eficaz. • Manter o paciente limpo e confortável na unidade;
• Manter proteção de grade na cama, se o paciente apresen-
Objetivos: ta-se agitado;
• Manutenção das vias aéreas permeáveis; • Manter o ambiente calmo, semipenumbra e boa areação;
• Avaliação neurológica; • Retirar próteses dentárias;
• Obtenção de um equilíbrio hidroeletrolítico; • Controlar sinais vitais;
• Obtenção de membranas mucosas orais intactas; • Administrar e controlar oxigênio, se necessário;
• Manter integridade cutânea; • Se o paciente estiver com soluções endovenosas, controlar
• Manter integridade dos olhos. rigorosamente o gotejamento e observar o local da punção;
• Realizar controle de eliminações urinárias e intestinais;
• Realizar higiene oral e corporal;
• Lubrificar os lábios com vaselina;
418
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Realizar massagem com hidratante para ativar circulação; Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al.,
• Aplicar solução de escara em proeminências ósseas e outras 2010, p. 156), o “paciente com sequelas neurológicas apresenta
regiões do corpo do paciente; uma série de alterações orgânicas e psíquicas em decorrência da
• Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas para evitar não aceitação da doença e, consequente, não aceitação do seu cor-
formação de escara; po, visualizado como representante desta condição”.
• Administrar medicação conforme prescrição médica; Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões tempo-
• Realizar relatório de enfermagem; rárias ou permanentes que prejudicam o individuo em suas funções
• Manter curativos limpos - se houver; tornando-o um dependente parcial ou total de outras pessoas. Eles
• Realizar compressas úmidas com água destilada em pálpe- podem limitar de modo significativo o desempenho funcional do
bras, para evitar queratinização de córnea. indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais, fa-
miliares, sociais e, sobretudo na qualidade de vida.
O trabalho em unidades de terapia intensiva é com pacientes Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as inca-
críticos, com possibilidades de complicação. E muitas vezes o pa-
pacidades funcionais podem “desestruturar as bases do indivíduo,
ciente vem a óbito é preciso saber lidar com essa situação. É neces-
interferir no desempenho de regras e papéis sociais, na indepen-
sário tratar este momento com ética independente de como o pro-
dência e habilidade para realizar tarefas essenciais à sua vida, na ca-
fissional encara a morte. Profissionalismo e ética são fundamentais
pacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”.
neste momento.
A equipe de Enfermagem deve permitir que os familiares te- Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um
nham um tempo com o cadáver, deve entregar à família os objetos dos fatores que colaboram para o agravamento dessas incapacida-
pessoais, pedir para assinar o livro de protocolo além de identificar des. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam que “durante o curso
o cadáver com os dados pessoais, preparar o corpo e enviar ao ne- da doença, muitos pacientes com afecções neurológicas exigem tra-
crotério e fazer anotações no prontuário. tamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos
neurocirúrgicos envolvem uma internação de duração curta na Uni-
A preparação do corpo antes de levá-lo ao necrotério inclui: dade de terapia Intensiva (UTI).
• Dar banho no leito se necessário A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neu-
• Retirar sondas e drenos rológicos. Ela é parte integrante do tratamento de pacientes neuro-
• Fazer curativos se necessário lógicos, dentre eles: tumores cerebrais, malformações arterioveno-
• Fazer tamponamento dos orifícios com algodão ou gaze sas e aneurismas.
• Prender braços e pernas com atadura Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia In-
• Colocar o cadáver identificado no saco para óbito tensiva, o enfermeiro se faz necessário, já que segundo o Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe a “obrigatoriedade
No prontuário as anotações de enfermagem devem conter: de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços nos quais
• O horário que o médico constatou o óbito; o nome do médico são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedi-
que constatou o óbito; mentos de alta complexidade, comuns na assistência a pacientes
• O horário que avisou o Registro Geral do Hospital; críticos/potencialmente críticos”.
• O tipo de óbito (mal definido, bem definido, caso de polícia,
etc.); O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico
• A retirada de cateteres, drenos, equipamentos para suporte; possui autonomia para lidar com o paciente neurológico e através
• O preparo do corpo realizado (limpeza, tamponamento, co- desta pode tomar decisões, realizar intervenções e diagnósticos de
locação de próteses, curativo, vestimenta, identificação do corpo); enfermagem. Ele se vê diante de situações que requerem o mínimo
• Os pertences encaminhados juntamente com o corpo; de raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim dizer,
• O horário do encaminhamento do corpo ao necrotério, Ins-
o enfermeiro necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus
tituto Médico Legal (IML), Serviço de Verificação de Óbitos (SVO);
conhecimentos na sua área de atuação, sem esquecer o enfoque
• O encaminhamento do prontuário do paciente ao Registro
interdisciplinar e/ou multidimensional.
Geral do Hospital.
Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da
equipe multidisciplinar, a enfermeira desempenha um papel central
ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA: CUIDADOS DE no cuidado ao paciente durante a doença. Ela participa no diagnós-
ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DISTÚRBIOS ENDÓ- tico, tratamento e cuidado de acompanhamento do paciente”.
CRINOS, CARDIOVASCULARES, PULMONARES, AUTO- A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracrania-
-IMUNES E REUMATOLÓGICOS, DIGESTIVOS, NEURO- na, é uma função de primordial importância para a enfermagem ao
LÓGICOS E DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO cuidar de um paciente com lesão neurológica. Em primeiro lugar, é
essencial que a enfermeira realize uma avaliação neurológica basal
Cuidados de enfermagem ao paciente com problemas nos sis- no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma pio-
temas orgânicos neurológico, respiratório, cardiovascular, digestó- ra adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por
rio, renal, urológico, ginecológico, endócrino,hematológico, muscu- comprometimento geral de todos os aspectos da função neurológi-
loesquelético e dermatológico. ca (HILTON, 2007, p. 775).
O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva.
Pacientes com Problemas Neurológicos Inicialmente, o paciente pode evidenciar inquietação, confusão e
As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: here- combatividade. Isso descompensa, então, os níveis inferiores de
ditária/genética ou congênita, ou seja, dependente de um distúr- consciência, variando da letargia até a obnubilação e ao coma. As
bio do desenvolvimento embrionário ou fetal do sistema Nervoso reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente
Central ou Periférico; adquirida ao longo dos diferentes períodos da reativas até chegarem a pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar
vida, desde a fase neonatal até à velhice. deve ser realizado e deve incluir o tamanho e simetria (comparação
419
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação, as O tipo de insuficiência respiratória encontrada em UTI tem
contraturas musculares, os tremores e relacionar a presença de ce- evolução relativamente rápida, ao contrário da deterioração gradu-
faleia com variações de PA. al das doenças respiratórias crônicas. Ela resulta da incapacidade
A função motora também declina e o paciente começará a progressiva do sistema respiratório remover dióxido de carbono do
mostrar atividade motora anormal, presença de flexão ou exten- sangue venoso e de adicionar oxigênio a ele, por um período que
são anormal. Os achados tardios são alterações nos sinais vitais. As varia desde alguns momentos até alguns dias. Alguns fatores po-
variações nos padrões respiratórios são evidenciadas, mais tarde dem ser considerados como predisponentes à insuficiência respira-
como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tar- tória: obesidade, idade avançada e exacerbação da doença pulmo-
dios da herniação: aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução nar crônica (enfisema, bronquite crônica). Estas causas primárias
da frequência cardíaca e um padrão respiratório irregular. O alar- são agravadas pelo uso de drogas anestésicas, por lesão da caixa
gamento da pressão de pulso também está associado à herniação” torácica ou distensão abdominal, levando a alterações ventilatórias.
(ZINK, 2007, p. 856). Além disso, a dor e a imobilização contribuem muito para a insta-
lação do processo de atelectasia. A Abordagem de vias aéreas pela
Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois es- Cânula orofaríngea É um método rápido e prático de se manter a via
tas indicam inicio das alterações agudas no SNC. Elas devem ser ob- aérea aberta, podendo ser utilizado temporariamente em conjunto
servadas e acompanhadas quanto à hora de início e término, onde com ventilação com máscara, enquanto se aguarda um método de-
começaram os movimentos ou rigidez, tipo de movimento da parte finitivo, como por exemplo a intubação endotraqueal.
comprometida. A cânula de Guedel tem forma semicircular, geralmente é de
As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada in- material plástico e descartável e, quando apropriadamente colo-
cluem a manutenção do alinhamento corporal, evitar mudar a posi- cada, desloca a língua da parede posterior da faringe, mantendo
ção lateral da cabeça de forma brusca e a flexão ostensiva do qua- a via respiratória aberta. Pode também ser utilizada no paciente
dril, para evitar o aumento da pressão intra-abdominal. A rotação com tubo traqueal, evitando que o reflexo de morder cause dano
lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular ao tubo.
diminuindo ou cessando a drenagem do sangue venoso. O paciente nunca deve ser deixado sozinho e deve estar loca-
O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar lizado de forma a ser visualizado continuamente, pois alterações
sempre atento, pois o seu quadro pode alterar rapidamente e ele súbitas podem ocorrer, levando à necessidade de ser reavaliada a
deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só aten- modalidade respiratória à qual o mesmo está sendo submetido.
to ao monitor. O enfermeiro deve ter o cuidado com a elevação O paciente entubado perde suas barreiras naturais de defesa
da cabeceira do paciente, com o período de troca dos cateteres, das vias aéreas superiores. Além disso, a equipe de saúde, através
com as anotações dos parâmetros registrados (PAM, PIC, Relação das suas mãos e do equipamento respiratório, constitui a maior fon-
P / F, entre outros) pelos equipamentos, assim como os horários e te de contaminação exógena.
aprazamentos dos medicamentos administrados ao paciente, sem
esquecer-se das coletas de sangue para gasometria e principalmen- Pacientes com Problemas Cardiovasculares
te oferecer uma assistência humanizada, sem medos e receios de O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór-
complicações, mas com confiança e conhecimento para enfrentá- dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne-
-las. cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro
Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhe-
distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico por diversos motivos, cimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas dos
como administração de diuréticos osmóticos, aumento da perda hí- fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of Nur-
drica insensível e disfunção pituitária, gerando distúrbios de sódio. ses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enfermagem.
A enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas O instrumento para a realização do cuidado é o processo de
as variáveis quando examina o paciente. Ela deve observar e avaliar cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa-
constante os níveis de oxigenação para que o paciente aumente os ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para”
níveis de oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para perce- e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili-
ber se há isquemia miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas
lesões cerebrais, monitorar os níveis de eletrólitos séricos e regis- de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
trar rigorosamente a ingesta e o débito do paciente com intuito de promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu-
mantê-los dentro do nível de estabilidade pré-estabelicido (ZINK, mana.
2007, p. 865). O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
Pacientes com Problemas Respiratórios paciente crônico cardíaco.
Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Te- O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi-
rapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiência no sistema respi- mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
ratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas Unidades de Terapia pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
Intensiva, de pacientes com insuficiência respiratória como causa diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a
primária da internação, ou secundária em pacientes já internados perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o
devido a outras afecções. doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas
Insuficiência Respiratória existe quando um paciente não é pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata-
capaz de manter as tensões de seus gases sanguíneos dentro dos mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra-
limites normais. gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito
expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar
as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas
420
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse O sangue é drenado desses órgãos pelas veias que se fundem
modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien- com outras no abdômen para formar um grande vaso, chamado
tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um veia porta. É um sangue rico em nutrientes que é levado ao fígado.
raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação O fluxo sanguíneo para todo o trato GI é cerca de 20% de todo o
que apresentem pode colocar em risco suas vidas. débito cardíaco e aumenta significativamente após a alimentação.
O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú- O TGI é inervado pelo SNA simpático e parassimpático.
de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá SNA parassimpático - libera acetilcolina que: aumenta ativida-
realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência de do TGI, aumenta movimentos peristálticos, aumenta tônus.
externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu- SNA simpático - libera noradrenalina que: diminui atividade do
mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja TGI, diminui movimentos peristálticos, diminui tônus.
atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou
de enfermagem. O processo digestivo
A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuida- Todas as células do organismo requerem nutrientes. Esses nu-
dos inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente trientes derivam da ingesta alimentar contendo: proteína, gordura,
portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes carboidratos, vitaminas e minerais, assim como fibras de celulose e
de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção inte- outras matérias vegetais sem valor nutricional.
grada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuidadores,
além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si As principais funções digestivas do trato GI são especificamen-
mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares precisam te para fornecer estas necessidades do corpo:
de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos • Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a
eventos crônicos. digestão;
Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei- • Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas;
ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica • Eliminar restos alimentares não digeridos e não absorvidos e
cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para outros produtos tóxicos nocivos ao corpo.
atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram:
identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en- Ação gástrica - O estômago secreta um líquido ácido em res-
fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os posta à presença de alimento ou à sua ingesta antecipada. Este
elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao líquido deriva sua acidez do ácido hidroclorídrico secretado pelas
portador de doença crônica cardíaca. glândulas do estômago. Esta secreção tem dupla função: reduzir o
alimento a componentes mais absorvíveis e ajudar na destruição de
Pacientes com Problemas Digestórios bactérias ingeridas. O estômago pode produzir cerca de 2,4 litros/
O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento dia dessas secreções gástricas.
total) que se estende da boca através do esôfago, estômago, intes- As secreções gástricas também contêm a enzima pepsina, im-
tino e ânus. portante para iniciar a digestão de proteínas.
• Anexos: glândulas salivares (amilase), pâncreas (suco pancre- Hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontra-
ático) e fígado (bile); dos nas secreções gástricas controlam a taxa das secreções gástri-
• Esôfago 25 cm de comprimento; cas e influenciam a motilidade gástrica.
• Estômago capacidade aproximadamente 1.500 ml (cárdia, O fator intrínseco também é secretado pela mucosa gástrica.
fundo, corpo, piloro) - esfíncter esofagiano inferior ou esfíncter car- Este componente combina-se com a vitamina B12 da dieta de for-
díaco (entrada) e esfíncter pilórico (saída); ma que essa vitamina possa ser absorvida no íleo (na ausência do
• Intestino delgado maior segmento 2/3 do total do compri- fator intrínseco a vitamina B12 não pode ser absorvida, resultando
mento do trato GI; na anemia perniciosa). O alimento permanece no estômago por um
• Duodeno parte superior (esvaziamento da bile e secreções tempo variado, de meia hora até muitas horas, dependendo do ta-
pancreáticas através do canal biliar comum na ampola de Vater); manho das partículas alimentares, composição da refeição e outros
• Jejuno: parte mediana; fatores.
• Íleo: parte inferior;
• Ceco junção entre o intest. delgado e grosso (porção inferior Ação do intestino delgado - O processo digestivo continua no
direita do abd), onde se encontra a válvula íleocecal q/ funciona no duodeno. As secreções duodenais procedem:
controle da passagem dos conteúdos intestinais no intest. grosso e • Do pâncreas (suco pancreático 1 litro/dia): enzimas digesti-
previne o refluxo de bactérias p/ o intest. delgado. É nesta área q/ o vas, incluindo a tripsina q/ ajuda na digestão de proteínas, a amilase
apêndice vermiforme está localizado; q/ ajuda na digestão do amido e a lipase q/ ajuda na digestão das
• Intestino Grosso Ascendente / Transverso / Descendente / gorduras. A secreção pancreática tem um pH alcalino devido à sua
cólon sigmóide / reto; alta concentração de bicarbonato;
• Ânus esfíncter anal interno e externo. • Do fígado (500 ml/dia de bile): a bile secretada pelo fígado e
armazenada na vesícula biliar ajuda na emulsificação das gorduras
O trato GI recebe o suprimento sanguíneo de muitas artérias ingeridas, facilitando a sua digestão e absorção;
que se originam ao longo de toda a extensão da aorta torácica e ab- • Das glândulas intestinais (3 litros/ dia secreção das glândulas
dominal. As principais são a artéria gástrica (estômago) e as artérias intestinais): as secreções consistem em muco, que recobre as cs e
mesentéricas superior e inferior (intestino). protege a mucosa do ataque do ácido hidroclorídrico, hormônios,
eletrólitos e enzimas. Os hormônios, neurorreguladores e regula-
dores locais encontrados nessas secreções intestinais controlam a
taxa de secreção intestinal e também influenciam a motilidade GI.
421
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ação colônica - Cerca de 4 hs após a alimentação, o material os sons intestinais podem estar diminuídos ou ausentes após uma
residual passa pelo íleo terminal e, lentamente, pela porção termi- cirurgia abdm., ou ser hiperativos ou de som agudo (borborigmos)
nal do cólon, através da válvula íleocecal. A cada onda peristáltica como resultado de hipermotilidade do trato GI;
do intestino delgado, a válvula se abre rapidamente permitindo q/ 16. Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (san-
um pouco do conteúdo passe para o cólon. A população bacteria- gramento ou hemorragia);
na é o principal componente do conteúdo do intestino grosso. As 17. Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão
bactérias ajudam no término da degradação do material residual e inadequada ou má absorção.
sais biliares.
Uma atividade peristáltica fraca impulsiona o conteúdo colô- Pacientes com Problemas Renal
nico lentamente ao longo do trato. Este lento transporte permite A insuficiência renal aguda é uma síndrome caracterizada pela
uma eficiente absorção de água e eletrólitos. O material residual de redução aguda da função renal, em horas ou dias, com conseqüente
uma refeição eventualmente atinge e distende o reto, geralmente retenção sérica de produtos nitrogenados, tendo caráter reversível.
em cerca de 12 horas. Cerca de 1/4 do material residual de uma Refere-se principalmente, à diminuição do ritmo de filtração glo-
refeição pode permanecer no reto três dias após a refeição ter sido merular e/ou do volume urinário, mas, ocorrem também distúrbios
ingerida. no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico.
As fezes se compõem de resíduos alimentares não digeridos, De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia(5), na litera-
materiais inorgânicos, água e bactérias. A matéria fecal tem cerca tura existem mais de 30 definições de IRA. A utilização de diferen-
de 75% de líquido e 25% de material sólido. A cor marrom das fezes tes definições dificulta a comparação de estudos. Recentemente, o
é devida à degradação da bile pela bactéria intestinal. grupo internacional e multidisciplinar Acute Kidney Injury Network
Substâncias químicas formadas pelas bactérias intestinais são (AKIN) propôs uma nova definição e classificação da IRA, a fim de
responsáveis, em grande parte, pelo odor fecal. Os gases formados uniformizar este conceito para efeitos de estudos clínicos e, princi-
contém metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O palmente, prevenir e facilitar o diagnóstico desta síndrome. A AKIN
trato GI normalmente contém cerca de 150 ml desses gases, q/ são propõe o diagnóstico e a classificação da insuficiência renal aguda
ou absorvidos na circulação porta e detoxificados pelo fígado, ou baseada na dosagem sérica da creatinina e no volume urinário em
expelidos pelo reto (flatos). Pacientes c/ dça hepática frequente- um período de 48 horas.
mente são tratados c/ antibióticos p/ reduzir o nº de bactérias colô- A IRA induzida por contraste, na maioria das vezes, é assinto-
nicas e, desta forma, inibir a produção de gases tóxicos. mática, não oligúrica e os níveis séricos usualmente aumentam em
24 a 72 horas após a exposição, alcançando seu valor máximo em
Respostas fisiológicas às disfunções gastrintestinais 3 a 5 dias.
1.Halitose: mau hálito, pode indicar um processo periodôntico A insuficiência renal aguda, apesar de sua característica reversí-
ou infecção oral; vel, ainda apresenta um prognóstico com índice de mortalidade de
2. Disfagia: dificuldade de engolir, pode resultar de um proble- aproximadamente 50%. Este prognóstico na IRA tem sido associado
ma mecânico (neoplasia, cirurgia) ou ocorrer secundariamente a a alguns fatores como oligúria persistente (refratária a volume), fa-
um dano neurológico (AVC); lência de múltiplos órgãos e septicemia. Esta alta mortalidade re-
3. Odinofagia: deglutição dolorosa (infecção ou doença); força ainda mais a necessidade da sua prevenção e a importância
4. Pirose: sensação de queimação na área médio esternal, cau- da atuação do enfermeiro na identificação dos fatores de risco e na
sada pelo refluxo dos conteúdos gástricos para o esôfago; detecção precoce da IRA.
5. Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo di- O contraste iodado é substância radiopaca empregada em exa-
gestivo; dys = mal pepsia = digestão mes radiológicos, como o cateterismo cardíaco, amplamente utili-
6. Anorexia: perda de apetite; zado para fins diagnósticos e terapêuticos. Tal substância, apesar de
7. Náuseas: sensação de desconforto gástrico caracterizada por melhorar a visualização das artérias e de outras estruturas anatômi-
vontade de vomitar; cas durante o exame, pode provocar reações adversas indesejáveis
8. Vômitos: expulsão dos conteúdos gástricos, em geral após que se devem, principalmente, à alta osmolaridade do contraste
uma sensação de náuseas; em relação ao sangue.
9. Câimbras abdominais: contração muscular espasmódica in-
voluntária que causa desconforto e dor: Pacientes com Problemas urológico
10. Distensão abdominal: expansão do abdome notada por ob- Dor originada nos rins ou ureteres; em geral, é vagamente lo-
servação, percussão ou palpação (aumento da quantidade de ar ou calizada nos flancos ou na região lombar baixa e pode irradiar-se
líquidos ou presença de massa abdominal); para fossa ilíaca ipsolateral, coxa superior, testículos ou grandes lá-
11. Má absorção: incapacidade de absorver nutrientes secun- bios. Tipicamente, a dor causada por cálculos é em cólica e pode
dária a um distúrbio GI; ser muito significativa; é mais constante se causada por infecção. A
12. Dor: sensação de desconforto que varia em gravidade; retenção urinária aguda distal à bexiga causa dor suprapúbica ago-
13. Diarreia: expulsão excessiva de fezes aquosas em grande nizante; a retenção urinária crônica causa menos dor e pode ser
vol. ou c/ frequência maior. assintomática. Disúria é um sintoma de irritação vesical ou uretral.
14. Constipação: frequência diminuída de evacuação fecal, le- A dor prostática manifesta-se como desconforto vago ou sensação
vando à impactação intestinal; a consistência das fezes é mais co- de peso nas regiões perineal, retal ou suprapúbica.
mumente seca e dura, entretanto ela pode ser mole e formada se Os sintomas de obstrução vesical em homens incluem hesita-
estiverem presentes distúrbios de motilidade; ção, força para urinar, diminuição da força e do calibre do jato uri-
15. Sons intestinais alterados: os sons intestinais ouvidos na nário e gotejamento terminal. Incontinência tem várias formas. A
ausculta indicam a passagem de ar e líquidos no trato GI, a faixa enurese após os 3 ou 4 anos de idade pode ser um sintoma de este-
de frequência normal é de aproximadamente 5 a 25 por minuto; nose uretral em meninas, válvulas de uretra posterior em meninos,
alteração psicológica ou, se de início súbito, infecção.
422
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A pneumatúria (passagem de ar na urina) sugere fístula vesico- O teste de antígeno do tumor de bexiga para carcinoma de cé-
vaginal, vesicoentérica ou ureteroentérica; as duas últimas podem lulas transicionais do trato urinário é mais sensível que a citologia
ser causadas por diverticulite, doença de Crohn, abscesso ou câncer urinária para detectar cânceres de baixo grau; não é sensível o sufi-
de cólon. A pneumatúria também pode ser causada por pielonefrite ciente para substituir o exame endoscópico. A citologia urinária é o
enfisematosa. melhor exame para detectar câncer de alto grau.
O antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific anti-
Exame físico gen) é uma glicoproteína de função desconhecida produzida pelas
O exame físico é dirigido aos ângulos costovertebrais, abdome, células epiteliais prostáticas. Os níveis podem estar elevados em
reto, região inguinal e genitais. Em mulheres com sintomas uriná- câncer de próstata e em algumas doenças comuns não neoplásicas
rios, geralmente é feito exame pélvico. (p. ex., hipertrofia benigna da próstata, infecção, trauma). Mede-se
o PSA para detectar recidiva de câncer após tratamento; seu uso
Ângulo costovertebral generalizado para a triagem de câncer é controverso.
A dor surgida após percussão com o punho na região lombar,
flancos e no ângulo formado pelo 12º arco costal e espinha lombar Pacientes com Problemas ginecológico
(dolorimento costovertebral) pode indicar pielonefrite, cálculos ou O câncer de colo uterino representa um grande problema de
obstrução do trato urinário. saúde pública no Brasil. Pesquisa recente em um hospital escola do
Triângulo Mineiro identificou que os cânceres ginecológicos em 321
Abdome casos, foram 15 casos (15,63%) dos cânceres de colo de útero (SOA-
Abaulamento visível do abdome superior é um achado extre- RES; SILVA, 2010).Segundo dados do instituto nacional de câncer, o
mamente raro e inespecífico de hidronefrose ou massa renal ou ab- câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na popu-
dominal. Som maciço à percussão no abdome inferior indica disten- lação feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer
são vesical; normalmente, mesmo uma bexiga cheia não pode ser no Brasil (INCA,2014 ).O câncer do colo do útero é caracterizado
percutida acima da sínfise púbica. A palpação da bexiga, algumas pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão,
vezes, é utilizada para confirmar distensão e retenção urinária. comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir
estruturas e órgãos vizinhos ou à distância. (BRASIL, 2013). Conside-
Reto ra-se que a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) representa
Durante o toque retal, pode-se detectar prostatite através do o principal fator de risco para o câncer de colo do útero. Outros fa-
encontro de uma próstata dolorosa e edemaciada. Nódulos focais e tores foram identificados como de risco, como os socioeconômicos
áreas pouco endurecidas devem ser distinguidas de câncer da prós- e ambientais e os hábitos de vida (FRIGATO; HOG, 2003).
tata. A próstata pode estar simetricamente aumentada, fibroelásti- Segundo o Ministério da Saúde além da importância de reali-
ca e não dolorosa na hipertrofia benigna da próstata. zar o exame periodicamente, torna-se relevante evidenciar que, ao
longo da vida, a mulher pode estar exposta a fatores de risco para
Região inguinal e genitais o câncer de colo uterino, como: idade precoce da primeira relação
O exame inguinal e genital deve ser realizado com o paciente sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, lesão genital por HPV,
em pé. A presença de hérnia inguinal ou adenopatia pode explicar tabagismo, multiparidade, entre outros (BRASIL,2013). As ações
dor escrotal ou inguinal. Assimetria grosseira, edema, eritema ou de prevenção da saúde são estratégias fundamentais, não só para
pigmentação dos testículos podem indicar infecção, torção, tumor aumentar a frequência e adesão das mulheres aos exames, como
ou outras massas. A horizontalização do testículo pode indicar ris- para reforçar sinais e sintomas de alerta, que devem ser observados
co de torção testicular. A elevação de um testículo (normalmente o pelas usuárias. É fundamental que os processos educativos ocor-
esquerdo é mais baixo) pode ser sinal de torção testicular. O pênis ram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando-
é examinado com e sem retração do prepúcio. A inspeção do pênis -a a realizar os exames de acordo com a indicação (BRASIL, 2013).
pode detectar Considerando tais dados verifica-se a importância de uma atenção
• Hipospádias ou epispádias em meninos ou adultos jovens voltada para saúde da mulher, oferecendo além dos procedimen-
• Doença de Peyronie em homens tos básicos, cuidados especiais que possam prevenir complicações
• Priapismo, úlceras e corrimento em todos os grupos físicas e emocionais. Entende-se que a consulta de enfermagem é
extremamente importante, pois propicia o trabalho do enfermeiro
A palpação pode revelar hérnia inguinal. O reflexo cremastérico no desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, bem
pode estar ausente na torção testicular. A localização das massas como a atenção ginecológica.
em relação aos testículos e o grau e a localização do dolorimento
podem auxiliar a diferenciar massas testiculares (p. ex., esperma- Pacientes com Problemas endócrino, hematológico
toceles, epididimite, hidroceles, tumores). Em caso de edema, a O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e
área deve ser transiluminada para auxiliar a detectar se o aumento órgãos que regulam e controlam várias funções do corpo por meio
é cístico ou sólido. Placas fibrosas na haste do pênis são sinais de da produção e secreção de hormônios. Os hormônios são substân-
doença de Peyronie. cias químicas que afetam a atividade de outra parte do corpo. Em
essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e
Exames coordenam as atividades em todo o corpo.
Exame de urina é fundamental para a avaliação de doenças uro-
lógicas. Os exames de imagem (p. ex., ultrassonografia, tomografia As doenças endócrinas dizem respeito a
computadorizada, ressonância nuclear magnética) são solicitados • Uma secreção hormonal excessiva ou
com frequência. Para análise do sêmen, Alterações espermáticas. • Uma secreção hormonal insuficiente
423
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As doenças podem ser o resultado de um problema na própria O sistema muscular é composto pelo conjunto de músculos do
glândula ou porque o eixo hipotálamo-hipófise (a interação dos si- corpo humano, são encontrados cerca de 600 músculos no corpo
nais hormonais entre o hipotálamo e a hipófise) está fornecendo humano e eles representam cerca de 40 a 50% do peso total de
estímulo excessivo ou insuficiente. Dependendo do tipo de célula uma pessoa. Os músculos têm a capacidade de contrair ou relaxar e
da qual são originados, os tumores podem produzir hormônios em proporcionam movimentos que permitem que a pessoa ande, cor-
excesso ou destruir o tecido glandular normal, diminuindo a produ- ra, salte, etc.
ção hormonal. Às vezes, o sistema imunológico do organismo ataca
uma glândula endócrina (uma doença autoimune), o que diminui a Ortopedia
produção hormonal. A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e
deformidades relacionadas aos elementos do aparelho locomotor,
Exemplos de doenças endócrinas incluem como ossos, músculos, ligamentos e articulações. A traumatologia
• Hipertireoidismo é a especialidade médica que lida com o trauma do aparelho mús-
• Hipotireoidismo culo-esquelético.
• Doença de Cushing No Brasil as especialidades são unificadas, recebendo o nome
• Doença de Addison de “Ortopedia e Traumatologia”.
• Acromegalia Dentro dos órgãos/ossos do corpo humanos tratados pela or-
• Baixa estatura em crianças topedia temos: Coluna, Joelho, Quadril, Ombro e Cotovelo, Mão, Pé
• Diabetes e Tornozelo.
• Distúrbios da puberdade e da função reprodutiva As causas das principais lesões ortopédicas são: Artralgia, Ar-
trose. Artrose Joelho, Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA),
Os médicos costumam medir os níveis de hormônios no sangue Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Lesão do Ligamento
para dizer como a glândula endócrina está funcionando. Às vezes, Colateral, Lesão Meniscal, Mialgia, Lesões Musculares, Lombalgia,
os níveis sanguíneos sozinhos não fornecem informações suficien- Síndrome do Manguito Rotador; Tendinites, Síndrome Patelo Femo-
tes sobre a função da glândula endócrina; por isso, os médicos me- ral e Cervicalgia.
dem os níveis hormonais depois de dar um estímulo (tal como uma A traumatologia dedica-se ao estudo e ao tratamento das dife-
bebida contendo açúcar, um medicamento ou um hormônio que rentes lesões que se podem produzir nas extremidades e na coluna.
possa desencadear a liberação hormonal) ou depois de o paciente Na sua órbita de ação entram as fraturas ósseas, as luxações e dife-
ter exercido uma ação (tal como jejum). rentes classes de contusões.
As doenças endócrinas costumam ser tratadas ao repor o hor- Os tratamentos da traumatologia podem ser diversos. Alguns
mônio, cujo nível é insuficiente. Contudo, às vezes, a causa da do- são conservadores, como a implementação de ligaduras ou a colo-
ença é tratada. Por exemplo, se houver um tumor em uma glândula cação de um gesso. Outros tratamentos são mais invasivos, como
endócrina, é possível que ele seja removido. as intervenções cirúrgicas que são utilizadas para instalar parafusos,
placas e outros elementos no interior do corpo. A escolha de um
Pacientes com Problemas musculoesquelético e dermatológi- ou outro tratamento é realizada pelo profissional de acordo com o
co tipo de lesão.
Embora a traumatologia ortopédica pareça ser o estudo de
Pacientes com Problemas musculoesquelético todo tipo de trauma, ela lida apenas com as lesões ósseas e mus-
O sistema osteomuscular compreende principalmente a dois culares tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e co-
sistemas da fisiologia humana: o sistema ósseo e o sistema mus- luna. O trauma abdominal é avaliado pelo cirurgião geral; o trauma
cular. A função do sistema ósseo é de proteger, sustentar, armaze- craniano pelo neurocirurgião; o trauma de tórax é avaliado pelo
nar e liberar os íons de cálcio e potássio, permitir o deslocamento cirurgião do trauma ou cirurgião torácico. Erro muito comum é o
do corpo servindo como alavanca e de produzir certas células do encaminhamento de vítimas de trauma torácico e facial para o orto-
sangue. Os ossos trabalham em conjunto com os músculos que são pedista, o qual trata do esqueleto axial (coluna) e membros.
responsáveis pelo movimento.
No sistema muscular existe a divisão dos músculos que são Sobre as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético
lisos e estriados. O músculo liso não faz parte do aparelho loco- As afecções músculo-esqueléticas representam uns dos princi-
motor, pois eles são responsáveis pela formação de órgãos como o pais agravos à saúde no Brasil. Trata-se de distúrbios de importância
estomago, intestinos, artérias, etc. O músculo estriado pode ser do crescente em vários países do mundo, com dimensões epidêmicas
tipo músculo esquelético e músculo cardíaco. Os músculos estria- em diversas categorias profissionais, principalmente na Traumato-
dos esquelético fazem parte do aparelho locomotor sendo um tipo -Ortopedia. Na traumatologia, o crescente problema da violência,
de músculo voluntário. das doenças ocupacionais, dos acidentes de trânsito e causas ex-
Os músculos esqueléticos ficam ligados aos ossos pelos ten- ternas, que perfazem mais de 90% dos atos médicos destinados ao
dões que são formados por tecido conjuntivo altamente denso rico tratamento das afecções do sistema músculo-esqueléticos, é de ex-
em colágeno no qual se liga de um lado ao periósteo, camada de trema preocupação, tanto do ponto de vista epidemiológico quan-
tecido conjuntivo presente nos ossos e do outro as camadas de te- to da gestão, pelo elevado número de procedimentos realizados e
cidos conjuntivos que revestem o ventre muscular ou músculo pro- pelo alto valor de recursos financeiros envolvidos.
priamente dito, os fascículos e as fibras. E a ligação de um osso a
outro ou outros é chamado de juntas ou articulações. SUS e as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético
Os ossos se classificam como longo, plano, curto, irregular, O Sistema Único de Saúde − SUS oferta diversos tratamentos
pneumático e sesanoides. clínicos, cirúrgicos e de reabilitação na área de ortopedia. Os pro-
cedimentos relacionados a essas especialidades estão incluídos em
várias ações e políticas do Ministério da Saúde. Todos os procedi-
424
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mentos podem ser consultados no Sistema de Gerenciamento da outro transtorno com essas características, alterações psicopatoló-
Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do Sistema Único gicas significativas (Grimalt, Peri & Torres, 2002). Talvez essa seja
de Saúde (SIGTAP/SUS). uma das razões pelas quais muitas vezes o atendimento ao paciente
Especificamente sobre a atenção especializada no SUS, a área aconteça de forma dissociada, ou seja, o dermatologista se respon-
de ortopedia recebeu atenção especial, principalmente no que dis- sabiliza somente pela dimensão orgânica, a pele, e o psicólogo, pe-
pensa a utilização de alta tecnologia/alta complexidade, com a pu- los aspectos emocionais, de forma isolada.
blicação da Portaria GM/MS nº 221, de 15 de fevereiro de 2005, que Segundo Mingorance, Loureiro, Okino e Foss (2001), muitos es-
instituí a Política de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortope- tudos têm sido realizados associando o funcionamento mental do
dia Instituída no SUS. Tal política é regimentada pela Portaria SAS/ paciente com psoríase a correlatos psíquicos: o impacto emocional
MS nº 90, publicada em 27 de março de 2009. Esta Portaria concei- da doença, o aumento de preocupações e a ansiedade estão asso-
tua Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Traumatolo- ciados à piora das lesões, o alto nível de depressão, à presença de
gia e Ortopedia e Centro de Referência de Alta Complexidade em distúrbios no ambiente familiar e outros. Os temas das pesquisas
Traumatologia e Ortopedia, orientando o papel que cada uma des- revelam que a dermatose não está relacionada somente à pele, às
sas habilitações desempenha na atenção à saúde e na qualificação questões orgânicas, mas que influencia e é influenciada por outros
técnica exigida para o atendimento dos usuários, e ainda, orienta o aspectos da vida do indivíduo, tanto questões emocionais quanto o
gestor quanto aos requisitos mínimos, para se habilitar um estabe- próprio contexto em que vive.
lecimento em alta complexidade em Ortopedia. De acordo com Sampaio e Rivitti (2001), é indiscutível que os
Tanto os Centros de Referência de Alta Complexidade em Trau- fatores emocionais influenciam inúmeras dermatoses que, de ou-
matologia e Ortopedia quanto às Unidades de Assistência em Alta tro lado, atuam no estado mental. A partir da idéia de que toda
Complexidade em Ortopedia estão aptos a realizar qualquer pro- doença humana é psicossomática, pois incide em um ser provido
cedimento traumato-ortopédico, independentemente da comple- de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente (Mello
xidade em que este procedimento se insere. A diferença básica en- Filho, 2002), o adoecimento (neste caso, da pele), pode repercutir
tre as duas habilitações está no papel de formar e qualificar novos em diversos âmbitos da vida do indivíduo.
profissionais na área desempenhada pelos Centros. (Relatório de Quando se pensa na inseparabilidade da psique e do corpo, ou
Gestão SAS 2016) das emoções e da pele, o stress é uma variável importante. Des-
de os estudos de Selye, em 1936, o stress é um fator que está re-
Pacientes com problemas dermatológicos lacionado ao surgimento e desenvolvimento de doenças. Vivas e
A pele constitui o maior órgão do corpo humano, envolven- Serritiello (2002) referem que extensos estudos indicam que o
do-o e protegendo-o por completo. Montagu (1988, p.30) fala da stressemocional pode exacerbar alguns eventos, como na psoría-
pele como o espelho do funcionamento do organismo: sua cor, se, por exemplo. Steiner e Perfeito (2003) corroboram esta idéia,
textura, umidade, secura, e cada um de seus demais aspectos re- mencionando que “o stress físico ou emocional tem repercussões
fletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico ..., é em inúmeras dermatoses e estas, indiscutivelmente, também são
espelho de nossas paixões e emoções, sendo como uma roupagem geradoras de stress” (p.113).
contínua e flexível, além de ter a mesma origem embrionária que A literatura, de modo geral, enfoca a influência do stress no
o sistema nervoso. Reveste e limita o organismo, protegendo-o de desenvolvimento das dermatoses (Asadi & Usman, 2001; Picardi,
agentes externos, e é importante na manutenção do equilíbrio do Porcelli, Pasquini & Fassoni, 2006; Taborda, Weber & Freitas, 2005),
meio interno (Souza et al., 2005). Por configurar o órgão de limi- e poucos são os estudos que avaliam o contrário, ou seja, o quanto
te entre mundo interno e externo, a pele, quando lesionada, pode a lesão de pele interfere no grau de stress do indivíduo. Lipp (1996)
trazer constrangimento ao indivíduo. Nesse sentido, Strauss (1989, refere as doenças relacionadas ao stress e cita a psoríase entre as
p.1221) refere que “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fa- mais estudadas, sugerindo que «doenças relacionadas ao stress se-
chada que nos expõe”. jam classificadas como psicofisiológicas, termo este que enfatiza a
Alguns autores sugerem dificuldades quando da exposição das correlação entre aspectos físicos e psicológicos que se manifestam
lesões de pele, como Fonseca e Campos (2003), ao mencionar que de modo quase que inseparável durante a resposta ao stress”.
lesões visíveis causam constrangimento nos pacientes, e Azulay R. Hoffmann, Zogbi, Fleck e Müller (2005) mencionam que o viti-
D. e Azulay D. R. (1992), que postulam que “convém lembrar que o ligo está associado a fatores psicológicos, visto que, no estudo de
indivíduo com a pele comprometida, sobretudo em áreas desco- Müller (2005), o aparecimento da doença se deu após situação de
bertas, dificilmente deixa de ficar envergonhado, ansioso e triste”. stress emocional. O’leary, Creamer, Higgins e Weinman (2004) estu-
Nadelson (1978) complementa esta idéia, referindo que a doença daram as causas atribuídas pelos pacientes psoriáticos à sua doen-
de pele, na mente popular, pode muitas vezes estar ligada à idéia ça, e encontraram uma grande proporção dos pacientes referindo o
de sujo, feio e contagioso, devendo permanecer afastado. Nesse stress como a causa da sua doença. Esta crença está associada a um
sentido, está implicada a relação entre doenças de pele e aspectos baixo bem-estar psicológico e à percepção de que a psoríase tem
emocionais, mais especificamente o stress, neste estudo. Frente a um impacto emocional muito grande. Apesar da prevalência desta
dados como esses, percebe-se a importância de pesquisas nesta crença, os níveis de stress, mesmo fortemente associados ao humor
área, explorando as repercussões dos problemas dermatológicos e e à qualidade de vida, não foram associados com a severidade da
buscando sensibilizar a população em geral, assim como os profis- psoríase.
sionais que trabalham com esses pacientes, para que o atendimen- O stress psicológico e a ansiedade têm sido reconhecidos clini-
to abarque as diferentes dimensões do ser humano. camente pelos dermatologistas como fatores relacionados à piora
Embora a existência de uma relação entre as alterações psico- das lesões de pele (Fortune, Main, O’Sullivan & Griffiths, 1997). No
lógicas e as doenças dermatológicas não seja um tema novo, ainda estudo de Amorim-Gaudêncio, Roustan e Sirgo (2004), que avaliou
não é possível definir com clareza que alterações psicológicas são dois grupos, um com e outro sem dermatoses, foram encontradas
capazes de causar alterações dermatológicas, ou se as enfermida- associações entre altos níveis de ansiedade e stress em pessoas que
des cutâneas crônicas carregam, necessariamente, como qualquer sofrem de dermatoses inflamatórias crônicas.
425
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Panconesi e Hautmann (1996), em um artigo sobre a psicofisio- Também M.A. Gupta e A.K. Gupta (2003) e Hautman e Panco-
logia do stress na dermatologia, referem que os fatores genéticos e nesi (1997) apontam a importância de considerações sobre o tema
de percepção podem influenciá-lo, sendo a percepção do indivíduo da localização da lesão, referindo que até mesmo uma doença be-
sobre o desafio que o estímulo específico implica o fator mais im- nigna em partes do corpo “carregadas de emoção” (por exemplo, o
portante. rosto, a cabeça e o pescoço) pode debilitar particularmente o pa-
Em relação aos problemas dermatológicos, Azambuja (2000) ciente.
menciona que existem íntimas ligações entre o sistema nervoso e
a pele, o que a torna extremamente sensível a emoções, de forma Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para pa-
que qualquer problema de pele, independentemente de sua causa, cientes com alterações clínicas e cirúrgicas.
tem impacto emocional. O autor discorre ainda que o stress, seja A assistência de enfermagem é uma das principais ações no
físico, psicológico ou ambiental, provoca no indivíduo reações como cuidado da saúde do paciente. Assim, a Sistematização da Assis-
taquicardia, diminuição da temperatura do corpo, entre outras, e tência de Enfermagem (SAE) normatizada pelo Conselho Federal de
que atualmente um número crescente de cientistas tem aceitado o Enfermagem (CFE), a Resolução n. 358/2009, preconiza que deve
stress como fator precipitante de qualquer doença, não apenas das ser implantada no setor público e privada (BRASÍLIA, 2009, p. 317).
psicossomáticas. Existem atualmente diferentes maneiras de sistematizar a as-
Além disso, Azambuja (2000) refere a insustentabilidade da sistência de enfermagem, entre elas pode-se mencionar os planos
concepção cartesiana de mente e corpo, falando do campo da psi- de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o
coneuroimunologia, que “cria um novo contexto em que não exis- processo de enfermagem. Visto que a SAE direciona a atuação do
tem partes separadas, e tudo influencia tudo, tornando-se absurdo enfermeiro no exercício de suas atividades profissionais e facilita o
enfocar a patologia e o tratamento unicamente do corpo e, pior desenvolvimento da assistência ao paciente. Neste contexto, a im-
ainda, de uma de suas partes sem considerar o funcionamento ge- plantação de um método para sistematizar a assistência de enfer-
ral” (p.407). magem deve ter como premissa um processo individualizado, holís-
No que tange à localização das lesões de pele, a maior parte tico, planejado, contínuo, documentado e avaliado (VASCONCELOS,
dos estudos avalia qualidade de vida. Schmid, Jaeger e Lampre- BORGES, BOHRER, et al. 2017).
cht (1996) mencionam que os pacientes com lesões na região do No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi à primeira teórica a apre-
baixo ventre e genital relatam sentimentos de estigmatização com sentar estudos sobre o tema. Ela propôs a sistematização das ações
maior intensidade do que pacientes acometidos em outras áreas do de Enfermagem, por meio da aplicação do Processo de Enferma-
corpo. Quando se discute local da lesão, está implicada a questão gem, o que contribuiu para o registro e documentação de ocorrên-
da aparência física. No estudo de Mingnorance, Loureiro e Okino cias e procedimentos realizados por integrantes da equipe de Enfer-
(2002), os pacientes que relataram insatisfação quanto à aparência magem, para a análise e organização do cuidado prestado e, para
física, quando comparados ao grupo com percepção satisfatória da o reconhecimento social da profissão (BOTELHO, VELOSO, FAVERO,
aparência, apresentaram prejuízo significativamente maior nas ati- 2013).
vidades rotineiras (p<0,05) e na qualidade de vida geral (p<0,01). A SAE trata-se de um valioso instrumento para assistência do
No estudo de Ludwig e Oliveira (2007), que avaliou qualidade paciente de forma integralizada, contínua, segura e humanizada
de vida e localização da lesão dermatológica, não foram encontra- pela enfermagem, sendo composta por cinco fases: visita pré-ope-
das diferenças significativas na comparação entre dois grupos (ros- ratória de enfermagem, planejamento, implementação, avaliação e
to e/ou mãos; outras partes do corpo), sendo o número de associa- reformulação da assistência a ser planejada (RIBEIRO, FERRAZ, DU-
ções entre os instrumentos de qualidade de vida SF-36 (qualidade RAN, 2017).
de vida geral) e DLQI-BRA (qualidade de vida específica) muito su- Nessa linha de pensamento, a SAE atua no sentido de conduzir
perior no grupo com lesões em rosto e/ou mãos. Quando se fez a e organizar o trabalho da equipe de enfermagem conforme os re-
divisão mais detalhada da localização da lesão, em cinco grupos, cursos humanos, instrumentos e método, facilitando o trabalho do
houve diferenças significativas, sendo o grupo com a maior media- enfermeiro. Ainda, tem sua definição no planejamento e ordenação
na aquele com lesões generalizadas (rosto e mãos e outras). As au- da execução das atividades com enfoque coletivo e individual e de
toras inferem que, independentemente da localização da lesão no caráter privativo do enfermeiro (PENEDO, SPIRI, 2014).
corpo, o sentimento de exposição e os prejuízos a que fica subme- Neste sentido, o Processo de Enfermagem se constitui em ação
tido o paciente dermatológico são semelhantes, seja a lesão mais revestida de significados, possível de ser utilizada pelos enfermei-
exposta ou menos exposta ao olhar do outro. ros enquanto metodologia para prestação de cuidados; entretan-
Kadyk, McCarter e Achen (2003) estudaram qualidade de vida to, apresenta desafios para sua implementação. A enfermagem se
em pacientes com dermatite de contato, encontrando um escore utiliza da sistematização da assistência de enfermagem como um
significativamente pior no item relacionado à aparência da pele, modelo de processo de trabalho que possibilita sistematizar a as-
em comparação aos que não têm a face acometida. Além disso, pa- sistência e direcionar o cuidado, contribuindo para a segurança do
cientes com a face afetada sentem um maior grau de prejuízo, que usuário e dos profissionais no sistema de saúde especialmente em
tende a ser significativo, e apresentam escores melhores do que Centro Cirúrgico (PENEDO, SPIRI, 2014).
aqueles sem acometimento da face em duas questões: medo de ser No hospital, o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde acontece
despedido e dificuldade de usar as mãos no trabalho. grande parte dos eventos adversos à saúde dos pacientes. Sua cau-
Não houve diferenças significativas, nas escalas de sintomas ou sa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à
emoções, entre ter ou não as mãos afetadas, no mesmo estudo. Os interação das equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão,
autores da pesquisa referem diversos relatos de que a dermatite de pois, apesar de as intervenções cirúrgicas integrarem a assistência
contato nas mãos afeta negativamente as habilidades para traba- à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade
lhar e continuar as atividades diárias normais. física e à perda de vidas, estão associadas, consideravelmente, aos
riscos de complicações (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016).
426
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assim, a participação do enfermeiro no Centro Cirúrgico tem ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DISTÚR-
merecido atenção por envolver especificidades e articulações in- BIOS HIDROELETROLÍTICOS
dispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades A água é responsável por aproximadamente 60% do peso cor-
complexas, que requerem conhecimento científico, manejo tecno- póreo humano, sendo essencial para a manutenção das reações
lógico e humanização extensiva a familiares, pelo impacto que o químicas inerentes aos processos metabólicos no interior das célu-
risco cirúrgico propicia (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016). las. Os líquidos corporais estão localizados em dois compartimentos
O estudo Henrique, Costa e Lacerda (2016) demonstrou que distintos: líquido extracelular (LEC) fora das células, abrangendo em
ainda há muito a percorrer nos caminhos da segurança efetiva para média um terço da água corporal total, e líquido intracelular (LIC) no
o paciente no período perioperatório, uma vez que encontraram interior das células, constituindo aproximadamente dois terços da
muitos entraves que, de certa forma, desfavorecem a segurança do água corporal total. O líquido nos compartimentos corporais con-
paciente. Assim, as reflexões sobre a segurança do paciente e os tem eletrólitos, os quais são compostos que liberam íons positivos,
processos do Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, necessi- como os íons de sódio (Na+ ), potássio (K+ ), cálcio (Ca2+), magnésio
tando-se de novos estudos acerca do tema para novas discussões e (Mg2+), ou negativos, como os íons de cloreto (Cl- ), bicarbonato
busca de melhores práticas. (HCO3 -) e fosfato (PO4 3-), quando dissolvidos em água. Os líquidos
Estudos recentes de revisão integrativa revelam que, com base corporais ficam em constante movimento, transportando nutrien-
nas diversas necessidades específicas das funções do profissional, tes, eletrólitos e oxigênio para as células (LEWIS et al., 2013).
na assistência ao paciente cirúrgico é importante melhorar a quali- Há diversos processos envolvidos na movimentação de água e
dade da assistência de enfermagem. É preciso lembrar que a evolu- eletrólitos entre o LIC e o LEC, dentre esses processos temos a difu-
ção cirúrgica e novas descobertas de tecnologias auxiliam significa- são simples, a difusão facilitada e o transporte ativo. Difusão sim-
tivamente a enfermagem avançar na assistência no Centro Cirúrgico ples é o movimento de moléculas de uma área de alta concentra-
(ADAMY; TOSATTI, 2012, p.301). ção para outra de baixa concentração. Ocorre com líquidos, gases
e sólidos através de uma membrana permeável e não há gasto de
Importância da implantação da SAE para a organização do energia. Na difusão facilitada observa-se a combinação das molé-
centro cirúrgico culas difundidas com moléculas transportadoras, favorecendo a ve-
Neste sentido os estudos de Adami, Tosati (2012) tiveram o ob- locidade de difusão para o meio intracelular. Também não há gasto
jetivo de avaliar implantação da (SAE) no período perioperatório de energético. Já o transporte ativo é o processo no qual as moléculas
um Hospital do Oeste de Santa Catarina, sob a visão da equipe de se movem contra o gradiente de concentração e demanda energia
enfermagem os autores constataram que, a instituição deve viabi- externa, como a bomba de sódio-potássio, que consome trifosfato
lizar estratégias que culminam para uma SAE efetiva e com resulta- de adenosina (ATP) produzido na mitocôndria celular (GUYTON &
dos mais satisfatórios tendo em vista que ela oferece Segurança/ HALL, 2011).
paciente; registros de enfermagem mais precisos; organização das Ao movimento de água entre dois compartimentos denomi-
atividades de enfermagem. namos osmose, o qual dispensa fontes de energia externa e cessa
Segundo Santos e Rennó (2013), a SAE surgiu no centro cirúrgi- com o desaparecimento da diferença de concentração ou quando a
co com o objetivo de capacitar funcionários para atender as neces- pressão hidrostática aumenta suficientemente para se opor à mo-
sidades da equipe médica, como no preparo da sala de cirurgia, dos vimentação da água. Tanto a difusão quanto a osmose são meca-
materiais e equipamentos hospitalares necessários durante o pro- nismos importantes para a manutenção do volume de líquidos das
cedimento. A preocupação com a qualidade prestada ao paciente células do corpo bem como da concentração de solutos. A osmola-
é um marco no mercado competitivo, pois cada vez mais busca-se lidade descreve os líquidos contidos no corpo e a osmolaridade se
assistências eficientes prestada ao indivíduo, satisfação da clientela refere aos líquidos fora do corpo. A osmolalidade plasmática nor-
e a redução dos custos hospitalares. mal situa-se entre 275 mOsm/kg e 295mOsm/kg. Valores acima de
A SAE constitui nos dias atuais um importante instrumento 295mOsm/kg indicam que a concentração de partículas está alta
inerente ao processo de trabalho do enfermeiro, que possibilita a demais ou que o conteúdo de água se encontra muito baixo (LEWIS
ampliação de ações que modificam o processo de vida e de saúde- et al., 2013).
-doença dos pacientes. Deste modo, a sistematização permite a ob- Já um valor abaixo de 275 mOsm/kg significa uma concentração
tenção de resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, como de soluto baixa demais em relação à quantidade de água existente
a organização do serviço, especialmente no centro cirúrgico (MELO, ou uma quantidade excessiva de água em relação à concentração
NUNES, VIANA, 2014). de soluto. A osmolalidade plasmática pode ser calculada com base
Assim, sua implantação, proporciona cuidados individualiza- nas concentrações de sódio e glicose, assim teremos soluções iso-
dos, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas tônicas, cuja osmolalidade é a mesma do interior da célula, hipotô-
situações de gerenciamento da equipe de enfermagem, oportuniza nicas, em que as concentrações do soluto são menores que as da
avanços na qualidade da assistência, o que impulsiona sua adoção célula e hipertônicas, que apresentam concentrações maiores que
nas instituições que prestam assistência à saúde ((SILVA, GARANHA- as da célula (LEWIS et al., 2013).
NI, PERES, 2015) Os compartimentos líquidos apresentam pressão hidrostática,
A implantação da SAE com base em um conhecimento espe- que corresponde à pressão sanguínea gerada pela contração cardí-
cífico e de uma reflexão crítica acerca da organização do trabalho aca e é a força principal a impulsionar a água para fora do sistema
de enfermagem juntamente com a coleta de dados, tem-se um vascular ao nível dos capilares. Essa força diminui gradualmente
instrumento de fundamental importância para que o profissional conforme o sangue se desloca pelas artérias, até atingir um valor
possa gerenciar a assistência de enfermagem de forma organizada, aproximado de 40 mmHg na extremidade arterial de um capilar e
segura, dinâmica e competente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015). na extremidade venosa a pressão chega a 10 mmHg (SILVERTHORN,
2017).
427
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os eletrólitos, devido ao seu tamanho pequeno, saem do espa- REGULAÇÃO RENAL
ço vascular, o que não acontece com as proteínas, que permanecem O volume plasmático total é filtrado várias vezes ao dia pelos
nos vasos e contribuem para a pressão osmótica total. A pressão rins, havendo a reabsorção seletiva do filtrado à medida que ele
osmótica ou pressão oncótica, exercida por coloides em solução, se desloca nos túbulos renais. A excreção urinária da maioria dos
atua retirando líquido do espaço tecidual para o espaço vascular. Os eletrólitos é ajustada de modo a manter o equilíbrio entre ingestão
líquidos movimentam-se entre os capilares e o interstício. A pressão e eliminação globais. Havendo um comprometimento da função
oncótica plasmática e a pressão hidrostática intersticial fazem os lí- renal, ocorre a perda do equilíbrio hidroeletrolítico resultando em
quidos entrarem nos capilares. Na extremidade arterial do capilar, edema, retenção de potássio e fósforo, acidose e outros desequilí-
a pressão hidrostática capilar excede a pressão oncótica plasmática, brios eletrolíticos (LEWIS et al., 2013).
deslocando os líquidos para o interstício. Já na extremidade venosa
do capilar, a pressão hidrostática capilar é menor do que a pressão REGULAÇÃO CARDÍACA
oncótica plasmática, fazendo os líquidos voltarem para o capilar Um aumento da pressão arterial leva à produção de peptídeos
movido pela pressão oncótica criada pelas proteínas plasmáticas natriuréticos, como o peptídeo natriurético atrial (ANP) e o peptí-
(SMELTZER et al., 2016). deo natriurético do tipo b (BNP), os quais são antagonistas do SRAA,
suprimindo a secreção de aldosterona, renina e ADH, bem como a
REGULAÇÃO HIPOFISÁRIA ação da angiotensina II. Os peptídeos natriuréticos agem sobre os
As perdas de água no organismo ocorrem principalmente atra- túbulos renais, promovendo a excreção de sódio e água, causando a
vés da excreção de urina e pelas fezes. Além disso, há a perda in- redução do volume e pressão sanguíneos (LEWIS et al., 2013).
sensível, que não é percebida, e acontece na superfície da pele e
durante a exalação de ar umidificado. Alguns processos patológicos REGULAÇÃO GASTROINTESTINAL
que rompem a homeostasia, como sudorese em excesso, diarreia A ingestão oral de líquidos responde pela maior parte da inges-
e a síndrome da secreção inadequada do hormônio antidiurético tão de água, incluindo a água oriunda do metabolismo e a água dos
(SIADH), podem representar uma grande ameaça ao equilíbrio hí- alimentos sólidos. Os líquidos secretados pelo trato gastrintestinal
drico. O equilíbrio hídrico é mantido devido ao ajuste e a percepção (GI) são reabsorvidos e uma pequena quantidade de líquido é elimi-
entre ingestão e excreção de água. A sede leva o paciente a beber nada com as fezes. Em situações de diarreia ou vômito, não ocorre
água (SILVERTHORN, 2017). a absorção das secreções e líquidos pelo trato GI, havendo perdas
A secreção do hormônio antidiurético (ADH) diminui quando a significativas de água e eletrólitos (LEWIS et al., 2013).
osmolalidade do plasma está baixa ou há excesso de água. A hipó-
fise posterior libera o ADH, que atua sobre os túbulos distais, tor- DESEQUILÍBRIOS HIDROELETROLÍTICOS
nando-os mais permeáveis à água, que é reabsorvida a partir do A maioria dos pacientes com doença ou trauma importantes,
filtrado tubular para dentro da circulação. Fatores como o estresse, como a insuficiência cardíaca ou queimaduras, apresenta certo
náuseas, nicotina e morfina também estimulam a liberação e ADH. grau de desequilíbrio hidroeletrolítico. É comum pacientes no pós-
A redução da secreção ou da ação do ADH causa diabetes insípido. -operatório desenvolverem desequilíbrios hidroeletrolíticos devido
O desejo de ingerir líquidos também é afetado por fatores psicoló- à restrição da ingestão oral, preparação GI, perda de volume de
gicos e sociais não relacionados com o equilíbrio de líquidos (SIL- sangue ou desvios de líquidos. Pacientes submetidos à drenagem
VERTHORN, 2017). nasogástrica prolongada, por exemplo, perdem Na+, K+, H+ e Cl-, o
que pode resultar em déficit de volume de líquidos e alcalose meta-
REGULAÇÃO PELO CÓRTEX SUPRARRENAL bólica decorrente da perda de HCl (LEWIS et al., 2013).
Os glicocorticoides e os mineralocorticoides, secretados pelo O termo volume de líquidos deficiente não deve ser confundi-
córtex da suprarrenal, regulam o fluxo de água e eletrólitos. Os gli- do com o termo desidratação, a qual significa a perda de água pura
cocorticoides, como o cortisol, exercem primariamente um efeito sem a perda de sódio correspondente. O tratamento para o volu-
anti-inflamatório e aumentam o nível sérico de glicose. Os minera- me de líquidos deficiente consiste em corrigir a causa subjacente e
locorticoides, como a aldosterona, intensificam a retenção de sódio repor tanto a água como quaisquer eletrólitos necessários. Dessa
e a retenção de potássio. A reabsorção do sódio ocorre juntamente forma, são fornecidas soluções IV balanceadas, como a solução de
com a água, devido às alterações osmóticas. A secreção de aldoste- Ringer com lactato ou solução isotônica de cloreto de sódio (0,9%)
rona pode ser estimulada pela diminuição da perfusão renal ou pela de acordo com a indicação de reposição volumétrica rápida e há
redução da distribuição de sódio à porção distal dos túbulos renais ainda a administração de sangue em caso de perda sangue (SMELT-
(GUYTON & HALL, 2011). ZER et al., 2016).
Os rins atuam secretando renina no plasma, a qual converte
o angiotensinogênio, produzido no fígado, em angiotensina I, que Nos casos de volume excessivo de líquidos, devido à retenção
por sua vez, reage com a enzima conversora da angiotensina (ECA), anormal de líquidos, como na insuficiência cardíaca ou na insufici-
nos vasos do pulmão, resultando na angiotensina II, a qual estimula ência renal, a meta principal é remover os líquidos sem produzir
o córtex da suprarrenal a secretar a aldosterona. Além do sistema alterações anormais na composição eletrolítica ou osmolalidade do
renina-angiotensinaaldosterona (SRAA), o hormônio adrenocorti- LEC. Diuréticos e restrições de líquidos constituem as principais for-
cotrófico (ACTH), níveis plasmáticos aumentados de potássio e ní- mas de terapia (SMELTZER et al., 2016).
veis plasmáticos reduzidos de sódio atuam no córtex da suprarrenal
para estimular a secreção de aldosterona (LEWIS et al., 2013). DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA DESEQUILÍBRIOS DO
VOLUME DE LÍQUIDO EXTRACELULAR:
Volume de líquido deficiente associado a perdas excessivas de
LEC ou diminuição da ingestão de líquidos;
Débito cardíaco diminuído associado a perdas excessivas do
LEC ou diminuição da ingestão de líquidos;
428
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Risco de volume de líquidos deficiente associado a perdas ex- polidipsia em pacientes psiquiátricos e na prostatectomia por res-
cessivas do LEC ou diminuição da ingestão de líquidos; secção transuretral. Geralmente os pacientes são assintomáticos,
Volume de líquido excessivo associado a aumento da retenção havendo sintomas apenas como letargia, apatia, desorientação,
de sódio e/ou água; cãibras musculares, anorexia, náuseas e agitação apenas nos casos
Risco de desequilíbrio do volume de líquidos associado a au- graves. Os principais sinais de hiponatremia são: sensório anormal,
mento da retenção de sódio e/ou água; reflexos profundos deprimidos, respiração de Cheyne Stokes, hipo-
Distúrbio da imagem corporal associado à alteração da aparên- termia, reflexos patológicos e convulsões (SIEGEL et al., 2009).
cia do corpo secundária ao edema (NANDA, 2014).
HIPONATREMIA HIPOVOLÊMICA
IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM A reposição de sódio se faz necessária, geralmente, em pa-
Ingestão e Eliminação: Realizar o registro das ingestões, incluin- cientes com síndrome perdedora de sal e hiponatremia associada a
do as vias oral e intravenosa, tubos de alimentação e irrigantes reti- exercícios físicos extenuantes (SILVERTHORN, 2017).
dos, e eliminações no período de 24 horas.
Estimar as perdas de líquidos ocorridas em feridas e através da HIPONATREMIA HIPERVOLÊMICA
transpiração (SMELTZER et al., 2016). Deve-se verificar se o tratamento da doença de base, da função
Alterações cardiovasculares: Observar sinais e sintomas de ex- cardiovascular ou renal, está sendo adequado, como a restrição de
cesso e déficit de volume de LEC, como alteração da pressão san- líquidos e a excreção do excesso de água a partir do uso de diuréti-
guínea, força da pulsação e distensão venosa jugular (SMELTZER et cos (LEWIS et al., 2013).
al., 2016).
Alterações respiratórias: Realizar a ausculta, observando a HIPONATREMIA EUVOLÊMICA
ocorrência de estertores úmidos, verificar falta de ar, tosse irrita- É causada pela SIHAD e fármacos e sua correção ocorre através
tiva, aumento da frequência respiratória e diminuição da perfusão da reposição de hormônios tereoidianos (hipotireiodismo) e do uso
tecidual (SMELTZER et al., 2016). de mineralocorticóides (hipopituitarismo ou doença renal), bem
Alterações neurológicas: Avaliar nível de consciência, resposta como a suspenção de diuréticos tiazídicos e fármacos que estejam
pupilar à luz, movimentação voluntária dos membros, grau de força causando a SIHAD (CRAWFORD & HARRIS, 2011c).
muscular e reflexos (SMELTZER et al., 2016).
Pesagens diárias: Manter a pesagem acurada do paciente sem- DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM HI-
pre no mesmo horário todos os dias, remover excesso de roupas e PONATREMIA:
esvaziar bolsas de drenagem antes da pesagem (SMELTZER et al., Risco de lesão relacionado com alterações sensoriais e diminui-
2016). ção do nível de consciência secundária à função anormal do SNC;
Avaliação e cuidados com pele: Observar o turgor da pele, pre- Risco de desequilíbrio aletrolítico relacionado com a perda ex-
ferencialmente nas áreas do esterno, abdome e antebraço, se após cessiva de sódio e/ou ingestão excessiva ou retenção de água;
beliscá-la ela permanecer enrugada por 20-30 segundos o turgor Complicação potencial: alterações neurológicas acentuadas
está diminuído. A pele pode ficar úmida e fria devido à vasoconstri- (NANDA, 2014).
ção para compensar a diminuição do volume de líquidos (SMELTZER
et al., 2016). IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM
Outras medidas de Enfermagem: Monitorar a velocidade de Realizar a administração cuidadosa de sódio via oral, parenteral
infusão de soluções de líquidos intravenosos. Impedir a ingesta de ou tubo nasogástrico.
água do paciente com drenagem nasogástrica (NG), já que pode O sódio sérico não deve ser aumentado em mais de 12 mEq/l
intensificar a perda de eletrólitos. Promover o alívio da sede do em 24 h para evitar lesão neurológica devido a desmielinização. Nos
paciente oferecendo pequenas quantidades de gelo para chupar. pacientes com SIHAD, lítio ou demeclociclina pode antagonizar o
Irrigar o tubo NG com solução salina em vez de água (BULECHEK et efeito osmótico do hormônio antidiurético sobre o túbulo coletor
al., 2010). medular.
Pacientes com lesão cerebral traumática podem receber pe-
DESEQUILÍBRIOS DE SÓDIO HIPONATREMIA quenos volumes de uma solução de sódio hipertônica, com o obje-
Os desequilíbrios envolvendo o sódio estão associados às alte- tivo de aliviar o edema cerebral. Soluções de sódio muito hipertôni-
rações paralelas da osmolalidade. Os rins atuam como os principais cas devem ser administradas lentamente (BULECHEK et al., 2010).
reguladores do equilíbrio de sódio, controlando a concentração de
sódio do LEC ao eliminar ou reter a água sob a influência do ADH. HIPERNATREMIA
Hiponatremia ocorre quando a concentração sérica de sódio é me- A hipernatremia é a concentração sérica de sódio maior que
nor que 135 mEq/L, e pode ser aguda quando a concentração de 145 mEq/L e acontece pela ganho de sódio e/ou perda de água li-
sódio for menor que 130 mEq/L em menos de 48 horas ou crônica, vre. Está sempre associada à hiperosmolalidade e seus sintomas,
quando o sódio sérico for menor que 120 mEq/L após 48 horas. como letargia, astenia e irritabilidade, são causados pela alteração
Sua velocidade de instalação determina a gravidade sendo que, em no conteúdo de água cerebral. Em casos graves podem acontecer
casos crônicos, há uma adaptação cerebral e menor lesão tecidual convulsões e coma. Pode ser causada por perdas insensíveis (trans-
(LEWIS et al., 2013). piração e respiração), diabetes insípida nefrogênica, queimaduras,
traumatismo cranianiano, neoplasias, dentre outros fatores (CRAW-
A hiponatremia causada pelo excesso de água pode ser obser- FORD & HARRIS, 2011b).
vada durante o uso inadequado de líquidos intravenosos isentos de
sódio ou hipotônicos. A SIADH resulta em hiponatremia por dilui-
ção decorrente de retenção anormal de água. Pode acontecer hi-
ponatremia durante a terapia com tiazídicos, no pós-operatório, na
429
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM HI- HIPERPOTASSEMIA
PERNATREMIA: A hiperpotassemia acontece devido à diminuição da excreção
Risco de lesão relacionado com alterações sensoriais e convul- renal de potássio, transferência de potássio do compartimento de
sões secundárias à função anormal do SNC; LIC para o compartimento de LEC e também em pacientes com
Risco de desequilíbrio eletrolítico relacionado com a ingestão disfunção renal não tratada, que podem apresentar infecções e in-
excessiva de sódio e/ou perda de água; toxicação por ingestão excessiva de potássio nos alimentos e por
Complicação potencial: convulsões e coma levando ao dano ce- medicamentos. Pode-se observar uma pseudo-hiperpotassemia
rebral irreversível (NANDA, 2014). em decorrência da coleta inapropriada, punção venosa traumática
ou uso de garrote muito apertado, ou do transporte inadequado
IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM de sangue. Pode levar a distúrbios na condução cardíaca, causando
Realizar a redução gradual do nível de sódio sérico por meio da arritmias ventriculares e parada cardíaca (SMELTZER et al., 2016).
infusão de uma solução eletrolítica hipotônica, como o cloreto de
sódio a 0,3%, ou uma solução não fisiológica isotônica, como o soro DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM HI-
glicosado a 5% (indicado quando a água precisa ser reposta sem o PERPOTASSEMIA:
sódio). Avaliar perdas anormais de água ou baixa ingestão de água, Risco de desequilíbrio eletrolítico relacionado com a retenção
bem como grandes ganhos de sódio em decorrência da ingestão excessiva ou liberação celular de potássio;
de medicamentos que apresentam um alto conteúdo de sódio. Ad- Risco de lesão relacionado com a fraqueza da musculatura dos
ministrar água suficiente para manter os níveis normais de sódio membros e convulsões;
sérico e ureia ao utilizar alimentos enterais (BULECHEK et al., 2010). Complicação potencial: disritmias (NANDA, 2014).
430
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM HI- Motivar o paciente a beber de 2,8 a 3,8 l de líquido diariamente
POCALCEMIA: e incluir fibras adequadas na dieta para compensar a tendência de
Risco de desequilíbrio eletrolítico relacionado com a diminui- constipação intestinal (BULECHEK et al., 2010).
ção da produção de PTH;
Risco de lesão relacionado com a tetania e convulsões; DESEQUILÍBRIOS DE FOSFATO
Complicações potencias: fraturas e parada respiratória (NAN- O fosfato é importante para a função dos músculos, hemácias
DA, 2014). e sistema nervoso, assim como para formar a estrutura dos ossos e
dos dentes. Age no sistema de tamponamento acidobásico, na pro-
IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM: dução mitocondrial de energia e no metabolismo dos carboidratos,
Avaliar os níveis de cálcio sérico, albumina sérica e o pH arte- proteínas e gorduras. Os rins mantem o equilíbrio do fosfato, sendo
rial. Os níveis de cálcio sérico podem ser afetados por anormalida- os principais responsáveis por sua excreção. Níveis séricos de fosfa-
des nos níveis de albumina sérica. O nível de cálcio sérico total é su- to aumentados podem causar a redução da concentração sérica de
bestimado em aproximadamente 0,8 mg/dL para cada diminuição cálcio (LEWIS et al., 2013).
sérica de albumina de 1g/dl abaixo de 4g/dl. Realizar a reposição
de cálcio por via intravenosa utilizando um sal de cálcio, como o HIPOFOSFATEMIA
gluconato de cálcio e o cloreto de cálcio. Atentar para o cuidado A hipofosfatemia (níveis séricos de fosfato abaixo de 2,2 mg/
ao administrar cálcio intravenoso em pacientes que recebem me- dL) e pode ocorrer em várias circunstâncias nas quais os depósi-
dicamentos digitálicos, já que podem causar intoxicação e efeitos tos de fósforo corporal total estão normais , como quando há um
cardíacos adversos (LEWIS et al., 2013). desvio intracelular do potássio do soro para dentro das células por
Não utilizar soro fisiológico (NaCl 0,9%) junto com o cálcio, pois meio da excreção urinária de potássio ou da diminuição da absor-
pode causar perda de cálcio renal. As soluções com fosfato ou bicar- ção intestinal de potássio. Verifica-se hipofosfatemia em pacientes
bonato não devem ser utilizadas com cálcio porque podem provo- malnutridos que recebem nutrição parenteral, sem suplementação
car a precipitação quando o cálcio é adicionado. Manter o paciente adicional, como também durante hipoventilação intensa, cetoaci-
no leito durante a administração de cálcio e monitorar a pressão dose diabética, queimaduras, abstinência de bebidas alcoólicas, al-
arterial, pois o cálcio pode causar hipotensão. A administração por calose respiratória e encefalopatia hepática (SMELTZER et al., 2016).
via intravenosa muita rápida pode causar paradacardíaca, antecedi- Pode ocorrer hipofosfatemia também na doença de Crohn,
da por bradicardia. Assim, é importante diluir o cálcio em SG5% e diarreia crônica, anorexia e déficit de vitamina D. Como a vitamina
administra-lo como um bolus IV lento ou uma infusão IV lenta por D regula a absorção iônica intestinal, o seu déficit pode causar di-
meio de uma bomba de infusão (LEWIS et al., 2013). minuição dos níveis de cálcio e fósforo. Os pacientes com déficit de
fósforo podem apresentar resistência à insulina, formação de he-
HIPERCALCEMIA matomas, sangramento em decorrência da disfunção plaquetária e
A hipercalcemia ocorre quando o nível sérico de cálcio é su- fraqueza dos músculos respiratórios (CARVALHO et al., 2008).
perior a 10,2 mg/dL e as causas mais comuns são o hiperparati-
reoidismo e as malignidades, que causam a secreção excessiva de IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM
PTH. Outras causas são o uso de diuréticos tiazídicos (agem sobre Monitorar os níveis séricos de fósforo e relatar os sinais iniciais
os rins, reduzindo a excreção de cálcio urinário), a intoxicação por de hipofosfatemia, como apreensão, confusão e alteração no nível
vitamina A e D, o uso crônico de lítio e a intoxicação por teofilina. de consciência. Incentivar o consumo de laticínios, peixe, frango e
A hipercalcemia diminui a excitabilidade neuromoscular, levando à grãos integrais, caso o paciente apresente hipofosfatemia leve.
diminuição do tônus dos músculos liso e estriado, podendo haver Pacientes com níveis de fósforo sérico abaixo de 1mg/dl e cujo
inatividade cardíaca quando o nível de cálcio sérico for de cerca de trato GI não está funcionando precisam de correção urgente de fós-
18 mg/dL. Comumente observa-se sede, diarreia grave, constipa- foro IV (LEWIS et al., 2013).
ção intestinal, letargia, confusão e coma (SMELTZER et al., 2016). A velocidade de administração do fósforo não deve exceder 10
mEq/h, sendo necessário o cuidadoso monitoramento do local por-
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM HI- que podem ocorrer descamação tecidual e necrose com infiltração.
PERCALCEMIA: Outros efeitos da administração IV de fósforo incluem tetania em
Risco de desequilíbrio eletrolítico relacionado com a excessiva razão de hipocalcemia e calcificações em tecidos (vasos sanguíneos,
destruição óssea; Risco de lesão relacionado com alterações neuro- coração, pulmão, rins e olhos) devido à hiperfosfatemia. Impedir
musculares e sensórias; a incidência de infecções, já que a hipofosfatemia pode alterar os
Complicação potencial: disritmas (NANDA, 2014). granulócitos (BULECHEK et al., 2010).
431
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM HIPERMAGNESEMIA
É necessário fazer o monitoramento do paciente com risco A hipermagnesemia (níveis séricos de magnésio acima de 2,3
de hiperfosfatemia, como na insuficiência renal. Caso seja prescri- mg/dL) geralmente ocorre devido ao aumento da ingestão de mag-
ta dieta com baixo teor de fosfato, instruir o paciente a evitar ali- nésio aliada à insuficiência ou falha renal e suprarrenal, bem como
mentos ricos em fósforo, como queijos, carnes, cereais integrais, a administração excessiva de magnésio para tratamento de eclâmp-
vegetais secos, sardinhas, pães doces e laticínios. Para corrigir a sia.
hiperfosfatemia, geralmente são utilizados quelantes orais de fos- A hipermagnesemia deprime as funções neuromuscular e do
fato, disponíveis como alumínio, cálcio e sais de magnésio ou ainda SNC. Algumas manifestações clínicas são: letargia, sonolência, náu-
como o não iônico sevelamer. Monitorar a administração desses seas e vômitos (SMELTZER et al., 2016).
sais, já que o magnésio pode causar diarreia e o alumínio constipa-
ção. Pacientes com insuficiência renal podem apresentar toxicidade IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM
devido ao acúmulo desses sais. Os sais de cálcio são os preferidos É importante monitorar os sinais vitais, observando a presença
de hipotensão e respirações superficiais, bem como a diminuição
em pacientes com insuficiência renal crônica. O sevelamer é utiliza-
dos reflexos tendinosos profundos (RTP) e de alterações do nível
do em caso de hiperfosfatemia com hipercalcemia na insuficiência
de consciência. O gluconato de cálcio IV antagoniza os efeitos car-
renal crônica (BULECHEK et al., 2010)
diovasculares e neuromusculares da hipermagnesemia, sendo in-
dicado em concomitância com a ventilação mecânica em casos de
DESEQUILÍBRIOS DE MAGNÉSIO depressão respiratória e condução cardíaca defeituosa. Pacientes
O magnésio atua como coenzima no metabolismo dos carboi- com insuficiência renal ou comprometimento da função renal não
dratos e proteínas e está envolvido com o metabolismo dos ácidos podem utilizar medicamentos que contêm magnésio, sendo neces-
nucléicos e proteínas celulares. O sistema renal é responsável pela sária a orientação médica adequada sobre os medicamentos dispo-
conservação do magnésio e realiza sua excreção quando necessá- níveis para o seu tratamento (BULECHEK et al., 2010).
rio. O magnésio age na junção mioneural, cuja excitabilidade é afe-
tada profundamente por alterações nos níveis séricos desse eletró-
lito (SMELTZER et al., 2016). PREPARO, ACONDICIONAMENTO E MÉTODOS DE ES-
TERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO DE MATERIAIS
HIPOMAGNESEMIA
A hipomagnesemia (níveis séricos de magnésio abaixo de 1,3 A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele-
mg/dL) geralmente está associada à hipopotassemia e hipocalce- cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo
mia e sua perda pode ocorrer por aspiração nasogástrica, diarreia e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los, bem
ou fístulas. O intestino delgado distal é o principal local de absor- como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavande-
ção do magnésio, cujo nível pode ser prejudicado por ressecção in- ria e armazenar esses artigos para futura distribuição. No quadro
testinal ou doença intestinal inflamatória. Nutrição parenteral por atual, a CME não atende às normas necessárias para um funciona-
tempo prolongado sem suplementação de magnésio concomitante, mento eficaz.
bem como o uso de diuréticos podem ocasionar a depleção de mag- Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos dos
nésio (CRAWFORD & HARRIS, 2011a). serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, pessoal
Pacientes com diabetes melito descompensado apresentam e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se transformará
intensa excreção renal de magnésio, devido à diurese osmótica numa Central de Materiais de esterilização da Microrregião aten-
causada pela hiperglicemia. O abuso crônico de bebidas alcoólicas dendo a um total de 173 leitos, prestando apoio técnico ao centro
é uma causa importante de hipomagnesemia sintomática. A hipo- cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-intensivo e ao atendimento
magnesemia causa irritabilidade neuromuscular e no sistema ner- de ência deste estabelecimento de saúde, além dos serviços solici-
tados pelo SAMU-192, que na proposta, terá uma base descentra-
voso central (LEWIS et al., 2013).
lizada.
A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um
IMPLEMENTAÇÃO DE ENFERMAGEM
novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um
A correção da hipomagnesemia geralmente pode ser feita pela bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a amplia-
dieta, através da inclusão de vegetais de folhas verdes, sementes, ção do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, foram
legumes, grão integrais, frutos do mar, manteiga de amendoim e pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram realizadas
cacau. Sais de magnésio podem ser administrados via oral, como visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da CME de
o óxido ou gluconato de magnésio, mas podem causar diarreia. Os outros hospitais.
sintomas efetivos de hipomagnesemia são tratados via parenteral,
podendo ser administrada uma dose de bolus de sulfato de mag- CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
nésio, de forma cautelosa, visto que a administração rápida pode Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de saú-
causar alterações na condução cardíaca que levam ao bloqueio car- de são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por muitas
díaco ou causam assistolia (ALEXANDER et al., 2010). vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de doenças
É necessário monitorar o débito urinário e notificar a equipe infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, 50% de todas
médica, caso o débito fique abaixo de 100 ml ao longo de 4h. Dei- as mortes são derivadas das infecções.” É importante ressaltar:
xar disponível gluconato de cálcio para o tratamento de tetania • A padronização de normas e rotinas técnicas e na validação
hipercalcêmica ou de hipermagnesemia. O sulfato de magnésio IV dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no con-
deve ser administrado por meio de uma bomba de infusão e a uma trole de infecção.
velocidade não superior a 150 mg/min ou 67 mEq ao longo de 8h • É de extrema importância a atuação dos órgãos de fiscaliza-
(BULECHEK et al., 2010). ções para o controle e avaliação das normas e processos de traba-
lho.
• A capacitação profissional.
432
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as con- ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos
dições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infecção de pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para comple-
serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferentes am- mentar a limpeza dos artigos com lumens.
bientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. Nesse Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial
sentido, eles podem ser classificados: da carga microbiana de artigos e superfícies.
• Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos aumen- Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e des-
tados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos truição de microorganismos, patogênicos ou não em sua forma ve-
de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes getativa, que estejam presentes nos artigos e objetos inanimados,
imunodeprimidos mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de
A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em
materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des- um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns prin-
contaminação de material Æ separação e lavagem de material pre- cípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o
paro de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distribuição, a tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a
barreira física que delimita a área suja e contaminada da área limpa eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios
minimizando a entrada de microorganismos externos. ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: al-
deídos, compostos fenólicos, ácido paracético.
RECURSOS HUMANOS Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento dos
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril após o
uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à as- reprocessamento, garante a integridade do material Esterilização:
sistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que É o processo de destruição de todos os microorganismos, a
atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes
composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a
enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão des- probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o conta-
critas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão minavam é menor do que 1:1.000.000.
descritas abaixo: Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização
disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o
Enfermeiro Supervisor calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma
• Atua na coordenação do setor; líquida, gasosa e plasma
• Prever os materiais necessários para prover as unidades con-
sumidoras; Processos físicos
• Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quan- Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado
to de produtividade; em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da
• Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com ante- forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra
cedência de 04 a 6 meses confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu-
• Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara
procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de
dos colaboradores. testes biológicos, a presença de formas esporuladas.
• Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribuam Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre
para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, participando os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgico,
de tais projetos e colaborando com seu andamento. no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda
• Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e cien- abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas Recomenda-
tíficas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e com o das- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúr-
uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem gico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização.
artigos processados pelo CME. 4ª edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este pro-
• Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâ- cesso está relacionado com o mecanismo de calor latente e o con-
mica de trabalho do CME. tato direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas.
Realizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esteri-
PROCESSOS DESENVOLVIDOS lizado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que
Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível – permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo,
orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente totalmente automatizadas. Entretanto, esses equipamentos sofis-
neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Se um ar- ticados necessitam de profissionais qualificados, pois estes são, e
tigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os processos de continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do
desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realiza- processo de esterilização.
das através das “lavadoras termodesifectadoras” que utilizam jatos Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no
de água quente e fria, realizando enxágüe e drenagem automatiza- equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar
da, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dis-
vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágüe dos artigos persão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os
processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos pacotes que contém a respectiva carga. Após a esterilização, a bom-
riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorren- ba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tor-
tes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras nando a secagem mais rápida e completando o ciclo. Os materiais
submetidos à esterilização a vapor são liberados após checklist feito
pelo auxiliar de enfermagem da área.
433
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes químicos Sendo os mais comuns: acessórios para assistência respiratória, di-
cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do versos endoscópios, espéculos, lâminas para laringoscopia, entre
Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde outros.
que atendam a legislação especifica. Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmi-
ca, ou químicos, pelo uso de desinfetantes. Os físicos são os equi-
O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de etile- pamentos de pasteurização como desinfetadoras e lavadoras de
no são processos físicoquímicos gasosos automatizados em baixa tem- descarga. Os desinfetantes mais utilizados são a base de aldeídos,
peratura Validação dos processos de esterilização de artigos: ácido peracético, soluções cloradas e álcool. Podem, também, ser
A validação é o procedimento documentado para a obtenção utilizados produtos à base de quaternário de amônia e peróxido de
de registro e interpretação de resultados desejados para o estabe- hidrogênio.
lecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer
produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação Esterilização: é o processo que utiliza agentes químicos ou físi-
da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja su- cos para destruir todas as formas de vida microbiana, sendo aplica-
ficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana da especificamente a objetos inanimados. O processo de esteriliza-
não superior a 10º. ção de artigos hospitalares que oferece maior segurança é o vapor
saturado sob pressão, realizado em autoclave. Este processo tem
Controles do processo de esterilização como parâmetros: o vapor, a pressão, a temperatura e o tempo.
Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma falha Há, porém, no mercado, uma gama de artigos utilizados no cui-
em potencial no processo de esterilização por meio da mudança de dado à saúde que são produzidos com materiais complexos e que
sua coloração. não suportam a termo desinfecção ou a umidade do vapor, exigindo
Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo uma esterilização com métodos de baixa temperatura como: óxido
de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e de etileno (ETO), plasma, ozônio, radiação gama entre outros. A se-
vazia. guir, o fluxo de processamento de artigos médicos cirúrgicos:
Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que con-
sideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização moni-
torada por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros
críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e,
cuja leitura é realizada em incubadora com método de fluorescên-
cia, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, tra-
zendo maior segurança na liberação dos materiais. Os produtos são
liberados quando os indicadores revelarem resultados negativos.
434
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ácido peracético: tem uma rápida ação microbicida e age pela Como evitar
desnaturação das proteínas, ruptura da parede celular e oxidação Os microrganismos podem ser encontrados em diversos locais,
de proteínas, enzimas e outros metabólicos. É essencial que o usuá- especialmente em épocas de pandemias, o que faz com que seja
rio conheça as vantagens e as desvantagens de cada formulação importante e necessário aprender a se proteger contra as doenças,
para, junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - por isso é recomendado:
CCIH, façam a melhor escolha baseada no custo-efetividade, uma -Lavar as mãos com frequência, principalmente antes e após as
vez que há no mercado diferentes formulações. refeições e após utilizar o banheiro;
Independentemente do método a ser utilizado, o monitora- -Evitar usar o sistema de ar quente para secar as mãos, pois
mento e validação de cada processo é imprescindível para um me- favorece o crescimento dos germes nas mãos, preferir papel toalha;
lhor controle e segurança. -Possuir a carteira de vacinação atualizada;
Outra preocupação que deve haver nos estabelecimentos de -Conservar os alimentos na geladeira e manter os alimentos
saúde é sobre a reutilização de artigos de uso único que, embora crus guardados bem separados dos alimentos cozidos;
venham de fábrica contendo a identificação de “uso único”, ainda -Manter a cozinha e o banheiro limpos, pois são os lugares em
são reutilizados. O reuso destes artigos envolve questões legais, que podem ser encontrados microrganismos com mais frequência;
médicas, éticas e econômicas, sendo amplamente discutido. As -Evitar o compartilhamento de objetos pessoais, como escovas
normas brasileiras que regulam o reuso de artigos são a Resolu- de dentes ou lâminas.
Além disso é importante levar os animais de estimação ao ve-
ção da Diretoria Colegiada nº 156, a Resolução 2605 e a Resolução
terinário com regularidade, bem como manter suas vacinas em dia,
2606, publicadas em 2006, que obrigam a instituição de saúde a
pois os animais de estimação podem ser reservatórios de alguns
realizar, por meio de um instrumento normativo interno do esta-
microrganismos, podendo transmiti-los para os seus donos.
belecimento, todo e qualquer processo de reuso dos artigos a ser
realizado e dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e Doenças Parasitárias
implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médi- As doenças chamadas de parasitárias são aquelas causadas
cos e dá outras providências. pela infecção (ou infestação) por parasitas como protozoários, in-
setos ou vermes. Esse tipo de doença é bem comum em países da
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA: PARADA CARDIO- África, América Central, América do Sul e no sul da Ásia. Trata-se de
RESPIRATÓRIA, CORPOS ESTRANHOS, INTOXICAÇÕES um tipo de infecção que costuma ser comum em crianças e dentre
EXÓGENAS, ESTADOS CONVULSIVOS E COMATOSOS, as quais se destacam a esquistossomose, malária entre outras.
HEMORRAGIAS, QUEIMADURAS, URGÊNCIAS ORTO- Para se ter uma ideia do quão comuns são as doenças parasitá-
PÉDICAS rias saiba que cerca de 6 milhões de pessoas estão infectadas com
parasitas. Basicamente os parasitas são seres primitivos que para
sobreviver se instalam dentro ou sobre o corpo de seres humanos,
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado insetos ou outros animais.
em tópicos anteriores
Onde Ocorrem Doenças Parasitárias?
Os parasitas podem ser encontrados em todos os lugares, po-
VIAS DE TRANSMISSÃO, PROFILAXIA E CUIDADOS DE
rém, tem certa preferência por climas quentes e úmidos. Dessa for-
ENFERMAGEM RELACIONADOS A DOENÇAS TRANS-
ma é bastante comum encontrar parasitas na África sub-saariana,
MISSÍVEIS E PARASITÁRIAS
América Central, América do Sul, Sudeste da Ásia e subcontinente
indiano.
Principais doenças infectocontagiosas Os locais em que as doenças parasitárias dominam em geral
As doenças infectocontagiosas podem ser causadas por vírus, são regiões pobres que não tem condições de tomar medidas re-
fungos, bactérias ou parasitas e, dependendo do agente infeccioso, almente eficazes. Dentre as medidas principais estão construir es-
podem causar doenças com sintomas específicos. Dentre as princi- tações de tratamento da água e esgoto, controlar a população de
pais doenças infecciosas, podem ser citadas: mosquitos e contar com atendimento médico adequado.
-Doenças infecciosas causadas por vírus: viroses, Zika, ebola,
caxumba, HPV e sarampo;
-Doenças infecciosas causadas por bactérias: tuberculose, vagi-
nose, clamídia, escarlatina e hanseníase;
-Doenças infecciosas causadas por fungos: candidíase e mico-
ses;
-Doenças infecciosas causadas por parasitas: doença de Cha-
gas, leishmaniose, toxoplasmose.
435
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
todos tipos de clima são Giardia lamblia (causador de problemas Diagnóstico da Doença de Chagas
intestinais), Cryptosporidium parvum (causador de doenças diarrei- O diagnóstico da Doença de Chagas é muito importante, pois
cas) e Trichomonas vaginalis (causador de infecção do trato genital quando a doença evolui para a sua fase aguda pode acarretar em
em mulheres e homens). problemas mais sérios como a insuficiência cardíaca. Em alguns ca-
sos chega a ser necessário o transplante de coração. Em geral den-
Doenças Causadas Por Parasitas tre os pacientes em estado agudo, de 20% a 60%, transportam os
Uma doença parasitária é aquela cujo fator de infecção é um parasitas permanentemente, o restante se cura.
parasito protozoário ou metazoário (que pode ser cestódeo, trema-
tódeo, nematódeo e artrópode). A ciência que se ocupa de estudar Giardíase
as doenças causadas por parasitas é a Parasitologia. Conheça a se- A doença conhecida como Giardíase é causada pelo protozoá-
guir algumas doenças que são causadas por parasitas. rio Giardia lamblia que pode estar presente na sua forma cística em
alimentos mal lavados e em água contaminada. Um dos principais
Amebíase problemas dessa doença é o fato de ela reduzir e muito a absorção
O protozoário Entamoeba histolytica é responsável por causar de nutrientes do trato digestivo o que pode acarretar numa séria
uma doença chamada Amebíase. A infecção acontece quando o ser desnutrição.
humano ingere alimentos que foram mal lavados e estavam infec-
tados por cistos do protozoário. A forma de cisto é adotada pelo Sintomas
Entamoeba histolytica quando se encontra fora do hospedeiro. Os principais sintomas da Giardíase são náuseas, cólicas e diar-
reias.
Sintomas
Os sintomas da amebíase incluem desde diarréias agudas (po- Tratamento
dendo conter sangue) até fortes dores abdominais. Em geral o tratamento dessa doença é feito com um medica-
mento chamado ornidazol, numa dose única e via oral. No caso de
Prevenção apresentar os sintomas procure um médico para que seja prescrita
Uma forma bem simples de prevenir a amebíase é manter a a medicação necessária.
higiene sempre dia, lave bem as mãos depois de ir ao banheiro, lave
bem frutas e verduras. Além disso, também é indicado evitar o uso Leishmaniose
de excremento animal como fertilizante para a lavoura e também o A Leishmaniose é uma doença causada pelos protozoários do
combate a insetos que podem se contaminar e assim se tornarem gênero Leishmania.
vetores da doença.
Sintomas
Doença de Chagas O sintoma principal dessa doença também é a sua principal
A transmissão da Doença de Chagas é feita por um inseto cha- característica, feridas nas mucosas da pele. A forma mais grave de
mado de Barbeiro e que pode ser encontrado em muitas regiões Leishmaniose é conhecida como Calazar ou Leishmaniose Visceral.
do Brasil. Alguns desses insetos contêm o protozoário Trypanosoma
cruzi e quando picam o ser humano acabam transmitindo o mesmo. Cuidados
O protozoário logo adentra o organismo em busca de sangue. Um dos principais inconvenientes dessa doença é o apareci-
O grande problema não está na picada, mas sim nas fezes que mento de borbulhas vermelhas sobre a pele, feridas que não cica-
o barbeiro jogar sobre a picada que causa coceira. Quando o indi- trizam com facilidade nos pontos em que o mosquito picou. Essas
víduo que foi picado coça acaba jogando as fezes infectadas pelo feridas evoluem para cascas e com o tempo a pele vai ficando mais
babeiro na sua corrente sanguínea. A contaminação também pode escura. A leishmaniose pode se manifestar nas mucosas da boca, do
acontecer através de transfusão de sangue contaminado. nariz e também das partes genitais.
Sintomas
Dentre os prováveis sintomas estão febre, aumento do baço
e do fígado, crescimento de um ou mais gânglios linfáticos, infla-
mação do encéfalo, anorexia, inflamação leve do miocárdio dentre
outros.
436
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Malária Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil
A malária é uma doença que faz parte da história do Brasil prin- Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini-
cipalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. A transmissão da ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com
doença é feita pelo mosquito Anopheles que possui no seu organis- antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por
mo protozoários do gênero Plasmodium. doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar-
reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e
Sintomas da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se
Dentre os sintomas mais comuns da Malária estão febre, can- concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im-
saço, dor de cabeça entre outros. Essa doença que existe desde a portância na saúde pública (Silva Jr., 2009).
pré-história pode ser fatal quando não tratada de forma adequada. Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saú-
de (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia
Prevenção do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem
A forma mais eficaz de prevenir a malária é erradicar o mos- como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a
quito e a vacinação quando se vai visitar uma região endêmica do cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009).
mosquito transmissor. Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacina-
ção foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi am-
pliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans-
missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças
transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,
a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de
50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble-
ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).
No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans-
missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também
consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos eco-
nômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua
baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente desfa-
vorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com
maior frequência em regiões empobrecidas, como também são
condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a).
As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor-
tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças
Toxoplasmose
matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com
A transmissão da Toxoplasmose é feita por animais domésti-
menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in-
cos que possuem em seu organismo o protozoário conhecido como
capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento
Toxoplasma gondii.
infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade
do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po-
Sintomas
dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012).
A Toxoplasmose pode ser assintomática ou então apresentar
A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de do-
dores de cabeça, febre, surgimento de ínguas (gânglios linfáticos
enças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obtenham
inchados) entre outros.
acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças transmis-
síveis relacionadas à pobreza afetam desproporcionalmente pesso-
Prevenção
as que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas. Fatores
A prevenção dessa doença consiste em manter bons hábitos
econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um ciclo vi-
de higiene e também evitar o contato direto com fezes de animais.
cioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas, não existe
escapatória (OMS, 2012). Tendo em vista a relevância das doenças
transmissíveis relacionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e
no Brasil, o controle destas pode promover um impacto positivo
não apenas sobre os indicadores relacionados diretamente à saúde,
mas também sobre aqueles relacionados à pobreza e à educação
(Hotez et al., 2006b). Nesse contexto, estudos sobre desigualda-
des em saúde são de grande interesse, visando subsidiar políticas
públicas necessárias para superar a distribuição desigual da saúde
na sociedade (OMS, 2011). O uso dos determinantes sociais como
fatores analíticos privilegiados permite a identificação de padrões
de agregação geográfica e sobreposição espacial das doenças
transmissíveis. A partir desta perspectiva, podem ser vislumbradas
estratégias alternativas visando à prevenção e ao controle dessas
doenças. Além disso, quando as doenças estão agrupadas geografi-
camente, o custo-efetividade das ações pode ser melhorado (OMS,
2011). O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente,
produto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com re-
437
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
flexos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvi- A introdução, em 1990, do esquema de associação de medi-
dos. A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em camentos (multidrogaterapia/MDT), com redução progressiva no
saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segundo tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da preva-
suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem a lência. Mas, a MDT, em que pese trazer a cura da hanseníase, não
análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais, interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, não
podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e houve impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, isso
explicação de problemas de saúde da população que vive em um se deve a quebra do paradigma de que paciente de hanseníase não
território usado. se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do M. le-
Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de prae isolados de doentes com recrudescimento da doença revelou
concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possivel- que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos, com
mente associadas a condições de vida precárias, constituem-se cepas distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento da
ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que tuberculose, um novo esquema terapêutico único (MDT-U) para
fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter- hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos,
minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde, para todos os pacientes independente da classificação clínica, por
assistência em saúde, bem como de políticas sociais. um período de apenas seis meses.
Raiva Tuberculose
As ações que o Brasil desenvolve para controle da raiva envol- No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos
vem vacinação de animais de produção (ciclo rural), de animais do- de tuberculose notificados em 2016 (66.796 casos; 32,4 /100.000
mésticos (ciclo urbano), bem como tratamento antirrábico humano habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000
pós-exposição. Estas intervenções vêm propiciando acentuada re- habitantes). Contudo, esta queda não foi linear, em parte devido
dução de casos humanos desta doença, cuja letalidade atinge 100%. ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e
Assim, enquanto de 1981 a 1990 foram confirmados em média 76,4 das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de
casos por ano (máximo de 139 e mínimo de 39), na década seguinte modo que nos anos 1990 a incidência ainda se manteve elevada,
esta média foi de 36,4 (redução de 52,4%) e entre 2001 e 2010 foi variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respecti-
de 14 casos (redução de 81,7%). Entre 2007 e 2010 o número máxi- vamente). No que se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocor-
mo de casos de raiva humana foi 3 e de 2011 a 2017 variou de 0 a 6. reram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram regis-
Observe-se que enquanto no início desta série a maioria dos casos trados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de
ocorria em consequência de agressões de cães e gatos domésticos 40%4. Recentemente, o SUS adotou um esquema terapêutico para
ou errantes (ciclo urbano), nos últimos anos tem sido após agressão esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma úni-
de morcegos, reservatório silvestre do vírus rábico (ciclo aéreo), di- ca cápsula que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na
fíceis de serem evitadas por ação do setor saúde. medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao tratamento,
e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes
Hanseníase de infecção.
Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do
mundo em hanseníase, grandes investimentos foram feitos no seu HIV/Aids
controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar-
doentes no registro ativo do país, com tendência temporal de en- cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali-
demia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de saúde foram dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude
capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após
precoces da doença foi realizada em veículos de comunicação de a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica-
massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia ocul- dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos
ta, de modo que a detecção aumentou de 15 mil para 45 mil casos grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência conti-
novos, em apenas um ano, possibilitando tratar os doentes que an- nuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de
tes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde. modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no-
O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalên- vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen-
cia desta doença, passando de 19,5/10 mil habitantes para 1,1 tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma-
casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016,
281.605 em tratamento para 22.631 casos. Nesse mesmo perío- houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321,
do, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990 de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de
para 12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de 20,7/100.000 habitantes.
detecção em menores de 15 anos observa-se uma diminuição de O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
de detecção de 5,74 para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, a iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento da demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o deli- de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
neamento deste novo cenário. Em 2016, 71,1% dos casos novos mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram
(17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a aten- evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
ção secundária 19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0% haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
(2.265). DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com
438
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de protozoose vem declinando ao longo das duas últimas décadas. No
carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos Brasil, o T. infestans não é o único vetor do T. cruzi, e assim em
uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850) algumas áreas, principalmente na Amazônia Legal, ainda ocorrem
estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este casos de transmissão natural por triatomíneos extradomiciliares. A
programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e transmissão por transfusão sanguínea também está interrompida,
controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de no entanto atualmente tem ocorrido surtos esporádicos de doença
gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so- de Chagas aguda, em consequência da transmissão por alimentos
rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes); contaminados, tais como caldo de cana e açaí.
inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento Malária
(CTA), dentre outras. No Brasil, a malária é causada pelo Plasmodium vivax, o Plas-
modium falciparum e o Plasmodium malariae, sendo os dois pri-
Esquistossomose mansônica meiros de importância epidemiológica. Esta protozoose é endêmica
Nas últimas três décadas tem havido importante redução nos na região da Amazônia, abrangendo 808 municípios, onde são de-
indicadores de prevalência de infecção, morbidade e mortalidade tectados aproximadamente 95% dos casos do país.
por esquistossomose mansônica, no que pese ainda se encontrar Os dados disponíveis sobre esta doença, até o final dos anos de
municípios endêmicos situados nos bolsões de pobreza do Nordes- 1990, referiam-se ao número de lâminas positivas para plasmódio,
te e Sudeste. Mesmo considerando as diferenças metodológicas não correspondendo portanto a casos novos, conforme passaram
dos inquéritos coproscópicos realizados no Brasil, não se pode igno- a ser registrados a partir do ano 2000. Assim sendo, não é possível
rar que no final dos anos de 1940 a prevalência de exames positivos estabelecer comparações entre estes períodos. Entre 2005 e 2012,
para esquistossomose foi de 9,9%, na segunda metade da década o número de casos detectados de malária reduziu de 606.069 para
de 1970 era 6,6% enquanto em 2011-2015 encontrou-se positivi- 241.806 (queda de 60,1%). Este decréscimo ocorreu em maior in-
dade de 0,99% (população de 7 a 14 anos). O recente inquérito na- tensidade para a malária pelo P. falciparum (77,2%), responsável
cional permitiu ainda uma estimativa mais precisa do número de pelas formas mais graves da doença, com consequente diminuição
portadores da infecção em todo o país (2 milhões), muito inferior às no número de internações (74,6%) e nos óbitos (54,4%) por esta
estimativas anteriores (superior a 7 milhões, em 2006). O declínio doença21. Este impacto vem sendo obtido por meio da detecção
desta prevalência vem resultando em redução da morbidade hospi- e tratamento precoce dos portadores, além de medidas que visam
talar, de 2,5/100.000 para 0,08/100.000 habitantes, respectivamen- à redução da transmissão pelos vetores (borrifação, uso de telas
te, em 1988 e 2013, especialmente pelas formas digestivas graves. impregnadas por inseticidas, educação comunitária, etc).
Da mesma forma, a mortalidade passou de 0,5/100.000 habitantes Assim, uma melhor efetividade das ações de prevenção e con-
em 1987 para 0,2 por 100.000 habitantes em 2012 trole da malária vem sendo alcançada nos municípios que possuem
Uma redução mais sustentável na transmissão da esquistosso- boa cobertura na atenção primária, de forma integrada entre as ESF
mose depende da melhoria das condições de saneamento das po- e os agentes de controle de endemias, permitindo uma detecção e
pulações expostas ao risco de ser infectado, além das intervenções tratamento mais oportuno, fundamental para interromper a trans-
estritas ao setor saúde. No âmbito da saúde, vem sendo desenvolvi- missão. O SUS ainda precisa enfrentar alguns desafios para alcançar
da pela Fiocruz uma vacina contra a esquistossomose que se encon- a eliminação da malária, conforme estabelecido nas metas para os
tra em fase II de estudos clínicos. O SUS, por meio das Secretarias Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Municipais de Saúde, desenvolve ações de educação comunitária e
detecção de casos mediante realização de inquéritos coproscópicos Arboviroses emergentes e reemergentes
e tratamento dos portadores visando controlar esta doença. A des- Dentre as doenças emergentes e reemergentes, as arboviro-
centralização dessas atividades de controle, que até 1999 eram re- ses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (principalmente
alizadas pela Fundação Nacional de Saúde, ampliou a abrangência Aedes aegypti) têm se caracterizado por persistirem como impor-
deste programa que passou a contar com a participação dos agen- tantes problemas de saúde pública, devido à produção de repetidas
tes de endemias, agentes comunitários de saúde e profissionais da epidemias de grande magnitude, em várias regiões do mundo. Den-
Estratégia Saúde da Família (ESF), permitindo sua sustentabilidade gue, é um dos exemplos mais emblemáticos neste grupo de viroses,
e alcance do impacto que vem apresentando sobre os indicadores pois modificou a tendência de decréscimo da morbidade por DT.
de morbimortalidade. Estima-se que a cada ano o vírus do dengue (DENV) produz cerca
de 390 milhões de infecções em 128 países e aproximadamente 96
Doença de Chagas milhões de indivíduos apresentam manifestações clínicas, de maior
O programa de eliminação da transmissão vetorial da Doença ou menor gravidade.
de Chagas do Brasil obteve, em 2006, o certificado de eliminação No Brasil, o DENV1 reemergiu na década de 1980 e, desde en-
do T. Infestans, principal vetor intradomiciliar desta protozoose, tão, tem sido responsável por sucessivas epidemias produzidas pe-
que resultou em drástica redução de novas infecções pelo T. cruzi los seus 4 sorotipos. Atualmente, 90% dos municípios brasileiros es-
em humanos. De fato, inquérito sorológico nacional realizado en- tão infestados pelo Ae. aegypti favorecendo a intensa circulação do
tre 1975 e 1980, revelou que 4,2% dos brasileiros residentes nas DENV, e a emergência dos vírus chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV).
áreas rurais consideradas de transmissão natural do T. cruzi encon- Apesar dos esforços empreendidos para o controle deste vetor, não
travam-se infectados por este protozoário. Um segundo inquérito se tem alcançado êxito, tanto no Brasil como em outros países das
nacional, conduzido de 2001 a 2008, evidenciou soroprevalência Américas e de outras regiões do mundo. Uma vacina tetravalente
de 0,03% em crianças menores de cinco anos, também residentes foi licenciada, contudo ao ser utilizada em populações observou-
em área rural, sendo que 0,02% delas eram filhos de mães tam- -se aumento do risco de hospitalizações por dengue, nos indivíduos
bém positivas, indicando que a maioria das infecções havia sido que nunca haviam sido infectados previamente pelo DENV selva-
por transmissão congênita. A mortalidade pela forma crônica desta gem, razão pela qual a OMS contraindicou o uso desta vacina para
439
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
os indivíduos naives. Assim, até o momento, não se dispõe de dro- dos pacientes. Ademais ocorrem formas atípicas e graves com com-
gas antivirais nem vacinas, seguras e eficazes, para nenhuma destas prometimento do sistema nervoso. As manifestações atípicas e a
viroses. A vigilância e o controle têm efetividade muito limitada, presença de doenças concorrentes, especialmente em idosos, tem
na medida em que se restringe ao controle vetorial, centrado em sido relacionada a uma maior letalidade da Chikungunya no Brasil.
produtos químicos e eliminação de potenciais criadouros larvários. A partir de 2014, os dados epidemiológicos destas três arbo-
Embora promissoras, as novas tecnologias que vêm sendo testadas, viroses registrados no Brasil, são de difícil interpretação dado que
reduzem os níveis de infestação do A. aegypti, contudo, ainda não incialmente chikungunya e Zika não foram incluídas no sistema de
há comprovação de que sejam eficazes e efetivas para impedir a notificação universal e, como as mesmas apresentam caracterís-
emergência e/ou o risco de transmissão dos arbovírus de interesse. ticas clínicas na fase aguda muito semelhantes ao dengue, parte
A dengue, a chikungunya e a Zika vêm influenciando o perfil dos casos foram notificados como esta enfermidade. Em vista disso,
de morbidade das DT no Brasil, modificando a trajetória de declí- no Gráfico 2 a incidência foi calculada para o conjunto das notifica-
nio que este grupo de doenças vinha apresentando desde 1987. A ções destas três doenças. Observe-se, que em 2016, a incidência
introdução do DENV1, em 1986, no Rio de Janeiro e a seguir sua do conjunto das três arboviroses foi de 1016,4/100.000 habitantes,
disseminação para outras áreas metropolitanas do país, produziu representando 24 vezes o valor deste indicador para o conjunto das
47.370 casos (35,3/100.000 habitantes) desta doença, contribuin- demais 12 DT analisadas. Ou seja, fica evidente que a baixa efe-
do com 15,1% das notificações de um conjunto de 12 importantes tividade ou inexistência de instrumentos de prevenção para estas
DT de notificação compulsória e, no ano seguinte, esta proporção arboviroses, impede a manutenção das DT sob controle.
alcançou 46,7% (65,4/100.000 habitantes). Os anos de 1990 des-
pontaram com a emergência do DENV2 e, a partir de 1994, a circu- Febre amarela
lação deste sorotipo e do DENV1 foi produzindo epidemias de gran- Poucos casos de febre amarela silvestre (FAS)vinham sendo
de magnitude em inúmeros centros urbanos brasileiros, de modo confirmados no Brasil desde a década de 1980. Há cada ciclo de
que ao final daquela década quase 1,5 milhões de casos de dengue cinco a sete anos se observava epidemias com transmissão na área
foram registrados. Só em 1998, ano da maior epidemia desse perí- epizoótica, inclusive em 1999/2000 (76 e 85 casos, respectivamen-
odo, o número de casos de dengue foi mais de três vezes superior te) e 2008/2009 (46 e 47 casos, respectivamente) casos humanos
(352,4/100.000 habitantes) à do conjunto de 12 DT (105,0/100.000 foram confirmados em espaços urbanos, muito embora o ciclo de
habitantes). Esta situação foi se agravando no decorrer do século transmissão tenha sido silvestre. Contudo, em 2017, ocorreu uma
XXI, pois além das epidemias, passou a ocorrer centenas de casos epidemia de grande magnitude, quando foram confirmados 776
da Febre Hemorrágica do Dengue/FHD de elevada letalidade, logo casos humanos e observou-se grande expansão da área de trans-
após a introdução do DENV3. missão desta virose, com ocorrências em várias áreas urbanas. Em
Por exemplo, em 2002 a incidência de dengue alcançou 2018, vem sendo confirmados casos de FAS nas mesmas áreas. As
401,6/100.000 habitantes e foram diagnosticados 2608 casos de razões para esta expansão ainda são desconhecidas, porém este
FHD e 121 óbitos. Em 2010, o DENV4 também passou a circular in- evento vem impondo a realização de campanhas em massa de va-
tensamente, e assim se estabeleceu a cocirculação dos quatro so- cinação contra a febre amarela das populações de grandes centros
rotipos, e a incidência vem se mantendo em patamares elevados, urbanos a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, com
destacando-se que não tem havido períodos com decréscimo de utilização, pela primeira vez no país, de dose fracionada da vacina.
incidência conforme era observado nas décadas anteriores
DST/AIDS
Com a emergência de mais dois arbovírus transmitidos pelo Ae. Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro-
aegypti, o CHIKV em 2014 e o ZIKV, identificado laboratorialmen- me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença
te em 2015 (embora haja evidências de que já estava circulando crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico
anteriormente), houve agravamento do quadro epidemiológico do e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infecções
país. A Zika era considerada uma doença branda, autolimitada, sem (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras). A
complicações associadas. Contudo, após circulação intensa do ZIKV Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como
em cidades do Nordeste brasileiro, uma epidemia inesperada de sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e
microcefalia, posteriormente identificada como uma síndrome cau- diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmen-
sada pela transmissão vertical deste agente, vitimou milhares de te há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de
crianças. Esta Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional e vida dos soropositivos.
Internacional foi seguida de investigação e resposta oportuna, que
mobilizou profissionais e dirigentes das três esferas de gestão do O que é HIV?
SUS. No que pese as medidas vigilância e controle do vetor terem HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana
sido prontamente desenvolvidas, mais de 3000 casos de Síndrome (human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV
Congênita do Zika já foram confirmados desde então. Protocolos e é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser
serviços de atenção especial à saúde das crianças acometidas foram contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical,
implementadas pelo SUS, desde o início da detecção desta epide- ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o
mia. Os primeiros casos de chikungunya foram detectados simulta- filho durante a gravidez, parto ou amamentação.
neamente na Bahia e Amapá, e desde então, houve expansão desta
doença para muitos municípios do país, especialmente da região No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni-
Nordeste. Embora apresente, nas formas leves, sintomas semelhan- das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15
tes ao da dengue, a maior relevância desta doença se dá pelas mani- a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com
festações clínicas persistentes na fase crônica (que pode acometer o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os
até metade dos pacientes), principalmente com comprometimento seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com
das articulações que interfere negativamente na qualidade de vida 0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas
440
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá- Fase sintomática inicial da Aids:
bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e -Candidíase oral
Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo -Sensação constante de cansaço
vírus é de 0,3%. -aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço
-Diarreia
Causas -Febre
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu -Fraqueza orgânica
pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma- -Transpirações noturnas
cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O -Perda de peso superior a 10%.
contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con- Infecção aguda da Aids:
tato com os seres humanos e se tornar o HIV. • Febre
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vagi- • Afecções dos gânglios linfáticos
nais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preserva- • faringite
tivo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com • dores musculares e nas articulações
sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que • ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias
também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias • Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais
de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro, • Falta de apetite
uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a verti- • Estado de prostração
cal, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, • Dor de cabeça
amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode • Sensibilidade à luz
ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém- • Perda de peso
-nascido. • Náuseas e vômitos.
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem:
tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois, • Emagrecimento não intencional
mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando • Fadiga
as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi- • Aumento dos linfonodos, ou ínguas
nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos • Sudorese noturna
TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de • Calafrios
aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra- • Febre superior a 38ºC durante várias semanas
pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres- • Diarreia crônica
são da doença para aids. • Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca
• Dores de cabeça
Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes- • Fadiga persistente e inexplicável
tarem? • Visão turva e/ou distorcida
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva, • Erupções cutâneas e/ou inchaços.
e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade-
manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o perí- quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre-
odo chamado de janela imunológica, que é o período entre o con- sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis-
tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse ta que desenvolver.
período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não
há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a Classificação de níveis de prevenção das doenças
pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans- O estudo das ações de enfermagem nas medidas de contro-
missora. le das doenças transmissíveis por níveis de prevenção depende do
conhecimento da história natural da doença, das propriedades do
Sintomas de AIDS agente causador da doença, da resistência do hospedeiro e dos vá-
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são: rios fatores do meio ambiente.
-Fraqueza Segundo Leavell e Clark, a prevenção classifica-se em: primária,
-Febre secundária e terciária, envolvendo cinco níveis de prevenção
-Emagrecimento Prevenção primária
-Diarreia prolongada sem causa aparente. 1º nível - Promoção à saúde
2º nível - Proteção específica
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns Prevenção secundária
são: 3º nível -Diagnóstico precoce e tratamento imediato
-Problemas nos pulmões 4º nível - Limitação da invalidez
-Diarreia Prevenção terciária
-Dificuldades no desenvolvimento. 5º nível - Reabilitação
441
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A prevenção primária desenvolve-se no período de pré-pato- Além destas, a enfermagem pode utilizar outras técnicas que
gênese da história natural das doenças, período em que a perfeita se adequem à situação do momento.
interação entre agente, hospedeiro e meio ambiente favorece a As ações de enfermagem neste nível devem ser desenvolvidas
manutenção da saúde do indivíduo, correspondendo assim à fase na comunidade com o objetivo de levá-la a conhecer suas neces-
em que não ocorre doença no homem. sidades básicas e buscar condições de autopromover a sua saúde.
Nesta fase, as medidas de promoção visam nortear um padrão
de vida compatível para a manutenção da saúde, enquanto que as Proteção específica
medidas de proteção específica têm como objetivo “quebrar um A proteção específica, o segundo nível de prevenção das doen-
dos elos da cadeia de transmissão das doenças” (Leavell & Clarki ças, é caracterizada por um conjunto de medidas que, aplicadas ao
1976). hospedeiro, ao agente ou ao meio ambiente, vão quebrar a cadeia
A prevenção secundária e terciária faz-se no período de pato- de transmissão das doenças transmissíveis.
gênese da história natural das doenças, quando ocorre o desequi- Para a aplicação das ações de enfermagem neste nível, é neces-
líbrio entre os três fatores, a partir de um estímulo qualquer que sário o conhecimento da epidemiologia das doenças, abordada em
irá desencadear o horizonte clínico, o adoecimento, a invalidez ou outros capítulos deste livro, bem como das características dos hos-
a morte do indivíduo, se não houver a interferência das medidas pedeiros intermediários e da cadeia de transmissão de cada agente
de prevenção que, adequadamente aplicadas, irão interceptar a causador de doença.
evolução do processo mórbido e/ou maximizar as capacidades res- Neste segundo nível as ações de enfermagem estão voltadas
tantes. para a aplicação das medidas de vigilância sanitária e epidemiológi-
ca, vacinação, saneamento básico e limpeza corporal.
Ações de enfermagem nos níveis de prevenção primária Para facilitar a compreensão do estudo das ações de enferma-
gem desenvolvidas neste nível, agrupam-se as doenças de acordo
Promoção à saúde com a medida de maior eficácia para a quebra da cadeia de trans-
Neste nível, as medidas e as ações de enfermagem não são di- missão:
rigidas a uma determinada doença, mas de um modo geral e com
amplo alcance para a promoção da saúde e bem-estar do indivíduo. Doenças evitáveis por medidas de educação sexual
O bom padrão de alimentação e nutrição, os hábitos de limpe- Neste grupo encontram-se todas as doenças sexualmente
za corporal, o uso de roupas e calçados adequados, a prática dos transmitidas, inclusive a síndrome da imunodeficiência adquirida
exames periódicos de saúde, formam o conjunto de medidas de hi- (SIDA).
giene individual que favorecem a resistência do organismo humano As ações da enfermagem compreendem a utilização de técni-
e contribuem para a interação do homem com os agentes biológi- cas educativas como palestras à comunidade, orientação e aconse-
cos causadores de doenças transmissíveis. lhamento aos indivíduos para aplicação das medidas de proteção,
O conhecimento oferecido ao indivíduo, família e comunidade tais como, uso de preservativos, limpeza dos órgãos genitais antes
sobre as medidas de higiene do meio, tais como: limpeza da casa, e após as relações sexuais, cuidados com as roupas íntimas, evitar
destino do lixo e águas servidas, controle dos insetos e roedores, a promiscuidade sexual, credeização dos olhos do recém-nascido
destino adequado dos dejetos e principalmente o tratamento ade- para prevenção da oftalmia purulenta por gonococos.
quado da água para beber, desde sua captação até o consumo, Doenças evitáveis por medidas de limpeza corporal
constitui maior investimento para o homem evitar o aparecimento A escabiose, a pediculose e outras doenças ligadas à integri-
de doenças e promover a saúde. dade cutânea, seguramente têm sua cadeia de transmissão inter-
A recreação, a vida ao ar livre, a prática de esporte, a vida as- rompida pela adoção dos hábitos higiênicos de limpeza corporal, do
sociativa, o desenvolvimento intelectual e da personalidade, são vestuário e dos objetos de uso pessoal, o que deve ser aconselhado
medidas de higiene mental e social que, colocadas em prática, favo- pela enfermagem ao indivíduo, família e comunidade.
recem o desenvolvimento saudável do ser humano. Inclui-se, ainda, neste grupo de doenças, a hanseníase, que não
tem definida uma medida específica para a quebra da cadeia de
Para que este conjunto de medidas seja conhecido pela comu- transmissão, mas que as medidas de higiene individual muito con-
nidade, a enfermagem utiliza a educação para a saúde como instru- tribuem para evitar sua propagação.
mento para a prática, das medidas de prevenção em todos os níveis,
através de técnicas educativas, tais como: Doenças evitáveis por medidas de saneamento
- Palestra à comunidade sobre aspectos de saúde e doença, Este grupo de doenças inclui as doenças parasitárias do trato
nutrição nas diversas fases da vida, aleitamento materno, planeja- intestinal, cuja porta de entrada do parasito no organismo humano
mento familiar, crescimento e desenvolvimento da criança; é a boca ou a pele, e as doenças parasitárias do sangue, em cuja
- Aconselhamento específico relacionado aos cuidados com a cadeia de transmissão existe um vetor biológico intermediário.
manutenção da saúde: exames periódicos (médico e odontológico), Nas doenças parasitárias do trato intestinal, cuja porta de en-
exames pré-nupciais; trada é a boca, as medidas de maior eficácia constituem-se no des-
- Orientação sobre hábitos primários de limpeza corporal, mos- tino dos dejetos, pois os ovos e cistos infectantes são eliminados
trando ao indivíduo que o simples ato de lavar as mãos evita que pelas fezes, o cuidado com a água de beber e outros alimentos.
uma série de agentes causadores de doenças sejam introduzidos no Para a aplicação destas medidas, a enfermagem lança mão,
organismo do homem; mais uma vez, das técnicas de educação à saúde para desenvolver
- Demonstração para pequenos grupos de preparo e proteção ações orientando a comunidade quanto: uso de sanitário para o
de alimentos, tratamento e acondicionamento da água para beber, destino adequado dos dejetos, lavagem das mãos após o uso do sa-
cuidados com as crianças, principalmente os recém-nascidos. nitário e antes de preparar ou ingerir alimentos, proteção e acondi-
cionamento dos alimentos, lavagem das frutas e verduras consumi-
442
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
das cruas, acondicionamento adequado da água de beber, filtrar ou 38°C ou qualquer sinal ou sintoma de infecção, não aplicar a vacina;
ferver quando a fonte não oferece segurança e exames periódicos orientar para o retorno quando a criança estiver bem; criança em
dos manipuladores de alimentos. tratamento com imunossupressor, adiar a vacina para 40 dias após
Entre as parasitoses intestinais, cujo agente causador penetra o término do tratamento; informar ao responsável pela criança so-
no organismo humano através da pele, são de grande importância bre a(s) vacina(s} que será(ão) aplicada(s) e doença(s) que protege;
sanitária, a ancilostomíase e esquistossomíase. Os indivíduos, fa- orientar sobre as possíveis reações da(s) vacina(s) e os cuidados a
mílias e comunidade devem ser orientados do destino adequado tomar; informar e aprazar na carteirinha a data da próxima dose e a
aos dejetos a fim de evitar a contaminação do solo e de águas dos importância das doses completas.
rios e lagos; evitar tomar banho em igarapés ou rios com presen-
ça de caramujos, hospedeiros intermediários da esquistossomose; Os cuidados na aplicação das vacinas são
uso de calçados, principalmente em solos úmidos e águas paradas; Cuidados gerais -lavar as mãos é o cuidado primordial a ser to-
proteção do corpo do trabalhador em plantios onde haja água acu- mado antes de se tocar em um frasco de vacina e entre a aplicação
mulada e o caramujo. de uma e outra vacina; nas vacinas injetáveis não é necessário fazer
Entre as doenças parasitárias do sangue, transmitidas por veto- antissepsia com álcool; quando a pele estiver muito suja, lavar com
res biológicos, estão a malária, a filariose, a febre amarela e a den- água e sabão.
gue, transmitidas por mosquitos; a leishmaniose, transmitida pela Cuidados específicos - depende do tipo da vacina a ser admi-
picada do flebótomo altamente incidente na Amazônia; e a doença nistrada.
de Chagas, transmitida por um predador (barbeiro) que, embora BCG -fazer diluição da vacina obedecendo à técnica; evitar
não seja de alta incidência nesta região, constitui preocupação dos exposição do conteúdo vacinal à luz direta; manter a ampola em
epidemiologistas, face a crescente migração de pessoas de áreas recipiente próprio; retirar da ampola a dose unitária - 0,1 ml - e
endêmicas. aplicar por via intradérmica na inserção inferior do deltoide direito,
Para a quebra da cadeia de transmissão destas doenças; a prin- observando a formação de pápula esbranquiçada e rugosa, carac-
cipal medida está no controle do vetor, seguida da proteção do ho- terística nesta técnica; orientar o responsável quanto à evolução da
mem e seu ambiente. reação local da vacina que deve surgir uma semana após a aplica-
As ações de enfermagem são, mais uma vez, de caráter educa- ção. Informar que não deve tocar nela nem fazer curativo; registrar
tivo: aconselhar a aceitação da aplicação de inseticida residual nas na carteirinha de vacina e entregar ao responsável; ao término da
paredes internas das casas; orientar sobre a telagem das portas e jornada de trabalho, as sobras de vacina contidas na ampola devem
janelas da casa e uso de mosquiteiros em áreas endêmicas; orien- ser desprezadas;
tar sobre o desmatamento ao redor das residências, e a drenagem Sabin -retirar a tampa do frasco conta-gotas sem contaminá-la;
de águas paradas para evitar a formação de criadouros de insetos; aplicar duas gotas por via oral, evitando contato do frasco com a
orientar sobre a troca semanal da água dos vasos com plantas aquá- boca da criança; guardar o frasco conta-gotas na temperatura ideal
ticas; orientar sobre a aplicação de larvicidas nas plantas que ser- desde que não tenha sido contaminado, utilizando-o até por uma
vem de criadouros da larva do mosquito; esclarecer a população semana; aprazar a carteirinha e entrega-la ao responsável, orien-
quanto ao hábitat do barbeiro, orientando que as casas devem ter tando sobre a importância das doses seguintes;
as paredes lisas e rebocadas; aconselhar o extermínio de animais DTP e OT - aspirar o conteúdo vacinal do frasco, não deixando
identificados como portadores de Leishmania; educar a comunida- agulha no frasco; aplicar 0,5 ml da vacina DTP por via intramuscu-
de quanto à limpeza de quintais e arredores das residências para lar, no quadrante superior externo da região glútea, ou músculo
evitar o aparecimento de vetores. vasto lateral da coxa; aspirar a seringa antes de injetar para evitar
aplicação em vaso sanguíneo; retirar a agulha pressionando o local
Doenças evitáveis por vacinas sem massagear; aplicar 0,5 ml da vacina OT, em situações especiais
Destacam-se, neste grupo, as doenças da quadra infantil e ou- e crianças até 7 anos, por via intramuscular na região deltoidiana;
tras; nas quais as vacinas são utilizadas na rotina dos serviços bási- orientar o responsável sobre possíveis reações gerais e locais da va-
cos de saúde. cina e os cuidados que devem ser tomados; registrar na carteirinha
Na medida de vacinação, que é a mais eficaz neste grupo de e aprazar a próxima dose, orientando o responsável sobre a impor-
doenças, a enfermagem desenvolve todas as ações do setor, sendo tância do cumprimento do calendário; ao término das aplicações, o
o enfermeiro o responsável pela supervisão das atividades desen- restante das vacinas no frasco deverá ser mantido em temperatura
volvidas pelo pessoal auxiliar de enfermagem, seleção e preparo adequada, 4 a 8°C em geladeira podendo ser usada durante uma
deste pessoal, instalação e manutenção da cadeia de frio para con- semana;
servação da vacina, preparo do ambiente e avaliação de todas as Anti-sarampo - diluir a vacina conser 0,5 ml de vacina; registrar
atividades desenvolvidas. na carteirinha da criança e orientar o responsável quanto às possí-
Os aspectos importantes a serem observados pela enferma- veis reações e o aprazamento; ao final do dia o resto do conteúdo
gem são: vacinal deve ser desprezado, pois após a diluição a vacina só pode
Com relação à vacina: verificar o acondicionamento da vacina ser aplicada no prazo máximo de 4 horas;
na geladeira à temperatura de4 a 8°C; observar o prazo de valida- Toxóide tetânico - aspirar o conteúdo vacinal do frasco; aplicar
de das vacinas; preparar o isopor com dispositivos congelados para 0,5 ml por via intramuscular em crianças maiores de 7 anos, ges-
manter a temperatura ideal; retirar da geladeira os frascos e am- tantes e pessoas expostas a riscos de acidentes (ver capítulo Imuni-
polas das vacinas a serem utilizadas no dia; prover o material para zações- Aspectos básicos); orientar sobre as possíveis reações e os
aplicação: seringas e agulhas descartáveis, algodão e serrinhas; cuidados a serem tomados; aprazar a próxima dose, mostrando a
Com relação à criança: identificar ‘a criança com a carteirinha sua importância.
de vacina, observando idade, vacina(s) a ser(em) aplicada(s) e res- Para maiores detalhes sobre conteúdo básico das vacinas e as
pectiva(s) dose(s); informar-se com o responsável (mãe) sobre es- que devem ser aplicadas em situações específicas (ver capítulo Imu-
tado de saúde da criança, observando: criança com febre acima de nizações - Aspectos básicos).
443
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nas Unidades Básicas de Saúde as vacinas são conservadas em A leitura do teste tuberculínico deverá ser realizado 72 a 96
geladeira exclusiva para esse fim, observando a temperatura de 4 a horas após a aplicação, observando-se no local a presença ou não
8PC, obedecendo ao sistema denominado cadeia de frio, conforme de endurecimento. Na presença deste, identificar seus limites e fa-
o que preconiza o Manual de Vacinação do Ministério da Saúde. zer a mensuração do diâmetro transverso com régua milimetrada
própria.
Ações de enfermagem nos níveis de prevenção secundária É empregado para detectar contato prévio com indivíduos por-
tadores do bacilo de Koch, ou como medida auxiliar de diagnóstico
Diagnóstico precoce e tratamento imediato da tuberculose em indivíduos com exames de escarro negativos e
Constitui o terceiro nível de prevenção, onde as medidas a se- criança que não tenha sido vacinada previamente com o BCG ou
rem aplicadas estão voltadas para as pessoas doentes, seus conta- não apresente cicatriz vacinal.
tos e ao meio ambiente. A interpretação da prova tuberculínica é um assunto polêmi-
Para o planejamento das ações de enfermagem neste nível, o co na literatura, devido ao grande número de interferências, que
enfermeiro deve conhecer os sinais e/ou sintomas das doenças, seu podem ser de ordem clínica {presença de doenças imunossupres-
quadro clínico, as medidas de diagnóstico e o tratamento indicado a sivas}, ou de ordem técnica (má conservação do produto, dose in-
cada doença descritos em outros capítulos deste livro. suficiente, injeção subcutânea), constituindo causas de hiporreati-
Ao enfermeiro compete a consulta de enfermagem, atividade vidade ao PPD.
que envolve medidas auxiliares do diagnóstico precoce, tais como: Classicamente ainda é considerada válida a interpretação da
anamnese, exame físico, solicitação de exames complementares, prova tuberculínica conforme tabela 3.
realização de testes auxiliares ao diagnóstico e encaminhamento ao Teste de Mitsuda - Tem por objetivo estabelecer o prognóstico
laboratório para realização dos exames. da forma indeterminada da hanseníase, e estabelecer a classifica-
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro identifica as neces- ção adequada ao esquema de tratamento, se paucibacilar ou mul-
sidades humanas básicas afetadas, estabelece o diagnóstico de en- tibacilar.
fermagem e elabora o plano assistencial a ser seguido pela equipe
de enfermagem.
Anamnese
Nesta medida, as ações da enfermagem estão voltadas para a
investigação epidemiológica, a fim de descobrir os contatos e de-
tectar as prováveis fontes de infecção e os fatores predisponentes,
tais como antecedentes familiares e situação socioeconômica da
família.
Exame físico
Este procedimento auxilia a verificação de sinais ou sintomas
discerníveis de doença, contribuindo para o diagnóstico precoce e
para identificar condições de limpeza corporal e outros hábitos que
constarão da elaboração do plano de assistência de enfermagem.
444
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pelo Ministério da Saúde, como ocorre nos casos novos de tubercu- A educação para saúde, embora seja desenvolvida em todos
lose, hanseníase e de pessoas mordidas por cães, para a vigilância os níveis através das técnicas de orientação, entrevista e aconse-
da raiva. lhamento, é neste nível aplicada, não só a pacientes mas, principal-
Vigilância dos contatos - considera-se como contato ou comu- mente, às famílias das quais os pacientes irão depender para execu-
nicante, a pessoa, parente ou não, que coabita com um portador de ção de cuidados pessoais.
doença transmissível. Constitui um grupo de alto risco de adoeci-
mento e a vigilância consiste em submetê-los a exames periódicos Ações de enfermagem na prevenção terciária
de saúde, a fim de detectar sinais ou sintomas precoces da doença. Reabilitação
Nos contatos de portadores de tuberculose e hanseníase, a A reabilitação constitui o quinto nível de prevenção. Caracteri-
enfermagem deve realizar: levantamento do grupo familiar, visita za-se por conter medidas para o reaproveitamento das capacidades
domiciliar, aprazamento dos exames periódicos de saúde. restantes e reintegração do indivíduo à sociedade.
A vigilância dos contatos dos casos de hanseníase consiste no As medidas de reabilitação são aplicadas às pessoas que foram
exame dermatoneurológico dos mesmos obedecendo aos seguin- afetadas por doença transmissível que deixam sequela física ou
tes critérios: mental, que o incapacite, parcial ou totalmente.
- Exame de todos os contatos intradomiciliares dos casos no- As ações de enfermagem neste nível são de encaminhamento,
vos de todas às formas clínicas. Após o exame, o contato indene orientação e aconselhamento, tais como: encaminhar o portador de
será liberado com a orientação quanto ao período de incubação, deficiência física ou mental ao fisioterapeuta, terapeuta ocupacio-
transmissão, sinais e sintomas da hanseníase, e retorno ao serviço nal ou psicólogo; orientar o autocuidado no domicílio; aconselhar a
se necessário. busca de outro trabalho, adequado às suas capacidades restantes.
- Utilização de BCG -independente da forma clínica, todos os
contatos intradomiciliares devem receber duas doses da vacina BCG Isolamento
intradérmico. O intervalo recomendado para a segunda dose da va- Considera-se o conceito de isolamento como a “segregação do
cina é de 6 meses após a primeira dose, considerando-se como pri- indivíduo ou o afastamento do convívio com outros para evitar a
meira dose a presença da cicatriz vacinal, independente de tempo transmissão de agentes infecciosos a pessoas susceptíveis/l (Secre-
de aplicação. Na dúvida, aplicar as duas doses recomendadas. taria de Saúde de São Paulo, 1991).
Atualmente, o Ministério da Saúde não recomenda a constru-
Medidas de tratamento ção de hospitais de isolamento mas, sim, unidades específicas de
Nas medidas de tratamento, as ações de enfermagem estão isolamento, em todo hospital, para onde são encaminhados os pa-
voltadas para orientar o paciente quanto aos esquemas de trata- cientes portadores de doenças transmissíveis e/ou germes multir-
mento e a tomada correta da medicação, dose e hora, responsabi- resistentes, com o objetivo de prevenir a disseminação de doenças
lizando-o por seu tratamento; ensinar ao paciente os cuidados que causadas por agentes infecciosos transmissíveis entre os hospedei-
deve ter com seu ambiente e objetos de uso pessoal; aprazar a pró- ros susceptíveis, sejam estes componentes da equipe de saúde, tra-
xima consulta, mostrando a importância de seu comparecimento. balhadores de outras áreas do hospital envolvidos com atendimen-
Existem doenças transmissíveis que necessitam de tratamento to de doentes e visitantes de modo geral.
hospitalar, mesmo quando descobertas precocemente, como ocor- As ações de enfermagem desenvolvidas nesta medida devem
re com a difteria, tétano, meningite e outras. ter um respaldo científico e epidemiológico, a fim de assegurar a
As ações de enfermagem ‘de nível hospitalar incluem, além das eficácia da mesma e a segurança da equipe de saúde.
medidas de anamnese e exame físico, outras de maior complexida- As barreiras físicas interpostas entre os indivíduos doentes e
de em virtude do grau de dependência de cada paciente para aten- os sadios, podem ser de proteção individuar como luvas, avental,
der às suas necessidades humanas básicas afetadas pela doença. máscara e óculos de proteção; ou ainda, de proteção coletiva, como
Assim, o plano assistencial de enfermagem conterá todos os a segregação em quarto privativo. Em qualquer situação, a lavagem
cuidados que devem ser executados pela enfermagem a partir de: das mãos, é indispensável (observar a técnica de lavagem das mãos
verificação de sinais vitais; administração de medicação por via oral no capítulo sobre infecções hospitalares).
e parenteral; aplicação de medicação tópica; prestação de cuida- Alguns autores referem-se a precauções quando são utilizadas
dos de limpeza corporal quando dependente total da enfermagem; as barreiras de proteção individual, e isolamento quando houver
outros cuidados peculiares a cada doença transmissível, tais como necessidade de quarto privativo.
teste de sensibilidade para aplicação de soro antitetânico, antidifté-
rico, antirrábico e desinfecção concorrente e terminal. Modalidades de isolamento
Ainda a nível hospitalar, para deter minadas doenças transmis- No Brasil, o Ministério da Saúde vem recomendando modalida-
síveis, a enfermagem é responsável pelas medidas de isolamento des de isolamento baseadas nas propostas emanadas pelo Center-
e precauções que, devido ao grau de importância no controle das for Diseases Control (CDC), que classifica o isolamento por sistema
doenças transmissíveis, constituirá o último tópico deste capítulo. -categoria específica, agrupando as doenças com medidas de isola-
mento e precauções semelhantes, sendo identificado por cartões
Limitação da invalidez de diferentes cores.
Este nível de prevenção inserida na prevenção secundária é
caracter1zado pela descoberta dos casos já avançados ou em fase Classificação adotada nesta categoria:
crônica.. Objetiva limitar a incapacidade e evitar a morte. As ações
de enfermagem são semelhantes às do terceiro nível, com ênfase Isolamento estrito
nas medidas de tratamento e cuidados especiais a portadores de Indicado para doenças altamente contagiosas através das vias
doenças que deixem sequelas. aéreas e por contato. Ex.: difteria, varicela. Esta modalidade requer
quarto privativo, uso obrigatório de máscara, avental e luvas.
445
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Isolamento respiratório ções universais são, portanto, “barreiras e ênfase nos cuidados com
Indicado para doenças transmitidas através de gotículas res- determinados tipos de procedimentos, utilizados a todos os pacien-
piratórias. Necessita dos mesmos requisitos: quarto privativo ou tes durante toda a internação, para impedir que a equipe hospita-
comum para a mesma doença, uso de máscara para aqueles que lar tenha contato direto com sangue, líquidos corporais, mucosa e
têm contato próximo com o doente. Ex.: sarampo, meningite me- pele não íntegra dos mesmos, ou indiretamente com instrumentais
ningocócica. contaminados com aquelas substâncias, como aqueles de natureza
pérfuro-cortantes (agulhas, lâminas, equipamentos)” (Secretaria de
Precauções entéricas Saúde de São Paulo, 1991).Posteriormente, essa recomendação foi
Indicado para doenças transmitidas por contato direto ou indi- ampliada, incluindo outros serviços como ambulatórios e outros,
reto com fezes. Ex.: hepatite A, gastroenterite por Salmonella, có- considerando não só a precaução com o HIV, mas também o vírus
lera. Necessita de luvas e avental, se a contaminação é previsível, e da hepatite B, e outros patógenos veiculados pelo sangue e ‘líqui-
quarto privativo ou comum para a mesma doença, se a higiene do dos corporais: sêmen, secreção vaginal, leite humano, liquor e líqui-
paciente é precária. dos sinovial, pleural, peritoneal, pericárdico, amniótico e outros.4
446
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi- Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de
mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex- Atenção Integral à Saúde da Mulher
to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive
assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su- para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST:
jeito capaz e responsável por suas escolhas. – fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher;
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres- – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica
tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên-
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e
de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor- adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:
tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de – ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in-
qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. cluindo a assistência à infertilidade;
Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza- – garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu-
ção e capacitação para humanização das práticas em saúde. lação em idade reprodutiva;
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op-
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen- ções de métodos anticoncepcionais;
tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter – estimular a participação e inclusão de homens e adolescen-
da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa- tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté-
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú- trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles-
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de- centes:
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;
ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. -organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con-
participação da sociedade civil organizada, em particular do movi- tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc- pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- abortamento;
tadual e municipal requer – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
– cabendo, portanto, às instânciasgestoras – melhorar e quali- ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
ficar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
de saúde da mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação mortalidade materna
do SUS. -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- de violência doméstica e sexual:
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes re- ção de violência sexual e doméstica;
alidades regionais. – articular a atenção à mulher em situação de violência com
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde ações de prevenção de DST/aids
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se- – promover ações preventivas em relação à violência domés-
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para tica e sexual.
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob-
tenção dos resultados esperados. Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à HIV/aids na população feminina:
Saúde da Mulher – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu- – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo
lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons- com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula-
tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, ção feminina:
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território – organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re-
brasileiro. ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi- câncer de colo uterino e de mama;
nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci- – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de
clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia;
de qualquer espécie. – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico
mulher no Sistema Único de Saúde. de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor.
Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob
o enfoque de gênero:
447
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
– melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo-
transtornos mentais no SUS; gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o em relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de materni-
enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de dade, a forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não
transtornos mentais e promover a integração com setores não-go- apenas de reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí- e o descrédito do aleitamento como método capaz de controlar a
tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im- fertilidade.
plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério: Outro método é o coito interrompido, sendo também uma
– ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli- maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do
matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho-
terceira idade: mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
– incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez.
Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu-
mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar
lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação.
a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso
no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra:
Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles
– melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro-
que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto-
fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme -observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no
(PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto,
fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte ajudam a identificar o período fértil.
racial/étnico nas ações de saúde ; Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis,
-estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes
mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona- dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo.
dos à saúde da população negra. A determinação do período fértil baseia-se em três princípios
científicos, a saber:
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens-
cidade: truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me-
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- nos);
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde. capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in- são:
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle a) Método de Ogino-Knaus
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
nessa população: mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidi- do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
árias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e própria tabela.
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
lheres: de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
– promover a integração com o movimento de mulheres femi-
sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde
Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
da mulher, no âmbito do SUS;
do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
Assistência aos Casais Férteis truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul- A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu- ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci- nos, os seis últimos ciclos.
dos pelas instituições.
Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter- Como identificar se os ciclos são regulares ou não?
nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los,
apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me-
que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní- nor dos ciclos.
veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual
de ovulação. ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados
Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre- irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além
cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade
aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza- menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves-
ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo tigado e tratado.
e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são
mínimas. considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela.
448
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil? Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da
do período fértil. ovulação.
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen-
do período fértil. ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa- temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura
nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela- se manterá alta até a época da próxima menstruação.
ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for obser-
método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais vada a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal
neste período. deve abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda
a primeira fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura ele-
Recomendações Importantes: vada.
O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se
com os cálculos e anotações. predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po-
Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da
anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil, quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu- Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo,
método. com exceção do contraceptivo hormonal.
Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe-
ao dia do mês. ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan-
Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono
mulher não serve para outra. e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu-
No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção Esse método é contraindicado em casos de irregularidades
da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos. menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno).
desse método. Assim como no método do calendário, para a construção do
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con-
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida- especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
b) Método da Temperatura Basal Corporal uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.
É o método que permite identificar o período fértil por meio
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens- c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings
trual, com o corpo em repouso. É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma- ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor- na vulva.
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
mo termômetro. presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi- geralmente é opaco e pegajoso.
nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui-
para que não haja alteração do gráfico de temperatura. çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e
Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia, lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio.
deve recomeçar no próximo ciclo. Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele-
Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua- vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais,
driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem- com penetração, pois há risco de gravidez.
peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período
pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao para ter relações sexuais.
2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante.
449
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici- Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os
dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar
capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só antes da ejaculação.
pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de
48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer. aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja
Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona, depositado sem que haja rompimento da camisinha.
o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de
que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito
pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se- de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes-
cura no canal vaginal. mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações
No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer- como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou
tilidade. outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica.
As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua
aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po-
muco elástico. dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien-
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa- temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
importante anotar as características do muco e os dias de relações Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza-
sexuais. dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife- geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica- associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re-
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido). tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
No período de aprendizagem do método, para identificar os com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,
as seguintes recomendações: é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com
Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens- um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper-
truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in- micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja
terfira na avaliação. retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra
Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de-
dia ápice. ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava-
É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso
dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de
esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens alergia ao látex.
vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias.
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de f) Condom feminino ou camisinha feminina
relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se- Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo, de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí. veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada
do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
d) Método sinto-térmico caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera- tem ação preventiva contra as DST.
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme- Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula- tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal, nhecida em outras.
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite,
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou- g) Espermaticida ou Espermicida
tros. São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
da de espermatozoides no canal cervical. canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
e) Condom Masculino destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre- Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar- espumas.
tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual. Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem
Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci-
no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio
contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação
deve ser estimulado em todas as relações sexuais. do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta
escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido
450
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma, Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxá-
quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos, guar bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco
estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no neutro. Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do
fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia calor e da luz.
seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen- Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de
do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur-
se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos.
seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen- As contraindicações para o uso desse método ocorrem no
dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es- caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele
ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas
dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato-
ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava- logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui-
gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe cas graves, que impeçam o uso correto do método.
algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana,
interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para i) Os contraceptivos hormonais orais
mulheres que apresentem alto risco gestacional Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra-
sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro-
h) Diafragma duzidos pelos ovários da mulher.
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica,
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames,
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a para avaliação da existência de possíveis contraindicações.
medida adequada a cada mulher O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma-
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe-
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situ- cífica a considerar.
adas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis.
Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as- j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs-
em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan-
do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um do posto dentro da cavidade uterina.
pouco por fora, sobre o anel. Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é
O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira o caso dos DIUs medicados com hormônios.
mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca- Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que
par, se deparará com a barreira química, o espermaticida. não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas
Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi- de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor-
uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag- mônios.
ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs
formato de um 8. que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre.
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun- O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino.
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in-
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra-
o colo do útero. nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
puxá-lo para fora e para baixo. encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor positivo tem ação espermicida.
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar ca rigorosamente asséptica.
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon- período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati- mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma. vaginal.
O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter
relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período. relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in-
O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca- serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com
nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções. a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12
meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será
anual, com a realização do preventivo.
451
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti- A infertilidade também pode ser classificada em primária ou
ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu
problema. gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em
A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante-
Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos. riormente.
Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa, De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação
sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par- não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer
cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a).
visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres-
acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência). se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir
sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou-
Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade eInfertilida- tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode
de considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado.
A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe- Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar
res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer
sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami-
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im- nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário.
portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja- Assistência de Enfermagem á Gestante
mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério
da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema Diagnosticando á Gravidez
Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais
legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto
capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher,
25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar, possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de
por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e de
antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis- sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até o
ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de puerpério.
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever- Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa-
conjugal. z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe-
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ- dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu- físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden-
lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
encontro do óvulo com o espermatozoide. hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe-
O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego-
precoce. rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia, lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce- nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu- nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
sivamente com a finalidade de realizar a esterilização.
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal. Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri- tes, principalmente, do aumento da progesterona:
buam para este problema, ambos devem ser investigados. a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já contraceptivos e outros;
conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
ter dificuldades para conseguir uma nova gestação. frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra- ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as normalmente, não persiste após 16 semanas;
gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati- c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
mortos. sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
mas começam a aumentar de tamanho;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi- gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor-
dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen- reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa
chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, gengival, em vista do aumento da vascularização.
pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a
função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte- Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais
ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às
um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca- particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
pacidade de armazenamento; observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi-
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir
descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto, barro, gelo ou comidas extravagantes.
pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar
Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi- a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali-
dos com gases intestinais. sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas-
sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi-
Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se
provável gestação: a referência a algumas medidas terapêuticas.
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero
e da placenta; Assistência Pré-Natal
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa; mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi-
na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe- nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co-
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en- nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando
rugadas, amolecidas e embebidas. a eles estiver exposta.
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe
coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé- a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor- com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi-
mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda- ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen-
ção, podendo ser identificado mediante exame específico; tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do sentimentos.
examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um
de exame ginecológico (toque) ou abdominal; parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên-
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in- cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no- e perinatal.
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro-
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de
podendo ser confundidas com as contrações do parto. fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta-
dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento.
Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
a gestação: no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó- resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi-
pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição,
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto; odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre- necessários.
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu- Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi-
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal); nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher,
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo,
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação. em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento.
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor-
desses movimentos; mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia – mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde.
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges-
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre
453
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges-
para serem abordados, desde que adequados às necessidades das tante.
gestantes, são: a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a
- Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância, partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A
objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres; data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con-
- Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo- tada a partir do 1º dia da última menstruação;
cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali- b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro
mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas, dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que
sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e ela ocorreu.
sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste-
ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela
e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es- Gestante
clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade
durante a gravidez; preparo para a amamentação; gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul-
Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; trassonografia.
exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre- Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges-
paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs-
de parto, etapas e cuidados; tétrico detalhado.
-Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/ Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente
criança; feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
-Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto
crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita- contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium
mento materno; tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade-
na amamentação – novas condutas e encaminhamentos. quados cuidados de assepsia.
Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano
O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa- na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi-
ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui siotomia ou cesariana.
peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi- A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla
cológicas da mulher. tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu-
(se normal, repetir na 20ª semana). seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em
- EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve
30ª semana). ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos
-Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal alimentos;
(realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre-
negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por- quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de
tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam
de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in- contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus-
tervalo de três meses. cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça
- HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi- abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e
litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações;
após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se
imunoglobulina e vacina específica. mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên-
- Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com
todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea- prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa
lização. circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con-
- Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;
foi realizado durante o ano precedente. e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân-
cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem
Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina),
de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante, acompanhada ou não de febre;
ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans- f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de
missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento
precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a odontológico, sempre que possível.
apresentar.
A enfermagem deve informar acerca da importância de uma Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante,
alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi- podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são:
nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, -vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o
castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri- vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for-
mento do organismo da gestante e na formação do novo ser. mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati-
A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar
de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen- o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa-
tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante, rampo e da AIDS;
entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes- -bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção
mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras. ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal,
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das aborto e parto prematuro;
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é -protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife-
uma orientação eficaz. rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente-
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto,
mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen- os danos podem ser irreparáveis.
tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância
realizadas. dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência
são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças imediata.
clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza- O segundo trimestre da gravidez
dos apenas com prescrição. No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana
de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra-
a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família
comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a
seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de preparação do enxoval.
frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de- encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen-
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola- tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os perfeito?”).
enjoos. A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po-
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei-
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos; ro ou médico.
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges-
tação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard, pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou
pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de
auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do enfermagem imediata;
futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su-
escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran- tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con-
de, pois confirma-se a geração de uma nova vida. sulta médica ou de enfermagem;
A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di- f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se
ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas. e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor-
Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz táveis.
forte, som e outros. A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante – recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode
aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome fazer uso de medicamentos;
- a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con-
voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá-
sexual por mim? rio.
Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra- Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de
ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi- enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial
pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare- e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta-
cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima. ção);
A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas, h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito
a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi- tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve-
dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e
mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica
queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no especial para gestante;
terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien- i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens
tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti- no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local,
do de minimizar essas dificuldades. e evite excesso de exercícios;
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co-
frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo
fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no
de medicamentos; rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci-
b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli- mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi-
cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal, co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de
orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta- protetor solar e chapéu;
ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos
Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi- e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab-
mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no
banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de
consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa- cor semelhante à da pele;
rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen-
em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado
medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si- exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab- comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando,
dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres-
para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível; siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna,
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higi- O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres-
ênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco-
realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per- 20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o elástica apropriada.
nutricionista;
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na O terceiro trimestre da gravidez
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex- Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce-
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló-
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de- gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos
cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con- ausência de informação.
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso- Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru-
cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar, po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo-
à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe
da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti- deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia-
va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos
a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período
nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar
propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe; com urgência.
além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais
que facilitará, posteriormente, a fala. de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun-
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e aproxima-se a data provável do parto.
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização, A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui-
criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca- dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a
nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro-
da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios cesso fisiológico e natural.
em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser
último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho
produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons- de parto.
tante de gordura em todas as mamadas). Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere-
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau- cidas, como:
sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe -a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de
a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo, líquido amniótico) pode ou não romper-se;
soltar o mamilo. -a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo
Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec- cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com
tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de
vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per- parto;
feito?”). -no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges- parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o
tante. chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo-
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis- mento do trabalho de parto;
temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte- -a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro-
rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor funda e expiração soprando o ar).
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur-
gem as dificuldades para movimentar-se e dormir. A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro-
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti- curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer
pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo,
quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença
os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti- de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali-
no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada
observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe- da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e
sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen-
verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges- ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher
alimentos, e não sua quantidade. pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”,
caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per-
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi- Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu-
dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame- do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não (amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen-
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso. do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre-
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob- uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento.
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi- Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos
tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de
lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e
mencionadas. facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro- trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola,
piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo
metrossístoles. cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álco-
Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira- ol, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças
ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges- hipertensivas e fatores emocionais.
tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas
durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto, estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de
são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11:
abdominal. -Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do
aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo-
Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma
Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de dilatação;
mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci- -Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse-
dos vivos. quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen-
No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam do da natureza do processo, é considerado:
por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através
(durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli- de repouso e tratamento conservador;
cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon-
em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen- tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento
tes estados. intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares.
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso- os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco (quando algum tecido permanece retido no interior do útero);
para eclampsia e outras complicações. -Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân- (três ou mais) de causa desconhecida;
cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano -Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe-
à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló- nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante
gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco
– obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am- de vida ou gravidez decorrente de estupro;
bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo- -Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do
tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober- abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras
tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
econômicos (baixa renda). variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido
Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia,
gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri-
tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba- tonite, septicemia e choque séptico.
bilidade de morbimortalidade perinatal. Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em-
Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e bolia pulmonar;
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do
ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi- produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o
tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas
à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma-
como bom serviço de parto e pós-parto”. teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar
Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado;
terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia, Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan- a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer
to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo mal-estar geral, cefaleia e anorexia.
chamado de gestantes de risco. O processo de abortamento é complexo e delicado para uma
Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional, mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez,
destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta- sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um
mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri- estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
mento fetal. psicoemocional.
458
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media- O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta-
tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho- cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de-
que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas, verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de
hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e infecção.
apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou A conduta obstétrica é cirúrgica.
embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG)
pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente); A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten-
controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci-
líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna,
antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor- fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode
me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi- apresentar-se de forma leve, moderada ou grave.
mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados Existem vários fatores de risco associados com o aumento da
após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos
mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi- psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa-
pe de saúde. miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli-
Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do drâmnia.
pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso, A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um
expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze- quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema
-la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e
reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar. coma (DHEG grave ou eclampsia).
É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan- Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma-
do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha- nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes
do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do
precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las, útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura
a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.
nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
acordo com a prescrição médica. pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão observado e analisado como um sinal a ser investigado.
pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro-
o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres-
de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco- são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15
lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade. mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten-
ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien-
Placenta Prévia (PP) temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG.
É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im- Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser
plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol- pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com
vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em
parto. uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará
Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am- de alto risco.
bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú-
hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo, ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es-
indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner-
semana de gravidez. voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con- occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani-
duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto-
ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a mas que revelam comprometimento de outros órgãos.
gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre- Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma,
tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações
fetais e características do sangramento (quantidade e frequência). obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re-
A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria.
clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal. Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi-
pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da
Prenhez Ectópica ou Extrauterina intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam-
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen-
pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem- tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na
plo, nas trompas uterinas, ovários e outros. parede do útero, representando outra causa do deslocamento da
Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor placenta.
no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande
quantidade.
459
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab- solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio-
dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co- lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica-
loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au- ções prescritas, observando sua resposta.
mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de
(anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como
como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolcho-
estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de adas), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbi-
emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma- to lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
terna e fetal. secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha
Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e, (Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de
principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me-
uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na
sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira proximidade da unidade de alto risco.
gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô- Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem
nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular; ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé-
alimentação inadequada. dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in-
A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra-
precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua. mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por
A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão
a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração
Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando
parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri- o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de
mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e
níveis da pressão arterial. administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti-
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im- convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa-
portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu- mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor-
ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas, me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose.
bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri- Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo, deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá-
que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
espontâneo. da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci- condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e nesta decisão.
outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida- É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua nas
de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida.
família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG
e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen- Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
tação fetal. O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do
A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da
decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial, As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o
bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi- fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para
sando minimizar o estresse. manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período
As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados, trocas será causa de SFA.
entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha- O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns
mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou
que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra- abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au-
tamento mais indicado. mentados e posteriormente diminuídos.
Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento
Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe-
estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto, tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a
deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como equipe de saúde.
proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante
supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve
que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con- ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen-
vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con- te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura.
trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges-
será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi-
gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta- cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que
mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais
460
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma-
transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e ternos, fetais e placentários, que se interagem.
a ansiedade pela situação.
A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo, Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são:
com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia - eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão
cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater- mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre
no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se
melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien- claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços
te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada de leite coalhado (vérnix);
pela equipe responsável pela assistência. - contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten-
sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
Parto e Nascimento Humanizado a duas ou mais em dez minutos;
Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o - desconforto lombar;
parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo- - alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação
mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a progressiva;
mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei- - diminuição da movimentação fetal.
xando de ser ativa no processo de seu parto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape- A duração de cada trabalho de parto está associada à parida-
nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam
deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili-
problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra- dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula-
ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias;
é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência
parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo- apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o
rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê;
que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias. ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao
Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais
não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido (transversa, acromial, pélvica e de face).
de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário,
enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia. Admitindo a Parturiente
A enfermagem possui importante papel como integrante da O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma-
equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco-
qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici- lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis-
pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har- exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa-
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci- mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal.
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne- Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo
dos possíveis problemas do bebê. conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque-
A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te-
longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa- cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e
ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de
trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse pro- trajeto mole.
cesso e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe cau- No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do
sem constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper-
e apoio para a presença do(a) acompanhante que a parturiente vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando
deseja. sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra-
Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende jeto do parto.
a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida-
gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise
o mesmo sofre. púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente O feto tem importante participação na evolução do trabalho
desprotegida e frágil, necessitando apoio constante. de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per-
O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno
excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a
gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex- redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve
pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde. materna.
461
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão
Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con- dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do
trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade, períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au-
Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida, obstetra.
auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação
maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à
possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe- Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien-
ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for-
dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão, ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se-
impaciência, irritação ou apatia, entre outras. gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical,
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado
do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável
entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa-
com mais mobilidade. ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis-
Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili-
uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e, zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se
assim, facilitar a passagem pela pelve materna. a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alterna- de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
tivas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve pre- Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
sença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente, cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade
estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as
escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero, contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias.
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante
facilitam a descida do feto pela ação da gravidade. assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi-
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda, baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca-
realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
feto na bacia materna. com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem- o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante recém-nascido.
e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera- recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate-
ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan-
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen- te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
temente, se indicado. campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após
e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do
uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a útero, diminuindo o sangramento pós-parto.
realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa-
rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação
solução anti séptica e comadre. Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla-
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de-
exame. livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é
permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli- importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser
cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição superiores a 500 ml.
de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível. As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor
quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re-
O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção
O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos
colo uterino e termina com o nascimento do bebê. deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami-
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra- na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com
mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu- vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido re-
seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu- alizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou
das lacerações.
462
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi-
ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino, dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas,
mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do
irrigavam a placenta. parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri- A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação
ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses
dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro. e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto-
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável,
utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana, realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um laboratoriais (solicitados e de rotina).
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en- Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca-
fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas, minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio-
será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja- nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante
mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a
e pertences pessoais. segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-
-la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também
O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta
ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário.
da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe-
ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres-
centro obstétrico, para criterioso acompanhamento. tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto.
463
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío- através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo),
placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren-
infecção. do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car-
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes díaca, com hipotensão.
complicações. Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis- deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para
tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor- reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida-
po. de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in- venoso permeável para a administração de infusão e medicações;
fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa-
rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe- geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue
conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no
história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o
cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a
pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí- intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes Complementando esta avaliação, também há verificação dos
na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto,
infecções. em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade.
infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode
mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute- estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su-
rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de
secreção purulenta e fétida, e diarreia. consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian-
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de
à curetagem. gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen-
das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um
presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando
da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/
da vulva para o ânus. ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento
puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular- conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o
-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres- bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
de curetagem, preparar a sala para o procedimento. No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da
perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas. puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular
e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi- a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob-
nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido
A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá- (incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca-
pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de
amamentação. retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen- da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in-
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos, fecções.
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar
e deambulação precoces. de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar
De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias); atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa
serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme- metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio-
lhantes à “salmoura” – uma a três semanas). nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera
A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência e/ou família para uma tentativa de solução.
de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la- O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona-
cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im- mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em
portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do
em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen-
464
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos Classificação de Acordo com o Peso
nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im- A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe-
portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas.
flatos (gases); e cuidados com recém-nascido. Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen- to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso
consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto. igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons-
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele-
mamilos pelo bebê. vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis-
ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e
As mamas também podem apresentar complicações: o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da
-ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, família, o que pode acarretar graves consequências sociais.
a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma-
mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin- Classificação de Acordo com a IG
tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir- até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei-
me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre ro dia da última menstruação e a data do parto.
que as mamas estiverem cheias; O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
-rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar. a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
de gestação;
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de
deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não gestação;
usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de
ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 gestação.
horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado-
samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con- Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e
dutas adotadas para o ingurgitamento mamário. a necessidade de cuidados neonatais adequados.
-mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen- Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde
volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de
rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da
dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se-
puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota- manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e
dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras. nutricionais importantes no período neonatal.
Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada
às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG
familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau-
vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós- terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os
-natal e puericultura. bebês são classificados como:
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial- a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos
mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas
saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as- curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos
sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto. são de bebês adequados para a IG;
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos
feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs- cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei-
tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá- ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia. importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri-
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente ção maternas.
definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos
e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se-
mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
dos neonatos e de suas características. IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili-
zadas.
Classificação dos Recém-Nascidos (RNS)
Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade Características Anatomofisiológicas dos RNS
gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro. Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró-
A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao prias.
permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à O conhecimento dessas características possibilita que a assis-
IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for-
e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as- ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também
sistência. permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado
após a alta.
465
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso- d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de
ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali- fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare-
mentação materna. cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal
Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re-
uma diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas,
de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de como septicemia e doenças hemolíticas graves.
líquidos e reduzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés)
prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é
nascimento. considerada como um achado normal, em função da circulação pe-
Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por
brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter- hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera-
mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,- lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr-
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que bios respiratórios e/ou cardíacos.
a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo-
o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou
(Navantino, 1995). patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be- associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório, geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive- fisiológicas ou próprias do RN.
rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon-
que a criança se encontra em boas condições no que se refere a trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi-
esses sistemas. tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos.
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda- O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamen- cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos.
te calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado
ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corpo- Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos;
ral dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados.
têm uma capacidade limitada para produzir calor. A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re- associada à presença de malformações cromossômicas.
fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre-
exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a quentemente observada em bebês prematuros.
manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron- As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são
co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co- incompletas e até ausentes nos prematuros.
xas e coxas, sobre o abdômen. Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa-
A avaliação da pele do RN fornece importantes informações mente soldados e são separados por estruturas membranosas de-
acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos
presença de condições patológicas. parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a
A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de lambdoide (separa os parietais do occipital).
hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande
RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur- fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só
gor normal e é recoberta por vernix caseoso. se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta-
Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas
nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em
descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído. A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta- do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem
camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras
ou não de normalidade. alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên-
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas, cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos:
emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função
dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos do
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza- Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra
dos para a higienização dos bebês. a
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es- Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amoleci-
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos da com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não
pontos brancos. atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido.
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa- Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare- à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos.
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca-
com o decorrer dos anos. beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos,
não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri-
meiros dias de vida.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi- A transferência de hormônios maternos durante a gestação
ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares. também é responsável por várias alterações na genitália feminina.
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti-
que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se
achado sugestivo de malformações cromossômicas. hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes
No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema-
atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A turos.
passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de
possibilidade. aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam-
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal
dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina. ou pseudomenstruação.
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi- Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res-
lidade. peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato- pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me-
logia, o que requer uma avaliação mais detalhada. cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor-
O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina
um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de
sua parede. completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como
Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri-
das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor- meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado
monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral. intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração
Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho-
geral é consequência de uma infecção por estafilococos. ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é
preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação
O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada
é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do
paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias reto).
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho- Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo
rando e nos períodos após a alimentação. as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou
A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob- fezes do leite.
servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode
associada a condições graves como septicemia e obstruções intes- variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama-
tinais. relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação.
O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre-
senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da
o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa Educação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhado-
a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical res da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de en-
ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida. fermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da criança e do
A observação do abdômen do bebê permite também a avalia- adolescente / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Traba-
ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é lho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação
do tipo abdominal. na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde;
da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
movimentos.
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha-
do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular.
Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas-
sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com
frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até
vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo
de tratamento.
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos
testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande
está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con-
dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário
no momento da micção.
467
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
05 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
QUESTÕES RO-2018) São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO
a via
01 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO- (A) oral.
CP-2018) O que é vigilância? (B)subcutânea.
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou preve- (C)intraóssea.
nir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor- (D) endovenosa.
rentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e (E)intramuscular
da prestação de serviços de interesse da saúde.
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e 06 – (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita- RO-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o enfermeiro,
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra- nas relações com o ser humano, tem
vos advindos das condições de trabalho. (A) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promo-
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre- vendo a sua dependência física e psíquica e com o objetivo de
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, melhorar a sua qualidade de vida.
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro- (B) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, morais
vocam à saúde. e religiosas da pessoa, sem criar condições para que ela possa
(D) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de exercer, nessas áreas, os seus direitos.
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem (C) o direito de abster-se de juízos de valor sobre o comporta-
com a saúde. mento da pessoa assistida e lhe impor os seus próprios critérios
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, e valores no âmbito da consciência.
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de- (D) o dever de cuidar da pessoa com discriminação econômica,
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, social, política, étnica, ideológica ou religiosa.
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre- (E) o direito de recusar-se a executar atividades que não sejam
venção e controle das doenças ou agravo de sua competência técnica, cientifica, ética e legal ou que não
ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à co-
02- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- letividade.
RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande im-
portância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas para: 07- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
(A) HIV, Hepatite A e difiteria. RO-2018) O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxilia-
(B)HIV, Sífilis e Hepatite B. res, de nível médio, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-
(C) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A. -lhe
(D) HIV, Hepatite A e Tularemia. (A) prescrição da assistência de enfermagem.
(E) Hepatite A, tricomoníase e HIV. (B) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com
risco de vida.
03 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- (C)participação em bancas examinadoras, em matérias especí-
RO-2018) Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda a ficas de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo
política nacional de vacinação da população brasileira e tem como ou contratação de pessoal técnico e auxiliar de Enfermagem.
missão (D) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria
(A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até de Enfermagem.
2020. (E) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar
(B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu- por sua segurança.
nopreveníveis.
(C)vacinar crianças e adultos vulneráveis. 08 - CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - TÉCNICO
(D) o controle de doenças imunossupressoras. EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Ao orientar um paciente adulto so-
(E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco bre os cuidados com a dieta a ser administrada pela sonda nasoen-
controlável. teral no domicílio, o profissional de saúde deve orientar que
(A) antes de administrar a dieta, deverá aquecê-la em banho-
04- -(PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- -maria ou em micro-ondas.
RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala (B) após o preparo da dieta caseira, deverá guardá-la na gela-
de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol- deira e, 40 minutos antes do horário estabelecido para a admi-
vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é nistração, retirar somente a quantidade que for utilizar.
correto afirmar que (C) no caso de ter pulado um horário de administração da dieta,
(A) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e o volume do próximo horário deve ser aumentado em, pelo
demais medicações intramusculares. menos, 50%.
(B) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos (D) a dieta enteral industrializada deve ser guardada fora da
promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação. geladeira e, após aberta, tem validade de 72 horas.
(C) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a
realização das atividades.
(D) a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
(E) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis
468
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
09 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO 13 - (PREFEITURA DE MACAPÁ- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Dentre as medidas de controle de FCC- 2018) Foi prescrito pelo médico uma solução glicosada a 10%.
infecção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres intravas- Na solução glicosada, disponível na instituição, a concentração é de
culares encontra-se 5%. Ao iniciar o cálculo para a transformação do soro, o técnico de
(A) o uso de cateteres periféricos para infusão contínua de pro- enfermagem deve saber que, em 500 mL de Soro Glicosado a 5%, o
dutos vesicantes. total de glicose, em gramas, é de
(B) a higienização das mãos com preparação alcoólica (70 a (A)5.
90%), quando as mesmas estiverem visivelmente sujas. (B) 2,5.
(C) o uso de novo cateter periférico a cada tentativa de punção (C) 50.
no mesmo paciente. (D) 25.
(D) a utilização de agulha de aço acoplada ou não a um coletor, (E) 500
para coleta de amostra sanguínea e administração de medica-
mento em dose contínua. 14 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(E) o uso de luvas de procedimentos para tocar o sítio de inser- FCC-2018) Com relação à Sistematização da Assistência de Enfer-
ção do cateter intravascular após a aplicação do antisséptico. magem, considerando as atribuições de cada categoria profissional
de enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar
10 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO (A) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro.
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) A equipe de saúde, ao realizar o aco- (B) o exame físico.
lhimento com escuta qualificada a uma mulher apresentando quei- (C) a anotação de enfermagem.
xas de perda urinária, deve atentar-se para, dentre outros sinais (D) a consulta de enfermagem.
de alerta: (E) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com-
(A) amenorreia. plexidade.
(B)dismenorreia.
(C) mastalgia. 15- (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(D) prolapso uterino sintomático. FCC-2018) O profissional de enfermagem, para executar correta-
(E) ataxia. mente a técnica de administração de medicamento por via intra-
dérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a
11 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC- ser injetado. O volume máximo indicado a ser introduzido por esta
2018) As técnicas de higienização das mãos, para profissionais que via é, em mL, de
atuam em serviços de saúde, podem variar dependendo do obje- (A) 1,0.
tivo ao qual se destinam. Na técnica de higienização simples das (B) 5,0.
mãos, recomenda-se (C) 0,1.
(A) limpar sob as unhas de uma das mãos, friccionando o local (D) 1,5.
com auxílio das unhas da mão oposta, evitando-se limpá-las (E) 0,5.
com as cerdas da escova.
(B)) respeitar o tempo de duração do procedimento que varia 16 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
de 20 a 35 segundos. FCC-2018) Em um ambulatório, o técnico de enfermagem que auxi-
(C) executar o procedimento com antisséptico degermante du- lia o enfermeiro na gestão de materiais realizou a provisão de ma-
rante 30 segundos. teriais de consumo, que corresponde a
(D) utilizar papel toalha para secar as mãos, após a fricção an- (A) estabelecer a estimativa de material necessário para o fun-
tisséptica das mãos com preparações alcoólicas. cionamento da unidade.
(E) higienizar também os punhos utilizando movimento circu- (B) realizar o levantamento das necessidades de recursos, iden-
lar, ao esfregá-los com a palma da mão oposta. tificando a quantidade e a especificação.
(C)repor os materiais necessários para a realização das ativida-
12 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC- 2018) des da unidade.
Processo físico ou químico que destrói microrganismos patogênicos (D) atualizar a cota de material previsto para as necessidades
na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e dos fun- diárias da unidade.
gos, de objetos inanimados e superfícies. Essa é a definição de (E) sistematizar o mapeamento de consumo de material.
(A) desinfecção pós limpeza de alto nível.
(B) desinfecção de alto nível. 17 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(C) esterilização de baixo nível. FCC-2018) Na pessoa idosa com depressão, um dos sintomas/sinais
(D) barreira técnica. indicativo do chamado suicídio passivo é
(E) desinfecção de nível intermediário. (A) o distúrbio cognitivo intermitente.
(B) a recusa alimentar.
(C) o aparecimento de discinesia tardia.
(D) a adesão a tratamentos alternativos.
(E) a súbita hiperatividade.
469
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
18 - (TRT Região São Paulo- Técnico em enfermagem- FCC- 21 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
2018) Após o término de um pequeno procedimento cirúrgico, o FCC-2018) Um adulto de porte médio apresenta uma parada car-
técnico de enfermagem recolhe os materiais utilizados e separa diorrespiratória (PCR) durante o período de trabalho em um Tri-
aqueles que podem ser reprocessados daqueles que devem ser bunal, onde recebe o suporte básico de vida (SBV), conforme as
descartados, observando os princípios de biossegurança. A fim de recomendações da American Heart Association (AHA), 2015. Nessa
destinar corretamente cada um dos referidos materiais, o técnico situação, ao proceder à ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ma-
de enfermagem deve considerar como materiais a serem reproces- nual, recomenda-se aplicar compressões torácicas até uma profun-
sados aqueles destinados à didade de
(A) diérese, como tesoura de aço inox; e descarta na caixa de (A) 4,5 cm, no máximo, sendo esse limite de profundidade da
perfurocortante, materiais como agulhas com fio de sutura. compressão necessário, devido à recomendação de que se
(B) hemostasia, como pinça de campo tipo Backaus; e descarta deve comprimir com força para que a mesma seja eficaz.
no saco de lixo branco, materiais com sangue, como compres- (B) 5 cm, no mínimo, atentando para evitar apoiar-se sobre o
sas de gaze. tórax da vítima entre as compressões, a fim de permitir o retor-
(C) diérese como porta-agulhas; e descarta no lixo comum par- no total da parede do tórax a cada compressão.
te dos fios cirúrgicos absorvíveis utilizados, como o categute (C) 6,5 cm, no mínimo, a fim de estabelecer um fluxo sanguíneo
simples. adequado, sem provocar aumento da pressão intratorácica.
(D) síntese, como lâminas de bisturi; e descarta as agulhas na (D) 4 cm, no mínimo, objetivando que haja fluxo sanguíneo
caixa de perfurocortante, após terem sido devidamente desco- suficiente para fornecer oxigênio para o coração e cérebro.
nectadas das seringas. (E) 5 cm, ou menos, porque uma profundidade maior lesa a
(E)diérese, como cânula de uso único; e descarta no saco de estrutura torácica e cardíaca.
lixo branco luvas de látex utilizadas.
22 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
19 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- RO-2018) Paciente chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) com
FCC-2018) Na desinfecção da superfície de uma mesa de aço inox, história de lesões na pele, com alteração da sensibilidade térmica e
onde será colocado uma bandeja com um pacote de curativo esté- dolorosa. É provável que esse paciente tenha qual doença?
ril, o técnico de enfermagem, de acordo com as recomendações da (A) Síndrome de Mono like.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode optar pela (B) Tuberculose.
utilização dos seguintes produtos: (C) Hepatite A.
(A) álcool a 70% aplicado sem fricção, por ser esporicida, desde (D) Hanseníase.
que aguardado o tempo de evaporação recomendado, porém (E) Varicela.
tem a desvantagem de ser inflamável.
(B) ácido peracético a 0,2% por não ser corrosivo para metais, 23 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
tendo como desvantagem não ser efetivo na presença de ma- RO-2018) Paciente chega à UBS e, após a coleta de exames e anam-
téria orgânica. nese, observa-se uma cervicite mucopurulenta e o agente etiológi-
(C) hipoclorito de sódio a 1,0% por ser de amplo espectro, ter co encontrado no exame foi a Chlamydia trachomatis. O possível
baixo custo e ação lenta, apresentando a desvantagem de não diagnóstico médico para essa paciente é
ter efeito tuberculocida. (A) gonorreia.
(D) álcool a 70% por ser, dentre outros, fungicida e tuberculo- (B) sífilis.
cida, porém apresenta a desvantagem de não ser esporicida, (C) lúpus.
além de ser poluente ambiental. (D) difteria.
(E) hipoclorito de sódio a 0,02% por não ser corrosivo para (E) tularemia.
metais nesta concentração, ser fungicida de primeira escolha,
tendo a desvantagem da instabilidade do produto na presença 24 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
de luz solar. ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Sobre as doenças cardiovascu-
lares, analise as afirmativas abaixo:
20 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- I. A Aterosclerose é uma doença arterial complexa, na qual de-
FCC-2018) NO pós-operatório imediato de uma colaboradora que posição de colesterol, inflamação e formação de trombo desempe-
foi submetida a uma intervenção de colecistectomia, e já se encon- nham papéis importantes.
tra com respiração espontânea e sem sonda vesical, a assistência II. A Angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia
prestada pelo técnico de enfermagem inclui verificar e comunicar miocárdica; é desencadeada pela atividade física e aliviada pelo re-
ao enfermeiro sinais e sintomas associados a seguinte alteração: pouso.
(A) complicações do sistema digestório: náuseas e vômitos de- III. O Infarto Agudo do Miocárdio é avaliado, apenas, por méto-
corrente da administração de antieméticos. dos clínicos e eletrocardiográficos.
(B) hipertermia: coloração da pele, sudorese, elevação da tem-
peratura, bradipneia e bradicardia. Está(ão) CORRETA(S)
(C) retenção urinária: dificuldade do paciente para urinar, (A)I e II, apenas.
abaulamento em região suprapúbica e diurese profusa. (B) I e III, apenas.
(D) complicações respiratórias: acúmulo de secreções, ocasio- (C) II e III, apenas.
nado pela maior expansibilidade pulmonar devido à dor, exa- (D) I, II e III.
cerbação da tosse e eliminação de secreções. (E) III, apenas
(E) hipotermia: confusão, apatia, coordenação prejudicada,
mudança na coloração da pele e tremores.
470
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
25 - (PREF. PAULISTA/PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE 28 - São vias parenterais utilizada para a administração de me-
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) O paciente cirúrgico recebe as- dicamentos e imunobiológicos, EXCETO:
sistência de enfermagem nos períodos pré, trans e pós-operatório. (A)Sublingual.
Sobre o período pré-operatório e pós-operatório, analise as afirma- (B) Intramuscular.
tivas abaixo: (C) Intradérmica.
I. O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instru- (D) Subcutânea.
mentos de observação e avaliação das necessidades individuais,
objetiva identificar alterações físicas e emocionais do paciente, pois 29 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
estas podem interferir nas condições para o ato cirúrgico, compro- CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Analise as
metendo o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua sus- afirmativas abaixo sobre o Aleitamento materno
pensão. I. O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses
II. São fatores físicos que podem diminuir o risco operatório de vida. Isso significa que, até completar essa idade, o bebê deve
tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hiperten- receber somente o leite materno, não deve ser oferecida qualquer
são arterial. outro tipo de comida ou bebida, nem mesmo água ou chá.
III. No pós-operatório, os objetivos do atendimento ao pacien- II. O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para
te são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos proce- o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena,
dimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, náuseas, vômitos, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de
retenção urinária, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio. outras espécies.
IV. No pós-operatório, aos pacientes submetidos à anestesia III. O leite do início da mamada é mais rico em energia (calo-
geral recomenda-se o decúbito ventral horizontal sem travesseiro, rias) e sacia melhor a criança.
com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito.
O número de afirmativas INCORRETAS corresponde a:
Estão CORRETAS (A) Zero.
(A)I e II, apenas. (B) Uma.
(B) I e III, apenas (C) Duas.
(C) II e III, apenas (D) Três.
(D) I, II, III e IV.
(E) I e IV, apenas 30 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018) No Brasil,
26 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE o Programa Nacional de Imunização (PNI) se destaca por ser um dos
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Prescrever e administrar um melhores programas de imunização do mundo, atuando na preven-
medicamento não são um ato simples, pois exigem responsabilida- ção e na erradicação de várias doenças. São doenças que podem
de, conhecimentos em geral e, principalmente, os cuidados ineren- ser prevenidas através da vacinação, EXCETO:
tes à enfermagem. Sobre isso, analise as afirmações abaixo: (A) Hanseníase.
I. Na administração por via sublingual, é importante oferecer (B) Rubéola.
água ao paciente, para facilitar a absorção do medicamento. (C) Tuberculose.
II. A vantagem da via parenteral consiste na absorção e ação (D) Coqueluche.
rápida do medicamento, e o medicamento não sofre ação do suco
gástrico.
GABARITO
III. A via intradérmica é considerada uma via diagnóstica, pois
se presta aos testes diagnósticos e testes alérgicos.
IV. Hipodermóclise é uma infusão de fluidos no tecido subcutâ- 1 E
neo para a correção de distúrbio hidroeletrolítico.
2 B
Somente está CORRETO o que se afirma em 3 B
(A) I e II. 4 D
(B) I, II e III
(C) II, III e IV 5 C
(D) I e IV.. 6 E
(E) I e III 7 E
27 - PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI- 8 B
CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Assinale a 9 C
alternativa que apresenta apenas artigos médic o hospitalares clas-
10 D
sificados como não-críticos:
(A) Espéculo nasal e bisturi. 11 E
(B) Termômetro e cubas. 12 E
(C) Ambu e mamadeiras.
(D) Inaladores e tecido para procedimento cirúrgico. 13 D
14 E
15 E
471
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
16 C ______________________________________________________
17 B ______________________________________________________
18 A ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 E
21 B ______________________________________________________
22 C ______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 A
______________________________________________________
25 B
26 C ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 A
______________________________________________________
29 B
30 A ______________________________________________________
______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________
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______________________________________________________
______________________________________________________
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