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Aspectos destrutivos e protetores para a saúde

das pescadoras e marisqueiras:


Matriz de Processo Críticos
Dimensões Processo Destrutivos Processo Protetores
Geral: O modelo desenvolvimento e produção Objetivos de Desenvolvimento
»Sistema capitalista com base em combustíveis Sustentável;
fósseis;
Produtivo; Políticas públicas de saúde e assis-
»Políticas Complexo Industrial Portuário de tência social;
de estado; SUAPE;
Processos regulatórios voltados
»Espaço- Derramamento de petróleo de 2019; para os pescadores artesanais (leis e
Cartilha Marisqueiras Território. portarias);
Pandemia de Covid-19;
Sistema Único de Saúde;
Dificuldade de acesso à
Saúde das políticas públicas de saúde e assistência
social;
O ecossistema/bioma próprio do
litoral sul de Pernambuco.

Mulheres Perda da biodiversidade local;


Especulação imobiliária na região.
das Águas
Particular: Não há jornada de trabalho fixa; Trabalho realizado
»Processo em grupo;
Tarefas reprodutivas a cargo das
de trabalho; mulheres; Intervalo para
»Intersecciona- lanche/descanso ;
lidade (classe, Equipamentos/ferramentas rudimenta-
res; Beneficiamento realizado em
raça e gênero); grupo (cozinhar, catagem e recata-
»Modos de vida. Esforço e sobrecarga de trabalho gem);
decorrente do deslocamento para pescar;
Consumo para
Movimentos repetitivos e adoecimento subsistência;
no processo de trabalho;
Sobre o projeto Longas jornadas de exposição ao sol e
Participação em grupos e movi-
mentos sociais (Fórum Suape,
água salgada/poluída; Centro de mulheres do cabo, Mangue
mulher, CADI, TPM, etc);
Dificuldade de equipamento adequado
As pescadoras e marisqueiras das comunidades tradicionais de para armazenamento; Trabalho com
artesanato;
pesca artesanal do litoral sul de Pernambuco vem sofrendo intensos Comercialização do produto com baixo
processos advindos das estruturas do sistema capitalista marcados custo; Participam de Associação de classe.
Necessidade de outros trabalhos para
pelo desenvolvimento e crescimento econômico insustentávéis. Um complementação da renda;
modelo baseado na utilização de combustíveis fósseis, que acumula Vulnerabilidade na soberania alimen-
tar;
capital e esgota os bens finitos sem essas mitigadoras dos danos Relações desiguais de gênero, classe e
ocasionados nem minimizam desperdícios. O resultado são prejuízos raça.
aos ecossistemas, poluindo mar, rios e manguezais, espaços estes onde
as mulheres das águas produzem e reproduzem a vida. Interferindo Singular: Sobrecarga de trabalho; Prazer de compartilhar com as
assim negativamente no processo saúde-doença das mesmas e »Estilo de vida amigas;
Ausência de EPI’s;
agravando as vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais destas »Saúde- Prazer de estar pescando;
populações. Doença Dupla e tripla jornada de trabalho;
Orgulham de ser pescadora/maris-
Longas jornadas de exposição ao sol e queira;
O Complexo Industrial Portuário de Suape, o derramamento de contato com a água salgada/poluída,
trazendo infecção urinária de repetição, Procurar pelos serviços de saúde;
petróleo ocorrido em 2019 nas costas do nordeste brasileiro, e mais corrimentos vaginais, problemas de pele
recentemente a pandemia de Covid-19, agravam as vulnerabilidades (câncer, dermatite); Pesca como processo terapêutico.
socioeconômicas, ambientais e de saúde. Adoecimento mental;
A pesquisa foi realizada com as mulheres das águas dos LER/DORT;
Municípios de Cabo de Santo Agostinho (Praia de Gaibu) e Ipojuca
(praia de maracaípe) em Pernambuco. Foram realizados três Doenças crônicas não-transmissíveis.
encontros em cada uma das praias com grupos de aproximadamente
50 mulheres. Os encontros foram orientados pela Educação Popular
em Saúde (EPS), valorizando as práticas, os saberes populares e
tradicionais.

Realizamos a oficina de fotografia Corpo-território com a técnica


de revelação Antotipia. Essa técnica utiliza pigmentos naturais
obtidos de flores, frutos e legumes, diminuindo impactos ao meio Aspectos como a
ambiente. Observaram-se vários aspectos, iniciando pela escolha do
autorretrato trazido pelas participantes , o interesse das mulheres
escolha do autorretra-
pelo trabalho manual artesanal, o que vai de encontro com o trabalho to e o interesse das
da pesca artesanal, e elas terem dedicado um momento para se olhar, mulheres pelo trabalho
se fotografar e se (re)conhecer como mulheres.
manual foram obser-
O fluxograma do trabalho foi estruturado a partir do vados e trazidos pelas
compartilhamento do dia a dia de trabalho delas, organizado em participantes, marcan-
formato de mandala para enfatizar o movimento circular da pesca
artesanal.
do a presença da pesca
artesanal. No encontro,
Foram identificados os processos destrutivos e protetores da as pescadoras e maris-
saúde das mulheres das águas.
queiras puderam se
Isso nos permitiu observar que os momentos propiciados pelos dedicar a um momento
encontros, o trabalho em equipe e o compartilhamento com seus para se olhares,
pares, pode trazer momentos de relaxamento e lazer, contribuindo
fotografarem e se
com o processo de saúde da mulher marisqueira/pescadora artesanal.
(re)conhecerem
como mulheres.

© 2022. Ministério da Saúde. Instituto Aggeu Coordenação-Geral do Projeto Fórum Suape


Magalhães. Fundação Oswaldo Cruz
Desastre Colônia Z8
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, do petróleo e saúde dos povos das Mangue mulher
disseminação e utilização dess a obra. Deve ser citada águas: Priscilla da Silva Barreiras Gondim
a fonte, sendo vedada sua utilização comercial. Idê Gomes Dantas Gurgel Ivaldo Sales da Silva
SAÚDE DAS MULHERES DAS ÁGUAS.
Mariana Olívia Santana dos Santos Chirleno
Mariana Gurbindo Flores, Mariana Olívia Santana dos
Santos e Idê Gomes Dantas Gurgel. Recife:
Fiocruz-2022. Execução do Projeto:
Mariana Gurbindo Flores Instituto Aggeu Magalhães-FIOCRUZ/PE
ISBN: Av. Professor Moraes Rego, s/n
Mestranda do Programa de Cidade Universitária – Recife/PE
Pós-Graduação de Saúde Pública CEP 50.740-465.
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz:
Telefone: (81) 2101.2500 ou 2101-2600.
Nísia Trindade Lima (Presidente) E-mail: [email protected].
Mariana Olívia Santana dos Santos
Docente do Programa de Pós-Graduação Financiamento
Fiocruz Pernambuco:
Saúde Pública Profissional
Pedro Miguel dos Santos Neto
Chamada pública da Fundação de Amparo à
Revisão de Texto: Ciência e Tecnologia de Pernambuco
Departamento de saúde coletiva: (FACEPE) nº 06/2020 do Programa pesquisa
Mariana para o SUS: gestão compartilhada em saúde
Naide Teodósio Valois Santos
Nepomuceno PPSUS – Pernambuco, CNPq/Decit/SC-
TIE/MS/SES/FACEPE;
Laboratório de Saúde, Ambiente
Projeto Gráfico: Oficina Embuá
e Trabalho (LSAT): Programa Inova Fiocruz/Encomendas
Diagramação e capa: Oficina Embuá Estratégicas Territórios Sustentáveis e
Glaciene Mary da Silva
Fotos: Equipe do projeto Saudáveis no contexto da pandemia Covid-19
André Monteiro Costa
e Programa Institucional Territórios Susten-
Colaboradores táveis e Saudáveis PITSS/Fiocruz.
Coordenação da Turma do curso de
Colaboradores
Mestrado Profissional com enfoque
Mulheres marisqueiras de Gaibu
na Promoção e Vigilância em Saúde,
Mulheres marisqueiras de Maracaípe
Ambiente e Trabalho:
Conselho Pastoral da Pesca
Aline do Monte Gurgel
Centro de Assistência e Desenvolvimen-
André Luiz Dutra Fenner
to Integral
Fluxograma
de trabalho

1. Verificar a hora da maré 2. Se preparar para sair

A gente tem que saber a hora da


Faz um lanche para levar (manga,
maré, que determina a saída para
xerém, quarenta, charque), e água.
a pesca. O melhor período é da
Passa protetor (quando tem), coloca
maré grande (maré de lua cheia),
chapéu, coloca no corpo uma mistura
pois rende mais tempo para a
de querosene e óleo (para evitar
pesca.
mosquitos), camisa de manga
comprida, grande maioria trabalha
descalça. Prepara o material de
trabalho: galeia (cesto retangular de
plástico), balde, pulsar (pequena rede)
marisco 1. Ver
. Venda do ifica e saco plástico grande. A saída de casa
12 ra para pescar é feita em grupo,
hor
ad geralmente
aM Lorem ipsum de 3 mulheres.
ar
em é
nag
12. Venda do marisco az
e
2.
rm Se
.A
Geralmente tem atravessadores para
11

pr
pegar os produtos e vender. Em

ep
ar
poucos casos, elas mesmas vendem 3. Deslocamento

ap
seus produtos para consumidores

ar
diretos, bares e restaurantes.

as
/
gemento

Sai quando a maré está baixando,

air
passa pela pinguela, até chegar na
Rec ficiam

beira do rio, e pegam as jangadas para


partir. Também pode ser em
ata
ene

embarcações pequenas com motor.

Projeto gráfico: Oficina Embuá


11. Armazenamento Levam aproximadamente 40 minutos,
10. B

3. De
m e pe a depender da maré e do vento, que se
estiverem fortes dificultam o trajeto.
e
slocam
Pesar e colocam a carne do marisco em Estaciona a embarcação no local
sacos de 1kg. Em seguida armazenar no escolhido e começa a pescar.
sc
iscag

congelador para distribuírem aos

ento
a de s

compradores indiretos (hotéis,


restaurantes, pousadas etc.) ou diretos
9. Beneficiam
Catagem do

(consumidores). A venda é com custo


r

baixo.
a

iri
M 4. Mariscagem
propriamente dita
mari
entoco

dita
nte m
s

e
/

ria scag

10. Beneficiamento Permanecem na croa por duas horas


(Recatagem) tirando marisco/siri até encher todos
me
op ari

os baldes ou até a maré começar a


pr 4. M

Lava de novo, deixa para escorrer um subir. O procedimento é retirar o


8. cozi

pouquinho para a água sair, e depois marisco, arrastar o pulsar na areia ou


Be m

colocar na sacola para pesar. mergulhando as mãos, e colocar no


ne en

balde. Quando o balde está cheio elas


fic to

transferem os mariscos para a galeia,


ia do
m m

para separar as cascas soltas e


en

e
ch

/ mariscos pequenos, que são colocados


to a

ri Pr
an

sc é l novamente no mar para continuar


a
o
par crescendo. Os mariscos limpos são
9. Beneficiamento va
lo armazenados nos sacos. Esse é o
7. r
(Catagem do marisco) De
slo In
te primeiro processo de limpeza. A
cam 5. quantidade de dois baldes cabe em um
Depois que o marisco abre, coloca na ent saco (de 10 kg). Cada saco dá 3 kg de
o de gem
galeia e balança para soltar a casca. volta
marisca filé de marisco aproximadamente.
6. Retorno à
Após catar, coloca no balde com água,
para limpar.

7. Deslocamento de volta 6. Retorno à mariscagem 5. Intervalo para lanche


8. Beneficiamento
(pré-cozinhar para abrir A volta geralmente é mais fácil Retorna a mariscagem, para comple- Geralmente o lanche é feito rapida-
mente em cima da jangada comem
o marisco) porque o vento ajuda e a maré tar a coleta do dia.
uma fruta, sanduíches ou cuscuz.
enchendo também. Porém, tem
Dependendo do horário de chegada, o vezes que a maré ainda não está
cozimento e catagem pode ser cheia quando dá a hora de voltar, e
realizado no mesmo dia ou no dia por isso a jangada precisa ser
seguinte. Recolhem madeira para empurrada na lama. Descendo da
fazer o fogo, coloca os mariscos em jangada, tem que carregar os
uma panela grande para cozinhar sacos pesados até a casa onde será
(na própria água que o marisco solta). feito o cozimento e a segunda
Quando está cozido, ele abre. catagem.

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