Razões Finais

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 21ª VARA DO

TRABALHO DO RECIFE - PE.

PROCESSO Nº: 0000475-31.2022.5.06.0021

CAROLINE BARBOSA BEZERRA NUNES, já devidamente qualificada nos autos


do processo em epígrafe, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu
advogado ao final assinado, apresentar

RAZÕES FINAIS

nos termos a seguir expostos:

Emerge cristalina, de todo o conjunto probatório carreado aos autos a total


PROCEDÊNCIA da presente demanda.

O presente memorial será sucinto e objetivo, quanto às alegações e fundamentos, já que


na inicial, foi bastante demonstrado tanto na legislação, como na jurisprudência, o direito da
autora. O intuito é fazer uma síntese dos acontecimentos presentes nos autos.

Douto Julgador, restou provado, que a Reclamante fora admitida em 20.01.2020 pela
reclamada, para laborar na Secretaria do Estado de Pernambuco, na função de assistente
administrativo, percebendo como salário inicial R$ 1.249,97 (Um mil, duzentos e quarenta e
nove reais e noventa e sete centavos), tendo seu salário sido alterado em 01/01/2022, passando
a auferir como salário o valor de R$ 2.089,44 (dois mil, oitenta e nove reais e quarenta e quatro
centavos), sendo despedida sem justa causa em 13 de maio de 2022.

Ocorreu que após a demissão, a reclamante foi orientada a aguardar para receber seus
haveres rescisórios, de forma que em 23.05.2022 a reclamante recebeu uma transferência
bancária da reclamada no valor de R$ 5.734,01 (cinco mil, setecentos e trinta e quatro reais e
um centavos), acreditando ser referente as suas verbas rescisórias, no entanto, até o ajuizamento
da ação não sabia quais verbas lhe foram pagas, vez que não lhe fora entregue o TRCT.

Após recebimento dos valores, a reclamante mandou e-mail para a reclamada


requerendo o TRCT com a discriminação das verbas rescisórias, não obtendo êxito até o
momento do ajuizamento, conforme restou provado por meio de documentos anexos.

Ademais, ao receber o FGTS e observar o extrato analítico, a mesma percebeu que


haviam diversos depósitos não realizados pela reclamada, razão pela qual faz jus a esses
depósitos.

Verifica-se do extrato que em alguns anos a reclamada não procedeu os depósitos


regularmente de Outubro de 2020 a Fevereiro de 2021 e de Julho de 2021 a Maio de 2022,
sendo estas últimas as ausências mais recentes.

É sabido que o FGTS é direito constitucionalmente garantido conforme art. 7º, inciso
III da Carta Maior. Dispõe o art. 15 da Lei 8.036/90 que o empregador deverá proceder ao
depósito na conta vinculada do obreiro, o importe de 8% mês a mês sobre a remuneração
auferida, o que não ocorreu regularmente no caso em tela.

Como narrado alhures, a reclamada deixou de recolher o FGTS do obreiro por diversos
meses conforme extrato analítico em anexo.
Tem-se que o FGTS é direito constitucionalmente garantido e que deve ser recolhido
na base de 8% ao mês sobre a remuneração do empregado conforme art.7º, III da CF e art. 15
da lei 8.036/90.
Outrossim, a rescisão do contrato de trabalho deu-se sem justa causa da empregada, de
forma que os depósitos fundiários devem ser acrescidos de 40% (quarenta por cento), conforme
dispõe a Lei 8.036/90, em seu artigo 18, § 1º.

Ressalta ainda, que para as rescisões ocorridas a partir de 11/11/17, segundo a nova
redação do artigo 477, parágrafo 6º, da CLT, conferida pela reforma trabalhista, passou a ser
necessária a realização de dois atos no prazo de 10 dias da rescisão: o pagamento das verbas
rescisórias e a entrega ao empregado dos documentos comprobatórios da comunicação da
extinção contratual aos órgãos competentes. Descumprido qualquer um desses requisitos,
passou a ser aplicável a multa do parágrafo 8º do mesmo dispositivo.

Caso algum desses itens não seja cumprido dentro do prazo estabelecido, a empresa
deverá pagar a multa prevista no art. 477, § 8, da CLT. Assim, não basta o mero pagamento
das verbas rescisórias no prazo legal.

Tendo em vista que desde o último dia de trabalho, a reclamante não recebeu qualquer
documento referente ao fim do pacto laboral, faz jus ao recebimento da multa disposta no artigo
477, §8º, da CLT.

A parte reclamada foi devidamente citada, decorrendo, pois, o prazo para manifestação
acerca dos documentos acostados aos autos, bem como apresentação da contestação.

Destarte, aplica-se os efeitos da revelia, nos termos do Art. 344 do CPC, abaixo
transcrito:
Art. 344 - Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e
presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo
autor.

Assim, como determinado, a ré fora notificada para apresentar defesa no prazo de 15


(quinze) dias, sendo alertada na própria notificação que a não apresentação de defesa dentro do
prazo implicaria a revelia, bem como, esta seria a oportunidade de apresentação de toda a prova
documental que entendesse pertinente, sob pena de preclusão, não sendo permitida posterior
juntada de outros documentos (artigo 223 do NCPC c/c artigo 769 da CLT), salvo se, a critério
do Juiz, forem considerados necessários à instrução do processo (artigo 765 da CLT c/c artigo
370 do NCPC).

Tendo em vista que a citação ocorreu dentro da legalidade, e considerado que a


reclamada apesar de devidamente intimada não apresentou defesa no prazo tem-se por
necessária a decretação da revelia e de todos os seus efeitos devido ao decurso do prazo.

Ressalte-se que é de suma importância relembrar que sempre que houver citação
válida e o réu não apresentar defesa no prazo determinado, como no caso, tem-se configurada
a revelia. Portanto de forma inquestionável, requer o autor que sejam aplicados os efeitos do
artigo 344 e art. 355, II, ambos do CPC.

Por fim, a Reclamante reitera que seus pleitos são exclusivamente relacionados à
ausência de depósitos de FGTS e multa dos 40% e ausência de cumprimento do prazo do art.
477 da CLT, todos comprovados através de prova material, seja o extrato analítico anexado
pela reclamante, bem como os e-mails solicitando a discriminação das verbas.
Ora, cabia ao réu apresentar os fatos impeditivos, modificativos e extintivos do
direito da parte autora, o que não ocorreu no caso em tela, não se desincumbindo a
parte Ré de seu ônus probatório.

PROCEDE, pois, no todo, a pretensão da Autora, uma vez que resta indiscutível a
prática de descumprimentos trabalhistas ato ilícito por parte da reclamada.

Assim, por entender imperativo os preceitos legais acima declinados e exaustivamente


apregoados na peça inicial, ratificada em inteiro teor, para que seja a presente reclamação
trabalhista julgada procedente em todos os seus termos, pelas razões fáticas e de direito
expostas.

Espera que seja a Ré condenada às cominações de praxe.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Jaboatão dos Guararapes, 27 de março de 2023.

LARISSA SAVANA CUNHA SANTOS


ADVOGADA
OAB/PE N° 52.910

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