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Resumo
1 INTRODUÇÃO
Igreja que os primeiros séculos do medievo não conheceram. Além disso, não
podemos deixar de esclarecer que alguns rituais de vida cristã, aqui colocados
como obrigatórios, eram comuns no período, assim como, na atualidade, temos
os nossos rituais (o batismo e o casamento, por exemplo, ainda estão presentes
em nossa sociedade).
Em outro livro analisado, Cantele ([19--], p. 185-186) afirma que, na
Idade Média, as pessoas eram influenciáveis, emotivas, crédulas e de inteligên-
cia limitada. Possivelmente, o autor fez sua análise com os olhos do presente,
esquecendo-se de que cada momento vivido pelos homens tem seu próprio, e
específico, presente. De nosso ponto de vista, os homens medievais foram o que
a sociedade em que eles estavam inseridos lhes permitiu ser.
O que Oliveira (2005, p. 7) escreve favorece o entendimento da importân-
cia da Igreja nesse período e por que seu governo foi legítimo:
Assim, podemos dizer que não foi a Igreja que tomou para si o poder, mas
este lhe foi concedido pela própria sociedade, à medida que essa instituição se
apresentava como a única com condições para responder pela organização social
naquele momento. A Igreja, ao estabelecer uma finalidade para a vida do homem
3 CONCLUSÃO
relações humanas por vários séculos do medievo. A Igreja é uma instituição hu-
mana, que, ao longo dos anos, com o conjunto da sociedade, sofreu as vicissitu-
des da vida, porém sem sua ação, possivelmente a cultura e o conhecimento não
teriam sobrevivido e chegado até a atualidade.
Ao final, gostaríamos de ressalvar que, em alguns livros didáticos, encon-
tramos a preocupação de retratar a Idade Média com o olhar da história, sem
juízos de valores, mas esse procedimento, infelizmente, não é o mais frequente.
Pensamos que o conteúdo predominante nos livros didáticos precisa ser
objeto de uma profunda reflexão, porque contribui para que os alunos mante-
nham uma visão negativa de Idade Média negativa, criem novos preconceitos
e se distanciem da possibilidade de entender a própria história de nossa época.
Enfim, é necessário apresentar os conteúdos de maneira que leve os alunos a ver
o passado como referência, como fonte abundante de exemplos a ser, ou não,
seguidos.
Abstract
Based on the assumption that understanding the different forms of being and thinking
the social relations throughout history, without any sort of prejudice, is essential for
the human formation, the main objective of the present study is to perform an analysis
of the information available in didactic books, used in the 6th and 7th grade of regular
school, in what refers to medievo, especially regarding church as an institution. The
aim is to reflect upon how such books have contributed to provide a better understan-
ding on that historical period, and have contributed to the current student’s formation.
Having history as guiline for understanding, and in addition, to didactic books, other
primary sources and interpreters of medievo were used to carry out the study. Accor-
ding to our point of view, the church, which is portrayed in such books as a synonym of
a tyranny that lasted throughout the Middle Ages, was the responsible for directing a
society then plunged into chaos by the destruction of the Roman Empire, thus having
the merit of safeguarding the knowledge that, consequently, reached the contemporary
society. Therefore, it is through such relevant role, played in the first centuries of medie-
vo, that church, as an institution, must be known.
Keywords: History of education. Middle Ages. Church. Didactic book.
Notas explicativas
1
Analisamos onze livros didáticos que, em geral, foram adotados pela rede pública e parti-
cular de ensino no município de Maringá - PR, entre os anos de 1989 e 2002, todos da 7ª
série do ensino fundamental, da disciplina de História – Antiga e Medieval. Alguns deles
não aparecem nas referências porque estavam bastante destruídos e sem capa. Tivemos
a oportunidade de conversar com adolescentes que, atualmente, frequentam a 6ª e a 7ª
série do ensino fundamental, os quais afirmam que o conteúdo ensinado em 2007/2008
é o mesmo contido nos livros do período por nós analisado. Importa acrescentar que o
livro Projeto Araribá compõe a coleção adotada pelo PNLD (Ministério da Educação)
para direcionar o ensino de História nas escolas públicas até o ano de 2010.
2
É importante lembrar que, em relação às fontes de pesquisa dos alunos, muitos preferem
usar a internet, e não a biblioteca, porém no conteúdo on-line, também se encontram
muitas interpretações equivocadas da história.
3
Embora Santo Agostinho seja um grande teórico, legitimador da Igreja como instituição
e que propôs um governo baseado no bem comum dos homens, foi mal interpretado no
livro didático escrito por Campos (1991, p. 155): “Santo Agostinho, principal pensador
da Igreja na Alta Idade Média, sombrio e pessimista, via nos homens criaturas que, sem
Deus, tenderiam inevitavelmente para o mal.” Pensamos que não foi Agostinho um pessi-
mista, ele simplesmente retratou a vida real dos homens do seu presente.
4
Santo Agostinho diz o que Santo Anselmo depois reafirma: o crer para compreender e o
compreender para crer, ou seja, fé e razão precisam atuar conjuntamente.
5
São Jerônimo (séc. IV), outro importante pensador, falava primeiro de comportamentos
(como comer e/ou se vestir), de moral, de virgindade e de vícios, ou seja, de como tornar
o homem civilizado, para que, posteriormente, ministrasse instruções religiosas.
6
O ideal cristão é o de procurar viver de forma a ser digno da morada eterna – o céu.
7
Fourquin (1987, p. 11) descreve as relações feudais como uma organização muito parti-
cular das relações entre os homens: “[...] laços de dependência de homem para homem
estabelecendo uma hierarquia entre os indivíduos. Um homem, o vassalo, confia-se a ou-
tro homem, que escolhe para seu amo, e que aceita esta entrega voluntária. O vassalo deve
ao amo fidelidade, conselho, ajuda militar e material. O amo, o senhor, deve ao seu vassalo
fidelidade, protecção, sustento. O sustento pode ser assegurado de diversas maneiras. Ge-
ralmente faz-se através da concessão ao vassalo de uma terra, o benefício ou feudo.”
8
Nos livros didáticos analisados, é comum encontrarmos as palavras controle e domina-
ção. A sensação que fica é a de que nenhum pensamento, com exceção da Igreja, poderia
ter existido naquele período.
9
A teoria das três ordens, nos livros didáticos, também aparece como inerente a todo me-
dievo, expressando, desse modo, um único modelo de homens para esses mil anos de his-
tória da humanidade. Duby (1992), em sua obra intitulada As três ordens ou o imaginário
do Feudalismo, analisa essa teoria, enfatizando que ela é válida para três (XI, XII e XIII)
dos dez séculos de Idade Média.
REFERÊNCIAS