1 Helena P Blavatsky Sobre Intuicao
1 Helena P Blavatsky Sobre Intuicao
1 Helena P Blavatsky Sobre Intuicao
pp. 253-54 [p. 40] Não são esses, quem alguma vez possa transmitir uma idéia correta da Teosofia
prática, muito menos da Teosofia transcendental, que ocupa as mentes de um pequeno grupo de
eleitos. Cada um de nós possui a faculdade, o sentido interior, conhecido como intuição: mas quão
raros são os que sabem como desenvolvê-la! No entanto, é ela a única faculdade mediante da qual
podemos vislumbrar os homens e as coisas sob as suas verdadeiras cores. É um instinto da alma
que cresce em nós, na proporção do uso que dela fazemos, e que nos ajuda a perceber e entender
fatos reais e absolutos com muito mais claridade do que com o simples exercício dos nossos
sentidos e o do nosso raciocínio. Aquilo que se chamam bom senso e lógica habilita-nos tão-
somente a ver a aparência das coisas, o que é verdade para a generalidade das pessoas. O instinto de
que falo, sendo uma projeção de nossa consciência perceptiva — projeção que se opera do subjetivo
para o objetivo, e não vice-versa, desperta em nós os sentidos espirituais e as forças para ação; esses
sentidos assimilam a essência do objeto ou da ação que examinamos, e os representam-no-los como
realmente são, e não como nos pareciam ser à luz dos nossos sentidos físicos e da nossa fria razão.
“Começamos com o instinto, terminamos com a onisciência”, diz o Professor A. Wilder, o nosso
mais antigo colega. Jâmbico descreveu esta faculdade, e alguns Teósofos puderam apreciar a
verdade de sua descrição.
Existe [diz Jâmbico] uma faculdade na mente humana que é imensamente superior a todas aquelas que
nos são induzidas, ou engendradas. Através dela podemos alcançar a união com inteligências superiores,
elevando-nos acima do cenário da vida deste mundo, e partilhar a existência superior e os poderes
sobre-humanos dos habitantes celestes. Mediante esta faculdade ficamaos finalmente libertos do
domínio do Destino [Karma], e tornamo-nos, por assim dizer, árbitros de nosso devir. Porquanto, no
momento em que as melhores partes se encontram plenas de energia, e quando nossa alma é elevada em
direção a condições mais elevadas do que a ciência, ela separa-se dos condicionalismos ora a retêm sob
o jugo da vida cotidiana comum; troca a sua existência ordinaria por uma outra, e renuncia aos hábitos
convencionais que pertencem à ordem externa das coisas para se entregar e subsumir nessa outra ordem
que reina na existência mais elevada...
Platão expressou a mesma idéia em algumas linhas:
“A luz e o espírito da Divindade são as asas da alma. Elas elevam até à comunhão com os deuses, acima
desta terra, com a qual o espírito do homem está sempre pronto a conspurcar-se... Tornar-se igual aos
deuses, é tornar-se santo, justo e sábio. É esta finalidade para o qual o homem foi criado, esse deve ser
seu desígnio na aquisição da sabedoria.”
Esta é a verdadeira Teosofia, a Teosofia interior, a da alma.
p. 258 [p.46] O INFINITO não pode ser conhecido pela razão, a qual apenas pode distinguir e
definir; — mas podemos sempre conceber a idéia abstrata, graças àquela faculdade mais elevada do
que a razão — a intuição, ou o instinto espiritual de que venho falando. Os grandes iniciados, que
possuem o rara faculdade de aceder ao estado de samādhi – o qual só muito imperfeitamente
podemos traduzir pela termo êxtase, um estado em que se deixa de ser o “eu” pessoal condicionado
e se se volve só um com o TODO – são os únicos que podem se vangloriar-se de ter estado em
contato com o infinito; mas não mais do que outros mortais não poderiam descrever esse estado por
meia de palavras. . .
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Estudante — Como se pode saber quando se recebe informações ocultas reais do Self dentro?
Sábio — A intuição deve ser desenvolvida e a matéria julgada a partir da verdadeira base filosófica,
pois se é contrária às verdadeiras regras gerais, está errada. Tem que ser conhecida a partir de uma
análise profunda e intensa através da qual se descobre o que é do egoísmo e o que não é; se é devido
ao egoísmo, então não é do Espírito e é falso. O poder de saber não vem do estudo do livro nem da
mera filosofia, mas principalmente da prática real do altruísmo na ação, na palavra e no
pensamento; pois essa prática purifica as capas da alma e permite que essa luz brilhe para o cérebro-
mente. Como o cérebro-mente é o receptor no estado de vigília, tem que ser purificado da
percepção dos sentidos, e a maneira mais verdadeira de fazer isso é combinar a filosofia com a mais
alta virtude exterior e interior.
Estudante — Diga-me algumas maneiras pelas quais a intuição deve ser desenvolvida.
Sábio — Em primeiro lugar, dando-lhe exercício e, em segundo lugar, não o utilizando para fins
puramente pessoais. O exercício significa que ele deve ser seguido através de erros e contusões, até
que se trate de tentativas sinceras de usá-la vem com sua própria força. Isto não significa que
podemos errar e deixar os resultados, mas que, depois de estabelecer a consciência em uma base
correta, seguindo a regra de ouro, damos jogo à intuição e aumentamos sua força. Inevitavelmente,
a princípio, cometeremos erros, mas logo, se formos sinceros, ela se tornará mais brilhante e não
cometeremos erros. Devemos acrescentar o estudo das obras daqueles que no passado trilharam este
caminho e descobriram o que é o real e o que não é. Eles dizem que o Self é a única realidade. O
cérebro deve ter uma visão mais ampla da vida, como pelo estudo da doutrina da reencarnação, pois
isso dá um campo sem limites às possibilidades que se apresentam. Não só devemos ser altruístas,
mas devemos fazer todas as tarefas que o Karma nos deu, e assim a intuição apontará o corte do
estrada do dever e o verdadeiro caminho da vida.
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Comentários sobre ‘Problemas da vida’
[Em: H.P. Blavatsky, Collected Writings, Vol. 12, p. 407].
A “fé” é apenas a aplicação errada de uma intuição interior. Esta última nos mostra infalivelmente
um general verdade, nesta ou naquela proposição universal, que o primeiro procede para objetivar e
desfigurar, de acordo com os cânones de nosso plano objetivo. A intuição é divina, mas a fé é
humana.
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Como corpo, a Sociedade Teosófica sustenta que todos os pensadores e investigadores originais do
lado oculto da Natureza sejam eles materialistas — aqueles que acham que importa "a promessa e a
potência de toda a vida terrestre", ou espiritualistas — isto é, aqueles que descobrem no espírito a
fonte de toda energia e também da matéria, foram e são, propriamente, teósofos. Para ser um
teósofo, não é preciso necessariamente reconhecer a existência de um Deus especial ou de uma
divindade. É preciso apenas adorar o espírito da Natureza viva e tentar identificar-se com ela.
Reverenciar essa Presença, a Causa invisível, que ainda está se manifestando em seus resultados
incessantes; o Proteu intangível, onipotente e onipresente: indivisível em sua Essência, e sua forma
ilusiva, ainda que aparecendo sob toda e qualquer forma; quem está aqui e ali, e em toda parte e em
nenhum lugar; é TODO e NADA; onipresente ainda uno; a Essência que preenche, liga, delimita,
contém tudo; contida em tudo.
Será visto agora, acreditamos, que, se classificados como Teístas, Panteístas ou Ateístas, tais
homens são parentes próximos dos demais. Seja o que for, uma vez que um estudante abandone a
velha e batida a estrada da rotina, e entra no caminho solitário do pensamento independente – em
direção em Deus – ele é um teósofo; um pensador original, um buscador da verdade eterna com
“uma inspiração própria” para resolver os problemas universais.
A Teosofia é uma aliada de todo homem que busca seriamente à sua própria moda um
conhecimento do Princípio Divino, das relações do homem com ele e de suas manifestações na
natureza. É também uma aliada da ciência honesta, distinta de muito que passa pela ciência física
exata, desde que não explora os domínios da psicologia e da metafísica.
E é também uma aliada de toda religião honesta - a saber: uma religião que deseja ser julgada pelos
mesmos testes que se aplica às outras. Para ela, esses livros, que contêm a verdade mais evidente
são inspirados (não revelados). Mas considera todos os livros, por causa do elemento humano
contido neles, inferiores ao Livro da Natureza; para lê-lo e compreendê-lo corretamente, os poderes
inatos da alma devem ser altamente desenvolvidos. As leis ideais podem ser percebidas apenas pela
faculdade intuitiva; elas estão além do domínio do argumento e da dialética, e ninguém pode
compreendê-las ou apreciá-las corretamente por meia das explicações de outra mente, mesmo que
essa mente seja alegadamente uma revelação direta.
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. . . a atitude da mente na qual os ensinamentos dados devem ser recebidos é aquela que tenderá a
desenvolver a faculdade da intuição. O dever dos membros a este respeito é abster-se de argumentar
que as declarações feitas não estão de acordo com o que outras pessoas disseram ou escreveram, ou
com suas próprias ideias sobre o assunto, ou que, mais uma vez, aparentemente são contrárias a
qualquer sistema de pensamento ou filosofia aceita.
A ciência esotérica prática é totalmente sui generis. Ela requer que todos os poderes mentais e
psíquicos do estudante sejam utilizados no exame do que é dado, para que o verdadeiro significado
do Instrutor possa ser descoberto, na medida em que o estudante possa entendê-lo. Ele deve
esforçar-se o máximo possível para libertar sua mente, enquanto estuda ou tenta realizar o que lhe é
dado, de todas as ideias que ele possa ter derivado por hereditariedade, da educação, do meio
ambiente ou de outros instrutores. Sua mente deve se libertar perfeitamente de todos os outros
pensamentos, de modo que o significado interior das instruções possa ser impressionado por ele,
além das palavras em que estão vestidas.
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