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REVISTA INTERDISCIPLINAR ENCONTRO DAS CIÊNCIAS


V.3, N.2. 2020

A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO REPARO TECIDUAL: A


VISÃO DE ACADÊMICOS EM FISIOTERAPIA
THE ACTION OF PHYSIOTHERAPY IN TISSUE REPAIR: THE VISION OF ACADEMICS IN
PHYSIOTHERAPY

Carolina Gonçalves Pinheiro 1 | Brenna Kelly Queiroz2 | Gabriel Albuquerque Gonçalves3 |


Moacir Rodrigues Serpa Neto4 | Gracilene Nogueira Moura5 | Luana da Silva Cardoso6

RESUMO

Desde a antiguidade se busca por procedimentos que interfiram no processo de cicatrização das feridas e a fisioterapia
dermatofuncional possui atuação nesse processo de reparo tecidual. Vale ressaltar que a cicatrização trata-se de um
fenômeno que envolve reações fisiológicas e bioquímicas que almejam a restauração da pele, que podem ser estimulado
por intermédio de recursos utilizados pela fisioterapia. Assim, a fisioterapia atualmente tem demonstrado na prática clínica
e evidenciado por intermédio de pesquisas, como uma profissão primordial no reparo tecidual.

PALAVRAS-CHAVE
Fisioterapia Dermatofuncional; Feridas crônicas; Reparo Tecidual.

ABSTRACT

Since antiquity, procedures have been sought that interfere in the wound healing process and dermatofunctional
physiotherapy has been involved in this tissue repair process. It is worth mentioning that healing is a phenomenon that
involves physiological and biochemical reactions that aim to restore the skin, which can be stimulated through the
resources used by physiotherapy. Thus, physiotherapy currently has been demonstrated in clinical practice and evidenced
through research, as a primary profession in tissue repair.

KEYWORDS
Dermatofunctional physiotherapy; Chronic wounds; Tissue Repair.

INTRODUÇÃO

A Resolução COFFITO nº. 362, de 20 de maio de 2009, reconhece a Fisioterapia


DermatoFuncional como especialidade do profissional Fisioterapeuta, considerando a necessidade de
prover, por meio de uma assistência profissional adequada e específica, as exigências clínico-
cinesiológico-funcionais dos indivíduos com alterações nas funções da pele e estruturas relacionadas
(COFFITO, 2009).
A Resolução COFFITO nº 394 de 2011 apresenta as atuações da especialidade
Dermatofuncional, definindo como: Fisioterapia Dermatofuncional no pré e pós operatório de

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Cirurgias plásticas; Fisioterapia Dermatofuncional no pré e pós operatório de Cirurgias bariátricas;


Fisioterapia Dermatofuncional em angiologia e linfologia; Fisioterapia Dermatofuncional em
dermatologia; Fisioterapia Dermatofuncional em estética e cosmetologia; Fisioterapia
Dermatofuncional em Endocrinologia; Fisioterapia Dermatofuncional em Queimados (COFFITO,
2011).
Assim, é possível evidenciar a partir dessas resoluções que a fisioterapia dermatofuncional
possui atuação no reparo tecidual, necessário para retomar a funcionalidade da pele, atuação essa, que
foi reconhecida pelo Acórdão Nº 924 (COFFITO, 2018), de 11 de dezembro de 2018 enquanto função
do fisioterapeuta, o tratamento de feridas e queimaduras.
Desde a antiguidade se busca por procedimentos que interfiram no processo de cicatrização
das feridas, demonstrando que desde então já se reconhecia a importância de protegê-las de forma a
evitar que se complicassem e repercutissem em danos locais ou gerais para o paciente
(MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003).
A cicatrização trata-se de um fenômeno que envolve reações fisiológicas e bioquímicas que
almejam a restauração da pele (BORGES, SCORZA, 2016). Vale ressaltar que, o processo cicatricial
é comum a todas as feridas, independentemente da causa. Dessa forma, a cicatrização de feridas
refere-se a perfeita e coordenada cascata de eventos celulares, moleculares e bioquímicos que
interagem para que ocorra a reconstituição tecidual e foram descritos por Carrel em 1910 e
recentemente, Clark reclassificou esse processo em três fases divididas, didaticamente, em: fase
inflamatória, fase de proliferação ou de granulação e fase de remodelamento ou de maturação
(CAMPOS; BORGES-BRANCO; GROTH, 2007).
Entende-se por fase inflamatória as fases mais precoces do processo de cicatrização, na qual,
o processo é controlado pela liberação imediata de proteínas plasmáticas, células sanguíneas,
plaquetas e hormônios locais selando inicialmente os vasos lesionados, havendo ainda, liberação de
histamina, serotonina e bradicinina que causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo no local
(PEREIRA et al., 2019).
A fase proliferativa é conhecida por ser a fase de cicatrização ou de reparação, esta etapa pode
ter início de quatro a doze dias após a lesão, e é nesse período em que as células musculares lisas,
endoteliais, fibroblastos e células epiteliais começam a revestir o local da lesão. Tais células são
capazes de restabelecer uma herança tecidual, através dos mecanismos de angiogênese, epitelização
e deposição da matriz óssea (MEDEIROS; DANTAS-FILHO, 2016).
Vale ressaltar que a principal função na fase proliferativa é a restauração da continuidade do
tecido lesado, funcionando como um arcabouço para migração celular, na qual o fibroblasto é o
grande protagonista deste processo, uma vez que, é responsável pela produção do principal

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constituinte da matriz celular, além de se diferenciar em miofibroblasto, o qual é um fenótipo mais


contrátil responsável pela tração das margens da ferida (PEREIRA et al., 2019).
Já na fase de remodelação, ocorre a reorganização da matriz extracelular (BORGES;
SCORZA, 2016), na qual, o colágeno é uma proteína encontrada abundantemente na matriz
extracelular, fundamental na organização do tecido e na resistência, sendo a mais abundante do tecido
conectivo em fase de cicatrização, porém, o colágeno produzido inicialmente é o colágeno tipo III,
menos espesso do que o colágeno presente na pele normal, que vai sendo substituído
progressivamente pelo colágeno tipo I, um colágeno mais espesso e resistente e organizado ao longo
das linhas de tensão. Devido a essas mudanças há um aumento da força tênsil da ferida (SZWED;
SANTOS, 2016).
As feridas com dificuldade de cicatrização geralmente não progridem através do processo
normal de cura, mas sim, entram comumente num estado de inflamação patológica devido a um
processo de cicatrização prolongado e incompleto. Assim, as feridas crônicas são úlceras que estão
associadas a isquemia, a diabetes mellitus, a doença venosa, ou a pressão (LEAL; CARVALHO,
2014).
Um dos tipos de ferida crônica é a úlcera venosa, que, na maioria dos casos, surgem em
decorrência da insuficiência do sistema venoso profundo, superficial e incompetência das perfurantes,
havendo incompetência na bomba do músculo gastrocnêmio (músculo da panturrilha), pois a pressão
venosa, durante a deambulação ou exercícios, não acontece, propiciando assim, a ocorrência de um
fluxo retrógrado (BORGES et al., 2017).
Gamba, Petri e Costa (2016) ressaltam que a úlcera venosa, pode ser também conhecida como
úlcera por insuficiência venosa, úlcera venosa de perna, úlcera de estase ou úlcera varicosa, e que esta
persiste por 4 ou mais semanas. É importante evidenciar que a úlcera venosa produz muito exsudato,
que, quando purulento, indica processo infeccioso.
A incidência da insuficiência venosa (IV) de membro inferior (MI) tem um crescimento
mundial significativo, principalmente devido o aumento na expectativa de vida. Esse agravo
caracteriza-se pela obstrução mecânica (trombose), parcial ou completa, que resulta na insuficiência
valvar e hipertensão venosa, acarretando instabilidade entre o fluxo e o refluxo no interior dos vasos
sanguíneos. Entre os principais fatores de risco estão: obesidade, traumas, diabetes, hipertensão,
tabagismo e ser do sexo feminino, pelo uso de contraceptivo e número de gestações. Depois que a
doença se estabelece, pode evoluir para feridas de difícil cicatrização, incapacidades, e ainda reincidir
em até 66%, tornando o quadro crônico. Sensação de peso, dor e prurido em membro inferior (MI)
são os principais sintomas clinicos e podem ser complementados com exames de imagens, como
por exemplo o Doppler (CARDOSO et al., 2018).

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Já as úlceras arteriais são produzidas pela desnutrição cutânea devido a insuficiência arterial
que tem como resultado a isquemia, caracterizando-se clinicamente por extremidade fria e escura,
palidez, pele atrófica, perda de pelo, diminuição ou ausência das pulsações das artérias do pé e dor
grave aumentada com a elevação das pernas (GAMBA; PETRI; COSTA, 2016).
As lesões por pressão acometem principalmente pessoas hospitalizadas e/ou acamadas, e com
idades mais avançadas. Seu aparecimento se dá, pelo fato dos pacientes permanecerem em uma
mesma posição, ocasionando aumento da pressão da área do corpo que está em contato com a
superfície. Isto, consequentemente aumentará a pressão nos vasos sanguíneos, levando a uma
isquemia nesta área do corpo, que resultará em disfunção metabólica. As lesões geralmente, são
desenvolvidas em proeminências ósseas, como por exemplo nas áreas de trocânter maior do fêmur e
regiões sacrais por serem áreas que são submetidas a grande carga de peso corporal (FURIERI et al.,
2015).
As úlceras provocadas por diabetes mellitus são caracterizadas por distúrbios que afetam o
metabolismo de causas diversas, ocorre aumento no nível de glicose no sangue de forma crônica,
devido o comprometimento na produção e/ou utilização do hormônio insulina. A doença é
classificada por dois grupos: tipo 1, de causa autoimune e tipo 2, caracterizada por deficiência na
produção e no mecanismo de ação da insulina (CISNEROS, 2010).
As lesões teciduais no paciente portador de Diabetes Mellitus (DM) sofrem diversas
alterações, dificultando a cicatrização de feridas e os estágios progressivos do reparo tecidual, isto
acontece especialmente, pelo comprometimento na perfusão sanguínea e inadequado fornecimento
de oxigênio, nutrientes e células de defesas, gerando um atraso no processo de regeneração tecidual
e aumento do processo infeccioso e alterações metabólicas relacionadas ao DM (MACEDO et al.,
2017).
As queimaduras tratam-se de lesões térmicas que estão entre os principais problemas do
mundo e ocorrem na pele destruindo parcial ou totalmente o tecido cutâneo e anexos, podendo
estender-se a camadas mais profundas da pele (BORGES; SCORZA, 2016).
Atualmente existem inúmeros recursos dentro da fisioterapia para auxiliar no reparo tecidual,
podemos citar a fototerapia, alta frequência, microcorrente e a terapia fotodinâmica.
A eletroterapia é um recurso terapêutico extremamente importante quando corretamente
utilizado para o tratamento de diversas afecções que acometem a pele. Com a intenção de reduzir os
custos dos curativos, os agentes físicos começaram a ser introduzidos na cicatrização das feridas.
Com a intenção de reduzir os custos dos curativos, os agentes físicos começaram a ser empregados
na cicatrização das feridas. A estimulação elétrica tem sido uma excelente opção no processo de
cicatrização, além de proporcionar alívio no quadro álgico. A eletroterapia é um recurso terapêutico

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extremamente importante quando corretamente utilizado para o tratamento de diversas afecções que
acometem a pele (COSTA; GUIMARÃES, 2019).
Fisiologicamente as microcorrentes aumentam a síntese de ATP, além de estimular o
crescimento dos fibroblastos e o alinhamento das fibras colágenas (AGNE, 2013).
A microcorrente atua sobre os tecidos em nível celular restaurando a bioeletricidade. Sua
aplicação é subsensorial e indolor, além de não apresentar efeitos colaterais, ser de baixo custo e de
fácil aplicação, além de, representar um excelente instrumento para promover vascularização durante
o processo de cicatrização (MARTELLI et al., 2016).
Outro recurso que pode ser utilizado no reparo tecidual é o Alta frequência, que vem sendo
utilizado para auxiliar no tratamento das lesões, uma vez que, trata-se de um aparelho que trabalha
correntes alternadas com frequência entre 100.000 e 200.000 Hz, com eletrodos de vidro que contém
um gás denominado ozônio (O³) que só será liberado quando usado na superfície da lesão. Apresenta
um efeito térmico causando vasodilatação local, aumento do fluxo sanguíneo, oxigenação e do
metabolismo celular, promovendo também efeito analgésico, anti-inflamatório, antisséptico e
cicatrizante (COSTA, GUIMARÃES, 2019).
Estudos recentes demonstraram que a estimulação elétrica de alta frequência (HF – high
frequency) é uma boa opção na aceleração do processo cicatricial, uma vez que, proporciona alívio
do quadro álgico. O HF tem capacidade de produzir efeitos fisiológicos, decorrentes de: 1) efeitos
térmicos produzidos pela corrente ao atravessar o organismo, gerando a produção de calor local. O
efeito térmico provoca a vasodilatação periférica local, aumentando o fluxo sanguíneo e o aporte de
oxigênio, incrementando, portanto, a oxigenação o trofismo e o metabolismo celular; 2) efeito do
ozônio devido ao faiscamento produzido pela corrente ao atravessar o eletrodo. O uso criterioso do
ozônio (O3) é providencial, porque elimina os agentes patogênicos e, em seguida, libera oxigênio
(O2), ativando a fibroplasia para a elaboração de matriz intercelular, proliferação de queratinócitos e,
consequentemente, a recuperação do tecido lesionado (KORELO et al., 2013).
O LED também conhecido por ser um aparelho que emite cores que varia no interior de um
prolongamento de onda entre 390 nm e 780 nm. A luz que o LED emite é discordante, incoerente
onde a separação dos prolongamentos de onda, sendo simultâneo em uma determinada área
considerável de um tecido (ARAÙJO, 2014).

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FONTE: Dreamstime.com (2020)

A foto estimulação do LED vai acontecer devido a atuação da luz na permeabilidade da pele
estimulando as mitocôndrias na síntese de ATP como também incentivar proteínas colágenas e
elastinas a serem estimuladas, a luz vai ter ação anti-inflamatório ou antimicrobiano variando de
acordo com o prolongamento de extensão da onda, sendo explicado a sua aplicação nas mais variadas
afecções (MEYER et al., 2010).
Os lasers são classificados em baixa e alta potência, tendo diferença no que diz respeito ao
manuseio e a finalidade terapêutica, uma vez que os de alta potência é utilizado para condutas como
coagulação de tecidos, cortes e remoção, contrapondo isso, o de baixa potência é geralmente utilizado
para o reparo tecidual. Ainda acerca dos lasers, é notável uma gama de lasers, tais como: Hélio-
Cádmio, Argon, Hélio-Neônio, Krypton, Arseneto de Gálio e Alumínio e CO (ANDRADE, CLARK, 2

FERREIRA, 2014).
A manifestação do tratamento com segmentos supracitados se dá pela interação biológica
entre os tecidos e a luz que é emitida, em virtude da absorção da luz pelas células fotossensíveis à
luz, que por sua vez são denominados de cromóforos, de modo que cada laser apresenta uma
propriedade específica, bem como cada luz em consequência do tamanho da sua onda (cor)
(BORGES, SCORZA, 2016).
A terapia fotodinâmica (TFD) é uma modalidade terapêutica que vem sendo utilizada em
diversos tipos de enfermidades, inclusive para tratamentos de fungos, bactérias e neoplasias. Trata-
se de uma terapia não cirúrgica, minimamente invasiva e de fácil execução, além de apresentar
excelentes resultados. O método de intervenção consiste na condução de uma substância
fotossensibilizante nas células e tecidos seguida da aplicação de irradiação a laser (laser de baixa
potência) aumentando sua especificidade (MOURA; BRANDÃO; BARCESSAT, 2018).
O Acórdão Nº 611 (COFFITO, 2017), de 1º de abril de 2017 que versa sobre a normatização
da utilização e/ou indicação de substâncias de livre prescrição pelo Fisioterapeuta, como
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medicamentos fitoterápicos/fitofármacos, medicamentos homeopáticos, medicamentos


antroposóficos, medicamentos ortomoleculares, fotossensibilizadores para terapia fotodinâmica,
iontoforese e fonoforese com substâncias de livre prescrição e orais como próprios da Fisioterapia,
modificou a terapêutica em fisioterapia, inclusive na terapia fotodinâmica.

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de um relato de experiência da vivência de acadêmicos de


Fisioterapia em Reparo tecidual durante a graduação.
Durante a graduação de Fisioterapia, os acadêmicos tem a experiência de utilizar recursos
eletrotermofototerápicos a fim de acelerar o processo cicatricial de pacientes portadores de feridas
crônicas.
Após a admissão do (a) paciente no setor de Fisioterapia Dermatofuncional pela professora
responsável, inicia-se o processo de preparação do terapeuta, que deve estar devidamente
paramentado com seu Equipamento de Proteção individual - EPI, geralmente máscara, gorro e luvas.
E do ambiente, onde as macas para a avaliação são higienizadas com álcool a 70% e revestida com
um papel descartável.
Logo após, o aluno responsável pelo (a) paciente, começa a anamnese, onde é colhida, a
queixa principal, a história da doença, a história patológica pregressa, os antecedentes familiares e
cirúrgicos e seus hábitos de vida. Neste momento, são solicitados ou interpretados os exames do
paciente. Geralmente solicita-se hemograma completo, uréia e creatinina, glicemia, hemoglobina
glicada, PCR e D-Dímero em casos de suspeita de Trombose Venosa Profunda - TVP. Concluída essa
primeira parte, a avaliação segue com a inspeção da lesão e a palpação.
Na inspeção, são observadas as características da lesão, tipos de tecido presente na lesão, seu
exsudato, bordas e localização. Alguns tecidos desvitalizados presentes na lesão não auxiliam no seu
reparo tecidual, sendo estes os esfacelos, tecidos necróticos e a escara. Estes dificultam o estímulo
cicatricial devido sua impedância, além de poder gerar uma possível infecção local. Neste caso, estes
tecidos são removidos no próprio setor pela equipe de enfermagem, ou encaminhado para outra
unidade de saúde. Quanto aos tecidos de granulação e epitelização, estes serão tratados e estimulados.
Observa-se também as características do exsudato, sua composição, quantidade e odor. As
bordas da lesão podem apresentar-se maceradas, decorrente de umidade, ressecadas ou invertidas. A
pele ao redor da lesão também deve ser avaliada, para verificar sua coloração, temperatura e presença
ou não de dermatite ocre.
Na palpação da lesão, verifica-se a profundidade da lesão, que deve ser quantificada em cm
com o uso de sonda, ou em ml com uso de soro fisiológico. Se há deslocamento da pele ao redor da
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lesão, presença, diminuição ou ausência de pulso e sensibilidade no membro acometido, e se há


edema. Em casos de dor, o paciente é avaliado pela Escala Visual Analógica - EVA.
Para um melhor acompanhamento da lesão, o aluno responsável pelo (a) paciente, mensura a
extensão da lesão em comprimento e largura com auxílio de uma régua descartável. Esse processo é
realizado em todos os atendimentos, tendo em vista o acompanhamento da evolução da lesão.
Após realizada toda a anamnese e avaliação inicia-se o tratamento do paciente focando nos
achados da avaliação, este por vez é personalizado e varia de acordo com os tipos e graus de lesão.
Após a alta, os cuidados com o paciente continuam, é o que chamamos de Falow Up, que
consiste em um acompanhamento semanal, que posteriormente, dependendo da evolução passa para
mensal, como uma forma de evitar recidivas.

DISCUSSÃO

O profissional fisioterapeuta tem grande importância desde a prevenção até a reabilitação dos
pacientes acometidos por lesão de pressão, uma vez que oferece recursos capazes de melhorar e/ou
curar tal problema (SILVA et al., 2019).
Na lesão por pressão, o fisioterapeuta atua na atenção primária, realizando mudanças posturais
do paciente acamado. É realizado também, exercícios de forma ativa quando os pacientes conseguem
executar o movimento, quando não conseguem realizar, dependendo do estado geral do paciente,
podem ser realizados exercícios passivos também, para aqueles que não tem força de contração
suficiente para realizar o exercício só, para que o paciente possa com a evolução voltar a sua vida
diária. O profissional pode utilizar de vários recursos para este tipo de lesão, como massagens
circundando a borda da lesão por pressão e exercícios para o tratamento, sejam eles de forma ativa
ou passiva, para que possa aumentar o fluxo de sangue no local e aumentar o reparo tecidual, por
meio do fornecimento de nutrientes. Pode ser utilizado também o tratamento com
eletrotermofototerapia, com o uso do infravermelho, o uso do ultrassom e a eletroestimulação
também conseguem atingir efeitos benéficos, assim como vários outros recursos que estão disponíveis
para o tratamento da lesão, mas é importante avaliar cada caso, para que tenha uma boa resposta no
reparo tecidual (FURIERI et al., 2015).
Segundo Silva et al. (2019), o profissional fisioterapeuta pode atuar na lesão por pressão com
os recursos eletrotermofototerapêuticos, como a terapia por ultrassom, o laser de baixa intensidade, a
eletroestimulação de alta voltagem, o gerador de alta frequência, microcorrentes, a corrente galvânica,
entre outros.
A intervenção fisioterapêutica na queimadura é de extrema importância, no que se refere à
diminuição das sequelas deixadas pela lesão, na melhoria da qualidade de vida e da integração, tanto
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física como psicológica, do indivíduo. O fisioterapeuta possui aptidões específicas, certas


metodologias e linhas de conhecimento que irão atuar no tratamento, possuindo recursos específicos
para cada fase cronológica do avanço da queimadura, permitindo que a lesão se cicatrize de maneira
correta e evitando complicações futuras (ROCHA; ROCHA; SOUZA, 2010).
Fernandes et al. (2007) afirmam que a terapia com laser de baixa intensidade aplicada ao
tecido cutâneo, mesmo em um indivíduo diabético, apresenta resultados muito positivos no sentido
de estimular o processo de cicatrização, instigando assim, a organização da cura da ferida.
De acordo com Silva et al. (2018) o LED atua como antimicrobiano e anti-inflamatório, de
acordo com o comprimento de onda, age nas células com relação à sua absortividade e acelera o
processo de cicatrização influenciando as mitocôndrias estimuladoras, atuando na síntese de ATP,
bem como na elastina e no colágeno. O tratamento terapêutico do LED pode ajudar na cicatrização
de lesões na pele, onde a luz proporciona a normalização dos processos bioquímicos e fisiológicos
das feridas.
A cicatrização engloba uma sequência coordenada de alterações bioquímicas e o LED
apresenta uma relevante capacidade no processo de cicatrização tecidual estimulando a reparação dos
tecidos lesados, por intermédio na neovascularização em tecido lesionado, por acelerar o processo de
reparo e reduzir a área de necrose (SILVA et al., 2018).
De acordo com o estudo de Sant e Douat (2019) o tratamento e a avaliação fisioterapêutica é
de extrema importância na prevenção e no surgimento da lesão diabética, este estudo mostrou que os
monofilamentos utilizados para avaliar os membros inferiores do portador de DM, podem contribuir
para a prevenção e tratamento fisioterapêutico precoce do pé diabético, através da identificação de
alterações de sensibilidades.
A microcorrente acelera em até 500% a produção do trifosfato de adenosina (ATP), sendo
encarregado pela síntese proteica e regeneração tecidual, estimulando os fibroblastos a produzirem
as fibras de colágeno, elastina e reticulina (SILVA et al., 2019), estimulando assim o processo de
cicatrização.
A atuação da fisioterapia no reparo tecidual tem ganhado espaço na atualidade. Rocha Júnior
et al. (2006) afirmam que o reparo tecidual é um estado dinâmico que compreende diferentes
processos, entre eles, inflamação, proliferação celular e síntese de elementos que constituem a matriz
extracelular, como colágeno, elastina e fibras reticulares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A fisioterapia tem demonstrado importantes resultados de atuação a partir dos conhecimentos


específicos na atuação do reparo tecidual, agregando assim, resultados benéficos a pacientes
portadores de lesões crônicas com atraso na cicatrização.
Portanto, o profissional fisioterapeuta tem importante relevância desde a prevenção até a
reabilitação dos pacientes acometidos por atraso no reparo tecidual, visto que oferece recursos dentro
da eletrotermofototerapia capazes de acelerar o processo cicatricial até a completa reparação do tecido
e retorno da funcionalidade da pele.

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Recebido em: 31 de Maio 2020


Aceito em: 26 de Julho de 2020
1
Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional. Mestranda em Ciências da
Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC (SP). Docente do Centro
Universitário Vale do Salgado, CE – Brasil. E-mail:
[email protected] (Autora Correspondente)
2
Discente do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Vale do Salgado
CE – Brasil.
3
Discente do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Vale do Salgado
CE – Brasil.
4
Discente do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Vale do Salgado
CE – Brasil.
5
Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário Vale do Salgado – CE -
Brasil.
6
Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário Vale do Salgado – CE -
Brasil. Fisioterapeuta da Unidade de Terapia Intensiva– Icó – CE.

Revista Interdisciplinar Encontro das Ciências | Icó-Ceará | v.3 | n.2 | p. 1316 - 1327 | Maio-Ago. | 2020

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