Just A Bit Shameless (Straight Guys) Vegaspete Version

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Apenas Um Pouco Sem Vergonha

(Straight Guys 8)

Por: Alessandra Hazard


Capítulo 1

— Ele é muito jovem.

A mulher sentada atrás da mesa maciça deu ao homem um olhar

duro.

— Sério, agente? Você era muito mais novo quando o recrutamos.

Os olhos escuros do homem a encontraram firmemente.

— Ele é muito jovem. — Repetiu.

A mulher o estudou com os lábios franzidos. O agente 11 era um dos

seus agentes menos favoritos por esse motivo. Ele tinha... Opiniões. Pertencia à categoria de homens que
ela sempre detestou: homens que sempre pensavam que estavam certos, tão confiantes em suas próprias
habilidades que todos aceitavam que estavam certos. Ele rasgava seus nervos. Em particular, ela pensou
que o agente 11 tinha um problema com uma mulher sendo responsável, mas não tinha como provar isso.
Ele nunca cruzou a linha e sempre foi inflexivelmente educado, mesmo que muitas vezes sentisse que
discordava de suas decisões.
Infelizmente, ela não tinha escolha senão tolerá-lo. Ele era um dos seus melhores agentes, se
não o melhor. Sua taxa de sucesso era incomparável. Ele era muito bom para se livrar, não importa o quanto
não gostasse de sua atitude.
Então ela voltou sua atenção para o garoto na tela. Para ser justa, o

agente 11 tinha um ponto: o garoto parecia jovem. Mas eles dificilmente estavam em posição de ser
exigentes.
— Nós precisamos dele. — Disse ela.

— Ele é um desabrigado e não treinado. — Disse o agente 11. — O

que ele pode fazer que nossos agentes treinados não podem?

Ela apertou os dentes. Ele a achava incompetente? Embora ele

estivesse mais perto de trinta que vinte, comparado a ela, ele não era mais que um menino. Ela tinha vinte
anos de serviços. Era verdade que não tinha nenhuma experiência de campo, mas não se tornou Chefe do
Serviço Britânico de Inteligência Secreta sendo uma idiota.
Sabia que poderia dizer-lhe para fazer seu trabalho e parar de
questionar seus superiores. Mas não seria inteligente. O agente 11 sempre foi mais cooperativo e eficiente
se concordasse com a missão.
— Precisamos dele para a missão de Brylsko. — Disse ela.

Ele disse sem rodeios:

— Você quer usar uma criança inexperiente e inocente para roubar

dados altamente importantes de um senhor do crime polonês.

Ela encontrou seu olhar inabalável, ignorando seu tom não

impressionado.

— Ele é mais que experiente no trabalho. Essa - criança inocente -

tem sido um ladrão desde que tinha seis anos. Nossas fontes em gangues de Londres - múltiplas fontes -
dizem que ele é o melhor lá fora. Tem o apelido de Sombra por um motivo. Aparentemente, é quase
impossível pegá-lo, mesmo quando você sabe que ele vai te roubar. Ele é muito bom.
Ela pensou que o agente 11 parecia um pouco interessado agora,

mas, como de costume, era difícil ler seu rosto.

— Tenho certeza de que A19 pode fazer o trabalho. — Disse ele. — E

ele não é um garoto.

— O agente 19 não é adequado para esta missão em particular. — Afirmou. — Ele não pode
desempenhar o papel de empresário rico e hedonista nem pode ser um sugar baby .
Ela se sentiu um pouco ridícula ao dizer as palavras - sugar baby - em uma conversa séria, mas
gostava de ser franca. Era o que eles precisavam para a missão, afinal de contas: dois agentes disfarçados
em um cruzeiro de luxo exclusivo para pessoas ricas que gostavam de parceiros sexuais mais novos. A19,
por todos os seus talentos consideráveis em espionar, recolher e hackear dados, era um homem de vinte
anos de aparência comum com um caso de acne. Ele era mais adequado para missões que exigiam agentes
anônimos que poderiam se misturar com a multidão. Definitivamente não era adequado para a missão de
Brylsko. Ninguém acreditaria que um rico empresário estaria interessado em levar A19 como um pet, e ele
era muito jovem para desempenhar o papel de um rico sugar daddy .
O agente 11 também olhou para a tela.

— E você acha que este garoto sem-teto pode interpretar um pet

confiável? Mesmo que possa fazê-lo, ele provavelmente se desintegrará sob pressão. Enganar pessoas
aleatórias é uma coisa. Roubar um pendrive de um senhor do crime paranoico e depois colocá-lo de volta
sem que ele perceba é outro.
Ela apertou a ponta do nariz. A pior parte era que sabia que as

preocupações de A11 eram válidas. Não pela primeira vez, desejava que simplesmente pudessem eliminar o
alvo e obter o pendrive, mas não era possível. Eles não podiam arriscar.
— Pelo menos, ao contrário de A19, ele parece bem. — Disse ela,

olhando novamente para a tela.

O garoto na tela era definitivamente atraente. Era mais alto do que a

média, musculoso, com pernas longas e um sorriso agradável. Ele estava um pouco pálido, como muitos
eram, mas a palidez de sua pele só acentuava seus olhos escuros brilhantes e a cor vermelha de seus lábios.
Seus olhos e esses cílios longos eram provavelmente suas melhores características. Tudo bem, aquele
cabelo vermelho era bastante infeliz, mas algumas pessoas gostavam da cor. A curva da boca generosa do
menino dava a impressão de vulnerabilidade, algo que definitivamente atrairia os homens mais velhos que
gostavam de companheiros mais jovens.
O agente 11 soltou um suspiro.

— Muito bem. Quem vai enviar com ele no serviço de babá?

Ela o olhou e levantou uma sobrancelha. Pensou que tinha deixado

óbvio.

Ele soltou uma risada.

— Com o devido respeito, não pode ser sério, senhora. Você sabe que

não posso.

— E por que isso, A11? — Ela disse friamente.

Um sulco apareceu entre as sobrancelhas escuras. Era claramente a

resposta que ele esperava.

— Isso vai arruinar meu disfarce, senhora. Meu disfarce para a

missão W.

Ela suprimiu um suspiro. Era verdade que ficando disfarçado de papai

de açúcar poderia arruinar o disfarce de A11 para uma das suas mais importantes missões de longo prazo.
Mas não era nada que ela não tivesse considerado antes.
— O risco é insignificante. — Disse ela. — A Missão W está na maior

parte situada na Rússia e na Inglaterra. É extremamente improvável que os alvos cruzem os caminhos uns
dos outros. Sua cobertura de longo prazo não será comprometida.
Os lábios de A11 pressionaram juntos. Ele claramente discorda, mas
quando ela o encarou, ele não discutiu.

— Sim, senhora.

— Leia o arquivo do garoto. — Disse ela. — Você será o único a

recrutá-lo, para se familiarizar com seus antecedentes. É do tipo padrão, como muitos antecedentes são.
Nascido de mãe solteira, nenhum pai conhecido. A mãe morreu quando tinha quatro anos. Câncer. Um
parente o levou. Nossas fontes indicam que o menino foi abusado emocionalmente por seus parentes,
talvez fisicamente também. — Ela encolheu os ombros, desconfortável com o assunto. — De qualquer
modo, ele fugiu quando tinha seis anos. Acreditamos que se juntou à gangue de Ed Tucker e começou a
roubar em troca de proteção e um teto sobre a cabeça. — Olhou para o agente. — Não acho que seja leal
com a gangue. Use o anseio dele para uma vida estável e uma casa. Tenho certeza de que não tenho que te
ensinar a manipulá-lo.

Seus lábios se apertaram.

— Não, senhora.

— O menino será recrutado esta noite. Você irá supervisionar seu

progresso e treiná-lo se necessário.

Um músculo se contraiu no maxilar de A11. Ambos sabiam que um

agente sênior como ele, tinha coisas melhores a fazer do que treinar novatos.

— Sim, senhora. — Ele disse, formalmente.

— Está dispensado, agente. — Disse ela.

Ela o viu partir e franziu a testa quando a porta se fechou atrás dele.

Se perguntou se havia cometido um erro. O agente 11 não era

alguém que queria ter como seu inimigo.

Mas ela precisava mantê-lo em uma coleira.

Afinal, não era estúpida nem cega. Estava bem ciente de que era o

candidato mais provável para substituí-la.

Ela voltou a olhar para o asiático na tela e sorriu.

Sim, a missão de Brylsko seria perfeita para seus propósitos.


Capítulo 2

A mulher cheirava a dinheiro.

Mordendo o lábio, Pete avaliou-a da cabeça aos pés, desde o vestido

de designer, a bolsa Prada até o novo e brilhante iPhone na mão.

Talvez nem precisasse procurar por mais ninguém. Precisava de seiscentas libras1 - o mínimo
que Tucker tinha estabelecido para ele. Então esperava que a mulher tivesse dinheiro suficiente
com ela.
Ignorando a voz de sua consciência, Pete se moveu em direção a ela,

dizendo a si mesmo que seiscentas libras eram trocados para alguém que podia usar roupas que valiam pelo
menos cinco mil.
A questão era, o que alguém assim fazia nessa parte de Londres?

Não que fosse seu problema ou qualquer coisa. Ela era apenas um

alvo e deveria pensar nela assim e nada mais. Tinha um trabalho a fazer, e não podia se dar ao luxo de
fracassar, se não quisesse se tornar o saco de pancadas de Tucker esta noite, ou pior.
Pete suspirou, seus lábios franzindo.

Não pela primeira vez, queria chutar seu ser mais jovem por

concordar com a proteção de Tucker. Para ser justo, ele tinha apenas seis anos na época, um pequeno
menino desesperado, fácil de enganar, assustado e sem defesa. Na época, a proteção de Tucker parecia uma
dádiva de Deus. Agora parecia como uma forma de escravidão, com suas crescentes demandas. Pete sabia
que Tucker nunca o deixaria sair de sua gangue. Ele era o ganso dourado dele, capaz de trazer mais dinheiro
do que todos os outros meninos juntos. Ele nunca seria livre.

1 Moeda oficial da Inglaterra e Reino Unido.


Empurrando o pensamento deprimente, Pete tentou se concentrar no

trabalho.

A mulher tinha sua bolsa na mão esquerda. Sua mão direita tinha

acabado de levar o iPhone ao ouvido.

Pete tirou seu próprio telefone maltratado, um Nokia antigo,

arranhado e manchado, mas indestrutível, e caminhou em direção à mulher, com os olhos fixos em seu
telefone. Nada suspeito. Apenas outro adolescente enviando mensagens de texto a seus amigos e não
dando atenção onde estava indo.
Pete colidiu com a mulher, murmurou suas desculpas e se afastou, a

bolsa dela dobrada debaixo da jaqueta.

Ele virou a esquina e desapareceu no beco escuro. Olhando em volta

e certificando-se de que estava sozinho, tirou a bolsa e abriu.

Seus olhos se arregalaram quando viu seu conteúdo. Dinheiro. Muito

dinheiro. E esses eram diamantes?

Algo frio pressionou contra a nuca de Pete .

— Não se mexa. — Disse uma voz masculina profunda.

Pete amaldiçoou em voz baixa. Estúpido. Deveria ter suspeitado de

algo. Tinha sido muito fácil, mesmo para ele.

— Leve-o ao carro. — Disse a mesma voz. Dois homens corpulentos

agarraram os braços de Pete e o arrastaram para a van negra estacionada ao virar da esquina.
Pete não resistiu, sua mente estava correndo. Quem gostaria de

sequestrá-lo e por quê? Ele não era ninguém. Bem, não exatamente ninguém, mas era um peixe pequeno
num lago muito grande. Por que ele?
Os homens o empurraram para dentro, mas não entraram com

ele. Pete ouviu um deles entrar no banco do motorista e o outro ocupar o assento do passageiro.
Quando começou a se perguntar se deveria tentar sair do carro, outro

homem entrou na parte de trás da van e sentou na sua frente.

Pete olhou-o cautelosamente. Não o reconheceu. Ele tinha cabelos


castanhos e olhos escuros, sua pele era Rf f ff f f c, ou estava bronzeada. Pete não sabia dizer qual. O
homem estava vestido com calça preta e uma simples camisa preta de gola alta que não fazia nada para
esconder seu corpo alto e musculoso.
— Olá, Pete . — Disse o homem quando o carro começou a se mover.

Pete piscou.

— Assustador.

Algo que poderia ser diversão cintilou nos olhos do homem.

— Eu poderia tornar ainda mais assustador. — Sua voz era

incrivelmente profunda e rica, o tipo de voz que chamava a atenção das pessoas. — Você é Pete
Saengtham, tem dezoito anos e é um membro da pequena gangue de Ed Tucker.
A pele de Pete arrepiou. Ninguém sabia seu sobrenome. Nem

mesmo Tucker.

— O que quer de mim? — Ele disse.

O homem apenas o olhou por um longo momento.

Ele era muito atraente, Pete percebeu com desconforto e

aborrecimento.

Não era como se tivesse um problema com homens bonitos; era só... Não gostava do efeito
que tinham sobre ele. Pete tendia a corar, balbuciar e fazer coisas estúpidas em torno de garotos bonitos -
que sempre eram héteros ou desinteressados nele - o que tornava tudo ainda mais mortificante.
Hormônios são terríveis e ter dezoito anos sugava.
— Aqui está a coisa... — Disse o homem. — Você está em apuros. Roubou vinte mil libras e
uma pulseira de diamantes de um cidadão proeminente.
— Você armou para mim. — Pete disse. — Eu nunca fui pego!

O homem piscou lentamente, seus lábios se contorcendo.

— Isso é irrelevante. O importante é que foi pego roubando uma

soma substancial de dinheiro e uma herança inestimável. Normalmente, isso significaria prisão.
Pete franziu os lábios.

— O que você quer?

— Queremos que trabalhe para nós. — Disse o homem.

Pete não podia dizer que estava surpreso. Ele suspeitou que fosse

uma armadilha. Sabia que tinha feito um nome próprio em certos círculos.
— Para quem você trabalha? Big Johnson? Xavier?

O homem riu, o som rouco e profundo.

Pete sentiu o estômago apertar e amaldiçoou seus estúpidos

hormônios mais uma vez.

— Ninguém tão excitante, receio. — Disse o homem. — Trabalho para

o SIS.

— SIS... — Pete repetiu confuso.

— Serviço de Inteligência Secreta. — O homem esclareceu, como se Pete não soubesse o que
era. — Ou MI6, se você preferir.
Pete o olhou por um momento antes de dizer:

— Prove.

O homem levantou as sobrancelhas.

— Você percebe que ser um Agente de Inteligência Secreta não é

algo que alguém anuncia, certo?

— Besteira. — Disse Pete . — Se você realmente é um agente do MI6,

precisará de algum tipo de identificação para provar à polícia que suas ações são sancionadas pelo governo.
É terrivelmente impraticável que seus superiores não tenham problemas sempre.
Pela primeira vez, Pete viu algo como aprovação nos olhos escuros e

teve que lutar contra o rubor ameaçando colorir suas bochechas. Hummm. Hormônios.
— Gosto de você, Blue. — Disse o homem, o que realmente não

estava ajudando com a situação de seu rubor. — E normalmente, você estaria certo. Mas, estritamente
falando, os agentes do MI6 não estão autorizados a realizar operações em casa, de modo que ter um ID real
não ajudaria. A maioria dos nossos agentes de campo possui identidades falsas emitidas pelo MI5.
— Mas não você?

O homem sacudiu a cabeça.

— Pertenço a uma divisão especial que não possui IDs. Sou conhecido

como Agente 11, ou A11.

Pete riu.

— Agente11? Sério? Vai me dizer que há o agente 007 também?

O olhar que o agente 11 lhe deu foi definitivamente mordaz.


— Não, James Bond e seus similares não são reais. Mas o MI6 é. E

alguns de nós têm nomes código.

— Então, como você se chama? Sinto-me bobo, te chamando de

agente 11 na minha cabeça.

— Confidencial.

Pete sorriu.

— Seu nome é confidencial? Muito incomum.

— Coisinha insolente. — Murmurou o agente 11. — Não posso te

contar meu nome. Não tome isso pessoalmente. Apenas duas pessoas no MI6 conhecem o meu verdadeiro
nome.
Pete recostou-se no assento e colocou as pernas no banco oposto, ao

lado do agente.

— Então, se eu concordar em trabalhar para o MI6, também recebo

um nome código? Posso escolher o número?

O agente 11 olhou para as pernas dele, sem parecer impressionado.

— Se for recrutado, será um estagiário por um tempo. Se participar

de missões enquanto estiver treinando, terá um nome código aleatório. Mesmo se você completar com
sucesso o programa de treinamento, provavelmente será apenas o agente Saengtham . Desculpe te
decepcionar, mas a maioria dos agentes do MI6 não tem nomes código permanentes.
— Mas você tem. — Pete apontou, intrigado. — Por quê?

— Você sabe o que acontece com gatos curiosos, Blue?

— Eles morrem.

— Precisamente.

Pete olhou para ele. Não estava certo de que o cara estava

brincando, considerando seu trabalho.

— Certo. — Pete disse com um sorriso estranho antes de franzir a

testa. — E pare de me chamar de Blue.

O agente 11 encolheu os ombros.

— Então, vai aceitar o trabalho?

Pete inclinou a cabeça para o lado, um pouco confuso.


— Tenho uma escolha?

— Sempre há uma escolha. — Disse o agente 11.

— Se a outra opção é a prisão, não há realmente uma escolha.

O agente 11 o olhou de forma constante, algo surgindo em sua

expressão.

— Se realmente não deseja servir seu país e protegê-lo, saia do

carro. Não vou te impedir.

Pete teria zombado e revirado os olhos, mas o olhar sério e mortal no

rosto do agente o fez hesitar. Ele sentiu que esse homem não era um para discursos patrióticos vazios.
— Você está falando sério.

— Claro que sim. — O agente 11 suspirou. — Olha, não é um

trabalho bonito. Às vezes você será forçado a fazer coisas... Que vai absolutamente odiar, coisas que vão
fazê-lo vomitar e querer evitar seu reflexo no espelho. — O agente 11 deu um sorriso que não alcançou
seus olhos. — Confie em mim, se realmente não acredita que está fazendo o que é certo, que seu país
precisa que você aguente e continue com isso, não vai durar muito no Serviço Secreto.
Pete ficou nervoso, sentindo-se um pouco desconfortável. Enquanto

não se considerava muito patriota e nunca teve a ambição de servir a Rainha e ao País, também não era
antipatriótico. Se tivesse uma escolha, ele gostaria de estar no lado bom por uma vez. Sem mencionar que,
se aceitasse o emprego, ficaria livre de Tucker e sua ―proteção‖. Essa era uma vantagem bastante
significativa no livro de Pete .
— Você é um recrutador ruim. — Disse Pete . — Não deveria me

convencer de que eu seria louco por não aceitar uma oferta de trabalho como essa?
Um genuíno olhar de diversão apareceu no rosto do agente 11.

— Provavelmente.

Pete viu isso como confirmação de que o agente recebeu ordens de

recrutá-lo, uma com a qual claramente discordava, mas foi forçado a seguir.

— Por que não quer que eu aceite a oferta de emprego?

— Você é muito jovem. — Disse o agente 11. — Este estilo de vida

não é seguro para crianças.

Pete sorriu torto.

— Sem ofensa, agente 11, mas meu estilo de vida atual também não
é seguro. — Ele hesitou. — Para que tipo de missão você me quer?

— Cond.

Pete cruzou os braços sobre o peito e fez uma careta exagerada.

— Você realmente é um recrutador ruim.

Os lábios do agente 11 se contraíram.

Pete suspirou, pensou por um momento e perguntou:

— Será que vou ter meu próprio apartamento? — Uma casa. Algo

meu.
— Sim. Depois de terminar o treinamento.

Pete lambeu os lábios secos.

— Onde eu assino?

O agente 11 tocou o pequeno comunicador de orelha que Pete nem

sequer notou até então.

— Ele está dentro. — Disse o agente 11, sua postura relaxou, mas

seus olhos continuaram sombrios.

Capítulo 3

A vida de um estagiário do MI6 não era tão glamorosa quanto Pete

imaginou que seria.

Por um lado, a sede real, não o prédio da SIS em Vauxhall que o


público conhecia, meio que o assustou. Havia câmeras em todos os lugares. Todo o edifício era monitorado,
havia vigilância eletrônica até mesmo nos banheiros. Demorou algum tempo para se acostumar. Felizmente,
embora tivesse que compartilhar seu quarto na instalação de treinamento com outro estagiário, o quarto
não tinha câmeras de segurança, o que pelo menos lhes proporcionava algum mínimo de privacidade.
Não que Pete visse muito do seu quarto. Treinava dezesseis horas

por dia e às vezes mais do que isso. Até agora, o treinamento incluía o físico, de armas e equipamentos, em
sistemas informáticos e eletrônicos, em línguas estrangeiras e, claro, em combate.
Pelo menos, todo o treinamento físico parecia estar dando resultado:

seus braços começaram a parecer muito bem, e se realmente se olhasse na frente do espelho, Pete já
podia ver algo que se assemelhava a um pacote de seis. Ou pelo menos um de quatro.
No entanto, não era como se pudesse usar seus novos músculos

brilhantes para pegar garotos gostosos, mais frequentemente do que não, Pete estava tão cansado após as
sessões de treinamento que apenas caia na cama e dormia como os mortos.
Não se lembrava de dormir tão bem, não desde... Talvez não desde

que sua mãe morreu. Não que pudesse lembrar muito de sua mãe. Às vezes, pensava que poderia se
lembrar de um abraço quente e seguro e uma voz suave cantando uma canção de ninar, mas essas
pequenas lembranças eram nebulosas, como um sonho. Não sabia se eram reais ou não. Era tão injusto que
não se lembrasse muito de sua mãe, mas poderia lembrar perfeitamente do sorriso de escárnio no rosto de
seu tio e de todas as palavras detestáveis que havia dito. Pirralho sem valor. Sua mãe deveria ter
te abortado quando teve a chance. Você não é nada além de um fardo. Um parasita.
Depois de viver dois anos sobre a fúria induzida pelo álcool de seu

tio, Pete fugiu, mas essas palavras ficaram com ele. Prometeu a si mesmo que nunca mais seria um fardo
para ninguém.

Em suma, Pete se considerava um afortunado. Poderia ter sido pior,

muito pior. Seu tio nunca o machucou fisicamente. Nunca foi forçado a dormir lá fora no inverno. Tudo bem
que estar sob a ―proteção‖ de Tucker não era muito melhor.
Em comparação com sua vida antiga, a vida de um estagiário do MI6

era fácil e agradável. Pete nem sequer se importou com o fato de parecer ser o único inscrito num programa
de treinamento tão intenso.
— Estou com tanto ciúme de você. — Kira, outro estagiário, disse
duas semanas depois do início do seu treinamento enquanto Pete fazia uma pausa rara para o almoço. —
Perguntei por aí. O programa de treinamento acelerado é para casos especiais. O que significa que você terá
uma missão real em breve.
Pete assentiu. Tinha a sensação de que havia sido recrutado com

uma missão específica em mente. Estava muito curioso sobre isso e um pouco nervoso.
Mas antes que pudesse dizer alguma coisa, notou que a atenção de Kira estava em outro lugar.
— Esse agente especial está nos olhando. — Kira sussurrou com

entusiasmo.

Pete seguiu seu olhar.

Ficou imóvel quando viu o agente 11. Não o viu, desde que deixou Pete no centro de
treinamento há semanas.
O agente 11 era tão irritantemente quente quanto se lembrava. Os

ombros e os braços do homem pareciam injustamente bem nesse terno, e o contraste entre sua camisa
branca e seu pescoço bronzeado era...
Pete desviou os olhos e disse severamente a si mesmo que parasse

de cobiçar homens heterossexuais. Nas últimas semanas, já ouviu o suficiente sobre o agente 11 para saber
que o cara era hétero. Aparentemente, ele não era tímido sobre o uso de seu corpo se a missão exigisse e
havia seduzido inúmeras mulheres, se os rumores fossem verdadeiros.
— Então, e daí? — Pete disse com um encolher de ombros.

— Você está de brincadeira? Agentes especiais normalmente nunca

se incomodam com novatos! São a elite, o melhor, o topo da cadeia alimentar.

— Você só quer transar com ele. — Pete disse com um sorriso

tentando suprimir o desejo de olhar para o agente 11. Hétero, hétero, hétero.

Maldição, será que algum dia aprenderia?

— É claro que sim. — Disse Kira descaradamente. — Quem não iria

querer? Mas esse não é o ponto. Os agentes especiais literalmente nunca vêm aqui. Há, como, vinte deles e
todos são, geralmente, profundamente secretos. Meu Deus, ele até vindo para cá, Pete!
— Não me chame de Pete. — Pete corrigiu automaticamente, sua

mente correndo quando viu o agente 11 abordá-los com o agente Brown no reboque. O agente Brown, o
treinador habitual de Pete , parecia um pouco desconfortável e... Talvez com raiva? Pete não tinha certeza.
Ainda não era tão bom em ler as emoções de pessoas treinadas para escondê-las.
— Saengtham . — Disse o agente Brown com uma voz entrecortada. — Agente 11 se ofereceu
para assumir o seu treinamento em tortura e interrogação. Isso foi marcado para esta tarde. Siga-o.
Pete engoliu em seco. Não estava exatamente ansioso para a sessão

de treinamento desta tarde. Sabia que era tortura e interrogação. O treinamento era obrigatório para todos
os agentes de campo, deveriam ser treinados para resistir à tortura, de modo que não dessem informações
confidenciais. Mas isso não significava que não tivesse com um pouco de medo. Tinha um limiar de dor
embaraçosamente baixo.
Pete olhou para o agente 11. O rosto do homem era impossível de

ler. Simplesmente empurrou a cabeça, fazendo sinal a Pete para segui-lo e saiu. Pete lutou para alcançá-lo.
— Olá. — Disse Pete . — Você não disse olá. Grosseiro.

O agente 11 lhe lançou um olhar divertido e continuou caminhando.

— Olá, Blue. Você está gostando do MI6?

— É... Interessante. — Disse Pete .

— Essa é uma maneira de dizer. — Disse o agente 11, levando-o a

sala de treinamento 4A.

Pete o seguiu até a sala e olhou ao redor nervosamente. Não podia

ver nenhuma ferramenta de tortura óbvia, mas o que sabia de como se pareciam?
— Então você é um órfão? — Pete falou.

O agente tirou o casaco e jogou na mesa.

— O quê?

— Você é órfão? Perguntei, por que a maioria esmagadora dos

estagiários são. Tenho uma teoria que o MI6 prefere recrutar órfãos, que é, tipo, fodido? E meio assustador,
para ser honesto, porque o motivo é bastante óbvio, sim? Acho que significa...
O agente 11 riu.

— Respire, Pete.

Pete corou.

— Estou respirando. Não estou nervoso. É só... Deveria ter chamado

este curso de treinamento de forma diferente, você não acha? Tortura e Interrogação soa assustador.
Os lábios do agente 11 se contraíram.

— Passarei sua sugestão para os superiores. — Mas então, a alegria

em seus olhos desapareceu, substituída por algo sombrio e implacável. — Sente-se, Pete .
Pete sentou na única cadeira na sala. Por que estava tão escuro aqui?

— Sinistro. — Disse com uma risada que pareceu dolorosamente

estranha e nervosa mesmo para seus próprios ouvidos. Provavelmente não enganava ninguém. — Então
você vai me torturar agora?
O agente 11 olhou para ele de forma inabalável.

— Vou te contar um segredo. O treinamento de tortura e

interrogação é um monte de merda.

Pete piscou.

— O quê?

Os lábios sensuais do agente 11 se torceram em algo que não era um

sorriso.

— Se você for pego, não há quantidade de ―treinamento‖ que irá

prepará-lo para a coisa real.

Pete sentiu a boca seca.

— Então, para que é esse treinamento?

— Eliminar os mentalmente fracos.

Pete inclinou a cabeça, olhando para o chão.

— Acho que já falhei, então.

— É normal estar razoavelmente nervoso. Estar nervoso não te deixa

fraco. A chave é não permitir que seus nervos obtenham o melhor. Algum nervosismo pode ser útil no
campo, na verdade. Pode te fazer menos imprudente.
Pete sorriu pesarosamente.

— Você fica nervoso? Durante uma missão?

— Não mais. — Disse o agente. — Mas não sou novato. Não tenho

mais dezoito anos de idade. Tenho uma década de experiência para confiar.

Pete ergueu o olhar.

— Uma década? Quantos anos você tem? — Era difícil identificar a

sua idade. Poderia ser entre vinte e cinco e trinta e cinco. Mas homens com estrutura facial do agente 11 e a
tez bronzeada poderiam parecer ridiculamente bons mesmo aos quarenta anos. Isso era tão injusto.
— Confidencial. — Disse o agente.
Pete fez beicinho.

— Você não é divertido. — Olhou o outro homem com curiosidade. — Então, se não vai me
torturar e interrogar? O que eu deveria aprender?
— A única maneira infalível de evitar tortura e interrogatório, é não

ser pego. É o que vou te ensinar.

Pete sentou-se mais reto, sorrindo amplamente em excitação.

— Treinamento secreto?

O agente 11 retornou o sorriso dele.

— Sim. Mas temo que não seja tão excitante quanto pensa.

Duas horas depois, Pete estava inclinado a concordar. Treino secreto

parecia um monte de trabalho tedioso e difícil que envolveu um monte de estudo e preparação.
— A chave para ser um bom agente secreto é conhecer seu disfarce

tão bem que possa pensar e agir como sua cobertura sem forçar isto. Um momento de pausa, uma ligeira
hesitação vai comprometer seu disfarce.
Curioso, Pete disse:

— Você já teve seu disfarce descoberto?

O rosto do agente 11 ficou estranhamente imóvel.

— Sim.

— Por quê? O que você fez de errado?

O agente não respondeu imediatamente.

Pete começou a se perguntar se havia atravessado alguma linha

quando o agente 11 disse calmamente.

— Fui ordenado a matar um espectador inocente, uma mulher

grávida que testemunhou algo que não deveria ter visto. Não pude. Ajudei-a escapar.
Pete franziu a testa.

— Bem, você fez a coisa certa.

O rosto do agente estava vazio.

— Levou-me onze meses para me infiltrar naquele círculo de tráfico

sexual. Depois que meu disfarce foi queimado, levou ao MI6 mais dois anos para obter outro agente. — A
voz de Vegas era vazia.
Quando ele não continuou a falar, Pete disse, depois de uma

hesitação.

— Não entendo. Você ainda fez o certo.

— Li os relatórios. — Disse o agente 11, sua voz normalmente rica

estava vazia. — Havia crianças entre aqueles profissionais do sexo. A mais nova tinha oito anos, a mais nova
encontrada viva. — Ele encarou Pete e sorriu. Não foi um sorriso bonito. — Ainda acha que fiz o certo?
Pete olhou para ele, incapaz de formar palavras. Se o agente 11 não

tivesse se exposto, salvando essa mulher, poderia ter salvado essas crianças anos antes. Poderia ter, teria...
— Como você faz isso? — Pete sussurrou. — Como eu deveria tomar

decisões assim? — Como você vive com sua decisão?

Os lábios do agente 11 apertaram.

— Você pensa na imagem maior. Você tem que compartimentar. Fazer o que se deve. E o mais
importante, não foda tudo e torne-se sentimental quando não deve.
Pete mordeu a parte interna de sua bochecha.

O agente 11 agarrou seu casaco e o colocou.

— Isso é o suficiente por hoje. Teremos instruções pré-missão

amanhã às oito. Depois disso, teremos uma semana para aperfeiçoar nossos disfarces.
— Espere, o quê? Minha primeira missão será com você?

O agente apenas assentiu, algo cintilando em seus olhos, antes de

sair da sala.

— A resposta para sua pergunta é sim, por sinal. — Disse abrindo a

porta.

Pete franziu a testa, confuso.

— O quê?

— Os órfãos fazem os melhores recrutas.

E então se foi.

Capítulo 4
O andar administrativo era assustadoramente silencioso, um forte

contraste com o centro de treinamento, que sempre era barulhento e cheio de pessoas. Pete normalmente
não tinha autorização para estar nesse andar, mas Claudia, a secretária da chefe, informou-lhe que, durante
a duração desta missão, teria a autorização necessária.

Apesar disso, Pete ainda se sentia como um impostor, dolorosamente

consciente de quão jovem e inexperiente era comparado a todos os outros na sala de instruções. E se viu
aproximando-se do agente 11, a única pessoa que conhecia.
— Sente-se. — Disse a mulher na cabeceira da mesa.

Pete ocupou o assento ao lado do agente 11, oposto ao homem de

meia idade com óculos.

— Pete . — Disse a mulher, forçando Pete a olhar para ela, o que

estava evitando desde que entrou na sala. O olhar penetrante da mulher o enervou um pouco. — Sei que
você ainda é um estagiário e tem um longo caminho a percorrer até completar seu treinamento, mas,
infelizmente, não temos agentes disponíveis que atendam aos critérios para esta missão, então não temos
escolha senão enviar um estagiário. Confio que você fará o seu melhor nesse trabalho. Se fizer isso, seu
treinamento será acelerado e será o agente Saengtham em menos de dois meses.
— Erika . — Disse o homem com óculos. — Não penso...

Um olhar duro da mulher – Erika - silenciou o homem. Pete sabia

que seu nome provavelmente não era Erika . Dizia-se que ninguém além de alguns poucos superiores no
governo conhecia o nome real da chefe. Dentro do Serviço Secreto, Erika era simplesmente conhecida
como ―C‖. Ela era a figura sombria por trás do chefe da SIS que o público em geral conhecia e que não era
mais do que um chamariz. Às vezes, todo esse segredo parecia um pouco exagerado para Pete , antes dele
lembrar que havia uma boa razão para isso. Eles lidavam com terroristas em uma base regular.
— Korn , descreva os parâmetros da missão. — Erika disse ao

homem com óculos. Olhando para Pete , ela acrescentou para seu benefício. — Korn é o chefe do nosso
departamento de Inteligência.
Pete assentiu com gratidão, um pouco surpreso com o quão amável e

atenciosa Erika estava sendo. Olhou para o agente 11 e o encontrou com lábios torcidos num sorriso
sardônico. Estranho.

A tela grande na parede ligou e Pete olhou para a foto de um homem


homem de meia-idade.

Korn limpou a garganta.

— Este é Milosz Brylsko, com quarenta e três anos, chefe do crime

polonês. Sua organização faz parte de um círculo de crime da Europa Oriental. Brylsko é de particular
interesse para nós porque é responsável por fornecer armas a outros membros do círculo. — Os lábios de
Korn franziram. — Se nossa inteligência estiver correta, recentemente começou a vender armas nucleares a
vários governos europeus.
Pete mergulhou em seu assento, olhando para o agente 11, mas seu

rosto era inescrutável. Provavelmente já sabia disso.

Korn empurrou os óculos para cima e continuou

— Temos razões para acreditar que Brylsko tem uma fábrica nuclear

subterrânea num dos países do terceiro mundo, mas não temos provas. Até agora, não conseguimos
localizá-la. Este é um dos principais objetivos da missão. O outro é saber quais países já compraram armas
nucleares de Brylsko. O problema é que ele é extremamente cuidadoso e paranoico. Não há ligações
telefônicas ou e-mails sobre armas nucleares que possamos acompanhar. Não há uma única referência
delas nos computadores de sua organização, pelo menos os conectados à rede e nossos melhores hackers
não conseguiram encontrar nada de util.
Korn respirou fundo antes de continuar:

— Mas nossa fonte conseguiu saber que Brylsko mantém os dados

mais sensíveis num pendrive seguro que sempre carrega com ele. Precisamos desse pendrive. E precisamos
devolver a Brylsko sem que nunca descubra que saiu de sua posse. É por isso que precisamos de um ladrão
excepcional para esta missão, Saengtham .
Pete franziu a testa.

— Por que você precisa devolver o pendrive? — Essa parte do plano

tornou a tarefa, de outra forma direta, consideravelmente mais desafiadora. Se Brylsko realmente fosse tão
paranoico quanto Korn disse, então provavelmente verificaria se o pendrive ainda estava lá. Teriam mesmo
tempo suficiente para quebrar o código de acesso, copiar os dados criptografados e colocar o pendrive de
volta?
Foi Erika quem respondeu, seu tom era cuidadoso.

— Porque há algumas informações muito sensíveis sobre esse


pendrive. Nós não queremos que alguém saiba que estamos de posse dele. É por isso que poucas pessoas
sabem sobre esta missão.
O agente 11 bufou.

Erika olhou para ele.

— Seu comentário não é necessário, A11.

O agente 11 ergueu as sobrancelhas.

— Não disse nada, senhora.

Curioso, Pete olhou entre o agente e a Chefe da SIS. Era sua

imaginação, ou esses dois não gostavam um do outro?

Korn limpou a garganta.

— Nós lhe daremos um pendrive que se encaixa na descrição que

nossa fonte nos deu. Você irá trocar pelo original. Isso deve enganar Brylsko momentaneamente, e nesse
meio tempo você copia os dados e devolve o pendrive original. No entanto, não sabemos com que
frequência Brylsko acessa os dados no pendrive, então, o ideal será descobrir antes de prosseguir, sem
comprometer seu disfarce, é claro.
Ele limpou a garganta novamente.

— Agora, sobre seu disfarce. Brylsko é extremamente paranoico. Normalmente, é impossível


abordá-lo sem que esteja cercado por guardacostas e sem ser submetido a extensas verificações de
antecedentes. Mas descobrimos que no final do mês, ele estará num cruzeiro de luxo exclusivo que
atende... Pessoas ricas com os gostos peculiares de Brylsko.
Korn fez uma pausa e deslocou-se no assento. Pete olhou para ele,

perguntando-se por que o homem parecia tão desconfortável.

— Que gostos? — Perguntou quando nem Erika nem o agente 11

disseram nada.

Korn fez uma careta, um olhar de aversão apareceu em seu rosto.

— Brylsko tem um gosto por pets jovens. — Respondeu Erika em

seu lugar, seu tom neutro. — Muito jovens, mas principalmente pouco acima da idade de consentimento.
Tanto quanto sabemos, ele não os coage. Gosta deles dispostos. Gosta de ser... Generoso, os mantêm no
luxo. Suponho que acaricie seu ego.
As sobrancelhas de Pete franziram.

— Quer dizer que ele gosta de manter bebês de açúcar?


Um olhar familiar de diversão passou pelo rosto do agente 11.

— Você tem idade suficiente para saber o que é isso?

Pete o chutou debaixo da mesa, tinha dezoito anos, não era uma

criança! E estava prestes a dizer algo mordaz quando um pensamento o deteve.


— Espera. Você quer que eu seja o sugar baby ? O sugar baby

de Brylsko? — Tentou não mostrar o quanto a perspectiva o fez sentir mal.

— Nada tão drástico. — Disse Erika . — Você será um dos ―animais

de estimação‖ colocado num leilão. A probabilidade de Brylsko tomar conhecimento de você e te querer
para si mesmo são bastante pequenas. Você será comprado pelo nosso agente.
— Comprado? — Pete repetiu.

Korn suspirou.

— Sim. Os organizadores do cruzeiro fazem um leilão privado para

passageiros ricos que gostariam de comprar um chamado escravo. Os escravos não são realmente escravos.
É apenas uma fantasia doente para os ricos e pervertidos. Nós verificamos, os escravos entram no arranjo
de bom grado e todo o dinheiro de suas vendas vão para suas contas bancárias. São literalmente apenas
mulheres e homens jovens que procuram um rico sugar daddy e que desejam tocar a fantasia de ser uma
propriedade. — Korn deu ao agente 11 um olhar aguçado. — Quero deixar claro que o leilão não é o nosso
alvo. Deixe-o quieto, A11. É obscuro, mas não é preocupante para o MI6. Não jogue de herói.

O agente 11 assentiu.

— Vou tentar me conter.

Pete desejou parecer tão legal quanto o agente 11 quando estava

sendo sarcástico.

Erika deu uma olhada no agente.

— Por favor, faça.

O agente 11 manteve seu olhar firme.

— Se você tem um problema com a minha condução de missões, não

é tarde demais para escolher outro agente, senhora. Sabe que esta missão pode atrapalhar meu disfarce de
longo prazo.
Erika franziu os lábios.

— Nós já passamos por isso, A11. Seu outro disfarce não será
comprometido.

O maxilar do agente 11 apertou. Ele não disse nada.

Pete olhou entre eles com curiosidade. Pensou em perguntar sobre o

que era isso, mas então algo mais o acertou. Olhou para o agente 11.

— Você estará fingindo ser meu sugar daddy ?

— Sim, ele vai. — Disse Erika , sua voz como aço, seus olhos

aborrecidos no agente. — Como Korn disse, Brylsko é extremamente paranoico. Não tenho dúvidas de que
ele executará verificações de antecedentes em todos os passageiros. Nós não sabemos quão minuciosos
serão. Se sua cobertura falhar, sua outra provavelmente será a que Brylsko descobrirá, o que irá mantê-lo
seguro. Ele só pensará que está com muita vergonha de suas fantasias pervertidas para reservar o cruzeiro
sob seu nome real.
O agente 11 deu um aceno rápido.

Korn disparou ao agente um olhar um tanto preocupado antes de se

virar para Pete e dar-lhe uma pasta de arquivos.

— Estude isso. Você é Samuel ―Pete‖ Whitmarsh, um órfão com

poucos meios para se sustentar, mas com gosto pelas coisas caras. Você gosta de homens mais velhos,
especialmente se eles podem lhe dar o estilo de vida que deseja. Desde que você tinha dezesseis anos,
esteve em vários serviços de namoro on-line, atendendo a bebês de açúcar. Descobriu sobre o cruzeiro on-
line, através de um amigo de um amigo, o cruzeiro tem alguma reputação em certos círculos, por isso é
plausível.
Pete pegou a pasta e a olhou ansiosamente, sua mente correndo

mais de cem quilômetros por hora.

Entretanto, percebeu quando Korn entregou ao agente 11 uma

pasta similar.

— Se qualquer um de vocês tiver alguma dúvida, venha até mim. — Disse Korn . — Você tem
seis dias para preparar o Pete . Teremos instruções finais antes dele voar para a Turquia. Você vai sair uma
semana depois.
O agente 11 assentiu e saiu da sala. Pete correu atrás dele.

— Tenho uma pergunta. — Disse uma vez que estavam no corredor.

O agente olhou para ele e continuou caminhando.

— Você ouviu Korn . Se tiver alguma dúvida, vá até ele.


— Você não é hétero? Tem certeza de que pode interpretar de

maneira convincente um papai gay?

O agente 11 realmente riu.

Pete piscou e cruzou os braços sobre o peito.

— Não gosto quando as pessoas riem as minhas custas.

— Pete . — Disse o agente suavemente. — Confie em mim, este não

será o disfarce mais estranho ou o mais difícil que já tive. Longe disso. — Ele olhou para Pete , franzindo a
testa. — Você ainda não pareceu entender. Não importa quais são nossas preferências pessoais. É nosso
trabalho. — Olhou para a pasta na mão de Pete . — Estude seu disfarce. Tente entender o que motiva o
Pete. Seu disfarce deve ser perfeito. Se não estiver, estamos ambos ferrados. — O agente 11 olhou ao redor,
com os olhos nítidos, antes de se inclinar e dizer calmamente: — O que Erika e Will não disseram foi que
não haverá uma equipe de extração se ferrarmos com o plano. Nós estaremos sozinhos.
A boca de Pete ficou aberta.

— O quê? Por quê?

— Porque já tentamos pegar Brylsko antes. Nosso agente foi

descoberto. Mas, ao invés de apenas matá-lo, Brylsko fez muita confusão sobre o Serviço de Inteligência
Secreta Britânico ―espionando ilegalmente‖ um ―empresário honesto‖.
Os lábios do agente 11 se torceram.

— Brylsko tem muitas conexões no governo polonês e na União Europeia, e tecnicamente, não
há nenhuma prova conclusiva de que ele seja algo além de um empresário. Ele é muito bom para cobrir
suas pistas, o tipo escorregadio que sempre tem um plano de contingência para tudo. Assim, o Reino Unido
foi colocado numa posição muito complicada. Oficialmente, esta missão não é sancionada. Precisamos de
provas de suas ações, mas não podemos nos permitir ser capturados de novo. Brylsko e o governo polaco
têm muita alavancagem política como é, graças a esse fiasco.
— E queremos a alavancagem de volta. — Disse Pete . — Mas sem

alertar Brylsko para que não cubra suas pistas novamente?

O agente 11 sorriu e bateu no seu ombro.

— Nós faremos de você um agente secreto, Blue.

Pete tentou não se envaidecer, mas falhou e gemeu internamente.

Hormônios estúpidos.
Capítulo 5

As sessões de treinamento secreto com o agente 11 na semana

seguinte, foram bizarras e educativas. Eram fascinantes de uma maneira que as lições mais tradicionais de
Pete não eram. O agente 11 destruiu completamente as ideias preconcebidas que Pete tinha sobre a vida de
um espião secreto.
— Primeiro, esqueça tudo que viu em filmes de espionagem. — O

agente 11 disse, montando o rifle em suas mãos com calma e eficiência praticada. — Na maioria das vezes,
não participamos de perseguições de carros cheias de adrenalina, explosões e tiros. Na maior parte do
tempo, você será invisível, misturando e recolhendo informações do interior de qualquer organização
criminosa em que recebeu ordens para se infiltrar. Não é seu trabalho entrar com armas em punho. Existem
outras divisões para isso.
— Está realmente dizendo que nunca teve missões de matar? — Pete

disse, sem se preocupar em esconder seu ceticismo.

— Não. — O agente 11 colocou o rifle em um tripé montado na sua

frente, olhou através dele e fez pequenos ajustes na mira. — Estou dizendo que, quando me ordenam
matar, é de forma silenciosa e imperceptível, sem explosões envolvidas. Mas as missões de eliminação são
realmente muito raras. Não é nosso trabalho principal.
— Então, qual é o nosso trabalho principal? — Pete disse, ficando

confuso. — Infiltração?
Quando o agente não respondeu, Pete percebeu que havia colocado

protetores auditivos e estava prestes a dar um tiro. Rapidamente, Pete colocou seus próprios protetores e
observou o rosto concentrado do agente 11.
Finalmente, o outro homem disparou, o som ensurdecedor mesmo

com os protetores. O recuo empurrou o rifle em seu ombro, mas o agente 11 sequer piscou.
Ele acertou o alvo no centro.

Puxando o rifle em seu ombro, suas mãos acariciando o cano

enquanto se colocava em posição, o agente 11 disparou várias rodadas em rápida sucessão, desta vez sem
qualquer preocupação com o alvo. E ainda acertou no centro.
Lambendo os lábios, Pete tentou pensar em algo repugnante. Não,

não estava ficando excitado por ver um cara quente manusear uma arma. Não, não, não. Mas podia ser
possível que tivesse um fetiche por competência.
— O que estava dizendo? — O agente 11 disse, tirando os protetores

auditivos de Pete e depois os dele.

Foi uma luta lembrar do que estavam falando.

— Hum... — Disse Pete , muito inteligentemente. — Qual é o nosso

trabalho, então?

— Nosso trabalho principal é olhar alguém nos olhos e mentir. Você

deve ser capaz de mentir tão bem que possa enganar até mesmo alguém que te conhece, levando-o a
pensar que não é realmente você.
Pete olhou diretamente para o rifle que o agente estava

desmontando.

— Por que precisa dessa coisa, então?

— Porque as coisas raramente são perfeitas, não importa quão bom

você seja. É claro que, se é um bom mentiroso, pode ser capaz de improvisar e sair do problema, em vez de
recorrer à força bruta. Isso é sempre preferível, mas nem sempre possível. — O agente 11 afastou o rifle e
olhou para Pete atentamente. — Você estudou seu disfarce para a missão?
— Claro.

— Acha que entende o seu disfarce?

Pete assentiu depois de alguma hesitação. Ele fizera sua pesquisa e


estava bastante confiante, mas o olhar de avaliação do agente 11 estava fazendo com que se questionasse
novamente.
— Vamos ver. — Disse o agente 11 suavemente, levando Pete para

fora do campo de tiro e para a sala vazia mais próxima. Quando a porta se fechou atrás deles, ele disse:

— Dispa-se.

Pete ficou olhando.

— Por quê?

— Por que acha?

Pete suprimiu a resposta inadequada e se forçou a pensar.

— Vou ficar nu durante o leilão. — Disse ele. — Quer verificar o quão

confortável estou em ficar nu na frente de um público.

A aprovação silenciosa nos olhos do agente fez com que calor se

espalhasse na barriga de Pete e, mais uma vez, teve que reprimir o desejo se erguendo. Merda, aquilo
estava ficando chato - e bastante alarmante, para ser honesto. Não queria a aprovação do agente 11. Ele
não queria.
— Sim. — Disse o agente 11. — Você é Pete, um menino

aventureiro, que voluntariamente se inscreveu num leilão ilegal, procurando um rico papaizinho para cuidar
de suas necessidades. Nudez não incomoda você. Gosta de atenção. Sabe que está bem. Está orgulhoso do
seu corpo e quer mostrá-lo para atrair a melhor pegada possível. — O agente 11 olhou-o pensativo. — Você
está excitado. Talvez até tenha provocado. Hmm... Corar também seria aceitável. Você não é
necessariamente uma virgem corada, mas é inteligente o suficiente para entender que alguns homens
poderosos gostam da falsa inocência. Agora me mostre isso, Pete.
Pete respirou fundo e começou a se despir, tentando entrar na

mentalidade certa. Não queria decepcionar esse homem. Queria provar que poderia fazer isso. Queria ser
bom.
Puxando sua roupa íntima e meias, Pete se endireitou, ciente de quão

nu estava. Após um momento de pausa, caiu de joelhos e esperou, seu olhar baixou, os cílios ocultando sua
expressão.
A partir daquela posição, tudo o que podia ver eram os sapatos

pretos brilhantes e a calça negra do agente 11. Respirou profunda e uniformemente, tentando pensar como
Pete.
Não estava envergonhado.

Não estava embaraçado.

Sabia que era bonito e desejável...

Não, ele não era. O agente 11 era hétero. Pete provavelmente

parecia patético para ele, ajoelhado num chão frio, pálido, nu, e um pouco excitado. As bochechas de Pete
queimaram de humilhação.
— O que foi? — O agente disse, se aproximando. — Você estava indo

tão bem, mas agora está todo tenso e desajeitado.

Pete sacudiu a cabeça.

— Apenas sentindo-me autoconsciente. — Ele murmurou, olhando

para o chão.

— Não fique. — O agente 11 disse, empurrando a franja frouxa de Pete para longe de seus
olhos. — Olhe para mim, Blue. — Sua voz era gentil, mas imponente.
Pete obedeceu.

— Sinto muito... Não sou bom nisso. Pareço ridículo.

— Você não parece. Confie em mim, não tem motivos para se sentir

autoconsciente. Você é exatamente do tipo que os idiotas ricos gostam.

Pete zombou, incapaz de encontrar os olhos do outro homem.

— Vindo de um hétero, isso não significa muito. — Ele murmurou.

— Pete .

O comando na voz era impossível de ignorar. Relutantemente, Pete

olhou-o nos olhos.

— Eu posso ser hétero, mas não sou exatamente novo nisso. — Disse

o agente 11. — Tenho fingido ser um homem gay nos últimos anos para outra missão.
A boca de Pete se abriu.

— Mesmo? Por quê?

O agente 11 sacudiu a cabeça.

— Eu não deveria estar falando sobre isso com você. Não tenho

autorização.

Pete deu a ele seus melhores olhos de cachorrinho.


— Por favor?

A expressão do agente 11 ficou tensa antes dele rir.

— Você é uma maldita ameaça. — Ele suspirou quando Pete sorriu. — Tenho que namorar o
herdeiro de um dos homens mais ricos do Reino Unido, que é suspeito... De vários crimes internacionais
muito graves. Meu disfarce precisa ser à prova de balas. Precisa ser bom o suficiente para suportar qualquer
quantidade de escrutínio. É por isso que está demorando tanto.
Pete enrolou as mãos no colo.

— Como vai... Seduzir esse cara se você não é gay?

Agente 11 parecia quase divertido.

— Há coisas que podem me ajudar com isso.

Pete torceu o nariz.

— Viagra?

O agente encolheu os ombros, parecendo despreocupado.

— Se necessário. O cara é bonito o suficiente para ser confundido

com uma mulher, então pode não ser necessário. — Ele olhou para Pete . — Meu ponto é, tenho fingido
com sucesso ser um homem gay por anos. Então, gosto de pensar que sei do que estou falando.
— E realmente não acha que pareço ridículo?

— Não. — Disse o agente 11. — Você parece bem. Agora vamos

tentar de novo.

Pete assentiu, inalou profundamente e relaxou seu corpo. Ele era Pete, um menino aventureiro
que voluntariamente se inscreveu num leilão ilegal, procurando um papaizinho.
A nudez não o incomodava. Sabia que parecia bem. Sabia que ele era desejável. Gostava da
atenção. Gostava de sentir os olhos em seu corpo. Queria que as pessoas o quisessem. Queria ser adorado e
mimado.
Ele era Pete e se sentia bonito. Desejável.

— Bom trabalho, Pete. — Disse o agente 11, colocando uma

grande mão calejada na nuca de Pete .

Pete não ficou tenso. Ele não recuou. Olhou através de seus cílios

para o outro homem, mordendo o lábio inferior e se inclinando para o toque sutilmente.

Os olhos escuros sorriram para ele.

— Você está pronto.


Capítulo 6

Em qualquer outra circunstância, Pete teria ficado animado em

participar de um cruzeiro pelo Mediterrâneo, especialmente quando o navio era como um hotel cinco
estrelas, incluindo mesas repletas de cristais e vasos de palmeiras.
Tudo bem que não viu muito do navio antes que entrasse numa

enorme cabine abaixo do convés, que servia como cabine temporária para todos os garotos e garotas que
participavam do leilão.
Pete lutou para manter sua expressão adequadamente animada,

enquanto observava os outros conversarem animadamente sobre o leilão, que deveria começar em menos
de meia hora. Seu estômago revirou desconfortavelmente.
Para se distrair, olhou para os outros meninos e meninas. Havia cerca

de duas dúzias deles, e todos pareciam surpreendentemente bonitos e confiantes. Não importava o quanto
tivesse estudado para o seu disfarce, Pete se sentia como uma fraude, como se a qualquer momento
imaginariam que não pertencia aquele lugar.

— Nervoso?

Apenas seu treinamento com o agente 11 o impediu de se

encolher. Colando um sorriso, ele se virou.

Uma garota da sua idade sorria para ele com simpatia. Ela era muito

pequena e bonita, com longos cabelos dourados e enormes olhos azuis.


— Você é novo nisso, não é?

Pete assentiu. Ele estava feliz por ter um disfarce de novato; não

achava que poderia ter conseguido se passar por alguém experiente naquilo.

— Sou Pete. — Disse ele, estendendo a mão.

A garota a sacudiu.

— Sou Marta. Prazer em conhecê-lo! — Ela passou o braço pelo dele e

sorriu. — Não fique nervoso, querido. Vai ficar tudo bem. Minha melhor amiga participou deste cruzeiro no
ano passado e não poderia estar mais feliz com seu papaizinho.
— Mesmo? Ela tem um bom?

Martha sorriu.

— Eu o vi. Apenas quarenta e quatro e se encaixam pra

caralho. Trata-a como uma princesa. Estou com tanta inveja, espero ser comprada por alguém com metade
dos seus bens.
Pete mal se impediu de se encolher. Era difícil acreditar que todas

aquelas pessoas, aparentemente normais, quisessem ser compradas como escravas.


Para ser justo, sabia que o dinheiro provavelmente não era a única

motivação para eles. De acordo com sua pesquisa, alguns bebês de açúcar gostavam da sensação de
segurança, de estar sendo provido, cuidado. Alguns gostavam genuinamente de fazer homens mais velhos -
ou mulheres sentirem-se jovens novamente e proporcionar-lhes conforto e afeição após um dia estressante.
Também sabia que alguns deles, na verdade, eram animais de

estimação, que serviam outras pessoas. E, claro, alguns bebês de açúcar estavam lá apenas por
dinheiro.

Ele se perguntou a que categoria Martha pertencia. Decidiu que não

faria mal perguntar.

— O que você está procurando? — Pete disse. — Um relacionamento

completo ou um companheirismo mutuamente benéfico?

Martha deu de ombros.

— Estou aberta. Quero dizer, obviamente não vou assinar um

contrato ―tudo incluso‖ com alguém que não estou razoavelmente atraída, mas vou ficar bem com todo
o resto, desde que sejam legais e me tratem bem. Gosto de pessoas e elas gostam de mim, então não
espero nenhum problema em prover apenas companhia. — Ela piscou. — Mas, obviamente, ficaria mais
feliz com um papaizinho que adoraria meu corpo francamente incrível.
Pete bufou e decidiu que gostava dela.

— E você? — Ela disse.

Pete encolheu os ombros.

— Gosto da ideia de ser o favorito de alguém. Tipo, amo ser adorado,

mimado e elogiado. O sexo é secundário para mim, mas obviamente não me importo com sexo, se ele não
for feio. Ela sorriu em compreensão.
— Tenho certeza que vai encontrar alguém. — Disse ela, dando-lhe

um tapinha no braço. — Você tem cílios incríveis! Eu queria que os meus fossem...
— Atenção, por favor!

Eles se voltaram para a mulher de meia-idade num terno, que

apareceu na porta. Se Pete não soubesse melhor, ele a tomaria por uma administradora em uma empresa
de negócios mediana.
— Por favor, preparem-se. Podem deixar suas roupas e coisas

aqui. Nenhum telefone é permitido. Não se preocupem, suas posses estarão seguras.
Martha sorriu para Pete e começou a se despir. Não havia sinal de

vergonha ou embaraço em seu rosto bonito, como se despir-se numa sala cheia de estranhos fosse
perfeitamente normal.
Pete seguiu o exemplo, escondendo sua inquietação.

Eu posso fazer isso, ele disse a si mesmo com firmeza.

*****

Meia hora depois, ajoelhado na plataforma redonda no meio da enorme sala, nu e tremendo,
Pete já não tinha mais a certeza de que conseguiria fazê-lo.
Toda a experiência era surreal. Podia ver pelo canto do olho os outros pets, ajoelhados de
maneira semelhante, com as cabeças baixas, completamente nus, enquanto dezenas de homens ricos em
ternos feitos sob medida e algumas mulheres em vestidos igualmente caros andavam pela plataforma,
ficando ociosos, conversando e os examinando, como se fossem gado em exposição para potenciais
compradores - o que supunha que fossem.
Pete estava dividido entre rir histericamente do ridículo total da

situação e odiar cada um daqueles ricos idiotas. Era repugnante e meio triste que o dinheiro pudesse tornar
qualquer fantasia ridícula de algumas pessoas realidade.
A pior parte era que nem sequer vislumbrara o agente 11 até

agora. Isso fez seu estômago apertar com ansiedade. Conforme instruído, não esteve em contato com o MI6
desde que chegara à Turquia. E se algo tivesse acontecido e o agente 11 nem estivesse no navio? E se o
disfarce dele já tivesse sido explodido? E se Pete estivesse sozinho ali? E se...
— Levante a cabeça, garoto. — Disse uma voz masculina, num inglês

com forte sotaque. Um sotaque polonês.

Pete fez o possível para não congelar. Ergueu a cabeça devagar e

conseguiu manter a expressão dócil ao encontrar os olhos pálidos de Brylsko.

Ele tinha visto a foto do alvo, é claro. Objetivamente, Brylsko era

bastante atraente para um homem de meia-idade. Seu cabelo tinha apenas um toque de cinza nas
têmporas; seus dentes eram brancos, sua pele suave. Mas apesar de sua aparência arrumada, havia algo...
Oleoso no homem. Reptiliano. Ele lembrou Pete de uma cobra. Uma cobra escorregadia.
— Quantos anos tem, querido? — Brylsko disse, seu olhar varrendo Pete .
Suprimindo a vontade de falar que toda a informação estava

disponível nos tablets fornecidos pelos organizadores do leilão - um dos quais estava nas mãos de Brylsko -
Pete olhou para baixo e disse suavemente:
— Dezoito, senhor.

Brylsko o segurou pelo queixo e levantou seu rosto novamente. Pete

não conseguiu reprimir o estremecimento de repulsa ao toque. Esperando que Brylsko confundisse isso
com excitação, Pete se inclinou para o toque, seus olhos examinando a sala discretamente.
Onde diabos estava o agente 11?

— Um menino tão bonito. — Disse Brylsko, segurando sua bochecha e

passando o polegar sobre o lábio inferior de Pete . — Talvez eu dê um lance por você.
O estômago de Pete rolou. Lutou para manter sua expressão

inalterada. Não tinham considerado essa possibilidade. De acordo com a inteligência do MI6, Brylsko
sempre tinha bebês femininos; ele não deveria estar interessado nele.
Acalme-se, Pete disse a si mesmo, respirando uniformemente. Ele

não era realmente um escravo e não era um leilão real: realmente poderia recusar um contrato com o
maior lance, se não gostasse deles. O problema era que, se Brylsko fizesse uma oferta por ele e vencesse,
provavelmente ficaria muito ofendido se Pete recusasse sua oferta generosa.
Isso seria prejudicial para a missão: precisava se aproximar o

suficiente do alvo para roubar o pendrive, afinal.

Porra. Não estava preparado para isso. Seria mentira dizer que

nunca distraiu seus alvos antes de roubá-los, mas isso era outra coisa. Não era apenas um flerte sem
sentido. Não podia imaginar deixar Brylsko tocá-lo, fodêlo, possuí-lo. O simples pensamento o fez enjoado.
Não queria ser uma prostituta, nem mesmo pela Rainha e o País.
Antes que pudesse reagir às palavras de Brylsko, uma voz familiar

disse:

— Ele é realmente muito bonito.

Pete quase suspirou de alívio. Agente 11.

Ele olhou para a voz e piscou, observando a figura do agente. Ele

parecia... Parecia completamente diferente. Na semana em que Pete não o viu, o agente 11 conseguiu fazer
um bom trabalho. Enquanto a barba estava bem cuidada, mudava sua aparência muito, fazendo-o parecer
um pouco mais velho. E isso não era tudo. Havia algo diferente na maneira como o agente se comportava.
Não parecia mais uma arma cuidadosamente controlada; sua postura

era relaxada, quase preguiçosa, o corte de seu terno de grife de alguma forma escondendo seu físico
impressionante. Era a imagem perfeita de um civil rico e hedonista. Até a voz dele soava muito melhor do
que normalmente.
O agente 11 e Brylsko trocaram um olhar que durou um pouco

demais, até que Brylsko sorriu agradavelmente e estendeu a mão.

— Milosz Brylsko. E você é Vegas Theerapanyakul, acredito.

Pete mal escondeu sua surpresa e medo. O nome do agente 11 para

esta missão deveria ser Korn Robertson, não Vegas Theerapanyakul. Seu disfarce já estava queimado?
Pete olhou para o agente, mas ele não parecia surpreso nem

cauteloso. Parecia... Envergonhado?


— Apreciaria se mantivesse meu nome verdadeiro quieto. — O agente 11 disse com uma
pequena careta, apertando a mão de Brylsko. Depois riu. — Minha família ficará muito chocada se
descobrirem que estou num cruzeiro como esse.
Brylsko bufou.

— Famílias. Acho que quanto menos souberem sobre nossos... Interesses, melhor. — Seus
olhos azuis se voltaram para Pete . — Não é verdade, querido?
— Não tenho família, senhor. — Pete disse suavemente, sua mente

correndo. Brylsko havia descoberto o outro disfarce do agente 11? O agente 11 não queria se
comprometer? Mudou alguma coisa para esta missão?
— É uma pena. — Disse Brylsko com algo parecido a um sentimento

genuíno. — Fala polonês, garoto?

Pete balançou a cabeça, esperando, além da esperança, que isso o

tornasse menos atraente aos olhos de Brylsko.

— Não sou muito bom em idiomas, senhor. É por isso que prefiro

morar em um país de língua inglesa.

Brylsko olhou para o agente 11.

— Parece que está com sorte, Sr. Bommer. Ou é Lorde Bommer? Receio não estar muito
familiarizado com títulos britânicos e honoríficos.
O agente 11 sacudiu a cabeça com um sorriso triste.

— A menos que meu primo morra sem deixar filhos, serei um simples

senhor pelo resto da vida. Não ligo para títulos, de qualquer maneira. Não sou esnobe. Vegas está bem.
— Então deve me chamar de Milosz. — Brylsko olhou para Pete . — Você está interessado no
garoto? Deveria estar. Estou quase tentado, mas odeio manter meu animal de estimação num país no qual
ele não quer estar.
Isso seria cruel, e não sou um homem cruel.

Pete esperava que seu rosto não traísse sua descrença e alívio.

— Ainda não decidi. — Disse o agente 11, olhando para Pete . — Mas

o menino é realmente bonito. — Ele colocou a mão no pescoço de Pete , o polegar subindo lentamente até
chegar ao lábio inferior de Pete .
Desta vez, o arrepio de Pete não foi causado por repulsa.

— Muito bonito. — Disse o agente 11, sua voz profunda ficando mais
rouca.

Pete não teve que convocar o rubor que aqueceu suas

bochechas. Sabia que sua reação era estúpida, ―Vegas‖ era um excelente ator, mas ele não podia evitar.
— Pete, não é? — O agente 11 disse, olhando para o crachá aos

pés de Pete .

Pete assentiu, seus olhos se fecharam quando ―Vegas‖ começou a

passar os dedos fortes pelos seus cabelos. Parecia impossivelmente bom. Ele quase podia entender porque
todas essas pessoas queriam viver aquela fantasia.
Brylsko riu.

— Ele já parece bastante tomado por você.

— Você está, Pete? — Vegas disse.

Pete forçou os olhos a abrirem e assentiu, inclinando-se para o

toque.

Tinha quase certeza de que podia ver aprovação nos olhos do agente

11.

— Aceitará um contrato comigo, se eu fizer uma oferta por você? — O

agente murmurou, acariciando a bochecha de Pete com os nós dos dedos.

Em vez de responder, Pete virou a cabeça e se aninhou na mão do

agente 11. Antes que pudesse pensar duas vezes, beijou-a suavemente.

Por uma fração de segundo, houve um olhar estranho nos olhos do

outro homem, mas desapareceu tão rápido que não tinha certeza se não tinha imaginado.
Agente 11 sorriu para ele.

— Vou te ver mais tarde, então.

E então ele recuou - e Pete percebeu que esquecera completamente

que Brylsko estava a poucos metros de distância, observando-os.

— Vamos dar uma olhada em outros pets? — Disse o agente 11,

olhando para Brylsko.

Brylsko olhou de Pete para Vegas, o rosto indecifrável, antes de

acenar e passar para o próximo animal de estimação.

Pete baixou o olhar, obrigando-se a não olhar para o agente 11 se


afastando.

*****

Oito pessoas deram lances por ele. Oito.

Pete pensou que oito pessoas o queriam o suficiente para comprá-lo

por uma quantia exorbitante de dinheiro.

As pessoas ricas eram loucas de pedra.

No final, ―Vegas Theerapanyakul‖ ganhou o leilão. Brylsko não tinha feito

nenhuma oferta por ele, comprou uma linda garota de cabelos escuros, mas Pete o pegou lhe olhando
algumas vezes. Não sabia o que fazer com aquilo. Brylsko suspeitava de algo?
Pete ainda estava ponderando enquanto ele e ―Vegas Theerapanyakul‖

lidavam com as formalidades. Para um leilão ilegal, havia uma quantidade surpreendente de papelada.
Parecia que os organizadores do leilão não eram nada além de competentes. Por curiosidade, examinou seu
contrato e quase ficou boquiaberto ao ver o ultrajante ―Subsídio‖ que Vegas ofereceu para lhe pagar todos
os meses.
Finalmente, depois do que pareceu séculos, o agente 11 o conduziu

em direção ao que provavelmente era sua cabine. Pete foi obediente, tentando ignorar o toque na parte
inferior das costas. Deus. Como deveria se concentrar no trabalho quando parecia perder todo o seu foco,
toda vez que aquele homem o tocava? Aquilo estava começando a ficar muito chato.
A porta se fechou atrás deles e Pete olhou ao redor da cabine. Era

espaçosa e confortável. A mala de Pete já estava lá, na enorme cama que dominava a cabine. Pete lambeu
os lábios e se virou para olhar para o parceiro.

Agente 11 estava desabotoando seu paletó, seus olhos varrendo a

cabine de uma maneira aparentemente casual, mas Pete sabia que estava procurando por grampos. Foi
avisado sobre isso. Até que o agente confirmasse que a cabine estava livre de grampos, tinham que
continuar jogando seus papéis.
— O que gostaria que eu fizesse, senhor? — Pete disse suavemente.
O agente 11 estremeceu um pouco, tirando o paletó e indo até o

guarda-roupa para pendurá-lo.

— Primeiro, não me chame de senhor. Vegas está bem.

Pete assentiu, pronunciando o nome silenciosamente. Provavelmente

precisava começar a pensar no agente como Vegas. Não podia se dar ao luxo de entregá-los.
— Como gostaria que eu te chamasse? — Vegas disse, afrouxando a

gravata, seus olhos escuros encobertos e enganosamente cansados, enquanto continuavam varrendo a
cabine.
Pete franziu a testa, não entendendo a pergunta.

— Pete?

Vegas riu, seus dedos bronzeados desabotoando sua camisa branca

de uma maneira que era muito distrativa. Pete tentou não encarar a princípio, mas depois percebeu que
Pete, o Bebê Doce, iria cobiçar seu papaizinho, especialmente quando ele era tão gostoso.
— Algumas pessoas têm uma aversão a apelidos. — Vegas

esclareceu, deixando a camisa aberta, revelando seu peito largo e musculoso, e um conjunto absolutamente
perfeito de abdominais, com um rastro de cabelo escuro desaparecendo em sua cintura.
Pete quase choramingou com a injustiça daquilo. Por que os quentes

sempre eram héteros?

— Pete?

Pete piscou e desviou o olhar da trilha feliz de Vegas.

Vegas levantou as sobrancelhas um pouco.

Pete corou, percebendo que foi pego babando. Ele bateu os cílios.

— O quê? Um cara não pode olhar para o seu papaizinho quente?

A expressão de Vegas ficou divertida.

— É bom saber que não me acha repulsivo. — Ele olhou para o contrato que colocou na mesa.
— Precisamos conversar sobre isso, a propósito. Mas primeiro, tome um banho. Você fede.
— Eu não!

— Você fede aos outros homens que te tocaram.

O leve desprezo nos lábios de Vegas era perfeito, sua expressão

um pouco zombeteira, mas principalmente possessiva. Pete sentiu vontade de aplaudir sua atuação.
Ele não podia, claro.
Em vez disso, colocou seu sorriso mais insolente.

— Vai se juntar a mim?

Os lábios de Vegas se contraíram.

— Talvez. Se você for muito bom.

Sorrindo, Pete pegou o pijama da mala e foi até o

banheiro. Conforme instruções pré-missão, ele se despiu rapidamente e começou a tomar banho,
colocando o chuveiro na posição mais alta. Se a cabine estivesse grampeada, o chuveiro era o único lugar
em que podiam conversar sem serem ouvidos. Deus, esperava que a cabine não estivesse grampeada. Não
tinha certeza se poderia agir como Pete, o sugar baby o tempo todo. Pelo menos, não tinha que fingir ser
atraído por seu papai.
Pete fez uma careta ao pensar, uma nova onda de mortificação

lavando sobre ele. Só podia esperar que Vegas pensasse que era um excelente ator. A única coisa pior do
que ser atraído por um homem heterossexual, era esse homem saber disso e sentir pena dele.
Não vacilou quando a porta do banheiro abriu. Fechou os olhos,

deixando a água bater em seu rosto e ombros, de costas para a porta. Mas se perguntou se o agente 11
gostava da vista.
Não seja bobo. Não importa o quão legal seu traseiro seja, não

transformará um homem hétero em gay.

Depois de alguns minutos, sentiu um corpo firme e musculoso

pressionando contra suas costas. Uma barba roçou sua orelha antes que o agente 11 dissesse baixinho
sobre o som da água.
— Dois grampos na cabine, um no banheiro. Possivelmente uma

câmera escondida no guarda-roupa, mas ainda não é possível verificar sem despertar suspeitas.
Pete respirou fundo.

— Por que há grampos? Disseram que seria altamente improvável.

Ele sentiu Vegas suspirar contra sua orelha.

— A verificação de antecedentes de Brylsko era mais completa do que o esperado por Erika .
Meu disfarce foi queimado porque tenho uma cobertura bastante pública como Vegas Theerapanyakul na
Inglaterra. Fui capaz de explicar o uso de um nome falso, mas claramente Brylsko ainda tem algumas
suspeitas, se instalou grampos na minha cabine. — Suas mãos acariciaram o peito de Pete . — Isso
obviamente complica as coisas, mas se provarmos a ele que somos quem dizemos, sua guarda deve baixar.
— Estamos em perigo? — Pete disse, tentando ignorar as grandes

mãos calejadas em sua pele. Trabalho. Aquilo era trabalho para Vegas.

— Não em perigo imediato. — O agente murmurou, arrastando as

mãos por todo o peito de Pete , seus lábios roçando no seu pescoço. — Brylsko é muito paranoico. Se
realmente suspeitasse que eu estava atrás dele, não teria me deixado entrar no navio.
Pete suspirou.

— Qual é o plano agora?

— Nada mudou. Nós jogamos nossos papéis e tentamos chegar perto

o suficiente de Brylsko.

— E os grampos?

— Não fazemos nada sobre eles. Os civis nunca os notariam.

Pete mordeu o lábio.

— Mas se houver grampos e câmeras na cabine... Nós teremos que...

Ele sentiu os músculos de Vegas ficarem tensos.

— Sim. Desculpe por isso, Blue. — Ele suspirou contra a nuca de Pete . — Eu te disse, você é
muito jovem para este trabalho.
Pete franziu os lábios.

— Pare de me tratar como uma criança. Cresci nas ruas de Londres,

sabia? Estou pronto para isso. Você está?

Vegas soltou um ruído frustrado.

— Não é um jogo, Pete. Você entende o que vai fazer?

— Entendo.

— Mesmo? — As mãos de Vegas se moveram para os quadris de Pete .


Pete engoliu em seco e disse ao seu pau para se comportar.

Previsivelmente, seu pênis não escutou.

— Sim.

Vegas xingou baixinho, seu corpo praticamente irradiando

frustração.

— Eu não vou te foder. — Ele disse no ouvido de Pete .

O pênis de Pete se contraiu com a palavra 'foder'.


— Mas vou ter que fazer alguma coisa. — Disse Vegas. — Você

entende isso, certo?

Pete assentiu, lambendo os lábios.

— Eu posso chupar seu pau? — Ele ofereceu, esperando que não

parecesse muito ansioso. — Não é nada demais, na verdade. Gosto disso. — Isso era uma espécie de
eufemismo, para ser honesto. Ele amava chupar pau, sempre teve um pouco de fixação oral.
Vegas exalou alto.

— Tudo bem. — Disse ele antes de tirar as mãos de Pete . — Vá. Comporte-se normalmente.
Mostrar alguma emoção e nervosismo também seria apropriado. Não procure por grampos.
— Sim, senhor. — Disse Pete , pretendendo dar-lhe uma saudação

insolente, mas quando realmente viu o agente 11 nu e molhado, esqueceu como falar. Felizmente, Vegas
não estava olhando em sua direção e não podia vê-lo babando de novo.

Finalmente, Pete conseguiu afastar os olhos e saiu do banheiro.

Assim que estava na cabine, percebeu que havia deixado o pijama no

banheiro. Gemendo de frustração, caminhou até a sua mala e remexeu nela, tentando encontrar algo para
dormir e determinado a não pensar no corpo molhado e musculoso do agente 11. Ou seu pênis, de dar
água na boca, mesmo em estado de descontração.
Hétero, indisponível, muito mais velho e fora do meu alcance.
Pete repetiu isso em sua cabeça, mais e mais, mas foi inútil.

A única coisa em que parecia ser capaz de se concentrar era o fato

estimulante de que logo conseguiria chupar aquele pau.

Foda-se sua vida.

Capítulo 7

Pete já estava estendido sob os lençóis quando a porta do banheiro

abriu e fechou.
Não abriu os olhos quando o colchão afundou e um corpo pesado se

juntou a ele na cama.

Mas quando um braço musculoso envolveu sua cintura, Pete o fez.

— Você se importa? — Vegas disse, sua voz rouca de sono.

Pete se perguntou se a sonolência era real.

Ele se perguntou se algo naquele homem era real.

E se perguntou quem era o agente 11 e o que estava realmente

pensando por trás da máscara perfeita de Vegas Theerapanyakul.

— Não. — Respondeu Pete , virando-se para o outro homem.

A cabine estava iluminada apenas pela luz fraca da mesa, e o rosto

de Vegas estava meio nas sombras. Mas Pete ainda podia ver mais do que o suficiente. Vegas estava apenas
com uma boxer preta, seu corpo longo, musculoso e absolutamente de dar água na boca.
Pete desviou o olhar para o rosto de Vegas, embora não foi uma

grande melhoria. Ele se viu encarando impotente a mandíbula firme de Vegas e os lábios perfeitamente
esculpidos.
— Provavelmente deveríamos conversar. — Disse Vegas com um

bocejo que Pete estava quase certo de que era falso. — Conhecer um ao outro.

— Provavelmente deveríamos. — Pete concordou, reprimindo o

desejo de procurar as escutas no quarto. Alguém estava ouvindo a conversa deles nesse momento? Alguém
os estava assistindo?
Vegas fez um barulho afirmativo, fechando os olhos.

— Mas estou exausto depois de toda a emoção de hoje. Tive um longo

voo e quase fui expulso do cruzeiro, antes mesmo de começar.

Profundamente consciente das escutas, Pete tentou pensar no que Pete, o sugar baby , diria.
Pete provavelmente seria curioso.
— É verdade que usou um nome falso para chegar até aqui? — Perguntou Pete . Seria suspeito
se não perguntasse. — Por quê?
— Não queria que ninguém em casa descobrisse que estava num

cruzeiro como este. — Vegas sorriu com tristeza, sem abrir os olhos. — Você provavelmente adivinhou que
sou novo nisso.
— Mesmo?
— Até alguns meses atrás, eu teria rido se alguém me dissesse que

pagaria por companhia.

— Por que está fazendo isso, então? Hum, não parece exatamente

que precisa pagar por companhia.

Vegas abriu os olhos e olhou para ele.

— Eu trabalho para uma das maiores empresas financeiras do Reino Unido. Depois que fui
promovido a chefe de departamento, não tive tempo para namorar. E, geralmente, estou cansado demais
depois do trabalho para sair e bater em alguém. — Ele fez uma careta. — Uma noite só não é o que quero,
de qualquer forma. Ficou velho anos atrás.

Pete olhou para ele com curiosidade. Agora ele se perguntava para

que servia este disfarce. Era o que o agente 11 usaria para seduzir aquele rico herdeiro que mencionou há
algum tempo?
— O que quer, então? — Pete murmurou.

— Sempre quis algo estável. Talvez até casamento e algumas

crianças, em algum momento. Mas não tenho tempo, pelo menos, não agora. Talvez quando as coisas
estiverem menos agitadas no trabalho, eu ache a hora certa, mas...
— Mas, por enquanto, só quer algo descomplicado, mas estável. — Pete terminou para ele,
balançando a cabeça em compreensão. Ele não podia evitar, mas admirou a capacidade do agente 11 de
mentir de forma tão convincente. Essa missão claramente comprometera seu outro disfarce, mas o agente
ainda achava uma maneira de tornar a participação de Vegas Theerapanyakul neste cruzeiro algo crível.
— Sim. — Disse Vegas e riu baixinho, sua voz atada com

sonolência. — Nem lembro como acabei nos sites dos papaizinhos, mas acho que o Google sabe de tudo.
Pete riu disso.

— O mesmo aqui. Você é meu primeiro também. Quero dizer,

conversei com alguns potenciais papaizinhos nesses sites, mas não foi realmente a lugar nenhum. — Ele fez
uma careta. — Tipo, sou tão mente aberta quanto um cara comum, mas faço uma linha para enviar a um
estranho uma foto minha usando um babador para bebês e nada mais.
Vegas riu, uma risada profunda e genuína, que enviou uma emoção

através do corpo de Pete .

— Realmente? — Vegas disse.

Sorrindo, Pete assentiu, sentindo-se estupidamente satisfeito consigo


mesmo por fazer Vegas rir. Essa parte da história era real o suficiente. Ele tinha feito uma conta em um site
de namoro bebê e conversou com algumas pessoas. Foi muito esclarecedor.

— Sim. Acho que é verdade quando dizem que há muitos esquisitos na internet. — Disse Pete .
— Quase desisti de procurar, mas alguém mencionou esse cruzeiro, que os organizadores checavam todas
as origens de potenciais papais de açúcar, eliminando os esquisitões. — Essa parte era supostamente
verdadeira, mas considerando que Brylsko foi aprovado, Pete não tinha muita fé nisso.
Pete olhou para Vegas.

— Então... Realmente aprecio se me disser se estou fazendo algo que não quer que eu faça.
Todo o meu conhecimento sobre esse tipo de relacionamento é teórico, sabe?
Vegas cantarolou em concordância.

— Eu vou, mas isso vai nos dois sentidos, Pete. Sei que disse em

seu questionário que era flexível e estava disposto a tentar praticamente qualquer coisa, mas se estiver
desconfortável com algo que eu pedir, vai me dizer. — Ele olhou para Pete seriamente. — Sei que estou te
pagando pela sua companhia, mas você não é uma prostituta e não quero que pense que deve fazer tudo o
que eu quiser.
Pete sorriu para ele.

— Obrigado. — Ele disse suavemente, sentindo-se ridiculamente

tocado. Que diabo, ele não era nem um verdadeiro sugar baby . — Estou feliz que você seja meu primeiro
papaizinho.
Vegas apenas olhou para ele por um tempo, sua expressão

impossível de ler na penumbra.

— Estou feliz que seja você também.

Eles se encararam.

O silêncio se estendeu e o coração de Pete começou a bater forte.

Estava se tornando cada vez mais difícil ignorar que estava na cama

com um homem insanamente atraente, que deveria ser seu pasugar daddy .

Cujo pênis iria chupar.

Pete lambeu os lábios.

— Porra, estou batido. — Disse Vegas, quebrando o silêncio. —

Vamos dormir. Conversaremos amanhã.


Pete lutou para esconder sua decepção. Obviamente, sabia por que Vegas fingia estar cansado:
queria adiar o inevitável, pelo tempo que pudesse.
Se Vegas pensou que Pete apreciaria, estava errado. Qual era o

ponto em adiar o que aconteceria de qualquer maneira? O suspense só iria deixá-lo mais ansioso.
Essa não é a razão pela qual não quer esperar, sua voz interior disse

maliciosamente. Você está morrendo de vontade de se sufocar em seu pênis.

Pete franziu o cenho, suas bochechas em chamas.

— Posso chupar seu pau antes de irmos dormir?

O corpo de Vegas não ficou tenso, mas Pete sentiu algo nele

mudar. Vegas olhou-o com admiração.

— Como um obrigado por me escolher? — Pete acrescentou com uma

audácia que não sentia. — Vegas, posso dar um beijo de boa noite ao seu pau?

Vegas riu.

— Isso foi terrível. Você é uma coisinha sem vergonha, não é?

Pete sorriu.

— Ei, não sou pequeno! Eu sou alto! Não sou muito mais baixo que

você.

Um pequeno sorriso curvou os lábios sensuais de Vegas.

— Você é como um cervo bebê, Blue. — Ele rolou de costas e levantou

as sobrancelhas, olhando para Pete através de pálpebras pesadas, uma imagem de masculinidade e
indulgência. — Se acha que pode me deixar duro quando estou tão cansado, vá em frente, Bambi.
Pete olhou para a cueca preta de Vegas e engoliu nervosamente,

sabendo que o desinteresse de Vegas não tinha nada a ver com o cansaço.

Era apenas trabalho para ele. Não tinha interesse em Pete .

— Segundos pensamentos?

— Não. — Disse Pete , movendo-se entre as coxas grossas e

musculosas do agente. Inclinou-se e esfregou a protuberância sob a cueca de Vegas.

Vegas não estava duro, mas o tamanho de seu pênis ainda fazia a

boca de Pete encher de água. Porra, queria aquilo em sua boca, queria senti-lo endurecer dentro dele - por
causa dele. Quanto tempo se passou desde que chupou um pau tão grande? Tempo demais.
Pete arrastou os lábios entreabertos ao longo do comprimento do

pênis antes de chupar a cabeça através do tecido. Vegas respirou fundo. Pete sorriu, puxou a boxer para
baixo e deu uma pequena lambida na cabeça, antes de lambê-lo da base até a ponta. O pênis de Vegas
começou a endurecer.
Satisfeito, Pete levou o pênis em sua boca, gemendo um pouco

quando sentiu que endurecia ainda mais. Começou a balançar a cabeça para cima e para baixo no
comprimento endurecido, girando a língua em torno dele e cantarolando alegremente quando ficou mais
grosso e mais longo, esticando seus lábios até o limite. O gosto, o alongamento, a sensação do pau grosso
acariciando a pele sensível dentro de sua boca o deixou tonto.
A única coisa que o incomodava era o quão quieto Vegas estava. Pete olhou para cima e viu que
ele tinha os olhos fechados, a mandíbula cerrada. O único sinal visível de que estava se divertindo era a
ereção na boca de Pete .
Ele estava pensando em alguma mulher?

O pensamento o incomodou mais do que provavelmente deveria, o

incomodou o suficiente para soltar o pênis de Vegas e dizer:

— Olhe para mim.

Vegas abriu os olhos, sua expressão difícil de ler enquanto

observava Pete lamber seu pênis lentamente. Pete estava com medo de que a ereção de Vegas murchasse,
agora que ele não podia fingir que estava recebendo um boquete de uma mulher, mas o pênis permanecia
duro e grosso contra os seus lábios.
Olhando Vegas nos olhos, Pete sorriu e lambeu a ponta grossa, o

toque de sua língua provocando. Ele podia sentir as coxas de Vegas tensas.

Uma mão grande pousou em cima da cabeça de Pete . O toque foi

gentil, os dedos de Vegas roçando sua orelha sensível e, em seguida, acariciando sua bochecha. Pete
estremeceu e virou o rosto para acariciar a palma de Vegas. Ele notou a mudança na expressão de Vegas só
porque estava observando-o de perto.
Carinho.

Vegas gostava dele.

Isso deixou Pete tonto. Ele não se importava que o sentimento não

fosse nem sexual, nem romântico para o agente 11. O importante era que era genuíno; pelo menos, Pete
tinha certeza disso.
— Você é tão jovem... — Murmurou Vegas, olhando para Pete com

uma expressão estranha e fixa. — Um bebê.

Pete lambeu a cabeça de seu pênis.

— Não tão jovem. — Disse ele com um sorriso, e levou o pau de Vegas de volta em sua boca.
Não foi o melhor boquete que já deu, mas provavelmente foi o mais

entusiasmado. Sabia que era desleixado, babando em todo o pênis de Vegas, com excesso de zelo e ansioso
para agradar, mas não podia evitar. Sempre gostou de chupar pau, mas absolutamente amava chupar Vegas,
cantarolando e gemendo, enquanto balançava a cabeça para cima e para baixo, tentando levar o máximo do
pênis dentro de sua boca.
Vegas observou-o chupar seu pau através de olhos escuros e

pálpebras pesadas, acariciando preguiçosamente o cabelo de Pete , sua linguagem corporal fodidamente
indulgente, como se estivesse afagando o seu animal de estimação favorito. Algo nisso atingiu Pete do jeito
errado, mas gostava demais de ter as mãos de Vegas em seus cabelos para dizer a ele para parar.
— Estou perto, bebê... — Vegas advertiu em algum momento, um

ligeiro aperto de sua voz baixa, traindo que não estava tão composto quanto parecia.
Bebê.

Pete gemeu e não saiu, fodendo a boca no pênis vazando e

saboreando o gosto de pura excitação masculina. Queria que Vegas gozasse em sua boca, queria uma prova
de que ele, Pete , fizera aquilo. Se perguntou o que o agente 11 estava pensando, se gostava de ver um
garoto gay chupando seu pau.
Ele olhou para cima, encontrou os olhos de Vegas e engoliu o pênis

até que atingiu sua garganta. Engasgou um pouco, mas pareceu fazer o truque e Vegas gozou, sua
respiração engatando e sua mão agarrando o cabelo de Pete .
Pete engoliu em seco e continuou chupando o pênis, até que Vegas

sibilou um pouco e o puxou. Desapontado que acabou, Pete baixou o rosto no estômago de Vegas,
lambendo o interior de sua própria boca e perseguindo o gosto.
Deus, queria fazer isso de novo.

Por fim, Pete levantou a cabeça e olhou para o outro homem. O rosto

de Vegas estava relaxado, o contentamento rolando de seu corpo em ondas. Agora ele parecia sonolento de
verdade, seus dedos brincando com o cabelo de Pete .
Pete sorriu, sentindo-se satisfeito e um pouco convencido.
— Venha aqui. — Disse Vegas.

Pete se deitou, pressionando o rosto contra o ombro de Vegas.

— Bom trabalho. — Disse Vegas, dando um beijo na sua cabeça. — Agora, cuide do seu
pequeno problema e então poderemos dormir.
Pete piscou, surpreso que Vegas tivesse notado sua excitação e não

escolheu ignorá-la.

— Ok. — Disse ele, deslizando a mão em sua cueca e puxando para

fora seu pau duro.

Enfocando o rosto no braço de Vegas, ele se tocou vagarosamente. Uma parte dele ficou
maravilhada com a sensação natural de conforto. Não sentiu nenhum constrangimento, mesmo que
estivesse abraçado a um homem hétero, enquanto se masturbava com a permissão desse homem. Não
parecia embaraçoso. Ele se sentiu bem. Seguro, confortável e excitado. Quando dedos fortes começaram a
brincar com seu cabelo novamente, Pete gemeu no ombro de Vegas e começou a acariciar seu pênis com
mais força.
— É isso... — Vegas murmurou, puxando seu cabelo um pouco. — Solte-se, Pete.
Pete fez, gozando com um gemido, seus dedos ondulando, enquanto

o prazer passava por seu corpo. Deus, a sensação...

Ele apenas observou Vegas limpando seu estômago com uma

toalha.

— Agora, durma. — Disse Vegas, colocando um Pete sonolento de

volta ao seu lado.

Júbilo. Pete nunca soube realmente o que significava, mas agora o

fez, porque ter Vegas o envolvendo, depois que ambos gozaram, parecia como a melhor coisa de todas. O
peso reconfortante do braço de Vegas, os pequenos arrepios ainda subindo e descendo na sua pele, e o
calor da respiração de Vegas contra sua testa... Não queria se mexer novamente. E nunca em sua vida se
sentiu tão seguro.
Pete dormiu e sonhou com um dia quente de verão.
Capítulo 8

Pete bocejou e enterrou o rosto mais fundo no travesseiro. Seu

travesseiro se moveu.

— Levante e brilhe, dorminhoco.

Pete abriu os olhos. Ele se viu olhando nos olhos escuros de Vegas,

com os rostos a centímetros de distância.

— Dormiu bem? — Vegas disse, sua voz grossa de sono.

Pete ficou meio dividido entre socá-lo e empurrá-lo de costas e

lambê-lo da cabeça aos pés. Ninguém devia ser tão atraente e ter uma voz tão sexy.
— Dormi como um bebê. — Pete murmurou, suprimindo ambos os

desejos. — Seu braço é muito confortável.

— Estou feliz que pelo menos um de nós estava confortável. — Disse Vegas, seus lábios se
contorcendo. — Meu braço ficou dormente horas atrás.
Corando, Pete moveu a cabeça para o peito de Vegas.

— Melhor?

Vegas riu.

— Eu gosto de você, Pete.

Pete sorriu contra a pele quente de Vegas e beijou-o no peito.

— Gosto de você também. — Ele gostava. Um pouco demais para seu

conforto. Não era apenas atração física; na sua idade, foi atraído por muitas pessoas. Ele se sentia bem com
Vegas. Confortável. Protegido e quente por dentro. Como se nada de ruim pudesse acontecer.
— Temos que levantar? — Ele murmurou, aninhando-se no peito de Vegas. O cara tinha
peitorais incríveis, mas, para desgosto de Pete , não era a razão pela qual ele não queria se mexer. —
Acaricie meu cabelo.
Vegas bufou.

— Mandão. — Disse ele, mas fez o que lhe foi dito.

Pete cantarolou em contentamento quando os dedos de Vegas


começaram a passar pelos seus cabelos. Porra, estava ficando um pouco viciado naquelas mãos. Tentou não
imaginar o quão agradável aquelas mãos se sentiriam em seu corpo; era inútil pensar em algo que nunca
aconteceria.
— Temos que levantar. — Disse Vegas depois de alguns minutos de

silêncio confortável. — Estou com fome e você provavelmente também está. É um garoto em crescimento.
Devemos ir ao restaurante. — Procurar por Brylsko.
Pete suspirou. Sabia que Vegas estava certo. Não podiam passar o

dia na cama, não importa o quão atraente a perspectiva parecesse agora.

— Tudo bem. — Disse ele, relutantemente rolando fora de Vegas e

tentando se colocar na mentalidade certa.

Tinham um trabalho a fazer. Sem mencionar que provavelmente era

uma boa ideia colocar alguma distância entre eles. Estava ficando muito confortável com Vegas. Para
alguém que tinha sido independente a vida toda, esse... Apego rápido em formação estava começando a lhe
dar nos nervos. Se não tivesse cuidado, estaria em apuros. Ele precisava lembrar que era apenas um novato
que Vegas - agente 11 - tinha que tomar conta nessa missão. Nada mais.
Quanto mais cedo fizesse o trabalho, melhor.

*****

Martha fez um discreto sinal de positivo para Pete quando ele e Vegas se sentaram no
restaurante. Ela estava na companhia de um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos, que se portava
como se fosse dono do mundo. O cara tinha um rosto forte e robusto, mas parecia que poderia ser o pai
dela em vez do seu amante. Martha parecia feliz o suficiente, então imaginou que seu papaizinho estivesse
bem.
Pete olhou para o próprio companheiro e reprimiu um suspiro. O

papaizinho de Martha não tinha nada dele. Vegas parecia escandalosamente gostoso naquele terno escuro,
a camisa azul meio desabotoada, revelando a pele bronzeada, em que Pete queria esfregar o rosto. Ele
provavelmente estava encarando novamente. Felizmente, Vegas não pareceu notar, seus olhos varrendo o
restaurante de uma maneira aparentemente descontraída.
Embora Pete não olhasse em volta, soube imediatamente quando Brylsko entrou na sala. A
expressão de Vegas não mudou, nem endureceu, nem o olhou. A única coisa que traiu Vegas foi o quão frio
seus olhos ficaram quando tomou um gole de café. Pete foi incomodamente lembrado de que aquele
homem não era apenas um espião. Também era um assassino sancionado pelo governo, quando a ocasião
pedia isso.
— Tente estas. — Disse Pete , mastigando uma panqueca. —

Deliciosas.

O gelo derreteu dos olhos de Vegas quando desviou o olhar para Pete .
— Estão? — Ele disse. — Você deve comer seus legumes também.

— Você não é minha mãe. — Disse Pete , estendendo a mão para

outra panqueca.

Vegas deu-lhe um olhar aquecido.

— Eu deveria esperar que não.

Pete quase gemeu em voz alta. Foi realmente necessário? O agente 11 merecia um Oscar por
sua performance.
— Venha aqui. — Disse Vegas, dando um tapinha no seu colo.

— Estamos em um restaurante, Vegas. — Pete apontou com um

sorriso, embora estivesse perfeitamente consciente de que era uma desculpa esfarrapada. Não era um
restaurante normal. Outros bebês de açúcar se aconchegavam contra seus papais de açúcar ou estavam
sentados em seus colos. Um cara estava ajoelhado aos pés de uma mulher de meia-idade, a bochecha
apoiada no seu joelho. Brylsko colocou seu bebê na coleira, enquanto a conduzia ao restaurante.
Ele e Vegas eram um dos poucos casais que se comportavam

normalmente.

Estavam se destacando.

— Pete.

Pete reprimiu um suspiro. Vegas estava certo. Não podiam deixar Brylsko suspeitar de qualquer
coisa.
Pete se levantou e sentou no colo de Vegas. Ele meio que esperava

alguma estranheza, mas deveria saber melhor. Seu corpo pareceu se fundir imediatamente com o de Vegas,
ficando repugnantemente relaxado e flexível contra o peito firme. Cristo, ele cheirava tão bem.
— Ele está olhando para nós. — Vegas disse baixinho no ouvido de Pete , sua mão acariciando
suas costas. Para o olhar casual, provavelmente parecia que Vegas o estava sentindo e sussurrando coisas
doces. — Ele está usando uma corrente de ouro em volta do pescoço, e parece que há algo nela, mas está
sob a camisa dele. Impossível dizer se é o pendrive ou não.
— Vamos ter que esperar até que ele dê um mergulho na piscina. — Pete murmurou, lutando
para manter sua atenção na missão quando tudo o que queria era fechar os olhos e permanecer nos braços
de Vegas para sempre.
Vegas riu.

— A piscina? Qual?

— Há mais de uma? — Pete suspirou. Ele já podia vê-los vagando

pelo convés o dia todo, tentando pegar Brylsko sem camisa. — Mencionei que minha pele odeia o sol e que
o sentimento é mútuo?
Vegas riu, levantou o rosto de Pete e beijou seu nariz descontente. — Vou te proteger disso.
Pete absolutamente não derreteu numa poça de gosma. Decidiu que

odiava homens heterossexuais, especialmente aqueles que eram ridiculamente quentes e que o tratavam
como se fosse algo precioso.
— Você pode me proteger do sol?

— Eu posso colocar protetor solar em você.

Pete sorriu maliciosamente.

— Em toda parte?

Os olhos de Vegas estavam risonhos.

— Criança travessa.

Pete sorriu.

— Ainda pensa em mim como uma criança depois da noite passada?

Uma careta mal visível cruzou o rosto de Vegas.

— Não me lembre.

Pete tentou não ficar ofendido e falhou.

— Aviso que fui informado de forma confiável, por várias fontes, que

sou ótimo em chupar pau.

A expressão de Vegas ficou comprimida.

— Eu realmente não precisava dessa informação.


Uma risada deixou os lábios de Pete quando percebeu o que era

aquilo. Ele baixou a voz.

— Tenho vivido nas ruas desde que tinha seis anos, Vegas. Realmente acha que era um
garotinho inocente, uma virgem corada que ficaria incomodada com o que aconteceu na noite passada?
Não precisa se preocupar com a minha virtude inexistente. — Ele sorriu e beijou a bochecha de Vegas,
estremecendo quando a barba dele fez cócegas em sua pele. — Mas é muito doce da sua parte.
— Doce. — Disse Vegas com riso em sua voz. — Não me lembro da

última vez que alguém me chamou de doce.

Pete encostou a bochecha na de Vegas.

— Eu não sei... Seu pau se provou muito doce para mim.

— Pete... — Disse Vegas, meio rindo, meio gemendo.

O que Vegas estava prestes a dizer foi interrompido quando uma

voz familiar disse:

— Uma bela manhã, não é?

Pete ficou tenso, mas relaxou novamente quando a mão de Vegas

acariciou suas costas.

— É. — Disse Vegas, estendendo a mão livre para um aperto de

mão. Sua expressão era educada e amigável. — Milosz. Receio não me lembrar do nome de sua
companheira.
— Este é meu animal de estimação, Anika. — Disse Brylsko,

acariciando a coleira de couro em sua mão. A garota, Anika, era muito bonita e muito quieta, a imagem da
submissão. Brylsko olhou para ela com uma expressão vagamente possessiva que, para surpresa de Pete ,
parecia genuinamente afetuosa. — Ela não é linda?
— Tenho certeza que ela é. — Disse Vegas, lançando um olhar

neutro para a menina, antes de voltar seus olhos para Pete , seu olhar se tornando muito mais apreciativo.
— Mas tenho medo de não ser um bom juiz da beleza feminina.
Cristo, ele era bom. Mesmo sabendo que o agente 11 era hétero, Pete não podia dizer que ele
era nada além de honesto.
Brylsko riu.

— Eu posso ver isso. — Ele deu a Pete um longo olhar.

Pete apertou-se contra Vegas, esperando que sua inquietação não


fosse óbvia.

— Vai participar da apresentação de shibari2 com seu garoto? — Perguntou Brylsko, voltando
seu olhar para Vegas. — Já me disseram que eles têm artistas incríveis.
Pete esperava que Vegas concordasse, mas ele balançou a cabeça

com um encolher de ombros.

— Não sou tão interessado em escravidão. Sou um homem simples de

gostos simples. Talvez outro dia, se não tivermos nada para fazer.

— Hmm, isso é uma pena. Tenho certeza de que veremos você por aí.

— Brylsko levou seu animal à mesa deles.

— Por que disse não? — Pete sussurrou quando estavam sozinhos.

Vegas beijou o canto da sua boca.

— Tenho certeza que ele estava nos testando. Não podemos parecer

ansiosos para ir onde quer que ele vá. Além disso, Vegas Theerapanyakul não tem nenhum histórico de
estar interessado em qualquer forma de BDSM, então seria duplamente suspeito.
— E você? — Pete murmurou, lambendo os lábios e tentando não

olhar para a boca de Vegas. Ele nunca esteve tão dolorosamente consciente da boca de outro homem.
— E eu?

— Você está interessado em escravidão?

— Você não gostaria de saber! — Vegas disse, dando um beijo no

nariz de Pete .

Pete fez beicinho.

Vegas riu.

— Então, o que agora? — Disse Pete , olhando em volta para se

certificar de que ninguém estava perto o suficiente para ouvi-los.

— Comemos, damos uma longa caminhada ao redor do navio. Se

tivermos sorte, Brylsko tira a camisa em algum momento.

— E se não tivermos?

O rosto de Vegas ficou sério.

— Se não tivermos, vamos pensar em outra coisa. Você consegue

2 Arte japonesa de amarração erótica.


roubar essa corrente?

Pete pensou por um momento antes de concordar.

— Sim. Se estiver perto o suficiente e ele estiver distraído por alguma

coisa.

Vegas olhou para ele atentamente.

— Pode colocar de volta no pescoço dele sem que ele perceba?

Pete fez uma careta.

— Talvez. — Era um grande talvez.

— Não é bom o suficiente. Não vou deixá-lo correr esse risco quando

não sabemos ao certo se o pendrive está nessa corrente.

— Pode não haver escolha. — Disse Pete em voz baixa, embora

também não fosse exatamente fã desse plano. Realmente era muito arriscado.

— Esse será o nosso último recurso. — Disse Vegas. — Temos

tempo para encontrar uma solução melhor.

Pete franziu os lábios, pressionando o nariz no oco da garganta de Vegas.


— Há outra opção, sabe. — Ele sussurrou com relutância. — Para

levá-lo a tirar a camisa.

Ele sentiu os músculos de Vegas endurecerem contra ele.

— Não.

— Só estou dizendo que...

— Não. — Vegas cortou-o, sua voz como gelo.

Pete suspirou.

— Ele está interessado em mim. Posso dizer. Talvez não estivesse

interessado o suficiente para fazer uma oferta, mas o suficiente para não dizer não, se um amigo se
oferecesse para compartilhar seu garoto.
Vegas ficou quieto.

Por fim, ele disse:

— Encontraremos outro caminho.

Pete olhou para a expressão séria de Vegas e sentiu uma sensação

quente se enrolar em seu peito e em seu coração.


Deus, isso era ruim.

Capítulo 9

Vegas Theerapanyakul, ou o homem conhecido como Vegas Theerapanyakul,

raramente se sentia sensível em fazer o que precisasse para o sucesso de uma missão. Fazia anos que algo o
fazia hesitar.
Era por isso que uma parte dele estava incrédula por ter recusado

considerar a opção que tornaria sua missão muito mais fácil de realizar. Era inútil negar que emprestar seu
garoto a Brylsko seria a maneira mais fácil de saber onde ele guardava o pendrive. Para não mencionar que
trocar isso pelo falso seria muito mais fácil se o alvo estivesse... Distraído.
Distraído.
A mera ideia fez com que os dedos de Vegas coçassem por uma

arma, uma faca. Qualquer coisa.

Porra. Isso era inaceitável. O garoto não deveria ter importância. Ele

tinha feito muito pior em nome da Rainha e do País do que sacrificar a saúde mental de um adolescente.
Não era como se Brylsko fosse matar ou prejudicar fisicamente o garoto. Era apenas sexo. Uma troca de
fluidos corporais. Não era como se o próprio Vegas nunca tivesse que foder as pessoas que ele abominava
pelo sucesso de sua missão. Então, por que não podia deixar o garoto fazer isso? O avisou que não era um
trabalho para alguém com estômago fraco. O garoto ignorou seu aviso, e agora ele deve lidar com as
consequências. Simples assim.
Exceto que não importa o que Vegas dizia a si mesmo, isso não

mudava nada. Sabia que não permitiria que Pete o fizesse, e fim da história. E isso o irritava.
Esse... Protecionismo era inaceitável. Perigoso.

— Você está muito quieto. — Pete disse, inclinando-se para ele,

apertando a mão no braço de Vegas.

Vegas olhou ao redor do convés, procurando câmeras de

segurança. Não conseguiu ver nenhuma, mas mesmo que tivesse perdido algumas, era altamente
improvável que seriam ouvidos sobre a música alta tocada no bar. Não havia nenhum passageiro próximo o
suficiente deles. Era tão seguro falar quanto poderia ser.
Olhou de volta para o garoto. Olhos escuros ansiosos o estudavam.

— Alguma coisa errada? — Disse Pete.

Vegas balançou a cabeça. Dificilmente podia dizer ao garoto sobre

o que estava pensando. Pete provavelmente ficaria horrorizado se descobrisse que Vegas tentava se
convencer de fazer a coisa inteligente e usar o seu corpo para obter as informações de que precisavam.

Por outro lado, talvez devesse falar com Pete. Não tinha escapado

do seu conhecimento que o garoto desenvolveu uma paixãozinha por ele. Provavelmente deveria cortar o
mal pela raiz e liberar o garoto da ilusão de que ele era algum tipo de cavaleiro de armadura brilhante. A
mera ideia quase fez Vegas rir. Ele não era mais que uma arma. Alguns o chamariam de assassino de sangue
frio. Alguns o chamariam de bastardo manipulador de duas caras. E não estariam errados.
— Tudo bem, o silêncio é um pouco sinistro. — Pete disse com

uma risada, com os olhos brilhando de curiosidade.

Cristo. O garoto era desdenhosamente atraente.

Vegas gostava dele. Realmente gostava dele, e esse era o ponto

crucial do problema. Isso não acontecia com ele. Havia aprendido há muito tempo a manter distância
emocional de outras pessoas durante suas missões. Não eram mais que alvos e danos colaterais.
Mas essa criança... Pete olhava para ele como se fosse o sol, não um agente do governo cínico
com muitos rostos e mãos manchadas de sangue. Isso o fez querer fazer algo cruel, para limpar aquele olhar
do rosto do garoto.
Mas... Ele gostou disso. Não era nada além de uma fantasia, mas

gostava dela, gostava que Pete pensasse que ele era um homem muito melhor do que era.
— Você não deveria ter uma queda por mim. — Disse Vegas.
Ruivos não coram lindamente, mas de alguma forma, este cora.

Para o crédito de Pete , ele nem tentou negar isso.

— Eu sei. — Ele disse com um suspiro. — Isso também me irrita. Não

se preocupe, tenho certeza que vai passar logo. Sou um adolescente. Tenho uma nova paixão a cada duas
semanas.
Vegas riu, colocando um beijo na testa de Pete.

— Nada para se envergonhar, Bambi. Fico lisonjeado.

Pete sorriu meio entrecortado.

— Não estou envergonhado. Apenas irritado. Você sabe o quanto é

ruim ter uma paixão por um cara hétero? Por que eles não poderiam me colocar com alguém feio?
Vegas riu. Na verdade, não era tão divertido, mas a expressão

irritada e amuada de Pete era loucamente adorável. Essa não era uma palavra que já esteve em seu
vocabulário, mas cabia neste garoto.
— Não é engraçado. — Pete disse, olhando-o furioso.

Era tão intimidante quanto o latido de um filhote de cachorro.

— Vou apresentá-lo ao agente Quinn quando voltarmos. — Vegas

disse, ainda sorrindo fracamente. — Ele é gay, perto da sua idade, e deve ser pelo menos um oito. Tenho
certeza de que você vai se apaixonar por ele em pouco tempo.
— Um oito não faria isso. — Resmungou Pete . — Você já se viu no

espelho?

Pela primeira vez em muito tempo, Vegas não sabia o que dizer. Sabia como se parecia, é claro.
Teria sido ridículo afirmar que não estava ciente de algo que ele costumava usar sempre que uma missão
exigisse. Mas este não era um alvo. Este era um garoto de quem ele gostava. Apesar de menosprezar isso,
Vegas sabia que as paixonites não correspondidas podiam prejudicar muito quando se é um adolescente.
Pete riu.

— Pare. Posso ouvi-lo entrar em pânico. Não estou realmente

apaixonado por você nem nada. Já disse que tenho uma nova paixão todas as semanas. Uma vez tive uma
paixão por um padre que foi muito gentil comigo. Me convenci de que estava tragicamente apaixonado por
ele, mas então vi um filme com Tom Hardy3 e esqueci tudo sobre meu amor épico pelo padre.

3 É um ator, produtor e roteirista britânico conhecido pelos seus papéis em filmes como A origem. Batman: O
Cavaleiro das Trevas Ressurge e Mad Max: Estrada da Fúria. Em 2016 foi indicado ao Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante pelo filme O Regresso.
— Isso é reconfortante. — Disse Vegas secamente. E realmente era. Não queria que Pete se
apaixonasse por ele. Não queria que o garoto se machucasse.
Esse protecionismo não era exatamente novo. Sentiu-se protetor do

garoto - embora, com certeza, não nesse grau - mesmo em sua primeira reunião - quando viu a emoção e
saudade nos olhos de Pete quando perguntou a Vegas se ele teria sua própria casa se aceitasse o trabalho.
Desde o primeiro encontro, Vegas foi um pouco atraído pelo rapaz, que poderia ser arrogante e sem
vergonha num momento, tímido e vulnerável no próximo. Queria proteger o garoto, mesmo de si mesmo.
Talvez especialmente de si mesmo.
— Embora adoraria chupar seu pênis. — Pete disse com saudade.

Vegas suspirou.

— Você ainda tem um filtro do cérebro para a boca?

Pete sorriu.

— Um filtro do cérebro à boca? O que é isso?

Nada de que você precise. Pensou Vegas, olhando o rosto

sorridente do garoto. Talvez fosse por isso que gostava tanto de Pete. Era algo puro e genuíno num mundo
que era tudo, menos isso.

Capítulo 10

Pete estava ficando frustrado. O dia foi infrutífero até agora. Passaram a andar por aí,
alternando entre o bar, a piscina principal, a piscina menor, o spa e os restaurantes. Vislumbraram Brylsko
algumas vezes, mas ele estava se misturando com outros passageiros ou tocando seu sugar baby . Não tirou
a camisa nem mesmo quando ficou na piscina.
— E agora? — Pete murmurou, sentindo-se derrotado quando

voltaram ao seu quarto. Estava meio receoso de que Vegas mudasse de ideia e aceitasse sua oferta de
emprestá-lo a Brylsko.
Vegas apertou seu ombro.

— Paciência. — Disse calmamente. — Temos tempo.

Bocejando, Pete inclinou-se para ele. Sempre achou que andar com o

braço de alguém ao redor dele fosse incômodo e desconfortável, mas de alguma forma, não era estranho
com Vegas. Neste ponto, ter o braço de Vegas ao redor dele o fazia se sentir tão à vontade que sentiu falta
disso depois que Vegas o removeu.
— Sim, você provavelmente está certo. — Pete sorriu torto. — Provavelmente seria estúpido
de minha parte esperar que isso fosse rápido. Tudo acontece tão rápido em filmes de espiões. — Deu uma
risada ao olhar de Vegas. — Eu sei, eu sei! Você me disse para esquecer todas as coisas que vi nesses filmes.
— Para ser justo, os filmes têm algumas coisas corretas. Mas não

podem mostrar quanto tempo ficamos sem fazer nada enquanto esperamos o alvo cometer um erro.
Pete mordeu o lábio.

— Mas e se ele não fizer isso?

— Ele vai. Não importa o quão paranoico seja, vai deixar sua guarda

escorregar em algum momento.

Pete encolheu os ombros. Não compartilhava a confiança de Vegas,

mas...

— Confiarei em seu julgamento sobre isso. Você é o agente especial,

e eu sou o novato aqui.

Quando Vegas lhe lançou um olhar afiado, Pete se perguntou se ele

ainda estava sendo óbvio. Estava tentando controlar seus sentimentos o dia todo. Não queria a piedade de
Vegas. Não queria que pensasse que sua...

Coisa por ele fosse mais forte do que uma paixonite. Porque não era. Não era, caramba.
Pete ficou aliviado de terem chegado ao quarto e Vegas não podia

mais questioná-lo. Seu alívio, no entanto, foi de curta duração quando viu a cama. Murmurando algo sobre
sua bexiga cheia, correu para o banheiro e fechou a porta.
Debruçando-se contra ela, olhou para seu rosto no espelho. Parecia

vermelho e com os olhos brilhantes. Quase febril. Apenas pela proximidade de Vegas.
Porra.

Afastando o olhar, Pete saiu da porta e foi escovar seus dentes, mas

realmente não tinha nenhum motivo para demorar. Tomaram banho após o mergulho na piscina. Não havia
nada impedindo que rolassem na cama e transassem - algo que seria esperado se estivessem sendo
observados.
Pete ainda estava se estressando sobre isso quando deitou na cama e

esperou que Vegas saísse do banheiro.

Não sabia o que fazer.

O que sabia era que não queria dormir com alguém que na verdade não o desejava. Não
importa o quanto o mero pensamento de sexo com Vegas fizesse sua pele ficar quente, o fato de que seria
nada além de uma tarefa árdua para Vegas matava toda a sua excitação.
Não podia fazer isso. Seria embaraçoso e estranho para ambos. Não

se importava que esse Vegas - agente 11 - tivesse feito isso muitas vezes em sua linha de trabalho. Uma
coisa era se oferecer para sugar o pênis de Vegas - uma boca era uma boca, afinal de contas, e eles tinham
que fazer algo sexual, para não estragarem seus disfarces - mas obrigar Vegas a realmente foder alguém que
não queria, fazia o estômago de Pete revirar. Sim, era seu trabalho, e tinham que fazer o que precisavam,
mas havia linhas que preferia não cruzar.
— O que há com esse rosto? — Vegas disse, deslizando entre os

lençóis e aproximando-se de Pete . Ele era grande e quente, e cheirava impressionantemente bem. Pete
queria esfregar o rosto por ele - queria esfregar-se contra ele.
Deus, odiava sua vida.

Colocando a cabeça no ombro nu de Vegas, Pete molhou os lábios.

— Tenho uma confissão para fazer. — Disse, batendo os dedos no

peito de Vegas.

— Hmm? — Vegas disse, cobrindo os dedos finos de Pete com os

seus maiores.

— Não sou tão experiente quanto aleguei quando preenchi o

questionário para o leilão. — Fingindo embaraço, Pete jogou com os dedos de Vegas. — Nunca fiz sexo.
Quero dizer, apenas boquetes e punhetas, sabe?
Ele podia sentir a surpresa de Vegas. Claro que ficou surpreso, Pete

estava saindo do script.

— Sério? — Vegas murmurou.

— Sim. Sei que isso provavelmente é bobo, mas sempre pareceu ser

importante para mim. Algo como confiança, sabe? — Pete encontrou os olhos de Vegas e podia ver a
compreensão e uma pitada de alívio neles.
— Entendo. — Disse Vegas. — Posso esperar. Ainda sou

praticamente um estranho para você. Não temos que seguir todo o caminho agora.
Pete sorriu, abraçando-o com força.

— Obrigado! Estava tão nervoso, tão assustado de lhe contar.

Vegas o beijou na testa, os lábios secos e suaves. O gesto de afeto

parecia dolorosamente genuíno.

— Você pode me dizer qualquer coisa, Bambi. Sempre.

Isso não ajudava com sua estupida paixão.

Sorrindo, Pete esfregou o nariz, colocando a mão na nuca de Vegas.


— Tudo bem. — Sussurrou, inalando o cheiro de Vegas e

aumentando sua proximidade, sentindo-se um pouco tonto e excitado. — Gosto muito de você. — Disse
Pete , tentando e não conseguindo convencer-se de que estava apenas jogando para o seu possível público.
— Assim, gosto muito, sabe?
Algo cintilou nos olhos de Vegas.

— Sim. — Ele disse, roçando castamente os lábios de Pete com os

seus. — Agora feche seus olhos e durma, querido.

Pete fez beicinho.

— Mas eu queria te dar um boquete.

— Você pode me dar um pela manhã. — Vegas disse com um

sorriso. — Agora, feche seus olhos.

Pete fechou os olhos obedientemente, embora não esperasse

adormecer em breve, enquanto Vegas estava tão tentadoramente perto.

No entanto, para sua surpresa, ele dormiu.

Acordou ao som das ondas balançando contra o navio e a sensação


da mão de Vegas acariciando seus cabelos. Pete decidiu que não queria se mover.
— Bom dia. — Disse Vegas, sua voz rouca de sono fazendo coisas

terríveis para a sanidade e o corpo de Pete , como de costume.

— Bom dia. — Pete disse, pressionando um beijo na bochecha de Vegas e estremecendo


quando a barba dele roçou sua pele lisa. Deslizou a mão e pegou a ereção matinal de Vegas. — Acredito que
me foi prometido algo. — Disse Pete , sorrindo sonolento.
Vegas bufou, se recostou e puxou o pau para fora.

Pete olhou-o com avidez por um momento antes de se inclinar e

engolir.

Sugou lentamente, tomando seu tempo e saboreando o sabor,

aproximando Vegas do orgasmo e parando, repetidas vezes, até que a expressão sonolenta e indulgente
desapareceu do rosto de Vegas, seus músculos flexionados e seus olhos escuros observando Pete com clara
frustração.
— Pete...

Pete soltou o pau com um pop e piscou inocentemente.

— O quê?

Por um momento, Vegas pareceu em conflito antes que sua mão

agarrasse um punhado dos cabelos bagunçados de Pete e puxasse-o de volta para seu pênis. Foda, sim. Aí
estava a atitude irritantemente indulgente de Vegas; agora ele fodia a boca de Pete como se realmente
quisesse, o fazendo se sentir impotente e poderoso ao mesmo tempo. Ele fez isso com Vegas. O
conhecimento subiu à sua cabeça e ele gemeu em torno do pau espesso de Vegas, deixando-o foder sua
garganta e desfrutando a cada segundo.
Vegas já estava perto, então não demorou muito. Cedo demais, ele

estava gozando na sua garganta, fazendo Pete se queixar de decepção quando seu pênis amolecendo
escorregou de sua boca.
— Foda-se, estou tão excitado agora. — Reclamou Pete , empurrando

o rosto na garganta de Vegas. — Estou morrendo, Vegas.

Vegas – o bastardo - riu.

— Pobre bebê! — Ele disse, dando um beijo na testa suada de Pete. — Aonde dói?
— Onde você acha? — Pete resmungou, não apreciando a diversão de Vegas. Perguntou-se se
era possível realmente morrer de frustração sexual.
Vegas zumbiu, passando os dedos pelos cabelos de Pete .

— Por que você não lida com isso?

— Por que não você? — Pete disse, dizendo a si mesmo que estava

perguntando apenas porque ficaria estranho se não o fizesse.

— Não vou te tocar até sentir que você confia completamente, em

mim. — Vegas riu com uma nota de auto depreciação. — Nunca tive um bom autocontrole, Pete. Se
começar a tocar em você, não conseguirei parar.
Pete se perguntou se alguma vez ele seria tão bom mentiroso.

— Ah, vamos. — Disse Vegas. — Você não estava tímido ontem.

— Não sou tímido. — Resmungou, aproximando-se para puxar a

ereção para fora. — É que não é a mesma coisa. Minha mão, quero dizer. Não é tão bom quanto quando
alguém me toca. Mas acho que os mendigos não podem escolher.

— Pode ser bom. — Vegas disse em sua orelha. — Você está

apressado. Não tenha pressa. Brinque com você mesmo. Pense em algo que quer.
Pete pressionou o rosto no ombro de Vegas, manipulou seu pênis e

sentiu uma onda de excitação, como liquido espesso, correr na sua coluna e barriga. Em sua mente, Vegas o
tocava, beijava suas coxas na parte interna, sua barba esfregando contra sua pele sensível. Sugava seu
pênis, seus olhos escuros olhando para ele. Vegas lambia sua entrada e fodia-o com a língua.
Pete empurrou mais forte, gemendo enquanto as imagens

brilhavam rapidamente, embaçando. Enterrou o rosto no pescoço de Vegas, respirando seu cheiro. Esperava
que não estivesse ultrapassando, mas Vegas não pareceu se importar. Também não parecia se importar com
seus gemidos, ou o jeito que Pete sugava levemente no pescoço dele enquanto se masturbava.
— Em que está pensando? — Vegas murmurou em seu ouvido. — Em mim?
A mão de Pete congelou em seu pênis enquanto lutava pela resposta

correta.

Afastou um pouco e olhou para Vegas, sentindo-se um pouco

confuso. Não entendeu por que Vegas perguntou isso. Realmente queria saber? Por quê?
— Sim. — Ele disse, corando, mas olhando Vegas nos olhos.

A expressão no rosto de Vegas era completamente inescrutável. Ele

estava olhando para Pete , seu olhar escuro e intenso.

Pete estava começando a se perguntar se havia algo errado com ele,


porque estar envergonhado só parecia excitá-lo mais. Retomou as caricias em seu pênis, consciente do
pesado olhar de Vegas sobre ele, apreciando-o - apreciando sua atenção um pouco demais.
Perguntou-se o que Vegas estava pensando. O que pensaria se

soubesse que Pete estava imaginando-o espalhando suas nádegas e lambendo sua bunda.

Pete gemeu e gozou, os dentes afundando no ombro de Vegas para

abafar seu gemido.

— Não foi tão ruim, foi? — Vegas disse depois, acariciando suas

costas e pescoço de uma maneira que parecia quase possessiva, mas Pete sabia a verdade.
Mais tarde, enquanto se vestiam para sair, Pete notou algo no

pescoço de Vegas.

Uma mordida de amor. Ele deixou uma marca em Vegas.

Era vermelha e muito óbvia, e Pete não podia olhar para isso sem se

sentir estranho pelo resto do dia.

Capítulo 11

Vegas estava chateado.

Isso, ou tinha rancor contra o pobre saco de pancadas que estava

agredindo.

Correndo numa esteira, Pete o observou pelo canto do olho. Ele


tentou não fazer, realmente tentou, mas seu olhar continuou retornando a Vegas como se o agente fosse
um imã pelo qual estava inexplicavelmente atraído. Não parecia importar que a academia fosse enorme,
ainda estava ciente do homem do outro lado dela.
Pete lambeu os lábios, tentando não olhar as gotas de suor na testa e

no pescoço de Vegas, ou a maneira como sua camiseta preta encharcada de suor não fez absolutamente
nada para esconder seus músculos esculpidos.
Pete estava quase babando enquanto observava a flexão dos músculos de Vegas cada vez que ele socava o
saco.
Estava irremediavelmente excitado, mas em sua defesa, era muito

sensual.

Para não mencionar que Pete tinha uma razão legítima para observá-

lo.

Vegas estava cada vez mais tenso e retraído com todos os dias que

não conseguiram verificar a localização do pendrive. Eles estavam há cinco dias no cruzeiro, e a guarda de
Brylsko ainda não tinha escorregado. O cara era verdadeiramente paranoico. Sua cabine era guardada o
tempo todo por dois seguranças, e Brylsko não foi visto sem sua camisa, nem mesmo uma vez.
Pete podia entender o humor sombrio de Vegas; também estava

ansioso. Faltavam apenas três dias. Se eles não avançassem em breve, Vegas provavelmente mudaria de
ideia e o ofereceria para Brylsko. Talvez por isso Vegas parecia tão chateado. Talvez estivesse com raiva de
que teria que recorrer a isso depois de prometer a Pete que ele não teria que fazer isso.
Seu estômago embrulhou com o pensamento, Pete alcançou seu Gatorade e tomou alguns
goles quando uma voz familiar disse:
— Você não deve beber enquanto corre, pet.

Pete sempre foi bom em tomar decisões rápidas. Ele já estava

sufocando com sua bebida antes do plano está totalmente formulado em sua cabeça. Pete gritou enquanto
tropeçava na esteira e caiu em direção ao som da voz.
Ele quase sorriu quando as mãos de Brylsko o pararam enquanto sua

bebida derramava toda na camiseta de Brylsko.

— Oh, meu Deus, sinto muito! — Pete pediu desculpas, com os olhos

arregalados e balbuciando. — Você me assustou! Deixe-me limpar isso! — Ele pegou alguns guardanapos
da mesa próxima e começou a esfregar a camisa embebida de Brylsko. Definitivamente, havia um objeto em
forma de pendrive sob a camisa, mas não era possível verificar se era idêntico ao falso que ele havia
recebido para trocar. A camisa deveria sair.
— Pare de se preocupar, garoto. — Brylsko disse com uma risada. — É apenas uma camisa. Eu
tenho dezenas mais. Sem danos causados.
Ele havia mencionado quão inquietante era que às vezes esse homem

parecia gentil e descontraído? Por que os vilões da vida real não poderiam ser mais parecidos com os dos
filmes? Teria sido menos fodido.
Pete sorriu tímido.

— Você provavelmente deve tirar isso antes de ficar pegajoso,

senhor.

Brylsko sorriu.

— Como eu posso dizer não, quando uma coisa tão bonita quer me

ver sem camisa?

Pete quase revirou os olhos. Mas do lado de fora, ele sorriu, olhando

Brylsko através dos cílios. Ugh, flertar com homens assustadores era chato. Pete , por pouco, conseguiu não
se encolher quando Brylsko se aproximou, o olhar fixo nas suas pernas cobertas com um minúsculo short
branco.
Quando Brylsko tirou sua camisa, Pete forçou seus olhos a percorrer

todo o peito do homem, não deixando que eles permaneçam no pendrive por muito tempo. Para ser justo,
Brylsko estava em boa forma, mas em comparação com o de Vegas, seu corpo não tinha nada para admirar.
Pete esperava que não fosse óbvio que ele estava fingindo a

apreciação em seus olhos enquanto murmurava com um sorriso torto.

— Embora esteja feliz com o meu pasugar daddy , agora sinto um

pouco por não saber polonês.

Sorrindo, Brylsko piscou para ele.

— Talvez eu possa conversar com Vegas sobre compartilhar.

Pete forçou uma risada.

— Eu não seria contra isso, mas não acho que ele concordaria.

Mãos familiares se acomodaram em seus quadris.

— Sim! — Vegas disse por trás dele. — Temo não ser muito bom

em compartilhar, amor.
Pete relaxou de volta contra Vegas, a tensão em seu corpo

esvaindo. Foda, obrigado. Ele não pensou que poderia continuar a flertar por muito mais tempo. Ele não era
tão bom como um mentiroso.
— Isso é uma pena. — Brylsko disse, deslizando o olhar para Vegas.
Pete não podia ver a expressão de Vegas, mas não deve ter sido

agradável, porque o olhar de Brylsko mudou sutilmente, seus olhos ficando cautelosos e um pouco
desconfiados.
Pete deu uma cotovelada em Vegas tão discretamente quanto

pôde. O que diabos ele estava fazendo? Queria comprometer seus disfarces? Vegas se esqueceu de que
deveria ser um homem rico, hedonista e inofensivo?
— Você não tem motivos para ficar com ciúmes. — Pete disse com

um sorriso carinhoso, virando-se para olhar para Vegas. Ele quase estremeceu quando viu sua expressão
gelada. Porra. Isso exigia medidas drásticas ou Brylsko poderia suspeitar.
Pete enrolou os braços no pescoço de Vegas e pressionou o corpo

contra o dele.

— Não seja um homem das cavernas. — Ele deu um selinho nos

lábios de Vegas, tremendo um pouco no contato. — Sr. Brylsko é um homem bonito e interessante, mas
estou feliz em pertencer a você. Sério. Você não tem motivos para se sentir inseguro. Já se viu no espelho?
Todos aqui estão com inveja de mim.
Finalmente, a expressão de Vegas descongelou, um sorriso

pesaroso e tímido torcendo os lábios.

— Me desculpe Milosz. — Ele disse com uma risada. — Sempre fui

muito possessivo das minhas coisas. Eu me deixo levar às vezes.

Brylsko assentiu com a cabeça, sua cautela desaparecendo.

— Eu sou da mesma maneira, então entendo completamente. — Seus

olhos azuis varreram Vegas.

— Você está em muito bom estado para alguém que passa a maior

parte do tempo atrás de uma mesa.

Pete olhou para Brylsko, mas não sabia se ele desconfiava.

Vegas bufou, enfiando Pete no lado dele e acariciando seu braço nu

de maneira distraída.
— Eu espero que sim. Gasto uma pequena fortuna com a adesão na

academia. Se eu parar de malhar, ganho peso rapidamente. Perigos de um trabalho de mesa.


Brylsko zumbiu de forma incoerente, sua atenção já mudando para

seu pet do outro lado da academia.

— Parece que meu pet me quer. Até a próxima. Ele caminhou em


direção a sua sugar baby .
Antes que Pete pudesse dizer alguma coisa, Vegas pegou seu pulso

e o levou para fora da academia. Seu rosto era neutro, seus ombros relaxados, mas o aperto no pulso de
Pete era um pouco forte demais para o conforto.
Franzindo o cenho, Pete resistiu à vontade de exigir explicações sobre

o comportamento completamente irracional de Vegas. Ele esperou até que estivessem no convés, longe de
qualquer outro passageiro.
— O que diabos foi isso? — Ele gritou, virando-se para Vegas.

Vegas olhou-o impassivelmente.

— Eu sou o único que deveria estar perguntando isso.

As sobrancelhas de Pete franziram.

— Por que você está chateado? Foi uma ideia brilhante. Ele se

aproximou de mim, então não era suspeito, até você vir e arruinar todo o meu trabalho! — Seu lábio
inferior tremeu um pouco. Estava estupidamente chateado. Pensou que Vegas ficaria orgulhoso e
satisfeito, não com raiva.
— Eu consegui verificar a localização do pendriver e confirmar que o

nosso parece semelhante o suficiente. Você deveria me louvar ao invés de estar com raiva. — Ele odiava
que não conseguisse evitar a dor na sua voz. Por que a opinião de Vegas era tão importante para ele,
afinal? Não vivia pelo louvor de Vegas.

Um músculo flexionou no maxilar de Vegas.

— Você não deveria ter agido sem me consultar primeiro.

Pete olhou para ele com incredulidade.

— Você é o único que me ensinou a confiar em meus instintos e fazer

o que quiser para o sucesso da missão. E, a propósito, li os parâmetros da missão. Você pode superar-me,
mas nesta missão eu sou o agente principal; você é o agente de suporte. Eu deveria fazer a maior parte do
trabalho. Você está aqui para se certificar de que eu não foda tudo e me machuque.
— Exatamente. — Vegas falou.

Pete zombou.

— Eu posso cuidar de mim mesmo. O que ele faria comigo em um

lugar público? Acho um homem como ele...

Vegas puxou-o para perto e beijou-o.

Pete gostaria de dizer que colocou resistência, que hesitou antes de

beijar de volta.

A vergonhosa verdade era que derreteu no momento em que os

lábios de Vegas tocaram os dele, sua mente ficando bem vazia e seu corpo se tornando flexível e
formigando por toda parte. Sua boca era a única parte dele que parecia poder se mover, beijando de volta
com abandono despreocupado, lábios agarrados aos de Vegas, sugando sua língua. Seus pequenos suspiros
e gemidos se transformaram em gemidos cheios quando as mãos de Vegas começaram a se mover,
acariciando suas costas, as nádegas, a parte de trás das suas coxas nuas. Foda-se, ele estava morrendo.
Estava a um centímetro de Vegas.
Vegas quebrou o beijo e se afastou.

Pete olhou para ele, desorientado, corado e tão excitado que não

podia pensar. Por que Vegas parou?

— Ele se foi. — Vegas disse, passando os dedos pelos cabelos

escuros.

— Quem?

Vegas olhou para ele.

— Brylsko estava se aproximando de nós. Ele quase nos ouviu. Você

deveria ter mais cuidado, Pete.

É claro.

Pete se virou e cruzou os braços sobre o peito, a garganta entupida

pelas lágrimas de humilhação.

Atrás dele, Vegas suspirou.

— Me desculpe pela reação exagerada. — Disse ele rigidamente. — Você fez um bom trabalho.
De alguma forma, o louvor que Pete queria pareceu sem sentido e

vazio.
— Agora, só temos que descobrir como tirar essa corrente dele. — Vegas disse com sua voz de
negócios.
Pete piscou as lágrimas estúpidas e respirou fundo.

Quando ele falou novamente, conseguiu parecer muito mais frio e

profissional do que se sentia.

— Não há nenhuma maneira livre de risco para tirá-la sem ele

perceber. É muito resistente e pesada, especialmente com um pendrive conectado a ela. Mas...
Ele pensou por um momento, imaginando o pendrive em sua mente.

— Existe uma corrente pequena e mais fina que liga o pendrive à

corrente principal. Parecia fraca e facilmente quebrável. Se estiver escuro o suficiente, eu poderia me
aproximar e romper a corrente mais fina sem que ele percebesse imediatamente.
— Mas se não trocarmos os pendrives, ele notará eventualmente que

o seu está faltando.

Pete balançou a cabeça, observando o navio atravessar a água.

— É improvável que suspeite de qualquer coisa se ele encontrar o

pendrive aos seus pés. Correntes rompem. Não é incomum. Ele vai se achar afortunado de não perder o
pendrive, e que o encontrou antes que qualquer outro pudesse levá-lo. Mas preciso que o espaço seja
razoavelmente escuro e devemos garantir que as câmeras de segurança não tenham visão noturna.

Ele podia sentir o olhar de Vegas sobre ele.

— Pode funcionar. — Ele disse. — Brylsko gosta das apresentações de

shibari que acontecem toda noite. A sala geralmente é muito escura, o foco apenas nos artistas.
— Perfeito. — Pete disse com entusiasmo forçado. — Você pode

descobrir sobre as câmeras? Se puder me dizer onde as câmeras de segurança têm pontos cegos, seria
ainda mais fácil.
— Claro. — Houve uma pausa. — Está tudo bem?

Pete sorriu e se virou.

— Claro. — Ele disse, olhando Vegas nos olhos. — Por que não

estaria?

Vegas olhou para ele por um momento antes de assentir.

Pete não se enganou ao pensar que tinha convencido Vegas.


Afinal, ele era apenas um novato fingindo sentir algo que não fazia.

Era impossível enganar um mestre.

Capítulo 12

Pete tentou ficar com raiva de Vegas, mas não era realmente de

guardar rancor. Agora se sentia um pouco para baixo e muito estúpido. O agente 11 fez o seu trabalho
quando o beijou. Não era intenção de Vegas tirar vantagem. Pete não tinha motivos para ficar bravo ou
chateado. Não era culpa de Vegas que Pete tivesse uma grande paixão por ele, um homem hétero e mais
velho que estava fora do seu alcance de qualquer maneira. Ele estava sendo estúpido e irracional. Deve
concentrar seus esforços em fazer o trabalho e terminar a missão. Quando a missão acabar, provavelmente
não veria muito de Vegas de qualquer maneira. Agentes especiais normalmente têm pouco a ver com os
estagiários.
Em vez de tranquilizá-lo, o pensamento fez uma bola de ansiedade se

acomodar no fundo de seu estômago.

Pete esperava ser bem-sucedido em esconder o que sentia, mas é

claro, Vegas percebeu.

— Você está chateado. — Ele disse quando se juntou a Pete no

chuveiro naquela tarde.

Pete manteve os olhos fora do corpo de Vegas. Ele não sentia

vontade de ser humilhado novamente, obtendo um sinal inapropriado.

— Um pouco. — Ele admitiu com um sorriso pesaroso, enxaguando o

cabelo e olhando para qualquer lugar, exceto para o outro homem. — Não importa.
Vegas pegou seu queixo e inclinou o rosto para cima.

— O que há de errado, Pete?

Pete nunca gostou muito de ser chamado de nada além de Pete . Mas

gostava da forma como Vegas dizia Pete. Era quente, carinhoso e suave.

Parecia um carinho.
— Fale comigo. — Vegas disse, olhando-o atentamente. — Você

pode me dizer qualquer coisa. Somos uma equipe, lembra?

Pete olhou para ele e não sabia o que dizer. Tudo o que queria no

momento era esconder seu rosto contra o pescoço de Vegas e o deixar segurá-lo e acariciar seus cabelos.
Cristo, isso era uma maldição. A coisa dele para Vegas era a mais estranha mistura de desejo, pouca força de
vontade e uma necessidade infantil de conforto.
— Não é nada. — Pete disse, deixando cair o olhar e odiando-se por

ser uma criança sobre isso.

— Isso é sobre o beijo?

Assustado, Pete olhou para ele e corou sob o olhar compreensivo de Vegas, que murmurou:
— Você não deve deixar algo tão superficial quanto uma paixão te

derrubar quando está indo tão bem.

Pete ergueu o nariz e riu.

— Você poderia ter a decência de fingir que não notou nada, sabe.

Isso está ficando mortificante.

Sorrindo, Vegas beijou-o no nariz.

— Nada mortificante sobre isso. Eu também tive dezoito anos.

Lembro-me de como é ruim.

— Eu não acredito em você. — Pete disse, inclinando sua bochecha

superaquecida contra Vegas. — Você provavelmente também era muito quente aos dezoito anos. Todas as
garotas provavelmente estavam na sua.
— Bem. — Vegas disse. — Você acreditaria em mim se eu dissesse

que tinha espinhas?

— Não. — Pete disse, sorrindo apesar de si mesmo.

Vegas deixou cair um beijo no topo da sua cabeça.

— Passará, Pete.

— Eu sei. — Pete suspirou. — Mas ainda é uma merda. Não posso

esperar para superar isso. — Desesperado por uma mudança de assunto, disse: — Você teve a chance de
verificar as câmeras na sala de Shibari?
— Sim. — Vegas falou, com suas mãos deslizando sobre as costas
de Pete . — Há três. Sem infravermelhos. Há dois pontos cegos na sala, um atrás da coluna e outro à
esquerda da porta.
Pete fechou os olhos, tentando imaginar a sala em sua mente. Ele a

viu apenas fugazmente, mas tinha uma boa memória.

Exceto que ele teve problemas para se concentrar. As mãos de Vegas eram muito
perturbadoras. O estranho era que o toque de Vegas não parecia impessoal. Vegas estava lavando Pete
como se tivesse todo o direito de tocá-lo, suas mãos confiantes e gentis.
Pete puxou os quadris para trás. A situação era bastante

embaraçosa.

— A coluna é a solução. — Ele disse, limpando a garganta. O

ultrabook que recebeu do MI6 podia ser pequeno, mas o brilho de sua tela ainda o iluminaria em uma sala
escura, a menos que Pete o usasse atrás da coluna. Ele franziu a testa. — Está seguro de que o programa
pode decodificar a senha do pendrive em alguns minutos?
— Não é a primeira vez que usei. O programa foi desenvolvido pelos

nossos melhores hackers. Há muito pouco que não pode decodificar.

— Muito pouco? Isso não é muito reconfortante.

As mãos ensaboadas de Vegas se moveram para a parte inferior

das suas costas.

— Todos estão confiantes de que funcionará. Além disso, Brylsko não

é o tipo de empregar programadores de computador de primeira linha. Ele é muito paranoico que vão
apunhalá-lo pelas costas e roubar todo o seu dinheiro.
— Então, quando estamos fazendo isso? — Pete disse, tentando

ignorar o peso perfeito das mãos de Vegas na parte inferior das suas costas. Deus, sentia... Seu ânus
apertou, seu pênis dolorosamente duro enquanto imaginava os longos dedos de Vegas escorregando mais
baixo e acariciando entre suas nádegas.
— Quanto mais cedo, melhor. — Vegas disse, suas mãos

mergulharam mais baixo, passando nas nádegas e coxas. — Então, esta noite. Pete não podia mais se
concentrar na conversa.
— Tudo bem. — Ele conseguiu falar afastando-se. Não pôde olhar nos

olhos de Vegas enquanto saia do banheiro.

Sério, sua vida era foda.


Capítulo 13

Vegas não estava exatamente feliz em ser atribuído a esta missão. Como regra geral, os agentes
sêniores não gostavam de ser babás e ele não era exceção. Cuidar de um novato era tedioso, na melhor das
hipóteses, e extremamente irritante se o novato continuasse estragando tudo.
Cuidar de Pete não era tedioso nem irritante. O garoto era muito

esperto, rápido para aprender e ansioso para agradar.

Não era Pete quem era o problema. Era ele.

Nada tinha preparado Vegas para o quão agitado e desconfortável

se sentia enquanto seu parceiro novato se arriscava. Se algo desse errado, Vegas não poderia ajudar. Esta
missão em particular exigia um conjunto de habilidades que ele não possuía. Embora tenha feito alguns
furtos no passado, este trabalho exigia alguém que fosse melhor do que apenas bom. Exigia alguém
excepcional.
Alguém como Pete.

Vegas não conseguia encontrar Pete, apesar de procurá-lo

ativamente. A sala estava escura, o palco no centro era o único lugar iluminado. O público estava espalhado
por toda a sala, principalmente em pares, uma boa parte deles não estava prestando atenção à
performance de shibari, ocupados tateando seus parceiros.
Como suspeitava, este show era apenas uma desculpa para alguns
passageiros excêntricos se engajarem em sexo público sob o disfarce de assistir a uma demonstração de
servidão profissional. A escuridão dava uma ilusão de privacidade, mas provavelmente era excitante o
suficientemente. Considerando que a maioria dos casais nem sequer estava mais tentando ficar quietos,
isso fazia com que se perguntasse quantos desses shows terminavam numa grande orgia.

Um casal perto dele começou a transar.

Vegas não lhes deu atenção, seus olhos examinando a escuridão. Sentia-se cada vez mais no
limite, quanto mais Pete estava fora de sua visão. Tinha que lembrar a si mesmo que o garoto era muito
bom no que fazia. Mas, isso não diminuía em nada sua preocupação: estava bem ciente de que, às vezes, se
destacar em algo não era suficiente. Às vezes, havia circunstâncias fora do controle. Roubar um pendrive
enquanto Brylsko estava o usando em uma corrente ao redor do pescoço não era uma tarefa fácil,
considerando a paranoia de Brylsko. Mas estava escuro e Brylsko também estava distraído pela garota em
seu colo. Poderia dar certo. Como, também poderia espetacularmente explodir em seus rostos.
Vegas olhou na direção de Brylsko. Mal conseguia distinguir sua

forma. A garota de Brylsko parecia estar o chupando, mas não podia dizer com certeza; estava muito escuro.
Não conseguia ver Pete em lugar nenhum.
Os minutos se arrastavam.

Manteve um olho na performance de Shibari. Estava perto do fim. Foram informados de que
haveria um strip-tease depois disso, mas não havia como saber se as luzes seriam ligadas entre as
performances. Droga. Deveria ter visto o vídeo de segurança de shows anteriores enquanto vigiava a sala à
tarde.
Vegas franziu os lábios no pensamento.

Teria verificado o vídeo de segurança se não estivesse ansioso para

voltar para Pete, sua pele coçando com o desconforto depois de ver o modo como Brylsko devorara o
menino com os olhos. Homens como Brylsko costumavam conseguir o que queriam e Vegas não queria
deixar Pete sozinho mais tempo do que o necessário.
Era a primeira vez desde o leilão que ele e Pete estavam

separados por mais de alguns minutos e Vegas não conseguia parar de pensar que algo daria errado na sua
ausência. Tinha aprendido a confiar em seus instintos há muito tempo, mas desta vez se perguntou se
estava ficando paranoico. Nada tinha acontecido com o garoto enquanto estava ausente.

Encontrou Pete no chuveiro, perfeitamente saudável e seguro. O


alívio que sentiu ao vê-lo foi... Desconcertante. O desejo de tocar Pete e ter certeza de que ele estava bem
foi mais do que apenas desconcertante. Cristo, fale sobre exagerar. Esta superproteção estava começando a
persegui-lo. Havia o proteger e, em seguida, havia a necessidade que sentia de proteger e garantir que o
garoto estivesse bem.
Sem mencionar que não deveria ter tocado Pete do jeito que o

tocou no chuveiro - não quando o garoto tem uma enorme queda por ele.

Lembrar do rosto cheio de vergonha de Pete quase fez Vegas

sorrir. Não deveria ter sido atraente, mas foi, e era uma sensação tão estranha que o deixava fora de si toda
vez que se sentia carinhoso.
Ele não gostava.

E ainda assim, aqui estava ele.

A paixão óbvia do garoto nem o incomodava. E particularmente não o

incomodava que tivesse que transar com Pete se Brylsko ficasse muito desconfiado. Vegas preferiria não
fazer isso - principalmente porque não queria mexer com a cabeça de Pete quando o garoto já estava
apaixonado por ele - mas a ideia de fazer sexo com Pete não era... Não era exatamente repugnante. Não o
fazia se sentir desapegado ou levemente repugnado como se sentia nas raras ocasiões em que teve que
foder com um alvo masculino.
Embora não quisesse foder com Pete, também não estava abalado

pela ideia de tocá-lo dessa maneira. Ele já o tocava o tempo todo. Era fácil tocá-lo. Talvez muito fácil. Não
precisava forçar nenhum gesto de carinho. Na maioria das vezes, se viu beijando Pete na ponta do nariz ou
na testa porque queria. Tocava-o porque queria.
Ele queria.

Não era sexual. Vegas nunca se sentiu atraído por homens e Pete não era exceção. O menino
apenas empurrava todos os botões certos nele, botões que nem se quer sabia que tinha. Sentia uma
estranha atração pelo menino, seus instintos mais baixos precisavam tê-lo, não era sexual. Pete tinha uma
habilidade única para fazê-lo se sentir carinhoso, divertido, ferozmente protetor e possessivo.

Vegas fez uma careta com a lembrança de sua reação exagerada

quando Brylsko estava olhando para Pete na academia. Pete estava certo, ele foi completamente irracional.
Não podia acreditar que quase arruinou a missão só porque não gostava da maneira como o alvo estava
quase comendo o seu parceiro com os olhos.
Um leve toque em seu ombro o trouxe de volta ao presente, seus
músculos ficaram tensos por um momento antes de reconhecer o toque.

Pete.

Vegas sentiu a tensão em seu corpo ser drenada.

— Está feito. — Sussurrou Pete, no colo de Vegas, onde estava

sentado no início do show.

Vegas apertou seus braços ao redor do menino.

— O programa funcionou? — Ele murmurou na orelha de Pete.

— Foi ótimo. — Pete disse calmamente, desabotoando a camisa de Vegas. — Não vou fazer
isso de novo. Quase fui pego. Ainda bem que o cara deixa cair toda sua guarda quando está sendo chupado.
— Ele riu e Vegas sorriu com indulgencia, reconhecendo os sinais de adrenalina.
— Deixe meu cabelo bagunçado também. — Disse Vegas, passando

a mão pelos cabelos de Pete. Precisavam parecer desgrenhados. — E o ultrabook?


— O escondi atrás daquelas mesas não usadas no canto. — Pete

disse, enfiando os dedos pelos cabelos de Vegas. — Coloquei o pendrive no assento dele, perto da coxa. Ele
deve encontrá-lo sem problemas. Espero que apenas pense que ele ou sua garota quebraram a corrente em
um ataque de paixão. — Ele riu novamente, enterrando o rosto no peito de Vegas. — Porra, isso foi
divertido.
— Para você, talvez. — Disse Vegas, passando a mão entre eles e

abrindo o botão da calça de Pete .

— Hum. Temos que fazer isso?

— Sim. — Vegas abriu o zíper de Pete. — Devemos parecer tão

ocupados quanto os outros. Quando ele se der conta do pendrive, será suspeito o suficiente. Não há
necessidade de atrair a atenção por estarmos diferente dos outros.
— Tudo bem. — Pete disse, seus dedos hábeis começando a

trabalhar no botão da calça de Vegas. — A propósito, meu tesão não tem nada a ver com você. É...
Adrenalina.
— Você não precisa ficar tão defensivo. — Vegas disse com ironia,

enrolando a mão em torno da ereção de Pete. Estava quente. E pulsava ligeiramente em sua mão.
Pete suspirou, escondendo o rosto contra o ombro de Vegas.

— Nunca fui tão humilhado na minha vida.


Apesar de suas palavras, a humilhação não parecia estar matando a ereção de Pete . Estava
dura no punho de Vegas, e quando começou a acariciá-lo, Pete gemeu suavemente.
Não era a primeira vez que Vegas tinha a mão no pênis de outro

homem. Teve duas missões que tinha que tirar informações de um alvo masculino. Nas duas vezes, teve que
se esforçar muito para não mostrar como entediado e indiferente estava.
Não se sentia nem entediado nem indiferente agora. Talvez a

diferença fosse que ficou ridiculamente apegado a esse garoto nas poucas semanas que o conhecia.
— Goze. — Vegas disse, sua mão acariciando o pau do menino mais

rápido, enquanto seu outro braço o puxava para mais perto de si.

Pete gemeu, os dentes afundando no pescoço de Vegas e

provavelmente deixando um grande hematoma - novamente.

— Vegas. — Ele ofegou, se contorcendo no colo de Vegas. — Vegas, eu

preciso...

— O que você precisa, bebê? — Vegas disse, se inclinando para

encostar na bochecha de Pete, apertando a mão em torno do seu pênis. Foda-se, ele gostava disto. Gostava
de cuidar do seu menino.
Respirando duramente, Pete trouxe a boca para a orelha de Vegas

e sussurrou:

— Toque em meu ânus. Gosto quando os homens brincam com a

minha entrada.

Vegas fez um barulho estrangulado. Às vezes, era difícil acreditar

como Pete poderia ser completamente sem vergonha.

Mas se Pete realmente queria.

Vegas trouxe dois dedos de sua mão livre para a boca e os molhou

antes de colocá-los debaixo do cós do jeans de Pete . No momento em que seus dedos acariciaram o ânus
dele, Pete gemeu, estremecendo com todo o seu corpo.
— Oh, Deus, Vegas. — Ele ofegou, se fodendo no punho de Vegas. — Oh, Deus.
— Isso. — Disse Vegas, apertando a mão ao redor do pau de Pete . — Você foi tão bom. Um
bom menino. — Ele empurrou a ponta do dedo para dentro do garoto. Pete ficou rígido antes de soltar um
gemido alto e gozar, seu ânus apertando o dedo de Vegas.
— Desculpe. — Pete murmurou, sem fôlego.
Vegas deu um beijo em sua testa suada.

— Por quê?

— Por fazer uma bagunça em seu estômago. Você provavelmente

está enojado.

Surpreendentemente, ele não estava. Seu estômago estava coberto

de sêmen, seu dedo ainda estava na bunda do outro homem, mas não se sentia enojado.
Um pouco confuso, Vegas puxou o dedo para fora e envolveu seu

braço ao redor de Pete, o deixando descansar contra ele enquanto se recuperava do seu orgasmo.
De repente, as luzes se acenderam.

Seus olhos levaram alguns segundos preciosos para se ajustar ao

brilho súbito. Quando finalmente conseguiu focar seu olhar, Vegas encontrou-se olhando para uma sala
cheia de pessoas meio vestidas e desgrenhadas. Um casal no canto ainda estava transando, não se
importando com a audiência os apreciando.
Brylsko estava olhando ao redor da sala com os olhos estreitados, o

pendrive girando na mão.

Tenso, Vegas rapidamente virou o olhar para o garoto esparramado

em seu colo.

Pete sorriu para ele atordoado, parecendo corado e exausto, seu

pau gasto ainda na mão de Vegas, que provavelmente parecia quase tão obsceno, sua camisa levantada,
sêmen secando em seu estômago e sua braguilha aberta.
Era perfeito. Ninguém em sã consciência suspeitaria que o maldito

garoto em seu colo tinha algo a ver com o pendrive de Brylsko.

Quando Vegas ariscou outro olhar para Brylsko, Milosz estava

levando seu animal de estimação da sala. Ele parecia menos tenso do que há alguns minutos, tendo
provavelmente concluído que a corrente tinha apenas quebrado e ninguém tinha culpa.
Vegas suspirou, a tensão deixando seu corpo.

— Bom trabalho. — Ele disse, passando os nódulos contra a bochecha

corada de Pete.

Pete sorriu para ele.

Quando as luzes se apagaram novamente para o show de strip-tease, Pete pegou o ultrabook e
Vegas o colocou debaixo da jaqueta.
Eles saíram de mãos dadas, apenas um casal normal voltando para

sua cabine depois de uma aventureira noite fora.

Capítulo 14

Os últimos dias do cruzeiro foram surpreendentemente normais. Brylsko não parecia estar
preocupado ou suspeitar deles e o ultrabook com os dados roubados estava armazenado com segurança no
compartimento secreto da mala de Pete .
Como não tinham nada além de manter seus disfarces, Pete decidiu

se divertir enquanto podia. Afinal, não era todos os dias que tinha a oportunidade de estar em um exclusivo
cruzeiro de luxo no Mediterrâneo.
Invejoso da pele bronzeada de Vegas, Pete estava determinado a

fazer algo sobre sua fantasmagórica pele branca e passou os últimos dias vagando pela piscina, bebendo
coquetéis elegantes e trabalhando no seu bronzeado. Sua pele odiava o sol, mas às vezes conseguia pegar
uma cor em vez de ficar queimado, então havia esperança.
Mas estava rapidamente começando a se arrepender desse plano,

porque Vegas insistia em espalhar protetor solar da sua cabeça aos pés a cada duas horas. Era uma
tortura. Pete nunca tinha estado tão excitado e sexualmente frustrado em sua vida.
— Pare de choramingar. — Vegas disse severamente quando Pete

se queixou de ser despertado de sua soneca. — Você é um asiático com uma pele muito pálida. Já ouviu
falar de câncer de pele?
Pete cedeu, porque Vegas estava certo; não tinha nada a ver com o
fato de que a atenção e a proteção de Vegas o deixava tonto e quente por dentro.
Certo. Deus, quem estava tentando enganar aqui? Sua paixão por Vegas estava começando a
realmente, realmente o preocupar. Era tudo culpa de Vegas por ser lindo, gentil, cuidar e protegê-lo tão
bem. Às vezes, Pete quase odiava o agente 11 por ser um ator tão bom. Para não mencionar que não era
exatamente fácil superar sua paixão quando tinha que chupar o pênis de Vegas todos os dias para manter
seus disfarces.
Mas logo isso acabaria. Pete pensou enquanto estava bem acordado

nos braços de Vegas. Amanhã chegariam a Barcelona e depois voltariam para Londres.
Amanhã tudo acabaria. Vegas deixaria de fingir que o queria. Vegas deixaria de tocá-lo. Deixaria
de chamá-lo de bebê e outros apelidos ridiculamente carinhosos.
Amanhã Vegas deixaria de ser Vegas.

Ele seria o agente 11 de novo, um agente especial indiferente, muito bom para ter algo em
comum com um novato como Pete . Era muito improvável que trabalhassem juntos em uma missão
novamente, e qual outra razão que Vegas - agente 11 - teria para sair com um garoto como ele?
Pete tentou dizer a si mesmo que a sensação de perda oca que torcia

seu interior era normal. Era normal estar um pouco chateado. Mas passaria.

Era apenas uma paixonite. Passaria.

Tinha que passar.

Por favor. Pensou desesperadamente, pressionando a bochecha no

ombro de Vegas e apertando os olhos. Por favor.

*****

Quando chegaram a Barcelona, ele ainda não se sentia pronto.

Tudo parecia tão... Decepcionante. Pete havia esperado um confronto

aberto com Brylsko, que destruísse seus disfarces, por algum tipo de violência que provaria que Brylsko era
mais do que apenas um empresário hedonista de meia idade. Mas não houve nada. Ninguém os deteve
enquanto deixavam o navio e entravam num táxi.
— Isto foi decepcionante. — Pete murmurou, olhando pela janela do

carro.

Vegas - agente 11, caramba! - resmungou.

— Decepcionante é bom, confie em mim. Significa um trabalho bem

feito. — Ainda assim, ele parecia um pouco tenso. Não era óbvio, mas depois de mais de uma semana
estando em contato com ele, Pete aprendeu a diferença entre um agente do MI6 completamente relaxado e
um agente do MI6 que estava realmente tenso enquanto fingia estar relaxado.
Pete se animou.

— Estamos em perigo? — Sussurrou, olhando com olhos arregalados. Talvez o motorista fosse
um dos homens de Brylsko. Talvez fosse sequestralos!
O agente 11 deu uma risada.

— Não. Desculpe te desapontar.

Pete suspirou.

— Não é minha culpa que a missão foi chata. Ser um agente secreto

não é tudo isso que as pessoas falam.

O agente 11 sorriu, com dentes brancos destacando contra sua pele

beijada pelo sol, ainda com a barba por fazer e injustamente lindo.

Deus, queria tanto beijá-lo.

Engolindo em seco, Pete desviou o olhar.

Ficou em silêncio depois disso, balançando sua perna ansiosamente enquanto esperava que
chegassem ao aeroporto. Pegou o agente 11 o observando algumas vezes, mas ele também ficou calado.
Só quando o avião estava decolando, Pete deixou escapar, sem olhar

para o seu companheiro.

— Então você já tem uma missão depois dessa?

— Sim.

Pete olhou para suas mãos, lembrando-se de que isso não era dá sua

conta. Não tinha o direito de perguntar.

Para sua surpresa, o agente 11 falou voluntariamente.

— Vou trabalhar na minha missão de longo prazo.

Pete virou a cabeça para ele.


— O Vegas Theerapanyakul?

O outro homem assentiu.

Pete molhou os lábios.

— Aquela em que você deve seduzir o filho de um figurão?

Com sua expressão impenetrável, o agente 11 assentiu novamente.

— Oh! — Pete suspirou e desviou o olhar de novo, tentando ignorar o

nó apertado em seu estômago.

Não era ciúme. Não tinha o direito de ficar com ciúmes. Esse era o

trabalho de Vegas. Ele também era o trabalho de Vegas. Não significava nada para Vegas - ao agente 11. Era
bom lembrar disso.
O agente 11 suspirou.

— Pete .

Pete tirou o seu novo celular dado pelo MI6 e colocou os fones de

ouvido.

— Pete. — Disse Vegas.

— O quê. — Pete disse sem rodeios, olhando a tela de seu celular.

— Você está bravo comigo?

— Não. — Disse Pete . — Por que eu estaria com raiva de você?

— Não faça isso. — Disse Vegas.

— Fazer o quê?

— Não minta. — Disse Vegas calmamente. — Você não é assim.

Você diz o que pensa. Isso é raro. Não permita que isso mude.

Pete zombou.

— Mentir não é o nosso trabalho?

Vegas soltou uma risada com suas próprias palavras jogadas de

volta para ele.

— Não deixe o trabalho mudá-lo. Você nunca deve deixar suas

missões afetá-lo fora do trabalho. Se fizer isso, não durará muito com o MI6.

Pete levantou o olhar para Vegas.

— Só isso? É fácil para você? Manter seu trabalho separado da sua


vida?

— Claro que não é. — Disse Vegas, sua expressão sombria. — Mas

você deve aprender a dividir. Pense em si mesmo como um ator que tira a maquiagem do palco após uma
apresentação. Da mesma forma, tudo o que acontece durante uma missão não é real. É uma performance.
Bom.

Pete riu.

— Você não precisa me dizer isso, sabe. Entendo. Devo superar

minha paixonite tola e parar de ser estúpido. Eu consigo, está bem? — Se forçou a encontrar os olhos de
Vegas com firmeza. Vegas queria honestidade, não era? Poderia ser brutalmente honesto. — Sei que você
realmente não se importa comigo. Não sou um completo idiota.
Vegas apertou os lábios, uma expressão fechada em seu rosto. Sua

mandíbula serrou e ele desviou o olhar antes de dizer com rigidez.

— Não foi isso o que quis dizer. Não sou a porra de um robô, sabe. Eu... Me importo com você.
Eu lhe disse, sua quedinha não me incomoda. Nem estava pensando nisso quando falei. Só queria que fosse
sincero comigo. Se está com raiva, diga que está com raiva. Não quero que minta para mim.
O nó apertado no estômago de Pete afrouxou um pouco.

— Você vai ser honesto de volta?

Vegas riu, como se Pete tivesse dito algo engraçado e olhou para

ele.

— Eu já sou. Você acha que sou tão sincero com todos?

Pete franziu a testa. Agora que pensava sobre isso, se lembrou das

pessoas no MI6 fazendo fofocas sobre como distante e fechado o agente 11 era. Apesar de trabalhar para o
MI6 há uma década, o agente 11 ainda era um mistério para a maioria de seus colegas de trabalho.
— Não é? — Pete perguntou suavemente.

Vegas balançou a cabeça com um sorriso irônico.

— Agora, me diga o que te chateou. Não sou um leitor de mentes.

— Hum. — Pete estudou suas unhas com mais interesse do que

precisava. — Acho que estou apenas me sentindo descartável. Substituído por outra pessoa.
Podia sentir o olhar de Vegas sobre ele.

— Você está com ciúmes?

Corando, Pete fez uma careta.


— Não. — Ele resmungou sem convicção.

Merda, isso era humilhante.

— Pete. — Vegas disse com um suspiro. — Minha próxima

missão será completamente diferente dessa.

Havia algo sobre o tom de Vegas que fez Pete olhar para ele.

Vegas beliscou a ponta do nariz.

— Também não estou ansioso para a minha próxima missão, sabe. Herdeiro de um império do
crime ou não, o cara que deveria usar também é uma pessoa. É possível que ele nem esteja ciente das
atividades criminosas do seu pai.
— Então por que o seduzir?

Vegas fez uma careta.

— Porque seu pai é um filho da puta paranoico. Ele faz Brylsko

parecer ingênuo e confiante. É impossível chegar perto dele, porque ele literalmente não confia em
ninguém. Seu filho é o único ponto fraco que tem. Ele não parece ter muito carinho por seu filho, mas
parece que quer deixar tudo para sua carne e sangue, então deve começar a confiar nele em algum
momento em breve. E tenho que me tornar a pessoa que seu filho confia. É a única maneira de conseguir
alguém dentro.
Pete franziu a testa.

— Por que o MI6 está envolvido, no entanto? A inteligência doméstica

não é o trabalho do MI5.

Vegas encolheu os ombros um pouco.

— É uma operação conjunta com MI5. O alvo tem conexões com uma

quadrilha sul-americana de tráfico humano e a máfia russa.

Pete olhou para as nuvens pela janela. Embora racionalmente

entendesse que a missão de Vegas era importante, se sentia doente com o pensamento de que Vegas iria
seduzir outro cara, sorrir para ele, beijá-lo, tocá-lo e fazer sexo com ele.
Mas não era como se sua opinião fosse importante. Ele era apenas

um garoto gay com uma paixão estúpida por um homem heterossexual.

— Tudo bem. — Disse sem emoção. Ligou a música e fechou os

olhos.

Não se lembrava de adormecer, mas deveria ter, porque a próxima


coisa que percebeu, era que tinham pousado e Vegas desabotoava seu cinto de segurança enquanto ele
piscava com força para afugentar o sono. Sentia-se desorientado.
— Venha. — Disse Vegas, o guiando para fora do avião com uma

mão colocada na parte inferior das suas costas.

Pete se inclinou para o toque antes de se afastar, como uma boneca

de pano puxada em duas direções diferentes.

— Pete? — Vegas disse.

Pare de me chamar de Pete. Pete quase surtou, mas não o fez. Não tinha condições para
falar depois de tudo - também tinha problemas para pensar em Vegas como o agente 11.
— Vamos pegar nossa bagagem e encontrar um táxi. — Disse Pete ,

olhando para frente.

A viagem de táxi para a sede foi silenciosa.

Não era um silêncio amigável. Pete fechou os olhos e fingiu dormir,

dolorosamente consciente do homem ao lado dele. Pensou que podia sentir o olhar de Vegas sobre ele,
mas, no entanto, sabia que era só sua imaginação. Foi um alívio quando o táxi finalmente os deixou na sede.
— Nós realmente precisamos relatar imediatamente? — Disse Pete ,

sem olhar para Vegas.

— Sim. — Vegas disse, se aproximando do scanner de íris.

Ele apitou e ficou verde.

Pete o seguiu até o prédio, tentando não parecer que estava

arrastando os pés. Deveria estar animado. Completou com sucesso sua primeira missão de campo. Ia ser
motivo de inveja no centro de treinamento.
O centro de treinamento... Parecia que fazia meses desde que esteve

lá.

Parecia que se passaram meses desde Vegas...

Vegas não existe. Pete se lembrou com raiva. Havia apenas o

agente 11, que em breve iria seduzir outro homem.

— Bem-vindo de volta, A11. — Disse Claudia, dando um sorriso a Vegas. — Como foi seu voo?
— Bom. — Vegas disse laconicamente. — C está em seu escritório?

— Sim, mas ela quer que você arquive seu relatório da missão e
entregue os dados recuperados ao departamento de Inteligência. — Claudia olhou para Pete pela primeira
vez. — O agente Saengtham deve relatar pessoalmente. Ela está esperando por você.
Pete não conseguia ver o rosto de Vegas, mas pode ver seus

ombros levemente tensos.

— Por que ele?

Claudia encolheu os ombros.

— C não se explica a mim.

Vegas deu um aceno de cabeça e olhou para Pete , algo cintilando

em seus olhos quando seus olhares se encontraram.

E então se virou e foi embora.

Pete o observou ir, suas entranhas em nós.

Quando as portas do elevador se fecharam atrás de Vegas, Pete se

encontrou olhando fixamente e estupidamente para elas, sentindo-se perdido e sozinho. Tinha esquecido
como era. Realmente esqueceu.
— Pete ? Você está bem?

— Sim. — Sorrindo fracamente para Claudia, Pete bateu na porta e

entrou no escritório de Erika .

Capítulo 15

— Olá, Pete . — Erika disse com um sorriso agradável. — Por

favor, sente-se.

Ele fez, esperando que não parecesse tão nervoso quanto se sentia.

O que ela queria com ele?

— Com todo o devido respeito, madame, não entendo por que

solicitou um relatório de missão de mim. — Disse Pete . — Certamente o agente 11 pode lhe dar um
relatório melhor.
Erika lhe deu outro sorriso.
— Verdade. Mas o agente 11 não precisa estar aqui para enviar seu

relatório. — Ela o estudou por alguns instantes. — Pete , vou ser franca com você. Pedi que viesse sozinho,
porque queria ter certeza que não estava traumatizado pela missão. Obviamente você se sentiria
pressionado na presença do agente 11 e não seria capaz de falar com franqueza.
Pete olhou para ela.

— O quê?

Erika deu-lhe um olhar compreensivo.

— Você não precisa ter medo, Pete . Pode me dizer se o agente 11 o

pressionou a fazer qualquer coisa que não quisesse fazer durante o curso da missão. Você é muito jovem e
inexperiente e o agente 11 não tem o direito de coagi-lo em qualquer coisa, missão ou não. Não aceito
coerção sexual com os adolescentes.
Pete olhou para ela com descrença antes de ter que virar para

esconder sua raiva. A coragem dessa mulher. Será que ela acha que sou estúpido?
Respirando fundo, Pete encontrou seus olhos e disse com toda a

calma que podia.

— Tenho medo de não ter entendido, senhora. O agente 11 não foi

nada, se não atencioso. Ele foi de uma grande ajuda e apoio para mim quando eu precisava e
definitivamente não me obrigou a fazer nada que não quisesse.
Tenho dezoito anos, senhora. Um adulto. Um adulto legalmente.

O sorriso da mulher ficou um pouco tenso.

— Entendo. Você pode ir, Saengtham .

Pete nunca tinha saído de uma sala tão rápido.

— Não tolero coerção sexual de adolescentes. — Repetiu em voz

baixa, raiva apertando sua garganta. Se ela realmente não tolerasse isso, não teria designado um
adolescente para essa missão. Não que se sentisse coagido de qualquer forma - longe disso - mas era o
princípio do assunto.
Pensando nisso, olhando para trás, Pete podia ver os sinais de uma armadilha cuidadosamente
plantada. Nunca em nenhum momento das instruções pré-missão foi explicitamente dito que teria que
realizar atos sexuais, se necessário. Estava fortemente implícito, mas ela poderia argumentar que Pete não
tinha entendido. Agora, Erika poderia reivindicar a inocência e colocar toda a culpa em Vegas - se Pete
expressasse queixas, o que obviamente ela estava esperando. Se sentia muito bem em decepcionála. Pete
queria poder dizer tudo o que pensava sobre ela, mas...
Uma mão agarrou seu braço e o puxou para uma sala que nem tinha

notado. O grito de Pete foi interrompido quando viu que era Vegas.

— O que ela queria? — Ele disse.

Pete olhou para a câmera de segurança no canto da sala. Vegas

seguiu seu olhar e assentiu. Pegando o pulso de Pete , o levou para fora da sala e caminhou em direção ao
elevador.
Pete estava tão confuso que levou um tempo para perceber que Vegas estava indo para o
quarto de Pete na academia de treinamento. Isso fazia sentido. Os quartos eram o único lugar onde lhes
davam um pouco de privacidade.
— E aí cara. — Patrick, seu companheiro de quarto, disse quando viu

Pete . — É bom te ver de volta. — Ele olhou incerto para Vegas. — Você está...

— Fora. — Disse Vegas. — Pode voltar em uma hora.

— Inacreditável. — Pete disse quando Patrick realmente se levantou

e saiu do quarto sem se queixar.

Pete deitou em sua cama, enterrou o rosto no travesseiro e fechou os

olhos.

— Não deveria ter dito a Patrick para voltar em uma hora. Não há

muito o que dizer. Erika só tentou me fazer acusá-lo de má conduta sexual. Disse a ela que você não fez
nada que eu não quisesse. Fim da história. Você não tem nada com que se preocupar. — Só queria que
Vegas o deixasse em paz para que pudesse ser miserável sozinho. — Tchau. Você não tem um herdeiro rico
para seduzir?
— Pelo amor de Deus, Pete...

— Pare de me chamar assim! — Pete respondeu, rolando sobre suas

costas e olhando para Vegas. — A missão acabou. Não precisa ser carinhoso comigo, me tocar ou falar
comigo... — Sua voz quebrou e Pete olhou mais firme, se odiando e a esse homem, porque agora mesmo
tudo o que queria era ser embrulhado nos braços de Vegas e que lhe dissesse pequenas e doces mentiras.
— Isso não tem nada a ver com a missão. — Disse Vegas. — Pensei

que era óbvio que você não era apenas uma missão para mim. Realmente me importo com você. Por que
isso é tão difícil de acreditar?
— Por quê? — Pete repetiu incrédulo, se sentando. Ele estava falando

sério? — Nem sequer sei seu nome verdadeiro! Como deveria acreditar em algo que você diz quando não
conheço nada real sobre você? Nunca conheci uma pessoa tão parecida com um camaleão!
Toda a raiva pareceu desaparecer do corpo de Vegas. Ele suspirou,

passando a mão pelo rosto.

— Meu verdadeiro nome é Vegas.

Pete olhou para ele, confuso.

— O que?

Vegas se aproximou e se sentou ao lado dele.

— É uma longa história.

Pete olhou seu perfil.

— Tenho tempo. — Disse suavemente, ainda tentando envolver sua

mente em torno do fato de que Vegas era realmente Vegas.

O agente 11 - Vegas - ficou quieto por um tempo.

— Meu pai morreu quando eu tinha onze anos. — Disse finalmente. — Um acidente de carro.
Minha mãe se casou novamente um ano depois. Odiava meu padrasto. — Havia algo autodepreciativo no
sorriso de Vegas. — Estava constantemente com raiva quando era adolescente. Pensei que também odiava
minha mãe. Me sentia traído, achei que ela tivesse traído meu pai ao se casar logo após sua morte e para
piorar com o melhor amigo dele. Na minha cabeça ela deveria estar traindo meu pai antes da morte dele.
— Ela estava? — Pete disse calmamente.

Vegas encolheu os ombros.

— Não penso assim, mas naquela época, tinha certeza e não queria

viver com eles. Fugi de casa quatro vezes antes que minha mãe finalmente desistisse e pedisse aos parentes
do meu pai para que cuidassem de mim.
— Então você cresceu com seus parentes?

— Não. — Disse Vegas. — Meu pai... Ele pertencia a um ramo

empobrecido de uma família muito antiga e influente, então todos os seus parentes eram um bando de
ricos esnobes. Todos ficavam olhando para mim. — Vegas parecia quase divertido. — Provavelmente pode
adivinhar o que aconteceu.
Pete inclinou a cabeça para o lado.

— Não suportou seus parentes esnobes e fugiu novamente?


Vegas assentiu com um resmungo.

— Acho que me via como um rebelde. Naquela época, morei nas ruas

por um tempo, entrando em problemas e mal saindo. Mas no momento em que fiz quinze anos, cresci um
pouco e percebi que na verdade não odiava minha mãe e que estava errado em tratá-la do jeito que tratei.
Sentia falta dela. — Vegas fez uma pausa. — Mas era tarde demais. Ela morreu enquanto estava fora.
Complicações durante o trabalho de parto. — O rosto de Vegas estava completamente vazio. — Nem sabia
que ela estava grávida.
Oh!

Pete estremeceu por dentro.

— Sinto muito. — Ele disse, tocando com incerteza a mão de Vegas. Achou que seria estranho,
mas no momento em que o tocou, suas mãos imediatamente se uniram e os dedos se entrelaçaram. Se
acostumaram a ficar de mãos dadas.
Vegas olhou para suas mãos.

— Sim. — Disse ele. — Eu também.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, enquanto Vegas

distraidamente brincava com os dedos de Pete .

Quando Pete começou a pensar que Vegas não iria continuar, ele

fez.

— Depois disso... Provavelmente pode imaginar que me senti como

uma merda. — Disse Vegas. — Me tornei um canhão solto. Quando tinha dezesseis anos, acabei na prisão
depois de esfaquear o líder de uma das gangues de Londres, mas o MI6 me soltou e limpou meu registro. —
Ele sorriu ironicamente. — Estavam recrutando. Queriam alguém jovem e capaz, alguém que pudessem
moldar da maneira que quisessem, e não doía que eu fosse de uma família antiga e assim poderiam me
usar para se infiltrarem na classe alta quando precisassem.
— Por que você finge que seu nome verdadeiro é apenas um

disfarce? — Pete murmurou, olhando para seus dedos entrelaçados. A mão de Pete não era pequena por
qualquer meio, mas na mão de Vegas ela diminuía, sua pele muito mais escura do que a de Pete . Isso fazia
Pete se sentir engraçado. Não conseguia afastar seu olhar.
— Isto é um disfarce, de certa forma. — Disse Vegas. — Só porque

é meu nome verdadeiro não significa que as pessoas sabem que Vegas Theerapanyakul é uma pessoa real.
Ele não é. Minha educação é real o suficiente, assim como meu trabalho na Grayguard, mas a maioria dos
meus supostos interesses e preferências são falsas. Até meus parentes não sabem que não sou gay. Quando
fui designado para esta missão há dois anos, eu ―saí do armário‖ e comecei a construir meu disfarce. Por
causa desta missão, Vegas Theerapanyakul deve ser o homem perfeito dos sonhos de Porsche Kittisawat:
um homem gay, confiante e confiável, que quer uma relação séria e uma família. Este disfarce não é mais
real do que qualquer outro que tive.
— Porsche Kittisawat? — Pete disse, olhando para o rosto de Vegas. — É ele que você deveria
seduzir? Nem sabia que ele era gay.
Vegas levantou as sobrancelhas.

— Você o conhece?

Pete bufou.

— Sou um ladrão, Vegas. Ele é o herdeiro do homem mais rico da Inglaterra. Conhecer pessoas
ricas era parte do meu trabalho.
Também sabia que Porsche Kittisawat era muito bonito. Não apenas bonito, nem mesmo lindo
- ele era magnifico. Então, mesmo um homem heterossexual provavelmente poderia se sentir atraído por
ele.
Pete limpou a garganta.

— Então, quando sua missão começa oficialmente? Há um motivo

pelo qual você esperou tanto tempo?

— Existe. — Disse Vegas, começando a mexer com os dedos de Pete novamente. — Precisava
deixar meu disfarce à prova de balas e tivemos que esperar por um sinal de que Whitford tinha começado a
confiar em seu filho. Sabemos que Whitford enviou seu filho à Rússia no inverno passado, para representá-
lo no ramo russo da Whitford Industries. Curiosamente, Luke foi sequestrado em fevereiro, após uma
reunião com Anakinn Theerapanyakul, o bilionário russo suspeito de ser o chefe da máfia russa.
Pete franziu a testa.

— Espere, Porsche Kittisawat foi sequestrado? Eu não sabia disso.

— Poucas pessoas sabem. Seu pai conseguiu manter em sigilo. Ele

nem sequer chamou a polícia. Mas o melhor amigo de Luke - meu primo James - falou com seu pai, um
político muito influente, para pedir ajuda ao MI6. — Vegas sorriu. — Foi meio engraçado. Nós já sabíamos
sobre o desaparecimento de Luke, mas tivemos que fingir. No entanto, James confirmou que Luke foi ver
Anakinn Theerapanyakul antes de desaparecer, por isso não foi inteiramente inútil. Parece que Whitford
finalmente começou a confiar em seu filho, então minha missão pode começar oficialmente agora que Luke
voltou.
— Espere. — Disse Pete novamente. — Luke foi encontrado?

— Há pouco tempo atrás. — Vegas disse, seu polegar acariciando a

pele fina entre os dedos de Pete . — Ele foi interrogado por nossos agentes, mas não conseguiram tirar
muito dele. Luke disse não saber quem o sequestrou ou por quê. Disse que não foi Anakinn
Theerapanyakul, que foi sequestrado algumas horas depois do encontro com o russo.
Pete olhou para Vegas com curiosidade.

— Você não acredita nisso?

Desembaraçando suas mãos, Vegas bateu na ponta do nariz de Pete com o polegar, sua
expressão suave, mas triste.
— Acabei de perceber que não deveria estar falando isso. É sigiloso

por um motivo. Esse seu rostinho é um perigo para a segurança nacional.

Pete sorriu, seu rosto quente.

— Tarde demais, não pode fingir que não disse! Continue falando.

Vegas bufou, seu dedo cutucando a pequena covinha que apareceu

na bochecha de Pete quando sorriu.

— Sim, acho que Luke está mentindo. — Disse ele. — A questão é o

porquê. De qualquer forma, a missão agora tem uma chance, então vou descobrir em breve.
Certo.

O bom humor de Pete despencou.

— Então... — Ele disse, olhando para qualquer lugar, exceto para Vegas. — Já que você vai se
concentrar nessa missão, significa que vai parar de vir à sede?

— Sim. — Disse Vegas. — Assim que começar a namorar seu filho, Whitford provavelmente
mandara seus homens me seguirem. Ele é realmente paranoico.
— Ele sabe que seu filho é gay?

— Temos informações conflitantes. Parece que Luke acha que seu pai

não sabe que é gay, mas temos certeza de que Whitford sabe. Whitford tinha homens seguindo os dois
últimos namorados de Luke. Assustou um deles, na verdade. Não parece que esteja feliz com a sexualidade
de seu filho, mas até onde sabemos, ele ainda não confrontou Luke. Talvez esteja esperando que seja
apenas uma fase e seu filho vai superar.
— Boa sorte com isso. — Pete disse com escarnio, quase sentiu pena

de Luke, antes de lembrar que logo ele estaria namorando seu Vegas.
Ele não é seu, uma voz em sua cabeça disse com sarcasmo. Tinha

tanto poder sobre Vegas quanto Porsche Kittisawat. Menos, na verdade.

Era uma pílula amarga de engolir.

Pete se levantou e caminhou até a mala. Alguém deve ter deixado

isso lá enquanto falava com Erika . Começou a desfazer a mala, apesar de não haver pressa para fazê-lo.
Precisava de algo para se ocupar enquanto fingia que tudo estava bem - que estava totalmente bem com
Vegas seduzindo outro cara. Um cara muito bonito, muito rico e bem-educado.
Pete olhou fixamente para a camisa verde nas mãos. Era uma das

suas poucas camisas que não tinha jogado fora depois de se tornar um estagiário do MI6. Estava
esfarrapada e desbotada por causa das muitas lavagens, mas não tinha nenhum buraco, o que era bom o
suficiente em seu livro.
Se perguntou se Porsche Kittisawat já usara algo assim.

Quase riu desse pensamento.

— Você ainda está com raiva. — Afirmou Vegas.

— Não. — Pete disse honestamente. Não estava mais com raiva. Acreditava agora que se Vegas
não se importasse pelo menos um pouco com ele, não teria dito nada a Pete sobre ele e sua missão.

Simplesmente não mudava nada.

— Então, se você não pode vir para a sede, isso significa que não vou

te ver por um longo tempo, certo? — Pete disse, olhando sua mala sem realmente vê-la. — Meses, não é?
Tinha ouvido que missões como essa poderiam demorar muito.

Às vezes, anos.

Sua garganta apertou e Pete se viu enrolando a camisa na mão. Era

apenas uma queda. Uma paixonite. Não havia motivo para que seu peito doesse tanto assim.
— Provavelmente. — Disse Vegas depois de um momento.

Pete deu um aceno rápido.

Por que Vegas não ia embora?

Sentiu mais do que ouviu Vegas caminhar.

Pete endureceu, seus dedos tremendo.

Podia sentir Vegas perto, logo atrás dele.

— Pete. — Ele disse calmamente, colocando a mão na nuca de Pete .


Pete estremeceu. Levou toda a sua força de vontade para não se

inclinar para o toque.

— A partir de amanhã, não vou vir muito aqui. — Disse Vegas. — Vou te dar meu número,
aquele que o MI6 não conhece. Se algo acontecer - se Erika tentar algo novamente, atribui-lo a outra
missão ou alguém lhe causar algum problema - você vai me ligar. Entendeu?
Pete mordeu o lábio inferior com tanta força que sentiu o gosto de

sangue. Uma parte dele odiava Vegas por isso, por cuidar dele e dar-lhe uma estúpida esperança.
Pete assentiu, tirando o celular dado pelo MI6.

— Não, seu telefone é rastreado e todas as conversas são

registradas. Aqui. — Vegas pegou um celular, aparentemente idêntico ao de Pete , e entregou-o a ele. —
Um telefone descartável. Já coloquei o meu número nele. Não deixe ninguém saber que você tem isso.

Pete ficou de pé, pegou o telefone e olhou para o outro homem.

Vegas tinha uma expressão muito estranha no rosto. Era intensa,

mas difícil de ler. Ele olhou para Pete por um longo momento antes de dar um passo à frente.
Pete olhou para ele, sem respirar, seu coração batendo como louco, e

pensou que talvez...

— Fique seguro, Bambi. — Vegas bateu em seu ombro e saiu do

quarto.

Pete se moveu em direção a sua cama, se sentou e deixou o rosto

cair em suas mãos.

— Idiota. — Ele sussurrou.

Às vezes, se perguntava o que sua mãe pensaria dele se ainda

estivesse viva.

Ela provavelmente teria vergonha de ter dado à luz uma coisa tão

estúpida e patética como ele.


Capítulo 16

Maldição.

As mãos de Vegas apertaram o volante. Não olhou para o espelho

retrovisor enquanto a sede desaparecia de vista. Tinha mais autocontrole do que isso. Pouco.
— Idiota, estupido. — Murmurou em voz baixa. Não só era completamente impotente para
resistir a Pete quando perguntou algo, mas também teve que suprimir as ideias completamente
insanas e paranoicas de que algo aconteceria com Pete quando não estivesse por perto para
protegê-lo.
Pete não precisava de proteção. Ele não era nem indefeso nem

ingênuo. Havia sobrevivido mais de uma década nas ruas. E não precisava de Vegas para segurar sua mão.
Ele ficaria bem enquanto Vegas se concentrasse na missão Whitford - mesmo que a missão durasse meses.
Seus lábios apertaram com o pensamento.

Vegas tinha que lembrar a si mesmo que só conhecia o menino há

um mês. Não era tempo suficiente para ficar tão... Apegado.

Além disso, alguma distancia os faria bem. Pete superaria sua

paixão e acharia outro objeto para suas afeições. Quando Vegas o visse de novo, Pete provavelmente lhe
diria que tinha uma paixonite por um garoto de sua idade e não pareceria mais atordoado e excitado toda
vez que Vegas o tocasse.
O pensamento era... Estranho.

O fato de que era estranho provava que definitivamente precisava de

uma boa distância do garoto.


*****

Ele conseguiu por três horas.

Em defesa de Vegas, teve uma boa razão para ligar para Pete.

Ou então, disse a si mesmo.

Pete respondeu no quarto toque.

— Vegas?

Vegas, que estava jogado no sofá, se endireitou. Parecia que o

garoto esteve chorando.

— Você está bem?

Conseguiu ouvir Pete respirar fundo antes de responder.

— Sim, estou bem. Estava apenas cochilando. Algo errado?

Vegas franziu a testa, sem dúvida não acreditava nele.

— Não. Só queria saber o que exatamente Erika disse.

— Oh! Já te disse tudo.

Vegas estremeceu.

— Eu sei, mas preciso de todos os detalhes.

— Ela queria te colocar em apuros. — Disse Pete. — Tentou me

convencer a dizer que você me coagiu a fazer sexo. — Ele zombou. — Ela realmente teve a coragem de fingir
ser toda simpática e compreensiva, como se eu não tivesse ideia de que foi ela que pediu para você me
recrutar para essa missão, perfeitamente consciente de que algum tipo de sexo provavelmente estaria
envolvido. Fingiu que foi sua ideia e que suas ações não foram autorizadas.
Vegas murmurou pensativo.

— Interessante.

— Por que ela te odeia? — Disse Pete .

— Ela acha que estou atrás de seu trabalho.


— Você está?

— Talvez.

— Sério? Você quer ser o Chefe do MI6?

Vegas fez uma careta.

Querer era uma palavra muito forte.

— Em alguns anos talvez. É algo que estou considerando.

— Você não é um pouco jovem para esse trabalho?

Vegas encolheu os ombros um pouco.

— Tenho experiência suficiente. A idade pode realmente ser uma

coisa positiva. O principal motivo pelo qual os superiores estão considerando substituir Erika é porque ela é
muito antiquada. Tecnologicamente, estamos um pouco atrás de agências de inteligência estrangeiras como
a CIA, e não porque não temos capacidade. Erika está presa em seus velhos hábitos e se recusa a dar ao
departamento de Pesquisa e Desenvolvimento financiamento suficiente. Isso é frustrante às vezes, porque,
por exemplo, nossa última missão teria sido muito mais fácil se tivéssemos alguma tecnologia que a CIA
possui. Então sim, às vezes é tentador ter o controle do MI6, então não estaremos mais presos no século
passado.
— Mas o programa para hackear que os técnicos nos deram era bem

legal. — Disse Pete , um sorriso na voz dele. — Posso ou não ter feito uma cópia ilegal para mim.
Vegas sorriu, alívio o percorrendo com a leveza na voz de Pete.

Tinha começado a pensar que não conseguiria ouvi-la novamente.

— Vou fingir que não ouvi isso. — Disse secamente.

— Ouviu o quê? — Pete disse, com uma voz muito inocente e

doce.

Vegas riu. Poderia vividamente imaginar grandes olhos escuros

olhando para ele com fingida confusão e inocência. Se Pete estivesse aqui, ele... Iria beijar Pete na ponta do
seu nariz. Ou talvez em sua bochecha. Pete iria corar e fazer aquela coisa subconsciente que sempre fazia
quando Vegas o tocava, iria se inclinar para o toque, como se pedisse mais. Ele sempre queria mais.
— Vegas? — Pete disse com incerteza, o trazendo de volta ao

presente.

Vegas balançou sua cabeça, aturdido por seus próprios

pensamentos.
— Desculpe, fiquei distraído por um momento. — Ele esfregou um

dedo entre as sobrancelhas, franzindo a testa. — Pete ?

— O quê?

Vegas não podia acreditar no que estava prestes a perguntar.

— Nós estamos bem? — Parecia tão estranho e embaraçoso como esperava. Estava
perguntando a um garoto de dezoito anos que tinha compartilhado uma missão se estavam bem, embora
realmente não tivesse feito nada de errado. Não deveria se importar que Pete estivesse chateado com a sua
próxima missão.
— Existe um nós? — Perguntou Pete.

Vegas fechou os olhos.

— Não estaria perguntando se não houvesse. Não quero que você

pense que não te quero por perto agora que a missão acabou.

Havia silêncio na linha.

— Você quer?

A total vulnerabilidade na voz de Pete deixou o peito de Vegas

apertado com protecionismo.

— Claro que sim, bebê. — Se ouviu dizer. Imediatamente, Vegas

fez uma careta. Não deveria ter usado o apelido carinhoso. A missão tinha terminado e, continuar usando
os apelidos só mexeria com a cabeça de Pete - com as duas cabeças. As coisas já estavam bem complicadas.
— Não tinha certeza de que você queria. — Confessou Pete , sendo

completamente sincero. Vegas não precisava vê-lo para saber que Pete estava sorrindo, apenas um pouco.
Percebendo que também estava sorrindo, Vegas passou a mão pelo

rosto, um mal-estar se acomodando em seu estômago.

Que diabos estava fazendo?

— Tenho que ir. — Disse laconicamente e terminou a ligação.

Imediatamente, se sentiu como um idiota - um idiota maior do que já

era.
*****

Pete ligou para ele duas horas depois.

— Olá. — Ele disse, soando tímido, mas determinado. Vegas podia imaginá-lo mordendo seu
lábio, o queixo apoiado nos joelhos dobrados. A imagem era perturbadora e vívida em sua
mente.
— Ei. — Vegas disse, abrindo a geladeira. — Está tudo bem?

— Sim. — Disse Pete. — Só... Você meio que desligou sem dizer

adeus e eu estava apenas... — Ele parou antes de gemer. Parecia abafado, como se Pete o fizesse em sua
mão. — Basicamente, sou aquele garoto pegajoso e chato que quer garantir que as pessoas não o odeiam
secretamente. Por favor, me ignore. Vou desligar e nunca mais usar um telefone.
Vegas se viu sorrindo.

— Não o odeio secretamente. Estamos bem. Desculpe, se lhe dei a

impressão de que não queria falar com você.

— Então por que desligou tão abruptamente?

Vegas hesitou. Seu primeiro instinto era mentir - com seu trabalho,

sempre era - antes que se lembrasse de que a honestidade deveria ir nos dois sentidos.
— Para ser honesto, queria parar de conversar com você. — Disse Vegas, fechando a geladeira
fazendo uma nota mental para fazer compras o mais rápido possível. — Mas não porque te odeio
secretamente.
Houve um silêncio na linha.

Vegas caminhou até seu laptop e se sentou novamente. A imagem

de Porsche Kittisawat o encarava na tela. Luke parecia um pouco mais novo que os seus vinte e três anos.
Com seus cabelos dourados, características finas e lábios cheios, ele era claramente muito bonito. Era mais
bonito do que a maioria das mulheres que Vegas conhecia. Era uma pena que não pudesse sentir uma
centelha de atração por ele, o que tornava sua missão bem mais difícil. Fingir desejo não era fácil, mesmo
para alguém tão experiente quanto ele. Sempre diziam que a falta de ereção era a prova mais condenatória.
Estava olhando essa imagem durante a última hora, tentando encontrar algo sobre Luke que o atraísse. Não
poderia tomar Viagra sempre que saísse com Luke.

Era uma das razões pelas quais Vegas odiava missões chamariz,
especialmente quando o alvo era do sexo masculino. Nem sempre era atraído pelas mulheres que deveria
seduzir, mas com as mulheres era bem mais fácil enganar seu corpo para acreditar que estava atraído por
elas. Até agora não foi bem-sucedido em convencer seu corpo de que queria Porsche Kittisawat.
Claro, o fato de que seus pensamentos continuavam retornando para Pete com uma frequência
irritante não estava exatamente o ajudando a se concentrar no trabalho.
— Então, por quê? — Pete disse finalmente.

Vegas se recostou em seu assento.

— Desliguei antes que pudesse dizer algo estúpido. Mais estúpido do

que já disse. — Ainda não podia acreditar que tinha chamado Pete de bebê.

Cristo, tinha enlouquecido?

— O que você quer dizer?

— Olhe. — Vegas disse com um suspiro. — Estou tentando não ser

um idiota. Sei que não é legal mexer com alguém. Não queria fazer isso, mas... Não consigo ser firme com
você como deveria.
Deveria ter sido mais firme com Pete sobre sua paixonite em vez

de chamá-lo por apelidos carinhosos.

— Espere. — Pete disse, parecendo estar dividido entre rir e

suspirar. — Se é sobre você me chamar de bebê, sei que você não é... Sei que não me vê dessa maneira.
Não se preocupe. Não estou delirando.
— Ainda assim. — Disse Vegas. — Eu deveria estar... Deveria haver uma linha. Sou o adulto com
mais experiência. Deveria ser o mais responsável. Mas, em vez de ser responsável, continuo escorregando e
tratando você como... Como... — Meu bebê. — Não consigo ser tão firme com você quanto deveria ser.
— Awww. — Pete parecia que estava sorrindo. — Você está

dizendo que gosta muito de mim, Vegas?

Vegas deu um sorriso pesaroso. Se fosse assim tão simples.

— Acho que fiquei um pouco apegado a você, Blue.

Ele praticamente ouviu o sorriso de Pete.

— É claro que você ficou. — Disse ele. — Tenho uma personalidade

cativante.

— Você tem. — Vegas disse, sorrindo fracamente.

Ficaram em silêncio por um tempo, mas desta vez o silêncio era


confortável.

— Sei que você não pode vir para a sede. — Pete disse de

repente. — Mas posso ir na sua casa? Quando tiver tempo?

Vegas olhou para a imagem de Luke sem ver.

Quando não respondeu, Pete murmurou com uma risada

estranha:

— Ok, vamos fingir que não disse nada.

— Vai parecer tão suspeito quanto eu indo para a sede. — Disse Vegas. — Minha casa
provavelmente será vigiada após Whitford ouvir sobre o meu namoro com seu filho.
— Oh! Tudo bem. Entendi. Esqueça, foi estupido sugerir isso de

qualquer maneira.

Vegas fez uma careta. Às vezes, a insegurança de Pete era de

partir o coração.

— Lembre-se do que lhe disse sobre prestar atenção ao que as

pessoas falam ao invés de deixar sua opinião preconcebida afetar seu julgamento? Tudo o que disse foi que
você não pode vir à minha casa da sede, pois mais cedo ou mais tarde, os homens de Whitford te seguiriam
de volta ao MI6, não importa o quanto você seja cuidadoso.
— Não vão!

— Vão. Você é muito talentoso com o que faz, mas ainda é apenas

um novato. Não tem experiência prática e cometerá um erro, porque todo novato faz.
Pete ficou em silêncio, claramente desanimado.

O maxilar de Vegas apertou.

Não se atreva, disse sua parte racional.

Mas outra voz sussurrou que Pete estava triste, estava sozinho,

vulnerável e precisava dele.

— Mas você pode ficar comigo se quiser. — Disse Vegas, se

encolhendo com o seu autocontrole, ou a falta dele.

— O quê?

Pete parecia tão atordoado como parte de Vegas estava com

essa sugestão.
Era um homem reservado. Tentava manter sua vida pessoal longe da

profissional, tanto quanto possível. Em uma década com o MI6, nunca ofereceu a um colega para ficar com
ele. A maioria de seus colegas nem sabia onde morava. E agora estava oferecendo para compartilhar sua
casa com um garoto de dezoito anos que só conhecia a um mês. O que diabos estava errado com ele?
Nunca tinha se apegado às pessoas tão rápido ou tão forte. Se Pete fosse uma mulher, Vegas poderia ter
culpado a paixão. Como Pete era um garoto, estava apenas perplexo e irritado pela intensidade desse
apego.
Para não mencionar que convidar um garoto gay que tinha uma

paixão por ele para viver em sua casa era o oposto do esperto. Era a definição de irresponsável.
Mas, aparentemente, se Pete estivesse chateado, todo seu

pensamento racional saia pela janela. Inacreditável.

Apertando a ponta do nariz, Vegas explicou:

— Não há regras que o impeçam de morar em algum lugar além da instalação de treinamento.
Enquanto você estiver com um treinador qualificado, nem precisa ir para a sede até seus testes dentro de
alguns meses.
— E você é um treinador qualificado? — Disse Pete .

Vegas sorriu um pouco.

— Não, mas sou a próxima melhor coisa. Todos os agentes da minha

classificação estão qualificados para treinar novatos.

— Mas não vai interferir no seu disfarce? Seria suspeito se alguém

com quem não está relacionado vivesse com você.

— Na verdade. — Disse Vegas pensativo. — Provavelmente será menos suspeito se você morar
comigo. Se Richard Whitford conseguir descobrir que estive naquele cruzeiro, também descobrirá que
comprei um animal de estimação no leilão. Será mais suspeito se meu amante de repente desaparecer
depois de chegar em casa.
— Mas e Luke? — Disse Pete. — Ele não ficará emocionado se

descobrir que está vivendo com o amante que comprou em algum cruzeiro pervertido. Isso contradiz com
sua imagem de homem confiável que procura um relacionamento sério.
Vegas soltou um suspiro.

— Eu sei. — A missão de Brylsko comprometeu seu disfarce de


qualquer maneira. — Vou tentar não trazer Luke para casa, mas se ele descobrir sobre você, digo que era
um garoto sem-teto que encontrei perto de casa alguns anos atrás, que senti pena e o trouxe para morar
comigo. Obviamente, direi que você é hétero.
— Não vai funcionar se Luke descobrir sobre o cruzeiro do

papaizinho. — Pete apontou, jogando de advogado do diabo.

Vegas murmurou em acordo, considerando e descartando ideias.

— Poderia dizer que o trouxe para casa quando tinha, digamos,

quinze anos. — Disse Vegas. — Você morou comigo por alguns anos, mas então ficou chateado e fugiu
quando descobriu que eu estava pensando em me estabelecer e criar uma família. Direi a Luke que você
tem problemas de confiança e abandono. É foi por isso que fugiu e não consegui encontrá-lo por um tempo.
Então ouvi de alguém que você estava desesperado por dinheiro e se inscreveu para algum cruzeiro
pervertido. Claro que tive que interferir. Mas não poderia simplesmente arrastá-lo de volta, então tive que o
comprar para mantê-lo a salvo de velhos e mulheres pervertidas. Então aqui estamos.
— Isso... — Pete disse. — Isso poderia funcionar, na verdade. Isso

explica perfeitamente por que alguém como Vegas Theerapanyakul estaria em um cruzeiro como esse. —
Ele fez uma pausa antes de perguntar em voz baixa: — Você realmente quer que eu viva com você?

Cristo, Vegas queria abraçá-lo.

— Sim, Pete. Arrume suas coisas. Vou conversar com Erika e

buscá-lo em algumas horas.

— Mas ela te odeia. Tem certeza de que não vai dizer não?

Vegas sorriu severamente.

— Tenho certeza.

Capítulo 17

Com a mochila pendurada no ombro, Pete saiu do elevador e parou

no meio do caminho quando viu Erika parada ali, com os braços cruzados atrás das costas, a postura ereta e
a expressão fria.
Ela estava esperando por ele?

Uma sensação de pavor o encheu, sua excitação desaparecendo na

incerteza. Ele arquivara os formulários apropriados que Vegas lhe dissera para arquivar, mas, apesar das
palavras de Vegas, Pete não estava tão confiante de que Erika não o proibiria de sair da sede e morar com
Vegas.
— Senhora? — Ele disse cautelosamente. — Eu posso ir, certo? Estou

autorizado.

— Claro que você pode ir, Pete . — Ela disse com um sorriso gentil. — Mas tenha cuidado.
Agora entendo porque você se recusou a registrar qualquer queixa contra o agente 11. — Seus lábios se
curvaram. — Agente 11 tem... Um certo efeito em algumas mulheres, e parece que você também foi vítima
disso. Claro que não é sua culpa. Você é jovem e impressionável e ele é especialista em manipular as
pessoas.
Pete colocou um sorriso que provavelmente era tão falso quanto o

dela.

— Obrigado por me avisar, senhora. É muita gentileza da sua parte.

Agora, se me der licença... — Ele saiu do prédio antes que ela pudesse detê-lo.

Porra do inferno. Até Brylsko parecia muito mais simpático que Erika .
Suspirando, Pete lembrou a si mesmo que ele era tendencioso e que isso provavelmente
afetava seu julgamento. Erika também deve ter algumas qualidades admiráveis. Ela era obviamente muito
capaz e ambiciosa já que conseguiu um trabalho tão prestigioso. Não deve ter sido fácil ter sucesso em um
campo governado por homens.
Suas palavras o incomodavam, mas provavelmente não pelas razões

que ela queria. Estava incomodado que as palavras dela não conseguiram plantar nem um pedaço de
dúvida nele. Ele confiava completamente em Vegas - confiava nele muito além de uma mera paixão.
O som de uma buzina de carro fez Pete pular.

Ele olhou em volta até que seu olhar parou no Mercedes prateado. Quando viu Vegas ao
volante, o seu coração disparou e ele corou, sem nenhuma razão. Ugh.
Sorrindo timidamente, Pete caminhou até o carro e subiu no banco

do passageiro, colocando sua bolsa a seus pés.

— Erika sempre foi tão assustadora? — Ele disse. — Ela apenas


tentou me convencer de que você é um grande lobo mau manipulando um garoto ingênuo e impressionável
como eu.
Vegas ligou o motor.

— Não, ela nem sempre foi assim. Ela apenas se sente ameaçada e

não é uma de cair sem lutar.

— Ela é má. — Pete resmungou.

Vegas riu.

— Ela não é má, Pete. Não é mais mal ou manipuladora do que

eu.

Pete franziu a testa, discordando e não entendendo como Vegas

poderia estar tão calmo sobre isso.

— Ela está tentando te colocar em apuros.

— Não é a primeira vez e não será a última. — Disse Vegas,

voltando os olhos para a estrada.

Pete olhou para o perfil dele. Vegas se barbeou. Ele parecia muito

bom com uma barba, mas a visão de sua mandíbula bem barbeada e a pele bronzeada de seu pescoço fez a
boca de Pete encher de água. Ele queria lamber o queixo e depois acariciar o pescoço de Vegas. Queria...
O olhar de Pete moveu-se impotente para os antebraços bronzeados

e musculosos de Vegas expostos pelas mangas arregaçadas.

Afastando seus olhos famintos, Pete fechou as mãos em punhos.

Talvez não fosse uma boa ideia concordar em morar com Vegas,

afinal.

— Como a convenceu de que eu deveria morar com você? — Pete

disse, olhando para as mãos.

— Ela não precisou de muito convencimento. Sabe que é culpa dela

que meu disfarce foi comprometido. Eu a avisei, ela não deu ouvidos. Agora devemos trabalhar com isso.
Ela sabe que o desaparecimento do meu sugar baby da minha vida tornaria as coisas ainda mais suspeitas.
Pode não gostar de mim, mas não é idiota. Sabe o quanto minha missão é importante. Ela não vai deixar
seus rancores pessoais afetá-la novamente.
Pete não estava tão certo disso, mas não discutiu. Vegas a
conhecia melhor do que ele.

Quando chegaram a uma linda casa em Kensington, Pete

provavelmente não deveria ter ficado tão surpreso. Ele sabia que Vegas Theerapanyakul era supostamente
rico e bem-sucedido, por isso não era de surpreender que ele tivesse uma casa num dos bairros mais caros
de Londres.
Mas ainda parecia surreal quando ele seguiu Vegas para dentro da

casa.

Ela era tão bonita e elegante do lado de dentro quanto do lado de

fora, mas, para surpresa e alívio de Pete , era aconchegante e parecia viva, não tão impessoal e
intimidantemente perfeita quanto esperava.

O enorme sofá marrom na sala de estar parecia particularmente

confortável e convidativo, e Pete se esparramou nele com um suspiro de felicidade.


— Por todos os meios, fique à vontade. — Disse Vegas

ironicamente, mas seus olhos eram suaves quando o olhou. Ele pegou a mochila de Pete e desapareceu no
quarto de hóspedes.
— Peça-nos pizza, Vegas! — Pete gritou. — Com calabresa, presunto e

bacon.

— Você quer que eu prepare um banho de espuma para você

também? — Vegas gritou.

— Ótima ideia! — Pete disse, sorrindo quando ouviu Vegas rir e

chamá-lo de bebê preguiçoso.

Havia uma sensação borbulhante em seu peito que tornava

impossível parar de sorrir.

Era assim que a felicidade parecia?

*****
Uma semana depois, Pete tinha certeza de que nunca foi mais feliz

em sua vida.

Viver com Vegas era ainda melhor do que imaginou. Esperava se

sentir um pouco desajeitado, como normalmente fazia quando ficava na casa de alguém, mas Vegas nunca
o fizera sentir-se intruso ou indesejável.
O único problema era que morar com Vegas não estava

exatamente ajudando-o a se livrar de sua paixão. A palavra – paixão - parecia tão inadequada para a
sensação de calor que enchia seu coração enquanto observava Vegas fazer o café da manhã, com olhos
sonolentos, barba por fazer e um pouco mal-humorado. Pete queria puxá-lo para perto e beijá-lo tanto que
se sentia como se estivesse engasgando com a necessidade.

Odiava ver Vegas saindo para o trabalho, mas adorava quando

voltava para casa. Não importava o quanto Vegas estivesse cansado, sempre tinha um sorriso para Pete . Ele
parecia feliz em ver Pete , feliz em passar o tempo com ele depois do trabalho, feliz em treiná-lo e tê-lo por
perto.
Às vezes, Pete o convencera a jogar videogame - por que Vegas

sequer possuía um Xbox, se nunca o usava? - e às vezes eles trabalhavam no ginásio no andar de baixo, mas
na maioria das vezes, sentavam juntos e assistiam filmes. Aquelas noites eram as favoritas de Pete .
Era uma dessas noites. Estavam esparramados no sofá, a TV era a

única fonte de luz na sala. A cabeça de Pete estava no colo de Vegas, os dedos dele passando pelo seu
cabelo distraidamente enquanto assistiam ao filme.
Se alguém perguntasse, Pete não seria capaz de explicar como eles

terminaram assim - começaram nas extremidades opostas do sofá com uma distância muito respeitável
entre eles. Isto era genuinamente desconcertante.
Não parecia importar o quanto Pete tentava não ser tão carente pelo afeto de Vegas; nunca funcionou.
Independentemente de como acabaram assim, Pete sabia que ele

provavelmente deveria se afastar, mas Deus, não podia. Os dedos de Vegas traçavam padrões em seu couro
cabeludo, pequenos movimentos minúsculos que deixavam o corpo de Pete arrepiado. Sentia como se
estivesse flutuando, profundo contentamento percorrendo seu corpo a cada toque gentil. Ele não queria
que isso acabasse.
— Ei. — Vegas murmurou, olhando para ele. — Por que você está

sorrindo?
Ele estava?

Pete encolheu os ombros, sorrindo impotente. Ele olhou nos olhos de Vegas, seu peito
inchando com aquela sensação quente e intensa que estava com medo de nomear.
— Isso é provavelmente muito sentimental, mas adoro você. Sabe

disso, certo?

Vegas se inclinou e beijou-o no nariz.

Franzindo o nariz, Pete riu.

— Isso não conta, sabe. Diga algo sentimental.

Vegas bufou.

— Pete, você tem um espião/assassino do governo acariciando

seu cabelo. Não fica mais sentimental do que isso para mim.

Pete fez beicinho.

— Você não presta.

Vegas riu, seu polegar empurrando o lábio inferior de Pete .

— Pare de fazer beicinho. Agentes secretos não fazem cara feia.

— Este faz. — Disse Pete arrogantemente e lambeu o polegar de Vegas.


— Bruto. — Disse Vegas, mas não afastou a mão.

— Discordo. — Disse Pete , lambendo o polegar novamente. Suas

pálpebras se fecharam, ele chupou o polegar em sua boca. O gosto da pele de Vegas, a sensação de algo
duro em sua boca estava rapidamente deixando-o tonto e com tesão. Deus. Fazia muito tempo desde que
chupou um pau.
— Jesus, Pete. — Disse Vegas, soando um pouco estrangulado e

tirou o polegar.

Parecia um balde de água fria.

Pete abriu os olhos, o rosto quente de vergonha.

— Desculpe. — Ele disse sem jeito. — Você provavelmente notou que

tenho um caso grave de fixação oral. — Ele forçou uma risada. — Tipo, se você não quer que eu chupe seu
pau, é melhor não colocar coisas na minha boca.
Vegas não riu.

Era difícil ler sua expressão no brilho sombrio da TV.


— Podemos, por favor, esquecer? — Pete disse com uma careta. — Vou sair e encontrar
alguém. — Pete reprimiu outra careta. Ele não estava exatamente ansioso para chupar o pau de algum cara
aleatório, mas não podia deixar sua frustração sexual estragar as coisas entre eles. Pete suspirou. — Eu
estava planejando sair e transar de qualquer maneira. Isso vai me ajudar a me livrar dessa paixão irritante.
Vegas tirou a mão do cabelo de Pete .

— Sim, provavelmente seria melhor se você sair e... Ficar com

alguém da sua idade. — Sua voz soou um pouco estranha: desconfortável e rígida - quase como se a ideia
de uma conexão gay fosse nojenta.
Pete franziu a testa.

— Nunca te imaginei um homofóbico.

— Claro que não sou. — Disse Vegas, as sobrancelhas se unindo. — É apenas... Conexões de
uma noite podem ser perigosas. Há muitos idiotas arrepiantes por aí.
Revirando os olhos, Pete sentou.

— Sou um menino grande, Vegas. Posso cuidar de mim mesmo. — Ele foi para o seu quarto. Se
quisesse arrumar alguém, precisava se trocar.
Ele tentou ignorar o nó de desconforto em seu estômago.

Por que sentia como se fosse trair Vegas?

Capítulo 18

Pete saiu de seu quarto quinze minutos depois, vestindo uma


camiseta preta e um jeans apertado que mostrava suas longas pernas. Quando se abaixou para pegar o
telefone na mesa de café, Vegas franziu os lábios e desviou o olhar.
— Provavelmente não voltarei até de manhã. — Disse Pete. — Posso levar o seu carro?
Vegas levantou.

— Estou levando você.

— O quê? Não! — Pete o alcançou na entrada da garagem. — De jeito

nenhum!

— Por que não? — Vegas disse, entrando em seu carro. — Você

acha que nunca fui a um clube gay?

— Não é isso. — Disse Pete, subindo no banco do passageiro. — Porra, isso é estranho, Vegas.
Não quero você lá enquanto eu... — Ele corou e desviou o olhar, parecendo envergonhado.
— Dê-me o endereço. — Disse Vegas uniformemente.

Pete deu-lhe o endereço. Vegas ligou o carro com o rosto

cuidadosamente inexpressivo. Pete estava absolutamente certo: ele não era uma virgem ingênua cuja
virtude precisava ser protegida. Poderia cuidar de si mesmo. Se queria chupar o pau de um estranho, não
era da conta de Vegas.
— Você está bem? — Pete disse, olhando para Vegas com

cautela.

— Claro.

Pete deu de ombros.

— Você parece meio chateado.

Vegas ficou tão surpreso que quase bateu no carro na frente deles. Porra. Não conseguia se
lembrar da última vez que alguém percebeu corretamente que ele estava com raiva e chamou sua atenção
para isso. Desde quando se tornou tão transparente?
— Estou preocupado. — Disse ele, com os olhos fixos à frente. — Conexões de uma noite
muitas vezes podem dar errado. Não quero que você se machuque.
Pete suspirou.

— Acho que é gentileza sua, mas pela última vez: não sou um bebê.

Vou ficar bem. Prometa-me que não vai interferir.

Vegas não disse nada.

— Vegas... — Disse Pete.


— Eu prometo. — Disse ele secamente.

Eles não falaram pelo resto da viagem.

O clube estava muito cheio, mas felizmente a música não era muito

alta. Vegas pediu uma cerveja que não tinha intenção de beber, encostou-se no balcão e seguiu Pete com os
olhos.
Aquele jeans era fodidamente obsceno. Eles deixaram Vegas

desconfortável e nervoso. Ele teve que resistir ao desejo de encontrar um cobertor e envolver Pete para que
ninguém pudesse cobiçá-lo.
— Namorado? — Uma voz masculina gritou sobre a música.

Vegas olhou para o homem - alto, irrelevante - antes de

voltar seu olhar para Pete . Ele estava dançando com alguém agora. O cara tinha por volta de vinte anos, um
típico atleta, todo musculado e sem cérebro.
— Não. — Disse ele, percebendo que o homem ainda estava esperando

por sua resposta. — Apenas um garoto que eu tenho que cuidar.

— Isso deve chupar. — Disse o homem com simpatia. — Como você

ficou sobrecarregado com o dever de babá?

Vegas não respondeu. O atleta estava todo em Pete agora, suas

mãos escorregando da cintura estreita para sua bunda empinada. Aumentando o aperto em sua cerveja,
Vegas lembrou a si mesmo que não era da sua conta. Pete não era um bebê. Ele havia prometido não
interferir.
— Ele é seu irmão mais novo? — O homem disse, claramente não

entendendo que ele não estava interessado.

Algo sobre ser chamado de irmão de Pete o atingiu do jeito errado.

— Não. — Disse Vegas brevemente. Ele sabia que estava sendo

rude. Normalmente tentava dispensar as pessoas gentilmente, sem ferir seu orgulho, mas agora a polidez
era a última coisa em sua mente.
Estava com raiva, e ficou com mais raiva por estar com raiva. Essa possessividade era bruta e
bagunçada, considerando que ele não queria Pete desse jeito. Racionalmente, aprovou o que
Pete estava fazendo. Irracionalmente, estava imaginando muitas maneiras em que poderia
matar o idiota que atualmente estava tateando seu Pete com as mãos sujas e indignas.
Naquele momento, Pete olhou para ele e franziu a testa. Vegas
levou alguns instantes para perceber o porquê: estava tão cheio que o homem homem estava
praticamente colado ao seu lado.
Vegas sabia que deveria empurrar o homem para longe.

Ele não fez isso.

Era uma tática suja; estava perfeitamente ciente disso. Uma parte

dele estava um pouco incrédula - por que ele estava fazendo isso? - mas uma parte maior só queria que
Pete abandonasse aquele idiota e voltasse para ele.
Não teve que esperar muito. Logo Pete estava voltando para ele.

— Você é um idiota, sabe disso, certo? — Ele disse, encarando Vegas antes de empurrar o
homem para longe e envolver um braço possessivo em torno da cintura dele.
— Onde estão suas maneiras, Pete? — Vegas disse, sorrindo

desculpando-se com o homem , que estava olhando confuso entre eles.

Zombando, Pete disse ao homem .

— Eu te fiz um favor. Ignore o quão quente ele é. Ele é problema do

pior tipo.

Balançando a cabeça em perplexidade, o homem se afastou.

— Agora se desculpe. — Disse Pete, erguendo o queixo com

teimosia, os braços cruzados, os olhos escuros tempestuosos, procurando briga.

Vegas não pôde evitar um sorriso carinhoso.

— Parece que é verdade o que dizem sobre o temperamento dos

asiáticos .

Pete olhou furioso para ele.

— Eu não sei sobre outros asiáticos , mas esse asiático está bravo pra

caramba. Peça desculpas por empatar minha foda.

Vegas lançou um olhar perplexo.

— Perdão? Eu estava cuidando do meu próprio negócio...

— Argh!

Pete era ainda mais fofo quando estava furioso.

Rindo, Vegas pegou seus punhos.

— Estou brincando, acalme-se.


— Você é um idiota. — Pete disse, respirando com dificuldade,

ainda corado de raiva.

— Eu sou. — Disse Vegas com um sorriso. — Vamos para casa. Você pode gritar comigo de
forma mais eficaz.
Pete abriu a boca para argumentar, mas então deve ter percebido

que um clube barulhento não era um bom lugar para uma conversa.

Ele saiu em disparada. Sorrindo, Vegas o seguiu para fora do clube

num ritmo mais calmo.

A viagem de volta para casa foi gasta num silêncio furioso, com Pete olhando pela janela e
ignorando-o.
Vegas não pôde deixar de pensar que ele era como um gato - um

gatinho asiático - sibilando com raiva.

— Pare de sorrir. — Pete falou quando saíram do carro. — Não é

engraçado. Estou muito bravo com você.

— Por quê? — Vegas disse suavemente, dirigindo o garoto para

dentro de casa com uma mão gentil na parte inferior das costas.

Com as bochechas rosadas, Pete franziu o cenho.

— Não finja que não sabe. Você fez isso de propósito. — Ele se

sentou no sofá e olhou para Vegas. — Você podia não dar a mínima para aquele loirinho, mas o deixou ficar
em cima de você só para me fazer... — Ele se cortou e apertou os lábios.
— Ciúmes? — Vegas disse.

— Sim! — Pete olhou para ele desafiadoramente. — Você está

negando isso?

Suspirando, Vegas sentou no chão na frente de Pete.

— Não. — Disse ele, envolvendo os dedos ao redor do tornozelo do

garoto. — Você está certo. Sou um idiota. Te manipulei para distraí-lo daquele cara que você estava
atacando.
A raiva nos olhos de Pete foi substituída por confusão.

— Por quê? Isso é o que não entendo.

Vegas acariciou o tornozelo de Pete distraidamente enquanto


pensava em como responder sua pergunta.

— Por quê? — Pete disse novamente, frustração evidente em sua

voz.

Vegas deixou seus olhos vagarem pelo rosto de Pete , sobre as

feições que se tornaram tão valiosas para ele em tão pouco tempo.

— Eu não sou exatamente indiferente a você. Longe disso.

Os olhos escuros de Pete se arregalaram, a perplexidade pairando

sobre suas feições.

— Mas você é...

— Hétero, sim. — Disse Vegas. — É, não é sexual, porra, é

complicado. — Ele suspirou, acariciando o tornozelo de Pete. — Nas últimas semanas, fiquei um pouco
ligado a você. Sinto que você é meu. Apenas meu. — Seus lábios se torceram. — E acho que não gosto de
mais ninguém tocando o que é meu.
As sobrancelhas de Pete franziram.

— Não é justo para mim. — Disse ele, sua voz vacilante.

Porra.

— Eu sei, amor. — O carinho escorregou de sua boca antes que

pudesse pará-lo. Vegas apertou o tornozelo de Pete. — Eu me sinto como um bastardo, mas você pediu
honestidade. E esta é a verdade.
Pete pegou o lábio entre os dentes, encarando Vegas antes de

gemer.

— Sabe, eu tenho certeza que deveria querer dar um soco em você

por ser um idiota tão egoísta e possessivo, mas tudo que quero é chupar seu pau.

O pau de Vegas contraiu. Ele não ficou surpreso com a reação do

seu corpo. Era uma resposta incontrolável neste momento. Ele estava praticamente condicionado a associar
a boca de Pete com prazer.
— Você pode, se quiser. — Disse ele antes que pudesse pensar duas

vezes.

— Realmente? — Pete disse sem inflexão, olhando para Vegas

atentamente. — Você vai me deixar chupar seu pau? Eu não preciso da sua pena, Vegas.
— Que pena? — Vegas sorriu com tristeza. — Este sou eu sendo

um idiota possessivo. Tudo o que estou dizendo é que se você quiser chupar um pau, quero que seja o meu.
— Você é hétero. — Pete disse, dando-lhe um olhar incerto.

— Então o quê? — Vegas disse, levantando-se e colocando uma

mão na parte de trás do sofá ao lado do rosto de Pete. Ele se inclinou, pairando sobre o garoto. — Eu era
hétero há uma semana também quando você chupou meu pau todos os dias.
— Nós estávamos numa missão. — Disse Pete, sua respiração

acelerando, seus olhos escuros fixos nele com fome. — Era diferente.

— Era? — Vegas disse, roçando os dedos sobre o queixo de Pete. Seria mentira dizer que não
gostou do efeito que sua proximidade tinha no garoto. Nunca se considerou egocêntrico, mas porra, amava
ser o centro do mundo dele. Era confuso, mas foi direto para seu pênis. — Acha que não gostei? Você é
bom em dar boquetes.
Pete engoliu em seco.

— Tudo bem, mas será temporário. Eu vou superar essa paixão. Em

breve. Muito em breve.

— Ok. — Disse Vegas, passando a mão sobre o pescoço de Pete

e sentindo-o estremecer. — O que você quiser. Quer um beijo?

Pete fez um pequeno som, inclinando-se ao toque.

— Eu posso?

— É claro. — Disse Vegas antes de encaixar suas bocas.

Vegas havia beijado muitas pessoas, mas beijar Pete não

parecia nada como beijar alvos masculinas ou até mulheres. Ele nunca beijou ninguém que sentia como
dele. Nunca sentiu que a única coisa que importava era tirar gemidos de Pete, pequenos sons quebrados
de prazer que o faziam sentir-se com três metros de altura. O garoto era maravilhosamente receptivo,
estremecendo ao menor sinal da língua de Vegas e beijando-o com fome. Era estranhamente viciante, e
Vegas se viu fechando os olhos e se deixando aproveitar o calor escorregadio da boca suave e ansiosa de
Pete.
Foi mais difícil interromper o beijo do que esperava.

— Merda. — Sussurrou Pete, com os olhos vidrados e a respiração

ofegante. — Esta é uma ideia terrível.

Vegas beijou-o no nariz, passando o polegar sobre os lábios


vermelhos, úmidos e trêmulos de Pete.

— Provavelmente. — Ele disse, fascinado por quão inchada e abusada

a boca de Pete parecia. — Eu não vou beijar você de novo se não quiser.

Pete bufou e puxou-o para cima dele.

— Não se atreva. — Disse ele, puxando a cabeça de Vegas para

baixo e unindo seus lábios.

Vegas tentou apoiar-se nos cotovelos e tirar um pouco do peso

considerável de cima do garoto magro, mas Pete não estava tendo nada disso: passou os braços e as pernas
ao redor de Vegas, unindo seus corpos e gemendo na boca dele.
Cedendo, Vegas beijou-o profundamente, sua mente ficando mais

nebulosa quanto mais tempo tinha a língua na boca de Pete. Ele estava excitado - muito mais excitado do
que jamais esteve com qualquer alvo masculino, seu pênis pressionou contra a coxa de Pete através das
camadas de tecido que os separavam.
Podia sentir a ereção do garoto, mas não parecia nem um pouco

errado, como normalmente se sentia com alvos masculinos. Enquanto era um alívio - Vegas não queria
que isso parecesse trabalho - provava o quão estranho era seu apego por Pete.

— Vegas... — Pete ofegou contra seus lábios, se contorcendo. — Por

favor. Eu quero gozar. Me faça gozar.

Vegas alcançou entre eles e espalmou o pau do garoto através de

seu jeans. Ele deu um bom aperto e Pete gemeu, longo e sem vergonha.

— O que você quer, bebê?

Pete olhou para ele aturdido, suas bochechas coradas e a boca

molhada.

— Você pode... — Ele engoliu, corando mais forte. — Pode me

dedilhar?

Vegas olhou para ele. Se soltou de Pete e ficou de pé.

Desapontamento e constrangimento passaram pelo rosto de Pete.

Vegas disse:

— Tire a roupa e espere por mim em seu quarto.

O olhar arregalado e excitado de Pete foi a última coisa que ele


viu antes de sair para pegar suprimentos de seu quarto.

Esta é uma ideia terrível, uma voz sibilou na parte de trás da mente

de Vegas.

Vegas pegou a garrafa de lubrificante e olhou para o pacote de

preservativos que ficava na gaveta ao lado dele.

Capítulo 19

Pete estava tremendo.

Seus dedos tremiam quando ele se despiu apressadamente e olhou

para sua própria cama.

Deveria deitar-se?

Olhou para a porta aberta e decidiu que seria menos complicado se já

estivesse na cama quando Vegas viesse.

Houve o som de passos, e Pete subiu na cama e deitou de bruços.

— Pronto? — Vegas disse. Sua voz soou um pouco estranha.

O estômago de Pete apertou, arrepios cobrindo sua pele. Ele enfiou a

testa em seus braços cruzados e soltou um longo suspiro.

— Sim. — Apesar de seus nervos, ele estava excitado. Nunca esteve

mais excitado.

Podia sentir o ligeiro balanço do colchão quando Vegas deitou na

cama, mas parecia distante e abafado pela onda de sangue em seus ouvidos.

Podia sentir o olhar de Vegas nele.

Ele gostou do que via? Ou era indiferente?

Vegas colocou uma mão quente em suas costas e Pete estremeceu,

as nádegas se apertaram e os dedos enrolaram no tecido de sua colcha.


— Calma. — Vegas murmurou, passando a mão sobre a bunda de Pete , que exalou
lentamente, forçando a tensão de suas costas e pernas.
O primeiro movimento dos dedos lubrificados de Vegas contra sua

bunda fez Pete tremer, seu pênis tão duro que era doloroso. Ele gemeu quando Vegas separou suas nádegas
e esfregou lubrificante entre elas. Seu dedo pegou a entrada de Pete , que se contorceu, tentando empurrar
de volta contra o dedo, levá-lo.
— Impaciente. — Disse Vegas com uma risada, ainda segurando Pete com uma mão pesada em
seu quadril e deslizando um dedo da outra para cima e para baixo ao longo da sua rachadura, pequenos
arrastos sobre sua entrada que o fez se contorcer e gemer. — Foda-se, você realmente gosta disso. — Havia
algo como fascínio na voz de Vegas.
Pete gemeu na colcha.

— Pare de brincar e apenas faça.

Vegas, o idiota, não escutou, esfregando sua entrada, uma pressão

escorregadia que circulou e depois sumiu. Era enlouquecedor. Pete se contorceu, os dedos se enrolando,
enquanto Vegas continuava a acariciar sua entrada. Era imensamente frustrante.

— Eu te odeio. — Pete choramingou, fazendo Vegas bufar.

— Fui informado de forma confiável que você me adora.

— Retiro isso. — Pete resmungou. — Você é o pior... Ngghh. — Finalmente, Vegas empurrou
um dedo dentro dele.
— Lá vamos nós. — Ele murmurou, puxando o dedo para trás. Pete

seguiu com seus quadris e soltou um suspiro quando a outra mão de Vegas o empurrou para baixo,
forçando-o a ficar quieto, o pênis de Pete apertado agradavelmente embaixo dele.
— Eu disse que você poderia se mexer? — Vegas começou a

acariciá-lo gentilmente, apenas um dedo grosso entrando e saindo do canal de Pete , que arqueou os
braços, afastando as coxas para tentar encontrar alguma vantagem e fazer com que Vegas o tocasse com
mais força. Deus, ele amava isso, amava o alongamento, mas precisava de mais.
— Mais duro. — Ele gemeu, arqueando as costas e tentando obter

alguma pressão sobre sua próstata. Mas era como se Vegas estivesse evitando isso de propósito, e Pete fez
um som frustrado, tremendo de antecipação. Vamos lá, vamos lá, vamos lá.
Vegas bufou e torceu o dedo. Pete soltou um longo gemido, seu

corpo todo estremecendo.


— Foda-se, mais.

Desta vez, Vegas escutou, deslizou o dedo para fora e empurrou

dois. Pete engasgou de prazer, a grande extensão dos dedos grossos de Vegas esfregando dentro dele era
tão perfeita que já estava prestes a gozar.
Era tão bom. Ele apertou os olhos, ofegando por ar. Teve um lampejo

de como deveria parecer, coxas abertas, braços tremendo e suor em suas têmporas enquanto se fodia de
volta nos dedos grossos de Vegas, sem vergonha e carente. Mas Deus, a sensação era tão incrível que ele
não se importou.
Sabia que estava gemendo e balbuciando algo incoerente e levou um

tempo para perceber o que estava dizendo. Vegas, por favor, me foda, coloque seu pau em
mim - vai ser tão bom - preciso de você, preciso do seu pau em mim, preciso que me
foda com força.
Merda, o que Vegas deveria estar pensando? Ele parecia uma puta.

Uma onda de mortificação cobriu Pete , a vergonha se misturando

com prazer, o que na verdade o empurrou para a borda, seu canal apertou os dedos de Vegas quando ele
gozou com um gemido, prazer rolando através de seu corpo.
Pete não conseguia nem apreciar o brilho, seu rosto estava quente de

vergonha quando o silêncio se estendeu.

Vegas puxou os dedos com cuidado.

Pete mordeu o lábio. Cristo, ele estava tão vazio. Apesar de gozar,

ainda se sentia estranhamente insatisfeito, querendo mais.

O silêncio foi quebrado pelo som de um zíper deslizando.

Com os olhos arregalados, Pete rolou de costas.

Vegas tinha seu pênis para fora e estava acariciando a si mesmo,

seus olhos escuros fixos nas pernas abertas de Pete .

Pete olhou para o pau vermelho e grosso de Vegas. Estava duro. Vegas estava duro de dedilhá-
lo.
Ou, mais provavelmente, Vegas estava duro do implorar sem

vergonha de Pete por seu pênis. Pete poderia conseguir, realmente. Embora peitos e vagina não fizessem
nada para ele, podia ficar duro assistindo pornografia em linha reta - o ato do sexo, os sons e conversa suja
poderiam ser suficientes para excitá-lo um pouco. Era provavelmente o mesmo para Vegas. Ele não deve
ler muito sobre isso.
Ofegante, Pete disse com voz rouca:

— Eu posso fazer isso. Vou te chupar.

Vegas moveu seu olhar para o rosto de Pete , ainda se acariciando.

Seus lábios se contraíram.

— Não acho que você poderia chupar um pirulito agora.

Pete estava prestes a objetar antes de perceber que Vegas

provavelmente estava certo: ele ainda estava sem fôlego, seu coração batendo forte, seu corpo desossado e
pesado. Se tentasse chupar um pau agora, ele provavelmente iria engasgar, e não da maneira divertida.
Mas... Tinha outro lugar que Vegas poderia foder sem qualquer

esforço de Pete ou perigo de sufocá-lo.

Lambendo os lábios, Pete olhou para o pênis de Vegas.

— Você pode simplesmente colocar isso, sabe. Estou todo esticado e

escorregadio.

A mão de Vegas parou de se mover.

— Pete...

— Apenas dizendo. — Disse Pete , corando. — Não é grande coisa. Por

que desperdiçar todo o trabalho duro que fez? Você me fez gozar e agora tenho que devolver o favor, certo?
Não me importo que seja dessa maneira. — Era o eufemismo do século e, depois de toda a sua implacável
mendicância, Vegas estava perfeitamente ciente disso.
Mas ele não desmentiu Pete .

Quando Vegas não disse nada, Pete finalmente encontrou coragem

para olhar seu rosto.

Vegas estava olhando para ele com uma expressão muito estranha,

uma mistura de diferentes emoções em seus olhos.

Pete sustentou seu olhar, seu coração martelando em algum lugar de

sua garganta.

— Eu prometo que não vou fazer grande coisa disso. Eu já gozei,

então, não vai ser sexo. Apenas um canal molhado para você foder.
Os olhos de Vegas pareceram ficar mais escuros.

— Preservativo?

A respiração de Pete engatou, seu pênis contraiu.

— No bolso do meu jeans.

Ele assistiu, sem fôlego, quando Vegas rasgou a embalagem e rolou

o preservativo sem uma palavra. Ele nem se incomodou em se despir, apenas se moveu entre as coxas
abertas de Pete e enfiou seu pênis. Porra...
Pete soltou um gemido quando a cabeça rompeu a borda sensível e

inchada. Agarrando suas coxas, Vegas espalhou-as incrivelmente largas e empurrou todo o caminho. Pete
ofegou, seu pau inchando novamente enquanto tentava se ajustar ao pênis enterrado dentro dele. Parecia
esmagador. Parecia glorioso.
Tentando engolir seus gemidos, Pete só pôde segurar a cabeceira da

cama enquanto Vegas lhe dava a melhor foda de sua vida. Não era como se ele tivesse imaginado sexo com
Vegas. Não foi carinhoso. Foi sujo, com Vegas basicamente usando-o, completamente vestido, menos o
seu pau empurrando dentro dele.
Pete não se importou. Isso foi o que ele sugeriu, afinal. Estava bem

em ser usado para o prazer de Vegas, bem com tudo, contanto que Vegas não parasse.
Tentou não fazer nenhum barulho, tentou não balançar de volta no

pênis de Vegas, não importando o quanto estivesse desesperado por aqueles golpes cruéis contra sua
próstata que enviavam faíscas através de sua pele. Ele tinha dito a Vegas que não seria realmente sexo,
então não queria ser muito óbvio sobre se divertir.
Mas Deus, ele não podia. Pete soltou um gemido quando Vegas

acertou sua próstata com incrível exatidão, - de novo, de novo e de novo - até que Pete gozou novamente,
reprimindo um grito quando seu orgasmo inundou através dele como uma correnteza, uma corrida brutal
de êxtase impiedoso. Ele era uma bagunça trêmula e ofegante, empurrando a cada movimento do pênis de
Vegas dentro dele.
Finalmente, Vegas gemeu e parou de se mover, seu pênis

suavizando dentro de Pete .

Pete suspirou, sentindo falta de ar e felizmente fodido.

Seus olhos se fecharam. Ele falaria com Vegas em um minuto.

Mas quando abriu os olhos, já era manhã.


Ele estava sozinho, Vegas em nenhum lugar para ser visto.

Capítulo 20

— Bom dia. — Disse Vegas, tomando seu café. Ele já estava vestido

para o trabalho, com uma calça cinza e uma camisa branca que parecia obscenamente boa contra a pele
bronzeada.
Pete desviou os olhos e sentou-se à mesa.

— Bom dia. — Ele disse, tentando agir normalmente. Havia prometido

a Vegas que não tinha ilusões e que não queria ser um mentiroso.

Eles tinham fodido. Vegas o tinha fodido.

À luz do dia, parecia surreal. Se não estivesse um pouco dolorido,

pensaria que tudo foi um sonho.

— Vou chegar em casa tarde hoje à noite. — Disse Vegas.

Os olhos de Pete se voltaram para ele.

— Por quê?

Vegas fez uma ligeira careta.

— Tenho um encontro com Porsche Kittisawat.

Pete sentiu o estômago apertar.

— Já? — Ele disse fracamente. — Isso foi rápido.

— Meu primo James providenciou, na verdade. — Vegas tomou

outro gole de sua caneca. — Ele é o melhor amigo de Luke. Nem precisei pedir a ele para fazer isso.
Aparentemente, James acha que Luke precisa de alguma distração depois do sequestro.
— Estranho. — Pete murmurou. — Concordar com um encontro

apenas um mês depois de uma experiência tão traumática.

Vegas assentiu.

— Parece um pouco estranho.

— Poderia ser uma armadilha?


— Improvável. James é um cara legal, um dos meus melhores

parentes, na verdade. Ele parece genuinamente preocupado com o amigo.

Estou começando a pensar que ele está esperando que vou tirar a mente de Luke de algo, ou alguém.
Pete olhou para ele com curiosidade.

— O que você quer dizer?

Vegas encolheu os ombros.

— É só um palpite. Eu poderia estar errado.

— Vamos lá, diga-me de qualquer maneira! — Pete disse, dando a Vegas seus melhores olhos
de cachorrinho. Ficou um pouco surpreso com o quão fácil era agir normalmente, provocar Vegas e ser um
pirralho. Ele não se sentia diferente com Vegas, agora que eles transavam - talvez um pouco mais consciente
dele fisicamente, mas desde que sempre esteve extremamente consciente do corpo de Vegas, não era nada
incomum. Pete tinha certeza de que era um bom sinal de que nada havia mudado para ele.
Você não pode cair mais fundo se você já está no fundo, uma voz
disse hesitante no fundo de sua mente.

Pete ignorou isso.

Vegas suspirou, parecendo muito sofrido, mas apaixonado.

— Porsche Kittisawat tem um tipo. Ele parece ter um fraquinho pelos

idiotas, especialmente quando eles são altos, sombrios e mais velhos que ele. Se realmente foi sequestrado
por Anakinn Theerapanyakul, não é impossível que tenha desenvolvido algo para Demidov. O russo se
encaixa perfeitamente no tipo de Luke.
Você também, pensou Pete , infeliz. Em voz alta ele disse:

— Pensei que Luke estava procurando por um relacionamento sério e

comprometido?

Vegas olhou para ele por cima da borda da caneca.

— Não é exatamente raro pensar com seu pênis no calor do momento

e fazer coisas que não deveria.

Seus olhos se encontraram e seguraram, o olhar de Vegas firme e

sério.

O estômago de Pete despencou.

— Sim. — Ele disse baixinho. — Acho que você está certo.

Aparentemente inconsciente de seu desconforto, Vegas continuou:


— Eu realmente considerei ir para o tipo imbecil, mas Luke parece ser

racional o suficiente para entender que ele não pode confiar em homens assim, não importa o quão atraído
por eles possa ser. Em última análise, preciso da confiança dele, então o papel de um homem com quem ele
gostaria de se casar é mais útil a longo prazo do que o papel de um homem que ele gostaria de foder.
Pete zombou. Se Vegas pensava que Luke não iria querer dormir

com ele, teria uma surpresa.

Vegas olhou para o relógio e baixou a caneca.

— Merda, estou atrasado. — Ele se levantou, pegando o paletó na

parte de trás da cadeira e deslizando pelos braços e ombros.

— Boa sorte com Luke. — Pete forçou.

Vegas fez uma pausa e olhou para ele.

— Obrigado, Pete. — Disse Vegas, sua voz profunda, quente e

crua. Sua mão roçou o ombro de Pete quando passou por ele a caminho da porta.
Quando a porta se fechou atrás dele, Pete afundou em seu assento,

lambendo os lábios. Ele nunca quis tanto um beijo de adeus antes. Talvez alguma coisa tenha mudado,
afinal.

*****

Pete olhou em volta nervosamente, meio que esperando ser expulso

do centro de comando a qualquer momento. Mas ninguém olhava para ele, todos os manipuladores
ocupados cuidando de seus respectivos agentes e ocasionalmente latindo ordens para eles. Nunca esteve
no centro de comando antes e, estritamente falando, ele provavelmente não deveria estar lá, mas sua
autorização não ainda foi revogada depois da missão Brylsko, então aproveitou a chance para assistir a
missão de Vegas.
Enquanto observava Vegas sorrir e flertar com Porsche Kittisawat, Pete

estava começando a se arrepender. Ele tentou se lembrar que Vegas era hétero e não estava interessado em
Luke, mas era inútil. A admiração, a atração nos olhos escuros de Vegas quando ele olhou para Luke
pareciam absolutamente genuínos. Virou o estômago de Pete por vários motivos diferentes. Luke era tão
lindo. Pete podia ver até mesmo homens heterossexuais o achando atraente. Mas se Vegas fingia estar
atraído por ele... Se era tão bom em fingir, como poderia ter certeza de que Vegas não mentia para Pete
sobre não ter pena dele?
Quanto mais tempo assistia o encontro de Vegas e Luke, pior Pete

se sentia. Luke parecia um cara legal. O que Vegas estava fazendo era tão frio e manipulador. Vegas havia
pesquisado os relacionamentos passados de Luke e sabia por que todos eles fracassaram. Ele sabia o que
Luke estava procurando num relacionamento e cuidadosamente elaborou sua imagem na do homem dos
sonhos de Luke. Era engenhoso e repugnante.
— Veja, vou ser direto com você. — Vegas disse a Luke, sua

expressão séria. — Eu não quero qualquer mal-entendido aqui. Quero me certificar de que estamos na
mesma página. — Ele olhou Luke nos olhos, seu olhar franco e calmo. — Estou cansado da cena de clube e
relacionamentos casuais. Neste momento, gostaria de um marido e dois filhos para mimar. — Vegas
encolheu os ombros. — Eu realmente gosto de você, mas se um relacionamento sério não é no que está
interessado, é melhor me dizer agora.
— Você está correndo um grande risco, A11. — Disse o manipulador

de Vegas, parecendo agitado. — O que você vai fazer se ele disser não?

Vegas, é claro, ignorou seu manipulador, perfeitamente calmo e

confiante de que funcionaria.

Isso aconteceu.

Luke levou o copo aos lábios e deu um gole na bebida. Claramente

surpreso e inseguro de como responder.

Vegas sorriu, parecendo divertido.

— Eu não estou propondo nem nada. — Ele disse, erguendo a mão

sobre a mesa e pegando a livre de Luke. Pete olhou para ele, odiando o quão bem a pequena mão de Luke
parecia na de Vegas. Enquanto isso, Vegas continuou: — Não quero que você surte. Só estou dizendo que
gosto do que vejo. Um sorriso como o seu não mente, e gostaria muito de conhecê-lo melhor. Você gostaria
de me conhecer?
Luke sorriu para Vegas e assentiu, claramente encantado com a

franqueza, a confiança e a honestidade de Vegas.

Pete sentiu-se mal do estômago.


O resto do encontro correu bem. Pete podia ver a tensão nos ombros

de Luke se esvaindo, a ligeira cautela em seus olhos desaparecendo, substituída por sorrisos genuínos. Ele
estava se segurando um pouco, e enquanto claramente não estava se apaixonando por Vegas, os seus olhos
continuavam apreciando o rosto, as mãos e os ombros largos de Vegas sob o terno.
Pete não podia nem culpar o cara: Luke teria que estar morto ou ser

hétero para não apreciar o físico e carisma de Vegas.

Depois do jantar, a dupla deu uma curta caminhada e Vegas

realmente comprou flores para Luke. Pete zombou - quão interessante era isso? - mas Luke claramente não
compartilhava sua opinião, olhando para Vegas e parecendo totalmente encantado. Certo. Luke era um
romântico sem esperança.
Foi um alívio quando Vegas finalmente deixou Luke em casa.

Mas o alívio de Pete não durou muito tempo.

O manipulador de Vegas invadiu as câmeras de segurança do

prédio de Luke; portanto, Pete teve uma visão na primeira fila dos olhos de Vegas quando ele beijou Luke
em despedida. Eles estavam em branco e indiferentes. Quando Vegas terminou o breve beijo, ele sorriu
para Luke, seus olhos cheios de afeição e desejo.

Pete cambaleou até o banheiro mais próximo e lavou o rosto com

água fria, tentando reprimir a vontade violenta de vomitar. Ele estava tremendo, seu estômago revirando de
desconforto e desgosto.
Naquele momento, olhando para seu próprio rosto pálido no espelho,

entendeu o que Vegas quis dizer quando falou que o trabalho de um agente do MI6 não era para todos.
Vegas o havia avisado, mas Pete ignorou.
Olhando para trás, se sentiu muito jovem e muito tolo. Ele não era

como Vegas. Não tinha estômago para mentir e enganar pessoas inocentes, mesmo pela Rainha e o País. Ele
não conseguia se imaginar usando outras pessoas em nome de uma missão. Não podia se imaginar no lugar
de Vegas, forçado a tocar, beijar e dormir com alguém por quem não estava atraído. Ele não sabia como
Vegas fazia isso. Deve exigir uma força mental incrível – uma que Pete claramente não tinha, se apenas
observar a missão de Vegas o fez se sentir mal.
Bem, supunha que era melhor que descobrisse agora e não depois.

Pete se endireitou, respirou fundo e saiu do banheiro, tentando

ignorar a sensação de perda enquanto se dirigia ao departamento de RH.


Capítulo 21

Vegas voltou para casa algumas horas depois que deixou Luke em

casa. Enquanto a noite foi bem-sucedida no que diz respeito à missão, ele teve que fazer um desvio para o
seu pub favorito na tentativa de se livrar do gosto ruim em sua boca.
Gostava de Porsche Kittisawat. Ele parecia um cara legal com problemas com o pai, que queria
muito um relacionamento comprometido e uma família. Usar isso contra Luke fez Vegas se sentir como a
pior escória na Terra.
Beber não apagou o sentimento - nunca apagava - mas diminuiu um

pouco. Ele não estava bêbado - sabia quando parar antes que suas faculdades fossem comprometidas -
então não estava mais que levemente embriagado quando chegou em casa.
Havia luz na sala de estar.

Isso o fez franzir a testa. Não esperava que Pete esperasse por

ele. Já era bem depois da meia-noite. Talvez Pete tivesse adormecido assistindo televisão. Esperava que
Pete estivesse dormindo. Ele não queria vê-lo, não esta noite. Ou melhor, queria vê-lo um pouco demais
para o próprio conforto, absorver seu afeto caloroso como o bastardo ganancioso e egoísta que era e fingir
por um tempo que ele era a pessoa decente que Pete acreditava que fosse.
E era precisamente por isso que não deveria ver Pete agora.

Tendo em mente que o garoto poderia estar dormindo, Vegas

destrancou a porta e entrou na casa tão silenciosamente quanto pôde.

Pete não estava dormindo.


Estava sentado no sofá, claramente vestido para sair. A bolsa com as

coisas dele estava a seus pés.

Vegas de repente ficou desperto, sentindo-se completamente

sóbrio.

— Pensei que você estaria dormindo. — Se ouviu dizer, seu peito

apertado. Maldição, ele sabia que não deveria ter fodido Pete - sabia que isso tornaria as coisas estranhas -
mas não pensou que Pete realmente fosse embora por causa disso. Talvez o fato de agir como se a noite
passada nunca tivesse acontecido foi um erro. Talvez deveriam ter falado e ter certeza de que estavam na
mesma página.

— Eu estava na sede. — Disse Pete , com os olhos escuros em

branco. — Assisti a sua missão.

Vegas abriu a boca e fechou sem dizer nada. Seus ombros ficaram

tensos quando percebeu o que isso significava.

— E o que você achou? — Ele finalmente disse, sua voz calma, como

se seu coração não batesse com força no peito... Com algo que parecia muito como medo. Provavelmente
estava confuso, mas ele era praticamente viciado na forma como Pete o olhava - como se ele fosse o mundo
de Pete - e não sabia o que faria se mudasse para desgosto e desapontamento.
— Acho que você estava certo e eu estava errado.

— O quê?

Pete sorriu tristemente.

— Eu sai, Vegas.

Vegas olhou para ele. Talvez estivesse mais bêbado do que

pensava, porque seu cérebro não conseguia entender as palavras de Pete.

— Saiu?

Pete assentiu.

— Preenchi todos os formulários apropriados. Sou apenas um

estagiário, então não havia tantos, na verdade. Obviamente, assinei um NDA4 e devolvi o equipamento do
MI6... — Pete mastigou o lábio e estendeu o telefone que Vegas lhe deu. — Acho que devo devolvê-lo
também.

4 Acordo de confidencialidade.
Vegas olhou do telefone para o rosto de Pete. Ele não precisava

perguntar o que tinha causado isso. Poderia adivinhar. Sempre pensou que Pete não era adequado para o
MI6 - ele não era endurecido o suficiente para as coisas que o MI6 queria que fizesse. Enquanto sua
conduta durante a missão de Brylsko foi exemplar, Pete não foi forçado a fazer nada que achasse
particularmente desagradável e imoral. A missão de Whitford era diferente. Provavelmente foi a primeira
vez que Pete se deparou com a realidade do trabalho de Vegas.

— Você não vai dizer que preciso pensar nisso? — Pete disse com

um sorriso torto.

— Não. — Disse Vegas. — Tenho certeza que você já pensou.

Pete assentiu.

— Eu acho... Vou embora, então. — Disse ele, pegando a mochila e

levantando-se. — Te esperei apenas para dizer adeus.

O interior de Vegas apertou.

— Você tem um lugar para ir?

Pete colocou a mochila sobre o ombro.

— Eu vou ficar bem. Talvez não tenha uma casa, mas nunca dormi

sem um teto sobre minha cabeça. Tenho amigos. Mais ou menos.

— Mais ou menos? — Vegas disse, em grande parte não

convencido.

Pete encolheu os ombros.

— Pessoas que me devem favores. — Seus lábios se curvaram em

um sorriso triste que tinha uma ponta de amargura. — E não é como se não pudesse roubar se tiver que
fazer.
— Você odeia roubar.

Pete encolheu os ombros novamente, evitando os olhos dele.

— Vou fazer o que tiver que fazer. Não é como se eu fosse bom em

qualquer outra coisa. — Ele se moveu em direção à porta.

— Pete.

O garoto parou, olhando para baixo.

— Olhe para mim.


Quando Pete finalmente olhou com uma expressão incerta, Vegas

disse:

— Você quer ir embora?

Pete piscou.

— Eu já lhe disse que sai.

— Não. — Vegas disse, aproximando-se. Ele roçou os nódulos

contra a bochecha de Pete e viu-o se mover instintivamente para o toque. Algo nele relaxou. Tinha medo de
que Pete se afastasse de seu toque depois de vê-lo mentir e manipular Luke. — Você quer sair da minha
casa?
Se afastar de mim.
Era o que ele queria dizer e ambos sabiam disso.

Pete molhou os lábios, uma ruga apareceu entre suas

sobrancelhas.

— Esta é uma pergunta séria? Já não sou um estagiário do MI6, Vegas. Eu não deveria estar
aqui.
— Você pode ficar se quiser.

Pete o olhou fixamente. Por um longo momento, ele não disse

nada.

— Por quê? — Ele finalmente disse, sua voz calma. — Para que você

precisa de um garoto sem-teto?

— Você pode não ser mais do MI6, mas eu ainda deveria ter um bebê

de açúcar. — Disse Vegas, esperando aparentar casualidade e não como se quisesse fazer Pete ficar. Que
não era realmente isso.
Mentiroso.
Nunca foi bom em mentir para si mesmo. Havia uma parte dele que

queria forçar Pete a ficar. Aquela parte queria agarrar o garoto e beijá-lo até ele esquecer seu próprio nome
e lembrar-se apenas de Vegas. E ficou enojado que queria manipular Pete para ficar. Ele deveria deixá-lo ir.
Estava se tornando cada vez mais óbvio que não podia confiar em si mesmo com Pete . O garoto estaria
mais seguro nas ruas do que debaixo do seu teto.
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Pete sacudiu a

cabeça.
— Se Luke descobrir, tenho certeza de que você pode facilmente

encontrar uma mentira convincente para explicar onde está o seu sugar baby . — Ele sorriu com tristeza. —
Não vamos fingir que sou necessário para o sucesso da sua missão. Vi o quão bem o agente 11 pode mentir.
Ele não precisa de mim aqui.

Vegas aproximou-se e colocou as mãos nos ombros de Pete,

resistindo ao impulso de envolver o seu rosto em forma de coração.

— E se eu disser que quero você aqui? Não o agente 11. Eu.

Pete engoliu em seco, seus olhos examinando o rosto de

Vegas.

— Por quê? — Ele disse, sua voz vacilante. — O que você quer comigo? Sou um garoto gay
ignorante e estúpido com uma paixão inconveniente por você.
— Você não é estúpido.

Pete fez uma careta.

— Eu nem obtive meu GCSE5. Sou tão ignorante quanto é

possível. Roubar é a única coisa em que sou bom. — Ele riu. — Tive que roubar livros infantis para aprender
sozinho como ler e escrever. Não tenho um vocabulário horrível graças ao fato de amar a leitura.
— Você ainda é muito jovem. Pode estudar e conseguir seu

certificado. — Quando Pete o olhou cético, Vegas apertou os ombros dele e disse: — Você irá. Na verdade,
não é raro que os recrutas do MI6 tenham educação irregular. Temos acordos com o governo para os casos
que o fazem. Você pode ser educado em casa até que possa fazer os exames para então se inscrever em
uma faculdade de sua escolha.
— Mas não estou mais com o MI6. — Disse Pete . — Nunca poderei

pagar lições particulares ou universidade sem roubar, muito...

— Eu pagarei. — Disse Vegas.

Quando Pete franziu a testa e abriu a boca, Vegas o cortou.

— Não é nada para mim. Eu não sou exatamente pobre.

As sobrancelhas de Pete franziram.

— Eu sei que seu disfarce Vegas Theerapanyakul é supostamente muito

rico, mas...

— Pete ... — Vegas disse com um sorriso irônico. — Vegas


5 Certificado geral de educação secundária.
Bommer sou eu. Minhas preferências e vida pessoal podem ser falsas, mas minha situação financeira não é.
Eu realmente sou um chefe de departamento em uma das maiores empresas financeiras do país. Sem
mencionar que ser um agente sênior de campo paga muito bem, considerando os perigos do trabalho. Não
sou bilionário, mas estou bem.
Pete balançou a cabeça, piscando.

— Ainda assim... Eu não... — Ele deu uma olhada em Vegas. — Você ainda não respondeu por
que me quer aqui, porque quer pagar por minha educação e... — Pete parecia perdido, seus olhos escuros
ficando confusos.
— Eu não entendo.

Cristo, Vegas queria abraçá-lo.

Então o fez.

Pete ficou rígido em seus braços por exatamente um segundo

antes de o abraçar. Foda, ele se encaixava perfeitamente nos braços de Vegas, tão perfeitamente que era
difícil soltá-lo.
— Quero que fique porque me importo com você. — Disse Vegas

contra a testa de Pete. — Quero você na minha casa, seguro, quente e confortável. Porque você merece
isso. E se você se chamar de estúpido novamente, eu... — Ele lutou para criar uma ameaça adequada. Para
alguém que conhecia dúzias de diferentes técnicas de tortura, era surpreendentemente difícil ameaçar Pete
com qualquer coisa. — Vou mudar a senha do Wi-Fi e não lhe direi qual é.
Pete começou a rir contra seu ombro.

— Ok, isso é realmente muito assustador. Obrigado, Vegas. Eu também

me importo com você.

Vegas se pegou sorrindo - um sorriso quente e suave que mostrava

muito mais sobre como se sentia do que estava com vontade de mostrar. O sorriso parecia estranho em
seus lábios e ele estava contente de que Pete não pudesse vê-lo.
Vegas limpou a garganta.

— Então, você vai ficar. — Perguntou, se afastando e estudando o

garoto. Embora tenha formulado isso como uma declaração, era sem dúvida uma pergunta.
Pete assentiu.

— Se você quer que eu fique, vou ficar. — Ele sorriu um pouco,


diversão aparecendo em seus olhos. — O que posso dizer? Eu me acostumei com a vida mimada de ser seu
sugar baby .
Vegas resmungou.

— Boa noite. — Ele caminhou para o seu quarto, tentando não pensar

sobre a satisfação que sentiu quando Pete se chamou de seu sugar baby .
Jesus. Ele tinha um problema.

Capítulo 22

Na manhã seguinte, enquanto Pete observava Vegas fazer uma

omelete antes de ter que partir para o trabalho - para o seu trabalho oficial, não o MI6 - percebeu quão
realmente fodido ele era.
Ou estava errado ontem de que nada mudou em relação aos seus

sentimentos por Vegas, ou estava muito cansado e satisfeito para se sentir embaraçado em torno dele -
mais do que normalmente era.
Enquanto a atenção de Vegas estava no fogão, os olhos de Pete

varreram impetuosamente sobre seus ombros largos e os músculos de suas costas debaixo daquela camisa.
Imaginou correr sua boca sobre as veias nos antebraços de Vegas, descobertos por suas mangas enroladas.
Ele lambeu os lábios, tentando e incapaz de suprimir a fome roendo-o, fome que não tinha nada a ver com
o estômago vazio. Ele não podia ficar quieto, o desejo de tocar era quase irresistível.

E a parte irritante era que Vegas provavelmente o beijaria e

deixaria chupar seu pênis se Pete pedisse. Ele poderia até masturbá-lo novamente - ou fodê-lo - se Pete
pedisse. O conhecimento o corroía, tentando-o e horrorizando ao mesmo tempo.
Embora Vegas disse que preferia que Pete ficasse com ele ao invés

de com algum tipo aleatório, Pete estava desconfortável iniciando o sexo novamente, especialmente depois
de ver Vegas sendo forçado a ter um romance com Porsche Kittisawat. Pete não conseguia tirar da sua
mente os olhos vazios de Vegas enquanto ele beijava Luke. E se Vegas também se sentia assim enquanto
beijava Pete ? E se ele estivesse apenas forçando isso?
O pensamento o deixou doente.

— Posso te perguntar algo? — Disse Pete .

Vegas virou, sua expressão curiosa.

— Certo.

— Quando você beijou Luke ontem, como foi? Igual a quando você

me beija?

Vegas desligou o fogão, tirou o avental e olhou Pete

cuidadosamente.

— Não. — Era imaginação de Pete ou Vegas realmente parecia

desconfortável?

Não, não era sua imaginação.

O estômago de Pete caiu.

— Você está mentindo.

— Eu não estou. Claro que foi diferente. Ele é minha missão. Você é

meu...

Quando Vegas se cortou, Pete olhou para ele com um sorriso

torto.

— Seu o quê? Um garoto gay que você sente pena?

Vegas deu-lhe um olhar comprimido.

— Estamos de volta a isso? Eu disse que não era piedade.

— Então, o que era? — Disse Pete . — Você parecia entediado quando

beijou Luke! E ele é, como, cinco vezes mais atraente que eu.

— Ele não é. — Vegas disse, franzindo a testa. — E eu não estava

entediado quando o beijei. Fiquei focado.

Pete zombou e cruzou os braços sobre o peito.

— Por favor. Você parecia resignado, na melhor das hipóteses. Não

me diga que não se importou em beijá-lo. Você claramente fez.

Passando uma mão pelos cabelos escuros, Vegas suspirou.


— Não posso acreditar que estamos discutindo se gostei de beijar

alguém ou não. Tudo bem, não gostei. Se fosse por mim, nunca o beijaria. Não prova que não gostei de te
beijar.
— Você gostou de me beijar, então? — Disse Pete , finalmente

encontrando a coragem de perguntar.

Quando Vegas não disse nada, Pete assentiu com a cabeça, o rosto

torcendo em uma careta mortificada. Deus, como era embaraçoso.

— Vê? Você nem pode dizer isso. Você odiou.

— Pelo amor de Deus. — Vegas disse, seus olhos brilhando de

frustração. — Eu não odiei isso. Gostei. Muito. Feliz agora?

Pete olhou para Vegas em dúvida, sem saber se deveria acreditar

nele.

— Realmente? — Falou em voz baixa.

Os olhos de Vegas suavizaram um pouco. Ele rodeou a ilha da

cozinha e puxou Pete , tirando-o da cadeira.

— Olhe... — Ele disse, suas mãos escorregando para a parte inferior

das costas de Pete . — Eu sou um bom mentiroso, e minto muito por causa do trabalho. Não vou negar isso.
Mas nunca menti para você. — Ele o olhou atentamente. — Confie em mim. Por favor, Pete.
Pete exalou tremendo.

— Mas como você pode querer me beijar se não gostou de beijar

Luke? Ele é...

— Ele não é cinco vezes mais atraente do que você. — Vegas disse

com deboche.

Pete mordeu o interior de sua bochecha.

— Talvez não, mas ele definitivamente é muito mais feminino do que eu. Então, logicamente, os
homens heterossexuais devem ficar mais confortáveis beijando-o.
Vegas riu.

— Não funciona assim.

— Mas...

— Maldição. — Vegas o puxou mais perto e beijou-o com força,


sua boca suave, quente e completamente perfeita. Era embaraçoso o quão rápido Pete ficou desossado
contra o corpo de Vegas, os dedos dos pés curvando com prazer, a boca se abrindo ansiosamente para
acomodar a língua de Vegas, puro êxtase se espalhando pelo seu corpo.
Ele gemeu quando Vegas parou o beijo.

— Sabe o que gosto ao te beijar? — Vegas disse, pressionando suas

testas juntas. — Gosto de como você responde. Você me beija como... Como... Se pertencesse a mim,
como se fosse meu, como se sua boca fosse minha. — Ele deu a Pete outro beijo curto e duro. — É muito
viciante.
Pete piscou para ele aturdido. Não podia acreditar que Vegas

realmente gostasse que ele perdesse as funções cerebrais e se tornasse um escravo das suas necessidades
básicas no momento em que colocava a boca na dele. Era um pouco estranho, mas que seja. Pete não se
importava, contanto que Vegas realmente gostasse de beijá-lo.
— Tudo bem. — Pete disse e beijou Vegas novamente.

Ele não tinha certeza de por quanto tempo se beijavam, o ambiente

estava silencioso, exceto pelos sons escorregadios de suas bocas se movendo juntas e os suaves suspiros de
prazer. Pete não sabia o que Vegas estava sentindo, mas esperava que o beijo fosse tão bom para Vegas
quanto era para ele. Viciante. Vegas chamou sua boca de viciante. Pete podia se relacionar totalmente,
porque ele parecia completamente incapaz de parar de beijar Vegas, seu corpo formigando e doendo por
toda parte, com fome, muita fome.

Levou um tempo para registrar o zumbido.

— Seu telefone. — Pete conseguiu dizer contra os lábios de Vegas.


Vegas não parou de beijá-lo ou de lamber sua boca.

— Seu telefone, Vegas. — Disse Pete novamente.

Puxando para trás, Vegas olhou ao redor, seus olhos escuros um

pouco desfocados antes de se acomodarem no telefone na mesa. Ele se aproximou, olhou para o
identificador de chamadas e franziu a testa antes de responder.
— A11.

Pete viu os ombros de Vegas ficaram tensos.

— Você tem certeza de que é ele? — Disse Vegas. Houve uma pausa quando Vegas ouviu a
resposta. — Estarei na sede em quinze minutos.
Ele desligou e virou-se para Pete , suas sobrancelhas juntas.
— O helicóptero de Richard Whitford caiu em Columbia. Sem

sobreviventes.

— O pai de Luke? — Disse Pete . — Isso significa que sua missão foi

cancelada?

Vegas balançou a cabeça, pegando seu casaco e saindo.

— Isso significa apenas que os parâmetros da missão acabaram de

mudar. Por sinal, você poderia ligar para o meu número de trabalho e dizer à minha secretária que tenho
um encontro urgente com a Riverwood Trading?
— O quê?

Vegas sorriu para sua confusão.

— É uma empresa criada pelo MI6 que é usada como cobertura para

nossos agentes. É um cliente da Grayguard, por isso é uma boa cobertura para mim quando preciso sair
em missões.
— Por que você não liga para a sua secretária? — Pete disse,

seguindo Vegas para o carro. Ele provavelmente estava pegajoso, mas não podia evitar isso.

— Eu posso estar muito ocupado para responder meu telefone. Diga a

ela que esqueci meu celular em casa.

— E se ela pergunta quem eu sou? — Pete disse, observando Vegas

entrar no carro.

Vegas rolou a janela lateral e olhou para ele.

— Diga-lhe a verdade. Que mora comigo e que confio em você.

Pete engoliu em seco e assentiu.

— Tudo bem. — Ele disse, estendendo a mão e ajeitando a gravata

de Vegas. Não conseguindo fazer diferente; ele precisava tocá-lo.

Uma certa emoção passou pelo rosto de Vegas. Ele apertou a mão

de Pete , soltou e ligou o motor.

— Vejo você esta noite.

Pete viu o carro desaparecer antes de entrar na casa.


Ele trancou a porta e recostou-se contra ela, um pequeno sorriso curvando seus lábios. Sabia
que estava sendo ridículo - ainda não tinha nenhuma ideia de onde eles realmente estavam – mas, porra, se
sentiu um pouco feliz. Era errado? Ser feliz, embora provavelmente não durasse?
Mas e se durasse?

Capítulo 23

Vegas destrancou a porta da frente e a abriu.

A casa estava tão quieta e escura quanto se esperaria que fosse às

duas da manhã. Só podia sorrir cansadamente lembrando suas palavras para Pete que o veria à noite. Às
vezes, odiava seu trabalho - ambos. Ele tinha apenas 27 anos, mas graças a sua vida dupla, às vezes sentia-
se anos mais velho.
Às vezes se perguntava por que estava fazendo isso. Enquanto seu

emprego na Grayguard tinha começado como uma cobertura fácil, agora ele tinha o trabalho de um
chefe de departamento em cima de seu trabalho no MI6. Como resultado, em dias como este, se sentia
cansado, mal conseguindo se arrastar para casa, com a cabeça latejando e o corpo dolorido.
Talvez estivesse ficando velho demais para uma vida dupla,

especialmente uma tão exigente quanto a dele.

Era por isso que hesitava em aceitar a posição de Chefe do SIS

quando o alto escalão acabasse por forçar Erika a renunciar em poucos anos. Ele não achava que
conseguiria conciliar as duas posições de diretoria efetivamente. Já estava lutando como estava. Mas,
novamente, dias como esse não aconteciam com frequência.
Suspirando, Vegas empurrou a porta do quarto e ficou imóvel.
Pete estava dormindo em sua cama.

Ficou claro que ele estava tentando esperar por Vegas: a lâmpada

de cabeceira estava acesa e havia um livro aberto ao lado dele. O fato de que Vegas não tinha notado a luz
fraca antes de entrar no quarto, falou muito sobre como ele estava cansado. Seu lapso na vigilância não o
agradou, fazendo com que se perguntasse mais uma vez se precisava mudar alguma coisa sobre seu
trabalho. Não importaria que ele tivesse a melhor taxa de sucesso em missões se fosse emboscado em sua
própria casa porque estava cansado demais para prestar atenção.
Vegas se aproximou da cama, seus passos silenciosos. Afrouxando

a gravata, olhou para o garoto adormecido. Um sentimento estranho se instalou em seu estômago quando
percebeu que a camiseta preta que Pete estava vestindo era dele.
Tirando a gravata, Vegas começou a desabotoar a camisa, os olhos

ainda no garoto deitado na cama. Ele tinha dificuldade em desviar o olhar. A visão era profundamente
satisfatória em um nível tão primitivo, que o fez se encolher. Nunca se considerou um homem possessivo,
nunca foi um em seus relacionamentos, nem mesmo com a única mulher que amou. E, no entanto, aqui
estava ele, sendo todo homem das cavernas e essa merda sobre um garoto que ele dera um lar.
Cristo, que bagunça. Nunca deveria ter tocado Pete desse jeito. O

que aconteceu durante a missão deveria ter ficado lá. Agora, com as linhas desfocadas, complicou tudo
desnecessariamente.
Pela primeira vez em anos, Vegas não sabia o que fazer. Não

estava disposto a machucar o garoto dizendo que se arrependeu de transar com ele e que não deveriam
fazer isso de novo. Mas continuar a brincar com Pete também seria um erro. Uma paixão era inofensiva o
suficiente. Mas paixões poderiam se transformar em algo mais, algo que doeria. Se ele estivesse pensando
racionalmente, teria deixado Pete transar com outra pessoa - alguém gay. Isso era a coisa certa a fazer. Pete
deveria conhecer um rapaz simpático e gay de sua idade que pudesse devolver seus sentimentos e fazê-lo
feliz. Alguém que não fosse um idiota manipulador que mentia, matava e usava pessoas para viver.
Com o maxilar apertado, Vegas despiu-se rapidamente e foi ao

banheiro.

Depois de tomar banho e terminar sua rotina noturna, fez uma

pausa, olhando seu reflexo no espelho. Tentou ver o que Pete via nele. Tudo o que podia ver era um homem
de aparência cansada, com olhos, e personalidade, vazios. Passou tanto tempo fingindo ser alguém que não
era que não tinha mais certeza de quem diabos era e o que queria.
Vegas se afastou do espelho.
Quando saiu do banheiro, Pete estava sentado na cama, piscando

grogue.

— Vegas?

— Ei. — Disse Vegas, caminhando para o seu guarda-roupa. Ele

tirou uma nova boxer e vestiu antes de deitar na cama com um suspiro.

— Cansado? — Pete disse simpaticamente.

Vegas fez um barulho afirmativo, fechando os olhos.

— Eu vou ir, então.

Ele deveria deixá-lo ir. Mas, caramba, queria o calor de Pete,

queria se enterrar nele até que a sensação fria e vazia em seu peito fosse embora.
— Fique.

Ele não teve que abrir os olhos para saber que Pete estava

sorrindo quando deitou e se aconchegou debaixo do seu braço.

— Por que você chegou tão tarde? — Pete disse, sua bochecha

pressionada ao lado do peito de Vegas.

— Longa história. — Disse Vegas com um suspiro, acariciando o

braço de Pete para cima e para baixo. — Estive na sede durante toda a manhã, coordenado com nossos
agentes em Columbia. Tivemos que ter certeza de que é realmente Richard Whitford e que ele está
realmente morto. Não seria a primeira vez que alguém falsifica a própria morte - mas é ele; não há engano.
— E agora o quê? — Pete disse, correndo os dedos

preguiçosamente sobre o peito nu de Vegas.

— Eu não sei. — Disse Vegas, puxando Pete mais apertado

contra ele. Aos poucos, a sensação de frio desapareceu. Quando estava com Pete, sempre acontecia. — O
acidente de helicóptero provavelmente não foi um acidente. Nossos agentes em Columbia suspeitam do
chefe do crime local, Alvaro Lopez, mas não há provas. E...
— E o quê?

Vegas abriu os olhos.

— Encontramos algo interessante. Há algumas semanas, Álvaro López teve um encontro com
um certo oligarca russo.
— Mesmo? O mesmo homem que suspeita de sequestrar Luke

Whitford?

Sim. Anakinn Theerapanyakul. Que coincidência, né?

As sobrancelhas vermelho-escuras de Pete franziram.

— Mas o que isso significa? Demidov sequestra o filho de Whitford e,

em seguida, permite que ele escape alguns meses depois. Luke aparece ileso e nega o envolvimento de
Demidov. Então, apenas algumas semanas após o retorno de Luke, Demidov organiza para o pai de Luke ser
morto? Isso... Huh. Tem um cheiro de peixe podre.
— Sim. — Disse Vegas. — Pensei que Luke era um cara bom que

não prejudicaria uma mosca, mas talvez eu estivesse errado.

Pete olhou para ele com curiosidade.

— Você realmente acha que Luke conspirou com seu sequestrador

contra o pai?

Vegas acariciou a nuca de Pete.

— Talvez. Anakinn Theerapanyakul é um homem bonito. Por todas as contas,

é hétero, mas ele é um filho da puta implacável e manipulador. Luke poderia ser uma vítima da síndrome de
Estocolmo. Não seria a primeira vez. Na verdade, acontece com mais frequência do que você pensa.
Pete mordeu o lábio inferior.

— Mas se Luke está envolvido na morte do pai, isso significa que ele

é perigoso. Você pode estar em perigo.

— Não mais do que estava antes. Além disso, Luke poderia ser

completamente inocente. Nós o temos sob vigilância e ele não tem estado em contato com Demidov desde
seu retorno à Inglaterra. E Luke parecia genuinamente chocado com a morte do pai.
Pete enrijeceu contra ele.

— Você estava com Luke?

Vegas assentiu, estudando o rosto do garoto.

— Estava com ele na Grayguard quando recebeu a notícia. Seu choque parecia bastante real,
embora não parecesse particularmente aborrecido. Mas, no entanto, ele e seu pai não eram muito
próximos, então não é tão surpreendente assim.
Ele pode ser um bom mentiroso. — Disse Pete. — Aparências
podem enganar.

— Elas podem. — Admitiu Vegas, observando Pete com cuidado. — Você está chateado que eu
estava com Luke? Não é por isso que cheguei em casa tão tarde. — Ele nem sabia por que sentia

necessidade de se explicar. Pete não era sua esposa ou seu marido. — Foi um dia infernal na Grayguard.
Tive que trabalhar até tarde porque não cheguei no trabalho até o final da tarde.
Pete franziu os lábios.

— Se você está insinuando que estou com ciúmes, não estou.

— Claro que não está. — Disse Vegas suavemente, reprimindo um

sorriso e dando um beijo na testa de Pete. Verdade seja dita, ele não se importava com o ciúme de Pete. —
Você não tem motivos para ficar com ciúmes. A propósito, por que está vestindo minhas roupas?
Pete ficou vermelho.

— Não foi porque senti sua falta ou algo assim. — Disse ele,

emburrado.

Vegas manteve o rosto sério.

— Eu disse que era?

Olhando para ele com desconfiança, Pete disse:

— Eu não tenho muitas roupas.

A diversão de Vegas desapareceu.

— O quê?

Pete baixou o olhar, traçando linhas no peito de Vegas com o

dedo.

— Joguei minhas roupas velhas fora quando fui recrutado, elas não

eram muito boas e recebi roupas para trabalhar de qualquer maneira, mas agora... — Pete deu de ombros,
evitando os olhos de Vegas.
Vegas olhou para ele.

— Está dizendo que não tem roupas?

— Eu tenho. — Disse Pete, olhando para qualquer lugar, menos

para ele. Apenas não muitas. Esta camiseta não é tão extravagante quanto o resto de suas roupas, então
imaginei que você não se importaria se eu pegasse emprestado. Posso lavar depois...
Vegas segurou o queixo de Pete e o obrigou a encontrar seus olhos.

— Eu não me importo. Pode pegar o que quiser. Mas amanhã vamos

às compras. Se você devolveu todos os pertences recebidos pelo MI6, precisará de mais do que apenas
roupas.
Franzindo a testa, Pete abriu a boca, mas Vegas o interrompeu

antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.

— Não é caridade. E não aceito não; você não pode mudar minha

mente. Podemos seguir em frente agora? Não é um problema, Pete.

Pete soltou um longo suspiro de sofrimento e sorriu ironicamente.

— Você percebe que agora é praticamente meu papaizinho de

verdade, certo?

Vegas riu, beliscando a bochecha de Pete.

— Isso significa que você é meu sugar baby de verdade?

Pete sorriu mais largo, olhando-o com olhos sonolentos.

— Não me importo de ser um sugar baby , desde que seja seu.

O pênis de Vegas contraiu. As palavras de Pete empurraram

todos os seus botões certos - ou melhor, todos os errados, sua possessividade egoísta ergueu a cabeça feia
novamente.
Ele limpou a garganta, enfiando os dedos pelos cabelos do menino.

— Você não deveria dizer coisas assim. Estou tentando ser um

homem melhor aqui.

— O que quer dizer? — Pete disse. — Não há nada de errado com

você. Já é um bom homem.

Vegas olhou para ele.

— Você ainda acha isso depois de assistir meu encontro com Luke? Depois de me ver invadindo
sua confiança, manipulando suas emoções e inseguranças? — E ele tinha feito coisas muito piores do que
isso no passado, coisas que preferia que Pete não soubesse.
Os lábios de Pete formaram uma linha fina.

— Um tempo atrás, você me disse que o que acontece em uma

missão não deveria afetar o meu verdadeiro eu. Por que isso não se aplica a você? Não é como se quisesse
ferir as pessoas, certo? Não é você. É o seu trabalho.
— Eu sei. — Disse Vegas. — É só... — Ele embalou a bochecha de Pete com a mão, absorvendo
o carinho nos olhos dele. Esteve almejando isso o dia todo. Passava o dia sendo o agente 11, sem nome ou
fingindo ser uma pessoa que ele não era. Em dias como este, Vegas sentia-se uma fraude, um homem com
emoções falsas, comportamento falso e sexualidade falsa. Não ajudava que estivesse usando seu nome real
para essa missão, o que bagunçou sua cabeça mais do que qualquer trabalho secreto jamais fez. Ele queria
algo real. Algo que era só dele.
— Estou tentando ser um homem melhor. — Disse ele, olhando para

os lábios de Pete.

— Não há nada de errado com você. — Sussurrou Pete, lambendo

os lábios com a ponta da língua. — Pare de dizer coisas estúpidas e me beije.

Está tudo errado comigo.


Vegas pensou enquanto se inclinava e fazia o que Pete pediu. Os lábios de Pete estremeceram
ao menor toque, separando-se para sua língua com uma ansiedade que destruiu qualquer remanescente de
autocontrole que possuía. Vegas gemeu e lambeu seu caminho na boca de Pete, querendo se colocar mais
fundo no garoto até que tudo o que podia sentir era Pete, seu calor e afeição.
Porra, isso era... Era algo pelo qual esteve ansioso o dia todo, se Vegas fosse honesto consigo
mesmo. Isso - sentir os lábios trêmulos e carentes de Pete contra os dele - isso era real. Isso era dele. Pete
era dele.
Depois de suas experiências passadas com alvos masculinos, Vegas

tinha certeza de que nunca poderia ser atraído por um homem - sexo com homens sempre pareceu errado,
mesmo com o Viagra - mas não podia negar que era puxado para este garoto, emocionalmente atraído
por ele de uma maneira que nunca foi por mulher alguma, e esse apego emocional parecia transbordar e se
transformar em uma necessidade física, sua sexualidade seria condenada. Ele queria tanto o carinho e o
afeto de Pete que queria se colocar dentro do garoto o mais profundamente possível até que fosse o mundo
inteiro dele.
Jesus, a direção de seus pensamentos era muito perturbadora. Vegas sabia que o
relacionamento deles estava se tornando perigosamente desequilibrado, com Vegas tendo muito poder
sobre o garoto - financeiro, emocional e físico - e certamente não podia ser saudável, mas Pete não parecia
se importar. Pete não era nem um pouco tímido, apenas se entregando a ele, honesto e ansioso,
confiando nele para não feri-lo - ou machucá-lo, se Vegas quisesse. Era viciante da pior maneira possível, e
Vegas sabia que não deveria se entregar a isso, mas se viu beijando Pete mais forte e mais profundo,
puxando o garoto para mais perto e depois rolando para cima dele quando não era o bastante. Porra, queria
rastejar dentro de Pete e se afogar nele.
— Vegas... — Pete sussurrou contra seus lábios, sua voz trêmula e
rouca, suas mãos impotentes segurando os ombros nus de Vegas. — Pare de me beijar assim a menos que
vá me foder. Isso é cruel. Pare de me beijar ou me foda.
Afastando-se daquela boca doce e viciante, Vegas olhou para o
garoto que estava sob ele: o rosto corado e os lábios vermelhos e inchados, as pernas compridas e pálidas
abertas para acomodar os quadris de Vegas. Ele não podia ver a ereção de Pete, mas podia sentir contra sua
coxa, longa e magra, como tudo no garoto.
Objetivamente, ele não deveria querer Pete. Gostava de suas
mulheres com quanto mais curvas, melhor, e o garoto pálido e magro embaixo dele não deveria excitá-lo.
Mas Deus ajude os dois, ele fez. Vegas estava duro como uma rocha, seu corpo ansioso por sexo, ansioso
para foder, tomar, consumir.

Não fazia sentido. Sua fome por Pete desafiava a lógica, a

sexualidade e o pensamento racional, originários de algo mais primitivo do que a atração normal. Parecia
uma força, uma contra a qual ele não podia lutar. Mesmo o desequilíbrio de poder entre eles apenas o
excitou. Ele gostou de ser capaz de fornecer a Pete posses materiais. Gostou que Pete tivesse uma paixão
óbvia por ele. Gostou de ser o centro do mundo de Pete.
E não queria que isso mudasse.

Puta merda. Estava se tornando um idiota.

— Então, você vai me foder ou não? — Pete disse, olhando para

ele aturdido, seus dedos cavando nas nádegas de Vegas.

— Eu vou.

Os olhos de Pete arregalaram, sua boca bem-beijada se abriu. Ele

olhou para Vegas sem piscar pelo que pareceram horas antes de puxar a cabeça de Vegas para baixo e beijá-
lo novamente.
Depois disso, Vegas sentiu-se perdido na sensação da boca macia e

faminta de Pete, apenas vagamente consciente de tirar a camisa de Pete e dar o pontapé inicial na cueca. A
sensação da pele jovem e macia contra sua boca era gloriosa. Vegas arrastou os lábios pelo pescoço de Pete,
beijando e mordiscando a pele imaculada e perfeita... Tão macia... Tão suave e sensível ao toque... Pete
choramingou quando Vegas agarrou seu mamilo rosado, enterrou os dedos no cabelo dele e empurrou sua
cabeça para baixo com insubmissão.
Ele foi; lambendo e beijando a barriga tremula e pálida de Pete,

até seu pênis duro e vazando. Pete gemeu quando Vegas o engoliu em sua boca.
Não era o primeiro pênis que Vegas já havia chupado. Mas era a

primeira vez que ele realmente quis fazer isso. Agora quase podia entender porque Pete gostava de chupar
pau. A sensação do pênis de Pete se movendo em sua boca era surpreendentemente boa. Os ruídos que o
garoto estava fazendo eram mais do que apenas bons, e Vegas chupou o pau com mais força, querendo
ouvir mais deles.

Quando sentiu que Pete estava perto, Vegas se afastou. Olhando para o garoto ofegante e
corado embaixo dele, se abaixou e deu um puxão em seu próprio pau, para afastar sua excitação, um pouco
surpreso por não ter perdido sua ereção enquanto chupava a de Pete .
— Lube? — Pete disse, olhando para o pênis de Vegas com algo

que só poderia ser descrito como fome.

E porra, ele queria saciar essa fome.

— Sim. — Disse Vegas secamente. Estendeu a mão para a gaveta

com a garrafa de lubrificante e preservativos que mantinha lá. — Fique de barriga para baixo.
Pete piscou para ele atordoado, observando Vegas lubrificar os

dedos e depois fez o que lhe foi dito: ficou de joelhos, os cotovelos caindo para a cama, o traseiro para cima
e as costas curvados num arco que era pura pornografia.
Vegas lambeu os lábios secos, lembrando o quão apertado esse

traseiro era, como era bom estar dentro dele e assistir Pete se abrir para seu pênis.
Apertando a mandíbula, colocou uma camisinha e preparou o garoto

com o máximo de cuidado que sua impaciência permitia, incapaz de desviar o olhar da entrada de Pete, que
estava vermelha e brilhante onde estava esticada em torno de seus dedos grossos.
— Vamos. — Pete sussurrou, sua voz falhando. — Por favor. Não

quero dedos, quero você.

— Sim. — Vegas tirou os dedos, observando fascinado enquanto o

anel se fechava em torno de nada. Inclinando-se, ele deu uma longa lambida.

Pete gemeu, arqueando as costas.


— Vegas...

Vegas deu outra lambida antes de se endireitar e alinhar seu pênis

contra a abertura brilhante. Ele cutucou a cabeça gorda contra ela, provocando os dois por um longo
momento antes de empurrar com um gemido. Pete estremeceu sob ele, um gemido agudo saindo de seus
lábios enquanto suas paredes internas apertavam em torno do seu pênis com força.

Cristo. Tão bom pra caralho.


Agarrando os quadris de Pete, Vegas começou a empurrar, seus

olhos apertados, um rosnado torcendo os lábios enquanto ele se concentrava em não gozar como um
maldito virgem. Ele queria fazer Pete se sentir bem. Essa era sua prioridade, não seu próprio prazer.
Com os dentes afundados no lábio inferior, Vegas inclinou as

estocadas até conseguir acertar a próstata de Pete pelo menos em todas as outras estocadas. Era
surpreendentemente difícil e não porque ele não soubesse como fazê-lo. Ele era proficiente o suficiente
para fazer sexo com homens, mas com os alvos masculinos ele poderia facilmente se concentrar em pregar
a próstata do homem, porque não tinha que lutar contra sua própria necessidade de perseguir seu prazer.
Com os alvos masculinos, Vegas era um agente no controle total de si mesmo; com Pete, ele era apenas um
homem lutando pelo controle.
Pete não estava exatamente ajudando seu autocontrole, fodendo-

se de volta no pênis de Vegas com um abandono desenfreado, deixando escapar um fluxo constante de
grunhidos e gemidos que só serviam para estimular ainda mais Vegas. Pete era um garoto tão doce, mas era
absolutamente sem vergonha na cama. Vegas gostou da puta pelo seu pênis que o garoto era. Pete fodeu
como se não pudesse viver sem isso - sem o pênis de Vegas nele. Não deveria ser tão excitante, mas porra...
Vegas sentiu seus impulsos crescerem com força e erráticos, a

cabeceira batendo contra a parede. Rosnando, agarrou o pênis de Pete e começou a acariciá-lo no mesmo
ritmo de suas investidas. Pete soluçou algo ininteligível e gozou, seu canal apertando com força em torno do
pênis de Vegas.
Gemendo, Vegas deixou seu controle deslizar ainda mais, seu

aperto nos quadris de Pete machucavam, e ele chupou duramente a pele da nuca de Pete quando o prazer
o alcançou, afogando-o em sensações que se intensificaram até explodirem num clímax que o deixou
agarrado a Pete.

Deus. Jesus Cristo.

Parecia que horas se passaram antes que ele pudesse pensar


novamente.

— Porra, estou esmagando você. — Ele rolou para fora de Pete e

beijou a parte de trás do pescoço do garoto, inalando seu cheiro. — Você está bem?
Os últimos resquícios de seu brilho desapareceram quando Pete não

respondeu, as costas ainda voltadas para Vegas.

— Pete?

O asiático sentou-se.

— Estou bem.

Vegas estreitou os olhos, estudando as costas do garoto.

— Eu te machuquei? — Ele disse, sentando e tocando o ombro de Pete .


Pete se afastou do toque em vez de se inclinar como de costume.

O sangue de Vegas gelou.

— Claro que não. — Pete disse com uma risada, finalmente

virando a cabeça. — Foi incrível e você sabe disso, mas acho que... Eu acho que nós não deveríamos... Eu
deveria parar de pedir para você transar comigo. Ele sorriu torto.
— Será mais inteligente se não fizermos mais isso. Não está

exatamente ajudando com a minha paixão. Recuso-me a ser aquele garoto gay idiota e pegajoso que não
pode aceitar a dica.
Ele riu um pouco, olhando para baixo. Quando ergueu o olhar de

volta para Vegas, sua expressão era dolorosamente honesta.

— Mas se continuarmos assim, sei que me tornarei ele. Sei que você

tem um fraquinho por mim, mas prometa que não vai me satisfazer de agora em diante. Eu não quero ter
esperanças apenas para elas serem esmagadas de novo e de novo. E não quero que minha... Minha paixão
estúpida arruíne nosso relacionamento. Não quero que percamos o que temos por algo que nunca dará
certo. Não com você.

Vegas só pôde olhar para ele, surpreso demais para falar. Embora,

surpresa fosse uma palavra muito inadequada para a tempestade confusa de emoções dentro dele.
Pete saiu da cama e pegou suas roupas descartadas. Deslizando

para dentro da camisa, caminhou de volta para Vegas e beijou-o castamente na bochecha.
— Obrigado pelo ótimo sexo, Vegas. — Ele murmurou com um bocejo. — Não se preocupe, eu
vou trabalhar em superar minha paixão estúpida. Amigos?
— Claro. — Ele provavelmente deveria ter ficado aliviado, mas tudo o

que sentia era errado e confuso.

Pete sorriu para ele e saiu do quarto com um sonolento boa noite.

Quando a porta se fechou atrás dele, Vegas olhou para ela sem ver.

Capítulo 24

Jess Sanders amava seu trabalho. A loja era sofisticada, por isso

raramente ficava lotada ou barulhenta. Na maioria das vezes, se sentava atrás do balcão, lendo revistas de
moda ou assistindo TV, o que ela mais gostava.
Pegue aquele casal gay, por exemplo.

Bem, Jess assumiu que fossem um casal. Se eles eram amigos, era

muito estranho com certeza.

O homem de cabelos escuros claramente pertencia à clientela rica

que vinha à loja. Era óbvio, não só pelo Rolex no pulso e seu impecável terno escuro, mas também pela
maneira segura que se portava. E ele cheirava a dinheiro e poder, que não era tão incomum ou notável; Jess
via dezenas de homens como ele todos os dias.

Era seu companheiro que parecia interessante.

Jess não podia pensar numa razão para um homem como este ser

amigo do asiático naquelas roupas baratas, mal ajustadas e tênis desgastado. Verdade seja dita, o dono da
loja dissera a Jess para certificar-se de que pessoas pobres não estragassem o visual da loja. Jess não
sabia como ia conseguir, mesmo que tivesse inclinada a ouvir seu empregador. Além disso, tinha o
pressentimento de que se tentasse ser fria e condescendente com o asiático , não iria gostar de reação do
outro homem.
Ela não pensou que eram amigos. Eles eram mais do que bonitos, e Jess não quis dizer sua
aparência, embora também fossem. Na sua opinião, eles eram absolutamente adoráveis juntos. O homem
de cabelos escuros parecia muito insistente sobre comprar tudo que o asiático até mesmo dirigisse um
pequeno olhar, sem sequer verificar a etiqueta de preço, então eles acabaram com uma considerável pilha
de casacos, jeans, camisas e camisetas. O rapaz asiático , realmente estava parecendo um pouco
sobrecarregado quando se aproximaram do balcão.
Jess fechou sua revista, moveu-se para o registo e somou as pilhas

de roupas.

— Isso deu um total de 1.942 Libras.

O asiático arregalou seus olhos escuros comicamente.

Jess sentiu uma pontada de desconforto. Talvez ela devesse ter se

certificado de que o garoto soubesse que as roupas não eram baratas. Ia ser estranho pra caramba.
Felizmente, o outro homem nem sequer piscou. Ele puxou a carteira

e entregou a Jess seu cartão de crédito.

— Vegas, isso é demais. — O garoto protestou enquanto Jess

educadamente colocava suas compras nas embalagens. — Sério, eu não...

— Tudo bem. — O chamado Vegas disse, seu tom conclusivo. — Não se

preocupe.

— Mas...

— Pete, não se preocupe. — Disse Vegas, suavizando a voz quando

percebeu o desconforto do asiático . — Sei que o deixa desconfortável, mas me deixa desconfortável demais
vê-lo em trapos, enquanto estou usando roupa de grife. — Faz-me parecer um cretino. — As pessoas
pensarão que não estou cuidando bem de você.
Pete bufou.

— Acha que não sei o que está tentando fazer? — Ele disse, rolando

os olhos. — E não é seu trabalho cuidar de mim.

— Não é meu trabalho... — Vegas concedeu, olhando-o fixamente. — Eu quero fazê-lo. Por
favor, me permita?
Jess controlou a vontade de sorrir quando o asiático corou e deixou cair

seu olhar, seus cílios longos tremulando contra o seu rosto pálido.

Sério, eles eram muito bonitos!

— Jessica? — Vegas disse, olhando em seu crachá.

Percebendo que ainda não tinha devolvido seu cartão, Jess corou e

fez exatamente isso.


— Obrigada por comprar aqui! Por favor, volte sempre.

Acenando educadamente, Vegas pegou as sacolas e conduziu Pete

para fora da loja, com uma mão na parte inferior das costas do rapaz.

Jess sorriu para si mesma quando a porta fechou atrás deles.

Em momentos como este, ela quase desejava que gostasse de homens. Seria muito bom ter
um homem mais velho que a enchesse de presentes caros e a tratasse como uma princesa.
Jess riu. Nenhuma quantidade de roupas caras a faria gostar de pau.

Era uma coisa boa que sempre poderia encontrar uma bela mulher

mais velha.

*****

Às vezes, ser chefe do RH do MI6 podia ser tedioso, Rachel Longwood

meditou quando bateu na porta. Ela desejava poder delegar esta visita a um dos seus assistentes, mas
nenhum deles estava equipado para lidar com o agente 11.
A doce Débora sem dúvida o deixaria convencê-la a concordar com o

que quisesse enquanto Alan... Ele era uma pessoa doce e um competente assistente, mas Rachel tinha de
admitir que lhe faltasse astúcia para enfrentar o agente 11.
A porta se abriu, revelando um asiático que lhe parecia vagamente

familiar. Rachel o vira apenas de passagem, desde que era Deborah quem cuidava dos novatos.
Não ficou surpresa quando o garoto apresentou sua demissão

semanas atrás, como fizeram alguns dos estagiários, infelizmente, incapaz de lidar com a pressão ou o
treinamento físico. Mas ela ficou muito surpresa nesta manhã quando o Manipulador do agente 11
informou que o rapaz aparentemente ainda vivia com o agente.
— Senhora? — Pete disse.

— Olá. — Rachel sorriu. — Ele está em casa?

— Você sabe que estou. — Disse o agente 11, aparecendo por cima

do ombro de Pete . Seus olhos inescrutáveis a estudaram por um momento. — Que surpresa, Rachel. Mas
pode entrar. — Ele tocou no ombro do garoto suavemente e Pete se afastou. Ele esparramou-se no sofá
marrom enorme, e pegou um iPad. O rapaz não parecia que ia deixá-los a sós quando o agente 11 acenou
para Rachel sentar no sofá do outro lado da sala e caiu na poltrona em frente a ela.
— Bem? — Agente 11 disse, olhando para ela com expectativa. — A

que devo o prazer?

Como chefe do RH, Rachel sabia que seu verdadeiro nome era Vegas, mas ele nunca a
convidara para chamá-lo pelo seu primeiro nome e, verdade seja dita, ela não podia pensar nele como
Vegas.
Embora fosse mais novo do que ela, o agente 11 estava no MI6 há

mais tempo. Ele sempre seria o agente 11 para ela, um homem bonito, mas distante, e ela sempre teve
problemas para lê-lo.
Ele poderia ser como um camaleão se a missão exigisse: confiante,

tímido, arrogante, humilde, paquerador, sério; o que deixava muito difícil dizer sua personalidade real.
Rachel levantou suas sobrancelhas, olhando para o garoto

descansando sobre o outro sofá.

— Você provavelmente pode adivinhar por que estou aqui.

A expressão do agente 11 não mudou.

— Não vejo como meus hóspedes são uma preocupação para o MI6.

Às vezes Rachel esquecia que o agente 11 veio de uma família

aristocrática, tão antiga quanto a Rainha e sua linhagem. Olhando sua expressão arrogante, ela facilmente
podia acreditar, mas, novamente, talvez essa arrogância casual resultasse da confiança do agente em suas
habilidades. Talvez fosse um pouco dos dois.
Em qualquer caso, ela absolutamente recusava-se a ser intimidada

por seu olhar frio, odiando o fato de que já não se sentia tão confiante quanto antes. Mas não mostraria.
— A cláusula de não divulgação, A11, está em seu contrato por um

motivo... — Ela disse. — Seu hóspede não está autorizado a saber nada sobre o seu
trabalho, e ainda assim ele está vivendo com você enquanto está conduzindo uma missão. Ele não pode
viver com você agora que não está conosco. Não pode estar familiarizado com informações confidenciais.
O rapaz bufou de seu sofá, confirmando a suspeita de que ele não

estava absorto em seu iPad como fingia estar.

Dirigindo a Pete um olhar que ela não pôde mais uma vez ler, agente 11 se recostou na
poltrona.
— Pete, por que não vem aqui e diz a senhora simpática, o que

você pensa?

O asiático estava ao seu lado em questão de segundos. Cruzando seus

braços sobre o peito, o jovem empoleirou-se no braço da poltrona do agente

11. Quase perdendo o equilíbrio, Pete agarrou o ombro do agente, e perscrutou Rachel com olhos escuros
brilhantes.
— Olhe, a menos que você possa magicamente me fazer desaprender

as informações confidenciais que já aprendi antes de me demitir do MI6, qual é o ponto? Não é mais
inteligente manter-me onde possa ter um olho em mim, em vez de me deixar ir e vender a sua preciosa
informação para outra pessoa?
Rachel franziu os lábios e olhou para o agente 11, mas ele não

parecia incomodado pela insolência do rapaz. Na verdade, também não parecia incomodado que o rapaz
ainda não tivesse retirado a mão do seu ombro.
Rachel olhou de um para o outro, curiosamente, tentando adivinhar

que tipo de relação eles tinham. Ela sempre se orgulhou de ler bem as pessoas, mas agora estava confusa.
Que o agente 11 e Pete Saengtham não tinham linguagem corporal de amigos; isso ela tinha certeza.
Além disso, não tinha de mais nada. Enquanto ela não pensou que

eles fossem amantes, - a relutância do agente 11, quando se tratava de seduzir homens era bem conhecida
- havia algo ali, algo que ela não podia colocar o dedo.
Por um lado, o agente 11 não parecia tão à vontade com alguém

invadindo seu espaço pessoal. Rachel admirava a habilidade de Vegas Theerapanyakul de não mostrar
emoções, mas mesmo ele não conseguia apagar completamente a tensão, pouco perceptível em seus
músculos, sempre que alguém chegava perto dele - tensão que não estava lá agora.
Que estranho.

Era interessante que a guarda do agente estivesse baixa. Ele parecia

considerar o asiático como... Algo seguro? Talvez algo incluído na sua bolha pessoal? Como uma
extensão dele.
Mais e mais curioso.

— Talvez. — Rachel concedeu. — Mas as regras existem por um


motivo. — Ela olhou para o agente 11 firmemente. — Está explicitamente indicado em seu contrato que só
pode falar sobre seu trabalho com seu cônjuge, ou seus parentes designados, se você não tem um. Então é
isso.

Receio que Pete não possa viver com você. Isso criaria um precedente ruim para outros agentes. — Só
pensar nisso lhe dava dor de cabeça. Ela estaria lidando com todas as queixas e demandas de outros
agentes, se deixasse o agente 11 se safar desta.
Rachel fingiu não ver a expressão de Pete cair quando percebeu que

ela não estava cedendo. No interior, estremeceu. Ela não era cruel. Sabia que o garoto nunca teve uma casa,
e agora estava tirando sua casa novamente. Sentiu pena dele. Mas regras são regras, e ela não se tornara
chefe do RH do MI6 por ser mole.
— Tudo bem. — Disse o agente 11. — Vou preencher a papelada

necessária amanhã.

Ela piscou.

— Perdão?

Agente 11 levantou-se.

— Vou colocar Pete como meu parente designado.

Levou todo o seu considerável autocontrole para se impedir de ficar

de boca aberta.

Rachel disse lentamente:

— Quer que este garoto seja a pessoa tomando decisões relativas à

sua saúde, se você estiver incapacitado? — Para um agente ativo, essa era uma preocupação legítima, então
esse era um incrível show de confiança.
Agente 11 deu-lhe um olhar sereno.

— Sim, estou ciente do que parentes designados são.

— Bem. — Ela disse, ficando de pé e olhando para o rapaz, que tinha

uma expressão estranha no rosto. — Suponho que é seu direito escolher quem quiser. Vou embora. — Ela
caminhou em direção à porta, seus passos ressoando no meio do silêncio que caiu sobre a sala. — A
propósito. — Ela disse, parando com a mão na maçaneta da porta. — Erika quer um relatório sobre a
missão Whitford.
O agente 11 deu um aceno decidido de cabeça, enquanto Pete olhou

para baixo.
Rachel saiu, se sentindo mais confusa do que em anos.

O que estava acontecendo entre esses dois?

*****

Quando a porta fechou atrás de Rachel, Pete disse em voz baixa,

sem olhar para Vegas:

— Não precisa fazer isso, sabe. Eu posso morar em outro lugar. Não

quero que sinta que tem de...

— Eu não diria isso a ela se não quisesse. — Disse Vegas,

encolhendo os ombros. — Não há ninguém que eu confie mais do que você, de qualquer forma.
Com os olhos brilhantes, Pete sorriu, atirou-se para frente e o

abraçou com força, enterrando seu rosto contra a garganta de Vegas.

Vegas o abraçou de volta.

Ficaram assim por um tempo, no silêncio, enquanto Pete agarrou-

se a ele como uma criança pequena, sua respiração instável e irregular, enquanto Vegas fingia não notar a
umidade em seu pescoço.
Quando Pete levantou a cabeça, poucos minutos depois, parecia

mais composto.

— Obrigado, Vegas. — Ele disse com voz rouca. — Estou... Estou

honrado que você confie em mim tanto assim. Eu... — Ele engoliu e sorriu. — Confio em você mais que
ninguém, também.
Vegas retornou o sorriso.

— Bom saber. — Ele disse secamente. — Agora que estabelecemos a

confiança mútua, acho que posso parar de esconder as joias de família debaixo da minha cama.
Pete riu, seus olhos escuros brilhando com alegria.

— Joias de família, hein? — Ele disse, seus braços ainda em torno de

Vegas. — Elas são valiosas?

Vegas fez um som afirmativo, o peito apertado com carinho quando


olhou para o rosto sorridente de Pete. Foda-se, ele estava tão... Inclinandose, beijou Pete no nariz. Não foi o
suficiente. Seu olhar caiu para os lábios carnudos, e a vontade de esmagá-los com os seus era quase
irresistível.
Maldito inferno sangrento.

Vegas recuou às pressas, ruborizado. Jesus, ele não sabia mais o

que se passava com ele quando estava perto de Pete.

Sabia que gostava de vir para casa para um Pete com olhos

sonolentos esperando por ele, não importa o quanto era tarde. Sabia que gostava de cozinhar para os dois,
que gostava de ensinar Pete a cozinhar sem queimar a casa. Gostava de comprar coisas para Pete e ver seus
lindos olhos se iluminarem. Gostava de vê-lo nas roupas que tinha comprado para ele. Gostava de ver Pete
feliz e ser a causa de sua felicidade.
Separadamente, nenhuma dessas coisas era particularmente

estranha. Mas juntas, tinha que admitir que fossem um pouco.

Sem mencionar que, querer beijar Pete sem ser pedido para era

mais do que apenas um pouco estranho, considerando o fato de que era hétero, e Pete parecia
genuinamente querer que fossem só amigos.
Nas últimas semanas, desde que tiveram sexo, Pete foi perfeitamente afetuoso e amigável, mas
havia uma distância quase imperceptível entre eles que não estava lá antes - distância que incomodava
Vegas mais do que devia.
— Algo errado? — Pete disse, inclinando sua cabeça.

— Não. — Disse Vegas, virando o rosto e olhando o relógio. — Acabei de me lembrar que
preciso buscar Luke.
Pete assentiu com a cabeça, sua expressão neutra.

— Como vão as coisas? Vocês ainda não são oficiais?

Vegas o olhou cuidadosamente, mas por mais que tentasse, não viu

sequer um traço de ciúme. Parecia que Pete estava bem com sua pequena paixão, que era... Bom.
Realmente era.

— Não, estamos apenas namorando casualmente. Ele tem estado

muito ocupado lidando com as consequências da morte do seu pai. Prometi ajudá-lo a resolver algumas
questões, na verdade.
— Que é promissor, não é? — Pete disse. — E Anakinn Theerapanyakul?
Vegas franziu a testa para o lembrete.

— Está na Suíça. Ainda não fez contato com Luke. Talvez Luke não

tenha nada a ver com a morte do pai, afinal de contas.

Pete franziu os lábios.

— Ou talvez eles saibam que o MI6 está observando-os.

Vegas encolheu os ombros, pegando as chaves do balcão.

— Não se esqueça de que você tem suas aulas em duas horas.

Sorrindo, Pete revirou os olhos.

— Sim, pai.

— Eu não sou seu pai. — Vegas disse e quase fez uma careta. A

voz dele tinha saído muito mais dura do que pretendia.

Pete levantou as sobrancelhas, olhando curiosamente para ele.

— Você está estranho hoje. Apague isso, você tem estado um pouco

estranho há semanas. Tenso.

— Eu tenho um trabalho estressante, Pete . — Vegas disse,

encolhendo os ombros em seu casaco.

Pete riu.

— Alguém lhe disse o quanto é engenhoso seu jeito de mentir sem

mentir? Sei que você tem um trabalho estressante. Não é a razão pela qual está estranho. E você nunca me
chama de Pete a menos que haja algo.
Vegas ficou dividido entre sentir-se ridiculamente orgulhoso e

consternado que aparentemente era tão fácil de ler, então lhe deu um sorriso torto.
— Sinto muito. Acho que só preciso transar. Fico muito irritável se

não o fizer. — Era verdade o suficiente, embora ele não soubesse por que estava dizendo isso a Pete.
Sabe por que, seu bastardo viscoso.
Vegas ignorou a voz em sua mente, observando a reação de Pete.
Os olhos de Pete se arregalaram, suas narinas dilataram.

— Então ainda não transou com ninguém desde que nós... — Ele

parou, ruborizou e então deu de ombros. — Faz semanas. Você deve procurar alguém.
Quando Pete não se ofereceu para chupar seu pau, como estava
esperando, Vegas balançou a cabeça.

— Talvez eu devesse. Não espere por mim.

Pete já estava olhando seu iPad.

— Ok. — Ele murmurou distraidamente, sem prestar atenção.

Vegas olhou-o por uns momentos e depois saiu.

Ele não bateu a porta, mas chegou perto.

Capítulo 25

Frequentar cursos de recuperação de estudos não era tão assustador quanto Pete tinha
esperado, quando Vegas o convenceu há semanas. Ninguém ria dele por não saber algo. Todos estavam
numa posição semelhante. Pete não era nem mesmo o garoto mais velho, então não chamou atenção.
Realmente até fez alguns amigos da sua idade, Lisa e Andy. Embora não tivessem muito em comum, gostou
deles. Eles eram tão... Normais. Fizeram-no sentir-se normal, também. Era um sentimento tão novo,
considerando que fora de ser um sem teto a viver numa mansão em Kensington.
— Quer uma carona? — Andy disse quando saíram do prédio.

Pete balançou a cabeça.

— Obrigado, mas vou pegar o trem. Ainda não está escuro...

Lisa deu-lhe uma cotovelada discretamente e fez com a boca,

aceite...
Pete piscou, confuso.

Suspirando, exasperadamente, Lisa inclinou-se no seu ouvido e


sussurrou:

— Ele gosta de você, idiota.

Lentamente, Pete olhou para Andy, que corou imediatamente.

Ah!
Agora que Pete pensou nisso, não podia acreditar como não

percebera. Ele não era exatamente inexperiente. Era só... Não podia imaginar estar com alguém além de
Vegas. E isso era o cerne do problema, não era? Tinha esquecido que outras pessoas poderiam estar
atraídas por ele, e que poderia ser atraído por outras pessoas. Ele estava obcecado por Vegas.
Com toda a honestidade, Pete sabia que devia começar a olhar para

outros caras. Ele precisava tirar Vegas de sua mente e seu coração. Não havia nenhum ponto em ficar triste
por uma coisa que nunca ia acontecer. Ele tinha tentado - tentado muito, mas não era fácil. Seu coração se
recusou a ouvir sua mente, não importa quão determinado Pete estava em superar seus sentimentos por
Vegas antes que pudesse fazer algo estúpido... Como dizer a Vegas que o amava.
Como fizera semanas atrás durante o sexo.

A lembrança fez seu peito apertar. Eu te amo. Tinha escapado quando gozou, mas graças a
Deus suas palavras provavelmente saíram ininteligíveis para Vegas ouvir claramente. Pete queria dizê-las
novamente depois do sexo, quando seus corpos ainda estavam unidos, com Vegas respirando pesadamente
contra sua pele, ainda se recuperando de seu orgasmo. Eles pareciam tão perto um do outro naquele
momento, e as palavras quase o sufocaram, querendo sair. Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Isso o assustou.

De certa forma, ter sexo com Vegas tinha ajudado. Tinha se livrado

da ilusão de que poderia brincar com Vegas sem ficar de coração partido. Ele teria seu coração quebrado se
não fizesse algo.
Alguma coisa como sair com outro cara.

Suprimindo o seu mal-estar, Pete sorriu para Andy, tentando vê-lo

como um namorado em potencial.

Andy não deixava de ser atraente. Tinha rosto bonito, forte, com belos olhos azuis e cabelo
castanho avermelhado. Nunca seria tão devastadoramente atraente quanto Vegas, mas...
Pete exalou forte, irritado. Vegas não era dele. Vegas nunca seria

verdadeiramente dele. Vegas provavelmente estava fodendo uma mulher deslumbrante naquele momento.
Pete empurrou o pensamento longe, obrigou-se a sorrir para Andy. Pelo menos se havia uma
coisa que aprendera com Vegas, era como fingir interesse e atração quando realmente não sentia nada.
Andy sorriu de volta, batendo seus ombros juntos.

— Gosto de você. Então posso lhe dar uma carona?

Antes que Pete pudesse responder, houve o som de um carro

encostando próximo.

Seu estômago fez um pequeno flip-flop quando viu a Mercedes prata. Odiou que seu mundo
parecesse imediatamente resumir-se ao homem saindo do carro, todos os seus sentidos sintonizando nele.
— Droga. — Disse Lisa. — Muito bom!

— Eu sei... — Pete murmurou antes que pudesse se conter,

ganhando um olhar estranho de Andy.

Andy estava entre ele e o homem se aproximando.

— Você o conhece?

Pete assentiu com a cabeça, tentando parecer indiferente, quando

disse a Vegas:

— O que faz aqui?

O olhar aguçado de Vegas desviou-se para Andy por um momento

antes de focar nele.

— Meus negócios acabaram antes do esperado. Achei que pudesse

buscá-lo.

— Pete vai de carona comigo. — Disse Andy, pisando mais perto

dele.

Pete franziu a testa, mas antes que pudesse responder, Vegas

disse, muito suavemente:

— Não se incomode, rapaz. Vivemos em Kensington e seria inútil

você conduzir até lá quando sou perfeitamente capaz de levar Pete para casa.
— Vocês moram juntos? — Lisa falou admirada.

— Você não disse que não tinha família? — Disse Andy, virando-se

para Pete .

— Ele não tem. — Vegas disse, seu olhar preguiçoso e seu tom

casual, como se não soubesse que estava dando-lhes a impressão errada.

Pete olhou para ele incrédulo e confuso demais para estar zangado.
Sorrindo, Vegas virou-se para Lisa e apertou a mão dela.

— Vegas Theerapanyakul.

— Lisa. — Ela disse simplesmente, sorrindo um pouco.

Pete esperava que a expressão em seu rosto não fosse muito azeda.

— Vamos lá, então. — Ele disse, caminhando em direção do carro de Vegas. — Tchau. — Disse
tardiamente, acenando para Lisa e Andy.
Lisa colocou os dedos na orelha como um telefone, e falou com a

boca para ele: Ligue-me.

Andy evitou o seu olhar, sua mandíbula apertada.

Sentindo uma pontada de culpa, Pete acomodou-se no banco do

passageiro e esperou Vegas entrar no banco do motorista.


O que foi isso? — Pete disse. Não saiu com raiva; ele ainda estava
confuso.

Vegas arrancou com o carro.

— O que quer dizer? Vou levá-lo para casa.

Pete estreitou os olhos.

— Pare de fingir que não entendeu. Você só os fez pensar que somos

um casal. De propósito! Você não faz nada sem querer.

Os olhos de Vegas estavam fixos na estrada.

— Não gostei de como aquele cara estava olhando para você.

Pete piscou.

— Andy? E como ele estava olhando para mim?

Para zombar Vegas torceu os lábios completamente.

— Ele é o típico adolescente sexy à procura de sexo fácil.

Pete olhou para ele.

— Não concordamos que eu deveria sair com alguém da minha

idade?

— Você deveria... — Vegas disse após uma breve pausa. — Mas

esse garoto não era suficientemente bom. É óbvio que ele só quer transar. Ele não dá a mínima para você.
— E você determinou tudo isso após conhecê-lo por um total de dez

segundos? — Pete disse ironicamente, dando a Vegas um olhar curioso. Se ele não soubesse, pensaria...
— Eu sou um espião. — Vegas disse serenamente. — Sou treinado

para perceber essas coisas.

Certo. É claro.

Pete franziu os lábios.

— E se tudo que eu também queria era uma boa transa? Andy

serviria muito bem para isso.

Com um músculo pulsando em sua mandíbula Vegas completou:

— Faça o que quiser, então.

Pete suspirou.

Olhe, obrigado por cuidar de mim, mas posso me cuidar. Não


preciso ser mimado.

A tensão não deixou o corpo de Vegas por completo. Ele não disse

nada.

Pete suspirou novamente, estendendo a mão e apertando o braço de Vegas.


— Vamos lá, Vegas. Não quero que fiquemos bravos um com o outro. Eu realmente, realmente
aprecio que você se importe, mas há uma coisa como superproteção, sabe?
Vegas permaneceu em silêncio, olhando para frente, mesmo que

eles estivessem presos no trânsito.

— Vamos. — Disse Pete , se aproximando e pressionando sua

bochecha no ombro de Vegas. — Desemburre. Odeio quando fica rabugento. Você fica distante e gelado, e
não tem permissão para ser distante e gelado comigo.
— Pirralho. — Vegas disse com um grunhido. — Estraguei você

demais.

Sorrindo, Pete pressionou seus lábios na bochecha áspera de Vegas.


— Adoro ser mimado por você. — Ele sussurrou, corando. Adorava a

atenção e o cuidado que Vegas tinha com ele. — Isso, vamos nos beijar e fazer as pazes?
Vegas virou a cabeça e beijou-lhe com força, um beijo molhado,

profundo e de língua.

Acabou tão de repente quanto começou.

Com a respiração instável, Pete olhou confuso para Vegas, quando

o outro homem olhou para o carro da frente, que finalmente começou a se mover. Vegas parecia calmo e
sereno, mas Pete sabia que com Vegas não significava nada.
— O que foi isso? — Pete , finalmente, disse com uma risada, tocando

seu lábios úmidos e trêmulos.

Fiz o que pediu. — Vegas disse rigidamente, sem olhar para ele. — Beijar e fazer as pazes.
Pete deu-lhe um olhar incrédulo, mas escolheu não exprimir sua

descrença. Não falou com Vegas pelo resto da viagem.

Ele tinha muito que pensar.

E planejar.

Capítulo 26

Naquela noite, deitado na sua cama macia, Pete cuidadosamente

considerou suas opções.

Por um lado, nunca foi de desistir de alguma coisa que queria sem

uma luta. Se houvesse uma pequena chance de Vegas na verdade o querer - além de Pete é muito
gostoso, então por que não? - Pete se culparia se não lutasse por essa oportunidade.
Por outro lado, não queria estragar o relacionamento deles, só porque

era muito impaciente para obter mais informações, e não havia nada mais importante para ele do que sua
relação com Vegas. Finalmente conhecia uma pessoa que adorava, e que também se preocupava com ele.
Finalmente tinha um lar, e Pete não quis dizer esta casa, não importa o quanto era boa. Iria viver feliz com
Vegas numa cabana se ele o amasse.
Mesmo admitir na sua mente o deixou nervoso. Não porque pensou
que Vegas o colocaria para fora se descobrisse que Pete estava apaixonado por ele, depois que Vegas o
fizera seu parente designado, Pete se sentia seguro o suficiente sobre sua relação para saber que Vegas não
faria isso; mas porque uma grande parte dele tinha certeza de que Vegas nunca o amaria de volta, e que
estava fadado a sofrer.
Mas talvez Vegas pudesse amá-lo.

Esse pensamento tentador era tudo no que conseguia pensar depois

que Vegas o beijou. Pensar sobre a possibilidade enviou arrepios de calor por seu corpo.
Ele faria qualquer coisa pelo amor de Vegas.

Mas antes que pudesse agir, precisava saber com certeza que Vegas realmente o queria.
Havia muita coisa em risco.

*****

Na noite seguinte, Pete voltou de suas aulas mais cedo que o

habitual. Embora já fossem nove horas, Vegas não estava em casa ainda. Normalmente ficava preocupado
quando Vegas trabalhava até mais tarde - mas naquele dia isso lhe convinha muito bem.
Pete pediu pizza, tomou um banho e depois foi para o quarto de Vegas. Abrindo o guarda-
roupa, examinou seu conteúdo. Balançando a cabeça com carinho com a quantidade de ternos caros -
quase todos iguais - Pete encontrou uma camisa verde que esperava não custasse centenas de libras e a
colocou. Era muito macia e cheirava fracamente a Vegas.
Pete sorriu para seu reflexo. A cor realçou seus olhos. Embora não

fosse muito mais baixo do que Vegas, não tinha seus ombros e peitorais, assim a camiseta parecia bem
grande nele, caindo logo abaixo de suas coxas. Era o comprimento perfeito, não muito curto para parecer
indecente, mas curta o suficiente para acentuar suas pernas. Suas pernas eram sua melhor característica na
opinião de Pete , e ele não era tímido em explorá-las. Nem para explorar o fato de que Vegas gostava de vê-
lo em suas roupas. Vegas não era óbvio a respeito disso, mas sempre o tocava mais quando Pete usava suas
roupas. Isso tinha que significar alguma coisa, certo?
Mordendo os lábios algumas vezes para torná-los mais vermelhos, e

correndo a mão pelo cabelo, Pete acenou para seu reflexo, satisfeito com a aparência. Com certeza transaria
com ele mesmo. Se Vegas não o quisesse... Bem, pelo menos assim saberia com certeza que não tinha
chance com Vegas e pararia de esperar o impossível, desta vez para sempre.
Pete foi para a sala de estar na hora de abrir a porta para o

entregador de pizza. Depois de pagar pela pizza e colocar na mesa do café, ligou a TV e esticou-se no sofá.
Vegas mandou-lhe uma mensagem que estaria em casa logo. Agora tudo o que tinha que fazer era esperar.
Não teve que esperar por muito tempo.

Cinco minutos mais tarde, a porta abriu e Vegas entrou. Soltando a

pasta na porta, encolheu os ombros fora de sua jaqueta com um suspiro.

— Estou velho demais para isso. — Ele disse, atirando-se no espaço

ao lado das pernas de Pete e deixando a cabeça cair no estômago dele.

Pete tentou ignorar o frio no estômago, e analisou o comportamento

do outro homem. Havia outro sofá perfeitamente confortável na sala, mas Vegas escolheu o de Pete . Isso
tinha que significar alguma coisa, certo?
— Coitadinho. — Murmurou Pete , enfiando os dedos pelo cabelo de Vegas e massageando o
couro cabeludo. — Como foi seu dia?
— Chato. — Disse Vegas, fazendo carinho no estômago de Pete . — É a minha camisa?
— Era.

Vegas bufou suavemente.

— Pensei que compramos roupas o bastante para você parar de

roubar as minhas.

— Mentira. — Pete disse com um sorriso. — Você me comprou roupas

porque gosta de me comprar coisas.

— Culpado das acusações. — Murmurou Vegas, fechando os olhos.

— Vai dormir em mim?

— Provavelmente.

— Tem pizza.

— Hmm, tentador, mas não o suficiente para me fazer levantar.

Pete estava feliz que Vegas não pudesse ver o olhar apaixonado no

seu rosto.

— Acho que deveria deixar seu trabalho se te desgasta tanto.

— Qual deles? — Vegas disse com um suspiro, mergulhando mais

fundo no estômago de Pete , as mãos grandes fixando-se nas coxas suas nuas.
Pete se encolheu, desesperadamente tentando pensar em algo

nojento. Tesão era a última coisa que ele precisava agora. À noite não ia exatamente como tinha imaginado.
Enquanto Vegas o estava tocando, nem parecia notar o que estava fazendo; estava claramente apenas
confortável com ele.
Pete esperava... Não sabia o que esperava. Que Vegas de repente

percebesse que estava muito sexy e saltasse nos seus ossos? Estúpido.

— Falando do meu trabalho... — Murmurou Vegas, suas palavras

abafadas pela camisa de Pete . — Estou indo numa viagem de negócios para Tóquio. Vou amanhã de
manhã.
As sobrancelhas de Pete se ergueram.

— Quanto tempo vai ficar fora?

— Uma semana.

Pete franziu os lábios, ficando infeliz, seu estômago apertando. Uma

semana sem Vegas parecia ser uma vida inteira.

— Uma semana? — Ele repetiu.

Vegas soltou um suspiro.

— Não é o ideal, mas não há nada que eu possa fazer. As

negociações são importantes demais para mandar outra pessoa. A missão vai ter que esperar. O MI6 vai
vigiar Luke enquanto estou fora.

E quanto a mim?
Pete mordeu o interior da bochecha, engolindo as palavras mal-

humoradas. Ele se recusou a ser pegajoso. Não seria pegajoso. Ele não queria.

— Eu poderia levá-lo comigo. — Vegas disse como se ouvindo seus

pensamentos. — Adoraria o Japão.

Aquecido pelas palavras de Vegas, Pete sorriu e separou mais as

pernas para acomodar os ombros de Vegas. Sua posição provavelmente parecia muito obscena. Para um
observador desprevenido, provavelmente pareceria que Vegas estava lhe dando um boquete.
O pau dele contorceu-se com o pensamento.

— Você já esteve no Japão antes?


— Sim, algumas vezes. — O polegar de Vegas traçou a coxa de Pete ociosamente. — Tive uma
longa missão lá. Boa cultura... Muito interessante. E as pessoas. Gostei do povo.
— Parece que há uma história aí. — Disse Pete .

Vegas não disse nada por alguns instantes.

— Havia uma mulher... — Ele disse, sua voz um pouco vazia e

melancólica. — Eu me apaixonei por ela.

O sorriso de Pete desvaneceu-se.

— Obviamente, não deu certo. Relacionamentos à distância

raramente fazem. Mas... — Vegas se interrompeu.

Pete se contorceu debaixo de Vegas e levantou.

— A pizza está esfriando!

Agora ele entendia por que as pessoas se diziam esmagadas ante a

decepção e tristeza; parecia um peso em seu peito, nos pulmões, forte e avassalador, tornando difícil
respirar.
Não pôde encontrar os olhos de Vegas pelo resto da noite, não

querendo que Vegas visse o quanto doeu. Não é como se tivesse esquecido que Vegas era hétero - nunca
esquecera, mas...
Talvez tivesse, afinal. Nunca viu Vegas com uma mulher que

estivesse realmente interessado. Lembrar-se da sexualidade de Vegas foi como um soco no estômago. E
pensar que realmente alimentara o pensamento de que Vegas podia querê-lo... Parecia tão patético e
ridículo agora.
Vegas ainda estava apaixonado por aquela mulher? Iria vê-la

enquanto estava no Japão?

As perguntas permaneceram na ponta da sua língua pelo resto da

noite, mas nunca deixaram seus lábios. Covarde. Estava sendo um covarde. Não importava se Vegas amava
uma mulher ou não. Ele certamente não o amava.
Então Pete usou tudo que aprendera no MI6 e colocou um sorriso nos

lábios, um sorriso que não conseguia sentir. Ele brincou, sorriu, e até riu. Se Vegas notou algo, não
comentou.
A noite foi... Tolerável. Mesmo que seu patético plano de sedução foi

um fracasso total, não ia reclamar de uma noite que passara com Vegas.
Mendigos não podem escolher. Pete pensou amargamente,
afastando sua decepção, e jurando a si mesmo que seria a última vez que teria esperanças quando se
tratava de Vegas.
Homens heterossexuais não se tornam gays na vida real.

Pelo menos não para alguém como Pete .

Capítulo 27

Vegas voltou ao quarto do hotel muito tarde depois de um longo

dia de negociações, apenas para receber uma ligação da sede. Que forma perfeita de acabar um
dia de merda.
Fez sua varredura habitual do quarto, verificando todas as superfícies

e olhando debaixo da cama, antes de finalmente atender a chamada.

— Anakinn Theerapanyakul teve uma reunião com Porsche Kittisawat ontem à

noite. — Erika informou, sem se preocupar com as simpatias sociais. — Não fomos capazes de ouvir sua
conversa, porque parece que Demidov tinha um bloqueador com ele. Talvez suspeite do nosso
envolvimento. Talvez seu disfarce foi descoberto.
— E talvez seja uma precaução normal para ele. — Disse Vegas, seu

tom tão frio quanto o dela. — Pessoas como Demidov são muito inteligentes para serem pegas assim.
— Talvez. — Admitiu ela. — No entanto, finalmente temos um contato

entre Demidov e Porsche Kittisawat, mas você não está disponível porque tem uma reunião de negócios no
Japão. Você ainda se lembra do seu trabalho principal, agente?
Vegas apertou os lábios juntos.

— Sou um chefe de departamento da maior empresa financeira do

país, senhora. Fazer meu trabalho pela metade não é uma opção. A não ser estar no meu leito de morte,
não havia nenhuma maneira de evitar de participar dessa reunião quando o potencial acordo vale bilhões.
Isso teria acabado com meu disfarce.
— Você não deveria ter aceitado a promoção para chefe de
departamento, então. — Disse Erika . — Era para ser um disfarce fácil para você. Não era para comprometer
sua disponibilidade para missões. Você é, antes de tudo, um agente MI6 e um empresário em segundo
lugar, e não o contrário.
— Estou ciente, senhora. — Disse Vegas, irritado. — Isso é tudo?

Erika terminou a ligação.

Vegas resistiu ao desejo de jogar algo.

Puta merda.

Desabotoou a camisa e deixou-se cair na cama, alongando os

músculos rígidos.

Estava ciente de que ultimamente o malabarismo entre seus

empregos se tornava cada vez mais difícil.

Talvez Pete estivesse certo e ele devesse sair.

Vegas suspirou.

Pete.

Estava no Japão há cinco dias e o menino estava constantemente em

sua mente, causando uma sensação vaga e insatisfeita que não desapareceria, independentemente do que
ele fizesse, como uma coceira persistente sob sua pele.
Perguntou-se o que Pete estaria fazendo agora. Era um pouco

depois do meio dia em Londres. Deveria estar em casa.

Perdendo a luta consigo mesmo, Vegas alcançou seu telefone.

Pete respondeu no segundo toque.

— Ei! — Ele disse, sua voz quente, brilhante e alegre. Feliz por ouvi-

lo.

Vegas encontrou-se sorrindo, seus ombros perdendo a tensão pela

primeira vez naquele dia.

— Oi.

— Você parece cansado.

— Um pouco. — Vegas admitiu, fechando os olhos. Se ativasse sua

imaginação, quase podia se enganar pensando que Pete estava perto o suficiente para tocar. — Como estão
seus estudos?
— Você realmente quer que eu fale sobre isso? É muito chato.

— Realmente não me importo com o que você fala. — Admitiu Vegas. — Apenas fale comigo.
Você pode recitar uma lista de compras se quiser.
Pete fez um barulho simpático.

— As negociações vão tão mal?

— Não é nada que não esperava. Mas sim, foi um longo dia. — E tudo

o que quero agora é você.


Felizmente, Pete não o questionou e começou a falar sobre tudo e

nada: o cachorrinho que aparentemente apareceu em seu bairro, o novo jogo de videogame que acabou de
sair, suas aulas, o filme que ele vira com seus amigos, e de repente foi ficando quieto.
— Vegas? — Pete disse, hesitante.
Hum?

— Tive um encontro com Andy ontem à noite.

Os olhos de Vegas se abriram.

— O quê?

— Eu deveria sair com amigos da minha idade. — Pete disse,

quase desafiadoramente. — E Andy realmente gosta de mim.

Os lábios de Vegas se curvaram numa linha fina.

— E você? Gosta dele?

— Ele é bonito e engraçado. E não tem mau hálito.

Vegas olhou para o teto.

— Você quer dizer que ele te beijou.

— Bem... — Disse Pete. — Sim. Isso geralmente ocorre quando

adolescentes vão em um encontro.

Normalmente, Vegas riria de sua resposta atrevida, mas no

momento, rir era a última coisa em sua mente.

— Você gostou?

— Hum... — Disse Pete. — Foi bom, acho.

— Tão bom quanto quando eu te beijo?

O que diabos você está fazendo? Uma voz grunhiu no fundo de sua

mente, mas Vegas estava além de ser razoável. Queria ouvir Pete - seu Pete, droga - confirmar que era dele,
de Vegas e de mais ninguém.
Podia ouvir Pete respirar de modo irregular.

— Por que você está perguntando isso? O que importa para você?

Vegas teve que relaxar conscientemente a mandíbula.

Sim, o que isso importa para ele?

Pete tinha dezoito anos. Não era uma criança. É normal que beije

e faça sexo com pessoas de sua idade. Com essa idade, Vegas transava todos os dias.
Não era da conta dele quem Pete fodia. Vegas era apenas o... Quem exatamente ele era para
Pete? Apenas um homem mais velho com quem ele morava. Um amigo. E nada mais. Não era dono do
garoto e essa possessividade estranha era grosseira.
— Perguntei por que me importo com você. — Disse Vegas,

dolorosamente consciente de quão inadequada isso soou.

Pete zombou.

— Também me preocupo com você, mas não faço perguntas tão

intrusivas sobre sua vida pessoal.

— Você pode perguntar o que quiser. — Vegas disse irritado. — Não

tenho nada a esconder.

Houve silêncio na linha.

Pete limpou a garganta.

— Então, você a viu?

— Quem?

— A japonesa que você costumava ver.

Vegas estreitou os olhos, infeliz com a mudança de assunto.

— Asami? Sim, na verdade.

Almoçaram juntos dois dias atrás. A separação deles fora amigável o

suficiente, então o encontro não era constrangedor. Apenas estranho. Era estranho ver a mulher que ele
amou e sentir... Praticamente nada.
E ele realmente era apaixonado por ela. Vegas podia lembrar a

paixão instantânea, o fascínio, a luxúria, a resposta da atração em seus olhos escuros. Ela não era um alvo,
mas trabalhava para a empresa em que se infiltrou para encontrar ciberterroristas que pretendiam anexar
malware ao enorme jogo de vídeo online que a empresa estava desenvolvendo. O ligeiro conflito de
interesses não o impediu de fazer seu trabalho e ele completou com sucesso sua missão, apesar de ficar
completamente distraído por uma bela mulher em sua cama.
Claro, Asami finalmente descobriu que o designer gráfico americano

por quem ela se apaixonou era realmente um oficial da Inteligência Britânica. Terminaram porque ele não
estava disposto a deixar o MI6 e se mudar para o Japão, nem mesmo por ela. Asami não ficou zangada
quando lhe disse isso.
Não era o estilo dela. Ela se aproximou, puxou a cabeça para perto e beijou-o.

Sabe onde me encontrar quando se cansar de bancar James Bond. —


Disse antes de sair da sua vida.
No fundo, ele pensou que ela estava certa e que, eventualmente, eles
reavivariam sua relação.

Mas dois dias atrás, quando se sentou em frente a ela no restaurante

que frequentavam, Vegas percebeu que não podia imaginar estar com ela. Os sentimentos desapareceram.
Não restava mais nada além de uma atração superficial por uma mulher bonita e inteligente. Ela não mudou
nos três anos desde que a viu pela última vez - ainda pequena e bonita, seu rosto em forma de coração tão
deslumbrante quanto se lembrava - mas sua risada já não aquecia seu peito e a curva de seus lábios não
fazia seu coração bater mais rápido. Foi estranho, porque não se lembrava de ter deixado de amá-la.
— Você não está voltando, está? — Disse Asami calmamente, seus
olhos doces enganosamente suaves.
Ele podia ver o arrependimento e a nostalgia em seu olhar, mas ela

não pareceu ficar com o coração partido. Uma parte dela tinha claramente seguido em frente.
Assim como ele, sem perceber.

— Oh! — Pete disse, puxando-o para o presente. — Foi... Foi como

você esperava?

Vegas não sabia como responder a isso. Esperava que quando a

reencontrasse, se sentisse tão apaixonado por ela quanto já fora uma vez, e isso bagunçasse ainda mais
toda a confusão de emoções que estava vivendo. Então, em certo sentido, seu encontro com Asami foi uma
grande decepção. Mas, supôs que foi bom vê-la e pôr um fim.
— Foi bom. — Disse com uma voz cortada, ainda irritado com a

mudança de assunto. Não havia terminado de falar sobre o encontro de Pete com aquele garoto cheio de
espinhas. Apenas pensar nos lábios de Andy nos de Pete, na língua de Andy na doce boca dele, o fizeram
querer bater em algo. Ou matar alguém.
— Você está voltando, certo? — Pete deixou escapar.

O quê?

— Claro. — Vegas disse devagar, desejando poder ver o rosto de Pete . — O que lhe deu a ideia
de que não voltaria?
Pete não disse nada.

Vegas sentiu seu coração acelerar quando algo lhe ocorreu.

— Você sentiu a minha falta?

Podia ouvir Pete inalar trêmulo.

Por um longo tempo, houve apenas silêncio. Tudo o que Vegas


podia ouvir era o som da respiração de Pete. Sentia-se incrivelmente íntimo, como se não estivessem
separados por meio mundo.
Ele fechou os olhos e pensou em sua última noite juntos, lembrando

como se sentiu ao repousar com o rosto pressionado contra a barriga de Pete através da camisa que ele
usava - a camisa de Vegas - e ainda podia sentir seu corpo doer com a simples intimidade e perfeição.
Lembrou-se da suavidade sedosa das coxas de Pete contra suas mãos enquanto se separavam para
acomodar Vegas entre suas pernas.
— Você sente minha falta? — Perguntou novamente, sua voz rouca e

mal reconhecível.

— Sim. — Pete sussurrou por fim. — Sinto muito sua falta.

Droga.

Vegas sentiu sua mão se mover para seu pau, que já estava meio

duro por razões que não queria pensar. Acariciou-se lentamente por cima de sua calça.
— Dormi em sua cama ontem à noite. — Murmurou Pete, sua voz

vacilante. — Espero que esteja tudo bem.

— Você sabe que está. — Vegas disse, abrindo a fivela do cinto e

depois o zíper. Seu pau gostou da ideia de Pete dormir em sua cama, com o cheiro dele nos lençóis. — Você
está vestindo minha roupa novamente? — Ele disse antes que pudesse se parar.
— Sim. — Admitiu Pete, parecendo envergonhado. — Vou lavá-las

antes de retornar.

Não se preocupe. — Vegas disse e mordeu o lábio com força,


pegando seu pau. Queria saber se poderia se convencer de que não estava se masturbando ao ouvir o som
da voz de Pete, mas mesmo ele não conseguiria mentir tão bem assim. — Você sabe que pode usar alguma
das minhas roupas.
Quero lhe dar tudo o que quiser. Quero cuidar de você, vou cuidar
tão bem de você.
Mal segurou as palavras.

Pete fez um pequeno e estrangulado tipo de barulho que foi direto

ao seu pênis. Vegas apertou seu pau mais forte, acariciando suas bolas com a outra mão, imaginando como
Pete estava agora: corado e um pouco envergonhado, mas também satisfeito e excitado, usando a roupa de
Vegas porque sentia a sua falta.
Não precisava perguntar se Pete estava se tocando ou não; ele

sabia. Conhecia os pequenos ruídos que Pete fazia e a forma como a respiração dele ficava instável
enquanto se masturbava.
Não podia perguntar, de qualquer maneira. Desta forma, ambos

podiam fingir que não estavam fazendo o que estavam fazendo. No entanto, Pete provavelmente não tinha
ideia de que Vegas também estava se masturbando - ao som de sua respiração.
Cristo. Que tipo de pervertido se tornou? Isso era loucura.

Absolutamente insano.

*****

Na manhã seguinte, Vegas estava com um péssimo humor depois

de uma longa noite de exame de consciência, e seu humor não melhorou em nada pelo fato de ter um
encontro via Skype agendado com Luke no início da manhã.
Colocar a máscara de um cara simpático e agradável não era fácil

quando estava com um humor de merda.

Mas é claro que faria isso. Não era como se tivesse uma escolha.

Sorriu, flertou e provocou Luke, sua postura relaxada e seus olhos

fixos em Luke atentamente, mesmo que sua mente estivesse preocupada com outras coisas.
Mas quando Luke trouxe o nome de Pete , a atenção total de Vegas

foi para ele.

— Eu me confundi com o encontro marcado e fui a sua casa esta

tarde. — Disse Luke. — Conheci Pete .

Vegas lutou para manter sua postura relaxada inalterada. Seu

sangue esfriou, seus instintos protetores entraram. Por fora, sorriu, fazendo uma cara de surpresa.
— Você conheceu Pete? Ele não disse nada sobre isso quando

conversamos.

— Sim. — Disse Luke. — Você não mencionou que não vivia sozinho.

Vegas olhou-o cuidadosamente. Embora tivesse se inclinado a


pensar que Luke era um cara bom, o encontro de Luke com Anakinn Theerapanyakul provou que ele não era
tão inocente quanto aparentava.
— Não mencionei porque não era fácil de explicar. Algumas pessoas

entenderiam de maneira errada.

Luke deu um sorriso torto.

— Gosto de pensar que não sou apenas algumas pessoas.

Porsche Kittisawat era um cara interessante. Flertava facilmente, mas Vegas não acreditava que
havia uma intenção seria por trás do flerte. Enquanto Luke parecia atraído por ele num nível superficial, não
ia além disso.
Era curioso. Para não soar presunçoso, mas Luke foi a primeira

pessoa em sua carreira que estava se mostrando difícil de encantar. Isso fez com que se perguntasse se Luke
tinha sentimentos por outra pessoa. Para o bem de Luke, esperava que esse alguém não fosse Anakinn
Theerapanyakul.
— Espero que você não seja. — Disse Vegas, olhando para Luke
através de olhos pesados e olhando para os lábios dele. — Eu gosto do cabelo, por sinal. Nem sabia que o
seu era tão encaracolado.
Esperava que o desejo em seu olhar parecesse sincero o suficiente.

— Quando conheci Pete ... — Vegas começou; voltando o olhar para

os olhos de Luke. — Ele era um garoto sem moradia e meio faminto. Levei-o para casa. Dei-lhe uma casa. —
Encolheu os ombros. — Praticamente é isso.
— Oh! — Luke disse, parecendo surpreso. — Isso é... Extremamente

gentil.

Vegas balançou a cabeça.

— Na verdade, não. Você teria feito a mesma coisa se o tivesse visto

naquela época.

— Você disse que algumas pessoas pensariam errado. Por quê?

Vegas pensou rapidamente, considerando e descartando suas

opções. Precisava fazer com que Luke acreditasse que via Pete como uma criança, não um objeto de
atração.
— Porque as pessoas têm lixo em suas mentes. Sim, sei que parece

estranho. Ele mora comigo, sou aberto sobre minha sexualidade, e sou muito mais velho do que ele. Não
somos parentes, ainda assim paguei por sua educação, pago por tudo, então, claro, as pessoas começam a
assumir alguma besteira. Pete é hétero, é uma criança, e não sou um maldito pedófilo, mas algumas
pessoas ainda pensam que sou seu pasugar daddy . — Vegas riu, como se fosse a coisa mais ridícula que já
ouviu.
Luke não riu com ele.

— Você tem certeza de que não é? — Ele murmurou. — Se entendo

bem, um relacionamento papai/sugar baby não é necessariamente sexual.

Vegas sentiu seu sorriso desaparecer. Ele não gostou do que Luke

estava dizendo. Não o incomodava quando Pete fazia piadas sobre ser seu bebê, mas o aborreceu que Luke
estava implicando que seu relacionamento era um arranjo mutuamente benéfico baseado em dinheiro.
— Eu tenho certeza. — Disse Vegas, mais incisivo do que pretendia. — Pete não fica comigo por
causa do meu dinheiro. Sou sua família. — Gostava de gastar seu dinheiro com Pete e sabia que ele gostava
secretamente de todos os mimos e atenção, mas não era somente sobre dinheiro. Isso Vegas tinha certeza.
O dinheiro não era o ponto.
— Desculpe. — Disse Luke, parecendo um pouco desconcertado. — Estou perguntando apenas
porque ele não parecia feliz em me ver. Ele pareceu... Um pouco ameaçado.
Vegas suspirou, passando a mão pelo rosto.

— Pete é inseguro. Acha que vou me livrar dele quando começar

minha própria família. — Olhou Luke nos olhos. — Ele está errado. Ele não vai a lugar algum, não importa o
que alguém pense. — Mais uma vez, sua voz saiu mais dura do que deveria. Droga. Esta... Coisa estava
comprometendo sua missão. Vegas tentou suavizar. — É uma criança que precisa de uma casa. Não tem
ninguém mais além de mim.
Luke assentiu, mas ainda parecia um pouco reservado pelo resto da

conversa.

Assim que a ligação terminou, Vegas praguejou. Precisava fazer

algo sobre o problema de Pete antes que isso estrague completamente a missão. O que diabos havia de
errado com ele? Se Erika ouvisse essa conversa, teria suas bolas e ela estaria absolutamente certa. Nada já
o fez perder a compostura dessa maneira durante uma missão.
Até Pete.

Pete, Pete, Pete. Droga. Ultimamente era somente nisso

que pensava.

As coisas não poderiam continuar assim.

Capítulo 28

Vegas nunca fora impaciente para chegar em casa. Sempre morou


sozinho e nunca havia ninguém esperando por ele em casa quando voltava de suas viagens de trabalho.
Então a impaciência transbordando em sua pele, enquanto estava sentado no táxi, era um sentimento
muito estranho. Parecia que algo estava rastejando sobre ele e se pegou tamborilando os dedos sobre o
assento da cabine.
Finalmente, o táxi chegou. Depois de pagar o motorista e pegar sua

mala, saiu do carro, seu coração disparou em seu peito quando viu Pete correndo em sua direção.
— Vegas!

Vegas tirou os óculos escuros e sorriu, abrindo os braços quando Pete colidiu com ele. Vegas
abraçou-o com força, enterrando o rosto no pescoço do garoto. Porra. A sensação...
Percebendo um movimento em sua visão periférica - Porsche Kittisawat

estava na varanda, observando-os - Vegas ficou tenso, momentaneamente irritado e com raiva por não
poder ser ele mesmo em sua própria casa. Ele se perguntaria como conseguiu perder Luke ou seu carro,
mas estava bem ciente de que tinha algo parecido com visão de túnel quando se tratava de Pete.
Não parecia o jeito de Luke, fingir não vê-lo.

Respirando fundo, assumiu o papel do Vegas Theerapanyakul que Luke

conhecia - aquele que era um homem gentil, que havia dado um lar a um garoto sem teto, por bondade de
seu coração.
— Ok, deixe-me olhar para você. — Disse Vegas, recuando para olhar para Pete. — Você
cresceu mais um centímetro em uma semana? Neste ritmo, estará mais alto que eu em breve.
Mas Pete não parecia perceber que deveria desempenhar um

papel, seus olhos escuros encaravam Vegas avidamente.

— Senti sua falta. — Ele deixou escapar, apertando os braços em

torno de Vegas novamente e sussurrou, quase sem som, se agarrando a ele. — Leve-me com você na
próxima vez.
Engolindo a tensão súbita em sua garganta, Vegas sorriu e o

abraçou de volta, deixando um beijo no topo da cabeça do garoto.

— Eu também senti, Pete. — Disse, tentando manter a voz leve e

divertida para benefício de Luke. Tinha a sensação de que não foi totalmente bem-sucedido.
Olhou na direção de Luke, fingindo notá-lo agora. Sorriu para ele

por cima do ombro de Pete .

Luke deu-lhe um sorriso fraco.


— Oi.

Relutantemente, Vegas soltou o garoto em seus braços e caminhou

na direção de Luke.

— Oi. Estava planejando ligar para você. Não esperava que me

encontrasse aqui. Não que esteja infeliz em te ver. — Agudamente ciente do olhar de Pete em suas costas,
se inclinou para roçar os lábios de Luke com os seus, mas Luke virou a cabeça para que o beijo pousasse em
sua bochecha. Vegas se afastou, estudando o outro homem com uma careta. — Tudo bem?
Luke cruzou os braços sobre o peito.

— Eu... Eu não acho que quero ser seu namorado.

Vegas podia contar em seus dedos o número de vezes que ficou tão

surpreso.

— Posso perguntar por quê? — Ele disse.

Empurrando sua franja de seus olhos, Luke deu de ombros, algo

parecido com desconforto em sua expressão.

— Eu só... Tive minha parte ruim de relacionamentos. Meu primeiro

namorado acabou por ser casado e com crianças. Meu segundo me abandonou por alguém mais excêntrico,
quando me recusei a fazer algumas das coisas que queria fazer. O terceiro surtou e me abandonou quando
disse a ele que realmente não fazia casual e queria uma família em algum momento. O quarto surtou
quando descobriu quem era meu pai. — Ele deu a Vegas um sorriso irônico. — E meu pai sempre teve
coisas mais importantes a fazer do que ser um pai para mim. Provavelmente entende agora.
Vegas olhou para ele. Embora tenha pesquisado o passado de Porsche Kittisawat
extensivamente, não tinha percebido o quão profundamente esse desejo de compromisso era.
— Quer um homem completamente comprometido com você.

— Quero um homem que vai ouvir meus pensamentos, um homem

que me colocará em primeiro lugar em sua vida e cuidará de mim. — Disse Luke em voz baixa. —
Realmente gosto de você, Vegas, mas parece que você também não é esse homem.
Porra.

Vegas olhou para Pete.

— É sobre o Pete? Não é o que parece. Ele é apenas uma criança.

— Ele não é uma criança. — Disse Luke com uma risada. — Abra seus
olhos. Ele é apenas cinco ou seis anos mais novo que eu. — Ele balançou a cabeça. — E não importa, de
qualquer maneira. Mesmo que realmente não seja o que parece, ele é extremamente importante para
você. E talvez seja egoísta da minha parte, mas estou farto de receber migalhas de atenção e afeto de
alguém. Estive lá, fiz isso, peguei a camiseta. Acho que mereço melhor. Todo mundo merece. Você também.
Vegas teve que reprimir o desejo de xingar. Nunca falhou tão

espetacularmente em uma missão. Ou arriscou tanto. Ele já podia imaginar a reação de Erika quando
descobrisse por que Porsche Kittisawat rompeu com ele.
Mas não havia nada que pudesse fazer.

Tinha que jogar seu papel até o fim.

Vegas se inclinou e beijou Luke na bochecha.

— Eu realmente gosto de você, Covinhas. Se mudar de ideia, sabe

onde me encontrar.

Assentindo, Luke se afastou.

— Obrigado por tudo, Vegas. — Ele disse suavemente. — E desculpe se

te magoei. Eu não queria. Realmente pensei que poderíamos funcionar, que poderia me apaixonar por
você. — Ele deu a Vegas um sorriso torto. — Você é meio que tudo que procurei em um homem. Mas estou
começando a ver que não é suficiente. Então, sim, desculpe se, involuntariamente, te magoei.
Vegas deu uma risada.

— Ter um cara lindo e doce no meu braço não foi exatamente uma

dificuldade para mim.

— Bajulador. — Disse Luke com uma risada, beijando-o na

bochecha. — Tenho que ir antes de seu Pete me matar por tentar roubar seu papaizinho.
— Ha-ha, hilário. — Vegas brincou.

Luke apenas sorriu, acenou para Pete e entrou em seu carro.

Vegas esperou que seu carro desaparecesse antes de se permitir

xingar. Não ajudou em nada para livrá-lo de sua frustração.

— O que aconteceu?

Vegas riu, pegando sua mala.

— Acabei de falhar na missão, foi o que aconteceu. — Ele entrou na

casa, tentando refrear sua raiva. Principalmente, era raiva de si mesmo, mas também havia raiva irracional
de Pete.
— O quê? — Pete o seguiu para dentro. — Por quê?

Deixando cair a mala no sofá, Vegas se virou e caminhou em

direção a ele. Deve ter havido algo em sua linguagem corporal, porque os olhos de Pete se tornaram
cautelosos. Ele deu um passo para trás e depois outro, e outro, até que suas costas baterem na porta.
— Vegas... — Ele disse incerto.

— Por que acha? — Vegas disse, colocando uma mão na porta

acima da cabeça de Pete e pairando sobre ele. Olhando para o seu rosto confuso, queria... Os dedos da mão
livre flexionaram, coçando para tocar. — Ele me largou. Aparentemente, acha que estou muito ligado a você
para ser um bom namorado para ele.

O pomo de Adão de Pete se moveu.

— Quer dizer que falhou na missão por minha causa?

Os lábios de Vegas torceram.

— Eu falhei na missão porque Erika achou que era uma ótima ideia

me designar para uma missão de papaizinho e comprometer meu disfarce. E, então, falhei em fazer Luke
acreditar que te dei uma casa porque senti pena de você, que é apenas uma criança pela qual sinto pena. —
Ele riu. — Luke queria um homem que o colocasse em primeiro lugar. Em vez de convencê-lo de que
poderia ser esse homem, disse a ele que sua presença em minha casa não estava em discussão. — Vegas
deu uma risada, incapaz de acreditar que realmente dissera isso. — É como se eu não pudesse pensar
quando... Não tenho ideia de como vou explicar isso aos superiores.
E, para piorar as coisas, não queria ir à sede e dar o relatório, como

deveria. Teria que se afastar de Pete para isso. Vegas pressionou o nariz contra o lado do rosto de Pete.
Respirando fundo, falou baixinho:
— O que você fez comigo? — Ele não podia acreditar no que havia

acontecido com suas prioridades. Tudo o que queria no momento era respirar Pete, tocá-lo em todos os
lugares, pressionar seus corpos mais perto e enterrar-se nele. Estava inalando o cheiro de Pete como um
homem obcecado, deixando queimaduras de barba na bochecha macia de Pete.
Ele podia sentir a respiração de Pete por sua vez ofegando.

— Vegas...

Vegas queria arrastar a boca pelo pescoço de Pete e chupar a

pele perfeita e leitosa.

— O quê?
— Você está me confundindo. — Disse Pete, apertando os dedos

segurando o cabelo de Vegas.

Vegas riu na pele de Pete.

— Isso faz dois de nós. — Ele tinha pensado muito desde a sua

ligação para Pete, mas ainda não tinha ideia do que era isso. Era inegável que tinha um traço possessivo
imenso por este garoto. Mal podia negar o quanto odiava a ideia de homens, além dele, tocando Pete.

E essa era outra coisa. Ele não podia mais fingir que sua necessidade de tocar em Pete era
platônica. Não era. Parece que ficou tão emocionalmente ligado ao garoto que queria estar fisicamente
ligado a ele também, sua sexualidade seria condenada.
— Jesus! — Disse contra a bochecha de Pete. — Você tem alguma

ideia do quanto estraga tudo? Você estragou tudo. — Suas prioridades, sua sexualidade, suas emoções.
Pete tinha mudado tudo, tinha ficado tão fundo em sua pele, que Vegas nem se importava que iria receber
merda em sua vida por seu ‗foda-se‘.
Pete não disse nada. Ainda estava muito apertado contra ele.

Quando Vegas levantou a cabeça, viu que o rosto de Pete estava

muito pálido e vazio.

Antes que pudesse perguntar o que estava errado, o telefone de Vegas tocou.
Fazendo caretas, ele se afastou e atendeu a ligação.

— A11. — Disse Vegas, já sabendo do que se tratava. O carro de Luke estava grampeado e
havia câmeras de vigilância do lado de fora da casa de Vegas. Não havia como o MI6 já não saber o que
aconteceu.
— Meu escritório, dez minutos. — A voz gelada de Erika disse

antes que a linha ficasse inoperante.

Suspirando, Vegas se virou para dizer a Pete que tinha que ir, mas

ele não estava em lugar algum para ser visto, a porta da frente escancarada.

Com as sobrancelhas franzidas, Vegas pensou em segui-lo, mas

não tinha tempo de descobrir do que se tratava. Erika já estava brava o suficiente sem ele se atrasar.
*****

Pete andou. Nem sabia para onde estava indo. Só sabia que tinha

que se afastar dos olhos negros acusadores de Vegas.

Embora Vegas não o culpasse pelo fracasso da missão, estava

implícito. Podia sentir o ressentimento, a agressão na linguagem corporal de Vegas. Talvez Vegas não tivesse
dito isso imediatamente, mas claramente culpava seu apego por Pete , que era basicamente a mesma coisa
que culpálo.
E estava absolutamente certo em culpar Pete .

Vegas ainda não sabia que Luke falou com ele várias vezes

enquanto estava fora, e Pete tinha fodido. Sabia que não havia conseguido conter totalmente seu ciúme. Foi
rude e agressivo com Luke, apenas querendo que ele saísse da casa. Pete provavelmente tornou óbvio que
não via Vegas como um garoto hétero desabrigado veria a pessoa que o deixava morar em sua casa.
Vegas certamente descobriria em breve.

E, então, culparia Pete , se já não o fizesse, e se ressentiria por criar

problemas para ele no trabalho. Erika , sem dúvida, aproveitaria essa oportunidade para fazer com que
Vegas parecesse muito mal e pouco profissional. Depois de falhar numa missão tão importante, não havia
nenhuma maneira no inferno que Vegas seria indicado como o Chefe do SIS.
E era sua culpa.

Pete afastou a umidade de seus olhos. Engolir o nó dolorido na

garganta era mais difícil.

Sentou no banco, enterrou as mãos nos cabelos e ficou olhando para

os pés. Para os novos sapatos que Vegas comprou para ele.

Não levou nada a Vegas, além de problemas, desde que se agarrou a

ele como uma espécie de... Parasita.

Um parasita. Isso era o que ele era, não é? Vegas gastou uma quantia estúpida de dinheiro e
tudo o que conseguiu foi uma missão fracassada, cortesia de Pete . E não foi uma missão pequena. Era uma
missão de alto perfil, que Vegas tinha passado anos construindo o disfarce. O fracasso da missão colocaria
o MI6 de volta vários anos. Quantas pessoas morreriam por causa disso? Quantas pessoas morreriam por
causa de Pete ? Quantas pessoas morreriam antes que Vegas percebesse que Pete não valia as vidas
perdidas e danificadas?
Pete ainda se lembrava com perfeita clareza do olhar de Vegas
quando contou a Pete sobre a missão em que havia fracassado, porque ficou sentimental e se recusou a
matar a mulher grávida.
— Levou-me onze meses para me infiltrar naquele círculo de tráfico
sexual. Depois que meu disfarce foi queimado, levou ao MI6 mais dois anos para
conseguir outro agente. — A voz de Vegas era vazia. — Havia crianças entre aqueles
profissionais do sexo. A mais nova tinha oito anos, a mais nova encontrada viva. —
Ele encarou Pete e sorriu. Não foi um sorriso bonito. — Ainda acha que fiz a coisa
certa?
Mesmo que Vegas não o culpasse agora, a longo prazo, quando as

consequências de sua missão fracassada fossem mais claras, ele o faria, assim como claramente se
arrependia de ter escolhido a vida daquela mulher sobre o destino daquelas pobres crianças. A corporação
de negócios de Richard Whitford também era suspeita de tráfico humano, entre outras coisas.
Claro, Vegas gostava dele, mas aos olhos de Vegas, seu apego

por Pete comprometera sua missão. Quantos dias seriam necessários antes dele começar a lamentar dar-
lhe uma casa?
Com os olhos ardendo, Pete apertou os lábios trêmulos com força.

Talvez devesse simplesmente sair. Não seria capaz de suportar ver

arrependimento e ressentimento no rosto de Vegas. Não queria se tornar um parasita grudento aos olhos
dele.
Não era como se tivesse uma chance de ser mais. Vegas não o

queria assim, na verdade, não. Claro, Vegas era possessivo, protetor e apaixonado por ele, mas essas
emoções não eram amor. Alguém poderia ser apaixonado e protetor de uma criança. Alguém poderia ser
possessivo com um brinquedo comprado. Possessividade não tinha nada a ver com amor.
Vegas tinha uma mulher que amava, esperando que voltasse para

ela. Tudo o que sentia por Pete claramente não era sério o suficiente para impedir que ele se reunisse com
seu pássaro japonês. Porsche Kittisawat entendera tudo errado. Vegas definitivamente não colocou Pete em
primeiro lugar em sua vida, e nunca faria isso.
Se Pete ficasse, seria ele a implorar por migalhas de afeição de Vegas, como um filhote de
cachorro idiota e apaixonado, que constantemente ficava no caminho, o qual Vegas não se livrava por pena
e carinho desorientado. Deveria ir embora antes de se tornar mais patético do que já era, e antes que o
carinho de Vegas fosse substituído por arrependimento e ressentimento.
Antes que se tornasse um fardo.
Você tem alguma ideia do quanto estraga tudo? Você estragou tudo.
Enxugando os olhos novamente, Pete se levantou e se afastou da

casa de Vegas. Ele poderia ter voltado para pegar suas coisas, Vegas provavelmente já tinha saído para se
encontrar com Erika , mas estava com muito medo de fazer isso. Estava com medo de não ser forte o
suficiente para sair se estivesse cercado por tudo que o lembrava de Vegas.
Não queria ou precisava de bens materiais, de qualquer maneira.

Os lábios de Pete se contorceram num sorriso amargo. Sempre

poderia roubar o que precisava, afinal. Essa era a única coisa que era bom.

Quando a distância entre ele e a casa de Vegas cresceu, a dor na

garganta de Pete tornou-se quase insuportável.

Nunca mais verei Vegas novamente.


O pensamento pareceu um soco no estômago, fazendo-o cambalear e

parar, com os olhos arregalados e sem fôlego.

Ele não podia fazer isso.

Não podia.

— Você pode, porra! — Pete sussurrou, cavando as unhas em suas

palmas. Rangendo os dentes, se forçou a recomeçar a andar. Parecia andar contra um vento forte, cada
passo um esforço. Ignorou a voz pequena e carente no fundo de sua mente, sussurrando que não podia
simplesmente sair sem dizer a Vegas. Pete não deixou que isso o influenciasse. Não podia falar com Vegas:
um olhar para ele faria sua determinação desmoronar.
Além disso, não precisava ver Vegas para informá-lo de que estava

saindo.

Pete pegou seu telefone - o único elo restante entre ele e Vegas - e

digitou uma mensagem rápida. Devia muito a Vegas.

Sinto muito. Obrigado por tudo. Por favor, não me procure.

Pete olhou para o texto, hesitando. Meio que queria dizer a Vegas que o amava. Poderia nunca
ter o amor de Vegas, mas não queria ser lembrado por Vegas como aquele garoto gay estúpido, com uma
queda por ele.
Uma paixão era algo excitante, juvenil e fugaz. A sensação que
apertava seu peito quando Pete olhava para a foto que definiu como fundo da tela de bloqueio não era
nenhuma dessas coisas. Havia tirado aquela foto há algumas semanas. Vegas estava hilário e mal-humorado
naquela manhã de domingo, recusando-se a sair da cama e encarando Pete sonolento por acordálo. Ele
disse a Vegas que a foto era engraçada demais para não ser sua tela de bloqueio. Não lhe dissera que o fazia
sorrir cada vez que a via.
Mordendo o lábio com tanta força que podia sentir o gosto do sangue,

enviou a mensagem sem acrescentar nada que iria se arrepender depois, desligou o telefone e jogou na lata
de lixo mais próxima.

Capítulo 29

Pete não voltou para a gangue de Tucker. Mesmo se quisesse, o que

não queria, não poderia voltar para lá. Vegas o encontraria facilmente se o fizesse.

Nutriu a ideia de ser independente apenas por alguns instantes; não

importava o quanto gostaria, não seria inteligente. Mais cedo ou mais tarde, Tucker iria encontrá-lo.
Precisava da proteção de outra gangue.
A gangue de Billy Redknap operava no lado oposto da cidade em

relação a Tucker, o que combinava perfeitamente com Pete . Billy não fez muitas perguntas e aceitou-o em
sua gangue com avidez - Pete tinha alguma reputação. O negócio era simples: deveria dar 70% de seus
―ganhos‖ a Billy em troca de proteção e um teto sobre sua cabeça. Pete concordou.
Naquela primeira noite, ficou acordado por um longo tempo, incapaz

de dormir. Não era a dureza da cama, nem o cheiro desagradável do quarto que ele recebera, dormira em
lugares piores que aquele. Era a ansiedade e a incapacidade de relaxar com os sons de pessoas
desconhecidas indo e vindo. Não havia ferrolho na porta e Pete estava dolorosamente ciente disso. As
paredes eram muito finas e ficava estremecendo toda vez que alguém ria ou gritava. Quando pessoas
começaram a fazer sexo no quarto à sua esquerda, enterrou o rosto debaixo do travesseiro, tentando não
ouvir ou se perguntar se o sexo era consensual. Não era como se pudesse fazer qualquer coisa, se não fosse.
Ainda não tinha nem amigos, nem aliados naquela gangue e não tinha ilusões sobre suas proezas físicas.
Quando a mulher gemeu de prazer, Pete respirou e empurrou o
travesseiro do rosto. Olhou para o teto escuro, desejando relaxar e dormir, mas não conseguiu. Não se
sentia seguro o suficiente para dormir.
Ele queria Vegas.

Encolhendo-se, virou-se de bruços, mas sentiu-se exposto demais, de

modo que se virou de costas, com a pele arrepiada.

Se perguntou o que Vegas estava fazendo. Ainda estava na sede,

tentando resolver a bagunça que a missão Whitford se tornara? Ou estava procurando por ele?
Suprimindo o desejo traidor de ser encontrado, pensou no que

deveria fazer para evitar isto. Talvez devesse pintar o cabelo. O cabelo asiático era muito perceptível.
Também devia evitar câmeras de segurança por um tempo. Com certeza, Vegas desistiria de procurá-lo
depois de algumas semanas?
Ignorando a esperança patética em seu peito, esperanças de que

fosse mais importante para Vegas do que isso, virou-se para o lado e abraçou seu travesseiro fino.
Não se sentia sozinho. Não se sentia assustado. Não se sentia

doente.

Só queria o seu Vegas.

Não podia imaginar nunca mais vê-lo, nunca mais sentir seus braços

ao redor dele, nunca...

— Cale a boca, cale a boca, cale a boca... — Sussurrou rouco.

Sua respiração sufocada e molhada se transformou em lágrimas, seu

corpo estremecendo enquanto tentava respirar, seus olhos apertados com força.
Ele era forte. Não ia voltar correndo para Vegas.

Ele era forte.


Capítulo 30

Seis meses depois

Foi um acidente.

Aquela era a parte enlouquecedora disso. Estava se esforçando para

não ser um idiota patético e viver sua vida ao máximo, sem pensar em Vegas a cada dois minutos, e estava
indo tão bem - tudo bem, estava exagerando um pouco, mas ainda assim! - ele estava bem. Ok. Pensava em
Vegas não mais do que dez vezes por dia, o que era... Mais do que um pouco deprimente, mas ainda um
progresso enorme.
Então, sim, foi um acidente total. Não procurava notícias sobre Vegas. Havia reprimido esse
desejo meses atrás.
O jornal jazia inocentemente na mesa da cozinha. Provavelmente

pertencia a Dave ou Patty. Pete tinha a intenção de ler a seção de esportes quando pegou, mas congelou
quando viu o sobrenome familiar em uma das manchetes.
Herdeiro de Whitford namorando um oligarca russo.
E lá, logo abaixo dessa manchete, havia uma foto de Porsche Kittisawat

sorrindo para Anakinn Theerapanyakul.

Olhou para a foto. Então folheou o artigo. Foi bastante informativo.

Afirmava que Demidov havia recentemente transferido a sede de seu

império comercial de Genebra para Londres e pretendia investir em negócios locais.


O jornal sugeriu que Demidov se mudou para a Inglaterra com o

único propósito de estar perto de seu namorado.

Isso fez Pete rir. Se aquele homem de olhos frios fosse capaz de

amar, comeria o chapéu.

Mas isso o fez se perguntar por que Demidov havia se mudado para a Inglaterra. Se era verdade
que Luke estava namorando com ele, isso praticamente confirmava que estava envolvido na morte de seu
próprio pai.
Franzindo a testa, Pete examinou o resto do artigo. Dizia que o casal

feliz pretendia passar o Natal na Suíça, onde a família de Roman ainda vivia.
Pete acariciou seu lábio pensativamente. Se as fontes estivessem

corretas, a casa de Demidov estaria vazia no Natal.

Pete balançou a cabeça, colocando o jornal no chão.

Era loucura. Ele não ousaria.

Não era da sua conta. Considerando o que fazia para viver, seria o

auge da hipocrisia de repente querer ajudar as autoridades.

Mas...

Por fim, foi culpa dele que o MI6 não tenha se infiltrado nas Indústrias Whitford.
Não seria correto corrigir seu próprio erro?

*****

No começo, Pete considerou invadir a cobertura de Luke, mas a

segurança do prédio era muito apertada. Foi decepcionante e interessante. Não se lembrava que a
segurança de Luke era tão boa quando Vegas estava saindo com ele.
Imaginando que, como Luke estava em conluio com Demidov, o

russo devia possuir informações incriminatórias suficientes, decidiu se concentrar na casa de Demidov.
Não demorou muito para descobrir onde Demidov morava. Bilionários

não eram exatamente conhecidos por serem discretos.

Então, dois dias antes do Natal, observou Anakinn Theerapanyakul colocar a

mala no carro e ir embora.

Pete olhou para a casa grande e não se moveu de seu lugar. Tinha

que ter cuidado. Depois de sua passagem pelo MI6, tinha uma ideia de que medidas de segurança malucas
o russo poderia ter. Pete suspeitava que não havia nenhuma maneira que pudesse entrar naquela casa sem
disparar alarmes de segurança.
Mas não tinha que arrombar.

Ele poderia... Conseguir as chaves.

Homens como Anakinn Theerapanyakul poderiam ter medidas de segurança


de primeira linha, mas homens ricos não faziam suas próprias tarefas domésticas, especialmente quando
moravam sozinhos. Tinham empregados. E estes tinham cópias das chaves.
Depois de vigiar a casa por horas, a paciência de Pete finalmente foi recompensada à noite,
quando uma mulher de meia-idade saiu da casa. Provavelmente algum tipo de governanta, se tivesse que
adivinhar. Ele a observou trancar a porta.
Quando ela entrou no carro, Pete rapidamente subiu na bicicleta que

pegou emprestada de Scotty e a seguiu.

Entrar no apartamento dela foi bastante fácil, pois estava roubando

as chaves enquanto estava no chuveiro. A parte mais difícil seria colocá-las de volta no armário depois de as
copiar com o kit de duplicação de chaves que pegou da gangue, antes de sair.
Mas quando deu uma boa olhada nas chaves, franziu a testa infeliz. Eram chaves de alta
segurança, que eram impossíveis de copiar. Deveria ter esperado que não fosse tão fácil. Agora teria que
esperar que a mulher não notasse as chaves perdidas e avisasse a segurança de Demidov cedo demais.
Como o tempo era essencial, voltou para a casa de Demidov o mais

rápido que pôde.

Estava completamente escuro quando chegou lá.

Até onde sabia, depois de horas de vigiar a casa, havia seis

seguranças, mas a maioria parecia estar no que imaginava ser a sala de segurança, e apenas dois guardas
pareciam patrulhar regularmente a casa. Seria um desafio, mas não recebeu o apelido de Sombra por
nada.
Pete prendeu a respiração enquanto usava as chaves da governanta

para abrir a porta da frente. Havia uma pequena chance de notificar a segurança, mas nada aconteceu. A
casa permaneceu praticamente quieta. Ele podia ouvir vozes masculinas abafadas de uma das salas, mas a
porta estava fechada e não era difícil passar despercebido.
A parte mais difícil era passar por câmeras de segurança. Felizmente,

as dicas de Vegas sobre como encontrar pontos cegos de câmeras vieram a calhar e Pete não foi pego. Mas
seu progresso foi frustrantemente lento, e encontrou seu coração batendo mais e mais rápido, quanto mais
o tempo passava.
Apesar de ter um tempo desde que participou de uma invasão - não

era sua especialidade - a experiência passada de Pete o ajudou muito a navegar por uma casa
desconhecida. Mas seu progresso não foi ajudado pelo fato de que algumas vezes teve que se esconder em
quartos quando os guardas de patrulha passavam por ele.
Deus, seu coração parecia estar prestes a explodir de seu

peito. Geralmente ficava mais calmo quando estava trabalhando, mas desta vez não estava invadindo a casa
de algum civil inocente. Se fosse pego, não chamariam a polícia.
Finalmente, no terceiro andar, encontrou uma porta de madeira

trancada com um bloqueio. Bingo.

Com cuidado para não tocar a porta, Pete olhou a fechadura por alguns momentos antes de
sorrir. Honestamente. Esperava melhor de Demidov.
Povo rico e sua obsessão por tudo caro e chique.
Sacudiu a cabeça e abriu a bolsa. Para ser justo, aquele bloqueio

tinha alguns recursos bem legais e era impossível bloquear a captura por meios normais, mas tinha uma
grande falha de segurança. Poderia ser aberto essencialmente com uma chave de fenda e uma chave de
torque.
Para ser justo, isso não poderia ser feito por amadores, o bloqueio

seria travado se cometesse um erro, mas, felizmente, Pete não era um amador.
Puxando as ferramentas necessárias, Pete olhou ao redor, forçando a

audição, embora não pudesse ouvir os guardas, não significava que não estivessem perto, mas tudo estava
quieto.
Mordendo o lábio em concentração, colocou um pedaço de chave em

branco na fechadura e, em seguida, enfiou a chave de fenda atrás dela, com tanta força quanto pôde.
Estremecendo um pouco com o barulho, apertou sua chave e girou a chave de fenda no ângulo necessário.
A fechadura girou e ele escorregou para dentro, com o coração

martelando no peito. Meio que esperava ouvir os guardas vindo correndo, mas não deve ter havido tanto
barulho quanto imaginara.
Acalmando-se quando nada aconteceu, ligou a lanterna e olhou em

volta. Era um escritório, como esperava. Felizmente, não havia câmeras de segurança na sala.
Pete foi até a mesa e ligou o computador. Enquanto ele iniciava,

procurou nas gavetas da escrivaninha. Havia muitos documentos importantes, mas a maioria estava em
russo. Foi imensamente frustrante, considerando que não tinha certeza do que estava procurando.
Idealmente, seria algo que provaria que Anakinn Theerapanyakul e Porsche Kittisawat estavam
por trás da morte de Richard Whitford, mas qualquer tipo de prova de seus crimes seria bom o suficiente
para ele.
Você não dá a mínima para os crimes deles, disse uma voz maliciosa
no fundo de sua mente. A única coisa que quer é agradar Vegas e ter um motivo para
contatá-lo.
Pete franziu os lábios, abrindo outra gaveta. Claro que se importava

em deter pessoas más.

E você é bom? A voz sussurrou ironicamente. Invadindo a casa de alguém, apenas


porque está morrendo por uma razão para ver Vegas. Patético. Provavelmente ele
nem se lembra de você. Ele é um espião profissional. Teria te encontrado, se
realmente tentasse. Se realmente quisesse.
Aquilo não era verdade. Vegas não o encontrou porque Pete tinha

sido cuidadoso, não porque... Não porque...

Pete empurrou o pensamento para longe, odiando o modo como fazia

sua garganta e peito doerem. Tinha um trabalho a fazer. Não podia se permitir distrair com pensamentos
estúpidos. Porque eram idiotas.
Eram tão estúpidos que o assombravam há meses.

Talvez Vegas tivesse ficado feliz em se livrar dele. Talvez foi um

alívio voltar para casa e vê-lo desaparecido. Talvez Vegas nem tivesse se incomodado em procurar por ele.
Percebendo que não era a tela do computador que estava ficando

embaçada, Pete piscou furiosamente. Quando isso não funcionou, limpou a umidade de seus olhos.
Umidade, não lágrimas. Ele não estava chorando.
Vamos, controle-se, caramba. Disse a si mesmo e focou no
computador.

Era necessária uma senha, claro.

Era uma coisa boa que estava preparado. Tirou um pendrive do bolso

e conectou.

Estritamente falando, roubou propriedade do governo quando copiou

o programa de hackers do MI6 para seu armazenamento em nuvem, mas Pete não se sentia
particularmente culpado por isso. Era útil e gostava de coisas úteis. Não tinha realmente pensado que iria
precisar disso; copiou apenas no caso.
Foi uma coisa boa que o fez.

Sorriu quando a tela de senha desapareceu e o Windows inicializou

normalmente.
Como esperava, o computador estava isolado de qualquer rede. Foi

uma das primeiras coisas que seu treinador do MI6 tocou na cabeça dos estagiários: nenhum computador
estava completamente protegido, desde que estivesse conectado à Internet. Se alguém tivesse algo a
esconder, era preciso cortar um computador de qualquer rede.
Parecia que Anakinn Theerapanyakul tinha algo a esconder.

Sorrindo um pouco, começou a copiar qualquer coisa que parecesse

remotamente promissora.

Mais tarde, iria culpar o brilho da tela e sua alegria pela invasão bem-

sucedida por sua falta de atenção na porta.

Mais tarde, ele se culparia por ficar ganancioso demais e querer

copiar o máximo de documentos possível.

Mas a retrospectiva era de meio a meio.

— Bem, bem, bem. O que temos aqui?

Capítulo 31

A voz o fez congelar.

Lentamente, Pete levantou a cabeça e se encolheu ao ver o homem

alto inclinado casualmente contra a porta, com uma arma na mão. Foda-se.

O homem ligou as luzes.

Quando os olhos de Pete se ajustaram ao brilho súbito, ele se viu

olhando nos olhos azuis pálidos de Anakinn Theerapanyakul.


Pete engoliu em seco, suando frio. Havia algo sobre esse homem que

o fazia sentir medo. Pete se perguntou se saltar do terceiro andar seria menos doloroso do que o que
Demidov faria com ele.
Ele olhou para a janela atrás dele

— Nem pense nisso. — Disse Demidov, aproximando-se. O russo não

estava nem apontando a arma para ele, mas segurou-a com uma confiança fácil que lembrou Pete do modo
como Vegas lidava com armas, então ele não duvidou que este homem poderia apontar a arma para ele
numa fração de segundo se lhe desse uma razão para isso.
Passando seu olhar sobre o corpo alto e poderoso de Anakinn Theerapanyakul, Pete pensou
miseravelmente que o russo nem precisaria de uma arma para matá-lo. Ele tinha uma construção
semelhante a Vegas. Na verdade, ele parecia um pouco com Vegas - se Vegas tivesse olhos azuis
assustadores e pele mais pálida.
Você pode parar de pensar em Vegas quando há um chefe do crime
russo a poucos metros de distância? Pete se irritou, consternado com a direção previsível de seus
pensamentos.
— Quem é você? — Anakinn Theerapanyakul disse, sua postura relaxada

contradizendo o olhar penetrante e atento em seus olhos. — Ou melhor, quem te mandou?


— Ninguém. — Disse Pete . — Eu não queria causar danos.

Demidov realmente riu. Soava perturbadoramente normal. Por que os

vilões soavam tão normais? Primeiro Brylsko, agora Demidov. Neste ponto, algumas gargalhadas do mal
seriam refrescantes.
— Você entrou na minha casa no meio da noite e invadiu meu computador só por diversão? —
Roman disse suavemente. — Eu deveria acreditar, garoto?
— Eu considero isso um pedido de emprego. — Disse Pete , parecendo

tão sincero e ansioso quanto conseguiu. Você deve ser capaz de olhar alguém nos olhos e
vender a mentira mais escandalosa.
Pete extraiu força da memória e continuou:

— Estou na gangue de Billy Redknap, senhor. Ouvi que você está

contratando, então... — Ele abaixou a cabeça em falso embaraço. — Eu queria te impressionar. Ouvi dizer
que você não contrata qualquer um. — Pete realmente não tinha ideia se Demidov estava contratando ou
não. Era só um palpite. Demidov tinha se mudado para Londres muito recentemente, então, logicamente,
ele deve estar contratado, certo?
Ele esperou, prendendo a respiração e rezando para que Demidov

comprasse a mentira.

A porta se abriu novamente.

— Roman, por que está demorando tanto...

Pete quase gemeu. Apenas a sorte dele. Porsche Kittisawat tinha o pior

timing do mundo.

— Luke, espere por mim lá embaixo. — Disse Demidov, mas Luke o

interrompeu.

— Que é aquele?

Antes que Pete pudesse ter esperanças de que ele não seria

reconhecido, Luke esmagou essa esperança também.

— Espere, eu o conheço.

Em um instante, a postura relaxada de Demidov se foi.

— Você conhece o pequeno ladrão?

As sobrancelhas de Luke franziram.

— É Pete , o garoto que vivia com Vegas.

— Com Bommer? — Roman disse, seus olhos perfurando Pete . — Ah,

sim, eu me lembro agora. — Ele disse algo em russo, o que fez Luke franzir a testa e responder também em
russo.
Roman parecia vagamente divertido agora.

— A questão é, o que o animal de Bommer está fazendo na minha

casa no meio da noite? — Ele olhou para o computador e todos os traços de diversão deixaram seu rosto. —
Ele conseguiu invadir meu computador. Se não retornássemos pelo meu passaporte ou viessemos dez
minutos depois, ele teria roubado... Alguma informação muito sensível.
— O quê? — Luke disse, aproximando-se.

— Fique onde está, amor. — Disse Demidov suavemente antes de

agarrar Pete pelo colarinho e empurrá-lo contra a parede com tanta força que sua visão ficou escura por um
momento. — Você tem cinco segundos para me dizer quem te mandou. — Disse Demidov, pressionando
algo frio e duro contra a garganta de Pete . A arma.
Pete engoliu em seco, olhando nos olhos gelados do russo. Ele podia
sentir que este homem não fazia ameaças vazias. Ele mataria Pete sem hesitação.
— Ninguém. — Disse Pete .

O russo sorriu e Pete sentiu uma sensação de afundamento no

estômago.

— Tudo bem. — Disse Roman. — Conte-me sobre Vegas Theerapanyakul.

Pete apertou os lábios.

Roman riu.

— Você percebe que seu silêncio é sem sentido, certo? Sua presença

aqui confirma que Bommer não é quem ele parece ser.

Pete não disse nada.

— Você realmente acha que Vegas está por trás disso? — Luke

interrompeu, franzindo a testa.

— Vegas. — Disse Roman com um leve sorriso de escárnio. — Eu

sempre soube que havia algo sobre o seu namorado perfeito. Simplesmente não pude provar isso.
Luke revirou os olhos.

— Alguma vez você vai desistir? Vegas nunca foi meu namorado. E

eu realmente duvido que ele seja...

— O quê? — Roman disse cortantemente. — Um mentiroso que te

usou? Você é muito ingênuo e confiante.

Luke abriu a boca e fechou-a antes de se aproximar e olhar

diretamente para Pete pela primeira vez.

— Isso é verdade? Vegas apenas fingiu estar interessado em mim?

Pete desviou o olhar. Era mais fácil mentir para Demidov, que nem

parecia ter um coração, do que para Luke.

— Eu não sei do que você está falando. Vegas não tem nada a ver com porque estou aqui. Sou
realmente um membro da gangue de Billy Redknap. Você pode checar; estou dizendo a verdade. Eu não
moro mais com Vegas. Não o vejo há meio ano.
— Por quê? — Luke disse, olhando-o com desconfiança. — Você

estava ridiculamente perto. Tenho certeza que estava apaixonado por ele.

Era humilhantemente fácil fazer seus olhos lacrimejarem.


— Ele não me queria assim. Então eu parti. Foi difícil ficar.

A expressão de Luke mudou para simpática.

— Pelo amor de Deus, Luke. — Disse Roman. — Ele está brincando

com você. — A arma se moveu para a têmpora de Pete e pressionou com força. — Infelizmente para você,
eu não sou tão suave de coração. Você tem cinco segundos para me dizer a verdade. Este é o último aviso.
Pete não disse nada.

Roman disse em seu ouvido:


— Três, dois...

Pete apertou os olhos, seu corpo tremendo.

— Pare com isso, Roman! — Luke disse, fazendo os olhos de Pete se

abrirem. — Você está brincando comigo? Ele é apenas um garoto. Não pode ter mais que dezoito anos.
— Ele tinha idade suficiente para invadir a minha casa. — Disse Roman. — Você tem alguma
ideia do que ele estava tentando roubar, e quase conseguiu? — Ele deu a Luke um olhar que Pete não
entendeu. — Você sabe que ainda não terminei.
Os lábios carnudos de Luke diminuíram quando os apertou. Ele

suspirou, passando os dedos pelo cabelo encaracolado.

— Tudo bem. Mas abaixe a arma. Você está me deixando nervoso.

Pete ficou chocado e aliviado quando Roman realmente o ouviu.

— Deve haver outra maneira de chegar ao fundo disso. — Disse Luke,

puxando o telefone. — Ligarei para Vegas. Fale com ele. Tenho certeza de que é tudo um mal-entendido.
Roman murmurou algo baixinho em russo.

— Eu ouvi isso. — Disse Luke com um sorriso. — Mas você ainda me

ama.

Para a surpresa de Pete , Roman apenas deu a Luke um olhar fixo

antes de empurrar Pete para a cadeira e forçá-lo a se sentar.

— Eu não sei por que você ainda tem o número de Bommer. — Disse

ele, pegando o celular de Luke e dando a arma para ele.

— Seu ciúme é adorável. — Disse Luke, aceitando a arma com uma

careta.

Roman não se dignou a responder, levando o telefone ao ouvido.


— Vegas Theerapanyakul? Aqui é Anakinn Theerapanyakul. Eu tenho algo seu.

Pete inalou tremulamente, seu estômago apertando em nós. Ele se

perguntou como era confuso que apesar de seu medo, raiva e culpa, a emoção mais esmagadora que estava
sentindo no momento era excitação. Excitação, saudade e vontade de ver Vegas. Tudo no que conseguia
pensar era o quanto sentia falta dele, o quanto queria vê-lo, cheirá-lo, senti-lo.
Deus, ele era sem esperança.

Você é tão idiota, sua voz interior disse maliciosamente. Vegas não

ficará exatamente feliz em vê-lo, especialmente em tais circunstâncias. Não só ele era o
motivo do fracasso da missão, como também queimou a cobertura de Vegas e o colocou em perigo.
Percebendo que tinha perdido completamente o resto da conversa de Roman com Vegas, Pete
se deu um chute mental. Simplesmente fantástico. Agora não tinha ideia do que Roman disse a Vegas.
— Ele vem? — Luke disse, pegando seu telefone e devolvendo a arma

ao russo.

— Dei a ele meia hora. — Roman encolheu os ombros, virando os

olhos para Pete . — Acho que vamos ver o quanto ele valoriza você.

— Você não deveria ligar para Vlad lidar com isso? — Luke disse. — É

um problema de segurança. Esse é o trabalho dele.

— Dei a ele alguns dias de folga. — Disse Roman, inclinando o quadril

contra a mesa e olhando para a arma em sua mão. — Está tudo bem. Não me importo de fazer o trabalho
sujo de vez em quando.
Um arrepio percorreu a espinha de Pete . Ele não duvidou da

capacidade de Vegas de cuidar de si mesmo, mas este homem tinha a vantagem de estar na sua casa - e ter
um refém. Ele também tinha os olhos de um assassino.
Pete olhou para Luke, desnorteado como ele poderia estar ao lado

deste homem. Luke não parecia mau. Ele parecia normal.

— Como você pode estar com um homem assim? — Ele deixou

escapar antes que pudesse se conter. — O sexo é tão bom?

Luke piscou.

Roman realmente riu. Ele parecia genuinamente divertido.

— Sim, o sexo é tão bom, kotyonok6?

6 Gatinho em russo.
Luke olhou furioso para Roman, suas bochechas coradas. Então ele

olhou para Pete com um olhar apertado.

— Ele não é mau.

Pete deu-lhe um olhar de descrença.

Agora Luke parecia defensivo.

— Ele não é. Quero dizer, ele pode ser um bastardo total para as

pessoas que não ama, mas no fundo, ele é um pouco sentimental.

— Não estrague minha reputação, pet. — Disse Roman, olhando para Luke. — Seja um bom
menino e vá para a sala de segurança. Diga ao Kolya para vir aqui. Tenho algumas perguntas para ele.
Luke fez uma careta.

— Não seja muito duro com ele. Sua esposa acabou de dar à luz. É

totalmente compreensível que estivesse distraído.

— Receio não ser tão compreensivo quanto você. — Disse Roman. — Estou muito feliz por ele
e sua esposa, mas isso não justifica sua falta de vigilância. Isso - apontou para Pete - é inaceitável.
Luke franziu os lábios, olhando para Roman com desconfiança.

— Não vou te deixar sozinho com Pete .

Roman levantou as sobrancelhas.

— Você não tem motivos para ficar com ciúmes. Eu não tenho uma

torção de sequestro.

Luke bufou.

— Você é hilário. — Ele cruzou os braços e sentou na outra cadeira. — Não estou me
movendo. Você pode buscar Kolya você mesmo. Ou ligue para ele.
Roman disse algo em russo, sua voz seca e um pouco divertida.

Luke corou e também disse algo em russo.

Pete observava-os com o canto do olho, mas a cada minuto que

passava tinha dificuldade em focar sua atenção neles.

Vegas viria?

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, o interfone da

mesa apitou.

Roman se aproximou e apertou o botão dele.


— Sim?

— Há um homem aqui, senhor. — Disse uma voz masculina. — Vegas Theerapanyakul. Disse
que você está esperando por ele. Não está armado.
Pete endireitou-se, o coração martelando em algum lugar da

garganta.

— Traga-o para cima. — Disse Roman antes de olhar para Pete . — Venha aqui.
Relutantemente, Pete se levantou e se aproximou. O russo apertou a

arma contra sua têmpora novamente.

Luke suspirou.

— Isso é mesmo necessário? Vegas não está armado. Ele é

inofensivo.

Roman deu uma risada baixa.

— Vamos ver o quanto ele é inofensivo.

Todos olharam para a porta.

Capítulo 32

Pete não tinha certeza se estava respirando quando a porta abriu e

dois guardas de segurança empurraram Vegas para dentro.

— Deixe-nos. — Disse Roman. — Vou falar com você mais tarde,

Kolya.

Um dos guardas estremeceu e deu um aceno de cabeça antes de sair

com o outro e fechar a porta.

Pete mal notou isso.

Olhou para Vegas faminto, seus olhos percorrendo todo o rosto

dele, absorvendo seus penetrantes olhos escuros, a curva de seus lábios, seu - seu tudo. Deus, como
poderia uma pessoa ainda dar a sensação de chegar em casa depois de meio ano de intervalo?
Pete lambeu os lábios, cravando as unhas em suas mãos quando Vegas encontrou seus olhos.
Seu corpo balançou em direção a Vegas, tentando seguir o impulso. Pete caiu em si apenas quando a
arma pressionou com mais força contra sua têmpora.
Certo. Não estava exatamente em posição de ir a Vegas. Além

disso, não conseguia nem ler a expressão no rosto dele enquanto olhava para Pete . Era muito estranha e
fixa. Vegas provavelmente não estava feliz em vê-lo.
— O que... — Vegas disse, afastando seu olhar de Pete e mudando-

o para a arma na mão de Roman. Sua expressão se transformou em confusão e alarme. — O que... Está
acontecendo aqui?
Pete piscou, sem saber o que fazer com aquilo. Se não soubesse

melhor, acharia que Vegas tinha medo de armas.

E então entendeu.

Deus, Vegas era bom.

— Eu te disse que era desnecessário, Roman. — Luke disse

exasperado, ficando de pé. — Ei. — Disse ele, voltando-se para Vegas, uma mistura de constrangimento e
desconforto em seu rosto. — Tenho certeza que é tudo um grande mal entendido. Desculpe pela arma.
Roman é apenas paranoico.
Franzindo a testa, Vegas olhou entre Luke e Roman.

— Esse é o seu novo namorado, certo? E o que Pete está fazendo

aqui? — Ele olhou diretamente para Pete , que estava olhando para ele. — Onde diabos você esteve todos
esses meses? Tem alguma ideia de como fiquei preocupado?
Pete baixou o olhar, sem precisar pensar muito.

— Sinto muito. — Ele murmurou. — Eu não queria te preocupar, Vegas.

A arma parou de pressionar com força contra sua têmpora, então

eles devem ter sido convincentes. Mas a voz de Roman ainda estava fria quando ele disse:
— Você está alegando que não tem nada a ver com o seu garoto

invadindo minha casa e meu computador?

A carranca de Vegas se aprofundou. Ele moveu seu olhar de volta

para Pete .

— Pete? Isso é verdade? — Quando Pete não disse nada, os lábios


de Vegas apertaram. — Mesmo? Retornou aos seus velhos hábitos depois de tudo que fiz por você, quando
me prometeu que parou?
Pete lembrou a si mesmo que Vegas estava apenas

desempenhando seu papel e que a decepção em seus olhos não era real. Mas ainda fazia com que se
sentisse miserável.
— Eu não tinha para onde ir. — Disse ele, com a voz embargada. — Precisava de proteção
contra Tucker. Então fui até a gangue de Billy Redknap. Preciso pagar por sua proteção, e roubar é a única
coisa em que já fui bom.
— Isso tudo é muito tocante, Pete. — Disse Roman, não

parecendo tocado. — Mas eu devo acreditar que você acabou de escolher a minha casa para invadir, depois
que seu... Guardião, passou semanas tentando entrar na calça de Luke?
— O que você está sugerindo aqui? — Vegas disse, estreitando os

olhos. Ele não parecia perigoso. Apenas ofendido.

— Não estou sugerindo nada. — Disse Roman e envolveu sua mão livre em volta da garganta
de Pete frouxamente. — Essa não era uma pergunta retórica, Pete.
Um músculo se contraiu no queixo de Vegas.

— Não, não foi uma coincidência. — Disse Pete , sua mente correndo

e seu estômago revirando. Deus, ele não queria deixar Vegas para baixo novamente. Eles disseram que a
melhor mentira continha um elemento de verdade. Mas seria suficiente para convencer alguém como
Anakinn Theerapanyakul?
— Alguns dias atrás, me deparei com um artigo sobre Luke e você. Isso chamou minha atenção
apenas porque eu conhecia Luke. O artigo dizia que você se mudou para a Inglaterra muito recentemente e
que era muito rico. Dizia que estaria fora da cidade no Natal. Então pensei... Pensei que não devia ser muito
difícil invadir sua casa. Era provável que com todo o caos da mudança sua segurança ainda não seria
perfeita. — Ele olhou de lado para Roman, na esperança de avaliar o quão bem estava indo, mas o rosto do
russo era impossível de ler.
— Isso não explica por que você estava invadindo meu computador. — Disse Roman. —
Alguém poderia pensar que um ladrão estaria mais interessado em posses materiais.
Pete zombou.

— É o século XXI. Venda de Informações. Não pesa nada, é mais fácil

vender sem ser pego e tem um preço mais alto.

— Você alegou que era um pedido de emprego antes de Luke te


reconhecer. — Disse Roman, sua voz baixa, claramente não querendo que Vegas o ouvisse.
A esperança se acendeu dentro dele. Se o russo achava que Vegas

não tinha a menor ideia de suas atividades criminosas, isso significava que o disfarce de Vegas ainda estava
seguro.
Pela primeira vez em sua vida, Pete ficou incrivelmente grato por ser

um asiático pálido. Não foi difícil fazer-se corar.

— Eu fiquei nervoso e menti, ok? Ouvi algumas coisas sobre você,

mas não tenho ideia de quais são verdadeiras. — Ele baixou a voz também. — Ninguém sabe muito sobre
você. É um peixe novo na lagoa. Todo mundo quer saber por que se mudou para cá e o que quer. É por isso
que qualquer informação sobre você é tão valiosa. Menti porque você parecia querer me matar.

Roman deu-lhe um olhar longo e penetrante. Pete mal resistiu ao

impulso de se contorcer. Só o fato de poder sentir o olhar inabalável de Vegas sobre ele deu-lhe forças para
não desmoronar e se entregar.
— Como posso dizer que você não está mentindo de novo? — Roman

disse, a mão apertando em torno de sua garganta - apenas um pouco, mas o suficiente para fazer os
pulmões de Pete doerem.
— Deixe-o ir. — Disse uma voz fria.

Pete parou de respirar. Roman ficou quieto também.

Quando eles viraram a cabeça, foram recebidos com a visão de uma

faca afiada pressionada contra a garganta de Luke. E Vegas... O empresário inofensivo e confuso tinha ido
embora. Era como olhar para uma pessoa diferente.
O rosto de Vegas era duro, seus olhos escuros fixos em Roman. Luke estava muito quieto e com
os olhos arregalados. Ele nem parecia estar respirando, uma pequena gota de sangue visível em sua pele
leitosa, onde a faca estava pressionada contra o pescoço dele. Um pequeno movimento da mão de Vegas
poderia ser fatal.
Roman estava absolutamente rígido ao lado de Pete .

— Claro, você pode atirar em mim. — Disse Vegas, seu olhar

travado com o de Roman. — Mas você vai arriscar? Eu poderia ser mais rápido. Ele vai morrer por causa da
sua arrogância.
— Posso matar o garoto. — Disse Roman, sua voz soando quase

inumana quando ele pressionou a arma com mais força contra a têmpora de Pete , que se encolheu.
Apenas a tensão quase imperceptível no queixo de Vegas traiu que

a possibilidade o incomodava.

— Você poderia. — Ele concordou, no mesmo tom assustadoramente

amigável. — Mas se fizer isso, eu vou cortar a garganta do seu.

Roman deu uma risada.

— É uma ameaça vazia, Bommer. Se você é um agente do MI6, e

provavelmente é, você não vai.

A expressão de Vegas não mudou.

— Eu não sou mais um agente do MI6. Ninguém está me

monitorando. — Seus lábios se torceram em algo vagamente parecido com um sorriso. — Nietzsche7 não
disse que você pode se tornar um monstro se lutar contra monstros por muito tempo? Se acha que sou
incapaz de matar, você está delirando. Provavelmente matei mais pessoas do que você. — O olhos dele
pareciam os de Roman, frios, mas seu tom era suave quando ele disse baixinho: — Posso matar todos nesta
casa e fazer com que pareça um acidente. Não é nada que eu não tenha feito antes. Mas aqui está a coisa.
Não dou a mínima para você, Demidov. Prefiro não ter mais sangue nas minhas mãos do que já tenho. Eu
vim pelo que é meu. Deixe o garoto ir e todos esqueceremos disso.
Franzindo a testa, Pete olhou para Vegas confuso. Ele estava sendo

honesto? Certamente Vegas não tinha desistido do MI6? Ele amava o seu trabalho!
O russo deu um suspiro.

— E você acha que pode me ameaçar, sair daqui e continuar com sua

vida?

Ele parecia divertido, mas Pete sabia que não se sentia realmente

divertido. Podia sentir a incrível tensão no corpo de Roman. Pela primeira vez, Pete considerou a
possibilidade de que o russo aparentemente sem coração pudesse genuinamente amar Luke. Não havia
outro motivo para não atirar em Vegas. Ele tinha uma arma contra a têmpora de Pete e seguranças apenas a
um grito de distância. Tinha toda a vantagem do mundo.
Mas parece que a faca pressionada contra a garganta de Luke negava

toda a vantagem que ele tinha.

— Eu não estou te ameaçando. — Disse Vegas, sua expressão tão

7 Foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Ele
escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma
predileção por metáfora, ironia e aforismo.
fria quanto a de Roman. — Ainda acho que pessoas como você pertencem à prisão, mas não tenho
interesse em te caçar. Não sou mais do MI6 e não sou um justiceiro. A única coisa que me interessa é
manter as pessoas com quem me preocupo em segurança. — Ele olhou para Luke antes de nivelar seu olhar
com Roman. — Tenho certeza que você entende. Agora chute a arma aqui e deixe o garoto ir.
Houve um longo e tenso silêncio enquanto Vegas e Roman se

encaravam.

— Roman... — Disse Luke, quebrando o silêncio. — Eu me sinto um

pouco tonto.

Havia um pequeno fio de sangue escorrendo pelo seu pescoço. Não

parecia perigoso, mas parece que era o suficiente para influenciar Roman. Sussurrando algo em russo,
Roman largou a arma e chutou em direção a Vegas antes de empurrar Pete naquela direção também.
Pete tropeçou e quase caiu, mas a mão de Vegas pegou seu braço

em um aperto de ferro. Pegando a arma, Vegas praticamente arrastou Pete para fora do escritório.
A última coisa que Pete viu antes que a porta se fechasse atrás deles

foi o olhar de alívio no rosto de Anakinn Theerapanyakul enquanto examinava o pescoço de Luke, seu outro
braço apertado ao redor de seu amante.
Talvez aquele homem tenha um coração, afinal.

Capítulo 33

Assim que ficaram sozinhos, Pete percebeu que havia algo de errado

em Vegas. Além do forte aperto no seu braço, Vegas não lhe deu atenção, seus olhos escuros percorreram o
corredor e olharam para qualquer lugar menos para ele. Pete pensaria que Vegas estava apenas procurando
por perigo, mas podia sentir que não era só isso.
— Vegas? — Pete sussurrou incerto.

Um músculo se contraiu no queixo de Vegas. Ele ignorou Pete .

Sua garganta estava desconfortavelmente apertada, Pete aceitou a

sugestão e calou-se, seguindo Vegas em silêncio.

Para sua surpresa, Vegas dirigiu-se para a porta da frente.


— Há seguranças lá. — Pete murmurou. Vegas não disse nada. Percebendo que ele havia
colocado a arma e a faca sob o casaco, Pete franziu a testa. — Roman provavelmente disse a eles para nos
impedirem de sair.
Vegas continuou ignorando-o.

Pete olhou para ele, começando a ficar chateado também. Sim, ele

tinha fodido tudo, mas quase conseguiu! Foi puro azar que Roman tivesse voltado para casa. Por que Vegas
estava tratando-o desse jeito?
Por que ele não olha para mim?
Pete estava tão chateado com isso que não podia nem se sentir

culpado quando quatro guardas armados os encontraram na porta da frente.

Vegas apenas suspirou em aborrecimento. Ignorando as armas

apontadas para ele, disse:

— Ligue para seu chefe e deixe-me falar com ele por alguns

instantes.

Os guardas trocaram olhares antes de um deles finalmente puxar um

telefone. Ele disse algo em russo antes de entregar o telefone para Vegas.

— Se eu não voltar dentro de uma hora, você vai ter o MI6 batendo

na sua porta. — Disse Vegas ao telefone. — Tenho certeza de que você tem coisas melhores para fazer no
Natal do que responder a perguntas desconfortáveis.
Pete não pôde ouvir o que Roman disse, mas fez os músculos de Vegas ficarem tensos.
— Foi só um corte. Se realmente quisesse machucá-lo, eu teria. Diga

a Luke que peço desculpas. Isso é tudo?

Ele devolveu o telefone ao guarda, que ouviu o que quer que Roman

dissesse e baixou a arma. — Você pode


ir.
Apertando o braço de Pete , Vegas saiu da casa, arrastando Pete

para o seu carro estacionado.

— Entre. — Ele gritou sem olhar para Pete quando sentou no banco

do motorista.

Atirando-lhe um olhar desconfiado, Pete fez o que lhe foi dito.

A viagem foi em silêncio.


Pete fechou as mãos em punhos e olhou pela janela, fingindo que não

podia sentir a tensão sufocante e furiosa no carro e ciente do corpo de Vegas com cada centímetro dele.
Mesmo agora, apesar de sua atitude defensiva, raiva e culpa, suas entranhas doíam com necessidade. Seu
coração não se importava que Vegas estivesse zangado com ele e nem seu corpo. Tudo que o seu corpo
queria era as mãos de Vegas nele, desejando qualquer contato, seja gentil ou violento.
Deus, ele estava além da ajuda.

Finalmente, depois do que pareceram horas, eles chegaram à casa

familiar. A visão disso fez seu peito doer. Não foi sua casa por muito tempo, mas foi tão feliz nela.
Pete não se apressou em sair do carro. Foi lento o suficiente para

forçar Vegas a pegar seu braço e arrastá-lo para fora, a pele de Pete formigou pelo contato apesar das
camadas de tecido entre eles.
Pete olhou para o rosto tenso de Vegas, e seu estômago apertou de

nervoso. Ele nunca o viu tão bravo.

Vegas abriu a porta e empurrou-o para dentro. Pete obedeceu o

suficiente, mas se virou e cruzou os braços sobre o peito assim que Vegas fechou a porta.
— Sinto muito por ter sido pego, mas você não precisava intervir! Eu quase o
convenci, pude sentir! Você estragou seu disfarce desnecessariamente! Se esperasse
alguns minutos... — Ele guinchou quando Vegas sentou no sofá e o puxou de bruços sobre o colo.
— Esperar pelo quê? — Vegas gritou, puxando a calça de moletom

e cueca de Pete . — Por ele sufocá-lo? — Ele trouxe uma mão para baixo na bunda de Pete , com força.

Pete gritou, mais por surpresa do que por dor.

— Você está falando sério? Eu não sou criança para apanhar! E ele

não estava me sufocando! Estava tudo sob controle... Oof.

O segundo tapa ardeu mais.

— Sob controle? — Vegas rosnou, entregando outro tapa afiado, e

depois outro. — Ele tinha uma arma na sua cabeça. Você tem alguma ideia de como esse homem é
perigoso? Poderia ter te matado. Não teria sido nada para ele.
— Ele não fez. — Pete tentou fracamente, fechando os olhos.

— Você teve sorte que Luke estava com ele. — Vegas disse,
entregando outra palmada dolorosa. — Ele é o ponto fraco de Demidov. Se Luke não estivesse lá... — Sua
mão ficou imóvel, apenas um peso na bunda de Pete antes que seu toque se transformasse em um aperto
contundente. — Porra, você tem alguma ideia...
A próxima coisa que Pete sabia era que estava de costas e Vegas

estava em cima dele, sólido, pesado e perfeito.

Olhos escuros olhavam para ele.

— Porque você partiu?

Pete passou a língua sobre os lábios secos, o coração trovejando no

peito. Estava ciente de quão alto ele estava respirando, seus pulmões gananciosos se enchendo com o
cheiro de Vegas, como um viciado.
Vegas olhou para ele atentamente.

— Você estava realmente com a gangue de Redknap?

— Você não sabia? — Pete conseguiu falar.

— Não procurei por você.

Com a garganta dolorida e desconfortável, Pete lutou para manter o

rosto calmo. Embora esse fosse seu pior medo, não acreditava realmente que Vegas nem se importaria em
procurá-lo.
Os lábios de Vegas se torceram. Ele deu a Pete um olhar quase

odioso.

— Pare de parecer assim quando foi você quem me disse para não te

procurar. Ou queria que eu fosse um daqueles idiotas assustadores e controladores que perseguem as
pessoas contra seus desejos?
Claro que sim!
Ruborizando, Pete engoliu a resposta instintiva. Jesus, isso era mais

do que mortificante.

— Você quer dizer... Que queria me procurar? — Ele disse em voz

baixa.

Vegas riu, o som tão sem graça quanto dissonante.

— Você poderia dizer isso. — Deslocando seu peso para um cotovelo, Vegas levou a outra mão
até o rosto de Pete . Ela pairou um centímetro acima da bochecha de Pete , seus dedos se contraindo um
pouco. — Eu poderia ter te encontrado em alguns dias se realmente tentasse. Teria sido tão fácil usar os
recursos à minha disposição para te perseguir. Eu nunca cruzei essa linha em todos os anos com o MI6,
nunca fui tentado, mas foda... — Vegas parou, seus olhos escuros vagando por todo o rosto de Pete , como
se não acreditasse que ele estava realmente lá.
Pete olhou para ele, realmente olhou para ele pela primeira vez

naquela noite. Embora Vegas estivesse tão devastadoramente bonito como sempre, havia linhas cansadas e
tensas ao redor dos seus olhos que falavam de noites sem dormir e estresse.
Será que... Teria sido tão ruim para Vegas quanto para ele? Isso

poderia ser possível?

— E então eu recebo o telefonema do sangrento Anakinn Theerapanyakul. — Disse Vegas. —


Porque você decidiu que era uma boa ideia invadir a casa de um chefe do crime russo?
Eu queria compensar o meu erro e obter alguma prova para o MI6.
Ele poderia dizer isso, mas não fez.

Pete disse a Vegas a verdade, a qual estivera em negação.

— Foi uma desculpa para vê-lo novamente.

As narinas de Vegas alargaram.

Sua mão finalmente tocou a bochecha de Pete , o toque mal lá, mas

tão bom, e um pequeno gemido subiu do fundo do peito de Pete . Ele virou a cabeça para pressionar os
lábios trêmulos na mão de Vegas, sentindo-se envergonhado por sua carência, mas incapaz de se controlar.
— Sinto muito. — Ele sussurrou com urgência. — Por arruinar sua

missão e criar problemas para você no trabalho. Eu queria deixar de ser um parasita, fazer a coisa certa e
ficar longe, mas... Mas... — Ele fechou os olhos com auto depreciação fazendo seus olhos arderem. — Eu
não sou... Não sou forte o suficiente, sinto muito...
Vegas inclinou suas testas juntas.

— Garoto bobo. — Ele disse bruscamente, acariciando a bochecha e o

pescoço de Pete levemente. — Não sei de onde você tirou a ideia idiota de que era um parasita, mas se
você disser isso de novo, vou te bater de verdade. — Segurando o rosto de Pete num aperto bastante duro,
Vegas pressionou sua boca numa bochecha dele, depois na outra, seus lábios entreabertos e sua respiração
superficial e rápida. — Porra, Pete, eu quero... — Com um pequeno gemido, ele encaixou seus lábios contra
os de Pete e lambeu a entrada em sua boca.
Pete fez um barulho que nem sequer soava humano, sua mente

felizmente vazia quando Vegas deu-lhe um profundo beijo sujo. Ele não podia nem beijar de volta, de tão
sobrecarregado que estava.
Só podia se contorcer sob o corpo pesado de Vegas e aceitar o

ataque em sua boca, deixando Vegas fazer o que quisesse, desde que não parasse.
Ele não conseguia nem entender mais o que estava acontecendo, o

que isso significava ou por que Vegas estava devorando sua boca como se fosse um banquete e ele um
homem faminto. Pete também se sentia muito faminto para se importar.
Sua mente estava muito lenta e confusa com desejo e alívio -

finalmente, senti sua falta, precisava que você precisasse de mim - então demorou um
tempo embaraçoso para perceber que Vegas o carregava para algum lugar, suas bocas ainda unidas.

Cama. Esta era uma cama em que ele estava, e então estava nu, em

seguida Vegas estava nu também, nu e em cima dele, e havia tanta pele que se sentiu tonto e oprimido.
Ele perdeu a noção do tempo de uma maneira que nunca fez durante

o sexo. Não era como se Pete nunca tivesse sentido desejo; isso era outra coisa. Ele nunca se perdeu em um
homem até Vegas, e a sensação era tão assustadora e avassaladora quanto estimulante.
Distantemente, como se em um sonho, Pete registrou alguém

gemendo e choramingando antes de perceber que era ele. Eram as suas mãos vagando pelas costas largas e
magníficas de Vegas e cavando os músculos das nádegas dele quando Vegas pegou os dois pênis na mão e
começou a acariciá-los juntos, beijando-o sem parar.
Era glorioso, incrível, mas não estava nem perto o suficiente. Depois

de meses separados, se sentia muito faminto e carente, precisando de mais, mais e mais, precisando sentir
Vegas em todos os lugares: nele, debaixo dele, ao redor dele, dentro dele, tão fundo quanto podia até Pete
saciar os meses de separação. Fome queimava seu corpo de dentro para fora.
— Vegas... — Pete falou, ofegante, os olhos arregalados, mas sem ver

como a mão lubrificada de Vegas acariciava os dois. Palavras. Ele precisava de palavras. — Isso não é...
Suficiente. Preciso de você.
Ele provavelmente não estava fazendo nenhum sentido, considerando

que Vegas estava lhe dando a masturbação de sua vida.

— Sim. — Disse Vegas, chupando seu pescoço. Ele parecia tão

longe quanto Pete se sentia. — Eu sei, bebê. — Suas mãos massagearam as coxas de Pete e as separaram.
— Quero ir tão fundo, te foder tão bem que nunca conseguirá que eu saia de você. — Levantando a cabeça
do pescoço de Pete , olhou para ele, seu olhar desfocado de repente se tornando divertido. Ele deu a Pete
um sorriso torto, sacudindo a cabeça. — Porra, às vezes eu ouço as coisas que saem da minha boca e só...
Pete riu atordoado, passando os braços pelo pescoço de Vegas e

arrastando-o para outro beijo. Ele não queria falar. Não tinha certeza se podia
falar. Só podia gemer e beijar Vegas desesperadamente, sua pele supersensível de fome e necessidade.
Foda-me, entre em mim, quero te sentir de dentro.
Pete não tinha certeza se estava dizendo aquelas palavras em voz

alta, mas deve ter, porque Vegas estava empurrando um dedo escorregadio dentro dele, e Pete
absolutamente se perdeu, choramingando, ofegando e exigindo mais.
Quando o pênis de Vegas deslizou dentro dele, Pete estava quase delirando, contorcendo-se no
pênis de Vegas com gemidos baixos e desavergonhados, pernas tão abertas que suas coxas doíam.
Era uma dor boa, mas não tinha nada a ver com o prazer de balançar

seu corpo toda vez que Vegas puxava para fora e enchia-o até a borda novamente. A plenitude parecia
inacreditavelmente boa, mas o ritmo do pênis de Vegas era muito lento. Era certamente uma tortura.
— Você está tentando me matar? — Pete resmungou, balançando os

quadris para encontrar as estocadas de Vegas. — Mais forte.

Respirando fundo, Vegas dobrou as pernas de Pete contra o peito e

mudou o ângulo, acertando sua próstata com estocadas curtas e intensas que fizeram Pete gemer, com
lágrimas nos olhos. Era tão intenso que não podia fazer nada além de ficar ali deitado, imóvel e indefeso,
empalado no pênis grosso de Vegas.
Deus, Pete não tinha certeza de quanto tempo durou. Cada músculo

em seu corpo estava se esforçando com a necessidade de obter mais de Vegas, mais de seu pênis, mais de
tudo, apesar de Vegas estar mantendo-o tão cheio que podia sentir todo o caminho em sua barriga.
— Deus, olhe para você. — Disse Vegas, empurrando com força. — Parece tão lindo com o
meu pau te enchendo.
Apertando os olhos, Pete gemeu, absorvendo cada investida do pênis

de Vegas e perdendo-se no prazer. Mas não podia gozar, equilibrando-se na borda e incapaz de tropeçar.
Porra, Pete. — Disse Vegas com voz rouca, murmurando no
lado do seu rosto enquanto o fodia. — Deus, eu te amo.

Os olhos de Pete se abriram e ele gozou com um soluço

estrangulado, seu canal apertando em torno do pênis de Vegas, que rosnou e empurrou nele mais algumas
vezes antes de ficar imóvel.
Lutando para estabilizar sua respiração, Pete olhou para o teto, de

olhos arregalados. Vegas estava praticamente esmagando-o sob seu peso, mas Pete mal notou isso.
— Desculpe, eu provavelmente sou pesado. — Vegas murmurou e

rolou-os, de modo que Pete ficasse em cima dele.


Pete encostou a bochecha corada contra o peito de Vegas, dizendo

a si mesmo para não ler muito nas palavras dele. As pessoas diziam alguma merda idiota durante o sexo; ele
também era culpado disso.
Mas e se Vegas quis dizer isso?

Quando o batimento cardíaco de Vegas ficou mais e mais lento, Pete murmurou hesitante:
— Vegas?

— Mmm? — Vegas murmurou, sua mão acariciando as costas de Pete antes de se fixar em sua
bunda.
— Você quis dizer isso? — Pete disse, sua voz mais incerta do que

teria gostado. — Realmente me ama?

O peito de Vegas parou de se mover por um momento antes dele

voltar a respirar.

— Antes de você sair... — Ele começou, passando os dedos pelo

cabelo de Pete . — Não sabia o que fazer do nosso relacionamento, o que eu queria que fosse. Não sabia o
que diabos queria de você. Seduzir alvos masculinos sempre foi uma tarefa tão grande, então eu tinha
certeza de que era completamente hétero, mas era diferente com você.
— Diferente?

A mão de Vegas na sua bunda se moveu um pouco.

— Foi fácil tocar em você, mesmo no começo. Nunca tive que me

forçar. A primeira vez que você se masturbou enquanto te segurei... Sabe o que pensei?

— O quê?

— Pensei que você parecia muito bonito em meus braços, todo

corado e excitado. — Vegas bufou. — Olhando para trás, é meio óbvio que houve alguma atração latente
desde o começo, mas eu não reconheci o que era porque não achava que poderia ser atraído por homens.
Tipo, passei horas tentando encontrar algo atraente em Luke, de modo que seria mais fácil fingir atração
por ele, mas não pensei duas vezes que nunca tive esse problema com você.
— Mas... E sua mulher japonesa? Você teve um encontro com ela em Tóquio.
Vegas deu uma risada.

— Pete, passei toda a viagem ao Japão tentando não ligar para

você a cada hora como um estudante apaixonado. Para ser honesto, esperava que o encontro com Asami
me distraísse. Estava ficando embaraçoso como o inferno.
Pete sorriu contra o peito de Vegas.

— Mesmo? Você deveria ter me ligado a cada hora. Eu não teria me

importado. Senti sua falta terrivelmente. — Seu sorriso desapareceu. Essa semana sem Vegas não foi nada
comparado aos últimos seis meses sem ele. Acariciou o peito de Vegas, lembrando-se de que ele estava ali.
— E então o quê?
— Quando me masturbei ouvindo sua voz, ficou óbvio que eu tinha

um problema. — Disse Vegas secamente.

Pete piscou, sua mente voltando para a última ligação de Vegas do Japão.
— Você também?

— Pensei que você notou.

— Não! — Disse Pete , sorrindo. — Eu estava um pouco ocupado no

momento. Então, foi assim que você soube?

Não! — A diversão deixou a voz de Vegas. Sua mão parou de


acariciar o cabelo de Pete e seu braço escorregou para envolver firmemente as suas costas nuas. — Eu
estava apaixonada por Asami e me senti triste depois do nosso rompimento, mas não foi nada perto de
como me senti depois que você partiu. Porra, Pete. — Seu braço apertou ainda mais, tornando difícil
respirar, mas Pete não reclamou.
Ele estava ocupado sorrindo como um louco.

— Você sentiu muito a minha falta?

Vegas rolou-os de lado. Eles se entreolharam, os rostos estavam

separados por centímetros e os corpos ainda se emaranhavam com tanta força que era difícil dizer onde ele
terminava e Vegas começava.
Os olhos de Vegas ainda estavam suaves e pesados devido ao

sexo, mas seu olhar se tornou mais intenso enquanto olhava para Pete .

— Eu estava tão perto de desistir da minha missão e voltar a Londres

para te procurar.

— Você estava no exterior?

Vegas fez uma careta.

— Sim, Erika me arranjou uma nova missão por ter falhado na de Whitford e me mandou para
a Síria. Tenho certeza que ela viu isso como punição, mas eu estava quase feliz. Isso me deu tempo para
pensar... E perceber algumas coisas. Me demiti do MI6 assim que voltei.
Pete franziu a testa.

— Por quê?

— Você sabe que isso estava vindo por um tempo. Tornou-se mais

difícil equilibrar os dois trabalhos sem comprometer nenhum deles. Então fiz a escolha. — Uma ruga se
formou entre as sobrancelhas de Vegas. — Talvez eu esteja envelhecendo, mas meu trabalho na
Grayguard me dá uma sensação de estabilidade que é mais atraente quanto mais eu ganho. Não sou o
viciado em adrenalina que já fui. E mentir o tempo todo mexe com minha cabeça. — Os nós de Vegas
roçaram o lábio inferior de Pete . — Eu estava tão ocupado vivendo vidas falsas que perdi a única coisa real
que queria. Então parei.
Você achaaa... Achaaa que sou a coisa real? — Pete corou com a
gagueira, odiando o quão inseguro soou, mas tinha ficado tão acostumado a pensar que Vegas nunca
retornaria seus sentimentos que ainda não parecia real.
Vegas encostou a testa na sua, colocou uma mão na nuca de Pete


e riu baixinho.

— Você conhece a expressão ‗louco de amor‘? Pensei que fossem

apenas palavras. Mas definitivamente me sinto um pouco louco... — Ele deu a Pete um beijo curto e voraz,
suas mãos subindo e descendo pelo seu corpo. — Porra, eu teria feito isso, sabe.
Pete se afastou um pouco.

— Feito o quê?

Havia algo sombrio na expressão de Vegas enquanto olhava para Pete .


— Se Demidov tivesse realmente atirado em você, eu teria feito o

que ameacei. Não tenho orgulho disso, mas sei que o faria.

A boca de Pete ficou seca.

— Não seja bobo. Você não é... Esse tipo de homem.

— Não sou? — Vegas apertou as testas novamente, a respiração

ríspida e instável, um sorriso sem graça torcendo seus lábios. — De certa forma, Demidov e eu somos
cortados do mesmo tecido, Pete. Eu teria matado Luke se ele te tirasse de mim. Olho por olho. Ele sabia
disso. Essa é a única razão pela qual te deixou ir.
Pete sabia que provavelmente deveria se sentir incomodado, mas era

difícil se incomodar com qualquer coisa quando estava envolvido nos braços de Vegas.
— Estamos em perigo?

— Não penso assim. — Disse Vegas contra sua bochecha, apertando

o braço ao redor das costas de Pete novamente. — Ele não teria nos deixado partir se realmente quisesse
vingança. Não há nada com que se preocupar.
— Nada? — Pete disse ceticamente.

Ele sabe que eu realmente não queria machucar Luke e só queria


protegê-lo. Demidov é um bastardo, mas entende o desejo de proteger seus entes queridos. Além disso,
Demidov tem estado quieto desde que se mudou para Londres. Há rumores de que está fechando o lado
obscuro de seus negócios. Não parece que ele quer problemas se puder ser evitado. De qualquer forma,
não sou exatamente alguém que possa simplesmente fazer desaparecer. Ele nos deixará em paz. — Vegas
beijou-o no nariz. — Não se preocupe. Vai ficar tudo bem.
Enterrando a mão no cabelo de Vegas, Pete assentiu com um

sorriso estúpido.

— Não estou preocupado. Sei que estou seguro com você.



Vegas se afastou um pouco para olhá-lo nos olhos. Pete olhou de

volta, irremediavelmente pego por aquele olhar escuro e demorado.

— Porra, isso está mexendo com a minha cabeça. — Disse Vegas.

Pete piscou, confuso.

— O quê?

Vegas riu.

— Às vezes, tenho esses pensamentos sobre você... Eles iriam te

assustar... Inferno, eu me assusto. — Ele passou o polegar gentilmente sobre o lábio inferior de Pete . —
Mas, ao mesmo tempo, você me faz querer ser um homem melhor, ser um bom homem. — Ele se inclinou e
chupou o lábio de Pete suavemente. — Fode um pouco minha mente. Mas eu te amo, Deus.
Sentindo que seu peito estava prestes a explodir de felicidade, Pete

sorriu contra a boca de Vegas.

— Eu também. Mas você provavelmente já sabe disso.

Vegas começou a rir.

— Certo, Sr. ―É apenas uma paixão!‖ Isso deveria ser uma confissão

de amor?

Pete fez uma careta antes de rir também.

— Ah, cale a boca. Era tão óbvio que era embaraçoso.

A risada de Vegas morreu, seu olhar ficou sério e intenso.

Diz. Eu quero ouvir isso, Pete.


Pete sentiu o rosto quente.

— Eu te amo. — Disse ele, sentindo-se ridiculamente tímido. — Te

amo mais do que qualquer coisa.

Um rubor apareceu nas maçãs do rosto de Vegas, seus olhos

brilhando com algo como satisfação.

— Cristo... As coisas que eu quero fazer com você...

Pete o empurrou de costas e olhou para ele com um sorriso lascivo.

— As coisas que eu quero fazer com você...

Vegas deu-lhe um sorriso lento e preguiçoso.

— Sou todo ouvidos.

Epílogo

A pequena aldeia nos Alpes Suíços não recebia muitos recém-

chegados. Às vezes, havia turistas procurando novas rotas de esqui, mas a vila não ficava perto das
principais atrações turísticas, por isso não acontecia com muita frequência.
Então, quando Sophie Blauch ouviu o boato de que a pequena cabana

na beira da vila foi finalmente vendida para alguém - um casal britânico - foi imediatamente investigar. Ela
vive nessa aldeia há mais de quarenta anos; era praticamente seu dever dar as Boas-vindas aos recém-
chegados.
Sophie ficou um pouco desapontada porque os novos donos da

cabana não pretendiam residir permanentemente ali - aparentemente a haviam comprado para as férias -
mas mesmo assim eram pessoas tão interessantes.
Eles eram um casal impressionante: dois homens bonitos, altos e

bem vestidos, recém-casados e obviamente apaixonados. O mais velho, Vegas, provavelmente tinha trinta e
poucos anos. Ele era bem-educado, mas um pouco reservado. Verdade seja dita, havia algo em seus olhos
que fez Sophie se perguntar se ele realmente era o empresário que afirmava ser.

O mais novo, Pete , era tão fofo. Aparentemente, ele era um tipo de
jornalista de videogame que escrevia reportagens sobre jogos. Internamente, Sophie zombava de um
trabalho tão estranho, mas o jovem era tão obviamente orgulhoso de seu trabalho que ela não tinha
coragem de dizer nada.
Quando perguntou como eles se conheceram, a coisa mais estranha

aconteceu.

— Ele me sequestrou. — Disse Pete .

— Nos conhecemos num cruzeiro. — Vegas o corrigiu. — Um

cruzeiro muito chato.

— Ele me comprou num leilão. — Pete disse com um sorriso que era

deliciosamente sujo.

Sophie corou. Ela pode ser velha, mas não estava morta.

Vegas deu ao marido uma expressão sofredora e disse:

— Por favor, ignore-o, Sophie. Ele tem uma imaginação vívida.

Pete riu e concordou, colocando a mão na de Vegas e entrelaçando

os dedos.

Poucas pessoas teriam notado o olhar que o casal trocou, o pequeno

sorriso brincalhão nos lábios de Vegas enquanto ele apertava a mão do asiático , mas Sophie o fez.
E ela se perguntou o quanto de verdade havia naquela conversa.

Fim

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