Depósito Residual 2023

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FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
LICENCIATURA EM GEOLOGIA APLICADA
3º Ano
JAZIGOS MINERAIS
TEMA: Depósitos Residuais

Discente:
Cambaza, Nareia Agnaldo
Machava, Luís Laitela

Docente:
Dra. Fátima Chaúque

Maputo, Maio de 2023


Índice
Introdução................................................................................................................................................................1
Objectivos.................................................................................................................................................................2
Objectivos gerais..................................................................................................................................................2
Objectivos específicos..........................................................................................................................................2
Metodologia.............................................................................................................................................................2
Meteorização...........................................................................................................................................................3
Génese dos depósitos Residuais.............................................................................................................................3
Componentes............................................................................................................................................................3
Processos de formação............................................................................................................................................4
Processo Mineralizador geral...................................................................................................................................4
Depósito de Laterite Mundialmente conhecido.....................................................................................................5
Laterite.....................................................................................................................................................................5
Laterização...............................................................................................................................................................5
Factores responsáveis pela formação de laterites...................................................................................................5
Depósito de Laterites do Amazonas -Brasil.............................................................................................................6
Localização Geográfica.............................................................................................................................................6
Enquadramento geológico.......................................................................................................................................6
Provincias Geocronologicas.....................................................................................................................................8
Província Tapajós-Parima........................................................................................................................................8
Província Rio Negro.................................................................................................................................................8
Província Rondônia-Juruena....................................................................................................................................9
Bacias sedimentares Fanerózoicas...........................................................................................................................9
Bacia do Amazonas..............................................................................................................................................9
Laterites da Amazonas...........................................................................................................................................10
Distribuição geográfica...........................................................................................................................................12
Grau de evolução e natureza dos perfis................................................................................................................13
Lateritos imaturos auctótones...............................................................................................................................14
Mineralogia............................................................................................................................................................15
Modo de ocorrência...............................................................................................................................................15
Lateritos maturos auctótones................................................................................................................................16
Mineralogia............................................................................................................................................................17
Modo de ocorrências.............................................................................................................................................17
Conclusão...............................................................................................................................................................18
Referências Bibliográficas......................................................................................................................................19
Anexos....................................................................................................................................................................20

0
Introdução
Os depósitos residuais são formações geológicas de grande importância para compreensão e
exploração dos recursos minerais presentes em nosso planeta. Esses depósitos são resultado
de processos de meteorização química e/ou física que ocorrem ao longo de milhares de ano.

Neste trabalho, abordar-se-ão os principais aspectos sobre os depósitos residuais, como a sua
génese, processo de formação e mineralizador, exemplos de depósitos residuais, como as
Laterites (processo de formação, sua textura, mineralogia e modo de ocorrência).
As Laterites de um dos depósitos mundialmente conhecido também encontrar-se-á debruçada
ao longo deste trabalho.

Laterite é uma camada rica em óxido de ferro e derivados de grandes rochas meteorizadas
sob condições fortemente oxidantes e lixiviação.

Formam-se em regiões tropicais e subtropicais onde o clima é húmido. Os solos lateríticos


podem conter minerais argilosos, mas tendem a ser pobres em sílica, pois a sílica é lixiviada
pelas águas que atravessam o solo.

1
Objetivos
Objetivos gerais
Ø Descrever os depósitos residuais;
Objectivos específicos
Ø Conhecer a génese dos depósitos residuais;
Ø Descrever o processo mineralizador;
Ø Descrever o processo de formação do Depósito residual;
Ø Conhecer os tipos de depósitos residuais, as rochas predominantes, a textura, estrutura
e mineralogia dessas rochas;
Ø Caracterizar os perfis dos Depósitos residuais;
Ø Caracterizar um dos depósitos mundialmente conhecidos.

Metodologia
A elaboração deste trabalho consistiu na pesquisa e recolha de informações usando manuais e
artigos sobre depósitos residuais e jazigos minerais, bem como visita em sites dedicados a
estudos ligados a depósitos autóctones e alóctones, depósitos sedimentares, depósitos
lateríticos, meteorização e depósitos residuais mundialmente conhecidos.

2
Meteorização
Consiste no conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que provoca desgaste das
rochas ao longo do tempo.

As transformações pelas quais as rochas são sujeitas podem levar a reconstrução dos minerais
mobilizados pela meteorização, substâncias e elementos gerando novos depósitos minerais.

Os Processos de meteorização variam conforme o meio no qual se desenvolve: tipo e


composição da rocha, clima, vegetação e relevo.

Génese dos depósitos Residuais


Os depósitos residuais são produtos insolúveis formados in situ pela alteração física e/ou
química das rochas que escaparam do transporte.

Durante a meteorização química o corpo original da rocha é reduzido em volume pelo


processo de lixiviação, que remove os íons da rocha original. Os elementos que não são
lixiviados da rocha, portanto, ocorrem em maior concentração na rocha residual. Esses
depósitos geralmente são formados como resultado da meteorização química intensa em
climas tropicais quentes que recebem altas temperaturas e grandes quantidades de chuva que
produzem solos altamente lixiviados ricos em ferro e alumínio.

Os depósitos residuais são encontrados sobre as rochas das quais foram formados, ou seja,
cobrem as rochas originais das quais foram derivados.

Componentes
As rochas pertencentes a esta classe são compostas por dois componentes.

Ø Minerais inalterados da rocha original;


Ø Os produtos insolúveis da decomposição químico.

A natureza dos minerais do primeiro componente depende do leito rochoso, o quartzo e a


muscovite são os minerais inalterados mais comuns encontrados em depósitos residuais, e em
menor grau, os feldspatos também estão presentes, embora sejam prontamente atacados pela
decomposição.

Os minerais duráveis mais raros das rochas, como zircão, rutilo, granada, turmalina, cianita, e
vários óxidos de ferro, magnetite, hematite, ilmenite e cromita são também encontrados.

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Os produtos insolúveis compreendidos no segundo componente são principalmente, os
silicatos de alumínio hidratados do grupo da caulinite-haloisite, silicatos de magnésio
hidratados do grupo da serpentina-talco, cloritas, zeolitas, hidromicas e os minerais epidoto.
Vários óxidos hidratados de ferro e aluminio (laterite e bauxita) e sílica coloidal também
podem estar presentes.

Os produtos insolúveis da meteorização das rochas são habitualmente de granulometria muito


fina e, portanto, formando a matriz dos grãos mais grossos.

Processos de formação
Os depósitos residuais são formados pelo mecanismo de levantamento, exposição superficial
e meteorização. O enriquecimento residual é obtido por dois processos separados,
dependendo das características da solução dos minerais protore. Se os minerais protore são
resistentes a meteorização química, esses minerais tornam-se concentrados por meio da
dissolução e remoção da matriz circundante; isso pode ser denominado “concentração de
resistates”. Se os minerais protore são relativamente solúveis em águas superficiais
oxigenadas, mas insolúveis em soluções reduzidas, o enriquecimento ocorre por dissolução
dos minerais protore na zona oxidante e reprecipitação, geralmente como novos minerais de
minério, na parte mais baixa da zona oxidante e/ou no ambiente reduzido subjacente; este
processo é comumente referido como “enriquecimento supergênico”.

Processo Mineralizador geral


Ø Expostas a superfície as rochas são meteorizadas;
Ø O processo inicia-se com a hidrataҫão, oxidaҫão e hidrólise na

zona de oxidaҫão, onde há circulaҫão intensa de água meteórica, o

pH é neutro a ácido e o Eh é neutro a oxidante;

Ø As substâncias solúveis são carreadas;


Ø As insolúveis permanecem e passam a se concentrar residualmente.

4
Depósito de Laterite Mundialmente conhecido
Laterite
É uma camada rica em óxido de ferro e derivados de grandes rochas intemperizadas sob
condições fortemente oxidantes e lixiviação.

Formam se em regiões tropicais e subtropicais onde o clima é húmido. Os solos lateríticos


podem conter minerais argilosos, mas tendem a ser pobres em sílica, pois a sílica é lixiviada
pelas águas que atravessam o solo. A laterita típica é porosa e contem argilosos (como
minerais de óxido de ferro, geotlita, HFeO2, lepidocrocuta, FeO(OH), hematita, Fe2O3). As
superfícies expostas são de cor marrom-escura a avermelhada e geralmente apresentam cor
mais clara (vermelho, amarelo e marrom) quando quebrados e tendem a ser maciço quando
extraído, mas endurecem à medida que o tempo passa.

Fig01: Perfil laterítico genérico mostrando os diferentes horizontes de alteração. (modificado


de Buff et al 2000).

Laterização
É um tipo de meteorização química que actua principalmente sobre os solos, sendo
responsável pelo surgimento de crosta ferruginosa sobre eles.

Factores responsáveis pela formação de laterites


Ø Continuidade de processos superficiais de lixiviação;
Ø A região deve permanecer tectonicamente estável durante todo;
Ø Clima;
Ø Relevo;

5
Ø Rochas.

Depósito de Laterites do Amazonas -Brasil


Localização Geográfica
O Amazonas está localizado no centro da
Região Norte do Brasil, limitando-se ao norte
com o Estado de Roraima, Venezuela e
Colômbia; a leste com o Estado do Pará; a
Sudeste com o Estado do Mato Grosso; ao sul
com o Estado de Rondônia e a sudoeste com o
Estado do Acre e o Peru. Entre às coordenadas:

Latitude: Extremo Norte – 2008'30” Extremo


Sul – 9049'00" Fig02: Mapa do Estado do

Amazonas.Fonte:Shutterstock.com

Longitude: Extremo Leste – 56004'50” Extremo Oeste – 73048'46".

Enquadramento geológico
O Estado do Amazonas é caracterizado por extensa cobertura sedimentar fanerozoica,
representada pelas bacias do Acre, Solimões, Amazonas e Alto Tapajós, depositadas em um
substrato rochoso pré́ -cambriano onde ocorrem rochas de natureza ígnea, metamórfica e
sedimentar.

Fig03: principais unidades cratónicas

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A maior entidade tectónica está representada pelo Cráton Amazônico e corresponde a duas
principais áreas pré-cambrianas: os escudos das Guianas e Brasil Central, respetivamente ao
norte e sul da Bacia Amazônica.

Fig04: Cráton Amazônico.

As rochas pré-cambrianas dos escudos têm sido compartimentadas em domínios


tectonoestratigráficos e/ou províncias geocronológicas. De acordo com Santos et al. (2006), o
arcabouço geológico do estado do Amazonas está compartimentado pelas províncias Tapajós-
Parima, Rio Negro, Rondônia-Juruena e KMudku.

Sob a compartimentação de domínios tectonoestratigráficos são reconhecidos os domínios


Uaupés e Imeri, no interior da Província Rio Negro; Uatumã-Anauá e Tapajós, no interior da
Província Tapajós-Parima; Roosevelt-Juruena e Ja- mari, na Província Rondônia-Juruena.

Províncias Geocronológicas
Província Tapajós-Parima
A Província Tapajós-Parima compreende uma faixa orogênica com direção NW-SE cujas
idades isotópicas são pertinentes ao Paleoproterozoico e revelam rejuvenescimento de leste
para oeste. Em seu interior são reconhecidos dois domínios tectonoestratigráficos: Uatumã-
Anauá, ao norte, e Tapajós, a sul.

O Domínio Tapajós reúne terrenos granito-gnáissicos a localmente migmatíticos com idades


em torno de 2,00 Ga.

O Domínio Uatumã-Anauá (CPRM, 2006) abrange os setores sul-sudeste de Roraima e o


nordeste do Amazonas. Caracteriza-se por arranjos de lineamentos estruturais em NW-SE a

7
NE-SW e, subordinadamente, E-W e N-S. No Amazonas, apresenta as seguintes
características em sua evolução (REIS et al., 2003):

- Revela duas principais gerações de granitos, com características pós-orogênicas a


anorogênicas

Província Rio Negro


A Província Rio Negro comparece na porção noroeste de ambos – Cráton Amazônico e
estado do Amazonas, em região limítrofe com a Venezuela e a Colômbia. Mantém limites
com as províncias Parima-Tapajós, a leste, e K’Mudku a sul. Comporta dois principais
domínios tectonoestratigráficos: Uaupés (Cabeça do Cachorro), a oeste, e Imeri, a leste
(ALMEIDA et al., 2009). Perfaz uma das maiores áreas de embasamento rochoso do estado.

O Domínio Imeri possui direção estrutural preferencial NE-SW e secundária NW-SE. O


embasamento Cauaburi reúne metagranitoides e ortognaisses localmente meta- morfizados na
fácies anfibolito com idades de cristalização em torno de 1,80 Ga (ALMEIDA et al., 2002;
CPRM, 2003). As intrusões graníticas Marauiá e Marié-Mirim registram idades no intervalo
1,76-1,75 Ga (ALMEIDA et al., 2004). Outra suíte granitoide mais jovem (Reilau) possui
idade no intervalo 1,54 a 1,52 Ga. O Granito Jauari, sem deformação e metamorfismo, é
aparentemente intrusivo na sucessão metassedimentar Aracá e registra idade de 1,48 Ga.

Santos et al. (2006) associam o metamorfismo de 1,49- 1,42 Ga do Domínio Imeri ao evento
K’Mudku, motivo pelo qual inserem a Província K’Mudku no modelo de províncias
geocronológicas (Figura 2.2). A serra Aracá, por sua vez, registra uma deformação na fácies
xisto-verde, com evidência local de metamorfismo na fácies anfibolito. Representa um
possível registro de episódio deformacional heterogêneo de provável idade K’Mudku (1,3-1,1
Ga)

Província Rondônia-Juruena
A Província Rondônia-Juruena possui grande área de exposição nos estados de Rondônia e
Mato Grosso, cabendo ao Amazonas apenas uma área a oeste da Bacia Sedimentar Alto
Tapajós, nos limites com os referidos estados. Dois principais domínios estão inseridos na
província: Roosevelt-Juruena e Jamari, esse último em área de tributários da margem direita
do rio Purus (Ituxi e Siriquiqui, dentre outros).

O Domínio Roosevelt-Juruena, dominantemente NW- SE, com inflexões para E-W e NE-
SW, é caracterizado por suítes graníticas calcialcalinas com idades no intervalo de 1,79-1,75

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Ga e pela sucessão vulcanoclástica beneficente, depositada em ambiente marinho raso a
transicional, cuja idade mínima é estabelecida por uma soleira máfica (Mata- -Matá) em 1,57
Ga (BETIOLLO et al., 2009).

O Domínio Jamari ocupa a porção sul do Amazonas, sendo constituído dominantemen- te por
rochas ortognáissicas e subordinadas supracrustais. As primeiras datam ao intervalo de 1,76-
1,73 Ga. Zircões detríticos prove- nientes dos paragnaisses forneceram idades no intervalo
1,80 a 1,67 Ma (idade máxima). A idade mínima está indicada pelas rochas granitoides
(inclui rapakivi), charnockitoides e gabroides Serra da Providência em 1,60- 1,53 Ga. O
Domínio Jamari é afetado por um evento tectonometamórfico de alto grau em 1,35 a 1,30 Ga,
que mantém corres- pondência com a Orogenia San Ignácio do oeste boliviano. Possui
arranjo NNW-SSE e, subordinadamente, E-W.

Bacias sedimentares fanerozoicas


Bacia do Amazonas
A Bacia do Amazonas constitui uma unidade sedimentar intracratônica que limita duas
principais áreas de embasamento arqueano-proterozoico: ao norte, o Escudo das Guianas; a
sul, o Escudo Brasil Central. Envolve uma área de aproximadamente 480.000 km2, que
atravessa os estados do Pará, a leste, e Amazonas, a oeste, estendendo-se por uma pequena
porção do estado de Roraima. A leste, o Arco Gurupá assinala o limite entre a Bacia do
Amazonas e a fossa Marajó; a oeste, o Arco Purus limita as bacias Amazonas e Solimões.

Bacia do amazonas, Manaus (a


azul);
Bacia do Acre (a amarelo, AC);
Bacia do Alto Tapajós (a verde,
PA)
Bacia do Solimões (a amarelo e
sub-bacia a laranja, AM).

Fig05: Bacia do Amazonas.

Laterites da Amazonas

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Na região Amazônica os perfis maturos se diferenciam dos imaturos por serem mais antigos
e, consequentemente, mais lixiviados, o que permitiu a formação do horizonte bauxítico e/ou
de fosfato de alumínio (Costa, 1991; Costa, 2007; no que se refere à estruturação dos perfis, o
saprólito é a parte inferior do regolito, correlato ao horizonte C do solo. No atual modelado
da paisagem, aflora em vales e/ou encostas ingrímes (Anand et al. 2002; Bitom et al. 2013),
representa a rocha mãe parcialmente alterada, preserva os constituintes minerais primários do
material original em coexistência com argilominerais neoformados (Anand & Paine, 2002;
Costa, 2007). A parte inferior do saprólito, denominada “saprock” ou saprólito grosso, exibe
menos que 20% dos minerais primários alterados, é constituída por grandes blocos
individualizados pela meteorização ao longo de fraturas, falhas, acamamentos, contactos,
vénulas veios, dentre outros. Nesta interface há illita e esmectitas e ausência de oxi-
hidróxidos de ferro. A porção superior, conhecida como saprólito fino ou litomarge,
apresenta mais de 20% dos minerais primários alterados, além disso, os minerais primários
são substituídos pseudomorficamente para a caulinita, goethita e hematita; restando apenas
quartzo em estado parcial de dissolução e resistatos. Próximo ao contato com o horizonte
mosqueado, à medida que a proporção de argilominerais, cimentação por sílica secundária,
goethita e hematita aumentam, o saprólito tende a perder progressivamente o “fabric” da
rocha mãe (Anand & Paine, 2002; Costa, 2007).

O horizonte mosqueado, que se sobrepõe ao saprolítico e geralmente aflora em vales ou


meia encostas, representa a transição entre o saprólito e a crosta laterítica, onde isolam-se
zonas esbranquiçadas ricas em caulinita (neoformadas in situ) e em quartzo (herdados da
rocha mãe) de porções ferruginosas, geralmente avermelhadas a violetas (Tardy, 1993;
Beauvais, 1999). De acordo com Ollier et al. (1988) e Eggleton (2001), manchas menores que
10mm são denominadas “minimottles/minimosquedas” e aquelas maiores que 200mm,
“megamottles/ megamosqueadas”. Sua formação está atrelada ao dissolvimento do quartzo
nas zonas ricas em caulinita com aumento da porosidade, e por consequência, caulinita passa
a ser substituída por hematita e goethita que formam manchas avermelhadas, violetas e
amarelas (Aleva, 1994; Rosolen et al. 2002).

A crosta laterítica é o material mais duro, denso e coeso do perfil laterítico devido à
formação e recristalização de óxidos de ferro e alumínio e, quando aflorante sustenta serras e
colinas devido a sua maior resistência à erosão. A formação das crostas pressupõe longo
processo de lixiviação, acúmulo de ferro e alumínio, clima sazonal e estabilidade Tectónica

10
(Valeton, 1972, Bardossy & Aleva, 1990). Na sua base ou zona inferior, quando em lateritos
maturos, mais expostos a meteorização, há presença de fosfatos de alumínio e/ou crosta
bauxítica (Costa, 2007). No topo ou zona superior, a crosta é abundante em hematita e
goethita. Os principais tipos de crostas lateríticas são colunares, maciços, vermiformes,
protopisolíticas/protonodulares, brechóides/fragmentada e pisolítica, nodular ou oolítica.

Nomenclatura

Existem várias propostas para a nomenclatura e classificaçãoo de lateritos (Valeton 1972,


Aleva 1981). Este trabalho propõe uma adaptação à nomenclatura de Aleva & Bardossy
(apud Banerji 1982), os quais usam o termo laterito adjectivado, ou pelo elemento químico
mais característico ou pelo mineral-minério ou pelo minério associado. Assim, lateritos
contendo muito ferro são denominados de lateritos ferruginosos, lateritos ricos em fosfates,
de lateritos fosfáticos, e aqueles ricos em hidróxidos de Al, lateritos bauxíticos. Nesse último
caso, pode ser usada também a denominação bauxitas lateríticas, quando se quer diferenciá-
las das cársticas, das sedimentares etc. Caso se desejem informações sobre a rocha-mãe,
acrescenta-se o termo, "derivado de" e o nome da rocha. Na Amazônia, por exemplo,
ocorrem lateritos bauxíticos derivados de traquitos (Pitinga-AM), lateritos bauxíticos
ferruginosos derivados de basaltos, lateritos bauxíticos derivados de argilitos etc.

Distribuição geográfica

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Os lateritos são encontrados por toda a região Amazônica. Entretanto, somente os lateritos
ferruginosos e bauxíticos constituem grandes corpos. As principais regiões lateríticas
identificadas na Amazonia são:

1. Gurupi (Pará-Maranhão)-grande diversidade de rochas lateríticas, predominando as


fosfáticas;
2. Paragominas-Capim(Pará) - grandes depósitos de lateritos bauxíticos e caulínicos;
3. Carajás(Pará) - vários tipos de lateritos, sendo mais importantes os ferruginosos,
bauxíticos, manganesíferos, auríferos e niquelíferos;
4. Baixo Amazonas (Pará) - principalmente na borda norte do Rio Amazonas: a.
Trombetas, Nhamundá e Faro - lateritos bauxíticos b. Almeirim, Monte Dourado e
Felipe - lateritos bauxíticos e caulínicos;
5. Pitinga (Amazonas) - grande variedade, principalmente lateritos bauxíticos e com
resistatos (Sn, Nb, Y). Outros depósitos pequenos, isolados, destacam-se dentro do
quadro atual de conhecimento geológico da Amazónia :
6. Cassiporé (AP);
7. Vila Nova (AP);
8. Serra do Navio (AP);
9. Tucuruí (PA);
10. Quatipuru (PA);
11. Manaus (AM) e outros. Além disso, corpos isolados, geralmente protegidos por
espessos chapéus-de-ferro ressaltam-se na Amazónia;
12. . Maraconaí (PA)
13. Maicuru (PA);
14. Seis Lagos (AM). Por outro lado, pintitos (horizonte argiloso mosqueado),
petroplintitos (horizonte ferruginoso concrecionário) -neste trabalho denominados de
lateritos imaturos recobrem toda a região Amazônica, exceto aquelas áreas com
cobertura sedimentar pleistoceniica tardia a holocenica. As exposições melhor
conhecidas atualmente estão em RRoñonia, no Acre, no Gurupi (Pará-Maranhão),
Paragominas (PA), Pitinga (AM) e Monte Alegre (PA).

Grau de evolução e natureza dos perfis


Os lateritos da Amazónia podem ser classificados em dois grandes grupos, com base em suas
feições geográficas, mineralógicas e geoquímicas, os quais estão relacionados com o grau de

12
evolução: Lateritos imaturos-Estão distribuídos por toda região, e formam o relevo jovem que
domina em toda Amazónia. Os perfis de tais lateritos apresentam características típicas de
baixo grau de evolução. A presença de um horizonte concrecionário ferruginoso é clássico.

Lateritos maturos estão muito bem representados na Amazónia, mas não tem a mesma
extensão geográfica dos imaturos, restringindo-se às regiões específicas descritas
anteriormente. Em geral, compõem o relevo mais elevado, sob a forma de platôs ou morros.
São lateritos evoluídos, com maior complexidade de horizontes, texturas, estruturas,
mineralogia, feições geoquímicas e mi- neralizações associadas. Esses lateritos mostram em
geral feições típicas de processos policíclicos (Kotschoubey & Truckenbrodt 1981) e
epigenéticos (Costa 1990a, c).

Fig06: principais tipos de perfis lateriticos na região do Amazonas.

Lateritos imaturos auctótones


Os perfis lateríticos imaturos autóctones apresentam trés horizontes característicos:

Horizonte ferruginoso (petroplintito): ocorre na porção superior do perfil e exibe uma ou


mais das seguintes características: nódulos, concreções, esferólitos e fragmentos compostos
de oxi-hidróxidos de ferro em matriz argilosa a terrosa; uma crosta composta pelos elementos
acima, cimentados por filmes microcristalinos ou por cimento (plasma) micro- cristalino
gibbsito-caulinítico.

• uma crosta formada de oxi-hidróxidos de ferro entrelaçando porções argilosas amareladas.


A cor dominante do horizonte ferruginoso é a marrom avermelhada, onde a matriz/cimento,
se presente, é Branca amarelada ou cinza. Nódulos, concreções esferólitos e plasmas (micro a
criptocristalino) são as estruturas dominantes, seguidas por colunas, canais em forma de
raízes e vermes, entre outras, e aquelas resultantes de lixiviação como as cavernosas,

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esponjosas e porosas. Córtex formados por oxi-hidróxidos de ferro e alumínio são também
muito abundantes.

Zona mosqueada/amarelada (plintito): esta é a feição mais característica do horizonte


argiloso, quando derivado de rochas ígneas ácidas e intermediárias e de sedimentares. Trata-
se de um horizonte de arguas intempéricas, manchadas

Horizonte argiloso ocorre logo abaixo do ferruginoso em contato quase abrupto.

Xona saprolítica: é um termo empregado para descrever a meteorização de rochas cristalinas


no estágio de argilominerais no qual fragmentos da rocha parcialmente alterada, desde escala
milimétrica no topo (saprólito fino) a centimétrica na base (saprólito grosso); são ainda
encontrados dentro de plasma argiloso. O saprólito originado de rochas félsicas e
intermediárias e de sedimentares é quase sempre do tipo mosqueado na sua porção mediana e
superior. Por outro lado, aquele derivado de rochas máficas e ultramáficas, xistos e filitos,
dificilmente se deixa mosquear.

No horizonte argiloso, texturas e estruturas reliquiares são abundantes e in situ. Estruturas


neoformadas estão representadas por manchas marrom-avermelhadas, colunares ou
irregulares, por nódulos discretos, pelos córtex ao longo de superfície de veios, fraturas, ou
por auréolas de difusão multicoloridas e concentriicas em torno dos fragmentos de rochas em
vias de meteorização. A espessura, que depende da natureza da rocha-mãe e da região, varia
de 7 a 15 me sobre rochas sedimentares, ígneas félsicas e máficas, e pode ser muito espessa
sobre rochas ultramáficas e metamórficas de foliação Subvertical.

Horizonte pálido ou transicional: encontra-se imediatamente abaixo do horizonte argiloso,


em contacto direto com a rocha-mãe, numa espécie de base de saprólito. Caracteriza-se pela
coloração mais pálida relativa à cor da rocha- mãe, em decorrência da decomposição dos
minerais máficos, dos sulfetos e da matéria orgânica, sem que ainda tenha havido a formação
de óxi-hidróxidos de ferro. Este horizonte é formado basicamente de argilominerais
complexos, em convivência desequilibrada com minerais primários instáveis a meteorização.
O horizonte representa assim o estagio transicional entre a rocha-mãe e o horizonte argiloso.
Caracteriza-se ainda por grande abundância de fragmentos da rocha-mãe envoltos por pálidas
auréolas de intemperismo, em restrita matriz terrosa e argilosa. A maioria das estruturas
primárias estão preservadas.

Mineralogia

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Fig07: Tabela de minerais de cada Horizonte

Modo de ocorrência
Os lateritos imaturos da Amazónia ocorrem nas seguintes formas:

• Relevo recente, quase plano, desenvolvido sobre crostas ferruginosas ou concreções


ferruginosas incoesas, representando a exposição do horizonte ferruginoso;

. • Relevo quase plano a ondulado, instalado sobre latossolos autóctones e alóctones


originados de lateritos imaturos onde se desenvolveu uma floresta tropical exuberante e
densa. Localmente, estas superfícies já́ estão dissecadas suficientemente, em consequência do
rebaixamento do nível de base (soerguimento tectônico), originando diversos platôs. É
também comum a exposição direta do horizonte argiloso (mosqueado, saprolítico), que
favorece um relevo mais ondulado e sobre o qual se instalaram latossolos.

Lateritos maturos autóctones


Os lateritos maturos ou evoluídos da Amazónia, ao contrário dos imaturos, apresentam-se
em perfis mais desenvolvidos, com grande variedade de texturas e estruturas singenéticas, e
amplo espectro de espécies minerais. Os perfis são sempre compostos dos seguintes
horizontes: crosta ferruginosa, horizonte bauxítico e/ou de fosfatos de alumínio, horizonte
argiloso e o pálido ou transicional.

Crosta ferruginosa: encontra-se normalmente no topo dos perfis, em geral sob a forma de
rocha dura e densa, muitas vezes magnética, de coloração marrom-avermelhada. O seu
arcabouço geral tem os seguintes aspectos:

• Agregados de nódulos, concreções e esferólitos vermelhos de oxi-hidróxidos de ferro,


cimentados por fosfatos e/ou hidróxidos de alumínio, brancos e amarelos, originando um
material tipo conglomerado, similar a pele de onça; fragmentos e pseudofragmentos de
material ferruginoso (como oxi- hidróxidos) com cimento igual ao anterior, descrevendo um
material brechóide.Fragmentos marrom-avermelhados, também de oxi-hidróxidos de ferro,

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ligados entre si apenas por meio de finos córtex microcristalinos, criando um padrão
pisolítco;

• ou por entrelaçamento irregular de material rico em oxi-hidróxidos de ferro, que envolve


um outro padrão equivalente ao cimento dos casos anteriores. Este padrão representa o
endurecimento e a recristalização do padrão mosqueado do horizonte argiloso.Estruturas
primárias reliquiares sao raras e deslocadas.

Horizonte bauxítico e/ou de fosfatos de alumínio:encontra-se geralmente logo abaixo do


crosta ferruginosa, em contacto direto e quase abrupto. É constituído de uma rocha amarela,
de creme a vermelha, formada de blocos centimétricos a métricos, nódulos e esferólitos,
numa matriz argilo- arenosa de abundância variável. Localmente, forma uma camada dura
(crosta aluminosa) de continuidade lateral. Sua constituição mineralógica é basicamente
formada de hidróxidos (bauxita) e/ou de fosfatos de alumínio.Estruturas reliquiares não são
raras, mas estão deslocadas.

O horizonte bauxítico e/ou fosfático é o melhor critério para distinguir lateritos maturos dos
imaturos.

Horizonte argiloso: Encontra-se logo abaixo do horizonte bauxítico e/ou fosfático, em


contato quase abrupto. Nele, os minerais singenéticos mais representativos são os
argilominerais e os oxi-hidróxidos de ferro. Esse horizonte pode apresentar as seguintes
zonas: a mosqueada, o saprólito mosqueado, o saprólito marrom e a zona argilosa e/ou terrosa
de amarela a marrom. A parte superior deste horizonte é rica em estruturas singenéticas,
enquanto a parte inferior contém muitas estruturas reli- quiares. A espessura do horizonte
varia de 10 a 30 m, podendo ser muito superior, se tiver sido derivada de rochas
metamórficas foliadas, ou de ultramáficas e carbonatíticas.

Horizonte pálido ou transicional: corresponde à transição entre a rocha-mãe na base e o


horizonte argiloso acima. Tem as mesmas características do seu equivalente nos perfis
imaturos.

Mineralogia

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Fig08: Tabela de Minerais de cada tipo de horizonte.

Modo de ocorrência
Na Amazónia, os laterites maturos ocorrem da seguinte maneira:

• platôs ou morros, cujos topos representam superfícies lateríticas reliquiares; platôs isolados
atingem até 40 km2 de área, formando-se sobre lateritos bauxíticos;

• como parte do relevo recente, sem qualquer distinção morfológica devido a movimentos
tectônicos em blocos, nivelando o relevo antigo com o recente, ou até mesmo invertendo-os.

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Conclusão
Ao longo deste trabalho, foram abordados os processos formadores dos depósitos residuais
bem como a ocorrência dos depósitos lateríticos no Amazonas-Brasil e concluímos que o
conhecimento actual sobre esses depósitos permite concluir que os mesmos são muito
importantes, não somente para o mapeamento geológico, como para a prospecção de jazigos
minerais. Também são importantes porque o seu estudo está contribuindo para o
entendimento da evolução geológica do Amazonas.

Os depósitos do Amazonas são resultados de processos geológicos complexos, dos quais os


minerais resistentes são concentrados na superfície/próximo a superfície como consequência
da meteorização e lixiviação. Através desses processos formam-se Lateritos maturos e
imaturos e dessa diferença origina-se o horizonte bauxitico pois os lateritos maturos são mais
lixiviados.

Os lateritos maturos são bem representados no Amazonas, mas estão em menor extensão do
que os imaturos.

Concluímos também que além das jazidas de bauxita, ferro, caulinita, man- ganês e ouro -
várias em fase de explotação organizada -, há ainda os depósitos de níquel, cromita, fosfates,
estrôncio, titâ- nio, nióbio etc, os quais tem alto potencial de conter jazidas. Os lateritos
maturos, em decorrência de seu alto grau de evolução, o que favorece o elevado grau de
diferenciação química, são os mais complexos em mineralizações associadas. Lateritos

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imaturos são mais propícios a concentrar ouro, urânio, platina, níquel, cobre e cobalto.,
representando uma fonte valiosa de minerais para o nosso planeta.

Referências Bibliográficas

· ASSAD, R. 1978. Depósitos de bauxitas na Amazónia;


· ASSAD, R. & BE1S1EGEL, V.R. 1978. Depósitos de bauxita na Serra dos Carajá;
· ASSAD, R. & NETTO, A.P.A. 1976. Depósitos de bauxita de Almeirim;
· BANERJI, P.K. 1982. Lateritization processes - Challenges and opportunities.
Episodes, 3:16-20.;
· DOS SANTOS, márcio fernando.2018. O contexto lateritico do sudeste do Estado do
Amazonas;
· BIONDI, joao Carlos. Processos Metalogénicos e os depósitos minerais
brasileiros,378-381;
Listas de paginas Web:
· https://www.terrasbrasillis.org.br
· https://www.recursomineralmg.codemge.com.br
· https://www.researchgate.net

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Anexos

Fig09: Perfil dos lateritos Imaturos. Fig10:Perfil Imaturo do tipo Chapeu-de-ferro.

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Fig11:Perfil geológico de laterites bauxiticos. Fig12: Perfil geológico de laterites Fosfáticos.

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