Arlete Nogueira Da Cruz Poemas
Arlete Nogueira Da Cruz Poemas
Arlete Nogueira Da Cruz Poemas
(trecho)
O QUINTAL
O quintal era tudo o que estava fora da casa:
espaço superlativo onde a vida acontecia.
Árvores eram sacudidas ao vento e o pássaro
expandia sua asa para coçar, com bico adunco,
as próprias penas, tecendo a agonia
que lhe estancara o voo, ao tronco do cajueiro.
Depois voou e pousou certeiro na minha mão
trazendo-me artilharias que acatei sem postergar.
Não havia muro de pedra em torno desse quintal,
o que havia era uma cerca com pés de mandacarus
presos uns aos outros, espinhos e beleza juntos
como idealização de proteção ao quintal da casa
que se desfez para a vivência do meu ser liberto.
Ganhei fôlego, asas e penas daquele pássaro,
Convicção
Rua de verdade e de sobrado onde um sol lhe cai em vertical onde um herói
quer-se afogado libertando sua ilha natural.
Rua que recolhe o moribundo sacrifício de quem por ser mortal mergulha e
eleva-se num mundo de mariscos, de algas e de sal, Rua que sobre rumo ao
porto desta ilha que se quer liberta rua que transformava o morto silêncio da
cidade — ó rua
de indormidas noites e aberta para o poeta descer a sua lua.