Eficiencia Energetica Escritorio

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Eficiência energética da envoltória

de edifícios de escritórios de
Florianópolis: discussões sobre a
aplicação do método prescritivo do
RTQ-C
Energy efficiency of office buildings envelope: discussions
around application of prescriptive method of RTQ-C

Michele Fossati
Roberto Lamberts
Resumo
mpulsionado pelo crescente consumo energético em edificações e pela

I Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, o governo


brasileiro regulamentou a adoção de medidas visando à alocação eficiente
de recursos. Para tanto, os níveis máximos de consumo de energia ou
mínimos de eficiência energética de edificações construídas no país passaram a ser
estabelecidos com base em indicadores técnicos e regulamentação específica. Os
edifícios comerciais, de serviços e públicos tiveram seu Regulamento Técnico da
Qualidade do Nível de Eficiência Energética (RTQ-C) aprovado em junho de
2009. O RTQ-C baseia-se na avaliação de três requisitos principais: o desempenho
térmico da envoltória do edifício; a eficiência e potência instalada do sistema de
iluminação; e a eficiência do sistema de condicionamento do ar. Este artigo
apresenta os resultados e discussões acerca da avaliação da envoltória de dez
edifícios de escritórios de Florianópolis, SC, realizada pelo método prescritivo do
RTQ-C. A classificação dos edifícios foi apresentada com exemplos de variações
no percentual de abertura nas fachadas, ângulos de sombreamento e fator solar dos
vidros. Com os resultados pôde-se perceber que o percentual de abertura na
fachada é a variável de maior impacto no indicador de consumo da envoltória,
seguido das proteções solares.
Palavras-chave: Eficiência energética. Edifícios de escritórios. RTQ-C. Avaliação da
envoltória.
Michele Fossati
Laboratório de Eficiência Abstract
Energética em Edificações Driven by growing energy consumption in buildings and by the National Policy of
Departamento de Engenharia
Civil Conservation and Rational Use of Energy, the Brazilian government has drawn up
Universidade Federal de Santa the adoption of measures aiming at an efficient allocation of resources. Maximum
Catarina
Cx. Postal 476
levels of energy consumption or minimum levels of building energy efficiency
Florianópolis – SC - Brasil began to be established based on technical indicators and specific regulations. The
CEP 88040-900 Regulations for energy efficiency labelling of commercial buildings in Brazil was
Tel.: (48) 3721-5184
E-mail: [email protected] approved in June 2009, establishing the conditions for the energy efficiency
certification of Brazilian buildings (commercial and public). These regulations
Roberto Lamberts
specify the methods of energy efficiency rating of buildings and include the
Laboratório de Eficiência requirements for energy conservation measures in three main aspects: lighting
Energética em Edificações systems, air conditioning systems and building envelopes. This paper presents the
Departamento de Engenharia
Civil results and discussions on the assessment of the envelopes of ten office buildings
Universidade Federal de Santa from Florianópolis, SC, Brazil, undertaken according to the method prescribed by
Catarina
E-mail:
the Regulations. The classification of the buildings was presented with examples of
[email protected] variations in their construction characteristics. The results show that the
percentage of openings in the façade is the variable that has the highest-impact
Recebido em 22/02/2010
in the consumption indicator of the envelope, followed by shading devices
Aceito em 05/05/2010 Keywords: Energy efficiency. Office buildings. RTQ-C. Envelope assessment.

Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 59-69, abr./jun. 2010. 59


ISSN 1678-8621 © 2005, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Todos os direitos reservados.
Introdução
Num momento em que cada vez mais as comercializados no país, bem como as edificações
preocupações com as alterações climáticas, com o construídas, serão estabelecidos com base em
aquecimento global e com o futuro do planeta indicadores técnicos e regulamentação específica”.
estão em debate, é notório que edifícios eficientes Com relação às edificações, o decreto estabelece
e a mudança nos padrões de consumo da que devem ser propostos: a adoção de
população podem reduzir consideravelmente as procedimentos para avaliação da eficiência
alterações provocadas pelo homem no clima energética das edificações; indicadores técnicos
(IPCC, 2007). referenciais do consumo de energia das edificações
para certificação de sua conformidade em relação à
Os edifícios são responsáveis por parcela
eficiência energética; e requisitos técnicos para que
significativa do consumo de energia elétrica
nacional – mais de 40% do total da energia os projetos de edificações a serem construídas no
utilizada no país (BRASIL, 2008) – e, apesar de o país atendam aos indicadores mencionados no item
anterior.
setor residencial ser responsável pela metade desse
consumo (a outra metade fica com os setores Antes que o referencial de eficiência energética
comercial e industrial), a taxa de crescimento anual nacional tivesse sido desenvolvido, as cidades de
do setor comercial é em geral superior. Salvador (CARLO; GHISI; LAMBERTS, 2003) e
Geller (1994) identifica cinco vantagens da Recife (CARLO; PEREIRA; LAMBERTS, 2004)
conservação de eletricidade: o aumento da foram as primeiras a avaliar e a propor prescrições
de eficiência energética em seus códigos de obras,
eficiência diminui custos; a conservação reduz a
probabilidade de falta de eletricidade; a incluindo parâmetros de conforto térmico e visual
conservação de eletricidade reduz a necessidade de e de eficiência energética, ainda não presentes no
investimentos no setor público, e investir na código anterior.
eficiência do uso final é menos intensivo que Em junho de 2009 um grande passo rumo à
construir usinas elétricas e linhas de transmissão; o eficiência energética de edifícios brasileiros foi
aumento da eficiência na utilização da energia dado com a aprovação, pela Portaria nº 163 do
pode ajudar as indústrias e os produtos nacionais a Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
competirem no mercado mundial; e a conservação Qualidade Industrial (Inmetro) (BRASIL, 2009b),
da eletricidade resulta em impactos ambientais e do Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de
sociais muito mais favoráveis do que os do Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de
fornecimento (a construção de usinas Serviços e Públicos (RTQ-C). Esse regulamento
hidroelétricas pode inundar grandes áreas de terra, tem como objetivo criar condições para a
geralmente com destruição de instalações e perda etiquetagem do nível de eficiência energética dos
de reservas naturais; os combustíveis fósseis e as edifícios e, para tanto, especifica os requisitos
usinas nucleares provocam poluição do ar, afetam técnicos e os métodos para classificação dos
a segurança e requerem o tratamento do lixo). A edifícios comerciais, de serviços e públicos. É de
redução do impacto no consumo de recursos caráter voluntário para edificações novas e
naturais, cada vez mais escassos, ajuda a preservar o existentes e passará a ter caráter obrigatório para
meio ambiente, possibilitando às gerações futuras a edificações novas em prazo a ser definido. Sua
capacidade de satisfazer suas necessidades. aplicação é voltada para edifícios com área total
útil mínima de 500 m2 e/ou com tensão de
A primeira iniciativa no âmbito de legislações
efetivamente instituídas para promover a eficiência abastecimento superior ou igual a 2,3 kV
energética no país surgiu como consequência da (subgrupos A1, A2, A3, A3a, A4 e AS), incluindo
crise de energia de 2001. Nessa ocasião foi edifícios condicionados, parcialmente
sancionada a Lei nº 10.295, de 17 de outubro de condicionados e não condicionados.
2001 (BRASIL, 2001a), que dispõe sobre a O consumo de energia em edificações está
Política Nacional de Conservação e Uso Racional relacionado aos ganhos ou perdas de calor pela
de Energia e afirma que “o Poder Executivo envoltória da edificação, que, associados à carga
desenvolverá mecanismos que promovam a interna gerada pela ocupação, pelo uso de
eficiência energética nas edificações construídas equipamentos e pela iluminação artificial, resultam
no país”. Dois meses depois, o Decreto nº 4.059, no consumo dos sistemas de condicionamento de
de 19 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001b), ar, além dos próprios sistemas de iluminação e
regulamentou a referida lei, decretando que “os equipamentos (CARLO, 2008). Assim como em
níveis máximos de consumo de energia, ou normas de outros países (GOULART, 2005a,
mínimos de eficiência energética, de máquinas e 2005b, 2007), a etiquetagem de eficiência
aparelhos consumidores de energia fabricados ou energética deve atender aos requisitos relativos à

60 Fossati, M.; Lamberts, R.


eficiência e potência instalada do sistema de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de
iluminação, eficiência do sistema de serviços e públicos (RAC-C). Esse regulamento
condicionamento do ar e o desempenho térmico da determina os mecanismos de avaliação da
envoltória do edifício. O RTQ-C apresenta duas conformidade aplicáveis, que são a etiquetagem e a
possibilidades para avaliação dos edifícios: pelo inspeção.
método prescritivo e por simulação computacional O RTQ-C, o RAC-C e um manual para aplicação
do desempenho termoenergético, que compara o desses dois regulamentos (BRASIL, 2009a) foram
desempenho do edifício proposto para ser
desenvolvidos pelo Laboratório de Eficiência
etiquetado (real) com um edifício similar (de
Energética de Edificações (Labeee) da
referência), cujas características devem estar de Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
acordo com o nível de eficiência pretendido. por meio de um convênio firmado entre essa
Parcelas de edifícios também podem ser avaliadas
universidade e a Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
quanto ao sistema de iluminação e (Eletrobras).
condicionamento de ar (um pavimento ou conjunto
de salas, por exemplo), recebendo uma Atualmente, o RTQ-C está sendo aplicado em
classificação parcial do nível de eficiência diversos edifícios, e pontos críticos estão sendo
referente a cada um desses itens. avaliados para possíveis revisões do documento.
Para obter a classificação geral do edifício são Este artigo tem como objetivo apresentar e discutir
atribuídos pesos às classificações por requisitos os resultados da avaliação da envoltória de
(envoltória: 30%; iluminação: 30%; e edifícios de escritórios de Florianópolis, SC,
condicionamento de ar: 40%), resultando numa obtidos por meio da aplicação do método
classificação final. O nível de classificação de cada prescritivo do RTQ-C. Os dez edifícios objeto de
requisito equivale a um número de pontos estudo fazem parte de uma amostra de edifícios
correspondentes, e cada pontuação, a um nível de avaliada em relação à sustentabilidade em uma
eficiência. Assim como no Programa Brasileiro de pesquisa mais abrangente conduzida por Fossati
Etiquetagem (PBE/Inmetro), que atribui a Etiqueta (2008), cujo objetivo era a definição de uma
Nacional de Conservação de Energia (Ence) a metodologia de avaliação da sustentabilidade de
condicionadores de ar, lâmpadas fluorescentes projetos de edifícios. A avaliação da eficiência
compactas, eletrodomésticos, veículos leves e energética era um dos requisitos considerados na
outros equipamentos, a classificação é feita em categoria energia,1 e a versão do RTQ-C utilizada
cinco níveis: A (mais eficiente), B, C, D e E para as avaliações foi a que estava em
(menos eficiente). desenvolvimento na época. Para este artigo, os
cálculos foram refeitos com a versão aprovada do
Para a edificação ser elegível à etiquetagem, é
RTQ-C pela Portaria nº 163 do Inmetro (BRASIL,
exigido o cumprimento de alguns pré-requisitos
2009b).
gerais. Dependendo do nível pretendido para o
edifício, também são exigidos pré-requisitos O método prescritivo classifica a eficiência da
específicos da envoltória, do sistema de envoltória com base em um indicador de consumo
iluminação e do sistema de condicionamento de ar. obtido por meio de equações que foram
Por fim, bonificações são concedidas a iniciativas desenvolvidas a partir de simulações do
que aumentem a eficiência da edificação, podendo desempenho termoenergético de protótipos cujas
acrescer até um ponto na classificação geral do tipologias representam edificações construídas no
edifício. Para tanto, essas iniciativas deverão ser país. Os protótipos foram elaborados após um
justificadas, e a economia gerada deve ser levantamento fotográfico que identificou
comprovada. As bonificações referem-se a características externas das edificações (área de
sistemas e equipamentos que racionalizem o uso janelas, tipo de vidro, existência e dimensões de
da água; sistemas ou fontes renováveis de energia proteções solares, proporção das menores fachadas
(aquecimento solar de água, energia eólica e/ou em relação às maiores, número de pavimentos e
painéis fotovoltáicos); sistemas de cogeração e forma), dando origem a cinco protótipos, cada qual
inovações técnicas ou de sistemas que com uma volumetria distinta e representativa de
comprovadamente aumentem a eficiência uma atividade comercial: hotéis, grandes e
energética da edificação. pequenos escritórios, grandes e pequenas lojas.
Esse levantamento foi realizado em 1.103
Devido à necessidade de estabelecer regras
edificações em cinco capitais brasileiras. Os
equânimes e de conhecimento público para a
etiquetagem dos edifícios e para a concessão da
1
Ence, a Portaria Inmetro nº 185, de 22 de junho de As categorias avaliadas por Fossati (2008) foram: uso e
2009 (BRASIL, 2009c), instituiu o Regulamento ocupação do solo; água; materiais e recursos; transporte e
acessibilidade; energia e qualidade do ambiente interno e
de Avaliação da Conformidade do Nível de saúde.

Eficiência energética da envoltória de escritórios de Florianópolis: discussões sobre a aplicação do 61


métodoprescritivo do RTQ-C
protótipos representativos foram alterados para o Onde:
pior caso de cada atividade comercial encontrado ICenv: indicador de consumo da envoltória
no levantamento e avaliados sob diversas (adimensional);
situações. Medidas de conservação de energia
foram aplicadas a um protótipo pouco eficiente, a Ape: área de projeção do edifício (m²);
fim de verificar suas relevâncias na eficiência Aenv: área da envoltória (m²);
energética. As medidas mais relevantes que
compõem a envoltória fazem parte das equações Apcob: área de projeção da cobertura (m²);
de cálculo do indicador de consumo (LAMBERTS Atot: área total de piso (m²);
et al., 2007).
AVS: ângulo vertical de sombreamento,2 entre 0 e
45 (graus);
Método de pesquisa
AHS: ângulo horizontal de sombreamento,3 entre 0
Determinação do nível de eficiência da e 45 (graus);
envoltória FF: fator de forma, (Aenv/Vtot);
Determinação da zona bioclimática, da FA: fator altura, (Apcob/Atot);
área de projeção (Ape) e do fator de forma FS: fator solar do vidro;
da edificação FF = Aenv/Vtot
PAFT: porcentual de abertura na fachada total
A NBR 15220-3 (ABNT, 2005) estabelece o (adimensional, para uso na equação); e
zoneamento bioclimático brasileiro, e sua
determinação é necessária para definir quais Vtot: volume total da edificação (m³).
equações serão utilizadas para o cálculo da
eficiência da envoltória. O RTQ-C apresenta duas Determinação do indicador de consumo
equações por zona bioclimática: uma máximo (ICmáxD) e mínimo da envoltória
representando edifícios com área de projeção (Ape) (ICmín)
menor ou igual a 500 m2; e outra para edifícios O indicador de consumo máximo (ICmáxD) foi
com área de projeção maior que 500 m2. calculado utilizando-se a mesma equação do
As equações para Ape > 500 m² são válidas para cálculo do indicador de consumo da envoltória
um fator de forma mínimo permitido (Aenv/Vtot). (Equação 1), mas com os parâmetros de entrada
As equações para Ape ≤ 500 m² são válidas para fornecidos pelo RTQ-C e apresentados na Tabela
um fator de forma máximo permitido (Aenv/Vtot). 1. O ICmáxD representa o indicador máximo que a
Acima ou abaixo destes, usam-se os valores-limite. edificação deve atingir para obter a classificação
D. Acima desse valor, a edificação passa a ser
Determinação do indicador de consumo da classificada com o nível E.
envoltória (ICenv) O limite mínimo (ICmín) foi calculado com a
O indicador de consumo da envoltória (ICenv) é mesma Equação 1, mas com parâmetros de entrada
definido por meio das equações presentes no RTQ- fornecidos pelo RTQ-C e apresentados na Tabela
C. Os edifícios objetos deste estudo estão 2. O ICmín representa o indicador de consumo
localizados na zona bioclimática 3 (Florianópolis), mínimo para aquela volumetria.
cuja equação para cálculo do ICenv para área de Os limites ICmáxD e ICmín representam o intervalo
projeção Ape ≤ 500 m² é apresentada na Equação 1, e dentro do qual a edificação deve se inserir. O
para áreas de projeção Ape > 500 m², na Equação 2. intervalo foi então dividido em quatro partes (i),
Ape ≤ 500 m2 cada uma referente a um nível de classificação,
numa escala de desempenho que varia de A a E. A
Limite: Fator de forma máximo (Aenv/Vtot) = 0,70 subdivisão i do intervalo foi calculada com a
ICenv = – 175,30.FA – 212,79.FF + Equação 3.
21,86.PAFT + 5,59.FS – 0,19.AVS +
0,15.AHS + 275,19.(FA/FF) + 213,35.FA.FF –
Eq. 1 ( ICmáxD  ICmín)
i Eq. 3
0,04.PAFT.FS.AVS – 0,45.PAFT.AHS + 190,42 4
Ape > 500 m2 Com o valor de i calculado, foi preenchida a
Tabela 3.
Limite: Fator de forma mínimo (Aenv/Vtot) = 0,15
ICenv = – 14,14.FA – 113,94.FF + 50,82.PAFT + 2
Os AVS são referentes à existência de proteções solares
4,86.FS – 0,32.AVS + 0,26.AHS – 35,75/FF – Eq. 2 horizontais nas aberturas.
0,54.PAFT.AHS + 277,98 3 Os AHS são referentes à existência de proteções solares
verticais nas aberturas.

62 Fossati, M.; Lamberts, R.


Determinação do nível de eficiência da realizado o cálculo do PAF para a fachada oeste
envoltória (PAFO) e do PAFT. Quando o PAFT + 20% foi
maior que o PAFO, adotou-se o PAFT nas Equações
O ICenv foi comparado com os limites da Tabela 3,
1 e 2. Caso contrário, foi utilizado o PAFO.
e foi identificado o nível de eficiência da
envoltória dos edifícios de acordo com o indicador Para o PAZ foi determinado o percentual de
de consumo obtido.4 abertura zenital (claraboia) na cobertura.

Variáveis utilizadas para a determinação do Fator solar do vidro (FS)


nível de eficiência da envoltória O fator solar dos vidros das fachadas foi
Características de projeto consultado em documentação disponibilizada e em
catálogos dos fabricantes dos vidros. O FS
Informações sobre as dimensões, altura, áreas, utilizado foi uma média ponderada do fator solar
volume e ângulo de sombreamento da edificação dos vidros pelas áreas em que estão presentes.
foram obtidas nos projetos arquitetônicos dos
edifícios e em levantamento fotográficos Elementos de proteção solar (AVS e AHS)
realizados in loco.
Em edifícios com elementos de proteção solar nas
Orientação solar fachadas foram verificados os ângulos horizontal e
vertical de sombreamento (AHS e AVS
A orientação solar das fachadas dos edifícios foi respectivamente).
obtida nos projetos de implantação e situação e
foram conferidas por meio do Google Earth.
Atendimento aos pré-requisitos
Para a definição da orientação das fachadas, específicos da envoltória
determinou-se, para cada ponto cardeal, um limite
de abrangência de 45º no sentido horário e anti- O RTQ-C exige que após o cálculo do nível de
horário (Figura 1), ou seja, para fachadas orientadas eficiência da envoltória seja verificado o
em outras direções geográficas foi adotada a atendimento aos pré-requisitos específicos:
orientação mais próxima, da seguinte forma: transmitâncias térmicas, cores e absortância de
superfícies, e iluminação zenital. A Tabela 4
(a) de 0 a 45,0º e de 315,1º a 360,0o, a orientação
relaciona os pré-requisitos específicos da envoltória
geográfica é norte;
que devem ser atendidos para cada nível de
(b) de 45,1º a 135,0º, a orientação geográfica é eficiência do RTQ-C. Não atendendo a nenhum
leste; desses pré-requisitos, o nível máximo a ser
(c) de 135,1º a 225,0º, a orientação geográfica é alcançado no requisito envoltória é nível E. A
sul; e avaliação dos pré-requisitos não será apresentada
neste trabalho, que se limita à discussão das
(d) de 225,1º a 315,0º, a orientação geográfica é variáveis construtivas que influenciam no resultado
oeste. dos indicadores de consumo da envoltória.

Percentual de abertura na fachada total (PAFT)


e Percentual de abertura zenital (PAZ) Caracterização dos edifícios
O PAFT foi calculado pela razão entre a soma das avaliados
áreas de abertura5 envidraçada, ou com fechamento Avaliaram-se 10 edifícios de escritórios da parte
transparente ou translúcido, de cada fachada, e a insular de Florianópolis, com três ou mais
área total de fachada da edificação. O PAFT pavimentos, com pavimento-garagem, cujos
utilizado corresponde a um valor médio projetos foram aprovados entre 2000 e 2005. Essa
representativo do percentual de aberturas de todas as amostra faz parte de um estudo mais abrangente,
fachadas. Para o uso desse valor, primeiramente foi realizado por Fossati (2008) em sua tese de
doutoramento. Os edifícios não foram
4
Os pré-requisitos descritos no item 2.2 não foram considerados
identificados em função da confidencialidade
nessa classificação. exigida pelos construtores para a disponibilização
5
Abertura: todas as áreas do envoltório do edifício, dos projetos e informações necessárias para as
translúcidas ou transparentes (que permitem a entrada da avaliações. Os edifícios foram numerados
luz), incluindo janelas, painéis plásticos, claraboias, portas
de vidro (com mais da metade da área de vidro) e paredes sequencialmente de 1 a 10, conforme mostra a
de blocos de vidro. O cálculo do PAFT refere-se Tabela 5, que apresenta as principais
exclusivamente a aberturas em paredes verticais com
inclinação superior a 60° em relação ao plano horizontal, características deles.
tais como janelas tradicionais, portas de vidro ou sheds,
mesmo sendo estes últimos localizados na cobertura.

Eficiência energética da envoltória de escritórios de Florianópolis: discussões sobre a aplicação do 63


métodoprescritivo do RTQ-C
Na Tabela 5 percebe-se que os edifícios 1, 2, 3, 6, limites determinados pelo RTQ-C para utilização
7, 8 e 9 possuem área de projeção menor que 500 das referidas equações.
m2, e os demais (edifícios 4, 5 e 10), área de Os cálculos dos indicadores de consumo das
projeção maior que 500 m2. Por essa razão, foram
envoltórias dos edifícios foram realizados com a
utilizadas, respectivamente, a Equação 1 e a torre correspondente aos pavimentos de escritório
Equação 2 para a determinação do indicador de da edificação. Nos casos em que a base do edifício
consumo da envoltória. Todos os edifícios era maior, utilizada como pavimentos-garagem,
apresentaram fatores de forma (FF) dentro dos
lojas e sobrelojas, ela foi excluída dos cálculos.

PAFT FS AVS AHS


0,6 0,61 0 0
Tabela 1 – Parâmetros do ICmáxD

PAFT FS AVS AHS


0,05 0,87 0 0
Tabela 2 – Parâmetros do ICmín

Eficiência A B C D E
Lim Mín - ICmáxD - 3i + 0,01 ICmáxD - 2i + 0,01 ICmáxD - i + 0,01 ICmáxD + 0,01
Lim Máx ICmáxD - 3i ICmáxD - 2i ICmáxD - i ICmáxD -
Tabela 3 – Limites dos intervalos dos níveis de eficiência

Figura 1 – Quadrantes para a definição da orientação das fachadas

Pré-requisito Nível A Nível B Nível C Nível D


Transmitância térmica da cobertura e paredes exteriores Sim Sim Sim Sim
Cores e absortância de superfícies Sim Sim
Iluminação zenital Sim
Tabela 4 – Relação entre os pré-requisitos da envoltória e os níveis de eficiência

64 Fossati, M.; Lamberts, R.


Edifício
Característica
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fachada
oeste oeste sul sul oeste leste leste norte leste oeste
principal*
Ape (m²) 152,04 322,14 208,06 719,64 1.052,76 279,68 295,91 218,93 346,84 1.390,80
Apcob (m²) 152,04 322,14 208,06 719,64 1.052,76 279,68 295,91 226,56 346,84 1.390,80
Atot (m²) 1.083,03 4.187,82 1.872,20 3.598,18 3.608,78 1.398,38 3.170,20 2.189,28 1.734,20 8.344,80
Aenv (m²) 1.524,88 2.966,94 1.920,19 2.392,14 2.945,54 1.413,19 2.546,51 2.041,24 1.571,84 4.524,00
3
Vtot (m ) 3.429,91 11.725,90 5.391,94 10.794,53 14.448,78 4.307,00 8.718,05 6.129,98 4.855,76 29.206,80
FA =Apcob/Atot 0,14 0,08 0,11 0,20 0,29 0,20 0,09 0,10 0,20 0,17
FF = Aenv/Vtot 0,44 0,25 0,36 0,22 0,20 0,33 0,29 0,33 0,32 0,15
PAFT 0,17** 0,55** 0,51** 0,36 0,41 0,44 0,45** 0,19 0,34 0,49**
FS 0,60 0,56 0,60 0,66 0,47 0,47 0,47 0,64 0,56 0,47
AVS (graus) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
AHS (graus) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
*Fachada principal = orientação da fachada voltada para a rua principal
**Foi utilizado PAFo
Tabela 5 – Característica dos edifícios avaliados

Discussões sobre os resultados aumento da porcentagem de janela na fachada


(GHISI; TINKER; 2005). Além disso, para
da aplicação do RTQ-C amenizar o desconforto causado por esse ganho ou
A Tabela 6 apresenta os indicadores de consumo perda de calor, torna-se mais intenso o uso de ar
da envoltória, os limites mínimos e máximos para condicionado ou de sistemas de aquecimento,
cada nível de eficiência e a classificação obtida tendo como consequência aumento do consumo de
pelos edifícios. Não há um limite mínimo para a energia.
edificação atingir nível A: quanto menor o Carlo (2008) demonstra que o indicador de
indicador obtido, mais eficiente será a envoltória consumo é crescente com o aumento da área de
da edificação. Na outra ponta, percebe-se que não aberturas. Em Santana (2006), o PAF destacou-se
há um limite máximo para a edificação classificada como a variável que apresentou maior influência
como nível E, esteja o indicador de consumo na variação do consumo de energia: a cada 10% de
próximo aos valores mínimos definidos para esse aumento do PAF ocorreu um acréscimo no
nível ou muito mais elevados. consumo de energia de 2,9%.
Dos dez edifícios avaliados, dois atingiram nível Nos edifícios avaliados pôde-se perceber que os
A; um nível B; quatro nível C; e três nível D.6 que possuem maior PAF foram os que obtiveram
Considerando a mesma volumetria de cada menores classificações (edifícios 2, 3 e 10, com
edifício, a área de abertura nas fachadas, as percentuais de abertura de 55%, 51% e 49%
proteções solares, o fator solar dos vidros e a respectivamente; classificação D). Os edifícios
orientação das fachadas são discutidos a seguir. com baixo percentual de aberturas obtiveram nível
A (edifícios 1 e 8, com 17% e 19%
respectivamente).
Percentual de abertura na fachada
(PAF)
Grandes áreas de janela permitem ganhos ou
perdas excessivas de calor, ou seja, há um
acréscimo no consumo anual de energia com o

6
Os pré-requisitos de transmitância térmica de paredes e
coberturas, cores e absortância de superfícies e iluminação
zenital não fizeram parte desta avaliação. A classificação
considerou somente o valor obtido para o indicador de
consumo da envoltória. A classificação dos edifícios pode
variar de acordo com o atendimento ou não aos pré-
requisitos específicos da envoltória.

Eficiência energética da envoltória de escritórios de Florianópolis: discussões sobre a aplicação do 65


métodoprescritivo do RTQ-C
Limites dos intervalos dos níveis de eficiência
Classificação
ICenv A B C D E (Nível)
Mín Máx Mín Máx Mín Máx Mín Máx Mín Máx
Edifício 1 178,49 - 180,02 180,03 182,66 182,67 185,30 185,31 187,94 187,95 - A
Edifício 2 226,06 - 219,51 219,52 222,15 222,16 224,79 224,80 227,43 227,44 - D
Edifício 3 203,98 - 198,08 198,09 200,72 200,73 203,36 203,37 206,00 206,01 - D
Edifício 4 110,08 - 102,02 102,03 108,69 108,70 115,36 115,37 122,04 122,05 - C
Edifício 5 98,38 - 88,70 88,71 95,38 95,39 102,05 102,06 108,72 108,73 - C
Edifício 6 279,53 - 275,88 275,89 278,52 278,53 281,16 281,17 283,81 283,82 - C
Edifício 7 218,12 - 214,26 214,27 216,90 216,91 219,54 219,55 222,18 222,19 - C
Edifício 8 202,03 - 202,89 202,90 205,54 205,55 208,18 208,19 210,82 210,83 - A
Edifício 9 280,88 - 278,91 278,92 281,56 281,57 284,20 284,21 286,84 286,85 - B
Edifício 10 54,36 - 40,61 40,62 47,29 47,30 53,96 53,97 60,63 60,64 - D
Tabela 6 – Indicadores de consumo e classificação dos edifícios avaliados

Orientação das fachadas Entre os edifícios avaliados, nenhum apresenta


proteções solares que proporcionem sombreamento
Apesar de a orientação das fachadas não ser nas aberturas (AVS e AHS iguais a zero). Essa
considerada diretamente na equação do cálculo do característica corrobora com o levantamento de
indicador de consumo, ela é considerada quando se tipologias realizado por Carlo (2008), que
tem um percentual de abertura na fachada oeste encontrou ausência de AVS em mais de 80% e de
significativamente maior que o percentual de AHS em quase 100% da tipologia definida como
abertura total das fachadas (mais de 20%). Nesses grandes escritórios.
casos, o PAFO é utilizado nas Equações 1 e 2, em
vez do PAFT, aumentando o percentual a ser A ausência de sombreamento nas aberturas
considerado nos cálculos. contribui para o aumento no consumo de energia
dos edifícios e menor classificação no nível de
Nos edifícios 1, 2, 3, 7 e 10 a fachada oeste é a eficiência em função da obtenção de indicadores
mais envidraçada. No edifício 1 esse fato não teve de consumo mais elevados em relação a edifícios
grande influência, pois tanto o PAFO (17%) quanto que possuem elementos de sombreamento.
o PAFT (11%) são baixos. Já nos edifícios 2, 3 e 10
houve influência na classificação. Nestas A título de exemplo, se no edifício 2 fossem
edificações, se fosse utilizado o PAFT, os edifícios mantidas as demais características e o AVS fosse
obteriam classificação um nível acima (passariam 45º (maior ângulo permitido para entrada na
de D para C). Cabe ressaltar que mesmo o PAFT é equação), a classificação do edifício passaria de
significativo nesses edifícios (41%, 39% e 39% nível D para nível A. O mesmo ocorreria caso
respectivamente, em vez dos 55%, 51% e 49% do AVS e AHS fossem iguais a 25º.
PAFO). Já o edifício 7 passaria de nível C para
nível A caso fosse utilizado o PAFT (27%) em vez Fator solar dos vidros
do PAFO (45%).
O parâmetro fator solar é a variável presente na
equação que apresenta menor influência no
Proteções solares indicador de consumo da envoltória. Santana
As proteções solares, representadas nas Equações (2006) observou que a cada variação de 0,1 de
1 e 2 por meio dos ângulos vertical e horizontal de fator solar ocorreu uma alteração no consumo de
sombreamento (AVS e AHS), proporcionam energia de 0,6%.
redução no indicador de consumo devido ao Os edifícios avaliados possuem fatores solares que
aumento do sombreamento e consequente redução variam de 0,47 (mais eficiente) a 0,66. Tomando
da carga térmica ao aumentar o ângulo de como exemplo o edifício 2, com as mesmas
sombreamento em relação à janela (CARLO, características e fator solar igual a 0,22 (um dos
2008). Ao analisar os brises horizontais, Santana menores fatores solares de vidros obtidos no
(2006) demonstra que a cada 10º de aumento do mercado), a classificação passaria de nível D para
ângulo vertical de sombreamento o consumo de nível C.
energia decresce em 1,8%.

66 Fossati, M.; Lamberts, R.


Conclusões influenciam no balanço energético de uma
edificação. Quando essas variáveis são pensadas
Este artigo apresentou os resultados e as conjuntamente, o edifício tem uma boa resposta
discussões da avaliação da envoltória de edifícios com relação ao consumo de energia elétrica e ao
de escritórios de Florianópolis, SC, aplicando-se o conforto térmico dos ocupantes. A melhoria da
método prescritivo do RTQ-C. Os pré-requisitos eficiência energética da envoltória e a interação da
específicos da envoltória (transmitâncias térmicas, edificação com o meio em que está inserida podem
cores e absortância de superfícies, e iluminação contribuir também na redução do uso de
zenital) não foram levados em consideração. A iluminação artificial e de sistemas de refrigeração
avaliação limitou-se às variáveis construtivas que mecânica, responsáveis pela maior parte da energia
influenciam nos indicadores de consumo da consumida nos edifícios comerciais.
envoltória.
Até então poucos arquitetos levavam em
Analisando os resultados, pôde-se observar que o consideração os contextos urbano, geográfico e
percentual de abertura na fachada é a medida de climático em seus projetos, tirando partido da
conservação de energia de maior relevância. iluminação e ventilação naturais e aproveitando as
Quanto maior o percentual de abertura, menor condições climáticas da região, a orientação solar,
tende a ser o nível de eficiência da envoltória os ventos predominantes e as condições do
quando nenhuma outra medida construtiva é entorno. Em algumas situações, modelos
utilizada para amenizar tal efeito. A orientação das arquitetônicos internacionais eram importados sem
fachadas é uma variável importante e atrelada ao o cuidado de serem adaptados às potencialidades
percentual de abertura, uma vez que, se a brasileiras.
orientação for favorável, as aberturas poderão
Nesse sentido, o RTQ-C surge como uma
possuir áreas maiores. Com os resultados obtidos
ferramenta para estimular o emprego de técnicas
percebe-se claramente que grandes percentuais de
de projeto e estratégias bioclimáticas para a
abertura na fachada oeste podem comprometer a
criação de soluções arquitetônicas mais adequadas
eficiência da envoltória.
ao ambiente climático em que estão inseridas.
As proteções solares aparecem como segundo fator Ressalta-se que objetivo do RTQ-C não é fixar
de maior influência na eficiência energética da parâmetros, e sim estimular que os projetistas
envoltória. Quanto mais sombreadas forem as lancem mão de medidas combinadas para maior
aberturas, maior o nível de eficiência atingido. eficiência das edificações. Acredita-se que o
Entretanto, observa-se que essa é uma estratégia método regulamentado pelo RTQ-C tende a se
pouco explorada nos edifícios de escritórios disseminar no mercado e a promover a eficiência
brasileiros. energética das edificações ao compará-las a um
O fator solar dos vidros figura como a variável de desempenho mínimo obrigatório para cada nível de
menor influência na eficiência da envoltória. No classificação desejado.
entanto, não é um parâmetro a ser desconsiderado.
A utilização de vidros com fatores solares baixos Referências
pode elevar o nível de eficiência de um edifício,
principalmente se utilizado concomitantemente ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
com as demais estratégias mencionadas. TÉCNICAS (ABNT). NBR 15.220-3: desempenho
Dado o exposto, pode-se perceber que, em muitos térmico de edificações: parte 3: zoneamento
casos, estudos e medidas simples podem implicar bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas
uma redução significativa do consumo de energia. para habitações unifamiliares de interesse social.
Melhores níveis de eficiência energética podem ser Rio de Janeiro, 2005.
alcançados quando são levados em consideração
no projeto de uma edificação o percentual, a BRASIL. Lei nº 10.295, de 17 de outubro de
orientação e o sombreamento das aberturas, 2001. Dispõe sobre a Política Nacional de
aliados à escolha dos materiais e à adequação da Conservação e Uso Racional de Energia. Brasília,
edificação ao clima e ao entorno urbano. As DF, 2001a. Disponível em:
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microclima, a temperatura externa, a radiação pdf>. Acesso em: 24 fev. 2007.
solar, o vento, as trocas térmicas das paredes e
cobertura, os ganhos de calor no interior da
edificação provenientes do metabolismo dos
usuários, os sistemas de iluminação e
equipamentos eletrônicos são variáveis que

Eficiência energética da envoltória de escritórios de Florianópolis: discussões sobre a aplicação do 67


métodoprescritivo do RTQ-C
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Eficiência energética da envoltória de escritórios de Florianópolis: discussões sobre a aplicação do 69


métodoprescritivo do RTQ-C

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