Meu Pé de Laranja Lima: Adapatação para Pessoas Com Tea

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PERSONAGENS PRINCIPAIS

Zezé – O personagem principal (protagonista);


Minguinho – O Pé de Laranja Lima;
Estefânia – Mãe de Zezé;
Paulo – Pai de Zezé;
Glória, Totóca e Luís – São os irmãos de Zezé;
Edmundo – O tio de Zezé;
Manuel Valadares – É o melhor amigo de Zezé (também chamado de Portuga), muito
rico, porém já velho;
Ariosvaldo – Cantor de Rua.

ILUSTRAÇÕES EXTRAÍDAS DOS SITE FREEPIK E GRATISPNG


O LIVRO NÃO É PARA FINS LUCRATIVOS.
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SUMÁRIO

~ PRIMEIRA PARTE ~ ~ SEGUNDA PARTE ~

1º O descobridor das coisas 1º O morcego


2º Um certo pé de Laranja Lima 2º A conquista
3º Os dedos magros da pobreza 3º Conversas para lá e para cá
4º O passarinho, a escola e a flor 4º Duas surras memoráveis
5º “Numa cadeia eu hei de ver-te morrer” 5º Suave e estranho pedido
6º De pedaço em pedaço é que se faz ternura
7º O Mangaratiba
8º Tantas são as velhas árvores
9º A confissão final
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1° Capítulo
O DESCOBRIDOR DAS COISAS

A obra conta a história de Zezé, um garoto de seis anos que mora em uma casa
simples e vive uma realidade pobre. Ele tem pai, mãe e cinco irmãos. Zezé, apesar de
ser uma criança alegre, criativa e curiosa, enfrenta alguns desafios, sua família é pobre,
ele apanha de seus pais e é ignorado. No capítulo primeiro (O descobridor das coisas),
começa em uma conversa de Zezé com seu irmão Totoca. Na conversa, seu irmão
Totoca apresenta a nova casa na qual irão morar. E esta é a nova casa na qual Zezé irá
encontrar seu Pé de Laranja Lima no quintal.
Assim conversavam:
Zezé - Paramos e Totoca mostrou a casa.
Totoca – É bem ali. Você gostou?
Era uma casa comum. Branca de janelas azuis. Toda fechada e silenciosa (pensa
Zezé)
Zezé – Gostei. Mas por que a gente tem que mudar para cá?
Totoca – É bom a gente sempre se mudar.
Zezé – Ficamos observando pela cerca um pé de mangueira de um lado e um
tamarindeiro do outro
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2° Capítulo
UM CERTO PÉ DE LARANJA LIMA

Zezé vai junto com sua família conhecer


a casa para onde irão se mudar depois do
Natal. Sua mãe dá a ideia de todos irem juntos
conhecer, mas seu irmão Totoca já havia
levado Zezé para ver a casa dias atrás:
Assim conversavam:
Sua irmã Glória – Mas que linda árvore de
Laranja Lima! Veja que não tem nem um
espinho. Ela tem tanta personalidade que a
gente de longe a gente já sabe que é um pé
de Laranja Lima. Se eu fosse do seu tamanho
Zezé, não queria outra coisa.
Zezé – Mas eu queria um pé de árvore
grandão, falou Zezé com o rosto triste.
Sua irmã Glória – Pense bem, Zezé. Ele é
pequeno ainda, vai ficar um grande pé de
laranja lima.
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3° Capítulo
OS DEDOS MAGROS DA POBREZA
(Pobreza Social)

Zezé queria levar Luís, seu irmão mais novo, para ver o caminhão cheio de
brinquedos para o Natal: Vesti Luís sem fazer barulho. Calcei os sapatinhos nos pés
dele. Abotoei o seu terno azul e procurei o pente. Mas o cabelo dele não sentava, (não
ficava baixo). Precisava fazer alguma coisa. Não tinha nada em lugar nenhum. Nem
creme, nem óleo para passar no cabelo. Zezé foi na cozinha e voltou com um pouco de
gordura de porco nas mãos. Esfreguei a gordura nas mãos e cheirei antes (Zezé).
Assim conversavam:
Zezé – Não fede nada, vou usar, disse Zezé.
Sua irmã Glória havia chegado, e viu os meninos arrumados para irem atrás do caminhão
de brinquedos, então ela disse:
Glória – Meu Deus, Por que a vida é tão difícil para uns? Tanta força para ganhar uns
brinquedos que nem prestam. Também eles não podem dar tantas coisas boas para
tanto pobre que existe. (Glória)
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4° Capítulo
O PASSARINHO, A ESCOLA E A FLOR

Neste capítulo, Zezé fala um pouco sobre suas


experiências na escola. Já vivendo em sua casa
nova, Zezé tem mais tempo para conversar com seu
pé de Laranja Lima que se tornou seu amigo
imaginário.
Assim conversavam:
Zezé descreve a ida à escola – E fomos embora
para a descoberta “maravilhosa” que eu ia fazer.
(Zezé estava falando da escola). Chegamos perto da
escola e muitas pessoas levaram crianças para
matricular. Glória o levou e o matriculou na escola e
queria saber sobre o uniforme, então perguntou:
Glória – Eu queria saber sobre os uniformes... A
senhora sabe... Papai está desempregado e somos
muito pobres.
Zezé então ganha dois uniformes e com o passar
dos dias ele contava tudo que acontecia na escola
para o seu pé de laranja lima.
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5° Capítulo
“NUMA CADEIA EU IREI TE VER MORRER”
(trecho de uma música)

No último capítulo da primeira parte, Zezé está ansioso para encontrar com o cantor
de rua o Ariovaldo, que chega ao centro da cidade às terças feiras. O menino o acha um
ótimo cantor, e por isso Zezé queria muito acompanhá-lo e ajudá-lo a vender seus CD’s
e a aprender a cantar como ele:
Assim conversavam:
Zezé – Eu queria que cantasse era Fanny. Ele sempre cantava e eu queria aprender.
Quando chegava no pedaço de “Numa cadeia eu hei de ver-te morrer”, ficava até
arrepiado de tanta beleza. Ele começou a cantar alto.
Música começa:
“Eu fui a um samba lá no morro da Mangueira
Uma cabrocha me chamou de tal maneira.
Eu não vou lá, tenho medo de apanhar.
Seu marido é muito forte. É capaz de me matar” (esse trecho da música continua)
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1° Capítulo
O MORCEGO
(o carro do seu Portuga)

O menino Zezé, é bastante agitado e gosta de fazer o que quer, mas, ao conversar
com seu amigo Pé de Laranja Lima, dizendo que irá pegar uma carona proibida no carro
do Portuga na Estrada Rio São Paulo, conhecida como Morcego, Zezé percebe que nem
sempre suas ideias são boas e que não deve seguir sempre elas. Ninguém se atrevia a
pegar uma carona no seu pneu traseiro.
Diziam que ele batia (o Portuga, dono do carro), matava e ameaçava antes de matar.
Nenhum menino da escola teve coragem até agora. Quando eu estava conversando
sobre isso com Minguinho, ele falou:
Minguinho – Ninguém mesmo, Zezé?
Zezé – Ninguém mesmo. Ninguém tem coragem.
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2° Capítulo
A CONQUISTA

Embora não parecesse, Zezé era muito


querido na escola, principalmente por sua
professora, pois ela sabia que a família não tinha
condições de ter uma vida digna, e por isso, ela
o ajudava comprando o lanche na escola. Mas
naquele mesmo dia, Zezé teve a ideia de ir pegar
goiabas no quintal alheio, e por medo de ser visto
roubando as frutas, pulou em um buraco cortou
o pé com um caco de vidro, e como sempre,
decidiu ir para junto de seu amigo Minguinho o
Pé de Laranja Lima:
Subi desorientado a rua e fui me sentar pulando num pé só debaixo do meu pé de
Laranja Lima. Ainda doía muito, mas já tinha passado a vontade de vomitar.
Zezé – Olha, Minguinho, quanto sangue.
Minguinho ficou assustado. Ficou até sem cor. Era como eu, não gostava de ver sangue.
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3° Capítulo
CONVERSAS PARA LÁ E PARA CÁ

A partir da amizade inesperada que surgiu entre Zezé e o Portuga, surgiu também
um segredo, que ninguém poderia descobrir que os dois se tornaram amigos, pois se
descobrissem, as conversas que tinham poderiam terminar. E que naquele mesmo dia,
Zezé começou a chamar o Português de Portuga, para simbolizar o respeito que ele
tinha pelo seu novo amigo:
Assim conversavam:
Portuga – Gosta de passear em “nosso” carro? perguntou Portuga.
Zezé – Ele também é meu? Zezé questionou.
Portuga – Tudo que é meu é teu. Como dois grandes amigos.

Fiquei imaginado. Ah se eu pudesse contar a todo mundo que era meio dono do
carro mais bonito do mundo.

Zezé – Quer dizer então que agora somos completamente amigos? Zezé fica feliz.
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4° Capítulo
DUAS SURRAS MEMORÁVEIS

Totoca e Zezé estavam brincando fazendo um balão de brinquedo, mas o brinquedo


era de Totoca e por isso Zezé resolveu fazer um balão também, para isso Zezé junta
dinheiro vai ao comércio e compra o material. Chegando em casa, Jandira o chama para
jantar e então começa uma briga séria entre os dois.
Assim conversavam:
Jandira – Zezé!... Venha logo, senão vai apanhar.
Zezé – Já vou já!
A diaba estava de mau humor. Devia ter brigado com um dos seus namorados.
Jandira – Quando eu falo é para obedecer. O diabo se soltou dentro de mim. Fiquei
muito revoltado.
Zezé – Sabe o que você é? É uma idiota!
Ela chegou perto do meu rosto. Seus olhos mostravam que ela estava raivosa.
Jandira – Repete se você tem coragem.
Zezé – Destaquei bem as sílabas. I-di-o-ta!

Ela pegou o cinto de couro sobre a cômoda e começou a me bater sem piedade.
Virei as costas e escondi a cabeça entre as mãos. A dor era menor que a minha raiva.
No outro dia, Zezé não imaginava, mas iria sofrer novamente e dessa vez pelas mãos
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de seu pai, mesmo pensando que estaria deixando o dia mais animado com uma música,
Zezé não percebeu que a música era inapropriada para uma criança cantar:

Assim conversavam:
O pai – Quem ensinou essa música à você?
Zezé – Foi seu Ariovaldo.
O pai – Repita de novo a canção.
Zezé – É um tango da moda. Começa a cantar: Eu quero uma mulher bem nua,
nesse momento uma bofetada (um tapa) atingiu meu rosto
O pai – Canta de novo
Zezé – Eu quero uma mulher bem nua, ganho outra bofetada, outra, mais outra. As
lágrimas escorriam dos meus olhos sem querer.
Pai – Vamos, continua a cantar.

Zezé não entendia, seu pai pedia para ele repetir a música como se gostasse de
ouvir, mas sempre dava uma bofetada antes de Zezé terminar de cantar.
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5° Capítulo
SUAVE E ESTRANHO PEDIDO

Uma semana após as duas surras que levou, Zezé percebeu que sua família
começou a tratá-lo bem, e desconfiou que foi porque perceberam que ele estava
desanimado. A única alegria que Zezé sentia era que veria o Portuga novamente depois
de tantos dias, e que Portuga iria se surpreender com um pedido de seu amigo:
Zezé – Portuga, é verdade que o carro ainda é “nosso” carro?
Portuga – É. Ainda tem dúvida?
Zezé – Você seria capaz de me levar para dar um passeio? Ele se espantou com o
pedido.
Portuga – Se quer, vamos já.
Como ele visse que meus olhos estavam mais molhados ainda, me puxou pelo
braço, me levou até o carro e me sentou sem precisar abrir a porta.
Portuga – Aonde quer ir?
Zezé – Só quero sair daqui.
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6° Capítulo
DE PEDAÇO EM PEDAÇO É QUE SE FAZ TERNURA
Enquanto Zezé conta para Minguinho sobre a viajem que fez com Portuga, Zezé
percebe que sentia algo diferente, algo bom, e deu a esse sentimento o nome de ternura,
a tudo o que fazia Zezé se sentir bem ele via um pedaço de ternura, naquele mesmo dia
o sentimento bom aumenta, pois Zezé foi ao cinema com seu Portuga, aquele havia sido
um dia muito bom: Voltei para o pé de Laranja Lima sem vontade de falar, só me
lembrando do filme de Tarzan. Eu já o vira na véspera. Fui lá e contei para o Portuga.
Portuga – Quer ir?
Zezé – Querer bem que eu queria, mas não posso entrar no Cinema Bangu. Lembrei por
que não podia. Ele riu.
Portuga – Essa cabecinha não está inventando coisas?
Zezé – Juro, Portuga. Mas eu acho que se uma pessoa grande fosse comigo, ninguém
diria nada.
Portuga – E se essa pessoa grande seria eu... É isso o que você quer?
Zezé fica feliz de ouvir isso
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7° Capítulo
O MANGARATIBA

Naquele dia, na escola, Zezé recebeu uma notícia péssima, uma notícia que jamais
esperaria receber, o deixando com um trauma muito forte e muito doente de tanto
choque. O trem da cidade havia causado um acidente, passou por cima do carro do
Portuga, e levou embora assim a vida do seu querido amigo. Zezé ficou tão triste e bravo
que culpou o menino Jesus por ter levado embora o seu amigo de forma tão repentina:

Zezé – Você é malvado, Menino Jesus. Eu que pensei que você ia nascer Deus essa
vez e você faz isso comigo? Por que você não gosta de mim como dos outros meninos?
Eu fiquei bonzinho. Não briguei mais, estudei as lições, deixei de falar palavrão. Por que
você faz isso comigo, Menino Jesus? Vão cortar o meu pé de Laranja Lima e nem por
isso eu me zanguei. Só chorei um pouquinho. E agora?
Zezé – Eu quero o meu Portuga de volta, Menino Jesus. Você tem que me dar o meu
Portuga de volta.
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8° Capítulo
TANTAS SÃO AS VELHAS ÁRVORES

Após um período que a família de Zezé passava por dificuldades, finalmente tiveram
uma boa notícia, o pai de Zezé havia conseguido emprego e com isso sua mãe e irmãs
não precisariam mais trabalhar. Zezé compara a boa notícia com uma nuvem de paz.

Parecia que uma nuvem de paz voltaria a reinar sobre a nossa casa e nossa família,
Zezé pensava. Papai me pegou pela mão e diante de todos me sentou no colo. Balançou
devagar a cadeira para que eu não ficasse tonto.

O pai – Tudo passou, meu filho. Tudo. Você


um dia vai ser pai e vai também descobrir
como são difíceis certos momentos na vida
de um homem. Parece que nada dá certo,
provocando um desespero interminável. Mas
agora, não. Papai foi nomeado gerente da
Fábrica de Santo Aleixo. Nunca mais vai faltar
nada nos seus sapatinhos na noite de Natal.
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9° Capítulo
A CONFISSÃO FINAL

No último capítulo, muitos anos se passaram e Zezé já tem 48 anos. Ele vai até o
túmulo onde está enterrado Manoel Valadares, o Portuga e faz a seguinte comissão. Os
anos se passaram, meu caro Manuel Valadares. Hoje tenho quarenta e oito anos e às
vezes na minha saudade eu tenho impressão de que continuo criança. Que você a
qualquer momento vai me aparecer me trazendo figurinhas de artista de cinema ou mais
bolas de gude. Foi você quem me ensinou a ternura da vida, meu Portuga querido.

Hoje sou eu que tento distribuir as bolas e as figurinhas, porque a vida sem ternura
não é lá grande coisa. Às vezes sou feliz na minha ternura, às vezes me engano, o que
é mais comum. Naquele tempo. No tempo de nosso tempo, eu não sabia que, muitos
anos antes, um Príncipe Idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com
os olhos cheios de água: “POR QUE CONTAM COISAS AS CRIANÇAS?” A verdade,
meu querido Portuga, é que a mim contaram as coisas muito cedo.

Adeus! Ubatuba, 1967


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