Jornadas Cientificas-1
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Resumo
Este tema tem como objectivo discutir e analisar como tem se dado o processo de inclusão de
alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) no ensino básico, principalmente nas
escolas púbicas, tanto na perspectiva dos alunos quanto dos professores. Para tanto, utilizei o
método de entrevista à alguns professores que tem o privilegio de trabalhar com crianças com
NEE numa escola pública. O referencial teórico está pautado em estudos e pesquisas
relacionados à Educação Especial; Inclusão escolar; e ao processo de Ensino Aprendizagem com
crianças com NEE na Educação Básica. A análise dos dados me permitiu entender discutir as
concepções dos professores s respeito da Educação Especial, da inclusão e dos desafios na sala
de aulas, as condições de efectivação da inclusão escolar no contexto analisado. Esta análise
permitiu também perceber que para a efetivação da inclusão escolar é necessária, mais do eu boa
vontade, condições objectivas que garantam a socialização da cultura a todos. Tais condições
referem-se a políticas amplas e globais que indiquem não apenas os caminhos mas, na mesma
intensidade, as condições efectivas para que esses caminhos sejam percorridos e ara que as
finalidades educacionais sejam alcançadas.
A partir dos anos 70 verificaram-se mudanças significativas, que deram origem a práticas
educativas mais humanistas e inclusivas. Estas mudanças estão relacionadas com uma
nova forma de encarar a deficiência, já que se começou a olhar o indivíduo com
deficiência como um cidadão de pleno direito, assim como também se começou a olhar a
criança sob uma nova perspectiva, na qual ela se encontra em constante interacção com o
meio envolvente.
Consequentemente, a intervenção educativa dos alunos com problemas começa a ser
entendida como um conjunto de necessidades específicas de educação, cuja identificação
e intervenção deve acontecer o mais precocemente possível, baseando-se a avaliação nas
competências e potencialidades do aluno, em oposição aos aspectos clínicos.
A valorização do papel desempenhado pelo meio no desenvolvimento da criança, foi
determinante para que surgissem novas práticas e fossem tomadas novas atitudes
relativamente à educação dos alunos com deficiência, o que se veio também a repercutir
na educação dos alunos sem problemas. Assim, ao falarmos de alunos com NEE,
deixamos de falar no sentido de uma necessidade específica que se pode atribuir
exclusivamente ao aluno, mas também às interacções desta com o meio ambiente.
Tudo isto veio alterar as recomendações educacionais que, para além de outros aspectos,
preconiza que a educação dos alunos com NEE deve realizar-se num ambiente o menos
restritivo possível (Declaração de Salamanca, 1994).
Contudo, sabemos que não basta colocar um aluno com NEE numa sala do ensino
regular, sobretudo se ele tiver uma problemática grave, para se poder afirmar que ele está
incluído.
Contudo, sabemos que não basta colocar um aluno com NEE numa sala do ensino
regular, sobretudo se ele tiver uma problemática grave, para se poder afirmar que ele está
incluído. Ele só estará de facto, se tiver condições físicas e humanas, se existir empenho e
disponibilidade por parte dos agentes educativos, se lhe forem criadas oportunidades para
interagir com os seus pares sem problemas, partilhando os mesmos espaços e
proporcionando-lhe estímulos que facilitem o seu processo de Inclusão de Alunos com
Por conseguinte, incluir alunos com NEE requer uma intervenção educativa que
possibilite o seu progresso na escola, o que, dependendo da problemática, implica
alterações a nível do currículo, das estratégias e dos recursos, que, por vezes, não são
fáceis de concretizar se a sala de aula continuar tradicional.
Desta forma, compete à escola inclusiva criar as condições e proporcionar os meios
adequados, para que todas as crianças se possam desenvolver o mais harmoniosamente
possível, independentemente das suas necessidades específicas.
O presente rabalho esta divido em dois capítulos, sendo o primeiro fiz uma abordagem
teórica, onde abordei sobre a evolução e os conceitos de Necessidades Educativas
Especiais. Também abordei o tema escola inclusiva e estratégias para a sua
implementação e o segundo a bibliografia e considerações finais.
1.1. Objectivos:
1.2. Gerais
Compreender como funcionam as escolas regulares com alunos com NEE.
1.3. Específicos
Explicar a evolução dos alunos com NEE nas escolas regulares.
Identificar as estratégias e desafios de como trabalhar com crianças com NEE;
Analisar as percepções/ atitudes dos professores no que respeita a uma educação
inclusiva.
1.4. Metodologia
Para desenvolver esta investigação optámos por uma metodologia qualitativa, do tipo
estudo multi-casos, uma vez que os seus pressupostos básicos se adaptam às finalidades da
pesquisa proposta, que é de natureza descritiva e interpretativa. Segundo Bogdan e Biklen
(1994) a abordagem qualitativa é uma metodologia de investigação que dá ênfase à
descrição, à indução, à teoria fundamentada e ao estudo das percepções pessoais. O foco da
investigação qualitativa é a compreensão mais profunda dos problemas, é investigar o que
existe “por trás” de certos comportamentos, atitudes ou convicções.
De acordo com a perspectiva qualitativa, no decursoo da pesqusa, adoptei como
procedimentos técnicos o analise de fontes de documentos.
CAPÍTULO I
Abordagem Teórica
A Lei 6/1992, no artigo nove, estabelece que constitui objetivo do ensino especial “[...]
proporcionar uma formação em todos os graus de ensino e capacitação vocacional que
permita a integração dessas crianças e jovens em escolas regulares, na sociedade e na
vida laboral” (MOÇAMBIQUE, 1992, p. 4). Ao considerar as diretrizes apontadas nessa
lei, percebemos que esta ainda não responde às exigências da inclusão escolar, pois os
alunos com deficiência devem ser escolarizados nas escolas especiais e/ou em turmas
especiais. Ainda prevalece a integração desses alunos e não necessariamente a inclusão.
Uma educação inclusiva, que preconiza uma educação para todos, promotora do
sucesso de todos no geral e de cada um em particular, segundo Sanches (2005), é
baseada “… em princípios de direito e não de caridade, na igualdade de
oportunidades e não de discriminação, seja ela positiva ou negativa” (p. 131).
Para que a educação inclusiva seja uma realidade é necessário que sejam introduzidas
alterações na sala de aula, nomeadamente, a nível dos instrumentos e estratégias que
têm vindo a ser utilizadas até aqui e que precisam ser diferentes; que exista
participação familiar; e o envolvimento da comunidade escolar e do meio envolvente.
Assim sendo, passa, fundamentalmente, por uma diferenciação pedagógica, pela
gestão e organização das turmas e da escola e, nos casos mais problemáticos, pelo
estabelecimento de parcerias com outras instituições, que são fundamentais para se
consiga estabelecer um projecto de vida articulado com as capacidades de alguns
alunos (Silva, 2007). Desta forma, é necessário o envolvimento de um maior número
de intervenientes no processo educativo.
Para Nhapuala e Almeida (2016), o crescimento exponencial de alunos com NEE nas
escolas de ensino comum em Moçambique vem colocar desafios enormes às escolas e
aos professores, no sentido de responderem às necessidades decorrentes da inclusão,
sobretudo em um contexto em que a formação de professores tem-se mostrado em
descompasso com as necessidades cotidianas com as quais estes se deparam nas salas de
aulas.
Ao proceder a leitura dos documentos normativos, percebemos que estes referem que o
sucesso da inclusão é da responsabilidade dos professores. Em contrapartida, ao
considerar o período de análise das políticas educacionais de inclusão escolar,
percebemos que vários modelos de formação de professores foram adoptados no país,
mas nenhum desses modelos prioriza a educação especial nos seus planos de estudos.
3. Desafios da educação inclusiva
A implementação da educação inclusiva enfrenta vários desafios em odo o mundo, à medida
que as sociedades educacionais iguais para todos, independentemente de suas diferencas.
Alguns dos desafios associados à educação inclusiva:
Atitudes e percepções negativas: preconceitos, estigmas e discriminação ainda
persistem, tornando difícil a aceitação de alunos com deficientes ou diferencas na
escola.
Falta de recursos: muitas escolas carecem de recursos financeiros, materiais e
pessoais para fornecer o suporte adequado aos alunos com necessidades especiais.
Formacao de professores: a formação de professores para atender às necessidades de
alunos com deficiência é insuficiente, tornando difícil a adaptação de estratégias de
ensino inclusivo.
Dificuldade s de comunicação: alunos com deficiência de comunicação podem
enfrentar desafios adicionais na comunicação com colegas e professores;
Isolamento social: alunos com deficiências podem se sentir isolados ou excluídos de
actividades extracurriculares.
Recursos financeiros limitados: países e escolas com orçamentos limitados podem ter
dificuldade em investir em infraestrutura e serviços de apoio necessários para a
inclusão.
Falta de profissionais e professores formados.
Ao longo deste trabalho, podemos perceber que as políticas educacionais no país tendem a ser
direcionadas para a inclusão escolar, mas ainda há necessidade de investir na formação de
professores. Há necessidade de repensar a valorização dos profissionais, pois, ao assumir a
perspectiva inclusiva, precisa-se criar condições de acessibilidade dos alunos com necessidades
educativas especiais e de repensar a criação de equipe de profissionais, de modo a prover o
necessário para esses alunos e professores. Além disso, há necessidade de repensar a qualificação
da compreensão da inclusão escolar como um processo que depende de vários envolvidos.
Em síntese, esta pesquisa tentou mostrar os desafios e as possibilidades da inclusão escolar em
Moçambique. Consideramos como desafio a ampliação dos debates sobre políticas de inclusão,
no sentido de permitir o acesso, a permanência e a aprendizagem desses alunos. Passados mais
de vinte anos após as escolas adotarem a perspectiva inclusiva, compreendemos que foram feitos
movimentos no sentido de responder a essa orientação, mas ainda há necessidade de pensar na
constituição de dinâmicas que envolvam a presença de profissionais de apoio, de intérpretes e de
outros profissionais nas escolas de ensino comum.
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