01 Peticao Inicial

PROJUDI - Processo: 0031270-57.2023.8.16.0182 - Ref. mov. 1.
1 - Assinado digitalmente por Kassia Fernanda Moreira

28/08/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE CURITIBA –
ESTADO DO PARANÁ.
deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8W9 D3Y6X 5SQYS STYKA

Bruna Z. Caires de Souza, brasileira, casada, terapeuta ocupacional,
portadora do CPF sob nº 010.309.339-79, e do RG nº 934827-43, residente e
domiciliado na Rua Paulina Polak, 167, Bairro Pilarzinho, CEP 82.120-230 na cidade
de Curitiba/Paraná, com endereço eletrônico: [email protected], através de sua
advogada, que a esta subscreve, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
propor a presente:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO DE REPARAÇÃO

POR DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
em face de 123 VIAGENS E TURISMO LTDA, pessoa jurídica de direito

privado inscrita no CNPJ/MF sob o nº 26.669.170/0001-57, sediada na Rua dos
Aimorés, 1017, Boa Viagem, Belo Horizonte - MG, CEP 30.140-071, tel:
(31) 3214-5800, endereço eletrônico [email protected], pelas razões de
fato e de direito a seguir expostas:
Telefones: (41) 98419-5378

E-mail: [email protected]
PROJUDI - Processo: 0031270-57.2023.8.16.0182 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Kassia Fernanda Moreira
DAS INTIMAÇÕES E PUBLICAÇÕES EXCLUSIVAS
Primordialmente, pugna que todas as intimações, notificações e publicações de

estilo sejam realizadas, EXCLUSIVAMENTE, em nome da advogada KASSIA
FERNANDA MOREIRA, OAB/PR 61.748, com endereço na Rua João José Zattar,
nº 235, sobrado 3, CEP 81.540-340, Jardim das Américas, Curitiba/PR Telefone: (41)
98419-5378; endereço eletrônico: [email protected].
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
A parte Autora, desde já, requer os benefícios da GRATUIDADE DA

JUSTIÇA, por demonstrar sua incapacidade financeira nos termos da lei para arcar com
as custas e despesas do processo, conforme preceituam a Carta Magna, art. 5º, LXXIV,
a Lei de Assistência Judiciária Gratuita, art. 4º e a Súmula 481 do Superior Tribunal de
Justiça:
CF/88 – Art. 5º - LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica

integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Dessa forma, em virtude da impossibilidade de arcar com as custas e as demais

despesas processuais, requer-se a concessão dos benefícios da justiça gratuita nos
termos da Lei n° 13.105/15 e da Constituição Federal (art. 5°, LXXIV), pois, de outro
modo, a Promovente restaria impossibilitada de recorrer ao Poder Judiciário para
perseguir seus direitos, o que se configurar em nítido cerceamento do direito de ação.
Telefones: (41) 98419-5378

DOS FATOS
1. CONTRATAÇÃO
A AUTORA adquiriu 3 passagens aéreas internacionais na modalidade de

“passagens flexíveis – LINHA PROMO” em 09/01/2023, pela empresa ré com

destino a Paris, sendo o embarque em Curitiba/PR com data de ida de 08/01/2024 e
retorno em 18/01/2024, pelo valor total de R$ 3.776,85 (três mil, setecentos e setenta e
seis reais e oitenta e cinco centavos) (DOC_04 e DOC_05).
Pedido aprovado
Olá, BRUNA.
Seu pagamento foi aprovado! Em breve emitiremos sua viagem.
1. Pagamento aprovado ⬛௚
2. Dentro de 20 dias liberaremos o acesso ao formulário que você deverá
preencher com os dados dos viajantes. ACESSE AQUI O LINK DO
FORMULÁRIO.
Enviaremos também um e-mail para lembrá-lo do preenchimento.
3. Com os dados do formulário emitiremos sua viagem!
Pedido 27997634591 (09/01/2023 18h16min)
Produto Quantidade Valor
3 R$3.597,00
Voos para Paris - Passagem aérea
Período: Janeiro/2024
Origem: Curitiba
Telefones: (41) 98419-5378

Data de ida: 08/01/2024
Data de volta: 18/01/2024
Total de acréscimos: R$179.85

Total (método de pagamento: Cartão de crédito): R$3,776.85
Endereço de faturamento
Cliente: BRUNA ZELLEROFF CAIRES DE SOUZA | Endereço: Rua Deputado Fernando Ferrari 216
-
Bairro: São Lourenço, Curitiba - PR | CEP: 82200010 Telefone:
(41)996798566 | e-mail: [email protected]
Acompanhe seu pedido em 123milhas.com

Em caso de dúvidas, entre em contato pelo Whatsapp ou pela nossa Central de Ajuda.
Atenção: Para os Produtos PROMO, não é permitida a venda para menores de 18 anos, mesmo com a
autorização dos pais.
2. DA CONFIRMAÇÃO
Após a confirmação do pagamento a Autora recebeu e-mail solicitando o

preenchimento de um formulário com os dados dos passageiros.
Após o preenchimento do formulário pela parte Autora, a empresa Ré

confirmou o recebimento, informando que as 03 passagens seriam emitidas em até 10
(dez) dias antes da data escolhida.
Com o recebimento da confirmação pela empresa Ré, a parte Autora e sua

família, passaram a organizar a viagem com antecedência, solicitando férias no
trabalho, vendo hotéis, carros, etc.
---------- Forwarded message ---------

De: 123Milhas <[email protected]>
Date: dom., 26 de fev. de 2023 17:22
Subject: Formulário preenchido com sucesso!
To: <[email protected]>
Telefones: (41) 98419-5378

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Por se tratar de uma viagem internacional, cuja moeda local é diversa

do real, a preparação para a viagem se iniciou desde a confirmação das
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passagens, com a solicitação de férias para as datas contratadas, verificação de hotéis,
ou seja, a viagem está sendo planejada há mais de 8 (oito) meses.
3 DO CANCELAMENTO
Ocorre que a parte Autora foi surpreendida com a divulgação da empresa

ré 123 milhas em suas redes sociais informando acerca da não emissão das passagens da
linha PROMO, anunciando o cancelamento e a SUSPENSÃO da comercialização e
emissão das passagens aéreas flexíveis, informando a todos os seus consumidores que
os bilhetes adquiridos nesta modalidade não serão mais emitidos pela empresa,
oferecendo, em contrapartida, apenas a conversão do valor pago em vouchers para
utilização em outros produtos da empresa, tendo gerado repercussão nacional. Vejamos:
Agência de viagens 123 Milhas suspende pacotes e emissão de passagens

promocionais | Economia | G1 (globo.com)
Governo vai investigar 123milhas por cancelamento de viagens promocionais

de fim de ano (cnnbrasil.com.br)
123 Milhas: Ministério do Turismo considera 'grave' o cancelamento de pacotes
e fala em investigação | Economia | G1 (globo.com)
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DA CONFIGURAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
É incontestável que a empresa Ré é fornecedora de serviços e a parte Autora

é consumidora desses serviços, caracterizando-se assim a relação de consumo, e a
consequente aplicação do Código de Defesa do Consumidor, consoante dicção dos
artigos 2º e 3º:
Art.2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou

utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art.3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
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Consoante se extrai dos conteúdos dos autos, a viagem que seria a
concretização de um sonho, vem causando um desgaste sobre-humano acarretando-lhe
diversos prejuízos de ordem moral e material, caracterizados por atos ilícitos de
extrema gravidade, notadamente por afrontar os direitos básicos do consumidor.

Nos termos da legislação consumerista, é dever do fornecedor (empresa ré)
ressarcir o requerente pelos prejuízos morais e materiais acarretados, conforme versa o
art. 6º, inciso VI:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos;
Nos moldes do caput do artigo 14 do aludido diploma legal, o fornecedor

de serviços responderá objetivamente pelos prejuízos provocados aos consumidores,
bastando ser demonstrada a falha na prestação do serviço, o dano e o nexo de
causalidade entre ambos. In verbis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,

independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
A responsabilidade civil objetiva poderá ser reconhecida através de duas

situações: quando se refere aos casos especificados em lei ou quando a atividade
desenvolvida pelo autor do dano indicar prejuízo aos direitos de outrem.
No caso sub judice, observa-se a falha e a não prestação dos

serviços caracterizados pelo descaso e desrespeito à parte Autora.
Exclusivamente em virtude da conduta da requerida, que mitigou os direitos básicos do
consumidor, e a demandante está suportando imensuráveis danos em sua esfera moral e
material, devendo, por conseguinte, serem reparados/compensados com a
correspondente indenização pecuniária.
Telefones: (41) 98419-5378

DO DANO MATERIAL
Conforme demonstrado pelos fatos narrados e provas carreadas aos autos, é

nítido o nexo causal entre o dano e a conduta da Ré, o que gera o dever de indenizar,
nos termos do que dispõe o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
No caso dos autos, a empesa Ré se recusa a cumprir com a sua obrigação

contratual, que neste caso é a emissão das 03 passagens adquiridas e pagas pela parte
Autora.
Convém mencionar que por se tratar a demanda de relação de consumo, esta

é disciplinada também pelo Código de Defesa do Consumidor, que determina:
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,

apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,

apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia

eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.
Nesse caso, a própria legislação possibilita o cumprimento forçado da

obrigação (Art. 35, inciso I do CDC), o que se requer em sede de pedido liminar,
com a cominação de multa diária por descumprimento.
A saber, a recusa pela empresa em emitir a passagem causará a parte Autora
além do prejuízo de R$ 3.776,85 (três mil, setecentos e setenta e seis reais e oitenta e
cinco centavos) que foram os valores das 03 passagens, o prejuízo referente as férias da
família e o cancelamento da viagem.
Telefones: (41) 98419-5378

N’outro ponto, importa ressaltar que a parte Autora, em decorrência da
proximidade das datas, e o valor exorbitante das 3 passagens não tem condições
financeiras de comprar novas passagens. Os valores estão extremamente elevados,
chegando ao valor de R$ 25 MIL REAIS somente as passagens aéreas:

Simulação para compra de 3 passagens áreas ida e volta de Curitiba para
Paris para ida em 08/01/2024 e retorno em 18/01/2024:
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https://www.decolar.com/shop/flights/results/roundtrip/CWB/PAR/2024
-01-08/2024-01-18/3/0/0?from=SB&di=3-0
Como se vê, o valor de novas passagens gira em torno de R$ 25.000,00

(vinte e cinco mil reais).
A legislação brasileira dispõe que toda perda deve ser devidamente

indenizada, especialmente porque a conduta da Ré, caso não seja deferida e cumprida a
liminar, causará diversos prejuízos, conforme já demonstrado.
Com isso, a reparação é plenamente devida, em face da responsabilidade

civil inerente ao presente caso.
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A autora está planejando a viagem em família desde janeiro de 2023,
quando realizou a compra, e só deseja que a Ré cumpra a oferta e o contrato celebrado
entre as partes. A autora realizou sua obrigação de pagamento, pois agora a Ré deverá
cumprir com a oferta e emissão das 3 passagens à Paris.
A autora e sua família trabalham o ano todo para conseguir se organizar e

realizar o sonho de passar 10 dias em Paris, não é justo a empresa Ré simplesmente
emitir comunicado anunciando e pedindo desculpas.
DOS DANOS MORAIS
A Constituição Federal tutela expressamente sobre os direitos da

personalidade em seu artigo 5º, assegurando à parte lesada o direito à indenização em
razão dos danos de ordem moral sofridos, conforme se vê:
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano

material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Da mesma forma, a cumulação dos arts. 186 e 187 com o art. 927, do Código
Civil pátrio, garante a indenização por danos decorrentes de ato ilícito, ainda que esse
dano seja exclusivamente de natureza moral, assim sendo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
[...]
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem. (grifou-se)
Telefones: (41) 98419-5378

Veja que a empresa Ré age em completo desrespeito aos consumidores, ao
ponto de um serviço vendido há mais de 8 (oito) meses, ser cancelado e após um
planejamento de meses, uma vez que a parte Autora alterou data de férias e se
programou financeiramente.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Os Tribunais Pátrios sedimentaram entendimento no sentido de que os danos

oriundos de cancelamento de voo são presumidos. In verbis:
APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO DE VOO.
FALHA NO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
INEXISTÊNCIA DE EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RISCO DA
ATIVIDADE. DANO MORAL "INRE IPSA". OCORRÊNCIA. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. NECESSIDADE DE MAJORAÇÃO LEVANDO EM
CONSIDERAÇÃO O CARÁTER PEDAGÓGICO E CONDIÇÃO ECONÔMICA
DOS ENVOLVIDOS. FALTA DE OBSERVÂNCIA OS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. REFORMA. PROVIMENTO
DO RECURSO. - O Código de Defesa do Consumidor estabelece a
responsabilidade objetiva do fornecedor pela prestação do serviço de forma
defeituosa, bastando para o consumidor comprovar o dano e o nexo de
causalidade. Tal responsabilidade funda-se na teoria do risco da atividade
(risco criado ou risco objetivo), o qual se justifica em razão do próprio tipo de
relação que o CDC tutela – A responsabilidade da companhia aérea, em
razão de atraso de voos, funda-se na teoria do risco da atividade (risco
criado ou risco objetivo), o qual se justifica em razão do próprio tipo de
relação que o CDC tutela. Desse modo, problemas climáticos, bem como os
técnicos, encontram-se dentro do campo da previsibilidade e são inerentes
ao serviço prestado, isto é, estão englobados na ideia de risco da atividade,
caracterizando-se como fortuito interno, o que não afasta a responsabilidade,
sob pena de privatização dos l (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo
Nº 00065261520148152001, 4ª Câmara Especializada Cível, Relator DES.
JOÃO ALVES DA SILVA , j. em 14-05-2019)
CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS E MORAIS -

TRANSPORTE AÉREO - CANCELAMENTO DE VOO - VIAGEM
INTERNACIONAL - DANOS MORAIS - ARBITRAMENTO. A empresa de
transporte aéreo responde objetivamente perante seus consumidores pela
falha na prestação de serviços. Se a companhia aérea não logra provar o
impedimento do voo por condições meteorológicas, de se afastar a alegação
de ocorrência de caso fortuito ou de força maior capaz de excluir sua
responsabilidade. É devida reparação por danos materiais e morais advindos
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do cancelamento de voo. Embora ainda seja lugar-comum na prática forense
a afirmação de que, no arbitramento do quantum indenizatório por danos
morais, deve-se atender à finalidade dupla, a saber, compensatória e
punitiva, a melhor doutrina sobre o assunto rejeita a importação dos punitive
damages, preconizando que, no direito brasileiro, a indenização por danos
extrapatrimoniais só comporta a finalidade reparatória. Se o valor fixado a
título de indenização se revela excessivo diante da dimensão do dano moral
verificado, cumpre reduzi-lo, para que cumpra satisfatoriamente sua

finalidade compensatória sem implicar enriquecimento sem causa da vítima.
V. O arbitramento da indenização deve alcançar a dupla função de
compensar a vítima e punir o agente. A quantia razoavelmente fixada no
caso concreto em R$ 10.000,00 para cada passageiro deve ser mantida,
mesmo porque em consonância com arestos do e. STJ ( AgRg no AREsp
659.043/RJ e AgRg no AREsp 261.339/RS). Recurso não provido em parte,
vencido o Relator.
O dano moral suportado pela parte Autora é ainda agravado pelo fato de que
anunciada a recusa no fornecimento das passagens aéreas, por se tratar de uma viagem
internacional planejada há mais de 8 (oito) meses, com 10 (dez) dias de duração e
diversos outros destinos.
Deste modo, pede-se a condenação do réu em danos morais, atendendo a

tríplice função do dano, ressarcindo, punindo e prevenindo, ainda que seja deferida a
emissão das passagens em sede de liminar e que haja o cumprimento pela empresa Ré,
nítido o dano moral gerado.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Diante da vulnerabilidade técnica da Requerente, a inversão do ônus da prova

ante as verossímeis alegações apresentadas, juntamente com as provas documentais
acostadas aos autos, é medida que se impõe, conforme previsto no artigo 6º, VIII, do
CDC, senão vejamos:
Art. 6º São direitos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando o critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de expectativa.
Na relação de consumo em tela, percebe-se a fragilidade do

consumidor em face da empresa demandada, restando o legislador, com grande
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inteligência, equiparar a balança da relação de consumo. Por isto, requer-se, desde já, a
aplicação da inversão do ônus da prova.
DA NECESSÁRIA PREVISÃO DE ASTREINTES
O Código de Processo Civil previu expressamente a possibilidade de

imposição, por parte do Juiz, de medidas suficientes para dar efetividade à
determinação judicial, in verbis:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação

de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a
efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução,
desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo
razoável para cumprimento do preceito.
Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título

extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no
cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Tais multas devem ser suficientemente severas a ponto de evitar que a mora
lhe seja benéfica.
"Para que a sentença mandamental tenha força persuasiva suficiente para coagir alguém a
fazer ou não fazer, realizando assim a tutela prometida pelo direito material, permite-se ao
juiz, de ofício ou a requerimento da parte, a imposição de multa coercitiva - astreintes (art.
537, CPC. A finalidade da multa é coagir o demandado ao cumprimento do fazer
ou do não fazer, não tendo caráter punitivo. Constitui forma de pressão sobre a
vontade do réu, destinada a convencê-lo a cumprir a ordem jurisdicional." (MITIDIERO,
Daniel, ARENHART, Sérgio Cruz, MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo
Civil Comentado - Editora RT, 2017, e-book, Art. 537.)
Trata-se de medidas necessárias para o cumprimento do direito já

reconhecido pelo Judiciário. No mesmo sentido, segundo o Superior Tribunal de
Justiça, "é cabível a cominação de multa diária (astreintes) como meio
coercitivo para o cumprimento de obrigação de fazer consistente na
constituição de capital garantidor ou caução fidejussória" (STJ, 4.ª Turma. EDcl
no REsp 1.281.742/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi).
Telefones: (41) 98419-5378

Com tal previsão, para fins de garantir plena efetividade da via
jurisdicional, pode o Juiz determinar a aplicação de multa diária, o que desde já requer.
DA TUTELA DE URGÊNCIA INAUDITA ALTERA PARS – CUMPRIMENTO

FORÇADO DA OFERTA

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."
No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados,

vejamos:
A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da
demonstração inequívoca de que a parte Autora adquiriu as passagens pela Ré, obteve a
confirmação do negócio, se planejou por 8 (oito meses) para uma viagem, internacional
para a concretização de um sonho.
O RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela impossibilidade da Autora

viajar com a família e acabar perdendo as passagens e não conseguir realizar a viagem,
como se demonstrou, o valor de 3 passagens áreas estão no valor aproximado de R$ 25
mil reais, ou seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil
do processo, uma vez que a autora precisa ter certeza da emissão das passagens para dar
continuidade nas compras e organização da viagem.
Salienta-se que o valor aproximado das passagens na data e destino

adquiridos alcançam o montante de mais de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais),
caracterizando um preço bastante dinâmico de difícil aferição. Portanto, o mero
reembolso do montante pago acarreta um prejuízo significativo ao consumidor, pois
não existe a possibilidade de efetuar uma nova compra pelo mesmo valor.
Telefones: (41) 98419-5378

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta
irreversível, não conferindo nenhum dano à parte Ré, mas será irreversível em face da
parte Autora.
Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de

dano irreparável, sendo imprescindível a Ré seja compelida a emitir as 3 passagens

aéreas, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do Pedido nº 27997634591
(Passagens aéreas – Destino Paris – Origem Curitiba – Data de ida:
08/01/2024 – Data de volta: 18/01/2024), conforme dispõe o Art. 300 do CPC, sob
pena de multa diária no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a fim de que a
medida seja suficiente para que a Ré cumpra com sua obrigação.
Requer-se ainda, em atenção aos princípios da economia e celeridade que a

decisão que conceder a liminar, tenha FORÇA DE OFÍCIO, CARTA E MANDADO
DE CITAÇÃO E INTIMAÇÃO.
DOS PEDIDOS
Em harmonia com o acima exposto, a parte Autora respeitosamente

requer:
a) A concessão do pedido liminar para fins de que a Ré seja compelida a
EMITIR AS 03 PASSAGENS AÉREAS, no prazo de 05 (cinco) dias nos
termos do Pedido nº 27997634591 (Passagens aéreas – Destino Paris
– Origem Curitiba – Data de ida: 08/01/2024 – Data de volta:
18/01/2024), conforme dispõe o Art. 300 do CPC, sob pena de MULTA
DIÁRIA no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
b) O deferimento da gratuidade judiciária requerida, nos termos do Art. 98

do CPC;
c) A citação da empresa ré para, querendo oferecer contestação no prazo legal, sob

pena de incorrer nos efeitos da revelia e confissão;
Telefones: (41) 98419-5378

d) Que a empresa demandada seja processada e julgada mediante a inversão do
ônus da prova, compelindo-a a acostar aos autos todos os documentos
necessários;
e) A TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, para confirmar os efeitos da

antecipação da tutela se deferida e cumprida. Se indeferida a liminar, Requer:
1. Alternativamente, e optando a Autora por adquirir novas passagens,

Requer a condenação da Ré ao ressarcimento do valor despendido com as
novas passagens, cujo custo médio varia no montante de R$ 25.000,00
(vinte e cinco mil reais) bem como a devolução do valor de R$ 3.776,85
(três mil, setecentos e setenta e seis reais e oitenta e cinco centavos)
referente ao custo das 03 passagens canceladas;
3. Subsidiariamente, o pedido sendo julgado improcedente para adquirir novas

passagens, Requer a condenação da Ré ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinte
mil reais), referente ao ressarcimento das passagens canceladas.
f) Em relação aos DANOS MORAIS requer a condenação da Ré a pagar indenização

no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à parte Autora, a título de dano moral.
g) A condenação da Ré, em custas e honorários de sucumbência, e cominação de multa

diária R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ou outro valor que este Juízo entenda como
apropriado, caso não seja cumprido espontaneamente o determinado em antecipação de
tutela e final sentença de mérito;
Para confirmação do alegado, protesta pela produção de todos os meios de

provas admitidas em direito, sobretudo, a oitiva de testemunhas e a juntada de novos
documentos.
Telefones: (41) 98419-5378

Dá-se à causa, para os devidos fins, o valor de R$ 45.000,00 (quarenta
e cinco mil reais).
Termos em que se espera deferimento. Curitiba, 24
de agosto de 2023.

KASSIA FERNANDA
MOREIRA OAB/PR 61.748
Telefones: (41) 98419-5378


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PROJUDI - Processo: 0031270-57.2023.8.16.0182 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Kassia Fernanda Moreira

deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8W9 D3Y6X 5SQYS STYKA

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO DE REPARAÇÃO

em face de 123 VIAGENS E TURISMO LTDA, pessoa jurídica de direito

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Primordialmente, pugna que todas as intimações, notificações e publicações de

A parte Autora, desde já, requer os benefícios da GRATUIDADE DA

CF/88 – Art. 5º - LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica

Dessa forma, em virtude da impossibilidade de arcar com as custas e as demais

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A AUTORA adquiriu 3 passagens aéreas internacionais na modalidade de

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Pedido 27997634591 (09/01/2023 18h16min)

Produto Quantidade Valor

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Total de acréscimos: R$179.85

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Acompanhe seu pedido em 123milhas.com

Após a confirmação do pagamento a Autora recebeu e-mail solicitando o

Após o preenchimento do formulário pela parte Autora, a empresa Ré

Com o recebimento da confirmação pela empresa Ré, a parte Autora e sua

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Por se tratar de uma viagem internacional, cuja moeda local é diversa

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Ocorre que a parte Autora foi surpreendida com a divulgação da empresa

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Agência de viagens 123 Milhas suspende pacotes e emissão de passagens

Governo vai investigar 123milhas por cancelamento de viagens promocionais

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É incontestável que a empresa Ré é fornecedora de serviços e a parte Autora

Art.2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou

Art.3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

Nos moldes do caput do artigo 14 do aludido diploma legal, o fornecedor

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,

A responsabilidade civil objetiva poderá ser reconhecida através de duas

No caso sub judice, observa-se a falha e a não prestação dos

Telefones: (41) 98419-5378

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e provas carreadas aos autos, é

deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8W9 D3Y6X 5SQYS STYKA

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

No caso dos autos, a empesa Ré se recusa a cumprir com a sua obrigação

Convém mencionar que por se tratar a demanda de relação de consumo, esta

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia

Nesse caso, a própria legislação possibilita o cumprimento forçado da

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