Atlas de Energia Solar Do Estado Do Parana - Rev-01
Atlas de Energia Solar Do Estado Do Parana - Rev-01
Atlas de Energia Solar Do Estado Do Parana - Rev-01
do Estado do Paraná
Atlas de Energia Solar
do Estado do Paraná
Autores
Gerson Máximo Tiepolo
Enio Bueno Pereira
Jair Urbanetz Junior
Silvia Vitorino Pereira
André Rodrigues Gonçalves
Francisco José Lopes de Lima
Rodrigo Santos Costa
Alisson Rodrigues Alves
Realização
Universidade Tecnológica Federal do Paraná ‐ UTFPR
Ins tuto Nacional de Pesquisas Espaciais ‐ INPE
Parque Tecnológico Itaipu ‐ PTI
ITAIPU Binacional (Patrocinadora)
Equipe de trabalho:
Enio Bueno Pereira At65 Atlas de energia solar do Estado do Paraná / Gerson Máximo Tiepolo, Enio Bueno
Silvia Vitorino Pereira Pereira, Jair Urbanetz Junior, Silvia Vitorino Pereira, André Rodrigues Gonçalves,
André Rodrigues Gonçalves Francisco José Lopes de Lima, Rodrigo Santos Costa, Alisson Rodrigues Alves.
Francisco José Lopes de Lima -- Curitiba: INPE, 2017.
Rodrigo Santos Costa 107p.: il.
Jefferson Gonçalves de Souza
ISBN: 978-85-17-00091-1
Fernando Ramos Martins (*)
Marcelo Pizutti Pes 1. Energia 2. Energia Renovável 3. Energia Solar 4. Radiação Solar 5. Potencial
Rafael Carvalho Chagas Fotovoltaico. I. Tiepolo, Gerson Máximo; II. Pereira, Enio Bueno; III. Urbanetz Junior,
Venize Assunção Teixeira Jair; IV. Pereira, Silvia Vitorino; V. Gonçalves, André Rodrigues; VI. Lima, Francisco
José Lopes; VII. Costa, Rodrigo Santos; VIII. Alves, Alisson Rodrigues.
(*) Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista
CDU: R084.4:620.91(816.2)
ÍNDICE
TRIBUTAÇÃO SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA COMPENSADA 18 IRRADIAÇÃO E PRODUTIVIDADE NO PLANO INLCINADO NA LATITUDE 75
LISTA DE FIGURAS 91
MAPAS DE IRRADIAÇÃO E DE PRODUTIVIDADE 33
PRODUTIVIDADE ESTIMADA EM SFVCR 34 LISTA DE TABELAS 93
ESCALA ADOTADA 34
LEITURA DOS MAPAS 35 ANEXO A 94
MAPAS DE IRRADIAÇÃO 36
MAPAS DE IRRADIAÇÃO E PRODUTIVIDADE 44
APRESENTAÇÃO
A Itaipu Binacional, maior geradora de energia limpa e renovável investimentos que permitam a sua utilização. O conteúdo expõe
do planeta, vem se consolidando como vetor de propulsão do informações sobre a regulamentação acerca dos Sistemas
desenvolvimento regional sustentável, em observância a fatores Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFVCR), possibilitando
econômicos, sociais e ambientais. Ao mesmo passo, este papel também ao cidadão paranaense obter informações sobre esse
evidencia-se em razão das alianças estabelecidas com instituições tipo de aproveitamento energético no Estado.
que vislumbram que o caminho para este desenvolvimento passa No estudo, os pesquisadores utilizaram modelos para estimar a
por trabalhos cooperados e sinérgicos. quantidade de irradiação que chega ao solo, realizando análises
É neste contexto que agora é apresentado o Atlas de Energia comprobatórias dessas informações. O Atlas mostra dados em escala
Solar do Estado do Paraná, resultado de parcerias entre a estadual de quatro componentes de irradiação (difusa, global,
Assessoria de Energias Renováveis de Itaipu e do Parque inclinada e direta normal), validados com estações Sonda e INMET,
Tecnológico Itaipu (PTI), promotores de ambientes de inovação referências nacionais em monitoramento da irradiação solar.
favoráveis à geração de energia a partir de fontes renováveis na Em síntese, o Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
região, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a apresenta informações sobre energia solar de forma
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), regionalizada e espacializada, caracterizando-se como um rico
organismos referência na pesquisa territorial e energética. instrumento para estudos acadêmicos, teses de investimento e
Merece importante destaque nesse trabalho o Centro análises territoriais que impulsionam o debate e a adoção de
Internacional de Hidroinformática, um Centro de Categoria 2 do políticas públicas para a disseminação e o aumento da utilização
Programa Hidrológico Internacional da Unesco, ligado ao PTI, que da energia solar no Paraná.
atua diretamente na prospecção energética no território por
meio de técnicas e ferramentas de geoprocessamento. Foi este
Centro que conduziu, em parceria com UTFPR e INPE, a Luiz Fernando Leone Vianna
realização destes estudos. Diretor-Geral Brasileiro da Itaipu Binacional
Dispor de fontes seguras e confiáveis de energia sempre foi novas e sustentáveis maneiras de produzir energia, de forma
considerado um fator determinante no desenvolvimento de confiável e acessível, como estratégia para agregar valor e
países e regiões. Por sua própria natureza, o Paraná não se fortalecer a competitividade de seus produtos.
configura como uma exceção à essa premissa e a sua posição A elaboração deste Atlas é um dos importantes marcos
como principal estado produtor de energia no país explica em nessa trajetória. Pelo trabalho do Centro Internacional de
muito as referências que se fazem ao nosso estado quando se Hidroinformática - CIH, vinculado ao PTI, e com o apoio da
buscam exemplos de desenvolvimento. Superintendência de Energias Renováveis da Itaipu Binacional,
Muito dessa condição se deve à Itaipu, é evidente. Maior a proposta trazida pela Universidade Tecnológica Federal do
produtora de energia limpa e sustentável do mundo, a localização Paraná - UTFPR prosperou e, ainda com a participação do
de Itaipu no extremo oeste paranaense incorpora, desde a sua Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, tornou-se
construção, números impressionantes à produção paranaense. essa obra cujos resultados deverão trazer contribuição
Porém, muito além de sua missão de assegurar potência aos significativa à expansão da geração de energia por meio de
sistemas brasileiro e paraguaio, Itaipu tem-se constituído num sistemas fotovoltaicos.
efetivo instrumento de desenvolvimento dos territórios Sem dúvida, esse grande modelo de colaboração construído
adjacentes às margens da bacia sobre sua influência, apoiando por essas instituições, mostra-nos o quanto as parcerias nos
por meio de suas iniciativas o crescimento dessas regiões sob um permitem ir muito além dos nossos próprios limites.
enfoque abrangente e, principalmente, sustentável. A obra reúne uma série de mapas sobre a irradiação solar no
Apoio fundamental nesse sentido tem sido trazido pelo PTI, território paranaense, cuja utilização irá servir a diferentes
o Parque Tecnológico de Itaipu, que através dos seus centros propósitos, com ênfase na geração de energia elétrica por meio de
de pesquisa e desenvolvimento impulsiona e expande os sistemas fotovoltaicos, trazendo maior confiabilidade e precisão
limites do conhecimento em áreas cujo interesse de Itaipu e da no dimensionamento de projetos e nos investimentos.
sociedade se manifesta. Nossa expectativa é que sua utilidade se confirme e possa
Energias renováveis representam uma dessas novas fronteiras. apoiar o Paraná na sua exitosa trajetória de desenvolvimento. A
Influenciada principalmente pela expansão da produção agrícola, energia solar fotovoltaica é uma das modalidades que mais tem se
onde a região oeste tem liderado a mobilização em busca de desenvolvido no mundo, gerando novas oportunidades de
negócios, ampliando a oferta de trabalho e reduzindo a utilização As energias renováveis são a grande prioridade do Parque
de outras fontes não renováveis. Tecnológico Itaipu. Temos a intenção de transformar a região Oeste
E pelos dados demonstrados, mais uma vez o Paraná deve do Paraná em um grande polo internacional da cadeia produtiva
agradecer à sua generosa natureza, pois o sol nos brinda aqui com das energias renováveis. Nesse sentido, atualmente já atuamos
potencial superior a países ou regiões cuja utilização da energia com o biogás, lançamos agora o Atlas de Energia Solar do Estado do
solar tem se mostrado viável e com resultados muito expressivos. Paraná, e pretendemos incluir novas fontes para fortalecer esse
trabalho. Este material é mais um passo do nosso caminho em
direção a ser um grande vetor em tecnologias sustentáveis.
Paulo Afonso Schmidt
Os dados desse levantamento poderão ser acessados na Perceptivos à necessidade da sociedade paranaense quanto à
internet por qualquer cidadão e a intenção é que as informações perspectiva de utilizar energia solar como importante fonte
possam ser usadas em pesquisas e para o embasamento da geradora de energia, a Universidade Tecnológica Federal do
elaboração de políticas públicas de incentivo à ampliação do uso Paraná (UTFPR), instituição com mais de 100 anos de existência e
dessa fonte de energia renovável no Paraná. referência no estado em ensino, pesquisa e extensão, em parceria
com a Itaipu Binacional, Parque Tecnológico Itaipu e o Instituto 8
Nacional de Pesquisas Espaciais, referência internacional e que e Estudos de Recursos Renováveis de Energia do Centro de
atua na vanguarda da ciência e tecnologia espacial com grande Ciência do Sistema Terrestre (INPE/CCST/LABREN) com o apoio
expertise em modelamento, coleta e interpretação de dados da UTFPR/LABENS, atuando na validação e interpretação dos
espaciais diversos, propuseram uma parceria inédita para a dados, fazendo uso do modelo de transferência radiativa BRASIL-
realização de um trabalho desafiador: o de mapear, analisar e SR e das informações obtidas para o Estado do Paraná no âmbito
apresentar a distribuição da radiação solar e do potencial de do projeto do Atlas Brasileiro de Energia Solar - 2a edição.
geração de energia elétrica por meio de sistemas fotovoltaicos no Ao todo foram gerados neste Atlas 174 mapas sobre irradiação
Estado do Paraná. solar, agrupados e apresentados em 30 páginas.
A busca pelo equilíbrio entre os pilares social, econômico e de chuva em diversas regiões do país, a participação da fonte
ambiental, base para o desenvolvimento sustentável [1], tem sido o hidráulica na geração de energia elétrica tem diminuído
grande desafio para a sociedade atual. sucessivamente, enquanto houve um aumento significativo na
O acordo firmado em Paris em dezembro de 2015 durante a participação da fonte térmica a combustíveis fósseis na geração
Conferência do Clima (COP21) e confirmado em abril de 2016, de energia elétrica.
que rege medidas de redução dos gases causadores do efeito Quanto às renováveis não-hídricas, a que tem apresentado
estufa para diminuir o aquecimento global, contribui para o maior participação na matriz elétrica brasileira tem sido a
desenvolvimento da sociedade de forma sustentável, cujo alicerce biomassa, seguida da eólica, sendo a solar ainda pouco expressiva,
está pautado no “desenvolvimento que satisfaz as necessidades conforme apresentado na Figura 1.
do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras Apesar do crescimento de fontes renováveis não-hídricas na
em satisfazer suas próprias necessidades”. geração de energia elétrica, estas ainda têm sido insuficientes
O alcance destas medidas tem se tornado o grande desafio dos para compensar a menor participação que a fonte hídrica tem
governantes em como continuar a promover o desenvolvimento apresentado nos últimos anos na matriz elétrica brasileira.
da sociedade e, ao mesmo tempo, atender às premissas que Em relação à matriz elétrica global, a energia elétrica é
norteiam o desenvolvimento sustentável. predominantemente gerada através de combustíveis fósseis e
Nas próximas décadas estão previstos, de forma global, nuclear, com diminuição da sua participação nos últimos anos, e a
aumentos significativos da renda per capita [2], o que deve forte tendência de crescimento das fontes renováveis de energia.
influenciar em um maior consumo de fontes energéticas devido à A participação das fontes renováveis e das não renováveis na
melhoria da qualidade de vida e ao maior poder aquisitivo da matriz elétrica brasileira e global são apresentadas na Figura 2.
população, necessitando a sociedade de políticas públicas e A diminuição da geração de energia elétrica por fonte hídrica
estratégias de investimentos adequadas na área de energia, em no Brasil está associada principalmente à escassez de chuvas, o
destaque para a energia elétrica [3]. que ocasiona maior despacho das usinas térmicas movidas a
Historicamente, no Brasil a principal fonte geradora de combustíveis fósseis. Esta diminuição também está relacionada à
energia elétrica tem sido de origem hídrica. Entretanto nos dificuldade da expansão desta fonte na matriz elétrica brasileira
últimos anos, principalmente a partir de 2012, devido à escassez em virtude das pressões ambientais e sociais para a construção de
novas usinas, cujo potencial restante a ser explorado encontra-se de novas fontes de energia além das tradicionais. Fontes como
quase que exclusivamente na região Norte do Brasil. biomassa (principalmente a de cana-de-açúcar) e a eólica já possuem
participações importantes na matriz elétrica brasileira, com forte
tendência de crescimento e com potencial bastante grande ainda a
ser explorado.
A energia solar é uma forma de energia limpa e silenciosa poluição em suspensão). Isto faz com que, ao meio-dia solar
disponível em todo o planeta, sendo que o Brasil possui uma (momento em que o sol cruza o meridiano local), a irradiância
condição extremamente favorável, uma vez que apresenta valores incidente na superfície seja de aproximadamente 1.000 W/m² [21].
de irradiação elevados em todo o seu território [19] [20]. Pesquisas recentes mostram que a quantidade de energia solar
Inesgotável na escala de tempo terrestre, o aproveitamento da incidente na superfície terrestre corresponde a aproximadamente
energia solar é uma das mais importantes alternativas energéticas 54% da irradiância no topo da atmosfera, sendo 7% dessa irradiância
deste milênio, sendo o Sol responsável pela origem de, refletida pela superfície e 47% absorvida por ela. Os demais 46% são
praticamente, todas as outras fontes de energia [21]. O Sol fornece refletidos ou absorvidos pela própria atmosfera [21] [26]. Considerando
energia na forma de radiação e, em função da sua distância até a que o raio médio da Terra é de 6.371 km e que a irradiância no topo
Terra, apenas uma pequena parcela desta radiação solar atinge a da atmosfera é de 1.366 W/m² (Constante Solar), a potência total da
superfície do planeta [22] [23]. A intensidade da radiação solar fora da radiação solar que chega no topo da atmosfera é de
atmosfera terrestre depende da distância entre o Sol e a Terra, que aproximadamente 174.000 TW (Tera Watts), o que equivale dizer
varia, aproximadamente, entre 147 e 152 milhões de quilômetros, que perto de 94.000 TW chegam à superfície do planeta. Para se ter
com uma distância média de 150 milhões de quilômetros [24]. Como uma idéia do que isso representa, a projeção de consumo energético
consequência, a irradiância (potência instantânea da radiação global para 2040 é estimada em 238.000 TWh [27], sendo, portanto,
solar) oscila entre 1.325 W/m² e 1.412 W/m² [23], sendo o valor necessárias menos de 3 horas para fornecer toda a energia
médio desta irradiância definido como Constante Solar. O valor consumida no planeta ao longo do ano, o que demonstra o excelente
mais aceito atualmente para a Constante Solar é de 1.366 W/m² [25] potencial da energia solar existente.
e representa a irradiância solar média anual medida num plano A radiação solar que entra na atmosfera da Terra é constituída por
perpendicular à direção da propagação dos raios solares no topo da duas componentes: a radiação direta, que chega à superfície sem
atmosfera terrestre [21]. sofrer desvio em sua trajetória e que produz sombras nítidas, e a
Entretanto, este nível de irradiância não atinge a superfície da radiação difusa, que é proveniente de todas as direções devido ao
Terra, pois a atmosfera do planeta o reduz através da reflexão, espalhamento ocorrido na atmosfera para fora do feixe direto por
absorção (pelo ozônio, vapor de água, oxigênio e dióxido de carbono) moléculas, aerossóis e nuvens [21] [25]. Em dias totalmente nublados,
e dispersão (causada por moléculas de ar, partículas de poeira ou 100% da radiação que chega à superfície é difusa. Em dias de céu
claro sem nuvens, a radiação difusa ainda é da ordem de 20%, sendo tecnologias para conversão da energia térmica em elétrica, até na
o restante radiação direta [21]. Entretanto, caso a superfície analisada geração de energia elétrica por meio de sistemas fotovoltaicos
esteja inclinada em relação à horizontal, haverá uma terceira isolados (SFVI) ou conectados à rede elétrica (SFVCR).
componente refletida pelo ambiente de entorno (edificações, solo, A energia solar fotovoltaica é a energia gerada por meio da
vegetação, etc), onde o coeficiente de reflexão destas superfícies é conversão direta da luz do sol em eletricidade, através do efeito
denominado de Albedo. A representação básica das componentes da fotovoltaico, onde a célula fotovoltaica, dispositivo construído
radiação solar é mostrada na Figura 5. com material semicondutor, é a unidade básica do processo, com
sua aplicação extremamente difundida em todo o mundo
Figura 5. Representação das componentes da Radiação Solar. Figura 6. Configuração básica de um SFVCR tradicional.
17
De acordo com a ANEEL, as adesões ao modelo de geração consumidoras estejam localizadas em uma mesma
distribuída têm crescido expressivamente desde as primeiras propriedade ou em propriedades contíguas;
instalações, sendo que até 2016 haviam aproximadamente 6.000 – Geração compar lhada: caracterizada pela
unidades consumidoras com SFVCR no Brasil [31]. reunião de consumidores dentro da mesma área
Visando aperfeiçoar as regras relativas ao Sistema de de concessão ou permissão, por meio de
Compensação, a ANEEL, baseada em contribuições recebidas em consórcio ou cooperativa, composta por pessoa
audiências públicas para este fim, atualizou a REN 482/2012 física ou jurídica que possua unidade consumidora
gerando a REN 517/2012 e, em 2015, houve nova atualização com o com microgeração ou minigeração distribuída em
Neste capítulo é realizada uma descrição do modelo de (INPE) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O
Transferência Radiativa BRASIL-SR, utilizado para as modelo segue em constante aprimoramento pelo Laboratório de
estimativas do fluxo de radiação para o Estado do Paraná, além Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia do
da metodologia e da base de dados utilizada para a sua Centro de Ciência do Sistema Terrestre (LABREN/CCST/INPE) e
validação. São mostrados os resultados obtidos pela teve diversas melhorias implementadas em suas parametrizações,
comparação entre estimativas e medidas em superfície da como a metodologia para identificação de cobertura de nuvens,
irradiação solar, bem como a descrição dos diagramas e perfis atmosféricos, conteúdo de água precipitável [49], aerossóis
discussões sobre os erros médios. atmosféricos [50], dentre outras.
A cobertura de nuvens é considerada o principal fator de
modulação da transmitância atmosférica [49] e as demais
DESCRIÇÃO DO MODELO PARA ESTIMAR A IRRADIAÇÃO SOLAR propriedades óticas da atmosfera são parametrizadas a partir de
variáveis meteorológicas, em seus valores médios mensais, como
O modelo BRASIL-SR é um modelo físico para obtenção de temperatura do ar e umidade relativa. A visibilidade atmosférica e
estimativas da irradiação solar incidente na superfície, que o albedo de superfície também são dados de entrada, além dos
combina a utilização da aproximação de “dois-fluxos”. Adotado dados de relevo da região de interesse.
para solucionar, de forma rápida, a equação de transferência Os dados de temperatura do ar e de umidade relativa média
radiativa, este método se baseia na decomposição do campo de mensal foram gerados a partir dos valores médios diários
radiação em dois fluxos de radiação perpendiculares à superfície observados em estações meteorológicas distribuídas pelo
– um fluxo no sentido do topo da atmosfera e outro incidente na território brasileiro e operadas pelo Instituto Nacional de
superfície – e, assim, chegar à solução da equação de Meteorologia (INMET). Já a cobertura de nuvens (Ceff) é
transferência radiativa com o auxílio de parâmetros determinada a partir de análises estatísticas de imagens de
determinados de forma estatística a partir de imagens de satélite. satélite e permitem ao modelo inferir a transmitância em função
Inicialmente desenvolvido na Alemanha [48], foi adaptado para não só da presença da nebulosidade, mas também pela variação
as condições climáticas brasileiras por meio de convênio espacial da sua profundidade ótica [49] [50].
estabelecido entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Como a nebulosidade é considerada o principal fator de A parcela da radiação difusa é estimada considerando o efeito
transmitância atmosférica, o modelo assume que o fluxo de das múltiplas reflexões entre as diversas camadas atmosféricas e
radiação solar no topo da atmosfera está, linearmente, distribuído que o albedo de superfície é idêntico para a radiação difusa e
entre as duas condições extremas – céu claro e céu radiação direta. A transmitância atmosférica da componente
completamente encoberto por nuvens. É assumida, também, a direta da radiação solar é nula para a condição de céu
existência de uma relação linear entre a irradiância global na completamente encoberto. Para as demais condições de
superfície e o fluxo de radiação refletido no topo da atmosfera, nebulosidade, o valor da transmitância da componente direta é
conforme Equação 1: determinado utilizando a metodologia descrita em Sthulmann [48],
em que o valor de Ceff é utilizado para estimar a atenuação do
(3)
28
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 15b. Comparação, por meio
de gráficos de dispersão, entre as
estimativas do modelo BRASIL-SR
para o total diário de irradiação
global horizontal e valores
medidos em superfície para as
Mesorregiões do Paraná.
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Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 16a. Histogramas de
frequência e da probabilidade
cumulativa (linha contínua em azul),
entre as estimativas do modelo
BRASIL-SR para o total diário de
irradiação global horizontal e valores
medidos em superfície para as
Mesorregiões do Paraná.
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Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 16b. Histogramas de
frequência e da probabilidade
cumulativa (linha contínua em azul),
entre as estimativas do modelo
BRASIL-SR para o total diário de
irradiação global horizontal e valores
medidos em superfície para as
Mesorregiões do Paraná.
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Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 17. Comparação, através de gráficos de dispersão e
histograma, entre as estimativas do modelo BRASIL-SR
para o total diário de irradiação direta normal e valores
medidos em superfície para o Estado do Paraná.
32
MAPAS DE IRRADIAÇÃO E DE PRODUTIVIDADE
Para visualização da distribuição da radiação solar no Estado Sul) possibilitam estimar a irradiação em diferentes inclinações e
do Paraná foram elaborados: mapas anuais, mensais e sazonais de orientações para diversas aplicações da energia solar. Exemplos
irradiação global horizontal e no plano inclinado na latitude; desse ajuste são encontrados em projetos de coletores solares e
mapas anuais e sazonais de irradiação direta normal e difusa. sistemas fotovoltaicos isolados, cujas aplicações possuem inclinação
Estes mapas apresentam as seguintes informações: que privilegiam a máxima incidência solar durante o inverno. Da
– Global horizontal: irradiação incidente em uma mesma forma, em SFVCR, cuja orientação e/ou inclinação do painel
superfície no plano horizontal, constituída pela soma forem diferentes das consideradas ideais para se obter o máximo de
das irradiações direta e difusa; irradiação ao longo do ano em uma superfície fixa, característica
típica das instalações residenciais onde o SFVCR normalmente é
– Direta normal: irradiação incidente em uma superfície
aplicado sobre uma cobertura pré-existente.
perpendicular ao feixe da radiação direta, cuja
superfície deve estar acoplada a um dispositivo que A principal aplicação dos mapas de irradiação no plano inclinado
acompanhe o movimento do Sol, normalmente na latitude são projetos de SFVCR em que os painéis serão instalados
denominado de seguidor ou rastreador solar; nas condições ideais de geração de energia elétrica, ou seja:
instalados com orientação para o Norte geográfico (por estarem no
– Difusa: irradiação incidente em uma superfície no
hemisférico Sul), com inclinação igual à latitude do local e sem
plano horizontal excluindo-se a irradiação direta, com
sombreamento. Estas informações de irradiação estão prontas nos
o auxílio de um dispositivo de sombreamento;
mapas, sem a necessidade de ajustes. Especificamente nesses mapas,
– Inclinado na latitude: irradiação incidente em uma são também apresentados os valores estimados de produtividade.
superfície com inclinação igual à latitude do local,
Forma análoga ocorre para os mapas de irradiação direta normal,
orientada para o Norte geográfico, constituída pela
cujas informações são utilizadas, principalmente, em projetos
soma das irradiações direta, difusa e devido ao albedo.
heliotérmicos, também conhecidos como Concentrating Solar Power
Os mapas gerados fornecem informações importantes que (CSP). Nesses sistemas, cujo princípio de funcionamento baseia-se
podem ser utilizadas em diversas aplicações da radiação solar. em utilizar o acúmulo do calor proveniente dos raios solares,
A partir da irradiação global horizontal, determinados softwares normalmente espelhos são usados para refletir a luz solar e
(como o Radiasol da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do concentrá-la em um único ponto (receptor), fazendo com que grande
quantidade de calor seja acumulada. Este calor gerado pode ser internacionalmente na elaboração de mapas fotovoltaicos. Entretanto
usado para produzir eletricidade ou em processos industriais que cabe salientar que projetos de SFVCR dimensionados corretamente,
demandem altas temperaturas. utilizando equipamentos de boa qualidade e certificados, podem obter
Quanto aos mapas de irradiação difusa, esses não possuem uma taxas de desempenho com valores próximos a 80% e, em alguns casos,
aplicação específica de utilização. Porém, mostram, indiretamente, até superiores. Pesquisas recentes desenvolvidas na UTFPR, onde
regiões onde o índice de nebulosidade é maior e, portanto, possuem foram avaliados SFVCR instalados na região Metropolitana de
uma menor incidência de irradiação direta na superfície. Estas Curitiba, mostraram que projetos bem elaborados, com conectores de
informações são importantes, como exemplo, no desenvolvimento boa qualidade e inversores certificados de alta eficiência, instalados
em coberturas que se apresentam nas condições ótimas ou muito
VARIABILIDADE INTERANUAL
70
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 21b. Variabilidade interanual
dos valores médios diários sazonais da
irradiação global horizontal ao longo
dos anos de 2005 a 2015 para as
mesorregiões do Estado do Paraná em
kWh/m².dia.
71
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 22a. Análise de tendência
aplicada às médias anuais da
irradiação solar global horizontal
diária nas mesorregiões do
Estado do Paraná.
72
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 22b. Análise de tendência
aplicada às médias anuais da
irradiação solar global horizontal
diária nas mesorregiões do
Estado do Paraná.
73
ANÁLISE DOS MAPAS GERADOS
Através da observação dos mapas gerados com a distribuição de irradiação por mesorregião do estado, sendo que a maior
da irradiação solar em todo o território do Estado do Paraná, é média anual foi obtida na mesorregião Noroeste, com 1.802 kWh/
possível identificar particularidades importantes para cada tipo m².ano, enquanto a menor média foi encontrada na mesorregião
de irradiação analisada. O conhecimento dessas informações é Metropolitana de Curitiba, com 1.492 kWh/m².ano.
fundamental para o desenvolvimento de projetos em energia Quanto ao comportamento sazonal da irradiação global
solar, de acordo com o objetivo pretendido, seja na aplicação de horizontal no estado, observa-se os maiores valores diários
sistemas de aquecimento com coletor solar, ou na geração de médios durante o verão (5,88 kWh/m².dia) e primavera (5,10 kWh/
energia elétrica por meio de sistemas fotovoltaicos ou m².dia), sendo os menores apresentados durante o inverno (3,47
heliotérmicos. kWh/m².dia) e outono (4,25 kWh/m².dia).
Os mapas de irradiação global horizontal mostram que o Os mapas de irradiação direta normal mostram que o
Estado do Paraná apresenta uma média anual de 1.705 kWh/ Estado do Paraná apresenta como Média Anual o valor de
m².ano, sendo que o valor máximo de irradiação anual encontra-se 1.560 kWh/m².ano, sendo que o valor máximo de irradiação
nos municípios de Itaguajé e Santa Inês, com 1.938 kWh/m².ano, e encontra-se no município de Diamante do Norte, com 1.838
o valor mínimo encontra-se no município de Guaratuba, com kWh/m².ano, e o valor mínimo encontra-se no município de
1.365 kWh/m².ano, sendo estes os valores extremos encontrados Guaratuba, com 772 kWh/m².ano, sendo estes os valores
no estado. extremos encontrados no estado.
Considerada a área de cada um dos 399 municípios do Paraná, A maior média anual de irradiação incidente dentre os
a maior média de irradiação anual foi obtida nos municípios de 399 municípios foi obtida no município de Cafeara, com
Cafeara e Santa Inês, com 1.928 kWh/m².ano, enquanto a menor 1.819 kWh/m².ano, e a menor média foi também encontrada
média foi encontrada no município de Guaratuba, com 1.441 kWh/ no município de Guaratuba, com 918 kWh/m².ano.
m².ano. De forma análoga, foram determinados os valores médios
Quanto aos valores médios de irradiação por mesorregião sendo as menores médias apresentadas durante o
do estado, a maior média anual foi obtida na mesorregião inverno (1,32 kWh/m².dia) e outono (1,69 kWh/m².dia).
Noroeste, com 1.753 kWh/m².ano, e a menor média foi
encontrada na mesorregião Metropolitana de Curitiba com
1.105 kWh/m².ano.
IRRADIAÇÃO E PRODUTIVIDADE NO PLANO INLCINADO NA
Com relação ao comportamento sazonal da irradiação LATITUDE
direta normal, observam-se os maiores valores diários médios
durante o verão (4,74 kWh/m².dia) e outono (4,20 kWh/m².dia), Os mapas de irradiação e de produtividade no plano
76
POTENCIAL DE ENERGIA SOLAR
NO ESTADO DO PARANÁ
Nos últimos anos, muito tem sido discutido sobre o real Ao comparar as médias obtidas no Estado do Paraná com as
potencial de geração de energia elétrica por fonte solar obtidas nos principais países europeus, pôde-se verificar que a
fotovoltaica no Estado do Paraná. Pesquisas recentes média obtida no estado é 43,00% superior à da Alemanha;
demonstravam o grande potencial do estado, o que auxiliou a 2,22% superior à da Itália; 55,11% superior à do Reino Unido;
impulsionar a disseminação desta fonte renovável de energia 18,25% superior à da França e 8,14% inferior à da Espanha.
nos últimos anos. Na Tabela 2 são mostrados os valores de irradiação e de
Este potencial fica ainda mais evidente quando são produtividade média anual obtidos no Estado do Paraná e nos
realizadas comparações com regiões que são referência nesta países europeus analisados. Há também uma coluna
tecnologia, em especial a Europa que, nas últimas duas comparativa com a diferença percentual entre a média
décadas, vem apoiando intensamente pesquisas e o apresentada no Paraná e a média obtida em cada país.
desenvolvimento desta tecnologia mediante políticas públicas. Apenas seis países europeus, dos 33 analisados nesse
Dentre os 10 países com maior capacidade instalada em levantamento, têm média acima do Estado do Paraná, ou seja, a
2016, cinco são europeus: Alemanha, Itália, Reino Unido, média do estado é superior à de 27 países, inclusive aqueles
França e Espanha. Juntos, esses países representam, onde o uso das tecnologias de aproveitamento da energia solar
aproximadamente, 28% da capacidade instalada global em é bastante difundido, o que confirma o grande potencial
sistemas fotovoltaicos [28] [29]. fotovoltaico existente no território paranaense.
Para comparação dos dados de irradiação e de
produtividade estimada anual do Estado do Paraná com os da
Europa, foram utilizados os valores da irradiação e de
produtividade média anual, estimados para SFVCR de 1 kWp
de potência, com inclinação igual à latitude do local, orientado
para a linha do equador, sem sombreamento, e com taxa de
desempenho de 75%. Os mapas elaborados com estas
premissas para o Paraná e para a Europa utilizam a mesma
escala de valores e de cores e são apresentados na Figura 24.
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 24. Mapas de Irradiação e de Produtividade para o Estado do Paraná e para a Europa - Valores Anuais [61] [62].
79
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Tabela 2. Valores de irradiação
e de produtividade estimada
média anual no plano inclinado
na latitude, para uma taxa de
desempenho de 75%,
encontrados no Paraná e nos
países da Europa [63].
80
SISTEMA ELÉTRICO E DISTRIBUIÇÃO DA IRRADIAÇÃO
Uma possibilidade bastante interessante surgida no inserção em massa de SFVCR no Paraná. Fluxos de potência em
desenvolvimento deste projeto foi a de aliar a visão do sistema condições diferentes dos usuais ocorrerão, fazendo com que
elétrico paranaense à distribuição da irradiação solar no plano novas análises sejam necessárias, visto ser uma fonte
inclinado na latitude, irradiação esta utilizada em projetos de intermitente de energia.
SFVCR, conforme já discutido ao longo deste Atlas. Essa A disseminação da fonte de energia solar fará com que novas
visualização simultânea viabiliza a percepção de duas oportunidades de negócios ocorram em todo o estado, gerando
importantes informações: a infraestrutura física do sistema mais empregos e renda para a população e, por conseguinte,
elétrico existente e os valores desse tipo de irradiação nas maior arrecadação para municípios e para o próprio estado.
diversas regiões do estado.
Com isto, podem ser observadas em um mesmo mapa, as
unidades geradoras das várias fontes de energia, linhas de
transmissão, subestações existentes e a irradiação e
produtividade de SFVCR em cada local do estado. Essas
informações são apresentadas na Figura 25.
Tanto o poder público como o privado poderão avaliar quais
são os lugares com maior probabilidade de disseminação da
tecnologia fotovoltaica em função da população, do PIB gerado,
dos níveis de irradiação e da rapidez de conexão dos sistemas à
rede elétrica existente nas diversas áreas do estado.
A visão compartilhada dessas duas informações, infraestrutura
elétrica e distribuição da irradiação, possibilita ao poder público e
às concessionárias de energia locais antever, por exemplo, onde
maiores investimentos serão necessários de forma a atender ao
despacho desta nova energia gerada, seja na forma de geração
distribuída ou por meio de grandes usinas, aliadas à visão da
Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná
Figura 25. Mapa com a representação do sistema elétrico e da irradiação no plano inclinado na latitude no Estado do Paraná [36][46].
82
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo das últimas décadas grandes discussões em relação Durante muitos anos, a utilização da energia solar no Brasil foi,
ao meio ambiente e sobre a preservação dos recursos naturais em sua maior parte, para aquecimento de água em residências e
têm ocorrido e, atualmente, existe um consenso quanto a aplicações em sistemas fotovoltaicos isolados, voltados
"satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a basicamente a atender estações de telecomunicações instalados
capacidade das gerações futuras em satisfazer suas próprias em locais remotos.
necessidades". Foi o lançamento da Resolução 482/2012 na ANEEL, que
Diante disto, a sociedade tem trabalhado na busca por fontes permite e regulamenta a conexão de micro e mini geradores de
renováveis de energia, com os menores impactos possíveis ao energia elétrica à rede de distribuição, que impulsionou esta fonte
meio ambiente de forma a alicerçar o seu desenvolvimento, de energia renovável, através de SFVCR. Com isso milhares de
dentre elas a solar. sistemas já foram instalados no Brasil, sendo aproximandamente
Esta fonte se apresenta como uma energia limpa e renovável, 10% deles no Paraná, os quais necessitam de informações
capaz de gerar energia na forma de calor para aquecimento de precisas e atualizadas sobre as estimativas da radiação solar em
casas e em processos industriais ou, ainda, gerar eletricidade superfície para o desenvolvimento destes projetos.
através de sistemas fotovoltaicos ou heliotérmicos. O levantamento de dados de radiação solar por meio de
As primeiras pesquisas sobre energia solar no Brasil remontam à modelos estatísticos ou físicos utiliza metodologias distintas.
década de 50, se intensificando na década de 70 em função da crise Modelos físicos parametrizam processos e buscam resolver as
do petróleo, quando o governo brasileiro forneceu vários incentivos equações que definem a passagem e interação da radiação solar
para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia. Neste com a atmosfera.
período, houve importantes avanços nesta área, que culminaram Os modelos estatísticos buscam uma relação entre a radiação
com a instalação de 20 estações da Rede Solarimétrica Nacional que solar medida em solo através de radiômetros e a obtida por
passaram a operar em 1977. O Estado do Paraná teve duas destas modelos físicos ou dados de satélites. A partir daí, derivam uma
estações implantadas em seu território, uma em Curitiba e outra em relação empírica que permite obter valores da radiação incidente
Foz do Iguaçu [20], o que já demonstrava o interesse técnico-científico para a região de estudo. Deve-se ressaltar que a metodologia
por esta fonte e a necessidade em se determinar os índices de estatística tem os resultados válidos apenas para a região de
radiação solar em superfície também no estado. estudo onde foi realizado o ajuste, enquanto nos modelos físicos
essa dependência não existe e tem representatividade espacial As informações apresentadas por esta publicação mostram
abrangente. Dessa forma, o melhor desempenho provém da os valores elevados de irradiação encontrados no Paraná, com
combinação dos métodos, onde dados radiométricos medidos destaque para a mesorregião Noroeste, que apresentou a maior
em superfície são necessários para o pós-processamento dos média anual e menor variabilidade da irradiação global
resultados dos modelos visando a eliminação de desvios horizontal, e também a maior média anual no plano inclinado na
sistemáticos e para estimativa das incertezas. latitude do estado.
Este Atlas empregou um modelo físico por sensoriamento Os valores de irradiação encontrados em toda a região Norte e
remoto (BRASIL-SR) e, por conseguinte, os dados gerados em direção ao Oeste do estado fazem com que a média de todo o
85
AGRADECIMENTOS
2. GLENN, J.C.; GORDON, T.J.; FLORESCU, E. “Futures studies 8. MME, Ministério de Minas e Energias. “Balanço Energético
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9. MME, Ministério de Minas e Energias. “Balanço Energético Nacional
3. TIEPOLO, G.; CANCIGLIERI, O. “Fontes renováveis de energia - 2016: Ano base 2015 - Relatório Síntese”, 2016. Disponível em
tendências e perspectivas para o planejamento energético <https://ben.epe.gov.br/downloads/
emergente no Brasil”, Revista SODEBRAS, Volume 7, nº 77, Edição S%c3%adntese%20do%20Relat%c3%b3rio%20Final_2016_Web.pdf
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4. MME, Ministério de Minas e Energias. “Balanço Energético 10. REN21, “Renewable 2011 – Global Status Report”, 2011.
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11. REN21, “Renewable 2012 – Global Status Report”, 2012.
5. MME, Ministério de Minas e Energias. “Balanço Energético Disponível em <http://www.ren21.net/Portals/0/documents/
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12. REN21, “Renewable 2013 – Global Status Report”, 2013.
6. MME, Ministério de Minas e Energias. “Balanço Energético Disponível em <http://www.ren21.net/Portals/0/documents/
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Acesso em março 2016.
13. REN21, “Renewable 2014 – Global Status Report”, 2014.
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15. REN21, “Renewable 2016 – Global Status Report”, 2016. Disponível installers, architects, and engineers”, Deutsche Gesellschaft fur
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Acesso em março 2017. 2.pdf.> Acesso em março 2017.
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versão 4.0. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <ftp:// Nacional 2016: Ano base 2015”, 2016. Disponível em <https://
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37. MALHA municipal digital do Brasil: situação em 2010. Rio de 46. ONS - OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO.
Janeiro, 2013. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/ "Mapas Geoelétricos, Rede de Operação - Horizonte 2015".
organizacao_do_territorio/malhas_territoriais/malhas_municipais/ Disponível em: <http://www.ons.org.br/conheca_sistema/
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38. CENSO DEMOGRÁFICO 2010. "Características da população e 47. MORAES, L. C. L.; GAIO, J. N.; TIEPOLO, G.; URBANETZ Jr, J.;
dos domicílios: resultados do universo". Rio de Janeiro: IBGE, PEREIRA, E. B.; PEREIRA, S. V.; ALVES, A. R. “Contribuição da
2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ Fonte Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica do Estado do Paraná
populacao/censo2010/resultados_dou/PR2010.pdf>. Acesso em no Horizonte 2050”, CIEI&EXPO 2016 – Smart Energy,
novembro 2015. Conferência Internacional de Energias Inteligentes. Curitiba,
novembro, 2016.
89
48. STUHLMANN, R.; RIELAND, M.; RASCHKE, E. "An improvement of 1945, 245-259.
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surface from satellite data". J. Appl. Meteor. 29, 1990. 59. KENDALL, M. G. "Rank correlation methods". 4 ed. London, 1948:
Charles Griffin.
49. MARTINS, F. R.; PEREIRA, E. B.; STUHLMANN, R. "Parameterization
of biomass burning aerosolsin the BRAZIL-SR radiative transfer 60. IPCC – Intergovernmental Panel in Climate Change. "Climate
model". In: EGS-AGU-EUG Joint Assembly. 2003. Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability", 2014.
Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report
50. COSTA, R. S.; MARTINS, F. R.; PEREIRA, E. B. "Aerossóis of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Edited by C. B.
atmosféricos e a quantificação do recurso energético solar: Field et al. Cambridge/New York, Cambridge University Press/
Figura 18.
Escala representando os diferentes níveis de irradiação e de
Figura 19.
Forma de apresentação e leitura dos mapas de irradiação e produtividade
(no plano inclinado na latitude) 34
Figura 20.
Variabilidade interanual da média diária de irradiação global horizontal
ao longo dos anos de 2005 a 2015 para cada uma das mesorregiões do
Estado do Paraná em kWh/m².dia 67
Figura 21a.
Variabilidade interanual dos valores médios diários sazonais da
irradiação global horizontal ao longo dos anos de 2005 a 2015 para as
mesorregiões do Estado do Paraná em kWh/m².dia 69
Figura 21b.
Variabilidade interanual dos valores médios diários sazonais da
irradiação global horizontal ao longo dos anos de 2005 a 2015 para as
mesorregiões do Estado do Paraná em kWh/m².dia 70
Figura 22a.
Análise de tendência aplicada às médias anuais da irradiação solar global
horizontal diária nas mesorregiões do Estado do Paraná 71
Figura 22b.
Análise de tendência aplicada às médias anuais da irradiação solar global
horizontal diária nas mesorregiões do Estado do Paraná 72
Figura 23.
Potencial anual médio de energia solar no Estado do Paraná e nas
mesorregiões 76
92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Média anual de irradiação e produtividade por mesorregião, com a
identificação dos municípios com as maiores e menores médias 75
Tabela 2.
Valores de irradiação e de produtividade estimada média anual no plano
inclinado na latitude, para uma taxa de desempenho de 75%, encontrados
no Paraná e nos países da Europa 79
ANEXO A
1. Curitiba 32. Barbosa Ferraz 63. Campo Mourão 94. Cruzeiro do Sul
2. Abatiá 33. Barra do Jacaré 64. Cândido de Abreu 95. Cruzmaltina
3. Adrianópolis 34. Barracão 65. Candói 96. Curiúva
4. Agudos do Sul 35. Bela Vista da Caroba 66. Cantagalo 97. Diamante d'Oeste
5. Almirante Tamandaré 36. Bela Vista do Paraíso 67. Capanema 98. Diamante do Norte