Ansiedade Caso Clinico

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O Tratamento da Ansiedade por Intermdio da Acupuntura: Um Estudo de Caso


The Treatment of Anxiety Through Acupunture: A Case Study El Tratamiento de la Ansiedad por Intermedio de la Acupuntura: Un Estudio de Caso

Andr Luiz Picolli da Silva Universidade Federal do Par

Experincia

PSICOLOGIA CINCIA E PROFISSO, 2010, 30 (1), 200-211

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Resumo: A ansiedade um fenmeno amplamente estudado no ocidente pela Psicologia, pela psicanlise e pela Medicina. Caracteriza-se por um estado subjetivo desagradvel de inquietao, tenso e apreenso. Embora a terminologia ansiedade no seja encontrada na literatura da medicina tradicional chinesa, os sintomas descritos so amplamente estudados. Tal literatura considera essa patologia metaforicamente uma desarmonia do esprito, e apresenta uma srie de possibilidades de intervenes por tcnicas tradicionais como a acupuntura. O objeto deste artigo relatar o tratamento realizado por meio da acupuntura a uma paciente que apresentava transtorno de ansiedade. Aps a identificao dos sintomas de ansiedade, realizados pela queixa da paciente e pela anlise clnica embasada no DSM IV, foram realizadas 10 sesses de acupuntura tradicional chinesa, utilizando como referencial terico a literatura clssica da medicina chinesa. Os resultados obtidos foram a diminuio parcial dos sintomas a partir da quarta sesso e uma significativa melhora da paciente, com o relato do alvio dos sintomas a partir da sexta sesso de tratamento. Palavras-chave: Acupuntura. Ansiedade. Terapia complementar. Sade. Abstract: Anxiety is a phenomenon widely studied in the West by psychology, psychoanalysis and medicine. It is characterized by an unpleasant subjective state of worry, tension and apprehension, in which it is difficult to relax. Although the terminology anxiety is not found in the literature of Chinese traditional medicine, the described symptoms are studied widely. Such literature considers that pathology metaphorically as a discord of the spirit and presents a series of possibilities of interventions for traditional techniques as the acupuncture. The objective of this article was the treatment accomplished through acupuncture to a patient that presented anxiety disorder. After the confirmation of the diagnosis 10 sessions of Chinese traditional acupuncture were accomplished, using as theoretical reference the classic literature of Chinese medicine. The results were the partial suppression of the symptoms starting from the fourth session and a total recovery of the patient by the disappearance of all of the symptoms starting from the sixth treatment session. Keywords: Acupuncture. Anxiety. Complementary therapy. Health. Resumen: La ansiedad es un fenmeno ampliamente estudiado en el occidente por la Psicologa, por el psicoanlisis y por la Medicina. Se caracteriza por un estado subjetivo desagradable de inquietud, tensin y aprehensin. Aunque la terminologa ansiedad no sea encontrada en la literatura de la medicina tradicional china, los sntomas descritos son ampliamente estudiados. Tal literatura considera esa patologa metafricamente una desarmona del espritu, y presenta una serie de posibilidades de intervenciones por tcnicas tradicionales como la acupuntura. El objeto de este artculo es relatar el tratamiento realizado por medio de la acupuntura a una paciente que presentaba trastorno de ansiedad. Despus de la identificacin de los sntomas de ansiedad, realizados por la queja de la paciente y por el anlisis clnico basado en el DSM IV, fueron realizadas 10 sesiones de acupuntura tradicional china, utilizando como referencial terico la literatura clsica de la medicina china. Los resultados logrados fueron la disminucin parcial de los sntomas desde la cuarta sesin y una significativa mejora de la paciente, con el relato del alivio de los sntomas desde la sexta sesin de tratamiento. Palabras clave: Acupuntura. Ansiedad. Terapia complementar. Salud.

A medicina tradicional chinesa e, mais especificamente, a acupuntura, ainda so campos de estudos pouco conhecidos pelos psiclogos brasileiros. Somente depois da regulamentao do uso da acupuntura como tcnica complementar, pelo Conselho Federal de Psicologia, com a Resoluo CFP n05/2002, foi que a mesma comeou a despertar o interesse dos psiclogos que trabalham no mbito clnico e da sade. A acupuntura um dos muitos elementos que compem a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que tambm utiliza prticas como a massagem, a fitoterapia, exerccios

fsicos e respiratrios, como o tai chi chuan e o qi qong, para promover a sade fsica, psquica e espiritual do indivduo. De acordo com Campiglia (2004), Vectore (2005) e Silva (2007), a medicina tradicional chinesa e, portanto, a prpria acupuntura, se baseia no princpio de que o homem deve estar em harmonia com as foras primordiais da natureza, que os chineses chamam de yin e yang (dois princpios opostos e complementares que compem todo o universo), sendo que essa harmonia gera um equilbrio que pode ser traduzido como sade, e, por sua vez, o desequilbrio, como doena. O princpio bsico da acupuntura sustenta

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que o equilbrio mantido no corpo humano por meio do fluxo suave de uma energia denominada pelos chineses qi, bem como pelo fluxo, tambm suave, pelo corpo, do sangue, denominado pelos chineses como xue. Problemas ambientais, alimentares, emocionais ou espirituais podem causar algum tipo de alterao na circulao do qi e do xue no organismo, originando assim algum tipo de disfuno ou patologia. A partir do momento em que alguma patologia esteja instalada no organismo, uma das formas de elimin-la ou de minimiz-la seria a insero de agulhas em pontos especficos do corpo, que tem a propriedade de restabelecer esse fluxo suave, ou seja, pela prtica da acupuntura (Silva, 2007; Xinnong, 1999). Tendo esse princpio como base, qualquer tipo de disfuno ou patologia, como, por exemplo, a ansiedade, pode ser tratada por intermdio da acupuntura; porm, realizar o tratamento de uma patologia como a ansiedade pela acupuntura talvez no seja um procedimento to simples de realizar como possa parecer em um primeiro momento, porque, na literatura da medicina tradicional chinesa, no existe referncia a essa patologia especfica, cuja nomenclatura tipicamente ocidental. A prpria ansiedade um fenmeno ainda insuficientemente compreendido mesmo no ocidente, pois, ao mesmo tempo em que apresenta sintomas especficos, ela prpria pode ser entendida como sintoma de outras patologias. E a partir desse entendimento (da ansiedade como um sintoma) que possvel traar paralelos entre o conhecimento ocidental e a acupuntura chinesa. Comparando as sintomatologias descritas, possvel identificar o que os tratados clssicos chineses escreviam sobre o que atualmente se classifica de ansiedade, e, desse modo, realizar no ocidente o tratamento nos moldes descritos pelos princpios tradicionais da China.

O entendimento do fenmeno ansiedade pela cincia ocidental


A ansiedade h muito j foi identificada na cincia ocidental e bastante estudada pelas reas da Psicologia, da psicanlise e da Medicina. A ansiedade no considerada um fenmeno necessariamente patolgico, e mais bem entendida como uma funo natural do organismo que permite que o mesmo esteja preparado ou que se prepare para responder da melhor forma possvel a uma situao nova e desconhecida ou a uma situao j conhecida e interpretada como potencialmente perigosa. Entretanto, se a ansiedade atingir graus muito elevados e contnuos, ela pode ser considerada prejudicial ao organismo, pois far com que este permanea em constante estado de alerta, configurando ento, uma situao patolgica. Na cincia ocidental, ainda no se sabe ao certo quais as causas para o surgimento da ansiedade, e, embora os estudos de base biolgica estejam avanados, as melhores explicaes ainda so as de base psicodinmica (Kaplan, Sadok, & Greb, 1997). Para esses autores, ainda possvel fazer uma distino entre uma ansiedade considerada normal e uma ansiedade patolgica, e afirmam que a ansiedade apresenta qualidades de preservao da vida, pois alerta o indivduo sobre uma possvel ameaa interna ou externa. Nesse sentido, ela tem a funo de preparar o indivduo para que este se proteja de uma ameaa ou, em no conseguindo faz-lo, que pelo menos diminua suas consequncias. Assim, a ansiedade est presente na vida de uma pessoa ao longo de toda a sua existncia, e pode ser entendida como um acompanhamento normal das diversas mudanas que ocorrem na vida. Entretanto, tal fenmeno pode apresentar um carter patolgico quando surge como uma resposta

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inadequada, devido a sua intensidade ou durao, perante um determinado estmulo. Quando a ansiedade se apresenta em uma intensidade ou durao elevada, no proporcional ao estmulo frente ao qual o indivduo se encontra, possvel dizer que se est diante de um quadro patolgico, de um transtorno de ansiedade. Em relao aos transtornos de ansiedade, o DSM-IV (2002) classifica 14 tipos diferentes de transtornos que podem ser enquadrados nessa categoria, sendo que, para este trabalho, interessante destacar o transtorno de ansiedade generalizada, por ser esse o transtorno que apresenta sintomas mais prximos aos sintomas apresentados pela paciente objeto deste estudo. De acordo com o DSM-IV, o transtorno de ansiedade generalizada se caracteriza por:

somtico, motor, no do humor e no da cognio. Em relao aos sintomas de humor, o sofrimento advindo da ansiedade tem a caracterstica de apresentar um sentimento constante de que o indivduo ser condenado por algo, ou que algo terrvel ir acontecer; desse modo, o indivduo pode apresentar sensaes de tenso, medo, irritabilidade e depresso. Os sintomas cognitivos, por sua vez, dizem respeito apreenso e/ou preocupao com uma possvel condenao ou desastre que pode vir a ocorrer e que o indivduo antecipa. Os sintomas somticos, de acordo com Homes, podem ser divididos em dois tipos; os primeiros podem ser chamados de imediatos, que podem ser boca seca, suor, respirao curta, sensaes de tenso muscular, latejo na cabea, pulso rpido e aumento de presso sangunea. J os segundos so resultantes de um estado crnico de ansiedade, que pode debilitar o sistema fisiolgico ocasionando fadiga geral, sofrimento intestinal, fraqueza muscular, hipertenso e constantes dores de cabea. Por fim, os sintomas motores dizem respeito impacincia e inquietao que indivduos em estados ansiosos podem apresentar, sendo comum que pessoas nesse estado emitam rpidos e repetidos movimentos com dedos, ps ou pernas ou respostas de susto muito exageradas a estmulos como rudos ou presena sbita de pessoas.

...uma ansiedade ou preocupao excessiva (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por um perodo de pelo menos 6 meses... O indivduo considera difcil controlar a preocupao. A ansiedade e a preocupao so acompanhadas de pelo menos trs sintomas adicionais, de uma lista que inclui inquietao, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se, irritabilidade, tenso muscular e perturbao do sono... embora os indivduos com transtorno de ansiedade generalizada nem sempre sejam capazes de identificar suas preocupaes como excessivas, eles relatam sofrimento subjetivo devido a constante preocupao, tm dificuldade em controlar a preocupao, ou experimentam prejuzo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras reas importantes... A intensidade, durao ou freqncia da ansiedade ou preocupao so claramente desproporcionais real probabilidade ou impacto do evento temido. (DSM-IV, 2002, p. 457)

Compreenso do fenmeno ansiedade pelo referencial terico da medicina tradicional chinesa acupuntura
A palavra ansiedade uma palavra ocidental que se refere a um estado somato-psquico descrito pela Psicologia e pela Medicina ocidentais. Nesses termos, a terminologia ansiedade no uma terminologia oriental, portanto, na literatura clssica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), impossvel encontrar descries de tratamentos para

Ainda sobre as principais caractersticas apresentadas nos transtornos de ansiedade, interessante destacar Homes (1997), que indica que, nesses casos, os indivduos apresentam sintomas especficos nos campos

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ansiedade. Aliado a isso, na MTC, no existe separao entre mente, corpo e esprito, portanto, no existem classificaes de doenas ou distrbios exclusivamente psicolgicos ou psiquitricos, como ocorre no ocidente, como, por exemplo, no caso de transtornos de ansiedade. Entretanto, de acordo com Ling-Shu (1995), na MTC, existe uma classificao de doenas nas quais se enquadram as patologias que apresentam maior sintomatologia psquico/ emocional, as chamadas dian-kuang, que podem ser traduzidas por perturbaes mentais. Nas dian-kuang, porm, esto enquadradas as patologias mais severas, o que, no ocidente, pode ser traduzido por psicoses. Assim sendo, distrbios menos intensos, como, por exemplo, estados ou transtornos de ansiedade, no poderiam ser classificados como patologias dian-kuang. Nessa perspectiva, autores como Campiglia (2004) e Auteroche e Navailh (1992) entendem que fenmenos como a ansiedade so sintomas (assim como no ocidente) de distrbios de outra ordem. Aliado a isso, como na MTC no existe separao entre corpo, mente e esprito, uma desarmonia em um dos cinco principais rgos do corpo (na perspectiva chinesa: corao, baopncreas, pulmo, rins e fgado) ocasionar automaticamente um desequilbrio nos aspectos mentais e espirituais desses rgos, chamados respectivamente de shen, hun, po, yi e zhi. Nessa perspectiva, como a ansiedade sintoma de uma desarmonia, ela pode ser sintoma de desequilbrio de qualquer um desses aspectos, sendo, porm, mais marcadamente considerada um distrbio do shen, que significa esprito (Campiglia, 2004), ressaltando-se que, para os chineses, o esprito reside no corao. Esse esprito no fica preso no corao, mas circula por todo o corpo, garantindo a vitalidade e a conscincia, regulando o humor e a sensao de bem-estar no mundo, como destaca Campiglia (2004):

O Shen aloja-se no corao. O corao o rgo que funciona como receptculo das funes ativas da conscincia, ele abriga ou expressa sentimentos, emoes, desejos mais profundos, imaginao, intelecto e memria dos eventos passados. Como um copo ou clice, o corao contm o sangue e o Shen, que so seu contedo, seu vinho sagrado... Ou seja, ao se alojar no corao, o Shen no est em um lugar fixo, mas circula como o sangue nos vasos. Ele est em todo o corpo, pois o sangue dos vasos irriga tudo, da pele aos olhos. O Shen , portanto, uma atividade dinmica que est na essncia do corao. Adquire-se e desenvolve-se a conscincia interagindo com o mundo e com os prprios rgos e o Shen est presente em cada um deles. (p 92)

Assim, para os chineses, um distrbio no corao corresponde automaticamente a uma desarmonia no esprito. A ansiedade, ento, pode ser entendida como o resultado de uma desarmonia do esprito, seja por uma situao de excesso, insuficincia ou estagnao de qi (energia) ou xue (sangue) no corao ou em outros rgos que acabam afetando o corao. Essa situao de excesso, insuficincia ou estagnao pode ser causada pelos seis fatores patognicos externos, vento, frio, calor, umidade, secura e fogo; pelos sete fatores internos, alegria, raiva, tristeza, pesar, preocupao, medo e pavor, ou pelos fatores nem internos nem externos, como a alimentao, os traumas, o excesso de trabalho, de exerccios fsicos ou de relaes sexuais (Campiglia, 2004; Chonghuo, 1993). Embora no existam na literatura clssica da MTC referncias especficas ao fenmeno ansiedade, a no ser como um sintoma de distrbios nos cinco rgos, mais preponderantemente no corao, j existem autores modernos, como Ross, que traam um paralelo mais direto entre as terminologias ocidental e oriental. Para Ross (2003, p. 461), a ansiedade pode ser definida como um estado subjetivo desagradvel e inquieto de tenso e apreenso, no qual difcil relaxar ou encontrar calma e paz. Tomando como base o princpio chins da indissociabilidade entre corpo, mente e esprito e da relao entre os cinco rgos,

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Ross (2003) tambm enfatiza que a ansiedade causada por uma perturbao do sistema do corao. O autor acrescenta que o surgimento de distrbios de ansiedade est relacionado constantemente a um desequilbrio entre os sistemas do corao e do rim: A ansiedade do corao est baseada no medo do rim, com sentimentos caractersticos de apreenso, do medo de que algo terrvel acontea. A ansiedade pode ento vir combinada de sobressaltos e receio, com sinais fsicos como tremor, freqncia urinria ou intestinos soltos (Ross, 2003, p. 464). De acordo com o autor, a ansiedade o resultado de um distrbio do shen, um sintoma que indica que o esprito no est conseguindo se mover de modo adequado pelo corpo. Nesse sentido, Ross (2003, p. 465) afirma que, na perspectiva chinesa, existem pelo menos trs tipos diferentes de ansiedade, de acordo com a situao que a originou:
A ansiedade pode ento vir combinada de sobressaltos e receio, com sinais fsicos como tremor, freqncia urinria ou intestinos soltos (Ross, 2003, p. 464).

descanso, excesso de trabalho, estresse, doena e nutrio deficiente, alm de outros fatores. A deficincia do qi do corao e do rim, do yin do corao e do rim, e do sangue do corao e do bao podem dar origem ansiedade, j que o qi, o yin e o sangue so necessrios para manter o esprito estvel.

Descrio da paciente tratada por meio da acupuntura tradicional chinesa


A paciente objeto deste estudo foi uma mulher com 39 anos, casada, com trs filhos, residente no interior de uma cidade com cerca de 8.000 habitantes e com economia baseada na agricultura. Quanto profisso, refere-se a si prpria como do lar, apesar de ajudar o marido na lida do campo, na plantao de milho e soja e na criao de porcos. Procurou atendimento psicolgico por apresentar, de acordo com seu relato, um constante estado de ansiedade aliado a uma depresso leve, e relatou tambm apresentar um quadro de medo advindo de eventuais episdios de sensao de morte e uma grande preocupao com a famlia, embora no saiba definir em relao a que essa preocupao se apresentava. A paciente relatou que, h 9 anos, apresentou um quadro de depresso diagnosticado por um mdico clnico geral da cidade onde morava, e realizou tratamento com antidepressivos por 3 anos, apresentando um relativo alvio dos sintomas. Desde ento, utilizou um antidepressivo natural chamado Iprico, porm este tambm ocasionava apenas a supresso temporria dos sintomas, tendo de ser consumido com bastante regularidade. Durante as crises, a paciente relatou que ficava extremamente sensvel, com sensao de peso no corpo e na cabea, afirmando sentir mais os sintomas no perodo noturno, principalmente antes de dormir. Afirmou tambm que sentia presso no peito, com

Ansiedade por excesso: ...O fogo fleuma do corao uma forma de excesso que pode levar ansiedade e confuso de pensamento, linguagem e comportamento. Consiste, essencialmente, em fleuma, decorrente da deficincia do bao, em combinao com o fogo do corao. Pode surgir de um estresse emocional ou do excesso de fumo, do lcool e de alimentos gordurosos, com falta de exerccios fsicos. Ansiedade por estagnao: A estagnao pode dar origem ao distrbio do movimento. A estagnao do qi do corao e do qi do fgado, por exemplo, decorrentes da estagnao emocional, podem levar ao distrbio do esprito do corao e hiperatividade do yang do fgado, levando ansiedade. A estagnao do qi pode resultar em acmulo de fleuma, que pode perturbar a livre circulao do esprito, causando ansiedade. Ansiedade por deficincia: a ansiedade aumenta quando a energia est reduzida, quando h deficincia por falta de sono e

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dificuldade para encher o pulmo, ficava agitada mentalmente, ao mesmo tempo em que apresentava apatia para realizar as atividades do cotidiano e sem capacidade de traar perspectivas para o futuro. A ocorrncia dos sintomas era constante (todos os dias), e eram aliviados apenas com o uso da medicao; entretanto, ressaltou que existia uma pequena acentuao dos sintomas pela manh, quando acordava, e noite, quando ia dormir. Em relao ao incio de suas preocupaes e sensaes desagradveis, informou que surgiram quando tinha aproximadamente 13 anos; o pai, que tinha cncer, estava sempre doente, e a paciente ficava constantemente com medo de sua morte. A paciente no acredita que os seus sintomas atuais tenham ligao direta com o pai, que morreu quando ela tinha 22 anos. Afirmou, porm, que os mesmos comearam a surgir com intensidade, quando tinha 27 anos e depois que um tio, que era muito parecido com o pai, tambm morreu. De acordo com a paciente: estvamos enterrando o pai pela segunda vez. A partir dos relatos feitos pela paciente nas entrevistas iniciais, relacionou-se a sua fala com o que est descrito no DSM-IV (2002), e foi possvel identificar que a mesma apresentava caractersticas de um transtorno de ansiedade generalizada. Alm disso, a paciente se caracterizava tambm por ser uma pessoa bastante simples, com pouca instruo formal, o que, por vezes, dificultava a exposio de seus sentimentos, sendo suas falas bastante sucintas e as respostas s perguntas geralmente monossilbicas. Tais caractersticas constituram um elemento que dificultou a realizao de atendimento psicolgico baseado exclusivamente em um tratamento pela fala, razo pela qual se ofereceu paciente a possibilidade de realizar um tratamento complementar utilizando-se a tcnica da acupuntura, que foi aceita. Em relao a aspectos gerais da paciente, dentro de um padro de diagnstico pela acupuntura, a mesma afirmava no gostar

muito do frio, preferindo o calor; apresentava bastantes calafrios, principalmente quando estava nervosa, e no costumava ter febres nem transpirar com facilidade; apresentava boa digesto e sua sede era normal; no sentia nenhum sabor mais acentuado e tinha bom sono, entretanto, apresentava sonhos repetitivos quando estava deprimida; eram sonhos recorrentes, que geralmente envolviam desastres, como avies caindo perto de casa. Quanto urina, apresentava cor, volume e frequncia normais; o mesmo em relao aos intestinos e ao ciclo menstrual. Em relao aos rgos dos sentidos, apresentava apenas leve dificuldade para enxergar de perto.

Resumo clnico da doena o diagnstico pela medicina tradicional chinesa e princpios de tratamento por intermdio da acupuntura
Com base nas entrevistas realizadas com a paciente e na apalpao dos pulsos, que apresentavam, principalmente, sinais de corao em excesso e bao deficiente ou estagnado e rim bastante deficiente, levantou-se a hiptese diagnstica, dentro da perspectiva da medicina tradicional chinesa, de que a ansiedade ocorria, de acordo com Auteroche e Navailh (1992), Ross (2003) e Chonghuo (1993), por excesso de fogo no corao, e, possivelmente, fleuma por insuficincia do bao, que, nessa situao, no conseguia retirar a umidade adequadamente. Essa hiptese foi reforada pelo exame da lngua, que constantemente se apresentava grossa, redonda, edemaciada, sem saburra, com marcas de dentes e com petqueas na regio correspondente ao corao. Alm disso, foi possvel ainda fazer uma conjetura utilizando a teoria dos cinco elementos descrita por Yamamura (2001) e Xinong (1999), estabelecendo suposies que, devido a traumas emocionais sofridos, como, por exemplo, uma contnua tristeza

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e frustrao devido doena e morte do pai e, posteriormente, do tio, a paciente tivesse elevado intensamente o receio e a preocupao consigo mesma e com a famlia, o que continuamente foi debilitando o bao ao longo dos anos. Com o bao debilitado, esse comeou a exigir mais energia do corao, o que fez com que o fogo do mesmo ficasse elevado. A deficincia do bao e a prpria tristeza e magoa contnua podem ter debilitado o pulmo, o que contribuiu para agredir ainda mais o rim, tambm debilitado pelo receio. Nessa perspectiva, com o corao em excesso e o rim debilitado, a gua do rim no conseguiu mais controlar o fogo do corao, e o shen ficou agitado, surgindo ento os sintomas caractersticos da ansiedade (fenmeno assim denominado no ocidente). Assim sendo, para reverter esse quadro, optou-se essencialmente pelo tratamento recomendado na medicina tradicional chinesa, por Auteroche e Navailh (1992), Ross (2003) e Chonghuo (1993), que acalmar o corao, remover a estagnao do bao e fortalecer o bao e o rim por meio da insero de agulhas em pontos especficos do corpo que, combinados, apresentam essa finalidade, ou seja, pela acupuntura.

R6 (sexto ponto do canal de energia do rim) Tonifica o yin do rim, a deficincia do rim, nutre o yin, principalmente quando existe excesso de fogo no corao, promove o sono e os fluidos corpreos. C7 (stimo ponto do canal de energia do corao) Tonifica o corao, equilibra o yin e o yang, estabiliza o corao, clareia a mente, acalma a mente e as emoes, regula o esprito, tonifica o sangue, tonifica o yin do corao, elimina o fogo. CS6 (sexto ponto do canal de energia do corao/sexualidade) Move a estagnao e acalma irregularidades do qi, remove a estagnao de sangue e fleuma, acalma o esprito, remove a estagnao do qi do pulmo, tonifica o corao; indicado para dor, choque e traumatismo. CS7 (stimo ponto do canal de energia do corao/sexualidade) Acalma o esprito, move a estagnao e regula o qi do corao e do estmago. E25 (vigsimo quinto ponto do canal de energia do estmago) Regula o estresse emocional, regulariza o qi. E36 (trigsimo sexto ponto do canal de energia do estmago) Fortalece o bao e o estmago para produzirem qi e sangue, que eliminam a umidade; faz subir o qi, tonifica o sangue e o qi, estabiliza a mente e as emoes, regulariza o qi defensivo e nutritivo. P5 (quinto ponto do canal de energia do pulmo) Resfria e acalma o pulmo, trata a reteno de fleuma no pulmo, trata a deficincia de yin no pulmo. P7 (stimo ponto do canal de energia do pulmo) Expele o vento externo, fortalece o pulmo melhorando a circulao do qi defensivo, remove a estagnao do qi do pulmo, remove as emoes estagnadas do pulmo, como a tristeza e a mgoa reprimidas.

Relato do caso mtodo do tratamento realizado e explicao dos princpios e pontos utilizados
No tratamento dos sintomas da paciente, foram utilizados os pontos de acupuntura abaixo relacionados, que apresentam (dentre outras) as seguintes funes de acordo com Focks (2005) e Ross (2003): R3 (terceiro ponto do canal de energia do rim) Regula o equilbrio do yin e do yang, fortalece e estabiliza a mente e as emoes, equilibra a labilidade emocional, a deficincia do qi do rim; tonifica o rim e beneficia a essncia e tonifica o sangue.

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P9 (nono ponto do canal de energia do pulmo) Tonifica o qi do pulmo, tonifica o yin do pulmo, fortalece os vasos sanguneos e a circulao do sangue. IG4 (quarto ponto do canal de energia do intestino grosso) Remove o vento exterior, remove o calor, relaxa a tenso muscular, move estagnaes do sangue, acalma a hiperatividade do yang do fgado, acalma a mente, tonifica o qi e o sangue. IG11 (dcimo primeiro ponto do canal de energia do intestino grosso) Expele o vento exterior, remove o calor, relaxa a tenso muscular e alivia a dor, acalma a hiperatividade do yang do fgado, resolve a umidade. F3 (terceiro ponto do canal de energia do fgado) Move a estagnao do qi e do sangue, acalma a hiperatividade do yang do fgado, elimina o vento do fgado e reduz espasmos e dor; tonifica o sangue e acalma o esprito. F14 (dcimo quarto ponto do canal de energia do fgado) Move a estagnao do qi do fgado, elimina a umidade calor do fgado; utilizado para congestionamento mental e emocional. VC4 (quarto ponto do canal de energia do vaso da concepo) Fortalece o jing, o qi, o yin e o yang do rim, dispersa a estagnao do qi. VC6 (sexto ponto do canal de energia do vaso da concepo) Tonifica a deficincia e move a estagnao do qi. VC12 (dcimo segundo ponto do canal de energia do vaso da concepo) harmoniza a preocupao e a insegurana, tonifica a deficincia do qi e do yang do bao, move a estagnao e regula a rebelio do qi do estmago. VC15 (dcimo quinto ponto do canal de energia do vaso da concepo) Acalma o

esprito quando este est agitado pelo fogo do corao ou obstrudo pela fleuma no corao. VC17 (dcimo stimo ponto do canal de energia do vaso da concepo) Dispersa a estagnao do qi, remove a estagnao do qi do corao, do sangue do corao, do qi do pulmo e do aquecedor superior. BP3 (terceiro ponto do canal de energia do bao-pncreas) move a estagnao do qi do bao, tonifica a deficincia e fortalece o bao, resolve o esgotamento e o embotamento mental por umidade e fleuma. BP6 (sexto ponto do canal de energia do bao-pncreas) Tonifica o bao, o qi e o sangue, elimina a umidade, tonifica o yin, acalma a mente, regula o qi do fgado. BP9 (nono ponto do canal de energia do bao-pncreas) Elimina a umidade. TA4 (quarto ponto do canal de energia do triplo aquecedor) Tonifica a deficincia do qi do rim, remove o excesso do vento e calor e a estagnao do qi. TA5 (quinto ponto do canal de energia do triplo aquecedor) Remove vento e calor e a estagnao do qi do fgado. Yintang (ponto extra localizado no entre as sobrancelhas) Acalma a mente, diminui cefalia, tonturas e a sensao de peso na cabea; utilizado em casos de estados de ansiedade, de distrbios do sono e em estados de confuso mental. A seleo e a utilizao desses pontos ocorreram a partir de breve investigao oral da paciente e do exame dos pulsos e da lngua em cada sesso. Dentro da perspectiva terica da acupuntura, possvel identificar a qualidade da energia qi dos rgos do corpo, a saber, pulmo, bao-pncreas, ming men (rgo da medicina chinesa correspondente a um dos rins), corao, fgado e rim, por intermdio do exame dos pulsos do

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paciente (Auteroche & Navailh, 1992; Flaws, 2005; Yamamura, 2001; Xinong, 1999). Procedimento semelhante pode ser realizado pelo exame da lngua, que apresentar, em reas especficas (correspondentes aos rgos do corpo), sinais como edemas, palidez, vermelhido, rachaduras, saburras de diversas espessuras e tonalidades (Maciocia, 2003; Xinong, 1999). A partir do exame da lngua e dos pulsos, a qualidade da energia de cada rgo pode ser classificada como normal, em excesso, estagnada, deficiente ou inexistente, sendo que cada uma dessas caractersticas acarretar uma sintomatologia diferenciada no paciente, que tratado com a estimulao, a sedao ou a harmonizao de pontos de acupuntura especficos (Maciocia, 2003). A estimulao de um ponto de acupuntura feita com a insero da agulha no mesmo sentido do fluxo do canal de energia, deixando-se a agulha inserida no corpo por um tempo reduzido, aproximadamente 10 a 15 minutos. J a sedao do ponto feita de modo oposto: a agulha inserida no sentido contrrio ao fluxo de energia do canal, e deixada por tempo maior, mais de 30 minutos. Por sua vez, a harmonizao de um ponto de acupuntura feita com a insero perpendicular da agulha no canal de energia, e a mesma deixada por um tempo mdio, de 20 a 25 minutos (Auteroche & Auteroche, 1996; Chonghuo, 1993; Xinong, 1999). Nesse tratamento, foram realizadas 10 sesses de acupuntura, realizadas inicialmente uma vez por semana, com durao mdia de 50 minutos; entretanto, a paciente j relatava alguma melhora dos sintomas a partir da quarta sesso. Como carter ilustrativo, segue a descrio geral dos pulsos da paciente e dos pontos utilizados durante as sesses de acupuntura. 1, 2, 3 e 4 Sesses Situao geral dos pulsos: Pulmo: normal Corao: excesso Bao-pncreas: deficiente Fgado: deficiente Ming Men: inexistente Rim: deficiente

Diferentes pontos utilizados ao longo das sesses: R3, R6, E36, BP3, BP6, P5, BP9, P7, VC4 e VC12 Tonificando, para fortalecer o rim, nutrir o sangue, retirar a umidade e fortalecer o bao, melhorar a absoro e a circulao do qi, fortalecer o pulmo, equilibrar as emoes e remover estagnaes. F3, C7, CS6, CS7, IG4 Harmonizando, para estabilizar as emoes, harmonizar o corao, o sangue o qi e o shen. A partir da quarta sesso, a paciente relatou uma significativa diminuio dos sintomas que a trouxeram ao atendimento, informou sentir grande alvio das sensaes desagradveis que sentia antes e que agora apresentava uma permanente sensao de tranquilidade. 5 e 6 Sesses - Situao geral dos pulsos: Pulmo: normal Corao: excesso Bao-pncreas: inexistente Fgado: deficiente Ming Men: inexistente Rim: deficiente Diferentes pontos utilizados ao longo das sesses: VC4, P7, BP3, BP6, BP9, E36, R3 Tonificando, para fortalecer pulmo, bao e rim, tonificar e melhorar a circulao de qi e xue. F3, F14, CS6, CS7, IG4, C7, E25, VC17, VC12 Harmonizando, para retirar obstrues e estagnaes do fgado, harmonizar o corao e o shen, regular as emoes e melhorar a circulao de qi e xue. Na sexta sesso, a paciente relatou ter suspendido por deciso prpria a utilizao do antidepressivo natural que estava utilizando. Declarou que estava se sentido muito melhor desde que havia comeado o tratamento, e acreditava que no haveria mais necessidade de realizar uma sesso por semana, tendo sido acordado que, a partir de ento, as sesses iriam ocorrer a cada 15 dias. A partir desse momento, o principal foco do tratamento foi o de manter o padro alcanado, a fim de evitar novo surgimento dos sintomas. 7, 8, 9 e 10 Sesses - Situao geral dos pulsos

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Pulmo: normal Corao: normal Bao-pncreas: deficiente Fgado: normal Ming Men: deficiente Rim: deficiente Pontos utilizados: P7, E36, BP6, BP9, VC6, VC12, BP3 Tonificando, para fortalecer o rim, o qi e o xue e remover estagnaes. R3, F3, TA5, VC6, VC15, E25, IG4, C7, Yintang Harmonizando, para manter o fluxo suave do qi e do xue, retirar estagnaes e manter a estabilidade das emoes.

para assim fortalecer o rim e restabelecer o equilbrio entre este e o corao. importante destacar que o tratamento realizado por meio da acupuntura no proporciona curas milagrosas ou o fim total das patologias dos pacientes, como destacam Campiglia (2004), Ross (2003) e Vectore (2005). O tratamento pela acupuntura ocorre de modo processual, sendo que o restabelecimento da sade se d de modo gradual e est diretamente relacionado a condies externas (ambientais, climticas, sociais e histricas) e internas (alimentao, estados emocionais, espiritualidade), com as quais o sujeito se relaciona (Campiglia, 2004; Vectore, 2005). Um exemplo de que o tratamento processual, e no final e definitivo, pode ser observado nas ltimas sesses realizadas, na quais, apesar de a paciente no mais relatar sentir os sintomas que a trouxeram ao tratamento, ainda apresentava alteraes nos pulsos.

Discusso
A medicina tradicional chinesa entende que a maioria dos distrbios emocionais e psquicos tem em sua base uma desarmonia entre as energias dos diversos rgos do organismo, com especial destaque para as energias do corao e do rim (Auteroche & Navailh, 1992; Chonghuo, 1993; Ross, 2003). Isso fica claro quando se observa que, no entendimento chins, distrbios emocionais ou psquicos so demonstraes de distrbios do esprito (shen) do indivduo, sendo que, em chins, a palavra shen tanto significa esprito quanto rim, e que o corao (xin) o lugar de moradia do esprito (shen). Nesse sentido, possvel fazer a leitura metafrica de que o esprito no consegue encontrar condies adequadas para habitar a sua morada, por isso fica conturbado, e essa perturbao se manifesta por sintomas como, por exemplo, aqueles tpicos da ansiedade descritos pela Psicologia e pela medicina ocidentais. No caso da paciente em questo, a desarmonia foi observada por meio de entrevistas e de tcnicas prprias da acupuntura, como a palpao do pulso e o exame da lngua. Aps a delimitao do diagnstico, o tratamento visou a restabelecer o equilbrio do esprito, tendo como base os protocolos de tratamento indicados por Auteroche e Navailh (1992), Ross (2003) e Chonghuo (1993). Por essa razo, a base do tratamento foi harmonizar o corao e fortalecer o pulmo e o bao, para melhorar a absoro de qi (energia) e a circulao do qi (energia) e do xue (sangue)

Concluso
Como referido, a acupuntura no uma tcnica que propicia curas milagrosas de nenhum tipo de patologia que se pretende tratar; em vez disso, o restabelecimento da sade sempre realizado por um processo contnuo e gradual. No caso do tratamento em questo, esse restabelecimento gradual pde ser notado a partir do relato da paciente, que afirmou ter apresentado melhora dos sintomas a partir da quarta sesso de acupuntura, o que correspondeu a um ms de tratamento. Com a continuidade dos atendimentos, a partir da sexta sesso, a paciente realizou por conta prpria a suspenso dos medicamentos que usava, e relatou a reduo significativa dos sintomas iniciais, decidindo continuar com o contrato mnimo pr-estabelecido das dez sesses para melhorar ainda mais o equilbrio obtido. Por se tratar de uma sintomatologia bastante antiga, foi aconselhado paciente que mantivesse uma regularidade das sesses de

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acupuntura aps o tratamento inicial ou que continuasse com algum acompanhamento psicolgico, visto que o tratamento basicamente realizou a diminuio da intensidade dos sintomas apresentados, no podendo ser atribuda uma cura definitiva. Desde ento, a paciente no apresentou

mais os sintomas na mesma intensidade que apresentava no incio das sesses de acupuntura, sendo que, atualmente, continua realizando acompanhamento pela acupuntura com uma sesso por ms, apenas em carter preventivo e para a manuteno do seu bemestar geral.

Andr Luiz Picolli da Silva Psiclogo, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, SC Brasil. Especialista em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Acupuntura e Moxabusto de Porto Alegre, Porto Alegre, RS Brasil. Professor de Psicologia da Universidade Federal do Par - Campus de Marab, Marab, PA - Brasil. Endereo para envio de correspondncia: Rua So Francisco, n 2401 apt. B - Bairro Cidade Nova Marab, PA Brasil - CEP: 68501-690 E-mail: [email protected] Recebido 27/11/2008, 1 Reformulao 7/8/2009, 2 Reformulao 25/8/2009, Aprovado 15/9/2009.

Referncias

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