Curso - Proteção - Modulo 1

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CURSO DE PROTEÇÃO

CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO POR RELÉS

PARA SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


1. INTRODUÇÃO

Este material se destina primordialmente a engenheiros e técnicos que desejam


adquirir uma noção geral das Filosofias e Conceitos aplicados à Proteção de
Sistemas Elétricos de Potência, seja iniciando a carreira especializada em Proteção,
seja adquirindo conhecimentos em consideração às áreas afins que necessitam
desses conceitos.

Trata de aspectos filosóficos e conceituais da Proteção de Sistemas Elétricos de


Potência, além de mostrar princípios básicos de relés e funções de proteção.

A aplicação da proteção em equipamentos ou instalações específicas não é mostrada


neste material, sendo assunto do Bloco seguinte do Curso de Proteção.

2. REQUISITOS E CONCEITOS DE PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

2.1 FINALIDADE DE UMA PROTEÇÃO

Uma proteção é aplicada para detectar as anomalias que ocorrem na instalação


protegida, desligando-a e protegendo-a contra os efeitos da deterioração que
poderiam decorrer da permanência da falha ou defeito por tempo elevado.

Além dos efeitos da deterioração, podem ocorrer também instabilidades no Sistema


de Potência no caso de falhas sustentadas por tempos acima de determinados
limites.

Assim, o Sistema de Proteção deve detectar a anomalia e remover o componente


do Sistema Elétrico sob falha, o mais rápido possível e de preferência, somente o
componente sob falha.

2.2 TERMINOLOGIA

RELÉS OU DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

São equipamentos ou instrumentos especialmente projetados e devidamente


aplicados para detectar condições anormais, indesejáveis e intoleráveis no sistema
elétrico e prover, simultânea ou parcialmente, os seguintes eventos:

Pronta remoção de serviço (desligamento) dos componentes sob falta, ou dos


componentes sujeitos a danos, ou ainda dos componentes que de alguma forma
possam interferir na efetiva operação do restante do sistema.
Adequadas sinalizações, alarmes e registros para orientação dos procedimentos
humanos posteriores.
Acionamentos e comandos complementares para se garantir confiabilidade, rapidez
e seletividade na sua função de proteção.

SISTEMAS DE PROTEÇÃO

Conjuntos de relés e dispositivos de proteção, outros dispositivos afins,


equipamentos de teleproteção, circuitos de corrente alternada e corrente contínua,
circuitos de comando e sinalização, disjuntores, etc. que associados, têm por
finalidade proteger componentes ou partes do sistema elétrico de potência quando
de condições anormais, indesejáveis ou intoleráveis.

Quando se fala em Sistema de Proteção, usualmente se entende tal sistema como


“Relé de Proteção”. Na realidade um Sistema de Proteção consiste, além dos relés
de proteção, também de outros subsistemas que participam do processo de
remoção da falha. Tais subsistemas são mostrados na figura a seguir:

Figura 2.1 – Sistema de Proteção

FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

Entende-se como função de proteção um conjunto de atributos desempenhados


por um sistema de proteção, para fins previamente estabelecidos e definidos, dentro
de uma determinada categoria ou modalidade de atuação.

Um relé ou dispositivo de proteção pode ter uma ou mais funções de proteção


incorporadas (a chamada proteção “multifuncional”).
2.3 REQUISITOS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

Seletividade

É a capacidade do Sistema de Proteção prover a máxima continuidade de serviço


do Sistema Protegido com um mínimo de desconexões para isolar uma falta no
sistema.

Confiabilidade

É a habilidade do relé ou do Sistema de Proteção atuar corretamente quando


necessário (dependabilidade) e evitar operação desnecessária (segurança).

Velocidade

Característica que garante o mínimo tempo de falha, para um mínimo de danos ou


instabilidade no componente ou sistema protegido.

Economia

No sentido de se ter máxima proteção ao menor custo, considerando sempre o


aspecto custo x benefício, que é a essência da ENGENHARIA.

Simplicidade

Característica que considera a utilização mínima de equipamentos e circuitos na


execução da Proteção.

Mantenabilidade

É a capacidade da proteção permitir manutenção rápida e precisa, reduzindo-se ao


mínimo o tempo fora de serviço e os custos de manutenção.

PRECEITOS

Os seguintes preceitos são generalizados para qualquer Sistema de Proteção:

• A Proteção deve desligar o mínimo necessário de componentes para isolar a falha


ou anormalidade, no mínimo de tempo possível (seletividade e velocidade).
• A Proteção deve ter sensibilidade suficiente para cobrir a maior parte possível do
universo de possibilidade de falhas e anormalidades no componente ou sistema
protegido (dependabilidade).
• A Proteção não deve atuar desnecessariamente (segurança).
• Deve haver, sempre, uma segunda Proteção, local ou remota, para a detecção de
uma mesma anormalidade (dependabilidade).
• Um esquema mais simples de proteção, desde que cobertos os requisitos básicos,
apresenta uma menor probabilidade de atuação desnecessária (simplicidade
incrementando a segurança, com economia).
• Quanto mais caro o Sistema Protegido, mais se justifica o investimento na
confiabilidade (dependabilidade) do Sistema de Proteção (economia = custo x
benefício).

2.4 COORDENAÇÃO

O estudo e a prática de aplicação de Proteção por Relés não constituem uma


ciência exata. Muito de arte e bom senso estarão sempre associados à técnica
empregada. Assim, a experiência assume um aspecto significativo para qualquer
profissional que trate do assunto.

Entende-se como coordenação de relés e sistemas de proteção, o estudo e a


aplicação de ajustes e esquemas no sentido de se garantir os requisitos básicos de
seletividade e velocidade, e garantir também que haja sempre uma segunda ou
terceira proteção que detecte a mesma anormalidade como retaguarda
(dependabilidade do sistema de proteção) sem, no entanto, comprometer a
seletividade.

2.5 ZONAS DE PROTEÇÃO

A filosofia geral de proteção de um sistema elétrico é dividi-lo em “zonas de


proteção” de modo que, quando da ocorrência de uma anormalidade, haja o mínimo
de desligamentos possível, preservando o máximo de continuidade dos serviços.

O sistema é dividido em zonas de proteção para:

• Geradores
• Transformadores
• Barras
• Linhas de Transmissão e Subtransmissão
• Dispositivos e Sistemas de Compensação Reativa
• Circuitos de Distribuição
• Transformadores de Distribuição
• Motores
• Outras cargas
Figura 2.2 – Zonas de Proteção

A separação das zonas se dá através da localização de Disjuntores e


Transformadores de Corrente que alimentam os relés de proteção. As figuras a
seguir mostram detalhes dessa fronteira de zonas:

Figura 2.3 – Limites de Zona – Exemplo 1


Figura 2.4 – Limites de Zona – Exemplo 2

No exemplo 1 tem-se a utilização de TC’s de ambos os lados do disjuntor. No


exemplo 2 os TC’s de um lado apenas do disjuntor.

Nesse segundo caso, verifica-se que há uma “zona morta” entre o disjuntor e o
equipamento TC sem aparente cobertura. Há esquemas especiais para cobrir essa
zona morta, para instalações importantes (geralmente em Extra Alta Tensão ≥ 345
kV.

2.6 PROTEÇÃO PRINCIPAL E PROTEÇÃO DE RETAGUARDA

Para se garantir o requisito básico de confiabilidade (dependabilidade) para o


Sistema de Proteção, há necessidade para a maioria dos casos, da existência de
uma segunda proteção, pelo menos, para a detecção da mesma falha no
componente protegido.

Resultam deste aspecto os conceitos de Proteção Principal e Proteção de


Retaguarda:

2.6.1 Proteção Principal

É aquela que, por especificação e escolha de projeto, tem condição para detectar
uma anormalidade para a qual foi concebida, no componente protegida,
contemplando os requisitos de seletividade, confiabilidade e de velocidade.

Dependendo da importância do componente protegido, pode existir projeto com


duas proteções principais, que no caso de serem iguais são denominadas
“duplicadas” ou “primária + alternada”. O que caracteriza o fato de serem
“principais” é o atendimento aos requisitos básicos de velocidade, seletividade e
confiabilidade.

2.6.2 Proteção de Retaguarda


É aquela que, também por especificação e escolha de projeto, tem a finalidade de
ser a segunda ou terceira proteção a detectar uma mesma anormalidade em um
dado componente do sistema de potência, atuando o respectivo disjuntor quando
da falha da proteção principal.

Para garantia da seletividade a proteção de retaguarda utiliza temporização


intencional para que se aguarde a atuação da proteção principal. Apenas no caso
de falha da principal, após uma temporização ajustada, é que atuaria a proteção
de retaguarda.

Retaguarda Local

Uma proteção de retaguarda pode estar instalada no mesmo local da proteção


principal. Neste caso é denominada de “retaguarda local”.

Retaguarda Remota

Ou pode estar instalada em um outro componente adjacente àquele original. Neste


caso é denominada de “retaguarda remota”:

Figura 2.5 – Conceito de Proteção Principal e Proteção de Retaguarda

2.7 PROTEÇÃO PRIMÁRIA E PROTEÇÃO ALTERNADA

Mais recentemente no Brasil optou-se por duplicar relés ou funções principais para
proteção de linhas de transmissão de Extra Alta Tensão (níveis de tensão iguais ou
superiores a 345 kV) como exigência da Aneel para novas instalações. Neste caso,
pode-se ter as seguintes opções:

a) Utilização de relés de mesma fabricação, tecnologia e modelo (duplicação plena);


b) Utilização de relés de mesma fabricação, tecnologia e modelos diferentes
(duplicação parcial, eventualmente em algumas funções diferentes);
c) Utilização de relés de diferentes origens (fabricação), mesma tecnologia e com
duplicação de funções;
d) Utilização de relés de tecnologias diferentes e mesmas funções.

A tendência atual é o item a, com plena duplicação quanto ao modelo e funções de


proteção. Este aspecto ajuda na manutenção da proteção e a retirada de operação
de uma delas sem maiores preocupações.

3. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

3.1 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE

A função sobrecorrente de uma Proteção, como o próprio nome diz, serve para
detectar níveis de corrente acima de limites estabelecidos e acionar providências
para desconectar o componente protegido. Assim, tal função serve para detectar
condições de curto-circuito onde, quase sempre, uma corrente de fase é
sensivelmente maior do que a corrente de carga.

Há dois tipos de corrente a detectar:

− Correntes de fase superiores a correntes de carga, decorrentes de


curtos-circuitos.
− Correntes de terra decorrentes de curtos-circuitos à terra.

Para correntes de fase, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Fase. Para


correntes de terra, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Terra.

Para correntes de carga, não deve ocorrer atuação desta função. Isto é, a função de
sobrecorrente não é para detectar condição de sobrecarga em equipamento ou
instalação.

Funções de Sobrecorrente individuais em relés específicos, ou incorporadas em


outros conjuntos de proteção, bem como Religadores de Distribuição e Elos
Fusíveis têm esta característica.

Função de sobrecorrente é utilizada para proteção de:


− Linhas de transmissão e de subtransmissão.
− Barramentos e circuitos de acoplamento de barras.
− Alimentadores primários de distribuição e ramais.
− Transformadores de potência e de distribuição.
− Transformadores de serviço auxiliar em subestações.
− Motores.
− Geradores.
− Equipamentos de compensação reativa.

3.1.1 Elos + Chaves Fusíveis

Aplicação

Para todos os níveis de tensão, desde a baixa tensão até as tensões de


subtransmissão, é possível a utilização de elos fusíveis para proteção de
equipamentos, redes ou linhas. Serve primordialmente para a proteção de
equipamentos ou circuitos em configuração radial.

São dispositivos diretamente conectados, em série, nos condutores primários do


circuito ou equipamento protegido, conforme ilustrado na figura a seguir.

Para níveis de tensão de alimentadores de Distribuição (2,4 a 34,5 kV) seu uso é
bastante generalizado para proteção de transformadores e ramais de distribuição
como mostra a figura a seguir. Nesses circuitos, com a fusão de um elo (uma fase)
há desarme da respectiva chave, geralmente de modo trifásico.

Figura 3.1 – Chaves Fusíveis Aplicados em Rede Primária de Distribuição

Para níveis de tensão de subtransmissão (69 a 138 kV) sua aplicação é razoável
para linhas radiais, onde as correntes de curto-circuito são relativamente elevadas.
Entretanto, nos sistemas mais recentes do nosso País sua aplicação tem se
limitado à proteção de circuitos de tensão iguais ou inferiores a 88 kV.

Características
Os elos fusíveis têm a característica inversa na relação tempo x corrente, isto é,
quanto maior a corrente de curto circuito, menor o tempo de fusão do elo:

Figura 3.2 – Elo Fusível – Característica para Coordenação com Outras Funções de
Sobrecorrente
O tempo total de interrupção representa o tempo total de atuação do elo,
incluindo o tempo do arco e a tolerância estimada pelo fabricante. O tempo de
fusão é o tempo mínimo, baseado em testes de fábrica, no qual o elo irá fundir. A
curva de dano é a margem de segurança para coordenação com outras funções
de sobrecorrente, em série com o elo, como outro elo ou religador (geralmente é
adotado o valor de 75% da curva de fusão.

Os fusíveis utilizados, geralmente, nos circuitos de distribuição são do tipo K


rápidos, que são mais inclinadas que os fusíveis do tipo T, o que possibilita uma
operação mais rápida para curtos-circuitos com correntes de intensidade elevada.

Para proteção de transformadores de distribuição são utilizados fusíveis do tipo H,


que suporta durante certo intervalo de tempo uma corrente transitória de alto valor.

3.1.2 Religadores para Circuitos de Distribuição

A figura 1.6 mostrou um religador de distribuição. São dispositivos de manobra


automática com proteções de sobrecorrente de fase e de terra integradas, para
desligamento automático seguido de religamento automático.

São instalados em redes primárias de distribuição para seccionar circuitos longos


ou para ramais, de tal modo que seus elementos de proteção tenham
sensibilidade para detectar falta no seu trecho protegido. Deve-se notar que nem
sempre o disjuntor da subestação, com suas proteções de sobrecorrente, tem
sensibilidade para detectar curtos em toda a rede de distribuição conectada ao
alimentador correspondente.
3.1.3 Relés de Sobrecorrente

São dispositivos ligados no lado secundário dos transformadores de corrente, e


portanto são acionados por correntes proporcionais àquelas primárias (no circuito
ou equipamento protegido), concebidos e construídos para exercer a função
sobrecorrente. Atuam sobre disjuntores ou religadores que, por sua vez, isolam o
circuito defeituoso.

3.1.3.1 Características de Tempo

Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados


em:

Relés Instantâneos e relés Temporizados. Os relés temporizados podem ser


classificados conforme sua característica tempo x corrente:

Relés de Tempo Definido


Relés de Tempo Inverso
Normalmente Inverso
Muito Inverso
Extremamente Inverso

O relé instantâneo é assim denominado porque não introduz temporização


intencional quando se atinge o limite de corrente ajustado. A sua atuação
apresenta apenas uma temporização inerente, que depende da tecnologia e da
construção do relé.

Os relés temporizados apresentam características conforme mostradas a seguir:

Figura 3.3 –Característica de Tempo para Funções de Sobrecorrente


No relé de tempo definido, para qualquer corrente de curto-circuito acima do
valor de ajuste, há atuação com um tempo definido (ajustável). Nos demais,
existe a relação inversa entre a corrente e o tempo.

Normalmente um relé de tempo inverso (ou muito inverso, ou extremamente


inverso) apresenta várias curvas, de mesma característica, escalonadas no
tempo, sendo que uma das quais pode ser escolhida quando do ajuste da
proteção através da “Alavanca de Tempo” (“Time Lever”):

Figura 3.4 – Ajuste do Tempo em Relé de Tempo Inverso

3.1.3.2 Elemento Instantâneo

Para relé de tempo inverso, pode-se ajustar também um valor para o chamado
“elemento instantâneo”. Isto é, a partir de um dado valor de corrente (expresso
em múltiplo da corrente nominal do relé), a proteção passa a atuar
instantaneamente e não mais de acordo com sua curva característica. A figura a
seguir ilustra o mencionado.
Figura 3.5 –Ajuste do Elemento Instantâneo

Para relés eletromecânicos e grande parte dos estáticos, todas estas


características eram definidas quando da especificação da proteção e
procurava-se acomodar situações onde se desejava estabelecer uma adequada
coordenação entre proteções do Sistema Elétrico, dependendo de cada
aplicação e componente protegido. E quando de ajustes era necessário utilizar
as curvas desenhadas em papel logarítmico.

3.1.3.3 Funções de Sobrecorrente em Relés Digitais

As funções de sobrecorrente nos modernos relés digitais de tecnologia


microprocessada há uma flexibilidade bem maior. É possível escolher um tipo de
curva (“inclinação”) dentre muito normalizados (norma IEC ou IEEE / ANSI) e
aplicando fórmula para determinação do tempo de atuação.

A fórmula normalizada e aplicada para as funções de sobrecorrente em relés


digitais é a seguinte:

T = Múltiplo de Tempo (equivalente ao “Time Lever” da proteção


eletromecânica).
K = Coeficiente (vide tabela a seguir).
I = Corrente no Relé.
IS = Corrente de Atuação Ajustada para a Função.
α = Coeficiente (vide tabela a seguir).
L = Coeficiente (vide tabela a seguir).
Tipo de Curva Norma K α L
Standard Inverse 0,14 0,02 0
IEC

Very Inverse 13,5 1 0


Extremely Inverse 80 2 0
Moderately Inverse 0,0515 2 0,18
IEEE / ANSI

Very Inverse 19,61 2 0,491


Extremely Inverse 28,2 2 0,1215

Tabela 3.1 – Coeficientes para Função de Sobrecorrente em Relés Digitais

Exemplo das Características da Norma IEC

Figura 3.6 –Curvas IEC de Característica Inversa


Figura 3.7 – Curvas IEC de Características Muito Inversa

Figura 3.8 – Curvas IEC de Características Extremamente Inversa


3.1.3.4 Conexão dos TC’s – Proteção Convencional

A conexão da proteção aos Transformadores de Corrente para relés


(eletromecânicos ou estáticos) individuais é mostrada na figura a seguir:

Figura 3.9 – Conexão de Relés de Sobrecorrente (3 de fase e 1 de terra)

Onde,

IA, IB e IC – Correntes primárias.

iA,iIB e iC – Correntes secundárias.

50/51 A, B e C - Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) das


Funções de Sobrecorrente das fases A, B e C respectivamente.

50/51 N – Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) da Função de


Sobrecorrente de Terra.

TC - Transformador de Corrente.

A relação entre a corrente primária (I) e a corrente secundária (i) em cada fase
corresponde à relação de transformação do TC. Por exemplo, para um TC de
300/5 Ampères, a relação é de 60 para 1. A corrente secundária mais baixa que
a primária.

Os relés são ajustados para a corrente secundária (i), levando-se em conta a


corrente do lado primário (I).

A simbologia 50 ou 51 corresponde à antiga norma ASA (Americana), atual


ANSI, e significam: “elemento, relé ou função de sobrecorrente instantâneo” e
“elemento, relé ou função de sobrecorrente temporizado”, respectivamente.

Para funções de fase, a sensibilidade da proteção é limitada pela carga no


circuito protegido. Para função de terra, a limitação é a relação de
transformação dos TC’s utilizados, isto é, quanto maior a relação de
transformação, menor será a sensibilidade da função.

3.1.3.5 Conexão dos TC’s – Proteção Digital

Numa proteção digital, a conexão é feita de modo semelhante, porém as funções


das fases A, B e C e a função de Terra são executadas digitalmente após a
conversão A/D:

Figura 3.10 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 1.

Observa-se que há digitalização das correntes de fase e também do circuito


residual. Uma alternativa seria a digitalização apenas das correntes de fase (3) e
a corrente residual seria calculada, como mostra a figura a seguir.
Figura 3.11 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 2.

3.1.3.6 TC de Neutro – Corrente de Terra no Neutro

Um TC de neutro de neutro de equipamento mede diretamente a corrente de


terra que passa pelo neutro como mostra a figura a seguir.
Figura 3.12 – Conexão de Proteção de Sobrecorrente de Neutro

3.1.4 Condições para a Proteção de Sobrecorrente

Condição Normal de Operação

Em condição normal, as correntes das três fases são equilibradas entre si. Nessas
condições, não há corrente no circuito residual ou em neutro de equipamento. E
também, as correntes secundárias (i) devem estar aquém da sensibilidade mínima
da proteção de sobrecorrente (“tap” mínimo ajustável) e os relés permanecem sem
atuação.

Condição de Curto Circuito Trifásico

Neste caso as correntes IA, IB e IC, apesar de equilibradas entre si, são elevadas.
Geralmente muito maiores que na condição de carga normal. E as correntes
secundárias (i) atuam os relés instalados nas fases ou as funções de fase. Não há
corrente no circuito residual, portanto não há atuação do relé ou da função 50/51N.

Condição de Curto-Circuito Fase-Terra

Neste caso, haverá aparecimento de corrente elevada de curto circuito apenas em


uma fase. Por exemplo, (IA). Proporcionalmente a correspondente corrente
secundária (ia) será elevada. Devido ao desequilíbrio à terra, o retorno da corrente
(ia) se dará pelo circuito residual (in). Nestas condições, há condição de atuação
das funções 50/51A e 50/51N, dependendo dos seus ajustes.

Uma atuação da função 50/51N indica que houve desequilíbrio envolvendo terra
(curto à terra). Dai sua denominação “Relé de Terra”.
Figura 3.13 – Condição de Curto-Circuito da Fase A à Terra

3.1.5 Sensibilidade das Funções de Sobrecorrente de Fase e de Terra

A função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para correntes próximas
à corrente de carga máxima prevista no equipamento ou circuito protegido. Assim,
sua sensibilidade é limitada pela carga.

Por outro lado, como em condições normais de operação em um sistema trifásico


equilibrado não há corrente pelo circuito residual dos TC´s, a função de
sobrecorrente de terra pode ser ajustada bem sensível. Isto é, quando há corrente
no circuito residual, isto significa que há curto-circuito à terra. Normalmente
ajustam-se esses relés de terra na máxima sensibilidade. A seletividade se obtém
ajustando adequadamente seu tempo de atuação.

3.1.6 Exemplo de Ajuste de Função de Sobrecorrente

Vamos supor que os TC’s que alimentam as funções de sobrecorrente têm a


relação 2000 / 5 A.

Considerar para as funções de fase:

− Que devam ser ajustados para atuar a partir de um valor de corrente


primária de 2.530 A (já considerando a margem para carga).
− Que devam atuar com cerca de 1,0 s para 5.136 A.
− Que devam atuar instantaneamente para cerca de 9.000 A
Considerar para a função de terra:

− Que devam ser ajustados para atuar a partir de um valor sensível.


− Que devam atuar com cerca de 1,0 s para 4.470 A.
− Que devam atuar instantaneamente para cerca de 12.500 A

Considerar que as seguintes faixas de ajustes estão disponíveis para as funções


de sobrecorrente 50/51 ou 50/51N de corrente nominal In = 5 A:

• Dois estágios independentes de sobrecorrente de fase: I>, I>>

I> 0,1 – 25 x In
I>> 0,5 – 40 x In

• Dois estágios independentes de sobrecorrente de terra: It>, It>>

It> 0,1 – 25 x In
It>> 0,5 – 40 x In

• Temporizações independentes para cada estágio: tl>, tl>>

Para cada um, possibilidade de escolha de tempo inverso (IDTM) ou tempo


definido (DTM). Para tempo inverso, possibilidade de escolhas entre curvas
IEC e ANSI.

DTM: 0 – 150 s em degraus de 10 ms.

IDMT: Multiplicador de Tempo (T): 0,025 a 1,5 em degraus de 0.025 s.

Ajustes de Sobrecorrente de Fase

In do relé: 5 A

IAjuste = 2.530 A primários (6,325 A secundários)

IAjuste / In = 6,325 / 5 = 1,26 x In

Ajuste Pick-up para o Primeiro Estágio: I> = 1,26 x In

Deverá operar com cerca de 1,0 s para 5.136 A.

5.136 / 400 = 12,84 A secundários.


12,84 / 5 = 2,57 x In

Múltiplo do pickup: (2,57 x In) / (1,26 x In)

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 2,57 x In deve-se


ter aproximadamente 1,0 s

Onde

t = tempo para trip


K = Coeficiente (0,14 para curva standard inverse do IEC)
α = Fator alfa (0,02 para curva standard inverse do IEC)
L = Fator L (0 para curva standard inverse do IEC)
I = Valor medido da corrente
Is = Valor de pick up
T = Multiplicador de Tempo (0,025 a 1,5)

T = 0,10255 ====>>> T = 0,10 (múltiplos de 0,025)

T = 0,10 para o primeiro estágio

Assim, a curva do relé será:

Assim, para 2.57 x In o tempo será de t = 0,98 s

Por exemplo, para 1,7 x In o tempo será de t = 2,3 s

Elemento Instantâneo (Utilizando o Segundo Estágio)

9.000 / 400 = 22,5 A secundários.

22,5 / 5 = 4,5 x In >>>> 2,57 x In


Esta grande diferença entre permite a utilização do segundo estágio da proteção
para valores nesta faixa.

Ajuste Pick-up para o Segundo Estágio: I>> = 3,5 x In

Sendo: 3,5 x In < 4,5 x In garante-se que se detecte 4,5 In mesmo que mude
condição de curto.

tl>> = DMT (tempo definido)

Temporização = 0 ms (sem temporização intencional para o segundo estágio)

Ajustes de Sobrecorrente de Terra

In do relé: 5 A

Adotando valor de pickup de 0,1 x In tem-se sensibilidade máxima (3I0 = corrente de


terra = 0,1 x 5 = 0,5 A secundários. Isso equivale a 400 x 0,5 = 200 A primários.

Ajuste Pick-up para o Primeiro Estágio: It> = 0,1 x In

Critérios de tempo para a proteção de terra: deve operar com cerca de 1,0 s para
4.470 A.

4.470 / 400 = 11,175 A secundários.

11,175 / 5 = 2,235 x In ≈ 2,24 x In

Considerando a curva normalmente inversa da norma IEC, para 2,24 x In deve-se


ter aproximadamente 1,0 s

Onde t = tempo para trip


K = Coeficiente (0,14 para curva standard inverse do IEC)
α = Fator alfa (0,02 para curva standard inverse do IEC)
L = Fator L (0 para curva standard inverse do IEC)
I = Valor medido da corrente
Is = Valor de pick up

T = Multiplicador de Tempo (0,025 a 1,5)


T = 0,45825 ====>>> T = 0,450 (múltiplos de 0,025)

T = 0,45 para o primeiro estágio

Assim, a curva do relé será:

Assim, para 2,24 x In o tempo será de t = 0,98 s. Por exemplo, para 0,97 x In o
tempo será de t = 1,35 s.

Elemento Instantâneo (Utilizando o Segundo Estágio)

12.500 / 400 = 31,25 A secundários.

31,25 / 5 = 6,25 x In >>>> 2,24 x In

Esta grande diferença entre permite a utilização do segundo estágio da proteção


de terra para valores nesta faixa.

Ajuste Pick-up para o Segundo Estágio: It>> = 4 x In

Sendo: 4,0 x In << 6,25 x In (garante margem para detectar 6,25)

e 4,0 >> 2,24 (margem para seletividade)

tlt>> = DMT (tempo definido)

Temporização = 0 ms (sem temporização intencional para o segundo estágio)

3.2 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA

Qualquer desbalanço num sistema trifásico, com ou sem terra, faz com que apareça
componentes simétricas de seqüência negativa. A componente de seqüência
negativa pode ser calculada através da expressão:

Donde, onde

Para tensão, vale a mesma expressão. Assim, uma proteção pode calcular a
corrente de seqüência negativa I2 através das correntes de fase. Em condições
normais de operação, com o sistema trifásico equilibrado, essa corrente é Zero.

Isto é, o surgimento da componente de seqüência negativa I2 significa que há


desbalanço de corrente através do circuito onde está aplicada a proteção e pode ser
causada por:

Uma fase aberta


Duas fases abertas
Carga desequilibrada (comum para circuitos primários de Distribuição)
Curto-circuito fase-terra.
Curto-circuito bifásico.
Curto-circuito bifásico-terra.

Um critério de desbalanço poderia ser o valor percentual da corrente I2 (seqüência


negativa) com relação à corrente I1 (seqüência positiva).

O desbalanço de corrente é um fator grave para máquinas rotativas, uma vez que
induz correntes de frequência dupla no rotor (ferro), causando aquecimento.

Portanto a função de seqüência negativa é utilizada principalmente para proteção de


motores e geradores. Seu código ANSI é 46.

Figura 3.14 – Função de Desbalanço de Corrente


3.3 FUNÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE
A única diferença entre uma função de sobrecorrente e uma função direcional de
sobrecorrente é que esta última tem uma característica extra associada à direção da
corrente medida, e não apenas ao módulo da corrente medida.

Para que isto seja possível, deverá haver, para cada relé, uma referência de
Tensão. Isto é, os mesmos devem ser Polarizados.

Há duas funções direcionais de terra: aquela para corrente de fase e aquela para
corrente de terra. O código ANSI para a função direcional de sobrecorrente é (67).
Pode ter, também, elemento instantâneo, porém não há código específico para esse
elemento instantâneo.

3.3.1 Conexão

A figura a seguir mostra uma conexão trifásica para 02 relés direcionais de


sobrecorrente de fase e um relé direcional de sobrecorrente de terra.

Figura 3.15 – Conexão para relés direcionais de sobrecorrente convencionais

No caso de proteção digital, esse mesmo conceito é executado, isto é, há


necessidade de informações de tensão através de TP’s de linha ou de barra. As
correntes e tensões residuais podem ser calculadas, como mostra a figura a
seguir.
Figura 3.16 – Conexão para proteção digital - direcional de sobrecorrente

3.3.2 Filosofia de Atuação e Aplicação

A função direcional de sobrecorrente deve atuar apenas se duas condições forem


satisfeitas:

a) Intensidade de corrente acima do limite mínimo de ajuste.


b) Corrente em um determinado sentido.

Figura 3.17 – Conceito da Função 67

Os relés são conectados para atuar, por exemplo, para correntes saindo da barra
para a linha. Caso haja corrente no sentido inverso, mesmo que de grande
intensidade (condição de curto circuito), essa função direcional de sobrecorrente
não atua:

Figura 3.18 – Atuação direcional da Função 67

Esta característica é muito importante para um esquema adotado de Proteção,


uma vez que, delimitando as condições com a imposição do fator direção, há
maiores facilidades para obter seletividade (isto é, desligar o mínimo de
componentes do Sistema, para isolar a falha) no menor tempo possível.

As funções direcionais de sobrecorrente de fase e de terra são utilizadas


principalmente para proteção de Linhas de Transmissão e Subtransmissão,
geralmente como proteção de retaguarda. Em alguns casos também se utiliza
para proteção de Transformadores, quando o fator “direção” torna-se necessário
para uma boa coordenação da proteção em um sistema elétrico.

Em circuitos radiais não há necessidade de uso de função 67, a menos em


casos específicos com fontes de terra no circuito (nesse caso pode haver
necessidade de 67N – terra, mas depende das condições de curto-circuito do
sistema).

Modernas proteções digitais de sobrecorrente de aplicação geral, já incluem


(geralmente) funções 67 para uso opcional. Deve-se sempre lembrar que há
necessidade de TP’s para informação de tensão de polarização.

3.3.3 Polarização

A tensão de polarização deve ser tal que forneça uma firme referência de direção
de corrente (determinado pelo ângulo entre fasores medidos ou calculados). A
figura a seguir mostra os fasores de tensão de um sistema trifásico, com corrente
de falta na fase A.
Figura 3.19 – Fasores num sistema trifásico.

A corrente de curto-circuito ICC deve ter uma tensão de referência para que a
proteção determine sua direção.

Uso da Tensão da Fase Correspondente (no caso, UA)

Neste caso, haveria uma boa referência de direção, pois ângulos indutivos
significam falta na frente do relé. Porém há as seguintes desvantagens:

Quando de curto-circuito imediatamente à frente da proteção, essa tensão pode ir


a Zero e a proteção poderá perder a referência.
Quando de linha com compensação série (capacitância em série na LT), a tensão
de referência pode inverter.
Quando de curto-circuito imediatamente à frente da proteção, com resistência de
arco, o ângulo pode chegar a Zero graus entre a tensão de referência e a
corrente de curto.

Uso de Referência Cruzada [1]

Uma boa solução para dirimir as dificuldades citadas é o uso de referência


cruzada. A tabela a seguir mostra as tensões de referência para uma proteção (no
caso digital) para que as correntes de falta tenham sempre uma referência firme,
com base nos fasores mostrados na Figura 3.16:

Falta Tensão de Referência Corrente


Fase A UB – UC = UBC IA
Fase B UC – UA = UCA IB
Fase C UA – UB = UAB IC
Loop AB UBC – UCA IA - IB
Loop BC UCA – UAB IB – IC
Loop CA UAB – UBC IC – IA

Tabela 3.2 – Polarização Cruzada para Elementos Direcionais


Na figura a seguir mostra-se a tensão de referência UBC para a corrente na fase A.
Deve-se notar que a tensão da fase em curto (denominada UCC) não é a tensão
que havia antes (UA), pois há a influência da impedância da fonte ZF (sistema) no
ponto de instalação da proteção.

Figura 3.20 – Fasores para Polarização Cruzada.

Por exemplo, se para uma falta na fase A, a tensão UCC for para zero, haverá
referência UBC.

Na concepção da função direcional faz-se com que haja direcionalidade para


todo ICC que esteja à direita da referência hachurada de direção, que tem um
ângulo α com relação à tensão UBC.

Os “loops” AB, BC e CA indicados na tabela 3.2 servem para curtos-circuitos entre


fases (bifásicos ou trifásico). Para curto-circuito bifásico sempre haverá referência
firme relacionada com a fase não afetada.

Para curto trifásico rígido, bem à frente da proteção, todas as tensões podem ir a
zero. Neste caso não haveria referência. Entretanto, as proteções mais elaboradas
(para linhas de AT ou EAT) possuem memória de tensão (informações sobre a
tensão antes do curto-circuito).

Para proteções eletromecânicas essa memória era feita através de circuitos


ressonantes. Para proteções digitais, são utilizados dados de um “buffer” com as
informações do passado. Memórias com duração entre 0,4 e 0,5 s são comuns
para proteções mais elaboradas.

Uso de Componentes Simétricas [3]


Dependendo do fabricante da proteção, pode haver concepção com base nas
componentes simétricas (seqüências positiva, negativa e zero). A referência [3] dá
uma boa idéia sobre este aspecto. Por exemplo, pode-se usar a tensão de
seqüência zero (UA + UB + UC) / 3 para servir de referência para corrente de
seqüência zero (IA + IB + IC) / 3 na execução da função direcional de sobrecorrente
de terra.

A figura a seguir mostra a componente de seqüência zero no local de aplicação da


proteção:

Figura 3.21 – Fasores de Seqüência Zero na Proteção

Com base nesse conceito, pode-se ter uma referência para a corrente de terra,
como mostrado a seguir:
Figura 3.22 – Polarização por tensão de seqüência zero

Polarização por Corrente de Terra

Para função direcional de sobrecorrente de terra, há também (para algumas


proteções digitais) opção de uso de corrente de terra que sobe pelo neutro do
transformador da subestação (fonte de terra para corrente de curto na linha
protegida) como grandeza de polarização.

Como essa corrente tem mais ou menos a mesma direção da corrente de terra do
circuito protegido, serve como referência de direção:

Figura 3.23 – Polarização por corrente de neutro de transformador (3 x seqüência zero)

3.4 FUNÇÃO DIRECIONAL DE POTÊNCIA


Existem também relés de proteção com a função Direcional de Potência (Função
32) para potência ativa (Watts). A conexão externa é a mesma que a realizada para
a função de sobrecorrente direcional de fase, porém se calculando a potência
(Ativa) ao invés da corrente.

Basicamente se detecta a direção da potência ativa que flui no ponto de aplicação


da função e seu valor. Esta função é aplicada:

Para máquinas girantes (geradores), onde o retorno de energia para a máquina


pode ser prejudicial.
Para pontos de interligação com auto-produtores, quando não se deseja inversão do
sentido da potência ativa.
Para transformadores específicos onde se deseja direção de potência ativa apenas
num sentido.

Deve-se observar que essa função não serve para proteção contra curtos-circuitos
ou outros tipos de falta (anormalidades).

3.5 FUNÇÃO DE TENSÃO

Como o próprio nome menciona, é uma função para detectar condições de tensão
superiores ou inferiores aos valores normalmente aceitos para a Operação do
Sistema ou do Equipamento.

São realizados através de relés específicos conectados nos lados secundários dos
Transformadores de Potencial.

Proteção de Sobretensão – Código 59

Para detectar condição de tensão superior a um valor aceitável. Pode ser de dois
tipos: Função de Sobretensão Instantânea ou Função de Sobretensão Temporiza.

A função instantânea não possui temporização intencional, isto é, seu tempo de


atuação depende apenas de suas características construtivas e inerentes ou do seu
algoritmo (no caso de ser digital). Por outro lado, a função temporizada é
construída para introduzir uma temporização intencional e ajustável. Os relés de
sobretensão temporizados são, geralmente, de característica definida de tempo
(não inversa):
Figura 3.24 – Função 59, de tempo definido, para tensões de linha.

Dependendo do nível de sobretensão esperado, utiliza-se função instantânea ou


temporizada.

Uma característica muito importante numa função ou num relé de sobretensão é a


chamada “relação pick-up / drop-out”. Num relé de sobretensão, dependendo da
sua construção e da tecnologia utilizada, há sua atuação quando se atinge o nível
de tensão ajustado e há desatuação quando a tensão retorna às condições normais.
A tensão em que o relé deixa de atuar (“drop-out”) é sempre menor que a tensão de
atuação. E a relação “pick-up / drop-out” pode ser definida como:

Relação “pick-up / drop-out” = (tensão de atuação / tensão de desatuação) * 100 %

Se esta relação é muito grande, significa que há necessidade de redução acentuada


de tensão para que a função retorne à condição de não atuação. Haverá sempre o
perigo de se ter uma proteção de sobretensão atuada após a tensão do sistema
protegido ter retornado ao normal.

Este valor é sempre superior a 100 %. Quanto menor esta relação, mais segura a
aplicação da função de sobretensão. Um modelo ideal de função de sobretensão
seria uma relação de 100 %, isto é, qualquer abaixamento de tensão aquém do
valor ajustado provocaria a desatuação da função. Relés modernos, com tecnologia
digital, permitem relação próxima a 100 %.

Utiliza-se a função de sobretensão na proteção de Transformadores, Reatores e


Máquinas Rotativas, isto é, na proteção de equipamentos que podem ter sua
isolação deteriorada no caso de exposição a condições de sobretensão.

Em EAT é aplicada em linhas para que tenha uma função sistêmica, isto é, para
desligar trechos do sistema afetados por sobretensão (excesso de reativos na
região).
Proteção de Sobretensão para Terra em Circuitos Isolados – Código 59N ou
64.

Uma função 59 pode ser conectada para detectar o valor 3.V0, isto é, a tensão
residual, através de secundários de TP’s em “delta aberto”.

Figura 3.25 – Função 59 Terra, de tempo definido, para faltas a terra em sistema isolado.

Neste caso a tensão através do relé será: V

Num sistema solidamente aterrado, essa tensão residual é pequena, quando de um


curto circuito para terra. Entretanto, para um sistema isolado, ou para um sistema
aterrado através de resistência ou reatância, o valor é grande para faltas a terra.

Assim, utiliza-se essa proteção para se detectar curtos de uma fase à terra, por
exemplo, num sistema 13,8 kV conectado no terciário em Delta de um
transformador (sistema isolado, sem neutro). Daí identificar essa proteção também
como 64 (proteção terra).

Proteção de Subtensão ou Relé de Subtensão – Código 27

A função atua quando a tensão cair abaixo de um valor ajustado. Esta função pode
ser utilizada como proteção para equipamentos que não podem operar com tensão
abaixo de um certo limite (geralmente máquinas rotativas), ou pode ser utilizada
apenas como relé de subtensão para desligamento automático de circuito quando
de falta de tensão (relé de manobra).

Para utilização da função 27 para manobra de circuitos (desligamento por falta de


tensão), a relação “drop-out / “pick-up”) não é muito significativa pois há uma grande
diferença entre “existir tensão” e “não existir”. Entretanto, para proteção, a relação é
importante, como já mencionado para a função 59.

3.6 FUNÇÃO DE DISTÂNCIA


3.6.1 Princípio

A função Distância mede, através da leitura das correntes e tensões do circuito


protegido, a impedância entre o ponto de aplicação da proteção e o ponto onde
ocorreu o curto-circuito.

A dimensão da grandeza calculada é Ohms:

Como a impedância da linha de transmissão protegida é proporcional ao seu


comprimento, (ohms / km), pode-se associar a impedância medida com a distância
até o ponto de curto circuito. Daí a denominação “distância” quando a função de
impedância é utilizada para proteção de linha de transmissão. O código ANSI para
a função de impedância é 21.

Nota: Quando a função de impedância é aplicada para proteção de linha


de transmissão, ela é chamada de “distância”. Quando a função de
impedância é aplicada para proteção de máquina ou transformador, a
mesma é chamada “impedância”.

Considerando o princípio, torna-se evidente que uma função de distância deve ser
alimentada por TC’s (correntes) e TP’s (tensões):

Figura 3.26 – A Proteção de Distância Necessita Dados dos TC’s e dos TP’s

Ajustes são realizados e aplicados de modo que os critérios de coordenação


adotados garantam os itens de seletividade e velocidade da proteção.

Como a impedância da linha protegida é conhecida, pode-se ajustar a proteção de


modo que para cada ponto de curto-circuito esperado se tenha um critério
previamente inserido na proteção, como parâmetro de desempenho esperado.

3.6.2 Representação de Linha de Transmissão e de Ponto de Curto-Circuito em


Diagrama de Impedâncias
Uma impedância de linha de transmissão pode ser representada graficamente
num diagrama R-X, Na figura a seguir observa-se que o ângulo θ do vetor
impedância da linha está relacionado com a relação R-X dos parâmetros da linha:

Figura 3.27 – Linha de Transmissão representada em diagrama R-X

O ângulo, que pode variar de 65 a 89 graus dependendo do tipo e nível de tensão


da LT, mostra que uma linha de transmissão aérea tem característica
predominantemente indutiva. Quanto maior o nível de tensão da linha, maior seu
ângulo com relação ao eixo dos R. Um transformador de potência é considerado
puramente indutivo em Alta Tensão. Mas para transformadores de distribuição
deve-se considerar também a resistência.

Deve-se observar, também, que uma linha de cabos pode ter ângulos menores
que os das linhas aéreas.

Quando ocorre um curto-circuito na linha, a queda de tensão provocada pela


corrente de através da mesma é limitada por essa impedância. As tensões e
correntes no ponto de aplicação da proteção dependem, portanto, do “loop” de
impedâncias formado através do curto-circuito, podendo incluir o retorno por terra
quanto de faltas à terra.
Figura 3.28 – Curto circuito na linha e o “loop” de impedâncias

Assim, nos quadrantes do diagrama R-X pode-se ter:

Figura 3.29 – Diagrama R-X e os quadrantes.

Quando de curtos-circuitos na linha, as correntes são sempre atrasadas com


relação à tensão. Assim, pode-se considerar os seguintes casos:

Figura 3.30 – Direção da Corrente de Curto e os Quadrantes no Diagrama R-X


Verifica-se que a impedância medida é ZCC = UCC / ICC que é a impedância do
ponto de aplicação da proteção até o ponto de curto circuito, e que essa
impedância pode ser representada no diagrama R-X como mostra a figura a
seguir:

Figura 3.31 – Indicação do ponto de curto-circuito no diagrama R-X

3.6.3 Requisitos Desejados para uma Função de Distância

Condição de curto-circuito na LT

A impedância série de uma linha de transmissão Z Linha = R + jX tem um ângulo


característico entre 65 e quase 88 graus, isto é, bastante indutivo. Daí o fato de se
ter os relés de distância concebidos com característica mais sensível nesta
faixa de ângulo (primeiro quadrante).

Se o relé de impedância estiver ajustado com um valor Zajustado maior do que o Zcc,
o valor medido cairia dentro de sua característica e o relé atuaria. Essa idéia está
ilustrada na figura a seguir:
Figura 3.32– Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

Condição de carga na LT

A carga através da linha, saindo da barra da subestação A é indicada na figura a


seguir. Essa carga pode ser calculada através de:

ohms / fase.

Onde kV é a tensão de linha (entre fases) e o MVA é a potência aparente no ponto


de aplicação da proteção.

Figura 3.33– Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

A figura anterior representa o ponto de carga (impedância da carga) com o seu


ângulo α, correspondente ao fator de potência. Não se deseja que a proteção de
distância atue para condição de carga e também que permita as sobrecargas
esperadas em condições de emergência.

Verifica-se então que a proteção deve ser sensível para ângulos indutivos
acentuados (condição de curto-circuito na direção para frente) e não seja sensível
para ângulos indutivos pequenos (carga indutiva saindo da barra).

Condição de Curto-Circuito com Resistência de Falta (RF)

Por outro lado, os curtos-circuitos em linhas de transmissão estão, quase sempre,


associados a Resistências de Falta, que podem decorrer de:

Resistência de Arco (arco através da cadeia de isoladores ou entre fases).


Resistência de Pé de Torre (do sistema de aterramento das torres e seus cabos
guarda).
Resistência de Contato e Outras (árvore, água, rocha, etc.)

Uma resistência de falta RF é representada no diagrama R-X através de uma


grandeza na direção do eixo dos R, como mostra a figura a seguir:

Figura 3.34 – Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

A proteção de distância deve detectar essa impedância de curto-circuito


considerando a resistência de falta RF.

Conclui-se que a proteção deve ser sensível não apenas através do ângulo da
linha, mas também para ângulos menores que consideram a resistência,
tomando-se o cuidado de não alcançar a impedância de carga.

Figura 3.35 – Requisitos de Sensibilidade de uma Proteção de Distância


A figura mostra a região da carga, onde não deve haver alcance da proteção de
distância.

3.6.4 Características de impedância de uma proteção de distância

Baseado nos requisitos mostrados apresenta-se neste item as características mais


comuns utilizados para relés ou funções de distância:

Tais características são as pré-estabelecidas de impedância da função de


distancia, como resultado da concepção da proteção e seus ajustes e parâmetros.

Análise de característica circular para a função de distância

Se um dispositivo de impedância (21) é construído apenas para medir o módulo,


sem considerar o ângulo entre a tensão e a corrente, sua característica seria a
mostrada na figura a seguir:

Figura 3.36 – Característica Circular para uma Proteção de Distância

Observa-se que esta característica apresenta a mesma sensibilidade (alcance em


ohms) para qualquer ângulo, seja de curto-circuito, seja de carga, o que não é
conveniente para uma proteção de distância.

E também detecta curtos-circuitos na direção reversa, isto é, não apresenta


característica direcional a menos que seja complementado por um elemento
direcional semelhante ao mostrado para a proteção 67.

Característica Mho

A figura a seguir mostra a chamada característica Mho para função de distância.


Observa-se que ela é inerentemente direcional, isto é, tem alcance apenas no
sentido direcional. Ao mesmo tempo, tem pouca sensibilidade para ângulos de
carga (na direção do eixo dos X). Essa característica Mho é muito utilizada,
principalmente nos relés de distância eletromecânicos e estáticos.
Muitas proteções com tecnologia digital também apresentam opção de escolha de
característica deste tipo.

Figura 3.37 – Característica MHO para uma Proteção de Distância

Característica Offset - Mho

A figura a seguir mostra a chamada característica Offset - Mho para função de


distância. Observa-se que ela é um Mho deslocado. Como tem parte de seu
alcance na direção reversa, exige um elemento direcional adicional.

Também é uma característica que era muito usada em algumas proteções de


distância eletromecânicas.

.
Figura 3.38 – Característica OFFSET - MHO para uma Proteção de Distância

Esta característica permite que para R=0 e X=0 haja maior facilidade de
discriminação de direção do curto-circuito, o que poderia ser um problema para a
característica Mho, dependendo da concepção do elemento de medição da
proteção (eletromecânica).

Outras Características

A figura a seguir mostra outros tipos de características, sempre com a


preocupação de se ter menos sensibilidade na região de carga, mas com
sensibilidade suficiente para detectar curtos com altas resistências de falta.

.
Figura 3.39 – Outros tipos de características

Características Típicas das Modernas Proteções Digitais

A seguir estão mostradas algumas das características típicas das modernas


funções de distância em proteções digitais.
.
Figura 3.40 – Exemplo Siemens

Figura 3.41 – Exemplos ABB e ALSTOM

3.6.5 Zonas de Alcance

Uma proteção de distância não possui apenas uma zona de alcance, como
mostrado no item anterior. Ela possui várias zonas, sendo que cada zona pode
ser ajustada com seus respectivos valores de alcance e tempo.

A figura a seguir ilustra o caso de uma proteção com três zonas de alcance no
sentido direcional e uma zona de alcance não direcional.
. Figura 3.42 – Zonas de Alcance
Isto é, temporizando adequadamente cada zona de proteção, pode-se obter
seletividade e garantir uma proteção de retaguarda para faltas em outros
componentes ou linhas adjacentes.

Uma maneira simplificada de representar as zonas de alcance de uma proteção de


distância está mostrada na figura a seguir:

. Figura 3.43 – Representação Simplificada das Zonas de Alcance

Ajustes de zonas e tempos

Ajustar um relé de impedância para cobrir uma determinada distância de uma linha
de transmissão não apresenta dificuldade pelo fato de se ter impedância da linha
pré-calculada, com muita precisão.

Assim, é comum ter-se elementos de distância ajustados em 80 %, 85 %, 120 %,


150 % , etc. da impedância total da Linha protegida, sendo estas porcentagens
dependentes da finalidade de cada um desses elementos.

Esta facilidade para um relé de distância se torna mais evidente quando se tenta
ajustar, por exemplo, e por sua vez, um relé de sobrecorrente. No caso de
elemento de sobrecorrente, o valor a ser ajustado dependerá do valor de corrente
de curto-circuito pré-calculado. Na prática, a corrente de curto-circuito poderá, no
máximo ser aproximadamente igual ao calculado. Entretanto, é comum ter-se
correntes menores ou muito menores que o previsto, em vista das impedâncias
envolvidas caso a caso. Assim, para o caso de função de sobrecorrente, nunca se
terá garantia de precisão.

Devido a este aspecto (precisão), a função impedância (relé de distância) é a mais


utilizada para Proteção de Linhas.

3.6.6 Loops de Medição de Falta em Relés de Distância

Um “loop” de medição falta é o circuito elétrico de onde a proteção de distância


adquire valores de corrente e tensão para medida de distância até a falta,
comparando valores medidos com os ajustes estabelecidos para a proteção. Uma
proteção de distância mais completa para linhas de EAT tem, geralmente, 6
“loops” de medição, conforme mostrado a seguir.

3.6.6.1 Loops de Medição para Faltas entre Fases

São três loops de medição para faltas entre fases. Para que se meça
corretamente a distância para curtos trifásicos e bifásicos, sabendo-se que um

curto bifásico no mesmo ponto de um curto trifásico apresenta corrente da


corrente trifásica (86,667%), uma proteção de distância utiliza medição de
tensão de linha ao invés de tensão de fase, para o loop de medição entre fases,
adotando as correntes:

(IA – IB) ao invés de IA e tensão (VA – VB)


ou (IB – IC) ao invés de IB e tensão (VB – VC)
ou (IC – IA) ao invés de IC e tensão (VC – VA)

Curto-circuito Trifásico
. Figura 3.44 – Curto Trifásico e o Loop de Medição da Proteção

Do loop de falta para o diagrama anterior, tem-se em cada uma das fases:

VFASE = EA – ZFONTE.ICC3F

VFASE / ICC3F = ZCC ohms / fase

Mas como o relé utiliza corrente IA – IB ao invés de IA (uma fase), tem-se da


mesma expressão anterior:

VLINHA_AB / (1,732. ICC3F) = ZCC ohms / fase

VLINHA_AB =1,732. ICC3F. ZCC ohms / fase

VLINHA_AB = ICC3F_A – ICC3F_B . ZCC ohms / fase

ohms / fase

A impedância vista pelo relé é aquele da fase, no loop da falta.

Curto-circuito Bifásico
. Figura 3.45 – Curto Bifásico e o Loop de Medição da Proteção

A referência de corrente (+) é sempre saindo da barra.

VLINHA_AB = ICC2F_A. ZCC – ICC2F_B.ZCC

VLINHA_AB = ZCC ( ICC2F_A – ICC2F_B)

Observa-se que tomando a tensão de linha e a corrente (A-B) tem-se a


impedância do curto-circuito, como ocorre também no caso do curto trifásico.

Percebe-se que:
. Figura 3.46 – Lopp Fase-Fase para Curtos Bifásicos e Trifásicos

Para o relé, tem-se para as duas situações:

a) Para curto Trifásico: VLINHA e


b) Para curto Bifásico: VLINHA (o mesmo que no caso Trifásico) e

Confirma-se que há o mesmo valor medido de impedância, tanto para curto


bifásico como para curto trifásico.

3.6.6.2 Loop de Medição para Curto-circuito Fase Terra

São três loops de medição de faltas à terra.


. Figura 3.47 – Curto-circuito Fase-terra e o Loop de Medição da Proteção

A referência para a corrente (+) é sempre saindo da barra.

Para curto fase-terra, o loop envolve a fase onde se localiza a falta.

VFASE = ICCFT . ZL - ITERRA . ZTERRA

Se a linha é radial e não há nenhuma contribuição para o curto circuito da outra


extremidade, ITERRA = ICCFT. Mas quando há contribuição do outro lado, na
linha de transmissão o ITERRA é diferente do ICCFT.

VFASE = ICCFT . ZL - ITERRA . ZL. (ZTERRA / ZL)

É a impedância do loop fase terra vista pelo


relé.

O relé de proteção não faz diretamente a medida VFASE/ICCFT. Ele faz o cálculo:
ZFASE-NEUTRO = VFASE / (ICCFT – k0.ITERRA) , comparando essa impedância com o ZL
medido.

O fator k0 é chamado de compensação residual ou compensação de terra e é


ajustável no relé.

O relé medirá então:

Haverá correta medição de distância quando k0 ajustado no relé for igual a


ZTERRA / ZL, e portanto ZFASE-NEUTRO = ZL.

Lembrar que, para um curto-circuito fase terra, em termos de componentes


simétricos se tem:

ICCFT = I1 + I2 + I0 e ITERRA = 3.I0

ZTERRA = (Z0-Z1) / 3

Considerações sobre o Fator de Compensação Residual

Alguns fabricantes chamam esse fator de kG e outros de kN. Deve-se observar


que, na realidade, k0 é um numero complexo (módulo e ângulo):

- Ângulo da impedância de terra

- Ângulo da impedância da linha

VALORES TÍPICOS
Seq. (+) Seq. (0) Terra Ângulo do
k0
R + jX Ângulo R + jX Ângulo R + jX Ângulo
Ohms / Graus Ohms / Graus Ohms / km Graus Graus
km km
440 kV 0,024 + 86 0,33 + 76 0,102 + j 73 -13
(Aérea) j0,31 j1,31 0,334
345 kV 0,016 + 87 0,23 + 76 0,070 + 72 -14
(Aérea) j0,29 j0,92 j0,209
345 kV 0,014 + 87 0,07 + 45 0,019 – j - 73 -160
(Cabos) j0,25 j0,07 0,061
230 kV 0,065 + 80 0,41 + 73 0,116 + 70 -10
(Aérea) j0,37 j1,36 j0,329

Tabela 3.3 – Valores Típicos de Impedância de Terra e de Seqüência Zero para Linhas

Para relés eletromecânicos, somente o módulo do k0 é ajustado.


Conseqüentemente há desvios de medição. Somente com os relés estáticos
tornou-se possível ajustar também o ângulo do k0 . Entretanto, há relés estáticos
que não apresentam esse recurso.

Os relés numéricos de tecnologia digital apresentam o recurso de se poder


ajustar tanto o módulo como o ângulo do k0. Dependendo do modelo / fabricante
da proteção, pode haver entrada de parâmetros separados para as partes
resistivas e indutivas de Z1 = R1 + jX1 e Z0 = R0 + jX0 com a proteção calculando
o que for necessário, como RTERRA e XTERRA .

3.6.7 Circuitos de Detecção de Falta (Partida)

A finalidade de um circuito de detecção de falta (que alguns fabricantes chamam


de “partida”) é detectar e classificar os curtos-circuitos que ocorrem no sistema.

Ele precisa ser seletivo para a fase afetada, isto é, deve detectar as fases
afetadas, não partindo nas fases não afetadas. Isso é importante onde se utiliza
religamento automático monopolar.

A seleção correta das fases afetadas é importante também para algumas


proteções eletromecânicas ou estáticas do tipo “chaveado” (origem européia), isto
é que possuem 1 ou 3 elementos de medida para 6 loops possíveis de medição e
elementos de partida que selecionam as grandezas para esses elementos. `

Um exemplo típico de proteção eletromecânica comutada de origem européia,


com 1 elemento de medição são os relés LZ32 e L3WyaS da BBC que possuem 3
elementos de partida por subimpedância e um elemento de partida por corrente
residual, cada relé com 3 zonas de alcance direcionais, sendo a partida
ª
caracterizada como 4 Zona não direcional.

Tradicionalmente os relés (eletromecânicos) de origem americana (GE e


Westinghouse) apresentam:

- ou um relé por zona de atuação, sendo cada relé com elementos para cada loop
de medição;
- ou um relé por fase, cada relé com 3 zonas de atuação.

Cada relé atua independente do outro. Tradicionalmente para curtos à terra


utilizam relés direcionais de sobrecorrente de terra com esquema de teleproteção.
Relés de distância para faltas à terra são menos utilizados. Assim, para relés
tradicionais de origem americana, o conceito de circuito de detecção de falta pode
ser resumir à “corrente mínima para atuação da proteção de distância”.

Para correta seleção de fases afetadas, deve-se evitar que o relé da fase afetada
não detecte incorretamente a falta na outra fase.

3.6.7.1 Partida por Sobrecorrente (pura)

É o modo mais simples e rápido de detecção de falta. Utilizado para sistemas


onde a corrente de curto-circuito é muito maior que a corrente de carga (menor
corrente de curto maior que o dobro da carga).

Um exemplo de ajuste, para esse caso seria Ipartida = 1,3 x Imáx_carga para fase e
Ipartida_terra = 0,5 x In_TC . Mas trata-se de um ajuste relativamente complexo, uma
vez que todas as contingências de carga devem ser levadas em consideração,
ao mesmo tempo em que se deve procura manter a sensibilidade para
curto-circuito. A flexibilidade de ajuste é limitada.

A sensibilidade pode ser obtida para faltas à terra pelo ajuste sensível de relé de
terra, mas fica ainda pendente a necessidade de se selecionar a fase em falta, o
que pode não ser possível com elemento de sobrecorrente de fase (menos
sensível).

E para fases, curtos bifásicos devem ser considerados (menor corrente de fase)
ao invés de curtos trifásicos.

3.6.7.2 Partida por ( U< e I> ) ou ( U/I/ϕ )

Deve-se salientar que para a Siemens o termo “partida por subimpedância” é


utilizado com significado diferente da “partida por subimpedância” de alguns
outros fabricantes. Aquele fabricante entende-se como partida por
subimpedância um sistema onde se tem “partida por subtensão supervisionado
pela intensidade da corrente”, conforme mostrado na figura a seguir:
. Figura 3.48 – Característica de Partida U< com I>

Para corrente inferior a I>, não há partida. Entre I> e I>>, quanto menor a
corrente, menor deve ser a tensão (subtensão) de partida.

Assim, não há partida para correntes pequenas em condições de carga (tensão


entre 90% e 100%). A partir de I>>, há partida com tensão normal (partida por
sobrecorrente).

Uma variação deste esquema de partida é mostrada na figura a seguir. Para


ângulos de curto-circuito, que são maiores que o ângulo de carga (ajustáveis), se
tem sensibilidade maior:

. Figura 3.49 – Característica de Partida U / I / ϕ


Isto é, para ângulos de curto circuito (ϕ1 > 45 graus, no exemplo), tem-se partida
para corrente entre 0,5 e 1,0 IN. Enquanto que para ângulo de carga, tem-se
partida com tensão normal apenas para 2,5 IN.

A Alstom por exemplo, chama esse tipo de partida de “partida por subtensão e
sobrecorrente”, utilizando o termo “subimpedância” para a partida por
característica de impedância mostrado no parágrafo a seguir.

3.6.7.3 Partida por Impedância (ou Subimpedância)

Neste caso utiliza-se uma característica de impedância típica de proteção de


distância para distinguir entre condição de carga e condição de curto-circuito.
Evidentemente deve-se ter maior sensibilidade para ângulo de curto-circuito que
para os ângulos de carga.

As figuras a seguir ilustram diversos tipos de característica de impedância de


partida, mostradas nos desenhos através de linhas cheias:
. Figura 3.50 – Características de Partida por Subimpedância

O objetivo é ter alcance maior no sentido do eixo dos X para se ter sensibilidade
para detectar curtos remotos e ao mesmo tempo apresentar uma “banda” lateral
para acomodar resistências de falta como por exemplo a resistência de arco.

Por outro lado, quanto maior a área de Partida, maior a possibilidade de ocorrer
partida também nas fases não afetadas, para curto-circuito fase-terra. Essa
partida em “fase boa” afeta a seleção de fases para desligamento e religamento
monopolar. Também neste caso, a maior dificuldade se observa para
característica off-set mho.

Para proteções numéricas, deve-se observar que para um relé de 6 loops (3


fase-fase e 3 fase-terra) e num curto-circuito fase-terra, os 5 loops restantes
continuam medindo as impedâncias:

(Fase em Falta)
(Fase Sã)

(Fase Sã)
(Loop A-B)

(Loop B-C)
(Loop C-A)

O mesmo ocorre para relés de terra (um por fase) do tipo americano tradicional.

Assim, alguns modelos de proteção (numérica ou estática) de distância


apresentam características otimizadas para ângulos de carga e para a região
onde poderiam cair as impedâncias medidas nas fases boas (loops), como
mostrado na figura a seguir:
. Figura 3.51 – Exemplo de Característica de Partida Otimizada

O objetivo, além de não detectar a carga, é permitir uma boa seleção de fases.

3.6.8 Considerações sobre a Resistência de Falta

3.6.8.1 Arco entre condutores ou através de isoladores

Os itens anteriores mencionaram a resistência de arco. Este item tem a


finalidade de fornecer maiores informações teóricas a respeito.

Num arco, a corrente e a tensão estão em fase, como mostra a figura a seguir [1].
Assim, o arco pode ser considerado como uma resistência no loop de medição
da falta:

. Figura 3.52 – Corrente de Arco em fase com a Tensão de Arco

A tensão através do arco é trapezoidal e essa tensão é adicionada à queda de


tensão senoidal através da linha. A deformação da tensão é mais acentuada
durante faltas com arco próximas à proteção. Para relés digitais essa influência
não apresenta preocupação devido aos filtros digitais.
Resistência do Arco

Segundo Warrington [4], a resistência do arco pode ser estimada pela seguinte
fórmula empírica:

ohms

Nota: a fórmula original está apresentada no sistema de medida Inglês. A fórmula acima
é resultado da conversão para o sistema métrico.

Por outro lado, segundo Ziegler [1], a resistência do arco pode ser estimada pela
seguinte fórmula empírica:

ohms
Onde:

= espaçamento (m) do isolador ou entre condutores


IARCO = corrente do arco em A

Influência do Vento

Com o vento, o arco se alonga. O comprimento do arco então, dependerá da


velocidade do vento e o tempo antes da interrupção.

. Figura 3.53 – Arco e a influência do vento

Segundo Ziegler [bibliografia (3)], a influência da velocidade do vento, no tempo,


pode ser estimada por:
Onde:
v = velocidade do vento em m/s
t = tempo de duração do arco em s
IARCO = comprimento do arco em m

Trata-se do aproveitamento de uma fórmula de Warrington, adaptada por Ziegler.


Note que para uma primeira zona de atuação de uma proteção de distância, o
tempo t na fórmula acima pode ser considerado 0.

Exemplo de Cálculo

Vamos supor um arco de 6 m de extensão (com vento de 3 m/s, o que equivale a


10,8 km/h) no sistema 440 kV, com corrente de 4.000 A.

Segundo Ziegler Segundo Warrington


Ohms primários Ohms primários
Para primeira zona (t = 0 s) 3,75 1,56
Para segunda zona (t = 0,5 s) 3,75 x 2,25 = 8,4 1,56 x 2,25 = 3,51
Para terceira zona (t = 1,0 s) 3,75 x 3,5 = 13,1 1,56 x 3,5 = 5,46

Tabela 3.4 – Exemplo de Cálculo da Resistência de Arco com Vento

Avaliação da Resistência de Arco

A tensão através do arco, numa primeira aproximação, é sempre constante


(Ziegler) ou decai em função da corrente elevada a um fator (Warrington). A
resistência do arco, portanto, não é constante.

Na representação de um curto-circuito com arco, obtém-se melhor aproximação


quando se despreza a dependência da corrente num primeiro enfoque,
considerando a tensão de arco constante, ao invés de considerar uma
resistência de arco fixa:
. Figura 3.54 – Avaliação da resistência de arco.

URELÉ = IRELÉ x ZL + UARCO

ZRELÉ = URELÉ / IRELÉ = ZL + UARCO / IRELÉ

Verifica-se que a resistência de arco aparente (UARCO / IRELÉ) independe da


corrente da outra extremidade da LT (o que não seria verdadeiro se fosse
considerada uma resistência fixa).

Assim, uma melhor aproximação se obtém quando se considera tensão do arco


constante por unidade de comprimento (segundo Ziegler). E resultado é
mais conservador em termos de ajustes da proteção.

Para verificação de ajuste de relé, recomenda-se adotar então a fórmula de


Ziegler tanto para a primeira zona como também para considerar a influência do
vento no tempo (segunda e terceira zonas) com valor ôhmico considerado como
(UARCO / IRELÉ) com tensão fixa e não uma resistência fixa

3.6.8.2 Resistência de Pé de Torre

Os itens anteriores mencionaram a resistência de pé de torre. Este item tem a


finalidade de fornecer maiores informações teóricas a respeito.

Muitas das faltas em linhas aéreas de transmissão resultam de “flash-over” nos


isoladores. A corrente de curto-circuito, neste caso, flui do condutor para a
estrutura da torre e daí para a terra. Nessas condições a resistência de pé de
torre está em série com a resistência do arco.

Em linhas com cabo guarda aterrado em todas as torres, a corrente flui através
de vários aterramentos em paralelo (resistências de pé de torre em paralelo).
Isso significa na prática que, para essas linhas, o valor efetivo da resistência de
falta é pequeno.

A [bibliografia (1)] mostra uma fórmula de cálculo (aproximada) dessa resistência


de pé de torre que leva em consideração vários aterramentos em paralelo:

Onde:

RPT = Resistência de Pé de Torre médio da LT (ohms)


RCG = Resistência do Cabo Guarda (ohms/km)
XCG = Reatância do Cabo Guarda (ohms/km)
= distância média do vão da LT (km)

Exemplo de Cálculo

Para RPT = 20 ohms, RCG = 0,234 ohms/km, XCG = 0,748 ohms/km e lT = 230 m
(0,23 km), tem-se:

ohms

É aparente então que a resistência efetiva do pé de torre é muito pequena


(desprezível) para cabo guarda em boas condições e aterrado em todas as
torres.

Observa-se também que não é pura resistência, tendo parcela indutiva devido
aos cabos guarda que conduzem corrente de terra.

Isso introduz uma reatância adicional. Para se ter uma ordem de grandeza,
deve-se mencionar que j.0,56 ohms correspondem a cerca de 2,0 km em linha de
transmissão de 345 kV. Isso significa 20% em 10 km, 3,33% em 60 km ou 2% em
100 km de linha.

Considerações Quanto à Resistência de Pé de Torre

A resistência de pé de torre, geralmente estimada no seu valor médio em 20


ohms em cada pé de torre (valor conservador) só deve ser considerada
diretamente como resistência de falta para linhas sem cabo guarda aterrado em
todas as torres.

Para linhas com cabo guarda aterrado em todas as torres (o que é o caso das
linhas 440, 345 e 230 kV da rede básica), o valor resistivo torna-se pequeno
porém aparece uma reatância indutiva devido às características R + jX do cabo
guarda. Essa reatância indutiva adicional pode ter influência no desempenho do
relé (alcance) para linhas curtas e para contribuições proporcionalmente elevada
de corrente da outra extremidade da linha, para o curto circuito medido pelo relé.
Deve-se observar, entretanto, que essa dificuldade é superada com o adequado
uso de esquema de teleproteção.

3.6.9 Consideração sobre Circuitos Paralelos

Quando circuitos de linhas de transmissão percorrem trechos paralelos, existirá


um acoplamento indutivo mútuo entre os circuitos.

Para linhas transpostas ou geometricamente equilibradas, os efeitos nas


seqüências positiva e negativa podem ser desprezados (reatâncias mútuas
inferiores a 5%).
O efeito torna-se significativo apenas quando de correntes para terra, quando há
acoplamento mútuo para correntes de seqüência zero (que não apresentam
defasamento entre as fases).

Para efeitos práticos, todos os acoplamentos mútuos de seqüência zero para


circuitos de linhas que estejam na mesma estrutura, para linhas médias e longas,
devem ser considerados. Lembrar que ITERRA = 3. I0.

A impedância mútua de seqüência zero depende das características geométricas


da linha de transmissão e da existência ou não de cabos guarda. Programas de
cálculo de parâmetros de linha de transmissão calculam essas impedâncias.

A corrente de seqüência zero de um circuito induz tensão no outro circuito e


vice-versa. A figura a seguir ilustra o conceito:

. Figura 3.55 – Influência do Acoplamento Mútuo de Seqüência Zero.

U0_AB = I0_L1.Z0_L1 + I0_L2.Z0M

U0_CD = I0_L2.Z0_L2 + I0_L1.Z0M

Maiores considerações sobre o acoplamento mútuo de seqüência zero para


proteções de distância serão feitas no Bloco III – ‘Proteção de Linhas de
Transmissão” deste Curso de Proteção.
3.7 FUNÇÕES EXTRAS PARA PROTEÇÃO DE LINHA

3.7.1 Oscilação de Potência

A oscilação de potência entre dois centros geradores em decorrência de severas


variações de carga ou condição de operação ou de curto-circuito, pode fazer com
que a impedância medida pela proteção de distância entre na zona de atuação da
mesma.
Para evitar atuações não desejadas da proteção, a função de oscilação de
potência (código 78) mede o tempo que o vetor impedância medido pela proteção
leva para cruzar duas características, como mostrado na figura a seguir:

. Figura 3.56 – Função “Out of Step”

Se o tempo medido for superior a um valor pré-determinado (ordem de ms), a


função pode bloquear o “trip” da proteção. Deve-se observar que é relativamente
grande o tempo que o vetor carga leva para cruzar a característica tracejada até
atingir a característica de proteção (linha cheia), ao contrário do caso de um
curto-circuito quando esse tempo é quase instantâneo.

Pode-se ajustar ∆R, ∆X ou ∆Z para um tempo fixo, pré estabelecido.

3.7.2 Fechamento sobre Falta (“Switch on to fault protection”) – Função 50/27.

O fechamento de um disjuntor pode inadvertidamente a um curto circuito trifásico


pleno, por exemplo, quando um aterramento de linha feito quando de manutenção
da mesma não é removido.

A função de “Fechamento sobre Falta” proporciona uma atuação instantânea da


proteção (sem temporização intencional) durante um intervalo de tempo ajustável
após um fechamento manual do respectivo disjuntor. Não deve haver tensão na
LT, antes do fechamento manual (supervisionado pela função 27).

Há diferentes tipos de lógica para a execução dessa função, dependendo do tipo


da proteção ou do fabricante. Por exemplo, durante um período de tempo após um
fechamento manual de disjuntor, a proteção poderia dar trip instantâneo apenas
com a partida da mesma.

Há proteção que aplica essa lógica também para o religamento automático.


3.7.3 Proteção STUB Bus

Quando, numa configuração disjuntor e meio, a seccionadora de linha está aberta


com pelo menos um disjuntor do terminal fechado, há possibilidade de ocorrer
curto-circuito entre o(s) disjuntor(es) e a seccionadora de linha. A figura a seguir
ilustra o mencionado.

. Figura 3.57 – Função STUB

A proteção de linha, para este esquema de barras, deve ter uma função
denominada “STUB Bus” que detecta esta condição. A proteção de linha deve ter
a informação de seccionadora aberta (deve haver cablagem para tanto, para uma
entrada digital da proteção).

A proteção STUB é proporcionada por uma função de Sobrecorrente (50-STUB)


que atua instantaneamente para o curto e desliga o(s) disjuntor(es) quando a
seccionadora está aberta.

3.8 FUNÇÃO COMPARAÇÃO DE FASE

A função de proteção conhecida genericamente como "comparação de fase"


funciona comparando os ângulos de fase (polaridades) das correntes dos 2
terminais de uma linha de transmissão. Para um curto-circuito interno à LT, as
correntes nas duas extremidades são aproximadamente opostas, como mostra a
figura a seguir:
.
Figura 3.58 – Comparação de Fase para Curto Interno à LT

Em cada extremidade, se faz a comparação das polaridades das correntes das


duas extremidades e se efetua uma verificação lógica a cada meio ciclo. Na figura
acima se observa sinal constante A ou B, o que dá uma condição de “trip”.

Quando o curto-circuito for externo à LT, tem-se o mostrado na figura a seguir:


Figura 3.59 – Comparação de Fase para Curto Externo à LT

Nestas condições, há intermitência de A ou B, o que configura uma condição de


“não trip”.

Devido à capacitância da LT, os ângulos de fase não são coincidentes nas duas
extremidades, portanto não há exata coincidência das polaridades comparadas.
Assim, o esquema possui temporizadores para adaptar essa situação, sendo que
o tempo de compensação depende do defasamento que a capacitância da linha
introduz nas correntes em condição normal de operação.

Este esquema apresenta, teoricamente, a vantagem de ser imune a oscilações de


potência (não usa tensão) e não apresenta dificuldades para proteção de linhas
com compensação (capacitor) série.

Por outro lado, o princípio mostrado, se diretamente aplicado, não funciona para
condição de saturação de TC de linha ou para deslocamento acentuado do eixo
(componente DC com variação exponencial), pois é baseado no princípio de
detecção de cruzamento da senóide com o eixo.

Para superar essa dificuldade, se desenvolveram, no passado, proteções com


este princípio, mas que operavam com componentes simétricas, para linhas sem
possibilidade de saturação de TC’s (exemplo, tipo SPCU da Westinghouse). A
tecnologia era estática e a comparação era feita com a utilização de conversores,
temporizadores, amplificadores e circuitos de comparação.

Em virtude de dificuldades tecnológicas na época, se fazia a comparação apenas


das polaridades, como mostram as ondas quadradas dos semiciclos positivos,
com as desvantagens citadas.

Havia necessidade de sistema de telecomunicações rápido e preciso, o que nem


sempre era possível com os sistemas “Carrier” (Onda Portadora sobre Linhas de
Alta Tensão – OPLAT). O esquema apresentava uma confiabilidade apenas
razoável.

Modernas Proteções de Comparação de Fase

Com o advento da fibra óptica para telecomunicações e proteção com tecnologia


digital microprocessada, foi possível uma melhor implementação da idéia de
comparar fases nas duas extremidades, com cálculos e comparações adicionais,
melhorando conseqüentemente a confiabilidade dessa proteção.

Para fins de ilustração do que é possível com a tecnologia digital microprocessada


implementando uma proteção de comparação de fase, apresenta-se neste item
um exemplo que é a proteção 7SD511 da Siemens.

Deve-se salientar que outros fabricantes também possuem proteções de


comparação de fase, com a sofisticação requerida mesmo que seja com
processos ou algoritmos diferentes deste exemplo. Todas essas modernas
proteções dos diversos fabricantes efetuam comparação das correntes de fase
das duas extremidades (através de um sistema de telecomunicações de alta
velocidade como sistema óptico, ou mesmo conexão direta por cabos de cobre
para linhas muito curtas) envolvendo mais variáveis, além de uma simples
comparação de polaridades das correntes.

A proteção da Siemens, basicamente, efetua a cada instante:

Comparação Dinâmica

Após filtragem, a corrente num instante i(t) é comparada localmente com a


amostra de 2 ciclos antes i(t-2T). Se o nível dinâmico (ajustado) é excedido, a
polaridade da diferença de corrente é transmitida para a outra extremidade para
comparação de polaridades.

Comparação em Regime

Se a corrente ultrapassa o valor de regime, sua polaridade é transmitida para a


outra extremidade para comparação de polaridades.

Com este princípio, mostra-se uma condição de carga normal na figura a seguir:
Figura 3.60 – Comparação de Fase em Condição Normal. Proteção Digital.

Isto é, em condição de regime, não há diferença de corrente nos comparadores


dinâmicos e nada é transmitido.

Quando de um curto circuito interno à Linha de Transmissão, durante 02 ciclos


haverá a diferença de corrente no módulo de comparação dinâmica em cada
terminal. E nesse período a polaridade é transmitida para outra extremidade, para
comparação de polaridades, como mostra a figura seguinte:
Figura 3.61 – Comparação de Fase para Curto Interno à LT. Proteção Digital.

Em cada extremidade haverá trip se duas condições forem satisfeitas:

Polaridades coincidentes, como mostrado na figura.


Nível dinâmico de diferença de corrente maior do que o valor ajustado.
Condições essas que são satisfeitas nesta figura.

Quando de um curto circuito externo à Linha de Transmissão, durante 02 ciclos


haverá a diferença de corrente no módulo de comparação dinâmica em cada
terminal. Também nesse período a polaridade é transmitida para outra
extremidade, para comparação de polaridades, como mostra a figura seguinte:

Figura 3.62 – Comparação de Fase para Curto Externo à LT. Proteção Digital.

O nível dinâmico da diferença de corrente pode ser atingido, mas as polaridades


dessa diferença de corrente não são coincidentes, e assim não haverá trip.

Deve-se observar que, pelo fato de haver filtragem anterior, a componente DC é


eliminada antes dessa comparação dinâmica.

Todo esse processo de se comparar polaridades das diferenças de corrente é feito


para que a proteção continue a operar corretamente, tanto para curtos internos
como para curtos externos, mesmo com saturação de TC’s em ambas as
extremidades da LT.

Esse tipo de sofisticação só foi possível com o advento da proteção digital, como
mostrou o exemplo.

3.9 FUNÇÃO ONDAS TRAFEGANTES

Qualquer distúrbio numa Linha de Transmissão se propaga como uma Onda


Trafegante sobre a linha. Isto é, a alteração de um estado normal de operação para
um estado em curto-circuito num determinado ponto se faz sentir quase
instantaneamente no Sistema (por exemplo, nas duas extremidades da Linha) pela
propagação de ondas de surto da tensão de curto circuito e da corrente de curto
circuito.

Isto é, o abaixamento de tensão e a corrente de curto-circuito que aparecem nas


extremidades ocorrem em função da onda de surto gerado pelo distúrbio que se
propaga e chega quase instantaneamente nas duas extremidades.
R = Ponto de instalação do Relé
F = Ponto de Ocorrência da Falta

Figura 3.63 – Ocorrência de Falta gerando onda de surto.

O curto-circuito representado pelo fechamento da chave se propaga ao longo da


linha de transmissão e se faz sentir nas extremidades.
Figura 3.64 – Ondas de Propagação para Frente e na direção Reversa.

A velocidade da propagação depende da Indutância e Capacitância por unidade, da


linha. Para se ter uma idéia, para valores típicos de L e C, a velocidade calculada
para uma linha trifásica está em torno de
5
v = 2,8 x 10 km/s

Isto é, 280.000 km/s (quase a velocidade da luz). Esta velocidade depende da


impedância de surto da Linha (dependente do L e do C) que está em torno de 800
ohms.

A função de proteção conhecida como de "ondas trafegantes" é concebida para


detectar e medir as citadas ondas e pode ser de dois tipos:

De detecção de direção das Ondas Trafegantes.


De detecção de direção das Ondas e da distância até o ponto de Falta.

Detecção de Direção

Com a tecnologia do passado, se detectava a direção da onda de propagação que


chega ao terminal através da utilização de conversores, detectores ou supressores
de freqüência, amplificadores e outros dispositivos adequados. Era possível
distinguir condições de curto-circuito no sentido direcional e na direção reversa.
Através da comparação direcional nas duas extremidades da linha (usando recursos
de telecomunicações) se determinava se o curto-circuito era interno ou externo à
linha protegida.

Cálculo de Distância

Era também possível medir as diferenças de tempo entre várias reflexões de ondas
trafegantes no terminal e calcular a distância do ponto de medição até o ponto de
falta F.

Este tipo de função de proteção de “Ondas Trafegantes” é mais complexo e inclui


também a determinação da direção. Sua vantagem é a facilidade de aplicação, de
modo semelhante aos relés de distância.

Experiência de utilização

Este tipo de proteção surgiu nos anos 70. Apesar de ter uma boa concepção quanto
ao princípio de funcionamento, talvez em decorrência da tecnologia existente na
época para detecção e medição a proteção não teve, de modo geral, um
desempenho satisfatório.. Considerando também o aspecto custo x benefício, as
proteções convencionais quanto à concepção prevaleceram e esta proteção caiu em
desuso.
Uso da Tecnologia Digital

Apenas agora, com o uso da tecnologia digital microprocessada, a implementação


desse tipo de função está sendo retomada, com o uso de algoritmos e sistemas
especiais de aquisição de dados (alta frequência).

3.10 FUNÇÃO DIFERENCIAL

Na proteção de sistemas elétricos de potência, uma das funções mais utilizadas na


proteção de equipamentos, máquinas, barras ou na proteção de linhas é a função
DIFERENCIAL. Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento
baseia-se na comparação entre grandezas (ou composição de grandezas) que
entram no circuito protegido e grandezas de mesma natureza que saem do circuito
protegido.

Figura 3.65 – Princípio da Proteção Diferencial

No caso de se apurar diferença entre grandezas comparadas, descontando-se os


aspectos esperados das condições de contorno como erros de TC´s, defasamentos
angulares e diferenças de potencial entre os lados comparados, pode-se concluir
quanto à existência de anormalidade no componente protegido.

A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos


de compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e
linhas de transmissão.

3.10.1 Requisitos de uma Proteção Diferencial

Os seguintes são os requisitos básicos de qualquer proteção diferencial:

Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares


utilizados para conexão da proteção.
Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área
protegida, mesmo com saturação de TC.
Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória
(energização) quanto aplica a transformadores de potência.
Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de
baixa corrente.

3.10.2 Proteção de Transformador (87T)

É o caso específico onde se compara correntes medidas em níveis de tensão


diferentes e com defasamentos introduzidos pelo tipo de conexão do
transformador protegido. Portanto as correntes devem ser devidamente
condicionadas antes da medição da diferença entre as correntes de um lado e do
outro. Os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) As correntes primárias em ambos os lados do transformador são inversamente


proporcionais aos respectivos níveis de tensão.
b) Uma conexão estrela - triângulo introduz defasamento (geralmente) de + 30º ou
– 30º entre as tensões do lado primário e do lado secundário.

Utiliza-se TC’s acrescidos ou não de TC’s auxiliares com relações de


transformação diferentes e escolhidas de tal modo que compensem a relação de
transformação do transformador.

Utilizam-se conexões de TC’s ou de TC’s auxiliares que compensem o


defasamento introduzido pela tipo de conexão do transformador protegido.

3.10.2.1 Estabilidade para Carga e para Curto-circuito Trifásico Externo

A figura a seguir mostra um exemplo de conexão de proteção diferencial para um


transformador de potência Delta / Estrela Aterrada, que leva em consideração o
mencionado, analisado para o caso de carga normal ou curto-circuito trifásico
externo.
Figura 3.66 – Correção de Modulo e de Ângulo antes da medição pela Proteção Diferencial

Para condição de carga normal, as correntes que entram e saem da proteção


diferencial (em cada fase) necessitam ser iguais entre si, em módulo e ângulo.

Os TC’s auxiliares corrigem o defasamento angular da corrente do lado B. Tanto


os TC’s principais como os TC’s auxiliares têm relações de transformação
escolhidas de tal modo que o relé compara correntes iguais em condição normal
de operação.

Nestas condições o relé é estável para carga e para curto-circuito trifásico


externo à zona de proteção. Note que a zona de proteção da proteção diferencial
é delimitada pelos TC’s principais. Qualquer curto-circuito dentro da zona de
proteção implicará em atuação da proteção diferencial.

Diz-se que a proteção diferencial é inerentemente seletiva, uma vez que a


seletividade depende apenas da localização da falta, se dentro ou fora da área
de proteção diferencial.

3.10.2.2 Estabilidade para Curto-circuito Fase-Terra Externo


A figura a seguir mostra o mesmo transformador, com as mesmas conexões,
analisado para o caso de um curto circuito fase-terra externo. Sendo a falta
externa à área protegida, a proteção deve permanecer estável.

Figura 3.67 – TC’s Auxiliares reproduzem no lado secundário o defasamento do transformador


protegido

Observa-se que os TC’s auxiliares estão com polaridades e conexões


exatamente iguais aos do Transformador de Potência protegido. Isso
permite que, quando de um curto circuito fase-terra externo, a proteção
diferencial tenha correntes iguais, em módulo e ângulo, sendo comparadas.

3.10.2.3 Bloqueio para Corrente de Seqüência Zero

O uso de TC’s auxiliares no lado secundário com polaridades e conexões


exatamente iguais ao do transformador de potência protegido permite a
estabilidade para qualquer tipo de curto-circuito externo.

Essa providência pode ter um outro tipo de compreensão, quando se analisa a


situação de um curto circuito fase-terra externo em termos de componentes
simétricos.
O mesmo caso anterior pode ser representado através de componentes
simétricos como mostra a figura seguinte:

Figura 3.68 – A Conexão Delta dos TC’s Auxiliares Bloqueia a Seqüência Zero

Observa-se em termos de componentes simétricos que, da mesma maneira que


ocorre para o transformador de potência, a conexão Delta nos TC’s auxiliares é
um circuito aberto para a componente de corrente de seqüência Zero.

No transformador de potência não há corrente de seqüência Zero do lado delta.


Assim, as correntes que chegam na proteção diferencial através dos TC’s do
lado A não possuem componente de seqüência zero.

Portanto, deve haver um Delta nos TC’s do lado B do transformador, seja


nos TC’s principais ou nos TC’s auxiliares (como na figura), para que não chegue
corrente de seqüência zero na proteção diferencial pelo lado B – caso contrário,
não haveria estabilidade para a proteção diferencial para curtos à terra externos
ao transformador.

Regra Prática:
No lado Delta do Transformador de Potência, os TC’s devem ser conectados em
estrela aterrada.
No lado Estrela Aterrada do Transformador de Potência: Tem que haver uma
conexão Delta no circuito dos TC’s.

Regra Prática:

Seja através dos TC’s principais ou através dos TC’s auxiliares, deve-se
representar no circuito dos TC’s (lado secundário – cablagem) a mesma
conexão com as mesmas polaridades do Transformador de Potência
protegido (lado primário – potência).

3.10.2.4 Caso de Relés Digitais

Os relés de proteção de transformadores de tecnologia digital possuem função


diferencial (87T), que realizam, para cada entrada de corrente, a função de “TC’s
auxiliares”, que permite adequar as conexões (estrela – delta ou estrela – estrela)
e corrigir as relações de transformação. Isto é feito digitalmente, não havendo
mais necessidade de dispositivos físicos. A vantagem é a grande flexibilidade,
precisão (evita erros que podiam chegar a 10%) e economia.

3.10.2.5 Configurações Mais Freqüentes

As configurações mais freqüentes para proteção diferencial de transformadores


são mostradas nas figuras a seguir.

Figura 3.69 – Transformador de Dois Enrolamentos


Observe a conexão estrela aterrada para os TC’s do lado de Delta e conexão
delta do lado de estrela aterrada do Transformador de Potência. A necessidade
ou não de TC’s auxiliares dependerá das relações de transformação dos TC’s
principais.

Figura 3.70 – Transformador de Três Enrolamentos

Observa-se que neste caso a proteção diferencial deve possuir três entradas de
corrente. A soma das três correntes é que permitirá a verificação de existência
de corrente diferencial (curto-circuito dentro da área de proteção).

Figura 3.71 – Transformador de Três Enrolamentos em configuração disjuntor e meio

Verifica-se neste caso que há soma de correntes do lado do esquema “disjuntor


e meio” através da conexão em paralelo dos lados secundários dos TC’s do vão.
A conexão de TC’s em paralelo para barras “disjuntor e meio” ou em “anel” é
uma prática muito comum.

Figura 3.72 – Transformador de Três Enrolamentos com relé de 4 entradas de corrente.

Relés de proteção de transformadores, com função diferencial associadas a 04


entradas de corrente começaram a surgir recentemente. Alguns usuários
especificam entradas de corrente separadas para os dois TC’s do lado do
disjuntor e meio, pois preferem não usar TC’s em paralelo.

Deve-se mencionar, entretanto, que a prática de conectar TC’s em paralelo pelo


lado secundário é uma prática difundida em todo o mundo. Não se tem
registrado, na prática, dificuldades quanto a este aspecto.

3.10.3 Proteção de Reator “Shunt” e de Máquinas Rotativas

Neste caso não há transformação de nível de tensão e a corrente que flui nos dois
lados do equipamento protegido como reator, motor ou gerador é a mesma (lado
da linha e lado do neutro). Assim sendo não há dificuldades como aqueles
mencionados para o caso de transformador, como a adequação de defasamentos
ou correção de módulos.

Utiliza-se TC’s de mesma relação em ambos os lados, de preferência.


Figura 3.73 – Reator Shunt

Figura 3.74 – Gerador ou Motor

3.10.4 Proteção de Barras ou Sistema de Barramentos (87B)

A proteção considera todos os terminais que chegam ou saem da barra ou do


sistema de barramentos, adquirindo os valores respectivos de corrente através de
TC’s, que estão todos no mesmo nível de tensão. Eletricamente a barra
corresponde a um nó e a proteção diferencial faz a verificação de “Kirschoff” para
ver sé há falta interna ou não.

Para a maior parte das proteções disponíveis, a preferência é que todos os TC’s
tenham a mesma relação de transformação. Para modernos relés digitais pode-se
fazer o condicionamento dos dados de cada TC (através de “TC’s auxiliares
digitais”) e há muito mais flexibilidade quanto a este aspecto.
Figura 3.75 – Barra

3.10.5 Proteção de Linhas Aéreas ou Linha de Cabos (87L)

As correntes das duas extremidades da linha de transmissão são comparadas


através do uso de um meio de comunicação que une as duas subestações.
Parece evidente que esse meio de comunicação deve ser de alta confiabilidade
quanto ao desempenho, de alta velocidade. Também a segurança desse meio de
comunicação é um aspecto importante considerando que esse meio de
comunicação pode passar por ambientes não controlados e relativamente
expostos.

Esse é o aspecto que faz com que a proteção diferencial de linha de transmissão
seja tratada de modo diferenciado do caso de equipamentos ou barras que estão
confinados em ambientes de subestações.

Com o advento da tecnologia de comunicação através de fibra óptica, geralmente


associada a cabo pára-raio (OPGW), tem havido grande impulso na aplicação da
função diferencial para linhas.
Figura 3.76 – Linha

3.10.6 Tipos Básicos de Função Diferencial

3.10.6.1 Simples Balanço de Corrente

Uma proteção que utilizasse um simples relé de sobrecorrente para medir a


corrente diferencial seria chamada de “simples balanço de corrente”. A corrente
diferencial seria a soma de todas as correntes medidas com base numa
referência única (polaridades coerentes):

IDiferencial = ∑(IA + IB + IC + .... IX)

Observa-se que mesmo em condições normais de carga, sem curto-circuito,


haveria corrente diferencial devido a erros nos TC’s. Chamando de IA a
corrente que “entra” num trecho protegido e IB a corrente que “sai”, a corrente
diferencial (Id) seria:

Figura 3.77 – Corrente Diferencial

Em condição normal de carga, o erro pode não ser muito grande, mas numa
condição de curto circuito, esse erro seria amplificado.

Assim, esse relé de sobrecorrente que mediria ID teria que ser ajustado com um
valor alto, o que impediria que a proteção tivesse sensibilidade para curtos
internos de baixa corrente.
Esse esquema de simples balanço de corrente foi tentado apenas nos primórdios
da tecnologia de Proteção (primeira metade do século 20), ou adotado apenas
em esquemas improvisados na falta de outros melhores.

3.10.6.2 Diferencial Percentual

O chamado princípio “diferencial percentual” tem a finalidade de permitir uma


proteção sensível para curtos-circuitos internos à área protegida, apresentando,
ao mesmo tempo, uma boa estabilidade para curtos-circuitos externos, mesmo
com erros de transformação nos TC’s (em condição de curto pode chegar a 10%
cada TC). O princípio está ilustrado na figura a seguir:

Figura 3.78 – Diferencial Percentual

As correntes |IA| + |IB| nas bobinas de restrição (r) tendem a RESTRINGIR a


atuação do relé. A corrente diferencial (IA + IB) pela bobina de operação (o)
tende a OPERAR o relé e é ajustado num valor percentual com relação à
restrição.

Para um curto externo, com grande corrente diferencial, a restrição também seria
grande, com o valor percentual da corrente diferencial não atingindo o valor de
atuação. Para um curto interno, a restrição continuaria grande, mas
percentualmente a corrente diferencial seria grande, e a proteção atuaria. Num
gráfico, teríamos:
Figura 3.79 – Característica da Proteção Diferencial Percentual

O princípio Diferencial Porcentual é muito utilizado para proteção de todos os


tipos de equipamentos e também para barras.’

Esse princípio que era tradicionalmente implementado para as proteções


eletromecânicas e estáticas, continua sendo implementado também para as
proteções de tecnologia digital.

Em condição onde há possibilidade de saturação total de um TC (em sistemas de


EAT próximos a grandes Usinas Geradoras), a proteção diferencial, entretanto,
poderia apresentar problema.

3.10.6.3 Diferencial de Alta Impedância

A chamada proteção de “alta impedância” é indicada onde há possibilidade de


saturação completa de TC e se deseja, mesmo assim, estabilidade da proteção
diferencial para curto-circuito externo à área protegida.

Seu princípio de funcionamento se baseia nas seguintes premissas:

Quando um TC está totalmente saturado, o seu circuito secundário pode ser


representado por um valor resistivo, sem imposição de corrente pelo seu lado
primário.
A corrente diferencial resultante da situação percorre o circuito diferencial e
também o circuito secundário desse TC saturado.

Nessas condições, haveria uma divisão de corrente, em circuitos resistivos. A


figura a seguir ilustra o mencionado:
Figura 3.80 – Princípio da Proteção de Alta Impedância

Instala-se uma resistência ajustável no circuito diferencial, de modo que a tensão


através desse circuito diferencial tenha um determinado valor para um TC
totalmente saturado como mostrado na figura.

Se a proteção for ajustada para operar com valor > ∆V, então ela será estável
para curto externo, mesmo com um TC totalmente saturado. Para ajuste dessa
proteção há necessidade de se conhecer:

Valor das resistências dos cabos secundários dos TC’s até a proteção (adota-se
a maior resistência).
Valor da resistência do secundário do TC (valor de fábrica).

Para curto interno à área protegida, a possibilidade de saturação de TC é


mínima. Então haverá grande corrente diferencial e a tensão será sempre maior
que o ∆V ajustado.

Esse tipo de proteção é muito utilizado para proteção de barras e também de


reatores ou transformadores.

3.10.6.4 Diferencial Restrita de Terra

Uma proteção diferencial que mede apenas a corrente residual dos circuitos dos
TC’s (correspondente à corrente de terra), chama-se Proteção Diferencial
Restrita de Terra (“REF – Restricted Earth Fault”). Geralmente é aplicada a um
enrolamento de Transformador (desde que seja enrolamento estrela – aterrada).
A figura a seguir mostra um esquema típico:

Figura 3.81 – Diferencial Restrita de Terra

Observa-se que é uma proteção exclusivamente para curtos à terra no


enrolamento protegido. O princípio de medição pode ser de “alta impedância” ou
“elemento direcional”.

É utilizado, geralmente, quando se deseja maior sensibilidade para curtos à terra


no enrolamento. Modernas proteções diferenciais de tecnologia digital
apresentam, quase sempre, elementos REF para proteção de enrolamentos do
tipo estrela-aterrada de transformadores de potência (uso opcional).

3.11 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA

Uma proteção de sobrecarga, seja de equipamento, máquina rotativa ou de cabos


ou linhas tem a ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente
protegido em função de carga excessiva.

Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função


de carga excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a
temperatura desse componente variará exponencialmente em função da sua
constante de tempo de aquecimento.

A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de


um corpo homogêneo, para uma variação exponencial:

Figura 3.82 – Definição de Constante de Tempo de Aquecimento

Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular
as condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente
através desse componente.

No passado, procurou-se construir relés térmicos com tecnologia eletromecânica


que, através de dissipadores térmicos (alumínio), tentavam simular a constante de
tempo do equipamento protegido. Mas esses dispositivos nunca conseguiram prover
uma boa proteção para sobrecarga. Eram viáveis apenas para alguns tipos de
motores. A figura a seguir mostra o esquema de um relé térmico com tecnologia
eletromecânica:
Figura 3.83 – Esquema de Relé Térmico com Tecnologia Eletromecânica

Para transformadores de potência, por exemplo, não se utilizavam esses tipos de


relés eletromecânicos por absoluta falta de compatibilidade quanto às
características térmicas. Assim para transformadores, por muitos anos, confiou-se
nos dispositivos intrínsecos como a Imagem Térmica e os termômetros de óleo e de
enrolamento.

Modernas Proteções Digitais

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação


de constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao
aquecimento de transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.

Assim, modernos relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser


devidamente aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecargas, o
que passa a ser uma opção de utilização não existente num passado recente.
Baseiam-se na modelagem de uma réplica térmica com base na corrente de carga.
2.
O calor gerado, por exemplo, em cabo ou transformador é função do tipo I R.t, isto
é, proporcional à corrente ao quadrado. O quadrado da corrente é integrado no
tempo, para modelagem.

Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais


apresentam possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a
proteger contra temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.

A grande dificuldade no uso dessa função está na determinação da constante de


tempo e demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.
Exemplo: Proteção de sobrecorrente da série 7SJ600 da Siemens

A função 49 provê trip ou alarme baseado no cálculo do modelo térmico a partir da


medição da corrente de fase. Há duas opções: uma característica que não
considera a condição de carga prévia e outra que considera.

Para a opção que não considera a condição de carga prévia:

Atuação para I ≥ IL (IL = corrente de carga máxima)

Tempo de atuação: Onde I é a corrente de sobrecarga e TL o


multiplicador para constante de tempo (ajustável). Nota-se que o tempo depende de
uma relação que envolve constante d tempo de aquecimento e também a corrente
ao quadrado.

Faixa de Pick-up I/IN = 0,4 a 4,0

Multiplicador de Tempo = 1 a 120 s.

Para a opção que considera a condição de carga prévia:

Nessa opção, mais sofisticada e que procura se aproximar mais do comportamento


de um equipamento, a função 49 efetua cálculos constantemente, atualizando o
modelo térmico do componente protegido, independentemente do valor da corrente
de fase. O tempo de atuação é calculado de acordo com:

Onde TL é o multiplicador para constante de


tempo

(ajustável), k é um fator que depende da Norma IEC 255-8 (relativo ao equipamento


protegido), IN é a corrente nominal do equipamento, IPre a corrente de carga prévia, I
a corrente de sobrecarga.

k = 0,40 a 2,00 de acordo com a Norma.

Constante de Tempo τTH = 35,5.TL = 1,0 a 999,9 minutos.


θAlarme / θTrip = 50 a 99%

Fator de prolongamento específico para motor kt = 1,0 a 10,0

A característica de atuação pode ser mostrada num gráfico t (minutos) em função

de para vários ajustes de constante de tempo de aquecimento.

Enfim, o exemplo mostra que se procura modelar termicamente o equipamento


protegido, o que implica em conhecer a constante de tempo de aquecimento e os
limites térmicos definidos pela norma que norteou a fabricação desse equipamento.

Exemplo: Proteção de sobrecorrente P122 da Alstom

Também essa proteção apresenta mesma conceituação e uma modelagem


semelhante ao exemplo anterior envolvendo constante de tempo de aquecimento,
constante k, corrente de carga máxima, corrente em condição de sobrecarga,
corrente de pré carga, etc.

A característica térmica de um cabo, um banco de capacitores, um transformador a


seco, etc. é dada pela expressão:

Onde:

t= tempo para trip após início da sobrecarga.


τ= constante de tempo de aquecimento ou esfriamento
I= corrente de carga / sobrecarga
k= fator associado a fórmula (constante), depende de norma/fabricante.
Se k = 1,05, então a instalação ou equipamento suporta
Continuamente < 1,05. IPlena.
IPlena = Corrente de Plena Carga (norma ou fabricante)
IPré = Corrente previamente existente, antes da sobrecarga

Mais fácil estimar constante de tempo de aquecimento para transformadores secos,


reator com núcleo a ar, banco de capacitores, linhas aéreas e barras (isto é,
equipamentos ou instalações sem óleo de refrigeração), A tabela a seguir mostra
um exemplo de valores aproximados e típicos de constantes de tempo de
aquecimento:
Instalação Constante de tempo em minutos

Transformador Seco até 400 kVA 40


Transformador Seco entre 400 e 800 kVA 60 a 90
Reator de Núcleo a Ar 40

Instalação Constante de tempo em


minutos
Banco de Capacitores 10
Linhas Aéreas 10
Barras 60
2
60
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm 66
kV)
2
40
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm 33
kV)

O relé utiliza a seguinte fórmula matemática para atuação:

Onde:

tTRIP = Tempo para trip


Te = Constante de tempo térmica (segundos)

K = Sobrecarga térmica
Iequiv = Corrente de carga / sobrecarga. No relé, a maior corrente de fase.
k = fator associado à fórmula do estado térmico.
Iθ = corrente a plena carga da mesma fórmula do estado térmico
2
θ= Estado térmico inicial (Exemplo, se 30%, então θ = 0,3)
2 2
θTRIP = Estado térmico do trip (Exemplo, se 100%, então θTRIP = 1,0)

A proteção calcula o estado térmico a cada 100 ms através da expressão:


3.12 FUNÇÃO DE FREQUÊNCIA (81)

As funções de sobre-freqüência e sub-freqüência são utilizadas tanto para


condições específicas do sistema elétrico (proteção sistêmica) como para proteção
de máquinas sensíveis à baixas ou altas freqüências. Exemplos:

Esquemas de rejeição de carga, para condição de sub-freqüência, no sentido de


tentar salvar o sistema quando de perturbações com excesso de carga e falta de
geração.
Esquemas de controle de emergência para ilhamentos em condições específicas,
também no sentido de salvar parte do sistema quando de perturbações.
Proteção de máquinas girantes, térmicas, que são sensíveis a altas ou baixas
freqüências.
Alternativa elétrica para proteção contra sobre-velocidade de máquinas geradoras.

São conectados aos lados secundários dos TP’s.

3.13 FUNÇÃO FALHA DE DISJUNTOR

Trata-se de uma função que tem a finalidade de detectar falha de abertura de


disjuntor quando de um comando automático de desligar. O disjuntor é parte
integrante do sistema de proteção, sendo que sua função é, através do seu
desligamento, isolar o componente ou trecho sob falha ou sob anormalidade.

No caso de ocorrência de não desligamento quando de um comando dado por uma


proteção, haverá necessidade imediata de desconectar outros disjuntores cujos
circuitos alimentam diretamente o disjuntor defeituoso. Estes outros disjuntores
podem estar na mesma subestação ou em uma subestação remota.

Figura 3.84 – Esquema Falha de Disjuntor. Exemplo 01.


Na figura acima, ocorrendo falha de abertura do disjuntor A, o esquema desliga os
disjuntores D, B e C da subestação e transmite sinal de disparo para o disjuntor X
da subestação remota.

Figura 3.85 – Esquema Falha de Disjuntor. Exemplo 02.

Na figura acima, ocorrendo falha de abertura do disjuntor A, o esquema desliga os


disjuntores de todas as máquinas geradoras e o disjuntor B da subestação e
transmite sinal de disparo para o disjuntor X da subestação remota.

Observa-se que a configuração dos disjuntores influi diretamente nas


conseqüências da falha de um disjuntor. A configuração mais favorável entre os
mostrados nos exemplos é aquela denominada “disjuntor e meio”, que preserva,
em grande parte, a continuidade do serviço.

3.13.1 Esquema de Falha de Disjuntor

A figura a seguir mostra a conexão dos sensores de sobrecorrente de uma


proteção de falha de disjuntor, sendo um sensor (50BF) para cada disjuntor:

Figura 3.86 – Falha de Disjuntor. Conexão dos sensores por disjuntor.

Para cada disjuntor é configurado um esquema, semelhante ao mostrado na figura


a seguir:
Figura 3.87 – Falha de Disjuntor. Esquema Lógico e Funcional.
Após a atuação da proteção, desde que o sensor de corrente 50BF ainda detecte
a existência de falta (disjuntor não abriu), conta-se um tempo através do
temporizador 62BF (geralmente 0,3 s) e aciona-se o esquema de desligamentos
na subestação e a transferência direta de sinal para o disjuntor da outra
extremidade (ser for o caso).

No caso de proteção de transformador ou de reator, há possibilidade de atuação


de proteção do mesmo para faltas insipientes ou por dispositivo de proteção
inerente. Neste caso, não haveria corrente suficiente para acionar o sensor 50BF.
Nesses casos se utiliza uma variação do esquema anterior, acrescentado contato
tipo NA (tipo a) do disjuntor supervisionado, conforme mostra o esquema a seguir:
Figura 3.88 – Falha de Disjuntor. Esquema Lógico e Funcional para Transformador ou Reator.

3.13.2 O Sensor de Corrente 50BF

É sempre desejável que o sensor de corrente 50BF detecte correntes de fase e


também de terra, para que o mesmo tenha sensibilidade suficiente para curtos à
terra com baixa corrente.

Para linhas de transmissão há necessidade de haver segregação de fases para o


sensor 50BF, isto é, tenha um para cada fase, de modo que a eventual falha de
disjuntor seja discriminada por fase. Isso é necessário para linhas onde se deseja
utilizar esquema de religamento automático monopolar.

A unidade 50BF necessita ser ajustado de tal modo que detecte todas as
condições de curto circuito que possam estar associadas ao disjuntor respectivo.
Em algumas instalações, essas correntes podem ser inferiores à corrente de carga
(para sensores de fase). Neste caso, pode-se até manter esses ajustes inferiores
à carga, portanto com o elemento 50BF constantemente atuado em condição de
carga.

3.14 FUNÇÃO RELIGAMENTO AUTOMÁTICO E FUNÇÃO CHECK DE SINCRONISMO.


3.14.1 Função Religamento Automático (79)

Trata-se de uma função que tem a finalidade de acionar, automaticamente, o


fechamento do disjuntor desligado pela proteção, após temporização ajustável.

O religamento automático é possível e é altamente desejável para o caso onde a


falta é do tipo “fugitivo”, isto é, um curto circuito que se extingue uma vez
desligada a linha (por exemplo, “flash-over” em cadeia de isoladores devido a
descarga atmosférica).

Para caso de falta do tipo “permanente”, isto é, um curto-circuito que é provocado


por falha na linha que exige intervenção da manutenção, uma tentativa de
religamento automático pode ocorrer, mas haverá nova atuação da proteção e o
disjuntor será aberto definitivamente.

A função de religamento automático (79) é utilizada então para:

Linhas de Transmissão e Subtransmissão Aéreas.


Circuitos Primários de Distribuição.

O esquema de religamento automático é implementado segundo esquema


mostrado a seguir:

Figura 3.89 – Religamento Automático com Check de Sincronismo. Diagrama Unifilar

O processo de religamento automático é iniciado pela atuação da proteção de


linha, conforme ilustrado na figura a seguir:

Figura 3.90 – Religamento Automático. Sinais de Controle.

O religamento deve ocorrer para:

Faltas internas na linha de transmissão protegida.


Atuação da proteção principal (ou alternada) na primeira zona ou pela
Teleproteção.
Todos os tipos de falta na linha (ou para alguns tipos, a escolher – ajustável).

O religamento não deve ocorrer para:

Faltas externas à linha, com atuação da proteção de retaguarda.


Para atuação de outras proteções como falha de disjuntor e diferencial de barra.
Para atuações temporizadas da proteção principal.

Pode-se ajustar (através do circuito de bloqueio do 79) para que o religamento


automático não ocorra, por exemplo, para faltas trifásicas ou bifásicas. Depende
da filosofia adotada para a linha ou pela empresa usuária.

No caso de religamento automático monopolar, a proteção é que irá determinar a


fase a desligar e conseqüentemente selecioná-la para religamento, informando a
função 79.

Quando ocorre curto-circuito diferente do tipo fase-terra, o desligamento será


tripolar e, dependendo do esquema, poderá haver tentativa de religamento tripolar.

O esquema a seguir mostra as temporizações envolvidas e ilustra a terminologia


empregada:
Figura 3.91 – Temporizações envolvidas no Religamento Automático

Tempo Morto

Tempo em que a linha de transmissão ou alimentador de distribuição fica sem


transportar energia.

Tempo de Extinção de Arco

Tempo em que al linha de transmissão ou alimentador de distribuição fica sem


tensão.

Tempo de Religamento Automático

Tempo da função 79, desde o instante do acionamento (pela atuação) da proteção


até o instante do comando de fechamento do respectivo disjuntor.

3.14.2 Função Check de Sincronismo (48)


A função (48), de verificação de sincronismo, é utilizado quando de religamento
automático tripolar e executa um dos seguintes itens, dependendo de uma chave
seletora:

Permite religamento com tensão na linha e sem tensão na barra (linha viva / barra
morta).
Permite religamento com tensão na barra e sem tensão na linha (linha morta /
barra viva).
Permite religamento com tensão em ambos os lados, com:
Verificação da diferença de módulos das tensões comparadas (ajustável).
Verificação do ângulo de fase entre as tensões comparadas (ajustável).
Verificação do escorregamento (diferença de frequência) entre as tensões
comparadas (ajustável).

Como mostrado na figura 3.89, as informações de tensão da linha e da barra


(ambos os lados do disjuntor a religar) devem chegar à função.

3.15 CÓDIGOS DA NORMA ANSI

Número de Definição e Função Original em


Dispositivo Inglês

Elemento Mestre – Dispositivo de iniciação como uma chave Master Element.


de controle, relé de tensão, etc. que serve para colocar um
1 equipamento em operação, seja diretamente ou indiretamente
através de dispositivos de permissão como relés de proteção
ou temporizadores.
Relé temporizador para partida ou fechamento, cuja Time-delay
função é permitir uma temporização intencional antes ou após starting or
2 qualquer ponto de operação numa seqüência de closing relay.
chaveamento ou sistema de proteção por relés, exceto as
funções 48, 62 e 79 descritos a seguir.
Relé de verificação ou intertravamento, que opera em Checking or
resposta à posição de uma quantidade de outros dispositivos interlocking
( ou a um número de condições pré – determinadas), em um relay.
3 equipamento, para permitir uma seqüência de procedimento
operativo, para parar ou para providenciar uma verificação da
posição daqueles dispositivos ou daquelas condições, para
qualquer propósito.
Contator Mestre – Dispositivo geralmente controlado pelo Master
Dispositivo número 1 ou equivalente, e os requeridos contactor.
dispositivos de permissão ou dispositivos de proteção, que
4 serve para fechar ou abrir os necessários circuitos de controle
para colocar um equipamento em operação sob as condições
desejadas, e para colocá-lo fora de operação sob outras
condições, inclusive condições anormais.
Dispositivo de parada – Dispositivo de controle usado Stopping device.
primordialmente para colocar um equipamento fora de
operação (“shut down”) e mantê-lo fora de operação. [ O
5
dispositivo pode ser atuado manual ou eletricamente, mas
exclui a função de travamento elétrico em condições
anormais – Vide dispositivo número 86].
Disjuntor de partida – Dispositivo cuja principal função é Starting circuit
6
conectar uma Máquina à sua fonte de partida. breaker.
Disjuntor de anodo – É aquele usado nos circuitos de anodo Anode circuit
de um retificador de potência, com o propósito principal de breaker.
7
interromper o circuito retificador quando de uma ocorrência
de fenômeno de “arc back”.
Dispositivo de desconexão de potência de controle – Control power
Dispositivo de desconexão - como uma chave faca, disjuntor disconnecting
ou chave fusível de expulsão – usado para conectar ou device.
desconectar as fontes de energia de controle para e da barra
8 de controle ou equipamento.
Nota: Inclui-se como “potência de controle” a potência auxiliar
que alimentam instalações como pequenos motores e
aquecedores.

Dispositivo de reversão – Utilizado para reverter o campo Reversing device.


9 de uma máquina ou para executar qualquer outra função de
reversão.

Chave de seqüência de unidade – Usada para mudar a Unit sequence switch.


10 seqüência na qual unidades podem ser colocadas ou
retiradas de serviço, em equipamentos multi-unidades.

11 Reservado para futuras aplicações.

Dispositivo de sobre-velocidade. É usualmente uma chave Over-speed device.


12
de velocidade, diretamente conectado em máquina rotatória.

Dispositivo de velocidade síncrona. Como uma chave de Synchronous-speed


centrífuga, um relé de frequência, um relé de tensão, um relé device.
13 de sub-corrente ou qualquer outro tipo de dispositivo que
opera aproximadamente à velocidade síncrona de uma
máquina.

14 Dispositivo de sub-velocidade. Funciona quando a Under-speed device.


velocidade de uma máquina cai abaixo de um valor
pré-determinado.

Dispositivo de velocidade ou frequência. Dispositivo para Speed or frequency


emparelhar e manter a velocidade ou a frequência de uma device.
15
máquina ou de um sistema, igual ou aproximadamente igual
a de uma outra máquina, fonte ou sistema.

16 Reservado para futuras aplicações.

Chave de Descarga ou de “Shunting” – Serve para abrir Shunting or discharge


ou fechar um circuito de “shunting” em uma peça ou switch.
instalação (exceto resistor), como por exemplo o campo de
uma máquina, a armadura de uma máquina, um capacitor ou
um reator.
17
Nota: Não inclui dispositivos de “shunt” como aqueles
necessários para o processo de partida de uma máquina
através de dispositivos 6 ou 42 ou equivalentes, e também
exclui o dispositivo 73 que serve para chaveamento de
resistores.

Dispositivo de Aceleração ou Desaceleração. Usado para Accelerating or


18 fechar ou causar o fechamento de circuitos para aumentar ou decelerating device.
diminuir a velocidade de uma máquina.

Contator de Transição Entre os Estados de Partida e o de Starting-to-running


Regime. Dispositivo que opera para iniciar ou causar a transition contactor.
19
transferência automática de uma máquina do estado de
partida para o estado de regime.

Válvula operada eletricamente. Uma válvula de controle de Electrically operated


20
fluido, operada, monitorada ou controlada eletricamente. valve.

Relé de Distância. Dispositivo que funciona quando a Distance relay.


21 admitância, impedância ou reatância de um circuito aumenta
ou diminui além ou aquém de um limite pré-determinado.

Disjuntor Equalizador – Disjuntor que serve para controlar Equalizer circuit


ou inserir ou desinserir o equalizador, ou conexões de breaker.
22 balanceamento de corrente para o campo de uma máquina,
ou para equipamento de regulação numa instalação multi
unidades.

Dispositivo de Controle de Temperatura. Funciona para Temperature control


elevar ou diminuir a temperatura de uma máquina ou outra device.
23
instalação, ou de qualquer meio, quando a temperatura caia
abaixo ou suba acima de um valor pré-determinado.

24 Reservado para futuras aplicações.


Dispositivo de Sincronização ou Verificação de Synchronizing or
Sincronismo. Opera quando dois circuitos de Corrente synchronism-check
25 Alternada estão dentro de limites desejados de frequência, device.
ângulo de fase ou tensão, para permitir ou para causar o
paralelismo desses dois circuitos.

Dispositivo Térmico. Funciona quando a temperatura de um ApparatusTermal


campo shunt ou de um enrolamento amortecedor de uma Device.
máquina, ou de um resistor de divisão de carga, ou de um
26 líquido, ou de outro meio excede um valor pré-determinado.
Ou se a temperatura da instalação protegida, como um
retificador de potência ou qualquer meio decaia abaixo de um
valor pré-determinado.
Relé de Sub-Tensão. É um dispositivo que funciona em um Undervoltage relay.
27
dado valor de subtensão.
Detector de Chama. Dispositivo que monitora a presença de Flame detector.
28 uma chama piloto em instalação como turbina a gás ou
gerador de vapor.
Contator de Isolação. Usado expressamente para Isolating contactor.
29 desconectar um circuito de outro em condições de operação
em emergência, de manutenção ou de testes.
Relé Anunciador. Dispositivo de reset não automático, que Annunciator relay.
que dá uma quantidade de indicações visuais separadas, para
30
atuações de proteções, que podem, inclusive, ser arranjados
para funções de bloqueio.
Dispositivo Separado de Excitação. Conecta um circuito Separate excitation
como o campo shunt de um conversor síncrono, para uma device.
31 fonte de excitação separada, durante uma eqüência de
partida. Ou energiza os circuitos de excitação e ignição de
um retificador de potência.

Relé Direcional de Potência. Funciona com um valor Directional power relay.


desejado de potência fluindo em uma determinada
32 direção. Ou quando de reversão de potência em um
retificador de potência resultante de “arc back” em
circuitos de anodo ou catodo.
Chave de Posição. Fecha ou abre contato quando o Position switch.
33 dispositivo principal ou peça de instalação, que não tem
número de dispositivo, atinge uma dada posição.
Dispositivo Mestre de Sequenciamento. É um Master sequence device.
dispositivo, como por exemplo, uma chave multi-contato
operado a motor ou equivalente, ou um computador, que
34 estabelece ou determina a seqüência operativa dos
dispositivos principais de um equipamento, durante partida
ou parada, ou durante outras operações de chaveamentos
seqüenciais.
Operador de Escova, ou Curto-circuitador de Anel de Brush-operating, or
Escorregamento. Usado para elevar, abaixar ou deslocar slip-ring-short-circuiting
35 as escovas de uma máquina, ou para curto circuitar seus device.
anéis de escorregamento, ou para acoplar ou desacoplar
os contatos de um retificador mecânico.
Dispositivo de Polaridade ou Dispositivo de Tensão de Polarity or polarizing
Polarização. O dispositivo opera ou permite a operação voltage device.
36 de outro dispositivo em uma pré-determinada polaridade,
ou verifica a presença de uma tensão de polarização em
um equipamento.
Relé de Subcorrente ou Subpotência. Funciona quando Undercurrent or
37 o fluxo de corrente ou potência diminui abaixo de um valor underpower relay.
pré-determinado.
Dispositivo de Proteção de Mancal. Funciona quando Bearing protective device
de temperatura excessiva de mancal, ou outra condição
38
mecânica anormal que possa resultar em temperatura
excessiva.
Monitor de Condições Mecânicas. Dispositivo que Mechanical condition
funciona quando da ocorrência de condições mecânicas monitor.
39 anormais, exceto aquelas associadas a.- função número
38 -, como por exemplo uma excessiva vibração,
excentricidade, expansão, choque ou falha de selagem.
Relé de Campo. Funciona quando de uma dada Field relay.
anormalidade, valor baixo ou falha da corrente de campo
40 da máquina, ou um valor excessivo de componente
reativo na corrente de armadura de uma máquina,
indicando excitação de campo anormalmente baixo.
Disjuntor de Campo. Disjuntor que funciona para aplicar, Field circuit breaker.
41 ou para remover, o campo de excitação de uma
máquina.
Disjuntor “running”. Dispositivo cuja principal função é Running circuit breaker.
conectar uma máquina à sua fonte ou tensão de
operação. Esta função pode também ser utilizada para um
42
dispositivo como um contator, usado em série com um
disjuntor ou outro meio de proteção, primordialmente para
aberturas e fechamentos frequentes do circuito.

Chave de Transferência Manual ou Dispositivo Seletor Manual transfer or


Manual. Transfere circuitos de controle para modificar um plano selector device.
43
de operação de equipamentos chaveados, ou de alguns dos
dispositivos.
Relé de partida de seqüência de unidade – Usado para partir Unit sequence
a próxima unidade disponível em um equipamento starting relay
44
multi-unidades, quando de uma falha ou quando de uma
indisponibilidade de unidade precedente.
Monitor de Condições Atmosféricas (ambientais). Atmospheric
45 Dispositivo que funciona quando da ocorrência de condição condition monitor.
atmosférica anormal, como misturas explosivas, fumaça ou
fogo.

Relé de Corrente de Fase Reversa ou Balanço de Fase (Ou Reverse phase, or


Relé de Seqüência Negativa). Funciona quando as correntes phase-balance,
46 em um sistema polifásico estão em seqüência reversa, ou current relay.
quando há desbalanço entre fases, ou quando há corrente de
seqüência negativa acima de um dado limite.
Relé de Tensão de Seqüência de Fase. Funciona quando de Phase-sequence
47 uma determinada quantidade de tensão polifásica, em uma voltage relay.
seqüência de fase desejada.
Relé de Seqüência Incompleta. É um relé que geralmente faz Incomplete
com que o equipamento retorne a uma condição normal, ou sequence relay.
desligada, e mantém o mesmo bloqueado, quando a seqüência
48
normal de partida, de operação ou de parada não é completada
dentro de um tempo pré-determinado. Se o dispositivo é
utilizado para Alarme, pode ser designado como 48A.
Relé Térmico. Relé para máquina rotativa ou transformador, Thermal relay.
que funciona quando a temperatura da armadura da máquina
49
ou outro enrolamento que conduz a corrente de carga excede
um valor pré-determinado.
Relé de Sobrecorrente Instantâneo, ou Relé de Taxa de Instantaneous
Elevação. É um relé que funciona instantaneamente quando de overcurrent, or
50 um valor excessivo de corrente, ou um valor excessivo na taxa rate-of-rise relay.
de elevação de corrente, indicando assim uma falta no
equipamento ou circuito protegido.
Relé de Sobrecorrente Temporizado (Corrente alternada). AC time overcurrent
Relé de característica de tempo definido ou de tempo inverso, relay.
51
que funciona quando a corrente em um circuito excede um
valor pré-determinado.
Disjuntor (Corrente Alternada). Dispositivo utilizado para AC circuit breaker.
fechar e para interromper um circuito de potência de corrente
52
alternada sob condições normais, ou para interromper o circuito
sob condições de falta ou emergência.
Relé de Excitatriz ou Gerador CC. É um relé que força a Exciter or DC
formação do campo de excitação durante a partida de uma generator relay.
53
máquina CC, ou que funciona quando a tensão da máquina
tenha atingido um determinado valor.

54 Reservado para futuras aplicações.


Relé de Fator de Potência. Um relé que opera quando o fator de Power factor
55 potência de um circuito CA cai abaixo ou sobe acima de uma valor relay.
pré-determinado.
Relé de Aplicação de Campo. Relé que automaticamente Field Application
56 controla a aplicação da excitação no campo de um motor CA num Relay.
determinado ponto do ciclo de escorregamento.
Dispositivo de Aterramento ou de Curto-Circuito. Dispositivo Short-circuiting or
de chaveamento de circuito de potência (primário) que funciona grounding device.
57
para curto-circuitar ou aterrar um circuito em resposta a uma
solicitação manual ou automática.
Relé de falha de retificação. Funciona quando de anormalidades Rectification
58 em um ou mais anodos de um retificador de potência, ou quando failure relay.
de falha em diodo para conduzir ou bloquear propriamente.
Relé de Sobretensão. É um relé que funciona para um dado valor Overvoltage relay.
59
de sobretensão.
Relé de Balanço de Tensão ou Corrente. É um relé que opera Voltage or current
60 para uma dada diferença em tensão, ou entrada ou saída de ou balance relay.
corrente de dois circuitos.
61 Reservado para futuras aplicações.
Relé temporizado de parada ou abertura. Relé temporizador em Time-delay
62 circuitos de parada ou de operação de abertura, em uma stopping or
seqüência automática. opening relay
Chave de Pressão. Chave que opera para dados valores ou para Pressure switch.
63
uma dada taxa de variação de pressão.
Relé de Proteção de Terra. Relé que funciona quando de falha Ground Protective
de isolação de uma máquina ou de um transformador ou outro relay
dispositivo para a Terra, ou quando há “flash-over” de uma
máquina CC para a terra.
64 Nota: Esta função é designada somente para um relé que detecta
o fluxo de corrente de uma carcaça de máquina para a terra, ou de
caixa ou estrutura de um dispositivo para a terra. Ou ainda relé
que detecte terra anormal em um circuito normalmente isolado.
Não é aplicado a relé conectado nos lados secundários de TC’s.
Distribuidor. Montagem de equipamentos de controle elétrico, Governor.
mecânico ou de fluidos, usado para regular o fluxo de água, vapor
65
ou outro meio para a turbina, para propósito de partida, de
manutenção de velocidade, de tomada de carga ou parada.
Notching or
66
jogging device.
Relé de Sobrecorrente Direcional (Corrente alternada). AC Directional
67 Funciona para um valor desejado de corrente AC fluindo em uma Overcurrent
direção pré determinada. Relay.

Relé de Esquemas de Bloqueio. Relé para esquemas Blocking relay.


68 “Blocking” de teleproteção, ou para bloquear “trip”ou religamento
em condições de perda de sincronismo ..
Dispositivo de controle permissivo. É geralmente uma chave Permissive control
de duas posições operada manualmente que em uma posição device.
69 permite o fechamento de um disjuntor ou a colocação em
operação de um equipamento, e em outra posição não permite o
fechamento do disjuntor ou a operação do equipamento.
Reostato. Dispositivo de resistência variável usado em circuito Rheostat.
70
elétrico para diversos fins.
Chave de Nível. Chave que opera para dados valores, ou dadas Level switch.
71
taxas de variação, de Nível.
Disjuntor CC. Usado para fechar ou interromper um circuito de DC circuit breaker
72 potência em CC sob condições normais, ou para interromper o
circuito em condições de falta ou emergência.
Contator de Resistor de Carga. Usado para inserir , desinserir Load-resistor
73
estágios ou partes de carga resistiva em circuitos elétricos. contactor.
Relé de Alarme. Dispositivo diferente daquele definido para o Alarm relay.
74 número de função 30, que é usado para operar ou operar em
conexão com, um alarme visual ou auditivo.
Mecanismo de mudança de posição. Mecanismo que é usado Position changing
75
para mover um dispositivo principal de uma posição para outra. mechanism.
Relé de Sobrecorrente de CC. Relé que atua quando a corrente DC Overcurrent
76
em um circuito de corrente contínua excede um dado valor. relay
Transmissor de Pulso. Usado para gerar e transmitir pulsos Pulse transmitter.
77 através de um sistema de telemetria ou de fio piloto para fins de
indicação remota. Ou o dispositivo receptor.
Relé de Comparação de Fases ou Relé de Perda de Phase angle
Sincronismo. Relé que funciona comparando ângulos de fase measuring or
78
ou para um determinado ângulo de fase entre duas tensões ou out-of-step
correntes AC. protective relay.
Relé de Religamento Automático CA. Controla o religamento AC Reclosing relay
79
automático de um disjuntor.
Chave de Fluxo. Opera para dados valores ou uma dada taxa Flow switch.
80
de variação de Fluxo.
Relé de Frequência. Funciona para um valor pré determinado Frequency relay
81 de frequência. Relé de sobre ou de subfrequência. Ou ainda relé
de taxa de variação de frequência.
Relé de Religamento Automático CC. Controla o fechamento DC reclosing reláy
82
e o religamento automático de um circuito em corrente alternada.
Relé de Controle Seletivo Automático ou Relé de Automatic selective
Transferência. Relé que opera para selecionar automaticamente control or transfer
83
fontes ou condições num equipamento, ou executa operação de relay.
transferência de circuitos de forma automática.

Mecanismo de Operação. Um completo mecanismo elétrico ou Operating


servo-mecanismo, incluindo motor de operação, solenóides, chaves mechanism.
84
de posição, etc. para mudança de taps, regulação ou qualquer outra
peça similar que não tenha número de dispositivo.
Receptor de Teleproteção. Relé que é operado por uma recepção Receiver relay
85
de sinal remoto, para fins de proteção.
Relé de Bloqueio. Relé eletricamente operado, com “reset” manual Locking-out
86 ou elétrico, que funciona para desligar e manter fora de serviço um relay.
equipamento de potência, na ocorrência de condições anormais.

Relé de Proteção Diferencial. Relé que funciona comparando duas Differential


87 grandezas, de entrada e de saída de um equipamento ou circuito. protective relay

Motor auxiliar ou Motor Gerador. Usado para operar equipamentos Auxiliary motor
88 auxiliares como bombas, excitatrizes, etc. or motor
generator.
Chave de Linha. Usado para interruptor de carga, ou chave de Line switch
isolamento em um circuito de potência CA ou CC, quando este
89
dispositivo é eletricamente operado ou tem acessórios elétricos
como uma chave auxiliar, trava magnética, etc.
Dispositivo de Regulação. Funciona para regular uma quantidade Regulating
ou quantidades como tensão, corrente, potência, velocidade, device.
90
frequência, temperatura e carga a um certo valor ou entre certos
limites.
Relé Direcional de Tensão. Relé que opera quando a tensão Voltage
91 através de um disjuntor ou contator aberto excede um dado valor directional relay
numa dada direção.
Relé direcional de Tensão e Potência. Relé que permite ou causa Voltage and
a conexão de dois circuitos quando a diferença de tensão entre eles power
92 excede um dado valor numa direção pré determinada e, causa a directional relay
desconexão destes circuitos quando a potência fluindo entre eles
excede um dado valor ina direção oposta.
Contator de Mudança de Campo. Funciona para aumentar ou Field changing
93 diminuir em um degrau o dalor da excitação do campo de uma contactor
máquina.
Relé de “trip” ou de permissão de “trip” Tripping or
94
trip-free relay
Usados para aplicações específicas, quando nenhuma das
95
anteriores atende.
96
97

4. TECNOLOGIAS EMPREGADAS EM SISTEMAS DE PROTEÇÃO

O histórico mundial na evolução da tecnologia empregada em relés de proteção pode


ser observado na figura a seguir:
Figura 4.1 – Evolução Tecnológica de Relés de Proteção

Evidentemente, nos países desenvolvidos, o emprego da proteção digital tem


ocorrido num ritmo mais acentuado.

E como pano de fundo, tem-se o aumento da complexidade do Sistema de


Potência, os requisitos sociais e econômicos para a prestação dos serviços de
energia elétrica e, o desenvolvimento, evolução e barateamento das tecnologias
associadas à Proteção.

Na área de evolução tecnológica, tem-se:

Componentes

Eletromecânico Transistor Microprocessador

Telecomunicações

Carrier Frequency Divided Modulation Time Divided Modulation

Analógico Digital Fibra Ótica

4.1 TECNOLOGIA ELETROMECÂNICA

Desde o advento de sistemas elétricos no fim do século passado e até os anos 80, a
tecnologia eletromecânica era empregada em grande escala para os relés de
proteção.

São dispositivos de medição de módulos e ângulos de grandezas elétricas senoidais


e dispositivos de chaveamento, baseados em princípios do eletromagnetismo como:

• Unidades de atração magnética


• Unidades de indução magnética (disco e cilindro magnético)
• Unidades D´Arsonval (bobina móvel)
• Unidades térmicas

A composição dessas unidades, através de circuitos elétricos adequados permite a


formação dos chamados dispositivos eletromecânicos nas mais diversas funções,
como:

• Comparadores de amplitude
• Comparadores de ângulo de fase
• Unidades auxiliares
• Unidades de temporização
• Elementos térmicos
• Etc.

E a composição desses elementos permite a construção de Relés de Proteção, com


funções e aplicações específicas.

Vantagens

Uma proteção eletromecânica apresenta as seguintes características que podem


ser consideradas vantajosas:

Durabilidade e Robustez. Com a devida manutenção, um relé eletromecânico pode


apresentar tempo de vida útil superior de 40 anos.

Tolerância a Altas Temperaturas de Operação. A temperatura ambiente de


instalação da proteção ou a temperatura de operação não são fatores críticos para o
bom funcionamento desses relés.

Baixa sensibilidade a surtos eletromagnéticos. Há necessidade de uma energia de


surto relativamente grande para danificar um relê eletromecânico. Os surtos normais
que ocorrem em uma instalação elétrica, em geral, não afetam as proteções
eletromecânicas.

Confiabilidade. Em decorrência do desenvolvimento contínuo da tecnologia de


construção desses relés, ao longo de dezenas de anos, têm-se como resultados
dispositivos de alta confiabilidade, seja do ponto de vista de segurança contra
operações desnecessárias como do ponto de vista de dependabilidade.

Desvantagens

Por outro lado, as seguintes características de um relé eletromecânico podem ser


consideradas desvantagens:

Custo. Uma proteção eletromecânica tem um custo que pode ser considerado, hoje,
elevado em função da tecnologia que envolve dispositivos de alta precisão, inclusive
no aspecto mecânico, que demandam infra-estrutura e mão de obra especializada
na sua fabricação. Ainda mais para funcionalidades mais complexas, a composição
e o ajuste de elementos eletromecânicos apresenta custos elevados.
Custo da Instalação e Cablagens. O uso de relés eletromecânicos não permite
usufruir a maior parte dos recursos hoje existentes de comunicações (digitais, em
fibras ópticas), demandando instalações onerosas e pesadas quanto a painéis e
cablagens.

Precisão. Quanto mais preciso um dispositivo eletromecânico, maior seu custo, em


função dos necessários recursos de eletromagnetismo e de mecânica fina. E há
limite para essa precisão em função da própria tecnologia.

Manutenção especializada. A manutenção de relés e dispositivos eletromecânicos


exige capacitação específica e muita experiência de campo e de laboratório.
Conseqüentemente, pode ser considerada uma manutenção cara. A possibilidade
de obsoletismo associada a falta de componentes de reposição é muito grande. Os
fabricantes das proteções eletromecânicas já não possuem especialistas na
manutenção desses relés eletromecânicos.

Limitação de Funcionalidades. Funcionalidades requeridas para redução de custos


de manutenção e garantia da confiabilidade não são, na maior parte dos dispositivos
eletromecânicos, possíveis de serem implementados. E também quanto às funções
de proteção desejadas, quanto mais elaborada a função, mais complexa a proteção
eletromecânica. Quanto mais complexa uma proteção eletromecânica, menor a sua
confiabilidade ou a sua velocidade.

Considerando as vantagens e desvantagens citadas, ainda podem existir aplicações


onde a proteção eletromecânica seria necessária, pelo menos até o presente. São
aplicações em ambientes agressivos a componentes eletrônicos, estáticos ou
microprocessados, onde o custo da preparação do ambiente para modernas
tecnologias exigiria investimento desproporcional ao benefício esperado.

4.2 TECNOLOGIA MISTA

Pouco se utilizou a eletrônica convencional como aplicação maciça, na área de


proteção por relés. Esta tecnologia foi utilizada, na maior parte dos casos e a partir
dos anos 50, na composição de elementos específicos como as unidades lógicas e
elementos direcionais de relés eletromecânicos (tecnologia mista).

Através da utilização de diodos, tiristores, associação de resistores e capacitores,


construíram-se dispositivos que propiciaram maior rapidez e precisão nos relés de
proteção, menor carga ligada aos TC´s e TP´s, além de uma maior facilidade de
manutenção pela eliminação de muitas partes móveis com tecnologia
eletromecânica.

Na realidade, com exceção das proteções mais simples como as de sobrecorrente


ou sobretensão, os atuais relés chamados eletromecânicos são, na realidade,
proteções com tecnologia mista.

4.3 TECNOLOGIA ESTÁTICA


A partir da segunda metade dos anos 60 e com ênfase nos anos 70, iniciou-se a
maciça utilização de tecnologia eletrônica com componentes semicondutores,
inclusive com circuitos integrados, na chamada tecnologia estática para confecção
de relés de proteção.

Os dispositivos eletromecânicos, nessas proteções, se restringiram a partes muito


específicas como os contatores de saída, onde o chaveamento de circuitos exigia
algo mais robusto. E mesmo assim, não na totalidade dos casos.

Todas as funções de proteção, das mais simples às composições mais complexas


foram concebidas e fabricadas com a tecnologia estática, com maciça utilização de
circuitos integrados, acopladores, conversores, fontes DC / DC e filtros. Várias
gerações de relés estáticos, cada geração incorporando inovações, se sucederam
desde o fim dos anos 60 até os anos 80.

Os chamados relés analógicos são aqueles nos quais as quantidades AC medidas


(dos Tp´s e Tc´s) são manipuladas na forma analógica e subseqüentemente
convertidas em ondas quadradas de tensão (binário). Circuitos lógicos e
amplificadores operacionais comparam amplitudes e ângulos de fase das ondas
quadradas ou sinais retificados, para tomar decisões. São típicos da tecnologia
estática.

Figura 4.2 – Tecnologia Estática para Relés de Proteção

Vantagens

Entre as vantagens das proteções estáticas, podem ser citadas as seguintes:

Menor Custo. Se comparadas com as eletromecânicas com as mesmas funções.


Maior velocidade. Como conseqüência direta da tecnologia empregada, foi possível
a fabricação de relés muito rápidos, que finalmente chegaram a atender as
exigências de determinados sistemas e situações críticas.

Baixo Consumo e Menor Carga. As dificuldades observadas no passado quanto ao


consumo de energia das proteções eletromecânicas e quanto à carga imposta nos
lados secundários dos transformadores de instrumentos (TP´s e TC´s) passaram a
não mais existir para terminais com proteções de tecnologia estática.

Facilidade de manutenção. A manutenção tornou-se mais simples e direta. Isto se


refletiu diretamente nos custos de manutenção. A mantenabilidade foi incrementada
com circuitos de autodiagnose naqueles relés de geração mais recente.

Confiabilidade. A experiência no uso de relés estáticos ao longo de 15 a 25 anos,


nos Sistemas Interligados Brasileiros, demonstrou que essas proteções eram tão
confiáveis quanto as eletromecânicas, porém para uma vida útil bem menor
(máximo 20 anos).

Deve-se observar, entretanto, que todas essas vantagens, no caso da experiência


brasileira, foram adquiridas gradualmente, ao longo dos anos. Principalmente
quanto à confiabilidade dessas proteções, que depende direta e integralmente da
sua correta manutenção.

Cerca de 10 anos foram necessários para que as empresas concessionárias de


energia elétrica dos Sistemas Interligados pudessem absorver e dominar,
totalmente, a manutenção dessas proteções. Ao sair de uma tecnologia
eletromecânica convencional, partindo para uma nova tecnologia estática no início
dos anos 70, foram necessários anos de experiência e de capacitação e formação
de mão de obra especializada para fazer frente aos desafios.

Relés com tecnologia estática estão, hoje, aplicadas na proteção da maior parte das
linhas de transmissão de Extra Alta Tensão do nosso País. Para linhas de Alta
Tensão, ainda existe uma parte significativa de proteções eletromecânicas
(tecnologia mista) instaladas.

Desvantagens

As seguintes desvantagens das proteções estáticas podem ser citadas:

Maior sensibilidade a surtos. Componentes eletrônicos exigem menor energia de


surto que os eletromecânicos para se danificarem. Instalações nas subestações e
usinas tiveram que ser melhoradas quanto à proteção para surtos desses tipos de
relés.

Envelhecimento. Os relés estáticos possuem componentes que perdem suas


características num prazo de 8 a 20 anos. Capacitores eletrolíticos têm que ser
substituídos a cada 8 anos em média. Circuitos inteiros de medição podem perder
sua característica em 20 anos, o que pode demandar na necessidade de troca da
proteção. Para os sistemas brasileiros, este é um aspecto muito sério.
Limitação de Funcionalidades. Funcionalidades requeridas de proteção continuaram
difíceis de serem implementadas nos relés estáticos. Basicamente, o uso de
componentes e sistemas eletrônicos para a execução da função desejada, se
complexa, torna-se dificultoso e caro.

4.4 TECNOLOGIA DIGITAL

Conseqüência do uso de recursos que tiveram avanço significativo nos anos 80 e


90, principalmente microprocessadores, memórias e conversores A/D. A
conseqüência imediata do uso dessa moderna tecnologia é o barateamento do
custo da proteção, com a redução de circuitos que exigiam engenharia complexa
para a sua realização.

Os chamados relés numéricos são, na essência, computadores (inclusive com


processamento paralelo) que realizam as diversas funções de proteção. Isto é,
passou-se a usar programas computacionais para realizar as funcionalidades
desejadas, que antes eram feitos por sistemas eletromecânicos ou circuitos
eletrônicos.

São relés nos quais os valores AC medidos são seqüencialmente adquiridos por
amostragem e convertidos na forma de dados numéricos através de multiplexadores
e conversores analógicos / digitais. Microprocessadores executam operações
aritméticas e/ou lógicas, com base em algoritmos que emulam funções de proteção
(sobrecorrente, sobretensão, impedância, diferencial, etc.).

Figura 4.3 – Tecnologia Digital para Relés de Proteção

Vantagens

Hoje são evidentes as seguintes vantagens proporcionadas pela proteção digital,


relativamente aos relés de tecnologia eletromecânica ou estática:

Custo. Cada vez menor, inversamente proporcional ao mercado atendido. Sendo


que a porção cada vez mais significativa deste custo relaciona-se ao algoritmo
emulador da função de proteção. E o fato de se ter várias funcionalidades
agregadas em um único dispositivo, o custo global de supervisão, controle e
proteção se torna mais baixo.

Funcionalidades agregadas. Uma proteção digital pode agregar um conjunto de


outras funções que no passado eram feitas por dispositivos separados. Assim, é
muito comum, hoje em dia, ter-se proteção de linha, transformador ou de
alimentador com funções de MEDIÇÃO, LOCALIZAÇÃO DE DEFEITOS,
OSCILOGRAFIA, REGISTRO DE EVENTOS, MONITORAMENTO DO DISJUNTOR
E FALHA DE DISJUNTOR. Para linhas e alimentadores, também se tem agregada a
função de RELIGAMENTO AUTOMÁTICO, inclusive com check de sincronismo
onde necessário.

Tamanho. Como as funcionalidades são realizadas por software e não por


dispositivos eletromagnéticos ou eletrônicos e, também em função da agregação de
outras funções numa mesma proteção, já não há necessidade de grandes painéis
como aqueles bastante conhecidos nas subestações convencionais. Alguns “racks”
substituem vários painéis de proteção, comando, controle e supervisão.

Comunicação. A comunicação de dados em ambiente digital é uma tecnologia já


suficientemente evoluída e diretamente aplicável na área de Proteção. Todas as
tecnologias hoje disponíveis (sistemas digitais de comunicação, seja com rádios
digitais ou com fibras ópticas, processadores de comunicação, rede de fibras, LAN,
WAN, etc.) permitem uma integração da proteção com outras funções e permitem
facilidades inimagináveis no passado.

Integração com supervisão e controle, com acesso remoto. Em decorrência das


funcionalidades agregadas e as facilidades de comunicação, principalmente com o
uso de rede de fibras ópticas dentro de uma subestação, tem-se a integração da
supervisão, comando, controle e proteção. Esta rede local pode se comunicar com
uma rede ampla (WAN), outras redes ou diretamente com qualquer centro ou
pessoa através de meios de comunicação. Esse meio pode ser: fibra óptica, rádio
digital, rádio analógico, onda portadora, satélite, linha dedicada. Podem-se utilizar
canais contratados ou até telefone ou celular automaticamente discado para ligação
automática com computador remoto ou acionamento de “pagers”.

Custo da instalação. Para uma nova subestação, observa-se que, com o uso de
fibras ópticas, se reduz substancialmente os cabos de comando e controle de cobre.
Principalmente se a ARQUITETURA contemplar processamento distribuído, com
aquisição de dados e comandos junto aos processos.

Interface Homem x Máquina. Como todo computador, a interação entre o humano e


a proteção digital, juntamente com todas as informações agregadas (como a
seqüência de eventos, oscilografia, localização de defeitos) e também com
supervisão e controle, torna-se rápida e amigável, com facilidades e flexibilidades
para ajustes e ensaios impossíveis de serem pensados no passado. Isso pode ser
feito local ou remotamente, para acompanhamento do desempenho, reajustes e
outras intervenções.

Flexibilidade e sofisticação a baixo custo. Tudo o que pode ser feito por um
computador digital pode ser feito por uma proteção numérica. Assim,
funcionalidades de proteção antes impossíveis de serem realizadas a custo
razoáveis são possíveis com relés numéricos.

Facilidades para Auto-monitoramento e Auto-verificação. Um computador pode ser


programado para monitorar continuamente vários subsistemas do seu “hardware” e
“software” e introduzir lógicas e procedimentos para garantir a confiabilidade
necessária e desejada para a proteção. Circuitos de autodiagnose implementados
em computadores (relés numéricos) são muito mais flexíveis e poderosos que
aqueles dedicados, desenvolvidos para relés estáticos dos anos 80.

Confiabilidade. A confiabilidade dos relés digitais é conseqüência direta da contínua


monitoração das próprias condições de funcionamento e também da implementação
de circuitos tolerantes a falhas. Há uma redução de atuações não corretas,
melhorando seu desempenho operacional.

Cuidados

Sensibilidade a Surtos. Tanto os relés com tecnologia estática como os relés digitais
necessitam de proteção especial e blindagem para surtos e interferências
eletromagnéticas, tanto nos circuitos que chegam e saem da proteção como para as
interferências irradiadas. Surtos ou interferências de baixa energia já são suficientes
para danificar os modernos circuitos digitais. Assim, cuidados especiais são
tomados para separar a parte “suja” (Cablagens ligadas a TP’s, TC’s, comandos de
disjuntores, alimentação CC) que estão sujeitos a surtos, da parte “limpa”.

Sensibilidade a Temperaturas elevadas. Todo dispositivo estático ou digital é


sensível a altas temperaturas. Apesar do avanço da tecnologia, apenas os
componentes especialmente desenvolvidos para tal suportam temperaturas antes
suportadas pelos dispositivos eletromecânicos.

Software não portável e às vezes não atualizável. Os algoritmos emuladores de


funções de proteção são desenvolvidos em linguagem assembler ou, mais
recentemente, em linguagem de alto nível como o “C”. Esses códigos são
exclusivos para cada tipo de processador e ambiente de processamento e não são
portáveis (apesar de que está ocorrendo tendência no sentido de se buscar
portabilidade). Alguns relés digitais do passado possuem algoritmos não muito
adequados e não podem ser alterados.

Entretanto, com a experiência dos fabricantes e a conseqüente otimização desses


algoritmos, esta dificuldade se tornará cada vez menos relevante. Não se cogita,
para o usuário, a possibilidade de alterar ou efetuar manutenção do software
(algoritmos e funções) de proteção.

Tecnologia relativamente nova na área de Proteção. Como toda nova tecnologia, a


sua absorção e repasse pelos usuários envolvem um processo demorado e custoso.
E o novo enfoque de utilização de computador para emular relê ou função de
Proteção, que requer novas posturas de operação e de manutenção, implica em
mudança cultural de absorção

5. COMPONENTES E PRINCÍPIOS BÁSICOS DE RELÉS


Este capítulo apresenta os dispositivos utilizados, nas várias tecnologias, para a
execução de FUNÇÕES de proteção.

5.1 DISPOSITIVOS ELETROMECÂNICOS

Dispositivos eletromecânicos, que executam as funções desejadas, utilizando


fenômenos eletromagnéticos:

Elementos de atração magnética


Elementos de indução magnética
Elementos / relés de bobina móvel
Elementos térmicos

5.1.1 Atração Magnética

São elementos que operam na faixa de 25 a 60 Hz, têm tempo de atuação na faixa
de 5 a 50 ms (“instantâneos”) e apresentam relação “drop out / pick up ” na faixa
de 45 a 90 %. Três tipos de dispositivos utilizam o fenômeno da atração
magnética:

Figura 5.1 – Atração Magnética – Tipos de Relés.

Solenóide: usado para relés de sobre ou sub-corrente ou, sobre ou subtensão.

Armadura: usado para contatores ( “sim / não” ) e para indicadores.

Polar: tem polarização via ímã permanente e a corrente (CC) de atuação cria
outro campo que se soma ou subtrai ao campo do ímã. Assim, dependendo da
DIREÇÃO da corrente de atuação (CC), o contactor se move para um lado ou
outro. Trata-se de um dispositivo rápido e sensível. É utilizado para determinação
de Direção de corrente.

O relé de armadura é menos preciso que o de solenóide.

5.1.2 Indução Magnética

Tipo Disco: Usados para relés eletromecânicos de sobrecorrente de tempo


inverso.

Figura 5.2 – Indução Magnética – Tipo Disco.

Tipo Cilindro: Usados para elementos direcionais e comparadores, de relés de


distância.

Figura 5.3 – Indução Magnética – Tipo Cilindro.


5.1.3 Bobina Móvel (Corrente Contínua)

Figura 5.4 – Relé de Bobina Móvel

Trata-se de um dispositivo que opera com baixa energia, sendo portanto rápido e
sensível. É usado como contator / discriminador.

5.1.4 Elementos térmicos

Bi-metálicos. Geram diferença de potencial quando expostos à temperatura.

5.1.5 Comparadores de magnitudes (amplitudes)

Constituído de duas entradas. Denominando-se SO e SR os sinais de entrada, há


operação quando:

| SO | > | SR |

Balanço de corrente:
Figura 5.5 – Comparador. Balanço de Corrente/

Opera quando
2 2
| IO | ≥ | IR | + K

É difícil de construir, tem faixa limitada de atuação. Uso restrito.

Disco de Indução:

Também o torque é função da corrente ao quadrado. É lento, tem pouca precisão.


Faixa limitada de atuação. Portanto pouco utilizado.

Figura 5.6 – Comparador. Disco de Indução.

Bobina Móvel:

Com bobinas de Operação e bobina de Restrição.

F = B . S . IO - B . S . IR

Atua para faixas amplas de correntes. Tem alta sensibilidade, com baixa energia
para atuação.
Figura 5.7 – Comparador. Bobina Móvel.

5.1.6 Comparador de ângulo de fase (entre duas grandezas senoidais)

Constituído de duas entradas. Denominando-se S1 e S2 os sinais de entrada, há


operação quando:
-Π/2 ≤ γ ≤ +Π/2

Onde γ é o ângulo entre S1 e S2 , sendo positivo para S1 adiantado.

Disco de Indução:

Há torque quando há diferença de ângulo entre as duas correntes. Tem baixa


sensibilidade. É utilizado em elementos direcionais, onde a precisão não é
necessária.

Figura 5.8 – Comparador de ângulo de fase. Disco de Indução.

Cilindro de Indução:

É o anterior melhorado. É mais eficiente e tem faixa ampla de atuação. Baixa


interação entre I1 e I2. Bastante utilizado.
Figura 5.9 – Comparador de ângulo de fase. Cilindro de Indução.

5.2 DISPOSITIVOS MISTOS

Compostos de dispositivos semicondutores como diodos, zeners, transistores,


varistores, tiristores, etc. e circuitos integrados, associados a dispositivos
eletromecânicos.

5.2.1 Comparadores de magnitudes (amplitudes)

Constituído de duas entradas. Denominando-se SO e SR os sinais de entrada, há


operação quando:

| SO | > | SR |

Pontes de Retificadores com relé de bobina móvel

Figura 5.10 – Comparador magnitude. Tecnologia mista. Pontes.

Sensível, rápido e tem faixa ampla de atuação. É muito utilizado.


Transdutor:

Sensível, porém tem problemas quanto a resposta transitória. Pouco utilizado.

Figura 5.11 – Comparador magnitude. Tecnologia mista. Transdutor.

Ferro Móvel Polarizado

Figura 5.12 – Comparador magnitude. Tecnologia mista. Ferro Móvel Polarizado

Muito usado por fabricantes de relés.

5.2.2 Comparador de ângulo de fase (entre duas grandezas senoidais)

Constituído de duas entradas. Denominando-se S1 e S2 os sinais de entrada, há


operação quando:
-Π/2 ≤ γ ≤ +Π/2

Onde γ é o ângulo entre S1 e S2 , sendo positivo para S1 adiantado.

Pode-se construir um comparador de ângulo de fase, através de um comparador


de magnitudes, conforme mostrado a seguir:

Num comparador de magnitude, há operação se | SO | ≥ | SR | . No caso de SR


ser uma Tensão e SO ser uma Corrente, Z = SR / SO e haverá operação se:

|Z| ≤ 1

Se num comparador de amplitude forem introduzidos os sinais:

SO = S1 + S2 e SR = S1 - S2

Teremos:

| S1 + S2 | ≥ | S1 - S2 |

| (S1 / S2) + 1 | ≥ | (S1 / S2) - 1 |

|W+1| ≥ |W -1|

W = número complexo, com ângulo γ

Figura 5.13 – Princípio do Comparador de Ângulo de Fase

Verifica-se então que, comparando-se os módulos de duas grandezas compostas,


tem-se um comparador de ângulo de fase. No caso, o ângulo de uma
IMPEDÂNCIA.
Figura 5.14 – Princípio de Construção do Comparador de Ângulo de Fase

5.2.3 Elemento Direcional

A partir deste comparador de ângulo de fase, pode-se construir um Elemento


Direcional, isto é, um elemento que discrimina a direção de uma corrente,
considerando como referência a tensão, e levando-se com consideração o ângulo
dessa corrente:

Para tanto, analisa-se inicialmente a característica vetorial de um elemento


direcional:

Figura 5.15 – Elemento Direcional

Assim, se S1 = V / ZP e S2 = I tem-se:
S1 / S2 = Z / ZP= | Z / ZP | com ângulo θ - β .

O que interessa é o ângulo, pois se deseja determinar uma direção.


5.3 DISPOSITIVOS ESTÁTICOS – RELÉS ANALÓGICOS

Circuitos, componentes e dispositivos básicos.

5.3.1 Componentes

Peças

Diodo, Diodo Zener, Varistor, Termistor, Transistor, Tiristor.

Unidades Lógicas Principais

Unidade AND, Unidade OR, Unidade NOT, Unidade de Temporização (Time


Delay).

Circuitos Lógicos Básicos

Comparação de magnitude
Comparação de Ângulo de Fase
Unidades de Amplificação

Exemplo:

Iniciador de bobina de trip do disjuntor


Unidades Auxiliares

Exemplo:

Circuitos anunciadores
Temporizadores
Circuitos de selo
Circuitos isoladores

Circuitos Integrados

Amplificador Operacional, Amplificador, Somador, Subtrator, Integrador e Filtro


passa baixa simples, Unidade de defasamento angular, Detector de nível, Filtro
ativo.

5.3.2 Exemplo de Aplicação em Relés

Unidade de sobrecorrente instantânea


Figura 5.16 – Relé de Sobrecorrente de Tecnologia Estática

5.4 RELÉ DIGITAL

A Proteção digital é apresentada em detalhes na apostila “Noções de Proteção


Digital”.

6. BIBLIOGRAFIA

[1] Ziegler, G. – “Numerical Distance Protection – Principles and Applications” –


Siemens AG, Berlin and Munich, 1999.

[2] Elmore, W. A. – “Protective Relaying Theory and Applications”, ABB – Marcel


Dekker, Inc., 1994.

[3] Calero F.. – “Componentes Simétricas y Unidades Direccionales de Protección de


Sistemas Eléctricos de Potencia.” – Schweitzer Engineering Laboratorios – IEEE T&D
Latin America, 2002 – São Paulo.

[4] Warrington, A. R. Van C. – “Protective Relays – Their Theory and Practice”


Volume One – Second Edition, 1968.

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