A Farmácia de Lacan - Sérgio Laia
A Farmácia de Lacan - Sérgio Laia
A Farmácia de Lacan - Sérgio Laia
Palavras e Pílulas
A psicanálise na era dos medicamentos
abril 2002
no
A Farmácia
de Lacan
> Sérgio Laia
Aceitar 0 convite que
me foi feito,
redação de C/iquq para pela editoriae
mapear o que pela
de Lacan" e, por esse poderia ser 11afarmácia
viés, examinar ainda os
transformadores que a psicanálise efeitos
verdadeiras "pílulas" da linguagem
extrai do uso dessas
— as palavras
antes, a passar pelo que —leva-me,
Derrida chamou de A
Platão.l Afinal, deixo-me farmácia de
afetar pelo que
Leguil designou
"nossa intertextualidade", ou como
seja, pelos "empréstimos
do Outro, do Outro como tomados
'intertexto'",como esse espaço
que os enunciados irredutíveis de em
um texto se transformamem
todo um outro escrito que, por sua vez, não
deixade fazersuas
inserções em um contexto histórico-social.2
Mas logo veremos, em função dessa 11
nossa
intertextualidade", que passar previamente por Derrida
vai nos
permitir constatar o quanto "sua" farmácia não se opõe apenas
àquele que lhe serve de nome —Platão. Se raspamosum
pouco
a placa do estabelecimento, se a tomamos como um
palimpsesto,
encontraremos, numa outra camada, o nome mesmode Lacan.
Em outros termos: a psicanálise lacaniana já era tomada por
Derrida como um contraponto ou, mais precisamente,como
uma referência contra a qual "sua" farmácia se impunha.Assim,
mesmo que este meu texto trace, pelo menos por um certo viés
de sua montagem, o percurso inverso,destacaria que Derrida,
para arquitetar A farmácia de Platão, passou, antes, pela
"Farmácia de Lacan".
Os principais elementos manipulados nessas farmácias
são os mesmos: o significante e a letra, a palavra falada e a
escritura, o símbolo e o real.Nessa manipulação, cada um desses
da escrita, o
Parricídio c disseminação
o relato do noitoda invenção cm Sc Toth oferece as letras ao rei Thamos
célebre Robin, tradutor e especialista como um valioso presente, será muito mais
platónico
Platão, esclarece-nos que o interesse
medida que esse representante real do deus dos deuses
pelas lendas e tradições se dá à
perdida", que, conforme nos esclarece Derrida, vai
"elas são símbolos de uma sabedoria
refletirmos instituir o valor da escritura: o rei não sabe
mas que poderemos resgatá-la ao
13 escrever, mas "ele fala, diz, dita, e sua palavra
"sobre esses símbolos
a basta".17Assim, no mito platónico, as letras
E como Robin também afirma que
recebidas são logo depreciadas como inúteis
idifi
A solução Lacan
Parricida e órfã, a escritura nos deixa REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
15.JAEGER.Paidéia, p.871.