Curso de Auxiliar de Contabilidade - Vol 1

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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

Auxiliar de
Contabilidade

1
emprego

AdministrAção

Auxiliar de Contabilidade

1
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Márcio Luiz França Gomes


Secretário

Cláudio Valverde
Secretário-Adjunto

Maurício Juvenal
Chefe de Gabinete

Marco Antonio da Silva


Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profssionalizante
Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação

Coordenação do Projeto Equipe Técnica


Marco Antonio da Silva Cibele Rodrigues Silva, João Mota Jr.
e Raphael Lebsa do Prado

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Wanderley Messias da Costa Equipe Técnica


Diretor Executivo Elen Cristina S. K. Vaz Döppenschmitt, Fabiana de
Cássia Rodrigues e Liliane Bordignon de Souza
Márgara Raquel Cunha
Diretora Técnica de Formação Profssional
Textos de Referência
Coordenação Executiva do Projeto Dilma Fabri Marão Pichoneri, Paula Marcia Ciacco
José Lucas Cordeiro da Silva Dias e Selma Venco

Gestão do processo de produção editorial

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Mauro de Mesquita Spínola Gestão Editorial


Presidente da Diretoria Executiva Denise Blanes
Equipe de Produção
José Joaquim do Amaral Ferreira
Vice-presidente da Diretoria Executiva Assessoria pedagógica: Egon de Oliveira Rangel
Editorial: Airton Dantas de Araújo, Ana Paula Peicher Lisboa,
Gestão de Tecnologias em Educação Bruno Meng, Camila Grande, Celeste Baumann,
Mainã Greeb Vicente, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso,
Direção da Área Rogério Cantelli, Stella Mesquita e Tatiana F. Souza
Guilherme Ary Plonski Direitos autorais e iconografa: Ana Beatriz Freire,
Aparecido Francisco, Fernanda Catalão, José Carlos Augusto,
Coordenação Executiva do Projeto
Larissa Polix Barbosa, Maria Magalhães de Alencastro,
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Mayara Ribeiro de Souza, Priscila Garofalo, Rita De Luca,
Gestão do Portal Roberto Polacov e Sandro Carrasco
Luis Marcio Barbosa, Luiz Carlos Gonçalves, Apoio à produção: Fernanda Rezende de Queiróz,
Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito,
Valéria Aranha e Vanessa Leite Rios
Gestão de Comunicação
Ane do Valle Diagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfco

CTP, Impressão e Acabamento


Imprensa Ofcial do Estado de São Paulo

Agradecemos aos seguintes profssionais e instituições que colaboraram na produção deste material:
Benedito Antonio Pimentel, Isofex e Sinval Fonseca
Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do


Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto a capacitação profissional é
importante para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir
o seu próprio negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo
desempregado.
Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manterem atualizados
ou, quem sabe, exercerem novas profssões com salários mais atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação, em parceria com instituições conceituadas na área da edu-
cação profssional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para
facilitar o aprendizado de maneira rápida e efciente. Com a ajuda de educadores
experientes, pretendemos formar bons profssionais para o mercado de trabalho
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos certeza de que vamos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico,


Ciência, Tecnologia e Inovação
Caro(a) Trabalhador(a)
Inicia-se hoje, com o Programa Via Rápida Emprego, uma nova etapa em sua traje-
tória profissional, agora rumo a novos conhecimentos sobre a área de Contabilidade.
Como é de seu conhecimento, para ingressar no mundo do trabalho, é necessário
dominar técnicas específicas de uma ocupação. No entanto, somente isso não
basta, principalmente ao considerar a grande competitividade e as características
atuais da economia. Existem detalhes que vão além do conhecimento prático da
ocupação, mas que são igualmente importantes para seu futuro profissional. Por
esse motivo, eles serão abordados neste curso.
Provavelmente, você já possui vários conhecimentos, vivências e princípios sobre a
ocupação de auxiliar de contabilidade. Neste curso, procuraremos não só valorizá-
-los, como também potencializá-los e ampliá-los de forma a tornar você confiante
e capacitado a enfrentar novos desafios.
A Unidade 1 deste Caderno discorre sobre o campo da Contabilidade, traçando uma
breve retrospectiva histórica sobre sua evolução no mundo e, posteriormente, no Brasil.
A Unidade 2 traça um panorama geral do mercado de trabalho, desde seu surgi-
mento até os dias de hoje.
A Unidade 3 aborda os aspectos legais da ocupação de auxiliar de contabilidade e
descreve suas principais atividades. Aqui, seus conhecimentos anteriores serão muito
importantes e, por isso, essa Unidade é permeada de atividades que tentam resgatá-los.
A Unidade 4 trata de noções sobre segurança no trabalho, para que você conheça
algumas normas de prevenção de acidentes que possam garantir o melhor desem-
penho nessa ocupação.
O Caderno 2 dará continuidade a este curso, tratando de assuntos mais específicos e
aprofundando conhecimentos sobre a ocupação de auxiliar de contabilidade. Assim,
todos os itens abordados terão como objetivo propiciar um embasamento apropria-
do para você e todos aqueles que pretendem mudar de ramo de atividade ou ingres-
sar em um novo e que tenham optado pela Contabilidade.
Este curso será um degrau a mais na escalada de uma trajetória profissional calcada
em êxito.
Esperamos que você esteja animado a começar esta nova etapa.
Bom curso!
sumário
Unidade 1
9
A históriA dA ContAbilidAde
Unidade 2
31
MerCAdo de trAbAlho
Unidade 3
65
A oCupAção de AuxiliAr de ContAbilidAde
Unidade 4
75
segurAnçA do trAbAlho
São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia
e Inovação. Via Rápida Emprego: administração: auxiliar de contabilidade, v.1. São Paulo:
SDECTI, 2015.
il. - - (Série Arco Ocupacional Administração)

ISBN: 978-85-8312-178-7 (Impresso)


978-85-8312-179-4 (Digital)

1. Ensino Profssionalizante 2. Administração – Qualifcação Técnica 3. Auxiliar de


Contabilidade – Mercado de Trabalho I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação II. Título III. Série.

CDD: 657.092

FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262
unidade 1
A história da
Contabilidade
Desde a Pré-história, os homens demonstram a necessidade de
comunicação para a vida em sociedade. As representações ru-
pestres, pinturas e inscrições em rochas e paredes de cavernas,
são um bom exemplo.
Você verá, nesta Unidade, como o homem aprendeu a comu-
nicar para outros, por meio dessas e de outras formas, suas
necessidades, desejos e, posteriormente, suas posses e seus bens.
A contabilidade existe desde o início da civilização, quan-
do o homem deixou o nomadismo para fxar moradia em
locais que lhe ofereciam proteção e conforto.

© Petrified Collection/The Image Bank/Getty Images


Contabilidade: 1. Cont. Ciên-
cia, técnica, método e ativi-
dade de calcular e registrar
a movimentação financeira
de uma firma, entidade, ins-
tituição, pessoa física etc.
2. O conjunto de livros, ban-
co de dados e documentos
de escrituração de uma en-
tidade. 3. O setor de uma
empresa responsável por
essa atividade. 4. Fam. Cál-
culo de receitas e despesas:
É a mãe que faz a contabili-
dade da casa.
© Dicionário Aulete.
<www.aulete.com.br>

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 9


© Sinval Fonseca/Conselho Regional de Contabilidade de MG

Sinval Fonseca. Evolução da Contabilidade, 1999.

O painel Evolução da Contabilidade, criado pelo artista plástico Sinval Fonseca (1953-), representa o
passado, o presente e o futuro das ciências contábeis, sendo que cada quadro do painel simboliza uma
fase da história. Ele decora o hall de entrada do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais
(CRC-MG). Note como aquilo que foi pensado como futuro hoje é uma realidade na ocupação.

Antes disso, o ser humano, como caçador e coletor, deslocava-se constantemente,


em busca de alimento, proteção e descanso. Quando o alimento se tornava escasso
ou a disputa por ele estava muito acirrada, precisava encontrar outro local, mais
seguro, para viver.
Ao fxar moradia, o homem passou a viver de modo diferente, voltando-se para a
agricultura e o pastoreio. No momento em que abandonou a vida nômade para se
estabelecer, surgiram as primeiras manifestações sociais e o senso de propriedade e
de riqueza individual, pois o homem começou a possuir bens. Portanto, precisou
encontrar maneiras de contabilizá-los para proteger seu patrimônio, bem como criar
formas de registrar essa atividade, para facilitar as relações com outros homens.
Datam do período pré-histórico os primeiros registros feitos pelo ser humano: desenhos
de caça e de pesca, que fcaram conhecidos como arte rupestre (rupes, em latim, signi-
fca rocha, pedra). Acredita-se que representavam as atividades e necessidades humanas
e, com as devidas alterações ocorridas ao longo do tempo, podem ser considerados um
tipo de contabilização.

10 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Posteriormente, esses registros passaram a ser feitos em placas de argila. Para marcá-las,
os homens utilizavam uma cunha, espécie de instrumento pontiagudo feito de ma-
deira ou ferro, capaz de fazer fendas, abrir buracos ou simplesmente riscar o barro.

© George Steinmetz/Corbis/Latinstock
Pinturas rupestres.

© Look and Learn/Bridgeman Images/Keystone


© akg-images/Latinstock

Cunhas. Cunhagem em placas de argila.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 11


A necessidade que os homens sentiram de registrar seus bens, seu aumento ou di-
minuição, e de controlar as trocas de produtos e serviços provocou o surgimento da
contabilidade. À medida que os bens aumentavam, mais difícil fcava guardar
na memória as quantidades e variações.
A contabilização das cobranças de impostos data de 3000 a.C. (antes de Cristo),
na Suméria e na Babilônia, época em que surgiu a escrita. Entretanto, achados de
tábuas de argila da cidade de Uruk, na Suméria, mostraram que a contabilidade já
era usada por volta de 4000 a.C. (antes de Cristo).
© Pictures From History/Bridgeman Images/Keystone

Tábua de Uruk com inscrições cuneiformes: primeiras formas


de escrita.
© Album Art/Latinstock

Tábua de barro que apresenta o balanço anual de uma oficina


de cerâmica em Ur, na antiga Suméria, com registros de
matérias-primas e dias de trabalho. Estima-se que tenha sido
feita entre 2100 e 2000 a.C. (antes de Cristo).

12 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Em diferentes lugares e períodos históricos, outras formas
de contabilizar foram desenvolvidas, de acordo com a
necessidade e os meios disponíveis. É exemplo dessas
mudanças o uso das plantas de cana e junco como ins-
trumento para escrever – que deram origem ao cálamo
– e do papiro como suporte para a escrita.

© Philippe Maillard/akg-images/Album/Latinstock
Papiro: 1. Bot. Planta aquá-
tica da fam. das ciperáceas
(Cyperus papyrus) [...]. 2. Ma-
nuscrito antigo gravado sobre
as folhas dessa planta.
© Dicionário Aulete.
<www.aulete.com.br>

Cálamo.

© Pictures From History/Bridgeman Images/Keystone

Anotações em folha de papiro.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 13


Atividade 1
C ontabilizando os bens do homem pré - históriCo

1. Em pequenos grupos, considerem o que viram até agora sobre os homens pré-
-históricos e a situação exposta a seguir. Tentem registrar os bens mencionados,
da forma como imaginam que isso poderia ter sido feito naquela época.
a) João cuidava das ovelhas que criava para sua subsistência. Ele tinha cinco animais.

b) Nasceram duas ovelhinhas.

c) Abateram uma ovelha mais velha para se alimentar.

2. Socializem com os outros grupos o trabalho que vocês fizeram e anotem os co-
mentários que lhes parecerem mais relevantes em seu caderno.

14 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Um pouco da evolução contábil
O sistema contábil desenvolveu-se com mais fôlego a partir de 1202, com a publicação
do livro Liber Abaci [Livro do cálculo]. A obra, escrita por Leonardo Fibonacci de
Pisa (1180-1250), tratava de conceitos matemáticos como peso, medida e câmbio.
O conhecimento comercial e fnanceiro advindo desse estudo, aliado à posterior ne-
cessidade de registro dos recebimentos e pagamentos na indústria e no comércio, deu
origem ao que hoje conhecemos como Livro Caixa.

Museu do Estado de Württemberg, Stuttgart, Alemanha


Livro Diário alemão de 1828.

Era costume, também, efetuar-se o registro de débitos e créditos, porém sempre


relacionados a direitos e obrigações das pessoas. Tratactus de Computis et Scripturis
[Tratado de Contas e Escrituras] é um dos capítulos da mais famosa obra de Luca
Pacioli (c. 1445-1517) – Summa de Arithmetica, Geometria, proportioni et propor-
tionalità [Súmula de Aritmética, Geometria, proporções e proporcionalidade] –
escrita em 1494, que introduziu alguns conceitos contábeis, como inventário,
operações de aquisição, permuta, sociedade, formas de abrir e encerrar contas,
registros de lucros e perdas, assim como a associação entre a teoria de débito e
crédito e a teoria dos números positivos e negativos. A partir daí, a utilização da
contabilidade foi se tornando cada vez mais necessária e útil à sociedade. Surgiram
várias escolas destinadas a acompanhar o desenvolvimento contábil, que caminha-
va junto com o desenvolvimento do mercado de capital.
A expansão do comércio, favorecida pela navegação, o declínio do sistema feudal e
a chegada dos navegadores ao continente americano propiciaram grande enrique-
cimento às metrópoles europeias, que, assim, passaram a necessitar cada vez mais
de controles monetários, ou seja, do aprimoramento da contabilidade, inclusive para
inventariar as terras encontradas, bem como o que existia nelas.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 15


Atualmente, com a complexidade da economia, a contabilidade tornou-se impres-
cindível em todos os campos empresariais para o controle de receitas, despesas,
lucros e perdas. Sua modernização também se fez necessária e, assim, aconteceram
várias alterações nas formas de registrar dados.
Novas metodologias surgiram e continuam até hoje em aperfeiçoamento, como o
uso da tecnologia da informação, por exemplo. Os lançamentos contábeis que antes
eram analisados manualmente, para somente depois serem lançados no sistema,
passaram a ser feitos de maneira automática, o que possibilita a geração de relatórios
mais precisos, atuais e acessíveis.
Surgiram vários softwares que possibilitam o cruzamento de informações em tempo
real, o que torna o processo contábil mais dinâmico. Por sua vez, essa mesma mo-
dernização exige profssionais mais especializados, que se atualizem constantemente
e estejam prontos a aprender coisas novas.

Atividade 2
C ontabilidade em Casa

1. Você tem o hábito de registrar seus ganhos e gastos?

2. Como você se organiza para pagar suas contas?

3. Mesmo que não seja seu caso, imagine uma casa na qual mais de uma pessoa
trabalha. Como você propõe que seja feita a divisão das despesas entre elas?

16 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Desenvolvimento da Contabilidade no Brasil
No Brasil, a Contabilidade também surgiu da necessidade de controle de bens.
Entretanto, os registros eram feitos de forma simples, visto que a atividade agrária
e as sociedades familiares não exigiam controles detalhados.
A vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, modifcou o estilo de vida de seus
habitantes, em especial daqueles que viviam no Rio de Janeiro. Houve transforma-
ções socioeconômicas e culturais, assim como aumento dos gastos públicos e da
renda das capitanias.

Museu Histórico e Diplomático – Palácio Itamaraty/Ministério das Relações Exteriores

Embarque da Família Real portuguesa, séc. XIX (19). Óleo sobre tela, 70 cm x 92 cm. Museu Histórico e Diplomático, Palácio
Itamaraty, Rio de Janeiro (RJ).

Algumas medidas tomadas por dom João, como a abertura dos portos e a criação
do Banco do Brasil, do Museu Nacional, da Biblioteca Real, do Observatório As-
tronômico, da Junta Comercial, da Imprensa Régia etc., propiciaram a ampliação
do comércio e da indústria. Houve também incentivo ao estudo, com a criação de
vários cursos, como os de agricultura, cirurgia e desenho técnico, além da fundação
da Escola Real de Artes.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 17


Em 1809, foi instituída a Aula de Comércio da Corte,
que fcou sob a inspeção da Real Junta de Comércio
e teve como primeiro regente José da Silva Lisboa
(1756-1835), o visconde de Cairu, que tinha formação
em Matemática e Filosofa.
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

O Largo do Paço, atualmente conhecido como Praça XV (15) de Novembro, foi local de grandes transações comerciais no Rio
de Janeiro. A imagem apresentada é uma reprodução da gravura Vista do Largo do Paço (1818) de Jean-Baptiste Debret,
pintor e desenhista francês.

O objetivo da Aula de Comércio da Corte era formar


negociantes e empregados públicos. Para tanto, o curso
era dividido em três anos, abordando os seguintes temas:
Aritmética, Álgebra e Regra Conjunta, no primeiro ano;
Geometria, Geografa e Comércio, no segundo ano; e
Escrituração e Economia Política, no terceiro ano.
Até 1926, o ensino de técnicas de escrituração contábil
Guarda-livros: Antiga de-
nominação para contadores no Brasil era feito em escolas práticas de Contabilidade,
de nível técnico, vigente até sendo que a primeira Escola de Comércio tinha como
a década de 1970, em Portu-
gal, e proveniente do inglês,
objetivo ensinar contabilidade e formar guarda-livros e
bookkeeper. peritos-contadores. Ela foi criada em 28 de maio desse
Peritos-contadores: Con-
tadores regularmente regis-
ano, pelo Decreto federal no 17.329/1926.
trados no Conselho Regio-
nal de Contabilidade e que Somente em 22 de setembro de 1945 foi estabelecido o
exercem atividade pericial primeiro curso universitário de Ciências Contábeis, que
referente a produção de lau-
dos para solução de litígios
passou a formar contadores.
na Justiça; eles são nomea-
dos pelo juiz ou pelas partes Atualmente, a atividade contábil no Brasil é considerada
envolvidas. uma profssão liberal, tendo sido regulamentada pelo De-
creto-lei federal no 9.295, de 27 de maio de 1946, e por re-
soluções complementares. O decreto, além de defnir o
perfl dos contadores, criou os Conselhos Federal e Regionais
de Contabilidade para fscalizar e reger a profssão.

18 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Atividade 3
m omento de reflex ão

Cordel: Poema popular nor-


destino de herança portu-
guesa que usa temas do
cotidiano, do mundo político
e histórico, com a finalidade
1. Leia agora um cordel escrito por Moacir Morran de divertir, instruir, educar,
(1979-), poeta natural de Jaguaruana (CE). ensinar e informar. É publi-
cado em papel barato, em
forma de folhetim, e em sua

© Ismar Ingber/Pulsar Imagens


capa, além do título e do no-
me do autor, aparece uma
xilogravura, técnica de gra-
vura que utiliza a madeira
como matriz – um processo
parecido com o carimbo. É
chamado de “cordel” pelo
fato de os folhetos serem
expostos ao público em cor-
déis (barbantes, cordões).

Cordel contábil

Quando a contabilidade
Nesse mundo apareceu
Nossa razão engatinhava
E não existia nem liceu
Surgindo como uma luz
Pra acabar co’aquele breu.

O homem inda selvagem


Namorou, com liberdade,

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 19


Aquele novo saber
De tão grande utilidade
Passando pra gerações
Aquela habilidade.

Usando-a no dia a dia


Pra precisar com certeza
As subidas e os declínios
Referente à sua riqueza
No campo do pastoril
Através de sua agudeza.

Conferindo os animais
No começo e fim do dia
O homem tão primitivo
Registrava cada cria
Com pedrinhas num buraco
Que lhe serviriam de guia.

Aquilo era seu inventário


Seu aporte pra decisão
Na hora dos seus escambos
Já se sabia a direção
Tendo por base a contagem
Dos animais de criação.

Os registros dos seus fluxos


Eram pinturas rupestres
Que gravadas nas cavernas
Por mãos de homens silvestres
Registravam as suas vidas
Naquela arte que eram mestres.

Antes de ser social


O homem era contábil
Mesmo sem os algarismos
O seu saber não era lábil
E na contabilidade
Foi tornando-se mais hábil.

20 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Na Suméria ou Babilônia
Começou-se a escriturar
Cada fato era um registro
Que na argila ia se gravar
Desse jeito o patrimônio
Poderia se acompanhar.

Velejou por setes mares


Usando a navegação
Fomentou todo o comércio
De nação para nação
Ajudando no controle
Dos fluxos de transação.

Mesmo estando em todo canto


Eis que surge a novidade
Um estudo italiano
Sobre a contabilidade
Deu-lhe foro de ciência
Perante a posteridade.

Foi com Luca Pacioli


Que se dera esse momento
Observando os navegantes
Atentou-se a um elemento
Que os próprios assim usavam
Durante o Renascimento.

Para cada operação


Duas contas eram gravadas
É o método conhecido
Das tais partidas dobradas
Que o grande monge italiano
Mostrou como eram usadas.

Cada registro se via


A origem e a aplicação
Não importava a natureza
E não havia distinção

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 21


Toda conta registrada
Seguiria a mesma razão.

Assim o saber contábil


Entranhou-se em nossa essência
Em toda e qualquer nação
Foi tomando consistência
Por sua grande relevância
Como um modelo de ciência.

Mas pra que serve esse ramo?


E qual a sua utilidade?
Qual o seu grau de importância?
Em nossa sociedade
E que conceito é adequado?
Para contabilidade.

É uma ciência social


Cujo foco é o patrimônio
Com Exatas tem fusão
Espécie de matrimônio
E o seu campo de atuação
Não tem nada de lacônio!

Ao fornecer os subsídios:
Balanço, demonstração,
Análise, estudo e fluxo
Livros: Diário e Razão
Percebe-se aí sua importância
Nas horas de decisão.

As informações contábeis
Ajudam a descrever
O estado de uma entidade
Se fazendo perceber
Os pontos mais importantes
Pra uma entidade crescer

22 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Mas não só no crescimento
É que se vê sua importância
Na previsão de um declínio
Ou no incentivo à constância
Qualquer empresa percebe
A sua grande relevância.

Não somente nos negócios


Mas também na economia
Sem a contabilidade
Nada disso existiria
E o planeta sem controle
Acabaria nesse dia.

Por isso até o Contador


Deve ser valorizado!
O governo deveria
Dizer-lhe: “muito obrigado!”
Sendo mais reconhecido
E bem como ovacionado.

No passado, no presente
No futuro com certeza
Quem não sabe, saberá!
Todos verão com clareza
Nossa contabilidade
Demonstrando sua grandeza.

Muito pouco se falou


Muito mais tenho a falar
Porém aqui o espaço é pouco
Não deu nem pra começar
Ficando aqui o desafio
Pra quem quiser continuar.

E quem achar que é mentira


O que expresso no papel
Quero ver você escrever
O contrário do cordel

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 23


Dizer que o saber contábil
Não é tão digno de laurel.

Seja você qualquer um


Pessoa física ou entidade
Com pouco ou muito dinheiro
Fique sabendo a verdade
Ninguém vive nesse mundo
Sem a contabilidade!

Dedico esse Cordel ao maior Contador que eu já conheci: meu pai.


MORRAN, Moacir. Cordel contábil. Disponível em: <http://issuu.com/
moacirmorran/docs/cordel_cont_bil>. Acesso em: 8 abr. 2015.

2. Junte-se, agora, a alguns colegas, formando pequenos grupos para conversar a


respeito do cordel lido e responder às questões:
a) A contabilidade era usada pelo homem pré-histórico? De que forma?

b) Como e onde ele registrava seus bens?

24 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


c) Para que mais serve a contabilidade, além de inven-
tariar os bens de cada um?

d) Quais tipos de empresas utilizam a contabilidade?

e) Qual foi a primeira grande inovação dada pela con-


tabilidade e quem foi seu criador?

Alguns símbolos da Contabilidade


Da mesma forma que existem símbolos para representar
um país – bandeira, brasão, hino – ou marcar certos
rituais, como o anel de formatura ou a aliança de casa-
mento, a Contabilidade possui também alguns símbolos Símbolo: 1. Tudo o que, de
que refetem signifcados históricos e culturais. maneira arbitrária ou con-
vencional, representa uma
Esses símbolos apresentam signifcados diversos, mas outra coisa. 2. Sinal, signo,
figura que representa um
todos se remetem à importância, tanto para o indivíduo conceito ou sugestão.
como para a sociedade, das pessoas que desempenham © Dicionário Aulete.
atividades contábeis. <www.aulete.com.br>

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 25


Caduceu
O caduceu é considerado um atributo do deus Mercúrio, protetor do comércio, e é
representado por um bastão com duas asas, rodeado por duas serpentes entrelaçadas.

© wuk/123RF

É considerado um emblema da paz e da prosperidade. Cada uma de suas partes tem


um signifcado:
• bastão: representa o poder do conhecimento da Ciência Contábil;
• serpentes: simbolizam a sabedoria, ou seja, o conhecimento necessário para es-
colher o melhor caminho a seguir;
• asas: representam a diligência, que é o cuidado e a dedicação do profssional.

Anel do contador
O anel do contador simboliza a união e o compromisso do profssional com a ética,
a moral e o conhecimento científco contábil.
Apesar de algumas variações, ele se caracteriza por ter uma pedra de cor rosada ao
centro, com um brilhante de cada lado. Em uma das laterais, em platina ou ouro
branco, aparece a tábua da lei, com a inscrição lex (lei, em latim), e na outra lateral,
também em platina ou ouro branco, o caduceu.
© Daniel Beneventi

26 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Estátua do deus Mercúrio
O deus Mercúrio, divindade grega, era flho de Zeus e Maia e irmão de Apolo. É
considerado um deus que propicia fortunas, representando, assim, a garantia da
gestão efciente dos negócios exercidos pelos contadores nas empresas.

© Album Art/Latinstock

Estátua do deus Mercúrio.

O “pai” da Contabilidade
Luca Pacioli foi um frei italiano que viveu no século XV (15) e é considerado o “pai”
da Contabilidade, pois sua obra Summa de arithmetica, geometria, proportioni et
proportionalità foi considerada a primeira obra impressa a tratar do Método das
Partidas Dobradas, um critério de registro utilizado em Contabilidade até hoje.
© Album Art/Latinstock

Jacopo de’ Barbari (atribuído a). Retrato de Frei Luca Pacioli com um
discípulo, 1495.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 27


Patrono da classe contábil
João Lyra (1871-1930) é conhecido como o patrono da classe contábil no Brasil, pois
sempre considerou e defendeu a classe de contadores. Foi guarda-livros, chefe de
escritório e comerciante, além de professor e redator jornalístico.
Em sua vida política, chegou a ser senador do Rio Grande do Norte e, nessa época,
instituiu o Dia do Contabilista, comemorado em 25 de abril.
Acervo Anderson Tavares

Padroeiro da Contabilidade
São Mateus é considerado o santo padroeiro da Contabilidade, por iniciativa do
Colégio de Contabilistas Italianos.
Em sua juventude exerceu o cargo de publicano – que quer dizer cobrador de impos-
tos – na cidade de Cafarnaum (território do atual Estado de Israel), onde elaborava a
escrituração e formulava os principais documentos da receita.

28 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


© Mondadori Portfolio/Electa/Antonio Quattrone/Bridgeman Images/Keystone
Caravaggio. São Mateus e o anjo (detalhe), 1602.

Hino da Contabilidade
Ísis Martins Raposo Castelo Branco

Salve nossos contadores que trabalham com valor,


e são grandes lutadores,
com esmero e com ardor,
ajudando nosso Brasil,
a crescer e se elevar,
com afeto varonil para a pátria exaltar.

Procuremos todos unidos,


Nosso dever bem cumprir,
Elevando nossas finanças
A grandeza do porvir!

Seguindo as leis trabalharemos,


Com inteligência e prazer,
A vitória conquistaremos,
Para o progresso acontecer,

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 29


E teremos recompensados,
O esforço da união,
E teremos conquistado,
O respeito da nação.

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO PARANÁ (CRC-PR). Curiosidades.


Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/content/curiosidades/#8>.
Acesso em: 8 abr. 2015.

Nesta Unidade, você conheceu um pouco a história da Contabilidade, desde os pri-


mórdios até a atualidade. O aprofundamento de vários dos assuntos abordados se dará
ao longo deste curso.
© akg-images/Latinstock

Gregor Reisch. Madame Arithmatica, 1508.

30 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


unidade 2
Mercado de trabalho
Para compreender o que faz um profssional na área de Conta-
bilidade, é fundamental conhecer o cenário em que ela apareceu
e se desenvolveu. Esta Unidade vai ajudar você a recuperar
informações sobre como a organização do trabalho se alterou
e foi, gradativamente, necessitando de novas funções que res-
pondessem às demandas de produção.

A vida do trabalhador antes do aparecimento


das máquinas
Antes da invenção das máquinas, o trabalho e a vida das pes-
soas eram muito diferentes. Observe as pinturas feitas pelo
artista francês Jean-François Millet (1814-1875):

© Bridgeman Images/Keystone

Jean-François Millet. Os enfeixadores de feno, c. 1850.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 31


© The Art Archive/Alamy/Glow Images

Jean-François Millet. Um joeireiro, 1847-1848.

Como era a vida em sociedade antes do aparecimento das máquinas? Você acha que
sempre existiu salário? E o lucro?

Revolução Industrial e sociedade


Imagine uma época em que as máquinas ainda não tinham sido inventadas. Como
a população trabalhava e se sustentava?
As famílias cultivavam a terra e criavam animais para sobreviverem com o que
produziam. O excedente, o que sobrava dos alimentos para consumo próprio, era
trocado com outros camponeses por produtos de que não dispunham. Dessa forma,
um dava o leite em troca do trigo, outro trocava carne por frutas e legumes e assim
por diante. Acontecia o escambo, ou seja, uma permuta entre as famílias, cada uma
preocupada com sua sobrevivência.
A vida no campo era orientada pelos tempos da natureza: as estações do ano
indicavam a melhor hora para plantar e colher; as marés, o momento para

32 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


pescar etc. O tempo era usado para cuidar das ne-
cessidades de sobrevivência, mas controlado pelos
próprios camponeses.
Nesse período, predominava, portanto, o conceito de
trabalho, que é diferente de emprego.
A noção de mercado, de comércio, contudo, pouco a
pouco invadiu a vida cotidiana e ampliou a exploração
do homem pelo homem, tornando as condições de vida
e de sobrevivência no campo mais difíceis.
O fenômeno da Revolução Industrial, que teve início no Trabalho: Atividade realiza-
século XVIII (18) na Inglaterra, rica em carvão mineral da por seres humanos que,
na transformação da nature-
e ferro, alterou profundamente o mundo. Uma das prin- za, utilizam esforço físico e
cipais modifcações foi o uso do carvão para movimentar mental para a produção per-
mitindo, dessa forma, sua
as máquinas a vapor. Tal fenômeno impulsionou a in- sobrevivência.
dústria têxtil.
Começaram a surgir empregos em maior proporção nas
cidades. Esse fato, somado à política de arrendamento das
propriedades rurais para criação de ovelhas e fornecimen-
to de lã à indústria têxtil, provocou a migração de pessoas
do campo em direção às cidades, em busca de trabalho.
Consequentemente, a produção agrícola declinou, ao
mesmo tempo que aumentou a necessidade de abastecer
as cidades. A agricultura, que até então era de subsistên-
cia, passou a ser uma atividade comercial, já que procurou
buscar cada vez mais excedentes para serem comerciali-
zados nas cidades. Por tudo isso, fez-se necessário ampliar
as formas de produção para abastecer a quantidade cres-
cente de pessoas que agora se aglomeravam nos centros
urbanos. Desse modo, a produção, que era fruto da ma-
nufatura, passou a ser mecanizada.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino
Médio. São Paulo: Sdecti/SEE, 2015. v. 1.

Veja, nas imagens a seguir, como o ser humano procurou


sempre ampliar ou substituir sua força pelo uso de ins-
trumentos e das forças de que dispunha na natureza.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 33


© Album/akg-images/Latinstock

Ferramentas.
© Album/De Agostini/G. Dagli Orti/Latinstock

Roda-d’água.
© Christie’s Images/Bridgeman Images/Keystone

Moinho de vento.

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© Album Art/Latinstock
Arado com tração animal.

© De Agostini Picture Library/Glow Images

Uso de animais e máquinas em uma mina de carvão.

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© Catherine Ivill/Matthew Ashton/AMA Sports Photo/Corbis/Latinstock
© sampics/Corbis/Latinstock

Se tiver oportunidade, faça uma busca na internet e assista à abertura dos Jogos Olímpicos de 2012,
ocorridos em Londres, Inglaterra. O tema foi a transformação do país, da agricultura à indústria: o cam-
po dando lugar às chaminés e os agricultores transformando-se em operários.

36 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Atividade 1
s ituando a r evolução i ndustrial

1. Observe o mapa a seguir e procure localizar a Inglaterra, um dos países que


compõem o Reino Unido. Caso tenha dificuldade, faça o exercício na bibliote-
ca ou em um laboratório de informática e consulte um atlas.

© Portal de Mapas

Mapa original.

2. Quais são as principais características da Revolução Industrial? Escreva com


detalhes sua resposta e discuta com a turma.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 37


A Grã-Bretanha é uma ilha da Europa que abriga a Inglaterra, a Escócia e o
País de Gales. O Reino Unido é um agrupamento político que congrega os
países da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte. As relações entre Inglaterra,
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte com o Reino Unido são semelhan-
tes às que definem os governos federalistas: há um poder soberano central e
autonomia relativa nas unidades constituintes. Já a Escócia tem um autogo-
verno limitado, submetido ao Parlamento britânico.
Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo.
VICHESSI, Beatriz; MERCATELLI, Veridiana. Qual é a diferença entre Inglaterra,
Grã-Bretanha e Reino Unido? Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.
abril.com.br/geografia/fundamentos/geografia-diferenca-inglaterra-gra-bretanha-
reino-unido-450810.shtml>. Acesso em: 8 abr. 2015.

Da manufatura à mecanização da produção


Na Europa pré-industrial, o processo produtivo caracterizou-se pelo predomínio do tra-
balho humano. Alguns sistemas de produção foram surgindo, até chegar ao que se chama
de manufatura. Nela, os trabalhadores concentravam-se nos locais de produção e obede-
ciam a regras mais rígidas de trabalho, utilizando mecanismos rudimentares que os
auxiliavam nas tarefas manuais.
Em 1769, James Watt inventou a máquina a vapor, que permitiu o aumento da pro-
dução industrial. Aos trabalhadores cabia a tarefa de abastecer as novas máquinas –
alimentadas pelo invento de Watt – com matérias-primas, além de cuidar do seu bom
funcionamento.
As cidades, e a vida das pessoas que nelas moravam, mudaram muito por causa da
crescente industrialização. Inovações e invenções modifcaram profundamente di-
versos aspectos da vida cotidiana. O conjunto dessas transformações foi chamado
de Revolução Industrial.
Da segunda metade do século XVIII (18) em diante, começaram a predominar as
máquinas – substitutas do trabalho humano – e a produção em série, na qual cada
trabalhador é especialista em determinada área e o trabalho é realizado passo a passo.
A invenção da máquina a vapor permitiu às indústrias um salto signifcativo na
produção. O trabalho, que antes era artesanal ou semiartesanal, e, por isso mesmo,
heterogêneo e lento, tornou-se homogêneo e rápido quando passou a ser feito por
máquinas – que começaram a ser produzidas e utilizadas cada vez mais, provocan-
do a demissão dos trabalhadores.

38 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Além disso, o tempo de produção passou a ser mais cur-
to. Com isso, o proprietário passou a produzir mais,
vender mais e lucrar mais.
Foi nesse período também que nasceu a ideia de empre-
go, pois o trabalho realizado em um dia era pago pelo
proprietário dos meios de produção.
Emprego: Relação firmada
Contudo, não havia emprego para todas as pessoas e a entre o proprietário dos
meios de produção – que
pobreza e a fome se alastraram entre a população. são as ferramentas, terras,
máquinas etc. – e o trabalha-
Se, de um lado, a produção crescia, de outro, as condições dor. Nesse contrato, o em-
de trabalho e de vida da população que havia saído do pregador compra a força
de trabalho, ou seja, paga
campo em busca de emprego eram muito difíceis. pelo trabalho realizado.

Veja como eram as condições de trabalho nesse período:


• os salários eram baixos;
• as fábricas contratavam principalmente mulheres e
crianças, pois os salários que elas recebiam eram ainda
menores do que os pagos aos homens. A estes eram
destinadas as funções que dependiam de força física;
• as crianças eram recrutadas em orfanatos, a partir dos
quatro anos de idade, para o trabalho na indústria
têxtil e, principalmente, nas minas de carvão;
• os trabalhadores não tinham direitos vinculados ao
emprego, como férias, descanso semanal, nem mesmo
um contrato de trabalho;
• a jornada de trabalho diária chegava a 16 horas;
• os empregados estavam sujeitos a castigos físicos e as
trabalhadoras eram, com frequência, violentadas pelos
capatazes.
Mas, se os proprietários dos meios de produção impu-
nham essas condições aos trabalhadores, estes, por sua
vez, reagiam contra isso.
Apesar da pobreza e da fome, os empregados das indús-
trias começaram a se organizar, a fm de melhorar as

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 39


condições de trabalho, até mesmo com reações violentas, como o movimento lu-
dista (ou luddita), no início do século XIX (19). Esse movimento caracterizou-se
pela iniciativa dos operários de quebrarem as máquinas dentro das fábricas, como
forma de protesto contra as condições de trabalho. Ned Ludd teria inspirado esse
movimento de revolta daqueles que acreditavam que as máquinas eram responsáveis
pela falta de emprego para todos, pois elas executavam em menos tempo o trabalho
de muitas pessoas.
© NMPFT/SSPL/Easypix

Crianças no ambiente de trabalho fabril.


© Mary Evans/Diomedia

Movimento ludista: a revolta dos trabalhadores diante da máquina.

40 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Atividade 2
m aquinaria e emprego

1. Escreva com suas palavras como você compreendeu as condições de trabalho na


época da Revolução Industrial.
a) Você considera que a maquinaria era responsável por não haver emprego para
todos? Por quê?

b) Quebrar máquinas era um ato contra os equipamentos? Por quê?

c) Existem semelhanças entre o trabalho daquela época e o de hoje? Quais?

2. Organize uma apresentação criativa para os demais colegas.


Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino Médio. São Paulo:
Sdecti/SEE, 2015. v. 1.

A organização do trabalho
Pense em alguma atividade que você costuma fazer em casa: cozinhar, higienizar
o banheiro, consertar a porta do armário etc. Talvez, mesmo que inconscientemen-
te, você se organize para fazer essas tarefas: calcula o tempo que levará para reali-
zá-las; verifca se tem todos os ingredientes para preparar uma refeição, se tem os
produtos para limpeza ou o parafuso certo para um conserto. E avalia o resultado:
A comida fcou boa? A limpeza fcou adequada? E assim por diante.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 41


Se você considerar o trabalho realizado nas indústrias, no
comércio, nos serviços, verá que várias situações são muito
semelhantes. Mas, nas empresas, a organização é efetuada
de modo que o trabalhador faça mais em menos tempo.
Essa foi a lógica arquitetada no início do século XX (20)
por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), cujo pensamen-
to fcou conhecido em todo o mundo como taylorismo.

Como pensava Taylor nessa época?


Taylor acreditava que os operários “faziam cera” no tra-
balho, conforme a própria expressão utilizada por ele:
escondiam dos patrões a forma como realizavam cada
atividade e eram contrários a produzir diariamente tan-
to quanto fosse possível.
Ele também achava que os sindicatos tinham uma visão
errada, pois queriam que os operários trabalhassem me-
nos e em melhores condições.
Como solução para esse caso, desenvolveu o que chamou
de “organização científca do trabalho”.
Como era essa organização?
Taylor observou o trabalho dos carregadores de barras
de ferro, operários em grande parte provenientes dos
países da Europa que se encontravam em situação eco-
Produtividade: Resultado
da divisão da produção física
nômica difícil.
obtida numa unidade de tem-
po (hora, dia, ano) por um Havia 75 carregadores e cada barra pesava 45 quilos.
dos fatores empregados na Cada homem carregava 12,5 toneladas de ferro por dia
produção (trabalho, terra, ca-
pital). Em termos globais, a
trabalhado.
produtividade expressa a uti-
lização eficiente dos recursos Antes do Com o
produtivos, tendo em vista Números
taylorismo taylorismo
alcançar a máxima produção
na menor unidade de tempo Carregadores 75 75
e com os menores custos.
SANDRONI, Paulo. Dicionário Toneladas transportadas por
de economia do século XXI. 12,5 47
8. ed. revista e ampliada.
dia (1 tonelada = mil quilos)
Rio de Janeiro: Editora Record,
2014. p. 694.
Como ele conseguiu aumentar a produtividade?

42 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Segundo Taylor, uns planejam e outros executam o trabalho, ou seja, ele compreen-
dia que alguns eram destinados a pensar, e outros, a executar. Por isso, havia a divisão
entre os que pensavam como carregar as barras e os que só utilizavam a força física.
Com base na observação do trabalho, propôs o controle do tempo e dos movi-
mentos, isto é, ele sabia que um movimento era feito em “x” segundos e outro em
“y” segundos. A intenção era que o empregador tivesse controle sobre todo o pro-
cesso de trabalho e, assim, na visão de Taylor, os empregados não fariam mais “cera”.
O trabalhador precisava obedecer aos comandos, inicialmente pensados por Taylor,
sobre o momento e o tempo exatos de se mover, sempre com a vigilância e a super-
visão constantes das chefas.
Taylor, no entanto, considerou que nem todo carregador poderia executar seu mé-
todo e, assim, incluiu mais um item em sua lista de procedimentos para obter a
produção pretendida: a seleção científca do trabalhador, acompanhada do devi-
do treinamento para realizar a tarefa, tal como esperada por quem a planejou.
Ele observou o comportamento dos carregadores, pois, em sua concepção, não seria
qualquer operário que se submeteria às exigências. Pesquisou o passado, o caráter, os
hábitos e, principalmente, as pretensões de cada trabalhador. Finalmente, encontrou
um imigrante holandês, cujos hábitos lhe pareceram adequados. Este estava cons-
truindo, ele mesmo, a casa para morar com sua família. Fazia isso pela manhã; corria
para o emprego, onde carregava barras de ferro; e, ao voltar para casa, continuava a
construção. Todos diziam que esse operário era muito econômico. Esse trabalhador
que reuniu as “qualidades” desejadas por Taylor chamaremos de Schmidt.

Atividade 3
s Chmidt e taylor

1. Leia, a seguir, o diálogo de Taylor com Schmidt, o trabalhador que ele pretendia
selecionar. Esse diálogo foi retirado do livro Princípios de administração científica,
que teve sua primeira edição publicada em 1911.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 43


— Schmidt, você é um operário classificado?

— Não sei bem o que o senhor quer dizer.

— Desejo saber se você é ou não um operário classificado.

— Ainda não o entendi.

— Venha cá. Você vai responder às minhas perguntas. Quero saber se


você é um operário classificado, ou um desses pobres diabos que andam
por aí. Quero saber se você deseja ganhar $ 1,85 dólar por dia, ou se está
satisfeito com $ 1,15 dólar que estão ganhando todos esses tontos aí.

— Se quero ganhar $ 1,85 dólar por dia? Isto é que quer dizer um
operário classificado? Então, sou um operário classificado.

— Ora, você me irrita. Naturalmente que deseja ganhar $ 1,85 por dia;
todos o desejam. Você sabe perfeitamente que isso não é bastante
para fazer um operário classificado. Por favor, procure responder às
minhas perguntas e não me faça perder tempo. Venha comigo. Vê
esta pilha de barras de ferro?

— Sim.

— Vê este vagão?

— Sim.

— Muito bem. Se você é um operário classificado, carregará todas


estas barras para o vagão, amanhã, por $ 1,85 dólar. Agora, então,
pense e responda à minha pergunta. Diga se é ou não um operário
classificado.

— Bem, vou ganhar $ 1,85 dólar para pôr todas estas barras de ferro
no vagão, amanhã?

— Sim; naturalmente, você receberá $ 1,85 dólar para carregar uma


pilha, como esta, todos os dias, durante o ano todo. Isto é que é um
operário classificado e você o sabe tão bem como eu.

44 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


— Bem, tudo entendido. Devo carregar as barras para o vagão, ama-
nhã, por $ 1,85 dólar e nos dias seguintes, não é assim?

— Isso mesmo.

— Assim, então, sou um operário classificado.

— Devagar. Você sabe, tão bem quanto eu, que um operário classifi-
cado deve fazer exatamente o que se lhe disser desde manhã à noite.
Conhece você aquele homem ali?

— Não, nunca o vi.

— Bem, se você é um operário classificado deve fazer exatamente


o que este homem lhe mandar, de manhã à noite. Quando ele
disser para levantar a barra e andar, você se levanta e anda, e
quando ele mandar sentar, você senta e descansa. Você procederá
assim durante o dia todo. E, mais ainda, sem reclamações. Um
operário classificado faz justamente o que se lhe manda e não
reclama. Entendeu? Quando este homem mandar você andar, você
anda; quando disser que se sente, você deverá sentar-se e não fazer
qualquer observação. Finalmente, você vem trabalhar aqui amanhã
e saberá, antes do anoitecer, se é verdadeiramente um operário
classificado ou não.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 1990. p. 45-6.

2. Agora, responda às questões a seguir.


a) Qual é sua opinião sobre a entrevista feita por Taylor? O que lhe pareceu conve-
niente? E o que lhe pareceu inconveniente?

Conveniente

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 45


Inconveniente

b) Como são as entrevistas de emprego na atualidade? São diferentes da feita por


Taylor no momento da “promoção” de Schmidt? Por quê?

c) O que achou das características valorizadas por Taylor (que constam no diálogo
entre ele e Schmidt) para encontrar o operário para a tarefa a ser executada?

3. Foi dessa forma que Taylor conseguiu praticamente quadruplicar a produtivida-


de no trabalho. Leia a seguir a opinião de Taylor sobre Schmidt, mesmo sendo
ele o operário ideal para o aumento da produção.

46 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Ora, o único homem, entre oito, capaz de fazer o trabalho, não tinha
em nenhum sentido característica de superioridade sobre os outros.
Apenas era um homem tipo bovino – espécime difícil de encontrar e,
assim, muito valorizado. Era tão estúpido quanto incapaz de realizar
a maior parte dos trabalhos pesados. A seleção, então, não consistiu
em achar homens extraordinários, mas simplesmente em escolher
entre homens comuns os poucos especialmente apropriados para o
tipo de trabalho em vista.
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica.
8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. p. 54-5.

Operário “tipo bovino”?


Para Taylor, portanto, era natural que alguns mandassem e outros obedecessem, e
os mandados deveriam ser do “tipo bovino”.
Tendo em vista que o objetivo de Taylor era aumentar a produtividade e os lucros
das empresas, faltava para ele, ainda, aperfeiçoar seu método. Era necessário reduzir
a quantidade de trabalhadores.
Em outra experiência que realizou, ele conseguiu diminuir o número de traba-
lhadores e o custo do carregamento diário, conforme você pode observar na
tabela a seguir.

Dados Antigo sistema Com o taylorismo

Trabalhadores 400 a 600 140

Média de toneladas
16 59
por dia/homem

Remuneração $ 1,15 $ 1,88

Custo do carregamento/
$ 0,072 $ 0,033
tonelada

Fonte: TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 1990.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 47


Atividade 4
taylorismo hoje?

1. Como você pôde observar, o fenômeno da redução de pessoal não é novo, pois
esse é um dos motores que sustentam o capitalismo. Em outras palavras, diminuir
custos é um dos pilares para a acumulação de capital. Discutam em grupo:
a) Quais são, na opinião do grupo, os aspectos mais importantes na lógica de tra-
balho elaborada por Taylor?

b) Existe taylorismo hoje? Em quais situações o grupo observa, ou não, a existência


do taylorismo na atualidade? Em quais ocupações vocês identificam esse modo
de organização do trabalho?

2. Pensem em uma ocupação – pedreiro, costureira ou qualquer outra – com a qual


tenham contato ou experiência. Reflitam: O taylorismo do início do século XX
(20) está presente na organização desse trabalho? Por quê?

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3. Com auxílio do monitor, você e sua turma poderão montar um painel das ocupações
e analisar como o taylorismo está, ou não, presente no mundo do trabalho hoje.

O fordismo na esteira do taylorismo


Fordismo talvez seja uma palavra mais familiar a você do que taylorismo. O termo
é derivado do nome de seu idealizador, Henry Ford (1863-1947), empresário esta-
dunidense da indústria automotiva. Ford procurou aperfeiçoar o pensamento de
Taylor e concluiu que se ganharia ainda mais tempo se as peças fossem até os operários,
e não o inverso, como acontecia até então.
Além de arquitetar a esteira mecânica, Henry Ford teve outro papel que trouxe
consequências para todo o mundo. Ele construiu o primeiro carro popular da his-
tória, o Ford T. Sua produção em série deveria vir associada ao consumo em série,
pois Ford tinha a convicção de que a produção em massa reduziria os custos do
automóvel e, com isso, o preço fnal do produto seria menor.

© Adrian Brown/Alamy/Glow Images

Ford T, modelo mais conhecido no Brasil como Ford Bigode.


© Hulton Collection/Getty Images

Esteiras mecânicas e trilhos aéreos com peças que


abasteciam as linhas de montagem nas indústrias onde se
adotava o modelo fordista.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 49


Essas foram inovações importantes na organização do trabalho, do ponto de vista
da produção. No entanto, o trabalho fcou mais intenso e sem pausas.
Veja a seguir como se deu a redução do tempo de montagem do automóvel
no fordismo.

Etapas Tempo de montagem de um veículo

Antes do taylorismo 12 horas e 30 minutos

Com o taylorismo 5 horas e 50 minutos

Com treinamento dos operários 2 horas e 38 minutos

Com a linha de montagem automatizada


1 hora e 30 minutos
(em 1914)

Fonte: GOUNET, Thomas. Fordismo e toyotismo na civilização do automóvel. São Paulo:


Boitempo, 1999.

O flme Tempos modernos, de Charlie Chaplin (1889-1977),


ilustra como era o trabalho nas fábricas: trabalho repe-
titivo, sem tempo para um descanso mínimo entre uma
tarefa e a próxima. É possível resumir o flme em três
etapas principais:
• a fábrica em que o personagem Carlitos trabalha con-
ta com uma esteira mecânica, na qual as peças se mo-
Se tiver oportunidade, assista ao
filme Tempos modernos (Modern vem passando pelo trabalhador a certa velocidade, de
times, direção de Charlie Chaplin,
1936). O longa-metragem aborda, de modo que a máquina determina o tempo em que ele
forma divertida, as duras condições
de trabalho no avanço da deve apertar o parafuso;
industrialização.

• o trabalho repetitivo, com o tempo para a realização


da tarefa manual sendo controlado e determinado
pelo tempo da máquina, a pressão da chefa e o
barulho na fábrica comprometem a saúde mental
do personagem;
• o personagem rebela-se contra o maquinário e é inter-
nado por causa de acessos de loucura.

50 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


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A despeito do tom espirituoso do flme, não se pode negar que as condições de
trabalho eram tais como as apresentadas. O trabalhador perdia mais uma vez o
controle sobre a tarefa que executava: a esteira rolante determinava o tempo em que
cada uma delas deveria ser realizada. Os locais eram inseguros e insalubres, ou seja,
o ruído e a poeira faziam mal à saúde dos operários.
Um século depois, mesmo com o avanço da tecnologia, o ritmo, a intensifcação do
trabalho e a pressão por produtividade ainda são aspectos nocivos à saúde do tra-
balhador. Portanto, é preciso fcar atento aos abusos que acontecem em nome do
aumento da produtividade.
Além disso, as condições insalubres de trabalho ainda permanecem em muitos locais.

Atividade 5
r etratos do trabalho fabril

1. Observe o mural pintado pelo artista mexicano Diego Rivera.

Diego Rivera (1886-1957) foi um pintor mexicano cuja especialidade era a pintura de grandes murais.
Contava, por exemplo, a história de um povo, pois acreditava que esse tipo de pintura permitia gravar na
memória aspectos que são ocultados ou esquecidos ao longo do tempo. É reconhecido como artista
comprometido com a luta por uma sociedade mais justa. Você poderá fazer uma visita virtual ao Museu
Diego Rivera entrando no site: <http://www.diegorivera.com>. Acesso em: 8 abr. 2015.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 51


Foto: © Bridgeman Images/Keystone © Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, Mexico, D.F./AUTVIS, Brasil, 2015

Diego Rivera. Indústria de Detroit (ou Homem e Máquina), parede norte, 1932-1933. Afresco. Instituto de Artes de Detroit, EUA.

52 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Esse mural representa as condições de trabalho na indústria automobilística. O
artista observou o dia a dia dos operários e buscou mostrar alguns deles em certas
etapas da produção.

2. Em grupo, analisem os detalhes da obra e discutam:


a) Quais foram os detalhes que mais chamaram a atenção do grupo? Por quê?

b) Como eram as condições de trabalho na fábrica?

c) Com base no mural, como imaginam que deveria ser o ambiente de trabalho?

O sentido do trabalho
Como foi estudado, o fordismo nasceu nos Estados Unidos da América (EUA),
embalado pelos mesmos princípios de Taylor.
Os operários, no entanto, percebiam que cada vez mais executavam um trabalho
mecanizado e sem qualifcação. Com isso, eles passaram a optar por outras ativida-
des que ainda garantissem maior envolvimento com o trabalho.
Ford, percebendo a difculdade em contratar funcionários, lançou o seguinte plano:
• ofereceu salário de 5 dólares por dia (antes o pagamento era de 2,50 dólares); e
• estabeleceu jornada diária de oito horas de trabalho.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 53


No entanto, esse plano não era para todos. Assim como Taylor aplicou uma “seleção
científca do trabalhador”, as novas condições de Ford eram apenas para os homens
que tivessem certos hábitos esperados pela empresa:
• não consumissem bebidas alcoólicas; e
• provassem que tinham boa conduta.
Henry Ford inovou mais uma vez e criou um departamento de serviço social
para acompanhar a vida dos trabalhadores que desfrutavam desse tipo de contrato
de trabalho.
As visitas às casas dos operários fzeram com que praticamente 1/3 deles (28%)
perdesse essa condição.
É bom lembrar que, mesmo dobrando o salário e reduzindo a jornada de trabalho,
Ford ainda conseguiu baratear o preço do carro.
Para se ter ideia: o capital da empresa em 12 anos (1907-1919) passou de 2 milhões
de dólares para 250 milhões de dólares.
© SSPL/Getty Images

Trabalhadora em fábrica de relógios na Inglaterra, sendo observada por um contramestre. Foto de 1946.

54 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


A jornada de trabalho sempre foi de 8 horas diárias?
Nem sempre foi assim. Durante a 1ª Revolução Industrial, não havia limite para a jornada diária de traba-
lho. Mesmo as crianças trabalhavam 14, 16 horas por dia.
Foi em 1919 que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabeleceu uma convenção que limitava
a jornada de trabalho em 8 horas diárias e a semanal em 48 horas.
No Brasil, foram necessárias diversas lutas sindicais, iniciadas no século XIX (19), para a conquista
das 8 horas diárias. No entanto, foi apenas em 1934 que a Constituição determinou a jornada de trabalho
de 8 horas diárias ou 48 semanais.
Atualmente, a jornada semanal de trabalho definida pela Constituição Federal de 1988 é de 44 horas. Esse
tema está sendo agora debatido, pois há forte pressão para que a jornada legal seja limitada a 40 horas.
Na França, por exemplo, no auge da crise do emprego na década de 1980, o governo determinou a re-
dução da jornada de trabalho semanal para 35 horas, com o intuito de criar mais empregos.
Fonte: DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS
SOCIOECONÔMICOS (DIEESE). Redução da jornada de trabalho no Brasil. Nota Técnica,
n. 16, mar. 2006. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notatecnica/2006/
notatec16ReducaoDaJornada.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2012.

Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia


(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 7º ano/2º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2012.

Toyotismo: a nova organização do trabalho


Você deve ter percebido que as alterações na organização do trabalho têm sempre
o mesmo objetivo: aumentar a produtividade, reduzindo custos. A lógica é: fazer
mais em menos tempo e, se possível, com menos trabalhadores.
No toyotismo não foi diferente. Essa nova forma de organização do trabalho surgiu
no Japão após a 2a Guerra Mundial, principalmente para fazer frente à indústria
automobilística estadunidense. Os japoneses inovaram e alteraram completamente
o modo de pensar que vigorava com o fordismo.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 9º ano/4º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013.

Veja a seguir os pilares do toyotismo.


• Just-in-time (JIT) (fala-se “djãs tin taime”): signifca, literalmente, “no momento
exato”. Trata-se de uma técnica de organização do espaço-tempo nas empresas. Seu
objetivo é tornar a produção e a distribuição de mercadorias mais dinâmicas.
Nesse processo, a produção ocorre de acordo com a demanda e as empresas não
acumulam estoque.
• Autonomação: mais conhecida como Controle de Qualidade Total, é assim chamada
porque exige controle de qualidade autônomo na produção, isto é, essa estratégia

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 55


elimina a supervisão do trabalho e das peças produzidas. Nela, cada um é responsável
pelo que deve ser feito e pressupõe-se que haja um trabalho em equipe: se alguém está
com difculdades, o colega o ajuda. Uma fábrica de automóveis no Brasil, por exemplo,
chegou a gravar um código em cada peça produzida, indicando o operário que a havia
feito. Se a peça apresentasse problema, o funcionário era diretamente responsabilizado.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Sdecti). Geografia: caderno do estudante. Ensino Fundamental. São Paulo:
Sdecti/SEE, 2014. v. 3.

• Kanban: o termo, de origem japonesa, signifca “cartão”. Refere-se a um tipo de


sinalização utilizado para indicar o andamento dos fuxos de produção em em-
presas de fabricação em série, isto é, monta-se um quadro sobre uma determina-
da tarefa usando cartões, post-it ou outros tipos de papéis, e escreve-se em cada
um: “a executar”, “em execução”, “executado”, ou estabelecem-se cores para
o signifcado de cada um dos termos.
Este método foi estabelecido inicialmente na empresa japonesa Toyota, com o
objetivo de tornar mais efcaz seu sistema de produção. Também é utilizado para
o controle de estoque das empresas, pois permite uma atualização constante e
real de seus níveis. Nesse caso, os quadros ou painéis são colocados junto aos
produtos armazenados. Isso faz com que a empresa trabalhe com menores quan-
tidades de estoque e, consequentemente, com menor capital de giro.
Esse sistema, aliado ao controle de estoque da empresa, consegue programar a
produção. O método dos cartões ajuda a obter informações reais de demanda, o
que possibilita melhor atendimento ao cliente e maiores lucros, com gastos menores.
Atualmente existe o kanban eletrônico (e-kanban), que funciona da mesma forma
e, além de ser mais rápido e efciente, evita problemas como perda de cartões.
© Isoflex

Manuseio de cartões de um painel kanban. O cartão removido para a cor verde pode indicar, nesse caso, o
cumprimento de uma tarefa ou a disponibilidade do estoque.

56 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


© Daniel Beneventi
KANBAN DE PRODUÇÃO

TAREFA 1 TAREFA 2 TAREFA 3 TAREFA 4 TAREFA 5

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16

Ok Atenção Urgência
Esquema de um painel kanban indicando a urgência no cumprimento de cinco tarefas diferentes
durante um processo produtivo de 16 dias.

Veja as principais diferenças entre o fordismo e o toyotismo:

Fordismo Toyotismo

Produção de muitos modelos em pequena


Produção em série de um mesmo produto
quantidade

Grandes estoques de produtos Estoque mínimo; só se produz o que é vendido

Especialização: um homem opera uma máquina Polivalência: um homem opera várias máquinas

Essa nova organização do trabalho resultou na diminuição do tempo de fabricação


de, por exemplo, um automóvel: eram necessárias 19 horas para a produção de um
veículo, enquanto, na Europa, a produção ainda demorava 36 horas.
Em 2012, determinada fábrica de automóveis no Brasil produzia 34 carros por hora.
A lógica do toyotismo logo se expandiu para outros tipos de indústria e serviço.
Se a palavra de ordem no fordismo era rigidez (em todos os sentidos: fxação do
homem ao posto de trabalho, controle dos tempos e movimentos, estabilidade
no emprego), no toyotismo a palavra-chave é fexibilidade.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 57


© Hudson Calasans

Na organização toyotista do trabalho, um operário fica responsável por várias


funções ao operar máquinas mais complexas. Com isso, as empresas podem
dispensar operários, diminuir o custo com mão de obra e aumentar a margem de
lucro, já que um homem exerce a função de vários. Esse modelo contribuiu para
o aumento do desemprego.

Esse conjunto de mudanças, que nos países desenvolvidos aconteceu nos anos 1980,
chegou com força ao Brasil na década de 1990. Pelas características históricas do País,
que concede amplos benefícios ao capital privado, as mudanças aconteceram de forma
mais objetiva para as empresas movidas pela busca da redução de custos e do aumento
da competitividade. A corda rompeu-se do lado dos trabalhadores, que foram demitidos
em massa, em consequência de muitas mudanças e da inovação tecnológica.
Se a ordem era a redução de custos, as empresas adotaram também a terceirização de
várias etapas da produção. Com o modelo toyotista, elas passaram a se concentrar
apenas em sua atividade principal, terceirizando todas as outras seções e serviços.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 9º ano/4º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013.

Atividade 6
r evisão da u nidade

Esta seção conta com algumas questões de vestibulares e provas de concurso.

1. O sistema organizacional do trabalho denominado de toyotismo é uma resposta


à crise do fordismo dos anos 70. É correto afirmar que o toyotismo se caracteriza:

58 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


a) pela rigidez na produção, principalmente pela eliminação do desperdício de
tempo e movimentos, por meio do trabalho parcelar, padronizado e descontínuo.
b) por ter um trabalhador qualificado e polivalente e pela produção atender às
particularidades das demandas.
c) por ter sua origem no modo de organização do trabalho de uma indústria auto-
mobilística da China, cujo presidente era Kiichiro Toyoda, daí a derivação da
sua denominação.
d) pela produção em massa, pois o consumo condiciona toda a organização
da produção.
e) pela adoção de uma organização produtiva verticalizada, voltada para produzir somen-
te os itens necessários na quantidade necessária, sem gerar estoque, por meio da técni-
ca denominada de kanban, em que o trabalhador desempenha uma única tarefa.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL). Concurso para assistente social, 2011. Disponível
em: <http://www.copeve.ufal.br/index.php?opcao=concurso&idConcurso=62>. Acesso em: 8 abr. 2015.

2. Considerando que em uma empresa quase todas as operações mantêm algum


tipo de estoque, a maioria geralmente de materiais, mas também de informação
ou consumidores (fila), explicite:

Orientação para resolução: observe que esta é uma questão discursiva e você precisará desenvolver
a resposta para cada um dos itens.

a) os motivos pelos quais as empresas necessitam de estoques;

b) a contribuição dos estoques à agregação de valor aos produtos;

c) o papel dos estoques no planejamento e controle just-in-time (JIT).

INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (IFRN). Concurso público para


professor de ensino básico, técnico e tecnológico, 2010. Disponível em: <http://www.comperve.
ufrn.br/conteudo/concursos/ifrn2010docente/provas/402.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 59


3. Uma característica importante do controle de qualidade autônomo (autonoma-
ção) é:
a) necessitar da presença constante de um supervisor de trabalho, para ser eficiente.
b) aumentar a competitividade entre os funcionários.
c) cada um ser responsável pelo resultado de seu trabalho.
d) diminuir a quantidade de funcionários na empresa.
e) cada funcionário passar a ter mais responsabilidade e por isso seu salário
ser maior.

4. Para otimizar a produção fabril no século XIX, duas teorias se destacaram: o


taylorismo (Winslow Taylor – 1856-1915) e o fordismo (Henry Ford – 1863-1947).
Leia e analise as afirmativas sobre os desdobramentos concretos dessas teorias.
I – O taylorismo propunha uma série de normas para elevar a produtividade, por
meio da maximização da eficiência da mão de obra, aprimorando a racionaliza-
ção do trabalho e pagando prêmios pela produtividade.
II – O fordismo impunha uma série de normas para aumentar a eficiência econô-
mica de uma empresa. Entre elas, exigia que a produção fosse especializada e
verticalizada.
III – Produção especializada significa produzir um só produto em massa, ou em
série, apoiando-se no trabalho especializado e em uma tecnologia que aumente
a produtividade por operário.
IV – O taylorismo foi muito benéfico à organização dos trabalhadores europeus
que, por isso, criaram vários sindicatos e várias leis de proteção ao trabalhador.
V – Tanto o taylorismo como o fordismo só chegaram ao Brasil em 1980.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC), 2008. Disponível em:
<http://antigo.vestibular.udesc.br/main.php?sl=vestibular_2008_1>. Acesso em: 8 abr. 2015.

60 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


5. As expressões Fordismo e Taylorismo foram empregadas para explicar uma
nova forma de organização do trabalho no século XX. Essas expressões têm
como significado
a) valorização do trabalho humano em relação às máquinas, o aumento dos salários
e a participação dos operários nos lucros obtidos pelas empresas.
b) a produção seria realizada em pequenos números, o que beneficiaria o consumo
das massas de determinados produtos.
c) diminuição da jornada de trabalho e o pagamento de salários compatíveis as
horas trabalhadas que suprissem todas as necessidades básicas do operariado,
como: lazer, vestimentas, alimentação, saúde, moradia e educação.
d) aumento de produtividade em série, a mecanização de parte das atividades,
o controle das atividades dos trabalhadores, a introdução da linha de mon-
tagem e de um sistema de recompensas e punições dos operários no interior
das fábricas.
e) substituição das máquinas pelo trabalho maciço dos operários, sem divisões e
parcelamentos das tarefas, a produção e o consumo em baixa escala e o supri-
mento de todas as necessidades básicas dos operários.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE (UNICENTRO), 2012. Disponível em:
<http://www2.unicentro.br/vestibular/files/2012/10/provas_20102.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015

A terceirização
Outra forma de trabalho na qual os trabalhadores têm perdido seus direitos
surgiu há alguns anos e ganhou força especialmente nas últimas décadas. Trata-
-se da terceirização, na qual o trabalho é formal, mas há perda signifcativa de
direitos.
Por exemplo: os bancários. Essa categoria profssional, graças à sua organização e à
ação dos sindicatos, conquistou direitos que vão além do que consta na Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT). Entre eles estão: o valor do vale-refeição, seguro-
-saúde, piso salarial etc. Por essas e outras razões, os bancos, a partir da década de
1990, passaram a terceirizar serviços e a demitir bancários.
Você deve estar pensando: Mas alguém continua fazendo o mesmo serviço? Sim. No
entanto, as empresas que passam a prestar serviços aos bancos contratam funcionários
com salários menores e, como não são bancários, não têm os mesmos direitos que os

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 61


demais trabalhadores da categoria. Assim, o serviço prestado fcou mais barato e, com
isso, os bancos puderam reduzir seus custos.
Em contabilidade, não é diferente. As empresas terceirizam, além do serviço
de segurança e de limpeza, também a parte de escrituração contábil, guarda de
documentos, departamento pessoal, auditorias etc. Desse modo, muitos postos de tra-
balho da área contábil e administrativa são fechados dentro das empresas, dado que
não precisam ter um contador em seu quadro de funcionários.
Diante dessa situação, as empresas recorrem a escritórios de contabilidade, que,
com a crescente procura, estão aumentando e se aprimorando, dia a dia. No
entanto, apesar de esse processo provocar a abertura de postos de trabalho
nesses escritórios, estes existirão em menor número e exigirão mais dos candi-
datos, que, por sua vez, vão precisar cuidar da escrituração de várias empresas,
e não só de uma.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e
Trabalho: 6º ano/1º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2011.

CONTABILIDADE: OS CUIDADOS NA TERCEIRIZAÇÃO

[...]

Mas terceirizar exige bastante cuidado na contratação e na seleção do


prestador de serviços, pois as possíveis vantagens que se pode obter
com a substituição de uma estrutura não devem ser focadas somente
nos custos, e sim, no resultado de melhorias de qualidade e precisão
dos dados empresariais.

A idoneidade do escritório contábil e a sua capacidade em atender às


demandas sempre crescentes de obrigações fiscais, tributárias, contábeis,
trabalhistas e previdenciárias devem ser avaliadas detalhadamente.

62 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Uma estrutura inadequada e a falta de atualização dos profissionais
que atuam na área poderão gerar multas por falta ou atraso de entre-
ga de declaração, multas por inconsistências de dados, etc.

Outra recomendação é jamais repassar dinheiro para pagamento de


tributos – a empresa deve fazer os pagamentos diretamente, após a
devida aprovação dos cálculos relativos aos mesmos.

A contabilidade de uma empresa retrata o seu patrimônio e é base


para cálculo de vários impostos e contribuições que podem atingir
50% ou mais do que as empresas conseguem gerar de riquezas. Isto
está embutido em todas as operações que acontecem na empresa e
que implicam na entrada ou saída de recursos.

Checar também, junto ao Conselho Regional de Contabilidade, se o


escritório contábil ou o profissional está devidamente registrado e em
dia com suas obrigações perante o órgão.

Outro detalhe é solicitar sempre proposta, por escrito e assinada, dos


honorários e serviços compreendidos. Após a aprovação da proposta,
é imprescindível a assinatura do contrato de serviços contábeis, esta-
belecendo as responsabilidades, prazos e demais convenções pactuadas.

Afinal, a empresa estará entregando dados sigilosos (faturamento,


custos, remunerações de pessoal, informações fiscais, extratos ban-
cários, etc.) para serem processados. O tratamento desses dados
não pode ser, precipitadamente, entregue a qualquer um. É impres-
cindível conhecer a capacidade técnica, a responsabilidade e, acima
de tudo, a ética dos profissionais a quem estarão sendo entregues
tais informações.

Mesmo para uma pequena empresa, os problemas que podem advir


de uma má contratação são relevantes, pois a atividade contábil, por
conta das contínuas alterações legislativas, é uma atividade de alto risco.

[...]
PORTAL de Contabilidade. Contabilidade: os cuidados na terceirização.
Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
tematicas/terceirizar.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 63


Esta Unidade é fnalizada com uma tirinha que aborda o trabalho na linha de
montagem. Procure refetir sobre ela com base no que estudou até agora.
Frank & Ernest, Bob Thaves © 1996 Thaves/
Dist. by Universal Uclick for UFS

64 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


unidade 3
A ocupação de auxiliar
de contabilidade
O mercado de trabalho na área contábil, com as últimas trans-
formações pelas quais vem passando – em decorrência da adoção
das Normas Internacionais de Relatório Financeiro, conhecidas
como IFRS –, está em plena ascensão. Esse movimento é susten-
tado pelo grande avanço econômico mundial, que necessita de
informações precisas, rápidas e constantes.
Todas as atividades empresariais passaram a ser controladas e re-
gistradas pela contabilidade, tornando-a essencial à economia e ao
controle do patrimônio. A contabilidade transformou-se, desse
modo, no melhor meio de comunicação entre os investidores de
capital e as empresas, pois ela consegue dar uma visão precisa
do patrimônio empresarial e do retorno sobre os investimentos.
Os escritórios de contabilidade são os responsáveis pelo geren-
ciamento da situação contábil das empresas que não possuem
funcionários habilitados para exercer essa função. Nesses escri-
tórios trabalham, entre outros, os auxiliares de contabilidade.
A proposta deste curso não é formar contadores, mas ajudar
você a ingressar na ocupação de auxiliar de contabilidade. A
ocupação tem grandes perspectivas de futuro, visto que está
presente em todo tipo de empresa, e, por isso, representa uma
fatia do mercado de trabalho bastante promissora.
Em geral, o auxiliar de contabilidade trabalha em escritórios de
empresas, tanto no setor privado como no público, e também
em algumas organizações não governamentais (ONG). Depen-
dendo do ramo da empresa, há a possibilidade de você ter de
trabalhar nos fns de semana, mas, normalmente, seu trabalho
se dará no horário comercial.
Veja, a seguir, o quadro com os valores de salários atualizados
em janeiro de 2015 para a área de contabilidade.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 65


Tabela de salários
Referência dos dados: São Paulo (capital e interior)

Contábil e fiscal Salário médio (em R$)

Coordenador de Contábil/Fiscal 7 866

Analista de Contábil/Fiscal 3 546

Assistente Contábil/Fiscal 2 715

Auxiliar Contábil/Fiscal 1 656

Fonte: MILL RH CONSULTORIA EM RECURSOS HUMANOS.

Características do auxiliar de
contabilidade
O Ministério do Trabalho e Emprego conta com um
documento que orienta, tanto empregados como empre-
gadores, a compreender melhor cada ocupação segundo
suas funções e atribuições e, desse modo, assegura os
direitos e deveres do trabalhador e do empregador: a
Você sabia? Classifcação Brasileira de Ocupações (CBO).
A descrição de cada ocupa-
ção da CBo é feita pelos Nela, os auxiliares de contabilidade aparecem com o códi-
próprios trabalhadores.
Dessa forma, há a garantia go 4131-10 e a seguinte descrição sumária de atividades:
de que as informações fo-
ram dadas por pessoas que
conhecem bem a ocupação. Organizam documentos e efetuam sua
Você pode consultar esse classificação contábil; geram lançamentos
documento na íntegra contábeis, auxiliam na apuração dos im-
acessando o site do Minis-
tério do Trabalho e Empre- postos, conciliam contas e preenchimento
go (MTE). Disponível em: de guias de recolhimento e de solicitações,
<http://www.mtecbo.gov.
br>. Acesso em: 8 abr. 2015.
junto a órgãos do governo. Emitem notas
de venda e de transferência entre outras;
realizam o arquivo de documentos.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível em:
<http://www.mtecbo.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2015.

Para ser auxiliar de contabilidade, é necessário ter con-


cluído o Ensino Médio e feito o curso de Auxiliar de
Contabilidade. Além disso, é importante ser prático e
organizado, assim como ter iniciativa e saber se adaptar
a novas tarefas.
66 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1
Outra característica indispensável é ser comunicativo,
mas reservado, pois as informações são, na maior parte
das vezes, confdenciais.
Para os auxiliares de contabilidade, não existe uma re-
solução que determine um código de ética profssional.
No entanto, como sua ocupação está diretamente ligada
à do contador, ele deve seguir o mesmo código que, em
seu artigo 2o – alínea II, orienta:
Para saber mais a respeito, consulte a
Resolução nº 1.307/2010, do Conselho
Federal de Contabilidade, que trata
guardar sigilo sobre o que souber em razão do exer- do código de ética profissional
do contador. Disponível em: <http://
cício profissional lícito, inclusive no âmbito do servi- www.normaslegais.com.br/
legislacao/resolucaocfc1307_2010.
ço público, ressalvados os casos previstos em lei ou htm>. Acesso em: 8 abr. 2015.

quando solicitado por autoridades competentes,


entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO
ESTADO DE SÃO PAULO. Código de ética
profissional do contador. 9. ed. São Paulo: CRC-SP,
2011. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/portal_
novo/publicacoes/manuais_pmes/conteudo/07.pdf>.
Acesso em: 8 abr. 2015.

É imprescindível, ainda, gostar de matemática e ter


facilidade no preenchimento de planilhas eletrônicas,
pois essa ocupação se caracteriza essencialmente pelos
planejamentos e cálculos. Contudo, apesar de se uti-
lizar das operações matemáticas e de uns poucos cál-
culos avançados de ordem fnanceira, a Contabilidade
é considerada uma ciência social, pois se encarrega
de estudar e analisar as alterações existentes no patri-
mônio de uma empresa, assim como tudo aquilo que
pode acarretar essas mudanças, seja de ordem quan-
titativa ou qualitativa.
Como, para desempenhar suas funções, o auxiliar de
contabilidade precisará utilizar computadores, é impor-
tante que procure conhecer certos elementos. Programas
de computador, principalmente os referentes ao proces-
samento de planilhas, e alguns sistemas de contabilidade
são usados pelos contadores para o registro das transações
comerciais das empresas.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 67


© thodonal/123RF

É preciso saber usar também a calculadora, se possível a fnanceira, e se aprofundar


em cálculos matemáticos.
© Andriy Popov/123RF

O auxiliar de contabilidade analisa e registra, em sistema próprio de contabilidade,


as despesas e pagamentos das empresas; faz o preenchimento de relatórios, planilhas
e guias de recolhimento; realiza a escrituração de livros fscais, a apuração de im-
postos e a declaração do Imposto de Renda; registra e arquiva os documentos para
eventuais consultas etc.
© Jan Mika/Alamy/Glow Images

68 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Revendo saberes anteriores
Nas próximas unidades, você verá com detalhes cada um dos aspectos da ocupação
de auxiliar de contabilidade. Todavia, é importante que identifque os vários conhe-
cimentos, experiências e percepções que tem sobre o assunto.
Existem muitas coisas que fazemos, mas às quais não damos valor porque fazem
parte de nosso cotidiano e não as percebemos como conhecimentos. É o caso, por
exemplo, de “demonstrar iniciativa”, uma das qualifcações listadas na CBO para
auxiliar de contabilidade. Consegue se lembrar de alguma situação, seja no trabalho
ou em casa, em que você mostrou iniciativa?
Pensou em várias ocasiões? Sua tarefa, agora, será a de, com a ajuda de seus colegas
de curso, resgatar seus conhecimentos e dar a eles o devido valor.

Atividade 1
s ua história

1. Formem duplas para esta atividade, de preferência com alguém que ainda não
conheçam, e digam um ao outro sua história de vida. Aquele que está ouvindo
deve registrar os pontos que considerar importantes da história do colega.
• Procurem ser bem detalhistas sobre a infância, os estudos, os trabalhos, os “bicos”,
as atividades do dia a dia, os momentos de lazer etc.
• Falem de suas atitudes, hábitos, o que gostam ou não de fazer, e assim por diante.
• Vocês terão 30 minutos para realizar esta atividade.

2. O quadro a seguir deve ser preenchido pela dupla, com base nas anotações feitas.

Fatos importantes Minhas características


Brincadeiras de infância

Estudos formais

Cursos feitos

Experiências de trabalho

Experiências de vida

Coisas que sei

Coisas que aprendi

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 69


Os próximos quadros devem ser preenchidos individualmente, pois cada um vai
analisar seus saberes com base naqueles necessários à ocupação de auxiliar de con-
tabilidade, segundo a CBO. Basta fazer um “X” na coluna que corresponde a sua
escolha.

Escolarização e formação/experiência
Sim Não Cursando
profissional

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Curso de qualificação profissional

Outras exigências da ocupação Já Em Preciso Preciso


de auxiliar de contabilidade domino processo aprimorar aprender

Buscar autodesenvolvimento

Desenvolver raciocínio lógico e


habilidade em cálculos

Saber consultar normas e


procedimentos

Conhecer a legislação trabalhista

Utilizar recursos de informática

Saber utilizar telefone, fax, email e


intranet

Demonstrar capacidade de
participação

Saber trabalhar em equipe

Falar de maneira clara, ágil e objetiva

Expressar-se de forma oral e escrita

Demonstrar autonomia e iniciativa

Ser ético e respeitoso

70 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Atividade 2
h ora da leitura

Leia a poesia a seguir, que Zuli Rago (1956-) escreveu no fnal do ano de 2012.

Contabilidade

Todos os dias,

De manhã,

Minha vida é pesada,

Meu tempo é medido,

Meus dias são contados,

Algumas dívidas são pagas,

Muitas perdoadas,

Outras esquecidas...

RAGO, Zuli. Contabilidade. Disponível em: <https://rarasideias.wordpress.com/tag/zuli/page/2>.


Acesso em: 8 abr. 2015.

1. Para você, o que significa pesar uma vida? E medir o tempo?

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 71


2. Como você acha que o autor do poema faz essa contabilidade? Ele usa calcula-
dora, papel e lápis ou só faz isso em pensamento?

3. Sua vida também é contabilizada assim? Quando? Por quem?

4. O poeta diz que algumas dívidas são pagas e outras, perdoadas ou esquecidas. Que
tipo de dívida você acha que é paga? E quais são perdoadas ou esquecidas? Por quê?

72 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Atividade 3
a lguns ConCeitos e doCumentos Contábeis

Em pequenos grupos, discutam e respondam às questões a seguir.

1. O que vocês acham que é um Livro Caixa? Para que ele serve?

2. Se vocês fossem registrar os valores recebidos por uma família e os valores gastos
por ela, como fariam?

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 73


Esta Unidade abordou o mercado de trabalho específco para a ocupação que você
escolheu. O assunto é bem mais amplo, mas, no decorrer do curso, você verá que
não é tão difícil quanto parece.

© Milos Luzanin/123RF

74 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


unidade 4

Segurança do trabalho
Você já reparou que ao nosso redor existe uma variedade de
símbolos e sinais e que muitos deles estão relacionados a nossa
saúde, segurança e também a normas de convivência que se
fundamentam em leis?

Ilustrações: Daniel Beneventi


Nas ruas, nos deparamos a todo momento com placas e sinais
orientadores do trânsito, avisando o que é permitido e o que é
proibido, alertando para locais prioritários a idosos, gestantes,
defcientes etc.

Em escolas, hospitais, lojas, farmácias e prédios públicos, encon-


tramos sinais ou avisos como: “Proibido fumar”; “Cuidado com
o piso molhado”; “Em caso de incêndio não use o elevador”;
“Escada”; “Silêncio”; “Não buzine”; “Respeite a fla”; “Respeite
a faixa de segurança” etc.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 75


A linguagem não verbal
Quando se fala em linguagem, é comum pensar no uso das palavras ditas ou escri-
tas, a chamada linguagem verbal. No entanto, a comunicação humana não se re-
sume apenas à utilização de palavras. O ser humano utiliza também a linguagem
não verbal, ou seja, a linguagem pautada em recursos como: sinais, símbolos, sons,
gestos, imagens, fotografas, pinturas, esculturas etc.
Os símbolos e sinais citados fazem parte desse tipo de linguagem.

Atividade 1
l inguagem não verbal

Em pequenos grupos, troquem ideias sobre sinais ou avisos que já tenham visto e
que se relacionam a saúde, segurança e prevenção de acidentes. A seguir, preencham
o quadro com dez desses sinais e avisos. Marquem um “X” nas colunas correspon-
dentes aos locais nos quais viram os sinais ou avisos que listaram.

Locais onde podem ser encontrados


Sinais ou
Para que servem
avisos Empresas Ruas Hospitais

76 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Locais onde podem ser encontrados
Sinais ou
Para que servem
avisos Empresas Ruas Hospitais

Ao terminarem a atividade, seria interessante que compartilhassem com os colegas


os sinais e avisos que lembraram. A turma poderá compor uma lista muito maior,
que evidenciará quanto a questão da prevenção de acidentes e respeito à saúde está
presente em nossa vida e como tem ganhado espaço na sociedade em que vivemos.

Atividade 2
o bservação de fotografias

1. Observe atentamente a fotografia e responda às questões a seguir.

© Charles C. Ebbets/Bettmann/Corbis/Latinstock

a) Você já tinha visto essa fotografia?

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 77


b) Em sua opinião, que tipo de trabalho esses homens que aparecem na imagem
realizavam?

c) O que será que eles faziam no momento da foto?

d) Onde esses homens estão? Onde estão sentados? Quais elementos podem “com-
provar” suas hipóteses?

e) Que título você daria a essa fotografia?

2. Agora, observe essa outra fotografia e responda às questões apresentadas.


Biblioteca do Congresso, Washington, EUA

78 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


a) Que idade você imagina que a pessoa da foto tem?

b) A fotografia é atual? Quais evidências podem confirmar sua hipótese?

c) Se a imagem fosse atual, quais leis trabalhistas estariam sendo desrespeitadas?


Para isso, acione os conhecimentos que você já tem sobre o assunto.

d) Agora, discuta com o colega ao lado suas respostas e as dele. Suas ideias são iguais
ou parecidas? Seu colega apresentou algum aspecto diferente do seu? Você con-
corda com ele?

3. Leia, agora, a história das duas fotos e volte a elas para analisá-las com um novo
olhar.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 79


A primeira fotografia é uma imagem clássica e conhecida mundialmente. Trata-se
de Lunch atop a skyscraper [Almoço no topo de um arranha-céu], atribuída a Char-
les C. Ebbets (1905-1978) e tirada em 1932. Ela mostra um grupo de operários da
construção civil almoçando em condições de segurança precárias e inadmissíveis
nos dias de hoje. A composição, com o belo cenário de Nova Iorque ao fundo e
as curiosas condições capturadas, torna essa fotografia uma obra de arte.
A imagem é polêmica, pois há quem diga que é uma montagem, parte de uma
jogada de marketing publicitário para divulgar a construção do Rockefeller Center.
Tirada no 69o andar de um dos prédios, ela foi publicada com outras imagens em
um suplemento dominical do jornal New York Herald Tribune. Observe que os
operários não usam cinto de segurança e não portam capacete, o que tornaria
fatal qualquer queda.
A segunda fotografia, um dos mais importantes documentos historiográficos da
época, mostra uma garota em linha de produção da indústria têxtil Cheney Silk
Mills, localizada em Manchester do Sul, no Estado de Connecticut, em 1924.
A fotografia foi tirada por Lewis Hine (1874-1940) e está na Biblioteca do Con-
gresso Nacional dos Estados Unidos.
No começo do século XX (20), as crianças compunham boa parcela da mão de
obra industrial nos EUA. O sociólogo estadunidense Lewis Hine encontrou na
fotografia sua forma de denunciar as mazelas do trabalho infantil. Entre 1908 e
1924, Hine produziu vasto material sobre a vida das crianças estadunidenses.
4. Para finalizar a atividade, converse com seus colegas sobre as fotografias, expon-
do suas ideias e comparando as informações. Em seguida, anote os motivos que
levam às ocorrências de acidentes de trabalho e o papel da legislação para a
prevenção desses acidentes.

80 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Responsabilidade nos cuidados a tomar
no ambiente de trabalho
É fato que em todos os lugares estamos sujeitos a sofrer
acidentes. Você deve conhecer pessoas que já se aciden-
taram em casa, nas ruas, no local de trabalho, nas estra-
das, não é mesmo?
Quando um acidente acontece, é muito comum atribuir
a causa à própria pessoa, que foi descuidada, ao local que
está malcuidado ou, ainda, a uma falha mecânica nos
equipamentos. Enfm, procura-se sempre o culpado do
acidente, mas, geralmente, esquece-se de pensar em como
ele poderia ter sido evitado, no que poderia ter sido feito
para tornar aquelas condições mais seguras.
Veja o que diz Leonardo Bof (1938-), teólogo, escritor e
professor universitário, sobre esse assunto:

O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado.


Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto,
abrange mais que um momento de atenção [...]. Repre-
senta uma atitude de ocupação, preocupação, de res-
ponsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano –
compaixão pela terra. 18. ed. Petrópolis:
Vozes, 2012. p. 37.

No Brasil, existem leis que regulamentam os direitos e deveres


dos trabalhadores. Elas fazem parte do Decreto-lei federal nº 5.452,
de 1º de maio de 1943, que aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT).
A CLT garante que condições degradantes e de exploração não mais
ocorram. Em seu artigo 403, por exemplo, proíbe o trabalho a me-
nores de 16 anos de idade, com exceção do trabalho na condição de
aprendiz, que pode ocorrer a partir dos 14 anos.

Toda empresa com mais de 20


empregados deve ter uma Cipa,
Normalmente, a questão de segurança do local de tra- formada por trabalhadores eleitos
pelos colegas. Você pode se
balho é responsabilidade da própria empresa, do empre- aprofundar no assunto consultando
o Caderno do Trabalhador 5 –
gador. As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes Conteúdos Gerais – “Saúde e
segurança no trabalho”.
(Cipa) cuidam também da segurança, pois a legislação Disponível em: <http://www.
viarapida.sp.gov.br>. Acesso
trabalhista assim o determina. em: 8 abr. 2015.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 81


Mas e o trabalhador?
Ele precisa ser cuidadoso e observar todas as normas de
segurança. Tem de cuidar de si e dos outros.
Pode-se afrmar, então, que, para evitar acidentes, pelo
menos três aspectos precisam ser observados:
• o local de trabalho;
• os equipamentos;
• as pessoas.

O local de trabalho
Se o empregado realiza seu trabalho em um local sem a
segurança necessária para os profssionais, isto é, equi-
pamentos e instalações adequadas, pode-se dizer que está
em um ambiente de risco, em uma condição insegura de
trabalho. Algumas medidas podem tornar o local
de trabalho mais seguro.
Você sabia?
O Ministério do Trabalho • Sinalização de segurança: existe uma norma que
e Emprego determina, determina quais cores devem ser usadas na segurança
por meio de portarias,
algumas normas regu- do trabalho. É a Norma Regulamentadora no 26,
lamentadoras (NR), com estabelecida pelas portarias GM no 3.214/78 e SIT
a finalidade de estabele-
cer parâmetros para as
no 229/11. Dessa forma, o uso das cores passa a ser
condições de trabalho e unifcado em todos os estabelecimentos:
também a prevenção de
acidentes. Se quiser sa-
ber mais a respeito de 26.1 Cor na segurança do trabalho
alguma NR, visite o site:
<http://portal.mte.gov.br/
legislacao/normas-regu 26.1.1 Devem ser adotadas cores para
lamentadoras-1.htm>. segurança em estabelecimentos ou
Acesso em: 8 abr. 2015.
locais de trabalho, a fim de indicar e
advertir acerca dos riscos existentes.

26.1.2 As cores utilizadas nos locais de


trabalho para identificar os equipamen-
tos de segurança, delimitar áreas, iden-
tificar tubulações empregadas para a

82 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


condução de líquidos e gases e advertir contra riscos, devem atender
ao disposto nas normas técnicas oficiais.

26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas


de prevenção de acidentes.

26.1.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível, a fim de não
ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 26.
Sinalização de segurança. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C
816A31190C1601312A0E15B61810/nr_26.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015.

• Prevenção e combate a incêndios: o ideal é que nunca ocorra um incêndio no


ambiente de trabalho. Entretanto, é preciso saber evitar que o fogo se inicie e,
caso isso não seja possível, é necessário saber combatê-lo com rapidez e efciência.
Em geral, os incêndios têm seu princípio em pequenos focos que, se forem con-
trolados, podem evitar acidentes maiores.
Em seu ambiente de trabalho, você poderá encontrar alguns símbolos com infor-
mações quanto a risco de incêndio. Normalmente, essa sinalização é composta por
informações de proibição, de alerta, de orientação e salvamento e de equipamentos.
Veja alguns desses símbolos no quadro a seguir.

Ilustrações: Daniel Beneventi


1. Sinalização de proibição

Código 1
Proibido fumar

Código 2
Proibido produzir chama

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 83


Ilustrações: Daniel Beneventi

1. Sinalização de proibição

Código 3
Proibido utilizar água para apagar o fogo

Código 4
Proibido utilizar elevador em caso de incêndio

2. Sinalização de alerta

Código 5
Alerta geral

Código 6
Cuidado, risco de incêndio

Código 7
Cuidado, risco de explosão

84 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Ilustrações: Daniel Beneventi
2. Sinalização de alerta

Código 8
Cuidado, risco de corrosão

Código 9
Cuidado, risco de choque elétrico

3. Sinalização de orientação e salvamento

Código 12
Saída de emergência

Código 13
Saída de emergência

Código 14
Saída de emergência

Código 15
Saída de emergência

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 85


Ilustrações: Daniel Beneventi

3. Sinalização de orientação e salvamento

Código 16
Escada de emergência

4. Sinalização de equipamentos

Código 22
Telefone ou interfone de emergência

Código 23
Extintor de incêndio

Código 24
Mangotinho

86 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Ilustrações: Daniel Beneventi
4. Sinalização de equipamentos

Código 25
Abrigo de mangueira e hidrante

Código 26
Hidrante de incêndio

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13434-2.


Sinalização de segurança contra incêndio e pânico. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

Classes de incêndio, métodos de extinção e extintores

Método de
Classe e símbolo Tipo de material Exemplos Extintores
extinção

Água, espuma
Sólidos que Madeira, papel,
química e
queimam e tecidos, Resfriamento
espuma
deixam resíduos borracha, carvão
mecânica

Gasolina, álcool, Gás carbônico,


Líquidos que
diesel, tíner, pó químico
queimam e não Abafamento
tinta, graxa, seco, espuma
deixam resíduos
acetona mecânica

Quadros de
Elétricos que distribuição,
Gás carbônico,
estão ligados a equipamentos Abafamento
pó químico seco
uma rede elétrica elétricos, fios
sob tensão

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 87


Ilustrações: Daniel Beneventi

Classes de incêndio, métodos de extinção e extintores

Método de
Classe e símbolo Tipo de material Exemplos Extintores
extinção

Magnésio,
Metais zircônio, titânio, Pó químico seco
Abafamento
pirofóricos alumínio em pó, especial
antimônio

Césio, urânio,
Materiais
cobalto, tório, Acionar Corpo de Bombeiros: 193
radioativos
rádio

Gordura animal e
Óleo de cozinha
óleo vegetal em
comercial e Abafamento Base alcalina
estado líquido ou
industrial
sólido

Fonte: SERVIÇO SOCIAL DO TRANSPORTE (SEST); SERVIÇO NACIONAL DE


APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE (SENAT). Curso para operador de transporte de cargas.
Brasília: Sest/Senat, 2011.

Os equipamentos
Os equipamentos de proteção podem ser de uso coletivo ou individual.
• Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são aqueles já instalados nos
locais de trabalho, como barreira de proteção contra luminosidade e radiação,
extintores de incêndio, hidrantes, fusíveis etc., e visam proteger tanto os funcio-
nários como a empresa.
• Os equipamentos de proteção individual (EPI) são aqueles fornecidos aos
funcionários para sua proteção individual. São de uso obrigatório quando estive-
rem em qualquer situação ou local que possa oferecer risco à sua saúde.

88 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Daniel Beneventi
Em grande parte das empresas, o auxiliar de contabilidade não necessita fazer uso
desses equipamentos. Sua atividade profssional, porém, também merece cuidados,
principalmente no que se refere à questão da ergonomia.
Pessoas que trabalham muito tempo sentadas e diante do computador podem contrair
Lesões por Esforços Repetitivos, conhecidas como LER, ou Distúrbios Osteomuscula-
res Relacionados ao Trabalho (Dort). Muitas vezes, eles são causados pela repetição de
um movimento ou por posturas inadequadas mantidas durante muito tempo, por
trabalhos em condições impróprias, pela utilização de móveis inapropriados etc.
A Norma Regulamentadora no 17 busca minimizar esses problemas, tratando espe-
cifcamente de ergonomia. No primeiro parágrafo lê-se:

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que


permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um má-
ximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 17.
Ergonomia. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2015.

Essa norma destina-se a todo tipo de empresa e de trabalhadores, não sendo espe-
cífca para auxiliares de contabilidade. Entretanto, alguns de seus itens estabelecem
parâmetros que favorecem a melhoria do posto de trabalho para os integrantes
dessa ocupação.
Veja, a seguir, alguns exemplos desses parâmetros, lembrando que é necessário ve-
rifcar cada local e cada tipo de atividade para selecionar aqueles que atendem às
condições específcas do trabalho exercido:
• adaptar os móveis nos postos de trabalho para que os trabalhadores mantenham
a postura correta e tenham boa visualização da atividade a ser executada;
• oferecer assentos confortáveis e adequados para proteger a região lombar, bem como
suporte para os pés, para os trabalhadores que exercem suas atividades sentados;

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 89


• para os trabalhadores que realizam suas atividades de
pé, oferecer pausas e dispor assentos para descanso;
• nos postos de trabalho, fornecer equipamentos ade-
quados às necessidades das tarefas a serem executadas,
tais como: iluminação para leitura ou digitação; su-
porte para sustentar os documentos, evitando movi-
mentação irregular ou fadiga visual; impressão em
Esses são apenas alguns exemplos
em que se observa preocupação com papel adequado; posicionamento correto de teclado e
a saúde do trabalhador, mas você
pode consultar mais a respeito no site monitor; e ajuste livre de sua movimentação;
do MTE: <http://portal.mte.gov.br/
data/files/FF8080812BE914E
6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf>. • manter condições ambientais de trabalho adequadas
Acesso em: 8 abr. 2015.
às características psicofsiológicas dos trabalhadores e
às características da atividade, tais como: salas com
isolamento acústico, temperatura e umidade adequadas
para trabalhos que requerem concentração e atenção
intelectual dos trabalhadores;
• para os trabalhadores que exercem atividades que exi-
jam sobrecarga muscular estática ou dinâmica de pes-
coço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores,
é recomendável um sistema de avaliação de desempe-
nho para efeito de remuneração e vantagens sempre e
quando o trabalho repercutir sobre sua saúde;
• nas atividades de processamento eletrônico de dados, não
promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhado-
res, baseando-se no número individual de toques sobre o
teclado, para efeito de remuneração e vantagens de qual-
quer espécie; o tempo de entrada de dados não deve ul-
trapassar 5 horas e deve haver pausas de, pelo menos, 10
minutos a cada 50 minutos trabalhados.

As pessoas
Para que os acidentes não ocorram, não basta haver locais
seguros e equipamentos adequados. É fundamental que
os trabalhadores estejam capacitados, orientados e aptos
para o desenvolvimento das funções que lhes competem.

90 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


No caso de auxiliares de contabilidade, que trabalham muito tempo sentados e
diante do computador, é importante atentar para a correta postura ergonômica:
• o topo da tela do computador deve fcar ao nível dos olhos e sua distância em re-
lação a eles deve ser por volta de 45 cm a 70 cm, ou seja, a distância de um braço;
• os ombros e braços devem fcar de forma relaxada, enquanto a cabeça e o pescoço
devem fcar retos em relação à tela e ao corpo;
• as costas precisam estar apoiadas no encosto da cadeira; se for necessário, colocar
um suporte para que isso aconteça;

© Hudson Calasans
1

2 3
5
4

6 7

10

1 – Linha de visão horizontal na postura ereta


2 – Regulagem do ângulo vertical do monitor (antirrefexo)
3 – Campo de visão para leitura do vídeo
4 – Apoio dos punhos
5 – Apoio dos braços
6 – Regulagem da altura do monitor
7 – Ângulo formado entre o braço e o antebraço próximo a 90°
8 – Ajuste do encosto
9 – Apoio para os pés
10 – Regulagem da altura do assento

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 91


• o punho deve estar em posição neutra em relação ao teclado, ou seja, a altura da
cadeira ou do apoio do teclado precisa estar de forma a garantir que o antebraço,
os punhos e as mãos fquem retos;
• o mouse deve fcar na mesma altura do teclado;
• ao mesmo tempo, o cotovelo deve fcar junto ao corpo e não esticado para a
frente ou para trás. De preferência, a cadeira deve ter apoio para o braço, na
altura do cotovelo;
• as pernas precisam fcar retas, fazendo um ângulo um pouco maior que 90° com
o quadril, isto é, um pouco inclinadas em relação a ele;
• a dobra do joelho não deve fcar rente ao assento, e sim manter uma pequena
distância da cadeira;
• por fm, os pés devem fcar apoiados no chão ou em um descanso para os pés.
Outra coisa muito importante é fazer alguns intervalos. Se possível, em certos mo-
mentos, realize exercícios de relaxamento ou alongamento dos músculos, como:
• inclinar a cabeça para um lado e para o outro, puxando-a com uma das mãos,
enquanto o outro braço é mantido estendido para baixo;
Fotos: © Mario Henrique/Latinstock

• juntar as mãos abertas, dedo com dedo, e movimentá-las para baixo;

92 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


• em pé, realizar movimentos giratórios com os ombros, para a frente e para trás;

Fotos: © Mario Henrique/Latinstock


• com uma das mãos, puxar o cotovelo para trás, até sentir que a musculatura do
braço se alongou. Repetir o movimento para o outro lado;

• girar as mãos em círculos, primeiro para um lado e depois para o outro;

• com a palma de uma das mãos, esticar os dedos da outra mão para trás e mantê-
-los assim por alguns segundos; repetir o movimento com a outra mão;

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 93


• com o auxílio da outra mão e os braços esticados, dobrar o punho para baixo;
repetir o movimento com o outro braço;

Fotos: © Mario Henrique/Latinstock

• inclinar a cabeça para a frente, para um lado, para trás e, fnalmente, para o
outro lado, como se a estivesse rodando.

Penalidades trabalhistas
Todo trabalho implica responsabilidades, inclusive legais, podendo até mesmo in-
cidir na severidade das punições previstas por lei, caso não sejam observadas. Veja
alguns exemplos:
• Responsabilidade Civil – art. 3 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.”
BRASIL. Decreto-lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015.

• Código Penal – art. 21: “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a


ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um
sexto a um terço. (Redação dada pela Lei federal no 7.209, de 11 de julho de 1984).”
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 8 abr. 2015.

O que se quer dizer aqui é que ninguém pode alegar o desconhecimento da lei para
justifcar um ato ilícito.

94 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


Existem penalidades previstas na CLT para o caso de não uso dos equipamentos de
proteção individual, sendo que, se isso ocorrer, tanto o empregador como o empre-
gado serão penalizados.
• Empregador: se o funcionário não usar EPI quando for necessário, a empresa
poderá ser multada ou mesmo interditada (art. 166 da CLT).
• Empregado: se for constatada a falta de uso do EPI em situações que dele neces-
sitam, o empregado poderá ser advertido oralmente ou por escrito na primeira
vez. Em caso de reincidência, será demitido por justa causa (art. 482 da CLT).

Atividade 3
a nálise de uma Charge

Observe a charge e leia o texto a seguir, procurando estabelecer uma relação entre
os dois.

Clay Bennett/© 1999 The Christian Science Monitor (www.CSMonitor.com). Reprinted with permission.

SOM E NORM A
PESS
SEGUR S DE
NO LOCANÇA
AUTOR
AVISO A
TRABA L DE
LH O

ADMIN
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DE SE ÇÃO DOS S
GURA ERVIÇ
NÇA E OS
SAÚD
E

Tradução: Eloisa Tavares.

AuxiliAr de ContAbilidAde 1 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o 95


As qualidades ou virtudes são construídas por nós no esforço que nos
impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e o que faze-
mos. Este esforço, o de diminuir a distância entre o discurso e a prá-
tica, é já uma dessas virtudes indispensáveis – a da coerência.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 65.

1. Escreva, nas linhas a seguir, sobre a importância da coerência, do cuidado e do


exemplo nas atitudes e ações das pessoas, quando se trata da segurança e da
prevenção de acidentes no trabalho.

2. Reúna-se com mais três colegas e compare sua resposta com a deles. Discutam
e registrem as conclusões do grupo.

Nesta Unidade, você se apropriou de algumas normas que tratam de ergonomia e


segurança do trabalho. Assim, fnalizamos o Caderno 1. No próximo Caderno, você
estudará conteúdos específcos da área de Contabilidade.

96 A rco O c u pac i o n a l A d m i n i s t r A ç ã o A u x i l i A r de ContAbilidAde 1


via rápida emprego

A história da Contabilidade

Mercado de trabalho

A ocupação de auxiliar de contabilidade

Segurança do trabalho

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