Garantias e Estabilidades No Emprego

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Profª.

Juliane Ramos

DIREITO DO
TRABALHO

GARANTIAS E ESTABILIDADES
NO EMPREGO
GARANTIA DE EMPREGO -
CONCEITO

❑ Garantia de emprego é a vantagem jurídica de caráter transitório


deferida ao empregado em virtude de uma circunstância contratual ou
pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar manutenção
do vínculo empregatício por um lapso temporal definido,
independentemente da vontade do empregador. Tais garantias têm
sido chamadas, também, de estabilidades temporárias ou
estabilidades provisórias (expressões algo contraditórias, mas que se
vêm consagrando).
GARANTIA DE EMPREGO

❑ Dirigente Sindical (art. 8º, VIII, CF/88): A mais importante estabilidade


temporária referida pela Constituição é a que imanta o dirigente de
entidades sindicais. Dispõe a CF/88 ser “vedada a dispensa do
empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo
de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei”.
GARANTIA DE EMPREGO

❑ Dirigente de CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) (art.


10, II, “a”, do ADCT da Constituição): trabalhadores eleitos
representantes dos empregados na direção da CIPA, titulares e
suplentes (Súmula 339, I, TST; ex-OJ 25, SDI-I/TST). Não abrange os
representantes designados pelo empregador, uma vez que não são
eleitos pelos demais obreiros. Registre-se que a Constituição fala em
vedação à “dispensa arbitrária ou sem justa causa”.
GARANTIA DE EMPREGO

❑ Gestante: O mesmo art. 10, II, do ADCT da Constituição, em sua alínea “b”, estabelece
estabilidade provisória à “empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto”. Aqui também se fala em vedação à “dispensa arbitrária ou sem justa causa”. Isso
quer dizer que a estabilidade não começa a partir do dia em que a mulher descobre que está
grávida, mas sim desde a concepção. Caso a gestante descubra que está com 5 semanas de
gestação, sua estabilidade começa desde a primeira semana. Desta forma, ela fica protegida de
uma eventual demissão antes mesmo da consciência de sua gravidez. Caso ela seja demitida, ao
confirmar que a concepção se deu durante o período que estava registrada, ela terá direito à
reintegração.

OBS.: A estabilidade também é válida para contratos por tempo determinado e de experiência. Isso
ocorre porque esses períodos ainda são considerados dentro da vigência do contrato de trabalho
(Súmula 244, III, do TST). A CLT também prevê que os empregados que adotam uma criança também
têm direito à estabilidade quando recebem a guarda provisória da criança para fins de adoção (Art.
391-A da CLT).
GARANTIA DE EMPREGO

❑ Acidente de Trabalho: Os colaboradores que sofreram acidentes de trabalho


possuem estabilidade provisória. Segundo o artigo 118 da Lei n.º 8.213/91, que
dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências, o segurado: “que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na
empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente
de percepção de auxílio-acidente.” Por isso, todos os colaboradores que
estiverem recebendo auxílio-doença acidentário do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) devem ter estabilidade provisória de um ano após o
retorno ao trabalho. Vale destacar ainda que o benefício não é aplicado para os
colaboradores que eventualmente receberem um auxílio-doença que não esteja
relacionado às atividades laborais.
GARANTIA DE EMPREGO

❑ Dirigente de Cooperativa: Os dirigentes de cooperativa também têm


sua estabilidade provisória prevista na lei. De acordo com o Artigo 55
da Lei n.º 5.764 de 1971: “Os empregados de empresas que sejam
eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas,
gozarão das garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo
artigo 543 da Consolidação das Leis do Trabalho”. Logo, a
estabilidade provisória também vale desde a aplicação para
candidatura até um ano após o fim do mandato.
GARANTIA DE EMPREGO -
OBSERVAÇÕES
OBS.: Alguns trabalhadores estáveis só podem ser demitidos mediante decisão
judicial constatando a falta grave (justa causa), são eles: a) Dirigente Sindical
(Súmula 197 do STF e 379 do TST); b) diretores de sociedades Cooperativas (Art. 55
da Lei n° 5.764/1971).

OBS.: Garantia de emprego recente foi lançada pela Lei 13.467/2017 (vigência desde
11.11.2017), dirigida aos trabalhadores eleitos integrantes das comissões de
representação de empregados em empresas com mais de 200 empregados (novo
Título IV-A da CLT, composto pelos arts. 510-A a 510-E). Cada um desses
representantes obreiros, com mandatos de um ano, terá garantia de emprego similar
à do cipeiro (art. 510-D, caput e § 3º da CLT, conforme Lei n. 13.467/2017). Desse
modo, “não poderá sofrer dispensa arbitrária, entendendo-se como tal a que não se
fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro” (§ 3º do art. 510-D da
CLT).
Profª. Juliane Ramos

QUESTÕES DE OAB E CONCURSO

1. Ano: 2022. Banca: Fundação Getúlio Vargas - FGV. Prova: FGV - OAB - Advogado - 2022. Sheila e
Irene foram admitidas em uma empresa de material de construção, sendo Sheila mediante contrato
de experiência por 90 dias e Irene, contratada por prazo indeterminado. Ocorre que, 60 dias após o
inicio do trabalho, o empregador resolveu dispensar ambas as empregadas porque elas não
mostraram o perfil esperado, dispondo-se a pagar todas as indenizações e multas previstas em Lei
para extinguir os contratos. No momento da comunicação do desligamento, ambas as empregadas
informaram que estavam grávidas com 1 mês de gestação, mostrando os respectivos laudos de
ultrassonografia. Considerando a situação de fato, a previsão legal e o entendimento consolidado
do TST, assinale a afirmativa correta.

A) As duas empregadas poderão ser dispensadas.


B) Somente Sheila poderá ser desligada porque o seu contrato é a termo.
C) Sheila e Irene não poderão ser desligadas em virtude da gravidez.
D) Apenas Irene poderá ser desligada, desde que haja autorização judicial.
Profª. Juliane Ramos

QUESTÕES DE OAB E CONCURSO


2. Ano: 2022. Banca: Fundação Getúlio Vargas - FGV. Prova: FGV - SEMSA - Especialista em Saúde - Área: Advogado - 2022. Em
março de 2022, dois vigilantes terceirizados atuavam em favor do Município de Manaus na mesma escala de serviço. Após uma
discussão envolvendo rivalidade entre os times de futebol desses empregados, eles se desentenderam no posto de serviço e, no
calor da emoção, um deles sacou a arma que portava e atirou no colega, ferindo-o no braço. Em razão do evento, a vítima
permaneceu afastada por 58 dias para se submeter a uma cirurgia para retirada da bala que ficou alojada no braço e se recuperar. Em
parte desse período, o vigilante ferido recebeu auxílio por incapacidade temporária. Diante da situação apresentada e de acordo com
a Lei de Regência, assinale a afirmativa correta. Diante da situação apresentada e de acordo com a Lei de Regência, assinale a
afirmativa correta.

A) A situação, em que pese lamentável, não é acidente do trabalho porque o empregador não teve culpa no evento, não se
cogitando de qualquer estabilidade da vítima.
B) Trata-se de um acidente do trabalho típico, mas não ensejará garantia no emprego, porque o afastamento durou menos de 60
dias.
C) A indenização pelo sinistro será paga pelo empregado agressor, devendo a vítima ajuizar ação contra ele, pois agressão entre
empregados não caracteriza acidente do trabalho.
D) Por não haver culpa do empregador, este não terá responsabilidade civil, mas como houve recebimento de benefício
previdenciário haverá garantia no emprego por 24 meses contados do fato.
E) O evento é considerado acidente do trabalho por equiparação e a vítima terá garantia no emprego por 12 meses, após a
cessação do benefício previdenciário.

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