Sistemas de Proteção Elétrica

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SISTEMAS DE PROTEÇÃO ELÉTRICA

Sumário

PROTEÇÃO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS

FILOSOFIA DA PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS ..........................................................................


Princípios fundamentais da proteção .........................................................................................
Definições usadas na proteção de sistemas.................................................................
PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DE OPERAÇÃO DE RELÉS .................................................
Tipos de Relés..........................................................................................................................
Relés Eletromecânicos ...................................................................................................
Relés Estáticos.........................................................................................................
Relés Digitais...................................................................................................................
DISJUNTORES .....................................................................................................................
TRANSFORMADORES DE CORRENTE (TC) E TRANSFORMADORES DE TENSÃO (TP)......................
Transformadores de corrente (TC)..................................................................................
Precisão dos TC............................................................................................................
Transformadores de Potencial (TP) ....................................................................................
PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS – MÁQUINAS ROTATIVAS E TRANSFORMADORES ............................
Proteção dos geradores ............................................................................................
Proteção de Motores ......................................................................................................
PROTEÇÃO DE BARRAMENTOS ...............................................................................................
PROTEÇÃO DE LINHAS ...............................................................................................................

BIBLIOGRAFIA

vii
PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS
O cuidado nos estudos, projetos e instalações da proteção elétrica, tem grande
importante para o sistema elétrico mundial, pois esse sistema é responsável pelo
fornecimento de energia elétrica a milhares de consumidores e por estar interligado
com equipamentos caros

A proteção atua com dois grandes objetivos, sendo eles:

- evitar que falhas no sistema, como o curto-circuito, possam danificar


equipamentos e materiais deste sistema;
- promover o rápido restabelecimento de energia, evitando danos aos
consumidores e proporcionando uma qualidade no fornecimento da energia
aos usuários.

Adiante são apresentados os principais itens de um curso de proteção de sistemas


elétricos, incluindo proteção digital e algoritmos de localização de faltas.

Foram escolhidos os itens mais comuns em cursos de proteção, em termos de


graduação (Anexo A). Esses itens serão tratados de forma abreviada, dando uma
visão geral da proteção de sistemas elétricos.

Características mais detalhadas como ajuste de relés, equacionamentos


matemáticos, programas de localização de faltas, minúcias de funcionamento dos
relés, devem ser consultadas em bibliografias específicas de proteção de sistemas
elétricos [20, 21 e 22].

27
Filosofia da Proteção de Sistemas Elétricos

Na análise de proteção dos sistemas elétricos torna-se necessária a distinção entre


as seguintes situações de operação do sistema:

- situação normal de funcionamento;


- situação anormal de funcionamento, como por exemplo, perda de
sincronismo;
- situações de curto-circuito.

Como operação normal pode ser entendida a ausência de falhas nos equipamentos
de operação e falhas aleatórias.

No caso de situação anormal, são situações que podem provocar distúrbios na rede
elétrica, tais como oscilações de tensão, sem, contudo, apresentar elevações de
corrente elétrica em termos de curto-circuito.

As situações de curto-circuito são mais críticas, podendo danificar severamente o


sistema de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica.

A proteção dos sistemas elétricos deve proporcionar, além da interrupção da


eletricidade, com o objetivo de proteger linhas, barras e equipamentos, a
possibilidade de monitorar dados com o intuito de se estudar posteriormente as
causas das “falhas” ocorridas.

O estudo de implementação da proteção elétrica de um sistema leva em


consideração os seguintes aspectos [21]:

- econômico: hoje, por exemplo, novos sistemas de proteção são


implementados, utilizando-se relés microprocessados, porém, devidos a
fatores econômicos, os equipamentos eletromecânicos e estáticos que estão
em funcionamento são mantidos;

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- propagação do defeito: evitar que o defeito possa atingir outros
equipamentos da rede, causando danos a esses ou interferindo na operação
normal do sistema;
- tempo de inoperância: minimizar o tempo da não disponibilidade do
fornecimento de energia.

Princípios fundamentais da proteção

Os relés de proteção, principais equipamentos de proteção dos sistemas elétricos,


são encarregados da retirada rápida do elemento (equipamento, barra ou seção de
linha) quando este está em curto-circuito ou operação anormal de funcionamento,
impedindo que o problema se propague a outros elementos do sistema.

Como citado anteriormente, os relés devem também informar a devida localização


da falta com o objetivo da rápida manutenção do elemento causador da falta e,
portanto o rápido religamento.

É importante também que haja o registro de informações do relé, como grandezas


analógicas e digitais, possibilitando a análise da falta e da atuação da proteção
usada.

Definições usadas na proteção de sistemas

A seguir são apresentadas algumas definições associadas à proteção de sistemas,


adotadas por P. M. Anderson [21], que são usadas ao longo deste trabalho.

- Confiabilidade da proteção – É definida como a probabilidade de


funcionamento correto da proteção quando houver a necessidade de sua
atuação. Para isto a proteção deve atuar adequadamente para uma falta
dentro de sua zona de proteção e não deve atuar para uma falta fora de sua
zona de proteção.

29
- Segurança na proteção – É uma expressão usada para identificar a
habilidade de um sistema ou equipamento de deixar de operar
desnecessariamente. Porém, assim como confiabilidade da proteção, o termo
muitas vezes é usado para indicar que um sistema está operando
corretamente.
- Sensibilidade na proteção – É a habilidade que um sistema tem de identificar
uma situação de funcionamento anormal em que exceda o nível normal ou
detectar o limiar em que a proteção deve atuar.
- Seletividade na proteção – É uma expressão associada ao arranjo dos
dispositivos de proteção de forma que somente o elemento em falta seja
retirado do sistema. Isto é, os demais elementos devem permanecer
conectados ao sistema. A característica de seletividade restringe a
interrupção somente dos componentes, do sistema, que estão em falta.
- Zona de proteção – São as regiões de sensibilidade. Na Figura 3.1, mostra-
se um exemplo de zonas de proteção.
- Coordenação dos dispositivos de proteção – Determina os ajustes com o
objetivo de conseguir a sensibilidade de coordenação entre os dispositivos de
proteção, de forma que as proteções adjacentes só atuem no caso de falha
das proteções responsáveis por prover proteção à zona específica.
- Falso desligamento – Este fato ocorre, quando o relé opera provocando o
desligamento desnecessário em decorrência de uma falta fora da zona de
proteção ou quando não há a ocorrência de falta.

Podem-se separar os equipamentos de proteção em dois grupos, a saber:


- Proteção primária ou principal;
- Proteção secundária ou de retaguarda.

Proteção primária refere-se à proteção principal, em que o elemento de


seccionamento encontra-se na conexão entre dois elementos possibilitando a
retirada somente do elemento da falta em questão. Neste grupo de proteção,
estabelecer-se-á uma zona de proteção em torno de cada elemento.

30
Proteção Geragor

I XII Proteção de Barra


II XI de Baixa Tensão
Proteção de
Transformador
III X Proteção de
Zona de IV IX Baixa Tensão
Proteção
Proteção de Linha

V VIII
Proteção
VI VII de Barra

Figura 3.1 – Zonas de proteção de um sistema de potência [20]

Já a proteção secundária ou de retaguarda refere-se a uma proteção localizada na


zona adjacente à zona primária, que é ajustada para operar em situações de
anormalidade em que a proteção primária não entrou em atuação. A proteção
secundária ou de retaguarda pode ser local, caso se encontre na mesma
subestação da proteção primária, ou remota, caso se encontre em outra subestação.

Princípios e características de operação de relés

Os relés podem ser classificados de acordo com a grandeza com a qual atuam,
como por exemplo: tensão, corrente ou freqüência.

Podem-se classificar os relés também quanto ao princípio de atuação:


eletromecânicos, estáticos ou digitais.

A seguir, é apresentado um resumo das características de operação e


funcionamento dos tipos de relés. Posteriormente, serão analisados os relés
eletromecânicos, estáticos e digitais. Embora os relés que estão sendo

31
implementados nos últimos anos sejam digitais [23], ainda hoje existe grande
quantidade dos demais relés em operação.

Tipos de Relés

Relés de Sobrecorrente

Esses relés atuam quando o nível de corrente ajustado é ultrapassado.


Os relés de sobrecorrente podem ser instantâneos ou temporizados. Os relés
temporizados podem operar com característica de tempo definido, onde o tempo de
atuação é fixo desde que ultrapassado o valor da corrente de operação; e com
característica inversa (Figura 3.2), isto é, quanto maior o nível de corrente, menor o
tempo de operação dos mesmos.

5
4
3

A
Tempo em seg.

2 Tempo mínimo definido

C Moderado inverso
1

0,1
0,1
0,5
0,4
E Muito Inverso
0,3

0,2

0,1 G Extremamente inverso


2 3 4 5 6 7 10
Múltiplos de ajustes

Figura 3.2 – Características gerais de relé para tempo inverso [20]

No eixo vertical, tem-se o tempo de atuação, em segundos, enquanto no eixo


horizontal tem-se o múltiplo do ajuste do relé, que é a relação entre a corrente de
curto-circuito e o valor de ajuste do relé. Esta característica dos relés de
sobrecorrente só deve ser aplicada, quando existe variação entre valores mínimos e
máximos de corrente de curto-circuito no sistema.

32
A operação do relé deve ser preferencialmente escolhida na região mais inversa da
curva, de forma que haja variação do tempo em relação aos valores de corrente. Na
região mais plana da curva praticamente não há variação do tempo de operação do
relé.

Os relés de sobrecorrente sem direcionalidade são usados quando o fluxo de


corrente no sistema distribuição radial é sempre conhecido. Para tanto, os relés de
proteção devem ser coordenado com outros dispositivos, como religadores, fusíveis
e outros relés de sobrecorrente.

Relés Diferenciais

São relés projetados para atuar, quando a diferença entre a entrada e saída da
grandeza associada ao elemento (equipamento ou circuito) de proteção excede o
valor previamente estabelecido.

Normalmente esses relés de proteção operam a partir da comparação entre a


corrente que entra e a corrente que sai no elemento protegido.

Relés Direcionais de Sobrecorrente

Os relés direcionais de sobrecorrente comparam a grandeza de referência,


normalmente uma tensão, e a direção do fluxo de corrente ou o ângulo de fase da
corrente que circula na área de atuação da proteção.

Esse relés de proteção são utilizados preferencialmente para proteção de


sobrecorrente de sistemas conectados em anel, de forma a operar para curtos-
circuitos em apenas um sentido.

Relés de Distância

Os relés de distância comparam o ponto de ocorrência da falta com o ponto onde se


encontra o relé. Para tanto, o relé analisa a relação entre a tensão e a corrente.

33
Desta relação, determina-se a impedância vista pelo relé. Sabe-se que a impedância
de uma linha (ou trecho de linha) é proporcional ao comprimento da mesma.

Na Figura 3.4, mostra-se a característica de operação de um relé de distância,


designada pelo plano R-X.

Relé de distância genérico


X

Relé de reatância

resistência
Relé de
R

Relé de impedância

Figura 3.4 – Características gerais de operação de relés de distância [20]

Pode-se também ter direcionalidade inerente no relé de distância como é mostrado


na Figura 3.5.

Figura 3.5 – Características gerais de operação de relés de distância com característica de


direcionalidade [20]

34
Proteção Piloto

A proteção piloto é uma proteção de linha análoga à proteção diferencial, vista


anteriormente neste mesmo item 3.2.1.

Neste tipo de proteção, existe um canal (piloto) entre os terminais da linha. A


proteção piloto faz uso de: fio piloto, onda portadora piloto e microonda piloto. O fio
piloto consiste de dois fios de linha telefônica. A onda portadora piloto consiste de
uma corrente de baixa tensão e alta freqüência injetada na linha em direção ao outro
terminal. Já a microonda piloto é uma onda de freqüência ultra-alta, usada quando o
número de serviços requeridos pelo canal piloto é muito grande, excedendo sua
capacidade técnica ou limite econômico.

Relés Eletromecânicos

Os relés eletromecânicos, primeiro tipo de relés, têm sido usados por muitos anos. O
princípio de funcionamento destes relés pode ser visto na Figura 3.6.

No desenho da Figura 3.6 vê-se que uma corrente com valor superior ao valor
ajustado, circulando pelo solenóide, fará com que o dispositivo acoplado ao
solenóide se desloque fazendo com que o contato se feche.

Este tipo de mecanismo é dito como sendo instantâneo, ou rápido, pois não possui
retardo de atuação proposital.

No segundo modelo de relé eletromecânico, também na Figura 3.6, utiliza-se um


disco que gira, devido à indução, fechando o contato inicialmente aberto. Neste tipo
de relé, pode-se ajustar o tempo para a ocorrência do fechamento do contato.

A corrente que circula nos pólos cria um fluxo que, por sua vez, cria uma corrente
induzida no disco. Esta corrente interage com o fluxo produzindo o torque que leva o
disco a girar. O torque de amortecimento, produzido pela mola, é proporcional à
velocidade angular de rotação.
35
I 0

Ciclo de tempo
I 4
3
2
1
0 1 2 3 4 5
0
I

I 0

Pólo superior 10
Inverso
Tempo em seg.
Amortecimento
Magnético 8
Muito Inverso
6
Mola
Extremamente
Disco 4 Inverso
2
I 0 1
0 5 10 15 20
Pólo Inferior
I

Figura 3.6 – Relé de sobrecorrente com solenóide instantânea e unidade de tempo inverso [20]

Tem-se também relé eletromecânico de disco magnético, porém com elemento


direcional. Isto é conseguido se os fasores de tensão e corrente são os mesmos
levando à região de operação ou por outro lado, o torque é negativo e a região é a
de restrição. Este tipo de relé é mostrado na Figura 3.7.

Na Figura 3.8, mostra-se um relé de impedância baseado num relé de atuação


eletromagnética. Nota-se que esse relé de proteção não possui característica
direcional.

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Pólo superior

Amortecimento
Magnético Referência

E
+ Ø

-E Disco I
Operação
Pólo Inferior Restrição
Torque = kEI cos Ø

Figura 3.7 - Relé de distância com sobrecorrente direcional [20]

Dianteira Traseira Z
Z 0 Z
1 2

I
-E+

Figura 3.8 – Relé de distância com elemento de impedância [20]

Relés Estáticos

Os relés estáticos tiveram seu início na década de 60 e surgiram com a evolução da


física de estado sólido. Estes tipos de relés não possuem movimentação mecânica
no seu mecanismo de atuação

Por não possuírem partes móveis são extremamente rápidos, comparados aos relés
eletromecânicos. Além disto, apresentam uma melhora nas características de
sensibilidade e repetibilidade (as partes móveis dos relés eletromecânicos se
desgastam como tempo, enquanto os relés estáticos não apresentam danos para

37
atuação repetidas vezes). Devido aos componentes estáticos, tem-se também
menor consumo de potência, menor tamanho e um grau de manutenção menor.

Como desvantagem, apresenta-se a maior sensibilidade, e, portanto,


susceptibilidade a variações de pequenos transientes ocorrido no sistema, bem
como maior sensibilidade a variações de temperatura.

Os relés estáticos podem ser usados para a maioria dos tipos de proteção, tais
como: proteção de linha de transmissão, de transformadores, de barramentos, de
geradores síncronos, etc.

Relés Digitais

Os relés digitais são considerados a terceira geração dos relés estáticos. Estes relés
utilizam como base os microprocessadores.

A primeira geração dos relés digitais (estáticos) é aquela em os equipamentos


utilizavam os transistores, enquanto a segunda geração fez uso dos circuitos
integrados e amplificadores operacionais.

Devido à grande flexibilidade dos microprocessadores, um mesmo relé pode exercer


várias funções, tais como: controle, gravação dos dados amostrados, informação de
eventos e diferentes funções de proteção. Os dados são armazenados no hardware
e diferentes programas podem ser executados simultaneamente ou não neste
mesmo hardware. Estes dados armazenados podem ser periodicamente retirados
da memória (devido ao limite da capacidade de dados armazenados) para que
novos dados possam ser gravados sem perda de informação. Como os dados estão
armazenados, e não oscilografados e impressos podem ser tratados (através de
processamentos matemáticos dos sinais e/ou filtragem) para ser obter diversos
resultados que facilitem a análise dos operadores do sistema e engenheiros de
proteção.

38
A seguir, uma estrutura mostrando a integração dos sistemas de supervisão,
controle, medição e proteção com o sistema de energia elétrica [13].

Servidor
Nível 3

Computador de Subestação
Nível 2

Relé Digital-Processadores de medição/controle/medição


Nível 1

Aquisição de dados/Sistema de Energia Elétrica

Figura 3.9 – Estrutura hierárquica dos níveis da proteção digital [24]

Segundo [13] as funções de cada nível são:

Nível 1
- funções de medição, controle, automação e proteção;
- funções de diagnóstico através de informações vindas do sistema;
- informações fornecidas aos equipamentos do sistema;
- interface homem-máquina;
- comunicações com o nível 2.

Nível 2
- funções de suporte aos processadores no nível 1;
- aquisição, processamento e armazenamento de dados;
- análise de seqüência de eventos;
- comunicação com os níveis 1 e 3.

39
Nível 3
- ações de controle de sistema;
- coleta e processamento de dados;
- análise de seqüência de eventos;
- montagem de registros dos dados adquiridos;
- elaboração de relatórios;
- organização das comunicações com os níveis 1 e 2;
- proteção adaptativa.

O relé digital é formado por subsistemas que desenvolvem funções específicas, tais
como: armazenamento de dados, processamentos dos dados, filtros, conversão
analógico/digital [24]. Os subsistemas são apresentados na Figura 3.10.

O processador é o principal subsistema do relé digital, sendo responsável pela


execução do programa, comunicação com os equipamentos periféricos, bem como
coordenação das várias funções existentes no relé.

A memória RAM (Memória de Acesso Aleatório) armazena os dados amostrados.


Ela também é usada durante a execução do algoritmo do relé.

As memórias ROM (Memória Apenas de Leitura) e PROM (ROM Programável) são


usadas para armazenar programas permanentes do relé chamados de firmware. Se
o tempo de leitura é pequeno, o programa deve ser executado na própria ROM.
Caso contrário, o programa deve ser copiado para a RAM no estágio de inicialização
e então executado.

A EPROM (PROM apagável eletricamente) é usada com o objetivo de armazenar


certos dados, que podem ser mudados de tempos em tempos, como por exemplo,
os ajustes dos relés.

O Conversor Analógico/Digital (A/D) tem o objetivo de converter as grandezas


analógicas adquiridas em grandezas digitais que serão manipuladas pelo sistema
microprocessado.

40
Com o objetivo de se extrair a componente de freqüência fundamental dos sinais
amostrados, a proteção digital faz uso da Transformada Discreta de Fourier (TDF),
entre outras transformadas, tais como cosseno e seno. Essas transformadas podem
ser aplicadas na descrição do conteúdo de freqüência dos sinais de entrada de
forma a obter o fasor associado a esse sinal [25].

Maiores detalhes de proteção digital e outros subsistemas podem ser vistos em [24,
26].

Subestação do Sistema de Potência

Entradas Analógicas Entradas Digitais


Comunicação
(Correntes (Contatos (Contatos com o sistema
e Tensões) de Entrada) de Saída) de Potência

Filtros Filtros Sinais Tratados

Sinais Tratados Sinais Tratados Saída Digital

Conversor A/D
Porta Paralela
Processador

Porta Serial
Alimentação

RAM ROM/PROM EPROM

Figura 3.10 – Subsistemas de um relé digital [24]

41
Disjuntores

Os disjuntores são dispositivos de seccionamento de circuitos dos sistemas


elétricos, que podem operar em condições de carga ou de curto-circuito. O disjuntor
possui uma bobina de abertura e uma bobina de fechamento que, quando
energizadas, promovem respectivamente a abertura e o fechamento dos contatos
principais que irão interromper a passagem da corrente. Os disjuntores possuem
também contatos auxiliares que informam a posição dos contatos principais. Esses
contatos são utilizados para informar a situação do disjuntor para os operadores de
subestações, para os despachantes dos centros de operação de sistema e para os
relés de proteção.

Transformadores de corrente (TC) e transformadores de


tensão (TP)

Os transformadores de instrumentos podem ser divididos em transformadores para


medição e transformadores para proteção. Os transformadores para medição e para
proteção são transformadores de corrente (TC) e transformadores de potencial (TP).

Neste trabalho será comentado apenas sobre TC e TP de proteção. Os relés de


proteção utilizam correntes e tensões advindos do sistema de potência. Como os
níveis de tensão e corrente do sistema são elevados implicariam em relés maiores e
mais dispendiosos. Por conseguinte, a tensão e corrente provenientes do sistema
devem ter suas magnitudes reduzidas antes de chegarem aos relés.

Com a finalidade de se entregar aos relés corrente e tensão com valores reduzidos,
mas proporcionais aos valores do circuito de potência, são utilizados os TC
(transformadores de corrente) e TP (transformadores de potencial).

O uso de transformadores requer análise dos seguintes parâmetros: construção


mecânica, tipo de isolamento, relação entre primário e secundário, índice térmico,
classe de isolamento, condições de serviço, precisão, conexões e outros [21].

42
Transformadores de corrente (TC)

Os TC apresentam as seguintes funções [26]:

- Isolamento entre o circuito primário e secundário;


- Redução da corrente para níveis seguros para os equipamentos de proteção
ligados no secundário;
- Possibilidade do uso de valores de norma.

Os TC de proteção possuem as seguintes características:

- Faixa de Operação: de 0 a k x In (corrente nominal) – sendo: 20 ≤ k ≤ 50


- Classes de Exatidão: 2,5 - 5,0 - 10 (%)

A seguir alguns valores normalmente usados de Corrente Nominal Primária e


Corrente Nominal Secundária:

Corrente Nominal Primária, em Ampères:


5 - 10 - 15 - 20 - 25 - 30 - 40 - 50 - 60 - 75 - 100 - 125 - 150 - 200 - 250 - 300 - 400 -
500 - 600 - 800 - 1000 - 1200 - 1500 - 2000 - 3000 - 4000 - 5000 - 6000 - 8000

Corrente Secundária Nominal, em Ampères:


5-2-1
5/√3 - 2/√3 - 1/√3 para ligações em triângulo.

Os transformadores de corrente usados na proteção de circuitos de alta tensão


podem ser de bucha ou externos. Os TC de bucha consistem de um núcleo circular
localizado em torno de uma bucha de isolamento. Neste núcleo encontra-se o
enrolamento secundário, enquanto o enrolamento primário localiza-se na bucha.
Este transformadores encontram-se dentro das buchas de transformadores de
potência, geradores, disjuntores.

43
Precisão dos TC

A precisão dos TC está associada à carga ligada ao secundário do mesmo, carga


(Burden) esta expressa em termos de impedância e suas componentes: resistência
e reatância ou potência aparente (S) e fator de potência (FP), para a corrente
secundária nominal. A carga total secundária do TC leva em consideração os relés,
medidores e outros.

Transformadores de Potencial (TP)

Os TP apresentam as seguintes funções [26]:

- Isolamento entre o circuito primário e secundário para altas tensões;


- Redução da tensão para níveis proporcionais ao nível da tensão primária e
com segurança para os equipamentos de proteção ligados no secundário.

Os TP de proteção possuem as seguintes características:

- Faixa de Operação: de 0,05 a 1,9 x Vn (tensão nominal)


- Classes de Exatidão: 2,5 - 5,0 - 10 (%)

Os TP podem ser Eletromagnéticos, usados para tensão até 138 kV, e TP


Capacitivos usados para tensão maiores que 138 kV.

Os TP (transformadores de potencial) de proteção possuem maiores erros


normalizados e maiores faixas de operação que os TP de medição.

Tensão Primária Nominal, em Volts:


Valores acima de 115 V para ASA-ABNT (American Standards Association-
Associação Brasileira de Nornas Técnicas) ou 110 V para IEC (International
Electrotechnical Commission).

Tensão Secundária Nominal, em Volts:


115 – 115 /√3 (ASA-ABNT)

44
110 – 110 /√3 (IEC)

A carga (Burden) nos TP também é expressa em termos de impedância e suas


componentes resistência e reatância, potência aparente (S) e fator de potência (FP)
para a tensão nominal secundária.

O número de espiras em um transformador é diretamente proporcional à tensão no


enrolamento (devido à densidade de campo magnético desejada). Portanto, quanto
maior a tensão no primário dos TP (tranformdor de potencial), maior será o número
de espiras. Como a potência em volt-ampère em um transformador mantém-se entre
primário e secundário, para níveis de tensão maiores no primário implica em níveis
de correntes menores e conseqüentemente espiras mais finas. Para níveis de
tensão primária maiores que 138 kV, implicam em espiras extremamente finas que
pelo aspecto construtivo é dispendioso (em decorrência da dificuldade de
execução/confecção). Juntando a este fato, quanto maiores os níveis de tensão
mais elaborados devem ser os isolamentos. Por conseguinte, não são usados TP
eletromagnéticos para tensões maiores que 138 kV. Quando existe esta
necessidade por causa da tensão do sistema, usam-se TP com tensão primária de
13,8 kV acoplados a divisores de potencial capacitivos.

Os TP são usualmente ligados na configuração estrela aterrada-estrela aterrada.

Proteção de equipamentos – máquinas rotativas e


transformadores

A seguir, são descritas as proteções de máquinas rotativas (geradores e motores),


bem como máquinas estacionárias (transformadores).

Proteção dos geradores

Os geradores são equipamentos do sistema elétrico sujeitos aos mais variados tipos
de falhas devido a sua grande complexidade. Podem ocorrer falhas no isolamento

45
da laminação magnética, problemas de sobreaquecimento que levam à redução da
vida útil do isolamento ou falha devido à sobretensões.

Devido à característica rotativa dos geradores, podem acontecer problemas


relacionados com a vibração, ressonância mecânica e outras falhas relacionadas às
questões mecânicas, levando o gerador a sair de serviço. Em decorrência destes
possíveis problemas, as condições dos geradores devem ser monitoradas
constantemente e realizadas manutenções regulares.

Com o objetivo de prover proteção mecânica são utilizados equipamentos de


proteção no lado elétrico da unidade de geração.

A seguir, é apresentada a Tabela 3.1 contendo alguns dos diferentes tipos de


problemas e localização do problema em geradores síncronos e indicações de
desligamento e alarme. É importante dizer que devido a esta complexidade de
construção e funcionamento dos geradores existe grande diversidade de opiniões no
que diz respeito à proteção de geradores [21]. Alguns eventos ocorridos nos
geradores recomendam-se sinalização, outros a sinalização e desligamento.

Localização do problema Tipo de problema


Enrolamento do estator Falta na fase
Falta à terra
Perda de carga
Sobretensão
Sobretemperatura
Desbalanceamento de corrente
Enrolamento do rotor Curto-circuito
Sobreaquecimento devido a sobreexcitação
Circuito de campo aberto
Outros Sobrevelocidade
Vibração
Antimotorização
Perda de excitação
Perda de sincronismo
Falha no regulador de tensão

Tabela 3.1 – Alguns exemplos de proteções de gerador

46
Proteção de Motores

A proteção de motores é menos padronizada que a proteção de geradores descrita


anteriormente no item 3.5.1. Assim como a proteção de geradores, o custo e a
extensão do sistema protegido devem ser avaliados em relação ao grau do dano
eminente. O tipo de proteção necessário a um motor depende do tamanho do motor
e do tipo de serviço [22].

Alguns exemplos de proteções de motores:

- Falta nos enrolamentos do estator;


- Sobreaquecimento do estator/motor;
- Sobrecarga;
- Queda ou perda de tensão de alimentação;
- Desbalanceamento de fase;
- Perda da excitação em motores síncronos;

As proteções de motores podem ser inseridas nos controladores dos motores ou nos
próprios motores (motores pequenos com proteções térmicas embutidas).

A aplicação de proteção utilizando relés ocorre geralmente em motores de tensões


muito altas. Para motores de baixa e média tensão utiliza-se proteção com fusíveis,
circuitos com aberturas magnéticas, contatores e outros.

Proteção de Barramentos

A atuação de uma proteção de barras que seja rápida é de grande importância para
o sistema elétrico, pois associadas às barras existe uma concentração elevada de
potência que poderia danificar equipamentos e provocar distúrbios na rede [27].

A proteção de barras, além de ser rápida não deve também operar para faltas fora
de zona de proteção ou manobras feitas voluntariamente. Deve também permitir
monitoramento dos TC (transformador de corrente).
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Editora Mackenzie, 2002.

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1996.

HERNÁNDEZ, F.; Ventura, M., A organização do currículo por projetos de


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