Club Litterário Afogados 1
Club Litterário Afogados 1
Club Litterário Afogados 1
Letras e Sociabilidades.
O sertão do Pajeú é reconhecido em todo o território nacional pela poesia que aflora em
suas terras, pesquisando por esses dias no site da Biblioteca Nacional, encontramos um conjunto
de artigos que noticiam a instalação na então vila de Afogados, aquela altura pertencente a
Ingazeira, de um club literário, no final do século XIX, mais precisamente o ano de 1880. Esta
Sociedade Literária, que teve os seus trabalhos iniciados numa sessão pública, na câmara
municipal da vila no dia 10 de Outubro de 1880, fornece um conjunto de questões que podem
colaborar para pensar a história local e regional, principalmente, ao que tange à formação de
espaços de sociabilidades que teriam como finalidade construir “Ares de Civilização” para
então vila.
Fazendo uma analise rápida dos personagens que teriam animado esta iniciativa, é
possível destacar a presença dos segmentos médios da então vila, composta por religiosos,
representantes da administração pública, justiça e segurança. Segmentos que possuíam construir
uma sensibilidade local, que criasse mesmo que distante dos grandes centros do Império, que
pretendia superar as imagens de atraso sob o qual eram representadas as regiões dos “sertões
profundos” do Brasil, que careciam, em grande medida, de equipamentos culturais e de
convivência que estabelecessem uma lógica que os integrassem a ideia de civilização,
experiência que muitos destes personagens já haviam usufruído e que pretendiam disseminar no
local.
Ainda, não possuímos dados que demonstrem o período de atividade desta sociedade,
mas é possível localizar na documentação encontrada, a sua atividade cerca de 08 meses após a
sua fundação, através da nomeação de órgãos de imprensa de várias províncias do Brasil.
Dentre elas a do jornal Maçônico, a Família Maçônica, órgão de imprensa carioca que existia
desde meados da década de 70 do século XIX, e contavam como um grande espaço de
divulgação daquela entidade. Tal questão abre uma perspectiva interessante, que se constitui
como uma hipótese indiciaria a de que alguns dos membros desta instituição provavelmente
fossem maçons, até pelo fato de que a maçonaria incentivar entre os seus membros a
constituição de espaços de socialização que tivessem como objetivo a propagação da ciência e
educação, com relação a este último aspecto, é reconhecida através da historiografia
especializada de estudos acadêmicos sobre a maçonaria, o papel que esta instituição
desempenhou como estratégia de atuação política, o incentivo da educação e formação de
leitores.