R - D - Diego Da Silva
R - D - Diego Da Silva
R - D - Diego Da Silva
PARANÁ (CHC-UFPR)
DIEGO DA SILVA
CURITIBA
2017
DIEGO DA SILVA
CURITIBA
2017
S586 Silva, Diego da
Instrumentos de avaliação de ansiedade, depressão e qualidade de vida em
pacientes pré/pós transplante de células-tronco hematopoiéticas: uma
revisão sistemática./ Diego da Silva. – Curitiba, 2017.
117 f.; 30 cm.
NLMC: WH 140
Dedico este trabalho a todas as
pessoas que agregaram conhecimento
e aprendizado ao longo de minha vida.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . .18
2 OBJETIVOS. . . . . . . . . . .23
2.1 OBJETIVO GERAL. . . . . . . . . .23
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS. . . . . . . . .23
3 REVISÃO DE LITERATURA: TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOIÉTICAS. . . . . . . . . .24
3.1 Conceito e tipos de transplante. . . . . . . .24
3.2 Fases do transplante. . . . . . . . . .25
3.3 Complicações decorrentes do transplante. . . . . . .26
3.4 Impacto do diagnóstico e tratamento. . . . . . .28
4 ANSIEDADE. . . . . . . . . . .29
4.1 Conceito e características gerais. . . . . . . .29
5 DEPRESSÃO. . . . . . . . . . .34
5.1 Conceito e características gerais. . . . . . . .34
6 QUALIDADE DE VIDA. . . . . . . . . .40
6.1 Conceito de qualidade de vida. . . . . . . .40
6.2 Qualidade de vida e transplante de células-tronco hematopoiéticas. . .42
7 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA. . . . . . . . .44
8 INSTRUMENTOS. . . . . . . . . .47
9 MÉTODO. . . . . . . . . . . .50
9.1 Revisão sistemática. . . . . . . . . .50
10 PERCURSO DO MÉTODO. . . . . . . . .51
10.1 Questão norteadora. . . . . . . . . .51
10.2 Descritores. . . . . . . . . . .51
10.3 Critérios para inclusão dos artigos. . . . . . . .52
10.4 Critérios para exclusão dos artigos. . . . . . .53
10.5 Identificação, seleção e avaliação das evidências científicas dos estudos. .53
10.6 Protocolo. . . . . . . . . . .56
10.7 Análise dos dados coletados. . . . . . . .57
10.8 Síntese do procedimento de coleta de dados. . . . . .58
11 RESULTADOS. . . . . . . . . . .60
12 RESULTADOS DESCRITIVOS. . . . . . . .67
12.1 Correlação de Pearson. . . . . . . . .77
13 DISCUSSÃO. . . . . . . . . . .79
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . .90
15 REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . .92
16 APÊNDICES. . . . . . . . . . .111
APÊNDICE 1: INSTRUMENTOS PARA ANSIEDADE CONFORME
LEVANTAMENTO DE CRUZ ET AL (2013). . . . . . .111
APÊNDICE 2: INSTRUMENTOS PARA DEPRESSÃO CONFORME
LEVANTAMENTO DE AROS E YOSHIDA (2009). . . . . .114
APÊNDICE 3: REFERÊNCIAS DOS ARTIGOS DISCORDANTES E
JUSTIFICATIVAS PARA EXCLUSÃO APÓS REUNIÃO COM OS DOIS
PESQUISADORES. . . . . . . . . .115
APÊNDICE 4: QUADRO EXPLICATIVO DE PEARSON. . . . .117
18
1 INTRODUÇÃO
complexos dentro de uma instituição hospitalar. Deste modo, Mello et al. (2007)
definem o serviço da seguinte forma:
próximos precisam ser bem orientados nos cuidados aos pacientes. Isto se deve ao
fato dos pacientes não terem autonomia e maturidade suficiente para desempenhar
todos os cuidados de que precisam. Nesse sentido, também existem muitos déficits
na QV e potenciais problemas emocionais (ansiedade e depressão, por exemplo)
em crianças e adolescentes pré/pós TCTH (MUNITZ-SHENKAR et al., 2007).
No que se refere à depressão, por exemplo, o Manual Diagnóstico e
Estatístico dos Transtornos Mentais, em sua 5ª versão (APA, 2014) traz algumas
diretrizes que permitem aos profissionais da saúde a identificação do problema.
Alguns sintomas específicos da depressão envolvem o humor deprimido na maior
parte do dia, a perda de interesse em atividades que anteriormente aos episódios de
depressão causavam prazer, perda ou ganho significativo de peso sem controle,
insônia, hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, sentimentos de
inutilidade ou culpa, baixa concentração, indecisão, e, ideação suicida. Pelo menos
cinco destes sintomas devem estar presentes fortemente nas últimas duas semanas
ao episódio depressivo.
Neste sentido, Demetrio (2001) resgatando dados da OMS, apresentou que a
prevalência da doença é maior em mulheres de 20 a 50 anos, oriundas de qualquer
país, e, relacionada a fatores hormonais, efeitos do parto, estressores psicossociais
diferentes para homens e mulheres e história de vida e aprendizagem depressiva ao
longo do ciclo vital de desenvolvimento. Desta forma, segundo a autora, o gênero
feminino e histórico de doença depressiva são dois fatores de risco que merecem
atenção por parte dos profissionais da saúde na prevenção, diagnóstico e
tratamento da depressão.
Para Delitti (2000) tratar a depressão é fundamental para a vida dos
indivíduos e envolve aprender a lidar de modo mais positivo e adaptativo com os
desafios da vida. Para isso, é preciso haver contingências de reforçamento
disponíveis para a aquisição de comportamentos positivos, comportamentos estes
que estimulem a reflexão, a interação social, a capacidade de lutar por seus
objetivos e metas de trabalho, entre outras. O reforçamento adequado do meio
minimiza o estado depressivo (HUNZIKER, 2001). Sendo assim, a equipe
multiprofissional de saúde inserida em serviços de TMO precisa ser engajada e
comprometida com a atenção global à saúde destes pacientes, haja vista que esta
proximidade e interação adequada podem ser fatores protetivos para a possibilidade
de transtornos de humor nos pacientes.
21
1
Comportamento Encoberto: ―Aquele que não é observado ou observável diretamente por outros e
sim apenas por aquele no qual eles ocorrem quando da interação entre indivíduo e ambiente‖
(SKINNER, 1973, 1995, 2003).
23
2 OBJETIVOS
De acordo com Watanabe, et al. (2010), o TCTH é uma terapia utilizada para
tratar pacientes com doenças hematológicas, oncológicas, para os quais outras
alternativas terapêuticas foram consideradas e excluídas. Esta terapia envolve
também procedimentos que controlam os sistemas hematopoético e imunológico de
um paciente, o qual necessitará passar por quimioterapia ou irradiação e
posteriormente por transplante de células-tronco de outra pessoa ou coleta própria.
Riul e Aguillar (1997) conceituaram TCTH, que, na época, era chamado de
TMO, da seguinte forma:
Secoli (2008) afirmaram que o procedimento do TMO é dividido nas fases pré-
transplante e transplante. Na fase pré-transplante avalia-se o paciente, define-se o
tipo de transplante e o doador, orientando-se ambos quanto aos procedimentos. Os
autores afirmaram ainda:
Um exemplo disso foi a pesquisa realizada por Doro et al. (2003), em que os
autores avaliaram a capacidade funcional em adolescentes submetidos a TCTH,
tanto na fase pré, quanto na fase pós transplante. Utilizaram um instrumento
29
chamado Functional Assessment of Cancer Therapy (FACT – BMT) para isso junto a
dez pacientes. A avaliação, mostrou que 4 dos 10 pacientes apresentaram melhoras
em relação ao desempenho físico, no entanto, 9 relataram dificuldades para
reassumir as atividades regulares de suas vidas, como no âmbito profissional,
educacional e doméstico.
Sendo assim, diversos autores (ALMEIDA E LOUREIRO, 1999; OLIVEIRA-
CARDOSO et al., 2009; GUIMARÃES et al., 2010; SANTOS et al., 2011) colocaram
que o percurso do paciente com indicação para TCTH geralmente é complexo, uma
vez que estes indivíduos já sofreram com o impacto do diagnóstico de uma doença
que pode ser fatal, estigmatizada, e, no imaginário popular, como requisito para a
morte. Desta forma, a doença pode vir a funcionar como um desencadeador de
vivências de ansiedade, medo, perdas, incerteza quanto ao futuro, desespero,
déficits na QV do indivíduo e das pessoas que o cercam. Nos próximos tópicos da
presente dissertação, os elementos psicossociais como ansiedade, depressão e QV
em pessoas que realizaram TCTH serão descritos mais detalhadamente.
4 ANSIEDADE
seguintes sintomas estão presentes na maioria dos dias na vida do indivíduo nos
últimos seis meses, que podem ser: inquietação ou sensação de estar com os
nervos à flor da pele; fadiga; dificuldade em concentrar-se; irritabilidade; tensão
muscular; perturbação do sono. Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade
também experimentam sintomas como sudorese, náusea, diarréia, batimentos
cardíacos acelerados, falta de ar e tonturas.
Fava et al. (2009) mencionaram que a ansiedade pode estar associada a baixos
níveis de atenção, e que a pessoa ansiosa interpreta ou percebe situações
cotidianas de forma diferente, ameaçadora. Normalmente, essas sensações trazem
reações fisiológicas. É comum que pacientes em estado de ansiedade
experimentem sentimentos de apreensão, tensão, nervosismo e medo. No corpo,
podem apresentar sintomas que variam desde a taquicardia, problemas digestivos,
problemas no sistema endocrinológico, perda de controle momentânea dos
músculos, entre outras. Nos pacientes hospitalizados ou hematológicos/oncológicos,
a homeostase da saúde dos mesmos está em desequilíbrio, portanto, tornam-se
mais suscetíveis a experimentar respostas de ansiedade.
Quando o indivíduo está sob condições eliciadoras de ansiedade, passa a
apresentar determinados padrões comportamentais, ou seja, formas de agir típicas
dessas condições. ―A ansiedade tem como padrão comportamental característico a
esquiva fóbica, ou seja, na presença de evento ameaçador ou incômodo, o indivíduo
emite resposta que elimina, ameniza ou adia esse evento‖ (LANDEIRA-
FERNANDEZ et al., 2006, p. 179). Para Zamignani e Banaco (2005) o que
diferencia, por exemplo, a ansiedade da depressão é o tipo de evento
experimentado como ameaçador ou incômodo. A pessoa normalmente passa a
tentar se esquivar ou diminuir o contato com estímulos aversivos que provocam
ansiedade, na esperança de que ela seja temporariamente minimizada.
Problemas como o distanciamento das relações pessoais, as dificuldades na
participação em atividades profissionais, sociais, de lazer e de autocuidado, assim
como as restrições de contatos e atividades, constituem-se em prejuízos funcionais
que interferem nas ocupações diárias e na participação na vida cotidiana, com
implicações para as condições de saúde do indivíduo. A ansiedade pode ser
diagnosticada de forma errônea, justamente porque pode vir acompanhada de
outros sintomas e transtornos, como depressão, distimia, abuso e dependência de
álcool e drogas, ideação suicida, transtornos alimentares, transtorno afetivo bipolar e
31
profissional precisa ter as bases teóricas e práticas necessárias para realizar seu
trabalho e diagnosticar a ansiedade com instrumentos específicos de sua área. O
encaminhamento psicoterápico é importante, até mesmo porque a ansiedade pode
vir acompanhada de comorbidades como a depressão, que é o próximo tópico desta
pesquisa.
O tratamento para ansiedade deve ser pautado em três pilares: médico-
farmacológico (ANDREATINI et al., 2001), psicoterápico e medidas gerais de
promoção da saúde física e mental nos âmbitos políticos e de cidadania. Mesmo que
o paciente se recuse ao atendimento psicológico, é importante que os profissionais o
acolham, escutem e orientem minimamente sobre a doença. A intervenção
psicológica é de extrema importância porque pode colaborar para modificação dos
comportamentos que incomodam a ele mesmo e às pessoas próximas,
autoconhecimento, além de maior estabilidade e bem-estar ao longo da vida
(SERSON, 2007). A farmacoterapia também é necessária em casos agudos. Há
uma vasta gama de possibilidades medicamentosas para auxiliar no tratamento da
ansiedade, entretanto, por ser um assunto muito complexo e por não fazer parte do
objetivo desta dissertação, o tema não será aprofundado.
5 DEPRESSÃO
2
Prevalência Depressão: A prevalência do transtorno depressivo nos Estados Unidos é de
aproximadamente 7%. Em indivíduos de 18 a 29 anos a prevalência é três vezes maior que em
pessoas acima de 60 anos. Mulheres experimentam índices 1,5 a 3 vezes mais altos do que os
homens começando no início da adolescência. Na população mundial varia de 3 a 11% (DSM-V,
APA, 2014).
35
diagnosticada quando a perturbação do humor continua por pelo menos dois anos
em adultos e um ano em crianças. Para realização de diagnóstico, o profissional
deve diagnosticar a presença de pelo menos cinco dos sintomas a seguir, por pelo
menos duas semanas: o humor deprimido na maior parte do dia; a perda de
interesse em atividades que anteriormente aos episódios de depressão causavam
prazer. Isto na maior parte do dia, ou quase todos os dias; perda ou ganho
significativo de peso sem estar fazendo dieta; insônia/hipersonia; agitação ou retardo
psicomotor; fadiga; sentimentos de inutilidade ou culpa; baixa concentração,
indecisão; e, ideação suicida.
Machado et al., (2009) afirmaram que a depressão pode causar déficits
cognitivos nos pacientes, sendo uma característica ou sintomatologia típica do
problema, como aponta o DSM-5. Desta forma, avaliaram 16 mulheres residentes
em Santa Catarina e que estavam internadas em um hospital psiquiátrico com o
diagnóstico de depressão entre o 4º e o 10º dia de internamento, através dos Testes
de Trilhas e Escala Motora para Terceira Idade adaptada. Como resultados da
pesquisa, perceberam que a maioria das pacientes com depressão apresentou
aptidão motora geral, motricidade global e organização temporal abaixo da média
considerada normal. A capacidade atencional ficou abaixo dos valores normais de
referência. Verificou-se a existência de relação entre os déficits motor e de atenção,
sendo que quanto mais baixo o nível de atenção pior é a aptidão motora. Canales et
al., (2010) relataram, que além dos déficits cognitivos, a depressão pode causar
déficits na postura e imagem corporal dos pacientes.
deturpadas, olhe para a realidade dos fatos e não para fantasias, principalmente no
sentido de tentar se reconstruir cognitivamente.
Andres et al. (2005) discutiram que a família e uma boa rede de apoio são
fatores protetores ao desenvolvimento da depressão em pacientes pré e pós TCTH.
É muito importante compreender e incorporar a experiência dos pais no processo de
TMO de seus filhos. Isto porque muitas mudanças ocorrem na vida de ambos,
quebrando a homeostase da família e, portanto, este fator pode desencadear
depressão. Além disso, o medo de que os filhos morram assombra esses familiares,
uma vez que a morte é um assunto complexo e rodeia os pacientes que estão em
serviços de TMO. Andres et al. (2005, p. 418) analisaram como potenciais
desenvolvedores e agravadores de quadros depressivos nos pacientes de TMO os
seguintes aspectos: ―mudanças e limitações decorrentes da terapêutica, alteração
na dinâmica familiar, interrupção do processo de escolarização, complicações de
ordem física e psicossocial, longos períodos de internação, reinternações
frequentes, necessidade de isolamento protetor, terapêutica agressiva e a
possibilidade de insucesso‖.
Corroborando estas informações, Matias et al. (2011) afirmaram que, mesmo
o TCTH surgindo como uma possibilidade de cura, o transplante pode, também, vir a
desencadear medos e incertezas, pois aumenta o risco de que a sobrevida do
paciente seja diminuída em decorrência de complicações do próprio procedimento,
como já foi mencionado no tópico complicações do TMO nesta dissertação. Essa
ambiguidade desperta sentimentos ambivalentes de medo e esperança. É comum,
40
ainda, que o paciente se preocupe com sua condição física, enfrente complicações
na fase pós TCTH, interrupções de projetos e descontinuidade de sua vida social
devido ao longo período de internação.
Além disso, existe a quimioterapia agressiva que desencadeia efeitos
colaterais, regime de isolamento protetor durante o período crítico da doença, e
efeitos adversos do tratamento de longo prazo. Estes efeitos podem gerar
infertilidade, disfunção hormonal e, em alguns casos, acontece a recidiva da doença
de base. A pessoa submetida ao transplante também pode passar por dificuldades
financeiras durante o tratamento (MATIAS et al., 2011). Tais estressores podem
interferir de modo negativo na vida dos pacientes, desencadeando transtornos
mentais como a depressão e a ansiedade, além de déficits na QV dos mesmos.
Sendo assim, faz-se necessário entender o fenômeno da QV, que será o próximo
tópico desta dissertação.
6 QUALIDADE DE VIDA
3
Sentido de Vida: ―Mola impulsionadora da existência‖; ―Motivação primeira para a vida humana‖
(FRANKL, 1985, citado por Pereira, 2007, p. 126).
43
7 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
8 INSTRUMENTOS
9 MÉTODO
10 PERCURSO DO MÉTODO
10.2 Descritores
Assinatura do avaliador:
FONTE: Pereira e Bachion (2006, p. 493); Azevedo (2010); Adaptação do autor (2017).
Assinatura do avaliador:
FONTE: Pereira e Bachion (2006, p. 493); Azevedo (2010); Adaptação do autor (2017).
10.6 Protocolo
Referência do estudo
Tema principal
Tipo de estudo
País do estudo
Faixa Etária
N de participantes
Feminino
Masculino
Doença
Intervalo de confiança
Fatores de proteção
Fatores de risco
Instrumento ansiedade
Instrumento depressão
de confiança 95%. A apresentação dos dados foi feita através de gráficos, tabelas e
quadros. A estatística foi feita no programa SPSS, versão 21.0
Teste de Relevância I
(apenas um
pesquisador)
Incluídos Excluídos
n= 53 n= 249
Teste de Relevância II
avaliador1/ avaliador 2
Incluídos consenso
n= 35
Desacordo
(não houve consenso)
n= 18
Desacordo
Incluídos no consenso +
Excluídos
incluídos após o debate
n= 14
n= 39
Aplicação do protocolo
de pesquisa
Produção do relatório de
pesquisa
11 RESULTADOS
Nº Referência Ano
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37 EL-JAWAHRI, A.; LEBLANC, T.; VAN DUSEN, H.; TRAEGER, L.; GREER, J. A.; 2016
PIRL, W. F.; JACKSON, V. A.; TELLES, J.; RHODES, A.; SPITZER, T. R.; MCAFEE,
S.; CHEN, T. B. A.; LEE, S. S.; TEMEL, J. S. Effect of Inpatient Palliative Care on
Quality of Life 2 Weeks After Hematopoietic Stem Cell Transplantation: A
Randomized Clinical Trial. Journal American Medical Association, United States,
V. 306, N. 20, P. 2093-2103, 2016.
39 KIM, K. I.; KIM, J. H.; JI, E. H.; JANG, J, H.; KIM, J. S.; KWON, J. H.; KIM, I.; PARK, 2016
S.; VELIKOVA, G.; YOON, S. S.; MI OH, J. Psychometric analysis of the Korean
version of the high-dose chemotherapy specific quality of life questionnaire module
from the European Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC
QLQ-HDC29). Quality Of Life Research, Korea, V. 25, N. 04, P. 881-890, 2016.
12 RESULTADOS DESCRITIVOS
TEMAS N %
QV+ansiedade+depressão 15 38,5
QV 13 33,3
Ansiedade+depressão 5 12,8
QV+depressão 4 10,3
QV+ ansiedade 1 2,6
Depressão 1 2,6
Total 39 100
4; 10%
35; 90%
PAÍS N %
Estados Unidos 16 41
Alemanha 4 10,3
Austrália 2 5,1
Brasil 2 5,1
Canada 2 5,1
China 2 5,1
Coréia 2 5,1
Países Baixos 2 5,1
Suécia 2 5,1
Espanha 1 2,6
Israel 1 2,6
Japão 1 2,6
México 1 2,6
Noruega 1 2,6
1; 2%
5; 13%
Neoplásica
Mista
Não Neoplásica
33; 85%
3; 8%
7; 18%
VARIÁVEL N %
Limitação Social 9 23
Sedentarismo 6 15
Fadiga 5 13
Dor 5 13
Stress 5 13
Coping Enfraquecido 3 8
Abuso de Álcool 2 5
Dellirium 2 5
Apatia 1 2
Insônia 1 2
INSTRUMENTO N %
HADS 10 47
STAI 4 19
BSI-18 2 9
BAI 1 5
IDAS 1 5
MAC 1 5
SCL-90 1 5
STAIC 1 5
INSTRUMENTO N %
HADS 7 28
PHQ-9 5 20
BDI 4 16
BSI-18 4 16
CES-D 2 8
CDI 1 4
IDAS 1 4
SCL-90 1 4
INSTRUMENTO N %
SF-36 8 25
EORTC QLQ -C 30 7 21
FACT-BMT 5 15
HRQOL 2 6
QLI 2 6
WHOQOL BREF 1 3
FACIT 1 3
FACT-G 1 3
FLIC 1 3
KOOP/WONCA 1 3
OLQ 1 3
QOLI-CV 1 3
ROY'S 1 3
SWED -QUAL 1 3
moderada e severa na fase pré TCTH, o desfecho de depressão na fase pós TCTH
também pode ficar moderada/severa. O contrário acompanha esse dado.
Há correlação forte positiva (0.7 a 0.9), valor de significância 0, entre o
desfecho de ansiedade pré e pós TCTH, com o resultado de (R= 0, 823). Isso indica
que se a ansiedade estiver moderada e severa na fase pré TCTH, a tendência é de
que na fase pós TCTH isso se repita. No entanto, como o valor da significância foi 0,
as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra, ou seja, se na fase pré
estiver moderada/severa, na fase pós, pode estar mínima/ leve.
Há correlação moderada positiva (05 a 0.7), valor de significância 1, entre o
desfecho depressão pré TCTH e ansiedade pós TCTH, com o resultado de (R= 0,
537). Isso indica que quanto maior estiver o índice de depressão moderada e severa
na fase pré TCTH, o desfecho de ansiedade na fase pós TCTH também pode ficar
moderada/severa. O contrário acompanha esse dado.
Há correlação forte positiva (0.7 a 0.9), valor de significância 0, entre o
desfecho de depressão pré e pós TCTH, com o valor de (R= 0, 790). Isso indica que
se a depressão estiver moderada e severa na fase pré TCTH, a tendência é de que
na fase pós TCTH isto se repita. No entanto, como o valor da significância foi 0, as
duas variáveis não dependem linearmente uma da outra, ou seja, se na fase pré
estiver moderada/severa, na fase pós, pode estar mínima/ leve.
Há correlação forte positiva (0.7 a 0.9), valor de significância 1, entre o
desfecho de QV pré TCTH e depressão pós TCTH, com o valor de (R= 0,805). Isso
indica que quanto maior estiver o índice de pior QV na fase pré TCTH, o desfecho
de ansiedade na fase pós TCTH também pode ficar moderada/severa. O contrário
acompanha esse dado.
Há correlação moderada positiva (0.5 a 0.7), valor de significância 0, entre o
desfecho QV pré e pós TCTH, com o valor de (R= 0,598). Isso indica que se a QV
estiver ruim na fase pré TCTH, a tendência é de que na fase pós TCTH isto se
repita. No entanto, como o valor da significância foi 0, as duas variáveis não
dependem linearmente uma da outra, ou seja, se na fase pré estiver ruim, na fase
pós, pode estar em melhor condição.
79
13 DISCUSSÃO
ocorreu em 1995, não passou mais por revisões e melhorias, sendo necessária essa
atualização.
Sobre a depressão em pacientes pré e pós TCTH existem diversos estudos.
Dentre eles o realizado por Dimeo et al. (1999) em que utilizou a escala Symtom
Checklist 90 (SCL-90) com 59 pacientes. Obteve o resultado de que a maior parte
dos pacientes pré transplante apresentaram escores altos de depressão. Em 2000,
Courneya e colaboradores pesquisaram a depressão em 25 pacientes com o
instrumento Center For Epidemiological Studies - Depression (CES D). Verificaram
que a maior parte da amostra teve depressão moderada e severa na fase pré-
transplante. Prieto e Atala (2005) utilizaram o Hospital Anxiety And Depression Scale
(HADS) com 220 pacientes, evidenciando que houve incidência de depressão
mínima e leve nas fases pré e pós TCTH. Também em 2005, um outro estudo feito
por Lee e Loberiza, com 80 pessoas, mostrou escores baixos de depressão na fase
pré e pós transplante. O instrumento utilizado foi Inventário Beck de Depressão
(BDI).
Em 2009, Sherman e colaboradores aplicaram o Brief Symtom Inventory 18
(BSI-18) com 94 sujeitos e chegaram à conclusão que pessoas na fase pré e pós
TCTH tiveram índices elevados de depressão. Em 2015, El Jawahri, Traeger et al.,
usaram o The Patient Health Questionnaire 9 (PHQ-9) com 90 pacientes,
percebendo maior incidência de depressão na fase pré TCTH. Também em 2015,
Leeson e demais autores fizeram uma pesquisa com 220 participantes através do
instrumento Inventory of Depression and Anxiety Symptoms (IDAS) verificando maior
prevalência de depressão na fase pré TCTH. Nesta dissertação, o instrumento mais
localizado nas pesquisas, foi o HADS (HAJERMISTED et al., 1999;
WETTERGREEN et al., 1999; HARDER et al., 2005; PRIETO et al., 2005; RISCHER
et al., 2009; MORISHITA et al., 2013; SARKAR et al., 2014). O segundo instrumento
mais encontrado nas publicações foi o PHQ-9 (FANN et al., 2009; ARTHERHOLDT
et al., 2014; EL-JAWAHRI et al., 2015; EL-JAWAHRI et al., 2016; EL-JAWAHRI et
al., 2016).
O BDI, que é o instrumento que possui recomendação do CFP para a
realidade brasileira, também foi utilizado nas pesquisas em TCTH (CHANG et al.,
2004; LEE et al., 2005; CHANG et al., 2005; GASTÓN-JOHANSON et al., 2012),
entretanto, em menos pesquisas. Percebeu-se que os instrumentos seguem padrões
parecidos de aplicação e correção, bem como todos avaliam a frequência dos
86
para ansiedade. Sobre a QV, na fase pré TCTH, notou-se pior estado de saúde nos
pacientes, ao passo que na fase pós TCTH esta condição de saúde melhorava.
Estes resultados podem estar consonantes com o que a população leiga de
um modo geral acredita. Isto quer dizer que é comum as pessoas pensarem que
enquanto estão doentes e fazendo tratamento seu estado de saúde física, mental e
QV estão mais debilitados, e que estes aspectos só irão melhorar a partir do
momento que a cura esteja presente. No caso desta dissertação, que se refere a
pacientes pré e pós TCTH, o imaginário popular acredita que tudo ficará bem a partir
do momento que o transplante é realizado (OLIVEIRA-CARDOSO et al., 2009).
Obviamente, para a ciência, isto não é real, ou seja, as possibilidades de
déficits na QV e desenvolvimento/agravamento de transtornos psicopatológicos
também na fase pós TCTH são comuns. Em algumas pesquisas (WETTERGREEN
et al., 1999; MUNITZ SHENKAR et al., 2007; RISCHER et al., 2009; SHERMAN et
al., 2009; GASTÓN-JOHANSON et al., 2012; MORISHITA et al., 2013; EL JAWAHRI
et al., 2016) analisadas nesta dissertação, os resultados mostraram estas
afirmações.
Dentre os elementos que podem agravar os quadros psicopatológicos e
limitações na QV dos pacientes pós TCTH, o DECH é o principal deles. Nem sempre
os transplantes dão certo na primeira tentativa, e o próprio procedimento acarreta
em algum grau de risco para a saúde dos pacientes, mesmo em menor nível. Além
disso, após o transplante as pessoas precisarão de pelo menos uns 100 dias de
acompanhamento médico, de cuidados excessivos com alimentação, medicações e
atividades rotineiras para ter certeza que o procedimento ocorreu adequadamente.
Se tudo der certo, talvez no pós transplante tardio, depois de um ano, mais ou
menos, os pacientes estarão aptos a darem continuidade em suas rotinas de estudo,
trabalho e lazer. Isto não quer dizer que eles não precisarão fazer consultas
esporádicas e que a doença não terá recidivas (SOMMACAL et al., 2010;
GAROFOLO et al., 2016). Daí a importância do trabalho psicoterapêutico também na
fase pós TCTH.
Os estudos de revisão sistemática são muito úteis para a prática baseada em
evidências, entretanto também possuem limitações diversas. Dentre as limitações
encontradas durante o processo de revisão e análise dos artigos encontram-se em
primeiro lugar a diferença entre o N de participantes de cada artigo. Por exemplo,
havia um artigo que realizou a pesquisa com 14 participantes e outro com 662
89
utilizando método similar. O intervalo de confiança variava pouco, de 95% para 99%.
É válido ressaltar que todos os estudos possuem limitações, portanto, os artigos
analisados não foram diferentes.
Muitos dos resumos dos artigos continham informações insuficientes ao que
se buscava, sendo necessário localizar os artigos completos para obter tais
informações do protocolo descrito no método. Devido à divergência de método, de
análise estatística e de apresentação dos resultados entre os estudos, buscou-se
categorizar os dados. Estas categorizações foram mais fáceis nos dados que
englobavam as características gerais dos estudos, bem como os instrumentos e
desfechos. No entanto, para os fatores de risco e proteção a transtornos mentais na
fase pré e pós TCTH dependeram da leitura criteriosa dos avaliadores do texto
integral, uma vez que estes dados não estavam claros nas publicações, sendo
necessários categorizá-los conforme indicativos nos resultados e discussão dos
mesmos.
Por fim, notou-se, através dos resultados da dissertação, que os instrumentos
para aferição de ansiedade, depressão e QV nos ambientes específicos de TCTH
foram mais genéricos. O único instrumento localizado nas publicações que se referia
diretamente ao público TCTH foi o FACT-BMT. Outro instrumento que se aproximou
desta realidade foi o EORTC QLQ – C 30, ainda assim, com padronização para o
uso na Europa e para pacientes oncológicos. Sendo assim, é muito importante que
as equipes de saúde que trabalham em serviços de TCTH pesquisem e publiquem
mais sobre o assunto, desenvolvam e aprimorem mais instrumentos próprios para
essa realidade, bem como disponham de maior atenção para os aspectos
emocionais dos pacientes pré e pós transplante.
90
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
15 REFERÊNCIAS
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111
16 APÊNDICES
VALORES DA SIGNIFICÂNCIA
=-1 Significa uma correlação totalmente negativa entre as duas variáveis - Isto é, se uma aumenta, a
outra sempre diminui.
CORRELAÇÕES