O Protestantismo Brasileiro No Período Republicano
O Protestantismo Brasileiro No Período Republicano
O Protestantismo Brasileiro No Período Republicano
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1. Situação geral
Art. 1º – É proibido à autoridade federal, assim como à dos estados federados, expedir leis,
regulamentos ou atos administrativos, estabelecendo alguma religião, ou vedando-a, e criar
diferenças entre os habitantes do país, ou nos serviços sustentados à custa do orçamento, por
motivo de crenças ou opiniões filosóficas ou religiosas.
Art. 2º – A todas as confissões religiosas pertence por igual a faculdade de exercerem o seu
culto, regerem-se segundo a sua fé e não serem contrariadas nos atos particulares ou públicos
que interessem ao exercício deste decreto.
Art. 3º – A liberdade aqui instituída abrange não só os indivíduos nos atos individuais, senão
também as igrejas, associações e institutos em que se acharem agremiados, cabendo a todos o
pleno direito de se constituírem e viverem coletivamente, segundo o seu credo e a sua
disciplina, sem intervenção do poder público.
Art. 4º – Fica extinto o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas. (...)
1.2 Conflitos
Os bispos católicos, através de várias cartas pastorais publicadas a partir de 1890, saudaram a
Proclamação da República porque ela libertou a igreja da tutela e interferência do estado, que
havia sido uma constante desde o início da colonização do Brasil. Ao mesmo tempo, os bispos
deploraram a perda de status e influência da Igreja Católica, resultante da sua separação do
Estado. Eles começaram a referir-se ao novo regime republicano como um governo ateu.
A Igreja Católica também empreendeu uma intensa campanha para recuperar os seus antigos
privilégios e voltar a ocupar os espaços perdidos. Nesse esforço, a igreja mostrou-se muito
agressiva contra os protestantes, acusando-os de serem inimigos da identidade e cultura
católicas do Brasil e de estarem a serviço de interesses estrangeiros, principalmente norte-
americanos. Os evangélicos se referiram a essas pressões com o termo “clericalismo”.
Em 1846, havia sido criada na Inglaterra a Aliança Evangélica, uma frente unida contra o
catolicismo. Esse movimento foi iniciado nos Estados Unidos em 1867. No Brasil, os problemas
iniciais do período republicano levaram os protestantes a criar uma organização semelhante, cuja
primeira reunião verificou-se em São Paulo em julho de 1903. Seu primeiro presidente foi o Rev.
Hugh Clarence Tucker (metodista) e seu primeiro secretário, o pastor F. P. Soren (batista).
Após a morte de Erasmo Braga, a Comissão Brasileira de Cooperação uniu-se à Federação das
Igrejas Evangélicas do Brasil e ao Conselho Nacional de Educação Religiosa para formar a
Confederação Evangélica do Brasil (1934), que prestou relevantes serviços à comunidade
evangélica brasileira por várias décadas.
Outro problema dos anos 60 foi uma conseqüência do Concílio Vaticano II (1962-65). Inspirados
pelas mudanças que estavam ocorrendo na Igreja Católica, muitas igrejas e pastores adotaram
uma postura de aproximação e diálogo com os católicos, o assim chamado “ecumenismo”.
Tornou-se comum na época a realização de cultos ecumênicos ou de cerimônias ecumênicas de
casamento, que geraram inúmeras controvérsias e até mesmo processos eclesiásticos nas
igrejas evangélicas.
O ecumenismo foi interpretado por muitos como mais uma manifestação do liberalismo teológico,
outro fator de tensão e divisões nas igrejas protestantes do Brasil. O liberalismo clássico havia
surgido no hemisfério norte na segunda metade do século passado. Na década de 1920, houve
nos Estados Unidos uma famosa e acirrada controvérsia que colocou em campos radicalmente
opostos os liberais ou modernistas e os fundamentalistas.
Para complicar ainda mais um quadro já tão confuso, surgiu ainda outro movimento nos anos 60
que teve grandes repercussões nas igrejas evangélicas: o movimento carismático ou de
renovação. À semelhança de outros movimentos vindos para o Brasil, esse também surgiu
inicialmente nos Estados Unidos, quando tanto católicos quanto membros de igrejas protestantes
tradicionais começaram a ter experiências carismáticas semelhantes às dos pentecostais do
início do século 20. No Brasil, esse movimento dividiu algumas igrejas e causou o surgimento de
novas denominações.
Nos anos 80 e 90, novos movimentos e ênfases teológicas continuaram a ser importados dos
Estados Unidos e a causar grandes transformações na face do protestantismo brasileiro. Os
exemplos mais importantes são o movimento do crescimento da igreja, a teologia da
prosperidade e a batalha espiritual. Outras ênfases recentes são a confissão positiva, cura
interior, maldição hereditária e o movimento G-12. Existem também modismos mais passageiros
que têm tido diferentes graus de impacto no ambiente evangélico.
Neste início do século 21, o protestantismo brasileiro impressiona muito mais pela sua
diversidade e complexidade do que por elementos comuns. De um lado, há uma imensa maioria
de pentecostais clássicos e a contínua proliferação e crescimento de grupos neopentecostais. Do
outro lado, temos as igrejas tradicionais ou históricas, que por sua vez se subdividem em dois
grupos: progressistas e conservadores. Passemos ao estudo dos diferentes períodos dessa
história.
O protestantismo brasileiro era ainda muito pequeno em termos numéricos. A Igreja Presbiteriana
do Brasil foi a maior denominação nas primeiras décadas da República. Em 1910, quando foi
criada a Assembléia Geral da IPB, os números aproximados de membros comungantes eram os
seguintes: IPB: 10 mil; metodistas: 6 mil; batistas: 5 mil; IPI: 5 mil; episcopais: mil.
Em 1930, o total de presbiterianos era 44.500; batistas: 40.500; metodistas: 15.500 e Assembléia
de Deus: 13.500. As maiores denominações isoladas eram a Convenção Batista Brasileira, com
34 mil comungantes e a IPB, com 29 mil. O número total dos evangélicos comungantes era de 135
mil, que, somados aos não-comungantes, totalizavam 406 mil. Os dois grupos luteranos tinham 70
mil comungantes, que subiam para 236 mil com o acréscimo dos não-comungantes. A
comunidade protestante do Brasil era calculada em 700 mil pessoas, em uma população total de
41 milhões de habitantes.
Outros grupos evangélicos existentes nessa época eram os seguintes: (a) igrejas: Irmãos, Igreja
Cristã, Igreja Batista Independente, Exército da Salvação, Congregação Cristã no Brasil,
Adventistas; (b) missões: União Evangélica Sul-Americana; (c) entidades interdenominacionais:
Sociedade Bíblica Americana, Missão Evangélica Caiuá, Comissão Brasileira de Cooperação,
Associação Cristã de Moços, Associação Cristã Feminina.
A principal característica desse período foi o processo de nacionalização dos diferentes grupos,
que se tornaram mais autônomos em relação às suas igrejas de origem. Vejamos os dados das
principais denominações históricas:
Foi a primeira denominação brasileira inteiramente nacional (não sujeita a nenhuma junta
missionária). Até 1913, só foram organizadas treze igrejas congregacionais no Brasil, todas
autônomas. Oito eram filhas da Igreja Fluminense: Pernambucana (1873), Passa Três (1897),
Niterói (1899), Encantado (1903), Paranaguá, Paracambi e Santista (1912), Paulistana (1913), e
três da Igreja Pernambucana: Vitória (1905), Jaboatão (1905) e Monte Alegre (1912). Em julho de
1913, essas igrejas se reuniram na 1ª Convenção Geral, no Rio de Janeiro. Dessa época até
1942, a denominação mudou de nome dez vezes.
Os ingleses fundaram algumas missões para atuar na América do Sul: Help for Brazil (criada em
1892 por iniciativa de Sarah Kalley e outros), South American Evangelical Mission (Argentina) e
Regions Beyond Missionary Union (Peru). Após a Conferência de Edimburgo (1910), essas
missões vieram a constituir a União Evangélica Sul-Americana (UESA, 1911). Dos seus esforços,
surgiu no Brasil a Igreja Cristã Evangélica.
A IPB alcançou a sua autonomia formal em 1888, com a criação do Sínodo do Brasil. Até então,
os presbitérios brasileiros estavam filiados às igrejas norte-americanas, a do norte (PCUSA) e a
do sul (PCUS). Quando se organizou o Sínodo, a IPB tinha 60 igrejas, 20 missionários e 12
pastores nacionais. De 1892 a 1903 houve uma séria crise em torno das questões missionária,
educativa e maçônica que resultou em cisma, surgindo assim a Igreja Presbiteriana Independente,
cujo principal líder foi o Rev. Eduardo Carlos Pereira.
Em 1910 foi criada a Assembléia Geral, sendo eleito seu primeiro moderador o Rev. Álvaro Reis,
pastor da I. P. do Rio de Janeiro, por muitos anos a maior igreja evangélica do Brasil (quando
Reis faleceu, em 1925, a igreja tinha mais de 2.600 membros). Em 1917, foi firmado com as
missões norte-americanas um acordo conhecido como Modus Operandi ou Brazil Plan, mediante
o qual os missionários começaram a retirar-se dos presbitérios brasileiros. Até cerca de 1925, a
IPB foi a maior denominação evangélica do Brasil, tendo grande crescimento em regiões como o
leste de Minas Gerais. Seus principais órgãos eram a Revista das Missões Nacionais (1887) e
especialmente O Puritano (1899).
A Conferência Anual Brasileira foi organizada no Rio de Janeiro em 15-09-1886 pelo bispo John
C. Granbery, enviado pela Igreja Metodista Episcopal do Sul. Tinha apenas três missionários,
James L. Kennedy, John W. Tarboux e Hugh C. Tucker, sendo a menor conferência anual já criada
na história do metodismo. Em 1899, a I.M.E. do Norte transferiu seu trabalho no Rio Grande do Sul
para a Conferência Anual. Em 1910 e 1919 surgiram outras duas conferências, passando a existir
três: norte, sul e centro.
A Convenção Batista Brasileira foi organizada no dia 24-06-1907 na Primeira Igreja Batista da
Bahia (Salvador), quando 43 delegados, representando 39 igrejas, aprovaram a “Constituição
Provisória das Igrejas Batistas do Brasil”. A partir dessa época, a Igreja Batista passou a ter
acentuado crescimento em relação às outras denominações tradicionais.
Uma Convocação especial reunida em Porto Alegre em 30-05-1898 definiu a relação formal entre
a missão e a Igreja Episcopal dos Estados Unidos, elegendo Lucien Lee Kinsolving como o
primeiro bispo residente da igreja brasileira. Kinsolving foi sagrado bispo em Nova York em 06-
01-1899, sendo o único bispo episcopal no Brasil até 1925.
Nesse período, que vai do Estado Novo de Getúlio Vargas até o início do regime militar em 1964,
as igrejas protestantes em sua maior parte já haviam se tornado independentes das suas igrejas-
mães estrangeiras. Nessas décadas, a situação relativa dos diferentes grupos sofreu uma
alteração radical, com o acelerado crescimento das igrejas pentecostais, que ultrapassaram em
muito as denominações históricas.
(a) Congregação Cristã no Brasil: foi fundada pelo italiano Luigi Francescon (1866-1964).
Radicado em Chicago, foi membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao pentecostalismo
em 1907. Em 1910 (março-setembro) visitou o Brasil e iniciou as primeiras igrejas em Santo
Antonio da Platina (PR) e São Paulo, entre imigrantes italianos. Veio 11 vezes ao Brasil até 1948.
Em 1940, o movimento tinha 305 “casas de oração” e dez anos mais tarde 815.
(b) Assembléia de Deus: a Assembléia de Deus brasileira foi fundada pelos suecos Daniel
Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Originalmente batistas, abraçaram o
pentecostalismo em 1909 nos Estados Unidos. Conheceram-se numa conferência pentecostal em
Chicago. Assim como Luigi Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor batista William H.
Durham, que participou do avivamento de Los Angeles (1906). Sentindo-se chamados para
trabalhar no Brasil, chegaram a Belém em novembro de 1910. Seus primeiros adeptos foram
membros de uma igreja batista com a qual colaboraram.
(c) Igreja do Evangelho Quadrangular: foi fundada nos Estados Unidos pela evangelista
Aimee Semple McPherson (1890-1944). O missionário Harold Williams fundou a primeira IEQ do
Brasil em novembro de 1951, em São João da Boa Vista, São Paulo. Em 1953 teve início a
Cruzada Nacional de Evangelização, sendo Raymond Boatright o principal evangelista. A igreja
enfatiza quatro aspectos do ministério de Cristo: aquele que salva, batiza com o Espírito Santo,
cura e virá outra vez. As mulheres podem exercer o ministério pastoral.
(d) Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo: foi fundada por Manoel de Mello, um
evangelista da Assembléia de Deus que depois tornou-se pastor da IEQ. Separou-se da Cruzada
Nacional de Evangelização em 1956, organizando a campanha “O Brasil para Cristo,” da qual
surgiu a igreja. Filiou-se ao Conselho Mundial de Igrejas em 1969 e desligou-se em 1986. Em
1979 inaugurou seu grande templo no bairro da Água Branca, em São Paulo, sendo orador oficial
Philip Potter, secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas. Na inauguração, esteve presente o
cardeal arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. Manoel de Mello morreu em 1990.
Quanto às denominações históricas, destacamos alguns aspectos de sua trajetória nesse novo
período:
3.1 Congregacional
Os congregacionais se uniram à Igreja Cristã Evangélica em 1942, formando a União das Igrejas
Congregacionais e Cristãs do Brasil. Separaram-se em 1969, tomando o nome de União das
Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. A outra ala dividiu-se em duas, a Igreja Cristã
Evangélica no Brasil (Anápolis) e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil (São Paulo), que mais tarde
se uniram. O crescimento desses grupos foi pequeno, representando uma parcela cada vez menor
do protestantismo brasileiro.
3.2 Presbiteriana
Com a nova Constituição da Igreja, aprovada em 1937, foi criado o Supremo Concílio da IPB. Um
novo desafio para a igreja foi como posicionar-se em relação aos novos organismos ecumênicos
que estavam se formando. Em 1948, Samuel Rizzo representou a IPB na Assembléia do Conselho
Mundial de Igrejas em Amsterdã. No ano seguinte, a igreja optou pela “equidistância” entre o CMI
e o Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, do líder fundamentalista norte-americano Carl McIntire.
Em 1962, o Supremo Concílio aprovou o “Pronunciamento Social da IPB”.
Nos anos 50, Israel Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife e ligado ao Concílio Internacional de
Igrejas Cristãs, liderou uma campanha contra o Seminário do Norte sob a acusação de
modernismo. Fundou outro seminário e foi deposto pelo Presbitério de Pernambuco em julho de
1956. Em 21 de setembro foi organizada a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil com
quatro igrejas locais (incluindo elementos batistas e congregacionais), que formaram um
presbitério com 1800 membros.
A partir de 1930, surgiu um movimento de intelectuais (entre eles o Rev. Eduardo Pereira de
Magalhães, neto de Eduardo Carlos Pereira) que pretendia reformar a liturgia, certos costumes
eclesiásticos e até mesmo a Confissão de Fé. A questão eclodiu no Sínodo de 1938. Outro grupo
organizou a Liga Conservadora, liderada pelo Rev. Bento Ferraz. A elite liberal retirou-se da IPI em
1942 e formou a Igreja Cristã de São Paulo. Em 1957 foi criado o Supremo Concílio da IPI, com
três sínodos, dez presbitérios, 189 igrejas locais e 105 pastores.
3.4 Metodista
O primeiro bispo metodista brasileiro foi César Dacorso Filho (1891-1966), eleito em 1934, que
por doze anos (1936-1948) foi o único bispo da Igreja. A Igreja Metodista foi a primeira
denominação brasileira a filiar-se ao Conselho Mundial de Igrejas, em 1942. Seu órgão oficial era
O Expositor Cristão. O crescimento dessa denominação foi pequeno, sendo uma de suas
principais ênfases a educação.
3.5 Luterana
3.6 Episcopal
O primeiro bispo brasileiro foi Athalício Theodoro Pithan, sagrado em 21-04-1940. Em abril de
1952, foi instalado o Sínodo da Igreja Episcopal Brasileira, contando com três bispos (Athalício T.
Pithan, Luís Chester Melcher e Egmont Machado Krischke). Em 25-04-1965 a Igreja Episcopal do
Brasil obteve da igreja-mãe a sua plena emancipação administrativa e passou a ser uma província
autônoma da Comunhão Anglicana. Logo em seguida, filiou-se ao CMI.
Dois eventos de grande impacto marcaram o início deste período: (a) O Concílio Vaticano II (1962-
65), que assinalou a abertura da Igreja Católica para os protestantes (“irmãos separados”) e
revelou novas concepções sobre o culto, a missão da igreja e a relação com a sociedade. O
ecumenismo tornou-se alvo de muitas controvérsias. (b) O movimento de 1964 e o regime militar.
Na realidade, esse período foi marcado pelo surgimento de ditaduras militares e movimentos de
esquerda em toda a América Latina. Na área religiosa, um dos resultados foi o surgimento da
Teologia da Libertação. Vejamos alguns eventos desse período conturbado:
Em 1962, a Missão Brasil Central (UPCUSA) propôs-se a entregar à Igreja toda a sua obra
evangelística, médica e educacional. Em 1972, a IPB rompeu com a Missão Brasil Central, sendo
uma das possíveis causas a adoção da Confissão de 1967 pela Igreja Presbiteriana Unida dos
Estados Unidos. Em 1973, a IPB rompeu suas relações com essa denominação (criada em 1958)
e firmou novo convênio com a missão da Igreja Presbiteriana do Sul (PCUS).
Com o passar dos anos, surgiram alguns grupos dissidentes, como o Presbitério de São Paulo e
a Aliança de Igrejas Reformadas (1974), e a Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas
(FENIP), organizada em Atibaia, em setembro de 1978. Esta federação eventualmente constituiu-
se em uma nova denominação, a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, que possuindo uma
orientação teológica fortemente progressista. Em 1999, faleceu um de seus líderes mais
conhecidos, o Rev. Jaime Wright, que foi muito atuante na área de direitos humanos.
Com uma postura inicialmente menos rígida que a IPB, a partir de 1972 a IPI tornou-se mais
inflexível quanto ao ecumenismo e à renovação carismática. Em 1978, essa denominação admitiu
aos seus presbitérios os três primeiros missionários estrangeiros da sua história, Richard Irwin,
Albert James Reasoner e Gordon S. Trew, que antes colaboravam com a IPB.
Nos últimos anos, a IPI tem abraçado uma postura teológica mais aberta, estreitando os seus
laços com a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos e aceitando o ministério feminino. Há alguns
anos, um documento denominado Ordenações Litúrgicas produziu tantas controvérsias que
precisou ter a sua aplicação suspensa pela igreja.
No início dos anos 60, Nathanael Inocêncio do Nascimento, reitor da Faculdade de Teologia de
Rudge Ramos, liderou o “esquema” nacionalista que visava substituir os líderes missionários do
Gabinete Geral por brasileiros (saíram Robert Davis e Duncan A. Reily e entraram Almir dos
Santos e Omar Daibert, futuros bispos).
Os universitários e estudantes de teologia pleiteavam uma igreja mais voltada para a ação social
e a política. A ênfase na justiça social dominou a Junta Geral de Ação Social (Robert Davis, Almir
dos Santos) e a Faculdade de Teologia. Dom Helder Câmara paraninfou a turma de 1967. No ano
seguinte, uma greve levou ao fechamento da Faculdade de Teologia e à sua reestruturação.
Nos anos 70 a IMB investiu na educação superior. No campus da antiga Faculdade de Teologia
surgiu o Instituto Metodista de Ensino Superior e em 1975 o Instituto Piracicabano (fundado em
1881) foi transformado em Universidade Metodista de Piracicaba. Em 1982 foi elaborado o Plano
Nacional de Educação Metodista, cuja fundamentação deu ênfase ao conceito do Reino de Deus
e à teologia da libertação. O movimento carismático também encontrou acolhida em muitas
comunidades metodistas.
Seu fundador é David Miranda (nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná. Vindo para
São Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em 1962 fundou sua igreja em Vila
Maria. Logo transferiu-se para o centro da cidade (Praça João Mendes). Em 1979, foi adquirida a
“sede mundial” na Baixada do Glicério, o maior templo evangélico do Brasil, com capacidade para
dez mil pessoas. Em 1991 a igreja afirmava ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581 horas
diárias em rádios, bem como estar presente em 17 países (principalmente no Paraguai, Uruguai e
Argentina). A Igreja Deus é Amor dá preferência exclusiva ao uso do rádio como meio de
divulgação, não se utilizando da televisão.
Outros conhecidos grupos neopentecostais são a Igreja Renascer em Cristo (do “apóstolo”
Estevam Hernandes), a Igreja Internacional da Graça de Deus (do pastor Romildo Soares,
cunhado de Edir Macedo), a Igreja Sara Nossa Terra e as Comunidades Evangélicas.
Conclusão
Sugestões bibliográficas
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