Protese Ortese
Protese Ortese
Protese Ortese
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Simone Nunes Pinto
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-8482-856-2
Unidade 1
Introdução à história da amputação e fundamentos do processo
de protetização ............................................................................................... 7
Seção 1
Legislação do estatuto do deficiente físico e história da
amputação ........................................................................................... 9
Seção 2
Técnicas cirúrgicas de amputação ..................................................21
Seção 3
Tipos de próteses ..............................................................................33
Unidade 2
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica no processo de
protetização ..................................................................................................47
Seção 1
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na fase
pré-operatória da amputação ..........................................................49
Seção 2
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na fase
pós-operatória da amputação e na fase pré-protetização ............60
Seção 3
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na fase
pós-protetização ...............................................................................73
Unidade 3
Introdução à história e aos fundamentos para o uso de órtese .............85
Seção 1
Histórico e conceitos fundamentais em órtese .............................86
Seção 2
Tipos de órteses ................................................................................99
Seção 3
Órtese especiais.............................................................................. 112
Unidade 4
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na prescrição e
tratamento com órtese ............................................................................. 123
Seção 1
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na prescrição de
tratamento com órtese para a coluna vertebral ......................... 125
Seção 2
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na prescrição de
tratamento com órtese para os membros superiores ................ 136
Seção 3
Avaliação e reabilitação fisioterapêutica na prescrição de
tratamento com órtese para os membros inferiores ................. 146
Palavras do autor
P
rezado aluno, bem-vindo aos estudos da disciplina Prótese e Órtese
aplicada à Fisioterapia. Ela aborda diversos assuntos sobre amputação,
prótese e órtese e reabilitação fisioterapêutica nas diferentes fases da
recuperação do paciente. O domínio e conhecimento desse tema é de extrema
importância para o profissional fisioterapeuta, pois ele garantirá a compe-
tência da compreensão dos principais conceitos relacionados às próteses e
órteses, bem como seus tipos, indicações e processo de reabilitação, e permi-
tirá ao profissional ter a habilidade de proceder da maneira mais eficaz na
avaliação e no processo de reabilitação, garantindo, assim, a recuperação
mais rápida e com melhor qualidade de vida ao paciente.
Este livro didático será dividido em quatro unidades: na Unidade 1,
você conhecerá a legislação do Estatuto do Deficiente Físico e a história da
amputação, e também aprenderá sobre as técnicas cirúrgicas de amputação
e quais os tipos de próteses que são utilizados atualmente. Na Unidade 2,
você aprenderá sobre a avaliação e reabilitação fisioterapêutica no processo
de protetização, e conhecerá sua aplicação nas diversas fases do tratamento
do paciente amputado, tais como fases pré e pós-operatória e pré e pós-pro-
tetização. Na Unidade 3, você conhecerá assuntos pertinentes à introdução à
história e aos fundamentos para o uso de órtese, sendo assim, aprenderá os
aspectos históricos e conceitos fundamentais em órtese e seus tipos. E por
fim, na Unidade 4, você aprenderá sobre avaliação e reabilitação fisiotera-
pêutica na prescrição e tratamento com órtese, conhecendo sua aplicação em
cada segmento corporal.
Com toda essa gama de informação, ao final dos estudos você será capaz
de compreender todos os processos que estão envolvidos no tratamento do
paciente que necessita do uso de prótese ou órtese. Vamos lá?
Bons estudos!
Unidade 1
Isabel Cristina Chagas Barbin
Convite ao estudo
Você já refletiu sobre a importância de estudar a história da amputação
e de como iniciou o processo de protetização como recurso terapêutico
na reabilitação das amputações? Esse conhecimento é importante para o
profissional da saúde, principalmente para o fisioterapeuta, devido à grande
evolução que ocorre desde os princípios até a atualidade e, ainda, permite
compreender os avanços tecnológicos que ocorrem nessa área, possibili-
tando, cada vez mais, melhorar a expectativa de recuperação e qualidade de
vida do paciente amputado, por meio dos mais avançados recursos e trata-
mentos médicos e fisioterapêuticos. Desta forma, nesta primeira unidade do
livro didático, você conhecerá a legislação do Estatuto do Deficiente Físico e
a história da amputação. Também aprenderá sobre as técnicas cirúrgicas de
amputação e quais os tipos de próteses que são utilizados atualmente.
O estudo completo deste livro lhe proporcionará a competência geral
de conhecer os principais conceitos relacionados às próteses e órteses,
bem como seus tipos, indicações e processo de reabilitação. O estudo das
Unidades 1 e 2 permitirá a competência técnica de conhecer as condições pré
e pós-operatórias, a de protetização; e compreender o processo de avaliação e
reabilitação fisioterapêutica no paciente amputado.
Ao término desta unidade, você terá atingido os objetivos de estudo e
será capaz de conhecer e aplicar as regras e normas da legislação do Estatuto
do Deficiente Físico na atuação profissional do fisioterapeuta; entender a
evolução histórica dos recursos de amputação; conhecer as técnicas cirúr-
gicas de amputação e, principalmente, conhecer e compreender os tipos de
próteses que são prescritas e que estão disponíveis atualmente para a recupe-
ração do paciente amputado, além de ser capaz de aplicar o conhecimento
adquirido no estudo em situações próximas da realidade profissional.
Para auxiliar no desenvolvimento das competências apresentadas
anteriormente e atender aos objetivos específicos do tema em questão, será
apresentada, a seguir, na Introdução à história da amputação e fundamentos
do processo de protetização, uma situação hipotética que visa aproximar os
conteúdos teóricos da prática. Vamos lá!
Fernanda é aluna do último ano do curso de Fisioterapia e já vem se
preparando para a prática profissional há dois anos, por meio de estágio de
caráter observatório em uma clínica de reabilitação fisioterapêutica de sua
cidade. Há um mês, o Centro Especializado em Reabilitação do Paciente
Amputado, muito renomado e disputado pelas vagas de trabalho, realizou
uma parceria com a sua universidade e abriu dez vagas para alunos do último
ano do curso de Fisioterapia, com o objetivo de estagiar sob supervisão clínica
de docentes e fisioterapeutas já formados. A seleção será realizada em duas
fases, a primeira será a aplicação de prova escrita, para verificar o conhe-
cimento geral e específico sobre a atuação da fisioterapia, e a segunda será
uma entrevista com o objetivo de traçar o perfil comportamental e atitudinal
referente ao tipo de atuação que se realizará no estágio. Fernanda ficou muito
interessada na vaga, pois se trata da área que teve mais afinidade durante o
curso, mas que ainda não teve a oportunidade de atuar. Por isso, resgatou
todo o material estudado na disciplina de “Prótese e Órtese” para revisar e se
preparar para o processo seletivo. Analisando essa situação, você consegue
imaginar quais assuntos e conceitos são importantes que a aluna revise para
obter sucesso e ser aprovada no processo seletivo?
Em cada seção desta unidade você acompanhará e ajudará a aluna
Fernanda a resolver situações-problema relacionadas a essa situação e que
serão resolvidas a partir dos estudos dos conteúdos tratados nas seções.
Então, vamos começar?
Mãos à obra e boa sorte nos estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à primeira seção de estudos deste livro
didático! A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre legislação do
Estatuto do Deficiente Físico e história da amputação. Você aprenderá,
nesta seção, os principais conceitos sobre igualdade e a não discriminação
em relação à pessoa com deficiência física, e conhecerá os direitos à habili-
tação, à reabilitação e à saúde que todas as pessoas têm de acordo com a
legislação do Estatuto do Deficiente Físico. Você também conhecerá como
começou a história da amputação e seus aspectos etiológicos e epidemio-
lógicos. Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada
no Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos da prática
profissional. Fernanda acessou o site do Centro de Reabilitação do Paciente
Amputado para conhecer sua visão, missão e seus valores; além disso, no
portal da universidade, baixou o documento com a lista dos temas de estudo
para a prova. O primeiro tema listado trata de assuntos referentes à legis-
lação do Estatuto do Deficiente Físico e a história da amputação. Refletindo
sobre esses assuntos, alguns questionamentos são importantes para que a
aluna tenha suas respostas bem claras, tais como: existe uma lei que rege o
direito de qualquer cidadão de ter saúde e ser habilitado ou reabilitado de
processos patológicos? Se existe, o que ela discorre sobre esse direito? Sobre a
amputação, qual a sua história, como começou a ser considerada um proce-
dimento médico para restauração da saúde?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
a legislação do Estatuto do Deficiente Físico e a história da amputação, serão
apresentados, de forma contextualizada no item Não pode faltar, os conte-
údos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
9
Deficiência. Esta lei tem o objetivo de assegurar e promover a aplicação dos
direitos da pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social.
Embora o foco deste estudo seja o paciente amputado, essa lei abrange
todos os tipos de deficiências, tais como: física, mental ou sensorial.
Vamos conhecer seus pontos importantes referentes aos direitos da pessoa
com deficiência.
10
emergência cabe ao poder público adotar medidas que garantam a proteção
e segurança da pessoa.
Em casos de tratamentos e procedimentos médicos, a pessoa com defici-
ência, quando preservada sua capacidade intelectual, deve ser esclarecida e
solicitada sua permissão; de maneira alguma deve ser obrigada ou forçada
a aceitar, sendo assim, seu consentimento é indispensável, com exceção em
casos de emergência e risco de morte.
Reflita
Refletindo sobre o direito de decisão da pessoa com deficiência física,
imagine uma determinada situação em que uma pessoa maior de idade
paraplégica, por exemplo, precise realizar um procedimento cirúrgico.
Quem deve autorizá-lo? A família ou o próprio paciente?
11
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com deficiência, inclusive na zona
rural, respeitadas a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as
normas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: adaptado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em:
25 jul. 2016.
12
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da pessoa com
deficiência;
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertilização assistida;
VIII - informação adequada e acessível à pessoa com deficiência e a seus familiares sobre sua
condição de saúde;
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvolvimento de deficiências e agra-
vos adicionais;
X - promoção de estratégias de capacitação permanente das equipes que atuam no SUS, em
todos os níveis de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a
seus atendentes pessoais;
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, insumos e fórmu-
las nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde.
Fonte: adaptado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm.
Pesquise mais
Acesse o link a seguir e leia na íntegra a Lei no 13.146, de 6 de julho de
2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,
também denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência, que tem o
objetivo de assegurar e promover a aplicação dos direitos da pessoa
com deficiência, visando à sua inclusão social.
13
História da amputação
Agora que você já conhece os direitos da pessoa com deficiência, vamos
iniciar os estudos sobre a amputação e, primeiramente, conhecer um pouco
a respeito de sua história!
Você sabia que a amputação é considerada a cirurgia mais antiga da
história da medicina? Alguns estudiosos relatam que em escavações arque-
ológicas foram encontrados membros amputados do período neolítico, por
meio de alguma técnica ou procedimento desconhecido.
Porém, as primeiras referências de amputação registradas são de V a.C.
por Hipócrates. Nesse período, as amputações tinham uma elevada taxa de
mortalidade, a porcentagem chegava a 75% dos casos. Isso acontecia devido
à dificuldade de se atingir a hemostasia, além do fato de o tratamento do coto
ser feito por meio do mergulho no óleo fervente. Todo este processo aumen-
tava o risco de morte e também dificultava a cicatrização do coto devido à
grande área de lesão que se formava, pois o procedimento o deformava, o que
atrapalhava a fase de protetização (PEDRINELLI, 2004).
Vocabulário
Hemostasia: termo que se refere ao conjunto de mecanismos que
controlam a coagulação do sangue, mantendo seu equilíbrio de fluido
no interior do vaso, impedindo que extravase, causando hemorragia,
ou que forme coágulos, provocando tromboses (obstrução do vaso
sanguíneo pelos coágulos).
Hipócrates: é considerado o “pai da medicina”, iniciou sua profissão de
médico em 430 a.C.
Período neolítico: a palavra neolítica significa pedra nova. O período
neolítico é o período da Pedra Polida, do décimo milênio a.C. até o
terceiro milênio a.C.
14
cirúrgicos quanto de tratamento para o coto. Foi o pioneiro em alcançar a
homeostase dos membros amputados, e foi o primeiro a utilizar a ligadura
vascular para conter o sangramento e a usar as pinças e fios para conectar os
vasos, assim como é realizado atualmente.
No século XVIII, na Europa, a amputação foi o tipo de cirurgia mais reali-
zado; e na maioria dos casos a indicação era consequência de lesões vascu-
lares graves e fraturas expostas. Já o século XIX é marcado pelo avanço signi-
ficativo nas técnicas cirúrgicas de amputação, que por sinal são utilizadas até
os dias de hoje. Entre este desenvolvimento pode-se destacar a melhoria nas
técnicas de antissepsia, de anestesia, de uso de antibióticos e, principalmente,
na cicatrização e recuperação do coto.
No século XX, no período da Primeira Guerra Mundial, embora tenha
ocorrido muita mutilação, a amputação ficou em segundo plano e foi dada
ênfase aos detalhes de melhoria da morfologia do coto. Já no período da
Segunda Guerra Mundial, a amputação voltou a ter atenção especial e novas
pesquisas foram desenvolvidas sobre técnicas de amputação e, assim, conse-
quentemente, houve melhora no processo de protetização. O foco dessa
época era na recuperação do coto, o objetivo era deixá-lo o mais funcional
possível e proporcionar rápida recuperação do paciente.
Nos anos de 1950 até 1960, todas as amputações que ocorriam por algum
tipo de insuficiência vascular nos membros inferiores eram realizadas acima
da articulação do joelho, isso porque se objetivava a cicatrização precoce,
não se importando com a funcionalidade do membro e do coto. Já a partir
de 1960, a situação se inverteu, os cirurgiões perceberam que, quanto maior
e preservado o coto, mais rápida era a recuperação do paciente, pois o coto
se tornava mais adaptável para a prótese, e o braço de alavanca durante a
marcha era maior, facilitando assim a deambulação com o uso de prótese.
Atualmente, é comprovado que se deve preservar o coto o maior
possível. Existe ainda grande preocupação no desenvolvimento de técnicas
que melhorem a cicatrização do coto tornando-o mais adaptável às
próteses, e o foco principal é o desenvolvimento de tipos de próteses com
o principal objetivo de melhorar a marcha e a volta o mais precoce possível
da deambulação.
Etiologias e epidemiologia
Os estudos estatísticos realizados pelo SUS demonstram dados impor-
tantes sobre a etiologia e epidemiologia da amputação no Brasil. Estima-se
que 85% das amputações ocorrem nos membros inferiores, por exemplo, em
2011, 94% das amputações realizadas pelo SUS foram de membros inferiores.
15
A etiologia mais frequente de amputação de membro inferior é de compli-
cações geradas por doenças crônicas degenerativas e, geralmente, ocorrem
nos idosos.
Existem registros na literatura que 80% das amputações de membros
inferiores são decorrentes de doenças vasculares periféricas e por diabetes.
Já as amputações por causa traumática ocorrem na maioria das vezes por
conta de acidentes de trânsito e, também, armas de fogo. As amputações
por trauma ocupam o segundo lugar de incidência, 20% das amputações de
membro inferior, sendo 75% no sexo masculino.
Podemos resumir as principais causas da amputação em: doença vascular
periférica, traumatismo, tumores e malignidade, doenças congênitas e infec-
ciosas. A seguir, é apresentada uma tabela representativa do SUS, na qual
constam as principais causas de amputação e sua frequência (Tabela 1.1).
Tabela 1.1 | Estatística da etiologia e frequência das amputações no Brasil em 2011
Causas Frequência %
Assimile
Como você pode perceber no texto, a etiologia é a causa da amputação
e, na maioria dos casos, as doenças vasculares crônicas são as responsá-
veis, por isso as grandes “vilãs”, principalmente da população idosa. Esse
fato pode ser justificado pelo aumento da expectativa de vida do idoso e,
consequentemente, maior índice de doenças vasculares crônicas.
16
Exemplificando
Vamos refletir com um exemplo de etiologia que facilmente nos
deparamos em situações hospitalares de amputação.
A diabetes, por exemplo, é uma das principais causas de amputação.
Trata-se de uma doença metabólica por insuficiência no metabolismo
da glicose e insulina, a qual leva a alterações vasculares dos membros,
desenvolvendo feridas que podem infeccionar e chegar ao ponto em que
se torna necessária a amputação do membro, muito comum nos idosos.
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante consultar a Lei no
13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência, também é denominada Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Essa lei tem o objetivo de assegurar e promover a aplicação
dos direitos da pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social.
17
• Quais eram as dificuldades com o procedimento de amputação?
Respondendo a esses questionamentos você conhecerá os principais fatos
históricos sobre a amputação e entenderá como ela começou a ser conside-
rada um procedimento médico para restauração da saúde do paciente.
Avançando na prática
Negligência médica
Resolução da situação-problema
Perceba que essa situação foi de negligência médica e que se o primeiro
médico tivesse já hospitalizado a paciente e prescrito a amputação, embora
apresentasse o quadro de deficiência física, a paciente teria sobrevivido à
infecção. Dessa forma, houve descaso e desinteresse do profissional médico
ao cumprir com seus deveres. Sendo assim, para resolver essa situação-pro-
blema, você deve descrever aqui quais são os direitos apresentados nos itens
que dizem respeito ao direito à habilitação, à reabilitação e à saúde, no Título
II e Capítulos 1, 2 e 3 do Estatuto da Pessoa com Deficiência Física.
18
Faça valer a pena
1. Existe uma Lei que discorre que toda pessoa com algum tipo de defici-
ência tem direito à igualdade em relação às oportunidades, assim como as
demais pessoas, e que não deve haver nenhum tipo de discriminação.
Assinale a alternativa que está correta na descrição dessa lei:
a. Lei no 1.234, de 14 de novembro de 1950.
b. Lei no 7.394, de 29 de outubro de 1985.
c. Lei no 12.438, de 6 de julho de 2011.
d. Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990.
e. Lei no 13.146, de 06 de julho de 2015.
19
b. Avaliação diagnóstica.
c. Avaliação intersetorial.
d. Avaliação multidisciplinar.
e. Avaliação clínica.
20
Seção 2
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo a mais uma seção de estudos deste livro
didático! A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre técnicas cirúr-
gicas de amputação. Aprenderá sobre os processos e as técnicas cirúrgicas
e níveis de amputação, além de conhecer os principais problemas pós-ope-
ratórios e a biomecânica da amputação. Agora, vamos relembrar a situação
hipotética que foi apresentada no Convite ao estudo, que visa aproximar os
conteúdos teóricos da prática profissional. Fernanda, após os estudos e a
compreensão dos assuntos referentes à legislação do Estatuto do Deficiente
Físico e a história da amputação, precisa se dedicar ao segundo tema de estudo
para continuar com sua preparação para o processo seletivo da vaga para
estágio supervisionado no Centro de Reabilitação do Paciente Amputado.
O tema trata de assuntos relacionados a técnicas cirúrgicas de amputação;
sendo assim, ela deverá se atentar aos seguintes questionamentos: quais são
os processos e as técnicas cirúrgicas que são utilizados atualmente? Quais
os níveis de amputação que são adotados pelos cirurgiões conforme cada
caso clínico? E quais são os principais problemas enfrentados no período
pós-operatório do paciente amputado?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
as técnicas cirúrgicas de amputação, serão apresentados, de forma contextu-
alizada no item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
21
a volta precoce das atividades da vida diária do indivíduo. Então, vamos
conhecer e compreender esses processos e detalhes importantes sobre a
atenção no momento da cirurgia de amputação!
O trabalho em equipe deve ser priorizado nos casos em que a amputação
pode ser planejada, e o fisioterapeuta tem papel fundamental neste processo,
pois deverá fazer o acompanhamento pré e pós-cirúrgico junto ao médico,
antevendo, assim, o processo de reabilitação.
Antigamente, o grande dilema era: qual o nível ideal para realizar a
amputação? Existiam, praticamente, três níveis mais comuns: desarticula-
ções terço proximal e terço médio dos ossos longos, além das amputações
parciais de pé e mão. A partir de 1970, com os avanços de estudos para
responder a esse dilema, percebeu-se que a pessoa que sofria a amputação
transtibial proximal dispendia maior esforço físico para deambular do que a
pessoa que realizava a transtibial distal. A partir de 1991, ficou definido que
quanto mais distal o nível de amputação, melhor seria o processo de reabi-
litação do paciente, pois essa técnica permite melhor cicatrização do coto,
maior braço de alavanca para os movimentos e redução das deformidades
articulares (BOWKER et al., 1991).
Reflita
A literatura descreve que o ideal é que se preserve o máximo possível
de articulações. Reflita sobre isso. Imagine seu paciente amputado do
membro inferior com preservação da articulação do joelho ou com
desarticulação do joelho. Como seria o processo de reabilitação em
ambos os casos? Lembre-se das articulações sinoviais e de suas funções
junto aos sistemas ósseo e muscular!
Você imagina como se faz atualmente para definir qual o nível ideal
da amputação em cada caso específico? Embora existam vários tipos de
medidas laboratoriais com esse objetivo, o exame clínico detalhado reali-
zado pelo médico cirurgião experiente continua sendo a forma mais confi-
ável. No entanto, o ideal é que, além desse exame, também se apliquem as
medidas laboratoriais, as principais são: medida da temperatura, avaliação da
cor da pele, presença ou alteração de pulso periférico, presença ou ausência
de perfusão periférica, extensão da necrose, alteração sensitiva da região,
diferenciais pressóricos entre os membros, medidas transcutâneas de pressão
de oxigênio, índice isquêmico do membro, índice laboratorial de Pinzur e
ultrassom Doppler.
22
Exemplificando
O índice laboratorial de Pinzur é utilizado para verificar os níveis de
albumina, proteína plasmática fundamental para o controle da distri-
buição dos líquidos corporais (pressão osmótica), e de linfócitos, células
que participam do mecanismo de defesa do organismo. Por exemplo,
paciente que apresenta o índice de albumina menor que 3g/dL (valor de
referência: 3,5 a 4,5 gramas por decilitros) e de linfócitos menor que 1.500
mm³ (valor de referência: 1.500 a 3.500 mm³) tem maior dificuldade de
cicatrização. Por isso, a importância de utilizá-lo no caso de amputação.
Vocabulário
Índice isquêmico do membro: valor obtido pela divisão do valor da
pressão arterial sistólica do membro superior contralateral ao da
amputação, pela medida do valor da pressão arterial sistólica do
membro inferior a ser amputado, o manguito de aferição de PA deve ser
inserido no nível planejado da amputação.
Medidas transcutâneas de pressão de oxigênio: verificação de pressão
de oxigênio por meio de oxímetro.
Ultrassom Doppler: exame realizado para avaliar o fluxo sanguíneo de
artérias e veias, reproduz imagens e sons.
23
Amputações transfemorais.
Desarticulação do quadril.
Hemipelvectomias.
Fonte: adaptado de Pedrinelli (2004, p. 8-9).
24
A utilização de enxerto de pele também é utilizada, principalmente, nos
casos de amputação com coto longo e deve ser evitada na região de descarga
da prótese. Também existem os retalhos microcirúrgicos cutâneos, em que
é extraído um pedaço de pele de outra região do corpo do próprio paciente
para enxertar no local da amputação, geralmente é extraído da região da
escápula, dos membros superiores e da coxa.
A técnica do expansor de pele também funciona positivamente para
aumentar a quantidade de pele. Trata-se do procedimento em que se insere
uma bolsa ou um saco de silicone vazio, contendo um tubo e uma válvula
fixo a ele, e esse conjunto do expansor é inserido sob a pele na região que se
pretende esticar. Por meio de uma agulha se injeta uma pequena quantidade
de soro fisiológico na válvula, que chegará até a bolsa e tensionará a pele. Esse
processo é gradativo e se repete a cada três ou quatro dias, tempo suficiente
para que a pele relaxe e possa ser tensionada novamente. Esse processo se
repete até que a bolsa se encha. Por ser gradativo, seu inconveniente é o fato
de prolongar o tempo para a reabilitação.
Figura 1.2 | (a) Enxerto de pele (b) Retalho microcirúrgico (c) Expansores de pele
Fonte: (a) e (b): Pedrinelli (2004, p. 10); (c): Disponível em: http://www.boletim.med.br/boletim/artigos_ver.
php?id=338. Acesso em: 10 ago. 2016.
25
Vocabulário
Eletrocauterização: procedimento cirúrgico destrutivo que usa o calor por
eletricidade para dissecar os tecidos orgânicos por meio da carbonização.
Neuropraxia: trata-se de uma lesão de nervos que resulta em altera-
ções sensitivas e paralisia motora.
Neuromas: emaranhados formados nas fibras que compõem o nervo
devido à sua secção.
26
Quanto aos cuidados com o tecido ósseo nas amputações, estão relacio-
nados basicamente com o cuidado de não deixar saliências ósseas pontia-
gudas. Para isso, são utilizadas limas que lixam essas saliências, deixando-as
mais uniformes. Nos membros superiores, quando a amputação ocorre no
antebraço, a ulna e o rádio devem ser seccionados ao mesmo nível; já nos
membros inferiores, na perna, o ideal é que a fíbula seja seccionada em
média de um centímetro acima do nível da tíbia.
Existe também a técnica denominada osteoperiosteoplastia, utilizada
nas amputações eletivas da tíbia. Nela é desenvolvido um túnel perios-
teal que une a tíbia à fíbula: ela permite apoio distal completo do coto, o
que melhora a distribuição de descarga sobre ele, facilitando, assim, tanto
a propriocepção quanto a circulação local, além de impedir que a fíbula se
desloque para posterior à tíbia. Para seccionar os ossos na amputação, geral-
mente se utilizam serras pneumáticas ou elétricas e, após a secção, é realizada
a lavagem local com soro fisiológico para limpar e eliminar qualquer vestígio
de tecido ósseo no local, pois, caso permaneçam restos ósseos, pode haver a
formação de espículas ósseas ou calcificações heterotópicas (situação geral-
mente patológica, em que ocorre formação de tecido ósseo onde não existe
osso, por exemplo, em tecido mole).
Figura 1.5 | (a) Tratamento de saliências ósseas (b) Osteoperiostoplastia em amputação tibial
eletiva (c) Calcificações heterotópicas
27
curativo previne deformidades ósseas e articulares, e diminui a sensação de
dor e a formação de edema local.
Figura 1.6 | (a) Dreno para prevenção de edema (b) Curativo rígido pós-amputação
Assimile
Você conhece alguém que sofreu uma amputação ou já ouviu dizer que
essas pessoas relatam sentir coceiras no pé que não existe mais? Essa é
a sensação fantasma, denominada “membro fantasma”.
28
• Neuromas: são emaranhados formados nas fibras que compõem
o nervo devido à sua secção, geralmente muito sensíveis, necessi-
tando que sejam inseridos nos tecidos moles durante a cirurgia de
amputação para evitar atritos.
• Problemas cutâneos: devido ao processo de amputação, podem
ocorrer diversas alterações da pele, como irritação, lesões, inflama-
ções, escoriações e alteração da coloração.
• Problemas psicológicos: o processo de amputação é extremamente
agressivo e causa complicações psicológicas, como depressão por
distorção da imagem corporal, além das mudanças de estilo de vida.
• Infecções: ocorrem por contaminação dos pontos de suturas ou do
próprio curativo.
• Problemas ósseos: geralmente ocorrem por formação de
esporões ósseos.
• Escoliose: devido à má postura causada pela diferença de compri-
mento dos membros inferiores.
Pesquise mais
Você conheceu nesta seção os principais processos e técnicas que são
utilizadas nas cirurgias de amputação e conheceu os níveis que são
comumente realizados pelos cirurgiões, porém, para que conheça mais
detalhadamente cada um desses tipos, consulte o capítulo 16, “Reabili-
tação do paciente amputado”, sobre os níveis de amputação, presente
no livro intitulado Medicina de reabilitação.
LIANZA, Sergio. Medicina de reabilitação. 4. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 2007.
29
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante que você realize a
leitura minuciosa sobre os principais aspectos que são levados em conside-
ração no momento da cirurgia, para que ela seja bem-sucedida e que acelere
o processo de recuperação. Ao final, faça uma síntese desses aspectos.
Avançando na prática
30
consulta, seu médico disse que as úlceras estavam muito infeccionadas e que
o único recurso que restava era a amputação da perna. A filha da paciente,
quando recebeu a notícia, ficou muito preocupada com a situação, principal-
mente sobre quais as possíveis complicações pós-cirúrgicas da amputação.
Resolução da situação-problema
A filha da paciente deve se preocupar com os seguintes problemas que
podem surgir no período pós-operatório da amputação: edema, muito comum
nas amputações e, se não tratado rapidamente, pode evoluir para eczema
crônico e formação de úlceras; contraturas, as quais ocorrem nas articula-
ções; dor no coto; formação de neuromas, emaranhados de fibras nervosas,
muito sensíveis e provocam sensações desconfortantes no local; problemas
cutâneos também podem aparecer devido ao processo de amputação, como
irritação, lesões, inflamações, escoriações e alteração da coloração; também
é muito comum problemas psicológicos, como a depressão por distorção
da imagem corporal, além das mudanças de estilo de vida; infecções que
ocorrem por contaminação dos pontos de suturas ou do próprio curativo;
problemas ósseos, que geralmente ocorrem por formação de esporões ósseos;
e escoliose, por adoção de má postura causada pela diferença de compri-
mento dos membros inferiores.
31
também deve-se aplicar as principais medidas laboratoriais. Com base em
seus estudos, observe os itens a seguir sobre essas medidas:
I. Avaliação da cor da pele.
II. Índice isquêmico do membro.
III. Ultrassom Doppler.
IV. Tomografia computadorizada.
Sobre as principais medidas laboratoriais, é correto apenas o que se apresenta em:
a. Afirmativa IV.
b. Afirmativas I e IV.
c. Afirmativas II e III.
d. Afirmativas II, III e IV.
e. Afirmativas I, II e III.
32
Seção 3
Tipos de próteses
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo a mais uma seção de estudos deste livro
didático! A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre tipos de próteses.
Conhecerá um pouco da história da protetização e de seus componentes;
aprenderá sobre a classificação dos tipos de próteses; além de conhecer os
principais tipos de próteses de membros superiores e inferiores que são
atualmente utilizadas em pacientes amputados. Vamos relembrar a situação
hipotética que foi apresentada no Convite ao estudo, que visa aproximar
os conteúdos teóricos da prática profissional. A fim de realizar a prova
do processo seletivo para a vaga de estágio supervisionado no Centro
Especializado em Reabilitação do Paciente Amputado, Fernanda deverá,
agora, dedicar-se ao terceiro tema que deve estudar para essa prova, que trata
de assuntos referentes aos tipos de próteses existentes atualmente. Para isso,
ela terá que se atentar aos seguintes questionamentos: quais são os compo-
nentes e os principais tipos de prótese disponíveis atualmente? E quais são as
próteses prescritas para os casos de amputação de membros, tanto superiores
quanto inferiores?
Para que você consiga responder esses e outros questionamentos sobre os
tipos de próteses, serão apresentados, de forma contextualizada no item Não
pode faltar, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
33
Já a primeira prótese de mão foi registrada no período da Segunda Guerra
Púnica do século II a.C. (série de três conflitos militares que aconteceu no
período entre os anos 264 a.C e 146 a.C entre Roma e Cartago), em que um
general romano chamado Marcus Sergius, após amputar a mão, utilizou-se
de uma prótese mecânica confeccionada por ferro para lutar nas batalhas da
guerra. Já o século XV foi marcado pelo início da protetização dos cotos, teve
o desenvolvimento das próteses de mãos de ferro e das de perna, também
de ferro; estas eram acopladas às armaduras com o objetivo de os soldados
continuarem a combater a guerra, porém esse tipo de prótese não permitia
a deambulação.
Figura 1.7 | (a) 1580 – mão de ferro (b) 1580 – mão e braço de ferro
34
antes utilizado, que era o ferro e a madeira, por componentes poliméricos
(materiais orgânicos que compõem os plásticos e as borrachas), o que possi-
bilitou maior adaptação para os pacientes amputados.
No final do século XX e início do XXI, a biomecatrônica veio para evoluir
radicalmente a confecção das próteses. Essa ciência estuda a integração
de sistemas mecatrônicos com os sistemas orgânicos do corpo humano,
portanto permite a prótese interagir com o sistema nervoso e receber seus
impulsos neurais, resultando nos movimentos. Atualmente, grandes centros
de pesquisas investem no desenvolvimento de próteses que proporcionem
melhor qualidade de vida e, principalmente, que permitam adequação às
necessidades funcionais variáveis, por exemplo, o paciente idoso que precisa
apenas exercer suas atividades da vida diária, como o paciente atleta que
precisa competir uma maratona de corrida.
Vocabulário
Sistemas mecatrônicos: são sistemas que apresentam a aplicação
simultânea de aspectos eletroeletrônicos e de informática em seus
sensoriamento, controle e otimização.
Fonte: iStock.
Fonte: iStock.
35
Exemplificando
Você já assistiu ou leu alguma reportagem sobre próteses que são
controladas pelos pensamentos?
São exatamente esses tipos de próteses que são confeccionados por
materiais biomecatrônicos, e são controladas pelos comandos do
cérebro por meio de eletrodos que estão conectados a elas, o que
permite à prótese ser integrada ao corpo. Ainda existem pesquisas que
investem em implantação de sensores de sensibilidade, como o tato e a
sensação da propriocepção.
Assimile
Como você pode perceber, as ciências da área da saúde, juntamente com
a da engenharia, vêm evoluindo cada vez mais nas pesquisas para o desen-
volvimento de próteses funcionais que se aproximem ao máximo dos
movimentos reais do corpo humano. Leia a reportagem indicada a seguir
sobre um engenheiro que teve suas pernas amputadas e, por isso, passou a
se dedicar ao desenvolvimento de próteses altamente sofisticadas.
VERSIGNASSI, Alexandre. Sem paixão, a ciência não anda. Revista
Superinteressante, [online] 2016.
36
• Próteses metálicas: componentes que são implantados no corpo do
paciente, por exemplo, prótese de quadril e de joelho.
37
deve permitir também total liberdade de movimento articular. Existem dois
tipos de encaixes para membro superior: o fechado, que envolve todo o coto
e a articulação, e o semiaberto, utilizado em cotos com deformidades, como
o caso de malformações congênitas.
Reflita
Refletindo sobre a frase do texto apresentada anteriormente: “é funda-
mental a avaliação minuciosa dos aspectos do coto”, pense sobre a
atuação do fisioterapeuta nessa situação, ele também pode contribuir
para essa avaliação?
Próteses de mão
Para as amputações de mão, o tipo de prótese vai depender do nível
da amputação, por exemplo, nos casos de amputações parciais geralmente
indica-se a prótese estética especial revestida por uma luva cosmética. Nos
demais níveis, pode-se utilizar mãos estéticas, mecânicas ou mioelétricas.
• Mão estética: passiva, indicada nos casos de amputações parciais,
composta internamente por espumas e dedos reforçados por arames.
• Mão mecânica: ativa, acionada por tração de tirantes, seu mecanismo
interno possui três dedos funcionais e permite o movimento de pinça.
38
• Mão mioelétrica: ativada por potenciais elétricos captados pelos
eletrodos sobre a pele. Existem dois sistemas de controle nesse tipo de
prótese de mão: sistema digital, apresenta a velocidade de abertura e
fechamento da mão constante, independentemente da amplitude do
sinal mioelétrico; e sistema proporcional, no qual a velocidade é de
acordo com a intensidade do sinal mioelétrico, por isso é considerado
o controle fisiológico dos movimentos.
• Mão DMC® (“Dynamic Mode Control®”): ativada a partir de um
processamento proporcional para mão mioelétrica, permite ao
paciente o controle da velocidade de abertura e fechamento da
mão e também da preensão, tornando os movimentos mais rápidos
e precisos.
• Mão com Sensor-Suva®: modelo mais moderno e sofisticado da
DMC, chamada de “mão Suva”, sendo equipada com controle DMC
denominado “Sensor-Suva de autopreensão”, o qual proporciona
gerenciamento proporcional da velocidade e preensão. Esse sistema
permite, por exemplo, à prótese perceber um objeto deslizando por
ela e ajustar a preensão, conseguindo segurar o objeto novamente sem
deixá-lo cair.
• Gancho: geralmente, é utilizado em próteses funcionais ou mioelé-
tricas, denominado “Greifer”. Seu sistema de controle pode ser tanto o
digital quanto o proporcional e, apesar de utilizar do mesmo sistema,
apresenta o formato de gancho.
39
As articulações de ombro são confeccionadas no sistema modular e
permitem os movimentos de abdução, adução, flexão e extensão. Seu controle
é passivo e, por isso, seu ajuste é feito apenas manualmente.
40
• PTS (Prothèse tibiale supracondylienne): seu encaixe envolve toda
a patela, o bordo anterior termina acima da patela e exerce pressão
sobre o músculo quadríceps, é indicado para cotos muito curtos.
Nos encaixes de membro inferior, principalmente nas amputações abaixo
do joelho e com cotos longos, deve haver regiões chamadas de alívio, devido
à presença de saliências ósseas, são elas: côndilo medial; regiões laterais e
mediais dos côndilos tibiais; tuberosidade da tíbia; cabeça da fíbula; epífises
distais da tíbia e fíbula.
Ainda existem os encaixes de silicone, que previnem irritação do coto;
os encaixes para desarticulação de joelho, que possibilitam descarga de peso
na região distal sem apoio na região da tuberosidade isquiática; e os encaixes
para próteses de joelho, que devem ser de acordo com o tipo da amputação.
Quanto às articulações de joelho, existe uma variedade disponível no
mercado e, por isso, a escolha vai de acordo com o cirurgião após criteriosa
avaliação. Veja o Quadro 1.5, que ilustra os principais tipos. Já a variedade
de articulações de quadril é menor e pode ser de livre ou com trava; além
disso, outro aspecto importante é a forma de adaptação da articulação ao
cesto pélvico.
Quadro 1.5 | Tipos de articulações de joelho
Classe
Tipo de joelho Indicações gerais
funcional
FC
- Para 1a protetização.
Controle de - Pacientes inseguros.
Postura - Pacientes sem controle de quadril.
- Terreno acidentado.
CP
PC
41
Trava Manual - Pacientes inseguros.
TM
FC
HIB
Pesquise mais
Como existe uma grande variedade de tipos de próteses para membro
inferior, com o objetivo de aprofundamento dos estudos desse tema,
você pode consultar o livro Tratamento do paciente com amputação,
capítulo 33, “Confecção para o membro inferior”. Nas páginas 295 a 305,
leia sobre “C-Leg ®”, um tipo de prótese especial, e sobre as próteses
não convencionais de membro inferior. Leia também o capítulo 35, “Pés
Protéticos”, que descreve os diversos tipos de próteses existentes para
a amputação do pé.
42
Sem medo de errar
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante que você realize
a leitura minuciosa sobre os principais tipos de próteses que estão
disponíveis no mercado tanto para membros superiores quanto para
membros inferiores.
Avançando na prática
Amputação da mão
43
médico avaliaram a situação do coto e iniciaram o processo de escolha da
melhor prótese para o caso dessa paciente.
A paciente, por se tratar de uma pessoa idosa e muito simples, relatou que
não era de sua vontade colocar uma prótese sofisticada, assim, gostaria de
ter uma prótese que apenas preenchesse a parte amputada. Com base neste
relato, responda: quais são as próteses disponíveis para amputações de mãos
e qual seria o melhor tipo a prescrever para esse caso específico?
Resolução da situação-problema
Existem diversos tipos de mãos protéticas disponíveis atualmente, a
escolha do modelo ideal depende do nível da amputação e das necessidades
funcionais que aquele paciente especificamente necessita. Os tipos são: mãos
estéticas, mecânicas ou mioelétricas, cada uma dessas com sua especificidade
estética ou funcional. No caso da paciente Dona Lourdes, como ela não quer
prótese sofisticada, mas apenas para preenchimento estético, a mais indicada
seria a mão estética, que se trata de uma prótese passiva, indicada nos casos
de amputações parciais, composta internamente por espumas e dedos refor-
çados por arames.
44
soldados continuarem a combater a guerra, porém, esse tipo de prótese não
permitia a deambulação. Após esse período, teve o desenvolvimento das
próteses confeccionadas por madeira.
Assinale a alternativa que define o período que marcou o início da confecção
das próteses de madeira:
a. Século XX.
b. Século XI.
c. Século XIX.
d. Século XV.
e. Século XVIII.
45
Referências
BRASIL. Lei no 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de inclusão da pessoa
com deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 25 jul. 2016.
LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
PEDRINELLI, André. Tratamento do paciente com amputação. 1. ed. São Paulo: Rocco, 2004.
VERSIGNASSI, Alexandre. Sem paixão, a ciência não anda. Revista Superinteressante, [online]
2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/alexandre-versignassi/sem-paixao-a-cien-
cia-nao-anda/. Acesso em: 16 out. 2019.
YASBEK JUNIOR, Paulo; BATTISTELLA, Linamara Rizzo; SABBAG, Livia Maria dos Santos.
Tratado de reabilitação. São Paulo: Phorte, 2010.
Unidade 2
Isabel Cristina Chagas Barbin
Convite ao estudo
Olá, bem-vindo à segunda unidade de ensino deste livro didático. Agora
que você já conheceu a história da amputação e da protetização e os tipos
de amputações e de próteses, aprenderá, nesta unidade, como deve ser reali-
zada a avaliação do paciente amputado e a reabilitação fisioterapêutica no
processo de protetização e sua aplicação nas diversas fases do tratamento, tais
como: fases pré e pós-operatória e pré e pós-protetização.
Ao término dos estudos deste livro, você irá adquirir a competência
geral do conhecimento dos principais conceitos relacionados às próteses e
órteses, bem como seus tipos, indicações e processo de reabilitação. O estudo
das unidades 1 e 2 permitirá o desenvolvimento da competência técnica de
conhecer as condições pré e pós-operatórias, a de protetização e compreender
o processo de avaliação e reabilitação fisioterapêutica no paciente amputado.
Com o estudo da presente unidade, você atingirá os objetivos específicos e
será capaz de realizar a avaliação e elaborar um plano terapêutico para reabi-
litação do paciente amputado em todas suas fases clínicas.
Para auxiliar no desenvolvimento das competências apresentadas e
atender aos objetivos específicos do tema em questão, avaliação e reabilitação
fisioterapêutica no processo de protetização, a seguir será apresentada uma
situação hipotética que visa aproximar da prática os conteúdos teóricos.
Fernanda, aluna do último ano do curso de Fisioterapia, após intensa
dedicação aos estudos, finalmente conseguiu a vaga para estagiar no Centro
Especializado em Reabilitação do Paciente Amputado, que possui parceria com
a sua universidade. Agora, irá iniciar seu primeiro atendimento supervisionado.
Foi orientada e instruída pela fisioterapeuta gerente do centro sobre os próximos
passos, sendo assim, terá que realizar desde a avaliação de um paciente que está
com a prescrição médica de amputação do membro inferior até as fases de reabi-
litação de protetização. Analisando essa situação, você consegue imaginar quais
serão os procedimentos que Fernanda deverá executar para ajudar esse paciente
a ser bem-sucedido no pós-cirúrgico e na reabilitação?
Em cada seção desta unidade, você acompanhará e ajudará a aluna
a resolver situações-problema relacionadas a esse contexto e que serão
resolvidas a partir dos estudos dos conteúdos tratados nas seções. Então,
vamos começar!
Mãos à obra e boa sorte nos estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à primeira seção de estudos desta unidade! A
partir de agora, você iniciará seus estudos sobre avaliação e reabilitação fisio-
terapêutica na fase pré-operatória da amputação. Aprenderá, nesta seção, a
realizar a avaliação físico-funcional pré-operatória da amputação e conhe-
cerá os principais procedimentos fisioterapêuticos que devem ser enfatizados
nessa fase da reabilitação do paciente amputado.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos com a prática
profissional. Fernanda iniciará os atendimentos no Centro Especializado
de Reabilitação do Paciente Amputado. Seu primeiro paciente é do sexo
masculino, tem 60 anos, é diabético e desenvolveu uma úlcera de grande
proporção na região do terço distal da perna esquerda. Na anamnese, relatou
que é extremamente ativo, que gosta de cuidar de hortas e que foi exatamente
numa horta que se feriu com um arame que estava enroscado na cerca e
não tinha percebido. O ferimento foi piorando e se contaminou com bacté-
rias, causando processo infeccioso. O paciente realizou várias tentativas com
terapias medicamentosas por meio de antibióticos, mas nenhuma foi eficaz,
por isso, seu médico optou pela amputação, alegando o risco maior de evoluir
para uma sepse generalizada. A amputação será do tipo transtibial.
Refletindo sobre o quadro do paciente, como Fernanda deverá realizar a
avaliação fisioterapêutica e quais condutas terapêuticas e orientações devem
ser adotadas nesse caso específico?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre a
avaliação e reabilitação fisioterapêutica na fase pré-operatória da amputação,
serão apresentados, de forma contextualizada no item Não pode faltar, os
conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
49
extrema importância para que a reabilitação funcional seja bem-sucedida e
que o paciente recupere suas funções e capacidades o mais próximo do que
era antes da cirurgia e da doença.
Vamos, então, conhecer quais são os principais passos para a realização
da avaliação do paciente amputado!
O processo de reabilitação do paciente amputado pode ser dividido em
fases, são elas: pré-operatória, pós-operatória, pré-protetização e pós-prote-
tização. A primeira delas é a pré-operatória, que tem como objetivo avaliar
a capacidade funcional do paciente e determinar as necessidades cirúrgicas
para melhor adaptação funcional.
Exemplificando
Por exemplo, no caso de um paciente que apresenta déficits cognitivos,
tanto o objetivo quanto a conduta terapêutica são diferentes daquele
que não os têm. Essa diferença pode estar relacionada à falta de compre-
ensão e de colaboração nos cuidados em casa com o coto, na capaci-
dade de colocar e tirar a prótese, bem como no processo terapêutico na
clínica junto ao fisioterapeuta. Nesse caso, o foco do objetivo nessa fase
se torna a prevenção das complicações e a orientação voltada à família
em relação ao posicionamento ideal e a mudanças de decúbitos.
50
Reflita
Déficits cognitivos associados à demência são muito comuns em pacientes
idosos com diabetes e, ao mesmo tempo, é alta a taxa de amputações
em pacientes diabéticos. Reflita como esses déficits cognitivos podem
comprometer a reabilitação do paciente amputado, sua protetização e a
importância da avaliação cognitiva para elaboração do plano terapêutico.
Assimile
A capacidade cardiorrespiratória é extremamente importante, pois,
quando exigimos o máximo de esforço de nosso corpo, como no caso
das atividades físicas, o coração tem que bombear uma quantidade
maior de sangue para conseguir suprir as necessidades de oxigênio para
os tecidos orgânico e principalmente, nesse caso, para os músculos
estriados esqueléticos. Para isso, os pulmões também devem captar
mais oxigênio da atmosfera, sendo assim, ambos, coração e pulmões,
aumentam sua carga de trabalho, refletindo no aumento da frequência
cardíaca e respiratória. Esse processo também ocorre no processo de
51
reabilitação do paciente amputado, pois são realizados exercícios que
exigem do organismo da mesma forma que as atividades físicas. Por isso
a importância da avaliação desses sistemas no paciente que irá realizar
a amputação de um membro.
Fisioterapia pré-operatória
O programa de reabilitação do paciente amputado deve ser elaborado
por uma equipe multidisciplinar, com os profissionais médico, fisioterapeuta,
terapeuta ocupacional, educador físico e psicólogo. Segundo Esquenazi e
DiGiacomo (2001), a reabilitação do paciente amputado pode ser dividida
em nove estágios, veja o Quadro 2.1:
Quadro 2.1 | Quadro representativo das fases da reabilitação do paciente amputado
Fases Destaques
Cuidados médicos e condicionamento físico; orientações ao pa-
1. Pré-operatória ciente; discussão do nível de amputação; expectativas funcionais
do paciente; discussão da sensação fantasma.
Determinação do comprimento e do corte do coto ósseo;
2. Cirurgia de amputação
tratamento dos nervos; sutura (mioplastia/miodese) muscular;
e curativos
curativo; conclusão do membro residual.
Cicatrização; controle da dor; movimentação das articulações
3. Período pós-operatório
proximais, apoio psicológico inicial; presença de membro
imediato
fantasma.
Modelagem do coto (enfaixamento elástico, massagens, exercí-
4. Período pré-protético cios); atrofia muscular; aumento da força muscular; recuperação
do equilíbrio.
52
Momento da prescrição deliberado em equipe; confecção de
5. Prescrição e confecção
dispositivo funcional, confortável e cosmético, com o melhor
da prótese
custo/benefício.
6. Treinamento com a Manejo da prótese visando aumentar o tempo de uso funcional
prótese dia a dia.
Reassumir os papéis na família e na comunidade; recuperar o
7. Reintegração do ampu-
equilíbrio emocional; desenvolver estratégias de manutenção da
tado à comunidade
saúde em geral; recreação.
Treinamento de atividades vocacionais, educacionais ou de
8. Reabilitação vocacional
readaptação ocupacional.
Verificação periódica da adequação funcional da prótese; acom-
9. Seguimento do
panhamento do estado clínico do amputado; suporte psicológico
paciente
em longo prazo.
Fonte: adaptado de Esquenazi e DiGiacomo (2001, apud YAZBEK JUNIOR; BATTISTELLA; SABBAG, 2010. p. 527).
53
Planos de conduta fisioterapêutica
- Controle da dor: existem diversos recursos fisioterapêuticos que
possuem efeito de analgesia, tais como: eletroterapia, crioterapia e cinesio-
terapia. Cabe ressaltar que qualquer recurso terapêutico a ser aplicado
só pode ser realmente utilizado após avaliação criteriosa da situação
clínico-patológica.
- Ganho ou manutenção da amplitude de movimento: cinesio-
terapia com aplicação de séries de alongamentos, exercícios passivos,
ativos e resistidos proporciona a manutenção do grau de amplitude de
movimento. Esses exercícios podem ser feitos de forma livre ou por meio dos
recursos mecanoterapêuticos.
- Ganho de força muscular do membro a ser amputado e dos membros
não amputados: programas de exercícios resistidos com ou sem apare-
lhos mecânicos, com o objetivo de fortalecimento muscular. Os membros
não amputados devem ser fortalecidos para que possam auxiliar o membro
amputado, principalmente em casos de membros inferiores na fase de trans-
ferência da marcha.
Reflita
Considerando o ganho de força dos membros não amputados, reflita
sobre os casos em que ocorre amputação de membro inferior e pense na
importância do fortalecimento dos membros superiores e do membro
inferior contralateral não amputado no processo de deambulação. Você
imagina a dimensão disso?
54
a manutenção da capacidade vital e, com isso, a prevenção da insta-
lação de problemas pulmonares com consequente déficit respiratório no
pós-operatório.
- Treino de transferência e marcha: nos casos de amputações de membros
inferiores, os membros superiores devem ser fortalecidos com o intuito de
preparar o indivíduo para as transferências, a independência no leito e as
AVDs. A marcha pode ser trabalhada nas barras paralelas, em escadas e
rampas, o paciente deve ser preparado para deambular com a prótese.
Figura 2.1 | Exercícios fisioterapêuticos: (a) hidroterapia (b) fortalecimento muscular (c ) trei-
no de marcha
Fonte: iStock .
Orientação profissional
Quanto às orientações, devem ser voltadas tanto ao paciente quanto à
família que irá auxiliar nos cuidados do paciente. O ideal é que essas sejam
feitas pela equipe profissional que irá acompanhar todo o processo cirúrgico
e de reabilitação do paciente. Cada um deve orientar os aspectos que cabem
em suas especialidades.
Começando pela notícia da amputação, o paciente e a família devem ser
esclarecidos quanto à cirurgia, às possíveis complicações, aos cuidados e ao
processo de reabilitação. Sempre que possível, é interessante proporcionar ao
paciente o contato com outras pessoas que passaram pela mesma situação,
superaram e estão bem atualmente. Essa vivência permite a troca de experi-
ências e auxilia positivamente no processo de reabilitação.
Também é importante conversar sobre a possibilidade de, após o trata-
mento de reabilitação, o paciente poder voltar às suas atividades laborais e
recolocação profissional. Além de ser explicado sobre os direitos da pessoa
com deficiência física.
Muitos dos pacientes querem saber o destino da parte amputada, por isso
é importante informar ao paciente sobre o seu destino. No Brasil, o membro
amputado pode ser sepultado ou, quando com o consentimento do paciente,
ser usado para estudos e pesquisas.
55
Por fim, as orientações posturais devem ser feitas pelo profissional fisio-
terapeuta, que deve orientar sobre a prevenção de encurtamentos e defor-
midades dos membros devido à pouca mobilidade. Sendo assim, devem ser
feitas orientações quanto ao posicionamento do tronco, membros superiores
e inferiores. Devem ser evitados posicionamentos que favoreçam a flexão de
joelho, a abdução, a rotação externa da coxa, com o uso de apoio de traves-
seiros e/ou cobertores sob as articulações, e o desalinhamento dos membros
inferiores, quando a amputação for em membros inferiores.
Orientações quanto à realização dos autocuidados, alimentação, vestu-
ário, trocas posturais e sobre as AVDs devem ser mantidas por meio de
treino e tarefas supervisionadas pelo profissional. Em pacientes acamados,
deve haver avaliação frequente da pele e a rotina de alívios de pressão em
locais de apoio, com o objetivo de prevenir o surgimento de lesões teciduais
por pressão.
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante que você tenha
o conhecimento das fases de reabilitação dos pacientes amputados. A
primeira delas é denominada pré-operatória, a qual tem como foco os
cuidados médicos e o condicionamento físico; orientações ao paciente;
discussão do nível de amputação; expectativas funcionais do paciente;
e discussão das complicações da amputação.
56
sobre o prognóstico funcional, explicar sobre as complicações, como a dor
fantasma, e sobre os objetivos e as metas de reabilitação de curto, médio e
longo prazo. Na anamnese, deverá questionar sobre idade, sexo e nível de
atividade física habitual, essas são informações importantes para já se traçar
os objetivos e as condutas futuras para a reabilitação. Também se deve avaliar
o nível cognitivo, pois a participação e o empenho do paciente no processo
de reabilitação será de extrema importância para que os resultados sejam
positivos e rápidos, sendo assim, é necessário observar e analisar a habilidade
do paciente em aprender, adaptar-se e usar a prótese. Outros aspectos impor-
tantes a serem avaliados são os sensoriais, a condição cardiorrespiratória, a
condição dos demais membros e o nível de amputação.
Quanto ao tratamento fisioterapêutico da fase pré-operatória, pode-se
resumir em: controle da dor; ganho ou manutenção da amplitude de
movimento; ganho de força muscular do membro a ser amputado e
dos membros não amputados; prevenção ou correção de deformidades;
manutenção do equilíbrio; condicionamento físico; manutenção da capaci-
dade cardiorrespiratória; treino de transferência e marcha; e orientações
tanto para o paciente quanto para a família.
Avançando na prática
Amputação transfemoral
57
Resolução da situação-problema
O tratamento fisioterapêutico da fase pré-operatória tem como objetivos
o controle da dor; ganho ou manutenção da amplitude de movimento; ganho
de força muscular do membro a ser amputado e dos membros não amputados;
prevenção ou correção de deformidades; manutenção do equilíbrio; condi-
cionamento físico; manutenção da capacidade cardiorrespiratória; treino
de transferência e marcha e orientações tanto para o paciente quanto para a
família. Quando focamos na principal queixa da paciente, que é o fato de não
conseguir deambular normalmente devido à fraqueza muscular, o fisiotera-
peuta deve dar ênfase no ganho de força muscular do membro a ser amputado
e dos membros não amputados. Sendo assim, poderá elaborar condutas com
programas de exercícios resistidos com ou sem aparelhos mecânicos, com o
objetivo de fortalecimento muscular; os membros não amputados devem ser
fortalecidos para que possam auxiliar o membro amputado, principalmente
em casos de membros inferiores na fase de transferência da marcha.
58
a. Reabilitação respiratória e funcional.
b. Anamnese e exame físico.
c. Exame nutricional e reabilitação funcional.
d. Exame cognitivo e cicatricial.
e. Histórico familiar e queixa principal.
59
Seção 2
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo a mais uma seção de estudos deste livro
didático! A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre avaliação e
reabilitação fisioterapêutica na fase pós-operatória da amputação e na fase
pré-protetização. Aprenderá, nesta seção, a realizar a avaliação físico-fun-
cional e conhecerá os principais procedimentos fisioterapêuticos que devem
ser enfatizados nesta fase da reabilitação do paciente amputado.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos da prática profis-
sional. Fernanda avaliou e acompanhou seu primeiro paciente no Centro
Especializado em Reabilitação do Paciente Amputado, realizou a avaliação
e o tratamento fisioterapêutico pré-operatório. Após o tratamento pré-ope-
ratório, foi realizada a cirurgia de amputação do tipo transtibial da perna
esquerda; agora, será iniciado o acompanhamento fisioterapêutico que visa
aos cuidados pós-operatórios e ao preparo para a utilização da prótese.
Refletindo sobre o quadro do paciente, como Fernanda deverá realizar a
avaliação fisioterapêutica e quais condutas terapêuticas e orientações devem
ser adotadas nesta fase específica da reabilitação?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre a
avaliação e reabilitação fisioterapêutica nas fases pós-operatória e de pré-pro-
tetização da amputação, serão apresentados, de forma contextualizada, no
item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
60
Avaliação físico-funcional pós-operatória de amputação
Como já foi discutido anteriormente, na fase pré-operatória da amputação,
e também nas fases pós-operatória e de pré-protetização, a avaliação deve
levar em consideração os aspectos emocional, socioeconômico e físico-fun-
cional do paciente. Para isso, é importante que ela seja realizada por uma
equipe multidisciplinar, a qual promoverá uma avaliação global, possibili-
tando o estabelecimento de um plano terapêutico personalizado a cada caso
específico, de acordo com as necessidades diagnosticadas.
Ao avaliar o paciente amputado, não se deve esquecer que este
apresenta alteração no esquema corporal, que gera sedentarismo e conse-
quente diminuição de amplitude de movimento e de força muscular, sendo
a avaliação físico-funcional um dos principais focos para a elaboração da
conduta terapêutica. Vamos, então, aprender como deve ser feita a avaliação
fisioterapêutica. Esta deve ser dividida em anamnese, avaliação da agilidade,
da compreensão, da força muscular, da amplitude de movimento articular e
do coto.
Anamnese
Na anamnese, devem ser colhidas informações pessoais, como nome,
idade, sexo, data de nascimento, estado civil, profissão, endereço e telefone.
Além desses dados, também se deve informar sobre a causa da amputação, a
data da cirurgia e o hospital onde foi realizada. Essas informações geralmente
são fornecidas pelo próprio paciente, porém, caso ele esteja incapacitado de
fornecê-las, são solicitadas ao acompanhante.
Ainda na anamnese, deve ser investigada a existência de patologias
associadas, como as doenças crônicas, que são muito comuns, além do uso
de medicamentos. Essas são informações importantes que podem interferir
no tratamento.
Exemplificando
Por exemplo, um paciente que apresenta Hipertensão Arterial Crônica,
durante uma sessão de fisioterapia para reabilitação funcional motora,
com exercícios físicos de alta intensidade, caso apresente a PA acima do
parâmetro normal para sua condição, a sessão deve ser cancelada, pois
pode piorar o quadro hipertensivo e gerar outras complicações mais
severas, como um Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Infarto Agudo
do Miocárdio (IAM).
61
Avaliação da agilidade
Esta avaliação permite analisar o quanto o paciente é independente na
realização de suas Atividades da Vida Diária (AVD’s) e também em relação
à sua participação social na comunidade. Segundo Pedrinelli (2004), a agili-
dade do paciente pode ser classificada numa graduação de 0 a 3, conforme o
Quadro 2.2.
Quadro 2.2 | Graduação da avaliação da agilidade do paciente amputado
Graduação Função
Avaliação da compreensão
A compreensão pode ser avaliada no momento da anamnese, quando o
fisioterapeuta pergunta sobre seus dados pessoais. Nesse momento, também
se deve aproveitar para verificar o entendimento para a execução de um
determinado movimento, no momento da prova de força muscular, por
exemplo. Se o paciente é capaz de responder às perguntas e de compreender
o movimento solicitado, é sinal de compreensão integral. Sendo assim, o
nível de compreensão pode ser classificado como bom, regular ou ruim. O
nível bom é quando o paciente compreende e responde bem aos comandos;
caso o paciente apresente dificuldade para atender aos comandos, precisará
sempre de alguém para acompanhá-lo em todas as fases de reabilitação fisio-
terapêutica, além de auxiliá-lo em casa nas AVDs.
62
funcionais e fraquezas musculares, uma vez identificados é possível traçar
um plano de conduta terapêutica específico para aquele grupo muscular. A
seguir, o Quadro 2.3 apresenta a escala de Kendall.
Quadro 2.3 | Escala de Kendall
Graduação Função
0% Nenhuma contração sentida no músculo.
Nos músculos que podem ser observados ou palpados, uma débil contração
5 a 10% pode ser sentida, ou o tendão pode tornar-se proeminente durante a contra-
ção muscular, porém não há movimento visível da parte.
Capacidade de mover a parte de um arco parcial de movimentação com a
20 a 30%
gravidade diminuída, arco moderado 30% e arco pequeno 20%.
Há liberação gradual a partir da posição de prova contra a gravidade, ou ca-
40% pacidade de mover a parte até a posição de prova contra a gravidade quase
até o completo movimento ou o completo com auxílio.
Capacidade de manter a posição de prova contra a gravidade, ou capacidade
50%
de mover a parte até a posição de prova e manter contra a gravidade.
Capacidade de manter a posição de prova contra a gravidade com resistên-
60 a 70%
cia mínima.
Capacidade de manter a posição de prova contra a gravidade com resistên-
80 a 90%
cia moderada.
Capacidade de manter a posição de prova contra a gravidade e resistência
95 a 100% máxima, ou capacidade de mover a parte para a posição de prova e manter
contra a gravidade e resistência máxima.
Assimile
Sobre essas alterações de ADM, no caso da contratura, o músculo sofre
redução significativa de seu comprimento com consequente perda da
elasticidade; já na retração, ocorre o encurtamento e enrijecimento
do tecido muscular, ambas as situações interferem no movimento
articular. No paciente com amputação, essas condições podem atrapa-
lhar no processo da marcha eficiente com prótese de membro inferior
(GAILEY; ED; CLARK, 1992).
63
Figura 2.2 | Goniometria articular
Avaliação do coto
No pós-operatório, é importante a atenção especial aos cuidados com o coto,
para tal, devem ser realizadas, na avaliação, a palpação e a medição do comprimento
e da circunferência. Na palpação, devem ser verificadas as estruturas situadas na
região do coto, a pele, o tecido subcutâneo e os locais onde o paciente refere-se
à dor e a sensações anormais; deve-se notar a temperatura e presença de dor, de
preferência esta deve ser realizada antes dos testes de força muscular e de ADM.
A medida de comprimento do coto geralmente é realizada nas amputações
transfemorais e transtibiais. No caso das transfemorais médias e longas, a medida
deve ser feita a partir do trocânter maior do fêmur até a extremidade distal do
coto; já nas curtas, a medida é feita a partir da espinha ilíaca anterossuperior. Nas
transtibiais médias e longas, a medida deve ser realizada a partir da tuberosidade
da tíbia até a extremidade distal do coto, já nas curtas, a medida é feita a partir
da borda inferior da patela. A medida da circunferência do coto deve ser feita em
sua extremidade a cada cinco centímetros com uma fita métrica.
Figura 2.3 | Medidas de comprimento e de circunferência do coto
64
A forma do coto também deve ser avaliada e pode ser globosa, cônica ou
irregular. A presença de edema e de proeminência óssea, como os casos de
espículas ósseas, também deve ser investigada.
Quanto à situação da cicatrização, pode se apresentar de três formas:
normal – incisão cirúrgica cicatrizada corretamente; inadequada – presença
de secreção e deiscência da sutura (não fechamento das suturas); aderida –
os tecidos adjacentes se encontram aderidos à cicatriz.
No caso da realização da técnica de mioplastia, em que os músculos
agonistas são inseridos aos antagonistas na extremidade do coto, na avaliação
deve-se verificar a função desses grupos musculares para confirmar a eficácia
do procedimento. Para isso, o fisioterapeuta deve solicitar ao paciente que
realize os movimentos de flexão e de extensão com o coto – se ele conseguir
realizá-los, significa que a mioplastia é funcional, caso não consiga, diz-se
que a mioplastia é inadequada.
Outro fator importante de se avaliar é a sensação de membro e dor
fantasma do membro amputado. A sensação fantasma é quando o paciente
diz sentir o membro amputado, é muito comum após o procedimento cirúr-
gico e relatada como formigamento, pressão ou parestesia. Ela pode desapa-
recer com o tempo ou permanecer definitivamente, o paciente deve ser escla-
recido sobre a situação. No caso da dor fantasma, o paciente relata sentir
dores no membro amputado na forma de aperto ou queimação, e podem ser
contínuas ou intermitentes.
Pesquise mais
Para aprofundar seus estudos sobre a avaliação fisioterapêutica
no paciente amputado, leia o capítulo 21, “Avaliação Funcional dos
Pacientes com Amputação”, do livro indicado a seguir:
65
deve-se evitar infecções, deiscências de suturas, edemas e posicionamento
inadequado. Assim que liberado pelo médico cirurgião, o coto já deve ser
enfaixado ou receber o curativo rígido para prevenir a formação de edema,
estimular o metabolismo da região do coto e modelar para a protetização. O
enfaixamento compressivo deve ser realizado de distal para proximal, e para
aqueles pacientes que não toleram o enfaixamento, deve ser prescrita a utili-
zação de meias de compressão próprias para cotos.
A dor deve ser controlada por prescrição médica de analgésicos e também
pelos exercícios iniciais da reabilitação pós-operatória.
Figura 2.4 | Enfaixamento compressivo
66
Fase pré-protética: prescrição da prótese
Embora a protetização seja sempre considerada na amputação, é impor-
tante saber que existem algumas situações em que ela é contraindicada,
podendo ser por condições físicas, psíquicas ou sociais do paciente. No caso
das condições físicas que impedem a utilização de prótese, podemos citar as
alterações clínicas graves, cotos muito curtos e proximais e incapacidades
sensório-cognitivas graves. Nesses casos, os pacientes devem receber orien-
tações e tratamento fisioterapêutico para adquirir o máximo de indepen-
dência possível, mesmo sem a prótese.
Na fase pré-protética também deve haver uma avaliação para verificar as
condições gerais do coto, na qual devem ser verificadas a forma, a presença
de cicatriz hipertrófica, infecção, aderências, distúrbios de sensibilidade e de
espículas ósseas e de neuromas.
As medidas de comprimento e de circunferência também devem ser
realizadas, junto ao acompanhamento radiográfico nas incidências antero-
posterior (AP) e perfil para verificar as estruturas ósseas do coto.
67
tendência é a deformidade em flexão, por isso o paciente deve ser orientado
a adotar a posição em decúbito ventral no leito durante quinze minutos, três
vezes ao dia, para prevenir essa deformidade.
A dessensibilização deve ser realizada na extremidade distal do coto, utili-
lizando estímulos sensitivos que levam os receptores sensitivos à saturação,
com o objetivo de normalizar a sensibilidade local e facilitar a adaptação da
prótese. A técnica pode ser realizada com a seguinte sequência de estímulos:
algodão, esponja fina, esponja grossa, lixa fina, lixa grossa, estesiômetros,
calor superficial e crioterapia.
Ainda na conduta terapêutica, deve-se incluir orientações e treinamento
de transferências de atividades básicas da vida diária e de transporte.
Reflita
A forma primária de mobilidade para a maioria dos pacientes amputados
de membro inferior, seja temporária ou definitiva, geralmente é a
cadeira de rodas. Refletindo sobre isso, você consegue imaginar a
importância da participação da fisioterapia no auxílio desses pacientes?
A habilidade na forma de locomoção do paciente amputado deve ser
ensinada e orientada pelo fisioterapeuta durante o programa de reabilitação.
68
No treino de marcha, o paciente deverá ser orientado a reduzir a descarga
de peso no lado amputado, porém todas as atividades devem ser distribuídas
para os dois membros. É importante o fortalecimento da musculatura do
dorso, como os músculos dorsais e abdominais e, principalmente, o quadrado
lombar, que é fundamental para a marcha na deambulação. Os membros
superiores também devem ser fortalecidos para auxiliar na deambulação.
Assim, o paciente já vai treinando para a protetização.
Também deve-se incluir exercícios respiratórios para manutenção do
condicionamento pulmonar. Pode-se utilizar dos diversos recursos terapêu-
ticos respiratórios existentes na clínica para reabilitação pulmonar, tanto
os aparelhos e equipamentos respiratórios quanto os próprios exercícios de
padrões ventilatórios.
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante que você tenha
o conhecimento das fases de reabilitação fisioterapêutica pós-opera-
tória e da pré-protetização, e lembre-se de que os principais itens são os
cuidados com o coto e o preparo para a inserção da prótese.
69
cicatrização da ferida operatória, ao controle da dor, ao controle do coto para
futura protetização, ao ganho de independência e à mobilidade. Também é
importante o enfaixamento do coto, assim que liberado pelo médico cirur-
gião, para prevenir a formação de edema, estimular o metabolismo da região
do coto e modelar para a protetização.
Para o preparo da prótese, na fase denominada pré-protetização,
também deve haver a avaliação do coto, com as anotações de suas medidas,
dos achados da palpação e da inspeção. Após a avaliação, deve-se traçar os
objetivos, que incluem: acolher o paciente de forma humanizada; desen-
volver habilidades e realizar atividades sem a prótese; adquirir equilíbrio
corporal; treinar transferências; treinar marcha com auxiliares e locomoção
em cadeira de rodas para melhorar suas AVDs; recuperar a função muscular
prévia; impedir e eliminar contraturas, prevenindo deformidades secun-
dárias; diminuir e eliminar estados dolorosos; modelar e maturar o coto.
Como conduta, pode-se prescrever: mudança de decúbito no leito; dessen-
sibilização na extremidade distal do coto; treinamento de transferências de
atividades básicas da vida diária e de transporte; cinesioterapia com sessões
de alongamento muscular, exercícios ativos livres e assistidos, exercícios de
estiramento ou pendulares, exercícios de equilíbrio e coordenação, exercícios
de fortalecimento muscular com séries de exercícios isométricos, exercícios
isotônicos, treinamento de AVDs, exercícios de propriocepção e esquema
corporal, transferência de peso e treino de marcha para futura protetização
e exercícios respiratórios para manutenção do condicionamento pulmonar.
Avançando na prática
70
Resolução da situação-problema
O caso apresentado retrata a fase pós-operatória da amputação e, nesse
caso, o fisioterapeuta deverá primeiramente realizar a avaliação, a fim de, com
base nas informações colhidas, traçar a conduta terapêutica ideal para essa fase
e caso específico. A avaliação fisioterapêutica nessa fase, como mencionado
anteriormente, deverá ser dividida em: anamnese, avaliação da agilidade, da
compreensão, da força muscular, da amplitude de movimento articular e do
coto. Os objetivos do tratamento fisioterapêutico são prevenção de compli-
cações secundárias, atenção especial à cicatrização da ferida operatória, ao
controle da dor, ao controle do coto para futura protetização, ao ganho de
independência e à mobilidade. Na conduta fisioterapêutica, devem conter
orientação de posicionamento e séries de exercícios isométricos em torno
de duas a três vezes por dia. Também é importante o enfaixamento do coto,
assim que liberado pelo médico cirurgião, para prevenir a formação de edema,
estimular o metabolismo da região do coto e o modelar para a protetização.
71
c. Capacidade cardíaca.
d. Capacidade pulmonar.
e. Esquema corporal.
72
Seção 3
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo a mais uma seção de estudos deste livro
didático. A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre avaliação e reabi-
litação fisioterapêutica na fase pós-protetização. Aprenderá, nesta seção, a
realizar a avaliação físico funcional e conhecerá os principais procedimentos
fisioterapêuticos que devem ser enfatizados nesta fase da reabilitação do
paciente amputado.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos com a prática
profissional. Fernanda, em estágio no Centro Especializado em Reabilitação
do Paciente Amputado, após avaliar e tratar seu paciente que sofreu uma
cirurgia de amputação do tipo transtibial da perna esquerda nas fases pré
e pós-operatório e pré-protetização, iniciará o acompanhamento fisiotera-
pêutico da fase pós-protetização. Como Fernanda deverá realizar a avaliação
fisioterapêutica e quais condutas terapêuticas e orientações devem ser
adotadas nesta fase específica da reabilitação?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos
sobre a avaliação e reabilitação fisioterapêutica na fase pós-protetização da
amputação, será apresentado de forma contextualizada, no item Não pode
faltar, os conteúdos pertinentes a este tema.
Vamos lá, bons estudos!
73
socioeconômico e físico-funcional. Para isso, é importante que ela seja reali-
zada por uma equipe multidisciplinar, a qual promoverá avaliação global
possibilitando o estabelecimento de um plano terapêutico personalizado a
cada caso específico, de acordo com as necessidades diagnosticadas.
A avaliação funcional, nessa fase, compreende a anamnese, o exame físico
e os recursos complementares, e visa determinar a capacidade residual e o
potencial do paciente com ênfase na locomoção e na execução das atividades
da vida diária (AVDs). Sendo assim, todos os problemas diagnosticados na
avaliação devem ser incluídos no objetivo de tratamento do paciente, deter-
minando um processo de reabilitação global.
A anamnese foca nos dados decisivos para a reabilitação protética. Os
dados coletados são: idade, sexo, nível de amputação e de atividade funcional
prévia e atual, etiologia da amputação e doenças associadas.
No exame físico, é importante investigar alterações funcionais que
possam interferir no processo de reabilitação. Deve-se dar atenção especial
para os casos de alterações, como arritmias, picos hipertensivos e obesidade.
As capacidades pulmonar e cardíaca devem ser criteriosamente avaliadas
e registradas na ficha de avaliação do paciente, pois alterações nos parâmetros
desses sistemas são muito comuns em pacientes idosos e com doenças vascu-
lares, o que pode interferir na reabilitação. Para essa investigação, deve-se utilizar
os mesmos testes clínicos cardiopulmonares avaliativos voltados para este fim.
Exemplificando
Por exemplo, um paciente cardiopata que apresenta alterações cardí-
acas, durante uma sessão de fisioterapia para reabilitação da marcha,
com exercícios físicos de alta intensidade, apresenta um pico de
disritmia cardíaca. O paciente pode sentir cansaço, falta de ar e não
conseguir dar continuidade à sessão, por isso ela deve ser interrompida,
pois o quadro pode piorar e até gerar outras complicações mais severas,
como uma parada cardiorrespiratória (PCR).
Assimile
O sistema cardiorrespiratório pode ser avaliado medindo-se a capaci-
dade aeróbia máxima (VO2 Max) em um só parâmetro, que permite a
sua avaliação de uma maneira geral e não fragmentada. O VO2 MAX
depende essencialmente do débito cardíaco máximo e da diferença
arteriovenosa máxima VO2 MAX = débito cardíaco máximo versus
diferença arteriovenosa máxima. Quanto maior o VO2 MAX do
indivíduo, maior a sua capacidade de energia para suportar esforços
74
por períodos prolongados. Um dos principais testes utilizados para esta
avaliação é o ergométrico.
75
intensidade inicial e as taxas de aumento durante, e a duração dos estágios
e do teste. Pode ser realizado em esteira ergométrica, cicloergômetro ou em
pista fixa. Durante o teste, o paciente deve inspirar e expirar por meio de uma
máscara que contém um pneumotacógrafo, que permite avaliar a pressão
parcial de oxigênio, pressão parcial de gás carbônico e volume de ar expirado.
Exemplificando
Quando uma pessoa realiza o teste de ergoespirometria, terá os
seguintes resultados: distância percorrida; velocidade de caminhada
espontânea de marcha (VCC); consumo de oxigênio por unidade de
massa corpórea na unidade de tempo (VO2, em ml/kg/min); produção
de gás carbônico (VCO2, em ml/kg/min); consumo de oxigênio por
metro percorrido (custo de oxigênio, em mLO2/m); consumo máximo de
oxigênio (VO2 máx em ml/kg/min); coeficiente de troca respiratória (R=
VCO2/VO2), entre outras variáveis (PEDRINELLI, 2004, p. 174).
Figura 2.5 | (a) Técnica de baropodometria computadorizada (b) Dinamometria isocinética com-
putadorizada (c) Ergoespirometria
76
Pesquise mais
Para aprofundar seus estudos sobre a avaliação fisioterapêutica no
paciente amputado em casos específicos, leia o Capítulo 22, “Avaliação
isocinética dos pacientes com amputação transtibial” do livro a seguir:
Fisioterapia pós-protetização
A fisioterapia na fase de pós-protetização tem como principais objetivos
proporcionar o máximo de independência ao paciente para realizar suas
AVDs, marcha, no caso de membro inferior, e reintegração social do paciente.
É importante que seja realizada criteriosa avaliação da prótese sobre
seus componentes, alinhamento, acabamento, peso, altura, locais de alívio,
descarga de peso e sistema de suspensão, objetivando proporcionar o
maior conforto possível ao paciente, para que não prejudique o processo
de reabilitação.
Todos os recursos terapêuticos para reabilitação musculoesquelética utili-
zados nas fases anteriores à da pós-protetização podem ser prescritos nesta.
Treino de marcha
O paciente amputado de membro inferior pode apresentar alterações
patológicas, de marcha, de controle neural do movimento e nos sistemas
metabólicos de produção de energia. Devido à amputação, ele perde o sistema
de alavanca do movimento, por isso oscila o centro de gravidade durante
a marcha, a prótese ajustada adequadamente minimiza essa oscilação. Os
músculos remanescentes auxiliam nos movimentos, na sustentação e no
controle da prótese. A capacidade aeróbia pode sofrer redução devido ao
sedentarismo causado pela própria amputação ou por alterações patoló-
gicas crônicas.
Geralmente a marcha do paciente amputado sofre pequena redução
de velocidade de caminhada confortável (VCC) e mantém a frequência
cardíaca em torno de 100 bpm, discretamente superior à marcha normal,
porém com custo energético maior. O nível de amputação também interfere
nessa redução, por exemplo, quanto mais proximal a amputação, maior é o
custo de oxigênio durante a marcha. Já as amputações bilaterais de membros
inferiores apresentam menor eficiência mecânica, maior gasto energético na
marcha e maior custo de oxigênio (PEDRINELLI, 2004).
77
Reflita
Você sabe qual a velocidade da marcha considerada normal? Cada
pessoa apresenta uma velocidade de marcha em que a eficiência
mecânica é máxima, trata-se da velocidade de caminhada confortável
(VCC), ou velocidade espontânea de marcha (VEM), é a caminhada
de “passeio”. A média da VCC da população geral é estimada em 80/
min, que corresponde ao consumo de oxigênio de 12 mL/kg/m, com
frequência cardíaca de 99 bpm, cerca de 50% de consumo máximo de
oxigênio (PEDRINELLI, 2004, p. 175).
78
- Transferência de peso para a região posterior do pé: descarga de peso
total na parte posterior do pé, permanece por dez segundos e retorna para a
posição inicial.
- Flexão do joelho do membro inferior contralateral e equilíbrio com a
prótese: realiza a flexão do membro contralateral e sustenta o peso total do
corpo na prótese, permanece por dez segundos e retorna para a posição inicial.
- Flexão do joelho do membro com a prótese e equilíbrio com o membro
contralateral: realiza a flexão do membro com a prótese e sustenta o peso
total do corpo no membro contralateral, permanece por dez segundos e
retorna para a posição inicial.
- Passo para a frente com o pé da prótese: realiza um passo para a frente
com o membro com a prótese, descarrega o peso total na frente, permanece
por dez segundos e retorna para a posição inicial.
- Passo para a frente com o pé contralateral: realiza um passo para a frente
com o membro contralateral, descarrega o peso total na frente, permanece
por dez segundos e retorna para a posição inicial.
- Passo para trás com o pé da prótese: realiza um passo para trás com o
membro com a prótese, descarrega o peso total atrás, permanece por dez
segundos e retorna para a posição inicial.
- Passo para trás com o membro contralateral: realiza um passo para trás
com o membro contralateral, descarrega o peso total atrás, permanece por
dez segundos e retorna para a posição inicial.
Figura 2.6 | (a) Transferência de peso para região anterior dos pés; (b) transferência de peso para
a região posterior do pé; (c) flexão do joelho do membro inferior contralateral e equilíbrio com a
prótese; (d) flexão do joelho do membro com a prótese e equilíbrio com o membro contralateral
79
- Fase dinâmica: tem como objetivo integrar as fases da marcha. O fisio-
terapeuta deve treinar o paciente a caminhar na barra paralela com o apoio
das duas mãos; em seguida, com apenas uma mão e conforme for evoluindo,
deve ser incentivado a caminhar com meio auxiliar, que pode ser muletas,
bengala ou andador. A deambulação deve ser feita de diversas formas, andar
para trás, para frente e para o lado.
- Fase avançada: nessa fase, o principal objetivo é adquirir total domínio
sobre a prótese, o paciente deve estar bem treinado e o fisioterapeuta deve
apenas observar e solicitar que ele deambule normalmente no espaço de
treinamento; nessa etapa devem ser incluídos os obstáculos, como as rampas
e escadas, e o fisioterapeuta deve passar as orientações para o paciente
solucioná-los.
- Fase de propriocepção: o paciente já deve ter total domínio do controle
da prótese; e pode ser realizada por meio de bicicleta ergométrica, cama
elástica, balança e disco de propriocepção, cordas, bastões e diversos tipos
de obstáculos.
No caso da reabilitação de amputações de membros superiores, deve-se
considerar que eles executam movimentos complexos e ser focada para o
treino de AVDs, além da importância do acompanhamento profissional do
terapeuta ocupacional.
Pesquise mais
Para aprofundar seus estudos sobre a reabilitação nos casos de
amputação de membro superior, leia o Capítulo 25, “Reabilitação do
paciente com amputação dos membros superiores” do livro a seguir:
80
a situação-problema apresentada no Diálogo aberto e ajudar Fernanda a
responder aos questionamentos. Seu paciente agora está na fase da reabi-
litação fisioterapêutica de pós-protetização. Como ela deverá realizar a
avaliação fisioterapêutica e quais condutas terapêuticas e orientações devem
ser adotadas nesta fase específica da reabilitação?
Atenção
Para a resolução da situação-problema, é importante que você tenha o
conhecimento da fase de reabilitação fisioterapêutica pós-protetização
e lembre-se de que o seu principal foco é treinar o paciente a utilizar a
prótese em suas AVDs.
Avançando na prática
Amputação transfemoral
João Felipe é jogador de futebol e em uma viagem para uma partida final
de campeonato, o ônibus em que estava colidiu com um automóvel e capotou
81
na rodovia. Muitos dos jogadores se feriram e ele ficou com o membro
inferior esquerdo preso nas ferragens. Após o serviço de socorro realizar o
salvamento, foi encaminhado para o hospital mais próximo já inconsciente.
A equipe médica não conseguiu realizar a reconstrução de implantação do
membro, por isso foi amputado no terço médio do fêmur (amputação trans-
femoral). Passou pelas fases de reabilitação da amputação pós-operatória e
colocou uma prótese mioelétrica. Agora, iniciará a fase de pós-protetização.
Nessa fase, quais são os objetivos da fisioterapia em pacientes amputados do
membro inferior?
Resolução da situação-problema
A fisioterapia na fase de pós-protetização do paciente amputado de
membro inferior tem como principais objetivos proporcionar o máximo de
independência ao paciente para realizar suas AVDs, marcha e reintegração
social do paciente. No caso do João Felipe, o ideal é que, ao término do
programa de reabilitação, o fisioterapeuta o oriente e prescreva o acompa-
nhamento com o profissional da Educação Física, com o intuito de preparar
e adaptá-lo ao condicionamento físico de um atleta jogador de futebol com
deficiência física.
82
o que possibilita o estudo aprofundado do movimento. Esses recursos são
denominados ______________.
Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:
a. Goniômetros.
b. Recursos complementares.
c. Mobilidades gerais.
d. Recursos cognitivos.
e. Recursos auxiliares.
83
Referências
GAILEY, R. S.; ED, M. S.; CLARK, C. R. Physical therapy management of adult lower limb
amputees. In: Atlas of limb prosthetics surgical, prosthetic, and rehabilitation principles, 2.
ed., St. Louis, Mosby Y. B., p. 569-597, 1992.
KENDALL, F. P.; MC CREARY, E. K. Músculos provas e funções. São Paulo: Manole, 1990.
MAGGI, Luís Eduardo; COSENZA, Eglacy; ROCHA, Patrícia Vieira de Souza; BARBOSA,
Pollyana Moraes Rodrigues; OLIVEIRA, Raquel Almeida. Desenvolvimento de um sistema
informatizado para auxílio na avaliação de amputados. In: III SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA E I JORNADA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DA UEG, 2005,
ANÁPOLIS. Anais... Anápolis: UEG, 2005. Disponível em: http://www.prp2.ueg.br/06v1/
conteudo/pesquisa/inic-cien/eventos/sic2005/arquivos/saude/desenv_sistema.pdf. Acesso em:
14 dez. 2016.
SPRUIT-VAN EIJK, M. et al. Predicting prosthetic use in elderly patients after major lower
limb amputation. Prosthetics and Orthotics International, v. 36, n. 1, p. 45-52, mar. 2012.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/221754718_Predicting_prosthetic_
use_in_elderly_patients_after_major_lower_limb_amputation
Unidade 3
Isabel Cristina Chagas Barbin
Convite ao estudo
Olá! Bem-vindo à terceira unidade de ensino deste livro didático! Você iniciará
os estudos sobre o uso de órteses como recurso terapêutico complementar e apren-
derá, nesta unidade, o histórico e conceitos fundamentais em órteses, os tipos de
órteses e, ainda, as órteses especiais. Ao término dos estudos deste livro, você irá
adquirir a competência geral do conhecimento dos principais conceitos relacio-
nados às próteses e órteses, bem como seus tipos, indicações e processo de reabi-
litação; enquanto o estudo das unidades 3 e 4 permitirá o desenvolvimento da
competência técnica de conhecer os aspectos relacionados à produção, à indicação
e aos tipos de órteses, e a compreensão do processo de avaliação e reabilitação fisio-
terapêutica no paciente com órtese. Com o estudo desta unidade, você atingirá
os objetivos específicos e será capaz de realizar a avaliação e elaborar um plano
terapêutico para reabilitação do paciente com a utilização de órtese.
Para auxiliar no desenvolvimento das competências apresentadas
anteriormente e atender aos objetivos específicos do tema em questão,
introdução à história e aos fundamentos para o uso de órtese, a seguir será
apresentada uma situação hipotética, que visa aproximar os conteúdos
teóricos da prática. Vamos lá!
Você é aluno do curso de Fisioterapia e iniciará o período de estágio obriga-
tório sob supervisão do professor responsável pelo setor. O principal foco dessa
fase do estágio é aprender sobre a terapêutica nos casos de reabilitação com
o uso de órteses como recurso terapêutico complementar. Sendo assim, você
terá que acompanhar pacientes com diferentes tipos de diagnósticos, mas que
precisem de prescrição de órtese para a recuperação. Analisando essa situação,
você consegue imaginar quais serão os procedimentos que deverá realizar para
ajudar os pacientes a serem bem-sucedidos no processo de reabilitação?
A partir dos estudos dos conteúdos tratados nas seções, em cada seção
desta unidade você irá resolver situações-problema relacionadas a esse
contexto. Então, vamos começar!
Mãos à obra e boa sorte nos estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à primeira seção de estudos desta unidade!
A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre histórico e conceitos
fundamentais em órtese. Aprenderá, nesta seção, os conceitos e o histórico
sobre o uso de órteses; conhecerá a classificação das órteses, componentes e
materiais usados em sua confecção; e, por fim, compreenderá os objetivos da
prescrição do uso de órteses nos processos de reabilitação fisioterapêuticos.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
“Convite ao estudo”, que visa aproximar os conteúdos teóricos da prática
profissional. Você iniciará o estágio supervisionado com foco em reabilitação
com uso de órteses. Antes de atender seu primeiro paciente, decidiu estudar
os materiais da disciplina de “Prótese e órtese” para relembrar os principais
tópicos. Sendo assim, você deverá responder aos seguintes questionamentos
antes de atender um paciente e de prescrever um tipo de órtese: quais são
os principais componentes e o que deve ser considerado na escolha dos
materiais usados na confecção de órteses? Quais são os objetivos do uso de
órteses? E qual é a classificação das órteses?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
os conceitos fundamentais em órtese, no item Não pode faltar, serão apresen-
tados, de forma contextualizada, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
86
fixado externamente em algum segmento corpóreo e produz impulsos
elétricos que estimulam um determinado grupo muscular a contrair-se.
Exemplificando
Vamos exemplificar o uso de cada tipo de dispositivo: a prótese é indicada em
casos de amputação, por exemplo, no caso de uma amputação do tipo trans-
tibial, a prótese substitui o membro amputado, sendo encaixada no coto do
membro residual. A órtese pode ser indicada num caso em que, por deficiência
neurológica, o indivíduo apresente o pé em flexão plantar, nesse caso, a órtese
fará a correção, facilitando a marcha. Em relação à ortoprótese, podemos citar
o caso de malformação congênita em que um membro inferior é mais curto
que o outro, então se prescreve a prótese que fará a correção de tamanho e
estética. E a neuroprótese pode ser indicada em casos de “pé caído” por neuro-
patia, em que o dispositivo irá estimular a musculatura dorsiflexora do pé.
Figura 3.2 | Malformação congênita de membros inferiores – A) vista lateral; B) vista anterior;
C) ortoprótese de membro inferior
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As órteses tiveram importância histórica na reabilitação ortopédica e
neurológica. Os fatos históricos demonstram a relação entre a Medicina e a
aplicação das órteses como recurso terapêutico complementar, sendo impor-
tante o seu conhecimento para os profissionais envolvidos com o processo
de reabilitação.
Vamos conhecer um pouco da evolução histórica do uso das órteses!
Segundo Carvalho (2013), o primeiro registro da utilização de órteses foi
encontrado por volta de 2750-2625 a. C., em pinturas egípcias arqueológicas
que ilustravam homens usando órteses, provavelmente para tratar fraturas
dos membros. Hipócrates (460-375 a.C.), em uma de suas obras, escreveu
sobre o tratamento de deformidades da coluna vertebral por meio de aparato
que a tracionava para sua correção. Cláudio Galeno (199-129 a.C.), no século
II a.C., escreveu sobre as alterações das curvaturas da coluna vertebral, como
escoliose, hiperlordose e hipercifose, e foi o primeiro a utilizar o enfaixa-
mento firme da caixa torácica como tratamento das deformidades.
Caelius Aurelianus, em 400 d.C., utilizava órtese no tratamento de
paralisia. Paul de Aegina (625-690 d.C.) escreveu um capítulo de seu tratado
sobre o tratamento de fraturas por meio de gesso. Na Idade Média (séculos
V-XV), já se utilizava órtese em diversas doenças. Guy de Chauliac (1330-
1368) escreveu sobre o tratamento de fratura de fêmur com a utilização
da tração. Ambroise Paré (1510-1590) publicou, em 1575, trabalhos sobre
próteses e órteses metálicas para vários tipos de correções ortopédicas, inclu-
sive colete para coluna e bota para pé torto congênito (CARVALHO, 2013).
Andreas Versalius (1514-1564) escreveu sobre toda a história da
aplicação de órteses na Medicina, que serviu como referência para todo o
mundo. Guilelmus Fabricius Hildanus (1560-1634) utilizava tala de tração
em contraturas causadas por queimaduras, para contratura de joelho e
aparelho para deformidades dos pés. Nicolas Andry (1658-1742) originou
a simbologia da correção de deformidades da coluna pela árvore de Andry.
Hugh Owen Thomas (1834-1891) descreveu, em 1875, órteses de membros
inferiores para descarga de peso. James Knigth (1810-1887) desenvolveu
uma órtese lombosacral que recebeu seu nome. Em 1881, Richard Von
Volkmann-Leander publicou em seu livro sobre órteses para contraturas
decorrentes de paralisia muscular. Em 1895, Bradford e Brackett desenvol-
veram uma mesa horizontal de distração para correção de deformidade que
deveria anteceder a utilização do gesso; e, em 1946, Blount e Schmidt desen-
volveram uma órtese de distração com almofadas de pressão para pós-opera-
tório (CARVALHO, 2013).
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Figura 3.3 |Árvore de Andry
89
Quanto aos materiais utilizados na confecção das órteses, existem
diversos, e, por isso, aqui serão abordadas as características dos principais
deles, como couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas, polímeros
viscoelásticos e fibras de carbono.
Couro: pele curtida de animais utilizada como revestimento de estru-
turas metálicas e em correias de calçados. Suas principais características são:
resistência, porosidade, não toxicidade, estética, facilidade de manipulação,
durabilidade e custo médio. Também existem as versões sintéticas.
Metais: são utilizados aço, alumínio, duralumínio e titânio. O aço é uma
liga metálica rígida, geralmente utilizada em órteses de membros inferiores.
Em pessoas abaixo de 70 quilos, é contraindicado devido ao seu alto peso,
nesses casos deve-se utilizar o duralumínio. O alumínio apresenta leveza,
resistência à corrosão e boa aparência, porém, em pacientes muito ativos ou
obesos, não é recomendado devido à sua flexibilidade e pouca resistência,
nesses casos também é indicado o duralumínio. O duralumínio, muito
indicado para as órteses metálicas, é formado por uma liga metálica composta
por alumínio, cobre e magnésio e apresenta grande resistência mecânica. O
titânio é utilizado na confecção das hastes e articulações do quadril, joelho e
tornozelo, e suas principais características são: peso reduzido, alta resistência
e boa aparência; o inconveniente é o seu alto custo.
Termoplásticos: polímero artificial que, em determinada temperatura,
permite ser moldado e transformado. Os principais tipos de termoplásticos
são: o polipropileno, o polietileno, o politereftalato de etileno e o policloreto
de vinil, sendo o polipropileno o mais utilizado na confecção de órtese. Suas
vantagens são: alta resistência química e a solventes, baixo custo, facilidade
de moldagem e de coloração, alta resistência a fraturas, a impactos e fadiga, e
boa estabilidade térmica.
Fibras de carbono: as fibras de carbono, em combinação a outras
matrizes, resultam em material com ótima propriedade mecânica. Suas
principais características são: leveza, boa durabilidade e alta resistência
mecânica; o inconveniente é o seu alto custo.
Espumas: as espumas são utilizadas juntamente de outros materiais com
o objetivo de proteção entre a órtese e a pele do paciente, principalmente em
locais de proeminências ósseas. O tipo mais utilizado é o polietileno, que
apresenta células fechadas em sua composição, que previnem a absorção de
líquidos como urina, suor e exsudatos.
Na seleção dos materiais para confeccionar uma órtese, é necessário
recolher informações, como tempo de utilização, existência de reação
90
alérgica, peso dos materiais, durabilidade, condições financeiras do paciente,
condições do local de moradia e tipo de atividades que o paciente realiza.
O tempo de utilização deve ser considerado, pois nos casos de processos
inflamatórios agudos e de pós-operatório, em que a órtese será utilizada
por curto período, os materiais utilizados na confecção podem ser os mais
simples ou também podem utilizar as órteses pré-fabricadas. Já nos casos
do uso definitivo, como em pacientes com sequelas resultantes de patologias
neurológicas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Paralisia Cerebral
(PC) e Traumatismo Raquimedular (TRM), os materiais selecionados devem
ser os mais resistentes, os mais leves e as órteses devem ser confeccionadas
sob medida para melhor adaptação do paciente.
Quanto à leveza, materiais como hastes metálicas e articulações em
duralumínio, fibra de carbono ou titânio são mais leves, porém, deve-se
considerar a idade e o peso do paciente, e, principalmente, a força que será
aplicada na órtese durante o seu uso.
Reflita
Você sabia que existem diferenças na escolha de materiais para
confecção das órteses de acordo com os segmentos corpóreos onde
serão utilizadas? E, ainda, de acordo com a idade do paciente? Para
reduzir o gasto energético durante o seu uso em tronco e membros
superiores e inferiores, o ideal é que se utilizem materiais mais leves. Já
nos casos de órteses infantis, é indicado o duralumínio devido às trocas
frequentes por causa do crescimento da criança.
Exemplificando
Por exemplo, existem materiais com diferentes densidades para a
confecção de órteses plantares, nos casos de pacientes obesos, o
material metálico é o mais indicado devido à sua maior resistência.
91
Assimile
Na seleção dos materiais, além de levar em consideração o tempo
de uso, a durabilidade, o peso do material e a existência de reações
alérgicas, deve-se considerar o custo do material, sendo possível substi-
tuir materiais para baratear e viabilizar o uso, por exemplo o caso de
uma órtese longa laminada em carbono substituída por uma órtese
plástica termomoldável.
Exemplificando
No caso de imobilização, pode-se exemplificar o uso da órtese tipo
Jewett, utilizada nos casos de fraturas de corpo vertebral, e a órtese de
Sarmiento nos casos de estabilização de fraturas.
92
Proteção: tem o objetivo de evitar traumas repetitivos ou lesões em
regiões com perdas sensitivas, por exemplo, a utilização de órteses plantares
para pés neuropáticos.
Propriocepção: tem o objetivo de facilitar a manutenção postural, por
exemplo, os corretores posturais.
Correção: tem o objetivo de prevenir o encurtamento muscular, retração
e desvio articular, por exemplo, nos casos de padrão flexor de membros
superiores, encurtamento do tendão calcâneo e escoliose.
93
Figura 3.4 | Nomenclatura relacionada aos níveis anatômicos: (A) ankle – tornozelo, (F) foot –
pé, (H) hip – quadril, (K) knee – joelho
94
Figura 3.5 | A) Órtese estática confeccionada com material termoplástico para imobilização
da região toracolombar; B) órtese dinâmica composta por articulação de quadril com sistema
reciprocador para auxílio na troca de passos
95
Pesquise mais
Para você conhecer e compreender quais são as técnicas e os requisitos
específicos para a confecção das órteses confeccionadas sob medidas,
leia o capítulo 2, intitulado “Classificação das órteses”, do livro Órteses
– um recurso terapêutico complementar.
96
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Nesse caso, deve ser prescrita a órtese tipo AFO dinâmica, confeccionada
em termoplástico, com limitação para a flexão plantar e liberação para dorsi-
flexão. Também se deve observar se o paciente, na fase de apoio, apresenta
pronação do tornozelo com rotação interna do membro inferior acome-
tido, caso isso aconteça, deve ser prescrita uma órtese AFO dinâmica com
movimento assistido para dorsiflexão, pois é mais funcional.
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Assinale a alternativa correta:
a. Prótese.
b. Neuroprótese.
c. Ortoprótese.
d. Exoprotese.
e. Endoprótese.
98
Seção 2
Tipos de órteses
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à segunda seção de estudos desta unidade!
A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre os tipos de órteses.
Aprenderá, nesta seção, sobre os principais tipos de órteses que são prescritas
como terapia complementar na reabilitação de alterações musculoesquelé-
ticas dos membros superiores, inferiores e da coluna vertebral, e também as
indicadas nos casos de pacientes pediátricos.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos da prática
profissional. Você iniciará o estágio supervisionado com foco em reabili-
tação com uso de órteses. Antes de iniciar os atendimentos, decidiu estudar
os materiais da disciplina de “Prótese e órtese” para relembrar os principais
tópicos. Já estudou e relembrou sobre os principais componentes e materiais
usados na confecção de órteses, os objetivos de seu uso e sua classificação,
agora precisa estudar sobre os principais tipos de órteses que são prescritas
nas alterações dos diversos segmentos corpóreos. Sendo assim, é importante
que você saiba responder ao seguinte questionamento: quais são os princi-
pais tipos de órteses utilizadas nos membros superiores, inferiores, na coluna
vertebral e as pediátricas?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
os tipos de órteses, serão apresentados, de forma contextualizada no item
Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
99
As órteses de membros superiores podem ser classificadas quanto à sua
confecção e quanto à função. Quanto à confecção, podem ser pré-fabricadas,
geralmente confeccionadas com neoprene, ou confeccionadas sob medida,
que podem ser confeccionadas com material termoplásticos de baixa tempe-
ratura, em gesso sintético diretamente sobre o membro ou em termoplásticos
de alta temperatura, com modelagem a vácuo.
Assimile
Os materiais que podem ser utilizados na confecção de órteses são:
gesso; gesso sintético; neoprene; couro/camurça; plásticos (termo-
plásticos, termorrígidos, polipropileno, poliuretano – PVC). Outros
materiais, como espuma, borracha, elástico, ferro, titânio, velcros e
rebites, são usados para completar a confecção da órtese.
Exemplificando
Vamos exemplificar a utilização dos tipos de órteses, que varia de
acordo com a necessidade do paciente. As estáticas são utilizadas para
posicionamento do membro, por exemplo, no caso da artrite reuma-
toide, impede a formação de contraturas. As dinâmicas são utilizadas
para auxiliar um determinado movimento, por exemplo, em casos de
paralisias periféricas, em que o músculo perde parte de sua função;
nesse caso, a órtese, por meio de dispositivos específicos, auxilia a
execução do movimento.
100
Órtese para estabilização de fratura: indicada para estabilização de
fraturas reduzidas de ombro sem presença de edema. É confeccionada em
termoplástico com fechos de velcro.
Órtese estática para cotovelo: indicada para diversas alterações que
acometem o cotovelo, como as fraturas intra-articulares; promove a imobili-
zação e limitação da ADM do cotovelo. Pode ser confeccionada sob medida
em materiais termoplásticos e também termoplásticos por baixa temperatura.
Órtese articulada para cotovelo: indicada para casos de instabilidade
articular ou para limitar os movimentos de flexão e extensão do cotovelo.
Tirante proximal de antebraço: indicado para “cotovelo de tenista”, é
também conhecido como braçadeira. É pré-fabricada e os tirantes são fixados
abaixo do cotovelo, que deve ser posicionado a 90°.
Órteses para punho: indicadas para inúmeras alterações que acometem a
região do punho, como a tendinite. Tem o objetivo de promover a redução de
dor e inflamação, limitar movimentos e melhorar a função. Existem pré-fa-
bricadas e confeccionadas sob medida.
Órtese para punho e polegar: indicada para as diversas alterações que
ocorrem nestas regiões, por exemplo, Síndrome de De Quervain e fratura do
escafoide; é utilizada com o objetivo de estabilização, repouso e imobilização
do punho e do polegar. É encontrada tanto na forma pré-fabricada quanto
sob medida.
Órteses para repouso de punho, mão e dedos: são órteses funcionais
que mantêm punho, mão e dedos em posição fisiológica. São indicadas para
imobilização, repouso, prevenção e redução de contraturas, e diminuição
de hipertonia.
Órteses para metacarpos: proporcionam a imobilização dos metacarpos,
são indicadas em casos de inflamação articular e contratura de Dupuytren.
Possuem uma base confeccionada por termoplástico de baixa temperatura e
mantêm a articulação metacarpofalangiana em extensão.
Órteses para dedos: estabilizam as articulações interfalangianas e são
indicadas em casos de fraturas, luxações, contraturas e pós-operatórios.
Órteses dinâmicas: são confeccionadas sob medida, com articulações
contendo sistema de molas e elásticos, sendo indicadas para prevenir contra-
turas e aderências cicatriciais, e aumentar a ADM.
101
Figura 3.6 | Órteses para membros superiores: A) Tirante para imobilização clavicular; B) tipoia
Figura 3.7 | Órteses para membros superiores: A) Órtese articulada para cotovelo; B) tala de
posicionamento para punho pré-fabricada; C) tala de posicionamento para punho confeccio-
nada sob medida
Figura 3.8 | Órteses para membros superiores: órteses para punho e polegar
Figura 3.9 |Órteses para membros superiores: órteses para articulações interfalangianas
102
Órteses de pé e tornozelo – AFO: são órteses de pé e tornozelo, utili-
zadas para manutenção das articulações tibiotársica e subtalar em posição
funcional. Indicadas para pacientes com sequelas neuromotoras. São classi-
ficadas quanto à sua função em submaleolares, supramaleolares, dinâmicas,
semirrígidas, articuladas, rígidas, redutoras de tônus, de reação ao solo e AFO
com estimulação elétrica funcional. As AFO ainda podem ser divididas e três
segmentos, os quais estão relacionados com as regiões anatômicas proximal
(do joelho), média (do tornozelo) e distal (do antepé); essas características
alteram as funções biomecânicas dos diferentes tipos de AFO.
Reflita
Você já se deparou com alguma pessoa com sequela de AVC que utiliza
órtese nas regiões do pé, tornozelo e perna para deambular? Se sim, você
sabe por que utilizá-la? Essa órtese geralmente é um tipo de AFO, que
tem como principal objetivo a manutenção das articulações do tornozelo
em posição funcional, evitando, assim, possíveis deformidades.
103
Mola de codivila e férula de Harris: possuem molas compostas por
hastes metálicas flexíveis e tirantes que formam uma braçadeira em couro.
São pouco utilizadas atualmente, sendo substituídas pelas AFO.
AFO termoplástica dinâmica: indicada nos casos de paralisias perifé-
ricas flácidas com alteração da marcha. É encontrada tanto na forma pré-fa-
bricada quanto na confeccionada sob medida.
AFO termoplástica semirrígida: indicada para os casos de lesões perifé-
ricas com desvios rotacionais na fase de apoio da marcha e para os casos de
lesões centrais com sequelas de espasticidade com pé equino.
AFO termoplástica articulada: permite movimentos controlados de flexão
plantar e dorsal. Possui eixos localizados no nível do centro de rotação do tornozelo.
AFO termoplástica rígida: indicada para pacientes com espasticidade grave e
em deformidades de pé equino. Não permite movimento no tornozelo.
AFO para redução de tônus: também conhecida como TRAFO (tone-re-
ducing AFO), é neurofisiológica e indicada nos casos de hipertonicidade.
AFO de reação ao solo: indicada para casos de fraqueza muscular de
sóleo e gastrocnêmio, com o objetivo de proporcionar a extensão do joelho
na fase do apoio.
AFO para metatarso aduzido: utilizada para a manutenção do pé em
posição neutra.
AFO metálica: conhecida também como tutor curto, indicada para
pacientes obesos e para aqueles que não obtiveram sucesso com as órteses
termoplásticas e com deformidades já instaladas.
Figura 3.10 | Órteses para membros inferiores: A) SubMO; B) SMO
104
Figura 3.11 | Órteses para membros inferiores: A) UCBL; B) mola de Codivila; C) férula de Harris
Figura 3.12 | Órteses para membros inferiores: (A) AFO confeccionada com fibra de carbono, (B)
AFO articulada (C) AFO rígida com antepé flexível
Pesquise mais
Para você aprofundar mais seus estudos sobre as órteses de membros
inferiores, leia o capítulo 3, intitulado “Componentes para órteses de
membros inferiores”, do livro Órteses – um recurso terapêutico comple-
mentar, e conheça também as órteses de membros inferiores compostas
por articulações de quadril, joelho e tornozelo. Aproveite também para
pesquisar sobre as órteses plantares, tornozeleiras e joelheiras.
CARVALHO, Jose Andre. Órteses – um recurso terapêutico
complementar. 2. ed. Barueri: Manole, 2013. p. 37-48.
105
• Órteses cervicais
Órteses colares cervicais sem apoio mentoniano: também conhecidas
como colares cervicais flexíveis, mantêm a cervical em posição neutra e
permitem leves movimentos do segmento. São encontradas na forma pré-fa-
bricadas em tecido ou em termoplástico.
Órteses colares cervicais com apoio mentoniano: também conhecidas
como órteses cervicais rígidas, pré-fabricados com material termoplástico,
com sistema de ajuste de velcro. Permitem o apoio do mento com maior
suporte para a cabeça, com limitação de alguns movimentos.
Órteses colares cervicais com apoio occipito-mentoniano-torácico:
possuem apoio para as regiões mentoniana, occipital, manúbrio e torácica
posterior. Restringem a mobilidade da região cervical. São também encon-
trados os seguintes modelos: colar tipo Philadelphia, de espuma, com
reforços anterior e posterior em polipropileno e pré-fabricado; a órtese tipo
sternal occipital mandibular immobilizer (SOMI), confeccionada com
hastes metálicas e almofadas de apoio para as regiões esternal, mandibular,
occipital e torácica, indicada para os casos de instabilidade da região cervical
alta; e o tipo Minerva, conhecida como órtese cervicotorácica de contato
total, confeccionada por material termoplástico sobre molde de gesso, é
indicada para os casos de instabilidade cervical baixa e proporciona melhor
imobilização da cervical com controle mais efetivo sobre os movimentos.
Órteses colares cervicais com halo craniano: somente esse tipo de
órtese garante a total imobilização da região cervical. Apresenta um halo que
é fixado diretamente na calota craniana por parafusos e, por isso, trata-se de
uma técnica invasiva. É indicada para os casos graves de fraturas da coluna
cervical alta.
• Órteses torácicas, toracolombares e lombossacras
Órtese de hiperextensão toracolombar: apresenta o sistema de força
com três pontos de fixação, esterno e púbis anteriormente, e na região toraco-
lombar posteriormente. Permite a manutenção da posição da coluna vertebral
toracolombar em extensão impedindo a flexão. Indicada nos casos de fraturas
das vértebras da região toracolombar sem comprometimento nervoso.
Órtese de contenção e imobilização toracolombar: são encontrados
diferentes tipos, como Knigth, Taylor e body jacket, e têm o objetivo de
contenção e imobilização da região toracolombar.
Órteses de contenção e imobilização lombossacra: também conhecidas
como cintas abdominais, faixas lombossacras, colete tipo Putty e colete de
106
Willians. Têm o objetivo de reduzir a mobilidade local e dar suporte. Existem
flexíveis, semirrígidas e rígidas.
• Órteses para desvios posturais
Colete de Milwaukee: classificado como CTLSO, possui um cesto pélvico
termoplástico, um anel cervical, três hastes metálicas para apoio do tronco e
almofadas torácicas. Indicado para os casos de hipercifose torácica acentuada.
Colete TLSO baixo: confeccionado sob medida e indicado para os casos
de escoliose baixa. Apresenta sistema de pressões em pontos específicos que
mantêm a curvatura da coluna o mais próximo do normal.
Colete TLSO alto: indicado para os casos de escoliose alta, porém acima
do nível de T8 são contraindicadas. Apresenta sistema de pressões em pontos
específicos que mantêm a curvatura da coluna o mais próximo do normal.
Órteses noturnas de hipercorreção: são as órteses toracolombossa-
cras, indicadas para o tratamento de escolioses torácicas, toracolombares e
lombares. Sua utilização é prescrita apenas oito horas no período da noite em
decúbito dorsal ou ventral.
Colete de Charleston: classificado como TLSO, é indicado nos casos
de escoliose flexível lombares, toracolombares e torácicas, com curvaturas
maiores que 20° e menores que 45°, são classificadas como King I, para
curvaturas duplas lombar e torácica, sendo a lombar maior e a torácica mais
flexível; King II, também para curvaturas duplas lombar e torácica, sendo a
curvatura torácica igual ou maior que a lombar; King III, para curvaturas
puramente torácicas; e King IV, para curvaturas torácicas duplas.
Colete de Providence: confeccionado sob medida e indicado para as
escolioses torácicas, toracolombares, lombares e duplas; promove o alinha-
mento da coluna por meio de pontos de pressões específicos.
Órtese dinâmica para escoliose: indicada para os casos de
escoliose idiopáticas.
Compressor dinâmico torácico esternal e compressor dinâmico
torácico costal: são órteses confeccionadas para correção de alterações da
caixa torácica.
Órteses pediátricas
Por fim, vamos conhecer os principais tipos de órteses pediátricas, as
quais são indicadas para diversas alterações patológicas, mas principalmente
para os casos de sequelas da Paralisia Cerebral (PC).
107
• Membros inferiores
Órtese triangulo de abdução: geralmente indicada para os casos de
alongamento cirúrgico dos músculos abdutores do quadril.
Twister Cables e sling: são utilizados para o controle da rotação interna
dos quadris e facilitar a aquisição da marcha.
KAFO: indicada nos casos de poliomielite e PC.
Talas de lona ou splints: indicadas para manter a estabilidade e flexibili-
dade da região afetada.
AFO sólida: promove estabilidade distal para o ortostatismo.
AFO articulada: permite a dorsiflexão e mantém a flexão plantar em 0°.
AFO sólida de reação ao solo: indicada para o controle da marcha,
permite a flexão dinâmica do joelho associada a dorsiflexão do tornozelo na
fase de apoio da marcha.
AFO de reação ao solo articulada: permite a flexão plantar, mas impede
a dorsiflexão; indicada geralmente no pós-operatório imediato de recons-
trução do pé.
AFO tipo Leaf Spring: tem como objetivo evitar a deformidade de pé
equino.
Órtese SMO: tem como objetivo o controle do valgo ou varo.
Órtese UCBL: órtese utilizada dentro dos sapatos com o objetivo de
corrigir o pé plano.
• Membros superiores
Cock-up: promove a estabilização do punho.
Órtese de abdução do polegar: promove a manutenção da posição em
abdução do polegar.
Coluna vertebral:
TLSO: estabilização do tronco em PC.
LSO: controle da dor lombar causada por alterações posturais.
Para finalizar os estudos sobre os tipos de órteses pediátricas, seguem as
denominações dos principais tipos de órteses utilizadas nos casos de sequelas
de mielomeningocele: A-Frame; Parapodium; RGO; Parawalker; HKAFO;
KAFO; AFO fixa.
108
Sem medo de errar
109
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
As órteses são classificadas, quanto à sua função, em estáticas ou
dinâmicas. As estáticas têm a função de manter um segmento ou articulação
imobilizada, tendo como objetivo o repouso e a prevenção ou correção de
deformidades. Já as dinâmicas são utilizadas para auxiliar no movimento
articular e prevenir contraturas e aderências.
110
a. abdução; fixação anterior.
b. retração; fixação posterior.
c. adução; fixação anterior.
d. protração; fixação inferior.
e. elevação; fixação superior.
111
Seção 3
Órtese especiais
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à terceira seção de estudos desta unidade! A
partir de agora, você iniciará seus estudos sobre órtese especiais. Você apren-
derá, nesta seção, os principais tipos de dispositivos auxiliares para marcha,
conhecerá a técnica de bandagem funcional e os principais tipos de cintas de
contenção e talas gessadas.
Agora, vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos da prática profis-
sional. Você iniciará o estágio supervisionado com foco em reabilitação com
uso de órteses. Antes de iniciar os atendimentos, decidiu estudar os materiais
da disciplina de “Prótese e órtese” para relembrar os principais tópicos. Já
estudou e relembrou sobre os principais componentes e materiais usados na
confecção de órteses, os objetivos de seu uso e sua classificação, os princi-
pais tipos de órteses que são prescritos nas alterações dos diversos segmentos
corpóreos, e agora precisa estudar sobre os tipos de órteses especiais. Sendo
assim, é importante que você saiba responder aos seguintes questionamentos:
quais são os principais tipos de dispositivos auxiliares utilizados para marcha
e os principais tipos de órteses classificados como cintas de contenção, talas
gessadas e bandagem funcional?
Para que você consiga responder a estes e outros questionamentos sobre
os tipos de órteses especiais, serão apresentados de forma contextualizada,
no item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
112
Bengalas
As bengalas podem ser classificadas em convencionais, ajustáveis, geriá-
tricas e canadenses.
As convencionais são confeccionadas em madeira ou alumínio e
apresentam uma ponteira de borracha antiderrapante na extremidade de
apoio com o chão. As de alumínio geralmente são ajustáveis por meio de
parafusos; já as de madeira devem ser serradas.
As bengalas geriátricas apresentam sua base de apoio com o chão alargada,
com três ou quatro apoios.
A bengala canadense, também conhecida como muleta canadense,
apresenta uma braçadeira para apoio do antebraço, por isso permite maior
apoio durante o seu uso.
Figura 3.13 | Bengalas simples em madeira e alumínio
Fonte: iStock.
113
Muletas
O tipo mais utilizado é a muleta axilar, sua borda superior deve ficar
quatro centímetros abaixo da axila, para evitar o apoio de peso na região,
devido à presença do plexo braquial. O apoio deve ser feito na altura do
trocanter maior, onde existe o ponto correto de apoio para as mãos.
É importante seguir rigorosamente as seguintes instruções de uso desses
dispositivos de marcha: olhar para a frente na deambulação; não utilizar
se estiver com indisposição ou tonturas; tomar cuidado com superfícies
muito lisas e escorregadias; verificar se a ponteira de borracha está íntegra;
deambular sobre calçadas antiderrapantes de preferência; verificar sempre a
altura correta dos apoios.
Figura 3.15 | Muleta axilar
Fonte: iStock.
Andadores
Os andadores podem ser encontrados com pés fixos ou com rodinhas
anteriores ou posteriores. Seu apoio para as mãos também deve ser no nível
do trocanter maior. Sua base de apoio é maior que os demais dispositivos de
locomoção, porém devem ser indicados para os casos em que os pacientes se
sentem muito inseguros para deambular.
114
Figura 3.16 | Andadores
Fonte: iStock.
115
Cadeira de rodas
As cadeiras de rodas são encontradas em diferentes modelos,
como elétricas, manuais, higiênicas, triciclo, ortostáticas, entre outras. São
prescritas de acordo com os objetivos específicos de cada caso. É importante
o cuidado com o posicionamento do corpo na cadeira, para evitar deformi-
dades. As medidas de altura do encosto, largura e profundidade do assento e
altura do pedal devem ser ajustadas. Em alguns casos especiais, é necessário
apoio para a cabeça.
Os pés devem ficar apoiados com os tornozelos em posição neutra, a
coxa deve tocar toda a extensão do assento e os apoios de braços devem ser
removíveis para facilitar as transferências na cadeira.
As rodas traseiras devem ser infláveis, proporcionando sistema de
amortecedores. Todas devem possuir rolamentos e eixos removíveis para
facilitar o seu transporte em veículos.
Figura 3.18 | Cadeiras de rodas
Fonte: iStock.
Bandagem
Classificadas internacionalmente como órteses, existem também as
bandagens, que podem ser encontradas como malhas, meias, luvas e
bandagem funcional. Vamos conhecer algumas delas.
As malhas, as meias e as luvas são, geralmente, utilizadas em pessoas
vítimas de queimadura e podem ser empregadas em qualquer parte do corpo.
Para a região do pescoço existe um colar específico para prevenir contraturas
causada pela queimadura, além de limitar os movimentos; ele é denominado
soft colar for neck burns, é inflável e permite pressão moderada.
116
No esporte, atualmente, é muito comum a utilização das chamadas
“bandagens funcionais”, as quais são denominadas bandagens elásticas
funcionais ou bandas neuromusculares. São confeccionadas em algodão e
elástico, o que possibilita serem esticadas até 140% do seu tamanho original,
apresentam um tipo especial de cola que permite aderir a pele sem prejudicar
a transpiração cutânea.
Assimile
Você acompanha as diversas modalidades esportivas? Se sim, já deve
ter visto atletas com faixas coloridas aderidas à pele. Você sabe o que
são e para que servem?
Essas fitas são as chamadas bandagens funcionais e são utilizadas para
melhorar a circulação local e, consequentemente, a performance da
musculatura dessa região.
A bandagem funcional foi criada pelo Dr. Kenzo Kase, na Ásia, nos anos
1970, e a marca mais utilizada é denominada Kinesio Tape. Segundo Kenzo,
esse tipo de bandagem permite a melhora da circulação sanguínea e linfática,
e da temperatura. Apresenta as seguintes funções: estabilização, contenção,
proteção, imobilização, prevenção de lesões e estimulação sensório-motora.
Figura 3.19 | Bandagens funcionais
Cintas de contenção
Ainda classificadas como órteses, existem as cintas de contenção.
Antigamente, utilizavam-se as cintas como recurso estético; atualmente são
indicadas para correção postural, analgesia e contenção.
Exemplificando
Lembra-se dos filmes que retratam épocas mais antigas, em que as
mulheres utilizavam espartilhos? O intuito era puramente estético,
para afinar a cintura e modelar os vestidos exuberantes usados naquela
117
época. Atualmente, modelos bem parecidos de órteses são utilizados
para contenção de hérnias e correção postural, por exemplo.
A cinta mais utilizada é denominada cinta de Putti, que pode ser encon-
trada no formato longo (TLSO) ou curto (LSO). É indicada para as algias da
região dorso lombar, contenção de hérnias abdominais e inguinais, pós-ope-
ratório da coluna vertebral, hérnia de disco, entre outras situações clínicas.
Tala gessada
O uso da tala gessada tem como principal objetivo a imobilização de um
determinado segmento corpóreo para sua total recuperação da lesão.
Reflita
Você já fraturou algum osso do corpo ou conheceu alguém que
fraturou? Pôde perceber que a pessoa precisou permanecer por deter-
minado tempo com o membro engessado. Você já refletiu o porquê
dessa imobilização?
Fonte: iStock.
Pesquise mais
Para você entender como é realizada a técnica de engessamento e
os materiais de confecção da tala, leia o capítulo I, “Generalidades”,
118
da obra intitulada A imobilização gessada convencional/clássica em
ortotraumatologia.
Avançando na prática
João tem 18 anos e já pratica futebol profissional há oito anos. Foi convo-
cado para assumir uma posição de jogador titular de um clube renomado.
Nas partidas, ele percebeu que seus colegas utilizam faixas coloridas em certas
regiões do corpo, e seu preparador físico o orientou a utilizá-las também.
119
Analisando essa situação, responda: o que são essas faixas coloridas que
os jogadores estão usando e para que servem?
Resolução da situação-problema
No esporte, atualmente, é muito comum a utilização das chamadas
“bandagens funcionais”, as quais são denominadas bandagens elásticas
funcionais ou bandas neuromusculares, confeccionadas em algodão e
elástico, o que possibilita serem esticadas até 140% do seu tamanho original;
apresentam um tipo especial de cola, que permite aderir à pele sem preju-
dicar a transpiração cutânea. Elas têm como objetivo terapêutico a melhora
da circulação sanguínea e linfática, e da temperatura, melhorando a perfor-
mance no momento da prática do esporte.
1. Todo dispositivo para deambulação deve ter a altura para o apoio das
mãos ajustada com o nível do ____________, que permite ao cotovelo
manter uma flexão de, aproximadamente, ___________ e ____________
quando estiver à frente do corpo durante a marcha.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas:
a. trocanter menor; 10 a 15°; fletido.
b. crista ilíaca; 5 a 10°; estendido.
c. espinha ilíaca anterossuperior; 10 a 20°; fletido.
d. espinha ilíaca anteroinferior; 15 a 20°; fletido.
e. trocanter maior; 20 a 30°; estendido.
120
d. Andador Pacer®.
e. Cadeira de rodas.
121
Referências
BATES, J.; MCDUFFIE, M.; HARPER, J.; SALISBURY, C. Apostila Kinesio In Elastic
Therapeutic Taping. 2008. Disponível em: https://www.physiouk.co.uk/uploads/manual%20
Elastic%20Therapeutic%20(Kinesio)%20Taping%20in%20Paediatrics%20%20excerpt1866.pdf.
Acesso em: 12 nov. 2016.
LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Unidade 4
Isabel Cristina Chagas Barbin
Convite ao estudo
Olá, bem-vindo à quarta e última unidade de ensino deste livro didático,
na qual você iniciará os estudos sobre a avaliação e reabilitação fisioterapêu-
tica com prescrição do uso de órteses como recurso terapêutico comple-
mentar, e aprenderá sobre a avaliação e reabilitação com órteses para altera-
ções patológicas que acometem a coluna vertebral e os membros superiores e
inferiores. Ao término dos estudos deste livro, você terá adquirido a compe-
tência geral do conhecimento sobre os principais conceitos relacionados às
próteses e órteses, bem como seus tipos, suas indicações e seus processos
de reabilitação. O estudo das unidades 3 e 4 permitirá o desenvolvimento
da competência técnica de conhecer os aspectos relacionados à produção, à
indicação e aos tipos de órteses, e a compreensão do processo de avaliação
e reabilitação fisioterapêutica no paciente com órtese. A partir do estudo
desta unidade, você atingirá os objetivos específicos e será capaz de realizar a
avaliação e elaborar um plano terapêutico para reabilitação do paciente com
a utilização de órtese.
Para auxiliar no desenvolvimento das competências mencionadas nos
parágrafos anteriores e atender aos objetivos específicos do tema em questão,
avaliação e reabilitação fisioterapêutica na prescrição e tratamento com
órtese, a seguir, será apresentada uma situação hipotética que visa aproximar
os conteúdos teóricos abordados da prática. Vamos lá!
Você é aluno do curso de Fisioterapia e iniciou o período de estágio
obrigatório sob supervisão do professor responsável pelo setor. O principal
foco dessa fase do estágio é aprender sobre a terapêutica nos casos de reabi-
litação com o uso de órteses como recurso terapêutico complementar.
Para isso, você dedicou-se intensamente aos estudos sobre os tipos de
órteses mais utilizados atualmente e agora deverá aplicá-los no tratamento
de seus pacientes. Sendo assim, você terá que acompanhar pacientes com
diferentes tipos de diagnósticos, mas que precisem de prescrição de órtese
para a recuperação. Analisando esta situação, você consegue imaginar quais
procedimentos você deverá realizar para ajudá-los a ser bem-sucedidos no
processo de reabilitação?
Em cada seção desta unidade você resolverá situações-problema relacio-
nadas ao contexto apresentado considerando o estudo dos conteúdos
abordados. Então, vamos começar! Mãos à obra e boa sorte nos estudos!
Seção 1
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à primeira seção de estudos desta unidade!
A partir de agora, você iniciará seus estudos sobre avaliação e reabilitação
fisioterapêutica na prescrição de tratamento com órtese para a coluna verte-
bral. Você aprenderá, nesta seção, sobre a prescrição, a avaliação, os objetivos
e o tratamento em alterações da coluna vertebral com a utilização do recurso
de órteses como terapia complementar. Vamos retomar a situação hipoté-
tica que foi apresentada no Convite ao estudo, que visa aproximar os conte-
údos teóricos abordados da prática profissional. Você iniciará seu primeiro
atendimento supervisionado. Foi orientado e instruído pelo professor super-
visor de estágio a avaliar e prescrever um tipo de órtese para um paciente
de nove anos, sexo masculino, com diagnóstico de escoliose torácica alta.
Sendo assim, é importante que você saiba responder aos seguintes questiona-
mentos: quais são os objetivos do uso da órtese para a coluna vertebral e qual
tipo de órtese deverá ser prescrito para esse paciente?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
o uso de órtese para alterações da coluna vertebral, serão apresentados de
forma contextualizada, no item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a
esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
Como abordado na Seção 3.2, existem diversos tipos de órteses que são
indicadas para alterações da coluna vertebral; agora que você já conhece os
principais tipos, vamos entender um pouco sobre sua aplicação.
Órteses cervicais
Para a prescrição de órteses nas alterações da coluna cervical, é impor-
tante o conhecimento anatômico e biomecânico desse segmento. Além desse
125
conhecimento, também é importante avaliar minuciosamente essas estru-
turas e os movimentos antes de prescrever a órtese.
A coluna cervical é composta pelas sete vértebras cervicais, sendo
o segmento mais móvel de toda a extensão da coluna vertebral. O seu
movimento de rotação apresenta uma amplitude de 160° e a metade desse
movimento ocorre entre as vértebras C1 atlas e C2 áxis. Os movimentos de
flexão e extensão ocorrem em toda a extensão da coluna cervical, enquanto
os movimentos de inclinação, apesar de acontecerem em toda extensão,
representam maior mobilidade entre as vértebras C5 e C6. A flexão lateral
ocorre entre as vértebras C3 e C7.
A coluna cervical sustenta o peso da cabeça; para mantê-la em posição
neutra, músculos da região posterior do pescoço se mantêm tensionados.
Juntos à tensão da musculatura posterior, a ação da gravidade e o peso da
cabeça exercem tensão no sentido craniocaudal na coluna cervical, o que
pode resultar em compressões de estruturas cervicais, causando dores com
irradiação para cabeça, tronco e membros superiores, alterações denomi-
nadas cervicalgias, cervicobraquialgias e cervicocefalalgias, situações que
requerem o uso de órteses cervicais como terapia complementar de trata-
mentos conservadores, como fisioterapia e medicamentoso, e também de
tratamentos cirúrgicos.
Os principais objetivos da prescrição das órteses cervicais são manter
o alinhamento e posicionamento correto da coluna cervical e imobilizar
o segmento.
Exemplificando
Um exemplo de indicação do uso de órtese de hiperextensão toraco-
lombar: um paciente que apresenta osteoporose em estágio grave e
avançado, com risco de fraturas das vértebras do segmento afetado,
nesse caso o segmento toracolombar.
126
anteriormente e na região toracolombar posteriormente, o que impede os
movimentos de flexão nesse segmento, os movimentos das cinturas escapular
e pélvica são preservados. Existem dois modelos desse tipo de órtese, que
podem ser encontrados tanto na forma pré-fabricada quanto fabricada sob
medida, como tipo TLSO Jewett e tipo CASH.
O tipo TLSO Jewett apresenta placa esternal anterior, hastes laterais
responsáveis pelo controle da flexão lateral do tronco e placa suprapubiana.
O tipo CASH, cruciform anterior spinal hyperextension, apresenta
pontos de apoio anteriores, no esterno e no púbis, e um posterior na região
toracolombar. Não promove grande estabilidade do tronco e permite os
movimentos de flexão lateral. É indicado quando não é possível o uso do
Jewett, por exemplo, nos casos de pacientes com seios muito volumosos ou
de pacientes que façam uso de colostomia.
As órteses de contenção e imobilização toracolombar são encontradas em
diferentes tipos, como Knigth, Taylor e body jacket, e têm o objetivo, como o
próprio nome já indica, de conter e imobilizar a região toracolombar.
As órteses de contenção e imobilização lombossacra também são conhe-
cidas como cintas abdominais, faixas lombossacras, colete tipo Putty e colete
de Williams. Elas têm o objetivo de reduzir a mobilidade local e dar suporte.
A sua escolha para a prescrição deve levar em consideração se é desejável a
limitação completa ou não dos movimentos de flexão, extensão, rotação e
inclinação lateral do tronco. Seu principal efeito e objetivo é a compressão
abdominal, por isso são indicadas para pacientes que apresentam lombalgias,
lombociatalgias, osteoporose avançada, pós-operatório e trauma local. Esse
tipo de órtese merece o cuidado em relação à dependência e ao uso contínuo,
já que pode causar hipotonia e atrofia muscular local; por isso, a fim de evitar
esses efeitos, é importante haver tratamento fisioterapêutico convencional
em paralelo ao seu uso.
A órtese de Williams impede o movimento de extensão da coluna lombar
e é indicada para os casos de espondilolistese.
Assimile
Você se lembra da patologia denominada Espondilolistese?
É o deslocamento anterior de uma vértebra ou da coluna vertebral em
relação à vertebra inferior. A órtese de Williams exerce o controle da
extensão da coluna lombar, prevenindo o aumento ou a progressão
desse deslocamento entre as vértebras.
127
Órteses para desvios posturais
Cabe ressaltar que as órteses prescritas para desvios posturais devem
ser utilizadas como recurso terapêutico complementar, sendo de extrema
importância o tratamento fisioterapêutico convencional em paralelo.
Um dos tipos de desvios posturais da coluna vertebral é a cifose dorsal
acentuada ou hipercifose, que é o aumento da curvatura cifótica fisioló-
gica primária.
Na avaliação da hipercifose, é importante verificar sua classificação, que
varia de acordo com a etiologia e a sintomatologia. Quanto à etiologia, pode
estar relacionada a fatores posturais, ao encurtamento das vértebras, a fatores
neuromusculares, a malformações, a condições inflamatórias, a traumas e
à osteoporose. Quanto à sintomatologia, está relacionada à flexibilidade,
podendo ser classificada como curvas redutíveis funcionais ou irredutíveis
estruturadas, e, ainda, em dolorosas e indolores.
No exame clínico, deve-se considerar a curva cifótica; o exame pode ser
feito de perfil com o auxílio da linha de prumo. No indivíduo com a cifose
dorsal normal, o fio de prumo fica tangente, encostado no tronco do paciente
em T8 e S2; na região cervical, fica ao nível da vértebra C7; e, na região
lombar em L4, o fio do prumo fica numa distância dessas regiões do tronco
de aproximadamente 30 mm.
Outro aspecto que deve ser verificado é a redutibilidade da curva cifótica,
que deve ser feita a inspeção estática e a dinâmica nas posições sentada,
deitada e em pé. A posição sentada, com as pernas entrecruzadas e as mãos
apoiadas em seus joelhos, tende a retificar a curva cifótica. Nessa posição é
possível verificar a redutibilidade quando a pessoa se endireita apoiando os
membros superiores sobre os joelhos, fazendo com que a curva seja supri-
mida ou até mesmo invertida.
Outro aspecto que também deve ser verificado são as compensações que
podem acompanhar a curva cifótica. Geralmente, nos casos de hipercifose, é
comum a protrusão da cabeça, dos ombros e a hiperlordose cervical e lombar.
Exames complementares também devem ser avaliados, pois auxiliam
na classificação da hipercifose, entre eles podemos destacar a radiografia
panorâmica em perfil de toda a extensão da coluna vertebral, que permite a
aplicação do teste de Cobb, o qual possibilita verificar o grau da curva cifótica.
É considerada normal a curvatura cifótica de 40°, quando ultrapassado esse
valor, já é considerada patológica. Também se deve investigar a presença da
curvatura patológica denominada doença de Scheuermann, que se trata de
cifose dolorosa, pouco redutível; ela surge na puberdade, com acometimento
no nível de T7 a T10, com deformidades nos corpos vertebrais.
128
Reflita
Como deve ser feita a prescrição de órtese em casos de hipercifose com
base na análise do ângulo de Cobb?
Nos casos de pacientes com hipercifose com angulação maior de 40° do
ângulo de Cobb e em doença de Scheuermann, deve haver a prescrição
e indicação de órteses como recurso complementar de tratamento.
Prescreve-se, para esses casos, o colete CTLSO tipo Milwaukee, pois é o
que apresenta melhores resultados. A órtese deve ser utilizada por 23
horas diárias e associada à fisioterapia. Mensalmente, deve ser reali-
zada a reavaliação a fim de verificar a necessidade de ajustes.
Outro tipo de órtese que pode ser prescrito nos casos de hipercifose é
o TLSO, que não impede a protrusão da cabeça, porém se deve atentar ao
alinhamento postural.
Nos casos de atitudes cifóticas redutíveis e não estruturadas, devem ser
prescritos os corretores posturais ou tirantes corretores; estes têm como
objetivo corrigir alterações posturais em crianças e adolescentes. São utili-
zados nos ombros, unidos na região anterior, e utilizados como dispositivos
proprioceptivos para correção postural. É recomendado o acompanhamento
de seu uso com técnicas de reeducação postural global e de conscienti-
zação postural.
A escoliose é uma deformidade morfológica tridimensional da coluna
vertebral, em que ocorrem inclinação lateral das vértebras no plano frontal
com rotação no plano axial. A retração assimétrica dos músculos espinhais
resulta em deformidade em gibosidade nos casos de escoliose estruturada.
No caso de atitude escoliótica, a escoliose não é estruturada e não apresenta
a gibosidade. Em ambos os casos, escolioses estruturadas ou não, deve-se
acompanhar a avaliação de exames de imagem para auxiliar no diagnóstico.
Para a prescrição de um tipo de órtese nos casos de escoliose, é impor-
tante que na avaliação sejam observados os seguintes itens: a etiologia, a
presença de alterações posturais, a maturidade esquelética, o nível da curva-
tura, o comprimento dos membros, a angulação e a rotação vertebral.
Como etiologia, os tipos mais comuns de escoliose estrutural são as
idiopáticas, congênitas, neuromusculares, traumáticas e neoplásicas. Já
no caso de escoliose não estruturada, a causa mais comum é a assimetria
do comprimento dos membros inferiores, também causada por alterações
posturais por contratura de musculatura da região do quadril e antálgica.
A avaliação postural deve ser minuciosa e realizada nas vistas anterior,
lateral e posterior para se investigar comprometimento dos sistemas
129
muscular e esquelético. Nessa avaliação, deve-se observar o alinhamento dos
ombros e da pelve, o posicionamento das escápulas e a presença de gibosi-
dade, os desvios rotacionais das cinturas escapular e pélvica, o posiciona-
mento dos membros inferiores e as alterações plantares. Veja no quadro a
seguir as alterações investigadas durante a avaliação nos planos frontal e
sagital (Quadro 4.1).
Quadro 4.1 | Alterações na avaliação postural para investigação de escoliose
Plano frontal
Inclinação e rotação da cabeça
Diferença na altura dos ombros
Assimetria da caixa torácica
Desvio da linha alba
Assimetria do ângulo de Tales
Obliquidade pélvica
Curva em S ou C na coluna vertebral
Assimetria da altura da prega glútea
Assimetria na altura da linha poplítea
Plano sagital
Hipercifose dorsal
Hiperlordose lombar
Joelho recurvatum
Alterações plantares
Diferença do comprimento dos membros inferiores
Fonte: adaptado de Carvalho (2013, p. 248).
130
Quadro 4.2 | Classificação de maturidade esquelética segundo graus de Risser
Risser 0 Linha de calcificação invisível.
Risser I Linha de calcificação atinge primeiro quarto da asa ilíaca (25%).
Risser II Linha de calcificação atinge metade da asa ilíaca (50%).
Risser III Linha de calcificação atinge três quartos da asa ilíaca (75%).
Risser IV Linha de calcificação atinge a borda medial da asa ilíaca (100%).
Risser V Linha de calcificação fechada da asa.
131
Figura 4.2 | Angulação com o método de Cobb e classificação para rotação vertebral
Pesquise mais
Sobre a escoliose e os recursos terapêuticos conservadores, inclu-
sive órtese, leia o artigo intitulado Análise clínica e radiográfica pré e
pós-tratamento conservador na escoliose idiopática do adolescente:
estudo de caso.
132
Sem medo de errar
Avançando na prática
Hipercifose estruturada
133
comprovar, por meio da aplicação do teste de Cobb, uma curvatura cifótica
maior que 40°.
Com base em seu conhecimento sobre a prescrição de órtese para as
patologias que acometem a coluna vertebral, qual é o diagnóstico dessa
paciente e qual o tipo de órtese deve ser prescrito para seu caso?
Resolução da situação-problema
O diagnóstico da paciente é hipercifose estruturada. O ideal é que exames
complementares também sejam avaliados, pois auxiliam na classificação da
escoliose, entre eles podemos destacar a radiografia panorâmica em perfil
de toda a extensão da coluna vertebral, que permite a aplicação do teste de
Cobb, o qual possibilita verificar o grau da curva cifótica. É considerado
normal a curvatura cifótica de 40°, quando ultrapassa esse valor já é consi-
derada patológica. Nos casos de pacientes com hipercifose com angulação
maior de 40° do ângulo de Cobb, devem ser prescritas órteses como recurso
complementar ao tratamento; nesse caso, o colete CTLSO tipo Milwaukee,
pois é o tipo que apresenta melhores resultados. A órtese deve ser utilizada
por 23 horas diárias e associada à fisioterapia. Mensalmente, deve ser reali-
zada a reavaliação, a fim de verificar a necessidade de ajustes.
134
2. Para a prescrição de órteses nas alterações da coluna cervical, é impor-
tante o conhecimento anatômico e biomecânico desse segmento. Além desse
conhecimento, também é importante avaliar minuciosamente estas estru-
turas e os movimentos antes de prescrever a órtese.
Assinale a alternativa que representa uma das principais indicações de colar
cervical:
a. Tenossinovite.
b. Tendinite.
c. Osteoartrose.
d. Osteoporose.
e. Cervicalgia.
135
Seção 2
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à segunda seção de estudos desta unidade! A
partir de agora, você iniciará seus estudos sobre avaliação e reabilitação fisio-
terapêutica na prescrição de tratamento com órtese para membros superiores
e aprenderá sobre a prescrição, a avaliação, os objetivos e o tratamento em
alterações do membro superior com a utilização do recurso de órteses
como terapia complementar. Vamos relembrar a situação hipotética que foi
apresentada no Convite ao estudo, que visa aproximar os conteúdos teóricos
abordados na prática profissional. Você iniciou seus atendimentos fisiotera-
pêuticos no estágio supervisionado na clínica-escola, atendeu seu primeiro
paciente e prescreveu órtese para a coluna vertebral. Agora, irá atender
uma paciente do sexo feminino, 75 anos, diagnosticada com artrite reuma-
toide e consequente deformidades nas mãos e nos dedos. Embora já tenha
melhorado significativamente, pois vem se tratando há algum tempo com
a fisioterapia convencional, ainda apresenta dificuldade para realizar alguns
movimentos das mãos. Sendo assim, você terá que prescrever uma órtese
como recurso terapêutico complementar para auxiliar na melhora funcional
e para impedir a progressão da deformidade, por isso é importante que você
saiba responder aos seguintes questionamentos: quais são os objetivos do uso
da órtese para o membro superior e qual tipo de órtese deverá ser prescrito
para essa paciente?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
o uso de órtese para alterações do membro superior, serão apresentados de
forma contextualizada, no item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a
esse tema.
Vamos lá, bons estudos!
Como abordado na Seção 3.2, existem diversos tipos de órteses que são
indicados para alterações musculoesqueléticas do membro superior; agora
que você já conhece os principais tipos, vamos entender sua aplicação clínica.
136
As órteses de membro superior podem ser indicadas para os cuidados
pré e pós-cirúrgicos, a imobilização, o aumento da amplitude de movimento
(ADM), a prevenção de contraturas e deformidades, o alongamento da
musculatura, o repouso, a redução da dor e como suporte terapêutico para
diversas doenças, anomalias e traumas.
As órteses de membros superiores são classificadas quanto à sua confecção
e função. Quanto à confecção, podem ser pré-fabricadas, geralmente confec-
cionadas com neoprene, ou confeccionadas sob medida, com material
termoplástico de baixa temperatura, em gesso sintético diretamente sobre o
membro ou em termoplásticos de alta temperatura, com modelagem a vácuo.
Quanto à função, as órteses são classificadas em estáticas ou dinâmicas. As
estáticas têm a função de manter um segmento ou articulação imobilizada,
tendo como objetivo o repouso e a prevenção ou correção de deformidades.
Já as dinâmicas são utilizadas para auxiliar no movimento articular e prevenir
contraturas e aderências.
A American Society of Hand Therapists utiliza como referência o Sistema
de Classificação de Órteses (SCO), que foi elaborado por um comitê de
especialistas de reconhecimento internacional, que subdivide as órteses
de maneira organizada, lógica e prática, e que considera quatro fatores
de descrição, sendo eles: foco anatômico, direção cinemática, finalidade
principal e inclusão de articulações secundárias.
Embora exista uma variedade de materiais para a confecção de órteses
para membros superiores, é importante ressaltar que cada situação clínica
da disfunção requer avaliação aprofundada e individualizada, que vise à
garantia da melhor escolha do material apropriado a cada caso.
Para a confecção da órtese de membro superior, é necessário o domínio
de conhecimento de áreas como física, anatomia, biomecânica, cinesiologia,
patologia, processo de cicatrização e propriedades do material a ser utilizado,
e, também, a compreensão dos protocolos para a reabilitação.
A confecção e a prescrição da órtese devem ser feitas de acordo com as
necessidades individuais de cada paciente e devem garantir a preservação
do estado fisiológico normal dos músculos, prevenindo, assim, a instalação
de deformidades.
Entre os principais objetivos da prescrição de órtese para o membro
superior estão a proteção, imobilização, facilitação de movimentos,
manutenção da anatomia fisiológica dos arcos palmares e prevenção de
deformidades. Para alcançar esses objetivos, é necessário que a órtese esteja
perfeita em sua moldagem; para isso, deve-se considerar em suas técnicas
aspectos como:
137
• Observação dos contornos dos acidentes ósseos anatômicos do
membro superior.
• Garantia de alongamento suave das articulações e dos músculos,
mantendo seus limites plásticos.
• Garantia de apoio para o membro de forma a distribuir a pressão.
• Consideração da característica anatômica da pele das diferentes
regiões do membro superior, por exemplo, o dorso da mão, região com
pouca musculatura e, por isso, mais susceptível a pontos de pressão.
Também é importante ter o cuidado com a prevenção de complicações;
para isso, deve-se observar, na confecção, a disposição e largura de faixas
e velcros, que não devem permitir garroteamento e compressão de pontos
anatômicos, nem prejuízo circulatório do segmento.
Durante a confecção da órtese ainda se deve ter a precaução em relação
ao seu uso de ser individualmente moldada de acordo com as necessidades
individuais de cada paciente e, caso necessite de ajustes durante o tratamento,
este deve ser realizado adequadamente. Qualquer órtese deve ser retirada
após determinado período de uso para que o segmento imobilizado seja
movimentado e alongado em sua limitação de amplitude de movimento, com
o objetivo de prevenir encurtamentos e contraturas musculares e articulares,
com exceção nos casos em que o movimento seja contraindicado naquele
período de tratamento. O tempo de permanência com a órtese deve ser
estabelecido pelo fisioterapeuta e explicado de forma clara para o paciente.
Durante o tratamento, o fisioterapeuta deve encorajar o paciente a, sempre
que possível, utilizar o membro afetado em suas atividades para evitar o
prejuízo funcional dos demais segmentos não afetados do membro superior.
Prescrição da órtese estática para membro superior: o fisioterapeuta
deve ter como base as habilidades cognitivas e práticas, ter em mente qual
o propósito desse tipo de órtese. Sendo assim, esse tipo de órtese pode ser
prescrito com a finalidade de proteção de musculatura que se encontra
fraca, de ser hiperalongada, evitando contratura; outra situação é o caso
de pós-operatório imediato, em que a órtese é indicada para proteger os
tecidos reparados.
Exemplificando
Podemos citar como exemplo para prescrição de órtese estática com
o objetivo de proteção os casos das fases iniciais de lesões do sistema
nervoso central, em que o membro superior do lado afetado tem a
tendência de gerar deformidades decorrentes da espasticidade e disci-
138
nergismos musculares; a órtese, nesse caso, agirá com o objetivo de
prevenção de deformidades.
Reflita
No caso de posicionamento, a órtese estática mantém determinado
segmento para facilitar a função de outro. Você consegue imaginar essa
aplicação da órtese no membro superior?
Imagine um comprometimento de punho em que foi prescrita a órtese
para sustentar e manter a articulação radiocárpica em extensão e, ao
mesmo tempo, permitir aos dedos a total amplitude de movimentos
durante as atividades de preensão.
139
é de extrema importância, principalmente para o fisioterapeuta durante o
tratamento, já que auxiliará os movimentos na ausência da força muscular.
Por se tratar de órtese dinâmica, nos processos de moldagem e
modelagem é importante o conhecimento dos quatro princípios fundamen-
tais da mecânica, aos quais ela está sujeita. São eles:
Somatório de forças: duas ou mais forças aplicadas em um ponto único
podem ser substituídas por um vetor único que represente a soma de forças.
Transmissibilidade de forças: o efeito de uma força sobre um corpo
rígido não é alterado quando esta força é aplicada em qualquer ponto desse
corpo, desde que seja aplicada ao longo de sua linha de ação.
Equilíbrio: se o somatório das forças aplicadas a um corpo é nulo e o
momento resultante de todas as forças que atuam sobre ele for igual a zero,
esse corpo estará em equilíbrio.
Ação e reação: a interação entre dois corpos em contato pode ser repre-
sentada por duas forças de igual magnitude, mas de direções opostas, ambas
tendo a mesma linha de ação.
Suas indicações gerais são oferecer suporte ao segmento comprome-
tido, auxiliar na função de músculos paralisados, auxiliar na cicatrização de
tecidos reparados e auxiliar na melhora de processos inflamatórios e na volta
da mobilidade articular.
Pacientes que fazem uso desse tipo de órtese devem ser acompanhados de
forma assídua pelo fisioterapeuta e avaliados com determinada periodicidade,
para que sejam verificadas a possibilidade e necessidade de ajustes e para que,
além disso, os pacientes realizem a fisioterapia convencional concomitantemente.
Figura 4.4 | Órtese dinâmica de membro superior tipo Thomas
Fonte: http://www.rbcp.org.br/details/770/microcirurgia-das-lesoes-traumaticas-de-nervo-periferico-do-mem-
bro-superior. Acesso em: 10 dez. 2016.
140
As órteses de membro superior também são prescritas nos casos de
artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica que compromete todo
o organismo, inclusive o tecido conjuntivo e líquido sinovial das articula-
ções. As articulações dos punhos, das mãos e dos dedos são severamente
comprometidas, e, se não tratadas inicialmente, instalam-se deformidades
que comprometem a sua função. Para a prescrição de órtese, nesse caso, é
importante o conhecimento anatômico e biomecânico do segmento compro-
metido, lembrando que a mão apresenta estruturas anatômicas complexas.
A utilização da órtese de punho e mão, no caso de artrite reumatoide,
reduz a tensão sobre a cápsula e os ligamentos articulares, relaxando a
musculatura e, consequentemente, diminuindo a dor pelo processo infla-
matório, porém deve ser utilizada seguindo determinados critérios e com
controle de período de uso.
Assimile
Quando se prescreve uma órtese para um paciente, deve-se ter em
mente qual sua indicação principal de uso; uma vez o objetivo sendo
alcançado, a órtese deve ser imediatamente retirada. No caso da artrite
reumatoide, o paciente deve ser orientado sobre as fases da doença, já
que se trata de doença crônica, por isso ele deve saber quando poderá
retirar a órtese para descanso do segmento e quando não tirar, para
que se possa alcançar o alívio da dor e a prevenção de deformidades.
141
Órteses não corrigem
Destruição grave da
Estágio IV – co- deformidades nesse
Desorganização cartilagem, do osso e da
lapso do esquele- estágio, somente
articular grave e articulação; instabili-
to e deformida- oferecem conforto e
deformidades. dade, deslocamento ou
des crônicas. estabilidade durante a
fusão.
função.
Pesquise mais
Para você compreender a utilização de órtese de membro superior na
artrite reumatoide, leia o artigo intitulado A utilização de órteses de
membro superior em pacientes com artrite reumatoide: uma revisão de
literatura no campo da terapia ocupacional.
142
conhecimento anatômico e biomecânico, além disso, a avaliação minuciosa
das estruturas e dos movimentos antes da prescrição da órtese.
As órteses de membro superior são indicadas para os cuidados pré e
pós-cirúrgicos, imobilização, o aumento da amplitude de movimento (ADM),
a prevenção de contraturas e deformidades, o alongamento da muscula-
tura, o repouso, a redução da dor e como suporte terapêutico para diversas
doenças, anomalias e traumas. Entre os principais objetivos de sua prescrição
estão a proteção, imobilização, facilitação de movimentos, manutenção da
anatomia fisiológica dos arcos palmares e prevenção de deformidades. No
caso da paciente que já apresenta deformidades, o ideal é a prescrição de
uma órtese de posicionamento para uso noturno e outra funcional para o
uso diurno. Lembrando que deve haver períodos de retirada da órtese e de
fisioterapia convencional concomitante.
Avançando na prática
Artrite reumatoide
Resolução da situação-problema
A paciente encontra-se na fase I da artrite reumatoide, na qual ainda não é
possível observar alterações em exames de imagem, apenas sinais e sintomas,
os quais foram observados na avaliação. A órtese a ser prescrita para esse
caso é a de posicionamento, com o objetivo de repouso e alívio da dor.
143
II. São indicadas para a prevenção de contraturas e deformidades.
III. São contraindicadas no pós-cirúrgico de patologias de membro
superior.
Sobre as indicações das órteses de membros superiores, é correto apenas o
que se afirma em:
a. Afirmativa I.
b. Afirmativa III.
c. Afirmativas II e III.
d. Afirmativas I e III.
e. Afirmativas I e II.
144
I. A interação entre dois corpos em contato pode ser representada por
duas forças de igual magnitude, mas de direções opostas, ambas
tendo a mesma linha de ação.
II. O somatório das forças aplicadas a um corpo é nulo e o momento
resultante de todas as forças que atuam sobre ele for igual a zero.
III. O efeito de uma força sobre um corpo rígido não é alterado quando
essa força é aplicada em qualquer ponto deste, desde que essa seja
aplicada ao longo de sua linha de ação.
IV. Duas ou mais forças aplicadas em um ponto único podem ser substi-
tuídas por um vetor único.
Assinale a alternativa que corresponde à associação correta entre as colunas:
a. A-I, B-II, C-III, D-IV.
b. A-II, B-I, C-IV, D-III.
c. A-II, B-III, C-I D-IV.
d. A-IV, B-III, C-II, D-I.
e. A-I, B-III, C-IV, D-II.
145
Seção 3
Diálogo aberto
Olá, aluno! Seja bem-vindo à terceira seção de estudos desta unidade! A
partir desse momento, você iniciará seus estudos sobre avaliação e reabili-
tação fisioterapêutica na prescrição de tratamento com órtese para membros
inferiores e aprenderá sobre a prescrição, a avaliação, os objetivos e o trata-
mento em alterações do membro inferior com a utilização do recurso de
órteses como terapia complementar. Vamos relembrar a situação hipotética
que foi apresentada no “Convite ao estudo”, que visa aproximar os conteúdos
teóricos com a prática profissional. Você iniciou seus atendimentos fisiotera-
pêuticos no estágio supervisionado na clínica-escola, atendeu e prescreveu
órtese para a coluna vertebral e membros superiores. Agora, irá atender
um paciente homem, de 75 anos, com sequela de hemiplegia devido ao
acidente vascular encefálico que sofreu. Embora já tenha melhorado signi-
ficativamente, uma vez que vem se tratando há algum tempo com a fisiote-
rapia convencional, ainda apresenta deformidade e déficit de movimento no
membro inferior direito. Sendo assim, você terá que prescrever uma órtese
como recurso terapêutico complementar para auxiliar na melhora funcional
do membro, por isso é importante que você saiba responder aos seguintes
questionamentos: quais são os objetivos do uso da órtese para o membro
inferior e qual tipo de órtese deverá ser prescrito para esse paciente?
Para que você consiga responder a esses e outros questionamentos sobre
o uso de órtese para alterações do membro inferior, serão apresentados de
forma contextualizada, no item Não pode faltar, os conteúdos pertinentes a
esse tema.
Como visto na Seção 3.2, existem diversos tipos de órteses que são
indicados para alterações musculoesqueléticas do membro inferior; agora
que você já conhece os principais tipos, vamos entender sua aplicação clínica.
O principal objetivo da prescrição de uma órtese é, com certeza, a
melhora da função e, por isso, ela deve levar em consideração os objetivos a
146
serem alcançados. Esses objetivos são traçados após uma avaliação criteriosa
desenvolvida por uma equipe especializada e nela deve haver as condições
em que o paciente se encontra, o tempo necessário de utilização da órtese, o
ambiente em que será utilizada e os recursos financeiros do paciente.
Na avaliação fisioterapêutica, devem ser identificados os mecanismos
patológicos que levam ao comprometimento da função do membro inferior;
no exame físico, é necessário que se analise a marcha e se verifique a ampli-
tude de movimento, o grau de força muscular e a existência de alteração
de sensibilidade, de propriocepção e de possíveis lesões cutâneas. Ainda, é
importante que se verifique a presença de alterações secundárias, como a de
visão, já que estas podem agravar a capacidade funcional do paciente.
Reflita
Imagine um paciente que apresente deformidade em pé equino devido
a uma sequela de acidente vascular encefálico e tenha que utilizar
órtese como recurso terapêutico complementar para melhora da
marcha. Considere que o AVE também tenha comprometido sua visão.
Como seria essa prescrição da órtese? As orientações seriam as mesmas
de um paciente sem alteração da visão?
Exemplificando
Para pacientes que apresentam lesões nervosas periféricas de membro
inferior, pode-se prescrever a AFO com estimulação elétrica, também
conhecida como palmilha eletrônica. Ela possui um sensor de contato sob
o calcâneo e eletrodos de superfície nos músculos dorsiflexores, que são
estimulados no momento das fases de pré-balanço e de balanço da marcha.
147
individual, de acordo com o nível de comprometimento do paciente, por
meio de um software denominado Walk-Analyst®. Este tipo de dispositivo
tem como características fácil aplicação, é leve e estético, não tem necessi-
dade de adaptação de calçado, mínimo contato com o usuário, proporciona
melhora da circulação local, reduz atrofia e melhora a função do membro.
Assimile
O apoio isquiático nas órteses mecânicas convencionais deve ser utili-
zado com critérios, sua indicação é feita nos casos em que é necessário o
148
alívio de carga axial no membro inferior acometido ou em pacientes que
apresentam pouca estabilidade pélvica, como nos casos de luxação do
quadril. Também é importante que se avalie a integridade sensitiva do
local onde fica o apoio isquiático, prevenindo, assim, lesões cutâneas.
149
se mantém semiflexionado. É contraindicado para pacientes que apresentam
deformidade em flexão de joelho.
GX-Knee®: apresenta uma unidade pneumática posicionada na barra
lateral de uma KAFO e realiza o auxílio no movimento de extensão do joelho
na fase de balanço.
E-Mag Active®: é indicada para aqueles indivíduos que não possuem o
controle total ou parcial da musculatura extensora do joelho e precisam adotar
mecanismos compensatórios para sua estabilização. Permite um padrão de
marcha normal, impedindo as lesões causadas pelos movimentos compen-
satórios. Apresenta uma articulação medial de joelho livre, uma lateral com
dispositivo eletrônico para bloqueio e desbloqueio automático, um sensor de
angulação para controlar a flexão e extensão do quadril e controlar a articu-
lação do joelho. É contraindicado nos casos de espasticidade, contratura em
flexão de joelho maior que 15° e força muscular de extensores e flexores de
quadril menor que 3°.
E-Knee®: composta por uma articulação de joelho eletrônica com
mecanismo de ativação computadorizado, apresenta uma palmilha com
sensores pressóricos que informam ao microprocessador o momento exato
para bloqueio e desbloqueio articular do joelho.
Rehab E-Knee®: é utilizada para avaliação e treino de marcha em pacientes
com sequelas neuromotoras unilaterais e que necessitam de controle da
articulação do joelho. Seu controle é manual e deve ser feito pelo fisiote-
rapeuta inicialmente; após o treino, o próprio paciente poderá controlar.
Sua utilização tem como objetivo estimular a marcha com padrão normal,
por meio de estímulos proprioceptivos, limitar movimentos indesejados e
estabilizar. Também é utilizada para avaliar a marcha do paciente e auxiliar
na prescrição de órteses longas para membro inferior.
C-Brace®: permite controle nas fases de apoio e balanço por meio de um
sistema mecatrônico, no qual sensores localizados numa lâmina de carbono
entre o pé e a panturrilha transmitem sinais para uma articulação de joelho
hidráulica que é controlada por microprocessador. Possibilita ao paciente
descer e subir escadas e rampas, e deambular em superfícies irregulares com
total segurança. É indicada para os casos de pacientes com paresia ou plegia
do músculo quadríceps e nos casos em que não se consegue estabilizar o
joelho em extensão na fase de apoio, como nos casos de trauma raquime-
dular abaixo de T1 e sequelas de poliomielite.
150
Figura 4.5 | Órtese tipo C-Brace®
Figura 4.6 | A. Órtese com dispositivo eletrônico para bloqueio e desbloqueio articular. B. e C.
Órtese Rehab E-Knee®
151
Pesquise mais
Para que você entenda mais sobre outros tipos de órteses que são
prescritas para membro inferior, pesquise também sobre as órteses
mecânicas convencionais com cinto pélvico (HKAFO) e sobre as órteses
de reciprocação. Leia o Capítulo 7, do livro Órteses – um recurso terapêu-
tico complementar, sobre atuação fisioterapêutica em crianças com
distúrbios de movimento que utilizam órteses de membros inferiores
– da teoria à prática.
152
Avançando na prática
Traumatismo raquimedular
Resolução da situação-problema
Nesse caso, a órtese que poderia ser prescrita é o tipo C-Brace®, que
permite controle nas fases de apoio e balanço por meio de um sistema
mecatrônico, no qual sensores localizados numa lâmina de carbono entre
o pé e a panturrilha transmitem sinais para uma articulação de joelho
hidráulica que é controlada por microprocessador. Essa órtese possibilita ao
paciente descer e subir escadas e rampas, e deambular em superfícies irregu-
lares com total segurança. É indicada para os casos de pacientes com paresia
ou plegia do músculo quadríceps e nos casos em que não se consegue estabi-
lizar o joelho em extensão na fase de apoio, como nos casos de trauma raqui-
medular abaixo de T1, que é o caso de Marcelo.
153
c. Afirmativas II e III.
d. Afirmativas I e III.
e. Afirmativas I e II.
154
Referências
LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. 4. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2007.