PI Previdência
PI Previdência
PI Previdência
RECIFE
2019
FACULDADE SANTA HELENA
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
PROJETO INTEGRADOR
ARYANA
DOUGLAS
ERIKA CASSIA
FERNANDO MIRANDA
IVAN BARBOSA
KAROLAYNE
LINDACÍ LIMA
LUCAS JOSÉ ALVES PIMENTEL
LUCAS STª CLARA
LUCAS SILVA
MAYARA
RECIFE
2019
INTRODUÇÃO
A pesquisa a seguir foi elaborada com vistas a obtenção de nota complementar das
disciplinas do 1º período do curso de Ciências Contábeis. Trata-se de um trabalho integrado, o
qual buscou abarcar todas as disciplinas no tema proposto, que é a Reforma da Previdência e
os impactos na atuação profissional do Contador.
O trabalho é composto por quatro partes, dentre elas: abordagem histórica global do
surgimento da Previdência Social; aspectos históricos nacionais sobre o surgimento da
Previdência Social; proposta da nova reforma brasileira; e impactos na atuação profissional do
profissional da Contabilidade.
1. A Concepção de Previdência Social no Brasil e no Mundo
O mesmo ainda retrata que nesse sentido está sendo preparado um projeto de lei sobre
os seguros dos operários contra os acidentes de trabalho. Segundo Bismarck esse projeto seria
completo por outro e que a finalidade seria organizar de modo uniforme. Ele ainda cita que
nesse projeto estaria incluso, caixa de socorro para casos de moléstia. Porém, também aqueles
que a idade, a invalidez tornam incapaz de prover ganhos cotidianos, além disso têm direito a
maior solicitude do que as que lhe tem.
A situação não mudou muito na idade média e permaneceu-se assim por muito tempo,
só que predominando os costumes sobre as leis. Porém, em 1601, houve a Poor Relief Act,
não como uma previdência, mas como assistência aos pobres e desamparados. A Igreja era
encarregada dessa assistência, mas a mesma era auditada por juízes.
Monarquias e impérios, como a Alemanha liderada pelo já citado Chanceler Otto Von
Bismarck, para segurar o tecido social, estabeleceu medidas, seguros e assistências em
comum conjunto com o trabalhador, empregador e Estado. Ao instituir uma espécie de
seguridade social obrigatória para proteger os trabalhadores em situações graves no que diz
respeito a problemas de saúde, acidentes de trabalho, invalidez e envelhecimento, a Alemanha
estabeleceu seguros em série tais como: seguro doença em 1883; seguro contra acidente de
trabalho em 1884; e, em 1889, Seguro por invalidez e a velhice.
O custo era pago com uma contribuição conjunta entre empregados, empregadores e o
Estado às seguradoras e entidades de socorro mútuo e os trabalhadores deveriam se filiar a
essas instituições. Aliado ao contexto das tensões sociais e políticas das revoluções e da
industrialização, o Papa Leão XIII cria a encíclica Rerum Novarum que explicita o endosso da
Igreja Católica, aliada aos estados, com a situação dos pobres e trabalhadores: é a doutrina
social da Igreja.
Essa fase se consolida com a Inglaterra, em 1897, que passa a seguir o exemplo da
Alemanha e promulga o Workman’s Conpensation Act no qual determina a responsabilidade
do empregador nos acidentes de trabalho. Em 1908, a Old Age Pensions, estabelece pensões
concedidas pelo Estado para maiores de 70 anos – o que era pouco, pois a expectativa de vida,
apesar de ter crescido bastante, ainda era baixa para essa idade.
Essa é a primeira fase evolutiva da previdência no mundo que vai de 1883, após
intensa expansão da industrialização na Europa, até o fim da 1ª guerra mundial, em 1918 –
com a queda desses impérios que sustentavam essas seguridades sociais. Mas, apesar do custo
social com o trabalho, a revolução industrial proporcionou ampla e crescente qualidade de
vida que só fez aumentar com a produção de alimentos. Indústrias brotaram pelo mundo e a
qualidade de vida, expectativa de vida, crescimento demográfico, entre outras melhorias,
modificaram as demandas sociais. Tratados internacionais para desincentivo às guerras, ao
estimular a paz e incentivar o pensamento no social, passaram a surgir dos novos estadistas:
os republicanos que surgiram dos escombros das monarquias e impérios.
Após a segunda grande guerra, a demanda por acordos internacionais entre países
devastados pela guerra se intensifica. É dentro desse contexto que em 1948 há a Declaração
Universal dos Direitos Humanos – direitos caros até os dias atuais. Em seus artigos 22, 25 e
28, há preocupação em relação a normas mínimas para a seguridade social.
2. História da Previdência Social no Brasil
De acordo com Polignano (2001), no início do século XX, o Brasil estava passando
por um processo de urbanização e industrialização acelerado, devido a vinda do comércio
exterior para o país, principalmente no trecho Rio-São Paulo. Além disso, o país estava
recebendo muitos imigrantes europeus, imigrantes esses que já vinham de uma Europa
desenvolvida industrialmente e que os trabalhadores já possuíam alguns direitos trabalhistas
advindos das reivindicações do processo de Revolução Industrial.
O resultado das greves foi a aprovação da Lei Eloy Chaves, a qual instituiu as Caixas
de Aposentadorias e Pensões (CAPs), que trazia alguns direitos para os trabalhadores.
Vejamos:
Segundo Nicz (1982) apud Polignano (2001), além de servir como importante
mecanismo de controle social, os IAP’s tinham, até meados da década de 50, papel
fundamental no desenvolvimento econômico deste período, como “instrumento de
captação de poupança forçada”, através de seu regime de capitalização.
Os IAPs vigoraram até meados da década de 1960, quando foi aprovada a Lei
Orgânica da Previdência Social nº 3.807 de 26 de agosto de 1960. A lei objetivava unificar os
IAPs em uma única instituição para administrar as aposentadorias de todos os trabalhadores
urbanos, sem os critérios de segregação/estratificação por empresas e categorias profissionais,
como era o caso das CAPs e dos IAPs, respectivamente. Foi bastante criticada pelos
empregados, pois, a unificação dos institutos representava o desmonte de muitos direitos
conquistados até então, “além dos IAPs se constituírem naquela época em importantes feudos
políticos e eleitorais” (POLIGNANO, 2001, p. 12). Esse processo de unificação só se
consolidou em 1966, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Vale
destacar que nesse período estava em voga o Regime Militar no Brasil, que se baseava em
extrema centralização de poder no âmbito federal/militar, justificando a unificação dos IAPs
em um único órgão para facilitar o controle por parte dos militares. O financiamento também
era tripartite – governo, empregados e empregadores.
O INPS foi substituído pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) através do
Decreto 99.350 de 27 de junho de 1990. A assistência médica e hospitalar passou a ser de
responsabilidade de outro setor do Estado – Ministério da Saúde – se desvinculando do
sistema previdenciário. Em 1991, através da Lei nº 8.213 de 1991, foram criados os Planos de
Benefícios da Previdência Social, abarcando os direitos de aposentadoria por invalidez, idade,
tempo de contribuição e especial; auxílio-doença; salário-família; salário-maternidade;
auxílio-acidente; auxílio-reclusão; pensão por morte; serviço social e reabilitação profissional.
(BRASIL, 1991).
As regras gerais propostas por essa lei foram: idade mínima de 60 anos para mulheres
e 65, homens; tempo de contribuição de 25 anos para mulheres e 30 para homens e a
aposentadoria especial, mínimo 15 anos de contribuição.
Desde 1990, existe uma corrente ideológica e filosófica que permeia a atuação do
Estado: o neoliberalismo. O neoliberalismo nada mais é que um liberalismo adequado aos
tempos de globalização e prega a mínima intervenção do Estado no mercado/economia. Nesse
cenário, a Previdência Social foi alvo de reformas sucessivas, com a justificativa de alta na
inflação e crises econômicas. Foram propostos os seguintes aspectos através, principalmente,
da Emenda Constitucional 20 de 1998 de Fernando Henrique Cardoso: para cálculo da
aposentadoria a previdência não consideraria o tempo de serviço do trabalhador, mas sim o
tempo de vínculo com o INSS; o tempo de contribuição se colocou em 30 anos para mulheres
e 35 anos para homens.
Em 1999 foi aprovado o fator previdenciário, uma fórmula matemática aplicada sobre
o salário que leva em conta a idade do trabalhador, além do tempo de contribuição, para
definir o valor do benefício. A regra foi implantada para desestimular a aposentadoria
precoce. (CASTRO, 2016, on-line).
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se encarregou de fazer uma reforma
no sistema previdenciário, porém, focado no setor público, diferentemente de seus
antecessores Collor e Fernando Henrique Cardoso, que direcionaram a reforma para o âmbito
dos empregados privados vinculados ao INSS. As propostas de Lula, que foram aprovadas, se
colocam no seguinte plano: tempo mínimo de contribuição de 35 anos para homens e 30 para
mulheres; idade mínima de 60 e 55 anos para homens e mulheres, respectivamente; 20 anos
de serviço público efetivo; 10 anos de carreira; 5 anos de exercício no último cargo; desconto
de contribuição de 11% para servidores já aposentados e fim da aposentadoria com valor
integral. Por pressão política, os militares e servidores do judiciário foram excluídos da
reforma. (CASTRO, 2016, on-line; FREITAS, 2019, on-line).
Vale ressaltar que desde 1923 a expectativa de vida foi aumentando gradativamente,
com o desenvolvimento do país, maior acesso aos serviços em geral, melhorias no sistema de
saúde, mudanças no perfil dos adoecimentos, por isso, a Previdência Social sempre foi alvo de
mudanças, acompanhando as referidas mudanças sociais e de expectativa de vida.
3. Reforma da Previdência Contemporânea
O aumento da idade não foi tão alarmante, visto que, apenas para mulheres o aumento
foi de 2 anos. Justifica-se devido ao aumento da expectativa de vida, citado anteriormente.
Porém, levando em consideração que as mulheres ainda possuem jornadas duplas e até triplas
de trabalho no Brasil, o aumento da idade impacta significativamente.
Outro aspecto a se pensar é que com a possível redução nos valores da aposentadoria
na terceira idade, período em que há maiores gastos com a saúde, a redução do valor da
aposentadoria iria provocar uma redução drástica na qualidade de vida. Ademais, pela
experiência que é vivenciada hoje nos serviços públicos de saúde, este ainda não está
preparado para receber uma massa intensificada de idosos.
Há uma grande comparação aos países desenvolvidos, em que a maioria tem a idade
mínima na faixa dos 66 anos. O que é necessário observar é que, nos países desenvolvidos, a
qualidade de vida ofertada permite que um trabalhador chegue aos 66 anos com melhores
condições de vida e saúde, o que não acontece em países ditos subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento. Isso porque a qualidade de vida, os serviços públicos, o mercado de
trabalho, a renda, entre outros fatores, não proporciona a chegada da idade avançada de forma
tão qualificada quanto nos países desenvolvidos.
Para a Gazeta do Povo (2017), do ponto econômico, a reforma trará alguns benefícios:
elevação da produtividade, pois, pessoas ainda com idade ativa e qualificação permanecerão
mais tempo no mercado de trabalho. Irá também gerar economia de recursos públicos. Além
disso, ao conter o crescimento de seus gastos com Previdência, o governo federal poderá
reduzir o volume de dinheiro que pega emprestado para financiar a dívida pública.
O crédito se tornará mais barato, visto que, com o crescimento das taxas de poupança,
haverá mais recursos para empréstimos, baixando os juros. A queda dos custos do crédito
deve proporcional retorno gradativo do mercado internacional para investimento no Brasil,
gerando reflexos positivos na economia e na geração de empregos.
Outro fato seria as mudanças nas alíquotas do Programa de Integração Social (PIS),
Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição Social
Sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com isso o contador necessitará estar atento, pois,
impactarão de maneira direta nas demonstrações contábeis e folha de pagamento. Inclusive, se
ocorre uma reforma tributária como há anos discute-se, será muito maior que a reforma
trabalhista ou previdenciária.
Porém, a reforma nos moldes como está posta, trará muitos impactos negativos à vida
dos brasileiros, sobretudo os trabalhadores assalariados do regime geral, que necessitarão
passar mais tempo trabalhando para alcançar a aposentadoria, tempo esse, que não ocorre com
qualidade de vida. Além do mais, os proventos da aposentadoria poderão não serem recebidos
integralmente, devido ao fator previdenciário aplicado aos cálculos para a concessão do
benefício.