De Souza (2018)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO


DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS

NADINE RODRIGUES DE SOUZA

A ACIONALIDADE E OS MEDIDORES DE TEMPO


NO PORTUGUÊS BRASILEIRO:
EXPERIMENTOS DE ACEITABILIDADE E DE INTERPRETAÇÃO

FLORIANÓPOLIS
2018
NADINE RODRIGUES DE SOUZA

A ACIONALIDADE E OS MEDIDORES DE TEMPO NO PORTUGUÊS


BRASILEIRO:
EXPERIMENTOS DE ACEITABILIDADE E DE INTERPRETAÇÃO

Monografia submetida ao curso de


Graduação em Letras Português do
Centro de Comunicação e
Expressão da Universidade Federal
de Santa Catarina como requisito
obrigatório para a obtenção do grau
de bacharelado.
Orientador: Profª. Drª. Roberta
Pires de Oliveira.

FLORIANÓPOLIS
2018
NADINE RODRIGUES DE SOUZA

A ACIONALIDADE E OS MEDIDORES DE TEMPO NO PORTUGUÊS


BRASILEIRO: EXPERIMENTOS DE ACEITABILIDADE E DE
INTERPRETAÇÃO

Florianópolis, 29 de novembro de 2018.

________________________
Profª. Ana Lívia dos Santos Agostinho, Drª.
Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof.ª Roberta Pires de Oliveira, Dr.ª
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federal do Paraná

________________________
Prof. Eduardo Correa Soares, Dr.
Membro Interno
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof. Kayron Campos Beviláqua, Me.
Membro Externo
Universidade Federal do Paraná
Instituto Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por terem me proporcionado todo carinho e amor que eu
poderia receber no mundo, e que, apesar das dificuldades, sempre estiveram
do meu lado e me apoiaram em todas as minhas escolhas. Eu amo vocês
imensamente.
À orientação extraordinária que recebi da professora Roberta Pires de
Oliveira, e a todo conhecimento compartilhado vindo de uma pessoa tão
espetacular e gentil.
Ao meu namorado, companheiro de vida e melhor amigo Vitor Hugo Welter,
que com toda calma do mundo sempre ouviu minhas angústias e
preocupações e aquietou meus ânimos. És uma das pessoas mais incríveis
que eu já conheci.
Aos meus amigos e amigas, por terem proporcionado uma fase mais leve,
por terem me escutado e torcido por mim da melhor forma possível. Obrigada
por todo apoio.
RESUMO

Ao longo da história, a Literatura Clássica (CHIERCHIA 2003, ROTHSTEIN


2004, entre outros autores) afirmou que verbos télicos no perfectivo só são
gramaticais quando se combinam com advérbios medidores de tempo ‘in X
time’ (em X tempo), ao mesmo passo que verbos atélicos combinam-se com
‘for X time’ (por X tempo). Entretanto, Basso (2007) afirma que esse não é o
caso para o Português Brasileiro (PB). O autor afirma que com ‘por X tempo’ a
leitura é de não alcance do telos. O presente trabalho tem como objetivo
principal verificar empiricamente, através de um experimento de aceitabilidade
e outro de interpretação, se esse é efetivamente o caso para o PB. No primeiro
experimento a variável dependente foi uma Escala Likert e tinha como objetivo
verificar a aceitabilidade da combinação de verbos télicos e ‘por x tempo’ e a
combinação de verbos atélicos com ‘em X tempo'. No segundo teste, o
resultado foi uma variável categórica que representa a interpretação dessa
combinação. Os resultados das pesquisas confirmaram que a combinação
entre predicados télicos e o advérbio 'por X tempo’ é gramatical no PB, embora
haja uma pequena diferença que é, no entanto, estatisticamente significativa.
Essa pode ser uma indicação de que essa não é a combinação preferencial. O
teste de interpretação mostrou que os falantes interpretam essa combinação
como indicando que o evento não está terminado, mas também aceitam que
esteja terminado. A proposta é que a expressão adverbial ‘por X tempo’ no PB
é menos informativa do que ‘em X tempo’ e que se combina tanto com télicos
quanto com atélicos, enquanto que ‘em X tempo’ é [+ télico]. A proposta de
detelicização de Basso (2007) não encontra sustentação neste experimento.
Concluímos sugerindo que a semântica da expressão adverbial ‘por X tempo’
não é a mesma de ‘for X time’ em inglês.

Palavras-chave: Telicidade, Medidores de tempo, Sintagma de medida.


ABSTRACT

Throughout history, Classical Literature (CHIERCHIA 2003, ROTHSTEIN 2004,


among others) has stated that in the perfective telic verbs are only grammatical
when combined with adverbs which measure time (“in X time”), as well as atelic
verbs are combined with “for X time”. However, Basso (2007) states that this is
not the case for Brazilian Portuguese (BP). The author states that with “for X
time” the reading does not reach the telos. The main objective of this paper is to
verify, empirically, through an experiment of acceptability and another of
interpretation, if this is indeed the case for BP. In the first experiment the
dependent variable was a Likert Scale and was aimed at verifying the
acceptability of the combination of telic verbs and “for x time” and the
combination of atelic verbs with “in X time”. In the second test, the result was a
categorical variable that represents the interpretation of this combination. The
results of the research confirmed that the combination of telic predicates and
the adverb “for X time” is grammatical in BP, although there is a small difference
that is, however, statistically significant. This may be an indication that this is
not the preferential combination. The test of interpretation has shown that the
speakers interpret this combination as indicating that the event is not finished,
but also accept that it is finished. The proposition is that the adverbial
expression ‘for X time” in the BP is less informative than “in X time” and that it
combines with both the telic and the atelic verbs, whereas “in X time” is [+ telic].
The proposal of detelicization of Basso (2007) cannot find support in this
experiment. We conclude by suggesting that the semantics of the adverbial
expression “for X time” (BP) is not the same as “for X time” in English.

Key Words: Telicity, Time Indicators, Measuring Syntagma.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de Escala Likert ......................................................................... 14


Figura 2 – Modelo do teste de interpretação ........................................................ 15
Figura 3 - Modelo de tela inicial .............................................................................. 18
Figura 4 - Modelo de sentença ............................................................................... 20
Figura 5 - Modelo de sentença ............................................................................... 20
Figura 6 - Modelo de tela inicial .............................................................................. 25
Figura 7 - Modelo de sentença teste ...................................................................... 26
Figura 8 - Modelo de sentença teste ...................................................................... 26
Figura 9 - Modelo de contexto ................................................................................ 32
Figura 10 - Modelo de tela inicial ............................................................................ 33
Figura 11 - Modelo de sentença teste.................................................................... 34
Figura 12 - Modelo de sentença teste.................................................................... 34
Figura 13 - Modelo de sentença teste.................................................................... 37
Figura 14 - Modelo de sentença teste.................................................................... 38
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Tabela geral do resultado da combinação entre télico + ‘por X


tempo’............................................................................................................... 23
Gráfico 2 – Tabela geral do resultado da combinação entre atélico + ‘em X
tempo’............................................................................................................... 24
Gráfico 3 - Modelo de ‘por' e 'em' com télicos ................................................. 29
Gráfico 4 - Modelo de 'por' e 'em' com atélicos ................................................ 30
Gráfico 5 - Modelo de ‘por' e 'em' com télicos ................................................. 36
Gráfico 6 - Modelo de 'por' e 'em' com atélicos ................................................ 40
Gráfico 5 - Modelo de 'por' e 'em' em contexto terminado e não terminado ..... 36
Gráfico 5 - Modelo de 'por' e 'em' em contexto terminado e não terminado ... 361
Lista de Quadros

Quadro 1 - Resultado da análise do teste de aceitabilidade.............................9


Sumário

1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DA LITERATURA 5
2.1 TELICIDADE 5
2.2 DETELICIZAÇÃO E ENFRAQUECIMENTO DO PERFECTIVO 6
2.2.1 Detelicização 7
2.2.2 Sobre o Perfectivo 9
2.3 SÍNTESE CONCLUSIVA 11
3 A PESQUISA 12
3.1 HIPÓTESES 13
3.2 METODOLOGIA 13
3.2.1 Desenho e Método da Pesquisa 15
3.2.2 Participantes dos Experimentos 16
4 TESTE DE ACEITABILIDADE 17
4.1 PILOTO 17
4.1.1 Desenho e Método 17
4.1.2 Participantes 20
4.1.3 Resultados 21
4.1.4 Análise dos Gráficos 22
4.2 TESTE PRESENCIAL DE ACEITABILIDADE 25
4.2.1 Desenho e Método 25
4.2.2 Participantes 28
4.2.3 Resultados 29
4.2.4 Análise dos Gráficos 29
5 TAREFA DE INTERPRETAÇÃO 31
5.1 PILOTO 32
5.1.1 Método e Desenho 32
5.1.2 Participantes 35
5.1.3 Resultados 36
5.1.4 Análise do Gráfico 36
5.2 EXPERIMENTO PRESENCIAL 38
5.2.1 Desenho e Método 38
5.2.2 Participantes 39
5.2.3 Resultados 40
5.2.4 Análise do Gráfico 41
5.2.5 Síntese Conclusiva dos Resultado Apontados 42
CONCLUSÃO 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46
ANEXOS 48
1

1 INTRODUÇÃO

A literatura clássica (CHIERCHIA 2003, ROTHSTEIN 2004, entre outros


autores) declara, em relação aos sintagmas de medida de tempo como ‘in X
time’ e ‘for X time’ no inglês1, que verbos télicos no perfectivo só são
gramaticais quando se combinam com o advérbio ‘in X time’, enquanto verbos
atélicos se combinam com ‘for X time’. Esse parece ser efetivamente o caso
quando refletimos sobre as sentenças abaixo no Português Brasileiro (PB) e as
respectivas traduções dos sintagmas de medida de tempo:

(1) a. João escreveu o livro em dois anos2.


b.? João escreveu o livro por dois anos.

(2) a.? João correu em 2 horas3.


b. João correu por 2 horas.

Em (1), o predicado ‘morreu’ denota um evento que é télico. No mundo, há


eventos que têm telos, isto é, um final natural, e outros que não. Em (1b),
temos uma sentença em que a combinação não é tão natural quanto em (1a),
como prediz a literatura. Se a sentença é aceitável, ela indica o período em que
João esteve morto. João morreu por 2 segundos, por exemplo. Provavelmente
via algum tipo de coerção.
No caso das sentenças em (2), temos julgamentos invertidos quanto à
aceitabilidade da combinação, porque temos um predicado atélico, que
também está no perfectivo. O ato de correr não possui um final pré-
determinado, não possui um alcance do telos pontual, como ocorre com os
télicos. Em (2a), a sentença está descrita com o predicado combinando-se com
‘em’, gerando assim uma sentença agramatical. Em (2b), a sentença seria
gramatical por estar combinando-se com ‘por’.

1
Não foram efetuados testes em inglês para confirmar a hipótese.
2
télico + ‘em X tempo’.
télico + ‘por X tempo’.
3
Atélico + ‘em X tempo’.
Atélico + ‘por X tempo’.
2

Esse é o cenário que a literatura afirma ser o caso através das línguas.
No entanto, autores como Basso (2007)4 e Pires de Oliveira e Basso (2010),
afirmam que esse seria um caso inesperado para o PB, já que a sentença em
(3a), por exemplo, não é, segundo o julgamento dos autores, agramatical ou
inaceitável, embora ela não possa ter a mesma interpretação de (3b). O
processo descrito em (3a), é tratado como detelicização em Basso (2007).

(3) a. João construiu sua casa por 2 anos.


b. João construiu sua casa em 2 anos.

Em (3a), a sentença pode denotar o seguinte sentido: se João construiu a


casa por dois anos, ele não necessariamente terminou de construir a casa e
não alcançou seu telos. Em (3b) pode-se tomar o sentido de que, se João
construiu a casa em dois anos, ele alcançou o telos e chegou ao final da
construção, i.e. a casa está pronta. Segundo o julgamento dos autores citados
acima, ambas as sentenças são gramaticais.
Segundo Basso (2007), quando combinado a um evento télico, o sintagma
de medida ‘por X tempo’ não possui a interpretação de que o objetivo final da
ação foi alcançado, pois o predicado télico perde a sua telecidade e torna-se
uma atividade. O sintagma mede o quanto a atividade preparatória foi
realizada. Em Pires de Oliveira e Basso (2010), o perfectivo possui uma
interpretação fraca, pois há uma pequena diferença entre ‘’concluir’’ a ação
(alcance do telos) e ‘’acabar’’ a ação (sem necessariamente, atingir o telos). A
revisão teórica de ambas as literaturas será realizada no capítulo seguinte.
Busca-se, portanto, verificar se há uma relação significativa entre o tipo de
verbo (télico ou atélico) e sua combinação com os advérbios medidores de
tempo ‘em X tempo’ e ‘por X tempo’. Ademais, verifica-se a teoria levantada por
Basso (2007), através dos resultados oriundos de um teste de aceitabilidade e
um de interpretação, que serão apresentados a partir do capítulo 3.
Os objetivos para que os propósitos mencionados acima sejam
alcançados, são os seguintes:

4
Gomes e Mendes (2018) apresentam esse caso ao citar Basso (2007).
3

1. Verificar empiricamente se a intuição que ancora a proposta teórica de


Basso (2007) em relação a detelicização, encontra sustentação
experimental.
2. Verificar se a combinação de predicado atélico com o sintagma ‘em X
tempo’ é considerada gramatical no PB
3. Verificar experimentalmente se, caso télicos no PB se combinem
gramaticalmente com o medidor ‘por X tempo’, qual é a interpretação da
sentença atribuída pelos falantes.
Os dados da pesquisa foram colhidos a partir de duas tarefas off-line: uma
de aceitabilidade e outra de interpretação. Após a coleta, os resultados foram
analisados estatisticamente visando a maior confiabilidade. A análise dos
resultados buscou identificar de que maneira ocorre a combinação entre
predicados télicos e o sintagma de medida de tempo ‘por X tempo’ e a sua
interpretação, e, da mesma forma, qual seria o caso para a combinação de
atélico + ‘em X tempo’. Dessa forma, pretende-se alcançar o objetivo 1, através
de um teste experimental de julgamento de aceitabilidade, em que foi verificado
se os resultados de Basso (2007) repetem-se. O objetivo 2 será verificado da
mesma forma que o objetivo 1: através do teste de aceitabilidade para testar se
a combinação é viável.
O objetivo 3 foi verificado a partir de um teste de interpretação, que
possuía o intuito de apresentar a possível interpretação da combinação
descrita acima. Todos os testes, antes das coletas presenciais, tiveram uma
coleta piloto.
Esta pesquisa foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob o seguinte número:
85776317.1.0000.0121.
O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. Sendo este o primeiro,
em que está sendo apresentado, brevemente, a fonte de pesquisa para a
monografia. Após, há uma revisão bibliográfica que trata sobre a temática
principal. Nos capítulos 3, 4 e 5 serão apresentados e discutidos os testes e
resultados da pesquisa desenvolvida. A parte final é composta pela conclusão,
referências e anexos deste documento.
4

2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo restringe-se ao objetivo de revisar bibliograficamente


algumas das literaturas que fazem referência ao fenômeno semântico tratado
neste trabalho. Preferencialmente, tenciona-se revisar o trabalho desenvolvido
por Basso (2007, 2008) e Basso e Pires de Oliveira (2010).

2.1 TELICIDADE

Para iniciar as discussões acerca da telicidade, primeiramente, é


necessário entender de que forma ela surge:

A palavra “telicidade’’ tem origem na palavra grega “telos’’, que


pode ser entendida como “fim’’, e é daí que vem seu sentido:
ser um evento télico é ser um evento que tem um fim ou uma
meta previsível a ser atingida (...). (BASSO, 2007, p. 216).

Deste modo, entende-se que um evento télico possui um fim ou um


objetivo final a ser alcançado. Um dos argumentos que será tratado
detalhadamente mais a frente é o caso trazido por Basso (2007) em sua
dissertação, na qual argumenta-se que o sintagma de medida ‘por X tempo’
quando combinado com predicados télicos perde a sua telicidade e torna-se
uma atividade. A questão foi abordada mais recentemente em Gomes e
Mendes (2018), na qual as autoras alegam as explicações dadas pelo autor:

A sentença João leu um livro por uma semana não tem


nenhum problema em português, embora apresente um
adjunto do tipo por x tempo com um predicado télico. (...) Esse
exemplo do português mostra que a restrição de sintagmas do
tipo por x tempo com predicados télicos é tão forte que
‘’deteliciza’’ um predicado télico quando é empregado para
modificá-lo. (GOMES; MENDES, 2018, p. 131).

As autoras argumentam que para descrever eventos télicos e atélicos, é


preciso levar em conta a duração dos eventos. Os predicados télicos podem
selecionar tanto eventos durativos (accomplishments) quanto pontuais
(achievements). Nas pesquisas desenvolvidas para este trabalho foram
testados somente eventos durativos.
5

Para iniciar a distinção de predicados télicos e predicados atélicos


podemos utilizar as seguintes sentenças:

(4) a. Maria correu na pista de atletismo por duas horas.


b. ? Maria correu na pista de atletismo em duas horas.

Reiterando ao que foi argumentado anteriormente, a sentença contida em


(4b) torna-se incomum ao ser proferida, e não é tão aceitável como a junção
demonstrada em (4a). Isso ocorre por conta da combinação do predicado com
o sintagma de medida. O predicado atélico ‘correu’ denota um evento que não
tem um alcance de telos tão pontual em comparação a um predicado télico.
Nesta perspectiva, entende-se que os predicados atélicos se combinam com o
sintagma ‘por X tempo’ e não possuem um alcance do objetivo final do evento.
Os predicados télicos, diferentemente do caso que foi mencionado acima,
possuem um objetivo final de alcance do telos e se combinam com o sintagma
de medida ‘em X tempo’:

(5) a. Joana escreveu a dissertação em um ano.


b. Joana escreveu a dissertação por um ano.

2.2 DETELICIZAÇÃO E ENFRAQUECIMENTO DO PERFECTIVO

Nas próximas seções serão apresentadas as duas principais hipóteses e


levantamentos acerca do estudo em questão.

2.2.1 Detelicização

Em sua dissertação de mestrado intitulada Telicidade e detelicização:


semântica e pragmática do domínio tempo-aspectual (2007), Renato Miguel
Basso apresenta o tema tratado nesta monografia, em que predicados télicos
combinam-se com ‘por X tempo’ adverbiais, como um processo de
detelicização. Para o autor, quando combinado com um evento télico 5, o

5
Para Basso, seguindo a literatura, um evento télico denomina “um fim, ou uma meta previsível
a ser atingida’’ (2008) e que alcança seu objetivo final quando essa meta é alcançada.
6

sintagma de medida ‘por X tempo’ não possui a denotação de que o objetivo


final da ação foi alcançado, pois a ação não alcançou o telos (meta final)
obrigatoriamente. Por exemplo:

(6) Ana leu o livro por duas horas.

A sentença utilizada como exemplo logo abaixo, refere-se a um


determinado evento télico que possui um objetivo final: a leitura de todo o livro.
Essa é a leitura completa. Segue abaixo o exemplo (7):

(7) Ana leu o livro em duas horas.

Ao interpretar a sentença em (6) não podemos afirmar, com toda a


certeza, que a Ana fez a leitura completa do livro. Pois Ana leu o livro, mas
pode ter parado a leitura no meio e não ter chegado ao final da história, por
exemplo. Para Basso, neste ponto ocorre a detelicização, em que quando o
sintagma ‘por X tempo’ combina-se com um predicado télico, perde-se a
telicidade e passa a ser uma atividade6. Para se chegar a interpretação de
detelicização, seria possível atribuir ao sintagma ‘por X tempo’ uma semântica
em que ele indica um ponto final na sentença, mas que não é o alcance do
telos. Logo, o autor prevê que a combinação do predicado télico com ‘por X
tempo’ resulte sempre em leitura sem telos.
No ano de 2008, o autor publicou um artigo para a revista Letras, da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), intitulado Telicidade e Detelicização
acerca da mesma temática.
A principal função de um sintagma de medida como ‘por X tempo’ é o de
medir um determinado evento e sua realização. Deste modo, ele se combina
com accomplishments7 por serem eventos durativos. Entretanto, os
accomplishments são télicos e o sintagma adverbial encabeçado por ‘por’
demonstrado acima, a princípio, não deveria comprometer-se com a telecidade.
Logo abaixo, há um trecho sobre essa questão:

6
As atividades são reconhecidas por terem uma característica como: - télico.
7
Os accomplishments são reconhecidos por serem predicados télicos durativos e possuírem
uma característica como + télico.
7

(...) ‘por X tempo’ não “se compromete” com a telicidade, ocorre a


detelicização: a partir da aplicação de ‘por X tempo’ a um predicado
télico temos uma leitura segundo a qual não podemos afirmar que o
evento está terminado (seu ponto final foi alcançado), ou seja, mesmo
que o evento seja apresentado sob uma perspectiva perfectiva, como
concluso, o seu ponto final não foi alcançado. (BASSO, 2008, p. 221).

Portanto, quando observa-se a sentença que está descrita em (6), dentro


dos aspectos discutidos até esse ponto, a combinação de um evento
propriamente télico com o sintagma ‘por X tempo’, remete ao caso de perda do
telos no predicado. Ao contrário da sentença descritas em (7), em que
apresenta o mesmo evento télico com o sintagma ‘em X tempo’ medindo do
início até o alcance do telos. Por exemplo:

(8) João leu o livro em uma semana, mas não gostou do final.
(9) (?) João leu o livro por uma semana, mas não gostou do final.

De acordo com o que é descrito no texto, em (9) não teria possibilidade de


João não ter gostado do final, pois ele não terminou a leitura e não alcançou o
telos. Portanto, aconteceu um processo de detelicização pois a partir do
momento que há uma combinação entre um predicado télico com ‘por X
tempo’, esse evento não possui o alcance do objetivo final.
De acordo com Basso, quando um evento télico apresenta uma
combinação com ‘por X tempo’, apresenta-se um excesso de pontos finais; em
que o telos já traz consigo um deles e há um a mais, dado pelo adjunto. Por ter
muitos pontos, um deles é apagado: o télico. É nesse ponto que ocorre o
processo de detelicização.

(...) se eu estivesse interessado em veicular que o telos foi atingido,


me limitaria simplesmente em dizer ‘João leu o livro’ (...) se
acrescento um outro ponto final, através de ‘por X tempo’, é porque
não estou interessado no telos, e sim nesse outro ponto final
introduzido pelo adjunto; daí a interpretação de detelicização.
(BASSO, 2008, p. 226).

Basso chega a conclusão de que os accomplishments são mais


suscetíveis à detelicização quando juntos com ‘por X tempo’, desde que não
8

contenha advérbios que acentuem a telicidade. Os eventos achievements8 não


são compatíveis com ‘por X tempo’ por uma questão de duratividade, já que
eles são considerados não-durativos por acontecerem em um único momento,
sem que se saiba seu início ou seu fim. Logo abaixo, há as médias
encontradas por Basso na pesquisa de aceitabilidade:

Quadro 1 - Resultado da análise do teste de aceitabilidade (BASSO, 2007).

Fonte: BASSO, 2007.

2.2.2 Sobre o Perfectivo

Basso & Pires de Oliveira (2010) propõem uma outra abordagem que leva
em consideração o fato de que uma sentença como (6) pode ou não veicular
alcance do telos. Para os autores, o fato da combinação entre um predicado
télico e o sintagma de medida ‘por X tempo’ indicar não alcance do telos,
ocorria pelo enfraquecimento do perfectivo.
O perfectivo inclui o evento no momento de referência, e portanto ’’vê’’ o
evento como um todo fechado. Portanto, quando temos um morfema flexional
que contém esse aspecto, geralmente ela já alcançaria o telos. Entretanto,
reiterando ao que foi analisado anteriormente, quando observamos uma
sentença como a que está descrita em (10) e (11), podemos partir de duas
interpretações:

(10) Ana leu o livro (ela leu o livro completo).


(11) João leu o livro (mas não terminou).

8
Os achievements são predicados não-durativos e possuem a característica + télico.
9

Estes dois exemplos podem ser considerados respectivamente, como:


uma ação que foi concluída (alcançou o seu objetivo final), e uma ação que foi
acabada (não teve alcance do objetivo final necessariamente). Para ilustrar
melhor o exemplo dado acima, pode-se utilizar a noção de acarretamento
também utilizada pelos autores “Alguém pergunta: O João leu o livro dele
ontem à noite? E tem como resposta: leu (O João leu o livro dele ontem à
noite). Essa resposta não parece veicular que necessariamente João leu o livro
inteiro’’ (BASSO; PIRES DE OLIVEIRA, 2010, p. 125).
Logo, se João leu o livro, mas não finalizou completamente a leitura, não
se pode estabelecer uma relação de acarretamento, pois, se A acarreta B
necessariamente em todos os casos em que em A for uma regra, B também
será.
Se a relação entre o perfectivo e o alcance do telos fosse de
acarretamento, qual seria a contribuição de ‘inteiro’ ou ‘até o fim’? Se
a informação de que o telos foi alcançado é dada pela configuração
evento télico veiculado perfectivamente (ou evento télico perfectivo),
o acréscimo desses itens deveria soar como uma redundância ou um
excesso de informação, e não é esse o caso. (BASSO; PIRES DE
OLIVEIRA, 2010, p. 126).

Pode-se pensar que o evento de ler algo se constitui de forma homogênea


dotado se (sub)eventos parciais. Os autores utilizam o seguinte exemplo para
demonstrar que este não é o caso:

(12) João construiu a casa, mas não terminou / mas não inteira / mas não
completamente.

Esta seria uma sentença contraditória se, de fato, o perfectivo indicasse


culminação do evento, e o telos tivesse necessariamente que ser alcançado.
No entanto, ela parece aceitável e não se trata de um evento homogêneo, pois
construir a casa possui (sub)eventos diferentes um do outro.
O paradoxo do perfectivo é constituído através de um evento télico durativo,
representados geralmente pelos accomplishments.
10

A maneira não corrente de interpretar a formulação do perfectivo em


Klein (1994), apresentada acima, é vê-la como indeterminada quando
temos eventos “complexos”, que envolvem fases preparatórias.
Nesse caso, a única certeza que temos, ao usar o perfectivo, é que o
evento cessou, mas ele pode tanto ter cessado quando ainda estava
na fase preparatória – sem, portanto, ter sido concluído (BASSO;
PIRES DE OLIVEIRA, 2010, p. 128).

De acordo com Klein (1994) apud Basso & Pires de Oliveira (2010), os
exemplos dados aqui teriam propriamente o telos alcançado, pois a noção de
perfectivo seria o ponto em que o evento está contido no momento de
referência, portanto ele é um evento completo. Do início ao fim. Dessa maneira,
os autores levantaram a hipótese que a interpretação do perfectivo seria fraca
perante a estes exemplos. Foi demonstrado que eventos télicos quando
possuem o aspecto perfectivo não alcançam obrigatoriamente o telos. Deste
modo, ao concluir a tese do artigo, é proposto que accomplishments denotam
tanto eventos concluídos quanto eventos não concluídos, mesmo contendo o
aspecto perfectivo. Os autores assumem uma ontologia em que há eventos
acabados e não acabados.

2.3 SÍNTESE CONCLUSIVA

De acordo com a literatura discutida na seção anterior, entende-se que a


combinação entre o sintagma ‘por X tempo’ e predicados télicos não é
agramatical e diferem quanto à sua interpretação: Basso (2007) entende que
há detelicização, sendo interpretada como não terminada, enquanto que Pires
de Oliveira & Basso (2010) entendem que pode denotar o alcance do telos ou
não.
Na hipótese apresentada por Basso (2007, 2008), o autor argumenta que
sentenças como:

(13) Ana leu o livro por três horas

Indica um caso de detelicização, na qual o predicado télico perderia sua


telecidade e tornaria-se uma atividade. Assim, a combinação de verbos télicos
no perfectivo com o sintagma ‘por X tempo’ pode ser sempre possível, pois
11

podemos estar diante de eventos que não estão terminados e estão em


atividade. Essa foi a hipótese que foi verificada nos testes.
Na hipótese tratada por Basso e Pires de Oliveira (2010), os autores
argumentam que predicados no aspecto perfectivo não denotam o alcance do
telos necessariamente por conta de um enfraquecimento no perfeito. Sua
conclusão difere de Basso (2007, 2008) porque eles entendem que a
interpretação de télicos e ‘por X tempo’ pode ser terminada.

3 A PESQUISA

Este capítulo fará referência ao estudo empírico da pesquisa.


Primeiramente, será apresentada a metodologia, assim como seu desenho e
método. Logo após, serão discutidos os experimentos desenvolvidos.
Primeiramente foram efetuados os pilotos de cada experimento, que
desencadearam uma análise fina do experimento e, quando necessário, foram
realizadas modificações. Logo após, os experimentos foram aplicados
presencialmente, e serão apresentados juntamente com os resultados e as
análises que foram alcançadas ao final do estudo. A partir, portanto, das
considerações feitas pelas análises dos dados, será possível traçar uma
hipótese explicativa para o estudo em questão. A parte prática desta pesquisa
foi desenvolvida a fim de compreender de que modo a combinação do
sintagma de medida ‘por X tempo’ se comporta quando está combinado com
um predicado télico e atélico. E qual seria a possível interpretação para a
combinação supostamente inesperada com predicados télicos.

Ademais, foi verificado também, se o procedimento com sentenças


atélicas e o medidor ‘em X tempo’ era equivalente. A princípio, espera-se que
essa combinação não seja considerada como gramatical dentro do PB, como a
combinação de télico + ‘por X tempo’, que por sua vez, é o principal foco do
estudo deste trabalho.

Destarte, ao que tange às contribuições da pesquisa, espera-se com o


desenvolvimento deste trabalho contribuir com a comunidade acadêmica e
possibilitar novas perspectivas e esclarecimentos ao estudo em questão, assim
como colaborar para novos procedimentos dentro da área estudada.
12

3.1 HIPÓTESES

As hipóteses levantadas para o estudo foram as seguintes:

Teste piloto e teste presencial de aceitabilidade:

(i) A combinação ‘por X tempo’ + télico é considerada gramatical e aceitável


pelos participantes da pesquisa. (BASSO 2007)

(ii) Predicados télicos quando combinados com o medidor 'por X tempo'


possuem um grau de aceitabilidade igual ou parecido em comparação à
combinação ‘em X tempo’ + télico.

(iii) Predicados atélicos não se combinam com ‘em X tempo’.

Teste piloto e teste presencial de interpretação:

(i) Predicados télicos quando combinados com o sintagma de medida ‘por X


tempo’ possuem interpretação de contexto não terminado. (BASSO 2007)

(ii) A combinação de predicados télicos + ‘em X tempo’ denota um contexto


necessariamente terminado.

3.2 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho foi constituída por meio da proposta de dois


experimentos off-line. Experimentos off-line não podem avaliar o
processamento linguístico, mas podem ajudar a avaliar propostas teóricas
(PIRES DE OLIVEIRA, 2017). Um deles foi realizado através de um
experimento incluindo a Escala Likert, para o teste de julgamento de
aceitabilidade. A metodologia e os procedimentos utilizados neste experimento
tiveram como base as discussões estabelecidas por Fonseca de Oliveira e
Machado de Sá (2013).

Os testes off-line são responsáveis em captar os dados de um


participante após seu processamento mental em relação a uma determinada
tarefa.
13

Neles, os sujeitos são expostos às questões da pesquisa e


após a exposição devem executar alguma tarefa. Ou seja, não
se observam os processos mentais do sujeito ao longo do
processamento do que se quer investigar, mas quando o
processamento já foi concluído. (FONSECA DE OLIVEIRA;
MACHADO DE SÁ, 2013, p. 1).

O teste de aceitabilidade geralmente é utilizado nestes casos pois ele


mede o grau (de acordo com a escala) de aceitabilidade que o participante
possui em relação àquela sentença. Nesta perspectiva, pode-se medir um
aspecto mental do falante após a execução da tarefa. Para este experimento,
tanto o piloto quanto o presencial, foi utilizado a Escala Likert ‘’(...) uma escala
psicométrica constituída de vários pontos, sendo as escalas de cinco e sete
pontos as mais utilizadas.’’ (FONSECA DE OLIVEIRA; MACHADO DE SÁ,
2013, p.1).

O teste de interpretação também pode ser categorizado como um teste


off-line, que possuía o propósito de verificar como o falante interpreta as
seguintes combinações, tendo em vista que Basso (2007, 2008) e Pires de
Oliveira & Basso (2010) tinham propostas distintas para a aceitabilidade e a
interpretação da combinação télico e ‘por X tempo’:

- Télico + ‘por X tempo’


- Télico + ‘em X tempo’

Nesse experimento, o falante escolhia se a interpretação era de contexto


terminado ou não terminado, uma resposta categórica. As figuras que
demonstram os procedimentos utilizados estão descritas mais à frente na
seção de desenho e método da pesquisa. Logo abaixo, será apresentado o
desenho dos experimentos desenvolvidos.

3.2.1 Desenho e Método da Pesquisa

No que diz respeito aos desenhos e métodos dos experimentos, pode-se


elencar algumas características, descritas a seguir. As variáveis independentes
do experimento de aceitabilidade foram o tipo de verbo, com dois níveis, em (i),
e tipo de sintagma medidor de tempo, com dois níveis, em (ii):
14

(i) télico e atélico.

(ii) ‘em X tempo’ e ‘por X tempo’.

A variável dependente do teste de aceitabilidade restringiu-se à resposta


ordinal do participante através da escala com 7 pontos:

Figura 1 - Modelo de Escala Likert

Fonte: Google Forms

O experimento de interpretação utilizou somente as sentenças télicas do


experimento de aceitabilidade. A combinação entre predicados atélicos com
‘em X tempo’ não era necessária, por conta dos resultados obtidos nos testes
de aceitabilidade. Portanto, foram incluídas mais quatro sentenças télicas que
não estavam no primeiro teste, para alcançar o mesmo número de sentenças
em ambos os experimentos. Como variável independente, este experimento
teve uma variável com dois níveis:

(iii) ‘por X tempo’ e ‘em X tempo’.

O teste teve a seguinte variável dependente que buscava capturar a


interpretação das sentenças:

(iv) contexto terminado e contexto não terminado.

O participante lia a sentença, e logo abaixo tinha como escolha duas


situações9. A seguir, apresentamos um exemplo com o resultado retirado
diretamente do Google forms. Trata-se de um exemplo de sentença distratora.

9
Os procedimentos das pesquisas serão detalhadas nas seções de desenho e método. Este
trecho serve como um primeiro contato mais geral do que foi desenvolvido nos experimentos.
15

Figura 2 - Modelo do teste de interpretação

Fonte: Google Forms

3.2.2 Participantes dos Experimentos

Os quatro experimentos obtiveram a participação total de oitenta pessoas,


com idades variadas entre vinte e sessenta anos, sendo quarenta participantes
do sexo masculino e quarenta do sexo feminino. Primeiramente, os pilotos
ocorreram por meio de plataforma online, e os participantes foram recrutados
através do messenger e e-mail. Os outros dois outros experimentos ocorreram
de forma presencial, acompanhados pela presença da pesquisadora, em locais
e horários escolhidos pelos participantes10, que foram recrutados da mesma
maneira que nos testes anteriores. Por conseguinte, os próximos capítulos irão
detalhar os procedimentos e resultados dos testes.

4 TESTE DE ACEITABILIDADE

Este capítulo fará referências aos testes do julgamento de aceitabilidade,


procedimentos, resultados e respectivas análises.

10
Os locais da coleta de dados ocorreram no campus da Universidade. Eles não serão
especificados a fim de preservar a identidade dos participantes.
16

4.1 PILOTO

O piloto auxilia em um primeiro contato com os métodos e procedimentos


de uma pesquisa. Pode ser definido como uma pequena versão do
experimento principal voltada para alterações e melhoramentos (caso seja
necessário) no estudo em questão. Nas próximas seções, serão apresentados
o desenho, método, procedimento, perfil do participante, análise de dados e um
breve esclarecimento sobre a funcionalidade do teste.

4.1.1 Desenho e Método

O teste piloto, tinha como intuito verificar a funcionalidade do experimento


de aceitabilidade. Para tanto, foram construídas 2 listas, 24 sentenças em
cada, das quais 16 eram distratoras11 e 8 alvos. Não houve um controle de
número de sílabas nem de palavras para as sentenças distratoras e nem para
as sentenças alvo. As sentenças foram distribuídas detalhadamente em cada
lista para o participante não suspeitar do objeto do estudo 12. Reiterando ao que
foi declarado no capítulo anterior, o experimento de aceitabilidade possui duas
variáveis independentes: o tipo de predicado, télico e atélico, e o sintagma de
medida, ‘por X tempo’ e ‘em X tempo’. Deste modo, neste piloto, foram
utilizados quatro verbos de cada tipo. As condições do experimento são:

télico + por - exemplo em (14)

télico + em - exemplo em (15)

atélico + por - exemplo em (16)

atélico + em - exemplo em (17)

(14) João construiu a sua casa por 2 anos.

(15) João construiu a sua casa em 2 anos.

11
As mesmas sentenças distratoras foram utilizadas em ambas as listas.
12
A distribuição das listas está especificada na seção de anexos.
17

(16) João passeou com o seu gato por 2 horas.

(17) João passeou com o seu gato em 2 horas.

Os verbos utilizados foram13:

● télicos: ‘construir’, ‘costurar’, ‘digitar’, 'escrever'.

● atélicos: ‘passear’, ‘viajar’, ‘correr’, ‘nadar’.

Se a literatura sobre o PB estiver correta, a hipótese para este teste era


de que (14) fosse considerada uma sentença aceitável, com avaliação acima
de 6, enquanto que (17) seria uma sentença não aceitável, com avaliação
abaixo de 4. A sentença (16) seria uma sentença totalmente aceitável com
avaliação acima de 6, e a sentença contida em (15) seria aceita pelos
participantes com uma nota acima de 6. Como variável dependente na tarefa
piloto do julgamento de aceitabilidade, esteve disponível para o participante
uma Escala Likert de zero a sete, como demonstrado acima. Caso o
participante julgasse que a sentença em questão era aceitável, deveria atribuir-
lhe nota sete. Caso o participante julgasse que a sentença era inaceitável,
deveria atribuir-lhe nota zero. Abaixo, segue a sugestão para a interpretação
das notas que estava disponível para os participantes, juntamente com as
instruções ao abrir o link para a tarefa:

13
Não houve controle do número de sílabas nem do número de palavras nas sentenças alvo.
18

Figura 3 - Modelo de tela inicial

Fonte: Google Forms

A seguir, a interpretação das notas:

0 = Totalmente inaceitável (ninguém fala assim).

1 = Muito ruim (provavelmente as pessoas não falam assim).

2 = Ruim (pouco aceitável).

3 = Um pouco ruim (um pouco aceitável).

4 = Quase boa (ainda um pouco esquisita).

5 = Boa (há melhores maneiras de dizer a mesma coisa).

6 = Muito boa.

7 = Totalmente aceitável.

A pesquisa foi intitulada Rapidez na Leitura com o intuito de encobrir a


temática principal, a fim de não haver interferências nas respostas. Os
participantes deste piloto foram recrutados via e-mail e messenger, como dito
antes, e partir do momento do envio do link, tinham o prazo de 48h para
responder ao questionário. Ao entrar na página, se deparavam com a tela
demonstrada acima, e mais duas sentenças preparatórias para o teste:
19

Figura 4 - Modelo de sentença

Fonte: Google Forms

Figura 5 - Modelo de sentença

Fonte: Google Forms

Após responder a estas duas questões demonstrativas, o participante era


alertado de que o teste iria iniciar e que ele não deveria retornar à página
anterior. Como foi um teste piloto sem a presença da pesquisadora, não houve
um controle de tempo específico além das 48h estipuladas.

4.1.2 Participantes

Neste teste piloto, primeiramente, vinte participantes foram recrutados.


Sendo eles dez homens e dez mulheres. Algumas das características que
compõem os perfis são:
20

(i) Escolaridade: todos os participantes estão cursando ou já cursaram o nível


superior em diversas áreas.

(ii) Idade: todos os participantes possuem acima de vinte anos.

(iii) Não houve nenhum participante estrangeiro.

O piloto foi feito através da plataforms virtual Google Forms com a


finalidade de testar as duas listas da pesquisa e as sentenças escolhidas para
o experimento. Neste piloto, não houve nenhuma exclusão de participante que
pudesse interferir negativamente na pesquisa, pois não houve respostas fora
do comum.

4.1.3 Resultados

Após a primeira coleta, os dados foram analisados a partir do programa R-


Studio, utilizando um test-t pareado14. Como resposta, obteve-se os seguintes
resultados para as duas variáveis independentes em relação a variável
dependente:

> t.test(Resposta ~ telico, paired = TRUE, data = experimento_piloto)

Paired t-test

data: Resposta by telico


t = -2.1861, df = 39, p-value = 0.03488
alternative hypothesis: true difference in means is not equal to 0
95 percent confidence interval:
-1.01076716 -0.03923284
sample estimates:
mean of the differences
-0.525

14
Este teste não é o mais propício para este tipo de caso. Entretanto, por falta de maiores
informações sobre um teste mais adequado, em uma primeira análise o test-t foi utilizado.
21

> t.test(Resposta ~ atelico, paired = TRUE, data = experimento_piloto)

Paired t-test

data: Resposta by atelico


t = 9.5359, df = 39, p-value = 9.658e-12
alternative hypothesis: true difference in means is not equal to 0
95 percent confidence interval:
2.304569 3.545431
sample estimates:
mean of the differences
2.925

Os resultados do piloto demonstraram que os falantes consideram 'por +


télico' gramatical. Entretanto, consideram a combinação de atélico + ‘em X
tempo’ como uma forma agramatical. Na próxima parte será explicado os
gráficos separadamente.

4.1.4 Análise dos Gráficos

Logo abaixo, há dois gráficos gerais que dizem respeito a aceitabilidade


dos participantes com sentenças que continham a combinação télico + ‘por X
tempo’ e atélico + ‘em X tempo’. No primeiro gráfico, o maior grau de acordo
com a escolha dos participantes através da Escala Likert, foi o de número 7. O
segundo gráfico diz respeito a combinação de atélico + ‘em X tempo’, e obteve
uma média entre 0 e 4, também de acordo com a escala15. Portanto, em linhas
gerais, pode-se perceber que a forma descrita para o caso de télicos + ‘por X
tempo’ por Basso (2007) e Basso e Pires de Oliveira (2010) é de fato aceita no
PB. Entretanto, pode-se constatar que a acombinação entre um predicado
atélico e o medidor ‘em X tempo’ não é aceita pelos participantes.

15
O cálculo das tabelas foi feito pela somatória das respostas nas sentenças que houvessem
as combinações, nas 4 listas do experimento.
22

Gráfico 1 - Tabela geral do resultado da combinação entre télico + 'por X tempo'

Gráfico 2 - Tabela geral do resultado da combinação entre atélico + 'em X tempo'

Os gráficos que serão demonstrados abaixo, trazem separadamente os


resultados das combinações propostas pelo experimento piloto. No primeiro
gráfico, 0 corresponde a ‘por’ e 1 corresponde a ‘em’:
23

Gráfico 3 - Modelo de aceitabilidade entre 'por' e 'em' com télicos

A primeira parte do gráfico considera a combinação de télico + por. O


resultado apontou para uma média de aceitabilidade entre 5 e 7 e uma média
em 6, considerada como uma boa média. A segunda parte do gráfico,
apresenta o resultado para a combinação de télico + em, que por sua vez,
possui um nível de aceitabilidade maior indo de 6 até 7 e com uma média em
torno 6,5. O valor de p, segundo o teste aplicado, seria o de 0.03488.

Portanto, há uma diferença pequena, mas que pode ser considerada


significatica. É relevante considerar, que a maioria dos falantes consideraram a
combinação télico + ‘por X tempo’ satisfatória entre as sentenças utilizadas no
teste. Foi constatado dois outliers, um em cada condição16.

O gráfico 4 demonstrado abaixo, apresenta os resultados para as


combinações com predicados atélicos:

16
Data points que permaneceram fora dos resultados.
24

Gráfico 4 - Modelo de aceitabilidade de 'por' e 'em' com atélicos

A primeira parte do gráfico, traz o resultado da combinação de predicados


atélicos com o medidor ‘por X tempo’. O nível de variabilidade ficou entre 5 até
7, com uma média em 6. Portanto, foi constatado que essa combinação foi a
mais aceita pelos participantes da pesquisa. Na segunda parte do gráfico, os
participantes consideraram a forma atélico + ‘em X tempo’ como uma
combinação agramatical, com uma variabilidade entre 1,5 e 4 e média em 3.
Após a aplicação do teste, obteve-se o seguinte valor de p: 9.658e-12.

Portanto, em uma primeira análise através do piloto, foi possível constatar


que predicados atélicos não se combinam com 'em', enquanto télicos
combinam com 'em' e ‘por’, embora haja uma diferença significativa do valor p
com relação à combinação de ‘em' com télicos. Assim, o julgamento de
aceitabilidade apoia a afirmação de Basso (2007) e de Pires de Oliveira e
Basso (2010) de que predicados télicos combinam com ‘por’ no PB.

4.2 TESTE PRESENCIAL DE ACEITABILIDADE

Nesta seção, será apresentado e discutido o teste presencial do


experimento, assim como seus resultados.

4.2.1 Desenho e Método


25

O teste de julgamento de aceitabilidade tinha como intuito verificar se a


combinação entre predicados télicos e adjuntos do tipo ‘por X tempo’ eram
aceitáveis no PB. O experimento foi desenvolvido após a avaliação e
aprovação do comitê de ética17 e após os resultados do piloto. Portanto, de
acordo com a verificação da funcionalidade do teste, o experimento manteve
as duas variáveis independentes: tipo de predicado, télico e atélico, e sintagma
de medida, ’por X tempo’ e ‘em X tempo’. A partir deste ponto, a mesma
quantia de sentenças foram utilizadas: quatro verbos de cada tipo (télicos e
atélicos) sendo eles os mesmos do teste anterior, num total de dezesseis
sentenças alvo, oito sentenças por lista, distribuídas em duas listas com vinte e
quatro sentenças cada18. Como no teste anterior, o participante ao iniciar o
teste, via a tela demonstrada logo abaixo, com uma breve explicação das notas
que ele deveria atribuir para as sentenças:

Figura 6 - Modelo de tela inicial

Fonte: Google Forms

Abaixo, segue a interpretação para as notas:

0 = Totalmente inaceitável (ninguém fala assim).

17
85776317.1.0000.0121.
18
A distribuição das listas seguiu o mesmo padrão do teste piloto, juntamente com as
condições e os verbos utilizados. Os exemplos estão descritos no desenho do teste piloto.
26

1 = Muito ruim (provavelmente as pessoas não falam assim).

2 = Ruim (pouco aceitável).

3 = Um pouco ruim (um pouco aceitável).

4 = Quase boa (ainda um pouco esquisita).

5 = Boa (há melhores maneiras de dizer a mesma coisa).

6 = Muito boa.

7 = Totalmente aceitável.

Antes de iniciar completamente o experimento, o participante respondia a


duas sentenças de treino, para se preparar para o teste e, caso fosse
necessário, fazer alguma indagação naquele momento. Após a leitura das
sentenças de preparação, o participante era instruído a não fazer nenhum
questionamento no momento da realização do experimento e a responder as
questões rapidamente:

Figura 7 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms

Figura 8 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms


27

As listas respondidas eram elaboradas e explicadas como um teste de


leitura, que deveria ser respondida com rapidez.19 Portanto, todos os
participantes não obtiveram informações detalhadas sobre os experimentos
para não interferir nas respostas, como discutido anteriormente.

4.2.2 Participantes

No experimento presencial de aceitabilidade, vinte participantes


responderam aos questionários. Dez na primeira lista, e dez na segunda.
Sendo eles dez homens e dez mulheres em cada. As características que
compõem os perfis são:

(i) Escolaridade: todos os participantes estão cursando ou já cursaram o nível


superior em diversas áreas.

(ii) Idade: todos os participantes possuem acima de vinte anos e sessenta


anos.

(iii) Não houve nenhum participante estrangeiro.

O teste foi feito de forma presencial, com hora e local marcado pelos
participantes e efetuado através da plataforma Google Forms pelo computador
da pesquisadora. Não houve um tempo limite imposto para a realização da
tarefa, mas foi observado que todos realizaram o questionário entre dez e
quinze minutos. Houve somente a exclusão de um participante que interferiu
negativamente para a pesquisa, pois ele se negou a realizar o procedimento
padrão20. Em relação à uma parte do procedimento padrão, o participante,
antes de realizar o experimento, precisava ler e assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) requisitado pelo comitê de ética da
universidade.21

19
Demonstrado na figura 6.
20
Segundo o participante, ele atribuiu somente a nota 0 e 7 para as sentenças. 0 para as que
ele achava que estavam erradas e 7 para as que estivessem certas, conforme seu julgamento.
21
ANEXO 9.
28

4.2.3 Resultados

Após a coleta do experimento presencial, os dados foram submetidos a


mesma análise do teste piloto: um test-t pareado. Logo abaixo, há a
demonstração da estatística utilizada no teste para obter os resultados, como
no teste piloto:

> t.test(Resposta ~ telico, paired = TRUE, data = experimento_presencial)

Paired t-test

data: Resposta by telico


t = 4.2601, df = 79, p-value = 5.595e-05
alternative hypothesis: true difference in means is not equal to 0
95 percent confidence interval:
0.5993594 1.6506406
sample estimates:
mean of the differences
1.125

> t.test(Resposta ~ atelico, paired = TRUE, data = experimento_presencial)

Paired t-test

data: Resposta by atelico


t = -4.6367, df = 79, p-value = 1.379e-05
alternative hypothesis: true difference in means is not equal to 0
95 percent confidence interval:
-1.8580634 -0.7419366
sample estimates:
mean of the differences
-1.3

Os resultados obtidos demonstraram novamente que os participantes não


consideraram a combinação de ‘por X tempo’ com predicados télicos uma
condição agramatical e acabaram corroborando o resultados do teste piloto.

4.2.4 Análise dos Gráficos

Em seguida, serão apresentados os gráficos dos resultados do


experimento presencial de aceitabilidade. No gráfico 3 logo abaixo, está
demonstrada a seguinte situação: ‘por’ e ‘em’ correspondem às condições 0 e
29

1, respectivamente. Na primeira parte do gráfico, pode-se perceber que existe


uma diferença de aceitabilidade entre ‘por’ e ‘em’, na qual ‘por’, representado
por 0 no gráfico, possui um grau que varia na escala de 3 a 7, com média em
5,5.
Na segunda parte do gráfico, ‘em’, representado por 1, possui um grau
que vai de 5 até 7 e média em 6. Após a análise obtiveram-se o seguinte valor
de p: 2.2e-16. Isso demonstra que ‘por X tempo’ teve um bom grau de
aceitabilidade pelos participantes e é considerado gramatical com predicados
télicos, mas não tem o mesmo comportamento de ‘em X tempo’, já que o grau
de aceitabilidade de ‘em’ é maior e há menos variação entre os indivíduos. Os
resultados corroboram a questão levantada por Basso (2007) de que a
combinação de predicados télicos com o adjunto do tipo ‘por X tempo’ é
aceitável no PB.

Gráfico 5 - Modelo de ‘por' vs 'em' com télicos

Fonte: R-Studio

No segundo gráfico apresentado em seguida, temos a demonstração da


segunda variável independente do julgamento de aceitabilidade. 0 corresponde
a ‘por’ e 1 corresponde a ‘em’. Na primeira parte do gráfico, a combinação
atélico + ‘por X tempo’ obteve uma variabilidade de resposta de 5 até 7 e média
em 6.

Na segunda parte do gráfico, temos a combinação que seria testada:


atélico + em X tempo’. Como pode-se observar, sentenças desse tipo
30

obtiveram uma média em 2 e uma variabilidade de resposta indo de 1 até 4,


obtendo um valor de p igual a 2.2e-16. Isso demonstra que os resultados da
pesquisa comprovam as hipóteses levantadas de que o caso no PB é diferente
do que afirma a literatura clássica. Os resultados do teste presencial
corroboram também os resultados do teste piloto desse mesmo experimento.
Logo abaixo, o gráfico mencionado:

Gráfico 6 - Modelo de 'por' vs 'em' com atélicos

Desse modo, reiterando às hipóteses elencadas para este teste, pode-se


chegar à seguinte conclusão a partir do piloto e do experimento presencial:

(i) Predicados télicos quando combinados com ‘por X tempo’ são


considerados gramaticais pelos falantes.
(ii) Há uma diferença significativa de aceitabilidade entre predicados télicos
com ‘por' e com ‘em’ quando combinados com predicados télicos, sendo
que essa última combinação é melhor avaliada.
(iii) A combinação de predicados atélicos com ‘em X tempo’ não é aceita pelos
falantes.
(iv) A combinação de atélicos + ‘por X tempo’ é considerada gramatical pelos
falantes, como esperado.

5 TAREFA DE INTERPRETAÇÃO
31

Neste capítulo será apresentado e discutido o piloto e o segundo teste


presencial do experimento, assim como seus resultados. Basso (2007) e Pires
de Oliveira & Basso (2010) têm posições diferentes com relação à
interpretação de ‘por X tempo’ com predicados télicos. Basso (2007) entende
que será sempre inacabada, isto é, não houve alcance do telos, já que irá
ocorrer detelicização. Enquanto que Pires de Oliveira & Basso (2010)
entendem que a interpretação é indeterminada podendo ser tanto acabada
quanto não inacabada.

5.1 PILOTO

O piloto de interpretação, assim como o de aceitabilidade, auxiliou em um


primeiro contato com o experimento para testar a sua funcionalidade e
procedimento. Como discutido no início do capítulo anterior que trata sobre o
julgamento de aceitabilidade, o estudo piloto é uma primeira versão do
experimento principal.

5.1.1 Método e Desenho

O piloto de interpretação utilizou somente sentenças télicas, como


explicado na seção que trata sobre a pesquisa, com a inclusão de mais quatro
sentenças do mesmo tipo que não estavam no primeiro teste, a fim de
entender melhor a combinação do sintagma medidor ‘por X tempo’ + télico e
saber qual a interpretação dada pelos participantes. Em particular, o objetivo é
verificar a hipótese de Basso (2007) de que a interpretação deveria ser de não
alcance do telos. O teste contou com o mesmo número de sentenças que os
primeiros testes: 16 distratoras, com 8 alvos, sendo essas últimas, somente
sentenças télicas. Como variável independente, este experimento teve uma
variável com dois níveis:

(i) ‘por X tempo’ e ‘em X tempo’.

Como variável dependente, o teste piloto possui a seguinte característica:


32

(ii) Contexto terminado e contexto não terminado.

O participante lia uma determinada sentença, e poderia escolher um


contexto em que o evento denotado pela sentença teria alcançado seu objetivo
final e outra opção com um contexto em que o evento não teria alcançado seu
objetivo final. Por exemplo:

Figura 9 - Modelo de contexto

Fonte: Google Forms

As condições do experimento restringiram-se à:

télico + ‘por X tempo - exemplo em (18)


télico + ‘em X tempo’ - exemplo em (19)

(18) Maria limpou o chão por 15 minutos.


(19) Maria limpou o chão em 15 minutos.

Os verbos utilizados foram:

● construir, costurar, digitar, escrever, limpar, pintar, consertar e


cozinhar.22

Basso (2007) prevê que a interpretação de (18) é de evento não acabado,


já que houve detelicização, ao passo que Pires de Oliveira & Basso (2010)
entendem que ela será indeterminada. Os autores concordam que a

22
Neste teste também não houve controle de sílabas ou número de palavras.
33

interpretação de (19) será de evento acabado. Abaixo, segue as instruções que


o participante encontrava ao abrir o link para a tarefa:

Figura 10 - Modelo de tela inicial

Fonte: Google Forms

A pesquisa foi intitulada Rapidez na Leitura com o intuito de encobrir a


temática principal, a fim de não haver interferências nas respostas. O piloto foi
efetuado via plataforma online, sem a presença da pesquisadora. Os
participantes deste piloto foram recrutados via e-mail e messenger e a partir do
momento do envio do link, tinham o prazo de 48h para responder ao
questionário. Ao entrar na página, se deparavam com a tela demonstrada
acima, e mais duas sentenças preparatórias para o teste:
34

Figura 11 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms

Figura 12 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms

Após responder a estas duas questões demonstrativas, o participante era


alertado de que o teste iria iniciar e que ele não deveria retornar à página
anterior. Como foi um teste piloto sem a presença da pesquisadora, não houve
um controle de tempo específico além das 48h estipuladas.

5.1.2 Participantes

Neste teste piloto de interpretação, vinte participantes ao total foram


recrutados. Sendo eles dez homens e dez mulheres. As características que
compõem os perfis são:

(i) Escolaridade: todos os participantes estão cursando ou já cursaram o nível


superior em diversas áreas.

(ii) Idade: todos os participantes possuem acima de vinte anos.

(iii) Não houve nenhum participante estrangeiro.


35

O piloto foi feito através da plataforma Google Forms a fim de testar as


listas da pesquisa e as sentenças escolhidas para o experimento. Como no
primeiro teste, o link da tarefa foi enviado por e-mail e messenger. Foi
verificado que grande parte dos participantes responderam ao questionário
entre 24h e 48h. Neste piloto, não houve nenhuma exclusão de participante
que pudesse interferir negativamente na pesquisa.

5.1.3 Resultados

O piloto do experimento de interpretação foi analisado através de um


Generalized linear mixed. Logo em seguida, há uma parte da sintaxe utilizada
para a análise dos dados obtidos:

modelo= glmer(r ~ VI + (1|p), data = Pilointer, family = binomial)


> summary (modelo)
Generalized linear mixed model fit by maximum likelihood (Laplace Approximation)
[glmerMod]
Family: binomial ( logit )
Formula: r ~ VI + (1 | p)
Data: Pilointer
AIC BIC logLik deviance df.resid
146.8 156.0 -70.4 140.8 157
Scaled residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-1.7257 -0.2898 -0.1893 0.5795 5.2832
Random effects:
Groups Name Variance Std.Dev.
p (Intercept) 0.794 0.8911
Number of obs: 160, groups: p, 20
Fixed effects:
Estimate Std. Error z value Pr(>|z|)
(Intercept) 0.5388 0.3240 1.663 0.0963 .
VI -3.5687 0.6094 -5.856 4.73e-09 ***

Os resultados por meio do gráfico serão demonstrados detalhadamente


em seguida, na próxima seção.

5.1.4 Análise do Gráfico


36

No gráfico abaixo, está demonstrado primeiramente nas duas colunas os


resultados para a combinação de télico + ‘por X tempo’ e as duas últimas
colunas dizem respeito a combinação de télico + ‘em X tempo’. As condições 0
e 1, correspondem por sua vez, ao contexto terminado e contexto não
terminado, respectivamente.
As duas primeiras colunas demonstram que os participantes denotaram
uma interpretação de contexto não terminado para a combinação télico + por X
tempo’, entretanto, a interpretação de contexto terminado também foi aceita
pelos participantes.
As duas últimas colunas demonstram que a combinação de télico + ‘em X
tempo’ denota um contexto necessariamente terminado. Sendo assim,
considerando as análises anteriores do resultado de aceitabilidade, a
combinação com com esse tipo de sintagma pressupõe um alcance de telos
imediato.

Gráfico 7 - Modelo de 'por' vs 'em' em contexto terminado e não terminado

De acordo com a análise desenvolvida a partir do gráfico, pode-se chegar


a conclusão de que há uma diferença entre ‘por’ e ‘em’ no caso da
interpretação dada pelos participantes da pesquisa. Os resultados mostram
37

que o telos é necessariamente alcançado com 'em', enquanto que com 'por' ele
pode ser alcançado ou não.

5.2 EXPERIMENTO PRESENCIAL

Nesta seção, será apresentado e discutido o teste de interpretação


presencial, assim como seus resultados e discussões.

5.2.1 Desenho e Método

Para o julgamento de interpretação, foram utilizadas as mesmas


sentenças télicas do experimento de aceitabilidade (assim como no teste piloto)
e mais quatro sentenças que não estavam no primeiro experimento. Esse
experimento possuía o intuito de identificar qual a interpretação que o falante
atribui para a combinação télico + ‘por X tempo’ e a combinação télico + ‘em X
tempo’. Como efetuado no piloto, o participante, primeiramente, lia e respondia
duas sentenças como demonstração do experimento que ele iria realizar.
Sendo essas:

Figura 13 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms


38

Figura 14 - Modelo de sentença teste

Fonte: Google Forms

Após a leitura das duas sentenças, o participante era questionado se havia


alguma pergunta sobre o procedimento do experimento, e após era instruído a
não interromper o teste e responder às questões de acordo com a sua primeira
interpretação.
As listas respondidas eram elaboradas e explicadas como um teste de
leitura, que deveriam ser respondidas com rapidez.23 Portanto, todos os
participantes não obtiveram informações detalhadas sobre os experimentos,
para não interferir nas respostas.
A variável independente é o tipo de sintagma medidor ‘por X tempo’ e ‘em
X tempo’. Como variável dependente o participante deveria escolher entre um
contexto terminado e um contexto não terminado como resposta, como
demonstrado nos exemplos anteriores.

5.2.2 Participantes

Como no teste piloto de interpretação, vinte participantes ao total foram


recrutados. Sendo eles dez homens e dez mulheres. Os participantes foram
recrutados da mesma forma que os outros teste: através de plataformas online.
As características que compõem os perfis seguiram as mesmas linhas dos
outros experimentos:

(i) Escolaridade: todos os participantes estão cursando ou já cursaram o nível


superior em diversas áreas.

23
Demonstrado na figura 11.
39

(ii) Idade: todos os participantes possuem acima de vinte anos.

(iii) Não houve nenhum participante estrangeiro.

O teste foi feito de forma presencial com hora e local marcado pelos
participantes da pesquisa24. O questionário foi respondido pela plataforma
Google Forms no computador da pesquisadora. Neste teste, não houve
nenhuma exclusão de participante que pudesse interferir negativamente na
pesquisa. Todos os participantes deste teste leram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), como parte obrigatória do
procedimento do comitê de ética da universidade.

5.2.3 Resultados

Após a coleta do experimento presencial, os dados foram submetidos a


mesma análise do teste piloto, pelo Generalized linear mixed. Logo abaixo, há
parte da estatística utilizada para obter os resultados:

> modelo1 = glmer(R ~ VI + (1|P), data = Interpresencial, family = binomial)


> summary(modelo1)
Generalized linear mixed model fit by maximum likelihood (Laplace
Approximation) [
glmerMod]
Family: binomial ( logit )
Formula: R ~ VI + (1 | P)
Data: Interpresencial

AIC BIC logLik deviance df.resid


164.8 174.1 -79.4 158.8 157

Scaled residuals:
Min 1Q Median 3Q Max
-1.2572 -0.3333 -0.3333 0.7954 3.0000

Random effects:
Groups Name Variance Std.Dev.
P (Intercept) 6.783e-16 2.604e-08
Number of obs: 160, groups: P, 20

24
Os testes também foram aplicados no campus da universidade, assim como o teste de
aceitabilidade presencial.
40

Fixed effects:
Estimate Std. Error z value Pr(>|z|)
(Intercept) 0.4578 0.2295 1.995 0.046 *
VI -2.6551 0.4377 -6.066 1.31e-09 ***

Os resultados demonstram que a combinação para saber a interpretação


que os participantes dariam para télico + ‘por X tempo’ e télico + ‘em X tempo’
foi de contexto não terminado e terminado para o primeiro caso, e contexto
terminado para o segundo. Em seguida, será discutido o gráfico do
experimento.

5.2.4 Análise do Gráfico

A seguir estão os resultados obtidos do teste piloto de interpretação:

Gráfico 8 - Modelo de 'por' e 'em' com contexto terminado e não terminado

Nas primeiras duas colunas do gráfico, temos o caso da combinação télico


+ ‘por X tempo’, que pode denotar tanto um contexto não terminado, quanto um
contexto terminado. As duas formas foram aceitas pelos participantes, o que
indica que está ocorrendo nesse caso uma oscilação.
41

No caso da combinação télico + ‘em X tempo’, como esperado, denota em


sua grande maioria um contexto necessariamente terminado, apesar de uma
pequena parcela demonstrar que em alguns casos pode ocorrer uma
interpretação de contexto não terminado. Acredita-se que a oscilação descrita
acima ocorra por conta de um fator pragmático da qual não se tem
conhecimento preciso25. Portanto, de acordo com as hipóteses levantadas para
o estudo e com o estudo piloto do julgamento de interpretação, comprova-se
que:

(i) A combinação de predicados télicos com o sintagma de medida ‘por X


tempo’ denota contextos não terminados em sua grande maioria, mas também
seleciona contextos terminados.

(ii) A combinação de predicados télicos com o sintagma de medida ‘em X


tempo’ denota contextos terminados, como indicado pela literatura.

5.2.5 Síntese Conclusiva dos Resultado Apontados

Após a análise dos resultados, pode-se concluir que as combinações mais


aceitas pelos participantes foram as já afirmadas pela literatura clássica, sendo
essas: télico + ‘em X tempo’ e atélico + ‘por x tempo’. Entretanto, a pesquisa
trouxe novos dados para esta perspectiva.
A junção entre predicados télicos e o sintagma de medida ‘por X tempo’ foi
considerada gramatical pelos participantes, corroborando deste modo, a
hipótese levantada por Basso (2007) de que essa combinação seria possível e
aceita dentro do PB. Em relação a segunda parte do experimento, os dados
apontaram para uma interpretação de telos não alcançado, mas também
apontaram para o caso de telos alcançado quando ocorre essa combinação.
Um dos objetivos deste trabalho, era a verificação de aceitabilidade entre
predicados atélicos e o sintagma de medida ‘em X tempo’. Como considerado
nas análises acima, percebe-se que essa forma foi considerada, em sua
grande maioria, agramatical pelos participantes da pesquisa. O que pode

25
Neste caso, seriam necessários um estudo voltado para este aspecto.
42

levantar a hipótese de que a semântica do ‘em X tempo’ pode medir o início e o


fim de um evento (alcance do telos), diferentemente da semântica do ‘por X
tempo’, que mediria o início de um evento, até um determinado ponto aleatória
deste mesmo evento.
43

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados das pesquisas empíricas realizadas como


base para o estudo trabalhado nesta monografia, pode-se chegar à seguinte
conclusão: a combinação entre predicados télicos e o sintagma de medida ‘por
X tempo’ é aceito no português brasileiro, embora não o grau de aceitabilidade
não seja tão alto quanto ‘em X tempo’. É possível que tarefas online mostrem
diferenças de processamento. O teste de interpretação mostrou que ‘por X
tempo’ oscila entre contexto terminado e contexto não terminado. Uma
explicação possível para o caso é que há uma mudança ocorrendo na
semântica do ‘por’ que faz com que ele esteja combinando-se com predicados
télicos e atélicos, podendo o ponto final do intervalo medido coincidir com o
telos do predicado, gerando a leitura de evento acabado.
Segundo a hipótese levantada por Basso (2007), as leituras que os
participantes desta pesquisa tiveram em relação às sentenças não deveriam
ocorrer, pois a combinação télico e ‘por X tempo’ deveria resultar sempre em
leitura não acabada, porque ocorreria, segundo o autor, um detelicização.
Já Pires de Oliveira & Basso (2010) entendem que a interpretação é
indeterminada. Os resultados do experimento de interpretação sustentam essa
última hipótese. Uma possível explicação para os resultados dos experimentos
é que o sintagma de medida ‘por X tempo’ mede um evento durativo do início
até uma determinada extensão aleatória, sem ter um ponto fixo
necessariamente. O ‘por’ se combina apenas com eventos durativos. Os
achievements por serem eventos instantâneos e menos durativos, não são
compatíveis com esse sintagma.
Portanto, ele pode ter uma leitura de contexto terminado tanto como uma
leitura de contexto não terminado, pois ele seleciona somente o início do
evento e não o seu fim. Dessa maneira, é possível associar o ponto final do
sintagma de medida ao ponto final do evento gerando a leitura de evento
acabado. O porquê dessa situação estar se desenvolvendo pode estar
ocorrendo por diversos fatores pragmáticos desconhecidos que fazem o
falantes escolher entre as duas interpretações26.

26
Aqui poderia ser citado o caso de predicados homogêneos e heterogêneos, mas é necessário
estudos mais aprofundados para comprovar a questão.
44

Todavia, os resultados corroboram a hipótese principal de Basso (2007),


mas não encontraram sustentação para o caso da detelicização e demonstram
que a explicação desenvolvida para os sintagmas de medida em ‘for X time’ de
acordo com a literatura clássica, não ocorre no PB com falantes nativos da
língua. Por fim, acredita-se que a expressão adverbial ‘por X tempo’ no PB é
menos informativa e se combina tanto com télicos quanto com atélicos,
enquanto que ‘em X tempo’ é marcado para telicidade.
Há ainda sem dúvida muito a ser explorado teoricamente. Entende-se,
no entanto, que essa monografia é uma contribuição para o campo, porque
permite entendermos o funcionamento de ‘por X tempo’ no PB atual.
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARUNACHALAM, Sudha. Experimental Methods for Linguistics. 2013.


Language and Linguistics Comprass. Disponível em:
<https://pdfs.semanticscholar.org/7067/61140304a0342f8d02706bb4b0bd421b
9ead.pdf>. Acesso em: 09 de novembro de 2018.

BASSO, R. M. Coerção e detelicização: a psicolingüística e os fenômenos


tempo-aspectuais. ReVEL. Vol. 6, n. 11, agosto de 2008.

BASSO, R. M. Telicidade e Detelicização. 2007. Revista LETRAS: UFPR, n.


72. 215-232.

BASSO, R. M. Telicidade e Detelicização: semântica e pragmática do


domínio tempo-aspectual. 2007. 313f. Dissertação (Mestrado em Linguística) –
Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2007.

BASSO, R. M. Uma proposta para semântica dos adjuntos ‘em X tempo’ e


‘por X tempo’. 2011. Alfa, São Paulo, v. 55, n.1, p.113-134.

BASSO, R. M; PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. ‘Em X Tempo’ e ‘Por X Tempo’


no domínio tempo-aspectual. 2010. Revista Letras, Curitiba, n. 81, p. 77-97.

BASSO, R.M. PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. Sobre a semântica e a


pragmática do perfectivo. 2010. Revista LETRAS: UFPR, n.81. 123-139.
Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/letras/article/view/17327/16098>. Acesso
em: 09 de novembro de 2018.

CHIERCHIA, Gennaro. Semântica. 2003. Campinas: Editora da Unicamp e


Londrina: EDUEL.

FONSECA DE OLIVEIRA, C. S. MACHADO DE SÁ, T. M. 2013. Métodos off-


line em psicolinguística: julgamento de aceitabilidade. ReVeLe , n. 5.
maio/2013.

GOMES, A. Q. MENDES, L. S. Para conhecer semântica. São Paulo:


Contexto, 2018.

KRIFKA, Manfred. The origins of telicity. In: ROTHSTEIN, Susan. (Org.).


Events and grammar. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1998. p.197-
235.

ROTHSTEIN, Susan. Structuring Events: A Study in the Semantics of Lexical


Aspect. 2004. Malden: Blackwell Publishing.

VERKUYL, Henk J. A theory of aspectuality. The interaction between


temporal and atemporal structure. Cambridge: Cambridge University Press,
1993.
46

VENDLER, Zeno. Linguistics in Philosophy. New York: Cornell University


Press, 1967.
47

ANEXO 1 - Lista de sentenças distratoras do teste piloto de aceitabilidade


e do teste presencial.

O Nico estava lavando seu carro amanhã cedo.

O Nico estava comendo o bolo durante o filme.

O Nico estava nadando sobre a piscina hoje de manhã.

O Nico estava jogando baralho com a Maria.

A Dora assou o bolo de aniversário do Pedro ontem.

A Dora engordou quando sua viagem para a Europa.

A Dora estava enchendo o balde para limpar a casa.

A Dora estava batendo da porta da casa do Pedro.

O Davi amou a Jade a vida inteira.

O João brigou Davi com faca.

A Jade teve dor de cabeça de noite.

O Davi encontrou para a Jade de tarde.

A Jade sonhou com o João ontem.

O João jogou o Davi com poker ontem.

O Davi emprestou o balde para o Nico.

A Jade despertou contra a Dora ontem cedo.


48

ANEXO 2 - Lista de sentenças alvo do teste piloto e do teste presencial.

Lista 1:

O Davi construiu a sua casa por 2 anos.

O Davi passeou com o gato em 2 horas.

A Lara costurou o vestido em 3 horas.

A Lara viajou para Curitiba em duas semanas.

O João digitou o documento por uma hora.

O João correu no parque por duas horas.

A Jade escreveu a tese de doutorado em três anos.

A Jade nadou na piscina por duas horas.


49

ANEXO 3 - Lista das sentenças alvo do teste piloto e do teste presencial


de aceitabilidade.

Lista 2:

O Davi construiu a sua casa em 2 anos.

O Davi passeou com o gato por 2 horas.

A Lara costurou o vestido por 3 horas.

A Lara viajou para Curitiba por duas semanas.

O João digitou o documento em uma hora.

O Ciro correu no parque em duas horas.

A Jade escreveu a tese de doutorado por três anos.

A Jade nadou na piscina em duas horas.27

27
As listas foram distribuídas desta maneira com o intuito do participante ‘x’ não ler a mesma
sentença que o participante ‘y’ e por aí em diante.
50

ANEXO 4 - Distribuição das listas.

Distratora

Distratora

Alvo 1

Distratora

Alvo 2

Distratora

Distratora

Alvo 3

Distratora

Distratora

Alvo 4

Distratora

Distratora

Alvo 5

Distratora

Distratora

Alvo 6

Distratora

Alvo 7

Distratora

Distratora

Alvo 8

Distratora

Distratora
51

ANEXO 5 - Lista de sentenças distratoras do teste piloto e do teste


presencial de interpretação.

(1) O João estudou na UFSC durante a sua graduação inteira.

Contexto terminado: O João terminou a graduação

Contexto não terminado: O João não terminou a graduação.

(2) A Lara cozinhou durante quatro horas um jantar para os amigos.

Contexto terminado: A Lara terminou de cozinhar o jantar.

Contexto não terminado: A Lara não terminou de cozinhar o jantar.

(3) O Nico preparou um jantar durante três horas.

Contexto terminado: O Nico terminou de preparar o jantar.

Contexto não terminado: O Nico não terminou de preparar o jantar.

(4) A Jade conheceu vários pontos turísticos em Roma.

Contexto terminado: A Jade conheceu todos os pontos turísticos.

Contexto não terminado: A Jade não conheceu todos os pontos turísticos.

(5) A Dora passeou com os cachorros durante trinta minutos em volta do


parque.

Contexto terminado: A Dora deu uma volta completa no parque.

Contexto não terminado: A Dora não deu uma volta completa no parque.

(6) O Nico participou de um evento que ocorreu em Florianópolis durante uma


semana.

Contexto terminado: O Nico participou do evento durante toda a semana.

Contexto não terminado: O Nico não chegou a participar de todo o evento.

(7) A Lara fez um curso de inglês juntamente com sua graduação.

Contexto terminado: A Lara terminou o curso de inglês.

Contexto não terminado: A Lara não terminou o curso de inglês.

(8) A Silvia treinou em um time de vôlei para um campeonato no final do ano.

Contexto terminado: A Silvia participou do campeonato.

Contexto não terminado: A Silvia não participou do campeonato.


52

(9) O Davi dirigiu durante cinco horas em direção a Porto Alegre.

Contexto terminado: O Davi chegou em Porto Alegre.

Contexto não terminado: O Davi não chegou em Porto Alegre

(10) A Jade trabalhou ao longo de dois anos em uma empresa até passar em
um concurso público.

Contexto terminado: A Jade saiu da empresa para assumir o novo cargo.

Contexto não terminado: A Jade não saiu da empresa para assumir o novo
cargo.

(11) O Marcelo namorou com a Raquel durante cinco meses.

Contexto terminado: O Marcelo terminou com a Raquel.

Contexto não terminado: O Marcelo não terminou com a Raquel.

(12) A Rita preparou a aula durante duas horas.

Contexto terminado: A Rita terminou de preparar a aula.

Contexto não terminado: A Rita não terminou de preparar a aula.

(13) O Raul escutou o CD de um amigo durante vinte minutos.

Contexto terminado: O Raul terminou de escutar o CD.

Contexto não terminado: O Raul não terminou de escutar o CD.

(14) A Ana morou em Curitiba durante dois anos, até que conseguiu um
trabalho em Florianópolis.

Contexto terminado: A Ana se mudou para Florianópolis.

Contexto não terminado: A Ana não se mudou para Florianópolis.

(15) O Davi fez um curso pré-vestibular ao longo de três anos.

Contexto terminado: O Davi passou no vestibular.

Contexto não terminado: O Davi não passou no vestibular e desistiu do


cursinho.

(16) O Pedro escreveu um livro no período em que fez Mestrado.

Contexto terminado: O Pedro terminou de escrever o livro.

Contexto não terminado: O Pedro não terminou de escrever o livro.


53

ANEXO 6 - Lista de sentenças alvo do teste piloto e do teste presencial de


interpretação.

Lista 1:

(1) O Davi construiu sua casa por três anos.

Contexto terminado: O Davi terminou de construir a casa.

Contexto não terminado: O Davi não terminou de construir acasa.

(2) A Lara costurou o vestido em 3 horas.

Contexto terminado: A Lara terminou de costurar o vestido.

Contexto não terminado: A Lara não terminou de costurar o vestido.

(3) O Ciro digitou o documento por uma hora.

Contexto terminado: O Ciro terminou de digitar o documento.

Contexto não terminado: O Ciro não terminou de digitar o documento.

(4) A Jade escreveu a tese em três anos.

Contexto terminado: A Jade terminou de escrever a tese.

Contexto não terminado: A Jade não terminou de escrever a tese.

(5) A Rita limpou as gavetas por dez minutos.

Contexto terminado: A Rita terminou de limpar as gavetas.

Contexto não terminado: A Rita não terminou de limpar as gavetas.

(6) A Ana pintou o quadro em três horas.

Contexto terminado: A Ana terminou de pintar o quadro.

Contexto não terminado: A Ana não terminou de pintar o quadro.

(7) O João corrigiu as provas de Cálculo por duas horas.

Contexto terminado: O João terminou de corrigir as provas.

Contexto não terminado: O João não terminou de corrigir as provas.


54

(8) O Pedro cozinhou a ceia em quatro horas.

Contexto terminado: O Pedro terminou de cozinhar a ceia.

Contexto não terminado: O Pedro não terminou de cozinhar a ceia.


55

ANEXO 7 - Lista de sentenças alvo do teste piloto e do teste presencial de


interpretação.

Lista 2:

(1) O Davi construiu sua casa em três anos.

Contexto terminado: O Davi terminou de construir a casa.

Contexto não terminado: O Davi não terminou de construir acasa.

(2) A Lara costurou o vestido por 3 horas.

Contexto terminado: A Lara terminou de costurar o vestido.

Contexto não terminado: A Lara não terminou de costurar o vestido.

(3) O Ciro digitou o documento em uma hora.

Contexto terminado: O Ciro terminou de digitar o documento.

Contexto não terminado: O Ciro não terminou de digitar o documento.

(4) A Jade escreveu a tese por três anos.

Contexto terminado: A Jade terminou de escrever a tese.

Contexto não terminado: A Jade não terminou de escrever a tese.

(5) A Rita limpou as gavetas em dez minutos.

Contexto terminado: A Rita terminou de limpar as gavetas.

Contexto não terminado: A Rita não terminou de limpar as gavetas.

(6) A Ana pintou o quadro por três horas.

Contexto terminado: A Ana terminou de pintar o quadro.

Contexto não terminado: A Ana não terminou de pintar o quadro.

(7) O João corrigiu as provas de Cálculo em duas horas.


56

Contexto terminado: O João terminou de corrigir as provas.

Contexto não terminado: O João não terminou de corrigir as provas.

(8) O Pedro cozinhou a ceia por quatro horas.

Contexto terminado: O Pedro terminou de cozinhar a ceia.

Contexto não terminado: O Pedro não terminou de cozinhar a ceia. 28

28
A distribuição das listas do julgamento de interpretação ocorreu pelos mesmos motivos do
julgamento de aceitabilidade.
57

ANEXO 8 - Distribuição das sentenças nas listas do teste piloto e do teste


presencial de interpretação.

Distratora

Distratora

Alvo 1

Distratora

Alvo 2

Distratora

Distratora

Alvo 3

Distratora

Distratora

Alvo 4

Distratora

Distratora

Alvo 5

Distratora

Distratora

Alvo 6

Distratora

Alvo 7

Distratora

Distratora

Alvo 8
58

Distratora

Distratora
59

ANEXO 9 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Comunicação e Expressão

Departamento de Língua e Literatura Vernáculas

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado(a) participante,

Você está sendo convidado a participar da pesquisa: “Experimentos de


Leitura’’. Esta consiste no Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica
Nadine Rodrigues de Souza, CPF: 077.084.859-16, RG: 4.604.884 –SSP/SC,
residente à Trindade, Florianópolis-SC, graduanda em Letras –Português do
Departamento de Língua e Literatura Vernáculas –DLLV/CCE da Universidade
Federal de Santa Catarina, orientada pela professora Dra. Roberta Pires de
Oliveira. A pesquisa possui as seguintes características:

1. Título da Pesquisa: Experimentos de Leitura.

2. Objetivo Principal: Este experimento tem como objetivo avaliar a sua


capacidade de rapidez na leitura e adequação da resposta. Na primeira tarefa,
você deve ler a sentença e responder o mais rapidamente possível se a
sentença é natural ou não. Essa tarefa será realizada por 20 participantes. Na
segunda tarefa, será avaliada qual é a melhor intepretação da sentença.
Também será realizada por 20 participantes.

3. Justificativa: Essa pesquisa visa entender como ocorre a leitura. Ela será
desenvolvida através de duas tarefas: uma de julgamento de aceitabilidade e
uma de interpretação com julgamento de valor de verdade.

4. Procedimento: O participante irá realizar as tarefas na tela do computador


na presença da pesquisadora. Os participantes serão recrutados através de e-
mails e redes sociais. As tarefas serão desenvolvidas na sala do NEG, sala
número 425, 4ª andar, prédio B do CCE, UFSC. Antes de iniciar as tarefas, a
pesquisadora irá ler este termo juntamente com o participante que deverá, ao
final, assiná-lo. A pesquisa irá contar com uma tarefa de aceitabilidade e outra
de interpretação através de um Julgamento de Valor de Verdade. Cada tarefa
tem duração entre 15 e 20 minutos e será realizada por diferentes
participantes.
60

5. Riscos e Desconfortos: Participar dessa pesquisa envolve o risco mínimo


de desconforto causado por cansaço de leitura em tela de computador. A
participação na pesquisa é inteiramente voluntária, sendo garantido o direito de
desistência ou não interesse, sem que isto traga qualquer dano ao participante.
O participante pode desistir a qualquer momento. Caso o participante sinta
qualquer desconforto, a tarefa será imediatamente encerrada.

6. Benefícios: Não há qualquer benefício financeiro para os participantes. Não


haverá ressarcimento de transporte ou alimentação para os participantes.
Trata-se de uma contribuição para entendermos os mecanismos de leitura.
Espera-se com isso contribuir para a comunidade e possibilitar novas
perspectivas e esclarecimentos ao estudo em questão, assim como colaborar
para novos procedimentos dentro da área estudada.

7. Direitos do Participante: O participante terá todas as suas dúvidas


esclarecidas para a realização das tarefas. Após a coleta de dados, quaisquer
dúvidas sobre o que está sendo avaliado poderão ser esclarecidas pelos
seguintes contatos: Nadine Rodrigues de Souza,
[email protected] (48) 99856-9175 ou com a professora
Dra. Roberta Pires de Oliveira, residente na rua Itapiranga, 200, bloco 2, apto
202, CEP 88034-480, telefone (48) 998227688, e-mail [email protected]. O
participante também poderá entrar em contato com o Comitêde Ética em
Pesquisa – CEPSH/UFSC, em Prédio Reitoria II (Edifício Santa Clara), Rua
Desembargador Vitor Lima, nº222, sala 401, Trindade, Florianópolis/SC, CEP
88.040-400, e-mail [email protected], telefone (48) 3721 –6094.

8. Confidencialidade: Os dados serão somente utilizados para os fins desta


pesquisa e serão abordados com o máximo de confidencialidade, para que a
identidade do participante seja preservada.

9. Compensação financeira: Conforme a resolusão 5010/16 do CNS, é direito


do participante exigir ressarcimento por eventuais despesas, danos e prejuízos
decorrentes da pesquisa.

10. Comitê de Ética em Pesquisa: Este termo de Consentimento Esclarecido


está de acordo com a Resolução 510/16 que regulamenta as atividades de
pesquisa com seres humanos nas Ciências Humanas e se encontra
disponibilizado na página do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEPSH-UFSC) http://cep.ufsc.br/files/2016/06/Reso510.pdf.

Eu, ________________________________________________________,
concordo em participar da pesquisa ‘’Experimentos de Leitura’’ estando ciente
sobre os meus direitos como participante desta pesquisa. Compreendo
também os objetivos deste estudo, os procedimentos a serem realizados, os
possíveis desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de
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esclarecimentos permanentes. Receberei uma cópia assinada deste formulário


de consentimento.

Assinatura do Pesquisador

Assinatura do Participante

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