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Quando tive a ideia para a série Clube 1797, em fevereiro de 2016,
começou como uma brincadeira entre amigos escritores de romances
históricos. - Por que não uma série com TODOS DUQUES? - brincamos,
durante uma conferência.
Quando o fim de semana acabou, já tinha traçado um conceito de
série. Agora, no último ano, isso se desenvolveu um pouco, mas tenho o
prazer de apresentar a vocês esta série de dez livros, sobre um grupo de
amigos que prometem ajudar uns aos outros, pois cada um herda um dos
títulos mais altos do país. Eu me apaixonei por esses homens, esses irmãos
em espírito, e espero que amem cada um deles e suas heroínas ferozes e
briguentas também.
Aproveitem!
PS – Junte-se ao Clube!
www.1797Club.com
Primavera de 1797
J Rylon enrijeceu enquanto observava seu pai atravessar o gramado da
Academia Braxton em sua direção e de seus dois melhores amigos. Seu
coração começou a acelerar, sentiu o sangue sumir de seu rosto. As visitas
mensais do duque de Abernathe eram algo que temia imensamente.
— Ele sempre parece tão zangado. — murmurou Graham, o melhor
amigo de James.
James engoliu em seco, se esforçando para não permitir que o medo
entrasse em seu rosto. Aos quatorze anos, não gostava de mostrar esse tipo
de fraqueza, mesmo para seus melhores amigos. — Ele está sempre
zangado. — sussurrou.
Seu outro melhor amigo, Simon, balançou a cabeça. — Faz com que
eu aprecie um pouco mais meu próprio pai. Basicamente me ignora.
James mordeu a língua, sem vontade de dizer o que estava em sua
mente. Não querendo deixar uma rachadura entrar em sua voz, quando
admitiu que seu próprio pai o desprezava.
O duque de Abernathe finalmente os alcançou e fez uma careta para o
filho. — Pulham.
James se encolheu. Desde os dez anos, seu pai insistia em chamá-lo
pelo título de cortesia. Mas ele não era o conde de Pulham. Era James. Sua
irmã o chamava de James. Quando sua mãe estava sóbria o suficiente para
estar acordada, o chamava de James. Todos os seus amigos e professores o
chamavam de James.
O título parecia um jugo que seu pai colocou em seu pescoço. Um
peso que mal podia suportar com seu corpo magro.
— Pai — respondeu.
Seu pai recuou e deu um tapa no rosto de James, com força suficiente
para que, por um momento, James visse estrelas diante de seus olhos. Não
conseguiu conter um suspiro humilhante de dor quando levantou a mão para
cobrir sua bochecha ardendo.
— Deve me chamar de Vossa Graça ou Abernathe, ou, no mínimo,
senhor. — Seu pai balançou a cabeça. — Está velho demais para essa
bobagem do pai.
James assentiu. — S-sim, Vossa Graça.
O duque, rapidamente, olhou para seus amigos, e James fez o mesmo.
Simon virou o rosto e estava olhando fixamente para um ponto distante.
Graham, por outro lado, estava parado ereto, mãos fechadas em punhos ao
lado do corpo, olhando para o pai de James. E sendo o único que tinha
começado a desenvolver-se no corpo de um homem, era uma visão bastante
intimidante.
Mas Abernathe apenas riu do desafio no olhar do outro garoto. —
Cuide-se, rapaz. Ainda não é duque.— Voltou sua atenção para seu filho. —
Venha, Pulham. Caminhe comigo.
James engoliu o nó na garganta e o fez, entrando no caminho, ao lado
de seu pai, enquanto davam sua volta mensal ao redor do jardim, atrás da
Academia Braxton. Como sempre, seu pai não perguntou a seu respeito ou
seus estudos. Simplesmente fez perguntas, algumas sobre a Câmara dos
Lordes, outras sobre administração de propriedades, outras sobre títulos. E,
como sempre, James gaguejou respostas, a maioria delas erradas, enquanto
seu pai gritava e ameaçava.
Quando a visita habitual, de um quarto de hora, terminou, Abernathe
parou e virou-se para olhar para James.
— É inútil. — Disse o pai, com um aceno de cabeça. — Nem todos os
meus filhos foram fracassos. Uma pena que aquele que vai levar o meu
título é. Bom dia, Pulham.
Deu meia-volta e foi embora sem olhar para trás. James o encarou,
seu peito se contraindo com uma combinação de raiva, mágoa e culpa.
Lágrimas ardiam em seus olhos e se inclinou pela cintura, respirando
superficialmente, enquanto tentava lutar contra elas. Lute contra a fraqueza.
Faça-a ir embora.
O sino na porta estava sendo tocado, sinalizando que tinha chegado a
hora de cessar o esporte e o exercício e retornar às aulas. James soltou um
grunhido doloroso. Tinha que voltar. Teria que enfrentar todos os outros em
suas aulas, seus professores. Eles veriam sua fraqueza. Aquela que
costumava esconder com bom humor e brincadeira.
A fraqueza que o apodrecia por dentro, onde ninguém podia ver.
— James?
Ficou tenso, endireitando-se com a menção de seu nome. Virou-se
para encontrar Simon e Graham parados a poucos metros de distância.
Enxugou os olhos, o calor cobrindo suas bochechas por terem-no visto em
tal estado.
— O quê? — Gritou, muito mais alto e com mais urgência do que
deveria.
Simon o encarou por um longo momento, então se aproximou e
passou um braço em volta do ombro de James. — Vamos. Vamos fugir para
o riacho.
O rosto de Graham se iluminou. — Oh sim, vamos! Não quero ouvir
o velho Comey zumbindo sobre os números durante a próxima hora e meia.
Prefiro muito mais pescar.
James assentiu. — Tudo bem.
Começaram a se afastar da escola, atravessando pelo jardim, passando
por um ponto baixo no muro que o contornava e saindo para o campo que
cercava a Academia Braxton. Estavam andando por mais de cinco minutos
antes que alguém falasse.
— Por que ele é tão cruel contigo? — Graham perguntou.
Humilhação fluiu através dele. Passou a vida inteira tendo seu pai
discutindo com ele na frente dos outros, mas nunca na frente de Graham e
Simon. Gostava dos dois garotos - se tornaram amigos rapidamente, junto
com um grupo de outros, desde que começou na Braxton Academy, no ano
anterior. Havia prosperado na Academia, fora da sombra de seu pai, longe
de sua casa, onde se sentia tão indesejado e não amado.
— Ninguém mais o viu ou ouviu. — Graham assegurou. — Simon e
eu simplesmente os seguimos. Estava preocupado.
— Preocupado com o quê?— James sussurrou.
— Que ele pudesse voltar a te bater. — Graham disse, desta vez com
os dentes cerrados.
Simon lançou um olhar ao amigo antes de dizer: — James, o que ele
quis dizer quando disse que nem todos os seus filhos eram fracassos? Não
tem irmãos, não é?
James respirou fundo quando subiram uma colina baixa e alcançaram
o riacho na borda externa da propriedade da escola. Enquanto Graham
cavava atrás de uma árvore em busca das varas de pescar escondidas ali,
James ponderava sobre sua resposta.
Nunca se sentiu seguro para discutir sua dinâmica familiar. Eram
complicadas e feias. Mas com esses dois garotos, sabia que poderia ser mais
aberto. E, no momento, estava exausto demais para ser qualquer coisa
menos que isso.
Sentou-se na beira do riacho e olhou para a água borbulhante
enquanto dizia: — Eu tinha um irmão mais velho, quinze anos mais velho.
Um meio-irmão, Leonard. Nunca o conheci, no entanto. Ele morreu antes
de eu nascer. Foi por isso que meu pai se casou com minha mãe, para
produzir outro herdeiro.
Simon o encarou. — Como ele morreu?
— Um acidente — James disse com um encolher de ombros. — Meu
pai não fala dele, exceto para fazer comparações comigo. E nunca ganho.
Aparentemente Leonard era perfeito, entende.
— Então é o substituto? — Graham disse enquanto entregava uma
vara, agora pronta, com uma minhoca no anzol.
James se encolheu e Simon estendeu a mão para dar um tapa no braço
de Graham. — Droga Graham.
Graham o olhou. — Não falo para ser cruel.
— E está certo, de qualquer maneira. — disse James, enquanto jogava
sua linha nas ondas. — Não sou o herdeiro, sou o substituto. Meu pai nunca
me perdoará por isso.
— É por isso que é tão cruel — Simon disse suavemente.
Os meninos ficaram todos em silêncio por um longo tempo, e então
James deu de ombros. — Não é justo. Desprezou-me desde o momento em
que nasci, por não ser Leonard. Na verdade, despreza a todos nós, incluindo
Meg e mamãe. Não somos a família que queria e deixou isso claro desde
que me lembro. Me odeia tanto, nem me ensina o que preciso saber, então
grita comigo por não saber. — Balançou a cabeça. — Não faço ideia de
como ser um duque.
Simon suspirou. — Eu faço. É tudo o que meu pai fala comigo, sobre
como, um dia, ser o Duque de Crestwood.
Graham assentiu. — Eu também recebo regularmente palestras do
Duque de Northfield. As minhas até vêm em forma de carta.
Simon e Graham trocaram um sorriso, e então os olhos de Simon se
arregalaram. — Espere, e se o ajudarmos, James?
James o encarou. — O que quer dizer, me ajudar?
— Se ele não vai te ensinar, por que não podemos? — Graham disse,
endireitando-se, enquanto seguia o plano de Simon. — Poderíamos formar
um pequeno grupo, um clube.
— Um Clube de Duques? — Simon disse, os olhos revirando. —
Bem, isso não é um pouco banal?
— Existem alguns garotos na nossa classe que vão ser duques. —
disse James, deixando sua vara de lado e se levantando. — Ali estão
Baldwin... Lucas...
— Hugh... não Hugh o futuro barão. Hugh, filho do duque de
Brighthollow — Graham acrescentou. — E outros mais nas classes logo
abaixo e logo acima da nossa.
James esfregou seu queixo. Todos estes rapazes, com seus
conhecimentos, ajudando uns aos outros, enquanto se preparavam para
assumir o que era o título mais alto da terra sem ser da realeza... a simples
ideia lhe dava esperança.
— Não podemos chamar de Clube dos Duques — disse James. —
Simon está certo, é bobagem. Mas gosto da ideia de nos unirmos. Nossos
pais conseguem ser tão inúteis..., mas, juntos, poderíamos ser mais fortes e
melhores do que eles.
Simon sorriu. — Eu certamente gosto dessa ideia. Mas se não for um
Clube dos Duques, como o chamaremos?
James pensou por um momento, depois sorriu. — Clube 1797. Por
seu ano de fundação, neste lado do riacho.
Graham inclinou a cabeça. — Gosto disso.
James soltou uma risada, a dor da rejeição de seu pai desaparecendo
pela primeira vez, graças à excitação do plano deles. Andou à beira da água,
sua mente correndo.
— Haverá muito o que fazer. Precisamos descobrir quem convidar. E
o que fazer. Onde nos encontraremos...
Simon riu. — Bem, primeiro tem um peixe na linha. Pegue-o e então
conversamos.
James pulou para a vara e começou a arrastar o peixe para fora. Mas
não se importou com a fera se contorcendo. Só se importava com os planos
que ele e seus amigos colocaram em movimento.
1810
U das festas mais exclusivas e caras, que já havia aberto uma Temporada
em Londres, estava acontecendo ao redor de James Rylon, Duque de
Abernathe. Uma animada orquestra, e animadores que flutuavam pelos
corredores, fazendo mágica e outras façanhas de fantasia. Havia bons
parceiros para dançar e, pela primeira vez, o vinho não era diluído.
Sentia-se totalmente, completamente e insuportavelmente entediado.
Oh, sorria e conversava, e todos sempre o chamaram de "a vida de qualquer
reunião".
Mas estava entediado.
Agitou-se quando um grupo de damas se aproximava, sorrindo atrás
de seus leques, as mães pressionando para conseguir uma boa posição para
suas filhas elegíveis. Forçou um sorriso agradável em seu rosto.
— Boa noite, ladies —falou lentamente, procurando em sua mente
nomes que combinassem com os rostos. Os encontraria, não tinha dúvida. A
polidez superficial e a perfeição eram suas especialidades. O que estava por
baixo era outra história, que compartilhava com muito poucos.
Agora todas as damas falavam ao mesmo tempo, titulando, cada vez
que ele dizia alguma coisa, mesmo que remotamente divertida, ao mesmo
tempo segurava um suspiro. Apenas sorriu com algo próximo a
autenticidade quando viu seus melhores amigos, Simon, o Duque de
Crestwood, e Graham, o Duque de Northfield, se aproximando através da
multidão. Ambos mostraram uma expressão divertida ao encontrá-lo tão
sitiado. Expressões que caíram quando as damas os avistaram e foram
arrastados para a armadilha, tal como ele havia sido.
— Há tantos Duques em sua geração — balbuciou uma das moças,
que piscou primeiro para James, depois para os outros dois. — E são tão
bons amigos.
Simon deu de ombros. — É a era dos jovens duques, suponho.
— E, no entanto, nenhum escolheu se casar. — disse uma das mães,
fazendo beicinho com o lábio.
— Isso não é verdade. — James disse, agarrando o braço de Graham
e quase o empurrando para a briga. — Northfield aqui vai se casar com
minha irmã, Margaret. Isso foi arranjado há anos.
Pôde ver que suas palavras não apaziguaram a pequena multidão de
ladies, mesmo quando ofereceram uma rodada de felicitações sem
entusiasmo.
— Talvez nos deem licença, senhoras. — disse Simon, sua voz de
repente um pouco tensa. — Temos alguns negócios a discutir antes de todos
começarmos a dançar.
A possibilidade das danças futuras pendia diante deles, as damas
sorriram e se afastaram, mas James ainda podia sentir seus olhares sobre
ele, do outro lado da sala. Soltou um longo suspiro.
— Está tudo bem? — Simon perguntou, inclinando a cabeça e
examinando James mais de perto.
James pressionou seus lábios. Confiava em Simon e Graham para
dizer a verdade. Mas não era uma verdade que quisesse discutir no
momento. — Claro. — disse com um largo sorriso. — Embora possa dizer
que vai ser uma temporada desafiadora, se a primeira noite já for tão
intensa.
Simon deu de ombros, enquanto olhava para a multidão, sua
expressão, agora, tão séria quanto o próprio James sentia. — Temos a
mesma idade, suponho. As expectativas estão sobre nós, para nos casarmos
e produzirmos nossos herdeiros. Isso nos torna cordeiros para o abate em
salões como esse.
James assentiu. Ah sim, conhecia muito bem essas expectativas.
Descansavam pesadamente sobre seus ombros, sobrecarregando-o, mesmo
quando tinha tanta prática em fingir que era leve e despreocupado.
— Bem, não tenho planos de ser algemado tão cedo. — disse, com
uma risada, que parecia muito falsa. Virou-se para Graham, na esperança de
poder mudar de assunto. — Vou deixar Graham se casar primeiro.
Agora seu sorriso era real. Quando seu pai morreu, há oito anos, seu
primeiro ato como duque foi organizar uma união entre Graham e sua
amada irmã mais nova, Margaret. Ele fez isso para solidificar o futuro dela,
mas também para que Graham fosse seu irmão na vida, tanto quanto era em
espírito.
Esperava que Graham sorrisse com a conversa sobre seu futuro
casamento, mas ambos os amigos pareciam estranhamente sombrios.
Simon, especialmente, agora estava pálido e quase parecia doente.
— Com licença, cavalheiros, preciso de uma bebida — murmurou
Simon, acenando para os dois antes de sair, sem esperar resposta.
James o acompanhou com o olhar. — O que há de errado com ele?
— Não sei — Graham disse suavemente. — Anda mal ultimamente.
Recusa-se a falar comigo sobre isso, no entanto.
— Sim, notei o mesmo. — James meditou.
— Veja se um dos outros consegue arrancar algo dele. — sugeriu
Graham.
James sorriu novamente. Os outros. Graham estava se referindo aos
homens em seu clube informal de 1797. Todos os homens destinados a ser
duques. Eles ajudaram James em muitas de suas horas mais sombrias. Eram
os melhores dos homens e se orgulhava de chamá-los de amigos e aliados.
Havia Graham e Simon, é claro, seus melhores amigos e aqueles que
o ajudaram a formar o grupo. Logo pediram a Baldwin Undercross, agora
Duque de Sheffield, para fazer parte disso. Ele trouxe seu primo, Matthew
Cornwallis, agora Duque de Tyndale. Acrescentaram Ewan Hoffstead, que
recentemente se tornara Duque de Dunborrow. Era mudo, mas tinha um
intelecto aguçado e era um bom amigo.
Lucas Vincent, agora Duque de Willowby, havia se juntado a seu
conjunto um ano depois. Agora não estava mais em Londres. Verdade seja
dita, ninguém sabia onde estava, mas quando retornasse, James não tinha
dúvidas de que voltaria a sua amizade, como se não tivesse se passado um
dia.
Hugh Margoilis, Duque de Brighthollow, e Robert Smithton, Duque
de Roseford, vieram depois de Lucas. O último membro foi Christopher
Collins, atualmente o Conde de Idlewood. Era o único membro que ainda
não herdara seu ducado, embora não houvesse decepção nesse fato, pois seu
pai, o duque de Kingsacre, havia sido uma boa influência sobre todos os
homens, ao longo dos anos.
Era um grupo grande, mas incrivelmente unido. James sabia que
podia contar com qualquer um deles, se precisasse. E não conseguia
imaginar um cenário onde qualquer coisa pudesse separar suas amizades de
longa data.
— Por que me pede para ver se outra pessoa consegue fazer Simon
contar seus problemas? — James perguntou.
Graham arqueou uma sobrancelha. — Não finja que não soube que é
o líder do nosso pequeno grupo, James.
James riu, mas gostou da informalidade de Graham. Quando estavam
sozinhos, Graham nunca chamava Simon pelo título, pois sabiam que
Abernathe vinha com muitas conotações negativas. Mesmo agora, anos
após a morte do último duque, quando alguém o chama por esse título,
James se encolhe um pouco por dentro e pensa na crueldade de seu pai.
Afastou o pensamento. — Todos nós temos nossa parte, Northfield.
Graham cruzou os braços e os dois olharam para a festa mais uma
vez. Lançou um olhar de lado para James e disse: — Realmente se opõe ao
casamento nesta temporada?
James ficou ligeiramente tenso quando Graham entrou em águas
perigosas. — Tenho apenas vinte e sete anos. Sinto que tenho muito tempo
para cumprir meu... dever.
— Suponho que seja verdade — Graham disse suavemente. — Ou até
encontrar alguém que o faça sentir que é mais do que um mero dever. Ouvi
dizer que se apaixonar está se tornando uma grande moda hoje em dia.
Foi preciso tudo de James. para que não revirasse os olhos. Afinal de
contas, o amor era uma noção tola. Nunca tinha visto funcionar para quem
tentou. Certamente, seus próprios pais mal conseguiam se suportar. Seu pai
tinha respondido à infelicidade deles com gritos e a ocasional explosão de
violência física. Sua mãe havia fugido para sua garrafa.
Não, não tinha interesse em se casar. Não nesta temporada. E muito
possivelmente não em qualquer outra.
— Duvido que haja alguma mulher nesta sala que possa me tentar a
amar, Northfield — riu. — Teria que ser bastante extraordinária, de fato.
E não queria nada mais do que afundar sob o banco onde se sentavam
e desaparecer pelo resto de sua vida. Não tinha ideia do porquê de ter
perdido o controle de sua língua. Estavam sentados juntos, tendo uma
conversa perfeitamente adorável. Confortável, além do fato de que não
conseguia parar de contemplar o quão lindo ele era.
E então explodiu algo inapropriado sobre sua falta de desejo de
casamento. Sobre sua própria falta de habilidade para se casar. Era uma
idiota absoluta.
— Desculpe, Vossa Graça — disse, quando conseguiu respirar o
suficiente para falar. — Isso foi totalmente fora de hora.
Ficou quieto por um momento, então disse: — Emma, estávamos
tendo uma conversa honesta. Não me importo de ter uma conversa honesta
contigo. Mas não pode realmente acreditar que nunca se casará.
Emma se levantou e caminhou em direção à fonte, com as mãos
apertadas ao lado do corpo. — Isso realmente não é da sua conta. Esqueci-
me por um momento. Não há mais nada a dizer.
Ele se aproximou. — Emma...
Ela endureceu. Essa era a terceira vez que a chamava pelo nome de
batismo. Não deveria gostar tanto. Deveria corrigi-lo.
Abriu a boca para fazer isso quando James a perfurou com um olhar
duro e perguntou: — Por que acha que nunca se casará?
Ofegou, por ar, por palavras, e o duque estendeu a mão. De repente,
tinha a mão dela na dele. Emma não estava usando luvas, tendo-as tirado
para o almoço. Nem ele. Sua pele era áspera sobre a dela, sua mão um tom
mais escuro enquanto a envolvia.
— Nem todo mundo é dourado — sussurrou, sussurrou, com uma voz
que quase não lhe pertencia. Suas palavras vinham quando não queria que
viessem. — Sou uma solteirona, com pouco a me recomendar graças a... —
Ela parou.
— Graças a...? — a encorajou, seus olhos escuros ainda focados nela.
Como se realmente se importasse com sua resposta.
E, por um momento, pensou em dar-lhe. Ponderou derramando cada
fato doloroso de seu passado e sua própria família fraturada para ele. Mas
se conteve antes que pudesse. Qualquer que fosse o feitiço que estava com
este homem, não estava disposta a falar sobre seu pai e dar-lhe uma razão
para rir dela.
— Sou uma solteirona e uma wallflower — disse, finalmente
puxando a mão da dele e desejando não poder continuar a sentir seu calor.
— Não há outra razão além daquela que impede que muitas mulheres como
eu se casem. Minha mãe insiste que devo me casar, é claro, para aumentar
nossas circunstâncias. Leva-me nessa direção constantemente. Mas não é
tão fácil como apenas acenar com a mão e ter homens caindo aos meus pés.
O duque balançou a cabeça lentamente. — É uma coisa engraçada.
Aqui estou eu tentando evitar uma armadilha de casamento e a senhorita
deseja cair em uma.
— Sim — disse, depois cobriu o rosto. — Deus, me sinto uma idiota.
— Por quê? — Perguntou com uma risada.
Emma abaixou as mãos e o olhou. — Mesmo? Está me fazendo essa
pergunta?
Sua jovialidade se desvaneceu com a pergunta incisiva dela. —
Desculpe se fui loquaz — disse, com verdadeiro desgosto estampado no
rosto. — A senhorita ajudou minha irmã, me ajudou. Existe alguma
maneira de eu possa ajudá-la?
— Fingir me cortejar para me tornar atraente para outro homem? —
Disse, então balançou a cabeça com uma risada. — Não, milorde. Não há
nada que possa fazer, embora lhe agradeça por sua preocupação.
Ele franziu a testa, e, por um momento, Emma pensou que poderia
dizer alguma coisa. Mas então a voz de Meg veio à deriva pelo jardim. —
James, eu ia mostrar a fonte para ela!
James deu um longo passo para trás, e Emma se sentiu um pouco
mais fria, agora que tinha se afastado. Qualquer que seja a seriedade que
estivesse em seu rosto desapareceu, e se virou para sua irmã com um sorriso
brilhante. — Bem, a superei.
Meg deu um tapa no braço dele de brincadeira. — Nunca me permite
nenhum benefício.
— Sinto muito, Meg — disse. — Vou deixá-la com sua amiga. —
Virou-se para Emma com um aceno. — Senhorita Liston, foi um grande
prazer.
Havia sinceridade em seu tom e em sua expressão quando lhe acenou.
Emma engoliu em seco e disse: — Obrigada por sua companhia, Vossa
Graça. Bom dia.
— Bom dia — repetiu, depois caminhou a passos largos em direção à
casa. Deixando Emma com Meg.
Deixando Emma com uma sensação de desconforto e uma mente
cheia de perguntas.
J olhou para seu prato, mas estava totalmente distraído. Desde que
encontrara Emma Liston pela última vez, alguns dias antes, revivera a
conversa no jardim várias vezes. Não só revelou muito sobre si mesmo,
pois quase nunca discutia seu grupo de amigos íntimos com alguém, muito
menos com um estranho..., mas se viu noivo dela.
Não era como ninguém que já tenha conhecido. Onde a maioria das
damas em seu círculo se concentrava em como se apresentar melhor, Emma
tinha uma honestidade refrescante que o atraia.
Balançou a cabeça, afastando os pensamentos dela enquanto olhava
para seus companheiros. Estava compartilhando o jantar com Meg e
Graham, mas nenhum dos dois estava falando. Meg empurrava a comida no
prato com os dentes do garfo e Graham estava em silêncio.
James limpou a garganta. — Somos um grupo emocionante, não
somos?
Graham sorriu e Meg se endireitou. — Todos nós temos algo em
mente, ao que parece — disse, lançando um rápido olhar para Graham. Ele
não devolveu.
— Sei no que os dois devem estar pensando — disse James. — Temos
um casamento para planejar.
Para sua surpresa, Meg enrijeceu um pouco com a menção de suas
próximas núpcias. James franziu a testa. Não tinha certeza do que estava
acontecendo com sua irmã. Estava ficando cada vez mais estranha
ultimamente. A maioria das mulheres ficaria tonta planejando um enorme
casamento da Sociedade com um duque rico e poderoso, como há anos era
seu amigo. Meg parecia totalmente desinteressada.
Só podia esperar que uma vez que ela e Graham estivessem casados,
se acalmasse um pouco. Seus problemas desapareceriam quando estivesse
estabelecida.
— Na verdade, estava pensando mais na festa campestre, semana que
vem — disse Meg. — Sei que a casa já está cheia, mas estava pensando em
convidar Emma Liston e sua mãe para preencher o grupo.
— Emma? — Repetiu, todos os pensamentos que estava tentando
reprimir retornando.
Meg assentiu. — Passamos um tempo maravilhoso juntas, alguns dias
atrás. Gosto dela, James. E acho que também podemos ajudá-la.
A mente errante de James o levou de volta, mais uma vez, à conversa
deles no jardim, alguns dias antes. Emma tinha tanta tensão no rosto quando
falou da necessidade de se casar, das complicações daquela campanha.
— James? — Meg perguntou, intrometendo-se em seus pensamentos.
— Muito bem — disse com um assentimento. — Não vejo motivo
para não. Nós temos acomodações.
Meg sorriu e se levantou, forçando Graham e ele a fazerem o mesmo.
— Excelente. Enquanto tomam seu porto, escreverei um convite para
Emma. E então, provavelmente, vou me retirar mais cedo. —Virou-se
parcialmente para o noivo. — Boa noite.
Graham deu um passo em sua direção, mas não segurou sua mão.
Apenas executou uma reverência rígida. — Margaret.
Meg respirou um pouco, então se virou e saiu da sala, deixando os
dois homens sozinhos.
James passou um braço em volta do ombro de Graham. — Porto?
Se Graham tinha parecido entediado, quando Meg estava por perto,
agora sorria e voltava a ser o homem que James conhecia por quase toda a
sua vida. — Prefiro scotch, na verdade.
— Scotch será. — James riu enquanto caminhavam pelo corredor até
a sala de bilhar. Uma vez lá dentro, foi até o aparador para servir as bebidas.
— Já que não vamos voltar para Margaret, gostaria de um jogo? —
Graham perguntou.
James assentiu sem olhá-lo. — Faz tempo que não jogamos.
Ouviu Graham colocando as bolas na posição e se virou para entregar
uma bebida, enquanto Graham a trocava por um taco. Os dois tomaram um
gole e colocaram os copos de lado, antes que James dissesse: — Comece,
homem.
Graham se colocou em posição e deu sua tacada. Ao fazer isso, disse:
— O que está em sua mente?
James arqueou uma sobrancelha. — Em minha mente?
Graham se endireitou. — Está com aquele olhar. Conheço esse olhar.
James revirou os olhos. — Por enquanto não é casado com Meg.
Ainda não pode fingir ser o irmão mais velho.
— Por que não? Já faço isso há mais de dez anos.
James deu um meio sorriso ao dar sua própria tacada, sua bola
atingindo tanto o taco de Graham quanto a bola vermelha. — Canhão - 2
pontos — disse baixinho.
— Eu vi — Graham respondeu com um leve aborrecimento em seu
tom. Sempre foi competitivo. Era por isso que Simon não brincava mais
com ele. — Então qual é o problema?
James encostou o taco na beirada da mesa e suspirou. — Meg lhe
falou muito sobre essa Emma Liston que estávamos discutindo no jantar?
Graham congelou, inclinando-se sobre a mesa, para tomar sua dose.
— Na verdade, Meg e eu não falamos muito sobre isso.
Por um momento, o foco de James em Emma desapareceu e encarou
seu amigo. — Há algo de errado entre os dois?
Graham deu uma tacada, mas acertou com muita força e a bola
desviou para a beirada da mesa e errou os dois alvos. Soltou uma maldição
baixa, antes de se endireitar e olhar para James.
— Claro que não — retrucou. — Está tudo bem.
— Bem — repetiu James lentamente.
Graham assentiu. — Claro, estamos planejando um casamento, não
estamos? E somos amigos há anos. É uma boa combinação, nós dois
sabemos disso.
James franziu a testa. Nem Meg nem Graham pareciam muito
satisfeitos com sua posição, o que não era o que pretendia, quando sugeriu o
noivado, há muito tempo.
— Graham... — começou.
— Perguntou-me sobre a Srta. Liston. — Graham interrompeu,
virando as costas, para que ficasse claro que o outro assunto estava
encerrado. — Por que tanto interesse nela?
James apertou os lábios. Por enquanto, deixaria de lado o assunto do
noivado, mas tomou nota de conversar com Meg sobre isso, pois ela
poderia ser mais aberta. — Ajudou a Meg e a mim com uma... situação com
minha mãe, no baile de Rockford, semana passada.
Graham se virou e seus olhos agora estavam cheios de preocupação.
— Uma situação. Ela estava...
James assentiu. — Muito. Está passando por um período difícil
ultimamente. Alguns dias atrás, na festa de Meg, e novamente esta noite, e
foi por isso que não se juntou a nós.
Graham balançou a cabeça lentamente. Poucas pessoas conheciam
todas as ramificações dos problemas de Lady Abernathe com a bebida.
Graham era um deles, Simon outro... e agora Emma Liston.
Engraçado como Emma não parecia deslocada naquela lista íntima de
seus amigos mais próximos. Mesmo que mal conhecesse a jovem.
— Emma Liston é uma wallflower — disse Graham, sua voz ficando
mais afiada, mais profissional. — Seu avô é visconde. Ele e meu pai eram
camaradas, o que não faz nada para recomendar o homem, como bem sabe.
Seu pai está distante. Um ovo podre, como dizem.
— Não perguntei a seu respeito para obter uma lista de todos os
movimentos de sua família — disse James suavemente.
Graham deu de ombros. — É o que faço, lembrar das coisas. Não
posso evitar, por isso é melhor usá-lo. Emma Liston está comprometida.
— Comprometida? — James repetiu muito alto, a raiva borbulhando
nele inesperadamente com a ideia de que algum outro homem havia tocado
Emma.
Graham olhou para ele. — Não está fisicamente comprometida. Só
quero dizer que está em uma posição ruim. Seu dote é pequeno, os
membros importantes de sua família não a reconhecem e seu pai não faz
nada para aumentar sua reputação.
O batimento cardíaco de James lentamente voltou ao normal. — Bem,
nada disso significa muito para mim.
— Deveria. A garota poderia se beneficiar se usasse qualquer coisa
que saiba sobre sua mãe.
James balançou a cabeça, uma explosão de raiva defensiva o
correndo, embora tenha tido exatamente a mesma preocupação a respeito,
na noite do baile em Rockford. — Acho que não — disse. — Não fez
segredo de sua posição, nem fez qualquer tentativa de alavancar o que sabe
sobre minha mãe, para melhorar sua posição.
— Só que agora está convidada para sua festa no campo. Um convite
procurado, se alguma vez houve um. As pessoas estão sempre querendo que
eu consiga um — Graham disse com uma sobrancelha arqueada.
— Não, acho que não — insistiu James. — Foi convidada porque
Meg se apaixonou por sua amizade. E Emma não foi desonesta sobre sua
posição.
— O que quer dizer? — Graham perguntou. — Contou-lhe sobre seu
pai rebelde?
— Não — James admitiu, e ficou surpreso com a forma como seu
interesse foi despertado por essa nova informação. — Mas deixou claro que
sua posição é precária. Até fez uma piada sobre eu fingir cortejá-la para
elevar essa posição.
— E não acha que isso foi uma isca?
— Não, — James disse com os dentes repentinamente cerrados. —
Estava provocando, pelo amor de Deus. Nunca pensaria que estivesse
falando sério.
Graham observou-o, apenas o olhou, pelo que pareceu uma
eternidade. — Quer fazer isso — disse finalmente.
James recuou. — Fazer o quê?
— Cortejá-la! — Graham disse, levantando a mão livre em
exasperação.
— Não tenho interesse em cortejá-la — James retrucou. — Não tenho
interesse em cortejar ninguém e sabe disso.
O rosto de Graham se suavizou: — James...
James ergueu a mão. — Não vamos discutir isso — retrucou. — A
questão é que, sim, penso na declaração da Emma. Penso. Não porque
queira realmente cortejá-la, mas porque o que sugeriu, mesmo sem
convicção, poderia muito bem ajudar a ambos.
— Posso ver como isso a ajudaria - é o solteiro mais cobiçado de toda
Londres. Se for visto prestando atenção extra a ela, os homens irão circular.
De repente, ela estará na moda, assim como a forma como amarra sua
gravata.
— Não tenho certeza se é justo comparar a Srta. Liston a um nó em
uma gravata — James murmurou.
— Para alguns haverá pouca diferença — Graham disse suavemente.
— Mas estou mais interessado no que acredita que essa ideia boba poderá
beneficiá-lo.
— Viu como foi no baile de Rockford — disse James. — É o
primeiro evento da temporada e já estavam me cercando. Foi exaustivo. E
só vai piorar, sabe disso. Ouvi dizer que há um grande grupo de debutantes
este ano. Duas vezes maior que o anterior. Todas virão atrás de mim.
— E?
— E se eu for visto como interessado na Srta. Liston, elas podem
escolher outro alvo — James explicou.
— E quando se separarem para que ela possa, em teoria, receber uma
dúzia de verdadeiras ofertas de casamento? — Graham perguntou.
James sorriu. — Acredito que ficarei com o coração muito partido
para até mesmo dançar este ano, depois que ela se for. O próximo poderia
inclusive ser questionável.
Graham soltou um suspiro. — Estou incomodado com sua atitude,
meu amigo. Mas bem ciente de que não há como fazê-lo desistir de um
plano, uma vez que o tenha.
— Na verdade, não há — disse James.
Graham deu de ombros e uma travessura juvenil, que raramente
mostrava atualmente, brilhou em seu rosto. — E poderia ser um negócio
lucrativo para mim também.
— Como assim?
— Bem, convidou Simon e alguns dos outros para esta festa, sim?
James assentiu. — Sim. Simon, Sheffield, Brighthollow e Roseford
estarão presentes. Os outros estão ocupados e não vemos Willowby há anos.
— Bem, então estaremos todos lá para ouvir sobre seu progresso com
a Srta. Liston. E fazer apostas — Graham disse com uma risada, enquanto
voltava sua atenção para o jogo quase esquecido.
— Fazer apostas em quê? — James perguntou enquanto se preparava
para sua própria tacada.
— Não sei. Se vai se apaixonar por ela e com que rapidez. — Graham
sugeriu enquanto James dava sua tacada.
A declaração fez a mão de James escorregar e sua bola realmente
pulou sobre a borda da mesa e rolou pelo chão. Fez uma careta enquanto se
movia para pegá-la.
— Se eu decidir fazer isso, ninguém vai se apaixonar por ninguém —
disse com uma risada. — Posso assegurar-lhe esse fato.
E sorriu para Sally enquanto sua criada dobrava o último item em sua
gaveta e se endireitava para dizer: — Há mais alguma coisa que eu possa
fazer, senhorita?
Emma balançou a cabeça. — Não, obrigado. Acho que vou descansar
um pouco. Grimble disse que o jantar seria às oito e preciso de um
momento.
Sally olhou-a compreensiva. Embora Emma, é claro, nunca tenha
falado de suas frustrações com a mãe, Sally certamente via e ouvia coisas. E
dois dias amontoados em uma carruagem provavelmente tornaram as
dificuldades de Emma mais claras do que o habitual.
— Volto às sete para ajudá-la a se trocar. Claro, toque para me chamar
mais cedo se precisar —disse Sally, depois deslizou até a porta.
Abriu-a e soltou um suspiro, que chamou a atenção de Emma para a
saída. De pé ali estava Meg, rindo, enquanto levava a mão ao peito.
— Desculpe, milady — Sally disse, abaixando a cabeça.
Meg estendeu a mão e deu um tapinha em seu braço. — Céus, me
assustou. Que bom timing. Estava deixando a Srta. Liston à sua própria
mercê?
— Sim, milady.
— Isso a deixa toda para mim, então— disse Meg, entrando enquanto
Sally se afastava.
Sally deu a Emma um último olhar questionador e Emma assentiu,
desculpando-a. Sally fechou a porta atrás de si e deixou Emma e Meg
sozinhas.
— Estou tão feliz que concordou em vir — disse Meg, enquanto se
aproximava e a abraçava calorosamente.
Emma hesitou por um momento, mas depois a apertou de volta. —
Estou tão agradecida que tenha me convidado, milady.
Meg se afastou e deu-lhe um olhar. — Meg — disse com uma
sobrancelha arqueada.
— Claro, Meg — disse Emma. — Levarei apenas uma dúzia de vezes
para me lembrar.
Meg sorriu e olhou ao redor do quarto. — A câmara é satisfatória?
— Ah, sim. Tenho uma bela vista da floresta. Fiquei... surpresa por
não estar dividindo um quarto com minha mãe, no entanto.
Meg sorriu. — Estamos com a casa cheia e algumas das damas estão
dividindo com irmãs e mães, mas me certifiquei de que tivesse seu próprio
quarto. De que outra forma poderemos ficar acordadas até tarde da noite
conversando?
Emma riu. — Bem planejado, então.
— James ficou feliz em vê-la novamente — Meg disse enquanto se
movia até a janela e ajustava levemente as cortinas.
Emma ficou tensa com essa observação inesperada. — Tenho certeza
de que está satisfeito por ter todos convidados aqui para uma visita.
— Nem todos — Meg disse negando também com a cabeça. — James
acha que não escuto quando geme baixinho, mas ouço. Estava relutante em
relação a praticamente todas as damas, exceto a seu respeito.
Emma sentiu suas bochechas queimarem. — Ficou feliz porque fui a
última a chegar e poderia voltar para os amigos.
Meg deu de ombros.
— São muito próximos, não é? — Emma disse, esforçando-se para
mudar de assunto, já que este em particular a deixava muito desconfortável.
Agora o sorriso de Meg suavizou e seu rosto se iluminou. — Ah, nós
somos. Ele é três anos mais velho do que eu, mas sempre me incluiu.
Emma sentiu uma fissura de ciúmes com essas palavras. Crescera
sozinha, com um pai volátil e uma mãe insistente e instigante. Muitas vezes
ansiou por um irmão, para compartilhar seus problemas e sua diversão.
— É difícil imaginar Abernathe criança — admitiu. — É tão...
homem.
No momento em que disse as palavras, colocou a mão sobre a boca e
olhou para Meg. Mas Meg não parecia ofendida com seu exagero. Na
verdade, estava rindo.
— É um bom enganador, então — disse quando se recompôs. — Pois
às vezes o olho e só vejo aquele mesmo garotinho que andava na corda
bamba e brincava de toureiro com os touros no pasto.
Os olhos de Emma se arregalaram com aquela imagem. — Então
sempre foi um temerário?
Meg assentiu. — Nunca houve uma aposta que não aceitasse. E, de
alguma forma, sempre sai ileso.
— Algumas pessoas são douradas, — Emma disse com um encolher
de ombros. — Nunca sofrem.
A risada de Meg sumiu e seu rosto ficou mais sério. — Bem, eu não
diria isso — disse suavemente.
Havia algo em seu tom que fez Emma erguer a cabeça com interesse.
O grande Duque de Abernathe sofria? O homem que parecia ser capaz de
não fazer nada de errado e liderava um bando de duques? Um bando parecia
ser a melhor classificação para esse grupo.
Parecia improvável. Mas, novamente, havia aquela pitada de tristeza
em seus olhos. A qual sabia que não deveria ver.
— Seu irmão tem sido gentil comigo — admitiu Emma.
— Ótimo — respondeu Meg com um sorriso malicioso. — Então
ficará feliz por estar sentada ao lado dele no jantar esta noite.
— Os olhos de Emma se arregalaram. — O que? Oh Meg! Não
deveria!
Meg recuou. — Por que não?
— Porque Abernathe é o anfitrião e é terrivelmente importante.
Sentar-se ao lado dele na ceia é um lugar de prestígio. Todos vão sussurrar
se uma pessoa como eu tiver esse posto de honra.
Meg revirou os olhos. — Preocupa-se muito. E se as pessoas olham e
falam, isso não é bom? Quer interesse, não quer?
Emma congelou com essa afirmação, tão perto das palavras que disse
a Abernathe em seu jardim em Londres, menos de uma semana antes. —
Será que... Abernathe te disse alguma coisa?
— Sobre o quê? — Meg perguntou, piscando no que parecia ser uma
verdadeira confusão com a pergunta e a nitidez com que foi feita.
— Sobre mim. Minha posição — Emma respirou. Derramou tantas
coisas para ele naquele dia. E então fez sua piada ridícula sobre cortejá-la
para ganhar favores. Suas bochechas queimaram só de pensar nisso.
— Não me disse nada — Meg disse gentilmente.
Emma soltou um suspiro de alívio. Pelo menos sua humilhação não
foi totalmente completa. — Ainda assim, não deveria ter arranjado uma
coisa dessas, Meg. De verdade.
— Sua oposição está devidamente anotada. Agora eu deveria ir.
Preciso checar minha mãe e dizer um olá mais longo para alguns outros
amigos. — Meg foi até a porta e lá sorriu. — Ah, e deve saber que não fiz
os arranjos dos assentos. Ele fez.
Emma a olhou em choque mudo quando Meg saiu, com uma
despedida brilhante. Então afundou na cadeira mais próxima. Abernathe
insistiu que se sentasse ao lado dele? Essa era uma notícia inesperada, de
fato. Assim como a emoção que a percorreu com a ideia.
Teria que abafá-la completamente antes do jantar começar.
S fechou a porta do terraço atrás de si, então inalou uma grande lufada
de ar frio. Desde sua conversa com Christopher, sentiu esse peso
pressionando-o, esmagando-o. Mal se lembrava dos últimos vinte minutos.
Mal se lembrava das danças ou de seus parceiros.
Não se lembrava de nada, exceto do refrão latejante que ecoava em
sua cabeça. Margaret. Margaret. Margaret.
Merecia ser desafiado por sua obsessão. Merecia ser abandonado. E,
ainda assim, não conseguia parar de pensar nela.
— Devo ir embora —murmurou. — Partir por alguns meses ou anos.
Pensou a mesma coisa muitas vezes, mas nunca seguiu com o plano.
Talvez fosse hora de, finalmente, fazer o que era certo. Inclinou a cabeça e
olhou para os dedos, apertados contra a parede de pedra do terraço. Teria
que dar uma boa desculpa para partir. Certamente não poderia dizer a
Graham e James que estava desesperadamente apaixonado por Margaret.
Ainda estava ponderando sobre essa ideia, quando ouviu um som
fraco ecoando de um canto escuro do terraço. Virou-se, olhando ao redor
enquanto o fazia. Estava sozinho aqui, ou pelo menos achava que sim. Mas
agora, atento, ouviu mais sons. Sons de... choro.
Avançou, em direção à parte escura do terraço, que ficava longe das
janelas e portas, longe de onde alguém encontraria qualquer pessoa.
— Alô? — Gritou, enquanto entrava na escuridão e parou, permitindo
que seus olhos se ajustassem. Quando o fizeram, arfou.
Uma mulher estava sentada à uma mesa na sombra da casa, com a
cabeça apoiada nos braços e chorando.
Correu em sua direção. — Diga-me, está bem?
Pela primeira vez, a desconhecida pareceu reconhecer sua presença.
Ergueu a cabeça, virou o rosto em sua direção e Simon quase gritou.
— Meg? — Sussurrou.
Meg não se levantou, apenas encarou-o, seus olhos ilegíveis na meia-
escuridão. — Claro que seria você — disse, a voz cheia de lágrimas, antes
de baixar a cabeça.
Simon deveria ter ido embora. Deveria ter entrado e encontrado seu
irmão ou seu noivo e deixado a confortarem, como era apropriado.
Mas Meg sempre foi sua amiga, assim como sua obsessão. E não
estava disposto a abandoná-la em seu momento de necessidade.
Sentou-se à mesa, deslizando-a mais perto para que suas pernas
roçassem sob o tampo. Lenta e gentilmente, deslizou um braço ao redor dos
ombros de Meg e a aproximou, até que descansou a bochecha contra seu
peito.
Meg soltou um suspiro trêmulo e a sensação dela se movendo contra
ele o atravessou, despertando cada terminação nervosa, forçando-o a
encarar o quão desesperadamente a queria e a adorava.
— O que foi? — Perguntou, chocado por poder formar palavras,
quando estava tão malditamente consciente dela em seus braços.
Meg levantou uma mão trêmula e descansou contra seu coração.
Certamente, podia senti-lo batendo, mesmo sob todas as camadas de sua
roupa. Simon sentiu a pressão de cada um de seus dedos finos.
— Não é nada — disse, seu tom um pouco mais calmo agora. —
Fiquei sobrecarregada por um momento.
Observou-a e sentiu a fragrância de madressilva de seu cabelo. Deus,
como amava aquele cheiro. Plantou quatorze arbustos de madressilva em
torno de sua propriedade em Crestwood, cinco anos atrás, apenas para ter
um pedacinho dela lá com ele.
— Alguém lhe disse algo desagradável? — Perguntou. — Porque irei
lá...
Meg inclinou o rosto em sua direção e o coração dele parou. Seus
lábios estavam a três centímetros. Perto o suficiente para que pudesse sentir
o leve movimento de sua respiração contra sua boca. Perto o suficiente para
que beijá-la fosse fácil.
Deus como queria beijá-la. Queria fazer mais do que beijá-la.
Meg engoliu em seco, seus olhos ficando um pouco selvagens
quando, gentilmente, se soltou de seus braços, levantou-se e caminhou para
fora da escuridão e para a segurança da luz da casa.
— Ninguém me disse nada — sussurrou, sua voz mal soava.
Simon deveria lhe ter agradecido por trazê-los de volta para a
segurança. Só que o que queria fazer era pegá-la pela faixa de veludo em
volta da cintura e puxá-la de volta para o canto da casa.
Levantou-se e a seguiu.
— Somos... amigos... há muito tempo — arfou. — Sabe que pode me
dizer qualquer coisa.
Meg encarou-o e então sua mão se moveu. Simon observou enquanto
a levantava e pressionava contra seu peito mais uma vez. Seus dedos
deslizaram para cima e roçou apenas as pontas ao longo de sua mandíbula.
Não havia fôlego entre eles, nenhum espaço e naquele momento, não havia
mentiras.
Podia ver algo que passou anos se convencendo de que não existia.
Meg o queria.
Ela afastou a mão, com um som suave no fundo da garganta e
sussurrou: — Não posso te contar tudo, Simon.
— Meg — grunhiu, movendo-se para pegar sua mão.
Antes que o fizesse, a porta se abriu atrás deles. Meg se afastou,
virando as costas, seus ombros esbeltos subindo e descendo em respirações
ofegantes.
— Ah, aí estão.
Simon virou-se para sorrir, enquanto James saía para o terraço com
eles. — James.
— Estávamos procurando-os. Venham para dentro, sim? Temos um
anúncio.
Meg se virou e Simon prendeu a respiração. Ela se recompôs a ponto
de ninguém imaginar que esteve chorando no canto, menos de cinco
minutos antes. Sorria brilhantemente para seu irmão.
— Claro, James. — Ao passar por Simon, olhou-o brevemente. —
Obrigada pela... pela conversa, Crestwood.
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