Depósito Residual 2023
Depósito Residual 2023
Depósito Residual 2023
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
LICENCIATURA EM GEOLOGIA APLICADA
3º Ano
JAZIGOS MINERAIS
TEMA: Depósitos Residuais
Discente:
Cambaza, Nareia Agnaldo
Machava, Luís Laitela
Docente:
Dra. Fátima Chaúque
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Introdução
Os depósitos residuais são formações geológicas de grande importância para compreensão e
exploração dos recursos minerais presentes em nosso planeta. Esses depósitos são resultado
de processos de meteorização química e/ou física que ocorrem ao longo de milhares de ano.
Neste trabalho, abordar-se-ão os principais aspectos sobre os depósitos residuais, como a sua
génese, processo de formação e mineralizador, exemplos de depósitos residuais, como as
Laterites (processo de formação, sua textura, mineralogia e modo de ocorrência).
As Laterites de um dos depósitos mundialmente conhecido também encontrar-se-á debruçada
ao longo deste trabalho.
Laterite é uma camada rica em óxido de ferro e derivados de grandes rochas meteorizadas
sob condições fortemente oxidantes e lixiviação.
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Objetivos
Objetivos gerais
Ø Descrever os depósitos residuais;
Objectivos específicos
Ø Conhecer a génese dos depósitos residuais;
Ø Descrever o processo mineralizador;
Ø Descrever o processo de formação do Depósito residual;
Ø Conhecer os tipos de depósitos residuais, as rochas predominantes, a textura, estrutura
e mineralogia dessas rochas;
Ø Caracterizar os perfis dos Depósitos residuais;
Ø Caracterizar um dos depósitos mundialmente conhecidos.
Metodologia
A elaboração deste trabalho consistiu na pesquisa e recolha de informações usando manuais e
artigos sobre depósitos residuais e jazigos minerais, bem como visita em sites dedicados a
estudos ligados a depósitos autóctones e alóctones, depósitos sedimentares, depósitos
lateríticos, meteorização e depósitos residuais mundialmente conhecidos.
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Meteorização
Consiste no conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que provoca desgaste das
rochas ao longo do tempo.
As transformações pelas quais as rochas são sujeitas podem levar a reconstrução dos minerais
mobilizados pela meteorização, substâncias e elementos gerando novos depósitos minerais.
Os depósitos residuais são encontrados sobre as rochas das quais foram formados, ou seja,
cobrem as rochas originais das quais foram derivados.
Componentes
As rochas pertencentes a esta classe são compostas por dois componentes.
Os minerais duráveis mais raros das rochas, como zircão, rutilo, granada, turmalina, cianita, e
vários óxidos de ferro, magnetite, hematite, ilmenite e cromita são também encontrados.
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Os produtos insolúveis compreendidos no segundo componente são principalmente, os
silicatos de alumínio hidratados do grupo da caulinite-haloisite, silicatos de magnésio
hidratados do grupo da serpentina-talco, cloritas, zeolitas, hidromicas e os minerais epidoto.
Vários óxidos hidratados de ferro e aluminio (laterite e bauxita) e sílica coloidal também
podem estar presentes.
Processos de formação
Os depósitos residuais são formados pelo mecanismo de levantamento, exposição superficial
e meteorização. O enriquecimento residual é obtido por dois processos separados,
dependendo das características da solução dos minerais protore. Se os minerais protore são
resistentes a meteorização química, esses minerais tornam-se concentrados por meio da
dissolução e remoção da matriz circundante; isso pode ser denominado “concentração de
resistates”. Se os minerais protore são relativamente solúveis em águas superficiais
oxigenadas, mas insolúveis em soluções reduzidas, o enriquecimento ocorre por dissolução
dos minerais protore na zona oxidante e reprecipitação, geralmente como novos minerais de
minério, na parte mais baixa da zona oxidante e/ou no ambiente reduzido subjacente; este
processo é comumente referido como “enriquecimento supergênico”.
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Depósito de Laterite Mundialmente conhecido
Laterite
É uma camada rica em óxido de ferro e derivados de grandes rochas intemperizadas sob
condições fortemente oxidantes e lixiviação.
Laterização
É um tipo de meteorização química que actua principalmente sobre os solos, sendo
responsável pelo surgimento de crosta ferruginosa sobre eles.
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Ø Rochas.
Amazonas.Fonte:Shutterstock.com
Enquadramento geológico
O Estado do Amazonas é caracterizado por extensa cobertura sedimentar fanerozoica,
representada pelas bacias do Acre, Solimões, Amazonas e Alto Tapajós, depositadas em um
substrato rochoso pré́ -cambriano onde ocorrem rochas de natureza ígnea, metamórfica e
sedimentar.
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A maior entidade tectónica está representada pelo Cráton Amazônico e corresponde a duas
principais áreas pré-cambrianas: os escudos das Guianas e Brasil Central, respetivamente ao
norte e sul da Bacia Amazônica.
Províncias Geocronológicas
Província Tapajós-Parima
A Província Tapajós-Parima compreende uma faixa orogênica com direção NW-SE cujas
idades isotópicas são pertinentes ao Paleoproterozoico e revelam rejuvenescimento de leste
para oeste. Em seu interior são reconhecidos dois domínios tectonoestratigráficos: Uatumã-
Anauá, ao norte, e Tapajós, a sul.
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NE-SW e, subordinadamente, E-W e N-S. No Amazonas, apresenta as seguintes
características em sua evolução (REIS et al., 2003):
Santos et al. (2006) associam o metamorfismo de 1,49- 1,42 Ga do Domínio Imeri ao evento
K’Mudku, motivo pelo qual inserem a Província K’Mudku no modelo de províncias
geocronológicas (Figura 2.2). A serra Aracá, por sua vez, registra uma deformação na fácies
xisto-verde, com evidência local de metamorfismo na fácies anfibolito. Representa um
possível registro de episódio deformacional heterogêneo de provável idade K’Mudku (1,3-1,1
Ga)
Província Rondônia-Juruena
A Província Rondônia-Juruena possui grande área de exposição nos estados de Rondônia e
Mato Grosso, cabendo ao Amazonas apenas uma área a oeste da Bacia Sedimentar Alto
Tapajós, nos limites com os referidos estados. Dois principais domínios estão inseridos na
província: Roosevelt-Juruena e Jamari, esse último em área de tributários da margem direita
do rio Purus (Ituxi e Siriquiqui, dentre outros).
O Domínio Roosevelt-Juruena, dominantemente NW- SE, com inflexões para E-W e NE-
SW, é caracterizado por suítes graníticas calcialcalinas com idades no intervalo de 1,79-1,75
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Ga e pela sucessão vulcanoclástica beneficente, depositada em ambiente marinho raso a
transicional, cuja idade mínima é estabelecida por uma soleira máfica (Mata- -Matá) em 1,57
Ga (BETIOLLO et al., 2009).
O Domínio Jamari ocupa a porção sul do Amazonas, sendo constituído dominantemen- te por
rochas ortognáissicas e subordinadas supracrustais. As primeiras datam ao intervalo de 1,76-
1,73 Ga. Zircões detríticos prove- nientes dos paragnaisses forneceram idades no intervalo
1,80 a 1,67 Ma (idade máxima). A idade mínima está indicada pelas rochas granitoides
(inclui rapakivi), charnockitoides e gabroides Serra da Providência em 1,60- 1,53 Ga. O
Domínio Jamari é afetado por um evento tectonometamórfico de alto grau em 1,35 a 1,30 Ga,
que mantém corres- pondência com a Orogenia San Ignácio do oeste boliviano. Possui
arranjo NNW-SSE e, subordinadamente, E-W.
Laterites da Amazonas
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Na região Amazônica os perfis maturos se diferenciam dos imaturos por serem mais antigos
e, consequentemente, mais lixiviados, o que permitiu a formação do horizonte bauxítico e/ou
de fosfato de alumínio (Costa, 1991; Costa, 2007; no que se refere à estruturação dos perfis, o
saprólito é a parte inferior do regolito, correlato ao horizonte C do solo. No atual modelado
da paisagem, aflora em vales e/ou encostas ingrímes (Anand et al. 2002; Bitom et al. 2013),
representa a rocha mãe parcialmente alterada, preserva os constituintes minerais primários do
material original em coexistência com argilominerais neoformados (Anand & Paine, 2002;
Costa, 2007). A parte inferior do saprólito, denominada “saprock” ou saprólito grosso, exibe
menos que 20% dos minerais primários alterados, é constituída por grandes blocos
individualizados pela meteorização ao longo de fraturas, falhas, acamamentos, contactos,
vénulas veios, dentre outros. Nesta interface há illita e esmectitas e ausência de oxi-
hidróxidos de ferro. A porção superior, conhecida como saprólito fino ou litomarge,
apresenta mais de 20% dos minerais primários alterados, além disso, os minerais primários
são substituídos pseudomorficamente para a caulinita, goethita e hematita; restando apenas
quartzo em estado parcial de dissolução e resistatos. Próximo ao contato com o horizonte
mosqueado, à medida que a proporção de argilominerais, cimentação por sílica secundária,
goethita e hematita aumentam, o saprólito tende a perder progressivamente o “fabric” da
rocha mãe (Anand & Paine, 2002; Costa, 2007).
A crosta laterítica é o material mais duro, denso e coeso do perfil laterítico devido à
formação e recristalização de óxidos de ferro e alumínio e, quando aflorante sustenta serras e
colinas devido a sua maior resistência à erosão. A formação das crostas pressupõe longo
processo de lixiviação, acúmulo de ferro e alumínio, clima sazonal e estabilidade Tectónica
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(Valeton, 1972, Bardossy & Aleva, 1990). Na sua base ou zona inferior, quando em lateritos
maturos, mais expostos a meteorização, há presença de fosfatos de alumínio e/ou crosta
bauxítica (Costa, 2007). No topo ou zona superior, a crosta é abundante em hematita e
goethita. Os principais tipos de crostas lateríticas são colunares, maciços, vermiformes,
protopisolíticas/protonodulares, brechóides/fragmentada e pisolítica, nodular ou oolítica.
Nomenclatura
Distribuição geográfica
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Os lateritos são encontrados por toda a região Amazônica. Entretanto, somente os lateritos
ferruginosos e bauxíticos constituem grandes corpos. As principais regiões lateríticas
identificadas na Amazonia são:
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evolução: Lateritos imaturos-Estão distribuídos por toda região, e formam o relevo jovem que
domina em toda Amazónia. Os perfis de tais lateritos apresentam características típicas de
baixo grau de evolução. A presença de um horizonte concrecionário ferruginoso é clássico.
Lateritos maturos estão muito bem representados na Amazónia, mas não tem a mesma
extensão geográfica dos imaturos, restringindo-se às regiões específicas descritas
anteriormente. Em geral, compõem o relevo mais elevado, sob a forma de platôs ou morros.
São lateritos evoluídos, com maior complexidade de horizontes, texturas, estruturas,
mineralogia, feições geoquímicas e mi- neralizações associadas. Esses lateritos mostram em
geral feições típicas de processos policíclicos (Kotschoubey & Truckenbrodt 1981) e
epigenéticos (Costa 1990a, c).
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esponjosas e porosas. Córtex formados por oxi-hidróxidos de ferro e alumínio são também
muito abundantes.
Mineralogia
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Fig07: Tabela de minerais de cada Horizonte
Modo de ocorrência
Os lateritos imaturos da Amazónia ocorrem nas seguintes formas:
Crosta ferruginosa: encontra-se normalmente no topo dos perfis, em geral sob a forma de
rocha dura e densa, muitas vezes magnética, de coloração marrom-avermelhada. O seu
arcabouço geral tem os seguintes aspectos:
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ligados entre si apenas por meio de finos córtex microcristalinos, criando um padrão
pisolítco;
O horizonte bauxítico e/ou fosfático é o melhor critério para distinguir lateritos maturos dos
imaturos.
Mineralogia
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Fig08: Tabela de Minerais de cada tipo de horizonte.
Modo de ocorrência
Na Amazónia, os laterites maturos ocorrem da seguinte maneira:
• platôs ou morros, cujos topos representam superfícies lateríticas reliquiares; platôs isolados
atingem até 40 km2 de área, formando-se sobre lateritos bauxíticos;
• como parte do relevo recente, sem qualquer distinção morfológica devido a movimentos
tectônicos em blocos, nivelando o relevo antigo com o recente, ou até mesmo invertendo-os.
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Conclusão
Ao longo deste trabalho, foram abordados os processos formadores dos depósitos residuais
bem como a ocorrência dos depósitos lateríticos no Amazonas-Brasil e concluímos que o
conhecimento actual sobre esses depósitos permite concluir que os mesmos são muito
importantes, não somente para o mapeamento geológico, como para a prospecção de jazigos
minerais. Também são importantes porque o seu estudo está contribuindo para o
entendimento da evolução geológica do Amazonas.
Os lateritos maturos são bem representados no Amazonas, mas estão em menor extensão do
que os imaturos.
Concluímos também que além das jazidas de bauxita, ferro, caulinita, man- ganês e ouro -
várias em fase de explotação organizada -, há ainda os depósitos de níquel, cromita, fosfates,
estrôncio, titâ- nio, nióbio etc, os quais tem alto potencial de conter jazidas. Os lateritos
maturos, em decorrência de seu alto grau de evolução, o que favorece o elevado grau de
diferenciação química, são os mais complexos em mineralizações associadas. Lateritos
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imaturos são mais propícios a concentrar ouro, urânio, platina, níquel, cobre e cobalto.,
representando uma fonte valiosa de minerais para o nosso planeta.
Referências Bibliográficas
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Anexos
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Fig11:Perfil geológico de laterites bauxiticos. Fig12: Perfil geológico de laterites Fosfáticos.
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