Razões Finais
Razões Finais
Razões Finais
RAZÕES FINAIS
Douto Julgador, restou provado, que a Reclamante fora admitida em 20.01.2020 pela
reclamada, para laborar na Secretaria do Estado de Pernambuco, na função de assistente
administrativo, percebendo como salário inicial R$ 1.249,97 (Um mil, duzentos e quarenta e
nove reais e noventa e sete centavos), tendo seu salário sido alterado em 01/01/2022, passando
a auferir como salário o valor de R$ 2.089,44 (dois mil, oitenta e nove reais e quarenta e quatro
centavos), sendo despedida sem justa causa em 13 de maio de 2022.
Ocorreu que após a demissão, a reclamante foi orientada a aguardar para receber seus
haveres rescisórios, de forma que em 23.05.2022 a reclamante recebeu uma transferência
bancária da reclamada no valor de R$ 5.734,01 (cinco mil, setecentos e trinta e quatro reais e
um centavos), acreditando ser referente as suas verbas rescisórias, no entanto, até o ajuizamento
da ação não sabia quais verbas lhe foram pagas, vez que não lhe fora entregue o TRCT.
É sabido que o FGTS é direito constitucionalmente garantido conforme art. 7º, inciso
III da Carta Maior. Dispõe o art. 15 da Lei 8.036/90 que o empregador deverá proceder ao
depósito na conta vinculada do obreiro, o importe de 8% mês a mês sobre a remuneração
auferida, o que não ocorreu regularmente no caso em tela.
Como narrado alhures, a reclamada deixou de recolher o FGTS do obreiro por diversos
meses conforme extrato analítico em anexo.
Tem-se que o FGTS é direito constitucionalmente garantido e que deve ser recolhido
na base de 8% ao mês sobre a remuneração do empregado conforme art.7º, III da CF e art. 15
da lei 8.036/90.
Outrossim, a rescisão do contrato de trabalho deu-se sem justa causa da empregada, de
forma que os depósitos fundiários devem ser acrescidos de 40% (quarenta por cento), conforme
dispõe a Lei 8.036/90, em seu artigo 18, § 1º.
Ressalta ainda, que para as rescisões ocorridas a partir de 11/11/17, segundo a nova
redação do artigo 477, parágrafo 6º, da CLT, conferida pela reforma trabalhista, passou a ser
necessária a realização de dois atos no prazo de 10 dias da rescisão: o pagamento das verbas
rescisórias e a entrega ao empregado dos documentos comprobatórios da comunicação da
extinção contratual aos órgãos competentes. Descumprido qualquer um desses requisitos,
passou a ser aplicável a multa do parágrafo 8º do mesmo dispositivo.
Caso algum desses itens não seja cumprido dentro do prazo estabelecido, a empresa
deverá pagar a multa prevista no art. 477, § 8, da CLT. Assim, não basta o mero pagamento
das verbas rescisórias no prazo legal.
Tendo em vista que desde o último dia de trabalho, a reclamante não recebeu qualquer
documento referente ao fim do pacto laboral, faz jus ao recebimento da multa disposta no artigo
477, §8º, da CLT.
A parte reclamada foi devidamente citada, decorrendo, pois, o prazo para manifestação
acerca dos documentos acostados aos autos, bem como apresentação da contestação.
Destarte, aplica-se os efeitos da revelia, nos termos do Art. 344 do CPC, abaixo
transcrito:
Art. 344 - Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e
presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo
autor.
Ressalte-se que é de suma importância relembrar que sempre que houver citação
válida e o réu não apresentar defesa no prazo determinado, como no caso, tem-se configurada
a revelia. Portanto de forma inquestionável, requer o autor que sejam aplicados os efeitos do
artigo 344 e art. 355, II, ambos do CPC.
Por fim, a Reclamante reitera que seus pleitos são exclusivamente relacionados à
ausência de depósitos de FGTS e multa dos 40% e ausência de cumprimento do prazo do art.
477 da CLT, todos comprovados através de prova material, seja o extrato analítico anexado
pela reclamante, bem como os e-mails solicitando a discriminação das verbas.
Ora, cabia ao réu apresentar os fatos impeditivos, modificativos e extintivos do
direito da parte autora, o que não ocorreu no caso em tela, não se desincumbindo a
parte Ré de seu ônus probatório.
PROCEDE, pois, no todo, a pretensão da Autora, uma vez que resta indiscutível a
prática de descumprimentos trabalhistas ato ilícito por parte da reclamada.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.