Farinha de Banana Madura - Processo de Produção e Aplicações
Farinha de Banana Madura - Processo de Produção e Aplicações
Farinha de Banana Madura - Processo de Produção e Aplicações
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2010
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2010
Catalogao na Fonte:
Rogrio Pinto de Paula CRB 1654 5 Reg.
Diretor da Biblioteca Regina Clia Ferreira Silva BIRCEFS
UESB Campus de Itapetinga-BA
Presidente do Conselho de Bibliotecas da UESB
ndice Sistemtico para Desdobramentos por Assunto:
1. Engenharia de Processos de Alimentos Farinha de Banana;
2. Farinha de Banana Anlise Sensorial Produo e Aplicao.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
JNIOR, N. M. V. Ripe Banana Flour - Production Process and Applications. Itapetinga BA: UESB, 2010. 57p. (Dissertao Mestrado em Engenharia de Alimentos Engenharia
de Alimentos de Processo)*
This study aimed to establish a process for the production of banana flour and mature sensory
test its acceptability. Curves were made conductive and convective drying and physicochemical pulp and flour. The physico-chemical, pulp and ripe banana flour were determined
for the moisture content (% b.u), Total Soluble Solids (TSS), Titratable Acidity and pH,
characteristics such as water activity, density and angle of repose were only made for flour.
Convective drying was carried out in a tray drier at temperatures of 55 C and 80 C with
drying air velocity of 0.7 m / s, in which samples dried at 55 C were part of the processes A
and B and the samples dried at 80 C were part of the processes C and D being chosen by the
process of extraction of flour. The treatment means (processes A and C) did not differ
statistically at 5% probability and were selected to yield higher percentages of flour, about
67%. However the process A should be indicated by using convective drying at 55 C, with
fewer changes to the product. The banana samples with moisture content above 3% and 28
C, have not changed related to the glassy state (hard) which would enable easy grinding and
sieving, however, the samples with 2.4%, 2.2% and 1, 8% moisture, become hard and brittle
at 28 C, enabling greater efficiency in higher yield milling and sieving. Sensory analysis
were made of ripe banana flour in the process of two products, drink milk and cereal bars,
using emotional test of acceptability on a hedonic scale of five and nine points respectively. In
the sensory evaluation of milk drink, the same was approved by over 66% for the attributes of
acceptability and purchase intent. The cereal bars made with flour ripe banana (B) showed
greater acceptance in relation to the cereal bars of brand and the same was not significantly
different for samples of brand C
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
NOMECLATURAS
Ue umidade de equilbrio
Ui umidade inicial em base mida
Uf umidade final em base mida
Pi peso inicial em Kg
Pf peso final em Kg
ppm concentrao em partes por milho
Mesh nmero de aberturas por polegada linear
m micrmetro
Brix slidos solveis totais
rpm rotaes por minuto
h tempo em horas
min tempo em minutos
g massa em gramas
t massa em toneladas
ml volume em mililitros
SUMRIO
1 INTRODUO ..................................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 16
2.2 Objetivos especficos ...................................................................................................... 16
3 REFERENCIAL TERICO ................................................................................................. 17
3.1 Banana, mercado e produo .......................................................................................... 17
3.2 Composio qumica e algumas propriedades termofsicas da polpa de banana ........... 18
3.3 Escurecimento e tratamentos antioxidante da polpa de banana ..................................... 20
3.4 Produtos desidratados de banana .................................................................................... 22
3.4.1 Farinhas de banana .................................................................................................. 23
3.4.2 Banana seca ou banana passa .................................................................................. 25
3.4.3. Flocos de banana .................................................................................................... 28
3.4.4 P de banana ............................................................................................................ 30
3.5 A transio vtrea em alimentos ..................................................................................... 31
3.6 Princpios de Secagem .................................................................................................... 35
4 MATERIAL E MTODOS ................................................................................................... 38
4.1 Matria-prima ................................................................................................................. 38
4.2 Caracterizao fsico-qumica da banana prata madura e de sua farinha ....................... 38
4.2.1 Teor de umidade ...................................................................................................... 38
4.2.2 Slidos Solveis Totais (SST) (Brix) ..................................................................... 38
4.2.3 Acidez Total Titulvel (ATT).................................................................................. 39
4.2.4 pH ............................................................................................................................ 39
4.2.5 Atividade de gua (Aw) ........................................................................................... 39
4.2.6 Densidade aparente .................................................................................................. 39
4.2.7 ngulo de repouso ................................................................................................... 39
4.3 Processamento ................................................................................................................ 40
1 INTRODUO
A banana (Musa spp.) uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo produzida
na maioria dos pases tropicais, segundo a Organizao das Naes Unidas para a Agricultura
e Alimentao (FAO), a ndia o maior produtor mundial, enquanto que o Brasil ocupa o
segundo lugar, com cerca de 9% do que produzido mundialmente. A bananicultura ocorre
em todos os estados brasileiros e prtica comum entre os agricultores familiares. Em 2005, o
pas produziu 6.703.400 t de banana, 1,8% a mais que em 2004.
O Estado da Bahia um dos maiores produtores de banana do Brasil, com mais de
1.000.000 t/ano (IBGE, 2007), alm de ser zona livre da Cigatoka-negra, uma das mais
importantes doenas da cultura da banana, segundo informaes da Secretaria da Agricultura,
Irrigao e Reforma Agrria (SEAGRI). Assim, a cadeia produtiva da banana na Bahia est
cada vez mais competitiva e tem boas perspectivas de expandir seu mercado consumidor
dentro e fora do Brasil (MATSUURA e FOLEGATI, 2001).
A maior parte da banana produzida no Brasil comercializada na forma in natura,
conforme a preferncia do consumidor, mas o fruto apresenta vida til pequena e por isso
grande parte processada na forma de doces, onde existe grande concorrncia no mercado.
Para o mercado, a farinha de banana madura, seria um produto novo, com praticidade de uso,
maior tempo de conservao das caractersticas sensoriais (cor, aroma, sabor, textura). Tal
produto seria ideal para as indstrias de alimentos, restaurantes e lanchonetes que a utilizaria
na formulao de produtos como misturas prontas para bolos, sorvetes, iogurtes, sucos,
vitaminas dentre outras opes (LIMA, 2000; MEDINA e colaboradores, 1985;
MATSUURA e FOLEGATI, 2001).
O problema que no existe uma tecnologia bem definida de como processar a banana
madura ou qualquer outra fruta madura com a finalidade de produzir farinha. Alguns poucos
autores como Medina e colaboradores (1985) e Neto colaboradores (1998) sugerem
processos, mas no descrevem o controle necessrio que devem ter cada etapa. Basta dizer
que no se encontra dados da qualidade sensorial dos supostos produtos desses processos ou
se esto disponveis no mercado. Desta forma, com base no exposto, este trabalho teve como
objetivo estabelecer um processo para a produo de farinha de banana madura, determinando
parmetros de controle das etapas de fabricao e avaliar sensorialmente a aceitao do
mesmo.
15
2 OBJETIVOS
16
3 REFERENCIAL TERICO
(IBGE, 2007), Bom Jesus da Lapa obteve uma produo de 138.000 t, podendo ser
considerado o segundo municpio em produtividade do pas se comparado com a pesquisa do
IBGE de 2005, ainda na Bahia os municpios de Ibirapitanga e Teolndia assumem o terceiro
e quarto lugares em produo.
Profundas transformaes bioqumicas podem ser verificadas aps sua colheita por se
tratar de um fruto climatrio, onde o fenmeno metablico de maior importncia a
respirao (ROCHA, 1984). A converso do amido em acares simples uma das mudanas
mais notveis no amadurecimento da banana. Esse transformado, predominantemente, em
acares redutores, glicose e frutose (8 a 10%) e sacarose (10 a 20%) (CHITARRA, 2000).
As transformaes qumicas da Banana Prata (Musa sapientum) durante sua maturao,
mostrada na Tabela 2 de acordo com Fernandes e colaboradores. (1979).
18
As cores dos frutos, como por exemplo, nas bananas, esto diretamente associadas
com seu estgio de maturao. Dessa forma, a transio da colorao da casca de verde para o
amarelo utilizada como um guia que possibilita estimar este amadurecimento. Haendler
(1964) realizou um experimento no qual relacionava a porcentagem de amido e acar
presentes na polpa de banana, atravs da visualizao da colorao de sua casca (Tabela 3).
Tabela 3. Escala de maturao da banana relacionada com teores de amido e acar.
Valor
1,01 0,96
Densidade (g/cm3)
o
0,481 27oC
3,346 3684
1,756 1,905
250,16 251,20
Ponto de congelamento ( C)
1,42 65oC
0,85 2,27
-2,2
4,5 5,6
pH
Fonte: Adaptado de LIMA, NEBRA e QUEIROZ, 2000
banana seca, que deve ser inferior a 100 ppm (JAIGOBIND, AMARAL e JAISINGH, 2007).
De acordo com Medina e colaboradores. (1985);
Jaisingh (2007), a operao consiste em submeter as fatias ao do SO2, por via seca,
queimando o enxofre slido em quantidade de 250 g, por 100 kg de banana, o tempo de
exposio deve ser no mximo de 7 min. Este procedimento deve ser realizado em cmaras
especiais, pois o dixido de enxofre estar no estado gasoso, portanto, as cmaras podem ser
de alvenaria ou de madeira e devem proporcionar condies hermticas de operao, elas
tero que estar localizadas em lugar bem arejado e longe do local onde so realizados os
outros processos, pois o SO2 corrosivo e altamente txico.
A sulfitao consiste em imergir as fatias de banana em uma soluo de metabissulfito
ou bissulfito de sdio em concentrao de 500 ppm por 5 minutos, esta combinao de tempo
e concentrao da soluo com o produto, evita teores residuais livres maiores que 100 ppm
depois do processamento (MELONI, 2003; COLLARES, ROSALINO e TANAKA, 2005).
MEDINA e colaboradores (1985), sugerem a imerso das fatias em soluo de bissulfito ou
metabissulfito de sdio na concentrao de 4.000 a 5.000 ppm, sendo preciso verificar o teor
residual do produto nas fatias processadas para que no exceda 200 ppm. Segundo a Agencia
Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), o limite mximo adicionado de metabissulfito de
sdio como conservante na polpa de rbano, de 0,05g/100g ou 500ppm no produto pronto
para consumo e na batata descascada cozida, o limite mximo de 0,01g/100g ou 100ppm
(expresso em SO2 residual).
Os tratamentos utilizando o cido ascrbico, o cido ctrico ou combinados, tambm
so muito empregados para evitarem reaes de escurecimento e outras reaes oxidativas em
frutas e hotalias. O cido ascrbico pode aumentar o teor de vitamina C e o cido ctrico
alm de ser um bom antioxidante, um agente quelante, e usado em combinao com o
cido ascrbico para se obter melhores resultados (PRSTAMO e MANZANO, 1993;
WILEY, 1994). Uma pesquisa realizada por MOTA (2005), sobre a qualidade da banana
passa, utilizou uma soluo de 4% de cido ctrico e 1% de cido ascrbico no qual o
resultado mostrou que no tempo mnimo de 5 min. suficiente para impedir o escurecimento
dos frutos, resultando em um produto final de colorao clara e homognea. MELONI (2003)
comenta que o tratamento com cido ascrbico tem sido empregado com sucesso para
prevenir o escurecimento de frutas e alternativa que tem se mostrado eficiente a imerso das
frutas numa soluo com 0,3% de cido ascrbico e 0,2% de cido ctrico, por 5 minutos.
21
Figura 2. Estudo da ao dos antioxidantes, cido ascrbico (AA),cido ctrico (AC), cido oxlico
(AO), cistena (CIS), bissulfito de sdio (BIS), na preveno do escurecimento nos tecidos de
banana.
Fonte: LUPETTI e colaboradores, 2005
23
nanico. Seu valor energtico pode ser comparado ao das tmaras (316cal/100g) e ao dos
figos (300cal/100g), sendo que 125g de banana seca, por dia, bastariam para cobrir um quarto
das necessidades alimentcias de um menino de dez anos, em valor energtico, glcides,
magnsio, protenas de origem vegetal, potssio, ferro e magnsio, alm de aproximadamente,
um oitavo das necessidades em fsforo, cloro, zinco e vitamina C (MEDINA e
colaboradores, 1985; AGUIRRE e GASPARINO, 2002).
Uma maturao adequada e uniforme somente atingida por meio da utilizao de
cmaras especiais, onde se efetua o controle da temperatura, umidade relativa e de uma
ventilao peridica. Geralmente, a acelerao do processo de maturao nessas cmaras
efetuada com o emprego do gs acetileno em propores adequadas. O estagio de maturao
mais indicado ao processamento da banana passa, est situado ao nvel 7 da escala de
Handler, (1964) (Tabela 3), onde a fruta se apresenta amarela com pequenas manchas pardas,
neste ponto ela possui um mnimo de amido e um mximo de acares, sem, porm,
apresentar manchas translcidas e pardas na polpa, como o caso de estgios correspondente
ao nvel 8, que proporciona ao produto seco um aspecto manchado e pouco atrativo
(MEDINA e colaboradores, 1985; HAENDLER, 1964).
A banana passa ofertada no mercado brasileiro tem sabor agradvel, porm grande
parte possui cor escura devido ao de enzimas (peroxidase, fenolase, catalase, oxidases do
cido ascrbico), alm da invertase, que transforma a sacarose em acares redutores, esta
enzima possui grande atividade quando a polpa desintegrada e deixada em repouso por
muito tempo, antes de receber o tratamento trmico . Uma alternativa para melhorar a
aparncia do produto o uso combinado de mecanismos que evitem o escurecimento e
realcem a sua cor, como cidos orgnicos e acares (ARAJO, 1985).
A polpa, uma vez preparada, deve ser imediatamente submetida secagem. A
secagem mais comumente utilizada pela indstria por meio do ar quente, em secadores do
tipo tnel, que podem ser de modelos diversos, adaptados a cada caso particular. As
condies de secagem ideais, tendo em conta os fatores qualidade, cor do produto, velocidade
de secagem e condies atmosfricas ambientais, so temperatura de cerca de 70C e
velocidade tangencial do ar em torno de 3m/s. O tempo de secagem de aproximadamente 12
a 16 horas, quando a umidade relativa exterior se situa entre 70 a 90%, entretanto, ela
conduzida at um ponto em que a umidade do produto atinja cerca de 20-25%. O controle do
ponto final de secagem pode ser feito de maneira prtica pela observao da cor, consistncia
e perda de peso do produto final.
26
27
produto tem sido utilizado como matria-prima para outras indstrias de alimentos, na
confeco de bolos, sorvetes, cremes instantneos e, principalmente, na formulao de
alimentos infantis (MEDEIROS e colaboradores, 2001).
Para a elaborao dos flocos de banana, maturao dever ser uniforme para todo o
lote a ser desidratado e estar no estgio 7 da escala de Handler (1964) mostrado na Tabela 3,
em que os frutos se apresentam com teor mximo de acares, sem se mostrarem danificados
inteiramente. A obteno de lotes de banana uniformes e no estgio adequado de maturao
dever ser efetuada mediante o amadurecimento artificial das frutas em cmaras especiais,
com gs acetileno e sob condies controladas de temperatura, umidade relativa e ventilao
(MEDINA e colaboradores, 1985).
As frutas uma vez adequadamente amadurecidas, so descascadas e imediatamente
imersas em soluo antioxidante. A operao seguinte, e imediata, ser o tratamento trmico
da polpa desintegrada que pode ser atravs de um sistema contnuo em parafuso trmico
(thermascrew), durante tempo suficiente para inativar as enzimas e em seguida, resfriada em
trocador de calor. Outro mtodo de preparo da polpa, antes da secagem, atravs do
tratamento trmico das bananas ainda com casca, por meio de vapor, sendo logo em seguida
resfriada, temperatura ambiente com gua, descascada e desintegrada com adio de um
elemento antioxidante (MEDINA e colaboradores, 1985).
Para a secagem do pur de banana madura, em secador de duplo cilindro rotativo, foi
verificado que h necessidade de coadjuvantes de secagem em pequenas percentagens, como
amido, e de um elemento emulsificante, devido a termoplasticidade do pur quando aquecido.
Neste tipo de secador, o pur preparado aplicado atravs de bicos injetores na zona superior
de encontro entre os dois cilindros, de modo a ser obtida uma camada constante de produto de
espessura adequada. Desse modo, forma-se na superfcie dos cilindros uma pelcula de
produto que desidratado pela ao do calor desprendido pelo cilindro, que com o
movimento giratrio conduz o produto seco ao alcance de uma faca raspadora, que o
desprende para a zona coletora. A Figura 5 mostra o fluxograma do processamento 100 Kg de
banana para a produo de flocos (MEDINA e colaboradores, 1985; MEDEIROS e
colaboradores, 2001).
A embalagem dos flocos deve ser feita o mais rpido possvel e sob condies de
umidade relativa controlada (no superior a 30%), em virtude de se tratar de um produto
extremamente higroscpico, ou seja, ela deve ser impermevel ao vapor de gua e oxignio,
isso evita que suas caractersticas de sabor e aroma sejam prejudicados. Com uma embalagem
29
adequada, o produto pode chegar at 12 meses, pode ainda ser feito acondicionamento sob
condies de atmosfera modificada como, por exemplo, a utilizao do gs nitrognio. De
qualquer forma, ficou evidente a necessidade do emprego de embalagens dispendiosas. Testes
de compressibilidade do produto demonstraram a possibilidade de reduo de cerca de 20%
do volume e, consequentemente, do custo da embalagem (MEDINA e colaboradores, 1985).
3.4.4 P de banana
dos domnios de contedo de umidade e temperatura, onde um produto pode exibir uma
textura crocante e dura ou uma textura mole, gomosa e viscosa. Alm disso, o conhecimento
das variaes de propriedades mecnicas e de transporte na faixa de transio vtrea pode
contribuir para um melhor controle de algumas operaes de processamento de alimentos, tais
como secagem, congelamento, liofilizao, extruso e floculao (CHAMPION e
colaboradores, 2000).
Segundo Champion e colaboradores (2000), muitas transformaes fsicas em
produtos alimentcios a baixos contedos de gua ou no estado congelado podem ser preditas
pelo conceito de transio vtrea que esclarece o efeito do contedo de gua e temperatura na
sua estabilidade. Entretanto, vrias reaes fsicas e qumicas podem ainda ocorrer no estado
vtreo, sugerindo que a Tg no pode ser considerada um limiar absoluto de temperatura para a
estabilidade. Seu estudo, entretanto, auxiliar no desenvolvimento de novos produtos
alimentcios, levar ao melhor controle de qualidade e utilizao dos ingredientes nos
alimentos.
- Mudanas fsicas em alimentos relacionadas transio vtrea:
Tg (C)
5 a 13
21 a 35
43 a 95
52 a 70
150 a 250
39,3
- 135
amorfas, quando sujeitos a processos nos quais a temperatura rapidamente reduzida abaixo
do ponto de fuso desses componentes ou, ento, a gua removida por evaporao ou por
formao de gelo. Os produtos alimentcios em p, que contm carboidratos amorfos, podem
passar por mudanas fsicas, tais como: cristalizao, pegajosidade e compactao durante o
processamento, manipulao e estocagem. Estas mudanas fsicas em materiais desidratados
esto diretamente relacionadas temperatura de transio vtrea (WHITE e CAKEBREAD,
1966; LEVINE e SLADE, 1986; ROOS e KAREL, 1991).
Problemas relacionados ao fenmeno do colapso onde esto envolvidos a
pegajosidade, a cristalizao e a compactao de produtos principalmente na forma de p,
podem levar a baixos rendimentos, alm de problemas operacionais e dificuldade de
manipulao. Em secadores por atomizao, este fenmeno muito desastroso, pois as
partculas que foram insuficientemente secas podem colidir-se formando aglomeraes ou
aderir s paredes do secador tornando difcil sua remoo e higienizao (TSOUROUFLIS e
colaboradores, 1976). Os problemas com a pegajosidade de ps durante o processamento
foram observados durante a secagem por atomizao da polpa de tomate (LAZAR e
colaboradores, 1956) e do suco concentrado de laranja (BRENNAN e colaboradores, 1971).
Estas pesquisas mostraram que a pegajosidade consequncia do aumento nas condies de
temperatura e umidade relativa. Em temperaturas acima de Tg e com o teor de umidade alta, o
produto desidratado poder passar do estado vtreo para o estado gomoso ou borrachudo com
uma viscosidade menor e consequentemente provocando a pegajosidade (Figura 6)
(TSOUROUFLIS e colaboradores, 1976).
Figura 6. Temperatura de transio vtrea (Tg) e ponto de pegajosidade de uma mistura amorfa de
sacarose e frutose (7:1) mostrando a relao entre Tg e a pegajosidade.
Fonte: ROOS e KAREL, 1991
33
Figura 7. Temperaturas de transio vtrea (Tg), do ponto de pegajosidade e de colapso como uma
funo do contedo de umidade para a maltodextrina DE 10 (taxa de aquecimento de 10 oC / min).
Fonte: CHUY e LABUZA, 1994
A desidratao dos alimentos segundo Meloni (2003) podem ocorrer, por processos
baseados na vaporizao, sublimao, remoo de gua por solventes ou na adio de agentes
osmticos. O princpio bsico de secagem, quando se utiliza o ar como sorvedor, est no
potencial de secagem do ar ambiente aquecido que forado entre a massa do produto
servindo a duas finalidades:
Conduzir calor para o produto: a presso de vapor da gua do alimento aumentada
pelo aquecimento do produto, facilitando, assim, a sada de umidade. Parte do calor do
ar de secagem proporciona um aumento da temperatura do produto (calor sensvel) e
parte fornece o calor necessrio para a vaporizao da gua contida no produto (calor
latente).
Absorver umidade do produto: aumentando-se a temperatura do ar ambiente a sua
umidade relativa diminui e, conseqentemente, sua capacidade de absorver umidade
aumenta.
37
4 MATERIAL E MTODOS
4.1 Matria-prima
38
A acidez das amostras de polpa e farinha de banana madura diluda em 100 ml de gua
destilada, foram determinadas atravs da titulao do filtrado com NaOH 0,0919 Mol/L,
utilizando-se soluo alcolica de fenolftalena 1% como indicador, os resultados expressos
em % de cido mlico/100g de polpa (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).
4.2.4 pH
A atividade de gua foi determinada utilizando um aparelho da marca AqualabDecagon Devices Inc., Modelo CX-2 (Washington/USA), onde uma pequena quantidade de
amostra foi submetida anlise.
4.2.6 Densidade aparente
A densidade aparente foi medida com relao entre a massa da amostra (g) dividido
pelo volume (cm3) ocupados pelas partculas a temperatura 25C (INSTITUTO ADOLFO
LUTZ ,1985).
Para determinar o ngulo de repouso foi utilizada uma plataforma cilndrica circular de
dimetro conhecido contendo, em seu centro, uma haste graduada onde o produto foi
depositado. Em seguida, foi medida a altura do talude formado pelo produto e a plataforma.
De posse destas informaes, foi calculado o ngulo de repouso conforme Astolfi-Filho e
colaboradores (2005).
39
4.3 Processamento
O processamento foi composto principalmente pelas etapas de lavagem, descasque,
corte, tratamento antioxidante, secagem, triturao, peneiragem e acondicionamento. As
seqncias dessas etapas variaram conforme mostrado na Figura 9, onde foi selecionado o
processo de maior rendimento na extrao de farinha.
40
4.3.1 Lavagem
A secagem foi realizada em duas etapas com o objetivo de tornar o processo mais
eficiente. A primeira etapa envolveu secagem convectiva, em secador de bandejas com
velocidade do ar de 0,7 m/s. Foram testadas duas temperaturas de secagem, 55C (processos
A, B) e 80C (processos C, D) (Figura 9), a fim de se avaliar o efeito da temperatura no tempo
de secagem. Nesta etapa as bandejas com as amostras foram pesadas periodicamente at
atingirem a umidade de equilbrio com o ar de secagem para a confeco das curvas de
secagem. A segunda etapa envolveu a condio em que h pouca umidade e elevada
dificuldade de desidratao e, por isso, foi realizada em estufa em que a transferncia de calor
ocorre predominantemente por conduo, ela foi realizada temperatura de 85C para todos
41
(1)
onde:
Pi = Peso (kg) inicial das amostras na bandeja;
Ui = umidade inicial das amostras;
Uf = umidade final das amostras em determinado tempo;
Pf = peso (kg) final das amostras em determinado tempo.
4.3.5 Resfriamento
4.3.6 Congelamento
4.3.7 Triturao
42
4.3.9 Acondicionamento
Etapa final em que a farinha de banana madura foi acondicionada em potes de vidro
fechados hermeticamente, com o objetivo de conservao e de evitar seu reumidecimento
higroscpico.
A farinha escolhida para ser submetida avaliao sensorial foi quela derivada do
processo que teve maior rendimento de extrao. Foram feitas anlises sensoriais de barras de
cereais e bebida lctea de banana com 60 julgadores, no Laboratrio de Anlise Sensorial da
UESB, campus de Itapetinga-BA para avaliar principalmente a sua aceitabilidade e inteno
de compra.
As barras de cereais elaboradas com farinha de banana madura foram testadas com
outras duas marcas comerciais vendidas em mercados locais e produzidas na regio Sudoeste
da Bahia. Para avaliao foi realizado teste afetivo de aceitabilidade em escala hednica de 9
pontos (Figura 10) de forma mondica e seqencial com 60 consumidores potenciais do
produto. Na fabricao das barras de cereais, foi feita uma formulao semelhante s
industrializadas vendidas comercialmente, onde utilizou-se agentes ligantes como a glicose de
milho ou mel (12,5%) e o acar mascavo (20%) e tambm ingredientes secos como aveia em
43
flocos (20%), castanha (10%), linhaa (7,5%), farinha de banana madura (30%) e um pequeno
volume de gua filtrada.
Nome:__________________________
Data: ________________
(
(
(
(
(
) Gostei muito.
) Gostei.
) No gostei nem desgostei.
) Desgostei.
) Desgostei muito.
(1)
Amostra n: ____________
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) 9 - gostei muitssimo
) 8 - gostei muito
) 7 - gostei moderadamente
) 6 - gostei ligeiramente
) 5 - nem gostei nem desgostei
) 4 - desgostei ligeiramente
) 3 - desgostei moderadamente
) 2 - desgostei muito
) 1 - desgostei muitssimo
Comentrios:________________________
(2)
Figura 10. Fichas para avaliao sensorial (1- ficha para bebida lctea; 2 - ficha para barras de
cereais).
44
5 RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 Caractersticas fsico-qumica da banana prata madura
Na caracterizao da banana prata in natura, foram determinados valores de
Umidade, Slidos Solveis Totais (SST), Acidez Total Titulvel (ATT) e pH, estabelecidos na
Tabela 6. De acordo com os resultados apresentados a matria-prima se apresentava madura
com mdia de 26,2 brix e 73 % de umidade, contudo, foi verificado acidez e pH moderados.
Tabela 6. Valores mdios da umidade, slidos solveis totais, acidez total titulvel e pH da polpa de
banana prata madura.
Variveis
Umidade (% bu)
73,03 0,15
26,2 0,20
0,64 0,01
pH
4,7 0,01
Cada valor foi obtido por meio da mdia desvio padro de trs repeties.
O valor encontrado para o teor de umidade 73% (Tabela 6) foi prximo ao encontrado
por Lima e colaboradores, (2006) que foi de 72%. Com relao aos Slidos Solveis Totais e
a Acidez Total Titulvel da banana madura, o valor encontrado neste trabalho semelhante ao
encontrado por Fernandes e colaboradores (1979), que varia entre madura 26,9 brix e
0,67% de cido mlico e muito madura 26,0 brix e 0,52% de cido mlico. O pH de 4,7
ficou na faixa encontrada por Matsuura e Folegati (2001) que foi de 4,5-5,6.
46
Figura 11. Curvas de secagem convectiva realizadas em secador de bandejas para banana prata
madura cortada na forma de rodelas temperatura de 55C e 80C.
Figura 12. Curvas de secagem condutiva realizadas em estufa a 85C para as bananas desidratadas.
inicialmente temperatura de 55C e 80C.
Figura 13. Bananas depois do tratamento em estufa a 85C, obtendo caractersticas rgidas e
quebradias.
48
% Gritz
% Farinha
% P
Processo A
17,7 a
67,2 a
15,1 b
Processo B
3,8 b
52,6 b
43,7 a
Processo C
18,6 a
66,8 a
14,6 b
Processo D
2,9 b
52,8 b
44,3 a
Mdias seguidas de mesma letra na vertical, no diferem estatisticamente a 5% probabilidade pelo teste de
Tukey.
49
Umidade (% b.u)
2,410 0,10
31,021 0,10
0,701 0,02
pH
5,201 0,01
0,354 0,01
0,426 0,12
30,332 0,11
Cada valor foi obtido por meio da mdia desvio padro de trs repeties.
Figura 15. Frequncia das notas de aceitabilidade e inteno de compra para a bebida lctea.
A bebida lctea teve aprovao superior a 66% (notas 4 e 5), para os atributos
aceitabilidade e inteno de compra. Destaca-se ainda, que os indecisos (nota 3), podem
tender para uma aprovao ou no deste produto.
51
Concludo a avaliao sensorial para o teste de aceitao das amostras (A, B, C), os
dados foram submetidos anlise de varincia a 5% de probabilidade pelo teste F (Tabela 9).
Foi detectado diferena entre pelo menos um contraste entre as mdias das amostras que
diferiu estatisticamente de zero.
GL
SQ
QM
Ftab
Amostras
40,0111
20,0055
7,6798
3,07
Julgador (blocos)
59
151,7778
2,572505
Resduo
119
309,9889
2,604949
Total
180
501,7778
As barras de cereais produzidas com farinha de banana madura (B) mostraram maior
aceitao que as amostras A e no diferiu significativamente em relao s amostras da marca
C a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. As mdias das amostras A e C no teve
diferena significativa em relao aceitabilidade das mesmas (Tabela 10).
*Mdias seguidas de pelo menos uma mesma letra, no diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade
pelo teste de Tukey.
52
6 CONCLUSO
53
7 REFERNCIAS
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