Savana-1066-13 06 14
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Savana-1066-13 06 14
Cabo Delgado,
Nampula, Niassa,
Zambézia e Sofala
Pemba, Caixa Postal, 260
0DSXWRGH-XQKRGH$12;;,1o3UHoR0W0RoDPELTXH E-mail: [email protected]
Pág. 2, 3 e 4
Troço Save-Muxúnguè
D
esde esta terça-feira, uma com Moçambique, usa “Boina Ver-
semana depois dos con- melha” e farda militar nacional, e se
frontos entre homens destaca pela massa corporal, altura e
armados da Renamo e o músculos, além da sua falta de sim-
exército terem feito três mortos e patia – não tem conversa.
28 feridos, 13 dos quais civis, no Pelo menos seis camionetas milita-
troço de 100 quilómetros entre Save res, com matrículas nacionais, atra-
e Muxúnguè (Sofala), camionistas vessaram o Save transportando o
de longo-curso e outros autocarros grupo, que está no quartel do exér-
de passageiros inter-provinciais, cito em Muxúnguè.
recusam-se a integrar as escoltas
militares de viaturas, exigindo sua Igreja atacada
desactivação, por estar a “atiçar ins- O exército lançou quarta-feira ro-
tabilidade e conflito” político-mili- quetes contra uma igreja, a três
tar na região. quilómetros da vila de Muxúnguè,
sem causar vítimas, após suspei-
“O exército escolta-nos, mas há ata- ta de acomodar homens armados
ques constantes no troço. Estes ata- da Renamo, minutos depois de um
ques visam militares, então que nos ataque à coluna militar de viaturas.
deixem fazer sozinhos o percurso “A coluna foi atacada quase a entrar
como antes”, disse Sebastião Jorge, na vila (de Muxúnguè) e o exército
um transportador de carga. suspeitou que os atacantes estavam
Está instalado o caos no Rio Save
Desde Abril de 2013, o país vive a na igreja e começou a bombarde-
sua pior crise político-militar após Depois de metralhada a viatura tan- de passageiros e carga têm sido fei- longo-curso e transportes de passa- ar o templo”, disse um viajante.
os acordos de Roma, caracterizada que do exército, que abria a escolta, tas sob escolta militar, desde Abril geiros inter-provinciais “se recusa- Os atacantes, disse, supostamen-
por vários ataques armados dirigi- a coluna ficou imobilizada cerca de do ano passado, quando eclodiram ram a sair”.
te homens armados da Resistência
dos às forças governamentais e a 30 minutos num “fogo cruzado”, os primeiros confrontos.
Nacional Moçambicana (Renamo),
civis, que já provocaram dezenas de quando os dois civis contraíram fe- Na quinta e sexta-feira da semana Tropa de elite entra em ac-
ção maior partido da oposição em Mo-
mortos e de feridos, além de danos rimentos por queda, ao tentar fugir passada não foram registados ata-
Uma força de elite zimbabueana, çambique, que se confrontam quase
materiais elevados. do tiroteio, segundo contou ao jor- ques. No sábado, um ataque pró-
quase 100 homens, entrou em acção que diariamente com as forças go-
Há duas semanas, a Renamo sus- nal fonte do Hospital Rural de Mu- ximo de Zove não fez vítimas. No
xúnguè, para onde foram levadas as domingo e segunda-feira, também a partir desta terça-feira no troço vernamentais na região, começaram
pendeu o cessar-fogo unilateral,
vítimas. não foram registados ataques. Na Save-Muxúnguè, para reforçar o a atirar “quando pouco se espera-
para que os homens armados do
O blindado avariou no local da em- terça-feira duas pessoas ficaram fe- exército moçambicano para criar va”, o que gerou pânico na coluna.
movimento se possam defender da
boscada, junto com outros dois cami- ridas. Na quarta, até ao fecho desta estabilidade na região, em convulsão Este é o terceiro ataque que ocorre
alegada ofensiva do Exército em
ões de carga, que também sofreram. edição, não haviam sido registados desde 4 de Abril de 2013, quando quase na zona residencial da vila,
Gorongosa, local onde está Afonso
No regresso, a coluna foi obrigada a confrontos. homens armados da Renamo ataca- uma zona pouco habitual aos con-
Dhlakama.
interromper a marcha naquele local, Fontes militares no Save assegura- ram o posto policial de Muxúnguè frontos, resultantes da tensão polí-
À medida que a crise político-mili-
tar vai assumindo dimensões épicas, para permitir o reboque do blindado ram ao jornal esta terça-feira que a em retaliação à invasão e ocupação tico-militar, que opõe há um ano o
algumas correntes de opinião, com e a substituição de radiador e pneus escolta de regresso para Muxúnguè, da sua sede. Governo e a Renamo, e que já cau-
destaque para os analistas do regime dos camiões, uma operação que de- que demorou três horas para ne- O grupo vindo de Nyanga (província saram nos últimos 10 dias três mi-
(G40), defendem que o Governo morou mais de uma hora. gociações, apenas integrou viaturas de ManicaLand), uma cidade com litares mortos, 28 feridos, dos quais
“Nós recusamo-nos a integrar as ligeiras e alguns transportadores um famoso campo de treino a noro- 13 civis. A Igreja ficou totalmente
devia abandonar as negociações po-
colunas porque estas (colunas) não locais, sendo que camionistas de este do Zimbabwe, junto à fronteira destruída.
líticas com a Renamo e activar me-
canismos judiciais. Contudo, outros servem. Ao invés de ficarmos prote-
sectores entendem que o problema gidos com o exército, estamos mais
é político e que devia merecer uma expostos e vulneráveis. Logo é pre-
solução política. ferível que sigamos sozinhos sem
Vários embaixadores em Maputo
(ver texto ao lado da posição dos
nenhum militar”, explicou um outro
camionista, que aderiu à greve no Governo americano condena
Save.
EUA) condenam os ataques, mas
defendem que a solução do proble-
ma deve ser encontrada na mesa de
A força governamental, que geral-
mente é distribuída entre as viaturas
ataques armados na EN1
diálogo. A mesma posição foi as- que integram a escolta, reprimiu os
grevistas, ameaçando não os “permi- Por Ricardo Mudaukane
sumida pelo embaixador da Rússia
tir a passagem nunca mais” naquele
O
(país aliado histórico da Frelimo), embaixador norte- Em declarações aos jornalistas, à solução para a crise política em
troço, tendo uma equipa sido desta- -americano em Mo- margem de um seminário sobre Moçambique será encontrada
Andrey V. Kemarsky, que em decla-
cada para inventariar as matrículas çambique, Douglas segurança marítima no Oceano pelas lideranças do país, mani-
rações ao SAVANA disse que o seu
das viaturas dos automobilistas “de- Griffiths, condenou Índico, promovido pelo governo festando a disponibilidade dos
país está a acompanhar a situação
sobedientes”.
em Moçambique “com apreensão”. nesta quarta-feira os ataques norte-americano, o embaixador dos EUA para ajudar as partes em
“Estamos cansados com a situação.
armados na Estrada Nacional EUA em Maputo criticou as em- conflito a encontrar uma saída
Há duas semanas só há uma escol-
O transbordar do copo Número 1, atribuídos aos ho- boscadas na principal estrada mo- para as desavenças entre a Re-
ta em cada sentido, isso leva-nos a
Na terça-feira, um novo ataque atri- mens armados da Renamo e çambicana, apontando o diálogo namo e o Governo.
pernoitar várias vezes à espera e com
buído a homens armados da Rena- não desmentidos por este par- como solução para as divergências Os ataques na estrada que liga
custos elevados, porque as escoltas
mo foi a gota que fez transbordar o priorizam transportes de passageiros tido, indicando que o diálogo entre a Renamo e o Governo mo- Moçambique de norte a sul,
copo, quando dois camiões de carga e viaturas pequenas”, precisou Anas- é o caminho para a solução de çambicano. bem como os confrontos entre
sofreram danos materiais avultados, tácio Torres, outro camionista. crises políticas. “Condenamos esses ataques, essa a Renamo e o Governo acon-
atingidos por balas, levando a que “Estas escoltas saem-nos caro, pois Após algumas semanas de violência não tem lugar em Mo- tecem no contexto da recusa do
vários automobilistas aderissem à escasseiam os recursos da empresa tranquilidade, na sequência de çambique, os EUA, tal como outros movimento em aceitar o desar-
greve, paralisando a sua circulação, e temos que gastar do salário. Se há uma declaração unilateral da parceiros de cooperação de Mo- mamento do seu braço militar,
a partir da segunda coluna de Save um dano no carro decorrente do ata- Renamo nas hostilidades com çambique, já investiram muito em enquanto o executivo não acei-
para Muxúnguè. que, é responsabilizado o motorista, o exército, a Estrada Nacional áreas como educação e saúde, mas tar a exigência de restruturação
O ataque da terça-feira, que feriu que é descontado directo do salário, Número 1 voltou a ser palco precisámos de paz e circulação li- das forças de defesa e segurança
dois civis, ocorreu após dois dias por as seguradoras não cobrirem as- de ataques a veículos militares vre. Os ganhos que Moçambique feitas pelo principal partido da
de interregno, quando a coluna do suntos de guerra”, enfatizou um ou- e civis, num raio de 100 qui- conseguiu nas áreas sociais também oposição, que pretende indicar
exército, de Muxúnguè para Save, tro grevista. lómetros entre o Rio Save e o estão a ser afectados”, sublinhou antigos guerrilheiros seus para
foi emboscada na região do rio Go- Há quase duas semanas, as ofensivas posto administrativo de Mu- Douglas Griffiths. postos de comando no exército
rongosa, na EN1, a principal estrada foram intensificadas no troço Save- xúnguè, centro do país. O diplomata americano disse que a e polícia moçambicanos.
que liga o sul e o centro do país. -Muxúnguè, onde a movimentação
Savana 13-06-2014 3
TEMA DA
TEMA DA SEMANA
SEMANA
U
ma semana depois das Vê-se da vila da Gorongosa, uma Sofala, o suposto esconderijo do seu tiaérea) a serra da Gorongosa”, des- pode provocar o desdobramento
forças mistas (exército e situação que não nos sossega”, disse líder, Afonso Dhlakama. tacou António Muchanga, porta- dos militares (da Renamo), para
FIR-Força de Intervenção um funcionário público na vila sede “Estão a bombardear com B11 (an- -voz da Renamo, adiantando: “isso Tete e/ou outras províncias do sul”.
Rápida) falharem o plano de Gorongosa, adiantando que a si-
de “apanhar” Afonso Dhlakama, tuação ainda não afectava a “vida da
seguindo peugadas dos brigadistas vila”.
do STAE (Secretariado Técnico de Não há dados sobre vítimas civis,
Administração Eleitoral) na trilha visto que alguns roquetes lançados
que permitiu o seu recenseamento, caíram nas residências de populares
as Forças de Defesa e Segurança so- na região.
freram, sábado passado, uma pesada Na segunda-feira, a viatura blinda-
baixa: oito militares mortos e outros da, agora usada no troço entre a vila
11 feridos durante a segunda tenta- da Gorongosa e Casa Banana, não
tiva de desalojar o líder da Renamo levou reforço e nem fez permuta dos
nas encostas da Serra da Gorongosa, militares, por estar avariada e em re-
província de Sofala, onde se pensa paração.
esteja refugiado. A serra continuou a ser alvo de ata-
Na quinta-feira passada, estrondos que até terça-feira, sequenciado com
emboscadas, de homens armados ao
ensurdecedores, de armas pesadas,
exército, que avolumaram o desen-
incluindo roquetes, que provoca-
tendimento. Durante os confrontos,
ram, ao amanhecer, alvoroço entre
desde quinta-feira, soube o jornal, a
os moradores da vila de Gorongosa
Renamo recolheu 32 armas, entre as
e habitantes circunvizinhos da ser- quais pesadas, das Forças de Defesa
ra, demonstravam a musculatura do e Segurança.
exército, que voltou com “intensida- Ainda segundo apurou o SAVANA,
de dobrada”, a bombardear a serra um pelotão está desaparecido, desde
da Gorongosa. o recomeço dos ataques à serra, e há
As armas, apurou o SAVANA, eram relatos de terem sido vistos corpos
disparadas a partir de Madzima- em decomposição na zona de Sa-
tchena e Mucodza, onde o exército matenja (um nome em tributo a um
assumiu, após desalojar os guerri- famoso curandeiro da região), arre-
lheiros, o comando de uma das po- dores de Satunjira, onde a Renamo
sições da Renamo a 17 de Outubro montou em 2012, uma academia,
do ano passado, um lugar estratégi- que se transformou no “santuário da
co para se disparar com precisão em revolução”.
direcção a serra. Em Nhampalapala, interior de
“A situação não é agradável. A partir Gorongosa, no mesmo corredor
de Mucodza e Madzimatchena (o dos ataques, o exército e homens
exército) está a disparar armas pe- armados confrontaram-se “terrivel-
sadas para a serra. Começou quinta- mente”, tendo a guarda da Renamo
-feira, e domingo foram intensifica- recuado das posições.
dos os disparos”, precisou Adamo A norte da serra, no cruzamento de
Manuel, um habitante local, que Macossa (Manica), junto à EN1, a
retomou à área após relativa acalmia Estrada Nacional Número Um, o
dos confrontos nos últimos meses. exército, que patrulhava a provável
Vários contingentes militares, in- porta de saída do líder da Renamo,
cluindo o exército e a Polícia anti- Afonso Dhlakama, foi emboscado
motim (FIR), adiantou a mesma com uma das posições do cordão
de segurança, e igualmente sofreu
fonte, têm sido vistos a se movi-
baixas. Ainda são escassas as infor-
mentar com frequência para o inte-
mações sobre a emboscada de terça-
rior de Gorongosa, junto às encostas
-feira.
da serra, onde o líder da Renamo,
Na mesma região, desde segunda-
Afonso Dhlakama, foi desalojado a -feira, estão a sobrevoar três heli-
20 de Outubro último, e, apareceu cópteros, de cor verde, sem nenhu-
publicamente para se recensear, para ma identificação, junto à coutada
depois regressar ao lugar desconhe- nove, que divide o distrito de Go-
cido. rongosa (Sofala) e Macossa, o que
No sábado, durante a permuta do sugere que estariam para “receber” o
efectivo e reforço de mantimento líder da Renamo, caso usasse aquela
e material, oito militares morreram porta para sair da serra.
e outros 11 ficaram feridos, numa Refira-se que semanas atrás, no pri-
ponteca de Mucodza, quando a ca- meiro ensaio do exército, a invasão
mioneta em que seguiam foi “em- ao suposto esconderijo de Afonso
boscada e metralhada” por homens Dhlakama, líder da Renamo, em
armados, ligados à Renamo, e se Nhadue (Casa Banana), as forças
despistou, segundo deu a conhecer governamentais foram “brutalmen-
ao SAVANA, fonte médica do Hos- te repelidas”, em dois ataques, tendo
pital Distrital de Gorongosa. sete militares ficado feridos.
Um blindado e militares foram en-
viados para a área, para uma “lim-
peza”, tendo os disparos sido inten- ([WHQVmRGRFRQÁLWR
sificados ainda mais naquela noite A Renamo, maior partido da opo-
e durante todo o dia do domingo, sição em Moçambique, alertou para
quando várias igrejas ficaram im- o risco de alargar a acção do seu
pedidas de abrir, na sequência do braço militar para outras regiões,
ataque. em resposta aos bombardeamentos
“O céu está todo vermelho de balas. do exército à serra da Gorongosa,
4 Savana 13-06-2014
TEMA
TEMA DA
DA SEMANA
SEMANA
N
a teleconferência que teve
lugar na passada sexta- ao Poder do Dia para tirar alguns Por exemplo, tirou da sua “lista ne- contro que ele queria esclarecer as
-feira, durante a qual o dividendos, realidade que, para gra”, os religiosos que têm estado razões do actual conflito. Uma das
Presidente da Renamo, a Dhlakama, não concorre nem tão no Centro de Conferências Joa- caras religiosas conhecidas publi-
partir de “parte incerta”, interagiu pouco para a resolução da actual quim Chissano. Aliás, Dhlakama camente e que estava presente no
com líderes religiosos posicionados tensão político-militar. chamou Dinis Sengulane e o aca- encontro é o Presidente da Igreja
em Maputo, Afonso Dhlakama não Na verdade, Dhlakama conseguiu, démico Lourenço do Rosário, de Universal, José Guerra, uma figu-
poupou críticas e chegou a mandar entre os emissários de Deus, sepa- amigos. ra próxima do partido no poder, a
farpas aos chamados representantes rar o trigo do joio, considerando Ao que conseguimos apurar, Frelimo.
de Deus. uns como falsos religiosos e outros Dhlakama também exaltou-se por Nas suas críticas, Dhlakama recuou
Dhlakama estava a revoltar-se como verdadeiros. “Os verdadeiros ter notado que os mais reputados e no tempo e acusou os religiosos de
contra o que considera “inércia e têm estado a fazer a sua parte, mas conhecidos religiosos da praça não terem permanecido calados aquan-
do do massacre dos membros da
Renamo em Montepuez e Mocím-
boa da Praia.
“Agora estão a chorar? Não são sé-
rios também vocês. São cobardes.
Têm medo de quê?”, questionou
Dhlakama e as perguntas não pa-
raram por aí. Num tom próprio de
militares, voltou a questionar pe-
rante uma sala em silêncio absoluto.
“O Guebuza é o rei? É o grande
rei? É o segundo Deus do mundo?
Agora estão preocupados porquê?
Se vocês têm medo. Um religioso
prefere morrer para salvar a hu-
manidade, ( Jesus Cristo aceitou
morrer na cruz, não é porque tinha
a data, foi para salvar a humanida-
de)”, recordou Dhlakama.
“Por isso, eu aceito apanhar tudo
aqui (bombas) e não tenho medo
de morrer. Não estou aqui para
mostrar que o Dhlakama é cora-
joso, nada disso. É que nunca vou
permitir brincadeiras. A Frelimo
tem que aceitar tudo e vai aceitar.
Aliás, está a aceitar mesmo. Sei que
posso morrer hoje, mas a Frelimo
não pode continuar a escravizar o
povo”, ajuntou.
Sempre na tónica de que a Renamo
e seus simpatizantes estão fartos de
ser humilhados, Dhlakama voltou
a jurar que as suas exigências são
sérias e recordou que o que está a
exigir não é nada acima do normal,
pois está tudo escrito no Acordo
Geral de Paz.
Diz que quando viu que o gover-
no não estava a cumprir os acor-
dos tentou sempre questionar, mas
sempre foi ignorado pelo Poder do
Dia.
“Todos eram instruídos a dizer
que Dhlakama só sabe ameaçar e
prometer, mas nunca faz. Agora é
a sério. Eu sempre disse que um
dia vou reagir para me defender e
defender os que estão a ser classi-
ficados como moçambicanos de
segunda, enquanto nasceram aqui
neste país”.
“A Frelimo é uma organização ar-
mada ilegal. Se é para Moçambique
ter dois tipos de moçambicanos as-
sim vai ser porque nós estamos can-
sados e se a Frelimo não nos quer…
perguntem a Guebuza se tem uma
ilha onde vai colocar os da Rena-
mo ou então vamos dividir isto.
O Sudão dividiu-se, a Alemanha
dividiu-se, a Coreia do Norte e Sul
dividiram-se por causa de coisas
como estas…por causa de regimes
que maltratavam os seus povos”.
(Ilódio Bata e Redacção)
Savana 13-06-2014 5
TEMA DA SEMANA
A
LAM passeia a sua classe
de companhia em queda quência e a fixação de preços.
livre e o mercado sofre Mas Yamoussoukro tem sido um
mas ninguém quer me- falhanço justamente porque países
xer num sector quase a implodir. com companhias defeituosas como
O Ministro Muthisse diz que não a nossa LAM não fazem nada com
há barreiras legais nem instrumen- o receio de privá-las do seu mercado
tais contra a competição no sector, doméstico. Por detrás desse receio, as
apenas “barreiras económicas”, jus- autoridades também debitam aquela
tamente uma razão central para o retórica desusada da defesa da sobe-
Governo permitir a entrada de ope- rania. “Um dos nossos grandes me-
radores com maior pujança finan- dos é que não estamos preparados
ceira que a LAM, como se defende para embarcar na liberalização do
noutros sectores da economia. nosso espaço aéreo”, admitiu Rebelo.
“A soberania de um país precisa de
No afã de defender a LAM (Linhas uma companhia aérea bem equipa-
Aéreas de Moçambique), o Minis- da, que é capaz de competir em pé
tro Gabriel Muthisse (Transportes de igualdade com os outros países”.
e Comunicações) acaba de lançar Mas negócios à parte, soberania à
argumentos duvidosos sobre a situa- parte, o facto é que o despenhamen-
ção caótica do sector de aviação civil to da LAM tem sido reflexo de uma
em Moçambique, onde um único continuada intervenção estatal, que
Naíta Ussene
operador, a chamada companhia de tem atrasado a transformação da
bandeira, faz e desfaz a seu bel-pra- companhia numa empresa com um
zer. Para Muthisse, o espaço aéreo modelo de negócios virado para a
moçambicano está liberalizado, mas Só uma verdadeira liberalização completa do espaço aéreo nacional vai trazer a concorrência que a LAM precisa de sentir, satisfação do mercado. E a princi-
isso não é verdade. Para Muthisse, EHQHÀFLDQGRRPHUFDGR pal fonte de receitas da LAM são os
“não há qualquer impedimento le- seus passageiros, esperando-se, por
LAM tem a ver com os custos a TTA Airlink não fazem a espinha não quer. isso, que seja mais sensível aos seus
gal nem regulamentar para o registo
elevados na aquisição de aerona- dorsal nem têm pretensões para dis- Mas enquanto prossegue nessa re- clientes. De acordo com o relatório
e autorização de companhias para
ves, que é proibitivo para as com- putarem com a LAM o mesmo osso lutância, com o desenvolvimento da da Nathan, em 2011, a LAM gerou
voarem”.
panhias moçambicanas; do negócio. economia, o mercado de transportes quase 68 por cento da sua receita
Nos últimos meses, a LAM tem se
mostrado uma vergonha nacional. Para Muthisse, em suma, mais do A Kaya, ligada a Joaquim Chissano aéreo vai crescendo sem o acompa- com o serviço de passageiros e pouco
Fora o acidente do TM 470 na Na- que barreiras legais e regulamen- e Leonardo Simão, utiliza aviões a nhamento que se esperava da LAM. menos de 23 por cento com a sobre-
míbia, que vitimou todas as 33 pes- tares, o que impede a concorrência turbopropulsor Embraer EMB-120 O tráfego de passageiros nos aero- taxa de combustível.
soas que nele seguiam, a companhia no sector são barreiras económicas. Bandeirante, que transportam até 15 portos de Moçambique aumentou A falta de concorrência, para além
agudizou a sua indisponibilidade de Nada mais falacioso, pois o actual passageiros. A Kaya serve Inhamba- significativamente nos últimos 10 dos desmandos nos horários e outras
oferecer serviços de forma eficiente. quadro do sector mostra que a LAM ne, que também é servida pela MEX, anos, desde 892.337 em 2002 para situações de insegurança, a LAM
A imagem que restou é de uma avia- não tem concorrência e se não tem e também voava para Inhaca. De um total de 1.675.948 passageiros também é famosa pelo preços que
dora em queda livre. é porque não há liberalização. Tão acordo com o relatório da Nathan, em 2012. No entanto, de acordo cobra. É sobejamente conhecida
Para além de manter os passageiros simples quanto isso, que até os seus a Kaya é mais uma operação char- com o estudo da Nathan, o tráfego a percepção popular de que é mais
em terra, por alegada falta de aviões, utentes já percebem que ela faz e ter em pequena escala (…) que em cresceu menos do que o PIB do país, caro voar para Pemba que para a
ressaltam problemas operacionais desfaz porque goza de protecção termos de rede não oferece nem o mostrando uma elasticidade menor Europa. De facto, as tarifas nacio-
sérios e uma gestão incapaz de dar governamental. A espinha dorsal é alcance nem a escala que se possam que a do Quénia e da Tanzânia, paí- nais para viagens em Moçambique
uma imagem de coesão, com co- exclusiva da LAM e é aqui onde as traduzir numa ameaça competitiva ses vizinhos que foram submetidos a são elevadas, devido, diz o documen-
municações internas oferecidas até desgraças acontecem. para a LAM. uma substancial liberalização. to da Nathan, à oferta limitada de
à imprensa, revelando uma equipa Por sua vez, a TTA Airlink oferece serviços e à fraca posição dos ope-
onde os seus integrantes se descon- Os concorrentes da LAM voos charter, mas não tem voos re- Yamoussoukro na gaveta radores nacionais, tendo em conta as
fiam mutuamente e até os seus pi- Um relatório recente (Impacto da gulares. A empresa foi criada com o O relatório da Nathan aponta um tarifas médias para as rotas nacionais
lotos duvidam das informações de Liberalização do Transporte Aéreo no apoio da SAA Airlink; no entanto, cenário positivo no quadro de uma que são mais elevadas do que na
segurança que lhes são prestadas. Turismo e na Economia em Geral, ela- “as operações não se desenvolveram liberalização substancial: indução da África do Sul.
E nem o anúncio pomposo da com- borado pela firma americana Nathan) com êxito”. Embora a TTA tenha concorrência e a entrada de novas “As tarifas nacionais na África do
pra de dois boeings 737-700 New pôs o guizo ao gato, desnudando a anunciado publicamente a intenção companhias no mercado. “Isto irá Sul são significativamente mais bai-
Generation serviu para suportar realidade do sector e o Governo, de desenvolver operações entre Joa- conduzir à redução dos preços, au- xas do que em Moçambique, porque
uma campanha de limpeza de uma através da vice-Ministra dos Trans- nesburgo e Maputo, estes voos não mentando ao mesmo tempo o nível o mercado maduro da África do Sul
imagem que a verdade no terreno portes, Manuela Rebelo, reagiu di- se iniciaram. E tal como a Kaya, a de serviços e de fiabilidade, gerando oferece economias de escala que
mantém firmemente mergulhada no zendo que a liberalização só pode TTA não tem a frota nem os recur- credibilidade e uma maior certeza mantêm os custos baixos e o seu am-
caos. E a agravar as coisas, a LAM acontecer depois que a LAM seja sos para representar uma ameaça dos grandes investidores para reto- biente desregulado não controla os
tem uma tutela que às vezes faz de competitiva. competitiva. Assim sendo, pare- marem os investimentos de longo preços”, comparou o estudo.
sua porta-voz e defensora oficiosa, e, O entendimento do Ministro Mu- ce não ser verdade que haja outras prazo no sector do turismos, aumen- A intervenção do Governo nos ne-
agora, tenta “vender” a falsa ideia de thisse sobre liberalização é restrito à companhias a voar. tando significativamente o afluxo de gócios da empresa continua gritante.
que a LAM só não tem competição presença de operadores domésticos E, em termos globais, a LAM e a viajantes estrangeiros a Moçambi- Para além das recentes aparições do
porque ninguém quer competir com no sector. De facto, para além da MEX, combinadas, têm uma infra- que. Ministro Muthisse fazendo de porta
ela. LAM, Moçambique conta com a estrutura superior, custos de lugares O Governo tem sido relutante na voz da LAM na esteira do falhanço
Esta semana, querendo defender a MEX e os dois são dominantes no de passageiros inferiores, um sistema abertura do espaço aéreo, previsto no total das relações públicas da com-
LAM quando entrevistado a propó- mercado nacional. De acordo com mais avançado de reserva e faixas Tratado de Yamoussoukro de 1999, panhia, o executivo controla todas
sito do actual caos, Muthisse disse o o relatório da Nathan, a LAM e a horárias nobres em todos os seus a operadoras estrangeiras, que esta- as suas decisões estratégicas, mas
seguinte: MEX têm apenas dois pequenos mercados actuais, o que faz com que belece um cenário de “céu aberto” em também as dos Aeroportos de Mo-
t 0 FTQBÎP BÏSFP NPÎBNCJDBOP concorrentes a servir o mercado estes outros pequenos concorrentes que as companhias aéreas dos países çambique e do Instituto de Aviação
está liberalizado; nacional: a Kaya Airlines e a TTA nacionais tenham muita dificuldade que o ratificaram possam operar nos Civil.
t &YJTUFN WÈSJBT DPNQBOIJBT B Airlink, as quais “fornecem serviços em competir eficazmente. mercados uns dos outros sem restri- As declarações do Ministro Muthis-
voar; fundamentalmente diferentes e não Com este quadro, para a LAM se ções. Yamoussoukro reconhece a ne- se podem ter uma ponta de verdade
t /ÍP IÈ RVBMRVFS JNQFEJNFOUP constituem ameaça competitiva”. ver obrigada a melhorar só mesmo cessidade de adoptar medidas com quanto à liberalização mas isso não
legal nem regulamentar para o Quando o Ministro Muthisse diz através de uma liberalização onde o objectivo de estabelecer progres- se aplica à espinha dorsal. E o ar-
registo e autorização de compa- que existem companhias a voar no operadores estrangeiros também sivamente um mercado de aviação gumento das barreiras económicas
nhias para voar; espaço nacional ele está a referir-se possam trabalhar em igualdade de intra-africano liberalizado, no que aponta para uma coisa: a liberaliza-
t 0 QSPCMFNB EB DPODPSSÐODJB EB a estas duas. Mas tanto a Kaya como circunstâncias. É isso que o Governo diz respeito a, entre outras coisas, ção deve ser total e completa.
6 Savana 13-06-2014
SOCIEDADE
O
candidato da Frelimo às pre- didato contou igualmente com Aires Guebuza na direcção do país”, disse conhecer de perto os problemas locais. das pelos antigos combatentes, Filipe
sidenciais de 15 de Outubro Ali, seu adversário nas eleições inter- o líder comunitário de Balana, no dis- Nos comícios que orientou, o candida- Nyusi defendeu a criação de oportuni-
continua a peregrinação pela nas para a escolha do candidato pre- curso de entronização de Filipe Nyusi. to da Frelimo enfatizou a necessidade dades económicas para o grupo, como
mobilização do eleitorado à sidencial, na deslocação à província de Após visitar a província de Niassa, o de coesão dos moçambicanos e pro- forma de valorizar o seu papel na luta
volta do seu projecto. Filho de antigos Niassa. candidato da Frelimo visitou, durante moção da unidade nacional, interesses pela independência do país.
combatentes, visitou nos últimos dias Mas houve, na “missão norte” da pré- quatro dias, a província de Cabo Del- que, para Filipe Nyusi, passam pela Não basta, considera Nyusi, gritar vivas
as províncias de Niassa e Cabo Delga- -campanha de Filipe Nyusi, um mo- gado, onde interagiu com os membros promoção de um desenvolvimento aos libertadores da pátria e de alguns
do, os berços da luta contra a domina- mento de forte simbolismo. Quando e simpatizantes do partido na cidade sustentável, solidariedade social, paz e lugares históricos, sem criar condições
ção colonial portuguesa. foi entronizado régulo no distrito de de Pemba e nos distritos de Balama, tolerância. para a melhoria da sua condição social.
No “regresso à casa”, Filipe Nyusi le- Balama, passando a chamar-se Nwe- Melecu, Macomia, Ilha do Ibo, Mo- Para fazer jus ao Nwerehele, Filipe Nessa perspectiva, aponta que caso seja
vou na “bagagem” um histórico de rehele, “continuador” na língua local, címboa da Praia e do distrito de Nan- Nyusi assumiu-se como continuador eleito Presidente da República vai pri-
peso, Óscar Monteiro, um dos pen- emakwa. gade. dos ideais dos seus antecessores na mar pela continuidade dos projectos
sadores da Frelimo, no tempo em que “Ele deve ser o continuador dos ideais Nestes pontos, Nyusi apresentou-se às Frelimo, apontando algumas das apos- desenvolvidos pelos seus antecessores,
ainda era movimento. de Eduardo Mondlane, Samora Ma- populações como candidato da Freli- tas do seu governo, caso seja eleito. fazendo mais e melhor, uma vez que a
Como sinal de coesão interna, o can- chel, Joaquim Chissano e Armando mo para as eleições presidenciais e quis Em relação às dificuldades enfrenta- base já foi criada.
Para o candidato, a maior riqueza do
país é a terra arável, que bem explora-
da, com uma agricultura mecanizada,
pode dinamizar o desenvolvimento. O
gás, petróleo e outros recursos minerais
deverão servir com as suas receitas para
o fortalecimento do sector agrário.
Maldição dos recursos naturais só pode ser afastada com mais emprego
– considera estudo encomendado pela USAID
Por Ricardo Mudaukane
P
ara que a descoberta e ex- algum tempo. No entanto, já estão dústria extractiva e de mais investi- ganhar a vida. ser gerado pelo investimento privado
ploração dos recursos natu- em evidência as pressões sobre os mentos na educação e desenvolvi- “Este grupo não qualificado de mão- associado.
rais seja recebida como uma mercados de habitação e imobiliário mento de habilidades. -de-obra carece tanto de empre- Mais uma vez, as habilidades ne-
bênção e não seja uma mal- comercial, bem como no mercado de De acordo com a pesquisa, os empre- gabilidade normal, bem como das cessárias para atender a esses inves-
dição em Moçambique, é necessária mão-de-obra qualificada”, refere a endimentos associados à prospecção habilidades técnicas exigidas pelos timentos estão altamente concen-
uma aposta nos recursos humanos, publicação. e exploração de recursos humanos empregadores do sector formal. Uma tradas nas áreas profissionais, cujo
criação de novas indústrias e oportu- A análise alerta para o facto de a têm estado a promover uma segmen- vez que a mão-de-obra rural dificil- investimento de formação precisa de
nidades de emprego, consideram re- sociedade moçambicana não com- tação dos mercados de trabalho em mente pode ser contratada para os ser planificado e implementado com
sultados preliminares de um estudo preender as limitações das oportu- Moçambique, escalonando, nomea- sectores extractivos ou não transa- grande urgência”, sublinha o estudo.
“Mercado de Trabalho em Moçam- nidades de emprego geradas pelos damente, os quadros de gestão, pro- cionáveis em número significativo, Segundo a análise, a apreciação do
bique Face ao Boom dos Recursos mega-projectos, enfatizando que os fissionais e técnicos qualificados, por o impacto esperado de uma possível valor do metical, como resultado do
Naturais: Que Potenciais Impactos projectos associados à descoberta e um lado, e mão-de-obra não qualifi- doença holandesa sobre os salários desenvolvimento da indústria extrac-
da Doença Holandesa?”, encomen- exploração dos recursos naturais da- cada, por outro. no sector rural será provavelmente tiva, obrigará as empresas a reverem
dado pela Agência de Apoio ao De- rão emprego a uma massa diminuta “A equipa de avaliação ouviu inú- mínimo”, lê-se no estudo preliminar. as suas estruturas de custos, ponde-
senvolvimento dos Estados Unidos de trabalhadores. meros relatos de oferta inadequada, Os resultados preliminares do estudo rando a possibilidade de redução da
da América (USAID). “A aceleração observada nas aprova- não apenas para gestores e outros Dai and Nathan Associates referem mão-de-obra, contratação de mão-
Realizado no âmbito do Programa ções de mega-projectos em Moçam- profissionais qualificados, o que é de que as multinacionais que operam no -de-obra estrangeira mais barata
de Apoio ao Desenvolvimento Eco- sector da indústria extractiva em Mo- ou investimentos em equipamentos
bique aumentou as expectativas de se esperar, mas também na categoria
çambique continuarão a depender de substitutos de força humana.
nómico e Empresarial em Moçam- que a indústria extractiva irá propor- de técnicos qualificados, ou seja, tra-
mão-de-obra qualificada estrangeira, “O desenvolvimento do capital hu-
bique (SPEED, na língua inglesa) cionar novos postos de trabalho para balhadores cujas ocupações exigem
mas estima que, a longo prazo, haja mano, a melhoria das qualificações
pela firma de consultoria DAI and os moçambicanos. Esta criou e criará formação, aprendizagem, e (possi-
um interesse estratégico do Governo dos trabalhadores e os investimentos
Nathan Associates, a análise diz postos de trabalho, mas apenas para velmente) certificação. Isso coloca
e das empresas em promover a qua- em sectores de maior valor agregado
que Moçambique ainda não vive os um pequeno número de trabalhado- uma grande pressão, tanto sobre os
lificação de mão-de-obra local, com da economia serão necessários se es-
efeitos da chamada doença holan- res qualificados. O Governo de Mo- salários dos trabalhadores qualifica-
qualificações técnico-profissionais ses salários mais altos (expressos em
desa, cujos efeitos se sentem na des- çambique faria bem em enfatizar que dos, para os quais está a ser pago um
apropriadas. dólares ou euros) forem considerados
localização dos agentes económicos o futuro económico do país vai de- prémio cada vez maior no mercado acessíveis pelos investidores”, destaca
Ainda assim, e face ao momento, por
das áreas de actividade tradicionais, pender do desenvolvimento da força de trabalho de Moçambique hoje, o estudo.
enquanto, embrionário da actividade
como a agricultura e turismo, para de trabalho formada ou educada”, re- assim como sobre o sistema de co- extractiva, “alguns dos mais ambi- Para os autores do estudo, a capacita-
os sectores emergentes da indústria fere o estudo “Mercado de Trabalho tas de mão-de-obra estrangeira, que ciosos ou empreendedores tentarão ção da mão-obra local é fundamental
extractiva. em Moçambique Face ao Boom dos actualmente regula o volume de tra- mudar-se para áreas de activida- para a geração de ganhos de com-
Ainda assim, destaca o estudo, já Recursos Naturais: Que Potenciais balhadores que podem ser ´importa- de ligadas à extracção de recursos”, petitividade da economia moçam-
há evidências de pressões sobre os Impactos da Doença Holandesa?”. dos` do estrangeiro para compensar adiantam os autores do estudo, que bicana, ao invés de uma imposição
mercados de habitação e imobiliário Nessa perspetiva, os autores da análi- as actuais lacunas de qualificações”, assinalam, nessa perspectiva, o impe- às empresas para a contratação de
comercial, bem como no mercado de se frisam que os actores ligados à im- enfatiza o estudo. rativo da promoção de um ambiente recursos humanos sem qualificação,
mão-de-obra qualificada. plementação de mega-projectos de- Devido à ‘barreira de habilidades’, de negócios mais favorável. através do imperativo de cumpri-
“O ´boom` de recursos naturais já vem empenhar-se na divulgação de assinala o estudo, a mão-de-obra A pesquisa “Mercado de Trabalho mento de quotas.
está a desenrolar-se em Moçambi- informações sobre as oportunidades não qualificada é, em grande parte, em Moçambique Face ao Boom dos “Para que Moçambique empregue
que, mas vai intensificar-se nos pró- de emprego e negócios nas áreas de não substituível para a mão-de-obra Recursos Naturais: Que Potenciais com êxito a “bênção” dos seus re-
ximos cinco ou dez anos, quando o materialização de iniciativas empre- exigida pelos sectores extractivos e Impactos da Doença Holandesa?” cursos naturais para embarcar numa
gás natural se juntará à lista das ex- sariais ligadas aos recursos naturais, outros sectores associados em rápido realça que a maioria das oportu- transformação económica estrutural,
portações de recursos naturais. Sen- como forma de incentivo à tomada crescimento e a maioria da popu- nidades de emprego associadas ao criar novas indústrias e oportunida-
do assim, todo o efeito do fenómeno de decisões racionais sobre a migra- lação activa moçambicana está no sector extractivo será oferecida por des de emprego de serviços para a
macroeconómico conhecido como ção de trabalhadores, crescimento de sector agrícola, com baixa formação projectos de obras públicas de mão- futura força de trabalho do país, é
‘Doença Holandesa’ é improvável pequenas empresas e investimentos académica, na sua maioria analfabe- -de-obra intensiva, financiados por preciso investir agora no seu povo”,
a ser sentido com a força total por nas proximidades dos locais da in- tos que trabalham arduamente para receitas públicas, e o crescimento a realça a análise.
O Banco Mundial e a Aliança da Cidades, em colaboração The World Bank, with the support of the Cities Alliance,
com o Ministério de Coordenação de Acção Ambiental and in collaboration with Mozambique’s Ministry of Coor-
0,&2$YmRÀQDQFLDUXPSURMHFWRGHUHIRUPDFXUULFXODU dination for Environmental Action (MICOA), will finance
e capacitação do Instituto Médio de Planeamento Físico e a project for curriculum revision and institutional support
$PELHQWH23URMHFWRWHUiGXUDomRGHDSUR[LPDGDPHQWH Mid-Level Training Institute for Physical Planning and
meses baseado em Maputo, Moçambique.
Environment (IMPFA). This Project will have a duration
of approximately 24 months and will be based in Maputo,
O Banco Mundial solicita empresas ou outras instituições
Mozambique.
TXDOLÀFDGDVGHDSUHVHQWDU0DQLIHVWDo}HVGH,QWHUHVVHGR-
FXPHQWDQGR D VXD TXDOLÀFDomR HP UHODomR DRV VHJXLQWHV
critérios de selecção: The World Bank requests consulting firms or other qualified
institutions to present Expressions of Interest documenting
([SHULrQFLDFRPSURYDGDHPGHVHQYROYLPHQWRGHHQVLQR their qualifications in relation to the following selection cri-
WpFQLFRSURÀVVLRQDO(73LQFOXLQGRGHVHQKRFXUULFXODU teria:
H FDSDFLWDomR SHGDJyJLFD H DGPLQLVWUDWLYD GH LQVWLWXL-
o}HVGH(73 1) Proven experience in the field of technical-vocational
&DSDFLGDGHGHPRQVWUDGDGHPRELOL]DUHVSHFLDOLVWDVWpF- education (TVE), including curriculum development, te-
QLFDVHPSODQHDPHQWRXUEDQRJHVWmRGHVRORHJHVWmR acher training, and associated administrative reforms;
DPELHQWDOXUEDQD 2) Demonstrated capacity to mobilize qualified subject
&RQKHFLPHQWRHH[SHULrQFLDFRPDVSROtWLFDVQRUPDVH matter specialists in the areas of urban planning and ur-
PHWRGRORJLDV GR (73 HP 0RoDPELTXH 3URJUDPD 3,- ban environmental management;
5(3 3) Knowledge and experience in implementing
&RQKHFLPHQWR GH VHFWRU XUEDQR HP 0RoDPELTXHLQ- Mozambique’s TVE regulations and methodologies for
FOXLQGRDRUJDQL]DomRPXQLFLSDOHRIXQFLRQDPHQWRGR competency based training as defined under the Ministry
SODQHDPHQWRXUEDQRJHVWmRGHVRORHJHVWmRDPELHQWDO of Education’s PIREP program;
XUEDQDVHUiXPDYDQWDJHP
4) Knowledge of the specific technical challenges and
&DSDFLGDGHFRPSURYDGDQDJHVWmRGHSURMHFWRVXWLOL]DQ-
institutional characteristics of urban planning and muni-
do métodos consultivos e na comunicação e colaboração
FRPJUXSRVLQWHUHVVDGRVHDRPHVPRWHPSRDSUHVHQWD-
cipal management in Mozambique would be an advanta-
GRSURGXWRVGHTXDOLGDGHGHQWURGRVSUD]RVHVSHFLÀFD- ge;
GRV 5) Proven capacity in management of project’s involving
&DSDFLGDGHGHWUDEDOKDUHDSUHVHQWDUSURGXWRVHPSRU- key stakeholders and using consultative methods while
WXJXrVHLQJOrV producing high quality products to specified deadlines;
6) Capacity to work and produce technical products in
2%DQFR0XQGLDOVROLFLWDFRQVXOWRUHVHOHJtYHLVGHLQGLFDU both Portuguese and English languages.
o seu interesse na prestação destes serviços. Consultores
LQWHUHVVDGRVGHYHPSURYLGHQFLDULQIRUPDomRSDUDLQGLFDU The World Bank now invites eligible consultants to indicate
DVVXDVTXDOLÀFDo}HVSDUDLPSOHPHQWDUHVWHSURMHFWREUR- their interest in providing these services. Interested con-
FKXUDVGHVFULo}HV GH SURMHFWRV SDUHFLGRV H[SHULrQFLD HP sultants must provide information to indicate that they are
DPELHQWHVVHPHOKDQWHVGLVSRQLELOLGDGHGHSHVVRDOWpFQL- qualified to provide the services (brochures, descriptions of
FRFRPKDELOLWDo}HVHH[SHULrQFLDUHOHYDQWHHWF similar assignments, experience in similar conditions, avai-
lability of staff with appropriate skills, etc.).
$V 0DQLIHVWDo}HV GH ,QWHUHVVH GHYHP VHU VXEPHWLGRV HP
,QJOrVDWUDYpVGRVLVWHPD:RUOG%DQN*URXS(FRQVXOW Expressions of interest should be submitted in English
KWWSZEJHFRQVXOWZRUOGEDPQNRUJZEJHFLQGH[
through the World Bank Group Econsult2 system (http://
KWPO
wbgeconsult2.worldbamnk.org/wbgec/index.html).
1RWH TXH WRGRV RV DQH[RV GD VXEPLVVmR GHYHP WRWDOL]DU
Please note that total size of all attachments should be less
menos de 5MB.
than 5MB.
A selecção e contratação normalmente serão baseadas em
UHVSRVWDVDHVWDQRWLÀFDomR2FRQVXOWRUVHUiVHOHFFLRQDGR Selection and contracting will normally be made based on
QDEDVHGHXPDOLVWDFXUWDTXHHVWDUiVXMHLWDDGLVSRQLELOL- responses to this notification. The consultant will be selec-
GDGHGHIXQGRV ted from a shortlist subject to the availability of funding.
Hernâni Rodrigues*
3DUDDOpPGRSURÀVVLRQDOR+RPHP
N
uma noite destas telefo- produção do jornal fossem rigoro- lises e conversas bem definidas, cla-
na-me o Fernando Lima samente observados e cumpridos. ras e objectivas.
para me falar da morte de Para o Hernâni Rodrigues era um Para mim, lá dos tempos do Notí-
Hernâni Rodrigues. Dis- sacrilégio e uma manifesta falta de cias da Beira, um dos meus gran-
se-me que o desaparecimento físico competência que um matutino diá- des Professores, com quem tive o
dele merecia umas linhas, uma vez rio não estivesse na rua à venda às ensejo de aprender muito da arte
que se tratou de uma figura incon- cinco horas da manhã. de produzir um jornal de chum-
tornável da Imprensa moçambica- Homem de poucas falas, que pouco bo, com notícias escritas na famo-
na. E pediu-me para o fazer, em- ou nenhuma abertura de conversa sa Olivetti Lettera 32 (quem não
bora à partida soubesse que seria dava aos outros, a não ser se fosse tinha uma não era um verdadeiro
difícil resumir num pequeno texto trabalho, Hernâni Rodrigues reve- jornalista), compostas por linotypes
tudo aquilo que é devido e mereci- lava-se porém um indivíduo com cujos teclados corriam velozes sob
do a Hernâni Rodrigues. Um texto carisma e de forte personalidade. os dedos de mestria e paginadas por
de recordação e também de uma Pelos indivíduos que compunham pessoas conhecedoras como nin-
singela homenagem póstuma. as tertúlias que frequentava – a guém do seu ofício do bem-fazer
Hernâni Rodrigues chegou à Beira fazer valer o velho ditado diz-me com muito gosto.
na década de sessenta, para dirigir o com quem andas, dir-te-ei quem O Hernâni e a Dona Deolinda,
projecto técnico de transformação Hernâni Rodrigues ao centro com a sua esposa, a Dona Deolinda, e José és - poderia imaginar-se o pen- como lá em casa falávamos deste
do jornal Notícias da Beira de um Plácido, que também trabalhou vários anos no Notícias da Beira, fotografados samento de Hernâni Rodrigues, simpático e afável casal, sempre
numa festa de aniversário em casa de Mário Ferro, Maputo.
bissemanário para um matutino di- afinal esta figura de farto bigode e disposto a ajudar quem precisava,
ário em concorrência com o Diário Moçambique. Tudo era feito para todos os que se sentavam à mesa. fisionomia a fazer lembrar Estaline. sempre aberto a uma boa cavaquei-
de Moçambique, sob a liderança de que as pessoas, para terem acesso Todos cinéfilos. Todos amantes do Foi sem qualquer estranheza que ra, a um bom repasto e a um com
um dos maiores nomes do jorna- aos concursos, deveriam comprar bom cinema e todos fazendo parte ele festejou a queda do regime fas- café, marcaram os anos em que eu
lismo moçambicano, o já falecido exemplares e mais exemplares dos do Cineclube da Beira, com sessões cista em Portugal. E foi com alegria e a minha família vivemos com eles
Gouvêa de Lemos. dois jornais e mais e mais caderne- mais ou menos abertas de filmes que ele comemorou a proclamação no prédio do Ministério da Infor-
Nessa altura, trabalhava eu na Re- tas nas quais deveriam ser colados normalmente proibidos ou corta- da independência de Moçambique. mação, onde tínhamos os nossos
dacção do Diário de Moçambi- os recortes feitos em cada jornal. dos pela censura. E não só particular destaque daria apartamentos.
que. O aparecimento do Notícias Nessa altura tive a oportunidade de Mais tarde, tive a oportunidade eu a forma como educou a sua filha E foi um choque que recebemos
da Beira como jornal diário iria conhecer o Hernâni Rodrigues, nas de o conhecer melhor, quando a Anabela, que se juntou ao movi- a amarga notícia de que o Hernâ-
transformar-se num motivo de tertúlias do café, quase que diárias, Diocese da Beira decidiu vender o mento de libertação em Nachin- ni havia falecido. Fechava-se (ou
preocupação devido à concorrência as quais juntavam à volta da mesa Diário de Moçambique à empresa gwea, e ao seu filho Armando, que abria-se?) assim um ciclo das nos-
que iria provocar entre as empresas personalidades distintas e marcan- proprietária do Notícias da Beira. mais tarde se formaria em enge- sas vidas em que aos poucos vão
proprietárias dos jornais numa ci- tes daquele período da vida da ci- Um ano após a operação, o Diário nharia ligada ao sector energético desaparecendo da existência deste
dade como a Beira. dade da Beira. Pessoas mais velhas de Moçambique fechou as portas na Roménia. planeta profissionais brilhantes,
Foram tempos difíceis para as equi- do que eu, mas não menos catalo- e o seu pessoal foi transferido para Nos anos oitenta, fomos transferi- acima de tudo, como e o caso, de
pas dos dois jornais. Uma, a do Di- gadas pelo seu pensamento político fazer parte da equipa do Notícias dos para Maputo. E tive a fortuna um Homem íntegro, sério e hones-
ário de Moçambique, a trabalhar anti-regime salazarista. da Beira. de ser vizinho no mesmo prédio do to como poucos que tive o privilé-
no sentido de manter a liderança Eram pessoas como o Nunes de Profissional de mão cheia no mis- Hernâni Rodrigues e da sua Espo- gio de conhecer. Até sempre Her-
do mercado e de impedir que a ou- Carvalho, o José Sopa, o Álvaro ter de fabricar um jornal a chumbo, sa, a Dona Deolinda. Foi a grande nâni. Vamos encontrar-nos um dia
tra, a do Notícias da Beira, pudesse Simões, o Afonso dos Santos, o Hernâni Rodrigues era o exímio oportunidade que tive de o conhe- destes para além da vida.
ter sucesso no projecto que estava a José Cardoso, o Gouvêa Lemos, o linotipista, o excelente paginador. cer melhor e sobretudo de aprofun- Mário Ferro
pôr em prática. Carneiro Gonçalves, o José Plácido Como Chefe Geral, conduzia o dar e estreitar as nossas relações. Maputo, 11 de Junho de 2014
Foram os tempos em que apare- e outros, cujos nomes não me vêm pessoal das oficinas do Notícias da Mas quão diferente era o Hernâni
ceram os primeiros concursos nos à memória, que contribuíram em Beira de uma forma profissional e Rodrigues que o conheci na Beira, *NR: consultor ocasional do direc-
jornais. O Diário de Moçambique muito para que a União Nacional disciplina e impunha uma relação homem de poucas falas e confian- tor Kok Nam quando o SAVANA
lançou o concurso Marias de Mo- de Salazar nunca tivesse ganho as de trabalho não menos profissio- ças, e o Hernâni Rodrigues com procurou comprar uma impressora
çambique. O Notícias da Beira eleições na Beira. nal e disciplinada à Redacção, para quem privei em Maputo, homem para o jornal.
deitou mão ao concurso Conheça Um ponto comum era transversal a que os horários estabelecidos na aberto, falador e simpático, de aná-
AVISO
Oportunidade de emprego Torna-se público que durante o mês de Junho decorre o pagamento da
2ª prestação do Imposto Predial Autárquico (IPRA) referente ao exer-
cício de 2014, nos locais abaixo indicados.
()5
/(#&
Ò 55
g5)(.2.)55)$.#0) t $BQBDJEBEFBOBMÓUJDBFOBDSJBÎÍPEFCBTFEFEBEPT
O Banco Mundial, no âmbito da sua Public Private Infrastructure Advisory Facili- t 'MVFOUFFNQPSUVHVÐTF*OHMÐT JODMFTDSJUB
EPNÓOJPEF&YDFMF8PSE
ty – PPIAF [Facilidade de AssistênciaTécnica para Infra estrutura Pública-Priva- t &YQFSJÐODJBFNUSBCBMIPFNFRVJQBFOFUXPSLJOHOBÈSFBUÏDOJDB
da], mantém um Trust Fund através desse é possível prestarassistência técnica, na
base de uma consultoria, ao nível subnacional, em benefício de quatro municípios C55/.,)5BjC5ŀ#-55'*)5B)(-/&.),-C65-)-5(-5/.,+/#-5-&#)-
moçambicanos a serem seleccionados. (-5B(-5,)0ù(#-55
*/.)65.565 ("'(C
As autarquias seleccionadas fazem parte dos municípios beneficiários do Projecto /(éċ-5
Cidades e Mudanças Climáticas (PCMC) em curso, executado pelo Ministério da t 1SFTUBS"TTJTUÐODJBUÏDOJDBBPOÓWFMNVOJDJQBM
Administração Estatal com financiamento do Banco Mundial. t $PPSEFOBSJNQMFNFOUBÎÍPEPTQMBOPTFTUSBUÏHJDPTEFBDÎÍPBPOÓWFMNVOJDJQBM
O objectivo da assistênciatécnica é fortalecer a capacidade institucional das autar- t 1SFTUBSBTTJTUÐODJBUÏDOJDBOBDSJBÎÍPFNBOVUFOÎÍPEFCBTFTEBEPTOBTBVUBS-
quias seleccionadas de gerir os seus orçamentos, nomeadamente as suas receitas quias;
próprias e melhorar o controlo interno. Nisso, a ligação entre a dinâmica económi- t $POUSJCVJSQBSBBQSPEVÎÍPEFSFMBUØSJPTQFSJØEJDPT
ca local, a geração de receitas municipais e os investimentos em infra-estrutura e t 1BSUJDJQBÎÍPFN8PSLTIPQT
serviços públicos é de particular importância. Perfil:
O projecto de assistência técnica tem uma duração de 24 meses e será levado a cabo t 'PSNBÎÍPOÓWFMNÏEJP
QSFGFSFODJBMNFOUF-JDFODJBUVSBFNFDPOPNJB
mOBOÎBT
por uma equipa de 5 consultores especialistas, incluindo um especialistainternacio- públicas, contabilidade e gestão pública e ciências sociais;
nal de finanças locais. t 1FMPNFOPTDJODP
BOPTEFFYQFSJÐODJBQSPmTTJPOBMOBÈSFBEFDPOUBCJMJEBEF
pública e gestão, de preferência ao nível de autarquias (e.g. nas receitas ou des-
h55!-55)(-/&.),-5 pesas)
t 'BNJMJBSJEBEFDPNBMFHJTMBÎÍPSFMFWBOUFFEFTFOWPMWJNFOUPNVOJDJQBM
C55)),(),5#)(&65)(-/&.),5ï(#), t 'MVFOUFFNQPSUVHVÐTEPNÓOJPEF&YDFMF8PSE
/(éċ-95 t &YQFSJÐODJBFNUSBCBMIPFNFRVJQBTFSÈVNBWBOUBHFN
t 0SHBOJ[BSFDPPSEFOBSBFRVJQBUÏDOJDBFDPOUSJCVJSOBGPSNVMBÎÍPFJNQMFNFO- t .PUJWBÎÍPFDBQBDJEBEFEFFODBSBSOPWPTEFTBmPT
tação dos planos estratégicos e de acção ao nível municipal;
t $POUSJCVJSOPEFTFOIPEBNFUPEPMPHJBEFUSBCBMIP i55'/(,éã)
t 1MBOJmDBÎÍPFFYFDVÎÍPEFNJTTÜFTEFDBNQP A remuneração é compatível com a respectiva vaga e a experiência do (s) candidato
t 0SHBOJ[BÎÍP
EFmOJÎÍPEFNFUPEPMPHJBFGBDJMJUBÎÍPEF8PSLTIPQTEFGPSNBÎÍP (s). O trabalho será executado na base de um contrato de consultoria.
e disseminação;
t $POUSJCVJSQBSBQSPEVÎÍPEFSFMBUØSJPTQFSJØEJDPT j5(#./,-
t $PPSEFOBÎÍPEBTBDUJWJEBEFTDPNPDPOTVMUPSFTQFDJBMJTUBJOUFSOBDJPOBM Pessoas interessadas devem submeter a sua candidatura, com CV, fotografia, docu-
,ŀ&95 mentação das habilidades académicas e referencias até ao dia 22 de Junho 2014, a/
t 1SFGFSFODJBMNFOUF NFTUSBEP FN FDPOPNJB
mOBOÎBT QÞCMJDBT
DPOUBCJMJEBEF F cSra.Julia Oberreiter, no Escritório do Banco Mundial, Avenida Kenneth Kaunda,
gestão públicae ciências sociais; Maputo, ou enviado, via email à [email protected].
t 1FMPNFOPTTFUF
BOPTEFFYQFSJÐODJBQSPmTTJPOBM
JODMVJOEPBPOÓWFMEFBV-
tarquias; O Banco Mundial é uma entidade empregadora que salienta oportunidadesiguais
t 'BNJMJBSJEBEFDPNBMFHJTMBÎÍPSFMFWBOUFFEFTFOWPMWJNFOUPNVOJDJQBM em termos de género e que encoraja candidaturas femininas.
14 Savana 06-06-2014 Savana 06-06-2014 15
NO CENTRO DO FURACÃO
L
ogo após a sua tomada de não podemos fazer cidades bonitas controlar as manobras do nosso ad- termo à tensão político-militar todos os fundos que têm a ver com
posse, embarcou numa em África? Nós não somos enteados versário, porque ele, neste momento, em Moçambique? investimentos.
espécie de campanha de de Deus, somos filhos de Deus, ape- está preocupado em ganhar as elei- Isto é um jogo. Qualquer cidadão Estamos a pressionar, mas também
demolições. Qual é a legi- nas a diferença é que temos que nos ções de forma fraudulenta e não de que possa compreender o processo estamos a fazer o nosso trabalho de
timidade dessa acção? organizar e copiar as boas práticas forma democrática, impedindo que negocial em curso vê que não tem casa, porque também há algumas exi-
Se o senhor fizer uma sondagem que nos outros cantos desse planeta a vontade do povo seja expressa nas nada a ver com negociação séria. gências que eles já aprovaram, e esta-
ao nível da cidade, verá o nível de se fazem. Nós vamos continuar com urnas. Em negociação, é preciso resolver mos apostados em cumprir com essas
apoio popular a essas decisões. As o reordenamento territorial. Quem A nossa preocupação é controlar o determinada situação. exigências e, esperamos que, de facto,
medidas que tenho vindo a tomar violar as normas municipais será san- processo eleitoral em todo o território Eu não tenho a capacidade de ler nos canalizem aquilo que é do nosso
são de consertar o que realmente cionado. Nós não estamos aqui para nacional, incluindo na capital do país, o que se passa ali, porque os dois direito, que não é um favor.
foi estragado. Neste momento, comprar votos. onde ganhámos nas urnas, nas autár- jogadores são imprevisíveis. O que Só para ter uma ideia, foi anunciado
estamos envolvidos no processo O presidente é membro de cartão do quicas e, à última da hora, fizeram a eles decidem e quais são as suas um valor de doze milhões de meticais
de desenvolvimento de um plano MDM? manobra que (os da Frelimo) fizeram intenções ao fundo não vem a pú- para o fundo de estradas. Eu não sei o
para zonas de expansão com orde- Sim. Sou membro efectivo do MDM. para reverter a vontade do povo. Es- blico, ninguém conhece. que posso fazer com essa verba, talvez
namento territorial, no verdadeiro O MDM tem condições para ir- peramos construir uma capacidade É lamentável que isto esteja a um ou dois quilómetros.
sentido da palavra, ruas abertas, radiar a sua projecção para toda a que possa conferir maior controlo acontecer e que as pessoas este- Quando tomou posse, tornou pú-
espaços para jardins, campos de província de Nampula, a partir deste para que as manobras de batota não jam a morrer, porque os dois lados blica uma dívida avaliada em mais
futebol, comércio e habitação. Ci- município que já controla? avancem. querem defender os seus interes- de vinte milhões de meticais. Que
dade é isto e nós não nos podemos Perfeitamente. Não é só na província Temos capacidade suficiente para ir- ses e não interesses do povo, de- procedimentos foram tomados para
sentir diminuídos, porque não te- de Nampula, mas em todo o país. Este radiar a nossa força mobilizadora para safio os protagonistas desta situa- colmatar a situação?
mos capacidade para fazer isso. Se é um dado adquirido. Nós agora não que todos optem pelo nosso projecto ção a fazerem um referendo para Foi apresentada uma dívida de mais
os outros fazem, nós também po- estamos preocupados em convencer de governo, que respeita as pessoas. perguntar se o povo quer a guerra de vinte milhões de meticais, cla-
demos fazer. Se na Europa e nos as pessoas, porque elas já estão sen- Além de autarca, é cidadão. Como ou a paz. Esta situação demonstra ramente identificada. O que nós fi-
Estados Unidos se faz, porque nós sibilizadas. Estamos preocupados em olha para as negociações visando pôr uma estupidez. zemos foi avançar com cartas para
Vista parcial de uma das principais vias da cidade de Nampula os credores a informar que nós não “Tenho uma relação saudável com a governadora”
16 Savana 13-06-2014
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ANÚNCIO DE CONSULTORIA
Capacitação dos Parceiros em Advocacia e Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação
No âmbito do Programa AGIR (Acções para uma Governa-
ção Inclusiva e Responsável), a Oxfam pretende reforçar a II. REQUISITOS PARA A CANDIDATURA
capacidade dos seus parceiros na componente de advoca-
cia e no uso das tecnologias de informação e comunicação 1tYHOGHVXSHULRUHP&LrQFLDV6RFLDLV
(TICs). Assim, pretende contratar uma consultoria (indivi- ([SHULrQFLDGHPDLVGHDQRVHPIRUPDomRFDSDFLWDomR
dual ou empresarial) para capacitar os seus parceiros nessa GH2UJDQL]Do}HVGD6RFLHGDGH&LYLO
matéria. &RQKHFLPHQWRVVyOLGRVHPDGYRFDFLDHXVRGH7,&V
)RUWHVKDELOLGDGHVGHFRPXQLFDomRRUDOHHVFULWDHP3RU-
I. OBJECTIVO DA CONSULTORIA WXJXrV
O objectivo desta capacitação é reforçar a capacidade dos )OXHQWHQDOtQJXDLQJOHVDpYDQWDJHP
parceiros na componente de advocacia e uso de tecnologias
de informação e comunicação para o trabalho de monitoria III. APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
GDJRYHUQDomR(VSHFLÀFDPHQWHDFRQVXOWRULDYLVD
)DFLOLWDU XP ZRUNVKRS RX GLDV VREUH DGYRFDFLD H Os interessados poderão apresentar propostas (técnicas e
uso de TICs; ÀQDQFHLUDVDWpRGLDGH-XQKRGHDRVHJXLQWHHQ-
$MXGDURVSDUFHLURVDGHVHQKDUHPRVVHXVSODQRVGHDG- dereço, ao qual também podem ser solicitados os Termos
vocacia nas suas respectivas áreas temáticas de actuação; GH5HIHUrQFLD(VFULWyULRGD2[IDPHP0RoDPELTXH5XD
'DU H[SOLFDo}HV WHyULFDV H SUiWLFDV VREUH FRPR XVDU DV GR3DUTXH%DLUURGD6RPPHUVFKLHOG&DL[D3RVWDO
7,&V)DFHERRN7ZLWWHU,QVWDJUDP:KDWWVDSSHWFSDUD 0DSXWR RX SDUD R HPDLO [email protected] e
o trabalho de advocacia. [email protected]
2º ANIVERSÁRIO
6RPRV XPD 2UJDQL]DomR QmRJRYHUQD-
mental moçambicana de âmbito nacional
HFRPVHGHHP0DSXWR)RPRVUHFRQKH-
FLGRV SHOR 0LQLVWpULR GD -XVWLoD QR GLD
HGHOijHVWDSDUWH
&ULDPRVRVLQVWUXPHQWRVTXHRULHQWDP
nosso funcionamento interno, pois es-
WmR HP LPSOHPHQWDomR R 0DQXDO GH
3URFHGLPHQWRV )LQDQFHLURH R5HJXOD-
PHQWR,QWHUQRGRVÐUJmRV6RFLDLVH3HV-
soal.
2EVHUYDQGR R SULQFtSLR ´&RPHoDU SH-
queno e crescer gradualmente” esta-
mos operando nos sectores de educa-
omRHGHVHQYROYLPHQWRHFRQyPLFRORFDO
no âmbito do processo de descentrali-
]DomRHRXSODQLÀFDomRHÀQDQoDVGHV-
centralizadas e temos estado a alcançar
resultados positivos do nosso trabalho.
3DUFHLUR
Savana 13-06-2014 17
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2VYDORUHVDORFDGRVjVFRPXQLGDGHVUHIHUHQWHVDRVGHH[SORUDomRGRVUHFXUVRVÁR- Pelas entrevistas realizadas e observações colhidas no terreno, tudo aponta para uma
UHVWDLVVmRLQVLJQLÀFDQWHVSULQFLSDOPHQWHWHQGRHPDWHQomRRVPRQWDQWHVGDVWD[DVGH situação de exploração muito acima dos limites legais e ambientais, com impactos eco-
H[SORUDomRÁRUHVWDOHPYLJRUDWpjDFWXDOL]DomRRSHUDGDDWUDYpVGR'LSORPD0LQLVWH- QyPLFRVVRFLDLVHDPELHQWDLVTXHSRGHUmRVHUVLJQLÀFDWLYRV2VGDGRVUHFROKLGRVUH-
ULDOQGHGH1RYHPEURSHORTXHQmRIRUDPVXÀFLHQWHVSDUDGHVHQYROYHU velam uma preocupação com a obtenção rápida e imediata de lucro fácil, independen-
DFWLYLGDGHVTXHYHQKDPDEHQHÀFLDUGHIRUPDVXVWHQWiYHODVFRPXQLGDGHSRUTXHQmR temente dos danos ambientais nos ecossistemas.
FRQWtQXRVQRWHPSRSHORYDORUTXHFKHJDjVFRPXQLGDGHVHSHODJHVWmRGRVUHFXUVRV
SDUDDOpPGHQmRFRUUHVSRQGHUHPRYROXPHGRVUHFXUVRVÁRUHVWDLVH[SORUDGRVGDVFR- Um aspecto importante que deverá ser observador é a sustentabilidade do actual mo-
munidades. GHORGHEHQHÀFLDomR,VWRpFDGDFRPXQLGDGHUHFHEHEHQHItFLRVHPIXQomRGDVDFWLYLGD-
GHVGHH[SORUDomRÁRUHVWDOOLFHQFLDGDVQDVUHVSHFWLYDViUHDV2UDQRFDVRGDVOLFHQoDV
'DSHVTXLVDUHDOL]DGDFRQFOXLVHDLQGDKDYHUXPGHVIDVDPHQWRHQRUPHHQWUHRYDORU VLPSOHVHODVWLQKDPFDUiFWHUSRQWXDODWpjHQWUDGDHPYLJRUGR'HFUHWRQGH
HFRQyPLFR GRV UHFXUVRV ÁRUHVWDLV FRP GHVWDTXH SDUD RV YDORUHV À[DGRV SHORV FRP- GH$JRVWRLVWRpDFRQWHFHUHPQXPGHWHUPLQDGRDQRHXPDYH]HVJRWDGRRUHFXUVR
SUDGRUHVGHPDGHLUDDRVRSHUDGRUHVÁRUHVWDLVRVYDORUHVGHH[SRUWDomRHRPRQWDQWH QmR YROWDUDP D UHDOL]DUVH$VVLP VHQGR R YDORU D UHFHEHU Mi SRU VL H[tJXR QmR VHUi
HIHFWLYDPHQWHDORFDGRjVFRPXQLGDGHVORFDLVRTXDOHVWiLQGH[DGRjVWD[DVGHOLFHQFLD- UHIRUoDGRQRVDQRVVHJXLQWHVGHPRGRDSHUPLWLUFRQVWUXLUFRQFHEHUDOJRFRPLPSDFWR
PHQWRÁRUHVWDO VLJQLÀFDWLYRHPWHUPRVGHGHVHQYROYLPHQWRORFDO
(VWHGHVIDVDPHQWRUHÁHFWLGRQDVUHGX]LGDVTXDQWLDVTXHVmRDQXDOPHQWHGLVWULEXtGDV 2SODQRGHPDQHLRDSHQDVpFXPSULGRDRQtYHOGRVIRUPDOLVPRVSDUDROLFHQFLDPHQWR
SHODVFRPXQLGDGHVDVVRFLDGRjFRPSOH[LGDGHGRSURFHVVRHPDFHGHUjVPHVPDVFRQ- como imposição legal. Tal medida não é monitorado e, nas áreas abrangidas pela pes-
WULEXLSDUDRFRUWHHFRPHUFLDOL]DomRLOHJDOGHUHFXUVRVÁRUHVWDLVSHUSHWUDGRVSRUPHP- TXLVDQLQJXpPHVWiDUHSRYRDU0HVPRFRPRVGDWD[DGHUHSRYRDPHQWRTXHVH
bros das comunidades locais. Isto é, tendo presente que o dinheiro proveniente do corte UHWpP QD SURYtQFLD SDUD JDUDQWLU TXH KDMD XP UHSRYRDPHQWR RV GLVWULWRV QmR UHEHP
LOHJDOpVLJQLÀFDWLYDPHQWHVXSHULRUHSURQWDPHQWHGLVSRQLELOL]DGRSHORRSHUDGRUFRP estes valores, senão em forma de plásticos para sementeira de viveiros. Tem faltado or-
RXVHPOLFHQoDWRUQDSUHIHUtYHOGRTXHDJXDUGDUSHORVUHFXUVRVFDQDOL]DGRVRÀFLDOPHQ- oDPHQWRSDUDGDUFXPSULPHQWRjVDFWLYLGDGHVGHUHSRYRDPHQWRÁRUHVWDOPHVPRFRP
te e em tempo remoto. UHODomRjVÁRUHVWDVFRPXQLWiULDVQDVHTXrQFLDGDLQLFLDWLYDSUHVLGHQFLDO
Por outro lado, os valores recebidos são normalmente despendidos na realização de 9HULÀFDVHDLQGDXPGHVIDVDPHQWRHQWUHDVDFWLYLGDGHVGHOLFHQFLDPHQWRGHFRUWHHIHF-
LQIUDHVWUXWXUDVFXMDREULJDomRGHSURYLGHQFLDUFRPSHWHDRSUySULR(VWDGR²*RYHUQR WLYRHGHÀVFDOL]DomRGHVGHRVÀVFDLVGHÁRUHVWDVHIDXQDEUDYLDHRVDJHQWHVFRPXQL-
QRPHDGDPHQWHHVFRODVVDODVGHDXODVSRVWRVGHVD~GHRXIRQWHQiULRVIXURVRXHQWmR WiULRVGHÀVFDOL]DomR$OLiVXPDGDVFDXVDVGRVLQVLJQLÀFDQWHVEHQHItFLRVREWLGRVQDV
QDDTXLVLomRGHPDWHULDLVGHFRQVWUXomRFRPDVFKDSDVGH]LQFRFRPRRFDVRPDLVWtSL- FRPXQLGDGHVQRkPELWRGDH[SORUDomRGRVUHFXUVRVÁRUHVWDLVpDDXVrQFLDGDÀVFDOL]D-
co), que acabam armazenados aguardando o reforço de valores que permitam construir ção e envolvimento das comunidades nos processos.
o que a comunidade idealizou.
Em termos positivos, a pesquisa revelou haver uma melhoria administrativa na cana-
$LQGDDVVLPVHMDSRUYLDGRFXPSULPHQWRGDVSURPHVVDVIHLWDVSHORVRSHUDGRVÁRUHV- OL]DomR GRV GHPRQVWUDQGR R IXQFLRQDPHQWR GH XPD PiTXLQD KLHUDUTXLFDPHQWH
WDLVQDVFRQVXOWDVFRPXQLWiULDVVHMDDWUDYpVGDFDQDOL]DomRGRVDVLQIUDHVWUXWXUDV RUJDQL]DGDTXHXWLOL]DR*RYHUQR'LVWULWDORVSRVWRVDGPLQLVWUDWLYRVHDVORFDOLGDGHV
erguidas, como escolas, postos de socorros ou sede dos comités de gestão de recursos EHP FRPR RV &RPLWpV GH *HVWmR GRV 5HFXUVRV 1DWXUDLV DWp FKHJDU jV FRPXQLGDGHV
naturais, como pela qualidade das construções com recurso a materiais locais e do fabri- EHQHÀFLiULDV8PDGDVUD]}HVTXHSDUDTXHWDOHVWHMDDDFRQWHFHUSUHQGHVHFRPRFDUiF-
co, com o risco de desabamento a qualquer momento. WHUREULJDWyULRDGYLQGRGDSUHYLVmROHJDORTXHQmRDFRQWHFHUHODWLYDPHQWHjVGHPDLV
PRGDOLGDGHVGHFDQDOL]DUEHQHItFLRVDGYLQGRVGDH[SORUDomRÁRUHVWDO
No campo das consultas comunitárias, constatou-se que estas servem normalmente
DSHQDVSDUDOHJLWLPDURDFHVVRGRVRSHUDGRUHVDRVUHFXUVRVÁRUHVWDLVSUHWHQGLGRVFRPR &RPRUHFRPHQGDo}HVGRSUHVHQWHHVWXGRLQGLFDPVHDVVHJXLQWHV
cumprimento de uma mera formalidade legal, e não como ferramenta para o desenho 5HYHUDOHJLVODomRVREUHRVGHEHQHItFLRVSDUDDVFRPXQLGDGHVGHFRUUHQWHVGDV
GH XPD SDUFHULD GH GHVHQYROYLPHQWR FRP JDQKRV SDUD DPEDV DV SDUWHV YXOJR ZLQ- WD[DVGHH[SORUDomRÁRUHVWDOHIDXQtVWLFDUHWLUDQGRDLQGH[DomRGHVWDSHUFHQWDJHP
ZLQ$VSURPHVVDVDVVXPLGDVQDVFRQVXOWDVFRPXQLWiULDVQmRVHUHDOL]DPQDPDLRU UHODWLYDPHQWH jV WD[DV GH OLFHQFLDPHQWR VXEVWLWXLQGR SRU XP PHFDQLVPR TXH D
parte das vezes e, quando concretizadas, mais não são do que uma réplica da aplicação aproxime do valor da madeira no mercado.
GRV'DLTXHQRVHQFRQWURVUHDOL]DGRVHPWRGDVFRPXQLGDGHVYLVLWDGDVIRLQRWy- &RQGLFLRQDUDVDFWLYLGDGHVGRVRSHUDGRUHVÁRUHVWDLVjFHOHEUDomRGHDFRUGRVUHGLJL-
rio o descontentamento ou frustração de membros das comunidades, por causa das dos por escrito, nos quais constem as obrigações de parte a parte.
SURPHVVDV QmR FXPSULGDV DWULEXLQGR DRV RSHUDGRUHV D UHVSRQVDELOLGDGH GH ´URXEDU 5HIRUoDUVXEVWDQFLDOPHQWHRVPHLRVHPpWRGRVGHÀVFDOL]DomRGDVDFWLYLGDGHVÁRUHV-
madeira a troco de praticamente nada” (expressão local amplamente utilizada). tais, de modo a reduzir ou eliminar o corte e comercialização ilegal de madeira.
,QWURGX]LUXPDPHGLGDTXHGHWHUPLQHDDSOLFDomRGDPDGHLUDDSUHHQGLGDQRPH-
A formação dos Comités de Gestão de Recursos Naturais (CGRN), foi acompanhada por lhoramento das infraestruturas sociais das comunidades, com especial enfoque nas
enorme expectativa, tendo presente a ideia que uma comunidade melhor organizada, escolas e unidades de saúde.
contribuiria determinantemente para a gestão sustentável dos recursos naturais. Porém, &ULDUHRXUHYLWDOL]DURV&RPLWpVGH*HVWmRGRV5HFXUVRV1DWXUDLVGHPRGRDUHIRU-
a actuação dos comités tem vindo a manifestar-se aquém do expectável, limitando-se, çar a sua actuação e intervenção na protecção e conservação dos recursos naturais,
VDOYRDOJXPDVH[FHSo}HVDGLVFXWLURGHVWLQRDGDUDRVYDORUHVUHFHELGRVDWtWXORGRV LQFOXLQGRDJHVWmRGRV
GDVWD[DVGHOLFHQFLDPHQWRGDVDFWLYLGDGHVGHH[SORUDomRÁRUHVWDO$LQWHUYHQomR ,QWURGX]LUQRTXDGUROHJDODREULJDomRGHGHVWLQDUDPDGHLUDDEDQGRQDGDTXHWHQKD
GRVFRPLWpVQDSURWHFomRHFRQVHUYDomRGRVUHFXUVRV&*51UHYHODVHWtPLGDHLPSR- sido apreendida, para o fabrico de mobiliário escolar nos lugares onde o recurso
WHQWHSDUDSRUFREURDRVGHVPDQGRVSHUSHWUDGRVSRUDOJXQVRSHUDGRUHVÁRUHVWDLV$OpP tenha sido explorado.
GR PDLV Ki FDVRV GH FRPXQLGDGHV EHQHÀFLiULDV VHP TXH WHQKD VLGR FULDGR TXDOTXHU
CGRN.
0HPEURGR205
18 Savana 13-06-2014
OPINIÃO
EDITORIAL Cartoon
A
nacional. E sendo este o caso, então não merece estar à frente
Levi tinha 13 anos. Na es- no campo de concentração de Aus- campos de concentração nem os co-
dos destinos das finanças públicas de um país.
tante, muito antiga, de pau- chwitz-Birkenau e pelas histórias dos nhecimentos que obtive alguns anos
O debate sobre a distribuição equitativa dos recursos nacionais -preto, carcomida, que havia muitos personagens que aí encontrou. mais tarde, a ler livros de história
não pretende, de forma alguma, sugerir que todos nós tenha- em casa, podíamos encontrar livros Os sofrimentos infligidos aos prisio- do século XX e da Segunda Guerra
mos que ser iguais. Continuará a haver grandes diferenças na de Machado de Assis, de Ramalho neiros, a brutalidade da SS, os traba- Mundial. Para mim, o livro tinha va-
sociedade. Como acontece mesmo naqueles países que até são Ortigão e uma abundante quantidade lhos forçados e o frio, de que Primo lido por si, sem interpretações, sem
considerados exemplos de justiça social no mundo. de livros de Psiquiatria. Ler não era, Levi falava como parte do quotidiano intermediários, sem comentários. Eu
Igualdade social simplesmente significa que não haja numa so- contudo, uma prática comum naquela nesse campo, marcaram-me sobrema- podia, agora, integrá-lo, por aquilo
casa. Meu pai falava-nos várias vezes neira. Nunca me esqueci da imagem que representou para mim, em mui-
ciedade pessoas que involuntariamente passem um dia sem uma da importância dos livros e nós nunca do comboio a chiar nos carris a ca- tas das propostas de definição de um
das três refeições convencionais. Que todos tenham uma re- líamos. As escolas onde estudei, o pri- minho do campo, das selecções dos clássico elaboradas por Calvino em
compensa justa pelo seu trabalho, habitação condigna, um meio mário e o secundário, não tinham bi- “aptos” e daquela frase que encima o Por Que Ler os Clássicos, mas cito
ambiente saudável, acesso à água, energia, educação, segurança, bliotecas. O incentivo que poderia vir portão do campo de Auschwitz “Ar- uma: “os clássicos são livros que exer-
protecção e todas aquelas condições que tornam a vida do ser da escola não havia. No bairro, onde beit macht frei” (O trabalho liberta). cem uma influência particular quando
humano digna. Nada mais, nada menos do que isso. E que estas as brincadeiras invariavelmente eram Perguntava-me como é que tudo se impõem como inesquecíveis e tam-
jogar à bola e berlindes, era impossível aquilo tinha sido possível. Uma enor- bém quando se ocultam nas dobras
condições sejam possíveis no nosso país, não pode ser condi-
contactar com livros. Como poderia, me comiseração me acercava quando da memória, mimetizando-se como
ção para impedir que haja pessoas que tenham dezenas de casas então, um adolescente tornar-se leitor lia, imaginava-me em idêntica situa- inconsciente colectivo ou individual”.
de luxo espalhadas por todos os cantos do mundo, que tenham nessas circunstâncias? Ter livros em ção e pensava se sobreviveria. Se Isto É um Homem foi para mim
dezenas de viaturas de luxo parqueadas nas suas garagens, que casa faz alguma diferença. No meu Se Isto É um Homem começa por esse livro inesquecível, ocultado nas
tenham capacidade de passar férias nos mais requintados resorts caso, fez toda a diferença. Era quase ser essa história de sobrevivência de
dobras da memória.
deste mundo, mesmo que toda essa riqueza provenha de fontes impelido a olhar para os livros todos um prisioneiro, judeu italiano, preso
Alguns anos mais tarde, um pouco
os dias, desde que passasse pela sala, em 1943. É a história de um homem
duvidosas. mais sabedor, um pouco mais curioso,
e tinha de os limpar quando era cha- que todos os dias, nas condições mais
Quando se traz ao de cima o debate sobre a necessidade de uma soube que à altura da sua publicação
mado para essa obrigação. Foi nesses agrestes, vai actuando no melhor que
justiça social, está se simplesmente a exigir que os governantes o livro tivera um número modesto de
exercícios meio forçados de contacto pode e dentro do que as circunstân-
pautem pela prudência na gestão dos recursos públicos, que es- exemplares vendidos, ganhando leito-
que comecei a ser leitor. Gostava de cias específicas do campo oferecerem
copiar frases espirituosas que usava para assegurar a sobrevivência, sem res e visibilidade só nos anos 60. Con-
tes não sejam desviados para fins alheios. Ninguém exige uma
em postais que oferecia às raparigas perder a humanidade. No livro, Pri- siderado pelos críticos como um dos
igualdade absoluta entre os cidadãos. Apenas que todos tenham retratos mais objectivos do terror nos
na escola. Depois comecei a folhear, a mo Levi nunca cede ao melodrama.
acesso justo às riquezas com que a mãe Natureza abençoou o campos nazis, Se Isto É um Homem
ler as badanas, e percebi que havia ali Esse é um dos méritos que os críticos
espaço físico que eles chamam de seu País. histórias por descobrir. Um dia caiu- apontam no texto. está traduzido para várias línguas.
Considerando que o vice-Ministro não estava a falar de iniciati- -me à mão Se Isto É Um Homem. O que mais me impressionou no livro, Se Isto É um Homem foi o livro mais
va própria, mas sim em articulação daquilo que é o pensamento Fiquei impressionado ao ler a sinopse. quando li pela primeira vez, era a des- importante no início da minha tra-
do partido e do executivo que representa, tornou-se mais fácil Era uma edição antiga, em capa azul, crição dos perfis dos muitos prisionei- jectória como leitor, com 13 anos, e
da Teorema. ros de Auschwitz, também a tentar, aquele que me apelou para as leituras
entender a atitude deste governo sobre a situação de penúria
Comecei a ler muitas vezes esse livro, cada um a seu modo, a sobrevivência. definitivamente. Lembro-me que le-
em que se encontram muitos moçambicanos. Ficou claro como vei algumas vezes o livro para a escola
mas nunca passava das primeiras pá- A descrição desses personagens tor-
é que, apesar da retórica no sentido contrário, as zonas rurais do ginas. Quando me decidi, finalmente, nava-se para mim num quadro com e os meus companheiros pergunta-
nosso país permanecem largamente negligenciadas, provocando li de uma assentada. Passei uma tarde as diferenças na forma de conceber vam que livro era aquele que eu não
este êxodo que transformou os centros urbanos moçambicanos inteira a ler. Mais tarde reli e a cada a sobrevivência num contexto como deixava. Eu ficava calado, não lhes
em gigantescos mercados informais, onde prolifera todo o tipo releitura a minha opinião sobre o livro aquele. O que cada um imaginava da contava nada do que acontecia dentro
de vícios, desde a prostituição (incluindo a infantil) até ao crime. solidificava-se. Lembro-me de o reler vida fora do campo, as memórias in- daquele muro onde se vivia o inferno.
Não podemos, mesmo, ser todos iguais! uma vez por não ter livros para ler. dividuais, as famílias que tinham sido Quando tive que me mudar para Ma-
Se Isto É um Homem agradara-me obrigados a deixar. puto, um dos livros que levei foi Se
pelas estratégias de sobrevivência Quando li Primo Levi ainda não ti- Isto É um Homem.
A
a levar o seu marido para terra
fesa, foi salvo pela sacudidela da sobre estes hábitos, ela respondia mistério. der de dominação composto da
onde vocês nasceram, lá há um
mulher. Ele libertou-se quando muita altiva: Foi provavelmente em violência e do consentimento,
poço, leve o seu marido todos os
os cães lhe deram a primeira “deixe lá estar mãe, o homem que me linha com esse misté- “a força determinante não é a
dias de madrugada e obrigue-o a
dentada, despertou, mas não engravidou fugiu de mim antes mes-
olhar para o fundo do poço, ele rio que, numa formulação rude violência dos dominantes, mas
soube dizer logo onde é que se mo de o Casimiro nascer e a mamã
vai perder o medo do escuro e e impressionista, Immanuel o consentimento dos domina-
encontrava, porquê e para quê. não disse nada. Deixe-me curtir
dos locais fechados. Se isto não Kant escreveu no século XVIII, dos à dominação”.
A mulher levantou-se, ligou a aqueles prazeres que me dão alguma
luz e voltou para cama, pôs- alegria, gosto de música e gosto mais resultar, corte-lhe o pescoço. num dos seus livros, que “o ho- Talvez não seja descabido en-
-se sentada e disse num tom ainda de dançar”. Ela respondeu: farei como diz, mem é um animal que, a partir contrar nas pessoas, sobretudo
que não admitia réplica: Balate Foi assim que Casimiro Balate pas- mas dispenso a ida ao poço, vou do momento em que vive entre quando empobrecidas – ou em
tens que ir ao hospital. Já estou sou a infância e adolescência com to- entrar directamente no plano outros indivíduos da mesma risco disso -, uma especial pro-
farta desses teus pesadelos. Ele das as sextas e sábado de noite fecha- “b”. Daqui a um mês, o senhor espécie, tem necessidade de um pensão a compensar ou a so-
respondeu, sim compreendo, já do num quarto sozinho, às escuras. pode ver a página necrológica senhor”. brecompensar a inferioridade
estamos juntos há trinta anos e Ganhou medo dos sítios fechados e dos jornais se lá não estiver a Mas, como se desnudando o social com a aceitação da or-
isso não passa. Tudo isto está a escuros, um medo que o acompanhou foto do meu marido, então ter- mistério, Maurice Godelier dem dos fortes e/ou com a bus-
ficar muito complicado. ao longo de toda a sua existência até -me-ei suicidado. observou, numa fórmula pro- ca reverencial de um salvador.
20 Savana 13-06-2014
OPINIÃO
uso da violência sexual na guerra é uma das nesta Cimeira, vamos lançar o primeiro Protocolo In-
Números aterradores
irculam na Net números aterradores de baixas, en-
O grandes injustiças da nossa vida. É difícil do-
cumentar, muito menos investigar. Os autores
deste mal não discriminam, porque não se tra-
ta de sexo, mas sim de violência, terror, poder e contro-
lo. Quando o estupro é cometido durante o conflito,
ternacional sobre a Documentação e Investigação da
Violência Sexual nos Conflitos. O documento deverá
ajudar os investigadores a preservarem informações e
provas resultantes dos ataques, melhorarem as opor-
tunidades de que os responsáveis sejam devidamente
SACO AZUL
Por Luís Guevane
$,5(;pXPD21*LQWHUQDFLRQDOVHPÀQVOXFUDWLYRVTXHDWUDYpVGDOLGH- $,5(;pXPD21*LQWHUQDFLRQDOVHPÀQVOXFUDWLYRVTXHDWUDYpVGDOLGH-
UDQoDHSURJUDPDVLQRYDGRUHVSURPRYHXPDGXUDGRLUDPXGDQoDSRVLWLYDD UDQoDHSURJUDPDVLQRYDGRUHVSURPRYHXPDGXUDGRLUDPXGDQoDSRVLWLYDD
QtYHOPXQGLDO1yVFULDPRVFRQGLo}HVHSRVVLELOLWDPRVLQGLYtGXRVHLQVWLWXL- QtYHOPXQGLDO1yVFULDPRVFRQGLo}HVHSRVVLELOLWDPRVLQGLYtGXRVHLQVWLWXL-
o}HV ORFDLV D FULDU HOHPHQWRVFKDYH GH XPD VRFLHGDGH YLEUDQWH HGXFDomR GH o}HVORFDLVDFULDUHOHPHQWRVFKDYHGHXPDVRFLHGDGHYLEUDQWHHGXFDomRGH
TXDOLGDGHLPSUHQVDLQGHSHQGHQWHHFRPXQLGDGHVIRUWHV3DUDUHIRUoDUHVWHV TXDOLGDGHLPSUHQVDLQGHSHQGHQWHHFRPXQLGDGHVIRUWHV3DUDUHIRUoDUHVWHV
VHFWRUHVRQRVVRSURJUDPDGHDFWLYLGDGHVWDPEpPLQFOXLDUHVROXomRGHFRQ- VHFWRUHVRQRVVRSURJUDPDGHDFWLYLGDGHVWDPEpPLQFOXLDUHVROXomRGHFRQ-
ÁLWRVWHFQRORJLDVSDUDRGHVHQYROYLPHQWRTXHVW}HVGRJpQHURHDMXYHQWXGH ÁLWRVWHFQRORJLDVSDUDRGHVHQYROYLPHQWRTXHVW}HVGRJpQHURHDMXYHQWXGH
O Programa Para Fortalecimento da Mídia convida estudantes de O Programa Para Fortalecimento da Mídia convida estudantes de
jornalismo interessados em concorrer para 20 vagas disponíveis MRUQDOLVPRLQWHUHVVDGRVHPFRQFRUUHUSDUDYDJDVGHHVWiJLRSURÀV-
para o curso Prático de Telejornalismo na IREX. A formação tem a sional na IREX. O processo de aprendizado tem duração de 6 meses e
duração de 6 meses e inclui aulas teóricas, actividades de campo e visa prestar apoio em conhecimentos e habilidades técnicas, facilitar
produção de reportagens que serão exibidas na televisão. Veja os ví- RQHWZRUNLQJSURÀVVLRQDOHSUHSDUDURHVWDJLiULRSDUDRPHUFDGRGH
deos da última formação no canal IREX MOZAMBIQUE no www. trabalho. Admite-se candidaturas de estudantes do terceiro ou quar-
youtube.com/irexmocambique. to anos, ou ainda recém graduados, dos cursos de Jornalismo ou Ci-
Os candidatos devem enviar um e-mail com a palavra TELEJORNA- ências da Comunicação.
LISMO escrita no campo de assunto para [email protected] com (a) Os candidatos devem enviar um e-mail com a palavra ESTÁGIO es-
uma carta de motivação e (b) um currículo vitae apenas. Submissões crita no campo de assunto para [email protected] com (a) uma carta
que não seguirem estes procedimentos, serão automaticamente des- de motivação e (b) um currículo vitae apenas. Submissões que não
TXDOLÀFDGDV2HPDLOGHYHVHUHQYLDGRDWpRGLDGH-XQKRGH VHJXLUHPHVWHVSURFHGLPHQWRVVHUmRDXWRPDWLFDPHQWHGHVTXDOLÀFD-
das. O email deve ser enviado até o dia 18 de Junho de 2014. Todos
Todos os candidatos apurados na primeira fase serão contactados
os candidatos apurados na primeira fase serão contactados para a
para a entrevista que terá lugar no dia 23 de Junho de 2014. O estágio
entrevista que terá lugar no dia 23 de Junho de 2014. O estágio inicia
inicia no dia 1 de Julho de 2014.
no dia 1 de Julho de 2014.
Para mais informações, por favor, acesse o www.irex.org.mz
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22 Savana 13-06-2014
DESPORTO
O
actual presidente da Fe- erros do último mandato, mas, para mente o primeiro mandato de Mab-
deração Moçambicana de o nosso sucesso, precisamos também jaia.
Basquetebol (FMB), Fran- do apoio das associações porque sozi- Por sua vez, o presidente da Asso-
cisco Mabjaia, foi recondu- nhos não podemos fazer nada”. ciação Provincial de Basquetebol da
zido, no último fim-de-semana, por Relativamente ao encontro, Mabjaia Zambézia, Alfredo Ramos, afirma:
unanimidade, para mais um manda- explicou que nunca foi posta em cau- “a reeleição de Mabjaia nunca esteve
to na liderança daquela instituição. O sa a sua reeleição e que as associações em causa”, mas sim “o respeito pelas
acto aconteceu em Maputo, durante pediam apenas “mais atenção por associações”.
a IV Sessão da Assembleia Geral que parte da federação”. “O que a gente reclama é participa-
na prática não chegou a realizar-se. “Durante o momento de concerta- ção activa na construção do basque-
O processo foi marcado por alguns ção de ideias, debatemos as questões tebol nacional, não sermos considera-
protestos em relação a forma como o relacionadas com a alta competição, dos ATM`s onde se tira o dinheiro”,
processo foi conduzido e sem forma- formação de árbitros, entre outras rematou Ramos.
lidades, pois foi um voto directo sem matérias. O apoio financeiro foi um O líder da bola ao cesto na Zam-
Ilec Vilanculo
urnas nem boletins para o acto. dos problemas apresentados pelas as-
bézia avalia positivamente a gestão
O problema deveu-se ao facto de, no sociações. Portanto, depois do debate,
de Mabjaia nos últimos quatro anos,
princípio, o ponto referente à eleição dispensámos a eleição formal (uso
mas aponta: “o basquetebol não está
do novo corpo directivo da FMB Francisco Mabjaia continua como presidente da FMB
das urnas)”, explicou Mabjaia.
nos seus melhores momentos que há
ter sido contestado e retirado pelas O presidente reeleito indica: “a co-
alguns anos”.
associações alegando que ainda não municação é outra ferramenta pre-
fora do mandato”, disse Mabjaia. rio vivido hoje demonstrou que, o De referir que, devido a esta indefi-
era momento para que se realizasse ponderante para o sucesso”.
Porém, o facto é que depois da pri- que estava nas suas previsões não era nição da reeleição de Mabjaia, a IV
o pleito naquela agremiação porque, Mabjaia reclama, também, o facto
meira concertação de ideias, antes do real”, disse Dimane. Sessão Ordinária da Assembleia Ge-
no entender destes, “não houve es- de algumas associações não se terem
início da sessão (a pedido das associa- Na reunião de sábado, houve três sa- ral da FMB não se realizou, tendo fi-
paço para uma outra candidatura e legalizado e apela assim para a sua le-
ções), as mesmas não concordavam ídas para a concertação de ideias. A cado marcada para um dia, ainda por
nem campanha eleitoral” por parte galização de modo a que “possamos
com a eleição e demonstravam não primeira foi a pedido das associações, anunciar.
do candidato declarado, para além de ter um ambiente de trabalho são”.
ter simpatia com o seu presidente. em que depois pediu-se que o ponto A mesma tinha como pontos de
Para o presidente da Associação Pro-
que estando próximo do campeonato Para além da não existência de ne- referente à eleição do presidente fos- agenda: a apreciação e aprovação da
vincial de Basquetebol de Nampula,
mundial de basquetebol feminino, só nhum concorrente à presidência (o se retirado; a segunda foi a pedido da agenda da IV sessão; apresentação e
Albino Dimene, a reeleição demons-
depois desse evento é que se podia ter que é normal), estava, também, na FMB e a última foi a pedido do pre- aprovação da acta da III Sessão, apre-
trou a confiança que a sua agremiação
eleições. berlinda o facto de o presidente nun- sidente da FMB para reunir-se com tem em relação ao seu presidente. sentação e aprovação do relatório do
À frente destas contestações estavam ca se ter comunicado com as associa- as associações. Mesmo reconhecendo o facto de “o fim do mandato, aprovação e apre-
as Associações Provinciais de Nam- ções, nunca as ter ajudado em termos Foi a partir deste pedido, o mais lon- basquetebol ter decrescido nos úl- sentação da proposta do regulamento
pula, Cidade de Maputo e Zambézia, monetários, enquanto já recebeu vá- go (durou mais de uma hora e meia, timos cinco anos devido a questões eleitoral, eleição dos órgãos sociais da
que se debatiam com as de Niassa, rios apoios públicos. dos cinco minutos pedidos), que se estruturais”, Dimene avalia positiva- FMB e diversos.
Sofala, Tete e Manica (embora não Para o presidente da Associação Pro- devolveu o ponto referente à eleição
representada) que estavam a favor vincial de Basquetebol da Zambézia, do novo corpo directivo.
das eleições. Alfredo Ramos, nos últimos quatro Com o efeito, Francisco Mabjaia foi
Por sua vez, o presidente da FMB,
Francisco Mabjaia, contestou a ati-
anos em que Mabjaia foi presidente,
“não houve comunicação”.
reeleito, por unanimidade, para mais
um mandato, mesmo sem a campa-
Empresariado não apoia
tude dos seus filiados afirmando que Ramos vai longe, explicando: “a FMB nha eleitoral que era reclamada no
os mesmos é que tinham pedido para
que houvesse eleições, pois não que-
só se preocupa com as associações
quando se aproximam as eleições e
início pelas mesmas associações. Mas,
a eleição do mesmo foi condicionada
o basquetebol
riam que o actual elenco continuasse depois destas não faz nada”. à apresentação de um plano concreto -Lamenta, Kilito Sisco, treinador da Escola Nelson
a dirigir ilegalmente. Por sua vez, o presidente da Asso- de governação durante os próximos Mandela
“Na reunião realizada em Fevereiro, ciação Provincial de Basquetebol de 10 anos, que deverá ser implementa-
na Beira, os presidentes das Associa- Nampula, Albino Dimene, justificou: do em cem dias. Por: Zaqueu Massala
ções Provinciais (excepto o da Ci- “não queríamos que as eleições de- Para Francisco Mabjaia, a sua ree-
O
dade de Maputo, Gaza e Nampula corressem porque sentíamos que as leição demonstra a “confiança que treinador de basquetebol Kilito diz que consegue manter-se na
devido às suas ausências) pediram condições não tinham sido criadas”. as associações provinciais depositam da Escola Secundária modalidade graças aos esforços pes-
para que se realizasse as eleições, pois “Depois da reunião da Beira, o pre- em nós para darmos continuidade ao Nelson Mandela, Kilito soais.
não queriam que o órgão continuasse sidente ficou relaxado pensando que trabalho”. Basílio Sisco, mostra-se Num outro desenvolvimento, a fonte
a ser gerido por indivíduos estando tinha votos garantidos, mas o cená- Mabjaia garante: “iremos explorar os agastado por não receber nenhum disse ter tentado, por diversas vezes,
apoio por parte do empresariado pedir apoio ao empresariado local,
com destaque para a Mozal, incluin-
local para a massificação da moda-
do a FMB.
lidade.
Explicou ainda que existem muitos
Em conversa com o SAVANA, a
Tubarões querem chegar mais longe fonte revelou que um dos grandes
obstáculos para a realização das suas
jovens com talento mas que continu-
am a ser marginalizados, para além de
que não encontram espaço para pra-
O
Clube de Desportos Para além de Armindo Bila, o Clu- Mangane (vogal). Com os as- actividades é a falta de apoio, quer ticarem desporto ao nível dos bairros.
Tubarões de Maputo be Tubarões terá as seguintes caras: sociados, a actual direcção irá se das empresas locais, como do próprio Apesar das dificuldades de falta de
tem um novo presi- Rassul Faquir Mabasso e Frederico comunicar através de: Ezelina organismo que vela pela modalidade, apoio, a fonte disse que vai continu-
dente, o qual saíu das dos Santos, como vice-presidentes Magaia Machava (presidente); a FMB. ar a massificar o basquetebol, e como
eleições realizadas há dias. Tra- da área desportiva; Adérito Paco, Nádia Ismael Marcelino (vice- Conta que muitas vezes os atletas que prova disso, prevê abrir um centro
ta-se de Armindo Bila, que no vice-presidente da Administração e -presidente); Georgina Sónia participam no torneio de básquete de treinos de basquetebol dentro de
elenco anterior desempenhou Finanças, Epifánia Costa, secretária Mangane (secretária); Elma Ma- show, quando termina a época, eles
deira e Neta Bila Cossa (vogais). duas semanas.
as funções de secretário-geral. geral, Arnaldo Manjate, tesoureiro, e são marginalizados, porque não en-
José Massinga, José Almoço e Raquel O gabinete de imprensa é pre- contram enquadramento nos clubes.
Ele promete “dar continuidade
Chuquela (vogais). sidido por Custódio Mugabe;
ao trabalho dos seus antecesso- Acresentou que todos os esforços são
Atanásio Zandamela (vice-presi-
res e apostar na massificação da A assembleia geral será presidida por feitos de forma pessoal, sem nenhum
dente) e Abibo Selemane (vogal).
modalidade e produzir atletas Jeremias Cardoso da Costa, presi- apoio.
Este elenco foi eleito durante a
de calibre internacional capa- dente; Jorge Oliveira, vice, Luísa Bila, “No meu caso concreto, compro todo
assembleia geral do clube reali-
zes de ombrear e competir em secretária, e Alberto Wate e Leandro zada no dia 31 de Maio, em Ma- o material com o meu dinheiro, pois
eventos internacionais”. Mascarenhas (vogais). puto, cuja agenda foi a apresen- não recebo apoio de ninguém, faço
A outra aposta da direcção é a O conselho fiscal tem como figuras, tação e discussão dos relatórios isso por ser amante da modalidade”.
formação e reforço da equipa Emídio Marcelino (presidente), Gle- de actividades e de contas dos Aliás, segundo explicou, foi pratican-
técnica de modo a que “possa ter dson Guambe e Alexandre Chongola anos 2011, 2012, 2013; aprova- te de basquetebol e neste momento
um naipe de treinadores e moni- (vogais). ção do Orçamento para época está há 20 anos a trabalhar como trei-
tores com capacidades e habili- Jurisdicionalmente, o elenco é com- 2014/2015, e eleição de órgãos nador.
dades necessárias para formação posto por Manuel Pereira Antunes sociais para o período 2014- Durante a sua carreira disse ter ga-
de atletas com qualidade compe- (presidente); Mariamo Zamudine da 2017. nho um nacional de basquetebol re-
titiva nacional e internacional”. Costa (vice-presidente); e Orlando (Abílio Maolela) alizado em Nampula, para além de
alguns torneios. Kilito Sisco
Savana 13-06-2014 23
SOCIEDADE
A
circulação de material Contudo, no caso específico do pais e encarregados de educação já mente, por temerem que o pior se neste momento, está em curso uma
bélico na província de aluno, este foi prontamente de- retiraram, unilateralmente, os seus registe. Por seu turno, o Director investigação para responsabilizar os
Inhambane já é uma re- nunciado por um colega da turma. educandos daquele lar, suposta- distrital da Educação precisou que, negligentes.
alidade. O facto de nos Apercebendo-se do facto, a direc-
últimos dias, e só na cidade da Ma- ção da escola denunciou à Polícia.
xixe, a corporação ter recuperado, Neste momento, o aluno está sob
em dois momentos, vinte armas de investigação policial, mas em liber-
fogo de tipo AK 47 e mais de três dade. Para compreender melhor os
mil munições, que se encontravam contornos da investigação policial,
em mãos populares, torna o cenário a reportagem do SAVANA contac-
tou o Comando Distrital da PRM,
bastante grave. O material recupe-
mas fonte relevante disse que não
rado, disse uma fonte policial, esta-
era oportuno “avançar detalhes”
va em boas condições operacionais.
porque havia “questões técnicas a
O caso mais insólito deu-se há dias observar”.
na lendária Escola Secundária de Recorde-se que foi no internato
Cambine, onde um aluno que fre- da Escola Secundária de Cambine
quenta o segundo ciclo foi flagra- que, há duas semanas, eclodiu um
do em poder de uma munição que, surto de diarreia e vômitos, viti-
segundo especialistas, era de uma mando alunos da camarata mascu-
AK47. Mas este não é o único caso. lina. Foram 71 alunos que, depois
Um professor em conversa com o de consumirem uma refeição com-
SAVANA precisou que, “há muitas posta por xima e molho de carapau,
armas que andam à deriva na loca- aparentemente deteriorado, come-
lidade. Ver uma bala nas mãos de çaram a sentir-se mal tendo sido
um cidadão não constitui algo des- evacuados para várias unidades sa-
cumunal”, acrescentou. nitárias. Ao que apurámos, muitos
24 Savana 13-06-2014
CULTURA
A
águas.
concerto de lançamento do disco Hotel Polana, as pessoas foram informadas
duplo do músico Stewart Suku- que não havia discos suficientes pelo que Estendeu o braço para cima puxando até si a servente de bata colorida, suja e esfarrapada,
ma e convidados, acompanhados estes seriam entregues ao domicílio bas- com dois grandes bolsos e um desenho de garrafas de cerveja, encostada ao balcão.
pela banda Nkhuvu, marcou pela negativa o tando, para tal, preencher uma lista com o Movia-o uma missão simples, na verdade, duas, uma útil e outra agradável. Na noite an-
evento que teve lugar na última sexta-feira nome, contacto e endereço. terior, o vizinho de óculos grossos e bochechas carnudas interpelara-o com ar preocupado
no Hotel Polana, em Maputo. Minutos antes do início do concerto, houve e lacrimejando. Assustava-o o futuro, a educação fora abaixo, das estruturas caíam orien-
vozes que chegaram a levantar a hipótese tações descabidas, dia sim, dia sim, escreviam-se e executavam-se experiências inacabadas.
Primeiro, porque à entrada do local do de exigir a devolução do dinheiro com que Chatice! Parecia que os chefes viviam em outro planeta; enquanto se degradavam o ensino
concerto não recebiam o disco duplo, “Os obtiveram o bilhete, uma vez que, no seu e a moral, engordavam os dirigentes.
sete pecados capitais” e “Boleia africana”, tal entender, não se justificava a diferença no - As nossas crianças, coitadas, fogem da escola, perdem-se nos bares e tascas e barracas,
como foi prometido no acto da compra do tratamento quando as pessoas pagaram o em pleno período de aulas.
bilhete. Segundo, porque gerou-se uma li- mesmo valor pelas entradas. -…
geira confusão na tenda, onde os espectado- Os músicos souberam corresponder à ex- - Pobres criaturas! Representam um risco para o futuro deste país. Vizinho, acredite!
res surpreenderam-se com o facto de terem pectativa criada no público que, agastado
que assistir ao concerto de pé, uma situação com algumas situações inesperadas, come- Não acreditara, só podia ser exagero. Sabia-se que bebiam desde tenra idade, mas largar
supostamente não prevista. Isso obrigou a çava a mostrar sinais de impaciência com os professores e avançar para os copos também era demais; apesar de careca e fuinha não
que algumas pessoas buscassem cadeiras os organizadores do concerto e, sobretudo, tinha nada de burro. Numa sociedade degradada como aquela, onde os valores se haviam
nalguns compartimentos do hotel para se com o próprio Stewart Sukuma. invertido e ninguém se importara, boatos havia-os aos pontapés, cada um que se prevenis-
sentar durante o concerto. Apesar destes constrangimentos aliado ao se e distinguisse a palha do útil.
Apesar do esclarecimento, foi notório o atraso no início do espectáculo, o anúncio Em sua casa, por exemplo, o filho mais velho, rapaz na flor da idade, um amor de miúdo,
desagrado de muitos fãs e admiradores de da entrada de Stewart Sukuma ao palco, dedicava-se aos jogos de vídeo, à música e aos filmes, vinte e quatro sobre vinte e quatro.
Stewart Sukuma que à entrada da tenda do acompanhado pela banda Nkhuvu, fez re- Apontava-se-lhe um único vício, as sapatilhas caras e de marca.
espectáculo eram confrontados com o facto cuperar o ânimo entre os fãs que pouco a Por isso, era saudável, magro, olhos brilhantes e cara limpa. Não se metia em confusões e
de não serem VIP e terem que assistir ao pouco foram acompanhando os acordes nunca lhe batera à porta uma daquelas sirigaitas que só sugavam e extorquiam as parcas
concerto de pé. musicais. mesadas da rapaziada. Houvesse um puto às direitas era o seu, casa escola, escola casa,
Para além da reclamação pela falta dos Alguns temas como “Why”, o segundo da jamais falhara um minuto ou se desviara um milímetro das regras da boa educação.
discos, as pessoas que compraram bilhetes noite, conquistaram os corações dos pre- - Álcool? Nem pensar, para já o miúdo tem a minha cara, topava-lhe logo a paulada.
foram confrontadas com a existência de es- sentes que em uníssono fizeram o coro, Pediu uma ampola. Depois do segundo copo, assustou-se. Um grupo agitado, adolescen-
pectadores VIP e comuns quando essa dife- mostrando conhecerem algumas das mú- tes fardados, calça cinzenta e camisa castanha, irrompeu pela armação onde devia estar a
rença não foi anunciada aquando da venda sicas tocadas com uma excelente qualidade porta. A liderar, uma baixinha de cara redonda e brilhante, pernas volumosas, camisa fora
dos bilhetes. Entretanto, da organização sonora
das calças, sapatilhas sem atacadores, três brinquinhos em cada orelha, agitava os braços
deste evento soube-se que afinal os explicando em voz ensurdecedora.
espectadores VIP eram convidados - Aquilo é que é batida, curtir até chegar ao céu! Beber maningue, vomitar maningue,
do cantor ou então de empresas pa- rasgar maningue… Facha vor, pode vir aqui trazer-me uma beer?
trocinadoras que compraram bilhe-
tes e distribuíram, daí a diferença. Sentaram-se em cima de mesas e cadeiras. Dois, um de óculos escuros e músculos de hal-
A garantia de entrega de CD’s ao terofilista e outro de gorro e olhar felino, avançaram na sua direcção. O que viriam fazer?
domicílio foi dada pelo músico Os seus interiores começaram a tremer; ainda não se assustara, mas já a dupla se desviara
Stewart Sukuma depois de infor- para a casa de banho.
mado sobre a reclamação das pesso- Voltariam pelo mesmo caminho? Enterrou o chapéu até às sobrancelhas, afundou-se na
as que só souberam que não haveria cadeira, colou a cara ao chão. A cerveja tornara-se amarga, levantou a mão fazendo o sinal
discos já no “Polana”. a pedir a conta.
A organização do concerto de lan- Entrou uma nova turma, calça creme e camisa roxa. Desprendendo-se dos ombros e das
çamento do duplo disco do Stewart costas, as pastas vazias voaram para o chão. Na frente das ovelhas barulhentas, descontraí-
Sukuma afirmara que na compra de das e alegres, carregado por dois, o comandante ordenou que o pusessem em cima da mesa
um bilhete cada cliente teria direi- mais visível, ali, rápido!, no meio da plateia, para que o vissem, ouvissem e engolissem
to a um CD a ser entregue no local No concerto houve mistura entre o tradicional e o moderno devidamente. Tirou os minúsculos auscultadores dos ouvidos, bateu com o pé no plástico
branco, exigiu silêncio, rodopiou e vociferou.
- Marque as faltas que quiser, quantas o livro suportar. Resolveremos isso a bem ou a mal.
Calane da Silva eleito PCC do IILP No fim do ano, vendem-se sempre as consciências!
Ainda o silêncio não fora interrompido pela audiência e já a vivacidade desfizera qualquer
equívoco em repetidas proclamações.
escritor e académico moçambica- gógica de Maputo. É membro fundador da
O
- Alô aí, pôrra! Traz-me uma gelada, super cold, a chorar. Vou chupar uma caixa dedicada
no Calane da Silva foi eleito Pre- Associação dos Escritores Moçambicanos àquele tigre de papel que usa o tempo do Estado para falar da vida que lhe corre mal.
sidente do Conselho Científico do (AEMO), da Associação Moçambicana da Matreco!
Instituto Internacional da Língua Língua Portuguesa, do Sindicato Nacional - Ninguém acredita nas tretas do tipo!
Portuguesa, acto que teve lugar na última dos Jornalistas e do Instituto Nacional da - Danem-se, a pele e as dificuldades dele!
reunião do Conselho Científico, recente- Língua Portuguesa (IILP). Possui uma “Representam um risco para o futuro deste país”, a afirmação soltara-se do vizinho de
mente realizada na capital cabo-verdiana, vasta bibliografia publicada, entre obras óculos grossos. Fora na verdade uma tolice ignorá-lo e até achar a afirmação uma tirada
Praia. académicas e de investigação linguístico- descabida. Bom, contra tudo e todos, o ambiente tornara-se reguila, apoiando as lágrimas
-literária, narrativas de ficção, e poesia lite- que haviam escorrido pelas bochechas carnudas.
A eleição de Calane da Silva representa ratura infantil. A.S Excitada com o odor opressivo do amoníaco, a baixinha de cara redonda pegou na garrafa,
para Moçambique uma nobre oportunida- enfiou o bocal garganta abaixo. Poisou-a com um estrondo, fechou os olhos, estalou a
de para, na sua posição de destaque como língua, lambeu os bigodes de espuma, esfregou as mãos, ajeitou as calças.
representante dos moçambicanos, cola- - Aquele teacher dá maningue bandeira!
borar de forma a alcançarmos, como um Deitou os olhos ao teto, fez-se um brilho nas orelhas a receberem o álcool. Voltou a erguer
povo, uma maior contribuição, através do a voz sem se virar para o rebanho.
vocabulário do nosso país, no contexto do - Cena do caraças! Cool… Não me lembro do destravado que me carregou para aquela es-
Acordo Ortográfico da Comunidade dos pelunca, só sei dizer que acordei com o sol a chapar-me a cara, nua, destapada e molhada.
Países de Língua Oficial Portuguesa. Chegou a servente, tirou do bolso do avental um papelinho encardido. Respiração cortada,
De referir que Calane da Silva trabalhou medula gelada, a sombra de si mesmo, careca e fuinha, não percebeu as letras e números
mais de vinte anos como jornalista pro- desfocados. Quis levantar-se, desajeitou-se; as pernas recusaram.
fissional, tendo chefiado as redacções dos No centro da sala, em pé, indicador em riste, ponto de encontro de todas as atenções,
principais órgãos de informação nacional. exibiam-se, alto e bom som, o símbolo estampado na sapatilha de cano alto denunciando
Doutorado em Linguística Portuguesa pela o preço exorbitante, a cara chapada da surpresa, o porte saudável e magro, os olhos bri-
Universidade do Porto, actualmente é do- lhantes e a cara limpa.
cente de Literaturas Africanas e de Didác-
tica de Literatura, na Universidade Peda-
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1066 DE JUNHO DE 2014
2 Savana 13-06-2014 Savana 13-06-2014 3
SUPLEMENTO
Savana 13-06-2014 27
OPINIÃO
Entre artistas
D
e repente, descobrimos que estamos numa aldeia global. No estri-
to mundo dos homens das letras e das artes e mesmo na política,
conhecemo-nos todos uns aos outros. Quando assim acontece, o
nosso trabalho de legendar fotos torna-se muito simples e a prosa
como que flui dos dedos em perfeita sincronia com os olhos e com
o cérebro. Esta semana estamos nessa. É tudo gente conhecida e com um pouco
da sua história ligada a nossa.
Da mesma forma, conheço muito bem estes homens ligados ao mundo das artes
plásticas com quem também tenho uma relação afectiva e também apreciador de
arte. Trata-se de Ndlozy, Idasse, Estêvão Mucavel. Eles têm razão de estar com
este ar feliz uma vez que estão com uma promotora de arte do Fundac -Fundo
para o Desenvolvimento Artístico e Cultural, Otília Aquino. De taça na mão,
boa conversa vão tocando o bicho para frente.
No fundo desta quarta foto temos um letreiro muito apelativo. Está assim: 4x4
para dirigentes, My Love para o Povo. De propósito ou não, Graça Samo, direc-
tora executiva do Fórum Mulher, muito activa, e por lá muito conhecida, aqui de
óculos escuros, boné num abraço amigo com Benilde Nhalivilo, ex-jogadora de
básquete, onde se notabilizou, e actualmente Directora Executiva do Fórum das
Rádios Comunitárias (FORCOM).
O Jimmy Dludlu, também de óculos escuros, está numa pose de puro desamparo
e prazer com a cabeça pousada no ombro da Isabel Novela. Sem insinuações,
trata-se de um par bem simpático, pelo menos para pousar para fotografias. O
que importa para nós é que Jimmy Dludlu é um músico de craveira e credenciais
reconhecidas, enquanto que a Isabel, menina de voz de ouro, pertence a uma
família de cantores, dentre os quais, podemos citar, Neco, que foi um dos men-
tores do Kapa Dech, agora na diáspora.
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+VOIPEFt"/099*t/o 1066
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IMAGEM DA SEMANA i z - se..
Foto de Ilec Vilanculos
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do batuque e da maçaroca assobia para o ar.
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que se pensavam moribundos, ou apenas activos quando se trata de encaixar
FNFTQFDVMBÎÍPJNPCJMJÈSJBFOFHØDJPTEFCPUBTFGBSEBT0TIPNFOTRVFTF
acolitam atrás do monte mais alto de Moçambique abrem um novo capítulo
na frente do carvão. Vamos ver se não se ficam pelos memorandos de inten-
ções…
O
Governo moçambicano saporte manual, uma vez que o nos- das autoridades sul-africanas sobre
classifica de “má-fé” a so acordo com este país sobre este BT OPSNBT EB 0SHBOJ[BÎÍP *OUFS- t 2VBOEP DPNFÎB B DPOUBHFN EFDSFTDFOUF QBSB PT OPWPT DBSHPT QØT EF
decisão sul-africana de assunto previa o ano de 2015”, ex- OBDJPOBMEF"WJBÎÍP$JWJM *$"0
0VUVCSP
QFMBCBOEBEBSFHVMBNFOUBÎÍPEPTIPNFOTEBTUPHBT
BMHVÏNBOEB
proibir a entrada de mo- QMJDPVPEJSFDUPSEF3FMBÎÜFT*OUFS- quanto ao prazo de validade dos DBEBWF[NBJTQBSUJDJQBUJWPOPTTFVTBMWJUSFTKVSÓEJDPMFHBJTTPCSFPTBTTVOUPT
çambicanos com passaportes an- passaportes não digitais, que apenas da vida nacional, mas às vezes com claras motivações políticas, para não dizer
OBDJPOBJTOP.JOJTUÏSJPEP*OUFSJPS
tigos e certificados de emergência, UFSNJOBFN/PWFNCSPEF partidárias. Porque será?
Joaquim Bule, que nesta terça-feira
WVMHPTBMWPDPOEVUP"QFTBSEFTFS falou à imprensa, na qualidade de i" TJUVBÎÍP KÈ WPMUPV Ë OPSNBMJ-
t /PTDPNÓDJPTBUÏBHPSBSFBMJ[BEPTOBDBQJUBMEPOPSUFQFMPTUSÐTQSJODJQBJT
uma decisão soberana daquele país EBEF "T QFTTPBT KÈ FTUÍP B WJBKBS
porta-voz da Polícia da República partidos, tem havido verdadeiros banhos de multidão. Será que são eleitores
vizinho, as autoridades moçambi- mas, mesmo assim, aguardarmos diferentes ou vão a todas os nossos amigos de wamphula?
de Moçambique (PRM
canas consideram que os sul-afri- por alguma explicação do governo
Contudo, depois de vários contac- sul-africano pelo sucedido”, disse
canos deveriam ter comunicado a Em voz baixa
tos entre as partes, as autoridades Bule, para depois acrescentar: “ain- t "UÏBPGFDIPEBQSFTFOUFFEJÎÍPFTUBWBJNJOFOUFBRVFEBEP1$"EB-".
B
contraparte moçambicana para que
da África do Sul voltaram atrás e da assim, gostávamos de apelar aos DPNQBOIJBEFCBOEFJSB
RVFBDUVBMNFOUFFTUÈFNGPHPDSV[BEP/PTÞMUJNPT
esta pudesse alertar os seus conci-
nesta quarta-feira deixaram entrar cidadãos nacionais para tratarem UFNQPTIBWJBVNDMBSPCSBÎPEFGFSSPFOUSFP1$"FB"%FIÈRVFNBDSF-
dadãos no sentido de preparem o dita que o antigo aspirante à ponta vermelha era a garganta funda dos files
milhares de moçambicanos que na passaportes biométricos para evitar
passaporte biométrico. JOUFSOPTRVFJBNQBSBSOPTKPSOBJT.BTIÈUBNCÏNWP[FTRVFBDIBNRVF
/FTUBUFSÎBGFJSBBTBVUPSJEBEFTEB terça-feira viram barrada a sua en- situações dFTTB OBUVSF[B QPSRVF KÈ pela forma como as coisas andam na companhia, a corda devia arrebentar do
África do Sul barraram a entra- trada naquele país vizinho. no próximo ano, será aceite apenas MBEPEBFYFDVUJWB"WFSWBNPT
da de milhares de moçambicanos Em causa estava o entendimento o uso destes”.
por trazerem passaportes manuais,
certificado de emergência e de mi-
neiro. Em protesto contra a atitude
dos sul-africanos, mineiros mo-
çambicanos concentraram-se nos
Embaixador russo visita mediacoop SA
O
FTDSJUØSJPTEBFNQSFTB5&#"QBSB embaixador russo detalhadas explicações sobre o fun-
denunciar a situação que os impe- acreditado em Mo- cionamento dos mesmos.
dia de retomar o seu trabalho. ÎBNCJRVF
"OESFZ 7 " VNB QFSHVOUB TPCSF B QPTJÎÍP
0 HPWFSOP NPÎBNCJDBOP EJ[ RVF ,FNBSTLZ
FGFDUVPV
da Rússia em relação à actual cri-
a proibição da entrada de conci- na tarde desta quarta-feira, uma se político-militar que se vive em
dadãos moçambicanos no país foi visita de cortesia às instalações .PÎBNCJRVF
,FNBSTLZ QSFDJTPV
uma surpresa absoluta e estranha, da mediacoop4"
POEFBCPSEPV que o seu país está a acompanhar
uma vez que as partes (os dois go- aspectos gerais da actual con- com muita apreensão e espera que
vernos) acordaram que o período KVOUVSBEPTEPJTQBÓTFT a situação se resolva “o mais breve
limite do uso desses documentos Recebido pelo editor do SA- possível”.
(passaporte manual e certificado de VANA, Fernando Gonçalves, i%FGFOEFNPT RVF P EJÈMPHP Ï B
emergência), estava previsto para o diplomata russo visitou as melhor via para se resolver a ques-
2015. instalações editoriais da media- tão, mas achamos que a intenção de
“Estamos surpreendidos com a DPPQ4"
POEFFTUÍPMPDBMJ[BEBT dividir o país é inaceitável”, frisou
as redacções do semanário e ,FNBSTLZ
atitude do governo sul-africano de
do diário mediaFAX, e recebeu (Redacção)
decidir, sem um pré-aviso, banir os
certificados de emergência e o pas-
Savana 13-06-2014
EVENTOS EVENTOS
EVENTOS
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etecentos e cinquenta
S
moção da criatividade jornalísti- trador Delegado do Standard qual é o rumo da nossa economia pal de Maputo, David Simango,
mil meticais é o valor ca e desta forma incentivar uma Bank, António Coutinho, rea- e, desta feita, enaltecer o contri- enfatizou que sendo o Standard
total do prémio para os melhor qualidade no tratamento firmou o posicionamento da en- buto da comunicação social para Bank o patrono das festivida-
grandes vencedores da da informação, dando assim o tidade bancária no contributo à o crescimento do País. des do dia da cidade capital, que
3ª edição do Prémio Jornalismo seu contributo para uma socie- diversidade das informações que Por seu turno, o Secretário- no presente ano comemora 127
Económico Standard Bank. Esta dade mais responsável, informa- se veiculam nos diferentes meios -geral do Sindicato Nacional anos, a edilidade reconhece o
boa nova foi dada a conhecer da e participativa. de comunicação social, dando re- dos Jornalistas (SNJ), Eduardo papel desta instituição bancária
nesta terça-feira, 10 de Junho, Entretanto, concorrem ao pré- levância à área de actividade no- Constantino, referiu: “concursos substancialmente no processo
em Maputo, durante o lança- mio trabalhos jornalísticos nas meadamente económica e quiçá deste género, que premeiam o contínuo em prol do desenvol-
mento oficial da referida premia- vimento económico, desta feita
categorias de imprensa escrita, incentivar outras entidades a excelente trabalho jornalístico,
associado ao das comunicações
ção, pelo seu mentor em parceria televisiva e radiofónica, de au- abraçarem iniciativas do género. contribuem, por um lado, para a
de massa.
com o Conselho Municipal de toria individual ou colectiva, em Coutinho referiu ainda que o melhoria do nosso desempenho Lembrar que na edição anterior
Maputo (CMM) e o Sindicato língua portuguesa, que tenham Prémio Jornalismo Económico e, por outro, permitem que me- não houve submissão de ne-
Nacional de Jornalistas. sido veiculados ou difundidos Standard Bank pretende ainda lhoremos as nossas condições de nhum trabalho jornalístico na
num órgão de comunicação so- impulsionar o maior interesse de vida, daí que o nosso desejo é que distinção televisiva e, por con-
Esta distinção jornalística que cial moçambicano, no período jovens para a área de economia, o concurso venha para ficar para seguinte, os grandes vencedores
premeia os melhores artigos eco- compreendido entre 1 de Janeiro bem como estimular a produção além dos 125 anos da cidade de para as categorias radiofónica e
nómicos nas áreas de televisão, a 31 de Outubro de 2014. de reportagens mais concisas Maputo. televisiva foram os jornalistas
rádio e imprensa escrita, tem que, em palavras simples, permi- Já noutro desenvolvimento, o Bento Venâncio e Luís Leitão
como principal objectivo a pro- Na sua intervenção, o Adminis- tam ao cidadão comum perceber presidente do Conselho Munici- respectivamente.
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EVENTOS EVENTOS
A
portuguesa Novabase, mas sim acredita no talento e
FUNDE
capacita
PMEs
s Pequenas e Médias Empre-