Ao Juízo Da - Vara Cível Da Comarca de Mogi Das Cruzes (SP)

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AO JUÍZO DA _ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MOGI DAS CRUZES (SP)

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RENATO KLEN CARVALHO, protocolado em 14/07/2021 às 17:03 , sob o número 10137180220218260361. Para conferir o
original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1013718-02.2021.8.26.0361 e código 3F055A5.
MICHELLE SANTOS XAVIER, brasileira, solteira, autô noma,
nascida em 02/04/1981, filha de Brivaldo Francisco Xavier e Dolores
Santos Xavier, inscrita no CPF sob o nº.293.069.378-90 e portadora
do RG n. 27.152.033-4, expedido pela SSP/SP, residente e domiciliada
na Rua Manoel Fernandes, nº 1461, bl 08, apt 43, Vila Jundiapeba,
Mogi das Cruzes (SP), CEP 08750-720, vem, perante Vossa Excelê ncia,
por intermé dio de seu advogado, propor a presente

AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITOS POR


PRESCRIÇÃO C/C REPARAÇÃO DE DANOS

em face de FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓ RIOS


MULTISEGMENTADOS NPL IPANEMA III NÃ O PADRONIZADO, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 16.503.123/0001-85,
com sede na Rua Iguatemi, nº 151, 19ª andar, Itaim Bibi, Sã o Paulo (SP),
CEP 01.451-011, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. DOS FATOS

A Autora tem recebido cobranças diariamente da Ré , ocasiã o


em que realizou consulta do seu CPF na plataforma do Serasa e teve ciê ncia
de que, conforme se afere no print abaixo reproduzido (doc. anexo), a Ré

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cadastrou dívida prescrita no referido sistema.

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Se nã o bastasse a evidente prescriçã o, a requerida insiste em
manter as cobranças, o que causa diversos transtornos à ora peticioná ria.

Outrossim, a inscriçã o realizadas pela Ré resulta na diminuiçã o


de sua pontuaçã o SCORE, mecanismo utilizado pelo mercado para ceder
cré ditos ou nã o ao consumidor.

Inconformada pela ilegalidade perpetrada pela pela Ré , a parte


autora nã o teve outra escolha senã o a busca da tutela jurisdicional para
solucionar a lide.

II. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

O artigo 5º, XXXIV da CF, assegura a todos o direito de acesso à


justiça em defesa de seus direitos, independente do pagamento de taxas.

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Para concessã o de tal benefício a Autora junta declaraçã o de


hipossuficiê ncia, có pia de sua CTPS, extrato bancá rio, certidã o negativa de

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propriedade de veículo automotor e comprovante de isento de IRPF, os quais
demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem
comprometer sua subsistê ncia, conforme clara redaçã o do Có digo de
Processo Civil:

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Art. 99. [...]
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver
nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessã o de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte
a comprovaçã o do preenchimento dos referidos
pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegaçã o de insuficiê ncia
deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples mençã o nesta petiçã o, uma vez que


inexistente prova da condiçã o econô mica da Autora, devida se faz a
concessã o ao benefício da gratuidade de justiça.

Ademais, cabe destacar que a lei nã o exige miserabilidade da


peticioná ria, conforme esclarece a doutrina especializada sobre o tema:

“Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário


que a parte seja pobre ou necessitada para que possa
beneficiar-se da gratuidade da justiça. Basta que não
tenha recursos suficientes para pagar as custas, as
despesas e os honorários do processo. Mesmo que a
pessoa tenha patrimô nio suficiente, se estes bens nã o
tê m liquidez para adimplir com essas despesas, há
direito à gratuidade.”. (MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sé rgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo
Có digo de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos
Tribunais, 2017. Vers. Ebook. Art. 98)

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Assim, considerando o demonstrado desequilíbrio financeiro que


poderá ser causado pelas custas processuais, requer a Autora o

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deferimento do benefício.

III. DA INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO PRESCRITO

O art. 206, § 5º, do Có digo Civil, que prescrevem em 5


(cinco) anos a pretensã o de cobrança de dívidas liquidas constantes

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de instrumentos pú blicos e particulares.

Deste modo, decorrido o prazo de mais de cinco anos desde o


vencimento sem a intercorrê ncia de nenhuma causa interruptiva ou
suspensiva, o dé bito encontra-se prescrito.

Outrossim, em que pese a prescriçã o nã o extinguir o dé bito,


O ENTENDIMENTO DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO É NO
SENTIDO DE QUE A COBRANÇA É ILEGÍTIMA, seja judicial ou
extrajudicial, uma vez que haja a prescriçã o do débito, vejamos:

APELAÇÃO AÇÃO ORDINÁRIA Pretensão à declaração de inexigibilidade de


débitos prescritos Sentença de procedência Pleito de reforma da sentença para
julgá-la improcedente Não cabimento Cobrança extrajudicial efetuada pela
apelante de dívidas prescritas, cedidas por instituição financeira A
OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO IMPEDE A COBRANÇA, TANTO
JUDICIAL, QUANTO EXTRAJUDICIAL, DOS DÉBITOS
DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DAS DÍVIDAS PRESCRITAS
CABÍVEL RELATIVAMENTE AOS CONTRATOS DISCUTIDOS
NESTES AUTOS
SENTENÇA MANTIDA APELAÇÃO não provida Majoração dos honorários
advocatícios, em segunda instância, nos termos do art. 85, §11, do CPC. (TJSP;
Apelação Cível 1000625-52.2019.8.26.0648; Relator (a): Kleber Leyser de
Aquino; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Privado; Foro de Urupês - Vara
Única; Data do Julgamento: 29/11/2019; Data de Registro: 29/11/2019)

Apelação. Ação declaratória de inexigibilidade. Cobrança realizada pela


cessionária de crédito. Dívida vencida desde 2001. Prescrição reconhecida.
Controvérsia que se limita a possibilidade de cobrança extrajudicial.
Impossibilidade. Prescrição que fulmina a pretensão de exigir. Cobrança
extrajudicial que também fica afastada pelo reconhecimento da prescrição.
Precedentes. Decisão mantida. Recurso improvido. (TJSP; Apelação Cível
1003128-46.2019.8.26.0066; Relator (a): Hamid Bdine; Órgão Julgador: 19ª
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Câmara de Direito Privado; Foro de Barretos - 2ª Vara Cível; Data do


Julgamento: 23/10/2019; Data de Registro: 23/10/2019)

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IV. DA ILEGALIDADE DO CADASTRO DO DÉBITO PRESCRITO QUE
IMPEÇA OU DIFICULTE O ACESSO DO CONSUMIDOR AO
CRÉDITO (ART. 43, § 5º DO CDC)

Em se tratando de relaçã o propriamente de consumo,

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imperioso destacar os ensinamentos do art. 43, §1º e 5º, ambos do Có digo
de Defesa do Consumidor, vejamos:

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no


art. 86, terá acesso à s informaçõ es existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele,
bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos,


claros, verdadeiros e em linguagem de fá cil compreensã o, não
podendo conter informações negativas referentes a período
superior a cinco anos.

§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do


consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas
de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam
impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores.

Como se vê , o dé bito prescrito nã o pode ser mantido ou com base


nele, FORNECIDAS QUAISQUER INFORMAÇÕES QUE IMPESSAM OU
DIFICULTEM O ACESSO AO CRÉDITO.

Em que pese o exposto acima, a Ré manté m em seu banco de


dados os dé bitos em questã o, que, como se vê pelo documento anexado, sã o
incontroversamente superior há 05 anos, ou seja, prescrito.

Importa ainda dizer que o Serasa é uma plataforma de


aná lises e informaçõ es para auxílio ao cré dito, sendo que a mesma entrega
suas informaçõ es de vá rias formas.

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Uma delas é oferecendo uma pontuaçã o chamada SCORE,


que calcula com base em SEU BANCO DE DADOS as informaçõ es

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NEGATIVAS, histó rico, dados cadastrais e positivos (caso tenha cadastro
positivo ativo), conforme se vê no print do site da plataforma
(www.serasa.com.br/score).

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Sendo assim, de forma incontroversa, podemos afirmar que o
SCORE influê ncia no acesso ao cré dito do consumidor e que por força do
art. 43, §1º e §5º do CDC, nã o podem conter informaçõ es negativas com
base em dé bitos superiores há 05 anos, COMO NO PRESENTE FEITO.

Em mesma linha, novamente no sítio eletrô nico da plataforma, se


vê que o débito prescrito cadastrado na plataforma em questã o influê ncia
no acesso ao cré dito do consumidor, ainda que a lei o proiba, vejamos:

Insta trazer à baila que, no sítio da plataforma


(https://www.serasa.com.br/area-cliente/solucoes/score-turbo/ofertas -

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serasa-limpa-nome-sao-considerada-para-calcular-score) do Serasa, onde


está cadastrada a dívida consta que QUANDO CADASTRADAS NOVAS

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PROPOSTAS, HAVERÁ INCIDÊNCIA NEGATIVA EM SEU SCORE,
CONFORME PRINT ABAIXO.

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Se nã o bastasse todo o exposto, a plataforma ainda impõ e a
condiçã o para que o consumidor aumente seu score, qual seja: PAGAR AS
PROPOSTAS PRESCRITAS.

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Em que pese a obviedade, a plataforma ainda nos traslucida
mais a forma de contagem do score, qual seja:

Outrossim, há , inclusive, vídeo em sua plataforma com a


presença de Galvã o Bueno, onde ele diz que o pagamento dos acordos da
plataforma “TURBINAM SEU SCORE”.

Incontroverso se mostra que o cadastro de dívida prescrita


impõ e prejuízo indevido ao consumidor, devendo tal conduta ser reprimida.

Por qualquer que seja a ó tica, o que fica evidente é que


TODAS AS DÍVIDAS INFORMADAS NO SISTEMA “SERASA LIMPA
NOME” INFLUENCIAM DIRETAMENTE NO SCORE, ESSE, POR SUA VEZ,
INFLUÊNCIA DIRETAMENTE NO ACESSO AO CRÉDITO E AOS
NEGÓCIOS DA VIDA COTIDIANA DO CONSUMIDOR, AFRONTANDO
INDUBITAVELMENTE OS PRECEITOS DO ART. 43, § 1º E § 5º DO CPC.

V. DO DANO MORAL

Observa-se que a situaçã o a qual foi exposto a parte autora


ultrapassa, em muito, qualquer mero aborrecimento da vida cotidiana,
efetivamente causando preocupaçã o, abalo psicoló gico, humilhaçã o e
angú stia deveras exacerbados, nã o facilmente suportados pelo cidadã o
comum.

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No mais, a responsabilidade civil da empresa Ré també m está


suficientemente fundamentada nos artigos 186 e 927 do Có digo Civil,

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vejamos:

“Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligê ncia
ou imprudê ncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano

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a outrem, fica obrigado a repará -lo.
Pará grafo ú nico: Haverá obrigaçã o de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

O abuso do direito ocorre quando o ato nã o é resultado do exercício


regular do direito. No ato abusivo há violaçã o da finalidade do direito, do
seu espírito, violaçã o essa aferível objetivamente, independente de culpa ou
dolo.
Portanto, ante os fatos narrados, indubitá vel é a
responsabilidade das empresas demandadas pela açã o desidiosa que
culminou em cobrança de dé bito inexigível e a inscriçã o de dívidas
prescritas no nome da parte autora nos cadastros restritivos de cré ditos.

Isto posto, a fim do arbitramento judicial ser feito de forma justa


e precisa, deve-se levar em consideraçã o nã o só a jurisprudê ncia, mas
també m teses doutriná rias e particularidades do caso sub judice, para que
o quantum indenizató rio de um pedido por danos extrapatrimoniais seja,
enfim, aferido.

VI. DOS PEDIDOS


Por todo o exposto, requer a Autora:

a) Seja concedido os benefícios da justiça gratuita;


b) Seja a demandada citada, para que, querendo, apresente defesa, nos
termos da lei;

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c) A parte Autora dispensa a audiência de conciliação, vez que se


trata de provas meramente documentais, bem como, requer o

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julgamento antecipado da lide;
d) Seja o ô nus da prova invertido, conforme preconiza o Có digo de Defesa
do Consumidor;
e) Seja a presente demanda julgada PROCEDENTE, declarando a
inexigibilidade da dívida, com a imediata exclusã o do nome da
Autora da plataforma do Serasa Limpa Nome, sob pena de multa
diá ria de R$ 500,00 (quinhentos reais);

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f) Seja reconhecido o dano moral puro, fixando-se no valor de R$
15.000,00.
g) Seja a Ré condenada em custas e honorá rios sucumbenciais no
importe de 20% sobre o valor da causa.

Requer provar o alegado mediante provas documentais.

Dá -se à causa o valor de R$ 15.845,40 (quinze mil, oitocentos e


quarenta e cinco reais e quarenta centavos).

Termos em que pede e espera deferimento.


Mogi das Cruzes (SP), 14 de julho de 2021.

RENATO KLEN CARVALHO


436.179/OAB.SP

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