A Filha Do Escandalo (Patifes & - Emma v. Leech
A Filha Do Escandalo (Patifes & - Emma v. Leech
A Filha Do Escandalo (Patifes & - Emma v. Leech
A Filha do Escândalo
Patifes & Cavalheiros – livro 3
Emma V Leech
A Filha do Escândalo
por Emma V. Leech
Publicado por: Emma V. Leech.
Arte da capa por: Victoria Cooper
Título original: Scandal’s Daughter
Tradução: Inês Vanmuysen
Preparação de Texto/Revisão: Vânia Nunes
Direitos autorais (c) Emma V. Leech 2017
ASIN: B0BWCWF15X
ISBN: 978-2-492133-84-8
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua
Portuguesa.
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou
intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Nenhuma identificação com pessoas reais (vivas ou falecidas),
locais, edifícios e produtos é inferida. O conde de Falmouth era uma
pessoa real e a família e a casa ainda existem, no entanto, esta é
uma obra de ficção
Índice
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Ao Inferno com o Diabo
Capítulo 1
Quer mais Emma?
Sobre Mim!
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Ousando Seduzir (em breve)
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A Chave para Erebus
O Príncipe das Trevas (em breve)
Agradecimentos
Onde o verdadeiro Amor queima, o Desejo é a chama pura do
Amor;
2 de junho de 1817.
Beau observou seu amigo de infância, Sebastian Grenville, o
duque de Sindalton, descer correndo as escadas de sua grande
casa em Grosvenor Square. A figura alta e imponente entrou na
carruagem que o aguardava, e o transporte preto brilhante, puxado
por quatro cavalos baios igualmente lustrosos, afastaram-no dali. A
folha de ouro do brasão do duque nas portas da carruagem brilhava
atestando a qualidade de sua perfeição sob o sol do início do verão,
e Beau se esforçou para não sentir inveja da posição segura de seu
amigo: um homem rico, prestes a se casar com uma igualmente
senhorita rica e bonita que o amava loucamente. Vidas com as
quais a maioria das pessoas só poderia sonhar. Atingido por uma
forte pontada de tristeza quando a carruagem dobrou a esquina e
desapareceu de vista, ele respirou fundo e disse a si mesmo para
não ser tão covarde. Ele não tinha o direito de sentir pena de si
mesmo. Ele tinha sua própria notoriedade como Charles Stafford, o
marquês de Beaumont, embora todos o conhecessem simplesmente
como Beau. Mas ele trouxe essa tristeza sobre si mesmo. Isso
estava claro.
Beau mexeu o braço na tipoia enquanto seu ombro latejava
como se o lembrasse de sua própria loucura cruel. Levantando a
mão, esfregou o local com uma careta. Estava se recuperando bem
agora, mas ainda doía como o diabo. É isso que acontecia quando
seu melhor amigo colocava uma bala em você. Ele só podia estar
grato por Sebastian nunca ter sido um atirador tão bom quanto ele.
Para o bem de ambos. Ele duvidava que Sebastian aceitaria a ideia
de fugir para a França em desgraça com mais entusiasmo do que
ele próprio. Mas não havia outra escolha para ele agora.
Ele se virou e acenou com a cabeça para os dois homens
corpulentos e de aparência desonrosa que permaneciam na esquina
da rua. Eles eram sentinelas temporários, cortesia do conde de
Falmouth, que estava ansioso para que ele deixasse o país, pois
Beau devia muito dinheiro a alguns homens muito cruéis, e eles só
receberiam seu pagamento através da violência, se é que nada
mais estivesse por vir.
Perdido em seus próprios problemas, viu-se caminhando em
direção ao Hyde Park, as ruas ainda estavam silenciosas e desertas
nas primeiras horas da manhã. Ele devia ir para casa. Ainda havia
muitas coisas para resolver antes que pegasse o Paquete pela
manhã. A ideia de voltar deixava sua garganta desconcertantemente
apertada. Melhor seria postergar por um tempo.
Ele vagou pelos belos jardins, vagarosamente. A grama e as
árvores em tons de verde ácido vibrante de uma primavera úmida
com brilhantes faixas de plantas coloridas saltavam aos olhos
enquanto as novas cores do verão competiam por atenção. Pela
primeira vez, Beau não encontrou nenhum prazer nisso, seus
pensamentos estavam muito atolados em seu passado e na
escuridão de seu futuro imediato. Que diabos ele devia fazer?
Ele sentou-se em um banco, lançando um olhar compreensivo
aos dois homens que ainda o acompanhavam. Ele acenou para eles
irem embora com um ar impaciente e eles obedeceram com
relutante desconfiança.
Beau não tinha certeza de quanto tempo ficou sentado lá,
olhando para a água do Serpentine e considerando todas as coisas
mal concebidas e idiotas que ele tinha feito somente no ano
passado. Não era nada agradável perceber que você estava
desperdiçando sua vida, que não havia feito nada de que pudesse
se orgulhar. Ele passou seu tempo satisfazendo seus instintos mais
básicos e não dando a mínima para quem ele machucava no
processo. Ele estava cansado de cenas emotivas, de mulheres com
quem não se importava chorando e implorando para que ele ficasse.
Ele estava cansado de apostar o tempo todo para tentar manter-se
em atividade. Esfregando a mão no rosto com irritação, repreendeu-
se. Ele era melhor do que isso, não era? Mas a risada de seu pai
ainda ecoava em seus ouvidos.
Pedir ajuda ao pai quase o matara. Ele não tinha se
surpreendido ao ouvir o velho bastardo malvado se deliciado em
dizer que ele era um fracasso e uma desgraça e que não levantaria
um dedo para ajudá-lo. Nada tinha mudado. Então, ele engoliu seu
orgulho sem motivo.
Beau jurou que iria mostrar a ele um dia. Um dia ele seria bem-
sucedido em sua vida e olharia seu pai nos olhos e diria que ele
estava errado. Beau não era um fracassado, ele que era. O duque
de Ware que era um fracassado, pois mesmo planejando quebrar
seu próprio filho, ainda não havia conseguido.
Ele franziu a testa, interrompido de seus pensamentos por uma
voz suave e olhou ao seu redor. A princípio, não viu ninguém, mas
então a voz voltou, e ele se virou um pouco mais à direita e viu uma
mulher olhando para ele.
— Olá — disse ela, com a voz tensa com ansiedade. — E-eu
sinto muito, milorde. E-espero não estar incomodando...
Ele sorriu educadamente para a mulher, imaginando o que
diabos ela estava querendo, falando com um homem que ela não
conhecia no meio do parque. Mas, então, ele percebeu que havia
algo de familiar nela.
Ela não era um espécime glamoroso. Na verdade, Beau teria
passado por ela sem olhar duas vezes, mas de onde ele a conhecia,
não conseguia se lembrar. Malvestida, usava uma peliça marrom
gasta, seu cabelo igualmente castanho era severamente puxado
para trás de seu rosto em um coque apertado. Magra a ponto de
quase aparecer os ossos, Beau pensou que uma forte rajada de
vento provavelmente a derrubaria.
Ela corou, e dois pontos de cor vívida apareceram contra a
palidez de sua tez.
— Não, você não está me incomodando — disse ele, olhando
para ela com curiosidade. Se ela estivesse mais bem vestida e
fosse mais atraente, ele não teria ficado tão surpreso. Ele estava
acostumado com mulheres agindo de maneira inapropriada para se
aproximar dele. — Existe alguma coisa que possa fazer por você,
senhorita...
— Oh, senhorita Sparrow — disse ela, apressadamente, dando
alguns passos hesitantes em sua direção. — Não, absolutamente
nada, milorde, na verdade eu nunca teria ousado me aproximar de
você, apenas...
Ela parou de repente, e Beau foi atingido pelo medo em seus
olhos escuros. Era um olhar que ele reconhecia.
— Apenas? — perguntou ele, mantendo sua voz acolhedora e
tranquilizadora. Ela tinha o ar de uma mulher que tinha medo da
própria sombra, e ele sentiu a necessidade instintiva de deixá-la à
vontade. Ela usava óculos pequenos que a faziam parecer um
pouco mais velha do que talvez fosse e os empurrou um pouco para
cima do nariz antes de falar novamente.
— Apenas queria lhe agradecer muito.
Ele ergueu as sobrancelhas, imaginando o que poderia ter feito
para merecer a gratidão dela. — Sparrow? — repetiu ele, franzindo
a testa ao perceber que o nome era familiar. — Oh, o baile de lady
Derby!
Ela sorriu e soltou um suspiro. — Sim, isso mesmo. Receio ter
causado o mais terrível alvoroço. — Os pontos coloridos em suas
bochechas pareceram enrubescer ainda mais, e ele sentiu uma
onda de pena por seu constrangimento.
— De jeito nenhum — disse ele, sorrindo para ela. — E não há a
menor necessidade de me agradecer. Não fiz nada além do que
qualquer um teria feito.
Seu sorriso desapareceu e um olhar assombrado voltou àqueles
grandes olhos castanhos. — Não — disse ela, balançando a
cabeça. — Ambos sabemos que isso não é verdade. Eles teriam
parado e assistido enquanto eu sofria um... um ataque. Eles teriam
assistido e se sentido horrorizados e não teriam feito nada. Ninguém
mais teria me ajudado — disse ela, com a voz quase inaudível. —
Mas você ajudou.
Parecia ser a vez de Beau se sentir envergonhado. Ele
certamente não merecia o olhar de devoção aduladora em seus
olhos. — Bem, eu fiquei muito feliz em fazê-lo — disse ele, não
dando importância com um aceno de mão.
— Eu sei — disse ela, com a voz cheia de admiração. — E eu
simplesmente não consigo imaginar o porquê.
Ele franziu a testa, virando-se para ela com um pouco de
aborrecimento. — Não deveria ser tão fora do comum que eu possa
demonstrar boas maneiras a uma criatura semelhante. Certamente
minha reputação não é tão sombria assim. — As suas palavras
foram mordazes, e ela suspirou audivelmente de susto. Ele ficou
chocado ao ver aquela expressão de terror em seus olhos
novamente enquanto ela agarrava a pequena retícula marrom em
suas mãos.
— N-Não! Não quis dizer isso. Eu n-não estava falando de
você... Só que as p-pessoas não são gentis, sabe. N-normalmente
não são.
Ele sentiu uma onda de pena dessa pobre criatura morena e
esfarrapada e se perguntou como seria a vida dela. Ele conhecia o
primo dela, Spencer Brownlow. Ele estudou em Eton, era um ou dois
mais velho que Beau, e seria difícil encontrar um indivíduo mais
malvado que ele.
— Perdoe-me, senhorita Sparrow — disse ele, verdadeiramente
inquieto com o quão assustada ela parecia estar. — Eu não tinha
nenhum direito de falar com você assim. Na verdade, foi apenas
minha própria consciência pesada que me fez pensar que você
estava me acusando de ser geralmente uma pessoa desalmada.
— Oh, eu nunca acreditaria em tal coisa sobre você! — disse
ela, com tanto entusiasmo que Beau caiu na gargalhada.
— Nossa, quanto apoio — disse ele. — Bem, admito que
preciso disso agora, pois estou sentindo uma tremenda pena de
mim mesmo.
— É mesmo?
Ele olhou para cima, divertido com a curiosidade em seus olhos.
Olhando em volta, perguntou-se se ela estava sozinha no parque,
pois aquela situação, claramente para ele, não era apropriada. Ela
não deveria estar falando com ele sem um acompanhante. Ela não
deveria falar com ele, já que eles nunca haviam sido apresentados
formalmente, apesar das circunstâncias bizarra em que se
conheceram. Embora ninguém fosse acreditar que ela corria o risco
de ele fazer investidas amorosas contra ela, essa era uma
possibilidade francamente ridícula.
— Você está sozinha, senhorita Sparrow?
Os dois pontos coloridos enrubesceram mais uma vez, e ela
balançou a cabeça. — Minha dama de companhia, a senhora
Goodly, está comigo e, de fato, viemos com Hugo, o filho de meu
primo, o senhor Brownlow, e sua babá. Eles estão mais adiante no
parque, mas a senhora Goodly está sentada naquele banco ali. —
Ela gesticulou para outro banco idêntico a uma pequena distância
deles, e Beau viu uma senhora mais velha sentada lendo um livro.
— Bem, então, como temos companhia por perto, você me daria
a honra de sentar aqui comigo por um momento? — perguntou ele,
e foi recompensado com um olhar de verdadeiro prazer.
— Oh, sim. Na verdade, eu gostaria disso, milorde. Isto é... se
você tem certeza de que quer que eu sente. — Ela hesitou no local,
com seus dedos finos agarrando sua retícula e parecendo ansiosa
para que ele não mudasse de ideia.
— Eu não teria perguntado se não quisesse sua companhia,
senhorita Sparrow — respondeu ele, com um sorriso gentil, e
observou divertido enquanto ela se acomodava na beirada do
banco. Ela era muito parecida com um pequeno pardal marrom, ele
pensou, sua boca se contorcendo levemente com a ideia. Ela era
tão arisca, como se a menor perturbação pudesse fazê-la voar de
terror, mas havia inteligência e humor naqueles olhos castanho-
escuros.
— O que você quis dizer antes? — perguntou ela, olhando para
ele. — Quando você disse que estava sentindo pena de si mesmo?
É porque você está ferido? — Ela apontou para a tipoia que ele
usava, e ele hesitou, imaginando o que dizer a ela. A história que se
espalhou foi que ele havia sofrido uma lesão de esgrima. Ele era
bem conhecido por ser um entusiasta do esporte e, embora irritasse
as pessoas pensarem que alguém havia levado a melhor sobre ele,
obviamente era melhor que a verdade permanecesse oculta.
Ele assentiu. — Sim, em parte — respondeu ele, perguntando-
se se poderia confiar nela. Ele sentiu a necessidade repentina de
desabafar. De dizer a alguém que ele tinha sido um idiota, mas que
sentia muito por isso. Que ele queria ser melhor do que isso. — A
história... é que me machuquei enquanto praticava esgrima.
— Impossível! — exclamou ela, estalando a língua com irritação.
Ele riu, surpreso com a reação dela. — Impossível? — repetiu
ele.
— Oh, isso mesmo, impossível — disse ela novamente,
balançando a cabeça e parecendo muito irritada. — Você é
habilidoso demais com uma espada para tal lapso. Quem diabos
supostamente teria feito isso? Não, não. Eu nunca teria acreditado
em tal história, mesmo se você prometesse de pés juntos.
Ele fitou-a boquiaberto, espantado. — Mas... como diabos...? —
Era verdade que ele tinha uma boa reputação com a espada, e os
envolvidos no esporte sabiam disso. Mas o fato de uma dama saber
não apenas que ele esgrimia...
Ela abriu a boca e, em seguida, fechou-a de repente, com um
olhar cauteloso.
— Ah, que isso! Não direi uma palavra e estou curioso demais
para deixar por isso mesmo, é sério! — disse ele, com uma risada.
Ele observou, intrigado, a batalha acontecendo por trás
daqueles olhos assustados. Ele gostaria de saber o que a deixava
com tanto medo.
— Bem, tudo aconteceu há mais ou menos doze anos —
admitiu ela. — Eu era apenas uma garotinha e tinha saído com meu
primo. Ele tinha que encontrar alguém no Angelo's, algum contato
comercial. Ele disse que levaria apenas um momento e que eu
deveria sentar-me calmamente na cadeira do vestíbulo e esperar
por ele.
— Mas você não o fez, eu presumo — perguntou Beau,
observando-a.
Ela balançou a cabeça e olhou para ele, com um sorriso tímido
nos olhos. — Havia muito barulho e eu estava curiosa, então fui ver.
Estava acontecendo um combate de esgrima. Você estava lutando
contra... — Ela franziu a testa enquanto tentava se lembrar, seu
rosto magro virado para longe dele. — Oh, lorde Reece! —
exclamou ela, e, então, disse com prazer: — Foi a coisa mais
espetacular que eu já vi! Você estava realmente magnífico.
Ela suspirou e olhou para ele e, então, corou de fúria quando
aparentemente lembrou-se de suas palavras e da maneira como as
disse.
— Eu dei uma surra nele — respondeu Beau, incapaz de parar
de sorrir para ela.
— Sim — respondeu ela, com os olhos brilhando. — Isso é
verdade. Você o fez parecer um amador. E, desde então, bem, às
vezes meu primo tem negócios para resolver e nos deixa esperando
no vestíbulo, eu e a senhora Goodly, e às vezes a porta está um
pouco aberta e... consigo assistir.
Ele riu, imaginando-a espiando pela porta para ver os homens
lutando. Que criaturinha engraçada ela era. Ele se perguntou
quantos anos ela tinha. À primeira vista, ele pensou que ela era
muito mais velha, talvez na casa dos trinta. Mas, agora, ele percebia
que era apenas o vestido antiquado, o penteado e os óculos
terrivelmente severos. Olhando mais de perto, ele duvidou que ela
tivesse muito mais do que vinte anos. Ela disse que tinha visto a
partida com Reece quando criança, e ele tinha dezoito anos no ano
em que derrotou o atual campeão, lorde Reece.
— Então não foi um acidente de esgrima? — perguntou ela, e
ele viu uma expressão preocupada em seus olhos. — Não... não
foi... um duelo, foi?
Ele balançou a cabeça e bufou. — Não. Não foi um duelo. Pelo
menos, apenas um de nós estava armado.
Ela arfou em choque e agarrou seu pulso. — Mas quem? Quem
fez isso com você? — Ele franziu a testa para ela, surpreso com sua
preocupação. Ela retirou a mão de seu braço imediatamente. —
Peço perdão, milorde — disse ela, olhando para os próprios pés e
parecendo mortificada.
— Por favor, não seja tola. Estou muito grato pela sua
preocupação. Mas receio não merecer sua pena. Eu recebi foi
pouco, na verdade. Eu merecia o que estava por vir e se meu
destino tivesse sido abençoado com um tiro melhor, sem dúvida,
teria sido bem-merecido.
— Não acredito nisso. — Ela soava bastante revoltada, e ele
olhou para ela com crescente afeição. A estranha e pálida dama
tinha obviamente se afeiçoado a ele. Não era a primeira vez que
Beau era atormentado por mulheres que se imaginavam
apaixonadas por ele, acreditando que o conheciam simplesmente
porque se apaixonaram por seu belo rosto. Normalmente, ele se
livrava da presença delas com toda a pressa, mas achava que a
garota o divertia. Talvez fosse apenas porque seu ego estava ferido.
— Por que você foi baleado?
Ele olhou para ela, não vendo nenhum julgamento em seus
olhos. Ele hesitou, percebendo que queria contar a ela.
— Posso confiar em você, senhorita Sparrow? — perguntou ele,
com a voz calma.
Com mais ousadia do que ele imaginava que ela tivesse, ela
colocou a mão sobre a dele por um momento. — Qualquer coisa
que você me disser eu levarei para o túmulo, milorde — disse ela,
com a maior sinceridade. Então, um pequeno brilho de humor
aqueceu seus olhos e ela acrescentou. — Além disso, a quem
diabos eu contaria? Ninguém fala comigo!
Ela deu a ele um pequeno sorriso travesso que era terrivelmente
cativante. Mas isso era mais porque ela não ouvia a terrível solidão
por trás das palavras do que porque ela ter feito uma piada. Beau
descobriu que não podia sorrir com ela, tomado de pena por sua
situação. Que vida restava a uma mulher solteira sem fortuna nem
beleza? Dependente da caridade de seus parentes para ser usada
ou abusada por esses indivíduos considerados adequados. E Beau
tinha quase toda certeza de que alguém estava abusando da
senhorita Sparrow.
— Então o mundo é um lugar muito cruel e tolo, senhorita
Sparrow. Pois não consigo pensar em ninguém com quem eu
preferiria conversar.
Isso foi dito de maneira bonita, e ele ficou satisfeito com o brilho
de prazer que iluminou seus olhos diante de suas palavras. Mais do
que isso, ele percebeu que era verdade. Ele estava cercado de
conhecidos, havia substituído Beau Brummel como o homem mais
elegante da alta sociedade e, no entanto... estava totalmente
sozinho. Sebastian tinha sido sua pessoa mais chegada e seu único
amigo verdadeiro. Teria sido para ele que correria se estivesse em
apuros, mas agora aquela amizade havia acabado. E era
inteiramente culpa de Beau.
Ele deu um suspiro e se recostou no banco, estremecendo
quando seu ombro doeu com o movimento. — A verdade é que fui
baleado pelo meu melhor amigo porque raptei a noiva dele.
Planejava levá-la para Gretna Green e forçá-la a se casar comigo.
Ele olhou para ela, esperando ver condenação e repulsa
naqueles olhos assustados, mas, em vez disso, ela assentiu com a
expressão serena.
— Sim, imaginei que talvez fosse isso — meditou ela,
aparentemente imperturbável. — Lady Dalton era uma herdeira, é
claro, e você está atolado até o pescoço em dívidas e precisa
desesperadamente de fundos, então suponho que era a única coisa
que podia fazer. Ele encarou-a, piscando enquanto ela arquejava e
levava a mão à boca. — Oh, maldita língua miserável. Nunca
consigo mantê-la quieta. Peço desculpa! — disse ela, parecendo
mortificada.
Beau riu, bastante perplexo com essa jovem engraçada. Em um
momento ela estava gaguejando e parecendo estar com medo de
que ele batesse nela e, no seguinte, ela dizia algo perfeitamente
ultrajante.
— Sem problema, senhorita Sparrow. É basicamente isso... —
Ele se virou um pouco e olhou para ela, fitando-a com total atenção.
Era um olhar que fazia com que a maioria das mulheres lhe
dissesse o que quisesse, desde que ele as beijasse como
pagamento. — Mas por que você não está com nojo de mim,
senhorita Sparrow? Porque vejo que não está. Você deveria, sabe...
Eu estou com nojo de mim! Portanto, é muito estranho que você...
não esteja.
Ela corou um pouco de novo, mas não pareceu excessivamente
agitada diante de sua observação. Em vez disso, ela apenas deu de
ombros, o movimento destacando seus ombros esqueléticos. Beau
se perguntou quando ela havia comido pela última vez.
— Eu acho que talvez você esteja certo — disse ela, franzindo
levemente a testa. — Parece que nunca faço ou digo as coisas que
deveria. E é claro que sei que você simplesmente não pode sair por
aí sequestrando mulheres. Não que seja considerado um sequestro,
é claro, quando elas querem... — acrescentou ela, com uma
expressão pensativa. — E você nunca deveria ter feito isso, é claro,
eu sei disso, mas... — Ela fez uma pausa, aparentemente pensando
sobre o assunto.
— Mas? — incitou ele, sentindo-se absurdamente entretido por
suas palavras e a pequena carranca séria que enrugava sua testa.
— Mas eu entendo por que você achou que deveria — disse ela,
balançando a cabeça e olhando para ele com tanta tristeza em seus
olhos que ele ficou realmente comovido. — As coisas... as coisas
estão tão ruins assim?
Ele sorriu, não querendo que ela se preocupasse por sua causa.
Ele tinha a sensação de que ela já tinha problemas suficientes. —
Oh, não tão ruins. Afinal, se é bom o suficiente para Brummel, ouso
dizer que é bom o suficiente para mim.
— França! — exclamou ela, com a imagem do horror estampada
em seu rosto. — Oh, não! Não me diga que você está indo embora!
Ele ficou sem resposta por um momento, muito surpreso com a
verdadeira decepção em seus olhos. Bem, pelo menos alguém
sentiria falta dele, ele pensou com um sorriso irônico.
— Infelizmente, sim, senhorita Sparrow. As circunstâncias são
tais que... bem, a França deve se mostrar um pouco mais
confortável do que a prisão para devedores em todos os aspectos.
Mas eu prometo a você que voltarei. Eu vou voltar, mais cedo ou
mais tarde.
— Oh.
Ele observou enquanto ela olhava para longe dele, piscando
rapidamente.
— Por favor, não se aborreça por minha causa, senhorita
Sparrow. Vou ficar bem, prometo.
— Receio que não seja por sua causa — disse ela,
desconcertando-o mais uma vez. — É por minha causa.
— É mesmo? — respondeu ele, imaginando o que diabos ela
diria a seguir. Ela olhou para ele e riu, aparentemente divertida com
a expressão em seu rosto. Era um som surpreendentemente
profundo vindo de um corpo tão pequeno, e ele não pôde deixar de
sorrir em resposta.
— Eu fiz de novo, não foi? — disse ela, com uma expressão
pesarosa. — Maldita língua! Apenas... bem, tenho acompanhado
suas façanhas por tanto tempo e agora que o conheci e falei com
você... Oh, lorde Beaumont, a Inglaterra será um lugar muito sem
graça sem você. Será mesmo.
Ele olhou para a mulher à sua frente. Ela tinha tudo de sem
graça, marrom e normal, e, ainda assim, ela demonstrava tanto
humor assim que se livrava de seus medos.
— Bem, isso não pode acontecer — disse ele, com a voz suave.
Ele perguntou-se o que diabos estava fazendo, mas... se ele
pudesse pelo menos fazer uma pessoa feliz, talvez isso o ajudasse
um pouco a recomeçar. — Não posso deixá-la entediada até a
morte sem meus casos escandalosos para entretê-la, não é
verdade? Que tipo de cavalheiro faria uma coisa dessas?
— Milorde? — respondeu ela, parecendo perplexa.
— Senhorita Sparrow, permita-me escrever para você, e talvez
me dê a honra de escrever de volta. Eu ficaria feliz em saber de
tudo o que está acontecendo por aqui, e temo que não haja mais
ninguém que se dê ao trabalho de me atualizar.
Ele ficou satisfeito com a expressão em seus olhos. — A honra
seria inteiramente minha, milorde — disse ela, parecendo sem
fôlego. — E-eu ficaria muito feliz, mas... mas você tem certeza de
que é isso que gostaria de fazer?
— Eu prometo a você que é — respondeu Beau, descobrindo
que falava com verdadeira sinceridade. — E eu sei que... talvez não
devesse perguntar a você. Na verdade, sei que não devia. Uma
mulher solteira como você, escrevendo para mim, dentre todas as
pessoas possíveis...
— Por favor, não pense nisso! — disse ela, apressadamente,
balançando a cabeça, obviamente desesperada para tranquilizá-lo.
— Sou perfeitamente capaz de postar as cartas sem que ninguém
saiba e... e se você talvez pudesse endereçar as cartas para a
senhora Goodly... Ela tem uma tia idosa que mora perto, você
poderia enviar as cartas para o endereço dela e ninguém saberia.
Ela remexeu em sua retícula e retirou um pequeno caderno e
um lápis, anotando o endereço para ele.
Beau deu um largo sorriso para ela, balançando a cabeça. —
Senhorita Sparrow, sinto que seus talentos foram desperdiçados.
Você deveria ter trabalhado para Wellington durante a guerra. Você
tem uma mente bastante inclinada à intriga e sinto que seria uma
espiã muito talentosa.
Ela deu aquela risadinha profunda de novo quando lhe entregou
o endereço, e ele não pôde deixar de sorrir de volta.
— Bem, infelizmente, devo deixá-la agora. Lamento muito que
não voltemos a nos encontrar durante algum tempo. Mas espero
notícias suas em breve.
Ele se levantou e estendeu a mão para ela.
— Tem certeza? — disse ela, com o rosto subitamente sério
quando pegou a mão dele e a segurou entre as suas. Elas eram
minúsculas e frias contra sua mão maior e mais quente. — Tem
certeza de que... não está apenas sendo gentil comigo?
— Posso garantir que estou sendo totalmente egoísta — disse
ele, apertando um pouco os dedos dela antes de soltar a sua mão.
— Sabe, estou contando com você para me entreter, pois meu
francês é terrível e não tenho ideia de como devo seguir em frente.
Ela lançou-lhe um olhar travesso, furtivamente. — Oh, até
parece, milorde. Você não precisa de palavras para se divertir.
Tenho certeza disso!
Assustado mais uma vez e dando uma gargalhada indignada,
Beau balançou a cabeça.
— Cuidado com essa sua língua, a menos que esteja
escrevendo para mim, senhorita Sparrow, pois sinto que isso
causará problemas para você!
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incomparáveis Philip Battley e Gerard Marzilli. Vários títulos disponíveis e
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Damas Ousadas — A nova série emocionante de Emma V. Leech, a
multipremiada escritora de romances top 10 da Amazon, por trás da série
Patifes & Cavalheiros.
Dentro de cada jovem tímida e isolada, pulsa o coração de uma leoa,
uma pessoa apaixonada disposta a arriscar tudo pelo seu sonho, se puder
encontrar a coragem para começar. Quando essas jovens ignoradas fazem
um pacto para mudar suas vidas, tudo pode acontecer.
Dez Mulheres - Dez Desafios Inesperados. Quem Se Atreverá A
Arriscar Tudo?
Desafiando um Duque
Damas Ousadas - Livro 1
Duas filhas ousadas...
Lady Elizabeth e lady Charlotte são filhas do duque e da duquesa de
Bedwin. Criadas por uma mãe nada convencional e um pai indulgente, um
tanto superprotetor, ambas se esforçam contra a rígida moralidade da época.
A imagem elegante de uma jovem mansa e fraca, propensa a desmaiar
na menor provocação, é aquela que as faz fervilhar com frustração.
O belo amigo de infância...
Cassius Cadogen, visconde Oakley, é o único filho do conde e condessa
St. Clair. Amado e indulgente, ele é popular, gloriosamente bonito, e um artista
talentoso.
Retornando de dois anos de estudo na França, sua amizade com as duas
irmãs fica tensa quando o ciúme aumenta. Uma situação não ajudada pelos
dois franceses misteriosos que o acompanharam até em casa.
E a rivalidade entre irmãs...
Paixão, arte e segredos provam ser uma combinação inflamável, e
alguém sem dúvida se queimará.
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Interessado em um Romance Regencial com reviravoltas?
Romance Regencial de Mistério - Livro 1
Morrendo por um Duque (em breve)