Cirurgia Valvar
Cirurgia Valvar
Cirurgia Valvar
Conforme definido pela Diretriz Brasileira de Valvopatia, as indicações cirúrgicas divididas por valvopatia são:
- Insuficiência Mitral Importante sintomática (Classe funcional NYHA > II); assintomáticos com complicadores: FE < 60%, diâmetro
sistólico de ventrículo esquerdo ≥ 40 mm, Fibrilação Atrial de início recente ou Pressão sistólica de artéria pulmonar ≥ 50 mmHg;
- Na IM Importante de etiologia não-reumática a plastia valvar pode ser indicada precocemente em centros com experiência
(paciente assintomático com anatomia favorável e sem complicadores);
- Estenose Mitral Importante reumática: sintomáticos (Classe funcional NYHA > II) e assintomáticos com complicadores não elegíveis
ou com contra-indicação a valvoplastia por cateter balão;
- Estenose Mitral Importante degenerativa: sintomáticos (Classe funcional NYHA > II) e assintomáticos com complicadores:
hipertensão pulmonar:, Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg em repouso, Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 60
mmHg ao esforço (teste ergométrico ou ecocardiografia com estresse farmacológico), FA de inicio recente; assintomáticos em
programação de outra cirurgia cardíaca;
- Insuficiência aórtica importante: sintomáticos e assintomáticos com complicadores: Fração de ejeção < 50%, Diâmetro diastólico
de ventrículo esquerdo > 70 mm (não reumático) e > 75 mm (reumático), Diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo > 50 mm (não
reumático) e > 55 mm (reumático), Diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo indexado > 25 mm/m2 , Valva bicúspide com indicação
de intervenção + raiz da aorta > 45 mm;
- Estenose Aórtica importante: sintomáticos com risco cirúrgico baixo ou intermediário (STS< 8%); assintomáticos em programação
de outra cirurgia cardíaca (revascularização miocárdica, cirurgia de aorta torácica ou outra cirurgia valvar concomitante);
assintomáticos com complicadores: FE < 50%, ausência de reserva inotrópica no teste ergométrico e/ou baixa capacidade funcional,
marcadores de mau prognóstico (área valvar < 0,7 cm2, velocidade máxima do jato > 5,0 m/s, gradiente médio ventrículo
esquerdo/Ao > 60 mmHg); Estenose Aórtica importante de baixo fluxo/baixo gradiente com fração de ejeção reduzida comprovada
por Eco Stress; Estenose Aórtica paradoxal sintomática.
EuroScore II (European System for Cardiac Operative Risk Evaluation): Prediz o risco de mortalidade intra-hospitalar após cirurgia
cardíaca:
- Baixo risco - <2%
- Risco moderado - 2-5%
- Alto risco - >5%
6. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
Tempo estimado de cirurgia
Entre 6 a 8 horas
Anestesia
Antibioticoprofilaxia
• Cefuroxima (Zinacef ®)
• Ataque de 1,5g na indução anestésica
• Repique durante a cirurgia: 750mg4/4h e, no final da circulação extracorpórea independente do tempo de 4 horas
• Duração da antibioticoprofilaxia: 48 horas após a cirurgia
• Circulação Extra-Corpórea;
• Ecocardiograma Transesofágico Intraoperatório;
• Manta térmica e controle rigoroso glicêmico (evitar hiperglicemia > 200 mg/dl ou hipoglicemia < 60 mg/dl)
• Monitor de Débito Cardíaco (Vigilleo - FloTrac® ou Vigillance – Swan Ganz);
• Invus (monitor de oxigenação tecidual) – em casos selecionados;
• Balão Intra-aórtico – em casos selecionados;
• Dispositivos de assistência circulatória mecânica (ECMO ou Centrimag®) – em casos selecionados.
7. PÓS-OPERATÓRIO
Critérios e momento da alta
Em que dia do PO deve ocorrer a alta:
- Alta da UTI entre 1º e 2º PO;
- Alta hospitalar entre 4º e 6º PO;
Orientações de alta
• Nos casos de hiperemia, edema ou saída de secreção pelas feridas operatórias procurar cirurgião imediatamente;
• Nos casos de dor torácica não relacionada ao acesso cirúrgico procurar cirurgião imediatamente;
• Nos casos de esternotomia mediana, não deitar de lado por 30 dias, não dirigir e não levantar peso por 60 dias.
Retornos programados
• Retorno em 5-7 dias a contar da data a alta com cirurgião para revisão de ferida operatória e retirada do Dermabond
Prineo ® e pontos de Nylon;
• Retorno em 30 dias a contar da data da cirurgia para revisão final de F.O e seguimento clínico. Neste segundo retorno,
exames gerais (hemograma completo, eletrólitos e função renal) + Ecocadiograma Transtorácico + Rx de tórax frente e perfil
+ ECG de 12 derivações;
III. GLOSSÁRIO
VNI: ventilação não invasiva TP: tempo de protrombina
Rx: radiografia de tórax TTPA: tempo de tromboplastina parcial ativa
FE: fração de ejeção CVVHDF: Hemodiafiltração Veno-Venosa Contínua
V. REFERÊNCIAS
[1] Tarasoutchi F, Montera MW, Grinberg M, Barbosa MR, Piñeiro DJ, Sánchez CRM, et al. Diretriz Brasileira de Valvopatias - SBC 2011
/ I Diretriz Interamericana de Valvopatias - SIAC 2011. Arq Bras Cardiol 2011; 97(5 supl. 3): 1-67.
[2] Tarasoutchi F, Montera MW, Ramos AIO, Sampaio RO, Rosa VEE, Accorsi TAD et al. Atualização das Diretrizes Brasileiras de
Valvopatias: Abordagem das Lesões Anatomicamente Importantes. Arq Bras Cardiol 2017; 109(6Supl.2):1-34.
[3] Zhang PY. 2014 AHA/ACC Guideline for the Patients with Valvular Heart Disease. Cell Biochem Biophys. 2015 Jul;72(3):829-31.
[4] Baumgartner H, Falk V, Bax JJ, De Bonis M, Hamm C, Holm PJ, Iung B, Lancellotti P, Lansac E, Muñoz DR, Rosenhek R, Sjögren J,
Mas PT, Vahanian A, Walther T, Wendler O, Windecker S, Zamorano JL. 2017 ESC/EACTS Guidelines for the Management of Valvular
Heart Disease. Rev Esp Cardiol (Engl Ed). 2018 Feb;71(2):110.
[5] Poffo R, Toschi AP, Pope RB, Montanhesi PK, Santos RS, Teruya A, Hatanaka DM, Rusca GF, Fischer CH, Vieira MC, Makdisse MR.
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[6] Noss C, et all. Enhanced Recovery for Cardiac Surgery. Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia 2018 32 (6): 2760-2770.
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print].