Direito Eleitoral
Direito Eleitoral
Direito Eleitoral
2. JURISPRUDÊNCIA _______________________________________________________________ 20
SÚMULAS DO TSE________________________________________________________________________ 20
SÚMULAS DO STF ________________________________________________________________________ 20
1. DO SISTEMA ELEITORAL __________________________________________________________ 25
1.1. SISTEMA MAJORITÁRIO _____________________________________________________________ 26
1.2. SISTEMA PROPORCIONAL ___________________________________________________________ 32
1.3. SISTEMA MISTO ___________________________________________________________________ 39
2. JURISPRUDÊNCIA _______________________________________________________________ 41
SÚMULAS DO TSE________________________________________________________________________ 41
JULGADOS DO STF _______________________________________________________________________ 41
JULGADOS DO TSE _______________________________________________________________________ 42
1. DA JUSTIÇA ELEITORAL ___________________________________________________________ 42
1.1. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA ______________________________________________________ 44
1.1.1. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL __________________________________________________________ 47
1.1.2. TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS ________________________________________________________ 53
1.1.3. JUÍZES ELEITORAIS _____________________________________________________________________58
1.1.4. JUNTAS ELEITORAIS ____________________________________________________________________62
1.2. DO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ___________________________________________________ 67
1.2.1. Organização e atribuições do Ministério Público Eleitoral___________________________________________69
1.2.2. Conflitos de Atribuições_________________________________________________________________73
2. JURISPRUDÊNCIA ____________________________________________________________________ 75
ALISTAMENTO ELEITORAL ____________________________________________________________ 78
1.1.1. DA CAPACIDADE POLÍTICA ___________________________________________________________ 78
1.1.2. PORTUGUESES E DIREITOS POLÍTICOS __________________________________________________ 79
1.1.3. ALISTAMENTO ELEITORAL ____________________________________________________________ 80
1.1.4. DOMICÍLIO ELEITORAL _______________________________________________________________ 87
1.1.5. DA EXCLUSÃO E CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL ________________________________ 89
1.1.6. CORREIÇÃO E REVISÃO DO ELEITORADO ________________________________________________ 90
1.1.7. PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS __________________________________________ 93
2.1. CONVENÇÃO PARTIDÁRIA ______________________________________________________ 96
2.1.1. CONDIÇÕES GERAIS ______________________________________________________________ 96
2.1.2. DOS CANDIDATOS _______________________________________________________________ 98
2.2. DO REGISTRO DE CANDIDATOS _________________________________________________ 101
2.2.1. DA QUITAÇÃO ELEITORAL ________________________________________________________ 107
2.2.2. DO REGISTRO DO CANDIDATO SUB JUDICE __________________________________________ 108
2.2.3. DA INDICAÇÃO DOS NOMES DOS CANDIDATOS _______________________________________ 109
2.2.4. DA SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATOS APÓS O PRAZO PARA REGISTRO _____________________ 111
2.2.5. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC_________________________ 114
3.1. DAS CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE E CAUSAS DE INELEGIBILIDADE ______________________ 115
3.1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ____________________________________________________________ 115
3.1.2. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE _______________________________________________________ 116
3.1.2.1. Condições de elegibilidade dos militares ____________________________________________________ 119
1.1. CONCEITO
O direito eleitoral é o ramo do direito público que disciplina todo o procedimento eleitoral, desde
a organização das eleições à apuração e à proclamação dos resultados (organização e competência da justiça
eleitoral, estrutura dos partidos políticos, punições administrativas e criminais no âmbito eleitoral, alistamento
eleitoral, convenção partidária, registro de candidatos, propaganda política, atos preparatórios da votação,
votação, apuração, diplomação dos eleitos).
Além de disciplinar os atos relacionados ao sufrágio popular, o direito eleitoral também
normatiza os direitos políticos em geral, neles incluídos o plebiscito e o referendo.
Características:
a) Universalização, sufrágio e ampliação dos mecanismos democráticos de participação
política direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular).
b) O conceito de democracia passa a abranger uma dimensão material ou substancial
(impõe o respeito aos direitos fundamentais de todos, inclusive das minorias), ao lado da
dimensão meramente formal (premissa majoritária = vontade da maioria). Democracia
como fim e como meio (procedimento).
c) Preocupação com a efetividade e com a dimensão material dos direitos fundamentais.
d) Fortalecimento do Poder Judiciário - inclusive com o ativismo judicial (“participação mais
ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes”, conforme o Min. Barroso).
e) Limitação do legislador abrange os aspectos formais e materiais e as condutas comissivas
e omissivas.
A competência para legislar sobre o direito eleitoral e, por consequência, tratar de todos esses
temas, é privativa da União, conforme o disposto no art. 22, I, da Constituição Federal de 1988.
Outrossim, embora as medidas provisórias possuam força de lei, é vedada sua edição em matéria
de direito eleitoral, nos termos do art. 62, § 1º, I, “a”, CF, in verbis:
I – relativa a:
Nesse contexto, a legislação eleitoral tem por objetivo garantir a normalidade e a legitimidade
do poder de sufrágio popular. Desse modo, busca inserir mecanismos que garantam o prevalecimento
da vontade soberana expressa pelos eleitores nas urnas, trazendo- se um resultado justo às eleições
correspondentes.
A capacidade eleitoral ativa é a de votar; ela é Capacidade eleitoral passiva é o direito de ser
adquirida com o alistamento, momento em que a votado. Além da capacidade eleitoral ativa, são
pessoa se torna cidadão stricto sensu. O requisitos (condições de elegibilidade):
alistamento e o voto são obrigatórios para os a) Idade mínima;
maiores de 18 anos, e facultativo para os b) Filiação a partido político;
analfabetos, maiores de 70 e maiores de 16 anos. c) Domicílio eleitoral na circunscrição;
d) Pleno gozo dos direitos políticos;
Não são alistáveis os estrangeiros e os e) Nacionalidade brasileira ou condição de
militares conscritos. equiparado a português.
Convém ainda mencionar que a doutrina classifica o sufrágio em várias espécies. Há, entretanto,
apenas duas distinções que merecem explanação.
Em primeiro lugar, a diferença entre sufrágio universal e sufrágio restrito. No primeiro, podem
existir certas restrições ao seu exercício, desde que essas não sejam desarrazoadas. Já, no sufrágio
restrito, há restrições demasiadas e, em muitas vezes, discriminatórias, como nos seguintes casos:
Ademais, embora não seja cláusula pétrea, o voto é obrigatório para os que possuem entre 18 e
70 anos de idade, sendo facultativo apenas para os analfabetos, maiores de 70 anos e os maiores de 16 anos
e menores de 18 anos (art. 14, § 1º, I e II, CF).
OBSERVAÇÃO: Observe que o voto direto, secreto, universal e periódico é cláusula pétrea, mas o voto
obrigatório não! Assim, o direito a voto poderia se tornar facultativo para todos os cidadãos, desde que
houvesse uma EC modificando o art. 14, § 1º, da CF.
Como regra geral, ainda se pode mencionar a característica de voto direto, isto é, aquele exercido
sem a necessidade de intermediação. Contudo, a própria CF excepciona, atribuindo a possibilidade de
VOTAÇÃO INDIRETA no caso de vacância nos últimos 2 (dois) anos do período presidencial (art. 81, § 1º,
CF).
Importante deixar claro que, quando uma norma originária da CF, como é o caso do § 1º do art. 81
supracitado, excepciona uma cláusula pétrea, não há conflito algum entre as normas, uma vez que ambas
foram inseridas pelo próprio poder constituinte originário (ilimitado juridicamente).
No que se refere ao caráter secreto do voto, tem-se que o sigilo do voto garante o prevalecimento
da vontade soberana expressa pelos eleitores nas urnas e a legitimidade do poder do sufrágio popular.
De igual modo, protege o eleitor contra abusos do poder político e evita, inclusive, a distorção da vontade
democrática.
O Código Eleitoral disciplina as providências a serem tomadas para assegurar o sigilo do voto.
Transcreve-se:
Art. 103. O sigilo do voto é assegurado mediante as seguintes providências:
Por último, o voto é periódico, segundo a CF/88. Com isso, há uma renovação no processo de
escolha dos representantes do povo, reforçando a democracia. O exercício do poder é devido ao
mandato adquirido pelos representantes eleitos através do voto do eleitorado, de modo que, para o
exercício de um novo mandato, deve haver submissão a uma nova votação.
Nos cargos do Poder Executivo, a CF/88 restringe a apenas uma única reeleição em período
subsequente (art. 14, § 5º), não podendo o candidato ser reeleito sucessivas vezes.
A esses mandatos atribuídos à representação política, a doutrina, ao longo do tempo, vem
apontando diversas espécies, como forma de especificar os limites da transferência do exercício do
poder. Aponta-se três delas a seguir:
OBSERVAÇÃO: O mandato partidário não se aplica aos cargos eleitos pelo sistema majoritário, sob
pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. (STF - ADI nº 5.081/DF, rel.
Min. Roberto Barroso, julgada em 27.5.2015)
Diante das características do voto apresentadas acima, segue a seguinte sistematização:
1.3 DIREITO ELEITORAL E DEMOCRACIA
a) Democracia direta – exercida de forma direta pelos detentores do poder, sem qualquer
intermediário ou representante. Exemplo: origem da Grécia antiga.
b) Democracia indireta (representativa) – exercida através de representantes, sendo pouca a atuação
direta dos detentores do poder. Surgiu a partir da Revolução Francesa.
c) Democracia semidireta (participativa) – os detentores do poder o exercem através de
representantes, porém, também, de forma direta, através de institutos de democracia participativa
(plebiscito, referendo e iniciativa popular). É o modelo adotado pela CF/88, nos termos do art. 1º, parágrafo
único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.”.
ATENÇÃO!!
Detentor do poder: povo.
Exercício do poder: representantes do povo.
Por se tratar de uma convocação anterior, caso o ato legislativo ou administrativo não tenha ainda
sido efetivado quando convocado o plebiscito, cujas matérias constituam objeto da consulta popular, terá
sustada sua tramitação, até que o resultado das urnas seja proclamado (art. 9º, Lei nº 9.709/98).
Impende destacar o disposto no art. 3º da Lei nº 9.709/98, que dispõe acerca de consulta popular
nas questões de relevância nacional e na hipótese de incorporação, subordinação ou
desmembramento de estado-membro, com ou sem anexação a outro estado-membro (art. 18, § 3º,
CF):
Art. 3º Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo
ou do Poder Executivo, e no caso do §3º do art. 18 da Constituição Federal, o
plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por
proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das
Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.
OBSERVAÇÃO: Esse art. 18, § 3º, da CF, refere-se aos casos em que os Estados podem incorporar-se
entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito,
e do Congresso Nacional, por lei complementar.
O STF, em 24.08.2011, no julgamento da ADI 2650, decidiu que o plebiscito para o desmembramento
de um estado-membro deve envolver não somente a população da área a ser desmembrada, mas a de
todo o estado-membro.
Conforme a Suprema Corte: “O desmembramento dos entes federativos, além de reduzir seu espaço
territorial e sua população, pode resultar, ainda, na cisão da unidade sociocultural, econômica e
financeira do Estado, razão pela qual a vontade da população do território remanescente não deve ser
desconsiderada”. Esse entendimento também vale para o caso de desmembramento de Municípios
previsto no § 4º do art. 18 da CF.
A aprovação do ato convocatório da consulta popular deve ser comunicada à Justiça Eleitoral,
para que, nos limites de sua circunscrição, tome determinadas providências, a fim de possibilitar sua
realização, conforme determina o art. 8º da Lei nº 9.709/98, adiante transcrito:
Art. 11. O referendo pode ser convocado no prazo de trinta dias, a contar da
promulgação de lei ou adoção de medida administrativa, que se relacione de
maneira direta com a consulta popular.
A Lei nº 9.709/98 ainda trata da terceira forma de participação direta da população: INICIATIVA
POPULAR. Consubstancia em projeto de lei circunscrito a um só assunto, enviado à Câmara dos
Deputados, devendo ser subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles
(art. 13, caput e § 1º, Lei nº 9.709/98).
OBSERVAÇÃO: Para efeito de concurso público, principalmente em provas objetivas, NÃO cabe
iniciativa popular referente à EC, uma vez que a CF/88 não prevê esse instituto como forma de
propositura de emendas, mas apenas: mínimo de 1/3 de membros da Câmara ou Senado; Presidente
da República; e mais da metade das Assembleias Legislativas, com aprovação, em cada uma, por maioria
relativa de seus membros (art. 60, I a III, CF).
Para fins de esclarecimentos, há autores, a exemplo de José Afonso da Silva, que sustentam ser possível
a iniciativa popular para apresentação de PEC, com base na interpretação sistemática do art. 1º,
parágrafo único, e do art. 14, III, todos da CF/88.
Segue abaixo um quadro a respeito dos requisitos mínimos para aprovação de projeto de lei
oriundo de iniciativa popular:
Impende destacar que esse projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício
de forma e, nesse caso, a própria Câmara deverá providenciar a correção de eventuais impropriedades de
técnica legislativa ou de redação (§ 2º, art. 13, Lei nº 9.709/98).
A título exemplificativo, é de se destacar que a Lei da Ficha Limpa (Lc nº 135/2010) se originou de
iniciativa popular.
#APROFUNDANDO
Por fim, tem-se as fontes indiretas ou secundárias, que podem ser aplicadas ao direito eleitoral de
forma supletiva, como: costumes, jurisprudência e doutrina. Há autores, ainda, que inserem nessas fontes
secundárias outros ramos do direito que também podem ser aplicados na matéria eleitoral: Código Penal,
Código de Processo Penal, Código Civil e Código de Processo Civil.
Com base nesse princípio, o art. 23 da Lc nº 64/90 possibilitou a busca da verdade real pelo juiz
eleitoral, podendo produzir provas de oficio para a formação de seu convencimento. Observe-se:
Art. 23. O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos
públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para
circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas
que preservem o interesse público de lisura eleitoral.
Embora o juiz eleitoral possa produzir provas de oficio, o TSE sumulou o entendimento de que, para
instaurar procedimento de imposição de multa por propaganda eleitoral, NÃO PODE O JUIZ FAZÊ-LO DE
OFÍCIO.
Súmula 18 TSE - Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o
juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor
multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei nº
9.504/97.
Como o direito eleitoral tem o objetivo de preservar a vontade do eleitor, ou seja, assegurar o
pleno exercício da vontade política manifestada no voto, não pode haver a pronúncia de nulidade sem
que haja mácula ou prejuízo a essa vontade.
Em outras palavras, sempre que houver algum vício no processo eleitoral, apenas se deve
declarar nulidade se houver prejuízo, nos termos do art. 219 do Código Eleitoral. O aproveitamento do
voto convém ser buscado (“in dubio pro voto”).
Isso pode ocorrer, por exemplo, nas eleições proporcionais, nas quais o eleitor pode direcionar
seu voto tanto para o candidato quanto para a legenda (partido ou coligação). Nesse caso, se não puder
identificar o candidato apontado pelo eleitor na votação, mas estiver identificada a legenda, aproveita-
se o voto direcionando para a legenda.
O art. 176 do CE e os arts. 59, § 2º, e 60, ambos da Lei das Eleições, assim determinam:
Art. 176. Contar-se-á o voto apenas para a legenda, nas eleições pelo sistema
proporcional:
I - se o eleitor escrever apenas a sigla partidária, não indicando o
candidato de sua preferência;
II - se o eleitor escrever o nome de mais de um candidato do mesmo Partido;
III - se o eleitor, escrevendo apenas os números, indicar mais de um
candidato do mesmo Partido;
IV - se o eleitor não indicar o candidato através do nome ou do número
com clareza suficiente para distingui-lo de outro candidato do mesmo
Partido.
Art. 59. A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema
eletrônico, podendo o Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter
excepcional, a aplicação das regras fixadas nos arts. 83 a 89.
§ 2º Na votação para as eleições proporcionais, serão computados para
a legenda partidária os votos em que não seja possível a identificação do
candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de
forma correta.
Art. 60. No sistema eletrônico de votação considerar-se-á voto de legenda
quando o eleitor assinalar o número do partido no momento de votar para
determinado cargo e somente para este será computado.
Outra aplicação do princípio em comento se refere à interpretação do TSE a respeito do art. 224 do
CE. O TSE entende que não há nulidade da eleição quando mais da metade dos eleitores decidem
anular seu voto ou votar em branco, pois se trata apenas de manifestação apolítica voluntária.
Transcreve-se tal dispositivo para uma maior compreensão:
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições
presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas
eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
Esse dispositivo é aplicado apenas se houver declaração posterior de nulidade dos votos
atribuídos nas eleições, e não quando há manifestação apolítica de forma voluntária.
ATENÇÃO!! NÃO É NULA a votação/eleição quando a maioria dos eleitores opta pelo voto nulo!
O processo eleitoral prossegue em um curto espaço de tempo. Do prazo final para o registro de
candidatos (até às 19h do dia 15 de agosto do ano da eleição – art. 11 da Lei nº 9.504/97) até a
diplomação dos eleitos configuram menos de 6 (seis) meses.
Dessa maneira, todas as decisões da JE, também, possuem prazo exíguo para serem proferidas. Do
mesmo modo, os prazos para eventuais recursos das partes são, de regra, mais reduzidos do que nos
procedimentos de outros ramos do direito. Para se ter como exemplo, o recurso extraordinário eleitoral
deve ser interposto no prazo de 3 (três) dias (vide Súmula 728 do STF). Para fins de esclarecimento, de acordo
como art. 7º da Resolução 23.478/16 do TSE, a contagem de prazos em dias úteis, prevista no art. 219 do
CPC/15, NÃO SE APLICA AO PROCESSO ELEITORAL.
A CF, em seu art. 5º, LXXVIII, assegura a duração razoável do processo. No âmbito eleitoral, em
atenção a esse dispositivo, a Lei nº 12.034/2009, que inseriu o art. 97-A na Lei das Eleições, dispôs o prazo
razoável de 1 (um) ano para se tramitar ação que possa resultar em perda de mandato eletivo. Veja:
Art. 97-A. Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal, considera-
se duração razoável do processo que possa resultar em perda de mandato
eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça
Eleitoral.
§ 1º A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação em todas
as instâncias da Justiça Eleitoral.
§ 2º Vencido o prazo de que trata o caput, será aplicável o disposto no art. 97,
sem prejuízo de representação ao Conselho Nacional de Justiça.
Essa norma acima apresentada apenas reforça a importância da celeridade processual no âmbito
eleitoral, tornando o princípio em comento com grande evidência.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência.
Em segundo lugar, quando a CF apresenta a expressão “lei que alterar”, deve-se entender como
lei criada com base no processo legislativo advinda do Poder Legislativo, isto é, norma primária.
Não obstante a isso, o STF se posicionou no sentido de se aplicar o princípio da anualidade às
DECISÕES do TSE que implicassem mudança no processo eleitoral (STF - RE 637485, Relator(a): Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, j. 01/08/2012).
O TSE, por sua vez, passou a acompanhar tal entendimento e dispôs, no art. 5º da Resolução nº
23.472/2016, que a modificação de jurisprudência do plenário do TSE ou do STF sobre matéria eleitoral
“entrarão em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de
sua vigência”.
ATENÇÃO!! Resoluções do TSE, por serem normas secundárias, fruto do poder regulamentar, NÃO
são atingidas pelo princípio da anualidade!
Tanto é assim que o art. 105 da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições) permite ao TSE que, atendendo ao caráter
regulamentar, expeça instruções “até o dia 5 de março do ano da eleição”.
Esse assunto já foi cobrado em diversos concursos e, recentemente, o CESPE, na prova objetiva para
Promotor de Justiça do MPE-RR de 2017, considerou correta: “O princípio constitucional da anualidade
ou da anterioridade da lei eleitoral: não abrange resoluções do TSE que tenham caráter regulamentar.”
Por fim, a maior discussão consiste em saber o significado de “alterar o processo eleitoral”. Há várias
decisões jurisprudenciais a respeito do tema, por exemplo: ADI 354 no STF (relativo ao procedimento de
apuração de votos); ADI 4307 no STF (alteração dos limites máximos das câmaras municipais); RE 633703
com repercussão geral (Lei da Ficha Limpa), dentre outras.
Pela análise dos julgados, deve-se ter em mente que, se a alteração romper a igualdade de
participação no processo eleitoral, aplica-se o princípio da anualidade. Por outro lado, se tratar de
normas meramente instrumentais, que não interfiram no equilíbrio das eleições, não são abrangidas pelo
princípio em epígrafe.
Por fim, convém demonstrar a aplicação desse princípio no concurso para Promotor de Justiça do
MPE-MG de 2010, cuja assertiva correta dispõe: “Não obstante a garantia da presunção de não
culpabilidade, a norma inscrita no artigo 14, § 9º/CF autoriza restringir o direito fundamental à
elegibilidade, em reverência aos postulados da moralidade e da probidade administrativas.”
Neste tópico, apenas serão dispostos os artigos da CF/88 a respeito do tema. Alguns deles,
inclusive, já foram tratados acima, como o sufrágio universal, plebiscito, referendo, princípio da
anualidade etc.
De todo modo, imprescindível a leitura das normas constitucionais adiante transcritas, pois, em
muitas vezes, as questões de direito eleitoral nos concursos para a magistratura estadual apenas
requisitam do candidato o conhecimento da lei seca.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
2. JURISPRUDÊNCIA
SÚMULAS DO TSE
JULGADOS DO STF
- É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o registro de cada voto deverá
ser impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente
lacrado (art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei 13.165/2015). Essa previsão acaba permitindo a
identificação de quem votou, ou seja, permite a quebra do sigilo, e, consequentemente, a diminuição da
liberdade do voto, violando o art. 14 e o § 4o do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao legislador fazer a
opção pelo voto impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse respeito, observadas,
entretanto, as características do voto nela previstas. O modelo híbrido trazido pelo art. 59-A constitui
efetivo retrocesso aos avanços democráticos conquistados pelo Brasil para garantir eleições realmente
livres, em que as pessoas possam escolher os candidatos que preferirem. STF. Plenário. ADI 5889/DF, rel.
orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
- Constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010). STF:
1. DO SISTEMA ELEITORAL
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Há três sistemas eleitorais: majoritário, proporcional e misto (este último formado pela
combinação dos outros dois).
Contudo, o ordenamento jurídico brasileiro apenas adota os sistemas majoritário e proporcional.
Outros países adotam o sistema misto, o qual será abordado os principais aspectos ao final desse ponto.
1.1. SISTEMA MAJORITÁRIO
No sistema majoritário, é considerado eleito o candidato que obtenha a maior soma de votos sobre
os seus competidores, considerando-se tão somente os votos válidos, isto é, despreza-se os votos em
branco, os nulos e as abstenções. (já que não têm nenhum valor jurídico).
ATENÇÃO!! NÃO É NULA a votação/eleição quando a maioria dos eleitores opta pelo voto nulo. A
previsão contida no art.224 do Código Eleitoral, trata da hipótese de anulação dos votos quando
comprovada fraude, coação ou falsidade, jamais quando os votos nulos e brancos decorrerem de
manifestação do eleitor.
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas
eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do
município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais
votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de
20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
OBSERVAÇÃO: Por esse motivo, o § 4º do art. 36 da Lei das Eleições obriga que, nas propagandas
eleitorais dos candidatos ao cargo MAJORITÁRIO, constem, também, os nomes dos candidatos a Vice
(no caso dos cargos do Chefe do Executivo – Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) OU a suplentes
de Senador, de modo claro e legível, em tamanho NÃO inferior a 30% (trinta por cento) do nome do
titular.
Desta forma, por ser uma chapa única e indivisível, deve-se seguir assim até o fim das eleições,
sob pena de a candidatura de seus integrantes ser inviável. Pode ocorrer de, no processo eleitoral, haver
causa de inelegibilidade, renúncia, falecimento ou registro indeferido ou cancelado de algum dos
membros da chapa.
Nesse caso, é possível a sua substituição pelo partido ou coligação, desde que o requerimento
seja registrado até 10 dias após o motivo que ocasionou dissolução da chapa. Entretanto, o pedido deve
ser feito à Justiça Eleitoral até 20 dias antes do pleito, exceto em caso de falecimento de candidato,
quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo. Veja o que dispõe o art. 13 da Lei das Eleições:
Impende destacar o disposto no art. 77, §§ 4º e 5º, da CF/88, que prevê a situação de morte,
desistência ou impedimento entre o primeiro e segundo turno. Nessa hipótese, tal norma possibilita a
convocação do candidato de maior votação dentre os remanescentes ou, em caso de empate, o mais
idoso, in verbis:
Diante do princípio da simetria, bem como o disposto nos arts. 28; 32, § 2º; 29, II, todos da CF/88,
também se aplicam os §§ 4º e 5º do art. 77 às eleições de Governadores dos Estados e do DF e Prefeitos
(nesse caso, cujas cidades tenham mais de 200 mil eleitores).
Questão polêmica se refere às substituições dos candidatos a Vice nessa hipótese de morte,
desistência ou impedimento entre o primeiro e segundo turno. Isso porque não há norma disciplinadora
dessa situação.
Embora a doutrina divirja nesse ponto, o TSE já decidiu sobre a possibilidade de substituição do Vice,
aplicando-se, na hipótese, o disposto no art. 13, § 2º, da Lei das Eleições, ou seja, permite-se a substituição
desde que o substituto seja de partido já integrante da coligação no primeiro turno(TSE– Ac. no 20.141, de 26-
3-1998; TSE– Ac. nº 14.340, de 12-5-1994).
Para que o candidato seja eleito nesse sistema majoritário, faz-se necessário que obtenha a
maioria dos votos válidos, como exposto anteriormente. Há de se diferenciar, contudo, a que maioria
está se referindo. A depender do cargo da eleição, pode ser necessária a maioria simples ou absoluta dos
votos.
No sistema majoritário por maioria simples, basta que o candidato compute a maioria dos votos
válidos, sem necessidade de se ter uma diferença mínima entre primeiro e segundo colocados. Exemplo:
Candidato X = 34% dos votos válidos; Candidato Y = 28% dos votos válidos; Candidato Z = 20% dos votos
válidos. Perceba que, nesse caso, o candidato X será considerado o vencedor do certame, pois obteve a
maioria relativa dos votos válidos.
Já, no sistema majoritário por maioria absoluta, o vencedor será aquele que, além de conseguir a
maioria dos votos válidos, tiver uma diferença mínima entre o primeiro e o segundo colocado. Nesse
sistema, necessário que o candidato mais votado tenha 50% dos votos válidos mais 1 (um) voto (ou, como
preferem alguns autores, deve haver a obtenção do primeiro número inteiro após a metade dos votos
válidos).
Exemplo: Em uma votação, houve 10.000 votos válidos. Candidato X = 50,01% dos votos válidos
(correspondente a um total de 5.001 votos); Candidato Y = 23% dos votos válidos (correspondente a
um total de 2.300 votos); Candidato Z = 21% dos votos válidos (correspondente a um total de 2.100
votos).
Note que, no exemplo acima, o candidato X obteve a maioria absoluta dos votos, porque
computou 50% dos votos válidos (ou seja, 5.000 votos do total de 10.000) mais 1 (um) voto, totalizando
5.001 votos válidos recebidos.
OBSERVAÇÃO: No sistema majoritário por maioria absoluta, não é preciso ter 51% dos votos válidos,
mas simplesmente 50% dos votos válidos mais 1 (um) voto (ou seja, o candidato deve possuir mais
votos que os dos seus adversários somados). Observem que, no exemplo dado, o candidato que
ganharia a eleição obteve 50,01% dos votos válidos e, mesmo assim, atingiu a quantidade de votos
necessários para se eleger.
Caso essa maioria absoluta não seja alcançada, haverá a votação em segundo turno entre os dois
candidatos mais votados. Nessa situação, será considerado eleito em segundo turno aquele candidato
que consiga a votação da maioria dos votos válidos, tudo em conformidade com o art. 77, §§ 2º e 3º,
da CF, in verbis:
Art. 77 (...)
OBSERVAÇÃO: Lembrem-se de que, no sistema majoritário por maioria simples, não há possibilidade
de realização de segundo turno.
O sistema majoritário por maioria simples é realizado para os cargos de Senador e Prefeito e Vice
(neste caso, para municípios de ATÉ 200.000 ELEITORES).
Já o sistema majoritário por maioria absoluta, aplica-se às eleições para: Presidente e Vice-
Presidente da República, Governador e Vice-Governador e Prefeito e Vice-Prefeito (neste caso, para
municípios com MAIS de 200.000 ELEITORES).
MAJORITÁRIO por -Senador
Apenas 1 TURNO
MAIORIA RELATIVA -Prefeito e Vice ATÉ 200.000 ELEITORES
-Presidente e Vice
MAJORITÁRIO por
-Governador e Vice 1 ou 2 TURNOS
MAIORIA ABSOLUTA
-Prefeito e Vice MAIS de 200.000 ELEITORES
OBSERVAÇÃO: O art. 224, § 3º, do CE, dispõe que: “§ 3º A decisão da Justiça Eleitoral que importe o
indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito
majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente
do número de votos anulados.”
Há três destaques para esse dispositivo, em decorrência da decisão do STF nas ADI´s 5525 e 5619:
1) o dispositivo se aplica ao sistema majoritário (maioria absoluta ou simples);
2) não necessita aguardar o trânsito em julgado para se realizar as novas eleições, bastando a decisão
final pela Justiça Eleitoral (exemplo: não precisa aguardar eventual recurso extraordinário, o qual não
possui efeito suspensivo);
3) as novas eleições são realizadas independetemente do número de votos anulados.
1.2. SISTEMA PROPORCIONAL
Com isso, busca-se a representação de diversos setores, classes sociais e ideologias dentro do
parlamento, razão pela qual nem sempre o candidato mais votado será eleito.
Esse sistema, no Brasil, somente se aplica aos cargos eletivos do Poder Legislativo, salvo o de
Senador Federal, cujo sistema adotado é o majoritário por maioria simples, como visto anteriormente.
Importante registrar também que, em razão da busca da diversidade de representação (inclusive,
ideológica) no parlamento, são computados como votos válidos no sistema proporcional tanto o
nominal (direcionado a um determinado candidato) quanto o de legenda (aquele consignado a um
determinado partido político).
Do mesmo modo que no sistema majoritário, NÃO SÃO COMPUTADOS os votos brancos e nulos no
sistema proporcional.
Para fins de concurso público, é necessário atentar para a legislação acima colacionada e para os
comentários abaixo. Contudo, para quem tiver interesse em maior aprofundamento sobre a Ação Direta
de Inconstitucionalidade 5420, acessar:
http://www.sV.jus.br/portal/cms/ verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=305583.
Antes de sistematizar o texto normativo supratranscrito, há de se explanar a respeito dos
institutos correspondentes.
O quociente eleitoral – QE – explicita quantos votos o partido precisa obter para ter direito a
pelo menos 1 (uma) vaga em determinada casa do parlamento.
O quociente partidário – QP – demonstra quantas vagas o partido tem direito na casa legislativa.
Atente que, nesse cálculo, leva-se em conta os votos válidos obtidos pela legenda, dividindo-se
pelo QE anteriormente calculado, e, caso se chegue a um número fracionário (Ex.: 5,7), só se considera o
número inteiro (Ex.: 5).
Nesse exemplo, o partido terá direito a 05 (cinco) vagas. Essas vagas serão distribuídas entre os
candidatos desse partido na ordem de maior votação nominal.
Todavia, esses candidatos precisam ter recebido a VOTAÇÃO NOMINAL MÍNIMA, correspondente
ao número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral (art. 108 do CE). Se esse partido,
por exemplo, só tiver 3 candidatos que tenham atingido a votação nominal mínima, os 2 lugares não
preenchidos entrarão para o cálculo da 3ª etapa da distribuição de sobras (art. 108, parágrafo único, do
CE).
1) ADI 5920 – questiona o art. 108, caput e parágrafo único, do Código Eleitoral:
A ADI 5920 visou a questionar a constitucionalidade do art. 108, caput e parágrafo único, do
Código Eleitoral, que estipulou o limite mínimo de votação individual de 10% do quociente eleitoral para
preenchimento das vagas nas eleições proporcionais.
De acordo com o Partido Patriotas, autor da ação direta, com a alteração da lei, é possível que
um partido ou coligação que possua candidatos de “expressão mediana”, mesmo que ultrapasse em
muito o quociente eleitoral, não faça jus a nenhuma vaga, o que traz grave distorção para o regime
democrático (art. 1º, parágrafo único, CF) e para o sistema proporcional (art. 45, CF), que visa à união
de forças políticas e à salvaguarda do direito das minorias no cenário político democrático.
Nesse ponto, o STF julgou improcedente o pedido formulado, entendendo que a alteração
trazida pelo art. 4º da Lei 13.165/2015 não viola o princípio democrático ou o sistema proporcional,
consistindo, antes, em valorização da representatividade e do voto nominal, em consonância com o
sistema de listas abertas e com o comportamento cultural do eleitor brasileiro.
Nesse sentido, o Min. Luiz Fux, relator, asseverou que o legislador tentou acabar com a figura do
“puxador de votos”, excluindo da participação, no parlamento, de candidatos que pessoalmente tenham
obtido votação inexpressiva e, por isso, tenham representatividade popular ínfima (ADI 5920/DF, rel.
Min. Luiz Fux, julgamento em 4.3.2020 - Informativo 968).
A ADI 5420, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, por sua vez, questionou a
constitucionalidade da alteração do art. 109, I, do Código Eleitoral, trazida pela minirreforma de 2015.
De acordo com a ação direta, a nova sistemática de cálculo para a distribuição das vagas remanescentes,
adotada pela Lei 13.165/2015, viola a Constituição Federal ao passo que, na prática, desnaturaria o
sistema proporcional no cálculo das sobras eleitorais.
Isso porque, com a mudança na legislação, o partido ou a coligação que primeiro obtivesse a
maior média e, consequentemente, obtivesse a primeira vaga remanescente, acabaria por obter todas
as vagas seguintes, enquanto possuísse candidato que atendesse à exigência de votação nominal mínima
(pelo menos 10% do quociente eleitoral).
Ao apreciar a liminar, o Ministro Dias Toffoli, relator, entendeu que haveria “uma tendência à
concentração, em uma única sigla ou coligação, de todos os lugares não preenchidos com a aplicação
dos quocientes partidários e em razão da exigência de votação nominal mínima”. Na oportunidade, o
relator frisou que, no sistema proporcional, busca-se, na distribuição das vagas, assegurar a participação
das minorias nas cadeiras legislativas.
Esclareceu que um dado fixo é utilizado para os seguidos cálculos de atribuição das vagas
remanescentes, desprezando-se a aquisição de vagas nas operações anteriores. Dessa forma, o partido
político ou coligação que primeiro atingir a maior média e, consequentemente, receber a primeira vaga
remanescente, acabará por obter todas as vagas seguintes enquanto possuir candidato que atenda à
exigência de votação nominal mínima (pelo menos 10% do quociente eleitoral). Isso ocasionará uma
tendência à concentração, em uma única sigla ou coligação, das vagas remanescentes (ADI 5420/DF, rel.
Min. Dias Toffoli, julgamento em 4.3.2020 - Informativo 968).
I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo número de
lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao
partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha
candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de
2015)
LEIA-SE:
I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo número de
lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao
partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha
candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de
2015) (Vide ADIN 5420)
Ou seja:
Dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos pelo
número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior
média um dos lugares a preencher.
Passando a segunda etapa e não se distribuindo todas as vagas existentes, ou seja, sobrando vagas
apreencher (“sobras”), precisa-se realizar a terceira etapa (divisão das sobras – DS).
Daí se pergunta: por que há essas sobras? Por que não se distribuiu todas as vagas existentes
quando do cálculo do quociente partidário (QP)?
Em primeiro lugar, porque algum partido pode ter candidatos que não atingiram a votação
nominal mínima, e, por força do parágrafo único do art. 108 do CE, esses lugares não preenchidos serão
destinados à distribuição das sobras.
Em segundo lugar, porque quase sempre se terá um resultado do cálculo do QP que não seja
número inteiro. Daí, levando-se em conta o desprezo de todas as frações dos cálculos de todos os partidos
em disputa, notadamente não haverá o preenchimento imediato de todas as vagas disponíveis, razão pela
qual se perfaz necessário entrar na 3ª etapa do cálculo, qual seja, a distribuição das sobras (DS).
3ª ETAPA: determina-se a divisão de sobras – DS – dividindo-se o número de votos válidos dados
para a mesma legenda pelo número de lugares por ela obtido no quociente partidário somado a mais 1
(um).
OBSERVAÇÃO: Com o advento da Lei nº 13.488 de 06 de outubro de 2017, que alterou a redação do §
2º do art. 109 do CE, TODOS os PARTIDOS que participaram do pleito poderão concorrer à distribuição
dos lugares.
Primeiramente, nessa última etapa, faz-se uma média de cada partido para cada vaga restante.
Exemplo: caso haja 3 vagas restantes, faz-se todo o cálculo para apenas uma dessas vagas. Após se
determinar para qual partido essa vaga irá, acrescenta-se ela ao partido que a recebeu e, em seguida,
realiza-se novo cálculo. Tudo novamente para a segunda vaga restante e, assim, sucessivamente até
acabarem as vagas.
Importante mencionar que, levando em consideração essa média que se faz, o partido que tiver a
maior média recebe a vaga, desde que o candidato desse partido tenha obtido o percentual do VOTO
NOMINAL MÍNIMO. Esse voto nominal mínimo, fruto da minirreforma de 2015 (Lei nº 13.165/2015),
consiste em o candidato ter obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do
quociente eleitoral. Isto é, o candidato tem que atingir o mínimo de 10% do QE (Exemplo: se o QE
calculado foi de 10.000, o candidato necessita ter recebido, no mínimo, 1.000 votos válidos).
Por outro lado, na definição dos suplentes da representação partidária, não há exigência da
votação nominal mínima dos 10% do QE, conforme redação atual do parágrafo único do art. 112 do
Código Eleitoral.
OBSERVAÇÃO: Caso haja empate entre as médias dos partidos, prevalece a vaga ao partido que
obteve maior votação (TSE – Res. nº 23.456/2015, art. 149, “§ 2° No caso de empate de médias entre
dois ou mais partidos políticos ou coligações, será considerado aquele com maior votação (Res.-TSE n°
16.844/1990)”).
A legislação só permite que essa vaga seja distribuída sem que se tenha atingido essa votação
mínima, caso não haja partido que atenda tal exigência. Esse, portanto, é um segundo momento do
cálculo das sobras. Nessa situação, será distribuída a vaga para o partido que, simplesmente, tiver a maior
média calculada pela DS.
Impende destacar que essas vagas oriundas do cálculo da DS serão preenchidas pelos partidos
pelos seus respectivos candidatos na ordem de maior votação nominal. Exemplo: Partido X tem direito
a 2 vagas das sobras e possui os candidatos Y (recebeu 10.000 votos nominais); Z (recebeu 20.000 votos
nominais) e W (recebeu 3.000 votos nominais). Nesse caso, os candidatos que irão ocupar as duas vagas
são o Z e o Y, por possuírem maior votação que o candidato W.
OBSERVAÇÃO: Diante do exposto, constata-se que o ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema
proporcional de lista aberta, uma vez que cabe ao eleitor escolher os candidatos que ocuparão as vagas
dos respectivos partidos. O voto do eleitor, em cada candidato, é determinante para se saber quais dos
candidatos do partido irão assumir as correspondentes cadeiras destinadas.
Se o sistema proporcional fosse de lista fechada, os partidos, previamente, antes das eleições, definiriam
a ordem dos candidatos que apareceriam na lista, ficando o eleitor sujeito apenas a votar na legenda
(partido). Caso essa legenda obtivesse direito a 3 (três) vagas, por exemplo, os três primeiros candidatos
da legenda indicados na lista assumiriam o cargo.
Percebe-se que, incialmente, o partido necessita atingir o QE para ter lugar na casa legislativa
correspondente. Caso contrário, sequer terá direito a lugar no parlamento representado pelo sistema
proporcional.
Todavia, há duas exceções. A primeira é decorrente da nova redação do § 2º do art. 109 do CE, que
possibilita ao partido, ainda que não tenha obtido o QE, participe do cálculo das distribuições de sobras
(DS). Tal dispositivo, com o advento da Lei nº 13.488/2017, autorizou TODOS os partidos que participaram
do pleito a concorrerem para a distribuição de lugares(DS).
A segunda exceção se encontra no art. 111 do CE, que apresenta a hipótese de NENHUM partido
atingir o QE. Nesse caso, considerar-se-ão eleitos os mais votados nominalmente até o preenchimento
de todas as vagas. Constata-se que, nessa hipótese excepcional, observar-se-á o princípio majoritário.
Essas três etapas podem ser desenvolvidas a partir da aplicação da seguinte sistematização:
Esse sistema, não adotado no Brasil, faz uma mescla entre os sistemas majoritário e proporcional.
Dentro desse sistema misto, pode haver uma inclinação maior para as características do sistema
majoritário ou do sistema proporcional. Isso porque, como se trata de um sistema que apresenta traços
de ambos os sistemas, poderá haver preponderância de um ou de outro.
A doutrina cita, como exemplo, o sistema misto na Alemanha. Nesse país, prepondera- se a
proporcionalidade e a votação se divide em duas partes: uma parte dos lugares são preenchidos pelo
voto majoritário (maioria simples); e a outra parte pelo sistema proporcional.
Se esse sistema alemão fosse utilizado no Brasil, cada estado da federação iria ser dividido em
distritos, tantos quantos fossem o número de lugares a serem preenchidos.
OBSERVAÇÃO: Pelo sistema distrital puro, as circunscrições eleitorais (Estado, DF e Município) são
divididas em distritos (microrregiões), elegendo-se um parlamentar para cada um desses, por meio do
sistema majoritário (maioria simples ou absoluta).
Já o sistema distrital misto, essas circunscrições eleitorais têm parte das vagas eleitas através dos
distritos (sistema majoritário por maioria simples ou absoluta) e parte das vagas (geralmente a
metade) destinadas à eleição pelo sistema proporcional de listas partidárias (abertas ou fechadas).
Sistema distrital
Por sistema distrital entende-se o sistema em que o princípio majoritário é aplicado às eleições
para o Poder Legislativo.
No Brasil, as eleições legislativas para a Câmara dos Deputados foram regidas pelo sistema
distrital durante quase todo o Império e a República Velha. Com o advento do primeiro Código
Eleitoral (Decreto nº 21.076/32), ele foi extinto, passando-se a adotar, pela vez primeira, o sistema
proporcional, ainda que um pouco diferente das características do sistema proporcional hoje vigente.
Nesse sistema, o voto distrital é assim: divide-se um município (ou um estado-membro) em
circunscrições ou distritos. Em seguida, cada partido pode lançar apenas um candidato por distrito, e
ganha aquele que tiver mais votos válidos. É bem simples, cuja votação é feita diretamente na pessoa
do candidato.
Costuma-se dividir o voto distrital em: distrital puro ou simples, distrital misto ou distritão. Pelo
primeiro, os candidatos ao Legislativo – vereadores, deputados e senadores – seriam eleitos pela
maioria simples dos votos, como hoje acontece nas eleições para o Executivo. O estado ou o município
seriam divididos em uma quantidade específica de distritos (que deve ser o mesmo número das
cadeiras a serem ocupadas), e cada um dos distritos teria direito a eleger um representante para
ocupar as respectivas cadeiras. O eleitor poderia votar apenas no candidato do seu distrito. No
segundo (distrital misto), ocorre uma mistura do atual sistema com o distrital. Nele, a circunscrição
eleitoral (estado ou município) teria metade das cadeiras a ser ocupada pelo sistema distrital
propriamente dito, isto é, com os candidatos que obtiverem a maioria simples dos votos. Ou seja, a
circunscrição seria dividida em uma quantidade específica de distritos (que deve ser o mesmo número
das cadeiras a serem ocupadas pelo sistema distrital), e o mais votado de cada distrito seria eleito. Na
outra metade, os representantes seriam eleitos pelo sistema proporcional de hoje com o estado ou
município sendo um único distrito. Por último, no distritão, existiria apenas um grande distrito
circunscrição (estado ou município), onde os candidatos mais votados ganhariam a eleição.
Diversos são os argumentos e críticas a esse tipo de sistema distrital e suas variações. Em linhas
gerais, pode ser assim sintetizado:
Distrital puro – argumento a favor: a divisão do espaço em distritos propicia uma maior
proximidade eleitor com candidato, tornando mais fácil o acompanhamento do mandato e a
fiscalização inerente. Argumentos contra: o sistema distrital pode favorecer o clientelismo eleitoral,
já que os políticos, ao serem eleitos, passarão a se preocupar somente com o seu distrito, bem assim
pode prejudicar pautas minoritárias, em que costumam vicejar votos difusos por toda a circunscrição
eleitoral, e, não, apenas no específico distrito.
Distrital misto – argumentos a favor: a mistura de votos de maioria e de votos proporcionais
atende aos interesses locais e nacionais. Permite, a um só tempo, a proximidade do eleitor com seu
candidato (distrital) e a pluralidade de eleitos em espaço amplo (proporcional). Argumento contra:
sistema de difícil compreensão aos eleitores e mais difícil que o atual.
Distritão – argumentos a favor: põe fim aos puxadores de voto, sendo eleitos apenas os mais
votados pela população, em um único distrito. Permite, ainda, uma melhor pesquisa do candidato,
tendo em conta o número de pretendentes. Argumentos contra: dificulta a renovação política e retira
a importância dos partidos, já que a ênfase seria na pessoa dos candidatos.
2. JURISPRUDÊNCIA
SÚMULAS DO TSE
Súmula 38. Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato, há litisconsórcio passivo
necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa majoritária.
Súmula 67. A perda do mandato em razão da desfiliação partidária não se aplica aos candidatos eleitos pelo
sistema majoritário.
JULGADOS DO STF
- É constitucional legislação federal que estabeleça novas eleições para os cargos majoritários simples –
isto é, Prefeitos de Municípios com menos de duzentos mil eleitores e Senadores da República – em casos
de vacância por causas eleitorais. (ADI 5.690, rel. min. Roberto Barroso, j. 8-3-2018, Informativo893)
- A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema
majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor (Informativo
787/STF/2015).
- O número de Deputados Federais deve ser fixado por meio de Lei Complementar, não podendo ser feito
pelo TSE. A CF/88 previu que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, deve ser estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população (§ 1º
do art. 45). (STF, Plenário, ADI 4947, 5020, 5028, 5130, 4963, 4965 e ADC 33/DF, Rel. p. Acórdão Min. Rosa
Weber, julgados em 18/6/2014, Informativo 751).
JULGADOS DO TSE
- “Consulta. Candidatos a governador e vice vinculados a partidos políticos distintos. Coligação. Morte do
titular. Sucessão. Hipóteses possíveis. Respostas correspondentes. [...] c) Na hipótese de falecimento após a
realização do segundo turno e antes da diplomação dos eleitos, por aplicação da jurisprudência do
TSE, será diplomado como titular o vice-governador eleito, visto que 'os efeitos da diplomação do
candidato pela Justiça Eleitoral são meramente declaratórios, já que os constitutivos evidenciam-se com
o resultado favorável das urnas;' d) Em ocorrendo o evento morte entre a diplomação e a posse dos
eleitos, nenhuma providência competirá à Justiça Eleitoral, pois incidirão, por aplicação do princípio da
simetria, as regras constantes dos arts. 80 e 81 da Constituição Federal.” (Res. nº 22.236, de 8.6.2006, rel.
Min. Cezar Peluso.)
1. DA JUSTIÇA ELEITORAL
A Justiça Eleitoral é o ramo especializado da Justiça da União, conforme determina o art. 92, V,
CF/88. Desse modo, a função jurisdicional perfaz sua atividade típica. Exerce-a sobre todo o processo
eleitoral – período compreendido entre o alistamento eleitoral e a diplomação dos eleitos – e,
excepcionalmente, após a diplomação, como no caso do art. 14, § 10, CF, in verbis:
Art. 14. (...) § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação
com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
Da mesma forma, a doutrina ainda aponta a função executiva (administrativa) como própria da
Justiça Eleitoral (função típica), porquanto investida de poder de polícia, além da competência de
organizar e administrar as eleições, plebiscitos e referendos. Difere, nesse ponto, dos demais órgãos
do Judiciário que apenas detêm a função de administrar como algo secundário e atípico.
A Justiça Eleitoral possui também a função regulamentar (normativa), com o intuito de instruir a
fiel execução da lei. Vê-se, destarte, que a JE não tem a função legislativa de caráter primário, pois as
instruções não podem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas na lei (art. 105, Lei
nº 9.504/97 – Lei das Eleições).
Por último, há de se destacar a função consultiva da JE, cabendo tanto ao TSE quanto aos TRE´s
responderem a consultas em tese formuladas por autoridades públicas ou partidos políticos em matéria
eleitoral.
OBSERVAÇÃO: As consultas devem ser realizadas em tese, sem estar relacionadas ao caso concreto.
Quanto à vinculação das consultas, o TSE possuía um entendimento pacificado de que as respostas
não possuíam efeito vinculante; e, ainda, não caberia reclamação pelo descumprimento de resposta
à consulta, segundo a súmula 35 do TSE.
Todavia, com o advento da Lei nº 13.655/2018, que inseriu o art. 30 e parágrafo único na LINDB, surge
a dúvida: as respostas às consultas do TSE possuem caráter vinculante?
Primeiramente, veja a redação do artigo em questão:
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Anote-se que, no site do TSE, em legislação anotada, quando da anotação ao art. 23, XII, do CE
(que atribui competência ao TSE a responder consultas), há a seguinte indicação, in verbis: “V. art. 30 do
DL nº 4.657/1942, com redação dada pela Lei nº 13.655/2018: caráter vinculante das respostas às
consultas. V., também, Ac.-TSE, de 29.5.2018, na Cta nº 060023494.”.
Na Sessão Plenária de 29 de maio de 2018, o TSE apreciou a Cta nº 060023494, oportunidade na
qual promoveu considerável mudança em sua jurisprudência, uma vez que, a partir desta, os Ministros
apontam pela vinculação das respostas às consultas.
Em verdade, no primeiro momento, o Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho não considerou
como vinculante. Contudo, o Ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, em seu voto, alertou ao Ministro
relator que, com a mudança da LINDB, passaria a vincular o TSE, ao afirmar: “a premissa de que as consultas
não são vinculantes agora está demolida na lei, que se aplica não apenas à seara administrativa mas
também à seara jurisdicional.” E complementou: “ A observação que faço, se Vossa Excelência aderir a essa
inclinação, reforça ainda mais a compreensão de Vossa Excelência, de que não convém responder a esse
tipo de pergunta, porque assim estaríamos engessando nossa própria atividade jurisdicional no momento
próprio”
Após esse pronunciamento, o Relator respondeu: “Acolho com muita alegria e agradeço a
Vossa Excelência pela advertência.”.
Ao final, o TSE, por unanimidade, acompanhou o voto do relator.
Destarte, é possível defender que, diante dos votos proferidos na mencionada consulta, com
fundamento na alteração da LINDB, as respostas às consultas do TSE teriam caráter vinculante.
O tema das funções da Justiça Eleitoral foi abordado no concurso para Promotor de Justiça do
Estado de São Paulo, com a seguinte assertiva considerada correta: “A Justiça Eleitoral exerce funções
administrativas, normativas, consultivas e jurisdicionais.”.
FUNÇÕES
Jurisdicional
Executiva / administrativa
JUSTIÇA ELEITORAL
Regulamentar / normativa
Consultiva
A Constituição Federal prevê os órgãos que compõem a Justiça Eleitoral (art. 118 da CF/88):
Composição do TSE-
MÍNIMO 7
membros
3 dentre os 2 dentre os
2 advogados
Ministros do STF Ministros do STJ
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE – a função de órgão
de cúpula da Justiça Eleitoral. Conforme o art. 119 da Constituição, o TSE, sediado na Capital Federal,
será composto por, no mínimo, 7 membros.
OBSERVAÇÃO: A CF/88 apenas prevê um número mínimo de componentes do TSE, podendo uma Lei
Complementar, de iniciativa do próprio TSE, aumentar esse número de membros, segundo disposição
do art. 121 da CF/88.
De acordo com o art. 119 da CF, a composição dos seus membros será de: três dentre os ministros
do STF (escolhidos mediante voto secreto); dois dentre os ministros do STJ (escolhidos mediante voto
secreto); e dois advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo STF e nomeados
pelo Presidente da República.
OBSERVAÇÃO: NÃO há sabatina do Senado Federal na escolha dos advogados. Simplesmente, o STF
realiza uma lista tríplice e o Presidente da República nomeia um deles. Outro ponto é que, de acordo
com a jurisprudência do TSE (AC 2.833, DJ 01.03.02), os advogados que compõem o TSE e TRE's
deverão ter 10 anos de efetiva atividade profissional.
Todos os membros do TSE atuam sem prejuízo de suas funções, continuando a exercer suas funções
de forma concomitante. Ou seja, os Ministros do STF que compõem o TSE exercem, ao mesmo tempo,
suas funções no próprio STF; os Ministros do STJ que compõem o TSE também exercem suas funções no
STJ; e os advogados nomeados para integrar o TSE não ficam impedidos de exercer a advocacia, salvo os
feitos de competência da Justiça Eleitoral durante o período de seus mandatos como magistrados
eleitorais.
Justamente nessa linha, o STF possui o entendimento da súmula nº 72, in verbis:
Súmula nº 72 STF. No julgamento de questão constitucional, vinculada a decisão
do Tribunal Superior Eleitoral, não estão impedidos os ministros do Supremo
Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo processo, ou no processo
originário.
O STF também decidiu que “a incompatibilidade com o exercício da advocacia não alcança os
juízes eleitorais e seus suplentes, em face da composição da Justiça Eleitoral estabelecida na
Constituição”. (ADI 1127, 17.05.2006).
Ainda sobre a composição do TSE, a CF/88 aponta que o próprio TSE elegerá seu Presidente e o
Vice-Presidente, dentre os ministros do STF, e o seu Corregedor Geral Eleitoral, dentre os ministros do
STJ.
Por sua vez, o Código Eleitoral apresenta normas complementares à composição do TSE, a
respeito de impedimentos de parentesco entre seus membros e restrições a funcionários públicos.
Observe:
(...)
OBSERVAÇÃO: Qualquer interessado pode arguir suspeição ou impedimento dos membros do TSE,
procurador geral ou funcionários de sua secretaria, nos casos previstos no processo civil ou processo
penal, além do motivo de parcialidade partidária; todavia, a suspeição será considerada ilegítima
quando o excipiente a provocar ou, depois de manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação
do arguido (art. 20 e parágrafo único, do CE).
A respeito das decisões do TSE, o Código Eleitoral (CE) estabelece um quórum para instalação e
deliberação. De regra, deve haver maioria ABSOLUTA para INSTALAÇÃO e maioria relativa para a
decisão, salvo nos casos de interpretação do CE em face da CF, cassação de registro de partidos políticos
e recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, cuja decisão necessitará da
presença de TODOS seus membros, ou seja, todos os membros do TSE deverão estar presentes para que
haja julgamento desses casos apontados.
CE. Art. 19. O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública,
com a presença da maioria de seus membros.
ATENÇÃO:
Julgamento pelo TSE:
REGRA:
quórum de instalação = maioria absoluta.
quórum de deliberação = maioria relativa.
EXCEÇÕES:
quórum de instalação = UNANIMIDADE DOS MEMBROS.
quórum de deliberação = maioria relativa.
O Código Eleitoral ainda dispõe acerca da competência do TSE para o processamento e julgamento
de certas matérias eleitorais, disciplinada em seus artigos 22 e 23, cuja leitura se perfaz imprescindível.
Quanto à alínea “e” do inciso I acima colacionado, a inaplicabilidade é parcial. A parte destacada
em negrito, relativa ao habeas corpus está em plena consonância com a CF. No entanto, em relação ao
mandado de segurança contra atos do Presidente, dos Ministros de Estado e dos Membros do TRE a
interpretação deve ser feita à luz da Constituição e da jurisprudência do STF. Então como fica?
Em relação aos atos praticados pelo Presidente da República, caso ensejem habeas corpus, tais
ações serão processadas e julgadas perante o STF, por força do art. 102, I, d, da CF.
Em relação aos habeas corpus contra ato do Ministro de Estado, a competência será do TSE, uma
vez que o art. 105, I, “c” da CF faz a ressalva da competência da Justiça Eleitoral.
Em relação aos atos praticados pelos Ministros dos TREs permanece a competência do TSE, uma
vez que não há regra específica na Constituição atribuindo a competência a outro órgão.
Parece complicado, mas vamos esquematizar para ficar mais fácil.
HC EM MATÉRIA
ELEITORAL
MS MATÉRIA
ELEITORAL
ATOS ATOS
ATOS
PRATICADOS PRATICADOS
PRATICADOS
PELOS MINISTROS PELOS MEMBROS
PELO PRESIDENTE
DE ESTADO DOS TREs
PLENO DO TRE
STF JULGA STJ JULGA
JULGA
ATENÇÃO!! O TSE não tem competência penal originária, diferentemente dos TRE's, que processam e
julgam crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais. É pacífico o entendimento, a partir da
interpretação dos arts. 102, I, “c” e 105, I, “a”, da CF, segundo o qual os ministros do TSE são julgados
pelo STF pela prática de crimes eleitorais, e os membros dos TRE's e os governadores de Estado pelo STJ
pela prática de crimes eleitorais (TSE, AC 15.584, j.09.05.2000).
Com relação ao parágrafo único do art. 22 do CE, convém destacar que a regra se constitui na
irrecorribilidade das decisões do TSE, havendo exceção apenas para as decisões denegatórias de
habeas corpus e mandado de segurança, bem como aquelas que contrariem a CF (vide art. 281 do CE; art.
121, § 3º, CF c/c art. 102, III, CF).
Nesses casos excepcionais, tanto o recurso ordinário quanto o recurso extraordinário serão
interpostos no prazo de 3 (três) dias, nos termos do art. 281 e da Súmula 728 do STF, verbis:
ATENÇÃO!! Das decisões do TSE que denegarem Habeas Data ou Mandado de Injunção não cabe
recurso. Apenas são recorríveis as decisões do TSE que contrariarem a CF (art. 102, III, CF) e as
denegatórias de HC e MS.
Por fim, cabe ao TSE o julgamento de Recurso Especial das decisões proferidas pelos TRE´s,
quando a decisão recorrida for contra expressa disposição de lei ou quando ocorrer divergência na
interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais, bem como recurso ordinário das decisões
dos TRE´s que versarem sobre a expedição de diplomas nas eleições federais e estaduais ou que
denegarem HC ou MS.
CABE RECURSO DO TRE PARA
DECISÃO CONTRÁRIA À
CONSTITUIÇÃO OU LEI
ESPECIAL
DECISÕES EM INELEGIBILIDADE OU
EXPEDIÇÃO DE DIPLOMAS NAS
ELEIÇÕES FEDERAIS E ESTADUAIS
DECISÕES DE ANULAÇÃO DE
ORDINÁRIO DIPLOMAS OU PERDA DE MANDATOS
ELETIVOS FEDERAIS OU ESTADUAIS
Conforme art. 120 da CF, haverá 1 (um) TRE na capital de cada Estado e no DF, composto por 7
membros (de acordo com interpretação do art. 121 da CF, Lei Complementar poderá aumentar esse
número).
OBSERVAÇÃO: Os advogados que compõem os TRE's são escolhidos a partir de lista elaborada pelo
respectivo TJ, enquanto aqueles que compõem o TSE são nomeados a partir de lista elaborada pelo
STF. Em nenhum dos casos a lista de advogados é elaborada pela OAB e, da mesma forma, inexiste
sabatina do Senado ou da Assembleia Legislativa respectiva.
02 Advogados nomeados pelo Presidente República, indicados pelo TJ. O TJ faz duas listas com
03 nomes que são encaminhadas ao TRE e este encaminha ao TSE que aprova as listas e encaminha ao
Presidente da República.
Outro dado importante se refere ao Corregedor Regional Eleitoral, pois a Constituição de 1988 não
determinou qual dos membros do TRE teria a competência para o exercício de tal função.
O art. 120, § 2º da CF, apenas apontou que os cargos de Presidente e o Vice-Presidente do TRE
seriam exercidos pelos Desembargadores.
Nesse diapasão, importante deixar claro que o art. 26 do CE não foi recepcionado pela CF/88. Esse
dispositivo prevê a eleição de 3 (três) desembargadores, sendo um deles para exercer a função de
Presidente do TRE, outro a de Vice-Presidente e o terceiro para exercer a função de Corregedor Regional
Eleitoral. Contudo, a CF/88 somente previu 2 (dois) cargos destinados aos Desembargadores do Tribunal
de Justiça e, ainda, como dito alhures, não destinou nenhum deles à função de Corregedor Eleitoral.
Diante disso, alguns regimentos internos de TRE´s preveem que a função de corregedor será
acumulada pelo Vice-Presidente, como no caso do TRE/SP, segundo o art. 4º, caput, do Regimento Interno
do TRE/SP:
Outros Regimentos Internos preveem que a função do Corregedor Eleitoral poderá ser exercida por
quaisquer dos juízes do TRE. Nesse sentido, observe o regimento do TRE´s de PE:
Destarte, a função de Corregedor Regional Eleitoral poderá ser exercida por quaisquer dos
membros do TRE, a depender do respectivo Regimento Interno. Lembre-se que, no TSE, o Corregedor
Eleitoral é escolhido dentre um dos Ministros do STJ.
No que se refere aos recursos das decisões proferidas pelos TRE´s, não obstante o parágrafo
único do art. 29 do CE transcrito alhures, a Constituição Federal possibilitou algumas hipóteses recursais,
isto é, limitando os recursos contra decisões dos TRE´s, conforme exposto no § 4º do art. 121:
OBSERVAÇÃO: As decisões de TRE's que denegarem habeas data ou mandado de injunção são
recorríveis. No entanto, se essas decisões forem do TSE, elas são irrecorríveis, pois de acordo com a
CF apenas são RECORRÍVEIS as decisões do TSE que contrariarem a CF e as relativas a HC e MS.
TABELA COMPARATIVA
TSE TRE
COMPOSIÇÃO: para o TSE a CF fala em NO MÍNIMO COMPOSIÇÃO: tanto a CF quanto o CE mencionam 7
7 MEMBROS. MEMBROS. Contudo, prevê o CE que o número de
membros poderá ser elevado até 9 MEMBROS.
INTEGRANTES: INTEGRANTES:
3 MIN STF 2 DES TJ
2 MIN STJ 2 JUÍZES TJ
2 ADVOGADOS 1 DES TRF 2 ADVOGADOS
Membros advogados são nomeados pelo Presidente da República, embora no TSE sejam indicados pelo STF
e no TRE sejam indicados pelo TJ.
PRESIDÊNCIA e VICE: O TSE escolhe entre os PRESIDÊNCIA E VICE: O TRE escolhe entre os Des. do
Ministros do STF. TJ.
LIMITAÇÃO DE PARENTESCO ENTRE MEMBROS: até LIMITAÇÃO DE PARENTES ENTRE MEMBROS: até 4º
4º grau grau
CORREGEDOR: Ministro do STJ CORREGEDOR: previsto em Regimento Interno.
COMPETÊNCIAS MAIS IMPORTANTES COMPETÊNCIA MAIS IMPORTANTES
Cassação de registro de partidos políticos e dos Cassação de diretórios estaduais e municipais de
diretórios nacionais; partidos políticos;
Cassação do registro de candidatos à Presidência e Cassação de registro de candidatos à Governador,
Vice-Presidência. vice-Governador, Membro do Congresso Nacional
Responder a consultas formuladas por autoridades (Senadores e Deputados Federais), e membros das
com jurisdição federal ou órgão nacional de partido. Assembleias Legislativas (Deputados Estaduais).
• Aprovar a divisão dos Estados em zonas Responder a consultas formuladas por autoridade
eleitorais ou a criação de novas zonas política ou partido político.
• Dividir a respectiva circunscrição em zonas
eleitorais, submetendo essa divisão, assim como a
criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal
Superior.
Na zona eleitoral que houver mais de uma vara da Justiça Comum, o TRE designará aquela
responsável pela competência eleitoral, que será exercida pelo período de 2 anos, salvo se só houver um
juízo de direito atuando no espaço correspondente à zona eleitoral, quando esse será designado por
tempo indeterminado.
Nessa escolha de qual magistrado exercerá a função eleitoral pelo TRE, observar-se-á a antiguidade
apurada entre os juízes que não tenham exercido a titularidade de zona eleitoral, salvo impossibilidade.
No interesse da administração judiciária ou por conveniência OBJETIVA do serviço eleitoral, o
TRE, excepcionalmente, por 5 votos dos seus membros, poderá substituir o critério da antiguidade pelo
de merecimento do magistrado designado.
Salvo nas comarcas de uma só vara, a designação do juiz eleitoral dependerá de inscrição do
interessado no TRE. Não poderá servir como juiz eleitoral o cônjuge, parente consanguíneo ou afim,
até o 2º grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição, durante o período entre a
homologação da respectiva convenção partidária até a diplomação e nos feitos decorrentes do processo
eleitoral.
COMPETE AO JUIZ
ELEITORAL
EM ATÉ 60 DIAS
ANTES DO PLEITO
Observação: Importante saber o teor da Súmula 41 do TSE, in verbis: “não cabe à Justiça Eleitoral
decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos
Tribunais de Contas que configurem causa de inelegibilidade”.
Quanto à competência do TSE para o julgamento de crimes comuns conexos aos crimes eleitorais, o
STF, com base nos arts. 35, II, do CE c/c art. 78, IV, do CPP, afirmou que: Compete à Justiça Eleitoral julgar
os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. (info 933 – Inq 4435, j. 13 e 14.03.2019)
Destaca-se, também, que o inciso XVII acima prevê o poder de polícia dos juízes eleitorais que,
como visto acima, consiste em função administrativa típica/primária, peculiar à Justiça Eleitoral,
verificada, por exemplo, na fiscalização do alistamento eleitoral e da regularidade das propagandas
eleitorais, dentre outros.
Além desta previsão legal, há de se mencionar, ainda, o poder de polícia apontado pela Lei das
Eleições (Lei nº 9.504/97), a ser exercido pelos juízes eleitorais, no tocante à propaganda eleitoral.
Transcreve-se:
OBSERVAÇÃO: Ainda nesse sentido, em recente julgado o TSE afirmou que o exercício do poder
de polícia, nos termos do art. 41, §§ 1º e 2º da Lei nº 9.504/1997, não autoriza a realização de busca
e apreensão domiciliar sem mandado judicial.
No caso, a condenação por abuso de poder econômico que ensejou o recurso ao TSE balizou-
se, dentre outras provas, em documentos colhidos em medida de busca e apreensão de vales-
combustivel, realizada pessoalmente e por iniciativa própria do juiz eleitoral, sem a existência de
processo ou de investigação prévia, fundamentada nos arts. 41, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.504/1997 e 241
do Código de Processo Penal (CPP).
O Ministro Edson Fachin, relator, inicialmente esclareceu que o poder de polícia eleitoral,
previsto no art. 41, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.504/1997, compreende a prática de atos preventivos ou
inibitórios de irregularidades no âmbito da propaganda eleitoral. Assim, nos termos do seu voto, o
poder de polícia não autoriza a realização direta de medida de busca e apreensão domiciliar pelo
magistrado fora das hipóteses constitucionais.
Nesse ponto, acrescentou que as ações que busquem aplicar sanções ou se distanciem do
escopo preventivo possuem caráter jurisdicional e devem obedecer ao devido processo legal.
Afirmou, ainda, que a autorização contida no art. 241 do CPP deve ser reinterpretada à luz do
modelo processual constitucional vigente, fundado na paridade de armas, na igualdade das partes, no
princípio da ampla defesa e na separação entre as funções de acusador e de julgador (Recurso Especial
Eleitoral nº 477-38/RJ, julgado em 14/11/19 – Informativo TSE 14 Ano XXI).
Funcionarão na 1ª instância da Justiça Eleitoral. São compostas por 1 juiz de direito, que a preside
(não necessariamente será o juiz eleitoral da zona respectiva, embora haja preferência para este), e de 2
ou 4 cidadãos de notória idoneidade. Em uma mesma zona, poderá ser organizada mais de uma junta
eleitoral, podendo ser organizadas tantas juntas quantas permitir o número de juízes de direito atuantes
na área territorial correspondente à zona.
Seus membros serão nomeados até 60 dias antes da eleição, depois da aprovação do TRE, por
seu presidente, que, por sua vez, designará a sede da junta eleitoral.
OBSERVAÇÃO: A redação do art. 36, § 1º, do CE, é clara ao dispor que os membros da junta eleitoral
são aprovados pelo TRE e nomeados pelo Presidente desse mesmo tribunal.
O TSE, ao editar a Resolução 23.611/19, que dispõe sobre os atos gerais do processo eleitoral para as
Eleições 2020, prevê em seu art. 146 que os cidadãos que atuarão como membros titulares das Juntas
Eleitorais serão “nomeados pelo presidente do tribunal regional eleitoral até 5 de agosto de 2020”.
A doutrina, em maioria, tem seguido essa redação literal da lei, como afirma Roberto Moreira de
Almeida (Curso de direito eleitoral. 11 ed., Salvador: Jus Podivm, 2017, p. 240): “Cabe ao Tribunal
Regional Eleitoral aprovar a indicação e ao Presidente do TRE fazer as nomeações.”.
Os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas serão publicados no órgão oficial do
Estado até 10 (dez) dias antes da nomeação, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias, em
petição fundamentada, impugnar as indicações.
Os membros da junta eleitoral, entrando em exercício, gozam da garantia da inamovibilidade e
demais prerrogativas comuns aos magistrados, no que for aplicável. A nomeação tanto do Juiz Eleitoral
quanto dos membros integrantes da Junta Eleitoral é de competência do Presidente do respectivo TRE, a
quem cumpre também designar-lhes a sede.
Importante destacar as vedações para a integração das juntas eleitorais trazidas pelo art. 36, § 3º, do
CE. Esse dispositivo impossibilita a nomeação como membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:
os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive o cônjuge; os membros
de diretórios de partidos políticos, as autoridades e agentes policiais; funcionários no desempenho de
cargos de confiança do Executivo; e os servidores da Justiça Eleitoral.
Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de
juízes de direito que gozem das garantias do Art. 95 da Constituição,
mesmo que não sejam juízes eleitorais.
Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma
Junta, ou quando estiver vago o cargo de juiz eleitoral ou estiver este
impedido, o presidente do Tribunal Regional, com a aprovação deste,
designará juizes de direito da mesma ou de outras comarcas, para
presidirem as juntas eleitorais.
Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de
notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de
atender a boa marcha dos trabalhos.
§ 1º É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas
a apurar.
EXPEDIÇÃO DE DIPLOMAS
E IMPUGNAÇÕES
Atente que, caso haja mais de uma junta eleitoral no mesmo município, a expedição dos diplomas
de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores eleitos será realizada pela junta eleitoral presidida pelo juiz
eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão os documentos da eleição (art. 40, parágrafo único, CE).
Eventuais IMPUGNAÇÕES deverão ser feitas perante as juntas eleitorais; se não for recebida
por esta, poderá ser apresentada diretamente ao TRE em 48h, acompanhada da declaração de 2
testemunhas.
O Ministério Público exerce função essencial à Justiça, em defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, nos termos do art. 127 da CF:
Lei nº 8.625/1993
Art. 10. Compete ao Procurador-Geral de Justiça:
IX - designar membros do Ministério Público para:
h) oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, ou junto ao
Procurador- Regional Eleitoral, quando por este solicitado;
Art. 32. Além de outras funções cometidas nas Constituições Federal e
Estadual, na Lei Orgânica e demais leis, compete aos Promotores de Justiça,
dentro de suas esferas de atribuições:
III - oficiar perante à Justiça Eleitoral de primeira instância, com as
atribuições do Ministério Público Eleitoral previstas na Lei Orgânica do
Ministério Público da União que forem pertinentes, além de outras
estabelecidas na legislação eleitoral e partidária.
ATENÇÃO! Muito embora a Lei 8.625/93 mencione ser competência do Procurador Geral de Justiça a
designação de membros para oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, é importante saber
que essa designação tem natureza de indicação. Quem designa os Promotores de Justiça estaduais
para atuação perante os Juízes e Juntas eleitorais é o Procurador Regional Eleitoral (após indicação do
PGJ).
Sobre o tema, o Plenário do STF, por maioria de votos, julgou improcedente a ADI 3802 ajuizada pela
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) para questionar dispositivo da Lei
Complementar 75/1993 (Estatuto do Ministério Público da União) que confere ao Procurador Regional
Eleitoral a incumbência de designar os membros do Ministério Público estadual que atuarão junto à
Justiça Eleitoral.
De acordo com o relator, Min. Dias Toffoli, “A subordinação hierárquico-administrativa, não funcional,
do promotor eleitoral é estabelecida em relação ao procurador regional eleitoral e não ao procurador-
geral de Justiça. Ante este quadro, nada mais lógico que o ato formal de designação do promotor para
a função eleitoral ser feita exatamente pelo Ministério Público Federal, e não pelo Ministério Público
local”.
Verifica-se que a função do Ministério Público eleitoral é prevista no ordenamento jurídico
brasileiro, mas não há um corpo próprio de promotores ou procuradores destinados exclusivamente à
Justiça Eleitoral.
Assim, cabe aos membros do Ministério Público da União ou dos Estados cumprirem essa função
eleitoral. Nesse diapasão, a doutrina aponta dois princípios correlacionados: princípio da federalização
e da delegação.
O princípio da federalização consiste no exercício da função eleitoral ser realizado pelo Ministério
Público Federal, como previsto nos arts. 37, I; 72, ambos da Lc nº 75/93.
Entretanto, diante da grande quantidade de zonas eleitorais no país, cabe a observância do
segundo princípio – princípio da delegação. Esse consiste na possibilidade de se delegar aos promotores
de Justiça (Ministério Público Estadual) a atuação junto aos JUÍZES DE PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO
ELEITORAL (art. 79, Lc nº 75/93).
OBSERVAÇÃO: Cabe ao Ministério Público Federal exercer as funções eleitorais em todas as fases e
instâncias. Excepcionalmente, delega-se aos promotores de justiça estaduais as funções eleitorais a
serem exercidas APENAS na Justiça Eleitoral de PRIMEIRA instância.
As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os juízes e juntas eleitorais serão
exercidas pelo promotor eleitoral, o qual será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao
juízo incumbido do serviço eleitoral de cada zona (art. 78 e 79 da Lc nº 75/93).
Caso não haja promotor que oficie perante a zona eleitoral, ou havendo impedimento ou recusa
justificada, o chefe do Ministério Público local indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser
designado.
OBSERVAÇÃO: O Procurador Regional Eleitoral é um Procurador da República que oficia junto ao TRE
(arts. 76 e 77 da Lc nº 75/93). Cabe a ele designar o promotor indicado pelo Procurador Geral de
Justiça (chefe do Ministério Público Estadual), conforme art. 10, IX, “h”, Lei nº 8.625/93.
O CNMP editou a Resolução nº 30/2008 para regulamentar o processo de escolha do membro do
Ministério Público Estadual que servirá junto à Justiça Eleitoral de primeira instância, apontando os
critérios dessa escolha e os impedimentos para o exercício dessa função. Transcreve-se alguns
dispositivos adiante:
Art. 1º Para os fins do art. 79 da Lei Complementar nº 75/93, a designação
de membros do Ministério Público de primeiro grau para exercer função
eleitoral perante a Justiça Eleitoral de primeira instância, observará o
seguinte:
I – a designação será feita por ato do Procurador Regional Eleitoral, com
base em indicação do Chefe do Ministério Público local;
II – a indicação feita pelo Procurador-Geral de Justiça do Estado recairá
sobre o membro lotado em localidade integrante de zona eleitoral que
por último houver exercido a função eleitoral;
III – nas indicações e designações subseqüentes, obedecer-se-á, para
efeito de titularidade ou substituição, à ordem decrescente de antiguidade
na titularidade da função eleitoral, prevalecendo, em caso de empate, a
antiguidade na zona eleitoral;
IV – a designação será feita pelo prazo ininterrupto de dois anos, nele
incluídos os períodos de férias, licenças e afastamentos, admitindo-se a
recondução apenas quando houver um membro na circunscrição da zona
eleitoral;
§ 1º Não poderá ser indicado para exercer a função eleitoral o membro do
Ministério Público:
I - lotado em localidade não abrangida pela zona eleitoral perante a qual
este deverá oficiar, salvo em caso de ausência, impedimento ou recusa
justificada, e quando ali não existir outro membro desimpedido;
II - que se encontrar afastado do exercício do ofício do qual é titular,
inclusive quando estiver exercendo cargo ou função de confiança na
administração superior da Instituição, ou
III - que tenha sido punido ou que responda a processo administrativo ou
judicial, nos 3 (três) anos subsequentes, em razão da prática de ilícito que
atente contra: (Redação dada pela Resolução n° 182, de 7 de dezembro de
2017)
a) a celeridade da atuação ministerial; (Incluído pela Resolução nº 182, de
7 de dezembro de 2017)
b) a isenção das intervenções no processo eleitoral; (Incluído pela
Resolução nº 182, de 7 de dezembro de 2017)
c) a dignidade da função e a probidade administrativa. (Incluído pela
Resolução n° 182, de 7 de dezembro de 2017)
Art. 5º As investiduras em função eleitoral não ocorrerão em prazo inferior
a noventa dias da data do pleito eleitoral e não cessarão em prazo inferior
a noventa dias após a eleição, devendo ser providenciadas pelo
Procurador Regional Eleitoral as prorrogações eventualmente necessárias
à observância deste preceito.
§ 1º Excepcionalmente, as prorrogações de investidura em função eleitoral
ficarão aquém ou irão além do limite temporal de dois anos estabelecido
nesta Resolução, sendo a extensão ou redução do prazo realizada apenas
pelo lapso suficiente ao cumprimento do disposto no caput deste artigo.
Nos TRE´s, o Ministério Público será representado pelo Procurador Regional Eleitoral, cuja função
é exercida por Procurador Regional da República no respectivo Estado ou DF ou, onde não houver,
dentre os Procuradores da República vitalícios. Essa escolha do Procurador Regional Eleitoral é feita pelo
Procurador Geral Eleitoral, para um mandato de DOIS ANOS, admitida UMA recondução.
Pode haver destituição antes do término desse mandato, por iniciativa do Procurador-Geral
Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
O Procurador Regional Eleitoral tem a competência para exercer as funções do Ministério Público
nas causas de competência do TRE respectivo, além de dirigir, no estado, as atividades do setor.
Já no TSE, a representação do Ministério Público é realizada pelo Procurador Geral Eleitoral, que é o
Procurador Geral da República. Cabe ao Procurador Geral Eleitoral designar, dentre os Subprocuradores-
Gerais da República, o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, que o substituirá em seus impedimentos e exercerá
o cargo em caso de vacância, até o provimento definitivo.
O Código Eleitoral ainda disciplina algumas atribuições do Procurador Geral Eleitoral, cuja leitura
se perfaz imprescindível:
Por fim, cabe registrar sobre a possibilidade ou não de membros do Ministério Público exercerem
atividade político-partidária.
A Ec nº 45/2004 acrescentou, entre as vedações dos membros do Ministério Público, o exercício de
atividade político-partidária (art. 128, § 5º, II, “e”, CF). Por outro lado, observe o art. 29, § 3º, da ADCT:
Diante dessas normas, o CNMP editou a Resolução nº 05/2006 esclarecendo que a vedação
apenas atinge os membros do Ministério Público que ingressaram na carreira após a publicação da
Emenda nº 45/2004, conforme dispõe o art. 1º:
Assim, os membros que ingressaram ANTES da Ec nº 45/2004 PODEM exercer atividade político-
partidária; já os que adentraram na instituição APÓS a referida emenda, NÃO PODEM exercer atividade
político-partidária.
De todo modo, aos que exercerem atividade político-partidária, ficam impedidos de exercerem
as funções eleitorais do Ministério Público desde a filiação ao partido político até dois anos do seu
cancelamento (art. 80 da Lc nº 75/93).
A Polícia Federal é um dos órgãos que exerce o poder de polícia, em um primeiro momento, para
as questões eleitorais.
Inciso IV: os crimes eleitorais são investigados originariamente pela Polícia Federal. A
RESOLUÇÃO TSE 22.376/06: regula a competência da Polícia Federal para investigar os crimes eleitorais
nos termos da CF/1988 - art. 144, §1º, I e IV.
Obs.: a Resolução também prevê que a Polícia Estadual (polícia civil ou militar) em caráter
supletivo a Polícia Federal. Ex.: não havendo na localidade Polícia federal poderá a Polícia Civil e Militar
atuar em caráter supletivo. Contudo, o Inquérito continuará a ser Federal.
É a polícia investigativa. Instaura o Inquérito Policial quando houver indício de crime. É atribuição
da Polícia Federal. Não havendo polícia federal, atuará a Polícia Civil. Trata-se de inquérito federal.
É a polícia que fica monitorando a ordem pública, exercendo no dia a dia, a título preventivo, o
poder coercitivo. Num primeiro momento, a atuação é da Polícia Federal (agentes da polícia federal).
Não havendo Polícia Federal, atuará a PM.
2. JURISPRUDÊNCIA
SÚMULAS DO STF
SÚMULAS DO STJ
Súmula nº 192. Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas
a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos
à administração estadual.
Súmula nº 368. Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de
dados cadastrais da Justiça Eleitoral.
Súmula nº 374. Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito
decorrente de multa eleitoral.
SÚMULAS DO TSE
Súmula nº 28. A divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial interposto com
base na alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral somente estará demonstrada mediante a
realização de cotejo analítico e a existência de similitude fática entre os acórdãos paradigma e o aresto
recorrido.
Súmula nº 29. A divergência entre julgados do mesmo Tribunal não se presta a configurar dissídio
jurisprudencial apto a fundamentar recurso especial eleitoral.
Súmula nº 30. Não se conhece de recurso especial eleitoral por dissídio jurisprudencial, quando a
decisão recorrida estiver em conformidade com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.
Súmula nº 31. Não cabe recurso especial eleitoral contra acórdão que decide sobre pedido de
medida liminar.
Súmula nº 32. É inadmissível recurso especial eleitoral por violação à legislação municipal ou
estadual, ao Regimento Interno dos Tribunais Eleitorais ou às normas partidárias.
Súmula nº 33. Somente é cabível ação rescisória de decisões do Tribunal Superior Eleitoral que
versem sobre a incidência de causa de inelegibilidade.
Súmula nº 34. Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar mandado de
segurança contra ato de membro de Tribunal Regional Eleitoral.
Súmula nº 35. Não é cabível reclamação para arguir o descumprimento de resposta a consulta ou
de ato normativo do Tribunal Superior Eleitoral.
Súmula nº 36. Cabe recurso ordinário de acórdão de Tribunal Regional Eleitoral que decida sobre
inelegibilidade, expedição ou anulação de diploma ou perda de mandato eletivo nas eleições federais
ou estaduais (art. 121, § 4º, incisos III e IV, da Constituição Federal).
Súmula nº 37. Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar recurso
contra expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais.
Súmula nº 58. Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de candidatura, verificar a
prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e declarar a extinção da pena imposta pela
Justiça Comum.
Súmula nº 71. Na hipótese de negativa de seguimento ao recurso especial e da consequente
interposição de agravo, a parte deverá apresentar contrarrazões tanto ao agravo quanto ao recurso
especial, dentro do mesmo tríduo legal.
JULGADOS DO STF
O Ministério Público Eleitoral possui legitimidade para recorrer de decisão que julga o pedido de
registro de candidatura, mesmo que não haja apresentado impugnação anterior. II – Entendimento que
deflui diretamente do disposto no art. 127 da Constituição Federal. (ARE 728188, Relator(a): Min.
Ricardo Lewandowski, Pleno, j. 18/12/2013, repercussão geral).
Compete ao juízo da vara federal com atuação na cidade de domicílio do impetrante processar e
julgar mandado de segurança impetrado por promotor de justiça contra ato administrativo de procurador
regional eleitoral, desde que não se trate de matéria eleitoral (Info 746 do STF. 1ª Turma. CC 7698/PI,
rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/05/2014).
O art. 79 da LC 75/93, que confere ao Procurador Regional Eleitoral a incumbência de designar os
membros do Ministério Público estadual que atuarão junto à Justiça Eleitoral, é constitucional tanto
sob o ponto de vista formal como material. O Procurador-Geral da República detém a prerrogativa, ao
lado daquela atribuída ao Chefe do Poder Executivo, de iniciar os projetos de lei que versem sobre a
organização e as atribuições do Ministério Público Eleitoral. A designação de membro do Ministério
Público local (estadual) como Promotor Eleitoral por Procurador Regional Eleitoral, que é membro do
Ministério Público Federal, não afronta a autonomia administrativa do Ministério Público do Estado (Info
817 STF - STF. Plenário. ADI 3802/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/3/2016).
JULGADOS DO STJ
Em regra, as ações judiciais sobre divergências internas dos Partidos Políticos são processadas e
julgadas na Justiça Comum Estadual. Excepcionalmente, se a questão interna corporis puder refletir
diretamente no processo eleitoral, nesse caso, a competência será da Justiça Eleitoral.
Compete ao Juízo da Vara da Infância e da Juventude, ou ao Juiz que, na Comarca, exerce tal
função, processar e julgar o ato infracional cometido por menor inimputável, ainda que a infração seja
equiparada a crime eleitoral. (STJ - CC 38430/BA, Rel. MINISTRO FELIX FISCHER, j. 11/06/2003).
JULGADOS DO TSE
Alegação de que a autonomia partidária deveria prevalecer nas querelas envolvendo filiação
partidária. “[...]. É firme, no entanto, a orientação do TSE no sentido de que a autonomia constitucional
dos partidos tem a ver com a sua organização e funcionamento internos (art. 17, § 1º); não, porém, com
as suas relações com a Justiça Eleitoral e os demais partidos, como sujeito do processo eleitoral, que
são regidas por lei federal (CF, arts. 16 e 22, inc. I). [...].” (Ementa não transcrita por não reproduzir a
decisão quanto ao tema.) (TSE - Ac. nº 20.034, de 25.9.2002, rel. Min. Sepúlveda Pertence.)
Uma das missões institucionais do Ministério Público é a proteção da normalidade e da legitimidade
de todo o processo eleitoral para a salvaguarda do regime democrático, de forma que a sua
intervenção nos feitos eleitorais é indisponível. Deve-se dar, ao menos, a oportunidade de se
manifestar. A falta de intimação do Ministério Público Eleitoral, nos termos do art. 14, § 3º, da
Resolução TSE n. 23.367, importa no reconhecimento da ausência do trânsito em julgado nos autos das
representações, devendo os respectivos processos retornarem ao status quo ante à nulidade
reconhecida. (TSE - Agravo de Instrumento: AI 3927220136090050 Uruaçu/GO, J. 06/11/2015)
Compete à Justiça Eleitoral apreciar a ocorrência de abuso do poder político ou econômico com
interferência no equilíbrio das eleições. As práticas que consubstanciem, tão somente, atos de
improbidade administrativa, devem ser conhecidas e julgadas pela Justiça Comum. [...]” (TSE - Ac. de
24.4.2012 no RO nº 1717231, rel. Min. Marcelo Ribeiro.)
ALISTAMENTO ELEITORAL
Assim, os brasileiros, que preencham os requisitos constitucionais e legais, poderão solicitar seu
alistamento eleitoral e exercer seus direitos políticos.
O § 1º do art. 12 da CF dispõe:
Nota-se, primeiramente, que o português deve ter residência permanente no Brasil e, ainda, haver
um tratado prevendo a reciprocidade desses direitos. Atendidas essas condições, os portugueses serão
equiparados aos brasileiros naturalizados.
O Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a República
Portuguesa, promulgado pelo Decreto nº 3.927/2001, assegura que o “gozo de direitos políticos por
brasileiros em Portugal e por portugueses no Brasil só será reconhecido aos que tiverem três anos de
residência habitual e depende de requerimento à autoridade competente” (art. 17, item 1).
Esse tratado estipula um tempo de 3 anos de residência habitual e requerimento à autoridade
competente como requisitos para a reciprocidade entre brasileiros e portugueses.
Contudo, essa igualdade de direitos políticos não abrange as pessoas que, no Estado da
nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes.
Exemplo: brasileiro teve seus direitos políticos suspensos por ato de improbidade administrativa
(art. 15, V, CF). Nesse caso, mesmo que preenchidas as condições do tratado, não poderá exercer direitos
políticos em Portugal.
Outro aspecto se refere ao gozo de direitos políticos no Estado de residência. Nesse caso, importa
na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade. Assim, o brasileiro que
esteja exercendo direitos políticos em Portugal, não pode exercê-los no Brasil.
José Jairo Gomes traz importante conceituação sobre a temática: Alistamento é o procedimento
administrativo-eleitoral pelo qual se qualificam e se inscrevem os eleitores. Nele se verifica o
preenchimento dos requisitos constitucionais e legais indispensáveis à inscrição do eleitor. Uma vez
deferida a inscrição, a pessoa é integrada ao corpo de eleitores, podendo exercer direitos políticos, votar
e ser votada, enfim, participar da vida política do país. Em outras palavras, adquire a pessoa cidadania.
Note-se, porém, que, com o alistamento, adquire-se apenas a capacidade eleitoral ativa, o jus suffragil;
a passiva ou a elegibilidade depende de outros fatores.
A CF/88 traz situações de alistamento obrigatório, facultativo e proibido, conforme se observa
nos §§ 1º e 2º do art. 14:
OBSERVAÇÃO: Atente que, com o advento da CF/88, tem-se buscado ampliar a condição de eleitores,
de modo que as restrições ao alistamento eleitoral devem se ater apenas às hipóteses expressamente
indicadas no texto constitucional. Assim, no momento de resolver as questões do concurso, tenha em
mente essas hipóteses acima. Não tente ampliar o rol de restrições da CF.
ATENÇÃO!! O TSE entende que é inexigível a comprovação de quitação com o serviço militar nas
operações de transferência de domicílio, revisão de dados e segunda via, à falta de previsão legal,
bem como daquele que completou 18 anos para o qual ainda esteja em curso o prazo de apresentação
ao órgão de alistamento militar.
Portanto, para esses casos, não se aplica o parágrafo único abaixo transcrito.
ATENÇÃO: Para os indígenas que não disponham do documento de registro civil de nascimento lhes
é facultado a apresentação do congênere administrativo expedido pela Funai (Ac.-TSE, de 6.12.2011,
no PA nº 180681).
É o ato pelo qual o indivíduo se inscreve no cadastro de eleitores. A partir do momento que uma
pessoa se alista, recebe o título de eleitor e se habilita, perante a Justiça Eleitoral, como sujeito de
direitos políticos, conquistando a capacidade eleitoral ativa. O alistamento e o voto são obrigatórios
para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos.
Sim. A CF prevê como inalistáveis os conscritos, ou seja, aqueles que prestam serviço militar
obrigatório. Membros das Forças Armadas (militares de carreira) devem se alistar.
Interessante apontar que o Código Eleitoral exigia a apresentação de fotografia (art. 44 do CE),
contudo, esta não é mais necessária, nos termos do § 4º do art. 5º, da Lei nº 7.444/85:
OBSERVAÇÃO: Conforme entendimento do TSE, a informação da ocupação exercida pelo eleitor nas
operações de alistamento, revisão e transferência visa auxiliar a escolha e nomeação de mesários, nos
termos do art. 120, § 2º, do CE/65, e prescinde de prova.
Registre-se que o art. 3º da Resolução nº 23.562 de 2018 prevê que o RAE “contemplará campo para
indicação do nome social e identidade de gênero”.
§ 1º O RAE deverá ser preenchido ou digitado e impresso na presença do
requerente.
§ 2º No momento da formalização do pedido, o requerente manifestará sua
preferência sobre local de votação, entre os estabelecidos para a zona eleitoral.
§ 3º Para os fins o § 2º deste artigo, será colocada à disposição, no cartório ou
posto de alistamento, a relação de todos os locais de votação da zona, com os
respectivos endereços.
§ 4º A assinatura do requerimento ou a aposição da impressão digital do
polegar será feita na presença do atendente da Justiça Eleitoral, que deverá
atestar, de imediato, a satisfação dessa exigência.
ATENÇÃO!!
Resumindo:
Despacho que INDEFERIR, recurso no prazo de 5 dias interposto pelo alistando;
Despacho que DEFERIR, recurso no prazo de 10 dias interposto pelo delegado de partido político.
Esses recursos, tanto no que se refere aos prazos quanto aos legitimados, são aplicados aos despachos
referentes ao deferimento ou indeferimento do alistamento e do pedido de transferência.
PRAZO DE 10 DIAS A
CABE RECURSO PELO CONTAR DA
DO DEFERIMENTO
PARTIDO POLÍTICO DISPONIBILIZAÇÃO
RECURSO CONTRA A DAS INFORMAÇÕES
DECISÃO DE
ALISTAMENTO
CABE RECURSO PELO
DO INDEFERIMENTO NO PRAZO DE 5 DIAS
INTERESSADO
Todas as informações pessoais prestadas à JE estão sob restrições de sigilo, em vista à intimidade
da vida privada, da honra e da imagem do cidadão, ressalvados os pedidos de acesso previstos na
legislação eleitoral; os realizados pelo próprio eleitor; pela autoridade judicial e MP, desde que haja
expressa autorização legal para acesso aos dados mantidos pela Justiça Eleitoral, conforme o disposto
nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 29 da Res. do TSE nº 21.538/2003:
REQUISITOS PARA A
TRANSFERÊNCIA
PELO MENOS 3 MESES DE
RESIDENCIA NO DOMICÍLIO
(EXCETO SERVIDORES
REMOVIDOS OU TRANFERIDOS)
A revisão ocorre quando o eleitor necessitar alterar local de votação no mesmo município, ainda
que haja mudança de zona eleitoral, retificar dados pessoais ou regularizar situação de inscrição
cancelada por falecimento, duplicidade/pluralidade, deixou de votar em três eleições consecutivas e
revisão de eleitorado, desde que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, não liberada,
regular ou suspensa para o eleitor.
E, por fim, a segunda via é verificada quando o eleitor estiver inscrito e em situação regular na
zona por ele procurada e desejar apenas a segunda via do seu título eleitoral, sem nenhuma alteração.
REQUISITOS •ESTAR DEVIDAMENTE INSCRITO
PARA •ESTAR EM SITUAÇÃO REGULAR NA JUSTIÇA ELEITORAL
•NÃO HOUVER QUALQUER ALTERAÇÃO DE DADOS
REQUERER A •APENAS REQUERER NOVO TÍTULO ELEITORAL
•POSSÍVEL SOLICITAR ATÉ 10 DIAS ANTES DA ELEIÇÃO
SEGUNDA VIA
Atente que, nos casos de revisão e de segunda via, o título eleitoral será expedido
automaticamente e a data de domicílio do eleitor não será alterada.
Veja a tabela abaixo, sistematizando os quatro institutos:
SITUAÇÃO DO ELEITOR
ALISTAMENTO i) Não há inscrição anterior (1ª inscrição como
eleitor);
ii) Há inscrição anterior, mas cancelada por decisão
judicial;
TRANSFERÊNCIA Está inscrito e DESEJA MUDAR de domicílio
eleitoral;
REVISÃO NECESSITA:
(o título é expedido automaticamente e a data i) Alterar local de votação no mesmo Município;
de domicílio do eleitor não será alterada) ii) Retificar dados pessoais;
iii) Regularizar situação de inscrição cancelada.
SEGUNDA VIA DESEJA 2ª via do título sem qualquer alteração.
(o título é expedido automaticamente e a data
de domicílio do eleitor não será alterada)
Há de se destacar, ainda, sobre o prazo para o alistamento facultativo daqueles que completarem
16 anos de idade e daqueles que já tiverem completado 18 anos de idade.
A CF possibilita àquele que completa 16 anos de idade, e assim o queira, faça seu alistamento
eleitoral. Essa idade deve ser completada até a data do pleito. Desse modo, se a pessoa possuir 15 anos
de idade no ano da eleição, poderá requerer seu alistamento eleitoral até o encerramento do prazo
fixado para requerimento de inscrição eleitoral ou transferência.
Entretanto, título emitido nessas condições somente surtirá efeitos com o implemento da idade
de 16 anos, cuja efetivação deve ocorrer até a data da eleição.
Já o brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se alistar até um
ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá em multa imposta pelo juiz eleitoral e
cobrada no ato da inscrição.
Como a inscrição do analfabeto é facultativa, o TSE entende que: “se o analfabeto deixar de sê-lo,
deverá requerer sua inscrição eleitoral, não ficando sujeito à multa” (parágrafo único do art. 16 da
Resolução nº 21.538/2003).
Do mesmo modo, haverá isenção de multa para os índios que venham a se alfabetizar e se inscrever
como eleitores (Ac.-TSE, de 6.12.2011, no PA nº 180681).
Essa multa não ocorrerá se o sujeito solicitar sua inscrição até 151 dias anteriores à eleição
subsequente (parágrafo único do art. 8º do Código Eleitoral).
Esse prazo tem consonância com o disposto no art. 91 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97), que
dispõe que nenhum pedido de inscrição ou de transferência será recebido dentro dos 150 dias
anteriores à data da eleição.
Art. 91. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será
recebido dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição.
Quanto ao alistamento dos indígenas, a CF não retirou sua obrigatoriedade. Portanto, o indígena
integrado tem que realizar o alistamento eleitoral. Nesse sentido, TSE: São aplicáveis aos indígenas
integrados, reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, nos termos da legislação especial
(Estatuto do índio), as exigências impostas para o alistamento eleitoral, inclusive de comprovação de
quitação do serviço militar ou de cumprimento de prestação alternativa. (TSE – Decisão no 20.806 – DJ
24-8-2001, p. 173).
Por outro lado, o indígena não-integrado tem a facultatividade de se alistar na Justiça Eleitoral.
Veja a decisão do TSE sobre o tema que elucida a facultatividade dos índios não integrados, a
obrigatoriedade dos integrados, a ausência de pagamento de multa aos que se alistarem e a
desnecessidade de registro civil para o ato de alistamento.
“[...] Alistamento. Voto. Indígena. Categorização estabelecida em lei especial. 'Isolado'. 'Em vias de
integração'. Inexistência. Óbice legal. Caráter facultativo. Possibilidade. Exibição. Documento. Registro
Civil de Nascimento ou administrativo da FUNAI. 1. A atual ordem constitucional, ao ampliar o direito
à participação política dos cidadãos, restringindo o alistamento somente aos estrangeiros e aos
conscritos, enquanto no serviço militar obrigatório, e o exercício do voto àqueles que tenham
suspensos seus direitos políticos, assegurou-os, em caráter facultativo, a todos os indígenas,
independentemente da categorização estabelecida na legislação especial infraconstitucional anterior,
observadas as exigências de natureza constitucional e eleitoral pertinentes à matéria, como a
nacionalidade brasileira e a idade mínima. 2. Os índios que venham a se alfabetizar, devem se inscrever
como eleitores, não estando sujeitos ao pagamento de multa pelo alistamento extemporâneo, de
acordo com a orientação prevista no art. 16, parágrafo único, da Res.-TSE 21.538, de 2003. 3. Para o ato
de alistamento, faculta-se aos indígenas que não disponham do documento de registro civil de
nascimento a apresentação do congênere administrativo expedido pela Fundação Nacional do Índio
(FUNAI).” (TSE - Ac. de 6.12.2011 no PA nº 180681, rel. Min. Nancy Andrighi.)
DOMICÍLIO ELEITORAL
O domicílio eleitoral poderá ser TRANSFERIDO se: protocolado até 151 dias da data da eleição
(art. 91, caput, Lei nº 9.504/97); 1 ano da inscrição imediatamente anterior ao novo domicílio;
residência mínima de 3 meses declarada pelo próprio eleitor; e prova de quitação com a JE. Observe a
redação do art. 18 da Resolução do TSE nº 21.538/2003
O disposto nos incisos II e III NÃO SE APLICA à transferência de título eleitoral de servidor público
civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência (Lei nº
6.996/82, art. 8º, parágrafo único).
A Lei nº 13.488/2017, que reduziu o prazo de domicílio eleitoral para 06 meses constante no art. 9º
da Lei nº 9.504/97, também alterou o prazo de transferência de domicílio eleitoral constante na
Resolução nº 21.538/2003?
Não.
Já o prazo para transferência do domicílio não tem relação direta com a condição de elegibilidade,
mas sim de evitar fraudes eleitorais.
Há, ainda, a determinação de um prazo limite para se requerer a transferência (até 151 dias da data
da eleição - art. 91, caput, Lei nº 9.504/97), com o fim de definir o corpo de eleitores votantes na
circunscrição.
Mas por que esse prazo limite para transferir?
Porque a JE precisa saber, em tempo razoável, quem vai votar e, com isso, conseguir organizar todo o
procedimento de votação (urnas, locais de votação, lista dos eleitores etc.).
Obs.: o prazo referente ao domicílio eleitoral foi alterado pela Lei nº 13.488/17, que deu nova redação
ao art. 9ª da Lei nº 9.504/97, passando a prever prazo de apenas 06 (seis) meses de domicílio eleitoral
na circunscrição, o qual deve encontrar-se satisfeito no momento do pedido do registro de candidatura
(aferição das condições de elegibilidade).
CANCELAMENTO EXCLUSÃO
• A INSCRIÇÃO PERMANECERÁ • A INSCRIÇÃO SERÁ ELIMINADA DO
INATIVA NO CADASTRO SISTEMA ELEITORAL
• PODERÁ O INTERESSADO REQUERER • PODERÁ O INTERESSADO REQUERER
NOVO ALISTAMENTO, CASO EM NOVO ALISTAMENTO, CASO EM
QUE REESTABELECERÁ O MESMO QUE RECEBERÁ NOVO NÚMERO DE
NÚMERO DE INSCRIÇÃO INSCRIÇÃO.
Durante o processo e até a exclusão, o eleitor pode votar validamente. No caso de exclusão, a
defesa pode ser feita pelo interessado, por outro eleitor ou por delegado de partido político.
O processamento da exclusão será determinado ex officio, pelo juiz eleitoral, sempre que tiver
conhecimento de alguma das causas do cancelamento.
O procedimento de exclusão obedecerá ao disposto no art. 77 do CE:
Da sentença de exclusão proferida pelo juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 (três) dias, para
o Tribunal Regional, interposto pelo EXCLUENDO ou por DELEGADO de partido político.
O procedimento de exclusão do título do eleitor poderá ser realizado a qualquer tempo,
inexistindo prazo decadencial ou prescricional para tanto. Por outro lado, cessada a causa do
cancelamento, o eleitor poderá solicitar nova inscrição.
Observa-se que a correição tem a função de fiscalizar o funcionamento dos trabalhos eleitorais. Se
essa correição se iniciar com base em fraude no alistamento de determinada zona ou município, poderá
ensejar na revisão do eleitorado se, ao final, for provada a fraude em proporção comprometedora.
Veja o esquema abaixo:
Impende destacar que, nos casos acima tratados, cabe ao TRE determinar a correição ou ordenar
a revisão. Contudo, essa competência para determinar a revisão ou correição caberá ao TSE, de ofício,
desde que preenchidos os seguintes requisitos cumulativos:
Lei nº 9.504/97
Art. 92. O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos
eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais
sempre que:
I - o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por
cento superior ao do ano anterior;
II - o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos,
somada à de idade superior a setenta anos do território daquele Município;
III - o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população
projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE.
ATENÇÃO!! Não se procede à revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo hipóteses excepcionais
indicadas pelo TSE (art. 58, § 2º, Resolução do TSE nº 21.538/2003).
A revisão do eleitorado se trata de um recadastramento dos eleitores de determinada zona ou
região, que serão convocados e, não comparecendo, importa em cancelamento do título.
Nesse sentido, o STF decidiu que: “É válido o cancelamento do título do eleitor que, convocado
por edital, não comparecer ao processo de revisão eleitoral, em virtude do que dispõe o art. 14, caput,
e § 1º da Constituição Federal de 1988 (CF)”. Nesse mesmo julgado, também foi considerado válido o
art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.444/85 e as Resoluções do TSE que preveem o cancelamento do título dos
eleitores que não comparecerem à revisão eleitoral. (STF - ADPF 541 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
pleno, j. 26.09.2018 - Info 917)
O Ministro Barroso assinalou que “o alistamento eleitoral e a revisão periódica são indispensáveis
ao exercício do direito de voto — componente essencial da democracia representativa — de maneira
ordenada e segura. A Constituição exige o prévio alistamento a fim de garantir que esse exercício se
dê de forma legítima pelo eleitor em idade de voto, adequadamente identificado e sem pluralidade
de inscrição. A providência garante o voto seguro e igual para todos. A revisão eleitoral se destina a
manter a integridade e a atualização do alistamento. Ambos possuem idêntico propósito e geram as
mesmas limitações constitucionais. Se é válido condicionar o exercício do voto ao alistamento, é válido
condicioná-lo à apresentação do título à revisão.” (Info 917)
Cabe ao juiz da zona presidir os trabalhos da revisão, com fiscalização dos partidos políticos e
inspeção do TRE, através da corregedoria regional. O juiz eleitoral deve dar início aos trabalhos no prazo
máximo de 30 dias, contados da aprovação da revisão pelo Tribunal competente; deve, ainda, publicar
edital com 5 dias antes do início do processo revisional, para dar conhecimento da revisão aos eleitores
cadastrados no(s) município(s) ou zona(s), convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no cartório
ou nos postos criados, em datas previamente especificadas, a fim de procederem às revisões de suas
inscrições.
Findo os trabalhos, ouvido o Ministério Público, o juiz eleitoral profere sentença de cancelamento
dos títulos eleitorais com irregularidades ou daqueles cujos eleitores não tenham comparecido,
cabendo recurso ao TRE, no prazo de 3 (três) dias.
O juiz eleitoral, transcorrido o prazo recursal, ainda elabora um relatório de todo o procedimento
realizado e encaminha à Corregedoria Regional Eleitoral.
O Corregedor Eleitoral Regional, após oitiva do Ministério Público, indica as providências a serem
tomadas para sanar os vícios comprometedores à validade ou à eficácia dos trabalhos ou, caso esteja
tudo regular com os trabalhos revisionais, submete ao TRE para a homologação.
REVISÃO DE ELEITORADO
Revisão determinada pelo TRE, disciplinada no CE Revisão determinada pelo TSE, disciplinada na Lei das
Eleições
Havendo denúncia de fraude, o TRE determina a Art. 92. O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o
realização de uma correição. Caso se demonstre processamento dos títulos eleitorais, determinará de
um número excessivo de transferências ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre
injustificadas, por exemplo, estará configurada e que:
provada em proporção comprometedora a fraude. I - o total de transferências de eleitores ocorridas no ano
Ordena-se, portanto, a revisão de eleitorado com a
em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior;
convocação para que todos os eleitores II - o eleitorado for superior ao dobro da população entre
compareçam e confirmem sua inscrição (com todadez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta
a documentação pertinente). As pessoas que nãoanos do território daquele Município;
comparecerem terão seus títulos cancelados. III - o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento
da população projetada para aquele ano pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
#IMPORTANTE: essa revisão PODE ocorrer em ano #IMPORTANTE: essa revisão não ocorre em ano eleitoral e
eleitoral. os requisitos, para que seja determinada, não são
cumulativos.
Primeiramente, a cassação dos direitos políticos É VEDADA PELA CF/88. Já a diferenciação entre
perda e suspensão de direitos políticos se encontra em razão da temporariedade ou definitividade.
A doutrina diverge quanto às hipóteses de perda e suspensão acima elencadas. Aponta-se que
apenas com a privação da nacionalidade brasileira ocorrerá a perda dos direitos políticos.
No que se refere à suspensão de direitos políticos pela incapacidade civil absoluta, deve-se ter
atenção ao Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
O art. 2º Lei nº 13.146/2015 conceitua pessoa com deficiência nos seguintes termos:
Em algumas situações, pode ser necessária a análise do grau da deficiência, cuja avaliação será
biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar (art. 2º, § 1º, Lei nº
13.146/2015).
A pessoa com deficiência tem o dever de realizar o alistamento eleitoral, apenas não se
sujeitando à sanção nos casos em que a sua deficiência torne impossível ou demasiadamente oneroso
o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do voto.
Nesse caso, cabe ao interessado requerer ao juiz eleitoral certidão de quitação eleitoral, que terá
prazo de validade indeterminada, podendo solicitar o seu alistamento a qualquer tempo.
Nessa linha, observe os artigos da Resolução do TSE nº 21.920/2004 a seguir:
Outrossim, com o advento de tal estatuto, a capacidade civil absoluta apresentada no art. 3º do
Código Civil se restringiu ao critério de idade, qual seja, àqueles que possuam menos de 16 (dezesseis)
anos de idade.
O estatuto da pessoa com deficiência trouxe um capítulo a respeito do “direito à participação na
vida pública e política” (art. 76 da Lei nº 13.146/2015).
Dentre as normas contidas nesse diploma, atenção para o inciso IV do art. 76, in verbis:
Esse dispositivo pode levar ao pensamento de aparente conflito com a cláusula pétrea do voto
secreto (art. 14 c/c art. 60, § 4º, II, ambos da CF).
Entretanto, a norma infraconstitucional em questão apenas possibilita a aplicação plena do direito
constitucional ao voto. A proteção de que o voto seja secreto consiste em resguardar o livre exercício
desse direito, ou seja, assegura que o cidadão possa, livremente, votar de acordo com sua consciência
sem que haja pressões externas sobre sua decisão de votar.
Em razão dessa finalidade, percebe-se que a norma em comento não contraria, em tese, a CF/88
e, pela presunção de constitucionalidade, deve ser aplicada.
Ademais, nota-se que, para o cumprimento de tal norma, é preciso ter atenção aos seus requisitos:
livre direito ao voto; necessidade e pedido do auxílio; e terceiro apontado pela própria pessoa com
deficiência.
Todavia, como o próprio inciso IV acima transcrito determina, esse auxílio deve ser necessário.
Caberá ao presidente da mesa receptora verificar a real necessidade.
Exemplo: uma pessoa que apenas tenha dificuldade de locomoção; pode ser levada até a cabine
de votação e ser devidamente posicionada para sozinha, exercer o direito ao voto.
Quanto à suspensão dos direitos políticos em face da condenação penal com trânsito em julgado,
destaca-se, de logo, a necessidade do trânsito em julgado da sentença condenatória.
OBSERVAÇÃO: Nos casos da Lei da Ficha Limpa (Lc nº 135/2010), há hipóteses de inelegibilidade
mesmo que não haja o trânsito em julgado da sentença, o que não importa a suspensão dos direitos
políticos. Esse assunto será abordado posteriormente com mais detalhes.
Impende destacar que essa suspensão apenas se prolonga enquanto os efeitos primários da
condenação penal subsistirem. Assim, não importa se o dever de indenizar (efeito secundário da
condenação), por exemplo, tenha sido adimplido. Nesse sentido, veja o teor da súmula 09 do TSE:
OBSERVAÇÃO: Como a norma constitucional exige condenação criminal, não se aplica a suspensão
dos direitos políticos aos casos de suspensão condicional do processo nem nos casos de transação
penal.
Por outro lado, a condenação transitada em julgado por contravenção penal suspende os direitos
políticos.
E, do mesmo modo, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos não
impede a suspensão dos direitos políticos.
Por fim, cumpre analisar o caso de suspensão dos direitos políticos decorrente de sentença
condenatória por improbidade administrativa.
A competência para julgar os casos de improbidade administrativa é da Justiça Comum, conforme
entendimento do TSE:
Compete à Justiça Eleitoral apreciar a ocorrência de abuso do poder político ou
econômico com interferência no equilíbrio das eleições. As práticas que
consubstanciem, tão somente, atos de improbidade administrativa, devem ser
conhecidas e julgadas pela Justiça Comum (TSE - Ac. de 24.4.2012 no RO nº
1717231, rel. Min. Marcelo Ribeiro).
Todavia, para que gere a suspensão dos direitos políticos, cabe ao juiz indicar na sentença
condenatória por ato de improbidade administrativa e, conforme art. 20 da Lei nº 8.429/92, a
efetivação da suspensão apenas acontecerá com o trânsito em julgado.
Registre-se, todavia, que o agente público pode ser afastado do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instrução processual.
Segundo José Jairo Gomes: Convenção é a reunião ou assembleia formada pelos filiados a um
partido político à denominado convencionais à cuja finalidade é eleger os que concorrerão ao pleito. Em
outros termos, é o meio pelo qual os partidos escolhem os candidatos que disputarão as eleições.
As convenções constituem, portanto, órgãos de deliberação dos partidos políticos que são
regidos essencialmente pelo estatuto do partido político. Dentro da liberdade conferida aos partidos
políticos pelo art. 17, §1º, da CF, está a possibilidade de disciplinar o funcionamento das convenções.
A convenção partidária é o instante em que os partidos se reúnem para definir os seus candidatos
e as coligações da eleição seguinte.
A Lei das Eleições define que essas convenções devem ocorrer entre os dias 20 de julho a 5 de
agosto do ano em que se realizarem as eleições, conforme caput do art. 8º:
Em que pese tal regra, o TSE reconheceu, em decisão recente, a necessidade da lavratura da ata
de convenção para a escolha dos candidatos, com rubrica da ata pela Justiça Eleitoral. Vejamos o teor
da ementa referida:
REGISTRO DE CANDIDATURAS. ATA DE CONVENÇÃO. Embora o art. 8º da Lei nº
9.504/97 estabeleça a exigência de que a lavratura de ata de convenção ocorra
em livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral, é possível o deferimento do
demonstrativo de regularidade de atos partidários se não for evidenciado
nenhum indício de grave irregularidade ou fraude no caso concreto, o que foi
corroborado pela ausência de impugnação pelas legendas ou candidatos que
integram a coligação ou mesmo por convencionais não escolhidos para a disputa.
Agravo regimental não provido.
Segundo orientação de José Jairo Gomes, esse julgado consagra a regra de que não há decretação
da nulidade se não houver demonstração de nulidade. Trata-se da aplicação da regra do “pas de nullité
sans grief”, segundo o qual meras irregularidades formais não possuem o condão de anular o
procedimento que atingiu o objetivo a que se propôs.
Importante frisar que a CF, além de outras atribuições, confere aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre sua organização e funcionamento e, ainda,
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações (art. 17, § 1º, CF).
Do mesmo modo, cabe aos partidos políticos disciplinarem, em seus estatutos jurídicos, as normas
de escolha e substituição dos candidatos e, também, para a formação de coligações, observadas as
normas legais sobre o tema, conforme estabelece o art. 7º da Lei nº 9.504/97:
OBSERVAÇÃO: Não é uma convenção nacional que define essas normas suplementares, mas o próprio
órgão de direção nacional do partido político.
Outro ponto se refere ao local das convenções para a escolha dos candidatos. Os prédios públicos
poderão ser utilizados pelos partidos políticos para tal fim, os quais se responsabilizarão pelos eventuais
danos causados com a realização do evento (§ 2º, art. 8º, Lei das Eleições). A disciplina desta utilização
está prevista, ainda, na Resolução 23.602/2019 do TSE, que dispõe sobre a escolha e o registro de
candidatos para as eleições.
As convenções podem ser nacionais, regionais e municipais.
Nas nacionais, os partidos deliberam acerca da escolha dos candidatos a presidente e vice-
presidente da república, além das respectivas coligações.
As convenções regionais, por sua vez, ocorrem para a escolha dos candidatos a governador e vice-
governador, deputados estaduais, distritais e federais.
Já as convenções municipais, apenas se referem aos cargos das eleições municipais, quais sejam,
prefeito, vice-prefeito e vereadores.
Por fim, impende destacar que todos aqueles que pretendam concorrer às eleições devem, além
de preencher os requisitos necessários, se submeter às convenções partidárias.
Isso porque o § 1º do art. 8º da Lei das Eleições foi suspenso pela decisão do STF na ADI 2.530-9.
Esse dispositivo possibilitava aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou
de Vereador, e aos que tivessem exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estivesse
em curso, o registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.
Assim, não é permitida a chamada candidatura nata.
O que é candidatura nata?
É o privilégio conferido aos detentores de mandato de Deputado Federal, de Deputado Estadual ou
Distrital e de Vereadores de se lançarem à reeleição, independentemente de escolha em convenção
partidária, bastando que estejam, tão somente, filiados ao mesmo partido político para o qual foram
eleitos originariamente.
Essa regra está fixada no art. 8º, §1º, da Lei nº 9.504/1997. O STF, contudo, em decisão liminar, decidiu
pela suspensão da aplicabilidade desse dispositivo até o julgamento final da ADI nº 2.530. Os autos se
encontram com o relator desde outubro de 2015 e aguardam julgamento final.
#PERGUNTAORAL: A coligação partidária tem legitimidade para propositura das ações eleitorais?
Sim. Embora não possua personalidade jurídica própria, as coligações partidárias ostentam
legitimidade tanto para ajuizar ações, impugnações e representações eleitorais, como também para
figurar no polo passivo das demandas eleitorais.
Lei nº 9.504/97
Art. 11.
§ 14. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha
filiação partidária. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)
Por exemplo: João é filiado ao partido “X”, todavia, requer o seu registro perante à JE como
candidato a Prefeito de uma determinada cidade, de forma autônoma, sem ser através do partido “X”
ao qual é filiado.
Nesse caso, embora João tenha filiação partidária, preenchendo o requisito de elegibilidade do
art. 14, V, da CF, não poderá ter seu registro de candidatura deferido porque não basta ser filiado, tem
que se candidatar por meio do partido político ao qual está vinculado.
Além da filiação partidária, o requerente deve possuir domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição (condição de elegibilidade).
Circunscrição Eleitoral → é considerada uma divisão territorial, variando, contudo, de acordo com o
pleito. Nas municipais (prefeito, vice-prefeito e vereadores), cada município corresponde a uma
circunscrição; nas estaduais (governador, vice-governador, deputados federais, deputados estaduais
e senadores), cada Estado será uma circunscrição; nas presidenciais (presidente e vice-presidente), a
circunscrição corresponderá a todo o país. Delimitam, assim, o âmbito da votação.
De todo modo, ainda não é o bastante a simples filiação partidária e domicílio eleitoral na
circunscrição. A legislação infraconstitucional aponta um prazo mínimo dessa filiação e do domicílio
para que o requerente tenha seu registro da candidatura deferido.
Impende destacar que esse prazo já sofreu alteração em 2015, através da chamada minirreforma
eleitoral da Lei nº 13.165/2015. E, no ano de 2017, por meio da Lei nº 13.488, de 06 de outubro de 2017,
novamente se modificou o prazo mínimo em questão. Veja o dispositivo vigente:
O parágrafo único do art. 9º antes transcrito ainda traz a hipótese de a fusão e a incorporação de
partidos políticos (vide arts. 27 a 29 da Lei nº 9.096/95) ocorrer após esses prazos mínimos. Nesses casos,
será considerada a data de filiação do candidato ao partido de origem para efeito de filiação partidária.
Desse modo, fique atento ao disposto nos arts. 27 a 29 dessa lei, que trata “da Fusão, Incorporação e
Extinção dos Partidos Políticos”, uma vez que pode ser objeto de questionamento, também, em outros
concursos, buscando do candidato o conhecimento da literalidade da lei sobre o tema.
Questão peculiar se refere aos magistrados, membros dos Tribunais de Contas e membros do
Ministério Público. Todos não podem exercer atividade político-partidária (arts. 95, parágrafo único,
III; 128, § 5º, II, “e”; 130, todos da CF).
OBSERVAÇÃO: Quanto aos membros do MP, observe a respeito do MP Eleitoral, ocasião em que se
consignou:
“Assim, os membros que ingressaram ANTES da EC nº 45/2004 PODEM exercer atividade político-
partidária; já os que adentraram na instituição APÓS a referida emenda, NÃO PODEM exercer
atividade político-partidária.”
Por esse motivo, devem se afastar definitivamente de suas atividades e, assim, realizar sua
filiação em partido político até os prazos estipulados para desincompatibilização contidos na Lc nº 64/90.
Nessa linha, observe o posicionamento do TSE:
Já no cargo de Senador, há uma peculiaridade. Embora seja eleito pelo sistema majoritário, a CF/88
estipula que cada Estado e o DF elegerão 03 Senadores, com mandato de 08 anos, renovando-se a
representação a cada 04 anos, alternando-se por 1/3 e 2/3.
Destarte, a cada 04 anos haverá eleição para Senador, contudo, em uma eleição terá de ser eleito
01 Senador, com dois suplentes, e, na outra eleição, haverá eleição de mais 02 Senadores, cada um com
seus respectivos 2 suplentes.
Observe a redação do art. 46 da CF:
Com isso, verifica-se que, na eleição para Senador, em que se preencherá 01 vaga, cada partido
ou coligação só indicará a registro 1 candidato, com mais 2 suplentes; se, por outro lado, a eleição
comportar o preenchimento de 2 vagas ao Senado, o partido ou coligação apontará a registro 02
candidatos, com os respectivos 2 suplentes de cada.
Destaque-se, também, que, no caso de coligação, o candidato a Senador pode pertencer a um
partido e o candidato a suplente pode estar vinculado a outro partido, desde que pertencentes à mesma
coligação.
Já os candidatos ao sistema proporcional (deputado federal, estadual, distrital e vereadores), o
partido ou coligação poderá indicar ao registro mais candidatos que o número de vagas.
O art. 10 da Lei nº 9.504/97 traz uma regra geral e a exceção. Veja o dispositivo em questão:
Art. 10. Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara
dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de
lugares a preencher, salvo: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
I - nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a
Câmara dos Deputados não exceder a doze, nas quais cada partido ou coligação
poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou
Distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas;
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
II - nos Municípios de até cem mil ELEITORES, nos quais cada coligação poderá
registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de
lugares a preencher. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada
partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo
de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. (Redação dada pela
Lei nº 12.034, de 2009)
§ 4º Em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se inferior a meio,
e igualada a um, se igual ou superior.
§ 5º No caso de as convenções para a escolha de candidatos não indicarem o
número máximo de candidatos previsto no caput, os órgãos de direção dos
partidos respectivos poderão preencher as vagas remanescentes até trinta dias
antes do pleito. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
Perceba que a regra geral se encontra no caput do art. 10 acima. Portanto, cada partido ou
coligação poderá registrar até 150% do número de vagas a preencher (regra geral).
OBSERVAÇÃO: Veja que esse percentual de 150% do número de vagas é máximo, pois a legislação
aponta “ATÉ”. De todo modo, se a convenção não indicar o percentual máximo de candidatos, caberá
aos órgãos de direção dos partidos da circunscrição preencher as vagas remanescentes até 30 dias
antes do pleito.
Em se tratando de eleições para deputados federais, estaduais e distritais, essa regra será
aplicada se o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados for superior a 12 vagas (a
partir de 13 lugares). Se o número de lugares a preencher não exceder a doze, cada partido ou coligação
poderá registrar até 200% das respectivas vagas (exceção).
Já para as eleições de vereadores, a exceção se refere ao número de eleitores do Município. Se
esse número for até cem mil eleitores, cada coligação poderá registrar até 200% do número de lugares
a preencher. Note que essa exceção apenas se aplica às coligações [resta vedada coligações para
eleições proporcionais]. Os partidos políticos não coligados se sujeitam ao limite de 150% das vagas
para a Câmara dos Vereadores.
EXECUTIVO SENADOR DEPUTADO VEREADOR
1 candidato Eleição 2 senadores = 2 >12 vagas = 150% > 100 mil eleitores –
Eleição 1 senador = 1 12 ou menos = 200% partidos/coligações -
150%
Essa mudança, todavia, apenas será aplicada às eleições de 2020, por força do art. 2º da EC nº
97/2017.
Cuidado com as provas do concurso, pois a alteração, embora só possa ser aplicada nas próximas
eleições, já se encontra vigente. Então, observe o enunciado de uma possível questão do concurso a
respeito do tema para não cair em erro.
De todo modo, a partir das eleições de 2020, as coligações apenas serão permitidas nas eleições
majoritárias (art. 17, § 1º, CF).
Conforme o § 3º acima, será necessário distribuir as candidaturas nos percentuais de, no mínimo,
30% e, no máximo, de 70% para cada sexo.
OBSERVAÇÃO:
Sabe-se que a finalidade da norma foi incentivar a participação feminina na política.
Todavia, observe que os percentuais mínimos e máximos de 30% e 70%, respectivamente, não
são especificados para qual gênero (masculino ou feminino) deve ser aplicado; o que a legislação
prevê é que haja essa distribuição dos gêneros, independentemente se o percentual mínimo de
registros se refere a mulheres e o máximo a homens e vice-versa.
Não obstante, o TSE, dando nova interpretação ao § 3º do art. 10 em comento, apontou que a
expressão “cada sexo (...) refere-se ao gênero, e não ao sexo biológico, de forma que tanto os homens
como as mulheres transexuais e travestis podem ser contabilizados nas respectivas cotas de
candidaturas masculina ou feminina. Para tanto, devem figurar como tal nos requerimentos de
alistamento eleitoral, nos termos estabelecidos pelo art. 91, caput, da Lei das Eleições, haja vista que
a verificação do gênero para o efeito de registro de candidatura deverá atender aos requisitos
previstos na Res.-TSE nº 21.538/2003 e demais normas de regência.” (TSE - Ac.-TSE, de 1º.3.2018, na
Cta nº 060405458).
Com base nesse entendimento, nas eleições de 2016 para o cargo de Vereador da cidade de São
Paulo, houve descumprimento da cota de gênero por parte do PP, à época, partido do candidato
Thammy Miranda.
A Portaria Conjunta TSE nº 1/2018 normatizou o entendimento, determinando que, para fins
de cálculos dos percentuais, “será considerado o gênero declarado no Cadastro Eleitoral”.
Outro destaque que merece ser apontado: recursos recebidos pelo Partido do Fundo Partidário
e aplicação mínima nas campanhas das mulheres candidatas. O STF, em atenção à necessidade de
incentivo das mulheres na política, decidiu que o Partido deve destinar, no mínimo, “30% do montante
do fundo alocado a cada partido, para as eleições majoritárias e proporcionais” das campanhas das
mulheres e, caso haja “percentual mais elevado de candidaturas femininas, o mínimo de recursos
globais do partido destinados a campanhas lhes seja alçado na mesma proporção” (STF - ADI 5617,
Pleno, j. 15.03.2018). Por exemplo: se o Partido possuir 40% de mulheres candidatas, serão destinados
40% para as campanhas delas.
Atente, ainda, que esses percentuais devem ser observados em razão do número de
candidaturas efetivamente requeridas pelo partido, com a devida autorização do candidato ou
candidata (Resolução TSE 23.609/2019) e não sobre o total de candidaturas possíveis, conforme
entendimento do TSE. Veja trecho da decisão do tribunal:
O § 4º antes transcrito determina, ainda, que, em todos os cálculos, será sempre desprezada a
fração, se inferior a 0,5 (meio), e igualada a 1,0 (um), se igual ou superior.
Entretanto, para efeito do cálculo do percentual mínimo de 30%, caso a fração dê inferior a 0,5 e
essa seja desprezada, não se atingirá o percentual mínimo. Por esse motivo, o TSE possui o
entendimento de que, “na reserva de vagas por sexo, qualquer fração será igualada a um no cálculo do
percentual mínimo para um dos sexos e desprezada no cálculo das vagas restantes para o outro sexo.”
(TSE - Ac. nº 22.764, de 13.10.2004, rel. Min. Gilmar Mendes)
Por exemplo: se o partido ou coligação for registrar a quantidade de 38 candidatos.
Para aplicar os percentuais mínimos (30%) e máximos (70%) sobre esse valor, chegaria a um
resultado de 11,4 para o percentual mínimo; nesse caso, conforme TSE, se iguala a 1,0 e o partido ou
coligação poderá indicar 12 candidatos do gênero feminino.
Aplicando-se o percentual de 70% sobre as 38 vagas, chega-se a um resultado de 26,6; assim,
despreza-se a fração e ter-se-á um número máximo de 26 candidatos do gênero masculino. Somando-
se ambos os cálculos (12 mulheres e 26 homens candidatos), chega-se ao número possível de registro
desse partido ou coligação de 38 candidatos.
O pedido de registro dos candidatos deve ser realizado até às 19 horas do dia 15 de AGOSTO do
ano que se realizarem as eleições, acompanhado de diversos documentos enumerados nos incisos do
§ 1º do art. 11 da Lei das Eleições:
OBSERVAÇÃO: Impende destacar que a IDADE MÍNIMA para se eleger contida na CF deve ser aferida
na DATA DA POSSE, SALVO a estipulada em 18 anos (Vereador), hipótese em que será verificada na
data-limite para o pedido de registro (até às 19h de 15 de agosto do ano da eleição), nos termos do
art. 11, § 2º, da Lei das Eleições.
Quanto à competência para registrar os candidatos, o Código Eleitoral aponta os órgãos que
realizarão o registro, a depender da eleição. Portanto, o pedido de registro deve observar a competência
atribuída no art. 89 do CE adiante transcrito:
Em relação à apresentação de contas (parte final do dispositivo), o TSE entende que a simples
apresentação de contas já supre a exigência legal para efeito da emissão da certidão da quitação
eleitoral. Ou seja, não importa se as contas tenham ou não sido indeferidas.
Nesse sentido, observe o entendimento sumulado do TSE:
Súmula 42. A decisão que julga NÃO prestadas as contas de campanha impede
o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do
mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a
efetiva apresentação das contas.
Súmula 57. A apresentação das contas de campanha é suficiente para a
obtenção da quitação eleitoral, nos termos da nova redação conferida ao art.
11, § 7º, da Lei nº 9.504/97, pela Lei nº 12.034/2009.
Quanto às multas eleitorais, a certidão de quitação eleitoral pode ser expedida se houver
pagamento ou parcelamento na forma da legislação. Nessa linha, veja a súmula 50 do TSE:
OBSERVAÇÃO: Para efeito de quitação eleitoral, apenas se considera o pagamento da multa que
couber individualmente.
Não se observa qualquer modalidade de responsabilidade solidária.
III - o parcelamento das multas eleitorais é direito dos cidadãos e das pessoas
jurídicas e pode ser feito em até 60 (SESSENTA) meses, SALVO quando o valor
da parcela ultrapassar 5% (cinco por cento) da renda mensal, no caso de
cidadão, ou 2% (dois por cento) do faturamento, no caso de pessoa jurídica,
hipótese em que poderá estender-se por prazo superior, de modo que as
parcelas não ultrapassem os referidos limites; (Redação dada pela Lei nº 13.488,
de 2017)
OBSERVAÇÃO: Atente que, antes, o valor máximo de parcelamento das multas eleitorais para pessoa
física era no percentual de 10%, contudo, a mudança legislativa de 2017 reduziu para 5% da renda
mensal; Também se incluiu o parcelamento para as pessoas jurídicas, limitado a 2% do faturamento
bruto.
Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar TODOS os
atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito
no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto
estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior.
Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos
atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato.
Tem-se, portanto, que, se o candidato sub judice, na data da eleição, tiver seu pedido indeferido
ou declarado inelegível após a mesma, os votos por ele recebidos não terão efeito algum.
Cumpre frisar, também, a situação do candidato que protocolou seu pedido de registro na data
correta, mas não teve seu pedido analisado pela JE. Nesse caso, poderá realizar todos os atos para sua
campanha eleitoral, segundo disciplina do art. 16-B da Lei das Eleições:
Por último, destaca-se que se o candidato, até a data da eleição, for expulso de seu partido, este
poderá requerer o cancelamento do registro desse candidato à JE, desde que tenha sido assegurada a
ampla defesa e observada as normas estatutárias para o processo de expulsão. Veja o teor do art. 14 da
Lei das Eleições adiante:
Art. 14. Estão sujeitos ao cancelamento do registro os candidatos que, até a data
da eleição, forem expulsos do partido, em processo no qual seja assegurada
ampla defesa e sejam observadas as normas estatutárias.
Parágrafo único. O cancelamento do registro do candidato será decretado pela
Justiça Eleitoral, após solicitação do partido.
A Lei das Eleições determina, ainda, que o candidato às eleições proporcionais, no ato do registro,
indique até, no máximo, 3 (três) opções de nomes pelo qual seja mais conhecido, mencionando a ordem
de preferência entre eles.
Esses nomes não podem estabelecer dúvida quanto a sua identidade, ou atentar contra o pudor,
ou ser ridículo ou irrelevante. E, em caso de os nomes serem homônimos, a legislação aponta algumas
alternativas. Observe o dispositivo legal:
Art. 12. O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro,
além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser
registrado, até o máximo de três opções, que poderão ser o prenome,
sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais
conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não
atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em que
ordem de preferência deseja registrar-se.
§ 1º Verificada a ocorrência de homonímia, a Justiça Eleitoral procederá
atendendo ao seguinte:
I - havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por
dada opção de nome, indicada no pedido de registro;
II - ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja exercendo
mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que nesse
mesmo prazo se tenha candidatado com um dos nomes que indicou, será
deferido o seu uso no registro, ficando outros candidatos impedidos de fazer
propaganda com esse mesmo nome;
III - ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja
identificado por um dado nome que tenha indicado, será deferido o registro
com esse nome, observado o disposto na parte final do inciso anterior;
IV - tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas regras dos
dois incisos anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que, em dois
dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados;
V - não havendo acordo no caso do inciso anterior, a Justiça Eleitoral registrará
cada candidato com o nome e sobrenome constantes do pedido de registro,
observada a ordem de preferência ali definida.
§ 2º A Justiça Eleitoral poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por
determinada opção de nome por ele indicado, quando seu uso puder confundir
o eleitor.
§ 3º A Justiça Eleitoral indeferirá todo pedido de variação de nome coincidente
com nome de candidato a eleição majoritária, salvo para candidato que esteja
exercendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que,
nesse mesmo prazo, tenha concorrido em eleição com o nome coincidente.
Veja que a simples dúvida pode ser dirimida através de prova do conhecimento público do nome
do candidato. Não sendo esse o caso, é deferido ao candidato usar o nome escolhido se estiver
exercendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que nesse mesmo prazo
se tenha candidatado com um dos nomes que indicou.
Se, ainda assim, não se resolver, será deferido ao candidato que, pela sua vida política, social ou
profissional, seja identificado por um dado nome que tenha indicado. Persistindo a situação de
homonímia, a JE notifica os candidatos para chegarem a um acordo. Não havendo acordo, a Justiça
Eleitoral registrará cada candidato com o nome e sobrenome constantes do pedido de registro,
observada a ordem de preferência ali definida.
Outra questão é que o nome do candidato ao sistema proporcional não pode coincidir com nome
de candidato à eleição majoritária, salvo para candidato que esteja exercendo mandato eletivo ou o
tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido em eleição com
o nome coincidente.
Na análise do pedido dos nomes, não se tratando de nenhuma das preferências indicadas pelos
incisos alhures transcritos, a JE poderá decidir com base na precedência do pedido de registro, isto é,
decidindo atribuir o nome àquele que, primeiramente, requereu o registro. Nesse sentido, o TSE
sumulou o entendimento:
Súmula 04. Não havendo preferência entre candidatos que pretendam o registro
da mesma variação nominal, defere-se o do que primeiro o tenha requerido.
Além do nome para identificar os candidatos, há a identificação numérica. O art. 15 da Lei das
Eleições traz critérios para definição dos números dos candidatos, cuja leitura se perfaz suficiente. Veja:
O pedido de registro da candidatura pode ser impugnado perante a JE. O art. 3º da LC nº 64/90
disciplina o procedimento a ser observado nessa ação.
Esse tema será melhor tratado, na parte das ações eleitorais.
De todo modo, como se trata de tema pertinente ao presente ponto, transcreve-se o art. 3º da LC
nº 64/90 apenas para conhecimento prévio:
Perceba, desde logo, que a norma não permite que o cidadão comum realize a impugnação ao
registro da candidatura. Por outro lado, registre-se, desde já, que o TSE possui o entendimento de que
o cidadão pode noticiar causa de inelegibilidade ao juiz eleitoral, no prazo de cinco dias contados da
publicação do edital relativo ao pedido de registro (art. 44 da Resolução nº 23.609/2019 do TSE).
Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão enviar ao TSE a relação dos candidatos às eleições
majoritárias e proporcionais, até vinte dias antes da data das eleições. Na listagem deverá constar a
referência ao sexo e ao cargo a que concorrem (art. 16 da Lei nº 9.504/97).
Nesse mesmo prazo, todos os pedidos de registro de candidatos, inclusive os impugnados e os
respectivos recursos, devem estar julgados pelas instâncias ordinárias, e publicadas as decisões a eles
relativas.
Importante ressaltar que os processos de registro de candidaturas terão prioridade sobre quaisquer
outros, devendo a Justiça Eleitoral adotar as providências necessárias para cumprimento do prazo,
inclusive com a realização de sessões extraordinárias e a convocação dos juízes suplentes pelos
Tribunais.
Condições Impróprias: são exigências da previstas na legislação eleitoral e que, indiretamente, se não
observadas, não possibilitará que o interessado concorra a cargos político-eletivos.
Condições Próprias
a) nacionalidade brasileira: somente o nacional detém capacidade eleitoral passiva, sendo a exceção
os portugueses que tiverem residência permanente no Brasil e houver reciprocidade em favor de
brasileiros, com a consequente suspensão do gozo dos direitos políticos em Portugal;
b) direitos políticos: a perda e a suspensão dos direitos políticos influem na elegibilidade;
c) alistamento eleitoral: é conditio sine qua non para a aquisição da cidadania, sendo provada por
meio do título eleitoral;
d) domicílio eleitoral: somente se pode concorrer às eleições na circunscrição eleitoral em que for
domiciliado há pelo menos seis meses;
e) filiação partidária: decorre da opção por uma “democracia partidária” e consiste no vínculo jurídico
estabelecido entre um cidadão e a entidade partidária. Prova-se mediante consulta ao banco de dados
da Justiça Eleitoral e, havendo omissão, o TSE permite a demonstração por outros meios desde que
não se trate de processo de registro de candidatura, no qual há exigência de prova robusta.
#DEOLHONOGANCHO: para concorrer às eleições, o candidato deve estar com a filiação deferida pelo
partido político no mínimo seis meses antes da data da eleição, exigindo-se o mesmo prazo para
filiação partidária (art. 9º da Lei das Eleições).
#DEOLHONAJURIS: Mesmo com a situação de calamidade pública decorrente da covid-19, são
constitucionais e devem ser mantidos os prazos para filiação partidária e desincompatibilização
previstos na legislação para a as eleições municipais de 2020. STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020 (Info 977).
Tal requisito (filiação partidária por no mínimo seis meses) será exigido para toda e qualquer
candidatura?
Sim, em toda e qualquer candidatura! Contudo, o prazo mínimo de filiação poderá ser
flexibilizado. A filiação partidária poderá ser inexigível ou, ao menos, o tempo de filiação flexibilizado
em relação a determinados agentes públicos:
a) daqueles em relação aos quais não se exige filiação partidária prévia. Nesse caso haverá apenas o
registro da candidatura pelo partido, após prévia escolha em convenção partidária; e
b) daqueles que deverão se filiar ao partido político no prazo da desincompatibilização, vale dizer,
seis meses antes do pleito.
O primeiro grupo trata da elegibilidade do militar. A CF, no art. 14, § 8º dividiu os militares da
seguinte forma:
Militares com menos de 10 anos de carreira
Tais militares, para concorrerem às eleições, devem ser afastar definitivamente do cargo
militar ocupado. No entanto, o TSE entende que o afastamento definitivo só deve ocorrer quando o
registro de candidatura tiver sido deferido, o que pode ocorrer até 20 dias antes das eleições. Neste
caso, o militar participará da convenção do partido, e terá seu registro feito perante a Justiça Eleitoral
requerido, mesmo que não seja filiado a partido político. O registro de candidatura sendo deferido
levará ao afastamento do militar, quando então será ele filiado ao partido político.
Para esses casos, devem os militares ser agregados pela autoridade competente, ou seja,
perderá o posto, mas não a patente. Desse modo, o militar concorre como militar. Esta regra acaba
por violar a regra do impedimento da candidatura avulsa, vez que o militar acaba se candidatando
sem estar filiado.
Diante de tal situação, o TSE entende que o militar com mais de 10 anos de atividade, ainda
que não filiado, deverá participar normalmente das convenções, sendo o registro de sua candidatura
requerido normalmente pelo partido político. Após tal requerimento, havendo o deferimento, o
militar será agregado, sem deixar de ser militar. Estamos, portanto, diante da única hipótese em que
é possível a candidatura a mandato eletivo, sem estar filiado a partido político.
NÃOCONFUNDIR: a candidatura avulsa continua sendo impossível. O militar somente pode
concorrer, pois, apesar de não estar filiado, sua candidatura se fará por intermédio do partido político.
Assim, essa hipótese não é considerada candidatura avulsa. Caso eleito, o militar passará a inatividade
e deverá se filiar ao partido político para exercer o mandato.
A segunda hipótese aplica-se ao magistrado, membro do Ministério Público e ministros do
Tribunal de Contas da União dos quais se exige a filiação 6 meses antes das eleições. Em verdade,
aqueles que ocupam os cargos acima mencionados não podem dedicar-se à atividade político-
partidária, contudo, podem concorrer a cargos eletivos. Em razão disso, caso pretendam candidatar-
se, exige a Lei de Inelegibilidades a desincompatibilização no prazo de 6 meses antes do pleito,
momento em que deverão filiar-se ao partido político.
As condições de elegibilidade são requisitos previstos na CF/88 que devem ser preenchidos pelo
cidadão que pretenda se lançar candidato a cargo público eletivo. O art. 14, §3º da CF prevê seis
condições de elegibilidade: I) nacionalidade brasileira; II) o pleno exercício dos direitos políticos; III)
alistamento eleitoral; IV) domicílio eleitoral na circunscrição; V) filiação partidária e VI) idade mínima.
Primeiro, deve-se relembrar que o militar só não será alistável se conscrito (art. 14, § 2º, CF), isto
é, aqueles que se encontram em serviço militar obrigatório. Portanto, os demais militares são alistáveis.
Impende destacar que, conforme o disposto no art. 142, § 3º, V, da CF, é vedada a filiação
partidária aos militares enquanto estiverem em serviço ativo.
Assim, como os militares podem ser elegíveis se a filiação partidária é uma das condições de
elegibilidade (art. 14, § 3º, V, CF)?
Diante da particularidade, o TSE entende que o militar não se sujeita ao prazo de 06 meses antes
do pleito para filiação partidária, contido no art. 9º da Lei das Eleições. Basta participar da convenção
partidária e, se escolhido pelo partido, requerer seu registro.
Nesse sentido, observe as decisões do STF e TSE, respectivamente:
Se o militar da ativa é alistável, é ele elegível (CF, art. 14, § 8º). Porque não
pode ele filiar-se a partido político (...), a filiação partidária não lhe é exigível
como condição de elegibilidade, certo que somente a partir do registro da
candidatura é que será agregado (CF, art. 14, § 8º, II; CE, art. 5º, parágrafo único;
Lei 6.880, de 1980, art. 82, XIV, § 4º). (STF - AI 135.452, rel. min. Carlos Velloso,
j. 20.09.1990)
A filiação partidária contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não
é exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando
o pedido de registro de candidatura após prévia escolha em convenção
partidária (Res.-TSE nº 21.608/2004, art. 14, § 1º). (TSE - Res. nº 21.787, de
1o.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros)
Se o militar tiver menos de 10 anos de serviço, tem que se afastar DEFINITIVAMENTE da atividade,
a contar do deferimento do registro da candidatura, conforme entendimento do TSE (Ac. nº 20.318, de
19.9.2002, rel. Min. Sepúlveda Pertence).
Diversamente, é a situação de o militar contar com mais de 10 anos de serviço. Nesse caso, será
agregado pela autoridade superior, a partir do registro da candidatura até o ato da diplomação, caso
eleito.
Se o militar for eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Com
o intuito de facilitar a memorização, veja o esquema abaixo:
3.1.3. CAUSAS DE INELEGIBILIDADE
No primeiro caso, ou seja, quando a inelegibilidade tiver fundamento em uma sanção, ela será
decorrência de um processo, que decidirá a respeito de uma violação à legislação constituindo o cidadão
inelegível. Ou seja, enquanto não houver a referida decisão, não é possível se falar em inelegibilidade.
A decisão judicial constituirá o status de inelegível ao cidadão condenado. No segundo caso, quando
decorrer a inelegibilidade de uma situação fática, ela será denominada de originária ou inata. Ou seja,
ocorrida a situação prevista na legislação, o cidadão será considerado automaticamente inelegível.
Nesse caso, eventual discussão judicial em torno dos fatos apenas terá o condão de conferir certeza aos
fatos. Desse modo, afirma-se que a decisão tem caráter declaratório do status de inelegível.
INELEGIBILIDADE NATUREZA
SANÇÃO CONSTITUTIVA
INELEGIBILIDADE NATUREZA
NATA DECLARATÓRIA
Art. 14 (...)
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Os inalistáveis são aqueles que não podem realizar o alistamento eleitoral, que é condição de
elegibilidade contido no art. 14, § 3º, III, da CF.
Perceba que, nos cargos do Poder Executivo, a CF/88 restringe a apenas uma única reeleição em
período subsequente (art. 14, § 5º), não podendo o candidato ser reeleito sucessivas vezes.
ATENÇÃO!! Em relação aos candidatos a Vice do Poder Executivo, o TSE possui o entendimento de
que os vices (vice-presidente; vice-governador; vice-prefeito) não podem exercer tais cargos por três
vezes consecutivas, sob pena de afrontar o art. 14, § 5º, da CF.
OBSERVAÇÃO: Essa norma se aplica ainda que o Chefe do Executivo esteja em seu primeiro
mandato.
Por exemplo: se um governador do Estado se encontra em seu primeiro mandato e deseja concorrer
à Presidência da República, terá que renunciar ao cargo de governador até 06 meses antes do pleito.
Situação diversa ocorre nos casos de reeleição para o mesmo cargo, pois, nesse caso, desnecessária a
renúncia.
Por exemplo: Presidente da República, no curso do primeiro mandato, concorre à reeleição; nessa
situação, continuará a exercer o cargo de Presidente durante a campanha eleitoral para a sua
reeleição, sem necessidade de renunciar ou se afastar do cargo.
Então, quer dizer que o Presidente da República, que foi reeleito, pode, no segundo mandato,
renunciar ao cargo faltando 06 meses para às eleições de Deputado Federal e concorrer a esse cargo?
Não estaria concorrendo a um terceiro mandato consecutivo como político?
Sim, pode concorrer ao cargo de Deputado Federal, nesse caso. O cargo de Deputado Federal é
diverso do Presidente da República, portanto, se encontra dentro da possibilidade trazida pelo § 6º do
art. 14 da CF.
Não pode ser considerado como um terceiro mandato para efeito da inelegibilidade contida no §
5º do art. 14, pois esse parágrafo veda um terceiro mandato consecutivo para o mesmo cargo de Chefe
do Executivo.
Nessa linha, observe a decisão do TSE sobre o tema:
Como se vê, essa inelegibilidade reflexa atinge cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
o 2º grau ou por adoção dos Chefes do Executivo (Presidente, Governador ou Prefeito) ou de quem os
haja substituído dentro dos 06 meses anteriores ao pleito.
Atente, ainda, que o impedimento somente atinge a circunscrição eleitoral (território de
jurisdição) do titular do mandato.
Por exemplo: a esposa do prefeito da cidade X não pode se candidatar à vereadora da mesma
cidade, pois se encontra dentro do território municipal onde seu marido é Chefe do Executivo; poderia,
por outro lado, ser candidata à vereadora da cidade Y, ainda que fosse cidade no mesmo Estado, desde
que preencha os requisitos de elegibilidade, como domicílio eleitoral na circunscrição.
Outrossim, se o titular do mandato tiver uma circunscrição eleitoral “menor” do que a
circunscrição que o parente irá concorrer, não será o caso de inelegibilidade.
Por exemplo: a esposa do prefeito da cidade X pode se candidatar ao cargo de deputada estadual
no mesmo Estado em que o município se encontra localizado; isso porque a circunscrição estadual é
“maior” que a municipal.
O contrário, por outro lado, não seria possível, pois o cônjuge da governadora de um Estado não
poderia concorrer ao cargo de prefeito de nenhuma cidade pertencente àquele estado, já que a
circunscrição eleitoral estadual abarca todos os municípios do estado.
Veja o esquema abaixo:
O mesmo § 7º, em sua parte final, aponta a exceção à regra da inelegibilidade reflexa, cuja
incidência fica afastada no caso de o cônjuge ou parente já ser titular de mandato eletivo e seja
candidato à reeleição.
Por exemplo: a esposa do Presidente da República pode concorrer ao cargo de Deputada Federal
se já titular no cargo e esteja se candidatando à reeleição.
Importante mencionar que essa norma de inelegibilidade reflexa tem escopo no princípio
republicano e por finalidade evitar a perpetuidade ou a longa presença de familiares no poder.
Nessa linha de raciocínio que o STF editou a súmula vinculante nº 18, in verbis:
A Suprema Corte, com esse entendimento acima, visou evitar a burla à norma de inelegibilidade
reflexa, quando os cônjuges apenas dissolviam a sociedade conjugal para evitar tal causa de
inelegibilidade.
Questão diversa, decidida pelo STF, em sede de repercussão geral – tema 678, se encontra na
situação de falecimento de um dos cônjuges. Nesse caso, não haverá aplicabilidade da SV 18 e, portanto,
não existirá inelegibilidade ao cônjuge sobrevivente. Veja a tese firmada:
A Súmula Vinculante 18 do STF não se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte
de um dos cônjuges. (STF - RE 758461/PB, Plenário, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 22.05.2014 - repercussão
geral)
O TSE também firmou entendimento sumulado a respeito do tema, nos seguintes termos:
Perceba que o TSE traz uma interpretação para o afastamento da inelegibilidade reflexa, impondo
algumas condições que devem ser preenchidas de forma cumulativa:
Destarte, para que seja afastada a inelegibilidade em questão, o Chefe do Executivo deve possuir
condições para se reeleger, ou seja, se encontrar no exercício do primeiro mandato e não estar inserido
em outra causa de inelegibilidade.
Além disso, o mesmo deve ter falecido, renunciado ou se afastado definitivamente até 06 meses
antes do pleito. Se, por exemplo, houver renúncia faltando apenas 05 meses para o pleito, ainda que
pudesse concorrer à reeleição, não restará afastada a inelegibilidade reflexa de seus familiares.
OBSERVAÇÃO: Diante da ampliação do conceito de entidade familiar (art. 226, § 3º, CF), considera-se
cônjuge tanto o homem/mulher que esteja casado(a) como aquele(a) que vive em união estável com
o Chefe do Poder Executivo.
Do mesmo modo, a inelegibilidade reflexa também alcança a união homoafetiva.
Por fim, cumpre destacar que, diversamente das causas de inelegibilidades previstas em LC, todas
essas inelegibilidades previstas na CF podem ser arguidas mesmo após o prazo para ação de
impugnação ao registro da candidatura (AIRC).
A CF, como visto, prevê algumas hipóteses de inelegibilidade, porém atribui à LC a possibilidade
de disciplinar outras causas de inelegibilidade.
Essa previsão constitucional se encontra no § 9º do art. 14 com a seguinte redação:
A LC vigente, que estabelece outros casos de inelegibilidade e, ainda, os prazos para sua cessação,
é a Lei Complementar nº 64/90 (Lei das Inelegibilidades). Importante mencionar que essa LC sofreu
diversas alterações pela chamada Lei da Ficha Limpa (LC nº 135/2010).
Nesse instante, discorrer-se-á acerca dessas inelegibilidades e os respectivos prazos.
Frisa-se, desde já, que não se perfaz objetivo a transcrição de todas as alíneas, expondo sobre
todas as hipóteses trazidas no texto, mas apenas de alguns pontos.
De todo modo, recomenda-se a leitura corrida de todos os dispositivos da LC nº 64/90, os quais
estarão disponíveis ao final, inclusive, com alguns comentários abaixo das hipóteses normativas.
Na leitura dos dispositivos, atente, principalmente, aos prazos de inelegibilidade e aos que indicam
a desincompatibilização de titulares de certos cargos ou funções como requisitos para disputa de
mandatos eletivos.
A Lei das Inelegibilidades divide as hipóteses para: qualquer cargo; Presidente e Vice-Presidente
da República; Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; Prefeito e Vice-Prefeito; o
Senado Federal e a Câmara Municipal.
ATENÇÃO!! A questão do concurso pode iniciar o enunciado afirmando: “São inelegíveis para o
cargo de Presidente da República”.
Tenha cuidado porque as alternativas podem apresentar uma situação de inelegibilidade
indicada “para qualquer cargo” (art. 1º, I) e não necessariamente dentro das inelegibilidades
específicas para o cargo de Presidente e Vice-Presidente da República estipuladas no art. 1º, II, da LC
nº 64/90.
Por exemplo: São inelegíveis para qualquer cargo os que forem declarados indignos do
oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos (art. 1º, I, “f”, LC nº 64/90).
Essa hipótese não se encontra dentro das inelegibilidades específicas para o cargo de Presidente
da República, mas, como se trata de uma inelegibilidade para qualquer cargo, se a questão a
apresentar em uma das alternativas, deve ser assinalada como correta.
Atenção que, dentro das hipóteses de inelegibilidade para qualquer cargo, salvo a alínea “i”, todos
os demais prazos de inelegibilidade são de 8 (oito) anos. A diferença vai ser quanto ao início e o termo
final, razão pela qual é necessário atentar-se no momento da leitura dos dispositivos.
No inciso II, referente às inelegibilidades para o cargo de Presidente e Vice-Presidente da
República, há prazos para desincompatibilização. A maioria contida nas alíneas é de 06 meses, salvo as
hipóteses das alíneas “g” e “l”, que preveem os prazos de 04 meses (dirigente de entidades de classe) e
03 meses (servidores públicos), respectivamente.
No inciso III, referente às inelegibilidades para o cargo de Governador e Vice-Governador, além
das hipóteses previstas no inciso II, apresenta o prazo para desincompatibilização de 06 meses depois
de afastados definitivamente de seus cargos ou funções.
Para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, o inciso IV aponta as mesmas hipóteses para os cargos
de Presidente e Vice-Presidente e de Governador e Vice-Governador, além de outras, mas observado o
prazo de desincompatibilização de 04 meses.
Para os cargos do Senado, Câmara dos Deputados, Deputados Estaduais e Distritais e Vereadores,
o prazo para desincompatibilização é de 06 meses, conforme incisos V, VI e VII.
Como já foi objeto de questão de concurso, cumpre frisar que o proprietário de rádio e difusão de
imagens e, também, o presidente de partido político não precisam se desincompatibilizar porque
não há previsão na LC nº 64/90.
DA ARRECADAÇÃO DE RECURSOS
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Trata-se de tema polêmico, com diversas discussões doutrinárias e políticas a respeito. Alguns
defendem o financiamento de campanha com a utilização exclusiva de dinheiro privado; outros, por
meio de recursos públicos; e há aqueles que defendem um sistema misto, como o adotado atualmente.
O sistema de arrecadamento de recursos para a campanha eleitoral permite que tanto dinheiro
privado quanto dinheiro público a financiem.
Muitos artigos sofreram alterações com as minirreformas de 2015 e 2017 e, em setembro de 2019,
outras duas leis trouxeram consideráveis modificações a respeito da arrecadação de receitas para o
financiamento de campanha e a efetivação dos respectivos gastos – as Leis 13.877/19 e 13.878/19.
1. PARTIDOS POLÍTICOS
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, que asseguram a autenticidade do
sistema representativo, pautado nos valores do regime democrático e em defesa dos direitos
fundamentais.
Adquirem sua personalidade jurídica na forma da lei civil e, após, registram seus estatutos no TSE.
Conforme art. 10, § 3º da Resolução nº 23.571/2018 do TSE, esse partido político em formação deve
informar ao TSE a sua criação, no prazo de até 100 dias contados da obtenção do seu registro civil,
apresentando, na oportunidade:
ATENÇÃO!! O registro do ato constitutivo, NA FORMA DA LEI CIVIL, dá início a EXISTÊNCIA LEGAL
DO PARTIDO POLÍTICO, isto é, a partir desse ato, o partido pode ser considerado uma pessoa jurídica
de direito privado.
Conforme alteração trazida pela Lei nº 13.877/2019, o art. 8º da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº
9.096/95) prevê que o requerimento do registro do partido deverá ser dirigido ao cartório
competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
Entretanto, apenas com o registro do estatuto no TSE, o partido político poderá participar do processo
eleitoral, receber recursos do fundo partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão.
Registro civil: personalidade jurídica de direito privado.
Registro no TSE: condição para participar do processo eleitoral.
A criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos podem ser realizadas livremente,
desde que possua as seguintes características:
i) caráter nacional;
ii) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
de subordinação a estes;
iii) prestação de contas à JE;
iv) funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Importante frisar que a CF, além de outras atribuições, confere aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre sua organização e funcionamento e, ainda,
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações (art. 17, § 1º, CF).
Do mesmo modo, cabe aos partidos políticos disciplinarem, em seus estatutos jurídicos, as normas
de escolha e substituição dos candidatos e, também, para a formação de coligações, observadas as
normas legais sobre o tema, conforme estabelece o art. 7º da Lei nº 9.504/97:
ATENÇÃO!! Não é uma convenção nacional que define essas normas suplementares, mas o PRÓPRIO
ÓRGÃO DE DIREÇÃO NACIONAL do partido político.
Convém expor que a Ec nº 97/2017 também alterou a redação do § 3º do art. 17 da CF, impondo
cláusulas de barreira para o acesso aos recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à TV.
Essa modificação, contudo, somente será aplicada ao pleito de 2030, por força do art. 3º da Ec nº
97/2017. O parágrafo único desse artigo da emenda apresenta uma cláusula de barreira gradativa, até
se chegar aos moldes da atual redação do § 3º do art. 17 da CF.
Diante da necessidade do conhecimento literal desse artigo da CF, transcreve-se:
Contudo, conforme literalidade do § 3º do art. 3º, os órgãos provisórios somente poderiam ter prazo
máximo de vigência até 8 (oito) anos e, exaurido o prazo de sua vigência, ficaria vedada a extinção
automática do órgão e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ).
Não obstante, o Plenário do TSE afastou a literalidade do art. 3º, § 3º, da Lei nº 9.096/1995 – com
redação conferida pela Lei nº 13.831/2019 – e asseverou a higidez do art. 39 da Res.-TSE nº
23.571/2018, que prevê prazo de validade de 180 dias para as anotações relativas aos órgãos
provisórios, salvo se o estatuto partidário estabelecer prazo inferior diverso. Tal decisão consta no
informativo nº 11 de 2019 – sessão administrativa:
“Esse foi o entendimento firmado ao apreciar registro de anotação de alteração estatutária de partido
político da qual constava a possibilidade de renovações reiteradas e indefinidas de comissões
provisórias.
O Ministro Sérgio Banhos, relator, ressaltou que, não obstante a Emenda Constitucional nº 97/2017 –
que alterou o art. 17, § 1º, da Constituição da República – tenha assegurado às agremiações
autonomia quanto à formação e à duração de seus órgãos permanentes e provisórios, este Tribunal
já conferiu interpretação sistemática ao dispositivo, para consagrar o regime democrático no âmbito
partidário.
Lembrou, na ocasião, o entendimento de que a leitura do referido parágrafo não pode estar dissociada
do disposto no caput, que afirma a liberdade dos partidos políticos “resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana”.
Na mesma linha intelectiva, o relator afastou a literalidade do art. 3º, § 3º, da referida Lei dos
Partidos Políticos, o qual prevê duração de até oito anos para os órgãos partidários provisórios, ao
entender que o dispositivo ofende os princípios constitucionais, especialmente o do regime
democrático.
Nessa senda, determinou a adequação do estatuto partidário ao que dispõe o art. 39 da Res.- TSE
nº 23.571/2018, de modo que seja observado o prazo de validade de 180 dias das comissões
provisórias.
Petição nº 18, Brasília/DF, rel. Min. Sérgio Banhos, julgado em 5.9.2019”.
Esse prazo de oito anos, contudo, por se tratar de alteração legislativa recente, tem sido cobrado nas
questões de primeira fase. Nesse caso, sugerimos que o aluno responda conforme a literalidade do
art. 3º, §3º, salvo se a questão fizer menção expressa ao entendimento exarado pelo TSE.
Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento. (MPMT-2009) (TJMG-2014)
§ 1º. É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia para definir o cronograma
das atividades eleitorais de campanha e executá-lo em qualquer dia e horário, observados os limites
estabelecidos em lei. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.831, de 2019)
§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de duração dos mandatos dos
membros dos seus órgãos partidários permanentes ou provisórios. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá ser de até 8 (oito)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
§ 4º Exaurido o prazo de vigência de um órgão partidário, ficam vedados a extinção automática do órgão
e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). (Incluído pela Lei nº
13.831, de 2019)
Nesse requerimento ao registro civil, ainda deve ser indicado o nome e a função dos dirigentes
provisórios, além do endereço da sede do partido no território nacional.
Contudo, adquirida a personalidade jurídica, a Lei dos Partidos Políticos estipula certas condições
para seu registro no TSE.
Cumpre destacar que o art. 17, I, da CF, exige que o partido político possua caráter nacional. Por
sua vez, o art. 7º, § 1º, da Lei dos Partidos Políticos, determina a comprovação dessa abrangência
nacional como condição para o registro no TSE. Esse dispositivo considera como partido político de
caráter nacional, aquele que comprove, no período de dois anos (apoiamento mínimo):
OBSERVAÇÃO: O § 1º do art. 7º da Lei dos Partidos Políticos especifica que o partido político “tenha
caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no período de dois anos,” os
requisitos acima transcritos.
Esses requisitos devem ser preenchidos ao longo dos 2 anos expressos na lei ou no momento do
pedido do registro?
O TSE tem o entendimento de que “os requisitos para a criação de partido político, descritos na Lei
nº 9.096/1995 e na Res.-TSE nº 23.465/2015, devem estar preenchidos no momento do protocolo
do requerimento” (TSE - Registro de Partido Político nº 583-54, j. 05.10.2017 – info. nº 13/2017).
OBSERVAÇÃO: A prova do apoiamento mínimo de eleitores não filiados a partidos políticos é feita
por
meio de suas assinaturas, com menção ao número do respectivo título eleitoral, em listas organizadas
para cada zona, sendo a veracidade das respectivas assinaturas e o número dos títulos atestados pelo
escrivão eleitoral.
Importante destacar o entendimento do TSE de que “não há como se acolher pedido de
encaminhamento de fichas de apoiamento de eleitores por meio da Internet, haja vista a exigência
contida no art. 9º, § 1º, da Lei dos Partidos Políticos.” (TSE - Res. nº 22.553, de 14.6.2007, rel. Min.
Caputo Bastos).
Após ter adquirido a sua personalidade jurídica e ter reunido as condições para o registro no TSE,
faz-se a constituição definitiva de seus órgãos e a designação de seus dirigentes. Os dirigentes nacionais,
então, promovem o registro do estatuto do partido no TSE. Qualquer alteração estatutária deve, após
o registro civil, ser encaminhada ao TSE.
Registre-se que, com o advento da Lei nº 13.877/19, passou a haver previsão expressa no sentido
de que os registros de atas e demais documentos de órgãos de direção nacional, estadual, distrital e
municipal devem ser realizados no cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da circunscrição do
respectivo diretório partidário (art. 10, §2º, da Lei nº 9.096/95).
Art. 12. O partido político funciona, nas Casas Legislativas, por intermédio
de uma bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo com o
estatuto do partido, as disposições regimentais das respectivas Casas e as
normas desta Lei.
Convém mencionar que o art. 13 da Lei dos Partidos Políticos prevê uma cláusula de barreira, no
sentido de que, se os partidos não obtivessem um determinado número de votos nas eleições para
Câmara dos Deputados, não teriam direito a funcionamento. O STF, contudo, julgou inconstitucional tal
cláusula de barreira no julgamento das ADIs 1351-3 e 1354-8.
A filiação ao partido político é obrigatória, não podendo a pessoa se candidatar a qualquer cargo
político sem o preenchimento dessa condição de elegibilidade. Apenas se perfaz possível a filiação do
eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos. Outrossim, com o advento da Lei nº 13.488
de 06 de outubro de 2017, a legislação infraconstitucional vedou, expressamente, a candidatura avulsa
(sem participação do partido político), ainda que o requerente tenha filiação partidária. Veja o § 14 do
art. 11 da Lei das Eleições adiante transcrito:
Lei nº 9.504/97
Art. 11.
§ 14. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente
tenha filiação partidária. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)
Por exemplo: João é filiado ao partido “X”, todavia, requer o seu registro perante a JE como
candidato a Prefeito de uma determinada cidade, de forma autônoma, sem ser através do partido “X”
ao qual é filiado.
Nesse caso, embora João tenha filiação partidária, preenchendo o requisito de elegibilidade do
art. 14, V, da CF, não poderá ter seu registro de candidatura deferido porque não basta ser filiado, tem
que se candidatar por meio do partido político ao qual está vinculado.
OBSERVAÇÃO:
Para relembrar, Circunscrição Eleitoral → é considerada uma divisão territorial, variando, contudo,
de acordo com o pleito. Nas municipais (prefeito, vice-prefeito e vereadores), cada município
corresponde a uma circunscrição; nas estaduais (governador, vice-governador, deputados federais,
deputados estaduais e senadores), cada Estado será uma circunscrição; nas presidenciais (presidente
e vice-presidente), a circunscrição corresponderá a todo o país. Delimitam, assim, o âmbito da
votação.
De todo modo, ainda não é o bastante a simples filiação partidária e domicílio eleitoral na
circunscrição. A legislação infraconstitucional ainda aponta um prazo mínimo dessa filiação e do
domicílio para que o requerente tenha seu registro da candidatura deferido.
Frisa-se que esse prazo já sofreu várias alterações (2015 e 2017) e, atualmente, o candidato
necessita possuir domicílio na respectiva circunscrição e estar com filiação deferida pelo partido
político, pelo menos há 6 meses antes do pleito.
Veja o dispositivo vigente:
ATENÇÃO!! Esse prazo já foi objeto de diversas questões de concursos públicos. Portanto, pode ser
item
de pergunta de prova, buscando do candidato a atualização legislativa.
Atente-se que esse prazo estipulado pela legislação é o mínimo geral, podendo o partido político
ampliá-lo em razão de sua autonomia.
OBSERVAÇÃO: Impende destacar que esse prazo de 06 meses acima pode ser aumentado pelo
estatuto do partido político, ante o disposto no art. 20 da Lei 9.096/95: “É facultado ao partido
político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei,
com vistas a candidatura a cargos eletivos.”.
Todavia, esse prazo para filiação não pode ser aumentado no ano da eleição.
De todo modo, se o prazo contido no estatuto do partido for maior que o legal de 06 meses, poderá
reduzir o prazo estatutário, no ano da eleição, para se adequar à legislação eleitoral, conforme
entendimento do TSE (Ac.-TSE, de 22.9.2016, no REspe nº 5650 e, de 8.9.2016, na Pet nº 40304).
Importante também consignar que o TSE, no informativo nº 08 de 2018, entendeu que esses prazos
mínimos de 06 meses para filiação partidária e para domicílio eleitoral devem ser flexibilizados nas
eleições suplementares, em razão do caráter excepcional de sua ocorrência, que conduz à
imprevisibilidade quanto ao momento da realização do pleito.
Nesse mesmo julgado, adotou-se, também, a flexibilização do prazo de desincompatibilização previsto
no § 6º do art. 14 da Constituição Federal para as eleições suplementares. (TSE - Recurso Ordinário nº
0600086-33, Palmas/TO, rel. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, julgado em 29.5.2018. – Info 08 de
2018)
O parágrafo único do art. 9º antes transcrito ainda traz a hipótese de a fusão e a incorporação de
partidos políticos (vide arts. 27 a 29 da Lei nº 9.096/95) ocorrerem após esses prazos mínimos. Nesses
casos, será considerada a data de filiação do candidato ao partido de origem para efeito de filiação
partidária.
No tocante à filiação dos militares, impende destacar que, conforme o disposto no art. 142, § 3º,
V, da CF, é vedada a filiação partidária aos militares enquanto estiverem em serviço ativo.
Assim, como os militares podem ser elegíveis se a filiação partidária é uma das condições de
elegibilidade (art. 14, § 3º, V, CF)? Diante da particularidade, o TSE entende que o militar não se sujeita
ao prazo de 06 meses antes do pleito para filiação partidária, contido no art. 9º da Lei das Eleições.
Basta participar da convenção partidária e, se escolhido pelo partido, requerer seu registro.
Nesse sentido, observe as decisões do STF e TSE, respectivamente:
Se o militar da ativa é alistável, é ele elegível (CF, art. 14, § 8º). Porque não pode ele filiar-se a
partido político (...), a FILIAÇÃO PARTIDÁRIA NÃO LHE É EXIGÍVEL COMO CONDIÇÃO DE
ELEGIBILIDADE, certo que somente a partir do registro da candidatura é que será agregado (CF, art. 14,
§ 8º, II; CE, art. 5º, parágrafo único; Lei 6.880, de 1980, art. 82, XIV, § 4º). (STF - AI 135.452, rel. min.
Carlos Velloso, j. 20.09.1990)
A filiação partidária contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da
ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura após prévia
escolha em convenção partidária (Res.-TSE nº 21.608/2004, art. 14, § 1º). (TSE - Res. nº 21.787, de
1o.6.2004, rel. Min. Humberto Gomes de Barros)
Desse modo, sendo possível a eleição do militar, há somente de se observar as condições de
elegibilidade previstas no art. 14, § 8º, da CF, abaixo transcrito:
Se o militar tiver menos de 10 anos de serviço, tem que se afastar definitivamente da atividade,
a contar do deferimento do registro da candidatura, conforme entendimento do TSE (Ac. nº 20.318, de
19.9.2002, rel. Min. Sepúlveda Pertence).
Diversamente, é a situação de o militar contar com mais de 10 anos de serviço. Nesse caso, será
agregado pela autoridade superior, a partir do registro da candidatura até o ato da diplomação, caso
eleito.
OBSERVAÇÃO: E o que significa “será agregado pela autoridade superior”? Agregação é a situação
na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou
Serviço, nela permanecendo sem número. (art. 80, Lei nº 6.880/80)
Se o militar for eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Com
o intuito de facilitar a memorização, veja o esquema abaixo:
Outra questão peculiar se refere aos magistrados, membros dos Tribunais de contas e membros
do Ministério Público. Todos não podem exercer atividade político-partidária (arts. 95, parágrafo único,
III; 128, § 5º, II, “e”; 130, todos da CF).
Por esse motivo, devem se afastar definitivamente de suas atividades e, assim, realizar sua
filiação em partido político até os prazos estipulados para desincompatibilização contidos na LC nº
64/90.
Nessa linha, vislumbre o posicionamento do TSE:
(...) Os magistrados, os membros dos tribunais de contas e os do Ministério Público, devem filiar-
se a partido político e afastar-se definitivamente de suas funções até seis meses antes das eleições.
(Art. 13, da Res.-TSE nº 22.156, de 13.3.2006.) (...) (TSE - Ac. de 21.9.2006 no RO nº 993, rel. Min. Cesar
Asfor Rocha.)
Magistrados. Filiação partidária. Desincompatibilização. Magistrados e membros dos tribunais de
contas, por estarem submetidos a vedação constitucional de filiação partidária, estão dispensados de
cumprir o prazo de filiação fixado em lei ordinária, devendo satisfazer tal condição de elegibilidade
até seis meses antes das eleições, prazo de desincompatibilização estabelecido pela Lei Complementar
nº 64/90. (TSE - Res. nº 19.978, de 25.9.97, rel. Min. Costa Leite)
Quanto aos demais cidadãos, caso atendam às regras estatutárias do partido, serão consideradas
deferidas, para todos os efeitos, suas filiações partidárias. Por outro lado, para se desligar do partido
político, basta ao cidadão realizar uma comunicação escrita ao órgão de direção municipal e ao juiz
eleitoral da zona em que for inscrito. Decorridos dois dias da data da entrega da comunicação, o vínculo
torna-se extinto para todos os efeitos.
O art. 22 da Lei dos Partidos Políticos prevê outras hipóteses de cancelamento imediato da filiação.
Veja:
Registre-se que, no caso do inciso V acima, se o cidadão já for filiado a um determinado partido
político e, posteriormente, se filiar a outro partido, haverá cancelamento imediato da primeira filiação,
desde que comunique o fato ao juiz da respectiva zona eleitoral.
Caso não haja essa comunicação e se verifique a coexistência de filiações partidárias, prevalecerá
a mais recente, devendo a JE determinar o cancelamento das demais.
O detentor do cargo eletivo perderá o mandato caso se desfilie, sem justa causa, do partido pelo
qual foi eleito.
A justa causa pode ser verificada somente nas seguintes hipóteses (art. 22-A, parágrafo único, Lei
nº 9096/95):
Inclusive, ressalvada a justa causa, o art. 26 da Lei dos Partidos Políticos determina que o
parlamentar, em virtude da proporção partidária, que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido
eleito, perde automaticamente a função ou cargo que exerça na respectiva Casa Legislativa. Contudo,
essa perda do cargo, conforme entendimento sumulado do TSE, não se aplica aos cargos sujeitos ao
sistema majoritário, in verbis:
Destarte, aplica-se somente aos cargos do sistema proporcional. Trata-se da fidelidade partidária
dos cargos do sistema proporcional. Conforme visto no art. 17, § 1º, da CF, os estatutos devem
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
Segundo o STF: “As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos
pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas
pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar
a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu” (ADI 5.081, rel. min.
Roberto Barroso, j. 27.5.2015).
Por outro lado, filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não esteja
tipificada no estatuto do partido político e, ainda que haja previsão estatutária, deve-lhe ser garantido
o direito à ampla defesa (art. 23, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.096/95).
Os estatutos podem, também, como medida de punição ao parlamentar que se opuser, pela
atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários, estabelecer
(art. 25 da Lei nº 9.096/95):
O partido político, por ser uma pessoa jurídica de direito privado, pode angariar receitas para o
seu funcionamento. Algumas dessas receitas são públicas, advindas do fundo partidário.
Assim, o art. 30 da Lei dos Partidos Políticos prevê que o partido político, através de seus órgãos
nacionais, regionais e municipais, mantenha escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento
da origem de suas receitas e a destinação de suas despesas.
Cabe ao partido, anualmente, enviar à Justiça Eleitoral, até o dia 30 de JUNHO (alteração trazida
pela Lei nº 13.877/19), o balanço contábil do exercício anterior, a qual irá publicar tal balanço na
imprensa oficial e, onde não exista, proceder a afixação dos mesmos no cartório eleitoral.
Esse balanço será enviado ao TSE, TRE ou juiz eleitoral, a depender do nível do órgão do partido:
Com o advento da nova redação dada ao § 4º do art. 32 da Lei dos Partidos Políticos pela Lei nº
13.831/2019, caso o órgão partidário MUNICIPAL não tenha movimentado recursos ou arrecadados
bens estimáveis em dinheiro, ficarão DESOBRIGADOS de: i) prestar contas à Justiça Eleitoral; ii) enviar
declaração de isenção, declarações de débitos e créditos tributários federais ou demonstrativos
contábeis à Receita Federal; e iii) certificação digital.
Entretanto, nesse caso, cabe ao responsável partidário, até o dia 30 de junho, a apresentação de
declaração da ausência de movimentação de recursos no ano anterior.
O TSE ou TRE podem, inclusive, determinar a quebra de sigilo bancário das contas dos partidos
para o esclarecimento ou apuração de fatos vinculados à eventual denúncia de irregularidade (art. 35
da Lei dos Partidos Políticos).
Os balanços devem conter, entre outros: a discriminação dos valores e destinação dos recursos
oriundos do fundo partidário; a origem e o valor das contribuições e doações; as despesas de caráter
eleitoral, com a especificação e comprovação dos gastos com programas no rádio e televisão, comitês,
propaganda, publicações, comícios, e demais atividades de campanha; e a discriminação detalhada das
receitas e despesas.
Além de determinar a prestação de contas e o que nela deve conter, a Lei dos Partidos Políticos
ainda veda o recebimento de verbas por determinadas entidades como: estrangeiras, entes públicos,
pessoas jurídicas, entidades de classe ou sindical, e pessoas físicas que exerçam função ou cargo em
comissão ou emprego temporário (salvo se essas pessoas sejam filiadas ao partido político). Transcreve-
se:
O TSE, por meio da Resolução de nº 23.604/19, em seu art. 5º, apontou quais receitas podem ser
auferidas pelos Partidos Políticos. Veja:
Importante mencionar que o balanço enviado à JE vai servir de base para a apreciação das contas,
contudo, a desaprovação dessa prestação de contas do partido não ensejará sanção alguma que o
impeça de participar do pleito eleitoral, nem a inscrição dos dirigentes partidários no CADIN - Cadastro
Informativo dos Créditos não Quitados do Setor Público Federal (§ 8º, art. 32, Lei nº 9.096/95).
Essa apreciação das contas pela JE tem caráter jurisdicional (art. 37, § 6º, Lei dos Partidos
Políticos).
Embora não o impeça da participação no pleito eleitoral, a desaprovação implicará
exclusivamente a sanção de DEVOLUÇÃO DA IMPORTÂNCIA apontada como irregular, ACRESCIDA DE
MULTA DE ATÉ 20%.
Essa multa apenas será aplicada exclusivamente à esfera partidária responsável pela
irregularidade, não suspendendo o registro ou a anotação de seus órgãos de direção partidária nem
tornando devedores ou inadimplentes os respectivos responsáveis partidários. Por exemplo: o órgão
diretivo estadual apresenta o balanço ao TRE; caso seja desaprovada, em decorrência de irregularidades,
a multa apenas será aplicada ao órgão diretivo estadual do partido político.
A Lei dos Partidos Políticos ainda determina que a aplicação da multa seja proporcional e razoável,
pelo período de 01 a 12 meses.
Caso as contas tenham sido desaprovadas pelo TRE ou TSE, poderão ser revistas para fins de
aplicação proporcional da sanção aplicada, mediante requerimento ofertado nos autos da prestação de
contas.
Já o pagamento da multa deve ser feito por meio de desconto nos futuros repasses de cotas do
fundo partidário, a, no máximo, 50% (cinquenta por cento) do valor mensal, desde que a prestação de
contas seja julgada, pelo juízo ou tribunal competente, em até 5 (cinco) anos de sua apresentação,
vedada a acumulação de sanções.
Contudo, esse desconto será suspenso durante o segundo semestre do ano em que se realizarem
as eleições.
Da decisão de desaprovação das contas, parcial ou total, caberá recurso para o TRE ou o TSE.
O § 13 do art. 37 da Lei dos Partidos Políticos ainda aponta que a responsabilização civil e criminal
dos dirigentes partidários decorrente da desaprovação das contas partidárias e de atos ilícitos atribuídos
ao partido político somente ocorrerá se verificada irregularidade grave e insanável resultante de
conduta dolosa que importe enriquecimento ilícito e lesão ao patrimônio do partido.
Todavia, conforme o § 15 do mesmo artigo, essas responsabilidades civil e criminal são subjetivas
e, assim como eventuais dívidas já apuradas, recaem somente sobre o dirigente partidário responsável
pelo órgão partidário à época do fato e não impedem que o órgão partidário receba recurso do fundo
partidário.
Por fim, cumpre destacar que a prestação de contas não será desaprovada por meros erros
formais ou materiais que, no conjunto da prestação, não comprometam o conhecimento da origem das
receitas e a destinação das despesas.
Atente para o fato de que a Lei 9.096/95 regula a prestação de contas dos partidos políticos, sendo
que a prestação de contas das campanhas eleitorais é regulada pelos artigos 28 e seguintes da Lei
9.504/97 (Ac.-TSE, de 11.4.2006, no RMS nº 426).
Registre-se que as atividades de direção exercidas nos órgãos partidários e em suas fundações e
institutos, bem como as de assessoramento e as de apoio político-partidário, assim definidas em normas
internas de organização, não geram vínculo de emprego, não sendo aplicável o regime jurídico previsto
na CLT, quando remuneradas com valor mensal igual ou superior a 2 (duas) vezes o limite máximo do
benefício do Regime Geral de Previdência Social.
Por último, destaca-se os posicionamentos do TSE a respeito da utilização dos recursos do fundo
partidário. Esse Tribunal Superior restringe o uso desses recursos aos casos previstos na lei, diante da
natureza pública deles, como dito alhures.
Conforme o TSE, os recursos oriundos do fundo partidário devem ser utilizados para o custeio de
atividades partidárias (Ac.-TSE, de 7.6.2016, na Cta nº 3677). E, ainda que esses recursos do fundo sejam
depositados na conta bancária, são impenhoráveis e não podem ser dados em garantia (§ 3º, art. 17,
Resolução nº 23.546/2017).
O TSE, na Resolução nº 23.604/19, aponta, em seu art. 17, que constituem gastos partidários todos
os custos e despesas utilizadas pelo órgão do partido político para a sua manutenção e para a
consecução de seus objetivos e programas.
De acordo com o §1º, do art. 17 da Resolução, os recursos oriundos do Fundo Partidário somente
podem ser utilizados para o pagamento de gastos relacionados:
De outro modo, esse Tribunal Superior entende que não podem ser utilizados para a quitação de
multas relativas a atos infracionais, ilícitos penais, administrativos ou eleitorais ou para a quitação de
encargos decorrentes de inadimplência de pagamentos, tais como multa de mora, atualização
monetária ou juros.
O Fundo Especial de Financiamento de campanha (FEFC), criado pela Lei nº 13.487/2017, integra
o orçamento geral da União (verba pública), tendo sido instituído como fonte alternativa de custeio de
campanhas eleitorais, ante a vedação de doações de pessoas jurídicas aos candidatos (STF, ADI nº 4650).
Tem previsão legal inserta na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97, arts. 16-C e 16-D), bem assim na
Resolução TSE nº 23.568/2018. Atualmente, tem diretrizes gerais traçadas na Resolução TSE nº
23.605/2019.
Os recursos do FEFC devem ser distribuídos aos diretórios nacionais dos partidos políticos, em
parcela única, segundo legislação de regência (Lei 9.504/97, art. 16-D, e Resolução TSE nº 23.605/2019,
art. 5º), devendo ser observada a obrigação de aplicação mínima de 30% (trinta por cento) dos recursos
recebidos nas campanhas eleitorais das candidatas (STF, ADI nº 5617/DF, julgada em 15/03/2018 e
Consulta TSE nº 06000252-18, julgada em 22/05/2018). Eventuais sobras de recursos devem ser
devolvidas ao Tesouro Nacional.
O valor destinado às campanhas eleitorais, via FEFC ou via Fundo Partidário, não brigam entre si.
Existem simultaneamente. No FEFC, os recursos têm finalidades mais restritas, porque são destinadas
às campanhas das eleições ordinárias, com valores distribuídos a cada dois anos. Já os recursos do Fundo
Partidário têm distribuição anual, com finalidade mais abrangente, nos termos da Lei 9.096/95 (art. 44).
Regra geral, controvérsias jurídicas existentes entre dois ou mais partidos, entre órgãos do mesmo
partido ou entre pessoa (natural ou jurídica) e partido têm como foro apropriado a Justiça Estadual
Comum (TSE –R-Pet nº 82.632/DF, DJe 01/07/201). É que, na espécie, prevalece o entendimento de que
essas querelas são questões interna corporis, ligadas à natureza privada e à autonomia partidárias.
Apenas e somente apenas quando a situação possa refletir diretamente na eleição ou no processo
eleitoral propriamente dito, é que a Justiça Eleitoral estaria habilitada ao julgamento dos conflitos. É
que, no caso, estariam em jogo valores caros da democracia, da lisura e da transparência do processo
eleitoral.
Contudo, é importante destacar que o TSE, em recente julgamento, pareceu inclinar-se a mudar
essa sedimentada jurisprudência, ao assentar ser da competência da Justiça Eleitoral o controle de atos
interna corporis editados pelos partidos políticos, os quais revelem potenciais ameaças ao regime
democrático (Registro de Partido Político nº 843-68, rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/04/2018).
JULGADOS DO TSE
- Os termos do artigo 16 da Lei nº 9.096/95, só pode filiar-se a partido político o eleitor que esver no
pleno gozo dos direitos políticos. Portanto, é nula a filiação realizada durante o período em que se
encontram suspensos os direitos políticos em decorrência de condenação criminal transitada em
julgado. [...] 3. “Na linha da jurisprudência deste Tribunal e até que o Supremo Tribunal Federal
reexamine a questão já admitida sob o ângulo da repercussão geral, a condenação criminal transitada
em julgado é suficiente para atrair a incidência da suspensão dos direitos políticos, independentemente
do fato de a pena privativa de liberdade ter sido posteriormente substituída pela restritiva de direitos”
[...] (TSE - Ac. de 6.8.2013 no REspe nº 11450, rel. Min. Laurita Vaz)
- A suspensão dos direitos políticos em condenação por improbidade administrativa opera a partir do
trânsito em julgado da decisão e acarreta a perda da filiação partidária e do cargo eletivo, bem como o
impedimento de o candidato ser diplomado. (Ac.-TSE, de 17.12.2015, no RO nº 181952)
- Compete à Justiça Comum dirimir dúvidas ou impor sugestões ante diretrizes e exigências fixadas por
cartórios cíveis a partidos em formação (TSE - Ac.-TSE, de 28.4.2015, na Pet nº 82632).
- É cediço que a análise das contas partidárias pela Justiça Eleitoral envolve o exame da aplicação regular
dos recursos do Fundo Partidário, a averiguação do recebimento de recursos de fontes ilícitas e de
doações de recursos de origem não identificada, bem como a vinculação dos gastos à efetiva atividade
partidária. Assim, a escrituração contábil - com documentação que comprove a entrada e a saída de
recursos recebidos e aplicados - é imprescindível para que a Justiça Eleitoral exerça a fiscalização sobre
a prestação de contas, a teor do que dispõe o art. 34, III, da Lei nº 9.096/95. (TSE - Ac. de 20.4.2017 na
PC 26746, rel. Min. Luciana Lóssio.)
1. AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS
Convém relembrar que a legislação eleitoral tem por objetivo garantir a normalidade e a
legitimidade do poder de sufrágio popular. Desse modo, busca-se inserir mecanismos que garantam o
prevalecimento da vontade soberana expressa pelos eleitores nas urnas, trazendo-se um resultado justo
às eleições correspondentes.
Nesse sentido, as ações eleitorais, de alguma maneira, têm o condão de impugnar algum andamento
do processo eleitoral em desconformidade com a legislação eleitoral.
#ORAL. TJBA. Quais as espécies de ações eleitorais1?
1
Há várias espécies de ações judiciais eleitorais: a) Ação de impugnação do registro de candidatura; b) Ação de Investigação Judicial
Eleitoral; c) Ação de Impugnação de mandato eletivo; d) Representação por captação ilícita de sufrágio; e) Representação por condutas
vedadas aos agentes públicos; f) Representação eleitoral por captação ou gastos ilícitos; g) Recurso contra expedição de diploma.
PRINCIPAIS AÇÕES ELEITORAIS
Ação de Impugnação de Ação de Impugnação de Ação de Investigação
Mandato Eletivo Registro de Candidatura Judicial Eleitoral
(AIME) (AIRC) (AIJE)
Art. 14, §10 e 11 CF Art. 3°, LC 64/90 Art. 22, LC 64/90
Desconstituir o mandato eletivo, Objetiva impedir o Tem por finalidade demonstrar,
tornando insubsistente a requerimento de registro de judicialmente, que durante a
diplomação. candidatura. campanha eleitoral o candidato
Abuso de poder econômico, Ausência de condição de investigado praticou qualquer
corrupção ou fraude. elegibilidade, causa de conduta abusiva do poder
inelegibilidade ou ausência de econômico ou político que
Prazo: 15 dias, contados da cumprimento das formalidades comprometa a lisura das eleições.
diplomação. legais.
São hipóteses de cabimento da
Legitimidade ativa: Ministério Prazo: 5 dias, contados da AIJE:
Público, os partidos políticos, as publicação do registro. a) o abuso do poder econômico;
coligações, os candidatos, eleitos ou b) o abuso de poder de autoridade
não. Legitimidade ativa: candidato ou (ou político);
pré-candidato, ainda que esteja c) a utilização indevida de veículos
Competência: sub judice, partido político ou ou meios de comunicação social.
TSE: Presidente e Vice coligação que concorra ao pleito
TRE: Governador, Vice, Senador, na circunscrição eleitoral e o Prazo: entre o registro e a
Deputado Federal, Estadual e Ministério Público, exceto o diplomação.
Distrital representante ministerial que,
Juiz Eleitoral: Prefeito, Vice, nos quatro anos anteriores, Legitimidade ativa: Ministério
Vereador. tenha disputado cargo eletivo, Público, candidato ou pré-
integrado diretório de partido ou candidato, ainda que sub judice,
exercido partido político ou coligação.
ATENÇÃO!! Esse prazo de 05 dias é decadencial e improrrogável; caso não seja proposta a AIRC nesse
prazo, a matéria se encontrará preclusa, exceto nas matérias constitucionais, ocasião na qual poderá
ser arguida em sede de recurso contra a diplomação – RCD
Assim, de regra, apenas se perfaz possível sua propositura após a publicação do pedido de
registro. Esse artigo acima também prevê como legitimados para AIRC:
I) Qualquer candidato;
II) Partido político;
III) Coligação; ou
IV) Ministério Público.
Importante! A notícia não precisa ser subscrita por advogado constituído, mas precisa ser
identificada, uma vez que o ordenamento jurídico pátrio veda o anonimato (CF, art. 5º, VI)
Havia uma polêmica a respeito da aplicabilidade do art. 3º, § 2º, da LC nº 64/90 e o art. 80 da LC
nº 75/93, no tocante ao impedimento do MP ingressar com AIRC se houvesse disputado cargo eletivo,
integrado diretório de partido ou exercido atividade político-partidária.
O TSE firmou o entendimento que esse impedimento se encontra pelo prazo de 02 anos, in verbis:
A petição deve ser fundamentada e o magistrado pode indeferir, de ofício, caso a AIRC esteja
sem as condições de procedibilidade.
O TSE já firmou entendimento sumulado nesse sentido:
2
Durante o período eleitoral, os prazos são CONTÍNUOS E PEREMPTÓRIOS, correm em cartório ou em secretaria, não se suspendendo aos
sábados e domingos. Ressalte-se que não se aplica a contagem em dias úteis nas ações eleitorais, mesmo fora do período eleitoral (TSE.
Art. 7º da Res. 23.478/16, e Respe 8427/AM. DJe 5.5.17).
A AIRC poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado
pelo pré-candidato:
CARGO COMPETÊNCIA
- Presidente e Vice TSE.
- Governador e Vice. TRE´s
- Senador e suplente.
- Deputados federais, distritais e estaduais
- Prefeito e Vice. Juízes Eleitorais
- Vereador.
Na propositura da ação, já se especifica, desde logo, os meios de prova com que pretende
demonstrar a veracidade do alegado, arrolando, no máximo, 6 testemunhas.
Após, notifica-se o impugnado para, no prazo de 07 dias, apresentar contestação e, na
oportunidade, juntar documentos, indicar rol de testemunhas e requerer a produção de outras provas.
Decorrido o prazo para contestação, não se tratando apenas de matéria de direito e a prova
protestada for relevante, serão designados os 4 (quatro) dias seguintes para inquirição das testemunhas
do impugnante e do impugnado, as quais comparecerão por iniciativa das partes que as tiverem
arrolado, com notificação judicial.
Em seguida, se for o caso, abrir-se-á prazo para diligências complementares, no prazo de cinco
dias. Encerrado o prazo de dilação probatória.
Depois da dilação probatória, as partes e o MP terão o prazo comum de 05 dias para alegações
finais, mera faculdade das partes. Ato contínuo, serão os autos conclusos ao juiz ou relator para decisão,
no prazo de três dias. Atenção! O juiz ou relator decidirá não só a impugnação - nova relação processual
surgida, concomitante e acessória à do registro, que é a principal – como também o próprio registro.
Julgado procedente a AIRC (ou indeferido o registro no bojo do próprio RCAND), surgem as seguintes
hipóteses: a) será negado o registro de candidatura, se ainda não obteve; b) será cancelado o registro
de candidatura, se o candidato já o obteve, mas ainda não foi diplomado; ou c) Será anulado o diploma,
se o candidato, eleito ou suplente, já foi diplomado.
Transcorrido o prazo das alegações, os autos serão conclusos ao juiz, ou ao relator, no dia
imediato, para sentença ou julgamento pelo Tribunal.
ATENÇÃO!! Se o processo correr perante o juiz eleitoral, este terá 3 dias para proferir sentença.
Se o processo correr perante o TRE ou TSE, os autos serão recebidos pela secretaria do Tribunal que,
no mesmo dia, apresenta os autos do processo ao Presidente do Tribunal que, também na mesma
data, os distribuirá a um Relator e mandará abrir vistas ao Procurador Regional pelo prazo de 02 dias;
findo esse prazo, os autos retornam ao Relator que apresenta em mesa para julgamento em 3 dias,
independentemente de publicação em pauta.
Importante mencionar a previsão do princípio da livre apreciação motivada das provas contida
no parágrafo único do art. 7º da Lc nº 64/90:
Art. 7º (...)
Parágrafo único. O Juiz, ou Tribunal, formará sua convicção pela livre
apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes,
mencionando, na decisão, os que motivaram seu convencimento.
Da decisão que julga a AIRC cabe recurso no prazo de 3 dias e contrarrazões no prazo de 3 dias.
Transitada em julgado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado que declarar a
inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado
nulo o diploma, se já expedido.
Até 20 dias antes da eleição, todos os pedidos de registro de candidatura devem ter sido
julgados. Contudo, esta regra só se aplica às instâncias ordinárias, conforme dispõe o art. 16, § 1º da Lei
nº 9.504/97.
No mais, importante ponderar constituir crime eleitoral “a arguição de inelegibilidade ou a
impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou abuso de
poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé” (LC nº 64/90, art. 25).
Nos termos da Súmula 10 do TSE, caso a sentença seja entregue em cartório antes dos três dias
disponibilizados para o juiz decidir e não haja intimação pessoal do interessado, o prazo para o recurso
(três dias) contra decisão só começa a correr do termo final daquele tríduo. Por outro lado, se o juiz
eleitoral não apresentar a sentença no prazo do artigo anterior, o prazo para recurso só começará a
correr após a publicação da mesma por edital, em cartório.
O recurso contra a decisão do juiz eleitoral no pleito municipal é o inominado previsto no art.
265 do CE, c/c o art. 8º da LC n. 64/90, admitindo inclusive a retratação (art. 267, §§ 6º e 7º, do CE). Da
decisão do TRE cabe Recurso Especial para o TSE. E os acórdãos do TSE são impugnáveis por Recurso
Extraordinário.
Nos termos da Súmula 3 do TSE, "Não tendo o juiz aberto prazo para o suprimento de defeito da
instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver motivado o indeferimento, ser juntado com
o recurso ordinário".
De acordo com a Súmula 11 do TSE, "no processo de registro de candidatos, o partido que não o
impugnou não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se cuidar de matéria
constitucional".
O Ministério Público tem legitimidade para recorrer da decisão que deferiu registro de
candidatura mesmo que não tenha apresentado impugnação ao pedido inicial desse registro (ARE-STF
728.188, j. em 18-12-2013).
Contra a decisão originária do TRE (eleição para deputados, senadores e governadores) cabe
Recurso Ordinário (se a discussão for sobre inelegibilidades) ou Recurso Especial (nas demais hipóteses,
incluídas as condições de elegibilidade) para o TSE no prazo de três dias. Contra decisão do TSE cabe
Recurso Extraordinário se houver matéria constitucional.
Nas eleições presidenciais, o pedido de registro e sua impugnação são julgados pelo TSE, com
Recurso Extraordinário para o STF. Recebidos os autos na Secretaria do Tribunal, eles serão autuados e
distribuídos na mesma data, abrindo-se vista ao Ministério Público Eleitoral por dois dias. Findo o prazo,
com ou sem parecer, os autos serão enviados ao relator, que os apresentará em mesa para julgamento,
em três dias, independentemente de publicação em pauta (art. 10, parágrafo único, da LC n. 64/90).
Terminada a sessão, será lido e publicado o acórdão, passando a correr dessa data o prazo de
três dias para interposição de recurso.
O art. 49 da Resolução TSE n. 23.221/2010 confirma que caberão os seguintes recursos para o
TSE, que serão interpostos, no prazo de três dias, em petição fundamentada (LC n. 64/90, art. 11, § 2º):
I - recurso ordinário quando versar sobre inelegibilidade (CF, art. 121, § 4º, III);
II - recurso especial quando versar sobre condições de elegibilidade (CF, art. 121, § 4º, I e II).
"Contra acórdão que discute, simultaneamente, condições de elegibilidade e de inelegibilidade,
é cabível o recurso ordinário" (Súmula 64 do TSE).
Em sede de recurso especial, é vedado o reexame de fatos e provas, nos termos das Súmulas
7/STJ e 279/STF. "Não cabe Recurso Especial Eleitoral para simples reexame do conjunto fático-
probatório" (Súmula 24 do TSE).
O art. 60 da Resolução TSE n. 23.373/2011, que disciplinou as eleições municipais de 2012,
estabeleceu que da data em que é protocolado o recurso para o TSE passa a correr o prazo de três dias
para a apresentação de contrarrazões, notificado o recorrido em secretaria.
Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, e dispensado o juízo prévio
de admissibilidade do recurso (cf. art. 61, parágrafo único, da Resolução TSE n. 23.373/2011 e Acórdãos
TSE 12.074/91, 12.265/94, 15.964/99 e 2.447/2000), os autos serão remetidos ao TSE imediatamente,
inclusive por portador, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente
(LC n. 64/90, art. 8º, § 2º, c/c o art. 12, parágrafo único).
Observe-se, contudo, que o § 3º do art. 96 da Lei n. 9.504/97 traz que os Tribunais Eleitorais
designarão três juízes auxiliares para apreciação das reclamações ou representações previstas na própria
Lei n. 9.504/97. O § 8º do mesmo artigo estabelece que, quando cabível recurso contra a decisão do juiz
auxiliar, este deverá ser apresentado no prazo de 24 horas da publicação da decisão em cartório ou
sessão.
Os recursos contra decisões dos juízes auxiliares são julgados pelo plenário do Tribunal que os
designou (art. 96, § 4º, da Lei n. 9.504/97).
Os recursos e as respectivas contrarrazões poderão ser enviados por meio eletrônico, dispensado
o envio dos originais.
Observe-se que nos processos pertinentes ao registro das candidaturas o prazo corre
independentemente de publicação do julgado no Diário Oficial.
Decisão do TSE quanto ao registro de candidatura está sujeita a Recurso Extraordinário para o
STF, em três dias, se contrariar dispositivo da Constituição Federal, declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou de lei federal, julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição ou
julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Caso a instância superior confirme a negativa de registro da candidatura, os votos dados ao
impugnado serão nulos.
ATENÇÃO!! Todos os prazos da AIRC são peremptórios e contínuos e correm em secretaria ou cartório
e, a partir da data do encerramento do prazo para registro de candidatos (até as 19 horas do dia 15
de agosto do ano da eleição), não se suspendem aos sábados, domingos e feriados.
LEGITIMADOS
QUALQUER PARTIDO
COLIGAÇÃO MP
CANDIDATO POLÍTICO
Competência
TSE TRE JUIZ
SENADOR, DEPUTADO
PREFEITO, VICE-
PRESIDENTE E VICE- FEDERAL E ESTADUAL,
PREFEITO E
PRESIDENTE GOVERNADOR E VICE-
VEREADOR
GOVERNADOR
Essa ação tem por fundamento impedir e apurar o abuso de poder econômico ou político e
utilização indevida dos meios de comunicação social, que possam afetar a igualdade dos candidatos
em uma eleição.
O abuso de poder pode ser definido como a imposição da vontade de um indivíduo sobre a de
outro, tendo por base o exercício do poder, em afronta à lei. Será verificado quando houver práticas que
atentem contra a normalidade e a legitimidade do processo democrático, que podem provocar
desequilíbrio ao pleito.
O abuso de poder pode ser econômico ou político.
O abuso do poder político ou abuso de autoridade se caracteriza pela utilização ilícita de
recursos públicos em prol de determinado candidato. Nesse caso, o agente público se prevalece da
condição funcional para beneficiar a própria candidatura ou de outrem, com flagrante DESVIO DE
FINALIDADE. O abuso do poder político nas campanhas eleitorais tornou-se prática comum
principalmente a partir da Emenda Constitucional nº 16, que permitiu a reeleição dos chefes do Poder
Executivo, sem necessidade de desincompatibilização (art. 14, § 5º, da Constituição Federal). Dessa
forma, o candidato, detentor de mandato eletivo, em exercício, se vale do cargo que ocupa para utilizar
a máquina administrativa estatal a seu favor (ex.: Manipulação de receitas orçamentárias, utilização
indevida de propaganda institucional e de programas sociais, contratação ilícita de pessoal etc.).
Já o abuso de poder econômico está diretamente ligado à utilização inadequada de recursos
patrimoniais controlados pelo agente (ex.: o fornecimento de material de construção, a oferta de
tratamento de saúde, a distribuição de cestas básicas e outros benefícios ofertados aos eleitores em
troca de voto, a contratação de cabos eleitorais em número incompatível com a necessidade de
divulgação da campanha etc.).
Na esteira da orientação atual da jurisprudência eleitoral, a AIJE só poderá ser julgada procedente
se houver prova da gravidade do abuso de poder para afetar a normalidade e legitimidade das
eleições. De acordo com o art. 22, XVI, da LC nº 64/90, para a configuração do ato abusivo, não será
considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam. O TSE já decidiu que para se caracterizar o abuso de poder, impõe-se
a comprovação, de forma segura, da gravidade dos fatos imputados, demonstrada a partir da verificação
do alto grau de reprovabilidade da conduta (aspecto qualitativo) e de sua significativa repercussão a
fim de influenciar o equilíbrio da disputa eleitoral (aspecto quantitativo).
Importante! Trata-se de importantíssima ação cível-eleitoral, cujo objetivo é o combate e a punição
de qualquer espécie de abuso de poder (econômico, político, autoridade ou meios de comunicação
social) praticado, com finalidade eleitoreira, em benefício de candidato, partido ou coligação,
condutas gravosas que tendem a enodoar a normalidade, legitimidade e lisura das eleições.
Abusa de poder econômico o candidato ou Abusa de poder político quem utiliza a máquina
partido que despende recursos patrimoniais, administrativa, com finalidade eleitoral, em
públicos ou privados, dos quais detém controle benefício próprio ou de terceiros, visando
ou gestão em contexto revelador de catapultar candidaturas. É o uso de qualquer
desbordamento ou excesso no emprego desses veículo de comunicação, em todo o período das
recursos em seu favorecimento eleitoral. É a campanhas eleitorais, em favor de partido
transformação do voto em instrumento de político, coligação ou candidato, que não as
mercancia. veiculações em periódicos, rádio ou televisão,
expressamente autorizadas por lei ou resolução
da Justiça Eleitoral.
Do mesmo modo, a decisão ainda deve determinar a remessa dos autos ao MP eleitoral, para
instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras
providências que a espécie comportar.
Encontra-se prevista no art. 22 da LC nº 64/90, in verbis:
LC nº 64/90
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou
Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral,
diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e
indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do
poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida
de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de
candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:
ATENÇÃO!! O eleitor não tem legitimidade para propor a AIJE, nem a coligação, salvo se para
contestar a própria coligação.
Do mesmo modo, o partido político que estiver coligado não tem interesse de agir; nesse caso, cabe
à coligação ingressar com a AIJE.
Importante mencionar que, nos moldes do art. 11 da Lei 9.096/95, os diretórios municipais têm
legitimidade para ajuizar AIJE nas eleições municipais; os diretórios regionais, nas eleições estaduais e
federais; e os diretórios nacionais, nas eleições presidenciais.
No da demanda, pode figurar polo passivo o pré-candidato e o cidadão (não candidato) que tenha
concorrido para a prática do ato de abuso do poder econômico ou político.
ATENÇÃO!! Conforme o TSE, a pessoa jurídica não pode se encontrar no polo passivo da AIJE.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) pode ser proposta desde as convenções partidárias
até a data da diplomação (depois desse ato cabe Recurso contra a Diplomação - e Impugnação de
Mandato Eletivo), mas pode apurar fatos ocorridos a qualquer tempo, mesmo antes do registro da
candidatura.
É cabível a concessão de tutela provisória cautelar para a suspensão do ato que deu motivo à
investigação.
Há litisconsórcio passivo necessário entre o político beneficiado e aquele que contribuiu para a
conduta abusiva (REspe 843-56, j. de 21-6-2016).
Há, também, litisconsórcio passivo necessário e unitário entre integrantes da mesma chapa
majoritária se houver pedido de cassação do registro ou do diploma (REspe 35.292/SC, rel. Min. Felix
Fischer, DJe 15-10-2009).
A AIJE pode ser proposta por fatos anteriores ao início do período eleitoral, mas seu ingresso se
limita ao ato da diplomação, operando-se a decadência após esse prazo.
No tocante à competência, cabe ao:
ATENÇÃO!! Não há foro privilegiado na AIJE, por não possuir natureza penal.
Em linhas gerais, nas eleições municipais, o rito da AIJE pode ser assim sumariado:
petição inicial → (deferimento in limine de tutela cautelar incidental suspendendo o
ato questionado) → contestação (cinco dias da citação) → manifestação do Ministério
Público (quando não for o autor) → julgamento antecipado do mérito; extinção do
processo sem julgamento do mérito → fase probatória (cinco dias para produção de
prova testemunhal e outras) → diligências (três dias para produção de outras provas;
pode haver nova audiência) → alegações finais ou memoriais (dois dias – prazo
comum) → manifestação do Ministério Público (dois dias – se não for o autor) →
sentença (três dias) → recurso eleitoral ao TRE (três dias) → recurso especial ao TSE
(três dias) → recurso extraordinário ao STF (três dias).
Nas eleições federais e estaduais, esse esquema sofre alteração após as alegações finais ou
memoriais, já que toda a instrução processual é feita pela Corregedoria Regional, estando a competência
para julgamento afeta à Corte Regional. Assim, tem-se:
...→ alegações finais ou memoriais (dois dias – prazo comum) → vista ao Procurador
Regional Eleitoral (dois dias, se não for o autor) → relatório do Corregedor Regional
(três dias) → inclusão do feito em pauta → julgamento pelo TRE → recurso ordinário
ao TSE (três dias) → recurso extraordinário ao STF (três dias).
... alegações finais ou memoriais (dois dias – prazo comum) → vista ao Procurador-
Geral Eleitoral (dois dias, se não for o autor) → relatório do Corregedor-Geral (três
dias) → inclusão do feito em pauta → julgamento pelo órgão colegiado do TSE →
recurso extraordinário ao STF (três dias).
Atenção! 1) Esse rito do art. 22 da LC nº 64/90 é aplicável à AIJE, como também às ações capituladas
no art. 30-A (arrecadação e captação ilícita de recursos), 41-A (captação ilícita de sufrágio) e 73
(condutas vedadas aos agentes públicos), todas da Lei nº 9.504/97; 2) Essas quatro ações elencadas
no item 1 acima têm em comum não só o mesmo rito (art. 22), como o objeto: cassação do registro
ou do diploma. Diferenciam-se quanto à forma de veiculação da sanção inelegibilidade. Com efeito,
enquanto na AIJE, trata-se de objeto próprio, devendo constar a sanção expressamente na parte
dispositiva do comando judicial; nas demais ações, a inelegibilidade é efeito meramente
secundário/mediato, reconhecível apenas na época do registro de candidatura; 3) A AIJE não possui
sanção pecuniária (multa) como objeto.
Todo o procedimento da AIJE se encontra nos incisos do art. 22 e no art. 23, ambos da LC nº
64/90, os quais serão dispostos a seguir:
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral PODERÁ
REPRESENTAR à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando
provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou
abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito: (Vide Lei nº
9.504, de 1997) (TJSP-2011) (MPRJ-2012) (TJMT-2014) (TJPB-2015) (MPSC-2010/2016)
(TJMG-2018-Consulplan): O art. 14, §9º, da CF/88, que foi regulamentada com a promulgação da LC 64/90, a
fim de resguardar a lisura e autenticidade do processo político-eleitoral, preconiza a propositura da Ação de
Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), a ser manejada por qualquer partido, coligação, candidato ou pelo MP. BL:
art. 14, §9º, CF e art. 22 da LC 64/90.
(TJPA-2009-FGV): O pedido de abertura de investigação judicial para apurar o uso indevido, desvio ou abuso
de poder econômico, através de representação à Justiça Eleitoral, poderá ser feito apenas por qualquer partido
político, coligação, candidato ou pelo Ministério Público Eleitoral. BL: art. 22, LC 64/90.
I - o Corregedor, que terá as mesmas atribuições do Relator em processos judiciais, ao despachar a inicial, adotará
as seguintes providências: (TJPB-2015)
b) determinará que se suspenda o ato que deu motivo à representação, quando for relevante o fundamento e
do ato impugnado puder resultar a ineficiência da medida, caso seja julgada procedente;
c) indeferirá desde logo a inicial, quando não for caso de representação ou lhe faltar algum requisito desta lei
complementar;
##Atenção: ##TJPB-2015: ##CESPE: Ac.-TSE, de 25.9.2003 nos EDclREspe no 20.976, rel. Min. Carlos Velloso: Ação de
investigação fundada no art. 22 da LC no 64/90. Extinção do feito sem julgamento do mérito por ausência de
capacidade postulatória da parte autora. [...] 2. É imprescindível que a representação seja assinada por advogado
regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sob pena de ser extinto o feito sem julgamento do
mérito, por violação do art. 133 da Constituição Federal.
III - o interessado, quando for atendido ou ocorrer demora, poderá levar o fato ao conhecimento do Tribunal
Superior Eleitoral, a fim de que sejam tomadas as providências necessárias;
IV - feita a notificação, a Secretaria do Tribunal juntará aos autos cópia autêntica do ofício endereçado ao
representado, bem como a prova da entrega ou da sua recusa em aceitá-la ou dar recibo;
V - findo o prazo da notificação, com ou sem defesa, abrir-se-á prazo de 5 (cinco) dias para inquirição, em uma
só assentada, de testemunhas arroladas pelo representante e pelo representado, até o máximo de 6 (seis) para cada
um, as quais comparecerão independentemente de intimação; (TJPA-2012)
VI - nos 3 (três) dias subsequentes, o Corregedor procederá a todas as diligências que determinar, ex officio ou
a requerimento das partes;
VII - no prazo da alínea anterior, o Corregedor poderá ouvir terceiros, referidos pelas partes, ou testemunhas,
como conhecedores dos fatos e circunstâncias que possam influir na decisão do feito;
VIII - quando qualquer documento necessário à formação da prova se achar em poder de terceiro, inclusive
estabelecimento de crédito, oficial ou privado, o Corregedor poderá, ainda, no mesmo prazo, ordenar o respectivo
depósito ou requisitar cópias;
IX - se o terceiro, sem justa causa, não exibir o documento, ou não comparecer a juízo, o Juiz poderá expedir
contra ele mandado de prisão e instaurar processo s por crime de desobediência;
X - encerrado o prazo da dilação probatória, as partes, inclusive o Ministério Público, poderão apresentar
ALEGAÇÕES no prazo comum de 2 (dois) dias;
XI - terminado o prazo para alegações, os autos serão conclusos ao Corregedor, no dia imediato, para
apresentação de relatório conclusivo sobre o que houver sido apurado;
XII - o relatório do Corregedor, que será assentado em 3 (três) dias, e os autos da representação serão
encaminhados ao Tribunal competente, no dia imediato, com pedido de inclusão incontinenti do feito em pauta,
para julgamento na primeira sessão subsequente;
XIII - no Tribunal, o Procurador-Geral ou Regional Eleitoral terá vista dos autos por 48 (quarenta e oito) horas,
para se pronunciar sobre as imputações e conclusões do Relatório;
XIV – JULGADA procedente A REPRESENTAÇÃO, ainda que após a proclamação dos eleitos, o Tribunal
declarará a INELEGIBILIDADE DO REPRESENTADO e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,
cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição
em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela
interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação,
determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for
o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar; (Redação dada pela
Lei Complementar nº 135, de 2010) (MPMG-2010) (TJPB-2015)
##Atenção: ##TJBA-2019: ##CESPE: Ac.-TSE, de 21.6.2016, no REspe nº 84356: a partir das eleições de 2016, o
LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO entre o candidato beneficiário e o responsável pela prática de
abuso do poder político PASSA A SER OBRIGATÓRIO nas ações de investigação judicial eleitoral.
##Atenção: ##TJPB-2015: ##CESPE: [...] Investigação judicial eleitoral. Uso indevido de meio de comunicação.
Jornal. Promoção pessoal. Potencialidade. Inelegibilidade. Art. 22, XIV, LC no 64/90. [...] NE: Trecho do voto do
relator: “[...] viabiliza-se o ajuizamento de Ação de Investigação Judicial Eleitoral para apurar abuso de poder econômico e
político praticado mesmo antes do período eleitoral.” (Ac. de 17.4.2008 nos EDclRO no 1.530, rel. Min. Felix Fischer.)
XVI – para a configuração DO ATO ABUSIVO, NÃO SERÁ CONSIDERADA a potencialidade de o fato
alterar o resultado da eleição, MAS APENAS a gravidade das circunstâncias que o caracterizam. (Incluído pela
Lei Complementar nº 135, de 2010) (TJRJ-2011) (TJBA-2019)
(TJRJ-2016-VUNESP): Considere a seguinte situação hipotética. Candidato João obteve o segundo lugar na
eleição para Prefeito no Município de Cantagalo e ajuizou Ação de Investigação Judicial Eleitoral em face dos
vencedores do pleito, o candidato José, e Maria, que com ele compunha a chapa. Na ação, João alegou que os
eleitos ofereceram empregos nas empresas de propriedade de terceiro, Antônio, irmão de Maria, eleita Vice-
Prefeita, em troca de votos. A instrução processual comprovou os fatos, com robustas provas de que houve
efetivamente a promessa de emprego em troca de votos. Diante desse caso, é correto afirmar que a Ação de
Investigação Judicial Eleitoral deve ser julgada procedente, pois restou comprovada a promessa de emprego em
troca de voto, o que caracteriza abuso de poder econômico na eleição municipal, com a consequente cassação do
diploma do Prefeito José e da Vice-Prefeita Maria. BL: art. 22, incisos XIV e XVI da LC 64/90 e art. 41-A, §1º da
Lei 9504/97.
Parágrafo único. O RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO, INTERPOSTO pelo representante, NÃO IMPEDE
a atuação do Ministério Público no mesmo sentido.
(MPPE-2002-FCC): Em eleição para prefeito, um candidato derrotado recorreu contra a diplomação do candidato
eleito, alegando abuso do poder econômico. Esse recurso não impede a atuação do Ministério Público Eleitoral
no mesmo sentido. BL: art. 22 da LC 64/90.
Art. 23. O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e
presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados
pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral. (TJDFT-2016)
A AIJE está prevista no art. 22 da Lei 64/90. Trata-se de ação que tem por finalidade apurar o
abuso de poder político ou econômico nas eleições, que possa afetar a normalidade e a legitimidade
do processo eleitoral. Também é cabível AIJE quando houver uso indevido dos meios de comunicação.
A AIJE é uma ação cível, de conhecimento, constitutiva que visa
Natureza Jurídica decretar a inelegibilidade do candidato por abuso de poder nas eleições,
arrecadação, gastos e doações irregulares.
Legitimidade Ativa
Competência
Trata-se de ação de natureza constitucional que visa invalidar a diplomação do candidato eleito,
em razão de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude no processo eletivo.
Encontra-se prevista no art. 14, §§ 10 e 11, da CF. Transcreve-se:
Observa-se que a AIME deve ser proposta até 15 dias da diplomação, instruindo a ação com
provas do abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.
A AIME requer prova pré-constituída e, ainda, demonstração de potencialidade lesiva.
A AIME poderá ser proposta perante o juiz eleitoral, TRE ou TSE, a depender do cargo pleiteado
pelo pré-candidato:
CARGO COMPETÊNCIA
- Presidente e Vice. TSE.
- Governador e Vice. TRE´s.
- Senador e suplente.
- Deputados federais, distritais e estaduais
- Prefeito e Vice. Juízes Eleitorais.
- Vereador.
A AIME pode ser proposta pelo MP, partido político, coligação e candidato, tendo em seu polo
passivo o diplomado que supostamente tenha agido com abuso do poder econômico ou político ou que
tenha cometido fraude ou corrupção eleitoral.
LEGITIMIDADE ATIVA LEGITIMIDADE PASSIVA
Candidato; A ação impugnação ao mandato eletivo será
Partido político; proposta em face do candidato eleito e
Coligação; diplomado, aí se incluindo os suplentes.
Ministério Público Eleitoral. Tratando-se de eleição majoritária, deverá ser
O partido político tem legitimidade para ajuizar a proposta também em face do vice ou suplente,
AIME dentro da circunscrição onde atua (art. 11, em virtude do princípio da indivisibilidade da
parágrafo único, da Lei nº 9.096/95). chapa.
ATENÇÃO!! Atente-se que não há litisconsórcio passivo necessário entre o diplomado e seu partido
político.
ATENÇÃO!! Ressalta-se que NÃO HÁ LITISPENDÊNCIA entre a AIJE, AIME e o recurso contra
diplomação (RCD), pois, segundo o TSE, possuem objetivos distintos.
ATENÇÃO!! Nesse caso, a cassação do candidato eleito pelo sistema majoritário terá, como efeito, a
realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados, nos moldes do art.
224, § 3º, do CE.
Legitimidade Ativa
(MPSP-2017): O mandato eletivo pode ser impugnado perante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias da
diplomação, por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. BL: art. 14, §10, CF/88.
##Atenção: A AIME é uma ação eleitoral prevista na corpo da Constituição Federal, especificamente no art. 14,
§ 10, e tem como objetivo atacar diretamente o mandato obtido por um candidato eleito, em face da ocorrência
de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude, podendo ser intentado até quinze dias após a obtenção do
diploma. O objeto da AIME é o mandato vencido na Eleição, que se consolidou com a obtenção do diploma
pelo eleito ou suplente na data da diplomação perante a Justiça Eleitoral, evento que marca o início da
contagem temporal para o início da ação perante o Órgão competente para julgá-lo. Importante observar que a
diplomação ocorre independentemente da presença do eleito ou suplente à cerimônia designada ou mesmo da
recepção do diploma em si por parte do eleito ou suplente.
1.5. REPRESENTAÇÕES
CARGO COMPETÊNCIA
- Presidente e Vice. TSE.
- Governador e Vice. TRE´s.
- Senador e suplente.
- Deputados federais, distritais e estaduais
- Prefeito e Vice. Juízes Eleitorais.
- Vereador.
Como se observa no caput transcrito, não precisa haver a obtenção de vantagem financeira para
sua caracterização, mas sim qualquer vantagem (dinheiro, bens, prestigio político, cargos, etc.).
Do mesmo modo, o simples oferecimento ou promessa de entrega da vantagem já tipifica a
conduta de captação ilícita, desde que com o fim específico de obtenção do voto.
Nessa linha, atente-se o seguinte trecho da decisão do TSE:
Outrossim, a vantagem deve ser oferecida de forma pessoal. É certo que não há necessidade
de se identificar o eleitor, mas, caso seja realizada indistintamente aos eleitores, não configura a
captação ilícita do sufrágio, segundo entendimento do TSE:
Por outro lado, dada a gravidade da conduta, não se exige a potencialidade lesiva para a
configuração da captação ilícita do sufrágio. Basta a comprovação da compra de um voto para sua
efetivação.
Preenchidos esses requisitos, poderá ensejar na representação por captação ilícita do sufrágio.
Assim, possuem legitimidade para ingressar com a representação:
I) qualquer candidato;
II) partido político;
III) coligação; ou
IV) Ministério Público.
#ORAL. Magistratura Estadual - Concurso: TJRJ - Ano: 2012 - Banca: TJRJ - Disciplina: Direito Eleitoral
– Quando pode ser apresentada impugnação pelas condutas vedadas pelo artigo 41-A da lei n.
9.504/97?
CARGO COMPETÊNCIA
- Presidente e Vice. TSE.
- Governador e Vice. TRE´s.
- Senador e suplente.
- Deputados federais, distritais e estaduais
- Prefeito e Vice. Juízes Eleitorais.
- Vereador.
O TSE é pacífico quanto ao entendimento segundo o qual o advento do art. 41-A não aboliu o crime
de corrupção eleitoral previsto no art. 299 do Código Eleitoral, uma vez que o dispositivo da Lei das
Eleições tem consequências eleitorais, enquanto que o tipo previsto no Código Eleitoral tem
implicações criminais.
O rito a ser aplicado é o mesmo da AIJE, contido no rito do art. 22 da LC nº 64/90.
(TJMG-2018-Consulplan): A natureza da sentença que cassa o registro ou o diploma, a teor do que
dispõe o art. 41-A da Lei 9.504/97, é constitutiva negativa. BL: art. 41-A da Lei.
(MPRS-2016): A representação do art. 41-A da Lei 9.504/97 somente abrange atos praticados no
período entre o registro da candidatura e o dia da eleição. BL: art. 41-A da Lei.
(TJPI-2007-CESPE): A Lei Eleitoral brasileira, Lei 9.504/97, foi alterada, em 1999, mediante projeto de
lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta
na promessa ao eleitor de emprego público com o fim de obter-lhe o voto. BL: art. 41-A, caput, da Lei.
(MPAM-2015-FMP): Em relação à infração de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei nº 9.504/97),
é correto afirmar que como tutela à liberdade de voto, à vontade do eleitor, não se exige, para sua
configuração, que o fato imputado cause desequilíbrio nas eleições. BL: art. 41-A, §1º da Lei e
jurisprudência do TSE.
Os responsáveis por doações tidas por ilegais, em decisão transitada em julgado ou proferida por
órgão colegiado da Justiça Eleitoral, ficam inelegíveis por oito anos a contar da decisão. Além disso,
antes de a doação por pessoa jurídica ser declarada inconstitucional, a empresa ficava sujeita ao
pagamento de multa de cinco a dez vezes a quantia doada em excesso, e estava sujeita à proibição de
participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o poder público pelo período de cinco
anos, por determinação da Justiça Eleitoral, em processo no qual se assegurava ampla defesa (art. 1º,
I, j, da LC n. 64/90, c/c os §§ 2º e 3º do art. 81 da Lei n. 9.504/97).
1.5.3. PARA APURAÇÃO DE ARRECADAÇÃO E GASTOS ILÍCITOS – ART. 30-A DA LEI DAS ELEIÇÕES
ATENÇÃO!! Mesmo que comprovado a captação ou gastos ilícitos, esses devem possuir relevância
jurídica do ilícito, não bastando a simples potencialidade do dano em face do pleito, conforme
entendimento do TSE.
Essa relevância jurídica do ilícito se consubstancia na constatação da proporcionalidade da conduta
frente ao contexto da campanha eleitoral.
Dessa decisão que nega a diplomação ou a cassa caberá recurso no prazo de 03 dias, a contar da
data da publicação do julgamento no DO.
(TJRS-2012): Na investigação judicial prevista na Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) para apurar eventuais
irregularidades na arrecadação e nos gastos de recursos, o procedimento adotado é o da Lei
Complementar no 64/1990. BL: art. 30-A, Lei 9504.
A diplomação é o ato formal pelo qual os eleitos são oficialmente habilitados à investidura dos
cargos eletivos em disputa. Trata-se da derradeira fase do processo eleitoral (fases: preparatória,
votação, apuração e diplomação). A diplomação é de singular importância na seara processual-eleitoral,
tanto que ora serve de norte para diversas ações eleitorais, ora para findar seu manejo (representações
fulcradas nos arts. 30-A), (arrecadação e gastos ilícitos de recursos de campanha), 41-A (captação ilícita
de sufrágio) e 73 (condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas), todos da Lei das Eleições,
bem assim a AIJE), ora como ponto inicial para seu manejo (RCED e AIME).
Essa ação tem por objeto a decretação de inelegibilidade ou incompatibilidade do candidato
diplomado.
3
Tem por objetivo desconstituir a diplomação que fora obtida indevidamente. Apesar de possuir denominação de “recurso”, é uma espécie de AÇÃO
ANULATÓRIA DE DIPLOMAÇÃO. Tem por hipóteses CONDIÇÕES DE INELEGIBILIDADE SUPERVENIENTE OU DE NATUREZA CONSTITUCIONAL E FALTA DE
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE. O prazo é de até 3 dias, a contar da data da diplomação do candidato eleito ou de sua denegação. São legitimados qualquer
candidato, partido político, coligação e Ministério Público Eleitoral. Há divergência quando à legitimidade dos candidatos (uma corrente entende que pode
apenas o candidato interessado no resultado da eleição). O legitimado passivo é o candidato eleito e diplomado (+ seu vice e suplentes).
ATENÇÃO!! Embora o CE apresente essa ação como “recurso”, trata-se de uma ação eleitoral, já que
inexiste ação anterior para ser atacada por algum recurso.
Assim, o RCD é autônomo e, por isso, alguns autores indicam a nomenclatura de Ação de Impugnação
da Diplomação (AIDI).
De todo modo, da redação do art. 262 do CE se observa que o RCD também cabe para analisar
as condições de elegibilidade.
Importante mencionar ainda que o TSE possui o entendimento de não caber RCD nas condutas
vedadas aos agentes públicos, previstas nos arts. 73 a 77 e 30-A da Lei das Eleições, uma vez que possui
ações próprias.
A legitimidade para a propositura do RCD fica a cargo de:
A competência para julgar o recurso contra expedição de diploma (RCED) será do:
TRE: quando se tratar de eleições municipais;
Nas eleições municipais, o RCED deve ser endereçado ao Juiz Eleitoral, observando-se o disposto
nos arts. 266 e 267 do Código Eleitoral. Recebida a petição, mandará o juiz intimar o recorrido para, em
prazo igual ao estabelecido para a sua interposição, oferecer razões, acompanhadas ou não de novos
documentos. No caso de o recorrido juntar novos documentos, o recorrente terá vista dos autos por
quarenta e oito horas para se manifestar.
Após, o juiz eleitoral fará, dentro de quarenta e oito horas, subir os autos ao Tribunal Regional
com a sua resposta e os documentos em que se fundar. Poderá o juiz também reformar a sua decisão.
Nesse caso, poderá o recorrido, dentro de três dias, requerer a subida do recurso como se se fosse por
ele interposto.
TSE: quando se tratar de eleições federais e estaduais e presidenciais.
Nas eleições estaduais e federais, o RCED será interposto perante o presidente do Tribunal
Regional Eleitoral. Já nas eleições presidenciais, o RCED deverá ser dirigido ao próprio Tribunal Superior
Eleitoral, conforme art. 22, I, g, do CE.
O legitimado terá o prazo de 3 dias, contados da diplomação do candidato eleito ou suplente
diplomado, para apresentar o RCD.
#ORAL. Magistratura Estadual - Concurso: TJRJ - Ano: 2012 - Banca: TJRJ - Disciplina: Direito Eleitoral
- Interposto recurso contra mandato eletivo, o candidato pode tomar posse ou tem que esperar o
resultado do mesmo?
A decisão da RCD só produz efeito com o trânsito julgado, podendo o candidato exercer seu
mandato de forma plena até esse marco.
Julgado procedente o pedido formulado no RCED, será cassado o diploma do candidato eleito,
acarretando a perda de seu mandato. Não gera inelegibilidade, nem há previsão de condenação a multa.
OBS: Messias Aguiar, doutrina e jurisprudência reconhecem o caráter administrativo do ato da diplomação.
Para José Jairo Gomes: "Deveras, a diplomação em si não é decisão judicial, tampouco resulta exclusivamente da atividade
jurisdicional do Estado. Trata-se, antes, de atividade administrativa da Justiça Eleitoral, na qual é certificado
oficialmente o resultado final do processo eleitoral. (...) Note-se, ainda,que a decisão de conferir mandato a alguém não emana
ja Justiça Eleitoral, mas, sim, do povo, que comparece às urnas para manifestar sua vontade. Trata-se de expressão lídima
da soberania popular. O candidato eleito não é mandatário da Justiça Eleitoral, mas sim do povo. Cristalina,
portanto, a natureza eminentemente administrativa do ato de expedição de diploma, porquanto não há, aí, decisão
judicial no sentido processual; nem sequer existe uma lide a ser solvida" (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 12. ed.
rev. atual. e amp. São Paulo: Atlas, 2016. p. 828). Para o Min. Sepúlveda Pertence, por ocasião do julgamento do
Mandado de Segurança nº 3.100/MA (DJ 7-2-03, p. 139): "(...) 2. Por isso mesmo, tenho observado que o chamado
'recurso contra expedição de diplomação' (C. Eleit., art. 262), antes de ser um recurso, é, na verdade, uma ação
constitutiva negativa do ato administrativo da diplomação." (TSE - Recurso Especial Eleitoral : RESPE
1210820136130000 Tapira/MG 183842013).
Desse dispositivo, infere-se: a) ser possível o manejo de Ação Rescisória no âmbito do TSE,
apenas; b) a ação rescisória deve ter como pano de fundo apenas casos de “inelegibilidade”; c) deve ser
intentada no prazo de cento e vinte dias do trânsito em julgado da decisão do TSE. Importante! 1) a
expressão “possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado” foi declarado
inconstitucional pelo STF, no bojo da ADIN nº 1.459, rel. Min. Sidney Sanches, em 07/05/1999, ao
argumento de que “implicaria suspensão, ao menos temporária, da eficácia da coisa julgada sobre
inelegibilidade, em afronta ao inciso XXXVI da Constituição Federal”; 2) esse prazo de 120 dias possui
natureza decadencial.
A ação rescisória eleitoral se encontra prevista no art. 22, I, “j”, do CE:
Maior parte da doutrina defende a legitimidade ativa dos partidos políticos e Ministério Público
para a propositura da ação rescisória. TSE, no entanto, possui entendimento que só pode ser autor
aquele que tenha sido declarado inelegível (Ag Reg. em AR nº 55/2000).
A legitimidade passiva é daquele que ajuizou a ação que resultou no reconhecimento da
inelegibilidade que se pretende rescindir.
São pressupostos da ação rescisória eleitoral:
• Decisão transitada em julgado;
• Versar sobre inelegibilidade;
• Ser proposta dentro do prazo decadencial de 120 dias da decisão transitada em julgado;
• Tratar de um dos casos previstos no CPC, em razão da sua aplicação subsidiária.
De acordo com o art. 966 do CPC, é cabível ação rescisória quando a decisão de mérito, transitada
em julgado:
• Foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do Juiz;
• Foi proferida por Juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
• Resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
• Ofender a coisa julgada;
• Violar manifestamente norma jurídica;
• For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória;
• Obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou
de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
• For fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
Será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito:
• Impeça nova propositura da demanda; ou
• Impeça a admissibilidade do recurso correspondente.
A ação rescisória, enquanto limitação à garantia da coisa julgada, ocorre apenas em situações
excepcionais. Por essa razão, as hipóteses do art. 966 do CPC devem ser interpretadas restritivamente.
O STF (ADI 1495) declarou a inconstitucionalidade dessa expressão “possibilitando-se o exercício
do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”.
Por sua vez, o TSE entende que a ação rescisória eleitoral apenas é cabível em face de decisões
proferidas pelo próprio TSE.
Para essa ação rescisória eleitoral, aplica-se as disposições dos arts. 966 a 975 do NCPC
(legitimidade, hipóteses de cabimento, procedimento etc.).
Por fim, o TSE perfilha o entendimento de não cabimento de antecipação de tutela em sede de
ação rescisória eleitoral, salvo situações teratológicas que comprometam o processo eleitoral como um
todo.
A ação rescisória eleitoral é prevista no art. 22, I, j, do Código Eleitoral que trata da competência
do Tribunal Superior Eleitoral. A ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada
dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo
até o seu trânsito em julgado”. Todavia, ao decidir a ADI Nº 1.459-5 – DJ 7-5-1999 –, o Supremo
Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da expressão “possibilitando-se o exercício do
mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Assim, atualmente só a primeira parte encontra-se
em vigor.
A ação rescisória suscita análise de dois juízos, a saber: o rescindente e o rescisório. O juízo
rescindente é aquele preliminar que caracteriza a ação rescisória como tal e consiste no pedido,
formulado pela parte autora, em razão do qual será decidido se a coisa julgada deve ser
desconstituída, ou não. Para análise desse pedido é necessária a invocação de pelo menos uma das
hipóteses legalmente previstas. Sendo o pedido rescindente julgado procedente, “o tribunal
rescindirá a decisão” (CPC, art. 974 do CPC, primeira parte). Essa decisão possui natureza
desconstitutiva, porque desfaz o julgado impugnado.
Desconstituída a decisão transitada em julgado, com o acolhimento do juízo rescindente, passa-
se à formulação do segundo juízo, o rescisório. Este é aquele que promove novo julgamento da causa
(CPC, art. 974 do CPC, segunda parte).
O aludido do art. 22, I, j, do CE não indicou os fundamentos que podem embasar o juízo
rescindente. Face à omissão legal, se aceita a aplicação por analogia – e com as adaptações necessárias
– das hipóteses arroladas no CPC:
se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
ofender a coisa julgada;
violar manifestamente norma jurídica;
for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser
demonstrada na própria ação rescisória;
obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava
ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
As regras gerais referentes aos recursos são tratadas entre os arts. 257 ao 264 do CE. Recurso
diferencia-se de impugnação. Afinal, quando a legislação se reporta à impugnação ela está tratando de
recursos eleitorais? Não! São coisas distintas, de forma geral a impugnação, que poderá ser verbal ou
escrita, constitui pressuposto ou ato preparatório ao recurso. Por exemplo, no dia das eleições, os
delegados de partido político poderão impugnar alguma decisão adotada pela Junta Eleitoral. Essa
impugnação deverá ser operada imediatamente de forma oral ou escrita. Posteriormente, no prazo de
três dias, o instrumento de impugnação – no caso, o recurso – será apresentado ao TRE, para reanálise.
Os recursos eleitorais, diante da especialidade, submetem-se às normas eleitorais, aplicando-se o
NCPC de forma subsidiária.
Há de se destacar, de logo, que os prazos em dias úteis previstos no art. 219 do NCPC não se aplicam
aos recursos eleitorais, conforme art. 7º da Resolução nº 23.478/2016 do TSE:
Outro ponto dos recursos eleitorais é a gratuidade, não se exigindo o recolhimento de preparo.
Convém, ainda, destacar algumas características gerais a respeito dos recursos eleitorais:
I) NÃO têm efeito suspensivo (Exceções: RCD, apelação criminal, recurso contra
decisão que decreta inelegibilidade);
II) prazo de 3 dias, contados da publicação, salvo disposição em contrário
(Exemplo: das decisões finais de apuração de crime eleitoral, o recurso tem prazo
de 10 dias);
III) esse prazo para interposição é preclusivo, salvo matéria constitucional;
IV) irrecorribilidade das decisões do TSE, salvo as que declararem a invalidade
de lei ou ato contrário à CF e as denegatórias de HC e MS.
ATENÇÃO!! Impugnações: não se confundem com os recursos; são oposições comuns em direito
eleitoral, de forma verbal ou escrita, utilizadas como pressuposto para evitar preclusão.
Encontra-se prevista no art. 169 do CE: À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os
fiscais e delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que serão
decididas de plano pela Junta.
Princípios:
Em razão do princípio da taxatividade dos recursos e dada a natureza das matérias eleitorais –
que demandam decisão célere – entende-se que vigora no Direito Eleitoral o princípio da
irrecorribilidade das decisões eleitorais. As hipóteses de recursos são excepcionais e, como vimos acima,
somente poderão ser interpostos conforme estrita previsão legal.
O efeito devolutivo está presente em todos os recursos e significa a devolução da matéria recorrida
ao órgão jurisdicional superior para reanálise.
Já o pedido suspensivo se reporta aos efeitos da sentença recorrida. Questiona-se se a decisão
recorrida poderá ser aplicada desde logo, ou se é necessário aguardar a decisão dos recursos para possa
produzir efeitos. Todos os recursos possuem efeito devolutivo. Já em relação ao efeito suspensivo o
Código Eleitoral é claro em estabelecer os recursos “não terão efeito suspensivo”.
É permitido também o efeito extensivo, pois se apenas um dos litigantes interpuser o recurso o
resultado poderá beneficiar os litisconsortes.
O efeito regressivo é cabível no recurso inominado e no recurso em sentido estrito, pois cabe o
juízo de retratação em ambos.
O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas nas
razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo.
O efeito substitutivo ocorre uma vez que o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença
do juiz eleitoral.
O Tribunal dará preferência ao julgamento de recursos, exceto os processos de habeas corpus e
de mandado de segurança.
Por fim, a execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por
ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia do
acórdão.
I) recurso parcial: dos julgamentos de eventuais impugnações às urnas, às cédulas e aos votos ao longo
do processo de apuração; os legitimados são os fiscais e delegados dos partidos políticos, além dos
candidatos; esses recursos são interpostos de forma imediata e decididos de plano, podendo ser
interpostos de forma escrita ou verbal (nesse último caso, terá 48 horas para fundamentar o recurso);
II) recurso inominado: dos atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas; são interpostos ao TRE;
o TSE entende que não cabe recurso inominado em matéria criminal nem em decisão interlocutória.
Assim, vale observar que nem todo recurso interposto em face da Junta Eleitoral se tratará de
recurso parcial, podendo ser interposto também o recurso inominado.
Os recursos perante os juízes e juntas eleitorais observarão o seguinte trâmite:
1. Interposto por petição, o juiz intimará a parte contrária, por publicação, para contrarrazões;
2. Réplica, em 48 horas, se a parte contrária juntar documentos novos;
3. Se o juiz não se retratar, remeterá o recurso ao TRE; se se retratar, a parte contrária pode
requerer a subida do recurso em 3 dias.
(TJPB-2011-CESPE): Ainda no que concerne aos recursos eleitorais, assinale a opção correta: Os recursos contra
atos das juntas eleitorais independem de termo e devem ser interpostos por petição devidamente fundamentada,
acompanhada, se assim entender o recorrente, de novos documentos. BL: art. 266, CE.
1.8.2. CONTRA DECISÕES DE JUIZ ELEITORAL
I) recurso inominado: interposto contra todas as sentenças de todas as ações de 1ª instância eleitoral;
pode haver juízo de retratação no prazo de 48 horas; se não retratar, os autos sobem ao TRE; por outro
lado, havendo retratação, o recorrido pode requerer, no prazo de 3 dias, a subida do recurso como se
ele mesmo tivesse interposto;
(MPSC-2014): O art. 265 do Código Eleitoral, prevê hipótese de recurso inominado, de competência do Tribunal
Regional Eleitoral, quando se tratar de matéria civil, contra atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas
eleitorais. BL: art. 265, CE.
II) apelação criminal: interposta contra sentença de crimes eleitorais no prazo de 10 dias; possui efeito
suspensivo;
II) Embargos de Declaração: opostos contra decisão com obscuridade, contradição, omissão ou para
corrigir erro material, no prazo de 3 dias, dirigida ao juiz ou ao relator; não possuem efeito suspensivo
e interrompem o prazo para a interposição de recurso;
III) Recurso Ordinário: interposto, no prazo de 3 dias, para apreciação do TSE: a) inelegibilidade ou
expedição de diploma em eleições federais ou estaduais; b) anulação de diploma ou perda de mandato
federal ou estadual; c) denegatórias de HC, MS, habeas data ou mandado de injunção;
IV) Recurso Especial: interposto no prazo de 3 dias, salvo contra decisão de juiz auxiliar em direito de
resposta, que será de 24 horas; cabe para as seguintes situações: a) contra expressa disposição legal; e
b) interpretação divergente entre dois ou mais TRE´s;
O fundamento legal se encontra no art. 276, I, CE, bem como no art. 121, §4º, I e II, CF. Não se
trata de um recurso de reexame, tal qual o ordinário, mas de guarda da vigência da Constituição, da
legislação eleitoral e de uniformização da jurisprudência dos TREs, razão pela qual o cabimento é
restrito, com uma série de restrições e limites de cabimento, a fim de evitar que o TSE se transforme
em uma “terceira instância” da Justiça Eleitoral.
É importante notar que não cabe recurso extraordinário das decisões dos TREs. Tanto em caso
de ofensa à lei quanto à CF/88, o recurso cabível é o especial. Trata-se de entendimento pacífico do
TSE, que, inclusive, considera “erro grosseiro” a interposição de recurso extraordinário, inaplicável
o princípio da fungibilidade.
Em princípio, é o relator quem decide nos TREs. Portanto, antes de interpor o recurso especial
é necessário esgotar a jurisdição mediante a provocação do colegiado por meio de agravo regimental,
sob pena de não cabimento do recurso. A mesma hipótese ocorre no caso das decisões dos juízes
auxiliares dos TREs. Nesses casos, não se trata de uma decisão do colegiado, motivo pelo qual se deve
recorrer, inicialmente, ao TRE e, posteriormente, ao TSE.
Outro ponto importante é que só cabe recurso especial quando as instâncias ordinárias foram
exauridas.
Vale ressaltar, ainda, que não cabe recurso especial se a matéria for administrativa, nem de
decisão de natureza interlocutória. Vale salientar, nesse ponto, que, no processo eleitoral, a decisão
interlocutória não preclui, sendo combatida posteriormente, pelo recurso contra decisão final do
processo. É por esse motivo que vige, no processo eleitoral, a irrecorribilidade das decisões
interlocutórias, somente cabendo recurso de decisão terminativa (tanto de mérito quanto
processual).
O prazo do recurso especial é diverso daquele normalmente previsto no processo civil. No
processo eleitoral, deve ser interposto no prazo de três dias (da publicação do acórdão no Diário
Oficial ou da intimação pessoal, no caso do MP) e, excepcionalmente, de 24 horas (no caso de direito
de resposta, da sessão de julgamento). Vale destacar, contudo, que, no período eleitoral, o prazo de
três dias conta-se da sessão de julgamento. Além disso, é importante ter em mente que se o prazo
terminar domingo, ele não será prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.
(TJSP-2014-VUNESP): Sobre o recurso especial em matéria eleitoral, assinale a opção correta: Tem cabimento,
dentre outras hipóteses, contra decisão dos Tribunais Regionais Eleitorais que forem proferidas contra
disposição expressa da Constituição Federal ou de lei. BL: art. 276, I, “a” e “b”, CE c/c art. art. 121, § 4.º, I e II da
CF.
OBS: Vejamos o teor do §4º do art. 121 da CF: “§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá
recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na
interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; (...)”.
V) Agravo de Instrumento: interposto no prazo de 3 dias, dirigidos ao TSE quando não recebido o
recurso especial; nesse caso, o presidente do TRE não pode negar seguimento;
(TJGO-2009-FCC): O prazo para interposição de recurso ordinário e recurso especial contra decisões dos
Tribunais Regionais Eleitorais e de agravo de instrumento contra despacho denegatório de recurso especial é de
3 dias. BL: art. 276, I e II e §1º c/c art. 279, caput, CE.
(TJAP-2009-FCC): A respeito do recurso de agravo de instrumento: O Presidente do Tribunal não poderá negar
seguimento ao agravo de instrumento interposto fora do prazo legal. BL: art. 279, §5º, CE.
OBS: CF/1988, art. 7º, IV: vedação da vinculação do salário mínimo para qualquer fim; Res.-TSE nº 21538/2003,
art. 85: indica a base de cálculo para aplicação das multas previstas por este código e por leis conexas; art. 80, §
4º: estabelece o percentual mínimo de 3% e o máximo de 10% do valor indicado pelo art. 85 para arbitramento
da multa pelo não exercício do voto; Lei nº 10.522/2002, art. 29: extingue a Ufir e adota como seu último valor o
do dia 1º de janeiro de 1997, correspondente a R$1,0641.
VI) agravo regimental: interposto no prazo de 3 dias, no caso de atos, resoluções ou despachos do
Presidente do TRE, dirigidos ao pleno do próprio TRE.
I) recurso ordinário: interposto quando a decisão: a) declarar invalidade de lei ou ato contrário à CF; e
b) denegatória de HC ou MS;
III) agravo regimental: interposto das decisões do Presidente do TSE ao plenário do próprio TSE;
IV) embargos de declaração: opostos contra decisão com obscuridade, contradição, omissão ou para
corrigir erro material, no prazo de 3 dias, dirigida ao juiz ou ao relator; não possuem efeito suspensivo
e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
2. JURISPRUDÊNCIA
SÚMULAS DO STF
Súmula 728. É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra decisão do
Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação do acórdão, na própria
sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei 6.055/74, que não foi revogado pela Lei 8.950/94.
SÚMULAS DO TSE
Súmula 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.
Súmula 25. É indispensável o esgotamento das instâncias ordinárias para a interposição de recurso
especial eleitoral.
Súmula 26. É inadmissível o recurso que deixa de impugnar especificamente fundamento da decisão
recorrida que é, por si só, suficiente para a manutenção desta.
Súmula 27. É inadmissível recurso cuja deficiência de fundamentação impossibilite a compreensão da
controvérsia.
Súmula 28. A divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial interposto com base na
alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral somente estará demonstrada mediante a realização
de cotejo analítico e a existência de similitude fática entre os acórdãos paradigma e o aresto recorrido.
Súmula 29. A divergência entre julgados do mesmo Tribunal não se presta a configurar dissídio
jurisprudencial apto a fundamentar recurso especial eleitoral.
Súmula 30. Não se conhece de recurso especial eleitoral por dissídio jurisprudencial, quando a decisão
recorrida estiver em conformidade com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.
Súmula 31. Não cabe recurso especial eleitoral contra acórdão que decide sobre pedido de medida
liminar.
Súmula 32. É inadmissível recurso especial eleitoral por violação à legislação municipal ou estadual, ao
Regimento Interno dos Tribunais Eleitorais ou às normas partidárias.
Súmula 37. Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar recurso contra
expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais.
Súmula 36. Cabe recurso ordinário de acórdão de Tribunal Regional Eleitoral que decida sobre
inelegibilidade, expedição ou anulação de diploma ou perda de mandato eletivo nas eleições federais
ou estaduais (art. 121, § 4º, incisos III e IV, da Constituição Federal).
Súmula 38. Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato, há litisconsórcio passivo
necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa majoritária.
Súmula 43. As alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que beneficiem o candidato,
nos termos da parte final do art. 11, § 10, da Lei n° 9.504/97, também devem ser admitidas para as
condições de elegibilidade.
Súmula 47. A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de
diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se
infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do pleito.
Súmula 64. Contra acórdão que discute, simultaneamente, condições de elegibilidade e de
inelegibilidade, é cabível o recurso ordinário.
Súmula 65. Considera-se tempestivo o recurso interposto antes da publicação da decisão recorrida.
Súmula 71. Na hipótese de negativa de seguimento ao recurso especial e da consequente interposição
de agravo, a parte deverá apresentar contrarrazões tanto ao agravo quanto ao recurso especial, dentro
do mesmo tríduo legal.
Súmula 72. É inadmissível o recurso especial eleitoral quando a questão suscitada não foi debatida na
decisão recorrida e não foi objeto de embargos de declaração.
JULGADOS DO TSE
- A configuração de captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei 9.504/97) demanda a existência de prova
robusta de que a doação, o oferecimento, a promessa ou a entrega da vantagem tenha sido feita em
troca de votos, o que não ficou comprovado nos autos. 2. Conforme a jurisprudência do TSE, o
fornecimento de comida e bebida a serem consumidas durante evento de campanha, por si só, não
configura captação ilícita de sufrágio. 3. A alteração das conclusões do aresto regional com fundamento
nos fatos nele delineados não implica reexame de fatos e provas. Na espécie, a mudança do que decidido
pela Corte Regional quanto à finalidade de angariar votos ilicitamente foi realizada nos limites da
moldura fática do acórdão, sem a necessidade de reexame fático-probatório [...]”. (TSE - Ac. de
28.4.2015 no AgR-REspe nº 47845, rel. Min. João Otávio de Noronha.)
- Consoante a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a captação ilícita de sufrágio pode ser
comprovada mediante prova exclusivamente testemunhal, desde que demonstrada, de forma
inconteste, a ocorrência de uma das condutas previstas no art. 41-A da Lei nº 9.504/97. 2. Conforme
se infere do acórdão regional, o conjunto probatório - depoimentos prestados no processo de
investigação prévia e fotografias que atestam os fatos -, reforçado pelos depoimentos das testemunhas,
comprova a distribuição de materiais de construção e de dinheiro pela agravante em troca de votos.
Configuração do ilícito do art. 41-A da Lei nº 9.504/97 [...]”. (TSE - Ac. de 25.11.2014 no AgR-REspe nº
36552, rel. Min. João Otávio de Noronha.)
- É incabível aferir a potencialidade lesiva em se tratando da prática de captação ilícita de sufrágio. [...].”
(TSE - Ac. de 1º.3.2007 no REspe nº 26.118, rel. Min. Gerardo Grossi.)
- “[...] Captação ilícita de sufrágio. Pedido expresso de voto. [...] 4. A jurisprudência desta Corte, antes
mesmo da entrada em vigor da Lei nº 12.034/09, já se havia firmado no sentido de que, para a
caracterização de captação ilícita de sufrágio, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a
anuência do candidato e a evidência do especial fim de agir. Descabe, assim, falar em aplicação
retroativa do novel diploma legal na hipótese. [...]” (TSE - Ac. de 5.4.2011 no AI nº 392027, rel. Min.
Marcelo Ribeiro.)
- “[...]. Representação. Captação ilícita de sufrágio. Art. 41-A da Lei nº 9.504/97. Não caracterizado. [...].
A jurisprudência desta Corte não exige a identificação do eleitor para caracterizar a conduta do art. 41-
A da Lei das Eleições. Todavia, nessa hipótese, deve ter cautela redobrada. [...].” (TSE - Ac. de 6.3.2008
no REspe nº 28.441, rel. Min. José Delgado, rel. designado Min. Marcelo Ribeiro.)
- A aferição da gravidade, para fins da caracterização do abuso de poder, deve levar em conta as
circunstâncias do fato em si, não se prendendo a eventuais implicações no pleito, muito embora tais
implicações, quando existentes, reforcem a natureza grave do ato (TSE - AgR-REspe nº 259- 52/RS, DJe
de 14.8.2015).
- “Ademais, para a condenação por captação ilícita de sufrágio, basta que haja o oferecimento,
promessa ou doação de bem ou vantagem em troca do voto do eleitor, com a participação ou anuência
do candidato, não se exigindo a demonstração da potencialidade lesiva da conduta ou da significância
ou valor da benesse oferecida." (TSE - Ac. de 6.5.2010 no AgR-AC nº 76516, rel. Min. Marcelo Ribeiro.)
- O núcleo do artigo 41-A da Lei nº 9.504/1997 não exige, para a sua configuração, apenas a entrega do
bem ou da vantagem pessoal, contentando-se com o oferecimento ou a promessa de entrega, a fim de
obter o voto do eleitor. (TSE - Ac. de 29.8.2013 no REspe nº 403803, rel. Min. Henrique Neves, red.
designado Min. Luciana Lóssio.)
7) PROCEDIMENTO.
Conforme a Res.-TSE nº 21.634/2004, o procedimento a
ser empregado à AIME, até a sentença, é o ordinário
eleitoral, previsto no art. 3º e seguintes da LC nº 64/90,
que é aplicável, originariamente, à AIRC. » Res.-TSE na
Inst. nº 21.634/2004 – Rel. Fernando Neves da Silva:
Questão de Ordem. [...] O rito ordinário que deve ser
observado na tramitação da ação de impugnação de
mandado eletivo, até a sentença, é o da Lei
Complementar nº 64/90, não o do Código de Processo
Civil, cujas disposições são aplicáveis apenas
subsidiariamente. [...].
1. ASPECTOS GERAIS
Os crimes eleitorais, para efeito de competência, são, de acordo com o STF, crimes comuns.
É possível definir crimes eleitorais como condutas que violam os bens protegidos no processo
eleitoral, em sentido amplo, previstas na legislação eleitoral. Trata-se, portanto, apenas de uma
especificação do crime em geral, com a particularidade de visar a proteção de bens e valores político-
eleitorais relevantes para a coletividade.
Tais bens são eminentemente públicos, indisponíveis e inderrogáveis pela autonomia privada.
São bens necessários à configuração da legítima ocupação dos cargos políticos-eletivos e, portanto, do
regular funcionamento do regime democrático. Entre eles destacam-se: a lisura e a legitimidade do
processo eleitoral (em sentido amplo), o livre exercício da cidadania e dos direitos políticos ativos e
passivos, o resguardo do direito fundamental de sufrágio, a regularidade da campanha política, da
propaganda eleitoral, da arrecadação e do dispêndio de recursos, a veracidade do voto, a
representatividade.
Diante disso, embora o Código Eleitoral tenha atribuído competência originária ao TSE (art. 22, I,
“d”, CE) para processar e julgar crimes eleitorais, pacificou-se o entendimento que esse tribunal superior
não a detém. Isso porque cabe ao STF processar e julgar os crimes eleitorais cometidos pelos ministros
do TSE e ao STJ o julgamento dos crimes cometidos pelos membros dos TRE's e governadores de estado,
nos moldes dos arts. 102, I, “c”, e 105, I, “a”, da CF, respectivamente.
Por outro lado, tanto os TRE´s (art. 29, I, “d”, CE) quanto os juízes eleitorais (art. 35, II, CE)
continuam a possuir competência para processar e julgar os crimes eleitorais.
No que se refere aos atos infracionais equiparados aos crimes eleitorais, a competência para
processar e julgar será da vara especializada da infância e da juventude da justiça comum, ou ao juiz
que, na comarca, exerce tal função (STJ - CC 38.430/BA, Rel. Ministro Felix Fischer, 3ª Seção, j.
11.06.2003).
Em 03/05/18, o STF, no julgamento da Ação Penal n. 937 (questão de ordem), passou a adotar o
entendimento de que 1) o foro por prerrogativa de função se aplica somente aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas e 2) após o final da instrução
processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a
competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente vir a
ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava.
Competência do STF. No Supremo Tribunal Federal, são processadas e julgadas originariamente,
pela prática de crimes eleitorais, as seguintes autoridades, enumeradas pelo art. 102, I, “b” e “c” da
Constituição Federal de 1988:
Pessoas julgadas originariamente pelo STF pela Pessoas julgadas originariamente pelo STJ pela
prática de crimes eleitorais (art. 102, I, “b” e “c” prática de crimes eleitorais (art. 105, I, “a” da
da CF/1988) CF/1988)
I – Presidente e vice-presidente da república. I – Governadores e vice-governadores de Estados
II – Membros do Congresso Nacional. e do DF.
III – Ministros de Estado. II – Membros dos Tribunais de Contas dos Estados
IV – Procurador-Geral da República. e do DF.
V – Comandantes da Marina, Exército e III – Membros dos Tribunais Regionais Federais,
Aeronáutica. Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunais
VI – Membros dos tribunais superiores. Regionais do Trabalho.
VII – Membros do Tribunal de Contas da União. IV – Membros dos Tribunais de Contas dos
VIII – Chefes de missão diplomática de caráter Municípios
permanente. V – Membros do Ministério Público da União que
oficiem perante Tribunais.
VI – desembargadores dos Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal
Cumpre destacar, de início, a natureza da ação pública incondicionada dos crimes eleitorais (art.
355 do CE).
Contudo, é cabível ação penal privada subsidiária da pública no âmbito da Justiça Eleitoral; a
queixa-crime neste caso somente pode ser aceita caso o representante do Ministério Público não tenha
oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de inquérito policial no prazo
legal (Ac.-TSE, de 14.8.2003, no REspe nº 21295 e Ac.-TSE, de 24.2.2011, nos ED-AI nº 181917).
Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal eleitoral deverá comunicá-la ao juiz
eleitoral da zona onde esta se verificou.
A constatação do crime eleitoral, salvo caso de flagrante delito, desenrola a apuração por meio
do inquérito policial eleitoral. Esse procedimento é regulamentado pela Resolução nº 23.396/2013 do
TSE.
ATENÇÃO! De acordo com a resolução, caberá à Polícia Federal – PF - a função de polícia
judiciária.
OBSERVAÇÃO: em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições dos Tribunais e juízes
eleitorais. SE, NO LOCAL, NÃO HOUVER ÓRGÃO DA PF, a polícia civil do estado atuará de forma
supletiva.
A instauração desse inquérito policial eleitoral somente se dará por requisição do MP eleitoral
ou por determinação da JE, salvo, como mencionado, a hipótese de flagrante delito. Nesse caso, não há
necessidade de requisição ou determinação de instauração.
Ainda quanto à prisão, é importante mencionar a restrição que consta do art. 236, do CE,
vejamos:
Se o MP eleitoral não oferecer a denúncia no prazo legal, o juiz eleitoral fará representação
contra ele, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal do órgão ministerial. Nessa situação,
caberá ainda ao juiz solicitar ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo
prazo, oferecerá a denúncia.
ATENÇÃO! Se o juiz eleitoral, no prazo de 10 dias, não provocar o Procurador Regional, qualquer
eleitor poderá apresentar representação contra o órgão do MP.
Apresentada a denúncia ao juiz eleitoral, este poderá rejeitá-la ou recebê-la. A rejeição se dará
nas seguintes hipóteses:
i) o fato narrado evidentemente não constituir crime;
ii) já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;
iii) for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da
ação penal.
ATENÇÃO!! A hipótese do item “iii” acima, não obsta o exercício da ação penal, caso,
posteriormente, seja proposta por parte legítima ou satisfeita a condição para seu exercício regular.
Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado,
ordenando a citação deste e a notificação do MP eleitoral.
ATENÇÃO!! Os procedimentos regidos por leis especiais, inclusive o processo penal eleitoral,
devem observar, a partir da publicação da ata de julgamento do HC 127.900/AM do STF (11.03.2016), a
regra disposta no art. 400 do CPP, cujo conteúdo determina ser o interrogatório o último ato da
instrução criminal. (Info 609 do STJ)
O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 dias para oferecer alegações escritas e arrolar
testemunhas.
Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e praticadas as diligências requeridas pelo
MP e deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á o prazo de 5 dias a cada uma das partes - acusação e
defesa - para alegações finais.
Decorrido esse prazo e conclusos os autos ao juiz dentro de 48 horas, este terá o mesmo 10 dias
para proferir a sentença.
Da sentença (condenatória ou absolutória) caberá recurso para o TRE, a ser interposto no prazo
de 10 dias.
ATENÇÃO! Esse recurso será de apelação e, se condenatória a sentença, terá efeito
suspensivo, diante do que dispõe o art. 364 do CE (aplicação subsidiária do CPP) c/c art. 597 do CPP.
Nesse sentido, o CESPE, no concurso de juiz substituto do TJCE de 2018, considerou correta: a
apelação criminal eleitoral deverá ser recebida no efeito suspensivo quando interposta contra
sentença condenatória.
Já a sentença absolutória não tem efeito suspensivo, a teor do art. 596 do CPP.
Se a decisão do TRE for condenatória, os autos serão baixados imediatamente à instância inferior
para a execução da sentença, que será feita no prazo de 5 dias, contados da data da vista ao MP.
Todo processo penal eleitoral deve atender às normas constantes nos arts. 355 a 364 do CE e, de
forma subsidiária ou supletiva, às contidas no CPP.
Em síntese, esse processo pode ser esquematizado nos seguintes termos:
OBSERVAÇÃO:
Admite-se aplicação dos institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo
ao processo penal eleitoral, salvo para crimes que contam com sistema punitivo especial. Contudo, de
acordo com o TSE, no processo-crime eleitoral a recusa à proposta de transação afasta o rito previsto na
Lei nº 9.099/1995, cumprindo observar o rito previsto no Código Eleitoral (Ac.-TSE, de 28.6.2012, no
REspe nº 29803).
3. CRIMES ELEITORAIS
Como termo genérico de funcionário público, o CE considera, além dos indicados acima, aqueles
que, embora transitoriamente ou sem remuneração, exercem cargo, emprego ou função pública; e,
por equiparação, aquele que exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou em
sociedade de economia mista.
Alguns tipos penais previstos no CE não contêm pena mínima; nesse caso, o art. 284 do CE
determina que, para os crimes com pena de:
i) detenção: pena mínima será de 15 dias;
ii) reclusão: pena mínima será de 1 ano.
OBSERVAÇÃO: A Lei nº 13.834/2019 incluiu o tipo penal do art. 326-A no CE – Denunciação Caluniosa
com finalidade eleitoral. Nesse novo tipo, não se fixou o mínimo e máximo de dias-multa. Portanto,
aplica-se o disposto no art. 286 do CE, com mínimo de 01 e máximo de 300 dias-multa.
Veja os dispositivos:
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de
investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a
alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com FINALIDADE ELEITORAL:
(Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve do anonimato ou de nome
suposto. (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. (Incluído
pela Lei nº13.834, de 2019)
§ 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº13.834, de 2019)
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro Nacional, de uma soma de
dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo,
300 (trezentos) dias-multa.
O juiz eleitoral fixará a quantidade de dias-multa dentro dos parâmetros mínimo e máximos
apresentados pelo tipo penal eleitoral, levando-se em consideração as circunstâncias judiciais contidas
no art. 59 do CP.
ATENÇÃO!! O juiz ainda poderá majorar a quantidade de dias-multa até o triplo, caso
considere que, em virtude da situação econômica do condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no
máximo, ao crime de que se trate.
Todavia, essa majoração não poderá fazer com que a quantidade de dias multa ultrapasse o
máximo de 300 dias-multa espulado no caput do art. 286 do CE.
Exemplo: se o juiz, no crime de injúria do art. 326 acima transcrito, aplicar a pena de multa ao
máximo de 60 dias-multa, mas verificar que será ineficaz, diante da situação econômica do
condenado, poderá aumentar até o triplo, chegando a uma pena de multa de 180 dias-multa.
Note que, nesse caso, embora tenha sido triplicada a pena de dias-multa, não fora ultrapassada
a quantidade máxima de 300 dias-multa, portanto, perfeitamente possível essa majoração.
Após fixar a quantidade de dias-multa, o juiz determinará o valor do dia-multa ao seu prudente
arbítrio, considerando as condições pessoais e econômicas do condenado. No mais, aplicam-se aos
crimes eleitorais as demais normas gerais contidas no CP.
São os crimes que atentam contra o processo de alistamento eleitoral, ou seja, contra a
formação do corpo eleitoral. Ex.: Art. 289 do CE. Inscrever-se fraudulentamente eleitor.
TIPO OBJETIVO - Induzir para que seja realizada a inscrição do eleitor com alguma fraude que
infrinja o dispositivo legal.
TIPO SUBJETIVO - Dolo genérico, não havendo modalidade.
SUJEITO PASSIVO - Estado e a pessoa de boa-fé que acredita que são verdadeiras as informações
prestadas.
CLASSIFICAÇÃO - O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO - Trata-se de crime formal, para o qual basta o induzimento.
TENTATIVA - Não admitida em regra.
Crime de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima é de 02 anos.
TIPO OBJETIVO - Dar, oferecer, solicitar e até mesmo receber dinheiro, dádiva ou qualquer outra
vantagem para obter ou dar voto ou abstenção.
TIPO SUBJETIVO - Dolo específico, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO PASSIVO - Estado, o eleitor e os demais candidatos.
SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO - O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal.
CONSUMAÇÃO - Não há necessidade de aceitação da vantagem, a mera incidência em uma das
condutas indicadas no tipo já é suficiente.
TENTATIVA - Não é admitida.
Primeiramente cabe destacar que a esse crime não se aplica o princípio da insignificância.
Corrupção eleitoral nas modalidades ativa (“dar, oferecer, prometer”) e passiva (“solicitar ou
receber”). Corrupção ativa é crime comum: praticado por qualquer pessoa (candidato ou não). Já
corrupção passiva, em regra, somente pode ser cometida por eleitor.
Crime de natureza formal: “ainda que a oferta não seja aceita”. A entrega dos valores ou
vantagem constitui mero exaurimento do tipo.
TSE: desnecessidade de pedido explícito de voto ou abstenção. (ED em Respe nº 58.245/2011).
A oferta não pode ser genérica: deve ser dirigida a uma ou algumas pessoas, ou a grupo especifico
e determinável.
1. Nos termos do art. 299 do Código Eleitoral, que protege o livre exercício
do voto, comete corrupção eleitoral aquele que dá, oferece, promete,
solicita ou recebe, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer
outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer
abstenção, ainda que a oferta não seja aceita.
2. Assim, exige-se, para a configuração do ilícito penal, que o corruptor
eleitoral passivo seja pessoa apta a votar.
3. Na espécie, foi comprovado que a pessoa beneficiada com a doação de
um saco de cimento e com promessa de recompensa estava, à época dos
fatos e das Eleições 2008, com os direitos políticos suspensos, em razão
de condenação criminal transitada em julgado. Logo, não há falar em
violação à liberdade do voto de quem, por determinação constitucional,
(art. 15, III, da Constituição), está impedido de votar, motivo pelo qual a
conduta descrita nos autos é atípica.( TSE: HC - Habeas Corpus nº 672 -
Jequitinhonha/MG, Acórdão de 23/02/2010, Relator(a) Min. FELIX
FISCHER).
(MPRS-2016): Constituem crimes eleitorais as seguintes hipóteses: (1) oferecer dinheiro a eleitor para
abster-se de votar, mesmo que a oferta não seja aceita; (2) fazer propaganda pela imprensa escrita em
língua estrangeira; (3) deixar o órgão do Ministério Público de promover a execução de sentença
condenatória. BL: arts. 299, 335 e 342 do CE.
(MPSC-2014): Quando uma pessoa, mesmo não estando concorrendo no pleito eleitoral que se
aproxima, oferece dinheiro a um eleitor, em troca de seu voto a candidato que esta tem simpatia,
comete o crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral, ainda que a oferta não seja aceita. BL: art.
299, CE.
(TJPA-2014-VUNESP): Quanto aos crimes eleitorais, é correto afirmar que o crime de corrupção
eleitoral, previsto pelo art. 299 do Código Eleitoral, é delito formal, exige o dolo específico e admite
a forma tentada. BL: art. 299, CE.
(MPRS-2012): A corrupção eleitoral é crime eleitoral acidental, pois o bem jurídico é protegido tanto
pela legislação penal como pela legislação eleitoral. BL: art. 299, CE.
(MPPR-2008): O crime formal de corrupção eleitoral tipificado no art. 299 do Código Eleitoral,
contrariamente ao que ocorre no Código Penal, abrange tanto a corrupção ativa (nas modalidades de
dar, oferecer e prometer) quanto a corrupção passiva (solicitar e receber). BL: art. 299, CE.
##Atenção: Conforme jurisprudência do TSE, o delito do art. 299 do Código Eleitoral constitui crime
comum, tendo como sujeito ativo qualquer pessoa.
##Atenção: Ac.-TSE, de 5.2.2015, no AgR-AI nº 20903: o crime previsto neste artigo tutela o livre
exercício do voto ou a abstenção do eleitor.
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém
a votar ou não votar em determinado candidato ou partido: (TJPE-2011)
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral
e comete o crime prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou
não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados
não sejam conseguidos:
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.
TIPO OBJETIVO - Coagir alguém a votar em determinado partido ou candidato com uso de
violência ou grave ameaça.
TIPO SUBJETIVO - Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO PASSIVO - Estado e o eleitor que sofre a coação.
SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa.
CLASSIFICAÇÃO - O presente tipo penal classifica-se como comum, comissivo e formal, tendo em
vista que o próprio tipo informa que não é necessária a consecução do resultado.
CONSUMAÇÃO - Com o uso da violência ou grave ameaça de modo a coagir o eleitor.
TENTATIVA - É admissível.
Cabe mencionar, ainda, o entendimento do TSE no AgR-REspe nº 51635985, no sentido de que
não se exige que o crime acima tenha sido praticado necessariamente durante o período eleitoral.
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos
expressamente previstos, e permitir, o presidente da mesa receptora, que
o voto seja admitido:
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o
eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o presidente da mesa.
Art. 335. FAZER PROPAGANDA, qualquer que seja a sua forma, em língua
estrangeira: (TJGO-2009)
Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo
importa na apreensão e perda do material utilizado na propaganda.
(MPRS-2016): Constituem crimes eleitorais as seguintes hipóteses: (1) oferecer dinheiro a eleitor para abster-se de
votar, mesmo que a oferta não seja aceita; (2) fazer propaganda pela imprensa escrita em língua estrangeira; (3) deixar
o órgão do Ministério Público de promover a execução de sentença condenatória. BL: arts. 299, 335 e 342 do CE.
(MPSP-2008): Propaganda eleitoral em língua estrangeira é crime previsto no Código Eleitoral. BL: art. 335, CE.
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos
artigos. 322, 323, 324, 325, 326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o
juiz verificar, de acôrdo com o seu livre convencionamento, se diretório
local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prática
de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável
pena de suspensão de sua atividade eleitoral por prazo de 6 a 12 meses,
agravada até o dôbro nas reincidências. (TJPA-2012)
Ar. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gôzo
dos seus direitos políticos, de atividades partidárias inclusive comícios e
atos de propaganda em recintos fechados ou abertos:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas
emissoras de rádio ou televisão que autorizar transmissões de que
participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor de jornal que
lhes divulgar os pronunciamentos.
Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no
Art. 239:
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou
documentos relativos à eleição:
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça
Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que
gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou
papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:
Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça
Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 341. RETARDAR a publicação ou NÃO PUBLICAR, o diretor ou
qualquer outro funcionário de órgão oficial federal, estadual, ou
municipal, as decisões, citações ou intimações da JUSTIÇA ELEITORAL:
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.
(TJRO-2019-VUNESP): Quanto aos crimes eleitorais e ao processo penal eleitoral, é correto afirmar que a conduta de
retardamento ou não publicação de atos da justiça eleitoral, prevista pelo art. 341 do Código Eleitoral, é considerada
crime omissivo próprio e não prevê a forma culposa. BL: art. 341, CE.
##Atenção: A consumação do ilícito eleitoral, previsto no art. 341 do CE, se dá por omissão (um deixar de fazer) e por
ato doloso (o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado). Registre-se que, por ausência de previsão legal,
não há crimes culposos no Código Eleitoral.
##Atenção: Sobre o crime do art. 341 do CE: i) BEM JURÍDICO: Tutela-se a regularidade dos serviços da Justiça
Eleitoral. O retardamento atinge o princípio da celeridade processual eleitoral; ii) SUJEITO ATIVO: Trata-se de delito
PRÓPRIO. Somente podem praticá-lo o Diretor ou funcionário da imprensa oficial responsável pela edição dos avisos,
editais e intimações da Justiça Eleitoral. Pode-se admitir a comunicabilidade das elementares “diretor” ou “qualquer
outro funcionário” com o servidor da Justiça Eleitoral que retarda o encaminhamento das citações e intimações, pois
ambos os agentes violam a celeridade do processo eleitoral, especialmente porque os prazos, em determinado período
do calendário eleitoral, correm aos sábados, domingos e feriados; iii) SUJEITO PASSIVO: O Estado. Poder Judiciário
Eleitoral; iv) TIPO OBJETIVO: O verbo retardar é no sentido de demorar, adiar, diferir ou procrastinar. Pune-se a
não-publicação. O delito é do tipo OMISSIVO IMPRÓPRIO, pois os sujeitos passivos são aqueles que têm o dever
legal e contratual de publicar as citações e intimações. Trata-se de CRIME FORMAL; v) TIPO SUBJETIVO: Só há
punição se o crime tive sido praticado DOLOSAMENTE. Não há previsão da figura culposa. (Fonte: Código eleitoral
comentado e legislação complementar. – Rio de Janeiro: EJE/SAD/CADOC 2012. p. 409-410.
(MPRS-2016): Constituem crimes eleitorais as seguintes hipóteses: (1) oferecer dinheiro a eleitor para abster-se de
votar, mesmo que a oferta não seja aceita; (2) fazer propaganda pela imprensa escrita em língua estrangeira; (3) deixar
o órgão do Ministério Público de promover a execução de sentença condenatória. BL: arts. 299, 335 e 342 do CE.
(MPRS-2012): Constituem crimes eleitorais o órgão do Ministério Público não apresentar denúncia, no prazo legal, ou
deixar de promover a execução de sentença condenatória. BL: art. 342, CE.
(MPPR-2016): O não comparecimento de mesário no dia da votação, desprovido de prévia justificativa, não configura
o crime previsto no art. 344 do Código Eleitoral - “Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa. Pena:
detenção de até dois meses ou o pagamento de 90 a 120 dias-multa”.
##Atenção: ##TSE: TSE, de 28.4.2009, no HC nº 638 e, de 10.11.1998, no RHC nº 21: o não comparecimento de mesário
no dia da votação não configura o crime estabelecido no art. 344 do CE.
(MPSC-2014): Segundo o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65), recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa,
é considerado crime, punido com detenção até 2 meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. BL: art. 344 do CE.
TIPO OBJETIVO - Omitir, em documento, declaração que dele deveria constar ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria estar escrita com fins eleitorais
TIPO SUBJETIVO - Dolo, não havendo modalidade culposa.
SUJEITO PASSIVO - Estado. Eventualmente poderá ser sujeito passivo o candidato que tenha sido
prejudicado com o uso do documento.
SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa. Quando se tratar de declaração falsa terá de ser praticado
pelo próprio eleitor de acordo com a jurisprudência do TSE. Ademais, ainda segundo a Corte Eleitoral a
forma incriminadora “fazer inserir” prevista neste artigo, admite a realização por terceira pessoa – autor
intelectual da falsidade ideológica.
CLASSIFICAÇÃO - O presente tipo penal classifica-se como comum, omissivo (na conduta e
omitir) e comissivo (na conduta de inserir ou de fazer inserir informações) e formal.
CONSUMAÇÃO - Consuma-se o delito com a expedição do documento falso.
TENTATIVA - É admitida tentativa na hipótese de início de elaboração de documento, mas
interrupção antes de finalizá-lo.
Destaque-se que, segundo jurisprudência do TSE, eventuais omissões em declaração de bens
para fins de registro de candidatura não configuram a hipótese típica versada nesse artigo.
Exemplos: (i) candidato que emite declaração falsa no requerimento de registro de sua
candidatura, seja sobre seus bens, seu cargo ou seu grau de instrução; (ii) irregularidades nas assinaturas
das listas de apoiamento para a criação de novo partido.
“Para fins eleitorais”: tal elementar significa que a ação ou a omissão deve ter o fim especial de
afetar o processo eleitoral, em qualquer um de seus atos ou fases.
Controvérsia: caixa 2
Lei nº 9.504/97
Art. 39. (...)
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis
meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade
pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício
ou carreata;
II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;
III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos
ou de seus candidatos.
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos
nas aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser
mantidos em funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados
anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
Boca de urna: Qualquer forma de aliciamento de eleitores, no dia da eleição, caracteriza o crime
eleitoral de boca de urna, independente da entrega de material e do efetivo convencimento do eleitor.
A expressão “boca de urna” se refere a proximidade temporal com a eleição, e não territorial.
Desse modo, o crime estará caracterizado ainda que a manifestação seja distante das seções de votação
e zonas eleitorais.
Art. 39-A da Lei nº 9.504/97: É permitida, no dia das eleições, a
manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido
político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de
bandeiras, broches, dísticos e adesivos.
Art. 39, § 6º, da Lei nº 9.504/97: veda os “brindes de campanha”, tais como bonés e camisetas.
Mas, em tese, admite-se outras formas de manifestação individual e silenciosa, notadamente aquelas
de confecção manual pelo próprio eleitor.
##Atenção: ##DOD: ##STF: A doação eleitoral por meio de “caixa 2” é uma conduta que configura crime
eleitoral de falsidade ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). A competência para processar e julgar este
delito é da Justiça Eleitoral. A existência de crimes conexos de competência da Justiça Comum, como
corrupção passiva e lavagem de capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por força do art. 35, II,
do CE e do art. 78, IV, do CPP. STF. 2ª T. PET 7319/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 27/3/18 (Info 895).
##Atenção: ##STF: ##TJMS-2020: ##FCC: A mera desaprovação das contas pela Justiça Eleitoral não tipifica,
por si só, o crime de falsidade ideológica eleitoral, previsto no art. 350 do Código Eleitoral. O tipo penal em
questão exige a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante e o dolo de omitir, em documento
público ou particular, declaração que dele deveria constar ou de nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que deveria ser escrita, para fins eleitorais. STF. 2ª T., Pet 7354 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 6/3/18.
##Atenção: ##TSE: ##TJMS-2020: ##FCC: Ac.-TSE, de 4.8.15, no REspe nº 41861: é equivocada a afirmação de
que nenhuma omissão de informações ou inserção de informações inverídicas em prestação de contas tem
aptidão para configurar o delito de falsidade ideológica eleitoral, por ser cronologicamente posterior às
eleições.
##Atenção: ##TSE: ##TJMS-2020: ##FCC: Ac.-TSE, de 6.11.14, no REspe nº 3845587: a prática consubstanciada
na falsidade de documento no âmbito de prestação de contas possui finalidade eleitoral e relevância jurídica,
pois tem o condão de atingir o bem jurídico tutelado pela norma, que é a fé pública eleitoral. Eventual falsidade
cometida em processo de prestação de contas, mesmo posterior à data das eleições, possibilita a configuração
desse crime, eis que tal elemento cronológico se compatibiliza com a finalidade eleitoral da conduta.
##Atenção: ##TSE: ##TJMS-2020: ##FCC: Ac.-TSE, de 18.8.11, no REspe nº 23310: a falsidade ideológica
eleitoral, previsto no art. 350 do CE, não é meio necessário nem fase normal de preparação para a prática do
crime de induzimento à inscrição fraudulenta de eleitor, tipificado no art. 290 do CE4; são crimes autônomos
que podem ser praticados sem que um dependa do outro.
##Atenção: ##TSE: ##TJMS-2020: ##FCC: Ac.-TSE, de 7.12.11, no HC nº 154094: o tipo previsto neste artigo é
crime formal, sendo irrelevante a existência de resultado naturalístico, bastando que o documento falso tenha
potencialidade lesiva.
(TJMS-2020-FCC): Em relação ao crime de falsidade ideológica eleitoral, definido no Código Eleitoral, de acordo
com o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, não é meio necessário, tampouco fase normal de preparação,
para a prática do crime de induzimento à inscrição fraudulenta de eleitor, igualmente tipificado no Código
4Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo dêste Código. Pena - Reclusão até 2 anos e
pagamento de 15 a 30 dias-multa.
Eleitoral. BL: art. 350, CE e Entend. TSE.