Universidade Estadual Paulista Instituto de Geociências e Ciências Exatas Câmpus de Rio Claro

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 117

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Geociências e Ciências Exatas


Câmpus de Rio Claro

RICHARD FONSECA FRANCISCO

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE NATURAL À


CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU, NA REGIÃO
CENTRO-SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Instituto de Geociências e Ciências
Exatas do Câmpus de Rio Claro, da
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Geociências e Meio
Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Celso de Oliveira Braga

Rio Claro – SP
2013
RICHARD FONSECA FRANCISCO

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE NATURAL À


CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU, NA REGIÃO
CENTRO-SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Instituto de Geociências e Ciências
Exatas do Câmpus de Rio Claro, da
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Geociências e Meio
Ambiente.

Comissão Examinadora

Prof. Dr. Antonio Celso de Oliveira Braga


Prof. Dr. Cesar Augusto Moreira
Prof. Dr. José Luiz Albuquerque Filho

Rio Claro, SP 26 de novembro de 2013.

Resultado: APROVADO
551.49 Francisco, Richard Fonseca
F819a Avaliação da vulnerabilidade natural à contaminação do
Sistema Aquífero Bauru, na região Centro-Sul do Estado de
São Paulo / Richard Fonseca Francisco. - Rio Claro, 2013
116 f. : il., figs., tabs., quadros, mapas

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,


Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Orientador: Antonio Celso de Oliveira Braga

1. Águas subterrâneas. 2. Geofísica. 3. Condutância


longitudinal. 4. GOD. 5. EKv. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP


Campus de Rio Claro/SP
À minha mãe Marlene, meu
pai João e à minha irmã
Sheilla, pelo apoio e carinho.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus e ao meu anjo da guarda, por terem me dado forças e inspiração para a
realização desse trabalho. Por terem guiado e abençoado meus passos nessa etapa que aqui se
encerra, para que outros desafios, aprendizados e conquistas tenham início em minha vida.

À minha mãe Marlene, meu pai João e à minha irmã Sheilla, por terem sonhado mais uma vez
esse sonho comigo, depositando suas esperanças mais sinceras em mim, sempre me
incentivando e me apoiando nessa jornada.

Ao Prof. Dr. Antonio Celso de Oliveira Braga, por tão gentilmente ter aceitado me orientar
nesse trabalho, por sua amizade, ensinamentos e compreensão.

Ao Prof. Dr. José Luiz Albuquerque Filho e ao Prof. Dr. Cesar Augusto Moreira, pelos
valiosos conselhos, apontamentos e críticas construtivas durante as bancas do exame geral de
qualificação e defesa da dissertação.

Ao IPT pela doação de dados e parceria, na figura dos Geólogos Pesquisadores Régis
Gonçalves Blanco e Carlos Alberto Birelli.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pelo apoio


financeiro na forma de concessão de bolsa de estudos.

Ao programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, pela oportunidade de


desenvolver essa pesquisa.

Enfim, a todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para o desenvolvimento dessa


dissertação.
"Só quando a última árvore for
derrubada, o último peixe for morto e
o último rio for poluído é que o
homem perceberá que não pode
comer dinheiro."

Provérbio Indígena
RESUMO

Diante da importância das águas subterrâneas para os diversos usos, particularmente o


abastecimento público, e considerando os crescentes impactos nas reservas subterrâneas
decorrentes de superexplotações, bem como a degradação da qualidade da água por atividades
antrópicas, torna-se imprescindível o estabelecimento de instrumentos de planejamento e
gestão do uso dos recursos hídricos subterrâneos. Por essa razão, o objetivo da presente
pesquisa é avaliar a vulnerabilidade natural à contaminação do Sistema Aquífero Bauru, na
região Centro-Sul do Estado de São Paulo, entre os municípios de Bauru e Marília, por meio
da análise e integração de dados geológicos, hidrogeológicos e geofísicos. Para tanto, foram
gerados mapas de vulnerabilidade, com a aplicação dos métodos GOD, EKv e Condutância
Longitudinal (S), cujos resultados foram comparados qualitativamente. A determinação da
vulnerabilidade natural do aquífero envolveu a utilização de informações sobre o grau de
confinamento, litologia dos estratos acima da zona saturada, profundidade do nível d’água
subterrânea, resistividade elétrica e condutividade hidráulica da zona não saturada. Exceto a
caracterização litológica empregada no método GOD, extraída de mapeamento geológico
regional na escala de 1:250.000, os demais parâmetros utilizados foram obtidos a partir do
processamento e interpretação de dados geofísicos referentes a sondagens elétricas verticais,
realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) nas décadas de 1970 e 1980. A
resistividade elétrica variou entre 8,0 e 70,0 Ω.m, com valor médio igual a 30,2 Ω.m,
indicando comportamento geoelétrico predominantemente correlacionável a materiais areno-
argilosos na área de estudo. Baseando-se na correlação com a resistividade elétrica, foram
obtidos valores de condutividade hidráulica compatíveis com os frequentemente observados
nos sedimentos das formações Adamantina e Marília, situando-se entre 1,2 x 10-5 e 0,25 m/d.
Os mapas de vulnerabilidade resultantes da aplicação dos métodos GOD e EKv mostraram-se
bastante homogêneos, demonstrando que a vulnerabilidade da área varia entre baixa e média,
resultados condizentes com os relatados em trabalhos anteriores desenvolvidos em menor
escala. Dentre os métodos utilizados, o método S apresentou os melhores resultados, visto que
originou um mapa mais detalhado e com maior variabilidade de classes, predominando
regiões de baixa vulnerabilidade, e secundariamente, áreas moderadamente vulneráveis.
Dessa forma, foi possível concluir que, caso os dados necessários estejam disponíveis,
principalmente a resistividade elétrica, é recomendável o uso do método S para avaliar a
vulnerabilidade da área de interesse.

Palavras-chave: águas subterrâneas. geofísica. condutância longitudinal. GOD. EKv.


ABSTRACT

Given the importance of groundwater for diverse uses, particularly the public supply, and
considering the increasing impacts on underground reserves as a result of overexploitations,
as well as the degradation of water quality by anthropogenic activities, it becomes essential to
establish tools for planning and management of the use of groundwater resources. For this
reason, the aim of this research is to assess the natural vulnerability to contamination of the
Bauru Aquifer System, in the South-Central region of the State of São Paulo, between the
municipalities of Bauru and Marilia, through the analysis and integration of geological,
hydrogeological and geophysical data. Therefore, vulnerability maps were generated, using
the GOD, EKv and the Longitudinal Conductance (S) methods, whose results were compared
qualitatively. The determination of the natural vulnerability of the aquifer involved the use of
informations about the degree of confinement, lithology of the strata above the saturated zone,
depth to groundwater table, electrical resistivity and hydraulic conductivity of the unsaturated
zone. Except the lithological characterization employed in the GOD method, extracted from
regional geological mapping on 1:250.000 scale, the others parameters used were obtained
from the processing and interpretation of geophysical data relating to vertical electrical
soundings, performed by the Institute for Technological Research in the 1970s and 1980s.
The electrical resistivity ranged between 8,0 and 70,0 Ω.m, with an average value of 30,2
Ω.m, indicating geoelectrical behavior predominantly correlatable to sand-clayey materials in
the study area. Basing on the correlation with the electrical resistivity, were obtained
hydraulic conductivity values compatibles with those commonly observed in sediments of the
Adamantina and Marília formations, ranging between 1,2 x 10-5 and 0,25 m/d. The
vulnerability maps arising from the application of the GOD and EKv methods were quite
homogeneous, demonstrating that the vulnerability of the area ranges between low and
medium, results befitting with those reported in previous studies developed on smaller scale.
Among the utilized methods, the S method presented the best results, whereas produced a
more detailed map, with greater classes variability, predominating regions of low
vulnerability, and secondly, moderately vulnerable areas. Thus, it was concluded that, if the
necessary data are available, especially the electrical resistivity, it is recommended to use the
S method to evaluate the vulnerability of the area of interest.

Keywords: groundwater. geophysics. longitudinal conductance. GOD. EKv.


SUMÁRIO

Página
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 14
1.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS ..................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................................ 16

CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................... 17


2.1 ASPECTOS GERAIS.................................................................................................................. 17
2.2 RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................................................ 19
2.3 CONTEXTO GEOLÓGICO E HIDROGEOLÓGICO .......................................................... 24
2.3.1 O Grupo Bauru no Estado de São Paulo ................................................................................ 24
2.3.2 Geologia Local ........................................................................................................................... 26
2.3.3 O Sistema Aquífero Bauru ....................................................................................................... 30
2.4 VULNERABILIDADE E ÁREAS CONTAMINADAS ........................................................... 33

CAPÍTULO 3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................. 36


3.1 HIDROGEOLOGIA ................................................................................................................... 36
3.1.1 Base Conceitual ......................................................................................................................... 36
3.1.2 Tipos de Aquíferos .................................................................................................................... 41
3.2 GEOFÍSICA................................................................................................................................. 43
3.2.1 Generalidades ............................................................................................................................ 44
3.2.2 Método da Eletrorresistividade e a Técnica da Sondagem Elétrica Vertical ...................... 46
3.2.2.1 Parâmetros Dar Zarrouk.......................................................................................................... 50
3.3 VULNERABILIDADE NATURAL DOS AQUÍFEROS ......................................................... 52
3.3.1 Conceitos Básicos ...................................................................................................................... 52
3.3.2 Métodos para a Avaliação da Vulnerabilidade Natural de Aquíferos ................................. 55
3.3.2.1 Considerações Gerais .............................................................................................................. 55
3.3.2.2 Método GOD ............................................................................................................................ 58
3.3.2.3 Método EKv .............................................................................................................................. 61
3.3.2.4 Método da Condutância Longitudinal Unitária (S) ................................................................. 62
3.4 GEOPROCESSAMENTO E A CARTOGRAFIA DE VULNERABILIDADE .................... 63
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 68
4.1 MATERIAIS ................................................................................................................................ 68
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................................. 69
4.2.1 Delimitação da Área de Estudo e Definição da Escala de Trabalho .................................... 71
4.2.2 Elaboração da Caracterização da Área de Estudo ................................................................ 74
4.2.3 Elaboração da Fundamentação Teórica ................................................................................. 75
4.2.4 Coleta, Organização e Tratamento dos Dados ....................................................................... 76
A) Processamento e Reinterpretação de SEVs ..................................................................................... 76
B) Elaboração do Mapa das Formações Geológicas ........................................................................... 77
4.2.5 Estimativa da Condutividade Hidráulica Vertical da Zona Não Saturada ......................... 77
4.2.6 Estruturação do Banco de Dados Geográficos ....................................................................... 78
4.2.7 Geração e Integração dos Mapas Temáticos .......................................................................... 79
A) Método GOD .................................................................................................................................... 79
B) Método EKv...................................................................................................................................... 81
C) Método da Condutância Longitudinal Unitária (S) ......................................................................... 82
4.2.8 Redação da Discussão dos Resultados ..................................................................................... 83
4.2.9 Redação das Considerações Finais e Recomendações ........................................................... 83

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 84


5.1 RESISTIVIDADE DA ZONA NÃO SATURADA ................................................................... 84
5.2 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA VERTICAL DA ZONA NÃO SATURADA ............... 85
5.3 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO GOD .................. 87
5.4 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO EKv ................... 90
5.5 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO (S) ...................... 93
5.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS ........................................................................ 94

CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .......................... 96

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 99

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................................... 113

ANEXO A – Dados cadastrais das SEVs utilizadas na pesquisa. .................................... 114


LISTA DE FIGURAS

Página
Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo................................................................................ 18
Figura 2 - Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) abrangidas pela área de
estudo. ................................................................................................................................................... 20
Figura 3 - Número de pontos monitorados por sistema aquífero (2010-2012). ................................... 22
Figura 4 - Proposta clássica de subdivisão estratigráfica dos sedimentos cretáceos suprabasálticos. . 25
Figura 5 - Relações entre as unidades litoestratigráficas do Grupo Bauru nos diferentes
compartimentos do Estado de São Paulo. ............................................................................................. 26
Figura 6 - Mapa das formações geológicas existentes na área de estudo............................................. 27
Figura 7 - Modelo conceitual hidrogeológico do Sistema Aquífero Bauru. ........................................ 30
Figura 8 - Divisão hidroestratigráfica do Sistema Aquífero Bauru no Estado de São Paulo. .............. 32
Figura 9 - Áreas contaminadas, de alta vulnerabilidade e áreas potenciais de restrição, controle de
captação e uso das águas subterrâneas. ................................................................................................ 35
Figura 10 - Distribuição de água na Terra............................................................................................ 37
Figura 11 - Ciclo hidrológico. .............................................................................................................. 37
Figura 12 - Distribuição da água no subsolo. ....................................................................................... 39
Figura 13 - Síntese dos processos de atenuação de contaminantes nas águas subterrâneas................. 40
Figura 14 - Tipos de aquíferos quanto à porosidade. ........................................................................... 42
Figura 15 - Classificação dos aquíferos segundo seus níveis de pressão. ............................................ 43
Figura 16 - Geofísica e suas principais áreas de atuação. .................................................................... 44
Figura 17 - Principais métodos geofísicos aplicados. .......................................................................... 45
Figura 18 - Determinação da resistividade elétrica dos materiais. ....................................................... 47
Figura 19 - Arranjo para medidas de resistividade. ............................................................................. 47
Figura 20 - Faixas de variação nos valores de resistividade de materiais naturais. ............................. 48
Figura 21 - Técnica da SEV - Arranjo Schlumberger. ......................................................................... 49
Figura 22 - Seção geoelétrica e os parâmetros Dar Zarrouk. .............................................................. 50
Figura 23 - Esquema conceitual do risco (perigo) à contaminação das águas subterrâneas. ............... 54
Figura 24 - Sistema GOD para avaliação da vulnerabilidade do aquífero à contaminação. ................ 59
Figura 25 - Elaboração de um mapa de vulnerabilidade pelo método GOD........................................ 59
Figura 26 - Condutância longitudinal unitária e a vulnerabilidade natural de aquíferos livres............ 63
Figura 27 - Arquitetura de sistemas de informação geográfica............................................................ 64
Figura 28 - Tipos de representação de dados geográficos.................................................................... 65
Figura 29 - Fluxograma das etapas de trabalho.................................................................................... 70
Figura 30 - Localização das SEVs utilizadas na área de estudo. ......................................................... 72
Figura 31 - Níveis de avaliação da vulnerabilidade e do perigo de contaminação das águas
subterrâneas. .......................................................................................................................................... 73
Figura 32 - Histograma da distribuição dos valores de resistividade da zona não saturada. ............... 84
Figura 33 - Relação entre as resistividades elétricas e a litologia da área de estudo. .......................... 85
Figura 34 - Relação entre a condutividade hidráulica (KV) e a litologia da área de estudo. ................ 86
Figura 35 - Distribuição espacial do parâmetro O na área de estudo. .................................................. 87
Figura 36 - Distribuição espacial do parâmetro D na área de estudo. .................................................. 88
Figura 37 - Mapa de vulnerabilidade resultante da aplicação do método GOD. ................................. 89
Figura 38 - Espessuras da zona não saturada e os índices estabelecidos pelo método EKv. ............... 90
Figura 39 - Valores de condutividade hidráulica e os índices estabelecidos pelo método EKv. ......... 91
Figura 40 - Mapa de vulnerabilidade obtido com a aplicação do método EKv. .................................. 92
Figura 41 - Mapa de vulnerabilidade resultante da aplicação do método S. ........................................ 93
Figura 42 - Comparação entre os mapas GOD, EKv e S. .................................................................... 95
LISTA DE TABELAS

Página
Tabela 1 - Distribuição de água na Terra. ............................................................................................ 36
Tabela 2 - Indexação atribuída aos valores da espessura da zona não saturada. .................................. 61
Tabela 3 - Intervalos de condutividade hidráulica vertical e seus respectivos índices. ........................ 62
Tabela 4 - Índices de vulnerabilidade para o método EKv. ................................................................. 62
Tabela 5 - Relação entre os parâmetros geoelétricos e os índices de vulnerabilidade do método S. ... 63
Tabela 6 - Relação de dados utilizados na pesquisa. ............................................................................ 68
Tabela 7 - Estimativa da escala de trabalho em função da quantidade de SEVs e das dimensões da
área da pesquisa..................................................................................................................................... 74
Tabela 8 - Correlação entre a resistividade elétrica e a condutividade hidráulica para os principais
tipos de sedimentos inconsolidados. ..................................................................................................... 78
Tabela 9 - Relação entre as classes de vulnerabilidade obtidas no método GOD e a área total. .......... 89
Tabela 10 - Relação entre as classes de vulnerabilidade obtidas no método EKv e a área total. ......... 92
Tabela 11 - Classes de vulnerabilidade obtidas no método S e a área total. ........................................ 94
LISTA DE QUADROS

Página
Quadro 1 - Municípios pertencentes à área de estudo. ........................................................................ 17
Quadro 2 - Pontos de amostragem na área de estudo e seus respectivos valores de IQA. ................... 21
Quadro 3 - Relação de áreas contaminadas cadastradas na área de estudo.......................................... 34
Quadro 4 - Distribuição vertical das águas subterrâneas. .................................................................... 40
Quadro 5 - Síntese dos principais métodos para a avaliação de vulnerabilidade de aquíferos. ........... 57
Quadro 6 - Definição prática das classes de vulnerabilidade de um aquífero...................................... 60
14
Capítulo 1 – Apresentação Francisco, R. F.

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO

Nesse capítulo, é abordada a importância das águas subterrâneas para o abastecimento


público de muitos municípios brasileiros, inclusive os principais impactos ambientais
decorrentes da superexploração dos aquíferos e do uso inadequado do solo, inserindo nesse
contexto a área de estudo. Além disso, é discutida a relevância da elaboração de pesquisas
com enfoque na avaliação de vulnerabilidade do Sistema Aquífero Bauru, indicando as
principais justificativas que impulsionaram o desenvolvimento desta pesquisa.

1.1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

Ao longo das últimas décadas, a expansão das atividades agrícolas e industriais, aliada
ao aumento populacional verificado em diversos núcleos urbanos do país, incrementou a
demanda por água potável para o abastecimento público e privado, comprometendo a
quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
No Brasil, estima-se que do total de municípios, 47% são totalmente abastecidos por
mananciais superficiais, 39% por águas subterrâneas e 14% pelos dois tipos de mananciais
(abastecimento misto). No Estado de São Paulo, mais de 50% dos núcleos urbanos,
localizados majoritariamente na parte oeste, são abastecidos exclusivamente por recursos
hídricos subterrâneos (ANA, 2010).
Na área de estudo desta pesquisa, que abrange o Sistema Aquífero Bauru (SAB)
localizado na região Centro-Sul do Estado de São Paulo, são elevados os níveis de
dependência de aquíferos para o abastecimento público, sendo que os municípios de Gália,
Águas de Santa Bárbara, Piratininga, Espírito Santo do Turvo, Alvinlândia e Lucianópolis são
totalmente dependentes das águas subterrâneas, devido ao comprometimento das águas
superficiais (CETESB, 2012a).
Em grande parte dos casos, a crescente demanda conduz à utilização das águas
subterrâneas sem planejamento prévio e estudos detalhados sobre a recarga e vazão global
segura, que não provoque a superexplotação do aquífero. Como consequências, podem
ocorrer a diminuição da quantidade de água que abastece os rios, seca de nascentes,
esgotamento de reservatórios, rebaixamento do nível freático e indução de contaminação por
intrusão salina em regiões costeiras (HIRATA, 1993; MMA, 2007).
Além disso, devem ser consideradas as questões relativas à contaminação das águas
subterrâneas, tendo como principais fontes de contaminação: as fossas sépticas, esgotos
15
Capítulo 1 – Apresentação Fran cisco, R. F.

domésticos e industriais, vazamentos em depósitos subterrâneos de produtos químicos e


combustíveis, lixões, poços profundos mal instalados e/ou abandonados, cemitérios, inclusive
o uso indiscriminado de fertilizantes e defensivos agrícolas (KULKAMP et al., 2003).
Por isso, é crescente o número de áreas contaminadas no Estado de São Paulo, bem
como os impactos ambientais decorrentes. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (CETESB), em 2011 as áreas já declaradas contaminadas totalizavam 4.131, cuja
maioria se concentra no município de São Paulo e Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP), na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Alto Tietê.
Estima-se que o número de áreas contaminadas registradas tende a aumentar, considerando a
continuidade das ações de fiscalização e licenciamento ambiental (CETESB, 2011).
Ainda que não se verifique alta incidência de áreas contaminadas no Sistema Aquífero
Bauru, de um modo geral, já se observa no mesmo registros de contaminação, devido a
concentrações de nitrato acima dos padrões de potabilidade para o consumo humano.
Proveniente de esgotos domésticos e do uso inadequado de fertilizantes no campo, o nitrato
em excesso foi detectado em diversos poços tubulares profundos e cacimbas, localizados em
áreas urbanas e rurais de muitos municípios paulistas, tais como: Bauru, Presidente Prudente,
São José do Rio Preto, Fernandópolis, Votuporanga, entre outros (IRITANI et al., 2011).
Nesse sentido, a importância da realização de estudos de vulnerabilidade é
inquestionável, visto que a remediação de uma área tende sempre a ser difícil e impraticável
em diversas situações, sob o âmbito financeiro, técnico e operacional. Portanto, o processo
sistemático de mapeamento da vulnerabilidade de aquíferos representa uma ação preventiva
extremamente eficaz, pois seus resultados permitem priorizar e direcionar esforços
tecnológicos e financeiros em regiões mais vulneráveis, subsidiando o Poder Público na
tomada de decisões referentes à gestão e uso racional das águas subterrâneas.
Contudo, ainda são insuficientes os trabalhos com enfoque na avaliação da
vulnerabilidade natural de aquíferos no Brasil, mesmo no Estado de São Paulo, que é pioneiro
nesse tipo de pesquisa, cujo principal trabalho desenvolvido foi o “Mapeamento da
Vulnerabilidade e Risco de Poluição das Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo”
(IG/CETESB/DAEE, 1997), elaborado na escala de 1:500.000, porém disponibilizado aos
usuários na escala regional de 1:1.000.000.
Até o presente momento, são escassas as pesquisas desenvolvidas acerca da
vulnerabilidade natural do Sistema Aquífero Bauru, mesmo que já seja reconhecida a sua
importância para o abastecimento de um conjunto de municípios com milhares de
consumidores. Ademais, o principal estudo existente foi apresentado numa escala pouco
16
Capítulo 1 – Apresentação Fran cisco, R. F.

detalhada, restringindo a possibilidade de aplicação no planejamento e gestão do uso de


recursos hídricos subterrâneos em âmbito municipal. Portanto, é recomendável a elaboração
de novas pesquisas pormenorizadas, que resultem em mapas de vulnerabilidade mais
confiáveis, precisos e a custos e prazos adequados às possibilidades das comunidades.
Nesse contexto, a realização do presente trabalho se mostra relevante, já que seus
resultados poderão direcionar a elaboração de políticas públicas de uso e ocupação territorial,
que assegurem a quantidade e contribuam para a proteção da qualidade das águas subterrâneas
na área de estudo. Além disso, será possível fornecer subsídios aos usuários, órgãos
ambientais de controle, comunidade científica e ao Poder Público acerca dos tipos de dados
disponíveis que devem ser usados na avaliação de vulnerabilidade, inclusive a maneira como
essas informações podem ser integradas, considerando-se as peculiaridades geológicas e
hidrogeológicas da área de estudo.

1.2 OBJETIVOS

A presente pesquisa teve como objetivo principal avaliar a vulnerabilidade natural à


contaminação do Sistema Aquífero Bauru, na região Centro-Sul do Estado de São Paulo,
entre os municípios de Bauru e Marília, por meio da análise e integração de dados geológicos,
hidrogeológicos e geofísicos.
Especificamente, buscou-se:
 Inventariar e sistematizar dados geológicos, hidrogeológicos e geofísicos
relativos à área de estudo;
 Comparar os resultados obtidos a partir da utilização dos métodos GOD e EKv;
 Aplicar, experimentalmente, um novo método de avaliação de vulnerabilidade
natural de aquíferos, baseado no parâmetro Dar Zarrouk denominado
Condutância Longitudinal (S), comparando-o com aqueles anteriormente
citados; e
 Contribuir para a difusão e consolidação do Sistema de Informação Geográfica
(SIG) e do Geoprocessamento como ferramentas de análise espacial,
direcionadas ao mapeamento da vulnerabilidade natural de aquíferos.
17
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

No presente capítulo, são apresentados os aspectos gerais relativos à área de estudo,


tais como: localização, clima, relevo, tipos de solos, atividades econômicas desenvolvidas e o
uso do solo. Ademais, são abordados temas mais específicos e imprescindíveis à compreensão
desta pesquisa, como a situação dos recursos hídricos e o contexto geológico e
hidrogeológico, em âmbito regional e local.

2.1 ASPECTOS GERAIS

A área de estudo situa-se na região Centro-Sul do Estado de São Paulo, nos domínios
do Sistema Aquífero Bauru (SAB). Possui superfície de aproximadamente 7.086 km² e tem
como principais vias de acesso as rodovias estaduais Presidente Castelo Branco (SP - 280) e
Marechal Rondon (SP - 300). Abrange total e parcialmente municípios pertencentes às
Regiões Administrativas de Bauru, Marília e Sorocaba (Quadro 1 e Figura 1).

Quadro 1 - Municípios pertencentes à área de estudo.


Municípios Região Nível de Abrangência
Bauru Bauru Total
Administrativa
Marília Marília Total
Piratininga Bauru Total
Gália Marília Total
Garça Marília Total
Avaí Bauru Total
Presidente Alves Bauru Total
Vera Cruz Marília Total
Paulistânia Bauru Total
Cabrália Paulista Bauru Total
Duartina Bauru Total
Fernão Marília Total
Lucianópolis Bauru Total
Agudos Bauru Parcial
Ocauçu Marília Parcial
Lupércio Marília Parcial
Alvinlândia Marília Parcial
Ubirajara Bauru Parcial
Santa Cruz do Rio Pardo Marília Parcial
Espírito Santo do Turvo Marília Parcial
Águas de Santa Bárbara Sorocaba Parcial
Guaimbê Bauru Parcial
Arealva Bauru Parcial
Pirajuí Bauru Parcial
Álvaro de Carvalho Marília Parcial
Fonte: SEADE (2013).
18
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.


19
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Segundo a classificação climática de Köeppen, o tipo de clima dominante na maior


parte da área de estudo é o Cwa, caracterizado pelo clima tropical de altitude, com chuvas no
verão e seca no inverno, com a temperatura média do mês mais quente superior a 22°C
(SETZER, 1966).
Com relação à geomorfologia, a área de estudo situa-se na unidade morfoestrutural da
Bacia Sedimentar do Paraná, no compartimento da Província do Planalto Ocidental Paulista, a
qual ocupa praticamente 50% da área total do Estado de São Paulo (ALMEIDA, 1964). De
modo geral, o relevo dessa unidade morfoescultural é levemente ondulado, onde predomina
colinas amplas e baixas com topos aplainados.
Nesse planalto, é possível identificar variações fisionômicas regionais, que resultaram
na delimitação de unidades geomorfológicas diferenciadas, como o Planalto Centro-
Ocidental; Patamares Estruturais de Ribeirão Preto e os Planaltos Residuais de
Batatais/Franca, São Carlos, Botucatu e Marília (PONÇANO et al., 1981).
Na área de estudo, predominam o Latossolo Vermelho-Amarelo e o Argissolo
Vermelho, sendo que ambos apresentam textura média arenosa. Esses solos provêm do
intemperismo físico-químico dos arenitos do Grupo Bauru, e são altamente sujeitos a
processos erosivos em regiões mais íngremes e desprovidas de cobertura vegetal
(SALOMÃO, 1994).
No que se refere às atividades econômicas, nas áreas urbanas destacam-se os setores
de serviços e comércio, como fontes indutoras da economia regional. As atividades industriais
se concentram nos ramos mecânico, alimentício e agroindustrial sucroalcooleiro,
desenvolvidos principalmente nos municípios de Marília e Bauru. Nas áreas rurais, a
agricultura é a atividade mais expressiva, destacando-se as lavouras de café e cana-de-açúcar,
que atualmente ocupam espaços que antes eram destinados a pastagens para a pecuária
extensiva (CBH/AP, 2011; CBH/MP, 2011; CBH/TB, 2010; CBH/TJ, 2012).

2.2 RECURSOS HÍDRICOS

A área de estudo abrange parcialmente cinco Unidades de Gerenciamento de Recursos


Hídricos (UGRHIs), quais sejam: Tietê-Jacaré (13); Tietê-Batalha (16); Médio Paranapanema
(17); Aguapeí (20) e Peixe (21), de acordo com a Figura 2. Os principais cursos d’água que
cruzam a área de estudo são os rios: Feio ou Aguapeí, Batalha, Bauru, Peixe e Turvo.
20
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Figura 2 - Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) abrangidas pela área


de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.


21
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Em linhas gerais, os principais fatores responsáveis pela deterioração da qualidade das


águas superficiais na área de estudo são a utilização indiscriminada de fertilizantes, sobretudo
no cultivo da cana-de-açúcar, o lançamento de esgotos domésticos in natura nos corpos
d’água receptores, bem como a insuficiência de sistemas de coleta, afastamento e tratamento
desses efluentes, contribuindo também para a contaminação das águas subterrâneas.
Em 2012, os municípios de Marília, Bauru, Pirajuí, Paulistânia, Agudos e Águas de
Santa Bárbara apresentaram porcentagens de tratamento de esgotos domésticos inferiores a
10%. De acordo com o Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana
de Municípios (ICTEM), os municípios supramencionados apresentaram os piores índices,
com classificação na faixa de valores entre 0 e 2,5, numa escala de 0 a 10. A nota do ICTEM
reflete a relação entre o investimento realizado em saneamento básico e a porcentagem de
coleta e tratamento de esgotos, associada à eficiência de remoção de carga orgânica
(CETESB, 2012b).
Na área de estudo, existem apenas seis pontos de monitoramento da qualidade das
águas superficiais (Quadro 2), distribuídos nas UGRHIs 16, 20 e 21 e concentrados nos
municípios de Bauru e Marília. Contudo, essa pequena quantidade é considerada suficiente
para o monitoramento da qualidade, com base nas pressões antrópicas existentes (CETESB,
2012b).
Uma das maneiras utilizadas para medir a qualidade das águas superficiais é o Índice
de Qualidade das Águas (IQA), calculado por meio da integração de variáveis que indicam o
lançamento de efluentes sanitários no corpo d’água, fornecendo uma visão geral sobre
determinado curso d’água ou reservatório. As variáveis de qualidade avaliadas pelo IQA são:
temperatura, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, Escherichia coli ou
coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e turbidez.
Em síntese, os resultados do IQA para os pontos amostrados na área de estudo
indicaram qualidade boa para quatro dos seis pontos amostrados, sendo que dos pontos de
amostragem remanescentes, um apresentou IQA ótimo e o outro IQA regular (Quadro 2).

Quadro 2 - Pontos de amostragem na área de estudo e seus respectivos valores de IQA.


Corpo Código Local de Lat. Long.
UGRHI Tipo Município IQA
Hídrico CETESB Amostragem S W
22° 49°
BATA Rede Na captação de
16 Rio Batalha Bauru 22’ 06’ Boa
02050 Básica Bauru
51” 55”
Córrego No represamento 22º 49°
ANOR Rede
Água do do manancial de Marília 12’ 54’ Boa
20 02300 Básica
Norte captação de Marília 28” 39”
Res. CASC Rede Manancial de Marília 22° 49° Boa
22
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Corpo Código Local de Lat. Long.


UGRHI Tipo Município IQA
Hídrico CETESB Amostragem S W
Cascata 02050 Básica captação de 12’ 55’
Marília, no Bairro 48” 22”
Maria Isabel
Ponte na Rodovia
BR-153, no trecho 22° 49°
TBIR Rede
Rio Tibiriçá que liga Marília a Marília 03’ 54’ Boa
03300 Básica
São José do Rio 40” 04”
Preto
No reservatório do
22° 50°
Res. do ARPE Rede Rio Arrependido,
Marília 19’ 01’ Ótima
Arrependido 02800 Básica na captação de
09” 21”
21 Marília
Rio do Ponte na rodovia 22° 50°
Peixe- PEIX Rede
que liga Marília a Marília 18’ 03’ Regular
UGRHI 21 02100 Básica
Assis 16” 00”
Fonte: CETESB (2012b).

Desde a década de 1990, a CETESB elabora relatórios sobre a qualidade das águas
subterrâneas brutas para abastecimento público do Estado de São Paulo. A avaliação da
qualidade dos aquíferos se baseia em dados coletados pela Rede de Monitoramento da
Qualidade das Águas Subterrâneas, a qual evoluiu ao longo do tempo, com a ampliação do
número de pontos de amostragem, abrangendo uma quantidade maior de aquíferos e de
parâmetros monitorados.
Atualmente, o Sistema Aquífero Bauru possui 75 pontos de monitoramento da
qualidade das águas subterrâneas (Figura 3) (CETESB, 2012a). Sem dúvida, é o aquífero livre
mais monitorado do Estado de São Paulo, devido à grande área exposta, aos impactos
ambientais adversos impostos e à importância para o abastecimento público de muitos
municípios da região.

Figura 3 - Número de pontos monitorados por sistema aquífero (2010-2012).

Fonte: CETESB (2012a).


23
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Todavia, a densidade de pontos de amostragem ainda é pequena, considerando a


amplitude da área avaliada. Por essa razão, a rede de monitoramento necessita ser ampliada,
para oferecer um panorama geral da qualidade das águas em locais não amostrados,
fornecendo um volume de dados maior aos gestores públicos municipais.
Na área de estudo, existem apenas dois pontos de monitoramento do SAB, um
localizado no município de Gália (UGRHI 17) e outro em Bauru (UGRHI 13), o qual
apresenta concentrações de nitrato e de coliformes fecais em desconformidade com os
padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011
(BRASIL, 2011).
Com relação à qualidade das águas do SAB, os relatórios da CETESB (1996, 1998,
2001, 2004, 2010) indicaram a contaminação das águas subterrâneas, sobretudo, por
concentrações anômalas de nitrato que muitas vezes excedem os valores de potabilidade (10
mg/L N-NO3-), corroborando a tendência de aumento das concentrações desse poluente,
registrada durante toda a década de 1990.
Em contrapartida, o relatório da CETESB (2012a), referente ao triênio 2010-2012,
classificou como boa a qualidade das águas subterrâneas para o consumo humano, apontando
uma estabilização dos altos níveis de nitrato em grande parte do SAB. Por outro lado, nas
UGRHIs 16 e 20 ainda persiste a tendência de aumento das concentrações de nitrato.
Segundo Reynolds-Vargas et al. (2006), o nitrato é o contaminante mais frequente em
aquíferos de todo o mundo, cujas principais fontes antrópicas difusas, fornecedoras de
compostos nitrogenados são: aplicação de fertilizantes orgânicos e sintéticos nitrogenados,
utilização de fossas sépticas ou negras, vazamentos das redes coletoras de esgoto e a
influência de rios contaminados na zona de captação de poços. Por isso, o nitrato é utilizado
mundialmente como indicador de poluição das águas subterrâneas, em virtude da sua alta
mobilidade, podendo atingir extensas áreas (VARNIER et al., 2010).
No Brasil, a carência de saneamento nas zonas urbanas vem resultando em elevadas
concentrações de nitrato nas águas subterrâneas, além da presença de bactérias patogênicas e
de vírus. Ademais, nas duas últimas décadas houve um grande aumento das áreas cultivadas,
onde o uso intensivo de fertilizantes nitrogenados, orgânicos ou sintéticos, favoreceu o
aparecimento de nitrato nas águas subterrâneas de áreas rurais, devendo também ser
consideradas outras fontes, como a criação de animais (MMA, 2006).
Alguns estudos realizados comprovaram que as áreas urbanas de diversos municípios
do Estado de São Paulo estão convivendo com esse problema, incluindo grandes centros
24
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

contidos na área de estudo, como Bauru (GIAFFERIS; OLIVEIRA, 2006; HIRATA, 2000;
VARNIER et al., 2012) e Marília (VARNIER et al., 2012).
Varnier et al. (2012) estabeleceram a correspondência entre as concentrações mais
elevadas de nitrato e as áreas mais antigas e densamente ocupadas de núcleos urbanos, onde
há a presença de fossas desativadas e redes coletoras de esgotos obsoletas, com maior
possibilidade de vazamentos. Desse modo, foi possível avaliar as tendências de incremento
nas concentrações de nitrato nas águas subterrâneas, ao longo do tempo e espaço, frente aos
padrões de ocupação urbana nos municípios de Bauru, Marília e Presidente Prudente.

2.3 CONTEXTO GEOLÓGICO E HIDROGEOLÓGICO

Nesse item, são exibidas as principais características do Grupo Bauru no Estado de


São Paulo, no que se refere à localização, composição litológica, descrição das unidades
estratigráficas e hidroestratigráficas, bem como os fatores que determinam as propriedades
hidrodinâmicas do Sistema Aquífero Bauru.

2.3.1 O Grupo Bauru no Estado de São Paulo

Localizado no Planalto Ocidental Paulista, o Grupo Bauru perfaz uma superfície de


117.000 km2, que corresponde a aproximadamente 47% do território paulista (DAEE, 1990).
No Estado de São Paulo, os sedimentos do Grupo Bauru repousam sobre os basaltos
da Formação Serra Geral, por meio de discordância erosiva (ALMEIDA et al., 1981;
BRANDT NETO et al., 1977; RICOMINI et al., 1981; SOARES et al., 1980). Localmente, as
rochas do Grupo Bauru se assentam sobre sedimentos das formações Botucatu e Pirambóia,
como por exemplo, a região de Bauru e Agudos. A espessura média desses sedimentos é de
100 metros, ultrapassando 300 metros na região do Planalto Residual de Marília (PAULA e
SILVA; CAVAGUTTI, 1992; SUGUIO et al., 1977).
As rochas do Grupo Bauru são constituídas, predominantemente, por sedimentos
siliciclásticos continentais, depositados na porção centro-sul da Plataforma Sul-Americana,
durante o último episódio significativo de sedimentação dessa unidade geotectônica,
acompanhadas de magmatismo alcalino em pontos dispersos da Bacia do Paraná, como
Lajes/SC, Iporá/GO e Taiúva/SP. Litologicamente, essa sucessão é caracterizada por arenitos,
arenitos argilosos, carbonáticos ou não, siltitos, lamitos e argilitos, apresentando
pontualmente conglomerados e camadas calcárias (DAEE, 1976).
25
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Soares et al. (1980) compilaram diversos trabalhos anteriores que versavam sobre o
mapeamento regional, propondo a primeira divisão formal da estratigrafia do Grupo Bauru,
considerada clássica e amplamente aceita pela comunidade científica. Nessa proposição, a
unidade Bauru foi elevada à categoria de Grupo, subdividindo-o nas formações Caiuá, Santo
Anastácio, Adamantina (incluindo as litofáceis Ubirajara, Taciba e São José do Rio Preto) e
Marília, cuja base correspondia às litofáceis Itaqueri (Figura 4).

Figura 4 - Proposta clássica de subdivisão estratigráfica dos sedimentos cretáceos


suprabasálticos.

Fonte: Soares et al. (1980).

No entendimento de Fernandes (1992), o processo de sedimentação dessa sequência


estratigráfica, ocorrido num cenário de evolução geológica diferenciada na Bacia do Paraná e
delimitado por discordâncias erosivas de caráter continental no topo e na base, seria a
justificativa para a individualização desses depósitos numa unidade geotectônica
independente, denominada de “Bacia Bauru”.
A deposição na Bacia Bauru iniciou-se com a sedimentação do arenito Caiuá, na
região do Pontal do Paranapanema, estendendo-se em seguida no sentido norte e nordeste,
com a sedimentação dos arenitos Santo Anastácio e Adamantina. Por último, formaram-se
embaciamentos localizados, onde se depositou a Formação Marília (ALMEIDA et al., 1981).
26
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

O estudo de litofácies através de descrição faciológica e estudos geofísicos de


subsuperfície têm mostrado grande variabilidade dos depósitos sedimentares do Grupo Bauru,
gerando redefinições de formações ou a proposição de novas unidades.
A partir de perfilagens geofísicas de poços e da descrição de amostras de calhas, Paula
e Silva (2003) e Paula e Silva et al. (2005) propuseram a manutenção da subdivisão clássica
de Soares et al. (1980), adicionando ao Grupo Bauru duas novas unidades: as formações
Pirapozinho e Birigui, além de incluir a Formação Araçatuba (Figura 5), proposta de divisão
estratigráfica adotada para a elaboração do presente estudo.

Figura 5 - Relações entre as unidades litoestratigráficas do Grupo Bauru nos diferentes


compartimentos do Estado de São Paulo.

LEGENDA

SG = Serra Geral
CA = Caiuá
PI = Pirapozinho
SA = Santo Anastácio
T = Analmicitos Taiúva
BI = Birigui
AR = Araçatuba
AD = Adamantina
MA = Marília

Fonte: Paula e Silva (2003).

2.3.2 Geologia Local

De acordo com o Mapa Geológico do Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984), na
área de estudo predominam as formações Adamantina e Marília. Localmente, são encontrados
depósitos aluvionares, restritos às planícies dos principais cursos d’água. Secundariamente,
ocorrem pequenos afloramentos das formações Pirambóia e Corumbataí, concentrados no
município de Piratininga (Figura 6).
27
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Figura 6 - Mapa das formações geológicas existentes na área de estudo.

Fonte: Adaptado de DAEE et al. (1984).


28
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

A Formação Corumbataí integra o conjunto de rochas do Grupo Passa Dois,


constituindo-se em sua seção superior por uma sequência de argilitos e arenitos finos,
argilosos, regular a bem classificados, esverdeados, arroxeados e avermelhados, recobrindo-se
em discordância pela Formação Pirambóia (MEZZALIRA et al., 1981). Cabe ressaltar que a
Formação Corumbataí é correlata à Formação Estrada Nova, sendo os dois nomes
considerados sinônimos. Na porção basal, apresenta siltitos, argilitos e folhetos cinzentos a
roxo-acinzentados nos afloramentos, podendo conter cimentação calcária (GONÇALVES,
1986).
Pertencente ao Grupo São Bento, a Formação Pirambóia compreende uma sucessão
predominantemente arenosa, de granulação fina a média, teor de argila crescente em direção à
base, com ocorrência local de arenitos grossos a conglomeráticos e presença de intercalações
pouco espessas de lamitos avermelhados, mais frequentes nas porções basais (SOARES,
1975).
A porção superior da Formação Pirambóia foi caracterizada como fácies de canais
entrelaçados, com a presença de arenitos médios a grossos, bem como arenitos
conglomeráticos, depositados durante uma fase de tectonismo intenso, em ambiente
deposicional eólico úmido, com fácies de ambiente fluvial (CAETANO-CHANG, 1997).
Soares et al. (1980) definiram a Formação Adamantina como um conjunto de fácies,
compostas por arenitos de granulometria fina a muito fina, cor rósea a castanha, ocorrendo
estratificações cruzadas, alternadas com lamitos, siltitos e arenitos lamíticos, castanho-
avermelhados a cinza-acastanhados, maciços ou com acamamento plano-paralelo grosseiro.
Frequentemente, esses sedimentos apresentam marcas de onda e microestratificações
cruzadas, inclusive ocorrências de seixos de argilito, cimento e nódulos carbonáticos.
Na porção oeste do Estado de São Paulo, a Formação Adamantina se estende por uma
vasta área, constituindo os terrenos da maior parte do Planalto Ocidental (ALMEIDA et al.,
1981; MELO et al., 1982). Essa unidade aflora em praticamente toda a área de estudo, exceto
nas regiões onde se encontra recoberta pela Formação Marília, cujo contato ocorre por
interdigitação.
Segundo a descrição de Paula e Silva et al. (1994), em subsuperfície essa formação
caracteriza-se pela presença de arenitos avermelhados a acastanhados, finos a muito finos,
argilosos, carbonáticos e quartzosos, com intercalação de lamitos marrons a avermelhados.
De modo geral, as maiores espessuras da Formação Adamantina ocorrem nas porções
ocidentais dos espigões entre os grandes rios. Atinge 160 metros entre os rios São José dos
Dourados e Peixe, 190 metros entre os rios Santo Anastácio e Paranapanema e 100 a 150
29
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

metros entre os rios Peixe e Turvo, adelgaçando-se dessas regiões em direção a leste e
nordeste (SOARES et al., 1980). Os autores citados concluíram que o ambiente deposicional
corresponde a um sistema fluvial meandrante pelítico a sul, tornando-se psamítico a leste e a
norte, com transição parcial para um sistema entrelaçado.
A Formação Marília ocorre na porção centro-sul do Estado de São Paulo, entre os
médios vales dos rios Tietê e Paranapanema, com ocorrência restrita quando comparada às
demais formações do Grupo Bauru. Depositou-se num embaciamento no término da
deposição Bauru, em situação parcialmente marginal, repousando sobre a Formação
Adamantina e, mais para leste, diretamente sobre os basaltos Serra Geral (MELO et al., 1982).
Na borda oriental da bacia, a Formação Marília apresenta contato inferior discordante
com as rochas basálticas. O contato com a Formação Adamantina é concordante interdigitado
na maioria de sua área de ocorrência, sugerindo contemporaneidade entre os processos de
sedimentação dessas unidades (PAULA e SILVA, 2003).
A princípio, Soares et al. (1980) descreveram essa formação como sendo composta por
arenitos grossos a conglomeráticos, com grãos angulosos, teor de matriz variável, seleção
pobre, ricos em feldspatos, minerais pesados e minerais instáveis. Ocorre em camadas com
espessura média de 1 a 2 metros, maciços ou com acamamento incipiente, subparalelo e
descontínuo, raramente apresentando estratificação cruzada de médio porte, com seixos
concentrados nos estratos cruzados. São raras as camadas descontínuas de lamitos vermelhos
e de calcários.
A cimentação dessa unidade e a presença de nódulos carbonáticos disseminados nos
sedimentos ou concentrados em níveis ou zonas são frequentes e expressam uma
característica peculiar da Formação Marília, cuja matriz argilo-siltosa ocorre em pequena
quantidade (ALMEIDA et al., 1981; SUGUIO; BARCELOS, 1983).
Paula e Silva (2003) descreveu a predominância de depósitos arenosos e finas
intercalações de material pelítico, com escassa matriz argilosa. O autor supracitado
mencionou a tendência de diminuição dos teores de argila em direção ao topo da Formação
Marília, característica considerada indicativo do assoreamento da bacia de sedimentação.
A sedimentação dessa unidade ocorreu num embaciamento restrito, em regimes
torrenciais característicos de leques aluviais, com deposição e cimentação de detritos
carbonáticos em clima semiárido (FERNANDES; COIMBRA, 1996; SOARES et al., 1980).
A espessura do pacote de sedimentos da Formação Marília apresenta redução no
sentido de norte para sul (IPT, 1981a). No município de Marília, a espessura máxima dos
30
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

sedimentos atinge 160 metros e, em Monte Alto, é de aproximadamente 150 metros, sendo
recobertos por sedimentos cenozóicos em alguns pontos (SOARES et al., 1980).
Devido à escala do mapeamento, na área de estudo ocorrem inexpressivamente
depósitos aluvionares originados durante o Cenozóico, que recobrem principalmente os
arenitos das formações Adamantina e Marília, inclusive os fundos de canais, margens e
planícies de inundação dos rios. Esses materiais sedimentares são compostos de cascalheiras,
areias, siltes, argilas e conglomerados basais, resultantes dos processos de erosão, transporte e
deposição a partir de diversas áreas fontes de sedimentos (DAEE et al., 1984).

2.3.3 O Sistema Aquífero Bauru

O Sistema Aquífero Bauru (SAB) é uma unidade hidrogeológica constituída pelas


rochas sedimentares do Grupo Bauru, apresentando extensão regional, superfície contínua,
livre a semiconfinada, com espessura média de 100 metros, entretanto, pode ultrapassar 300
metros (DAEE, 1974, 1976, 1979). Em virtude de sua área de ocorrência ser totalmente
aflorante em superfície, isto é, não existir qualquer outra unidade geológica que confine suas
águas, a recarga ocorre por toda a sua extensão, diretamente através da infiltração das
precipitações atmosféricas, que são da ordem de 1.300 mm/ano (DAEE, 2000; IRITANI;
EZAKI, 2009).
Esse sistema é considerado moderadamente permeável, devido ao teor relativamente
alto de material argiloso e siltoso e às intercalações entre camadas permeáveis e impermeáveis
(Figura 7) (DAEE, 1976).

Figura 7 - Modelo conceitual hidrogeológico do Sistema Aquífero Bauru.

Fonte: Iritani e Ezaki (2009).


31
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Por essa razão, as vazões obtidas em perfurações de poços são extremamente


variáveis, considerando a diversidade litofaciológica existente, a qual contata lateral e
vertical, sedimentos com diferentes características de porosidade e permeabilidade (PAULA e
SILVA, 2003). Em seu trabalho, Vieira (1981) também observou esse aspecto, ao ressaltar
que a utilização da nomenclatura “Aquífero Bauru” nem sempre é adequada, uma vez que há
mais de um aquífero ou autênticos aquicludes.
Nesse sentido, a produtividade desse “sistema aquífero” é heterogênea e resulta da
combinação entre a textura, teor de cimento, porosidade e a permeabilidade das rochas.
Porcentagens de silte e argila acima de 10% são suficientes para reduzir a permeabilidade das
rochas, tornando-as impermeáveis do ponto de vista prático. Analogamente, o cimento
carbonático exerce influência sobre a permeabilidade, sendo que, concentrações acima de
10% podem representar uma barreira eficaz à movimentação da água (BARCHA, 1980).
Nas áreas onde predominam os arenitos das formações Marília e Adamantina, o
Sistema Aquífero Bauru apresenta vazões entre 3 e 20 m3/h, devido à intensa cimentação dos
sedimentos e à existência de camadas argilosas. Em regiões de ocorrência mais restrita, onde
predominam os sedimentos da Formação Santo Anastácio, as vazões desse sistema alcançam
valores mais significativos, com variação entre 20 e 50 m3/h. Nas áreas de ocorrência da
Formação Caiuá, as vazões explotáveis são ainda mais expressivas e variam entre 20 e 200
m3/h (DAEE, 1990).
Com base nos limites, abrangência regional, condições de armazenamento e circulação
de água, o DAEE (1979) propôs a separação na denominação das rochas do Sistema Aquífero
Bauru em Bauru Médio/Superior, composto pelas formações Marília e Adamantina, e Bauru
Inferior/Caiuá, constituído pelas formações Caiuá e Santo Anastácio.
Para a unidade hidrogeológica Bauru Médio/Superior, foram encontrados valores de
condutividade hidráulica entre 0,1 e 0,4 m/d e transmissividade aparente de 10 a 50 m2/d, com
superfície livre a localmente confinada. Para a unidade Bauru Inferior/Caiuá, determinaram-se
valores de condutividade hidráulica e transmissividade aparente nas faixas entre 1 e 3 m/d,
100 e 300 m2/d, respectivamente (DAEE, 1979).
Posteriormente, Paula e Silva (2003) dividiu o Sistema Aquífero Bauru em unidades
hidroestratigráficas correspondentes aos Aquíferos Caiuá, Santo Anastácio, Birigui,
Adamantina e Marília, inclusive os Aquitardos Pirapozinho e Araçatuba (Figura 8). Segundo
esse autor, essa subdivisão hidroestratigráfica fundamentada na litoestratigrafia de
subsuperfície, justifica-se em razão das particularidades litológicas presentes em cada
formação, as quais, por sua vez, governam as propriedades hidráulicas dessas unidades. Desse
32
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

modo, foi admitida uma correspondência entre as unidades litoestratigráficas e as


hidroestratigráficas, na partição do Sistema Aquífero Bauru.

Figura 8 - Divisão hidroestratigráfica do Sistema Aquífero Bauru no Estado de São Paulo.

LEGENDA

SG = Serra Geral
CA = Caiuá
PI = Pirapozinho
SA = Santo Anastácio
T = Analmicitos Taiúva
BI = Birigui
AR = Araçatuba
AD = Adamantina
MA = Marília

Fonte: Paula e Silva (2003).

Com base na proposta de Paula e Silva (2003), na área de estudo ocorrem os Aquíferos
Adamantina e Marília, que correspondem à unidade hidrogeológica Bauru Médio/Superior
(DAEE, 1979).
O Aquífero Marília é representado por uma sucessão bastante homogênea,
predominantemente arenosa, de granulometria fina a grossa, com baixo conteúdo argiloso,
intercalações delgadas de material pelítico e zonas muito carbonáticas, sendo considerado de
extensão regional, contínuo, livre a semiconfinado. Frequentemente, nessa sucessão há
formação de aquíferos suspensos nas zonas de alteração superficiais da unidade, devido à
presença de estratos subjacentes, relativamente impermeáveis, isolando o corpo aquoso
principal (PAULA e SILVA, 2003).
Prandi (2010) ressalta que apesar de ser constituído por arenitos grossos a
conglomeráticos, com grãos angulosos, o Aquífero Marília possui características
hidrodinâmicas bastante desfavoráveis, quando comparadas às unidades aquíferas
subjacentes, devido à excessiva cimentação por carbonatos do tipo caliche, que tornou seus
sedimentos praticamente impermeáveis. Consequentemente, a reduzida permeabilidade desses
33
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

sedimentos retarda o tempo de trânsito de água e de possíveis contaminantes nesse meio


aquífero.
O Aquífero Adamantina é considerado de extensão regional, contínuo, livre a
semiconfinado, estando recoberto apenas nos locais de ocorrência da Formação Marília e
inexistente no extremo sudoeste paulista, devido a processos erosivos.
No que se refere a sua composição, o Aquífero Adamantina é heterogêneo e, assim
como o Aquífero Marília, apresenta cimentação carbonática nos seus sedimentos, todavia,
com menor intensidade. Por esse motivo, nesse aquífero predominam os sedimentos com
permeabilidade moderada, bem como fluxo d’água anisotrópico, características que decorrem,
principalmente, das variações de permeabilidade dos sedimentos, em função do maior ou
menor teor de argila da matriz, ou de camadas pelíticas que se intercalam aos corpos arenosos
(PAULA e SILVA, 2003).

2.4 VULNERABILIDADE E ÁREAS CONTAMINADAS

Segundo o estudo “Mapeamento da Vulnerabilidade e Risco de Poluição das Águas


Subterrâneas do Estado de São Paulo” (IG/CETESB/DAEE, 1997), a área de estudo
apresenta vulnerabilidade baixa à média.
De modo geral, os locais com baixa vulnerabilidade se concentram nas áreas de
ocorrência da Formação Marília, devido à abundante cimentação carbonática dos seus
sedimentos, fator já discutido anteriormente. As regiões com média vulnerabilidade
correspondem aos sedimentos moderadamente cimentados da Formação Adamantina, os quais
são relativamente mais permeáveis que os da Formação Marília.
É oportuno ressaltar que esse trabalho foi um dos pioneiros no campo da avaliação da
vulnerabilidade e gestão de aquíferos no Estado de São Paulo. Todavia, foi elaborado na
escala 1:500.000 e disponibilizado aos usuários na escala 1:1.000.000, cujo nível de
abrangência da análise corresponde ao reconhecimento preliminar de áreas suscetíveis à
contaminação. Desse modo, mapeamentos em escalas maiores podem detalhar melhor a
litologia e as propriedades hidrodinâmicas e hidrogeológicas de um aquífero, aclarando
dúvidas e dirimindo incertezas quanto às classes de vulnerabilidade obtidas numa dada área,
com resultados mais adequados à gestão municipal das águas subterrâneas.
A partir dessa cartografia de vulnerabilidade, foi promulgada a Resolução SMA nº 14
de 05 de março de 2010, que definiu diretrizes técnicas para o licenciamento de
34
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

empreendimentos em áreas potencialmente críticas para uso da água subterrânea no Estado de


São Paulo (SMA, 2010). Nesse documento, foram definidas as áreas de alta vulnerabilidade e
mais seis áreas potenciais de restrição, controle de captação e uso das águas subterrâneas.
Nas áreas de alta vulnerabilidade, o licenciamento de empreendimentos
potencialmente impactantes, que captam vazões superiores a 50 m³/h ou que disponham
efluentes líquidos, resíduos ou substâncias no solo, ficou condicionado à apresentação de
estudo hidrogeológico que incluísse a avaliação da vulnerabilidade e balanço hídrico,
inclusive um programa de monitoramento sistemático das águas subterrâneas.
Na área de estudo, existem dois pequenos fragmentos de áreas de alta vulnerabilidade,
situados nos municípios de Marília, Álvaro de Carvalho, Vera Cruz e Garça. O município de
Bauru foi considerado uma das seis áreas potenciais de restrição, controle de captação e uso
das águas subterrâneas.
De acordo com a CETESB (2011), foram cadastradas 23 áreas contaminadas dentro
dos limites da área de estudo, concentradas em Marília e Bauru (Quadro 3 e Figura 9). Esse
número é considerado relativamente pequeno se comparado ao registrado nas regiões
metropolitanas de São Paulo e Campinas. A maioria dos pontos de contaminação existentes
na área de estudo resulta das atividades de postos de combustíveis, cujos principais
contaminantes liberados no subsolo são solventes aromáticos e combustíveis líquidos.

Quadro 3 - Relação de áreas contaminadas cadastradas na área de estudo.


Municípios Atividade Contaminantes UTM E (m) UTM N (m)
indústria metais 705.186 7.529.627
indústria metais 702.900 7.531.687
posto de combustível solventes aromáticos e PAHs 700.605 7.529.895
posto de combustível solventes aromáticos e PAHs 698.758 7.526.041
posto de combustível solventes aromáticos 699.267 7.530.150
combustíveis líquidos,
comércio solventes aromáticos, PAHs e 700.850 7.530.750
metais
BAURU combustíveis líquidos,
comércio 701.492 7.530.922
solventes aromáticos e PAHs
combustíveis líquidos,
acidentes 701.507 7.531.404
solventes aromáticos e PAHs
indústria metais 702.890 7.531.930
combustíveis líquidos,
comércio solventes aromáticos, PAHs e 700.649 7.530.721
metais
comércio solventes aromáticos e PAHs 699.100 7.531.350
combustíveis líquidos e
GÁLIA posto de combustível 655.170 7.531.950
solventes aromáticos
GARÇA posto de combustível solventes aromáticos 638.841 7.543.435
35
Capítulo 2 – Caracterização da Área de Estudos Francisco, R. F.

Municípios Atividade Contaminantes UTM E (m) UTM N (m)


posto de combustível solventes aromáticos 609.758 7.541.878
posto de combustível combustíveis líquidos 607.017 7.546.622
posto de combustível solventes aromáticos 608.237 7.543.080
posto de combustível solventes aromáticos 610.253 7.541.448
MARÍLIA posto de combustível solventes aromáticos 607.650 7.542.150
comércio solventes aromáticos 609.290 7.542.967
posto de combustível solventes aromáticos 606.425 7.542.128
posto de combustível solventes aromáticos e PAHs 609.018 7.542.655
posto de combustível solventes aromáticos 611.417 7.540.755
SANTA CRUZ
posto de combustível solventes aromáticos e PAHs 651.400 7.477.700
DO RIO PARDO
Fonte: CETESB (2011).

Figura 9 - Áreas contaminadas, de alta vulnerabilidade e áreas potenciais de restrição,


controle de captação e uso das águas subterrâneas.

Fonte: Elaborado pelo autor.


36
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

CAPÍTULO 3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No presente capítulo, apresentam-se os conteúdos fundamentais ao entendimento tanto


dos procedimentos metodológicos propostos quanto dos resultados obtidos, com enfoque em
quatro temas centrais, quais sejam: hidrogeologia, geofísica, vulnerabilidade natural de
aquíferos e a utilização do geoprocessamento na cartografia de vulnerabilidade.

3.1 HIDROGEOLOGIA

Nesse item, são abordados conceitos básicos sobre o ciclo hidrológico, a ocorrência e
transporte das águas subterrâneas e a classificação dos tipos de aquíferos, segundo a
porosidade das rochas e a pressão submetida ao sistema.

3.1.1 Base Conceitual

Indubitavelmente, a água é um elemento essencial à manutenção da vida no planeta


Terra e indispensável ao desenvolvimento humano. Sabe-se que, dos 1.360.000.000 km³ de
água existente (Tabela 1), somente 2,7% é água doce (Figura 10). Desse percentual, apenas
0,6% está no estado líquido e aproximadamente 98,5% encontram-se na forma de água
subterrânea, que constitui uma parcela do sistema circulatório de água do ciclo hidrológico
(ANA, 2002).

Tabela 1 - Distribuição de água na Terra.


Tipo Ocorrência Volumes (km³) %
Rios 1.250 0,000092
Água doce superficial
Lagos 125.000 0,0092
Umidade do solo 67.000 0,0043
Água doce subterrânea Até 800 metros 4.164.000 0,31
Abaixo de 800 metros 4.164.000 0,31
Água doce sólida (gelo) Geleiras e glaciais 29.200.000 2,05
Oceanos 1.320.000.000 97,30
Água salgada
Lagos e mares salinos 105.000 0,0077
Vapor d’água Atmosfera 12.900 0,00095
Total 1.360.000.000 100
Fonte: Adaptado de ANA (2002).
37
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Figura 10 - Distribuição de água na Terra.

Água Doce
Líquida Rios e Lagos
(0,6%) (1,5%)
Água Salgada
(97,3%)

Águas
Subterrâneas
Gelo (98,5%)
(2,1%)

Fonte: Adaptado de ANA (2002).

Esses valores absolutos podem não representar a realidade existente em cada


continente ou país, no que diz respeito à escassez ou abundância de água, visto que sua
disponibilidade é bastante variável de uma região para outra. Alguns fatores são decisivos
para a distribuição de recursos hídricos no planeta, tais como: variações climáticas naturais
(temperatura e pluviosidade), cobertura vegetal, número de habitantes de uma determinada
região e as atividades econômicas exercidas.
O ciclo hidrológico ou, ciclo da água (Figura 11), corresponde à constante
movimentação e mudança de estado da água contida nos rios, lagos, oceanos, geleiras,
continentes e na atmosfera.

Figura 11 - Ciclo hidrológico.

Fonte: USGS (2013).


38
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Essa circulação se inicia com a evaporação direta da água, devido à energia solar
incidente na superfície da Terra. Ao alcançar altitudes mais altas e frias da atmosfera, o vapor
gerado se condensa e precipita na superfície terrestre em forma de chuva, granizo ou neve.
Quando essa água chega ao solo, uma parcela retorna à atmosfera através da evaporação, uma
parte percola no subsolo (60 a 70%), abastecendo os aquíferos e o remanescente, escoa
superficialmente (30 a 40%), desembocando nos cursos d’água, lagos, mares e oceanos
(ANA, 2002; FEITOSA; MANOEL FILHO, 2008).
Geralmente, as águas subterrâneas circulam e fluem constante e lentamente, por entre
os poros do solo e das rochas sedimentares. Em alguns materiais geológicos, a circulação
ocorre através de fraturas, que são estruturas resultantes da ruptura das rochas, devido à
movimentação da crosta terrestre. Um dos parâmetros que interferem no fluxo das águas
subterrâneas é a permeabilidade, pois sinaliza a facilidade com que a água flui através da
rocha, considerando o tamanho e o volume de poros interconectados, forma, distribuição e a
variação do tamanho dos grãos. A homogeneidade no tamanho e na distribuição dos grãos
resulta numa maior interconexão entre os poros, aumentando a capacidade do aquífero em
transmitir água (IRITANI; EZAKI, 2009).
Em termos hidrodinâmicos, a condutividade hidráulica (K) é uma medida da
capacidade do aquífero em conduzir água sob a influência do gradiente de uma superfície
potenciométrica, constituindo uma propriedade tanto do meio poroso como do fluido que o
atravessa. Quanto maior a condutividade, mais facilmente o aquífero conduzirá água
(CLEARY, 2013).
Essa propriedade possui dimensão de velocidade, que é a medida da capacidade
(rapidez) do aquífero em permitir o fluxo de água por seus poros, considerando características
do meio, tais como: porosidade, tamanho, distribuição, forma e arranjo das partículas; e, as
características do fluido que está escoando (viscosidade e massa específica) (BRAGA, 2006;
CABRAL, 2008).
Horton (1933) definiu a infiltração como sendo o fluxo em subsuperfície que percorre
a zona de aeração em direção à superfície potenciométrica, a qual delimita o topo da zona
saturada do solo e representa o contorno físico do lençol freático. Segundo o mesmo autor, o
volume de água infiltrado e sua velocidade no aquífero estão condicionados a diversos
fatores, tais como: uso e cobertura do solo, composição e grau de consolidação dos substratos
geológicos, que determinam a porosidade e permeabilidade do aquífero, topografia, cobertura
vegetal e a pluviosidade.
39
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Esse processo natural é extremamente importante e vital, visto que além de recarregar
os aquíferos, originar nascentes, fontes e pântanos, é responsável pela regularização da vazão
dos rios (escoamento básico), sobretudo em épocas de estiagem, distribuindo-a ao longo de
todo o ano. Desse modo, garante-se o suprimento de água para o abastecimento de
populações, e simultaneamente, evita-se que os fluxos repentinos ocasionem inundações
frequentes e de grande proporção (MMA, 2007; TUCCI; BELTRAME, 2000).
Ao se infiltrarem no solo, as águas pluviais atingem duas zonas verticais distintas do
subsolo, divididas com base no grau de saturação em água (Figura 12).

Figura 12 - Distribuição da água no subsolo.

Fonte: Teixeira et al. (2000).

A primeira delas refere-se à zona não saturada, também denominada insaturada ou


vadosa, cujos poros contêm ar, vapor d’água e água, subdividindo-se em três zonas:
evaporação ou umidade, intermediária e capilar (Quadro 4). A segunda é a zona saturada, na
qual os poros são completamente preenchidos por água (BEAR, 1972; REBOUÇAS et al.,
2002).
40
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Quadro 4 - Distribuição vertical das águas subterrâneas.


Zonas Verticais Características
1. Zona não saturada, de Situa-se entre a superfície do terreno e a superfície
aeração ou vadosa freática e nela os poros estão parcialmente preenchidos
por gases e água.
1.1. Zona de umidade Localiza-se entre os extremos radiculares da vegetação
ou de evaporação e a superfície do terreno.
1.2. Zona Corresponde à porção entre o limite da ascensão capilar
intermediária da água e o limite de alcance das raízes das plantas.
Estende-se da superfície freática até o limite da
ascensão capilar da água. Adota-se o conceito de franja
1.3. Zona capilar capilar como sendo o limite abaixo do qual o solo é
considerado praticamente saturado (aproximadamente
75% de água).
2. Zona saturada ou de Situa-se abaixo da superfície freática e nela todos os
saturação vazios (poros) estão preenchidos por água.
Fonte: Adaptado de Feitosa e Manoel Filho (2008).

A caracterização geológica e hidrodinâmica da zona não saturada são fundamentais, já


que protege a zona saturada contra o avanço de muitos agentes poluidores, comportando-se
com um verdadeiro filtro. Na zona insaturada, ocorre a atenuação natural dos contaminantes
(Figura 13), caracterizada por reações físico-químicas como, por exemplo, a oxidação,
redução, precipitação, volatilização e neutralização por adsorção iônica (filtração), sendo que
muitas delas são intermediadas por microrganismos (GOWLER, 1983).
Além disso, na zona não saturada ocorre o primeiro estágio da infiltração natural para
recarregar um aquífero, fornecendo a umidade necessária para o crescimento e
desenvolvimento de espécies vegetais e de microrganismos.

Figura 13 - Síntese dos processos de atenuação de contaminantes nas águas subterrâneas.

Fonte: Gowler (1983).


41
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

3.1.2 Tipos de Aquíferos

Os aquíferos são estruturas geológicas que apresentam permeabilidade e porosidade


interconectadas, capazes de armazenar e permitir o movimento de quantidades apreciáveis de
água através delas (TODD, 1980). Rebouças et al. (2002) definem um aquífero como sendo
uma formação geológica existente em subsuperfície, constituída essencialmente por rochas
permeáveis, cujos poros, fraturas ou falhas são preenchidos por água ou outro fluido que
permita a transmissão.
Borghetti et al. (2004) salientam que, a origem geológica das rochas (sedimentares,
ígneas ou metamórficas) e a composição geológica em termos de porosidade/permeabilidade
intergranular ou de fissuras, determinam a transmissividade e a capacidade de
armazenamento, resultando em diferentes tipos de aquíferos.
Os aquíferos podem ser classificados com base na porosidade da rocha armazenadora
e nas características hidráulicas, decorrentes da pressão a que esses sistemas estão submetidos
(IRITANI; EZAKI, 2009). Segundo Feitosa e Manoel Filho (2008) (Figura 14), quanto à
porosidade, os aquíferos podem ser:
 Granulares ou porosos: a água circula entre os poros ou espaços
intergranulares de materiais com diferentes granulometrias (areia, silte e argila),
configurando a denominada porosidade primária. De modo geral, esse tipo de
aquífero é constituído por rochas sedimentares consolidadas, sedimentos
inconsolidados e solos arenosos. São comumente encontrados em várzeas e em
bacias sedimentares, onde ocorre o acúmulo de sedimentos, por exemplo, os
Sistemas Aquíferos Guarani e Bauru. Em aquíferos granulares, o fluxo
subterrâneo pode ocorrer em todas as direções, em virtude da homogeneidade da
distribuição dos grãos na rocha. Por isso, diz-se que o meio aquífero é
isotrópico;
 Fissurais ou fraturados: desenvolvem-se em rochas ígneas, metamórficas ou
em rochas sedimentares silicificadas (como em algumas regiões da Formação
Botucatu). A circulação da água ocorre através de descontinuidades
intercomunicadas da rocha, caracterizando a porosidade secundária associada a
falhas, fraturas e diáclases, provenientes da tectônica local. Por exemplo: o
Aquífero Cristalino existente na Região Metropolitana de São Paulo. Como a
água somente pode fluir por onde houver descontinuidades, que geralmente
constituem caminhos preferenciais, o fluxo nesse caso é anisotrópico;
42
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

 Cársticos: formam-se em calcários e rochas dolomíticas. Após a dissolução da


rocha, devido à circulação contínua da água, formam-se tubos ou condutos nas
descontinuidades da rocha, permitindo a circulação da água. Por essa razão,
também apresentam porosidade secundária e fluxo de água anisotrópico.

Figura 14 - Tipos de aquíferos quanto à porosidade.

Fonte: Adaptado de Teixeira et al. (2000).

Com relação à pressão da água, os aquíferos dividem-se em (FEITOSA; MANOEL


FILHO, 2008; CLEARY, 2013) (Figura 15):
 Livre ou freático: é formado por material permeável e situa-se muito próximo à
superfície do terreno. A zona saturada tem contato direto com a zona insaturada,
onde todos os pontos submetem-se à pressão atmosférica. Nessa situação, a água
que infiltra no solo atravessa a zona não saturada, recarregando diretamente o
aquífero. Os aquíferos livres são ainda classificados em aquíferos drenantes
(base semipermeável) e não drenantes (base impermeável);
 Confinado ou artesiano: constitui-se de formações geológicas permeáveis, no
entanto, é limitado no topo e na base por rochas com baixa permeabilidade
(argila, folhelho, rocha ígnea maciça, entre outras). Não existe zona não
43
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

saturada. Nesse caso, o aquífero está submetido a uma pressão maior que a
atmosférica, devido a uma camada confinante acima dele. Por isso, em poços
cujas superfícies potenciométricas se localizam acima da superfície do terreno, a
água jorra para além da zona aquífera, fenômeno chamado de artesianismo ou
surgência natural. As áreas de recarga de aquíferos confinados são
preferencialmente os aquíferos livres, através dos quais o excesso de águas
pluviais penetra no subsolo por infiltração. Assim como os aquíferos livres,
podem ser drenantes e não drenantes.

Figura 15 - Classificação dos aquíferos segundo seus níveis de pressão.

Fonte: Iritani e Ezaki (2009).

3.2 GEOFÍSICA

Nesse item, apresentam-se alguns aspectos gerais sobre a geofísica, com enfoque na
geofísica aplicada. Nesse âmbito, são descritos o método da eletrorresistividade, a técnica da
sondagem elétrica vertical, o arranjo Schlumberger e os parâmetros Dar Zarrouk, destacando
a importância e a aplicabilidade dos principais produtos em estudos e avaliações ambientais,
especialmente em etapas preliminares e de monitoramento.
44
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

3.2.1 Generalidades

A geofísica pode ser definida como uma ciência direcionada ao estudo, localização e
delimitação de estruturas/corpos presentes no interior da Terra. Para tanto, essa ciência utiliza
os contrastes existentes entre as propriedades físicas desses corpos e as do meio circundante,
baseando-se em medidas realizadas na superfície terrestre, interior de furos de sondagens e
levantamentos aéreos (ORELLANA, 1972). Assim como ocorre em outras ciências, a
geofísica divide-se em dois campos de atuação (Figura 16) (BRAGA, 2006; FIGUEROLA,
1974):
I. Geofísica Pura ou Básica: ocupa-se do estudo da gravidade, magnetismo,
eletricidade e sismologia terrestres, assim como de estudos sobre a vulcanologia,
geodinâmica, climatologia, oceanografia e outras ciências relacionadas com a física
da Terra, limitando na teoria sua área de atuação. Além disso, suas atividades
envolvem o desenvolvimento de softwares e instrumentação geofísica (Domínio
Teórico);
II. Geofísica Aplicada ou Prospecção Geofísica: representa a ciência que trata da
aplicação da Geofísica Pura, ou seja, é a arte de aplicar as ciências físicas ao estudo
de partes mais profundas ou superficiais da Terra, a qual pode ser explorada pelo
homem (Domínio Prático).

Figura 16 - Geofísica e suas principais áreas de atuação.

Fonte: Adaptado de Braga (2006).


45
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Em alguns casos, a aplicação da geofísica é direcionada à resolução de problemas


puramente geológicos, porém de grande interesse econômico. A geofísica aplicada é de
extrema importância para o estudo e entendimento de diversas características do subsolo,
essenciais à atuação da indústria petrolífera, prospecção e extração mineral, construção civil e
à captação, investigação, remediação e monitoramento de águas subterrâneas.
Em função do parâmetro físico avaliado, a geofísica possui uma diversidade de
métodos considerados não invasivos e não destrutivos (Figura 17), com destaque para os
potenciais, sísmicos e geoelétricos (BRAGA, 2007).

Figura 17 - Principais métodos geofísicos aplicados.

Fonte: Braga (2007).

Os métodos potenciais (gravimetria e magnetometria) são denominados de campo


natural, pois estudam as interferências que certas estruturas ou corpos ocasionam em campos
físicos preexistentes. Por outro lado, os métodos sísmicos e os geoelétricos, exceto o potencial
espontâneo e magnetotelúrico, são ditos artificiais, isto é, o campo físico a ser avaliado é
gerado através de equipamentos adequados (ORELLANA, 1972).
É oportuno ressaltar que eventuais intervenções antrópicas no ambiente geológico
podem modificar os diversos campos físicos e suas propriedades, interferindo negativamente
na aquisição e utilização de dados, a partir da aplicação de um determinado método geofísico.
Conforme as intenções de um determinado estudo, deverá ser analisado qual o
parâmetro físico contrastante será capaz de fornecer as informações necessárias ao
enfrentamento do problema existente, para em seguida selecionar o método geofísico mais
adequado para sua resolução.
Entre os principais métodos geofísicos disponíveis, destacam-se os métodos
geoelétricos, uma vez que são amplamente utilizados no mundo inteiro, nas mais
46
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

diversificadas áreas do conhecimento, como a geologia ambiental, hidrogeologia, prospecção


mineral e geologia de engenharia.

3.2.2 Método da Eletrorresistividade e a Técnica da Sondagem Elétrica Vertical

Dentre os métodos geoelétricos, o método da eletrorresistividade (ER) é um dos mais


importantes e utilizados em estudos ambientais, principalmente nas etapas preliminares e de
monitoramento. Resultados relevantes podem ser encontrados no trabalhos de Moreira et al.
(2012), Okoro et al. (2010), Moreira e Braga (2009) e Sainato et al. (2006).
Baseia-se na determinação de parâmetros relacionados ao fluxo de corrente elétrica,
podendo ser utilizadas tanto fontes naturais de corrente (por exemplo, processos
eletroquímicos), como fontes artificiais provenientes de baterias e geradores, que alimentam
uma unidade transmissora de corrente (ORELLANA, 1972).
Telford et al. (2004) afirmam que a propriedade elétrica mais significativa dos
materiais constituintes do subsolo é a resistividade, parâmetro físico inversamente
proporcional à condutividade elétrica. Existem outras propriedades importantes, todavia, de
menor relevância, quais sejam: a permeabilidade magnética (fator de influência indireta) e a
constante dielétrica das rochas e dos minerais.
Segundo Braga (2008), a resistividade elétrica reflete algumas das principais
características dos diversos tipos de materiais no ambiente geológico, possibilitando estimar
seus estados, em termos de alteração, fraturamento, grau de saturação em água, entre outros, e
até mesmo, identificando-os litologicamente, sem a necessidade de escavações ou perfurações
que comumente são onerosas e demoradas.
A partir da resistividade elétrica, é possível somente a identificação e caracterização
dos diferentes tipos de materiais existentes na zona saturada. Quando se trata de aquíferos
livres, os valores de resistividade da zona não saturada são atípicos e se inserem numa ampla
faixa de variação, não sendo possível identificar diretamente os materiais do horizonte
insaturado, em termos litológicos. Contudo, os valores de resistividade obtidos para a
primeira camada da zona saturada podem ser extrapolados para os sedimentos sobrepostos,
desde que haja semelhança entre as litologias (BRAGA, 2008).
A resistividade elétrica dos materiais é obtida através da Lei de Ohm, considerando
um condutor cilíndrico ou prismático, de composição homogênea, conforme ilustrado na
Figura 18 e a Equação 1:
(1)
47
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Onde:
ρ = resistividade elétrica (ohm.m);
R = resistência elétrica (ohm);
S = área da seção transversal (m²);
L = comprimento do condutor (m).

Figura 18 - Determinação da resistividade elétrica dos materiais.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O método da eletrorresistividade consiste em introduzir corrente elétrica no solo, por


meio de um dispositivo eletródico que, geralmente, é constituído por quatro eletrodos. Os
eletrodos A e B são utilizados para aplicação da corrente em subsuperfície, conectando-se a
um amperímetro (A) através de cabos elétricos. Os eletrodos M e N são convencionados como
eletrodos de potencial, utilizados para medir a diferença de potencial gerada pelo circuito de
corrente (Figura 19). Esse circuito é conectado a um voltímetro (V) capaz de medir a
diferença de potencial entre eles (TELFORD et al., 2004).

Figura 19 - Arranjo para medidas de resistividade.

Fonte: Moreira (2009).

Segundo Orellana (1972), a resistividade aparente (ρa) em subsuperfície é calculada


por meio da Equação 2, a seguir apresentada.
48
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

(2)
Onde:
ρa = resistividade aparente (ohm.m);
∆V = diferença de potencial (V);
I = intensidade da corrente elétrica (A);
K = fator referente à disposição geométrica dos eletrodos, que pode ser obtido através
da Equação 3, qual seja:

(3)

Denomina-se de resistividade aparente (ρa) o parâmetro físico obtido por meio da


Equação 2, como decorrência da heterogeneidade do subsolo, considerando que as medidas
obtidas representam uma média ponderada de todas as resistividades verdadeiras, num
volume de material em subsuperfície relativamente grande (BRAGA, 2007).
A resistividade das rochas e sedimentos é função de várias condições locais, como
conteúdo de água, tamanho e distribuição dos grãos, porosidade, metamorfismo, efeitos
tectônicos, entre outros, sendo que um mesmo tipo litológico pode apresentar uma vasta gama
de variação nos valores de resistividade (Figura 20) (BRAGA, 2006).

Figura 20 - Faixas de variação nos valores de resistividade de materiais naturais.

Fonte: Braga (2006).


49
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Conforme Orellana (1972), as técnicas empregadas nos métodos geoelétricos, podem


ser de três tipos principais: caminhamento ou imageamento, sondagem e perfilagem. O
imageamento investiga lateralmente as variações do parâmetro físico desejado, a uma ou
várias profundidades determinadas, com medidas efetuadas na superfície do terreno. A técnica
da perfilagem é desenvolvida no interior de furos de sondagens mecânicas, cujas
investigações do parâmetro físico podem ser laterais e verticais. Na sondagem elétrica vertical
(SEV), as investigações são verticais e realizadas na superfície do terreno, a partir de um
ponto fixo. A utilização dessa técnica e do arranjo Schlumberger (Figura 21) permite obter
produtos importantes em estudos ambientais e hidrogeológicos, tais como:
I. Resistividade elétrica dos materiais no ambiente geológico, a qual possibilita a
estimativa de diferentes litologias, inclusive correlacioná-las com a condutividade
hidráulica da zona não saturada, um dos fatores que determinam o grau de
acessibilidade à penetração de poluentes (MAZAC et al., 1990; SHEVIN et al.,
2006; SOUPIOS et al., 2007);
II. Profundidade do nível da água, fundamental para a elaboração de mapas
potenciométricos, ferramentas importantes para estimar o movimento preferencial
de possíveis cargas poluidoras (OLIVEIRA et al., 2003);
III. Parâmetro Dar Zarrouk denominado de Condutância Longitudinal Unitária (S),
que permite estimar o grau de proteção natural à contaminação de aquíferos
(HENRIET, 1975).

Figura 21 - Técnica da SEV - Arranjo Schlumberger.

Fonte: Braga (2006).

Em campo, o arranjo Schlumberger é considerado o mais prático dos dispositivos, pois


há somente o deslocamento simétrico entre os eletrodos de corrente A e B, com relação ao
ponto central “O” do ensaio geofísico, enquanto os eletrodos M e N permanecem fixos.
(ORELLANA, 1972).
50
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Desse modo, as medidas estão menos sujeitas às interferências geradas por ruídos,
minimizando a suscetibilidade a erros de interpretação em litologias heterogêneas. Por essa
razão, o erro registrado nesse tipo de arranjo, com base nos ajustes necessários nas equações
gerais básicas, é considerado insignificante. Orellana (1972) sugere uma relação entre os
eletrodos de corrente e potencial igual a MN ≤ AB/5.

3.2.2.1 Parâmetros Dar Zarrouk

O método da eletrorresistividade pode ser aplicado com o intuito de estabelecer


relações entre a resistividade elétrica e os parâmetros hidrogeológicos, como porosidade,
permeabilidade, transmissividade e condutividade hidráulica. Nesse sentido, as correlações se
alicerçam em analogias existentes entre as equações que regem o fluxo subterrâneo, através
de um meio permeável e da corrente elétrica num meio condutor. A partir de medidas
geoelétricas tomadas na superfície, podem ser estimadas as características hidrodinâmicas de
um aquífero (PORSANI et al., 2012).
Essa relação pode ser estabelecida utilizando-se os parâmetros Dar Zarrouk, obtidos
por meio de operações de divisão e multiplicação entre as espessuras e resistividades de cada
estrato geoelétrico do modelo (MAILLET, 1947).
Considerando a seção geoelétrica ilustrada na Figura 22, a corrente elétrica introduzida
no subsolo pode percorrer dois caminhos distintos, sendo um perpendicular e outro paralelo à
estratificação (ORELLANA, 1972).

Figura 22 - Seção geoelétrica e os parâmetros Dar Zarrouk.

Legenda:

Ei = espessura da camada (m);


ρi = resistividade elétrica (ohm.m);
R R = resistência transversal
unitária (ohm.m²);
S = condutância longitudinal
unitária (siemens).
S
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em se tratando de fluxo perpendicular, as camadas geoelétricas comportam-se como


condutores em série e, portanto, suas resistências podem ser somadas (Equação 4).
51
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

(4)

Onde:
Ri = resistência elétrica (ohm);
ρi = resistividade (ohm.m);
Ei = espessura (m);
L = comprimento (m);
A = área da seção transversal (m²);
Ti = resistência transversal unitária da camada (ohm.m²).

O somatório das resistências unitárias do conjunto das n primeiras camadas


corresponderá à Resistência Transversal Unitária Total (T). Em caso de fluxo paralelo à
estratificação, a resistência da camada i será obtida a partir da Equação 5:

(5)

Onde:
Ri = resistência elétrica (ohm);
ρi = resistividade (ohm.m);
Ei = espessura (m);
L = comprimento (m);
A = área da seção transversal (m²);

Como as resistências elétricas das camadas geoelétricas estão em paralelo, não se pode
somá-las. Por isso, torna-se conveniente somar suas inversas, uma vez que essa é a operação
que permite obter a resultante. O quociente obtido é denominado de Condutância
Longitudinal Unitária (S), cujas dimensões são expressas em siemens ou (mhos), conforme
Equação 6. O conjunto das n primeiras camadas da seção resultará na condutância
longitudinal unitária total (Equação 7).

(6) ∑ (7)

Onde:
Si = condutância longitudinal unitária da camada (siemens).
52
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Ei = espessura (m);
ρi = resistividade (ohm.m);
S = condutância longitudinal unitária total (siemens).

Mazac et al. (1985) propuseram um modelo hidrogeofísico geral para as propriedades


elétricas e hidráulicas de aquíferos porosos, reunindo resultados obtidos em diversos trabalhos
anteriores, que revelaram uma correlação direta entre a Resistência Transversal Unitária (T) e
a transmissividade (condutividade hidráulica multiplicada pela espessura saturada do
aquífero).
Em aquíferos granulares e livres, a principal proteção natural contra a contaminação
está relacionada à presença de camadas argilosas sobrepostas, cuja capacidade de proteção se
resume à retardação do tempo de infiltração de soluções, devido à baixa permeabilidade.
Henriet (1975) demonstrou que o grau de proteção de um aquífero pode ser
considerado diretamente proporcional à razão entre a espessura e a resistividade, ou em outras
palavras, à Condutância Longitudinal Unitária (S).
Nesse sentido, uma camada sobrejacente com valor de S elevado (superior a 1,0)
oferece alto grau de proteção à contaminação ao aquífero, pois quanto maior a espessura dessa
camada maior o tempo de infiltração do contaminante (maior filtro) e quanto menor sua
resistividade, mais argiloso e menos permeável é o material (BRAGA et al., 2006; BRAGA,
2008).

3.3 VULNERABILIDADE NATURAL DOS AQUÍFEROS

Esse item apresenta conceitos básicos concernentes aos tipos de abordagem da


vulnerabilidade à contaminação de aquíferos, a definição e comparação entre os termos
“vulnerabilidade natural” e “risco ou perigo”, inclusive seus condicionantes conforme as
principais bibliografias sobre esses temas.

3.3.1 Conceitos Básicos

A proteção das águas subterrâneas envolve o traçado de estratégias, que devem ser
baseadas na determinação de áreas ou atividades com elevado potencial de degradação dos
aquíferos. Assim, prioriza-se a aplicação de recursos técnicos e financeiros em locais de maior
interesse socioeconômico e ambiental, reduzindo custos e tempo (HIRATA, 1993).
53
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Em diversos países, são dois os principais instrumentos utilizados para a proteção das
águas subterrâneas: os perímetros de proteção de poços e de fontes e os mapas de
vulnerabilidade à poluição de aquíferos, foco da presente pesquisa (FOSTER et al., 2006;
FELLER et al., 2012).
A avaliação de vulnerabilidade pode ou não considerar os diferentes comportamentos
dos diversos tipos de contaminantes possíveis no ambiente. Portanto, foram estabelecidas
duas modalidades para sua avaliação.
A primeira delas é denominada de vulnerabilidade específica, que é direcionada a um
contaminante específico, classes de contaminantes ou atividades antrópicas e seus potenciais
impactos sobre o uso da terra. A segunda refere-se à vulnerabilidade intrínseca, a qual não
considera os atributos e o comportamento de contaminantes específicos, sendo função apenas
dos fatores hidrogeológicos (STIGTER et al., 2006).
Em hidrogeologia, o conceito de vulnerabilidade foi inicialmente proposto por Le
Grand (1964), nos EUA, e um pouco mais adiante, por Albinet e Margat (1970), na França.
Na década de 1980, esse conceito difundiu-se mais amplamente com a publicação de outros
trabalhos extremamente relevantes, como Aller et al. (1987), Foster et al. (1987), Foster e
Hirata (1988). A partir dessas publicações, o conceito de vulnerabilidade se consolidou,
resultando em muitas interpretações para seu significado, tais como:
 É a sensibilidade do aquífero a ser adversamente afetado por uma carga
contaminante imposta (FOSTER; HIRATA, 1988);
 É uma propriedade intrínseca dos sistemas aquíferos (CIVITA, 1994);
 Corresponde à sensibilidade da qualidade da água subterrânea a uma carga
contaminante imposta (VAN DUIJVENBOODEN; VAN WAEGENINGH,
1987);
 Relaciona-se à facilidade com que um contaminante introduzido na superfície
atinge e difunde-se na água subterrânea (VRBA; ZAPOROZEC, 1994).
No entendimento de Foster et al. (1987), o termo “vulnerabilidade natural” expressa
características intrínsecas dos estratos acima da zona saturada, que determinam a
suscetibilidade de um aquífero ser afetado por uma carga contaminante aplicada na superfície
do terreno, conceito adotado para a realização deste trabalho. A vulnerabilidade natural à
contaminação de um aquífero relaciona-se intimamente com a:
 Inacessibilidade hidráulica da zona saturada à penetração de contaminantes; e
54
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

 Capacidade de atenuação dos estratos acima da zona saturada do aquífero, como


resultado de sua retenção física e reações químicas com o contaminante.
Em outras palavras, os aspectos físico-químicos e biológicos locais interagem com
uma provável carga poluidora, e conforme sua disposição no solo e/ou subsuperfície, o
contato ou não com a zona saturada do aquífero e a capacidade de controle/modificação de
poluentes, a área será mais ou menos vulnerável (FERNANDES et al., 2002).
Por outro lado, o risco à contaminação é definido como sendo o resultado da interação
entre a carga poluente antrópica e a vulnerabilidade natural do aquífero à poluição (FOSTER;
HIRATA, 1988). O termo “risco” inicialmente proposto por Foster et al. (1987) foi redefinido
por Foster et al. (2006) para “perigo” de contaminação das águas subterrâneas, ampliando seu
significado, conforme justificado a seguir:
A mudança de terminologia é necessária para adequar-se àquela ora utilizada por
outras áreas de avaliação de risco a ecossistemas e à saúde humana e animal, onde
risco é agora definido como o produto de “perigo vezes escala do impacto”. O
escopo desse guia se restringe (nessa terminologia) à avaliação dos perigos de
contaminação da água subterrânea e desconsidera potenciais impactos sobre a
população humana ou os ecossistemas aquáticos que dependem do aquífero, assim
como o valor econômico dos recursos aquíferos.

Assim como ocorre com o risco, o perigo não é definido apenas com a avaliação de
um critério, mas através do cruzamento de diversas variáveis, baseando-se na vulnerabilidade
natural da área e sua associação com prováveis cargas poluidoras, conforme ilustrado na
Figura 23 (ESCADA, 2009).

Figura 23 - Esquema conceitual do risco (perigo) à contaminação das águas subterrâneas.

Fonte: Foster et al. (2006).


55
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

A carga poluente (tipo, quantidade e forma de lançamento) será mais perigosa quanto
mais móvel e persistente se comportar nos meios saturados e não saturados. Caso a
quantidade de poluentes lançados no solo seja grande, a capacidade de atenuação poderá ser
superada (MATIAS, 2010).
É importante salientar que uma área pode apresentar altos índices de vulnerabilidade
sem, contudo, apresentar altos riscos de contaminação, em virtude da ausência de carga
contaminante significativa, e vice-versa.
De acordo com a National Resource Council - NRC (1993), todo aquífero sempre
apresenta algum grau de vulnerabilidade. Além disso, incertezas são inerentes a qualquer
processo de avaliação de vulnerabilidade e, em sistemas mais complexos, há o risco de que o
óbvio possa estar obscurecido e o sutil possa tornar-se indistinguível.

3.3.2 Métodos para a Avaliação da Vulnerabilidade Natural de Aquíferos

No presente item, são apresentadas as principais abordagens sobre os métodos de


vulnerabilidade, salientando aqueles mais utilizados. Adicionalmente, são descritos
detalhadamente os métodos GOD, EKv e da Condutância Longitudinal Unitária (S), os quais
foram aplicados na presente pesquisa.

3.3.2.1 Considerações Gerais

Diversos métodos foram desenvolvidos e aplicados no processo sistemático de


avaliação da vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas. Cada método apresenta
suas vantagens e limitações, e nenhum pode ser considerado o mais adequado para todas as
situações (FOSTER et al., 2006).
Segundo Artuso et al. (2004), os métodos são agrupados em três principais categorias
de abordagem, quais sejam: métodos determinísticos, estatísticos e paramétrico-indexadores
ou paramétricos.
Os métodos determinísticos empregam modelos de simulação baseados em processos
físicos, químicos e biológicos que ocorrem desde a superfície até zonas profundas do
ambiente geológico. Utilizam algoritmos analíticos simples para estabelecer índices que
expressam a velocidade dos poluentes no subsolo, considerando a taxa média de infiltração na
zona insaturada, o fator de retardamento, a profundidade à zona saturada e o decaimento da
56
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

concentração do contaminante ao longo do trajeto, devido a reações químicas ou retenção


física.
Na prática, a aplicação dessa abordagem não tem se mostrado mais eficaz do que as
outras, em virtude de limitações derivadas da estrutura do modelo, como a falta de
conhecimento técnico sobre como formular matematicamente os processos, bem como
restrições quanto à disponibilidade e qualidade dos dados (QAMHIEH, 2006).
O autor ainda ressalta que a maioria das abordagens para a avaliação da
vulnerabilidade assumem os depósitos superficiais como inalterados, com percolação
espacialmente uniforme. Caminhos preferenciais para o fluxo subterrâneo, como raízes e
cavidades, fendas, juntas e canais de circulação são ignorados. No entanto, esses podem ser os
principais fatores que afetam a vulnerabilidade, ao constituírem um modo mais direto e rápido
para os contaminantes atingirem o aquífero.
Os métodos estatísticos incorporam as incertezas e tentam minimizar o erro da
estimativa de vulnerabilidade. Entretanto, requerem observações em campo, como a coleta de
amostras de solo e água para a análise. A partir dos resultados obtidos, os métodos estatísticos
oferecem diretamente os coeficientes de um parâmetro, ao invés de atribuir pesos para os
atributos, com base no julgamento subjetivo de especialistas. Exemplos de métodos
estatísticos incluem a análise de regressão (SANTOS, 2010).
Os métodos paramétricos ou paramétrico-indexadores utilizam parâmetros
indicativos da vulnerabilidade natural, atribuindo-lhes valores numéricos e integrando-os para
gerar o índice de vulnerabilidade (VRBA; ZAPOROZEC, 1994). Nesses métodos, cada
parâmetro apresenta um intervalo relativo à sua propriedade, subdividindo-se em intervalos
discretos e hierarquizados com valores específicos, que refletem o seu nível de suscetibilidade
à contaminação (GOGU; DASSARGUES, 2000).
Tais métodos foram desenvolvidos em virtude das limitações existentes nos métodos
determinísticos e da insuficiência de dados disponíveis sobre o monitoramento das águas
subterrâneas, necessários à aplicação dos métodos estatísticos. Esses sistemas paramétricos se
baseiam na suposição de que são poucos os principais fatores decisivos para a vulnerabilidade
de uma área, cujas condicionantes são conhecidas e podem ser ponderadas. Como exemplo,
nesse grupo inserem-se os métodos GOD e DRASTIC, sendo os mais utilizados nos Estados
Unidos, Canadá, Europa e também no Brasil.
Segundo Cunha (2009), a partir da publicação do método DRASTIC por Aller et al.
(1987), diversos outros métodos do tipo paramétrico-indexadores ou paramétricos foram
desenvolvidos para avaliar a vulnerabilidade natural e específica de aquíferos. O autor
57
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

supracitado agrupou os novos métodos desenvolvidos em quatro grupos, com base na


quantidade e tipo de parâmetros utilizados pelo DRASTIC.
O primeiro grupo representa os métodos que reduziram a quantidade de parâmetros
hidrogeológicos, por exemplo, o GOD (FOSTER; HIRATA, 1988), o AVI (VAN
STEMPVOORT et al., 1992) e o método SINTACS (CIVITA, 1994), o qual pode ser incluso
nessa categoria, pois apenas modificou a maneira de quantificar a recarga.
O segundo grupo corresponde aos métodos que acresceram algum parâmetro ao
DRASTIC, com vistas à determinação da vulnerabilidade específica, inserindo na avaliação as
propriedades dos contaminantes e o tipo de ocupação do solo. Como exemplo, pode-se citar o
Índice de Suscetibilidade (IS), concebido por Francés et al. (2001).
O terceiro grupo é considerado o mais recente e inovador, cuja avaliação da
vulnerabilidade natural é pautada nos processos físico-químicos que ocorrem no solo ao ser
afetado por uma carga poluente. Um exemplo dessa nova abordagem é o método SAI,
proposto por Heredia e Cirelli (2007).
O último grupo é composto pelos métodos que empregam parâmetros distintos
daqueles usados pelo método DRASTIC, ou foram desenvolvidos especificamente para dado
um tipo de aquífero, tais como: o EPIK (DOERFLIGER; ZWAHLEN, 1997), que visa
avaliar a vulnerabilidade de aquíferos cársticos; o EKv (AUGE, 2004), criado especialmente
para analisar a suscetibilidade à contaminação de aquíferos livres; e o método GALDIT,
exclusivo para aquíferos costeiros (CHACHADI; LOBO FERREIRA, 2001). O Quadro 5
apresenta a síntese das metodologias mais utilizadas.

Quadro 5 - Síntese dos principais métodos para a avaliação de vulnerabilidade de aquíferos.


Método Parâmetros Autor
Profundidade do nível de água, recarga,
DRASTIC litologia do aquífero, solo, topografia, impacto Aller et al. (1987)
da zona vadosa e condutividade hidráulica.
Iguais aos utilizados no DRASTIC,
SINTACS modificando apenas os pesos atribuídos aos Civita et al. (1994)
parâmetros.
Profundidade do nível de água, recarga,
Francés et al.
IS litologia do aquífero, topografia e ocupação
(2001)
do solo.
Ocorrência do aquífero, condutividade
hidráulica, nível piezométrico, distância à
Chachadi e Lobo
GALDIT linha da costa, impacto do estado atual da
Ferreira (2001)
intrusão salina na região e espessura do
aquífero.
58
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Método Parâmetros Autor


Grau de confinamento das águas subterrâneas,
Foster e Hirata
GOD litologia/grau de consolidação da zona
(1988)
insaturada e profundidade do nível d’água.
Espessura de cada camada sedimentar acima
Van Stempvoort et
AVI do nível d’água e a condutividade hidráulica
al. (1992)
de cada uma dessas camadas.
Intensidade de carstificação próxima à
superfície, espessura da cobertura protetora, Doerfliger e
EPIK
condições da infiltração (pontual ou difusa) e Zwahlen (1997)
desenvolvimento da rede cárstica.
Profundidade do nível d’água e
EKv Auge (2004)
permeabilidade vertical da zona não saturada.
Profundidade do nível d’água, espessura da
zona não saturada, conteúdo de carbono e de Heredia e Cirelli,
SAI
argila no solo, capacidade de troca catiônica e (2007)
pH.
Fonte: Compilado pelo autor.

3.3.2.2 Método GOD

O método GOD (Groundwater hydraulic confinement; Overlaying strata; Depth to


groundwater table), proposto por Foster e Hirata (1988), é um sistema de avaliação de
vulnerabilidade bastante utilizado no Brasil, devido a sua simplicidade conceitual e de
aplicação, cujos parâmetros necessários frequentemente estão disponíveis em estudos básicos
de hidrogeologia regional, realizados por órgãos públicos, universidades e empresas privadas.
Por essa razão, esse método é indicado para estudos preliminares de vulnerabilidade,
sobretudo na ausência de detalhes quanto à geologia e hidrogeologia locais e, por isso, é
considerado como o primeiro estágio para a avaliação de áreas prioritárias para a gestão dos
recursos hídricos subterrâneos. O método GOD subdivide-se em três fases sucessivas e
correlacionadas, referentes à capacidade de atenuação e inacessibilidade hidráulica dos
poluentes, cujo resultado final é o produto das fases (Figuras 24 e 25).
A 1ª fase consiste na definição do Grau de Confinamento da Água Subterrânea, com
intervalos de 0 – 1,0; a 2ª fase identifica a Ocorrência de Estratos de Cobertura
(características litológicas e grau de consolidação), com intervalos dos índices de 0,3 – 1,0; a
3ª fase determina a Distância (profundidade) até o nível d’água, com escala de 0,4 – 1,0. O
produto das três fases expressa o índice da vulnerabilidade natural (Quadro 6), representado
numa escala de 0 – 1,0 (FOSTER; HIRATA, 1988).
59
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Figura 24 - Sistema GOD para avaliação da vulnerabilidade do aquífero à contaminação.

Fonte: Foster e Hirata (1988).

Figura 25 - Elaboração de um mapa de vulnerabilidade pelo método GOD.

Fonte: Foster et al. (2006).


60
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Quadro 6 - Definição prática das classes de vulnerabilidade de um aquífero.


Classes de Definição
Índices
Vulnerabilidade Correspondente
Vulnerável à maioria dos contaminantes com impacto
Extrema 0,7 – 1,0
rápido em muitos cenários de contaminação;
Vulnerável a muitos contaminantes, exceto os que são
Alta 0,5 – 0,7 fortemente adsorvidos ou rapidamente transformados
em muitas condições de contaminação;
Vulnerável a alguns contaminantes, mas somente
Média 0,3 – 0,5
quando continuamente lançados ou lixiviados;
Vulnerável somente a contaminantes conservadores, a
Baixa 0,1 – 0,3 longo prazo, quando contínua e amplamente lançados
ou lixiviados;
Presença de camadas confinantes sem fluxo vertical
Desprezível 0 – 0,1
significativo de água subterrânea (percolação).
Fonte: Adaptado de Foster et al. (2006).

Desde a sua proposição, o método GOD tem sido amplamente utilizado, apresentando
resultados bastante satisfatórios, a partir de uma quantidade reduzida de parâmetros avaliados.
Resultados relevantes podem ser encontrados nos trabalhos de Nogueira (2010), Cunha
(2009), Osório et al. (2008) e Meaulo (2006).
Além de apresentar estrutura simples e pragmática, o método GOD é bastante flexível
quanto a adaptações e inserção de outros parâmetros igualmente importantes, visto que cada
área apresenta características próprias. Logo, os métodos propostos às vezes necessitam sofrer
modificações, para fornecer resultados mais confiáveis para a avaliação de vulnerabilidade de
uma dada área.
Como exemplo, pode-se mencionar a inserção dos parâmetros: densidade de
cabeceiras de mananciais e de drenagem (ESCADA, 2009); dados pluviométricos (RUSSO,
2009); propriedades dos solos como argilosidade e textura (CUSTÓDIO, 1995);
condutividade hidráulica da zona não saturada e declividade do terreno (SOUZA, 2009).
A quantidade reduzida de parâmetros necessários para o método GOD não implica em
diminuição da abrangência da análise (VÍAS et al., 2005). Por exemplo, no método
DRASTIC, o processo de recarga é avaliado individualmente, enquanto que no método GOD,
esse parâmetro é avaliado indiretamente, incluindo-o no âmbito da classificação dos estratos
de cobertura. Desse modo, enfatiza-se a ocorrência de sistemas de fraturamento bem
desenvolvidos, os quais podem favorecer o fluxo preferencial, aumentando significativamente
a acessibilidade dos contaminantes e, consequentemente, a vulnerabilidade de um aquífero
(TAVARES et al., 2009).
61
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Ao longo dos últimos anos, foram publicados alguns trabalhos estruturados na


comparação entre os resultados obtidos com o método GOD e os oferecidos pela utilização de
outros métodos. Juntamente com o método GOD, o método DRASTIC é um dos mais
utilizados no mundo, principalmente na América do Norte e, por esse motivo, seus resultados
têm sido extensivamente comparados em diversos estudos.
Em linhas gerais, o método DRASTIC, por utilizar uma quantidade de parâmetros
maior que o GOD, produz mapas de vulnerabilidade mais detalhados, com maior
variabilidade espacial de classes. Por outro lado, os mapas obtidos com o método GOD
tendem a ser conservadores, menos detalhados e mais contínuos, quando comparados aos
obtidos com o DRASTIC. Todavia, os mapas de vulnerabilidade gerados por ambos os
métodos podem conduzir a interpretações semelhantes, no que diz respeito às classes de
vulnerabilidade obtidas numa determinada área (AHLERT; REGINATO, 2011; ZANETTI,
2012).

3.3.2.3 Método EKv

Pertencente ao grupo dos métodos paramétrico-indexadores ou paramétricos, o método


EKv é aplicado especificamente no estudo de vulnerabilidade de aquíferos livres, utilizando
como parâmetros a espessura da zona não saturada (E) e a permeabilidade vertical da zona
não saturada (Kv), em outras palavras, a condutividade hidráulica (AUGE, 2004).
O índice de vulnerabilidade, para ambos os parâmetros, varia de 1 (menos vulnerável)
a 5 (mais vulnerável), conforme apresentado nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2 - Indexação atribuída aos valores da espessura da zona não saturada.


Espessura da Zona Índice
Não saturada (metros) (E)
<2 5
2a5 4
5 a 10 3
10 a 30 2
> 30 1
Fonte: Auge (2004).
62
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Tabela 3 - Intervalos de condutividade hidráulica vertical e seus respectivos índices.


Condutividade Hidráulica
Índice
Vertical da Zona Não Material
(Kv)
Saturada (m/d)
Areia média e grossa, saibro
50 a 500 5
arenoso e saibro.
Areia muito fina a siltosa, areia fina
1 a 50 4
e areia média a grossa.
0,01 a 1 Silte e silte arenoso. 3
1x10-3 a 0,01 Silte e silte argiloso. 2
< 1x10-3 Argila e argila siltosa. 1
Fonte: Auge (2004).

Os índices de vulnerabilidade finais resultam do somatório (E + Kv), conforme a


classificação apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 - Índices de vulnerabilidade para o método EKv.


Índices Classificação
2a4 Baixa
5a7 Média
8 a 10 Alta
Fonte: Auge (2004).

3.3.2.4 Método da Condutância Longitudinal Unitária (S)

Conforme a definição no item 3.2.2.1. (Parâmetros Dar Zarrouk), a condutância


longitudinal unitária resulta da razão entre a profundidade do nível d’água subterrânea, ou
seja, da espessura da camada geoelétrica ou horizonte não saturado de aquíferos livres, e a
resistividade elétrica.
Para estabelecer as classes de vulnerabilidade do método S (Tabela 5), as quais
correspondem a faixas de valores de condutância longitudinal unitária, buscou-se relações
entre espessura e resistividade que pudessem ser consideradas representativas de cada classe,
em termos de inacessibilidade hidráulica à zona saturada e capacidade de atenuação de
poluentes da zona insaturada.
Desse modo, quanto maior o valor de S de uma camada geoelétrica, isto é, quanto
mais argilosos forem seus materiais (resistividade e permeabilidade mais baixas) e quanto
maior for sua espessura (maior filtro e retenção dos poluentes), menor será sua
vulnerabilidade natural frente a um contaminante migrando verticalmente, e vice-versa
63
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

(Figura 26). É oportuno ressaltar que Henriet (1975) relacionou o grau de proteção de um
aquífero livre aos valores de condutância longitudinal unitária. Contudo, foi necessário
modificar o termo “grau de proteção” para “vulnerabilidade”, a fim de adequar esse novo
método aos demais, possibilitando a comparação entre os resultados.

Figura 26 - Condutância longitudinal unitária e a vulnerabilidade natural de aquíferos livres.

Fonte: Braga (inédito).

Tabela 5 - Relação entre os parâmetros geoelétricos e os índices de vulnerabilidade do


método S.
Parâmetros do Modelo Geoelétrico Parâmetro Dar Zarrouk
Classes de
Vulnerabilidade Resistividade Espessura Condutância Longitudinal (S)
(ohm.m) (m) (siemens)
Desprezível < 10 > 25,0 > 2,5
Baixa 10 a 20 25,0 a 13,0 0,7 a 2,5
Média 20 a 40 13,0 a 10,0 0,3 a 0,7
Alta 40 a 100 10,0 a 5,0 0,1 a 0,3
Extrema 100 a 300 < 5,0 < 0,1
Fonte: Braga (inédito).

3.4 GEOPROCESSAMENTO E A CARTOGRAFIA DE VULNERABILIDADE

O termo geoprocessamento corresponde à área do conhecimento que utiliza um


conjunto de técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento de informações
geográficas, incluindo a coleta, recuperação, armazenamento, análise e manipulação de dados
64
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

espaciais sobre o mundo real, para um conjunto particular de objetos e fenômenos


(BURROUGH; McDONNELL, 1998).
Durante as últimas décadas, o geoprocessamento se consolidou como uma ferramenta
valiosa e multidisciplinar, com aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento, tais como:
cartografia, geologia, hidrogeologia, geotecnia, agropecuária, planejamento e gestão de
recursos florestais e hídricos, transportes, comunicações, energia, planejamento urbano e
regional (ZAIDAN; SILVA, 2011).
Vale ressaltar que o geoprocessamento não deve ser considerado apenas como um
conjunto de técnicas para a produção automática de mapas temáticos, geração de buffers,
medidas de distâncias, entre outras funcionalidades específicas para a análise geográfica, mas
também como um instrumento capaz de representar e modelar a complexidade ambiental.
Os sistemas de informação geográfica (SIGs), principais ferramentas computacionais
para o geoprocessamento, permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas
fontes e criar bancos de dados georreferenciados, possibilitando a automatização da produção
de documentos cartográficos (CÂMARA; MEDEIROS, 1998).
Segundo Câmara et al. (1996), um SIG é constituído pelos seguintes componentes:
interface com o usuário; entrada e integração dos dados; funções de processamento gráfico e
de imagens; visualização e plotagem; armazenamento e recuperação de dados, organizados
sob a forma de banco de dados geográficos (Figura 27).

Figura 27 - Arquitetura de sistemas de informação geográfica.

Fonte: Câmara et al. (1996).


65
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

Até recentemente, a coleta e processamento de dados sobre recursos naturais eram


realizados somente em documentos e mapas em papel, dificultando, e até mesmo,
inviabilizando uma análise que combinasse diversos dados e mapas. Contudo, após o advento
do geoprocessamento esse trabalho analógico tornou-se obsoleto, possibilitando o
armazenamento, processamento e representação dessas informações num ambiente
computacional, constituído por equipamentos que armazenam e processam os dados obtidos
(hardwares), bem como os sistemas de entrada e manipulação (softwares). Essa estrutura
proporciona maior interatividade entre o sistema e o usuário, que pode continuamente enviar
informações, processá-las e obter respostas desse processamento (CÂMARA, 2001).
Os dados de meio físico, bem como suas características qualitativas e distribuição
espacial, são armazenados nos SIGs em dois tipos de formatos fundamentais: matricial ou
raster e o vetorial, representados em planos de informação (PIs) ou camadas (layers) (Figura
28). De modo geral, esses dados podem ser obtidos a partir da fotointerpretação, de técnicas
de sensoriamento remoto e do trabalho de campo.

Figura 28 - Tipos de representação de dados geográficos.

Fonte: Modificado de Carmona e Monsalve (2013).

Os SIGs proporcionaram a melhoria na coleta e no armazenamento de dados para


projetos básicos e executivos, assim como o desempenho de análises, simulações e
monitoramentos ambientais. Os mapas temáticos digitais são armazenados num SIG, sob um
conjunto de camadas georreferenciadas, onde cada layer representa dados de um único
atributo, isto é, há uma camada para os tipos de solo, outra para a rede de drenagem, e assim
por diante (ONO, 2008).
66
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

A aplicação das funcionalidades de um SIG requer métodos adequados, a fim de


aperfeiçoar os procedimentos. Indubitavelmente, o primeiro passo para executar as funções de
um SIG é a organização de um banco de dados robusto e bem planejado, o qual é uma tarefa
complexa e consome, em grande parte dos casos, mais de 70% do tempo dedicado ao trabalho
(SILVA, 2003). Câmara (2001) indicou três grandes utilidades para um SIG, quais sejam:
I. Ferramenta para produção de mapas, servindo como um meio para a cartografia
digital;
II. Banco de dados geográficos, tendo como principais funções o armazenamento e a
recuperação de informações espaciais, disponibilizando-as aos usuários;
III. Suporte à análise espacial de fenômenos, característica que expressa uma de suas
maiores potencialidades, já que é possível visualizar espacialmente as informações
disponíveis para a obtenção de mapas, relatórios e tabelas, constituindo um
importante instrumento de análise e suporte à tomada de decisão.
Desse modo, as técnicas de geoprocessamento empregadas na análise em um SIG
permitem, por exemplo, a definição do potencial de determinada área para uma ou mais
atividades e a combinação desse potencial com outras características intrínsecas do local,
resultam num melhor refinamento do estudo (VEIGA; SILVA, 2004).
Devido a sua capacidade de processar um grande volume de dados em intervalos de
tempo diminutos, ao empregar operações complexas na análise de dados ambientais, os SIGs
apresentam um potencial extraordinário no campo da avaliação e cartografia de
vulnerabilidade natural à contaminação de aquíferos.
Dias et al. (2004) destacam que a utilização de técnicas de geoprocessamento
executadas por SIGs vêm se consolidando como ferramentas extremamente úteis, para a
elaboração de diversos trabalhos relacionados ao planejamento e gestão de recursos hídricos.
Na literatura nacional e internacional, são encontrados diversos trabalhos que
empregaram técnicas de geoprocessamento como instrumento para o estudo, planejamento e
gerenciamento de recursos hídricos subterrâneos.
Santos (2004) realizou o mapeamento da vulnerabilidade dos aquíferos da região do
município de Campos dos Goytacazes/RJ, com a aplicação do método AVI (Aquifer
Vulnerability Index) num SIG. O método classificou a vulnerabilidade da área em alta e
extremamente alta.
Yamada (2007) elaborou um documento cartográfico preventivo para a área urbana e
periurbana do município de São Carlos/SP, com enfoque em aspectos qualitativos da
vulnerabilidade natural dos Aquíferos Botucatu, Serra Geral e Itaqueri. No processo de
67
Capítulo 3 – Fundamentação Teórica Francisco, R. F.

avaliação, foi utilizado o método GOD e o geoprocessamento de dados geológicos e


hidrogeológicos no SIG Spring 4.2, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
Andrade (2012) mapeou em ambiente SIG a vulnerabilidade à intrusão salina em parte
da orla do município de Fortaleza/CE, empregando o método GALDIT, específico para
análises em aquíferos costeiros. Os resultados indicaram que a maior parte da área foi
classificada como média vulnerabilidade, a faixa mais próxima do mar é altamente
vulnerável, e somente uma pequena porção a sudoeste apresenta baixa vulnerabilidade à
intrusão salina.
Em um estudo comparativo entre os métodos GOD e DRASTIC, Cardoso (2010)
avaliou a vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição da bacia hidrográfica do rio
Cabril, nas imediações do município de Vila Real, em Portugal, através da álgebra de mapas
temáticos num SIG. Por meio da normalização entre as escalas dos dois mapas obtidos, o
autor constatou que com o uso do método GOD, a área apresenta vulnerabilidade desprezível
à baixa. Por outro lado, através do método DRASTIC grande parte da bacia apresentou
vulnerabilidade baixa à média, representando melhor a realidade da área de estudo.
Valladolid et al. (2010) estimaram a vulnerabilidade natural dos recursos hídricos
subterrâneos na comunidade de Madrid, região central da Espanha, por intermédio dos
métodos GOD e DRASTIC, cujos dados de entrada foram integrados no software ArcGIS 9.2,
desenvolvido por ESRI (2006). A vulnerabilidade específica à poluição por nitrato também
foi calculada, usando uma composição entre o DRASTIC (DC) e o Índice de Vulnerabilidade
ao Nitrato (NV), que inserem o tipo de uso do solo e seus potenciais riscos à poluição na
análise. Os mapas de vulnerabilidade baseados nos quatro métodos propostos mostraram
resultados bastante similares para a área de estudo, identificando os aquíferos porosos e
cársticos como depósitos sujeitos a alto risco de poluição pelo nitrato, devido à intensa
atividade agrícola.
A cartografia de vulnerabilidade das águas subterrâneas necessita ser embasada numa
visão adequada e ampla sobre a realidade da área, em termos geológicos e hidrogeológicos,
devendo considerar as atividades antrópicas. Os mapas de vulnerabilidade são de extrema
utilidade aos planejadores de uso da terra, hidrogeólogos e aos gerentes de recursos hídricos.
Com base nesses documentos cartográficos, é possível destacar as áreas prioritárias nas quais
existe um risco significativo de contaminação das águas subterrâneas, tendo em vista a
localização dos diferentes tipos de classes de uso do solo.
68
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Fr ancisco, R. F.

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

Nesse capítulo, são apresentados os materiais utilizados, os procedimentos


metodológicos adotados e a descrição das atividades desenvolvidas em cada etapa de trabalho,
de modo a alcançar os objetivos propostos.

4.1 MATERIAIS

A caracterização litológica e a estimativa de propriedades hidrogeológicas,


hidrodinâmicas e geoelétricas da área de estudo, como a profundidade do nível d’água,
condutividade hidráulica e a resistividade elétrica, foram obtidas por meio da aplicação do
método da eletrorresistividade e da técnica da sondagem elétrica vertical (SEV) - arranjo
Schlumberger.
Foram utilizadas 82 SEVs realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT,
1980a, 1981b), atendendo à solicitação do Consórcio Paulipetro, cujo propósito era a
prospecção e extração de petróleo e gás natural na bacia do rio Paraná.
Complementarmente, foram empregadas mais 24 SEVs efetuadas pelo IPT (1977,
1978, 1980b), contratado do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São
Paulo (DAEE), que visava à pesquisa de aquíferos promissores para a captação e o
abastecimento público do interior paulista. O Anexo A sumariza os principais dados
cadastrais sobre o total de 106 SEVs utilizadas nessa pesquisa.
Adicionalmente, foram utilizados arquivos vetoriais para a elaboração e finalização
dos layouts dos mapas, tais como: principais rodovias estaduais, malha digital dos Estados e
municípios brasileiros (IBGE, 2010). A Tabela 6 sintetiza a relação de dados utilizados para a
elaboração dessa pesquisa.

Tabela 6 - Relação de dados utilizados na pesquisa.


Tipo de Dado Fonte Ano Quantidade
IPT/Paulipetro 1980/81 82
SEVs
IPT/DAEE 1977/78/80 24
Mapa Geológico do
Estado de São Paulo
Convênio
(Escala 1:250.000; 1984 4
DAEE/Unesp
Folhas: Bauru, Araraquara,
Araçatuba e Marília)
Arquivos Vetoriais IBGE 2007 3
Fonte: Elaborado pelo autor.
69
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Todas as informações pertinentes à aplicação dos métodos EKv e S foram obtidas por
meio do conjunto de SEVs disponíveis. Somente para a caracterização litológica dos estratos
de cobertura, necessária à aplicação do método GOD, utilizou-se o Mapa Geológico do
Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984), elaborado na escala 1:250.000. Para compor a
litologia da área de estudo descrita nesse documento cartográfico, foram utilizadas
parcialmente as folhas Bauru, Araraquara, Araçatuba e Marília.
Na etapa de coleta, organização e tratamento dos dados foram empregados dois
softwares: o Excel (MICROSOFT CORPORATION, 2007), para a organização das
informações e cálculo de variáveis relativas às SEVs; e o IX1D (INTERPEX LIMITED,
2008), utilizado para o processamento e reinterpretação das SEVs.
Os mapas temáticos de interesse foram gerados pelo software Surfer 8.0 (GOLDEN
SOFTWARE INC., 2002), cujos arquivos de saída possuem extensão (*.grd). Em seguida, foi
utilizado o software Grid Convert (GEOESPACIAL DESIGNS, 2013) para converter esses
grids para o formato (*.asc), a fim de serem importados para o software ArcGIS 10.0 (ESRI,
2010).
Durante as etapas de delimitação e caracterização da área de estudo e integração
dos mapas utilizou-se o ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010), cujas principais operações efetuadas
foram: (i) localização das SEVs em suas respectivas cartas topográficas, divisas municipais e
nos limites do Sistema Aquífero Bauru; (ii) delimitação da área de estudo; (iii) integração dos
mapas temáticos, resultando nos mapas de vulnerabilidade; e (iv) elaboração dos layouts de
todos os mapas finais.

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi estruturada em nove etapas de trabalho (Figura 29), quais sejam:
I. Delimitação da área de estudo e definição da escala de trabalho;
II. Caracterização da área de estudo;
III. Fundamentação teórica;
IV. Coleta, organização e tratamento dos dados;
V. Estimativa da condutividade hidráulica;
VI. Estruturação do banco de dados geográficos;
VII. Geração e integração dos mapas temáticos;
VIII. Discussão dos resultados; e
IX. Considerações finais e recomendações.
70
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Figura 29 - Fluxograma das etapas de trabalho.

Delimitação da
Área de Estudo e Aspectos Gerais:
Definição da Escala Localização; Clima;
de Trabalho Relevo; Tipos e Uso
do Solo.

Recursos Hídricos
Caracterização
da Área de
Estudo Contexto Geológico e
Hidrogeológico

Vulnerabilidade e
Áreas Contaminadas

Hidrogeologia

Geofísica

Fundamentação
Teórica
Vulnerabilidade
Natural dos Aquíferos

Geoprocessamento e
a Cartografia de
Vulnerabilidade

Coleta, Estimativa da
Condutividade Estruturação do
Organização e
Hidráulica da Banco de Dados
Tratamento dos
Zona Não Geográficos
Dados
Saturada

Geração e
Discussão
Resultados Integração dos
dos
Mapas
Resultados
Temáticos

Considerações
Finais
Finaise
Recomendações

Fonte: Elaborado pelo autor.


71
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

4.2.1 Delimitação da Área de Estudo e Definição da Escala de Trabalho

Os levantamentos geofísicos realizados pelo IPT (1977, 1978, 1980a, 1980b, 1981b),
atendendo às solicitações do Consórcio Paulipetro e do DAEE, foram projetados e executados
com o intuito de investigar regionalmente a litoestratigrafia da bacia do rio Paraná, no interior
do Estado de São Paulo.
Geralmente, as SEVs eram locadas ao longo das margens das principais rodovias,
devido à logística privilegiada, reduzindo a necessidade de abertura de picadas ou
desenvolvimento das SEVs em terrenos muito íngremes, alagadiços ou cruzados por cursos
d’água. Além das margens de rodovias, as SEVs frequentemente eram posicionadas em
pontos estratégicos, onde as equipes encarregadas já possuíam conhecimento prévio sobre
alguma anomalia ou condição geológica de interesse, quer seja para a prospecção de petróleo
e gás natural, quer seja para pesquisa de águas subterrâneas para o abastecimento público.
Consequentemente, as SEVs não apresentaram uma distribuição geográfica uniforme
sobre toda a área avaliada, característica que juntamente com a quantidade de SEVs
disponíveis, direcionou a realização desse trabalho em escala regional, com vistas ao
reconhecimento preliminar da vulnerabilidade à contaminação.
Ante o exposto, a delimitação da área de estudo (Figura 30) considerou dois critérios
básicos, quais sejam:
I. Densidade de SEVs: foram selecionadas regiões com maior densidade e melhor
distribuição geográfica das SEVs, a fim de que os resultados obtidos pudessem
contribuir para a tomada de decisões, quanto à gestão das águas subterrâneas dos
municípios integrantes da área de estudo. Nesse contexto, inserem-se
principalmente os municípios de Bauru e Marília, pois já apresentam áreas
declaradas contaminadas e alterações na qualidade da água em função das altas
concentrações de nitrato, além de Bauru ser considerado uma das seis áreas
potenciais de restrição, controle da captação e uso das águas subterrâneas; e
II. Limites do Sistema Aquífero Bauru: a definição do limite final da área de estudo,
sobretudo na parte sul, seguiu os contornos do próprio SAB, utilizando os limites
geográficos das formações Adamantina e Marília como referência, constantes no
Mapa Geológico do Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984).
72
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Figura 30 - Localização das SEVs utilizadas na área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.


73
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

No Brasil, não raro se constata a escassez de dados disponíveis com dificuldades de


consistência. Por isso, avalia-se que seria recomendável a realização de trabalhos de
reconhecimento básico, em âmbito estadual ou regional (escalas de 1:250.000 a 1:500.000),
da situação de vulnerabilidade e perigo à contaminação de aquíferos, de modo a identificar e
delimitar áreas potencialmente críticas. Foster e Hirata (1988) definiram níveis de avaliação
para estabelecer o perigo à contaminação de aquíferos (Figura 31), que também podem ser
aplicados à avaliação da vulnerabilidade.

Figura 31 - Níveis de avaliação da vulnerabilidade e do perigo de contaminação das águas


subterrâneas.

Fonte: Foster e Hirata (1988).

Nesse sentido, esse trabalho se insere no nível de avaliação exemplificado no item I


(Reconhecimento Preliminar), que apenas identifica a existência da vulnerabilidade à
contaminação de um determinado aquífero. Níveis mais profundos de avaliação requerem
dados mais detalhados, como aqueles obtidos em perfurações de poços para a amostragem e
análises físico-químicas das águas e do solo, ações que não foram o foco da presente pesquisa.
A escala de trabalho dos mapas de vulnerabilidade obtidos foi definida com base na
escala do Mapa Geológico do Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984), ou seja, optou-se por
utilizar a escala 1:250.000, a fim de comparar qualitativa esses produtos finais, além dessa
escala ser apropriada a mapeamentos de reconhecimento preliminar.
74
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Braga (2008) propôs uma formulação matemática para estimar a escala de


apresentação de trabalhos que empreguem dados obtidos por meio de SEVs, em função de sua
quantidade e das dimensões da área de pesquisa (Tabela 7).

Tabela 7 - Estimativa da escala de trabalho em função da quantidade de SEVs e das


dimensões da área da pesquisa.
Área (m²) Escalas Sugeridas (1:) Equações
≤ 1.280.000 ≤ 20.000
(8)
>1.280.000 e ≤ 10.000.000 10.000 a 30.000
> 10.000.000 25.000 a 500.000 √ (9)

Onde: y = escala de trabalho; x = quantidade de SEVs disponíveis e z = dimensões da


área de pesquisa (m²).
Fonte: Adaptado de Braga (2008).

Considerando que a área de estudo tem uma superfície de 7.086 km² (7,086 x 109 m²)
e que foram utilizadas 106 SEVs, a aplicação da Equação 9 apresentada na Tabela 6 sugere
uma escala de trabalho aproximada de 1:60.000. Dessa maneira, os mapas de vulnerabilidade
originados na escala 1:250.000 e que foram obtidos apenas a partir de dados de SEVs, isto é,
os resultantes dos métodos EKv e S, poderão ter suas escalas ampliadas até 1:60.000, que por
sua vez, é adequada à avaliação de vulnerabilidade em nível municipal.

4.2.2 Elaboração da Caracterização da Área de Estudo

Para uma melhor compreensão de aspectos relevantes para o desenvolvimento dessa


pesquisa, efetuou-se a caracterização da área de estudo, concentrando-se principalmente na
geologia e hidrogeologia, em âmbito regional e local, bem como numa visão global sobre os
recursos hídricos. Para tanto, foram consultados três tipos de base de dados, quais sejam:
I. Publicações Científicas: referem-se a dissertações de mestrado, teses de
doutorado, anais de eventos científicos, periódicos nacionais e internacionais, com
enfoque naqueles mais atuais, a fim de alicerçar as proposições e apontamentos,
assim como corroborar as considerações acerca dos dados e resultados obtidos. As
publicações científicas foram adquiridas a partir de visitas técnicas em bibliotecas
de universidades, incluindo consultas via internet;
II. Relatórios Técnicos: correspondem a documentos referentes à situação dos
recursos hídricos. Esses dados foram obtidos junto à Agência Nacional de Águas
75
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

(ANA), CETESB, DAEE e aos comitês de bacia hidrográfica que compõem a área
de estudo;
III. Documentos Cartográficos: representam o Mapa Geológico do Estado de São
Paulo (DAEE et al., 1984); Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo
(DAEE et al., 2005); Mapa de Vulnerabilidade das Águas Subterrâneas do Estado
de São Paulo (IG/CETESB/DAEE, 1997) e o Mapa de Unidades Hidrográficas de
Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (DAEE et al., 2003).
Esses mapas foram obtidos em mapotecas de universidades e em consultas via
internet.
Os resultados encontrados nessa etapa foram apresentados anteriormente no Capítulo
2, com o intuito de viabilizar o completo entendimento dos procedimentos metodológicos
descritos nesse capítulo.

4.2.3 Elaboração da Fundamentação Teórica

De modo complementar à caracterização da área de estudos, foi elaborada a etapa de


fundamentação teórica direcionada à consulta e exposição de temas específicos, cujos
conteúdos são imprescindíveis à compreensão da proposta da pesquisa e de sua metodologia.
Foram consultadas duas principais fontes de dados:
I. Publicações Científicas: correspondem a dissertações de mestrado, teses de
doutorado, anais de eventos científicos, livros didáticos, periódicos nacionais e
internacionais, no que se refere à base conceitual sobre hidrogeologia,
vulnerabilidade natural de aquíferos, geofísica e a utilização de técnicas de
geoprocessamento na cartografia de vulnerabilidade de águas subterrâneas. Esses
dados foram adquiridos a partir de visitas técnicas em bibliotecas de universidades,
inclusive em consultas via internet;
II. Relatórios Técnicos: referem-se aos dados descritivos sobre os ensaios geofísicos
efetuados pelo IPT na bacia rio do Paraná, durante as décadas de 1970 e 1980. Para
a utilização formal desses documentos e dos dados geofísicos, foi firmada uma
parceria na forma de um projeto de pesquisa, entre o Departamento de Geologia
Aplicada (DGA), do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) -
Unesp e a Seção de Geotecnia, do Centro de Tecnologia de Obras de
Infraestruturas – IPT (IPT; UNESP, 2013).
76
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Analogamente ao item 4.2.2, essa etapa também foi anteriormente apresentada


(Capítulo 3), visando à depreensão do exposto no presente capítulo.

4.2.4 Coleta, Organização e Tratamento dos Dados

Primeiramente, cada uma das 106 SEVs utilizadas nessa pesquisa tiveram suas folhas
e curvas de campo originais digitalizadas, ou seja, todos os valores e informações constantes
nesses materiais foram inseridos em planilhas Excel (MICROSOFT CORPORATION, 2007),
contribuindo para a recuperação e conservação desses dados geofísicos.
Todos os dados coletados através dessas SEVs foram agrupados e organizados no
formato de um banco de dados geográficos. Por isso, foi elaborada outra planilha Excel
(MICROSOFT CORPORATION, 2007), inserindo, além de dados cadastrais, os seguintes
campos:
 Resistividade elétrica da primeira camada da zona saturada (ohm.m);
 Profundidade do nível d’água subterrânea (m); e
 Condutividade hidráulica vertical da zona não saturada (m/d).
Excetuando a condutividade hidráulica, obtida em etapa posterior, os demais campos
dessa planilha foram preenchidos durante a etapa de tratamento dos dados, cujos
procedimentos básicos efetuados foram:

A) Processamento e Reinterpretação de SEVs

Foram processadas e reinterpretadas apenas as SEVs nº 4 (bloco 39), nº 1 (bloco 44) e


nº 22 (bloco 45), realizadas pelo IPT para o Consórcio Paulipetro em 1980. Esse
procedimento foi necessário, visto que as curvas de campo originais ou não continham o
modelo geoelétrico inicial ou o apresentavam sem considerar profundidades muito rasas.
Desse modo, foram excluídas da análise pequenas profundidades detalhadas nas partes
iniciais das curvas, dificultando, por exemplo, a estimativa da profundidade do nível d’água
subterrânea. Isso ocorreu devido aos próprios objetivos dessas SEVs, que se concentravam na
investigação de profundidades muito grandes (mais de 5.000 metros em alguns ensaios), a fim
de alcançar o topo do basalto e estudar a litoestratigrafia do Sistema Aquífero Guarani (SAG).
77
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

B) Elaboração do Mapa das Formações Geológicas

Para a elaboração do arquivo shapefile do tipo polígono, contendo todas as formações


geológicas existentes na área de estudo, foram importadas para o software ArcGIS 10.0
(ESRI, 2010) as folhas de Bauru, Marília, Araraquara e Araçatuba, pertencentes ao Mapa
Geológico do Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984).
Em ambiente SIG, definiu-se para as quatro folhas o sistema de projeção UTM
SIRGAS, fuso 22 S e meridiano central 51º W. Em seguida, as folhas foram georreferenciadas
e, então, sobrepôs-se ao mosaico formado por essas o layer referente à área de estudo, a fim
de direcionar a digitalização.
Apenas para efeito de finalização do layout do mapa, optou-se por digitalizar as
formações geológicas na forma de um retângulo envolvente, contendo o polígono da área de
estudo. A tabela de atributos desse shapefile foi editada, na qual foram criados mais quatro
campos: SIGLA, FORMAÇÕES GEOLÓGICAS, DESCRIÇÃO LITOLÓGICA e ÍNDICE
GOD, os quais foram preenchidos com as respectivas informações.
Para ser utilizado no método GOD, o shapefile das formações geológicas foi
selecionado e reduzido ao formato e tamanho do polígono da área de estudo, por meio da
ferramenta Clip, do módulo Analysis Tools, no ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010).

4.2.5 Estimativa da Condutividade Hidráulica Vertical da Zona Não Saturada

Considerando que os mecanismos controladores do fluxo de fluidos e de correntes


elétricas são geralmente regidos pelos mesmos parâmetros físicos e atributos litológicos, é
possível afirmar que existe uma relação de proporcionalidade entre os valores de
condutividade hidráulica e de resistividade elétrica (SOUPIOS et al., 2007).
É importante destacar que essa correlação somente é válida quando se tratam de
sedimentos saturados arenosos ou argilosos não contaminados, nos quais as características
naturais dos fluidos são consideradas constantes. Por exemplo, em áreas cujos sedimentos
possam estar contaminados por derivados de hidrocarbonetos, essa correlação não pode ser
considerada (BRAGA et al., 2006).
Desse modo, a condutividade hidráulica da zona não saturada foi estimada a partir de
uma equação proposta por Braga (inédito), baseada na correlação entre os valores da
resistividade elétrica da primeira camada da zona saturada e a condutividade hidráulica dos
diferentes materiais naturais (Tabela 8).
78
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

Tabela 8 - Correlação entre a resistividade elétrica e a condutividade hidráulica para os


principais tipos de sedimentos inconsolidados.
Resistividade Condutividade
Material Elétrica Hidráulica
(ohm.m) (cm/s)
Argila 5 – 20 10-9 – 10-6
Silte, Silte Arenoso, Areia Argilosa 20 – 40 10-6 – 10-5
AreiaeSiltosa
Silte Argiloso
e Areia Fina 50 – 80 10-4 – 10-3
Areia Bem Distribuída 100 – 300 10-2 – 10-1
Cascalho 300 – 400 10-1 – 100
Fonte: Adaptado de Braga (2007); Fetter (2001).

A Equação 10, que relaciona a resistividade elétrica dos sedimentos à sua respectiva
condutividade hidráulica (Tabela 8), foi obtida por meio da elaboração de um gráfico, cujo
eixo das abscissas representava os valores de resistividade e, o eixo das ordenadas, os
respectivos valores de condutividade hidráulica. O coeficiente de determinação R² foi igual a
0,98, corroborando a alta correlação entre as variáveis.

 
K  1  10 12   sat
4 ,585
(10)

Onde:
K = condutividade hidráulica vertical da zona não saturada (cm/s);
sat. = resistividade elétrica da primeira camada da zona saturada (ohm.m).

4.2.6 Estruturação do Banco de Dados Geográficos

Depois de realizadas todas as estimativas e cálculos necessários à obtenção das


variáveis utilizadas na etapa de geração e integração dos mapas temáticos, iniciou-se a
estruturação do banco de dados geográficos em ambiente SIG. A partir da importação da
planilha Excel para o software ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010), criou-se um arquivo shapefile do
tipo ponto, para representar espacialmente cada uma das 106 SEVs utilizadas e seus
respectivos atributos cadastrais e numéricos.
Nesse banco de dados geográficos, também foram incluídos o arquivo shapefile das
formações geológicas e os demais arquivos vetoriais utilizados nessa pesquisa.
79
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

4.2.7 Geração e Integração dos Mapas Temáticos

A seguir, são descritos os procedimentos executados na etapa de geração dos mapas


temáticos, incluindo os critérios adotados para integrá-los, a fim de se obter os mapas de
vulnerabilidade por meio dos métodos utilizados.

A) Método GOD

Para produzir o mapa de vulnerabilidade natural do Sistema Aquífero Bauru na área de


estudo, foram gerados mapas temáticos para cada um dos três parâmetros de entrada do
método GOD. A partir do produto desses mapas, obteve-se o mapa com a variação dos níveis
de vulnerabilidade. Portanto, foram atribuídos os índices descritos a seguir para os parâmetros
de interesse, quais sejam:

 G - Grau de confinamento do aquífero


A porção do Sistema Aquífero Bauru que ocorre na área de estudo é livre em toda a
sua extensão. Assim, o índice GOD adotado nesse caso foi igual a 1. Para gerar o mapa
correspondente, converteu-se o arquivo shapefile referente ao contorno da área de estudo para
o formato raster (matricial), a partir da ferramenta Feature to Raster do módulo Conversion
Tools, no software ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010).

 O - Características litológicas da zona não saturada


De modo geral, as litologias do Sistema Aquífero Bauru são dominadas por arenitos
intercalados por camadas argilosas, sendo frequente a presença de cimentação e nódulos
carbonáticos, características que podem provocar a redução da permeabilidade dos sedimentos
inconsolidados e das rochas.
Segundo o Mapa Geológico do Estado de São Paulo (DAEE et al., 1984), na área de
estudo predominam as formações Adamantina e Marília, que juntas correspondem à
aproximadamente 99,65% da superfície total, sendo que a área remanescente (0,35%) é
composta por pequenas ocorrências da Formação Corumbataí, Formação Pirambóia e por
Depósitos Aluvionares.
Para a Formação Marília, atribuiu-se o índice 0,4, devido à intensa cimentação por
carbonato de cálcio nos arenitos, conferindo-lhe baixa permeabilidade. Por apresentar
camadas argilosas e arenitos moderadamente cimentados, a Formação Adamantina recebeu o
80
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

índice 0,5. Com relação à Formação Corumbataí, atribuiu-se o índice 0,3, mediante a
existência de litotipos com permeabilidade muito reduzida, como argilitos, siltitos, folhelhos e
arenitos argilosos.
A Formação Pirambóia recebeu o índice 0,7, cuja litologia é predominantemente
arenosa, formada por arenitos finos a médios, com baixo conteúdo argiloso nas camadas mais
superficiais. Com relação aos depósitos aluvionares, foi atribuído o índice 0,8, por se tratar de
materiais essencialmente arenosos e não consolidados, podendo apresentar elevada
permeabilidade.
Para a geração do mapa temático referente ao parâmetro O, converteu-se o arquivo
shapefile das formações geológicas para o formato raster, a partir da ferramenta Feature to
Raster do módulo Conversion Tools, utilizando o software ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010).

 D - Profundidade do nível d’água subterrânea


Para obter o mapa temático referente ao parâmetro D, foram utilizadas as
profundidades do nível d’água subterrânea constantes na planilha Excel (MICROSOFT
CORPORATION, 2007), elaborada para reunir, organizar e tratar os dados referentes ao
conjunto de SEVs utilizadas nessa pesquisa.
Na área de estudo, as SEVs forneceram profundidades do nível d’água relacionadas a
quatro intervalos para o parâmetro D do método GOD: menor que 10 metros (1); de 10 a 20
metros (0,8); de 20 a 50 metros (0,5) e maior que 50 metros (0,4).
A fim de estimar a superfície de isovalores referente à profundidade do nível d’água,
com base nas informações disponíveis em cada SEV, foi utilizado o método de interpolação
Curvatura Mínima, do software Surfer 8.0 (GOLDEN SOFTWARE INC., 2002).
A Curvatura Mínima é um método determinístico largamente utilizado nas ciências da
Terra, cuja superfície resultante é suavizada e se assemelha a uma delgada camada linear e
elástica, a qual atravessa cada um dos valores observados. Esse método não é um interpolador
exato e, por isso, os dados nem sempre são respeitados em seus valores reais, podendo ser
gerados valores acima do máximo e abaixo do mínimo (ANDRIOTTI, 2009; LANDIM,
2000). Os resultados obtidos a partir da utilização desse interpolador satisfazem ao objetivo
do trabalho, que é avaliar preliminarmente a vulnerabilidade numa escala de trabalho
regional, visando ressaltar as tendências existentes na área de estudo.
Após a elaboração do mapa de profundidade do nível d’água, foi realizada a conversão
dos intervalos de profundidade nos índices específicos estabelecidos pelo método GOD para o
81
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

parâmetro D, por meio da ferramenta Reclassify do módulo Spatial Analyst Tools, do ArcGIS
10.0 (ESRI, 2010).
Por fim, efetuou-se a operação algébrica de multiplicação entre os três mapas
temáticos referentes a cada parâmetro, ou seja: G x O x D, a partir da ferramenta Raster
Calculator do módulo Spatial Analyst Tools, no ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010), resultando no
mapa de vulnerabilidade natural à contaminação.

B) Método EKv

A fim de obter o mapa de vulnerabilidade natural à contaminação para a área de


estudo, a partir do método EKv, foram produzidos mapas específicos para os dois parâmetros
considerados. Cada mapa temático foi organizado com base nos índices predeterminados por
Auge (2004), para serem integrados e gerar o mapa de vulnerabilidade final.
Para tanto, foram adotados os procedimentos metodológicos descritos a seguir.

 E - Espessura da zona não saturada


Como o Sistema Aquífero Bauru na área de estudo é livre, as profundidades do nível
d’água registradas correspondem exatamente às espessuras da zona não saturada. Nesse
sentido, para obter o mapa temático referente ao parâmetro E, aproveitou-se o mapa de
profundidade do nível d’água elaborado anteriormente para o método GOD.
Esse parâmetro é o mesmo considerado no método GOD, denominado “D”, porém
com diferentes índices atribuídos aos intervalos de profundidade do nível d’água. No método
GOD, são atribuídos a esse parâmetro índices que variam de 0,4 a 1 e, no método EKv, os
índices variam de 1 a 5.
Na área de estudo, a interpretação das SEVs indicou profundidades do nível d’água
relacionadas a quatro índices do método EKv: de 2 a 5 metros (4); de 5 a 10 metros (3); de 10
a 30 metros (2) e maior que 30 metros (1).
Para ser utilizado na avaliação de vulnerabilidade, foi realizada a transformação dos
intervalos de profundidade nos índices específicos estabelecidos pelo método EKv para o
parâmetro E, por meio da ferramenta Reclassify do módulo Spatial Analyst Tools, do software
ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010).
82
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

 Kv - Condutividade hidráulica vertical da zona não saturada


Esse índice é definido como sendo o volume de água que irá fluir através de uma
unidade de área da rocha por unidade de tempo, sob uma unidade de gradiente hidráulico e a
uma temperatura específica, representando, desse modo, uma medida de velocidade em m/s
ou m/d (CRÓSTA, 2000).
A condutividade hidráulica foi obtida a partir da estimativa descrita no item 4.2.5,
anteriormente apresentado. Na área de estudo, ocorrem faixas de condutividade hidráulica
relacionadas a três índices estabelecidos pelo método EKv: menor que 10-3 m/d (1); de 10-3 a
10-2 m/d (2) e de 10-2 a 1,0 m/d (3).
Com base nos valores de condutividade hidráulica estimados para cada SEV, foi
criado um mapa de isovalores no Surfer 8.0 (GOLDEN SOFTWARE INC., 2002).
Posteriormente, os intervalos de condutividade foram reordenados para se relacionarem com
os índices propostos pelo método EKv, por intermédio da ferramenta Reclassify do módulo
Spatial Analyst Tools, no ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010).
Em seguida, efetuou-se a operação algébrica de soma entre os dois mapas temáticos
referentes a cada parâmetro, isto é: E + Kv, a partir da ferramenta Raster Calculator do
módulo Spatial Analyst Tools, no ArcGIS 10.0 (ESRI, 2010). Por último, o mapa obtido foi
reclassificado segundo a escala de índices de vulnerabilidade proposta pelo método EKv, por
meio da ferramenta Reclassify do módulo Spatial Analyst Tools, do software supracitado,
resultando no mapa de vulnerabilidade final.

C) Método da Condutância Longitudinal Unitária (S)

Para produzir o mapa de vulnerabilidade natural para a área de estudo, foram gerados
mapas temáticos para cada um dos dois parâmetros do método S. A partir do quociente entre
esses mapas e reclassificação do resultado, conforme os intervalos estabelecidos para os
valores de condutância longitudinal, obteve-se o mapa de vulnerabilidade natural definitivo.
Assim, foram adotados os procedimentos metodológicos descritos a seguir.

 E - Espessura da zona não saturada


Analogamente ao método EKv, foi reaproveitado o mapa de profundidade do nível
d’água, uma vez que as espessuras das camadas geoelétricas correspondem às espessuras da
zona não saturada ou, em outras palavras, às profundidades do nível d’água obtidas em cada
SEV.
83
Capítulo 4 – Materiais e Métodos Francisco, R. F.

  - Resistividade elétrica
Segundo Braga (2008), os valores de resistividade obtidos para a primeira camada da
zona saturada podem ser extrapolados para a zona não saturada imediatamente acima, desde
que haja semelhança entre os materiais. Portanto, adotou-se esse procedimento para obter os
valores de resistividade da zona insaturada. Assim, foi elaborado um mapa de isovalores para
esse parâmetro, utilizando-se o software Surfer 8.0.
Após a obtenção dos mapas temáticos referentes aos dois parâmetros do método, foi
realizado o quociente entre eles: E / por meio da ferramenta Raster Calculator do módulo
Spatial Analyst Tools. Em seguida, o mapa obtido foi reclassificado conforme os intervalos de
condutância longitudinal, a partir da ferramenta Reclassify do módulo Spatial Analyst Tools,
do ArcGIS 10.0, resultando no mapa de vulnerabilidade final.

4.2.8 Redação da Discussão dos Resultados

As discussões foram baseadas na exposição e posterior comparação entre os resultados


alcançados. Desse modo, foi possível indicar qual método foi mais adequado para a avaliação
da vulnerabilidade natural da área de estudo, com base nas características litológicas e
hidrogeológicas, classes de vulnerabilidade obtidas, níveis de detalhe oferecidos pelos mapas
e disponibilidade dos dados utilizados na avaliação.

4.2.9 Redação das Considerações Finais e Recomendações

Essa etapa avaliou se os resultados obtidos corresponderam aos objetivos propostos,


apontando as desvantagens e potencialidades da aplicação de cada método, bem como de que
forma os produtos gerados poderão ser utilizados pelo Poder Público na tomada de decisões,
quanto à gestão dos recursos hídricos subterrâneos da área de estudo. Além disso, foram feitas
recomendações quanto à possibilidade da elaboração de trabalhos futuros, com o propósito de
preencher lacunas do conhecimento produzidas pela presente pesquisa, como por exemplo, a
contribuição da geofísica na avaliação da vulnerabilidade natural à contaminação de
aquíferos.
84
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Fran cisco, R. F.

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos a partir do


cumprimento sistemático dos procedimentos metodológicos.

5.1 RESISTIVIDADE DA ZONA NÃO SATURADA

A resistividade elétrica da zona não saturada variou entre 8,0 Ω.m e 70,0 Ω.m, com
valor médio e desvio padrão iguais a 30,2 Ω.m e 12,7 Ω.m, respectivamente. De acordo com o
histograma, os valores mais frequentes encontram-se no centro da distribuição, no intervalo
entre 22 Ω.m e 42 Ω.m, indicando comportamento geoelétrico predominantemente
correlacionável a materiais areno-argilosos na área de estudo (Figura 32).

Figura 32 - Histograma da distribuição dos valores de resistividade da zona não saturada.

Fonte: Elaborado pelo autor.

De modo geral, quanto menores são os valores de resistividade, mais argilosos serão
os materiais da zona saturada. As menores resistividades elétricas situam-se, sobretudo, nos
domínios das formações Adamantina e Corumbataí, nas quais há o predomínio de arenitos
argilosos e materiais siltosos.
85
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Áreas com resistividades elétricas um pouco mais elevadas foram encontradas dentro
dos limites da Formação Marília, que possui conteúdo em argila levemente inferior ao
verificado na Formação Adamantina. Em linhas gerais, a Formação Pirambóia e os pequenos
fragmentos de Depósitos Aluvionares também apresentaram valores de resistividades elétricas
superiores aos registrados para a Formação Adamantina, devido a sua composição
predominantemente arenosa.
No interior dos limites geográficos de uma formação geológica sedimentar, pode
existir certa diversidade litológica em alguns locais conforme variações paleoambientais, no
momento da deposição das unidades, tendendo a ocorrer com maior frequência naquelas que
ocupam áreas extensas, como é o caso das formações Adamantina e Marília. Por esse motivo,
os limites das classes de resistividade apresentadas na Figura 33 não correspondem
exatamente aos limites daquelas formações geológicas, devido à heterogeneidade dos
materiais existentes e da distribuição espacial dos dados interpolados.

Figura 33 - Relação entre as resistividades elétricas e a litologia da área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.2 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA VERTICAL DA ZONA NÃO SATURADA

Os valores de condutividade hidráulica vertical (KV), estimados a partir das


resistividades da primeira camada da zona saturada extrapoladas para o horizonte insaturado,
86
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

foram compatíveis com os frequentemente observados nos sedimentos areno-argilosos das


formações Adamantina e Marília. Foram obtidos valores de KV entre 1,2 x 10-5 e 0,25 m/d
(Figura 34), ligeiramente inferiores aos encontrados em testes de bombeamento in situ
realizados na unidade aquífera Bauru Superior/Médio (Aquíferos Adamantina e Marília)
(DAEE, 1979), os quais forneceram valores de condutividade hidráulica horizontal (KH) entre
0,1 e 0,4 m/d.
Segundo Feitosa e Manoel Filho (2008), a diferença entre os valores de KV e KH em
aquíferos porosos pode ser atribuída a dois principais fatores: um deles é que as partículas não
são esféricas e geralmente depositam-se com o lado plano para baixo, e o outro é que os
aquíferos são formados por camadas superpostas de diferentes materiais. Assim, as camadas
horizontais menos permeáveis retardam o escoamento vertical sem, contudo, afetar
significativamente o escoamento horizontal nas outras camadas, de modo que o valor da
condutividade hidráulica na horizontal é maior que o valor na direção vertical.
Em linhas gerais, na área de estudo foram registrados baixos valores de condutividade
hidráulica vertical, em virtude da predominância de litotipos areno-argilosos, sendo frequente
a cimentação por carbonato de cálcio e a presença de nódulos carbonáticos que reduzem
expressivamente a permeabilidade.

Figura 34 - Relação entre a condutividade hidráulica (KV) e a litologia da área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.


87
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Fran cisco, R. F.

5.3 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO GOD

O mapa temático referente ao parâmetro G não foi apresentado, pois se trata de


aquífero livre, cujos limites correspondem exatamente à totalidade da área de estudo. O mapa
referente aos estratos de cobertura (parâmetro O) é apresentado na Figura 35, equivalente ao
mapa das formações geológicas (Figura 6), para o qual foram atribuídos os índices propostos
pelo método GOD.

Figura 35 - Distribuição espacial do parâmetro O na área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As profundidades do nível d’água subterrânea variaram entre 2,5 e 51 metros, com


valor médio de 15,41 metros. A partir da reclassificação do mapa de profundidades do nível
d’água, foram obtidos intervalos referentes a quatro índices do método GOD, conforme a
Figura 36. Cabe realçar que houve a predominância do índice igual a 0,5 (20 – 50 metros) e,
secundariamente, o índice 0,8 (10 – 20 metros). Profundidades do nível d’água maiores que
50 metros (índice 0,4) ocorrem nos extremos sudeste e leste da área de estudo.
88
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Figura 36 - Distribuição espacial do parâmetro D na área de estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A integração dos mapas temáticos concernentes aos três parâmetros do método GOD
resultou num mapa de vulnerabilidade homogêneo (Figura 37). Aproximadamente 56% da
área de estudo apresentaram vulnerabilidade média, incluindo áreas com baixa
vulnerabilidade, que correspondem a 43,5% da superfície total (Tabela 9). Áreas com
vulnerabilidade desprezível não foram encontradas.
Áreas alta e extremamente vulneráveis foram identificadas, porém, são pequenos
fragmentos referentes aos locais de ocorrência de litotipos essencialmente arenosos e com
elevada permeabilidade, como os sedimentos da Formação Pirambóia e dos depósitos
aluvionares, onde as profundidades do nível d’água subterrânea são menores.
Na área de estudo, das vinte e três áreas declaradas contaminadas pela CETESB
(2011), quinze (65%) estão localizadas nas áreas classificadas como média vulnerabilidade.
As áreas contaminadas restantes (35%) situam-se em locais de baixa vulnerabilidade,
corroborando a afirmação de que é possível uma determinada área apresentar baixa
vulnerabilidade, porém alto risco à contaminação, em função do desenvolvimento de
atividades com alto potencial poluidor, no caso da área de estudo, postos de combustíveis.
89
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Figura 37 - Mapa de vulnerabilidade resultante da aplicação do método GOD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 9 - Relação entre as classes de vulnerabilidade obtidas no método GOD e a área total.
Classes de Área
(%)
Vulnerabilidade (km²)
Baixa 3.082,47 43,50
Média 3.977,59 56,13
Alta 21,65 0,31
Extrema 4,29 0,06
TOTAL 7.086,00 100
Fonte: Elaborado pelo autor.

O mapa da Figura 37 apresentou alta similaridade com o resultado da avaliação


efetuada por IG/CETESB/DAEE (1997), que classificou a vulnerabilidade da área de estudo
entre baixa e média, preservando, aproximadamente, a mesma proporção entre as duas classes
de vulnerabilidade obtidas pelos autores supracitados.
No entanto, devido à utilização da litologia na escala 1:250.000, o mapa de
vulnerabilidade ora resultante indicou pequenas áreas de alta e extrema vulnerabilidade e, por
isso, pode ser considerado um pouco mais detalhado que o elaborado por IG/CETESB/DAEE
(1997), refletindo a influência da escala de trabalho na obtenção do produto final.
90
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

5.4 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO EKv

Com relação ao parâmetro E (espessura da zona não saturada), foram obtidos quatro
dos cinco intervalos estabelecidos pelo método EKv. A menor espessura foi igual a 2,5 metros
e a maior, 51 metros, visto que essa faixa de valores corresponde às profundidades do nível
d’água subterrânea (Figura 38).
Em grande parte da área de estudo, predominou o índice de espessura da zona não
saturada igual a 2 (10 – 30 metros). O índice menos frequente foi igual a 4 (2 – 5 metros),
com impacto reduzido no cálculo do índice de vulnerabilidade final.

Figura 38 - Espessuras da zona não saturada e os índices estabelecidos pelo método EKv.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A reclassificação do mapa de condutividade hidráulica vertical da zona não saturada


ofereceu três dos cinco índices Kv propostos pelo método EKv (Figura 39), com distribuição
relativamente equilibrada entre os índices por toda a área de estudo.
91
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Figura 39 - Valores de condutividade hidráulica e os índices estabelecidos pelo método EKv.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A soma algébrica entre os mapas de espessura e condutividade hidráulica vertical da


zona não saturada resultou no mapa de vulnerabilidade apresentado na Figura 40. Esse
resultado pode ser considerado um pouco mais generalista e conservador, já que foram
detectadas apenas áreas com baixa (63,97%) e média (36,03%) vulnerabilidade (Tabela 10),
expressando a menor capacidade do método em produzir mapas mais detalhados.
Na área de estudo, aproximadamente 87% das áreas declaradas contaminadas pela
CETESB (2011) situam-se em áreas classificadas pelo método EKv como média
vulnerabilidade, resultado que pode ser considerado coerente, uma vez que é mais provável a
ocorrência de um número maior de áreas contaminadas em regiões cuja vulnerabilidade é
maior, embora o contrário também possa ocorrer.
92
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Figura 40 - Mapa de vulnerabilidade obtido com a aplicação do método EKv.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 10 - Relação entre as classes de vulnerabilidade obtidas no método EKv e a área total.
Classes de Área
(%)
Vulnerabilidade (km²)
Baixa 4.532,56 63,97
Média 2.553,44 36,03
TOTAL 7.086,00 100
Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao propor o método EKv, Auge (2004) estabeleceu faixas de valores muito amplas
para alguns índices, que podem influenciar no cálculo dos índices de vulnerabilidade finais e
resultar em mapas com maior homogeneidade de classes, conforme o apresentado na Figura
40.
No que se refere ao parâmetro Kv, por exemplo, o autor supracitado adotou para os
índices 3, 4 e 5 as faixas de 10-2 a 1, de 1 a 50 e de 50 a 500 m/d, respectivamente, as quais
poderiam ter sido subdivididas em mais índices, a fim de oferecer um produto final com
maior detalhamento. Tal observação também se aplica ao índice 2 (10 - 30m) do parâmetro E.
93
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

5.5 MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE A PARTIR DO MÉTODO (S)

A partir da operação de divisão algébrica entre os mapas de profundidade do nível


d’água subterrânea (equivalente à espessura da zona insaturada) e resistividade elétrica,
obteve-se um mapa de vulnerabilidade mais heterogêneo (Figura 41), cuja distribuição de
classes pela área de estudo foi mais equilibrada.
Em aproximadamente 50% da área, houve o predomínio de regiões com baixa
vulnerabilidade e, secundariamente, áreas com média vulnerabilidade, que representam 30,6%
da superfície total (Tabela 11). Foram detectadas áreas alta e extremamente vulneráveis, que
juntas correspondem a cerca de 16% da área de estudo, nos locais com predominância de
materiais arenosos mais permeáveis e profundidades do nível d’água menores. Além disso, a
aplicação do método S indicou a existência de áreas com vulnerabilidade desprezível (3,83%),
localizadas nos extremos leste e sul, onde há a transição para o aquífero fraturado Serra Geral.
Com relação às áreas contaminadas (CETESB, 2011), 70% do total localizam-se nas
áreas com média e alta vulnerabilidade, sendo que desse percentual, 60% situam-se em
regiões classificadas como altamente vulneráveis, o que pode ser considerado um indicativo
da sensibilidade do método S.

Figura 41 - Mapa de vulnerabilidade resultante da aplicação do método S.

Fonte: Elaborado pelo autor.


94
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Tabela 11 - Classes de vulnerabilidade obtidas no método S e a área total.


Classes de Área
(%)
Vulnerabilidade (km²)
Desprezível 271,46 3,83
Baixa 3.526,81 49,77
Média 2.168,24 30,60
Alta 1.063,03 15,00
Extrema 56,46 0,8
TOTAL 7.086,00 100
Fonte: Elaborado pelo autor.

5.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS

Com base na análise dos mapas EKv e S, predominam regiões com baixa
vulnerabilidade, tendência já esperada para a área de estudo, uma vez que em 55% da
superfície total ocorre a Formação Marília, cujo alto teor de cimento carbonático torna seus
sedimentos praticamente impermeáveis sob o ponto de vista prático.
Por outro lado, no mapa resultante da aplicação do método GOD, 56% da área de
estudo foram classificados como média vulnerabilidade a alguns contaminantes, mas somente
quando continuamente lançados ou lixiviados (FOSTER; HIRATA, 1988), embora a segunda
classe mais expressiva seja baixa vulnerabilidade (43,5%), indicando um ligeiro equilíbrio
entre as duas classes.
De modo geral, os métodos GOD e EKv produziram mapas mais homogêneos, com
pouca variabilidade de classes e detalhamento. Em contrapartida, a aplicação do método S
resultou num mapa mais detalhado, com maior variabilidade de classes (Figura 42). Por isso,
o método S pode ser considerado o mais adequado para avaliar a vulnerabilidade da área de
estudo, considerando a heterogeneidade e distribuição das classes e, sobretudo, os resultados
esperados com base nas características geológicas e hidrogeológicas.
Primeiramente, tal conclusão deve ser alicerçada no fato de que, o método S, não
avalia a vulnerabilidade por meio da atribuição de índices a formações geológicas, feições
altamente heterogêneas. Pelo contrário, esse método considera a vulnerabilidade da litologia
por meio da estimativa de parâmetros mensuráveis, como as espessuras e as resistividades
elétricas dos materiais da camada não saturada, reduzindo, desse modo, a subjetividade. A
ausência desse fator pode ser elencada como uma das limitações do método GOD, no qual os
estratos de cobertura sempre são considerados homogêneos em toda a extensão que ocupam,
no momento da atribuição dos índices, que resultam de uma comparação subjetiva entre as
litologias.
95
Capítulo 5 – Resultados e Discussões Francisco, R. F.

Além disso, as faixas dos índices de vulnerabilidade do método S são discretas, cuja
determinação proveio das razões entre as espessuras e resistividades. Logo, o mapa de
vulnerabilidade resultante é menos generalista e mais detalhado, oferecendo maior
variabilidade de classes, característica que pode ser apontada como uma deficiência do
método EKv.

Figura 42 - Comparação entre os mapas GOD, EKv e S.

Fonte: Elaborado pelo autor.


96
Capítulo 6 – Considerações Finais Francisco, R. F.

CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Indubitavelmente, é expressiva a contribuição dos recursos hídricos subterrâneos para


o abastecimento público dos municípios pertencentes à área de estudo. Soma-se a isso, o
crescente comprometimento da qualidade das águas subterrâneas por elevadas concentrações
de nitrato, bem como a existência ainda que incipiente, de áreas declaradas contaminadas que
resultam, principalmente, do desenvolvimento de atividades de postos de combustíveis nos
municípios de maior destaque regional, como Bauru e Marília.
Portanto, são fundamentais os trabalhos com enfoque na avaliação da vulnerabilidade
natural do Sistema Aquífero Bauru, na região Centro-Sul do Estado de São Paulo, na medida
em que permitem estimar áreas mais sensíveis à poluição, e desse modo, planejar a instalação
e operação de empreendimentos potencialmente nocivos aos recursos aquíferos.
Em linhas gerais, foram satisfatórios os resultados obtidos com os métodos
empregados para estimar a vulnerabilidade, considerando as respostas esperadas conforme os
aspectos litológicos e hidrogeológicos da área de estudo, inclusive os resultados obtidos em
estudos prévios. Entretanto, devem ser consideradas as limitações inerentes a cada proposta,
sobretudo quanto à subjetividade envolvida na determinação dos limiares de cada faixa de
valores dos índices de vulnerabilidade, inclusive o modo de integração de dados em cada
método.
A aplicação do método GOD originou um mapa homogêneo, predominando áreas com
média vulnerabilidade, sendo que as regiões mais vulneráveis foram localizadas nos domínios
da Formação Pirambóia e dos depósitos aluvionares, onde prevalece a ocorrência de materiais
arenosos e mais permeáveis, bem como menores profundidades do nível d’água subterrânea.
A utilização do método EKv resultou num mapa ainda mais homogêneo que o mapa
GOD, visto que foram detectadas apenas duas classes de vulnerabilidade, com a maior parte
da área classificada como baixa vulnerabilidade, devido, principalmente, aos valores
reduzidos de condutividade hidráulica vertical.
Quando comparado aos mapas GOD e EKv, o mapa resultante da aplicação do método
S, baseado nos valores de condutância longitudinal unitária, foi considerado o mais adequado
para a avaliação da vulnerabilidade da área, em virtude do maior detalhamento e variabilidade
de classes, predominando regiões com baixa vulnerabilidade. Portanto, recomenda-se sua
aplicação, caso os dados necessários estejam disponíveis, sobretudo, os valores de
resistividade elétrica.
97
Capítulo 6 – Considerações Finais Francisco, R. F.

Uma das vantagens do método S é o maior grau de detalhamento do mapa de


vulnerabilidade e a minimização da subjetividade (condicionados à malha de amostragem), a
partir de apenas dois parâmetros de entrada, algo muito interessante considerando-se o cenário
de escassez de dados disponíveis em diversas regiões do Brasil.
A utilização de dados provenientes de SEVs pode representar algumas vantagens, tais
como: baixos custos para a avaliação rápida e precisa de áreas extensas; versatilidade em
termos de profundidade de investigação, sem alterar as condições dos materiais envolvidos; e
a disponibilidade de programas avançados para o processamento de dados.
Todavia, as incertezas inerentes ao processamento desses dados podem ser reduzidas,
caso sejam considerados na interpretação do modelo geoelétrico inicial dados confiáveis sobre
a geologia e hidrogeologia, adquiridos em estudos precedentes ou a partir de perfis descritivos
de poços preexistentes.
Por outro lado, é adequado o uso dos métodos GOD e EKv em estudos preliminares de
vulnerabilidade, cuja aplicação é simplificada pela quantidade reduzida de parâmetros de
entrada, que geralmente são de fácil aquisição em estudos sobre geologia e hidrogeologia
regionais.
É oportuno ressaltar que os métodos GOD, EKv e S são apropriados ao
reconhecimento regional da vulnerabilidade, devendo ser compreendidos como o primeiro
estágio para a avaliação do perigo de poluição do aquífero, com o propósito de criar
prioridades. A partir dessa avaliação preliminar, torna-se necessária uma análise mais
pormenorizada, através do uso de métodos de avaliação mais detalhados, como o DRASTIC,
que utiliza uma quantidade maior de parâmetros.
O inventário de dados geológicos, hidrogeológicos e geofísicos relativos à área de
estudo, inclusive os mapas de vulnerabilidade resultantes da integração entre eles, podem
fornecer subsídios ao Poder Público na elaboração de instrumentos de planejamento e gestão
do uso e ocupação do solo, para a proteção e uso racional das águas subterrâneas, delineando
estratégias de monitoramento.
Especificamente, as prefeituras municipais podem atualizar suas bases digitais ou, até
mesmo, criar novos bancos de dados geográficos a partir dessas informações. Assim,
direciona-se a tomada de decisões quanto à proposição de novos Planos Diretores,
devidamente embasados em estudos de Zoneamento Ambiental, os quais constituem um dos
instrumentos da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) no Brasil, estabelecida pela Política
Nacional do Meio Ambiente - PNMA (Lei nº 6.938/1981) (BRASIL, 1981).
98
Capítulo 6 – Considerações Finais Francisco, R. F.

É importante sinalizar que uma atenção especial deve ser dedicada ao município de
Bauru, por parte do Poder Público local e órgãos ambientais competentes, visto que
corresponde a uma das seis áreas potenciais de restrição, controle de captação e uso das águas
subterrâneas, definidas pela Resolução SMA nº 14/2010 (SMA, 2010). Conforme os três
mapas de vulnerabilidade obtidos na presente pesquisa, o Sistema Aquífero Bauru apresenta
vulnerabilidade moderada na zona urbana do município de Bauru, onde ocorrem atividades
com alto potencial poluidor.
A utilização de técnicas de geoprocessamento com auxílio de SIGs foi extremamente
importante para alcançar os objetivos propostos, pois um grande volume de dados de natureza
distinta pôde ser processado e integrado, de maneira rápida e eficiente, contribuindo para a
difusão e consolidação do uso das geotecnologias na gestão de recursos hídricos subterrâneos.
Com base na análise dos resultados, recomenda-se o desenvolvimento de estudos
futuros com o intuito de preencher lacunas do conhecimento surgidas no decorrer da pesquisa,
cujo escopo poderá contemplar o teste de interpoladores exatos para gerar os mapas temáticos
de interesse, como a Krigagem.
Adicionalmente, novas avaliações de vulnerabilidade poderão ser realizadas por meio
da aplicação de métodos mais detalhados como o DRASTIC ou pela inserção de novos
parâmetros nos métodos GOD, EKv e S, por exemplo, a declividade do terreno, dados
pluviométricos e de geologia estrutural, especialmente, a ocorrência de falhas e fraturas que
podem estabelecer caminhos preferenciais para a contaminação.
No que se refere à contribuição da geofísica na avaliação da vulnerabilidade de
aquíferos, poderá ser gerado um novo mapa a partir do método S, por intermédio de uma
malha de amostragem mais densa e melhor distribuída geograficamente pela área de estudo, a
fim de aumentar o nível de detalhe e minimizar as incertezas acerca das estimativas ora
efetuadas.
99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. A evolução da gestação dos recursos


hídricos no Brasil. Edição Comemorativa do Dia Mundial das Águas. Brasília: Agência
Nacional de Águas, 2002.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Atlas Brasil - Abastecimento urbano de


água. Volume 1 e 2. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2010.

AHLERT, S.; REGINATO, P. A. R. Utilização de geoprocessamento na avaliação da


vulnerabilidade dos sistemas aquíferos Serra Geral e Guarani na região nordeste do Estado do
Rio Grande do Sul. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO
(SBSR), 15., 2011, Curitiba. Anais...São José dos Campos: INTITUTO NACIONAL DE
PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), 2011. p. 5402-5409.

ALBINET, M.; MARGAT, J. Cartographie de la vulnérabilité à la pollution des nappes d’eau


souterraine. Bulletin BRGM, Orleans, França, v. 3, n. 4, p. 13-22. 1970.

ALLER, L.; BENNETT, T.; LEHR, J. H.; PETTY, R. J.; HACKETT, G. Drastic: a
standardized system for evaluating groundwater pollution potential hydrogeologic setting.
Environmental Protection Agency (EPA), Washington (DC), Report 600/2-87-035.1987.

ALMEIDA, F. F. M. Fundamentos geológicos do relevo paulista. São Paulo: Instituto de


Geografia, Universidade de São Paulo, 1964. 99 p.

ALMEIDA, M. A.; FERNANDES, L. A.; DANTAS, A. S. L.; SAKATE, M. T.; GIMENEZ,


A. F.; TEIXEIRA, A. L.; BISTRICHI, C. A.; ALMEIDA, F. F. M. Considerações sobre a
estratigrafia do Grupo Bauru na região do Pontal do Paranapanema do Estado de São Paulo.
In: SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 3., 1981, Curitiba. Atas... Curitiba:
SBG/Núcleo SP, 1981. v. 2, p. 77-89.

ANDRADE, M. C. A. Avaliação da vulnerabilidade à contaminação dos aquíferos


costeiros pela intrusão salina em trecho da orla de Fortaleza, CE. 2012. 103 p.
Dissertação (Mestrado em Tecnologia Ambiental) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo (IPT), São Paulo, 2012.

ANDRIOTTI, J. L. S. Fundamentos de estatística e geoestatística. 2. ed. São Leopoldo:


Unisinos. 2009.

ARCHIE, G. E. The electrical resistivity as an AID in determining some reservoir


characteristics. Petroleum Transactions of AIME, 1942. p. 54-62.

ARTUSO, E.; OLIVEIRA, M. M.; LOBO FERREIRA, J. P. C. Avaliação da vulnerabilidade


à poluição das águas subterrâneas no setor de Évora do sistema aquífero de Évora –
Montemor – Cuba. In: CABRAL, J. J. S. P.; LOBO FERREIRA, J. P. C.; MONTENEGRO,
S. M. G. L.; COSTA, W. D. Água Subterrânea: aquíferos costeiros e aluviões,
vulnerabilidade e aproveitamento. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2004. v. 4, 446 p,
p. 277-331.
100

AUGE, M. Vulnerabilidad de acuíferos. Revista Latino-Americana de Hidrogeologia, n. 4,


p. 85-103. 2004. Disponível em:
<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/hidrogeologia/article/view/2652/2193. Acesso em: 10
mai. 2013.

BARCHA, S. F. Aspectos geológicos e províncias hidrogeológicas da Formação Bauru na


região norte-ocidental do Estado de São Paulo. 1980. 209 p. Tese (Livre Docência) -
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José
do Rio Preto, 1980.

BEAR, J. Dynamics of fluids in porous midia. American Elsevier Publishing Company Inc.
New York. Second Printing, 1972. 764 p.

BORGHETTI, N. R. B.; BORGHETTI, J. R.; FILHO, E. F. R. Aquífero Guarani: a


verdadeira integração dos países do Mercosul. Curitiba, 2004.

BRAGA, A. C. O. Métodos geoelétricos aplicados na caracterização geológica e


geotécnica - formações Rio Claro e Corumbataí, no município de Rio Claro/SP. 1997.
169 p. Tese (Doutorado em Geociências e Meio Ambiente) - Instituto de Geociências e
Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1997.

BRAGA, A. C. O. Métodos da eletrorresistividade e polarização induzida aplicados nos


estudos da captação e contaminação de águas subterrâneas: uma abordagem
metodológica e prática. 2006 a. 126 p. Tese (Livre-Docência na Disciplina Métodos
Geoelétricos Aplicados à Hidrogeologia) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.

BRAGA, A. C. O; MALAGUTTI FILHO, W; DOURADO, J. C. Resistivity (DC) method


applied to aquifer protection studies. Revista Brasileira de Geofísica, p. 573-581. 2006.

BRAGA, A. C. O. Métodos geoelétricos aplicados nos estudos de captação e de


contaminação de águas subterrâneas. Material didático. Universidade Estadual Paulista,
Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Rio Claro, 2007. 80 p.

BRAGA, A. C. O. Estimativa da vulnerabilidade natural de aquíferos: uma contribuição a


partir da resistividade e condutância longitudinal. Revista Brasileira de Geofísica, p. 61-69.
2008.

BRANDT NETO, M.; YAMAMOTO, J. K.; TACHIBANA, J.; MATO, L. F. Sedimentos


quaternários associados ao baixo vale do Rio Tietê. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE
GEOLOGIA, 1., 1977, São Paulo. Atas…São Paulo: SBG/SP, 1977, p. 248-266.

BRASIL. Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
Oficial da União: República Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 14 out. 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre


os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e
seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União: República Federativa do Brasil, Poder
101

Executivo, Brasília, DF, v. 148, n. 239, 14 dez. 2011. Seção 1, p. 39-46. Disponível em:
<http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=14/12/2011
&jornal=1&pagina=39&totalArquivos=192>. Acesso em: 3 mai. 2013.

BURROUGH, P. A.; McDONNELL, R. A. Principles of geographic information systems.


Oxford: Oxford University Press, 1998.

CABRAL, J. S. P. Movimento das águas subterrâneas. In: MANOEL FILHO, J.; FEITOSA,
E. C.; DEMÉTRIO, J. G. A (Org). Hidrogeologia: Conceitos e Aplicações. 3. ed. Rio de
Janeiro: CPRM, 2008. p. 121-151.

CAETANO-CHANG, M. R. A Formação Pirambóia no centro-leste do Estado de São


Paulo. 1997. 196 p. Tese (Livre Docência em Geologia) – Instituto de Geociências e Ciências
Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1997.

CÂMARA, G.; CASANOVA, M. A.; HEMERLY, A. S.; MAGALHÃES, G. C.;


MEDEIROS, C. M. B. Anatomia de sistema de informações geográficas. Rio de Janeiro:
INPE, 1996. 193 p.

CÂMARA, G.; MEDEIROS, J. S. Princípios básicos em Geoprocessamento. In. ASSAD, E.


D.; SANO, E. E. (eds.), Sistemas de informações geográficas: aplicações na agricultura. 2.
ed. Brasília: EMBRAPA, 1998. Capítulo 1.

CÂMARA, G.; DAVIS, C. Introdução à ciência da geoinformação, 2001. Disponível em:


<http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/>. Acesso em: 31 mar. 2013.

CARDOSO, L. V. R. Q. Estudo comparativo entre os métodos DRASTIC e GOD na


avaliação da vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição da bacia hidrográfica
do rio Cabril – Vila Real. 2010. 90 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, 2010.

CARMONA, A. J.; MONSALVE, J. J. R. Sistemas de información geográficos. Disponível


em: <http://dds.cepal.org/infancia/guide-to-estimating-child-poverty/bibliografia/capitulo-
IV/Carmona%20Alvaro%20y%20Monsalve%20Jhon%20%281999%29%20Sistemas%20de
%20informacion%20geografica.pdf>. Acesso em 01 abr. 2013.

CHACHADI, A. G.; LOBO FERREIRA, J. P. Sea water intrusion vulnerability mapping of


aquifers using the GALDIT method. Coastin – a coastal policy research newsletter, Nova
Delhi, n. 4, 12 p. 2001.

CIVITA, M. Le carte della vulnerabilità degli acquiferi all'inquinamento. Teoria i Pratica


(aquifer vulnerability maps to pollution). Bologna: Pitagora, 1994.

CLEARY, R. W. Águas subterrâneas. Princeton Groundwater, Inc. Clean Environment


Brasil, Produtos e Tecnologias para o Meio Ambiente. Disponível em:
<http://www.clean.com.br>. Acesso em: 25 mar. 2013.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO PARANAPANEMA– CBH/MP.


Relatório de situação dos recursos hídricos 2011. Disponível em:
<http://cbhmp.org/publicacoes/relatorio-de-situacao.html>. Acesso em: 25 abr. 2013.
102

COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS AGUAPEÍ E PEIXE– CBH/AP.


Relatório de situação dos recursos hídricos 2011. Disponível em:
<http://cbhap.org/publicacoes/relatorio-de-situacao.html>. Acesso em: 15 abr. 2013.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TIETÊ-BATALHA – CBH/TB. Relatório de


situação dos recursos hídricos 2010. Disponível em:
<http://www.comitetb.sp.gov.br/index.php?tab=1&acao=com17>. Acesso em: 20 abr. 2013.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TIETÊ-JACARÉ – CBH/TJ. Relatório de


situação dos recursos hídricos 2012. Disponível em:
<http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/ARQS/RELATORIO/CRH/CBH-
TJ/1650/relatOrio%20de%20situaCAo%202012.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2013.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas do Estado de São Paulo 1990-1994. São Paulo, 1996.
90p.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 1994-1997. São Paulo, 1998.
Série Relatórios. 106 p.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 1998-2000. São Paulo, 2001.
Série Relatórios. 96 p.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 2001-2003. São Paulo, 2004.
Série Relatórios. 103 p. e anexos.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 2007-2009. São Paulo, 2010.
Série Relatórios. 260 p.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CETESB. Texto


explicativo: relação de áreas contaminadas e reabilitadas do Estado de São Paulo – Dezembro
de 2011. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/areas-
contaminadas/2011/municipios.pdf. Acesso em: 10 abr. 2012.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo 2010-2012. São Paulo, 2012a.
Série Relatórios. 222 p.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de


qualidade das águas superficiais no Estado de São Paulo 2012. São Paulo, 2012b. Série
Relatórios. 354 p.

CRÓSTA, A. P. (Tradução e Adaptação). Recursos hídricos. Campinas: Editora da


Unicamp. Bloco 4, Parte I – Os recursos físicos da Terra, 149 p. 2000.
103

CUNHA, L. S. Determinação da vulnerabilidade intrínseca à poluição e transporte de


contaminação: uma ferramenta para a gestão de recursos hídricos subterrâneos na área do
porto do Pecém, CE. 2009. 209 p. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências, Universidade
de Brasília, Brasília, 2009.

CUSTODIO, G. E. Consideraciones sobre el concepto de vulnerabilidad de lós acuíferos a la


polución. In: SEMINARIO HISPANO - ARGENTINO SOBRE TEMAS ACTUALES DE
HIDROLOGÍA SUBTERRÁNEA. SERIE CORRELÁCION GEOLÓGICA, 2., 1995, San
Miguel de Tucumán. Anais... San Miguel de Tucumán, 1995. p. 99-122.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE. Estudo de águas


subterrâneas – região administrativa 6 - Ribeirão Preto. São Paulo: DAEE, 1974. 2 v.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE. Estudo de águas


subterrâneas - regiões administrativas 7, 8 e 9 - Bauru, São José do Rio Preto e
Araçatuba. São Paulo: DAEE, 1976. v. 1 e v. 2.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE. Estudo de águas


subterrâneas - regiões administrativas 10 e 11 - Presidente Prudente e Marília. São
Paulo: DAEE, 1979. v. 1 e v. 2.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE; UNIVERSIDADE


ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” – UNESP; SECRETARIA DO
MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA. Mapa Geológico do Estado de
São Paulo. Escala 1:250.000. São Paulo: DAEE, Unesp, SMA, 1984.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE. Plano estadual de


recursos hídricos: primeiro plano do Estado – Síntese. São Paulo, 1990. 97 p.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE. Sistema de


informações para gerenciamento de recursos hídricos do Estado de São Paulo, São
Paulo, 2000.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE; INSTITUTO


GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO – IGC; GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Mapa das unidades hidrográficas de gerenciamento de recursos hídricos do Estado de
São Paulo. Escala 1:1.000.000. São Paulo: DAEE, IGC, Governo do Estado de São Paulo,
2003.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE; INSTITUTO DE


PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT; INSTITUTO GEOLÓGICO – IG; COMPANHIA
DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS – CPRM. Mapa de Águas Subterrâneas do
Estado de São Paulo. Escala 1.000.000. São Paulo: DAEE, IPT, IG, CPRM, 2005.

DIAS, L. S. O.; ROCHA, G. A.; BARROS, E. U. A.; MAIA, P. H. P. Utilização do radar


interferométrico para delimitação automática de bacias hidrográficas. Bahia Análise &
Dados, Salvador, v. 14, n. 2, p. 265-271, set. 2004.
104

DOERFLIGER, N., ZWAHLEN, F. EPIK: a new method for outlining of protection areas in
karstic environment. In: GUNAY, G.; JONSHON, A. I. (Ed.). On Karst Water and
Enviromental Impacts. Antalya, Turkey, Balkema, Rotterdam, 1997. p. 117-223.

ESCADA, D. C. S. Mapeamento da vulnerabilidade e perigo à contaminação das águas


subterrâneas do município de Cajamar – SP. 2009. 110 p. Dissertação (Mestrado em
Geociências) - Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2009.

ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE - ESRI. Using ArcGIS


Geostatistical Analyst, versão 9.0. Guia do usuário. 2003.

ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE - ESRI. ArcGIS Professional


GIS for the Desktop, versão 9.2. Software. 2006.

ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE - ESRI. ArcGIS Professional


GIS for the Desktop, versão10.0. Software. 2010.

FEITOSA, F. A. C.; MANOEL FILHO, J. (Coord.). Hidrogeologia: conceitos e aplicações.


3. ed. Rio de Janeito: CPRM, LABHID-UFPE, 2008. 812 p.

FELLER, M.; OLEAGA, A.; PACHECO, F. Determinação de perímetros de proteção de


poços e vulnerabilidade e risco de contaminação de aquíferos. Consórcio Guarani, 2009.
92 p. Manuais e documentos técnicos do projeto de proteção ambiental e desenvolvimento
sustentável do Sistema Aquífero Guarani.

FERNANDES, A. J.; ODA, G. H.; IRITANI, M. A. Mapeamento da vulnerabilidade


natural de aquíferos fraturados pré-cambrianos da região metropolitana de Campinas.
Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. São Paulo:
Instituto Geológico, Volume 1: Relatório Técnico Final. 2002.

FERNANDES, L. A. A cobertura cretácea suprabasáltica no Paraná e Pontal do


Paranapanema: os grupos Bauru e Caiuá. 1992. 129 p. Dissertação (Mestrado em Geologia
Sedimentar) - Instituto Geológico, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.

FERNANDES, L. A.; COIMBRA, A. M. A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil). In:


Academias Brasileiras de Ciências, 1996, São Paulo. Anais... São Paulo: ABC, 1996. v. 68, n.
2.

FETTER, C. W. Applied hydrogeology. 4. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2001. 598 p.

FIGUEROLA, J. C. Tratado de geofísica aplicada. 1. ed. Madrid: Instituto Geológico e


Mineiro da Espanha, 1974. 520 p.

FOSTER, S.; HIRATA, R. Contaminação das águas subterrâneas. Organização Mundial


de Saúde, Organização Panamericana de Saúde, Centro Panamericano de Engenharia
Sanitária e Ciências Ambientais. Lima, 1987.

FOSTER, S.; HIRATA, R. Avaliação do risco de poluição das águas subterrâneas: uma
metodologia baseada em dados existentes. Organização Mundial de Saúde, Organização
105

Panamericana de Saúde, Centro Panamericano de Engenharia Sanitária e Ciências


Ambientais. Lima, 78 p. 1988.

FOSTER, S.; HIRATA, R.; GOMES, D.; D’ELIA, M.; PARIS, M. Proteção da qualidade
da água subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de água, órgãos municipais e
agências ambientais. Edição brasileira: SERVMAR – Serviços Técnicos Ambientais Ltda,
2006. Banco Mundial. 104 p.

FRANCÉS, A.; PARALTA, E.; FERNANDES, J.; RIBEIRO, L. Development and


application in the Alentejo region of a method to assess the vulnerability of groundwater
to diffuse agricultural pollution: the susceptibility index. 3rd Internacional Conference on
Future Groundwater Resources at Risk, Lisbon, Portugal. 2001.

FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Perfis


municipais. 2013. Disponível em: <http//www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfil.php>.
Acesso em: 25 abr. 2013.

GEOSPATIAL DESIGN. Grid Convert, versão 1. Software. 2013.

GIAFFERIS, G. P.; OLIVEIRA, E. L. Investigação da qualidade das águas subterrâneas do


município de Bauru. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
(ABAS), 14., 2006, Curitiba. Anais...10 p.

GOGU, R. C.; DASSARGUES, A. Current and future trends in groundwater vulnerability


assessment. Environmental Geology, v. 3, n. 6, p. 549-559. 2000.

GOLDEN SOFTWARE INC. SURFER 8 - User’s guide/contouring and 3D surface


mapping for scientists and engineers, versão 8. Software. 2002.

GONÇALVES, A. R. L. Geologia ambiental da área de São Carlos. 1986. 138 p. Tese


(Doutorado em Geologia Geral e de Aplicação) - Instituto de Geociências, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1986.

GOWLER, A. Underground purification capacity. IAHS Publishers, v. 2, n. 142, p.1063-


1072.1983.

HENRIET, J. P. Direct applications of the Dar Zarrouk parameters in ground water surveys.
Geophysical Prospecting, n. 24, p. 344-353. 1975.

HEREDIA, O. S.; CIRELLI, A. F. Groundwater chemical pollution risk: assessment through


a soil attenuation index. Environmental Geology, n. 53, p. 249–255. 2007.

HIRATA, R. Os recursos hídricos subterrâneos e as novas exigências ambientais. Revista do


Instituto Geológico de São Paulo, v. 14, n. 1, p. 39-62. 1993.

HIRATA, R. Estudo da contaminação por nitrato no distrito de Tibiriçá, Bauru. São


Paulo: DAE/IG-USP, 2 volumes. Relatório Técnico. 2000.

HORTON, R. E. The role of infiltration in the hydrological cycle. Transactions, American


Geophysical Union, v. 14, p. 446-460. 1933. Disponível em:
106

<http://www.researchgate.net/publication/200472451_The_role_of_infiltration_in_the_hydrol
ogic_cycle>. Acesso em: 3 mai. de 2013.

INSTITUTO GEOLÓGICO – IG; COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO


AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB; DEPARTAMENTO DE
ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE. Mapeamento da Vulnerabilidade e risco de
poluição das águas subterrâneas no Estado de São Paulo. IG, CETESB, DAEE.
Coordenado por Ricardo Cesar Aoki Hirata, Caraí Ribeiro de Assis Bastos, Gerôncio
Albuquerque Rocha. São Paulo. 1997.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Malhas Digitais.


2007. Disponível em: <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm>. Acesso
em: 10 mar. 2012.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.


Sondagens elétricas verticais. São Paulo: IPT. Folhas de campo e curvas originais, 1977.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.


Sondagens elétricas verticais. São Paulo: IPT. Folhas de campo e curvas originais, 1978.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.


Sondagens elétricas verticais. São Paulo: IPT. Folhas de campo e curvas originais, blocos
39, 44 e 45. 1980a.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.


Sondagens elétricas verticais. São Paulo: IPT. Folhas de campo e curvas originais, 1980b.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT.


Mapa Geológico do Estado de São Paulo. Escala 1:500.000. São Paulo: IPT. v. 1 e v. 2,
1981a.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.


Sondagens elétricas verticais. São Paulo: IPT. Folhas de campo e curvas originais, bloco 45.
1981b.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT;


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUISTA FILHO” – UNESP.
Banco de dados geofísicos da bacia do Paraná. Rio Claro: IPT, Unesp. Projeto de pesquisa.
9 p. 2013.

INTERPEX LIMITED. IX1D, versão 2. Software. 2008.

IRITANI, M. A.; EZAKI, S. Cadernos de educação ambiental: as águas subterrâneas do


Estado de São Paulo. Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente,
Instituto Geológico. São Paulo, 2009. 104 p.

IRITANI, M. A.; FERREIRA, L. M. R.; FERNANDES, A. J.; EZAKI, S. (Org.). Projeto


ambiental estratégico aquíferos: síntese das atividades período 2007 – 2010. Instituto
Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto
Geológico. Cadernos do Projeto Ambiental Estratégico Aquíferos, n. 3, 144 p. 2011.
107

KULKAMP, M. S.; KAIPPER, B. I. A.; CORSEUIL, H. X. Influência do etanol na atenuação


natural de hidrocarbonetos de petróleo em um aquífero contaminado com uma mistura de
diesel e etanol. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL (ABES), 22., 2003, Joinville. Anais...Joinville: V Feira Internacional de
Tecnologias de Saneamento Ambiental, 2003. p. 1-7, Ilus. 22. Disponível em:
http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes22/dx.pdf. Acesso em: 25 mar. 2013.

LANDIM, P. M. B. Introdução aos métodos de estimação espacial para confecção de


mapas. Material didático. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências
Exatas. Rio Claro, 2000. 20 p. Disponível em:
<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/DIDATICOS/LANDIM/interpo.pdf>. Acesso em: 10
ago. 2013.

LE GRAND, H. System for evaluating contamination potential of some waste sites.


American Water Work Association Journal, v. 56, n. 8, p. 959-974. 1964.

MAILLET, R. The fundamental equations of electrical prospecting. Geophysics, v. 12, n. 4.


p. 529-556. 1947.

MATIAS, J. M. G. Subsistema aquífero da Mata do Urso: vulnerabilidade natural e risco


de contaminação. 2010. 122 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade de Coimbra, Coimbra, 2010.

MAZAC, O.; KELLY, W. E.; LANDA, I. A hydrogeophysical model for relations between
electrical and hydraulic properties of aquifers. Journal of Hydrology, v. 79, p. 1-19. 1985.

MAZAC, O.; CISLEROVA, M.; KELLY, W. E.; LANDA, I.; VENHODOVA, D.


Determination of hydraulic conductivities by surface geoelectrical methods. In: WARD, S.
(Ed.). Geotechnical and environmental geophysics. 1990. p. 125–131.

MEAULO, F. J. Mapeamento da vulnerabilidade natural à poluição dos recursos hídricos


subterrâneos de Araraquara, SP. HOLOS Environment, Rio Claro/SP, v. 6, p. 1-19. 2006.

MELO, M. S.; STEIN, D. P.; ALMEIDA, M. A. Aspectos litoestratigráficos do Grupo Bauru.


In: ENCONTRO DE GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA, 1982, São Paulo. Atas... São
Paulo: SBG/ABAS, 1982, n. 9, p. 01-19.

MEZZARILA, S.; AZEVEDO, A. A. B.; TOMINAGA, L. K.; PRESSINOTTI, M. M. N.;


MASSOLI, M. Léxico estratigráfico do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto
Geográfico e Geológico, v. 5, n. 1, p. 1-161. 1981.

MICROSOFT CORPORATION. Microsoft Office Excel. Software. 2007.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. Caderno setorial de recursos hídricos:


saneamento. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. 68 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Águas subterrâneas: um recurso a ser


conhecido a ser protegido. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007. 40 p.
108

MOREIRA, C. A. Geofísica aplicada no monitoramento de área de disposição de


resíduos sólidos domiciliares. 2009. 169 p. Tese (Doutorado em Geociências e Meio
Ambiente) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio
Claro, 2009.

MOREIRA, C. A; CAVALHEIRO, M. L. D.; PEREIRA, A. M.; CARON, F. Relações entre


condutividade hidráulica, transmissividade, condutância longitudinal e sólidos totais
dissolvidos para o aquífero livre de Caçapava do Sul (RS), Brasil. Revista de Engenharia
Sanitária e Ambiental, v.17, n.2, p. 193-202. 2012.

MOREIRA, C. A.; BRAGA, A. C. O. Aplicação de métodos geofísicos no monitoramento de


área contaminada sob atenuação natural. Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental, v.
14, n. 2, p. 257-64. 2009.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Groundwater vulnerability assessment:


predicting relative contamination potential under conditions of uncertainty. Washington, DC:
National Academy Press. 1993.

NOGUEIRA, A. K. Uso de geoprocessamento para mapeamento de vulnerabilidade


como instrumento de gestão de águas subterrâneas em Aparecida de Goiânia/GO. 2010.
135 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Meio Ambiente) - Escola de Engenharia
Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.

OKORO, E. I; EGBOKA, B. C. E.; ONWUEMESI, A. G. Evaluation of the aquifer


characteristic of Nanka sands using hydrogeological method in combination with Vertical
Electrical Sounding (VES). Journal of Applied Sciences and Environmental Management,
v. 14, n. 2, p. 5-9. 2010.

OLIVEIRA, M. J.; SOUTO, F. A. F.; ROSÁRIO, J. M. L.; SACASA, R. J. V.; MOURA, H.


P. Vulnerabilidade natural e sazonal do aquífero livre no loteamento Marabaixo III –
Macapá – AP. Universidade Federal do Amapá, 2003.

ONO, S. Sistema de suporte à decisão para gestão de água urbana – URBSSD. 2008. 148
p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Hidráulica e Sanitária) - Departamento de
Engenharia Hidráulica e Sanitária, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

ORELLANA, E. Prospección geoelectrica en corriente continua. Madrid: Paraninfo,


Biblioteca Tecnica Philips, 1972. 523 p.

OSÓRIO, Q. S.; DUTRA, D. A.; CASSOL, R. Vulnerabilidade natural de aquíferos e risco de


poluição das águas subterrâneas: uma abordagem geográfica. Geografia, Ensino & Pesquisa,
v. 12, p. 929-943. 2008.

PAULA E SILVA, F.; CAVAGUTI, N. Nova caracterização estratigráfica e tectônica do


Mesozóico na cidade de Bauru - SP. In: SIMPÓSIO SOBRE BACIAS CRETÁCICAS
BRASILEIRAS, 2., 1992, p.141-144.

PAULA E SILVA, F.; BIANCHI NETO, C.; RICALDI, A. E. M.; SAPIO, A. J. Estudo
estratigráfico do Grupo Bauru na região de Presidente Prudente com base em perfis geofísicos
de poços para água. Revista Geociências, Rio Claro, v. 1, p. 63-82. 1994.
109

PAULA E SILVA F. Geologia de subsuperfície e hidroestratigrafia do Grupo Bauru no


Estado de São Paulo. 2003. 166 p. Tese (Doutorado em Geologia Regional) - Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003.

PAULA E SILVA F., KIANG, C. H. e CAETANO-CHANG, M. R. Hidroestratigrafia do


Grupo Bauru (K) no Estado de São Paulo. Revista Águas Subterrâneas, v. 19, n. 2. 2005.

PONÇANO, W. L.; CARNEIRO, C. D. R.; BISTRICHI, C. A.; ALMEIDA, F. F. M. DE;


PRANDINI, F. L. Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de
Pesquisas Tecnológicas, 1981. n. 1183, 94 p.

PORSANI, J. L.; CARLOS, I. M.; ELIS, V. R.; PRADO, R. L. Métodos geofísicos integrados
para a caracterização hidrogeológica dos aquíferos da microbacia Andes, Bebedouro, em São
Paulo. Sociedade Brasileira de Geologia, v. 43, n. 3, p. 597-614. 2012.

PRANDI, E. C. Gestão integrada das águas do Sistema Aquífero Bauru nas bacias
hidrográficas dos rios Aguapeí e Peixe/SP. 2010. 192 p. Tese (Doutorado em Geociências e
Meio Ambiente) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro, 2010.

QAMHIEH, N. S. A. R. Assessment of groundwater vulnerability to contamination in the


West Bank, Palestine. 2006. 126 p. Master in Environmental Sciences - Faculty of Graduate
Studies, An-Najah National University, Nablus, Palestine, 2006.

REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B. TUNDISI, J. G. Águas doces no Brasil: capital ecológico,


uso e conservação. 2. ed. São Paulo: Escrituras, 2002. 704 p.

REYNOLDS-VARGAS, J.; FRAILE, J., HIRATA, R. Trends in nitrate concentrations and


determination of their origin using stable isotopes (18O and 15N) in groundwater of the
Western Central Valley, Costa Rica. A Journal of the Human Environment, v. 35, n. 5, p.
229-236. 2006.

RICCOMINI, C.; GIMENEZ FILHO, A.; STEIN, D. P.; ALMEIDA, F. F. M.; PIRES NETO,
A. G.; DEHIRA, L. K.; MELO, M. S.; BRAGA, T. O.; PONÇANO, W. L. Características da
porção basal da Formação Caiuá no Noroeste do Paraná. In Simpósio Regional de Geologia,
3., 1981, Curitiba. Atas... Curitiba: SBG/SP, 1981, v. 2, p. 34-48.

RUSSO, A. S. Estimativa da vulnerabilidade de aquíferos utilizando sistemas de


informações geográficas e geoestatística – UGRHI – PCJ. 2009. 75 p. Dissertação
(Mestrado) - Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

SAINATO, C. M.; LOSINNO, B. N.; GALINDO, G.; LANDINI, A. M.; FAZIO, A. M.


Geofísica aplicada a la evaluación de la vulnerabilidad a la contaminación en zonas rurales de
la provincia de Buenos Aires, Argentina. Águas Subterrâneas, v. 20, n. 2, p. 71-82. 2006.

SALOMÃO, F. X. T. Solos do arenito Bauru. In: PEREIRA, V. P.; CRUZ, M. E.; CRUZ, M.
C. P. Solos altamente suscetíveis à erosão. Jaboticabal/SP: Sociedade Brasileira de Ciência
do Solo, 1994. p. 51-68.
110

SANTOS, M. G. Mapeamento da vulnerabilidade e risco de poluição das águas


subterrâneas dos sistemas aquíferos sedimentares da região de Campos dos Goytacazes
– RJ. 2004. 131 p. Dissertação (Mestrado em Geociências) – Instituto de Geociências,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.

SANTOS, P. R. P. Estudo da vulnerabilidade à poluição do aquífero Marizal na região


de influência do Polo Industrial de Camaçari (PIC) – BA. 2010. 128 p. Dissertação
(Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo)
- Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA. Resolução


SMA n° 14. Define as diretrizes técnicas para o licenciamento de empreendimentos em áreas
potencialmente críticas para a utilização de água subterrânea. São Paulo, 05 de março de
2010. SMA, 2010.

SETZER, J. Atlas climático e ecológico do Estado de São Paulo. São Paulo: Editora da
Comissão Interestadual da Bacia do Paraná-Uruguai e Centrais Elétricas de São Paulo, 1966.
p. 35-39.

SHEVNIN, V.; RODRÍGUEZ, O. D.; MOUSATOV, A.; RYJOV, A. Estimation of hydraulic


conductivity on Clay content in soil determinated from resistivity data. Geofísica
Internacional, v. 45, n. 3, p. 195-207. 2006.

SILVA, A. B. Sistemas de informações georreferenciadas: conceitos e fundamentos.


Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. 240 p.

SOARES, P. C. Divisão estratigráfica do Mesozóico no Estado de São Paulo. Revista


Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 5, p. 229-251. 1975.

SOARES, P. C.; LANDIM, P. M. B.; FÚLFARO, V. J.; SOBREIRO NETO, A. F. Ensaio de


caracterização estratigráfica do Cretáceo no Estado de São Paulo: Grupo Bauru. Revista
Brasileira de Geociências, São Paulo, v.10, p. 177-185, 1980.

SOUPIOS, P. M.; KOULI, M., VALLIANATOS, F., VAFIDIA, A.; STAVROULKIS, G.


Estimation of aquifer hydraulic parameters from surficial geophysical methods: a case study
of Keritis Basin in Chania (Crete - Greece). Journal of Hydrology, v. 338, p. 122-131. 2007.

SOUZA, N. A. Vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas: um estudo do aquífero


Bauru na zona urbana do município de Araguari, MG. 2009. 135 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2009.

STIGTER T. Y.; VIEIRA J.; NUNES L. M. Avaliação da susceptibilidade da


contaminação das águas subterrâneas no apoio à tomada de decisão. Caso de estudo:
implantação de campos de golfe no concelho de Albufeira (Algarve). In: Proc. 6º Congresso
da Água, APRH, Porto, CD-ROM. 2006.

SUGUIO, K.; FÚLFARO, V. J.; AMARAL, G.; GUIDORZI, L. A. Comportamentos


estratigráficos e estrutural da Formação Bauru nas regiões administrativas 7 (Bauru), 8 (São
111

José do Rio Preto) e 9 (Araçatuba) no Estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA
REGIONAL, 1., 1977, São Paulo. Atas... São Paulo: SBG, 1977. p. 231-247.

SUGUIO, K.; BARCELOS, J. H. Calcretes of the Bauru Group (Cretaceous), Brazil:


Petrology and Geological Significance. Boletim do Instituto Geológico, São Paulo, v.14, p.
31-47. 1983.

TAVARES, P. R. L.; CASTRO, M. A. H.; COSTA, C. T. F.; SILVEIRA, J. G. P.; ALMEIDA


JÚNIOR, F. J. B. Mapeamento da vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas
localizadas na Bacia Sedimentar do Araripe, Estado do Ceará, Brasil. Revista da Escola de
Minas, v. 62, n. 2, p. 227-236, 10 p., jun. 2009.

TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M. de; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (Org.) Decifrando


a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 568 p.

TELFORD, W. M.; GELDART, L. P.; SHERIFF, R. E. Applied geophysics. 2. ed. New


York: Cambrige University Press, 2004. 774 p.

TODD, D. K. Groundwater hydrology. 2. ed. New York: Wiley, 1980. 535 p.

TUCCI, C. E. M.; BELTRAME, L. F. Infiltração e armazenamento no solo. In: Tucci, C. E.


M. Hidrologia: Ciência e Aplicação. 2. ed. Porto Alegre: Universidade, 2000. p. 335-372.

UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY - USGS. O ciclo da água. Disponível em:


<http://ga.water.usgs.gov/edu/watercycleportuguese.html>. Acesso em: 02 mar. 2013.

VALLADOLID, M.; MARTÍNEZ-BASTIDA, J. J.; ARAUZO, M. Intrinsic and specific


vulnerability of groundwater in central Spain: the risk of nitrate pollution. Hydrogeology
Journal, Madrid, v. 18, p. 681-698. 2010.

VAN DUIJVENBOODEN, W.; VAN WAEGENINGH, H. G. Vulnerability of soil and


groundwater to pollutants. Proceedings and Information No. 38 of the International
Conference held in The Netherlands. TNO Committee on Hydrological Research, Delft, The
Netherlands. 1987.

VAN STEMPVOORT, D.; EWERT, L.; WASSENAAR, L. AVI: a method for groundwater
protection mapping in the prairie provinces of Canada. 1992. 23 p.

VARNIER, C.; IRITANI, M. A.; VIOTTI, M.; ODA, G. H.; FERREIRA, L. M. R. Nitrato
nas águas subterrâneas do sistema aquífero Bauru, área urbana do município de Marília (SP).
Revista do Instituto Geológico, São Paulo, v. 31, n. 1/22, p. 1-21, 2010.

VARNIER, C.; HIRATA, R.; GUERRA, S. P. Padrões de ocupação urbana e


contaminação por nitrato nas águas subterrâneas do sistema aquífero Bauru, centro-
oeste do Estado de São Paulo. Relatório Científico Final. Instituto Geológico, Secretaria de
Meio Ambiente do Estado de São Paulo. São Paulo, 2012. p. 22.

VEIGA, T. O.; SILVA, J. X. Geoprocessamento aplicado à identificação de áreas potenciais


para atividades turísticas: o caso do município de Macaé/RJ. In: SILVA, J. X.; ZAIDAN, R.
T. Geoprocessamento e análise ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
112

VÍAS, J. M.; ANDREO, B.; PERLES, M. J.; CARRASCO, F. A comparative study of four
schemes for groundwater vulnerability mapping in a diffuse flow carbonate aquifer under
Mediterranean climatic conditions. Environmental Geology, v. 47, n. 4, p. 586-595. 2005.

VIEIRA, P. C. Sugestões para estudo de captação de água subterrânea no Grupo Bauru:


considerações tectônicas. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 5-16.
1981.

VRBA, J.; ZAPOROZEC, A. Guidebook on mapping groundwater vulnerability.


International Association of Hydrogeologists (IAH), Hanover, v. 16, p. 31-48. 1994.

YAMADA, T. Ferramentas de geoprocessamento para análise da vulnerabilidade


natural das águas sub-superficiais à poluição, área urbana e seu entorno, município de
São Carlos – SP. 2007. 81 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) - Centro de
Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2007.

ZAIDAN, R. T.; SILVA, J. X. Geoprocessamento e meio ambiente. São Paulo: Bertrand


Brasil, 2011. 324 p.

ZANETTI, N. Estimativa da vulnerabilidade natural do aquífero livre no município de


Rio Claro/SP. 2012. 110 p. Dissertação (Mestrado em Geociências e Meio Ambiente) -
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2012.
113

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS - ABAS. Educação – águas


subterrâneas, o que são? Disponível em: <//http://www.abas.org/educacao.php#ind21>.
Acesso em: 18 set. 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6023/2002,


Informação e documentação: elaboração de referências. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10520/2002,


Informação e documentação: citações em documentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 14724/2011,


Informação e documentação: elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro: ABNT,
2011.
114

ANEXO A – Dados cadastrais das SEVs utilizadas na pesquisa.

Cliente Ano Bloco Nº SEV UTM E (m) UTM N (m)


Paulipetro 1980 39 4 611.800 7.574.500
Paulipetro 1980 44 1 598.550 7.533.350
Paulipetro 1980 44 2 598.650 7.533.350
Paulipetro 1980 44 3 596.700 7.532.850
Paulipetro 1980 44 4 599.570 7.533.500
Paulipetro 1980 44 5 598.550 7.533.150
Paulipetro 1980 45 1 688.000 7.516.000
Paulipetro 1980 45 2 686.140 7.515.120
Paulipetro 1980 45 3 690.560 7.513.820
Paulipetro 1980 45 4 689.040 7.509.000
Paulipetro 1980 45 5 690.560 7.511.000
Paulipetro 1980 45 6 689.040 7.512.800
Paulipetro 1980 45 7 689.040 7.511.080
Paulipetro 1980 45 8 690.560 7.516.460
Paulipetro 1980 45 9 691.500 7.515.800
Paulipetro 1980 45 10 692.070 7.513.320
Paulipetro 1980 45 11 692.070 7.510.300
Paulipetro 1980 45 12 692.070 7.517.050
Paulipetro 1980 45 13 693.300 7.515.500
Paulipetro 1980 45 14 693.940 7.513.230
Paulipetro 1980 45 15 692.430 7.513.140
Paulipetro 1980 45 16 695.140 7.518.540
Paulipetro 1980 45 17 695.510 7.516.620
Paulipetro 1980 45 18 689.800 7.510.050
Paulipetro 1980 45 19 690.820 7.512.530
Paulipetro 1980 45 20 692.760 7.521.150
Paulipetro 1980 45 21 659.250 7.486.750
Paulipetro 1980 45 22 651.450 7.478.200
Paulipetro 1980 45 23 672.150 7.507.950
Paulipetro 1980 45 24 666.300 7.500.350
Paulipetro 1980 45 25 692.720 7.521.100
Paulipetro 1980 45 26 696.300 7.521.950
Paulipetro 1980 45 27 687.100 7.529.350
Paulipetro 1980 45 28 647.050 7.473.250
Paulipetro 1980 45 29 645.600 7.493.650
Paulipetro 1980 45 30 641.950 7.482.000
Paulipetro 1980 45 31 675.950 7.496.800
Paulipetro 1980 45 32 647.250 7.507.950
Paulipetro 1980 45 33 674.970 7.484.350
Paulipetro 1980 45 34 664.000 7.480.200
Paulipetro 1980 45 35 686.950 7.495.150
Paulipetro 1980 45 36 686.050 7.502.750
Paulipetro 1980 45 37 662.250 7.492.650
Paulipetro 1980 45 38 667.150 7.488.200
Paulipetro 1980 45 39 678.070 7.474.150
115

Cliente Ano Bloco Nº SEV UTM E (m) UTM N (m)


Paulipetro 1980 45 40 608.350 7.551.000
Paulipetro 1980 45 41 620.700 7.556.400
Paulipetro 1980 45 42 622.600 7.551.750
Paulipetro 1980 45 43 614.550 7.543.550
Paulipetro 1980 45 44 618.900 7.537.900
Paulipetro 1980 45 45 622.850 7.532.750
Paulipetro 1980 45 46 618.700 7.546.800
Paulipetro 1980 45 47 623.600 7.545.930
Paulipetro 1980 45 48 643.520 7.523.030
Paulipetro 1980 45 49 643.780 7.519.480
Paulipetro 1980 45 50 643.950 7.516.470
Paulipetro 1980 45 51 644.180 7.513.450
Paulipetro 1980 45 52 652.280 7.517.100
Paulipetro 1980 45 53 649.550 7.521.250
Paulipetro 1980 45 54 647.650 7.524.250
Paulipetro 1980 45 55 645.750 7.527.200
Paulipetro 1980 45 56 631.000 7.521.300
Paulipetro 1980/81 45 57 634.700 7.515.050
Paulipetro 1980/81 45 58 653.600 7.520.570
Paulipetro 1980/81 45 59 652.000 7.524.300
Paulipetro 1980/81 45 60 630.370 7.535.150
Paulipetro 1980/81 45 61 634.500 7.534.250
Paulipetro 1981 45 62 644.120 7.557.370
Paulipetro 1981 45 63 648.070 7.549.570
Paulipetro 1981 45 64 646.320 7.544.220
Paulipetro 1981 45 65 650.670 7.556.650
Paulipetro 1981 45 66 638.970 7.550.950
Paulipetro 1981 45 67 652.700 7.537.100
Paulipetro 1981 45 68 636.420 7.553.320
Paulipetro 1981 45 69 641.550 7.548.570
Paulipetro 1981 45 70 616.820 7.522.820
Paulipetro 1981 45 71 621.370 7.518.750
Paulipetro 1981 45 72 613.400 7.529.630
Paulipetro 1981 45 73 605.900 7.532.570
Paulipetro 1981 45 74 616.070 7.534.400
Paulipetro 1981 45 75 623.430 7.527.200
Paulipetro 1981 45 76 618.450 7.526.950
DAEE 1977 - 36 703.050 7.549.600
DAEE 1977 - 38 704.550 7.521.250
DAEE 1977 - 39 681.850 7.547.350
DAEE 1977 - 40 676.950 7.551.200
DAEE 1977 - 41 665.250 7.562.000
DAEE 1978 - 183/1 607.600 7.549.750
DAEE 1978 - 183/2 615.650 7.542.200
DAEE 1978 - 184/1 639.100 7.546.400
DAEE 1978 - 184/2 634.400 7.544.450
DAEE 1978 - 184/3 648.000 7.539.100
DAEE 1978 - 184/4 638.400 7.540.650
116

Cliente Ano Bloco Nº SEV UTM E (m) UTM N (m)


DAEE 1978 - 184/5 648.800 7.538.150
DAEE 1978 - 210/1 637.550 7.538.700
DAEE 1978 - 210/2 643.400 7.531.600
DAEE 1978 - 210/3 648.800 7.537.350
DAEE 1978 - 210/4 651.050 7.536.100
DAEE 1980 - 1 653.510 7.520.550
DAEE 1980 - 2 655.330 7.518.600
DAEE 1980 - 3 651.080 7.520.550
DAEE 1980 - 4 650.580 7.519.210
DAEE 1980 - 5 651.570 7.518.390
DAEE 1980 - 6 649.810 7.516.890
DAEE 1980 - 7 651.950 7.514.690
DAEE 1980 - 8 653.700 7.511.990

Você também pode gostar