Revista Mal-Estar E Subjetividade 1518-6148: Issn: Malestar@
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ISSN: 1518-6148
[email protected]
Universidade de Fortaleza
Brasil
Resumo
Este artigo apresenta os debates entre autores que avaliam o
ambiente físico de instituições educativas, sua ocupação e,
principalmente, a relação entre esses espaços e a aprendizagem
dos alunos na escola. Nesse sentido, discorre sobre a relevância
do meio físico para os alunos e professores durante o processo
de ensino e aprendizagem nos espaços escolares. Assim sendo,
o objeto de questionamento é a importância do espaço físico para
o ato de ensino, visando a aprendizagem dos alunos. Existem
lacunas na ciência pedagógica para o uso desses espaços, as quais
resultam em perda de qualidade da aprendizagem quando não há
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Abstract
This article presents the debates among authors who evaluate the
physical environment of educational institutions, their occupation
and, especially, the relationship between these spaces and students’
learning. Accordingly, discusses the relevance of the physical
environment for students and teachers in the process of teaching
and learning in school spaces. Therefore, the object of inquiry is the
importance of the physical space for the act of teaching, aimed at
student learning. There are gaps in the science of teaching in relation
to use of these spaces, which result in loss of quality of learning
when there is an inadequate appropriation of school spaces, due
to poor initial orientation of the architectural structure of schools,
based in the old paradigm of classrooms use. Teachers, society, and
school communities are not prepared to see new possibilities of use
for school environments. The conclusion is that one should request
with the managers, the planning of a new architecture of schools
in conjunction with the community, teachers and students to turn
these spaces into effective places and of collaborative teaching and
learning.
Keywords: Pschool, Architecture, Places, Learning, Teaching.
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Resumen
Este artículo presenta los debates entre autores que evaluación
el entorno físico de las instituciones educativas, su ocupación y,
especialmente, la relación entre estos espacios y el aprendizaje de
los alumnos en la escuela. En este sentido, discute la importancia
del entorno físico a los estudiantes y profesores en la enseñanza
y el aprendizaje en espacios escolares. Por lo tanto, el objeto de
cuestionamiento es la importancia del espacio físico para la ley de
educación, destinado al aprendizaje de los alumnos. Hay brechas en
Ciencias de la educación para el uso de estos espacios, que resultar
en una pérdida de calidad de aprendizaje cuando hay una adecuada
apropiación de los espacios escolares, debido a la deficiente
orientación inicial de proyectos de arquitectura escolar establecidos
por el viejo paradigma del uso de las aulas. Los maestros, la sociedad
y la comunidad escolar no están todavía dispuestos a mostrar
nuevas posibilidades de aplicaciones para entornos escolares. La
conclusión es que debe reclamar, a lo largo de los administradores
educativos, la composición de una nueva escuela de arquitectura
planeada conjuntamente con la comunidad, profesores y estudiantes
para transformar estos espacios en lugares colaborativo y eficaz de
enseñanza y aprendizaje.
Palabras-clave: Espacio escolar, Arquitectura, Lugares,
Aprendizaje, Enseñanza.
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Introdução
Paradoxalmente, quando alguém olha atentamente, tanto
pode se aperceber de sua centralidade como da própria
pequenez.
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Mora (2001, p.377). Como ser único, entende-se que deveria ter
uma vivência valorizada e respeitada pela sociedade na qual está
inserido.
A ideia de se prestar atenção nos indivíduos é fomentada
pelo filósofo Josep M. Esquirol, cujo debate volta-se para a questão
do respeito quando ele lembra que, do ponto de vista etimológico,
a raiz latina da palavra respectus (respeito) significa “olhar atrás,
olhar atentamente, tornar a olhar”, Esquirol (2008, p.54). Respeitar
o indivíduo em seu processo de aprendizagem é olhá-lo atenta-
mente, considerando-o um ser único. E, infelizmente, na relação
intersubjetiva no espaço escolar, não é incomum o tratamento au-
tomático e sem críticas.
Conforme Arroyo (2004) há em cada nome e número de
chamada da sala de aula uma pessoa humana que não pode ser
ignorada e massificada. É importante observar que o olhar atento
pode ser descrito do seguinte modo:
O olhar tem algo de estranho, de paradoxal: a total facili-
dade de olhar contrasta com a dificuldade de olhar bem.
Se há luz, só de abrir os olhos as coisas que nos rodeiam
nos aparecem, mas em compensação, é preciso pres-
tar atenção, reparar bem, para perceber conforme que
aspectos da realidade e, sobretudo, para perceber as
coisas de outra maneira. Ver somente, o mero perceber
visual, quase não custa nenhum esforço (daí, por exem-
plo, o êxito da televisão), enquanto que olhar bem, isso
sim, é que custa: dirigir o olhar e concentrar-se em algo
já supõe um esforço e acarreta, portanto, um cansaço,
Esquirol (2008, p.11).
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1 “Instituir significa dar início a uma coisa, fundar algo” (Esquirol, 2008, p. 101).
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Espaços Construídos
O espaço construído é a história dos trabalhadores que
objetivamente o realizam, no gesto diário de quem faz
o tijolo, levanta paredes, recobre pisos, quebra pedras,
mistura as tintas, recolhe o entulho... É a história das
crianças e dos seus pais.
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Considerações Finais
Este artigo pretendeu apresentar os debates entre autores que
avaliam o ambiente físico de instituições educativas e a sua ocupação,
a interação dos usuários e, principalmente, a percepção dos docentes.
Nesse sentido, discorreu sobre a relevância do meio físico junto aos
docentes em ações de ensino/aprendizagem nos espaços escolares
públicos. Para isso, foi necessário compreender parte do complexo
universo escolar em seu cotidiano, dentro do espaço físico escolar.
Nesse ambiente escolar, os usuários estão em caráter provi-
sório e os espaços para as atividades pedagógicas são muitas vezes
insuficientes para a grande demanda de alunos. A permanência des-
ses usuários se dá de modo breve e desarticulado com as atuais
discussões pedagógicas democráticas.
A atual arquitetura escolar ainda não reflete as necessidades
intrínsecas ao processo da construção do conhecimento, ou seja,
não consegue criar elementos funcionais, estéticos e participantes
do ato educativo. Os espaços escolares se apresentam inflexíveis
e mal dimensionados para atender às necessidades de seus usuá-
rios. Ao mesmo tempo, a escola não apresenta espaços que possam
abrigar diversas atividades individuais ou pedagógicas diferenciadas.
Por isso, há dificuldade em desenvolver atividades interdisciplinares
nessa escola, pois é necessária a criação de espaços físicos adequa-
dos para o bom resultado desses projetos. Conforme Viñao Frago
(2001, p.116-117):
(...) todo educador, se quiser sê-lo, tem de ser arquiteto. De
fato, ele sempre o é, tanto se ele decide modificar o espa-
ço escolar, quanto se o deixa tal qual está dado. O espaço
não é neutro. Sempre educa. Resulta daí o interesse pela
análise conjunta de ambos os aspectos - o espaço e a edu-
cação -, a fim de se considerar suas implicações recíprocas.
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não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
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Artmed.
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