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REDAÇÃO
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depende da criação de uma lei, a necessidade de ser votada para ser
aprovada, muitas vezes alterando a constituição. Fora disso, o profissional https://www.youtube.com/watch?v=hYd3qgFuwV8
afirma que existe uma série de mobilizações que anseiam por coisas Nátaly Neri
diferentes, buscam por leis diferentes e proteções que estão dentro de um
espaço público, que estão abertas e em discussão.
"A cultura do cancelamento se difere dessas outras manifestações políticas
porque ela se dá em um ambiente privado, na conversa com uma rede social
que é privada e que, apesar de ter um caráter público no sentido de que as
pessoas estão em um espaço público, o cancelamento das pessoas como um
banimento se dá no sentido de uma conta, um serviço, de uma funcionalidade
— muito mais no ambiente privado de quem está se mobilizando", conta.
Portanto, Diogo diz que as pessoas, dentro desse espaço e como indivíduos,
são as que definem o que é certo e o que é errado, sem que uma lei ou
instituição esteja organizando isso. "Eu te cancelo e eu tenho o poder de fazer
isso e eu vou chamar outras pessoas para fazerem a mesma coisa. Então, o
que era passível de ter uma discussão pública acaba construindo outras
formas privadas de uma cultura que pode dar muito errado, muito rápido",
completa o bacharel, dizendo ainda que isso gera outras culturas mais
severas, como a do apedrejamento e do linchamento, de que existe um poder
nas mãos que será usado livremente.
Todos os passos dessa forma mais agressiva de cultura, para o entrevistado,
vão contra uma estruturação de nossa sociedade que preza pela educação
das pessoas, pelas suas mudanças e pelas formas de construção mais
sensíveis e menos autoritárias. "É um mundo muito mais complexo que vem
sendo nivelado por baixo, em uma espécie de movimentação que não passa
por questões de valores, mas sim perseguições e outros tipos de sentimento
que são muito individualistas", completa.
A tendência não é só dos mais jovens
Cultura do cancelamento é um tema que já chegou a ser debatido até mesmo
pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "O mundo está uma
bagunça, existem ambiguidades", disse. "Pessoas que realmente fazem
coisas boas têm falhas. Pessoas com quem você está lutando podem amar
seus filhos e compartilhar algumas coisas com você", apontou Obama em
entrevista realizada no ano passado, se referindo aos mais jovens.
Os adolescentes dominam a internet e não há como negar.
Consequentemente, eles são os que mais estão envolvidos na cultura do
cancelamento, fazendo críticas constantes sobre o que eles julgam como
certo ou errado, seja mostrando o rosto ou atrás de perfis falsos. Porém, para
Diogo, essa tendência não pertence somente a eles.
"O que estamos vendo é uma coisa muito mais propagada, que pode ser que
tenha mais foco nos jovens, mas acontece em níveis menores e com menos
repercussão entre os mais velhos em meio a um ambiente político-partidário,
ambientes de setores e tudo mais. Existe um certo tipo de mobilização social
que age de maneira privada, que acontece de uma maneira que não se
mobiliza socialmente no espaço público, e acha essas trincheiras de uma
maneira precária, mas com muita força. Não visa uma reconstrução, mas sim
uma chamada para a paralisação, no caso o cancelamento", explica Diogo.
O profissional conta que esse descontentamento acontece porque a pessoa
que está cancelando pensa que não pode mudar o cancelado, e em vez disso
consegue o excluir de sua vida — e excluir a própria vida do cancelado —,
fazendo com que ele perca seus patrocinadores, não vá a determinados
eventos, entre outras coisas.
Conscientização e educação
Diogo diz que o ambiente em que acontece esse linchamento virtual — como
Twitter, Facebook e Instagram —, que leva ao cancelamento, não possui
ainda regras claras sobre o que é possível fazer por lá ou não. No entanto,
isso pode ser uma oportunidade de constituir novas mobilizações, entendendo
limites, formas de até melhorar as redes sociais e de criar fóruns públicos,
além de permitir a atuação de educadores, políticos, pessoas do sistema
judiciário, sendo mais possível criar um debate geral sobre condutas puníveis
e educativas e como lidar com punições recorrentes, por exemplo.
"Ainda estamos engatinhando nisso. Eu vejo que o mesmo já aconteceu em
ambientes grandes, como rádio e televisão, foi um momento inicial muito
grande com problemas de abusos e impactos muito diferentes, com a
sociedade se estabilizando em torno delas", relata Diogo. "É duro viver isso
dessa maneira, mas é somente com mobilizações para haver a melhoria da
proteção das pessoas, melhor enquadramento sobre as responsabilidades
das empresas perante o público, até para a formação de comitês públicos,
entendimentos mais amplos e, o mais importante, inclusivos", completa.
Ainda há muito a ser feito em relação a esta nova cultura do cancelamento,
criando regras de forma coletiva. O bacharel diz que é exatamente isso que
essa nova tendência cria: a sensação de que não existe uma regra para todo
mundo, e que quem falar mais alto sai ganhando, dificultando a convivência
social. De certa forma, a cultura do cancelamento, por estar em um ambiente
público, traz a oportunidade de pessoas entenderem as questões graves
relacionadas ao racismo, entre outros preconceitos, nunca antes debatidas no
offline.
https://canaltech.com.br/comportamento/o-que-e-cultura-d/o-cancelamento-164153
Vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=sYYbCurrPb8
Veja – colocar na aula (slide 5)
https://www.youtube.com/watch?v=ShtaL-VezXk
Papo de segunda (colocar na aula) slide 14
https://www.youtube.com/watch?v=lVVnO6M-WAA
O Globo (slide 9)
https://www.youtube.com/watch?v=_nBxXm5viQQ&feature=youtu.be
Luiz Felipe Pondé