Execução - Processo Civil
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Execução Civil
RETA FINAL DPE/RJ
CURSO RDP
PROCESSO CIVIL
SUMÁRIO
PROCESSO CIVIL ......................................................................................................................................................................................................... 3
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
2.1 DO TÍTULO EXECUTIVO ................................................................................................................................................................................. 13
4.5.8 DA AVALIAÇÃO........................................................................................................................................................................................... 30
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Fala, pessoal. Tudo bem? Trabalharemos agora um ponto muito importante, qual seja: processo de
execução (teoria geral e execução em espécie). Reconheço que há muitos detalhes. No entanto, a boa notícia
é que a matéria não é difícil e dá para trabalharmos com tranquilidade para ganharmos pontos nesta primeira
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fase da DPE/RJ.
1. DA EXECUÇÃO EM GERAL
O art. 771 do CPC inicia o processo de execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições
aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados
no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a
lei atribuir força executiva.
Diferente do cumprimento de sentença, que é uma fase do processo sincrético (conhecimento + exe-
cução), o processo de execução, como o próprio nome diz, é uma ação que tem por base um título executivo
extrajudicial.
Vamos contextualizar.
Imagine que você tem uma nota promissória vencida. Essa nota é um título executivo EXTRAJUDICIAL.
Neste caso, é possível que você, credor, execute o devedor através de uma ação de execução de título extra-
judicial. Como se vê, o processo de conhecimento neste caso é totalmente despiciendo, haja vista que já há
um título líquido, certo e exigível apto a comprovar o direito.
NULLA EXECUTIO SINE TÍTULO É nula a execução sem o título, seja judicial ou extrajudicial.
PRINCÍPIO DA PATRIMONIALI-
O devedor responde com o seu patrimônio.
DADE
Quando por vários meios o exequente puder promover a execução,
PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSI- o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o execu-
DADE tado (há uma ponderação com o direito de o credor receber o seu
crédito).
O Juiz pode determinar qualquer meio admitido no direito para que
ATIPICIDADE DOS ATOS EXECUTI-
a satisfação da dívida seja concretizada. Não pode, no entanto, pro-
VOS
mover constrangimento pessoal.
Reforçam a ideia de que o sujeito processual deve sempre agir pau-
LEALDADE E BOA-FÉ PROCESSUAL
tado pela conduta leal e de boa-fé ao transcorrer do processo.
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Recentemente, em agosto de 2023, o STJ entendeu que a dificuldade de encontrar o réu não justifica
citação por meio de redes sociais. Com isso, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou
provimento ao recurso de uma empresa credora que pretendia que a citação do devedor fosse feita por meio
de mensagem eletrônica em suas redes sociais, em virtude da dificuldade de citá-lo pessoalmente.
“Para o colegiado, ainda que possam vir a ser convalidadas caso cumpram sua fina-
lidade, a comunicação de atos processuais e a realização de intimações ou citações
por aplicativos de mensagens ou redes sociais não têm nenhuma base ou autoriza-
ção legal. Dessa forma, o seu uso pode caracterizar vício de forma que, em tese,
resulta em declaração de nulidade dos atos comunicados dessa forma.
A ministra lembrou que o CPC tem regra específica para os casos em que o réu não
é encontrado para a citação pessoal, que é a citação por edital (artigos 256 e se-
guintes).
Nancy Andrighi afirmou que, a partir de 2017, quando o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) aprovou o uso de ferramentas tecnológicas para a comunicação de atos pro-
cessuais, a discussão sobre intimações e citações por meio de aplicativos de mensa-
gens ou redes sociais ganhou força, chegando ao auge na pandemia da Covid-19,
após a edição da Resolução CNJ 354/2020.
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adoção de uma norma federal que uniformize esses procedimentos, com regras iso-
nômicas e seguras para todos.
A ministra destacou que a Lei 14.195/2021 modificou o artigo 246 do CPC para dis-
ciplinar o envio da citação ao e-mail cadastrado pela parte, estabelecendo um deta-
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lhado procedimento de confirmação e de validação dos atos comunicados. Contudo,
essa norma não tratou da possibilidade de comunicação por aplicativos de mensa-
gens ou de relações sociais.
De acordo com Nancy Andrighi, nem o artigo 270 do CPC, nem o artigo 5º, pará-
grafo 5º, da Lei 11.419/2006, nem tampouco qualquer outro dispositivo legal dão
amparo à tese – sustentada no recurso em julgamento – de que já existiria autoriza-
ção na legislação brasileira para a citação por redes sociais.
Além da falta de previsão legal para a citação por redes sociais, a ministra ressaltou
que essa prática esbarraria em vários problemas, como a existência de homônimos
e de perfis falsos, a facilidade de criação de perfis sem vínculo com dados básicos de
identificação das pessoas e a incerteza a respeito do efetivo recebimento do man-
dado de citação.”
Porém, a própria Terceira Turma do STJ tem entendimento (22/08/2023) de que a citação por aplica-
tivo de mensagem pode ser válida se der ciência inequívoca da ação judicial (REsp 2045633/RJ):
“Ainda que não exista previsão legal de citação por meio de aplicativo de mensagens,
a comunicação por essa forma poderá ser considerada válida se cumprir a finalidade
de dar ao destinatário ciência inequívoca sobre a ação judicial proposta contra ele.
"É previsto investigar, em qualquer situação que envolva a formalidade dos atos pro-
cessuais, se o desrespeito à forma prevista em lei sempre implica, necessariamente,
nulidade ou se, ao revés, o ato praticado sem as formalidades legais porventura atin-
giu o seu objetivo (dar ciência inequívoca a respeito do ato que se pretende comu-
nicar), ainda que realizado de maneira viciada, e pode eventualmente ser convali-
dado", disse a ministra Nancy Andrighi, relatora.
Esse entendimento foi considerado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Jus-
tiça (STJ) ao anular uma citação realizada por meio do WhatsApp. O colegiado cons-
tatou que houve prejuízo para a ré, uma mãe que ficou revel em ação de destituição
do poder familiar na qual o pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro foi julgado
procedente.
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Além disso, o colegiado levou em conta que a pessoa a ser citada não sabia ler nem
escrever. A ministra Nancy Andrighi ressaltou que, diante da impossibilidade de
compreensão do teor do mandado e da contrafé, o citando analfabeto se equipara
ao citando incapaz, aplicando-se a regra do artigo 247, II, do Código de Processo
Civil (CPC), que veda a citação por meio eletrônico ou por correio nessa hipótese.
Citação por aplicativo de mensagem não tem nenhuma base ou autorização legal
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Segundo a relatora, a possibilidade de intimações ou citações por intermédio de apli-
cativos de mensagens ou redes sociais – como WhatsApp, Facebook e Instagram –
ganhou destaque após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2017, aprovar o uso
de ferramentas tecnológicas para a comunicação de atos processuais, e após ter edi-
tado, durante a pandemia da Covid-19, a Resolução 354/2020.
Nancy Andrighi observou que, desde então, proliferaram portarias, instruções nor-
mativas e regulamentações internas em comarcas e tribunais brasileiros, com dife-
rentes procedimentos para a comunicação eletrônica, o que revela que a legislação
atual não disciplina a matéria e, além disso, evidencia a necessidade de edição de
normas federais que regulamentem essa questão, com regras isonômicas e seguras
para todos.
Por não haver nenhuma base ou autorização legal, a ministra concluiu que a comu-
nicação de atos processuais por aplicativos de mensagens possui vício em relação à
forma – o que pode levar à sua anulação.
Vício formal não se sobrepõe à efetiva ciência da parte sobre a ação judicial
"Se a citação for realmente eficaz e cumprir a sua finalidade, que é dar ciência ine-
quívoca acerca da ação judicial proposta, será válida a citação efetivada por meio do
aplicativo de mensagens WhatsApp, ainda que não tenha sido observada forma es-
pecífica prevista em lei, pois, nessa hipótese, a forma não poderá se sobrepor à efe-
tiva cientificação que indiscutivelmente ocorreu", declarou.”2
Vale dizer, neste caso, que a presunção de fé pública do Oficial de Justiça não permite concluir que a
intimação via WhatsApp foi realizada, devendo, para o STJ, a ciência inequívoca de intimação claramente ficar
demonstrada. Esse tema foi cobrado na Prova para Residência Jurídica da DPE/RJ em 2023, uma das provas
de Residências com maior grau de dificuldade:
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QUESTÃO DISCURSIVA – 2023 – BANCA PRÓPRIA RESIDÊNCIA DPE/RJ: Luiz, motorista de aplicativo, figura
como executado em cumprimento de sentença de obrigação de prestar alimentos, pelo rito do artigo 523 do
CPC. O Juízo determinou a intimação pessoal do executado, por Oficial de Justiça, para pagar o débito, no
prazo de 15 (quinze) dias. Expedido o mandado de intimação e remetido ao Oficial de Justiça, este juntou aos
autos certidão com o seguinte teor: “Certifico que o endereço do executado está situado em área de notória
periculosidade, não sendo possível o ingresso deste Oficial de Justiça sem risco à sua integridade física, de
modo que deixo de comparecer ao local. Entrei em contato com o número de telefone informado às fls. XX,
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como pertencente ao executado, através do aplicativo de mensagens Whatsapp, e INTIMEI Luiz, dando-lhe
ciência do conteúdo do mandado.” O Oficial de Justiça juntou, ainda, captura de tela, onde se verifica que a
pessoa com quem O Oficial conversou não enviou qualquer documento de identificação. O Oficial, por sua vez,
não enviou cópia do mandado, apenas mensagem informando: “O Sr. está sendo processado nos autos de nº
XXX e tem 15 (quinze) dias para pagar o valor de R$ 6.250,00 (seis mil duzentos e cinquenta reais) ou apresen-
tar impugnação”, após o que não houve qualquer manifestação. Não houve pagamento e, ao final do decurso
do prazo sem impugnação, antes de qualquer outra providência, a exequente requereu a suspensão da CNH
do executado, o que foi imediatamente deferido por decisão do Juízo. Cinco dias após a decisão, Luiz procura
a Defensoria Pública, informando que tentou renovar sua Habilitação, mas foi informado que esta estava sus-
pensa por ordem judicial. Disse, ainda, que recebeu a mensagem do Oficial de Justiça, mas achou que se tra-
tava de golpe e, por isso, preferiu ignorar. Mencione a providência judicial cabível para impugnar a decisão,
com os fundamentos a serem utilizados na defesa dos interesses de Luiz. (valor 10,0)
GABARITO COMENTADO:
- Agravo de instrumento.
- Nulidade da intimação: negativa de acesso à justiça pelo não comparecimento ao local de residência do
executado. - Nulidade da intimação: ausência de ciência inequívoca na intimação via WhatsApp, como vem
decidindo o STJ, a exemplo do REsp 2045633/RJ. A presunção de fé pública do Oficial de Justiça não permite
concluir que a intimação foi realizada.
- Medidas atípicas na execução: necessidade de se observar a subsidiariedade das medidas atípicas. Ne-
nhuma medida típica de execução foi requerida e/ou tentada no caso concreto. ADI 5941/DF.
- Medidas atípicas na execução: menor onerosidade. A medida escolhida mostra-se muito gravosa para o
executado, em razão de sua profissão (motorista de aplicativo), prejudicando sua subsistência e o próprio
adimplemento. É constitucional a adoção de medidas atípicas, desde que não violem direitos fundamentais
do executado. Dignidade da pessoa humana e menor onerosidade da execução.
Dando continuidade, precisamos ficar atentos ao art. 772 do NCPC, em que o juiz pode, em qualquer
momento do processo:
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O art. 774 traz situações em que o NCPC considera como ato atentatório à dignidade da justiça:
Art. 774.Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
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V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores,
nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
Nesses casos acima, o juiz fixará multa em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor
atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios
autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. Atenção porque não
obstante o art. 774 trazer situações de atentado à justiça, a multa é direcionada AO EXEQUENTE (portanto,
não há falar em inscrição em dívida ativa tal como a multa por ato atentatório prevista no art. 77, §§2º e 3º,
NCPC).
Sobre a desistência da execução, saiba que o exequente tem o direito de desistir de toda a execução
ou de apenas alguma medida executiva.
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o
exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
IMPORTANTE LEMBRAR: Na vigência do novo CPC, a desistência da execução por falta de bens penhoráveis
não enseja a condenação do exequente em honorários advocatícios. REsp 1.675.741-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/06/2019, DJe 05/08/2019.
3 Gabarito: C
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O exequente ressarcirá ao executado os danos que este sofreu, quando a sentença, transitada em
julgado, declarar inexistente, no todo OU EM PARTE, a obrigação que ensejou a execução.
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Por fim, anote-se que a cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé ou
de prática de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos próprios autos do processo. Em
provas geralmente o examinador tenta confundir o candidato, afirmando que a cobrança será em autos
apartados.
O NCPC estabelece, em seu art. 139, IV, que o juiz poderá determinar todas as medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial,
inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. São as chamadas “medidas atípicas”. Isso
caiu na prova de Residência da DPE/RJ agora em 2023, como vimos.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incum-
bindo-lhe:
Basicamente, esse dispositivo dá liberdade para que o juiz determine medidas coercitivas necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, como a apreensão da Carteira Nacional de Habilitação
(CNH) e de passaporte, a suspensão do direito de dirigir e a proibição de participação em concurso e lici-
tação pública. Na ADI 594, julgada em fevereiro de 2023, o STF declarou esse dispositivo constitucional:
(...) A maioria do Plenário acompanhou o voto do relator, ministro Luiz Fux, para
quem a aplicação concreta das medidas atípicas previstas no artigo 139, inciso IV,
do CPC, é válida, desde que não avance sobre direitos fundamentais e observe os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. A Ação Direta de Inconstituciona-
lidade (ADI) 5941 foi proposta pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Discricionariedade judicial
4 ERRADO.
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seu ver, que o Poder Judiciário, destinado à solução de litígios, não tenha a prerro-
gativa de fazer valer os seus julgados.
Ele destacou, contudo, que o juiz, ao aplicar as técnicas, deve obedecer aos valores
especificados no próprio ordenamento jurídico de resguardar e promover a digni-
dade da pessoa humana. Também deve observar a proporcionalidade e a razoabili-
dade da medida e aplicá-la de modo menos gravoso ao executado. Segundo Fux, a
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adequação da medida deve ser analisada caso a caso, e qualquer abuso na sua apli-
cação poderá ser coibido mediante recurso.
Ações pecuniárias
Cuidado! Há um julgado do STJ no sentido de ser incabível medidas atípicas aflitivas pessoais, tais
como a suspensão de passaporte e da licença para dirigir em EXECUÇÃO FISCAL. (STJ, Informativo 654, HC
453.870-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, por maioria, julgado em 25/06/2019, DJe
15/08/2019.
(...) A execução Fiscal é destinada a saldar créditos que são titularizados pela coletivi-
dade, mas que contam com a representação da autoridade do Estado, a quem in-
cumbe a promoção das ações conducentes à obtenção do crédito. Para tanto, o Poder
Público se reveste da execução fiscal, de modo que já se tornou lugar comum afirmar
que o Estado é superprivilegiado em sua condição de credor.
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ter uma ideia do que o Poder Público já possui privilégios ex ante, a execução só é
embargável mediante a plena garantia do juízo (art. 16, § 1º, da LEF), o que não en-
contra correspondente na execução que se pode dizer comum. Como se percebe, o
crédito fiscal é altamente blindado dos riscos de inadimplemento, por sua própria con-
formação jusprocedimental.
Nesse raciocínio, é de imediata conclusão que medidas atípicas aflitivas pessoais,
tais como a suspensão de passaporte e da licença para dirigir, não se firmam no
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executivo fiscal. A aplicação delas, nesse contexto, resulta em excessos.
SE LIGA NA JURIS: Não há um tempo pré-estabelecido fixamente para a duração da medida coercitiva
atípica, que deve perdurar por tempo suficiente para dobrar a renitência do devedor
As medidas coercitivas atípicas devem ser deferidas e mantidas enquanto conseguirem operar, sobre o deve-
dor, restrições pessoais capazes de incomodar e suficientes para tirá-lo da zona de conforto, especialmente
no que se refere aos seus deleites, aos seus banquetes, aos seus prazeres e aos seus luxos, todos bancados
pelos credores.
Não há uma fórmula mágica nem deve haver um tempo pré-estabelecido para a duração de uma medida
coercitiva. Esta deve perdurar, portanto, pelo tempo suficiente para dobrar (fazer ceder) a renitência do de-
vedor. O objetivo é convencer o executado de que é mais vantajoso adimplir a obrigação do que, por exemplo,
não poder realizar viagens internacionais.
O devedor argumenta que está em situação de miserabilidade, não sendo possível adimplir as suas dívidas. Ao
mesmo tempo, ele pede a liberação do passaporte. Essas posturas são contraditórias. Isso porque ou bem o
devedor realmente se encontra em situação de penúria financeira e não reúne condições de satisfazer a dívida
(e, nessa hipótese, a suspensão do passaporte será duplamente inócua, como técnica coercitiva e porque o
documento apenas ficará sob a posse do devedor no Brasil, diante da impossibilidade de custear viagens in-
ternacionais) ou o devedor está realmente ocultando patrimônio e terá revogada a suspensão tão logo quite
as suas dívidas.
STJ. 3ª Turma. HC 711194-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
21/06/2022 (Info 749). 6
Abaixo alguns enunciados doutrinários a respeito deste inciso IV do art. 139 do NCPC:
Enunciado 48 da ENFAM. O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de
efetivação, permitindo a aplicação de medidas atípicas para garantir o
6CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não há um tempo pré-estabelecido fixamente para a duração da medida coercitiva atípica,
que deve perdurar por tempo suficiente para dobrar a renitência do devedor. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/31b5b7b61bc03a158c3c602c6ce6489b>. Acesso em:
22/03/2023
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Enunciado 396 do FPPC. As medidas do inciso IV do art. 139 podem ser determina-
das de ofício, observado o art. 8º.
A regra é a de que pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
Além disso, podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário:
A sucessão prevista acima independe de consentimento do executado. Já com relação ao polo pas-
sivo, o art. 779 informa que a execução pode ser promovida contra:
Há previsão legal de que o exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas sejam competentes o mesmo
juízo e idêntico o procedimento.
7Essa é uma das muitas vantagens do sub-rogado em relação àquele que tem apenas direito ao reembolso; este, ao contrário daquele,
apenas tem direito a reaver uma determinada quantia, mas não se verá investido nos direitos do sujeito anterior da cadeia obrigacional.
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CAIU NA DPE-RO-2023-CESPE: É defeso ao exequente cumular várias execuções quando o executado for o
mesmo, ainda que, para todas elas, seja competente o mesmo juízo e seja idêntico o procedimento. 8
1.2 DA COMPETÊNCIA
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Esse assunto é bem importante, tendo em vista algumas modificações trazidas pelo NCPC. O art.781
deixa claro que a execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, ob-
servando-se o seguinte:
ATENÇÃO: A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros
de inadimplentes.9 A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a
execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
Devemos saber que a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível.
8 ERRADO.
9 Essa previsão pode ser aplicável também à execução definitiva de título judicial.
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VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na res-
pectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
ATENÇÃO! A Lei nº 14.620, de 13 de julho de 2023, alterou o Código de Processo Civil, incluindo o §4º ao art.
784, estabelecendo que nos títulos executivos constituídos ou atestados por meio eletrônico, é admitida qual-
quer modalidade de assinatura eletrônica prevista em lei, INCLUSIVE dispensada a assinatura de testemu-
nhas quando sua integridade for conferida por provedor de assinatura. Vejam:
Art. 784, § 4º Nos títulos executivos constituídos ou atestados por meio eletrônico, é admitida qualquer mo-
dalidade de assinatura eletrônica prevista em lei, dispensada a assinatura de testemunhas quando sua inte-
gridade for conferida por provedor de assinatura. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023)
VAI CAIR EM PROVA: É importante saber que os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro
não dependem de homologação para serem executados, mas o título estrangeiro só terá eficácia executiva
quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil
for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. Outra coisa, é que a existência de título executivo
extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo
judicial.
CAIU NA DPE-MG-2019-FUNDEP: A existência de título executivo extrajudicial obsta que a parte opte pelo
processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial, diante da ausência de interesse processual,
caracterizado pela utilidade da via eleita.11
10 CERTO.
11 ERRADO.
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A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível
consubstanciada em título executivo. Acrescente que a necessidade de simples operações aritméticas para
apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título, então cuidado com
questões objetivas nesse sentido.
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JULGADO IMPORTANTE: À luz das disposições do Código de Processo Civil de 2015, é possível a inclusão em
ação de execução de cotas condominiais das parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento
integral da obrigação no curso do processo. REsp 1.756.791-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 06/08/2019, Dje 08/08/2019.
É importante lembrar que o STJ reconheceu que o contrato eletrônico de mútuo com assinatura
digital é título executivo extrajudicial.
Porém, como vimos, a Lei nº 14.620, de 13 de julho de 2023, alterou o Código de Processo Civil,
incluindo o §4º ao art. 784, estabelecendo que nos títulos executivos constituídos ou atestados por meio ele-
trônico, é admitida qualquer modalidade de assinatura eletrônica prevista em lei, INCLUSIVE dispensada a
assinatura de testemunhas quando sua integridade for conferida por provedor de assinatura.
3. DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Como vimos, o devedor responde com todos os seus bens (salvo algumas exceções como bem de
família, por exemplo) presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabe-
lecidas em lei (prisão civil por dívida, por exemplo).
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ANOTA NO CARDERNO: Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário
de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida, exclusi-
vamente, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição
exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a plantação, no segundo
caso.
SE LIGA NA JURIS: É possível a penhora integral de valores depositados em conta bancária conjunta, na
hipótese de apenas um dos titulares ser sujeito passivo da execução?
A) É presumido, em regra, o rateio em partes iguais do numerário mantido em conta corrente conjunta soli-
dária quando inexistente previsão legal ou contratual de responsabilidade solidária dos correntistas pelo pa-
gamento de dívida imputada a um deles.
B) Não será possível a penhora da integralidade do saldo existente em conta conjunta solidária no âmbito de
execução movida por pessoa (física ou jurídica) distinta da instituição financeira mantenedora, sendo franque-
ada aos cotitulares e ao exequente a oportunidade de demonstrar os valores que integram o patrimônio de
cada um, a fim de afastar a presunção relativa de rateio.
STJ. Corte Especial. REsp 1610844-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/06/2022 (Tema IAC 12)
(Info 741). 12
O art. 792 traz a previsão de situações de alienação ou oneração de bens que caracterizam fraude à
execução.
12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a penhora integral de valores depositados em conta bancária conjunta, na hipótese
de apenas um dos titulares ser sujeito passivo da execução?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.bus-
cadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/798d1c2813cbdf8bcdb388db0e32d496>. Acesso em: 22/03/2023
16
RETA FINAL DPE/RJ
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PROCESSO CIVIL
FRAUDE CONTRA CREDORES: não confundam fraude à execução com fraude contra credores, pois essa
última trata-se de um vício social relativo aos negócios jurídicos, portanto antes do início da execução. A ação
objetivando desfazer o negócio que reduziu o devedor à insolvência chama-se ação pauliana, que tem esse
nome em homenagem ao pretor Paulo, a quem traçou os aportes iniciais da referida ação.
Súmula 375 do STJ: "O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alie-
nado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente."
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Enunciado 149, II Jornada de Direito Processual Civil: A falta de averbação da pendência de processo ou da
existência de hipoteca judiciária ou de constrição judicial sobre bem no registro de imóveis não impede que
o exequente comprove a má-fé do terceiro que tenha adquirido a propriedade ou qualquer outro direito real
sobre o bem. 13
Cuidado, pois a alienação em fraude à execução enseja sua ineficácia14 em relação ao exequente.
Assim, no caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que
adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
CAIU NA DPE-CE-2022-FCC: Durante o curso de um processo de execução de título extrajudicial, após a cita-
ção do executado, este veio a alienar todos os bens imóveis de seu patrimônio, com o propósito de frustrar a
execução. Ocorre que o adquirente veio a alienar para terceiro, que por sua vez procedeu a uma outra aliena-
ção sucessiva. Em tais circunstâncias, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, para o
reconhecimento da fraude em execução
A) será necessário comprovar a ciência do adquirente originário quanto à existência de penhora do bem alie-
nado ou da ação, mas não haverá necessidade de comprovação de ciência ou má-fé dos adquirentes
17
RETA FINAL DPE/RJ
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PROCESSO CIVIL
sucessivos, uma vez que a anulação da alienação originária tornará automaticamente desfeitas todas as alie-
nações sucessivas.
B) tem como requisito indispensável que o credor tenha feito o registro da penhora do bem alienado ou da
ação, pois a má-fé dos adquirentes sucessivos depende da existência de prévio registro do bem alienado.
C) prescinde-se do registro da penhora do bem alienado ou de qualquer outra prova de má-fé dos adquirentes
sucessivos, uma vez que a alienação realizada após a citação do executado revela-se ineficaz em razão da
fraude em execução independentemente da prova de má-fé ou de ciência dos terceiros adquirentes.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
D) será necessário comprovar a ciência dos adquirentes sucessivos, o que implica dizer que se houver o regis-
tro da penhora do bem alienado ou da ação, haverá presunção absoluta de conhecimento do terceiro adqui-
rente e da própria fraude, mas a falta de tal registro não obsta o reconhecimento de fraude em execução se o
credor comprovar por outro meio idôneo a má-fé dos adquirentes sucessivos.
E) será necessário comprovar a ciência do adquirente originário quanto à existência de penhora do bem alie-
nado ou da ação, todavia, a anulação da alienação originária não afetará as alienações sucessivas, indepen-
dentemente de prova de má-fé dos adquirentes sucessivos. 16
Segundo o art. 793, o exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente
ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se
achar em seu poder. Já o fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados
os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizada-
mente à penhora.17
Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca que os
seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor. Um detalhe é que o fiador que pagar a dívida,
poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.18
A regra é que os bens particulares dos sócios não respondam pelas dívidas da sociedade, senão nos
casos previstos em lei. Ademais, o sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade,
tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade, mas este deverá nomear quan-
tos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo. E para a
desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente (intervenção de tercei-
ros).
16 Gabarito: D
17 Trata-se do chamado benefício de ordem. No entanto, este não é aplicável se o fiador houver renunciado ao benefício. Isso acontece
em contratos bancários, onde há uma cláusula expressa no sentido de que o fiador renuncia o benefício de ordem.
18 Mais uma vez chamo à atenção para a expressão “dentro dos próprios autos”.
18
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Por fim, quanto ao espólio, este responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro
responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe couber.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a
execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens pe-
nhorados. No entanto, recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o
seu título de preferência.
Vocês precisam saber a previsão do art. 798, que traz um rol de incumbências ao propor à execução:
Além disso, nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para
exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em
lei ou em contrato. No entanto, devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo deter-
minado.
Caso o Juiz verifique que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos docu-
mentos indispensáveis à propositura da execução, determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15
(quinze) dias, sob pena de indeferimento.
19
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ANOTA QUE É IMPORTANTE: Na execução, o despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, ainda
que proferido por juízo incompetente, cuja data da interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura
da ação.
Precisamos saber as hipóteses de NULIDADE da execução, que estão previstas no art. 803:
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Essas nulidades poderão ser pronunciadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, indepen-
dentemente de embargos à execução.19
O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será
citado para, em 15 (quinze) dias, satisfazer a obrigação. Além disso, ao despachar a inicial, o juiz poderá
fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração,
caso se revele insuficiente ou excessivo.
ATENÇÃO: Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme
se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a
obrigação no prazo que lhe foi designado.
Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação,
prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. Por outro
lado, alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que SO-
MENTE SERÁ OUVIDO APÓS DEPOSITÁ-LA.
Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será
citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. Se a escolha couber ao exequente, esse
deverá indicá-la na petição inicial.
Segundo o art. 812, qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha
feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
19 Seria o caso de se arguir por exceção de pré-executividade também, além dos embargos à execução, já que são matérias cognoscíveis
20
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Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
4.4.1 Da Obrigação de Fazer
Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazê-la no
prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver determinado no título executivo.
Segundo o art. 816, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado21, é lícito ao exe-
quente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas
e danos, hipótese em que se converterá em indenização. É importante dizer que o valor das perdas e danos
será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Ainda, se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, ou seja, se não for personalíssima, é lícito ao
juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado.
Por outro lado, se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato,
o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo. Entretanto, havendo recusa
ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele que respon-
derá por perdas e danos. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos,
caso em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia certa. Assim, em rela-
ção à obrigação de não fazer, atentem-se aos dados do caso concreto, pois eles que definirão os rumos a
serem tomados (dada a avaliação sobre a possibilidade ou não de a conduta do executado ser desfeita).
A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as exe-
cuções especiais.
20 Mais uma vez lembro que estamos trabalhando com execução de título extrajudicial.
21 O Código não traz o prazo, diferente das execuções de pagar quantia certa, que há prazo estabelecido.
21
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FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO
É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao
ADJUDICAÇÃO da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens
penhorados
ALIENAÇÃO É a venda do bem penhorado.
APROPRIAÇÃO DE FRUTOS E RENDIMENTOS
DE EMPRESA OU DE ESTABELECIMENTOS E Novidade do NCPC.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
DE OUTROS BENS.
No entanto, antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a
execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e hono-
rários advocatícios.
Segundo o art. 827, ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de 10%
(dez por cento), a serem pagos pelo executado.
TEM CARA DE PROVA: gente, no caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários
advocatícios será reduzido pela metade. Entretanto, o valor dos honorários poderá ser elevado até 20% (vinte
por cento), quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embar-
gos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do
exequente.
Acrescente-se que o exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com
identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou
de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
Formalizada a penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará,
no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados. Cuidado, pois
presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
PRAZO PARA PAGAMENTO: o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da
citação. Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas
pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com
intimação do executado. A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem
indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
Caso o oficial de justiça não encontre o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para
garantir a execução. Nessa hipótese, nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça
procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a cita-
ção com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido. Por fim, incumbe ao exequente requerer
22
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a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa. Mas caso aperfeiçoada a citação e
transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.22
Em uma execução de título extrajudicial para pagar quantia certa, pode acontecer de o oficial de
justiça não localizar o executado para ser citado por vários motivos. Um deles é o fato de o devedor ficar se
ocultado ou ter “sumido do mapa”, onde nem GPS o encontra.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Nesse caso, poderá ser realizado o ARRESTO EXECUTIVO prévio dos bens do devedor (até mesmo
online via Sisbajud, Renajud, etc.), a fim de que sejam utilizados para a satisfação da dívida. É o que determina
o art. 830 do CPC/2015:
Como dito, é possível o referido arresto de bens penhoráveis na modalidade online quando não loca-
lizado o executado para citação em execução de título extrajudicial:
Desta forma, caso o devedor fique se ocultando para não ser citado da execução de título executivo
extrajudicial, você pode requerer o arresto executivo que ele aparecerá em um passe de mágica.
Galera, vamos entender bem sobre esses pontos, porque são importantes.
22 Independente de termo, certo? Provas objetivas costumam eliminar muito candidato justamente por causa da troca de termos como
esses. Às vezes a frase inteira está correta, mas o final está errado. Na hora de responder a questão leia até o final.
23
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PROCESSO CIVIL
Inicialmente, saibam que a penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o paga-
mento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. Mas como sabemos, não
estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria,
as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários
de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários
ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde
ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vin-
culados à execução da obra.
SE LIGA NA JURIS: É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de
até 40 salários-mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de poupança, mas também em
conta corrente ou em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda
O art. 833, X, do CPC estabelece que são impenhoráveis “a quantia depositada em caderneta de poupança,
até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos”.
A abrangência da regra do art. 833, X, do CPC/2015 se estende a todos os numerários poupados pela parte
executada, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos, não importando se depositados em poupança,
conta-corrente, fundos de investimento ou guardados em papel-moeda, autorizando as instâncias ordi-
nárias, caso identifiquem abuso do direito, a afastar a garantia da impenhorabilidade.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1330567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2014 (Info 554).
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1958516-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
STJ. 1ª Turma. AgInt-AREsp 2.152.036-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJE 27/01/2023. 23
23 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de até
40 salários-mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta corrente ou em fundos
de investimento, ou guardados em papel-moeda. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizero-
direito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a3ce63a7a8521c37a513db67129855a8>. Acesso em: 22/03/2023
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SE LIGA NA JURIS: O STJ decidiu em 20/02/2020 que para a aplicação da exceção à impenhorabilidade do bem
de família prevista no art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/1990 é preciso que o débito de natureza tributária seja pro-
veniente do próprio imóvel que se pretende penhorar. REsp 1.332.071-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/02/2020, DJe 20/02/2020.
Além disso, segundo o NCPC, a impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao
próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
IMPORTANTE: O disposto nos incisos IV e X do art.833 (que estão grifados acima) não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às impor-
tâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto
no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º. Em importante decisão no ano de 2023, o STJ entendeu que na hipótese
de execução de dívida de natureza não alimentar, é possível a penhora de salário, ainda que este não exceda
50 salários mínimos, quando garantido o mínimo necessário para a subsistência digna do devedor e de sua
família. EREsp 1.874.222-DF, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Corte Especial, por maioria, julgado em
19/4/2023.
JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE: O crédito oriundo de contrato de empreitada para a construção, ainda que
parcial, de imóvel residencial, encontra-se nas exceções legais à impenhorabilidade do bem de família. REsp
1.221.372-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 15/10/2019, DJe
21/10/2019.
CAIU NA DPE-PR-2022-AOCP: O crédito oriundo de contrato de empreitada para a construção, ainda que
parcial, de imóvel residencial encontra-se nas exceções legais à impenhorabilidade do bem de família. 26
Segundo o art. 834, podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos
bens inalienáveis.
ORDEM PREFERENCIAL DA PENHORA: É importante ficar atento à ordem preferencial da penhora, pois cos-
tuma cair em provas. O art. 835 aduz que a penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
24 ERRADO.
25 V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da
profissão do executado;
26 CERTO.
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II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
Segundo o STJ, são penhoráveis os valores oriundos de empréstimo consignado, salvo se o mutuário
comprovar que os recursos são necessários à de sua manutenção e de sua família. REsp 1.820.477-DF, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020.27
Gente, aproveitando que estamos tratando sobre Bem de Família, trago abaixo os enunciados de
súmula correlatos sobre o tema:
Enunciado 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel perten-
cente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Enunciado 449-STJ: A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem
de família para efeito de penhora.
Enunciado 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.
Enunciado 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
Enunciado 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.
27 Segundo o STJ, “No empréstimo consignado, o mutuário (devedor) recebe determinada quantia do mutuante (instituição financeira
ou cooperativa de crédito) e, em contrapartida, ocorre a diminuição do salário, devido aos descontos efetuados diretamente na folha
de pagamento. Assim, essa modalidade de empréstimo compromete a renda do trabalhador, do pensionista ou do aposentado, po-
dendo reduzir seu poder aquisitivo e prejudicar sua subsistência. Em razão disso, a jurisprudência uniforme desta Corte Superior sedi-
mentou a legalidade na limitação dos descontos efetuados em folha de pagamento do mutuário. Porém, ainda que as parcelas do
empréstimo contratado sejam descontadas diretamente da folha de pagamento do mutuário, a origem desse valor não é salarial, pois
não se trata de valores decorrentes de prestação de serviço, motivo pelo qual não possui, em regra, natureza alimentar. Não há norma
legal que atribua expressamente a tal verba a proteção da impenhorabilidade. Ademais, conclusão em sentido contrário provocaria a
ampliação do rol taxativo previsto no art. 833 do CPC/2015, tendo em vista que o empréstimo pessoal, ainda que na modalidade con-
signada, não encontra previsão no referido dispositivo. Por constituir exceção ao princípio da responsabilidade patrimonial (art. 831 do
CPC/2015), não se admite, nesse aspecto, interpretação extensiva. Por tais motivos, os valores decorrentes de empréstimo consignado,
em regra, não são protegidos pela impenhorabilidade, por não estarem abrangidos pelas expressões vencimentos, subsídios, soldos,
salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, conforme a primeira parte do inciso IV art. 833 do CPC/2015. Assim, a
proteção da impenhorabilidade ocorre somente se o mutuário (devedor) comprovar que os recursos oriundos do empréstimo consig-
nado são necessários à sua manutenção e à de sua família. Essa interpretação decorre do disposto no citado art. 833, IV, do CPC/2015:
"destinadas ao sustento do devedor e de sua família".”
26
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CAIU NA DPE-PR-2022-AOCP: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a ter-
ceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.28
É importante saber também que é prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais
hipóteses, alterar a ordem prevista, de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Mas para fins de subs-
tituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em
valor não inferior ao do débito constante da inicial, ACRESCIDO DE 30% (TRINTA POR CENTO).
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia e, se a
coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.
Por fim, quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial ex-
pressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabeleci-
mento do executado, quando este for pessoa jurídica. Elaborada a lista, o executado ou seu representante
legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
A penhora será efetuada onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda
de terceiros. Entretanto, a penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresen-
tada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão
que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos.
Se o executado não tiver bens no foro do processo, não sendo possível a realização da penhora, a
execução será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação.
IMPORTANTE: Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça
comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento. Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de
justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão
de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.
Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na pe-
nhora dos bens.
28 CERTO.
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ceiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado.
C) de ofício, ouvindo previamente o executado, no prazo de três dias, determinará às instituições financeiras,
por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne
indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado.
D) a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições
financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional,
que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado.
E) a requerimento do exequente, ouvindo previamente o executado, no prazo de três dias, determinará, por
meio de ofício dirigido à instituição financeira em que alocados os recursos, que esta torne indisponíveis ativos
financeiros existentes em nome do executado. 29
No entanto, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará
o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição finan-
ceira em igual prazo.
INTIMAÇÃO APÓS O BLOQUEIO30 : Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será inti-
mado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente. É nesse prazo que incumbe ao executado,
no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que: I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; II - ainda
remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros. Acolhida qualquer das arguições anteriores, o juiz
determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela insti-
tuição financeira em 24 (vinte e quatro) horas. No entanto, rejeitada ou não apresentada a manifestação do
executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, de-
vendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e qua-
tro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução. Realizado o paga-
mento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela auto-
ridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até
24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
Importante lembrar do crime que trouxe a nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei nº 13.869/2019.
29 Gabarito: D
30 Esse bloqueio é realizado através do Sistema Bacenjud, resultado de uma parceria entre o Judiciário e o BACEN.
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Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determi-
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nará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema
bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha con-
traído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusiva-
mente a responsabilidade pelos atos praticados.
É possível que as quotas ou ações de um sócio de sociedade personificada31 sejam penhoradas. Assim,
penhoradas as quotas ou as ações de sócio em sociedade simples ou empresária, o juiz assinará prazo razoável,
não superior a 3 (três) meses, para que a sociedade:
Entretanto, para evitar a liquidação das quotas ou das ações, a sociedade poderá adquiri-las sem
redução do capital social e com utilização de reservas, para manutenção em tesouraria.
4.5.6 Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes
Além das quotas e ações, o NCPC traz possível a penhora da própria empresa, do estabelecimento
comercial e dos semoventes.
Assim, quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em
semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-
lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração.
Também é possível, segundo art. 866 do NCPC, a penhora do faturamento da empresa. Isto é, se o
executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes
para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de em-
presa. Nesse sentido, o juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razo-
ável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial.
31 As sociedades personificadas são aquelas que têm personalidade jurídica, a exemplo de LTDA, S/A etc.
29
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4.5.8 Da Avaliação
A avaliação é o procedimento realizado pelo oficial de justiça, para saber, em valor real, quanto vale o
bem penhorado. No entanto, se forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o
comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.
O art. 871, por outro lado, traz situações em que não se procederá à avaliação, quando:
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I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;
II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publica-
ção no órgão oficial;
III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa,
cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa ser conhecido
por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de comu-
nicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado.
5. DA EXPROPRIAÇÃO DE BENS
5.1 Da Adjudicação
É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudi-
cados os bens penhorados. Nesse aspecto, lembrem sempre que uma coisa é o exequente simplesmente ficar
com o bem, o que é vedado pelo ordenamento jurídico (pacto comissório); outra coisa, bem diferente, é o
exequente oferecer preço não inferior à avaliação, sendo esse procedimento caracterizado como adjudicação.
Assim, requerida a adjudicação, o executado será intimado do pedido:
Segundo o NCPC, considera-se realizada a intimação quando o executado houver mudado de ende-
reço sem prévia comunicação ao juízo.
Por fim, no caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto
de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance
oferecido. Ademais, na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição
será deferido à massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o preço da avaliação
do imóvel.
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Ao fim, frustradas as tentativas de alienação do bem, será reaberta oportunidade para requerimento
de adjudicação, caso em que também se poderá pleitear a realização de nova avaliação.
5.2 Da Alienação
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a) por iniciativa particular; ou
b) em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Vamos entender.
Não efetivada a adjudicação (vista anteriormente), o exequente poderá requerer a alienação por sua
própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciá-
rio.
Após, o juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço
mínimo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de corretagem.
A alienação será feita em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa
particular. Quanto ao leilão do bem penhorado, este será realizado por leiloeiro público. Ademais, ressalvados
os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em
leilão público. Assim, não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.
SE LIGA NA JURIS: A hasta pública para alienação de vaga de garagem em condomínio se restringe aos
demais condôminos, salvo autorização expressa na convenção condominial
Caso hipotético: João estava sendo executado. O juiz determinou a penhora de seus bens. João possuía uma
vaga de garagem localizada no condomínio em que ele mora. Essa vaga de garagem possui matrícula própria,
diferente da matrícula do apartamento. Diante disso, o juiz determinou a penhora da vaga de garagem e a sua
alienação em hasta pública.
Neste caso, somente um condômino poderá arrematar a vaga. Não será possível que um terceiro – alguém
que não seja condômino – faça a arrematação. É o que preveem o art. 2º da Lei nº 4.591/64 e o art. 1.331, §
1º, do Código Civil.
O objetivo da lei foi o de dar maior segurança aos condomínios. Diante disso, entende-se que a vedação de
alienação dos abrigos para veículos a pessoas estranhas ao condomínio, estipulada no art. 1.331, § 1º, do
Código Civil, deve prevalecer também nas alienações judiciais. Logo, em tais casos, a hasta pública deverá
ocorrer no universo limitado dos demais condôminos.
STJ. 2ª Turma. REsp 2008627-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/09/2022 (Info 749). 32
32CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A hasta pública para alienação de vaga de garagem em condomínio se restringe aos demais
condôminos, salvo autorização expressa na convenção condominial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9f9d8edfbd4baab2060a115bbdcee1d6>. Acesso em:
22/03/2023
31
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Consoante previsão expressa do art. 904, a satisfação do crédito exequendo será feita de duas formas:
a) pela entrega do dinheiro ou
b) pela adjudicação dos bens penhorados.
Assim, o juiz autorizará que o exequente levante, até a satisfação integral de seu crédito, o dinheiro
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depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens alienados, bem como do faturamento de empresa ou
de outros frutos e rendimentos de coisas ou empresas penhoradas, quando:
I - a execução for movida só a benefício do exequente singular, a quem, por força da penhora, cabe o direito
de preferência sobre os bens penhorados e alienados;
II - não houver sobre os bens alienados outros privilégios ou preferências instituídos anteriormente à penhora.
Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em
30 (trinta) dias. É importante lembrar que no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, esta é
intimada para apresentar impugnação (e não embargos). Portanto, cuidado nas formas de defesa do execu-
tado:
Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, será expedido precatório
ou requisição de pequeno valor (RPV) em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Cons-
tituição Federal.
Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como
defesa no processo de conhecimento.
7. DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz man-
dará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da exe-
cução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.33
CAIU NA DPE-MT-2016-UFMT: Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obriga-
ção alimentar, se o executado não pagar o débito em 3 dias ou se a justificativa apresentada não for aceita, o
juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 34
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Da mesma maneira do cumprimento de sentença, quando o executado for funcionário público, militar,
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá
requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação alimentícia. E isso é
importante para nossas segundas fases!
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a contar do protocolo do ofício.
JURISPRUDÊNCIA: A genitora do alimentando não pode prosseguir na execução de alimentos, em nome pró-
prio, a fim de perceber os valores referentes aos débitos alimentares vencidos, após a transferência da titu-
laridade da guarda do menor ao executado. REsp 1.771.258-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 06/08/2019, DJe 14/08/2019. Info, 654.35
Fiquem atentos apenas ao seguinte detalhe: esse precedente diverge de um outro do próprio STJ que vai em
linha totalmente contrária (REsp 1410815/SC, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
09/08/2016, DJe 23/09/2016); ou seja, a genitora teria a possibilidade de prosseguir na execução em nome
próprio. Isso porque pela lógica da economia processual, não seria cabível impor à genitora a necessidade de
ajuizamento de uma nova demanda. Dessa forma, vamos acompanhar os próximos julgados para ver qual
posição vai prevalecer. No entanto, a princípio, pela lógica da atualidade, o REsp 1.771.258-SP pode ser tido
como sendo a posição atual da Corte.
CAIU NA DPE-SP-2019-FCC: A respeito da execução de alimentos, à luz dos dispositivos legais e respectiva
interpretação jurisprudencial, analise as seguintes asserções e a relação entre elas.
I. A prisão civil do devedor de alimentos somente se justifica pelos débitos alimentares atuais
PORQUE
II. o Código de Processo Civil exige o inadimplemento cumulativo das três parcelas imediatamente anteriores
à propositura da execução para justificar a prisão civil do alimentante inadimplente.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
A) as asserções I e II são falsas.
B) a asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
C) a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
D) as asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
35 Segundo o Inf. 654, “Por se tratar de um direito da personalidade, o direito aos alimentos assume nítido viés personalíssimo, pois se
destina a assegurar a subsistência da pessoa do alimentando, unicamente, em todos os seus aspectos (integridade física, psíquica e
intelectual), como corolário dos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade que deve permear as relações familiares,
a partir das específicas particularidades da pessoa do credor de alimentos e do alimentante, conforme as necessidades do primeiro e
a possibilidade do segundo. Do viés personalíssimo do direito aos alimentos, destinado a assegurar a existência do alimentário — e de
ninguém mais —, decorre a absoluta inviabilidade de se transmiti-lo a terceiros, seja por negócio jurídico, seja por qualquer outro fato
jurídico. Nessa linha de entendimento, uma vez extinta a obrigação alimentar pela exoneração do alimentante - no caso pela alteração
da guarda do menor em favor do executado -, a genitora não possui legitimidade para prosseguir na execução dos alimentos vencidos,
em nome próprio, pois não há que se falar em sub-rogação na espécie. Para evitar que o alimentante, a despeito de inadimplente, se
beneficie com a extinção da obrigação alimentar, o que poderia acarretar enriquecimento sem causa, a genitora poderá, por meio de
ação própria, obter o ressarcimento dos gastos despendidos no cuidado do alimentando, durante o período de inadimplência do obri-
gado, nos termos do que preconiza o art. 871 do Código Civil.
33
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Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
opor à execução por meio de embargos. Importante dizer que os embargos à execução serão distribuídos por
dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão
ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Chegou ao STJ a seguinte dúvida: a protocolização dos embargos à execução nos autos da própria
ação executiva constitui vício insanável?
Prevê o art. 914, § 1º, do CPC/2015 que os embargos à execução serão distribuídos por dependência,
autuados em apartado e instruído com cópias de peças processuais relevantes. A controvérsia surge quando
há a necessidade de se averiguar se a protocolização dos embargos à execução nos autos do próprio processo
executivo constitui erro sanável ou, ao revés, deve ser tido por erro grosseiro e, portanto, não passível de
correção, impondo ao embargante, que procedeu em evidente equívoco, a consequência de tê-los por não
conhecidos. Primando por uma maior aproximação ao verdadeiro espírito do novo Código de Processo Civil,
não se afigura razoável deixar de apreciar os argumentos apresentados em embargos à execução tempestiva-
mente opostos – ainda que, de forma errônea, nos autos da própria ação de execução – sem antes conceder
à parte prazo para sanar o vício, adequando o procedimento à forma prescrita no art. 914, § 1º, do CPC/2015.
Convém salientar que o art. 277 do CPC/2015 preceitua que, quando a lei prescrever determinada forma, o
juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. O protocolo equivocado
deve dar azo à aplicação dos princípios da instrumentalidade das formas e da economia processual, de modo
que a sua rejeição liminar configuraria excesso de formalismo. Deve-se, assim, conceder prazo para que a
parte promova o desentranhamento, distribuição por dependência e autuação em apartado dos embargos à
execução opostos, em conformidade com as exigências legais quanto à forma de processamento. REsp
1.807.228-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 03/09/2019, DJe
11/09/2019.
VAI CAIR NA SUA PROVA: Uma previsão importante e trazida pelo NCPC é a de que na execução por CARTA,
os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-
los é do juízo DEPRECANTE, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avalia-
ção ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado. Essa parte final é MUITO importante, princi-
palmente porque o assistido da Defensoria poderá ser o executado, e você, como Defensor@, poderá apre-
sentar embargos à execução no juízo deprecado, no caso de ter sido intimado por carta.
36 Gabarito B. O item II está incorreto porque não há exigência de inadimplemento cumulativo, mas de até 3 prestações.
34
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Cuidado com outro detalhe, os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias37, contado,
conforme o caso, na forma do art. 231.38
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Além disso, quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a
partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros,
quando será contado a partir da juntada do último.
I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;
II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da
juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I
deste parágrafo.
Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art.
229, que tem a seguinte redação:
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independente-
mente de requerimento.
TEM CARA DE PROVA OBJETIVA: Pessoal, o NCPC trouxe um importante dispositivo, inclusive para a atuação
prática da Defensoria. É que, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando
o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acres-
cidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. Assim, o exequente será intimado para
manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias,
mas enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado
ao exequente seu levantamento. Cuidado, pois a opção pelo parcelamento importa renúncia ao direito de
opor embargos. E por fim, um detalhe MUITO importante: esse parcelamento NÃO se aplica ao
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RETA FINAL DPE/RJ
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cumprimento da sentença, mas apenas às execuções de títulos extrajudiciais. Isso DESPENCA em provas
objetivas.
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netária e de juros de um por cento ao mês. 40
Não.
O art. 917 afirma que nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
SE LIGA NA JURIS: A decisão que declara a inexigibilidade parcial da execução é recorrível mediante agravo de
instrumento, configurando erro grosseiro a interposição de apelação, o que inviabiliza a aplicação do princípio
da fungibilidade recursal. STJ. 2ª Turma. REsp 1947309-BA, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/2/2023
(Info 763).
No entanto, cuidado, pois quando houver alegação de que o exequente, em excesso de execução,
pleiteia quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto,
36
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apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo, pois caso não apontado o valor
correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos à execução:
I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução for o seu único funda-
mento;
II - serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de exe-
cução.
Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Há também situações em que o magistrado rejeitará LIMINARMENTE os embargos.
EFEITO SUSPENSIVO E CRÍTICAS: o art. 919 prevê que os embargos à execução não terão efeito suspensivo.
Essa é a regra. No entanto, o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos
embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução
já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
CRÍTICAS: nem todas as pessoas têm condições de garantir o juízo, principalmente aqueles assistidos pela
Defensoria Pública. Assim, a exigência de garantia do juízo ou depósito, para atribuição de efeito suspen-
sivo aos embargos, viola de morte o acesso à justiça e a igualdade material.
Continuando, precisamos saber que quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser res-
peito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
Saibam, ainda, que a concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados
não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respectivo fundamento disser res-
peito exclusivamente ao embargante.
O art. 921 do NCPC já era importante, mas com a alteração inserida pela Lei nº 14.195/2021 a impor-
tância aumentou. Vejamos:
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RETA FINAL DPE/RJ
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Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
Art. 921. Suspende-se a execução: Art. 921. Suspende-se a execução:
(...) (...)
III - quando o executado não possuir bens pe- III - quando não for localizado o executado ou bens pe-
nhoráveis; nhoráveis;
No Código de Processo Civil, a prescrição intercorrente ganhou seus contornos nos parágrafos do art.
921 (§ 1º a § 7º), havendo sofrido modificações com a presente Lei nº 14.195/2021. Vejamos:
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RETA FINAL DPE/RJ
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Material produzido pelo Grupo Educacional RDP I Proibida a circulação não autorizada, sob pena de violação de direitos autorais.
ônus para as partes. (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 6º A alegação de nulidade quanto ao procedimento previsto neste artigo
somente será conhecida caso demonstrada a ocorrência de efetivo prejuízo,
que será presumido apenas em caso de inexistência da intimação de que trata
o § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021)
§ 7º Aplica-se o disposto neste artigo ao cumprimento de sentença de que
trata o art. 523 deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021).
CAIU NA DPE-MG-2019-FUNDEP: O juiz poderá, independentemente da oitiva das partes, reconhecer a pres-
crição intercorrente e extinguir o processo executivo, restando evidenciada a inércia da parte exequente.42
SE LIGA NA JURIS: Após a alteração do art. 921, § 5º, do CPC/2015, promovida pela Lei 14.195/2021, o
reconhecimento da prescrição intercorrente e a consequente extinção do processo obstam a condenação
da parte que deu causa à ação ao pagamento de honorários sucumbenciais
Antes da Lei 14.195/2021:
Art. 921 (...) § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer
a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.
Assim, o STJ dizia que, com base no princípio da causalidade, o executado deveria arcar com o pagamento dos
honorários e das custas processuais.
42 ERRADO.
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RETA FINAL DPE/RJ
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STJ. 3ª Turma. REsp 2025303-DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 8/11/2022 (Info 759). 43
Por fim, bom saber que a MP 1.085/2021 (convertida com a Lei 14.382/2022) acrescentou um artigo
ao Código Civil prevendo expressamente a prescrição intercorrente, tema já pacificado na doutrina/jurispru-
dência:
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ção da pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de
interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no
art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.”
(NR)
De início, saibam que a execução será extinta através de sentença. Para isso, vamos lembrar do con-
ceito de sentença estabelecido no § 1º do art. 203:
Por fim, a extinção só produz efeito quando declarada por sentença. É isso, pessoal. Bom descanso.
43 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Após a alteração do art. 921, § 5º, do CPC/2015, promovida pela Lei 14.195/2021, o reco-
nhecimento da prescrição intercorrente e a consequente extinção do processo obstam a condenação da parte que deu causa à
ação ao pagamento de honorários sucumbenciais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizero-
direito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0e105949d99a32ca1751703e94ece601>. Acesso em: 22/03/2023
44 Como vimos, o Código Civil, em 2021, ganhou o presente artigo: Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo
de prescrição da pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código
e observado o disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. (Redação dada Pela
Medida Provisória nº 1.085, de 2021)
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