Fábio Junior Moreira Novaes
Fábio Junior Moreira Novaes
Fábio Junior Moreira Novaes
INSTITUTO DE QUÍMICA
CURSO: LICENCIATURA EM QUÍMICA
DISCIPLINA: PROJETO FINAL DE CURSO
MO NO GRAF IA
PRO JETO F IN AL D E CUR SO
MAIO de 2009
PROJETO FINAL DE CURSO
Banca Examinadora:
____________________________________________________
IRACEMA TAKASE, Instituto de Química/UFRJ
(orientadora)
_____________________________________________________
JULIANA RANGEL DO NASCIMENTO, Empresa de Pesquisa Energética/RJ
(orientadora)
_____________________________________________________
ROBERTO DE BARROS FARIA, Instituto de Química/UFRJ
_____________________________________________________
FÁBIO SEBADELHE SALES, Conselho Tutelar /RJ
MAIO / 2009
ii
FICHA CATOLOGRÁFICA
iii
iv
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
GLOSSÁRIO ...............................................................................................................................X
RESUMO.................................................................................................................................... XI
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1. MOTIVAÇÃO PARA ESTUDO DO TEMA ............................................................. 14
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
3. DESENVOLVIMENTO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................. 15
3.1. O MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO: REVOLUÇÕES E ESTRURA FAMILIAR
16
3.2. CRISE DA FIGURA MASCULINA ............................................................................. 18
4. METODOLOGIA................................................................................................................ 36
5. RESULTADOS .................................................................................................................. 37
vi
ANEXO I ..................................................................................................................................... 48
ANEXO II.................................................................................................................................... 51
ANEXO IV .................................................................................................................................. 57
vii
ÍNDICE DE TABELAS
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
ix
GLOSSÁRIO
SIGLA SIGNIFICADO
CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
ECA Estatuto da Criança E do Adolescente
IML Instituto Médico Legal
IQ Instituto de Química
JOCUM Jovens com Uma Missão
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
KK King’s Kids (A Turma do Rei)
RJ Rio de Janeiro
UFRJ Universidade Federal Do Rio De Janeiro
RESUMO
PALAVRAS CHAVE:
xi
1. INTRODUÇÃO
1
Ministério internacional da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), em parceria com famílias e igrejas,
com o compromisso de providenciar programas, materiais e oportunidades para ajudar o
desenvolvimento humano de crianças e adolescentes.
12
comportamental, para lidar com questões tão corriqueiras. Algumas perguntas ainda
restam: “Como fazer isto? Como preparar os futuros educadores para lidar com esta
problemática? Quais impactos isto trará para o aprendizado de sua disciplina?” Bem,
esta é uma discussão que muito pode se alongar, onde centraríamos a pauta entre
teoria e prática. Mas o imprescindível é que o contato com comunidades deste tipo
ocorra desde o início dos cursos de formação de professores, jamais negligenciando a
necessidade de um embasamento teórico, necessário para conscientizar o licenciando
sobre o futuro que o espera. Minhas sugestões passam por incrementos em atividades
do tipo: agregação dos temas nas disciplinas ligadas a educação, mesas redondas,
palestras, grupos de discussão, participação em atividades de outros grupos que
trabalham com público similar, e ainda integração com os grupos de pesquisa das
Faculdades de Educação (serviço social, pedagogia, psicologia), incluindo também
uma estrutura de profissionais a disposição, tais como psicoterapeutas, psicólogos e
professores da educação.
A conclusão maior que se chega é que os responsáveis por atividades de
coordenação devem atentar para as necessidades de seu corpo discente, adequando
a teoria acadêmica a prática educacional.
14
2. OBJETIVOS
3. DESENVOLVIMENTO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
15
19
Pontos Positivos:
• Aplicações de conceitos teóricos e práticos das disciplinas de Educação -
capacidade criativa e de improviso;
• Despertamento para futura responsabilidade social sobre grupo de estudantes,
em última análise sobre a formação da sociedade;
• Convívio harmônico com as diferenças: classes, raças, idades, entre outros.
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Pontos Negativos:
• Comportamentos agressivos e antissocial;
• Violência sexual;
• Indefinição quanto à identidade sexual;
• Sexualidade Precoce;
• Assédio sexual sobre figura masculina “madura”.
Ponto-Chave em comum:
• Ausência da figura paterna.
3.5. RELATOS
Do convívio com “meus filhos”, três relatos muito me marcaram. Assim, partes
das histórias irei compartilhar com os leitores nos itens abaixo.
Maurício é o filho caçula de uma família de três filhos, conviveu com o pai até os
15 anos. No último ano, seus pais se separaram e Maurício passou a viver somente
com a mãe e seus irmãos. Segundo seu relato, a separação de seus pais não lhe
trouxe nenhuma mudança em sua vida, uma vez que seu pai passou a maior parte de
sua vida ausente, trabalhando (taxista). Maurício também afirma que seu pai é um
homem rude e ignorante, cujos comportamentos são típicos de um homem do campo.
Maurício declara ter sofrido violência sexual por parte do amigo do irmão mais
velho. Tal violência foi iniciada quando Maurício tinha oito anos de idade e perdurou
até seus 12 anos, e admite não ter comunicado para sua família por vergonha e medo
de rejeição.
Durante período de convívio familiar e participação nas atividades do projeto,
grandes mudanças foram observadas em seu comportamento, que melhorou
significativamente e criou grande vínculo com o grupo de teatro que participou. Além
21
“O olhar dos pais e a convicção que têm quanto ao sexo de seu filho são determinantes
para o desenvolvimento da sua identidade sexual”
(Corneau apud Costa, 1993).
Corneau (apud Costa, 1991) nos recorda ainda que a presença ou ausência
paterna interfere intensamente em sua capacidade de acessar a agressividade
(afirmação de si e capacidade de defender-se), a sexualidade e aptidão para abstrair e
objetivar.
“A ausência prolongada do pai, não importa por qual motivo (...) provoca a falta de
confiança em si mesmo, timidez excessiva e dificuldade de adaptação”.
(Corneau apud Costa, 1991)
23
Daiane perdeu os pais ainda na infância, devido acidente de trânsito. Por conta
disso, ela e sua irmã, dois anos mais velha, viveram sob constantes variações de
responsáveis e lares, muitos deles parentes. Atualmente, ela e sua irmã vivem com
tios. Na atual casa, recebem todo suprimento material necessário, porém a constante
lembrança e impossibilidade de chamar alguém de pai e mãe intensificam seu
sofrimento, uma vez que seus tios não a permitem que os chamem de pai e mãe. Um
fato deve ser destacado: durante toda a campanha, observei como muitos deles se
orgulhavam em me chamar de pai e a mãe de família de mãe, além de nos
respeitarem como tal.
A perda de contato afetivo com pessoas significativas, ao longo do período de
desenvolvimento infantil, através do abandono ou morte dos pais, por exemplo, está
associada à dificuldade de estabelecer vínculos posteriores. Os vínculos afetivos se
desenvolvem através do processo de apego, e o processo recíproco está instaurado a
imagem dos cuidadores primários, gerando um modelo funcional de relacionamentos,
os quais possivelmente serão manifestados no futuro (BOWLBY apud DELL’AGLIO,
2004). As fragilidades destes vínculos potencializam comportamentos defensivos
contra um ambiente inseguro. Destes, destaco os observados na vida de Daiane
quando chegou ao acampamento: emoções negativas, comportamento agressivo,
dificuldade em desenvolver relações interpessoais iniciais, refletindo um pobre apego
(DELL’ AGLIO, 2004), desconfiança, baixa auto-estima (na execução das atividades e
por não se achar bonita) e anti-socialização. Boa parte de seu comportamento está
associada à ausência/morte dos pais, trazendo algumas dessas conseqüências
(DELL’ AGLIO apud ASSIS e CONSTANTINO, 2001; RAMIRES, 2003).
Outro aspecto a ser compreendido é a questão das sucessivas trocas de
cuidadores (pais, avós, tios e instituições de abrigo). Toda essa troca potencializa os
efeitos do abandono e rejeição, na medida em que os laços afetivos tornam-se quase
inexistentes (ASSIS & CONSTANTINO, 2001), por que geralmente são marcadas pela
falta de carinho e diálogo (ALTOÉ apud DELL’ AGLIO, 1993). De forma semelhante,
os abrigos dificilmente possuem uma pessoa permanente que desempenhe os papéis
paternos, pois as trocas são contínuas, inclusive da administração. Assim, geralmente
a institucionalização é vivida como uma experiência negativa, desconsiderando muitas
vezes a individualidade, impossibilitando escolhas pessoais (ALTOÉ apud
DELL’AGLIO, 1990).
24
Diferentes das outras meninas de sua idade, Daiane não demonstrava interesse
em namorar. Vestia-se e comportava-se com poucas demonstrações de feminilidade,
o que mudou após o convívio com sua “família”, principalmente com a “mãe” quando
passou a soltar mais o cabelo, usar cores femininas como rosa e até conversou
comigo sobre um menino que se interessou na escola, o que demonstrou aumento de
sua auto-estima, já que se declarava feia.
Segundo Ferrari et al (2002), “a presença de ambos os pais é que permite à
criança viver de forma mais natural os processo de identificação e diferenciação”, e
quando um falta, ocorre sobrecarga no papel do outro, gerando um desequilíbrio que
pode causar prejuízo na personalidade do filho.
Não somente o estereótipo de Daiane mudou, mas também o comportamento
anti-social, retornando a identidade que acreditávamos antes existir. Sua participação
no projeto lhe trouxe a segurança que necessitava para reviver emoções antes
sufocadas manifestas na atenção para com todos, desempenho nas atividades
(participou do grupo de dança do projeto) e espontâneas manifestações de afeto. Tais
comportamentos foram reforçados durante todo o projeto.
“(...) a presença de ambos os pais é que permite à criança viver de forma mais natural os
processo de identificação e diferenciação(...) quando um falta, ocorre sobrecarga no papel do outro,
gerando um desequilíbrio que pode causar prejuízo na personalidade do filho.”
(Ferrari apud Eizirik & Bergamann, 2004)
Tais afirmações acima foram vivenciadas quando de meu convívio com estas
crianças e adolescentes. Observou-se que os mesmos mudavam seus
comportamentos pela simples convivência, quando acolhidos por pessoas que
25
representavam a figura de seus familiares. Cabe ressaltar que muito embora fosse um
retrato da maioria, nem todos ali passaram pelos problemas que descrevi. Ainda que
apenas três histórias tenham sido citadas, isto não quer dizer que as demais não
mereçam destaque. A questão é que os três casos relatados foram mais trabalhosos e
exigiram mais atenção de todos os engajados ao projeto. Estas são histórias repetidas
em outras famílias até hoje, tendo em vista o fato desse projeto se repetir em quase
todos os estados, países onde King’s Kids/JOCUM está presente.
Minha preocupação em relatar tais experiências é de saber que estas se
repetem na vida de muitos alunos do ensino Fundamental, Médio, Técnico e
possivelmente superior. Como sabemos, o papel do professor é representar o Estado
como EDUCADOR e não somente um transmissor de conhecimentos, sendo assim
quando este profissional torna-se responsável e ciente de suas qualificações,
possivelmente será capaz de identificar tais casos de abuso a saúde física, emocional
e psíquica de seus alunos. Uma vez instruído, o professor saberá o que fazer ou a
quem recorrer em caso de detecção de tais problemas. Tal qualificação pode (e deve)
ser apresentada dentro da instituição de ensino e pesquisa descrita pelo primeiro
artigo da Lei 9394/1996 – LDB. Minha intenção fora a reflexão de tal problema e a
investigação sistemática da mesma junto à revisão bibliográfica e se possível
apresentar uma cabível solução.
26
28
dos mesmos. Para delinear um programa que possa capacitar tais profissionais em
casos de abuso sexual, parece necessário, em primeiro lugar, conhecer o universo de
informações que eles detêm sobre o tema, a legislação pertinente e direitos da criança
e do adolescente.
Assim, uma vez treinados, os educadores poderiam identificar mais
precocemente sintomas do abuso nessa faixa etária e promover uma intervenção mais
cedo, com o intuito de evitar ou amenizar as conseqüências do abuso sexual (FAGOT
et al. apud BRINO, 1989).
A indagação passa a ser a de como a universidade, órgão formador de
profissionais da saúde e educação está preparada para discutir e apontar estratégias
ao falarmos em todo o contexto sócio-político-cultural que envolve a violência à
criança (ALGERI, 2005).
Segundo Brino (2003) os cursos de formação de professores, independente do
nível, deveriam abordar em seu currículo informações sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente (conhecimentos gerais e, mais especificamente no que diz respeito à
violência doméstica contra crianças e adolescentes); conhecimentos sobre abuso
sexual (sintomas que a criança/adolescente apresenta quando sofre abuso sexual,
principalmente relacionados à sala de aula e a seu desenvolvimento cognitivo, e
atitudes a serem tomadas diante de um caso dessa natureza e apoio a essas
crianças). Infelizmente, uma lacuna na formação de professores não permite, em
última análise, dificulta que estes detenham informações apropriadas sobre abuso
sexual e sobre os meios corretos de se lidar com esse grave problema.
Algeri (2005) acredita que a discussão sobre a violência intrafamiliar pode
ocorrer em momentos mais amplos de debates, ou em momentos mais específicos,
como em uma disciplina curricular, em sala de aula com exposição de situações, ou
mesmo quando em atividade profissional durante ocorrência de caso no ambiente intra
e interescolar. Posteriormente, Algeri e Souza (2006) afirmam que a universidade deve
estar compromissada com tal realidade uma vez que seus alunos se defrontarão
cotidianamente em sua prática com esta problemática (ALGERI et al, 2007). Nesse
sentido, a academia deve proporcionar muito mais do que informações, domínio de
técnicas, ou o desenvolvimento da capacidade de raciocínio lógico. Os valores
pessoais e de convivência que nela exercitam, devem instigar a capacidade de
pensar, refletir e saber agir dos licenciandos (Algeri, 2005), sempre com uma postura
solidária a vítima e a família, objetivando oferecer suporte para a resolução do
problema (Algeri, 2006) dentro e fora da sala de aula e não somente o
encaminhamento do caso aos órgãos competentes.
30
Artigo 5°: Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma de lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Artigo 13°: Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente
serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo
de outras providências legais.
Artigo 18°: É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Artigo 56°: Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar os casos de:
I - Maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - Reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - Elevados níveis de repetência.
Artigo 70°: É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e
do adolescente.
I - As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
II - Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
III - Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;
IV - Em razão de sua conduta.
Artigo 239°, parágrafo único: Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (incluído pela
Lei n° 10.764, de 12.11.2003).
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.
Artigo 240°: Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar por qualquer meio, cena de
sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei n°
11.829, de 2008)
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n° 11.829, de 2008).
Artigo 241-D°: Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei n° 11,829, de 2008)
Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n° 11.829, de 2008).
Artigo 245°: Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento à saúde e de ensino
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso reincidência.
31
Possivelmente uma pergunta que paira sobre suas mentes é sobre que vínculo
pode ser estabelecido entre estas crianças, suas realidades e o papel de professor?
Os licenciandos, como futuros representantes do Estado para a educação
desses indivíduos, passam a ter responsabilidades sobre sua formação e da
sociedade. O segundo artigo da LDB relata dos princípios e fins da educação nacional:
32
33
Segundo o artigo 87° da Lei 9894/96 – LDB – uma possível solução seria a
inclusão do tema em questão na matriz curricular do curso de formação de
professores, adequando a teoria a prática educacional. Tal modificação não necessita
34
Capacitação
técnica
Experiências e Vivências
Integração
Conscientização
Fig. 3 – Pirâmide de prioridade na qualificação do Licenciando
4. METODOLOGIA
36
5. RESULTADOS
“com várias alunas – menores de idade, dado o curso ser de Ensino Médio – 2º ano,
envolvendo violência e assédio praticado por um professor de Matemática que veio a constranger
as alunas, com palavras obscenas, gestos e de segunda intenção. Motivo pelo qual o professor foi
desligado da Unidade Escolar. Penso que o constrangimento nesse caso ter repercutido na vida
pessoal das alunas (muitas ficaram chorosas e envergonhadas), e, já que um professor é alguém
que goza de respeito e autoridade na sociedade”.
37
Observou-se pelo relato dos participantes que souberam de casos e/ou tiveram
de lidar, ainda que indiretamente, com casos de abuso sexual inter e intraescolar, a
necessidade de informação sobre procedimentos adequados em casos de abuso
sexual.
A questão 5 do questionário (Anexo II) foi formulada propositalmente para
verificar se o entrevistado está atento com suas responsabilidades como professor, no
que diz respeito a ações e procedimentos a serem tomados em caso de abuso sexual
(Tabela 2.). As respostas obtidas indicaram que 100% dos participantes assinalaram
ajudar, porém somente 35,7% tomariam atitudes que envolveriam a denúncia do caso,
conforme indicado no ECA nos artigos 13° e 245°. Os outros 64,3% tomariam outras
atitudes que não a denúncia, como conversar com a vítima, conhecer a família ou
levar o caso a direção da instituição de ensino. Tais atitudes demonstram o
despreparo e falta de informação a respeito do que um professor deve fazer ao
identificar um caso de abuso sexual, podendo até, em certos casos, prejudicar a vítima
e/ou colocar a vítima e a sua própria segurança em risco, principalmente quando
referir-se a criança cujos pais podem ser violentos e os responsáveis diretos por tais
abusos.
38
Dentre os sintomas citados pelos professores (ver Tabela 3), grande parte é
descrita pela literatura sobre o tema (Terada et al, 2006; Algeri, 2005 e 2007; Brino,
2003; Ferrari et al, 2002) com exceção da reprodução do ato violento ou omissão
frente a um caso, na fase mais madura (ALGERI, 2005 e 2007). Contudo, apenas a
citação destes não é suficiente, para que o professor possa realmente identificar um
caso de violência, sexual ou de outra natureza. Um conjunto de sintomas e o contexto
social e familiar da vítima devem ser compreendidos.
Este dado é de grande importância por que vem reforçar a tese levantada
anteriormente de que infelizmente os cursos de licenciatura ainda não conseguem
formar profissionais para lidar com situações reais de sua vivência profissional.
Algumas das soluções propostas podem ser encontradas neste mesmo texto.
O grupo entrevistado foi questionado sobre a maneira como avaliam que um
problema de violência familiar ou social, de natureza sexual ou física poderia afetar o
aprendizado de Química de um aluno (Tabela 8), porém se sabe que tal problema
41
43
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
45
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
46
ANEXO I
EMENTA DAS DISCIPLINAS TEÓRICAS DA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DAS
LICENCIATURAS – FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFRJ
48
49
ANEXO II
PESQUISA PARA PROJETO FINAL DE CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
51
52
Após a leitura do trecho acima, convidamos você a fazer parte de uma pesquisa sobre
este assunto. O principal objetivo do estudo deste tema é destacar o significado de
profissionais da educação, principalmente professores que auxiliam na
educação de crianças e de adolescentes, sobre a identificação de problemas
intra e inter-familiares de seus alunos. Para isto, elaboramos o questionário abaixo,
que faz parte do projeto de pesquisa de monografia do aluno Fábio Junior Moreira
Novaes, aluno do do Instituto de Química da UFRJ. Este é um dos requisitos para a
Conclusão do curso de Licenciatura em Química. Assim, as suas respostas serão
fundamentais não só para este trabalho, mas como contribuição para a melhoria de
qualidade do curso em questão.
As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e utilizadas única
e exclusivamente nesta pesquisa. Asseguramos total sigilo sobre sua participação. Os
dados obtidos serão analisados de forma a impossibilitar sua identificação e/ou das
escolas nas quais você leciona. Neste termo constam ainda os emails, telefones e o
endereço do pesquisador principal, sendo que em caso necessidade de maiores
esclarecimentos sobre o projeto e sua participação, não hesite em entrar em contato.
Todos os dados produzidos serão de domínio público.
Devido à iminência do prazo, pedimos a gentileza da devolução deste questionário em
um prazo máximo de 7 dias a contar de seu recebimento.
Previamente agradecemos a sua participação, contando com a sua colaboração em
atendimento ao prazo!
Dados Pessoais:
Nome:__________________________________________________Idade: ( ) anos.
Instituição de Ensino:
Nome: _______________________________________
( ) Pública ( )Privada
( ) Municipal ( )Estadual ( ) Federal
Município:____________________________.
Bairro:____________________________.
Dados Profisionais:
Cursos de formação: ( ) Licenciatura em Química ( ) Bacharelado em Química
( ) Química Tecnológica
( )Química Industrial ( )Engenharia Química ( )Outras
Disciplina: ( ) Química ( )Outras
Série que leciona ou estagia: ( ) 1º ano – Ens. Médio ( ) 2º ano – Ens. Médio( ) 3º ano –
Ens. Médio ( )Outras
Tempo de Magistério: ( ) anos
Você autoriza a divulgação dos dados abaixo? ( ) sim ( ) não
53
Questionário:
1. Você em algum momento de sua formação ou posteriormente leu o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA)?
( ) sim, mais de uma vez ( ) sim, uma única vez ( ) não
2. Você poderia descrever algumas informações sobre o ECA (ou outra fonte) no que
diz respeito a abuso sexual?
( ) sim ( ) não
3. Você já presenciou ou tem conhecimento de alguma história de abuso sexual ou
outro tipo de violência dentro das escolas?
( ) sim ( ) não
4. Caso sua resposta a pergunta 3, tenha sido sim, descreva onde, quando, idade e
sexo da vítima na época e se fora observada alguma mudança comportamental da
vítima.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5. Quais foram/seriam seus procedimentos e ações diante de um caso de violência?
( ) ignora ( ) denuncia ( ) tenta ajudar
6. Você poderia identificar alguns sintomas da criança/adolescente vítima de abuso
sexual?
( ) sim ( ) talvez ( ) não
7. Sendo um representante do estado na formação desses cidadãos, como você se
considera em relação a essas questões?
( ) muito pouco preparado ( ) pouco preparado ( ) suficientemente preparado ( )
despreparado ( ) totalmente despreparado
8. Em sua opinião de quem é a responsabilidade por essas crianças/adolescentes?
( ) pais ( ) própria ( ) governo ( ) escola ( ) professores
9. Para você qual é o papel do professor ao se deparar com um caso de abuso sexual
em sua classe?
( ) ignora ( ) denuncia ( ) tenta ajudar
10. Numa escala de 0 a 5, onde zero representa nenhum e cinco excelente, como você
considera que o seu curso de formação em licenciatura o (a) preparou para trabalhar
com esta realidade escolar (violência sexual ou física, e problemas familiares)?
( )0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5
11. Quais disciplinas da Licenciatura, você vê que precisariam ter seu conteúdo
programático adaptado para trabalhar com esta nova realidade do ensino?
( ) Psicologia da educação ( ) Didática Geral ( ) Filosofia da Educação
( ) Prática de Ensino ( ) Sociologia ( ) Estrutura e Funcionamento do Ensino
( ) Didática Especial
12. De que maneira você avalia que um problema de violência familiar ou social, de
natureza sexual ou física pode afetar o aprendizado de Química de um aluno?
( ) muito pouco ( ) pouco ( ) irrelevante ( ) relevante, mas não decisório ( )
extremamente impactante
54
ANEXO III
MATRIZ CURRICULAR: LICENCIATURA EM QUÍMICA – 2008/1
55
56
ANEXO IV
MATRIZ CURRICULAR: LICENCIATURA EM QUÍMICA – 2006/1
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