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Introduzindo a discussão...
Nos últimos anos, após a aprovação da lei 11.769/2008, que obriga o ensino da
música na Educação Básica no Brasil, a Educação Musical começa a ser discutida nas redes
pública e privada de ensino entre os educadores musicais e demais professores não-
especialistas em música. Isso demanda uma produção de material didático que não dá conta
da diversidade cultural do nosso país.
Respeitando-se as particularidades de cada região, estado ou cidade, o professor de
música pode desenvolver, ele mesmo, seu “repertório”, suas alternativas para trabalhar a
música com seu coro ou grupo instrumental através da criação de arranjos compatíveis com
a realidade técnica de seus alunos e da estrutura da sua escola para o ensino da música.
Vale lembrar que a educação musical escolar, segundo Hentschke e Del Ben (2003,
p.181), não visa a formação do músico profissional mas auxilia crianças, adolescentes e
jovens no processo de apropriação, transmissão e criação de práticas músico-culturais como
parte da construção da cidadania.
Nesse sentido, é muito importante considerar que
Qualquer pessoa pode aprender música e se expressar por meio dela,
desde que sejam oferecidas condições necessárias para sua prática.
Quando afirmamos que qualquer pessoa pode desenvolver-se
musicalmente, consideramos a necessidade de tornar acessível, às crianças
e aos jovens, a atividade musical de forma ampla e democrática.
(LOUREIRO, 2003, p. 162).
Desenvolvendo a discussão
Cifragem
As letras do alfabeto são usadas para substituir o nome das notas. Cada letra
representa um acorde, podendo haver acréscimo de informações à cifragem.
Tabela 1 – Cifragem de acordes.
Letra Cifra
A Lá maior
B Sí maior
C Dó maior
D Ré maior
E Mí maior
F Fá maior
G Sol maior
Am Lá menor
Bm Sí menor
... ...
Fonte: Próprio Autor
Escalas
Campo Harmônico
Com a parte prévia ao arranjo apresentada, Vieira e Ray (2007) resumem bem quais
as etapas técnicas do arranjo, desde a harmonização da melodia, passando pela escolha do
tipo de textura musical (cerrado ou em drop 2 ou drop 4) que a melodia vai ganhar,
reharmonização, contraponto, etc. Discute ainda diferenças e semelhanças entre as palavras
“arranjo”, “transcrição”, “adaptação” e “redução”, dos métodos de Guest (1996a), Guest
(1996b), Fernandes (1995) e Adolfo (1997).
Bastos (2003, p. 24) apresenta assim a diferenciação entre adaptação, o arranjo e a
transcrição:
“Redução” é muito comum acontecer para piano. Por exemplo, uma orquestração
de Coro de Opera para ensaios ou até mesmo para sua performance, possibilitando a
execução da peça.
Existem outras questões a considerar num arranjo musical para instrumentos ou
coral. Como, por exemplo, a forma, a sessão ritmo/harmônica, a sessão melódica (quando
houver), a escolha dos instrumentos (ou vozes) a serem explorados e etc.
A figura a seguir apresenta um exemplo de arranjo de Flautas Doce para introdução
da música “Asa Branca” (Gonzaga/Teixeira), um baião e grande clássico da nossa música
popular. O movimento melódico é feito todo em uníssono com a conclusão no acorde da
tônica (G), dividindo as vozes.
Figura 6 – Asa Branca para grupo de Flautas Doce.
Considerações Finais
O arranjador/educador musical é de fundamental importância para a realização do
trabalho musical na educação musical escolar. Ele, a partir de sua sensibilidade para com seu
aluno, poderá avaliar qual a melhor forma de elaborar seu arranjo afim de que ele saia o
mais aproximado da ideia original. Não que ele tenha que abrir mão da sua criatividade mas,
com a mesma, poder integrar todos numa prática musical que condicione satisfação de
ambas as partes.
Surge, no momento, uma inquietação quanto a efetiva inserção da música no sistema
educacional público brasileiro. A legislação garante, os PCN´s direcionam mas ainda falta
muito para nossas escolas “voltarem a cantar”.
Os grandes centros podem não ter essa preocupação mas no miolo do país, a
carência de profissionais da área, de gestores municipais que conheçam da lei (mesmo se
passando seis anos da aprovação, mais três para implementação) ou que, em suas práticas,
demonstre interesse em dialogar sobre. Em total contramão ao que se fala do Brasil ser um
país muito musical mas ainda se subestima muito a formação artista, a partir da educação
básica. Sim, por que, a formação artística está aquém do ensino regular.
Esse trabalho nos ajuda a repensar nossa prática de arranjo para grupos
instrumentais e vocais de jovens que, cada vez mais será necessário uma intervenção do
educador capacitado na própria comunidade escolar, chamando a responsabilidade e
assumindo à frente do trabalho de criação, juntamente com seus alunos que, na medida que
lhe é oportunizado o acesso à educação musical, torna-se também um agente ativo no
processo de ensino-aprendizagem musical.
Sendo assim, julgo de fundamental importância não desistir da luta pela música na
nossa educação básica, fazendo dela um elemento de transformação social na vida do
estudante e de sua comunidade escolar.
Referências
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trabalho do grupo Alma Brasileira Trio: uma abordagem a partir da obra Clubes das Esquinas
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