Ivonilce Brelaz Da Silva

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ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Ivonilce Brelaz da Silva1

JUSTIFICATIVA

Dentre as muitas formas do exercício da cidadania, está a de ter acesso


às políticas públicas. Nelas estão assegurados direitos constitucionais. Mas, que
só são efetivamente assegurados quando requeridos pela ação da sociedade,
isto é, quando são acessados.
Considerando que o acesso às políticas públicas se dá primeiramente
pelo conhecimento da informação, tais como: onde estão disponíveis; a quem se
destina e como acessar - a Oficina de Elaboração de Projetos Sociais coloca-se
como importante instrumento para equipar pessoas engajadas na luta pelos
direitos da pessoa com necessidades especiais – PNE e assim, fomentar o
acesso às políticas públicas por meio de projetos bem elaborados, dentro dos
critérios que atendam aos principais requisitos estabelecidos pelo Governo nas
esferas municipal, estadual ou federal.
As Políticas Públicas nascem a partir de um clamor da própria
sociedade, de um determinado seguimento que, utilizando-se do conhecimento
de seus direitos sociais, buscam assegurá-los. Dessa luta nascem conjuntos de
programas, de ações implementadas diretamente pelo Estado ou por meio de
parceria com organizações paraestatais ou entes privados para sua consecução.
Mas, não basta apenas conhecer a existência do direito. Os indivíduos
precisam sentir-se emporedados para a efetivação de seus direitos para os
terem respeitados. Afinal, é por meio do empoderamento social que surgem os

1
Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia e Educação a Distância. Facilitadora de
Treinamento – Técnica em Assuntos Educacionais da UNIFESSPA
processos de transformações nas relações com os indivíduos em todas as
esferas da sociedade.
Assim sendo, esta oficina coloca-se também como um instrumento de
empoderamento social à disposição dos que, tendo consciência social se
colocam na luta pelos direitos da pessoa com necessidades especiais.

OBJETIVOS

Geral: Levar os participantes a conhecerem os elementos básicos para


elaboração de projetos sociais.
Específicos:
 Equipar pessoas com conhecimento sobre elaboração de projeto social
e sua importância na luta pelos direitos da Pessoa com Necessidades
Especiais.
 Capacitar interessados a utilizar normas adequadas na elaboração de
projetos sociais para acessar políticas públicas.

METODOLOGIA

O conteúdo teórico será apresentado em dois encontros por meio de


aulas dialogadas, com utilização de material teórico apostilado, apresentação
slides dos principais tópicos do conteúdo.Após as 4 h/a iniciais com conteúdo
teórico, a turma será dividida em grupos de acordo com o número de
participantes que deverão mostrar seus conhecimentos elaborando os principais
pontos de um projeto social fictício, com supervisão da ministrante, utilizando
para isso, 2h/a.

A formação teórica se dará como segue:

O QUE SAO PROJETOS?

Conceito amplo, para Klink (2014, p. 3)


 Projeto “é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de
atividades inter-relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de
tempo dados”
 Projeto é “qualquer empreendimento que tenha objetivos claros e
definidos que representam valores específicos a serem usados para
satisfazer alguma necessidade ou desejo".

O QUE É PROJETO SOCIAL?


Cury (2014, p.2), conceitua Projetos Sociais como sendo normalmente
os de iniciativas de grupos específicos ou instituições. Devem ter em comum o
direcionamento de esforços, e o planejamento a partir de diretrizes e
metodologias voltadas para a ação social.

PORQUE TRABALHAR COM PROJETOS SOCIAIS?


Porque...
 nascem do desejo de mudar uma realidade que nos incomoda;
 são ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização
social, que surgem da reflexão e do diagnóstico;
 ocupam importante espaço de mediação e interlocução com as
políticas públicas no campo do desenvolvimento social;
 permitem que a sociedade civil organizada atue como protagonista da
ação social, influenciando a criação de políticas públicas;
 facilitam o estabelecimento de parcerias entre atores sociais.

CARACTERÍSTICAS DE UM PROJETO

 Clareza
Uma das características essenciais de qualquer proposta de projeto é a
clareza na apresentação da situação-problema e das propostas indicadas para
o enfrentamento. De forma que o avaliador visualize os resultados e impactos
esperados.
 Criatividade
Elaborar um projeto implica, necessariamente, em sonhar alto, idealizar,
arriscar. O momento de elaborar projetos é hora de ir além, ousar, imaginar
resultados audaciosos originadas de reuniões bem coordenadas.
 Especificidade
Todo projeto precisa ter um foco específico. Ele é a unidade mais
específica e detalhada dentro da lógica do planejamento.
 Logicidade
Apesar da grande carga emocional que motiva o surgimento do projeto
social, a elaboração do documento precisa seguir uma linha de raciocínio lógico
e coerente.
 Aplicabilidade
De nada valeria elaborar um belo projeto social se este não for aplicável
à comunidade local. Ou seja, o projeto social é feito sob medida. As ações
propostas são voltadas para aquela comunidade com suas respectivas
peculiaridades.
 Temporalidade
A temporalidade é uma das características mais marcantes de um
projeto, afinal, todo projeto tem data para começar e para terminar. Não existe
projeto permanente.

O CICLO PERCORRIDO PELO PROJETO

Todo projeto deve passar, necessariamente, por três momentos: o


planejamento, a implementação e a avaliação. Essas etapas estão intimamente
relacionadas, possuindo o mesmo grau de importância.

 Planejamento
É a fase de concepção do projeto. É o momento de maior materialização
das ações que se quer realizar.
Na lógica do planejamento, quanto maior a abrangência e menor a
quantidade de detalhes,mais o documento terá a característica de um plano;
quanto menor a abrangência e maior o grau de detalhamento, mais ele terá as
características de um projeto.
Planejar estrategicamente não é adivinhar ou predizer o futuro, mas sim,
influir no futuro. É o planejamento que torna possível antever o futuro, prevendo
possibilidades e dificuldades, descobrindo e antecipando respostas para
perguntas como:
 Quem são e como pensam os atores nesta realidade?
 Quais seus desejos e necessidades?
 Quais os problemas, suas causas e efeitos?
 Quais as características e as competências da equipe?

 Implementação
Esta é a fase de execução do projeto. É a busca da conquista dos
objetivos.
Fase onde o projeto deixa de ser um documento para se tornar realidade.
E é nesta fase que, normalmente, se investe maior número de recursos
humanos e materiais.

 Avaliação
Tem como propósito verificar se as atividades realizadas estão
compatíveis com planejamento e se os objetivos estão sendo alcançados.
É recomendável que o processo de avaliação proposto seja permanente
e contemple formas participativas de avaliação, que incluem não só a equipe do
projeto, como também seus beneficiários, parceiros e financiadores.

ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

Na elaboração de um projeto social, como de quaisquer outros


documentos oficiais, é necessário dar atenção especial a algumas técnicas de
redação.
1- Apresentação (de quem se trata?)
É hora de contar a história de sua entidade: quando surgiu, o que
motivou sua criação, etc
A apresentação das experiências adquiridas também é muito importante,
pois mostra ao agente financiador que sua organização está preparada para a
realização do projeto. É desejável ressaltar as parcerias anteriormente
estabelecidas para passar credibilidade, boa reputação e legitimidade.
2- Introdução (como é visto o contexto?)
O texto deve ser claro e objetivo. Sua função é aproximar o leitor da
realidade em que o projeto está inserido.
Nesta etapa deve conter informações gerais sobre o público-alvo e suas
condições de vida, seus problemas e desafios a serem superados. Pois é
justamente por meio da introdução que o leitor do documento – possível parceiro
– vai observar que a entidade proponente tem conhecimento da
realidade/necessidade local e será convencido da importância do projeto.
3- Justificativa (o porquê do projeto?)
A justificativadescreve as razões pelas quais o projeto precisa acontecer,
e como pode impactar positivamente a qualidade de vida da população envolvida
gerando mudança social. Mostrar a eficácia das suas ações, e de que forma elas
contribuirão para a transformação da realidade.
Também é importante citar dados, referências bibliográficas e outras
experiências que reforcem a justificava do projeto. Afinal, a justificativa é a
defesa do projeto.
4- Objetivos (o que o projeto quer?)
Este é o momento de definir onde se quer chegar:
Objetivo geral – Ele demonstra de forma ampla os benefícios que
devem ser alcançados com a implementação do projeto. É amplo, abrangente e
tem alcance a longo prazo.
Objetivo Específico – É “palpável”, concreto e viável, e será alcançado
por meio de atividades desenvolvidas durante o projeto trazendo um resultado
que poderá ser medido (verificado).
Oobjetivo específico é umdesdobramento do objetivo geral.
5- Metas (como os objetivos serão alcançados?)
As metas consistem em uma ou mais ações necessárias para alcançar
determinado objetivo específico. Elas tem características quantitativa, temporal
e espacial. Ou seja, o quanto queremos alcançar, o tempo necessário e o que
lugar onde queremos atuar.
Metas claras tem a capacidade de orientar as atividades, mostrar os
caminhos, além de servir de instrumento de avaliação, afinal, pelas metas pode-
se saber o quanto foi realizado daquilo que foi previsto.
6- Público-alvo (a quem o projeto quer beneficiar?)
É a descrição realista do grupo que o projeto quer beneficiar.
Uma definição clara do público-alvo contribui para a escolha da
metodologia mais
Adequada para atingir os objetivos propostos. Assim, deve-se levar em
consideração a faixa etária, o grupo social que representa, nível de escolaridade,
situação sócio econômica, a cultura, etc.
7- Parcerias (quem vai ajudar a execução do projeto?)
Parceria não deve ser confundida com subordinação. Ela tem a ver com
a união e organização de pessoas e/ou de instituições, que tem o mesmo
interesse, um objetivo comum a ser alcançado, como por exemplo, a execução
de um projeto social.
É por meio de parcerias que se viabilizam recursos financeiros,
humanos, logísticos e técnicos por um tempo definido.
A parceria, diz respeito à associação que as entidades estabelecem
entre si, com o objetivo de se apoiarem reciprocamente e tirarem alguma
vantagem dessa associação.
Os parceiros não são apenas aqueles que vão investir dinheiro no
projeto. São parceiros também aqueles que de uma forma ou de outra vão fazer
algum tipo de investimento. Exemplo: parceiros financeiros, voluntários, parceria
logística, beneficiários, etc
8- Metodologia (de que maneira as ações serão realizadas?)
A metodologia, também chamado Plano de Ação, define o caminho a ser
percorrido ao longo do projeto, ou seja, como o projeto vai se desenvolver.
É na metodologia que se esclarece ao leitor os referenciais teóricos
(oficinas, palestras seminários, cursos, etc ) que norteiam o trabalho e os
métodos a serem utilizados para alcançarem os objetivos específicos propostos.
É muito importante que se mostre, nesta etapa, a razão da escolha de
determinado método de trabalho e a forma como ele será empregado para
sensibilizar e mobilizar as comunidades envolvidas.
9- Diagnóstico (como é o ambiente onde o projeto está?)
É a leitura do ambiente. O diagnóstico está voltado para a análise do
contexto em seu aspecto físico (de infraestrutura, sócioambiental, cultural, etc.)
É fazer um levantamento realístico do ambiente que abriga a situação-problema.
As principais características da população local (demográficas,
socioeconômicas, sociopolíticas, ambientais, culturais, comportamentais, etc).
É o levantamento das necessidades, mas também das potencialidades,
por isso é de suma importância usar dados oficiais evitando assim, uma redação
tendenciosa.
10- Avaliação (como será medido o desempenho do projeto?)
É neste item do projeto que se esclarece como será o sistema de
monitoramento e avaliação, apontando alguns indicadores tangíveis e/ou
intangíveis, os instrumentos e estratégias de coleta de dados, ou outras formas
de avaliação.
Deve-se também dizer se a avaliação será no decorrer do projeto ou no
final.
11- Cronograma (como será a administração das etapas e recursos?)
Podemos entender cronograma como sendo uma ferramenta,
normalmente apresentado em forma de tabela, utilizado para gerenciar
atividades, tempo e recursos que serão investidos em um projeto. Neste caso,
os tipos mais usados são:
 Cronograma de atividades (como será a administração das etapas e
recursos?)
O cronograma de atividades é importante ferramenta à nossa disposição
na elaboração de um projeto social, pois serve de guia das atividades ao longo
da realização do projeto.
O cronograma tem a capacidade de mostrar, inclusive graficamente, o
tempo que será usado em cada etapa, o tempo estimado para cada atividade a
ser cumprida, etc. Ou seja, ele é ferramenta indispensável para o gerenciamento,
pois permite visualizar de forma simples e rápida o andamento do projeto. É por
meio que permite visualizar o que vai ocorrer ao longo do tempo.
 Cronograma financeiro ou orçamento (quanto vai custar e de onde
virá o sustendo financeiro?)

Nenhum projeto social deve ignorar a importância do cronograma


financeiro. É por meio dele que se terá a previsão do montante de investimento
financeiro do projeto.
Este item do projeto exige muita atenção, por isso é importante que seja
elaborado por alguém que domine tecnicamente o assunto para evitar
incoerências, pois um erro aqui, pode comprometer a aprovação, ou até mesmo
o projeto como um todo.
Ao final da formação teórica, os participantes farão atividades de prática
de elaboração de partes de projetos simulado, onde terão a oportunidade de
demonstrar seus conhecimentos.

RECURSOS MATERIAIS

Os recursos materiais utilizados pela oficina serão resumo do conteúdo


teórico apostilado, notebook e data show para exibição de slides, papel e caneta,
quadro branco e pincel.

AVALIAÇÃO
Os participantes terão 2 h/a de prática colaborativa para elaboração dos
principais passos de um projeto social, na qual terão avaliados pela ministrante
em sua atuação participativa.

REFERÊNCIAS

CURY, Thereza Chistina Holl. Elaboração de Projetos Sociais. s/d. Disponível


em: www.idealdownloads.com.br/.../784/elaboracao-de-projetos-sociais.html.
Acesso em 16/10/2014.

KLINK, Amir. Curso: Introdução a Projetos. Disponível


emhttp://stoa.usp.br/fjcapeletto/files/696/3598/Introducao+a+Projetos.pdf.
Acesso 30/09/2014.

SESI. Elaboração de Projetos Comunitários. s/d. Disponível em


www.slideshare.net/EulaliaMata/modelo-de-plano-do-projeto-comunitario. Acesso
em 03/10/2014.

SILVA, Márcia. Apostila Oficina de Elaboração de Projetos. Setembro de


2011. Disponível em
www.institutoarcor.org.br/images/inscricao/apostila_revisada.pdf . Acesso em
27/10/14.

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