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De repente, mielite: Uma nova vida
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De repente, mielite: Uma nova vida
E-book127 páginas1 hora

De repente, mielite: Uma nova vida

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Sobre este e-book

Aos 31 anos, a vida de Carla Massa virou de ponta-cabeça e, em um curto período de tempo, precisou aprender a conviver com uma doença rara, sem cura. Até obter o diagnóstico correto e começar um tratamento mais eficaz, foi necessário percorrer um longo caminho.

Percebendo a importância de divulgar informações sobre a doença mielite, Carla decidiu então escrever este livro. Por meio de relatos sinceros sobre as inúmeras terapias pelas quais passou, suas experiências, seus medos, sua luta e suas vitórias, revela um pouco mais sobre a importância de cuidarmos de nossa saúde e aproveitarmos todos os dias como se fossem o último.

Uma história de vida corajosa e inspiradora de uma mulher, filha e mãe, que enfrenta todos os dias um inimigo invisível, mas que não desistiu de seus sonhos.

Carla Massa é formada em Marketing na Universidade Anhembi Morumbi, cursando pós-graduação em Psicopedagogia e Neurociências na Universidade UNIP.

Vive na Cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo. De Repente, Mielite é seu primeiro livro, no qual conta sua história de luta contra uma doença rara.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de set. de 2020
ISBN9786550440718
De repente, mielite: Uma nova vida

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    De repente, mielite - Carla Massa

    CAPÍTULO 1

    O ALICERCE

    Um ano antes da mielite, sendo arrumada para meu casamento, 2009.

    Em minha família, somos três filhas (sim, todas mulheres!), além da minha mãe, Anita, e do meu pai, Luis Carlos. Nasci em 1983. Sou o recheio do sanduíche: a Sabrina é minha irmã mais velha (temos um ano e oito meses de diferença) e a Angelique é a caçula, nascida em 1986.

    Sempre moramos no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Posso dizer que tivemos uma ótima infância. Meus pais eram bem-sucedidos financeiramente, então estudávamos em colégio particular, morávamos em um apartamento de luxo, íamos muito à nossa casa da praia. Puxa, como aproveitamos!

    Houve uma época em que meus pais montaram um bar no centrinho de Mongaguá que se chamava Molha-Bico Bar. Era um sucesso! Trabalhávamos toda temporada, chegamos a morar lá uns seis meses. Eu era uma perfeita caiçara, andava descalça (isso amo até hoje), tinha até uma pranchinha de surf. Sabrina e eu fazíamos colares com conchas para vender na praia, e era muito bom! Fomos desde cedo aprendendo a nos virar. Tínhamos também um trailer de camping, e íamos para Itu, no inteiror de São Paulo. São muito boas as lembranças que tenho de nossa infância. Sempre todos juntos! Meu pai no churrasco, minha mãe no controle da casa e cuidando de nós.

    Quando eu tinha uns 15 anos, meu pai passou por problemas financeiros, e eu e a Angé tivemos que deixar o colégio particular e ir para uma escola estadual. Como a Sabrina estava no último ano, acabou não sendo transferida.

    Por vir de uma escola particular, não fui bem recebida pela turma de meninas da escola pública. Eu era mais amiga dos meninos.

    Havia uma menina grande que era a chefe da turma: o que ela falava, as outras faziam! Soube que ela dizia que ia pegar a patricinha (no caso, eu), e eu morria de medo. Elas batiam mesmo umas nas outras; havia uma regra e, na hora da saída da escola, sempre tinha alguma confusão. Justamente por isso, eu nunca ia embora pelo portão principal: pulava o muro e saía por trás.

    Aliás, preciso falar do meu avô paterno: Paulino Massa foi sem dúvida o melhor avô do mundo! Palmeirense roxo, morava próximo da escola e sabia que eu pulava o muro. Me esperava na esquina todos os dias! Ele era demais… Infelizmente, faleceu em 2015, aos 93 anos.

    Minha avó, também por parte de pai, dona Lourdes (carinhosamente chamada de Noninha), e meu avô sempre foram muito presentes em minha vida; ela faleceu um ano depois dele. Sinto muita saudade deles… Ela, com a melhor macarronada do mundo aos domingos, e ele, com sua alegria e suas brincadeiras habituais. Havia a presença também do meu tio Nicola (conhecido como Nino), o irmão mais velho do meu pai. Ele sempre morou junto dos meus avós até o fim da vida deles. Minha avó perdeu o filho do meio, Paulo Massa, em um acidente de carro quando ele tinha 25 anos, e eles sofreram muito nessa época… foi um choque para a família. Eu gostaria muito de tê-lo conhecido, mas apenas ouvi falar que ele era inteligente, trabalhador e amável.

    A vida inteira, moramos muito próximos, então nosso convívio era intenso. Eles, sempre muito humildes, também moravam no Ipiranga, em uma casa térrea em uma vila. Era um imóvel de um quarto, sala e cozinha. Eles nunca tiveram muito dinheiro. Meu avô sempre dizia que ter dinheiro era um problema, e acho que ele tinha razão! As coisas mais simples são as mais bonitas.

    Voltando à escola pública, concluí que não podia ficar com medo das meninas da escola para sempre. Como meus pais não podiam mais arcar com as despesas da escola particular, saí em busca de algum trabalho.

    Havia um shopping mais próximo de casa, e eu ficava atenta às placas das lojas que precisavam de vendedoras. Certo dia, conversei com a gerente de uma dessas lojas, mas era preciso ter pelo menos 18 anos para ser contratada, e eu estava prestes a fazer 16!

    Resolvi entrar em uma das lojas de que eu mais gostava na época. Vendia roupas jovens com estilo praiano, e eu, que sempre amei a praia, pensei ser o lugar ideal para trabalhar. Mesmo sem placa de vagas na porta, entrei e, na maior cara de pau, fui falar com a gerente.

    Ela perguntou minha idade e ficou curiosa sobre por que uma menina tão nova precisaria de um emprego. Com toda a humildade e sinceridade, contei que precisava pagar uma escola para estudar, uma onde não sofresse bullying.

    Com um sorriso que eu jamais esquecerei, ouvi:

    — Você pode começar amanhã?

    Como se pode imaginar, respondi em alto e bom som que SIIIIIM! Nós nos abraçamos, e ela me explicou que normalmente contratavam adolescentes a partir dos 16 anos, mas que ia me dar essa chance, pois dentro do período de três meses de experiência eu completaria a idade necessária para ser efetivada.

    A felicidade do primeiro emprego a gente nunca esquece! E acho que nossos pais também não. Com a dificuldade financeira, minha mãe também buscou emprego para ajudar em casa e foi contratada como gerente de uma loja esotérica (a cara dela). Como sempre gostou de pedras, e eu também, ela fazia feng shui.

    Eu trabalhava no shopping das 10 às 16 horas e ia para a nova escola à noite. Era uma escola particular técnica, mas com um preço acessível, o qual eu conseguia pagar. Era bem corrido para mim, mas amava essa época.

    Foi uma ótima fase em minha vida. Tinha um emprego, frequentava uma escola nova e tive meu primeiro amor, o Flávio! Nós nos conhecemos na loja, onde ele também trabalhava. Nosso namoro durou três anos e meio. Sofri muito com o término, mas éramos jovens e acabei me recuperando logo.

    Como eu trabalhava e estudava, muitas vezes ficava cansada e não tinha vontade de sair, mas minhas amigas me raptavam... é como eu brincava com elas, pois diziam que me dariam carona para

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