Insuficiência Hepática
Insuficiência Hepática
Insuficiência Hepática
AGUDA
Sinônimos: insuficiência hepática fulminante ou necrose hepática aguda
Insuficiência hepática aguda (IHA): rápido declínio na função hepática que se caracteriza por
icterícia, coagulopatia e encefalopatia hepática em pacientes sem evidência de doença hepática
prévia
-Caso esses sintomas ocorram em um paciente com doença hepática preexistente, o termo
insuficiência hepática crônica agudizada é usado
-Etiologia e intervalo entre o aparecimento da icterícia e o desenvolvimento da encefalopatia têm um
impacto significativo no prognóstico
-IHA pode ser classificada como hiperaguda, aguda ou subaguda, dependendo do intervalo entre o
início da icterícia e o desenvolvimento da encefalopatia
● Fatores de risco: abuso de álcool crônico, desnutrição, sexo feminino e idade > 40 anos
● Etiologia: anamnese, sorologias e exclusão de causas alternativas
● QC: icterícia, alteração do estado mental e coagulopatias, dor abdominal, náuseas, vômitos
CIRROSE HEPÁTICA
-Substituição do parênquima hepático difusamente por tecido fibrótico
-Via final em comum com todas as doenças hepáticas
-Marcada por hipertensão portal e insuficiência hepática
-Doenças que levam à cirrose: hepatites crônicas, esteatohepatite não alcoólica, esteato hepatite
alcoólica, hemocromatose e Doença de Wilson, hepatite auto imune, colangite esclerosante
Tratamento curativo: transplante de fígado
Exames a solicitar:
- Hemograma
- U, Cr, Na, K
- TGO, TGP, GGT, FA - TP, Bb, albumina
- Glicose
- Anti-HBs, AgHBS, Anti-HCV
- USG abdome: melhor marcador de HP
Complicações da cirrose hepática:
- Ascite
- Peritonite bacteriana espontânea (PBE)
- Hemorragia digestiva alta varicosa (HDA)
- Encefalopatia hepática
- Síndrome hepatorrenal
COMPLICAÇÕES
● ASCITE
-Causa mais comum de descompensação
-Critérios de paracentese: apresentação inicial, internação hospitalar, suspeita de PBE, encefalopatia
hepática, piora da função renal e sinais de infecção sistêmica
Exames obrigatórios
- Albumina líquido/sangue
- Citológico
- Proteínas totais
- Cultura
Investigação:
- Considerar outros focos: descartar peritonite bacteriana secundária (PBS)
- Paracentese diagnóstica: exame laboratorial do líquido ascítico deve incluir a celularidade e a
cultura
- Teste da tira reagente da esterase leucocitária à beira do leito do líquido ascítico tem papel no
diagnóstico rápido de PBE
● ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
-Síndrome neuropsiquiátrica causada por insuficiência hepática aguda ou crônica
-Presença de Flapping + alteração do nível de consciência
-Para pacientes com doença hepática crônica, os fatores precipitantes podem incluir HDA, infecção,
uso de sedativos/ tranquilizantes, desidratação, estágios final da doença, aumento do consumo de
proteínas, constipação, hipocalemia e alcalose: acúmulo de amônia
Classificação:
- Grau 1: atenção normal sutilmente prejudicada, alterações do sono, tempo de atenção encurtado,
comprometimento da adição ou subtração, humor ou ansiedade elevados e ausência de
desorientação (orientados no tempo e no espaço)
- Grau 2: letargia/ apatia, desorientação quanto a tempo, alteração de personalidade óbvia,
comportamento inadequado, dispraxia, asterixis nítido (flapping)
- Grau 3: desorientação quanto a tempo e espaço, asterix nítido, sonolência, ataxia, alteração de
reflexos, nistagmo, sonolência a semi estupor, resposta clínica a estímulos vocais, confusão
acentuada → achados físicos podem incluir hiper-reflexia, nistagmo, clônus e rigidez
- Grau 4: coma → não tem asterixis (flapping), mas pode apresentar postura de decorticação/
descerebração, tríade de Cushing, convulsões
Exames:
- Tempo de protrombina e INR
- Função hepática, sorologias virais, marcadores autoimunes e rastreio toxicológico
- Parâmetros para avaliar o estado clínico geral, como hematologia, equilíbrio ácido básico e
disfunção renal
- Dosar níveis de lipase e amilase sérica para descartar pancreatite: pode se desenvolver como uma
complicação da IHA
- Doppler abdominal: avaliar complicações → trombose dos vasos hepáticos associadas a síndrome
de Budd-Chiari
- Doppler transcraniano ou TC de crânio
- Dosagem de cobre, ceruloplasmina, auto anticorpos
Investigação: toque retal, screening infeccioso, paracentese diagnóstico, função renal + eletrólitos,
glicemia e enzimas hepáticas
Tratamento:
- Jejum e gradualmente ir introduzindo alimentação rica em aminoácidos de cadeia ramificada
- Evacuar:
❖ Lactulose (laxativo): objetivo é ter 3 evacuações pastosas como medida protetiva todo dia
❖ Enema glicerinado se necessário
❖ Se houver disponível no serviço: neomicina OU rifaximina → adjuvante ao laxativo
- Corrigir causa base: desidratação, distúrbios hidroeletrolítico, PBE, hemorragia, infecções
- Edema cerebral e hipertensão intracraniana acometem mais os casos com uma evolução
hiperaguda da doença, que têm maior probabilidade de apresentar resolução espontânea.
(causados por acetaminofeno ou isquemia hepática)
- Insuficiência renal e hipertensão portal são mais observados na doença subaguda. (causados por
Doença de Wilson)