Artigo - Relações de Gênero Final
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Artigo - Relações de Gênero Final
AVALIAÇÃO II – ARTIGO
NITERÓI
DEZEMBRO DE 2022
ISADORA DO AMARAL KELLY
JOYCE COSTA DE ANDRADE
NITERÓI
DEZEMBRO DE 2022
POPULAÇÃO T NO BRASIL: UMA BREVE REFLEXÃO
Resumo
O presente artigo tem como objetivo trazer uma breve reflexão acerca da
população T no Brasil, abordando que população é essa juntamente com uma breve
reflexão sobre gênero, fazendo a exposição de alguns dados e realizando algumas
considerações sobre o seu contexto, trabalho, feminismo transgênero ou
transfeminismo, saúde, avanços e retrocessos. Por fim abordaremos o papel do
Assistente Social junto a essa população e as articulações com Estado.
Introdução
A sigla LGBT1 é bastante conhecida no mundo, mas esse trabalho visa trazer um
foco na letra T da sigla, por quem essa letra é composta? O prefixo (oriundo o latim)
significa “além de”, “para além de”, “o outro lado” ou “o lado oposto”. O termo é
utilizado como um “termo guarda-chuva” e se refere a todas as pessoas com identidades
trans: transexuais, transgêneros, travestis, pessoas não binárias, etc., essa letra engloba
todas as pessoas que estão transacionando. Travesti, hoje é um termo ressignificado e
político, se refere a uma identidade feminina, não há identificação do sexo biológico, ao
gênero. Transexuais são pessoas que não se identificam com o sexo biológico de
nascimento e sim com o sexo oposto, podendo ou não recorrerem a estratégias de
transexualização como uso de hormônios e cirurgias. Travestis e transexuais são
expressões da identidade de gênero.2
Scott (1990) ainda coloca que o conceito gênero, entre outros, é usado,
construído, de uma forma de doutrinação religiosa, científicas, políticas, educativas,
jurídicas. O que contribui para que se coloque o gênero dentro de uma caixa binária e
desconsidere o que vai além do feminino e masculino. Diante disso, podemos refletir o
que a população T enfrenta cotidianamente em uma sociedade binária, discriminatória,
preconceituosa.
O Brasil é um dos países que mais mata pessoas, seja por gênero, classe ou raça,
no entanto, ao se voltar para as pessoas T, em específico, é notório a discrepância dentre
as outras categorias. O fato, de uma considerável parte, da sociedade não aceitar essas
pessoas com as suas classificações de gênero gera uma luta diária para essa população,
luta para reivindicar aceitação e respeito como são e para que as tratem como pessoas,
pois é exatamente o que elas são e nada mais, veremos a seguir algumas problemáticas
que as pessoas trans passam no seu cotidiano.
4
Dado retirado do site de informes da Fiocruz, o qual constará nas referências bibliográficas.
A partir do momento em que essa pauta da transexualidade ganha força e que a
conscientização da população começa a se tornar relativamente “grande” que surge o
conceito de feminismo transgênero ou transfeminismo que pode ser definido como um
movimento social que não é estabelecido através do gênero “mulher”, pois algumas
categorias que se dizem feministas veem muito como um gênero biológico e
consequentemente as excluindo, o feminismo em si limita as travestis e as mulheres
trans, colocam, muitas vezes, como aquelas que estão fora e não são irmãs, tendo suas
identidades desrespeitadas e inviabilizadas virando assim um lugar de disputa de
reconhecimento entre as pessoas no geral. Por sua vez, o transfeminismo tem o papel de
lutar pela desconstrução da universalização da mulher, como a colocação claro que
Jaqueline Gomes de Jesus faz em seu artigo “Feminismo transgênero e movimentos de
mulheres transexuais” (2012):
A lei, o “papel”, tem a saúde como um direito e dever do Estado, o SUS que
possui equidade, mas na prática muitas vezes a história é bem diferente. São os
movimentos sociais e as lutas organizadas que possuem uma extrema importância para
os avanços em relação a saúde da população travestis e trans, é através deles que a
sociedade e os aparelhos do Estado são pressionados, em alguma medida, fazer valer os
direitos dessa população. Em 2011, foi instituída a Política Nacional de Saúde Integral
LGBT, que visa promover a saúde integral dessa população, contribuir para a redução
das desigualdades, reconhece as demandas específicas, a vulnerabilidade e os efeitos da
discriminação e da exclusão dessa população na relação saúde-doença. Sabemos, de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) 5, que os determinantes sociais da
saúde são condições e/ou fatores que influenciam problemas de saúde e risco à
população. A transfobia é um determinante social de saúde à medida que é uma forma
de preconceito, uma discriminação e exclusão social de uma população, o que pode
causar sofrimento, doença, interferir no acesso a serviços e na qualidade de vida.
5
Informação retirada do site pense SUS – Fiocruz, o qual constará nas referências bibliográficas.
6
O Processo Transexualizador foi instituído em 2008, passando a permitir o acesso a procedimentos com
hormonização, cirurgias de modificação corporal e genital, assim como acompanhamento
multiprofissional. (ANTRA, 2020)
7
Retirado do site da revista Veja (2022)
Na prática, apesar desses avanços, ainda é muito evidente o quanto o cenário
ainda é de grandes desafios, como a dificuldade no acesso aos direitos; a violência; a
invisibilidade das demandas; o preconceito; a precarização e demora dos serviços, como
por exemplo a fila de espera para a realização da cirurgia de redesignação pode passar
dos 10 anos; o despreparo no atendimento, como por exemplo o desrespeito do nome
social, discriminação, violência e até mesmo a negação de atendimento, o que faz essa
população se afastar e evitar a busca pelos serviços de saúde.
Considerações Finais
Os/as assistentes sociais fazem parte das relações sociais que tornam
possível a exploração e opressão dos mais diferentes grupos sociais e
não os assistem de forma neutra e indiferente. É comum que
consideremos o trabalho no campo da diversidade sexual e de gênero
uma questão nova para a profissão, mas isso não é verdade. Ele pode
ser um tema relativamente novo para a reflexão teórica, mas não é
como desafio cotidiano nos espaços sócio-ocupacionais onde o/a
assistente social está. Travestis e transexuais − utilizando ou não estes
nomes − sempre estiveram presentes no cotidiano de atuação, embora
pudessem ser, com mais frequência, invisibilizados/as e sobre eles/as
possam ter ocorrido tentativas de ajustamento forçado ao binarismo de
gênero. Trata-se, portanto, de contribuir, na contemporaneidade, com
uma postura reflexiva e crítica frente a estes temas e desafios.
(CFESS, 2016, pg. 16)
Uma atuação profissional que lute para que as políticas sociais englobem todas
as pessoas, independente de gênero, classe ou raça, a fim de lutar por uma sociedade
justa, igualitária e emancipatória, além de indagar formas práticas nas políticas públicas
para blindarem essa população, aproximação e fortalecimento da relação com os
movimentos socais para pensar um projeto de intervenção destinado as pessoas trans
tanto no local de trabalho quanto fora, pois, a luta é constante e as violências acontecem
a qualquer hora e em qualquer lugar.
Espera-se também uma postura mais concreta do Estado e suas Instituições, de
mais campanhas para que gere uma conscientização de toda a sociedade, sensibilização
dos profissionais da saúde, mais visibilidades acerca de conferência de dados e que
sejam tratados como pessoas normais com direitos que todo cidadão deve ter, além de
ter mais espaço e oportunidades nos locais de trabalho sem julgamentos. São coisas
mínimas, mas que são necessárias para que essa população T viva tendo uma qualidade
de vida boa, e não fique constantemente lutando para não sofrer agressões sejam elas
qual for.
O gênero deveria ser apenas uma opção que a pessoa escolheu para sua vida não
deveria ser uma pauta que gere tanta polêmica e mais que isso, não deveria interferir na
sua relação interpessoal com a sociedade, pois se parar para refletir: o que uma escolha
de gênero, seja ela, gay, lésbica, ou a população T iria interferir na vida alheia? o
pensamento deveria ser esse, são pessoas iguais a todos com suas particularidades como
todo ser humano tem, o padrão se tornou algo tão incisivo que gerou uma revolta contra
os que não o cumprem, resultando em uma violência moral, física na qual representa
tantos números de assassinatos e suicídios dentre essas pessoas.
Referências Bibliográficas
“A transfobia adoece e mata. Temos que nos comprometer com a vida”, diz
conselheiro de saúde no Dia Nacional da Visibilidade Trans . Conselho Nacional de
Saúde, 28 de jan. de 2022. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-
noticias-cns/2312-a-transfobia-adoece-e-mata-temos-que-noccs-comprometer-com-a-
vida-diz-conselheiro-de-saude-no-dia-nacional-davisibilidadetrans#:~:text=O%20dossi
%C3% AA%20indica%20que%20as,%C3%A9%20de%2074%2C9%20anos. Acesso
em: 03 de dez. de 2022
Lei Maria da Penha é aplicável à violência contra mulher trans, decide Sexta Turma.
STJ, Notícias, 06 de abr. de 2022. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/paginas/comunicacao/noticias/05042022-lei-maria-
da-penha-e-aplicavel-a-violencia-contra-mulher-trans--decide-sexta-turma.aspx. Acesso
em: 04 de dez. de 2022
Suicídio: Brasil é 8º país das Américas com maior índice. Informe Ensp – Fiocruz, 11
de set. de 2014. Disponível em: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/36302. Acesso
em 04 de dez. de 2022