Transtornos No Contexto Escolar (1) Agg

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TRANSTORNOS NO

CONTEXTO ESCOLAR

Professora Me. Márcia Gomes E. da Luz


FATECIE Unidade 1 Diretor Geral
Rua Getúlio Vargas, 333, Gilmar de Oliveira
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898 Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
FATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier Diretor Administrativo
Fortes, 2177, Centro Eduardo Santini
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898 Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
FATECIE Unidade 3 Jorge Van Dal
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR Coordenador do Núcleo de Pesquisa
(44) 3045 9898 Victor Biazon

FATECIE Unidade 4 Secretário Acadêmico


BR-376 , km 102, Tiago Pereira da Silva
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR Projeto Gráfico e Editoração
(44) 3045 9898 Douglas Crivelli

www.fatecie.edu.br Revisão Textual


Leandro Vieira

Web Designer
Thiago Azenha

FICHA CATALOGRÁFICA

FACULDADE DE TECNOLOGIA E
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Transtornos no Contexto Escolar
Márcia Gomes E. da Luz
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2018. 44 p.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária


As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir Zineide Pereira da Silva.
do site ShutterStock
PALAVRA DA DIREÇÃO

Prezado Acadêmico(a),

É com muita satisfação que inauguramos um novo mundo de oportunidades e


expansão de nossa instituição que estrapolam os limites físicos e permite por
meio da tecnolgias digitais que o processo ensino educação ocorra de formas
ainda mais dinâmicas e em consonância com o estilo de vida da sociedade
contemporânea.

Empregamos agora no Ensino a Distância toda a dedicação e recursos para


oferecer a você a mesma qualidade e excelência que virou a marca de nosso
grupo educanional ao longo de nossa história.

Queremos lembrar a você querido aluno, que a Faculdade Fatecie nasceu do


sonho de um grupo de professores em contribuir com a sociedade por meio da
educação. Motivados pelo desafio de empreender, tornaram o sonho realidade
com a autorização da faculdade fatecie no ano de 2007. Desde o princípio a
fatecie parte da crença no sonho coletivo de construção de uma sociedade
mais democrática e com oportunidades para todos, onde a educação prepara
para a cidadania de qualidade.

Toda dedicação que a comunidade acadêmica teve ao longo de nossa história


foi reconhecido ao conquistarmos por duas vezes consecutivas o título de
Faculdade Número 1 do Paraná. Um feito inédito para paranavaí e toda
região noroeste. No ranking, divulgado pelo mec em 2014 e 2015, a Fatecie
foi destaque como a faculdade melhor avaliada em todo o estado. Posição
veiculada em nível nacional pela Revista Exame e Folha de São paulo,
apontando a Fatecie como a 1ª colocada no Paraná.

Essas e outras conquistas que obtivemos ao longo dos nossos 10 anos de


história tem como base a proposta global da faculdade fatecie, que consiste
em criar um ambiente voltado para uma abordagem multidisciplinar, crítica e
reflexiva, onde se desenvolvem as atividades ensino, pesquisa e extensão.
Para isso, a Fatecie conta com um corpo docente composto, em sua maioria,
por professores com mestrado e doutorado e com ampla experiência
profissional nas mais diversas áreas do mercado e da educação.

Seja bem-vindo!

Direção
Faculdade Fatecie
AUTOR

Profa. Me Márcia Gomes E. da Luz

Especialista em Psicologia e Doutoranda em Educação pela


Universidade Estadual de Maringá (UEM). Coordenadora do
curso, de estágios e docente do curso de Psicologia de uma
Instituição de Ensino Superior. Professora de pós-graduação
presencial e semipresencial e ministrante de palestras e cursos
de capacitação para professores.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/9106813768384390
APRESENTAÇÃO

Olá, Caro (a) Aluno (a)!!

É um grande prazer tê-lo por perto. Espero que juntos possamos conhecer um
pouco mais sobre alguns transtornos comuns em crianças em fase escolar. A
cada dia mais educadores se encontram sem saber como lidar com crianças e
adolescentes que apresentam certos transtornos em sala de aula. Estudos so-
bre este tema tornam-se de grande importância para subsidiar a compreensão
sobre tais transtornos, bem como levantar hipóteses, realizar encaminhamen-
tos e desenvolver estratégias de ensino específicos para favorecer a aprendi-
zagem desses alunos. Dentro os inúmeros transtornos existentes, destacamos
quatro, os quais julgamos estarem entre os que demandam maior atenção en-
tre os educadores. Neste sentido, nossa disciplina foi desenvolvida da seguin-
te forma: Na primeira Unidade apresentamos o transtorno do espectro autista
(TEA), o qual vem crescendo significativamente nas últimas décadas. Na se-
gunda Unidade, falamos sobre outro transtorno que é a esquizofrenia de início
precoce. Na terceira Unidade, apresentamos sobre o transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) e na quarta e última Unidade, discorremos so-
bre os transtornos de ansiedade.

Bem, Caro (a) aluno (a), nossa disciplina é composta por essas temáticas.

Espero que você goste e aproveite bastante.

Boa leitura e um ótimo estudo!!!


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
07 | TEA: Transtorno do espectro autista

CAPÍTULO 2
17 | Esquizofrenia de Início Precoce

CAPÍTULO 3
24 | Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

CAPÍTULO 4
34 | Transtornos de Ansiedade
1CAPÍTULO
TEA: TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA

1. Características do TEA

Caro (a) Aluno (a), o autismo é um transtorno que interfere na qualidade e


na sequência do desenvolvimento infantil. É caracterizado por alterações
na comunicação e interação social da criança, comportamentos repetitivos
e interesses restritos. O TEA (transtorno do espectro autista) vem crescendo
significativamente nos últimos anos. Estudos apontam que a prevalência é de
uma a cada 68 crianças. Esse aumento levou à intensificação de pesquisas
sobre o tema, incluindo a investigação sobre possibilidades de tratamento.

Atualmente ainda não se encontrou a cura para esse transtorno e os


tratamentos mais eficazes foram os fundamentados na Análise do
Comportamento (os quais mencionaremos logo mais a seguir) onde apontaram
melhoras significativas no desenvolvimento dessas crianças (GOMES &
SILVEIRA, 2016).

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico, professor
e pesquisador da Johns Hopkins University, o austríaco Leo Kanner. Outra
pesquisadora importante nessa área foi a médica psiquiátrica inglesa,
Lorna Wing. Em suas pesquisas ela estabeleceu três déficits principais,
os quais ficaram conhecidos por “Tríade de Wing”, localizados nas áreas de
socialização, comunicação e imaginação.

As dificuldades relacionadas à imaginação interferem num conceito chamado


de “Teoria da Mente”, que é a capacidade do ser humano em ter empatia, ou
seja, se colocar na posição do outro. A imaginação possibilita ainda, que o ser
humano consiga compreender que cada pessoa tem uma forma de pensar,
suas crenças e desejos distintos dos nossos. O comprometimento na área da
imaginação da criança com autismo impossibilita com que ele compreenda
essas questões.

A dificuldade na interação social e de relacionamento é outra limitação


característica da pessoa com autismo. A impressão que costumam causar é de
que vivem envolvidos com seu mundo particular e não se permitem interagir
com o meio externo, em especial com as pessoas que o cercam (TEIXEIRA,

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2014).

Caro (a) Aluno (a), o TEA pode vir acompanhado ou não de comprometimento
intelectual concomitante, então em alguns casos há um déficit cognitivo
e em outros não. Estudos apontam que o déficit ocorre em 70% dos casos,
mas mesmo assim muitas dessas crianças frequentam escolas e apresentam
um desempenho acadêmico considerado regular. Para se compreender
as variações de níveis de comprometimento que a criança autista costuma
apresentar, o DSM V, desenvolvido no ano de 2013, dividiu o TEA em três
níveis de gravidade.

No nível 1, a pessoa com autismo necessita de pouco apoio. Neste nível a


criança necessita de maior auxílio nas áreas de comunicação social, para
evitar maiores prejuízos futuros. Crianças com autismo dificilmente interagem
de forma intencional com outras pessoas e apresentam respostas pouco
consistentes a tentativas de aproximação dos outros. Os comportamentos
restritos e repetitivos, acarretam falta de flexibilidade comportamental e
consequentemente desadaptações em alguns ambientes. A criança com TEA
no nível 1, apresenta ainda resistência em mudar de atividades, realizando a
mesma por um período significativo de tempo. As limitações na capacidade de
planejamento e organização pode interferir na autonomia e independência da
criança.

No nível 2, a pessoa com TEA necessita de apoio substancial. Apresenta


um déficit visível e acentuado nas habilidades de comunicação verbal,
inclusive a não verbal. O prejuízo social é marcante, o qual é decorrente da
limitada interação social estabelecida com as outras pessoas à sua volta. Se
demonstram atípicas quando outras pessoas tentam estabelecer contatos
sociais. Sobre comportamentos restritos e repetitivos, apresenta dificuldade
em lidar com mudanças, apresentando inflexibilidade comportamental. Essas
características se tornam mais evidentes no momento em que parentes ou
amigos visitam a casa da família. Nesse nível, a criança apresenta alto grau de
estresse e de dificuldade em mudar o foco de atividades que realiza.

No nível 3, há uma necessidade de apoio muito substancial. Neste nível a


criança apresenta severos prejuízos na comunicação verbal e não verbal.
Dificilmente responde às tentativas de outras pessoas a manter um contato
e demonstram grande limitação em iniciar por si, uma interação. No que diz
respeito aos comportamentos restritos e repetitivos, há forte presença de
inflexibilidade no comportamento, com comportamentos restritos/repetitivos
que interferem de forma negativa em diversos contextos e áreas de sua vida.
Extrema dificuldade em lidar com mudanças na rotina. Estresse alto e muita
dificuldade em mudar o foco da atividade executada (DSM V- 2013).

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A maioria dos autistas não desenvolvem a linguagem verbal na fase esperada
de desenvolvimento e cerca de 50% continuam sem adquirir a fala ao longo da
vida. Muitos conseguem dizer frases pequenas e seguir orientações simples.
Costumam inverter os pronomes, referindo-se a si próprio como “ela” ou “ele”.

O transtorno tem prevalência de 1% das crianças e adolescentes e ocorre


quatro vezes mais em pessoas do sexo masculino. Há pouco tempo atrás,
o autismo costumava ser diagnosticado em crianças por volta de 3 anos
de idade, no entanto, com o crescente aumento de pessoas com autismo
e consequentemente intensificação dos estudos realizados, atualmente
já se é possível identificar nos primeiros meses de vida. A identificação
precoce é essencial para se realizar intervenções capazes de melhorar o
desenvolvimento da criança e reduzir muitos sintomas.

Geralmente o TEA apresenta comorbidades associadas, sendo que as mais


comuns são: transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos de tiques,
transtornos de ansiedade generalizada e o transtorno de déficit de atenção/
hiperatividade (TDAH) (TEIXEIRA, 2014).

Conforme já mencionamos, Caro (a) Aluno (a), atualmente o diagnóstico


pode ser feito desde muito cedo. Os bebês com autismo apresentam grandes
limitações no comportamento social, demonstrando pouco interesse na
voz das pessoas e em manter contato visual. Não assumem uma atitude
antecipatória, como por exemplo: esticar os braços para que o adulto o apanhe
do berço, demonstram indiferença diante de gestos de afeto e não apresentam
alterações faciais quando são acariciados.

Uma outra característica constatada em bebês com TEA é que eles podem
desenvolver habilidades sociais normalmente até determinado momento e
repentinamente esse processo é interrompido. A partir de então, a criança
regride o desenvolvimento que havia adquirido. Por exemplo, algumas crianças
apresentam desenvolvimento social normal até os 2 anos de idade e após esta
fase param de falar, de acenar com a mão e brincar com jogos que brincava
até então, entre eles: “pega-pega”, que é uma brincadeira que requer interação
social.

Geralmente esses bebês não demonstram ansiedade por se separarem


de seus pais, não os seguem pela casa como o esperado para crianças de
determinadas faixas etárias, não se interessam por brincadeiras com familiares
ou com grupos de crianças. Suas atitudes podem se limitar a ações repetitivas
e estereotipadas, como por exemplo: lamber e cheirar objetos, mover a cabeça
e o tronco para frente e para trás ou bater palmas.

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Seu interesse por determinados brinquedos pode ser particular: costumam
gostar de movimentos circulares de uma roda de carrinho, por exemplo, ou
um barulho específico o qual foi causado por ele. Pode ter fascinação por
luzes, movimentos e sons, como um barulho de um ventilador de teto, de uma
batedeira de bolo, etc. Outros fatores que pode desencadear interesse especial
na criança autista são: cheiros, sabores, texturas, cor ou formas de objetos.

Situações específicas podem causar insatisfação na criança, como por


exemplo: pequenas mudanças de rotina. Estas mudanças podem inclusive
acarretar em ataques violentos. Praticamente todas as crianças com autismo
se demonstram resistentes a mudanças de atividades. Alguns adolescentes
autistas desenvolvem sintomas compulsivos e ritualísticos, como por exemplo:
rituais de lavagem, toques repetitivos em determinados objetos, repetição de
perguntas, ou ainda ideias de contaminação (TEIXEIRA, 2014).

Segue abaixo algumas características apresentadas por crianças autistas,


descritas por Teixeira, 2014:

Sinais de alerta ao bebê:

yy Evita contato visual (quando é amamentado, por exemplo).


yy Não demonstra expressão facial ao ser acariciado.
yy Não sorri quando você sorri para ele.
yy Indiferente a alguma demonstração de afeto.
yy Pouco interessado na voz humana.
yy Não acompanha os objetos quando se movem.
yy Não demonstra ansiedade quando você se afasta dele.
yy Não eleva os braços para ser retirado do berço.
yy Não responde quando chamado pelo nome.

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Autismo na escola:

yy Não aponta para objetos.


yy Não manda tchau.
yy Não atende jogos sociais, como pega-pega ou esconde-esconde.
yy Não utiliza gestos para se comunicar.
yy Não imita seu comportamento ou suas expressões faciais.
yy Não se interessa em brincar com outras crianças.
yy Não há interesse por jogos e atividades de grupo.
yy Não pede ajuda.
yy Interesse peculiar por brinquedos ou por partes dele.
yy Atos repetitivos e estereotipados.
yy Ataques de raiva na presença de pequenas mudanças em sua rotina
diária.
yy Resiste em aprender ou a praticar uma nova atividade.

Texto retirado do livro: Manual dos Transtornos escolares.


Gustavo Teixeira, (2014, p. 176-178).

2. Possíveis causas do TEA

Há algum tempo atrás se acreditava que as mães conhecidas como: “mães


geladeiras” era as responsáveis por filhos com autismo, ou seja, mães que
não demonstravam afeto aos filhos, violentas e negligentes. Esse modelo de
mãe não causa autismo, no entanto, estudos apontam que fatores ambientais
podem ter uma parcela de contribuição no desencadeamento do transtorno.

As causas reais do autismo ainda permanecem desconhecidas, mas


estudos mostram que fatores genéticos, alterações cerebrais, bioquímicos,
neurológicos, além de fatores congênitos como: meningite, rubéola, encefalite,
etc podem predispor ao TEA.

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2. Tratamento para o TEA

Embora os comportamentos inadequados de crianças com autismo precisam


ser reduzidos ou eliminados antes que progridam para outras áreas,
intervenções eficazes são difíceis já que reforçadores eficazes para eles são
complicados de encontrar. Crianças que não apresentam o transtorno são
suscetíveis à reforçadores sociais ou pequenas recompensas, mas as crianças
com TEA geralmente são indiferentes a essas recompensas. Em alguns casos
a comida é o único reforçador que surte efeito nos estágios primários do
tratamento.

Uma outra característica da criança com autismo que limita as possibilidades


de intervenções comportamentais é sua seletividade excessiva na atenção.
Essa tendência a focar em estímulos específicos, ignorando outros, influencia
na generalização de comportamentos aprendidos para outras situações. Por
exemplo: uma criança que aprende a colocar os pratos na mesa antes de
servir o jantar, não sabe o que fazer quando lhe dão tigelas. Neste sentido, as
generalizações das habilidades devem ser explicadas de forma explícita e por
isso terapias estruturas são as mais eficazes (GAZZANIGA, et al, 2018).

Um dos tratamentos mais conhecidos e eficazes para crianças com autismo é


a Análise do Comportamento Aplicada, cujo termo original é “Applied Behavior
Analysis”- (ABA). Trata-se de uma ciência que estuda as variáveis que afetam
os comportamentos. As intervenções iniciam em fase mais precoce possível
e para resultados significativos recomenda-se que aconteçam entre 15 a 40
horas semanais. Nas sessões de ABA, o terapeuta ensina habilidades variadas
simultaneamente, contam com o apoio da família e focam na prevenção e
generalização dos comportamentos aprendidos (GOMES & SILVEIRA, 2016).

PÁGINA 12
LEITURA COMPLEMENTAR

Primeiros sinais de possível autismo:

yy Nenhum olhar e alegria dirigido aos pais ou ao cuidador.


yy Nenhum balbucio recíproco entre o bebê e os pais (começando por volta
dos 5 meses).
yy Não reconhece a voz dos pais.
yy Não estabelece contato visual.
yy Retardo para começar o balbucio (depois dos 9 meses).
yy Nenhum ou poucos gestos, tais como acenar ou apontar.
yy Movimentos repetitivos com objetos.

Primeiros sinais de possível autismo, à medida que desenvolve a fala:

yy Nenhuma palavra até o 16º mês.


yy Nenhum balbucio, apontamento ou outros gestos de comunicação até 1
ano.
yy Nenhuma frase com duas palavras até os 2 anos.
yy Perda das habilidades linguísticas em qualquer idade.

Texto retirado do livro: Desenvolvimento Humano.


Papalia & Feldman (2013, p. 155).

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SAIBA MAIS

CÉREBRO DO AUTISTA

Estudos apontam que no cérebro da criança autista parece haver uma falta de
coordenação nas diferentes regiões, o que impede a realização de tarefas mais
complexas. Pesquisas realizadas pós-morte apresentaram uma quantidade
inferior de neurônios na amigdala de cérebros autistas (PAPALIA & FELDMAN,
2013).

REFLITA

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), conforme já mencionada, é


atualmente a forma de tratamento mais utilizada e bem-sucedida para a
criança com autismo. Por considerar a importância do trabalho estruturado
e sistematizado, algumas pessoas tendem a achar que pode tornar o
aprendizado algo artificial e robotizado.

Essa forma de pensar não é real, já que dançarinos em preparação para


um campeonato, alunos em um cursinho para vestibular, astronautas em
treinamentos, etc, são exemplos de situações estruturadas e sistematizadas de
aprendizagem. Nem por isso, tais situações as tornam robotizadas (GOMES &
SILVEIRA, 2016).

PÁGINA 14
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME

Filme/ série: “Temple Grandin”

Baseado em fatos reais.

Discorre sobre uma jovem autista que luta por uma


vida normal. Recebe apoio de seu professor e chega
à universidade. Usando sua habilidade com animais
cria uma técnica que revolucionou a indústria agrope-
cuária nos Estados Unidos.

PÁGINA 15
REFERÊNCIAS
GAZZANIGA, et al. Ciência psicológica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

GOMES, Camila Graciella Santos; SILVEIRA, Analice Dutra. Ensino de


habilidade básicas para pessoas com autismo. Curitiba: Appris, 2016.

PAPALIA. Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 12


ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos transtornos escolares: entendendo os


problemas de crianças e adolescentes na escola. 5 ed. Rio de Janeiro: Best
Seller, 2013.

PÁGINA 16
2CAPÍTULO
ESQUIZOFRENIA DE
INÍCIO PRECOCE

1. Características da esquizofrenia de início precoce

A esquizofrenia de início precoce é uma classe de transtorno da infância e


adolescência de severa gravidade. É uma condição comportamental que
se inicia antes dos 18 anos de idade, apresentando sintomas psicóticos,
com prejuízos no afeto, na cognição e na capacidade de relacionamento
interpessoal.

Trata-se de uma condição rara, que afeta de um a dois em cada mil


estudantes, acometendo duas vezes mais meninos em detrimento de meninas.
O transtorno interfere significativamente na capacidade de aquisição de novas
habilidades e conhecimentos, causando grande impacto na vida acadêmica
(TEIXEIRA, 2014).

Uma das principais características deste transtorno são os sintomas psicóticos,


caracterizados por delírios e alucinações. Num quadro de delírios, a pessoa
geralmente apresenta crenças inabaláveis sem nenhuma sustentação na
realidade. Entre os delírios mais comuns, podemos citar: crenças de que
estão sendo controlados, seguidos ou ainda seus pensamentos estão sendo
desvendados por outras pessoas. Já num quadro de alucinação, a pessoa
não percebe o mundo da mesma forma que as outras pessoas. Costumam
intuir coisas que não existem: veem, sentem cheiros que as demais pessoas
não percebem. Tem dificuldades na percepção de seu próprio corpo, não
distinguindo onde ele termina e o restante do mundo começa (FELDMAN,
2015).

O jovem com esquizofrenia, num quadro de delírio, perde o juízo da


realidade e não consegue distinguir o que é verdadeiro do falso. A presença
de pensamentos irreais distorce a compreensão dos fatos e essa limitação
interfere sua interação com as outras pessoas. A criança pode apresentar
pensamentos estranhos como achar que se comunicam telepaticamente,
acreditar que pessoas estão tentando ler sua mente ou que a televisão está
enviando mensagens codificadas para ela.

PÁGINA 17
Já num quadro de alucinação, há uma percepção distorcida em um ou mais
dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. As mais frequentes
são as percepções visuais e auditivas. A criança escuta ou vê coisas que não
existem.

Veja abaixo um quadro que demonstra algumas características que podem


auxiliar no diagnóstico de esquizofrenia na escola:

Esquizofrenia na escola:

• Alucinações.
• Delírios.
• Embotamento afetivo.
• Empobrecimento da fala.
• Desorganização do pensamento.
• Isolamento social.
• Não olha nos olhos.
• Descuido com higiene.
• Dificuldades na aprendizagem.

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 193).

2. Causas da esquizofrenia de início precoce

A esquizofrenia tem origem neurobiológica, relacionada com alterações


cerebrais químicas de ordem genética e ambiental. Como a esquizofrenia
é mais comum em famílias específicas, fatores genéticos parecem ter forte
prevalência. Estudos mostram que quanto mais próximo for o parentesco,
maior a probabilidade de a pessoa ter o transtorno. No entanto, se a base
genética fosse determinante, a chance de gêmeos idênticos apresentarem
o transtorno era de 100% (já que eles possuem a mesma composição
genética), em vez de menos de 50%, conforme dados pesquisados apontam.
As tentativas de encontrar a esquizofrenia em um gene específico obtiveram
sucesso apenas parcial. Os fatores genéticos por si só não se mostraram ser
capazes de produzirem esquizofrenia.

PÁGINA 18
Uma hipótese é a de que a pessoa com o transtorno pode ter um desequilíbrio
bioquímico no cérebro ou alguma anormalidade na estrutura. Por exemplo,
há uma hipótese de que a esquizofrenia ocorre quando há uma atividade
cerebral excessiva nas áreas que usam a dopamina como neurotransmissores.
Essa hipótese se sustentou depois da descoberta de que medicamentos
que bloqueiam a ação da dopamina no cérebro reduzem os sintomas da
esquizofrenia. Outros estudos apontam que um outro neurotransmissor
chamado: glutamato, pode contribuir para o transtorno (FELDMAN, 2015).

Outras hipóteses levantadas recentemente foram de que a anormalidade


estrutural no cérebro do esquizofrênico pode ser proveniente da exposição à
um vírus no período da gestação. Outras evidências relacionadas a importância
dos fatores biológicos apontam que quando as pessoas com esquizofrenia
ouvem vozes no momento das alucinações, as partes cerebrais responsáveis
pela audição e processo de linguagem são ativadas.

Além de fatores biológicos, os ambientais fornecem pistas interessantes sobre


o quebra-cabeça da esquizofrenia. Por exemplo: abordagens psicanalíticas
consideram que o transtorno é proveniente de uma regressão aos estágios da
vida anteriores. Para Freud, as pessoas com esquizofrenia carecem de um ego
forte para lidar com seus impulsos. Por este motivo, regridem até um estágio
anterior em que o id e ego ainda não estavam separados. Sendo assim, os
esquizofrênicos carecem de um ego e agem por impulsos sem se preocuparem
com a realidade.

Outras teorias da psicologia já se ancoram nos padrões de comunicação


e emocional das famílias dessas pessoas. Por exemplo, alguns teóricos
acreditam que a esquizofrenia está relacionada a uma forma de interação
familiar intitulada: emoção expressa. Ou seja, uma família com alto grau de
crítica, intrusão emocional e hostilidade, entre outras teorias (FELDMAN, 2015).

Muitos outros transtornos podem ser confundidos com esquizofrenia, entre


eles: transtorno bipolar, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, estresse,
TEA, uso de drogas, etc. Sendo assim, a avaliação comportamental deve ser
muito cautelosa, pois são muitos os diagnósticos diferenciais do transtorno.
Além disso, é difícil discernir sintomas psicóticos em pessoas jovens, haja
visto que a infância é um período natural em que há fantasias, pensamentos
mágicos, criação de amigos imaginários e ampla imaginação.

PÁGINA 19
3. Tratamentos para a esquizofrenia de início precoce

O tratamento deve envolver medicamentos, psicoeducação, psicoterapia com a


pessoa e a família. A psicoeducação representa papel importante para informar
o paciente e sua família sobre o transtornos, causas, consequências, sintomas
e necessidade do comprometimento com o tratamento. Suporte emocional
é essencial. No Brasil existem associações de apoio ao esquizofrênico e
familiares: a ABRE (Associação brasileira de familiares, amigos e pessoas com
esquizofrenia).

O tratamento com médicos também se faz muito importante. Os medicamentos


mais utilizados são os antipsicóticos e neuropléticos. Esses medicamentos
diminuem o embotamento afetivo, quadros de delírios e alucinações.

A psicoterapia é essencial, pois envolvem técnicas de diminuição da


ansiedade, resolução de problemas, amenização de possíveis quadros
depressivos e treino de habilidades sociais. A escola também pode auxiliar,
promovendo a inclusão social e educacional da criança e/ou adolescente.
Estimulando sua participação em trabalhos escolares, em especial em grupo,
protegendo contra Bullying, favorecendo as relações interpessoais durante o
recreio, atividades esportivas e passeios educativos.

Quanto mais cedo o início do tratamento, melhor o resultado. Infelizmente


ainda é um transtorno crônico e o jovem necessitará de tratamento para toda
a vida. No entanto, conforme já mencionado, tratamento médico e psicológico
podem auxiliar muito na qualidade de vida de todos os envolvidos (TEIXEIRA,
2014).

REFLITA

Efeitos do ambiente e da biologia para a esquizofrenia:

Se uma criança tiver um risco genético para esquizofrenia e for criada em


um ambiente familiar disfuncional, ela terá um alto risco de desenvolvimento
da doença, porém, se ela não tiver risco genético para esquizofrenia, terá um
baixo risco de desenvolvimento do transtorno independentemente de ter sido
criada em um ambiente familiar disfuncional ou sadio.

Texto retirado do livro: Ciência psicológica.


Gazzaniga, et al ( 2018, p. 634).

PÁGINA 20
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO

O desafio da esquizofrenia
Autor: Shirakawa, et. al.

Este livro destaca a importância de se realizar um trabalho precoce com


crianças que apresentam esquizofrenia, bem como a importância da inclusão
dessas pessoas para sua reabilitação e melhor qualidade de vida.

PÁGINA 21
LEITURA COMPLEMENTAR

Delírios e crenças associadas.

Persecutório- Crença de que outros estão perseguindo, espiando ou tentando


causar dano.

Referência- Crença de que objetos, eventos ou outras pessoas têm significado


particular para o indivíduo.

Grandeza- Crença de ter grande poder, conhecimento ou talento.

Identidade- Crença de ser outra pessoa, como Jesus Cristo ou o presidente


dos Estados Unidos.

Culpa- Crença de ter cometido um pecado terrível.

Controle- Crença de que os próprios pensamentos e comportamentos estão


sendo controlados por forças externas.

Texto retirado do livro: Ciência psicológica.


Gazzaniga, et al ( 2018, p. 629)

SAIBA MAIS

Foram encontradas alterações cerebrais em pessoas com esquizofrenia. Em


uma reconstrução do cérebro com imagem de ressonância magnética de uma
pessoa com esquizofrenia, os hipocampos estão atrofiados e os ventrículos
estão aumentados e cheios de liquido. Em contraste, uma reconstrução
com ressonância magnética do cérebro de uma pessoa sem o transtorno
é estruturalmente diferente, com os hipocampos maiores e os ventrículos
menores.

Texto retirado do livro: Introdução a psicologia.


Feldman ( 2015, p. 477).

PÁGINA 22
REFERÊNCIAS
GAZZANIGA, et al. Ciência psicológica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

FELDMAN, Introdução a psicologia. 10 ed. Porto Alegre: Artemd, 2015.

TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos transtornos escolares: entendendo os


problemas de crianças e adolescentes na escola. 5 ed. Rio de Janeiro: Best
Seller, 2013.

PÁGINA 23
3CAPÍTULO
TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO/
HIPERATIVODADE

1. Características do TDAH: transtorno de déficit de atenção/


hiperatividade

O TDAH (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) é um transtorno de


comportamento mais comum na infância e adolescência. Estudos recentes
apontaram que ele está presente em 5% da população na fase escolar. Trata-
se de um transtorno que apresenta a tríade sintomatológica: déficit de atenção,
hiperatividade e impulsividade, no entanto, muitas vezes não são encontrados
os três sintomas concomitantemente (TEIXEIRA, 2014).

As características mais comuns apresentadas por essas pessoas são dificulda-


de em focar em um único estímulo e distração bastante evidente. Além disso,
crianças com TDAH costumam não concluir suas tarefas de casa, apresentar
grande dificuldade na organização de seus pertences e perder comumente ob-
jetos, como: brinquedos, materiais escolares, chaves, etc. Geralmente não con-
seguem ficar muito tempo parada, nem mesmo em situações que exigem maior
demanda de foco. Costumam aparentar que estão “ligados no 220 v”, falam
muito e raramente brincam silenciosamente. São impulsivos e vivem gritando.
Por isso, apresentam prejuízos sociais e acadêmicos.

O diagnóstico é clínico. Não existem exames específicos validados com exa-


tidão. O diagnóstico deve ser realizado por meio de avaliação com a criança,
família e escola. Muitas vezes são utilizadas escalas de avaliações padroniza-
das. A investigação com os pais deve ser realizada de forma detalhada, bus-
cando compreender todo o processo de desenvolvimento da criança ou ado-
lescente, desde o período gestacional. Para que seja diagnosticado o TDAH é
necessária constatação de prejuízo claro no desenvolvimento social, ocupacio-
nal e acadêmico da criança ou adolescente. Sem esse quesito não pode existir
o diagnóstico.

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2. Prejuízos acarretados em pessoas com TDAH

A criança com TDAH que não recebe o devido tratamento pode ter sérios
prejuízos ao longo dos anos. No início, ocorre um baixo rendimento na
escola. A criança não consegue acompanhar os demais colegas da sala,
chegando a casos de reprovação. Tristeza, perda da autoestima, prejuízos
nos relacionamentos interpessoais, desmotivação para os estudos, incluindo
episódios graves de depressão. No período da adolescência, os danos sociais
e acadêmicos podem acarretar em evasão escolar e uso de drogas e álcool.
Pessoas com TDAH geralmente tornam-se adultos com poucas habilidades
sociais, inseguros, que trabalham em empregos inferiorizados e com pouca
adesão ao mercado de trabalho (TEIXEIRA, 2014).

Em alguns casos é evidenciado condutas agressivas e desafiadoras,


geralmente vinculadas à dificuldade em aceitar limites e regras. A desatenção
se apresenta com flutuações na distribuição dos focos de atenção com
intensidade, duração e escolhas de objetos inadequados. Seu senso de
realidade será desenvolvido com base nestas flutuações. O quadro de
hiperatividade, acarreta em déficit motor e falha na psicomotricidade. O estilo
cognitivo desorganizado se manifesta por meio de um pensamento impulsivo,
irreflexível e rígido (GOMEZ, 1996).

Segue abaixo características apresentadas por crianças e adolescentes com


TDAH no contexto escolar:

TDAH na escola:

• Deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em


atividades.
• Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
• Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
• Não segue instruções e não termina seus deveres escolares. Tem dificul-
dade para organizar tarefas e atividades.
• Evita, antipatiza ou reluta em envolver- se em atividades que exijam es-
forço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).
• Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo: brin-
quedos, lápis, livros, etc.)
• É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.
• Apresenta esquecimento em atividades diárias.
• Agita as mãos ou os pés, ou se remexe na cadeira.
• Abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas

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quais se espera que permaneça sentado.
• Corre ou escala em demasia, em situações nas quais fazer isso é
inapropriado ( em adolescentes e adultos pode estar limitado a sensa-
ções subjetivas de inquietação).
• Tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em ativida-
des de lazer.
• Fica “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”.
• Fala muito.
• Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completa-
das.
• Tem dificuldade para aguarda a vez.
• Interrompe ou se mete em assuntos dos outros (por exemplo: intromete-
-se em conversar ou brincadeiras).

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 65-67).

3. Possíveis causas

As causas ainda não são bem conhecidas. A etiologia é multifatorial, as quais


incluem fatores ambientais e genéticos em diferentes combinações. Estudos
apontam que não existe um único gene para o TDAH, mas vários de pequenos
efeitos que quando são associados entre si apresentam propensão para o
desenvolvimento do quadro. O gene que transporta a dopamina (DATI) e o
gene responsável pela codificação do receptor de dopamina (DRD4) estão
possivelmente envolvidos na transmissão genética do transtorno (ROTTA, et al
2006).

Muitas pessoas com TDAH tem membros da família com o mesmo diagnóstico,
geralmente: pais, irmãos, tios e avós. A incidência chega em até dez vezes
mais, quando comparado a média da população. Filhos de pais com TDAH
possuem grande chance de desenvolverem o transtorno, bem como irmãos
de crianças hiperativas apresentam até duas vezes mais se comparados com
irmãos sem o transtorno.

Pesquisas demonstraram que o cérebro de crianças com TDAH funcionam


de maneira diferente das demais crianças. Apresentam desequilíbrio de
substâncias químicas no cérebro que são responsáveis por regular o
comportamento. Déficits nos testes de aquisição, atenção e função executiva
sugerem um déficit das funções executivas e no comportamento inibitório. Em

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exames de neuroimagem é possível constatar uma redução do fluxo sanguíneo
e taxas metabólicas nas regiões dos lobos frontais da pessoa com TDAH.
Porém, esses exames ainda se encontram em fase de experimentação e não
apresentam ainda uma validade clínica (TEIXIERA, 2014).

Além de fatores genéticos, há também os ambientais. Eles podem ser divididos


em pré, peri e pós-natais, os quais acarretar em lesões do sistema nervoso
central (SNC) que desencadeiam alterações funcionais. Qualquer alteração no
período do desenvolvimento cerebral pode predispor a comportamentos futuros
relacionados ao transtorno.

A forma de criação não causa TDAH, mas estudos inferem que crianças
criadas em ambientes domésticos caóticos, vítimas de abandono, negligência
e maus tratos podem apresentar um prejuízo maturacional do SNC, que pode
interferir na organização dos neurônios e na formação do cérebro que se
encontra em desenvolvimento. Sendo assim, tais situações podem levar aos
sintomas do TDAH.

Não existem ainda estudos que vinculem esse transtorno a dietas, com uso
de açucares ou problemas ortomoleculares que comprovem a necessidade
de vitaminas, inserção de nutrientes ou dietas restritivas, desta forma, dietas
especiais não apresentam possibilidades de tratamento para o TDAH.

4. Tratamento para o TDAH

O tratamento deve contemplar uma abordagem multidisciplinar associada ao


uso de medicamentos e intervenções psicoterapêuticas e psicoeducacionais.

O medicamento mais utilizado é a metilfenidato, mais conhecido como Ritalina.


Seu mecanismo de ação ainda não é muito bem compreendido, mas sabe-se
que a droga afeta vários neurotransmissores, em especial a dopamina. Uma
outra droga utilizada é a Adderall, que contemplam dois tipos de estimulantes.
Pode parecer estranho um estimulante para tratar de um transtorno conhecido
por sua hiperatividade, no entanto, em doses adequadas, esses estimulantes
do SNC diminuem a distratibilidade e hiperatividade, aumentando a atenção e a
concentração. Crianças que fazem uso deste medicamento, quando realmente
é terapêutico, ou seja, constatado o transtorno, se beneficiam deles, pois seus
comportamentos positivos aumentam e os negativos diminuem. A criança fica
menos impulsiva e consegue trabalhar em atividades especificas por maior
tempo.

Psicoterapias e intervenções psicoeducacionais também são eficazes para o


tratamento de crianças com TDAH. O tratamento comportamental por exemplo,
reforça comportamentos adequados e ignora os considerados problemas.

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O tratamento deve ser intensivo e demorado. A medida que as técnicas de
modificações comportamentais passam a surtir efeito, a medicação deve ser
gradativamente retirada (GAZZANIGA, et al, 2018).

Segue abaixo algumas dicas à professores e alunos com TDAH, para favorecer
o processo de ensino e aprendizagem:

Dicas aos professores:

yy Crie agenda escola-casa (comunicação entre pais e professores).


yy Faça o aluno se sentar na frente da sala de aula, longe de janelas e pró-
ximo ao professor.
yy Agende disciplinas mais difíceis no início das aulas (enquanto os alunos
estão mais descansados e atentos).
yy Estipule pequenas pausas regulares a cada quarenta minutos de aula.
yy Ordens devem ser dadas de maneira objetiva e breve para facilitar o en-
tendimento do aluno.
yy Ensine técnicas de organização e estudo.
yy Permita tempo extra para que esse aluno possa responder com atenção
à perguntas.
yy Estimule e reforce positivamente atitudes assertivas através de elogios.
yy Questione o aluno sobre dúvidas em sala de aula.
yy Convide o aluno a apagar o quadro-negro, para reduzir a inquietação.

Dicas aos alunos:

yy Faça perguntas a professor sempre que tiver dúvidas.


yy Divida trabalhos grandes em várias partes.
yy Crie uma agenda de compromissos.
yy Faça uma lista de suas atividades diárias de estudo, com horários prees-
tabelecidos.
yy Leia sobre TDAH para conhecer e entender melhor esse transtorno.

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 73-74).

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SAIBA MAIS

POSSÍVEIS COMORBIDADES ASSOCIADAS:

O TDAH tem grande probabilidade estar associada a outros transtornos, fato


esse que potencializa o comprometimento social e acadêmico do sujeito. Os
mais comuns são:

• Transtorno de aprendizagem.
• Transtorno de linguagem
• Epilepsia
• Transtorno opositor desafiante
• Transtorno de conduta
• Transtorno de ansiedade
• Transtorno do humor
• Tiques
• Enureses
• Abuso de substâncias.

Lista de comorbidades retirada do livro: Transtornos de aprendizagem: abordagem


neurobiológica e multidisciplinar.
(ROTTA, 2006, p. 306).

REFLITA

Como a escola pode desenvolver estratégias para facilitar a aprendizagem


em crianças com TDAH?

A falta de atenção é uma característica significativamente presente em crianças


com TDAH e a escola pode auxiliar oferecendo metodologias de ação docente
mais estimulantes, instigantes e criativas. O método de ensino tradicional não
atende mais os alunos contemporâneos sem a presença do transtorno, tendo
em vista o alto índice de atividades estimulantes que estes são submetidos
todos os dias, como: jogos online de recompensas, redes sociais, etc.,
imaginemos então Caro (a) Aluno (a) aqueles que apresentam o transtorno e já
tem uma predisposição fisiológica para a desatenção.
É importante que a escola reflita sobre isso...

Ela precisa inovar!!!

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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO

Sugestão de livro: Como restaurar a paz nas escolas: um guia para


educadores.

Autor: Antonio Ozório Nunes.

Esse livro traz várias estratégias interessantes para se trabalhar em sala


de aula de forma criativa e motivadora, despertando maior atenção dos
alunos e consequentemente possibilitando melhora no processo de ensino e
aprendizagem.

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LEITURA COMPLEMENTAR

Comportamentos que devem ser observados no TDAH:

DESATENÇÃO:

• Fracassa com frequência em prestar atenção aos detalhes ou comete


erros por descuido numa tarefa escolar; no trabalho ou outras ativida-
des.
• Frequentemente tem dificuldade para manter a atenção nas tarefas ou
no desenvolvimento de atividades lúdicas.
• Com frequência não parece escutar o que está sendo dito a ela.
• Frequentemente não cumpre instruções e fracassa ao realizar suas ta-
refas escolares, domésticas ou obrigações no seu local de trabalho (não
devido a condutas de oposição ou a dificuldade para compreender as
indicações).
• Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas ou atividades.
• Muitas vezes evita ou desagradam-lhe muito as tarefas escolares e do-
mésticas que exigem um esforço mental continuado.
• Com frequência perde coisas necessárias para tarefas e atividades (li-
vros, ferramentas, lápis, brinquedos, etc).
• Frequentemente se distrai facilmente com estímulos irrelevantes.
• Muitas vezes é esquecido e/ou descuidado nas suas atividades diárias.

HIPERATIVIDADE:

• Levanta-se da cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais


se espera que permaneça sentada.
• Com frequência corre ou escala excessivamente em situações inapro-
priadas. Esta conduta no adolescente ou adulto pode se limitar a senti-
mentos subjetivos de impaciência.
• Frequentemente tem dificuldade para brincar ou conectar-se com tran-
quilidade em atividades recreativas.
• Muitas vezes “está em movimento” ou costuma agir como se tivesse um
motor.
• Com frequência fala excessivamente.

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IMPULSIVIDADE:

• Com frequência responde abruptamente a perguntas antes de escutá-


-las de forma completa.
• Tem dificuldade para esperar em fila ou aguardar sua vez em jogos ou
situações grupais.
• Frequentemente interrompe ou se intromete nas atividades dos outros
(conversas, brincadeiras, etc.).

Texto retirado do livro: Dificuldades de aprendizagem:


Detectação e estratégias de ajuda.
(GÓMEZ, 1996, p. 136-137).

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REFERÊNCIAS

GAZZANIGA, et al. Ciência psicológica. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

GOMEZ, Ana Maria Salgado. Dificuldades de aprendizagem: detectação e


estratégias de ajuda. São Paulo: Cultural, 1996.

ROTTA, Newra Tellechea. et al. Transtornos de aprendizagem: abordagem


neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos transtornos escolares: entendendo os


problemas de crianças e adolescentes na escola. 5 ed. Rio de Janeiro: Best
Seller, 2013.

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4CAPÍTULO
TRANSTORNOS
DE ANSIEDADE

1. Características do Transtorno de Ansiedade

Caro Aluno (a), todos nós, em algum momento da vida, já vivenciamos uma
situação se ansiedade. Não é mesmo? Ou seja, uma sensação de tensão ou
apreensão diante de situações estressantes. Essas sensações são comuns
nos seres vivos. Elas nos auxiliam na vida cotidiana. Sem a ansiedade a
maioria das pessoas possivelmente não teriam motivação para estudar
bastante, passar longas horas trabalhando, etc. No entanto, algumas pessoas
experimentam a ansiedade em momentos que não apresentam causas
aparentes para a intensidade do sofrimento. O transtorno de ansiedade,
portanto, ocorre quando a ansiedade passa a surgir sem motivos aparentes e
afetam o funcionamento diário da pessoa (FELDMAN, 2015).

Sabemos que cada vez mais pessoas de todas as faixas etárias estão
estressadas. O stress não é necessariamente uma doença, mas quando
intensa e prolongada, pode enfraquecer nosso organismo, levando a um
estado que favorece a queda no funcionamento do sistema imunológico,
de forma que vários sintomas e doenças podem manifestar-se, entre elas:
transtornos de ansiedade, depressão, doenças psicossomáticas, entre outras,
podendo desenvolver inclusive, o câncer.

Pode manifestar-se no corpo e na mente. Quando uma pessoa está muito


estressada, ou seja, submetida a muita tensão, ela pode desenvolver doenças
que já ocorreram em membros de sua família e por isso, apresenta uma
predisposição genética. Sendo assim, filhos de pessoas hipertensas podem
desenvolver a hipertensão também, filhos de pessoas com psoríase ou vitiligo
também.

Em algumas situações a pessoa não nasceu com a predisposição para a


doença, mas desenvolve em função de acontecimentos em sua história
de vida. Por exemplo, alguém que sofreu um acidente e quebrou a perna,
possivelmente sentirá um desconforto nesse membro que foi afetado e
fragilizado no passado. No momento em que estiver passando por uma
situação de stress alto, o desconforto pode se potencializar e/ou se manifestar
nesse órgão enfraquecido. Vale destacar que o stress não é o causador das

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doenças, antes ele enfraquece o organismo (o debilita) e os problemas latentes
emergem. Uma vez o sistema imunológico afetado, o organismo fica mais
vulnerável às doenças (LIPP, 2000).

Atualmente o índice de stress aumentou significativamente em nossa


sociedade imediatista, inclusive o stress infantil. O acúmulo de exigências,
maturidade e independência precoce podem ser os fatores para a ocorrência
desse fenômeno.

Cada vez as crianças estão adentrando à escola mais cedo; os pais exigindo
que seus filhos participem de um maior número de atividades diárias; os
adultos estão ficando cada vez mais estressados, servindo como fonte que
gera stress às crianças e modelos de como agir aos filhos e alunos.

O stress infantil pode ser originado de fontes “internas” ou “externas”. Certos


acontecimentos na vida da criança, bons ou maus; ou interações com outras
pessoas podem ser geradoras de stress. Por exemplo: a criança passa
grande parte do seu tempo na escola, convivendo com colegas, professores,
funcionários, entre outros, o que podem desencadear “fontes externas de
stress”. Outro fator externo de stress é quando criança é forçada a desenvolver
muitas atividades extracurriculares e não consegue vivenciar sua própria
infância de forma adequada. Isso pode acarretar em um sentimento de
cansaço e desmotivação em relação à escola, tarefas esportivas e acadêmicas.
Atividades extracurriculares são importantes para o desenvolvimento
da criança, no entanto, em excesso podem gerar: ansiedade, rebeldia,
agressividade, apatia e desmotivação (TRICOLI, 2000).

Já as fontes internas de stress são aquelas desenvolvidas pela própria criança,


com base na forma como enfrenta as situações do dia a dia, ou de acordo
com sua personalidade, pensamentos e atitudes. Por exemplo: uma nota
abaixo da média para alguns alunos pode não ser motivo de preocupação e
para outros, grande fonte de stress. Então, as influências externas resultam
da maneira subjetiva de cada um em receber o fenômeno gerador ou não de
stress. É importante que as pessoas que convivem com a criança na escola:
professores, psicólogos, funcionários, etc, tenham conhecimento sobre essa
situação e consigam ter a sensibilidade de entender que um mesmo estímulo
pode atingir estudantes de formas diferenciadas.

Algumas situações do cotidiano podem desencadear ansiedade, sem que se


caracterize necessariamente, um transtorno. Por exemplo: uma criança de
aproximadamente 4 anos de idade pode demonstrar sentir medo de “bicho
papão”, do “fantasma”, do “homem do saco”, etc. Esses medos podem
representar uma das fases do desenvolvimento da criança e não indícios de
transtornos. Por esse motivo, uma avaliação adequada deve ser realizada
antes de ser dado o diagnóstico.

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Os transtornos ansiosos englobam condições diferentes entre si, mas
geralmente provocam sensações subjetivas de inquietação, ansiedade,
desconforto, além de desencadear alterações fisiológicas, como: boca seca,
sudorese, taquicardia, nervosismo, etc.

O desenvolvimento de transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes


dá-se por inúmeros fatores, como: grau de ansiedade paterna, herança
genética, tipo de relação com os pais, temperamento, experiências vividas pela
criança, eventos traumáticos, observação de comportamentos ansiosos em
outras pessoas, noticiários de TV, etc.

2. Alguns tipos de Transtornos de Ansiedade

2.1. Transtorno de ansiedade de separação

Esse tipo de transtorno acomete cerca de 2 a 5% de crianças em idade escolar.


Sendo distribuição relativa entre ambos os sexos, e geralmente iniciando por
volta dos 7 anos de idade. Essa condição é caracterizada pelo aparecimento
de ansiedade exacerbada e inapropriada diante da separação de pessoas
próximas à criança: familiares, cuidadores, etc. Na grande maioria, as
crianças apresentam ansiedade por temerem que um acidente ocorrerá com
seus cuidadores no momento em que estão separados deles e que perderá a
pessoa em um evento catastrófico, como: sequestro, acidente grave, morte,
etc.

Pesadelos relacionados ao medo são muito comuns. A criança apresenta


relutância em se separar dos pais, ir à casa de amigos, dormir sozinho, ir à
escola, enfim, qualquer situação em que necessite ficar longe deles. A
ansiedade vem acompanhada de queixas somáticas, como dores de cabeça ou
abdominais que são justificativas para não irem à escola, ou a outro ambiente
que exige que fiquem longe de seus pais (TEIXIERA, 2014).

Na escola as crianças costumam evitar em participar de atividades


extracurriculares, faltam muito e/ou chegam atrasados. Como consequência,
apresentam prejuízos sociais, acadêmicos e comprometimento na maturidade
e autoestima.

Segue abaixo algumas características apresentadas por crianças com


transtorno de ansiedade de separação no contexto escolar:

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Transtorno de Ansiedade de separação na escola:

yy Muita ansiedade no momento de chegada à escola.


yy Atrasos para entrada em sala de aula.
yy Medo de ficar sozinho no recreio.
yy Medo de ser abandonado pelos pais.
yy Faltas escolares.
yy Solicitações para deixar escola.
yy Prejuízo acadêmico.
yy Queixas físicas.
yy Evita participar de atividades extracurriculares.
yy Dificuldade nos relacionamentos.
yy Vínculos de amizade restritos a poucas crianças.
yy Comprometimento da autoestima.

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 128).

2.2. Transtorno de ansiedade generalizada

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) acomete de 3 a 6% de crianças


e adolescentes em fase escolar, e as meninas são mais propensas a esse tipo
de transtorno. Os índices maiores acontecem na fase da adolescência.

O TAG é caracterizado por ansiedade, muitas preocupações e significativa


dificuldade para controlá-las. Essas preocupações prejudicam o
relacionamento social, ocupacional e acadêmico da pessoa. Ele está
relacionado a sentimentos de cansaço, apreensão, tensão muscular,
dificuldade de concentração, distúrbios de sono, etc.

Costumam apresentar excessiva preocupação diante de situações futuras,


aceitação ao grupo, relacionamentos com colegas, entre outras. Geralmente
encontram-se preocupados com vários assuntos ao mesmo tempo, como
se o mundo ao redor fosse cheio de perigos. Costumam ser negativistas,
superestimam situações problemas e parecem que aguardam sempre por
eventos catastróficos em suas vidas.

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Segue abaixo as principais características que devem ser observadas em
crianças ou adolescentes com TAG no contexto escolar:

Transtorno de ansiedade generalizada na escola:

• Excessiva preocupação.
• Muita ansiedade e intensa dificuldade para controlá-la.
• Dificuldade no funcionamento social.
• Prejuízos acadêmicos.
• Sentimentos de apreensão e dúvida.
• Medo.
• Cansaço.
• Tensão muscular.
• Dificuldade de concentração.
• Irritabilidade.
• Nervosismo.
• Preocupação frente a eventos futuros.
• Preocupação com múltiplos assuntos.
• Superestima de situações problemáticas.
• Pessimismo.

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 130-131).

2.3. Transtorno de pânico

O transtorno de pânico acomete aproximadamente 3% de crianças e


adolescentes. É caracterizado por presença de ataques de pânico inesperados
e recorrentes. Os ataques são períodos de medo intenso ou forte desconforto
acompanhado de alterações fisiológicas, como: sudorese, falta de ar, dores na
barriga e no peito, palpitações, tremores, entre outros. Geralmente pessoas
que passaram por crises de pânico frisam que sentem a sensação de estarem
morrendo. Os sintomas duram em média trinta minutos e não há risco de
morte.

O transtorno de pânico pode vir acompanhado por agorafobia, que é um medo


intenso de estar em locais abertos ou com muita gente. Nessas situações,
apresentam medo de ter a crise e não ter ninguém para socorrê-los. Por esse

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motivo, passam a evitar esses locais. Estudos apontam que muitos adultos
com transtorno do pânico, relatam que tiveram suas primeiras crises na
infância e/ou adolescência.

Caro (a) Aluno (a), segue abaixo os principais sintomas apresentados por
crianças e/ou adolescentes com transtorno do pânico no contexto escolar:

Transtorno de pânico na escola:

yy Intenso medo ou desconforto.


yy Palpitações.
yy Sudorese.
yy Falta de ar.
yy Tremores nas mãos.
yy Dor no peito.
yy Dor abdominal.
yy Medo de morrer.

Texto retirado do livro: Manual dos transtornos escolares:


entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola.
(TEIXEIRA, 2014, p. 136).

3. Tratamento

Em situações patológicas, é essencial a intervenção interdisciplinar. Primeiro


passo é a psicoeducação à criança ou adolescente, pais, familiares,
professores, com materiais informativos sobre esse transtorno. Quanto mais
informados os envolvidos estiverem, melhor sucesso no auxílio a essas
pessoas.

As psicoterapias auxiliam significativamente nesse processo. O conjunto de


técnicas inclui a identificação de sentimentos, reconhecimento dos sintomas,
reações do organismo, pensamentos e possíveis “gatilhos” que desencadeiem
esse quadro. Treino de habilidade sociais e relaxamento podem também
auxiliar no manejo. Em casos mais graves, é necessário a administração de
medicamentos que buscam bloquear a resposta de ansiedade do organismo,
favorecendo a diminuição da ansiedade, respostas somáticas, medos, etc. Os
mais utilizados são os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina,
já que são mais seguros e eficazes para uso infantil (TEIXEIRA, 2014).

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SAIBA MAIS

As fobias são diferentes dos transtornos de ansiedade generalizada e


transtorno do pânico, porque um nela um estímulo específico pode ser
identificado. Por exemplo: Fobia social. A pessoa adquire medo de ser criticado
ou julgado pelos outros. Como consequência, passa a evitar situações sociais
de modo geral e torna-se reclusa, temendo a desaprovação dos outros.

REFLITA

É muito comum crianças e adolescentes apresentarem quadros de ansiedade


no contexto escolar. Esses quadros quando não identificados e oferecido
os devidos tratamentos necessários podem se intensificar, acarretando em
consequências muito negativas ao sujeito.

Sendo assim, é importante que o educador esteja alerta aos comportamentos


de seus alunos e em caso de hipóteses diagnósticas, comunicar a família.

Fique atento!!

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LEITURA COMPLEMENTAR

Tricoli (2002) nos apresenta algumas sugestões para os professores, de


medidas preventivas contra o stress na escola:

• O professor deve cuidar de seu próprio stress: um professor estressado


pode estressar os alunos;
• Ser paciente e valorizar o diálogo;
• Fornecer instruções claras e precisas;
• Elogiar as crianças: o elogio é sempre gratificante e serve como estímu-
lo;
• O professor deve procurar conhecer cada um de seus alunos;
• Evitar sobrecarregar seus alunos com atividades: elas podem tornar-se
aversivas;
• Estimular cada criança a superar suas dificuldades: elogiar a criança por
seu esforço, ainda que o sucesso não tenha sido plenamente atingido;
• Evitar gritar: o grito é sinal de descontrole;
• Tentar estabelecer um hábito de sucesso entre os alunos com mais difi-
culdades: dar-lhes questões mais “fáceis” – com certeza, eles responde-
rão a elas;
• Incentivar a colaboração entre os alunos – a ajuda mútua pode melhorar
o desempenho da classe -, permitindo que um colabore com o outro;
• Respeitar a individualidade de cada criança: o professor deve lembrar-se
de que “cada um é um”.
• Evitar a competição negativa: os alunos precisam aprender a colaborar
entre si e a sentir prazer com a conquista do colega;
• Incentivar os líderes e tentar atraí-los a seu favor;
• Dar oportunidades de participação a todos: demonstrar confiança em
suas habilidades;
• Não receber os comportamentos dos alunos como ataques: o professor
deve lembrar-se de que a criança pode estar vivendo outros problemas
em sua vida;
• Incentivar o trabalho em grupo: favorecer as trocas e a colaboração para
a conquista de um objetivo final;
• Incentivar a calma: evitar “afobações”;
• Dar sugestões que ajudem o autocontrole e a solução de problemas: tra-
balhar com as consequências positivas ou negativas, de acordo com as

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atitudes da criança;
• Promover o exercício da democracia: desenvolver regras conjuntas e
decidir com o grupo as consequências dos comportamentos inadequa-
dos;
• Procurar ser justo: na dúvida, não tomar uma decisão que favoreça um
aluno em detrimento de outro;
• Evitar tomar partido em relação aos alunos: trabalhar com a situação
real;
• Comemorar o sucesso de cada criança, de modo que ela possa ser bem
vista pelos colegas;
• Estimular cada criança a melhorar sua aparência pessoal e manter sua
carteira em ordem;
• Associar o trabalho em classe com alguma coisa que as crianças gos-
tem de fazer;
• É importante que a classe seja atrativa: o professor deve organizar sua
sala – uma sala atrativa e bem organizada promove um efeito mental
positivo sobre os alunos;
• Selecionar as crianças para que façam pequenas tarefas em classe;
• Demonstrar sinceridade: o professor dizer à criança como se sente, pois
ela será capaz de compreendê-lo;
• Dar aos alunos funções de responsabilidade (líder de grupo, coordena-
dor de classe, organizador de atividades, etc);
• Iniciar as atividades com tarefas ativas: procurar evitar a acomodação
em sala;
• Quando a classe estiver agitada, promover um breve exercício de rela-
xamento.

Texto: A criança e a escola.


Autora: Valquiria Aparecida Cintra Tricoli, (2000, p. 142-144).

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MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME

Filme: “Como Estrelas na Terra: toda criança é


especial”

Filme indiano. Mostra um aluno com muita dificuldade


para se concentrar nos estudos e que mal conseguia
escrever as letras do alfabeto. Depois de diversas
reclamações da escola, o pai, decide levá-lo a
um colégio interno. A vivência com profissionais
despreparados agravaram ainda mais a dificuldade
de aprendizagem do aluno causando um alto índice
de stress. Até o momento em que encontra um
professor que faz toda a diferença em sua vida.

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REFERÊNCIAS

LIPP, Marilda E. Novaes. O stress da criança e suas consequências. In:


Crianças estressadas: causas, sintomas e soluções. Marilda E. Novaes Lipp
(Org.). Campinas: Papirus, 2000.

FELDMAN, Introdução a psicologia. 10 ed. Porto Alegre: Artemd, 2015.

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