Psicomotricidade Aquatica e Autismo
Psicomotricidade Aquatica e Autismo
Psicomotricidade Aquatica e Autismo
RESUMO
Neste artigo apresentamos um relato de experiência das atividades corporais no meio líquido tendo
como foco a psicomotricidade e a natação. O projeto é desenvolvido por docentes e discentes dos
cursos de Pedagogia e Educação Física de duas instituições de ensino superior no norte da Bahia são
promovidos atendimentos específicos. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, acompanhamento
e sistematização efetuada pela avaliação inicial e observação constante e relatório trimestral. O
objetivo deste método foi avaliar a resposta motora e a socialização entre as pessoas autistas, foi
elaborado instrumento avaliativo pelos investigadores. As primeiras conclusões apontam a efetivação
participação das pessoas com autismo nas atividades desenvolvidas e dos seus familiares, tem
propiciado o desenvolvimento das pessoas em diferentes áreas como a corporal, social, linguístico e
cognitivo.
Palavras-chave: Autismo. Atividades aquáticas. Atividades pedagógicas. Psicomotricidade.
ABSTRACT
In this article we present an account of the experience of body activities in the net environment
focusing on psychomotricity and swimming. The project is developed by teachers and students of the
Pedagogy and Physical Education of two institutions of higher education in the north of Bahia are
promoted specific care. The methodology used was the case study, monitoring and systematization
carried out by the initial evaluation and constant observation and quarterly report. The objective of this
method was to evaluate motor response and socialization among autistic individuals, an evaluation
instrument was developed by the researchers. The first conclusions point to the participation of people
with autism in the developed activities and their families, has led to the development of people in
different areas such as body, social, linguistic and cognitive.
INTRODUÇÃO
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Esp. Educação Especial – SEED-SE, NUPIEPED-UFS, [email protected]
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Ma em Educação pelo PPGED- UFS
3
Dra. em Educação, Docente da UFS e NUPIEPED
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Natação e da Psicomotricidade aquática como atividades complementares e como recursos
educacionais na atenção a pessoa com autismo.
Para o detalhamento da pesquisa utilizamos como objetivo geral: Desenvolver a
psicomotricidade no meio aquático para pessoas com TEA, favorecendo o desenvolvimento
da coordenação motora e da socialização; E os seguintes objetivos específicos: Aplicar a
psicomotricidade aquática no desenvolvimento da coordenação motora e sociabilização;
Desenvolver o processo de interação entre os autistas, o meio aquático e a socialização. As
possibilidades motoras da criança evoluem amplamente de acordo com a sua idade e chegam
a ser cada vez mais variadas completas e complexas (ROSA NETO, 2002, p.11).
A relevância do projeto encontra-se na prestação da promoção de atividades
planejadas e fundamentadas para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com
TEA e atenção aos seus familiares. São criados espaços coletivos de estudos, reflexão,
discussão e apoio pedagógico aos autistas e seus familiares envolvendo atividades
pedagógicas e de psicomotricidade aquática, diversas áreas utilizam a psicomotricidade em
diferentes contextos e em diferentes faixas etárias (escolas, clínicas de reabilitação, hospitais,
etc.). Nessa perspectiva, buscamos a psicomotricidade de modo a estabelecer conexões
necessárias para o desenvolvimento de uma prática pedagógica que respeite as especificidades
de todos os alunos e pessoas, independente de sua condição física, sensorial, cognitivo, étnica
e social.
DESENVOLVIMENTO
O Autismo foi descrito cientificamente pela primeira vez por Leo Kanner, medico
psiquiatra infantil em 1943, através da observação de 11 crianças com as características
particulares de comportar-se com pessoas e objetos, distúrbios de linguagem e falta de
imaginação.
A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10-1,
considera o Autismo infantil como, “Autismo Infantil é um transtorno invasivo do
desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e\ou comprometido que
se manifesta antes da idade de 3 (três ) anos o transtorno ocorre em garotos três ou quatro
vezes mais frequentes que em meninas.” Há em geral incapacidade na utilização social, tanto
da linguagem verbal quanto corpórea. O comportamento é geralmente realístico e agregado a
rotinas de vida anormais, resistência a mudanças, ligação a objetos estranhos e padrão de
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brincar estereotipado. A capacidade para pensamentos abstratos e simbólicos fica diminuída, a
inteligência tem variações de subnormal a normal, ou acima.
Em 1907 Dupré, criou o termo psicomotricidade destacando o paralelismo do
desenvolvimento motor e da evolução intelectual junto aos débeis mentais. O pensamento, o
conhecimento, o raciocínio, são adquiridos a partir de certo número de conceitos de base, que
não podem ser transmitidos unicamente pelo ensino verbal, mais necessitam de uma vivência
motora, uma vivência corporal da relação com o mundo e com as pessoas. Experiência que se
adquire pela manipulação do seu corpo, dos objetos, na realidade do espaço–tempo.
A Psicomotricidade é definida por COSTE, 1992 como: a ciência encruzilhada
com diversas áreas de estudo como a biologia, a psicologia, a psicanálise, a sociologia e a
linguística. Estuda o homem e suas relações com o corpo ao tempo que desenvolve as
faculdades expressivas do individuo. É fundamentada por conhecimentos básicos como: o
movimento, o intelecto e o afeto. Esses conceitos são importantes quando analisamos as
dificuldades e características das pessoas com autismo, desenvolvimento atividades
direcionadas a necessidade de cada pessoa. A psicomotricidade no meio aquático é baseada
em atividades que estimulam o individuo a se conhecer, a aprender, a aceitar, ajustando o
comportamento e ao longo das atividades.
A psicomotricidade aquática com as crianças com Transtorno do Espectro Autista
TEA nos desafia a trabalhar aspectos do desenvolvimento integral de cada criança. Sobre
esses desafios ORRÚ (2012), define que “o autismo é um distúrbio do desenvolvimento
neurológico que se manifesta através de dificuldades marcantes e persistentes na interação
social, na comunicação e no repertório de interesses e de atividades”. Essas dificuldades
podem se agravar caso não ocorra atividades educacionais e terapêuticas para reduzir esses
comportamentos. Para FERREIRA, 2002, p. 114 “os comportamentos motores que
caracterizam a patologia são os balanços, a contração de grupos musculares, a marcha na
ponta dos pés, as flexões bruscas do corpo para frente e as automutilações que se manifestam
por meio de mordidas, batidas de cabeça, etc.” é necessário colocar que os autistas tem
dificuldades na coordenação dinâmica geral e necessitam de estímulos psicomotores como
através das atividades da natação. Por ser uma atividade física que ocorre no meio líquido
propicia na criança a organizar seu corpo no tempo e no espaço utilizando todos os elementos
psicomotores, auxiliando na construção do seu esquema corporal e o desenvolvimento de
conceitos básicos da aprendizagem.
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A psicomotricidade foi frequentemente descaracterizada, por uma metodologia de
exercícios denominados psicomotores, que encerraria novamente o corpo dentro dos limites
estreitos do pedagogismo intelectual, sem levar em conta a pessoa e seu corpo. Corroborando
DAMASCENO, 1997, destaca que a aquisição de qualquer habilidade está por sua vez
fortemente relacionada com o propósito do ato, logo o ato motor não é um processo isolado,
pois sua significação emerge da totalidade da personalidade. Assim, o esquema corporal, ao
refletir o equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade, de um conjunto funcional
organizado, através da relação mútua organismo-meio. Para DAMASCENO (1992, p.6), “a
natação e a psicomotricidade estão inter-relacionadas e confundidas como aspectos
indissociáveis de uma mesma realidade”. Ambas contribuem para a qualidade de vida,
interação, sensibilidade exteroceptiva, interoceptiva e proprioceptiva na pessoa com autismo.
O PROJETO GIRASSOL
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instituição responsável pela formação de profissionais da educação e saúde tendo como foco a
pessoa com autismo. O Projeto Girassol é uma referência que precisa ser fortalecida e
ampliada nas ações da UNEB, da pesquisa, do ensino e da extensão socialmente
referenciados.
Por meio das práticas psicomotoras no meio líquido as crianças são levadas a
explorar seu próprio corpo e suas possibilidades de movimentação e deslocamento no meio
líquido é um eficaz instrumento para trabalhar com crianças com TEA na aprendizagem
organizada não se detendo apenas o fato da aprendizagem da natação, mas como uma
importante contribuição no processo da sua evolução e o desenvolvimento de sua
psicomotricidade. O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que integra o
movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições, a
imagem do nosso corpo e a palavra. Assim, torna-se importante estimular o desenvolvimento
psicomotor para que a criança conscientize-se de seus movimentos corporais que expressam
suas emoções e suas descobertas (BUENO, 1998). Por ser uma atividade física que ocorre no
meio aquático já proporciona a criança a organizar seu corpo no tempo e no espaço utilizando
todos os elementos psicomotores, construindo dessa forma seu esquema corporal
desenvolvendo uma boa evolução da motricidade, das percepções espaciais, lateralidade,
temporais, e da afetividade.
Contamos com a colaboração de 08 (oito) estagiários voluntários, sendo que 06
(seis) são estagiários do curso de Educação Física e 02 (dois) estagiários do curso de
Pedagogia UNEB. As atividades tornaram possíveis devido à parceria estabelecida com o
Exército Brasileiro, através da 1ª Cia. De infantaria-Paulo Afonso, que nos cedeu à piscina do
Clube da Vila Militar para que o projeto existisse. Por meio dessas parcerias conseguimos
realizar o projeto.
Foi elaborada uma rotina de acordo com as características individualidades, uma
vez, que pessoas com TEA seguem uma rotina em suas vidas diárias, mas as rotinas precisam
ser quebradas quando ocasionam atitudes prejudiciais. Ao mesmo tempo em que é importante
mantê-las, é também mudá-las, pois as mudanças fazem parte da vida cotidiana. As aulas de
natação\psicomotora são executadas com a duração de 50 minutos, em grupos que variam de
02 a 04 crianças, acontecem uma vez por semana no período matutino e vespertino com
ambos os sexos com faixa etária de 02 a 12 anos. A dinâmica inicial das aulas é caracterizada
pelo acolhimento com cada criança, depois é ensinado as adaptações ao meio líquido,
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molhando os pés, entrar e sair da piscina, aplicando regras e atividades da parte respiratória
com ênfase na concentração e calma.
Aos poucos as crianças passam a aceitar melhor os estímulos, por meio da
propriocepção mostrando-se capaz de explorar diferentes etapas no desenvolvimento da
educação psicomotora. São usados jogos dinâmicos com diversos materiais didáticos como
pranchas, bolas coloridas de vários tamanhos, tapetes, disquinhos coloridos, letrinhas e
numerais flutuantes, macarrão, pullboy, arcos, baldes, arcos. Ambientação ao meio líquido:
exercícios com letras alfabéticas, numeral – parada e com movimentos, Deslocamento-
Exercícios de procurar e guardar vários objetos como bolas. Recolher objetos flutuantes
como argolas materiais que afundam e estimulando a respiração, Exercícios de deslocamento
entre um estagiário para outro (deslize, braçada/pernada) de acordo com a capacidade de cada
pessoa. Exercícios de equilíbrio com o apoio do tapete e macarrão – estimulando as pernas.
Atravessar o arco sobre a superfície da água e submergindo e estimulado a respiração.
Exercícios de entrada na água. Exercícios de jogar e buscar com bolas grandes, pequenas,
mirar objetos, acertar o alvo.
METODOLOGIA
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RESULTADOS
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Carlos A. M. & THOMPSON, Rita. Imagem e Esquema corporal. São Paulo-
SP: Lovise, 2002.
ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. ROSA