Ebook Etnopsicologia e Saude
Ebook Etnopsicologia e Saude
Ebook Etnopsicologia e Saude
Etnopsicologia e Saúde 2
GT Etnopsicologia da ANPEPP
Coordenador: Prof. Dr. Fabio Scorsolini-Comin
(Universidade de São Paulo)
Vice-coordenadora: Profa. Dra. Eliane Domingues
(Universidade Estadual de Maringá)
Membros
Profa. Dra. Alice Costa Macedo
(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)
Profa. Dra. Eliane Domingues
(Universidade Estadual de Maringá)
Prof. Dr. Fabio Scorsolini-Comin
(Universidade de São Paulo)
Prof. Dr. Gabriel Inticher Binkowski
(Universidade de São Paulo)
Prof. Dr. James Ferreira Moura Junior
(Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)
Prof. Dr. José Francisco Miguel Henriques Bairrão
(Universidade de São Paulo)
Profa. Dra. Lana Claudia de Souza Fonseca
(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Prof. Dr. Marcelo Gustavo Aguilar Calegare
(Universidade Federal do Amazonas)
Prof. Dr. Maurício da Silva Neubern
(Universidade de Brasília)
Profa. Dra. Reimi Solange Chagas
(Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Prof. Dr. Rodrigo Ribeiro Frias
(Universidade de São Paulo)
Profa. Dra. Ronilda Iyakemi Ribeiro
(Universidade de São Paulo e Universidade Paulista)
Profa. Dra. Sonia Grubits
(Universidade Dom Bosco)
Etnopsicologia e Saúde 3
Fabio Scorsolini-Comin
José Francisco Miguel Henriques Bairrão
(Organizadores)
ETNOPSICOLOGIA E SAÚDE
Etnopsicologia e Saúde 4
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida,
transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos das autoras e dos
autores.
Etnopsicologia e Saúde. São Carlos: Pedro & João Editores, 2023. 250p. 16 x
23 cm.
DOI: 10.51795/9786526504376
CDD – 150
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - CONTRIBUIÇÕES DA 15
ETNOPSICOLOGIA PARA O CAMPO DA SAÚDE
Eliane Domingues
Gabriel Inticher Binkowski
Fabio Scorsolini-Comin
José Francisco Miguel Henriques Bairrão
Referências
CAPÍTULO 1
Eliane Domingues
Gabriel Inticher Binkowski
Apresentação
Introdução
Cabe, aqui, salientar que essas obras são compostas por artigos
publicados ao longo de várias décadas em periódicos e livros de
diferentes disciplinas, o que explica também a volatilidade
denominativa. Em seguida, podemos considerar que é o próprio
intercruzamento predominante entre a psicanálise e a antropologia
que faz o fio de Ariadne através do qual torna-se possível se
orientar no pensamento de Devereux.
Em Laplantine (1998), encontramos que a etnopsiquiatria é “o
estudo das relações entre as condutas psicopatológicas e as culturas
nas quais se inserem. Mais exatamente, é uma pesquisa
pluridisciplinar e a prática terapêutica nela fundamentada, que se
esforça por compreender a dimensão cultural das perturbações
mentais e a dimensão psiquiátrica das culturas [...]”. Um estudo de
Devereux que se enquadra neste sentido é o livro Ethnopsichiatrie
des indiens Mohaves (1961), que sistematiza as teorias e práticas
psiquiátricas dos indígenas Mohave (Bloch, 2012). Um outro estudo
é Psychothérapie d’un indien des plaines (1951), em que Devereux
apresenta “[...] a primeira teoria e o primeiro exemplo concreto da
utilização dos mecanismos culturais em psicoterapia” (Menniger,
citado por Devereux 1951/2013).
No livro Psychothérapie d’un indien des plaines4, encontramos a
transcrição de 30 sessões de análise de um indígena da etnia
Blackfoot, ex-combatente pelo exército americano na Segunda
Guerra Mundial. Na época da análise, ele se encontrava internado
em um hospital para veteranos de guerra, em Topeka, nos Estados
Unidos. O indígena, chamado por Devereux de Jimmy,
apresentava queixas de crises de ansiedade, pesadelos, fobias (de
altura e água), dores de cabeça e alcoolismo.
Devereux, que ainda se encontrava em formação em
psicanálise, inicialmente foi convidado a elaborar um parecer
antropológico sobre o caso, mas o que ele fez, fundamentado na
psicanálise freudiana, constituiu-se como sessões de análise diárias
4 O livro foi adaptado para o cinema em 2013 por Arnaud Desplechin, com o título
Jimmy P. Na versão brasileira, o filme foi traduzido como Terapia intensiva.
Etnopsicologia e Saúde 21
Etnocentrismo e descentramento
o parto deitada. Essa paciente, ela, nossa, ficou louca! Só que eles
entenderam que ela queria jogar o bebê no lixo, não queria o bebê.
[...] Mas ela muito tranquila, falou “eles não entenderam, agora que
eu entendi que aquilo que eu pedia que era o cesto, era o lixo, só que
eu não queria jogar o meu bebe no lixo”. [...] Então isso é uma
dificuldade, você tem que conhecer a cultura das suas pacientes [...]”
(Castro, Oliveira, & Custódio, 2015).
Contratransferência
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 2
Apresentação
Individualidade e continuidade
daquele monte de homens ... mas depois até achei graça e comecei a desfilar,
toda faceira!
Ethos e coletividade
Foi assim que Jeane, 39 anos, com uma doença autoimune sem
diagnóstico preciso, relatou ter presenciado a si mesma e seu
mentor espiritual como filha e pai, em uma época antiga da Índia.
Ele sempre se apresentava para ela como um homem ocidental,
cabelos grisalhos e olhos azuis, portando um turbante, o que ela
não compreendia. Até que ele a levou, durante um transe em
terapia, a algumas cenas da Índia, na qual ela se recusava a ser
esposa de um pretendente escolhido por seu pai e cometia o
suicídio, atirando-se de um penhasco. Suas dores pelo corpo,
inexplicáveis aos médicos, viriam de um perispírito ferido por conta
desse evento. Isso pareceu fazer muito sentido para ela, tanto sobre
o turbante de seu mentor, como por conta das origens de suas dores
e o terrível casamento em que se encontrava.
Considerações finais
lilás, vermelho, amarelo, rosa e azul ... tudo meio dourado ... impossível de
serem descritas ... eu e meu pai tocávamos piano na varanda. Schubert ... e
eu chorava porque chegava a hora de voltar. Meu pai me dizia que tinha que
vir, mas que aquela era nossa casa e que, se cumprisse meus compromissos
aqui na Terra, em breve estaríamos juntos de novo. Eu chorava muito, mas
entendia. Ali não sentia nenhuma dor ... era tudo muito prazeroso.
Referências
CAPÍTULO 3
ESCUTA É PERFUME:
POR UMA CLÍNICA ETNOPSICOLÓGICA
Fabio Scorsolini-Comin
Apresentação
Introdução
o outro diz e pelo modo que diz. Um bom ouvinte, nesse sentido,
seria, em potencial, um bom psicoterapeuta. Também falamos
muito da presença, da capacidade de estar com o outro, de ser com
o outro no espaço do encontro. Isso nos fala da capacidade de
emprestarmos nosso corpo à escuta do outro e à representação por
parte do outro. Mas na Psicologia esse corpo também não é
explorado em toda a sua potência, haja vista a dificuldade que
encontramos, muitas vezes, de incluir a experiência do toque, o que
é retomado por muitas tradições e abordagens que são mais
porosas ao corpo e à presença.
Mas, aqui, não recupero esse corpo que toca, essa presença que
acompanha, nem mesmo essa escuta atenta – o que, em absoluto,
coloca esses sentidos em uma posição de subalternidade. Busco
recuperar o cheiro, o perfume e o aroma que também nos dizem
muito ao estarmos diante do outro. Em uma clínica composta
dentro de um terreiro de umbanda, como narrarei neste capítulo,
talvez esse sentido possa emergir de modo bastante natural: o
terreiro possui um cheiro, os rituais possuem um cheiro, tudo o que
se usa ritualmente na umbanda possui cor, textura, gosto e... cheiro!
É por essa razão que, retomando a comparação com o perfume,
também compreendo que a escuta que podemos promover na
Etnopsicologia é como um cheiro. Escutar é também estar atento e
aberto aos aromas que compõem territórios e experiências, de
modo que não podemos pensar em uma clínica etnopsicológica que
não esteja aberta e interessada em uma escuta por todos os seus
poros sensoriais. É um pouco dessa experiência que pretendo
compartilhar a seguir.
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 4
Apresentação
Introdução
A escuta do terreiro
O terreiro de Oxalá
Tira essas ferradura da pata [tira os sapatos dos pés]... bota as pata
[os pés] onde tem terra… abre os trapo [as roupas] e fica pelado…
deixa esvaziar… a natureza tem muito segredo ainda…. Esse não
presta [mostra o chão de cimento do terreiro pintado de verde
imitando a grama]… a terra é que puxa, descarrega as energia, as
coisa ruim…
1Orixá associado à doença e à saúde; deus da varíola, das pestes, é o médico dos
orixás. Rege a linha das almas, a linha da calunga (cemitério). Obaluaê é o jovem
guerreiro (ligado à cura), enquanto Omolu é o velho sábio feiticeiro e também
curandeiro.
Etnopsicologia e Saúde 89
4 Os espíritos da umbanda.
Etnopsicologia e Saúde 92
bater três vezes no ponto de Iemanjá. Dizer isso significa que São
Jerônimo assume um lugar de destaque nesta Casa de Umbanda.
Os três pilares da direita umbandista estão representados no
altar: pretos-velhos, caboclos e crianças. O congá do terreiro de
Oxalá possui inúmeras imagens de pretos-velhos de diferentes
tamanhos. Além disso, a presença de determinados santos
(elencados a seguir) remete à importância dessas entidades:
Nossa Senhora de Fátima: o dia que marcou a aparição desta
santa na Europa a três crianças pastoras é o mesmo dia de
celebração da abolição dos escravos no Brasil (13 de maio) e o
mesmo dia em que a umbanda homenageia seus pretos-velhos.
São Benedito: o santo negro, de origem africana, que carrega o
mesmo nome do preto-velho do pai de santo, Pai Benedito do
Cruzeiro das Almas.
A marca do caboclo se apresenta por meio da Jurema e do
Ogum da Mata: duas imagens de índios presentes no congá
representando os caboclos da umbanda. Os erês estão presentes
por meio da imagem dos gêmeos Cosme e Damião: representantes
das crianças da umbanda.
A pomba branca: no centro do congá, representa uma imagem
ambígua, associada tanto ao espírito santo quanto à pomba Juriti,
cujo canto traz maus presságios. No ritual de abertura das giras, há
um ponto cantado de saudação à Juriti6, que exalta o significante da
“virada” associado aos exus da umbanda. A música enaltece o
cantar de mau presságio na virada da noite para o dia (o horário de
meia-noite remete aos exus).
Na parede em frente ao congá (do outro lado do salão),
encontra-se a tronqueira do terreiro: trata-se de um buraco na
parede que é fechado por uma portinhola de metal com cadeado.
A tronqueira é o local onde se faz o assentamento dos exus, já que
eles não ficam no altar junto com as outras entidades. É um local
interpretado como defesa e firmeza do terreiro, onde se oferecem
cigarros e bebidas aos exus e pombagiras.
6 “Ai, ai, como é bonito ver, da meia-noite pro dia, o cantar da Juriti”.
Etnopsicologia e Saúde 94
7 O preto velho de Toninho é o Pai Benedito do Cruzeiro das Almas, entidade que
trabalha na linha dos cemitérios e da cura, ou seja, do orixá Omolu (em sua versão
mais idosa) e Obaluaê (sua versão mais jovem).
Etnopsicologia e Saúde 99
direita, faz uma oração em silêncio e depois bate palma três vezes.
Ele diz que bate palma porque as palmas despertam o velho Omolu.
As pipocas que estouram na panela podem ser associadas às
pústulas de Obaluaê, as feridas, assim como os espinhos sobre a
casca do abacaxi. A tampa é a coroa do Rei (Obá) da varíola. No
interior da fruta (da pele, da terra), é onde o trabalho deve ser feito.
Enterra-se o nome do enfermo no abacaxi, sob a pipoca e o mel. O
mel tem a mesma coloração do azeite, também reluz e clareia. A
doçura simbólica já está no mel (a bondade e a comiseração de
Omolu): os “ingredientes” já são significantes, pois trazem, em si
mesmos, interpretações acontecendo em ato. Ao mesmo tempo, o
mel adoça pouco a pouco o azedo do abacaxi. Omolu está associado
à dor do corte e da queimadura: as cirurgias dos enfermos
acamados, o corte do bisturi na superfície, as vísceras no interior
do corpo, a cura, as queimaduras na pele. Trata-se de objetos e, ao
mesmo tempo, são versos de uma oração (a Obaluaê ou a São
Lázaro). Dor, doença, profundidade, corte, doçura, pureza,
limpeza e cura podem ser palavras vazias se não estiverem
associadas aos objetos anteriores. Um transmuta-se no outro,
compõem as mesmas frases, as mesmas orações.
Os trabalhos para o amor podem esclarecer esta questão. Certa
vez, Pai Benedito atendeu uma moça que gostaria de reconquistar
seu marido, pois o casamento estava caminhando para o divórcio.
Ela tinha que fazer uma farofa de milho e colocar em um alguidar.
Farofa de milho é ofertada aos exus, espíritos associados à sedução,
à sensualidade, ao desejo e, no caso da pombagira, ao poder
feminino em sua plenitude. Portanto, em um trabalho, a farofa de
milho presentifica não só o espírito para quem se oferece a comida,
mas seus atributos espirituais. Em torno do alguidar, a moça
deveria acender velas brancas. Dentro do alguidar, deveriam ser
colocados dois bonecos de pano branco amarrados por uma fita
branca. A “amarração” é simbólica, mas é também incarnada nos
dois representantes do casal na cena. Ao confeccionar o boneco, a
mulher deve, antes de costurá-los, colocar o nome dele dentro da
boneca e o nome dela dentro do boneco.
Etnopsicologia e Saúde 100
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 5
Apresentação
Introdução
No âmbito do Hermetismo
Cristão, o austríaco Rudolf
Steiner (1861-1925), que fora
presidente da Sociedade
Teosófica da Alemanha por dez
anos (1902-1912), ao se tornar
dissidente fundou a
Antroposofia, ou Ciência
Espiritual. Baseado em
minuciosos estudos sobre a
natureza e o desenvolvimento
This Photo by Unknown Author humanos, Steiner descreveu o
is licensed under CC BY-NC- homem como cidadão de dois
ND
mundos – um material e outro
sutil - e discorreu, pormenorizadamente, sobre a noção de pessoa,
de temperamento humano e saúde, relacionando o temperamento
aos quatro elementos da natureza.
Steiner postulou que embora possamos perceber somente o
corpo biológico de uma pessoa, isto não significa que o ser humano
seja redutível a essa condição material. Postulou que a entidade
humana é tetramembrada, integrada por corpo físico; corpo etérico,
“corpo do sistema glandular”, corpo das forças plasmadoras,
construtor do corpo físico; corpo astral, “corpo do sistema nervoso”,
portador do prazer e do sofrimento, da alegria e da dor, dos
instintos, impulsos, paixões, desejos e tudo o que nos comove e
membro portador do eu.
A entidade humana compartilha com o meio material sua
condição de possuir corpo físico; compartilha com as plantas sua
condição de possuir corpo etérico e compartilha com os animais sua
condição de possuir corpo astral. Seu quarto membro, o portador
do eu, é exclusividade humana, que nos capacita a dizer “eu” e
chegar à independência. O verdadeiro portador do eu é o sangue;
a expressão física do corpo astral é, entre outras, o sistema nervoso;
a expressão física do corpo etérico é, entre outras, o sistema
glandular e a expressão do corpo físico são os órgãos sensoriais.
Etnopsicologia e Saúde 122
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 6
Apresentação
Introdução
1 A respeito do povo iorubá consultar Castro (1967, 1983), Ribeiro (1996), Sàlámì
(1999), Jegede (2002, 2005), Ekeopara e Ogbonnaya (2014), Ọsanyìnbí e Falana
(2016), Mafimisebi e Oguntade (2010), K. Abímbólá (2007), Falola e Akínyẹmí
(2016), Paul (2018) e Frias (2019, 2020).
Etnopsicologia e Saúde 135
Diaz e Ribeiro (2004), Amaral e Silva (2006, 2008) Ribeiro (2004, 2011, 2016), Silva
(2007), Frias e Ribeiro (2015), Frias (2016, 2019), Montero (2016) e Silva Jr (2017).
Etnopsicologia e Saúde 137
8Tratam da noção iorubá de Ser Supremo: W. Abímbólá (1975a, 1975b, 1976, 1977,
1997), W. Abímbólá (Ed., 1975), J. O. Awolalu (1979), J. O. Awolalu e P. A. Dopamu
(1979), T. F. Jemiriye e A. Awosusi (2007), J. S. Mbiti (1990), J. K. Olupona (1993),
Ribeiro (1996) e Sàlámì e Ribeiro (2015).
Etnopsicologia e Saúde 139
10 Sobre a Medicina Tradicional Iorubá ver: Paul (2018), Borokini e Lawal (2014) e
K. Abímbólá (2001, 2013).
11 Ver também: Ovuga e outros (1999), Mpofu (2002), Moll (2002), Ayorinde e
outros (2004), Kapungwe e outros (2010), Juma (2011), Gesinde e Sanu (2013),
Pheko e outros (2013), Monteiro e Balogun (2014a, 2014b), Twesigye (2014),
Idemudia (2015), Madu (2015), C. O. Jegede (2016), Akomolafe (2010, 2013);
Idemudia (2015).
Etnopsicologia e Saúde 146
12Ver K. Abímbólá (2013), Awojoodu e Baran (2009), Taye (2009), Ogundele (2007)
e Makinde (1988).
13A respeito das relações entre os sistemas tradicional e ocidental de cura ver: Paul
14O tema Medicina Tradicional Iorubá tem sido tratado também por C. O. Jegede
(2016), A. S. Jegede (2009), Borokini e Lawal (2014), K. Abímbólá (2007, 2013),
Ogundele (2007), Makinde (1988) e Awolalu (1979).
Etnopsicologia e Saúde 149
15Ainda sobre Medicina Tradicional Iorubá ver: Paul (2018), Adefolaju (2014),
Borokini e Lawal (2014), Erinoso e Aworinde (2012), Ogundele (2007), Oyebola
(1980a, 1980b, 1980c).
Etnopsicologia e Saúde 150
Considerações finais
17Sobre medicina herbal ver: Verger (1995), Oladunmoye e Kehinde (2011) Erinoso
e Aworinde (2012), Ogundele (2007), Oyebola (1979, 1980a, 1980b, 1980c, 1981),
Kayode, Amoo e Ayeni (2016) Aiyeloja e Bello (2006), Omotosho e outros (2014),
Soladoye e outros (2013), Olorunnisola e outros (2013).
18 Paul (2018), Adefolaju (2014), Borokini e Lawal (2014), Erinoso e Aworinde
Referências
CAPÍTULO 7
Apresentação
Introdução
do Prof. Dr. Danilo Silva Guimarães, intitulada “Um diálogo epistemológico sobre
questões de multiplicidade, coexistência e circulação das diferenças: o sincretismo
Etnopsicologia e Saúde 166
Desenvolvimento
sabendo que não seria julgada e que poderia colocar seus fantasmas
para fora sem medo.
Poder experimentar oferecer um espaço de cuidado
psicológico que, de alguma maneira, para a pessoa atendida, se
assemelhasse às vivências próprias dos terreiros afro-brasileiros,
foi uma etapa muito significativa do trabalho, não só para a pessoa
atendida como também para a psicóloga nessa mútua-afetação.
Poder cultivar um modo de ser psicóloga que, de alguma forma,
ainda que indiretamente, seja capaz de honrar a memória da
sensação de acolhimento, de lugar seguro e livre de julgamentos que
os terreiros afro-brasileiros propiciam em contexto ritual, como foi
na experiência pessoal da primeira autora, é um aprendizado tácito
que precede as palavras.
Aprendizado este que se deve à convivência ritual própria dos
cuidados da Umbanda, uma memória corporificada (Guimarães,
2020b) que foi se sedimentando no corpo da psicóloga que se
disponibiliza a ser afetada (Siqueira, 2005) nos atendimentos
psicológicos, a partir desse corpo co-constituído e marcado pelos
cuidados e saberes próprios da Umbanda, ainda que de maneira
bastante intuitiva e que, na própria escrita deste capítulo,
reconstitui e reelabora os sentidos dessas memórias em uma
primeira narrativa possível de ser compartilhada (Guimarães,
2020b), buscando, assim, contribuir para o processo de formação
em Psicologia de outras pessoas que cultivam relações de cuidado
nas diversas fronteiras étnico-culturais e/ou religiosas.
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 8
Geana Baniwa
Marcelo Calegare
Apresentação
Considerações finais
Referências
CAPÍTULO 9
Apresentação
Introdução
O budismo
Nagarjuna
conceituais que o ser humano pode ter do que as coisas podem ser
(Ferraro, 2013; Gyamtso & Goldfield, 2003).
Para a escola Madhyamaka, o caminho que leva à realização
direta da inconcebível, genuína natureza da realidade, começa com
o ganho de certeza nessa profunda visão do vazio. Não é suficiente
apenas ler os ensinamentos que dizem que todos os fenômenos são
vazios e que a natureza da realidade está além de sua
conceitualização, sem se conhecer as razões pelas quais esses
ensinamentos são precisos. Se assim fosse, teríamos apenas mais
uma representação do mundo que o homem escolhe abraçar em fé
cega. A mera opinião de que os ensinamentos são válidos por si só
não os torna imunes a dúvidas nem a questionamentos que possam
vir à tona. Por outro lado, quando se conquista convicção nos
ensinamentos sobre o vazio, através da prática diligente da
Sabedoria Fundamental do Caminho do Meio, então será
impossível que surjam dúvidas (Gyamtso & Goldfield, 2003;
Narain, 1997). Aqui evidencia-se a experiência humana de encontro
com o sagrado presente no caráter gnóstico do budismo: não se
pode conhecê-lo verdadeiramente e questioná-lo ao mesmo tempo.
Nagarjuna utiliza-se de lógica, mediante a redução ao
absurdo, para solapar as teorias adversárias que pretendem
capturar a realidade de forma definitiva e estável, isto é, obter a
essência de algum ente (Bartz, 2018). Os seguintes versos
exemplificam o recurso paradoxal em Nagarjuna:
Se o vazio é possível,
Então tudo é possível,
Mas se o vazio é impossível,
Então, nada mais é possível.
(citado por Gyamtso & Goldfield, 2003, p. 156, tradução nossa).
Considerações finais
Referências
ÍNDICE REMISSIVO
corpo: 27, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 43, 46, 57, 74, 81, 85, 97, 98, 99, 114,
115, 117, 118, 119, 120, 121, 125, 126, 130, 135, 139, 147, 148, 152, 161,
166, 168, 169, 170, 171, 172, 174, 175, 176, 185, 191, 208
cuidado: 24, 55, 59, 62, 64, 67, 68, 69, 71, 72, 73, 82, 85, 94, 114, 161,
162, 165, 166, 167, 168, 170, 172, 176, 177, 180, 181, 182, 187, 190, 191,
192, 193, 194, 195, 204, 205, 208, 209, 212, 214, 215
cultura: 7, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 25, 26, 27, 28, 32, 38, 46, 90, 108, 112,
117, 141, 147, 148, 149, 152, 175, 183, 184, 192, 205, 217, 220, 229, 240
doença: 16, 21, 30, 35, 41, 42, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 63, 88,
91, 92, 99, 102, 117, 118, 133, 134, 135, 138, 143, 144, 147, 148, 151,
152, 153, 200, 208, 212, 213, 214, 216, 217, 218, 225, 226, 239
Ethos: 35, 36, 43, 44, 45, 46, 47, 175, 176, 184
etnocentrismo: 15, 16, 19, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 31, 32, 226
interpretação: 31, 61, 79, 82, 86, 90, 98, 101, 102, 103, 104, 236
Etnopsicologia e Saúde 244
iorubá: 107, 108, 109, 111, 112, 113, 125, 126, 127, 129, 130, 133, 134,
135, 136, 137, 138, 146, 148, 149, 150
morte: 36, 37, 42, 47, 48, 51, 52, 102, 126, 133, 134, 135, 137, 138, 139,
140, 141, 142, 143, 145, 209, 213, 225, 227, 233, 239, 240
narrativa: 13, 35, 51, 67, 85, 92, 95, 162, 167, 169, 170, 171, 185, 191,
193, 194, 236
psicoterapia: 18, 20, 56, 58, 61, 63, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 71, 108
saúde mental: 55, 59, 68, 71, 72, 73, 74, 135, 145
umbanda: 40, 55, 57, 58, 59, 62, 63, 64, 71, 71, 74, 79, 80, 81, 82, 84,
85, 87, 88, 89, 90, 91, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 100, 101, 102, 103, 104, 172,
174, 175, 189, 190, 191, 193, 194
Etnopsicologia e Saúde 245