TGDC - Casos Anuais + Exames

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CASOS PRÁTICOS + TESTES E

CRITÉRIOS
Luís A. de Araújo Monteiro a91497

Pode sair no teste

. casos práticos sobre as coisas e o futuro das coisas

. casos práticos sobre a responsabilidade civil (concurso de responsabilidades,


solidária...)

. casos práticos sobre o artigo 291º e o registo predial

. casos sobre os direitos de personalidade

. casos sobre incapacidades negociais (menoridade e regime do maior acompanhado)

. casos sobre pessoas coletivas

. casos sobre negócio jurídico ( conclusão do contrato, representação, faltas e vícios de


vontade)

. representação voluntária

Caso prático n.o 3

Em hora de ponta, com um intenso movimento de trânsito, Alberto pisa, sem querer, o
pé de Bernardo que sofre de graves problemas arteriais e circulatórios. Em
consequência da lesão contraída e das graves complicações, é amputada uma perna a
Bernardo.

a) Bernardo pede uma indemnização a Alberto. Quid iuris?


Em primeiro lugar devemos identificar qual o tipo de direitos que foram aqui
violados para que possamos aplicar o regime correto de responsabilidade civil
(453º do CC).

Se estivermos perante a violação de direitos absolutos, deveremos aplicar a


modalidade da responsabilidade civil extracontratual, se estivermos perante a
violação de direitos relativos, devemos aplicar a responsabilidade civil
contratual.

Como neste caso em concreto fora violado um direito de integridade física,


direito que se encontra inserido nos direitos gerais de personalidade. - artigo 70º
do Código Civil. Este direito por ser na sua génese, absoluto, produz eficácia
erga omnes e não somente inter partes.

Para que a regra “casum sentit dominus” - onde o prejuízo é suportado por quem
o sofreu- seja aplicada, é necessário que estejam preenchidos cumulativamente
os pressupostos da responsabilidade civil - facto voluntário, ilicitude, culpa,
dano e nexo de causalidade.

Posto isto devemos aplicar os pressupostos da responsabilidade civil


extracontratual e recolher cada informação do enunciado para verificar que estes
pressupostos se evidenciam cumulativamente . - 483º e seguintes.

Em primeiro lugar, surge o facto voluntário - este é o comportamento/conduta


controlável pela vontade humana que dá origem ao facto enunciado. Neste caso,
o facto voluntário diz respeito ao Alberto ter pisado o pé de Bernardo.

Em segundo lugar, surge a ilicitude - a ilicitude compreende-se como um juízo


de censura sobre o facto. O facto que está aqui a ser esbatido é a pisadura de
Alberto sobre Bernardo, que viola o direito de integridade física - artigo 483 nº1
1ª parte.

Em terceiro lugar temos a culpa, a culpa surge como um juízo de censura sobre o
sujeito que praticou o ato que provocou o dano sobre o lesado. A culpa deve ser
analisada em dois segmentos. Primeiramente, devemos perceber se o sujeito é
imputável ou inimputável - entende-se por imputável quem está em condições de
querer e entender o ato danoso ( artigo 488º n º1). De seguida, importa
classificar a culpa nas suas diversas modalidades, isto é, se o sujeito agiu com
dolo (253º) ou com mera culpa/ negligência. Para perceber se a mera culpa é a
condição em que se deve analisar o sujeito sobre um ângulo subjetivo, devem-
nos socorrer do critério do bom pai de família - (Bonus paterfamilias art. art.
487.o, n.o 2)

Em quarto lugar, surge o dano que consiste numa avaliação dos danos sofridos
pelo lesado. Estes danos podem ser patrimoniais se forem suscetíveis de
avaliação pecuniária, ou não patrimoniais, que não são convertíveis em valores
monetários, mas que, pela sua relevância, também merecem tutela do direito -
artigo 496. O dano que aqui surge é não patrimonial, porém, de alta relevância
pois a amputação de uma perna muda drasticamente a vida do indivíduo e a sua
condição locomotora. Ainda assim é possível identificar danos emergentes em
despesas médicas e hospitalares e, que seja relatado no enunciado, não há lucros
cessantes.

Por fim, o último e quinto pressuposto diz respeito ao nexo de causalidade e


efeito, que deve ser pressuposto recorrendo à teoria da causalidade adequada que
tem como mote: o facto deve ser idóneo à produção do dano, tanto em concreto
como em abstrato.

Em condições normais, tal facto nunca seria causa adequada para um membro
ser amputado. Deste modo, devemos depreender que o quinto e último
pressuposto não se encontra preenchido, como tal, este regime não se aplica.

Se os pressupostos fossem preenchidos, a inversão da regra “casum sentit


dominus” com recurso à indemnização poderia ocorrer por restituição natural ou
por equivalente pecuniário. arts. 562.o e 566.o; e 564º

Este tipo de responsabilidade extracontratual pode ser evocada no prazo máximo


de 5 anos, se estivesse em causa responsabilidade contratual, tal prazo seria mais
extenso.

b) A solução seria a mesma se Alberto tivesse pisado propositadamente o pé de


Bernardo, sabendo dos problemas de saúde deste?

Se Alberto tivesse pisado propositadamente o pé de Bernardo ocorria uma alteração


automática na modalidade da culpa, isto é, em vez de ser aplicada a mera
culpa/negligência porque ouve a ausência de um dever de cuidado, será aplicado o
dolo. Artigo 253º

Com o conhecimento da condição “deficiente” de Bernardo, a conduta adotada por


Alberto poderia ser assim causa idónea ao dano sofrido por Bernardo. Como tal, o
último pressuposto estaria preenchido ao abrigo da teoria da causalidade adequada.

Seria assim aplicado corretamente o regime da responsabilidade civil extracontratual.

Prazo para evocar - 5 anos 498 nº1 e 3 – normalmente é de 3 anos contados desde a
data de conhecimento de direito ou se for superior se for considerado um crime com
um prazo superior.

NOTA - VER QUEM POSSUI O ÓNUS DA PROVA

Caso prático n.o 4

Numa festa de casamento, Ana dirigiu-se a uma mesa onde Vasco, dono do hotel, servia
aos convidados chouriços assados numa assadeira que Vasco tentou reabastecer, tendo
apontado para a mesma um frasco contendo álcool que começou, de imediato, a arder.
Vasco, apercebendo-se disso, reagiu e puxou a garrafa, o que fez com o que álcool
tivesse sido projectado para a frente, acabando por cair sobre Ana que foi atingida pelo
fogo na face, no pescoço, no tórax e no braço direito. O álcool inflamado ardeu no
corpo de Ana durante cerca de 10 segundos até ser apagado por outros convidados,
tendo Ana sofrido queimaduras de 1.o e 2.o grau, numa área de 20 % da superfície
cutânea total. Além disso, o vestido de Ana ficou destruído e Ana teve de ser
hospitalizada, ficando sem trabalhar durante 30 dias. Quid iuris?

(Adaptado do Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, com o número convencional JSTJ000, de


07/07/2009, in www.dgsi.pt)

Resposta:

Estamos perante um caso relativo a responsabilidade civil extracontratual por factos


ilícitos, visto que os direitos que aqui foram violados foram direitos absolutos e não
direitos relativos. O direito que fora aqui manifestamente violado fora o direito à
integridade física, dado que a lesada ficou com queimaduras ao longo do corpo.

Por norma, quem sofre os danos deve arcar com as consequências destes, regra casum
sentit dominus. Para que possamos verificar uma inversão desta regra devemos
verificar se estão preenchidos todos os pressupostos da resposabilidade civil.

Em primeiro lugar temos o facto voluntário, sendo este facto, o manuseamento do


álcool perto de labaredas que fez com que Ana sofresse a lesão referida no enunciado.
O facto voluntário é por definição o comportamenteo controlável pela vontade humana.
É este facto jurídico danoso que cria a relação jurídica entre o lesante e o lesado.

Em segundo lugar temos a ilicitude, a ilicitude corresponde a um juízo de censura


sobre o próprio facto por ele consistir na infração de um dever jurídico. Estamos aqui
perante a violação ode um direito subjetivo absoluto - artigo 483ºnº1 primeira parte.
Neste caso foi violado um direito à integridade física e um direito de propriedade
artigo 70ºnº1 e artigo 1305º, respetivamente.

Em terceiro lugar, a culpa. A culpa corresponde a um juízo de censura sobre próprio


sujeito (de um ângulo subjetivo) por ele ter praticado o ato, do qual resultou o dano,
apesar de o ter podido evitar. A culpa compreende em si duas fases distintas: a
primeira diz respeito à imputabilidade - é imputável quem está em condições de
entender e querer o ato danoso praticado (artigo 488º nº1), presumem-se inimputáveis
os menores de 7 anos - presunção ilidível artigo 350º. A segunda fase diz respeito à
modalidade da culpa, isto é, se estamos perante dolo ou mera culpa/negligência. Neste
caso estamos perante uma situação de mera culpa, pois se nos socorrermos do critério
do bónus paterfamilias, conseguimos perceber que não foram cumpridas todas as
diligências a quando do acontecimento do facto. (487º,nº2).

Em quarto lugar, está o dano - que foram os prejuízos que o lesado sofreu. Dadas as
circunstâncias podemos considerar que houve danos patrimoniais assim como danos
não patrimoniais, pois a imagem da lesada ficou consideravelmente afetada.
Relativamente aos danos patrimoniais, o enunciado faz-nos referência aos danos
emergentes (relativamente ao seu vestido que ficou destruído) e a lucros cessante, visto
que a lesada ficou impossibilitada durante o período de vigência de 30 dias. Para
compensar este tipode de danos patrimonias podemo-nos socorrer do princípio da
reconstituição natural (562º e 566º) e teoria da diferença ( indemnização por
equivalente pecuniário).

Por fim, o ultimo pressupostos diz respeito ao nexo de causalidade. Este pressuposto
remete-nos inequivocamente para a Teoria da Causalidade Adequada - que
corresponde à necessidade de a conduta se mostrar, à face da experiência comum, de
acordo com as circunstâncias normais, como idónea à produção do dano.

Devemos referir o prazo e quem possui o ónus da prova.

Caso prático n.o 5

a) Em virtude de, súbita e inesperadamente, ter surgido uma avaria mecânica no


seu automóvel, A atropela B, causando-lhe ferimentos. Por tal facto, A é
condenado a pagar à vítima a quantia de € 5.000,00. Quid iuris?

Estamos perante um caso relativo a responsabilidade pelo risco. A responsabilidade


civil extracontratual pode ser: pode factos ilícitos ( culpa, subjetiva, aquiliana, 483º a
498º onde a base é a culpa do sujeito); objetiva ou pelo risco (artigo 499º a 510º)
Sinistro, ato sem culpa, atividades económicas com elevado risco, existe um sinistro,
não impede que haja a obrigação de indemnizar. “ubi commoda, ibi incommoda”e, por
fim por factos lícitos, como é por exemplo o estado de necessidade a ação direta ou a
legítima defesa.

Neste casos estamos perante o instituto da responsabilidade civil objetiva ou pelo risco
prevista no artigo 503º do Código Civil. O fundamento subjacente à responsabilidade
objetiva, pelo risco, é o prinípio “ubi commoda, ibi incommoda”, ou seja, onde estão
as comodidades hão de estar incomodidades: aquele que tira vantagem de uma
atividade arriscada, terá de indemnizar se essa atividade der aso a danos. Pese embora
o princípio geral relativo À responsabilidade seja o da responsabildiade subjetiva que
depende da existência de culpa (487º e 488º), a verdade é que também existem casos de
responsabilidade objetiva independentemente da culpa, o que sucede com os casos
previstos na lei (483ºnº2 CC)

O legislador dispensa a culpa, basta o dano. Exclusivamente situações previstas pelo


legislador, que são lícitas e socialmente úteis, mas são atividades perigosas, que podem
dar aso ao surgimento de danos, pelo que as pessoas que disso tiram vantagens hão- de
ter que indemnizar, sendo que uma das situações é precisamente acidentes causados
por veículos - artigo 503ººn1 do CC.

Devemos ainda assim analisar os pressupostos relativos à responsabilidade civil:

O facto voluntário diz respeito a um comportamento seja este uma ação ou uma
omissão controlável pela vontade humana que estabelece a ligação entre o lesante e o
lesado
A ilicitude diz respeito a um juízo de censura sobre o facto, de um ângulo objetivo, por
consistir na infração de um dever jurídico (artigo 798º). Ora, no caso concreto, foram
violados direitos absolutos.

A culpa consiste num juízo de censura sobre o próprio sujeito e como estamos perante
um caso relativo a responsabilidade civil pelo risco este pressuposto não é aplicável.

O dano diz respeito ao prejuízo que a lesada teve sendo estes danos relativos a danos
emergentes ou lucros cessantes. No enunciado apenas é feita a referência a danos
emergentes que foram avaliados pecuniariamente com o montante de 5000€.

b) C embate intencionalmente contra o automóvel de D. Por tal facto, é condenado


em Tribunal a uma pena suspensa de prisão de três meses e a pagar a D o
montante de € 2.500,00 pelos prejuízos que este sofreu. Quid iuris?

C provocou danos intencionalmente a D, o que constitui crime- responsabilidade


penal e simultaneamente, pode dar aso a que, casos estejam preenchidos os
pressupostos de que depende a aplicação do instituto da responsabilidade civil
extracontratual por facto ilícitos (fora do campo negocial).o que sucede, nos termos e
ao abrigo do disposto nos artigos 483º e seguintes

c) Vanessa comprou a Miguel 100 rosas para enfeitar a igreja do Bom Jesus no dia
do seu casamento, tendo ficado acordado que as flores seriam entregues algumas
horas antes da cerimónia. Como Miguel não compareceu na hora combinada,
Vanessa telefonou-lhe, acabando aquele por lhe confessar que se tinha esquecido
da sua encomenda. Vanessa contactou a florista Bé que lhe vende e entrega as
flores a tempo de enfeitar a igreja, cobrando-lhe, contudo, o dobro do valor que
Vanessa tinha combinado com Miguel, justificando o preço com a urgência do
pedido. Vanessa quer recuperar o prejuízo que sofreu em virtude do
esquecimento de Miguel. Quid iuris?

Neste casos estamos perante um caso relativo a responsabilidade civil contratual


prevista nos artigo 798º e seguintes do código civil. Neste caso assistimos a um
contrato de compra e venda 874º do CC que tem os seus efeitos no artigo 879º e 478º
do CC.

Aplicamos este instituto pois os direitos que foram aqui violados foram direitos
relativos às partes e não direitos absolutos com eficácia erga omnes. O objeto sobre
que incide este negócio jurídico são 100 rosas.

Ora, ao abrigo do contrato de compra e venda, Miguel assumiu um dever de entrega


das rosas adquiridas por Vanessa nos termos contratados, o que se justifica ao abrigo
do 762º ºn2 do CC - o cumprimento da obrigação, assim como no exercício do direito
correspondente, devem as partes proceder de boa-fé.
No que respeita aos efeitos produzidos por este contrato de compra e venda, Miguel
ficaria adstrito à obrigação da entrega da coisa, facto este que não ocorreu, daí ser
realizado um segundo contrato com B, devido à urgência dos acontecimentos.

Para que possamos aplicar o instituto da responsabilidade civil contratual, devemos


perceber se estão preenchidos todos os pressupostos da responsabilidade civil.

Os pressupostos da responsabilidade civil por atos próprios (responsabilidade


contratual) são os mesmos que da responsabilidade extracontratual.

Em primeiro lugar temos os pressupostos do facto voluntário. Este facto voluntário é


o comportamento ou a conduta controlável pela vontade humana que estabelece a
relação jurídica entre o lesante e o lesado. Como, neste caso estamos perante
responsabilidade contratual, a relação jurídica entre o lesante e o lesado é pré-
existente.

A ilicitude consiste num juízo de censura sobre o facto que desencadeou a lesão.
Neste caso, estamos perante o incumprimento contratual de Miguel, ou seja, fora
violado um direito relativo com eficácia inter partes. - obrigação da entrega da coisa.

A culpa consiste num juízo de censura sobre o sujeito que praticou ou omitiu o facto
que desencadeou esta responsabilidade civil. Neste caso a culpa presume-se do
devedor nos termos do artigo 799º. A culpa é apreciada nos mesmos termos que na
responsabilidade civil extracontratual (artigo 799º nº2 - 487ºnº2).

Quando ao dano devemos identificar se houver danos emergente e lucros cessantes,


no enunciado apenas os é referenciado danos emergentes relativos ao seguindo
negócio jurídico realizado com Bé devido à urgência do pedido realizado.

Por fim devemos aplicar o nexo de causalidade entre o facto e o dano, aplicando a
teoria da causalidade adequada. O esquecimento de Miguel, neste caso parece uma
causa idónea para que a obrigação da entrega da coisa não seja efetuada, como tal,
este ultimo pressuposto encontra-se preenchido.

O prazo de prescrição aplicável é de 20 anos nos termos do artigo 309º do Código


Civil.

Miguel terá assim que indemnizar ao abrigo da responsabilidade civil contratual por
haver uma violação do princípio pacta sunt servanda.

Caso prático n.o 6

No ano de 2010, no exercício da sua actividade, um médico dentista procedeu à


extracção de um dente do siso da boca de Augusto. Durante a intervenção foram
administradas três anestesias. Por causa desta acção, Augusto ficou com dores
permanentes, edema facial, alterações da sensibilidade, dificuldade de mastigação e
incontinência salivar. Após, foi efectuada uma radiografia à boca de Augusto e foi
diagnosticada a formação de um quisto e uma fractura no maxilar inferior que foi
resultado do processo de extracção do dente. Augusto sofreu dores fortes e outros danos
psicológicos e sociais, chegando a babar-se e a morder o lábio inferior sem que disso se
apercebesse. Quid iuris?

Devemos por referir a regra geral “casum sentit dominus” - em princípio, quem sofre
um dano deve arcar com o mesmo. Porém, há situações em que este princípio não se
pode aplicar, porque não se adequa nem é justo, visto exceder o risco normal da vida.
De tal modo, transporta-se o dano do lesado para o lesante, o que poderá suceder
com aplicação do instituto da responsabilidade civil.

Neste caso especificamente estamos uma situação em que foram violados dois tipos
de direitos.

Estamos perante uma responsabilidade civil contratual, uma vez que foi violado um
direito relativo, uma vez que estava em causa um contrato de prestação de serviço
com retribuição - ao mesmo tempo é violado um direito absoluto, isto é, um direito de
integridade física no artigo 70º do Código Civil

Estamos perante um concurso de responsabilidades, existe responsabilidade


contratual e extracontratual. De um facto nascem duas responsabilidade, De forma a
resolver este caso, temos dois sistemas.

Devemos aplicar a teoria da consunção - quando estamos perante um caso onde há


concurso de resposabildiades, devemos aplicar a responsabilidade civil contrataul
ima vez que esta traz mais benefícios, tanto ao nível do ónus da prova, o prazo de
prescrição é de 20 anos e não existe limitação de indemnização em caso de
negligência.

O facto voluntário é o primeiro pressuposto da responsabilidade civil que deve ser


referido, este diz respeito a uma conduta que é controlável pela vontade humana.
Esta pode ser uma ação ou uma omissão.

Ilicitude é o juízo de censura feito sobre o próprio facto, num ponto de vista objetivo,
uma vezq eu é violado um direito objetivo. É violado um direito absoluto - direito à
integridade física e um dever jurídico - dever negocial primário este definem o tipo de
relação jurídica. Neste caso, temos a violação de um dever de conduta de cuidado
artigo 762º no cumprimento do contrato de prestação de serviços - artigo 1154º que
consistiria uma extração cuidada- foi violado um dever geral de cuidado.

A culpa é um juízo de censura realizado sobre o próprio sujeito, mas de um ângulo


subjetivo. Cabe em primeiro lugar se o dentista será imputável, à partida devemos
considerar que sim. Em segundo lugar devemos considerar as modalidades da culpa,
sito é, se o lesante agiu com dolo ou com mera culpa/negligência. Como não se
verifica dolo, devemos considerar se houve mera culpa atra´ves do critério de bom pai
de família, se este fora minimamente diligente. Cabe ao lesante provar que não tem
culpa uma vez que existia um contrato - artigo 799º nº1. Há assim inversão do ónus
da prova - artigo 344º
Quanto ao dano, corresponde ao prejuºizo sofrido pelos lesados, nesta matéria
devemos efetuar a distinção entre danos emergentes e lucros cessantes (dentro dos
danos patrimoniais) - será, eventualmente, provável contabilizar algumas despesas
medicas que poderão advir. Todavia, o enunciado faz referência expressa a alguns
danos não patrimoniais que afetaram a autoestima do lesado e o seu bem-estar.

Por fim, o nexo de causalidade entre o facto e o dano - teoria da causalidade


adequada - o facto tem de ser idóneo à produção das suas consequências tanto em
concreto como em abstrato -também se encontrará preenchido, pois a anestesia será
uma condição válida.

Segundo a teoria da diferença, por reconstituição natural, se não for possível por
indemnização pecuniária e uma compensação pelos danos não patrimoniais.

O prazo de prescrição é de 20 anos segundo o artigo 309º

Caso prático n.o 7

António vendeu a Bernardo um televisor e encarrega um seu empregado, César, de


entregar o televisor a Bernardo. César, na carrinha de António, leva o televisor a casa de
Bernardo. Irritado com uma mosca dentro da carrinha, César procurou sacudi-la,
distraiu-se, e atropelou um cão que, em virtude disso, vai precisar de tratamento
veterinário. O dono do cão, Daniel, quer ser indemnizados pelas despesas que teve de
suportar.

a) Quem responde e em que termos?

César, empregado de António, leva um televisor a Bernardo acabado de comprar,


Cerár distrai-se e acaba por atropelar um cão.

Estamos perante responsabilidade extracontratual por factos ilícitos, uma vez que
foram provocados danos fora do campo contratual, tendo havido violação de um
dirieto absoluto (direito de propriedade de Daniel 1035º e 1302º,havendo culpa do
lesante. Assim é necessário aplicar o artigo 483º nº1, para verificarmos se há
responsabilidade de César, de forma que seja este ,como lesante, a suportar os danos
do lesado, invertendo-se a regra do casum sentit dominus

Para que essa regra seja invertida é necessário que os pressupostos da


responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos estejam devidamente
preenchidos.

Os animais podem ser objeto de um direito de propriedade nos termos do 1302ºnº2

Em primeiro lugar temos o facto voluntário, o facto voluntário é a ação controlável


pela vontade humana que desencadeia a relação jurídica entre o lesante e o lesado
(pode ser uma ação ou uma omissão) - neste caso o facto voluntário será o
atropelamento do cão de Daniel
Em segundo lugar está a ilicitude, a ilicitude é um juízo de censura feito sobre o
próprio facto, num ponto de vista objetivo uma vez que é violado um direito objetivo,
neste caso foi violado o direito de propriedade de Daniel.

Em terceiro lugar temos a culpa, em primeiro lugar devemos considerar que César é
imputável. Em segundo lugar devemos considerar as modalidades da culpa. Neste
caso em particular estamos perante uma situação de mera culpa ou negligência, pois
se aplicarmos o critério do bom pai de família, faltou aqui diligência por parte de
César ao distrair-se com o inseto.

Quanto aos danos, estes correspondem ao prejuízo sofrido pelo lesado, estes podem
classificar-se como danos patrimoniais ou não patrimoniais. Poderão existir danos
não patrimoniais devido ao sentimento pelo animal e no enunciado são referidos que
foram gastos encargos para suportar os danos sofridos pelo animal.

Por fim aplicamos o ultimo pressuposto que diz respeito à teoria da causalidade
adequada. Há uma nexo de causalidade entre a distração e o atropelamento do
animal.

Apesar disto, é nos dito no enunciado que César é operário de António - existe entre
ambos um contrato de trabalho, nos termos do artigo 1152º, trabalhando sob as suas
ordens e instruções, assim, existe entre ambos uma relação desubordinação jurídica-
uma relação de comissão.

É necessário verificar se o comitente (António) não será também responsabilizado,


nos termos do artigo 500º, pelos danos causados pelo seu comissário (César). O artigo
500º estabelece 3 pressupostos:

A) a existência de uma relação de comissão - artigo 500ºnº1


B) O dano tem de ser provocado pelo comissário no exercício das suas funções e
não por ocasião destas (tem de haver um nexo causal/instrumental entre a
tarefa que lhe fora destinada pelo comitente e o dano- também é o caso, uma
vez que foi no caminho da entrega que atropleou o cão de Daniel
C) Finalmente, o comissário também deve ser obrigado a indemnizar o lesado, o
que vimos acontecer nos termos do 483º

Em suma, perante o lesado respondem duas pessoas solidariamente, o lesante o


César, e ao mesmo tempo António nos termos do artigo 500º pois é responsável pelos
atos de outrem. Isto significa que o lesado pode exigir a qualquer uma delas a
indemnização na sua totalidade, prescrevendo o seu direito de indemnização no prazo
de 3 anos a contar do conhecimento do direito, nos termo do artigo 498ºnº1. O
comitente pode ainda exigir direito de regresso no artigo 500ºnº3, na medida que a
culpa é do comissário, neste caso total artigo 497º nº2.

b) E se César tivesse ganho um prémio na lotaria, o facto influencia o pedido de


indemnização de Daniel?
(Adaptado da 1.a prova parcelar de 21-11-2006)

Importa começar por reiterar que, regra geral, a indemnização é exigida pelo lesado
ao comitente porque normalmente, e em abstrato, é este que apresenta um património
maior (é a entidade empregadora, é quem contrata os serviços, parece ter maior
poder económico).

No entanto, se estivermos perante uma situação concreta em que o comissário tenha


uma melhor situação económica que o comitente, o lesado pode escolher pedir
indemnização ao comissário – art. 500.o n.o 3 do CC

Se tivesse ganho a lotaria não haveria lugar à limitação da indemnização por mera
culpa, nos termos do artigo 494.o CC

Caso o Daniel exigisse a indemnização a César, este não teria direito de regresso
sobre António porque este não teve culpa na produção do dano, logo César pagaria a
totalidade da indemnização.

Caso prático n.o 8

António trabalha como pintor na empresa, “Tinta Fresca, S.A.”. Um dia, esta incumbe-o
de pintar as divisões da casa de Bernardo, um cliente, que contratara os seus serviços.
Contudo, ao executar estes trabalhos, aproveitando o facto de Bernardo não estar em
casa, apropria-se duma boneca de porcelana que pretende oferecer à filha. Quando
Bernardo chega a casa ao fim do dia descobre, além da falta da boneca, que a casa fora
pintada de verde em vez do azul que tinha encomendado, visto António ter trocado as
latas das tintas. Quem é responsável e em que termos?

(Frequência de 14/01/2002)

Estamos perante diferentes tipos de resposabildiade civil, pois são diferentes factos
que dão origem a diferentes tipos de lesão.

António Pinta a casa de Bernardo.

António rouba a boneca da filha de Bernardo

Para além disto,

Estamos perante um caso de responsabilidade civil por factos ilícitos.

Responsabilidade extracontratual: violação direito absoluto- direito de propriedade


1305o e

1302o.
Requisitos artigo 483o

Facto Voluntario

Comportamento/ conduta humana voluntária é controlável. Esta pode ser positiva -


ativa, ou negativa- omissão. Não podemos confundir facto voluntário com intenção-
roubo da boneca.

Ilicitude

É um juízo de censura feito sobre o próprio facto, num ponto de vista objetivo, uma
vez que é violado um direito objetivo. Violação de um direito absoluto- direito à
propriedade artigo 1305o.

Culpa

É um juízo de censura feito sobre o próprio sujeito, mas de um ângulo subjetivo, uma
vez que este poderia ter agido de outra maneira- critério do bom pai de família, ou
seja, comparação com o comportamento de um homem médio artigo 487 no2.Temos
de verificar a imputabilidade de Alberto artigo 488, neste caso nada indica que
Alberto possa ser imputável, uma vez que é maior de idade. Contudo, cabe ao lesado
provar a culpa do lesante artigo 487no2. Existe intenção- dolo.

Dano Corresponde ao prejuízo sofrido pelos lesados. Estes podem ser patrimoniais ou
nã patrimóniais7morais. Patrimoniais permitem uma avaliação pecuniária. Podem
ser danos emergentes, património perde valor depois do dano causado, ou lucros
cessantes, o património não tinha valor, mas poderia vir a ter. artigo 564Não
patrimoniais/morais, não é possível contabilizar artigo 496. Existindo este dano
falamos em compensação e não em indemnização, uma vez que, é impossível
contabilizar por exemplo a morte de um filho.Existe danos patrimoniais emergentes-
subtração ao património.

Nexo de causalidade entre o facto e o dano O facto tanto em concreto como em


abstrato no decurso normal das coisas tem de ser causa idónea e adequada do dano.
Artigo 563. A conduta do lesante tem de se mostrar como decurso normal das coisas.

O furto implica diminuição do património.

António responde nos termos do artigo 483o- reconstituição natural.

Para TF responderem é necessário que estejam preenchidos os requisitos do artigo


500o:

1. relação de comissão- 500o/1 -sim

2. no exercício da função- aconteceu apenas por ocasião da função, existe apenas um


nexo temporal e local entre a função e o furto – não está cumprido;
3. obrigação de indeminização- sim; Não há possibilidade de aplicar o art.500o pois o
dono da casa não pode responsabilizar solidariamente a empresa. Apenas pode pedir
indemnização ao António. Responsabilidade civil e criminal no prazo de prescrição.

Facto Voluntario - QUANTO AO FURTO DA BONECA

Comportamento/ conduta humana voluntária é controlável. Esta pode ser positiva -


ativa, ou negativa- omissão. Não podemos confundir facto voluntário com intenção-
a troca de tintas.

Ilicitude

É um juízo de censura feito sobre o próprio facto, num ponto de vista objetivo, uma
vez que é violado um direito objetivo.

Violação de um dever lateral de conduta, de cuidado com o património da outra


parte, violado o dever de cumprir o contrato com boa-fé 798o;762o/2; 397o. Violação
de direito relativo.

Culpa

É um juízo de censura feito sobre o próprio sujeito, mas de um ângulo subjetivo, uma
vez que este poderia ter agido de outra maneira- critério do bom pai de família, ou
seja, comparação com o comportamento de um homem médio artigo 487 no2.

Temos de verificar a imputabilidade de Alberto artigo 488, neste caso nada indica que
Alberto possa ser imputável, uma vez que é maior de idade.

Dano

Corresponde ao prejuízo sofrido pelos lesados. Estes podem ser patrimoniais ou não
patrimóniais7morais.

Patrimoniais permitem uma avaliação pecuniária. Podem ser danos emergentes, o


património perde valor depois do dano causado, ou lucros cessantes, o património
não tinha valor, mas poderia vir a ter. artigo 564

Não patrimoniais/morais, não é possível contabilizar artigo 496. Existindo este dano
falamos em compensação e não em indemnização, uma vez que, é impossível
contabilizar por exemplo a morte de um filho.

Neste caso existem danos patrimoniais emergentes- vai ter de pagar uma nova
pintura artigo 462o.

Nexo de causalidade entre o facto e o dano

O facto tanto em concreto como em abstrato no decurso normal das coisas tem de ser
causa idónea e adequada do dano. Artigo 563.
A conduta do lesante tem de se mostrar como decurso normal das coisas.

Neste caso a troca de tintas ocasionou os danos resultantes de ter uma parede de cor
diferente artigo 563o.

António não estava vinculado pelo contrato. Era apenas auxiliar da TFsa, que o
utilizou para o cumprimento de uma obrigação contratual sua.

Necessário avaliar se TF pode ser responsabilizada, como se fosse ela a atuar. Para
tal é preciso que os requisitos do artigo 800o sejam preenchidos:

1. ato danoso praticado pelo auxiliar no cumprimento da obrigação;

2. que violou um direito relativo;

3. e com culpa

Conclusão: todos os requisitos foram preenchidos, quem responde é o devedor TF,


tratando-se de uma reconstituição natural 566o/1.

António responde criminalmente pelo furto da boneca.

Caso prático n.o 9

Anacleto é trabalhador do restaurante, Bom Comer, Lda., com as funções de distribuir


as refeições ao domicílio. Em Outubro de 2007, Anacleto, no percurso do restaurante à
casa duma pessoa que havia encomendado uma refeição, devido ao seu descuido,
atropelou Berto que atravessava a estrada na passadeira, tendo este ficado hospitalizado
durante o período de 7 dias. Com o deflagrar do acidente, Anacleto não mais se lembrou
das refeições que tinha para entregar ao cliente que, alegando estar à espera daquelas
para uma festa de aniversário, pretende ser indemnizado pelos prejuízos sofridos,
designadamente pela necessidade que teve de contratar um outro restaurante que, pela
urgência invocada, se cobrou do dobro do devido. Quid iuris?

Por regra quem sofre o dano é quem o sofreu (casum sentit dominus). No entanto
este princípio pode ser afastado se estiverem preenchidos determinados pressupostos,
pelo que o instituto da Responsabilidade civil serve para deslocar o dano de quem o
sofreu para quem o causou.

Responsabilidade contratual - há uma relação jurídica prévia - artigo 798º e


seguintes - a vontade privada é o fundamento desta responsabilidade - há uma
violação de direitos relativos -eficácia interpartes. Tem como fundamento o princípio
pacta sunt servanda - as partes vinculam-se por sua livre vontade e os contratos
celebrados são para cumprir.

Responsabilidade extracontratual - artigo 483º e seguintes - violação de direitos


absolutos - eficácia erga omnes - fundamento na lei.
A responsabilidade civil extracontratual pode ser por facto ilícitos, objetiva ou pelo
risco ou por factos ilícitos.

Em primeiro lugar devemos referir a norma do casum sentit dominus, isto é o


prejuízo é suportado por quem o sofreu. A funçãp da responsabilidade civil é deslocar
o dano de quem o sofreu para quem o causou através de uma indemnização

Os pressupostos da responsabilidade civil são 5 e devem estar cumpridos


cumulativamente.

O primeiro pressupostos é o do facto voluntário, este pressupostos diz que tem de


haver uma comportamento controlável pela vontade humana que se pode traduzir
numa ação ou numa omissão.

O segundo pressuposto é o da ilicitude, este pressupostos consiste num juízo de


censura objetivo sobre o facto, isto é, sobre o atropelamento que provocou lesões ao
nível da integridade física.

O terceiro pressupostos da responsabilidade civil diz respeito à culpa, em primeiro


lugar como nada nos diz no enunciado, António é imputável e, em relação às
modalidades da culpa estamos perante uma situação de mera culpa/negligência, pois
estamos perante uma falta de diligência, ao brigo do critério do bónus paterfamilias -
bom pai de família - poderá haver aqui limitação da indemnização

O quarto pressupostos diz respeito ao dano, isto é, o prejuízo que o lesado teve em
sofrer a lesão. Os danos podem ser considerados como patrimoniais ou não
patrimoniais. Devemos ter, nesta medida em atenção os danos emergentes e os lucros
cessantes - no enunciado é feito referido ao período de hospitalização de 7 dias.

O quinto e último pressuposto diz respeito ao nexo de causalidade ao abrigo da teoria


da causalidade adequada, a distração é uma omissão de um dever de cuidado que é
considerado uma causa idónea tanto em concreto como em abstrato para a a
produção do dano do atropelamento.

Em suma, estando todos estes pressupostos preenchidos cumulativamente, poderá


haver aqui uma inversão da regra casum sentit dominus.

Assim, estando preenchidos todos os pressupostos da responsabilidade civil por factos


ilícitos, Anacleto responde perante Berto pelos danos que lhe causou. Contudo, pode-
se questionar se também responderia, por estes danos, o dono do restaurante, nos
termos do artigo 500º, por ter incumbido Anacleto de uma tarefa. Para isso, têm de
estar preenchidos os pressupostos do artigo 500º por ter incumbido Anacleto de uma
tarefa. Para isso têm de estar preenchidos os pressupostos do artigo 500º.

Tem de existir uma relação de comissão (uma relação de subordinação jurídica, o


que significa que o comitente - dono do restaurante- tem o poder de instruir e da
rordens ao comissário que o comitente - dono do restaurante- tem o pdoer de instruir
e de dar ordens ao comissário - Anacleto, o que sucede, pois Anacleto é responsável
por entragar refeições (existindo assim um contrato de trabalho, nos termos do artigo
1152º), nos danos têm de ter existido por causa do exer´cicio da função e não por
ocasião desta, tem de existir obrigação de indemnizar o que acontecer pois Anacleto
responde nos termos do 483º

O prazo para a indemnização terá o período máximo de 5 anos pois estamos perante
responsabilidade civil extracontratual e cabe ao lesado o ónus da prova. 498ºnº1

No que diz respeito ao esquecimento da realização da encomenda, este facto jurídico


desencadeia uma violação ao princípio pacta sunt servanda - deste modo estamos
perante a violação de direitos relativos.

Presumindo que estão preenchidos todos os pressupostos da responsabilidade


contratual, contudo, estão-no na pessoa do Anacleto e não do devedor - o dono do
restaurante. Anacleto não pode responder contratualmente, visto não ser parte no
contrato. Apenas o dono o pode fazer, mas agora nos termos do artigo 800º, que
determina que o devedor responde pelos atos do seu auxiliar como se fossem
praticados pelo próprio, ou seja, tem de existir um ato danoso, praticado pelo seu
auxiliar como se fossem praticados por ele próprio, ou seja, tem de xistir um ato
danoso, praticado pelo auxiliar, no cumprimento da obrigação contratual, com culpa
e que viole direitos relativos. Já verificamos que todos estes pressupostos se
encontram preenchidos na pessoa do Anacleto, pelo que o dono do restaurenate irá
responde pelos atos preenchidos na pessoa de Anacleto, pelo que o dono do
restaurante irá responder pelos atos preenchidos na pessoa de Aanacleto, pelo que o
dono do restaunte vai responder como se tivesse sido ele a praticar os mesmos atos.

( como devemos enquadrar o direito de regresso)?

Caso prático n.o 14

Lucrécia vendeu a Marta, em Fevereiro, o aquecimento central da sua casa. Um mês


após, Lucrécia vendeu a casa a Natália, sem que o aquecimento central tivesse sido
retirado.
Marta, em Abril, pede a Lucrécia que lhe entregue o aquecimento central. Terá razão?

Estamos perante um contrato de compra e venda. Este é um contrato através do qual


se transmite a propriedade de uma coisa mediante o pagamento de um preço, artigo
874º

De acordo com o artigo 232º, é necessário que exista uma proposta contratual
precedida da respetiva aceitação. Os efeitos do contrato de compra e venda estão
previsto no artigo 879º onde podemos ter efeitos reais e efeitos obrgiacioanais.

No que diz respeito ao efeito real, temos o princípio da consensualidade, artigo 408º
nº1 - transferência consensual sobre o domínio - por via de regra, os contratos que
transmitem direitos reais, esses direitos produzem-se por mero efeito do contrato ao
abrigo do princípio da consensualidade.

Relativamente à forma que o negócio deve observar, por via de regra, é o princípio da
liberdade de forma.
O objeto mediato do negócio jurídico é o aquecimento central de uma casa. Estamos
perante uma coisa nos termos do artigo 202º do CC.

Este é considerado um bem móvel. No entanto, em face da ligação do aquecimento


central ao imóvel, este pode qualificar-se como uma parte integrante, artigo 204/1/e)
e 204º/3, ou seja, não se caracteriza por ser um elemento da estrutura do prédio, mas
aumenta a sua utilidade

- diferente das partes integrante e das partes componentes, há ainda as coisas


acessórias artigo 210º/1. As coisas acessórias são coisas móveis, que estão ligadas
economicamente às coisas principais)

Neste caso, aplicamos o princípio da consensualidade ou há alguma exceção por


estarmos a falar de uma parte integrante? Sim existe - artigo 408/2 - se a
transferência do direito real de propriedeade só se vais verificar no momento da
separação, no que respeita a partes integrantes. No enunciado nada nos diz que
existiu a separação.

Assim sendo, o aquecimento continua a pertencer a Lucrécia. Este negócio apenas


produziu efeitos obrigacionais e não reais, porque não existiu a separação da parte
integrante em relação à coisa principal. Assim, a proprietária do aquecimento central
será a Lucrécia até que ocorra a separação.

Marta poderá exigir responsabilidade civil contratual porque este incumprimento


constitui numa violação de um direito relativo de entrega da coisa.

No que diz respeito à venda de Lucrécia a Natália:

Estamos perante um compra e venda sendo que devemos caraterizar o contrato de


compra e venda como um contrato sinalagmático (...), sendo este o contrato através
do qual se transmite a propriedade de uma coisa mediante um preço - artigo 874º

De acordo com o artigo 232º, é necessário que exista uma proposta contratual
precedida da respetiva aceitação.

Os efeitos do contrato de compra e venda estão previsto no artigo 879º, efeitos reais e
obrigacionais

No que diz respeito aos efeitos reais, temos o princípio da consensualidade, artigo
408ºnº1 - transferência consensual do domínio - por via de regra, os contrato que
transmitem direitos reais, esses direitos produzem-se por mero efeito do contrato ao
abrigo do princípio da consensualidade.

Relativamente à forma que o negócio deve observar, por via de regra é o princípio da
liberdade de forma. Neste caso, como estamos perante um ccv de um bem imóvel há
forma que lhe são exigidas por lei 875º deve ser celebrado por escritura pública ou
documento particular autenticado. Caso contrário o negócio é nulo -artigo 220º
O objeto mediato do negócio jurídico é a casa. Estamos perante uma coisa nos termos
do artigo 202º do código civil esta é considerada um bem imóvel. Neste caso,
considerando que não estamos perante nenhuma exceção ao princípio da
consensualidade, o efeito real decorrente da celebração deste contrato produzir-se-á
por mero efeito do contrato nos termos do art.º 408.º/2, CC.

Aqui assumimos que foi observada a forma e que o negócio é válido. O efeito real
(transmissão do direito de propriedade) dá-se por mero efeito do contrato porque não
estamos perante nenhuma exceção ao princípio da consensualidade.

Este negócio abrange o aquecimento central, porque a parte integrante terá o mesmo
destino da coisa principal, dado que não existiu separação artigo 204/1/e 210 (a
contrario)).

O negócio celebrado inclui também a parte integrante que ainda se encontrava ligada
à coisa principal.

Daqui resulta que a Natália será a proprietária, tanto da casa como do aquecimento
central.

A Natália comprou a casa e em conjunto adquiriu também o aquecimento central e é


proprietária de ambas as coisas, o que equivale a dizer que a Marta não vai ter o
direito de propriedade sobre o aquecimento central.

Caso prático n.o 15


António vende a mobília da sua cozinha a Bernardo; a antena parabólica (colocada no
telhado) a Cristina; e o elevador da sua casa, importante peça histórica, ao museu local.
Pouco tempo depois, antes de ter desmontado ou entregue qualquer coisa, António
vende a sua casa, com todo o recheio e sem qualquer ressalva, a Humberto.
Para quem se transferiu a propriedade dos diversos objectos em causa?

Estamos perante um caso prático relativo às coisas e direitos reais de propriedade.

. contrato de compra e venda da mobília

. ccv da antena parabólica

. elevador da sua casa que é uma importante peça histórica (não fungível)

De acordo com o artigo 232º, é necessário que exista uma proposta e uma respetiva
aceitação.

O primeiro negócio jurídico e diz respeito a um contrato de compra e venda - 874º


que tem como objeto mediato a mobília da cozinha. A mobília da cozinha esendo um
bem móvel, a transmissão da propriedade dá-se por mero efeito do contrato de acordo
com o artigo 408º nº1.
As coisas podem encontrar a sua classificação nos artigos 204º e seguintes e a
definição de coisa encontra-se no artigo 202º. A mobília da cozinha é uma coisa
móvel nos termos do artigo 205º, deste modo, segundo o artigo 219º, existirá liberdade
de forma, na medida em que a lei não exige forma especial.

Quanto ao negócio jurídico do contrato de compra e venda que tem como objeto
mediato a antena parabólica, esta é uma coisa acessória (artigo 202ºnº1 e 203º +
210º). São coisas móveis que não constituindo partes integrantes, estão também
afetadas duradouramente ao serviço da outra (não estão ligadas materialmente à
coisa principal, mas sim economicamente). As coisas acessórias têm com a coisa
principal uma ligação específica de acordo com os fins desta - 219º estamos perante
uma coisa móvel, logo há liberdade de forma.

Nos termos do artigo 210ººn1, a coisa acessória pode ser alienada autonomamente,
sem a coisa principal cujo serviço encontra - 210º nº2 do CC

Os negócios sobre a coisa principal não afetam a coisa acessória, salvo acordo em
sentido contrário. No que diz respeito aos efeitos desse contrato, Cristina adquire o
direito de propriedade por mero efeito do contrato de acordo com os efeitos reais do
879º em conformação com o artigo 408º do CC - princípio da consensualidade ou da
transferência consensual do domínio.

Quanto ao contrato de compra e venda que tem como objeto mediato a parte
integrante “elevador” - artigo 204º nº1 e)- segundo o nº3 desse mesmo artigo devemos
considerar como parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio
com caráter de permanência, em função ou de acordo com o fim desta.

A transferência de direito reais (transmissão do direito de propriedade) sobre o


elevador só se dará quando for separado de um bem imóvel a que pertence, de
acordo com a previsão do artigo 408º nº2 2ª parte - António continua a ser o
proprietário. O elevador é um objeto não fungível pois o enunciado revela alguma
importância histórica ao mesmo.

Quanto ao negócio da venda do bem imóvel, não se aplica ao princípio da liberdade


de forma, pois ao abrigo do disposto no artigo 875º, a venda de bens imóveis está
sujeito à forma de documento particular autenticado ou escritura pública.

Quanto ao elevador, é uma parte integrante e serve o mesmo destino da coisa á qual
está ligada. A transmissão do direito real não se dá por mero efeito do contrato, mas
sim por separação. Não existindo essa separação, o proprietário é Humberto, a quem
vendeu também o elevador, que seguiu o mesmo destino jurídico do imóvel.

Assim, o museu podia pedir uma indemnização ao abrigo da responsabilidade civil


contratual art.º 798.º e ss.
Caso prático n.o 16
Em Maio, Amândio vendeu a Belmiro as laranjas do seu pomar que iria colher no mês
de Dezembro. Dois meses depois, Amândio celebra um novo contrato, através do qual
troca as laranjas – ainda não colhidas – por um automóvel de Constantino. Em
Novembro, o mesmo Amândio decide vender todo o pomar a Dimas.
Quer Belmiro quer Constantino exigem de Dimas que lhes entregue as laranjas
entretanto colhidas. Quid iuris?

(frequência de 28.01.1997)

Estamos perante um caso prático relativo às coisas e a sua classificação - a definição


encontra-se prevista no artigo 202º e a sua devida classificação nos artigo 205º e
seguintes.

Estamos perante um contrato de compra e venda - artigo 874º que tem como objeto
mediato uma colheita de laranjas. As laranjas são consideradas um fruto natural.

A transmissão do direito de propriedade sobre as laranjas dá-se aquando da colheita,


o quer dizer que este negócio só produz efeitos obrigacionais até ao momento da
colheira artigo 408/2 e 879/b/c.

Deste modo, o proprietário das laranjas continua a ser Amândio, sem prejuízo do
artigo 880º Amândio deve cumprir todas as diligências necessárias para transferir o
direito de propriedade a Belmiro.

Troca de A com C das laranjas ainda não colhidas por um automóvel

Contrato de permuta não está previsto no CC, mas é reconhecido e admitido ao


abrigo do princípio da liberdade contratual. Artigo 939 Aplicamos ao contrato de
permuta, as regras do contrato de compra e venda artigo 879 e ss, este contrato de
permuta será válido nos termos em que seria no contrato de compra e venda.

Quanto à forma – principio da liberdade de forma. Artigo 219

Os efeitos existentes são os efeitos obrigacionais, porque estamos perante frutos


naturais ainda não colhidos e, por isso, não se verificam efeitos reais artigo 408/2 +
879/b/c.

Venda de A a D de um pomar um mês antes de recolher os frutos

O pomar é um bem imóvel artigo 204 nº1/a, é assim exigido por lei a forma de
escritura pública ou documento particular autenticado
Princípio da consensualidade – a transmissão do direito de propriedade ocorre por
mero efeito do contrato artigo 879 + 408/1, CC

Considerando que os frutos naturais fazem parte do terreno, o Dimas também se


torna proprietário das laranjas não colhidas.

O Dimas torna-se proprietário tanto do pomar como das laranjas que ainda não
foram colhidas.

Não estando o Dimas obrigado perante o Belmiro e o Constantino de nada, e sendo


ele o proprietário dos frutos, Constantino e Bernardo nada podem exigir a Dimas.
Podem exigir a Amândio as indemnizações pelo facto de não terem sido vendidas as
laranjas.

Caso prático n.o 17 *


Em 07/11/2000, Amâncio vendeu a Berto um terreno de cultivo, pelo preço de EUR:
150.000,00, que Berto pagou na totalidade.

I.
a) Por acordo entre ambos, o contrato de compra e venda foi celebrado por documento
particular. Quid iuris?

Sendo que este negócio foi celebrado por documento particular e não documento particular
autenticado ou escritura publica, o ne´gocio jurídico é nulo, pois ao abrigo do artigo 875º do
código civil, os bens imóveis têm de possuir forma legal exigida.

b) Em 10/12/2000, Berto consegue vender o terreno a Carlos que o regista, sem se ter
apercebido do que havia sucedido. Em Janeiro de 2004, Amâncio exige a restituição do terreno.
Quid iuris?

Sendo que o primeiro negócio é nulo, por consistir num negócio em que não fora respeotada
a forma legal do artigo 875º - artigo 220º. Para este negócio ser anulado é necessário uma
ação de declaração de nulidade que pode ser invocada a qualquer altura. A ação de
declaração de nulidade apenas tem efeitos restitutivos e não retroativos, pois estes negócios
não alteram a realidade jurídica.

O negócio é assim nulo, segundo o artigo 220’º. Como não são produzidos os efeitos volitivo
finais, B não pode vender o terreno a C, pois seria uma violação do princípio nemo plus
iuris, isto é, ninguém pode transmitir mais direitos do que aqueles que tem. C está atempo de
pedir uma ação de declaração de nulidade que pode ser invocada por qualquer interessado e
assim ocorrerão os efeitos pretendidos.

Antes disso devemos verificar se C está, de facto de boa-fé, isto é, se este desconhecia a
situação anterior do imóvel (que foi transmitido mediante um negócio nulo). Para saber se o
C está protegido pelo artigo 291, devem estar cumulativamente preenchidos os 6pressupsotos
que constam do artigo.

1 - temos de estar perante um bem imóvel ou móvel sujeito a registo

2- direitos incompatíveis (A tem direito de propriedade e C tem um direito de oponibilidade


relativa
3- a aquisição do bem tem de ser feita a título oneroso, estamos perante um ocntrato de
compra e venda logo está preenchido

4- o terceiro tem de estar de boa fé, isto é, tem de desconhecer a situação anterior do imóvel

5 - o registo de aquisição do prédio tem de ser anterior À ação de declaração de nulidade -


este também se encontra preenchido

6- tem de ter decorrido 3 anos deste a celebração do primeiro negócio jurídico, logo este
também se encontra preenchido.

Desta forma estando preenchidos todos os pressupostos do artigo 291º, podemos perceber que
o direito de oponibilidade relativa transformou-se efetivamente num direito de propriedade,
estamos perante um exceção ao princípio nemo plus iuris, pois C adquirr a non domino um
dirieto de propriedade ex novo e não é um direito real derivado.

II.
a) Considere, agora, que, tendo sido celebrada escritura pública, Amâncio só vendeu o terreno a
Berto porque este exerceu sobre aquele cocção moral, situação que cessou no mês de Maio de
2005. Em 9/12/2005, Amâncio pretende reaver o terreno vendido. Quid iuris?

Neste caso, é referido um vício de vontade que é a coação moral - os ngócios celebrados com
vícios de vontade possuem a sanção de anulabilidade ao abrigo do artigo 287º do Código
Civil.

O negócio jurídico anulável produz todos os efeitos volitivo- finais mas apenas a título
provisório, ou seja, ao celebrar o contrato de compra e venda com Berto, perto é titular do
direito de propriedade mas apenas a título provisório.

Amâncio ao pretender reaver o terreno pretende intentar uma ação de anulação - aritgo 287º
do Código Civil. A anulabilidade só pode ser invocada pelas pessoas cujo interesse fora
estabelecido pela lei e não pode ser de conhecimento oficioso do tribunal. O prazo para
invocar a anulabilidade é de um ano após a cessação do vício. Este tipo de de vício é sanável
e a sentença desta ação possui efetios retroativos e restitutivos.

O negócio foi celebrado em 2000, o vício cessado em Maio de 2005, Amâncio tinha até Maio
de 2006 para intentar a ação de anulação. Amâncio intentou a ação em dezembro de 2005,
dentro do prazo estabelecido.

Assim, a propriedade volta a Amâncio como se nunca tivesse saído da sua esfera.

b) A solução seria a mesma se, em Maio de 2001, Berto tivesse vendido o aludido terreno a
Carlos que o registou de imediato, desconhecendo as irregularidades anteriores?

Em maio de 2001, Berto celebrou com Carlos um CCV sobre o mesmo terreno que tinha
comprado a António. Entende-se que este negócio respeitou a forma legal prevista no art.
875º, pois só assim Carlos poderia ter registado o seu direito. Assim, o contrato é válido e
todos os efeitos do art. 879º se vão produzir.
Não obstante , segundo o principio nemo plus iuris, Berto não pode transmitir mais direitos
do que aqueles que tem, assim, apenas transmitiu a Carlos um direito de propriedade a titulo
provisório.

Carlos é assim proprietário, a título provisório, do terreno, procedendo de imediato ao registo


do seu direito.

No entanto, Amâncio em Dezembro de 2005 pretende reaver o terreno. Com esta ação,
retroativamente o negócio B-C que era válido, torna-se numa venda de coisa alheia e por isso
nulo, extinguindo-se assim o direito contratual a titulo provisório de C. Carlos que
desconhecia as irregularidades do negócio anterior, só não será afetado pelos efeitos da ação
de anulação, caso esteja protegido pelo art. 291º e para tal, como já referido, é preciso que os
seus requisitos estejam preenchidos cumulativamente.

Tem de estar em causa um bem imóvel ou móvel sujeito a registo (trata-se de um terreno, ou
seja, de um bem imóvel);

têm de estar em causa direitos incompatíveis entre si (A tem direito de propriedade e C o


direito de oponibilidade relativa);

tem de ser um direito adquirido a titulo oneroso);

direito adquirido por terceiro de boa-fé (como já visto, Carlos estava de boa-fé 291º/3);

o registo de aquisição do terceiro tem que ser anterior ao registo da ação, nesse caso, de
anulação (Carlos registou o seu direito em 2004 e Amâncio a ação em 2005);

têm que ter decorrido 3 anos desde a realização do primeiro negócio (o primeiro negócio foi
realizado em 2000 e Amâncio só em 2005 veio exigir a restituição do terreno, 5 anos após a
realização do negócio, 291º/2.

Com todos os requisitos preenchidos, Carlos torna-se o proprietário do terreno. Trata-se de


uma aquisição derivada a dominu.

c) A solução de b) seria a mesma se Berto tivesse doado o terreno a Carlos?

Se se tratasse de doação, art. 940º, Carlos não estaria protegido pelo art. 291º, visto
que a doação não é um negócio oneroso e, para alguém ser protegido pelo 291º, todos
os requisitos têm de estar cumulativamente preenchidos, e no caso da doação, o
terceiro requisito não se preencheria.

Assim, o direito de propriedade voltaria para a esfera de Amâncio, cumprindo-se


todos os efeitos de ação de anulação.

Caso prático no 18
Em Janeiro de 2000, A doou a B um automóvel porque B o convenceu de que era filho de um
grande seu amigo, o que não era verdade. B, assim que se viu na titularidade do automóvel
vendeu-o a C, que suspeitava que B o tinha adquirido de modo irregular. Contudo, não se
importando com isso, comprou-o e registou a sua aquisição.

Passados quatro anos, A descobre que B não era filho do seu amigo e quer recuperar o
automóvel. Poderá fazê-lo?
Estamos perante a um caso relativo a modalidades do negócio jurídco, como tal
devemos analisar cada negócio jurídico realizado autonomamente e para elaborar
um raciocínio jurídico adequado.

Em primeiro lugar, o primeiro negócio jurídico realizado diz respeito a uma doação a
doaçã oé um negócio jurídico unilateral mediante o qual alguém dispõe
gratuitamente do seu património em benefício de outra pessoa. Contudo, esta doação
padece de um vício de vontade o que faz com que este negócio seja anulável.

Sendo este negócio anulável, produzirá efeitos volitivo-finais apenas a título


provisório, C será provisoriamente titular de um direito de propriedade sobre o
automóvel que é um bem móvel sujeito a registo.

Sendo possuidor, B realizou um CCV com C, art. 874º, cujo objeto mediato era o
mesmo do negócio anterior. Como se trata de bem móvel, existe liberdade de forma,
art. 219º. Este negócio não sofre de qualquer invalidade, assim, sendo válido produz
todos os efeitos volitivo-finais o art. 879º, dá-se a transmissão da propriedade por
mero efeito do contrato artigo 879º a) e 408º/1) (efeito real), B tem a obrigação de
entregar a coisa artigo 879º b)) e C tem a obrigação de pagar o preço da coisa artigo
879º c)) (efeitos obrigacionais).

Contudo, o princípio nemo plus iuris diz-nos que ninguém pode transmitir direitos
mais fortes que aqueles que tem, pelo que B, proprietário a titulo provisório, só pode
transmitir a C uma propriedade a titulo provisório. O automóvel acaba por pertencer
a C, que adquire por via do contrato, um direito a domino, mas a título provisório.

O facto de C desconhecer com culpa a anulabilidade do negócio não releva pra que
ele possa adquirir, releva apenas para saber se ele pode ficar com o adquirido, nos
termos do art. 291º. O vicio que inquinava o negócio entre A e B cessou em 2004 e A
quer recuperar o automóvel.

Segundo o art. 287º, A tem legitimidade para intentar uma ação de anulação, pois é o
legitimo interessado, dentro do prazo de um ano após a cessação do vicio, ou seja,
tem até 2005 para intentar a ação. Se a ação for procedente terá como efeitos
retroativos o retorno do direito de propriedade a A por mero efeito da sentença, e
terá como efeitos restitutivos, o bem voltar a A. Consequentemente, caindo o negócio
entre A e B, em principio o negócio entre B e C também cairá e assim o negócio B-C,
que era válido, tornar-se-á venda de coisa alheia e, por isso, nulo.

Contudo, C como terceiro pode ficar protegido dos efeitos da ação da anulação, pelo
artigo 291º, desde que os seus pressupostos estejam todos cumulativamente
preenchidos. Tem de se tratar de um bem móvel ou imóvel sujeito a registo (trata-se
de um automóvel, por isso bem móvel sujeito a registo); têm de estar em causa
direitos incompatíveis entre si (A tem direito de propriedade e C o direito de
oponibilidade relativa); o direito tem que ser adquirido a título oneroso (C adquiriu o
bem através de um contrato de CCV, que é um negócio oneroso); direito adquirido
por 3º de boa fé (C desconhecia o vicio, mas desconhecia com culpa, isto é,
desconfiava do que se tinha passado, por isso não se pode considerar que tenha agido
de boa fé.
Assim, este pressuposto não se encontra preenchido); o registo de aquisição pelo
terceiro tem de ser anterior ao registo da ação, neste caso, de anulação (C registou o
seu direito em 2000 e A só registou em 2004); tem de ter decorrido três anos desde a
realização do primeiro negócio (o primeiro negócio foi realizado em 2000 e só em
2004 A veio exigir a restituição do carro, mais de 3 anos depois).

Assim, como não foram preenchidos todos os pressupostos, C não fica protegido art.
291º, retornando assim a propriedade para A.

Caso prático n.o 19

I.
A, dono de um pinhal frondoso, vende-o a B, emigrante em França, que não regista a sua
aquisição. Entretanto C negoceia com A a aquisição do terreno, o que vem a fazer por contrato
de compra e venda celebrado por escritura pública, fazendo, de imediato, o respectivo registo
predial e tomando posse do aludido terreno. B, quando regressa de férias a Portugal, apercebe-se
que C está a cortar algumas árvores e a arranjar a vedação do terreno.
a) B exige de C a restituição do terreno. Quid iuris?

A celebrou um contrato de compra e venda com B, o artigo 874º, cujo objeto mediato é o
terrono, ou seja, é uma bem imóvel segundo. o artigo 204º nº1 e, por isso, sujeito a registo,
nos termos o artigo 2º nº1 do Código do Registo Predial. Este tipo de imóvel está sujeito À
forma do artigo 875º, sendo que nada nos é dito no enunciado.

Apesar de B não ter registado o seu direito, isso não implica que ele não o tenha adquirido,
visto que o registo serve apenas para efeitos de publicidade, art. 1º Cod. Reg. Pred.

Entretanto A celebrou um CCV com C, art. 874º, cujo objeto mediato é o terreno que tinha
vendido anteriormente a B, negócio este que respeitou a forma legal de celebração.

Contudo, trata-se de uma venda de coisa alheia e, por isso, nula art. 892º, já que A já não
tinha o direito de propriedade para o transmitir, violando-se assim o principio nemo plus
iuris, pois não se pode transmitir um direito maior do que/aquele que se tem. Sendo o
negócio nulo, nenhum dos efeitos volitivo-finais do art. 879º se vão produzir. Deste modo, C
nada adquire por força do contrato.

Contudo C estava de boa fé, pois nada nos diz que tinha conhecimento da venda anterior,
adquirindo desse modo, por força da lei, um direito de oponibilidade relativa, art. 892º 2ª
parte. Para além disso, C confiou nas presunções do registo, art. 7º Cod. Reg. Pred., já que
era A quem figurava como proprietário, assim estava de boa fé, sendo considerado 3º para
efeitos de registo, juntamente com B (art. 5º/4 Cod. Reg. Pred.). Uma vez que B e C são
terceiros para efeito de registo (art. 5º/1/4 Cod. Reg. Pred.), segundo o art. 6º Cod. Reg.
Predial, prevalece o direito inscrito em primeiro lugar, como B não procedeu sequer ao
registo, C passa a deter o direito de propriedade sobre o terreno. Trata-se aqui de uma
aquisição tabular, já que o direito de oponibilidade relativa de C e o art. 6º do Cod. Reg.
Predial, deram origem ao direito de propriedade.

Como não podem existir dois direitos absolutos sobre o mesmo conteúdo, a favor de
diferentes titulares, o direito contratual e B extingue-se, tratando-se assim de uma sanção por
B não ter cumprido o ónus de registar a sua aquisição. O proprietário é C. B não pode exigir
a restituição do terreno.
b) A solução seria a mesma se C soubesse que o terreno já havia sido vendido a B?

Se C soubesse que o terreno já havia sido vendido a B, não estaria de boa fé, por isso não
seria considerado 3º para efeitos de registo, porque conhecia a desconformidade entre a
realidade de facto e a realidade jurídica. Assim sendo, não tendo adquirido direito nenhum, o
simples facto de ter registado a aquisição não sana nulidades nem lhe atribuía qualquer
direito. Logo, o proprietário é B e, por isso, tem o direito de exigir a restituição do terreno.

II.
Considere, agora, que A vende a B o terreno, por escritura pública, e que este não regista. Dois
meses após a aquisição, C, no âmbito de um processo executivo proposto contra A, verifica no
registo predial que o terreno está ali inscrito na titularidade de A e penhora o referido terreno,
efectivando-se, de imediato, o respectivo registo predial. B considera-se o legítimo dono do
terreno e entende reagir contra a penhora. Quid iuris?

A celebrou um contrato de compra e venda com B, 874º cumprindo-se os efeitos do


artigo 879º e do 408ºnº1. Este ne´goioc jurídio que tem como objeto mediato um bem
imóvel está sujeito à forma legal previstaq no artigo 875º sob pena de nulidade deste
mesmo contrato. Este terreno sendo um bem imóvel está sujeito a registo ao abrig odo
artigo 2ºnº1 a) Codigo do Registo Predial.

Não padecendo de nenhum vício, este contrato é válido. Assim sendo, todos os efeitos
volitivo-finais do artigo 879º se vão produzir. Dá-se a transferência da propriedade
por mero efeito do contrato - artigo 879º a 408º/1.

B é o legítimo proprietário da propriedade, apesar de não ter registado.

C, confiando no que constava no registo - artigo7º do Código do Regidsto Predial,


penhorou o terreno, entendendo que este ainda pertencia a A. No entanto, A já não é
o proprietário, logo B pode reagir contra a penhora.

Caso prático n.o 20


António, coacção moral, vende a Bernardo a sua vivenda de férias. Bernardo procede de
imediato ao respectivo registo. Meses mais tarde, Bernardo vende-a a Carlos que desconhecia o
ocorrido entre António e Bernardo, mas que não regista a sua aquisição. Bernardo, verificando
que continua a figurar no registo como o proprietário da vivenda, volta a vendê-la a Daniel que
conhecia a forma como Bernardo a adquirira, mas ignorava a venda anterior. Daniel regista a
sua aquisição.

1. a) Quem é, actualmente, o proprietário do bem?

Para que possamos chegar à conclusão de quem é o verdadeiro proprietário do bem,


devemos analisar cada negócio jurídico individualmente para desenvolver um
raciocício jurídico consistente.

O primeiro negócio é um contrato de compra e venda - artigo 874º, os seus efeitos


encontram-se regulados nos artigo 879º e 408º nº1 - princípio da consensualidade.
Este contrato possui efeitos reais e obrigacionais, mas, neste caso apenas daremos
importância aos efeitos reais ( neste caso a trnaferência da propriedade).
O problema que aqui se afigura é que o primeiro negócio jurídico realizado através
da capacidade negocial de exercício entre António e Bernardo ao abrigo do princípio
da liberdade contratual é que este negócio jurídico possui um vício de vontade - isto é,
foi realizado sob o efeito de uma coação moral. Posto sito, devemos assumir que este
negócio é anulável (artigo ??). B será proprietário, mas apenas a título provisórios,
pois os efeitos volitivo-finais deste mesmo contrato também são a título provisório,
sujeitos a uma ação de anulação de A que pode s er intentada no prazo de 1 ano a
contar desde a cessação do vício.

Relativamente ao segundo negócio jurídico, estamos perante um contrato de compra


e venda que tem com objeto om esmo bem imóvel, contudo no enunciado é nos feito a
ressalva que de Carlos estava de boa fé- pois estava numa posição de ignorância
relativamente ao negócio jurídco anterior. Contudo, Carlos não regista esta mesma
aquisição como era suposto ao abrigo do artigo 2º do Código do Registo Predial.
Posto isto, apercebemo-nos de imediato que C não ficara protegido pelo artigo 291º
pois falta o presupoto do registo, e estamos perante um negócio sequencial.

A modalidade triangular do negócio surge quando surge o negócio BD. Este negócio
é um contrato de compra e venda sobre bem alheio em que B já não possuía a
propriedade pois essta já fora transmitida a C por mero efeito do contrato. Logo, ao
abrigo do princípio nemo plus iuris este não pode transmitir mais direitos do que
aqueles que tem. Contudo D regista a sua aquisição ao abrigo do disposto no Código
do Registo Predial. Desta maneira ele adquire um direito de oponibilidade relativa -
nos termos do artigo 7º do CregPRed. No entanto temos de avaliar se C e D são
terceiros para efeitos do registo - 5nº4 do Codigo do Registo Predial. Sim e no entanto
C não registou o seu direito real de propriedadade, assim este não estando registado
só tem eficácia inter partes e não pode ser oponível a terceiros.

Estamos perante uma aquisição tabular a non domino: aquisição aparente que por
força do registo se torna efetiva. Mas D, apesar de ter adquirido este direito, continua
a estar sujeito a uma ação de anulação por parte de A, que intentado uma ação faz
cair o negócio. D tem um direito de propriedade a título provisório. No fim do dia, o
proprietário é D a titulo provisório, pois este direito ainda pode ser alvo de uma ação
de anulação se não tiver passado o tempo suficiente para a A a intentar.

2. b) Imagine que António, cessando a cocção moral, tenta recuperar a vivenda. Quid
iuris?

Ao cessar a coação moral começa a contar o prazo de um ano para António intentar
uma ação de anulação. Esta ação tem efeitos retroativos, pois altera a realidade
jurídica e resitutivos, onde as partes devem efetuar as prestações inversamente àquilo
que fora efetivamente cumprido. A lei estabelece quem pode intentar esta ação de
anulação, isto é, que for legítimo interessado. A sentença desta ação é consolidativa e
esta pode ser sanável mediante consolidação ou outros fatores previstos na lei.

(Frequência de 20/01/2003)
Caso prático n.o 21

Em Janeiro de 2007, António doou, sob coacção moral, a sua moradia de férias a Bento,
o qual registou o seu acto aquisitivo. Em Abril de 2010, Bento arrendou a moradia a
Carlos para o período referente ao mês de Agosto. Contudo, como mais tarde Dário lhe
ofereceu o dobro da renda, Bento voltou a arrendar a moradia a Dário, para o mesmo
período. Todos os contratos foram celebrados sob a forma legalmente prescrita.

1. a) Diga quem e em que termos é titular de direitos sobre o imóvel.

Para que possamos aferir quem possui direitos sobre o mesmo imóvel devemos
analisar cada negócio jurídico autonomamente O primeiro negócio jurídico
celebrado foi em 2007 e consubstancia-se num contrato de doação que está regulado
nos artigos 940º seguintes. Os efeitos essenciais decorrentes da celebração de um
contrato de doação estão presentes no artigo 954º. Por seu turno, o objeto do contrato
de doação é um moradia (bem imóvel, prédio urbano, nos termos e para o efeito do
disposto nos artigo 202º e 204/1/a do CC). O contrato de doação de bens imóveis à
semelhança do contrato de compra e venda, está sujeito a forma legalmente exigida,
prevista no artigo 947/1 do Código Civil. No entanto, embora a forma legal tenha sido
respeitada, o enunciado diz-nos que o negócio jurídico só se realizou porque A estava
sob coaçaõ moral, facto que permite que de acordo com os artigo 255º e 256º, o
negócio em causa seja anulável. Como estamos perante um contrato anulável, os
efetios volitivo-finais decorrentes deste contrato de doação só se produzirão a título
provisório. O artigo 287nº1 refere-nos o regime jurídico associado à anulabilidade. A
ação de anulação pode ser instaurada a partir de um ano desde que cessa o vício e
produz efeitos retroativos e restitutivos, pois a sua sentença vem a alterar a realidade
jurídica.

Ambos os negócios jurídicos são contratos de locação - artigos 1022º e 1023º do CC .


O artigo 1069º refere que o contrato de arrendamento urbano deve ser realizado por
escrito.

Em face do contrato de arrendamento, C e D serão titulares de direitos pessoais de


gozo sobre a moradia, que são diferentes direitos reais, na medida que se tratam de
direito relativos, que conferem a posse do imóvel durante um determinado período de
tempo. Deste modo, o contrato de locação terá efeitos meramente obrigacionais, ou
seja, sobre a moradia temos o direito de propriedade provisória de B e direitos
pessoais de gozo, que resultam da celebração de um contrato com eficácia meramente
obrigacional.

Todos os contratos são válidos, os direitos obrigacionais não possuem a característica


da exclusividade, contrariamente aos direitos reais. No âmbito de contratos com
eficácia meramente obrigacional, uma pessoa pode obrigar-se varias vezes, agora o
que não poderá fazer é cumprir todas as obrigações, na medida que elas serão
incompatíveis entre si, por terem sido realizadas no mesmo período de tempo.

Neste caso, estando-se perante direito pessoais de gozo incompatíveis entre si, e não
se estanod perante a necessidade de registo, vale, de acordo com o artigo 407º o
direito amis antigo em data- o direito pessoal de gozo de C, portanto, que foi o
primeiro a ser adquirido. Tal como já referido anteriormente, uma pessoa pode
obrigar-se várias vezes, agora o que não poderá é cumprir todas as obrigações –
nesses casos, o incumprimento perante um dos credores dá sempre aso a
responsabilidade contratual (artigo 798 e ss. do CC) Neste caso, D, vendo o seu
direito de locação realizado com B não ser cumprido, poderá pedir uma
indemnização, ao abrigo do instituto jurídico da responsabilidade contratual.

2. b) Se os arrendamentos tivessem sido celebrados por um período de sete anos e


apenas Dário tivesse registado o seu contrato, diga fundamentadamente se a
resposta à alínea anterior seria a mesma.

À semelhança da alínea anterior, tudo se mantém, com a exceção de que, de acordo


com o artigo 2/1/m do CRegPred há a necessidade de proceder a registo, quando se
arrenda um imóvel durante o período superior a 6 anos.

Estando-se perante atos sujeitos a registo predial, já não se poderá aplicar o artigo
407º do CC pese embora ainda se esteja perante direitos pessoais de gozo
incompatíveis entre si - o que este artigo nos refere é que, se o contrato em causa for
tutelado pelas leis do registo, então serão estas aplicadas nessas situações.

Efetivamente, não sendo o registo constitutivo, a sua falta não implica a invalidade
do contrato de locação, mas faz com que, de acordo com o artigo 4/1 do crepredial, o
mesmo só tenha eficácia inter partes, não podendo, de acordo com oartigo 5/1 do
CRegpredial, ser oposto a terceiros para efeitos de registo.

Nesta situação de impasse, recorre-se ao artigo 6º do CREgPRedial que dá


prevalência ao direito registado em primeiro lugar. Se só D registou a sua aquisição o
seu direito pessoal de gozo que prevalecerá sobre o de C, contrariamente ao que se
verificou na alínea anterior. C poderia pedir uma indemnização a B por resposabilida
civil contratual 798º

3. c) Imagine, agora, que, em vez dos dois arrendamentos, Bento realizou duas
vendas. Considere, ainda, que apenas Dário registou a sua aquisição e que,
apesar de conhecer a venda celebrada entre Bento e Carlos ignorava o que se
passara entre António e Bento. Cessando a coacção moral em Dezembro de
2010, António tenta recuperar a moradia. Quid iuris?

O negócio fora celebrado em 2007 e consubstancia-se num contrato de compra e


venda, referido nos artigo 874º e seguintes do CC. No entanto, embora a forma legal
tenha sido respeitada, o enunciado diz-nos que o negócio jurídico em causa só se
realizou em causa só se realizou porque A estava sob coação moral, facto que permite
que de acordo com o 255 e 256 o negocio seja anulável, logo os efeitos volitivo finais
decorrentes deste mesmo contrato só se produzirão a título provisório. A sentença é
constitutiva pois vem a afetar a realidade jurídica com os seus efeitos retroativos e
restitutivos - 287º.
No final do negócio B e C, considera-se que o proprietário do imóvel será C, A título
provisório, na medida em que B não poderá , por força do 892º - princípio nemo plus
iuris, transmitir mais direitos do que aqueles que tem. No entanto, o enunciado refere
que C não registou a sua aquisição, e o ato em causa estava sujeito a registo predial
(2nº1 CREgPredial), por forma a cumprirem-se as finalidades do registo.

A falta de registo não invalida o negócio jurídico em causa, na medida em que o


registo não tem efeitos constitutivos, mas faz com que a eficácia do registo seja
apenas inter-partes, o que impede que o mesmo seja oposto a terceiros para efeitos de
registo nos termos do 5/1 do CREgPredial.

O negócio B e D é um contrato de compra e venda de coisa alheia e consubstancia-se


num contrato de compra e venda de coisa alheia pois esta é uma violação ao
princípio nemo plus iuris. A propriedade provisória foi transmitida a C por mero
efeito do contrato logo, a propriedade já não é de B.

Importa referir que, ao abrigo do 892º/2ª parte, D poderia ter adquirindo um direito
de oponibilidade relativa a B - o que daqui resultaria é que D não poderia opor a
nulidade do negócio a B, ou seja, tudo se passaria como se o contrato fosse válido.

Não adquirindo o direito de oponibilidade relativa, poderá D de alguma forma ser


considerado um terceiro para efeitos de registo?

Nos termos do artigo 5º/4 do CR, terceiros para efeitos de registo são aqueles que
adquirem de autor comum direitos incompatíveis entre si- sendo o negócio B/D nulo,
D além de não ter adquirido o direito de propriedade sobre o imóvel, estava de má-fé,
oque fez com que também não adquirisse um direito de oponibilidade relativa. - D
não adquiriu nenhum direito em virtude do negócio celebrado com B

2 parte da questão:

Resta-nos ainda analisar o facto de que, em dezembro de 20210, cessou o vício de


vontade de A ( a coação moral), pelo facto que este pretende reaver a propriedade do
bem imóvel- vamos supor que a ação foi instaurada dentro do prazo. A sentença
resultante desta ação teria natureza constitutiva, pois altera a realidade jurídica pois
tem efeitos reatroativos e resitutivos.

Já removendo o D da equação, o que atualmente é uma sequencia de negócio, em


que A vende a B e B vende a C. Por isso, a eventual sentença proferida pela ação de
anulação instaurada por A iria repercutir-se também sobre a esfera jurídica de C, a
não ser que C pudesse ser considerado um terceiro de boa-fé e ser protegido pelos
efeitos desta sentença da ação de anulação pelo artigo 291º. Para tal, devemos ver se
os pressupostos deste artigo estão preenchidos: temos de estar perante um bem móvel
sujeito a registo ou imóvel, temos de ter direitos incompatíveis entre si, adquiridos a
título oneroso, por terceiro de boa fé, o registo de aquisição tem que ser anterior ao
registo da ação de declaração de nulidade ou da ação de anulação, decorridos 3 anos
a contar do primeiro negócio.

C não regisotu a sua aquisição, logo não estão preenchidos todos os pressupostos
logo os efetios da sentença da anulação irão repercutir-se em C.
Caso prático n.o 22

O bar ZIX situado numa zona residencial de Albufeira produz e/ou reproduz som musical diariamente até
às 4H00 da madrugada. Bernardo, que habita o 1.o andar de um prédio que dista 100 metros do local onde
o bar está instalado, alega que: ouve o som emitido pelo aludido bar dentro de sua casa; mesmo de portas
e janelas fechadas, consegue ouvir o som produzido por um batuque; o som impede-o de estar em casa
sossegada e tranquilamente com familiares e amigos e de ver televisão, ler e trabalhar, assim como o
impediu de conciliar o sono; tal som tem-lhe causado insónias, desgaste físico e intelectual e
irritabilidade. A facturação anual do bar é de € 1.000.000.

Considere que é contactado por Bernardo. Quid iuris?


(Adaptado do ac. do STJ de 17.01.2002, Rev. 4140/01, in Cadernos de Direito Privado n.o 12,

Outubro/Dezembro 2005,pp. 13 a 20)

No presente caos estamos perante uma potencial ameaça ou violação de direitos de


personalidade. Os direitos de personalidade definem-se como subjetivos, privados,
absolutos, gerais, extrapatrimoniais, inatos, perpétuos e relativamente indisponíveis e
tÊm por objeto os bens e as manifestações interiores da pessoa humana, pretendendo
tal proteção garantir a tutela da integridade e do desenvolvimento físico e intelectual
dos indivíduos. Deste modo, estes direitos obrigam a que todos os sujeitos de direito se
abstenham de praticar ações que violem os direito de personalidade alheia, sob pena
de serem sujeitos a responsabilidade civil, ou a providências cíveis adequadas, a
determinar por um juiz.

Em segundo lugar devemos olhar para o caso em concreto e perceber que direitos de
personalidade são violados, é necessário olhar-se para o caso em concreto e perceber
se está perante a violação de um direito de personalidade especial tipificado na lei -
artigo 72º- a 80- e em caso negativos então os direitos de personalidade em casuas
deverão ser considerados como uma violação do artigo 70nº1 onde se abarcam todos
os direitos gerais de personalidade.

No caso em concreto, não se verifica a violação de nenhum direito especial de


personalidade, mas sim de direitos de personalidade relativos ao descanso, repouso e
À própria integridade física, oq eu implica que vamos considerar o 70nº1 - danos
gerias de personalidade do Bernardo, no caso.

Em terceiro lugar devemos abordar a questão da porteção dupla que é conferida aos
direitos de personalidade. Esta proteção dupla verifica-se na medida em que a
proteção quanto a violações dos direitos de personalidade se verifica tanto:

contra ofensas ilícitas: a respeito das quase importa ter presente que naõ é preciso
culpa para que se verifique a ofensa, nem tampouco intenção de prejudicar, releva
aqui a ilicitude: o legislador reconhece-lhes tal importância que pretende abranger o
número máximo de situações.

Como também contra ameaças de ofensa ilícita, as quais devem ser reais e concretas,
não bastando que sejam pensadas. No acso em concreto, estamos perante uma ofensa
ilícita já concretizada e que irá persistir se nada fizer: está a ocorrer uma violação do
direito geral de personalidade do Bernardo (artigo 70ºnº1 do CC) não relevando a
culpa ou intenção de violação, mas apenas a violação objetiva, por forma a garantir-
se a maior tutela possível aos direitos de personalidade
Em quarto lugar temos os meios de reação ao dispor do Bernardo contra a violação
dos seus direitos. O artigo 70ºnº2 refere os dois meios de reação contra ofensas ou
ameaças de ofensa ilícita.

1º meio de reação: são as providências cíveis adequadas Às circunstâncias do caso


em concreto: A determinar pelo juiz exceto no caso do artigo 75º/2 em que
olegislador já refere quase as providências que devem ser adotadas.

Além disso, atendendo à situação concreta, as providências cíveis podem ser:

. providências cíveis preventivas - que visam evitar a consumação de uma ameaça

. providências cíveis de remédio - que visam atenuar os efeitos de uma ofensa lícita já
cometida ou concretizada. Neste caso, existindo já uma ofensa ilícita ao direito de
personalidade geral do Bernardo serão necessárias providências cíveis de remedio
adequadas, a determinar pelo juíz, por forma a atenuar ou fazer cessar uma ofensa
que já existe. Tipos de providências seriam insonorizar o ar, ordenar que não fosse
reproduzido.

2º meio de reação diz respeito à responsabilidade civil por factos ilícitos - artigo 483º.
Chegando-se à conclusão que estes pressupostos estão preenchidos cumulativamente,
parece que Bernardo terá direito a uma indemniszação por factos ilícitos, sob forma
de compensação, nos termos do 496º, e isto porque só estava em causa a existência de
danos não patrimoniais.

A prescrição de direito de indemnização por parte do Bernardo tem um prazo de três


anos, nos termos do artigo 498º/1 do CC. Para além de o Bernardo ter direito a pedir
que determinasse providências cíveis de remedio, poderia ainda receber uma
indemnização.

NOTA - para além de o bernardo ter direito a pedir ao juzi que determinasse
providências cíveis de remédio, poderia ianda receber uma indemnização.

Em quinto lugar, devemos saber quem tem legitimidade para requerer providências
cíveis e responsabilidade contratual- se o sujeito cujo direito foi violado não estivesse
vivo, aplicar-se-ia o artigo 71/2 do CC, tendo legitimidade para requerer tais
providências as pessoas aí referidas. No entanto, estando a pessoa cujo direitode
personalidade é violado, viva é ela quem possui a legitimidade para requerer as
providências cíveis adequadas, assim como a indemnização, nos termos do artigo
70nº2

Em sexto e ultimo lugar devemos analisar se a violação foi consentida - sabendo-se


que os direitos de personalidade são intransmissíveis e relativamente indisponíveis,
segundo o artigo 81º do CC existe, no entanto, a possibilidade de consentimento da
violação de direitos de personalidade (norma especial face ao artigo 340º) que trata
apenas do consentimento da violação de direitos devendo, portanto, ser aplicada)

Caso prático n.o 23


Nestor, especialista em informática, cria um sítio da Internet em que expôs a fotografia do rosto de
Manuela, uma sua colega de trabalho, com o corpo nu de uma outra mulher, afirmando tratar-se do
verdadeiro corpo daquela. Tal facto afectou a tranquilidade de Manuela, que se sentiu exposta, apesar do
corpo nu não ser seu e incomodada pelos comentários que lhe foram feitos, sentindo-se profundamente
afectada na sua honra e reputação.

Quid iuris?

(Adaptado do ac. do STJ, de 21.11.2002, processo 02B2966, in www.dgsi.pt)

Primeiramente, importa referir o que parece estar em causa é a violação ode direito
de personalidade de Manuela. Os direitos de personalidade definem-se como
subjetivos, privados, absolutos, gerais, extrapatrimoniais, inatos, perpétuos,
intransmissíveis e relativamente indisponíveis, tendo por objeto a proteção dos bens e
manifestações interiores da pessoa humana, com o objetivo de assegurar a tutela da
integridade, assim como do desenvolvimento físico de intelectual dos indivíduos.

Como tal, pretende assegurar-se que nenhum indivíduo viole direitos de


personalidade de outro, sob pena de ver sobre si aplicadas as providências cíveis
adequadas ao caso concreto, a determinar por um juiz, podendo inclusive,
simultaneamente, responder perante o instituto da responsabilidade civil por factos
ilícitos.

Relativamente os direitos de personalidade estipulados no Código civil, sendo os


direitos gerais de personalidade referidos no artigo 70nº1 e nos artigos 72º a 80º se
abordarem direitos de personalidade especiais, o que se verifica relativamente ao caso
concreto é que se está perante a violação do direito á imagem consagrado no artigo
79º do código civil, podendo ainda equacionar-se se a possibilidade a eventuais lesões
à honra, reputação e bom nome da Manuela, as quais se devem inserir em violações
do seus direito geral de personalidade, abordadas no artigo 70\1 do código civil

É necessário referir-se os direitos de personalidade sofrem de uma dupla proteção: de


acordo com o artigo 70/1 do CC, protegem-se tanto as ofensas ilícitas já consumadas,
como ainda possíveis ameaças de ofensa ilícita.

Quanto às primeiras, convém referir que não há necessidade de culpa, ou de intenção


de prejudicar, pro parte de quem efetivamente o faz, relevando apenas a ilicitude
inerente à conduta, tendo tal sido predefinido no sentido de se poderem abarcar o
maior número de violações de direitos de personalidade possíveis, dada a importância
a si inerente. Já as ameaças de ofensa ilícita devem ser reais e concretas, não
bastante que sejam planeadas. Neste caso estamos perante uma ofensa ilícita já
concretizada e que persiste, a imagem foi colocado na internet.

O artigo 79ºnº1 refere que retrato de uma pessoa não pdoe ser exposto ao comercio
sem o seu consentimento, pelo que se conclui pela violação deste artigo.

No entanto, o artigo 79/2 refere um conjunto de situações em que não se afigura


necessário que a pessoa preste o seu consentimento para que a sua imagem seja
lançada no comércio, ainda assim, as exceções devem ser consideradas sempre no
sentido a proteger a imagem da pessoa, sendo isso que refere o artigo 79/3. Neste
caso, e considerando as exceções presentes no artigo 79ºnº2, conclui-se que a
Manuela não se insere em nenhuma delas, o que corrobora o facto de que o Nestor
teria o consentimento da Manuela para expor a sua imagem.

Mesmo que a imagem publicada naõ fosse ofensiva e ela não se sentisse incomodada,
tal não releva, sendo que aquilo a que se atenta é simplesmente o facto de a imegem
ter sido exposta sem o consentimento do seu titular.

Já no que diz respeito aos meios de reação que podem ser adotas por parte de quem
vê os seus direitos de personalidade serem violados, os mesmos podem ser:

1º meio - determinação das providências cíveis adequadas ao caso concreto: Nos


termos do artigo 70ºnº2 do Cc, essa é uma tareda que ficará a cargodo juiz, com a
exceção do artigo 75/2º

2º meio responsabilidade civil por factos ilícitos: presente nos artigos 483º e seguintes
do código civil

NOTA O CONSENTIMENTO NÃO VALE PARA O FUTURO

Posteriormente, seria necessário verificar-se a questão da legitimidade, ou seja, quem


é que teria legitimidade para requerer tanto as providências cíveis, como a
responsabilidade civil extracontratual do lesante. Estando o lesado vivo seria ele
quem teria a legitimidade para proceder ao requerimento de ambos, ou seja, seria a
Manuela nos termos do artigo 70nº2.

No caso de quem vê os seus direitos de personalidade estarem lesado, serão pessoas


enunciadas no artigo 71/2 do CC quem tem legitimidade para tal.

Por ultimo, incumbe analisar-se a possibilidade de um eventual consentimento na


lesão dos direitos de personalidade por parte de Manuela.

Embora os direitos de personalidade são intransmissíveis, e relativamente


indisponíveis, a verdade é que é legitima a possibilidade de consentir na violação de
direito, portanto, tornar a mesma lícita, nos termos no artigo 340º do CC. NO entanto
no que tocas aos direitos de personalidade, o artigo 81º assume-se como uma norma
especial relativamente àquela, pelo que deve ser antes esse o aplicado.

Ainda assim, e de tudo o que ká foi analisado, inclusive considerando-se os dados


referidos no próprio enunciado, o que se verifica é qiue não houve consentimento
algum por parte de Manuela, pelo que a violação dos seus direitos de personalidade
se assume como ilícita, sendo possível de aplicação, em resposta a tal, as providencias
cíveis de remedio acima enunciado, assim como o recurso ao instituto da
responsabilidade civil extracontratual.

Caso prático n.o 24

Paloma, modelo célebre, celebra um contrato com uma estação de televisão, através do qual, mediante
retribuição, aquela se obriga a viver dentro de uma casa rodeada de câmaras de filmar que irão
transmitir em directo todos os seus actos. Para além de Paloma, o programa conta com a participação
de mais seis pessoas. Considere que:
1. a) Uma semana após o programa ter começado a ser exibido ao público, Paloma decide sair da
casa e pretende opor-se à exibição de qualquer imagem sua. Quid iuris?

Primeiramente, o que parece estar em causa é uma eventual violação de direitos de


personalidade da Paloma. Os direitos de personalidade são subjetivos, privados,
absolutos, gerais, extrapatrimoniais, inatos perpétuos, intransmissíveis e
relativamente indisponíveis, que têm por objeto os bens e as manifestações interiores
da pessoa humana e com o objetivo garantir a tutelada da sua integridade, assim
como do seu desenvolvimento físico e intelectual.

O que se pretende é que os indivíduos se abstenham de violar os direitos de


personalidade dos outros, sob pena de verem sobre si aplicadas providências cíveis,
ou então terem que responder perante o instituto da responsabilidade civil

Deve, posteriormente analisar os direitos de personalidade violados que stão


definidos no cc como direitos de personalidade especiais - artigo 72º a 80º ou se então
serão integrados no direito geral de personalidade, consubstanciando, nesse caso,
uma violação do artigo 70ºnº1

No presente caso prático, oque parece estar em causa é a possível violação do direito
à imagem de Paloma, portanto, do artigo 79ºnº1 do CC

Os direitos de personalidade sofrem de uma dupla proteção nos termos do artigo


70ºnº1 podendo proteger-se as ofensas licitas desses direito, e/ou as ameaças ameaças
de ofensa ilícita.

Não releva a existência de culpa, ou intenção.

Assim, importa referir os meios de reação que estão ao dispor do lesado, ou futuro
lesão no que diz respeito à violação de direitos de personalidade.

Efetivamente existem meios de reação À lesão dos direitos de personalidade, referidos


no artigo 70nº2 através de providencias civis adequadas ao caso concreto a
determinar pelo juiz, à exceção do artigo 75º/2 do CC onde já é a própria lei que as
determina.

O segundo meio de reação diz respeito ao recurso à responsabilidade civil


extracontratual por factos ilícitos recorrendo-se À mesma por forma a pretender-se a
inversão do princípio casum sentit domunis, e tentar-se que o lesante reparasse o
lesado pelos danos causados. Ora, estamos perante uma ameaça logo não vai ser
possível o facto da ilicitude - artigo 483º

Revela- se ainda necessário analisar-se a questão da legitimidade, ou sej,a verificar


quem é que teria legitimidade para recorrer aos meios de reçaão anteriormente
elencados.

O artigo 70nº2 refere que é pessoa ofendida ou ameaçada que o pode fazer. Caso a
paloma estivesse morta, a legitimidade recairia sobre o leque de pessoas enunciadas
no artigo 71ºnº2 do CC.
Por fim, importa ainda analisar a existência de um eventual consentimento na lesão
dos direitos de personalidade. E isto porque, embora os direitos de personalidade
sejam intransmissíveis, e relativamente indisponíveis, a verdade é que são passiveis de
consentimento, no que diz respeito à sua violação , passando a mesma a não ser a
violação mas sim um ato ilícito.

O próprio artigo340º refere-se ao consentimento na violação dos direitos em geral,


mas o artigo 81ºº do CC apresenta-se como uma norma especial relativamente àquela
outra, devendo, por isso, ser aplicado nos casos em que está perante violações de
direitos de personalidade.

O consentimento, para que seja válido e legal, tem que ser esclarecido, consciente,
informado, devidamente ponderado, concreto, legal, e não pode ser presumido.

No entanto, o enunciado refere que a Paloma se arrependeu, quer sair da casa, e


impedir a divulgação de mais imagens suas – parece que ela quer retirar o seu
consentimento à violação dos seus direitos de personalidade à imagem (artigo 79º) e à
reserva sobre a intimidade da vida privada (artigo 80º).

 Pode fazê-lo, e em que termos? O artigo 81/2 do CC refere que a

Paloma poderá fazê-lo, na medida em que a limitação legal voluntária dos direitos de
personalidade é sempre revogável.

No entanto, conforme resulta da parte final do artigo 81/2, disso resultará o


pagamento de uma eventual violação das legais expectativas da contraparte; a
estação televisiva, na medida em que a mesma não esperava que a Paloma fosse
retirar o seu consentimento 1 semana após assinar o contrato – visa proteger-se as
expectativas legítimas da contraparte.

o Os contratos, quando existem, são para serem cumpridos – princípio pacta sunt
servanda.No entanto, perante direitos de personalidade, o legislador admite o
incumprimento do contrato porque estes têm por objeto os bens e manifestações
interiores da pessoa humana, os quais visam proteger, podendo, por isso, sobrepor-se
ao princípio do cumprimento do contrato – mais um reflexo da importância que o
legislador nacional atribui aos direitos de personalidade. Esta eventual indemnização
que poderia ter que ser paga por Paloma não nasce na violação do contrato
propriamente dita, mas sim com a destruição legal do artigo 81ºnº2

2. b) Aproveitando-se de tal facto, uma casa de diversão nocturna adopta a denominação de,
“Noites da Paloma”. Quid iuris?

Primeiramente, importa referir que o que parece estar em causa no presente caso
prático é a
violação de direitos de personalidade. Os direitos de personalidade são subjetivos,
privados,

absolutos, gerais, extrapatrimoniais, inatos, perpétuos, intransmissíveis e


relativamente

indisponíveis. O seu objeto são os bens e as manifestações interiores da pessoa


humana, e o seu

objetivo é tutelar a integridade e o desenvolvimento físico e intelectual dos indivíduos.


Com isto,

pretende-se que os particulares se abstenham de violar os direitos de personalidades


uns dos outros, sob pena de verem cair sobre eles providências cíveis adequadas,
assim como a obrigação de reparação de danos, ao abrigo do instituto jurídico da
responsabilidade civil extracontratual.

Posteriormente, é necessário verificar-se que direitos de personalidade poderão estar


a ser violados, de acordo com a informação presente no enunciado. Sabendo que os
direitos de personalidade especiais estão tutelados nos artigos 72º a 80º do CC, e que
os restantes devem ser considerados como englobados no direito geral de
personalidade, presente no artigo 70/1 do CC, o que se pode concluir quanto ao caso
concreto é que estará em causa a violação do direito à honra, à reputação e ao bom
nome, portanto, direitos que se englobam no direito geral de personalidade incluído
no artigo 70/1 do CC. Além disso, pode ainda considerar-se que está em causa a
violação do artigo 72/1/2ª parte, na medida em que o enunciado refere que é com
referência àquela Paloma em concreto que o nome da casa de diversão noturna é
adotado, portanto, equaciona-se também essa violação.

De seguida, cumpre referir que, quantos aos direitos de personalidade, a proteção


que lhes é conferida é dupla: tanto podem ser condenadas as ofensas ilícitas
propriamente ditas, como ainda as ameaças de ofensa ilícita. Quanto às ofensas
ilícitas propriamente ditas, é necessário referir-se que não releva a existência de
culpa, ou a intenção de as praticar, mas apenas a existência de ilicitude, sendo isto
assim devido à importância que o legislador atribuiu aos direitos de personalidade, ao
ponto de, efetivamente, pretender abranger o maior número de situações possíveis.
Quanto às ameaças de ofensa ilícita, as mesmas devem ser reais e concretas, não
bastando que sejam planeadas. No presente caso prático, parece estar-se perante uma
ofensa ilícita propriamente dita, e já concretizada, na medida em que o nome da casa
de diversão noturna já foi adotado. Assim, é necessário agora abordar-se os meios de
reação que quem vê os seus direitos de propriedade lesados tem ao dispor: o artigo
70/2 do CC refere que podem ser determinadas as providências cíveis adequadas ao
caso concreto, a determinar pelo juiz (com exceção do artigo 75/2, onde elas já são
pré-determinadas por lei), e as mesmas podem ser de dois tipos, conforme a lesão que
se verifique – providências cíveis preventivas (quando ainda não se verifique uma
ofensa ilícita, estando-se, nesse sentido, no campo da ameaça de ofensa ilícita, e se
pretende, portanto, impedir que passe da ameaça à ofensa) ou então providências de
remédio (quando efetivamente já existe uma ofensa ilícita consumada, e se pretende
atenuar os seus efeitos e fazer cessar a mesma).
No presente caso prático, em virtude do o nome da casa de diversão noturna já ter
sido adotado, o que se verifica é que já se está perante uma ofensa ilícita
concretizada, pelo que as providências cíveis a adotar seriam de remédio, podendo
ordenar-se que fosse retirado o nome da casa de diversão noturna e, em última
instância, se tal não fosse cumprido, mandar fechar-se a mesma. O outro meio de
reação ao dispor de quem vê os seus direitos de personalidade violados diz respeito ao
recurso ao instituto jurídico da responsabilidade civil extracontratual por factos
ilícitos, nos termos dos artigos 483º e ss. do CC. Verificando-se o preenchimento
cumulativo dos cinco pressupostos, será possível que quem viu lesados os seus
direitos de personalidade possa exigir a reparação dos danos causados. O primeiro
pressuposto, o facto voluntário, diz respeito à adoção do nome da casa noturna, com
referência à pessoa da Paloma. O segundo pressuposto, relativo à ilicitude, consiste,
portanto, na lesão dos artigos 72/1/2ª parte, e 70/1 do CC. O terceiro pressuposto, a
culpa, verifica-se na medida em que se considera o dono da casa imputável, não
sendo nada dito em contrário no enunciado, a modalidade da culpa será o dolo, na
medida em que houve intenção na escolha do nome, com referência àquela Paloma
em concreto, não haverá, por se estar perante um facto voluntário cometido com
dolo, a possibilidade de limitação da indemnização, e o ónus da prova caberá à
Paloma, ou seja, será ela que terá que provar que o dono da casa de diversão noturna
agiu lesadamente com culpa. Quanto ao quarto pressuposto, o dano, não se considera
que haja danos patrimoniais, mas há, sem sombra de dúvida, danos não patrimoniais,
associados às lesões à reputação, honra e bom nome da Paloma. O quinto
pressuposto, relacionado com a existência de um nexo de causalidade adequado entre
o facto e o dano, refere a necessidade de, mais do que em concreto, o facto voluntário
em questão ser capaz de, em abstrato, e no decurso normal das coisas, produzir os
danos verificados, o que também parece verificar-se. O preenchimento cumulativo
dos cinco pressupostos permitirá a inversão do princípio casum senti dominus, e a
possibilidade de Paloma exigir uma reparação pelos danos causados ao dono da casa
noturna, a qual assumirá a forma de compensação, por só existirem danos não
patrimoniais. Quanto ao prazo de prescrição do direito de indemnização, o mesmo
será de 3 anos após o conhecimento da lesão do direito.

Cumpre agora abordar-se a questão da legitimidade, ou seja, quem poderia


licitamente recorrer aos meios de reação, uma vez verificada a violação de direitos de
personalidade: o artigo 70/2

refere que cabe ao próprio lesado, uma vez que se encontra vivo, recorrer a esses
meios. Em caso de estar morto, cabe ao leque de pessoas enunciadas no artigo 71/2
exigir as providências cíveis adequadas. Por último, importa analisar a hipótese de
consentimento na violação dos direitos de personalidade. Embora estes sejam
intransmissíveis, e relativamente indisponíveis, a verdade é que o artigo 340º prevê a
possibilidade de consentimento da violação de direitos em geral, a qual, uma vez
consentida, deixaria de ser uma violação, para passar a ser uma ação lícita. No
entanto, no referente aos direitos de personalidade, existe uma norma especial em
relação ao artigo 340º, e que deve ser aplicada em situações de eventual
consentimento na violação dos direitos de personalidade: o artigo 81º do CC. Ainda
assim, e de acordo com toda a análise até então efetuada, assim como com o próprio
enunciado, não parece ter sido consentida pela Paloma a violação do seu direito ao
nome (artigo 72/1/2ª parte), à honra ou dignidade (nos termos do artigo 70/1 do CC),
pelo que se verifica a possibilidade de recurso aos meios de reação anteriormente
referidos.

3. c) Numa revista foram publicadas fotografias de Paloma sem qualquer roupa vestida que
foram tiradas enquanto esta estava no discreto jardim da casa dos seus pais. Quid iuris? E se
esta já tivesse falecido?

4. d) Em tempos, Paloma correspondeu-se com um famoso cantor brasileiro, com quem


mantinha uma relação extra conjugal e a quem remeteu diversas cartas de amor, relatando
diversos acontecimentos da sua vida privada. Quando este faleceu, Paloma viu anunciado na
imprensa que iria ser feito um leilão de todo o espólio do cantor. Paloma pretende opor-se à
publicação das cartas. Pode? E se Paloma já tivesse falecido?

Caso prático n.o 25

Durante a campanha eleitoral, um conhecido político, candidato à pasta do Ministério da Educação e da


Juventude, toma a iniciativa de difundir cartazes e anúncios em que se apresenta rodeado pelos seus
familiares mais próximos, transmitindo a ideia de uma família feliz e harmoniosa para por em relevo a
idoneidade da pasta em causa. Numa manhã de domingo, um jornalista, ao passar pela rua onde o
referido político morava, ouve gritos de medo provenientes da sua residência. Espreitando pelas sebes
da mesma, vê o político alcoolizado em posição de força perante a mulher. Considere, alternativamente,
o seguinte: a) O jornalista, munido da sua máquina fotográfica, regista o momento. Quid iuris? b) No dia
seguinte a fotografia é publicada num jornal de grande tiragem e o político pretende exigir
judicialmente todas as medidas adequadas. Quid iuris?

Primeiramente, o que parece estar em causa é uma eventual violação de direitos de


personalidade do político. Os direitos de personalidade são subjetivos, privados,
absolutos, gerais, extrapatrimoniais, inatos perpétuos, intransmissíveis, e
relativamente indisponíveis, que têm por objeto os bens e as manifestações interiores
da pessoa humana, e como objetivo garantir a tutela da sua integridade, assim como
do seu desenvolvimento físico e intelectual.

Deve, posteriormente, analisar-se se os direitos de personalidade violados estão


definidos no CC como direitos de personalidade especiais (artigos 72º a 80º), ou se
então serão integrados no direito geral de personalidade, consubstanciando, nesse
caso, uma violação do artigo 70/1. o No presente caso prático, o que parece estar em
causa é a possível violação do direito à imagem (artigo 79º do CC) e do direito à
reserva sobre a intimidade da vida privada (artigo 80º do CC) do político em questão.

Quanto ao direito à imagem, o artigo 79/1 refere expressamente a proibição de


lançamento no comércio de imagens sem o consentimento do seu titular, e isso foi o
que sucedeu: o retrato do político foi lançado no comércio sem o seu consentimento.

No entanto, o artigo 79/2 refere situações em que não é necessário o consentimento


da pessoa em causa e, neste caso, em face do cargo político desempenhado, parece
que estamos perante uma pessoa cuja cargo que ocupa ou que visava ocupar faz com
que seja desnecessário o seu consentimento para publicação de um retrato seu numa
revista – parece que se cairia na exceção ao artigo 79/1 do CC.

Assim, importa referir os meios de reação que estão ao dispor do lesado, ou futuro
lesado, no que à violação dos direitos de personalidade diz respeito. Efetivamente,
existem dois meios de reação à lesão dos direitos de personalidade, referidos no artigo
70/2 do CC; através de providências cíveis adequadas ao caso concreto, a determinar
pelo juiz, à exceção do artigo 75/2 do CC, onde já é a própria lei que as determina.

O segundo meio de reação diz respeito ao recurso à responsabilidade civil


extracontratual por factos ilícitos, recorrendo-se à mesma por forma a pretender-se a
inversão do princípio casum sentit dominus, e tentar-se que o lesante reparasse o
lesado pelos danos causados.

No entanto, e tomando em conta o caso concreto, o que se sabe é que o político


andava a distribuir cartazes com a fotografia da sua família – por forma a vender a
ideia de que eram todos uma família feliz –, mas quando é publicada uma imagem
desfavorável sua – em que surge perante a mulher numa posição de força –, ele já
pretende acionar a tutela dos seus direitos de personalidade.

Neste caso, parece que estamos perante uma situação clara de abuso de direito,
prevista no artigo 334º do CC, o qual pode ser:

1) Abuso de direito institucional: Ocorre quando o fim social ou económico do


direito é violado, sendo o mesmo invocado para fins que estão fora dos
objetivos/funções para os quais o direito foi atribuído pela norma.

2) Abuso de direito individual: Ocorre quando o que é violado é a boa fé e/ou os bons
costumes.

Caso prático n.o 26

António é proprietário de uma pastelaria. António celebra um contrato com a empresa, “Distribuicafé –
distribuição de café, Lda”, fornecedora de café em grão, em que se obriga a comprar a esta, em
exclusivo, pelo período de 8 anos a quantidade mínima mensal de 28 kg de café, sob pena de resolução
do contrato e pagamento de uma indemnização. Durante 3 anos, António não compra as quantidades
mínimas de café acordadas, o que era do conhecimento da “Distribuicafé” que nunca reagiu. Passado
este tempo, a “Distribuicafé” pretende fazer cessar, por resolução, o contrato e exigir a correspondente
indemnização. Quid iuris? (Adaptado do ac. do TRP, processo n.o0552581, de 23.05.2005, in
www.dgsi.pt)

O contrato que está em causa é um contrato de compra e venda, referido nos artigos
874º e seguintes cujos efeitos estão previstos no artigo 879º do CC.

Afigura-se necessário perceber-se quais são os direitos que estão em causa se são
direitos relativos da distribuidora de café, nomeadamente o de resolução de contrato,
caso António não comprasse os 28 kg mensais de café acordado.
A distribuicafé não está a agir de acordo com o fim económico social ao abrigo do
qual a lei possibilita o regime da resolução de contrato e possibilidade de
indemnização, ao abrigo do instituto jurídico da responsabilidade sicivl contratual,
pelo que não se pode considerar que se está perante um abuso do direito
institucional.

Por isso, o facto de vir, depois de 3 anos, exigir tais direitos, faz com que a
distribuidora viole os bons costumes que lhe eram exigidos, pelo que estamos perante
um abuso de direito individual, que implica a ilegitimidade do exercício dos referidos
direitos, ao abrigo do artigo 334º do CC.

Daqui resulta que a distribuidora não pode, depois de 3 anos, vir extinguir o contrato
e pedir uma indemnização ao António, de acordo com o artigo 334º do CC.

Caso prático n.o 27

Osmar casou aos 17 anos de idade. Um mês após o casamento, antes de atingir a
maioridade, deu um valioso anel de ouro que lhe havia sido deixado pela avó, a Beatriz
e, convencendo o Notário que já era maior, deixou a Carlos, em testamento, um prédio
rústico. Aprecie a validade dos negócios jurídicos celebrados por Osmar.

Em primeiro lugar importa referir a distinção entre capacidade negocial de gozo e


capacidade negocial de exercício. A capacidade negocial de gozo é relativa aos
negócios estritamente pessoais ( não podem ser adquiridos por outrem em nome do
titular, logo a incapacidade negocial de gozo é insuprível). A capacidade negocial de
exercício diz respeito à participação no trafego jurídico em geral.

Osmar é menor de idade pois ainda tem 17 anos, segindo os artigos 122º e ss uma vez
que não prefez 18 anos. Porquanto carece de incapacidade de exercício dos seus
direitos (artigo 123º), sendo que s´po atinge a capacidade de exercício quando atinge
os 18 anos.

A capacidade negocial exige um certo grau de maturidade que permite ao osmar com
base na sua vontade, isto é, implica um discernimento maduro para entender e querer
um negócio jurídico e aos seus efeitos. Assim, a capacidade negocial de exercício
traduz-se na suscetibilidade de Osmar participar no tráfego jurídico.

Os mar não tem capacidade de exer´cicio de direitos e , segundo o 124º o suprimento


da incapacidade dos menores é suprida pela responsabilidade parental sobre o
menore, subsidiariamente, pela tutela, conforme. Isso não significa que não tenha
capacidade de gozo, porque a capacidade de gozo respeita aos negócios estritamente
pessoais, que não podem ser adquiridos por outra pessoa e a sua capacidade é
insuprível.

Caso Osmar casasse não estamos perante um impedimento dirimente absoluto, uma
vez que tem mais de 16 anos pode fazê-lo (artigo 1600 a). NO entanto, para casar,
Omar precisa da autorização os pais sob pena de se verificar um impedimento
impediente, segundo o artigo 1604º. Importa, contudo, dizer que esta autorização
pode ser suprimida pelo conservador do registo - 1612º
Assim, pelo artigo 132º, Osmar casou-se e emancipou-se e os efeitos estão no artigo
133º, ou seja, atribui ao menor plena capacidade de exercício dos seus direitos,
estando habitado a reger a sua pessoa e a desºpr livremente dos seus bens como se
fosse maior, sem prejuízo do 1649º.

Este artigo diz-nos que caso o menor case sem a autorização dos pais, conitnuará a
ser os seus pais que vão proceder à administração dos seus bens e daqueles que
advierem a título gratuito, até este fazer 18 anos.

Relativamente aos atos praticados:

Casamento- iremos abordar como se resolve esta situação uma vez que casou sem
autorização dos pais.

Doação- a doação é um negocio jurídico que encontra a sua definição no 940 com os
seus efeitos no 954º

Testamento - está referido no artigo 2188º.

Sem autorização dos pais:

Apesar de ter casado e se ter emancipado, artigo 132º e 133º do CC, a verdade é que
se casou sem autorização dos seus pais e aplica-se o artigo 1649º, oque significa que
Osmar continua a ser considerado menor quanto à administração dos seus bens e
portanto, não tinha capacidade para praticar aquele ato jurídico.

Assim, relativamente aos atos praticados:

Trata-se de uma doação (940º + 954 e ssº) mas como não tinha autorização ods pais
para cassar, continua a ser menor relativamente aos seus bens, e por isto, este
nogócio jurídico pode ser anulável, segundo o artigo 125º, uma vez que também não
se integra nas exceções do artigo 127º

Falando então do artigo 125º/1 a), os pais de osmar podiam anular aquele negócio
jurídico, dentro de o prazo de um ano a contar do conhecimento do negócio, mas
nunca após a menoridade.

Relativamente ao testamento, o testamento só seria nulo, segundo o artigo 2188p,


caso osmar fosse incapaz de o fazer. Contudo, Os mar casou primeiro e, por isso, já
era emancipado para poder testar, sendo este negócio válido.

Autorização dos pais:

Osmar emancipou-se pelo casamento e, por isso, adquiriu plena capacidade de


exercício de direitos - testamento já era válido, mesmo que os pais não autorizasse
porque o que interessava é que Osmar fosse emancipado, o que era.

O que muda é o negócio jurídico que este praticou, a doação. Se casar com a referida
autorização, o menor passa a ser tratado como maior = pode dispor livremente dos
seus bens e reger a sua pessoa, ou seja, adquire capacidade negocial de gozo e de
exercício, capaz de participar no tráfico jurídico em geral.

Caso prático n.o 28


A nasceu em 01.01.1985. No dia 15.02.2002, vendeu a B uma valiosa baixela legada
pelos seus avós paternos. O preço foi pago e foi estipulado que a coisa iria ser
entregue dois meses depois.
Em 16.04.2002, B apresenta-se em casa dos pais de A, reclamando na presença e com
a surpresa destes, a entrega da baixela.

a) Será A obrigado a entregar a baixela?

A, aquando do negócio jurídico era menor, segundo o artigo 122º, e por isso não tem
capacidade negocial de gozo segundo o artigo 123º - A não tem capacidade de
exercício dos direitos.

Segundo o artigo 124º, deverão ser os seus pais a celebrar negócio jurídico no seu
lugar, sob pena de estes serem anuláveis (artigo 125º/1), a menos que recaiam numa
das exceções da incapacidade dos menores, previstas no artigo 127º.

A venda deste imóvel não cabe nas exceções do artigo 127º, porque não se trata de
um bem que adquiriu por seu trabalho etc..

O negócio será, portanto, anulável, segundo o artigo 125º ºn1 como já referido,
porque os pais de Alberto podiam anular aquele negócio jurídico, dentro do prazo de
um ano a contar do conhecimento do negócio, mas nunca depois de atingir a
maioridade (artigo 129º e 132º, que refere que esta incapacidade só termina com a
maioridade ou emancipação, através do casamento, com autorização dos pais.

O objeto mediato da relação jurídica é a baixela, legado dos avós paternos e insere-se
no artigo 2030º- 2050º aceitação da herança.

Como A é menor não tem capacidade negocial de exercício, e ,por isso, não pode
aceitar por ato próprio a herança.

Ver artigos 1890º + 1889º

Quanto ao contrato de compra e venda, o objeto mediato da RJ é a baixela (artigo


205ºCC), como já vimos, segundo o artigo 123º e 124º, A não tem capacidade de
exercício de direitos e, por isso, a incapacidade dos menores é suprida pelo poder
paternal, subsidiariamente, pela tutela e passamos para o artigo 1877º e seguintes do
código civil

Não se enquadra nas exceções do 127º e segundo o 125º é anulavel

Ainda relativamente ao CC- o contrato ainda não foi anulável, é Bo proprietário a


titulo provisório.

Os pais de A têm legitimidade para intentar a ação de anulação tendo descoberto o


negócio jurídico, de acordo como artigo 125º/1/a do CC, bem como a requierimento
do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação
(125ºnº1 b) e ainda o qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da
morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo - artigo 125º nº1 c)

b) A falece em Dezembro de 2002, sobrevivendo-lhe um filho, C, com seis meses.


Suponha que só nessa altura B reclama a entrega da baixela. Quid iuris? E se,
entretanto, os pais de A já entregaram a baixela a B, C poderá reavê-la?

A falece deixando um filho de 6 meses, faltando um mês para atingir a menoridade.

A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a


maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder
paternal, tutor ou administrador de bens tratando-se de ato que algum deles pudesse
celebrar como representante do menor.

Pelos pais : aplica-se, mas nunca depois de atingir a maioridade.

125ºnº1 sem prejuízo do disposto no nº2 do artigo 287º, os negócios jurídicos


celebrados pelo menor podem ser anulados

Filho é herdeiro em caso de morte do A tem legitimidade para invocar a


anulabilidade. Filho de A não tem capacidade de exercício de direitos.

Artigo 124º A incapacidade dos menores é suprida pelo poder paternal e


subsidiariamente, pela tutela, conforme se dispõe nos lugares respetivos - artigo 125º
nº1 al.C).

Anulação do negócio com base no nº2 do 287º

E se, entretanto, os pais de A já entregaram a baixela a B, C poderá reavê-la?

Artigo 288º negocio terica sido convalidade- com eficácia retroativa (nº4º do artigo
288º)

Filho menor - não poderia fazer nada porque a sua legitimidade para arguir
anulabilidade do negócio nos termos da alínea c) do nº1 do artigo 125º tinha cessado

O negócio já era válido e não anulável.

A proteção do menor tem prevalência sobre a proteção do trafico jurídico - aplicação


do 291º

Caso prático n.o 29

Alberto é proprietário de um valioso património que lhe foi deixado pelos avós.
Considere o seguinte:
1. a) Aos 16 anos de idade, Alberto, solteiro, vende a Bernardo uma casa de
habitação deixada pelo avô pelo preço de 100.000 €. Bernardo pagou de
imediato e Alberto obrigou-se a entregar as chaves da casa no prazo de 3
meses. Os pais de Alberto pretendem anular o negócio. Podem?

Alberto é menor segundo os termos do artigo 122º, por isso não tem capacidade de
gozo segundo o artigo 123º Alberto não tem capacidade de exercício de direitos.

Segundo o 124º, deverão ser os seus pais a celebrar o negócio jurídico no seu lugar,
sob pena de estes serem anuláveis (artigo 125ºnº1), a menos que recaiam numa das
exceções da incapacidade dos menores, previstas no artigo 127º

A venda deste imóvel não cabe nas exceç~eos do artigo 127º, porque não se trata de
um bem que adquiriu pelo seu trabalho, não se trata de uma despesa de pequena
dimensão.

O negócio será, portanto, anulável, segundo o artigo 125º nº1, como já referido,
porque os pais de Alberto podiam anular aquele negócio jurídico, dentro de um prazo
de um ano a contar do conhecimento do negócio jurídico, mas nunca depois de
atingir a maioridade (129º e 132º que refere que esta incapacidade só termina com a
maioridade ou emancipação, através do casamento, com autorização dos pais.

Desta forma, os representantes legais podem fazer o seguinte:

- Anular o negócio

- Deixar decorrer o prazo de anulação

- Deixar decorrer o tempo e confirmar o negócio

2. b) A resposta seria a mesma se depois de notificados por Bernardo, os pais de


Alberto tivessem entregado àquele as chaves da casa?

Tratando-se de um ato cuja validade depende da autorização do tribunal 1889/1ª),


estamos perante uma confirmação tácita em primeira instância, uma vez que os pais
de Alberto entregaram as chaves de casa a Bernardo
No entanto, segundo a professora Eva sónia, esta confirmação é expressa,

3. c) A resposta à alínea a) seria a mesma se Alberto já estivesse casado?

Alberto é menor de idade (16 anos), segundo os artigos 122º e seguintes, uma vez que
ainda não prefez 18 anos. Porquanto carece de capacidade para o exercício dos seus
direitos (123º), sendo que só atinge esta capacidade quando atinge a maioridade e
tem a plena capacidade de exercício dos seus direitos conforme impõe o artigo 130º.
Assim, deverão ser os pais a celebrar negócios jurídicos no seu lugar, segundo artigo
124º do CC, sob pena de estes serem anuláveis (artigo 125ºnº1), visto que não se
encaixa em nenhuma das exceções do artigo 127º do CC.

No entanto, quando nos referimos a negócios estritamente pessoais, referimo-nos a


direitos que não podem ser adquiridos por outrem em nome do titular, a incapacidade
negocial de gozo é insuprível, como é ocaso do casamento.

Recorremos então aos artigos 1600º e seguintes:

1601- a)- verificamos que, como Alberto tem 16 anos, não se configura como
impedimento dirimento absoluto. Alberto pode, deste modo, casar;

1604nº1 a: a falta de autorização dos pais ou do tutor para o casamento do menor


quando não suprida pelo conservador do registo predial enquadra-se como um
impedimento impediente. Neste caso, como nada nos diz, teremos de avaliar ambas as
situações;

AO CASAR EMANCIPOU-SE PELO CASAMENTO: 132+133

Sem autorização dos pais:

133º-1649: O MENOR adquire a plena capacidade negocial de gozo (passa a poder


reger a sua pessoa - pode testar) mas não adquire plena capacidade de exercício pois
não pode dispor ou administrar os bens que leve para o casamento (só os que
adquirir depois dele).

Sendo menor, mesmo que emancipado, uma vez que não teve autorização dos pais,
não tem capacidade negocial de exercício (123º) e, assim, deverão ser os seus pais a
celebrar negócio jurídico no seu lugar, sob pena de estes serem anuláveis ao abrigo
do 125º.

Com a autorização dos pais:

O menor é de pleno direito emancipado pelo casamento (tenha casado com ou sem
autorização dos pais/tutor ou o suprimentodesta pelo conservador do registo civil
1604º + 1612º) NO entanto nesta situação em que se casa com a devida autorização, o
menor passa a ser tratado como maior e passa a dispor livremente dos seus bens e a
reger a sua pessoa, ou seja, adquire capacidade negocial degozo e exercício

Passa a ter plena capacidade de exercíio e todos os seus negócios jurídicos passam a
ser válidos- emancipou-se pelo casamento e adquire pela capacidade de exercício de
direitos, habitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se
fosse maior, salvo disposto no 1649º

4. d) Para vender a casa, Alberto falsificou o seu Bilhete de Identidade. Um mês


após ter casado com a autorização dos pais, Alberto pretende invalidar o
contrato de compra e venda celebrado com Bernardo. Pode? E se Alberto
falecer dez meses após ter casado, tendo deixado um filho, Daniel? E se for
Bernardo quem pretende invalidar o referido negócio, após ter descoberto o
que Alberto fez?

Ao falsificar o b.i estamos perante dolo, presente nos artigos 253 e seguintes

Artigo 126º (dolo do menor): NÃO TEM direito de invocar a anulabilidade o menor
que para praticar o ato tenha usado de dolo com o fim de passar por maior ou
emancipado. Alberto, deste modo, não poderia invocar a sua anulabilidade.

Segunda parte

O herdeiro teria legitimidade para propor uma ação de anulação. No prazo de um


ano a contar com a morte deste, segundo o artigo 125º/1c). O filho é menor e, nessa
medida 122 123 e 124º e a sua capacidade pode ser suprimida pelo poder parental.
Daniel precisará sempre da mãe para tutela dos seus bens, uma vez que a
incapacidade dos menores é suprida pelo poder parental e, subsidiariamente, plea
tutela, conforme se dispõe nos lugares respetivos.

No entanto, o herdeiro herda a mesma posição jurídica da pessoa falecida, logo


também o herdeiro não teria legitimidade para o fazer, uma vez que o Alberto
também não poderia requerer essa anulação

Contudo, Alberto já era emancipado e por isso os pais seriam afastados- artigo
125nº1 e concluído não podem invocar a anulabilidade

Terceira parte

Bernardo teria de se reger pelos termos gerais - 253º,254º, porque o sistema de


incapacidade é constituído para proteger o menor contra a insegurança no tráfico
jurídico e não a contraparte, ou seja, teria de seguir pelos termos gerais do CC.

5. e) Alberto, ainda com 15 anos e antes de pensar sequer em casar, compra uma
bicicleta a Carlos pelo montante de 75 €. Um mês depois de casar, pretende
invalidar o negócio que celebrou. Quid iuris?

Alberto é um menor de idade, segundo o artigo 122º, segundo o artigo 123º não
possui capacidade negocial de exercício. Deste modo, de acordo como 124º, deverão
ser os pais a celebrar negócios jurídicos no seu lugar, sob pena de estes serem
anuláveis de acordo com o 125ºnº1.
NO entanto, o artigo 127º apresenta exceções à incapacidade dos menores e, ao que
parece este aso cabe nas exceções dos negócios válidos do 127ºb)

- vida corrente do menor (CCV);

- alcance da sua capacidade natural (EVOLUI COM A IDADE),

- de pequena dimensão (FATORES OBJETIVOS E SUBJETIVOS+ CONDIÇÃO


ESPOCIAL DO MENOR)

Deste modo, o negócio seria válido.

Caso prático n.o 30

António, de 18 anos, após ter sofrido um acidente de viação grave, sofre de sequelas ao nível do
discernimento mental e deixa de se conseguir situar geograficamente; não reconhece o valor facial do
dinheiro nem sabe determinar o seu valor relativo; não reconhece os seus familiares mais próximos e
necessita do auxílio de terceira pessoa para os atos quotidianos básicos. Foi proposta uma ação de
acompanhamento, propositura que foi devidamente publicitada. Posteriormente, o acompanhamento foi
decretado, com o regime de representação geral.

1. a) Estavam preenchidos os pressupostos da ação de acompanhamento? Quem a pode propor?

Temos de ver os pressupostos do artigo 138º : o maior impossibilitado, por razões de


saúde, deficiência, ou pelo seu comportamento, de exercer plena,pessoal e
conscientemente, os seus direitos ou de, nos mesmos termos, cumprir os seus deveres,
beneficia das medidas de acompanhamento previstas neste Código.

Artigo 141º legitimidade para requerer a ação de acompanhamento

Deste modo, A (beneficiário) não estará em condições de querer e entender emque


consiste o ato de consentimento nem terá capacidade para propor a ação, nos termos
do nº2 do artigo 141º do CC

Poderá existir cumulação de pedidos: da autorização do beneficiário com o pedido de


acompanhamento, nos termos do 141ººnº3

2. b) Antes de a respetiva ação ser proposta e publicitada, enquanto as pessoas legitimadas para tal,
esperavam pelas conclusões do relatório médico, António comprou a Berto, mecânico, um carro
usado. Quid iuris?

Estamos perante um negócio celebrado antes da ação ser proposta e publicitada,


então temos de aplicar o artigo 154º

Relativamente aos atos anteriores ao anuncio do inicio do processo aplica-se o


regime da incapacidade acidental.

Como estamos perante uma situação em que a ação ainda não foi proposta, então
aplica-se o regime da incapacidade acidental
É necessário recorrer ao artigo 257º para perceber este regime da incapacidade
acidental.

Pressupostos do lado do declarante:

.Estar acidentalmente incapacitado de entender o sentido da declaração negocial

.Não ter o livre exercício da sua vontade.

.No caso concreto, António não sabe nem conhece o valor do dinheiro por inerência
não consegue entender o negócio que está a celebrar

Pressupostos do lado do declaratário

. facto seja notório

. ou conhecido

Caso o facto seja notório - uma pessoa normal diligente poderia notar 257nº2 - o
negócio seria anulável

Diferente de o facto não seja notório - o negócio seria válido

287º - anulabilidade, só tem legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em


cujo interesse a lei estabelece, e só dentro do ano subsequente À cessação do vício
que lhe serve de fundamento

c) Depois de a ação ter sido proposta e publicitada, surge um comprador de um terreno de


António, que oferece, pelo mesmo, mais do dobro do seu valor de mercado. Os familiares de
António entendem ser uma oportunidade de negócio única. O que pode ser feito?

Estamos perante uma situação de possibilidade de celebração de ne´gocio depois da


ação ser proposta e publicitada (antes da sentença)

153º A não tem capacidade natural- se celebrasse o negócio este seria anulável.
Podem ser decretadas providências cautelares para impedir que o maior
acompanhado tenha prejuízos de acordo com o artigo 139º

139º- decisão judicial

Estas medidas de acompanhamento provisório e urgentes passa por nomear um


representante AD HOC (para realizar o negócio em nome e nolugar do beneficiário-
a)
Urgência: perda de celebração do negócio e obtenção de lucro por parte de A

Provisória: é para aquele caso concreto- cabe a otribunal

Assim:

Caso o representante ad-hoc (provisório,temporário) fosse autorizado pelo tribunal


para celebrar este ato de venda do terreno tem de provar:

- urgência: Perda de celebração do ne´gocio e obtenção de lucro por parte de A

- necessidade para providencia quanto a um bem do A.

POR FIM:

Caso o representante ad-hoc fosse autorizado pelo tribunal para celebrar este ato de
venda do terreno: se um negócio fosse celebrado em desrespeito pelas medidas
provisórias decretadas, o negócio seria anulável - 154º nº1

3. d) Depois de a ação ter sido proposta judicialmente e publicitada, num momento de completa
lucidez, António vendeu a Daniel o que restava do automóvel acidentado por € 1.000,00, sendo
que o valor de mercado do mesmo era de € 2.000,00. Tendo em conta que a ação proposta foi
procedente, quid iuris? E se tivesse vendido por € 3.000,00, a resposta seria a mesma?

Trata-se de uma situação de negócio celebrado depois da açõ ser proposta e


publicitada (antes da sentença ainda não é considerado maior acompanhado)

- artigo 154º atos do acompanhado “mas apenas após a decisão final”

- devemos identificar o ccv

Relativamente aos atos prejudicais “ Por prejuízo deve entender-se uma desvantagem
patrimonial em termos objetivos. A prática do ato se evidencia um prejuízo que dele
resulta. O prejuízo nasceu com a prática de ato- onde se afere há prejuízo é NO
MOMENTO DO ATO.

Em relação ao prazo? Só começa a contar depois do registo da sentença

LACUNA NA LEI- aplicação analógica da al.A9 do nº1 do artigo 125º

O acompanhante pode pedir a anulação no negócio com base na al. A) no 125ºnº1


CC.

Assim, a possibilidade de recurso à ação de anulação prevista na alb) do artigo 154º

O negócio tenha sido celebrado depois de anunciada a propositura da ação.


Pressupostos preenchido porque o negócio foi celebrado após a ação ter sido proposta
e publicitada.
O negócio causou prejuízo ao futuro acompanhado. ( a análise ao prejuízo deve ser
avaliada no momento da celebração do negócio)

O acompanhamento tem que ser definitivamente decetado - pressuposto preenchido


pois diz-nos que a ação foi considerada procedente.

Em relação ao prazo: A requerimento, desde que a ação seja proposta no prazo de um


ano a contar do conhecimento que tenha negócio, nunca tal prazo começando a
correr antes do registo da sentença - 154ºnº2.

4. e) Após ter sido proferida decisão judicial procedente, António vende um outro terreno de que
era proprietário a Ernesto que nada sabia sobre a incapacidade daquele. O terreno foi vendido
por € 100.000,00, sendo de € 75.000,00 o seu valor de mercado. Quid iuris?

Uma vez que não diz se é antes ou depois do registo, temos de aferir as duas situações
possíveis.

Celebração de negócio depois da sentença

153º : O OBJETIVO DA PUBLICIDADE: CONFERIR SEGURANÇA AO


TRÁFEGO JURÍDICO - MEDIDA DECRETADA FOI A DE REPRESENTAÇÃO
GERAL NOS TERMOS DAAL. B) Nº2 DO ARTIGO 145º

- caso tenha sido celebrado antes do registo:

Registo das decisões relativas ao poder paternal:

Artigo 1920º-B Obrigatoriedade do registo. Consequência da falta do registo 1920º-C

Possibilidade de instauração de ação de anulação nos termos da al.B)nº1 do artigo


154º.

Pressupostos:

- O negócio tenha sido celebrado depois de anunciada a propositura da ação


(preenchido)

- o negócio causou prejuízo ao futuro acompanhado (não preenchido, pois houve


lucro)

- o acompanhamento tem que ser definitivamente decretado (pressuposto preenchido)

O negócio é valido uma vez que não estão preenchidos os pressupostos


cumulativamente

Caso tenha sido depois da sentença:

Incapacidade acidental - artigo 257º


Enunciado não dá dados suficientes para analisarmos essa questão

1920º-C - REGISTO OBRIGATÓRIO

Atos do acompanhado - a) “quando posteriores ao registo do acompanhamento”

Em relação ao PRAZO?

Lacuna na lei- aplicação analógica da al.a) do nº1 do artigo 125º CC ex vi artig o10º
do cc)

O acompanhante pdoe pedir a anuçação do negócio com base no a) do artigo 125º

5. f) Considere, em alternativa, que António sofreu o acidente de viação quando tinha 17 anos de
idade. Poderia ter sido proposta alguma ação judicial?

Artigo 138º - acompanhamento

140º - objetivo e supletividade

131º pendencia de ação de acompanhamento de maior

142º - menores - O acompanhamento pode ser requerido e instaurado dentro do ano


anterior À maioridade, para produzir efeitos a partir desta.

Legitimidade para propor a ação:

141º LEGITIMIDADE

6. g) António, já com 20 anos de idade, depois de a ação proposta ter sido procedente e de a
respetiva decisão já ter transitado em julgado, pretende casar com Ana. Quid iuris?

Artigo 147ºº - o exercício pelo acompanhado de direitos pessoais são livres

Nº2 São pessoais, entre outros, os direitos de casar

Casamento: Relativas aos negócios estritamente pessoais (referem-se a direitos que


não podem ser adquirirdos por outrem em nome do titular: a incapacidade negocial
de gozo é insuprível.

Temos aqui DUAS VIAS

Caso a decisão da ação de acompanhamento não determine a incapacidade de


António para efetios de celebração do casamento:

. CASAMENTO VÁLIDO 147ºNº1+1600º+1627º+1631º


Caso a decisão da ação de acompanhamento determine a incapacidade de António
para efeitos de celebração do casamento:

. CASAMENTO ANULÁVEL: ARTIGO 147ºNº1+1600+1601B)

.CASAMENTO ANULÁVEL: ARTIGO 1639º CC + ARTIGO 1643º

7. h) Imagine que os efeitos do acidente não foram tão graves e que a sentença apenas tinha
decretado uma autorização prévia para a prática de atos de disposição de bens, a resposta à al. e)
seria diferente?

Sentença na ação de acompanhamento decretou a necessidade de autorização prévia


para a prática de atos de disposição.

Artigo 145ºd) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias


de atos.

Os negócios de disposição de bens são aqueles ne´gocio que afetam a raizdo bem, que
afetam a substância do património, que alteram a sua forma ou comunicação,
afetando a sua raiz.

Natureza do contrato de compra e venda? Artigo 874º CC + 879º

. sem autorização do mp: mantém-se a resposata da l.e) do caso prático - o negócio é


anulável.

. com autorização do mp - o negócio é válido (os atos de disposição de bens imóveis


carecem de autorização judicial previa e específica- nº3 do 145º

Caso Prático n.o 30-A

António sofreu um acidente de viação, ficando em coma por um mês. Ao recuperar a


consciência, verificou-se que a sua memória ficara bastante afectada e que não
conseguia avaliar bem o valor do dinheiro. Por isso, Berta, que vive em união de facto
com António há vários anos, intentou um acção em tribunal pedindo a determinação de
medidas de acompanhamento. António opôs-se terminantemente a esta acção.

1. a) Quid iuris quanto à acção intentada por Berta?

Estamos perante um caso relativo ao regime do maior acompanhado.

Artigo 138º - acompanhamento: o maior impossibildiatopor razões de saúde, deficiência


ou pelo o seu comportamento.

Existem aqui conceitos indeterminados “ razões de saúde, deficiência, ou pelo seu


comportamento, de exercer plena, pessoal e conscientemente”- devem se analisados
CASUÍSTICAMENTE

141º - quem tem legitimidade para intentar a ação de acompanhamento?


No caso concreto, o A (beneficiário) não estará em condiç~eos de entender em que
consiste o ato de consentimento nem terá capacidade para propor a ação de
acompanhamento.

O tribunal irá suprir a autorização do beneficiário para propor a ação, nos termos do n´2
do artigo 141º do Codigo Civil.

Poderá existir cumulação de pedidos: da autorização do beneficiário com o pedido de


acompanhamento, nos termos do nº3 do artigo 141º.

b) Sabendo que a acção foi intentada em 11/2/2019, anunciada em 18/2/2019 e


que o juiz cometeu ao acompanhante, Berta, a representação geral de António,
em sentença decretada no dia 30/04/2019 e registada a 6/5/2019, diga qual o
valor jurídico dos seguintes actos praticados por ele:

- no dia 15/2/2019, aparentando encontrar-se bem, comprou um automóvel novo


ao preço de mercado, sem se lembrar de que já o tinha feito no dia anterior;

- no dia 13/3/2019, vendeu a colheita do seu pomar, através de procurador que


constituiu para o efeito e a quem incumbiu de vender por baixo preço, por não
ter noção de que os valores de mercado eram outros;
- no dia 3/5/2019, encontrando-se perfeitamente consciente, doou um quadro de
Paula Rego ao seu irmão Carlos;

- no dia 7/5/2019, fez o seu testamento.

Comprou o automóvel:

Negocio celebrado depois da ação ser proposta e antes de ser publicitada

Artigo 154º atos do acompanhado

Artigo 257º incapacidade acidental

PRESSUPOSTOS DO LADO DO DELARANTE:

. estar acidentalmente incapacitado de entender o sentido da declaração negocial

. não ter o livre exercício da sua vontade -antonio não se lembrava de ter
adquirido o automóvel

PRESSUPOSTOS DO LADO DO DECLARATÁRIO:

. facto seja notório

. ou conhecido
CASO O FACTO SEJA NOTÓRIO- O NEGÓCIO SERIA ANULÁVEL

CASO O FACTO NÃO SEJA NOTÓRIO - O NEGÓCIO SERIA VÁLIDO

Caso concreto: negócio válido

Caso naõ fosse válido - qual seria o prazo?

LACUNA NA LEI - APLCIAÇAÕ ANALÓCIA DO 125nº1ª a

O ACOMPANHANTE PODE PEDIR A ANULAÇÃO DO NEGÓCIO COM BASE


NA ALINEA 5º Nº1 DO ARTIGO 125º.

RELATIVAMENTE AO NJ UNILATERAL - PROCURAÇÃO:

Artigo 262º

ASSIM, a possibilidade de recurso à ação de anulação prevista na alínea b) do 154º nº1.

PRESSUPOSTOS:

O negócio tenha sido celebrado depois de anunciada a propositura da ação.

O negócio causou prejuízo ao futuro acompanhado

O acompanhamento tem que ser definitivamente decretado

Não havia prejuízo, logo o negócio é valido

RELATIVAMENTE À VENDA DA COLHEITA DO POMAR:

Ccv - artigo 154º alinia b)

A possibilidade de recurso À ação de anulação prevista na alínea b do 154º

PRESSUPOSTOS

. o neogcio tenha sido celebrado depois de anunciada a propositura da ação

. O NEGÓCIO causa prejuízo ao futuro acompanhado

. o acompanhamento tem que serdefinitivamene decretado

ESTANDO OS PRESSUPOSTOS PREENCHIDOS O NEGÓCIO SERIA


ANULÁVEL.

RELATIVAMENTE AO TESTAMENTO:
Relativas aos negócios estritamente pessoais - artigo 147º

Caso a decisão da ação de acompanhamento não determine a incapacidade de António


prar efeitos de testar - testamento válido - artigo 2188º

c) Caso algum dos referidos negócios seja inválido, diga quem o poderá
invalidar e em que termos.

Venda da colheita - nj celebrado depois da ação ser proposta e publicitada antes da


sentença

Legitimidade - representante legal do acompanhante

-lacuna na lei - aplicação analógica da alinia a) nº1 do 125º

- o acompanhante pode pedir a anulação do ne´gocio com base no nº1 do artigo 125º

DOAÇÃO

- representante legal do acompanhante- artigo 143º

- lacuna na lei aplicação analógica daalinea a nº1 do artigo 125º

- o acompanhante pode pedir anulação do negócio com base na alínea a) n´1 do


artigo 125º

QUANTO AO PRAZO?

Nota negócios lucrativos podem ser confirmados pelo representante- nº2 do artigo
125º

O terceiro não tem legitimidade para instaurar a ação de anulação com base no
regime do maior acompanhado- pois este regime só visa proteger o maior
acompanhado.

Caso prático n.o 31

A Associação Cultural de Vila Cova tem como finalidade a realização de eventos de índole
cultural. Para proceder à realização de um festival de música, arrenda o auditório da vila,
contrata um apresentador para o espetáculo e vende os bilhetes de entrada a € 25,00 cada. O
excedente das receitas foi gasto numa viagem de férias dos dirigentes associativos, organizada
pela Agência de Viagens, “Sol e Mar”. No dia do festival, Cerqueira, funcionário da Associação
incumbido de transportar no automóvel desta, o apresentador para o auditório, como acordado,
atropelou, por descuido, Daniel, que atravessava calmamente a rua na passadeira. O automóvel
não ficou danificado, mas o apresentador e Cerqueira sofreram contusões e Daniel deu entrada
no hospital com fraturas simples, permanecendo incapacitado para o trabalho durante três
meses.

a) Analise a validade dos vários contratos celebrados pela associação.


PESSOAS em sentido jurídico (possuem personalidade jurídica, são titulares de direitos
e obrigações)

Pessoas singulares: pessoas em sentido ético

Pessoas coletivas (em sentido lato) todas as formações que, não sendo pessoas
singulares, possuem personalidade jurídica face à ordem jurídica privada

Pessoas coletivas (em sentido restrito): abrange apenas formações cujo regime consta
do 157º do cc.

157º a 166º - disposições gerais

167º a 184º = regras relativas às Associações

185º - 194º = regras relativas às Fundações

CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS COLETIVAS EM SENTIDO RESTRITO:

Associações: PC de direito privado e utilidade pública não pode mvisar o lucro;


podem ter um fim altruístico ou egoístico

Fundações: PC de direito privado e utilizada pública, têm de ter um fim altruístico (o


artigo 157º de interesse social

RELATIVAMENTE AO CASO PRÁTICO:

158º - personalidade jurídica - aquisição de personalidade

160º capacidade jurídica - capacidade técnico jurídica de agir de acordo com o


princípio da especialidade dos fins.

AO ANALISAR CADA NEGÓCIO AUTONOMAMENTE DEVEMOS APLICAR


SEMPRE O PRINCÍPIO DA ESPECIALDIADE DOS FINS.

No que diz respeito ao excedente do dinheiro recebido em virtude da venda de bilhetes


terá utilizado para os dirigente associativos fazerem uma viagem - que foi organizada
por uma agência de viagens.

O contrato é nulo por falta de capacidade da associação para celebração do mesmo


(capacidade de gozo é insuprível - a consequência será a nulidade)

Sendo que no caso das pessoas coletivas se poderá fundar a nulidade por ato
contrário ao fim- violação de uma norma imperativa- artigo 160nº1 do CC - artigo
194º negócio celebrados contra a lei.

b) Diga quem e em que termos responde pelos danos provocados por Cerqueira?

(Adaptado do exame de 4/6/2001)


Neste caso, seria importante questionar se a associação poderia também ser
responsabilizada pelos danos que foram causados a Daniel?

Artigo 165º - as pessoas coletivas respondem civilmente pelos atos ou omissões dos
seus representantes, agentes ou mandatários nos mesmos termos em que os
comitentes respondem pelos atos ou omissões dos seus comissários - DEVEMOS
APLICAR AQUI O 500º

NAS RELAÇÕES EXTERNAS

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE A ASSOCIAÇÃO E CERQUEIRA


(Artigo 497.o n.o 1 CC)

RELAÇÕES INTERNAS

A ASSOCIAÇÃO TERÁ DIREITO DE REGRESSO E RELAÇÃO A CERQUEIRA –


a associação não teve culpa (Artigo 500.o n.o 3 CC + Artigo 497.o n.o2 CC)

Caso prático n.o 32

A fundação “ Campos e Coelho”, instituída com a finalidade de conceder bolsas de estudo a


estudantes universitários com fracos recursos económicos, decide doar uma casa – como prenda
de casamento – a um estudante pobre que interrompera os seus estudos. Um membro do
conselho de administração da fundação, que se tinha oposto àquela deliberação tomada por
maioria, pretende, quatro anos depois, reaver o prédio doado, agora em poder de António, a
quem o donatário o vendera. Pronuncie-se sobre o êxito da ação.

FUNDAÇÃO CELEBROU UM CONTRATO DE DOAÇÃo ARTIGO 940.o CC

NÃO ATRIBUIU UMA BOLSA DE ESTUDO MAS DOOU UM IMÓVEL COMO


PRENDA DE CASAMENTO A UMA PESSOA QUE JÁ NÃO ERA ESTUDANTE

CONTRATO É NULo POR FALTA DE CAPACIDADE DA FUNDAÇÃO PARA


CELEBRAÇÃO DO MESMO (CAPACIDADE DE GOZO É INSUPRÍVEL – A
CONSEQUÊNCIA SERÁ A NULIDADE).

SENDO QUE NO CASO DAS PESSOAS COLETIVAS SE PODERÁ FUNDAR A


NULIDADE POR ATO CONTRÁRIO AO FIM – VIOLAÇÃO DE UMA NORMA
IMPERATIVA - artigo 160º nº1 do Cc

O negócio celebrado entre F e E é nulo - artigo 294º + 160º nº1 CC.


E e A é Nulo ao abrigo do princípio Nemo Plus Iuris - artigo 892º CC Efeitos? Quem
é o proprietário?

Temos aqui um negócio sequencial entre a fundação, o estudante e António -


devemos averiguar se este último se encontra protegido nos termos do artigo 291º.

Caso prático n.o 33

Para aumentar as vendas de livros, António, livreiro, começou a remeter por correio para os
seus clientes as últimas novidades e, caso pretendessem ficar com os livros, os clientes apenas
tinham de os pagar. Baltazar recebeu em casa três livros, acompanhados de uma carta dizendo
que o negócio de compra e venda dos livros se concluía por acordo, caso os livros não fossem
devolvidos no prazo de uma semana. Baltazar leu a carta, mas não lhe conferiu qualquer
importância, pois ia para o estrangeiro, só regressando daí a três semanas. Quando regressou,
deparou com António que lhe exige o pagamento. Terá Baltazar de pagar?

Estamos perante um caso relativo ao negócio jurídico e a declaração negocial de


vontade.

Devemos considerar as referencias e anotações dos seguintes artigos antes de


proceder à resolução do caso prático.

232º - âmbito de acordo de vontades

224º a 228º eficácia da declaração negocial

Artigo 228º - duração da proposta contratual:

. convencionado pelas partes

. imediata (2,3 dias)

. pessoa ausente ou por escrito - até 5 dias depois do prazo

229º - receção tardia

230º - irrevogabilidade da proposta

Nos termos do artigo 232º e seguintes o contrato não fica concluído na medida em
que as partes não concordaram em todos os termos do contrato. Assim, para que
exista um acordo é necessário que exista uma proposta contratual eficaz, seguida de
uma aceitação também ela eficaz.

No caso concreto, A apresentou uma proposta negocial ao B, tendo fixado um prazo


para essa mesma proposta. A tem vontade em celebrar aquele negócio jurídico
( proposta seguida de uma aceitação) e pretende que aquele contrato tenha efeitos
jurídicos - a vontade dele é uma vontade determinada, clara, concreta, e capaz de ser
resposandida com um simples sim. Para que esta proposta seja eficaz. É necessário
que chegue ao conhecimento da outra parte, segundo o artigo 224º od CC - no caso
concreto, a declaração negocial de A só é eficaz quando B lê a carta - teoria da
receção ou do conhecimento.

Na proposta contratual, A fixou a vontade (232º), eficácia (224º) e o prazo (225º). O


A fixou um prazo para o proponente responder e, nos termos da alínea a nº2 do 228º,
a proposta mantém-se efiacaz até o prazo findar. A proposta de A é irrevogável depois
de ser recebida pelo B- 230º

No caso concencionado, B nada disse acerca da declaração, aquela proposta


extingue-se, caduca. A verdade é que, a proposta de A é valida e eficas, mas no caso
do B, este nada fez, apesar de ter lido a carta. Acontece, porém, que oB não
encomendou os livros, não respondeu à carta, não fez nenhum pagamento, oq eu
denota que não existiu vontade dele, ainda que tácita.

O artigo 218º estabelece o silencio como valor declarativo, como um valor negocial,
mas apenas naquelas situações. - 224º

Caso prático n.o 34

No dia 1, A enviou a B um catálogo de determinadas máquinas com os respetivos preços. Logo


no dia 3, B responde que está interessado em adquirir alguns desses produtos e junta dois
exemplares de uma minuta do contrato, onde constam, porém, preços inferiores aos do catálogo.
Dois dias depois, A remete a B os dois exemplares do contrato com a sua assinatura. B, três dias
depois, devolve um dos exemplares, a que juntou a sua assinatura.

Conclui-se um contrato entre A e B? Em que momento? Caracterize os vários momentos da


negociação.

Nos termos do artigo 232º, o contrato não fica concluído enquanto as partes não
chegarem a acordo relativamente a todas as clausulas do contrato- para que exista
acordo, é necessário que exista uma proposta contratual eficaz, seguida de uma
aceitação também ela eficaz. No caso em concreto temos vários momentos de
negociação:

. dia 1: A, a enviar o catálogo a B, envia um convite a contratar, oque significa que


existe um interesse e uma disponibilidade A para contratar Não existe uma proposta,
já que falta a vontade determinada, clara e concreta por parte de A.

. no dia 3: o envio de duas minutas do contrato, configuram também disponibilidade


negocial - o B demonstra apenas vontade de negociar nos termos que ele próprio
propõe. O B não assinou as minutas, caso o tivesse feito, estaríamos perante um
proposta de negociação
. no dia 5: já temos uma proposta contratual, ma vez que A envia as minutas
devidamente assinadas, ou seja, A demonstra a sua vontade naquele contrato e
vinular-se juridicamente.

Vontade: passamos a ter uma vontade determinada, clara, concreta capaz de ser
respondida com um simples “sim”

Eficácia: Relativamente à eficácia desta declaração negocial. O artigo 224º diz-nos


que “ A declaração negocial que tem um destinatário torna-se eficaz logo que chega
ao seu poder ou é dele conhecida, declaração recetícia- consomando-se a teoria da
receção ou do conhecimento

Prazo: No caso em concreto, A não fixou nenhum prazo para efeitos de aceitação da
proposta contratual, pelo que temos que analisar as alíneas b e c do 228º.

Em condições normais 3 dias, por escrito mantem-se por 5 dias

Irrevogabilidade da proposta: conforme o 230º do CC a proposta é irrevogável

No dia 8: B desenvolve um dos exemplares, a que juntou a sua assinatura ou seja,


temos também a declaração negocial, uma vez que B concorda com a proposta
contratual recebida e pretende vincular-se juridicamente: Aceitação pelo que temos
que avaliar esta proposta contratual.

. vontade (232º): passamos a ter uma vontade determinada, clara , concreta, capaz de
ser respondida com um simples sim da outra parte.

. eficácia 224º: teoria da receção ou do conhecimento, ou seja, a declaração negocial


torna-se eficaz assim que chega ao seu poder ou é dele conhecida - declaração
recetícia

. prazo (228º) Não sabemos a data exata, mas terá sidodepois do dia 8 - contrato
conclui-se e considera-se celebrado no momento em que a aceitação se torna eficaz.

. irrevogabilidade da proposta: conforme o artigo 230º a proposta é irrevogável depois


de recebida pelo destinaátio ou dela ser conhecida.

Caso prático n.o 35

Eduardo está interessado em comprar a colheita de maçãs do pomar de Frederico. Para o efeito,
dirige-lhe uma carta em 5 de Setembro, propondo-lhe o preço de 3 750 euros, estipulando que
espera uma resposta até às 12 horas do dia 12 de Setembro. Em 11 de Setembro, Frederico
escreve a Eduardo declarando o seu acordo. Contudo, devido a um atraso imprevisível dos
correios, a carta de Frederico apenas é depositada na caixa de correio de Eduardo no dia 13 de
Setembro. Eduardo, no dia 14 de Setembro, telefona a Frederico, pedindo-lhe que o informe
quando as maçãs estiverem colhidas.

a) Chegou a ser concluído algum contrato? Em caso afirmativo, quando e como se


verificou essa conclusão?

Resposta:
No dia 5/9, Eduardo envia uma carta a F, tratando-se de uma proposta
contratual, exteriorizando a sua vontade. No âmbito do artigo 232º do CC, “O
contrato não fica concluído enquanto as partes não houverem acordado em todas
as cláusulas sobre as quais qualquer delas tenha julgado necessário o acordo.” -
eficácia tempestiva.

Vontade (232º) determinada, clara e concreta, capaz de ser respondida um simples


sim - o comportamento de Eduardo: envio de carta. Tem vontade de se vincular
juridicamente e pretende a produção de efeitos jurídicos- forma expressa

Eficácia (224º): E só fica vinculado até à data no enunciado. A proposta ganhou


eficácia entre o dia 5 de setembro e o dia 11 de setembro- fica vinculado durante o
prazo estipulado na carta. Assim que findar este prazo e naõ havendo acordo, a
proposta caduca e extingue-se

Irrevogabilidade da proposta: Conforme o artigo 230º do Cc, a proposta é irrevogável


depois de ser recebida pelo destinatário ou de ser dele conhecida.

No dia 11/9, F escreve a E, ou seja, estamos perante uma proposta contratual,


exteriorizando a sua vontade determinada - aceitação

Vontade: F concorda coma proposta contratual e pretende vincular-se juridicamente


a A. A sua vontade é determinada, clara e concreta.

Eficácia: é necessário que tenha de chegar ao poder de E ou ao seu conhecimento


para que a declaração negocial se torne eficaz 224º -teoria da receçao ou do
conhecimento.

Só chegou dia 13/9, ou seja, temos uma receção tardia devido a um atraso
imprevisível dos correios, ou seja, a proposta caducou.

A ACEITAÇÃO É EFICAZ MAS INTEMPESTIVA, SEGUNDO O ARTIGO 229º/1

Assim, o contrato concluiu-se quando Frederico ligou a o Eduardo

b) E se a carta de Frederico, em vez de depositada na caixa do correio tivesse sido entregue


às 10h do dia 12 de Setembro ao seu jardineiro que, por coincidência, se encontrava de
serviço naquele dia mas se esqueceu de a entregar a Eduardo, só o tendo feito na semana
seguinte?

Nos termos do artigo 232º, o contrato não fica concluído enquanto as partes não
chegarem a acordo relativamente a todas as cláusulas do contrato. Assim, para que
exista um acordo, é necessário que exista uma proposta contratual eficaz, seguida de
uma aceitação também ela eficaz.

C)Quando se transfere a propriedade das maçãs?

Deste modo, segundo o artigo 408º/2 (Contratos com eficácia real), visto que as
maças se caracterizam, pelo artigo 212º, por serem coisas futuras, então só se dá a
transferência da propriedade das maças quando estas forem colhidas (2. Se a
transferência respeitar a coisa futura ou indeterminada, o direito transfere-se quando
a coisa for adquirida pelo alienante ou determinada com conhecimento de ambas as
partes, sem prejuízo do disposto em matéria de obrigações genéricas e do contrato de
empreitada; se, porém, respeitar a frutos naturais ou a partes componentes ou
integrantes, a transferência só se verifica no momento da colheita ou separação.).

d) Admita, agora, que Frederico colheu as maças e as guardou, a pedido de Eduardo, num
armazém da sua quinta. Durante uma trovoada, o armazém ardeu, tendo as maçãs ficado
destruídas. Será Eduardo obrigado a pagar o preço?

Impossibilidade de cumprimento e mora não imputáveis ao devedor

Segundo o artigo 879º alínea c) existe a obrigação de pagar o preço, esta prestação
que vincula eduardo não se extingue- Eduardo teria de proceder ao pagamento das
maças a frederico - artigo 796º nº1 CC o risco corre por conta de Eduardo.

A responsabilidade é de Eduardo e é obrigado a pagar o preço estabelecido.

Caso prático n.o 36

António quer pintar a sua casa. Para o efeito pede orçamentos às firmas “Sempre Tinta” e “Troca-tintas”.
Depois de ter analisado os mesmos, decide entregar os trabalhos à firma “Troca-tintas”. Escreve a
respetiva carta em que entrega a execução dos trabalhos de pintura mas, por lapso, dirige-a à firma
“Sempre Tinta”. O lapso é descoberto no mesmo dia e, de imediato, António envia em telegrama à firma
“Sempre Tinta” para desfazer o equívoco. O telegrama chega na manhã seguinte às mãos do gerente,
antes de ser retirada a correspondência da caixa de correio onde, entretanto, já tinha sido depositada a
carta de António.

a) Diga se a conclusão de um contrato é possível?

A pede um orçamento - convite a contratar

A envia uma carta com “ sempre tinta”. A carta é eficaz, uma vez que chegou ao
poder do conhecimento - proposta

No mesmo dia envia um telegrama à Sempre Tinta para desfazer o equívoco.

No dia seguintes, às mãos do gerente, antes de ser retirada a correspondência da


caixa de correio onde, entretanto, já tinha sido depositada a carta de António.
Este telegrama chegou depois mas viu primeiro o telegrama

A proposta é irrevoga´vel 130º do CC.

Os orçamentos são apenas um convite a contratar.


No que respeita ao envio da carta por parte de António à Sempre tntas, temos
uma proposta, porque A pretende ficar vinculado por uma vontade expressa -
217º declaração negocial certa, concreta, determinada, capaz de ser aceite com
um simples sim por parte do destinatário-

Quando temos uma proposta deste género, temos de ver se aproposta é eficaz -
teoria do conhecimento ou da receção.

No caso concreto, existiu a eficácia por ter chegado à caixa de correio. É o facto
de que, a partir daquele momento. O destinatário passou a estar em condições de
ter conhecimento da proposta. Estará em condições quando, de acordo com a
normalidade, ele poder ter conhecimento da declaraçõ negocial- 224º 1º parte e
224nº3. Assim a proposta é eficaz.

 Em relação ao prazo, aplcia-se o 228º nº1 ou seja, fica vinculado durante


o prazo estipulado na carta. Findo este prazo e não havendo acordo a
proposta caduca e extingue-se
 A proposta ganha eficácia no momento em que chega ao poder do
destinatário, o que terá sucedido no momento em que acarta foi depositada
no correio no prazo fixado pelas partes.
 A regra é a da irrevogabilidade da proposta segundo o artigo 230º salvo
exceções previstas também neste artigo
 Acontece que foi enviado um telegrama a desfazer a proposta. O telegrama
é uma retratação, em princípio, a regra é que será irrevogável
 Contudo, o 230º nº2 comporta exceções admitindo-se a revogação
contratual

230º A REGRA É IRREVOGABILDIADE DA PROPOSTA:

Exceção: se porem ao mesmo tempo que a proposta ou antes dela o destinatário


receber a retratação, fica sem efeito

EM SUMA:

 A eficácia da proposta foi destruída pela revogação;

 A revogação neste caso concreto aplica-se com base numa

exportação extensiva do artigo 230/2 CC;

 Sem uma proposta, não pode haver uma aceitação;

 Se não há proposta, não há aceitação, não pode haver contrato.


b) Quid iuris se o telegrama tivesse chegado às mãos do gerente depois de este ter lido a
correspondência que se encontrava depositada na caixa de correio?

Não se aplica o número 2 mas sim o 1 em regra, já foram ciradas expectativas na


empresa mediante a aceitação eficaz e tempestiva.

Celebraçaõ de negócio jurídico entre a sempre tintas e A

Contudo, para se formar um contrato, falta a aceitação eficaz e intempestiva do lado


do destinatário

Caso prático n.o 37

O importador, Paco, residente em Lisboa, dirige ao negociante grossista, Silva, em Castelo Branco, o
seguinte fax: “Ofereço 30 toneladas de banana ao preço de 2 000 euros por tonelada. Peço resposta
imediata”. O fax dá entrada às 23h, não se encontrando no escritório o negociante Silva.

Durante o jantar, Paco fica a saber que o preço das bananas irá subir. Na manhã seguinte, envia o mais
cedo possível um segundo fax a Silva, com o seguinte conteúdo: “Não posso manter o preço, o qual
passará para 2 500 euros”.
Ao chegar à hora habitual ao escritório, Silva toma conhecimento dos dois faxes. Imediatamente dirige
um fax a Paco, dizendo: “Aceito o fornecimento de 30 toneladas de bananas ao preço de 2 000 euros por
tonelada”.

Paco terá de fornecer as bananas ao preço de 2 000 euros?

Estamos perante um CCv de bananas. Há um contrato porque há uma convergência


de vontades 232º

Quando P envia a primeira proposta, é uma declaração negocial certa, concreta,


determinada que é suscetível de ser respondida com um simples “sim” e é uma
declaração reptícia. Trata-se de uma declaração expressa (217º)

Relativamente à eficácia: concretização da Teoria da receção ou do conhecimento- é


necessário que se verifique um dos pressupostos enunciados no artigo 224º nº1

. ou chegada ao poder
. ou o conhecimento

Prazo: no caso concreto, o P pede resposta imediata, seria de aplicar a alínea b do


228º. Findo este prazo não havendo acordo, a proposta caduca-se e extingue-se

Regra: irrevogabilidade da proposta - artigo 230º CC

Acontece, porém, que não podemos concluir a receção do fax com a chegada ao
poder ou ao conhecimento do P, visto que a chegada ao poder ou ao conhecimento da
contraparte, se entende como quando a proposta seja suscetível de ser lida/ conhecida
por parte do destinatário.

P envia o 2º fax- retratação parcial à primeira proposta, porque mudou o preço, e, em


regra, a primeira proposta é irrevogável a partir do momento em que chega ao poder
do destinatário- 230/1.

Acontece, porém, que a 230º comporta exceções que no diz que a retratação possível
quando chega ao mesmo tempo que a proposta, passando, no caso concreto, S a ter o
conhecimento sucessivo das duas propostas.

Assim, as ambas as propostas se tornam eficazes, no mesmo momento, sendo que,


como a retratação é válida porque ocorreu ao mesmo tempo, a primeira proposta fica
sem efeito e é a segunda proposta que fica em pé, segundo os artigos 224º/1.

Aqui, existe um dissenso manifesto (inexistência de convergência de vontades), isto


porque vale a 2ª proposta que é eficaz e intempestiva, sendo certo, porém que não
existiu a conclusão de nenhum negócio, porque o S responde à primeira proposta e a
válida (eficaz) era a 2ª proposta.

Cumpre também dizer que a proposta que se tornou eficaz, também não será
suscetível aceite por S, na medida em que o prazo para a resposta imediata, nos
termos na alínea b, 228/1, também já terá expirado e, portanto, também não poderá
estar concluído.

Caso prático n.o 38

A encarrega B de lhe comprar 50 kg de prata ao preço do mercado. Por acaso, B já possuía aquela
quantidade de metal e nomeia um substituto, C, que compra, em nome de A, a prata. Quid iuris?

Representação legal x Representação voluntária

Representação voluntária - artigo 258º a 269º

Artigo 262º - procuração

258º - efeitos da representação

PRESSUPOSTOS:
1ºTemos de estar perante um negócio jurídico

2ºRealizado pelo representante em nome do representado

3ºNos limites dos poderes que lhe competem

No caso temos um negócio jurídico presente celebrado por B em nome de A nos


limites conferidos a B.

Assim, verificamos que os pressupostos estão todos preenchidos: o negócio jurídico


celebrado com a outra parte produz todos os seus efeitos jurídicos na esfera jurídica
do representado, vinculando-o e responsabilizando-o juridicamente.

Forma da procuração:

262º - nº3 - Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma


exigida para o negócio que o procurador deva realizar.

CCV de um bem móvel

Liberdade de forma artigo 219º

Procuração forma expressa ou tácita - artigo 217º

CAPACIDADE DO PROCURADOR: o procurador não necessita de ter mais do que


a capacidade de querer e entender exigida pela natureza do negocia que ira efetuar.

B já tem os 50 kg de prata e quer ser ele a vendê-los a A?

261º - negócio consigo mesmo

B resolve renomear um substituto- artigo 264º substituição de um procurador

Só NÃO SERÁ ANULÁVEL SE (261º/1 CC):

O representado (a) consentir na celebração do negócio (antes e não depois)

- depois só o poderia convalidar (artigo 288º CC);

o O negócio exclua por sua natureza a possibilidade de haver um conflito de


interesses.

No caso concreto, não seria possível (estamos perante um CCV: ao A interessava


comprar ao preço mais baixo e ao B interessava vender ao preço mais alto).

Segundo o artigo 261º/2, “o negócio realizado por aquele em que tiverem sido
substabelecidos os poderes de representação”, traduz a ANULABILIDADE DO
NEGÓCIO EM QUESTÃO.

Caso prático n.o 39


Ana pretende arrendar um quarto para viver em Braga. Como está longe, pede a Carla que a ajude e esta
consegue arranjar um quarto em casa de Fernanda, nada lhe dizendo, porém, que pretende o quarto não
para si, mas para Ana.
a) Quando Ana aparece querendo instalar-se, Fernanda recusa a entrega do quarto. Poderá fazê-lo?

Resposta:

Segundo o artigo 258º CC (efeitos da representação), os pressupostos devem estar


preenchidos: temos de estar perante um negócio jurídico, realizado pelo
representante em nome do representado e nos limites dos poderes que lhes competem.

O negócio jurídico celebrado com a outra parte NÃO produz todos os seus efeitos
jurídicos na esfera jurídica do representado, NÃO O vinculando NEM O
responsabilizando juridicamente.

Forma da procuração artigo 262º.

Regra para outorgar procuração - liberdade forma - artigo 262º

Contrato de arrendamento urbano - sob pena de nulidade

Procuração forma expressa ou tácita - artigo 217º CC

Desde modo e concluindo:

NÃO HÁ CONCLUSÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO ENTRE ANA E FERNANDA;

- ANA NÃO TERIA O DIREITO DE EXIGIR A ENTREGA DO QUARTO;

- A RECUSA DA ENTREGA É LEGÍTIMA.

b) Além disso, Fernanda pede a Carla o pagamento da renda acordada. Terá razão?

. contrato de arrendamento celebrado entre ambas

. Carla apresentou-se perante Fernanda como se ela fosse ela própria querer
arrendar o quarto

. Carla agiu em nome próprio ou aparentemente fê-lo

Artigo 236º - interpelação e integração (sentido normal da declaração

Deu-se aqui uma reserva mental 244º

Esta reserva mental tem os efeitos da simulação - parte final

Deste modo, deu-se a conclusão do negócio entre C e F


O contrato é valido e eficaz entre C e F

Fernanda poderá exigir de C o pagamento da renda- 1038º

Caso prático n.o 40

Por escritura pública, António outorga uma procuração na qual atribui a Bernardo poderes para celebrar
em seu nome um contrato de compra e venda de uma quinta. Posteriormente, explicita a Bernardo as
condições que a quinta deve possuir: deve ser localizada no Minho e possuir determinada dimensão.
Bernardo compra, então, a Carlos em nome de António a quinta que aquele possui no Alentejo,
respeitando a dimensão indicada por António, por bom preço. Carlos propõe ainda a Bernardo a compra
da sua mota de água pois a quinta não ficava muito longe da praia. Bernardo aceita comprar em nome de
António a mota de água.

Quando toma conhecimento dos negócios celebrados por Bernardo em seu nome, António fica muito
aborrecido. Que pode ele fazer?

Resposta:

Estamos perante um caso de representação voluntária - artigo 258º ; procuração 262º

Temos que estar perante um negócio jurídico, realizado pelo representante em nome
do representado, nos limites dos poderes que lhe competem.

Deste modo, estão verificados os pressupostos: O negócio jurídico celebrado com a


outra parte produz todos os seus efeitos jurídicos na esfera jurídica do representado,
vinculando-o e responsabilizando-o juridicamente.

269º abuso de representação:

PRESSUPOSTOS DESTE ARTIGO:

1- Atuação dentro dos limites funcionais dos poderes conferidos ao


representante
2- Atuação consciente desses poderes em sentido inverso ao pretendido pelo
representado
3- Tem que haver conhecimento ou dever de conhecimento relativamente ao
abuso por parte da contraparte - não está preenchido

268º - representação sem poderes (será o aplicável neste caso)

CONCLUSÕES:

 NÃO SE APLICA O Artigo 269.º - CASO FOSSE APLICÁVEL O NEGÓCIO

SERIA INEFICAZ (Artigo 268.º CC);

 O NEGÓCIO É VÁLIDO E EFICAZ EM RELAÇÃO AO REPRESENTADO

– OS PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 258.º CC ESTÃO PREENCHIDOS –

LOGO A REPRESENTAÇÃO É VÁLIDA;

 ANTÓNIO É QUE CORRE O RISCO DO SEU REPRESENTANTE NÃO

CUMPRIR COM AQUILO QUE LHE FOI CONFIADO PARA FAZER (FOI

A QUEM O ESCOLHEU – PODERÁ EXISTIR CULPA IN ELIGENDO;

 C NÃO TEM QUE CORRER O RISCO – A VANTAGEM DE AGIR

ATRAVÉS DE REPRESENTANTE É DE A.

Difere de:

CASO C CONHECESSE O ABUSO DA REPRESENTAÇÃO, AÍ JÁ NÃO

ESTARIA PROTEGIDO;

O REPRESENTANTE PODERIA INCORRER EM RESPONSABILIDADE

CIVIL CONTRATUAL PERANTE O REPRESENTADO – Artigo 798.º CC

EM FACE DA VIOLAÇÃO DO DEVER DE BOA FÉ NO ÂMBITO

DOCUMPRIMENTO E EXECUÇÃO DOS CONTRATOS (N. º2 DO

ARTIGO 762.º CC).

A verdade é que A não encarregou B de comprar uma mota de agua

Artigo 268º representação sem poderes:


PRESSUPOSTOS:

. falta de poderes representativos

. o negócio tem que ser sido celebrado em nome de outrem

268º - EFEITOS DA REPRESENTAÇÃO SEM PODERES:

O negócio é válido

O negócio é ineficaz em relação ao suposto representado

A pode ratificar o negócio

C teria a faculdade de revogar ou rejeitar o negócio, caso no momento da conclusão


do contrato conhecia a falta de poderes do representante, sito é, de B.

No caso concreto não iria ratificar.

CONCLUSÕES:

 Caso A não ratificasse- A não será parte na celebração daquele negócio;

 B também não será parte porque agiu em representação (celebrou o negócio em


nome de A e não em nome próprio);

 C não é o único vinculado no NJ- C poderia ter pedido a justificação dos poderes
de representação- artigo 260/1 e 2 CC.

Deste modo, o CCV da quinta vincula A; o CCV da mota de água não vincula A- nem
este está obrigado a ratificá-lo = em relação a si, o negócio é como se não existisse.

Caso prático n.o 41

Aurélio descobre que a sua situação financeira está muito difícil. O seu credor principal é um Banco. Para
evitar que, num processo de insolvência, os seus bens sejam apreendidos, decide vender ao seu velho
amigo, César, várias propriedades que possui e que permitiriam satisfazer os créditos do Banco. Todavia,
ficou combinado que César devolveria as propriedades a Aurélio. César, no entanto, como também sofre
de dificuldades financeiras, vende uma dessas propriedades a Dionísio que só desconhece o que se
passara por se encontrar desatento às explicações de César, no momento da venda.

a) Diga, em face do sucedido, quem é, nesta fase proprietário dos bens em causa, tendo em conta
que foram feitos todos os registos.

Resposta:

Apesar deste negócio ter sido celebrado, trata-se de uma Simulação prevista no artigo
240º do CC. No caso concreto, estamos perante uma simulação absoluta, uma vez que
não há outro negócio por detrás, nenhuma das partes quis celebrar este negócio
jurídico e oe objetivo deste negócio passa apenas por esconder este negócio ao banco.
Para existir, de facto, uma simulação têm de estar preenchidos os requisitos do 240º.

1 - existência de um acordo simulatório entre as partes

2- existência de uma divergência entre a vontade real e a vontade declararada

3-intuito de enganar terceiros

Verificando-se os 3 pressupostos, estamos perante uma simulação fraudeulenta e por


isso trata-se de um negócio nulo, nos termos do artigo 240º. Sendo nulo, não produz
efeitos volitivo-finais do artigo 879º e não se transmite o direito real de propriedade,
ou seja, não se transmitem aquelas propriedades para C

Apesar de C ter registado aquelas propriedades, a verdade é que nos termos do 1º do


CregPred, porque apenas serve para publicitar e não sana vícios.

Acontece, porém, queo C celebreou outro CCv, com D.

Deste modo, como o negócio entre A-C é nulo, D nãõ adquiriru nenhuma
propriedade, apenas um direito de oponibilidade relativa (892º, segunda parte)

b) Assim que Aurélio sabe do sucedido, intenta uma acção de simulação para tentar reaver todas as
propriedades. Terá êxito?

Resposta:

O legislador tem então 3 hipostese para provar a legitimidade:

O artigo 286º do CC: ao abrigo desta norma, tem legitimidade para instaurar a ação
qualquer interessado, ou seja, qualquer pessoa que seja titular de uma direito cuja
consistência jurídica e económica está afetado por aquele negócio

Artigo 242º/1: tem também legitimidade os simuladores entre si assim como os seus
herdeiros e representantes.

Artigo 242º e 2157º tem ainda legitimidade os herdeiros legitimários quem tem
expectativa de herdar e o negócio simulado para os prejudicar.

Posto isto, no caso concreto, A tinha legitimidade ao abrigo das normas 242/1 e
também nos termos gerais- 286º.

Agora, convém aferir se D poderá estar protegido pelo 243º/2CC, sendo um terceiro
de boa-fé, uma vez que é um dos simuladores (A) que propõe a ação. Um terceiro de
boa-fé é aquele que é ignorante da simulação ao tempo em que foram constituídos os
respetivos direitos- no caso concreto, D poderá estar protegido, uma vez que D
ignorava esta invalidade, não interessando a culpa.
 D é, então, um terceiro de boa-fé. No entanto, ao abrigo do artigo 243º/1, o D não
fica com a propriedade (não adquire nenhum direito absoluto, erga omnes), ficando
apenas com o direito de oponibilidade relativa.

Concluindo, a propriedade permanece no A.

c) A atitude de Aurélio chama a atenção do Banco que descobre tudo. Também este intenta, passados
quatro anos sobre a venda entre Aurélio e César, uma acção tentando reaver as referidas propriedades.
Terá êxito?

Sendo o Banco um credor para efeitos do 605º, é um interessado segundo o artigo


286º e, por isso, tem legitimidade para intentar uma ação. O banco é titular de um
direito.

No entanto, como acima dissemos, o D poderá estar protegido do Banco, não ao


abrigo do 243º, mas sim ao abrigo do 292º do CC.

O 291/3º afirma que “boa-fé o terceiro adquirente que no momento da aquisição


desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou anulável.” Ora, verificamos que
falta um dos pressupostos, uma vez que D desconhecia, com culpa, a nulidade do
negócio anterior e produz efeitos retroativas na sentença.

Deste modo, a pretensão do Banco terá êxito, uma vez que D não está protegido pelo
291ºCC.

Caso prático n.o 42

António é um comerciante de automóveis. Vendo aproximar-se o fim da sua actividade profissional, tenta
encontrar uma forma de deixar Beatriz (pessoa com quem tem mantido uma ligação fora do matrimónio)
em situação económica desafogada.

Depois de ter consultado o seu advogado, resolveu fazer o seguinte: declarou vender a Beatriz uma casa
situada em Braga, tendo, no acto da escritura pública e perante várias pessoas, recebido de Beatriz os 50
000 euros que ele lhe tinha entregado dois dias antes para aquele efeito.

a) Duas semanas depois, o filho de António, Carlos, vem a saber de tudo e quer reaver a casa.
Pode?

Estamos perante um caso de simulação relativa objetiva quanto à natureza do


negócio, uma vez que as partes fingem concluir um negócio (CCV- contrato
simulado- 240/2), mas, na realidade querem concluir um negócio diferente (Doação-
negócio dissimulado- 241º).

Nesta medida estamos perante um negócio simulado desde que estejam preenchidos
os pressupostos do artigo 240º:

1- Divergência entre a Vontade real e a vontade declarada


2- Intuito de enganar terceiros
3- Acordo simulatório - conluio das partes
Quanto à simulação (CCV), o legislador declara nulo (nos termos do 240/2) e, além
disso, existirá uma indisponibilidade relativa (2196+953), e nessa medida A queria
ultrapassar esta indisponibilidade.

Quanto ao negócio dissimulado- DOAÇÃO, o artigo 241º/1CC afirma que este


negócio tem de ser averiguado de forma autónoma do negócio simulado- um contrato
de doação (940; 947) de um bem imóvel (204º/1). Acontece, porém, que tem de ter
sido verificada a forma exigida por lei para ser válida. Relativamente a este preceito
legal, existe divergência doutrinária:

-Doutrina de Coimbra: a forma do negócio do simulado aproveita a forma do negócio


dissimulado, ou seja, o negócio dissimulado será formalmente válido se o documento,
por ele exigido, for o adotado na celebração do negócio celebrado (se a forma exigida
do CCV for a mesma do contrato de Doação, então aproveita-se a forma;

-Professor Hoster: defende que é necessária a observância da forma prevista do


negócio simulado, ou seja, devem constar as partes reais e conteúdo efetivo do
negócio dissimulado (as partes/conteúdo estejam no documento legalmente previsto
para efeitos de dar cumprimento à obrigação de forma exigida sob pena de nulidade).

No caso concreto, no âmbito do negócio dissimulado- doação- a forma nunca estaria


preenchida porque o conteúdo efetivo do negócio simulado (CCV) nunca poderia ser
aproveitado para um negócio dissimulado (doação)- 220º CC. Para além disto, esta
doação seria também ela nula por causa da indisponibilidade relativa (2196º e 953º),
o que levaria ao negócio nulo, não produzindo os seus efeitos volitivo-finais, previstos
no artigo 954º.

b) Imagine que, em vez de Carlos, era um credor a tentar reaver o imóvel. Quid iuris?

Neste caso, o credor encaixa-se na combinação dos artigos 286º+605º, uma vez que o
credor tem um interesse económico com aquele negócio- a apreensão daquele bem
lhe dê jeito. Conclui-se então a nulidade do negócio, ou seja, não se verificam os
efeitos volitivo-finais do negócio.

c) E se o mesmo credor viesse tentar reaver a casa 4 anos após Beatriz a ter vendido a Dário que ignorava
por completo tudo o que se passou?

A simulação tem normas especiais e, por isso, o artigo 243º não se aplica

O Dário tem então um direito de oponibilidade relativa e, por não ser um dos
simuladores, aplica-se o regime geral do 291º

É um terceiro de boa-fé e daquele que desconhece, sem culpa a invalidade do negócio

Uma vez preenchidos os pressupostos do 291º o direito de oponibilidade relativa


transformar-se-ia num direito de propriedade.

Caso prático n.º 43


Carlos negociou com Vítor a compra de um terreno. O preço acordado foi de 75.000
euros. Todavia, na escritura pública aparece um preço de 50.000 euros, uma vez que
ambos queriam, com isso, evitar o pagamento de impostos. Para efeitos de prova,
Carlos e Vítor redigem um documento particular no qual consta não só o preço que
efetivamente acordado como ainda uma cláusula específica em que se comprometem
solenemente a não invocar, em caso algum, qualquer inobservância de forma legal que
possa ter ocorrido.
Quando Carlos falta ao pagamento do preço integral de 75.000 euros, Vítor pede o
cumprimento do que foi acordado. Carlos defende-se dizendo que não deve nada,
dado que tudo o que foi combinado é nulo, inclusivamente o acordado sob aspetos
formais. Quid iuris?

Resposta:

Estamos perante um caso de simulação relativa objetiva qunado ao valor:

Temos um negócio simulado, segundo o artigo 240º

. acordo simulatório

. divergência entre a VR e a vontade declarada

. enganar terceiros: enganar a AT, com intuito de pagar menos impostos

Assim este negócio é nulo.

Temos também um negócio dissimulado que temos de tratar de forma autónoma,


segundo o 241º. Verificamos uma simulação relativa objetiva quanto ao valor.

Divergência doutrinária:

-Doutrina de Coimbra: a forma do negócio do simulado aproveita a forma do negócio


dissimulado, ou seja, o negócio dissimulado será formalmente válido se o documento,
por ele exigido, for o adotado na celebração do negócio celebrado (se a forma exigida
do CCV for a mesma do contrato de Doação, então aproveita-se a forma;

-Professor Hoster: defende que é necessária a observância da forma prevista do


negócio simulado, ou seja, devem constar as partes reais e conteúdo efetivo do
negócio dissimulado (as partes/conteúdo estejam no documento legalmente previsto
para efeitos de dar cumprimento à obrigação de forma exigida sob pena de nulidade).

Nota:

A fuga ao fisco pode-se descobrir e a AT tivesse uma norma neste sentido, o que não
tem, então a consequência é o pagamento de uma coima ou do valor por eles
acordado.
Sendo assim, o ne´gocio é nulo e por isso não produz nenhum efeito volitivo-final e
quem pode propor esta ação é o simulador, 242, 1 e 242nº2 quanto ao negócio
simulado e qunado ao negócio dissimulado aplica-se o 286º + 605º CC

Caso prático n.º 44


Ambrósio, comerciante de imóveis, vê iminente a sua insolvência. Assim, vende três
vivendas com o fim de as subtrair ao processo de insolvência, a Belchior que não
regista a sua aquisição. Este, uma vez resolvida a situação, voltaria a transmitir para
Ambrósio os prédios, nunca tendo sido entregue qualquer quantia. Este contrato de
compra e venda foi celebrado através do procurador de Ambrósio, Casimiro, que
ignorava tudo o que foi acordado entre Ambrósio e Belchior.
Antes de ser declarada a insolvência, no entanto, Dália comprou as três vivendas a
Ambrósio, a preço muito favorável.
Quem é o proprietário das moradias?

Resposta:

Estamos perante um negócio simulado e temos de ver os pressupostos do artigo 240º

. acordo simulatório: o A simulou celebrar com B 3 ccv

. vontade real diferente da vontade declarada

. inuito de enganar terceiros

Nesta medida, o negócio é nulo, segundo o artigo 240ºnº2 a propriedade permanece


na esfera jurídica de A.

Nesta medida, o negócio é nulo segundo o artigo 240º nº2 ou seja, a propriedade
permanece na esfera jurídica de A.

A ação de nulidade pode ser arguida por:

- qualquer interessado

- os próprios simuladores

- os herdeiros em vida com o intuito de os prejudicar - 242ºnº2

Este contrato foi celebrado perante um procuração:

Procuração 262º é o contrato unilateral por escritura pública, capacidade 262º e


pressupostos do 298º - representação voluntária.

- negócio jurídico ccv

- celebrado pelo representante em nome do representado


- nos limites que lhe competem

O negócio é na mesma nulo porque não se aproveita a boa-fé do representante.


Relativamente aos CCV entre A e D (874º, 879º, 875º, 408º- PRINCÍPIO DA
CONSENSULIDADE) são válidos, uma vez que, sendo o negócio simulado nulo, a
propriedade permanecia em A e, por isso, ele pode vender.

Caso prático n.º 45


Por escritura pública de 29 de Setembro de 2000, A vendeu a B um prédio urbano por
70 mil euros, que disse estar inscrito na matriz predial sob os artigos 84 (urbano) e
5393 (rústico). Todavia, o artigo 5393 (rústico) diz respeito a outro terreno que dista
mais de mil metros do primeiro, enquanto apenas o artigo 84 (urbano) corresponde ao
prédio vendido. Não obstante, B mantém-se na posse e fruição de ambos os prédios.
A pede a invalidade do contrato celebrado com B, alegando que o contrato não se
estendeu ao prédio 5393 (rústico), tendo sido limitado ao prédio 84 (urbano), apesar
da
designação errónea por dois artigos. Quid iuris?

Resposta:

Existe falta de vontade na simulação (vontade intencional) como erro na declaração


(vontade não intencional).

No caso concreto, existe uma falta de vontade entre as partes, ou seja, não existe
coincidência entre a vontade real e a vontade declarada- o A queria vender apenas o
prédio urbano com o artigo 84 e vendeu este e outro sob o artigo 5393. Por outro
lado, temos a aparência externa- a declaração de vontade e o substrato volitivo
interno são diferentes. Estamos então perante um erro na declaração.

Pressupostos do 247º CC:

-Pressuposto do lado do declarante: A vontade declarada não corresponde à vontade


real do autor: o autor diz uma coisa diferente daquela que queria dizer- no papel A
diz que queria vender dois prédios, quando na verdade só queria vender o prédio com
o artigo 84;

-Pressupostos do lado do declaratário: o declaratório conheça ou não deva ignorar; a


essencialidade para o declarante e do elemento sobre que incidiu o erro.

 O negócio é, então, anulável.

 Artigo 292º: existe uma redução àquele negócio, ou seja, o contrato de compra e
venda relativo ao imóvel do artigo 84 o negócio será válido- a anulabilidade só se
aplica ao negócio do artigo 5393.
 Sendo este artigo anulável, pode ser proposta no prazo de 1 ano da cessão do vício
e pode ser proposta por aqueles que a lei considera interessados (Artigo 287º 1. Só
têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo interesse a lei a
estabelece, e só dentro do ano subsequente à cessação do vício que lhe serve de
fundamento.)

NOTA:

-O erro da declaração pode dividir-se no erro da própria declaração (quando o


declarante diz algo diferente daquilo que queria) e ainda o erro no conteúdo da
declaração (o declarante diz aquilo que realmente queria, embora atribuída às
palavras um significado ou sentido diferente que efetivamente e objetivamente têm);

-No caso concreto, podíamos ainda pensar a possibilidade de um lapso de escrita ou


de calculo, nos termo dos artigo 249º, e teria um efeito menos gravoso do que aquele
que realmente concluímos- seria a ratificação.

Caso prático n.o 46

António, funcionário público, tomou de arrendamento um prédio no Porto por julgar ter sido colocado
nesta cidade. Algum tempo depois, verifica ter ocorrido um lapso na informação que lhe foi prestada, pois
tinha sido colocado noutra cidade. Poderá o arrendatário anular o contrato ou desvincular-se do mesmo?

Resposta:

No caso concreto, o que sucede é que há uma divergência entre a vontade declarada e
a vontade interna, ou seja, o substrato volitivo interno- não estamos perante um caso
de falta de vontade, mas sim de um caso de um vício da vontade, porque há uma
deformação da vontade no processo formativo, isto é, a vontade não se formou de
forma esclarecida e livre, mas é uma vontade mal-esclarecida.

O que podemos equacionar é então um erro sobre os motivos. O erro sobre os


motivos, ou erro vício, está previsto no artigo 252º do CC.

O erro sobre os motivos é irrelevante exceto se:

.estivermos perante um erro unilateral que respeita ao rro sobre o objeto ou à pessoa
do declaratário

. quando exista acordo das partes sobre a essencialidade do motivo

.estamos perante um erro bilateral que recaia sobre as circunstâncias que constituem
a base do negócio

O erro sobre os motivos é irrelevante, assim sendo A não pode anular o ne´gocio e o
contrato será totalmente válido (as partes poderiam apenas desvincular-se
contratualmente caso existisse acordo entre as partes - 406º e 405 do CC

Caso prático n.o 46 - A


Margarida, estudante do 2.o ano do curso de Direito, para explicar à colega Natércia
como se transmite o direito de propriedade, deu como exemplo vender-lhe o seu
telemóvel por 150€. Com grande espanto seu, no dia seguinte, Natércia entrega-lhe os
150€ e exige que lhe dê o telemóvel em questão, visto ter-se tornado a proprietária no
dia anterior. Margarida recusa-se a aceitar o dinheiro, explicando que nunca quis
celebrar contrato nenhum, como Natércia bem devia saber, atendendo às circunstâncias
em que dissera vender-lhe o telemóvel.

Quid iuris?

Declaração não séria

245º nº1 - não produz nenhum efeito volitivo-final logo não se transmite a
propriedade

Por ultimo devemos equacionar a possibilidade desta ser indemnizada - 245ºnº2

Caso prático n.o 47

Inocêncio, maior e casado, possui um selo postal raro; contudo, não sabe nem da raridade nem do alto
valor daí resultante. Humberto, com a intenção de prejudicar Inocêncio por motivos de vingança, explica-
lhe que o selo apenas tem um valor normal, o que o Inocêncio acredita. Inocêncio resolve vender o selo
por 5 euros a qualquer interessado.

a) Bonifácio, de quinze anos, é um apaixonado colecionador de selos e, sem se aperceber muito bem da
raridade e do valor do selo, mas conhecendo Humberto e o seu comportamento, compra o selo, cujo preço
de 5 euros considera compatível com o dinheiro que os pais mensalmente lhe dispensam.

b) Florival, pai de Bonifácio, procura uma prenda de anos para o filho e, apercebendo-se perfeitamente
que entre o preço do selo e o seu valor real existe uma desproporção de, pelo menos, 1 a 50, compra o
selo; ele desconhece Humberto e o seu comportamento.
Poucos dias depois de ter vendido o selo, Inocêncio fica a saber do valor real deste. Tanto na alternativa
a) como na alternativa b), e pretende “desfazer” o contrato de compra e venda com recurso a todos os
fundamentos legais pensáveis. Terá êxito?

Caso prático n.o 48

José é colecionador de moedas. Um dia, ao visitar a casa de Berto, um seu amigo encontra uma moeda
rara, preciosíssima, que faltava na sua coleção, e com a qual sonhava há muito. O seu amigo é também
colecionador de moedas, razão pela qual José sabe que este nunca lha venderá, seja por que preço for.

Quando regressa a casa, José lembra-se que Daniel acabou de sair da prisão, por ter tentado matar a
mulher de Berto. José resolve então procurar Daniel, propondo-lhe, em troca de uma boa soma, que
obrigue Berto a vender a moeda a José, ameaçando de que matará a sua mulher, caso ele não o faça.

Daniel assim faz, e Berto, com medo de que Daniel cumpra a ameaça, celebra o negócio com José, pelo
preço corrente no mercado.
Dois anos depois, Daniel é atropelado, tendo morte imediata. Berto, ao tomar conhecimento disso,
pretende reaver de José a moeda. Terá êxito?

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