Preparacao Oral Ied II Perguntas e Respostas PDF
Preparacao Oral Ied II Perguntas e Respostas PDF
Preparacao Oral Ied II Perguntas e Respostas PDF
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Perguntas Orais – IED II – Não são da regência do Prof.º Romano Martinez e algumas foram
“inventadas”
Esta tarefa, em específico, encontra-se tipificada no artigo 9.º, n.º 1 do Código Civil de
onde se pode extrair o elemento referido pelo termo: “(…) tendo sobretudo em conta a
unidade do sistema jurídico”; Segundo isto a norma, quando interpretada, deve ser
colocada numa posição semelhante à de uma peça, no respetivo puzzle, isto é, deve ser
tida como um instituto jurídico presente num todo que será a ordem vigente. Dentro do
âmbito da “ordem” ou “sistema jurídico” há que atender a princípios e valores
subjacentes para que possa haver uma compreensão e enquadramento da lei, servindo
isso para promover a coerência, consistência e unidade do ordenamento. Este
elemento, devido à necessidade de contextualização torna-se, portanto, quer uma
consequência, quanto postulado, do sistema; Assim sendo, dependendo da sua base de
fonte de produção, encontra-se subordinado: 1) à constituição da república portuguesa
– o direito ordinário deve ser avaliado à luz dos preceitos constitucionais de forma a
prevenir interpretações inconstitucionais de leis constitucionalmente válidas, sendo
assim uma forma de controlar antecipadamente este resultado; 2) ao direito europeu –
primazia deste em detrimento do direito dos Estados-Membros, isto é, o direito nacional
deve sempre ser interpretado em consonância com o direito europeu impedindo
possíveis violações pela lei interpretada; 3) e à lei ordinária – a lei deve ser interpretada
em harmonia com a respetiva fonte de produção ordinária; Podemos concluir que o até
agora referido se deve à necessidade de esclarecimento da fonte, não podendo esta
estar em divergência com o sistema o que implica um conhecimento das demais normas
para que se possa ter um papel ativo na prevenção de contradições valorativas dentro
do sistema jurídico ou ambiguidades semânticas.
Surge aqui uma divisão, na prática, entre a perspetiva historicista – o intérprete deve
considerar o momento de formação da lei; e a perspetiva atualista (preferencial ao olhos
do Prof.º Miguel Teixeira de Sousa) – na qual o intérprete deve considerar as condições
que lhe são atuais. Para o Professor supra mencionado este elemento traduz-se ainda
numa regra com caráter quer positivo, quer negativo: o primeiro verifica-se quando é
imposto um significado a atribuir à lei que seja o mais harmonioso possível face outras
fontes e/ou preceitos da mesma fonte; já o segundo incide no impedimento colocado
ao intérprete no que trata à falta de consistência (perante outras fontes e/ou preceitos
da mesma fonte) – regra/princípio da consistência – ou que seja ambíguo face ao
aproveitamento das outras fontes.
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Este elemento incide sobre a finalidade (ou necessidade) que se pretende preencher
com a lei, a sua justificação social, a fundamentação da sua entrada em vigência, não da
sua produção: aquela lei existe, e essa existência tem um propósito, um fim. Este
elemento envolve a ponderação: 1) dos valores sistémicos; 2) (avaliativa) das
consequências e 3) das regras de experiência – recurso à experiência de vida quotidiana,
atribuindo ao intérprete o “background” necessário para lhe ser permitida uma
interpretação da lei de acordo com os parâmetros que melhor correspondam às
condições atuais da vida em sociedade (importante ter aqui em conta o constante
desenvolvimento tecnológico e social); Incidindo, geralmente, nos fins objetivos do
Direito: justiça; segurança jurídica; paz e equilíbrio social. Surge, nesta linha, uma
divergência doutrinária que incide na relação próxima entre este elemento (teleológico)
e a ratio legis: por um lado, os subjetivistas, nos quais se enquadra o prof.º Nuno Sá
Gomes identificando os dois como um: o fim/necessidade prática da lei pelo qual o
legislador histórico sentiu a urgência de se dirigir; Já o prof.º Oliveira Ascensão,
enquanto objetivista, e à semelhança do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, considera
que ambos são distintos: vê o elemento teleológico enquanto a justificação social da lei,
considerando que este se deve enquadrar nas condições (atuais) de determinação, não
podendo estar identificada no artigo 9.º, n.º 1, e delimitando a ratio legis ao espírito da
lei.
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
A redução teleológica consiste, essencialmente, no ato jurídico de não aplicação de uma regra
baseando-se o interprete na sobrevalorização do elemento teleológico (âmbito dos elementos
lógico-jurídicos da tarefa interpretativa) e afastando o sentido que emprega à norma do seu
elemento literal/gramatical e não tendo nele qualquer tipo de correspondência (não pode ser
integrado no artigo 9.º), apresentando-se, portanto, como uma perspetiva prático-normativa
que parte da interpretação corretiva.
É também importante referir que apesar de não ser uma figura totalmente autónoma no Direito
português, é um importante mecanismo de deteção de lacunas ocultas pois a sua vertente de
interpretação dogmática contribui com possíveis métodos e/ou caminhos que balizam a
discussão sobre o método de aplicação do Direito, embora o facto desta ser um “ato científico”
ser discutível, aos olhos de parte da doutrina. Muitas vezes a redução teleológica é identificada
como uma determinação jurisprudencial e doutrinal da ratio legis (vontade do legislador)
podendo decorrer da lei, de um conjunto de normas ou de um conjunto de valores de
determinado sistema jurídico.
Exemplo: artigo 755.º, n.º1, alínea f) do Código Civil – desaplicada quando perante o
“proemitente comprador não consumidor” simboliza uma limitação da esfera de atuação sobre
um determinado bem e pode implicar a restrição de direitos; Deve proceder-se a uma
interpretação restritiva sobre o termo “tribunais”.
Esta modalidade trata de estender o campo de aplicação de uma norma a casos que não
estão em si compreendidos na sua formal literal (expressa), verifica-se um claro ultrapassar
do limite literal possível na tarefa interpretativa através da consideração (nova/atual) do
elemento teleológico. A maioria da doutrina considera que esta modalidade se possa
verificar em casos como os que se seguem: 1) Dissemelhança entre casamento e união de
facto – o tribunal não havia interpretado extensivamente o artigo 318.º, alínea a) do Código
Civil; e 2) Proibição do pacto comissório presente no artigo 694.º podendo aplicar-se à venda
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/d9bdb9f98fc431788025
785b0038e03c?OpenDocument
As normas supletivas são denominadas pelo Professor Oliveira Ascensão enquanto “regras
dispositivas”, caracterizando-se por se aplicarem em consequência da manifestação de
vontade dos destinatários, podendo dar-se por confirmação ou omissão, de ambas as
formas verificando-se a disponibilidade de aplicação pelas partes, sendo que a sua vontade
é um dos pressupostos de aplicação. Deve proceder-se a uma tripartição entre: 1) normas
permissivas – vêm permitir/autorizar determinada conduta, exemplos (Prof.º António
Santos Justo): norma que permite requerer o divórcio em casos de violação de deveres
conjugais, a norma que permite o casamento e fica os seus efeitos; 2) normas interpretativas
– limitam-se a fixar o sentido juridicamente relevante de uma determinada declaração já
emitida (vêm esclarecer); 3) normas supletivas – estas surgem para suprir
deficiências/ausências da manifestação da vontade das partes em determinado ato jurídico
devido à incapacidade de antecipar uma disciplina completa dos seus negócios (jurídicos).
Já as normas imperativas são aplicadas mesmo em condições adversas – em casos em que
haja uma manifestação contrária por parte dos destinatários -, sendo vinculativas perante
os destinatários, não estando na sua disponibilidade; Podem ser definidos enquanto
“comandos que prosseguem interesses gerais ou individuais muito fortes, pelo que têm que
ser acatadas a todo o custo” (Prof.ª Sandra Lopes Luís, pg. 181, edição 2016). Estas últimas
subdividem-se em dois (2) grupos: 1) normas percetivas – impõe um comportamento,
conduta ou prática anexando-lhes um simbolismo positivo: Exemplos (do Prof.º António
Santos Justo) – a norma que ordena que se circule pela direita; a norma que ordena o
pagamento de impostos ou que o pai alimente o respetivo filho); ou 2) Proibitivas –
condenam/impedem uma determinada prática ou impõe uma omissão do comportamento
anexando-lhe um simbolismo negativo (promovendo o non facere, exemplos (Prof.º António
Santos Justo): a norma que proíbe o casamento de menores ou de quem já é casado.
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Em suma, é um dos antecedentes que devem ser tidos em conta no elemento histórico,
elemento que parte do n.º1, do artigo 9.º do código civil (“reconstituir a partir dos textos
o pensamento legislativo (…), as circunstâncias em que a lei foi elaborada”) e que
determina que o intérprete deve atender às circunstâncias nas quais a lei foi produzida
(occasio legis), de forma a auxiliar a estatuição do sentido real da mesma definindo-se,
desta forma, um sentido útil e atual resultante das mais diversas circunstâncias
(políticas, económicas, sociais, históricas, jurídicas, …), não devendo as mesmas ser
desconsideradas pelo intérprete. Para além da occasio legis e dos precedentes
normativos já referidos e brevemente explicados surgem também os trabalhos
preparatórios integrando estes todos e quaisquer projetos, anteprojetos, propostas,
comunicações, pareceres, atos e/ou atos de discussão nas comissões e plenários sobre
a matéria. Este elemento surge então para delimitar: 1) o sentido da norma; e 2) a
vontade do legislador histórico; consistindo sinteticamente na evolução temporal ou
cronológica da feitura da lei.
Este processo surge no âmbito da integração de lacunas (artigo 10.º) devendo também
atender, à semelhança do atingido pelos elementos lógicos na interpretação da lei, aos
princípios e valores do sistema, nem sempre tendo como base um critério de decisão
puramente normativo.
Surge então aqui a necessidade de delimitar, desde já, dois âmbitos: 1) o âmbito do
critério normativo; e 2) o critério não-normativo. Na primeira (1ª) possibilidade estamos
perante uma analogia, atendendo ao n.º 2 do artigo supramencionado, e com base nas
razões justificativas que apelam ao elemento teleológico da regra determinando a
perspetiva valorativa da situação, assim como identidade jurídica que permita a
integração por esta via; A analogia pode ainda subdividir-se em: A) analogia legis (artigo
10.º, n.º1 do Código Civil)
• Um partido ambientalista cria uma lei que proíbe a remessa de beatas de cigarro para
o chão. E quando são lançadas para aterros? Quid iuris?
Redução teleológica – doutrina alemã, inspirada em Larenz.
Há doutrina que a assemelha a interpretação restritiva.
• É proibido circularem veículos numa praça. Dina quer expor um tanque nesse mesmo
local, tendo que o movimentar até ao local onde ficará em exposição. Quid iuris?
• A redução teleológica, no nosso ordenamento jurídico, pode ser defendida através do
artigo 9.º?
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
interdependência estabelecidas na
Constituição”
Do que se trata? É uma norma de decisão individual dotada de
enquadramento objetivo (“espírito do sistema”). Fundamento no ponto
acima.
• O sistema funciona enquanto “fonte inspiradora do intérprete”
– não só se têm em conta (todas) as normas e princípios
estaduais como exta estaduais.
Eficácia – É uma solução para determinado caso concreto, depois deste
continuará a existir a lacuna e a necessidade do legislador a colmatar
(intervenção reguladora).
• Quais são os processos de integração extrasistemática de lacunas?
o Normativos – A lacuna é comunicada pelo Juiz ao Legislador e é aprovada a
legislação em falta.
Exclusão no sistema jurídico português – restrita aplicação no passado;
representa grandes desvantagens.
A regulamentação não deve ser sujeite a circunstancialismos do caso
concreto, não é humanamente possível acorrer à resolução do caso
concreto com tamanha particularidade, seria um processo ainda mais
burocrático e duradouro.
o Discricionários – A lei pode delegar a autoridades administrativas a
competência para resolver casos concretos.
Qual a base?
• Conveniência.
• Oportunidade.
Os órgãos administrativos agem protegendo o interesse público.
Não existe aqui verdadeira lacuna – o legislador preveniu-a ao dotar a
administração de uma margem de livre decisão sobre casos concretos.
o Equitativos – No entendimento tradicional a equidade tem uma função
integradora pois direciona o juiz (intérprete aplicador) à solução do caso
concreto.
Mas e do ponto de vista metodológico? Demonstra ser um mecanismo
de atenuação do rigor da norma. Distingue-se completamente do
processo de integração de lacunas.
Posição do ordenamento jurídico português – artigo 10.º, n.º3, CC
• Desvaloriza a função integradora da equidade – condiciona o
intérprete ao “espírito do sistema”.
• Não se verifica uma abertura passível de criação virtual de
norma ad hoc com base em considerações casuísticas e
pessoais, o Direito não deve ser
argumentado/defendido/fundamentado/aplicado com base
em considerações ou valores pessoais.
• Quais são as principais correntes simpatizantes da unidade metodológica na aplicação
do Direito?
o Escola de Direito Livre, Geny – Reconhecimento de poderes muito amplos à
figura do juiz.
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Fundamento histórico
• Constituição Francesa de 1792 – Princípio de consagração
expressão: “nenhuma lei, criminal ou civil, pode ter efeito
retroativo”
• Relevância de um critério geral de resolução de conflitos
temporais indeterminados.
Fundamento filosófico
• O Direito possui duas funções – aparentemente antagónicas:
o Função estabilizadora – visa garantir a continuidade
da vida social; não admite diferenças abruptas porque
a realidade social não muda de forma tão radical.
o Função dinamizadora – visa a mudança e adaptação do
Direito face a vida social.
Neste sentido, Batista Machado: Considera
que a não retroatividade da lei é a formulação
de uma exigência (relativa) da estabilidade do
Direito, assim como um pressuposto da própria
ideia de norma jurídica enquanto padrão de
comportamento. Não seria lógico regular
condutas passadas.
Ordenamento jurídico português – Para além dos limites à
retroatividade já explicitados:
• Artigo 12.º, n.º1, CC – Em regra a lei só deve dispor para o
futuro, mas admite-se a eficácia retroativa da LN.
• Artigo 2º, n.º2, CP – Única forma na qual se admite o grau de
retroatividade extrema com base na retroatividade in mitius
no âmbito do Direito Penal.
o Retroatividade extrema – A aplicação temporal
retroativa não respeita os factos passados, incluindo os
casos já julgados.
o Retroatividade in mitius – Admitida no âmbito do
Direito Penal; Pode aplicar-se retroativamente uma lei
de conteúdo penal caso a mesma se demonstre mais
favorável ao arguido.
Exemplo: encurtamento de penas; condições
de segurança, etc.
• Artigo 2.º, n.º4, CP – Grau de retroatividade quase extrema
(Definição da Prof.ª Maria Luísa Duarte): aplica-se a lei nova ao
passado, respeitando-se todo o caso que já foi transitado em
julgado.
• Artigo 13.º, n.º1, CC – Grau de retroatividade agravada: dita
que a lei se aplica ao passado devendo respeitar “os efeitos já
produzidos pelo cumprimento das obrigações, por sentença
passada em julgado, por transação, ainda não homologada, ou
por atos de natureza análoga”
o Este regime aplica-se no âmbito da lei interpretativa!
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020
Mariana Rodrigues
Subt 7, 1TA
2019/2020